When I'm Hurt



Introdução

Eu andava tranquilamente pra casa, tinha sido liberada do estágio para tratar da organização do meu casamento, nem acreditava que faltava menos de duas semanas e eu seria a senhora Thompson, coisa que eu desejo desde os 17 anos de idade. Agora eu tenho 22, acabei de concluir o sexto período da minha faculdade de música, meu sonho era seguir carreira até consegui uma bolsa na Royal Academy Of Music, que é o sonho de qualquer pessoa, mas tive que recusar mesmo com muita pressão dos meus pais, que se mudaram pra Londres depois que meu pai foi transferido e essa era a oportunidade de reunir minha família de novo, mas eu estava começando a construir a minha, tem cinco anos que eu namoro Sam e não poderia ir embora de Manchester e deixá-lo pra trás, ele não quis ir pra Londres comigo, disse que não podia largar tudo que construiu aqui, o trabalho na empresa do pai dele, para começar tudo de novo num lugar estranho. Confesso que fiquei triste, mas decidi ficar aqui com ele. Mesmo eu recusando a bolsa, eles me comunicaram que no momento que eu decidisse eu poderia ligar que a minha bolsa estaria disponível. Sim, eu tenho muita sorte, mas eu sei que isso não aconteceria, nada me tiraria de Manchester, eu estava em casa e feliz, estava com Sam.
Cheguei ao apartamento que dividia com Sam há dois anos, a contragosto dos meus pais, mas eles não me deixariam morar sozinha, porque seria a mesma coisa que nada, eu passaria o tempo todo na casa de Sam, então foi assim que convenci meu pai. Quando eu fui entrando, ouvi barulhos estranhos vindos do quarto, quando abri a porta me deparei com uma cena que não queria ter visto em nenhum momento da minha vida!
- SAM, O QUE É ISSO? – gritei já sentindo as lágrimas se formando. - COMO VOCÊ PÔDE? NA NOSSA CASA, NA NOSSA CAMA?
- Calma, , não é nada disso que você tá pensando, eu posso explicar!
- Explicar o que, Sam? Que eu não vi o que estava bem debaixo do meu nariz todos esses anos? Durante os cinco anos do nosso namoro, você enfiou a Sarah na sua casa e a esfregou na minha cara com desculpa idiota de serem amigos, e eu cega sempre acreditando em você! Como você pôde? – eu disse virando pra sair da casa.
- , espera! – disse Sam segurando a porta na hora que eu ia fechando.
- Pelo menos vista uma roupa, Sam, ou volte pra cama e termine o que eu interrompi. Juro que não apareço mais aqui, não olho na sua cara e nunca mais me meto na história de vocês. Depois alguém vai passar aqui pra pegar minhas coisas.
Mas antes que eu conseguisse sair, Sam segurou meu braço e me fez olhar mais uma vez pro seu rosto, e ao encarar aqueles olhos verdes, os últimos cinco anos da minha vida passaram pelos meus olhos, eu os fechei por impulso, puxei meu braço da mão de Sam, tirei meu anel de noivado e joguei nele, e saí dizendo: - Sejam felizes!
Saí do prédio desnorteada, sem saber pra onde ir, me vi perdida, tudo aquilo que eu achava ser o mais certo da minha vida, tinha sido jogado fora numa traição desonesta, se é que existe uma traição honesta. Sem saber o que fazer, liguei pra uma das únicas pessoas que eu queria ver naquele momento.
- Oi, ! , você tá aí? – perguntou já preocupada do outro lado da linha.
, vem me buscar! – eu disse num sussurro, para não começar a chorar descontroladamente no meio da rua.
- , o que aconteceu? Me diz, por favor? – perguntou claramente nervosa. O que aconteceu com ela, ? Ouvi Matheus, irmão da , perguntar no fundo.
– Vem me buscar na casa do Sam que eu explico! – falar o nome dele foi mais difícil do que eu imaginava.
– Tá, chegaremos aí em 5 minutos no máximo. - Ouvindo isso, desabei na calçada.
Acho que quando passamos por um trauma muito grande, perdemos a noção do tempo, pois no que eu achei que fosse 1 segundo, e Matheus já estavam me carregando pra dentro do carro, porque perceberam que eu não tinha condição de ir sozinha. me sentou e perguntou:
- O que aconteceu com você, Sam te machucou? – enquanto perguntava, ela fazia uma geral pelos meus braços e pernas em busca de algum machucado. Lentamente levantei o olhar até encontrar os dois olhares suplicantes em cima de mim e bastou três palavras para eu ver Matheus entrar no prédio correndo:
- Sam. Sarah. Juntos.
Não sei como, mas segui Matheus junto com , mas chegamos ao apartamento apenas no momento em que o punho do Matheus acertou em cheio o rosto de Sam e o fez cair no chão sem reação. Depois disso só lembro-me de flashes: eu caindo, Matheus me colocando no carro e me abraçando no banco de trás, então fechei os olhos e me deixei vagar até a escuridão, desejando que o que tinha acontecido fosse apenas um sonho.


Capítulo 1
(n/a: Coloque pra tocar quando a letra começar)

Não sei como cheguei ao quarto da e nesse momento eu nem quero saber, a única coisa que me importa agora é descobrir como eu pude ser tão ingênua todo esse tempo. Apenas uma pergunta passava em minha cabeça: Por que Sam fez isso comigo? Ele foi o meu primeiro namorado, meu primeiro amor, meu primeiro em tudo e eu estava disposta a ter apenas ele pela vida toda e descobri da pior maneira possível que tudo não passava de uma ilusão e que agora nada na minha vida mais importava. Quando consegui pensar novamente já estava escuro, abri os olhos devagar, pois eles já estavam ardendo de tanto chorar, encontrei e Matheus sentados na minha frente, pelo o que eu pude perceber bem cautelosos, respirei fundo e disse:
- Há quanto tempo eu tô aqui deitada? – apontando para a janela, e tive nenhuma resposta - O que foi? - perguntei novamente.
- Estou esperando você começar a chorar de novo, você já fez isso umas três vezes. - dessa vez quem respondeu foi Matheus, rindo e recebendo uma cotovelada de .
, você tá melhor? – perguntou minha amiga visivelmente preocupada, eu devo tanto a que quando isso acabar não sei como agradecê-la.
- Estou melhor, não vou mais chorar, não pelo Sam. – ao falar o nome dele uma dor estranha atingiu meu peito, então achei melhor nem repetir.
– Calma, , o Sam já teve a primeira lição, é só você falar que eu volto lá e ensino muitas outras. Eu não sei o que faria com ele se eu encontrasse com ele na rua, acho que não...
- Calma, Matheus, agora é você que precisa se acalmar. – interrompi antes que ele conseguisse matar Sam só pela força do pensamento – O problema do Sam é comigo, você não pode ficar se metendo em confusões por minha culpa, eu que tenho que... – foi a vez de Matheus me interromper.
, você realmente acha que aquele babaca vai se safar depois de fazer isso tudo? Não mesmo, , parece que você não me conhece, acha mesmo que eu vou ficar quieto? Deixa eu cruzar com ele na rua. – olhei pra e ela não se manifestou, então perguntei:
- Você não vai impedir? – ela me olhou meio chocada e respondeu:
- , eu odeio violência, mas nesse caso o Sam merece, se eu desse conta eu mesma bateria nele! – ela respondeu segurando um sorriso.
- Ok, vão procurar um tatame pra bater em alguém e me deixem um pouco sozinha, pode ser? Tenho que pensar no que eu vou fazer agora. – eles se olharam, concordaram e levantaram pra sair do quarto, mas antes de saírem eu falei:
- , você pode pegar minhas coisas na outra casa? Não quero ir lá, nunca mais na minha vida! – me olhou, sorriu e disse:
- Matheus já foi lá e trouxe tudo o que é seu, tá tudo no antigo quarto dos meus pais, não me surpreenderia se Sam estivesse com o outro olho roxo. – olhou orgulhosa pro seu irmão e continuou – , você só vai encontrá-lo se quiser, fica tranqüila! – sorri e respondi:
- Muito obrigada, não sei o que seria de mim sem vocês, eu amo vocês! - eles sorriram, mandaram beijos e saíram do quarto.
Agora, , é com você mesma, você tem que escolher: ou fica aqui morrendo aos poucos ou levanta a cabeça e segue em frente, por mais difícil que pareça! – Pensei comigo mesma, e realmente seria muito difícil. Não sei se ficar sozinha foi realmente uma boa opção, mas eu precisava pensar, mas agora sem ninguém pra me distrair, várias lembranças invadem minha cabeça.

Flashback On

You took my hand
Você pegou minha mão
You showed me how
Você me mostrou como
You promised me you'd be around
Você me prometeu que ficaria por perto
Uh huh, that's right
Aham, tá certo...

Minha primeira aula de matemática no segundo ano, e eu chego atrasada, não sou boa na matéria e não facilita as coisas um problema com o professor! – eu pensava e corria pelos corredores do colégio até parar na sala 214, respirar fundo e entrar. Claro que todas as cabeças viram em minha direção, juntamente com a do senhor Muller – Professor Muller, realmente eu tenho muita sorte! – bufei e pedi permissão para entrar, ele me olhou com cara de poucos amigos:
- Entre logo, senhorita , e sente nesta carteira, trabalharemos em dupla esse ano. – disse apontando para a penúltima carteira da fileira da direita.
Andei rapidamente para não chamar atenção e sentei, peguei minhas coisas e ouvi uma voz:
- Ele não vai muito com a sua cara, né? – virei e encontrei um lindo par de olhos verdes me encarando, era um menino extremamente bonito, com cabelos castanhos e um pouco de espinhas, normal pra idade, mas nada que tirasse sua beleza.
– Meu nome é Sam, e o seu? – disse ele com um belo sorriso no rosto.
. – respondi e nesse momento percebi que a aula de matemática se tornaria a minha preferida.

I took your words
Eu absorvi suas palavras
And I believed
E eu acreditei
In everything you said to me
Em tudo que você me disse
Yeah huh, that's right
É aham, tá certo...

- , meu amor! – disse Sam assim que abri a porta, ele estava com um urso enorme nas mãos, e sorriso enorme no rosto. – Feliz um ano de namoro e que tenha muitos outros pela frente, eu te amo tanto. – Eu o abracei apertado de respondi:
– Feliz um ano de namoro pra você também, eu também te amo muito, pra sempre!

If someone said three years from now
Se alguém dissesse daqui a três anos
You'd be long gone
Que você iria embora
I'd stand up and punch them out
Eu apagaria todos eles com um soco
Cause they're all wrong
Porque eles estariam errados
I know better, cause you said forever
Eu sei melhor que eles, porque você disse "para sempre"
And ever, who knew
E sempre, quem diria...

- Sam! Meus pais vão se mudar, eu não quero ir, quero ficar com você, por favor, me ajuda! – entrei gritando e chorando na casa de Sam.
– Calma, amor, vamos arrumar um jeito de você ficar, me deixa pensar! – ele disse me sentando em seu colo – Já sei! Você vem morar comigo! É perfeito! – disse ele com um sorriso encantador.
– Não sei se meu pai vai concordar, amor, você sabe como ele é com essas coisas. – eu respondi já imaginando a reação do meu pai.
– Amor, nós prometemos não deixar nada nos impedir de ficarmos juntos, ou é isso ou você vai embora. E também, você já tem 20 anos, não é mais uma menininha. – eu respirei fundo, sabia que ele tava certo.
– Tudo bem, vamos lá enfrentar a fera! – levantei o puxando pela mão.

Remember when we were such fools
Lembra-se quando nós éramos tão bobos
And so convinced and just too cool
E tão convencidos e tão, tão legais
Oh no no no
Oh não não não
I wish I could touch you again
Eu queria poder te tocar de novo
I wish I could still call you friend
Eu queria poder ainda te chamar de amigo
I'd give anything
Eu daria qualquer coisa

- Vem, amor, vamos dormir, tô cansada. – resmunguei, a rotina faculdade/estágio estava me matando.
– Pode ir na frente, já tô indo. – respondeu a Sam, sem tirar os olhos da televisão. Fui em direção ao quarto e no caminho apaguei a luz, quando me joguei na cama, percebi uma mensagem no teto, com aquelas tintas que brilham no escuro: “QUER CASAR COMIGO?". Quando li aquilo, levantei e corri até a sala, e lá estava ele ajoelhado com uma caixinha na mão, ajoelhei em sua frente e disse:
- Claro! É o que eu mais quero no mundo! – ele pegou minha mão, colocou o anel em meu dedo e o beijou, eu o abracei e ele me pegou no colo e saiu em direção ao quarto.

When someone said count your blessings now
Quando alguém disse seja agradecido
For they're long gone
Para aqueles que já não estão por perto
I guess I just didn't know how
Eu acho que eu não sabia como mesmo
I was all wrong
Eu estava totalmente errada
They knew better
Eles sabiam melhor que eu
Still you said forever
Ainda sim você disse "para sempre"
And ever, who knew
"E sempre", quem diria

Flashback Off

Quando acordei das lembranças, sequei minhas lágrimas e fiz uma promessa para mim mesma: Eu nunca mais vou chorar por alguém, nunca!. E colocando isso em minha cabeça, decidi o que iria fazer da minha vida: vou aceitar minha bolsa, só não sei como dizer isso pra e pro Matheus... Depois de tudo isso eu vou simplesmente deixá-los pra trás? Mas se eu não for, vou ficar aqui podendo encontrar Sam pelas ruas, quem sabe com a Sarah, eles podem se acertar agora que eu saí do caminho. Depois de muito pensar vi que a minha escolha já estava mesmo tomada e era hora de encará-la, já que as aulas começariam em duas semanas, a mudança tinha que começar logo.


Capítulo 2

Desci as escadas procurando por meus amigos e segui as vozes até a cozinha, vi que estavam preparando algo pra comer, quando me viram entrando, analisaram meu rosto e não vendo vestígios de novas lágrimas, sorriram e me fizeram sentar.
, tô fazendo o jantar pra você, sua comida preferida, espaguete. – eu não pude deixar de sorrir, espaguete não era a minha comida preferida e sim umas das únicas coisas que ela conseguia fazer que ficasse um pouco apetitosa, mas ela não precisa saber desses detalhes.
– Parece uma delícia! – disse sorrindo, e vi seu sorriso aumentar em resposta. Depois de jantar e ajudar com a louça, eu resolvi falar logo minha decisão.
– Gente, eu preciso dizer o que decidi fazer da minha vida. Não posso continuar nessa cidade, nada mais me prende aqui a não ser vocês, vai ser muito difícil deixar vocês para trás, ainda mais depois de tudo que aconteceu hoje, mas eu resolvi finalmente aceitar a bolsa na Royal. – estranhei não ouvir nenhuma reclamação ou interrupção de um dos dois, até que Matheus falou:
- , se você não aceitasse essa bolsa agora, nós faríamos você aceitar. Você sabe que eu sempre fui contra você desperdiçar essa chance, pode ser a chance da sua vida. – eu confesso que fiquei aliviada, eles estavam aceitando muito bem.
– Ah! E não vá pensando que vai conseguir se ver livre de nós dois tão facilmente, você acha mesmo que eu vou ficar aqui, podendo viver numa cidade como Londres? Nunca ouviu falar da noite Londrina? – disse gargalhando em seguida.
– Então vocês vão comigo? – perguntei não conseguindo conter minha emoção.
– Claro! E vamos o quanto antes, as aulas já vão começar e eu tenho que pedir minha transferência pra lá, mas nada que um agrado não ajude! – Matheus respondeu, ele e a irmã viviam em Manchester, mas os pais eram executivos nos Estados Unidos e todo mês mandavam duas boas mesadas para os dois.
– Mas não vai dar tempo de arrumar um lugar pra morar e fazer a mudança em duas semanas. – eu disse depois que vi o pouquíssimo tempo que restava antes das aulas.
, nós temos um apartamento grande o suficiente pra nós três em Londres, nossos pais compraram e colocaram no nosso nome, acho que imaginando que um dia íamos acabar nos mudando pra lá. – disse que também tava prestando atenção em um episódio de Supernatural que passava na televisão.
– Nossa, eu preciso dizer, vocês não existem! Que amigos deixariam tudo pra trás pra se mudar com outra pessoa? – eu disse emocionada.
– Não é qualquer pessoa, é você, , você é a nossa família! – disse Matheus me abraçando e puxando também. – Vocês duas têm cinco dias pra organizar a mudança e deixem as transferências comigo.
E ficamos jogados no sofá vendo televisão por mais um bom tempo naquele dia, um dia cheio de mudanças pra mim e não imaginava que só estava começando.

Cinco dias depois, já estávamos com tudo pronto e partindo para Londres, estávamos terminando de levar todas as malas pra fora e Matheus já estava lá encostado em seu carro, só esperando por nós duas, olhando bem consegui entender o porquê do sucesso que ele tem com as meninas, ele estava com um wayfarer preto, um casaco cinza de gola v, um jeans escuro e um tênis impecavelmente branco, quando saímos da casa ele veio até nós, pegou nossas últimas malas, colocou-as no carro e perguntou:
- Prontas para Londres? – mostrando o sorriso que eu amava.
- Eu tô mais que pronta! - respondi entrando no carro, olhei para casa deles que tinha sido a minha nos últimos cinco dias.
Pude ver olhando pra sua agora antiga casa e pensei no que eles estavam deixando pra trás, mas eles me garantiram que também seria bom para eles sair de Manchester, então tirei o peso da minha consciência. Quando Matheus finalmente saiu com o carro, sabendo que seria uma longa viagem, tirei meu porta-cds da minha bolsa e estendi o cd do Paramore para o Matheus colocar e fomos grande parte do caminho, cantando e berrando.
- Matheus, nós tínhamos que vir de carro mesmo? Não poderíamos pegar o trem? Sei lá, é tão desconfortável! – disse choramingando.
- Hey, não chame meu carro de desconfortável, ninguém nunca reclamou dele, é só você trocar com a e deitar um pouco lá atrás, o que você acha?
- É, pode adiantar, se importa, ? – ela perguntou.
- Claro que não. Matheus, pára aí no acostamento. – eu respondi. Matheus acenou com a cabeça parando o carro.

Foram, mais ou menos, quatro horas tranqüilas de viagem, até pararmos em um lindo prédio, o hall de entrada era enorme e muito bem decorado, fomos até o elevador carregando o que conseguimos e vi apertar o décimo andar. Quando a porta do elevador abriu, não me deparei com um saguão e sim com o próprio apartamento, o encarei boquiaberta vendo como era grande, a sala era em conjunto com a cozinha, tinha uma parede de vidro que proporcionava uma vista incrível. Os irmãos entraram sem admirá-lo e pararam de frente pra mim, e Matheus perguntou:
- O que você acha, não é incrível? – disse ele sorrindo.
- É mais que incrível, é maravilhoso! – respondi ainda atordoada.
- É todo seu também, não se esqueça! – disse piscando. – Só porque somos bonzinhos, vamos deixá-la escolher o quarto primeiro. – ela disse apontando pro corredor. Segui o corredor abrindo a primeira porta, era uma suíte enorme com uma janela pra piscina do prédio, imaginei que Matheus ia gostar de olhar as menininhas na piscina, então saí e fui para o próximo, era grande igual ao outro, mas a janela dava pro jardim, achei lindo, mas saí para ver o último, quando eu entrei sabia que tinha que ser aquele, ele era do mesmo tamanho que os outros, mas tinha uma sacada com uma vista mais do que linda. Voltei para a sala e disse qual tinha gostado, riu e disse:
- Eu sabia que você escolheria aquele, por causa da sacada. Você sabe que eu te conheço mais do que você mesma às vezes, né?
- Às vezes, só às vezes? – perguntei rindo.
Demoramos cinco dias pra organizar tudo, porque esperamos muitas coisas chegarem de Manchester, então com tudo pronto, resolvi visitar meus pais, mas acabei indo sozinha porque resolveu ir ao mercado e carregou Matheus junto. Eu não sei dizer o tamanho da felicidade dos meus pais desde o momento que falei que ia pra Londres, claro que eles falaram que eu deveria morar com eles ou até mesmo sozinha, mas eles amam meus amigos como filhos. Poupei toda a verdade deles, disse apenas que meu noivado terminou por confronto de idéias, e pude perceber que meu pai ficou muito contente. A surpresa toda foi o presente de boas vindas que eles me deram, eles disseram que seria meu presente de formatura, mas como eu precisaria de um meio de transporte nessa cidade enorme, eles simplesmente compraram o carro que eu sempre sonhei, agradeci muito e voltei pra casa já no meu novo “brinquedinho". Quando viu meu carro, ficou louca, ela sempre quis um carro desse, mas como eu sempre disse que iria comprar um, nunca a deixei comprar.
Quando meu despertador começou a tocar me dei contra que já era o primeiro dia de aula e eu nem consegui aproveitar a cidade, todos os dias que decidíamos sair, um dos três pegava no sono antes de todos estarem prontos, mas eu tinha que encarar a realidade, pulei da cama e em trinta minutos estava pronta para a aula, passei nos quartos e eles já estavam vazios, chegando no fim do corredor já pude sentir o cheiro do café e os sinais de fome já eram evidentes, e Matheus começariam na faculdade hoje também, faz jornalismo e Matheus arquitetura, ambos na Universidade de Londres, como eu. Quando estávamos todos prontos, seguimos para a aula, cada um estudava em um prédio diferente, mas foi com Matheus e eu segui pro meu carro:
- Boa aula pra vocês, estou tão ansiosa! É estranho começar assim no meio do semestre, todo mundo já se conhece, eu vou chegar lá e ficar sozinha. – eu disse olhando pra .
- Calma, , você vai se enturmar rápido, esse pessoal de música faz amizade tão rápido que daqui a pouco você vai fazer várias amizades, vai até esquecer da gente. – disse fazendo bico.
- Hey, eu nunca vou esquecer vocês, entenderam? – disse mandando um beijo.
Quando cheguei ao meu prédio, respirei fundo antes de entrar, fui até a secretaria pegar meus horários e vi que já estava atrasada, corri para minha primeira aula, Canto Coral, entrei na sala e vi que ainda não tinha professor na sala. Sentei-me em uma das cadeiras do auditório, e vi quando duas meninas sentaram perto de mim.
- Olá, você é nova aqui, né? Sou , mas pode me chamar de . – disse a menina de cabelos curtos e sardas.
- E eu sou a , mas pode me chamar de . – disse a menina de cabelos longos e pele branquinha.
- Sim, sou nova aqui. Eu sou , mas podem me chamar de – disse retribuindo o sorriso. E assim ficamos juntas até a aula começar e após dela também.
- , posso ver o seu horário? Eu e a fazemos todas as aulas juntas. – disse animada, e entreguei meu horário a ela, que olhou e respondeu: - Nós fazemos todas as aulas com você também, legal, né?
- Muito legal! É bom conhecer alguém nas aulas, ainda mais vocês! – respondi sinceramente.
Depois das aulas fomos almoçar juntas, descobri várias coisas sobre elas, elas eram amigas desde sempre e se mudaram juntas para Londres para fazer a faculdade, assim como eu. Moravam juntas num apartamento perto do meu. namorava um menino chamado , que tinha uma banda que já fazia sucesso, mas nem me atrevi a perguntar muito, eu saberia melhor quem era depois mesmo, estava solteira, mas tinha uma paixão secreta pelo baixista e nunca deixou a tentar ajudar em qualquer coisa.
- , vamos num pub hoje? Quero te apresentar o e os amigos dele. – disse olhando para quando citou os amigos do .
- Mas hoje é segunda, tem aula amanhã. – eu respondi meio confusa.
- Nós vamos ficar só um pouquinho, por favor! Você mesma disse que não saiu ainda, vamos, vamos, por favor! – disse quase pulando no meu pescoço.
- Tudo bem, mas eu posso levar meus amigos? – perguntei para elas.
- Claro, devem ser super legais pelo jeito que você falou deles. Oito horas lá no Pub, fica nesse endereço. – disse me entregando um papel.
- Tudo bem então, até mais tarde! – eu disse dando um beijo em cada uma.
Quando cheguei em casa, Matheus e já estavam lá, eles me contaram sobre as amizades que fizeram e eu sobre as minhas e disse sobre o convite pra ir ao pub e eles aceitaram na hora. Faltando meia hora para a hora combinada eu já estava pronta, apenas esperando , como sempre. Fomos no carro do Matheus, porque o tempo resolveu esfriar de verdade. Ao chegar ao pub vi e de longe, e fui em direção à mesa puxando meus amigos, quando estava chegando perto fiquei surpresa, como não liguei os nomes, a , minha nova amiga era namorada do , o do McFLY. E agora os seis estavam na minha frente me olhando com sorrisos nos rostos. Fui em direção à mesa e disse:
- Oi, , oi ! – as cumprimentei com dois beijos e apresentei meus amigos. – Esses são Matheus e .
- Eu já conheço eles, . – disse Matheus indo em direção à mesa e cumprimentando os meninos, se apresentando para as meninas e sentando-se à mesa.
Eu o encarei confusa, olhei para e a sua expressão era o espelho da minha, então ela deu de ombros e foi cumprimentar o pessoal e se sentou também, então foi minha vez, fiz o mesmo que os dois e sentei na cadeira vaga entre e o da banda, . A conversa foi fluindo até que grupos foram formados, Matheus, e conversavam animadamente, e conversavam baixo e logo levantaram da mesa dizendo que iam comprar bebida, mas algo me dizia que era apenas uma desculpa. e se engoliam, então restou para conversar comigo. A conversa foi bem diversificada até eu dizer que era estudante de música e que também queria ser cantora.
- Sabia que às segundas e sextas feiras, o pub abre o microfone pra quem quiser cantar? Acho que hoje ninguém se candidatou, então você podia ir lá e mostrar o seu talento. – disse , destacando bem a palavra talento. Eu fiquei o encarando, esperando ele dizer que era brincadeira, então ele disse:
- Tá com medo de se sair mal? Acho que você não consegue cantar pra tanta gente assim. – ele disse rindo. Eu odeio que duvidem de mim, ainda mais uma pessoa que eu mal conhecia.
- Tudo bem, eu vou. – eu disse levantando da mesa. – Acho que não disse, eu odeio que duvidem de mim. - Fui até o palco e perguntei a um rapaz que estava no palco:
- Oi, o que eu preciso fazer pra cantar aí em cima?
- Só subir e pegar o microfone e se souber tocar o violão, pode usar também. – disse o rapaz sorrindo. – Meu nome é Ralf. – ele disse estendendo a mão.
- . – eu disse apertando. – Então, Ralf, acho que eu vou cantar. - Tentei pensar em uma música pra cantar, mas nenhuma realmente boa veio à minha cabeça. Peguei o violão, sentei no banquinho e disse:
- Boa noite, pessoal, eu vou cantar uma música pra vocês hoje. – quando eu disse isso, as sete pessoas da mesa dos meus amigos viraram em minha direção e uma ficou me olhando desafiadoramente. – E ela vai ser em homenagem a umas pessoas que eu conheci hoje. – Quando os primeiros acordes saíram do violão, os olhos que antes eram ameaçadores se tornaram confusos, e eu pude ver que a minha escolha tinha o surpreendido, acho que do mesmo jeito que não gostam que duvidem de mim, não gostava de ser surpreendido.


Capítulo 3
(n/a: Coloque pra tocar quando a letra começar)

Eu não sabia muito bem o que fazer, nunca tinha cantado essa música em público, mas eu sabia muito bem o motivo que levou o a escrever essa música, e eu queria ver se conseguia mexer com ele, e pela cara que ele fez, vi que tinha conseguido.

I wish I could Bubble Wrap my heart,
Gostaria de poder embrulhar meu coração em plástico bolha
In case I fall and break apart,
Em caso de eu cair e quebrar
I'm not God I can't change the stars,
Eu não sou Deus, eu não posso mudar as estrelas
And I don't know if there's life on Mars,
Eu não sei se existe vida em Marte
But I know you're hurt,
Mas eu sei que você está magoada
People that you love and those who care for you,
Pessoas que você ama e aqueles que se importam com você
I want nothing to do with the things you're going through.
Eu não quero ter nada a ver com as coisas pelas quais você está passando

Enquanto as palavras saíam da minha boca, eu podia sentir o que cada uma delas fazia com ele, porque eu também sentia as mesmas coisas, ele teve um amor não correspondido, e eu, eu não sei explicar bem o que eu tive, mas eu não podia parar de cantar, ele quis me desafiar não quis, agora vai ter que arcar com as conseqüências.

This is the last time,
Essa é a última vez
I give up this heart of mine,
Eu desisto desse meu coração
I'm telling you that I'm,
Estou te dizendo que eu sou
A broken man who's finally realised,
Um homem quebrado que finalmente percebeu
You're standing in moonlight,
Você está em pé sob o luar
But you're black on the inside,
Mas você é negra por dentro
Who do you think you are to cry?
Quem você pensa que é para chorar?
This is goodbye.
Isso é adeus

I'm a little dazed and confused,
Eu estou um pouco tonto e confuso
Life's a bitch and so are you,
Mas a vida é um lixo e você também
All my days have turned into nights,
Todos os meus dias viraram noites
Cos living without, without, without you in my life,
Porque vivendo sem, sem, sem você na minha vida
And you wrote the book on how to be a liar,
E você escreveu o livro sobre como ser uma mentirosa
And lose all your friends,
E perder todos os seus amigos
Did I mean nothing at all?
Eu não signifiquei nada?
Was I just another ghost that's been in your bed?
Eu fui só outro fantasma que esteve na sua cama?

Quando cantei essa parte da música vi que tinha sido a escolha perfeita, parece que alguém tinha ouvido minha história e escrito a música, nenhuma outra poderia descrever tudo que passei nas últimas semanas. Pude ver me encarando incessantemente, parecia que aquele olhar... Que aqueles olhos queriam entrar em minha mente e decifrá-la pra saber o motivo da escolha daquela música, justamente aquela.

This is the last time,
Essa é a última vez
I give up this heart of mine,
Eu desisto desse meu coração
I'm telling you that I'm,
Estou te dizendo que eu sou
A broken man who's finally realised,
Um homem quebrado que finalmente percebeu
You're standing in moonlight,
Você está em pé sob o luar
But you're black on the inside,
Mas você é negra por dentro
Who do you think you are to cry?
Quem você pensa que é para chorar?
This is goodbye.
Isso é adeus

De repente se levantou e veio andando em direção ao palco, pediu um microfone ao Ralf, subiu ao palco e começou a cantar junto comigo.

Turn on the radio honey,
Ligue o rádio, querida
Cos every single sad song you'll be able to relate,
Porque cada música triste tem a ver com você
This one I dedicate!
Esta eu dedico!
Don't get all emotional baby,
Não fique toda emotiva, querida
You can never talk to me your unable to communicate!
Você nunca pode conversar comigo, você é incapaz de se comunicar!

This is the last time,
Essa é a última vez
I give up this heart of mine,
Eu desisto desse meu coração
I'm telling you that I'm,
Estou te dizendo que eu sou
A broken man who's finally realised...
Um homem quebrado que finalmente percebeu...

This is the last time,
Essa é a última vez
I give up this heart of mine,
Eu desisto desse meu coração
I'm telling you that I'm,
Estou te dizendo que eu sou
A broken man who's finally realised,
Um homem quebrado que finalmente percebeu
You're standing in moonlight,
Você está em pé sob o luar
But you're black on the inside,
Mas você é negra por dentro
Who do you think you are to cry?
Quem você pensa que é para chorar?
This is goodbye.
Isso é adeus

Quando a música acabou, agradeceu os aplausos, se aproximou e disse:
- Devo dizer que você me surpreendeu duas vezes essa noite e eu admito que eu odeio isso, odeio não saber o que vão fazer, eu acho que não começamos bem...
- Não começamos bem o que exatamente? – perguntei confusa.
- Não sei, só sei que não começou bem. – disse rindo. – Você cantou essa música porque sabe o motivo que me levou escrever essa música ou foi apenas uma escolha aleatória? Acho que eu sei a resposta, mas eu quero ouvir você dizer!
- Não acha melhor descermos do palco antes?
- É, é melhor mesmo! – disse sorrindo torto.

Caminhamos até a mesa dos nossos amigos e ao chegar percebi os meninos da banda me olhando impressionados.

- A me fala que algumas meninas da turma dela cantam bem, mas eu não pensei que fosse tão bem assim. , sua voz é linda! – disse .
- , não exagera, por favor! – eu respondi corando.
- Ah! , não precisa ficar vermelha. – disse Matheus me jogando uma bolinha de papel de guardanapo. – Eu sempre disse que você canta bem e você nunca ficou com vergonha.
- Matheus, é diferente! Eu te conheço, sei lá desde sempre, ele não. – respondi.

Entre todos os outros elogios, conversas e brincadeiras, se aproximou de mim e me puxou para o bar.
- Por que você me trouxe pra cá? – perguntei confusa.
- Você me deve algumas explicações, lembra? – respondeu . – E naquela mesa ia ser praticamente impossível.
- Ah! Sim. O que você quer tanto saber? – perguntei impaciente.
- Quero saber por que você cantou justamente aquela música, foi só pra me irritar? – perguntou rindo. – Tenho que admitir que você quase conseguiu, mas eu não posso ficar irritado com uma garota tão linda como você!
- Nossa, , se você me trouxe aqui pra tentar dar em cima de mim, você deveria melhorar suas cantadas, essa foi péssima! – eu respondi já voltando para a mesa. – Ah! E eu não escolhi aquela música para te irritar. Tá, eu confesso que foi pra isso também, mas eu sei toda a história por trás dela e eu apenas me identifico com ela.

Voltei para a mesa deixando sozinho no bar, mas ao olhar pra trás, ele já tinha arrumado uma companhia, e eu imaginei se era todo dia assim, uma nova “namoradinha" toda noite, se os boatos sobre ele são verdadeiros, seria sim. Tomei mais algumas cervejas com o pessoal e acabamos perdendo a hora. Quando já passava da meia noite resolvemos ir embora, já tinha sumido com a loira do bar, e sumido juntos, o que é muito bom por sinal, e Matheus também, deve ter arrumado uma acompanhante para essa noite, como sempre. No caminho até a porta, ouvi alguém chamar meu nome, era Ralf, o rapaz que estava perto da aparelhagem de som.
- Eu fiz alguma coisa errada? Quebrei o violão? – perguntei rindo.
- Não, não é isso. – Ralf respondeu rindo também. - Ross, o dono daqui, gostou muito da sua apresentação e ele tá procurando alguém que possa cantar aqui toda sexta-feira e queria saber se você estava interessada.
- Nossa! Eu não sei nem o que dizer. É claro que eu quero! Quando eu posso falar com ele? – respondi.
- Na quinta-feira você passa aqui e vocês conversam, tudo bem? – perguntou Ralf.
- Tudo bem, eu passo aqui! Obrigada, Ralf. – respondi com um belo sorriso no rosto.
- De nada. – disse Ralf voltando para o balcão.

Todos adoraram a novidade e disseram que estarão lá todas as semanas, que eu não precisava me preocupar que tudo daria certo, e tudo aquilo que se fala para motivar as pessoas. Chegando em casa fui direto pro banho pra cair na minha cama, eu sabia que teria mais um dia cheio na faculdade no outro dia.

Quando cheguei à faculdade encontrei minhas amigas e com um enorme sorriso no rosto.

- Eu acho que eu te dou sorte. – eu disse quando me aproximei dela.
- Me dá sorte? , você é o meu pé de coelho, meu trevo de quatro folhas e todas as outras coisas que dão sorte juntas. O simplesmente me beijou e assim ficamos a noite toda. – disse sem conseguir conter sua felicidade.
- E então, foi só ontem ou vocês vão continuar juntos? – perguntou se juntando à conversa.
- Acho que vamos continuar, pelo menos foi o que ele me disse ao me deixar em casa ontem. – respondeu .
- Ah! Pensei que você fosse voltar pra casa só de manhã. Pensei que alguém mais fosse se dar bem ontem. – disse morrendo de rir.
- , você sabe que eu não sou assim! E também ia ser estranho se rolasse mais alguma coisa ontem e depois não rolasse mais nada. – respondeu .
- Eu acho que não ia ser estranho, mas pelo o que você disse, vão ter outras chances de vocês se darem bem.
- Tá, o professor tá entrando, e esse professor de piano é um mal amado, todo estressado. – disse .
- , depois da noite de ontem, todos nós estaremos estressados por não estar com um sorriso igual ao seu no rosto. – disse rindo e em seguida se sentando em seu lugar na aula.

As aulas foram rápidas e assim pudemos logo conversar mais sobre a noite de e . Eu contei a ela sobre a proposta pra cantar no pub e, assim como todos os outros, ela adorou a notícia.

- , eu não queria ser intrometida, mas já sendo, o tava te cantando ontem? – perguntou reprimindo um sorriso.
- Eu acho que tava, mas ele veio com um papo tão horrível que eu cortei logo. Sei lá, ele não faz o meu tipo, ele é galinha, prepotente, abusado, mal educado, daquele tipo que nem te responde quando você cumprimenta.
- Ele é absolutamente lindo! – disse . – , eu sempre gostei do , mas eu não sou cega, o é lindo, sempre foi!
- Mas não faz meu estilo e eu não quero namorar agora, vocês sabem tudo o que eu passei! – respondi.
- Ninguém aqui tá falando de namorar, só estamos falando de dar uns beijinhos às vezes, não faz mal, faz? E você vai ter que seguir com a sua vida, , não pode perder mais tempo por causa do Sam. – disse .
- Eu sei que eu preciso seguir com a minha vida, quando eu estiver pronta eu vou arrumar um namorado, mas pelo menos um ‘caso’ eu arrumo da próxima vez que sairmos, tudo bem? – eu respondi.
- E será que tem alguma chance desse “caso" ser o ? - perguntou .
- , esquece isso! Esquece o . – respondi já irritada.
Claro que não tem chance de ser o , prepotente e galinha do jeito que ele é, não tem chances comigo, mas se for só uns beijos pode até ser, né... Não, ! Não pode, tira ele da sua cabeça!


Capítulo 4

Duas semanas depois de ter conversado com Ross, estava tudo certo e eu começaria a tocar naquela semana, confesso que eu não sabia muito bem como eu me sairia, mas eu estava ensaiando sempre e criei uma playlist bem básica, com músicas conhecidas e que eu sabia cantar de trás pra frente, se fosse necessário.
- Hey, vocês dois. – eu disse chegando à sala, encontrando Matheus e jogados no sofá e me jogando também. – Vocês vão amanhã, né? Preciso de vocês lá.
- Você acha que eu vou perder e chance de ver o ? – disse rindo.
- Ah, sua safada, você vai só por causa dele? – eu disse lhe dando um tapa
- Ai! Calma, tava só brincando. – ela respondeu rindo.
- Tudo bem então, vou dormir que amanhã meu dia é cheio, beijos. – disse levantando e seguindo para o meu quarto.

Acordei muito bem no outro dia, tomei meu café da manhã com meus amigos e segui para a faculdade, depois das aulas eu iria ensaiar com e e elas confirmaram que os meninos também iriam ao pub me ver cantar.
Nessas duas últimas semanas eu passei muito tempo com os meninos e criei uma amizade com ; e estavam cada vez mais próximos conforme eles iam se envolvendo com minhas outras amigas - sim eu peguei e se beijando na cozinha da casa da – então eu passava muito tempo na casa da com eles, aparecia às vezes e sempre pra me perturbar, então quando ele não estava era muito melhor pra mim.

- Vamos, gente, eu quero chegar lá cedo! – eu disse andando de um lado para o outro na sala.
- Calma, , temos tempo ainda, a quer ficar linda para o , só Deus sabe o que eles planejaram pra essa noite. – disse Matheus chegando à sala e sentando no sofá.
- Pronto, vamos? – disse chegando à sala.
- Nós vamos a pé? Sei que vamos beber hoje mesmo, e o pub é aqui do lado praticamente. – disse Matheus quando estávamos entrando no elevador.
- É, acho melhor irmos a pé mesmo. – respondeu e eu concordei com a cabeça.

Chegamos ao pub uma hora antes da hora marcada da minha apresentação, sentamos numa mesa perto do palco e alguns minutos depois chegaram , , , e . Sentaram-se à mesa e começamos a conversar, e quando olhei a hora, faltavam apenas dez minutos.

- Grande noite, hein, ! – disse , sorridente.
- E nem precisa ficar nervosa, você e todo mundo sabe que você consegue, só vai lá e mostra pra quem não sabe, então eles também ficarão sabendo. Vocês entenderam ou eu me enrolei? – disse confuso.
- Eu entendi, , e obrigada pelo apoio. Obrigada a todos vocês. – eu respondi. – Vou pro palco ajeitar o violão e ver com o Ralf se tá tudo certo. Vejo vocês depois.
- Boa sorte! – gritaram todos quase ao mesmo tempo.

Como todos eles já tinham falado, minha primeira apresentação foi tranqüila, todos adoram, aplaudiram e cantaram junto algumas músicas que cantei. Voltei para a mesa satisfeita com meu trabalho e decidi que era hora de comemorar, afinal já faziam umas 3 semanas que eu chegara a Londres e nenhum dia eu realmente me diverti, não que eu precisasse de bebida pra isso, mas um porre não faz mal a ninguém. Rodadas e mais rodadas de cerveja, vodca e outras bebidas que eu não sabia o nome passaram pela mesa e eu não recusei nenhuma. Levantei para ir ao banheiro e no caminho alguém me puxou pelo braço.

- Bela apresentação, você leva jeito mesmo! – disse sorrindo.
- Obrigada! – respondi confusa, ele nunca era simpático comigo. – Por que você não tá lá na mesa com o pessoal?
- Eu cheguei na última música e eu meio que tô acompanhado aqui. – ele respondeu apontando pra mesa.
- E por que ela não pode ficar lá?
- Você já viu eu levar alguém pra sentar com todo mundo na mesa? – ele perguntou, e era verdade, ele nunca levava as “amiguinhas" dele pra sentar conosco.
- Então tudo bem, eu preciso ir ao banheiro. – disse isso me virando rápido e fazendo tudo girar.
- Wow, alguém aqui tá mal. Pensei que você fosse do tipo certinha que não bebe, não faz nada! Por que eu não tô sozinho? – disse rindo.
- Eu sou do tipo que não tem nada com caras como você. Nem bêbada eu teria algo com você, você nunca vai ter nada comigo. – disse rindo da cara dele. Ele se aproximou do meu ouvido e disse:
- Nunca é uma palavra muito forte, não acha? – deu um beijo no meu rosto e voltou pra sua mesa.

Garoto babaca, quem ele pensa que é? pensei ao entrar no banheiro, Certinha? Ele vai ver quem é certinha!. Saí do banheiro e fui pra mesa e puxei a primeira pessoa que vi pra dançar. Matheus me seguiu e, pelo jeito que andava, vi que não estava em melhores condições que eu. Depois de muitas músicas, veio até nós dizendo que eles estavam indo e que ela ia pra casa do , eu disse que depois ia pra casa com o Matheus, ele apenas acenou com a cabeça. Mais algumas músicas depois decidi que era hora de beber mais alguma coisa, pensei em um refrigerante, mas ao chegar ao bar, vi uma linda garrafa de tequila, pedi dois copos, limão e sal e começou o “vira-vira". Depois de umas cinco doses de tequila, eu quase não me agüentava em pé e Matheus também.

- Acho melhor irmos pra casa, né? – perguntei meio enrolado.
- Também acho!

No caminho até a porta vi me olhando da sua mesa, com um sorriso no rosto, aquele que surge toda vez que eu o surpreendo. Quando saímos, a temperatura tinha caído consideravelmente, então Matheus teve a péssima idéia de correr até em casa, eu sinceramente não sei como não caímos e ficamos pelo meio da rua mesmo, mas conseguimos chegar em casa. Só conseguimos cair juntos no sofá, e começamos a rir, por qualquer besteira.

- , você acredita que eu não fiquei com ninguém hoje! Isso é raro.
- Ah, pára de se gabar, eu não fico com ninguém desde que eu terminei meu noivado, você tá no lucro.
- Você não ficou com ninguém porque não quis, você sabe muito bem. – respondeu Matheus, encostando a cabeça no sofá.
- Eu sei é que eu não encontrei ninguém que valesse a pena, só isso. – respondi dando de ombros.
- Ah, ! Esse tempo de achar alguém que valha a pena já passou, você tem que aproveitar a vida, aproveitar todos os momentos, senão você vai ficar velha e se lamentando por não ter aproveitado. Mas que papo mais sério pra depois de tanta bebida. – disse Matheus rindo.
- Aproveitar a vida, tá aí, é o que eu vou fazer a partir de agora!

Acordei acabada no outro dia, parecia que a minha cabeça ia explodir, rolei na cama pra ver a hora e senti alguém ao meu lado, levantei assustada e aquele não era o meu quarto, era o quarto do Matheus e pra piorar eu estava apenas de calcinha e sutiã, puxei o lençol e Matheus estava apenas de boxers. Fui lembrando poucas coisas que tinham acontecido, lembrei de uns beijos e nada mais, acordei Matheus que parecia tão acabo quanto eu.

- O que foi? Por que você tá de calcinha no meu quarto? – perguntou Matheus confuso. – E eu só de boxers? Você dormiu aqui?
- Dormi. – respondi confusa. – Por favor, me diz que você lembra de alguma coisa.
- Não lembro de nada, só lembro de, de te beijar. – disse Matheus assustado. – Você acha que a gente...
- Não sei, eu espero que não. – eu respondi. – Vou pro meu quarto antes que alguém chegue, e que isso nunca saia daqui! Entendeu? Pelo menos até a gente saber o que fez.
- Tudo bem.

Fui pro meu quarto e me joguei na cama, só uma pergunta passava na minha cabeça: Meu Deus! Eu dormi com o Matheus? Ele queria que eu aproveitasse a vida, eu acho que segui o conselho dele rápido demais. Vi que a ressaca me dominava de novo e percebi que não dava mais pra lutar contra ela, me deitei confortavelmente e deixei essa pergunta sem resposta.


Capítulo 5

Mesmo depois de dormir bastante, acordei com a mesma dor de cabeça, decidi levantar e tomar um banho pra tentar melhorar, quando terminei fui pra cozinha preparar o almoço, e encontrei Matheus sentado no balcão, tomando café.

- A tá em casa? – perguntei.
- Não, ela não chegou ainda. – Matheus respondeu.
- Então, a gente pode conversar sobre aquele assunto? - perguntei segurando o riso.
- , eu sinceramente não sei o que aconteceu, eu juro! Você sabe que eu nunca ia fazer nada que você não quisesse, você pra mim é como uma irmã! – respondeu Matheus.
- Claro que sei! Eu só queria mesmo saber, mas eu acho que nunca vamos ter certeza, então podemos deixar em segredo, né?
- Com certeza! Se a souber, ela ia perturbar demais! – disse Matheus rindo.
- Se eu soubesse de que? – perguntou entrando na cozinha.
- Se você soubesse que bebemos todas e mais algumas ontem ao ponto de não lembrar como chegamos em casa. – respondi, olhando pro Matheus.
- É, depois que vocês foram embora nós quase acabamos com uma garrafa de tequila. Fora as cervejas, vodca e tudo de álcool que passava na nossa frente. Foi bem legal, nunca tinha visto a tão bêbada. – Matheus disse segurando o riso.
- Imagino como ela deve ter ficado, ela é sempre tão fraca, nunca me acompanha. – disse rindo. – Da próxima vez vocês me convidam.
- Não sou fraca não, . Se eu consegui acompanhar o Matheus não vou conseguir acompanhar você? Faça-me o favor, né. – eu respondi empinando o nariz.
- Acho que eu e a não vamos mais repetir essa bebedeira... – disse Matheus gargalhando.
- Tudo bem então, vou tomar banho. – disse indo pro quarto.
- Calma, mocinha, você tem que me falar tudo sobre ontem!
- Foi maravilhoso, o é perfeito, nós fomos pra casa dele depois do pub e... – respondeu com os olhos brilhando.
- Eu vou pro meu quarto, não quero ouvir minha irmãzinha falando o que fez como o namoradinho, é demais pra mim. – disse Matheus saindo da cozinha cobrindo os ouvidos.
- Tá, agora fala tudo!
- Ah, , foi uma das melhores noites da minha vida! Não só pelo sexo, mas por tudo. Eu já disse que ele é perfeito, né, muito, muito, muito perfeito! br> - Acho que pela quantidade de ‘perfeitos’ na mesma frase eu não vou querer saber dos detalhes. br> - Ainda bem! Vou tomar banho agora. – disse saindo da cozinha mandando beijinhos.

A semana passou voando e quando percebi já era sexta-feira novamente, a semana foi cheia de novidades e fatos corriqueiros, e começaram a namorar firme, pouco tempo depois de e . e continuavam felizes, Matheus aparecia com uma menina diferente em casa a cada dia que saía, e fazia o mesmo. Isso me fazia a única solteira do grupo, isso fazia me lembrar do Sam com mais freqüência a cada dia, não tinha uma noite que não ia dormir desejando que tudo tivesse sido um pesadelo. Um dos piores dias foi a segunda-feira, dia 05 de abril, dia que eu e Sam faríamos seis anos de namoro. Confesso que se não fosse pelas minhas amigas eu nem teria levantado da cama, todas elas faltaram na aula e ficaram comigo em casa, – Isso até que foi bom, ajudou a aproximar de e , nós quatro estávamos começando a construir um forte vínculo de amizade. – comemos chocolate, assistimos comédias idiotas na televisão o dia todo, quando eu conseguia tirar o Sam da cabeça eu até que me divertia.
Na quinta-feira todos conseguiram me convencer a ir ao começo dos ensaios para a nova turnê dos meninos depois da aula, dizendo que eu precisava sair de casa, que sempre que parecia que eu estava melhorando eu tinha uma recaída, o que faz um pouco de sentido, Sam sempre foi como uma droga pra mim, e era dependente dele. O ensaio foi na casa do , ele tinha praticamente um mini estúdio em casa, que usavam para gravar os covers que eles tanto gostavam de fazer e algumas músicas que escreviam quando não tinham nada pra fazer.

- , vem aqui, por favor. – falou no microfone.
- Nossa, eu pensei que fosse apenas um ensaio do tipo ligar os instrumentos nas caixas de som e tocar, e não isso tudo. – eu disse ao entrar na sala de gravação.
- A gente gosta de produzir algumas composições em casa mesmo, ou alguns covers. E foi pra falar em produzir músicas que eu te chamei aqui, você pode usar nosso estúdio sempre que quiser. – disse .
- Mas eu não sei mexer nesses botões, eu vou ter que ficar sempre incomodando alguém pra me ajudar. – eu respondi.
- As meninas sabem mexer também e ninguém vai se importar de ouvir você cantando um pouquinho. Eu falei que você pode usar e não aceito um não como resposta. – disse sorrindo.
- Tudo bem então. Obrigada , obrigada mesmo! – eu respondi retribuindo seu sorriso.

Voltei para o meu lugar no sofá esperando para sairmos pra jantar, até que senti alguém sentando ao meu lado.

- Você me surpreende mais a cada dia, sabia? – disse .
- Do que você tá falando? – perguntei confusa.
- Então você não se lembra de nada da sexta-feira? O porre foi pior do que eu imaginei. – disse rindo.
- Ah! Você tá falando disso, pensei que fosse de algo importante. E se o porre é equivalente a ressaca de deixa, o porre foi daqueles bem dados. – disse rindo também, estranhando a simpatia repentina. – O que deu em você? Tá sendo até simpático comigo?
- Sei lá, cansa ser chato o tempo todo, pelo menos eu canso, você não?
- HA HA HA! Que engraçado! – disse ironicamente. – Eu não canso não, principalmente com você!
- Isso é amor encubado! – disse ele gargalhando.
- Claro, , sou apaixonada por você desde quando te vi pela primeira vez no clipe na televisão, por favor, casa comigo? – disse, mandando dedo em seguida.
- . – ele gritou do meu lado.
- Fala, . – respondeu .
- Temos mesmo que sair pra jantar? Tem jogo hoje, Bolton contra Manchester, eu não quero perder, é hoje que ganhamos desse timinho de merda. – disse .
- Eu também quero ficar, não posso perder meus Diabos Vermelhos. – eu disse recebendo olhares incrédulos dos meninos na sala. – O que foi, não posso gostar de futebol?
- Pode, isso é até bem excitante. , você não quer aprender um pouco com a , não? – disse fazendo todo mundo rir.
- Não acredito, você torce pro Manchester? Que péssimo gosto. – disse fazendo careta.
- E eu não acredito que você torce pro Bolton. – eu disse rindo.
- Por que não acredita? – perguntou .
- Meu Deus, alguém pra discutir futebol com o , era só o que faltava. Só não quero que falem mal do meu Arsenal – disse .
- Porque esse time é um lixo, ganhou a Super Copa, sei lá, uma vez e a Copa da Inglaterra quatro? É vergonhoso, eu aceitaria o Chelsea, o Liverpool, o Arsenal do , até o Manchester City, mas o Bolton é sacanagem.
- E você sabe todos os títulos do seu time? – perguntou .
- Quais você quer saber? Copa da Inglaterra, Super Copa, Mundial, Liga dos Campeões, Copa da UEFA? É só falar. – perguntei rindo debochadamente.
- Vamos fazer uma aposta então, quem perder hoje tem que usar a blusa do outro durante uma noite, topa? - perguntou .
- Claro, vou até te emprestar a minha blusa autografada pelo Cristiano Ronaldo, só porque eu sou muito boazinha.
- Vamos ver então. – disse levantando do sofá.

, e foram na rua comprar nosso jantar durante o jogo, elas deram a desculpa de não gostar muito de futebol pra sair um pouco de casa. Eu, , , , e Matheus, nos tumultuamos em frente à grande televisão na sala pra esperar o jogo começar. O resultado foi bem o que eu esperava, 4x0 para o Manchester e tivemos que aturar um bem mal humorado no jantar. Quando acabamos de comer e arrumar tudo, decidimos ir pra casa, Matheus ia levar e pra casa também, todos se despediram e no caminho até a porta eu disse:

- Sorte sua a minha blusa não ser feminina, ! – fazendo todos rirem. – Amanhã eu passo aqui e deixo com você pra você ir ao pub com ela, vai ser muito inspirador te ver lá do palco. – disse isso e corri para fora antes que a almofada que ele jogou acertasse em mim, mas como eu desviei acertou em cheio o rosto do que correu para acertar também. Pelo visto eu tinha meio que começado uma guerra de almofadas que não ia acabar tão cedo.


Capítulo 6

Depois da faculdade fui até a casa do deixar a blusa, toquei a campainha e me deparei com um sem camisa e com os cabelos bagunçados. Olhei o abdômen definido dele, os braços fortes... É, as meninas tinham razão, ele é bem gostoso mesmo!

- Hmm, ? Dá pra olhar pra cima? – perguntou com um sorriso convencido no rosto.
- Desculpa, só vim te trazer a blusa. – respondi ficando vermelha e virando de costas.
- Não precisa ficar envergonhada, tava só brincando. – disse . – Quer entrar? Você pode apreciar meu abdômen mais de perto, pode até tocar se quiser.
- Tava demorando, né? Tenho que ir embora e não me apareça sem essa blusa. – disse indo pro carro.
- Tem certeza que não quer que eu vá sem blusa? – perguntou gargalhando.
- , vai ver se eu tô na esquina! – disse dando dedo do meio pra ele antes de sair com o carro.

Cheguei em casa e estava calma demais, deveria estar em casa, no caminho pro meu quarto ouvi um barulho de alguma coisa caindo no quarto dela, então abri a porta e me deparei com de boxers segurando o abajur para não cair no chão e em seguida saiu de roupão do banheiro. Fiquei sem saber o que dizer, apenas comecei a rir demais, sendo seguida pelos dois.

- Eu vou pro meu quarto. , tenta não quebrar nada aqui, nem a cama. – eu disse abrindo a porta e recebendo uma almofadada nas costas.

Liguei o rádio e coloquei pra tocar o cd do Boys Like Girls e fui para o banho, e lá do banheiro fiquei cantando junto com Martin.

Umas músicas depois saí do banheiro e fui escolher minha roupa, não sabia muito bem como estava o tempo, então optei por um modelito mais básico, fiz uma maquiagem leve, dei um jeito no cabelo e estava pronta, olhei para o relógio e já eram quase 20h e eu tinha marcado com todos no pub às 20h, e eu esperava que e já estivessem prontos e não do jeito que eu os encontrei à tarde. Cheguei à sala e já estavam todos me esperando lindos e arrumados, e vendo televisão e Matheus de papo ao telefone, provavelmente arrumando um encontro pra essa noite.

- Vamos? – perguntei quando Matheus desligou o telefone.
- Vamos! – responderam e levantando do sofá.
- Vamos a pé? – perguntou Matheus.
- Eu acho melhor, e se a gente beber igual na semana passada. – eu respondi olhando pra ele.
- Eu acho melhor nos controlarmos hoje. – respondeu ele, rindo.

Chegamos bem antes do show no pub, então ficamos sentados conversando e bebendo um pouco, todos estavam lá, exceto , que se não aparecesse não cumpriria a nossa aposta, e Matheus, que foi buscar a namorada do dia.

- O não apareceu ainda com a minha blusa, se ele não cumprir essa aposta ele vai se ver comigo.
- Então se acalma, , ele tá chegando ali, feliz e contente com a sua blusa do Manchester. – disse apontando pra porta.

caminhou até nossa mesa com um grande sorriso no rosto, a presença deles naquele pub não causava muito alvoroço, afinal todos já estavam acostumados com eles por lá toda a semana. sentou bem de frente pra mim na mesa e ficou me encarando incessantemente.

- O que foi, ? Não pára de me olhar.
- Não posso olhar? Vai tirar pedaço?
- Vai, vai tirar pedaço sim.
- Você sabe que eu quero um pedaço seu. – disse ele se aproximando e rindo maliciosamente em seguida.
- Sei, e você também sabe que querer nem sempre é poder.
- Mas seja sincera, bem que você queria um pedaço meu hoje de tarde. E você sabe que tá sempre disponível pra você.
- Vou pegar uma cerveja, alguém quer? – perguntei ignorando o comentário e todos responderam que sim.
- Nós vamos com você, . – disse levantando e puxando com ela, que trouxe junto.
- Antigamente as meninas davam a desculpa de ir ao banheiro para saírem todas juntas, agora até pegar cerveja é desculpa. – disse rindo e fazendo todos rirem junto.
- Não é nenhuma desculpa, amor. – disse dando língua em seguida.
- É, não é desculpa, nós somos oito e cada uma vai trazer duas. – disse .
- Se é desculpa ou não, não importa, né? A gente já volta. – eu disse seguindo para o bar.
- , o que foi aquilo “você sabe que eu quero um pedaço seu" e “você queria um pedaço meu hoje de tarde" que o disse? – perguntou assim que chegamos ao bar.
- Então é por isso que vocês vieram, né? Nem foi pra me ajudar. – eu disse.
- Não desconversa, , responde logo. – disse .
- Todo mundo ouviu? – perguntei olhando pra mesa e vendo todos os meninos rindo.
- Eu acho que sim. – disse .
- Hoje de tarde eu fui lá levar a camisa pra ele e, quando eu cheguei, ele parecia que tinha acabado de acordar e estava sem camisa e eu meio que fiquei olhando para barriga e para os braços dele. – disse escondendo meu rosto.
- E ele é gostoso como parece? – perguntou sem nem pensar duas vezes, arrancando gargalhadas de nós quatro.
- Não. – respondi fazendo todas me encararem boquiabertas. – Ele é mais gostoso ainda, vocês acreditam? - eu complementei fazendo todas irem mais uma vez.
- Então você vai dar uma chance pra ele? – perguntou .
- Não sei, eu acabei de passar por uma situação horrível por causa de um galinha como o e eu vou me envolver com outro?
- Você não precisa se envolver, você pode tratar a situação do mesmo jeito que eles tratam. – disse .
- , a tá certa e é perfeito. Você aproveita todas as maravilhas do e sem dever nada a ele. É quase o paraíso! – disse rindo.
- Não vou decidir nada agora, não essa noite. Agora vamos voltar antes que eles tenham um ataque. – disse apontando pra mesa onde os meninos estavam de cara feia.
- Vocês demoraram, fiquei com saudade. – disse abraçando .
- E fiquei foi com ciúme mesmo, tinha que ver a maneira que os caras olhavam pra vocês, principalmente pra você , podia ter colocado um vestido mais comprido. – disse .
- Estávamos apenas colocando uma conversa em dia. – eu disse sorrindo.
- Pelo jeito que vocês riam deve ser um assunto muito interessante! – disse .
- Vocês também estavam rindo bastante, devem ter um assunto interessante também. – disse .
- Não amor, o que contou uma piada meio sem graça e o só entendeu uns cinco minutos depois, o que acabou sendo mais engraçado que a piada. – disse , rindo só de lembrar.
- Qual o motivo da piada? – perguntou Matheus que acabava de chegar.
- Nada de novo, só o demorando pra entender piadas mais uma vez. – disse .
- É, nada novo mesmo. Enfim, essa daqui é a Ashley. – disse Matheus apontando para uma loira muito bonita de olhos claros e corpo tipo de modelo.

