Escrita por: Paula Alves P. | Betada por: Leiko



Capítulo 1


Eu estava passeando com Mark, meu labrador preto, como todos os dias de manhã. Desde que ganhei o Mark de presente de aniversário das meninas do trabalho, tudo mudou. Ele precisa fazer exercício, e eu precisava há muito mais tempo. Depois de vacinado, começamos a nossa rotina:
6:45 - Levantar, trocar de roupa e sair para correr/andar pelo parque.
8:15 - Chegar em casa, comer, tomar banho e me arrumar.
8:45 - Fechar a porta do meu quarto, espalhar os brinquedos de Mark no chão e sair.
9:00 - Pet Shop.
Ganhei o Mark assim que ganhei o apartamento. Na verdade, onde eu moro não é bem um apartamento. É extremamente pequeno. No meu apartamento só tem a minha suíte (onde só cabe a minha cama, o armário e um criado mudo), uma mini mini mini sala ligada a uma mini cozinha e um lavado menor ainda do lado da porta de entrada. Quer dizer, só tem uma porta. Consegui comprar o apartamentinho no lugar mais popular de Londres, com a ajudinha do papai e da mamãe, claro. Já que o meu carro eu mesma comprei, não posso reclamar, agora que moro sozinha. Ok, há três meses, porém muito bem, obrigada.
O passeio com Mark estava sendo normal, eu o eduquei da melhor forma possível, então ele estava sem coleira. Eu havia passado na Starbucks e comprado um café para me aquecer por dentro. Sentei em um banco, terminando o café e observei-o de longe. Ele estava crescendo e eu me achando uma mãe velha. Fechei os olhos por uns instantes e logo ouvi um berro. Abri os olhos, procurando da onde vinha. Não era muito longe de mim. Vinha de um menino do lado de uma árvore.
- De quem é esse cachorro?! - Ele apontava para baixo. Um cachorro preto em cima do marrom, que era dele. Saí correndo quando me toquei que era Mark. O prendi na coleira e saí o arrastando.
- Desculpa. - Sorri sem graça. – Mark, que feio! Não te deixo solto para sair trepando em todas as solteironas de quatro patas que aparecem. Eu não te ensinei essas coisas! - Ele latiu e sentou, balançando o rabo. - Anda Mark, vamos embora. Você me fez pagar um super mico. - Ele continuou sentado. - Está me desafiando? - Latiu novamente e o puxei à força.

- Bom dia. - Jane, a veterinária geral da Pet Shop, sorriu, abrindo a porta, fazendo o sininho balançar e soltar um ruidinho. Todas sorrimos e respondemos com "Bom Dia’s” simpáticos.
- Mas o menino era bonito, pelo menos? - Rochele, uma menina moreninha que trabalhava comigo, piscou, safada.
- Pior que era. - Bati a mão na testa, rindo com ela.
- Meninas, vou precisar sair por um tempo. Parece que a cadela de um cliente meu foi atacada e ele está um pouco preocupado. - Jane acenou já da porta, com a bolsa no ombro. - Volto em uma hora ou menos. Anotem os recados, e para as consultas simples pode atender, .
- Ok. - Rochele e eu continuamos conversando animadamente sobre qualquer coisa.
Aqueles clientes chatos de sempre ligaram, fazendo as mesmas reclamações de sempre.
- Acho que está na hora de limparmos o habitat dos pequenos. - Rochele apontou para os quadrados de vidro na vitrine, onde ficavam vários bichos. - Quer fazer o quê hoje?
- Sei lá... - Ela deu de ombros.
- Hoje você cuida dos roedores. Eu cuido dos da vitrine. - Os olhos dela brilharam.
- Obrigada. Hoje estou um caco de feia. Imagina se um gatinho passa na porta e me vê lá, toda torta, limpando tudo? Ainda se eu estivesse bonita e menos fedida, né.
- Anda logo, os roedores não perdem por te esperar.
- Obrigadinha. - Ela saiu sorridente. Coloquei o avental bege com o logo da Pet Shop e abri o primeiro vidro, com os gatos siameses de poucos dias lá dentro. Um deles dormia e o outro brincava com a bola. Peguei os dois enroscando-os no meu braço e levei-os até à parte de trás da loja, onde vidros menores ficavam. Os coloquei lá e peguei uma esponja e o borrifador. Limpei os vidros com cuidado, troquei a areia e coloquei mais água para eles. Levei os dois pequenos de volta para o vidro. Fiz o mesmo com os outros quatro gatos de raças diferentes. A hora mais difícil ainda estava para chegar: a dos cachorros. Sempre fui muito apaixonada por bichos, mas criei um grande afeto pelos cachorros da loja. Eu ficava pouco tempo com eles, uma vez que muita gente compra todos eles ainda pequenos e com poucos dias morando lá na loja. Rochele ligou o rádio no fundo da loja e ri, ouvindo Hush Hush. Ela provavelmente estava acabando de colocar serragem em todas as gaiolinhas dos roedores. Abri o vidro da Yorkshire e ela me deu uma lambida. Era tão fofinha e tão pequena... Ela durou um pouquinho mais na loja, já que a moça que a comprou viajou por causa de negócios e deixou a pequena conosco.
- Sua vez, lindinha. - Agora eu já estava acabando o último vidro dos quinze dali. Coloquei o filhote de Shitzu branquinho e caramelo no vidro, fechando e ajeitando a cama do filhotinho de Boxer que chegara há pouco. Jane já havia entrado e eu nem tinha percebido. Olhei para o relógio, meio dia e quinze. Três horas para acabar meu expediente.
- Como foi lá no cliente? - Rochele voltou ao balcão e sentou na cadeira alta do meu lado, vendo Jane colocar o avental branco, pendurar aquele negócio para ouvir o coração (que eu nunca sei o nome e acho que só por isso ela ainda não me contratou como veterinária), e mexer em algumas fichas.
- Ah, o menino ficou um pouco assustado só. Não foi nada demais. Ele está há pouco tempo com a cadela e não soube o que fazer.
- Mas ela não tinha sido atacada?
- Acho que foi mais um assédio. - Jane riu e Rochele concordou, segurando o riso assim que um cliente entrou na loja.

Capítulo 2


Já haviam se passado três semanas desde o acontecimento do parque com o Mark. Cada dia eu tomava mais cuidado e não o soltava quando haviam fêmeas por perto. O menino também não apareceu mais. Acho que ficou traumatizado. Mas, ei, a culpa por acaso é minha do meu bebê estar querendo reproduzir? Ok que ele ainda é um neném, mas as crianças de hoje em dia estão tão precoces que até os animais já estão conseguindo levar para o mau caminho. Tadinhos... Se bem que vi o tal menino algumas vezes na Starbucks (onde evitei entrar enquanto ele lá estava), e jurei que o vi em alguns outros lugares. Umas vezes o vi passando perto da Pet Shop com a cadela dele.
- Ei! - Alguém assobiou para mim, assim que coloquei os pés no diabo do parque, às sete e cinquenta da manhã. - Você! Eu preciso falar com você, urgente! - Vi o bonitinho, dono da cadela da qual Mark safado se aproveitou, e saí correndo. Aquela não era a primeira vez que ele me abordava desse jeito, e eu já estava começando a ficar com medo. Rochele deu a ideia de eu mudar o rumo por um tempo e foi o que fiz. Tempos depois também não o vi mais, quando voltei ao parque. Estranho.

- Boa tarde. - Rochele sorriu meio abobada para o menino que estava olhando alguns gatos na porta. - Quer alguma ajuda?
- Na verdade, eu gostaria de saber sobre esse gato.
- Espera um minuto. - Ela me chamou nos fundos. Eu era formada em veterinária e ainda manjava sobre gatos. Rochele era uma quadrada quando não se tratava de alguns repteis, roedores ou nadadores. - Ela vai te atender.
- Olá.
- Oi. Então, eu gostei muito desse gato. Minha namorada veio há pouco e me mandou vir aqui vê-lo. Estamos procurando um para morar com a gente e ela gostou muito desse. - O sorriso de Rochele se desfez e ela voltou ao balcão, fechando a conta de uma cliente que estava no telefone.
- Ah, eu sei quem é. Eu a atendi.
- Ah, que bom então.
- Hm, você quer vê-lo?
- Eu posso tocar?
- Eu vou te dar um avental, são regras.
- Tudo bem. - Não demorou muito e logo o garoto estava segurando o filhote listrado.
- Quantos meses ele tem?
- Cinquenta e cinco dias.
- É muito pequeno. - Olhei para a mão dele. O gato era cinco vezes menor. Jesus, imagina um tapa desse menino. Vou tentar tratá-lo como um rei. Sei lá, né... Eu ri de meus pensamentos e ele sorriu. - Vou levar.
- Que bom, o pequeno vai adorar. Esse mesmo?
- Sim. É macho, né?
- É sim. Só recebemos os machos dessa ninhada, por enquanto.
- Vão receber fêmeas?
- A mãe só teve duas. Uma foi vendida e a outra morreu. Ela nasceu fraca.
- Ah.
- Vou precisar de alguns dados seus para fazer uma ficha.
- Ok. - Ele pegou a carteira. - Tem como colocar em uma caixa para presente?
- Tem sim. Mas só antes de sair da loja. - Ele concordou e Rochele saiu para procurar a caixa branca de fita vermelha com furinhos, da Pet Shop. Abri a ficha de clientes e o olhei. - Nome.
- Completo?
- Pode ser só o apelido e o último nome. CPF é opcional e endereço só no caso de atendimento ou entrega em casa.
- Ah, então anota aí, .

