Era o Unity Day da cidade de Leeds. Um festival popular. Uma grande quermesse que aconteceria no dia seguinte no Hyde Park, o maior e mais importante parque da cidade. caminhava lentamente pelo parque tomando o seu refrigerante e olhando como estava o andamento das barracas, quando alguém simplesmente esbarrou nela e a derrubou no chão. Ela bufou alto e já ia começar a reclamar quando viu o garoto que colocava três caixas no chão. Ela o conhecia de algum lugar...
- Mil desculpas, - o garoto estendeu a mão para ajudar ela a se levantar. - as caixas estavam escorregando e eu não ti vi...
Ok, ela também conhecia aquela voz... Mas não podia ser logo ele...
- Tudo bem... Melhor cair no chão do que ficar ensopada de refrigerante. - falou, apontando com a cabeça o copo que havia sido jogado para o outro lado, e os dois sorriram.
- Desculpe, mas... Eu acho que te conheço de algum lugar. Qual é o seu nome?
- Se eu não estivesse com a impressão que também te conheço, ia achar que isso era uma cantada barata! - ela falou brincando com ele. - . .
- ... ! - ele falou perplexo. Não acreditava no que via! Ela finalmente havia voltado?
- ? - ela perguntou incerta. Ok, tinha que ser ele.
- Nossa, quanto tempo! Fazem...
- Quatro anos. É, eu sei. - ela olhava para baixo com um sorriso triste.
- O que aconteceu? Digo, o que você está fazendo aqui?
- Ah, nesse exato momento, estou ajudando minha mãe com uma barraca para arrecadar fundos para o orfanato da cidade.
- Ah, legal, mas o que eu quer...
- Foi mal, mas é que eu tenho que ir lá. - ela interrompeu, arrumando uma desculpa. - Depois a gente se fala . - saiu praticamente correndo para longe dele.
Ela não sabia bem o porquê, mas sentia que era perigoso se aproximar novamente dele. Sabia que seria praticamente inevitável agora que finalmente voltara para a cidade, mas ela tinha que arrumar um plano. Ou novos amigos. Quem sabe.
apenas andava pela quermesse. Finalmente tinha conseguido fugir do pai, e agora pensava sobre o seu encontro com . Ainda parecia uma brincadeira do destino eles se encontrarem logo agora. Ele olhou ao redor, imaginando onde seria a barraca de . Poderia ir até lar conversar. Andou por mais uns cinco minutos, quando finalmente avistou a garota sentada em um banquinho, do lado de dentro de uma barraca. Ele olhou para trás, e viu que seu pai estava vindo. Correu e pulou para dentro da barraca da menina.
- O que di... - ela fora pega de surpresa pelo intruso.
- Shiiiiiiiu - ele colocou o indicador nos lábios. se abaixou para falar com ele.
- Seu louco, o que você acha que tá fazendo?
- Fugindo do meu pai. Ele me obrigou a vir pra cá trabalhar na barraquinha de tiro. - ele levantou um pouco para espiar o pai. - Agora que consegui fugir.
- Pode levantar, ele já foi.
- Ainda bem! - ele se levantou olhando em volta. Notou que era uma barraca do beijo. - Ah, então esse é o seu digníssimo trabalho na quermesse?
- Tudo pelas crianças. - disse fazendo uma cara de inocente que não enganava nem padre.
Ele se sentou em uma cadeira ao lado dela, espiando-a pelo canto do olho.
- Então. Como ficou Leeds depois que eu fui embora? Muito chata, não é?
- Não, até que não... Ficou até mais divertida sabe. - ele fingia pensar. - Deram uma grande festa depois que você foi. Com show ao vivo e tudo.
- Há, engraçaaaado. - ela falou olhando feio e o empurrando levemente.
- Ei! Quer se vingar por eu ter te derrubado? - ele perguntou e a menina estirou língua.
