Finalizada em: 13/11/2020
Contador:

Capítulo 17

In the blink of an eye
Num piscar de olhos
Just a whisper of smoke
Num suspiro de fumaça
You could lose everything
Você pode perder tudo
The truth is you never know
A verdade é que você nunca sabe
So I'll kiss you longer baby
Então, eu vou te beijar demoradamente, querida
Any chance that I get
Qualquer chance que eu tiver
I'll make the most of the minutes and love with no regrets
Aproveitarei os minutos e vou amar sem arrependimentos

(Like I'm Gonna Lose You - Meghan Trainor Feat. John Legend)

, eu não falei para você tomar juízo!? – o rapaz ficou mudo. No momento em que a ligação com o nome da Alê havia aparecido no visor do celular, sabia que viria um sermão do tamanho do universo. – Está aí?
– Oi! Eu estou. – respondeu e do outro lado da linha pôde se ouvir um suspiro alto.
– Eu sinceramente esperava aquela foto do Neymar, porque a gente espera tudo dele, mas de você? Que veio me pedir conselhos amorosos? Me mandou até mensagem me dizendo que estava tudo bem entre você e a , agora não está mais, não é?
A foto que Alessandra havia mencionado tinha Gabriel Medina, Neymar e no topo e mais embaixo na imagem havia mais ou menos 30 mulheres com grandes sorrisos, parecia na imagem que estavam em um harém.
– Foi uma brincadeira dos caras, nunca imaginaria que seria julgado por isso, tive que limitar meus comentários no Instagram porque eu estava sendo hostilizado. Você viu a foto que eu postei? – ele travou o maxilar. – E não, eu ainda não falei com ela. Não cheguei em Barcelona, mas como ela não atende minhas ligações e não responde minhas mensagens, eu imagino que ela já saiba de tudo. – Alessandra suspirou fundo.
– Eu estou vendo agora. – a foto que ele havia postado era na mesma posição que a anterior, porém ao invés de mulheres, eram homens que estavam ali. – Mas isso não isenta por completo sua culpa. Ela deve estar furiosa, eu estaria e não tiro a razão dela.
– Alê, eu juro por Deus que eu não fiquei com nenhuma mulher lá, eu juro mesmo, foi só uma brincadeira infeliz dos caras. Meu coração é dela, não tenho olhos para outra. – ele passou a mão nos cabelos, nervoso.
– Eu acredito em você, , mas tenha total certeza, ela deve estar chateada, magoada… Você estava namorando com ela?
– Não… Por Deus, não, se eu estivesse namorando com ela eu nem estaria lá, teríamos passado essa data juntos. – ele suspirou fundo.
– Então menos mal, você fez merda, mas não foi traição. – ele afirmou com a cabeça positivamente como se ela pudesse vê-lo.
– Eu estou voltando hoje para Barcelona, amanhã já tem treino, e sei que as aulas dela recomeçam também, eu vou explicar tudo. Será que ela me perdoa?
– Eu sinceramente não sei, mas vamos torcer. – ele passou as mãos nos cabelos, chateado.

***

desembarcou em Barcelona desanimada, sua vontade era de ficar no Brasil com sua família, não estava com a mínima vontade de voltar, ainda mais com as coisas que haviam acontecido naquele final de ano...

! – Luna a sacudia diversas vezes, até que a moça pudesse de fato despertar – Vamos, !
– Calma, Luna! Eu já estou acordada! – comentou aborrecida, enquanto tentava manter os olhos abertos. Passou as mãos no rosto, enquanto se sentava na cama.
Era o primeiro dia do ano, havia passado a virada da noite toda jogando uno, baralho e dominó. Estava dormindo a tarde, afinal, para ela o primeiro dia do ano era o dia universal da preguiça.
– É muito importante, muito mesmo. – notou finalmente os olhos arregalados de Luna e percebeu que realmente as coisas não estavam boas.
– O que houve? – era visível a preocupação em sua voz.
– Acho melhor que você veja... – desbloqueou a tela do celular e mostrou a irmã mais velha a imagem que estava rodando em todos os veículos de comunicação do Brasil e do mundo.
– Eu não estou acreditando nisso! – revirou os olhos, sentiu o sangue pulsar nas veias, estava muito brava. Devolveu o celular a irmã, enojada.

– O que você vai fazer? Ele te traiu, . – suspirou fundo, como dizer a irmã que ela e não tinham nada?
– Papai e mamãe viram isso? Pelo amor de Deus, Luna, me diga. – segurou na mão da irmã firmemente.

– Creio que sim, , essa foto está em todas as manchetes e também está no Facebook, você sabe, mamãe é a louca do Facebook. – passou as mãos nos cabelos, desesperada.
– Ah, meu Deus, eu realmente estou ferrada. – levantou-se de uma vez, saindo dali. Deixando uma Luna confusa em seu quarto.
– Filha! – dona Maria levantou-se do sofá, puxou a mãe pelo braço e a levou até a cozinha, no qual cada uma puxou uma cadeira e se sentaram.
– Eu já sei o que a senhora vai me contar, mas eu já tenho uma explicação plausível para isso.
E contou parcialmente a verdade, não tinha mais como sustentar aquela mentira, ou ao menos parte dela, sua mãe saberia da mentira do relacionamento, mas da prostituição não, ainda não era o momento. Já havia se decidido, só contaria após estar formada.
– Saiba que estou muito decepcionada com você. – engoliu em seco, confirmando com um aceno de cabeça. – Por que mentiu?
– Fiquei com medo da senhora não deixar que eu ficasse lá com ele, eu pensei que não aceitaria e eu teria que voltar ao Brasil… Passaram tantas coisas na minha cabeça, eu sinto muito. – ela mordeu os lábios.
, as vezes você me coloca como um monstro que eu não sou, filha. Esconder isso de mim foi algo muito grave. Eu contei ao seu pai, suas irmãs, olha a bola de neve que isso se tornou! – alterou o tom de voz.
– Eu sei, mãe, por favor, me desculpe. Eu fui uma idiota. – a encarava aflita.
– Sabe o que eu deveria fazer? Não deixar que você volte para a Espanha, virar o monstro que você acha que eu sou… – Dona Maria suspirou fundo. – Mas eu não o farei, eu senti uma confiança no , ele te abrigou tão bem, é um bom rapaz e eu sinto que não é só amizade entre vocês, tem algo no ar, e por isso eu não vou contar ao seu pai
ainda.
– Obrigada, mãe, muito obrigada. – soltou a respiração que prendia sem perceber, ia abraçar a mãe, mas ela negou.
– Não, sem beijos ou abraços, eu estou mesmo desapontada com você, . – levantou-se da mesa e foi em direção a sala. A estudante de psicologia abraçou o próprio corpo, parcialmente aliviada.


Sua mãe havia ficado muito magoada com a mentira, tanto que sua despedida com ela havia sido fria, sabia que havia decepcionado-a, mas se ela soubesse toda a verdade era bem provável que cortasse de vez os laços com ela.
Quando viu que o Uber já estava próximo de chegar à residência percebeu que não tinha mais escapatória, teria que encará-lo de frente. Esperava que ele ainda estivesse na Bahia, não queria vê-lo, não queria conversar com ele, não queria escutar sua voz. O que estava a matando por dentro era saber que eles não tinham nada e que ela não podia cobrá-lo.
Se despediu do motorista e entrou de uma vez na residência e logo foi abordada por Tuntz, sinal de que estava ali. Tentou pegar o animal eufórico nos braços, mas não obteve sucesso, ele já estava grandinho. Ela tentou não fazer nenhum barulho, mas na hora que direcionou seu olhar para as escadas visualizou parado com os olhos atentos a ela.
, eu… – ela fez um gesto com a mão, para calá-lo.
– Você não me deve satisfações de nada, você é solteiro, faz o que quiser da sua vida. – pegou sua mala e se direcionou as escadas, ele a segurou delicadamente pelo pulso.
– Eu quero falar, , na verdade eu preciso, por favor… – ela fechou os olhos.
– Não tem o que ser dito, a foto é autoexplicativa. – ele ainda a encarava, ela não devolveu o olhar.
– Ah, então você já viu.... – ele passou as mãos nos cabelos, tenso. – Por favor, me ouve? Eu tenho uma explicação para te dar. – ela desvencilhou de seu toque como se tivesse tomado um choque.
– Eu posso tomar um banho? Sabe como é, uma viagem de mais de 12 horas, voo com escalas… – ele assentiu e a deixou subir as escadas rapidamente. Ela trancou-se em seu quarto e se jogou em sua cama.
Respirou fundo e contou mentalmente até 10, tinha que ficar tranquila, sem discussões, afinal eles não tinham nada, se ele tivesse ficado com as 30 mulheres ele podia. Não, ele não podia, não depois de ter se apresentado para a família dela como namorado e a fazer passar por uma vergonha tridimensional!

De banho tomado, com a cabeça mais fria, ela pôde enfiar sair daquele quarto e desceu as escadas timidamente, qual foi sua surpresa ao constatar que estava sentado no sofá a esperando? Nenhuma. Ela se sentou ao lado dele, e o encarou, esperando que ele tomasse a iniciativa para aquela conversa.
– Bom, a foto, ela não é nada disso que você está pensando, eu nem sabia que o Neymar iria postá-la, foi uma surpresa para mim quando a vi pela internet. – ele suspirou fundo. não tinha expressão nenhuma enquanto o encarava. – Era uma festa, tinham mulheres mesmo, mas haviam homens, na mesma quantidade ou mais. – ele pegou o celular e mostrou a foto que estava postada em seu Instagram. – Eu errei, sei que errei, e Deus, essa não foi mesmo a intenção, eu nem sabia que essa foto vazaria.
“O Neymar e o Gabriel foram babacas, mas eu também fui. Foi uma brincadeira de péssimo gosto. Eu já pedi desculpas publicamente, e agora quero pedir desculpas a você, a pessoa mais importante para mim. Eu fiz merda, eu sei, mas eu não posso te perder, eu não posso. Eu juro por Deus, eu não fiquei com nenhuma daquelas mulheres, sabe por quê? Porque meu coração é teu”. – ele segurou a mão dela e direcionou ao seu próprio coração. Ela tirou sua mão dali. Por dentro estava aliviada, acreditava em suas palavras, tinha algo nos olhos… Eles brilhavam de um jeito diferente.
– Certo, está tudo bem. Isso foi até bom, eu contei a minha mãe que nunca estivemos em um relacionamento. – ela ainda o encarava sem expressão.
– O quê?! – ele se levantou bruscamente do sofá. – E como ela agiu? Eu sinto muito que as coisas tenham caminhado para isso, você poderia ter me ligado, eu teria conversado com ela, ou sei lá.
– Não, chega! Eu não quero mais mentiras, na verdade, quando propôs isso, eu fui contra. Minha mãe gosta de você e sabe que somos amigos, agora ela está magoada, mas isso passa. – forçou um sorriso. – Enfim, você comprou algo para comer? Eu estou morta de fome. E com sono, muito sono. Estava me acostumando ao fuso, e agora bagunçou tudo de novo. – brincou, se levantando de uma vez do sofá.
A repentina troca de assunto, o jeito como ela encarou aquilo com naturalidade e tamanha indiferença… Ele sabia que nada estava bem, esperava qualquer reação dela, menos aquilo. E para aquilo ele não estava preparado.
– Eu vou ligar para ela, quero me desculpar por isso tudo. – caminhava à procura de seu celular. – Eu comprei algumas coisas, dá uma olhada no armário e na geladeira. – ela assentiu caminhando para a cozinha.
– Não liga, , lá agora é madrugada. – o rapaz concordou, nem havia se lembrado disso. Ele a seguiu até a cozinha estudando todos os movimentos dela.
– Você escutou tudo o que eu disse? – ela o encarava com o cenho franzido.
– Sobre?
– O meu pedido de desculpas, você o escutou?
– Ah, isso… Sim, eu escutei. – pegou algumas coisas da geladeira para preparar um sanduíche.
– Até o final? – ela suspirou fundo, tentando segurar sua expressão indiferente.
– Sim, eu escutei palavra por palavra. – o encarou.
– E o que você acha? Eu esperava que você fosse agir diferente. – ela arqueou a sobrancelha.
– Por qual motivo? – deu uma mordida generosa no lanche, ofereceu a ele, que negou. – A gente não tem nada, somos amigos, então você faz o que quiser da sua vida, . Você já reconheceu seu erro, pediu desculpas e fim de história.
– Simples assim? – ela assentiu, dando mais uma mordida em seu alimento. – É assim que vai agir?
– Sim, , é assim que eu vou agir. Vamos finalizar esse assunto, não? Eu estou com fome e cansada e tudo o que eu quero é comer e ir para cama e acordar só amanhã.
– Está bem. – ele passou as mãos nos cabelos, se sentando em frente à ela, enquanto a via comer silenciosamente.
A vontade de era rir, estava mesmo engraçado como ele a encarava. Ele não foi querer tirar foto em um harém? Que aguentasse as consequências de suas ações. Ela não podia ser ingrata e dar uma de louca também, havia a ajudado pagando sua dívida no prostíbulo, quem em sã consciência faria aquilo? Era só por isso que ela havia se contido e não tinha esbravejado com ele, mas por dentro só Deus sabia como ela estava.

***

– Você tem um sangue frio que eu definitivamente não teria. – ainda ria, enquanto as duas saiam do campus da Universidade. – Eu teria gritado muito e se não me segurassem dado umas boas bofetadas nele.
– Eu sei, nem eu acreditei na minha reação, mas foi melhor assim, não temos nada sério, e ele está me fazendo um tremendo favor me deixando morar lá com ele.
– Ele foi muito idiota de ter topado tirar uma foto assim. Homens… – revirou os olhos.
– É claro que foi, um tremendo babaca, mas, pelo menos, eu contei parte da verdade a minha mãe.
– E como foi? – suspirou fundo.
– Péssimo, quebrei as expectativas dela, traí sua confiança, mas sei que se ela soubesse de toda essa verdade isso ia mesmo devastá-la. – suspirou fundo. – Isso foi uma prévia do que está por vir quando ela descobrir.
– Infelizmente sim. - abraçou a amiga de lado.
– Mas e você? Como foram as festas de final de ano? – a encarava animada.
– Maravilhosas, Paris é linda. A torre Eiffel é um lugar que todo mundo deveria conhecer, . Eu fiquei deslumbrada com as paisagens de lá.
– Confesso que morro de vontade de conhecer, sabia? E o pior é que é tão perto, mas tão caro. – assentiu. – Mas e a família dele? Te recebeu bem?
– A família do Ousmané é bem receptiva, achei que eles fossem estranhar minha chegada ali, ou sei lá, mas me trataram muito bem, e são calorosos. – gargalhou.
– É porque você não conhece o Brasil, chica, aquilo ali é que é calor humano. – sorriu com aquilo.
! – ela sentiu o seu coração bater mais forte em seu peito ao reconhecer aquela voz… Não, definitivamente não, isso não era real, era fruto de sua imaginação. – ! – não era uma ilusão.
– Eu não posso acreditar nisso, , eu realmente não posso. – riu de nervoso. virou-se para trás e pôde constatar que era a tia de sua melhor amiga que a chamava.
– Vadia. – negou com a cabeça, andando mais rápido com .
– Eu não a vi, eu não a vi… – sussurrava repetidamente. A mais velha correu ao seu encalço até que pudesse alcançá-la e segurá-la pelo braço, fazendo com que detivesse seus passos.
– Como está, minha sobrinha adorada? – se soltou do toque da mulher rapidamente.
– Por você eu estaria mal, não é? Mas eu estou ótima. Agora, eu tenho coisa mais importante para fazer do que ficar falando com… Uma cobra como você. – abriu um sorriso forçado, voltando a andar.
– Deveria me tratar melhor, eu te tratei tão bem quando ficou hospedada em minha casa e olha que foram longos e longos anos. – encarava a mulher incrédula. – E eu quero falar com você, com toda certeza um assunto de seu interesse.
– Nada que venha de você me interessa, querida. – sorriu falsamente.
, brasileiro, jogador de futebol do time do Barcelona, seu namoradinho, hein? Uau! De um dia para o outro, meio estranho, não? – a tia a examinava e empalideceu, segurando-se em .
– A senhora é deprimente, sabia? Cuida da sua vida, velha enxerida! – puxou pelo braço retomando os passos rapidamente, só que agora de volta ao campus. – Não a deixe te desestabilizar assim, por favor, chiquita.
Flores abriu um sorrisinho de lado, por que havia reagido daquele jeito? Que o detetive descobrisse logo tudo, porque agora ela estava mais curiosa e naquele mato havia muitos coelhinhos…
– Como ela soube? Aliás, o quanto ela sabe? – as duas ainda andavam apressadas. sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
– Sua mãe pode ter contado no dia da briga, . E ela não sabe de nada, era nítido que ela estava jogando. Calma. Fica calma.
– Com que direito essa mulher reaparece assim na minha vida quando tudo está tão melhor? Minha vontade é de matá-la! – lágrimas voltaram a descer de seus olhos, era um misto de medo, angústia e raiva. suspirou fundo, a abraçando apertadamente.
– Ela não pode fazer nada com você, nada mesmo, ok? Diós, você é mais forte que ela, pode apostar.
– Eu só não estava preparada para isso. – respirou fundo, tentando normalizar a respiração. Se separou dos braços da amiga. – Você está certa, ela só está jogando comigo. Mas essa cobra não vai conseguir nada. – limpou as lágrimas rispidamente do rosto. – Que ela se foda.
– Isso! – abraçou a amiga de lado e elas retomaram os passos. Sentiu o celular vibrar, deu uma rápida checada e mordeu os lábios quando viu a mensagem. Parece que ele adivinhava quando enviar algo.
– E lá vai ele… – a encarou de cenho franzido, lhe entregou o aparelho em sua mão.

:
Já saiu da faculdade? Terminei o treino agora, se quiser eu posso passar aí para te pegar.

– Não seria nada mal uma carona até em casa, confesso que estou de ressaca ainda do ano novo, nem eu sei como estou em pé hoje.
– Eu não sei.... – bloqueou novamente o aparelho. – Não está tudo bem. Ele precisa perceber isso, . Por isso, eu não vou responder nada, vai ser visualizado e ignorado com sucesso. – piscou para amiga. – Eu estou bem cansada também, que tal se dividirmos um Uber?
– Perfeito! – desbloqueou novamente o aparelho, abriu o aplicativo e chamou o motorista, adicionando as paradas.

***

Depois das festividades do fim de ano, já havia se passado duas semanas e Flores não havia mais procurado e aquilo de alguma forma a deixava em um misto de alívio e desconforto, detestava não saber o que a mulher planejava. Pensou em várias vezes procurá-la, mas sempre desistia, se a procurasse talvez estivesse assinando seu atestado de culpa.
As coisas com estavam piores, parecia que ambos haviam regredido e voltado à estaca zero, não conversavam com frequência, apenas assuntos importantes. tentava uma aproximação, o repelia de alguma forma. Ele já não sabia mais como se aproximar dela sem que levasse um toco.
– Uma viagem romântica, cara, as mulheres amam, lá você consegue derrubar essa rocha que a construiu entre vocês. – franziu o cenho.
– Ela nunca toparia isso, Coutinho, ela está mesmo decepcionada comigo, eu não sei lidar com isso.
– Inventa uma desculpa, sei lá, fala que seus pais vão estar lá e que você não desmentiu a história de estarem namorando. – Coutinho terminava agora de amarrar as chuteiras.
– Diga que é um evento do time, que é necessário uma acompanhante e se ela negar, você diz que é necessário que seja ela porque você já a levou no final do ano. – Malcom se intrometeu na conversa surpreendendo a ambos.
– Isso, boa, Malcom. – Coutinho fez um toque de mãos com o rapaz.
– É, a ideia é mesmo boa, espero que ela acredite. – coçou a nuca nervoso. pegou o celular e abriu a galeria de imagens, mostrando aos amigos uma imagem. – Comprei para ela.
– Muito bom, agora sim. – Malcom deu dois tapinhas nas costas do rapaz.
– É tudo ou nada, , vai dar certo. – Coutinho bagunçou o cabelo do rapaz, o fazendo rir.
– Quando é a próxima folg… – fora interrompido de uma vez.
– Então se apressa que é nessa semana mesmo, é quinta e sexta-feira – sentiu as bochechas esquentarem quando viu Suarez lhe respondendo. Quem mais ouvia a conversa? Deu uma rápida olhada pelo local e viu que no vestiário já estavam Umtiti, Dembelé e Alba. Era melhor encerrar aquela conversa de uma vez antes que mais alguém se intrometesse ali.
– Feito, vou planejar tudo, só tenho um dia e meio. – esfregou as mãos com um pequeno sorriso.