Capítulo 3


- E aí. - Ouvi uma voz do meu lado e me mexi, tomando um pouco de susto. - Desculpa pelo susto.
- Ah, que nada.
- Você é a dona dele, certo?
- Certo.
- Prazer, sou o dono dela. - Ele apontou para a grama, onde a cadela dele estava. Labradora marrom, já havia visto uma igual. Me toquei na hora e sorri, segurando forte a coleira de Mark. - Pode soltar a coleira dele.
- Não, está tudo bem. - Dei de ombros.
- Você vem aqui todos os dias?
- Basicamente.
- Te vejo de vez em quando. Não sou bom de exercícios matinais. Prefiro a tarde. - Ele acariciou a cabeça da cadela, que bocejou e deitou a cabeça na grama, olhando em volta. - Nem me apresentei, desculpa. . - Estendeu a mão e eu apertei. - Ela é a Madeline.
- . - Sorri meio sem graça pela situação toda. O que ele queria comigo? Talvez fosse novo na cidade e estivesse a fim de fazer amizade com alguém que goste de cachorros também. Sabe como é, alguém que curte o que você curte para poder conversar sobre... - Mark. - Apontei para o meu bebê que agora estava deitado, com a cabeça de Madeline em cima de seu pescoço. Nós rimos.
- Bonito nome. Então, eu fico até meio sem graça de falar - Ele começou e eu me assustei. O cara ia me pedir em namoro? Se bem que ele não é nada feio. Nada MESMO. E eu posso jurar que já o vi em algum lugar, sério. Um comercial talvez? Ou uma ponta em uma novela. Acho que não... Afinal, rosto bonito assim a gente nunca esquece. - mas acontece que houve um problema. - Ele está achando que eu sou amiga dele e ele vai desabafar? Ou acha que eu estou entendendo o papo?
- Acho que você está me confundindo...
- Não estou, tenho certeza. - Jesus, era um psicopata. Me seguia. Deus, preciso de um armário ambulante atrás de mim agora. - Hm, caso não se lembre, eu estava procurando o dono dele. - Apontou com a cabeça para Mark. - No dia do incidente. - Ah, claro. Como eu podia me esquecer? Mark é um tremendo safado! Esqueci de educá-lo para essas coisas. Eles não conhecem a camisinha. Concordei com a cabeça, fazendo com que ele seguisse. Eu tinha logo que ir para casa, já eram oito e meia, eu estaria ferrada se chegasse atrasada. - Bom, o pequeno incidente levou a consequências. - Ih, lá vem. - Mad está grávida. - Jura? Acho que pelo discurso de quinze minutos eu ainda nem tinha percebido. Caramba... Ele me olhou significativamente e eu sorri.
- Eu realmente sinto muito. Eu juro que eduquei Mark, mas não ensinei a controlar os impulsos. - Ele riu.
- Eles não conhecem a camisinha, né? - Eu concordei, corando um pouco. Puts, estou ferradinha. - Na verdade, vim falar com você porque, mesmo eu gostando muito de cachorros, de verdade, eu não posso ficar com todos os filhotes, apesar de que, se pudesse, não seria nenhum problema. - Ai amigo, tá querendo que eles fiquem COMIGO no meu PEDAÇO DE ESPAÇO?
- Olha, eu realmente gosto de cachorros também, só que eu moro em um apartamento apertado demais para eu e Mark.
- Tudo bem. Eu só quero saber o que vamos fazer. - COMO? Me conhece há cinco minutos e já vem com esse papo?
- Olha, eu estou super atrasada para o trabalho. De verdade. Eu tenho que estar lá às nove e são...
- Oito e quarenta.
- MEU DEUS! - Dei um pulo, assustando Mark e Madeline. - Olha, faz assim, me dá seu telefone que eu te ligo assim que sair do trabalho e aí nós resolvemos, pode ser?
- Claro. - Ele sorriu. - E me desculpa chegar assim do nada e jogar a bomba, é que eu não achei certo a ideia que o meu amigo teve.
- E qual foi a ideia? - Ele anotou o celular na minha mão e eu sorri.
- Ficar com todos e vender. Ele disse que dá uma grana preta.
- É, dá sim. Eu bem sei disso. - Ele me olhou com uma cara de "você deixa seu cachorro engravidar todas para ficar com os filhotes e ganhar dinheiro". - Eu trabalho em uma Pet Shop. - Me expliquei rápido e assobiei para Mark. - Vem querido, estou atrasada. - Ele levantou sem muita vontade e o puxei pela coleira. - Vamos Mark, outra vez não, Jane vai me matar, vaaamos!

- Roch, você não está entendendo, ele veio falar comigo porque a cadela dele está grávida e o Mark é o pai.
- Pelo menos ele não deu um ataque.
- Pois é, ele poderia ter dado.
- Então, o que vocês resolveram?
- Por enquanto nada, vou ligar para ele quando sair daqui.
- Já pegou até telefone, é?
- Roch, são negócios e você sabe muito bem disso!
- Está certo... - Ela digitava rapidamente algo no computador. - Foi super legal da parte dele vir falar com você e tal. Tudo bem que rola a responsabilidade, mas ele poderia muito bem não ter dito nada, ficar com os filhotes e vender. Esses bichinhos são fontes de dinheiro pra caramba. Fico até assustada com o preço que pagam por eles.
- Também achei. - Sorri. - Roch, são três horas.
- Está bem, pode ir se arrumar para encontrar com o bonitão.
- Vou ligar para ele. – Sorri, pegando o celular e indo até o banheiro. - ? É a , do Mark. - Eu ri baixo, do tom de voz sonolento dele. - Er, estava dormindo e eu te acordei? - Ele discordou mas aposto que estava. - Hm, podemos nos encontrar lá no parque? - Estranho ele negar, mas tudo bem né. Cada um é cada um. Lugar mais reservado? Eu hein... - Tudo bem se eu te encontrar na Starbucks perto do parque daqui a dez minutos então?

- Desculpa a demora.
- Eu estava aqui perto. - Dei de ombros. - Desculpa a falta de educação, mas não consegui esperar para fazer o pedido, minha garganta pedia um café, urgente.
- Sem problemas. Também não aguento muito tempo aqui dentro sem tomar um café. - Rimos e logo o silêncio tomou conta.
- Então, você estava falando antes de eu ir embora sobre a ideia do seu amigo, certo?
- É. Ele disse que, para dar menos trabalho, era mais fácil eu já garanti-los para um canil ou Pet Shop, já que pagam bem e... Eu até ficaria com eles, mas eu viajo muito por causa do trabalho, então fica complicado.
- Entendo. Ela já fez alguma ultra?
- Não sabia que existia isso para cachorro.
- Existe, trabalho com isso.
- É veterinária?
- Sou formada, mas não exerço a profissão. Estou estagiando ainda. Minha chefe não quer me empregar como veterinária porque eu não consigo limpar o aquário dos peixes. - Ele riu, mostrando o café para o garçom que concordou com a cabeça e saiu. - Mas... Acho que foi legal da sua parte. - Ele olhou estranho. - Você sabe, vir falar comigo. Você poderia ganhar rios de dinheiro com os filhotes sozinho, sem eu nem ter ideia.
- Seu macho ajudou. Mad não fez nada. - Ele riu e eu concordei um pouco. - Aliás, quanto tempo ele tem?
- Três meses, é um bebê.
- Mad tem quatro.
- Mark gosta de mais velhas, já andei percebendo.
- Ele é esperto.
- É um safado.
- Hm, então, o que faremos com os filhotes?
- Não sei, você pretende vender, dar para amigos... Tem alguma ideia desse tipo na cabeça?
- É, sei lá, eu tinha pensado em vender porque é mais prático, já que eu não tenho muito tempo para nada.
- Você trabalha com o quê?
- Com música.
- Ah, você toca?
- Toco. - Ele sorriu meio sem graça. - Tenho uma gravadora.
- Que legal. Você já apareceu na tv?
- Uma vez ou outra.
- Ah, então não. - Mexi a mão.
- O quê?
- Achei que você fazia algum comercial de pasta de dentes. Ou alguma ponta em alguma novela.
- Não. - Ele riu.
- Então, ainda temos tempo para resolver o que fazer, já que os filhotes nem se formaram direito ainda.
- É, a gente vai se falando.
- Claro. - Sorri. - Me liga assim que ela já estiver grandinha? Assim, quero exercer minha profissão.
- Pode deixar, eu ligo.

