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Assim que o avião aterrissou, pôde sentir a diferença na atmosfera. E não era o intenso frio que fazia a difereça, e sim o clima natalino que pairava sobre a Inglaterra naqueles dias.
Após muito esforço e paciência, conseguiu pegar sua mala na esteira do aeroporto; respirou fundo antes de sair para as ruas congelantes de Londres.
Era tudo exatamente como se lembrava: pessoas apressadas, vestindo grossos casacos para se proteger da nevasca que assolava o país naqueles dias.
Deu sinal para o primeiro táxi que viu e riu da sorte que teve, vendo o típico veículo preto parando ao seu lado. Disse o endereço ao taxista e logo percebeu que sentira falta até mesmo desse simples ato: dizer onde morava naquele país que sempre adorou.
A cada minuto a euforia dentro de si crescia descontroladamente. As ruas cobertas de neve, o trânsito de carros similares uns aos outros, mães preocupadas com as crianças que queriam correr nas calçadas escorregadias, os casais andando abraçados, as luzinhas brilhantes por todos os lados, as belas casas decoradas para o Natal... Tudo isso lhe causava uma sensação prazerosa de nostalgia. Olhava tudo atentamente, admirando e apreciando cada detalhe da incrível paisagem.

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know


Não notou o tempo passar, os pensamentos e lembranças tomando-lhe a mente; quando o táxi entrou na tão conhecida rua, respirou fundo e sorriu. Agradeceu e pagou o taxista distraidamente, a rua toda enfeitada e colorida tinha roubado sua atenção exatamente como na última vez em que esteve ali: cada pequeno detalhe, desde os duendes e anões nos jardins, as árvores enfeitadas com luzinhas piscando, as grandes casas muitíssimo bem decoradas, até um pequeno grupo de crianças que brincava de guerra de bolas de neve.
Chegou à porta da casa, e seu sorriso sumiu ao lembrar a última vez que esteve ali... Logo afastou esse pensamento e girou a chave, abrindo a porta. Acendeu a luz da enorme e silenciosa casa. Olhava tudo com atenção, aparentemente nada havia mudado durante o tempo em que esteve fora... A sala de estar, a lareira, a vista que a janela dava ao jardim nos fundos da casa, a escada em curva que levava aos cinco quartos, uma vista parcial da sala de jantar e a porta da cozinha. Sorriu mais uma vez, e só não subiu correndo as escadas devido às longas horas passadas no avião.
Ao chegar ao corredor do andar superior, inúmeras imagens de momentos passados ali passaram por sua mente. As brincadeiras, as apostas, as brigas, os risos, os planos infalíveis... Uma vida inteira de momentos e recordações.
Abriu a porta do primeiro quarto e viu a cama de casal, o criado mudo, o closet, tudo diferente, novo, porém nos mesmos lugares. A segunda porta no corredor, o tão conhecido quarto, deixou a mala ao lado da porta, tirou os sapatos e o casaco, e seguiu para o próximo quarto, aquele que costumava ficar sempre vazio, e ao olhá-lo percebeu que isso também não mudara com o tempo. A quarta porta revelou um dos lugares mais aconchegantes do mundo; tudo estava diferente, mas a sensação de refúgio e aconchego permanecia intacta. Seu coração disparou ao parar diante da quinta porta no corredor, tocou os adesivos que ali ainda estavam com as pontas dos dedos, suas pernas tremiam levemente quando girou a maçaneta...
- AAAH! – ao abrir a porta, bateu de frente com alguém que dali saia.
- Hei! Quem... null?! – a outra pessoa se afastou com o susto, mas reconheceu aquela voz... Aquele grito.
- Ai, meu Deus! – a garota conteve outro grito com uma das mãos. – null!
- Claro que sou eu! – ele acendeu a luz do quarto e viu null encostada na parede do corredor, respirando profundamente e os olhos arregalados – O que você tá fazendo aqui? Como você entrou?
- Sua irmã me deu a chave... O que você tá fazendo aqui? – null sentia o coração bater tão forte e rápido que não se surpreenderia se tivesse um ataque cardíaco naquele momento. – Quase me matou de susto!
- Eu te matei de susto? Eu estava sozinho no meu quarto, na minha casa e do nada, eu abro a porta e dou de cara com uma garota gritando – o garoto riu, sentindo os músculos relaxarem. – Grito, que pelo visto foi a única coisa que não mudou em você. – null percorreu todo o corpo da garota com os olhos; desde os pés descalços, pela calça jeans surrada, a blusa de mangas compridas verde, olhou atentamente os cabelos longos mais claros e ondulados de null, até chegar ao rosto: a boca bem desenhada, o narizinho delicado, as bochechas coradas pelo frio e finalmente os olhos, mais maduros e expressivos.
- Acabou a inspeção? – ela perguntou rindo, fazendo null sorrir sem jeito. Ela tentou ser mais discreta ao analisá-lo; a calça xadrez do pijama, a fina camiseta branca, os braços mais definidos, os cabelos bagunçados, o rosto sofrera mínimas mudanças, os traços ficaram mais acentuados... O que não mudara em nada foram os olhos, os belos e límpidos olhos null de null.
- E a sua inspeção? Não tô com nada fora do lugar? – foi a vez de ele rir do constrangimento da menina. – Acho que agora que temos certeza de que somos os mesmos apesar das mudanças, você pode me dar um abraço, certo?
- Você, bobo como sempre. Vem cá – null sorriu abertamente antes de enlaçar null pelo pescoço, sentindo seus braços rodearem sua cintura; se abraçaram durante alguns minutos, quando null se afastou viu as bochechas do garoto um pouco coradas. – O que aconteceu pra você ficar com essas bochechas lindas assim?
- Eu, bobo como sempre e você, engraçadinha como sempre – null disse baixinho, deu um beijo na bochecha da garota e a puxou contra si mais uma vez, respirando fundo contra seus cabelos. – Eu me lembrei da última vez que te abracei...
- Ah... – null também sentiu as bochechas esquentarem.

