Escrita por: Stella Burke | beta reader: Anna Luiza Schmidt
revisada por Lelen


Capítulo Um – This is the story of a girl


Essa é a história de uma garota pela qual eu estou apaixonado há exatamente cinco semanas, quatro dias, sete horas, quarenta minutos e dez segundos. Ela é minha vizinha, não me chamem de espião, mas como meus amigos viajaram nesse verão, eu fiquei observando a vizinhança e a encontrei. Relaxe, eu não a vi nua, ela se troca no banheiro. Enfim, nesse momento estou olhando pela enorme janela em cima da minha escrivaninha, onde eu posso ver seu quarto, ela está deitada em sua cama com um short listrado em azul, vermelho e branco, bem curto, com uma blusa branca colada. Ela está lendo um livro, não sei identificar qual, e ouvindo música, porque às vezes ela para de ler e começa a cantar. E ela é absolutamente maravilhosa! Nunca conversei com ela e isso é frustrante. Não consigo chegar perto dela, mas eu sei tudo sobre ela. Por exemplo, Das duas horas da tarde até as quatro, ela lê um livro, nesse meio tempo que eu andei observando-a, ela já leu cinco livros. Ela faz isso todos os dias, quando são quatro horas, ela sai para correr na rua e volta às seis horas, toma banho e fica em seu computador. Nunca a vi saindo com alguém, só sai de seu quarto para comer e ir correr na rua. Como nossas casas estão a cinco metros de distância, eu ouço toda a briga que ela tem com o pai, às vezes me preocupo, porque ele é um imbecil com ela, e ela apenas fica com raiva e deita na sua cama chorando, chora demais! Nunca vi menina pra chorar assim. Mas tem uma coisa que eu não sei; o seu nome. Ta bem, seu pai vive brigando com ela, mas em nenhuma das discussões ele fala o nome dela. Não sei mais o que posso fazer para saber seu nome. Eu nunca a vi sorrir, ela está sempre séria enquanto lê um livro, e sempre briga com o pai, nunca vi um sorriso sair de seu rosto.

Hoje, eu decidi que vou correr junto a ela, é, vai ser divertido, tirando o fato de ela não ser sedentária como eu e não perder o fôlego como eu. Coloquei um short de esporte vermelho, uma blusa branca regata, um tênis e uma faixa vermelha tipo Rambo na cabeça. Acho tão legal essas faixas, me deixam com cara de atleta. Saí da minha casa e olhei no relógio, eram quatro e cinqüenta e oito. Esperei algum tempo e ela saiu de casa e começou a correr. Droga, ela é muito rápida, corri até ela, estava morrendo. Não conseguia respirar direito, fiquei ao seu lado e ela olhava para frente, ignorando minha presença.
- Er.. Oi – Falei inseguro, ainda um pouco mais atrás, e ela não me olhou, não sabia o que fazer, se insistia ou se simplesmente virava e corria de volta pra casa. Mas eu tenho que conhecê-la. – Olá?
- Oi – Ela me respondeu ainda olhando para frente, eu percebi que ela queria que eu fosse embora
- Então, er... Eu sou , seu vizinho – Estendi minha mão a ela com dificuldade, porque estava ficando para trás
- Prazer – Ela falou aumentando o passo. Que menina mais ignorante! Ah, isso não vai ficar por aqui, eu vou saber o seu nome.
- Então – Aumentei meu passo também, agora ficando ao seu lado – Como se chama?
- Do que te interessa? – Uau, essa tocou meu âmago. Que menina mais seca, ignorante, credo. Só o nome. Isso é pedir muito?
- Bem, er, não posso saber seu nome? – Eu vou perturbá-la até voltar pra casa, mas eu vou saber seu nome!
- Na verdade, não – Ela acelerou mais, estou ficando irritado e eu não gosto de ficar irritado.
- Aposto uma corrida – Falei, correndo mais rápido a sua frente, mas quando olhei para trás, ela corria no mesmo ritmo de antes. Parei até ela chegar perto de mim – Por que você não quer falar comigo?
- Porque será inútil para mim – Ela acelerou mais e eu fiquei parado, vendo-a se distanciar de mim. Isso não acabou por aqui.

