You Don't Care

por Monique | betada por Rafaela C.
revisada por Lelen




O céu estava maravilhoso naquele dia, lá em cima o sol estava brilhando como nunca, era um lindo dia de verão. Quando fechava meus olhos, ainda lembro que podia sentir a textura fina da areia em meus pés e escutar o canto das ondas se quebrando em perfeita sintonia. Ao meu lado estava ele, o homem pelo qual eu sempre troquei tudo, então eu me dei conta de que tudo estava igual, exatamente como antes de pararmos ali naquele cenário maravilhoso para um casal feliz. Ele estava olhando o mar distraído, com as sobrancelhas juntas numa expressão confusa ou apenas pensativa, então eu naquele momento me perguntei o que você estaria pensando, e minha mente vagou por uns segundos. Eu nunca saberia. Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto, porém ele nada fez, permaneceu imóvel como não estivesse ali, ele não se importava, nunca se importou. Na briga que tivemos, ele disse que não se importava, não se importava comigo e nem com ninguém, aquilo acabou comigo e eu nem precisava falar, ele sabia. Foi um golpe duro e sujo pelas costas que eu nunca perdoaria, alias eu já havia perdoado muita coisa dele, principalmente as coisas sem pensar que sempre me falava e me magoava. Num ato de coragem eu me virei e antes de partir, disse: "Eu sinto muito por tudo isso..." ele engoliu seco, não me olhou e então eu abaixei a cabeça derrotada de tentar e deixei-o sozinho. Não tinha mais o que fazer em relação a aquilo, foi bom, foi bom no início, mas naquele momento mais nada fazia sentido, eu estava sozinha. Como eu podia ter me apaixonado por ele?
Enquanto eu caminhava de volta para casa eu me lembrava de todas as vezes que íamos para a praia ver o pôr-do-sol, ele ficava sentado ao meu lado olhando o mar fascinado, com um sorriso bonito no canto dos lábios, eu passava a observá-lo, ele era bem mais fascinante do que o mar, a sua pele ficava perfeita a luz do sol e seus olhos brilhavam como duas pedras azuis cintilantes. Tão bonito. Nesse momento eu me dei conta do porque me apaixonei por ele, era impossível não se entregar de corpo e alma para alguém tão impecável como ele.

Eu passei muito tempo reprisando essas histórias, porém um dia eu acordei e me dei conta de que não tinha mais porque ficar pensando em alguém que ao menos me procurou, que não estava nem ai para o que eu sentia, que não importava nada o que fiz por ele, todas as palavras e as demonstrações que eu fiz. Esquecer seria uma meta a cumprir para mim, nada fácil, contudo que eu conseguia. Comprei uma passagem para a California com minhas economias, seria uma bela hora para ficar longe um pouco de tudo que me fazia pensar nele. Passei um ano com pessoas novas, com novos problemas e várias coisas que aconteciam a cada dia que passava, as minhas recaídas e as lágrimas que derramei. Recebi algumas ligações dele, mas que nunca eram nada, apenas podia ouvir sua respiração, acho que isso o fazia se sentir melhor, mas para mim não era o suficiente e meu coração doía demais com isso. Depois de um tempo as ligações desapareceram, pensei que tinha acontecido alguma coisa, mesmo assim era melhor, várias vezes me peguei com o telefone na mão prestes a ligar para ele e então eu colocava o telefone com raiva no descanso outra vez. Uma semana depois eu resolvi voltar, minha tia achava melhor que eu ficasse lá mais um tempo, mas eu insisti e a convenci de que tudo estava bem, então ela me pagou a passagem de volta a Londres. No avião recebi umas mensagens que diziam: "Eu sou tão idiota. O pôr-do-sol não faz sentido algum sem você...", depois outra "Eu me importo, desculpe, eu sempre me importei" as lágrimas já escorriam com toda a força pelo meu rosto, e eu me perguntei o porque ele está fazendo isso agora, depois de tanto tempo. Eu passei todo o vôo pensando e lendo a todo o momento as mensagens, e então consegui dormir um pouco. Assim que o avião pousou no Aeroporto Internacional eu senti meu coração se aliviar, como tivesse um peso ido embora naquele momento, mas então deu lugar a outro sentimento. Meu coração se apertou e eu senti como algo errado estivesse acontecendo, no meu ouvido uma voz que eu reconhecia longe chamava pelo meu nome muito fraco "... " olhei para todos os lados assustada, mas não o vi em nenhuma parte. Com a mão no coração corri para pegar um táxi, ele me levou até em casa em poucos minutos e então eu entrei desesperada pela casa e nada havia mudado, ninguém mas havia estado lá, sentei no sofá e chorei por horas.
Depois de um tempo, recebi uma outra mensagem: "Não se preocupe com nada, estarei esperando você na beira do mar... eu te amo" Irritada com as mensagens sem sentido que recebi, liguei para casa dele, sua irmã me atendeu com a voz de quem esteve chorando a segundos atrás. Perguntei o que tinha acontecido e então ela me disse que ele havia sofrido um acidente de carro e que não havia resistido. Disse mais algumas coisas, mas tudo ficou como um borrão na minha frente e eu já não tinha mas ar, tudo ficou escuro, vaguei por um mar escuro parecendo não ter saída, mas um ponto ali distante havia uma luz, era uma praia tão bonita. estava lá, parada na beira do mar, me esperando, distraído como sempre vendo o sol se pôr no reflexo da água. Eu estava me sentindo estranha, alguma coisa estava errada, eu consegui escutar vozes me chamando desesperadas, mas eu estava indo na direção dele, ele estava sorrindo para mim, me convidando a estar com ele. Eu não podia negar, não.