– Oi, Tuntz, amorzinho. – foi recepcionada pela bola de pelos. Quando o animal ficava em pé já alcançava seus ombros.
Deixou as coisas em cima do sofá, sendo seguida pelo cachorro e foi adentrando o local. Foi para a academia e espiou com seu preparador físico. Eles conversavam, enquanto estava completamente ensopado de suor e passava a toalha tentando se secar. negou com a cabeça, saindo dali mais rápido do que chegou, não estava nem um pouco a fim de fantasiar com ele daquele jeito.
A rotina de ir e voltar da faculdade sem os estágios era mesmo muito boa, mas já estava acabando, os estágios voltariam na semana que vem. Ela deveria aproveitar seu tempo livre para estudar, adiantar seu trabalho de conclusão de curso, mas como uma brasileira nata, ela gostava de viver perigosamente. Se jogou no sofá aninhando-se ao cachorro que ocupava boa parte do espaço, estava até com preguiça para se levantar e comer alguma coisa.
– Tá certo, cara, obrigado mesmo. – agradeceu ao rapaz com um toque breve de mãos.
– Oi, . – ela mexeu a cabeça em cumprimento ao preparador e Lucas se foi do local. estudava os movimentos de que parecia bem distraído enquanto mexia freneticamente no celular.
– Preciso de um favor seu. – finalmente largou o aparelho e a encarou.
– Ok, do que precisa? – ela se aprumou ainda mais em Tuntz enquanto o aguardava continuar.
– Preciso que me acompanhe em Paris, tenho um evento do time, e antes que você se negue, tem que ser você porque foi na última festa de final de ano. Não quero parecer volúvel e aparecer com outra acompanhante. É muito importante, é para a Fundação do time.
– Mais volúvel que aquela foto? Impossível. – alfinetou. fingiu não escutar. – Quando é?
– Amanhã. – arregalou os olhos, engasgando-se com a saliva.
– Você está louco? Não é assim que as coisas funcionam. – ela esbravejou. – Eu estou no último semestre, não posso ficar faltando assim.
– Eu sei, por isso você teria que faltar apenas na sexta feira, partiremos amanhã depois do almoço e voltamos a tarde na sexta. Por favor, não me deixa na mão. – tinha o olhar pidão.
– Eu nem sei o que dizer…. – ela suspirou fundo. Ficou um silêncio enquanto aguardava sua resposta. – Tudo bem, eu dou um jeito e te acompanho.
– Não sei nem como te agradecer, . Obrigado mesmo. – abriu um enorme sorriso. – Bom, preciso de um banho. – comentou com um pequeno sorriso, já se direcionando às escadas.
Não seria tão ruim assim, afinal, era Paris, quem nunca quis conhecer Paris? Ela daria um jeito com a falta.

***

Desembarcaram no aeroporto de Paris Charles de Gaulle por volta das 17 horas, com pequenas maletas, já que passariam apenas uma noite por ali. Pegaram um táxi em frente ao aeroporto e em meia hora estavam no Apart Hotel Résidence Charles Floquet que ficava há 50 metros da Torre Eiffel.
Fizeram o check-in e foram até o apartamento. A decoração era num estilo elegante, o local possuía uma varanda ampla, que dava vista para a Torre e uma lareira. O lugar também possuía uma cozinha, dois quartos e uma sala de estar. tinha os olhos brilhando, parecia um sonho tudo aquilo.
, meu Deus, somos só nós dois, esse lugar é imenso. – ela ainda vasculhava cada canto dali.
– Foi o que eu consegui em tão pouco tempo.... – Ele sussurrou. visitava o segundo quarto.
– O que disse? – franziu o cenho.
– Disse que o time exagerou mesmo na hospedagem, acho que foi o lugar que eles acharam mais perto do local do evento… – o jogador forçou um sorriso, caminhando para o quarto de casal.
– Hum… Sei. – o encarou desconfiada. – O bom é quem tem dois quartos, não? Você fica com esse e eu com o de beliche. – piscou para ele e foi colocar sua pequena maleta no local. nada falou, se tudo desse certo ele dividiria aquela cama com ela.
– Você deveria começar a se arrumar, demora um século para isso e a reserva está para as 19 horas. – ela voltou-se para ele.
– Não era um evento? Agora é reserva? – arqueou a sobrancelha.
, é evento, falei errado. Agora anda, se arruma logo. – ele a empurrou pelos ombros fazendo-a ir para o banheiro.
– Calma que eu não peguei meus cremes. – ela caminhou de volta ao seu quarto.
– Seu ritual de cremes, claro. – e foi inevitável não se lembrar do dia que ela havia tentado seduzi-lo exatamente daquele jeito, negou com a cabeça, aquela lembrança não deveria vir naquele momento.
– Sim, meu ritual, vou tomar logo banho. – o rapaz deu de ombros, indo para o outro banheiro fazer a mesma coisa.

esborrifou mais um pouco de perfume em seu pescoço e pode escutar batidas na porta, já era a quinta vez que fazia tal ato. Ela bufou, ajeitando rapidamente os cabelos no espelho e assim saiu do banheiro deslumbrante.
– Dessa vez quis apostar em um vestido mais curto, espero que não tenha problema e eu não passe tanto frio, afinal, é inverno. – comentou quando os olhos de estavam fixos em seu corpo. – Meu rosto ainda é aqui em cima. – ele sorriu, focando em seus olhos.
– Está linda, . Muito linda mesmo. – o vestido ao qual ela vestia tinha uma cor azul-turquesa e seu comprimento ia até os joelhos, meia calça, nos pés um scarpin na cor preta, e uma bolsa de mão da mesma cor. Pegou um casaco grosso e os colocou na outra mão livre.
– Obrigada, você nem tanto para um evento de caridade. – sorriu, negando com a cabeça. Vestia uma calça jeans de lavagem escura, tênis Nike na cor branca, camiseta preta, blusa grossa de moletom, e um boné branco. o encarou de cenho franzido, junto um + um. – Não tem evento nenhum, não é?
– Não, , não tem. Eu queria que fosse uma surpresa, e se eu falasse qual era a minha intenção com essa viagem você jamais toparia. – ela fechou a face.
– Não toparia mesmo, ainda bem que sabe disso! – respondeu ríspida. O jogador abriu um sorrisinho sem graça.
– Enfim, só me acompanhe, por favor. Prometo que essa noite será memorável. – ele estendeu a mão a ela. suspirou fundo, hesitou por um momento, mas segurou sua mão, entrelaçando-as.
O restaurante a qual havia feito a reserva ficava bem próximo dali, exatamente no segundo andar da Torre, então não houve a necessidade de que fosse chamado um táxi. Aquela viagem havia saído bem cara, pois a reserva naquele local deveria ser feita com antecedência, usou sua influência e pagou valores exorbitantes para que aquilo fosse feito, e merecia que aquilo fosse um sonho. Mas seu empresário não ia gostar nadinha daquilo.
Acomodaram-se no restaurante e não demorou para que fossem atendidos no local, fizeram seus pedidos, e enquanto aguardavam, tentou uma conversa com .
– Gostou da vista? Eu achei um lugar incrível, não conhecia a Torre desse jeito, claro que já vim a Paris algumas vezes, mas sempre foi a trabalho.
– Sim, é muito lindo. Parece um conto de fadas. – ela encarava encantada o local, era uma vista e tanto. – Daqui deve ser um pulinho para a casa do Neymar, dá para você fazer uma visitinha para o seu amigo do peito. – ela deu uma piscadinha. suspirou fundo.
– Ele não sabe que eu estou aqui, e a viagem é para você, . me contou que você gostaria de conhecer a Torre Eiffel e aqui estamos nós.
– Deveria avisá-lo, e então, ele prepara uma festinha daquelas com mais 30 mulheres e você repete a foto, só que agora em Paris, hum? – ela mordeu os lábios. – E é uma traidora, não me contou nada. – bufou. – Ela vai se ver comigo quando voltarmos para a Barcelona.
– Ela não sabia de nada, eu só a perguntei, joguei como quem não queria nada e ela me contou. – resolveu ignorar a parte que ela falava do camisa 10 da seleção, não queria discussões. – Ela é sua melhor amiga ou tem outras amigas?
– Ela é a minha melhor. – abriu um sorriso involuntário. – Na verdade, quando vim para a Espanha perdi contato com muita das minhas amigas brasileiras. Converso com uma ou duas, mas não é a mesma coisa. Tenho um amigo aqui também, o Lance, faz tempo que não o vejo.
– Entendo, esse Lance você não mencionou. – ele comentou, pensativo. – E as amigas eram da época da escola?
– Era um cliente da época que eu era prostituta, ele é gay, mas escondia da família. – ele assentiu. Sentiu um aperto no coração, Lance havia sido a única coisa boa da prostituição, era um amigo e tanto. Tinha que marcar de encontrá-lo, estava com saudades. – E quanto as meninas, sim, eram da escola. – lembrou-se que esteve no Brasil e em nenhum momento pensou em encontrá-las, sentia-se péssima, mas não estava com cabeça para aquilo, quem sabe na próxima vez que resolvesse voltar ao país.
A entrada os interrompeu, e tão rápido como chegou, o prato principal também estava ali, haviam pedido Gratinado Dauphinois, que era feito com batatas cozidas cortadas em rodelas, natas, leite, noz-moscada e queijo. Para acompanhar, haviam pedido vinho branco, especificamente o francês Beaujolais. Apesar das leves alfinetadas de , o jantar havia sido leve.
Após terminarem de se alimentar, insistiu para que pedissem sobremesa, a contragosto concordou, ela já estava satisfeita. Optaram por Dacquoise, que era feita com um merengue de nozes ou avelã e intercalada com um delicioso creme doce batido.
– Vamos tirar uma foto? – arregalou os olhos com o pedido dele. – Ah, qual é, estamos em Paris.
– Estou com medo que chova. – brincou, arrancando uma breve risada dele. O rapaz pegou o celular, e rapidamente bateu uma selfie dos dois com enormes sorrisos. – Deixa eu ver. – ele mostrou a foto para ela, que pediu que fosse tirada outra foto.
– Monsieur… – o garçom chamou educadamente, deixando as sobremesas dispostas para cada um. fez o sinal para o garçom, que rapidamente assentiu, saindo dali e voltando com dois rapazes com violino. olhou para o seu prato e lá estava escrito Je t'aime.
Ela arregalou os olhos quando os rapazes pararam ao lado da mesa e começaram a tocar uma melodia harmoniosa. se levantou, chegou próximo de , fazendo com que ela se levantasse também, ajoelhou-se em sua frente, e do seu moletom ele retirou uma caixinha. Ele a abriu, e mostrou a ela. encarava aquilo boquiaberta, estava surpresa, estava tudo tão lindo, que ela jamais pensou que aquela noite terminaria daquela forma.
– Chegou a hora de contar o propósito dessa viagem. - riu nervoso. - Vamos lá. , não somos um casal convencional, passamos por tanto nesses últimos tempos que achei que nosso amor nunca floresceria. Quando não era você com seus segredos, era eu com minha teimosia e medo de me machucar. Quando as coisas estavam caminhando para que finalmente ficássemos juntos eu simplesmente pisei na bola.
“Quero que saiba que você é o amor da minha vida. Te amo com todo o meu ser desde os meus 14 anos, desde a primeira vez que coloquei meus olhos em você, e naquela época você nem sonhava em ser minha. Eu quero passar o resto dos meus dias ao seu lado, porque você é pessoa certa para mim. – tinha os olhos marejados, e a mão na boca, completamente chocada. – Eu sei, deveríamos namorar primeiro, mas a gente já está morando junto, então vamos pular essas formalidades, não vamos rotular, vamos viver por isso minha pergunta é: Darlozo, aceita ser minha mulher?”


Capítulo 18

E você chegou
Atrasadinha, mas tava linda
E a boca calou
Mas meu coração gritou por cima
E vai na fé, aposta nela
Que ela é uma boa menina
Vamos pular
A parte que eu peço aquele vinho do bom
A taça não merece tirar seu batom
Deixa comigo que pra isso eu tenho o dom

(Atrasadinha – Felipe Araujo feat Ferrugem)

estava petrificada, enquanto o rapaz a encarava com um sorriso bonito no rosto. As pessoas no restaurante tinham os olhos voltados para eles, todos esperavam uma resposta, algum gesto, porque não um beijo, mas nada, nenhuma reação dela.
?! – a encarava preocupado, será que a resposta dela seria um não? – Por favor, diga algo. Se for não, eu vou chorar pra caralho, mas tudo bem. – ela gargalhou .
, você é tão desesperado. – ela sorriu. – Eu só fiquei muito chocada mesmo, eu não esperava isso.
– Por favor, me responde, , por favor. – ele ainda estava ajoelhado, só que agora tinha os olhos fechados pressionados, enquanto fazia uma careta. se abaixou para que ficasse em sua altura, aproximou a boca de seu ouvido.
– Aceito. – sussurrou. levantou de uma vez, pegou em seu colo e a encheu de selinhos. Sem entender muito o idioma deles, as pessoas aplaudiam, entendendo ali que ela havia aceitado o pedido.
– Te amo muito. – ela sorriu. E mais um beijo lento começou cheio de carinho, ternura e amor. Se separaram com muitos selinhos.
tirou o anel do aparador e em seguida a aliança no dedo anelar direito da moça. sorriu, e pegou a aliança da caixinha e colocou no dedo de . Trocaram mais um selinho e foram aplaudidos mais uma vez por todos do restaurante. Ela estava completamente desconfortável, se abraçou a ele e escondeu seu rosto na curva do pescoço do rapaz. As pessoas se acalmaram e eles se sentaram para que pudesse degustar da sobremesa que haviam pedido. Os músicos pediram licença e se retiraram, deixando o casal a sós.
, foi muito lindo, eu não consigo expressar o quão feliz eu estou por isso. – olhou o dedo anelar direito. – Eu jamais pensei que você fosse me pedir para que ficássemos juntos dessa forma, isso é tão não você, sempre discreto.
– Nem eu sei como tive coragem, eu só agi, programei isso tudo em um dia e meio. – ele sorriu, com a boca suja de creme. pegou o guardanapo e passou por ali, limpando.
– Jura? – ele assentiu. – Meu Deus! Eu só penso no valor daquele hotel, e aqui… Nossa, deve ter sido muito, muito caro foi uma reserva de última hora.
– Não importa, está tudo bem, eu faria tudo de novo. – pegou a mão dela e deu um beijinho ali.
– Eu estou muito eufórica, não estou nem conseguindo comer direito isso aqui, apesar de estar uma delícia. – piscou com um pequeno sorriso.
– Eu pedi para o garçom gravar sua cara… – abriu um sorrisinho diabólico.
– Ah não, não, devo ter ficado horrível, ainda bem que não fui a única, sua cara de desespero ganhou bem mais da minha. – riu.
– Que calúnia! – ela fez uma caretinha engraçada. Ela suspirou fundo, agora mais séria.
… – ela o encarou. – A gente não precisar casar necessariamente agora, vamos continuar namorando, mas morando juntos, o que acha? Eu ainda preciso terminar minha faculdade, preciso arrumar um bom emprego e… – ele segurou a mão dela.
– Tudo o que você quiser, no tempo que você quiser. – ela sorriu, alisando o rosto dele.
– É por isso que eu te amo. – suspirou aliviada e lhe deu um selinho. – Vamos tirar uma foto das nossas mãos com a aliança. – ele pegou o celular fazendo o que ela havia pedido. Ela lhe mostrou e ela sorriu.
– É uma pena que vamos ter que ir embora amanhã logo cedo, tenho treino à tarde e domingo tenho jogo da La Liga e preciso estar descansado e concentrado.
– Precisa mesmo, tem toda a razão. – fez um carinho na mão do rapaz. – Ah, uma coisa muito, muito importante... – ela estava séria. – Sem mais festinhas com o Neymar.
– Neymar? Quem é esse cara? – brincou, arrancando um biquinho dela que foi preenchido com um selinho. – Você fica fofinha com ciúme.
– Quem disse que eu estou com ciúme? – ela franziu o cenho, revirando os olhos.
– Claro, claro, sou eu que estou. – ele foi irônico. mostrou a língua para ele.
Não tardou muito para que eles terminassem a sobremesa, pagasse a conta e eles pudessem ir embora de volta ao hotel, para a parte dois daquela noite. Assim que entraram no elevador, começou a distribuir beijos pelo pescoço desnudo de , causando arrepios na moça.
Os beijos quentes não cessaram quando eles entraram no quarto. tirou os próprios tênis, arrancou o boné de qualquer jeito, a empurrou na cama, deitando-se por cima dela, descendo os beijos pelo pescoço da moça, arrancando suspiros altos dela. Direcionou as mãos para abrir o vestido dela, porém ela o empurrou para o lado da cama.
– O que houve, vida? – ele a encarava sem entender.
– As coisas estavam indo longe demais e nós não podemos… – ele franziu o cenho, ainda confuso. – Estou naqueles diazinhos. – a cara que ele havia feito foi impagável. gargalhou alto. – Agradeça a Deus sempre quando eu menstruar, afinal, não teremos um baby surpresa, bonitinho.
– Obrigado, Deus, mas bem hoje? Poxa… – ela gargalhou novamente, enquanto o via olhar para o teto.
– Eu não imaginava que ia rolar algo entre a gente, . – se encolhia na cama de tanto que ria. – E outra, a gente vai transar muito ainda, então relaxa.
– Está tudo bem, a gente comemora quando o mar vermelho for embora. – tentou uma piscadinha sexy. – Não? – se referiu ao gesto.
– Definitivamente não. – ela lhe deu um empurrão enquanto ria. – Você é tão idiota, meu Deus. – ele a jogou na cama e a encheu de selinhos. – Para, é sério. – ela o empurrava, sem sucesso. E mais um beijo começou, esse diferente dos outros não tinha luxúria, era terno, tinha carinho. Terminaram com dois selinhos.
– Isso nunca para de ser bom. – abriu um enorme sorriso, enquanto a encarava fixamente. – Espero que nunca acabe. – ela sorriu, acariciando seu rosto.
– Não vai, é amor. – piscou para ele. – Agora eu vou me trocar, trouxe meu pijama de unicórnio nada sexy, mas muito fofo e quentinho e a gente vai dormir igual namoradinhos inocentes. – o empurrou e ele se jogou na cama.
– Eu tenho escolha? Não. – riu, indo para o seu quarto se trocar, seria muita tortura trocar-se na frente do rapaz. Quando voltou ao quarto, já estava deitado com uma bermuda, enquanto ela vinha com o pijama rosa de unicórnio.
, você está muito fofinha assim, nem parece que é má. – ela caiu na risada com ele, estar em sua companhia já tornava as coisas tão mais fáceis, ela havia se esquecido disso.
– Eu sei. – se aconchegou no peito dele para que pudessem assistir alguma comédia romântica na Netflix abraçadinhos, curtindo a companhia um do outro.
Não demorou muito para que dormisse, aproveitou o momento, pegou o celular e fez uma postagem simples em seu Instagram, mas doce para mostrar a todos que seu coração já tinha dona.

E ela disse siiim!
Obrigado por toda essa cumplicidade e carinho que temos. Que Deus abençoe a nossa união.
Amo você @ Darlozo 💍❤👭

Essa havia sido a legenda escolhida para as fotos que ambos haviam tirado em Paris marcando o início de um relacionamento com muito amor, mas com muita intensidade também.
e levantaram cedo no dia seguinte, o voo deles estava marcado para as 11 horas, não conseguiram explorar Paris como queriam, então ficou prometido que uma próxima vez voltariam lá para isso.

***

– Alguma novidade? – Flores ligava ao detetive, já havia se passado um bom tempo sem qualquer retorno do homem.
– Bom, eu tenho a seguido para vários lugares, mas nada ainda, ela vive pelos lados com uma amiga, faz estágio em um renomado hospital, e o restante do tempo está grudada com o namorado, inclusive ele a assumiu publicamente. – Flores bufou audivelmente.
– Não quero saber se ele a assumiu ou não, eu quero saber para ontem o que ela fazia no intervalo de tempo entre meados de julho até ano passado, estou achando que estou gastando dinheiro à toa.
– Senhora, assim me ofende. – o homem reclamou.
– Eu não quero saber se te ofendo ou não, eu quero respostas, e as quero para ontem, caso não, vou parar de te pagar e dispensar os seus serviços! – bateu o telefone na cara do homem.
– Que mulher mal humorada! – Torres suspirou fundo, teria que ser muito mais evasivo se quisesse descobrir o que tinha acontecido entre aqueles meses, ficaria 24 por 48 na cola da garota, uma hora ele teria alguma luz para descobrir o que aconteceu com ela naquele espaço-tempo, não podia perder a grana que estava recebendo da mulher e ele tinha uma reputação a zelar.