Cheguei em casa morto, entrei num banho de água fria. Sai do banho e olhei no relógio, são seis horas. Subi até meu quarto e ela estava entrando no banheiro. Me joguei na cama e dormi. Não sei por quanto tempo eu dormi, mas acordei com um cheiro muito bom de comida e desci as escadas correndo, meu estômago gritava por comida. Entrei na cozinha e a minha adorável mãe me serviu um delicioso jantar. Acabei de comer e subi para o meu quarto, olhei para o quarto dela e isso foi estranho. Ela estava me observando, quando me aproximei da janela, ela desapareceu. Será que estou imaginando coisas? Minha mãe deve ter posto alguma coisa naquela comida, viu. Me sentei na escrivaninha e fiquei olhando para o seu quarto. Não havia movimento, ela sempre está no seu quarto há essa hora. Que estranho.

Capítulo Dois - She woke up with hope, but she only found tears


Não consegui dormir essa noite, fiquei observando-a. Ela não dormia como um anjo, quer dizer, era linda dormindo, mas ela estava um pouco perturbada. Acho que estava tendo um pesadelo. Ela se mexia na cama rapidamente, como se quisesse fugir de alguma coisa. Foi assim a noite inteira, quando começou a amanhecer, ela estava mais relaxada. Às oito horas e trinta e quatro minutos, ela se sentou na cama e ficou encarando seus pés. Ficou muito tempo assim, até que levantou o rosto e me olhou, não desviei olhar, estava preocupado com ela. Não sei quanto tempo ficamos nos olhando, então ela se levantou e foi para uma mesinha que tinha em seu quarto, fez alguma coisa e andou até a janela, me mostrando uma placa. Andei até ela e pude ler “Quanto tempo mais vai ficar me observando?” era o que dizia a placa. Engoli a seco, há quanto tempo ela deve saber que eu ando observando-a? Ah, impossível, não fico o dia inteiro olhando, só quando não faço nada. Peguei um papel na minha escrivaninha e escrevi “Até você me dizer seu nome” e mostrei pra ela. Ela não gostou nem um pouco, porque virou de costas e foi até o banheiro. Será que ela tem o nome horrível e não quer que eu saiba? Ah para, é só me falar outro jeito para eu poder chamá-la, né? Coloquei o papel em cima da escrivaninha e fui para o banheiro tomar um banho. Estava cansado, não dormi a noite inteira, não por ficar observando-a, mas porque o sono simplesmente não vinha. Saí do banho, me sequei e fui para o meu quarto de toalha, pra vestir uma roupa, mas me deparo com um papel colado na janela dela, com alguma coisa escrita, cheguei parto da janela e pude ler . Sorri, tinha um belo nome.

Eu desci para tomar meu café da manha, como a minha mãe ainda está dormindo, peguei um pão de forma, passei manteiga e comi. É gostoso! E agora, o que eu faço? Hm, eu já descobri seu nome, um quarto do caminho andado, agora vamos ao que interessa. Uma conversa civilizada. Mas como fazer isso? Ela só me da patada. Subi para o meu quarto e liguei o vídeo game, eu sou garoto, ok? Amo um vídeo game. Coloquei o Mario Cart no meu Nintendo Wii e comecei a jogar. Não sei quantas horas passei jogando Mario Cart, mas eu bati o carro quando vi que estava gritando de novo. Mas não era com o seu pai, ela apenas estava gritando no quarto, sozinha, como se tivesse com raiva de alguma coisa e começasse a gritar para soltar a raiva, então ela deitou na cama e começou a chorar. Ela ficou duas horas chorando, sem parar, que estranho, nunca vi alguém chorar tanto. Então ela virou a cabeça para o lado da janela de olhos fechados, lágrimas ainda caíam de seu rosto, mas estavam mais calmas do que antes. Então eu voltei ao meu vídeo game, e se ela abrir os olhos e perceber que eu estou olhando para ela? Ai ela vai ficar mais irritada ainda. Estava jogando super mal agora, estava preocupado. Por que será que ela está assim? Quem foi que fez alguma coisa assim pra ela? Ela não merece isso, é uma pessoa tão boa. Cansei de jogar e olhei para a casa dela, ela estava me observando, há! Não sou eu que estou mais olhando agora né. Então ela virou para o outro lado. Uma coisa muito estranha que aconteceu, foi que assim, ela não leu nenhum livro e nem foi correr hoje, será que aconteceu alguma coisa?