Flashback On

- null! Sai da porra desse quarto agora!
- Ela não vai sair. Ela veio pra falar comigo. Dá o fora – null gritava do lado de dentro de seu quarto.
- Garota, eu juro que vou te bater se você não deixar a null sair daí nesse exato momento – null também gritava ao esmurrar a porta. – null!
- Cara, eu devo isso a ele... – ele ouviu null dizer baixinho, e momentos depois a porta foi aberta; a garota ainda estava do jeito de quando passou correndo por ele ao chegar à casa: os olhos vermelhos e inchados, parecendo ainda mais frágil dentro daquele enorme moletom vermelho; ao ver null, os olhos de null formaram novas lágrimas, que a garota logo limpou com as costas da mão.
- Escuta bem o que eu vou dizer – null apontou o dedo para o irmão mais velho. – Se você fizer a null se sentir pior, eu juro que eu acabo com você... Nem que eu precise chamar o Brian pra te dar uma surra.
- Cala a boca, sua imbecil – null disse sem tirar os olhos de null, ele respirou fundo antes de pegar sua mão e puxá-la pelo corredor, entrou na ultima porta do local e a trancou após sentar a garota em sua cama. – null... Como você pôde? Eu não... Como você...? Caralho!
- null – a garota sussurrou com a respiração rápida na tentativa de conter as lágrimas que lhe embaçavam a visão. – Eu sinto muito...
- Como você se atreve a dizer que sente muito? – ele esbravejou ainda de pé, vendo a garota se encolher ao desviar o olhar. – Eu só quero saber se você planejava me contar!
- É claro que eu ia...
- Quando? – ele gritou interrompendo a fala da menina – Me diz quando você ia me contar null? Quando já estivesse na Nova Zelândia? Ia me ligar e dizer “Ah, oi, idiota que acredita ser meu melhor amigo, só tô ligando pra avisar que agora eu não sou mais sua vizinha... Só a titulo de curiosidade, eu estou em Auckland” – null fez um telefone com a mão e disse sarcasticamente, fazendo null derramar a primeira lágrima. – Não, sério, quando é que você ia me contar? Você vai embora amanhã! Se eu não tivesse voltado antes do previsto...
- Eu não ia embora sem falar com você! – null disse alto ao levantar da cama. – Eu não tenho a sua idade, eu não sou financeiramente independente como você é, eu ainda dependo dos meus pais! Você consegue entender isso? – a voz dela saía trêmula ao empurrar com certa força o ombro de null. – Você acha que eu estou dando pulinhos de alegria com a mudança?! Minha família decidiu ir, o que eu posso fazer?
- Eu não tô contestando isso! – o garoto disse quase aos berros – Caralho, null! Você sabe o que é chegar em casa morrendo de vontade de conversar com a sua melhor amiga, que a propósito não via há quase um mês, e quando você a encontra... Ela sai correndo pra te impedir de ver as lágrimas cobrindo seu rosto? Você sabe o que é ficar por mais de uma hora implorando pra ela sair do quarto e te explicar o que tava acontecendo? – os olhos de null começaram a ficar avermelhados, e null ao perceber isso, não conteve as próprias lágrimas. – Acho que você não tem ideia de como é saber pela sua mãe que a única pessoa que você ama de verdade, além dos seus pais e irmãos, está indo embora... E que não é pra nenhum lugar perto, como Escócia ou até mesmo França... Que na verdade, a garota que você ama está indo pra um lugar esquecido por Deus, de tão longe! – null segurou o braço de null, que estava de costas para ele tentando esconder as incessantes lágrimas, ele a virou para si e tirou as mãos dela do rosto. – Eu sei que você não pode ir contra a sua família... Eu só... Tudo o que eu queria é que você tivesse me contado... null, minha mãe disse que todo mundo já sabia e você não deixou que ninguém me contasse... Eu só queria entender... O que eu fiz pra merecer isso?
- É exatamente isso... Você não fez nada pra merecer... – null posicionou as duas mãos no peito do garoto, mexendo em um botão de sua camisa, evitando olhá-lo nos olhos. – E não, null, eu não sei como é passar por nada disso o que você disse... Mas eu sei como é ter de rezar pra pessoa mais especial na sua vida não voltar de viagem tão cedo, pra não ter que se despedir dela... – ela fechou os olhos quando null segurou seu rosto e limpou as teimosas lágrimas que molhavam suas bochechas. – null... Eu sou tão covarde... O que eu mais queria era evitar esse momento... Me despedir da minha melhor amiga foi difícil, mas eu consegui... Mas você, ah, null... Você é diferente, você é... Eu não consigo explicar... É como se desde o momento em que meu pai foi chamado pra trabalhar na Nova Zelândia, o meu coração foi arrancado do meu peito... Eu queria te contar, eu juro que queria, mas...
- Shiiiu, chega... Tá tudo bem. Vem cá – null entrelaçou os dedos nos cabelos da menina, e outra mão a puxou para mais perto pela cintura, a apertou entre seus braços, respirando fundo contra seus cabelos; null manteve as mãos em punho contra o peito do garoto, pressionou o rosto contra o pescoço dele e chorou... Vários minutos se passaram até que null sentiu o coração de null bater mais rápido e a respiração se tornar entrecortada contra seu cabelo, antes que pudesse se movimentar, ouviu a voz dele bem fraquinha murmurar:
- Fica comigo... – a garota sentiu o próprio coração bater mais forte, levantou a cabeça e viu as trilhas que algumas lágrimas fizeram em sua bochecha, seus olhos nunca estiveram mais null... null tocou a face do garoto, que fechou os olhos quando enquanto ela limpava uma lágrima; ele encostou sua testa na de null, e ainda de olhos fechados, repetiu sussurrando: - Fica... Fica comigo...
- É tudo o que eu mais quero null, mas eu não posso ficar a minha família, eu... – o sussurro da menina foi interrompido pelos lábios de null tocando os seus. null se assustou com a atitude do amigo e logo o empurrou com as duas mãos – null! Isso foi... Inapropriado. Eu... Por Deus, null!
- Eu pensei em me desculpar por isso, mas eu não vou – ele se aproximou da amiga mais uma vez após passar as mãos pelos olhos, segurou os pulsos de null quando essa fez menção de empurrá-lo mais uma vez. – null, eu preciso saber... Nós precisamos saber...
- Saber o quê? – ela soltou os pulsos e foi em direção à janela, ficando de costas para o garoto, percebendo que ele se aproximava dela, disse: – Não ouse me tocar se pensa em me beijar de novo... Você não tem o direito. Eu pensei ter deixado isso claro há muito tempo.
- Eu errei e hoje eu percebo isso... Eu já disse que sinto muito – null suspirou ao parar ao lado da garota, olhando as folhas secas sendo levadas pelo vento. – null, eu juro que não quis te magoar... Mas eu fiz o que achei melhor pra nós dois, pra nossa amizade.
- Você fez a coisa certa, claro que fez! – null tinha as mãos nos bolsos do casaco, olhou de soslaio para null, que a olhava fixamente – Nossa amizade não suportaria aquilo...
- Apesar de todas as mudanças, o começo do McFly, o casamento do meu irmão... Eu realmente não tenho certeza se suportaria... Mas hoje, eu acho... Eu sei que hoje nós poderíamos ter uma chance.
- Eu não quero falar sobre isso, null – ela usou o nome dele como forma de mostrar que esse era um tema restrito. – Não toque nunca mais nesse assunto...
- Mas, null, nós precisamos saber se daria certo – null segurou o rosto da garota com as mãos, e notou que mais lágrimas estavam por vir. – Eu não posso te perder, eu não vou suportar...
- E eu achando que era a covarde da história – null tirou as mãos de null de seu rosto e deu um passo para trás, sacudindo a cabeça levemente em negação. – Eu te conheço desde os dois anos de idade, te conheço melhor que ninguém... Mas sempre quis acreditar que os relacionamentos desastrosos que você teve, tiveram fins prematuros por culpa das garotas com que você namorou... Mas agora eu vejo, que o covarde aqui é você! – A garota sentiu toda a mágoa que guardava atingir-lhe em cheio, não se permitiu chorar enquanto falava. – É covarde sim! Eu sempre estive ao seu lado, como você nunca notou os meus sentimentos por você? E agora que estou indo embora, você acha que precisamos saber se daria certo? Sinto dizer, mas eu te amo como amigo, como um melhor amigo.
- Nós dois sabemos que isso não é verdade – null disse baixo, sem olhar para a garota. – Você não me ama só como amigo, você me ama como...
- Eu até posso ter amado – ela interrompeu ao destrancar a porta do quarto. – Mas esse amor foi morto e enterrado... Eu não queria que a nossa despedida fosse assim... – O garoto andou até ela e a abraçou, ela por sua vez respirou fundo e retribuiu o abraço. – Vou sentir falta até dessas nossas brigas inúteis.
- Isso não foi uma briga e muito menos inútil – ele disse contra o pescoço de null, estreitando os braços em torno dela. – E nós não estamos dando adeus, é só um até logo.
- Então até logo, null – a menina disse com os olhos cheios de lágrimas, os de null não estavam muito longe disso.
- Até breve, muito breve, null – ele disse antes de depositar um beijo na testa dela, que fechou os olhos suspirando; a garota se afastou e antes que descesse as escadas ouviu null dizer seu nome, ela virou o rosto em sua direção e o ouviu dizer baixinho: – O meu amor não está morto e enterrado... Ele só está deixando a cidade.