***

– E então, Felipe, matou a curiosidade de conhecer o Camp Nou inteiro? – questionou o amigo, enquanto ambos saiam do Estádio do Barcelona.
O amigo em questão era Felipe Araújo, cantor sertanejo, dona da música chiclete Atrasadinha. O rapaz havia acabado de gravar uma pequena participação para a TV Barcelona com naquela tarde, compartilhando o hit Atrasadinha em duas versões: em português e espanhol.
– Cara, incrível, eu nunca tinha parado para conhecer tudo isso, vim em 2017 assistir a um jogo, mas foi muito rápido, esse time é do caralho. – sorriu.
– Pois é, quando eu coloquei meus pés a primeira vez aqui no Camp Nou e escutei essa torcida foi incrível. – deu dois tapinhas nas costas do cantor. – Tem compromisso para agora? – Felipe puxou o relógio, verificou as horas e negou com a cabeça – ‘Bora almoçar, então?
– Estou morto de fome, nunca negaria esse convite. – sorriu, enquanto passava a mão na barriga.
– Eu só preciso avisar , seria problema para você se eu a levasse? Ela vai adorar te conhecer.
– Claro que não, por favor, que pergunta.
– Certo, só preciso checar se hoje ela não tem estágio no hospital, nunca lembro os dias de estágio dela. – comentou. – Mas e você quer ir almoçar onde? – digitava uma mensagem a namorada enquanto aguardava a resposta dele.
– Bom, eu estou com fome, então onde for mais perto, eu topo. – ele riu, enquanto caminhavam em direção a saída.
– Vou te levar no Futballarium Barcelona, a comida é muito boa, os donos são muito simpáticos, são húngaros e o ambiente é muito legal, é temático, você vai gostar. – e ele caminharam até o local, que não ficava muito longe dali.
– Nossa, muito legal aqui mesmo. – Felipe olhava tudo admirado. Realmente a decoração do lugar era temática, o bar e restaurante eram decorados com camisas de clubes de futebol, chuteiras, luvas de goleiro, flâmulas, etc. Havia algumas televisões espalhadas por ali que mostravam jogos desde La Liga a Premier League. Sentaram em uma mesa e Felipe começou a folhear o cardápio. – E sua namorada, vem?
– Vem sim, hoje ela não tem o estágio no hospital. – respondeu enquanto guardava o celular no bolso.
– Você está de quatro por ela, não é? – soltou uma risadinha sem graça. – Nem precisa responder mais nada.
– Ela me faz bem. – comentou feliz. – E você está com alguém? Tomou juízo?
– Eu estou apaixonado e tem nome e sobrenome: Miguel Marchezi Araújo, meu filho. – gargalhou.
– Errado você não está, depois de tudo eu faria o mesmo. – Felipe concordou veemente.
O cantor havia passado por um término bem complicado com a mãe do seu filho, hoje em dia conviviam muito bem, mas demorou até que tivessem tal maturidade. Após isso havia se envolvido com a ex participante do reality show Big Brother Brasil, Monique Amin, mas também acabou dando errado. Tinha colocado em sua cabeça que daria um tempo em relacionamentos.
Foram interrompidos por dois torcedores que pediram uma foto com e autógrafos em suas camisetas.
– Às vezes é bom andar pelas ruas e ninguém te conhecer. – Felipe comentou depois que os torcedores foram embora.
– Você faz o que gosta, não reclama, Lipe. – o cantor deu de ombros. – Aqui em Barcelona os torcedores são tranquilos, nunca tive nenhum problema. – Você sabe que as coisas no Brasil são completamente diferentes... – riram. entrou no restaurante, procurando com o olhar , e o localizando na mesa do fundo acompanhado de... Felipe Araújo? Então era essa a surpresa então? Ela abriu um enorme sorriso caminhando até lá.
– Me digam que eu não cheguei atrasadinha? – tentou uma piada, lógico que ela não perderia a oportunidade.
– Olha… – Felipe entrou na onda, se levantando e dando um abraço em . – Nem preciso me apresentar diante dessa piadinha.
– Não, definitivamente não. – ela sorriu, desfazendo o contato. – Meu nome é , muito prazer.
– Dispensa apresentações, , já me falou sobre você. – a moça agora cumprimentava o jogador com um rápido selinho. Se sentou ao lado dele, pegando o cardápio e dando uma folheada por ali.
– Bem ou mal? Para o bem dele, espero que bem. – segurou a mão livre dela, e a entrelaçou com a sua. O detetive entrou no restaurante e sentou-se em uma mesa próxima dali.
– O que você acha? – Felipe mexeu as sobrancelhas arrancando risadas de .
– Bem, não é, minha linda, como eu posso falar mal do meu raio de Sol? Da luz da minha vida? – fez uma careta juntamente com Felipe.
– Muito mel, pelo amor de Deus, assim eu vou ficar enjoado até o final da conversa e nem vou conseguir comer. – o cantor fingiu vomitar enquanto os encarava.
– Somos dois, então, é muito mel até para mim. – o jogador apertou a bochecha da moça. – Já fizeram seus pedidos?
– Estávamos te esperando. – Folhearam o cardápio e cada um optou por um prato diferente.
– Mas então, faz muito tempo que vocês se conhecem? – encarava o cantor enquanto aguardava a resposta.
– Mais ou menos, a gente se conheceu desde pequeno, mas a vida nos afastou. Então um amigo em comum sempre falava de um tal de e que se eu conhecesse eu ia gostar dele, por sermos do mesmo estado, por gostarmos de futebol, porque antes de eu ser cantor também já fui jogador de futebol…
– Comigo o mesmo, só que falava que era um cantor sertanejo em ascensão, então eu finalmente decidi ir ao show desse cara aí. – complementou. – Chegando lá me deparo com ele e logo nos lembramos, desde então viramos parceiros novamente e estamos sempre em contato.
– Nossa, que incrível isso. Quando é para ser, é para ser mesmo. – ela estava boquiaberta. – Hum… – ela pigarreou, envergonhada. – Seria feio se eu... Sabe, pedisse uma foto com você? – os olhinhos da mulher brilhavam em expectativa.
– Claro que não. – se levantou, deu o celular ao namorado que registrou o momento. – Agora uma selfie. – se juntou a eles e tirou a foto.
– Depois me manda.
– Pode deixar. – os pratos chegaram e eles puderam começar a comer.
– Se a gente não tivesse em público eu ia pedir uma palinha de Atrasadinha, Clichê ou de Ainda Sou Tão Seu. – deu uma boa mordida em seu lanche.
– Ainda Sou Tão Seu é a música preferida do seu amado aí. – encarou o namorado surpresa.
Mentiraaa. – falou de boca cheia, riu.
– Pois é, sou um eterno apaixonado. – ele a encarou. deu um selinho rápido no namorado, voltando a comer.
O detetive suspirou fundo, aborrecido, nada que pudesse ser aproveitado naquele encontro, que garota mais escorregadia, uma hora ela deslizaria e ele estaria a postos.

***

acordou com o despertador, levantou-se, fez sua higiene matinal, voltou-se para o quarto para vestir-se e suspirou fundo ao ver a cama vazia, havia passado a noite sozinha, precisou viajar, pois tinha jogo fora de Barcelona, era estranho depois de tanto tempo ficar sozinha naquela casa imensa. Arrumou-se rapidamente, pegou o material da faculdade, desceu as escadas, alimentou Tuntz e saiu de casa.
Hoje havia marcado de tomar café com Lance e na cafeteria, fazia tempo que não tomava um cappuccino lá. Dessa vez teria que ir de transporte público, o carro estava na oficina, teria que buscá-lo mais tarde.
Sentiu-se com uma sensação estranha, parecia que alguém a olhava, virou-se para trás para verificar, mas nada viu. Há dias ela se sentia assim, mas sempre que procurava, nada encontrava. Retomou os passos em direção à parada de ônibus.
O que ela não sabia era que estava mesmo sendo seguida há tempos, era o detetive particular que sua tia havia contratado. Ele sabia que a moça estava sozinha, pois tinha jogo em outro lugar naquela noite e por isso havia visto a oportunidade perfeita para uma abordagem mais direta.
desceu na parada próxima a cafeteria e entrou, avistando Lance e que já conversavam e riam de algo.
– Até que enfim, Bela Adormecida. – Lance brincou, levantou-se da mesa e lhe deu um abraço terno e apertado. – Eu sinto tanto a sua falta.
– Eu também, muita, muita. – ela sorriu e eles foram se separando do abraço. – Oi, azeda. – sorriu, dando um rápido cumprimento com a amiga.
– Vou te falar já, já quem é azeda, chica. lhe mostrou o dedo do meio. – Levantar mais cedo em pleno inverno não é fácil, ok?
– Eu sei, mas foi para uma boa causa, certo? E também, nossas agendas só bateram nesse horário. – bufou, concordando. e Lance se levantaram da mesa e foram fazer seus pedidos juntamente com , aguardaram enquanto eram preparados e assim que ficaram prontos voltaram à mesa. A porta da cafeteria foi aberta pelo detetive, que efetuou um pedido qualquer sentando-se a uma distância segura deles, mas que pudesse escutar um pouco da conversa.
– Mas me conte as novidades, Lance? Ainda utilizando o prostíbulo? – todos se sentaram, enquanto questionava o rapaz.
– Ah, corazón, estou sim, preciso manter as aparências, vocês sabem. – mordeu o lábio inferior, negando com a cabeça.
– E com quem você está saindo? – perguntou, curiosa.
– Antonieta. – e fizeram caras de nojo. – Ah, chiquitas, qual é? Ela é uma boa pessoa até e eu já saia com ela antes de sair com você, , só uni o útil ao agradável.
– Tudo bem, é só que a Antonieta tornava nossas vidas um inferno lá dentro, eu a acho repugnante, mas não a desejo mal, ninguém merece essa vida, é bom ter alguém como você para ela.
– Tirando a parte de não desejar o mal, eu concordo com a . – acabou rindo. – Em minha defesa, eu ainda estou com sono. – a amiga a encarou, descrente. – Ok, talvez eu seja venenosa mesmo e foda-se. – admitiu, dando de ombros.
– Nos divertimos muito, ela a princípio reclamou muito que seus clientes foram a grande maioria para ela. Mas agora chegou novas meninas, então aliviou drasticamente as coisas, ela está até mais corada.
– Bom, eu não sei se fico triste ou feliz com a notícia da chegada dessas novas garotas. – suspirou. – Triste porque ninguém merece ter que se submeter a isso e feliz por aliviar as coisas para ela. – suspirou fundo.
– Essa vida não é fácil mesmo, eu sei disso mais do que tudo, vivi muitos anos nisso, longos quatro anos, mas eu precisava me manter depois que me colocaram para fora do orfanato. – deu um riso trêmulo. – Minha sorte foi que sou inteligente, e consegui a bolsa integral na universidade.
O detetive tentava escutar a conversa, mas não estava sendo fácil, pegava apenas algumas palavras soltas, mas uma em especial havia lhe chamado bastante atenção: prostíbulo.
– Eu sinto muito que você tenha passado por tudo isso, , sinto mesmo, mesmo. – segurou no braço da amiga, o apertando em conforto.
– Não somos tão próximos assim, , mas também sinto muito por tudo isso, mas pensa que na vida tudo tem um propósito, isso foi só uma fase, olha agora como as coisas estão? – sorriu, passando as mãos nos olhos, evitando que derramasse alguma lágrima.
– Sim, vocês têm toda a razão. – suspirou fundo, bebericando seu mocaccino. – E você está com alguém fixo, Lance? – resolveu tirar os holofotes de si, uma coisa que detestava mais do que tudo era lembrar os motivos do porquê havia decidido se prostituir.
Estooou. – soltou um gritinho animado, arrancando um sorriso de . – Adivinha com quem, corazón?
– Só me vem um nome a mente. – Lance abriu um sorriso, adivinhando quem pensava. – Não, não acredito. – gargalhava.
– É tão legal ficar olhando duas pessoas conversarem por olhares, sabiam? Podem, por favor, compartilharem? – fez um biquinho engraçado, enquanto olhava de um para o outro.
– O nome dele é Daniels, o estagiário gostosão da empresa dele. – respondeu por ele. – E como vocês estão fazendo para rolar?
– Na minha sala, no banheiro, uns encontrinhos em um motel, tudo na surdina, chicas. sorriu.
– E ninguém desconfia de nada? – questionou.
– Não, lembra da sugestão de levar você para um motel para que eu pudesse ter uma noitinha de prazer? A Antonietta estava fazendo isso. – e gargalharam. – Eu sabia que sua ideia era boa demais, ele entra no porta-malas e está tudo certo.
– Meu Deus, Lance, você é terrível. – gargalhava ainda.
Mi amor, a gente se vira do jeito que consegue. – ele deu de ombros.
– Mas para ele é tranquilo aceitar esse lance sem assumir? – trouxe seriedade a conversa.
– Às vezes ele tem umas crises, mas ele entende que eu não consigo assumir isso de uma hora para outra, sabe? – elas concordaram. – Eu não aguento mais escondê-lo, quero assumi-lo para o mundo. Estou a ponto de explodir.
– Por mim você assumia isso logo e ponto. O mínimo que pode acontecer é seu pai te deserdar, com a experiência que você tem, arruma outro emprego rápido, o que não pode é ser infeliz a vida inteira. – bebericou o cappuccino.
– Concordo com a , seja feliz, saia do armário de uma vez.
– Eu seria deserdado, isso, chicas, nada de mais. – comentou irônico.
– Então cala essa boquinha linda e não reclama. – deu de ombros, arrancando um bico da face de Lance que logo foi desfeito com a próxima fala do rapaz.
– As duas com jogadores de futebol, hein? Saíram umas belas Marias Chuteiras. – abriu um sorriso, dando de ombros.
– Ousmane foi o único trouxa que eu consegui fisgar, não é como se eu tivesse escolhido.
! – ralhou com ela. Lance gargalhava.
– Ah, qual é? Eu estou sendo verdadeira, eu adoro o meu francês, mas é verdade, eu não o escolhi, fui escolhida. – deu de ombros.
– Tudo bem, se for nessa lógica foram fatores que me fizeram ficar com , e não uma escolha. A cada dia mais me vejo incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
– Ah, Bella Cullen... – Lance comentou, pegando referência a fala da mocinha da saga Crepúsculo. sentiu o celular vibrar, deu uma olhada na mensagem e suspirou.
– Falando no meu príncipe, ele me manda mensagem…
– Compartilha conosco? Não sabemos português ainda. – Lance pediu, curioso.
– Fale por você, querido, eu entendo até que bem. – deu um sorrisinho convencido. começou a leitura a mensagem.

: Oi, namorada, noiva ou seria esposa? Tudo bem? 😍😍
Só queria te dizer que estou com muitas saudades de você. Espero que esteja tendo uma excelente manhã ao lado de seus amigos. Se cuida e boa aula. Te amo muito! 🥰😘

– Que fofo, e por que ele te chama de todos os nomes assim? – Lance se referiu ao início do diálogo.
– A gente pulou as fases de um relacionamento natural, então ele brinca que a gente é isso tudo junto e misturado. Não rotulamos bem o que a gente tem. – mexeu na aliança no dedo anelar direito. – Ele só me pediu para que eu fosse a mulher dele e bem eu estou sendo desde então.
– Ah, estou aqui saltitando com isso, que fofo, Diós. – abriu um enorme sorriso. – Inclusive, que aliança linda e o anel também, eles se complementam. Que delicadeza.
Gracias, amigo. – sorriu. – Eu amei muito isso tudo.
– Você não acha o grudento? – perguntou a amiga. – Sei lá, eu e o Ousmane temos uma dinâmica bem diferente, nada melosa, inclusive. Ele me mandou uma mensagem dizendo que chegou bem ontem e ok, não nos falamos mais.
– Invejosa. – Lance fingiu um espirro, lhe deu um beliscão na barriga. – Ai, sua louca.
– Não acho, é um carinho, um cuidado, me sinto protegida ao lado dele. Eu nunca estive em uma relação assim, me sinto bem. E outra, nem todo relacionamento é igual, , isso funciona para mim e para ele, não necessariamente funcionaria para você e o Dembelé e está tudo bem também.
– Não é como se você tivesse um currículo vasto em relacionamentos. – zombou da amiga, a lembrando que ela havia namorado sério apenas uma vez na vida.
– Eu sei, mas é tudo muito diferente da minha relação com Jonathan, não trocávamos muitos carinhos, nem demostrávamos muito afeto, talvez no início da relação, quando ainda éramos novinhos e tudo era muito novo, eu virgem, ele não. – riu lembrando-se. – Depois foi se tornando algo mais carnal, a gente se via e transava loucamente, entende? Não tinha diálogo. Com é diferente, conversamos sobre tudo, ele tem interesse nas minhas coisas, eu tenho nas dele, tem dia que a gente só quer sexo, tem dia que a gente só quer dormir abraçadinho, e eu amo isso.
– Mas vocês ainda estão no início também, quem te garante que não vai para o mesmo caminho? – a questionou enquanto bebericava seu café.
– Ih, para com isso, está querendo jogar areia na felicidade alheia? – Lance revirou os olhos.
– Eu só estou querendo entender, eu também não sou a mais experiente em relacionamentos, eu amo esses dois juntos, não pode mais perguntar, queridinha? – deu de ombros.
– Vocês dois… – ralhou com ambos. – E bom, eu sei porque eu sinto isso, é diferente, é oposto de Jonathan e também é uma relação bem mais madura, a gente passou por tanta coisa para estarmos juntos. – ela suspirou. – É difícil de explicar, mas eu sinto que não nos separamos mais.
– E assim será, e modéstia à parte, vocês duas estão muito bem, o Dembelé é um homem tão bonito, e me parece ser bem fogoso, hein? – gargalhou alto.
– Você não tem ideia, meu relacionamento com ele é puro fogo, espero que não tenha o mesmo fim que a tenha tido com o Jonathan.
– Claro que não vai, não pensa assim, ele não é o Jonathan e você não sou eu. – apertou a mão da amiga.
– E você, , aquele homem é um Deus de tão lindo, inclusive o vi pessoalmente e babei, você sabe disso, eu que dei o pontapé inicial nesse romance. – deu uma risadinha safada. – E ainda tem um carinho tão grande com você, é muito fofo. Estou feliz por vocês estarem felizes.
– Sim, estamos – falaram juntas, e se olharam rindo.


Capítulo 19

And you know that love is love
E você sabe que amor é amor
It´s written in black and blue
Está escrito em preto e azul
And everything you say
E tudo que você diz
Must bring her closer, closer to you
Deve trazê-la mais para perto, para perto de você
You don´t have to touch it to know
Você não precisa tocar para saber
Love is everywhere that you go
O amor está em todo lugar que você vai

(Love Is Love – Culture Club)

O detetive voltou no dia seguinte a cafeteria, talvez alguém dali pudesse saber algo sobre a garota, qualquer mínimo detalhe seria importante para sua investigação. Entrou cautelosamente, e viu que haviam poucas pessoas, e por sorte não estava lá.
– Bom dia, com licença, me chamo Felipo Torres. – chamou a atenção da moça que tinha no crachá o nome Viviana escrito. Mostrou o celular a ela. – Você a conhece? Sabe se ela vem várias vezes aqui?
– Poxa, senhor, eu não faço ideia, faz pouco tempo que eu trabalho aqui… – Viviana sorriu gentil.
– E você não sabe alguém que trabalhe há mais tempo e que possa me esclarecer isso? – Torres abriu um sorriso galanteador, tentando de alguma forma flertar com ela para obter a informação que precisava.
– Bom… – ela colocou o cabelo atrás da orelha, tímida. – Talvez sim, espera um minuto. – ela sumiu para dentro da cozinha, e ele suspirou fundo, que obtivesse sucesso, alguém tinha que a conhecer naquele lugar, ela parecia bem familiarizada.
– Olá, sou o gerente da cafeteria, me chamo Juan Chavéz, em que possa ajudar? – um rapaz surgiu de lá de dentro.
– Olá, me chamo Felipo Torres. – estendeu a mão ao homem, que a apertou. – Você conhece essa moça? – mostrou a foto de .
– Sim, a conheço, ela sempre frequentou a cafeteria. – ele ainda analisava a foto.
– E você sabe no que ela trabalha?
– Nossa... Não faço ideia. – Felipo suspirou fundo. – No começo ela sempre vinha a cafeteria com uma cara de sono, sempre bem cansada, parecia que tinha virado a noite em claro. – lembrou-se daquilo. – Hoje em dia ela está bem diferente, inclusive ontem ela estava aqui.
– Ah sim… – forçou um sorriso. – Está certo, obrigado de qualquer forma. – Felipo saiu dali, pensativo.
A conversa com o atendente não tinha lhe adiantado nada, afinal, ele não sabia nada relevante, ou teria dito? Veio um estalo em sua cabeça, a conversa não havia sido de todo inútil, agora algumas peças daquele quebra-cabeça começavam a se encaixar.