- Deveria. E ainda derramou meu refrigerante! Absurdo. - ela cruzou os braços, fingido raiva.
- Ok, ok, eu vou pegar outro. - ele falou já se levantando.
- Nãaao precisa. Refrigerante engorda. - ela o puxou pelo braço fazendo ele sentar novamente. - Fica aqui comigo.
Ok. Ela estava detonando o plano de simplesmente fugir dele e essa coisa toda. Mas ela não ligava. Sempre tinha adorado a companhia dele. A risada dele era gostosa, e dava vontade de rir junto. Ele era amigo, gentil, brincalhão. Entre qualidades e defeitos os dois sempre tinham se dado muito bem. Bem até demais. Após alguns minutos de silêncio, finalmente falou algo.
- , posso te perguntar uma coisa?
não gostou daquilo. Tinha medo do que ele ia perguntar para ela, mas mesmo assim balançou a cabeça positivamente.
- Por onde você andou todo esse tempo? Digo, por que você foi embora? - ele perguntou apreensivo e ela deu um grande suspiro.
- Minha mãe já estava planejando tudo para irmos para Bournemouth, a cidade onde ela nasceu. Minha avó morava lá ainda. Um dia eu cheguei em casa e minha mãe falou que minha avó estava muito doente e nós fomos correndo para lá.
virou o rosto para olha-la. Ela estava com o rosto abaixado, e uma lágrima se desprendeu solitária de seus olhos. Ele decidiu não insistir no assunto.
- Bom, acho melhor eu ir andando... - ele se levantou e pulou a parede do quiosque.
- Depois a gente se fala, . - ela sorriu para ele.
Perto do meio-dia foi para a pequena lanchonete que tinha no parque. Era um lugar muito agradável, e com uma comida ótima. Ela sempre ia lá comer com os amigos quando morava na cidade. era um deles. Foi pensar nele que o próprio entrou na lanchonete. Avistou a amiga e foi até ela.
- Posso sentar aqui ou tem alguém com você?
- Ainda não reencontrei ninguém interessante nessa cidade, então... - ela brincou sorrindo para ele.
Eles se sentaram, pediram seus sanduíches (x-tudo para ele, x-frango para ela) e bebidas, e começaram a conversar. E como em toda a conversa de velhos amigos que não se vêm por um bom tempo, eles foram conversando sobre como tinham mudado, e se lembrando das tantas histórias que tinham vivido juntos.
e tinham se tornado vizinhos aos 7 anos de idade, quando ele se mudou para a casa ao lado da dela. Eles freqüentavam a mesma escola e se tornaram grandes amigos. Eles criaram suas idéias e ideologias juntos, de modo que pensavam muito parecido. Ela o ensinara a respeitar as garotas, e ele mostrou a ela que crescer não era motivo para deixar de ser criança. Foi ele quem a abraçou forte quando o pai dela morreu em um acidente de carro. Ele foi seu amigo por anos e anos. Sempre juntos. Aos 12 anos, eles entraram na pré-adolescência, ainda com a inocência da amizade da infância, mas algo mais também vinha crescendo. começou a ter ciúmes das amigas de , que segundo ela eram um bando de piranhas. Ele gostava de lhe escrever poemas, e mandar cartinhas (sonhava em um dia ser músico). De tão juntos que andavam, metade do colégio achava que eram namorados e dariam um perfeito casal.
O que não sabia, é que não achava a idéia ruim. Ele tinha virado tudo o que ela queria em um garoto. Mas ela tinha medo. Medo de ele não gostar dela também, medo que ele a trocasse, medo que risse dela... E acima de tudo, tinha medo que um namoro acabasse com a amizade dos dois.
Eles já estavam escolhendo a sobremesa quando mais um conhecido de apareceu. Era Hannah, uma garotinha insuportável que estudava com eles, antes de se mudar. Quando ela entrou, viu , e é claro, não podia deixar passar, como sempre.