Depois de mais piadas sobre o , olhei no relógio e estava quase na hora do meu show, então eu fui pro palco organizar meus instrumentos. Depois de checar a playlist e afinar o violão, eu já estava pronta. Olhei para os meus amigos para dar um último sorriso antes de começar meu show, mas vi todos com a mesma expressão estranha no rosto, exceto Matheus, que eu podia ver a raiva brotando em seus olhos, e , que me olhava como se estivesse vendo um fantasma. No primeiro momento não entendi o que estava acontecendo, mas quando eu ouvi a voz que desejava não ouvir nunca mais na minha vida, rezei para que fosse apenas um pesadelo daqueles mais terríveis, mas ao me virar vi que não estava tendo um pesadelo, vi que eu estava dentro de um. Era ele mesmo ali parado, aquele rosto que por muito tempo só me trouxe felicidade, conseguiu trazer a tona todos os sentimentos que eu tentei esconder durante esses dois meses. Era ele, era Sam bem na minha frente.


Capítulo 7
(n/a: Coloque pra tocar quando a letra começar)

’s POV On

Só eu nessa mesa cheia de casais, mas como eu apostei com a e tive que vir com essa maldita camisa, preferi passar a noite só com os meus amigos, crente que o Matheus viria sozinho também, doce ilusão a minha pensar que o Matheus... fui tirado do meu momento de reflexão ao ouvir alguém xingar.

- O que aquele filho da puta tá fazendo aqui? – perguntou Matheus entre os dentes. – Eu deixei bem claro que era pra ele ficar longe, bem longe dela, vou ter que dar outra surra nele pra ele entender?
- Calma, Matheus, por favor, chega de brigas! – disse impedindo Matheus de levantar da mesa.
- O que foi? – perguntei confuso.
- É o Sam. – respondeu . – O que ele quer agora?
Sam? Que Sam, eu não conheço ninguém com esse nome. pensei comigo mesmo, Só se for o...
- O ex-noivo da ? – perguntei.
- Ele mesmo. Em carne, osso e cara de pau. – respondeu .
- A gente tem que fazer alguma coisa, olha pra ela, parece que ela vai desmaiar ou algo parecido. – disse .
- Eu vou lá. - disse levantando.
- E fazer o que? Pra ficar olhando assustada pra ele igual a tá olhando? – perguntou segurando e a colocando sentada de novo.
- Mas alguém tem que fazer alguma coisa. – disse .
- Eu vou lá. – eu disse levantando da cadeira.
- E vai fazer o que? – perguntou .
- Qualquer coisa, na hora eu penso. Só sei que eu tenho que ajudar a . – eu disse dando de ombros.

Fui caminhando lentamente até perto do palco, e vi que o Sam segurava o braço da , a impedindo de ir embora. Ao ver isso, passei a caminhar mais rápido.

- Você tem que me desculpar, , já fazem dois meses desde que você foi embora, tá na hora de acabar com essa palhaçada, não acha? – disse Sam, quando eu cheguei.
- Posso saber o que tá acontecendo aqui? – perguntei. Sam me olhou da cabeça aos pés, e eu pude ver que ele me reconheceu.
- Nada que seja da sua conta! – ele respondeu rispidamente.
- Quando o assunto envolve um cara que eu não conheço segurando minha namorada pelo braço, passa a ser da minha conta, não acha? – perguntei abraçando pela cintura com um sorriso debochado no rosto, minha especialidade. Pude ver o olhar confuso de , mas ela não desmentiu, apenas acenou que sim com a cabeça.
- Namorado? Como assim namorado? Como você pôde, ?
- Da mesma forma que você estava com outra durante nosso noivado, a única diferença é que eu esperei a gente terminar, você não. – respondeu apertando minha mão tentando se acalmar.
- Amor, tá na hora da sua apresentação, é melhor você se apressar. Acho que seu amiguinho não se incomoda de esperar, certo?
- Não, eu não me importo. Vou sentar ali no bar. – disse Sam, virando e seguindo para uma cadeira vazia.
- O que foi isso tudo? Essa encenação de namorados e tudo mais? – perguntou quando subimos no palco.
- Quer que eu vá lá e desminta tudo? Só acho que vai ser mais difícil tirá-lo do seu pé sem minha ajuda.
- Não! Por favor. Eu preciso da sua ajuda. – disse quase em um sussurro.
- Calma, eu vou te ajudar, é quase uma obrigação minha. – eu disse sorrindo. – Agora canta pra todo esse pessoal que tá aqui só pra te ver. Mas antes eu vou reforçar nosso namoro falso. – eu disse me aproximando e abraçando pela cintura e a sentindo enrijecer.
- O que você vai fazer? – perguntou meio atrapalhada.
- Calma, não vou te beijar, mas pra ele vai parecer que sim. – eu disse e ao me afastar pude ver que deu certo pela cara do Sam. Desci do palco e fui me sentar perto de Sam no bar recebendo olhares estranhos dos meus amigos na mesa.
- E então, você conhece a há muito tempo? – perguntei despreocupado.
- Eu a conheço muito bem, se você quer saber. – Sam respondeu friamente.
- Nem me apresentei, que indelicadeza. – eu disse estendendo a mão. - Meu nome é...
- , do McFLY. Eu sei quem você é. – Sam respondeu antes que eu mesmo pudesse falar.
- Bom pra você, mas eu ainda não sei quem você é. – eu disse no mesmo tom ignorante usado por Sam.
- Sou Sam Thompson.
- O ex-noivo da . Então é você, prazer em conhecê-lo. – eu disse apertando sua mão.
- Se você não se incomoda, eu queria ouvir a cantando. – ele disse numa tentativa de cortar o assunto.
- Minha menina canta muito bem mesmo, mas ela disse que não cantava muito em Manchester, eu acho que alguém não gostava muito, os gostos mudam, né. – eu disse dando um gole na minha cerveja.
- Você pode parar de papinho e falar logo o que você quer?
- Tudo bem, serei bem franco. Eu quero você longe da , bem longe! Você já a fez sofrer demais. E se por algum motivo você voltar a procurá-la depois dessa noite, eu não vou responder pelos meus atos. Ela está comigo agora, e eu não vou fazer as mesmas merdas que você fez. Ela é uma garota maravilhosa e você a jogou fora como lixo e agora vai se arrepender todos os dias da sua vida. Isso me deixa tão feliz.
- Quem você pensa que é pra falar assim comigo? – disse Sam levantando da cadeira.
- Eu falo com você do jeito que eu quiser, seu merda! Se você quiser resolver isso agora, por mim tudo bem. – eu disse levantando também e o encarando.
- Calma, rapazes, vamos conversar numa boa. – disse Ralf chegando e nos afastando.
- Ele que veio falar um monte de merda pra mim.
- Eu não quero saber quem começou ou não. Só não quero confusão aqui dentro.
- Eu não vou criar confusão com ninguém, Ralf, pode deixar. – respondi dando as costas – Só não diga que eu não avisei. – disse para Sam antes de voltar para minha mesa.

’s POV Off

Tive que me concentrar muito para conseguir me apresentar direito, não sei o que seria de mim se não tivesse me ajudado. Logo ele que tem aquela cara que não está nem aí para os problemas alheios. É, estou devendo uma a ele. No final da minha apresentação resolvi mudar meu setlist e fazer uma pequena homenagem.

- Gente, a próxima música é a última da noite e eu gostaria de dedicar a uma pessoa que está aqui hoje. – eu disse antes de começar a cantar.

I'm holding on your rope, got me ten feet off the ground
Eu estou me segurando na sua corda, estou a 3 metros do solo
And I'm hearing what you say, but I just can't make a sound
E eu estou ouvindo o que você diz, mas simplesmente não consigo emitir um som
You tell me that you need me, then you go and cut me down, but wait
Você diz que precisa de mim, depois você me derruba, mas espere...
You tell me that you're sorry, didn't think I'd turn around, and say...
Você diz que sente muito, não imaginava que eu me viraria e diria...

That it's too late to apologize, it's too late
Que é tarde demais para se desculpar, é tarde demais
I said it's too late to apologize, it's too late
Eu disse que é tarde demais para se desculpar, é tarde demais

I'd take another chance, take a fall, take a shot for you
Eu me arriscaria outra vez, levaria a culpa, levaria um tiro por você
And I need you like a heart needs a beat, but it's nothing new
E eu preciso de você como um coração precisa de uma batida, mas não é novidade
I loved you with a fire red now it's turning blue, and you say...
Eu te amei com um fogo vermelho agora está se tornando azul, e você diz...
I'm sorry like an Angel, heaven let me think was you
Eu sinto muito como um anjo, o céu me fez pensar que era você
But I'm afraid...
Mas eu estou com medo...

That it's too late to apologize, it's too late
Que é tarde demais para se desculpar, é tarde demais
I said it's too late to apologize, it's too late
Eu disse que é tarde demais para se desculpar, é tarde demais

I said it's too late to apologize
Eu disse que é tarde demais para se desculpar
I said it's too late to apologize
Eu disse que é tarde demais para se desculpar
I'm holding on your rope, got me ten feet off the ground
Eu estou me segurando na sua corda, estou a 3 metros do solo

- Muito obrigada e boa noite. – disse após terminar a música, recebendo meus aplausos depois. Antes que Sam pudesse se aproximar de mim, já estava lá para me ajudar a desconectar o violão e me ajudar a descer.
- Você foi muito bem essa noite. Essa última música foi uma bela direta, se ele não for embora depois disso...
- É, mas não adiantou muito, ele continua ali. – eu disse bufando.
- Quer que eu dê um jeito nele? Ele tá pedindo umas boas porradas.
- Não, eu acho que eu tenho que encarar logo isso, não posso ficar fugindo pra sempre. – respondi derrotada.
- Tá, mas se ele começar a te perturbar muito, me faz um sinal que eu te salvo. – disse com um lindo sorriso no rosto.
- Tudo bem. – eu disse. – Agora eu vou lá falar com ele.
- Boa sorte, qualquer coisa grita. – disse rindo, antes de dar um beijo no alto da minha cabeça e ir para a mesa. Caminhei lentamente até o bar e encarei Sam.
- O que você quer afinal?
- Quero me desculpar. Você tem que voltar pra casa, .
- Eu não vou voltar pra sua casa, minha casa é aqui agora. – eu respondi. – E quanto a te desculpar, se for só isso que eu preciso fazer pra me ver livre de você, você tá desculpado.
- Por que essa ignorância toda, ?
- Por quê? – perguntei incrédula. – O fato de te encontrar com outra na nossa cama é pouco pra você? Ou eu devo acrescentar que ela era sua “amiga" e isso deveria acontecer há muito tempo? Não foi apenas falta de fidelidade Sam, foi a falta de respeito, não foi um simples caso, uma simples transa, foi uma traição do pior nível.
- Mas, , são seis anos. Seis anos! Você não pode terminar tudo assim.
- Você não pensou neles quando tava com a Sarah. Não tem nada que você possa fazer pra me fazer voltar atrás, acabou. – eu respondi, dando as costas e acenando para .
- , por favor. – disse Sam segurando meu braço.
- Não, Sam, me larga, por favor.
- Larga ela. – disse chegando por trás de mim.


Capítulo 8
(n/a: Coloque pra tocar agora)



Sam nos encarou e soltou meu braço. segurou minha mão e foi me levando para longe do bar.
- Ele te machucou?
- Não fisicamente. – eu disse forçando um sorriso. – Obrigada, , você foi demais essa noite, não sei o que eu teria feito sem sua ajuda.
- De nada. – ele respondeu com um sorriso torto. – Err... Quer dançar? Ele tá olhando ainda, eu acho que vai fazer ele desistir de uma vez, e...
- E?
- Eu adoro essa música. – respondeu sem graça.
- Tudo bem. – eu respondi rindo. Caminhamos até a pista de dança e quando chegamos, me puxou para mais perto e colocou minhas mãos em seu pescoço e colocou as suas em minha cintura e começamos a balançar no ritmo da música.

Look at the stars,
Olhe pras estrelas,
Look how they shine for you,
Olhe como elas brilham por você,
And everything you do,
E por tudo o que você faz,
Yeah, they were all yellow
Sim, elas eram todas amarelas.

- Eu também adoro essa música. – eu disse rindo e quebrando o silêncio.
- Por que você tá rindo? – perguntou .
- Porque essa situação é muito estranha.
- Por quê?
- Porque tem dias que a gente quer se matar, outros a gente não suporta olhar um pra cara do outro, outros que a gente briga por futebol e hoje você meio que me salvou...
- E agora estamos dançando.
- Acho que estamos evoluindo. – eu disse rindo.
- Ainda bem, não é? – disse rindo também.
- Você ainda não me disse por que tá fazendo isso. – eu disse sem graça.
- Sinceramente? Eu não sei. – respondeu . – Eu só senti que deveria fazer alguma coisa, e quando ele chegou, ele olhou pra nossa mesa e viu todo mundo acompanhado, exceto eu, então meio que sobrou pra mim.
- Se foi um incômodo não precisava ter feito nada.
- Não começa com as ignorâncias, , se eu fiz isso é porque não foi incômodo, se tivesse sido você sabe que eu não teria feito.
- É, isso é verdade, você nunca faz nada quando te pedem. – eu disse rindo.
- Vai começar a falar mal de mim?
- Desculpa, não falo mais! Estou em dívida com você.
- Tudo bem, mas é sério, quando eu te vi lá olhando pra ele assustada e ninguém sabia o que fazer, eu simplesmente levantei e fui te ajudar sem nem saber o que ia fazer, então eu achei que essa coisa de namorado ia ajudar, entendeu?
- Entendi.
- E a respeito dessa dívida, pode ter certeza que eu vou cobrar.
- Eu já devia esperar, nada sai de graça vindo de você, né? – perguntei rindo.
- Nadinha. – respondeu ele rindo também e depois apoiando o queixo em minha cabeça, fechou os olhos e começou a cantar junto com o Chris Martin.

I swam across,
Eu atravessei o oceano,
I jumped across for you,
E superei as barreiras por você,
Oh what a thing to do,
Que coisa a se fazer,
'Cos you were all yellow.
Porque você era toda amarela.

I drew a line,
Eu estabeleci um limite,
I drew a line for you,
E estabeleci um limite para você,
Oh what a thing to do,
Que coisa a se fazer,
And it was all yellow.
E era tudo amarelo.

- Você tá linda hoje, não só hoje, você tá linda todo dia, mas hoje você tá mais. – disse meio enrolado.
- Obrigada. – eu respondi ficando vermelha. – Você também tá lindo com a minha blusa do Manchester, ficou melhor em você do que no próprio Cristiano Ronaldo.
- Eu te faço um elogio e você vem com Cristiano Ronaldo, ninguém merece, . – disse .
- Eu acho que o fato de você estar com essa blusa irritou mais o Sam do que você ser “meu namorado". – eu disse. – E por falar nele, ele acabou de sair, acho que a música foi demais pra ele.
- Ainda bem que ele foi embora, mas por que que ele ia ficar com raiva por eu estar com essa blusa? – perguntou .
- Porque eu não deixava ele usar, eu tenho muito ciúme dessa blusa. – eu respondi.
- E por que você me emprestou? – perguntou Daniel.
- Não sei, eu achei que ficaria bem em você e eu estava certa. Você fica bem de vermelho. – eu respondi levantando rapidamente a cabeça e fazendo nossos rostos ficarem bem próximos, eu olhei nos olhos de e eles tinham um brilho diferente. Ele parou de dançar e tentou se aproximar para me beijar, quando nossos narizes encostaram eu virei o rosto e apoiei minha cabeça do peito de e voltei a dançar.

Look at the stars,
Olhe pras estrelas,
Look how they shine for you,
Olhe como elas brilham por você,
And all the things that you do.
E para tudo que você faz

- Eu... Eu acho melhor voltarmos pra mesa, eles devem estar bem curiosos.
- É, vamos voltar. – disse sério. Sentamos à mesa dos nossos amigos, eu fechei os olhos e respirei fundo esperando pelo interrogatório, mas nenhuma pergunta foi feita.
- Vocês não têm nada pra me perguntar? – perguntei confusa e só recebi olhares também confusos.
- Você tá bem, ? – perguntou .
- Por incrível que pareça, eu estou ótima. – eu respondi. – Eu acho que precisava de um encontro com ele pra eu perceber que foi tudo verdade. Acho que agora eu assimilei tudo.
- Eu estava doido pra dar outro soco naquele babaca. Mas ninguém deixou, mas o deu uma dura nele lá que eu vi, o que você disse pra ele? – perguntou Matheus. Nesse momento todos olharam para que bebia tranquilamente sua cerveja.
- Eu só disse pra ele não aparecer mais aqui. – ele respondeu dando de ombros.
- Só isso? Tem certeza? O cara fez uma cara tão furiosa que parecia que você tinha xingado a mãe dele. – disse fazendo todos rirem. me olhou pelo canto do olho.
- Tenho sim. O que mais eu falaria? – perguntou .
- Sei lá, mas seja lá o que foi, deu certo. – disse . Eu olhava pro que olhava em qualquer direção que não fosse a minha, e quando olhava pra mim, desviava o olhar em seguida. Eu sei que ser rejeitado deve ser horrível, mas ele tem que me entender, ele viu tudo o que eu passei hoje. Não posso negar que rolou um super clima, mas eu sei que eu não posso me deixar levar, não posso me envolver, não com ele. Não agüentaria ter meu coração partido de novo e também não estou agüentando esse olhar de desprezo dele.
- Gente, eu vou pra casa, eu tô cansada, com dor de cabeça. – eu disse levantando.
- Eu vou com você. – disse levantando.
- Eu também. – disse Matheus.
- Não, vocês vão ficar aqui e aproveitar a noite de vocês. Certo, ? Certo, Ashley? – perguntei sorrindo e os dois acenaram com a cabeça. – Eu quero ficar um pouco sozinha.
- Tudo bem então, mas você vai sozinha essa hora? - disse .
- Eu vou com ela, não vou ficar nessa mesa com esse monte de casal e eu tô cansado também. – disse . Eu levantei, me despedi de todos, recebi uns olhares do tipo “amanhã eu quero saber tudo" das minhas amigas e segui para a porta sendo seguida de longe por . Chegamos ao carro dele e ele abriu a porta para mim e eu entrei.
- Por que você tá calado?
- Por nada. - disse ao ligar o carro.
- Você tá estranho desde que a gente voltou pra mesa.
- E isso foi depois do que? – ele perguntou parando o carro no sinal.
- Eu pensei que você fosse entender. – eu disse pausadamente.
- Claro! Todo mundo entende quando é rejeitado. – disse bufando. – Se você não tava a fim, por que você continuou?
- Não sei.
- Que bom, , quando você souber você me avisa. – disse , parando em frente ao meu prédio.
- Por que você não cresce, ? Será que você não entende que ainda é complicado pra mim, você queria que eu te beijasse e ignorasse tudo o que aconteceu comigo essa noite? Pensei que como você estava no meu lado você fosse entender, mas eu esqueci que é impossível você pensar nos outros. – eu disse o encarando. – Pensei que tivéssemos evoluído.
- Desculpa. – ele disse olhando pela janela do motorista. – Só que é difícil pra mim, eu nunca escondi meu interesse por você, eu juro que hoje eu não agi por interesse. E de repente você corresponde por um instante, eu não consegui me controlar.
- Tudo bem. – eu respondi. – Mas quem disse que eu correspondi?
- Vai dizer que não? Quem estava quase se derretendo nos meus braços? – perguntou .
- Vai à merda, ! – eu disse saindo e batendo a porta do carro.
- Eu não vou desistir. Não vou mesmo. – gritou enquanto eu entrava no meu prédio. Eu cheguei ao meu quarto com tudo o que ele falou em minha cabeça, como assim ele não ia desistir? O problema não era ele não desistir, o problema é eu não resistir e algo me diz que eu não vou.


Capítulo 9

Eu balançava meu corpo no ritmo da música que tocava e sentia duas mãos pousadas em meus quadris, apertando levemente e me fazendo encarar seus olhos, que eram de um profundo. Seus lábios roçaram no lóbulo da minha orelha e foram descendo deixando um rastro de beijos, passando por meu pescoço, chegando até meu ombro e depois fazendo o caminho de volta, chegando novamente perto da minha orelha e soltando o ar pesadamente enquanto eu puxava os cabelos de sua nuca e apertava seu ombro com minhas unhas, o que deixaria marcas...
- Sabia que você não resistiria. – sussurrou ao meu ouvido.


- Acorda, . – disse me sacudindo na cama. – Já passou das duas da tarde.
- Hmm, . – disse virando para o outro lado.
- . – gritaram as três me fazendo levantar assustada.
- O que? – eu perguntei sonolenta.
- Você acabou de chamar pelo ! – disse .
- Eu não chamei pelo . – eu respondi.
- Claro que chamou! Ou você acha que nós três estamos ficando malucas? – perguntou .
- Tá, que seja. Eu acho que estava sonhando com ele. – respondi deitando e cobrindo minha cabeça. – Agora vocês podem me deixar dormir?
- Não. – respondeu . – Já são duas da tarde, .
- Tá, o que vocês querem? – perguntei sentando na cama.
- Temos uma coisa pra te mostrar. – disse me dando o jornal.

Nova namorada de ?
O da banda McFLY foi flagrado em um pub no centro de Londres. Ele e seus amigos, acompanhados de suas respectivas namoradas, estavam prestigiando a apresentação da possível nova namorada do amigo. Depois da apresentação eles foram vistos saindo juntos do pub e indo embora no mesmo carro. Não sabemos o nome dela e, pelo histórico do , será que teremos tempo de descobrir antes dela sair de cena?


- Ótimo, era tudo o que eu precisava, agora tenho que aturar a ira das fãs loucas do . – disse levantando da cama.
- Pelo menos não dá pra ver seu rosto. – disse olhando a foto que tiraram quando eu estava saindo do pub com o .
- Pelo menos isso.
- E então? – disse .
- Então o quê?
- Começa a falar, queremos saber tudo de ontem. – ela respondeu.
- Sabia que não ia escapar. – eu disse. – Por onde vocês querem que eu comece?
- O que ele fez pra te ajudar com o Sam? – perguntou .
- Ele fingiu ser meu namorado.
- Isso a gente sabe! – disse . – Continua falando.
- O que mais vocês querem saber?
- Vocês dançaram e rolou um super clima que a gente viu, quer dizer, todo mundo viu, ele deve ter falado alguma coisa. – disse .
- Sério que todo mundo viu?
- Sério. – respondeu .
- Ele tentou me beijar, mas eu não deixei.
- POR QUÊ? – as três perguntaram ao mesmo tempo.
- Vocês têm que parar com essa coisa de falar ao mesmo tempo, tá assustando! – eu disse.
- Não desconversa, . Por que você não deixou? – perguntou .
- Eu tinha acabado de encontrar o Sam, vocês queriam que eu saísse beijando o primeiro que aparecesse?
- , pela milésima vez, não é qualquer um, é o , você o conhece! – disse .
- Me empresta esse jornal. – eu disse apontando para o jornal em cima da minha cama. - Não sabemos o nome dela e, pelo histórico do , será que teremos tempo de descobrir antes dela sair de cena? O é o homem perfeito para eu me relacionar depois de uma traição, né?
- Meu Deus, , não estou falando pra você casar com o . – disse .
- Nós vamos ter essa discussão de novo?
- Não, não vamos! Fica aí sozinha se martirizando pra sempre por causa do Sam, de repente você vira santa. – disse antes de sair batendo a porta do quarto.
- , ela tá certa! Você tem que seguir com a sua vida. – disse , se levantando pra sair do quarto também.
- Pelo menos pensa no assunto. Eu estou lá na sala com o , qualquer coisa chama. – disse .
- Tudo bem. – eu respondi. E assim que elas saíram do quarto eu fui tomar banho. Demorei bastante no banho, pesando em tudo que aconteceu no dia anterior, desde a visita de Sam até a tentativa do . Realmente ele não era qualquer um, tá eu o conheço há uns dois meses e nós praticamente só brigamos, mas quando o Sam apareceu, ele estava lá pra me ajudar e ele realmente é muito, muito bonito. Então cheguei à conclusão que eu deveria parar de me preocupar com o que vai acontecer no dia seguinte e viver o presente. Se tentar alguma coisa novamente, dessa vez eu não vou recuar, não vou recusar. Se for um caso de uma noite que ele quer, é isso que ele vai ter. Sem pressão, sem ter que dar satisfações, sem compromisso. E se ele não quiser mais, uma hora ou outra aparecerá outro. Coloquei o meu roupão e saí do banheiro, dando de cara com uma pessoa sentada na minha cama, uma pessoa que não esperava encontrar ali.

- ? – perguntei confusa.
- Oi. – respondeu , meio sem jeito, passando a mão pelo cabelo.
- O que você tá fazendo aqui? – perguntei, em seguida olhando para uma caixa preta em suas mãos. – E o que é isso?
- Eu vim aqui porque queria falar com você e essa caixa é um presente. – ele respondeu.
- Ok, deixa eu me vestir então. – eu disse, seguindo para o closet.
- Tudo bem. – ele respondeu. Uns cinco minutos depois eu voltei vestindo uma roupa básica.
- Pronto. – eu disse rindo e sentando na poltrona perto da sacada de frente pra ele. – Pode falar.
- Eu bati na porta e você não respondeu, então eu entrei e ouvi o barulho do chuveiro e sentei na cama pra te esperar.
- Ah sim. – eu disse olhando rapidamente para o jornal em cima da cama.
- Então você já viu? – ele disse apontando para o jornal.
- Já, as meninas vieram me acordar e me mostrar. – eu respondi. – Você ficou incomodado?
- Não, não é isso. Eu fiquei preocupado com a sua reação, eu já estou acostumado com isso.
- Eu só estou com um pouco de medo das suas fãs, eles são meio loucas. – eu disse rindo. – Se elas não me matarem eu ficarei bem.
- Espero que elas não te matem, vou sentir falta de te perturbar. – ele disse rindo também.
- Era isso o que você queria falar?
- Não, eu vi o jornal e acabei esquecendo. Hoje tem uma festa da produtora e queria saber se você quer ir.
- Como assim? Com você? Tipo sua acompanhante?
- É. – respondeu sem jeito. – Temos dez convites, e o Matheus já pegou o dele e o da pessoa que ele vai levar, então...
- Eu vou com você ou eu não vou. – eu disse rindo. – Você conhece tantas outras garotas.
- , você já me viu apresentar alguma dessas meninas pra vocês? – ele perguntou.
- Não. – eu respondi. – Mas isso vai reforçar o nosso “namoro" não acha?
- Isso incomoda você? – ele perguntou. – Porque eu sei que não é verdade, então eu não me importo.
- Não se sinta forçado a me levar só porque eu vou ficar sozinha em casa. – eu disse.
- Eu prefiro levar você, acho que essa coisa de apresentar aos amigos, torna tudo muito sério. – ele disse dando um sorriso torto.
- Mesmo depois de ontem? – eu perguntei sem graça.
- Esquece isso, ok? Já passou. – ele disse olhando para o chão.
- Tudo bem então, mas por que você tá me falando hoje da festa? - eu perguntei.
- Porque só decidimos ir hoje, nenhuma das meninas sabia, tanto que estão feito loucas lá fora correndo atrás de vestidos, marcando hora no salão e essas coisas que vocês fazem. – ele disse.
- Como é essa festa? Preciso saber pra me vestir. Você falou que elas estão correndo atrás de vestido e essas coisas.
- Então você vai? – ele perguntou com um sorriso no rosto.
- Claro! Acha que eu vou perder uma festa?
- Então eu passo pra te buscar às oito. – ele disse indo em direção à porta.
- E a roupa, como eu devo me vestir?
- Olhe dentro da caixa, eu já estava esquecendo. – ele disse apontando para a caixa preta em cima da minha cama. – Eu já imaginava que você não saberia o que usar e tomei a liberdade de comprar quando estava vindo pra cá, espero que você goste.
- Você comprou um vestido pra mim? – perguntei incrédula.
- Comprei e juro que não é indecente. Eu sei que você pensa que eu sou tarado. – ele disse rindo.
- Obrigada. – eu disse sem jeito. – Prometo que estarei pronta antes das oito, e tentarei ficar bonita pra ficar bem ao seu lado.
- Como se precisasse tentar. – ele disse antes de sair do quarto.

Isso foi totalmente estranho, mas é a chance que eu queria, disse pra mim mesma, em seguida olhei para o relógio e vi que já eram três horas. Merda, tenho que fazer as unhas e dar um jeito no cabelo. Olhei para a caixa em cima da minha cama e decidi confiar no gosto do e ver o vestido só na hora de usar, afinal se eu aparecesse com um vestido diferente ele ia ficar chateado. Prendi o cabelo de qualquer jeito, peguei minha bolsa e saí apressada, gritei para alguém que estava na cozinha que estava indo ao salão.


Capítulo 10
(n/a: Coloque pra tocar agora)



Olhei para o relógio e vi que eram oito horas. já tinha saído para se arrumar na casa do . Ficou decidido que cada um iria no seu carro com suas respectivas acompanhantes, então estaria aqui a qualquer momento. Dei uma última olhada no meu cabelo e no meu vestido, – devo assumir que tem um ótimo gosto, o vestido é lindo! – coloquei as sandálias e olhei novamente a maquiagem, quando estava colocando os brincos o interfone tocou.

- Oi, Sr. Wilson.
- O Sr. já está aqui a sua espera. – ele respondeu.
- Já estou descendo. – eu respondi, correndo para o quarto pegando minha bolsa. Saí do prédio e me deparei com um muito elegante, lindo e encostado em um carro que eu nunca tinha visto.
- Nossa. – ele disse quando me viu.
- Digo o mesmo. – respondi a ele. – E esse carro?
- Digamos que eu gosto de ostentar um pouco às vezes, esse é o meu brinquedinho. – ele disse com um sorriso.
- É um belo brinquedo. – eu disse olhando o carro. – Você tem bom gosto.
- Eu sei, olha minha acompanhante. – ele disse. - O vestido vai ser o mais bonito da festa.
- Eu achando que estava recebendo um elogio, e você falando do vestido. – eu disse fingindo estar chateada.
- Pensei que você não precisasse ouvir que está linda pra saber. – ele disse dando de ombros.
- É sempre bom ouvir.
- Você está maravilhosa. – ele disse beijando minha mão.
- Obrigada, você também está. – eu respondi. – De onde saiu esse cavalheirismo?
- Não sei bem, acho que cansei de ser chato. Vamos? – ele perguntou abrindo a porta do carro.
- Vamos. – eu respondi. – Eu estou gostando no nosso surto de educação um com o outro.
- Eu também. Você sabia que a raiva pode ser motivada por amor? Acho que você me ama. – ele disse rindo.
- Não força, ! – eu disse rindo também.
- Tem uma surpresa na festa que eu acho que você vai adorar. – ele disse quando paramos em um sinal.
- O que é?
- Se eu disser não será mais surpresa, né?
- Eu odeio isso. – eu disse rindo. Depois de uns vinte minutos de viagem chegamos ao local da festa, e logo na entrada estavam centenas de fotógrafos e algumas fãs histéricas.
- Amanhã todos os jornais confirmarão seu novo namoro. – eu disse quando vi os fotógrafos.
- Então se eu fosse você, faria um seguro de vida. – ele respondeu rindo antes de sair do carro. – Está vendo aquelas meninas gritando ali? Você será alvo delas.
Assim que ele saiu do carro, a chuva de flashes começou e me tornei alvo também quando saí do carro com a ajuda do . Entramos na festa e seguimos para a nossa mesa, que já estava cheia com todos os nossos amigos, inclusive Matheus que incrivelmente estava acompanhado pela mesma loira do dia anterior.
- , você tá linda. – disse quando me aproximei.
- Obrigada, . – eu disse. – Você também está linda, quer dizer, todas vocês estão.
- Vou pegar uma bebida, você quer uma? – perguntou .
- Eu vou com você.
- Então vamos. – disse colocando a mão em minhas costas me guiando para o bar.
- Você não vai me dizer qual é a surpresa? – perguntei depois de beber um pouco do meu Martini.
- Em uma hora você vai descobrir, seja paciente. – ele respondeu rindo.
- Tá bom, então vamos para a mesa. Conversar faz o tempo passar mais rápido. – disse me virando, fazendo o caminho de volta e sendo seguida por . Após muita conversa e outras taças de Martini o tempo passou mais rápido e levou com ele um pouco da minha consciência: Martinis acabam comigo. De repente a luz diminuiu e um homem subiu no palco.
- Pronta para a surpresa? – disse ao meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.
- Pronta. – eu respondi, me virando e encontrando aqueles olhos perfeitamente naquela noite.
- Eu tenho o prazer de apresentar, a banda Muse! – disse o homem que estava no palco.
- Muse! – eu disse surpresa.
- Sabia que ia gostar. – disse com um sorriso no rosto. Foi um show maravilhoso, eles cantaram todas as músicas que eu gostava, mas eu senti falta de uma, a que eu mais gostava.
- Tá gostando do show? – perguntou.
- Adorando, só que eles ainda não tocaram a música que eu mais gosto. – eu disse.
- E qual é? – ele perguntou.
(n/a: coloque a música para tocar agora.)
- ESSA! – eu gritei indo em direção para onde as pessoas estavam dançando, deixando meus amigos na mesa. Comecei a dançar animadamente, até que senti um corpo junto ao meu e mesmo já sabendo quem era, o cheiro do seu perfume era inconfundível, me virei para encará-lo.
- Animada? – ele perguntou com um sorriso nos lábios.
- Um pouco, por quê?
- Nada, eu só queria saber. – disse dando de ombros.
- Dá para parar de falar e dançar comigo? Não foi pra isso que você veio até aqui? – perguntei, sorrindo vitoriosa quando o vi sem resposta. Ele apenas colocou a mão em minha cintura e seguiu meus movimentos guiados pela música.

It's bugging me
Isso está me aborrecendo
Grating me
Me irrintando
And twisting me around
E me torcendo todo
Yeah I'm endlessly
Sim, eu estou infinitamente
Caving in
Desmoronando
And turning inside out
E virando do avesso

Conforme suas mãos percorriam a lateral do meu corpo, uma sensação de calor me inundava, eu não conseguia contê-lo, eu não queria contê-lo, não enquanto meu corpo pedia mais, mais e mais desse calor.

'Cause I want it now
Porque eu quero agora
I want it now
Eu quero agora
Give me your heart and your soul
Dê-me seu coração e sua alma
And I'm breaking out
E eu estou me libertando
I'm breaking out
Eu estou me libertando
Last chance to lose control
Última chance para perder o controle

Fiquei de costas para ele e me movi no ritmo da música, fazendo com que nossos corpos ficassem colados.

- Você tá me provocando... – ele disse soltando pesadamente o ar em meu pescoço e em seguida me virando e me colocando de frente pra ele e me olhando nos olhos. - Se você continuar assim, eu não vou responder por meus atos.
- E se eu disser que não me importo. – eu disse colocando os meus braços ao redor do seu pescoço.

Yeah It's holding me
Sim, isso está me envolvendo
Morphing me
Me modificando
And forcing me to strive
E me obrigando a lutar
To be endlessly
Para estar infinitamente
Cool within
Frio por dentro
And dreaming I'm alive.
E sonhando que estou vivo

'Cause I want it now
Porque eu quero agora
I want it now
Eu quero agora
Give me your heart and your soul
Dê-me seu coração e sua alma
And I'm breaking down
E eu estou desmoronando
I'm breaking out
Eu estou me libertando
Last chance to lose control
Última chance para perder o controle

- Você não tem pena de mim? – perguntou fechando os olhos.
- Pra ser sincera, não! Eu acho que você tem que sofrer muito, muito mesmo. – eu respondi ao seu ouvido. Ao ouvir isso, pressionou mais meu corpo contra o dele e voltou a deslizar a mão pela lateral do meu corpo.
- Você é uma menina muito má.

Eu balançava meu corpo no ritmo da música que tocava e sentia duas mãos pousadas em meus quadris, apertando levemente e me fazendo encarar seus olhos, que eram de um profundo. Seus lábios roçaram no lóbulo da minha orelha e foram descendo deixando um rastro de beijos, passando por meu pescoço, chegando até meu ombro e depois fazendo o caminho de volta, chegando novamente perto da minha orelha e soltando o ar pesadamente enquanto eu puxava os cabelos de sua nuca e apertava seu ombro com minhas unhas, o que deixaria marcas...

- Sabia que você não resistiria. – sussurrou ao meu ouvido. Eu virei abruptamente e encarei seus olhos, já tinha sentido aquilo e ouvido aquelas palavras antes. Será que eu estou virando vidente? Sorri comigo mesma, era a chance que eu queria.
- Dessa vez eu não vou fugir. – eu disse a ele. Dei um beijo no canto da sua boca e guiei meus lábios até seu ouvido, e sussurrei a música junto com M atthew Bellamy.

And I want you now
E eu quero você agora
I want you now
Eu quero você agora
I feel my heart implode
Eu sinto meu coração implodir
And I'm breaking out
E eu estou me libertando
Escaping now
Escapando agora
Feeling my faith erode
Sentindo minha fé se corroer

Em um movimento brusco juntou nossos lábios e começou a me beijar intensamente.

- Você me fez esperar muito tempo. – ele disse olhando em meus olhos.
- Que tipo de menina malvada eu seria se não fizesse?
- Verdade. – respondeu ele voltando a me beijar em seguida, de um jeito não muito apropriado para o local onde estávamos.
- , nós estamos no meio da pista, se controla. – eu disse me separando dele. Ele segurou minha mão e me guiou para um espaço com uns puffs e sofás que estavam vazios e voltou a me beijar quase que descontroladamente.
- , nós estamos em público, mais uma vez, se controla. – eu disse, tentando controlar minha respiração, enquanto beijava meu pescoço.
- Desculpa, é que é difícil me controlar com você tão perto assim. – ele respondeu.
- Se você quiser, eu vou embora. – eu disse rindo e me levantando.
- Não, nós vamos. – ele disse, pegando minha mão e me levando para a saída.
- Onde você tá me levando? – perguntei curiosa.
- Para um lugar onde eu possa te beijar sem nenhuma restrição. – ele disse seguindo para onde o carro estava. Durante todo o caminho, nós fomos em silêncio e eu sabia muito bem o que viria a seguir se eu não fizesse nada, mas a reação do meu corpo ao toque do mostrava que também era o que eu queria, ele não desistiu como ele mesmo disse, e eu não resisti como eu mesma já sabia. Estava imersa em meus pensamentos e não me surpreendi quando paramos em frente à casa do .
- , eu não quero apressar as coisas. – disse ao parar o carro.
- Você não tá apressando nada, você tá atrasando, . – eu disse rindo antes de sair do carro e ir andando em direção à casa. Assim que fechou a porta, me pressionou contra a mesma, revezando beijos em minha boca e meu pescoço.
- Você quer fazer isso aqui? – eu perguntei ofegante.
- Eu acho melhor não. – respondeu também ofegante. Ele segurou minha mão e me guiou até o segundo andar, entrando na primeira porta do corredor.
- É bom você aproveitar muito bem essa noite, porque ela não vai se repetir. – eu disse o empurrando para a cama e deitando em cima dele.
- Depois dessa noite, eu duvido você conseguir. – ele disse antes de voltar a me beijar.


Capítulo 11

’s POV on

Uma coisa que me incomoda quando eu estou dormindo é a claridade, e eu sempre esqueço de fechar a merda da cortina, virei para o outro lado para fugir da claridade, tateei a cama e a encontrei vazia. Levantei a cabeça e pude ver terminando de colocar a sandália, se preparando para ir embora.

- Onde você tá indo? – perguntei ainda sonolento.
- Pra casa?
- E ia sair sem falar comigo? – perguntei, sentando na cama.
- Eu achei melhor, já que você não dormiu muito essa noite. – ela disse rindo.
- Isso é verdade. – eu disse rindo também. – Mas eu pensei que a gente tivesse que conversar, sei lá.
- Conversar sobre o que? – ela perguntou confusa.
- Sobre o que aconteceu.
- Ah, sobre isso? Eu acho que nós não temos nada pra conversar sobre isso.
- Não?
- , nós passamos essa noite juntos, não quer dizer que estejamos namorando ou algo do tipo. Pensei que você estivesse acostumado com isso, digo, você e suas namoradinhas...
- Entendi.
- Algum problema? – ela perguntou. – Tá se sentindo no lugar das suas namoradinhas?
- Vai à merda, . – eu disse levantando da cama.
- Acredite, eu já estou na casa da própria merda. – ela respondeu rindo.
- Você tá muito engraçadinha hoje, a noite foi boa?
- Vai à merda, .
- Você tem mesmo que ir agora? – eu perguntei a abraçando pela cintura.
- Nem vem, , eu falei pra você aproveitar bem a noite que iria ser sua única chance.
- Tem certeza? – perguntei beijando seu pescoço. Ela virou seu rosto e me beijou, a deitei na minha cama e quando ia voltar a beijá-la, meu maldito celular tocou.
- Merda! - eu disse baixo. – É rapidinho.
- Alô, ? É a Becky.
- Oi, Becky, tudo bem? - eu respondi sem jeito, olhando para , que já estava de pé ajeitando o cabelo e o vestido.
- Tudo, eu só liguei pra saber se você ainda vai vir me encontrar aqui na Starbucks, é que eu já estou aqui há uns trinta minutos e você não apareceu.
- Ah, Becky, desculpa, eu não posso encontrar você agora. – eu respondi, e vi acenar meio que desesperadamente. – Só um minuto, Becky.
- Você não vai desmarcar com ela. – disse.
- Por que não? Eu estou com você aqui e...
- E eu vou pra casa e você encontrar com ela. – ela disse com um sorriso.
- Mas, ... – eu ia dizer.
- Mas nada, , desliga logo esse telefone e vai tomar um banho pra encontrar a menina. – ela disse já ficando irritada.
- Oi, Becky, se você puder me esperar só mais um pouquinho eu chego aí o mais rápido que puder, eu dormi até mais tarde.
- Tudo bem, eu te espero. Beijos.
- Você é maluca. – eu resmunguei, após desligar o telefone.
- Por quê? – perguntou.
- Você tá aqui comigo e me manda encontrar outra garota.
- , eu não quero atrapalhar nada, já disse o que significou essa noite.
- Tudo bem, eu já entendi. Não precisa ficar jogando na minha cara que você apenas me usou. – eu disse rindo.
- , eu vou embora e você vai tomar banho, agora! – ela disse séria.
- Você não vai embora agora, eu vou te levar lá.
- Não precisa, , eu pego um táxi.
- Claro que precisa e é caminho pra Starbucks. – eu disse, a empurrando até ela sentar na minha cama. – Agora espera cinco minutinhos.
- Você é muito chato! – ela disse. Poucos minutos depois eu voltei devidamente vestido e pronto para sair. Caminhamos até a garagem onde o carro estava, abri a porta para que entrou meio a contragosto.
- Posso colocar um cd?
- Claro, eles estão no porta-luvas. – eu respondi.
- , o que é isso? – ela perguntou rindo me mostrando um sutiã vermelho.
- Alguma namoradinha minha, como você mesma fala, deve ser meio esquecida. – eu respondi rindo.
- Você não presta!
- E quem presta?
- Verdade, nenhum homem presta. – ela disse suspirando.
- Você teve tantas experiências ruins assim?
- Não, só uma. – ela disse olhando pela janela.
- Foi o Sam?
- Ele foi o meu primeiro e único namorado, . – ela respondeu.
- E por que vocês terminaram? Você deveria estar casada agora, certo? – eu disse.
- É, eu deveria estar casada. – ela disse olhando para a mão onde deveria estar a aliança. – Mas se eu estivesse não estaria aqui com você.
- Verdade, tudo tem um lado bom, pelo menos pra mim. - eu disse. – Mas você não me respondeu, por que vocês terminaram?
- Eu não gosto de falar sobre isso, desculpa.
- Foi tão ruim assim?
- Você não imagina o quanto. – ela disse, suspirando pesadamente depois. – Mas vamos mudar de assunto, estamos falando muito de mim. Por que você é assim, digo, não tem relacionamentos normais, uma namorada, essas coisas...?
- Eu também não tive boas experiências, . Elas sempre iam embora e eu acabava machucado, então eu desisti.
- Desistiu de?
- Desisti dos relacionamentos. – eu respondi. – É muito mais prático e indolor encontrar uma garota, se divertir durante uma noite e depois encontrar outras e outras e outras...
- Deve ser tão prático, que eu acho que vou seguir seus passos. – ela respondeu.
- Encontrar uma garota por noite? – eu perguntei rindo.
- Não, seu idiota, encontrar alguém com quem eu possa me divertir sem compromisso. – ela respondeu.
- Se você precisar, amigos são para essas coisas. – eu disse rindo.
- Já esperava por isso. – ela disse. – Você pode parar aqui? Quero comprar o jornal.
- Eu vou lá comprar pra você. – eu disse parando e saindo do carro, e voltando um minuto depois.
- Obrigada! – ela disse pegando o jornal e folheando. – Escuta isso: O e cantor da banda McFLY, foi visto ontem acompanhado novamente por sua suposta nova namorada, que descobrimos que se chama , tem 22 anos e é estudante da Royal Academy Of Music. Eles chegaram e deixaram juntos a festa da Gravadora Island Record. O casal foi visto trocando beijos apaixonados no interior da festa e no estacionamento. Como eles descobriram meu nome?
- Não sei, mas eles sempre conseguem descobrir essas coisas.
- Ótimo.
- Pronto, está entregue. – eu disse, quando chegamos ao seu apartamento minutos depois.
- Obrigada e bom encontro. – ela disse rindo antes de sair do carro.
- É, encontro. – eu murmurei para mim mesmo, ao sair com o carro novamente.
Essa história de “nós dormimos juntos, mas não quer dizer que estamos juntos" não deveria me incomodar, afinal eu mesmo utilizo essa mesma desculpa, isso deveria ter saído da minha cabeça, mas essas palavras ficam martelando: “, nós passamos essa noite juntos, não quer dizer que estejamos namorando ou algo do tipo. Pensei que você estivesse acostumado com isso, digo, você e suas namoradinhas...". Talvez seja o fato de, pela primeira vez depois de muito tempo, eu estar do outro lado, afinal sou eu que sempre descarto minhas namoradinhas na manhã seguinte, mas eu nunca fico me sentindo mal como estou agora. Tá, eu não imaginava que a teria uma atitude dessas, mas também nunca pensei em ter alguma coisa com ela, afinal ela sempre me rejeitava. Mas só porque ela mudou de idéia de uma hora pra outra, isso não vai sair da minha cabeça? Ela não vai sair da minha cabeça? Que merda! Eu só consigo pensar na nossa noite e nela falando que não iria rolar mais nada. Eu não vou conseguir, eu preciso dos beijos, da pele, eu preciso dela! Meu Deus, eu passei uma noite com ela, uma! Eu só posso estar ficando maluco!

’s POV off

Eu tirei as sandálias dentro do elevador para não fazer barulho e anunciar a todos a minha chegada, o que foi inútil.
- , é você? – perguntou , provavelmente da cozinha.
- Sim, sou eu. – respondi me sentando no sofá, o interrogatório começaria ali mesmo. – Estou aqui sentada esperando para contar tudo.
- Que bom. – disse saindo da cozinha, acompanhada por e – Claro que as outras duas estariam aqui me esperando.
- Ótimo, pelo menos vou contar tudo uma vez só. – eu disse.
- Viu, facilitamos sua vida! – disse sentando ao meu lado no sofá.
- Vamos lá. – eu disse respirando fundo. – Quando começou a tocar Hysteria, eu fui dançar e o me seguiu, nós começamos a dançar juntos, rolou um clima e nos beijamos. Saímos da pista, acabamos sentados num sofá e de lá nós acabamos deitados numa cama, a dele. – eu disse rindo.
- Nossa. – disse , sentando do meu outro lado no sofá. – Eu não sei o que dizer.
- Como isso tudo aconteceu assim tão rápido? – perguntou .
- Eu não sei, , eu estava dançando, quando percebi já estava na casa dele e eu não pude evitar, agora eu entendo o porquê que as meninas não conseguem não ficar com o . – eu disse. – Ele se aproximou de mim na hora que a música começou e a partir daquele momento parecia que só existia eu e ele, e como eu disse, foi inevitável.
- E o que vocês vão fazer agora? – perguntou .
- Nada.
- Nada?
- Nós passamos a noite juntos, só isso. – eu respondi. – Não quer dizer que estamos namorando ou outra coisa, ele faz isso o tempo inteiro, o Matheus também, por que eu não posso?
- Eu acho que estou sonhando. – disse , que tinha ouvido tudo calada até aquele momento. – Pela primeira vez na vida, você faz alguma coisa que eu te falei.
- Você é muito exagerada. – eu disse.
- Exagerada? Você que é lenta. Você já podia ter desfrutado do há muito mais tempo! – ela disse rindo.
- Tudo bem, tudo bem. Vou almoçar com os meus pais. Eles provavelmente já viram os jornais de ontem e de hoje, e terei outro interrogatório quando chegar lá. – eu disse fazendo careta.
- É, nós também já vimos o jornal de hoje. – disse . – Boa sorte com eles.
- Obrigada, eu vou precisar. – eu disse antes de ir para o meu quarto.


Capítulo 12

- Minha filha, que saudade. – disse minha mãe me abraçando assim que pus os pés dentro de sua casa.
- Oi, mãe. – eu disse rindo. – Cadê meu pai?
- Ele saiu, mas daqui pouco ele já tá chegando, uns amigos nossos virão pro almoço. – ela disse seguindo para a cozinha.
- Que amigos? – eu perguntei.
- O Greg e a Janice, o filho deles chegou dos Estados Unidos e seu pai os convidou para o almoço. – ela respondeu.
- O Jake estava nos Estados Unidos? – eu perguntei.
- É, ele fez Engenharia e foi fazer uns cursos. Não sabia que você conhecia o Jake.
- Mãe, ele costumava tentar me afogar na piscina da escola antes de se mudar. E eu tinha uns 13 anos, então faz bastante tempo. – eu disse dando de ombros. Jake era o tipo de garoto que adorava implicar com tudo que se movia, típico para os garotos de 14 anos da minha época, principalmente se fosse eu. Eu nunca fui muito com a cara dele, e a recíproca era verdadeira e ele deixava isso bem claro, mas tínhamos que nos aturar pelos nossos pais. Meu pai trabalhava na mesma empresa que o pai dele, mas o pai dele foi transferido pra Londres cinco anos antes do meu pai, então significa que o Jake não me via há anos.
- Queria aproveitar que seu pai não está aqui e falar com você sobre umas coisas. – ela disse meio sem jeito.
- Sobre o que, mãe? – eu perguntei fazendo careta, já imaginando o que seria. - O que o papai não pode saber?
- É, o que o papai não pode saber? – perguntou meu pai entrando na cozinha.
- Oi, pai. – eu disse levantando e lhe dando um abraço.
- E então, o que eu não posso saber, Sue? – meu pai perguntou.
- Não é que você não possa saber, Robert, eu só queria conversar tranquilamente com a minha filha sobre isso. – ela disse apontando para a matéria do jornal. – De mulher pra mulher.
- Mas eu já tinha visto isso, Sue.
- Mas, Robert... – disse minha mãe antes que eu interrompesse.
- Eu posso falar sobre isso, com os dois. – eu disse. – Podem perguntar o que quiserem saber.
- Ele é mesmo seu namorado? – minha mãe perguntou.
- Não, mãe, não é.
- Então por que você está o beijando nessa foto no jornal? – ela perguntou.
- Como se os jovens de hoje precisassem estar namorando para se beijarem, Sue. – disse meu pai antes que eu pudesse responder.
- Mas por que o Sam disse que ele era seu namorado? – perguntou minha mãe.
- Como você sabe disso, mãe? – eu perguntei.
- O Sam esteve aqui e sua mãe disse onde você estava cantando. – meu pai disse.
- Mãe, por que você fez isso?
- Ele esteve aqui e disse que sentia sua falta, que queria encontrar com você pra vocês conversarem e se acertarem. Disse que foi a maior burrice da vida dele ter deixado você ir embora daquele jeito e eu queria que vocês ficassem juntos de novo, ele te fazia tão feliz, você era feliz, filha. – ela disse triste.
- Eu sou feliz, mãe.
- Eu juro que queria ajudar.
- Eu entendo, mãe, você não tem culpa por ele ter feito o que fez.
- O que ele fez? Você disse que vocês terminaram por um “conflito de interesses". – disse meu pai.
- Eu não gosto de tocar nesse assunto.
- Mas eu tenho o direito de saber a verdade, , eu sou seu pai.
- Eu fiquei com medo da reação de vocês, minha mãe ficaria decepcionada, ela sempre gostou tanto dele, e você pai, nunca gostou dele, não seria depois disso que ia gostar. – eu disse rindo um pouco.
- Agora eu quero saber.
- Eu também. – minha mãe disse.
- Eu não gosto de falar sobre isso. – eu disse, recebendo uns olhares matadores dos dois. – Ok, eu conto. Vocês lembram da Sarah?
- Uma amiga que o Sam levou na nossa casa uma vez? – minha mãe perguntou.
- Essa mesma. – eu respondi. – Um dia eu saí mais cedo do estágio e fui pra casa, e encontrei ela e o Sam juntos.
- Não acredito. – disse minha mãe, levando a mão ao coração.
- Eu mato esse filho da mãe. – disse meu pai batendo na bancada da cozinha.
- Calma, pai. – eu disse. – Eu já resolvi isso, quer dizer, o Matheus já resolveu isso.
- Ele deu umas boas porradas nele? – ele perguntou com um sorriso no rosto, eu acenei com a cabeça afirmando. – Esse é o meu garoto!
- Desculpa, filha, eu não sabia que ele tinha feito isso com você, senão eu tinha colocado ele porta a fora a base de pontapés. – disse minha mãe me abraçando.
- Tudo bem, mãe, esquece isso.
- E esse rapaz bonito do jornal? É seu amigo? – ela perguntou.
- É sim, mãe.
- Ele é famoso?
- Ele é de uma banda conhecida no mundo todo.
- Eu não conheço. – disse meu pai pegando o jornal e olhando a foto mais de perto.
- O público dele não é bem da sua faixa etária, pai. – eu disse tirando o jornal na mão dele.
- Então vocês estão, como se diz, ficando? – minha mãe perguntou.
- Tá, isso tá ficando constrangedor.
- Se vocês vão falar de garotos, é nessa hora que eu saio. Não gosto de ouvir minha filhinha falando isso. – disse meu pai, balançando a cabeça negativamente.
- Meu pai não gosta de ouvir, eu não gosto de falar, vamos esquecer esse assunto? – eu perguntei.
- , eu sei que você não é mais uma criança, você pode falar sobre isso comigo, você se previne? – perguntou minha mãe.
- Meu Deus, tchau, mãe. – eu disse saindo da cozinha, quando estava chegando à sala, a campainha tocou.
- Eu atendo. – eu gritei, abrindo a porta e me deparando com um casal bem conhecido.
- , como você tá grande! – disse Janice me abraçando.
- Grande não, velha. – disse rindo.
- Velha? Desde quando ter 22 anos é ser velha? E eu sou o que então? – disse Greg sorrindo.
- Tudo bem, tudo bem, eu retiro o velha, entrem. – eu disse apontando para dentro. – Eu pensei que o Jake viria também.
- Ele vem, ele teve que resolver umas coisas da casa nova. Ele veio pra perto de nós dois, mas não quis morar na nossa casa, assim como você. – Janice respondeu.
- As crianças crescem e querem ficar longe. – disse meu pai surgindo atrás de mim.
- Exatamente. Tudo bem, meu amigo? – disse Greg.
- Tudo ótimo, e com você? – respondeu meu pai, andando com Greg em direção à cozinha.
- Minha mãe tá na cozinha, pode ir lá. – eu disse a Janice.
- Obrigada, querida. – ela respondeu. Mais ou menos uma hora depois o almoço estava quase pronto, e eu estava terminando de colocar a mesa quando a campainha tocou. Ao abrir a porta me deparei com um rapaz.
- Pois não? – perguntei confusa.
- ? – ele perguntou levantando os óculos escuros, revelando um lindo par de olhos verdes.
- Jake? – perguntei confusa olhando toda a mudança sofrida pelo rapaz que me perturbou durante toda a minha infância. Ele estava bem mais alto do que na última vez que eu tinha visto (fazia quase dez anos que nós não nos víamos), todas as espinhas que costumavam cobrir seu rosto desapareceram e agora era uma barba meio que por fazer que ocupava seu rosto, o cabelo escuro e liso, que era totalmente desgrenhado deu lugar a um penteado levemente bagunçado, dando-lhe um ar sexy e despojado. Aquele Jake, definitivamente, não era o Jake que eu esperava ver.
- Eu mesmo, , quase não te reconheci também. – ele disse sorrindo de lado, meu Deus, que sorriso era aquele.
- Entra. - eu disse dando espaço para ele passar. Depois do almoço todos foram para a sala conversar, mas eu decidi sentar um pouco nos degraus da entrada.
- Incomodo? – perguntou Jake.
- Claro que não. – eu respondi. – Senta.
- A gente não se vê faz o que, oito anos?
- É, eu tinha acabado de fazer quatorze quando vocês se mudaram. – eu respondi.
- Era uma época legal. – ele disse suspirando.
- Pra mim não. – eu disse rindo. – Você me perturbou mais do que qualquer um e era uma época complicada para meninas, várias mudanças e suas brincadeiras não ajudavam.
- Eu era insuportável, né?
- Muito. – eu respondi rindo.
- Eu nunca tive a oportunidade de me desculpar, então me desculpe.
- Tudo bem, eu já tinha até esquecido.
- E então, a última notícia sua que tive era que você ia casar e... – ele olhou para minhas mãos. – Vejo que você não casou, o que houve?
- Problemas...
- Não gosta de falar sobre isso, né?
- Nem um pouco.
- Tudo bem, vamos mudar de assunto então. – ele disse. – Você veio pra Londres faz muito tempo?
- Não muito, quase três meses e agora que estou me habituando. – eu respondi. – E você? Chegou dos Estados Unidos quando?
- Eu cheguei faz umas duas semanas, e ainda não parei nenhum minuto.
- Mudança é complicada mesmo.
- Eu vi suas fotos no jornal. – ele disse depois de um tempo quebrando o silêncio.
- E quem não viu? – eu disse rindo.
- Ele é mesmo seu namorado? – ele perguntou, num tom estranho.
- Não, nós somos só amigos. Amigos que se beijaram numa noite.
- Entendi. – ele disse, e eu senti certo alívio na forma com que ele falou.
- E então, o que você vai fazer agora que voltou? – eu perguntei, quebrando o silêncio novamente.
- Eu vou trabalhar na mesma empresa que os nossos pais. – ele disse. – E você, o que tá fazendo da vida?
- Eu estudo música.
- Música? Sério? Você sempre gostou, né? Eu lembro que uma vez eu escondi seu violão.
- E me fez chorar no meio do pátio da escola. – eu disse. – Lembro muito bem desse dia, foi quando eu passei a te odiar, aquele violão era sagrado pra mim.
- E você ainda me odeia?
- Claro que não, eu não tenho mais doze anos, Jake. – eu disse sorrindo.
- Ainda bem que não, você era bem estranha com doze anos. – ele disse rindo.
- Falou o Deus da beleza. Toda garota é meio estranha aos doze anos.
- Verdade, mas eu tenho que dizer, eu gostei muito das suas mudanças.
- E isso foi um elogio? – eu perguntei rindo.
- Foi sim. – ele respondeu rindo também.
- Então obrigada, você também está bem melhor do que era aos quatorze anos. Finalmente aprendeu a pentear o cabelo. – eu disse olhando para o seu cabelo. – Quer dizer, mais ou menos, ainda tá meio bagunçado.
- Obrigado pelo seu elogio também, . – ele disse. – Posso te chamar de , certo?
- Claro. – eu disse, abraçando minhas pernas, tinha esfriado um pouco.
- Toma meu casaco. – ele disse tirando o mesmo, e me proporcionando uma bela visão dos seus músculos do braço bem definidos. Meu Deus, o Jake está maravilhoso.
- Obrigada. – eu disse vestindo. – Não é melhor entrarmos? Você que vai ficar com frio.
- Não tem problema pra mim, eu gostei de conversar aqui com você. – ele disse com um sorriso torto. – E se você quiser podemos continuar, temos tanta coisa pra conversarmos, afinal, foram oito longos anos.
- Por mim tudo bem.
- Você falou que estava fazendo faculdade de música, tá fazendo alguma coisa nessa área?
- Eu canto num pub perto da minha casa toda sexta feira, você podia ir lá um dia.
- Eu adoraria. – ele disse me olhando nos olhos e sustentando o olhar durante uns segundos até seu celular tocar. Ele tirou o celular do bolso, olhou quem era e ignorou a ligação. – Não é só você que tem um ex-noivado complicado.
- Você foi noivo? Durante quanto tempo?
- Durante um ano e meio, eu a conheci na faculdade, ela fazia administração e queria administrar tudo, até o nosso relacionamento. Então eu me formei, fui para os Estados Unidos e mantivemos nosso relacionamento a distância durante seis meses, e de repente ela resolveu ir morar comigo lá e não deu certo. Ela voltou um mês antes de mim, já tínhamos tudo planejado, casa comprada e mobiliada, por isso que eu estou nessa correria, tive eu arrumar outro lugar pra morar, comprar móveis e essas coisas. Seria muito retrocesso voltar para a casa dos pais.
- Eu peguei meu ex-noivo com outra na cama duas semanas antes do casamento. – eu disse meio sem pensar.
- Nossa.
- Eu achei justo contar por mais que eu não goste, afinal você me contou sua vida amorosa sem nem ao menos eu perguntar. – eu disse rindo e olhando a expressão séria dele.
- Nem sei o que te dizer.
- Relaxa, Jake, já passou. – eu respondi. – Eu já estou bem.
- Você sempre foi forte assim? – ele perguntou. – Porque se fosse comigo, eu não saberia como continuar.
- Eu aprendi, é claro que sempre rola uma recaída e eu fico mal, mas eu aprendi que não iria servir de nada ficar chorando pelos cantos.
- Você se tornou uma mulher incrível.
- Obrigada. – eu respondi, corando.
- Eu não sei se eu tô apressando as coisas, mas eu queria saber se você não quer sair comigo um dia desses, um jantar, pelos velhos tempos... – ele disse sorrindo. – Não vou aceitar um não como resposta.
- E por que eu falaria não? – eu perguntei sorrindo.
- Porque eu ainda tinha dúvidas se você era realmente perfeita, mas agora eu tenho certeza. – ele respondeu.
- Obrigada, eu acho. – eu disse escondendo meu rosto no joelho.
- De nada, eu acho. – ele respondeu rindo.
- Bem, eu tenho que ir. – eu disse levantando. – A gente se vê?
- Claro. – ele disse levantando também. – Sua apresentação é na sexta feira?
- É sim, aparece lá. – eu disse. – É na 36-38 New Oxford Street.
- Farei de tudo para estar lá.
- Tudo bem então, tchau. – eu disse dando um beijo em seu rosto e entrando para me despedir do outros.