Capítulo 4


- Nossa, ela já está grandinha. - Sorri meio boba vendo Madeline andando com um pouco de dificuldade. Mark deixou com que ela se apoiasse nele, como fazia sempre que se encontravam no parque.
- É, já estão começando a dar sinal de vida. O meu amigo lá em casa já está mudando de ideia. Ele está querendo ficar com os filhotes.
- Bom, ele trabalha?
- Trabalha.
- Então não dá. Só daria se ele fosse meio vagabundo. Acho que nem assim, imagina quantos filhotes vão vir.
- Por falar nisso, eu pensei direito. Eu não tenho para quem dar os filhotes. Você tem?
- Também não. - Sorri triste. - Meus pais não querem cachorro e minhas amigas daqui não têm tempo.
- Acho que nossa saída é vender.
- Infelizmente, né. - Olhei os dois deitados na grama, dormindo. - Mark tá apaixonado.
- Mad também. Ela passa o dia todo inquieta em casa, olhando para a porta. Quando não tem ninguém na sala, ela vai atrás da gente e nos leva até à porta.
- Awn, fofa. - Meu bebê está apaixonado por uma fofinha que tem o papai mais lindo ainda. Ai amigo, vem para mim. Seja que nem o Mark... Ok, um pouco menos tarado, por favor, obrigada. - Bom, eu vou indo. Vou visitar meus pais e até chegar lá demora um pouquinho. - Me levantei, mexendo em Mark com o pé, delicadamente. - Vamos amor, meus pais nos esperam.
- Acho que não vai rolar. - Ele riu e eu ri debochadamente. - Estou falando sério.
- Ele vai, querendo ou não. Poxa, agora eu sou triplicamente obrigada a fazer exercícios. Antes era só por ele. Agora é por ele, pela Mad e pelos filhotes. Eu mereço. - Sentei de volta no banco, desistindo de puxá-lo.
- Quanto esforço, hein.
- Eu sofro com esse monstrinho. - Acariciei a cabeça dele. - Mark, levanta. Meus pais tem um assunto sério para resolver comigo, não amola.
- Se quiser, eu fico com ele enquanto você vai lá.
- Não, obrigada. - Ok, ele pode ser o cara mais lindo do mundo, pode ser o outro vovô dos meus netinhos lindos e posso conhecê-lo a dois meses, mas nada o impede de fugir com o meu bebê para não ter que dividir nada comigo. Ok, é neura da minha cabeça. O cara não tem nem tempo para a cadela dele direito, imagina para dois.
- Eu não vou sequestrar o Mark, pode ficar tranquila. - Ele riu. Leu meus pensamentos, fato.
- Não é isso. - Sorri sem graça. - Mark é a alegria dos meus pais.
- Nesse caso, só há um jeito de ele levantar.
- Faça-o, por favor.
- Mad, vamos embora. - Madeline levantou na hora, parando ao lado dele. - Depois diz que educou. - Ele piscou para mim e eu fiz cara de debochada.
- Fofinho. - Peguei na coleira de Mark e fomos cada um para um lado. Acenei para ele e saí correndo para fugir da chuva que iria começar.

- Não Mark, não vamos sair hoje. - Eu disse pela décima vez, vendo Mark arranhar a porta e chorar. Eu estava quebrada por dentro. Cadê a velha frase "Os cachorros são os melhores amigos do homem"? Hunf, até parece. Mark não é mais meu melhor amigo desde que se assanhou para o lado da Madeline. Mark chorou alto e eu não aguentava mais aquele choro fino dele. Tomei um remédio para a dor de cabeça junto com o para cólicas e levantei. Deitei no sofá com um braço para fora do mesmo, encostando no chão. Liguei a TV e um programa de culinária passava. Talvez aquilo me fizesse esquecer dos problemas que rodavam na minha cabeça. Se é que se pode chamar de problema. Fechei os olhos e dormi por algum tempo. Abri-os num susto, sentindo algo gelado em minha bochecha. Era Mark e seu nariz, infalíveis. Ele me lambeu de leve e chorou, apoiando a cabeça na frente da minha. Fiz carinho na cabeça dele e ele balançou o rabo. É, talvez a velha frase esteja voltando aos poucos. Levantei e coloquei um casaco e uma bota grossa. Ameaçava chover, então fechei o casaco e saí com Mark, sem levar nem a coleira dele. Só a chave de casa e o celular. Não que alguém fosse me ligar, claro. Mas é sempre bom levar. Nunca se sabe. Há casos e casos, e Londres não é a cidade dos sonhos que não tem assaltos violentos. Pelo contrário. Enfim, depois da discussão com meus próprios botões, percebi que havia andado sem nem perceber e já estava dentro do parque. Olhei para o horizonte, perdendo Mark de vista. Ele não iria longe, é medroso. Levantei e resolvi sentar encostada em uma árvore grande. As folhas me protegeriam da chuva. Pelo menos, era o que eu esperava, né. Amiga árvore. Perdida em pensamentos, senti algo quente descer em uma linha reta na minha bochecha. Droga, mais uma das mil lágrimas que já havia derramado. E eu nem sei por quê. Não sei o motivo. Só sei que derramei. E não era TPM, não mesmo. Quando vi, eu estava feito um bebê que tinha acabado de sair do quentinho do útero da mãe, para o gelado mundo aqui de fora. Chorava tudo que não tinha chorado a vida toda. Todo o choro preso que eu guardava. Chorei tanto que dava para o mundo não ter mais problemas de falta de água por trilênios de anos, sério. Olhei em volta e nada do Mark. Esperei um pouco, a chuva caiu forte, sem esperar. Assobiei e nada dele de novo. Abaixei a cabeça, falando sozinha, baixinho.
- Tudo vai melhorar, tudo vai melhorar, tudo vai melhorar.
- Claro que vai, atrás de todas essas nuvens, sempre vai haver o Sol. - Ri meio sem graça e enxuguei o rosto. Eu, vinte e três anos na cara, chorando feito uma boba.
- Desculpa.
- Pelo quê? Por você estar fazendo a coisa mais normal do mundo?
- Ainda se eu tivesse um motivo.
- Quer me contar?
- Fui no almoço dos meus pais no sábado, para eles me dizerem que vão se separar. - Comecei a chorar de novo, mas parei quando me lembrei da minha idade e de que tinha alguém de outro sexo do meu lado.
- Meus pais são separados. E sabe, eu não acho o fim do mundo. Até que é legal. A gente acaba tendo tudo em dobro.
- Mas só tem graça quando se tem catorze anos. Passei dessa fase de achar que é ótimo, já. Há muito tempo.
- Tenho vinte e cinco e ainda acho legal. - Ele riu e não consegui segurar por muito tempo. passou um braço pelo meu ombro, me levando para perto dele. Encostei a cabeça no ombro dele e logo me senti melhor. Instantaneamente. Mad deu um jeito de deitar entre nós dois. Mark se sentou ereto do lado de . Ficamos conversando coisas abstratas por algum tempo.
- Então, me conta da sua vida.
- Contar o quê?
- Sei lá, qualquer coisa.
- Hm, eu morava com a minha mãe porque meu pai e ela se separaram e ele meio que me abandonou. Depois eu conheci uns garotos legais e hoje nós quatro temos uma gravadora. Aí viajamos bastante a negócios.
- Deve ser bom trabalhar e viajar ao mesmo tempo.
- É sim. Minha mãe provavelmente está tirando as férias do trabalho e deve me ligar a qualquer hora para me dizer onde está. Minha irmã é sumida pelo mundo porque passa o dia todo vagabundeando com os amigos. Divido a casa com um dos meninos com quem eu tenho a gravadora. Os outros dois moram com as namoradas.
- Que legal.
- E você?
- Moro com Mark em um cubículo de um por dois centímetros que eu gosto e prezo muito, trabalho na Pet Shop perto da Starbucks aqui do parque e sou veterinária. Mais normal impossível.
- Gosto de vidas normais. E o namorado?
- Não tenho tempo direito. Trabalho sempre e acabei a faculdade agora há pouco. O estágio acaba daqui a pouco e vou tentar alguma clínica perto de casa. E você?
- Não tenho tempo nem para mim.
- E como consegue cuidar da Mad?
- Nossa, cansei de levar a Mad junto para os lugares. - Ele sorriu. - Dependendo do lugar ela pode ir. Mas ela fica com a minha mãe quando não posso levá-la. Minha mãe mora a umas duas, três horas de carro daqui. Não é tão longe. Mad é a única na minha vida. Pelo menos, enquanto eu não acho ninguém melhor.
- Que horror. - Eu ri e dei um tapinha nele. Mad se mexeu e ele riu, acariciando a cabeça dela.
- Mad é minha esposa. Preciso de uma amante. Entende? - Eu ri e concordei. - Uma que não seja de quatro patas, para ser mais específico.
- Eu te entendo. - Continuamos com assuntos vagabundos saindo de nossas bocas. Não demorou muito para a chuva dar uma melhorada. Por um momento, ficamos quietos, ouvindo o barulho da chuva, dos bichos que passavam ali e de Mad e Mark, que de vez em quando bocejavam. chegou por uma vadia vez rápido e me beijou. E eu gostei. Muito. Foi calmo, sem pressa alguma, doce, carinhoso, sem maldade. Mark rosnou e nos separamos. Eu ri, dando uma batidinha de brincadeira no focinho de Mark, que mexeu a cabeça como reclamação e espirrou.
- Ele é meio ciumento.