End Flashback

- O que era pra ser um até logo se tornou um até daqui cinco anosnull riu sem emoção e null revirou os olhos. – E você é a maior culpada por isso!
- Eu? – a garota disse chocada. – Só porque eu não tenho uma banda mundialmente famosa, não quer dizer que não seja ocupada!
- Eu tava brincando, estressadinha! – o garoto riu de verdade dessa vez. – A null comentou que você faz faculdade e trabalha em um hotel.
- Corrigindo: eu terminei a faculdade e sou subgerente do melhor hotel da cidade – null piscou e fez cara de metida, fazendo null gargalhar. – Eu trabalho feito uma louca, mas vale à pena.
- Você é feliz sendo subgerente do melhor hotel da cidade? – ele imitou a garota, fazendo-a rir e lhe dar um soquinho no braço. – Que foi? É uma pergunta séria.
- Eu era... Eu sou... Eu não sei – a garota disse rindo ao ver a cara de confuso de null. – Eu achava que era feliz com tudo na Nova Zelândia... Até a doida da sua irmã me ligar há uma semana.
- Ah! Muito bom você tocar nesse assunto... Você me distraiu e eu me esqueci de fazer a pergunta mais importante – nesse ponto da conversa, os dois já estavam sentados no chão encarpetado do corredor. – O que você, a garota que é fanática pelo Natal, está fazendo sozinha na Inglaterra? E na minha casa?
- Você sabe que coisas vindo da null nunca são normais, certo? – null olhou sugestivamente para null, que concordou rindo. – Ela me ligou semana passada, chorando feito uma doida, dizendo que odiava todo mundo, que queria sumir e eu não entendia nada. Ela mais rogava pragas no Paul do que me contava o que estava acontecendo...
- Eles terminaram... Mais uma vez – null rolou os olhos e null riu. – E como em todas as outras vezes, minha adorável irmãzinha fez parecer o fim do mundo.
- Pra ser sincera, eu nunca imaginei que eles ficariam tanto tempo juntos... – a imagem de null e Paul na época do colégio veio à mente da garota. – Eles namoram há quase sete anos!
- Eles ainda casam... Porque só um pra aturar o outro – null disse rindo, e null deu um leve tapa em seu braço. – Só estou dizendo a verdade, querida... Mas continua contando sobre o motivo que te trouxe até aqui!
- Ah é, cara, até essa nossa mania de começar quinze assuntos e não terminar nenhum não mudou. – O garoto sorriu de lado com lembranças da antiga amizade. – Então, sua irmã me ligou e perguntou se podia ir passar as festas de fim de ano em Auckland comigo... Mas tudo o que eu queria, era sair de lá... Eu precisava sair... Então a null disse que seus pais iriam pra Irlanda ficar com os seus tios, e bem, pelo o que ela disse o Brian quase não vem pra cá...
- É, meu irmão trocou a família pela esposa – o garoto disse amargurado, null tocou seu braço de leve, em sinal de consolo – Desde que eles casaram, o Brian só passou um Natal aqui em casa...
- null, seu irmão nunca foi de ficar em casa – a garota disse distraída, pensando no irmão mais velho de null, o lindo e irresponsável Brian. - Nós dois bem sabemos que eu assumia o papel de terceiro filho dos null.
- Sua mãe vivia reclamando que a minha mãe te via mais que ela própria – o garoto riu, e null fez uma careta. – As melhores cenas eram mesmo nessa mesma época do ano: a sua casa cheia de parentes, e sua mãe tinha de vir te buscar aqui... – null começou a rir, não conseguindo terminar de falar.
- Eu lembro! – null também ria alto, contagiada pelas gargalhadas do garoto ao sentado em sua frente. – Daí, a minha mãe vinha me procurar... E nem a sua mãe sabia que eu tava aqui! As duas sempre imaginavam que eu estivesse com a sua irmã, mas sempre achavam a null com os seus primos...
- ...E você sempre comigo – null terminou a frase quase sem ar de tanto rir. – E a cena mais típica era: você chorando pra sua mãe não te obrigar a voltar pra casa, prometia dar as meias que a sua avó te dava todo ano para a Kalye!
- Eu ainda era boazinha em prometer alguma coisa para aquela vadia! – null disse um pouco brava ao ver a expressão pretensiosa de null. – Vadia sim, e você sabe muito bem por quê!
- Não fala assim, ela é sua prima! – o garoto ria ainda mais por ver que null ainda tinha raiva daquela época. – Você sempre a tratou tão mal, ela gostava de você.
- É claro que ela gostava de mim, já que eu era a melhor desculpa que ela tinha pra vir até a sua casa. – null sentiu um frio no estômago, ao perceber que o ciúme de null não havia mudado. – Vocês dois eram nojentos.
- Você só nos viu juntos uma única vez! – ele tentou se defender, fazendo a garota rolar os olhos.
- E foi suficiente pra ficar traumatizada! Eu só tinha treze anos e quase te vi nu! E com a minha prima! – A garota fez cara de nojo e tampou os olhos, null riu sem jeito e se aproximou, tirando as mãos dela do rosto.
- Eu não consegui te olhar por quase duas semanas – ele lembrou, rindo envergonhado, ao sentar ao lado da menina – E só pra constar, eu só estava sem camisa!
- E com a calça quase no joelho! – null fingiu sofrer com a lembrança e null a empurrou de leve com o ombro. – Você era muito saidinho aos quinze anos, sabia? A vadia da Kalye era quase dois anos mais velha que você!
- Eu sempre gostei das coisas que os outros diziam ser impossíveis – o garoto disse sem pensar, e logo percebeu o que essa frase poderia significar para a menina, então consertou. – Mas conforme os anos passaram, eu percebi que o impossível pode se tornar possível, basta você agir na hora certa...
- Às vezes a palavra impossível substitui a expressão “fadado ao fracasso” – null disse sem emoção, lembrando do dia em que null descobriu que ela se mudaria para a Nova Zelândia. – Mais uma vez!
- Mais uma vez o quê?
- Mais uma vez engatamos outro assunto e eu me esqueci de terminar de contar como vim parar aqui na sua casa!
- Eu só falo tanto assim quando estou com você. - As bochechas da menina coraram ao ouvir isso. – Continua contando!
- Eu esqueci onde parei – null riu bobamente.
- Você parou... Ah! Você disse que tinha que sair de Auckland... E eu fiquei imaginando a razão.