To com fome. Desci para almoçar, e a minha mãe é a melhor cozinheira do mundo todo! Comi toda a comida maravilhosa que ela colocou no meu prato e subi de novo ao meu quarto. Olhei para ela que agora dançava “You Raise Me Up” do Westlife. Como eu sei? Bem, estava no último volume e eu ouvi do meu quarto, ela subiu na cama e começou a cantar com emoção, deveria ser uma atriz. Então a música ficou mais calma, ai ela pulou no chão e começou a cantar ferozmente o terceiro refrão da música, ela subiu de novo na cama e continuou cantando como se tivesse sentindo a música. Então ela se sentou e cantou o final calmo da música. Se jogou para trás deitando só o tronco na cama, as pernas ficaram para baixo. Queria saber o que se passava com ela, por que é assim?

Ela se levantou, olhou para mim e acenou com a mão. Essa garota é um pouco bipolar, não? Uma hora chega e fala que é inútil conversar comigo, agora fica acenando pra mim. Acenei de volta. Então ela fez um sinal para descer eu acho. Ela apontou para baixo, então concordei e saí do meu quarto como ela fez. Desci as escadas, saí de casa e lá estava ela, que rápida. Andei até a frente do jardim onde ela estava.
- Oi – Disse ela, fazendo um gesto com a mão
- Oi – Dei o meu melhor sorriso para ela, mas ela não retribuiu
- Bem, er – Ela olhou em volta – Quer andar?
- Claro – Sou muito simpático, tá? Sabia que era só conversar um pouco com ela que íamos virar conhecidos.

Começamos a andar na noite quente que estava fazendo, ela olhava para baixo. Não falamos nada até que chegamos a uma praça e sentamos no banco, ela ficou olhando para o seu all star verde, um pouco sujo. Está um calor horrível e ela de calça, não entendo. Não sei quanto tempo ficamos ali sentados sem dizer nada, mas ela quebrou o silencio.
- Me desculpe – Ela continuou olhando seu tênis.
- Hm, por que? Você não me fez nada – Eu olhava para ela, mas ela nem hesitava em me olhar
- Bem, eu fui muito grossa com você – Ela continuava olhando os tênis.
- Ah, não tem problema – Sorri para ela que olhou para mim com os olhos lacrimejando.
- Você pode me abraçar? – Perguntou ela, envolvendo os braços em volta de mim e começando a chorar, então eu a abracei de volta, um pouco assustado – Desculpa te fazer passar por isso, eu acho que é a única pessoa próxima.
- Tudo bem – Eu não sei o que posso falar, fazer, nunca fui bom em conselhos! OMG! E agora? Perguntou o que aconteceu ou não? Acho melhor não né, mas eu sou curioso, o que eu faço? – Er... O que aconteceu para você ficar assim?