Depois de conseguir fugir da chuva, corremos até minha casa, que era a mais perto.
- Entra. - Dei espaço para ele entrar. Fechei a porta. - É bem pequeno, eu sei. Mas é perfeito para Mark e eu.
- É legal. - Ele sorriu.
- Senta no sofá. – Apontei, sentando em uma poltrona. - Com certeza é o menor apartamento que você já viu na vida.
- Não posso mentir. - Nós rimos. - Mas eu gosto, é mais acolhedor, aconchegante.
- Por isso eu gosto dele. Quer beber alguma coisa? Comer? - Ele negou. - Bom, vou preparar chocolate quente e, de qualquer forma, eu tenho duas canecas brancas lindas da Starbucks, e se você negar eu vou ficar chateada.
- Ah, então eu aceito. - Logo voltei da cozinha, entregando a caneca para ele. Ligamos a TV e Paul O'Grady Show passava com o Paramore. Sempre curti Paramore e ele não se importou em ver. O programa não demorou muito para acabar. Chovia cinco vezes mais forte do que antes. Agora o céu era iluminado pelos raios e barulhos dos trovões.
- Sua casa é muito longe?
- Cinco ruas depois da Starbucks.
- É, é um pouco. - Eu ri. - Se quiser, pode ficar aqui. Eu não tenho outra cama mas a gente dá um jeito.
- Não, tudo bem. A chuva já já passa. - Concordei com a cabeça e continuamos vendo TV. mudou de canal, Tartarugas Ninja passava. Me animei com ele e vimos a maratona que passava. Depois vimos Friends (clássico), Ghost Whisperer (que eu amo de paixão) e Dr. 90210 ( discordou um pouco mas logo cedeu, vendo que a TV era a única da casa e que eu realmente queria ver o novo episódio). Quase quatro horas se passaram. Já era quase meia noite e parecia que o tempo não ia melhorar.
- , eu realmente acho que o tempo não vai melhorar até amanhã, pelo menos.
- Também estou achando. - Ele suspirou e logo bateu em sua testa. - Como sou burro! - Pegou o celular e esperou chamar. - , onde você está? QUÊ? Quem está em um pub a essa hora e nessa chuva? Dude, esse pub é metade aberto! Em que parte você ‘tá? , me responde! Ei! Sua bichinha, vem me buscar! - Eu saí com as canecas, escutando no telefone. Ele logo apareceu na cozinha e sentou em um banco baixo que tinha ali e apoiou a testa na mesa. - Meu melhor amigo está mais bêbado que vagabundo em ano novo e não tem noção de onde está.
- Você tem medo de dormir aqui?
- Não. - Me olhou estranho.
- Tem algum problema comigo ou com o fato de dormir aqui?
- Não. - Ele me olhou mais estranho ainda.
- Então para de ficar resistindo, caramba. Eu já disse que não me importo.
- Mas eu me importo! É falta de educação. E eu tenho minha casa, não tenho mais quinze anos e estou atrás do perigo de dormir na casa da minha namorada. - Eu cerrei os olhos e ele riu. - É sério, vai.
- É sério vai, digo eu. Tira esse casaco e vamos até o meu quarto.
- Eu não vou dormir lá.
- E quer dormir onde?
- Onde VOCÊ vai dormir?
- No sofá, talvez?
- Eu durmo no sofá.
- Não cabe nem metade de você lá. - Eu ri alto, acordando Mark e Mad. Mark levantou e foi comer.
- Mas não vou te deixar dormir no sofá. E você é menina, os meninos dormem no chão.
- Ai que machista! - Continuei rindo. - Eu não me importo, sabia?
- Mas eu me importo. Se você for dormir no sofá, eu saio pela porta e vou andando com chances de um raio acertar minha cabeça. E lembre-se de que estou com uma gestante comigo. - apontou para Mad que o olhou e logo voltou e encostar a cabeça no pescoço de Mark.
- Que drama. Tive uma ideia. - Fomos até meu quarto. - Dorme cada um de um lado.
- Como assim?
- Fácil, eu durmo com a cabeça para o fim da cama e você para o começo dela.
- Mas aí meu pé com chulé vai ficar na sua cara.
- Você é complicadinho, hein.
- Vamos dormir normal. Cada um vira para um lado e pronto, ninguém se encara.
- Está bem, complicação. Vou colocar meu pijama. - Entrei no banheiro e logo saí com uma calça preta com dados brancos e uma regata branca. se encontrava de boxer e blusa lisa branca.
- Vou usar sua pasta, pode ser?
- Não, quero que seus dentes apodreçam. - Ele riu e entrou no banheiro. Tranquei a porta de casa, desliguei a TV, liguei uma mini luzinha do Pooh perto de onde Mark dormia e coloquei ração e água nos potes. Apaguei todas as luzes, tirei alguns aparelhos da tomada. Deixei a janela do meu quarto um pouco aberta. Abri o armário e peguei mais um cobertor grosso e um travesseiro.
- Me dá isso aqui. - surgiu atrás de mim e pegou o travesseiro. Encostou-o na parede e deitou a cabeça ali. O travesseiro afundou e ele sorriu com cara de relaxado. - Acho que vou roubar esse para mim.
- Pode levar. - Eu ri. - Eu tenho outro.
- Olha que eu levo mesmo, hein.
- Falo sério, pode levar. - Eu ri e sentei na cama. - Quer qual lado? O da parede ou da cômoda?
- Sei lá, por mim tanto faz.
- Então posso ficar na parede? Tenho neura de cair da cama.
- Eu tive isso até aos sete anos. - Dei língua para ele.
- Engraçadinho. – Deitei, puxando a coberta e ele sentou, ajeitando o travesseiro. - Apaga? - Olhei o abajur ligado.
- Se você tiver medo de escuro, pode deixar acesa.
- Não tenho mais medo do escuro há muito tempo também. - Eu ri e ele apagou o abajur. A luz fraca da rua entrava no quarto. Ouvimos barulhos da sala. Mark e Mad. deitou do meu lado com os braços acima da cabeça e fechou os olhos.
- Boa noite. - Beijei uma bochecha dele e me encolhi, virada para a parede. - E obrigada por mais cedo.
- Eu que agradeço por agora. - Nós rimos baixo e ficamos em silêncio. - Boa noite. - Ouvi-o baixinho e senti a mão dele acariciar meu cabelo por um tempo.
- Boa noite. - Respondi mais para mim do que para ele. Fechei os olhos e me entreguei ao sono.