***

– Ah, meu Deus, eu vou ficar mesmo mal acostumada com tudo isso, . – ela sorriu, quando foi acordada com selinhos por todo o rosto.
– Oi, amor. – ele sorriu, parando de beijá-la. – Café da manhã na cama com tudo o que se tem direito.
– Hum… Que delícia. – ela se espreguiçou demoradamente, direcionou seu olhar a bandeja que ele colocou em seu colo, no qual tinha algumas frutas, pãozinho com manteiga, bolachinhas e suco. – Sou péssima para comer de manhã, mas vou fazer um esforço por todo esse trabalho e você vai me ajudar, certo?
– Claro! – se sentou atrás dela, de forma que ela pudesse apoiar-se em seu corpo, ele apoiou suas costas na cama. – Confesso que tive ajuda de Maite. – confidenciou arrancando risadas dela. Maite era a diarista que trabalhava na casa. – Mas o mérito ainda é meu.
– Sabia! – ela sorriu, virando-se para trás e roubando um selinho dele. Pegou uma uva e levou a boca. – Hum… – terminou de mastigar. – , preciso contar a minha mãe sobre nós. – suspirou fundo.
– Precisamos, não vou te deixar falar sozinha. – ela assentiu.
– Eu não sei com que cara, ela ficou um tempinho estranha comigo e agora lá vou eu novamente tocar nesse assunto.
– Mas não dá para esconder, imagina suas irmãs mostrando as nossas fotos em Paris?
– Sim, elas devem ter mostrado mesmo, mas, se ela sabe, poderia ter me perguntado, certo? – ela se virou para trás, encarando-o.
– Acho que ela está esperando você falar. – deu de ombros, voltando a se alimentar. Ele de um beijo no ombro dela, empurrou o corpo dela para frente e desceu da cama. Procurava o celular e o achou ao lado da cama, no chão, a noite de ontem havia sido bem quente, sorriu com a lembrança. Acionou a chamada de vídeo. – Oi, sogrinha! – arregalou os olhos. – Acordei a senhora? – voltou-se a sentar na cama ao lado da moça.
! O que houve, santo Deus! – a mulher tinha uma cara de sono engraçada. deu um empurrão no rapaz o fazendo cair na gargalhada.
– Me desculpa, aí ainda é muito cedo, eu me esqueci desse pequeno detalhe. – ele ria.
– Oi, mãe, nos desculpe, o às vezes é muito impulsivo, na verdade não é nada grave. – a mais velha suspirou fundo, aliviada.
– Está tudo bem, queridos. – dona Maria coçou os olhos. – Mas não estou entendendo bem o motivo dessa ligação.
– Bom, estávamos tomando café, acordamos tarde, senão estaríamos acordando a senhora de madrugada. – riu, escondendo o rosto no peito de , enquanto ele começava o diálogo. – Bom, é… – ele segurou sua mão e a mostrou na tela do celular, fez o mesmo com a mão da moça. – Estamos juntos para valer.
– Eu já sabia, Luna me mostrou a postagem no Instagram, estava esperando essa ligação há um tempo, mereço explicações, não? Inclusive, mocinha, olha para a câmera, não se esconda atrás dele.
– Ai, mãe… – suspirou fundo, levantando devagar seu rosto e encarando a tela do celular. – Estou morta de vergonha. – suspirou. – Eu fui embora do Brasil dizendo que éramos amigos, que ele estava solteiro e curtindo a vida, foi um papelão toda a história e agora isso.
– E o que eu te disse com relação a você e ele? – encarava a namorada curioso.
– Que a senhora sentia algo entre a gente, e que por isso não contaria nada ao papai ainda. Não contou mesmo, não é? – sorriu, a mãe negou. – Como sempre a senhora com a razão.
– Pois é, eu tinha mesmo razão. – ela suspirou fundo enquanto os encarava.
– Estamos muito felizes, dona Maria. – abriu um enorme sorriso.
– Eu sei que estão, é incrível o que o amor faz com as pessoas, olha os olhinhos de vocês, queridos. – e se encararam, ele beijou a testa dela. – Eu nunca me oporia a relação de vocês. Estou muito contente com isso.
– Obrigada, mãe, você é incrível. Te amo, e me desculpa sempre por ser do jeito que eu sou. – mandou um beijinho a ela.
– Está tudo bem, , só, por favor, vamos trabalhar sempre com a verdade a partir de agora, ok? – sentiu o sorriso vacilar, mas se recompôs rapidamente, assentindo. sentiu o desconforto da namorada e tratou de retomar a fala.
– Era importante que a senhora estivesse ao nosso lado, obrigado mesmo, dona Maria. – a senhora sorriu para ambos.
– Mas vocês dois estão namorando ou noivos? Esses relacionamentos de hoje em dia me confundem, mal estão juntos e já estão morando no mesmo teto. – fez uma careta e riu.
– Por mim eu casava amanhã com a sua filha, mas a senhora a conhece bem. – deu de ombros.
– Você para, . – ela apertou o nariz dele. – Mãe, estamos do jeito que eu disse quando não estávamos juntos de verdade, nos conhecendo melhor, namorando. Quando chegar a hora a gente vai casar com tudo o que tiver direito, mas ainda não é o momento. – o rapaz levantou as mãos em rendição. Dona Maria bocejou longamente. – Mãe, vamos desligar, a senhora está realmente cansada, e ai não passa das cinco da manhã, está muito cedo, é sábado, volte a dormir.
– Vou tentar, filha, mas duvido que consiga. – elas riram.
– Se cuida, sogrinha, espero nos vermos em breve. – ela sorriu. – Mande lembranças minhas a todos, estou ansioso para conhecê-los pessoalmente.
– Eu sei que sim, querido, e oportunidades não faltarão. Beijos, se cuidem, não quero ser avó tão cedo, então se protejam, porque com certeza as coisas entre vocês deve estar beem intensas… – a mãe sorriu.
– Mãe! – gargalhou alto.
– Pode deixar, sogrinha, isso não vai acontecer tão cedo. – eles desligaram. – Eu amo a sua mãe, ela é maravilhosa. – ele ainda ria.
– Sim, minha mãezinha é a pessoa mais incrível desse mundo, espero que ela possa me perdoar um dia. Você viu o que ela disse sobre trabalhar com verdades? Eu quase deixei transparecer que aquilo me afetou, estou tão preocupada.
– Ei, ei, meu amor, por favor, ela é sua mãe, a pessoa que mais te ama nesse mundo, ela vai se magoar, vai porque você escondeu, mas ela vai te perdoar, tenha a certeza disso. Mãe é para vida toda. – ele a abraçou de lado, e deu um beijo em sua cabeça. – Agora abre a boca. – ele pegou uma uva e colocou na boca dela.
– Amar você é tão fácil, . – ela desvencilhou do abraço dele, lhe roubando um beijo rápido. – Obrigada por ser maravilhoso desse jeito.
– Te amo. – ele sorriu, dando um beijinho no pescoço dela. Pegou um pedaço de pão e levou a boca. – Amor, está vindo clássico aí, é no Camp Nou você quer ir? Eu ia gostar se você fosse...
– Seria uma boa, já que nunca vi ao vivo. Que dia é? – ela o encarou, curiosa.
– Dia seis de fevereiro, quarta-feira agora. – ela o encarou, pensativa.
– Acho que dá para ir sim, mas para isso vou precisar adiantar algumas coisinhas da faculdade, então você vai ter que passar a tarde sozinho.
– Sim, senhora! – ele bateu continência. – Seus estudos sempre em primeiro lugar. – ele pegou mais uma uva e colocou na boca dela. – Vou ver logo o lance dos ingressos e credencial. – ele pegou o celular vendo já isso. – Você não conhece Madrid, né?
– Na verdade, só tenho família em Barcelona, quer dizer eu tinha, minha família está no Brasil. – sorriu forçadamente.
– Você teve notícias daquela mulher e sua filha? – ela virou o corpo de lado, ficando de frente ao namorado.
– Com esse lance todo de estarmos brigados, viagem para Paris e tudo eu acabei me esquecendo de te contar que ela me procurou na Universidade.
– Nossa, mas o que ela queria?
– Me atormentar, me desestabilizar, fazia tanto tempo que eu não me sentia tão mal como eu me senti a encarando. Ela sabe de nós, sabe que estou morando com você, mas ela está desconfiada de algo.
– Não tem como ela saber de nada, relaxa. – segurou na mão da namorada.
– Você está certo, não tem mesmo. – ela tomou uma boa golada de suco. – Mas eu só… É impossível não me preocupar.
– Você sabe que eu estou aqui para o que você precisar, certo? – ela assentiu, entrelaçando sua mão a do rapaz e levando aos seus lábios depositando um beijinho singelo ali. – Vamos falar de coisa boa? Meus pais finalmente chegam na próxima sexta-feira, eles tinham marcado para janeiro, mas devido há algumas complicações com a saúde do o avô dele, somente conseguiriam viajar agora.
– Nossa, já! Eu tinha me esquecido disso. Eu estou tão nervosa em conhecê-los, confesso. – ele riu.
– Relaxa, minha família é muito tranquila, vocês vão se dar superbem, meu vô é uma figura, você vai adorá-lo.
– Eu sou paranoica, , só vou relaxar quando conhecê-los mesmo. Enquanto isso, minha ansiedade vai ficar gritante, preciso ir na Dara, inclusive, retomar o tratamento. – ela mordeu o lábio inferior.
– Por falar em psicologia… – ele pegou o celular mexendo em algo. – Teve a tragédia com os meninos do Flamengo lá no Brasil. – ela assentiu. – Eu tenho uma amiga que presenciou tudo de muito perto, ela está precisando conversar com alguém, mas alguém com embasamento, você pode falar com ela?
– Meu Deus, tão triste isso tudo, espero que façam justiça por aqueles meninos... – suspirou fundo. – Claro que sim, , passa meu contato e a gente marca uma conversa via WhatsApp.
– Que bom, valeu, amor. Vou passar sim, o nome dela é Alessandra, foi ela que me ajudou com a gente.
– Ah, então é essa a moça que você tinha falado… – ele assentiu. – Vou ajudá-la sim, estou acostumada com esses atendimentos emergenciais devido ao estágio, só nunca fiz a distância.
– Não deve ser tão diferente, né? – ela riu, dando de ombros. – Agora que vou ficar a tarde inteirinha sem você... – ele tirou a bandeja da cama, colocando-a na mesinha ao lado. – A gente pode fazer coisas bem mais interessantes. – sorriu malicioso.
– Nossa, ... – ela riu, negando com a cabeça. – Você é tão safado.
– E você não gosta, né? – ele a empurrou na cama, fazendo com que ela se deitasse e ele subiu em cima dela, distribuindo beijos por todo o seu pescoço.
– Eu amo. – ela inverteu as posições iniciando um beijo quente entre eles.

***

– Você é tão gentil, , meus dias ficam tão mais felizes quando você vem me ver? – ela sorriu ternamente a velha senhora.
Ela e a senhora Agnes estavam fazendo flores com papel crepom naquela tarde ensolarada de inverno. A paciente já estava em cuidados paliativos devido ao grave câncer que havia começado no pâncreas e havia dado metástase. Com o caso de dona Agnes ela havia tido a ideia e montou um projeto sobre cuidados paliativos e havia sido muito bem aceito pela comissão do hospital. Havia conseguido provar que aquela simples tarefa auxiliava no emocional das pacientes. Flores y sus significados era o nome do projeto, e ela já o utilizava com a senhora e mais duas pacientes.
– A senhora está gostando das florezinhas que estamos fazendo juntas? – a velha senhora assentiu. – Já sabe o que vai escrever em cada uma e para quem vai dá-las?
– Já, para minhas duas filhas, meus netos e a você. – sorriu e segurou a flor que estava estendida a ela.
– Poxa, dona Agnes, para mim não vale.
– Você me disse para fazer as flores e endereçá-las a alguém com um recadinho, é isso que estou fazendo. – a mais velha sorriu.
– Está certo, muito obrigada. – sorriu amavelmente. – Com essa é minha deixa. – pegou todo o material que estava ali, juntou tudo e deu um singelo cumprimento a senhora. – Venho ver a senhora a semana que vem, conversaremos para saber como foi a entrega dessas flores, ok?
– Está bem, nos vemos, querida. – assentiu, se retirando dali.
Levou o material até a sala de psicologia com o pensamento longe, a flor era um símbolo e tanto, e dá-la era um gesto de profunda entrega. As cores escolhidas pelo papel não foram atoa, cada cor havia um significado diferente. A senhora havia lhe dado justamente a rosa que simbolizava o amor. Ela suspirou fundo, talvez não houvesse um amanhã para aquela senhora e aquilo a deixava bem amargurada, mas a sua parte ela fazia.
Una flor a otra flor. Sorriu com o singelo recadinho que havia ali, guardou no bolso de seu avental. Deixou as coisas na salinha, sentou-se no computador e registrou a evolução da paciente no computador. Decidiu que era hora de se alimentar, comunicou a supervisora e saiu.
Dessa vez havia trago uma marmitinha de casa, não podia ficar gastando dinheiro descabidamente. Enquanto comia, sentiu uma movimentação e alguém sentou-se em sua frente.
– Oi, tudo bem? – era Lorenzo, o encarou com um grande sorriso. – Nunca mais nos falamos.
– Oi! Estou bem sim e com você? É, pois é, não estamos mais acertando os horários. – ela sorriu.
– Ou você está fugindo de mim… – a encarou com um sorriso curto.
– E por que eu fugiria, Lorenzo? Acho que é o contrário, hein? – o rapaz riu, dando de ombros.
– Será? – assentiu com um sorriso. – Está sério, não é? – não entendia sobre o que ele falava até o residente apontar a sua aliança.
– Ah, isso, pois é, está sim. – passou a mão na aliança e no anel, os tirando rapidamente e colocando em seu bolso. – Eu nem deveria estar com ela, eu acabei esquecendo de tirar, bom ainda bem que não fui para a UTI. – ele suspirou.
– É uma pena que você esteja namorando, eu achei que tivesse chances. – sorriu sem graça.
– Mas eu nunca te dei esperanças, Lorenzo, por Deus. – comentou mais séria. – E sim, eu percebia que você me via com outros olhos.
– Foi inevitável, me desculpe, achei que estava disfarçando bem. – ela riu fazendo uma caretinha. – Poxa, . – o rapaz sorriu. – Agora é sério, para falar a verdade eu estava meio que fugindo de você mesmo, não sabia como te encarar depois da confraternização...
– Que besteira, você foi tão sutil na investida, não tem motivos para isso, você não sabia que eu namorava, normal. – fez um gesto com as mãos banalizando a atitude do rapaz.
– Jura?
– Claro que sim. Amigos? – ela estendeu a mão na direção dele, que a apertou.
– Amigos, estava sentindo falta da sua companhia para o lanchinho das tardes. – ela sorriu. E eles engataram um assunto mais leve.

***

estava no vestiário como em toda a concentração de jogo, todo mundo estava calado, era um grande rival em campo, não seria um jogo fácil, era o Real, e tinha grandes reforços para aquele confronto. Fez sua oração, e se preparou indo para o túnel. Que fizessem uma boa partida.
O Real Madrid aos seis minutos do primeiro tempo havia marcado o primeiro gol, da arquibancada xingava de todos os nomes, não era possível que os veria perder em casa.
– Põem o Messi, merda! – ela gritava junto com a torcida, adorava estar na arquibancada junto com os outros torcedores, era maravilhoso. – Porra! Assim não dá. – suspirou fundo. – , você trate de fazer alguma coisa, querido, senão eu te mato quando chegar em casa. – sussurrou brava.
O início daquela partida estava sendo dominado pelo Real, era nítido aquilo, para o desespero da a cada chute que ia para fora ou era defendido por ter Stegen. Em um contra-ataque incrível, Pique cabeceou para fora causando um coro da torcida. quase gritou gol com a cabeçada de Rakitic que havia sido parado na trave. Barcelona estava reagindo. Suarez quase fez o gol de empate, mas foi parado pelas mãos de Navas.
O gol do Barcelona veio no segundo tempo, nos primeiros minutos, de Malcom, uma jogada linda de contra-ataque, ele aproveitou o rebote e gritou com gol para toda a torcida. pulava de alegria, abraçou dois rapazes desconhecidos era muita alegria e precisava ser compartilhada.
O jogo passou sem mais nenhum gol, os times tentavam desempatar, mas ficaram mesmo no um a um. Tinha a partida de volta que seria no Santiago Bernabéu, talvez o Barcelona tivesse chances, mas não seria fácil ganhar deles em sua casa.
esperou boa parte da torcida ir embora e seguiu até o estacionamento, pegou a credencial mostrando-a e ficou dentro do carro esperando o namorado vir. Aquilo demorou um pouco, ela aproveitou para postar nas redes sociais uma foto com ela com a camiseta do Barcelona com a legenda “Visca Barça”. Viu quando os jogadores foram aparecendo um a um até o camisa oito aparecer ali. O viu se despedir dos caras, e entrar no veículo.
– Ei, não quis socializar com ninguém? – ela o puxou e eles iniciaram um intenso e longo beijo. As mãos de bagunçavam o cabelo úmido do rapaz, ele apertava sua cintura com força, a trazendo cada vez mais para perto de si. Faltou fôlego e eles se separaram. – Nossa! – ela riu. passava a língua entre os lábios.
– Gostou da recepção calorosa? Prometo repetir mais vezes. – se aproximou dela e lhe deu mais um selinho. – Poxa, eu definitivamente não venho mais assistir aos seus jogos, toda vez é isso, primeira vez que vim ganharam no sufoco, agora esse empate horroroso. – colocaram o cinto e ela ligou o carro e começou a dirigir para a saída dali.
– Para com isso, não tem nada ver. – ele a encarava enquanto a via concentrada no trânsito. – Eu tentei o meu melhor, mas não deu para sair do empate.
– Pois é, agora é se preparar para o jogo de volta e para piorar vai ser lá.
– Nossa, nem me fala, o Valverde descascou a gente naquele vestiário, amanhã teremos reunião tática depois do preparatório, vai ser foda.
– Com certeza vai, amor. – ela segurou a coxa dele com a mão livre, retomando-a agora ao volante.
– Gosto muito quando você me chama de amor. Soa bem, me chama mais assim.
– Meu Deus, que carência! Ai, . – ela gargalhou. – Você sabe que eu não tenho muito o costume de apelidinhos melosos, tirando o bonitinho, mas aquilo era para te zoar. – deu de ombros, enquanto olhava a rua. – Mas eu prometo que te chamo mais de amor, e o que mais você quiser.
– Certo. – ela estacionou o carro na garagem e ambos puderam descer. – Nossa, minhas pernas tão moídas. – ele reclamou quando voltaram a andar.
– Vou preparar aquela bacia com gelo para você colocar. – ele assentiu e a viu entrar na frente. Se sentou no sofá e logo teve companhia de Tuntz, alisou o pelo do animal, enquanto ele se sentava no sofá ao lado dele. trouxe a bacia, e depois os sacos de gelo. Despejou ali e colocou seus pés e as pernas. Pegou um saco e colocou nas coxas.
– Muito obrigado. – ela se sentou ao seu lado e colocou a cabeça no ombro dele. Ela pegou o controle e ligou a tevê. – Vamos ver quanto tempo eu aguento com isso aqui.
– De nada. Gosto de cuidar de você. – ela lhe deu um selinho. – Netflix? – ele concordou, e ela acionou na televisão. – Vou colocar uma série incrível, que todo mundo está falando Sex Education, conhece? – ele negou.
– É o quê? Comédia. – ela assentiu. – Opa, então ‘bora ver, porque se você colocar um romance eu durmo aqui mesmo, ‘tô cansadão.
– Eu sei que está e por isso, enquanto seus pés e perna estão imersos no gelo a gente assiste a um episódio, depois partiu cama, ok? – ela clicou no seriado.
– Sim, senhora capitã. – ele brincou, batendo continência. Gargalharam com uma das cenas do início. – Muito boa. – ele sorriu, e ali lhe deu um selinho e eles voltaram a assistir.

***

suspirou fundo, estava inquieta na supervisão do estágio de psicologia cognitivo comportamental, sabia que na hora que terminasse a aula teria que voltar para casa, para almoçar e encontraria a família de ali. Estava nervosa demais, parecia que seu estômago criaria vida a qualquer momento.
, e as coisas com a sua paciente? Tudo certo? – ela despertou para a aula com a fala do professor.
– Sim, fiz com ela técnicas de relaxamento, se mostrou bastante positiva durante o processo, conseguiu se desligar bem, profesor. – ele assentiu, anotando algumas coisas em seu caderno. – Expliquei para ela sempre efetuar quando puder, para evitar as crises graves de ansiedade.
– Certo, e ela se cortou essa semana?
– Não, essa semana o humor dela estava ótimo, não houve nenhuma crise. – ela arriscou um sorrisinho breve, sempre estava pisando em ovos com sua paciente.
– Ufa. – ele sorriu. – Sabe que meu WhatsApp está pronto para qualquer coisa, certo? – ela balançou a cabeça positivamente. – Bom, encerramos por aqui, qualquer urgência me chamem no WhatsApp, turma. Até semana que vem. – ele acenou saindo da sala. recolheu seu material e saiu com os seus colegas.
– Nossa, achei que essa supervisão não acabaria nunca, chica. abraçou apertadamente a amiga.
– Nossa, não esperava que fosse me esperar, . – ela sorriu. – Senti sua falta. – se separaram e retomaram os passos.
– Pois é, o meu projeto está acabando com os meus neurônios e vida social. – ela suspirou, passando a mão em seus cabelos.
– Eu tenho o projeto e os estágios, , toca aqui. – sorriu e fizeram um toque estranho de mãos. – Você está bem?
– Estou sim e você? – estavam saindo do campus.
– Eu estou surtando, a família inteira do chegou hoje em Barcelona, estão me esperando na casa dele. – riu.
, eu conheci a família do Dembelé inteirinha, deu tudo certo, relaxa, amiga, ninguém separa você do boy.
– Idiota, não é isso… – ela suspirou fundo. – E se eles não gostarem de mim?
Chica, você é uma pessoa incrível, não conheço ninguém que não goste de você. – fez um biquinho engraçado enquanto encarava a amiga. – Talvez, uma ou duas pessoas, mas são irrelevantes. – gargalhou.
Diós, você me mata ainda. – ainda ria, enquanto segurava firmemente seus livros.
– Amiga, sinto lhe informar, mas seu boy está pleno te esperando ali, e distribuindo selfies também.
– Eu não acredito que ele veio aqui, essa lesão do veio em péssimo momento, definitivamente, eu falei que não precisava. Queria enrolar um pouco mais aqui na faculdade para evitar a família dele. – fez uma careta.
– Ele está lesionado? – a encarava séria. – É grave?
– Não, não, pelo amor de Deus, só vai ficar um tempinho afastado dos campos, um mês, ao menos foi o que o médico do time disse para ele. – mordeu os lábios. – O entra em colapso se for mais tempo.
– Ah que bom, menos mal – concordou com a cabeça. – Chica, não tem mais jeito, vai ser agora. – a encarou. – E não surta. – deu um beijo rápido em sua bochecha e acenou para . – Se cuida.
– Você também, vamos nos falando. – assentiu. retomou os passos se aproximando rapidamente do namorado que a esperava com um grande sorriso. – Oi! – ela o abraçou apertadamente, trocaram um rápido selinho. – Eu disse que não precisava vir até aqui, eu pegava transporte público, deixou sua família lá.
– Eu vim por uma causa nobre, eu juro. – ele abriu a porta para ela.
– Causa nobre?
– É. Amor, abre o porta-luvas. – o encarou desconfiada, mas o fez. Visualizou uma caixa grande, a abriu e era um lindo colar.
– Não precisava, , olha o tamanho dessa aliança no meu dedo, você gastando comigo, você sabe o quanto eu não me sinto à vontade com isso.
– Para e me escuta. – suspirou fundo, esperando que ele voltasse a falar. – Esse colar está comprado desde o ano passado, eu ia te dar antes de descobrir sobre… – ele gesticulou, não querendo falar. – Enfim, eu tinha esquecido dele, então hoje eu estava mexendo em algumas coisas no guarda-roupa e o achei. Aceita, por favor?
encarou o colar, era tão lindo, era uma corrente simples, mas havia uma pedra lindíssima como pingente, com certeza aquilo era diamante. Ela suspirou fundo, afastou os cabelos do pescoço, pedido mudo para que ele colocasse o novo presente e ele assim o fez.
– Ficou perfeito em você. – ela sorriu, se aproximando dele e lhe dando um beijo, não demorou para que suas línguas se encontrassem e aquele calor gostoso não fosse instaurado dentro de si. Era sempre assim quando suas bocas se encontravam. Se separaram.
– Obrigada. – ela direcionou o olhar para o espelhinho que ficava no carro. – Ficou mesmo maravilhoso.
– Está vendo? Eu tenho razão. Agora vamos? Temos uma família curiosa te esperando em casa. – ele ligou o carro, começando a movimentá-los.
– Você falando assim sabe que só me apavora, né? – ele gargalhou.