Ela se soltou do abraço, enxugou algumas lágrimas e ficou em silencio, por muito e muito tempo. Ela ficou olhando para o chão, o que será que está pensando? Como eu sou um curioso idiota? Ai que raiva, por que eu sou assim? Por que não fiquei calado só sentindo sua dor? Ai, como eu sou retardado!
- Bem – Ela falou e olhou para mim – Meu pai trai a minha mãe, todo o dia – Ela deu de ombros, como assim ela dá de ombros? O pai dela trai a mãe dela! Como assim?
- E, sua mãe sabe? – Perguntei inseguro, meu deus, por isso que ela vive gritando.
- Sabe, por isso ela injeta heroína – Ela mexia nervosamente com as mãos olhando para o seu All Star – Meu pai simplesmente não liga para ela
- E você, não faz nada? – A MÃE DELA É DROGADA? COMO ASSIM?
- Bem, da última vez que tentei ajudar, levei um tapa na cara, já chamei as reabilitações e tudo mais, mas ela não tem jeito, já está nessa ha muito tempo. – Ela olhou para baixo com uma lágrima escorrendo por um olho, e logo a enxugou – Sabe, por isso que leio livros, para tentar não viver nessa realidade.
- Eu sinto muito – Eu realmente não sei o que dizer, por isso ela fica gritando e tudo mais, coitada, eu não sei o que fazer, como agir, o que posso falar.
- Eu também – Ela olhou para mim – Eu não agüento mais isso – Ela falou meu nome, não sabia que ela lembrava meu nome!
- Vai melhorar um dia – A abracei e ela retribuiu.
- Quando? – Ela me perguntou com a voz tremendo.
- Eu não sei – A apertei mais forte contra mim e ela começou a chorar – Você, gostaria de ir lá em casa jogar vídeo game?
- Eu posso mesmo? – Ela olhou para mim, seus olhos tinham lágrimas e demonstravam tristeza.
- Claro – Sorri tentando confortá-la, mas ela não sorriu, só concordou com a cabeça e andamos de volta para a minha casa.

Eu a abracei de lado todo o caminho de volta para a casa, e ela também, estava tão feliz. Quer dizer, eu AMO essa garota! Mas por que a vida dela é tão complicada? Eu queria poder ajudar sabe? Me sinto tão inútil agora. Entramos na minha casa e a guiei até meu quarto, liguei o vídeo game e ela ficou observando meu quarto, é, ele está um pouco bagunçado, droga!
- Ele parece maior, visto daqui – Ela olhou pela janela – Então é daqui que você fica me espionando!
- Bem, não espionando – Cocei a nuca e ela olhava pela janela – Digamos, observar a vista.
- Uhum – Ela olhou para baixo – Quer dizer, ver o meu sofrimento.
- Não, eu só observo a sua rotina às vezes – Deu de ombros, iniciei o jogo e dei um volante para ela.
- Como joga? – Ela se sentou no chão de frente para o jogo.
- Bem... – Me sentei ao seu lado mexendo no controle que eu vou usar e expliquei para ela como se joga.

Ficamos o resto da noite jogando, até que deu meia noite e alguma coisa, ela teve que voltar pra casa, a levei até a porta da casa dela que não é nem um pouco longe da minha casa, ela entrou em sua casa e eu voltei para a minha, ela me parecia tão triste, pensei que Mario Cart deixava qualquer pessoa feliz, mas me enganei, ela não sorriu nem uma vez.

Capítulo Três - Her pretty face she hid from the world


Muitos dias se passaram, eu fazia de tudo para que ficasse melhor, mas pelo o que ela me dizia, estava ficando pior ha cada dia, a briga entre seus pais ficava mais freqüente ha cada dia. Eu estava nesse momento sentado na minha cama, observando . Ela estava se arrumando para correr. Quando terminou, olhou no espelho. Sabe, ela é uma menina linda. Mas ela não se olha no espelho vendo isso. Ela tenta ver algo mais, mas parece não encontrar. Só o seu reflexo, como se ele não fosse o suficiente para mostrar quem ela é.

Fiquei jogando vídeo game todo o tempo em que ela ficou correndo. Só soube que ela voltou para a casa porque seu pai começou a brigar com ela de novo. Ele disse que ela não servia pra nada, só pra dar trabalho e gastar o dinheiro dele. Eu realmente não acreditei nas coisas que ele disse para ela. Esse homem é cruel. Ela apenas deitou na sua cama e começou a chorar. Sabe, não é que eu sinta pena dela, mas eu me sinto muito mal por não poder fazer nada para ela, entende? Mas espera ai. HÁ! Eu tenho uma idéia! Peguei uma roupa um pouco decente para sair de casa e me troquei. Desci as escadas e parei no jardim em baixo da minha janela, de frente para a dela. Comecei a tacar pedrinhas que nem naqueles filmes velhos e clichês. Então ela apareceu na janela com os olhos inchados, sorri para ela, mas ela não sorriu, se debruçou na janela e me olhou.
- O que está fazendo? – Perguntou ela com a voz falha.
- Ué, vim te chamar para sair – Sorri para ela que olhou para a porta.
- Eu não posso, briguei com o meu... – Ela mordeu o lábio, mas eu entendi o que ela quis dizer.
- Quem disse em sairmos pela porta? – Ela arregalou os olhos.
- , tem mais de cinco metros de altura, você é louco – Ela balançava a cabeça negativamente.
- Há, você é leve, eu te pego! – Abri meus braços para ela.
- Ah é, e agora você é o super homem, né? – Ela rolou os olhos.
- Vem! – Eu pulei a pequena cerca que separava nossos jardins e abri os braços.
- Você está falando sério mesmo? – Ela me olhou como se eu tivesse mentindo! Eu sou um menino bem fortinho, viu?
- Tenho cara de quem está brincando? – Sorri confiante para ela
- Ok, então espera ai – Ela entrou no quarto de novo e apareceu rapidamente na janela – Meu Deus, eu to com medo .
- Confia em mim – Olhei sério para ela, que mordeu o lábio.

