What I don’t go to school for
Por Julucy
Eu estava tamborilando os dedos na escrivaninha do meu quarto, pensando se ainda faltava alguma coisa para fazer. Tá, eu não sou muito de ficar procurando o que fazer, mas aquele dia estava custando a passar. O sol já não brilhava forte havia uma semana e a vontade de fazer alguma coisa e ver alguém da minha idade era imensa. Já não agüentava mais olhar para a mesma tela do computador e ver as mesmas pessoas falando da mesma coisa todos os dias. Minhas amigas tinham viajado para o acampamento com a escola e eu, a cabeça de vento - mór da turma, tinha perdido a data do pagamento e acabara ficando sem lugar na viajem.
Parecia mesmo que não ia ter remédio essa semana senão pegar um livro por dia e devorá-lo até altas horas, para tentar ficar um pouco menos entediada. Comecei a me levantar da cadeira, indo em direção à minha prateleira de livros e fui ficando desanimada só com o movimento da minha mão direita se erguendo no ar. Já lera também todos os livros existentes na minha casa. Tinha mesmo que pensar em outra opção urgente. Já podia imaginar se minha mãe me visse sem fazer nada o que diria. “Vamos , você não tem nada para fazer. Não custa nada me acompanhar em uma aula de pintura em tecidos! A mamãe gosta tanto!”. Por mais que eu goste da minha mãe, não dá para agüentar as velhinhas que fazem aula junto com ela. Sem chance!
Certo, vamos para a segunda opção de lazer: falar com os meus vizinhos! Opção um: vizinhos da direita. Ah, esqueci! A casa está vazia.Tá, não se desanima, tentemos então uma terceira opção: vizinhos da esquerda. Marcus, o nerd mais bonito de toda a escola. Só tinha um problema em conversar com ele. Primeiro ele me analisaria da cabeça aos pés e pediria um pedaço da minha pele para olhar no microscópio. Um pouco demais para mim. Tá, nada de Marcus. Parece que meus outros vizinhos não tinham menos que o triplo da minha idade.Já comecei a me imaginar nas aulas de pintura de pano com a mamãe, quando lembrei de uma coisa.
Ainda tinha os Jonas, que moravam na frente de casa. Eles sim poderiam estar no mesmo tédio que eu, já que não tinham ido para o acampamento com a escola. Como era aniversário da mãe deles, eles haviam decidido ficar em casa e cuidar de tudo para que ela ficasse feliz aquele dia. Meninos de ouro, esses Jonas! Nem sei como não pensei neles antes, já que nos víamos quase todos os dias na ida para a escola, na volta da escola e nas tardes de monotonia.
Levantei da minha cadeira onde estava e me dirigi para a porta da sala. Passando pelo corredor me olhei no espelho. Voltei correndo para o quarto e abri minha bolsa de maquiagem. Passei meu rímel companheiro, o gloss cotidiano e me senti mil vezes mais bonita. A segunda vez que passei no espelho já estava bem melhor. Passei a mão nos cabelos, só de costume mesmo, porque não adianta nada tentar arrumá-los.
Saí para a rua semi-deserta e um arrepio me percorreu. Ai que saudade do sol. Nem meus pés dentro do meu All Star estavam quentes. Atravessei a rua andando calmamente e cheguei no gramado dos Jonas.
-Hey, moça! – Alguém gritou da garagem.
Olhei para ver quem era. Só consegui identificar uma parte [sim, a parte traseira] do porque ele usava aquela calça sempre. Ele estava tentando pegar alguma coisa no chão do carro.
-Hey, ! – falei quando cheguei mais perto. Ele tirou a cabeça de dentro do carro e ficou me olhando um pouco. Sorri sem graça, franzindo a testa – Tá tudo bem aí?
-Ah! Claro, claro! Só tava procurando o meu anel que caiu aqui embaixo do banco. –Ah, aquele anel. O anel da pureza dos Jonas. Os três tinham um, o que significava que eles ficariam puros até o casamento. Fofo, né?! – Que saudade que eu tava de você! – E me puxou para aquele abraço que só ele sabia dar. Aquele que faz a gente esquecer de tudo e só pensar naquele momento, naqueles braços que te envolvem e te afastam de tudo, naquele cheiro, no cabelo dele roçando de leve no meu rosto.