- ? – eu perguntei entrando em casa.
- Aqui no quarto.
- Você não acredita quem eu encontrei hoje na casa dos meus pais. – eu disse sentando na cama.
- Quem? – ela perguntou desligando a televisão.
- O Jake, lembra dele?
- Aquele menino irritante que era nosso vizinho?
- Ele mesmo. – eu respondi sorrindo.
- E por que você tá com esse sorrisinho no rosto? – ela perguntou. – Você deveria estar com raiva, afinal nós odiávamos aquele menino.
- , nós não temos mais 14 anos de idade, por favor, né. – eu disse rindo. – E além do mais, ele está lindo. Quando eu digo lindo, é muito lindo.
- Nossa, , nunca pensei que você fosse levar tão a sério algo que eu falei. – ela disse séria.
- Não entendi.
- Eu disse milhares de vezes que você deveria esquece o Sam de uma vez e arrumar outros namorados, e você fez isso. E o melhor, arrumou dois namoradinhos. – ela disse rindo.
- Que dois namoradinhos, sua louca? – eu perguntei.
- O , com quem você passou a noite e agora o Jake, que se esse sorrisinho no seu rosto não te ajuda a negar e todos aqueles “lindos" na mesma frase também não.
- Ok, ok, ele demonstrou certo interesse e eu meio que retribui.
- Se ele se tornou tudo isso que você falou você não deve pensar duas vezes antes e retribuir.
- Eu o convidei para ver minha apresentação na sexta, se ele estiver mesmo interessado, ele vai aparecer. – eu respondi dando de ombros.
- E se ele não aparecer? Se ele sumir da mesma forma que apareceu? – ela perguntou.
- Pra esses momentos que serve o . – eu disse segurando o riso.
- QUE SAFADA! – ela gritou, rindo alto.
- Falou a certinha.
- Sabe qual é a nossa diferença? Eu nunca fingi que era. – ela disse com um sorriso.
- E depois eu que sou safada. – eu disse balançando a cabeça negativamente.
- Mas eu estou namorando, só posso ser safada com o meu .
- Que bom que você sabe. Vou pro quarto, preciso muito dormir. – eu disse levantando e saindo do quarto.


Capítulo 13

Não demorou muito para a sexta-feira chegar, pois faltando um mês para o fim do semestre, a faculdade começou a ocupar todo o meu tempo, eu nem percebi a semana passar. Na sexta-feira eu saí da faculdade e fui direto para casa descansar um pouco antes de me arrumar, e Matheus não estavam em casa quando eu cheguei e não apareceram até a hora em que eu saí. Alguns minutos depois que eu cheguei ao pub todos chegaram de uma só vez, sentamos à mesa e começamos a conversar.

- O que vocês estão pensando em fazer nas férias? – perguntou .
- Não sei, pra falar a verdade, eu nem tinha pensado nisso. – respondeu .
- A gente pode ir pra sua casa de praia, amor, eu acho que cabe todo mundo. – disse .
- É uma ótima idéia. – disse . – Faz tanto tempo que não vamos lá.
- E podemos começar as gravações quando voltarmos. – disse .
- Então, todo mundo concorda? – perguntou .
- Eu vou se puder levar alguém. – disse Matheus.
- Não, Matheus, eu não quero ficar numa casa com quatro casais. – eu disse.
- E qual vai ser a diferença pra você se eu for sozinho?
- Você sabe que é horrível ficar “de vela".
- Você não precisa ficar sozinha. – disse , que estava calado até esse momento.
- Como é? – eu perguntei.
- Você pode levar alguém assim como o Matheus, ou até mesmo eu, que também não gosto de ficar sozinho com muitos casais. – ele respondeu.
- Ah sim!
- O que você pensou que era? – ele perguntou com um sorriso no rosto. – Pensou que eu fosse falar que você poderia ficar comigo?
- Claro que não.
- Tudo bem, vou fingir que acredito. – ele respondeu segurando o riso.
- , se tudo der certo, você pode chamar o Jake. – disse .
- Ele vem hoje? – perguntou .
- Quem é Jake? – perguntou .
- Um amigo. – eu respondi. – Por que, tá com ciúme?
- Claro que não, é apenas curiosidade. – ele respondeu e foi minha vez de segurar o riso.
- O Matheus conhece.
- Conheço? – ele perguntou.
- Jake, nosso antigo vizinho.
- Aquele Jake? Eu não o vejo há uns oito anos. – ele disse. – Aonde você o encontrou?
- Na casa dos meus pais, ele foi lá com os pais dele. – eu respondi. – Ele chegou dos Estados Unidos há uns dias e tá trabalhando na mesma empresa que os nossos pais.
- E ele, por que vai vir aqui hoje? – ele perguntou.
- Por que você acha? – Perguntou rindo.
- , dá um jeito no seu namorado, por favor. – eu pedi.
- , meu amor, você pode pegar alguma coisa pra eu beber? – ela pediu com um sorriso imenso no rosto e ele se levantou na mesma hora.
- E então, tá rolando alguma coisa entre vocês? – Matheus perguntou.
- Não.
- Ainda. – completou.
- Dá pra você ficar quieta também? – eu perguntei.
- Não tô mentindo, , você mesma disse que ele demonstrou interesse e que ele está muito bonito. – disse.
- E do jeito que ele era a fim de você, eu tenho certeza que ele vai tentar alguma coisa. – Matheus disse.
- Ele era a fim de mim? – eu perguntei chocada. – Eu pensei que ele me odiasse.
- , os meninos sempre perturbam as meninas que gostam, principalmente quando são mais novos. – disse .
- Eu cortei o cabelo da menina que eu gostava quando eu tinha treze anos. – disse .
- Por que você fez isso? – perguntou que já tinha voltado com a bebida.
- Porque ela nem me olhava e depois que eu fiz isso ela passou a pelo menos olhar pra mim. – ele disse dando de ombros. – E antes que vocês achem que eu sou louco por cortar o cabelo da menina, eu cortei só uma pontinha, nem dava pra saber onde que eu tinha cortado.
- Claro que isso te torna menos louco. – disse balançando a cabeça negativamente.
- E você, , perturbava a menina que você gostava quando era mais novo? – perguntou .
- Não, eu gostei de uma só menina durante os três anos da escola. Ela nem me olhava porque namorava o capitão do time da escola. Até que no último ano eles terminaram e ela foi parar na minha aula de biologia, nós tivemos que fazer todos os trabalhos em dupla, até que o último era uma pesquisa muito grande e a convidei para ir à minha casa pra fazer e ela não foi, eu fiz o trabalho sozinho e ainda coloquei o nome dela. – ele disse rindo.
- Que inteligente da sua parte, , colocar o nome da menina em um trabalho sem ela ter feito nada. – disse .
- Claro que eu a convidei com outras intenções, mas foi porque ela ficava me paquerando, sempre falando algumas coisas com duplo sentido, eu sei que sou lerdo, mas eu sei interpretar os sinais. Eu sei que ela só me paquerava pra eu fazer os trabalhos sozinho, mas eu era jovem, inocente e estava apaixonado. Eu já estava começando a compor, e foi nessa época que veio a inspiração para escrever Broccoli.
- E ela sabe que essa música é pra ela? – perguntou.
- Sabe sim, eu acabei encontrando com ela há uns anos. – ele disse com um sorriso maldoso.
- , você dormiu com a garota? – Matheus perguntou e riu. – Claro que dormiu, por que eu ainda perco tempo perguntando?
- Era o mínimo que ela podia fazer depois de um ano inteiro de exploração e eu nunca fui nerd, sempre tive muito trabalho pra fazer as tarefas.
- E uma noite compensou tudo isso? – eu perguntei.
- Ela me deu umas lições práticas de muitas coisas que eu pesquisei naquela época.
- Você não presta. – eu disse rindo.
- Você também já me deu lições práticas e eu nem precisei fazer o trabalho escrito. – ele disse rindo e fazendo todos rirem juntos.
- Você não falou isso. – eu disse balançando a cabeça.
- É só a realidade, .
- Então você me deve um trabalho escrito, para semana que vem. – eu disse rindo.
- Ok, não foge do assunto. – disse . – Ele realmente gostava dela, Matheus?
- Ele ficava falando dela o dia todo, e quando encontrava com ela, sempre arrumava alguma coisa pra implicar ou algum apelido, porque era assim que ele conseguia a atenção dela. – ele disse.
- Estou chocada. – eu disse rindo. – Isso é uma coisa que eu nunca imaginei, eu o odiava. Estou até me sentindo mal agora.
- Você pode o recompensar agora, da mesma forma que o foi recompensado. – disse .
- Não quero nem pensar na recompensa que ele recebeu. – disse rindo.
- Bons tempos. – disse suspirando.
- Bom, agora que o já abriu seu coração, eu vou fazer meu trabalho. – eu disse levantando da mesa.

Durante toda a minha apresentação eu mantive os olhos na mesa dos meus amigos, que brincavam, bebiam e cantavam as músicas junto comigo, até que no início da última música eu encontrei um par de olhos verdes me encarando no bar, e sorri abertamente. Jake estava sentado, virado para o palco com a sua bebida na mão, com um leve sorriso nos lábios e, ao encontrar o meu olhar, deu um belo sorriso, um sorriso que derreteria qualquer uma.

- Hey, Jake. – eu disse a ele que estava me esperando a beira do palco.
- Oi, . – ele disse. – Tudo bem?
- Tudo ótimo e com você? – eu perguntei.
- Muito melhor agora. – ele disse beijando minha mão.
- Vem, quero te apresentar umas pessoas. – eu disse o levando até a mesa.
- Gente, esse é o Jake e Jake, esses são , , , , e , o Matheus e a você já conhece. – eu disse.
- Jake, quanto tempo, cara! – disse Matheus levantando e lhe dando um abraço.
- Nem fala. – Jake respondeu.
- Senta aí. – disse .
- Espera, eu acho que conheço vocês de algum lugar. – Jake disse e riu.
- Você estava nos Estados Unidos, certo? – perguntou.
- Estava sim, passei quatro anos lá. – Jake respondeu.
- Deve ser por isso então, nós ainda não conquistamos aquele público. – disse .
- Lembrei! – disse Jake. – Minha ex-noiva tinha um cd. McFLY, né?
- Isso mesmo. – disse .
A conversa seguiu parecendo quase um interrogatório, todo mundo queria saber tudo da vida do Jake, exceto , que permaneceu calado durante toda a conversa.
- , você quer sair pra jantar ou você acha que já está tarde? – perguntou Jake.
- Eu adoraria, só espera um minuto que eu já volto. – eu disse levantando e seguindo para o banheiro. Retoquei minha maquiagem, dei uma ajeitada no cabelo e quando saí me deparei com me esperando.

- O que você quer? – eu perguntei.
- É aquele cara o lindo e maravilhoso que vocês estavam falando?
- Eu disse que ele estava bonito, os outros elogios foram por sua conta.
- Você entendeu. – ele disse. – Mas o que importa é que, eu fiquei quinze minutos ouvindo o cara falar e ele é muito chato.
- Ele é chato pra você, . – eu disse cruzando os braços. – É só isso que você veio falar?
- Pra falar foi só isso sim, mas pra fazer não. – disse se aproximando e me encostando na parede.
- O que você acha que tá fazendo? – eu perguntei tentando sair daquela posição.
- Te dando uma coisa pra você lembrar durante todo o jantar. – Seus olhos estavam fixos na minha boca, e os meus, na sua. Eu sentia o calor do seu corpo se aproximar do meu, tornando-me alheia a qualquer brisa que tocasse a minha pele. A única a qual eu não estava alheia era a de sua respiração quente, que agora eu sentia no meu queixo. Prensou o quadril contra o meu, me deixando mais corada e colou nossos lábios repentinamente. Correntes elétricas passaram por toda a extensão do meu corpo, enquanto ele descia uma das mãos quentes pro meu quadril, e eu subia uma das minhas pra sua nuca. Se um sorriso do Jake pode derreter qualquer uma, um beijo do pode fazer qualquer um entrar em ebulição, sublimação, vaporização ou qualquer outra mudança de estado físico. Ele me beijava de um jeito que eu não queria que ele parasse e foi quando eu percebi que não conseguiria restringir tudo aquilo só naquela noite que passamos juntos, eu precisava de mais.
- Você não deveria ter feito isso. – disse quebrando o beijo e sentindo os lábios formigarem.
- E por que não? – perguntou levantando uma sobrancelha, um tanto ofegante.
- Porque quem decide quando você vai me beijar sou eu, . – eu disse com um sorriso no canto dos lábios me aproximando mais dele.
- Você me deixa louco quando me chama assim. – ele disse balançando a cabeça.
- Assim? – perguntei com um sorriso malicioso. – .
- É melhor você parar, senão não vai ter jantar nenhum pro Jake. – sua voz saiu por entre os dentes, como se estivesse se privando de voltar a me agarrar. Senti um frio na boca do estômago, com o pensamento.
- Eu vou parar, por hoje. – eu disse antes de dar um beijo no canto de sua boca e voltar para a mesa como se nada tivesse acontecido.
- Vamos? – eu perguntei ao Jake quando cheguei à mesa.
- Vamos. – ele disse se levantando, nos despedimos de todos e seguimos para o seu carro.
estava certo, ele tinha dado uma coisa para eu pensar, mas não só durante todo o jantar, mas sim durante toda a noite, todos os dias até que eu o tenha novamente e se isso dependesse apenas de mim seria muito em breve, muito em breve mesmo.


Capítulo 14

- Onde vamos comer? – perguntou Jake quando entramos no carro.
- Eu deixo você escolher. – eu respondi.
- Gosta de comida japonesa? – ele perguntou.
- Adoro. – respondi com um sorriso. Quando fui prender o cinto de segurança olhei de relance para a entrada do pub e estava lá parado me olhando com um sorriso no rosto, já seria bem difícil não pensar no beijo durante o jantar, ele estava disposto a tornar mais difícil ainda. Sacudi a cabeça numa tentativa frustrada de tirá-lo da cabeça e voltei minha atenção a Jake.
Quando chegamos ao restaurante, Jake pediu um daqueles barcos enormes e enquanto esperávamos, começamos a conversar.
- E então, tá gostando da faculdade?
- Eu tô adorando, sempre gostei de música.
- É muito diferente da outra?
- Um pouco, essa é um pouco mais difícil. Eles cobram mais instrumentos que na outra, lá era praticamente só canto.
- Entendo. – ele disse coçando a cabeça. – Será que vai demorar pra vir a comida?
- Não sei, pensei que você conhecesse esse lugar. – eu disse rindo.
- Eu nunca vim aqui, já passei aqui em frente várias vezes e sempre pensei em entrar, mas comer sozinho em restaurante é muito triste. – ele disse um pouco alto e um senhor que estava na mesa ao lado o olhou de cara feia e eu não pude segurar o riso.
- É realmente muito triste comer sozinho. – eu disse apoiando a mão na mesa.
- Eu tenho sorte de estar aqui com você. – ele disse colocando a mão por cima da minha e sorrindo. Sorri de volta e ao olhar em seus olhos, ao invés de ver os seus olhos, era um par de olhos que estava no lugar, então puxei a mão assustada.
- Desculpa, , eu não deveria ter feito isso. – disse Jake tirando a mão de cima da mesa.
- Não, Jake, não precisa se desculpar, não foi culpa sua. Eu só me assustei com o meu celular que vibrou na bolsa, deve ser alguma mensagem. – eu menti, rezando para parecer pelo menos um pouco convincente.
- Ah, sim. – ele disse, eu acho que fingindo acreditar. No meio desse momento constrangedor nossa comida chegou.
- , eu sei que você deve estar achando esse encontro péssimo, mas é que eu perdi a prática. Estou há tanto tempo sem sair com alguém. – Jake disse meio envergonhado.
- E você acha que eu tenho alguma prática? Passei a minha vida quase toda com uma pessoa só. Não se preocupe isso, ok? – eu disse com um sorriso.
- Mas você sai com outras pessoas pelo menos, e eu nem isso. – ele disse antes de beber um pouco do seu saquê.
- Eu saio com outras pessoas? Que outras pessoas? – eu perguntei confusa.
- O , por exemplo. – ele disse sério e eu ri.
- O é meu amigo.
- E você beija todos os seus amigos?
- Não estou te entendendo, Jake. – eu falei confusa. – É a primeira vez que saímos juntos e você já vem com essas perguntas.
- Desculpa se eu estou sendo indiscreto ou algo assim, é que eu realmente estou gostando de você e eu preciso saber se você está envolvida com alguém, preciso saber se você também está disposta a gostar de mim um dia, quem sabe. – ele disse soltando um suspiro pesado depois.
- Tá, eu meio que te entendo.
- É estranho, , vocês não têm nada, mas estão sempre juntos e tal. Hoje mesmo, quando você falou que ia ao banheiro, um tempo depois ele levantou e foi na mesma direção, parece que não consegue ficar longe de você. – ele disse. Ele tinha percebido que o tinha ido atrás de mim no banheiro, então todo mundo percebeu. Será que o não estava conseguindo mesmo ficar longe de mim? Eu acho que nem eu mesma estava conseguindo ficar longe dele, porque eu estou aqui com o Jake, deveria estar pensando no próprio Jake, certo?
- Jake, rolou sim uma coisa com o , mas não tem mais nada. Eu acho que se você realmente quer ter alguma coisa comigo, tem que parar com isso. Nós não temos nada e você já está assim, imagina se tivéssemos. – eu disse. – Eu acho melhor eu ir embora.
- Calma, , eu te levo. – ele disse, levantando a mão para pedir a conta. O caminho até a minha casa foi silencioso, silencioso até demais. Quando chegamos, ele se apressou pra sair do carro e abrir a porta do meu lado.
- Eu queria que essa noite tivesse sido perfeita. – ele disse oferecendo a mão para me ajudar a sair.
- Jake, você não tem que tocar nesse assunto de novo. – eu disse fechando a porta do carro.
- Claro que tenho, eu posso ter estragado tudo. – ele disse se aproximando. – Eu estraguei?
-Talvez. – eu respondi e ele colocou a mão em meu rosto.
- Será que posso tentar consertar agora? – ele perguntou deixando sua respiração pesada bater em meu rosto por causa da proximidade.
- Eu acho melhor deixarmos isso pra outro dia. – eu disse dando um beijo em seu rosto. – A gente pode tentar não errar, então não terá nada para ser consertado.
- Tudo bem. – ele disse rindo, pegando minha mão e depositando um beijo. – Boa noite.
- Boa noite. – eu respondi e subi para o apartamento.
Chegando ao meu quarto, eu me joguei do jeito que estava na cama, e Jake estavam me deixando muito confusa. Eu não sei por que eu agi daquela forma com o Jake quando ele falou do , ele pode ter exagerado nas perguntas, mas eu também exagerei nas reações. Se eu realmente achasse que o é apenas meu amigo, deveria ter ficado mais calma, na verdade, se o fosse apenas meu amigo eu não deveria ter deixado ele me beijar de novo. Eu não deveria ter falado nada daquilo que eu falei, onde já se viu falar pra um cara que ele tem que esperar você o beijar, isso quer dizer que você quer beijá-lo novamente. E por que só de lembrar o beijo dele eu não paro de pensar em beijá-lo de novo? Mas qual seria o problema de beijá-lo de novo?

’s POV on

- Você não deveria ter feito isso. – disse quebrando o beijo.
- E por que não? – eu perguntei levantando uma sobrancelha, um tanto ofegante.
- Porque quem decide quando você vai me beijar sou eu, . – ela disse com um sorriso no canto dos lábios se aproximando mais de mim.
- Você me deixa louco quando me chama assim. – eu disse balançando a cabeça.
- Assim? – ela perguntou com um sorriso malicioso. – .
- É melhor você parar, senão não vai ter jantar nenhum pro Jake. – minha voz saiu por entre os dentes, reprimindo toda a vontade de arrastá-la para dentro do primeiro lugar que visse.
- Eu vou parar, por hoje. – ela disse antes de dar um beijo no canto da minha boca e voltar para a mesa como se nada tivesse acontecido.
Quando ela se afastou, eu tive que me segurar para não trazê-la de volta. Também tive que controlar meus pensamentos, pois certas partes do meu corpo fogem do controle quando ela está por perto. Achei que era melhor entrar no banheiro e jogar uma água no rosto, acho que ajudaria a acalmar. Quando voltei à mesa ela estava saindo, então fui até a porta e fiquei olhando de longe ela se afastar com o Jake. Antes do carro partir ela olhou em minha direção e um sorriso escapou de meus lábios, ela sustentou o olhar por uns segundos depois sacudiu a cabeça, como se afastasse algum pensamento, voltando a atenção ao seu acompanhante.

- , você foi ao banheiro atrás da ? – perguntou .
- E foi atrás dela agora na porta também? – perguntou .
- Você também não tem nenhuma pergunta, ? – eu disse sentando na cadeira.
- Na verdade tenho. – disse . – Você não vai responder as outras perguntas?
- Vocês são uns fofoqueiros. – eu disse rindo.
- Anda, , responde! – disse .
- Tá bom. – eu disse fazendo sinal de rendição. – Sim, eu fui atrás dela no banheiro e na porta também.
- Por quê? – perguntou .
- Não sei. – eu disse bufando. – Não consigo ficar longe dela.
- Como assim não consegue ficar longe dela? – perguntou .
- Não sei o que tá acontecendo comigo, na verdade, eu não sei o que acontece comigo quando tem algo relacionado a ela. – eu disse suspirando. – Eu acho que estou ficando maluco.
- Por ela, né? – perguntou Matheus rindo.
- Talvez. – eu respondi rindo também.
- Mas vocês só ficaram juntos uma vez e você já tá assim? – perguntou .
- Para você ver como ela é, sei lá, quase viciante.
- Viciante? Isso tá é cheirando a amor, paixão ou qualquer coisa do tipo. – disse rindo.
- Também não exagera, . – eu disse rolando os olhos. – É coisa passageira.
Tem que ser - adicionei mentalmente.
- E se não for? – perguntou .
- Não tem chance de não ser, , eu sei que vai passar. – eu respondi.
- E o que você vai fazer enquanto não passar? – perguntou .
- Enquanto não passar eu continuo como estou, sem saber de nada.
- Ela corresponde pelo menos? – perguntou .
- Ela sempre tenta fugir, mas nunca consegue resistir. Eu acho que no fundo ela também quer. – eu respondi.
- Mas você quer namorar mesmo? – perguntou .
- Não, você por acaso já me viu namorando, ?
- Não, mas sempre tem uma primeira vez e se você está todo gamado nela como tá parecendo, eu acho até uma boa idéia, assim você sossega. – ela disse rindo.
- Eu não vou namorar ninguém, ok? – eu disse levantando. – Eu vou pra casa, assim vocês podem namorar à vontade. Quer uma carona, Matheus?
- Eu vou à casa de uma amiga minha, se você puder me deixar lá. – ele disse.
- Ela não tem uma colega de quarto? – eu perguntei rindo.
- , se ela tiver uma colega de quarto significa diversão em dobro pra mim. – ele disse gargalhando em seguida.
- Você realmente não presta! – eu disse dando um soco leve em seu ombro. – Vamos, eu te levo. Despedimo-nos dos nossos amigos e seguimos para o meu carro. Boa parte do caminho seguimos em silêncio, só ouvindo a música que tocava no rádio, até que Matheus o quebrou.
- Seja sincero comigo, você tá sentindo alguma coisa pela ?
- Eu sinceramente não sei, Matheus, tá tudo muito estranho.
- Eu queria pedir uma coisa pra você, como amigo da . Na verdade como amigo dos dois.
- Pode pedir.
- Eu queria que você fosse devagar com ela. Ela passou por uma situação muito complicada e eu sinto que você tá fazendo bem a ela, mas eu sei que em algum momento tudo pode ser demais. E quando esse momento chegar, eu peço pra que entenda a reação que ela tiver.
- O que aconteceu com ela? Foi alguma coisa com aquele Sam, né?
- Ela nunca te falou?
- Não, ela fala que não gosta de tocar nesse assunto.
- Então é melhor eu nem falar nada, quando ela se sentir à vontade ela mesma vai contar.
- Matheus, eu quero o bem da . Eu não vou fazer nenhum mal a ela, eu sei que você se importa com ela como se ela fosse sua irmã. Então não se preocupe, o que quer que o Sam tenha feito, eu não vou repetir.
- Eu sei que não vai.

Deixei Matheus na casa da tal amiga dele e voltei para minha, ao chegar fui direto para o banho. Fiquei alguns minutos debaixo da água quente tentando relaxar e tirar da cabeça. Quando terminei o banho resolvi fazer alguma coisa para comer, mas quando estava chegando à cozinha, escutei o barulho da campainha.
- ? – perguntei surpreso ao abrir a porta.
- Oi. – ela disse fraco. – Posso entrar?
- Claro. – eu respondi dando passagem a ela. – O que você tá fazendo aqui?
- Se eu disser que não sei, você acredita? - ela perguntou com um sorriso tímido e eu fiz que sim com a cabeça. – Na verdade, eu nunca sei o que estou fazendo quando é com você.
- Isso é uma coincidência. – eu respondi me aproximando dela. – Eu me sinto da mesma forma.
- E o que vamos fazer em relação a isso? – ela perguntou olhando em meus olhos, depois descendo o olhar para a minha boca.
- O que vamos fazer em relação a isso eu não sei. – disse avançando, rompendo a distância que havia entre nós, a abraçando pela cintura e colando seu corpo no meu. – Mas sei o que podemos fazer agora.
- Eu acho uma ótima idéia. – ela disse colocando os braços ao redor do meu pescoço.
- Outra coincidência. – eu disse antes de selar nossos lábios de forma intensa e urgente. No momento em que nossas línguas se tocaram eu tive certeza que estava viciado em tudo que vinha dela. Eu necessitava dela mais do que qualquer coisa nesse momento. Ela parecia querer colaborar com o vício que se instalava em mim agora, descendo beijos pelo meu pescoço.
- Você estava certo. – ela disse com dificuldade quando quebrou o beijo.
- Em que? – perguntei ofegante.
- Você realmente me deu algo para pensar durante o jantar. – ela disse e eu sorri vitorioso. – Eu acho que não estou conseguindo mais ficar longe de você. – ela disse apoiando sua testa na minha e olhando em meus olhos.
- Eu tenho certeza que não posso mais ficar longe de você. – eu disse dando um beijo leve em seus lábios.
- Precisamos resolver isso. – ela disse puxando os cabelos da minha nuca, enquanto eu descia beijos pelo seu pescoço.
- Tem que ser agora? – eu perguntei ao seu ouvido. E o seu beijo foi como uma resposta negativa a minha pergunta.


Capítulo 15

- Agora nós temos que conversar. – eu disse sentando na cama.
- Não, depois a gente conversa. – ele disse me fazendo deitar de novo.
- Não, , temos que conversar agora.
- Tudo bem, pode falar.
- O que nós vamos fazer?
- Sobre?
- A crise mundial. – eu disse revirando os olhos. – Nós dois!
- Não sei, .
- Vamos continuar assim, ficando às vezes? Isso não vai dar certo.
- Você quer o que, namorar?
- Não! Não mesmo. – eu disse levantando. – Eu só acho estranho, nunca agi assim.
- Eu também não quero namorar, mas eu tenho que ficar com você de alguma forma.
- O que aconteceu entre nós? Há uns dias não conseguíamos ficar cinco minutos sem nos xingar.
- E agora não podemos ficar longe um do outro. – ele disse me puxando pela cintura.
- Eu acho que ainda estou perdida no meio do caminho, têm horas que eu ainda quero te matar.
- Pra ser sincero, eu também, mas prefiro como estamos agora.
- Você acha que isso vai dar certo? - perguntei sentando em seu colo. – Porque é complicado, nós podemos confundir as coisas.
- Você tá com medo de se apaixonar por mim ou algo do tipo? – ele perguntou rindo e eu revirei os olhos em resposta. – Seus amigos me perguntaram se eu estava apaixonado por você, depois que você foi embora.
- E o que você respondeu? – perguntei, sentindo o coração acelerar.
- Que não, é claro. – ele respondeu e suspirei aliviada.
- Nós podemos tentar, mas quando sentirmos que não está dando certo nós paramos.
- Deixa eu ver se eu entendi, eu vou poder ficar com você sempre que eu quiser e ainda vou pode ficar com outras pessoas?
- É quase isso. Você vai ficar comigo quando eu quiser.
- E você quer agora? – ele perguntou antes de começar a distribuir beijos no meu pescoço.
- Não. – eu disse rindo contra os seus lábios quando eles alcançaram os meus.
- Tem certeza? – ele perguntou e num movimento brusco me deitou na cama e começou a fazer cócegas.
- Essa é uma ótima maneira de convencer uma garota a ficar com você. – eu disse entre muitas risadas.
- Então eu consegui te convencer?
- Não. - eu disse levantando antes que ele me impedisse. – Tenho que ir pra casa, ninguém sabe onde eu estou.
- , são quatro horas da manhã, não vou deixar você sair daqui essa hora. Manda uma mensagem pra e avisa que você tá aqui comigo.
- Tudo bem. – eu disse pegando o celular na bolsa. – Tem mais de dez chamadas não atendidas e uma mensagem, bem mal educada, por sinal.
- O que tá escrito? – ele perguntou e eu dei o celular na mão dele.

, você é louca ou o que? Quando for passar a noite fora, avise.
Me aguarde quando chegar em casa.


- Ela se preocupa mesmo com você, né? – ele perguntou rindo enquanto me devolvia o celular.
- Você não imagina o quanto! – eu respondi enquanto escrevia uma mensagem dizendo que estava na cada do e estava viva, enviando em seguida. – Quando eu chegar em casa ela vai gritar até se acalmar e quando estiver bem calma vai querer saber o que aconteceu, é sempre assim. Ainda bem que ela não tem o telefone do Jake, porque ela já teria ligado.
- Se ela ligasse pro Jake as coisas iam ficar meio estranhas. No dia do primeiro encontro de vocês, você foi pra casa de outro cara. Eu me sentiria um merda. – ele disse rindo.
- Você é um merda. – eu disse rindo também.
- Pronto, começou o amor. – ele disse fazendo careta. – Vai ficar defendendo seu namoradinho?
- Ele não é meu namoradinho.
- Ainda. Esse cara parece gostar mesmo de você. – ele disse sério, dava pra sentir certo ciúme em seu tom de voz.
- Até demais. – eu disse baixo.
- Por quê?
- No primeiro encontro ele já quis fazer ceninha de ciúme.
- Alguém deu em cima de você no restaurante?
- Não, alguém foi atrás de mim no banheiro lá no pub.
- Ele tá com ciúme de mim?
- Muito ciúme.
- Não acredito. – ele disse rindo muito alto.
- Você não ficaria com ciúme?
- Claro! Quem não morreria de ciúme se visse a namorada com um cara como eu?
- Você é um idiota! – eu disse rindo.
- E você é linda, ainda mais vestida assim. – ele disse olhando minhas pernas que não estavam cobertas pela blusa dele que eu usava.
- Você não presta.
- Eu não presto? – ele perguntou atravessando a cama e vindo em minha direção, me puxando pela mão até unir nossos corpos.
- Nem um pouco. – eu respondi com um sorriso no rosto.
- Agora fala assim: “, você não presta." – ele disse me deitando na cama.
- , você não presta. – eu sussurrei ao seu ouvido antes de sentir seus lábios contra os meus.

***

Fui entrando bem devagar em casa para não acordar ninguém, mas foi inútil, pois e Matheus me esperavam na sala.
- O que você tem na cabeça? – perguntou visivelmente nervosa.
- Desculpa, eu sei que tô errada.
- Você podia ter avisado, , um bilhete ou qualquer coisa do tipo. – disse Matheus bem mais calmo.
- Eu não sabia que iria demorar tanto. – eu disse sentando entre eles no sofá.
- Você vai pra casa de um cara no meio da noite e não sabe se vai demorar? – perguntou Matheus rindo.
- Por que você foi atrás do ? – perguntou . – Pensei que você estivesse com o Jake.
- Umas coisas que aconteceram antes e durante o jantar interferiram no que aconteceu depois. Tô tão confusa. – eu deitando a cabeça no colo da .
- Eu sei que aconteceu alguma coisa antes do jantar, só não sei o que exatamente. Nós vimos o te seguindo e voltando um pouco depois que você. – ela disse.
- Ele me beijou. – eu disse num suspiro.
- Era o que eu tinha imaginado. – ela disse afagando meu cabelo.
- Eu falei com ele sobre isso, enquanto ele me levava na casa da Ellen e dá pra sentir que ele está tão confuso quanto você. – Matheus disse.
- É tão estranho. Eu sei que não estou apaixonada, mas tem uma coisa que me puxa pra ele que me faz não conseguir ficar longe.
- Então não fica. – disse .
- Isso não vai dar certo, .
- E o Jake? – perguntou .
- Boa pergunta.
- O que aconteceu durante o jantar? – ela perguntou.
- Ele deu crise, começou a me fazer milhões de perguntas, falou do , da foto do jornal.
- Crise no primeiro encontro? – perguntou Matheus.
- É, e eu meio que me descontrolei quando ele começou a fazer um monte de perguntas sobre o .
- , eu acho que você tem que se afastar dos dois por uns dias pra ver o que você realmente quer. – disse .
- É, você tem razão, eu tenho que decidir o que eu vou fazer em relação ao Jake. Não posso tomar decisões precipitadas.
- Também acho. – disse .
- Já que tudo se resolveu bem, a tá viva e segura em casa, eu vou dormir. Você teve uma ótima noite, provavelmente não de sono, mas eu nem de sono tive. Fiquei aturando o desespero da e não dormi nada. – disse Matheus levantando do sofá. – Bom dia.
- É, eu vou dormir também. – disse . – Bom dia.
- Bom dia. – eu disse deitando no sofá.


Capítulo 16

Passei toda a semana seguinte distante das duas pessoas que estavam me levando à beira da loucura. Jake me ligou algumas vezes e eu atendi uma ou duas vezes, já pareceu entender que eu queria um tempo longe dele ou ele apenas não se importou com a distância que eu impus e nem apareceu no pub sexta-feira, o que me deixou um pouco desapontada. E chegou sábado e era aniversário do Matheus, então de alguma forma eu teria que encontrá-lo hoje e pude sentir meu coração acelerar só com esse pensamento.

- ? – disse Matheus batendo na porta do meu quarto.
- Entra. – eu disse deitada na cama encarando o teto.
- Vamos sair hoje?
- Claro, não podemos comemorar seu aniversário em casa, afinal não é todo dia que se faz 24 anos.
- , 23 anos e doze meses, por favor. – ele disse rindo.
- Desculpa. - eu disse forçando um sorriso.
- O que foi? – ele disse deitando ao meu lado na cama. – Você tá meio triste essa semana.
- Não sei. – eu respondi me apoiando em seu peito.
- Ainda é por causa do e do Jake?
- Sempre é. – eu disse respirando fundo. – Eu acho que vou virar freira.
- Não exagera, né, . – Matheus disse fazendo careta. – Você precisa ter calma que tudo vai se resolver.
- Mas eu não consigo ter calma.
- Mas você tem que ter, , afinal foi você que começou toda essa confusão. Você que aceitou sair com o Jake, você que foi atrás do na casa dele, você aceitou essa relação doida com ele.
- Matheus, você não tá ajudando.
- Mas eu não disse que era pra ajudar. – ele disse sério. – Eu sou seu amigo e tenho que ser sincero com você, você tá colhendo o que plantou. Você soube plantar e tem que saber colher.
- Eu sei, mas...
- Sem ‘mas’, , você vai levantar dessa cama e encarar todos esses problemas de frente. Você já enfrentou coisa pior.
- Eu tô fazendo papel de boba, né?
- Eu preciso responder? Tem dois caras doidos por você e você aqui com essa cara, se você não quer escolher agora, não escolhe. Fica com os dois, aposto que vai ser bem mais emocionante.
- Tinha que ser você pra me dar um conselho desses. – eu disse rindo. – Mas eu acho que vou seguir um conselho seu pela primeira vez na vida.
- Você vai ver como é bom não ser certinho o tempo todo.
- Obrigada.
- Você sabe que pode me gritar a qualquer momento, não sabe?
- Sei. – eu disse sorrindo e ele me deu um beijo no alto da testa. – Te amo.
- Eu também, minha , eu também. – ele disse levantando da cama. – Fique bem bonita hoje à noite.
- Ficarei.
- Ah, sua mãe me ligou e falou que vai fazer um almoço pra mim amanhã na casa dela e que todos os nossos amigos estão convidados.
- Isso é bem típico da minha mãe. – eu disse suspirando. – Eu acho que ela usa você e a pra compensar de ter tido só um filho.
- Eu não me incomodo. – ele disse dando de ombros.
- Isso porque ela só mostra o lado bom dela pra vocês.
- O vai, tudo bem?
- Claro, ele é seu amigo, por que não iria?
- Quer que chame o Jake? – ele perguntou e eu o olhei séria.
- O aniversário é seu, você chama quem quiser. – eu disse levantando.
- Mas eu tenho que saber qual namorado você vai apresentar para os seus pais. – ele disse rindo.
- Some daqui. – eu disse jogando uma almofada nele, mas antes que ela pudesse acertá-lo ele já tinha saído pela porta.

***


O som estava alto quando entramos na boate, eu e Matheus fomos de carona com e e encontraríamos com os outros lá; sentamos em uma mesa mais afastada da pista.
- Eu vou ao banheiro. – eu disse um pouco alto devido ao barulho.
- Eu vou com você. – disse .
- Aqui parece legal. – eu disse quando entramos no banheiro.
- É – disse retocando o gloss. – Você vai parar de fugir do hoje?
- E quem disse que eu estou fugindo dele. – eu disse ajeitando o meu vestido.
- , você evitou qualquer lugar onde ele estivesse a semana toda.
- Isso não quer dizer que eu esteja fugindo.
- Não me surpreenderia se ele aparecesse com outra hoje.
- Nem eu.
- Você não ficaria incomodada?
- Nem um pouco. – eu disse me virando pra ela. – Vamos?
- Vamos. – ela respondeu. Quando saímos do banheiro vimos que todos os outros já tinham chegado, menos .
- Cadê o ? – ouvi Matheus perguntar enquanto me aproximava.
- Ele foi buscar a . – disse no momento em que eu cheguei à mesa e todos olharam pra mim apreensivos.
- O que foi, gente? Até parece que eu nunca vi o com ninguém.
- Mas agora não é diferente? – perguntou .
- Não, por que seria?
- Não, por nada. – ele respondeu.
- Meninas, vamos dançar?
- Vamos. – disseram todas ao mesmo tempo. Seguimos para a pista e começamos a dançar animadamente, atraindo vários olhares, incluindo os reprovadores vindos da nossa mesa. Depois de algumas músicas eu já estava exausta, mas a introdução de OMG! do Usher pareceu me revigorar.
- AH! EU AMO ESSA MÚSICA! – gritou .
- Eu também! – eu disse e de longe pude ver chegando com uma mulher, não muito alta e de longe não parecia ser extremamente bonita.
- Preciso beber alguma coisa ou eu vou morrer. – disse .
- Vamos pra mesa. – eu disse rindo.
- Até que enfim vocês voltaram. – disse .
- Você não acha que eu vou ficar a noite toda aí sentadinha do seu lado, né? – perguntou . – Eu quero dançar a noite toda.
- Vocês já deram coisa pra ela beber? – ele perguntou.
- Ela não precisa beber nada, ela já nasceu assim. – eu disse rindo.
- Boa noite, . – disse sério.
- Boa noite, , e boa noite...?
- . – ela disse com um sorriso falso. – Então você é a ?
- Eu mesma, você deve lembrar de mim do jornal.– disse devolvendo seu sorriso falso.
- É, de lá mesmo. , eu vou ao banheiro. – ela disse antes de lhe dar um beijo rápido e sair.
- É, você conseguiu se superar dessa vez. – eu disse antes de virar e ir em direção ao bar.
- Não entendi. – ele disse me seguindo.
- Pelo amor de Deus, , todo mundo sabe que você consegue qualquer coisa melhor que aquilo.
- Isso tudo é ciúme?
- Ciúme? Daquilo? , se eu tivesse que sentir ciúmes de você não seria por causa dela.
- Bom saber. – ele disse quando ela estava saindo do banheiro.
- A bonitinha está te procurando. – eu disse apontando com a cabeça na direção que ela estava.
- Aí está você. – ela disse fazendo uma careta quando me viu.
- Vamos dançar? – ele perguntou a ela que afirmou com a cabeça.
- Já vão tarde. – eu murmurei antes de pedir uma bebida.
- O que ele queria agora? – perguntou , que surgiu ao meu lado num piscar de olhos.
- Perturbar, como sempre.
- Ele estar com outra não te incomodou mesmo?
- Não, ele pode fazer qualquer coisa. – eu disse antes de beber um pouco da minha bebida. – Qualquer coisa menos isso.
tinha beijando o seu pescoço enquanto ele olhava fixadamente para mim e sorria, aquilo fez o meu sangue ferver. – Isso não vai ficar assim, não mesmo.
- O que você vai fazer? – perguntou e eu a olhei com um sorriso no rosto.
- Observe e aprenda. – eu disse pegando o celular na bolsa, procurei por um número especial na agenda e disquei.
- Alô, Jake?


Capítulo 17
(n/a: Coloque para tocar quando eu pedir)

- Você chamou o Jake? – perguntou rindo e eu confirmei com a cabeça. – Sou sua fã.
- Ele não quer brincar? Então vamos brincar.

Mais ou menos meia hora depois, estávamos todos sentados e conversando quando Jake chegou, ele estava com uma blusa branca por baixo da jaqueta de couro cinza, uma calça jeans clara e um tênis branco, o cabelo estava meio bagunçado e no rosto um belo sorriso.

- Você veio! – eu disse o abraçando.
- Você acha que eu recusaria um convite seu? – ele disse, depositando um beijo no meu rosto, perigosamente perto dos lábios.
- Vem, vamos pra mesa. – eu disse o puxando pela mão.
- Parabéns, cara! – ele disse, puxando Matheus num abraço. – Boa noite a todos.
- Boa noite. – todos responderam, bem simpáticos por sinal, exceto , que se limitou a me olhar surpreso.
- Eu vou cumprimentar uns amigos ali na outra mesa. – Jake disse ao meu ouvido antes de se afastar.
- Você não perde nenhuma oportunidade, né? – disse , baixo o suficiente para somente eu ouvir.
- Não sei do que você está falando.
- Você só chamou o Jake porque me viu com a .
- E? – minha pergunta o pegou desprevenido. – , eu acho que você está se valorizando demais. Eu poderia estar com qualquer outro cara dessa boate, mas eu preferi o Jake. Que mal há nisso?
- É só isso então?
- Sim, somente isso. Ao contrário do que você pensa, nem tudo envolve você.
- Ok, desculpa ter perguntado, isso parece te irritar um pouco.
- Pra ser sincera, tudo que envolve você e seus joguinhos tem me irritado bastante ultimamente.
- Meus joguinhos?
- Sim, seus joguinhos, tipo você dançando com a e olhando pra mim. Eu não tenho que me incomodar com ela, mas isso é praticamente um insulto. – eu disse e ele sorriu. – Então, se você pode jogar, eu também posso.
- Eu não tinha levado as coisas pra esse lado, mas se você quer assim...
- É exatamente assim que eu quero.
- Então é bom você saber que eu nunca entro num jogo pra perder.
- Ainda bem, senão não teria a mínina graça.
- ? – escutei Jake chamar.
- Boa sorte, . – eu disse antes de caminhar até Jake.
- Vejo que a minha presença aqui é surpresa para algumas pessoas. – disse Jake, olhando para a direção onde estava.
- Acho que é surpresa pra todo mundo, inclusive pra mim.
- E o que motivou isso?
- Isso realmente importa?
- Pra ser sincero, não, mas é bom saber ou confirmar. – ele disse apontando para o bar, onde e se beijavam.
- Bom argumento! Mas se o motivo fosse esse que você está pensando, eu poderia ficar com um cara que já estivesse aqui na boate, mas não, eu preferi ligar pra você.
- Me senti até honrado. – ele disse rindo.
- Jake, você pode ir embora se quiser.
- Não! Claro que não. Não vou me dar ao luxo de desperdiçar essa oportunidade e dessa vez vou fazer tudo certo.
- Então você poderia começar a fazer as coisas certas dançando comigo.
- Seria um prazer.

’s POV on

O que eu posso fazer? Ela não quis me ver durante toda essa semana, eu não podia ficar sentado em casa, esperando as vontades dela. Um dia eu saí, encontrei a e foi meio inevitável, quando percebi já estávamos na minha casa, na minha cama. Eu não poderia simplesmente mandá-la embora, ela é uma garota legal, eu gosto de ficar com ela. Tudo bem, ela é irritante às vezes, mas quem não é? Agora que tenho que aturar aquele Jake, ele não deveria estar aqui, ele não deveria estar com ela. Eu que devia estar ali sentado ao seu lado, eu que deveria estar conversando com ela, eu que deveria estar dançando com ela. Ah! Eu sou tão estúpido. Não vou ficar me martirizando por uma garota que não tá nem aí para o que eu acho, nem para o que eu sinto, muito menos pra mim. Não que eu sinta alguma coisa por ela, mas é complicado ver a garota que não sai da sua cabeça, com outro bem na sua frente. Ela deve ter se sentido da mesma forma, por isso ligou pra esse Jake, é incrível como ele consegue me irritar, basta eu olhar pra ele que...

- ? – disse , interrompendo meus pensamentos. – Aconteceu alguma coisa?
- Não, por quê?
- Você ficou tão calado de repente.
- Nada, só impressão sua.
- Algo me diz que não é, foi só aquele cara chegar pra você ficar assim. Qual é o problema? É essa ?
- , esquece a . Eu já te disse milhões de vezes que eu não tenho nada com ela, já tive, mas passou, ok?
- Tudo bem.

Comecei a olhar vagamente para a pista, torcendo para que esse acesso da passasse logo, ela sempre tem “crises" quando algo é relacionado à , incrível como ela consegue interferir na minha vida, mesmo sem se dar conta disso. Quando percebi, eu olhava na direção em que ela estava dançando com o Jake. Quando uma nova música começou, ele a puxou para mais perto e falou alguma coisa em seu ouvido, fazendo-a rir de uma forma quase maliciosa.
(n/a: coloque a música para tocar agora.)

Nesse momento eu soube que não ia gostar do que viria a seguir...

Now listen to me baby
Me escute agora baby
Before I love and leave you
Antes de eu te amar e te deixar
They call me heart breaker
Eles me chamam de partidor de corações
I don't wanna deceive you
Eu não quero te enganar

If you fall for me
Se você se apaixonar por mim
I'm not easy to please
Eu não sou fácil de agradar
I might tear you apart
Eu posso te destruir
Told you from the start, baby from the start...
Te disse desde o início, baby desde o início...

É revoltante me ver nessa situação, logo eu que sempre estou rodeado de mulheres em qualquer lugar que eu vá, de repente estar aqui olhando outro cara perigosamente perto da mulher que eu... Não sei explicar o que eu sinto por ela, mas é algo mais parecido com um vício, uma necessidade além do normal do que com qualquer outra coisa. E agora é ele que está no “meu lugar", com uma das mãos na base das costas dela, enquanto a outra sobe até parar perto de sua nuca. É, as coisas estão indo para um caminho não muito agradável pra mim.

There's no point trying to hide it
Não há como tentar esconder
No point trying to evade it
Não tem como fugir
I know I got a problem
Eu sei eu arranjei um problema
Problem with misbehaving
Tendo este comportamento

If you fall for me
Se você se apaixonar por mim
I'm not easy to please
Eu não sou fácil de agradar
I might tear you apart
Eu posso te destruir
Told you from the start, baby from the start...
Te disse desde o início, baby desde o início...

Eles dançavam com uma distância aceitável, imposta pela é claro, já que em qualquer oportunidade, ele tentava trazê-la pra mais perto, perto demais pra mim. E eu encarava aquela cena como se não tivesse mais ninguém naquele lugar, era capaz de estar falando comigo e eu não estar ouvindo. Num momento o meu olhar cruzou com o dela e ela o sustentou por uns segundos, deixando escapar um leve sorriso. Então num movimento ela colocou seus braços ao redor do pescoço dele, trazendo-o para mais perto, contrariando todas as minhas vontades. Para piorar a situação ela aproximou seu rosto do dele, deixando seus lábios a centímetros dos dele, mais uma vez perto demais pra mim. Em outro movimento, ela ficou de costas para o Jake e de frente pra mim, me encarando como se gostasse do que o meu olhar demonstrava, me perguntei se era ciúme que ela via neles. Com outro sorriso, ela começou a cantarolar para mim junto com a música.

I'm only gonna break break your, break break your heart.
Eu apenas vou partir partir seu, partir partir seu coração.

Então ela virou, o encarou por alguns segundos e lentamente foi aproximando seu rosto do dele, até que seus lábios ficassem não a centímetros e sim milímetros dos dele. Então ele selou seus lábios, para o meu quase desespero. Devo admitir, ela sabe jogar.

’s POV off

Abri lentamente os olhos, ciente do que tinha feito. Eu simplesmente beijei o Jake na frente do , eu simplesmente envolvi outra pessoa nesse jogo maluco que inventamos.

- Jake, me desculpe, eu não deveria ter feito isso.
- Você está pedindo desculpas por me beijar? Por fazer aquilo que eu espero desde os meus quatorze anos? – ele perguntou rindo.
- Tudo bem, retiro minhas desculpas. É que eu não devia mesmo ter feito isso.
- Por quê?
- Eu não podia te envolver nisso.
- Então tem mesmo um ‘nisso’.
- Isso é um pouco complicado pra ser tratado aqui e agora.
- Tudo bem, mas eu só quero saber uma coisa, para o meu próprio bem, ainda tem alguma coisa entre vocês?
- Depois de hoje? Eu acho que não. – eu disse rindo.
- Isso é tudo o que eu queria saber. – ele disse antes de me puxar para outro beijo.

***


- Vamos, gente, minha mãe odeia atrasos. – eu disse impaciente, sentada no sofá.
- Calma, calma, estou pronta. – disse ajeitando seu vestido.
- Não dá certo o dormir aqui, você sempre se atrasa no dia seguinte.
- Hey, não atrasa o meu lado. – disse me jogando uma almofada.
- Todos prontos? – perguntou Matheus vindo da cozinha.

A ida até a casa dos meus pais foi engraçada, todos lembrando tudo que tinham aprontado no dia anterior, todos menos Matheus, que mal lembrava como tinha chegado em casa. Quando chegamos, minha mãe já tinha preparado todo o almoço e estava só a nossa espera. Quem visse o sorriso da minha mãe quando ela viu o Matheus, acreditaria que ela era mãe dele, é assustador o quanto ela gosta dele, e meu pai não fica atrás, Matheus é o filho homem que ele não teve. Uns vinte minutos depois outros chegaram e, para a minha alegria, não estava com eles, eu não estava nem um pouco a fim de aturar as caras que ela fazia pra mim. Com a conversa que seguia na sala, o resultado da curta noite de sono foi se revelando. Decidi então ir até a cozinha pegar alguma coisa para beber e espantar o sono.

- Você não perde tempo e depois diz que não sente ciúmes. – disse, me seguindo até a cozinha.
- Do que você está falando?
- Eu estou falando de você chamar o Jake para ir até a boate ontem, só pra tentar me fazer ciúme.
- Mas não é questão de tentar fazer ou não ciúme, pelo menos pra mim não é.
- É questão de que então?
- Direitos iguais. Se você pode, eu também posso. - eu disse com um sorriso.
- Direitos iguais? – ele perguntou, encostando-se ao balcão.
- É, você levou a bonitinha e eu o Jake. – eu disse enquanto pegava uma garrafa de água na geladeira. – E não reclame, porque foi você que começou.
- Eu comecei?
- , não se faça de inocente, porque não combina com você. É sempre a mesma história, você sempre arruma um jeito de bagunçar as coisas e colocar a culpa nos outros. – eu disse, fechando a geladeira com força antes de virar para encará-lo.
- Não sou eu que bagunço as coisas.
- Não? Quem bagunça então? – eu disse, colocando a garrafa em cima do balcão e cruzando os braços.
- Você!
- Eu?
- Você mesma! Quem ficou fugindo durante toda essa semana?
- Eu, mas...
- Não tem essa de 'mas', , você sabe que é verdade.
- Não jogue a culpa pra cima de mim. Você também tem a sua parcela de culpa, .
- Exatamente, eu tenho minha parcela de culpa. Não é tudo culpa minha.
- Isso não tá dando mais certo, eu acho melhor esquecermos tudo o que aconteceu. Eu devia saber, desde o começo, que isso não daria certo. – eu disse virando as costas para sair da cozinha.
- É, vamos esquecer. É isso que você sabe fazer, fugir. Você nunca encara os seus problemas, sempre arruma uma forma de correr deles. Foi assim com o Sam, é assim comigo e será assim com o Jake.
- Não fala do que você não sabe. Você não sabe um terço do que eu passei. – eu disse, apontando o dedo para ele.
- Claro, você não tem coragem de falar.
- Eu sou uma idiota mesmo, como eu pude pensar qualquer coisa que daria certo. Nada com você dá certo. Você parece ter o dom de estragar tudo.
- E você é a pessoa mais sábia para falar de relacionamentos, não é? Espere. – ele disse com uma expressão surpresa. – Você não deveria estar casada? Onde está sua aliança?
- Eu não acredito que você falou isso. Sai da minha frente, ou melhor, sai da minha vida.
- Com todo prazer. – ele disse antes de dar as costas e ir em direção à sala.


Capítulo 18

- Quem ele pensa que é? Ele não pode falar aquelas coisas pra mim! Ele não sabe o que aconteceu! – eu gritava dentro do quarto dos meus pais.
- ? – perguntou , entrando no quarto. – O que aconteceu?
- O , . Ele existe! Já é motivo suficiente pra me irritar.
- O que? – ela perguntou confusa. – O que ele fez dessa vez?
- Ele jogou na minha cara que nenhum relacionamento meu dá certo, que eu sempre tenho que arrumar algum problema. E ainda por cima, insinuou que a culpa do meu noivado ter terminado, era minha. Minha!
- Mas como a conversa chegou a isso?
- Ah! Eu não lembro, . Eu devia ter enfiado a mão na cara dele. – eu disse, passando a mão nervosamente pelo cabelo.
- Não, não devia. – ela disse, sentando na cama e me fazendo sentar ao seu lado. – , ele não sabe nada do Sam, é normal que ele tire suas próprias conclusões...
- Mas, , ele não podia...
- Não, , ele não podia falar o que falou, mas quem não fala um monte de besteira de cabeça quente? Duvido que você também não tenha falado.
- Eu mandei ele sair da minha vida.
- E é isso que você quer?
- Não sei. Foi a primeira coisa que eu consegui falar depois que eu ouvi as besteiras dele. Ele não tinha o direito de falar aquilo.
- Ele não tinha direito, mas falou. Agora ele tá lá embaixo, agindo como uma pessoa normal, o que você deveria fazer. Você não pode se deixar afetar dessa forma, tem que ser superior.
- Eu não sei se quero olhar na cara dele, .
- Mas vai ter que olhar. É aniversário do Matheus, você vai ficar aqui no quarto? Você não precisa falar com ele, finge que ele não tá lá.
- Você tem razão, eu não posso ficar aqui só por causa dele. – Levantamos e seguimos para a sala, onde estavam todos reunidos. , e Matheus estavam conversando com a minha mãe no sofá e estava conversando com meu pai perto da janela, como se nada tivesse acontecido.
- ! Já estava com saudade. – disse Matheus, vindo em minha direção.
- Mentira dele, minha filha. Ele queria que você voltasse logo pra eu poder servir o almoço. – minha mãe disse rindo.
- Bem típico dele.
- Então, podemos comer agora? – ele perguntou.
- Claro. – minha mãe disse, levantando do sofá e seguindo para a cozinha.

***


- Então, , era você que estava nas fotos com a minha filha? – meu pai perguntou. Eu engasguei com o suco que bebia e os outros riram.
- O que, pai?
- Eu perguntei ao se era ele que...
- Eu entendi a pergunta, pai. Só não entendi o porquê dela.
- Só curiosidade, minha filha. Já vi que esse assunto te deixa constrangida.
- Exatamente, pai. Constrangida.
- Então, , quando você vai vir aqui e pedir a minha autorização para namorar minha filha? Eu sei que os tempos já são outros, mas eu ainda sou careta.
- PAI!
- Você não disse que ficava constrangida? Então achei melhor perguntar a ele.
- Pai, não começa. Eu e o ...
- Nós não estamos namorando. – disse rindo. – Aliás, a está namorando o Jake, o senhor deve conhecer.
- O Jake? – meu pai disse e eu fuzilei com o olhar. – Não sei, , isso não me agrada muito.
- Mas o senhor não é amigo dos pais dele? – perguntou confusa.
- Sou amigo do Greg, mas não vou muito com a cara do Jake. Ele é um pouco... Estranho. Não sei explicar, , mas eu não acho uma boa idéia.
- Pai, eu não estou namorando o Jake, não estou namorando o , não estou namorando ninguém.
- Se você estivesse namorando o , eu não iria me opor. Eu gostei dele. – meu pai disse com um sorriso.
- O senhor não se opõe, mas a sua filha corre só de ouvir a palavra ‘namoro’.
- Então vocês não estão namorando porque ela não quer?
- Não, pai, nós não estamos namorando porque não tem motivos para isso. Será que podemos mudar de assunto agora?
- Não disse? – disse baixo, fazendo todos rirem.
- Eu perdi o apetite. – eu disse levantando da mesa. Segui até a cozinha e de lá pude ouvir a conversa.
- Não precisava disso, . Já não basta tudo o que você já falou hoje? – disse .
- Que eu saiba, eu não disse nenhuma mentira.
- O que ele já falou hoje? – perguntou .
- Coisas que ele não sabe. – respondeu.
- Coisas que nunca saberei, porque a tem medo de falar. Como ela pode ficar chateada com algo que eu disse? Eu não sei do que eu estou falando.
- Mas quando você não sabe se alguma coisa, é melhor ficar calado, não? – disse , se intrometendo na conversa.
- Você tá entendendo alguma coisa, ? – perguntou .
- Nadinha, mas eu acho que a culpa é do .
- Sempre é. – disse, rindo baixinho.
- Por que você começou com esse assunto, Robert? – perguntou minha mãe, num tom repreensivo.
- Como eu vou saber que esse assunto mexia tanto com ela?
- Vocês podem parar de falar de mim como se eu fosse uma coitadinha, ok? – eu disse voltando da cozinha.
-Talvez, se você parasse de... – começava a falar.
- Por favor, , não fala mais nada. Pelo menos não hoje.
- Eu vou pegar a sobremesa. – disse minha mãe, tentando, em vão, diminuir a tensão do ambiente.