Ela concordou com a cabeça e colocou uma perna para fora da janela, e a outra, ficou sentada no parapeito, deu a última olhada em seu quarto e pulou. Eu acho que nunca em toda a minha vida tive que fazer tanta força, não estou chamando-a de gorda, ela está muuuito longe de ser gorda, tão longe que quando eu a abraço parece que eu mesmo me abraço. Voltando a força que eu usei, consegui segurá-la, prêmio pra mim, mas eu caí de bunda no chão depois, porque foi muito rápido, né.
- Você está bem ? – Perguntou ela, saindo rapidamente de cima de mim e me ajudando a levantar
- Ótimo – Sorri com dificuldade, me levantando, ai que dor na bunda!
- Eu disse que isso não ia ser uma boa idéia – Ela olhou para o seu quarto – Como eu subo de volta agora?
- Isso é uma boa pergunta – Boa pergunta mesmo, meu plano que parecia infalível, falhou! DROGA! Não penso nada direito.
- Ai – Ela passou a mão no seu cabelo, que estava molhado porque tinha acabado de sair do banho. – E agora?
- Que tal – Eu comecei a falar para deixá-la tranqüila. – sairmos um pouco, você esfria a cabeça, porque eu fiquei muito mal por tudo que o seu pai te falou e...
- Você ouviu? – Ela olhou para baixo, mexendo com seu all star rosa – Olha, desculpa fazer você ouvir essas coisas, eu simplesmente queria que acabasse...
- , não tem problema, ta? A gente sai para você esquecer – Sorri, ela me olhou com seus enormes olhos que estavam a ponto de chorar, meu Deus, não sei o que eu faço quando vejo essa menina chorando, fico tão mal.
- Ta bom – Ela mordeu o lábio, concordando com a cabeça.
- Esquece isso, tá? – Beijei sua testa, ela deixou uma lágrima cair e me abraçou bem forte.
- Obrigada – Ela sussurrou no meu ouvido com sua voz fraca de tanto chorar. Eu me arrepiei. Cara, essa menina me faz ter aquelas borboletas no estômago!
- Vamos – Peguei em sua mão – Vamos explorar a cidade que vivemos e não conhecemos – Sorri para ela, que me olhava sem entender.
- Tudo bem, né – Ela deu de ombros.

Não sabia exatamente onde estava levando-a, mas qualquer lugar que seja longe dessa realidade que ela é obrigada a viver já era um começo. Bem, não sei quantos quarteirões andamos, mas chegamos a um pequeno parque e fomos brincar como crianças felizes. Quer dizer, por minha parte, ela não sorriu. Eu juro que não sei mais o que fazer para essa menina sorrir, já jogamos Mario Cart e ela não sorriu, já fiz várias coisas idiotas para ela rir e ela não riu, juro que não sei mais o que fazer. Mas eu vou conseguir ver um sorriso.