-Ah, nem faz tanto tempo assim que a gente não se vê, vai.- Consegui falar depois que o abraço acabou. – Segunda foi o aniversário da sua mãe, terça a gente ficou preso em casa e hoje é quarta. Só quatro dias, contando o fim de semana.
-SÓ quatro dias...Agente mora um de frente pro outro. Tem que se ver todo dia! – Quase chorei de alegria ao ouvir as palavras tão lindas saltando da boquinha linda dele! – Vamos lá dentro, ver se os meninos querem fazer alguma coisa. – E ele me puxou pela mão.
O cheiro da casa deles era exatamente como o cheiro de uma casa deve ser. O cheiro de comida no fogo misturado como cheiro de madeira do piso e dos móveis resultava no cheiro característico da casa dos Jonas. foi me puxando pela mão até o andar de cima. Deu duas batidas na porta do quarto que dividia com os dois irmãos e a abriu.
Aí sim o cheiro me invadiu, misturado com o susto de ver o sem camisa sentado na sua cama, [ai aii! *-*], e o que acabava de amarrar o cadarço do tênis. Como seus cabelos ainda estavam molhados, deduzi que acabara de tomar banho.
-Oi ! – disseram os dois em coro.
-Oi meninos! – Fui sentar na cama do lado do , pra não ficar babando tanto no , que ainda estava sem camisa. passou a mão pelos meus ombros e me apertou.
-Tudo bom?
-Ahã – O cheiro dele chegando ao meu nariz. Bom também, mas não chegava aos pés do cheiro do . – E aí, o que vocês estão fazendo?
-Eu tava indo tomar banho – disse enquanto se levantava da cama. Pegou uma roupa meio que sem olhar para dentro do guarda roupas e abriu a porta do quarto. E saiu. sentou na cama onde seu irmão estava. Percebendo o meu quê de dúvida no olhar, respondeu sorrindo.
-Pois é. Ele está assim a semana toda. Não me pergunte por que.
-Ele que costuma ser o mais brincalhão de nós, começou essa semana tão sério. Até diria que ele está triste. – Arriscou fazendo cara de pensativo.
-Mas o que será que aconteceu? Vocês já tentaram falar com ele? – Perguntei levantando da cama. Um Jonas triste é um pecado.Eu tinha que fazer alguma coisa. Os dois responderam que já haviam tentado, mas ele dissera que estava apenas cansado. – A hora que ele sair do banho eu falo com ele, então.
Os dois assentiram. O silêncio pairou por algum tempo, até que a porta do quarto abriu.
-Que foi? – Perguntou se deparando com a mesma cena que ele vira quando saíra do quarto: eu sentada do lado do e o sentado na cama da frente, brincando com uma bola de beisebol. – Tavam me esperando? – Tentou brincar.
-Naada, não ! – disfarçou , levantando da cama – Aliás, eu tava indo te chamar pra gente dar uma volta ali no parque. A sugeriu de a gente andar de bicicleta lá, e...
-Ah, nem posso. Vou ficar em casa que daqui a uma hora começa CSI, e o episódio é novo. Acho que hoje o Grissom vai pedir a Sara em casamento.
Nós três o olhamos com cara de interrogação. Assistir CSI? O ? Naah! Pensei mais rápido que qualquer um dos Jonas ali [ o que não é muito difícil, convenhamos :D].
-CSI passa hoje?! Não acredito! Ai, ainda bem que você me lembrou , senão eu ia perder o dia mais romântico! – Fingi ser a fã mais aficionada da face da terra. Tudo bem que eu tinha segundas [terceiras e quartas] intenções em assistir CSI com o . – Acho que não vou mais no parque com vocês, meninos. Vamos, – e o puxei pela mão, saindo do quarto. – Vamos assistir lá na sala.
Eu não sei bem qual foi a reação dos meninos que ficaram no quarto, mas eles devem ter se olhado com cara de bobos perguntando o que eu, que nunca gostei de CSI, faria na sala com o sozinha. [n/a: Eei, mentes poluídas!]
Chegando na sala, me larguei no sofá, puxando o pro meu lado. Ele estava meio confuso ainda com o meu vício repentino em CSI, acho. Ele sentou do meu lado, procurou o controle da TV no meio da coberta que estava no sofá e ligou a TV. A vinheta do canal anunciava o último bloco do programa que passava antes de CSI. puxou a coberta pra cima dele e estendeu o braço esquerdo, me convidando a me encostar nele. Aconchegados e em silêncio. Mas ainda faltava uma coisa.