***

entrou com o carro na garagem e o estacionou com precisão por ali. desceu e esperou que ele o fizesse. segurou a mão dela e eles começaram a caminhar até a entrada da casa.
– Ei, família, chegou quem faltava. – todos viraram seus rostos em direção aos dois.
– Oi a todos. – se aproximou da sogra a cumprimentando com um abraço e um beijo no rosto.
– Finalmente te conhecemos. – o irmão do rapaz se aproximou dela, lhe dando um abraço. – Ele fala sempre muito bem de você. – ela abriu um enorme sorriso.
– Ah, fico realmente feliz por isso. – o olhou rapidamente com um pequeno sorriso.
– Fiz um almoço delicioso, espero que goste, querida, estávamos esperando vocês exatamente para isso.
– Você é bem mais bonita pessoalmente. – seu Ailton comentou admirado. Ela sorriu, agradecida.
– Obrigada, muito obrigada. – é, as coisas estavam saindo melhores do que ela imaginava, todos haviam sido bem simpáticos com ela.
– E o seu avô? – perguntou ao namorado.
– Não deu para ele vir, , é um voo longo, ele ainda não está 100% de saúde, mas ele está na casa da minha tia, na próxima vez que formos ao Brasil você o conhece pessoalmente.
– Ah, que pena, mas sim, fica para uma próxima. – ela sorriu. – Eu vou só subir para guardar as coisas, e já desço, podem ir se servindo. – subiu atrás dela.
– E então? Morreu? – brincou. Ela revirou os olhos, deixando o material em cima da mesinha que tinha no quarto deles.
– Idiota, eu tenho os meus motivos para ficar nervosa e você sabe bem disso! Você… – ele fechou o sorriso na hora.
– Eles não sabem e não vão saber. Isso diz respeito a você apenas, eu jamais contaria. – ela o encarou séria.
– Eu sei, eu só… Me desculpa, . – ela se aproximou dele o abraçando. – Eu só queria passar uma borracha em tudo, mas não dá.
– Não, não dá. – ele beijou sua testa. – Mas um novo começo a gente consegue e já estamos fazendo isso. – ela concordou. Se separaram e ela foi até o banheiro e ele a esperou para descerem juntos.

Todos haviam terminado de comer, Paulo Henrique, Ailton e jogavam uma bolinha no quintal após o almoço, com muito cuidado pois o rapaz estava lesionado e não podia fazer muito esforço. Havia restado e dona Lucia que estavam sentadas vendo algo que passava pela tevê. Tinha um bolo de chocolate assando.
– O é meu caçulinha, sabe? Quando pequeno vivia doente, a gripe estava do outro lado e ele já pegava, corri muito a hospitais com ele.
– Ele me disse que sentiu muito a mudança de um estado para o outro, que vivia doente. – bebericou o suco de uva que estava disposto em sua frente.
– Você não imagina o quanto eu ficava preocupada em Goiânia com sua saúde, mas é aquilo ele sempre quis ser jogador de futebol, ele tinha talento, eu acabei o deixando ir, mas sabendo que ele poderia se frustrar com tudo, afinal é uma carreira muito concorrida.
– Eu imagino, como a senhora fazia com todo o lance da distância?
– Nos víamos apenas nas festas de final de ano e alguns feriados – ela suspirou. – Tempos bem sombrios, meu coração ficava apertadinho, torcia para que ele se destacasse, eu não sei o que seria dele se ser jogador de futebol não desse certo.
– Eu também não o vejo fazendo outra coisa, dona Lucia, futebol é a vida dele.
– Depois de tanto sofrimento, noites mal dormidas, agora ele está onde queria, joga no Barcelona e é sempre convocado para os jogos da seleção… Realizou os dois sonhos dele de garoto.
– Definitivamente sim. – sorriu com a sogra.
– Mas então vocês se conheceram durante a escola? – a mais velha bebericou o suco de uva.
– Pois é, sim fomos colegas de turma, mas apenas isso, eu namorava na época. – ela suspirou. – Nos encontramos em uma cafeteria qualquer aqui de Barcelona, eu jamais pensei que isso pudesse acontecer.
– Sim, realmente, a história de vocês é muito bonita. – ela avaliava a nora milimetricamente, precisava saber se o filho não estava com nenhuma oportunista.
– Eu o amo tanto, dona Lucia, deixa os meus dias mais felizes, é incrível estar ao lado dele. – tinha os olhos brilhando enquanto falava dele, dona Lucia notou e suspirou aliviada, a devoção que o filho tinha por essa moça era recíproca.
– Eu percebo isso, seus olhos brilham de um jeito diferente quando fala dele, é emoção, é ternura, carinho.
– Minha mãe diz o mesmo. – ela sorriu. – Talvez se tivéssemos nos relacionado naquela época não fosse dar certo como agora.
– Exato, tudo tem um propósito na nossa vida, Deus escreve certo por linhas tortas. – ela balançou a cabeça, concordando. – Inclusive, vamos marcar um almoço para que possamos conhecer a sua família, afinal, você é noiva dele.
– Claro, com certeza, só precisamos alinhar as agendas e encontrar uma brecha.
– Inclusive, meu filho é um cavalheiro, não é? Nós vimos o pedido de casamento em Paris, foi lindo, lindo, lindo! – a mãe do rapaz comentou animada.
– Sim, foi a coisa mais linda que alguém já fez para mim. – ela sorriu com a lembrança. – Eu fiquei tão emocionada que travei, eu não sabia nem qual era o meu nome. – riu.
– Eu percebi, querida, achei que você fosse dizer não, mas, acho que se fosse eu com um pedido daqueles teria a mesma reação ou desmaiaria. – riu concordando. – Já tem data do casório?
– Ah, isso… – ela alisou a própria roupa, fugindo do olhar da sogra. – Então, não temos ainda, não estamos pensando muito nisso por agora e…
– Como assim? Vocês estão noivos, tem que planejar o casamento, a primeira coisa é a data, precisamos ver uma cerimonialista, vai ser aqui ou no Brasil? Eu gostaria que fosse no Brasil. – abriu um sorriso amarelo, e antes que respondesse os homens retornaram para a casa suados após a partidinha em família. se sentou ao lado dela.
– Resolvemos entrar, pois sentimos o cheiro de bolo. – Paulo Henrique comentou, colocando a mão na barriga.
– Ah, meu Deus, o bolo. – Lúcia se levantou do sofá e correu para a cozinha.
– A gente precisa conversar, . – sussurrou no ouvido do namorado discretamente.
– Filhos, preciso de um banho, estou enferrujado demais. – riu. – Depois vou deitar, avise sua mãe, por favor.
– Depois quero bater um papinho com você, . – a quase psicóloga sorriu, concordando enquanto via o mais velho subir as escadas. Apertou a mão de , indicando a escada.
– Eu vou subir também, , me acompanha? – a namorada assentiu.
– Olha, olha vocês dois nesse banheiro, hein? Respeita os nossos pais. – pegou uma almofada e tacou na cara do irmão, fazendo gargalhar.
– Que isso, cunhado, jamais. – piscou marotamente, entrando na brincadeira. Os dois subiram as escadas e fechou a porta.
– E então?
– Sua mãe.– suspirou aflita.
– O que tem? – franziu o cenho.
– Primeiramente, o que você disse para ela sobre nós e Paris?
– Que eu te pedi em casamento e que você aceitou. – ela se jogou na cama, dramatizando.
– Amor, você tinha que ter falado como falamos a minha mãe, agora dona Lucia quer que marcamos a data, vejamos cerimonialistas, ela está tão empolgada... Eu fiquei bem surpresa e sem saber o que dizer. Ainda bem que vocês chegaram e mudaram o foco da conversa.
– Eu não acredito nisso, puta merda. – suspirou fundo. – E agora?
– E agora, ? Não tem “e agora”, você vai explicar para ela que não vamos casar e pronto.
– Poxa, , eu vou ter que falar sozinho com ela? – ele se jogou na cama, a encarando.
– Vai, sinto muito. – ela deu de ombros. Ele subiu em cima dela, arrancando um gritinho de susto. Prendeu as mãos da mulher e começou a fazer cócegas em sua barriga, gargalhava estrondosamente.
– Para com isso. – ela tentava inutilmente se livrar das mãos dele.
– Eu só para se você me disser que vai me ajudar a falar com a minha mãe, – ela gargalhava ainda.
– Vou, vou agora chega. – ele foi parando de tocá-la, mas não saiu de cima dela. Ele se aproximou dela até que suas bocas se tocassem, e iniciaram um beijo que começou tímido e se tornou urgente. já levantava a blusa dela e tinha a mão segurando um dos seios. Ela o empurrou levemente. – ! Sua família está lá embaixo, eu não vou transar com você. Vai, anda logo tomar um banho, você tá precisando. – ela fez uma caretinha engraçada.
– Magoa mesmo, , só estou de olho. – ela mordeu os lábios, fingindo estar apreensiva, enquanto segurava o riso.
– Vamos, amor, eles vão achar que a gente está transando mesmo. – suspirou se levantando rápido e indo para o banheiro. balançou a cabeça negativamente, rindo o quão rápido ele havia ido ao banheiro e decidiu que desceria.
– Essa foi rapidinha mesmo, hein? – gargalhou sentando-se no sofá o lado.
– Poxa, Paulo, assim você me envergonha. – ele riu. Fazendo um gesto de que era brincadeira. – E sua mãe?
– Ainda na cozinha, ela está fazendo o recheio e cobertura do bolo prestígio. – suspirou pensando na delícia que aquele bolo ficaria. – Mas, então, você cursa psicologia, não é?
– Sim, estou terminando nesse semestre, eu não aguento mais, é muito tempo de estudo, sabe? Eu nem acredito que estou terminando, passei por tantas coisas durante esse tempo. Esse último ano então, puff... – ela mordeu os lábios.
– Poxa, eu imagino é mesmo uma vida. – ele concordou.
– Mas e você? – ela perguntou curiosa.
– Bom, eu tinha o mesmo sonho que meu irmão, ser jogador de futebol, mas não deu, não é? Eu fico muito feliz por meu irmão ter conseguido. Hoje em dia eu sou formado em administração e tenho um comércio.
– Ah, sim – ela sorriu. – Ele havia me contado um pouco sobre. – Ambos ouviram barulho nas escadas e visualizaram , ele se sentou ao lado de .
– Ah, que bom que todos estão aqui, ou não. Cadê seu pai? – Dona Lucia apareceu. – O bolo já está pronto, vamos esperar ele esfriar um pouco para que eu possa recheá-lo.
– Ele cansou, mãe, por conta do futebol, disse que ia tomar banho e tirar uma soneca, mas que depois descia. – Paulo Henrique respondeu.
– Ele precisa entender que não é mais um garotão para ficar jogando futebol com vocês. – suspirou. – Enfim, sabe o que estava pensando, ? – ele negou. – Podíamos ver com a sua prima Vania para ela colocar os dois filhos para levar as alianças de vocês. O que acham? – o casal se encarou fixamente. deu um cutucão no namorado.
– Mãe, sabe o que é? – ele suspirou fundo. – A gente não vai casar agora.
– Dona Lucia decidimos que casaríamos depois que eu terminasse meus estudos, e arrumasse um bom trabalho.
– Ah. – a mais velha soltou apenas essa expressão. Paulo olhava de um para o outro. fez um sinal para que o irmão intervisse.
– Isso é importante, tem que se dedicar aos estudos e depois vocês se casam. preza muito isso, sempre fazendo uns cursos online para aperfeiçoamento.
– Mas claro, não quer dizer que não casaremos, só não será por agora, mãe. – ela balançou a cabeça concordando.
Estava tão animada com a ideia de casar o filho, que aquilo tinha sido um golpe muito grande. O casal se encarou e fez uma careta pela falta de reação da sogra. Deu um empurrão em , sibilando que ele deveria falar algo, Paulo ria baixo daquilo.
– Ok, está tudo bem. – ela sorriu forçadamente. – Eu vou subir para ver como seu pai está. Com licença.
– Meu Deus, eu estou me sentindo mal. – soltou quando viu a sogra sumir entre as escadas.
– Relaxa, , mamãe é dramática assim mesmo, você tinha que ver quando eu disse para ela que faria administração ao invés de medicina. Ela vai viver.
– É, amor, fica tranquila. – ele passou o braço pelos ombros dela. Ela assentiu, mas estava decidida a falar com a sogra mais tarde.
– Bom, casal, agora é a minha vez de tomar um banho, acabei me distraindo aqui no celular. – Paulo Henrique a despertou de seus devaneios. Eles assentiram e viram o rapaz sumir pelas escadas.
– Amor, será que daqui uns dois anos a gente consegue casar? – ela o encarou e ele franziu o cenho. – Sei lá, será que até lá eu já tenha arrumado um bom emprego e tal...
– Não se sinta pressionada a arrumar uma data, pelo amor de Deus. – fechou os olhos, encostando a cabeça nos ombros do namorado. – Minha mãe adora fazer umas chantagens emocionais.
– Mas em alguma coisa ela tem razão, a gente precisa pensar direitinho sobre esse lance todo, estamos noivos, entende? Olha como isso é grande.
– Não te pedi em casamento para que a gente se casasse amanhã, eu sei o peso disso e não me sinto nenhum pouco arrependido, se é isso o que te aflige. Você está arrependida? – ela negou. – Então pronto. – deu um beijo na testa dela. Ela o abraçou de lado com um pequeno sorriso.
– Promete que depois você vai lá conversar com sua mãe? – ele revirou os olhos, mas assentiu.

sentou-se do lado de fora da residência, enquanto jogava bolinha para o cachorro brincar um pouquinho. Era muita adrenalina para um fim de semana. Não percebeu quando Ailton se sentou ao lado dela.
– Finalmente vamos conversar um pouco, acabei dormindo mais do que o recomendável ontem.
– Depois de uma partidinha de futebol é completamente saudável. – sorriu, direcionando o olhar ao mais velho.
– Lucia me contou sobre a história do casamento, peço perdão com relação a isso, ela é bem religiosa, quer as coisas do jeito dela, para ela vocês estão em pecado. – o mais velho revirou os olhos. – Não estamos mais no século XX, ela é moderna para umas coisas e retrógrada para outras. – brincou, arrancando uma risada dela.
– Sim, eu entendo, meus pais não gostam dessa situação que a gente vive, mas não dá para simplesmente casar assim tão de repente. é impulsivo. – Ailton riu com a última fala da moça.
– E eu não sei? Sempre foi assim, agora imagina quando apaixonado? As coisas se duplicam. – sorriu. – Você não é a primeira namorada do meu filho, mas com você que vemos o em seu auge, é inegável que você o faz um bem imenso. Estou feliz que tenha reaparecido na vida dele.
– Estou sem palavras, seu Ailton, eu… Só digo ao senhor que eu o amo na mesma proporção. – mordeu os lábios em um meio sorriso.
– Definitivamente é só isso que importa, minha filha. – ela suspirou, enquanto jogava mais uma vez a bolinha para que Tuntz fosse buscar.


Capítulo 20

You can take everything I have
Você pode pegar tudo o que tenho
You can break everything I am
Você pode quebrar tudo o que sou
Like I'm made of glass
Como se eu fosse feita de vidro
Like I'm made of paper
Como se eu fosse feita de papel
Go on and try to tear me down
Vá em frente e tente me derrubar
I will be rising from the ground
Eu vou me levantar do chão
Like a skyscraper
Como um arranha-céu

(Skyscraper – Demi Lovato)

juntou o material e as demais coisas e saiu da biblioteca, tinha adiantado o máximo possível de coisas de seu trabalho acadêmico, havia aproveitado que o supervisor daquele dia não compareceu. havia colocado os pais dentro de um avião naquela manhã, pelo menos os ânimos estavam mais calmos. Que Deus a perdoasse, mas ela não via a hora de ficar sozinha com o namorado.
Chamou um motorista por aplicativo para que pudesse ir embora e não tardou para que o veículo chegasse em frente a Universidade. Embarcou, e pensamentos inundaram sua mente. Naquelas duas semanas em que eles ficaram hospedados lá, ela pode perceber algumas coisinhas de Lucia. Definitivamente a mulher era bem autoritária, as coisas tinham que ser feitas do jeito dela. Ela havia entendido o posicionamento dos dois, sobre não casar por hora, mas temia que se fosse de fato começar os preparativos do casório algum dia, a mais velha se intrometeria bem mais que o recomendado, e se ela não colocasse um freio, o casamento seria dos sonhos da sogra e não os dela. Balançou a cabeça com aquilo, ainda estava muito longe para sofrer por antecedência.
O pai do rapaz e o irmão eram bem tranquilos. Paulo Henrique sempre tinha uma brincadeira ou gracinha para soltar a qualquer momento. O rapaz havia voltando bem antes dos pais, tinha um comércio para cuidar, e como ele mesmo havia dito, o comércio só andava bem aos olhos do próprio dono. Seu Ailton era uma figura, sempre brincalhão, e controlando os ânimos de Lucia na maioria das vezes. Ela com certeza havia os adorado.
Viu o veículo entrando no condomínio e despertou. Desceu do mesmo, e entrou em casa, tudo muito quieto por ali. estava em casa? Não havia mandado mensagem dizendo que havia saído... Pegou o celular e viu que havia passado das 16 horas. Subiu as escadas e não o encontrou no andar de cima, apenas Tuntz esparramado na cama dos dois, dormindo serenamente, sorriu com a cena. Resolveu deixar as coisas ali, estava na dúvida se o procurava ou se tomava um banho. Decidiu que tomaria logo o banho, assim quem sabe lhe desse mais disposição.
Tomou uma ducha que realmente a revigorou, havia lavado as madeixas e estava bem mais disposta. Vestiu uma roupa mais confortável e deixou os cabelos molhados, estava com preguiça de cuidar deles e desceu as escadas procurando pelo rapaz e o encontrou na piscina. Estranhou, mas se aproximou.
– Oi, . – mordeu os lábios, confusa.
– Oi, amor, o preparador acabou de sair, estava fazendo alguns exercícios na água. – se aproximou da borda, se abaixou e lhe deu um longo selinho.
– E como está se sentindo de volta aos treinos? – ela o encarava, curiosa. Sentou-se próxima a borda, enquanto o encarava ainda dentro da água.
– Bem melhor. – abriu um enorme sorriso.
– Fico feliz de verdade, estava preocupada com você. – ela suspirou, agora tirando os chinelos, e colocando os pés na água. – Você não é nada bobo, está aquecida. – falou assim que sentiu a temperatura tocar sua pele.
– Você nunca entrou aqui, não é? – ela negou com um pequeno sorriso.
– Às vezes eu esqueço essa parte da casa, ela é exageradamente grande. – deu de ombros.
– Vem, entra. – fez uma careta engraçada, negando. – Aproveita que eu já estou aqui dentro. – Ele se aproximou colocando as mãos na coxa dela, fazendo um carinho gostoso ali.
… – ele adentrava o shorts que ela usava com umas das mãos.
– Não tem ninguém em casa, vai? Eu estou louco por você, faz duas semanas que a gente não faz nada, você toda neurótica achando que meus pais pudessem ouvir algo. – ela acabou rindo.
– Uma tremenda falta de respeito quando a gente pode transar a qualquer momento, já que moramos juntos.
– Por favor? – ele ainda fazia o carinho enquanto a encarava pidão. – Eu sei que você também está sentindo falta de um momento só nosso. – ela arqueou a sobrancelha enquanto ele a encarava malicioso.
– Poxa, eu tomei um banho tão quentinho agora e... – sem mais delongas ele puxou as pernas dela, a fazendo entrar na piscina de uma vez.
– Pensa muito, psicóloga. – assim que ela submergiu da piscina, ela revirou os olhos, se aproximou dele e lhe desferiu alguns tapas em seu ombro. – Ai, que mão pesada.
– Você é um idiota, isso sim. – ele segurou a mão dela, enquanto se aproximava perigosamente. – Eu não deveria fazer nada com você... – agora ele a encurralava na borda da piscina, segurando-a pela cintura, foi distribuindo beijos quentes pelo pescoço dela. Inevitavelmente ela se viu arrepiada.
– Hum… Vai fazer isso mesmo, ? – sussurrou no ouvido dela, enquanto sua mão levantava a blusa de moletom que ela vestia e passou por seu pescoço, jogando em qualquer lugar da piscina.
– Eu deveria… – fechou os olhos, enquanto sentia o rapaz subindo lentamente a blusa de alcinha que ela usava, ele tinha sua atenção no pescoço dela. Viu o corpo dele tremer levemente, sinal de que ele ria. Ele subiu o rosto e a beijou devagar, querendo explorar cada canto da boca da moça, beijar sempre lhe trazia um mar de sensações, e cada vez era diferente da outra.
Ele a segurou pelo bumbum, tirou o short que ela usava com dificuldade e a subiu para que ela ficasse sentada na borda da piscina. Ele tirou a calcinha dela, e logo fechou os olhos quando sentiu que estava sendo invadida pela língua do rapaz. Ela gemeu com os movimentos de vai e vem que ele fazia em seu clitóris, sabia bem o que fazia, e como ela gostava. Estava frio naquela tarde, mas tudo o que sentia era calor, cada vez que o rapaz a invadia sem qualquer aviso com seu dedos, enquanto a chupava.
…. – gemeu o nome do rapaz. – Deus! – mordia os lábios com força enquanto ele continuava a chupá-la em um ritmo calmo que a estava enlouquecendo. – Por favor… – era um pedido mudo para que ele acelerasse as coisas, e ele prontamente atendeu, fazendo com que gemesse cada vez mais alto, enquanto a chupava sem parar até que ela sentisse aquela sensação prazerosa em seu baixo ventre, havia tido um orgasmo incrível depois de duas semanas. Ela ainda estava deitada no chão, enquanto tentava ritmar sua respiração.
Sentiu alguém deitar em cima de si, a fazendo abrir os olhos e a encarar os olhos de , o amava tanto que chegava a lhe sufocar. Lhe beijou urgentemente, sentindo a ereção do rapaz lhe cutucar, alguém já estava nu. Se separaram sem ar, desceu os beijos até seus seios e abocanhou um deles, desceu as mãos até encontrar o membro do rapaz, com as mãos habilidosas começou um carinho gostoso e contínuo na região, fez com que o jogador grunhisse em aprovação. Começou a acelerar os movimentos no membro do rapaz.
– Eu preciso de você, agora. – a encarou desesperado. parou o que fazia com um sorrisinho malicioso. Ela inverteu as posições ficando por cima do rapaz, pegou o membro dele e o direcionou até sua entrada, ambos soltaram suspiros sofridos, e não demorou para que sentasse sobre o membro do rapaz e arfar por tê-lo dentro de si.
levantou o tronco, de forma que se sentasse no chão, sem desfazer o contato com ela. estava em seu colo e arqueou o corpo para trás, enquanto quicava sobre o membro dele. Ele tinha as duas mãos ocupadas em seus seios enquanto a beijava de forma urgente, sufocando os gemidos que ambos queriam soltar pelo momento que partilhavam. quicava cada vez mais rápido, mordiscava seus seios, e com uma das mãos livre estimulava seu clítoris já muito sensível.
Ela soltou um gemido alto, que foi calado com um beijo intenso que iniciou com , e sentiu mais uma vez aquela sensação familiar lhe preencher, tinha tido mais um orgasmo naquela tarde. fez um esforço, sabia que ele ainda não tinha chegado lá e continuou a rebolar em seu membro até que ele atingisse seu orgasmo pela primeira vez naquela tarde. jogou o corpo para trás, deitando-se no chão, saiu de dentro dele, e se jogou ao seu lado no chão, deitando-se também. Tudo o que podia se ouvir eram as respirações entrecortadas que ambos soltavam.
– Detesto quando transamos sem camisinha, não confio na pílula. – ela ainda ofegava virando-se de lado, enquanto o encarava.
– Poxa, , não estraga o momento. – ele abriu os olhos, chateado, arrancando uma risada dela.
– Tá bom, tá bom, parei. Agora levanta essa bunda daí, vamos entrar porque está frio e vamos ficar doentes. – ela já estava de pé enquanto tentava recolher suas roupas ensopadas da piscina e do chão.
– Sim, senhora. – ele a copiou, se levantando e a ajudando na tarefa. – Te amo.
– Eu também te amo, muito e muito. – trocaram um selinho delicado e juntos foram caminhando até a entrada da casa.

