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Eu era uma garota comum: desajeitada, desastrada, envergonhada. Tinha todas as características de uma menina de 18 anos normal, ou aparentemente normal. Estudava pela manhã num colégio conhecido, que ficava cinco ruas após a minha e trabalhava no restaurante da minha família, como garçonete, de tardinha até a noite. Os finais de semana eram livres quando o restaurante não tinha nenhuma festa ou coisa do tipo. E ele sempre aparecia lá. Aqueles olhos hipnotizantes e aqueles cabelos... Eu tinha que me concentrar no meu trabalho, eu sabia que tinha! Mas... Quem disse que eu conseguia?


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Ela é linda, perfeita, o meu sonho de consumo. Aquela delicada menina, com aqueles olhos que me levam a loucura. Ela não sabe disso, não! Não pode saber. Eu morro de vergonha quando ela vem me atender. A garçonete mais linda de todo o mundo! Quem diria que eu, logo EU me apaixonaria? O garoto frio, que não ama ninguém, mas cujo todas as garotas caem aos pés dele. O que tem? Eu não consigo mais pensar em ninguém, ficar com ninguém, transar com ninguém. Meu coração só bate dizendo o que eu quero – ou não – ouvir: , , .


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Acabaram as férias. Hoje volta tudo ao normal. Escola, trabalho, ! Enfim chegou o último ano e eu não via a hora de acabar com a escola, ir logo pra uma universidade. Eu não aguentava mais aquela vida, embora nunca houvesse reclamado. Eu queria me mudar, não tinha nada que me prendesse ali. Ou melhor, só uma coisa: Ele! Nessas férias eu o vi todos os dias no trabalho. Ele ia sempre lá, mas nunca acompanhado. Pedia o de sempre: Sundae e Hambúrguer. Embora eu não entendesse o porquê, já que ele nunca chegava a tocar em nada. Será que a comida era tão ruim assim?


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Acordar, merda! Começou tudo de novo. Escola maldita. Morra todo mundo. Todo mundo menos ela. É isso o que me faz levantar, ter vontade de ir pra merda daquela escola. Ai meu saco! Vê-la somente à tarde durante as férias não era suficiente. Eu queria estar com ela o tempo todo, não queria soltá-la mais. , é mesmo você? Eu fui todos os dias, TODOS, vê-la no trabalho. Mas como fui idiota! Nem toquei na comida. Só conseguia ficar olhando pra ela, andando de um lado pro outro. É tão linda! Pedia o hambúrguer e o sundae, ela me trazia com aquele sorriso envergonhado, o mais lindo do mundo. Será que eu teria chance algum dia?