***


Duas semanas se passaram e eu continuei evitando o , eu não sabia como agir com ele depois de tudo que ouvira. E nesse tempo eu me aproximei mais do Jake, saímos algumas vezes, passamos bastante tempo juntos. Eu acho que Jake seria uma melhor opção, quando comparado ao . Ele é mais correto, mais carinhoso, mais compreensível, mas só tem um defeito... Não é o . Durante todos esses dias eu tive sonhos estranhos e em todos eles o aparecia. Eu já estava ficando acostumada a acordar ofegante durante a noite e ficar rolando na cama, imaginando o que viria a seguir se eu não tivesse acordado. E eu sempre acordava no mesmo momento: no exato momento em que os lábios dele se encontrariam com os meus. Eu acho que estou ficando louca... Essa minha fixação por ele está se tornando uma doença, um vício; esses sonhos podem ser uma espécie de crise de abstinência, abstinência do . Eu estou realmente louca.

- , eu preciso me tratar. – eu disse fazendo bico e me jogando em sua cama.
- Por quê?
- . – eu disse num suspiro.
- Ah! Ele... Então vocês dois precisam de tratamento.
- Ele também tá assim?
- Ele tá mais estranho que o normal. Acredita que ele continua carregando aquela garota para todos os lugares?
- Sério, mas é tipo namoro? Eles estão namorando mesmo?
- Olha quem tá toda preocupada agora. Tá com medo de perdê-lo?
- , você nunca ouviu aquela máxima: “Não se pode perder o que não é seu."?
- Não é seu, porque você não quer... Você sabe muito bem disso.
- Não é bem assim... E você também sabe muito bem disso.
- E o Jake? Pensei que vocês também estivessem progredindo, talvez namorando.
- Não, eu não quero namorar. Nem o Jake e muito menos o . Só que eu não consigo tirá-lo da cabeça!
- Vocês estão assim por sua culpa. “Quem procura, acha." Nunca ouviu?
- Ninguém dessa família serve pra me apoiar, quando não é Matheus, é você. Eu gosto de ouvir “Vai ficar tudo bem, ." Ou “Não foi sua culpa, . O que é um babaca." Mas não...
- Mentir vai te fazer feliz?
- Vai.
- Vai ficar tudo bem, . Não foi culpa sua, o que é um babaca. – ela disse com um sorriso.
- Pelo visto, o bom humor também é de família. – eu disse saindo do quarto. Algumas horas depois, eu me vi sozinha em casa. Era uma segunda-feira à noite e estava um pouco frio, então vesti uma camisa grande e velha, um short e uma meia, me joguei no sofá da sala e comecei a procurar por um canal que estivesse passando algo decente. Estava vendo mais uma vez um episódio de Friends, quando o telefone tocou.

- Alô?
- ? É a Ellie.

’s POV On

Quinze dias... É assim que ela quer, certo? Então é assim que vai ser. Não quero que ela venha bater na minha porta. Quando quero que ela me procure quando estiver com saudades. Mas quem disse que ela vai sentir saudades? Eu sempre monto esse discurso, sempre penso em milhares de coisas pra falar a ela, mas é só eu olhar naqueles olhos, que tudo que eu tinha planejado vai por água abaixo. Isso não é justo, ela não deveria ter esse poder sobre mim, ela não deveria significar tanto pra mim, afinal eu não significo nada pra ela. Por isso que eu decidi dar uma chance à , mas não é a mesma coisa...

Rolei para o outro lado da cama, tentando afastar esses pensamentos, mas foi mais uma vez em vão. - Ela deve estar com Jake e você aqui pensando nela, igual um idiota! – resmunguei para mim mesmo, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa, ouvi o telefone tocar. Olhei no visor, torcendo para que ele mostrasse um certo número, mas era o do Matheus.

- Fala, cara.
- , tá ocupado?
- Não, nem um pouco.
- Então você pode me fazer um favor?
- Claro, só dizer.
- Eu preciso de um telefone que está em cima da minha cabeceira, mas não tem ninguém em casa. saiu com o e os outros casais, ninguém atende o telefone, a sumiu e também não atende. Só tenho você.
- Sem problemas, eu vou lá.
- Obrigado, cara, te devo uma.

Levantei, tomei um banho rápido e fui para aquele bendito apartamento, pelo menos ela não estava lá. Quando cheguei, o Sr. Wilson já sabia que eu passaria lá e não barrou minha entrada. Fiquei batucando na parede do elevador enquanto ele não chegava ao andar. Entrei na casa silenciosa, procurando pelo quarto do Matheus, achando-o facilmente. Peguei o telefone e mandei o mesmo por mensagem de texto para Matheus. Quando saí do quarto, vi outra porta entreaberta, e não pude resistir, espiei pela fresta vendo que estava vazio. No momento que me aproximei, fui atingido pelo perfume que vinha do interior. O perfume dela trouxe de volta todos os pensamentos que eu estava afastando desde que saí de casa. Mas agora, com essa intensidade, estava ficando difícil até pensar com clareza, a única coisa que eu tinha em mente era ela. Quando me vi entrando no quarto, fui surpreendido por um barulho vindo da cozinha. A casa não estava vazia? - pensei. Fui rápido na direção do barulho e quando cheguei à cozinha, vi uma cena no mínimo estranha. estava sentada ao lado da bancada, com uma garrafa de cerveja em uma mão e outra de vinho caída perto de seus pés. Ela olhava para janela de uma forma estranha, como se estivesse esperando alguém entrar pela mesma. Quando dei um passo para dentro da cozinha, ela sentiu minha presença e me olhou. Tinha tantas coisas subentendidas naquele olhar... Não era o mesmo olhar que me desconcertava, era um olhar triste, um olhar de quem precisa de ajuda.

- Você tá bem? – perguntei baixo.
- Você tá falando comigo de novo? – ela perguntou meio enrolada, deveria estar bêbada.
- Não fui eu que parei de falar com você – eu disse me aproximando e estendendo a mão para ajudá-la a levantar. – Foi você que parou de falar comigo.
- É verdade. – ela disse colocando sua mão na minha. Eu fiz uma pequena força e consegui levantá-la. Ao ficar em pé, ou melhor, tentar, bambeou e eu precisei segurá-la para que ela não caísse de novo.
- Eu acho que alguém bebeu demais aqui. Alguma ocasião especial?
- Tem um bebê a caminho. – ela disse com um sorriso. – Um bebê.
- De quem? – perguntei assustado. Se fosse dela, ela não deveria estar bebendo assim e se fosse dela, poderia ser... Meu.
- Do Sam, de quem mais seria?
- Ele de novo? Pensei que já fosse passado.
- E se eu tivesse voltado com ele naquele dia? Ela estaria grávida do mesmo jeito, e o que eu faria, sairia de casa de novo? – ela ficou falando coisas aleatórias, pelo menos pra mim, por pelo menos cinco minutos e se apoiando em mim para não cair.
- Do que você está falando, ?
- Você... Foi sua culpa. – ela disse apontando para mim.
- O que eu fiz agora?
- Me salvou do Sam. Obrigada, meu herói. – ela disse com um sorriso.
- , eu não tô entendendo nada.
- , eu tô com sono. – ela disse apoiando a cabeça em meu peito e fechando os olhos.
- Não, você não pode dormir assim. Tem que comer alguma coisa, tomar um banho... Sei lá.
- Banho? Você vai me dar banho? – ela disse mais uma vez embolado, ela era incrivelmente engraçada bêbada. – Você não pode me dar banho.
- Eu não vou te dar banho, você vai tomar banho sozinha. – eu disse devagar, como se explicasse algo a uma criança.
- Mas agora eu tô com sono, não quero tomar banho. – ela disse, encostando-se em meu peito.
- Mas você tem que... – eu dizia antes dela me empurrar e correr para o banheiro. Acho que tanta bebida deve ter lhe feito mal. Alguns minutos depois ela voltou, parecia que tinha tomado um banho e estava mais sã. Eu tinha preparado um café bem forte pra ela e quando a vi, coloquei o café numa xícara e pus a mesma no balcão, em sua frente.
- Obrigada. – ela disse sentando em um dos bancos e pegando o café.
- De nada. – eu disse, encostando na pia e ficando de frente para ela. – Devo perguntar?
- Mesmo se eu disser ‘não’, você vai perguntar da mesma forma. – ela deu de ombros.
- Não, eu só quero saber se você quiser falar. – eu respondi e ela olhou fundo em meus olhos, como se decidisse alguma coisa.
- Por que você tá aqui?
- Matheus me pediu um favor, ele não conseguia falar com você.
- Eu não conseguia levantar. – ela admitiu com dificuldade.
- Isso rola toda segunda? Posso participar da próxima?
- Não, eu só bebo assim por motivos especiais... Pra esquecer certas coisas.
- Deve ser algo muito – eu olhei para o chão e pude ver a quantidade de garrafas no chão. – especial.
- Não diria especial. – ela apoiou os ombros na bancada e colocou o rosto nas mãos. – É algo complicado, é, complicado é melhor.
- Entendi. Eu vou embora, vou te deixar em paz. Acho que é o que você quer. – eu disse dando as costas e seguindo para a sala.
- Não. Não vai embora, eu... Eu não quero ficar sozinha. – ela disse baixo. Virei-me lentamente, olhando em seus olhos e aquele olhar como que pedindo ajuda estava lá novamente.
- Tudo bem. – eu disse respirando fundo e cruzando os braços. Ela se virou no banco e ficou de frente pra mim, me encarando novamente.
- O Sam vai ser pai.
- Isso eu já tinha entendido, só não entendi por que te abalou dessa forma, pensei que você já tivesse superado...
- Não, , a Sarah está grávida de cinco meses, quase seis. – ela disse lentamente. Se a garota já estava com quase seis meses de gravidez, quer dizer que...
- Ele te traiu? – eu perguntei me aproximando dela, segurando sua mão. – Foi por isso que vocês terminaram?
- Ele não me traiu... Ele me traía, constantemente. Até que um dia eu os encontrei, na nossa casa, nosso quarto, nossa cama.
- , eu... – eu disse olhando para os seus olhos, pela primeira vez desde quando ela começou a falar. Não consegui terminar a frase, a puxei num abraço apertado. – Eu sinto muito, muito mesmo. Por isso, por tudo o que eu falei, por tudo o que eu fiz... Por tudo.
- Eu também quero me desculpar, eu não deveria ter agido daquela forma. Você não sabia, não iria adivinhar.
- Esquece isso. – eu disse, dando um beijo em sua testa.
- Eu ainda não estou me sentindo bem, acho melhor eu deitar. – ela disse levantando e, mais uma vez, cambaleou e se apoiou em mim.
- Eu te ajudo. – segurei firme em seu braço e em sua cintura, caminhei lentamente até seu quarto, a deitei na cama.
- Você pode ficar aqui, só mais um pouco? – ela perguntou, um pouco sonolenta.
- O quanto você quiser. – eu disse sentando ao seu lado na cama, colocando a mão em seu cabelo úmido, fazendo um carinho. – Pode dormir, eu vou ficar aqui.

Ouvi uns barulhos do lado de fora do quarto e acordei meio assustado. Eu estava meio deitado, meio sentado ao lado de , que dormia como um anjo. Fiquei observando o rosto dela enquanto ela dormia, ela parecia uma criança sem aquela parede que ela sempre construía ao seu redor, parecia não indefesa, não desprotegida... No meio de meus pensamentos, ela se mexeu um pouco e girou até apoiar a cabeça em meu peito. Eu queria defendê-la de tudo o que poderia magoá-la, eu queria ter o poder se evitar que qualquer outra coisa ruim acontecesse a ela, eu queria... Ela pra mim. Desci um pouco o corpo, para ficar completamente deitado ao seu lado, nivelei nossos rostos, para que ficasse na mesma altura. Agora a sua respiração leve batia no meu rosto, me aproximei um pouco, dando um beijo na ponta de seu nariz. Suas pálpebras tremeram e seus olhos se abriram lentamente, um pequeno sorriso surgiu em seu rosto e era como se iluminasse todo o quarto. Aproximei-me mais um pouco, deixando quase nenhum espaço entre nossos lábios, lentamente, ela rompeu a pequena barreira entre eles, selando-os delicadamente. Uma voz mais grave nos sobressaltou, ouvimos passos no corredor, três batidas na porta e a mesma se abrindo lentamente. Pensei que fosse o Matheus, mas a voz me disse que eu estava errado.

- , você tá bem? Matheus falou que você sumiu ontem. – ouvi Jake falar, entrando no quarto. – ? O que você tá fazendo aqui?


Capítulo 19

- Jake, se acalme. – eu disse, sentando na cama.
- Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui? – disse Jake.
- Nada. – eu simplesmente respondi, mas só por fazer força para falar, senti uma forte dor na cabeça.
- Como assim “nada"? Eu chego ao quarto da minha namorada e a encontro com outro cara.
- Da sua o que? – e eu perguntamos juntos.
- A questão não é essa. Eu quero saber o que tá acontecendo.
- Eu já respondi, não tá acontecendo nada.
- E você, por que você tem sempre que ficar atrás dela? Qual é o seu problema?
- Ultimamente, você tem sido meu problema. – respondeu levantando da cama.
- Engraçado, porque você também tem sido o meu. – Jake respondeu se aproximando dele.
- Vocês podem parando com isso, ok? , você pode me deixar sozinha com o Jake?
- Mas, ...
- Por favor, depois nós conversamos. – ele me olhou durante uns segundos, antes de pegar seu casaco e o seu tênis ao lado da cama. Então veio até mim e deu um beijo em minha testa antes de sair do quarto.
- O que foi isso tudo, Jake? – eu disse assim que a porta se fechou.
- Eu que pergunto, . Você pensa que eu devo achar normal chegar ao seu quarto e encontrar ele aqui?
- Primeiro, você não pode entrar no meu quarto e falar um monte de coisa sobre o que você não sabe, ainda mais se achando no direito de fazer isso. Segundo, desde quando eu sou sua namorada? Porque, pelo o que eu sei, eu não aceitei nenhum pedido seu.
- É modo de falar.
- Não, não é modo de falar, é o modo como você me vê. Jake, você tem que colocar uma coisa na sua cabeça, eu não sou sua namorada e você não pode me tratar como se eu fosse. Você não tinha o direito de fazer o que fez.
- Então isso é comum? Ele sempre passa as noites com você?
- Não, Jake, isso não é comum e você deveria ter perguntado antes de falar esse monte de besteiras. O passou a noite aqui porque eu pedi e antes que você comece a falar de novo, eu vou explicar. – eu sentei na cama antes de continuar. – Me ligaram ontem à noite dizendo que o Sam vai ser pai e que a menina tá com quase seis meses de gravidez. Então se eu não tivesse descoberto tudo, nós estaríamos casados agora e ele teria um filho com outra. Depois que eu soube disso, eu pirei, bebi muito, ao ponto de não conseguir levantar e não tinha ninguém em casa. O veio fazer um favor para o Matheus e me encontrou num estado deplorável, ele me ajudou e eu pedi que ele ficasse comigo, porque eu não queria ficar sozinha. Foi isso o que aconteceu, nada de beijos, sexo ou qualquer outra coisa que tenha passado pela sua cabeça.
- Desculpa, , mas é complicado ver uma cena dessa e não falar nada.
- Jake, você tem que entender que mesmo que tivesse acontecido alguma coisa essa noite, não teria importância, mesmo que não fosse o , que fosse um cara qualquer. Eu sei que isso pode soar errado, mas de alguma forma, também é certo, pelo menos pra mim.
- Eu acho que nós estamos levando isso de formas diferentes.
- Eu tenho certeza. Jake, eu nunca te prometi nada, então eu não estou quebrando nenhuma regra. Eu acho que não vai dar certo se continuar assim, nós queremos coisas diferentes e se deixarmos isso continuar, alguém pode sair machucado.
- Eu te entendo, . Você não quer nada sério agora e eu respeito isso, quer dizer, vou passar a respeitar a partir de agora, mas eu acho que nós dois poderíamos dar certo.
- Eu tenho certeza que poderíamos, Jake, é só você ter paciência. Eu vou viajar na sexta-feira, vou ficar uns dias fora e é uma boa oportunidade pra deixar a poeira abaixar. Vamos dar esse tempo pra nós dois entendermos tudo isso. Quando eu voltar, nós conversamos.
- Tudo bem. – ele disse suspirando.
- Vem cá. – eu disse, dando batidinhas na cama. Ele veio e me abraçou.
- Desculpa.
- Vamos esquecer isso. – eu disse baixo, antes de selar nossos lábios rapidamente. – Você não deveria estar no trabalho?
- Sim, eu deveria, mas o Matheus disse que você tinha sumido, então eu tive que vir aqui.
- Vai trabalhar. – eu disse o empurrando.
- Estou indo. – ele disse levantando e me puxando junto com ele. – Até a volta.
- Até. – eu disse rindo, antes de selar nossos lábios mais uma vez. Ele foi em direção à porta, dando um último sorriso antes de sair pela mesma. Joguei-me na cama e ouvi a porta sendo aberta e fechada, lentamente.
- Quer dizer que eu significo a mesma coisa que qualquer outro cara? – perguntou , encostando-se à porta e cruzando os braços.
- Não é isso, , você entendeu errado...
- Não, eu entendi perfeitamente bem. Vocês têm tudo pra dar certo juntos, por que um cara como eu tem que se intrometer nessa história, não é?
- Você que tá dizendo isso.
- Não, você mesma disse que tem certeza que vocês podem dar certo, é só dar um tempo. Eu sou esse seu tempo ou esse tempo é a única coisa que eu terei de você? Eu preciso saber, não posso ficar a sua disposição.
- Você não está a minha disposição, , você tem a , já se esqueceu?
- Eu sei que eu tenho a , mas isso não tem me impedido de fazer nada. Eu continuo a sua disposição como sempre, mas talvez essa seja a hora de mudar isso.
- É, talvez seja. Você com a , eu com o Jake, assim as coisas podem funcionar.
- As coisas poderiam funcionar entre nós dois também. – ele disse, olhando nos meus olhos. Senti meu coração acelerar de uma forma estranha.
- Eu... Eu não vejo como, nós somos tão diferentes, . – eu disse, encarando o chão.
- Talvez eu tenha que priorizar quem realmente se importa comigo, quem não seja tão diferente de mim...
- Tipo a . – eu disse, ironicamente.
- Ela é uma boa pessoa, . Ela se importa com outros, ao contrário de você.
- Agora eu não me importo com os outros? – eu disse, levantando.
- Não, você se importa com você, só com você. Você pensa no que é bom e no que trará benefícios pra você, independentemente se isso afeta os outros ou não, eu sou uma prova viva disso.
- , bancar o coitadinho não faz o seu tipo. – eu disse e ele riu.
- Não estou me fazendo de coitado, é a realidade. Sempre que você precisa de mim, seja para o que for, você me procura, mas quando você não precisa, a única coisa que faz é me agredir. – eu abri a boca algumas vezes, tentando decidir o que falar, mas não conseguia. O que ele disse era verdade e eu não podia contestar isso.
- Aonde você quer chegar com isso?
- A lugar nenhum, eu sei que com você eu fico andando em círculos. – ele respirou fundo. – E isso é extremamente cansativo.
- Ninguém está te obrigando a nada.
- Eu sei. – ele disse, rindo um pouco. – É incrível como conseguimos mudar tudo tão rápido. Há alguns minutos nós estávamos em paz, mas agora já voltamos ao normal.
- É dessa forma que você acha que poderíamos dar certo? Nós não conseguimos nem conversar sem brigar, quanto mais manter um relacionamento.
- Você está certa, você está sempre certa.
- Sarcasmo e ironias não vão ajudar.
- Eu sei o que vai ajudar, eu sair por essa porta e não voltar mais.
- Provavelmente ajudaria mesmo.
- Então é isso, boa sorte com o Jake. – ele deu um sorriso falso e saiu, batendo a porta. Eu queria gritar, xingar, bater em alguém, mas nada disso diminuiria o aperto que eu estava sentindo no peito.

’s POV on

Bati a porta, reprimindo um palavrão. Como ela conseguia ser tão fria daquela forma? Eu não merecia isso, eu não mereço isso. Segui rápido pelo corredor, em direção ao elevador, queria sair daquela casa o mais rápido possível, mas esbarrei com Matheus no meio do caminho.

- Onde é o incêndio? – ele perguntou rindo, mas ao olhar para o meu rosto o sorriso desapareceu. – Qual é o problema?
- Vou te dar uma chance para adivinhar.
- O que ela fez agora? – ele perguntou, cruzando os braços, mas antes que eu pudesse responder, ele continuou. – Calma, eu encontrei com o Jake lá na portaria e encontro com você aqui em cima. Não tem como você ter chegado depois que ele saiu, então...
- Eu estava aqui quando ele chegou, mas não aconteceu nada do que você tá pensando. Eu vou te explicar.
- É melhor a gente sentar então. – Seguimos para o sofá e lá eu expliquei tudo o que tinha acontecido.
- O pior de tudo foi o que eu ouvi dela mesma e não a situação em si. Como ela pôde me comparar com qualquer cara que ela encontra na rua, depois de tudo que já aconteceu? Isso pode até parecer meio estranho, mas...
- É uma merda ouvir essas coisas mesmo, cara. Ainda mais da garota que a gente gosta, é normal se sentir mal.
- E quem disse que eu gosto dela, Matheus?
- E alguém precisa dizer? É escrito na sua testa, , pra quem quiser ver. E pelo que parece, só vocês dois que não conseguem perceber isso. Eu sou seu amigo e também sou amigo dela, então serei bem sincero. Vocês dois se gostam, mas eu não vejo como funcionar, pelo menos não da forma que está.
- Matheus, eu cansei, eu não vou mais ficar atrás dela, não com ela me tratando desse jeito.
- , você diz isso agora, mas na primeira oportunidade, vai acontecer tudo de novo.
- Mas não pode acontecer, Matheus, não pode. É como ela falou, eu tenho a e...
- E é como você mesmo falou, desde quando ela tem impedido alguma coisa? Vocês dois erraram quando enfiaram duas pessoas nessa confusão.
- Você tá parecendo meu pai.
- Vocês vão me deixar com cabelos brancos antes da hora, eu tenho que resolver todos os problemas.
- Eu vou pra minha casa, vou carregar os meus problemas pra lá, longe de você. – eu disse rindo.
- De que adianta, eu moro com a razão de todos os seus problemas, então eles nunca vão pra longe de mim.
- Boa sorte com ela. – eu disse, levantando.
- Boa sorte com o que você decidir fazer e que isso seja a melhor escolha.
- A é a melhor escolha. – eu disse, entrando no elevador.
- Eu não posso concordar com isso. – ele disse, enquanto a porta se fechava.

’s POV off

- Posso saber que merda que você arrumou dessa vez? – Matheus disse, entrando no meu quarto.
- Você tava falando com ele, não estava? Pra que você quer ouvir a minha versão, eu vou sair como errada de qualquer forma.
- Você não vai sair como errada, você é a errada. Você tem ideia da confusão que está arrumando? Pra que eu fui falar pra você se divertir com os dois.
- Você deveria saber que eu não sou igual você.
- Por que você tá fazendo isso com o ? Ele não merece, .
- Matheus, eu não estou fazendo nada com ele, foi ele quem se envolveu, mesmo sabendo de tudo e não eu.
- Você está querendo dizer que não está envolvida?
- Eu não estou envolvida.
- , você pode tentar enganar qualquer pessoa, mas no fundo a mais enganada é você.
- Matheus, eu não estou no clima pra esse tipo de conversa hoje.
- Você nunca está preparada pra falar sobre isso, porque você vive com medo. Que tipo de vida é essa que você está levando? Tá deixando de viver por medo? Medo? Logo você.
- Matheus, você é como meu irmão, é o meu melhor amigo, mas tem assuntos que diz respeito apenas a mim e esse é um deles. Então eu queria que você não se intrometesse, não tentasse consertar ou resolver os meus problemas. Eles são meus e sou eu quem tem que resolver.
- Espero que as coisas se resolvam sozinhas e que você não precise de ajuda, porque se você precisar, eu não estarei aqui pra ajudar. A partir de hoje, eu não falo mais nada com você sobre isso. – ele disse antes de sair do quarto.
- Matheus. – eu chamei, mas ele não olhou. Eu tinha o poder de magoar todas as pessoas que estavam ao meu redor? E consegui afastar três pessoas importantes na minha vida em menos de uma hora. Qual era o meu problema?

***


Caminhei lentamente até o quarto do Matheus, eu sabia que ele estava lá, eu podia ouvir o barulho. Já fazia dois dias que ele não falava comigo e eu tinha que fazer alguma coisa, porque eu estava errada, na verdade, eu sou a errada, como ele mesmo disse. Bati algumas vezes e ouvi algo como "Entra", então abri a porta e fiquei encarando-o por alguns segundos, encostada no batente.

- O que você quer? – ele perguntou sério, mas eu continuei em silêncio. Eu não sabia o que falar, as únicas coisas que vinham eram lágrimas e eu estava lutando para segurá-las. Ele sabia muito bem que eu estava a ponto de chorar, afinal, eu nem lembro há quanto tempo eu o conheço. Eu continuava sem saber o que falar e as lágrimas começaram a me vencer. Ele viu a pequena gota escorrendo pelo meu rosto e suspirou, abrindo os braços. Eu corri até ele, o abraçando da forma mais forte que podia.
- Eu não deveria ter falado aquilo, não deveria ter descontado tudo em você, eu estava nervosa, eu... – eu disse entre lágrimas.
- , se acalme. Eu também exagerei. – ele disse, se afastando um pouco e limpando o meu rosto.
- Desculpa.
- Claro, você acha que eu consigo ficar muito tempo com raiva de você? – ele disse, com um sorriso e deu um beijo em minha testa.
- Você ainda vai me ajudar quando eu precisar? Porque você sabe, eu sempre vou precisar, eu vivo fazendo coisas erradas e...
- , respira! – ele disse, rindo. – É claro que eu vou ajudar.
- Desculpa. – eu murmurei mais uma vez e ele bufou.
- Quer saber de uma coisa, eu tô com fome e aquela panqueca que você faz cairia super bem. – ele disse levantando e me arrastando para a cozinha.
- Abusado.


Capítulo 20
(n/a: Coloque pra tocar quando a letra começar)
Estava tudo pronto para a viagem, Matheus tinha desistido de levar alguém para, gentilmente, me fazer companhia. Os quatro casais foram dividindo dois carros, sim, quatro casais, estava levando a . E por falar em , eu não o vi desde aquela última briga e confesso que isso estava me deixando muito nervosa.
Enfim, a viagem até Southend-on-Sea, que dura mais ou menos duas horas, foi muito tranqüila, nós fomos conversando e brincando até lá. Já era noite quando Matheus parou o carro atrás dos outros, em frente a uma bela casa, que parecia ser imensa até mesmo do lado de fora, tinha um jardim grande e bem conservado na frente. Por dentro a casa era tão grande quanto parecia, a sala era espaçosa e tinha uma parede de vidro que trazia uma bela vista da praia.

- Tem quatro quartos lá em cima e um aqui embaixo, como vamos dividir? – disse .
- Eu acho que os casais deveriam ficar lá em cima e os solteiros aqui embaixo, sabe, mais privacidade. Eu não me importo de dividir o quarto com o Matheus. – eu disse e ele piscou pra mim. – Ou talvez ele durma no sofá, não quero ninguém me atacando de noite.
- Eu sei que você também me quer. – ele disse, com uma voz afetada.
- Definitivamente no sofá. – eu disse rindo e sendo acompanhada por todos.
- Não pense que esse quarto daqui é o pior, . E diria que é o melhor da casa, ele pode ser pequeno, mas nenhum tem o que ele tem. – disse . – Vai lá ver, é no final do corredor.

Segui o pequeno corredor, encontrando apenas uma porta. Entrei e me deparei com um quarto, no mínimo, perfeito. Ele tinha uma parede de vidro, assim como a sala e também uma porta de correr, que dava acesso a uma pequena varanda, como um deck de madeira, que ligava o quarto à praia. Fiquei alguns minutos admirando a paisagem, até que senti alguém parando ao meu lado.

- É lindo, né? – disse , com um sorrisinho no rosto.
- Demais! Obrigada por me deixar ficar nesse quarto.
- Era o mínimo que eu podia fazer. – ele suspirou. – As coisas estão meio estranhas, né?
- Como assim? – perguntei confusa.
- Você e o .
- Ah! Isso. As coisas sempre foram estranhas entre nós, . – eu ri. – Eu já estou acostumada.
- Eu falei pra ele não trazer a , eu imagino como será pra você, mas ele é muito teimoso.
- Não precisa se preocupar com isso, . É como me disseram uma vez, eu estou colhendo o que plantei, então tenho que arcar com as conseqüências.
- Independente disso, . Você não está aqui, sei lá, esfregando o Jake na cara dele. Eu não consigo entender vocês, às vezes, parecem mais um casal do que eu e a e insistem tanto em não aceitar isso.
- O “parecer um casal" só pode ser por causa das brigas e é justamente por isso que eu não vejo como aceitar isso. É complicado.
- Muito complicado. Eu tento conversar com ele sobre isso, mas ele está irredutível nesses últimos dias.
- Não se preocupe com isso, . As coisas vão acabar se resolvendo sozinhas, de alguma forma.
- Espero que se resolvam bem. – ele disse antes de sair do quarto.

***


Eu acordei com o sol no meu rosto e as pernas do Matheus por cima de mim. O empurrei e ele virou para o outro lado, resmungando alguma coisa. Tomei um banho e fui para cozinha, preparar alguma coisa para comer. Estava me sentindo tão disposta, que resolvi preparar panquecas para todo mundo. Fui até o quarto, peguei meu iPod e as caixinhas de som, liguei no modo aleatório e comecei a dançar pela cozinha.
(n/a: Quem quiser ouvir o trecho da música, clique aqui.)

Well is it still me that makes you sweat?
Ainda sou eu quem te faz suar?
Am I who you think about in bed?
Eu sou quem você pensa quando está na cama?
When the lights are dim and your hands are shaking as you're sliding off your dress?
Quando as luzes estão turvas e suas mãos estão tremendo enquanto você desliza seu vestido?
Well Then think of what you did. And I hope to God he was worth it.
E de pensar no que você fez, e como eu rezo a Deus para que ele tenha valido a pena.
When the lights are dim and your heart is racing as you're fingers touch your skin.
Quando as luzes estão turvas e seu coração está acelerado enquanto seus dedos tocam sua pele.
I've got more wit, a better kiss, a hotter touch, a better fuck
Eu tenho mais inteligência, um beijo melhor, um toque mais sensual, um sexo melhor
Than any boy you'll ever meet, sweetie you had me.
Do que qualquer garoto que você jamais conhecerá, querida, você me teve.
Girl I was it look past the sweat, a better love deserving of exchanging body heat in the passenger seat?
Garota, eu fui quem você olhava passado o êxtase, um merecedor do seu amor trocando calor corporal no banco do passageiro?

Ouvi uma voz rouca vindo da porta da cozinha, cantando o trecho seguinte da música.

No, no, no you know it will always just be me
Não, não, não você sabe que sempre será somente eu.*

Puxei rapidamente o fio da tomada, desligando a caixinha de som e nem me dei ao trabalho de olhar para trás. Merda, merda, merda., xinguei mentalmente, como só a voz dele pode ter tanto poder sobre mim? Respirei fundo algumas vezes, tentando me concentrar nas panquecas. Ouvi uma risada abafada e alguns passos. Desistindo do iPod, liguei o rádio que tinha na cozinha, deixando na mesma estação que estava.

***


Quarta-feira e eu deitada no sofá, vendo um filme qualquer que passava na televisão. O que mais se pode fazer numa casa de praia, quando o tempo está ruim, ruim não, quando o céu parece que vai cair em sua cabeça; ou quando só tem casais dividindo a casa com você e o outro solteiro só pensa em arrumar uma garota? Eu prefiro ficar em casa afogada no tédio do que afogada no amor dos outros. Já fazia cinco dias que estávamos aqui e desses cinco dias, apenas os três primeiros tiveram sol, o que é totalmente frustrante, então grande parte das minhas férias foi resumida a isso: ver televisão. Muito emocionante, não? Ouvi a porta bater e me assustei, olhei para entrada e vi o chegando.

- O que você tá fazendo aqui? Pensei que tivesse ido pro restaurante com o pessoal.
- Eu fui, mas o me fez voltar pra pegar a carteira dele. – Nesse momento ouvimos um barulho muito alto de trovão e eu estremeci.
- Eu acho melhor você pegar a carteira e voltar logo, antes que essa chuva caia.
- E você vai ficar aqui sozinha?
- Eu prefiro ficar dentro de uma casa, bem segura, quando chove desse jeito.
- Você tem medo? – ele perguntou, rindo.
- Não diria medo, eu apenas respeito à natureza. – eu respondi, rindo junto com ele, nesse momento ele olhou em meus olhos e ficamos nos encarando por alguns segundos.
- Eu... Eu vou ligar pra ele.
- E eu vou para o meu quarto.

Fui direto para a varanda e estava começando a chover. Sentei em algum lugar que não chovia, abracei meus joelhos e fiquei olhando o mar, mas a chuva realmente apertou e eu ouvi três batidas na porta.

- ?
- Aqui fora.
- O me ligou agora, dizendo que quando chove desse jeito é melhor não andar de carro por aqui, as ruas ficam escorregadias e falou pra eu ficar em casa.
- E eles?
- Eles vão ficar lá no restaurante, esperando a chuva passar.
- Mas se ficar chovendo a noite toda?
- O restaurante é numa pousada, eles ficam por lá mesmo.
- E a ? Vai ficar sozinha?
- Eu acho que com sete pessoas, ela não está sozinha.
- Você entendeu.
- Ela vai ficar bem, não se preocupe. Eu vou pro quarto, qualquer coisa é só chamar.
- Isso quer dizer que você tá falando comigo de novo?
- Primeiro, foi você que falou comigo, perguntando o que eu estava fazendo em casa e segundo, eu não deixei de falar com você.
- Não, só passou a me ignorar.
- Não sabia que isso te incomodava tanto, achei que eu não significasse muito pra você.
- Se for pra começar a discutir, é melhor terminar a conversa por aqui.
- É, é melhor mesmo. Para constar, sim, eu estou falando com você e, não, eu não estou te ignorando. Eu nunca vou te ignorar.

Ouvi seus passos deixando o quarto e respirei fundo. Ficar sozinha com ele nessa casa não estava nos planos, ainda mais durante toda uma noite. Fiquei sentada por mais alguns minutos, mas o tempo esfriou e eu resolvi entrar. Olhei a hora: 22:30, resolvi tomar um banho e me preparar pra dormir. Coloquei uma blusa grande, deitei na cama e fiquei a procura de algo interessante na TV. Quando estava quase pegando no sono, ouvi a voz do .

- , o me ligou de novo e disse que eles vão ficar lá mesmo. – ele disse entrando no meu quarto. Eu estava deitada e a blusa não cobria boa parte das minhas pernas.
- Tá, obrigada por avisar. – eu disse me sentando e tentando, inutilmente, cobrir minhas pernas.
- Eu... Eu... Eu. – ele gaguejou, saindo do quarto e balançando a cabeça.
- Jake e , pense no Jake e na . – eu murmurei para mim mesma, como se fosse um mantra.

Acabei pegando no sono e mais uma vez sonhei com o , o sonho foi tão real que acordei ofegante, como sempre. Olhei para o relógio: 02:36, deitei mais uma vez, tentando tirar o sonho da cabeça. Fiquei rolando na cama, por mais ou menos trinta minutos e acabei desistindo. Levantei, fui até o banheiro e joguei uma água no rosto, a casa estava toda fechada, então estava um pouco abafado. Fui até a cozinha beber um pouco de água, apoiei na bancada, segurando o copo cheio e fiquei encarando o teto por alguns instantes.

- Também não consegue dormir? – a voz dele me sobressaltou, ele estava apenas com a calça do pijama e o cabelo despenteado.
- Não, a casa ficou um pouco abafada e eu não consigo dormir assim. Vou abrir um pouco as janelas da sala. – disse isso e coloquei o copo na pia, seguindo para a sala, mas ele impediu que eu passasse pela porta.
- , eu...
- Não, . – eu disse, olhando em seus olhos, o que foi um grande erro, aquele profundo sempre me hipnotiza.
- Você não sabe o quanto que eu me segurei pra não entrar no seu quarto todas essas noites. Eu não consigo mais. Não é uma simples vontade, é uma necessidade.
- Mas e a , ? Você tem noção de como a situação vai ficar estranha?
- Esquece a , só tem você e eu aqui. Esquece tudo, esquece o mundo. – ele disse se aproximando. Conforme ele ia diminuindo a distância entre nós, a minha respiração ficava mais descompassada, pesada, difícil. Mas antes que nossos lábios se encontrassem, o trovão rasgou o céu, me acordando do transe.
- Não, . – eu disse novamente, tentando ir em direção à sala, mas ele impediu mais uma vez, me segurando pelo braço.
- Você não vai fugir de mim essa noite. – ele disse, me puxando ao seu encontro e selando nossos lábios.

It’s like you’re a drug
É como se você fosse uma droga
It’s like you’re a demon I can’t face down
É como se você fosse um demônio que eu não consigo encarar
It’s like I’m stuck
É como se eu estivesse presa
It’s like I’m running from you all the time
É como se eu estivesse fugindo de você todo o tempo
And I know I let you have all the power
E eu sei que deixo você ter todo o poder
It’s like the only company I seek is misery all around
É como se a única companhia que eu procuro é miséria por todos os cantos

Quando nossos lábios se tocaram, toda a minha resistência de esvaiu, eu estava completamente entregue, eu necessitava tanto daquilo quanto ele. Eu correspondia à intensidade do beijo e me agarrava a ele, como se a minha vida dependesse daquilo. Eu estava ficando louca, ele estava me deixando louca.

- Pronto. – eu disse me afastando.
- Você acha que um beijo é suficiente?
- Espero que seja. – eu disse, respirando fundo. – Não piore as coisas, por favor.
- , um beijo não vai ser suficiente nunca. Eu sempre vou precisar de mais.
- Você vai me deixar maluca.
- Eu já estou maluco... Já estou maluco há muito tempo.

It’s like I can’t breathe
É como se não pudesse respirar
It’s like I can’t see anything
É como se eu não pudesse ver nada
Nothing but you
Nada além de você
I’m addicted to you
Eu estou viciada em você
It’s like I can’t think
É como se eu não conseguisse pensar
Without you interrupting me
Sem você me interromper
In my thoughts, in my dreams
Nos meus pensamentos, nos meus sonhos
You’ve taken over me
Você tomou conta de mim
It’s like I’m not me
É como se eu não fosse mais eu
It’s like I’m not me
É como se eu não fosse mais eu

Ele me empurrou contra uma das paredes da sala, deixando seu corpo colado no meu, mas ele não me beijava, ele apenas me encarava, olhava em meus olhos como se pudesse ver minha alma ou ler meus pensamentos. Aposto que ele podia sentir e ouvir meu coração, porque ele batia tão forte que parecia que sairia do meu peito a qualquer momento. A sua respiração pesada batia no meu rosto e me deixava com dificuldade de respirar. Quando ele colocou a mão levemente em minha cintura, minhas pernas começaram a tremer de uma forma, que se eu não estivesse apoiada na parede, com certeza cairia no chão. Com a outra mão ele foi traçando um caminho desde a minha coxa até o meu pescoço, onde ele começou a dar suaves beijos. Nesse momento eu já não tinha mais controle sobre o meu corpo. Eu estava seguindo meus instintos, meus desejos... Estava alimentando o meu vício.

- Por favor, não resista. Eu preciso de você. – ele sussurrou em meu ouvido.

O seu pedido foi atendido inconsciente e automaticamente, como se fosse uma ordem.

I’m hooked on you
Eu estou presa em você
I need a fix
Eu preciso de um chacoalhão
I can’t take it
Eu não agüento isso
Just one more hit
Só mais uma dose
I promise I can deal with it
Eu prometo que eu posso lidar com isso
I’ll handle it, quit it
Eu vou agüentar, acabe com isso
Just one more time, then that’s it
Só mais uma vez, depois, é isso
Just a little bit more to get me through this
Só um pouco mais para eu superar isso

Não agüentando mais as suas provocações, juntei nossos lábios com força. Suas mãos que antes eram gentis e leves pelo meu corpo, agora eram mais ágeis e fortes, como se fossem deixar marcas por onde passassem. Elas subiram pelo meu tronco, trazendo minha blusa com elas. O contato entre os nossos corpos arrancou suspiros dele, que passou a pressionar ainda mais seu corpo contra o meu. Com as mãos em minhas pernas, ele as puxou para cima, fazendo-as envolverem sua cintura. Segurando todo o peso do meu corpo, ele seguiu para o meu quarto.

It’s like I’m not me, it’s like I’m not me
É como se eu não fosse mais eu, é como se eu não fosse mais eu

*Panic! At The Disco - Lying Is The Most Fun A Girl Can Have Without Taking Her Clothes Off


Capítulo 21

Ele estava lá, dormindo como um anjo na minha cama, enquanto eu não conseguia dormir. Não podíamos ter feito nada daquilo, é como se ele tivesse o poder me envolver, de me encantar, de tornar impossível resistir. Como se quando ele estivesse por perto, pudesse extinguir todos os meus sentidos, fazendo com que eu não pense em nada além dele ou nós dois. É como se ele me puxasse para ele, como se existisse um campo magnético ou fosse como a força da gravidade. Porque é fácil resistir ou negar quando ele não está por perto, quando eu não posso sentir o seu perfume, quando seus olhos não podem me hipnotizar, quando eu posso e consigo ser eu mesma. Sempre que eu penso que vou conseguir afastá-lo, que vou conseguir me libertar dessa loucura que ele torna a minha vida, ele volta e destrói todas as barreiras que eu construí, é só ele chegar pra toda essa força evaporar. Respirei fundo, encarando as paredes brancas do quarto. O que eu fiz? Ele tá aqui com a namorada dele. Como eu vou olhar para ela? Levantei, segui para o banheiro, com as minhas roupas nas mãos. Joguei uma água no rosto, me vesti, prendi o cabelo de qualquer maneira e voltei para o quarto. Várias coisas passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo e não era muito comum que eu tivesse idéias para músicas ou qualquer coisa do tipo, mas eu sentia que precisava dessa vez. Procurei um papel e uma caneta, vesti um casaco e fui para a varanda, o mar me acalmava, por mais que eu não conseguisse vê-lo durante a noite, mas apenas o barulho das ondas já era relaxante.

Every time I'm ready to leave, always seem to be,
Toda vez que estou pronta para sair, sempre pareço estar sendo,
Pullin in the wrong direction, divin' in with no protection.
Puxada na direção errada, mergulhando nisso sem proteção.
Man, you can't keep steerin me wrong. Oh gravity.
Rapaz, você não pode me manter na direção errada. Oh, gravidade.
Pullin me back, pullin me in.
Me puxando de volta, me puxando para dentro.
Why you pullin me back, pullin me in?
Por que você fica me puxando de volta, para dentro?
Just like gravity, stop pulling me.
Como a gravidade, pare de me puxar.

Be quiet, let me leave, let me go.
Fique quieto, deixe-me partir, deixe-me ir.
Don't say another word, ‘cause with every sound, you're pullin me down.
Não diga outra palavra, porque com cada som, você me puxa para baixo.
Baby, you got a hold on me. Like gravity.
Baby, você me controla. Como a gravidade. *


Acho que acabei pegando no sono, porque a única coisa que eu lembro foi sentir dois braços me levantando do chão, me colocando na cama, depois fez um carinho de leve no meu rosto e juntou nossos lábios por alguns segundos, antes de colocar seu corpo perto do meu.
Acordei assustada com as vozes que ecoavam pela casa. Tateei a cama procurando pelo , ninguém podia vê-lo no meu quarto, mas encontrei a cama vazia. Em seguida, ouvi sua voz na sala, ele deve ter ido para o seu quarto mais cedo. Fui direto para o banheiro, tomei um longo banho, me preparando para o que viria a seguir. Não sabia se conseguiria encarar o com a e fingir que nada tinha acontecido. Coloquei uma roupa mais fresca, o sol estava começando a aparecer, talvez fizesse um pouco de sol hoje ou amanhã, talvez não, tem que fazer sol hoje ou amanhã, afinal, amanhã de noite nós vamos embora. Penteei meu cabelo, prendendo-o bem no alto da cabeça e saí do quarto. Cheguei à sala e estavam todos lá, menos e .

- A bela adormecida resolveu acordar. – disse Matheus, sentado no sofá.
- Eu não consegui dormir muito durante a noite.
- Sentiu minha falta? – ele perguntou com um sorriso. olhou para mim, discretamente, em seguida, ele abraçou pela cintura, dando um beijo em sua bochecha, ela riu e lhe deu um selinho demorado. Depois dessa cena, eu dei uma risada fraca e fiquei encarando o chão, mas eu podia sentir o olhar de e em mim.
- ? Eu tô falando com você. – disse Matheus.
- Ah, o que?
- Eu perguntei se você estava sentindo minha falta, por isso não conseguiu dormir.
- Ah! Bem, você ronca, me empurra a noite toda e outro dia eu acordei com as suas pernas por cima de mim, mas choveu a noite toda, a casa ficou abafada, tinham raios, trovões e eu não gosto muito disso. Digamos que eu senti a sua falta.
- Eu sei que você me ama.
- Eu vou dar uma volta na praia, alguém quer ir também? – disse , chegando à sala.
- Eu vou. – eu respondi. Ele tinha algumas coisas para me explicar. Seguimos pela porta da sala e quando estávamos a uma boa distância da casa, eu me senti à vontade para começar a falar. – , você inventou aquela história da carteira, não foi?
- Foi tão óbvio assim?
- Foi uma loucura, isso sim. Você sabia muito bem que não daria certo o ficar sozinho comigo nessa casa.
- Por isso mesmo que eu fiz isso, eu achei que vocês precisavam de um tempo a sós.
- Não, , nós não precisávamos. Eu fiz coisas que eu não queria ter feito.
- Que não queria? – ele perguntou rindo.
- Tá, que não podia. Melhorou?
- Não podia? Por quê?
- Você não chegou a ver a ceninha agora lá na sala, né? – ele balançou a cabeça, negando. – Ele estava lá, abraçando, beijando a e eu fazendo papel de idiota, mais uma vez.
- E você esperava o que? Que ele não falasse com ela?
- Não, . Por isso mesmo que eu estava evitando qualquer contato com ele, eu sabia que tudo ficaria estranho depois.
- Eu queria ajudar, eu juro.
- Eu sei, . Todos vocês tentam ajudar, mas nunca dá certo.
- Eu queria tanto que vocês se acertassem... Não que eu não goste da , mas é que... Tá, eu confesso, eu não gosto dela.
- Bem vindo ao clube. – eu disse rindo. – Mas antes que você pense besteira, não é ciúme. Ela me olha de uma forma estranha, eu acho que se ela pudesse, ela me matava só com o olhar.
- Eu ouvi uma conversa dela no telefone, mas não foi por querer. Ela estava extremamente irritada, falando de como você não consegue ficar longe do “homem dela".
- Homem dela? E o está sabendo que ele tem uma dona?
- Provavelmente não, eu não sei o que ele ainda faz com ela. Ele não gosta dela, eles vivem brigando, geralmente por sua causa. Eu ouvi algumas dessas brigas e seu nome é sempre citado.
- É por isso que eu queria me afastar do de uma vez, mas eu não consigo, . É como se algo me puxasse pra ele, me impedindo de ficar longe.
- Como a força da gravidade? – ele perguntou e eu ri.
- Foi exatamente esse termo que eu pensei ontem.
- Isso daria uma boa música.
- Você não pára de pensar como músico em nenhum momento?
- É a minha profissão, o que você quer que eu faça?
- Eu estou com fome, vamos voltar?
- Claro. – ele disse e seguimos de volta para a casa. Quando chegamos, fui em direção à cozinha, mas esbarrei em alguém no meio do caminho. – Desculpa, , foi sem querer.
- Você está sempre no meu caminho, não é? Em todos os sentidos.
- Como é?
- Não se faça de idiota, você sabe muito bem do que eu estou falando.
- , se você não confia em você mesma ou no que o diz que sente por você, eu não posso fazer nada.
- Não é a questão de confiança, e sim você não conseguir ficar longe dele. Você sempre fica cercando, provocando. Qual é o seu problema?
- Eu não tenho nenhum problema e, aparentemente, quem tem é você. E eu não posso curar os seus problemas de confiança e auto-estima, então eu sinto muito e se você puder me dar licença. – eu disse tentando passar, mas ela impediu.
- Eu só tenho uma coisa para falar pra você. Fique longe do meu .
- Seu ? – eu perguntei rindo.
- Sim, meu .
- Seu , ? Não sabia que eu pertencia a você. – ele disse descendo as escadas e cruzando os braços.
- , esse é um assunto entre nós duas.
- Eu acho que não, , afinal sou eu que estou em jogo aqui.
- Não tem ninguém em jogo aqui, . Eu estava falando com a sua namoradinha, que ela não deve se preocupar comigo, ela deve confiar nela mesma e no que você diz que sente por ela.
- Já não basta você me perturbar com esse assunto, você tem que perturbar todo mundo? – ele disse a ela, que ficou em silêncio. Ele a encarou por alguns segundos antes de sair em direção à praia.
- , serei bem sincera com você. Eu acho que você tem que se esforçar mais, assim ele não precisa ficar atrás de nenhuma outra garota, como eu, por exemplo. – eu disse com um sorriso. – Ah! E o só está com você, porque eu não quero ficar com ele e, se algum dia eu mudar de idéia, você já sabe o que vai acontecer, não é?
Ela me encarou e eu podia ver a raiva em seus olhos, mas mesmo assim permaneci com um sorriso nos lábios. Ela virou a cara, seguindo atrás do na praia, fazendo questão de esbarrar em mim ao passar. Respirei fundo. Deus, como ela é irritante.

Sentei na cama, colocando os fones no ouvido. Eu conseguia ouvir os gritos da do meu quarto. Eles tinham voltado da praia e estavam conversando lá em cima. Eu comecei a cantar e batucar na cama, até alguém praticamente, arrancar um dos fones.

- Ela quer ir embora, satisfeita?
- O que eu fiz? Falar algumas verdades é pecado agora?
- Eu não te entendo. Primeiro você diz pra eu ficar com a , depois você age como se estivesse com ciúmes, eu sinceramente não te entendo.
- Eu que não te entendo, . Ontem era para eu esquecer a , esquecer de tudo e só pensar em nós dois, hoje você faz uma ceninha patética na minha frente e ainda quer que eu escute desaforos dela sem responder?
- Eu pensei que você não se importasse.
- Mas eu me importo, ok?
- E isso significa o que? Que eu estar com outra te incomoda?
- Eu estar com o Jake importa pra você?
- Importa.
- Então você sabe como eu me sinto. Você diz que se importa comigo, mas ontem você não pensou nem duas vezes antes de fazer qualquer coisa. Passou pela sua cabeça como eu me sentiria quando visse você com ela? Claro que não! Você só pensou no que você precisava, no que você queria. Você me critica tanto, mas é exatamente como eu.
- Arrume suas coisas, vamos todos embora. – ele disse, antes de sair do quarto.

***


- Nós podemos ir com vocês? O clima lá no carro do não é dos melhores. – perguntou .
- Claro.
- O que aconteceu? Eu não entendi nada. Ouvi vários gritos vindos do quarto deles e depois ele veio perguntar se nós podíamos ir embora.
- Eles brigaram, por causa da , pra variar. – respondeu Matheus.
- O que você queria que eu fizesse? Que eu escutasse calada tudo o que ela falou? Eu não consigo.
- Mas o que ela falou? – perguntou , curioso.
- Ela falou que eu vivo no caminho dela, que fico cercando o , que eu devia me afastar do ‘homem dela’... Essas coisas.
- Homem dela? – perguntou rindo. – E o sabe disso?
- Ele ouviu quando ela falou isso e não gostou nem um pouco. – olhei pra e o olhar dela praticamente gritava: Quando chegarmos em casa, teremos uma longa conversa.

***


- Prontinho, senhorita. Agora você vai me explicar tudo o que aconteceu naquela casa. – disse, no segundo em que coloquei os pés no meu quarto.
- e eu passamos a noite juntos. – eu disse ainda de costas pra ela.
- Isso eu já imaginava, quer dizer, tinha certeza. O que eu quero saber é o motivo da sua briguinha com a . Eu pensei que eles dois não significassem nada pra você.
- Eu também pensei, . – eu disse, me virando para olhá-la. – Mas quando que vi os dois juntos foi totalmente estranho e...
- E?
- Eu percebi que eu me importo e não posso fazer isso com .
- Com a ? Não entendi a sua preocupação com ela.
- , eu já fui traída e eu não desejo isso pra ninguém, nem mesmo pra ela. Eu não posso ajudar a fazer uma coisa que eu condeno.
- Não seria o momento pra resolver tudo de uma vez? – ela disse, me fazendo sentar ao seu lado na cama. – Você mesma tá, finalmente, percebendo que essa situação não é nem um pouco agradável pra ninguém. Você não quer que a passe pelas mesmas coisas que você passou. Não seria a hora de tentar algo mais sério?
- Essa é realmente a hora de tentar algo mais sério, mas não com o . , eu não sei se posso confiar nele e ele vai viajar daqui a dois dias, vai passar um mês fora e tanta coisa pode mudar nesse tempo. Eu estive pensando e eu resolvi dar uma chance pro Jake, mas uma chance de verdade. Ele é um cara legal, ele gosta de mim de verdade e é isso que eu preciso, alguém que goste de mim, alguém em que eu possa confiar.
- Nenhuma chance desse alguém ser o ? Você sabe que pode estar sendo meio exagerada nessa reação, não sabe? Você pode dar uma chance pra ele mostrar que pode ser esse cara que você precisa. Ele está realmente mudado, , desde que ele começou a sair com a , que eu o vejo com nenhuma outra garota.
- , depois do que eu passei, eu não posso me dar ao luxo de tentar. Eu devo ser exagerada, pelo meu próprio bem. Eu não posso cometer o mesmo erro duas vezes, então eu prefiro seguir o caminho mais seguro, que é o Jake. Eu não posso trocar o certo pelo duvidoso, quem me garante que o não vai mudar de idéia amanhã ou depois.
- Eu te entendo, mas não concordo. Você pode se arrepender depois de não ter tentado, você pode estar abrindo mão do, sei lá, amor da sua vida.
- Eu não acredito mais nessa coisa de ‘amor da sua vida’ ou ‘homem da sua vida’, porque se fosse assim eu seria a ‘mulher da vida’ do Sam. Eu acredito em escolhas e eu estou escolhendo o Jake.
- Eu espero que você esteja fazendo a coisa certa.
- Eu também.
- E quando você vai falar com o Jake?
- Agora, eu vou ligar pra ele.
- Boa sorte.
- Obrigada, eu vou precisar.

***


- Eu vou sentir tanta saudade. – disse , abraçando pela milésima vez.
- Eu já estou contando os dias para a volta. – ele disse, a beijando em seguida.
- Você me liga assim que chegar lá? – perguntou , segurando pela blusa.
- Eu vou sempre que puder, eu prometo.
- Presta atenção no que você vai fazer lá, . – disse , rindo, agarrada ao pescoço dele.
- Você podia ser carinhosa como as outras meninas. – ele respondeu e ela o encarou. – Eu não vou fazer nada, você sabe que eu te amo.
- Isso já tá me deixando enjoado. – Matheus murmurou ao meu lado. Estavam todos se despedindo dos seus respectivos namorados, Matheus e eu estávamos sobrando como sempre. estava mais afastado, conversando baixo com a . Eles estavam sérios, como se estivessem brigando mais uma vez, mas ela deu um pequeno sorriso, o beijou, com muita vontade por sinal, antes de se dirigir à porta e então veio ao nosso encontro.
- Será que vocês deixariam eu me despedir dos meus amigos ou eu estou aqui à toa? – eu disse com um sorriso, antes de abraçar bem forte cada um deles, menos .
- Você não vai se despedir de mim? – ele perguntou sério.
- Claro. – eu disse, estendendo a mão para ele. – Boa viagem.
- Pelo amor de Deus, . – ele disse, me puxando num abraço.
- Eu só estou tentando facilitar as coisas, não quero mais ser motivo de brigas.
- Ela não está aqui agora.
- Agora eu vou agir como uma amante? Tenho que me esconder dela? – perguntei rindo. – Não importa se ela está aqui ou não, nós temos que estabelecer um limite, até que...
- Até que eu não tenha mais vontade de te beijar e de...
- Isso, exatamente isso.
- Pode demorar um pouco. – ele disse rindo.
- Eu me acertei com o Jake. – eu disse e o seu sorriso desapareceu. – Talvez isso acelere o processo.
- Você tá levando a sério aquela nossa conversa.
- Tenho que levar, é melhor assim.
- Então, quer dizer que quando eu voltar, eu te encontrarei com ele?
- Provavelmente.
- Que bom, eu acho. – ele disse confuso.
Vôo 5578, com destino a Atlanta. Embarque no portão 10.
- Eu acho que é o seu vôo.
- É, é ele. – ele disse suspirando. – Até daqui a um mês.
- Até. – eu disse com um sorriso sem graça. Ele me abraçou mais uma vez, antes de seguir para o portão. Olhei para o chão e coloquei as mãos no rosto, respirando fundo, até que senti alguém se aproximando, me puxando pela cintura e selando nossos lábios com vontade.
- Nós podemos estabelecer o limite agora. – ele disse se afastando um pouco, mas mantendo suas mãos em minha cintura. – Eu não conseguiria viajar pensando que não teríamos um último beijo.
- Fica tão estranho quando você fala assim: Último beijo.
- Não fica estranho, é muito estranho pensar assim.
- Mas é a realidade, não é?
- A realidade nem sempre é como esperamos. – ele disse, antes de me beijar novamente. Esse beijo foi calmo e despreocupado.
- Aquele não era o último beijo?
- Era, mas não foi e esse também pode não ser. – ele disse, passando os dedos levemente pelo meu rosto.
- Boa viagem.
- Obrigado. – ele disse, deu um beijo em minha testa e foi ao encontro dos meninos. Eu pude vê-lo se afastando antes de sentir um braço em meu ombro.
- Você tá bem? - Matheus perguntou.
- Estou sim. – eu disse sorrindo fraco e então seguimos para casa.

Quatro semanas depois...


- Essa pizza que não chega. – Jake disse, se jogando ao meu lado no sofá.
- Tá com tanta fome assim?
- Não, só quero ver logo o filme e você falou que só vamos ver quando a pizza chegar.
- Eu nem quero saber de pizza, estou passando mal de ontem, só o cheiro me enjoou.
- Será que você comeu algo que te fez mal?
- Provavelmente. – eu disse, antes de bocejar. – Se essa pizza demorar muito, eu vou dormir no meio do filme.
- Você anda com muito sono ultimamente e esse programa chato ajuda a dar sono. – ele disse, tomando o controle da minha mão.
- Não tira do canal, Jake, eu estou vendo. – eu disse, tentando pegar o controle dele.
- Você acha que eu não sei que você só está vendo isso, por causa desse vampirinho.
- Não é só por causa do vampirinho, aliás, não o chame assim. O nome dele é Ian.
- O nome dele é Ian. – ele disse, tentando imitar a minha voz e eu ri. – Não sei o que você vê nele.
- Ele é lindo, Jake.
- E você fala isso na minha cara?
- Melhor pela frente, do que pelas costas, não acha? – eu disse rindo.
- É assim então. – ele disse se aproximando, com as mãos para frente.
- Nem pense nisso, se você fizer... – não pude terminar de falar, suas mãos já faziam cócegas em minha barriga e eu me contorcia no sofá.
- Quem é a pessoa mais linda do mundo?
- Vo... Vo... Você. – eu disse, entre risadas.
- Não, você que é linda! – ele disse, parando com as cócegas. Nesse momento eu percebi a forma que estávamos no sofá. Eu estava deitada de barriga pra cima, com as pernas para fora do sofá, apoiadas no chão e ele estava sentado, com o corpo curvado em minha direção. Ele foi se aproximando, até que estava apoiado nos braços e com o rosto bem perto do meu, deixou seu peso cair sobre mim, delicadamente, antes de começar a me beijar. Suas mãos vieram para a minha cintura e ele deu um leve aperto, antes de começar a subir a minha blusa.
- Não, Jake. – eu disse levantando e ajeitando a blusa.
- Desculpa. – ele disse, sentando no sofá. – É que é difícil me controlar com você.
- Eu não sei explicar, Jake. Eu só não consigo, entende?
- Perfeitamente. Eu espero você se sentir à vontade. – ele disse com um sorriso. Eu me aproximei dele, o abraçando pelo pescoço, ele apoiou as mãos em minha cintura e me beijou. Ficamos assim durante alguns minutos, apenas nos beijando, curtindo a presença um do outro. Ficar com o Jake é bom, natural... Ele me faz bem, me deixa feliz e é tudo o que uma garota procura num cara. Quando o não está perto, é praticamente impossível achar problemas ou dificuldades com o ele. Mas é incrível que só de pensar no , toda essa certeza que eu sinto em relação ao Jake, desaparece. Eu começo a perceber que não é o beijo dele que eu desejo, não é o toque dele que eu anseio, não é ele que eu quero.