Capítulo 5


- Alô? - Porra, será que as pessoas não se tocam de que à uma da manhã, OUTRAS podem estar dormindo? Que saco, deve ser trote.
- Posso te pedir um favor?
- Quem é? - Ok, o engraçadinho está em uma festa e está me ligando PARA QUÊ? Adoro gente sem o que fazer. - Alô?
- Oi, é o . Desculpa, é que aqui está muito barulhento, um minuto. - Concordei mais para mim do que para ele e logo um silêncio invadiu o outro lado da linha. Se trancou no banheiro, no mínimo. - Pronto, acho que aqui no carro dá para falar. Sou eu. - Sou eu é ótimo. Sou eu pode ser qualquer um. Desde minha mãe até o duende ou o Ozama. Gente retardada é fogo.
- Oi, .
- Eu sei que eu só te conheço há três meses e poucos dias e que eu vou te pedir um super favor, mas é que a situação é de urgência. - Vai pedir para eu te salvar? Hm...
- Fala, pode pedir.
- Tem como você ficar com a Mad por uma semana? Eu juro que é uma semana. Ou até menos, tento ver se volto antes. É que é questão de trabalho e você é minha salvação. Meus pais estão viajando e não socializo muito. Meus amigos todos não vão poder ficar com ela. - Poxa lindinho, então por que comprou o cachorro, hein? Não entendo essas pessoas. - E eu não quero ter que deixá-la em um hotel para cachorros. Ainda mais grávida. Aí eu pensei em como os dois se dão super bem e estão apaixonados, que...
- Tudo bem, , pode trazê-la aqui. Mas pode ser amanhã? Estou ferrada de sono.
- Desculpa. - Ele riu sem graça. - É que eu estava em uma reunião para discutir sobre a viagem e os outros quiseram sair para beber. Sabe como é.
- Sem problemas.
- Então, posso levá-la aí segunda de tarde?
- Pode, claro que pode.

Abri a porta e e Mad estavam ali parados. Mad entrou, assim que Mark latiu, do pé do sofá.
- Quer alguma coisa?
- Só uma.
- Pode pedir. - Me levantei.
- Me desculpar por pedir na cara de pau para você ficar com a Mad. Mas é que você foi minha salvação.
- Não tem problema, Mad está se tornando de casa. - Sorri olhando Mark e Mad. - Não é, lindinha? - Brinquei com a orelha dela e ela latiu, balançando o rabo. - A barriga está quase que bem grande.
- É, ainda não chega a estar grande. Está na média. - Ele sorriu e acariciou a barriga dela. - Eu volto domingo. Ligo sempre que der para saber como ela está e ver se não está dando trabalho.
- Não se preocupa.
- Se ela começar a chorar, dá o remédio da caixa vermelha. Põe na ração dela, ok?
- Ok.
- E qualquer coisa, qualquer mesmo, me liga. Por favor.
- Fica tranquilo, , nada vai acontecer. Nossos netos não nascem enquanto você não voltar.
- É, ainda tenho um tempo.
- Um tempão ainda.
- Bom, se eu conseguir volto antes. Mas trabalho é trabalho.
- Para onde vocês vão?
- Edimburgo.
- Boa sorte lá.
- Valeu. - Ele me abraçou e eu retribuí. Mark e Mad latiram. Mad balançou o rabo, indo para o lado dele. Ele se abaixou e brincou um pouco com ela. Ela o lambeu e ele passou a mão no lugar, com uma cara engraçada. - Ah Mad, já disse que com baba não. - Eu liguei a pia da cozinha e ele lavou a mão e o rosto ali. - Vou sentir saudades, garota. Vê se não apronta, você não está em casa. - Eu ri alto. - Para de rir, ela tem que me levar a sério
- Ela vai. Anda logo, vai arrumar a mala antes que comece a chover e você tenha que dormir outro dia aqui. E eu nem tive tempo de comprar o colchão ainda.
- Eu trago um de presente. - Piscou. - Juro mesmo. Não compra, quero chegar no aeroporto com um colchão. Vai ser muito louco.
- Vão te prender achando que é contrabando.
- Vou indo. Não se mate de saudades.
- Não vou. - Ele me beijou.
- Lembre-se que você está responsável por duas crianças irresponsáveis e uma é gestante.
- , vai embora. - O empurrei para fora, rindo. - Beijinhos, tchau. - Dei um selinho nele e fechei a porta.

Três dias depois, resolvi sair com os dois para andar, já que minha rotina da semana mudou por causa de Mad. O que foi bom, eu NECESSITAVA de mais tempo para dormir, e admito que fui fraca quanto a isso. Mas aí é outra história.
- Ok, vamos lá bonitinhos. Nada de correrem. - Segurei forte as duas coleiras em uma mão só e ajeitei o cabelo. Mark começou a andar e cheirar todos os canteiros possíveis enquanto Mad andava com dificuldade. Eu não me surpreenderia caso os filhotes nascessem a qualquer momento, coitada. Eu estava me dando relativamente bem com os dois. Muitas pessoas olhavam, claro. Um cachorro quase baleia mais parando do que andando e outro querendo correr atrás dos pombos. Resolvi soltar Mark quando cheguei ao parque. Sentei com Mad, que logo deitou, e meu celular tocou alto. - Oi. - Atendi sem nem olhar na bina, estava cansada demais para isso.
- Como está a família? - Ri por uns instantes.
- Muito bem. Mark não se contenta em esperar Mad. Ela mais para do que anda, coitada. Mas e aí, como andam os negócios?
- Bem tranquilos. Voltei meio tarde ontem. quis sair para beber com e eu e ficamos fazendo ajustes em uns instrumentos.
- Ah, prazer pelos seus amigos que eram desconhecidos até à última frase. - Ele riu.
- Desculpa, nem os apresentei a você. Assim que eu chegar, faço algo na minha casa e você comparece.
- Claro.
- Mad está bem, então.
- Melhor impossível, tirando a barriga. Acho que eles nascem a qualquer momento.
- Não podem! Eu tenho que estar aí.
- Eu mando eles esperarem. Vou desligar, Mark está indo longe demais e até eu conseguir alcançá-lo, os filhotes já nasceram.
- Já ia esquecendo de falar, eles só vão nascer daqui a alguns meses, eu liguei para a veterinária ontem.
- Idiota. Eu estava super a fim de te dar um susto.
- Fracassada.
- Tchau. - Desliguei rápido, correndo atrás de Mark. É isso aí, deixei Mad amarrada no banco. Ela nem ligou e nunca vai saber disso. A não ser que as árvores contassem, claro. Óbvio que elas não fariam isso.

Eu estava em casa, sentada confortavelmente vendo TV quando o especial dos Beatles na E! acabou. Quase chorei, sou fraca quando se trata deles. Resolvi deixar no E! mesmo e fui até à cozinha preparar alguma coisa para comer. Claro que eu precisei andar quilômetros até chegar lá (lê-se: três passos, sério). Abri a geladeira e peguei qualquer suco. Peguei logo duas caixas, já que uma estava quase vazia. Despejei no copo e quando fui ler a caixa, quase explodi rindo. Misturei Maracujá com Uva. Meu estômago ia dar uma dançada boa hoje. Mad dividia o sofá comigo, com a cabeça no meu colo. Eu acariciava-a e Mark dormia no meu pé. Meu celular tocou de novo e abaixei um pouco a televisão.
- Quem me incomoda?
- Eu nunca incomodo.
- Acho o contrário, hein. - Nós rimos.
- Tudo na paz?
- Tudo sim. Sua esposa está com a cabeça no meu colo e olhando para mim. Acho que ela sabe que é você.
- Me deixa falar com ela. - Atendi o pedido do pobre menino e coloquei no viva voz, avisando-o que ele podia falar. - Maaaaad, estou com saudades. Volto logo, não faz bagunça.
- Ela não fará. Mas nem que ela queira.
- Devo chegar em dois dias.
- Fica tranquilo. O que tem feito?
- Negócios. Ontem resolvi sair para comprar palhetas.
- Achei que você só tratava dos papéis e dos botões na hora de gravar.
- Ah, eu faço muita coisa, pode acreditar. - Prestei atenção um pouco na TV. Um grupo passava andando rápido no meio de fãs e eu ri da situação deles. Três corriam feito loucos para uma loja de instrumentos e outro andava devagar, fazendo passinhos de hip hop com rap e fazia caretas absurdas. Comecei a rir alto. - Do que você tanto ri? Não sou tão engraçado assim. - Continuei rindo e de repente olhei direito para a TV. Aumentei o volume. Arregalei os olhos.
- , qual o seu sobrenome?
- Para que quer saber? - Gelei.
- Curiosidade. Te conheço há quase quatro meses, nossos cachorros vão ter filhotes e eu nem se quer sei o seu nome. - Convincente, diz aí.
- Erm, é... Começa com... - Tirei os olhos da TV e berrei.
- Seu sobrenome é só assim, por acaso... ?
- Hm... É. Por quê? - Olhei a TV de novo. Não era possível, eram iguais e tinham o mesmo sobrenome. ‘Tou perdida.
- E você, por acaso, foi na Rock'n'Roll ontem comprar as palhetas?
- Como você sabe?
- Difícil não saber quando você está na TV! - Ele fez um barulho de susto do outro lado. - Obrigada por mentir para mim.
- Mas eu não menti! Eu, de qualquer forma, trabalho com música e tenho uma gravadora. Só não tinha te falado que eu sou o meu próprio chefe. Não vai fazer drama, vai?
- Super normal eu confiar em você e contar até sobre minha vida pessoal e você nem se quer me dizer seu sobrenome. Super consideração.
- Mas você nunca nem perguntou. Eu achei que para você não precisava disso. - De repente, tomei outro susto. Ele andava de mãos dadas com uma seminua. Ela usava uma bata solta comprida com um decote até o umbigo. Transparente com algumas flores azuis. Um short apertado de couro, mais calcinha que short, na verdade. Uma meia calça preta e um salto agulha, quinze metros a mais dos normais que eu uso. Dizia ser namorada dele e ele concordou, assim que virou a cara para as câmeras.
- Posso comentar uma coisa? - Ele concordou. - Sua namorada é linda. - Desliguei o meu celular e esperei a tela ficar preta para ter certeza de que ele não encheria o saco. Taquei-o na poltrona do lado do sofá e Mark acordou. Olhei para Mad porque a esse ponto eu achava que quem estava ali deitado era o Mark. Me levantei e fui tomar um banho. Eu não precisava desse show todo, mas eu fiquei chateada. Outro choro que viria, sem um motivo específico. Pelo menos, não para mim.