- , o que é que você tem? – perguntei levantando os meus olhos para o seu rosto. Sim, o cheiro dele ganhava fácil do cheiro do , dude! Era, de longe, o melhor! Ele comprimiu os lábios, como quem está pensando. – Digo, você anda tão sério...Nem faz mais as suas piadinhas. Nem abre mais aquele sorriso que eu adoro.
-Eu? - Ele se afastou um pouco para poder olhar pra mim. Os olhos dele pareciam querer me contar alguma coisa. Um segredo, talvez? Sorriu um sorriso diferente dos que eu já tinha visto e respondeu. – Nada não, . É que eu ando meio cansado. Prometo que vou sorrir mais pra você, já que você diz que gosta do meu sorriso.
-Aaai [*-*] - Eu abri um sorriso que deve ter iluminado até a China. Gente, foi incontrolável – Promete mesmo?
-Uhum. – E ele encostou o queixo dele no topo da minha cabeça de novo. Mas não era isso que eu queria ouvir. Eu queria saber o que acontecia com o . Começou CSI e ele nem piscava, ao olhar para a tela. E eu, como não estava entendendo nada da história, fiquei viajando durante a primeira parte. Sentindo o calor do corpo dele passar pro meu. Sentindo a mão dele me fazer cafuné atrás da orelha e ouvindo a respiração dele.
-E aí, já tem uma idéia de quem matou a mulher? – perguntou me olhando, quando a primeira parte terminou. Como eu ainda estava meio abobada, só disse um “não” meio fraquinho. Ele me apertou e me olhou bem fundo nos olhos, com um sorriso de canto de boca – Você nem ta prestando atenção, né?
-Me pegou! – Fiquei sem graça, mas não tive como falar que eu estava prestando atenção. Com o do meu lado, não tinha nem porque eu olhar para a TV, né?. – Mas eu juro que eu tentei, .
-Mas então, - Ele se endireitou no sofá, sem tirar a mão das minhas costas. – Me conta o que você ta fazendo aqui. De verdade.
-Ah, só queria ficar aqui um tempinho com você, oras! – AIMELDÉUS! Será por isso mesmo que eu fiquei? Será porque eu tenho “feelings” por ele, que não são só de amigo? As minhas bochechas queimaram. Dude, será que eu gosto dele?
-Queria, é? – Ele perguntou me olhando verdadeiramente intrigado. Sorriu. Abriu a boca pra falar alguma coisa, mas fechou. Abaixou os olhos. – Eu também.
Sim, esse era o momento que eu mais queria desde que eu havia percebido os “feelings” por ele. Era isso. Era por isso que nada me agradava, que nada me satisfazia..A mão dele subiu para a minha nuca, enquanto ele vinha se aproximando de mim. Seu nariz encontrou com o meu.
- , cadê a chave do seu car...- entrou correndo na sala, fazendo ele se afastar rapidamente de mim e eu encostar minha cabeça no sei peito de novo. percebeu que havia interrompido alguma coisa, sem saber muito bem o que. Engoliu, limpou a garganta e repetiu – Cadê a chave do seu carro? O quer ir pegar uns filmes lá na locadora.
Nem sei de onde as chaves surgiram, só que as jogou para , que fez questão de sair correndo da sala. Ao ouvir o barulho do motor ao longe, se virou para mim.
-Aquela hora eu... – Acabou ficando sem voz, ao perceber que eu já estava olhando pra ele de novo. Ele sustentou o olhar sem dizer nada. Sua mão direita chegou a minha mão que estava em cima do peito dele. Ele a segurou, brincando com os meus dedos. Ao perceber que ele se aproximava, fechei os meus olhos, sentindo sua respiração muito perto do meu rosto. Ao me beijar, ele aproximou seu corpo do meu. Agora dava para sentir o seu calor tomando conta de mim também. A força que ele fazia com seu rosto no meu, tornava a suavidade das suas mãos quase imperceptível, resultando em uma sensação única.
Lentamente, ele foi inclinando meu corpo em direção ao sofá, exercendo pressão de seu peso sobre mim. Sua franja encontrava minha testa, me causando arrepios pelo corpo todo, que nunca passavam. Minha respiração começou a ficar pesada no que o beijo tomou um ritmo diferente, quase que frenético. A coberta que nos cobrira minutos antes estava no chão, juntos com nossos tênis, a camiseta do e as almofadas que estavam no sofá.