- Você demorou... - Franzi o cenho confusa, mas sua voz rouca tocou meu ouvido como uma música e eu não pude deixar de sorrir -
- Demorei? - Toquei sua mão, quente e ele as acariciou - O que está acontecendo aqui? Você não devia estar... - Nessa hora meu estomago embrulhou e eu chorei em desespero -
- Calma, está tudo bem agora - Ele disse firme, me passando uma calma de repente - O dia está lindo, não é?
- Sim... - Disse num sussurro quase incompreensível, mas eu sabia que ele havia me entendido -
- Fecha os olhos, sinta como o mar é perfeito - colocou a mão na minha cintura por trás de mim e descansou seu queixo no meu ombro -

Era uma sensação única, perfeita, diferente. Sentia a sua respiração no meu pescoço e as ondas se quebrando bem em nossos pés , uma coisa que eu nunca havia sentido. Mas uma pergunta ainda estava perturbando minha mente, então eu resolvi perguntar de uma vez.

- Eu morri não é? - Ele soltou uma risada gostosa no meu ouvido -
- Não, você apenas está viajando um pouco, tudo vai ficar bem - Concordei com a cabeça e voltei a fechar os olhos - Eu tenho uma coisa para você... eu estive guardado por tanto tempo, mas acho que chegou a hora de te entregar - Ele tirou do bolso uma pulseira prata com um pingente de coração muito lindo e colocou na minha mão - Ele é seu, sempre foi. Lembre-se disso, promete? - Me virou para ele, e eu encarando seus olhos prometi -
- Porque você... você tá me falando isso? Eu estou tão confusa - Olhei para a pulseira na minha mão e depois voltei a olhar para ele - Me explica?
- Você vai entender quando acordar, agora você precisa ir - Ele beijou meu rosto -
- Ir? Para onde? Eu não quero, não quero deixar você... - Ele colocou o dedo no meu lábio e eu me calei -
- Não está na hora ainda, mas quando estiver eu sempre vou estar aqui, eu sempre vou estar perto quando o sol estiver se pondo - Sorri e acariciou meu rosto -

Fiquei parada sem entender, apenas chorando, ele havia sumido e no fundo eu escutei um "te amo", como o mar estivesse falado comigo, eu sorri e disse o mesmo. Então eu escutei um apito horrível me puxar para uma sala de hospital, abri os olhos de repente e vi algumas pessoas a minha volta. Minha amiga , irmã de e os pais deles.

- Graças a Deus! - limpou as lágrimas e me abraçou - Que bom que você voltou.
- O que aconteceu? Porque... - Olhei para minha mão e não tinha nada lá -
- Você estava em coma, com poucas chances de acordar - Ela explicou e eu franzi a testa -
- Desculpe, eu sou culpada de tudo isso - se desculpou com os olhos vermelhos -
- Eu estava com ele, ele estava comigo... porque? porque vocês me trouxeram de voltar? - Gritei -
- , calma, não fique assim. não ia gostar de te ver assim, por favor - A mãe dele pegou em minha mão -
- Ele estava tão bonito, ele me disse coisas tão bonita que ele nunca havia me dito. Porque isso está acontecendo? Porque eu não estou com ele? - O médico nessa hora entrou -
- Vejo que já acordou, senhorita. Como se sente? - Sorriu fraco -
- Estranha.

