You Should Ask Another Saint, Dear
Escrito por: Lolla | Betado por: Ane Vieira | Revisado por: Ana;


Sabe quando a sua família se reúne junto com os amigos estranhos deles e você fica lá, boiando na conversa? Fazendo a carinha animada mais fake que você consegue diante da situação a noite toda? Bem, foi o que fiz por horas essa noite. E não é difícil de acreditar. As horas se arrastaram. Mas, afinal, era natal. Mesmo que o verdadeiro significado dele já estivesse perdido há tempos, eu não podia fingir que nada estava acontecendo e cear frango de padaria sozinha em casa. Meus pais não me perdoariam de qualquer forma.
‘Você está linda, querida!’, ouvi minha querida tia-avó, Suen, dizer pela quarta vez na noite.
‘Obrigada, tia’. Tentei sorrir, mas acho que saiu meio amarelo.
‘Você está parecendo aquela mocinha do cabelo laranja!’, ela disse sorridente.
‘Hayley Willians?’, perguntou minha prima mais nova, Marie, intrometendo-se na conversa. Sabe, até que ela era legal, apesar da nossa diferença de idade gigante: cinco anos.
‘Não. Acho que ela está falando da Cyndi Lauper’, eu disse.
‘Sim, sim. Essa mesma. Lógico, com um corte de cabelo melhor ’. E ela saiu. Marie me olhou sem entender.
‘Vá ao google’, disse e dei de ombros. ‘Aliás, se você quiser baixar alguma música dela também, baixe “When You Were Mine” ou “Time After Time” e... ’ ‘Ok, . Não estou interessada em velharia’.
‘Não é velharia! E para a sua informação, os anos oitenta estão voltando. Ok?’
‘Ah, claro. E vou usar ombreiras no ano novo’. Pirralha. Ok, ombreiras são horríveis, mas a Cyndi Lauper não é velharia. Ela é super... Certo. Fiquemos no super.
Rolei os olhos e sai à procura dos meus pais. Não demorei muito para encontrá-los.
‘Pai, mãe, já estou indo’, disse baixinho assim que me ajoelhei entre os dois.
‘Mas já, querida?’, perguntou mamãe, fazendo aquela carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
‘Já, mãe. São uma e meia e estou meio cansada’.
‘Tudo bem, filha. Boa noite. Vai aparecer por aqui amanhã?’, perguntou o meu pai.
‘Não sei. Acho que sim. Provavelmente’.
‘Esperamos você então.’
‘Sonhe com os anjos, querida!’. Acenei para eles quando já estava descendo as escadas. Meus pais moravam num duplex e, algumas ruas depois, eu morava num flat.
Fui andando como toda universitária normal. Afinal, estava no primeiro semestre da faculdade de biologia e não trabalhava. Ninguém emprega “garotas-prodígio” de dezesseis anos só porque elas entraram na faculdade um pouco cedo demais. É quando penso nisso que me arrependo de não ter trabalhado com o meu pai, enquanto podia só ganhar experiência, já que a proposta dele não envolvia nenhum tipo de salário.
Mal entrei em casa e tirei as minhas sandálias. Fui até o meu quarto e coloquei uma camisa velha, daquelas grandonas que se usa para dormir, e voltei para a sala, jogando-me no sofá e ligando a TV.