Capítulo 6


Desde que ele chegou, eu não disse mais do que "Oi", "De nada", "Não posso falar agora, desculpe" e "Tchau". Já se passavam dois meses e não me espantei por ele sumir. Motivos para o sumiço repentino do :
1 - SHOWS. É, porque a BANDA dele faz algo que se chama TURNÊ.
2 - Show = Nada de passeio da Mad, ou seja, nada de parque, ou seja, nada de vê-lo como antes.
3 - Eu sem querer assunto com ele porque estava magoada, sabe-se lá porque, uma vez que não tínhamos nada.

Um dia, cheguei em casa e tinham várias recados na secretária. Eram todos dele. Agora, sabe-se lá como aquilo conseguiu meu telefone, se nunca dei o mesmo para o fofinho.
Eram aqueles recados dizendo que queria conversar, que não tinha entendido nada e me mandando ligar o celular. Na verdade, estava ligado, mas acontece que a tecnologia é demais para o cérebro dele e tem um botão escrito "Bloquear Contato" que eu usei assim que ele saiu da minha casa, depois de pegar Mad.

- Eu acho que sei por que você ficou chateada. - Rochele sorriu da bancada. - Talvez você esteja gostando dele. - Ela cutucou minha cintura, rindo sozinha, e eu rolei os olhos, afastando a mão dela. - Não vem mentir. Você tem contato com ele há quase sete meses, linda. É normal gostarmos de alguém. Ainda mais porque vocês vão ter netinhos agora. - Ela riu alto e dois meninos entraram na loja. Rochele fechou a cara, assim que viu que era o menino do gato que tinha namorada. Não demorou muito para abrir um sorriso maior do que o da vez do menino do gato, assim que viu o amigo moreno dos olhos azuis dele. Safada cretina. Ri sozinha e ele veio até a bancada com o gato (que estava relativamente grande) e o deixou ali, segurando-o.
- Acho que ele engoliu alguma coisa. – Concordei, fazendo-o continuar. - Ele não para de fazer uns barulhos estranhos. - O gato parecia que ia vomitar. - Viu? Ele faz isso há duas horas. Ninguém lá em casa conseguiu nada.
- Tudo bem, eu vejo para você. - Peguei o avental e duas luvas. - Vem aqui comigo. - Ele me seguiu até uma salinha onde deixei o gato em uma maca. - Segura o tronco dele, vou precisar abrir a boca. - Ele concordou e segurou forte o gatinho. Abri devagar a boca dele e coloquei uma lanterna para ver melhor. - Tem um plástico ali.
- Deve ser o plástico do CD, droga. - Ele murmurou baixo. Peguei uma pinça e me aproximei, ouvindo um "" seguido de uma risada alta, da parte da frente da loja. Rochele parecia que falava ao telefone. Me concentrei no gato à minha frente. Abri novamente a boca dele com um pouco de dificuldade e tirei o plástico com cuidado de lá. Era grande demais para um gatinho daquele tamanho. Joguei no lixo, peguei um spray e espirrei dentro da garganta dele, que miou logo depois e mostrou as garrinhas. Nós dois rimos. - Obrigado.
- Nada. - Eu sorri e ele se virou para o moreno que estava de papo com Rochele, sobre rações.
- Quem era no telefone? Ouvi lá do final da loja, seu escandaloso.
- . - Gelei. - Ele disse que a bichana tá chorando pela terceira vez no minuto. Ele está ficando paranóico.
- Ele pediu meu telefone. - Rochele me sacudiu sonhadora, enquanto eu remoia as palavras do moreno gato na cabeça. Ouvi o sininho da loja de novo e parei, olhando os dois voltarem.
- Esqueci de pedir. - O do gato me olhou sem graça. - Tem como cortar as unhas dele? Minha namorada é péssima e eu sou duplamente pior. - Eu ri e concordei, levando-o para dentro, voltando minutos depois.
- Novinho em folha. - Acariciei a cabeça dele.
- Vou levar essa ração. - O moreno gato dos olhos azuis me olhou rápido e fixou os olhos em Rochele. - Um amigo pediu. Põe na conta do . - Apontou para o menino do gato. O . Eu olhei para ele.
- É, pode pôr. - Ele deu de ombros. - Depois eu roubo a sua guitarra autografada. - Deu de ombros de novo e o morenão lindo me olhou, assustado, e eu segurei o riso. – To brincando cara, relaxa aí. - , o menino do gato, riu e saiu da loja.

Eu comia meu Yakisoba feliz da vida, enquanto Mark me olhava pidão. Neguei e mirei o pote de comida dele, o incentivando a ir para lá. Ele deitou, chorando, e acariciei a cabeça dele com o pé. Coloquei uma super garfada daquela comida maravilhosa na boca e o telefone tocou. Tentei engolir tudo o mais rápido possível e atender o telefone, antes que parasse de tocar. Vai que eu ganhei na loteria, né.
- Fala. – Atendi, ainda de boca cheia.
- Mad está esperneando e eu não sei o que fazer, me ajuda, pelo amor de Deus! - Se vira, bonito, a cadela é sua. Ah, você deve estar mentindo... Como sempre. Fiz um barulho com a boca, para mostrar que eu estava ouvindo. - É sério, por favor. Ninguém aqui sabe o que fazer e ela está se contorcendo! - E o que você espera que eu faça, lindo? Ok, eu sou veterinária, mas não movo um pé para a casa desse mentiroso escroto e safado.
- Você pode ligar para a veterinária dela.
- Acontece que você é ela. Há muito tempo. - Me belisca, isso foi lindo. - Você não precisa acreditar na verdade de que eu namoro. Aquilo foi jogada da menina, e eu nem se quer conheço aquele pedaço de gente, mas pelo amor de Deus, os filhos do seu cachorro vão nascer! - Tá, isso é sério, meu baby vai ser papai e eu preciso presenciar isso.
- Onde você mora?
- Cinco ruas depois da Starbucks. - Respondi um "Isso eu sei, mula!" mal educado e ele riu nervoso. - Casa verde número 539.
- Vou mandar alguém aí. - Desliguei o telefone, peguei meu celular, desliguei esse também. A tela ficou preta, peguei as chaves e assobiei para Mark. - Vamos amor, vamos dar uma volta.