- Olha só quem resolveu voltar para o namoradinho. . - ela olhava a garota de cima a baixo.
- Hannah, não é? Eu me lembro de você. A metidinha invejosa. Você ainda fica com o primeiro que aparecer ou agora só vai atrás de homens comprometidos?
- Não, eles é quem me procuram. Agora você? Coitada, ninguém nunca quis, não foi mesmo? Você é só uma estranha. - ela "acidentalmente" bateu com o braço na coca-cola de , molhando a calça e a blusa da garota. - Ops... Foi mal. - ela saiu rindo até as amigas que ainda estavam do lado de fora.
- AAAH, vaca. - fuzilou a cabeça gargalhante de Hannah com o olhar.
- , não liga...
- Ah, relaxa . Ela vai ter o que merece. Ah se vai. - ela falou em um tom ligeiramente ameaçador, e voltou a escolher o sorvete como se nada tivesse acontecido.
Depois do almoço eles combinaram de irem cada um ajudar seus pais nas respectivas barracas, e se encontrarem lá pelas 16h para tomarem um sorvete. estava sentada distraidamente na barraquinha, analisando se seu cabelo tinha ou não muitas pontas duplas, quando ouviu um barulho MUITO perto do seu ouvido. Ela se virou assustada, e se deparou com rindo que nem um louco, com uma daquelas arminhas de ar na mão.
- VOCÊ QUER MORRER, GAROTO??!! - ela se levantou.
percebeu o perigo e começou a correr, com logo atrás dele, mas ele ainda estava rindo que nem louco e simplesmente desabou no chão. pulou em cima dele e começou a dar tapinhas no braço do garoto. Depois que ela se acalmou e ele voltou a respirar normalmente, ela começou a olhar com interesse a arminha.
- Isso é da barraquinha de tiros do seu pai?
- É sim, por quê?
- Nada não, só uma idéia.
Eles tomaram os sorvetes, e como já havia terminado tudo no seu quiosque, foi ajudar com a dele. O pai de ficou muito feliz em vê-la novamente na cidade.
Organizar todos os brinquedos da barraquinha de tiros levou um bom tempo. Quando acabaram, o sol já estava se pondo.
- , vem cá, quero te mostrar algo. - se levantou puxando-a pela mão.
- Para onde a gente tá indo?
- Você vai ver.
Ele começou a andar mais rápido, e já estavam quase correndo quando finalmente chegou onde ele queria. parou e olhou a sua volta. Estavam em uma parte mais afastada do parque. Ela quase tinha se esquecido como aquele lugar era lindo. Havia um lago logo em frente e algumas árvores maiores. O sol estava se pondo bem por cima do lago, tingindo a água de vermelho, amarelo e azul.
soltou a sua mão e se esparramou na grama, olhando para que ela se juntasse a ele. Ela sentou e os dois ficaram ali, apenas vendo o sol ir embora lentamente.
- Olha , vaga-lumes!
- Você parece uma criança! - ele ria dela. - Ei, volta aquiiii!
Eles correram até uma árvore próxima que tinha algumas lamparinas penduradas. Os vaga-lumes zuniam por ali e pulava e ficava na ponta dos pés, tentando agarrar um.
- Você se lembra de quando a gente era criança? E ficávamos pegando eles?
- Uma vez você dormiu lá em casa e a gente colocou um monte dentro de um pote de geléia!
- E colocou aquele papel vermelho transparente! - ria lembrando dos bichinhos de anos atrás. - Eram tempos felizes... Mas as coisas mudam. – sou face ficou ligeiramente triste de repente.
- Nem tudo muda. - falou olhando dentro de seus olhos.
- É, nem tudo muda.
voltou mais para perto do lago, sentando-se na grama. Ela mantinha as pernas abraçadas pelos braços e olhava para a lua com um olhar triste.
- Você se lembra daquelas cartinhas que a gente costumava trocar?
- Claro, como eu ia esquecer?