* Pixie Lott – Gravity


Capítulo 22
(n/a: coloque para tocar, quando eu pedir.)

- Parabéns, ! – gritou , entrando no meu quarto.
- Além de ficar mais velha, eu tenho que aturar você me acordando desse jeito? – perguntei, colocando um travesseiro no rosto.
- Não seja chata. – ela disse, sentando na cama e puxando o travesseiro. – Hoje é o seu dia!
- Tá bom. – eu disse, sendo abraçada por ela.
- Vou correr senão vou me atrasar para a aula e você também. – ela disse antes de me dar um beijo e sair correndo do quarto. Levantei e fui para o banho e após alguns minutos já estava pronta. Quando estava seguindo para a cozinha, o calendário, que estava em cima da mesa, me lembrou uma coisa. Hoje era dia 21 de agosto, tinha alguma coisa errada... Alguma coisa muito errada. Continuei o meu caminho, fazendo algumas contas de cabeça, mas dois braços me seguraram no caminho e me fizeram perder o raciocínio.
- Parabéns! – disse Matheus, me rodando em seus braços.
- Você quer me matar de susto?
- Claro que não. – ele disse, me colocando no chão. – Vamos almoçar juntos hoje?
- Vamos.
- Tá, mas eu vou te levar e buscar na faculdade, porque eu quero que seja surpresa. – ele disse com um enorme sorriso.
- Surpresa? – eu perguntei estreitando os olhos. – Você sabe que eu adoro surpresas.
- Seja boazinha, por favor!
- Tudo bem.
- Quando estiver pronta me avisa. – ele disse me dando um beijo na testa e indo para o seu quarto.

***


- Estarei aqui te esperando ao meio dia. – Matheus disse, antes que eu saísse do carro.
- Tá. – eu respondi. Segui para minha sala, quando entrei fui atingida por duas pessoas que, praticamente, se jogaram em minha direção.
- Parabéns! Parabéns! Parabéns! – gritavam e ao mesmo tempo.
- Obrigada. – eu disse, dando um abraço em cada uma.
- Vai fazer alguma coisa hoje? – perguntou.
- Vou almoçar com o Matheus.
- Não vai sair com o Jake? – perguntou.
- Não sei, não combinamos nada, pra falar a verdade, nem comentei nada de aniversário e ele nem me ligou ainda.
- Que estranho, pensei que ele seria o primeiro a te dar parabéns. – disse.
- Por mim tanto faz. – eu disse dando de ombros.
- , por que você ainda está com ele? – perguntou.
- Isso não interessa agora, vamos prestar atenção na aula.

***


- Eu estou amando esse semestre. – disse , assim que saímos da sala de aula. – Só o fato de que não precisamos mais vir para a faculdade, é a melhor coisa do mundo. Nada de acordar cedo, aturar trânsito, professores...
- Mas o trabalho final não é tão simples assim. Você sabe compor, . Eu não sei se consigo fazer um arranjo decente, eu nunca compus nada, eu só sei tocar piano, será que eles não entendem? – respondeu .
- , você pode compor só uma instrumental, imagina, ficaria lindo. – eu disse.
- E você, , tem idéia do que vai fazer?
- Nenhuma, mas temos bastante tempo até a entrega. – eu disse, ouvindo a buzina do carro do Matheus em seguida.
- Se você ficar em casa de noite, nós vamos pra lá. – disse .
- Tá, eu ligo pra vocês. – eu disse antes de correr até o carro, mas na metade do caminho meu celular tocou.

- Oi, mãe.
- Oi, filha, tudo bem?
- Tudo sim, aconteceu alguma coisa?
- Não, só liguei pra perguntar se tem como você passar aqui agora, nós precisamos conversar com você.
- Claro, eu vou almoçar com o Matheus, acho que ele não se importa.
- Tudo bem, estou te esperando. Beijo!
- Beijo, mãe.

- Você se importa de passar na casa dos meus pais antes de almoçar? Minha mãe me ligou agora. – eu perguntei ao entrar no carro.
- Claro que não, tanto tempo que não os vejo. – Matheus respondeu, antes de sair com o carro. Liguei o rádio e fomos cantando por boa parte do caminho...
- Espero que você seja um bom arquiteto, porque como cantor, você morreria de fome. – eu disse rindo, quando paramos no sinal.
- Não é todo mundo que nasce com talento, , e se você continuar me zoando, não vai ganhar presente.
- Presente? Que presente? – perguntei, com os olhos brilhando.
- O que você vai escolher agora. – ele disse parando o carro em frente a uma loja.
- Você vai mesmo comprar um vestido pra mim?
- Não se você continuar assim! Vamos logo, ainda temos que ir à casa dos seus pais. – ele disse.

***


- Você não precisava ter gastado tanto dinheiro assim num presente.
- Você nem viu quanto foi. – ele respondeu entrando no carro.
- E nem quero saber.
- Eu sei que você estava namorando esse vestido há muito tempo e você precisava de um vestido bonito pra sair com o seu namoradinho mais tarde. – ele disse rindo.
- Já falei mil vezes que o Jake não é meu namorado, e mesmo que ele fosse, eu não desperdiçaria a noite do meu aniversário com uma pessoa que nem me ligou ainda.
- Eu não disse qual namoradinho. – ele disse e eu lhe dei um tapa.
- Se é do que você está falando, também está errado, ele não está aqui e eu não tenho um terceiro.
- Ainda não tem.
- Como você fala isso sobre mim? – perguntei, fazendo uma cara séria. Olhei pra ele, que estava quase rindo, e comecei a rir também. – Obrigada.
- Você merece. – ele respondeu beijando minha mão.

***


- Mãe? Pai? – eu perguntei, quando estava entrando na sala.
- SURPRESA! – gritaram.
- Eu não acredito! – eu disse olhando todas as pessoas que de repente surgiram na sala da casa dos meus pais. Estavam todos lá: , , , Matheus, , , , e, é claro, meus pais. Na realidade estavam quase todos lá, faltava o Jake.
- Parabéns! – disseram meus pais ao mesmo tempo.
- Obrigada. – eu disse abraçando os dois. – De quem foi essa idéia?
- Culpada. – disse levantando a mão. – Eu sei o quanto você ama surpresas.
- Sabia que tinha o seu dedo no meio e aposto que tem o de vocês duas também. – eu disse, apontando para e .
- Você acha mesmo que o primeiro aniversário que você tem com a gente ia passar em branco? – perguntou .
- E você sabe que tudo é desculpa pra uma comemoração aqui. – completou.
- Vocês duas podem liberar a aniversariante, por favor? Já passaram a manhã toda com ela. – disse , empurrando a namorada e me abraçando. – Parabéns, !
- Obrigada, . Eu pensei que vocês ainda estivessem em Atlanta.
- Nós não iríamos passar o seu aniversário longe de você. E alguém, que eu não vou dizer, ficou perturbando todo mundo pra voltar antes.
- Minha vez. – disse , empurrando .
- Nossa vez. – disse , me abraçando junto com .
- Parabéns. – eles falaram, dando cada um, um beijo em minha bochecha.
- Obrigada. – eu disse retribuindo o beijo deles.
- Eu acho que é a minha vez. – disse , se aproximando e pegando minha mão.
- Quanta formalidade.
- Feliz Aniversário. – ele disse, me puxando num abraço super apertado.
- Obrigada. – eu respondi, depositando um beijo em seu rosto e vendo um sorriso se formar no mesmo. – Não precisava ficar perturbando todo mundo, você podia falar comigo quando voltasse.
- Não acredite em tudo que você escuta, grande parte das coisas que eles falam sobre mim, é mentira, mas isso é verdade, eu queria estar aqui no seu aniversário. É tão ruim assim?
- Nem um pouco. – respondi sinceramente. Continuamos abraçados até interromper.
- , tentamos falar com o Jake ontem, o dia inteiro, mas não conseguimos.
- Bela hora pra se falar o nome dele. – murmurou e eu mordi o lábio inferior, tentando não rir.
- Eu também não falo com ele desde ontem.
- Vamos almoçar. – disse minha mãe, surgindo na sala.

***


- Sue, o almoço estava maravilhoso. – disse Matheus.
- Você pode vir almoçar aqui sempre que quiser, Matheus, você é como um filho pra mim, um filho desnaturado, mas é. – minha mãe disse com um sorriso no rosto. A conversa continuou na sala, até que meu celular tocou e eu fui até a cozinha pra fugir do barulho.

- Oi, Jake.
- Oi, , tudo bem?
- Tudo e com você?
- Tudo bem também, eu liguei pra avisar que eu vou ter que sair da cidade por uns dias. Deu problema na filial de Hampshire e eu tenho que resolver. Por isso que eu não te liguei ontem.
- Ah sim, pensei que tivesse acontecido alguma coisa, você nunca some assim.
- Desculpa, é que eu estava preso na empresa e quando saí já era tarde pra te ligar. Eu não sei quanto tempo eu ficarei aqui, pode ser dois dias ou mais, então assim que eu chegar em casa, eu te ligo, tudo bem?
- Tudo bem.
- Eu tenho que desligar agora, beijos.
- Beijos.

- Era o Jake? – perguntou quando eu voltei pra sala.
- Era.
- E o que vocês vão fazer hoje?
- Nada, ele foi viajar hoje, coisas do trabalho.
- Poxa, logo no seu aniversário.
- Eu acho que meu aniversário não é um problema pra ele, já que ele não lembrou. – eu disse, sentando no sofá.
- Ele não lembrou? – ela perguntou, um pouco alto demais.
- Quem não lembrou o que? – perguntou .
- O Jake, não lembrou do meu aniversário. – eu disse. E após essa “notícia", Jake virou o assunto da casa. Depois de uns minutos, pensativo, levantou do sofá e foi até o corredor. Ficou lá, uns quinze minutos, falando no telefone.

- . – minha mãe chamou da cozinha.
- Sim, mãe.
- E eu seu pai temos uma coisa para contar.
- O que? – perguntei, confusa.
- Nós vamos passar seis meses em Nova Iorque, eu tenho que fazer um curso de qualificação, a empresa vai pagar.
- E nós queríamos que você fosse também. Nós sabemos da faculdade, mas você se forma agora no final do ano e podia ir depois. – minha mãe disse.
- Seis meses em Nova Iorque? Tudo pago? – perguntei e meu pai afirmou. – Nossa, você deve ser um excelente funcionário. Enfim, eu posso pensar?
- Nós vamos na sexta-feira. É, eu sei que está bem perto, mas a confirmação só saiu ontem.
- Então eu tenho até o fim da semana pra pensar?
- Não necessariamente, você pode ir depois, se quiser.
- Nova Iorque... É tão tentador, sempre quis conhecer.
- Nós queremos passar um tempo com você, filha. – meu pai disse.
- Vou pensar, com muito carinho. – eu disse, antes de abraçá-lo.
- Isso, pense com o seu coração. – disse minha mãe, se juntando ao abraço.

- Onde está o ? – perguntei, quando cheguei à sala.
- Ele disse que precisava resolver umas coisas e falava melhor com você depois. – respondeu .
- Ele deve ter ido à casa da . – eu disse, sentando no sofá.
- Poupe seu ciúme, . Ela não sabe que voltamos e, aparentemente, ele não quer que ela saiba tão cedo.
- Não é ciúme, é... – eu tentei responder.
- É o que? Dor de cotovelo ou apenas implicância?
- Apenas implicância. – eu respondi, rindo.
- E então, o que faremos de noite? – Matheus perguntou.

***


Eu tinha acabado de chegar em casa e entrar no meu quarto, quando o celular tocou, mostrando uma nova mensagem.

Preciso que você esteja pronta, hoje às 20h em ponto. Estarei te esperando em frente ao prédio. Não pergunte nada a ninguém e, por favor, não estrague minha surpresa. Beijos, .

Olhei a hora: 18:42, coloquei o celular em cima da mesa e comecei a me arrumar.

Dei uma última olhada no espelho, ajeitando minha roupa, passando o batom para finalizar. Coloquei uma mecha do cabelo, que estava solta, no lugar, não sei por que, mas eu sentia que precisava estar linda, linda para o . Ri do pensamento. Eu sei que tinha prometido a mim mesma que me afastaria do , tinha estabelecido um limite, mas era tão difícil resistir quando ele me tratava dessa maneira, quando ele demonstrava tanta preocupação, tanto empenho apenas para me fazer uma surpresa. E o Jake... Bom, ele não está aqui e nem ao menos lembrou o meu aniversário, não é mesmo? Segui para a sala, estava quase na hora marcada.

- O que acham? – disse, colocando as mãos na cintura e dando uma volta. – Estou bonita?
- Eu disse que você precisava de um vestido para sair de noite, não disse? – Matheus falou.
- Sim, você disse. Aliás, você sabe pra onde eu vou agora, não sabe?
- Eu não sei de nada. – ele disse, levantando e indo para a cozinha. Eu iria atrás, mas o interfone tocou. Era o Sr. Wilson avisando que o já estava me esperando.

- Você está incrivelmente linda. – ele disse, com um sorriso, assim que me viu.
- Não precisa exagerar.
- Não é exagero algum. – ele disse, abrindo a porta do carro.
- Obrigada. Você está um perfeito cavalheiro hoje.
- Você merece, afinal, hoje é o seu dia. – ele disse, com um sorriso encantador. – Pronta?
- Pronta.

Seguimos pelas ruas bem iluminadas de Londres. cantarolava baixo a música que tocava no rádio, e eu apenas observava a paisagem que passava rapidamente pela janela. Já fazia algum tempo que estava morando aqui, mas a cidade ainda parecia nova pra mim. Às vezes eu me sentia como uma turista, daquelas que fica encantada com qualquer lugar novo que conhece. O centro estava movimentado, bem movimentado por sinal, afinal, era uma noite de terça-feira. Seguimos pelas margens do rio Tâmisa, até que paramos num estacionamento meio vazio.

- Onde estamos? – perguntei enquanto ele saía do carro.
- Veja você mesma. – ele disse, abrindo a porta e me ajudando a descer. Olhei em volta e percebi onde estávamos.
- London Eye? – perguntei confusa. – Mas eu pensei que não funcionasse terça-feira à noite.
- E quem disse que funciona? – ele disse, fechando a porta do carro. – O irmão de um amigo trabalha aqui e liberou nossa visita noturna.
- Então somos só nós dois?
- Apenas nós dois.
Seguimos para a entrada, onde um rapaz nos esperava. estava com um sorriso bobo nos lábios e sua expressão era de felicidade pura.
- Qual é o motivo dessa felicidade toda?
- Você. – ele sussurrou em meu ouvido e eu senti um arrepio por todo o meu corpo.
- Boa noite, senhorita.
- Boa noite.
- Boa noite, senhor . – o rapaz disse, estendendo a mão.
- Boa noite, Steve. – respondeu, apertando a mão do rapaz. – E vamos esquecer o senhor, ok?
- Tudo bem, .
- Nossa cabine está pronta?
- Exatamente da forma pedida.
- Excelente.
Cruzamos o pequeno espaço até a entrada da cabine que, já de longe, eu conseguia ver a decoração, mas foi ao entrar que eu fiquei maravilhada. Havia velas e vasos de flores espalhados por todo ambiente, algumas pétalas de rosas pelo chão, uma mesa posta para duas pessoas no centro, no canto algumas bandejas e um pequeno rádio.
- , eu... – eu não conseguia completar a frase, estava maravilhada com o ambiente.
- Gostou?
- Eu amei.
- Amou? Então espera chegarmos lá em cima. – após essas palavras, pude sentir a cabine se movimentar. Nós subíamos lentamente, então eu me aproximei do vidro, para apreciar melhor a paisagem. A vista era incrível, definitivamente, uma das coisas mais lindas que já tinha visto na vida.
- E então, o que achou? – ele perguntou, se aproximando. – Eu sabia que você nunca tinha vindo aqui, então achei que você ia gostar.
- A vista daqui é linda, maravilhosa, diria até perfeita.
- Não usaria a palavra perfeita, não com você aqui.
- ... – eu disse, virando lentamente e encarando seus olhos, especialmente essa noite.
- Se você for falar qualquer coisa que estrague o clima, por favor, não diga.
- Não irei. – eu disse, antes de selar levemente nossos lábios. – O que faremos?
- Vamos comer?
- O que temos?
- Bom... – ele disse, seguindo para as bandejas e destampando-as. – Para o jantar, nós temos spaghetti com filé mignon e cogumelos; para a sobremesa, torta de chocolate com morangos e, para acompanhar, vinho. Eu estava sem tempo, então tive que fazer algo mais simples.
- Então, você fez tudo isso?
- Sim, eu fiz tudo isso.
- .
- Tá, eu mandei fazer.
- Parece uma delícia.
- Então vamos comer.
Conversamos, rimos, enfim, fizemos um pouco de tudo enquanto comíamos. A comida estava realmente deliciosa, principalmente a torta de chocolate.

***


- Agora que já comemos, tenho mais uma coisa pra você.
- Mais surpresas?
- Não é bem uma surpresa, afinal, é seu aniversário. – ele disse, tirando uma caixa de presente, que estava escondida em algum lugar e colocando na minha frente. – Feliz aniversário, . Você merece toda a felicidade do mundo.
Desfiz o laço e tirei a tampa, me deparando com uma caixinha preta de veludo e uma foto no fundo da caixa. Coloquei a caixinha em cima da mesa e retirei a foto do fundo. Olhei atentamente, era uma foto minha e do , tirada no dia que o Sam foi até o pub e o fingiu ser meu namorado. Na foto, nós estávamos dançando, eu apoiava a meu rosto em seu peito dele e ele apoiava o queixo em minha cabeça. Eu não sabia da existência daquela foto.
- Eu não sabia que essa foto existia.
- Eu sabia. – ele disse, com um sorriso. – O tirou essa foto e me mostrou logo no dia seguinte.
- Por que ninguém nunca me mostrou?
- Porque acharam que não era interessante para você.
- Mas é claro que é. – eu disse, passando a mão levemente pela foto e senti algumas formas em relevo, como se tivesse algo escrito. Virei a foto e pude comprovar.
“Quando alguém entra em sua vida, metade de você diz: Não, você não está preparado. Porém..."

- Porém? – perguntei e ele riu.
- É uma frase que eu vi num filme, enquanto estávamos em Atlanta. Eu só escrevi um trecho, porque não tinha certeza se deveria escrever toda, mas no momento em que eu tiver certeza, eu te falo. – o encarei por alguns segundos, estudando sua expressão.
- E se você nunca tiver certeza?
- Eu sei que terei.
- Promete?
- Prometo.
Peguei a caixinha que estava sobre a mesa e abri, encontrando um colar com um pingente em forma de estrela.
- Uma estrela?
- Foi um motivo bobo que me levou a escolher esse.
- E qual é? – ele fez uma careta antes de responder.
- Você lembra a primeira música que dançamos juntos?
- Claro, Yellow, do Coldplay.
- Então, a música diz: “Look at the stars, look how they shine for you." - ele disse, tirando o colar da caixinha e colocando em meu pescoço. – As estrelas brilham por você, , e para tudo que você faz. E elas continuarão brilhando, enquanto você estiver usando isso. Na verdade, você brilha mais que todas elas juntas, pelo menos pra mim.
- ... – eu disse, olhando para o pingente e respirando fundo. – Então elas brilharão para mim pra sempre.
- Vem... – ele disse, me puxando e me girando algumas vezes, até perto do rádio, ligando o mesmo. – Vamos dançar.

(n/a: coloque a música agora)

Com a música, o ambiente era simplesmente irresistível. A pouca iluminação da cabine, contrastando com todas as luzes da cidade, criava uma atmosfera completamente romântica. O perfume do , o brilho dos seus olhos, os seus suaves toques em minha pele, sua respiração fraca em meu pescoço, só ajudava a aumentar essa atmosfera, tornando praticamente impossível resistir a qualquer avanço que ele possa tentar. Balançávamos no ritmo da música, enquanto olhava em meus olhos e cantarolava a música.

There was a new girl in town
Tinha uma menina nova na cidade
She had it all figured out
Ela tinha tudo decidido
Well I'll state something rash
Bom, eu vou dizer algo imprudente
She had the most amazing... Smile
Ela tinha o mais maravilhoso... Sorriso

- Vamos, sorria. – ele disse e eu não pude evitar. – Era isso que eu queria, um sorriso.
- Você tá muito bobo hoje.
- Você me deixa assim. – ele respirou fundo. – Me promete uma coisa?
- Claro.
- Você pode parar de fingir que não sente nada por mim, pelo menos essa noite?
- Eu não poderia, nem se eu quisesse.
- Eu não sei o que você faz comigo, não sei é algum sentimento, atração ou apenas uma fixação quase doentia. A única coisa que eu sei, é que gosto de como eu me sinto. Eu gosto de como você faz eu me sentir.
- Eu me sinto perdida quando eu estou com você, mas quando eu não estou, a única coisa que eu quero é estar.
- Por que as coisas não são simples entre nós dois?
- Se elas fossem simples, não seríamos nós dois. Não teria a mesma graça, o mesmo resultado. Às vezes é bom viver apenas o momento, sem saber o que vai acontecer depois.
- Essa noite, seria um desses momentos?
- Você tem alguma dúvida?

She made her way to the bar
Ela fez seu caminho até o bar
I tried to talk to her, but she seemed so far
Tentei falar com ela, mas ela parecia tão longe
Outta my league
Longe do meu alcance
I had to find a way to get her next to me
Eu tinha que achar um jeito de fazê-la vir para mim

- Você não vai me falar a continuação da frase?
- Eu te disse que assim que eu tiver certeza, eu falo.
- Mas eu fiquei curiosa. – eu disse, fazendo um biquinho.
- Não faça essa cara pra mim, por favor.
- Tá. – eu disse, rindo.
- Tem medo de altura?
- Não, por quê? – ele não respondeu, apenas me colocou entre ele e a parede de vidro da cabine.
- Por isso.

She's slipping away
Ela está escorregando
I always freeze when I'm thinking of words to say
Eu sempre congelo quando estou pensando em palavras pra dizer
All the things she does
Todas as coisas que ela faz
Make it seem like love
Fazem isso parecer amor
If it's just a game
Se é só um jogo
Then I like the way that we play
Eu gosto do jeito que nós jogamos

Ele foi se aproximando lentamente, diminuindo centímetro a centímetro, a distância entre nossos lábios. Fazendo meu coração acelerar feito louco. O nosso beijo tinha gosto de saudade, distância, medo, dor e... Um sentimento inexplicável e sereno... Acho que era amor. Amor?

I'm falling in love
Eu estou me apaixonando
But it's falling apart
Mas caindo aos pedaços
I need to find my way back to the start
Eu preciso encontrar o meu caminho de volta para o começo
When we were in love
Quando estávamos apaixonados
Things were better than they are
As coisas eram melhores do que são
Let me back into...
Me deixe voltar...
Into your arms
Pros seus braços

***


Seguíamos, lentamente, o caminho até o carro. Não estávamos de mãos dadas, mas nossas mãos esbarravam-se algumas vezes. Quando estávamos perto o bastante, ele me puxou, encostando meu corpo na porta traseira do veículo, antes de selar, novamente, nossos lábios. Suas mãos subiram para a minha cintura, onde ele deu um leve aperto e juntou nossos corpos. Depois de alguns minutos, ele se afastou, fazendo um leve carinho em meu rosto e me olhando com um sorriso bobo no rosto.

- Para onde quer ir agora, senhorita? – ele perguntou, me aproximei e sussurrei em seu ouvido.
- Para as estrelas. – Ele me olhou, com uma expressão indecifrável. Olhei fixamente em seus olhos, tentando decifrar ou, pelo menos, imaginar o que se passava em sua cabeça. – Eu achei que uma fala de Titanic cairia bem agora.
- Não consigo imaginar um momento mais perfeito.

***


Eu estava deitada sobre o seu peito, passando minhas unhas pelo seu braço, enquanto seus dedos traçavam círculos em minhas costas nuas, às vezes suas mãos subiam até meus cabelos ou desciam até minha cintura. Era um carinho gostoso, mas ao mesmo tempo fazia cócegas, por isso eu ria em alguns momentos.

- Tá rindo de que? – ele perguntou, num desses momentos.
- Tá fazendo cócegas.
- Quer que eu pare?
- Não, pode continuar. – eu disse, apertando mais meus braços ao seu redor.
- Vai dormir aqui, digo, você estará aqui quando eu acordar?
- Se você quiser, eu estarei.
- Claro que eu quero. – ele respondeu, dando um beijo no alto da minha cabeça e se ajeitou na cama, com os olhos quase fechados. – Eu... Eu... – ele disse, bocejando. – Eu acho que vou dormir.
- Boa noite, .
- , quer saber a continuação da frase? – ele perguntou, com a voz já embargada pelo sono.
- Claro! – respondi. Ele se ajeitou na cama e me olhou diretamente nos olhos.
- “Quando alguém entra em sua vida, metade de você diz: Não, você não está preparado... – ele suspirou antes de continuar. – Porém, outra metade diz: Faça com que ela seja sua para sempre." Eu acho que essa metade está falando mais alto agora.
- ... – eu disse, passando a mão pelo seu rosto e selando nossos lábios. Ele deu um sorriso fraco, pegou uma de minhas mãos, deu um beijo e colocou em cima de seu coração.
- Eu senti tanto a sua falta. – ele disse, fechando os olhos em seguida, sendo vencido pelo sono. Eu continuei lá, olhando ele dormir, sentindo o seu peito subir e descer levemente. O sorriso continuava estampado em seu rosto e nesse momento era tão difícil, quase impossível negar que eu estava envolvida, talvez mais envolvida que ele mesmo. Aproximei-me de seu ouvido, sussurrando:
– Também senti sua falta.


Capítulo 23
(n/a: coloque para tocar, quando a letra aparecer.)

’s POV on

Rolei na cama, estranhando não encontrar nenhuma resistência, afinal, ela tinha prometido dormir aqui. Me sentei na cama, passando as mãos pelo olhos, tentando enxergar melhor. Ouvi um barulho vindo do banheiro, sorri comigo mesmo, ela tinha cumprido a promessa. Deitei novamente na cama e fiquei encarando o teto.

- Isso tá muito estranho. – ela murmurava consigo mesma, saindo do banheiro.
- O que há de errado?
- Ah! Você acordou. – ela riu. – Já ia te acordar, tenho que ir embora, ainda vou passar na faculdade hoje, tenho um monte de coisas pra fazer.
- Eu te levo. – eu disse, levantando.
- Tá, mas antes nós precisamos conversar. – ela disse, me fazendo sentar novamente.
- Fala. – eu disse, confuso.
- Eu nem sei como começar a falar isso, mas eu vou tentar.
- , você tá me deixando nervoso.
- , eu estou atrasada.
- Eu disse que ia te levar, mas você falou que...
- Não, eu estou uma semana atrasada. – eu a encarava com uma expressão confusa. – , eu acho que estou grávida.
- Como é?
- Eu estou atrasada, tenho me sentido mal, tudo me enjoa, sinto muito sono...
- Grávida?
- Mas eu não tenho certeza, o atraso pode ser por outro motivo e...
- Grávida?
- , respira.
- Quem é o pai?
- Como assim quem é o pai?
- O pai pode ser o...
- Não diga ‘Jake’, não se você tem algum respeito por mim.
- Mas, , pode ser.
- Não, , não pode ser.
- Como você pode ter tanta certeza? Eu passei quase um mês fora e você ficou aqui com ele.
- É essa a imagem que você tem de mim? – ela riu fraco. – Pensei que você soubesse que eu não sou como essas garotas que você tá acostumado.
- Então, você nunca...
- Não, eu nunca fiz nada com o Jake. Eu não conseguia, me sentia estranha.
- Eu pensei que...
- Você pensou errado, como sempre. – ela caminhou até a janela, respirando fundo. – Antes de você, o único cara que eu tinha feito alguma coisa, foi o Sam e só. Eu não tive tantas experiências e por isso esse assunto é meio complicado pra mim. Eu não me sinto bem tendo esse tipo de intimidade com duas pessoas, praticamente ao mesmo tempo, então quando o Jake tentava alguma coisa, eu sempre impedia.
- Quer dizer que você nunca teve nada com o Jake por minha causa?
- Tecnicamente, sim. Alguma coisa, nisso que nós temos, me prendia, me impedia.
A sensação que eu tinha era de alívio. Saber que ela, se alguma forma, ela era só minha, me preenchia de felicidade, de uma forma puramente egoísta. Afinal, ela não me prendia, não dessa maneira.
- Então você tá grávida?
- Eu não tenho certeza. Vou comprar um daqueles exames de farmácia e vou fazer quando chegar em casa. Não é totalmente seguro, mas pode ajudar a tirar essa dúvida.
- Mas se não for isso, o que pode ser?
- Não sei, falam que estresse, má alimentação e mais um monte de coisas podem influenciar.
- Mas isso não é comum pra você?
- Não, nenhum pouco. Por isso que eu estou achando isso.
- Como isso aconteceu?
- Eu acho que você sabe muito bem, não?
- E quero dizer, como... Quando? Nós sempre nos protegemos.
- Nós fomos irresponsáveis uma vez, lá na casa de praia e uma basta?
Eu a encarei por alguns segundos e quando ela se virou, seguindo para o banheiro, eu a interrompi.
- Você quer que eu esteja com você na hora que você fizer o teste?
- Se você quiser. – ela deu de ombros.
- Eu estarei lá. Eu tenho algumas reuniões essa tarde, mas assim que tudo acabar, eu vou pra sua casa.
- Tudo bem, eu tenho que ir agora. – ela disse, recolhendo suas roupas e entrando novamente no banheiro.

Pai. Essa era a única palavra que martelava em minha cabeça. Eu tinha acabado de deixá-la em casa e seguia para a sede da gravadora, onde teríamos uma série de reuniões a respeito do novo cd. Eu precisava conversar com alguém, desabafar e faria isso assim que pudesse. A tarde praticamente se arrastou e não tive nenhuma oportunidade de conversar com nenhum dos caras. Quando a última reunião acabou e o pediu uma carona pra casa, eu vi surgir a minha chance. Mesmo com a cabeça fervilhando, segui em silêncio até a frente da casa do e foi quando eu não agüentei mais segurar todas essas novidades só para mim.

- , posso te perguntar uma coisa?
- Claro.
- O que você faria se a estivesse grávida?
- O que? Como assim? Ela te disse alguma coisa?
- Não, ela não me disse nada. É só um exemplo.
- Você me assustou. – ele disse, respirando fundo. – Bom, eu ficaria nervoso, afinal um filho é muita responsabilidade, mas eu acho que seria a coisa mais perfeita do mundo.
- Sério?
- O que é mais perfeito do que a mulher que eu amo me dar um filho?
- A mulher que eu amo. – eu murmurei.
- O que você aprontou dessa vez, ? – eu o encarei por alguns segundos e respirei fundo antes de responder.
- A acha que tá grávida. – eu disse de uma vez e fiquei olhando a expressão do mudar de tranqüilo para chocado, de chocado para pasmo e de pasmo para... Feliz?
- Isso é uma coisa realmente grande. – ele disse com um sorriso.
- Só isso que você tem pra me falar?
- O que você quer que eu fale? Quer os meus pêsames?
- Não, claro que não, mas eu não sei o que fazer, não sei como agir.
- Quando ela te disse?
- Hoje, mas eu ainda não consegui assimilar e falar sobre isso, só torna mais real.
- Mas , é real. Tem um bebezinho a caminho, metade você, metade ela. Vocês vão ter que se entender de uma vez, parar com essas confusões bobas que vocês arrumam. Uma criança precisa de um ambiente tranquilo, sem brigas.
- Por que você falou que se a estivesse grávida, seria a coisa mais perfeita do mundo?
- Porque seria a mulher que eu amo, me dando um filho.
O termo que ele usou: “A mulher que eu amo., parecer ter acendido uma luz em minha mente, me fazendo enxergar o óbvio, o que sempre esteve em minha frente e eu nunca tive a capacidade de ver.
- , eu amo a . –ele riu.
- Já estava na hora de você perceber isso.
- , é sério. Eu a amo. E só consigo perceber, entender isso agora. Eu pensei diversas vezes, que ela fosse apenas mais uma, que toda essa loucura, um dia perderia a graça. Mas a necessidade que eu sinto dela não diminui, ao contrário, só aumenta e agora ela vai me dar um filho. Quando eu estou com ela é como se nada no mundo importasse, como se houvesse apenas nós dois e isso realmente me assustava. Eu não sabia o que fazer, não sabia como agir, procurava outras garotas, outras formas de me distrair, mas no final, tudo se resumia a ela. É como eu falei uma vez, nós sempre andamos em círculos, tentávamos correr, fugir um do outro, mas não tinha outra saída, ela era sempre o meu ponto de partida e de chegada. Eu nunca entendi porque eu não jogava tudo pro alto, porque essa confusão não me cansava, mas agora eu entendo, eu nunca quis fugir disso, nunca quis deixar de tê-la de alguma maneira. Eu acho que eu sempre a amei, mas nunca percebi o que estava bem na minha frente. Agora as únicas coisas que me importam agora são a e essa criança.
- Agora, eu posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- Por que você ainda não falou isso pra ela? Você só está perdendo tempo.
- Eu sei, eu vou falar com ela. Ela tá me esperando para fazer um teste. Eu pedi para ela me esperar, eu quero estar com ela, seja qual for o resultado.
- Vai dar tudo certo, . Eu seu que vai.
- Obrigada, .
- De nada, papai. – ele disse com um sorriso.

***


Acelerei meu carro, a pressa de chegar logo na casa dela tinha aumentado, e o caminho parecia ter crescido milhões de vezes. Precisava vê-la, precisava falar tudo o que eu sentia, precisava colocar para fora tudo que agora parecia me sufocar. O sinal continuava vermelho, eu batucava no volante, nervoso, ansioso, com medo. Ensaiava mentalmente, tudo o que falaria para ela, mesmo sabendo que nunca sairia da forma que eu planejava. Liguei o rádio, tentando me acalmar um pouco, mas a batida rápida da música, parecia me alarmar mais. Desliguei o rádio, voltando meu olhar para janela e uma loja de roupas para crianças chamou minha atenção. No impulso, manobrei o carro, até parar no acostamento e pensei diversas vezes antes de sair. Caminhei lentamente pela calçada, não sabendo muito bem o que fazer. Olhei um pouco a vitrine, O que eu estou fazendo?, eu pensava. Respirei fundo, tomei coragem, entrei na loja e logo uma vendedora, bem simpática por sinal, veio me atender.

- Posso ajudar?
- Eu estou procurando por um presente, mas não sei bem o que.
- Entendo. – ela disse indo até o balcão e eu a acompanhei. – Qual é a idade?
- Ele ainda não nasceu.
- Eu tenho algumas roupinhas, macacões, vestidos, blusinhas... – ela disse, colocando várias peças em minha frente.
- Eu realmente não sei o que levar, não sei nem se é menino ou menina.
- Você pode levar um sapatinho, é sempre bom dar um sapatinho de presente.
- O sapatinho pode ser tanto para menina quanto pra menino, certo?
- Sim, depende da cor que você comprar. – ela disse, colocando alguns modelos no balcão. – Amarelo, verde e branco são cores neutras, mas você pode levar o vermelho, falam que o de cor vermelha, traz proteção. É uma crença popular, mas mal não deve fazer.
- Eu vou levar o vermelho. – dei o dinheiro a ela.
- É seu filho? – ela disse voltando com o embrulho. Aquela pergunta mexeu comigo de uma forma estranha, como se a resposta fosse a coisa mais importante que eu pudesse falar.
- É, meu filho. – eu disse com um sorriso.

Parei em frente ao apartamento da , olhei para o embrulho ao meu lado e ri fraco, estava me sentido tão bobo... Balancei a cabeça algumas vezes e segui para o prédio, pedi para o Senhor Wilson anunciar minha chegada enquanto subia.

- Oi. – ela disse baixo, já estava sentada no sofá da sala, me esperando.
- Oi. – eu respondi, dando um sorriso fraco.
- Vamos acabar com essa tortura. – ela disse levantando e seguindo para o quarto. seguiu direto para o banheiro, onde ficou durante uns dois minutos. Eu sentei em sua cama, esperando ela voltar.
- Tem que esperar três minutos. – ela disse, encostando-se na porta do banheiro e colocando o bastão de teste em cima da mesa, em nossa frente. – Vou colocar o celular para despertar e avisar que chegou a hora.
- Três minutos.- Três minutos que decidirão toda a minha vida.
- Toda a nossa vida. – eu acrescentei. – , eu acho que deveríamos parar com isso, parar com essas brigas e confusões idiotas que arrumamos. Nós teremos algo mais importante que qualquer outra coisa. Nós teremos alguém.
- Eu sei. – ela disse, respirando fundo.
- Senta aqui. – eu disse, batendo na cama. Ela veio, sentou ao meu lado e eu a abracei.
- Eu não sei se estou pronta para isso, . É muita responsabilidade.
- Se realmente der positivo, eu estarei ao seu lado. Não te deixarei sozinha, nem você e nem o nosso filho.
- Nosso filho? – ela perguntou com um sorriso fraco. – É tão estranho ouvir isso.
- É mais estranho ainda falar. – respirei fundo, tomando coragem para falar tudo que ensaiei por todo o caminho. – Eu queria falar uma coisa pra você, uma coisa que eu venho pensando há muito tempo. E que eu finalmente consegui entender.
- O que?
- O motivo de eu não conseguir ficar longe de você.
- E qual é?
- , eu acho que estou... – fui interrompido pelo alarme do celular. Ela me olhou com os olhos arregalados, dava para ver o medo neles. Lentamente, ela levantou e desligou o alarme e pegou o bastão, me olhou novamente. Ela fechou os olhos com força, respirando fundo algumas vezes, antes de conseguir olhar o resultado. Meu coração martelava em meu peito, eu estava quase sufocando, não conseguia respirar direito desde o momento em que ela levantou.
- Deu negativo. – ela disse baixo.
- Isso deveria ser uma notícia boa, certo? – perguntei, me sentindo estranho.
- Sim. – ela respondeu, fingindo sorrir.
- Então porque eu estou me sentindo... Vazio?
- Eu pensei que você pudesse me responder isso. Como nós podemos sentir falta de algo que nunca tivemos? Só porque eu passei um tempo achando que estava grávida, isso me dá o direito de estar triste por não estar?
- Eu não sei, eu realmente não sei. Eu não esperava por nada disso, eu fiquei o dia todo pensando nisso, pensando em nós dois, ou nós três. É como se o meu mundo tivesse virado de pernas pro ar em algumas horas, e agora eu estou vendo as coisas por outro ângulo, não sei. Nada do que eu estou falando tem sentido... Eu vou embora, eu preciso ficar sozinho, eu preciso pensar. – eu disse, levantando e deixando o pequeno embrulho em cima da cama dela.
- ... – ela disse baixo. Eu olhei bem fundo em seus olhos e por um segundo, parecia que ela se sentia da mesma forma que eu. Como se algo estivesse faltando. Forcei um sorriso antes de sair pela porta.

Isso soou para mim como se tivessem jogado um balde de água fria, eu já tinha feito tantos planos e em todos eles nós três aparecíamos juntos e felizes. Mas a realidade era totalmente diferente, nós não éramos três, não estaríamos juntos, nós éramos dois e continuaríamos separados. De alguma forma, eu já esperava aquele filho, eu podia senti-lo em meus braços, era como se o meu amor por ele já existisse e agora esse amor ficaria guardado em algum lugar do meu coração, junto com o amor que eu sinto pela ‘ex futura’ mãe dele.

’s POV off

Eu me sentia completamente vazia. Não que eu tivesse o desejo de ser mãe nesse exato momento, mas só a ideia de poder ser, já muda tudo. Olhei pela janela e pude ver o deixar o prédio, por algum motivo que eu não sei, ele ficou muito abalado com a notícia, pensei que ele não quisesse um filho nesse momento da vida dele, com uma carreira pela frente. Caminhei lentamente até a minha cama, onde vi uma pequena caixa em cima, a mesma que carregava quando chegou. Sentei e abri, me deparando com um lindo par de sapatinhos vermelho de lã. Parecia que o meu coração ia parar ou que estava mais pesado, senti um nó sendo formado na minha garganta, tornando difícil falar qualquer coisa. Ele tinha feito a coisa mais fofa, linda e perfeita que eu já tinha visto em toda a minha vida. Fiquei admirando aquele pequeno sapatinho durante algum tempo, sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Guardei a caixa no meu armário, peguei minha bolsa e saí rapidamente do quarto. Eu precisava vê-lo.

I don't mean to run
Eu não pretendo fugir
But every time you come around
Mas sempre que você chega perto
I feel more alive than ever
Eu me sinto mais viva do que nunca
And I guess it's too much
E eu acho que isso é demais
But maybe we're too young
Mas talvez sejamos muito jovens
And I don't even know what's real
E eu ainda nem sei o que é real

But I know I've never wanted anything so bad
Mas eu sei que nunca quis tanto algo
I've never wanted anyone so bad
Eu nunca quis tanto alguém

Desci rapidamente até o estacionamento, pegando meu carro e seguindo para casa do . Eu sentia um aperto estranho no peito, uma angústia inexplicável. Os sinais de trânsito pareciam estar contra mim, tudo parecia estar da forma errada. Eu não esperava que acontecesse nada do que aconteceu nas últimas 24 horas, foi tudo muito repentino. Surpresa. Aniversário. Presentes. Gravidez. Negativo. Meu mundo virou de cabeça pra baixo, as coisas saíram dos trilhos e eu perdi o rumo, o controle, meu coração. Tudo o que eu acreditava ser real, tudo o que eu imaginei que sentia, era uma mentira, e o pior, eu era a mentirosa, eu estava mentindo para mim mesma. Passei tantos dias, tantas horas, jurando que não sentia nada pelo . E agora, só de ver em a dor seus olhos, era como se a dor dele fosse minha, como se o que doesse nele, doesse em mim. Eu não conseguia entender porque eu me sentia assim, ou tinha medo de aceitar a única razão que faria eu me sentir assim. Eu estava realmente apaixonada por .

And I don't wanna let this go
E eu não quero que isso se vá
Realy I just want to know
Eu realmente só quero saber

Parei o carro na frente da casa dele e toda a ansiedade, necessidade que sentia de vê-lo, se esvaiu e o medo passou a me dominar. Agora, tendo noção do que eu sentia, seria praticamente impossível negar. Sim, esse deveria ser o momento que eu sairia do carro, correria até ele e diria que o amo, mas nada funciona da forma correta comigo, não mais. Eu sei que não devia me prender às experiências ruins que tive, mas como aceitar isso? Como seguir em frente, depois de ver que grande parte de sua vida foi transformada em nada? Como confiar o seu coração a alguém, depois de outra pessoa ter feito o mesmo em pedaços? Balancei a cabeça lentamente, eu tinha que enfrentar os meus medos, enfrentar meu passado. Sai do carro e segui, com passos decididos, até a porta, toquei a campanhia e poucos segundos depois, abriu a porta. Não foi necessária nenhuma palavra, nossos olhares diziam por si só. Fechei os olhos, sentindo uma lágrima solitária rolar pelo meu rosto, antes de sentir seus braços ao meu redor.

If I let you love me
Se eu deixar você me amar
Be the one adore
Ser a única adorada
Would you go all the way?
Você iria por todo o caminho?
Be the one I'm looking for
Seja o que eu estou procurando

- Me desculpe. – eu murmurei.
- Por quê?
- Não sei. – eu respondi e ele riu baixo.
- Não tem porque você se desculpar.
- Eu sei. – eu suspirei. – Sinto muito.
- Eu também. – ele disse, passando a mão pelos meus cabelos e apertando mais seus braços ao redor do meu corpo. – Eu também...

Be the one I'm looking for
Seja o que eu estou procurando

Capítulo 24
(n/a: Coloque essa música para tocar, quando a letra aparecer.)

- Por que você comprou aquele sapatinho? – perguntei, quebrando o silêncio depois de vários minutos. Estávamos sentados no sofá, ele me abraçava enquanto eu apoiava minha cabeça em seu peito.
- Pra eu perceber que era verdade. Eu não conseguia assimilar, eu não conseguia acreditar. Mas depois que eu conversei com o , eu abri os olhos e consegui entender... A partir desse momento, tudo fez sentido.
- E qual era o sentido?
- Nós teríamos algo, ou melhor, alguém que nos uniria. Teríamos algo que não conseguiríamos viver sem e assim, estaríamos sempre juntos.
- Eu não estava preparada para ser mãe e ainda não estou. Acabei de fazer 23 anos, não terminei a faculdade, não tenho um emprego, nem base, estrutura para ser mãe, pra colocar uma criança no mundo. Mas quando eu cheguei em casa e pude pensar com calma, eu só conseguia pensar se era menina ou menino – as lágrimas já rolavam pelo meu rosto. – Se teria os seus olhos e o meu cabelo, ou o seu cabelo e os meus olhos; se eu conseguiria ser uma boa mãe e criar essa criança sozinha...
- Você não estaria sozinha. Eu estaria sempre por perto, o mais perto que você quisesse.
- E eu iria querer o mais perto possível. – suspirei, enterrando mais ainda meu rosto em seu peito. – Eu pensava que, finalmente, teria alguém sempre comigo, alguém pra eu proteger, ensinar, cuidar, amar incondicionalmente... Alguém que daria valor ao meu amor. – eu suspirei, sorrindo fraco. – Sabe, eu tinha prometido que não choraria por mais ninguém, mas eu acho que esse acaso é diferente, certo?
- Completamente diferente. – ele riu, passando o dedo levemente pelo meu rosto, secando minhas lágrimas. – Não se preocupe, , você não está gastando suas lágrimas que alguém que merece. Mesmo não existindo. – ele suspirou. – No caminho até a sua casa, eu só conseguia pensar e imaginar esse bebê. Ele correndo por aí, brincando, andando pela primeira vez, falando papai... Porque ele, eu tinha certeza que seria menino e falaria papai primeiro. – ele riu. – Eu estava me sentindo até meio ridículo, sabe, não sei se homem ficando pensando essas coisas, ainda mais sem ter certeza. Por isso que eu comprei o sapatinho, pra acreditar... E acredite, funcionou. Tanto que eu fiquei mais abalado do que imaginava com o resultado. Também não queria ser pai agora, mas...
- Eu sei. – eu disse, com um pequeno sorriso. – É tão... Bonito ouvir você falando essas coisas, eu nunca imaginei que você reagiria dessa forma.
- Como você pensou que eu reagiria?
- Pensei que você fosse enlouquecer, fugir, desaparecer... – eu disse, dando de ombros.
- Você tem uma imagem muito errada de mim. – ele disse, colocando uma mecha solta do meu cabelo no lugar. – Eu mudei, mudei muito depois que te conheci. Talvez para me fazer mais merecedor de você ou só pra agir da forma certa, pelo menos uma vez na vida.
- Pra me merecer?
- É, uma garota como você não é tão fácil de achar, . Pensei que você soubesse. – eu não sabia o que responder, fiquei apenas olhando em seus olhos, por longos segundos. Então ele se aproximou, selando nossos lábios levemente e começou a fazer um leve carinho em meu rosto.
- Obrigada, por tudo. – eu disse, me aconchegando em seus braços. Braços que pareciam feitos sobre medida para mim.
Foi dessa forma que eu adormeci e acordei no dia seguinte, abri os olhos lentamente e encontrei aqueles belos olhos me encarando. Eu estava com a cabeça em seu colo, apoiada numa almofada. Ele estava com um bobo sorriso nos lábios, ele estava diferente ultimamente, ele havia mudado, segundo ele mesmo, mudado por mim.

- Já estava na hora de você acordar, dorminhoca.
- Dorminhoca? Que horas são?
- Quase duas da tarde.
- Meu Deus! – eu disse ficando de pé num pulo. – A vai me matar, de novo.
- Calma, eu avisei a ela que você estava aqui, sobre os meus cuidados.
- Se ela fosse realmente minha amiga, teria vindo me buscar na mesma hora. Estar sob sua responsabilidade, não parece um bom negócio.
- Assim você magoa as pessoas. – ele disse, fazendo uma careta.
- Eu tô com fome.
- Como assim? Não recebo nem um ‘desculpa, ’?
- Desculpa, . Eu tô com fome. – eu disse, rindo e ele me acompanhou.
- Vamos até a cozinha preparar algo pra você.
- Talvez você possa me mostrar seus dotes culinários. Afinal, você não quis ter todo o mérito pelo jantar do meu aniversário? – eu disse, roubando uma fruta que estava na fruteira, em cima do balcão.
- Verdade, estou te devendo uma. Então, eu vou caprichar.
- Por que algo me diz que eu deveria ter medo? – ele me olhou sério.
- Você está na minha casa. Não fale mal da minha comida debaixo do meu próprio teto.
- Ok, não está mais aqui quem falou. – eu disse, levantando as mãos, num sinal de rendição e saindo da cozinha. Andei despreocupadamente pela sala, olhando as fotos existentes pelos porta-retratos espalhados pelo cômodo. Sem ter mais o que fazer, me joguei novamente no sofá.
- . – gritei da sala.
- Fala, . – ele disse, rindo baixo.
- Se importa se eu usar seu banheiro por alguns minutos?
- Você está em casa, sinta-se a vontade.
- Obrigada. – eu disse na porta da cozinha. Ele virou o corpo em minha direção, com um sorriso nos lábios, veio até mim, parando seu rosto bem próximo ao meu.
- Você estava acordado há muito tempo? – perguntei e ele afirmou com a cabeça. – Você ficou sentado lá, esperando eu acordar? – ele negou. – Eu não acordei quando você levantou? – ele negou mais uma vez. – Você não... – eu ia fazer outra pergunta, quando seus lábios me calaram, num selinho rápido.
- Você fala demais! – ele disse, antes de me dar outro selinho e voltar para a comida.
Subi as escadas lentamente, entrando no quarto do e em seguida no banheiro. Tomei um banho rápido, saindo envolvida na mesma toalha que usei no dia anterior. Vesti a mesma roupa que estava usando, peguei uma escova e comecei a pentear meus cabelos despreocupadamente, olhando pela janela do quarto. Meu olhar seguiu para a mesinha ao lado dela, em cima da mesma, tinha um porta retrato com uma foto do dia do aniversário do Matheus. Até o Jake estava na foto, ri comigo mesma.
- ? – ele perguntou, entrando no quarto.
- Essa foto é engraçada. – eu disse, apontando para o Matheus e para o , os dois ficaram extremamente bêbados naquele dia. – Esse dia foi legal.
- Não muito.
- Por quê? – perguntei e ele apontou para o Jake.
- É, não muito. – repeti o que ele disse e o seu gesto, só que apontei para a .
- Mas vamos deixar o passado para trás, onde é o lugar dele. – ele disse, colocando a fotografia no lugar, mas deixando cair uma folha dobrada perto do meu pé.
- O que é isso? – perguntei, fazendo menção de abrir.
- Não é nada. – ele disse, pegando da minha mão.
- É segredo? Eu não posso ver? – perguntei com um sorriso. – Oh! É uma carta de amor da ? Não sabia que ela era desse tipo.
- Não é nada disso! É uma música do novo cd, os meninos estavam aqui e acabou ficando por aqui.
- Música nova? É bonita? É romântica?
- Veja você mesma. – ele disse, dando o papel em minhas mãos.

Been all around the world, I never met a girl
That does the things you do and puts me in the mood
To love you and treat you right, so come here and close your eyes
Lie back, release your mind and let the world fall down while I’m by your side

I’ll be your man through the fire, I’ll hold your hand through the flames
I’ll be the one you desire. Honey cause I want you to understand
I’ll be your man

I can make it through the days, the years can pass away
There’s lipstick on my face and I love the way you taste
And I’m right here, so lock the door, ‘cause you need me, but I need you more
And I don’t care, about your mistakes, ‘cause they all went away when I found you.*


- , isso é lindo.
- Eu, digo, nós estávamos inspirados. – ele deu de ombros e eu ri.
- Você, digo, vocês estão de parabéns.
- Vamos comer? A comida tá quase pronta.
- Disse as palavras mágicas! – eu disse e seguimos para a cozinha.

***


- Eu acho que não vou morrer. – eu disse, assim que acabei de comer.
- Você é muito engraçadinha, por que não fala logo que a comida estava maravilhosa? – ele disse sério.
- A comida estava maravilhosa. – eu disse com um sorriso, fazendo ele sorriu também. – A louça é por minha conta. – eu disse levantando e seu sorriso alargou.
Eu estava distraída, cantarolando alguma coisa, enquanto falava a louça, até que ouvi uma música conhecida e gritou:
- Seu celular está tocando.
- Deve ser a . – eu disse, secando minha mão antes de pegar o celular.

- Alô.
- , é o Jake, tudo bem?
- Oi, Jake. – eu disse sem jeito, vendo fazer uma careta. – Tudo bem sim e com você?
- Melhor agora, que eu estou falando com você. - ele riu. - Acabei de chegar em casa, queria te ver. Estou com saudades.
- Agora?
- É, se você não estiver fazendo algo importante.
- Bom, eu estou na faculdade agora. – disse fazendo uma careta. – Posso passar aí mais tarde, tudo bem?
- Tudo bem, então. Estou te esperando. Beijos.
- Beijos.

Guardei o celular lentamente, me virando para encarar o . Ele continuou sentado no sofá, olhando diretamente pra mim, em silêncio.
- Não me olha desse jeito, eu tenho que ir. – eu disse baixo.
- Encontrar com ele?
- É, , encontrar o Jake. – eu disse, bufando e me jogando no sofá ao seu lado.
- Por que você continua com isso?
- Continuo com o que?
- Com essa confusão!
- , o que você quer que eu faça? Quer que eu o ignore? – perguntei, colocando uma perna de cada lado do seu corpo e sentando em seu colo. – Eu não posso fingir que ele não é ninguém, ele é um cara legal. - Me aproximei e lhe dei um selinho.
- O que você pensa que está fazendo?
- O que você acha? – perguntei, rindo e lhe dando outro selinho.
- Para.
- Por quê? – eu disse, passando a mão pelo seu rosto.
- Eu já falei pra você parar. – ele disse um pouco mais alto, segurando minhas mãos.
- Qual é o seu problema?
- Eu que pergunto, qual é o seu problema?
- Eu não estou te entendendo. – eu disse, saindo de cima dele.
- O que você quer de mim? O que você realmente quer de mim?
- Por que essa pergunta?
- Por que você está fazendo isso comigo?
- ...
- Apenas responda as perguntas, . Qual é a razão disso tudo? – ele disse, levantando. – Sabe, eu estou cansado. Cansado das brincadeiras, desses joguinhos, de tudo.
- Você está cansado de mim? – perguntei confusa.
- Estou! Porque foi você que entrou na minha vida e bagunçou tudo.
- Agora você está cansado de mim? Na hora de fazer surpresas, de me fazer de idiota você não está, não é mesmo?
- Eu não te faço de idiota, você que me faz. Vem pra minha casa, passa a noite aqui e quando o outro te liga, você vai correndo atrás dele.
- E o que você quer que eu faça?
- Você sabe que pode consertar tudo, sabe que pode acabar com essa confusão. É só você querer. Eu sei que você vai falar: “eu não quero nada sério com você, ." ou “eu não quero me envolver com ninguém agora." Você realmente acha mesmo que não está envolvida? Você consegue se enganar ao ponto de esconder de si mesma que sente algo por mim? – ele parou, passando a mão nervosamente pelos cabelos e respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar e esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu continuei em silêncio. – Me responde uma coisa: O que você sente quando está com ele? Ele faz você sentir as mesmas coisas que eu faço? – ele se aproximou, juntando seu corpo ao meu. – Seu coração bate mais forte só dele estar perto? Suas pernas ficam trêmulas quando ele te beija?
Não respondi, apenas continuei olhando para ele.
- Pelo silêncio, eu acho que não.
- Mais uma vez, o que você quer que eu faça?
- O que você já devia ter feito há muito tempo.
- Não é tão simples assim. – eu disse me afastando e ficando de costas pra ele.
- Claro que é, você que tá tornando complicado, como sempre. – ele me puxou, me colocando de frente pra ele, olhando em meus olhos. – O que você sente quando nos beijamos?
Meu silêncio foi a resposta.
- Me responde.
- Tudo! Uma mistura de todos os sentimentos possíveis e existentes.
- Todos?
- Todos.
- Raiva também?
- Principalmente raiva. Raiva de mim mesma, por não conseguir ficar longe de você. – ele fechou os olhos, com um pequeno sorriso no rosto. - O problema é que isso não é o bastante, não é o que eu quero. Eu não quero e nem posso me deixar levar. Não quero passar por tudo de novo.
- E quem disse que você vai?
- Eu, eu estou dizendo. Eu aprendi da maneira mais cruel que o amor não dura, não é real e no final, só resta o que sobrou do seu coração. Se é que restou alguma coisa do meu.
- Quer dizer que você não tem coração?
- Não, não mais.
- Isso é ridículo! Eu nunca ouvi tanta besteira na minha vida.
- É besteira pra você, mas pra mim não é. Você não sabe o que eu passei.
- Então é isso, você não vai mais se envolver, se apaixonar por ninguém? Nunca mais?
- Só por quem eu julgar valer a pena.
- Você tá dizendo que eu não valho a pena? É isso? Então o que você ainda tá fazendo aqui?
- Eu realmente não sei. Eu estava com um até pouco tempo atrás, e agora tem um completamente diferente em minha frente.
- O que você está vendo, é um que cansou. Cansou de esperar por você, de correr atrás você. Até ontem, você pensava que estava esperando um filho meu e agora já está indo atrás dele de novo.
- Você quer que eu vá embora? – perguntei, pegando minha bolsa.
- Não, . Você não entende! Eu quero que você abra os seus olhos e veja o que está fazendo comigo, com você e até mesmo com ele. Eu quero a mulher que eu amo só pra mim, isso é pedir muito?
- A mulher que você o quê?
- Isso mesmo que você ouviu. A mulher que eu amo. Você pode ter medo, mas eu não tenho. Eu te amo e isso não deveria ser um problema ou um erro.
- Quer dizer que... – eu não conseguia terminar a frase, eu senti um nó sendo formado na minha garganta.
- Sim, , eu te amo, eu te amo, eu te amo. Droga! – ele disse, dando um soco na parede. – Não era assim que eu esperava dizer isso, mas não importa, talvez agora eu valha a pena pra você.
- E a ?
- Eu estou aqui me declarando e você está preocupada com ela? Você é absurda.
- Você tá me fazendo escolher?
- Eu nem deveria pedir isso. – ele riu, balançando a cabeça negativamente. – Você mesma deveria saber o que é melhor pra você. E eu sou melhor pra você! Eu te amo e sei que você sente alguma coisa por mim também. Se não sentisse, não estaria aqui agora e nenhuma das outras vezes.
- Por que você quer dificultar as coisas?
- Eu não estou dificultando, eu estou facilitando e muito.
- Não quando você coloca dessa maneira.
- O que te prende a ele? Por que você ainda está com ele?
- , ele é o tipo de cara que eu preciso agora, e ao mesmo tempo, tudo o que eu não quero. Você sabe muito bem que o seu histórico não é dos melhores e nesse momento não é o que eu preciso. Mas entenda, eu preciso de você de alguma forma, mas eu também preciso do Jake, da segurança, da estabilidade que ele me dá.
- Do ciúme, dos esquecimentos, das brigas... Eu sei muito bem que não é tudo perfeito com ele. O problema é que se você abrir mão do Jake, você está provando para todos que sente alguma coisa por mim e é disso que você tem medo. Você tem medo de me amar também, .
- O assunto não é esse.
- O assunto é sempre esse.
- Mas pra mim não é. , você só mostra que eu não devo mesmo confiar em você. Enquanto a está pensando que você está viajando, você está aqui, se declarando para outra. Se você faz isso com ela, quem garante que não fará comigo?
- Você é diferente.
- E se um dia eu deixar de ser? – perguntei e ele não respondeu. – Se você não sabe a resposta, eu, realmente, não tenho mais motivos pra ficar aqui. – eu disse, pegando minha bolsa e saindo daquela casa.