- GLÓRIA A DEUS! - Fui surpreendida por várias pessoas me olhando como se eu fosse Deus, John Lennon ou coisa do tipo. O peito de tampou a minha visão. Os braços dele me envolveram fortemente e por um momento esqueci que eu estava de birra de criancinha com ele. Ri baixo sozinha e ouvi as patas de Mark passarem por nós dois. Me soltei dele e vi Mark lambendo a cabeça de Mad. Sorri e ouvi Mad chorando. Logo me toquei que eu estava ali por um motivo: os filhotes. - É com você, eu não entendo nada disso.
- Me dá uma bacia com água morna, algumas toalhas e umas luvas, se puder. - Todos da sala se mexeram para pegar as coisas. Prendi meu cabelo em um rabo alto, coloquei a franja atrás da orelha e ajoelhei na frente de Mad, fazendo carinho na mesma. Mark me olhou e soltou um grunhido. Eu ri e acariciei ele também. - Vai ficar tudo bem, bebê. - Ele veio para o meu lado e sentou. Encostou o queixo no meu ombro e o abracei, sorrindo sozinha. e outras pessoas que eu não fazia IDEIA de quem eram, trouxeram tudo o que eu pedi e logo Mad começou o trabalho de parto. Todos olhavam atentamente e aquilo me deixou mais nervosa do que nunca. expulsou todos eles dali e eles sentaram no sofá, ainda olhando atentamente. Ele sentou de pernas cruzadas do lado de Mark e o acariciou. Quase duas horas depois, olhei para o lado e sorri. me abraçou o mais forte que conseguiu. Me levantei, levei as coisas para a cozinha com a ajuda dele e lavei as mãos. Voltamos e vimos todos observando os cinco filhotinhos mamando. Ele sustentou o olhar e eu o olhei de volta.
- Er... - Ele coçou a cabeça, querendo dizer alguma coisa, mas parou, abaixou os braços e continuou olhando Mad, encostado na pia.
- Eu acredito em você. - Ele sorriu e me abraçou forte.
- Obrigado, eu fiquei louco quando ela começou a chorar de tarde e começou a ter uns negócios por agora.
- Fica tranquilo. O pior já passou. - Ele concordou. - A gente só tem um problema agora. O que vamos fazer com eles?
- Sabe, antes de você ver aquilo na TV, eu queria te contar a verdade. Eu queria mesmo. É que eu sempre tenho por perto pessoas interesseiras e eu me senti normal com você. Você nem se quer me olhou quando o Mark aprontou as dele. Achei isso engraçado. E depois achou que eu era de algum anúncio de pasta de dentes. Isso foi tão... Legal. - Nós rimos alto. - E eu não quis que a imprensa chegasse perto de você, então eu fazia as coisas às escondidas. - Ele suspirou. - Quando nos conhecemos, eu estava de férias, e na semana que deixei Mad com você, entrei em turnê pelo Reino Unido com o novo CD e minha mãe só ia voltar de viajem na semana seguinte, então não tive cara de te contar que eu toco em uma banda. E também fiz isso por medo.
- Medo de quê?
- De você me rejeitar. Falam que os famosos são mesquinhos e antipáticos e para mim, você não me via assim.
- Não vejo até agora. Isso não vai mudar. Nada vai. Não importa se você trabalha como gari ou toca em uma banda mundialmente famosa.
- Eu amo você. - Ele bagunçou meu cabelo e eu ri, dando um tapa no braço dele, reclamando.
- Desculpa pela birra, fiquei chateada sem motivo.
- Você ficou com ciúmes. - Ele riu e me puxou, me balançando.
- Quem sabe.
- Desculpa, não queria que você soubesse do pior jeito. E foi o que aconteceu.
- ‘Tá tudo bem. Olha só, agora temos sete cachorros.
- Caramba, isso é muito. - Concordei e fomos até o sofá onde os outros se encontravam. - Seu bando de vagabundos, vou apresentar a menina para vocês, logo. - Ele me virou e o menino do gato arregalou os olhos assim que me viu.
- Eu conheço você! - Ele apontou para mim e eu ri. A menina do lado dele concordou com ele, dizendo que eu era a menina da Pet Shop. - É isso aí, a gente comprou o Marvin com você! - Ele levantou e esticou a mão para mim. - Prazer em revê-la.
- Todo meu. - Sorri apertando a mão dele e da namorada, que fez o mesmo, assim que ele sentou.
- Ei, eu também sei quem você é! - O moreno gato dos olhos azuis sorriu.
- Eu coloquei a ração na conta do seu amigo. - Ele riu alto e balançou os braços.
- CARACA, NEM LEMBRAVA MAIS DISSO!
- Cara, foi há algumas horas atrás. - bateu na cabeça dele. - Se toca.
- Ah foi? Ah cara, nem lembro o que eu to fazendo aqui, quer que eu saiba o que eu fiz há algumas horas atrás? - Ele sentou, emburrado, e todos rimos. - Aliás, sou o .
- Eu acho que sou o único que não te conheço por aqui. - Um outro moreno TAMBÉM de olhos azuis levantou. - . Eu moro com o .
- Você é o da ideia de vender os filhotes! - Sorri dando dois beijinhos nele. me repreendeu e eu ri.

- Diz que você aceita, por favor. - estava sentado em frente à porta de entrada da casa deles, na manhã seguinte.
- . - Eu ri e segurei o rosto dele. - Isso é loucura. - Beijei a testa dele e tentei abrir a porta sem machucá-lo. - Mark, vem. - Mark não moveu um pé para longe de Mad.
- Mark vai ficar. Por favor, , não estou pedindo nada absurdo.
- , a gente nem se quer tem algo concreto.
- Mas você disse que aceitava namorar comigo ontem. Não desmente.
- Namorar sim, não MORAR JUNTO.
- Mas sua casa é um cubículo. - O fuzilei. - Não querendo ser chato. Mas você mesma disse isso. Poxa, aqui tem mais espaço, e duvido que Mark vá sair daqui agora.
- Amorzinho, meu cubículo é muito bom.
- Para uma pessoa. Não para duas e sete cachorros. - Suspirei e ele juntou as mãos. - Por favor?
- Me deixa passar pela porta, então.
- Onde você vai? Hoje você não trabalha, já me informei.
- Se você não mover a bunda da porta, eu não vou poder trazer minhas coisas para cá. Que coisa, ! - Bati fraco no braço dele. Ele levantou e me abraçou, dando alguns passos para a frente. Ele colocou todo o peso dele para cima de mim, me fazendo cair no sofá com ele em cima. Ele riu e espalhou beijos pelo meu rosto.
- Eu sabia que você não ia resistir à tentação de me ver todos os dias.
- É óbvio que é por isso que eu vou vir para cá, pf. ‘Tá na cara. - Ele riu e se levantou, me puxando junto. - Me leva em casa?
- Você está de carro. - Pisquei os olhos para ele. - Vai, me passa a chave. - balançou a cabeça e gritou por , que respondeu com um murmuro vindo da cozinha. - Vou na tentativa de cubículo espaço para morar dela e já volto. - Dei um tapão nele.

Capítulo 7


- Então, está tudo certo? - Os olhos de brilharam.
- Está sim. Já podem ir. Quando quiserem. - O corretor sorriu e apertou as nossas mãos.
- Nem acredito. - Sorri boba, saindo da sala do corretor, encontrando o shopping já mais cheio.
- Nem eu. - olhou o papel na mão dele e eu o abracei o mais forte que consegui.
- Eu amo tanto você, sabia?
- Eu faço uma ideia. - Rimos e ele passou o braço pelo meu ombro.