- Você sabe qual era a que eu mais gostava?
- Acho que sim... - olhou para , que se mantinha de perfil, observando o céu. As estrelas refletiam em seus belos olhos. - "Não olhe muito para o céu, ou a lua e as estrelas ficarão com inveja do brilho de teus olhos."
mordeu o lábio com as boas lembranças. passou o braço pelos ombros da garota a abraçando. Ela apoiou a cabeça no peito dele, e ficou ali, por sabe-se lá quanto tempo. Estavam apenas sentindo a presença um do entre, perdidos em pensamentos e lembranças.
tentava andar com as pernas-de-pau no meio do festival enquanto ria dele. A grama não ajudava muito e a madeira escorregava o tempo todo. levou um baque feio, e tudo o que fazia era rir.
- Ah é, ? Me aguarde! - ele falou arrancando as fitas que prendiam seus pés ao apoio. - Eu vou te pegar.
saiu correndo pelo meio das barracas. Ainda rindo. Ela olhou para trás e lá estava , correndo atrás dela, com as penas-de-pau na mão, o que só a fazia querer rir mais ainda. finalmente a alcançou, derrubou a menina no chão, ficando por cima dela. Uma música conhecida começou a tocar ao fundo. Ia ficando cada vez mais alta... aproximava o seu rosto do de , que olhava hora para a boca de , hora para os seus olhos, que estavam fixos nos lábios da garota. A música ao fundo aumentava cada vez mais até que...
"SHE LOVES YOU YEAH, YEAH, YEAH
SHE LOVES YOU YEAH, YEAH, YEAH
WITH A LOVE LIKE THAT
YOU KNOW YOU SHOULD BE GLAD"
acordou assustada. A porcaria do despertador do celular tinha que tocar tão alto? Ela meteu a mão na mesinha, desligou aquela porcaria e já estava planejando dormir mais uma hora pelo menos, quando se lembrou que tinha que se arrumar para o festival. Arrastou-se para fora da cama e tomou um banho para acordar. Passou uns cinco minutos lembrando de cada peça de roupa que tinha, para decidir com qual iria. Depois tentou se lembrar em qual das três caixas cheias de roupa ela ainda estava. Quando finalmente estava pronta, foi até a cozinha. Sua mãe já comia uma torrada. Ela tomou café da manhã e terminou de se arrumar.
Ela começou a mexer em uma caixinha que estava na sua cômoda. Tinha alguns papeis e fotos. Recordações de sua infância e pré-adolescência. Ela tinha gastado um bom tempo na noite anterior para procurar aquilo e olhar com calma. Ela finalmente passou a mão num papel um tanto amarrotado. Era isso. Enfiou no bolso da calça jeans e desceu para ir com a mãe para o parque.
Eram cerca de 16h. estava com cara de tédio na barraca do beijo, esperando o próximo engraçadinho passar. Ela já tivera que dar um tapa na cara de um por causa das piadinhas infantis.
- E ai? Como vai o trabalho honesto? - chegou sorrindo.
- Você é engraçaaado, ! - ela revirou os olhos.
- Deixa de ser chata...
- hm, sabe o que seria realmente engraçado? - ela falou com um sorriso maroto; acabara de avistar Hannah. - Vem cá, eu preciso da sua ajuda...
- Hannah? - um menino de uns 10 anos cutucava seu braço. - Tem um garoto alto chamado Brian que tá te esperando na barraca de doces e salgados.
- Ah, tá. Vaza moleque. - Hannah olhou para as amigas. - Estão vendo? Eu sabia que ele ia me chamar hoje. Depois a gente se fala. - ela se afastou piscando o olho para as amigas.