Uma de suas mãos apertava minha cintura, e a outra me fazia carinho no rosto. Ele começou a beijar meu pescoço, o que me fez arrepiar ainda mais. Sim, o meu ponto fraco havia sido descoberto em menos de meia hora. Ao perceber que eu me arrepiava, ele fazia mais pressão na minha clavícula, dando leves mordidas que me dificultavam cada vez mais a respiração. já transpirava, exalando mais ainda seu perfume pela sala.
Desvencilhei-me dele, passando uma perna por cima de seu colo, o que me deixou por cima. Foi minha vez de morder seu pescoço, deixando marcas que nos denunciariam depois. Ele me segurava pela cintura, me apertando. Meu cabelo havia caído sobre parte de seu rosto. Ele soltava pequenos gemidos, os quais ele tentava reprimir sem sucesso.
-Aí eu falei pra ela :”Me dá o melhor filme!”. Entendeu? Melhor filme! – Gritava , que entrou na sala junto com . Eu fui praticamente jogada do sofá quando se levantou para ver o que o irmão queria. Ao ver o cabelo despenteado de , percebeu que havia interrompido alguma coisa, por isso se contentou em dizer - Ah, ! Já já eu volto, vou só colocar a pipoca no microondas.
-Oi ! – Disse sorrindo bobamente e passando direto para a cozinha atrás de . – Oi !
-Oi – respondi meio desconcertada. Olhei para , que sorria e me olhava. – Acho que isso é seu – E dei a camiseta dele, na qual eu havia caído em cima. Ele a vestiu e me puxou para cima de novo. Encostou sua boca na minha, e foi o que bastou para acender o fogo que havia sido a pouco apagado. Ele já estava me inclinando de novo quando gritou lá da cozinha, meio que nos avisando.
-Cinco minutos e a pipoca fica prontaaaa! – o que foi seguido de risos dos dois.
arrumou a camiseta e os cabelos. Eu estava completamente descabelada e sem uma alça da minha regata. Arrumei a alça, enquanto ele carinhosamente ajeitou meu cabelo, colocando minha franja atrás da orelha. Olhou para mim sorrindo.
-Será que agora você entende por que eu estive calado esse tempo todo? Era por sua causa.
-Hein? – Tá, eu fingi que não entendi para ele ter que se explicar por completo.
-De uns tempos pra cá, eu comecei a perceber que te via de uma maneira diferente. Te via todo dia de manhã quando você ia pra escola com os meninos e te achava a garota mais bonita do mundo. E quando a gente não tava junto, parecia que sempre faltava alguma coisa. – Ele estava com o rosto perto do meu, me abraçando de lado com um braço só. Seu nariz encostando na minha bochecha, fazendo-a queimar – Esses dias sem te ver me fizeram perceber porque tudo era sem graça. Eu sentia tanto sua falta, que ficava sem ânimo para fazer as coisas.
-E por que você nem falou comigo hoje a hora que eu cheguei? - Aproveitei para perguntar quando ele fez a pausa depois de ter dito tudo aquilo - Me fez sentir tão...triste, sabe? Ser tão ignorada daquele jeito.
-Eu não sei se você sabe, mas eu tava morrendo de vergonha de você. Eu contei pros meninos ontem à noite que eu tava...ãhn..afim de você. – Aí ele começou a corar, tão bonitinho - Aí, como você encontrou o primeiro, eu pensei que ele já tivesse contado tudo pra você. E aí eu arranjei uma desculpa pra sair dalí.
Eu ia dizer alguma coisa,
mas os meninos chegaram, colocando uma vasilha cheia de pipoca quentinha no
colo do
, o que me fez ficar quieta.
sentou na poltrona que ficava de lado para o sofá, deixando o lugar do lado
do
para o
, que ficou de pé enquanto colocava o DVD pra rodar. Ele veio em direção ao
sofá e sentou-se do outro lado do
, imitando a posição na qual eu me encontrava. Deitou a cabeça no peito dele
e até cruzou as pernas! O
, na poltrona, estava rindo tão alto que me fez rir também. Depois de empurrar
seu irmão,
caiu na gargalhada também, e nós quatro ficamos rindo, até o fim dos trailers
do filme.
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