Eu fiquei quieta depois disso, apenas pensando, eu havia estado com ele e eu não estava tendo alucinações por causa do coma. Eu estava com ele, eu toquei nele, eu senti sua respiração e suas palavras não eram mentira. Ele estava comigo, mas porque eu tive que voltar? Eu podia morrer, ir com ele, viver não é nada legal, a morte parece tão convidativa agora. Mas alguma coisa estava errada com meu tempo com ele, ele tinha me dado algo, porque não estava comigo? Não fazia mais sentido tudo o que eu havia acreditado, passei a acreditar realmente que eu havia alucinado. Três dias depois eu levei alta e voltei para casa, sentada no meu sofá passando os canais a todo segundo eu resolvi ir até a praia, não estava me sentindo bem de estar ali, eu sentia como precisasse ir buscar alguma coisa. Peguei meu carro e fui em direção a praia, o vento gelado batia no meu rosto, estava nublado, um tempo horrível.
Andei até a praia escura, o mar estava forte e o vento pior ainda, mas de qualquer forma a luz da lua refletia na água e estava tão bonito. Meu cabelo voava com vontade e eu apertei meu casaco ao redor de mim, me sentei na areia e observei o mar, passei a mão pela areia e ela estava exatamente como eu me lembrava, abracei meus joelhos e fiquei pensando em tudo. Um flash passou pela minha cabeça , todos os momentos que eu tive com estavam passando na minha cabeça, nosso primeiro beijo, quando começamos a namorar, as risadas, os momentos bons e ruins, nossa primeira noite juntos, nossas brigas e reconciliações, mas quando chegava na parte da nossa última briga era como um buraco tivesse se criado no meu cérebro, não conseguia me lembrar, apenas dele sorrindo para mim, e me entregando aquele coração que eu nem sabia se era de verdade.

- Droga, o que está acontecendo com você? - Perguntei a mim mesma, mas eu não teria resposta alguma, respirei fundo, deitei-me na areia e fechei os olhos -

Nem percebi quando peguei no sono ali mesmo, acordei um pouco antes do sol se pôr, o dia estava lindo como na minha "alucinação", sorri assim que me levantei. No fundo do meu coração eu sentia como ele estivesse ali comigo, eu podia sentir sua presença em algum lugar. Meus olhos se encheram d'água quando eu vi ali perto de mim a pulseira que ele havia me dado, ela estava mais brilhante agora, e no coração tinha uma coisa escrita. "Eu estou com você, não importa aonde. Olhe em direção ao sol, eu estarei lá..." agarrei a pulseira na minha mão e apertei-a contra meu coração doendo. Quando o sol deu vestígios de aparecer eu me levantei, indo até perto da água e sentindo ela molhar meus pés, esperei até o sol se por, tão bonito e brilhante, eu estava fascinada olhando para ele, tão bonito. Coloquei a pulseira no meu braço, olhei sorrindo para o horizonte, então jurei em silêncio amor eterno a ele. Olhei para o lado antes de me virar para ir embora, um ponto longe eu vi alguém parado, alguém de preto, ele estava distraído, mas nesse momento ele se virou para mim sorrindo e desapareceu. Apertei o coração da minha pulseira e sai dali, com um sorriso encantador nos lábios.

Voltando para casa eu pensei muito, e uma das coisas que eu tinha certeza era que ele nunca me deixaria sozinha, e outra era que ele se importava sim. Ele me amava, e me amaria para sempre, por isso quando chegasse a minha hora de partir ele estaria esperando por mim no por do sol, em algum lugar.

The End


Notas da autora: WOOOW!
Que tenso, diz ai? Sério, minha segunda fic finalizada em 1 mês. O que computador sem internet e vida chata não faz com a gente não é? Enfim, estou feliz, porque eu sempre estou disponível para novas idéias, mesmo que eu não finalize muitas delas. Então acabar duas fics em um mês é quase mágico, dude. Mas então eu queria dizer que eu não sei escrever, fala sério quem já leu minhas outras fics sabe que eu sempre digo o mesmo, dude não se irrite se você odiou, apenas comente seu ódio ok? Mas seja gentil, porque não estou aqui pra ler palhaçada de ninguém ok? Aceito criticas e elogios, mas com jeito. K-
Ah, eu já estou escrevendo outra short, comédia, porque é meu forte. Mas vou esperar agora a mente voltar a ter algo pra escrever porque tá tensa as idéias que eu estou tendo. E eu quero que seja bem doente como numa escrevi antes. Ok ok, muito falatório e pouco o que fazer. Apenas comentem. Beijos beijos, até a próxima.


Nota da Beta: Qualquer erro - seja de ortografia ou de script - me mande um email avisando! mychemicalway_@hotmail.com

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