Sai praticamente cantando pneus pela rua. Tudo o que o tinha me falado, borbulhava em minha cabeça. Todas as acusações, questionamentos e, principalmente, as declarações. Que ele sentia algo por mim, eu sempre desconfiei, mas amor... Ele disse que me ama, com todas as letras. Eu respirava fundo, parando num sinal de trânsito.
“Eu quero a mulher que eu amo só pra mim, isso é pedir muito?"
Eu balançava a cabeça, numa tentativa frustrada de tirar essas palavras da minha cabeça, sem sucesso. As lembranças continuavam a vir uma atrás da outra.
"Eu te amo e isso não deveria ser um problema ou um erro."
Ele dizendo que me ama e preocupada com a , o Jake e qualquer outro assunto não importante, dizendo, ou dando a entender, que ele não valia a pena. Eu não seria eu dessa vez, seria uma nova ... Eu não fugiria dessa situação, não evitaria, não mentiria. Eu enfrentaria. Eu diria, em alto e bom som, com todas as letras, que o amava também e de alguma forma, faria dar certo. O som de várias buzinas me tirou de minhas memórias, me trazendo de volta à realidade. Eu estava aérea, não conseguia me concentrar no tráfego, tanto que tive que frear bruscamente, para evitar bater no carro à frente. Apoiei a cabeça no volante, fechando os olhos com força.
" O problema é que se você abrir mão do Jake, você está provando para todos que sente alguma coisa por mim e é disso que você tem medo. Você tem medo de me amar também, ."
Eu tenho que deixar o medo para trás. Esquecê-lo. Ele não pode me dominar e me impedir de viver. Sim, eu o amo e tenho que deixar isso ser verdade, aprender a conviver com isso. Tenho que deixar o amor ser amor.

Apertei o número 303, apartamento do Jake, no interfone e logo ouvi sua voz animada, liberando minha entrada. Eu não fazia idéia do que fazer, de como agir. Tanta coisa havia mudado em tão pouco tempo. Subi lentamente as escadas, como se uma pequena demora no trajeto fosse interferir em alguma coisa. Quando virei no corredor do terceiro andar, ele já me esperava na porta, com um enorme sorriso no rosto.
- Oi. – eu disse baixo.
- , que saudade. – ele disse se aproximando para me beijar, mas eu desviei, deixando seus lábios tocarem meu rosto. Pude ver sua expressão confusa enquanto eu entrava, sem cerimônias, em seu apartamento.
- Como foi de viagem?
- Bem, bastante serviço, mas nada que eu não desse conta.
- Que bom.
- Tá tudo bem, ?
- Tá sim. – eu disse me virando para ele, sorrindo fraco.
- Não parece. – ele disse se aproximando. – Aconteceu alguma coisa, tenho certeza.
- Nós temos que conversar. – eu disse, mordendo o lábio inferior, tentando conter o nervosismo.
- Pode falar. – ele disse, passando a mão pelo meu rosto. – Bonito cordão. – ele disse, segurando o pequeno pingente entre seus dedos.
- Presente de aniversário.
- Por falar em aniversário, como foi o seu?
- Como é?
- Seu aniversário não foi essa semana?
- Você lembrou?
- Lembrei, quando estava dentro do avião.
- E não se deu ao trabalho de nem me ligar?
- Qual é a graça desejar feliz aniversário a uma pessoa pelo telefone? Eu preferi esperar voltar e falar com você.
- Isso não é desculpa, Jake. Eu pensei que você tinha esquecido, o que já é ruim o suficiente, mas você praticamente ignorou meu aniversário. – eu disse me afastando dele.
- Também não é isso tudo, . Não precisa fazer tempestade num copo d’água.
- Eu não estou fazendo tempestade alguma, um telefonema faria diferença, pelo menos eu não pensaria que você me ignorou e não teria feito o que fiz.
- E o que você fez?
- Não interessa o que eu fiz, isso não diminui a sua culpa.
- Minha culpa? Que culpa?
- Você está mesmo achando que isso não tem importância, não é? – eu disse, balançando a cabeça negativamente. – Mas pra mim tem, muita. Você poderia ter mandado uma mensagem de texto, um sinal de fumaça, uma ligação a cobrar, qualquer coisa.
- O que aconteceu pra você ficar assim? O que você fez?
- Eu comemorei meu aniversário.
- Com quem?
- Adivinhe. – eu disse, cruzando os braços na altura do peito.
- Não acredito. – ele disse, balançando a cabeça e rindo, sem humor. – Tudo é desculpa pra isso, tudo é motivo pra você se encontrar com ele.
- Sim, Jake, tudo é motivo. Mas já passou pela sua cabeça que é sempre você que me dá esses motivos?
- O que?
- Você sempre arruma uma confusão, fazendo eu me afastar de você e...
- Não mente, , você nunca precisou de motivos para procurá-lo e você sabe muito bem disso.
- Jake, eu... – respirei fundo, eu sempre soube que nunca deveria ter o envolvido nessa história, sempre soube que no final ele sairia machucado, mas eu fui egoísta o bastante para fazer o que fiz. Agora eu não tinha outra escolha, meu coração não me dava outra escolha. Meu corpo implorava pelo . – Eu não posso mais mentir. Nem pra você, nem pra ninguém, muito menos pra mim... Eu sei que agi errado com você diversas vezes e por isso eu peço desculpas, nunca foi minha intenção. E agora eu tenho que te agradecer, por tudo que você fez por mim, por me aceitar como eu sou, esse meu jeito confuso, mas eu acho que nós deveríamos parar por aqui.
- Você tá terminando comigo?
- Estou.

’s POV On

Minha mão doía, mas não mais que o meu coração. Eu disse que a amava e mesmo assim ela foi embora, atrás dele. Só a lembrança, me fazia ter vontade que quebrar tudo que eu visse pela frente. Num acesso, levantei e derrubei tudo que estava na estante. Livros, fotos, CDs... Tudo pelo chão. Mas não era o bastante. Eu estava descontrolado, desorientado. Andava de um lado para o outro, esperando que ela entrasse pela porta, dizendo que me amava também. Eu nunca tinha chegado a esse ponto, era quase insanidade. Eu sabia muito bem que ela não voltaria, mas no fundo eu tinha uma esperança, pelo menos uma fagulha. Fechei as mãos em punho, e a direita latejava. A dor física era o de menos, era algo que eu conseguia suportar. Na televisão, um casal apaixonado trocava juras de amor. Amor... Palavra forte, sentimento ingrato, consequência desastrosa. Sem pensar, levantei e derrubei a televisão no chão, fazendo todo o vidro quebrar e se espalhar por todo o piso. Fechei os olhos com força, tentando, inutilmente me acalmar. Nesse momento, ouvi passos lentos pela sala.

- ? Você pode me dizer o que está fazendo em casa, ou melhor, em Londres?
- , não é o bom momento. – disse, tentando controlar minha voz.
- Nunca é um bom momento quando é relacionado a mim, , eu já estou ficando cansada.
- Você está cansada? Eu estou exausto, sufocado, não agüento mais.
- Não agüenta mais o quê?
- Não agüento mais nada.
- Você está ficando maluco? O que aconteceu aqui, ?
- Não interessa, . Você pode me dar licença, eu preciso ficar sozinho. – ela me encarou por alguns segundos.
- É ela, não é? É sempre ela.
- , por favor.
- Não, . Não venha com a mesma história, eu cansei de bancar a idiota. Você sempre mentiu, sempre disse que não existia nada entre vocês, mas existe, sempre existiu. Você é louco por ela.
- Não, eu não sou louco por ela. – eu disse, virando para olhar em seus olhos. – Eu a amo. Era isso que você queria ouvir? Satisfeita? Será que poderia me deixar sozinho?
- Você a ama? A AMA? – ela gritou. – Como você fala isso na minha cara?
- Falando. Eu não tenho porque esconder.
- E como eu fico nessa história? Como nós ficamos?
- Não ficamos, . Acabou!

’s POV Off

- Por quê? Por que eu esqueci o seu aniversário?
- Não, não é nada disso. – eu disse, sentando no sofá e apoiando meu rosto em minhas mãos. – Eu... Eu não sei o que fazer.
- O que tá acontecendo com você, ? – ele perguntou, sentando ao meu lado. Antes de qualquer coisa, Jake é um ótimo amigo. – Você ficou fora dois dias e tanta coisa mudou nesse tempo.
- Tipo?
- Jake, eu achei que estava grávida.
- Dele?
- De quem mais seria?
- Verdade, desculpa. E então?
- Eu contei pra ele. Por um momento ele achou que poderia ser seu, mas... – eu olhei pra ele e ele estava sério. – Enfim, ele falou que estaria comigo quando eu fizesse o teste e ele estava. Deu negativo e ele ficou abalado, muito abalado, como se ele quisesse ser pai agora. Eu fiquei mexida, tocada com a reação dele. Ele me falou coisas tão lindas, tava tudo bem até você ligar. Quando eu falei que viria até aqui, ele se descontrolou, falou um monte de coisas... Jake, ele disse que me ama.
- E você, como se sente em relação a ele? – eu o olhei por alguns segundos, vendo a dor e preocupação em seus olhos.
- Você não precisa fazer isso, Jake.
- Mas eu quero fazer. A sua felicidade é mais importante pra mim e eu sei que ela nunca esteve ao meu lado. – ele disse, passando a mão pelo meu rosto.
- Eu o amo.

’s POV On

- Como assim acabou? Você não pode fazer isso!
- Não só posso como já fiz, e você pode ir embora, por favor.
- Não, eu não vou embora, não até você parar com essa palhaçada.
- Não é palhaçada, , será que você ainda não entendeu que eu estou apaixonado por outra pessoa?
- Não, , não faz isso, não faz, por favor. – ela disse, se aproximando e colocando as mãos no meu rosto. – Eu te amo, você não pode me deixar assim.
- Eu não te amo, . – disse, tirando suas mãos do meu rosto. – Não me faça falar coisas que você não quer ouvir, não quero te magoar mais do que eu já magoei.
- Eu vou embora, mas só se você me der um último beijo, talvez eu posso mudar sua cabeça.
- , nada vai mudar minha cabeça.
- Então um último beijo.

’s POV Off

- Então qual é a dificuldade? Ele te ama, você o ama...
- Eu não sei, Jake.
- , pare de fugir. Cada vez que foge, você se envolve, se prende mais. Então ame e se deixe ser amada. Você sabe muito bem o que sente por ele, pare de tentar esconder.
- Jake... – eu disse, o abraçando bem forte. – Obrigada por entender.
- O que mais eu poderia fazer, ? – ele disse, depositando um beijo em minha testa.
- Você vai encontrar alguém que te mereça, que te ame como você merece ser amado.
- Quem sabe...
- Eu sei, tenho certeza. – eu disse sorrindo.
- Anda – ele disse levantando e me trazendo junto. – Você tem algo importante pra resolver, de uma vez por todas.
- Obrigada, Jake, mais uma vez. – eu disse pegando sua mão. – Você sabe o quanto eu gosto de você, não sabe?
- Sei – ele suspirou – Queria que fosse o bastante.
- É o bastante para ser sua amiga, serve?
- É melhor do nada. – ele respirou fundo. – Agora vai, ele deve estar te esperando.
- Obrigada, Jake. – dei um beijo em seu rosto, antes de correr para o carro.

Eu precisava vê-lo, precisava dizer que o amava também, que não tinha mais medo, que nada mais me impedia...

You're everything I thought you never were
Você é tudo o que eu achava que nunca seria
And nothing like I thought you could've been
Não é nada como um pensamento do que poderia ter sido
But still you live inside of me so tell me how is that?
Mesmo assim, você vive dentro de mim, então me diga como é isso?

You're the only one I wish I could forget
Você é o único que eu desejo poder esquecer
The only one I'd love to not forgive
O único que eu amo para não perdoar
And though you break my heart you're the only one
E apesar de você quebrar meu coração, você é o único.

Se até alguns minutos atrás eu contava os passos, para o tempo passasse mais rápido e tornasse mais fácil o que eu tinha para fazer, o tempo agora estava correndo, correndo contra mim. Era como se cada minuto longe dele fosse perdido, desperdiçado. Eu não fazia idéia de quanto precisava dele, de quanta falta ele me fazia. Agora que nada mais nos impedia, nada mais nos separava, era como se eu estivesse viva novamente, como se eu tivesse despertado de um longo e profundo sono.

I don't wanna be without you, baby. I don't want a broken heart
Eu não quero ficar sem você, amor. Eu não quero um coração partido
Don't wanna take a breath without you, babe. I don't wanna play that part
Não quero respirar sem você, amor. Eu não quero ter esse papel

I know that I love you but let me just say
Eu sei que amo você, mas me deixe dizer
I don't wanna love you in no kind of way, no, no
Eu não quero amar você de nenhuma maneira, não, não

I don't want a broken heart. I don't wanna play the broken-hearted girl
Eu não quero um coração partido. Eu não quero ser a garota de coração partido
No, no, no broken-hearted girl
Não, não, nenhuma garota de coração partido

Sai apressadamente do prédio, estava chovendo e fiquei bem encharcada no caminho até o carro. Tudo parecia querer me fazer parar, os sinais, o engarrafamento. Eu já estava impaciente dentro do carro, quase sufocada, como se o peso de todo o mundo, estivesse em minhas costas. Mas o que eu faria? Agiria como se nada tivesse acontecido, como se a nossa última conversa não tivesse existido? Deveria engolir o que restava do meu orgulho e assumir que estava errada, que sentia sim algo por ele, algo mais forte do que eu imaginava e, talvez, desejava.

And yes, there are times when I hate you
E sim, há momentos em que eu odeio você
But I don't complain 'cause I've been afraid that you would walk away
Mas eu não reclamo porque eu tive medo de que você fosse embora

But now I don't hate you I'm happy to say
Mas agora eu não odeio você eu estou feliz em dizer
That I will be there at the end of the day
Que eu estarei aqui no final do dia

Eu só consegui respirar direito, quando parei em frente à casa de . Me lembrei da noite anterior, quando eu tinha, finalmente, descoberto que sentia algo por ele. Me lembrei de como o medo passou a me dominar, o mesmo medo que eu sentia tomando espaço dentro de mim. Tentei lembrar como eu o afugentei da última vez, mas não deu muito certo. Tentei pensar em tudo que ele tinha me falado, de como ele demonstrava o quanto me amava, de como tentava, às vezes inutilmente, abrir meus olhos em relação a nós dois, tentando me mostrar que era a coisa certa a ser feita, o caminho natural, perfeito. Esse pensamento me fez relaxar, sentir que não era um erro, era apenas o que devia ser feito.

Now I'm at a place I thought I'd never be
Agora eu conheço um lugar que eu nunca pensei que estaria
I'm living in a world that all about you and me
Eu estou vivendo em um mundo que é tudo sobre você e eu
Ain't gotta be afraid, my broken heart is free
E eu não terei medo, meu coração partido está livre
To spread my wings and fly away, away with you
Para abrir minhas asas e voar para longe, para longe com você

Assim que entrei e fui até a sala, senti todo o peso sendo jogado, de uma só vez em minha cabeça. Meu coração batia irregular; minha respiração falhou; minhas pernas ficaram fracas; meus olhos ardiam, as lágrimas teimosas queriam rolar, mas eu as segurei, pelo menos por um tempo. Eu não acreditava no que via, não depois de tudo que ouvi. Era como um choque de realidade. Era o que eu sempre soube que aconteceria, mas resolvi ignorar logo no pior momento possível. Depois de tanto me preservar, de tanto fugir, eu estava encarando meu medo que se tornou realidade. Eu estava encarando o cara por quem eu estava apaixonada beijando outra. Ele estava beijando outra, depois que dizer que me amava. Seria até irônico dizer que já esparava por uma atitude dessas, afinal, era o ... E ele nunca mudaria.

No, no, no broken-hearted girl
Não, não, nenhuma garota de coração partido

* McFLY - I'll be your man


Capítulo 25
(n/a: Coloque essa música para tocar, quando eu pedir a música¹ e essa quando eu pedir a música².)


Eu continuava ali de pé, encarando aquela cena e sentindo meu coração doer. As gotas da chuva escorriam do meu corpo, molhando todo o chão. Após um tempo, ele abriu os olhos, olhando diretamente para mim, se afastou bruscamente de e veio em minha direção. Eu dei as costas e sai apressadamente da casa, seguindo na chuva até o carro.

- ! - Ele gritou, correndo até onde eu estava. Em pouco tempo ele me alcançou, segurou no braço, me virando para encará-lo.
- Não encosta em mim. – eu disse, puxando meu braço com violência.
- Calma.
- Calma? Você quer que eu fique calma?
- Não, , não é isso.
- Não é isso? É o que então, eu imaginei essa cena? – ri ironicamente. – Eu deveria saber que você não mudaria, , pessoas como você nunca mudam.
- Ela me beijou.
- E você correspondeu. Até parece que uma garota daquele tamanho, obrigaria um homem como você a fazer qualquer coisa.
- Eu pensei que você não voltaria...
- Essa é sua desculpa? Você tem outras? Porque essa não colou.
- Você foi embora, eu pensei que não voltaria, pensei que eu não importava pra você.
- Você acha que eu não sinto nada por você, é isso?
- É.
- Eu não estaria aqui se não sentisse, não teria terminado tudo com o Jake, não teria decido esquecer tudo que passei e acreditar em você ou no que você diz que sente... – eu olhei fundo em seus olhos. – Mas agora não importa.
- Não, , vamos conversar.
- O que você quer falar? Que isso não vai mais acontecer?
- Mas não vai mesmo, eu te amo.
- Sinceramente, , se isso é amar... Não sei se amor tem o mesmo significado pra você. Quem garante que na primeira briga que tivermos, e você sabe que teremos, você não vai fazer de novo? – eu disse, me virando para abrir a porta do carro. Ele me segurou novamente, me encostando à lataria, me fazendo olhar para ele.
- Eu não vou fazer de novo.
- Eu não acredito.
- Por favor, acredita em mim. Você largou tudo por mim, não foi? Você me escolheu.
- De que adianta eu ter largado tudo, mudado o que eu acreditava, o que eu pensava ser o melhor pra mim, ter escolhido você... De que adianta você me amar, eu te amar, se eu não consigo confiar em você... Eu não consigo nem olhar pra você agora.
- ...
- Me larga, . – ele me olhou nos olhos, implorando que eu reconsiderasse, mas acabou me soltando. Eu entrei apressada no carro, dando partida e me afastando o mais rápido que conseguia. Porém, duas quadras depois, tive que parar o carro no acostamento, as lágrimas teimavam em deixar minha vista embaçada, tornando impossível dirigir. Eu não agüentaria passar por tudo de novo, não tinha estrutura. Precisava ficar longe dele, fugir, como eu sempre fiz. Não que fugir seja a coisa certa a fazer, mas era o que parecia correto pra mim, ainda mais em ocasiões como essa. Como encará-lo, como agir normalmente – ou pelo menos tentar. Eu não consigo, nunca consegui. Nunca consegui encarar meus problemas ou tentar contornar, resolver. Então eu fugia. Sempre fugi. E agora não seria diferente. Nesse momento, a conversa com os meus pais, na cozinha da casa deles, retornou a minha cabeça, como uma luz no fim do túnel. Respirei fundo, lembrando da promessa que fiz a mim mesma, não choraria por quem não merecesse minhas lágrimas. Me olhei pelo espelho do carro, sentindo as lágrima teimosas que insistiam em cair. Quando senti que tinha controle novamente, me apressei para ligar para minha mãe.

- Alô.
- Oi, Mãe.
- Oi, minha filha, tudo bem?
- Aham – menti – Mãe, só liguei para perguntar se aquele convite ainda está de pé.
- Qual? A viagem para Nova Iorque?
- Isso mesmo.
- Claro, filha. Decidiu ir com a gente? - ela perguntou e eu sentia que ela estava sorrindo.
- Eu acho que seria uma boa idéia. Vocês vão amanhã?
- Sim, amanhã de manhã, mas não sei se conseguiremos uma passagem pra você até amanhã, seu pai pode pedir e você vai semana que vem...
- Não, eu quero ir amanhã com vocês. Eu pago a passagem, não tem problema.
- Tem certeza que tá tudo bem? - ela perguntou desconfiada.
- Tá sim, mãe. Amanhã cedo eu estou aí.
- Tá, até amanhã então. Beijos.
- Até, mãe. Beijos. – desliguei o telefone, sentindo uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto frio e molhado de chuva. Liguei o carro novamente, seguindo para casa. Tinha pouco tempo para arrumar minhas malas. O que seria melhor que uns meses em Nova Iorque? Um novo lugar, novos ares, novas pessoas... Não, novas pessoas não. Afinal foi atrás disso que eu vim para Londres e olha o que eu arranjei... Mais confusão.

Assim que cheguei em casa, fui direto para o quarto, batendo a porta ao entrar. Peguei minhas malas no armário e comecei a separar as peças que eu levaria. Estava tão aérea, que não fazia idéia das roupas que eu estava colocando na mala. Embolei todas e tentei fechar o zíper, mas ele não se movia. Minha vista começou a embaçar mais uma vez e eu respirei fundo, não conseguia mais me conter. Fui andando de costas, até bater no armário. Escorreguei até sentar no chão, deixando todas rolarem com vontade e um soluço alto escapar da minha garganta. entrou assustada no quarto, me encontrando naquela situação.
- , o que aconteceu? – ela perguntou, preocupada, se ajoelhando ao meu lado. Eu joguei meus braços ao redor do seu pescoço, a abraçando com força, como se aquele abraço fosse diminuir a minha dor. – , você tá me assustando.
- Amor, onde tá o... – perguntou, entrando no quarto. – O que aconteceu?
- , pega um copo de água pra ela, por favor.
- Já volto. - ele disse, saindo do quarto.
- , fala comigo.
- O ...
- O que tem ele? Você tem que me dizer o que aconteceu, pra eu tentar te ajudar. – eu respirava fundo, tentando me acalmar. Parecia que toda angustia, todo sofrimento, todas as lágrimas reprimidas, estavam se libertando ao mesmo tempo.
- Aqui, , bebe. – disse, colocando um copo em minhas mãos trêmulas. – O que aconteceu com ela?
- Não sei, ela não fala. Só sei que é alguma coisa com o .
- Sempre ele. – disse, balançando a cabeça negativamente.
- Ele estava beijando a . – eu disse, quando me senti calma o suficiente.
- Mas, , ela é namorada dele. – disse confusa.
- Vocês não estão entendendo. Ele disse que me amava, que eu tinha que largar o Jake pra ficar com ele e foi isso que eu fiz. Mas quando eu cheguei na casa dele, ele estava com ela. Mesmo depois de dizer que me amava, ele estava com ela. – eu disse, sentindo meu rosto molhado mais uma vez.
- Nossa. – disse, olhando assustado para .
- , eu nem sei o que dizer.
- Vocês poderiam ouvir o que eu tenho a dizer, antes de tirarem conclusões. – disse, entrando no quarto. – Principalmente você, .
- , eu disse que não queria falar com você. O que você tá fazendo aqui? Quem deixou você subir?
- Você precisa me ouvir.
- Eu não quero ouvir mais nada.
- , é melhor vocês conversarem. – disse, tentando amenizar a situação.
- Eu não quero conversar com ele, eu preciso terminar de arrumar minhas malas. – eu disse e os três me olharam assustados.
- O quê? Malas?
- Eu vou embora, . Eu preciso ficar longe de você.

(n/a: Coloque a música¹ para tocar.)

- Não! Você não pode ir embora, não agora.
- , não faz isso, por favor.
- Fazer o quê? O que eu tô fazendo?
- Não dificulta as coisas.
- Eu não estou dificultando as coisas, você que faz isso. Eu me declarei pra você, você foi atrás dele e agora quer ir embora. Sou eu que dificulto?
- Eu terminei tudo com o Jake, fui até a sua casa e te encontrei aos beijos com a . Você quer mesmo me culpar por essa situação?
- Vocês precisam se acalmar, assim vocês não vão resolver nada. – disse.
- Não tem nada pra resolver, , eu vou embora.
- Não, você não vai! – praticamente gritou.
- , vamos deixar eles conversarem sozinhos. – disse, praticamente arrastando a namorada para fora do quarto.
- , para com isso.
- Eu não vou parar, não posso perder você. Se eu tiver que fazer papel de bobo, de idiota, eu farei. Se eu tiver que me ajoelhar aos seus pés, eu me ajoelho. Eu imploro, mas não deixo você ir. – ele disse, se aproximando, colocando as mãos no rosto e encostando nossas testas.
- Pra que você quer que eu fique? Pra brigarmos mais? – eu respondi, tentando me afastar, mas ele impediu.
- Mas é isso que nós fazemos. Nós brigamos, nos xingamos, nos odiamos, mas só naquele momento, no segundo seguinte já nos amamos de novo. É assim que eu quero viver, quero brigar com você, gritar... Pra depois te beijar, te amar e fazer você esquecer tudo o que aconteceu.
- Eu não aguento mais isso, , não aguento. Eu não posso passar por tudo de novo. Não posso. – eu disse, fechando os olhos, sentindo uma lágrima rolar pelo meu rosto.
- Mas você não vai passar, eu prometo.
- Eu não consigo acreditar em você. – eu disse, conseguindo me afastar.
- Deve ter alguma coisa que eu possa fazer pra você mudar de idéia. – ele disse, andando nervosamente por todo o quarto.
- , eu preciso pensar, preciso decidir o que é melhor pra mim e aqui, perto de você, eu não vou conseguir. – eu disse, voltando a mexer na mala. Tirei toda a roupa que estava embolada, passando a dobrar cuidadosamente cada uma.
- Não tem o que pensar, o que decidir. Eu sou o melhor pra você, sou o que você precisa. Se por algum acaso eu não seja, eu me torno. Diz como você quer que eu seja.
- Eu não posso fazer você mudar por mim, .
- Mas eu já mudei. , eu quero ser perfeito pra você, assim como você é pra mim. – ele disse se aproximando e pegando minha mão.
- Eu não posso. – disse, recolhendo a mesma.
- Não é questão de poder, é questão de que querer. Você quer negar o que sente, como fez todo esse tempo. Quer fugir como sempre faz.
- Sim, , eu fujo. Eu fujo pra não sofrer e eu sei que é o que vai acontecer se eu ficar.
- , me escuta. – ele disse, colocando as mãos no meu rosto, me fazendo olhar para ele. – Eu te amo, você me ama e é isso que importa.
- Não, , não é. Nós não nascemos pra ficar juntos, não era pra dar certo, você tem que entender.
- Como você pode ter tanta certeza, nós nem tentamos. Nós podemos fazer isso dar certo, você sabe que podemos. – ele disse, selando nossos lábios.
- Mas eu não quero. – eu murmurei durante o beijo.
- Você não quer? – ele perguntou, com lágrimas nos olhos, deixando suas mãos caírem do meu rosto. Ele deu alguns passos cambaleantes para trás, desnorteado com o que eu disse. Eu senti meu coração doer ao dizer aquilo, era terrível magoá-lo, mas era o que precisava fazer, senão ele não desistiria.
- Eu não quero que dê certo, não quero que você me ame. – olhei fundo em seus olhos, sentindo um aperto no peito. – Eu não quero amar você.

Just don't stand there and watch me fall. Cause I, cause I still don't mind it at all
Então não fique ai parado me vendo cair. Porque eu, porque eu ainda não me importo nenhum pouco

- Eu não acredito em você. Não vou acreditar em nada do que você disser hoje. Você só quer me afastar e não vai conseguir, não vai.
- , eu preciso desse tempo. Se nós tivermos que ficar juntos, ficaremos. Não importa quando, onde, como... Mas não agora.
- Não, , por favor. Eu preciso que você fique aqui comigo.
- E eu preciso ir. Se você me ama tanto quanto fala, você tem que entender.
- Entender o quê? Que você precisa ficar longe de mim? – eu balancei a cabeça, confirmando. – É impossível, impossível!
- O que são seis meses?
- Muito tempo. Muito tempo, muito amor jogado fora.
- Então dê seu amor a quem você julgar que não jogará fora.
- Eu não escolho quem eu amo, .
- ...
- Não fala mais nada, não essa noite. – dizendo isso, me beijou novamente, de um jeito intenso e apaixonado, fazendo eu me sentir inteira novamente, depois de muito tempo machucada. Nesse momento era como se nada tivesse acontecido, os últimos acontecimentos eram meros sonhos, não estava me sentindo curada, mas sim inteira. Aquele não era um beijo qualquer, tinha um significado, um gosto diferente para cada um. Para mim, o beijo tinha gosto de despedida, de saudade antecipada. Para ele, talvez, o beijo tinha gosto de amor, o amor que ele estava tentando me mostrar ser real. O amor que estava nos guiando mais uma vez, o amor deixava nossas roupas molhadas pelo chão.

No, I don't believe you. When you say you don't need me anymore
Não, eu não acredito em você. Quando você diz que não precisa mais de mim
So don't pretend to not love me at all, ‘cause I don't believe you
Então não finja não me amar mais, porque eu não acredito em você


Eu estava sentada no chão do quarto, perto da janela, abraçando minhas próprias pernas. Eu revezava meus olhares entre a pessoa que descansava em minha cama e as malas, não arrumadas, no canto do quarto. Eu fechava os olhos fortemente, tentando tomar coragem para levantar e terminar de arrumá-las. Olhei para a cômoda, onde estava a foto que ele havia me dado. Tentava lembrar como era naquela época, quando não tínhamos complicado tudo, quando éramos apenas amigos. Me aproximei da cama, ficando de joelhos e na altura da cabeça do . Observei cada traço dele, tentando memorizá-lo da maneira mais perfeita possível. Não queria deixar passar nem um traço, nem um detalhe. Passei, lentamente, os dedos por toda a lateral de seu rosto, fazendo-o se mexer um pouco na cama. Apoiei a cabeça na cama, fazendo meus lábios ficarem próximos ao seu ouvido.

- Espero que você possa me perdoar. Me desculpe, mas eu não posso viver assim. – dei um leve beijo em sua bochecha, voltando a arrumar as coisas na mala.

Quando terminei de fechar o último zíper, o dia já estava clareando. Levei minhas malas para a sala, deixando-as próximas a porta. Virei o corpo, encontrando um par de olhos me encarando.

- Por que você tá fazendo isso? – Matheus perguntou.
- Eu preciso.
- Pra mim você não precisa e nem pode mentir.
- Eu não estou mentindo, Matheus. Eu preciso de um tempo comigo mesma, preciso pensar no que é melhor para mim e se eu ficar aqui, não vou conseguir.
- Você precisa ficar longe de mim, da ? Você é parte da família, . E família não abandona família.
- Eu vou voltar, eu prometo. Eu preciso ficar longe dele, pelo menos por um tempo.
- E passar a noite com ele é a melhor forma de se despedir, certo?
- Não faz assim.
- Se você quer pensar, se você quer se afastar, não deveria ter dado mais coisas para ele se lembrar.
- Não fui eu quem procurou isso. Eu não fiz a situação chegar a esse ponto.
- De certa forma, foi sim. Sempre esteve em suas mãos, você poderia ter feito tudo certo.
- Eu não posso mudar o passado, mas posso mudar o futuro e é isso que eu vou fazer.
- Você acha que o seu futuro não é ao lado dele?
- Não, não é. – ele suspirou, olhando para o lado, evitando olhar para mim.
- Espero que você não esteja cometendo o maior erro da sua vida. Talvez ele esteja bem, esteja com outra quando você voltar. Pode ser tarde demais pra perceber que o seu futuro sempre foi ao lado dele, tarde demais para perceber que você mudou o futuro que sempre quis.
- Se nós tivermos que ficar juntos, nós ficaremos, Matheus. Mas não agora.
- Eu realmente espero que seja assim. Espero que quando você perceber a burrada que está fazendo, não seja tarde demais. – ele disse, levantando e seguindo para o quarto.

’s POV On
(n/a: Coloque a música² para tocar.)

Me sentei rapidamente na cama, parecia ter acordado de um sonho ruim, um pesadelo. Estranhei não ouvir nenhum barulho pela casa, levantei e sai a procura de alguém. Mas ao levantar da cama, não encontrei as malas da no quarto. Corri até a sala e não tinha nada e nem ninguém. Cozinha vazia também. Comecei a me desesperar, ela não podia ter feito aquilo. Voltei me arrastando para a sala, me jogando no sofá. Olhei para a mesa de centro, encontrando um bilhete endereçado a mim. Respirei fundo antes de abrir.

,
Eu sou covarde o bastante para ir embora sem me despedir de verdade, deixando apenas uma desculpa qualquer e esfarrapada num papel. Eu não posso mais, , não agüento mais. Você tem que entender, assim como eu entendi, que nós não nascemos para ficarmos juntos. Você merece alguém que possa te fazer feliz, alguém que esteja inteira, completa, perfeita para você. Eu estou indo para tentar viver e te dar essa chance também. Não se prenda a mim. Eu voltarei? Sim, eu voltarei e espero te encontrar bem, feliz... É a única coisa que me importa no momento. E se para isso, você tenha que me deixar para trás, faça isso, me deixe para trás. Eu acho que é o lugar onde eu mereço estar agora.
Não se culpe ou me culpe, não há culpados nessa história. Nós tentamos, fizemos da melhor maneira possível. Vamos acreditar que não era para ser ou não estava escrito. Não procure falhas no que passou, viva sem saber o que vai acontecer. Seja feliz, por você mesmo.
Às vezes, nós temos que avaliar as consequências de nossos atos, antes que eles nos leve para um caminho sem volta. Eu não sei se o caminho que tomamos tem volta. Eu estou sem rumo, nós estamos sem rumo... Chegamos a um ponto onde o amor já não é suficiente. Todo mundo sabe quando acaba, então não prolongue nosso próprio sofrimento. Estou fazendo isso por nós dois e espero que um dia você possa me perdoar.
.


Deixei a folha cair no chão, minhas mãos tremiam, minha respiração estava pensada. Ela tinha, realmente, ido embora. Ela queria que eu fosse feliz sem ela. Como se isso fosse possível nesse mundo ou em qualquer outro. Eu precisava dela, eu a amava e ela disse não ser o suficiente. Eu não podia ficar aqui sentado, enquanto a minha felicidade, o meu amor estava a caminho de cruzar o oceano. Eu não fazia idéia da hora do vôo, mas eu precisava fazer alguma coisa, não podia deixar acabar desse jeito.

’s POV Off

- Promete que vai me ligar sempre? – perguntava, ainda agarrada ao meu pescoço.
- , eu não vou ficar lá pra sempre. – eu disse quando nos separamos.
- Você nem precisava ir. – disse.
- Não precisava mesmo, . Fica e resolve tudo de uma vez. – completou.
- Eu preciso de um tempo pra mim.
- Quando você voltar as coisas não serão como antes, você sabe disso. – disse .
- Eu sei – suspirei – Mas tenho que arriscar.
- Sentirei sua falta. – disse se aproximando.
- Eu também sentirei a sua, sentirei falta de todos vocês. – respondi, olhando cuidadosamente para todos os meus amigos. Só Deus sabe a falta que eles me farão.
- Boa viagem, . – me abraçou e disse baixo no meu ouvido – Pensa com carinho em tudo o que ele falou, ele gosta mesmo de você e você sabe disso. – ele se afastou e eu apenas acenei com a cabeça e me virei para a pessoa que faltava. Matheus estava atrás de todo mundo, não tinha falado nada desde nossa última conversa. Ele estava claramente chateado com minha viagem, mas ele deveria entender, deveria me apoiar.
- Você não vai se despedir de mim? – perguntei, me aproximando.
- Boa viagem. – ele disse seco.
- Não fala assim comigo, Matheus, você sabe que eu não mereço. – ele suspirou e me olhou. Seus olhos estavam vermelhos, como se ele estivesse chorando há muito tempo.
- Eu só quero que você coloque juízo nessa cabeça e volte o mais rápido possível, entendeu? – ele perguntou, me abraçando forte.
- Entendi. – eu disse, segurando o choro. Então senti outros abraços ao nosso redor e logo estávamos dando um belo abraço grupal.
Me afastei de todos, seguindo meus pais até o portão, mas me virei para dar um último aceno e foi quando eu vi um rosto familiar. Eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar. Era como se ele pudesse me enfeitiçar apenas com um olhar. Ele estava lá parado assistindo minha partida. Ele não correu, nem tentou se aproximar. Era como se ele quisesse apenas ter certeza do que estava acontecendo, quisesse ter certeza que eu fugi. Eu queria ter forças para desistir e correr até ele, mas eu não podia. Abaixei a cabeça, entregando meu cartão de embarque e seguindo para o avião.

'Cause you said it don't matter...
Porque você disse que isso não importava…


Três meses depois


- Não, Matheus, eu já falei que não é pra você falar nada pra ele.
- Mas ele precisa saber, .
- Ele não quer falar comigo. Já perdi as contas de quantas vezes eu liguei desde que eu cheguei aqui. – eu suspirei.
- Mas, ...
- Matheus, ele tá tocando a vida dele. Já vi várias fotos dele na internet, cada uma com uma garota diferente. – eu ri – Acabou que no fim, eu não estava errada.
- É aí que você se engana, ele tem feito de tudo pra te tirar da cabeça. Fica muito tempo sozinho, só se reúne com os meninos pelo trabalho. , ele não te esqueceu, ele não tá tocando a vida dele, ele tá te esperando. Eu não tiro a razão dele, ele só não quer ficar chorando pelos cantos.
- Matheus...
- Se você não voltar essa semana e contar tudo pra ele, eu vou contar.
- Desde quando você pode se meter na minha vida assim?
- Desde o dia que você me enfiou nessa cilada. A também acha que tem que contar, assim como as outras meninas.
- Elas contaram pra eles?
- Claro que não, eu fiz a jurar pela nossa avó. - eu ri. - Sinto falta da sua risada, . Eu sinto falta de você.
- Eu também sinto sua falta, mas passa rápido. Mais três meses e eu estou de volta.
- Eu não sei se você vai poder voltar, talvez seja perigoso.
- É, eu também não sei. Mas se eu não puder voltar, você vem me ver. É uma ordem.
- Nem precisa pedir duas vezes. - ele riu. - Tenho que desligar agora, os meninos chegaram aqui, nós vamos sair.
- Tudo bem, manda um beijo pra todo mundo.
- Espera, vou colocar no viva voz. - ouvi um botão sendo apertado e logo pude ouvir outros sons. - , que saudade, como vocês estão? - perguntou.
- Estamos bem e vocês?
- Ah! Como sempre, muita bagunça... Tá todo mundo aqui.
- É, tô sabendo que vocês vão sair e não quero atrapalhar, diz que eu estou com saudades de todo mundo.
- De todo mundo? - ela riu.
- Sim – eu suspirei – Todo mundo... Por mais ignorada que eu seja por certas pessoas. – ouvi um barulho, como que uma porta batendo e algumas vozes: ! , volta aqui!
- Eu... Eu não sabia que ele estava aí, eu... Droga.
- Calma, . – ela disse, tirando a ligação do viva voz. – É até bom ele saber que você ainda se importa com ele, que você pensa nele mesmo do outro lado do oceano.
- Mas isso não muda nada, . Ele continua chateado comigo, acho que não tem mais volta.
- Ele te ama e ninguém deixa de amar de um dia pro outro.
- Vai falar com ele, por favor... Tentar consertar mais uma besteira que eu fiz.
- Tá, eu vou... Volta logo, , acaba com isso.
- Tchau, .

’s POV On

- Sim, todo mundo... Por mais ignorada que eu seja por certas pessoas.
Quando aquela voz entrou pelos meus ouvidos, era como se toda a dor que eu me forcei para esconder, tranquei num lugar bem escondido, se libertasse e ocupasse todo o meu corpo. Como ela tem a coragem de falar que eu a ignoro? Como ela pode pensar que depois de tudo, eu atenderia suas ligações?
Antes que eu pudesse raciocinar, entrei no primeiro cômodo que vi e, para a minha infelicidade, era aquele que eu não deveria nem passar perto. O cheiro dela ainda pairava no ar, era como se ela estivesse aqui perto de mim, ao meu alcance.

- , abre a porta. – ouvi a voz do , enquanto ele batia na porta.
- Tá aberta.
- Você tá bem?
- Eu pareço bem? – olhei sério para ele e respirei fundo me sentando na cama – Eu não estou bem, eu não vou ficar bem... Não enquanto ela estiver longe.
- Então por que você não atende o telefone, por que você não fala com ela?
- , uma ligação, uma conversa por telefone não vai consertar as coisas.
- Então vai atrás dela, o que você tá esperando?
- Ir atrás dela pra quê? Pra ela me mandar embora de novo? – ri sem humor – Já banquei o idiota por mais tempo que eu queria.
- , não é bem assim...
- É exatamente assim, , se ela me quisesse, não teria ido ou já teria voltado.
- Orgulho não leva ninguém a nada...
- Não é orgulho, , é amor próprio. Se eu tivesse certeza do que ela sente por mim ou se ela realmente sente algo por mim, eu não pensaria duas vezes...
- Então não pense, vai, corre atrás do que você quer.
- Eu a amo, mas não posso mais me maltratar dessa forma. – suspirei – Eu vou voltar pra casa, não tô mais no clima de sair.
- Não, ...
- É sério, eu não seria uma boa companhia, pode ir e avisar que eu não vou.
- Você que sabe – ele disse, dando de ombros – Só pensa no que eu disse...
- Pensarei. – ouvi a porta sendo fechada novamente e me vi sozinho novamente. Deitei na cama, fechando fortemente os olhos, lembrando dos momentos que já havia passado naquele quarto. Era incrível como ela não saia da minha cabeça, por mais que eu tentasse, por mais que eu me esforçasse, eu nunca esqueceria... Na verdade, eu não quero e nem posso esquecê-la.

Abri a porta da minha casa, andando a passos lentos até o sofá, onde deixei meu corpo cair pesadamente. Apoiei a cabeça no mesmo, encarando o teto. Ficar em casa imerso em minha própria tristeza tinha virado rotina na minha vida, isso quando eu não bebia demais e acabava num Pub, agarrado a uma garota que nunca tinha visto antes ou depois... Como eu sou patético. Algumas batidas na porta me tiraram de meus pensamentos. Quando abri a mesma, me surpreendi com a pessoa que aguardava.

- Jake? O que... O que você está fazendo aqui?
- Eu preciso conversar com você.
- O quê?
- Eu posso entrar?
- Pode, claro. – eu disse, ainda confuso, dando espaço para ele passar. Fechei a porta e me sentei na poltrona, ficando quase que de frente para ele. – Bom, o que você tem pra me dizer?
- Por que você ainda está aqui? Ou melhor, por que ela não está aqui com você?
- Jake, esse assunto...
- Não é da minha conta? Eu sei que não, mas eu não posso ficar parado vendo isso acontecer.
- Então você se achou no direito de vir até aqui e abrir meus olhos? Logo você. – eu ri – E o que você vai ganhar com isso.
- Você falando assim eu pareço um idiota mesmo, mas eu sinto que preciso fazer isso, pela .
- Não fala dela, por favor.
- , você sabe o que ela me disse quando nós terminamos?
- Não.
- Ela disse que te amava. Ela já tinha dito isso pra você? Eu acho que não...
- Mas não é minha culpa, ela que entendeu errado...
- Eu não sei o que aconteceu, a única coisa que me disseram é que ela foi pra Nova Iorque. Você pode me explicar se quiser.
- Isso é muito estranho, eu não me sinto confortável de falar sobre isso com você.
- Acredite, ninguém está mais desconfortável do que eu. – ele suspirou – , eu gostava dela, mas do que você possa imaginar e doía vê-la tão envolvida com você. Cada vez que ela tentava fugir, ela se prendia mais e ficava mais distante de mim. Eu sou testemunha do quando ela te ama.
- Mas ela foi embora, Jake. Esse amor que você diz existir não é o suficiente.
- Me responde uma coisa. O que ela fez quando viu o Sam com outra?
- Ela foi embora.
- E porque você acha que ela fez isso?
- Não faço a mínima idéia.
- Ela queria deixar o caminho livre pra ele ser feliz. Por mais que ela o amasse, ela queria a felicidade dele, mesmo que não fosse com ela. Ela sempre coloca a felicidade dos outros acima da dela. – ele riu, balançando a cabeça negativamente. – Isso é típico dela, se preocupar mais com os outros do que com ela mesma.
- Eu ainda não entendi aonde você quer chegar, Jake.
- O que aconteceu?
- Ela... – eu respirei fundo antes de continuar – Ela me viu beijando a .
- O quê? Por que você estava beijando a ?
- Eu não sei, eu estava confuso, eu estava revoltado. Eu tinha acabado de me declarar pra ela, eu disse que a amava e ela foi atrás de você.
- Isso não é motivo, não é nem desculpa.
- Você veio aqui pra conversar ou pra criticar? Porque, sinceramente, eu não me interesso pela sua opinião sobre mim.
- Longe de mim te criticar, , só estava tentando entender. – ele deu de ombros – E quanto ao que aconteceu, você não consegue ver nenhuma semelhança?
- Como assim?
- Ela pegou o ex noivo com outra, e depois vê você beijando outra. Como você acha que ela se sentiu? Ela deve ter lembrado tudo o que passou com o Sam, tudo o que ela demorou pra esquecer. Eu não tiro a razão dela.
- Mas foi culpa da , ela me beijou.
- Você não impediu, você deixou que acontecesse.
- Eu não sabia o que estava fazendo! – apoiei meus cotovelos em minhas pernas, tombando minha cabeça nas mãos – Eu não queria isso, Jake, não queria mesmo. Eu tinha terminado tudo, eu disse à que amava a , que era com ela que eu queria ficar.
- Então diga isso pra , ela precisa saber disso.
- Ela não quis me ouvir, eu tentei, tentei muito mesmo.
- Você também não quer ouvi-la. Tá na hora de engolir esse orgulho, você vai perder a mulher que você ama só por isso? Que tipo de amor é esse?
- Não é orgulho, é amor próprio.
- E onde você vai enfiar esse amor próprio, quando ela voltar e esfregar outro na sua cara? Se ela me escolhesse, eu não pensaria duas vezes, eu a amaria mais do que qualquer outra pessoa pudesse amar, eu faria dela a mulher mais feliz do mundo. Mas ela te escolheu e você tá desperdiçando. – ele me encarou durante alguns segundos - Eu sou homem suficiente pra vir na sua casa, falar pra você ir atrás da garota que eu gosto, porque eu sei que ela é apaixonada por você. Mas se você não é homem o suficiente pra fazê-la ser sua de uma vez por todas, já não é meu problema.
- Se você acha que pode entrar na minha casa e me falar essas coisas, você tá muito enganado. – eu disse me levantando e apontando um dedo para ele.
- Não, eu não posso entrar aqui e falar isso, mas eu fiz. – ele levantou também, agora me encarando – Se você não quiser fazer nada, se você achar que você está bem levando essa vidinha miserável de agora, pode continuar como está. Só saiba que a sua felicidade e a dela, principalmente, depende de uma atitude sua e não é agindo que nem um idiota que você vai mudar isso. Meu trabalho está feito, agora só resta o seu. – ele se virou, seguindo para a porta, batendo a mesma em seguida.

Eu continuei parado, como se as palavras dele ainda ecoassem em minha cabeça. Como ele poderia insinuar que eu não sou homem suficiente para fazê-la minha? Claro que eu sou, aliás, eu não preciso fazê-la minha, ela já é e sempre será. Eu não precisava ouvir isso, eu já tinha que ter feito alguma coisa, já tinha que tê-la em meus braços. Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque estridente do meu celular e o nome que aparecia no visor fez meu coração falhar numa batida e recomeçar com o dobro da velocidade. Esse assunto não deveria ser tratado pelo telefone, eu precisava vê-la, precisava senti-la. Deixei o telefone tocar e corri para o quarto. Rapidamente peguei algumas peças de roupa no armário, coloquei numa mochila. Recolhi meu passaporte e mais alguma documentação que eu poderia precisar. Nunca é tarde demais, é sempre tempo para um recomeço, para fazer as coisas da maneira correta e dessa vez eu não vou falhar. Eu não vou desistir até ela ser minha, de todas as formas possíveis e imagináveis. Eu não vou parar até ela dizer que me ama e que quer passar o resto da vida ao meu lado. Pois é isso que eu quero, é isso que eu vou fazer acontecer. Peguei meu celular na sala e segui para procurar com táxi, já ligando para a companhia aérea. Eu havia me decidido, vou buscar a minha .


Capítulo 26
(n/a: Coloque essa música para tocar, quando eu pedir a música¹ e essa quando aparecer a letra da música².)

Abri os olhos quando os fracos raios do sol atravessavam a janela do meu quarto. Continuei deitada por mais algum tempo, apenas encarando o teto. Ouvi algumas batidas na porta e o rosto sorridente da minha mãe apareceu.

- Vamos tomar café?
- Não – eu disse, me espreguiçando – Vou ficar mais um tempinho deitada, depois eu vou dar uma volta. Eu como na rua.
- Vai ao lugar de sempre? – eu afirmei com a cabeça e ela riu. – Não sei o que você vê tanto nesse lugar.
- Lá é tudo muito bonito, tudo muito feliz e um ótimo lugar pra pensar.
- Nem preciso perguntar em quem você tanto pensa.
- Estou muito repetitiva?
- Não, só muito apaixonada. – ela suspirou – Ai, , você deveria pensar melhor e...
- Não vamos conversar sobre isso mais uma vez, mãe.
- Eu só acho que você está agindo errado, na verdade, eu acho que os dois estão agindo errado, como crianças. – ela balançou a cabeça negativamente – Se eu soubesse de toda essa situação, não teria deixado você vir.
- Ia me impedir de viajar com vocês? – fingi estar chocada.
- Ia – ela disse, se segurando para não rir. – Tá, não ia, mas faria algo a respeito. Talvez eu deva fazer algo a respeito agora... Ele precisa saber, .
- Não há nada a ser feito, mãe, ele saberá quando eu achar que deve. Agora vai, meu pai odeia quando você demora.
- Tudo bem. – ela disse fechando a porta, mas abriu novamente – Não deixa de comer.
- Tá, mãe. – eu disse, rolando os olhos. Ela balançou a cabeça negativamente mais uma vez e saiu murmurando algo como: "Eu deveria ter dado mais juízo a essa menina." Me espreguicei mais uma vez, tomando coragem e seguindo para o banheiro.


Sai do prédio, apertando meu casaco contra o corpo. A manhã estava linda, mas o frio castigava Nova Iorque nesse outono. Parei no sinal, ajeitando o cachecol no pescoço e o casaco. Quando o mesmo fechou, atravessei a rua, seguindo para o Central Park. Ele estava lindo. As folhas secas cobriam o chão quase que por completo. Essa era a rotina dos meus domingos aqui. Eu acordava um pouco mais cedo e ia dar uma volta no parque. Era bom ver as famílias reunidas, os casais andando de mãos dadas, curtindo a presença um do outro. Era bom ver que, apesar de não estar feliz, as outras pessoas estavam. Meus pais eram felizes, é claro, mas tentavam não demonstrar tanto afeto na minha frente, evitando que eu me sentisse mais sozinha do que estava. O que seria impossível, mas eles não precisavam saber.
Era inevitável pensar no , a imagem dele surgia por vontade própria em minha mente, ao ver um casal apaixonado cruzar o parque. Cada beijo, cada toque, cada briga, cada palavra não dita, e, principalmente, as ditas. Tudo estava perfeitamente registrado em minha mente e se repetia ininterruptamente, como um filme triste. Respirei fundo, deixando as lembranças me invadirem.
(n/a: coloque a música¹ para tocar.)
"- Eu não sei o que você faz comigo, não sei é algum sentimento, atração ou apenas uma fixação quase doentia. A única coisa que eu sei, é que gosto de como eu me sinto. Eu gosto de como você faz eu me sentir."

"- Eu mudei, mudei muito depois que te conheci. Talvez para me fazer mais merecedor de você ou só pra agir da forma certa, pelo menos uma vez na vida.
- Pra me merecer?
- É, uma garota como você não é tão fácil de achar, . Pensei que você soubesse."

“- Você mesma deveria saber o que é melhor pra você. E eu sou melhor pra você! Eu te amo e sei que você sente alguma coisa por mim também."

“- Eu não quero que dê certo, não quero que você me ame. Eu não quero amar você."


Sentei num dos bancos em frente a um dos lagos que lá existe, apenas observando a movimentação. Ao longe, uma família brincava: o pai, com a filha mais nova nos ombros, corria atrás da esposa e do filho mais velho, enquanto o cachorro corria atrás de todos. Ri levemente, olhando para o outro lado, onde um casal estava sentado em outro banco. A mulher exibia uma bela barriga, talvez uns sete meses de gravidez. O homem, por sua vez, transbordava de alegria com uma das mãos na barriga da companheira. Ele ria, um riso bobo, contagiante, enquanto acarinhava, de certa forma, o filho. Ele aproximou a cabeça da barriga, como se pudesse ouvir alguma coisa e novamente o riso bobo escapou de seus lábios. Abracei meu próprio corpo, numa tentativa frustrada de diminuir a sensação de vazio. Aquela cena era demais para mim. Tratei de olhar para frente, onde havia apenas o lago. Uma brisa mais gelada bateu em meu rosto, onde escorria uma lágrima involuntária. Eu sentia saudades dele, de uma forma que eu não conseguia entender. Mas o que fazer? Ele não queria falar comigo, não queria me ouvir, quanto mais me ver. Suspirei, passando a mão em meu rosto para secá-lo. Senti o celular vibrar em meu bolso, peguei e ao olhar no visor, parecia que meu coração rasgaria meu peito, de tão rápido que batia. O nome dele estava lá. No visor brilhava uma mensagem dele. Com um tremor nas mãos, apertei para lê-la.

Everyday feels like a Monday, there is no escaping from the heartache. Now I wanna put it back together, 'cause it's always better later than never.

Levantei atordoada, eu sentia que ele estava ali. Olhei apressadamente para os lados, tentando, de alguma forma, encontrá-lo. As lágrimas dificultavam o processo, pois embaçavam os meus olhos. Apertei os mesmos fortemente, olhando para trás e, apesar da distância, eu conseguia ver o azul de seus olhos. Sem nem pensar duas vezes, corri até ele. Corri o mais rápido que podia. Corri para tê-lo de volta. Corri para voltar a viver. Corri até o meu amor. Corri até o meu .

I'm running fast, as fast as I can, to get you back, just to get you back again.
Estou correndo rápido, tão rápido que puder para tê-lo de volta, só para tê-lo de volta
I can not wait, I can not wait, if we can be, we can be us again.
Eu não posso esperar, eu não posso esperar, se nos podemos ser, podemos ser nós novamente
I cry at night, cry at night, I'll cry for all the words, all the words I didn't say.
Eu choro à noite, choro à noite, vou chorar por todas as palavras, por todas as palavras que eu disse
Sweet Sundays, sweet Sundays.
Doce domingo, doce domingo.

Assim que me aproximei, joguei meus braços ao redor de seu pescoço, deixando seu cheiro me inebriar. Meus lábios urgentes procuravam pelos seus, porém os dele foram mais rápidos, juntando-se aos meus, num beijo intenso e apaixonado. Meus olhos encontraram os dele e olhando bem no fundo deles, eu encontrei tudo o que sempre procurei, o que sempre quis. Encontrei o que agora era meu... Só meu.

Nothing compares to you, nothing compares to you
Nada se compara a você, nada se compara a você

- , eu não esperava te ver aqui, eu pensei que você não quisesse me ver. – eu disse, passando a mão pelo seu rosto. Ele fechou os olhos e um sorriso surgiu em seus lábios. – Eu nem sei o que falar. Eu fui tão burra, não deveria ter ido embora...
- , não precisa se explicar. Eu também fui um idiota, precisei que alguém abrisse meus olhos e me mostrasse o que fazer. Eu deveria ter vindo atrás de você no mesmo dia, deveria ter pego o vôo seguinte...
- Você não tinha a obrigação de vir atrás de mim, , eu falei coisas horríveis pra você. Eu não mereço isso, eu não mereço você. – ele sorriu.
- Você que fez eu me tomar o que sou hoje, você que me mostrou que a felicidade está nas pequenas coisas, que me ensinou que o amor vale a pena. – meus lábios se curvaram num sorriso, enquanto algumas lágrimas escorriam por minhas bochechas. Ele as secou e pôs a mão em meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos. – Nunca diga que eu não te mereço. Você está em meus braços de novo e isso já basta.
- Eu passei todo esse tempo sofrendo por ter feito o que fiz e por pensar que você nunca fosse me perdoar. Eu tinha certeza que eu tinha te perdido pra sempre.
- Você nunca vai me perder. – ele disse, encostando nossas testas.
- Agora que eu sei o quanto dói, eu não quero te perder, nunca mais. – eu disso, o abraçando com toda a minha força.
- Isso significa que...
- Significa que seremos só nós dois, até quando você me quiser por perto. – ele abriu um belo sorriso.
- Já ouviu falar em para sempre? Porque é o que parece bom o bastante pra mim. – eu ri, colocando minhas mãos em seu rosto, o aproximando de mim.
- Eu te amo, . – seu sorriso alargou. Depois de tanto tempo, eu finalmente falei o que estava preso em meu peito. Isso fez com que uma sensação de alívio percorresse meu corpo e o sorriso em seu rosto, só fazia essa sensação aumentar. Era como se eu pudesse ver que ele me amava também, apenas pelo brilho os seus olhos ou a forma que ele me olhava. – Eu te amo.
- Eu também te amo muito, , mais do que qualquer coisa, mais do que eu mesmo posso imaginar.
- Você não faz idéia de como é bom ouvir isso.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo – ele disse, distribuindo beijos por todo o meu rosto.

Seguimos para a minha casa e quando eu cheguei com ele, minha mãe só faltou dar pulos de alegria. Era como se a minha alegria, fosse combustível para a dela. Uma coisa que ela disse ser verdade. Depois de muita conversa, na primeira brecha que tive, arrastei para o meu quarto, longe das perguntas da minha mãe. Assim que entramos no mesmo, ele me abraçou por trás fazendo com que caíssemos na minha cama. Sem demora seus lábios estavam nos meus, com a urgência que a saudade trazia. Era como se estivéssemos separados a muito mais tempo do que estávamos. Quando nos afastamos, ele apoiou o corpo num dos braços e ficou me olhando com um sorriso bobo nos lábios.

- O que foi? – perguntei, virando um pouco o corpo, ficando de frente para ele.
- Nada, estou apenas de admirando.
- Que perda de tempo. – eu disse o empurrando, para que ele deitasse com as costas apoiadas no colchão, em seguida deitei em seu peito e ele passou os braços ao meu redor.
- Olhar pra você nunca é perda de tempo. – eu o abracei mais forte e ele repetiu meu gesto.
- Eu senti tanta falta disso tudo.
- Eu nem preciso dizer que eu também, não é? – ele disse, bocejando em seguida.
- Acho que alguém está com sono.
- Foi um vôo meio longo, não tive tempo de descansar.
- Como você me achou?
- O Matheus me deu o seu endereço e sua mãe me disse onde você estava.
- Sabia que tinha o dedo deles no meio. – eu ri – Sou muito agradecida por isso.
- Você deveria ter visto a cara que a sua mãe fez quando me viu. – ele riu, bocejando novamente.
- Vamos fazer assim – eu disse me sentando – Você dorme um pouco, enquanto eu arrumo algo pra você comer.
- Mas eu queria ficar mais um tempo com você.
- Nós temos todo o tempo do mundo, amor. – ao ouvir a última palavra ele sorriu abertamente.
- Amor? – ele perguntou, sentando na cama.
- Meu amor. – selei nossos lábios. – Agora deita, antes que você durma sentado.

’s POV On

Quando acordei a casa estava completamente silenciosa. Rolei na mesma, encontrando me olhando sentada numa poltrona, com um pequeno embrulho nas mãos e um sorriso nos lábios. Ela levantou vindo em minha direção. Subiu na cama, ajoelhando em cima da mesma e sentando em seguida. Ela acariciou meu rosto, selou nossos lábios rapidamente e voltou a me encarar.

- Você fica lindo dormindo.
- E você é linda o tempo todo. – ela abaixou a cabeça, envergonhada. – Onde estão seus pais?
- Eles saíram... Minha mãe falou algo sobre privacidade. – eu dei um sorriso malicioso.
- Privacidade? – eu perguntei, a puxando para mais perto – O que acha de aproveitarmos?
- Tenho uma coisa pra falar antes.
- O que? – perguntei, ficando na mesma posição que ela.
- Tem outra pessoa na minha vida.
- Como é? – perguntei sentindo, por um instante, que tudo que eu fiz, tudo que dizemos tinha sido em vão, mais uma vez.
- Tem outra pessoa na minha vida e ela só me fez te amar mais.
- , eu não tô entendendo. – ela sorriu, pegou o embrulho e colocou em minha frente.
- Dois corações batem por você, . – ela pegou minhas mãos, colocando em sua barriga - Os dois batem dentro de mim. – Meus olhos arregalaram, minha respiração falhou, meu coração acelerou. Um volume diferente era evidente, um volume que não poderia ser visto antes, por causa do casaco. Mas... Não era possível.
- ... – ela sorriu, apontando para o embrulho.
- Abre, . – eu tentava tirar minhas mãos de sua barriga, mas não conseguia. Era real, era verdade. Eu temia que fosse apenas uma ilusão. Ela retirou a tampa da caixa, pegou um envelope. – Eu tenho um presente pra te dar, mas ele só chegará daqui a cinco meses, então eu trouxe uma foto.
Minhas mãos tremiam e um sorriso teimava em ficar no meu rosto. Peguei o envelope e puxei o seu conteúdo. Uma ultrassonografia onde era possível ver, bem claramente, o meu filho. Meu filho. Todos aqueles sentimentos que me envolveram no dia que ela disse estar grávida, voltaram mais fortes. Era como se aquele bebê passasse a ser a coisa mais importante em todo o mundo. E ele era. Deixei a foto cair e olhei para . Ela tinha lágrimas nos olhos e os lábios repuxados num pequeno sorriso.
- C-como? Quando? – perguntei, desnorteado.
- Duas semanas depois que cheguei aqui, eu continuava atrasada e me sentindo mal. Fui num médico e...
- Por que você não me disse quando descobriu?
- Você não me atendia, . E eu achei que seria melhor falar pessoalmente ou que a minha barriga falasse por si só. Já que ela estaria bem grande quando eu voltasse.
- Eu não acredito. Eu vou ser pai. Você vai me dar um filho. – eu disse, a puxando para mim – Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Hoje eu ganhei duas pessoas que eu não posso viver sem. Você é a minha vida. – abaixei minha cabeça, na altura de sua barriga – Vocês são a minha vida.