- Er... Promete não rir? – a garota ficou completamente vermelha, e null concordou com a cabeça. – Um hóspede americano teve de ser expulso do hotel... Por minha causa.
- Como assim? Por quê?
- Porque... Ele me chamou pra sair e eu neguei, mesmo que eu pudesse sair com hóspedes, eu não sairia com ele... Ele me dava medo – null estremeceu com a lembrança. – Mas ele não desistia, e ficou no hotel por quase dois meses... Eu o evitava, eu na verdade já fugia dele... Mas numa tempestade, o hotel ficou no escuro por cinco minutos até os geradores voltarem a funcionar... null, eu não sei como, mas aquele homem apareceu no corredor em que eu estava e me agarrou – a voz da garota saiu baixinha ao fim da frase.
- null! Por que me pediu pra não rir? Não tem nada de engraçado nessa história! – null disse, exasperado. – Por favor, me diz que esse desgraçado não te fez nada.
- Claro que não! Os seguranças estavam avisados para ficarem de olho nele... Mas eu fiquei com tanto medo... E bom, depois disso eu não podia ficar lá... Mesmo ele tendo sido convidado a se retirar do país, isso foi há duas semanas, eu sinto que posso vê-lo em qualquer lugar... E bom, por isso, a null teve a ideia de trocarmos de casa por alguns dias! Ela queria férias do Paul, e eu preciso esfriar a cabeça...
- Entendi... Mas você está bem? – null disse, visivelmente preocupado, a garota acenou afirmativamente e ele tentou sorrir. – Mas eu ainda não acredito que você veio sozinha e deixou sua família lá.
- Ah, eles não estão lá... Foram pra Austrália!
- E por que você não foi junto?
- O hotel estava muito movimentado e meu pai ganhou convites para passar as festas num spa maravilhoso em Sidney.
- E você perdeu essa?
- Ele ganhou quatro convites, como não moro mais com eles, fui colocada pra fora da jogada – null disse, rindo de leve.
- Você mora sozinha... Isso quer dizer que a minha irmã está sozinha na Nova Zelândia?
- Certíssimo. Do mesmo jeito que eu estaria aqui.
- Mas eu estraguei seus planos, me desculpe...
- E o que você está fazendo sozinho em casa, afinal?
- Os caras foram ficar com suas famílias, e eu com a minha... Só esqueci do detalhe: ninguém estaria aqui – null disse simplesmente.
- Você acha que me engana, null null? – null cerrou os olhos e cruzou os braços, encarando o garoto.
- Como assim? – ele tentou fazer cara de inocente, mas se ela ainda lembrava...
- Você odeia o Natal! Você veio pra cá de propósito! Pra ficar isolado! – a garota acusou, vendo null tentar segurar o riso – Você é muito sem graça! Essa é a melhor época do ano!
- Desse parte de mim, eu queria que você tivesse esquecido – ele disse rindo. – Mas cara, ficar em casa, sem som alto, sem pessoas gritando, sem horários marcados, sem namorada irritante...
- O que aconteceu com a sua namorada? – null se sobressaltou com essa informação; ambos ainda estavam sentados no chão do corredor, e a garota começava a ficar impaciente.
- Hum, nós terminamos – null disse incerto.
- Nossa, mas vocês pareciam tão felizes – a garota disse sem pensar. – Ah, eu não leio revistas de fofocas! Nós recebemos muitas fãs do McFly no hotel...
- E alguma delas tem ideia de quem você é? – ele disse ao se levantar, estendendo a mão para null.
- Como assim? Quem sou eu?
- É... Que você era a melhor amiga de um dos caras da banda?
- Não. Poucas pessoas sabem sobre isso... – null respondeu sem olhá-lo.
- Por quê? Você ficou com tanta raiva assim de mim? Que quis me apagar da sua vida?
- null... – a garota tentou interrompê-lo, sem sucesso.
- Você falou com a minha irmã todos os dias durante seus primeiros dois anos longe... E comigo? Você deve ter falado no máximo dez vezes durante esses dois anos! – ele se aproximou rapidamente, quando null ameaçou sair andando, fazendo-a se encostar à parede do corredor. – Eu te liguei, eu escrevi cartas, e-mails...
- null, para com isso... – o empurrou de leve, e entrou no quarto de hóspedes, que era conhecido tempos atrás como “quarto da null”, e pegou suas coisas.
- Onde você vai? – a voz do garoto era alta na casa silenciosa.
- Pra um quarto de hotel – null disse baixo e saiu do quarto sem olhá-lo.
- O quê? Hotel? null, é Natal! Você não vai achar nenhum quarto vago – null a seguia escada abaixo.
- Ah, eu acho sim...
- Posso saber onde e como?
- Claro que pode – a garota parou na sala de estar e colocou a mala no chão, olhando fixamente para null. – Onde: na filial inglesa do hotel onde eu trabalho.
Como: dizendo meu nome, e em dois minutos eu consigo a suíte presidencial.
- Quem é você e o que fez com a garota simples e humilde que eu conheci? – ele disse alto e inesperadamente; quando null absorveu as palavras, o olhou com raiva e então sorriu.
- Aquela garotinha deixou de existir exatamente seis anos atrás e você sabe quem e o que fez com que ela desaparecesse – ela disse calmamente, fazendo o coração de null disparar com a dolorida lembrança. null aproveitou o momento de distração do garoto, e se dirigiu a porta, mas foi impedida por null, que acordou do transe e segurou a porta. Ela virou para olhá-lo e se assustou com a proximidade de seus rostos.
- Não vai... – ele disse baixo, as duas mãos contra a porta e null entre seus braços. – Você deve estar cansada de hotéis... O combinado era você ficar aqui... Eu vim sem avisar, então você fica e eu saio.
- null... – a respiração do garoto batendo em seu rosto a impedia de articular uma frase imediatamente. – Não... Você não vai sair da sua casa... Eu...
- Então nós dois ficamos – ele interrompeu. – Eu prometo nem olhar pra você, se assim você quiser.
- Mas, null...
- null, por favor – com uma das mãos tirou a bolsa da garota de seus ombros e a colocou no chão – São apenas três dias... Você nem vai notar que eu existo.
- Eu fico com uma condição – pelos olhos dela, null já sabia que estava ganhando a batalha.
- E qual condição seria? – ele sorriu de lado.
- Que eu note que você existe... Eu senti tanto a sua falta – ela disse e ambos sorriram.