Bem, uma coisa que preciso contar, é uma menina linda, tá, isso já está ficando chato de tanto que eu falo, mas quando você a olha como estou vendo nesse momento, ela sentada no balanço, triste, com um short jeans largo e rasgado, all star rosa sujo e uma blusa grande, branca, com detalhes em rosa, você não a acharia a pessoa mais bonita do mundo como eu vejo. Ela parece que cansou de viver e não tenta mais ser bonita, apenas continua vivendo com a esperança de um dia seus pais melhorarem. Eu estava sentado no carrossel olhando para ela, que se sentava no balanço, o movendo para frente e para trás com as pernas, então ela olhou para mim. Sorri para ela e fiz sinal para se sentar ao meu lado, ela o fez. Olhei para ela, que continuava com os olhos tristes, ela me abraçou e apoiou a cabeça no meu ombro direito. Eu mexia em seu cabelo e sentia minha blusa ficando um pouco molhada, ela estava chorando de novo.
- ? – Ela olhou para mim com seus olhos marejados.
- Sim . – Sorri para ela, tentando confortá-la
- Eu preciso te contar uma coisa – Ela mexeu com suas mãos e isso me preocupou – Bem, eu vou começar do começo. Há um ano, quando meus pais ainda se entendiam, me levaram ao hospital e lá, eu acabei descobrindo que tinha leucemia.

Meu mundo parou, como assim? Ela tem leucemia? Ela é perfeita, corre todo o dia, seu cabelo está normal, como assim ela tem leucemia? Ela não pode ter, eu amo essa menina, não. Eu não sei que cara estou expressando nesse momento, mas quando eu ia falar algo ela colocou o dedo nos meus lábios pra ela continuar falando, e eu deixei.

- Hoje, o motivo de o meu pai brigar comigo – Ela mordeu o lábio – É que o tratamento que eu fiz ano passado não funcionou, disse que eu estava curada porque eu descobri no começo da doença, mas se enganaram e eu continuo com a doença. E está ficando mais grave, meu pai não quer pagar o meu tratamento e minha mãe não faz absolutamente nada. Então eu acho que daqui a alguns anos vou... Você sabe.

Eu não acredito que ela falava aquelas palavras, aquele pai maldito que ela tem não liga se ela morrer? Eu tenho que fazer alguma coisa! Não posso deixá-la morrer assim! Não vai dar para viver sem ela, eu estava chorando, sentia lágrimas grossas percorrerem meu rosto.
- Não, eu não vou deixar você morrer assim – Eu falava rápido, ela ia falar, mas eu continuei – Eu vou arranjar um emprego, pagar o seu tratamento! Eu não vou te deixar morrer , você é muito importante para mim.
- , é melhor assim...
- Não diga isso, , eu te amo! Eu não posso te deixar ir assim! Eu vou estar com você pra tudo! – A abracei forte, agora eu estava um lixo, essa menina não pode morrer. Eu não vou deixar isso acontecer nunca! Nem que eu morra em seu lugar.
- , você não tem que fazer nada, eu simplesmente cansei de viver e eu acho que essa doença veio na melhor hora – Ela me abraçava de volta, então saí do abraço e a encarei, minha visão estava embaçada por causa do meu choro.
- Não, , você não entende que eu te amo? – Segurei firme em seus braços e ela me olhou com seus enormes olhos, que tinham pequenas lágrimas nos cantos – Eu te amo muito. , não vou desistir de você! Eu não posso.
- Eu também te amo, – Ela enxugou as lágrimas do meu rosto – Mas você não tem que fazer nada por mim.
- Tenho, eu tenho que fazer. Se seus pais não fazem, eu faço – Eu não sei como me caiu coragem, mas quando terminei de falar isso, juntei meus lábios no dela e ela correspondeu meu beijo. Eu nunca amei ninguém como eu amo essa menina, nesse pouco tempo que eu a conheço, me apaixonei por ela e ela se tornou minha vida, não vou saber continuar vivendo sem ela. Parti o beijo e a olhei – , não me faça viver sem você, por favor.
- Tudo bem – Ela me abraçou e a apertei forte contra mim.

Bem, voltamos para casa, eu estava horrível, mas amanhã eu vou acordar cedo e procurar um emprego, eu faço tudo por essa menina, tudo mesmo! Bem, quando chegamos à frente da sua casa eu a fiz subir nos meus ombros, isso não é muito difícil, porque ela é bem leve, ela conseguiu segurar no parapeito da janela e entrou no seu quarto com dificuldade. Voltei para a minha casa me sentindo um nada, nada mais importava até que ela fosse curada.