Acho que cochilei, porque, quando acordei, as imagens que passavam na TV já não eram... Digamos, para menores de dezoito anos.
Desliguei a televisão e voltei a fechar os meus olhos que logo tiveram que ser abertos de novo, já que a campainha tocara. Aliás, que espécie de pessoa toca a campainha dos outros às... Sei lá. Quatro da manhã?! Fingi que não ouvi e fechei os olhos de novo, mas a campainha tocou mais uma, duas vezes, e tive que atender, ou o senhor Nephen – a.k.a. síndico – acordaria e, como ele é meu vizinho, provavelmente eu receberia uma multa no dia seguinte, já que é notável pela sua cara de “morto-vivo-forever” que ele não ia deixar o espírito natalino lhe contagiar e me livrar dessa. Nessa hora, lembrei-me daquele filme “Contos de Natal”, ou algo assim, e me perguntei se já não estava na hora de ele receber umas visitinhas dos tais fantasmas.
Suspirei e abri a porta sem perguntar quem era ou algo assim. Afinal, seqüestradores não tocam campainhas. Deparei-me com aquela figura alta com uma barba longa e branca, meio desengonçada, dizendo algo como “hohoho”. Pude fazer nada além de rir. Muito, vale ressaltar.
?!’, perguntei, ainda me recuperando, sem acreditar muito no que via, dando espaço para ele entrar.
‘Que foi?! Você esperava ver um velho gordo usando essas roupas?!’
‘Mais ou menos. Sabe... “Please, come back home and leave that fat man alone”’ cantei um pedacinho da música e ele riu.
‘Você não devia acreditar em tudo que o John diz. Sabe?!’
‘Bom, ele fez a música e nunca mais se teve notícias da Kathelyn’.
‘Ela foi para o Peru, ’, ele respondeu e fiz cara de surpresa. É sério. Como pode haver algo bom no Peru quando se é a namorada do John?! Alô. As melhores coisas do mundo sem dúvida estão na casa do John – sob essas circunstâncias. Kate devia ter se mudado para lá. Não para o Peru! Revoltei agora.
‘E da onde o John tirou essa história de Papai Noel?’
‘Bom... Ela foi morar com um velho gordo. Mas não comente isso com o John. Ele fica desconfortável’.
‘Eu também ficaria, se fosse ele! Como alguém troca John Cornelius O’Callaghan V...’, enfatizei o “quinto”. ‘Por um velho gordo?! Digo, sem preconceitos, mas o John é o John, man!’. John era meu melhor amigo ever. Conhecíamo-nos desde pequenos e, mesmo que agora ele vivesse em turnê com sua banda, ainda nos falávamos bastante pela internet.
‘Está bom, . Menos’. Vi rolar os olhos, sentando-se no sofá onde eu estava, e ri.
‘Gosto do nome dele ’ (N/A: Sério. Gosto de falar o nome e dar ênfase ao “quinto”). Sentei-me ao seu lado. ‘Mas e aí, como foi o trabalho?’
‘Bom, só me lembre de nunca mais inventar de ser Papai Noel de aluguel’.
‘Por quê? Foi tão horrível assim?!’. Pelo tom de voz dele, parecia ter sido a pior experiência de sua vida.
‘Digamos que quando fui sair no meu “trenó”, elas correram para o pátio da casa e começaram a perguntar: “cadê as suas renas?”, “você vai andando até New Jersey?!”, “e quando você tiver que ir à Irlanda? Vai alugar um barquinho?!”. Foi horrível. Crianças são assustadoras’. Ele fazia uma cara desesperada. Ri.
‘Você é um péssimo Papai Noel, ’. Ele deu um sorriso enviesado. Odeio esse sorriso justamente por ser o mais lindo que já vi. Na verdade, o do John é tão bonito quanto, mas não me dá arrepios como o de . Aliás, desde quando o era tão lindo assim? Ok, desde a sétima série, quando passei a ser totalmente apaixonada por ele. Mas parece que o cara deu um jeito de ficar mais lindo ainda. Ou será tudo um delírio de madrugada? Seja como for, talvez ele devesse usar essa roupa mais vezes.
‘Há, sou nada. Você vai ver’. Ele se levantou.