Where the treetops glisten,
And children listen
To hear sleigh bells in the snow


- null, eu tô avisando… Vai estar o inferno na Terra – null resmungava ao sair do carro no enorme estacionamento.
- Não, vai virar o inferno na Terra se você não colocar esse capuz e alguma fã te reconhecer – a garota riu ao vê-lo fazer o que disse. A neve cobria cada centímetro da paisagem que cercava o supermercado, o branco predominava, porém inúmeras luzinhas coloridas alegravam o local mesmo durante o dia. – Desamarra essa cara, null! Tudo tão lindo e você aí, todo emburrado.
- Tá frio, eu tô com sono, esse supermercado vai estar lotado e eu nem queria estar aqui – ele reclamava enquanto andavam de braços dados até a entrada do local.
- Eu não te forcei a vir, eu até preferia vir sozinha... Sua mãe deixou comida em casa, eu só queria mais coisas com cara de Natal...
- Você não vai assar um peru, vai? – null a olhou assustado e a garota riu.
- Eu ia falar uma besteira... Mas não, null, não vou assar nada – ela disse ao entrarem no... Inferno na Terra. O lugar estava lotado, barulhento e muito quente, em comparação aos graus negativos ao ar livre. null gemeu e null o beliscou. – Sofra calado e empurra o carrinho.

- null, para com isso, já tá acabando – null riu ao voltar do corredor de doces e ver o garoto num corredor mais vazio, debruçado sobre o carrinho, a testa apoiada nos braços, quase caindo sobre as compras. – O que eu posso fazer pra melhorar essa sua cara emburrada?
- Me faça rir – a voz dele saiu abafada, afinal ele ainda estava praticamente deitado sobre o carrinho.
- Huuum... Estou sem opções – a garota mexeu no capuz da blusa de null, o fazendo virar o rosto para olhá-la. – Alguma ideia?
- Matar aquele Papai Noel seria uma boa opção – os olhos dele brilharam só de pensar na cena, null riu e negou com a cabeça. – Não, null! É sério... Ele ficou te secando enquanto você pegava aquela lata na prateleira mais alta!
- Até parece, null – a garota ria ao conferir a lista de compras.
- Porra, ele tá te secando de novo! Eu não tô valendo de nada, é? – ele arrumou a postura e encarou o Papai Noel, que no momento tinha um menininho em seu colo, tirando fotos. O velhinho olhou para null e sorriu de um jeito maldoso. – Olha, null! Ele tá me provocando!
- null, agora você vai querer brigar com o Papai Noel? Ninguém merece, hein? – a menina não tirou os olhos da lista ao falar, até que sentiu os braços de null a abraçando por trás, antes que pudesse dizer ou fazer alguma coisa, o garoto sussurrou contra seu pescoço:
- Não me empurra. O Papai Noel do Mal tá olhando – passou o nariz levemente contra o pescoço da garota ao terminar a frase. null, que estava com os cotovelos apoiados no carrinho, respirou fundo e olhou para o lado, se assustando ao ver o Bom Velhinho os olhando de um jeito estranho – Viu? Agora entra na brincadeira – null ainda sussurrava; beijou levemente o pescoço de null, e riu baixinho ao vê-la se arrepiar. – Eu ainda causo efeitos em você? – ele estreitou os braços em torno da menina. – Não fique nervosa, aquele velho safado ainda tá olhando.
- null – ela disse baixinho ao sentir a língua dele em seu pescoço.
- Oi? – o garoto murmurou antes de morder o lóbulo da orelha da menina; de repente, null se vira, ficando de frente para null, tocando o capuz que ele usava com as pontas dos dedos.
- Você é um péssimo ator – ele sorriu marota ao aproximar os rostos; as respirações ficaram instantaneamente mais pesadas, null a puxou pela cintura, colando os corpos, null passou levemente seu nariz pelo o do garoto, o fazendo sorrir, ela o puxou pelo capuz, tocando seus lábios minimamente. null puxou o lábio inferior de null com os dentes antes de se afastar, rindo. – Se recomponha, null, estamos em um supermercado.
- Eu... Eu que comecei a brincadeira – ele riu, sem tirar as mãos da cintura dela. – E por que só você se diverte?
- Porque eu disse pra ajudante do Papai Noel ali – null sorria largamente ao indicar discretamente a garota de cachos ruivos que os olhava quase tão fixamente quanto o próprio Papai Noel - que você não é o null null do McFly... Tive que tirar as suspeitas dela, afinal, null null não ficaria de agarramento com uma desconhecida no corredor dos enlatados...
- É... Ele iria pro corredor das bebidas – ele disse e ambos gargalharam, fazendo os espectadores desistirem e voltarem a atender as crianças.




- Anda logo, seu lerdo!
- Isso tá pesado!
- Você ta carregando seis sacolas e eu estou com oito – null levantou as mãos e mostrou para null ao saírem do carro. – Parece que quanto mais a gente se aproxima da noite de Natal, mais rabugento você fica.
- E parece que quanto mais a gente se aproxima da noite de Natal, mas alegre e tagarela você fica – null a imitou fazendo caras e bocas, a garota riu ao chegar à porta principal da casa.
- Ah é? Essa piadinha vai ter volta, fique avisado – ela deu um olhar maligno e o garoto riu.
- Ah, que medo da malvada null null, a aniquiladora de null null’s – ele chegou até a garota que mostrava língua e abriu a porta, porém foram impedidos de entrar por alguém dizendo:
- Ah, meu Deus! null null e null null juntos! Eu sabia que veria esse cena aconteceu novamente... É como voltar no tempo, mas vocês estão mais bonitos.
- Senhora Nicholls – os dois disseram juntos e sorrindo.
- Ah, que bom que ainda se lembram dessa velha aqui – a senhora sorriu e abriu os braços. – O que estão esperando para me dar um abraço?
- Ah, que saudade da senhora – null disse assim que atravessou o gramado coberto de neve e abraçou a velhinha, sendo seguida por null. – A senhora está ótima! Não mudou nada!
- Você aprendeu a mentir assim aos quatro anos de idade, senti saudade de tudo isso em você, minha querida – os três riram, então a senhora olhou atentamente para null. – E você senhor null, é bom te ver, especialmente no Natal, faz tanto tempo desde que você nos abandonou...
- Como assim? Abandonou? – null perguntou confusa, as bochechas de null ficaram vermelhas instantaneamente.
- Você não sabe? – a Sra.Nicholls sorriu misteriosamente e tocou uma das bochechas de null com sua mãozinha, usando luvas azuis – Desde que a banda dele ficou famosa e ele foi morar sozinho, ele nunca mais voltou aqui...
- null? – null olhou assustada para o garoto que sorria sem jeito para a velhinha.
- Eu sei muito bem o motivo, mas ele te conta, certo, null? – a mais velha sorriu de um jeito doce para ele, que concordou com a cabeça. – Bom, estou congelando aqui fora... E como já sei que estão somente os dois em casa, eu os convoco para a ceia na minha casa...
- Não precisa se preocupar com a gente... – null sorriu educadamente, mas foi cortada pela senhora.
- Eu fiz a torta de maçã que você gostava quando pequeno. null – ela disse sugestivamente.
- Ah. isso não vale – o garoto disse frustrado, e as duas riram. – null, nós temos que ir.
- Dona Matilda Nicholls, eu preciso aprender isso! – null disse alto e rindo.
- Aprender o que? A torta?
- Não! Aprender a convencer o null tão facilmente... Ainda mais no Natal, a época que ele fica carrancudo – a garota fez os outros dois rirem junto.
- Você já tem esse dom, só não aprendeu a usá-lo corretamente – a senhora piscou para null, que enrubesceu rapidamente, assim como null. – Agora preciso ir... Espero vocês às nove.