Hanna chegou até a barraca cheia de tortas e bolos. Não via Brian em lugar algum. Estava distraída olhando tudo por lá. Havia algumas crianças chatinhas brincando de bola e correndo para todo o lado. Uma delas chutou a bola junto de Hannah, que deu um grito de dar medo no pobre menino. Ele saiu correndo e os amigos logo atrás. Hannah se distraiu olhando as unhas e imaginando onde diabos tinha se metido Brian, quando um baralho a assustou. Ela deu um grito e mais um monte de crianças passaram por ela, a derrubando em cima das tortas. Havia chocolate em seu cabelo, caramelo no braço e molho de tomate na blusa novinha. Ela ficou uma fera. Quando conseguiu se levantar, apareceu com um grande copo de refrigerante na mão.
- Hannah, acho que tem alguma coisa bem aqui... - fez como quem ia tirar algo de seus cabelos, virando o copo todo em cima de Hannah. - Opa, escapuliu. - ela piscou para a garota e saiu andando, vitoriosa.
passou na barraca de tiro ao alvo que era logo junto, e devolveu a arminha que usara para assustar Hannah e dar o sinal para a garotada. , que tinha assistido a tudo de camarote, gargalhava com aquilo.
- Então foi pra isso que você pediu a arminha? Me lembra de morrer teu amigo!
- Para de ser besta... Vem, vamos fazer alguma coisa...
- Não posso. - olhou feio para o pai que conversava alegremente com algumas crianças.
- Deixa que eu dou um jeitinho nisso. Seu pai me adora. - ela piscou para e deu a volta na barraca.
Falou alguma coisa com o Sr. e ele concordou com a cabeça depois de algum tempo. Ela voltou.
- Tudo certinho. Agora vem seu besta.
Eles passearam pelo parque. O festival estava muito animado. Tinha de tudo um pouco. Havia vários brinquedos, como pula-pula, cama-elástica, guerra de cotonete gigante... Até um daqueles brinquedos de xícara que você fica girando, giraaando, giraaaando até passar mal. Tinham criança, cachorros, senhores, adolescente, solteiros e namorados.
- Sabe, isso me lembra, - falou depois de passarem por um casal que se beijava. - você não deveria estar naquela barraca do beijo com a sua mãe?
- Ah... Depois de uns cinco universitários de uns 20 anos, ela achou melhor que minha prima lidasse com isso. - ela ria com gosto.
Eles passaram pela pequena praça de alimentação, onde havia um pequeno palco improvisado para que as pessoas dançassem. Estava tocando música dos anos 60.
- Sabe a melhor coisa desses festivais?
- O que é?
- Você voltar a ser criança. - ela falou e puxou para a pista de dança.
- , eu não sei dançar!
- Qual é, ? Foi eu passar quatro anos fora que você esqueceu todos os passos de dança que eu te ensinei?
Ela segurou nas mãos dele e começou com os passos da época... Passaram quase meia hora dançando e quando finalmente cansaram, foram se sentar em uma mesa. Beberam uma água e continuaram a caminhar tranqüilamente. comprou um saco de pipoca e foram conversando. Ela estava com uma pipoca a meio caminho da boca quando parou de repente olhando algo muito interessada. aproveitou o momento de distração e abocanhou a pipoca nos dedos da garota. Ela olhou de boca aberta para ele, estreitando os olhos, maliciosa.
- Você roubou minha pipoca, não foi? Agora vai ter que pagar uma prenda! - ria da cara de . - Vem aqui.
Ela arrastou o garoto até uma barraquinha próxima. Havia algumas cadeiras e uma mesinha com muitas tintas e um espelho. Uma mulher por volta de seus quarenta anos sorria animada quando forçou a se sentar.
- O que vão querer?
Dez minutos depois, saia reclamando baixinho, xingando e fazendo caretas. A tinta em seu rosto começava a secar e endurecer, e era muito irritante.
- Para com isso, , você vai borrar tudo.
- Ah é, ? Me aguarde! - teve um pequeno dejavú e começou a correr pelo parque.