Capítulo Quatro - And while she looks so sad and lonely there


Bem, como eu disse que faria, arranjei um emprego em uma loja de butique feminina, era estranho ver aquelas mulheres ricas todos os dias lá, pagando um absurdo em uma calça enquanto pessoas como estão morrendo. Pelo menos meu salário era um pouco bom, 1.500 reais por mês é bom, eu acho. Pedi um pouco de ajuda para a minha mãe também ajudar a pagar o tratamento dela. estava no hospital agora e eu a visitava todos os dias, até dormia no hospital, só saía de lá para trabalhar. Pelo o que o médico me disse, o tratamento estava indo bem e que em alguns meses ela poderia estar curada, isso me deixava muito feliz. Ela não vai morrer, sabe? Vários dias se passaram e o médico só me dava boas noticias sobre o tratamento, eu estava ao seu lado na cama, era triste vê-la naquela situação. Ela deitada naquela cama de hospital com um olhar triste no rosto. Mas eu procurava dar o melhor de mim para fazê-la feliz.

Mais dias se passaram, eu estava agora no meu quarto me arrumando para o meu trabalho. Quando saí de casa, me deparei com o pai dela. Olhei bravo para ele, que tinha os mesmo olhos de . Não fisicamente, mas tristes que nem os dela.
- Onde a minha filha está? – Perguntou ele, com sua voz grave.
- Se tratando, e não graças a você – Fui andar, mas ele me segurou.
- Olha, – Ele olhava para mim – eu sei que eu sou o pior pai do mundo para a minha filha. – Ainda bem que sabe. – Eu estive esses dias pensando em tudo que ocorreu e, eu vou pagar o tratamento da minha filha e lhe pagar tudo de volta, eu agradeço muito por ajudar.
- Você o que? – Eu estava pasmo, ele resolveu ajudar ?
- Ontem quando cheguei em casa, vi a minha mulher injetando heroína de novo, e naquele momento eu percebi, que tudo o que eu tinha e passei a minha vida inteira construindo, estava indo embora. Minha mulher é drogada, minha filha está morrendo. Eu só quero minha família de volta. – Eu vi uma lágrima cair de seu rosto e ele a secou – Hoje eu conversei com a minha mulher, disse a ela que tudo poderia voltar a ser como antes, se ela parasse de se drogar e tivesse vontade para isso, então ela aceitou ir à reabilitação. Eu descobri que a minha família é tudo que eu tenho.
- Eu não sei o que dizer, eu te levo para visitar a – Eu realmente não sabia o que eu podia fazer. Eu estava chocado com essa situação, ela ia ser feliz novamente.
- Bem, se você puder me ajudar em uma coisa – Ele abaixou um pouco, o pai da era enorme! Parecia aqueles seguranças de shows. Só não era tão forte quanto eles. – Eu queria fazer uma surpresa para o dia que ela voltar para casa, sabe? Eu queria que ela chegasse e visse seus pais bem e juntos.
- Entendo – Não pude deixar de sorrir depois de uma noticia boa como essas. Ela ia ficar tão feliz.
- Obrigado garoto – Ele bagunçou meu cabelo como se eu fosse uma criancinha de cinco anos.
- De nada senhor – Então saí para o meu trabalho. Não precisava mais trabalhar, só fui para pedir demissão e dizer umas verdades na cara daquelas mesquinhas e egoístas clientes que tem lá.

Meses se passaram e as férias de verão acabaram, infelizmente voltei a estudar, mas todos os dias depois da aula eu ia ao hospital ver a . Ela estava melhorando e o médico disse que só mais umas semanas para encerrarem o tratamento, para ela ficar curada. Eu estava muito feliz por ela. Mas toda a vez que eu a visitava, estava com o olhar triste no rosto, eu queria contar a surpresa a ela, mas eu acho que o sorriso que ela vai dar na hora, é tudo o que eu preciso.