- Posso confessar que ela me assusta? – null disse ao sentar ao lado de null no sofá da sala de estar dos null.
- Demais! Cara como ela sabe de tudo o tempo todo? – o garoto deitou, colocando a cabeça no colo de null, que logo mexeu em seus cabelos. – Ela sabe uns segredos muito sinistros, que tipo, que nunca falei pra ninguém.
- Tipo?
- Tipo o quê?
- Tipo, qual segredo seu ela sabe?
- Ahn, nenhum, null, foi modo de dizer – null desconversou e fechou os olhos, apreciando os carinhos da garota em sua cabeça.

May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white


- Que perfeição! A gente só percebe ama depois que perde... – null disse para si mesma ao observar a neve cair pela janela do quarto de null.
- Uau, null... Você tá... Nossa! – null entrou no quarto e ficou admirando a garota.
- Se isso foi um elogio... Muito obrigada – ela sorriu e ajeitou o vestido que usava, na cor vinho, levemente rodado, até os joelhos e mangas compridas; a menina usava meia-calça preta e sapatos de boneca também pretos, e seus cabelos estavam lisos, sem as típicas ondas, a maquiagem leve e os lábios rosados.
- Foi um elogio... Você tá linda, demais – null sorriu, se aproximando da janela.
- Obrigada, você está muito bonito também – ela fingiu arrumar a gola da camisa preta que o garoto usava; a camisa tinha as mangas compridas, mas que foram dobradas até os cotovelos, ele usava uma calça jeans surrada e o tênis que era quase sua marca registrada, os cabelos ainda molhados estavam totalmente bagunçados e null foi instintivamente com as mãos em direção à cabeça de garoto, mas antes de tocá-lo parou e sorriu sem jeito. – Desculpe, acho que alguns hábitos nunca morrerem.
- Você não tem que se desculpar... Você sempre será a oitava integrante do clã dos null, sendo assim, terá acesso ilimitado ao meu cabelo – null terminou o raciocínio, rindo das besteiras que inventou.
- Tudo bem, se você diz – null também riu e tocou os cabelos de null, que logo fechou os olhos; a garota mexia calmamente os dedos entre os fios de cabelo; até que sentiu as pernas fraquejarem quando null colocou as duas mãos em sua cintura; por estar de salto rapidamente sentiu a respiração dele atingir-lhe a boca; continuou arrumando os cabelos fingindo não notar nada; até null lentamente encostá-la na janela, nesse momento null passou as mãos pelos cabelos de dele até chegar à nuca, onde passou as unhas levemente, fazendo-o abrir os olhos, deixando-a sem fôlego, tamanha a intensidade naqueles olhos null que a encaravam; pouco a pouco null colou seu corpo ao de null, sem quebrar o contato visual.
- Promete... – ele murmurou contra os lábios da menina. – Promete que não vai fugir de mim depois... Disso. Porque a bronca eu aguento, mas eu não vou suportar...
- Me beija, null – null o interrompeu sussurrando e sorriu ao ver os olhos de null brilharem ao ouvi-la. Ele fez a mesma coisa que ela no mercado, puxou seu lábio inferior com os dentes, e sorriu, ainda a olhando nos olhos. null o puxou para mais perto pela nuca, e se surpreendeu quando null a prensou com certa força contra a janela, dando-lhe um longo selinho, um beijo no canto da boca, outro na bochecha, uma leve mordida no pescoço dela, depois outro beijo perto do ombro, null respirava profundamente e puxava a cabeça de null contra sua pele; ele mordeu o lóbulo da garota, que suspirou baixinho. – null...
- Calma, null... – ele riu um pouco tremulo e deu um selinho na menina. – Eu esperei quase seis anos por isso... Quero que seja perfeito...
- Eu esperei quase a vida toda... Quer comparar? – null brincou sussurrando, e sentiu os músculos de null enrijecendo contra seu corpo. – Foi uma piada, null.
- Não foi – ele disse sério e, antes que a garota pudesse protestar, pressionou mais seu corpo contra o dela, fazendo null gemer baixo e dar passagem a língua de null; a garota cruzou os braços no pescoço dele e correspondeu com vontade ao beijo... Após alguns minutos, null desceu os beijos para o pescoço de null, enquanto que com as mãos ele a puxava fortemente pelo quadril, fazendo a garota suspirar pesadamente; uma das mãos do garoto foi até a coxa de null, tocando toda a extensão da meia-calça, e subindo o vestido; ela por sua vez puxou os cabelos da nuca de null e trouxe a boca dele de volta para a sua, e dessa vez ela mordeu-lhe o lábio, fazendo null rir entre o beijo, quando a mão dele estava prestes a tocar o glúteo de null, a estridente campainha foi ouvida, fazendo os dois se afastarem, respirando rapidamente. null colocou a mão no peito, tentando se acalmar, null sentou na cama da irmã com as mãos entre as pernas – null atende lá, por favor... Eu não posso... Er, por favor?
- Tudo bem – null sorriu fraco e saiu do quarto em passos largos e trêmulos. Estava tão abalada que abriu a porta sem ver quem era. – Kalye?
- Priminha! – a mulher de longos cabelos loiros sorriu e abraçou a garota fortemente. – Nem acredito que é você!
- Nem eu acredito que é você – null disse ao se afastar da prima.
- Até que você cresceu... Não é que tá até bonita? Essa vida de rico te fez bem – Kalye olhava null de um jeito crítico.
- null? Quem... Kalye?! – um surpreso null apareceu ao lado de null na porta.
- Meu Deus! Como é possível você ter ficado mais lindo ainda? – a loira disse e se atirou nos braços de null, que olhava uma null muito irritava por cima do ombro de Kalye. – Vocês dois juntos? A duplinha está reunida! Pelo menos agora conseguimos diferenciar quem é o menino...
- O que você veio fazer aqui? – null perguntou rápido, evitando que null respondesse ao que a prima tinha dito.
- Ah, é – a mulher riu e deu um tapinha na própria testa. – A vozinha me pediu pra vir chamar vocês.
- Quem mandou?
- Vocês não sabem? Eu vou me casar com o Joey, neto da senhora Nicholls... – null e null se olharam rapidamente e depois sorriram para Kalye. – Então, daí a vozinha me mandou vir buscar vocês... Demoraram tanto, o que estavam fazendo? Aposto que jogando vídeo game ou alguma coisa do tipo, a null sempre gostou de coisas de menino...
- Acho melhor nós irmos então, não é? – null puxou Kalye pelo braço e a sentou no sofá da sala de estar. – Fica aí enquanto buscamos nossos casacos... Fica aí. Vem, null!
- Me diz que ela era diferente quando éramos mais novos, por favor – ele implorou para null ao chegarem ao andar superior. – null?
- Que foi? – ela disse sem virar para olhá-lo, escolhendo um casaco no guarda-roupa de null.
- Ela sempre te tratou assim? – null perguntou baixinho ao virar a garota de frente para si. – Como eu nunca percebi?
- Você tava ocupado demais olhando o decote dela ou pensando em qual quarto estaria vazio – null disse sem emoção enquanto vestia um sobretudo vermelho que marcou bem sua cintura.
- Eu sinto muito... Eu era um idiota – o garoto disse baixo, envergonhado – Você nunca revidou?
- Naquela época? Não. Era perda de tempo... Mas hoje, nem que você dance Mambo, da próxima vez que ela falar daquele jeito sobre mim, ela vai ter o que merece – null disse séria e olhou para a mão de null, estendida em sua direção.
- Que é, vai ficar só olhando? – ele sorriu, tentando fazê-la relaxar.
- Você quer que eu faça o quê? – a garota ainda olhava para a mão dele, que já ria da cena.
- Ahn... Quem sabe, você possa segurá-la? E assim, se você pudesse entrelaçar seus dedos aos meus seria bem legal...
- Pra quê? Você nunca pediu... Nós nunca andamos assim antes – ela agora olhava de um jeito desconfiado para a mão de null, que ainda estava estendida, esperando.
- Nós nunca fizemos o que a Kalye atrapalhou... Hoje é o dia das primeiras vezesnull sorriu de um jeito pervertido, que mesmo sem olhar, null notou pela voz dele.
- Pervertido! – ela disse sem olhá-lo e colocou sua mão na dele, que entrelaçou os dedos, sorrindo.
- Acho que quem aceita andar de mãos dadas com um pervertido, é até mais pervertida que o próprio pervertido – null ria da cara de confusão de null ao descerem as escadas.
- Ai, meu Deus, null você ta realizando o desejo de milhares de garotinhas da sua idade nesse exato momento – Kalye disse assim que os viu de mãos dadas. – Se sentir como se fosse namorada de um rockstar por alguns segundos.
- Nossa, obrigada por me achar uma garotinha... É bondade sua, porque na minha idade você já tinha desvirginado todos os garotos do colégio onde você dava aulas de ginástica – null disse sorrindo calmamente, null segurou o riso ao ver a cara de Kalye. – E ah, avise pras garotinhas da minha idade, que se elas tiverem uma prima vadia, elas vão se irritar no começo... Mas o rockstar tá garantido.
- E então, vamos? – null mordeu o lábio para controlar a vontade de rir.