‘Você devia usar essa roupa mais vezes’. Ele me olhou estranho e riu. Olhei o relógio. Cinco da manhã. ‘É sério. Nenhuma piriguete deu em cima de você?’, perguntei meio que zoando, mas no fundo eu falava sério.
‘Era uma festa infantil. Garotas de sete anos acham garotos nojentos. Se eles são “trocentos” anos mais velhos que elas, chamam-no de tio. Agora, se ele estiver vestido numa fantasia de Papai Noel maior que ele, chamam-no de “pai”. Acredite. Ninguém deu em cima de mim’, ele respondeu como se fosse óbvio. Estendeu a mão para mim. Pegou-me e me puxou até a varanda que estava fechada, mas permitia que uma brisa passasse pelo vidro. Encolhi-me um pouco.
‘Está nevando’, disse baixinho.
‘Lembra-se daquele dia em que você começou a seguir o Papai Noel no twitter?’
‘Lembro-me. Você pediu para ele um baterista para a sua banda.’
‘Deu certo’. riu baixo e sorriu.
‘É. Pedi a ele um namorado.’
‘E ele disse que você estava o confundindo com Santo Antônio’. Nós dois rimos alto dessa vez.
‘Aquele Papai Noel era um mal amado. Isso sim’. riu.
‘Bom, ainda é Natal e você tem um Papai Noel só para si agora’. Ele fez cara de desentendido e o primeiro raio de sol atravessou a janela.
‘Pare’. Ri fraco e o vi se abaixar um pouco para que ficasse da minha altura, mesmo que isso fosse meio complicado, já que ele tinha quase vinte e cinco centímetros a mais.
‘Deixo você colocar uma fita no meu pescoço’. Pensei que a qualquer momento o meu coração fosse andar sozinho. Saí de perto dele, ou pelo menos tentei, já que ele me segurou pelo pulso. ‘É sério, . Quer ser a minha namorada?’. O mundo parou e não desci. Procurei a saída mais próxima em minha mente e imaginei aquelas cenas em que o Jimmy Neutron tem um acesso de idéias. Só que no meu caso, vinha nenhuma aparentemente útil.
‘Sabe que, hoje em dia, as pessoas primeiro ficam para depois talvez namorar?! Ou conhecem alguém num bar e um mês depois descobrem que estão grávidas... ’ disse a última parte mais para mim do que para ele.
‘Já ouviu falar que os anos oitenta estão voltando?’. Ele arqueou uma sobrancelha e não pude deixar de rir.
‘A quem estou tentando enganar?! Sim, sim e sim!’. Talvez tenha parecido meio desesperado, mas a verdade é que quando pedi um namorado ao Papai Noel, só não disse que era o porque twitter é um site público e, a qualquer momento, ele poderia ver. Ele e todo mundo.
O garoto se aproximou rápido, passou os braços pela minha cintura e então... A campainha tocou. Lindo. Um envelope amarelo deslizou pelo vão entre a porta e o chão. Eu já conhecia aquele envelope. Tinha alguns deles na coleção. Rolei os olhos.
‘Você vai pagar’. Ele riu e me beijou. Definitivamente, eu queria que aquele fosse o primeiro de muitos.

Fim!


N/A: Uuuuh! “Santa, you bitch. Didn’t get one damn thing from my Christmas liiiist.” Cantei isso tantas vezes esse ano que suspeito que esse tenha sido o motivo de eu não ter ganhado um namorado de natal.
Acreditem, ele realmente está no twitter, mas não o sigam porque ele não é legal. u.ú Disse mesmo para eu pedir a Santo Antônio. Mas, sabe, eu nem me lembrava disso quando comecei a escrever essa fic. Ela é fruto de um ACR – ataque criativo repentino – e foi escrita em duas horas e meia. Por isso talvez não tenha ficado tão boa. Também porque não sei, definitivamente, escrever short fics. Mas se gostarem, façam-me feliz e comentem. :) Se não gostarem, comentem também. É bom saber onde foi que errei. /o/
Anyway, primeira fic oficial no FFOBS. Então espero que me traga sorte. ;) Obrigada por ter gastado o seu precioso tempo lendo. Volte sempre e se quiser ter outras fics minhas... ‘Ta,parei.
Mas sério, obrigada, chuchus. :)
xx, @HeyLolla

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