- Onde estamos indo? – perguntei, quando saímos do restaurante.
- Não sei bem, pensei em comprar algumas coisas. – ela disse, enroscando seu braço ao meu e segurando minha mão.
- Que tipo de coisas?
- Esse tipo de coisas. – ela disse, parando em frente a uma loja de roupas de bebê.
- Ah! Eu não sei se é uma boa idéia. Da última vez que entrei numa loja dessas, eu me senti perdido.
- Mas você tem que se acostumar, vai encará-las por um bom tempo. – ela disse, tentando, inutilmente, me puxar para dentro da loja.
- Tipo, muito tempo?
- Muito tempo. – ela disse e eu me rendi, deixando que ela me arrastasse.
Já fazia quase uma hora que ela olhava todo tipo de roupa existente naquela loja. Eu já estava cansado, me sentei numa poltrona baixa, que provavelmente era para crianças, pois uma sentou ao meu lado. A menina me encarava, com as feições repuxadas numa careta, como se quisesse lembrar de onde me conhecia. Eu a olhei, sorrindo para ela, que retribuiu, mostrando seu sorriso com dois dentes faltando.
- Me lembrei de onde te conheço! – ela disse, segundos depois – Minha irmã tem uma foto sua na parede do quarto dela.
- Sério? Como é o nome dela?
- Alysson, mas todo mundo chama de Aly.
- Então você diz a Aly que eu mandei um beijo pra ela.
- Claro que eu direi. – ela sorriu e me abraçou – Também vou dizer isso. Ela vai morrer de inveja.
- Kim! – ouvi uma senhora chamar.
- É minha mãe, tenho que ir. – ela disse, levantando apressada. – Tchau. – ela acenou.
- Tchau, Kim. – eu acenei de volta.
- Ah não! – ouvi resmungar – Logo agora que tenho você só pra mim, já tenho que te dividir com as fãs.
- Claro que não – a puxei pela cintura – Você não precisa me dividir com ninguém... Ninguém além desse pequeno ser aqui. – beijei sua barriga. – Falando nele, ou nela, não sei, quando podemos saber o sexo?
- Eu queria que fosse surpresa, por mais que eu tenha minhas desconfianças.
- , eu sei que é um meninão que está aí dentro. E ele torcerá para o...
- Manchester. – ela completou com um sorriso.
- Claro que não vai.
- Claro que vai! E assunto encerrado. – ela disse, antes que eu pudesse me pronunciar.
- Você que pensa... – murmurei.
- Vem me ajudar a escolher uma coisa. – ela me puxou pela mão. Eu respirei fundo, antes de levantar e a seguir.
- Queria comprar um casaquinho que combinasse com o sapatinho que você comprou. Me ajuda a procurar.
Olhei para as araras lotadas de roupas. Cocei a cabeça, pensando por onde começar. Depois de alguns minutos, voltei com algumas peças nas mãos.
- Olha, , eu achei esses. – ela olhou para as peças e segurou o riso. – O que foi?
- , meu bem, isso é um pouquinho grande demais. – ela disse, pegando um casaquinho branco, com uns detalhes em vermelho. – Caberiam dois bebês aqui dentro.
- Sério? – perguntei assustado.
- Olha – ela falou, me mostrando outro casaquinho, só que na cor amarela. – É desse tamanho.
- Mas é quase do tamanho da minha mão.
- Não se preocupe, eles crescem rápido. E acredite, daqui a um tempo, você pensará: “Queria que ele voltasse a ser bem pequenininho..."
- Mas do tamanho da minha mão?
- Amor, esquece o tamanho da sua mão.


Saímos da loja depois de alguns minutos. Com uma das mãos eu segurava as sacolas e a outra estava apoiada na cintura da , fazendo com que ela ficasse bem perto de mim. Ela passou um dos seus braços ao redor do meu corpo e apoiou a cabeça em meu peito.
- , o que você quis dizer com “precisei que alguém abrisse meus olhos e me mostrasse o que fazer"?
- Eu conversei com uma pessoa e ela fez que eu viesse até aqui.
- Quem? – ela perguntou, dava perceber que ela estava bem curiosa – O Matheus?
- Não... – olhei em seus olhos por alguns segundos antes de responder – O Jake.
- O Jake? – ela parou de andar, me encarando com os olhos arregalados – Como? Quando? O que ele disse?
- Ele foi até a minha casa ontem e...
- E?
- Ele disse que se fosse eu, ele já teria ido atrás de você há muito tempo. Que eu não deveria desperdiçar o que você sentia por mim. Que eu não deveria ficar em casa, vivendo uma vidinha miserável, enquanto eu estava desperdiçando o que nós dois sentíamos.
- Meu. Deus. – ela disse, ainda boquiaberta.
- É, eu sei. Você devia ter visto a minha cara quando abri a porta.
- Eu não disse que... Deixa pra lá.
- O quê? – perguntei e ela me olhou, fazendo uma careta.
- Eu não disse que ele é um cara legal?
- Tudo bem, ele ganhou um ponto comigo.
- Um ponto, ? – ela perguntou rindo.
- Um ponto.
- Quer dizer que a pessoa que abriu essa sua cabeça dura e fez você vir atrás de mim, ganha um ponto com você?
- O que você quer, que eu vire melhor amigo do cara? Não exagera.
- Tá bom, .
- Ah, não! Você não vai ficar chateada comigo por causa disso, ou melhor, por causa dele. – eu a abracei pela cintura, fazendo com que ela ficasse de frente para mim – A verdade é que eu não gostei de uma coisa que ele falou.
- E o que ele disse? – perguntou, cruzando os braços.
- Que se você o escolhesse, ele te amaria mais do que qualquer outra pessoa pudesse amar e isso é mentira. – peguei seus braços e pus ao redor do meu pescoço, a trazendo para perto.
- E por que é mentira?
- Porque ninguém nesse mundo vai te amar mais do que eu. Nunca.
- Nunca?
- Nunca! – selei nossos lábios calmamente, fazendo-a sorrir antes de aprofundar o beijo. A levantei do chão, girando no ar. Ela riu alto, fazendo com que todas as pessoas nos olhassem, alguns assustados e outros com um sorriso no rosto. – Eu te amo, sua boba.
- Eu também te amo. – ela apertou os braços ao redor do meu pescoço. – Vamos pra casa, tô cansada.


Horas depois...

Coloque a música² para tocar.

Entrei no quarto silenciosamente, com medo de que ela pudesse estar dormindo, apesar de perceber que o som estava ligado, tocando uma música lenta. Passei meu olhar por todo o quarto, sorrindo ao encontrá-la sentada no parapeito da janela, observando as estrelas e acariciando o pequeno volume em sua barriga. Nosso filho. Não sou capaz de sequer desenhar aqueles bonequinhos de pauzinhos, mas naquele momento, eu definitivamente conseguiria encontrar a inspiração necessária para criar a mais linda das obras-primas existentes só de olhar para ela. Leonardo da Vinci sentiria inveja de mim. Me aproximei ainda sem fazer barulho, capturando cada segundo daquela cena e me abracei ao seu corpo. sorriu, virando seu rosto em minha direção.

- Eu te amo. - ela disse. - Eu não me canso de dizer. Eu guardei isso só pra mim por tanto tempo.
- E eu não me canso de ouvir. - sorri para , acariciando seus cabelos. - Eu te amo também. Muito. Mais do que eu imaginei ser possível amar alguém algum dia. Eu sempre imaginei como seria realmente amar alguém, sabe? Mas ai eu vejo o que eu sinto por você e não sei se isso pode ser explicado. Não é normal.
- É especial. - ela me corrigiu.
- É especial. - concordei, vendo-a se levantar e me abraçar corretamente e encostando seus lábios nos meus. - Como você sabe?
- Por que é assim que eu me sinto... – passei meus dedos levemente pelo rosto, ela fechou os olhos e sorriu.
- Simplesmente adoro essa música. - disse, se virando de costas pra mim e puxando meus braços para abraçarem sua cintura. Ela começou a dançar no ritmo lento da batida.
Acompanhei seus movimentos, depositando um beijo em seu ombro e movimentando minhas mãos nas laterais de seu corpo. circulou um braço em meu corpo, acariciando os cabelos de minha nuca. Era tão bom estar desse jeito com ela, que eu só desejei que o mundo parasse e que pudéssemos ficar daquele jeito para sempre. Subi meus beijos para seu pescoço, dando a atenção necessária que aquele local exigia. Ela cheirava tão bem, tão familiar. Era exatamente o mesmo cheiro que me atormentou todos os milhares de momentos em que me lembrei dela nesses últimos meses separados. soltou um suspiro profundo, inclinando seu pescoço para o lado que eu não beijava, me dando melhores condições de explorar o local. Tracei beijos da base do seu pescoço até ombro, apertando levemente seu corpo contra o meu. Desci minhas mãos de sua cintura e acariciei sua barriga com o máximo de cuidado que pude, dirigindo minha boca em seu ouvido.

- I may not have the softest touch. I may not say the words as such and though I may not look like much, I'm yours.¹ - cantei baixinho em seu ouvido, sorrindo ao perceber que havia estremecido com aquilo. Ela virou-se para mim, colando sua boca em minha orelha agora.
- And though my edges may be rough and never feel I'm quite enough. It may not seem like very much but I'm ALL yours.² - ela riu um pouco, editando uma pequena parte da música e eu não pude aguentar mais um segundo com nossas bocas separadas. Não parecia certo. Era como se elas existissem para permanecerem juntas. abraçou meu pescoço enquanto eu fazia o mesmo em sua cintura novamente, novamente com o máximo de cuidado para não apertá-la demais, mesmo que a minha vontade de ter cada centímetro de meu corpo colado ao dela fosse urgente e avassaladora. Apoiei minhas mãos em sua cintura e tracei um caminho para cima, trazendo sua blusa. Deixei meus lábios passearem pelo seu pescoço, seguindo para o colo. Forcei meu corpo para frente, seguindo em direção à cama, para que ela deitasse na mesma. Feito isso, pus meu corpo sobre o dela, tomando cuidado para não deixar meu peso sobre sua barriga.

- , eu preciso que você me abrace mais forte, porque eu não estou sendo capaz de idealizar que isso realmente estava acontecendo. - ela disse, como se tivesse lido meus pensamentos e eu aproximei mais um pouco nossos corpos, mesmo que ainda não fosse tudo o que eu queria.
- Se eu te machucar ou se acontecer alguma coisa, você me fala na hora, por favor.
- Não vai acontecer nada, . – ela disse, passando a mão no meu rosto, tentando me tranquilizar.
- Como você sabe? Você não tem certeza...
- Não, eu não tenho certeza sobre isso, mas tenho certeza sobre outra coisa. Eu quero você.
- Eu tenho medo de te machucar, de machucar nosso filho. - disse encarando seus olhos e ela sorriu levemente.
- O nosso amor não vai machucar ninguém, . Não mais...

¹ Eu posso não ter o toque mais suave, posso não dizer as palavras mais suaves. E embora eu possa não parecer muito, eu sou seu.
² E embora por fora eu possa ser rude, e nunca ache que eu seja o suficiente. Pode não parecer muito, mas eu sou todo seu.


Capítulo 27
(n/a: Coloque esta música para tocar quando a letra começar.)

É incrível como o amor pode modificar toda a sua vida. De um dia para o outro, tudo passou a ser mais bonito, a ter mais cor, mais alegria. Pela primeira vez em muito tempo, ou em toda a minha vida, eu me sentia verdadeiramente feliz. Realizada. Completa. Era esse o efeito que ele tinha sobre mim, ele era capaz de me fazer feliz com as pequenas coisas, pequenos gestos, pequenas atitudes. Ele me fazia bem apenas por existir. Me espreguicei na cama, tateando o outro lado e o encontrando vazio. Abri os olhos e espiei o quarto, onde ele estava terminando de arrumar as malas. Minha posição me dava uma visão privilegiada de ser corpo coberto apenas pelas boxes. Senti um sorriso involuntário surgir em meu rosto. Levantei silenciosamente e caminhei até ele, o abraçando por trás. Distribui diversos beijos por toda a extensão de suas costas, enquanto o abraçava apertado.

- Bom dia, dorminhoca. – ele disse, virando a cabeça para o lado, tentando me enxergar.
- Bom dia. – respondi, forçando meu corpo para o lado que ele virou sua cabeça e recebi um leve beijo nos lábios.
- Dormiu bem?
- Maravilhosamente. O que você tá fazendo?
- Estou arrumando minhas coisas. Tenho que voltar para Londres, você vem comigo, certo? – ele disse, passando os braços pela minha cintura, fazendo eu ficar de frente para ele.
- Hmm, deixa eu pensar... – coloquei uma das mãos no queixo, fazendo cara e pensativa – É claro que eu vou com você.
- Que bom. Imagina o que pensariam de mim, se me vissem arrastando uma mulher grávida por aí? – eu ri.
- Você é muito bobo.
- E você é uma bagunceira. – ele disse, abrindo a porta do armário e olhando a situação desastrosa que estava. Eu fiz uma careta e voltei para a cama.
- Se está te incomodando, você pode arrumar se quiser.
- Eu não vou arrumar a sua bagunça.
- Você vai negar um pedido da futura mãe do seu filho? – fiz cara de chocada.
- Não estou negando um pedido seu, estou apenas falando que não vou arrumar sua bagunça, pra você não se acostumar. Porque se for assim, você vai bagunçar a nossa casa todinha e eu terei que arrumar.
- A nossa casa? – me sentei na cama, cruzando os braços.
- É, a nossa casa. Eu já passei tempo demais longe de vocês dois e agora eu não desperdiçar mais nada. – ele se aproximou, ajoelhando a minha frente – Eu não sei bem o que dizer e, por mais incrível que pareça, eu não sou bom com as palavras. Mas o que eu sei é que eu quero você ao meu lado todo tempo, eu quero dividir uma vida com você, quero dividir uma casa com você. Quero compartilhar de todo os momentos dessa gravidez, estar presente quando ele se mexer ou chutar pela primeira vez, quando você sentir desejos ou qualquer outra coisa. Eu quero ser pai, mas pai de verdade. , eu quero que você venha morar comigo.
- Morar com você, ? E eu achando que você estava me pedindo em casamento! – balancei a cabeça lentamente. Ele arregalou os olhos, com a expressão surpresa. Correu o quarto com os olhos, procurando por alguma coisa. Olhou para a mesa de cabeceira, pegando um chaveiro e tirando o aro de metal. Coçou a cabeça antes de me olhar novamente. Ele me olhava diretamente nos olhos e um sorriso brotou em seus lábios antes de começar a falar.
- , eu confesso que não sei bem o que fazer, muito menos o que falar. Eu sei que quero te fazer feliz e para isso eu farei qualquer coisa, farei tudo que estiver ao meu alcance. Se assumir um compromisso é tão importante para você, então é isso que nós faremos. Eu não tenho um anel, mas não deve ser um problema tão grande. , eu te amo e quero casar com você. – ele disse, pegando minha mão e se preparando para colocar o aro de metal.
- Não, – eu disse, puxando a mão de volta – Eu não quero casar com você, eu... eu estava brincando. É claro que eu quero morar com você. Quero dividir minha vida, meus problemas, minha bagunça – ele fez uma careta – Quero você faça parte dessa gravidez. Eu quero, não, eu preciso que você seja pai de verdade. Assim como quero que a nossa relação seja de verdade, não quero nada forçado. O que importa não é o compromisso assumido diante de alguém e sim o compromisso assumido entre nós dois.
- Você realmente me assustou. – ele disse, praticamente respirando aliviado.
- Você ia mesmo me pedir em casamento só porque eu falei?
- Amor, eu faço qualquer coisa que você pedir. – ele disse pegando minha mão e beijando em seguida.
- Então, o que você acha de preparar um café da manhã reforçado para mim? – segurei o riso e ele estreitou os olhos.
- E o que eu vou ganhar com isso? – me aproximei de seu ouvido, sussurrando.
- O que você quiser.
- Isso parece bom o suficiente, então que assim seja.

***


- Quando nós vamos?
- Pra ser sincero, eu não poderia nem ter saído de Londres essa semana. O cd será lançado depois de amanhã, então teremos vários compromissos e... – eu me levantei da cama, o deixando falando sozinho. – ?
- O que foi? – perguntei, abrindo o armário e encarando a bagunça, puxando uma blusa larga e uma calça de dentro, me vestindo em seguida.
- O que você tá fazendo?
- Vou começar a arrumar as malas, você tem que voltar rápido para Londres, certo?
- Certo, mas não precisa ter tanta pressa.
- Eu não quero te atrapalhar e vou ver se consigo fazer meu projeto final da faculdade, tenho duas semanas para entregar, isso se eu quiser me formar nesse semestre. Mas quando ele nascer – fiz um carinho na barriga – Ficará praticamente impossível! – voltei ao armário, tentando alcançar a mala que estava na parte superior. Quando fiz menção de subir no próprio armário, senti duas mãos em minha cintura, me impedindo.
- Você tá maluca? – ele perguntou, pegando facilmente a mala.
- Não ia acontecer nada. – revirei os olhos.
- Mesmo que não aconteça, você tem que parar com essas maluquices.
- Ai, tá bom, . – peguei a mala de sua mão. – Posso arrumar as minhas coisas agora?
- Pode... – ele seguiu para a cama, onde deitou e ficou me olhando.
- Como eu vou enfiar tudo isso numa mala? – perguntei a mim mesma.
- Quer ajuda? – ele perguntou, deitado na cama, com os braços atrás da cabeça. Seu abdômen definido estava nu, ele tinha um leve sorriso nos lábios... Ele estava irresistível.
- Com você me olhando desse jeito, eu vou precisar de ajuda para outra coisa.
- Se quiser, é só pedir...
- , tire esses pensamentos de sua cabeça, levante dessa cama e vá ligar para a companhia aérea.
- Eu acho melhor você vir até aqui.
- Você quer mesmo que o McFLY fique desfalcado? – perguntei, cruzando os braços. – Até porque, nós teremos muito tempo – me aproximei da cama, subindo na mesma, deixando meu corpo levemente sobre o dele.
- Muito tempo? – ele perguntou, com a boca perto da minha, fazendo com que o seu hálito quente batesse em meu rosto.
- Muito, muito tempo... – selei nossos lábios rapidamente, voltando para o armário. Ele continuou deitado, me encarando. – , as passagens!
- Se você continuar mandona assim, eu vou retirar o meu convite. – ele disse levantando.
- Agora é tarde demais, meu amor. – disse, mandando um beijo. Ele saiu do quarto resmungando alguma coisa.

***


No dia seguinte, depois de uma longa despedida dos meus pais, entramos no avião. A viagem foi altamente desconfortável para mim, toda hora eu sentia vontade de ir ao banheiro e depois de algumas turbulências, me senti um pouco nauseada. ficou ao meu lado todo o tempo, segurando minha mão e perguntando como eu estava me sentindo. Eu respirei aliviada quando o comandante anunciou o pouso. Pegamos nossas bagagens e seguimos para o portão de desembarque, dando de cara com nossos amigos e um bando de fãs histéricas nos esperando.

- Meu Deus. – disse baixo, quando vi a aglomeração a nossa frente. segurou firmemente minha mão e seguiu confiante.
- Recepção calorosa, não? – ele riu baixo.
- , elas vão me matar. – sussurrei desesperada.
- Calma, , elas não vão fazer nada com você.
- ! – ouvi a voz da distante. Olhei para onde ela estava e a mesma estava correndo em minha direção. Assim que estava perto o bastante, me puxou num abraço apertado. – Eu estava tanta saudade.
- Eu também estava, . – retribui o abraço, sentindo algumas lágrimas escaparem dos meus olhos. Malditos hormônios fora de controle.
- Dá pra largar, ? – ouvi Matheus perguntar. Me joguei em seus braços rapidamente, estava tempo demais longe da minha família.
- Estava com tanta saudade, tanta saudade. – eu disse a ele, não controlando mesmo as lágrimas.
- Eu também, , eu também. – ele se afastou, mantendo as mãos em meus ombros. – O senhor cuidou bem dela? – ele perguntou ao .
- Muito bem. – ele sorriu, passando a mão ao redor de minha cintura.
- É tão lindo ver esses dois junto. – choramingou num canto.
- Ah, Béo... – abri os braços, esperando que ela viesse até mim.
- Você fez falta. – disse , se juntando ao abraço. – , nós poderíamos fazer um almoço lá em casa, reunir todo mundo e estrear a nossa nova cozinha.
- Nossa nova cozinha? – perguntei confusa e abriu um belo sorriso.
- Nós estamos morando juntos. – disse orgulhoso.
- Que lindo! Meus parabéns. – abracei os dois.
- Não, meus parabéns a vocês dois. – ele apontou para a minha barriga. – O que é morar junto comparado a ter um filho?
- É, muitas novidades... para os outros, é claro, porque na minha vida continua tudo na mesma. Não é ? – lhe deu uma cotovela na altura da costela.
- Ai, ! – ele exclamou, passando a mão no local – Você quer um filho também? Se vocês quiser nós vamos ali e...
- Não! – Matheus disse alto – Não preciso e nem quero saber a continuação dessa frase, ela é minha irmã mais nova, pelo menos me respeite.
- Desculpa, cunhado. – riu, sendo acompanhado por todos.
- Não fica assim, , a minha vida também continua a mesma. – disse, cruzando os braços.
- Vocês reclamam muito. – disse, balançando a cabeça – Falam tanto, que ainda não me deixaram falar com eles. – ele empurrou quem estava no caminho e me abraçou, dando um beijo em minha testa. – Você fez falta, , pensei que ele fosse ficar maluco.
- Mas eu sou maluco. – disse se aproximando e passando o braço pela minha cintura – Maluco por ela.
- É, depois dessa, eu acho melhor irmos logo para minha casa. – disse, rindo em seguida.

Duas semanas depois...

- Pronto, essa é a última caixa. – disse, colocando a caixa de papelão no chão do quarto. Meu novo quarto. O nosso quarto. Eu passei essas duas últimas semanas organizando as coisas que traria para a casa do e o ajudando a arrumar a bagunça que ele tinha deixado. A única coisa que estava faltando era o quarto do bebê, mas nós ainda tínhamos tempo para isso e como não sabíamos o sexo, não tinha como decorar, comprar brinquedos, roupas de cama e essas coisas. Esse suspense estava me matando e com a próxima consulta se aproximando, a vontade de perguntar para o médico e descobrir o sexo de uma vez, aumentava mais a cada dia.
- Amor, eu tenho uma consulta hoje, você quer ir comigo? Talvez você queira ver a ultrassonografia dessa vez. – perguntei sentada na cama – Porque eu acho que vou querer saber o sexo. Esse suspense está me matando.
- Acredita que eu ia falar a mesma coisa? – ele disse, sentando ao meu lado – Eu estou cheio de idéias para o quarto e preciso saber sexo para pensar em cores, temas para a decoração.
- Como você imagina o quarto?
- Pensei em rebaixar o teto, colocar uma iluminação mais baixa pra não incomodá-lo; pintaria com uma cor bem suave, um azul ou rosa bem claro e talvez colocasse um papel de parede em apenas uma, para dar um destaque; os móveis seriam brancos e o quarto seria lotado de brinquedos. – ele parou e me olhou, vendo que eu estava o encarando com um sorriso bobo nos lábios – O que foi?
- Nada, é só a forma como você fala quando é alguma coisa relacionada ao nosso filho.
- E como é?
- É lindo, .
- E como não seria? É o nosso filho, a coisa mais importante do mundo.
- Então eu acho que deveríamos acabar com essa dúvida de uma vez por todas... – eu disse, deitando na cama.
- Eu também acho... – ele disse, deitando ao meu lado – Eu tenho uma reunião na gravadora agora, volto em duas ou três horas e nós arrumamos as coisas, ok?
- Tudo bem – eu disse me espreguiçando.
- Vai fazer o que agora? – ele perguntou, colocando o casaco.
- Bem, eu tenho que trabalhar no final da música da faculdade e eu só tenho hoje para terminar, então devo fazer isso agora. – estiquei uma das mãos para ele me ajudar a levantar.
- Se você quiser eu posso te ajudar quando voltar. – ele me ajudou a ficar de pé, passando as mãos pela minha cintura.
- Não precisa, ela tá quase pronta. – lhe dei um selinho.
- Sério? Por que eu ainda não ouvi?
- Porque ainda não chegou o momento.
- Isso está, no mínimo, esquisito. – ele disse, fazendo careta.
- Não seja tão curioso, a paciência é uma dádiva.
- Uma dádiva que não é minha. – ele riu, me dando um beijo em seguida – Que horas é a consulta?
- Duas da tarde.
- Quer que eu passe aqui pra te buscar ou eu te encontro lá? Porque até essa hora a reunião já acabou.
- Não sei, tenho que passar na faculdade antes, então é melhor eu ir no meu carro.
- Tudo bem então, até mais tarde.
- Até.

Assim que ele saiu segui para o seu estúdio, ouvindo a mesma música pela centésima vez. Era incrível como ela nunca parecia boa o suficiente para mim. Por mais que todo mundo tenha elogiado, eu não sentia que ela estava pronta. Bufei, revisando mais uma vez a letra. A melodia estava pronta, os meninos tinham me ajudado nisso num dia que o não estava em casa, estava até gravado, o único problema ainda era a letra. É engraçado como as coisas mudaram na minha vida, eu estou sentada no estúdio do , meu namorado, pai do meu filho. Tive que rir desse pensamento. Minha vida mudou completamente em menos de um ano, mudou para um lado completamente positivo e eu devo tudo isso a ele. Ele me trouxe de volta a vida, eu encontrei o que faltava em mim. Ele me completa.


’s POV On

Quando cheguei ao médico, ela já estava me esperando sentada numa das poltronas. Estava tão distraída folheando uma revista sobre bebês, que nem viu que eu estava a olhando. Cruzei os braços e apoiei meu corpo no batente da porta, a encarando. Ela estava mais linda a cada dia, como se isso fosse possível. Era como se uma aura diferente estivesse a envolvendo, ela estava mais feliz, mais bem disposta. Talvez seja o amor, ele tem o poder de modificar as pessoas. Depois de alguns segundos ela levou o olhar da revista, olhando para mim e um sorriso escapou de seus lábios.

- Estávamos só esperando você chegar. – ela disse se levantando – Kate, você pode avisar à Doutora Summers que ele já chegou?
- Claro. – a secretária disse simpática.
- Você demorou e você disse que a reunião não demoraria tanto. – ela disse, dando um tapa leve em meu braço.
- Eu fui ver umas coisas depois.
- Que coisas? – ela apertou os olhos.
- Nada de muito importante, .
- Sei. – ela disse, prolongando a palavra propositalmente.
- Senhorita ? – a Doutora Summers chamou na porta.
- Depois terminamos essa conversa. – ela disse, rindo em seguida.
- Senhor , que bom vê-lo aqui. – Doutora Summers disse, estendendo a mão para mim, enquanto se trocava no cômodo ao lado.
- Prazer, Doutora.
- Pode me chamar de Carmem.
- Só se a senhora me chamar de . – ela riu.
- Combinado.
- Eu disse à que também tinha direito de ver nosso filho, não é porque ela o carrega, que eu não posso vê-lo também.
- Bem, se você quiser trocar de lugar daqui a uns meses, eu não vou reclamar. – ela surgiu na porta, já com a roupa do exame.
- Eu acho que estou bem assim. – eu disse rindo.
- Típico... – ela murmurou, seguindo para a sala de exame.
- Então vocês decidiram saber o sexo do bebê hoje.
- Sim, a curiosidade está me matando. – respondeu subindo na maca, colocando um dos braços atrás da cabeça, tentando ficar confortável.
- Espero que ele não esteja com a perna cruzada. – a Doutora colocou um gel verde em cima da barriga da , passando o equipamento em seguida, uma espécie de rolinho. Ela apertou alguns botões e segundos depois um som invadiu o ambiente, sendo seguido pela imagem no monitor – Esse é o coraçãozinho do bebê de vocês e esse é ele. – ela apontou para o monitor, onde era possível ver uma forma bem desenvolvida de um bebê. Mãos, pés, dedos... Eu conseguia ver o meu filho, se eu fechasse os olhos, talvez conseguisse imaginá-lo perfeitamente, mas eu não conseguia nem piscar, queria ver cada detalhe que a doutora conseguisse mostrar. – Bem, dessa posição eu não consigo ver o sexo, deixa eu tentar do outro lado.
- E será de vai mudar alguma coisa? – perguntou impaciente, roendo a unha do dedão.
- Talvez sim, vai mudar o ângulo de visão. – eu respondi, tirando o dedo de sua boca. A doutora riu antes de concordar comigo.
- Exatamente isso que ele falou, , e eu acho que deu certo. – ela colocou um pouco mais de gel, passando rolinho no lado direito de sua barriga e apertando um botão que congelava a imagem do monitor. – Prontos?
- Sim. – respondemos juntos e a Doutora riu.
- Estão vendo essa pequena protuberância nessa região? – ela passou os dedos levemente no monitor.
- Eu estou, mas não consigo identificar. – respondeu, tombando a cabeça para o lado, tentando enxergar melhor.
- Doutora, isso é um...? – perguntei, aproximando a cabeça do monitor, tentando confirmar minhas suspeitas.
- Sim, é um menino. – quando suas palavras entraram pelos meus ouvidos, um sentimento estranho me invadiu. Agora eu conseguia imaginar cenas perfeitas do futuro. Meu filho e eu jogando futebol, vídeo game, andando de bicicleta, paquerando as menininhas...
- Eu sempre soube que seria um menino, Carmem. – disse com um sorriso – Já consigo imaginar meu filhinho com a blusa do...
- Não vamos entrar nesse assunto aqui, , consultório médico não é lugar para futebol. – eu disse e fez uma careta para mim, enquanto a Doutora ria da cena.
- Enfim, está tudo normal. Ele está se desenvolvendo bem, nada de diferente ou anormal. – ela dizia enquanto retirava o excesso de gel – Você só precisa continuar se cuidando como sempre e não teremos nenhum problema.
- Que bom. – suspirou aliviada, sentando na maca.
- Vou deixar você se trocar. – Carmem disse saindo da sala e eu a acompanhei.
- Carmem, tá tudo bem mesmo?
- Está tudo perfeitamente bem, . Eu sei como é complicado ser pai e mãe de primeira viagem, passei por tudo isso.
- É que eu não sei o que fazer para ajudar. Às vezes ela passa mal e eu me sinto de mãos atadas, sem saber o que fazer.
- Se sentir mal é normal, os enjôos continuaram por um tempinho ainda. Você pode ajudar dando força, a confortando quando ela estiver mal. Você estando por perto já é uma ajuda e tanto, acredite.
- Se tá complicado colocar a roupa sozinha agora, imagina daqui a uns dois meses. Será quase impossível. – chegou reclamando – Carmem, eu acho que a minha barriga tá grande demais, isso é normal?
- , não há nada errado, se sua barriga está grande, significa que o seu bebê está grande e forte. Isso é ótimo. Cada gravidez tem um progresso diferente, algumas mulheres nem aparentam estar grávidas e outras, como você, desenvolvem logo a barriga, mas isso não significa que há algum problema. Mas se você sentir qualquer desconforto, não demore a me procurar, ok? Todo cuidado é necessário.
- Pode deixar, Carmem, qualquer coisa eu ligo. – eu disse, pegando a bolsa de e alguns papéis do exame.
- Tchau e até a próxima. – ela disse. Saímos do consultório lado a lado, seguindo para o estacionamento.
- Pra onde você vai agora? – perguntei.
- Vou para casa, não consegui terminar a música. E não, você não pode me ajudar.
- E quem disse que eu ia oferecer ajuda? – perguntei e ela riu – Enfim, vou passar no mercado para comprar aquelas coisas que você pediu e eu tinha esquecido.
- Antes tarde do que nunca, não é? – ela bufou.
- Mas talvez eu passe na casa do antes, não vou demorar. – lhe dei um beijo.
- Tudo bem. – ela sorriu e seguiu para o carro.


- ? – perguntei entrando em casa e não ouvi nenhuma resposta. Fui até a cozinha, guardei as coisas que comprei nos devidos lugares e segui atrás da . Quando ia começar a subir as escadas, ouvi um barulho vindo do estúdio. Geralmente não se escuta nada que acontece lá dentro, mas pra isso ser verdade, a pessoa deve fechar a porta, que no caso estava entre aberta. Espiei dentro o cômodo e lá estava ela, debruçada na bancada, provavelmente confusa com todos os botões. Continuei olhando durante alguns segundos, tempo que ela levou para conseguir achar o botão correto, apertar o mesmo e seguir para o microfone. De repente uma melodia suave tomou o ambiente, seguida de sua bela voz.

- When I met you I really didn't like you, first impression was that you were somebody who… - ela bufou, respirando fundo algumas vezes – Vamos lá, , temos que gravar isso hoje. – ela falava sozinha. Ela respirou fundo algumas vezes, antes de reiniciar a música.

When I met you
Quando eu te conheci
I really didn't like you
Eu realmente achei que não gostaria de você
First impression was that you were somebody who
Minha primeira impressão foi que você era alguém
Walked right by when I waved at you and say 'Hi'
Que passava direto por mim quando eu acenava e dizia ‘oi’

A pequena pausa foi o suficiente para que ela abrisse um sorriso divertido, que logo desencadeou o meu próprio. E então bastou apenas os primeiros dois versos para saber que aquilo era pra mim.

But they say, bad beginnings make happy endings
Mas é como dizem, começos ruins fazem finais felizes
And now that I know you I begin to understands things
E agora que eu te conheço começo a entender
Turn around a hundred and eighty degrees
Uma mudança de 180 graus
I found my missing piece
Eu encontrei a parte de mim que estava perdida

Por mais patético que fosse dizer isso em voz alta, o que se passou em mim foi um pequeno filme de nossos momentos memoráveis. A primeira vez que eu a vi, tão linda e intocável quanto podia ser com aquele blá-blá-blá de "odeio que duvidem de mim". E então minha mente viajou até o primeiro beijo, a primeira briga, a primeira vez. Mais brigas. Sempre muitas delas, na verdade. Foi como um tapa na cara que o entendimento, de que a minha vida também tinha dado uma volta de cento e oitenta graus, me acertou. E mais do que ter encontrado uma parte de mim que estava perdida, eu soube que encontrei uma parte de mim que nem sequer sabia da existência antes.

When I get caught in the rain and it feels like
Quando eu sou pega pela chuva e isso parece ser bom
There is no one in the world who understands my complications
Não tem ninguém que entenda minhas complicações
I face everyday
Que eu encaro todos os dias
As I talk it through with you
E converso sobre isso com você
No matter how I try to hide
Não importa quanto eu tento me esconder
Just see straight from my disguise
Apenas veja direto através do meu disfarce
You know how to fix me
Você sabe como me consertar
You are my therapy, baby
Você é minha terapia, baby

E então eu não conseguia mais pensar. Não conseguia mais falar. Porque não havia nada que precisava ser dito ou pensado. Uma confusão de sentimentos tomou conta do meu corpo. Ela sempre disse que não conseguia escrever músicas, que nunca achara uma fonte de inspiração boa o suficiente. Que as letras nunca passavam a dose certa de emoção que ela queria, sempre faltava alguma coisa. E, de acordo com a música, eu era o que faltava. Minha vontade era invadir aquele lugar e dizer que ela também é o faltava para fazer da minha vida perfeita, que era o meu encaixe perfeito, minha outra metade. O engraçado era que ela dizia que eu havia a consertado, quando na verdade o quebrado, errado era eu. Ela me ensinou, me guiou para que eu me tornasse o que sou.

Isn't it funny how these things get turned around?
Não é engraçado como as coisas mudam?
Just when I thought I knew you
Apenas quando eu achava que te conhecia
You prove me wrong
Você me prova que eu estava errada
I used to hate the things you love
Eu costumava odiar as coisas que você ama
And love the things you hate
E amar as coisas que você odeia
And now I like it, I like it, I like it
E agora eu gosto disso, gosto disso, gosto disso

De repente ela olhou em minha direção, diretamente em meus olhos e como se houvesse um imã os unindo, eles não se separaram mais. Ela dizia cada palavra com uma verdade incontestável. A letra se expressava por ela, por mim, por nós. Porque aquela era a nossa história, a nossa vida, o nosso amor. Nosso imperfeito e instável amor, mas completamente nosso. E por isso era tão irresistivelmente bom.

There something 'bout you that's like the sun
Há algo em você que é como o sol
You warm up my heart when I come undone
Que aquece meu coração quando eu fico sem jeito
You like my soul mate and all those days
Você é como minha alma gêmea e em todos aqueles dias
When I hurt, when I break
Quando eu me machuco, quando eu me parto
You are my band aid, you are, you are
Você é meu curativo, você é, você é

Continuei a olhando com a mesma cara de bobo apaixonado que eu provavelmente estava, até a música acabar e ela vir em minha direção. Ela me olhava com uma expressão curiosa, enquanto eu não conseguia tirar o sorriso dos meus lábios. Ela se aproximava lentamente e eu precisava senti-la. Abri a porta, entrando no estúdio e acabando a distância entre nós. Enterrei meu rosto em seus cabelos, passando os braços pela sua cintura, trazendo-a para mais perto. Com uma das mãos em seu queixo, levantei seu olhar na altura do meu. Olhando em seus olhos eu me sentia em casa... Eu estava em casa.

- Eu não esperava que você ouvisse a música agora, era para ser uma surpresa. – ela disse, fazendo uma careta.
- Foi uma surpresa, amor. Uma maravilhosa surpresa. Não sabia que você era boa compondo...
- Mas eu não sou, eu me esforcei porque era pra você.
- Ficou perfeita, eu... eu estou sem palavras, .
- Eu tentei expressar um pouco do que você significa pra mim. Você é o meu sol, minha alma gêmea, você me completa de um jeito que eu não achava possível. Eu não sou boa com palavras, às vezes eu fico sem saber o que falar, mas quando eu olho pra você eu sinto que não há nada a dizer. É estranho, é como se nos entendêssemos num olhar, parece que criamos uma ligação estranha...
- Não é uma “ligação estranha", é amor. – passei a mão levemente pelo seu rosto, ela sorriu, colocando a mão sobre a minha.
- Eu te amo. – sussurrou, selando rapidamente nossos lábios.
- Eu te amo mais. – eu disse, antes de aprofundar o beijo.


Quando o Natal chegou, viajamos para a casa dos meus pais, onde passamos a véspera e o dia de Natal com toda a minha família. Eu acho que a nunca tinha sido tão paparicada. Tive que ouvir minha mãe reclamando milhares de vezes por não ter levado a antes, porque ela simplesmente amou a minha namorada, afinal, quem não amaria? Outra que caiu de amores por ela foi minha irmã, ela alugou os ouvidos da por longas horas, falando de tudo um pouco, mas principalmente da faculdade de música. Já o ano novo nós passamos com os nossos amigos, na nova casa da e o . Foi tudo muito aminado, com direito a fogos de artifícios e champagne, exceto para , que não pode beber nada alcoólico. Os meses seguintes da gravidez foram tranqüilos. Nosso filho se desenvolvia bem e ela não sentia nada de anormal. Quando ela estava com seis meses, eu senti nosso filho chutar pela primeira vez. Ele já tinha feito isso algumas vezes, mas eu nunca estava por perto. No dia em que finalmente puder sentir, eu estava conversando com ele, ou pelo menos tentando. Quando coloquei a mão sobre a barriga e falei que o amava, ele chutou o lugar onde minha mão estava. me olhou meio que assustada e logo um sorriso ocupou seus lábios. Ela disse que ele nunca tinha a ‘respondido’ dessa forma. Parecia que estava até enciumada. Faltava apenas um mês para o bebê nascer e seu quarto continuava inacabado. Quando eu consegui parar em casa por um tempo aparentemente longo, me fez ajudá-la em tudo que faltava. Nós tentamos pintar o quarto, mas acabamos mais sujos de tinta que as próprias paredes. Acabamos contratando um pintor para terminar o nosso serviço mal feito. A parte que mais gostou foi a hora de comprar os móveis, brinquedos e o restante do enxoval. Bem que ela tinha falado que eu passaria muito tempo dentro das lojas de artigos infantis, nós sempre esquecíamos alguma coisa e eu tinha que voltar na loja, pois ela falava que estava muito cansada e com dores em todos os lugares do corpo, o que provavelmente era verdade, pois sua barriga estava enorme.

- Oh. Meu. Deus! – ela falou do banheiro. Eu corri até ela e a encontrei de pé, olhando para o chão.
- O que foi? – perguntei preocupado.
- Eu não consigo mais ver meus pés. – ela disse, chocada.
- Que merda, , pensei que tivesse acontecido alguma coisa séria. – eu disse bufando, voltando para o quarto.
- Alguma coisa séria? – ela perguntou me seguindo – O que é sério pra você? Porque isso é muito relativo.
- Sério para mim, é você estar sentindo alguma coisa, alguma dor, algum incomodo e não isso de não ver os pés.
- Então eu vou dizer o que é sério pra mim: eu mal conseguir me levantar ou fazer qualquer outra coisa sozinha, sentir dor em quase todas as partes do meu corpo, fora as dores inconvenientes desses malditos alarmes falsos e o que é mais sério ainda, é você achar que sabe o que é sério para mim. – ela ficou me encarando profundamente, como se quisesse me matar. Seus hormônios estavam em ebulição constante, ela era como uma bomba prestes a explodir a qualquer momento e ultimamente tudo era motivo de brigas, discussões, cara feia. Eu sempre ouvia tudo calado, não vou brigar com ela por besteiras ainda mais sabendo que não é tão sério assim.
- Sabe, eu acho que vou dar uma volta, andar um pouco por aí. – eu disse levantando e pegando um casaco. – Você vai ficar bem sozinha?
- Isso, vai dar uma volta, se distrai um pouco, eu ficarei muito bem sozinha. – ela disse ironicamente, passando a mão pela barriga, tentando se acalmar. Por uns segundos ela fechou os olhos com força, como se estivesse sentindo uma dor forte.
- ? Você tá sentindo alguma coisa? – eu perguntei me aproximando.
- Não. – ela disse se endireitando e respirando fundo. – Você não ia sair?
- Estou indo. – eu disse dando as costas e saindo pela porta. Peguei o telefone e disquei um número.

- Alô?
- , é o , você tá ocupada?
- Não, não tenho nada para fazer, por quê?
- Eu acho que a não tá bem, mas ela não me quer por perto nesse momento...
- Brigando por besteira de novo?
- Sempre...
- Chego em cinco minutos.
- Obrigada, .
- De nada.

Comecei a andar sem destino, apenas pelo prazer de andar. O tempo estava um pouco frio, mesmo com o sol brilhando no céu. Levantei o capuz do casaco, coloquei os óculos escuros e segui para uma pracinha que tinha ali perto. Sentei num dos bancos, deixando que o sol me esquentasse e acho que perdi a noção do tempo, porque eu só ‘acordei’ com o meu celular tocando. Era o número da , ela deveria estar preocupada.

- Oi, amor.
- , é a . O que aconteceu? Estou tentando te ligar a muito tempo.
- Eu estava distraído, não ouvi o celular. Aconteceu alguma coisa?
- Ela tá... ela tá...
- Ela tá o que, ?
- Ela tá em trabalho de parto, o bebê vai nascer.
- Onde vocês estão?
- Acabamos de chegar ao hospital.
- Estou a caminho.

Nem me dei ao trabalho de desligar o celular, corri o mais rápido que consegui até a nossa casa, pegando o carro e seguindo para o hospital. Minha cabeça trabalhava a mil por hora, eu não conseguia me acalmar, eu não conseguia me concentrar no trânsito. Nada mais importava. Meu filho estava nascendo.


Capítulo 28
(n/a: Só para variar um pouco, coloque essa música para tocar quando eu pedir.)

- Oh. Meu. Deus! – eu falei do banheiro. correu até onde eu estava e a encontrou de pé, olhando para o chão.
- O que foi? – ele perguntou preocupado.
- Eu não consigo mais ver meus pés. – eu disse, chocada.
- Que merda, , pensei que tivesse acontecido alguma coisa séria. – ele disse bufando, voltando para o quarto.
- Alguma coisa séria? – perguntei, o seguindo – O que é sério pra você? Porque isso é muito relativo.
- Sério para mim, é você estar sentindo alguma coisa, alguma dor, algum incomodo e não isso de não ver os pés.
- Então eu vou dizer o que é sério pra mim: eu mal conseguir me levantar ou fazer qualquer outra coisa sozinha, sentir dor em quase todas as partes do meu corpo, fora as dores inconvenientes desses malditos alarmes falsos e o que é mais sério ainda, é você achar que sabe o que é sério para mim. – o encarei profundamente. Sinceramente, se eu pudesse, eu o matava. É incrível a falta de consideração que uma pessoa pode ter. Sim, eu fiquei grávida. É o meu corpo que muda, sou eu que sinto os incômodos e sentirei as dores, sou eu que passo por essa confusão de sentimentos que essas merdas de hormônios causam. Será que ele não poderia entender que qualquer coisa, por mais insignificante que seja, pode ter importância pra mim?
- Sabe, eu acho que vou dar uma volta, andar um pouco por aí. – ele disse, levantando e pegando um casaco. – Você vai ficar bem sozinha?
- Isso, vai dar uma volta, se distrai um pouco, eu ficarei muito bem sozinha. – eu disse ironicamente, passando a mão pela barriga, tentando se acalmar. De repente senti uma pontada forte, bem abaixo da barriga. Fechei os olhos com força e prendi a respiração por alguns segundos. Não era a primeira vez que eu sentia aquilo, pra ser sincera, eu deveria estar acostumada com essas dores, afinal, esses alarmes falsos não me abandonam desde o início do oitavo mês. Tentei respirando fundo, esperando a dor passar.
- ? Você tá sentindo alguma coisa? – ele perguntou, se aproximando.
- Não. –disse me endireitando. – Você não ia sair?
- Estou indo. – ele disse dando as costas e saindo pela porta. Quando a mesma se fechou, deitei na cama, tentando relaxar um pouco. Essa última ponta tinha sido a mais forte de todas. Talvez eu devesse tentar evitar essas brigas idiotas, talvez eu devesse ficar mais calma, mais tranqüila.
- Desculpa, meu bem. – disse, acariciando a barriga. Eu acredito que os bebês sentem as mesmas coisas que as mães e agora eu preciso evitar que isso aconteça novamente, não quero meu filho nascendo num ambiente tenso, pesado. Quero que ele nasça envolto em alegria, felicidade, amor...
Como a maternidade nos deixa boba.

Alguns minutos depois, ouvi um barulho no corredor e a maçaneta sendo virada. entrou no quarto rindo e eu a olhei confusa.

- O que você tá fazendo aqui?
- O me ligou, falou que você estava arrumando confusão a toa, que ele ia dar uma volta pra te deixar mais calma e não queria que você ficasse sozinha. – ela sentou ao meu lado na cama.
- Eu não estava arrumando confusão, , ele que não me entende. – tentei contornar.
- , se eu te disser que essa parede é azul e você achar que é verde, pode ter certeza, a terceira guerra mundial vai começar. Parece que você não tem mais poder sobre seus hormônios, tudo pra você é motivo pra briga. Agora mesmo, você deve estar controlando uma vontade louca de pular em cima de mim e me esganar, estou errada? – Deus, como ela é cínica.
- , não é bem assim. – eu levantei, e assim que estava completamente em pé, senti um desconforto. Coloquei a mão barriga e pressionei, tentando aliviar a dor.
- Claro que é, , você está extremamente chata esses últimos dias.
- ... – tentei falar, mas não conseguia completar a frase. A dor era tanta que eu não conseguia falar.
- ? , você tá bem? – ela levantou, parando ao meu lado. Com mais uma pontada eu não me segurei, gritei, sentindo um líquido escorrendo pelas minhas pernas. – OH MEU DEUS! OH MEU DEUS! – ela começou a gritar – O que eu faço?
- Pega a bolsa dele lá no quarto, a chave do carro na mesinha da sala. Eu vou pegar a minha bolsa e vou descer. – eu disse, quando a dor amenizou.
- Ok. – ela respondeu, correndo para fora do quarto. Peguei minhas coisas e desci as escadas enquanto a dor não voltava. Em pouco tempo já estávamos no carro e desesperada no telefone, tentando falar com o . – Ele não atende. – ela jogou o celular no banco – Daqui a pouco eu tento de novo. Como você está?
- Como você acha? – perguntei séria. Ela ignorou minha grosseria, voltando à atenção para o trânsito. Assim que parou o carro, ela tentou ligar mais uma vez.

- Oi, amor.
- , é a . O que aconteceu? Estou tentando te ligar a muito tempo.
- Eu estava distraído, não ouvi o celular. Aconteceu alguma coisa?
- Ela tá... ela tá...
- Ela tá o que, ?
- Eu acho que ela tá em trabalho de parto, o bebê vai nascer.
- Onde vocês estão?
- Acabamos de chegar ao hospital.
- Estou a caminho.


’s Pov on

Eu corria loucamente pelos corredores do hospital, esbarrando em várias pessoas pelo caminho. Eu não conseguia ver a ou a por lugar nenhum. Continuei a andar sem rumo, até que uma enfermeira me parou.

- O senhor não pode correr dessa maneira pelo hospital. – ela me repreendeu. Ela parecia ter idade para ser minha mãe, na verdade, ela lembrava muito a minha mãe.
- Meu filho tá nascendo, eu não consigo achar minha namorada. – eu disse nervoso, passando as mãos pelo cabelo.
- Calma, rapaz – ela sorriu – Vamos até a recepção. – ela apontou o caminho com um dos braços e me acompanhou até lá. Quando chegamos ela foi até o computador, sentando-se na cadeira – Qual é o nome dela?
- .
- Pronto, achei. Ela está no quarto número quinze. Siga pelo corredor e depois vire a direita, é a segunda porta. – ela disse com um sorriso.
- Muito obrigada.

Segui rapidamente pelo corredor, virando a direita e encontrando parada em frente a porta, falando no celular. Assim que viu que eu estava me aproximando, desligou o mesmo e me olhou com um sorriso de expectativa no rosto.

- Como ela tá? – apressei-me em perguntar,
- Ela tá bem, calma. A médica dela está lá dentro fazendo alguns exames, eu achei melhor sair, dar um pouco de privacidade.
- Tem certeza que ela está bem? – perguntei mais uma vez.
- , você tem que ficar calmo, senão vai deixá-la nervosa também. – ela me disse séria.
- Eu não consigo ficar calmo, . Eu fico pensando num monte de besteiras, imaginando que alguma coisa pode dar errado e...
- Sem pessimismo, , não é hora e nem lugar pra isso. – ela disse, sendo interrompida pela porta sendo aberta e a Doutora Carmem saindo do quarto.
- Olá, – ela sorriu – O grande dia chegou, ansioso?
- Ansioso é pouco, eu diria amedrontado ou até mesmo quase histérico. – eu disse e balançou a cabeça lentamente.
- Você tem que ficar calmo, pra passar tranqüilidade pra ela. – Carmem disse e me olhou, com um ar vitorioso.
- Eu estou tentando, Carmem, mas é muito complicado.
- Mas você vai entrar na sala de parto com ela, certo? – Carmem perguntou.
- Se ele não entrar, eu entro. – se animou.
- Nem pense – eu disse sério – Meu filho, eu vou. Quando você tiver um filho, você vai...
- Jura? – ela perguntou ironicamente.
- Você entendeu. – Carmem riu.
- É melhor, você entrar, ela estava perguntando por você. – ela disse – Eu vou preparar a sala de parto, está quase na hora. Nos vemos daqui a pouco. – Carmem disse, antes de dar as costas e sumir pelo corredor.
- E eu vou ligar pra todo mundo. – disse, seguindo na direção oposta – Cuide bem ela. – ela disse séria, me olhando por cima do ombro.
- Eu sempre cuidei. – respondi – E sempre cuidarei... – acrescentei para mim mesmo.

Abri a porta lentamente, encontrando meio sentada na cama, olhando com cara de tédio para a televisão. Quando seus olhares finalmente se cruzaram, ela abriu um verdadeiro sorriso.
- Pensei que você não fosse entrar nunca. – ela disse, estendendo uma das mãos para que eu segurasse.
- Eu estava tentando me acalmar um pouco, se eu entrasse assim que eu cheguei, só iria piorar as coisas. – segurei firmemente sua mão, colocando-a junto ao meu peito. Selei levemente seus lábios e beijei o topo de sua cabeça, enquanto acariciava sua barriga.
- Me desculpe... – ela sussurrou.
- Pelo o quê?
- Por ter sido altamente irritante nesses últimos dias... Tá, eu sou irritante, mas eu estava além da conta. – ela riu e em seguida olhou em meus olhos – Me desculpa?
- Só se você me desculpar também. Eu deveria ter entendido mais as suas irritações, imagino como deve ser desconfortável, ainda mais no final...
- , vamos esquecer isso? Nós temos uma coisa mais importante pra fazer agora. – ela passou a mão pelo meu rosto, fazendo um carinho gostoso.
- Sobre o que estávamos falando mesmo? – perguntei com um sorriso. De repente ela fechou os olhos com força e mordeu o lábio inferior. Segurei suas mãos, fazendo com que ela se sentisse segura – , olha pra mim. – pedi e ela abriu os olhos, olhando fixamente para os meus – Vai dar tudo certo. – ela respirou fundo algumas vezes, antes de se acalmar.
- A Carmem disse que não falta muito, daqui a pouco ela chega pra me levar pra sala de parto. – ela fechou os olhos com força – Eu estou com medo, .
- Não precisa ter medo, eu estarei lá com você. Tentarei dividir o máximo das coisas que eu puder. Serei seu apoio, sua base... Serei sua força quando não lhe restar mais nada. Serei o que você precisar.
- Eu te amo tanto. – ela disse, colocando as mãos ao redor da minha cintura, me puxando para mais perto.
- Eu te amo mais. – respondi, colocando minhas mãos suavemente em seu rosto.
- Com licença – Carmem disse, entrando no quarto – Atrapalho?
- Não, nenhum pouco. – disse, apoiando a cabeça em minha barriga.
- Vamos ver como estamos? Acho que demorará... – Carmem se aproximou, puxando uma cadeira para a beirada da cama. Eu me afastei para não atrapalhar nada. deitou-se na cama, enquanto Carmem fazia um exame de toque.
- Falta pouco? – perguntou, meio desconfortável.
- Não, não falta nada. – ela disse com um sorriso – Prontos para se tornarem pais?


Lá estava eu de pé dentro da sala de cirurgia, esperando o meu filho nascer, vestido numa roupa verde semelhante a que Carmem e as enfermeiras usavam, observando a minha deitada na cama. Sua respiração acelerada, algumas gotas de suor que se acumulavam em sua testa, e o seu semblante cansado transpareciam quão difícil estava sendo passar por aquele momento e, mesmo ela sendo uma mulher forte, as dores pareciam ser fortes o bastante para abatê-la. Aproximei-me um pouco mais da cama e segurei sua mão fazendo-a olhar em minha direção.

- Você lembra das aulas de Lamaze que fizemos, certo? – ela afirmou com a cabeça – Então eu quero que você se concentre na sua respiração e tente relaxar. Eu sei que deve ser quase impossível, mas você tem que tentar manter a calma – ela inspirou com mais força e soltou o ar pausadamente. – Isso, continua assim. – eu dizia, enquanto respirava da mesma forma junto com ela.
- , estamos prontos aqui. – Carmem disse – Na próxima contração, eu preciso que você faça força. Inspire fundo e na expiração faça o máximo de força, ok? – ela afirmou somente com a cabeça mais uma vez, apertando fortemente minha mão.
- Vamos lá, , agora, inspire e empurre! - ordenou Carmem e assim ela o fez. – Mais força, , mais força para o seu filho vir ao mundo.
- Eu não consigo, Carmem, eu não consigo. – ela disse, jogando o corpo contra a maca.
- Claro que consegue, ele já está coroando, faça mais força na próxima contração. – inspirou profundamente mais uma vez e fez força, mas o nosso filho ainda não havia saído. Seu rosto estava vermelho e as gotas de suor agora banhavam a sua testa. Ela expirou ofegante ouvindo a voz de Carmem avisá-la que só precisava fazer força por mais uma vez e logo estaríamos como nosso menino nos braços.
- Eu não vou conseguir... me ajuda, por favor. – ela disse, quase chorando e eu aproximei meu rosto do seu, olhando dentro dos seus olhos.
- Você consegue, amor. Você consegue tudo o que quiser. – eu disse, tirando alguns fios de cabelo que estavam presos em sua testa. – Eu estou aqui do seu lado, tudo vai ficar bem... - beijei sua testa e ela apertou minha mão novamente, fazendo mais força que antes e durante mais tempo também.
- Isso, , ele está vindo! - disse Carmem com alegria na voz e então ele chegou. Meu filho estava lá, grande, forte e saudável enchendo toda a sala com o seu choro. – ? Quer cortar o cordão umbilical?
- Cla-Claro. – me aproximei lentamente de Carmem, que me deu uma tesoura estranha e, com cuidado, cortei o cordão, vendo-o ser levado por uma das enfermeiras para limpá-lo. Voltei sorridente para o meu lugar ao lado de , passando a mão pelo seu rosto. – Eu sabia que você conseguiria, amor. Você foi ótima. – lhe dei um selinho.
- Quero vê-lo. – ela choramingou e a enfermeira o trouxe, envolto num cobertor azul. Ela o colocou nos braços de , que não conseguia mais segurar as lágrimas – Ele é lindo, , lindo. - disse me olhando do bebê para mim, com um brilho nos olhos que eu nunca vi antes.
- Sim, meu amor, ele é perfeito e é todo nosso... – eu disse, abaixando-me para ficar com o rosto próximo ao deles enquanto segurava uma de mãozinhas do meu pequeno... do MEU filho.



Oito meses depois...


Eu passei, durante os últimos oito meses, os melhores dias da minha vida. Ter uma criança em casa pode ser trabalhoso, pode ser cansativo, mas um das coisas mais maravilhosas desse mundo. Ben estava enorme, acabou de aprender a engatinhar e é um perigo deixá-lo sozinho em algum lugar. Às vezes arriscava tentar ficar em pé sozinho, mas sempre acabava caindo no chão. E você acha que ele se abalava com isso? Claro que não, ele simplesmente tentava ficar em pé mais uma vez. ficava igual uma mãe boboca, tirando fotos de todos os movimentos e caretas que ele fazia. Eu acho que nenhuma outra criança nesse mundo tem mais fotos que o Ben. Ela sempre reclamava, dizendo que queria ter um espaço no Ben pra ela, pois todo mundo fiz que ele é a minha miniatura. Tudo meu está lá, desde a cor dos cabelos, até o profundo de seus olhos. Mas, contrariando as opiniões gerais, eu vejo muito da nele, principalmente na personalidade. Quando ele quer alguma coisa e ninguém dá, ou quando quer brincar e não dão atenção, ele faz de tudo para que olhem pra ele ou que façam o que ele quer. E acreditem, ele consegue. O espírito mandão e persuasivo da mãe estava presentes nele com força.
Hoje nós faríamos um pequeno churrasco para comemorar meu aniversário, eu estou aqui do lado de fora, preparando a churrasqueira, enquanto está na cozinha, preparando os acompanhamentos. Ela pediu que eu o olhasse por alguns minutos, enquanto ela corta algumas coisas na cozinha. Não que eu seja um péssimo pai e não consiga controlar meu filho, mas sempre que ele fica sob minha responsabilidade, alguma coisa acontece. Tipo o que tá acontecendo nesse exato momento.