- Vocês conseguiram? - nos olhou, assim que chegamos em casa. e estavam sentados no sofá. jogava Wii Sports com . Os dois jogavam boxe. mais dormia do que estava acordado. Os filhotes já andavam. Meio desajeitados, mas andavam. Vieram até nós assim que chegamos. Mad e Mark latiram e eu abracei Mark. brincou com as orelhas de Mad.
- Vão vender os filhotes? - perguntou, fazendo uma cara de dar dó. - Eu já tinha dado nome para o macho pretinho, poxa.
- Ah, caraca! - gritou, abrindo um mega sorriso. - Nós conseguimos! - pausou o jogo e pulou em cima de nós dois.
- Parabéns cara! Eu sabia que conseguiriam!
- Como conseguiram? - coçou os olhos, pegando uma cerveja. - Rolou um dinheiro a mais no meio, não rolou?
- Se a gente quisesse muito, sim.
- Então rolou dinheiro a mais no meio! - riu. - Dude, eu disse para você não fazer isso.
- Ah , eu necessito. Tenho sete cachorros. SETE, cara!
- Então, vocês não vão dar nem vender os filhotes? - perguntou.
- Não, né retardado! Se eles conseguiram comprar a mansão é meio lógico que não! - soltou um gritinho animado e correu para pegar os filhotes no colo.
- Eu ainda estou meio retardado. - Eu ri e beijei uma bochecha de . - A quase matou o cara quando ele disse que tinha alguém interessado, fiquei com tanto medo que meti quase que um milhão de libras a mais.
- Exagerado. Mas que a gente pagou caro, a gente pagou.
- Pagaram quantos a mais?
- Bom, eu não cago dinheiro, então eu contribuí com muito pouco.
- Demos cem mil a mais. - abriu uma latinha de cerveja, deu um gole e me passou. Fiz cara feia e ele bagunçou meu cabelo.
- , você vai falir cara, toma cuidado.
- Vou nada, eu sei o que estou fazendo. - Ele piscou para mim.
- Aí tem. - riu, cerrando os olhos para nós. De repente, olhou para mim com um olhar significativo. Rolei os olhos e balancei a cabeça. chegou com os cinco filhotes finalmente calmos no colo e os colocou em cima de todos no sofá.
- É o seguinte. O preto já tem nome. - Olhamos atentos para ele. - Deus Grego II.
- PORRA. - deu um berro que assustou Mark e Mad, que latiram. Acalmei os dois e voltei a rir com os outros.
- E se alguém mudar vai se ver comigo.
- ‘Tá, tanto faz. - Demos de ombros. - A caramelo é fêmea. - sorriu grande.
- Pode dar o nome. - Rolei os olhos e ela e deram gritinhos finos. - , nós vamos ser os padrinhos dela, vamos escolher um nome assim, bem divo!
- Ok, vai, qual?
- Que tal... ?
- PUTA QUE PARIU. Que é isso? - chegou do quarto e se sentou no braço da poltrona da onde eu estava.
- O nome dela. - e sorriram com a cadela no meio da cara deles. - Mistura de com .
- Ela não vai ter esse nome mas nem fodendo. Escolham um menos feio, pelo amor que vocês têm a ela.
- Ok... E ? É chique, vai. - Eu cuspi água na cara de , que vinha me beijar e comecei a rir alto. Me contorci e me olhou feio. - O que é, é lindo, ok?
- Lindo... - Concordei.
- Ela gostou. Né, ? - A cadelinha lambeu , deixando-a mais na Lua ainda.
- Eu escolho o desse aqui. - pegou um macho de cor chocolate e sorriu, olhando-o. - O que você acha de Fred, campeão?
- TE AMO! - gritou. - Obrigado cara, um nome normal, pelo menos!
- Ainda faltam duas. - Olhei para e ele retribuiu. Senti cutucadas na minha perna e olhei para o lado. Mark e Mad tinham cada um, um papel na boca. Mark tinha um folheto escrito "Joalheria da Sandy" e o encarte de Mad tinha "Novas massas no Ray&Black". - Acho que eles já escolheram, amor. - Dei de ombros e mostrei para , que riu.
- Sandy e Ray. - Ele repetiu e os dois latiram. - Ok, Sandy e Ray. Qual vai ser cada uma? - Ele me olhou e eu olhei as duas.
- A Sandy vai ser a mais amarelada, ela tem cor de areia. - Ele prendeu uma coleira nela, depois de anotar o nome em um papel. - E a Ray vai ser a do focinho branco. – Sorri, apertando as orelhas de Ray. anotou o nome em um papel, enrolou e colocou dentro de um vidrinho preso à coleira de Ray.
- Não sobrou nenhum para a gente por o nome. Isso é tão bad, tinham cinco, eu achei que não ia escolher nem o nome de um, e de repente todos já estão nomeados.
- , eles já estão com quase dois meses, tinham que ter nome.
- Dois nada, um!
- Ok amor, um.
- Nem sabe fazer conta. Isso é triste.
- Não é nada.

Meses depois.
Não minto que eu sinto falta do meu pedaço de cubículo, mas o projeto de mansão (como o chama à nossa casa), é bem legal também. Os filhotes estavam relativamente grandes e espertos. Castramos Mad, já que Mark não saía de perto dela e rolou o medo de ela nos aparecer parindo mais quinze. A casa era imensa. Tinha um jardim gigante, com muita grama para os filhotes brincarem e árvores. Colocamos uma piscina com algumas espreguiçadeiras.
Minha situação financeira tinha melhorado bastante. Jane (finalmente) me contratou, depois de saber do parto da Mad. Há quase um ano eu mantinha um relacionamento com . Não era sempre uma maravilha, porque eu não gostava muito das mil turnês que ele fazia. Mas nunca pude contestar muito, afinal é o trabalho dele, né. É o que ele escolheu para a vida dele.
Algumas fãs descobriram o telefone da nossa casa e passaram a ligar. Algumas até fazendo ameaças. Outras resolveram olhar na lista telefônica da cidade até achar nosso endereço. Não minto que deixei com que algumas fãs entrassem em casa. As que iam lá ficavam brincando com os filhotes, uma vez que não recebíamos muitas crianças lá. E os meninos, quando iam, não brincavam tanto, já que tinham coisas mais sérias para fazer. A alegria dos pequenos era , que vivia comigo, já que passávamos pela mesma situação; para não ficarmos sozinhas, ela levava Marvin para a minha casa e ficávamos lá por dias.
foi uma pessoa muito importante para a minha adaptação ao novo estilo de vida: 70% do tempo em turnês e eu em casa com SETE cachorros e uma Clínica Veterinária para comandar. A sorte é que eu podia trabalhar em casa, pelo computador, às vezes.
Meses depois da compra da casa, quando ela ficou 100% pronta, fizemos um almoço e convidamos os mais íntimos. Os amigos do , algumas amigas minhas, incluindo Roch, que já estava de caso com o , e nossos pais.
Foi aí que mais pais conheceram e se apaixonaram por ele. Conheci os pais dele também e são relativamente pessoas ótimas. A mãe dele, de vez em quando, ia ajudar com os filhotes.
Acho que as coisas andavam normais. A não ser pelo fato de eu começar a me estressar de vez em quando com , por coisas bobas. Mas acho que é tudo por causa do tempo que ele passa fora. Quero a atenção dele para mim a tempo inteiro.

- Vim agradecer. - Ele apareceu atrás me mim, me abraçando. Eu risquei o fósforo e espirrei, fazendo-o rir.
- Pelo quê?
- Por ontem. Eu estava estressado e precisava descontar em alguma coisa. Apesar de ter gostado muito. Foi uma das melhores noites, hm.
- Por mim, desconte daquele jeito todas as noites que, quando você for viajar, eu talvez esteja me recuperando ainda. - Ele riu e encostou a testa no meu ombro. Olhei pela janela da cozinha. Mark corria atrás de Mad e os filhotes corriam atrás.
- Castrá-la foi a melhor ideia que eu já tive, depois de comprar essa casa. - Eu concordei. - Mas ainda estou esperando o dia que você vai para de fazer tudo o que faz, e educá-lo.
- Ele É educado.
- Não sexualmente.
- Olha quem fala. - Eu ri, recebendo um beijo no pescoço e um tapa na bunda.
- Vou lá fora colocar fogo no carvão, ligou e disse que está chegando.

- Ainda estou ressentido pelo fato de não ter podido escolher nenhum dos nomes. - continuava com aquele mesmo papo, pela quinta vez no dia. Eu amarrava a coleira de (nome retardatário) e ria.
- Cara, tenta na próxima.
- Isso se nós não chegarmos antes! - gritou, trazendo um isopor. Os filhotes ficavam chorando no pé de e , que faziam o churrasco. e estavam sentados relaxados nas cadeiras. se encontrava sentada na grama, brincando com os filhotes. Eu me levantei e fui olhar a carne. Ri quando e me bateram com as espátulas ainda limpas. levantou impaciente.
- Vocês não vão escolher é nome para mais nada. - Ele deu um tapa na bunda de . - Anda com isso, cara!
- Não fique ressentido, . Só porque eu e a conseguimos ter criatividade e agilidade para escolher um antes de você!
- Não estou com inveja nenhuma. Estou é com pena. A coitada da cachorra se chama !
- Ai, muito lindo. - sorriu boba.
- Cara, agora eu vou fazer o Mark engravidar a Mad de novo e EU vou escolher todos os nomes. E SOZINHO. Ouviram, SOZINHO?! - tentou ficar sério, mas logo riu.
- Que necessidade. - Eu ri. - Só não se esquece que a ideia de castrar foi sua.
- Droga. Eu necessito escolher nomes! - Ele me abraçou e colocou a cabeça no meu ombro.
- Tudo bem, ainda sobrou um para você. - Os outros viraram mas eu não liguei, continuei olhando a orelha de . Ele levantou a cabeça e me olhou estranho. Olhou em volta e contou os cachorros, olhou para a casa, olhou para o céu, pensando. Eu ri e peguei no rosto dele. - Não adianta procurar, amor. Só daqui a nove meses. - Pisquei para ele. Ele sorriu e me abraçou forte. e saíram correndo até nós dois. levantou na hora, tropeçando em , que levantava da cadeira. - Eu sinto que vai ser menina. - O sorriso dele se alargou.
- ELA PODE SE CHAMAR... - Eles falaram todos juntos, se embolando.
- Penny. - sorriu, grudando seu nariz no meu, seguido da testa na minha. - Ela vai se chamar Penny.


..:: FIM ::..



Nota da Autora:
Agradeço àqueles que leram :)
Contato: Formspring.Me

Nota da Beta:
Aviso: Se encontrarem qualquer erro na fic, mandem um email com o assunto 'Erro na fic VET'. Por favor, não deixe de avisar! (;
Boa Leitura (:
XoXo, @Leiko


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