Ela lembrou fracamente do seu sonho ao olhar para trás e ver , com a cara toda pintada, correndo atrás dela. Com o seu momento de devaneio sobre o sonho, diminuiu a velocidade e a alcançou, derrubando-a no chão. Seus rostos estavam cada vez mais próximos. respirava pesadamente, o ar batendo nos lábios de . Ele se aproximou mais, e quando fechou os olhos...
- Te peguei! - passou a bochecha ainda com tinta molhada na de .
A menina abriu os olhos quando sentiu aquela coisa gelada em seu rosto.
- Você quer morrer? - ela começou a dar tapas (leves) em . Ele se levantou e saiu correndo dela.
se levantou. Onde estava com a cabeça? Era claro que não iria beijá-la. Ela olhou para frente. Ele estava parado a uma boa distância. Estirou língua para ela e começou a correr quando viu a menina vir atrás dele, com o riso nos lábios. Adorava o jeito menina e mulher daquela garota.
Eram quase 20h e o sol estava começando a se pôr. Eles voltaram para junto do lago, o mesmo lugar onde tinham assistido ao pôr do sol no dia anterior. Eles estavam sentados na grama depois de já terem conseguido se livrar de toda a tinta.
- , você se lembra do dia em que eu fui embora? - ela falou com a voz ligeiramente embargada.
- Lembro, claro que lembro. - ele olhava para baixo. - Passei meses pensando nisso. Tentando descobrir o que tinha acontecido pra você agir daquela maneira. Para você ir embora daquele jeito. - a amargura era notável em sua voz.
- Sabe, você tinha acabado de voltar da sua viagem. Quando eu pedi pra gente se encontrar, eu queria te contar que minha avó estava doente e que a gente ia se mudar naquela tarde. E queria te entregar uma coisa. - ela levantou o rosto e olhou nos olhos dele. - Mas ai quando eu vi você lá com a Hannah. Eu não sei. Me subiu um ódio, um ciúmes. Logo você que sabia que eu nunca tinha ido com a cara dela, tava lá. Se agarrando com aquelazinha no meio da sorveteira.
- Ai você simplesmente me deu um tapa na cara e me chamou de estúpido. - ele falou baixando a cabeça e desviando o olhar do dela.
- E você ficou louco da vida. Começou a gritar. Você estava morrendo de raiva. - uma lágrima escorria dos olhos dela. - Mas a minha raiva era maior. Uma raiva que nem eu sabia explicar de onde tinha vindo.
"Eu saí correndo para casa. Me tranquei no quarto e chorei bem uma hora enquanto terminava de arrumar todas as minhas coisas. Quando minha mãe chamou para irmos, eu apenas entrei no carro com a minha mala sem dizer uma palavra. Eu me lembro, que quando a gente tava saindo da garagem, eu simplesmente olhei para a sua casa. Você estava na porta, com uma cara de quem não entendia nada. Eu fiquei vendo você se distanciar. E pensei que nunca mais veria aquela rua, aquela casa. Mas principalmente pensei que nunca mais veria você. Ai eu comecei a chorar de novo."
levantou o rosto ao ouvir aquelas ultimas palavras, que tinham saído quase que em um sussurro. Ele olhou para a garota. Ela mantinha a cabeça baixa com o queixo apoiado nos joelhos, abraçando as pernas. Parecia tão frágil. Lágrimas saiam silenciosamente de seus olhos, caindo da grama e em seus braços. Ele colocou os dedos no queixo da garota, e levantou seu rosto delicadamente, a olhando nos olhos.
- Não precisa ficar assim, . Você voltou. Eu não estou com raiva de você. Fiquei muito chateado na época, mas fiquei ainda mais triste porque achei que tinha perdido a minha melhor amiga. A pessoa mais especial da minha vida.
murmurou alguma coisa que ele não conseguiu entender. Ele então foi mais para junto dela. A abraçou na posição em que se encontrava mesmo, como que se a protegesse. Murmurava palavras doces em seus ouvidos para que se acalmasse, enquanto passava os dedos levemente pelos cabelos dela, lhe fazendo carinho.
se afastou delicadamente dele e se levantou, um pouco nervosa com o que ia fazer. Secou o caminho que as lágrimas haviam feito em seu rosto enquanto também se levantava.