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- Bom dia , bom dia ! – lá estavam elas! As melhores e mais lindas amigas do mundo.
- Bom dia, ! – responderam ao mesmo tempo.
- E ai, quais são as fofocas da vez? – sentei-me enquanto abria a boca para começar a contar tudo o que eu havia perdido enquanto trabalhava.
- Você não sabe! Kim foi pega com Jared! Eles nunca me enganaram, eu sempre soube que aqueles olhares não... – Não prestei mais atenção em nada. Nada. Ele estava entrando na sala de aula.
- Bom dia, bom dia, bom dia. – respondia sem ânimo à todas as garotas lindas, loiras e gostosas, que com certeza eram muito melhores do que eu. Mas foi quando ele me surpreendeu, virando-se para mim e abrindo aquele sorriso que iluminava o meu dia.
- Bom dia ! Como foram as suas férias?
- Fo fo foram ótimas, e as suas ? – respondi, gaguejando enquanto corava.
- Foi tudo absolutamente perfeito. – respondeu e, para minha surpresa, corando também.
Imaginei que havia pego mais de mil garotas e transado com todas elas, como era de costume. Por que eu tinha que me apaixonar por um idiota? Bem mesmo.
- Atenção, todos! Silêncio absoluto que vou começar – gritava o professor de química me tirando do transe.
E quem disse que eu prestava atenção? Já havia ouvido algumas coisas sobre estequiometria antes, não era difícil. Mols; 6,02 x 10²³. Ok, não parece ser tão impossível. Caso me engane, tenho quem me explique. As horas passaram, outros professores entraram. Eu continuava ali, sem nada entender, absorta em meus pensamentos. “Ele falou comigo! Ele! Não acredito, não consigo acreditar.” Foi quando ouvi um grito:
- !
- Sim professora, desculpe. – Eu disse, corando, ao perceber que todos me olhavam.
- Você ouviu o que eu disse? Sua dupla vai ser a .
- Ótimo, professora! - disse sorrindo, olhando para ela. Foi quando uma voz interrompeu a continuação da aula.
- Mas professora, eu gostaria de fazer com a . – olhei assustada. Era me interrompendo.
- Eu disse que seria sorteio, então creio que não possa fazer nada. Seria injusto com os outros colegas. A não ser... – disse a professora, passando a mão no queixo enquanto pensava.
- A não ser o que, professora? – rebateu .
- A não ser que não haja objeção da turma a isso. E principalmente, objeção da e da sua dupla, o .
- O QUEM? – eu disse, com os olhos arregalados de susto.
Ok, não devia ter feito isso, arranquei alguns risos e alguns sustos com o meu grito histérico.
- Troca comigo, , por favor? – disse , sorrindo como criança.
- Eu não me importo de trocar, professora. - ele disse com aquela voz de veludo, que me fez sorrir em resposta.
- Tudo bem, tudo bem. Eu troco. – sorri novamente, mas sem olhar para ele. Comecei a ouvir vozes me xingando, ou algo do tipo. Enfim o sinal tocou.
- Eu não sei se agradeço, ou se mato vocês – Disse para e . Elas sorriram em resposta.
Enquanto eu saía da sala me assustei, sentindo aquela mão quente segurando o meu braço.
- E então, , quando podemos fazer o trabalho? – só um momento, agora que eu percebi que ele sabia o meu nome! Eu não era uma completa desconhecida pra ele.
- Bom, com meu trabalho fica um pouquinho complicado, mas eu posso pedir pra minha mãe um, ou alguns dias de folga. – respondi enquanto me apressava para ir ao trabalho.
- Está indo pra lá agora, certo?
- Sim, sim. – disse sorrindo e tenho quase toda a certeza do mundo que estava mais vermelha do que uma maçã madura.
- Quer uma carona? Estava pensando em almoçar por lá mesmo, adoro aquela comida!
Adora? Então por que deixava o hambúrguer sem tocar no prato? Estranho, mas fiquei quieta.
- Ah, não queria te incomodar... E...
- Não vai incomodar. É bom que vamos conversando sobre o trabalho no carro.
Ele me puxou, sem me deixar responder mais nada. Abriu a porta do carro para mim – um tremendo cavalheiro – e sorriu.
- Venha , não tenha medo. Eu não sou nenhum assassino, eu juro. – enquanto dizia, eu só conseguia acompanhar o movimento de sua boca, pedindo para que me beijasse. Foco , FOCO! ? Meu apelido?
- Tudo bem. – entrei no carro e sorri. Para minha surpresa, ele pegou em minha mão e beijou-a. Corei novamente.
Ele entrou, sentou-se, ligou o carro. Eu pálida, gélida, imóvel. Ele não parecia estar muito confortável também, então ligou o som.
- E então, como faremos, tem alguma idéia?
- Primeiro temos que ver o meu horário. Sou super requisitada, sabe como é.
Ele riu e passou a mão na cabeça. Parou o carro e desligou-o. Ué, o que aconteceu?
- Pronto, chegamos.
Mas já? O tempo voava quando eu estava com ele.
- Ah, obrigada pela carona. Vou trabalhar, já te atendo. – Virei de costas e ele piscou pra mim.


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Eu não acredito! Eu não acredito! Eu NÃO acredito! Como eu pude ter essa sorte? Parece que tudo está conspirando ao nosso favor. Dessa vez eu não quero, não posso e não vou perdê-la. Ela vai ser minha, minha, minha! Eu não conseguia parar de pensar no tamanho da minha sorte. Ter a só pra mim, mesmo que sendo durante alguns poucos momentos à tarde. Mas eu não ia perder essa chance. Não mesmo! Eu tinha que me declarar para ela, dizer tudo o que sentia, mesmo que a recíproca não existisse.
- Eu preciso e vai ser hoje! – quando olhei, ela se aproximava – Ou não.
- Disse algo, ? – disse ela, terminando de amarrar o avental do uniforme.
- Não. Só estava pensando no que ia pedir hoje... Pensei em...
- Me deixa adivinhar: hambúrguer e sundae. – deu um sorriso leve e revirou os olhos.
- Como você sabe? – brinquei – Mas juro que dessa vez eu vou comer, ok? Ah, se importa de almoçar comigo para conversarmos sobre o trabalho?
- Não, não me importo. Já volto.
- Não demore, meu amor. – sussurrei.