- Não, Ben! – eu disse, tirando-o de perto das plantas que havia plantado no jardim – O que eu faço com você agora? – disse rindo, pegando-o no colo. Ele estava completamente sujo de terra e grande parte das flores espalhada pela grama – Sua mãe vai me matar. – eu disse, olhando o estrago. – ele sorriu, mostrando os pequenos dentes que já tinham nascido e os outros que estavam nascendo.
- Não adianta rir pra mim, isso não vai fazer com que eu não brigue com você, entendeu? – eu disse e ele riu alto em seguida.
- Papa... – ele tentou dizer.
- Isso é golpe baixo, Ben. – eu ri – Se você continuar falando papai, sua mãe vai ficar furiosa, você sabe o que quanto ela sente ciúme.
- Ah, eu sinto mesmo. – ela disse, chegando ao quintal. Quando ela viu a quantidade de terra que tinha na roupa dele e suas flores pelo gramado, ela me fuzilou com os olhos – Não é possível que você não consiga manter os olhos nele, . – ela balançou a cabeça. Quando a viu, Ben esticou os bracinhos em sua direção, para que ela o pegasse. – E você, mocinho... – ele o pegou no colo.
- Mama. – ele riu novamente, fazendo com que ela se amolecesse.
- Isso não é justo. Mesmo se eu sorrir pra você e te chamar de amor, você vai continuar brava comigo. – eu cruzei os braços.
- Ah, tá. Pensei que você fosse falar ‘te chamar de mamãe’, porque isso seria, no mínimo, estranho. – ela riu – E sim, eu continuaria brava com você. Dê um jeito nessa bagunça, enquanto eu dou um banho nele, e quando acabar, você que vai pro banho, entendeu?
- Sim, mamãe... – disse ironicamente. Ela semicerrou os olhos, antes de dar as costas e voltar para dentro da casa. Arrumei rapidamente o que faltava para o churrasco e limpei a sujeira que Ben fez. Segui para dentro de casa para me arrumar, demorando bons minutos debaixo do chuveiro. Me sequei rapidamente, passando a toalha pelos cabelos, coloquei uma boxe e sai do banheiro. Chegando ao quarto, encontrei deitada na cama, me encarando com um sorrisinho sacana no rosto. – O que foi? – perguntei, cruzando os braços. Ela fez um movimento com o dedo para que eu me aproximasse e assim eu fiz.
(n/a: coloquei a música.)
- Minha mãe passou aqui – ela ajoelhou na cama, ficando a minha altura, passou os braços ao redor do meu pescoço e deu um leve beijo em meus lábios – E pegou o Ben, dizendo que ia dar uma voltinha com ele... – ela deu um beijo de um lado do meu rosto – Mas na verdade, eu acho que ela quis dar um presente... – beijou o outro lado agora.

We got the afternoon
Nós temos a tarde
You got this room for two
Você tem esse quarto para dois
One thing I've left to do
Só tenho uma coisa a fazer
Discover me, discovering you
É me descobrir, descobrindo você

- Que presente? – perguntei, passando a mão por sua cintura, colando nossos corpos. Ela deu um sorriso antes de responder.
- Um tempo sozinho com a sua namorada... Quer algo melhor? – ela roçou seus lábios nos meus.
- Não consigo nem imaginar. – eu disse antes de aprofundar o beijo.
Forcei-me para frente, para que ela deitasse na cama e em seguida me coloquei sobre o ela. Dessa vez eu teria calma, aproveitaria cada parte de seu corpo, daria atenção especial a cada uma delas. Nosso beijo variava de intensidade, em alguns momentos intenso, avassalador e em outros calmo, tranqüilo, apaixonado.

And if you want love we'll make it
E se você quiser amor, nós faremos
Swimming a deep sea of blankets
Nadando por um mar profundo de cobertores
Take all your big plans and break 'em
Pegue todos os seus grandes planos e quebre-os
This is bound to be a while
Isso vai demorar

Coloquei uma das mãos em sua coxa e tracei um caminho até o seu rosto, onde eu fiz um leve carinho. Ela sorriu durante o beijo e fez força, mudando de posição comigo. Sentou-se sobre meu corpo, passando a mão suavemente pelo meu peito nu e indo até a barriga. Segurei a barra do vestido que ela usava com minhas mãos e puxei para cima, tratando de tirá-lo e jogando num canto qualquer. Sem que ela se levantasse, também fiquei sentado na cama, para que os nossos rostos ficassem na mesma altura. Distribui beijos pelo seu ombro, colo e pescoço, fazendo com que ela se arrepiasse um pouco. Mordi com cuidado o lóbulo de sua orelha, enquanto ela passava as unhas levemente por toda a extensão de minhas costas. Coloquei minha mão na parte de trás de sua cabeça, com os dedos em seu cabelo. Ele estava preso num coque, então tratei de desfazer o mesmo, para que eu pudesse segurar alguns fios. Fazendo com que ela tombasse a cabeça para um lado e depois para o outro, beijei toda a extensão de seu pescoço com vontade, enquanto ela puxava os cabelos da minha nuca. Ela dizia algumas coisas indecifráveis e desconexas em alguns momentos, então eu tomava isso como um estímulo para continuar. Às vezes seus lábios procuravam pelos meus, com um desejo impressionante. Nossos corpos estavam o mais perto que era possível, mas ainda era pouco pra mim. Eu precisava de mais contato, eu precisava de mais . Nunca é o bastante, nada é o bastante. Eu nunca me cansaria dela.

Damn, baby
Caramba, baby
You frustrate me
Você me frustra
I know you're mine, all mine, all mine
Sei que você é minha, toda minha, toda minha
But you look so good it hurts sometimes
Mas você é tão bonita que chega a doer às vezes

Voltei à posição inicial, deitando-a no colchão. Examinei seu corpo coberto apenas pelas roupas íntimas e sorri. Ela era linda, não tinha nada que eu sequer pensasse que podia ser melhor. Linda não, perfeita. Essa é a única palavra que poderia descrevê-la nesse momento. Durante todo o tempo, tentávamos manter nossos olhares sincronizados, tentávamos nos ligar de todas as formas possíveis. Livrei-me das últimas peças que ainda vestíamos e nos uni lentamente. Nossos movimentos sincronizados aqueciam o ambiente e deixavam o ar mais pesado. Às vezes até mesmo respirar era difícil, mas isso não era problema e nem nos impedia de continuar. O instinto e o amor nos guiavam, estávamos entregue um ao outro.

Your body is a wonderland
Seu corpo é um paraíso
Your body is a wonder (I'll use my hands)
Seu corpo é um paraíso (Eu usarei minhas mãos)
Your body is a wonderland
Seu corpo é um paraíso
Your body is a wonderland
Seu corpo é um paraíso

O que antes eram palavras confusas e indecifráveis, agora eram gemidos baixos. tinha a respiração pesada e o rosto molhado de suor. Ela estava feliz e satisfeita. Seu corpo relaxava, tenho o meu caído sobre ele. Deixei nossos lábios unidos, enquanto fechava os olhos.

- Eu fico pensando se existe alguma coisa melhor do que isso. Do que nós dois... Se existe alguma coisa melhor que você. – eu disse, passando a mão pelo seu rosto e dando um beijo em sua testa.
- Não existe nada melhor. Nós somos perfeitos um para o outro, você é perfeito pra mim. – ela sorriu – Feliz Aniversário, meu bem.


Estavam todos lá: meus pais, os pais da , nossos amigos... Todos juntos para comemorar o meu aniversário, o primeiro com a e com o Ben. O primeiro onde eu era um cara sério. Tá, nem tão sério, mas um pouco mais responsável pelo menos. Minha mãe trouxe um bolo, o meu preferido. Nesse momento ela estava dentro da casa com a mãe da , paparicando um pouco mais o meu filho. Essa criança vai crescer tão mimada, que às vezes eu tenho medo do que ele possa se tornar. Tá, é mentira, porque a pessoa que mais mima o Ben, sou eu mesmo. Mas o que eu posso fazer? Ele é a pessoa que eu mais amo no mundo, junto com a mãe dele, é claro.
Coloquei mais coisas na churrasqueira e voltei para me sentar onde eu estava, ao lado do . Pude ver rindo, conversando com , e , do outro lado do jardim. Sue se aproximou com Ben em seu colo e ele, novamente, esticou os braços para que o pegasse no colo. Ele sorria, mostrando os dentinhos que estavam nascendo e ela fazia algumas caretas pra ele, que riu alto, fazendo com que todas o acompanhassem. Olhando aquela cena, focando principalmente na minha família, era completamente impossível não pensar em como minha vida estava perfeita. Eu tinha tudo que sempre sonhei. Uma garota linda, maravilhosa, especial, perfeita pra mim e que me deu a coisa mais importante da minha vida: meu filho.

- Melhor fechar a boca, ou então a baba vai começar a escorrer, seu pai babão. – disse, rindo.
- É difícil, , muito difícil. Quando você tiver um filho, vai me entender. – eu respondi, dando um gole na cerveja em seguida.
- Sobre o que falam? – chegou, acompanhado de . Eles puxaram duas cadeiras e sentaram.
- Eu estava falando pro deixar de ser um pai babão, mas vejo que é impossível.
- Cara, ele já era meio bobão antes da e do Ben, você quer que ele deixe de ser agora? – disse e todos riram.
- Isso, fiquem me zoando mesmo, mas quando chegar a vez de vocês, me darão razão.
- Então você está com a vida que sempre quis? – perguntou.
- Eu não sei, eu me sinto completo, mas sempre parece que falta alguma coisa...
- Como assim, , não vai inventar nada. Vocês demoraram tanto pra se entenderem... – começou a dizer.
- Não, , não é isso que eu quero dizer. Parece que falta alguma coisa entre nós dois. Nós não seguimos o caminho corretamente, pulamos várias fases.
- É, porque, geralmente, as pessoas ficam juntas antes que a mulher engravide. Mas você nunca foi muito de seguir regras, . – disse.
- Eu sei, por isso que eu sinto que eu devo fazer alguma coisa em relação a isso. Parece que eu estou tirando coisas dela e não dando, como eu deveria fazer.
- Não tô entendendo, . O que você quer dizer com isso? – disse.
- Mulheres sonham em casar, entrar na igreja de branco, ter uma grande festa. Pelo menos algumas querem isso e a não teve isso.
- Mas ela reclama, fala alguma coisa relacionada a isso? – perguntou.
- Não, nunca nem tocamos nesse assunto direito. Tirando o dia que eu a pedi em casamento lá em Nova Iorque.
- E que ela não aceitou. – disse rindo alto.
- Claro, foi uma decisão impensada, foi num impulso, mas agora...
- Agora? – eles perguntaram juntos.
- Agora eu não vejo motivo pra não fazer.
- Você tá falando sério? – perguntou, arqueando as sobrancelhas.
- Nunca falei tão sério em toda a minha vida.
- Então é isso, você vai pedir? – perguntou, com um belo sorriso. Sua pergunta fez com que tudo tivesse mais sentido ainda, ela fez com que eu me perguntasse por que não tinha pensado nisso antes? Soava certo, mais do que isso, soava perfeito.
- Eu nunca vou querer outra pessoa em toda a minha vida. Eu quero que ela seja a minha mulher perante tudo e todos, de todas as formas possíveis e imagináveis... Eu vou pedir minha em casamento.


Capítulo 29
(n/a: coloque essa música quando eu pedir.)

- , você por algum acaso sabe onde o está? – eu perguntei, terminando de trocar a fralda do Ben.
- Não, ele disse que ia sair com o , mas não disse pra onde. Por quê?
- O saiu cedo e até agora não apareceu. Eu estou começando a ficar preocupada. – coloquei meu filho do cercadinho, junto com seus brinquedos. Ele pegou um dos bonecos e colocou direto na boca, roendo a cabeça do mesmo. Eu ri, balançando a cabeça lentamente – Eu tenho medo do que ele pode estar aprontando...
- Você acha mesmo que ele pode ter outra e o estaria o acobertando? – ela perguntou, confusa – Eu pensei que vocês tivessem passado dessa fase.
- Eu não acho que ele esteja com outra, . É que hoje nós fazemos um ano juntos e ele não passou nenhum minuto ao meu lado.
- Mas, , ainda tá cedo, daqui a pouco ele chega. – ela disse, com um sorrisinho no rosto.
- Você tá me escondendo alguma coisa. – eu me aproximei, a encarando.
- Eu não tô escondendo nada! – ela levantou os braços, em sinal de rendição.
- Claro que está e vai me contar agora.
- Eu não tenho nada pra te contar. – ela disse, saindo do quarto. Peguei Ben no colo e a segui.
- Claro que tem, , e vai contar agora. Anda, fala de uma vez.
- Quem tem o que pra contar? – chegou junto com , que veio para perto de mim, pegando Ben do meu colo – Eu quero saber, adoro uma fofoca.
- O tá sumido desde cedo, junto com o . A sabe onde eles estão, mas não quer me contar. – elas se olharam rapidamente, com um olhar cúmplice – Vocês duas também sabem! Meu Deus, é um complô! Aposto que até o Ben sabe.
- Eu sabia que a não saberia disfarçar, , eu falei que era pra você ficar aqui. – disse.
- Disfarçar o quê? – perguntei já nervosa – Se vocês ficarem de segredinho, eu coloco vocês pra fora daqui. – elas riram – Eu tô falando sério...
- Fica quieta, . – disse e eu cruzei os braços – O me deu isso e disse que se você começasse a perturbar, era pra te dar. – ela me deu um envelope que tinha um papel dobrado ao meio dentro. Peguei e abri rapidamente.

Você lembra o lugar que nos vimos pela primeira vez, certo? Então vá até lá, tem uma surpresa te aguardando.


- O quê? – perguntei confusa – O que ele tá fazendo no pub? Ele é louco?
- Você tem alguma dúvida? – perguntou, recebendo uma cotovelada de – Ai, eu só disse a verdade.
- Eu vou até lá ver o que ele quer, vocês podem ficar com o Ben por um instante?
- Claro. – respondeu . Peguei as chaves e segui para o carro rapidamente. estava aprontando alguma coisa.

Cantarolei uma música que tocava no rádio, durante o curto trajeto. Eram cinco da tarde e as ruas estavam livres, o que era estranho, mas facilitava meu trabalho. Parei o carro junto à calçada, entrando rapidamente no local. Encontrei Ralf no balcão, que sorriu quando me viu.

- Hey, Ralf, tudo bem? – me aproximei, retribuindo seu sorriso.
- Tudo bem sim e com você?
- Estou ótima. Você viu o por aqui? – perguntei, olhando ao redor, não vendo ninguém conhecido.
- Ele passou aqui mais cedo e pediu que eu te desse isso – ele estendeu um envelope igual ao outro – Quando você aparecesse.
- Só isso?
- Só isso. – ele deu de ombros.
- Obrigada, Ralf. – eu disse rindo.
- De nada. – ele respondeu, indo atender um cliente. Voltei para o carro antes de ler o novo bilhete.

Que bom que você ainda lembra disso, mas será que você lembra onde nos beijamos pela primeira vez?


- Ele só pode estar de sacanagem com a minha cara. – eu disse para mim mesma, antes de ligar o carro. Fiquei alguns minutos andando sem direção, até lembrar onde era ficava a casa de show onde aconteceu a festa da gravadora. Já tinha perdido cerca de vinte minutos no trânsito, algo que me irritava bastante. Peguei o celular, ligando para casa.
- Alô? – ouvi a voz da .
- Eu vou demorar mais do que imaginava, ele não estava lá e tinha outro bilhete, acredita? – a ouvi rindo no outro lado da linha – Pode dar sopinha pro Ben quando der seis horas?
- Claro.
- Obrigada. – desliguei o celular rapidamente, já que várias buzinas soavam atrás de mim. Depois de mais dez minutos, cheguei ao lugar, que estava fechado. – , eu vou te matar. – disse para mim mesma, antes de sair do carro. Corri até um segurança que estava na porta, tentando escapar dos poucos pingos de chuva que caiam – Boa tarde – eu disse com um sorriso – Eu estou procurando pelo , ele está aí dentro? – O segurança não respondeu nada, apenas puxou outro envelope de dentro do paletó, me entregando em seguida. Quando vi o que tinha em sua mão, reprimi um palavrão, limitando-me apenas a pegar o mesmo e murmurar um “obrigada" baixo. Refiz correndo o mesmo trajeto até o carro, abrindo o terceiro bilhete protegida da chuva.

Se eu te conheço, a essa altura você já quer me matar. Então é melhor você vir para casa, nosso filho está sentindo sua falta.


Juro que não esbocei reação alguma, guardei toda a raiva para descontar no próprio autor dos bilhetes. Depois de quarenta minutos de engarrafamento, buzinas e palavrões, cheguei em casa. O carro dele não estava na garagem. Ótimo, pensei. Quando entrei, vi Ben dormindo tranquilamente nos braços de , enquanto ouvi as vozes de e na cozinha. Que pararam de falar assim que me viram.

- Vocês acreditam que eu fui até aquele lugar onde teve a festa da gravadora deles, só pra receber mais um maldito bilhete? – perguntei, me jogando numa das banquetas.
- Um maldito bilhete tipo esse? – puxou mais um papel de cima da bancada.
- Filho da...
- Calma, . – disse, rindo alto. – Leia isso de uma vez.

Por que não vem aqui em cima me fazer companhia?


Encarei as duas, que seguravam a risada. Levantei sem dizer nada e fui até o meu quarto. Ao chegar ao mesmo, vi outro envelope em cima da cama. Puxei o mesmo, abrindo-o em seguida. Nesse não tinha apenas um bilhete, tinha uma chave solta. Puxei o papel para ler.

Eu juro que esse é o último. Quero que fique linda, mais do que você já é, e quando for sete horas em ponto, um carro estará te esperando na porta de casa. Não se esqueça de trazer essa chave.


- Já chegou a hora de se arrumar? – ouvi a voz de e olhei para a porta, encarando as três meninas que agora me olhavam.
- Eu sabia que vocês estavam envolvidas nisso. – eu me joguei na cama.
- Temos quanto tempo? – perguntou, não me dando nem tempo para a resposta, pois ela puxou o bilhete de minhas mãos e leu – Bem, temos uma hora. Uma hora para deixá-la decente. – eu a olhei séria – Entre no espírito, .
- Vocês querem mesmo que eu entre no espírito “vamos fazer a de idiota hoje"? Não, muito obrigada.
- Isso é por uma ótima causa. Ele realmente se esforçou para dar tudo certo, você pode, por favor, fazer a sua parte e ficar quietinha? – perguntou, estendendo a mão para me ajudar a levantar.
- Onde está o Ben?
- Dormindo no quarto dele. – respondeu e eu dei de ombros.
- Vamos lá então.


Olhei no relógio e faltava apenas dois minutos para as sete horas. Depois de quase uma hora servindo de boneca na mão delas, eu deveria assumir que tinham feito um belo trabalho. Meu cabelo estava lindo e a maquiagem impecável. Só a minha cara que não era das melhores...
- Você tem que desmanchar essa cara amarrada, , tá estragando tudo. – disse, ajeitando um fio de cabelo que teimava de sair do lugar. Dei um sorriso falso e forçado, fazendo com que elas rissem alto.
- Tá bom assim?
- Não, você tá me assustando. – disse. Ouvimos uma buzina em seguida e correu para a janela. Olhei para o relógio e eram sete horas em ponto.
- Nossa, que pontualidade. – eu disse me levantando – Me desejem boa sorte. – sorri. Elas me olhavam com se fossem minhas mães e eu estivesse saindo para o meu primeiro encontro ou para o baile da escola.
- Não esquece a chave. – disse, colocando a mesma na palma da minha mão.
- Obrigada e, por favor, tomem conta do meu filhote. – eu disse saindo do quarto. Mas antes dei uma passada no quarto do Ben, para lhe dar um beijo de despedida. Segui rapidamente para a rua, encontrando , vestindo um chapéu de motorista, me esperando perto do carro. Não consegui segurar a risada.
- Não ria, já é humilhante demais sem isso. – ele disse, abrindo a porta traseira.
- Obrigada, James. – disse, entrando no carro.
- James? – ele perguntou, quando entrou pelo lado do motorista.
- James é nome de motorista, não acha?
- É, realmente, é nome de motorista. – ele disse, colocando o veículo em movimento.
- Deve ser uma coisa grande pra tudo isso... Deve valer a pena. Ele mobilizou todo mundo, até o segurança daquela casa de show. – eu disse, olhando pela janela.
- Eu não posso falar nada, mas, com toda a certeza, vale muito a pena. – ele disse, me olhando pelo espelho.
- Você está me deixando mais nervosa, . – eu disse, mordendo o cantinho do dedão esquerdo.
- Calma, . – ele disse, parando o carro em frente a uma grande e bela casa. Todas as luzes estavam desligadas, parecia estar vazia.
- , o que estamos fazendo aqui? – perguntei, olhando ao redor e não vendo nada de diferente.
- Esse aqui é o seu destino. Trouxe a chave, certo?
- Trouxe, mas... – ele saiu do carro, abrindo a porta para que eu saísse em seguida.
- Vai dar tudo certo, . – ele disse, fazendo sinal para que eu seguisse o pequeno caminho de pedra que tinha até a porta principal. E sem dizer mais nada, entrou novamente no carro e foi embora, me deixando em frente a essa casa desconhecida, com uma chave na mão. Respirei fundo algumas vezes, seguindo pelo jardim bem cuidado e parando em frente à porta de madeira escura. Coloquei a chave na fechadura, testando para ver se abria e funcionou.
Entrei lentamente, tentando entender o que eu fazia ali e logo me deparei com algumas pétalas de rosas vermelhas pelo chão, fazendo um caminho que levava até a sala, onde me esperava, lindo como sempre. Pelo cômodo, várias velas iluminavam precariamente, porém dava ao lugar um clima romântico e acolhedor. Seus olhos brilhavam mais do que qualquer coisa e eu estava praticamente enfeitiçada por eles. Praticamente não, eu sempre fui escrava de seus olhos, mas essa noite era como se o brilho fosse diferente. Ele me olhava como se eu fosse a coisa mais linda, mais importante de todo o mundo. Ainda sem dizer nada, ele estendeu a mão, num pedido para que eu me aproximasse e assim eu fiz. Calmamente eu caminhei até ele, colocando minha mão sobre a sua. Ele levou seus lábios até a minha mão, dando um beijo leve. Sentindo seu calor, eu estava em casa. Toda a raiva, todo o nervosismo ou hesitação sumiram. Só existia eu e ele. O mundo era nós dois.

n/a: Coloque a primeira música para tocar

- Eu achava que tinha tudo até te conhecer e depois disso eu nunca mais fui o mesmo. Você me tocou de uma forma diferente, que até eu perceber que era amor, aquilo me incomodava. Eu não entendia porque não conseguia ficar longe do você, era como se alguma coisa sempre me puxasse, como se eu fosse destinado a viver ao seu redor, sob o seu domínio. E aqui estou agora, preso a você de todas as formas possíveis. Mas isso não me incomoda mais, muito pelo contrário, é a única coisa que realmente importa. Agora eu entendo, , é como se eu tivesse sido feito pra você, porque eu tenho certeza que você foi feita pra mim. Nada parece o suficiente, nunca é o bastante. Às vezes eu penso que nem o pra sempre é tempo suficiente. O seu amor abriu meus olhos, me fez ver o mundo de uma forma diferente e nada nunca foi tão bom. Nós temos tudo, nós dividimos tudo. Temos nossa família, nossa casa, nosso filho, mas falta uma coisa para você ser totalmente minha. – Senti um nó sendo formado em minha garganta e algumas lágrimas brotando em meus olhos. Era como se tudo estivesse em câmera lenta. Ele se ajoelhou a minha frente, puxando uma pequena caixa do bolso da calça, abrindo-a em seguida.
- ... – eu disse, levando uma das mãos ao peito, como se com esse movimento eu pudesse fazê-lo bater mais devagar. O anel reluzia mais do que qualquer coisa, mas era outro brilho que me prendia. Eu não conseguia desviar meu olhar do dele. Minhas pernas ficaram bambas, meu coração acelerou. Ele olhou em meus olhos e seus lábios se repuxaram num pequeno e tímido sorriso. Ele pegou minha mão direita com cuidado, antes de falar:
- , você quer se casar comigo? – ele disse firmemente, como se nada o impedisse. A certeza de suas palavras não me deu chance de pensar.
- Sim... – eu disse num sussurro quase inaudível, mas com convicção, mesmo sem a mesma firmeza no tom de voz. E então senti o pequeno anel deslizando pelo meu dedo. Seus braços estavam ao meu redor segundos depois, assim como os seus lábios nos meus.
- Você me faz a pessoa mais feliz de todo o mundo. – ele disse, pegando minha mão e depositando um beijo sobre o anel – E eu farei de tudo para que você se sinta como eu.

Promise me
Me prometa
You'll always be
Que você sempre será
Happy by my side
Feliz ao meu lado
I promise to
Eu prometo
Sing to you
Cantar pra você
When all the music dies
Quando todas as músicas morrerem

- Eu já era a pessoa mais feliz do mundo, , só por ter você ao meu lado. – ele sorriu, secando uma lágrima que escorria pelo meu rosto.
- Eu te amo – ele deu um beijo leve em meus lábios – Minha futura esposa...
- Eu te amo, meu futuro marido. – ele sorriu largamente, antes de me beijar mais apaixonada e intensamente que antes.

Say you will
Diga que você irá
Marry me...
Casar comigo...



No dia seguinte marcamos um jantar com todos os nossos amigos e familiares, para comemorar o nosso noivado. Ainda é tão estranho pensar dessa forma, pensar no como meu noivo, meu futuro marido. Nunca usamos nenhuma nomenclatura pra definir o que tínhamos, nós apenas tínhamos. No máximo nos chamávamos de namorados, mas sabíamos que era mais do que isso. Mas, enfim, tenho que começar a me acostumar que seria esposa de alguém. Durante muito tempo eu realmente quis isso, mas era outra pessoa, uma situação completamente diferente. Chega a ser absurdo comparar meu relacionamento com o , com o que eu tive com o Sam. Com o é diferente, nós praticamente lutamos para ficarmos juntos e parece que isso tornou tudo mais sério, mais real, mais bonito.

Fiquei de encontrar o no restaurante, junto com todos os outros. Ele e os meninos tinham algum compromisso e eu resolvi sair de casa um pouco mais cedo e dar uma volta no shopping onde o restaurante ficava, tinha que comprar algumas coisas para a casa nova. Sim, casa nova. O comprou aquela casa que eu o encontrei ontem, ele disse que precisávamos de mais espaço. Às vezes eu não entendo porque ele faz certas coisas, talvez ele nem pense muito, só age. Mas eu tenho que admitir, é uma bela casa.

Faltavam alguns minutos para o horário combinado, então segui para o restaurante. Coloquei as sacolas presas no carrinho do Ben e continuei meu caminho, parando em frente ao mesmo. Sentei numa das poltronas que ficavam na porta e tirei meu filho um pouco do carrinho. Ele estava meio sonolento e quando fica sentado na forma que estava não consegue dormir sozinho. Deitei-o no meu colo e comecei a murmurar uma cantiga de ninar. Nesse momento fiquei olhando cada detalhe do meu filho, desde o formato de seu rosto até a cor do cabelo e dos olhos. Ele era completamente igual ao , e isso me assustava um pouco. O tom do dos olhos era um pouco diferente, talvez mais escuro, mas mesmo assim, olhar para aquele rostinho era como ver uma miniatura do pai. Sorri um pouco, dando um beijo em sua testa. E foi quando ouvi alguém dizer:

- É mesmo um menino lindo, . Ou deveria dizer: futura senhora ? – virei-me rapidamente, encontrando um par de olhos verdes e um sorriso conhecidos.
- Meu Deus, Jake, quanto tempo! – levantei e tentei abraçá-lo da forma que pude. – Faz o que, mais de um ano que não nos vemos, certo?
- Desde que terminamos. – ele respondeu, sem nenhum traço de tristeza, ciúme ou ressentimento em sua voz. Ele parecia feliz, muito feliz por sinal e isso era bom. – Vejo que algumas coisas mudaram. – ele disse, apontando para o Ben.
- Mudaram para melhor. – respondi, com um sorriso.
- Fico feliz com isso, , ver que tudo deu certo pra vocês. Fico feliz de ter ajudado também.
- Foi um gesto nobre, Jake. Eu realmente não esperava nada disso. Não que você não seja capaz de ser nobre, mas é algo difícil de alguém fazer.
- Era a única coisa que eu podia fazer. Não seria certo assistir tudo de braços cruzados, ainda mais sabendo que eu fui um dos motivos que impediu vocês de ficarem juntos antes. Na verdade, eu que devo agradecer a vocês.
- Por quê?
- Porque vocês me mostraram que por mais que você lute contra, tente arrumar outra pessoa. Quando é pra ser, quando você nasce pra alguém, não há como fugir.
- Não entendo, Jake. – eu disse, meio confusa com o que ele tinha falado e ele riu.
- Pouco tempo depois que eu fui até a casa do , eu encontrei a Jullie – tentei forçar na memória, esse nome não me era estranho. Lembrei de algumas conversas que tivemos e quando esse nome foi citado.
- Sua ex-noiva?
- Sim, minha ex-noiva e atual esposa. – ele deu um sorriso, mostrando a aliança.
- Meus parabéns. – dei um sorriso sincero – Eu adoraria conhecê-la.
- Ela esta aqui, teve que ir ao banheiro.
- Faz muito tempo que você se casou?
- Não muito, uns seis meses, eu acho. Não sou bom para guardar datas. – ele riu. E olhou para a porta do restaurante, de onde estava saindo uma mulher bem bonita. Seus cabelos escuros eram cortados na altura dos ombros, porém o corte era meio irregular e algumas pontas eram menores que as outras; seus olhos eram amendoados e num tom mel, quase verde. Ela usava um vestido que deixava marcada sua barriga, que mostrava uma gravidez que, aproximadamente, cinco meses.
- Jake, você vai ser pai.
- Vou. – ele disse sem conseguir conter a felicidade. A forma que ele a olhava era, simplesmente, encantadora. Não consegui me conter e um sorriso escapou de meus lábios – , essa é a minha Jullie e essa aqui – ele passou a mão na barriga da esposa – É a minha Lea.
- Muito prazer, Jullie. – tentei cumprimentá-la de uma forma possível.
- Então você é a ? – ela perguntou – Ouvi falar muito de você. De você e do . – ela riu.
- Espero que bem. – ri junto e nesse momento senti um braço passando pelas minhas costas e pousando em minha cintura. Olhei para o lado encontrando o .
- Como vai, Jake? – ele estendeu a mão para cumprimentá-lo. Se olhar não demonstrava ciúme, pelo contrário, ele estava sorrindo.
- Eu vou bem. , essa é minha esposa, Jullie. – Jake apresentou sua mulher, que estendeu a mão para também.
- Muito prazer, Jullie. – ele disse, educadamente.
- O prazer é todo meu – ela disse – O filho de vocês é realmente muito lindo. – ela se aproximou, olhando Ben de perto. Ele dormia calmamente em meu colo, alheio a qualquer coisa.
- Obrigada – eu disse com um sorriso.
- Jake, eu estou com um pouco de dor – ela disse, recebendo um olhar preocupado – Calma, não é nada de grave, apenas dor nas costas.
- Elas são as piores. – me intrometi na conversa.
- São terríveis – ela concordou.
- Então é melhor nós irmos. – Jake disse, lhe dando um beijo. – , foi um prazer te ver. – ele me abraçou novamente e depois passou a mão levemente no rosto do Ben – Ele é a cara do . – riu.
- Igualzinho, Jake, igualzinho. – eu ri junto com ele – Jullie, foi um prazer te conhecer, boa sorte na gravidez. Que a sua Lea nasça bem.
- Muito obrigada, , eu ando meio nervosa e falta tanto tempo ainda.
- Vai dar tudo certo. – lhe dei um sorriso e ela retribuiu.
- Tchau, até um dia. – Jake disse, antes de seguir em direção ao estacionamento.
- Que coincidência, não? – perguntou, fazendo menção para que entrássemos no restaurante.
- Muita, não esperava encontrá-lo.
- Eu fico feliz que ele esteja bem, digo, casado e tal. Porque assim eu sei que ele não fica nutrindo sentimentos por você.
- Eu também fico, mas não por esse motivo. O Jake merece ser feliz, .
- Eu sei, eu sei... – ele resmungou, indo até a recepcionista. Alguns minutos depois os outros chegaram e nós seguimos para a nossa mesa. Coloquei Ben deitado em seu carrinho e sentei-me a mesa, ao lado do . Meus pais sentaram ao meu lado e assim como meus futuros sogros sentaram ao lado dele.
- Bem, alguns de vocês devem saber porque estamos reunidos aqui hoje, mas alguns não sabem ainda. – começou a dizer, ele pegou minha mão e a segurou, deixando o anel a mostra – Há uns dias eu tomei uma decisão muito importante e ontem eu a coloquei em prática. Porém, acho que pulei algumas etapas. – ele se virou na direção do meu pai – Senhor Robert, eu amo a sua filha mais do que qualquer coisa nesse mundo. Ontem eu a pedi em casamento e ela aceitou. Então, ao invés de lhe pedir a mão dela, peço sua permissão, sua benção. Não só a do senhor, como também da senhora, Sue. – ele sorriu para minha mãe, que tinha um belo sorriso estampado no rosto.
- , desde a primeira vez que o recebi na minha casa, ou talvez antes, quando vi uma foto sua com a minha filha no jornal, eu sabia que isso aconteceria um dia. Dizem que mãe tem um sexto sentido, mas os pais podem ter até um sétimo. – meu pai pegou minha outra mão e deu um sorriso antes de continuar – Eu não só dou minha benção, minha permissão, meu consentimento, eu lhe falo que você está fazendo a coisa mais certa de sua vida.
- Eu não sei o que falar – minha mãe disse, quase chorando – A única coisa que sei, é que vocês serão felizes. Muito felizes.
- Obrigada, mãe. Eu espero que tenhamos metade da felicidade que vocês tiveram todos esses anos.
- Nós teremos, . – beijou minha mão – Nós teremos.
- Eu só quero saber uma coisa. – Matheus interrompeu nosso momento.
- O quê? – perguntei.
- Se eu terei lugar nesse casamento.
- Claro que terá, seu bobo. Não só você, como todos vocês.
- Sim, nós queremos que vocês estejam ao nosso lado no altar. Não nomearemos quem é padrinho de quem, todos vocês serão nossos padrinhos. – completou.
- E quem ficará ao meu lado? Não diga que eu ficarei sozinho... – Matheus disse.
- Claro que não, Matheus. Eu pensei em convidar uma prima minha que mora na França, a Beatrice, mãe. Será que ela aceita? – perguntei.
- Ah! Com certeza. É tão difícil ela recusar um convite seu, ainda mais depois de tanto tempo lá.
- Prima que mora na França? – Matheus perguntou, confuso.
- Sim, Beatrice Trenet. Uma tia minha, irmã da minha mãe, se mudou com o marido, que é francês, há muito tempo para lá. Ela nasceu na França, tem sotaque e tudo.
- Francesa? – ele perguntou, com um sorriso sacana.
- Matheus, olha o respeito. – meu pai disse.
- Calma, eu não fiz nada. Ainda... – ele disse e todos riram.
- Vamos esquecer a mente poluída do Matheus e fazer um brinde ao casal, que depois muitos desencontros, muitas brigas e um bebê, finalmente resolveram fazer a coisa certa. – disse, levantando sua taça – Ao e à , que eles sejam felizes.
- Ao e à . – todos disseram e levantaram suas taças.


Capítulo 30
(n/a: Para finalizar bem, coloque essa música quando eu pedir.)

- Eu acho que não vou conseguir. – eu disse, olhando mais uma vez para o meu vestido que estava pendurado perto da porta.
- Como não vai conseguir? – perguntou – É o lá embaixo.
- Tem certeza que ele está lá?
- Até a última vez que eu chequei, ele ainda estava lá. – riu.
- Se você não ficar calma, vai borrar a maquiagem pela terceira vez e eu já estou perdendo a paciência com você. – disse séria.
- Se fosse você no meu lugar, você também ficaria nervosa.
- Sim, mas não dessa forma, parece que você não está segura com a sua decisão. Por algum acaso você não quer se casar?
- Claro que eu quero, , mas é... – eu ia passar a mão pelo rosto, mas ela me impediu – Estranho.
- ? – Beatrice perguntou, entrando no quarto. Seu sotaque francês era meio carregado, então conversar com ela poderia ser um pouco engraçado – Deus, você ainda está assim? Seu pai pediu que eu viesse te apressar.
- Se você conseguir acalmá-la, Beatrice, ela desce em cinco minutos. – disse.
- , o que é isso? É o pai do seu filho lá embaixo, o cara que você ficou falando durante uma semana inteira que amava mais do que qualquer coisa. Por que você tá nervosa? Você deveria estar ansiosa e não com medo.
- Eu não estou com medo... – eu disse meio sem jeito.
- Mas é o que parece. – ela respondeu, cruzando os braços e me encarou, junto com todas as outras.
- Não me olhem desse jeito. – eu disse, mas elas não se moveram – Ok, vocês venceram. Me dá aqui o vestido...


- , você está linda. – disse, quase chorando e eu dei um sorriso.
- Sim, ela está linda, mas ainda falta alguma coisa... – disse, me olhando de cima a baixo. Olhei-me no espelho, admirando meu vestido. Ele era simples, assim como a ocasião pedia. Nosso casamento seria simples, uma pequena cerimônia no jardim de nossa nova casa. E uma calda gigantesca, acompanhada de um véu maior ainda não combinava nem um pouco. Então optei por um modelo mais básico; era tomara que caia, marcando bem a cintura, onde uma flor fazia o arremate; a saia era reta na parte da frente e na calda, algumas camadas davam um movimento. Meu cabelo estava bem natural também, uma trança na franja, tirava o cabelo do meu rosto, trazendo-o um pouco para trás da cabeça e o restante caia em cachos largos pelas minhas costas. Uma maquiagem leve completava o visual. Eu estava bonita, eu me sentia bonita.
- Posso entrar? – minha mãe disse, antes de bater na porta.
- Pode. – alguém disse e ela entrou, levando as mãos ao peito quando me viu.
- Minha filha, você está maravilhosa. – ela se aproximou, me abraçando levemente – Eu tenho uma coisa pra você. – ela disse, pegando uma caixinha em sua bolsa e colocando em minha mão – Era da sua avó, ela me deu no dia do meu casamento. Pensei que podia ser a sua coisa antiga e a coisa azul– abri a caixinha e encontrei dois brincos. Eram simples e lindos. Duas pedras de safira num azul profundo que contrastavam fortemente com o vestido, fazendo com que a atenção fosse chamada para o meu rosto.
- Mãe, é lindo demais. – eu disse, boquiaberta – Alguém me ajuda aqui. – pedi, apontando para que me auxiliassem a tirar os brincos que eu usava.
- Agora só falta uma coisa emprestada.
- Aqui... – Beatrice me estendeu a mão, onde tinha uma medalhinha – Eu sei que não combina com o seu vestido, mas você pode prender ao buquê, não sei. Essa medalhinha sempre me deu muita sorte e eu quero que ela funcione com você hoje. Mas não esqueça de me devolver, ok? – ela sorriu. Olhei atentamente para o cordão, era uma medalhinha de Nossa Senhora. Peguei o meu buquê, de orquídeas brancas, e prendi o cordão na base envolto na fita branca que prendia as flores.
- Obrigada, Beatrice. Sério, não sei o que eu faria sem vocês aqui hoje. – eu disse, olhando atentamente para o rosto de cada uma ali presente.
- E então, está pronta? – perguntou.
- Sim, mais do que pronta.


Desci as escadas chegando à sala, onde meu pai e os outros me esperavam, cada um com o respectivo par. Matheus era só olhares para Beatrice, mas tinha algo diferente, algo que eu nunca tinha visto. Estranhei, mas deixei pra lá, tinha uma coisa mais importante a fazer. Caminhei até meu pai, que me recebeu com um beijo na testa.
- Você está linda, minha querida, como um anjo. – ele disse, passando a mão pelo meu rosto.
- Está tudo pronto lá fora, . – disso, segurando a mão de .
- Tem certeza? Ele ainda está lá? – ri.
- Ele não é louco de sumir. – disse.
- Ainda mais sem te ver assim tão linda. – completou.
- Então eu acho que podemos começar, né? – perguntou ansiosa.
- Vamos, futura senhora ? – Matheus disse, antes de assumir seu lugar a minha frente.


Passei lentamente pela porta que dava acesso ao jardim, vendo pela primeira vez a decoração da festa. Um caminho de pétalas de rosas conduzia até o altar improvisado. Guirlandas, lanternas japonesas e alguns arranjos de flores coloriam o ambiente. Me apertei ao braço do meu pai, encarando pela primeira vez os convidados. Quase todas pessoas que eu conhecia e que faziam parte de minha vida estavam ali. Seus sorrisos acolhedores e encorajadores me motivavam a continuar meu caminho. Não queria olhar para o meu destino, pois tinha certeza que quando eu olhasse nos olhos do , os braços do meu pai não seriam fortes o suficiente para manter-me ao seu lado. Tentei manter meus olhos nos convidados, como que agradecendo a presença de cada um, mas era como se algo me puxasse. Então, finalmente, olhei para o altar e lá estava ele.

(Coloque a música² para tocar.)

Não consegui impedir que um sorriso escapasse dos meus lábios e os dele já estavam repuxados num enorme sorriso. Seus olhos brilhavam e hipnotizavam. estava ao seu lado e colocou a mão sobre seu ombro, murmurando algo como: “Ela está linda...", ele balançou a cabeça negativamente, dizendo em seguida: "Ela está perfeita.".
Quando eu estava perto o suficiente, meu pai deu um beijo em minha testa, antes de colocar minha mão por cima da mão do , que deu um beijo na mesma em seguida. Perdida no de seus olhos, eu fiquei completamente desligada de tudo ao meu redor. Ele deu um sorriso, me levando para perto do padre que nos esperava.

- Queridos irmãos e irmãs, estamos aqui reunidos para celebrar a união desse jovem casal no sagrado matrimônio. – ele sorriu, dando continuidade as suas palavras. – Se há alguém aqui que tenha algo contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre. – o silêncio que se estendeu foi, no mínimo, engraçado. - , você aceita como sua legítima esposa? – pegou minha mão, que tremia bastante por sinal, e respondeu, olhando diretamente em meus olhos:
- Eu aceito. – sua voz rouca soava perfeita nesse momento e eu não pude conter as lágrimas.
- , você aceita como seu legítimo esposo? – o padre perguntou. Prendi-me mais uma vez nos olhos de e disse:
- Eu aceito. – minha voz saiu num sussurro quase inaudível.
- As alianças, por favor. – o padre pediu e Melanie, a irmã de e nossa dama de honra, as entregou para o padre que as abençoou.
- , você pode fazer os seus votos. – ele encorajou a prosseguir.
- , disseram que não daria certo, que seria só mais um caso, mas eu sabia que era algo mais. Na verdade eu sempre soube, desde a primeira vez que eu te vi. Eu levei parte da minha vida pra te encontrar e agora quero viver o tempo que me resta junto com você. , quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida, porque eu preciso de você pra existir. Não pensava que esse tipo de amor existisse, mas você está aqui pra provar que é real... – ele deslizou a aliança pelo meu dedo, dando um beijo em seguida – Eu amo você.
- , você pode fazer os seus votos. – eu respirei fundo, tentando manter a minha voz firme, ou pelo menos fazer com que alguém ouvisse alguma coisa.
- , você foi a minha força, minha luz no fim do túnel, me fez enxergar o que era realmente importante. Você acreditou em mim quando nem eu mesma acreditava, sempre transformou os meus sonhos em realidade ou transformou a minha vida num sonho, não consegui decidir ainda. Foi minha inspiração, devolveu a minha fé, a minha felicidade, me mostrou o que é o amor. – eu coloquei, lentamente, o anel em seu dedo – Você foi, é e sempre será o meu amor... O meu . Eu te amo.
- Eu vos declaro marido e mulher... Pode beijar a noiva. – sorriu, virando em minha direção. Colocou uma das mãos suavemente em minha nuca e a outra na base de minha cintura, me puxando num beijo calmo a apaixonado. Nesse momento eu soube que era ali que começava o meu ‘felizes para sempre.’


- E então, Senhora , gostando da festa? – perguntou, me abraçando por trás e dando um beijo em meu pescoço.
- Está perfeita. – sorri.
- Tem alguém exigindo sua presença ali. – ele apontou em cabeça para a mesa em que estavam os nossos pais com o Ben.
Aquele assunto não me interessava mais, não com aquele pequeno ser correndo completamente desajeitado – Vamos lá. – segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos e segui para a mesa. No caminho pude ver um casal conversando num canto mais afastado. Matheus tentava de qualquer maneira se aproximar mais “fisicamente" de Beatrice, que resistia aos seus encantos com maestria. Ela sabia muito bem da fama que ele tinha, mas também conhecia muito bem os encantos.
- O que foi? – perguntou, chamando minha atenção. Eu apontei para o talvez futuro casal que conversava. – O que você acha sobre isso?
- Eu acho que eles fariam bem um para o outro. A Beatrice é professora, ela sabe colocar as pessoas na linha. – dei de ombros. do – em minha direção. Abri meus braços e me agachei, esperando que ele chegasse ao meu encontro. Ben sorria, mostrando seus dentinhos, enquanto se distraia com alguma coisa do meu vestido. – Ele está cada dia mais parecido com você. – falei e sorriu convencido.
- Quem sabe a gente não tem uma menina e, se tivermos sorte, ela será linda como a mãe.
- Uma menina? Outro filho?
- Não? – ele perguntou confuso. Eu parei pra pensar por alguns segundos em tudo o que eu passei durante a minha primeira gravidez e agora, vendo o Ben crescendo, passando bem por todas as primeiras fases de sua vida, eu penso...
- Por que não? – ri, lhe dando um selinho em seguida. – Pode parecer clichê, mas hoje é o dia mais feliz da minha vida. – passei as mãos ao redor do seu pescoço e ele me abraçou pela cintura.
- Todos os dias a partir de agora serão os mais felizes da minha vida. – ele deu um beijo em minha testa, outro na ponta do nariz e sorriu antes de selar nossos lábios num beijo carinhoso.


Cinco anos depois


- Matheus, eu não sei o que você deve fazer. – eu disse pela milésima vez. Ele e Beatrice tinham um ‘caso’, às vezes ela vinha até Londres para vê-lo e outras vezes ele ia até ela. Tá, depois de cinco anos, nada mais pode ser um caso, eles namoravam. Mas a coisa mais estranha nessa relação era o fato de que o Matheus estava completamente apaixonado por ela. Ele estava há cinco anos sem sair com nenhuma outra garota.
- Mas, , eu tô preocupado.
- Preocupado com o quê?
- Ela disse que precisávamos conversar e quando alguém diz isso... – ele disse, com um tom péssimo.
- Matheus, não é hora para pessimismo. Sei que não é momento para isso, mas eu devo lembrar muitas coisas que você me falou. Se você gosta realmente dela, e eu sei que gosta, você deveria parar de deixar subentendido. Diga a ela, Matheus. Diga que a ama. Não tenha medo disso.
- Eu... – ele se jogou no sofá, fechando os olhos em força – Eu nunca disse isso pra ninguém.
- Sempre há uma primeira vez. – eu lhe dei um sorriso encorajador – Quando ela disse que vinha?
- Mãe! – ouvi Ben gritar de seu quarto.
- Já vou. – respondi.
- Na semana que vem.
- Então por que você não vai atrás dela? – ele me encarou por alguns segundos, antes de se levantar de repente.
- Eu vou fazer isso. Não importa o que ela tenha a me dizer, ela vai me ouvir antes. – eu sorri.
- Mamãe! – Ben choramingou alto.
- Tenho que ver o que ele quer. – lhe dei um abraço – Me liga, por favor.
- Pode deixar. – ele disse e seguiu rápido para a porta. Um “Até que fim!" passou pela minha cabeça, não agüentava mais esse relacionamento confuso deles. Tudo bem que no quesito relacionamento confuso eu sou perita, mas quando não é você que está envolvido, tudo parece simples e nada complicado. O que me leva a crer que quem complicava a coisas no passado éramos nós mesmos, tá, um pouco mais eu do que qualquer outra pessoa. Mas o que importa mesmo é que no final tudo deu certo e alguma coisa me dizia que isso também aconteceria com eles. Entrei no quarto do Ben e o encontrei emburrado deitado em sua cama.
- O que foi? – perguntei me aproximando.
- Papai não chegou e ele prometeu que estaria aqui.
- Ben, querido, se ele prometeu, ele vai chegar. – passei a mão pelos seus cabelos e ele levantou a cabeça para me olhar.
- Mas é meu aniversário, mamãe.
- Ele vai chegar, Ben. Amanhã, quando você acordar ele já estará aqui. Agora sou eu que prometo.
- Promete mesmo?
- Prometo. – sorri – Agora está na hora que você ir para a cama, ok?
- Tá bom. – ele fez bico – Você pode ler uma história pra mim?
- Claro, vá escovar seus dentes e colocar o pijama, mamãe já volta. – eu disse, saindo do quarto e entrando na porta ao lado. As paredes num tom claro de rosa e as prateleiras repletas de bonecas e ursos de pelúcia denunciavam o dono, ou melhor, a dona daquele quarto. Meu pequeno tesouro de um ano e três meses. Anne dormia tranquilamente em seu berço. Ao contrário de Ben, Anne era muito parecida comigo, exceto pela cor dos olhos, que era exatamente como a do pai. Me aproximei, dando um leve beijo em sua testa, ela se mexeu um pouco, voltando a dormir em seguida. Peguei a babá eletrônica que estava em cima da cômoda e voltei para o quarto do Ben, que me esperava sentado em sua cama. – Está pronto?
- Aham. – ele respondeu animado.
- Escovou os dentes?
- Escovei, mãe. – ele respondeu rolando os olhos. Eu ri, sentando ao seu lado na cama.
- O que vamos ler hoje?
- O Pequeno Príncipe. – ele respondeu, pegando o livro da mesinha ao lado da cama.
- Ok, vamos ver onde paramos. – eu folheei o livro até achar o marcador.
- Mãe?
- Fale. – eu disse, achando a página.
- Você pode ficar aqui essa noite? Não quero ficar sozinho.
- Claro, meu bem. – sorri. Ele se ajeitou na cama e eu deitei ao seu lado.

Eu acho que após cinco minutos de leitura, Ben pegou no sono e eu continuei ali deitada ao seu lado. Pensei em tantas coisas que eu nem me lembro de tudo. Meus pensamentos voaram para tudo que acontecia ao meu redor. e felizes com os seus filhos gêmeos recém nascidos. toda orgulhosa com a sua barriga que já aparente e o que não se agüentava de felicidade. e estavam atarefados organizando o casamento, é, depois de algumas tentativas dele, ela resolveu aceitar casar. Depois de ri um pouco sozinha, me aconcheguei na cama e acabei pegando no sono ao lado do meu filho. Acordei assustada, ouvindo Anne chorar pela babá eletrônica. Sai silenciosamente do quarto do Ben e olhei para o relógio: 3:49. Depois de bater um pouco nas paredes, por causa do sono, consegui chegar à cozinha e fiz a mamadeira dela. De repente comecei a ouvir uma voz diferente pela babá eletrônica e essa voz me fez sorriu. Ele cantava pra ela, cantava a música que ela tanto gostava. Abri lentamente a porta do quarto, não queria interromper esse momento deles. segurava Anne com muita habilidade e a balançava de um lado para o outro. E então ele parou de cantar e abriu um belo sorriso.

- A mamãe é uma dorminhoca. – ele disse baixinho – Se não fosse pelo papai, você ficaria aqui chorando a noite toda... – estreitei os olhos com esse comentário, mas permaneci calada – Acho que vou contar uma história pra você, mas essa história é verdadeira e é basicamente a introdução da história da sua vida, eu acho... – eu ri sem fazer barulho, era incrível como ele conseguia se confundir e falar coisas sem nexo sozinho – Então, tudo começou no dia em que vi a mamãe pela primeira vez, ela estava linda e naquele momento eu vi que tinha encontrado a mulher da minha vida, mas o papai não quis aceitar isso. E eu comecei a agir como se eu não me importasse, como se não significasse nada, até que ela apareceu com outro cara... foi quando eu percebi o quanto aquilo me afetava. Foi tudo bem complicado, mas eu acho que só ajudou deixar claro o quanto todas as dificuldades valiam a pena, só ajudou a me mostrar o quanto eu a amava. – parecia que ele não estava contando uma história, mas sim relembrando tudo o que passamos juntos para ele mesmo. Eu também fazia isso, às vezes quase todos os dias – Mas depois de muita confusão, ela percebeu que não sabia viver sem mim...
- Na verdade – ele olhou para trás e sorriu quando me viu – Não foi bem assim. Você não acha feio contar mentiras para a sua filha?
- E qual é a mentira? – ele perguntou, colocando Anne no berço e eu lhe dei a mamadeira.
- Você disse que eu não sabia viver sem você e na verdade, eu ainda não sei. – sorri, o abraçando. Ele aproximou mais nossos corpos e me deu um beijo – Eu senti tanto a sua falta.
- Eu também senti, , estava contando os minutos para chegar em casa.
- Ainda mais tendo uma promessa para cumprir...
- Ele lembrou? – ele perguntou, fazendo uma careta.
- Todos os dias. – respondi rindo.
- Mamãe. – ouvi Ben choramingar.
- Deixa que eu vou. – disse, me dando um beijo antes de sair. Esperei Anne terminar a mamadeira e a coloquei pra dormir mais uma vez. Passei pelo quarto do Ben, que conversava animadamente com o pai.
- Ben, você não vai dormir? – perguntei. Ele me olhou com cara de sapeca, agarrando o braço do pai.
- Quero ficar com o papai.
- Nada disso, você vai dormir e depois fica o tempo que quiser com ele.
- É melhor fazer o que a mamãe disse, você sabe como ela é... – sussurrou pra ele.
- Como é? – perguntei e eles riram. – , já pro quarto você também.
- Eu disse. – ele falou para o Ben, antes de dar um beijo em sua testa e sair do quarto.
- E você, mocinho – eu me aproximei, ajeitando sua coberta – Trate de dormir – lhe dei um beijo, apaguei a luz e sai do quarto, deixando a porta entreaberta.


- Por que você sempre faz com que eu seja a bruxa malvada? – perguntei, fechando a porta do meu quarto. sorriu, vindo ao meu encontro e me abraçando.
- Porque eu já passo muito tempo longe deles e se eu for o malvado, qual será a graça? – ele respondeu, beijando meu pescoço.
- Essa não é uma boa desculpa.
- Então vamos deixar isso pra depois, eu tenho algo melhor a fazer ao invés de pensar em outra desculpa. – ele disse, me deitando na cama e colocando seu corpo sobre o meu.
- Senti sua falta. – falei, passando a mão pelo seu rosto.
- Eu também. – ele confessou, com um sorriso – Senti falta do seu toque, do seu sorriso, dos seus beijos, da sua respiração leve em meu rosto durante as noites, dos sorrisos involuntários durante os sonhos... Sabe, eu poderia passar o resto da noite enumerando os motivos que me fizeram sentir sua falta.
- Mas eu acho que podemos fazer outra coisa. – eu disse, distribuindo beijos pelo seu pescoço e ombro.

Deitei em seu peito e fiquei o observando durante seu sono. Ele dormia tranquilamente e tinha um leve sorriso em seus lábios. Fiz um carinho de leve em rosto e encarei minha aliança. Então eu parei para pensar onde tudo mudou, o que eu perdi, que não vi o meu destino fazer uma mudança tão brusca de direção. Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, foi a melhor coisa que me aconteceu. O que quer que tenha colocado na minha vida, se tornou a coisa mais certa, perfeita, correta do mundo. Com ele eu aprendi a enfrentar os meus medos, vivi lindos momentos, constitui uma família. A ele eu entreguei o meu coração e agora eu estou aqui, amando e sendo amada. Não há nada melhor do que isso, nada melhor do que o amor.


O amor é provado no fogo, na dura experiência de dar a vida pelo outro. Caso contrário, não é amor; é ilusão.
Você sabe que alguém o ama não pelo que ele fala, mas pelo que faz.


Padre Fábio de Melo


Fim.



Nota da Autora: “Everybody knows the end, when the curtain hits the floor. Everybody knows the end, don't wanna get there wishing that you'd given more."
Eu não sei como começar a escrever isso. Sério, deveria ter um grupo de apoio ou um tutorial de como finalizar a sua fic. É isso, When I’m Hurt está finalizada e isso parte meu coração de uma forma estranha. É uma situação estranha. Vou deixando claro que essa n/a está enorme e espero que vocês leiam até o fim.
Eu tenho tanta coisa pra falar, tantas pessoas pra agradecer, que eu nem sei onde iniciar, mas vamos lá: Bia Gomes, você sempre foi minha pioneira, sempre agüentou minhas crises, meus surtos, enfim, tudo o que eu passei. Por isso você é uma figura extremamente importante nessa fic e também pra mim. Vejo em você uma amiga que não tenho por perto, mas espero ter sempre ao meu alcance. Cinthy, você é outra que sempre me ajudou com os seus conselhos, suas dicas, suas opiniões. Sempre que eu precisei você estava disponível e pronta para me ajudar no que quer que fosse. Muito obrigada mesmo! Cah Machado, nossa, é outra que sempre estava lá quando eu precisava, suas opiniões foram primordiais e eu só tenho a agradecer. Foi muito bom te conhecer e espero te ver novamente. Gabi, nossa, vou parecer meio repetitiva, mas ela é outra peça importante, sempre me ajudou. Passou o melhor dia da minha vida ao meu lado e por isso sempre me lembrarei de você. Sah Oliveira, minha baiana, muito obrigada por tudo que você fez por mim e por essa fic. E é como eu já disse, às vezes as pessoas que moram longe, me tratam melhor que as que moram perto e você é uma delas. Lan, eu agradeço por ser minha companheira no FFOBS. Você é uma autora formidável e eu tenho orgulho de ter acompanhado suas fics e betar uma delas. Você tem talento e merece sucesso, muito sucesso. Enfim, essas meninas são as que eu preciso agradecer milhões de vezes, pois sem elas, eu acho que muita coisa não tinha acontecido, talvez essa fic nem tivesse chegado ao final.
Agora eu preciso agradecer a você que está lendo, a todas as meninas que já comentarão, as que não comentaram... As pessoas que faziam essa fic existir. Cada vez que eu via um novo comentário, era como se eu ganhasse força, motivação para continuar. E conseguir passar de 300 comentários é um sonho realizado, nunca esperei tanto, nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Eu espero que tenha correspondido às expectativas, que não tenha deixado a desejar em algum momento, que eu tenha conseguido trazer um pouco de, sei lá, divertimento, alegria ou qualquer outro sentimento. Que When I’m Hurt tenha sido algo bom durante o tempo que ela esteve no ar. E para todas vocês vai o meu mais sincero muito obrigada. Serei eternamente grata a cada uma.
Meus olhos já estão marejados e eu não sei mais o que escrever, só que eu não quero parar, porque agora eu sei que nunca mais abrirei um arquivo e escreverei mais nada de WIH. Nenhuma briga, nenhuma reconciliação... Nada. *respirando fundo* Mas nada dura pra sempre e é aqui que eu encerro o meu primeiro ciclo.
Minha primeira fic. Meu primeiro final. Minhas primeiras leitoras.
Eu ganhei tanto com essa história, que eu deveria agradecer a ela, não sei como, mas eu deveria. Conheci pessoas fantásticas, que me ensinaram muita coisa, que me mostraram que uma amizade pode sim se começar pela internet e ser algo legal, construtivo. Não preciso citar novamente todos os nomes, mas vocês sabem, vocês sabem quem são.
Acho que nunca escrevi uma nota tão grande e nunca tive mesmo vontade de terminar, mas acho que devo. Mas vocês não se verão livres de mim, tem algumas coisas minhas perdidas pelo FFOBS e eu sempre estou na tag, no twitter ou em algum lugar.
Adorei passar esses 15 meses com vocês.
Fiquem com Deus e até a próxima.
Beijos, That.


Algumas informações importantes: A fic inicialmente era Jones, até o capítulo 10 mais ou menos, então algumas coisas como a lerdeza dele e o time podem fazer a fic ficar sem um pouco de sentido, mas com um pouco de boa vontade dá pra levar. O personagem Matheus foi uma homenagem a uma pessoa muito importante na minha vida. (<3) A personagem Beatrice foi uma homenagem à Bia Gomes, assim como as personagens Jullie e Lea foram homenagens à Juh e à Cinthy, respectivamente. A principal faz aniversário no mesmo dia que eu. Eu usei uma fala do filme Titanic (meu preferido) e outra do filme Remember me. Primeiramente a fic seria baseada na música The Only Exception, do Paramore, mas depois de ouvir a música Band-aid da Pixei Lott na fic Biology, eu mudei a história e a usei como base.


When I’m Hurt não tem beta, eu reuni um grupo de leitoras importantes para deixar a sua marca na última n/a da fic, pra eu não ficar tão solitária. Clique aqui para ler.


Ufa! Você chegou até aqui? Que bom! Você tem alguns bônus. É, sabe aquelas cenas que aparecem no final dos créditos nos filmes ou ficam no menu do DVD? Então, como prometido, estão aqui as cenas extras de When I’m Hurt. Aproveitem.

Cena extra da Cah.
Cena extra da Cinthy.
Cena extra da Nanda.
Cena extra da Sah.




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