estava deitada na cama mexendo em suas redes sociais, enquanto esperava sair do banho para que eles comessem alguma coisa, ela havia tomado banho primeiro, ele queria um banho a dois, mas aquela tarde já havia sido o suficiente para mais uma transa no chuveiro. Haviam transado no quintal, tinha sido loucura demais aquilo, qualquer um poderia tê-los visto, mas definitivamente havia sido uma das melhores transas. Mordeu os lábios, evitando pensar naquilo.
Deu uma olhadela no Instagram e viu stories da CBF, desde que havia se envolvido com ela seguia a conta oficial da seleção brasileira. Lembrou-se de Alessandra e preocupou-se, fazia um tempinho que não conversavam. Abriu a aba de conversa no WhatsApp e lhe mandou mensagem. Depois da pseudo consulta, haviam ficado bem próximas.
: Ei, como você está? Faz tempo que não conversamos.
Não demorou muito para que a resposta da moça aparecesse em seu celular.
Alessandra: Oi, posso te ligar agora?
: Claro, o que houve?
Estava preocupada, afinal o que poderia ter acontecido com Alê que a fizesse ligar? A curiosidade pulsava em suas veias. Logo sentiu o celular vibrar e um convite de chamada de vídeo aparecer. Sem pensar duas vezes ela aceitou.
– Oi, Alessandra, tudo bem? – sorriram uma para outra enquanto se encaravam.
– Oi, , tudo bem e contigo?
– Por aqui tá tudo certo. Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou a moça e a viu soltar um longo suspiro.
– Em partes aconteceu. – mordeu o lábio inferior.
– Sabe que pode contar comigo, certo? Como amiga e como psicóloga. – sorriu, passando confiança a ela.
– E você não tem ideia de como isso me ajudou muito. – suspirou mais uma vez. – Melhor presente de 2019. – ela abriu um bonito sorriso.
– Fico feliz em saber disso. – foi a vez de sorrir abertamente.
– Bom, o segundo melhor presente, eu acho. Ainda estou analisando. – franziu a testa e riu fracamente.
– Como assim? O que houve?
está por aí? – perguntou.
– Está tomando banho. Por quê?
– Eu queria sua opinião em algo. – suspirou, balançando a cabeça. – Eu vou encontrar o Alisson em dois dias e eu não sei como ele vai reagir, então estou achando formas de as pessoas aliviarem isso para mim, falar que vai ficar tudo bem, mas até agora ninguém conseguiu.
– Você está me assustando, Alessandra, o que houve? – Alê mordeu seu lábio inferior, suspirando algo. estava temendo pelo pior, coisas bem estranhas passavam em sua cabeça, torcia para que nenhuma delas saíssem pela boca da mulher.
– Eu estou grávida, .
– O quê? – ela perguntou um tanto alto. – Desculpa a reação, mas esperava uma doença ou algo assim. – Alê riu fracamente.
– Fico feliz por não ser. – riram juntas. – Eu estou grávida.
– Quem? – Elas ouviram uma terceira voz e virou para o lado, era que saía do banho enrolado em uma toalha e curioso para saber o que estava acontecendo. – Com quem você está falando?
– Desculpe. – falou e Alessandra abaixou a cabeça.
– Alessandra? Você está grávida? – abriu o ângulo do celular e apareceu completamente chocado com a notícia.
– Eu não preciso ver isso, querido. – falou e ele se abaixou rapidamente, ficando vermelho de vergonha. soltou uma risada baixa.
– Desculpa. – falou. – Mas você está grávida? – ela assentiu com a cabeça.
– Sim, descobri faz uns dias e não, Alisson não sabe.
– Isso é ótimo! – falou animado e as duas franziram seus rostos juntas.
– Mesmo? – perguntou. – Assim, eu estou levemente desesperada, então ouvir isso é um tanto contraditório. – ele riu fracamente.
– Tá, ok, vocês são jovens ainda e moram longe, vão ter que ver como resolver esse departamento ainda, mas é uma boa notícia isso. – abriu seu largo sorriso.
– Esclareça, por favor, que eu só estou pensando na distância. – Alê suspirou.
– Você já deve ter ouvido falar que só o amor forte entre duas pessoas traz outro ser ao mundo, não?!
– Em contos de fadas. – falou sarcástica e riu.
– Ah, qual é, Alê, você é mais esperta do que isso. – ela suspirou, enquanto o esperava terminar seu pensamento. – É algo bom, você vai ver, além do mais, eu vou adorar ser titio.
– Entra na fila! – eles riram. – Bernardo, Lucas, Vinícius, você... Além dos nossos parentes que não sabem. – suspirou fundo.
– Não contou para sua família ainda? – perguntou.
– Não, quero falar com Alisson antes, mas Bernardo me ajudou a descobrir, acabei contando para Bianca, Lucas e Vinícius que me notaram estranha e agora você e esse fuxiqueiro do seu lado. – riu fracamente.
– Não era para ele ter ouvido, desculpa. – falou.
– Tudo bem, é um bom amigo, ter mais um apoio em Portugal vai ser uma boa. – Suspirou.
– Tudo pronto para a viagem? – perguntou.
– Fiz minhas malas hoje de manhã, o voo é amanhã às cinco da tarde.
– Eu tenho jogo amanhã, devemos nos ver só segunda.
– O Alisson também. – Suspirou.
– Como está sendo falar com ele? – perguntou.
– Hum, vamos dizer que eu tenho usado várias desculpas para evitar entrar em chamada de vídeo com ele. Ele nota quando eu tenho uma unha encravada, imagina quando perceber meu nervosismo. – assentiu com a cabeça.
– Alisson é bem cuidadoso e preocupado com ela. – falou a .
– Indico você fazer isso logo que se encontrarem, assim vocês têm alguns dias para processar a informação e resolverem o que vão fazer. – Alessandra balançou a cabeça, concordando com a moça.
– Eu estou bem perdida sobre tudo, confesso. Já fiz exames, já fui na médica, está tudo ok, agora nós dois a um oceano de distância me alopra um pouco. – assentiu com a cabeça.
– Vai dar tudo certo, confia. – ela indagou.
– Qualquer coisa, vai ter muita gente que te ama lá para te apoiar incondicionalmente. – falou. – Estaremos contigo.
– Isso me deixa muito feliz. – Sorriu. – Vocês são ótimos.
– Eu sei! – falou e o empurrou, fazendo-o sair da tela um pouco. Alessandra riu.
– Eu sei que meu nervosismo é à toa, Alisson é a melhor pessoa que eu conheci na vida, ele realmente tem um coração bom e eu tenho muita sorte de ter me apaixonado por ele e ele por mim, mas...
– É inevitável, eu sei. – falou. – Você sabe nossa história, foi muito difícil resolver tudo, mas aqui estamos. – Sorriu.
– Talvez um pouco de inspiração seja o que eu preciso. – Riu fracamente.
– Só olhar a história de amor de vocês dois, vai ficar tudo bem. – falou e eu assenti com a cabeça.
– Estou confiante que sim, mas pensando em planos B.
– Barcelona é bem perto... – falou e riram juntos. – Você sabe que estou aqui para qualquer coisa, então não hesite em ligar.
– Obrigada, de verdade, é bom saber que posso contar com vocês. Vou desligar, estou bem cansada, hoje o dia foi bem tumultuado.
– Imaginamos. Nós vemos, até segunda. – comentou, se despediram e a chamada de vídeo foi encerrada.
– Porra! – quebrou o silêncio que havia se instaurado depois da ligação e encarou tentando ainda assimilar a informação da assessora da seleção grávida. – Eu acho que vou na farmácia buscar pílula do dia seguinte, não quero ter uma surpresinha dessas. – gargalhou alto, empurrando o rapaz de lado.

***

– Me desculpa, eu nunca a vi, acho que te enganaram, senhor. – o homem passou as mãos no rosto, cansado.
– É, devem ter me enganado mesmo. – fingiu um sorriso. – Agradeço de qualquer forma.
Entrou no seu carro, direcionando-o para o próximo endereço. Já era o quarto prostíbulo que ele tinha visitado naquela região aquele dia, faltava só mais dois. A rotina do detetive era essa há um tempinho, procurando prostíbulos onde pudesse terem visto , seu faro apontava naquela direção desde que havia ouvido a palavra prostíbulo na cafeteria aquele dia.
Se ele não localizasse informações em nenhum deles, teria que visitar boates, bares para saber se a garota era dançarina ou atendente. Aquele caso parecia tão simples, mas não era bem assim...
– Que eu tenha mais sorte nesse. – suspirou fundo, enquanto estacionava em frente ao local.
Era muito difícil localizar esses lugares, afinal aquela prática era ilegal no país. Desceu do veículo e caminhou até a entrada do local, adentrando-a, e viu que era uma espécie de escritório. No momento em que colocou os pés ali, estava sendo encarado por cada homem que fazia a vigilância dali, engoliu em seco, um movimento em falso e estaria bem encrencado.
– Eu queria contratar uma garota, com quem eu falo? – perguntou para um dos caras. O mesmo nada disse, apenas apontou para uma porta preta ao final do corredor. Ele agradeceu em gesto e saiu. – Com licença. – abriu a porta que estava apenas encostada. – Me chamo Felipo Torres, gostaria de contratar uma garota.
– Hum… Sente-se. – apontou para uma cadeira que estava aqui. – Por que veio pessoalmente? Essas coisas a gente resolve por telefone.
– É que é uma garota especial. – justificou. – Foi a indicação de um amigo, por isso preferi vir até aqui.
– Ok, quem é ela? – ele pegou o celular e mostrou a foto.
– Pois o seu amigo está mal informado, essa garota não trabalha mais conosco. – o detetive faltou pular de tão feliz que ficou com aquela notícia. Então ela já havia trabalhado ali...
– Não acredito que cheguei tarde demais. – fingiu tristeza.
– Pois é, um cliente se apaixonou e pagou suas dívidas. – Inês comentou ainda brava ao se lembrar que perdeu uma das suas melhores meninas. – Mas temos outras garotas, alguma há de te interessar. – ela tirou o tablet da gaveta e foi mostrando foto das garotas.
– Eu vou pensar, são garotas muito bonitas mesmo. – ele as avaliava pelo tablet.
– Aqui só trabalhamos com carne de primeira, mi amor. – ela lhe deu uma piscadinha. – Gostou de alguma? – sentiu o celular vibrar, deu uma checada e suspirou fundo quando leu a mensagem que havia recebido.
– Gostei de várias, enfim, eu ligo para a senhora e falo qual me interessou. – se levantou da cadeira.
– Sua visita... – Inês o encarou firmemente. – Fica esperto, não quero te ver mais aqui, Felipo Torres. Eu sei que você é detetive. – o homem gelou. – É, aqui eu sei de tudo. Anda, vá, já te fiz o favor de responder o que queria saber. – o homem sem pensar duas vezes saiu dali. Havia se arriscado, mas, com certeza, havia valido a pena. Visualizou seu carro e o adentrou rapidamente, partindo dali o mais rápido possível.
– É, , sua titia vai saber o que você fez no verão passado. – riu da própria piadinha, dirigindo em direção ao escritório, assim que chegasse lá faria a ligação para a tia da garota.

***

suspirou fundo, aliviada, quando olhou o relógio e viu que já passava das 18 horas, estava na hora de ir embora do hospital. Aquele dia havia sido bem pesado, dois óbitos, era uma carga emocional e tanto. Tudo o que ela mais precisava era de um banho bem relaxante e cama, não teria capacidade nem de pegar nos livros para estudar. Para ajudar, naquela semana era apenas ela e Tuntz, receber massagem de a recolocaria nos eixos, mas o rapaz estava representando a seleção em amistosos.
Pegou suas coisas, se despediu de todos e saiu do local. Foi até o estacionamento do hospital, indo em direção ao veículo do namorado e destravando-o, mas se surpreendeu com as pessoas que estavam paradas ali apoiadas no carro. Sentiu um solavanco forte no peito, aquilo estava parecendo um pesadelo. Como sabiam que ela estava trabalhando ali? Como sabiam o carro que ela usava?
– Oi, priminha! Surprise, surprise! – revirou os olhos para a piadinha que Lisa havia soltado.
– Dá para desencostar do carro? Se não o fizerem, vou atropelar vocês e garanto que não vou lamentar nadinha. – ficou satisfeita que seu tom de voz saiu bem firme, diferente de como estava por dentro.
– Uau, além de piranha, vai ser assassina? – ouviu risadinhas da prima. Sentiu as bochechas esquentaram.
– Uau, além de corna, se faz de sonsa? Aposto que ainda está com o imbecil do Ramon. – Lisa avançou em direção à ela, mas Flores que até então estava calada, segurou a filha.
– Assim não, Lisa, você vai ter seu tempo, querida. – a filha se desvencilhou dos braços da mãe, soltando um gritinho de desgosto.
– Se vocês não vão falar o que querem logo, eu vou embora daqui. – abriu a porta do carona, colocando suas coisas ali, quando ia caminhar para entrar no carro, a tia segurou seu braço de forma brusca.
– Vamos direto ao ponto, não é? Gosto disso em você, sempre tão prática. – Lisa estava emburrada encostada no capô do carro enquanto olhava para as duas. – Eu coloquei um detetive em seu encalço, .
– O quê? Com que direito? Isso é um absurdo. – soltou uma risada nervosa.
– Sua mãe me agrediu, não sei se você sabe, e ela me disse algo que chamou minha atenção, que você estava morando com o namorado. Então me veio à cabeça, que namorado era esse que eu não conhecia? E que relação rápida era essa para chegar a isso? Então eu decidi pesquisar isso afundo e voilá descobri coisas bem interessantes... – sentiu-se mal e discretamente apoiou-se no carro, não, não podia ser verdade.
– Que foi, priminha? – Lisa fingiu uma falsa preocupação enquanto a encarava. – Aposto que já sabe sobre o que descobrimos…
– Garota de programa, hum? Confesso que quando Felipo me contou não me senti surpresa, afinal, você não respeitou o namoro da sua prima dando em cima do rapaz descaradamente.
– Cala a porra da sua boca, você não tem o direito de dizer essas coisas de mim. Ramon sempre deu em cima de mim, sempre e eu sempre neguei, ele é um porco imundo, ele é uma escória de ser humano. – suspirou fundo, tentando não chorar. – Vocês não sabem o que eu passei quando me jogaram na rua quase de madrugada. – gritava descontroladamente, sentiu um amargo enorme em seu estômago, uma vontade imensa de vomitar. – O mundo é cruel, e eu descobri da pior forma. Eu fiquei desesperada… Eu fiquei sem onde ir.
– Que dó, que dó... – Lisa debochou. – Você me dá asco, e para sua informação, Ramon não me trai, ok? Ele nunca me traiu. – revirou os olhos, negando com a cabeça, Lisa era mesmo muito inocente, ou talvez se fizesse de cega.
– Mas você é inteligente, , e conquistou um belo de um partido com seus dotes na cama. 75 mil euros por mês é o salário dele, hein? – Flores ignorou a discussão das duas. – Nada mal, nada mal, sobrinha.
– Eu não conheci o lá, eu já o conhecia bem antes de vir morar na Espanha, lava a sua boca para falar do meu relacionamento com ele. Eu não estou com ele por interesse, não sou vocês.
– Por favor, , não vamos entrar nesse mérito, não é? Não me interessa se foi na cama daquele prostíbulo barato que você conquistou o rapaz e sim que você está com ele, isso sim me interessa. Sabe que seria a vingança perfeita se eu contasse aos seus pais? Por dois motivos: pela surra que sua mãe me deu e por seu pai ter rompido comigo, aquele ingrato.
– Mas você não vai contar, não é? Eu sei que não vai porque se fosse já teria o feito. – cuspiu as palavras com raiva. Não sabia de onde estava tirando forças para responder. – O que você quer de mim?
– O que você acha, ? – mãe e filha se olharam com um risinho animado. – Dinheiro, e seu namorado tem de sobra. Eu não consigo acreditar que você ainda se deu bem depois de tudo, esse mundo não é justo. – Lisa a fulminava enquanto falava. deu um riso incrédulo, não estava acreditando no que estava ouvindo.
– Isso não me surpreende, mas eu não vou cair nessa, não vou ceder à chantagem nenhuma.
– Bom, já que é assim… – Flores pegou o celular do bolso e começou a discar alguns números. – Alô, Pablo? – arregalou os olhos, e tomou o celular das mãos da mulher, o desligando de forma abrupta. – Não duvide, , eu não tenho nada a perder contando aos seus pais.
– Quanto?
– Agora sim, sobrinha adorada, estamos chegando a um acordo. – tomou o celular da mão da sobrinha, e o guardou na bolsa novamente. – Não queremos nada demais, a não ser 300 mil euros.
– O QUÊ? Isso é muito dinheiro, eu não tenho essa quantia.
– Eu sei que não tem, é aí que seu hombre entre em ação, afinal, eu aposto que ele tem. Te dou cinco dias para me arranjar esse dinheiro. – arregalou os olhos. – É, eu sei, que ele não está em Barcelona e sim em Porto, estou muito bem informada. – parecia em choque com as informações sendo lançadas com tanta propriedade por Flores, sentia-se invadida. – Se não me der o dinheiro, seus pais saberão de tudo.
– Ok, você venceu, Flores, eu vou falar com meu noivo. – sorriu falsamente. – Agora me dá licença, já dei atenção demais a quem não merece. – as duas se desencostaram do veículo.
– Eu te procuro e não adianta se esconder. – gritou e viu entrar no veículo e saindo de lá o mais rápido que conseguiu.
Sua visão estava ficando turva com as lágrimas que caíam incessantemente de seu rosto, ela teve que encostar o carro, se não um acidente poderia ser causado, ela não conseguia enxergar um palmo à sua frente. Começou a socar o volante várias vezes, frustrada com o rumo que as coisas estavam tomando.
Aquela mulher onde aparecia trazia um rastro de destruição em sua vida, e aquilo não era justo, não era. Ela não podia ceder à chantagem nenhuma, ela sabia que seria um ciclo sem fim, e envolver em algo que era somente problema dela não passou em nenhum momento por sua cabeça, mesmo ela sabendo que ele jamais se negaria a pagar por aquilo.
Ela encostou a cabeça no banco e chorou alto, chorou alto porque ela sabia o que ela deveria fazer e aquilo a destruía ainda mais, não sairia nada como ela tinha planejado, mas seus pais deveriam saber da boca dela, ela não iria repetir o que havia acontecido com , ela os contaria.
Não soube quanto tempo chorou ali naquele local, mas chorou muito. Decidiu que não iria para casa, precisava da sua melhor amiga, então ligou o carro e dirigiu até seu apartamento. Com as palavras ecoando em sua cabeça: ela só tinha cinco dias, cinco fucking dias para tudo ruir…


Capítulo 21

I'm criticized but all your bullets ricochet
Sou criticada, mas as suas balas ricocheteiam
You shoot me down, but I get up
Você me derruba, mas eu me levanto
I'm bulletproof, nothing to lose
Sou à prova de balas, nada a perder
Fire away, fire away
Dispare, dispare
Ricochets, you take your aim
Ricochetes, você fez sua crítica
Fire away, fire away
Dispare, dispare
You shoot me down but I won't fall
Você me derrubou, mas não vou cair
I am titanium
Sou de titânio