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Hambúrguer com sundae; vai comer, aham. Enquanto saía, tive a impressão de que ele havia dito alguma coisa, mas não voltei para perguntar o que era. Tive medo de que minhas pernas esquecessem como andava. Peguei nossa comida e pouco tempo depois voltei, colocando-a na mesa.
- Aqui está, senhor. Mais alguma coisa? – brinquei, fazendo-o rir.
- Senta ai.
- Bom, eu conversei com minha mãe e ela disse que me daria o tempo de folga que fosse preciso. Mas como o trabalho é para a próxima semana, eu disse que só essa semana era o suficiente.
- Perfeito! – disse ele, passando a mão no meu rosto. Corei.
- Então... Quando começamos?
- Hoje depois do almoço?
- Perfeito! – imitei o som de sua animação. – Podemos fazer lá em casa. Mas se já tiver pensado em algum lugar, não terei objeções.
- Confesso que ainda não tinha pensado no local... Na sua casa está ótimo.
Almoçamos – e ele comeu relativamente rápido – e quando acabamos, fomos até seu carro. No caminho, conversamos sobre coisas sem sentido nenhum para mim naquele momento: música, esportes, escola, amigos... Não que esses assuntos não fossem importantes. Mas ali, nada mais importava além dele.
- É ali, na próxima casa. – apontei.
- Então... Chegamos. Mas espere, não saia do carro.
Não entendi, mas obedeci. Foi quando percebi que vinha abrir a porta para mim.
- Muito gentil de sua parte. – pisquei.
- Pois é, a gente faz o que pode. – ele riu.
Entramos em casa e percebi que ele estava pouco à vontade. Sentamos e ficamos discutindo por, no mínimo, duas horas o tema do trabalho. Foi quando ele segurou minha mão e disse:
- , eu preciso te confessar uma coisa.
- O que é? – perguntei, estranhando o tom de sua voz.
Ele respirou fundo umas quatro vezes antes de lembrar como a boca se abria.
- Tá. Lá vai. É que... euteamo. – ele falou tão rápido que as três palavras pareceram uma só. – Eu te amo, eu sou louco por você, eu quero você pra sempre comigo. Eu entendo que você não me ame, até porque eu não te mereço, eu sou um idiota, eu não presto. Mas eu só queria que você soubesse e...
- Shhh! - coloquei meu dedo em sua boca, me aproximando para um beijo.


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Eu falei. Consegui. Ufa. Enquanto milhares de coisas se passavam pela minha cabeça, percebi que ela se aproximava. Foi quando tirei seu dedo de minha boca e beijei-a. Não foi um beijo simples, um beijo qualquer. Foi o melhor beijo da minha vida. Seu hálito doce e quente me fazia delirar. Sem dúvida, era ela quem eu amava.


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, , . Seu nome não saía de minha cabeça. Ele encostou seus lábios nos meus, sua língua roçando por meus lábios, pedindo passagem e então eu cedi. Segurei firme com a mão direita em sua blusa, puxando-o com ferocidade para mim, enquanto com a mão esquerda eu arranhava de leve sua nuca, passando pelas suas costas. Ele me beijava com tanta vontade, que tive medo de não responder mais por mim. Seus lábios passaram de minha boca à minha orelha, com leves sussurros de “eu te amo” e algumas mordidas. Depois, foram ao meu pescoço e fomos nos deitando lentamente. Eu sentia que nada mais importava e que, naquele momento, nós pertencíamos um ao outro. Ele desceu pelo meu corpo, beijando-o e parando na barriga. Quando mordeu minha blusa para tirá-la com a boca, aconteceu o que não devia.


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Eu nunca tive tanto desejo por ninguém quanto estava tendo por . Quando comecei a sentir que ela estava se entregando a mim, a campainha tocou.
- Merda! – disse , levantando e arrumando-se rápido – Minha mãe chegou!
Levantei com um pulo e em uma fração de segundo, já estava sentado na mesa, de volta ao trabalho da escola.
- Mãe, este é o . – me apresentava à sua mãe.
- Muito prazer ! – a mãe de me recebeu com um sorriso.
- Muito prazer, senhora. – eu disse sorrindo e dando um beijo em seu rosto.
- Não quero interromper vocês, já estou indo.
- Não está interrompendo nada, mãe. Acabamos de terminar e ele já estava de saída. – olhou pra mim e piscou. Assenti.
- Até amanhã, ! Prazer, senhora!
Ela me levou até a porta e me despedi com um beijo.
- Até amanhã, meu amor. – sussurrei e ela corou.
Entrei no carro e fui para casa.


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Assim que saiu, arrumei a mesa e fui para meu quarto. Já deviam ser umas 8, 9 da noite. Eu estava um pouco sonolenta, então, fui para o banho. Enquanto a água morna caía sobre o meu corpo quente, fiquei pensando em tudo o que acontecera. Eu quase transei com ele, meu Deus! Eu não era mais virgem, mas também não tinha muita experiência nesse assunto. Minhas três únicas vezes foram com o meu melhor amigo, o . A gente realmente se amava, mas ele e sua família tiveram que se mudar. Ele me prometeu que voltaria, mas se passaram dois anos e nada. Foi quando conheci o . Saí do banho, deitei na minha cama e adormeci. Acordei no dia seguinte, louca para ir para a escola ver o . O meu . Mas quando cheguei, a decepção: ele conversava, muito íntimo, com uma daquelas loiras gostosonas: Jenny. Foi quando ela o agarrou. Deu “o beijo” nele e ele empurrou-a quando me viu. Eu me virei rapidamente e corri. Ouvia ele gritar coisas como “Eu te amo!” “Me desculpa!” “Ela que me agarrou!” “Eu só quero você!”. Nada mais importava agora. Eu queria morrer. E enquanto saia da escola, prestes a cometer uma loucura, parei. Vi quem não esperava em pé, parado, me olhando. Meu coração disparou: , o meu melhor amigo. , por quem, antes de , eu era completamente apaixonada. Ele estava parado, ali, em frente a mim depois de dois longos anos.