Capítulo Cinco – I absolutely love her, when she smiles

Um dia antes de ela ser liberada do hospital, eu passei em uma joalheria e comprei duas alianças de prata com um cristal na dela, e gravei dentro, e , never let you go”. Eu acho que está bom, né? Bem, no dia seguinte fui ao hospital pela ultima vez, ver a . Ela estava de pé, pronta para ir embora, falava com o médico e então ela veio ao meu encontro, a abracei, não podia estar mais feliz.

A acompanhei até em casa, ela suspirou um pouco e girou a maçaneta, quando entrou, seus pais estavam de mãos dadas e tinha uma faixa grande em cima deles escrito; “Bem vinda de volta, filha”. Eu sorri ao ver aquilo, mas tudo que consegui captar do momento, foi ela soltando minha mão e indo abraçar seus pais. Eles ficaram muito tempo abraçados. Então seu pai contou a situação para ela, que sorria. É, ela sorria. E aquele foi o sorriso mais bonito que eu já vi em toda a minha pequena vida nessa terra.

Depois desse maravilhoso dia, tudo ocorria bem, sorria todos os dias, não lia tanto seus livros porque passava o dia com seus pais. Então um dia eu saí da minha casa e joguei pedrinhas em sua janela, ela apareceu nela e se debruçou na mesma.
- Vai me seqüestrar de novo? – Perguntou ela sorrindo, e eu não pude deixar de sorrir depois disso.
- Acho que tenho que inventar um jeito que não fique tão na cara – Falei pensativo e ela riu.
- Espera ai – Ela entrou em seu quarto e logo apareceu.
- Preparado? – Ela perguntou, sentando no parapeito de sua janela – Não vá cair de novo.
- Lógico que não! Andei malhando – Mostrei meu muque para ela, que riu e se jogou em mim. Segurei-a com dificuldade, eu admito. Mas eu não caí no chão como na última vez.
- Olha, parece que ficou forte mesmo – Ela sorriu e eu fiz uma careta
- Sempre fui forte, tá? – Eu ri e a abracei, ela riu.
- Ai – Ela suspirou feliz – A vida não podia ser tão perfeita, né?

Tá bom, eu a ia pedir em namoro em outro lugar, mas ela não me deixou escolha, essa frase deu inicio ao pedido de namoro.

- Pode sim – Peguei a pequena caixinha de veludo preto do meu bolso onde tinham duas alianças dentro e abri para ela – Você namoraria comigo?

Eu fiquei nervoso. Nunca me senti tão nervoso assim, meu estômago dava voltas, mas o seu sorriso me tranqüilizou, ela pegou a caixinha de minha mão e admirou as alianças. Então ela olhou para mim, mas dessa vez, seus enormes olhos demonstravam felicidade, e brilhavam.
- Mas é claro que sim – Ela me abraçou bem forte, então ela grudou seus lábios nos meus e nos beijamos, eu amava demais essa menina para deixá-la ir embora daquele jeito, eu a amo muito. A amo tanto que nem sei descrever em palavras o tamanho desse sentimento.
- , eu te amo, eu te amo muito – Falei, olhando em seus olhos, que me mostravam uma sinceridade que me deixava seguro – Eu nunca vou deixar você ir.
- Eu também te amo – Ela me deu um selinho – Obrigada por não desistir de mim.

Então eu peguei a aliança dela e coloquei no seu dedo anular da mão direita, ela fez o mesmo comigo. Às vezes, a vida pode ser tão perfeita que nos surpreende. Eu nunca achei que veria sorrir desse jeito, e esse é um sorriso lindo, um sorriso que nunca vou encontrar em outra pessoa, só nela. Porque é só ela que me mostra a felicidade. Eu amo a e ela me ama. A mãe dela saiu do vicio com dificuldade, mas o seu marido e sua filha davam toda a força possível, e eu também ajudava. O pai de como me disse, deu mais atenção a sua família e muito valor. Tudo estava perfeito. Isso me mostrou que não podemos parar de acreditar e nunca podemos deixar escapar quem é importante para a gente.

Fim


N/B: Preciso dizer que estou completamente apaixonada pela fic? Parabéns por ela, Stella! Erros? Me comuniquem: annaluizaschmidt@gmail.com, Boa leitura!



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