(Titanium - David Guetta feat. Sia)

estava deitada na cama com alguns livros no colo, mas não conseguia se concentrar, estava apreensiva, o prazo que sua tia havia dado vencia amanhã e voltaria hoje, finalmente. Ela precisava dele com ela, estava a ponto de sufocar.
Escutou os latidos de Tuntz no andar de baixo e soube que o rapaz havia chegado. Ela desceu as escadas correndo e se jogou nos braços do namorado que, surpreso, a pegou em seu colo. o abraçava como se sua vida dependesse disso.
– Oi! Nossa, mas foram só alguns dias, amor. – brincou, mas não o respondeu, ainda estava com o rosto enterrado em seu pescoço. – Está tudo bem? – começou a se preocupar pela falta de resposta da namorada. Ela se desgrudou do rapaz e desceu de seu colo.
– Não está. – mordeu os lábios.
– E por que não me contou? Eu estava lá achando que tudo estava bem.
– Eu não queria te preocupar, eu vi o resultado desastroso com o Panamá, e se eu te falasse algo e te distraísse? Não, eu não suportaria. – ele suspirou fundo, e se sentou com ela no sofá.
– O que houve? – soltou um longo suspiro, enquanto encarava o namorado.
– Minha tia descobriu tudo. – soltou aquilo com a voz embargada. arregalou os olhos.
– Quando você diz tudo, é tudo mesmo? – ela assentiu. – Puta merda. Como isso pôde acontecer?
– Ela contratou um detetive para me investigar, olha o quão doentio é isso, meu Deus, eu ainda não estou acreditando. – sentiu quando uma lágrima escorreu de seus olhos. rapidamente a secou, a abraçando de lado.
– Ela contou aos seus pais? – deu um beijo na testa dela, enquanto tentava acalmá-la.
– Não, ela está me ameaçando. Ela quer dinheiro para não contar nada. – se aninhou mais ao namorado, enquanto lágrimas escapavam.
– Quanto?
– 300 mil euros. – a olhou, alarmado.
– Nossa, é muito dinheiro, mas eu pago, tudo para que você não tenha que se preocupar com isso.
– Não, eu não estou te contando para que você pague, , isso é chantagem. Ela vai gastar o dinheiro e vai pedir mais, e mais, e mais e você não vai custeá-la, é inaceitável.
– E o que pensa em fazer? – suspirou fundo e ficou calada. – Vai contar? – ela balançou a cabeça, concordando. – Quando vai para o Brasil?
– Eu não tenho tempo de ir, amor, o prazo que ela me deu vence amanhã, eu queria tanto contar pessoalmente para eles, mas não vai acontecer. Flores me deu cinco dias para que eu arrumasse o dinheiro, se não ela mesmo contaria. Vai ter que ser por telefone.
, esse não é o tipo de coisa que se fala por telefone. – ralhou.
– Eu sei. Queria que fosse assim, mas não tinha dinheiro para comprar uma passagem e você não estava aqui para me emprestar, tinha os estágios, meu projeto acadêmico… Tudo para me prejudicar. – suspirou fundo. – Eu não posso ceder à chantagem daquela mulher, então vai ter que ser por telefone.
– Eu vou pagar, então conseguimos segurar até junho. São só alguns meses, não é possível que sua tia gaste tudo em tão pouco tempo.
, não! Eu não te contei isso para que me ajudasse com o dinheiro, eu te contei isso para que estivesse ao meu lado me apoiando quando eu efetuasse a ligação. – sua voz vacilou, e ela sentiu mais lágrimas saírem.
– Isso não é justo, não é. – a abraçava apertado, chateado por se sentir de mãos atadas a dor que ela estava sentindo. – Eu estou aqui com você e não vou te deixar, ok? – deu um beijo na testa dela.
– É só isso que eu preciso nesse momento, ter você do meu lado me dizendo que as coisas vão ficar bem. – fungou. – Será que eles vão me perdoar? Será que eles vão vir na minha formatura? – mordeu o lábio inferior, tentando conter o choro.
– Ei, amor, não pense assim, eles vão te perdoar, e quanto a sua formatura, se eles não estiverem lá, eu estarei, ok? – ela suspirou, se desmanchando nos braços dele.
– Obrigada, você é a pessoa mais doce e gentil que eu conheci em toda a minha vida. – levantou a cabeça e trocaram um breve selinho.
– E você é a pessoa mais forte que eu conheço. – ela sorriu, fechou os olhos, abraçando-o mais forte. – Vamos passar por essa juntos.

– Estou pronta. – ela tinha os olhos fechados, enquanto se sentava com o celular em mãos, o encarando como se sua vida dependesse disso.
– Tem certeza que quer fazer isso sozinha? Eu posso te ajudar a falar. – ela balançou a cabeça.
– As coisas vão sair de controle, , só esteja por perto quando terminar porque eu vou precisar de colo. – sorriu forçadamente.
– Estarei. – o viu se sentar no sofá de frente para ela. A mulher respirou fundo e discou os números tão conhecidos por ela e depois de alguns segundos aguardando viu a imagem da mãe na tela e suspirou, fingindo um sorriso, que mais pareceu uma careta.
– Oi, meu amor, o que houve? Que cara é essa? – sua mãe sempre a conhecia como ninguém.
– Mãe… – a encarava apreensivo. – Coloca o meu pai na linha junto com a senhora, e pede para as meninas irem para os seus quartos, o que eu tenho para contar é algo grave. – Maria se assustou, pediu para que ela esperasse e aquela demora só a deixou mais nervosa, ela mordia o lábio tão forte que podia sentir gosto de sangue em sua boca, tentando conter as lágrimas que queria descer a qualquer momento.
– Pronto, estamos os dois aqui. Pelo amor de Deus, filha, me conta o que está acontecendo. – sua mãe disse. O pai a encarava aflito também. olhou para o lado negando com a cabeça. sibilou, vamos, , você consegue. – , filha, você está me assustando. – ela encarou a mais velha e viu a ruga de preocupação da mãe, precisava falar de uma vez.
– Eu menti… Sobre morar com uma amiga... Eu menti… Sobre o meu trabalho. – antes que ela pudesse concluir, seu pai a interrompeu.
– Como assim, filha? O que está dizendo? – fechou os olhos e soltou de uma vez.
– De junho até início de novembro eu fui garota de programa, eu parei de ser especificamente horas antes de você chegar em Barcelona, mãe. – a mais velha colocou uma das mãos a boca, incapaz de falar qualquer coisa. As lágrimas já rolavam pelos olhos de . – Eu escondi de vocês por vergonha.
Silêncio, era isso que podia ser escutado do outro lado da ligação. Os dois estavam processando a informação, em choque.
– Só pode ser brincadeira isso, não é filha? Eu não consigo acreditar nisso! É muito desgosto. – seu pai saiu do campo de visão da câmera, andava de um lado para o outro, incrédulo. – Prostituta? Minha filha é uma prostituta. – Maria já tinha o rosto banhado em lágrimas.
– Eu estou sentindo uma angústia tão forte no meu peito, meu Deus! – sua mãe chorava compulsivamente. – Eu sabia que era uma péssima ideia você estudar na Espanha, eu sabia, tinha isso dentro de mim. Eu não deveria ter deixado você ir. Como pôde se sujeitar a isso, minha filha? – soluçava alto, tentando em vão controlar o choro.
– Foi o único jeito de conseguir ficar aqui, mãe, eu não me orgulho, mas foi. – chorava alto. – Você não tem noção de como me dói ver a dor que eu estou causando em vocês, é por isso que eu não queria contar, se as coisas não tivessem fugido do meu controle...
– Você foi e fez porque foi o jeito mais fácil, . – o pai falava alto, mas não aparecia no vídeo.
– Claro, porque me deitar com vários homens é uma tarefa muito fácil… – comentou irônica. – Não sei porque as pessoas têm essa mentalidade que se prostituir é fácil. Mas não, não é, pai. Eu me sentia suja, vazia e incompleta… Mas eu não ia voltar ao Brasil faltando um ano para terminar meus estudos. Eu precisava de um teto e lá eu tive.
– Não me responda desse jeito, ! – esbravejou. – Trancasse esse curso, você tinha várias saídas e optou sim pela mais fácil.
– Eu não ia desperdiçar quatro anos, pai, eu sei que no momento que eu colocasse os pés no Brasil eu jamais voltaria. – falou em meio ao choro.
– No fim parece que a Flores tinha razão, você pode mesmo ter dado em cima do namorado da sua prima. Eu olho para você e não te reconheço, meu Deus, tudo o que eu vejo é uma… – o homem não conseguiu completar.
– Vadia, pode falar. No fim, é o que sou, já que até da minha índole o senhor está duvidando, vai ver eu dei em cima e transei mesmo com o namorado da Lisa e por isso elas me colocaram na rua feito um lixo. – a olhou desesperado, aquela conversa estava indo para um nível desastroso. Ele a conhecia bem, sua forma de defesa sempre foi o ataque.
! – a mãe gritou alarmada.
– Me desculpa… – fechou a mão livre em um soco. – É lógico que eu nunca tive nada com ele, Deus, isso é tão absurdo, eu não deveria ter falado isso. – suspirou, limpando as lágrimas que ainda desciam. – Se aquela mulher tivesse acreditado em mim, não estaríamos tendo essa conversa agora.
– Flores teve mesmo uma parcela de culpa nisso tudo, mas digo e repito, você tinha outra saída! – O homem soltou um longo suspiro, voltando seu rosto a câmera. – Que fique claro, , a partir de agora eu só tenho duas filhas! – ela sentiu a boca secar com a fala do pai. Escutou passos distanciando-se dali. Na tela do celular ela só via a mãe que ainda estava meio incrédula por tudo o que estava acontecendo e ainda a encarava.
– Eu estou muito triste por você ter tomado essa decisão, , está doendo tanto, tanto porque você tinha outros meios e foi a esse extremo e eu não consigo te perdoar por me fazer passar por isso. – suspirou. – Você se arrepende?
– Se eu contasse antes a senhora, me deixaria ser garota de programa?
– Jamais, nunca! Se você não conseguisse arrumar um trabalho decente, voltaria ao Brasil.
– Então não, mãe, eu não me arrependo e se fosse necessário para atingir os meus objetivos eu faria de novo. – Maria a encarou, chocada. – Porque daqui alguns meses eu estarei com meu diploma em mãos e finalmente terei realizado meu sonho.
– A que preço, minha filha? – a mãe balançava a cabeça em negação.
– Me desculpa, mãe, eu… Pode ser duro o que eu disse, mas é a verdade. Prometi isso a senhora e estou fazendo desde então. – fungou. Referia-se a trabalhar com a verdade.
– Como pôde olhar nos meus olhos quando eu te perguntei o que acontecia e mentir tão descaradamente? Horas antes de eu chegar em Barcelona você ainda era garota de programa! – suspirou. – É, agora faz todo sentido você não querer que eu fosse para aí, cheia de desculpas...
– Não foi fácil mentir, mãe, me entenda, por favor, eu… Queria contar a verdade naquele momento, mas tive medo de sua reação.
– E achou que ir adiando a mudaria? Não, só me trouxe ainda mais desgosto, ainda mais tristeza por perceber o quão baixo você pode ir para atingir seus objetivos. – suspirou fundo. – O seu pai tem razão, eu não consigo te reconhecer, uma pessoa que mente desse jeito olhando nos meus olhos… É horripilante.
– Mãe… Por favor...
– Chega, ! Chega de desculpas! Por um pedaço de papel você fez tudo isso, um pedaço de papel vale muito mais do que os valores que você tem, ou tinha, eu já não sei mais. – as palavras passavam por seu peito como facadas. – Olha, eu não vou te renegar como filha, como seu pai fez, mas eu não posso, eu não consigo falar com você, estou muito triste. Ah, meu Deus. – a mais velha limpou as lágrimas que ainda desciam de seu rosto. – Que decepção! Não dá! – sem mais delongas, ou qualquer palavra de carinho a chamada foi encerrada. suspirou fundo, limpando as lágrimas de seu rosto, virou seu rosto em direção ao namorado que a olhava com pena.
– Achei que seria pior, só virei órfã mesmo. – riu incrédula, ele a encarava aflito, estava sem palavras. – Vadia, horripilante, mentirosa, sem valores e eles não mentiram em nada, eu sou tudo isso e muito mais! – sentiu os lábios tremerem, mas não tinha mais forças para chorar.
… – ele suspirou indo até ela e a abraçando. – Eles só ficaram muito chocados, não leva essas palavras a sério.
– Eu nunca vi aquele olhar que meu pai me direcionou, , era puro desprezo… E minha mãe? Era a decepção em pessoa. Eu estou por conta própria a partir de agora, eu sei que estou. De todas as formas que eu me imaginei tendo essa conversa, eu jamais pensei que fosse desse jeito, não que eu esperasse um buquê de flores, eu só… – colocou as mãos a boca.
– Eu só quero que saiba que estou aqui do seu lado para o que precisar, assim como eu te perdoei, eles também vão.
– Que você esteja certo, porque viver sem o perdão dos meus pais vai ser desolador. – se abraçou ainda mais no rapaz, como se sua vida dependesse disso. Fechou os olhos, e suspirou fundo. Agora seria ela por ela. Ela chorou nos braços do namorado por um longo tempo, ele lhe acarinhando o cabelo e ela não soube quando pegou no sono.

dirigia e estava em silêncio, às vezes falava alguma coisa ou outra para o orientá-lo em direção ao endereço em que deveriam ir. Não tardou para que o jogador estacionasse em frente a uma casa simples. Ela queria simplesmente ter mandado apenas uma mensagem dizendo que não cedeu a chantagem, mas ela estava bloqueada nas redes sociais da mulher e não conseguia ligar pelo mesmo motivo.
– Fica aqui dentro, deixa que eu falo com ela, ok? – ele negou.
– De jeito nenhum, você não está no seu melhor momento, quero ajudar se for preciso.
– Ok, amor, vai ser bem rápido de qualquer forma. – suspirou, derrotada. Tirou o cinto e desceu, vendo fazer o mesmo. tocou a campainha, e a tia quando os viu, abriu um enorme sorriso.
– O rapaz é mesmo muito bonito, hein? Você não dá ponto sem nó. – revirou os olhos, mas resolveu ignorar aquilo. – E então? Veio pedir minha conta para depositar o dinheiro ou resolveu dar em espécie?
– Não tem dinheiro nenhum, eu já contei para eles. Eu só vim aqui olhar na sua cara e falar que você não conseguiu arrancar um euro sequer do meu noivo. – sorriu abertamente. – Vá trabalhar, chantagem é crime, se eu quiser te coloco atrás das grades.
– Sua… – Flores fechou os olhos, estava espumando de raiva – Quem me garante que você realmente contou?
– Tira prova, liga agora, liga depois, faz o que quiser, eu não me importo.
– Eu posso ir a impressa, posso sujar a imagem do seu noivo...
– Vá a impressa, conte tudo, duvido que consiga algo, tenho certeza que você não tem provas concretas, se o tivesse não estaria nos ameaçando. E outra, seria sua palavra contra a minha, em quem você acha que eles acreditariam? – explodiu.
O jogador sabia que se isso chegasse à impressa mesmo sendo “mentira” seria sim um escândalo, poderia sujar sua imagem, que depois do escândalo do harém na casa de Neymar não estava tão limpa assim, perderia contratos, e ainda por cima correria o risco de não ser convocado para a Copa América. Engoliu em seco, torcia mesmo para que a mulher tivesse caído no seu blefe.
Flores abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu, ele estava certo, ela não tinha provas documentadas, talvez pudesse ver isso com Felipo, mas seria extremamente difícil, envolveria mais dinheiro que ela não tinha, teria que contar com testemunhas, já que fotos ela não tinha e aquele tipo de gente não ia poder ir a impressa, prostituição era algo ilegal no país e poderia se encrencar mexendo com aquele tipo de coisa.
– Aceita, Flores, acabou! Vamos, amor. – abriu de uma vez a porta do carro e logo fez o mesmo. Deu partida no veículo. – , eu não tinha pensado nisso e se ela for mesmo a impressa? Meu Deus…
– Seria um escândalo, eu menti para ela, creio que tenha sido convincente em meu discurso, e ela não vá, mas estamos correndo o risco.
– Se ela fosse, teria nos respondido naquele momento, não é? Mas ela não o fez. Acho que ela não vai…
– Eu também acho. De qualquer forma vou ter que falar tudo isso ao meu empresário, caso a bomba estoure, ele estará preparado para abafar.
– Me desculpa. – Ela o encarou, chateada com toda a situação.
– Está tudo bem, amor, a culpa não é sua, parente a gente não escolhe. – balançou a cabeça, concordando. Não conseguiu evitar que uma lágrima escorresse. – Não é por nada não, mas ela parece tão rabugenta, você não tinha medo de olhar para ela quando morava lá? – brincou, tentando suavizar o clima, conseguindo êxito quando escutou a gargalhada dela.
– Meu Deus, você é demais. – ele deu de ombros, com um pequeno sorriso. – Me distrai, amor, não quero ficar amargurada remoendo as coisas. – suspirou fundo. – E a Alessandra? Como foi?
– Certo. Eles ficaram um tempo sem se falar, o clima foi péssimo, não que o Alisson não quisesse ter o filho, a briga foi porque ela não quer abrir mão do emprego dos sonhos dela e ele não pode simplesmente largar tudo e acompanhar a gravidez. – ela suspirou. – Você sabe que ele já tem uma menininha, não? – ela concordou. – Ele não quer que aconteça as mesmas coisas com essa gravidez.
– Eu não a julgo, eu faria o mesmo, deixar a vida inteira para trás, o emprego dos sonhos... De jeito nenhum. – a encarou. – O quê? É verdade. E eles fizeram as pazes?
– Fizeram, mas ainda não tem nada decidido, eles prometeram que iriam dar um jeito.
– Vou ver de mandar uma mensagem para ela mais tarde. – encostou-se ao banco, olhando a janela.
– Você precisa ir a sua psicóloga. – ela o encarou. – Do jeito que você está não tem condições de ajudar ninguém.
– Eu sei, eu tenho consulta na semana que vem, eu vou, mas por enquanto eu preciso segurar as pontas. É tudo muito recente ainda, mas eu vou ficar bem, amor, fica tranquilo. – ela fez um bom cafuné na cabeça dele. – O tempo é o melhor remédio.

***

Abril chegou e finalmente os dias estavam bem mais quentes, já dava para deixar os casacos mais pesados no fundo do guarda-roupa. As coisas para estavam bem mais corridas, afinal estava bem próximo da finalização de seu curso. Havia o seu projeto que ela teria que apresentar, tinha que finalizar os estágios, entregar todos os relatórios corrigidos, tudo em dois meses. Não havia trocado nenhuma palavra com os pais desde então, eles a evitavam, não a atendiam e aquilo a deixava bem machucada. Ela resolveu se enterrar nos estudos para não encarar a realidade.
tinha o campeonato espanhol para se preocupar e a Champions League, era a primeira vez que disputava aquela competição e era mágica, ele estava animado, o Barcelona estava muito bem, quem sabe não poderia trazer o título? Haviam ganhado aquela partida daquela noite por 3 X 0 em cima do Manchester United e haviam se classificado.
– Ei, cara, você está bem? – viu que Coutinho estava sentado no vestiário depois da partida, sozinho. – O homem do primeiro gol. – brincou com ele.
– Ah, estou. – sorriu sem graça. A torcida do Barcelona estava sendo muito dura com Coutinho, que estava há bastante tempo sem fazer gols, aquele jogo havia aliviado em partes as coisas. – A pressão em cima de mim está complicada, , o que eu mais ouvi foi que eu não fiz mais do que a minha obrigação. – bufou. – Estou em um péssimo momento em minha carreira. – suspirou, sentando-se ao lado dele no vestiário. Eram só os dois ali.
– Você está querendo sair? – perguntou aquilo que estava martelando em sua cabeça há um tempo, mas que ainda não teve coragem para questionar.
– Eu já não sei mais, antes eu respondia com convicção que não, mas agora, como as coisas estão, eu não me vejo tendo outra saída.
– Alguma proposta boa? – negou.
– Quem vai me querer nas condições que eu estou? – deu um riso amargurado. – De qualquer forma, meu agente está de olho e eu já dei o aval para ele. – assentiu.
– Não te desmereça assim, cara, todos nós passamos por fases ruins durante a nossa carreira, você não vê o que está acontecendo com o Neymar? Isso também pode vir a acontecer comigo, a gente nunca sabe. – Philippe suspirou fundo.
– É, você tem toda a razão, não posso me desesperar… Se o Tite acredita em mim, e ainda me convoca para a seleção, é porque eu ainda tenho algum valor.
– Claro que tem, cara. – deu alguns tapinhas nas costas do amigo. – Você joga pra caramba!
– Obrigado, cara, de verdade. – sorriu.
Eles se levantaram e saíram rumo ao estacionamento do estádio. Se fosse melhor para o amigo jogar em outro time ele ficaria muito triste, afinal, sempre foram muito próximos, mas torcia que o melhor fosse feito por ele. Se despediu de Coutinho e seguiu em direção ao seu carro, buscou o celular, procurou um número na agenda e discou.
– Oi, dona Maria, como vai?
– Olá, ! Estou indo, na medida do possível. – suspirou fundo. – E você, como está? E ela?
– Estou bem, mas ela está mal, sente falta de conversar com a senhora, com o pai... – a mulher torceu a boca. – Com as irmãs ela ainda mantém contato, afinal elas não sabem de nada.
– Não, não sabem, e assim permanecerão, é melhor assim. Ainda não consigo falar com ela, não estou mais com raiva dela, mas bem chateada com tudo, principalmente com a mentira e o descaramento. Agora Pablo ainda está muito bravo… – suspirou fundo. – Como foi com você quando descobriu tudo? – perguntou curiosa.
– Bom… – ele coçou a cabeça, desconcertado. – Me senti muito traído, no fundo eu entendo um pouco o que está passando pela cabeça da senhora, mas eu consegui perdoar, porque eu deixei o amor me guiar, meu amor por ela foi maior do que esse sentimento de traição que eu estava sentindo e então quando eu percebi, estava pronto para lhe dar uma segunda chance.
– Eu fico muito feliz que tenha alguém ao lado dela como você. Eu fico até mais tranquila, se quer saber. – ele abriu um grande sorriso.
– Obrigado, dona Maria, de verdade.
– Estou estranhando a ligação, geralmente o relatório semanal é sempre por mensagem de voz no WhatsApp. – sorriu. A mulher havia implorado para que o rapaz não contasse a , mas ela se mantinha informada da vida da filha através dele, mas era óbvio que ele tinha contado a noiva. Tinha que saber se ela estava bem, se alimentando direito, como estava faculdade e o genro lhe contava tudo semanalmente.
– É, pois é, é que a formatura dela já tem data… E se eu for convocado para a Copa América eu não vou conseguir comparecer. Eu queria saber se a senhora e seu esposo viessem, isso seria muito importante para ela. – mentiu, se o Brasil chegasse a final da copa América seria até o dia sete de julho.
– Eu não sei… Minha filha ter se tornado o que se tornou foi exatamente por conta dessa maldita faculdade, não sei se quero vê-la erguendo aquele canudo que nos trouxe tanto desgosto. – seu tom de voz delatava que ela estava cansada de tudo.
– Isso é muito importante para , dona Maria, não faça isso com ela, a destruiria em um nível catastrófico, eu não sei se ela suportaria tamanho sofrimento. – as palavras do genro pesaram em seu coração.
– Quando será?
– Dia 10 de julho*, se vocês não tiverem dinheiro ou algo assim, eu deposito a quantia, o mais importante é que venham, por favor, venham e a prestigiem.
– Eu vou pensar, ok? Só… – antes que ela falasse, ele a interrompeu.
– Não irei comentar, eu prometo.
– Obrigada, vamos nos falando. Beijos, se cuide e tenha uma boa semana.
– Para a senhora também. – suspirou, desligando. Os pais da garota tinham um pouco mais de dois meses para se decidirem se iriam ou não prestigiar a mulher. Esperava que aquela briga familiar acabasse de uma vez, estava durando muito mais do que o recomendado, o máximo de tempo que ele havia ficado brigado com os pais foram duas semanas, e era um sentimento muito esquisito que habitou dentro de si, era um vazio que ninguém seria capaz de preencher, somente seus pais. Pegou o celular e digitou algumas coisas para a namorada.