- Isso. - ela falou tirando algo do bolso do jeans. - É o bilhete que eu nunca te entreguei.
pegou o papel dos dedos da menina e abriu. Nele havia algumas palavras escritas há muito tempo atrás.
"You are part time love and a full time friend
i don't see what anyone can see in anyone else but you."
(Você é uma parte do tempo amor e todo o tempo amigo
Eu não vejo o que qualquer um consegue ver em qualquer outro mas em você)
- Eu ia te entregar isso no dia que fui embora. Sabe, ontem eu falei que as coisas mudavam. Você falou que nem tudo mudava, e eu concordei. - ela levantou os olhos, e olhou diretamente para os do garoto. - Essa é uma das coisas que não mudou.
Ela esperou que ele falasse algo. Mas ele não fez isso. Ela pensou que era uma estúpida. É claro que ele não sentia nada por ela.
- Desc... - ela começou a se desculpar, mas nunca terminou, pois naquele momento, acabou com a distância entre os dois em menos de um segundo e grudou seus lábios nos da garota.
Ela não acreditou no que estava acontecendo, no que seus lábios sentiam. Ela tremia ligeiramente. Estava muito nervosa. colocou um das mãos em sua cintura e a outra em sua nuca. Outro sentimento tomou conta dela. Parecia que cada nervo de seu corpo agora formigava. Ela não estava mais nervosa. Estava feliz. Colocou um dos braços em volta do pescoço do garoto, e uma mão em seu rosto. Queria sentir que era real, que era ele quem finalmente estava ali. Ela separou os lábios, permitindo que aprofundasse o beijo. Eles ficaram ali, se beijando, trocando carícias. As mãos deles, que tinham achado que nunca encontraria alguém realmente especial, fazia os carinhos mais inocentes, em braços, cabelos, mãos, rostos e pescoços. Ele notava como ela parecia tremer a cada toque seu. E ela ria por dentro ao sentir a pele do garoto se arrepiar sob seus dedos.
Enquanto isso, o sol se punha por trás deles, tingindo tudo de laranja, vermelho, e rosa.
Nota da Autora (12/07/08)(Faz um bom tempo que eu escrevi essa fic...)
Gente, fic feita especialmente para o Challenge... Espero que tenham gostado... Eu gostei de escrever. Era para ser uma coisinha pequena, só pra comprir os itens e tal, mas é que eu me empolguei com as ideias ai né? Já viu... Eu não paro de falaaaar.
Anyway! Beijo para: Babi e Isa, não me batam, eu amo vocês e tô morrendo de saudades! Gabi que decidiu fazer programa de gordo nas férias comigo e até agora nada. Brena que é uma lesa e vai ficar ainda mais lesa quando ler isso aqui (é, ela vai dar gritinhos no msn). Pessoal do TEAM PE (mcmeeting na jaqueira! é o que há!), não vou botar o nome de todas aqui porque é muita gente! E... Sei lá mais quem... Xuxa não que ela é feia hnf ;}~ Curiosidades:
- Esse parque realmente existe e esse festival realmente acontece nele!
- O recadinho que ela mais gostou foi um que eu vi na novela Cabocla uma vez...
- O recadinho que ela não tinha entregue para ele é parte de uma música chamada Anyone Else But You, que toca no filme Juno. (Assitam! E assistam também Across The Universe!)
- Engraçado... Depois que eu estava com quase tudo da fic pronto na cabeça, faltando só escrever algumas cenas, eu tava ouvindo Memory Lane e notei como a letra e a fic se parecem :O Parece até que foi inspirada! shaushaushauhs Mas o pior é que não foi! Bom, pelo menos não conscientemente :B