- O que tem pra me dizer? – a velhinha sentou ao lado de null sorrindo sugestivamente.
- Não entendi... Do que a senhora ta falando? – ele sentiu o coração disparar.
- Não mesmo? Um casal chegando de mãos dadas na minha casa foi uma cena bem bonita... Você deveria ter visto... Eu contei uma coisa muito importante pra esse rapaz há alguns anos atrás, acho que ele esqueceu... Mas vê-lo de mãos dadas com a garota que ele ama foi emocionante – a senhora Nicholls sorria casualmente ao falar, observando sua casa cheia.
- Como a senhora faz isso? – null disse baixinho. – Eu nunca teria percebido o que sentia por ela naquela época se não fosse pela senhora...
- Eu não fiz nada demais, apenas contei uma historia de amor... Você enxergou tudo sozinho, querido – ela também disse baixo, dando uma piscadela. – Tudo sempre esteve diante dos seus olhos, você só estava olhando sem realmente ver...
- O que você dois estão cochichando ai? – null apareceu sussurrando, fazendo null se sobressaltar e a Senhora Nicholls rir.
- Eu estava contando sobre um casal que um dia eu conheci – a velhinha segurou a mão da menina e depositou um beijo no local. – Ela sempre soube que o amava, mas ele demorou a perceber isso... E quando ele o fez, parecia ser tarde demais... Tudo levava a crer que o destino os dera uma segunda chance, mas tinha uma coisa que eles não sabiam...
- O quê? – null perguntou curiosa.
- Quando vocês descobrirem, me contem – a senhora disse olhando para os dois e saiu.
- O que ela quis dizer? – null sentou ao lado de null.
- Eu nunca entendo o que a senhora Nicholls diz – ele respondeu vagamente.

- 10, 9, 8, 7, 6...
- Isso é Natal ou ano novo?
- Deixa de ser rabugento, null!
- 5, 4, 3, 2, 1: FELIZ NATAL! – O céu, até então branco, se tornou multicolorido... Os fogos de artifício preencheram a noite congelante... Todos se abraçavam, se cumprimentavam, o coral das crianças estava animado ao cantar um Jingle...
null olhava para o céu com os seus cheios de lagrimas, quando null a abraçou por trás e disse baixinho:
- Acho que eu nunca vi alguém tão linda quanto você nesse exato momento.
- Você é um bobo, mas eu agradeço – a garota colocou as mãos sobre as de null, que estava em sua cintura. – Nossa, eu senti tanta falta disso.
- Do quê? – ele perguntou pressionando os lábios contra a bochecha da menina.
- De tudo isso: os vizinhos que conheço desde que nasci, a minha casa, a sua casa, a senhora Nicholls e suas filosofias confusas e principalmente de você... – ela disse, olhando os últimos fogos de artifício que brilhavam no céu.
- Eu fui te ver – null disse de repente, e null riu pela frase fora do contexto, se soltou dos braços dele e ficou frente a frente.
- De onde saiu isso? – ela perguntou fazendo uma careta.
- Eu fui a Auckland pra ver você – disse devagar, olhando fundo nos olhos da garota.
- O... O que? Como assim? Quando? – ela deu alguns passos para trás.
- Desde que você foi embora, eu vou a Auckland em todos os Natais – null disse mais alto, quando percebeu que todas voltaram para dentro da casa da senhora Nicholls. – E eu não venho pra casa há exatos cinco anos.
- Do que você ta falando? – null disse devagar, séria.
- Eu me odiava, null... Eu me odiei por perder a minha melhor amiga e a garota que eu amava de uma única vez... Quando eu tentei reparar o erro, era tarde demais – null esticou a mão na tentativa de tocar o rosto de null, quando viu seus olhos marejarem. – null, seis anos atrás, na noite de Natal você disse que me amava...
- Para, pode parar! Você jurou nunca mais falar disso... Você jurou pela nossa amizade – null disse com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas. – Eu não vou te perdoar... Eu não vou... Para com isso, tá frio! Vamos entrar.
- Não, null, agora é a minha vez de falar – null a segurou pelos ombros tentando fazê-la olhar em seus olhos, mas null mantinha os olhos fixos no chão. – Você me deixou apavorado quando disse que me amava... Porque eu não sabia se sentia a mesma coisa por você... Eu tive tanto medo de não corresponder suas expectativas, de que mesmo sem querer, eu te magoasse... – a voz do garoto estava trêmula, mas o frio cortante não tinha nenhuma parcela de culpa nisso. – Foi por isso, null, e só por isso que eu disse que te via do mesmo jeito que vejo a null... Mas naquele dia, quando eu te vi chorando, eu perdi a cabeça... Eu fiz com que você não quisesse me ver durante cinco anos... Todo mundo sempre soube que a única coisa que me mantinha nessa cidade era você, então assim que você foi embora eu fui morar sozinho...
- Nada disso que você falou me interessa – null disse seca, levantando o rosto e encarando null com os olhos cheios de lágrimas. – Eu quero saber sobre Auckland.
- Essa época de fim de ano nunca fez sentido sem você, porque a gente se completava: você amava e eu odiava, você feliz e eu rabugento... No primeiro ano sem você, eu fui por impulso... Minha mãe me deu o endereço de vocês... Eu te vi na noite de Natal, na praia... Você tava triste e tudo o que eu mais quis foi te abraçar e pedir pra você esquecer tudo e aceitar ser só a minha melhor amiga – null respirou fundo e sentiu os próprios olhos marejando, quando percebeu que null estava irredutível. – Nos quatro anos seguintes eu fui te ver, mesmo que de longe, porque o Natal só fica completo se for com você... Então esse ano, a minha irmã quis me ajudar... Nos ajudar.
- Você lembra do que eu te chamei quando nos despedimos? – Ao fim da frase, a primeira lágrima de null caiu em sua bochecha. – Lembra, eu sei que lembra. Eu te chamei de covarde... E com toda essa historia você provou que você é realmente um tremendo covarde! Você sofreu durante cinco anos à distância porque não teve coragem de lutar pelo o que você quis... Você tentou falar comigo no começo, eu sei... Mas você desistiu, e esse foi seu erro.
- Não tô entendendo – null sentia as pernas tremendo, mas seu corpo estava quente, a respiração profunda e os batimentos cardíacos a mil.
- A filial inglesa do hotel me convidou pra trabalhar aqui – null sorriu amargurada. – E eu recusei, por não querer ficar perto de você, pra te deixar seguir sua vida... Como eu sempre fiz. Me sentia culpada por sofrer quando você passava com uma nova namorada, afinal, se eu gostava de você, tinha que te contar... – nesse momento a garota desistiu de lutar contra as lágrimas. – Eu errei muito também, mas o meu maior erro foi sempre querer o seu bem antes do meu...
- null... Eu quero você de volta.
- Como assim, de volta?
- Na minha vida – null segurou a garota pelos braços e olhou fundo em seus olhos. – Eu acabei de perceber que não importa como. Amiga, namorada... Eu quero você de volta da minha vida.
- Querer não é poder... Porque eu queria ficar perto de você sem sentir nada – ela disse séria, bem perto do rosto de null.
- O que você sente? Você não matou e enterrou tudo o que sentia por mim? – sem esperar resposta, o garoto aproveitou a proximidade de encostou seus lábios nos de null, que para sua surpresa, segurou a gola seu casaco e pressionou seus lábios com mais força.
- Essa porcaria desse amor já está impregnado em mim – ela sussurrou de olhos fechados.
- Bom saber – null disse contra os lábios da menina, a abraçando pela cintura. – Você pode matá-lo e enterrá-lo... Ele vai se desenterrar e reviver.
- E o acontece quando o seu amor vem pra cidade? – null perguntou, sorrindo em meio a algumas lágrimas restantes ao se lembrar de ele lhe dizendo “O meu amor não está morto e enterrado... Ele só está deixando a cidade”.
- Eu o prendo aqui comigo, pra semprenull riu e deu um selinho na menina, logo pediu passagem com a língua para aprofundar o beijo, passagem que foi concedida de bom grado, o frio e a nevasca que começava a cair foram esquecidos imediatamente... Ou quase.
- null! – null interrompeu o beijo de repente.
- Que foi?
- O convite de emprego que o hotel fez ainda ta valendo né?
- Provavelmente sim...
- Ótimo – null sorriu e voltou a beijá-la, mas null logo o afastou. – Que foi?
- Quando você foi a Auckland, onde você ficou?
- Como assim? – null deu-lhe um selinho e puxou seus lábios entre os dentes.
- Em qual hotel você ficou? – null fingiu estar brava, cerrando os olhos para ele.
- Er... No seu concorrente – ele riu e fez uma careta antes de null gritar:
- null null!

This is Christmas
Yeah, Christmas my dear
The time of year
To be with the one
You love



THE END.

N/A: We wish you a Merry Christmas, we wish you a Merry Christmas (8) Heey, minhas lindas! Feliz Natal! Muita saúde, paz, amor e felicidade pra todo mundo!
Bom, espero que tenham gostado do conto... Porque ele foi feito com muito amor e esforço. Eu estava finalizando e do nada a luz acaba, o word salvou apenas 1 das 6 paginas que eu tinha escrito naquela hora. Reescrevi tudo de madrugada.
Então, sejam boazinhas com tia Bru, ok?

OFF: eu tinha certeza que a Marii-Marii tinha mandado o e-mail pra pessoa errada. Eu? Conto de natal? Na att especial do site? Mas ela garantiu que estava certo, então... Ah que lindo! *----*

Feliz Ano 2010 queriiiidas!
Beiijinhos,
Bru

Nota da beta: Own! Essa foi suada, mas valeu a pena!
A cada dia que passa, eu me impressiono mais com a capacidade da Bruninha escrever coisas completamente cute. Sério, um dia eu vou morrer de dor no coração por não viver uma história dessas!
Alguém aí tem traumas com Natal, dona Bruna? Poxa, me identifico tanto com a personagem de WLCTT! Eu amo épocas festivas em geral, mas o Natal é meu feriado favorito!
E então, gatinhas, o que acharam da fic? Acho bom comentarem, hein? E qualquer erro de português, script, html, qualquer coisa, não hesitem em mandar um e-mail para mim, certo? Obrigada, lindas!
Beijos, um Feliz Natal e um ótimo 2010 para todas vocês!
Marii-Marii

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