: Ganhamos de 3x0. Se arruma, mas não demora, vamos comemorar. Eu nem vou entrar. Chego em 20 minutos e não adianta dizer não, eu vou dirigir e não vou ler sua resposta. 😘

Ligou o veículo e foi em direção à sua casa, estava cansado, mas deixar dentro de casa naquela neura toda estava a fazendo um tremendo mal, então mesmo que fosse mais de 22 horas eles sairiam de casa. Ela estava enterrada nos livros, mas ele a conhecia, aquilo era uma camuflagem. Ela tinha se afastado de tudo e não falava com há um tempo também. Passou a mão no rosto, chateado. Entrou no condomínio, parou em frente sua casa, pegou o celular, mandou mensagem a que demorou um tempinho, mas saiu. Entrou no veículo com um biquinho engraçado.
– Eu estou indo contra a minha vontade, e não vamos demorar, amanhã ainda é quinta-feira, tenho aula cedo. – abriu um sorriso, soltou o cinto e se aproximou dela, a encarando de perto. – Quê? – o jogador colocou a mão no rosto dela, alisando-o ternamente, a desarmando por completo.
– Vamos em uma pizzaria, você precisa ver gente, chega de ficar enterrada nas coisas da sua faculdade. Hum? – se aproximou ainda mais dela, lhe dando um selinho rápido.
– Está bem, talvez você tenha razão. – voltou ao seu lugar, colocando o cinto e vendo-a fazer o mesmo. Deu partida no veículo. – Que jogaço, hein?
– Você viu? – ela assentiu. – Pois é, foi um ótimo jogo mesmo, classificamos para as quartas de final. – sorriu. – Mas e as coisas da sua faculdade?
– Estou terminando os relatórios, graças a Deus, faltam só dois, parece um sonho. Me lembra de nunca deixar acumular nada… – ele riu, concordando com a cabeça. Viu a pizzaria próxima dali e estacionou o veículo.
– Chegamos.
– Olha, e não é que foi rápido? – deu de ombros, descendo do veículo. Antes que ela abrisse a porta, a abriu primeiro. – E ainda está todo cavalheiro… Estou gostando. – sorriu, segurando a mão que ele a estendia, e desceu do veículo. – Vou poder escolher os sabores da pizza?
– Claro, a noite é sua. – sua boca se curvou em um bonito sorriso. suspirou enquanto o encarava, ele era tão lindo… Se sentaram em uma mesa mais discreta, estavam evitando qualquer fã. Claro que teve que tirar umas duas ou três selfies, mas era o previsível.
– Me deu uma saudade de comer pizzas que a gente só encontra no Brasil… Pizza de estrogonofe, já experimentou? É muito boa, tem até batata palha, amor. – ele negou com uma cara estranha, folheava as páginas do cardápio. – Vai por mim, é boa, você não se arrependeu com o cappuccino.
– Experimentamos quando formos ao Brasil, tenho certeza que deve ser mesmo boa. Não duvido mais de você. – ela fez um biquinho, balançando a cabeça positivamente. Ao menos, parecia com uma aparência melhor ali.
– Bom, vou optar pelo óbvio, vou querer marguerita.
Ele chamou o garçom, fez o pedido e para acompanhar pediram suco de uva, não estava autorizado a beber e, mesmo que não tivesse treino amanhã, ele estava dirigindo e ela tinha faculdade. Ela segurou a mão dele, e a levou até seu lábio, deixando um beijo casto ali, ao fim do gesto a entrelaçou com a sua.
– Eu não estou sendo fácil, não é? Eu sei, nem eu estou me aguentando. – enrugou o nariz. – E eu ainda tenho te deixado na mão, literalmente, me perdoe, eu...
– Não fala mais nada, por favor! Eu achei que estivesse claro que o que a gente tem não é só sexo. Eu te amo, , e amar é estar com a pessoa nos seus momentos bons e ruins. – sentiu os olhos marejarem, mordeu os lábios para que não chorasse. – Não te trouxe aqui com segundas intenções, te trouxe porque queria que se distraísse um pouco.
– Eu sei… E eu te amo muito por tudo isso! – desviou o olhar do dele, não queria chorar. – Mas eu não tenho sentido vontade de namorar, o que é uma droga porque eu sei que você sofre com isso. Faz o quê, quase dois meses que a gente não transa? – ele fez uma careta, dando de ombros.
– E tem o X-Videos para quê? – ela gargalhou, fazendo-o rir. – Falando sério agora, quando eu te pedi em casamento, foi porque eu quero você como companheira da minha jornada de vida. Sexo tem que ser prazeroso para os dois, o que adianta a gente transar e só eu estar gostando? – ela concordou. – Vou te contar um segredo… – se aproximou do ouvido dela. – Gosto da cara de safada que você faz quando tem um orgasmo.
! – ela deu tapa no braço dele, sentindo as bochechas quentes, nem ela sabia porque tinha se envergonhado. – Você tem uma facilidade incrível para tornar um assunto sério em algo engraçado. E eu amo isso. – piscou para ele.
– Obrigado, obrigado, mas eu parei, nem vou pensar muito sobre seu rosto enquanto tem um orgasmo, não é um bom momento. – tentou prender a risada, mas em vão. O garçom trouxe o suco de uva, os colocou na frente de ambos, que agradeceram em um gesto.
– Sua mãe me mandou mensagem hoje. – ele a encarou com o cenho franzido. – Com várias lojas com vestidos de noivas. Um modelo mais lindo que o outro, confesso.
– Ela não desiste. – revirou os olhos. – Só ignora, a gente vai casar no seu tempo. – ela segurou o rosto dele com as duas mãos e lhe deu um longo selinho.
– Confesso que até me distraiu, sabia? Eu estou meio neurótica com tudo, então foi bom ver alguns vestidos… – deu de ombros. – Sabe que nunca pensamos de verdade sobre o nosso casamento?
– Eu não gosto de tocar no assunto, não quero que você ache que estou te pressionando. – sorriu, tímido. Não era segredo para ninguém que se fosse por ele já estariam casados de papel passado há muito tempo.
– Não me sinto pressionada, sei que respeita o meu tempo, e aprecio muito isso. – fez um carinho na mão dele com o polegar. – Mas, definitivamente o casamento tem que ser no Brasil.
– Concordo. Bahia? Lá tem uns lugares muito lindos, pensei em lá depois que passei o Réveillon.
– Nem me lembre desse Réveillon. – torceu o nariz. – Mas é justo. Gostaria que fizéssemos uma espécie de mochilão para nossa lua de mel. Paris, Lisboa e Londres, o que acha? Já que eu tenho um noivo que pode pagar, não vejo problema nenhum. – riu da caretinha que ele fazia. A pizza já estava pronta, e colocada na mesa. Ela pegou um pedaço e sentiu a boca salivar, nem sabia que estava com tanta vontade assim.
– Feito. Depois de quanto tempo de casados teremos filhos?
– Hum, nós temos quanto tempo de relacionamento? – ela fez uma caretinha. – Oficialmente eu sei que temos três meses e já estamos morando juntos. Deus, isso é tão louco. – ela negava freneticamente com a cabeça. Ele a olhava de forma engraçada enquanto comia. A conversa estava tão leve, fazia tempo que não a via daquele jeito. – Bom, como nos casaremos daqui uns dois anos, ou menos, se eu for efetivada no estágio, podemos ter filhos com uns dois anos de casamento, o que acha? Estaremos com uns 25 anos quando casarmos, podemos ter filhos com 27 anos. É uma idade boa, concorda?
– Concordo, e ainda vamos ter tempo de curtir bem a vida de casados. – sorriu. – Quero três filhos, e disso não abro mão.
– Bah, mas por que tem que ser três? – ela bebericou o suco enquanto o olhava curiosa.
– Eu quero duas menininhas e um garotão. – torceu a boca, três com certeza era demais. Depois negociariam aquilo ali, mas não ia estragar a dinâmica do papo.
– Ok, então teremos três. – deu de ombros, agora indo para o segundo pedaço de pizza. – As madrinhas do meu casamento teriam que usar um tom de rosa-bebê, e a gravata dos padrinhos seria da mesma cor, só de imaginar meus olhos brilham.
– Sua irmãzinha pode ser a florista. – concordou veemente. – Vou ver com a minha prima Vania que os meus priminhos levem as alianças.
– Ah há, alguém vai escutar a sugestão da mãe. – acabou rindo do jeito que ela havia falado. – Obrigada... – ela sorriu mais leve. – Você não tem noção de como eu não sabia que precisava disso aqui.
– Não fiz mais nada que minha obrigação. – piscou para ela. Se aproximou dele, e um beijo lento se iniciou, mas fora cortado rapidamente por . Voltaram a comer, ainda com o papo sobre o casamento.

*
Como o ano letivo na Espanha termina no dia 20 de junho, é provável que a formatura não demore esse tempo todo para acontecer.


Capítulo 22

I got all I need when I got you and I
Eu tenho tudo o que preciso quando você está comigo
I look around me, and see a sweet life
Eu olho à minha volta, e vejo uma vida boa
I'm stuck in the dark but you're my flashlight
Estou presa no escuro, mas você é minha lanterna
You're getting me, getting me through the night
Você me guia, me guia pela noite

Flashlight - Jessie J



– E como está, ? – a moça fez uma careta, enquanto se deitava no divã.
– Já estive bem pior, mas estou melhorando. – sorriu. – Estive bem deprimida por um tempinho, achei que entraria em depressão…
– É, eu acompanhei todo esse processo, e fico contente de ver que você está vivendo um dia de cada vez.
– Isso, acho que essa é a melhor definição para a situação. – suspirou fundo.
– Nada de conversar com seus pais?
– Não, mas o me contou que minha mãe fala com ele toda semana, e isso acalentou meu coração de alguma forma, mostra que ela se importa comigo e que um dia vai estar pronta para me perdoar.
– Isso é ótimo, muito bom. – ela assentiu. – E você não está mais forçando contato com eles?
– Não, eu parei, agora só ligo mesmo para as minhas irmãs, que estão alheias a isso tudo, a inocência delas de alguma forma me ajuda muito.
– E como está se sentindo? Com relação a tudo?
– Eu achei que iria morrer porque tudo desmoronou de uma vez: meus pais, a perda da minha paciente, dona Agnés, eu já sabia que ela iria morrer, mas eu não estava pronta para sua morte, os relatórios dos estágios, enfim, era muita coisa para que eu lidasse.
– E você foi fazendo os exercícios de respiração para não ter um surto de ansiedade? Está praticando atividade física? Usando o diário de pensamentos?
– Sim, sim e sim. – brincou com a resposta. – Inclusive, se você quiser dar uma olhadela no meu diário, eu o trouxe.
– Não é necessário que eu veja ainda, traga-o na próxima sessão. A razão dessa atividade é você aprender a lidar com esse monte de situações conflituosas de uma vez. E fico feliz por você estar seguindo o tratamento à risca.
– Estou, e se não fosse por ele e por , eu não sei se não largaria tudo e sumisse. – passou a mão na cabeça, exasperada.
– E por falar em , como estão as coisas com ele? – ela abriu um sorriso sincero pela primeira vez naquela tarde.
– Meu namorado é precioso, paciente, parceiro, meu amigo mesmo, tem me ajudado a lidar com tudo. Com a situação toda que eu estou passando, estamos amadurecendo muito o nosso relacionamento.
– Tudo na vida tem dois lados, não é?
– Isso é, antes eu tinha um medo tão grande de casar, sabe-se lá o porquê, mas agora... – a psicóloga arqueou a sobrancelha. – Eu já sei o que você vai falar, que tudo tem um porquê, vamos lá... – Dara sorriu. – Primeiro, eu fui traída no relacionamento anterior, agora estou em uma relação séria com um jogador de futebol e o mundo inteiro sabe a fama que jogadores de futebol tem de trair suas parceiras; só temos 21 anos; tem o lance de ter que mudar de país em algum momento para acompanhá-lo caso um dia isso for necessário, e isso me assusta um pouco.
– Gosto quando eu nem preciso abrir minha boca e você já se complementa. – gargalhou. – Mas me diga, o que mudou? Você não sente mais medo de casar?
– Sinto, ainda sinto, mas agora eu quero mesmo casar com ele, confesso que pretendia enrolá-lo por uns bons anos, não me entenda mal, eu o amo, mas é um lance tão sério, envolve tantas coisas…
– Você concorda comigo que o que vocês têm já não é um casamento? Vocês moram na mesma casa, compartilham suas angústias, anseios, discutem, namoram, estão sempre um para o outro, isso faz parte de uma vida conjugal, vocês já são uma família, tem até um mascote em comum… É só um papel.
– Sim, Tuntz, nosso bebê... – mordeu os lábios. – Mas as vezes eu sinto como se estivéssemos atropelando tudo, entende? O pedido em Paris foi a coisa mais maravilhosa da vida, mas foi repentino. – sorriu. – Mas tivemos uma conversa bem legal sobre os planos do nosso casamento semana passada e as coisas fluíram de um jeito bem divertido, e pareceu tão certo.
– É aquilo, , medo e insegurança nós temos em tudo o que fazemos na nossa vida… Não podemos nos deixar guiar por isso. Mas também não devemos fazer nada sob pressão. Você sentia-se pressionada com tudo, afinal, você não queria desapontá-lo.
– Sim, meu Deus, sim! Mas agora eu estou de coração aberto para isso, quero casar, ter filhos com ele... Eu sinto que estou preparada. Acho que ele desconfiava dessas minhas dúvidas todas, mesmo eu tentando não deixar transparecer... – mordeu os lábios, prendendo uma risada. – Ele merece o prêmio de melhor noivo de 2019. Eu não teria essa mesma paciência comigo que ele tem.

***

entrou esbaforido em casa, procurando em todos os cantos a namorada, a encontrando deitada na cama do quarto, enquanto lia algum livro da faculdade. O fato é que já estava na mesma página há tempos, não saia do mesmo parágrafo, se lhe dessem um romance de Nicholas Sparks de 400 páginas ela já tinha lido e relido naquele tempo todo. Tuntz, como bom companheiro que era, estava ao seu lado sendo acarinhado, enquanto ela tentava ler.
– Ganhamos de 3x0 do Liverpool, porra. – a pegou no colo de repente, a assustando, enquanto pulava animado. Tuntz pulava nas pernas de querendo participar daquela comemoração. – Falta tão pouco para a classificação para a final.
– Que bom, amor. – depois do susto, ela já o abraçava, trocaram um selinho longo. – Agora não faz mais isso, eu quase infartei. – ele gargalhava, enquanto a descia para o chão. alisou o pelo sedoso do animal, que ainda pedia atenção.
– Desculpa, eu estou mesmo muito feliz, imagina se a gente ganha? Logo no meu primeiro ano no Barcelona? Seria muito bom.
– Seria sim, está muito fácil, é só não deixar o Liverpool fazer quatro gols… Não é muito difícil, não é? – ela voltou-se a deitar na cama.
– Teoricamente sim, mas o Barcelona ano passado ganhou com uma vantagem grande no jogo de ida, foi 4x1, e no jogo de volta foi eliminado pelo Roma por 3x0. Valverde está nos preparando para que isso não aconteça novamente.
– Nossa, , futebol é um lance louco, hein? Tudo pode acontecer… – ele concordou, se deitando ao lado da noiva, a trazendo para perto de si. – Liverpool me lembra Firmino, Alisson e Fabinho, é isso? – ele assentiu. – Como estão?
– Alguém está fazendo a lição de casa direitinho... – ela sorriu, dando de ombros. – Estão bem sim, é sempre bom rever companheiros da seleção. Inclusive, hoje tem torneio de game com os caras.
– Deixa eu ver se eu acerto quem são: Neymar... – fez uma caretinha engraçada, não conseguindo esconder seu descontentamento a menção do nome. apertou sua bochecha. – Gabriel Jesus, Medina e Jota, é isso?
– Acertou, mas acho que dessa vez vai mais gente. E você precisa conhecer o Neymar para perder essa birra gratuita que você tem com ele…
– Gratuita? Sério? É só eu ligar a tevê, , ele está sempre envolvido em alguma polêmica, o auge foi bater em torcedor. Entendo a Marquezine ter caído fora, quem pode culpá-la?
! – ralhou com ela. – Você não sabe os motivos do término dos dois, e outra, ele foi xingado pelo torcedor, nem todo mundo tem sangue de barata. Ele está passando por uma fase difícil no time e...
– E você sempre passando pano para as atitudes imaturas dele... , meu amor, coloca na sua cabeça, não tem como defender. Ele é um idiota. – Tentou ignorá-la, trazendo outro assunto a pauta.
– Que livro está lendo? – pegou a capa, olhando o nome.
– Eu detesto quando você faz isso, toda vez que a gente entra em algum assunto que não te agrada, você quer mudar! – revirou os olhos.
– Um momento de felicidade que eu estava compartilhando contigo e você vem e estraga com suas neuras. – ela queria discutir, e ele não estava a fim, aliás, ele nunca estava a fim de discutir.
– Neuras? – riu, incrédula. – Eu estou expondo fatos aqui, ok? O seu amigo é um idiota, não tem neura nenhuma aqui. E você é ainda mais idiota por ficar defendendo esse imbecil superestimado. É por isso que ele é do jeito que é, você deveria ser amigo dele de verdade e falar umas boas para ele, amigo também aponta os erros do outro, e não justifica suas atitudes escrotas. – já estava vermelho.
– Chega! Você não sabe de nada e fica falando. – irritou-se. – Eu não me meto nas suas amizades, então você não se mete nas minhas! – ele se levantou da cama, pegando o notebook, o fone de ouvido e saiu do quarto batendo a porta. bufou alto.
– Isso, vai lá babar o ovo desse escroto! – gritou irritada. Pegou o travesseiro que estava na cama e jogou longe.

entrou no quarto e viu que a luz estava apagada, mas estava acordada, mexia freneticamente no celular. Acendeu a luz e a mulher virou do lado contrário, não queria vê-lo, ainda estava aborrecida pela discussão de horas atrás. Ele foi até o banheiro, fez sua higiene, trocou de roupa, voltou ao quarto e viu que ela ainda estava acordada. Deitou-se ao seu lado na cama, e bufou.
Ele não gostava de brigar com ela, e o motivo daquela discussão ainda era tão ridículo, Neymar já era adulto, ele não tinha como controlar o cara e, ao contrário do que ela achava, ele havia sim dado uns bons puxões de orelha nele, aliás, ele sabia que não havia sido o único, mas sempre sendo dona de si, interpretava as coisas do jeito dela e explodia.
O jogador sabia que tinha que pedir desculpas por algo que ele também sabia que não estava de todo errado. Mas era assim, ele tinha que dar o primeiro passo e também tinha a consciência que ela não estava em seus melhores dias. Estava passando por muitas pressões, era ele que cederia.
… – a cutucou, ela não se virou. – Me desculpa, você está certa, eu não devo ficar passando pano para o Neymar. Meu discurso pareceu que eu estava o defendendo e essa não era a intenção. – ela mordeu os lábios, prestando atenção nele. – Mas eu quero que saiba que eu converso com ele e não apoio de jeito nenhum suas atitudes, mas também entendo o lado do cara. Repito, não é certo o que ele faz, eu não faria de jeito nenhum… – ele a examinou. – Você pode olhar para mim, por favor? – mordeu os lábios, tentando reprimir uma risada, mas virou-se ficando de frente ao rapaz.
– Desculpas aceitas. – ela o encarou. – Também quero me desculpar, não sei por que eu me exaltei tanto por algo tão irrelevante, ele faz o que quiser da vida dele, você não tem culpa. – arqueou a sobrancelha. – Inclusive vou tentar não explanar minha opinião sobre ele para você, combinado? – ele assentiu com um sorriso.
– Combinado. – ela sorriu e o abraçou de forma apertada. – Detesto dormir brigado com você…
– Eu sei. – deu uma piscadela para ele e o beijou de forma lenta. O beijo foi ganhando intensidade, e em questão de segundos, ela já estava em cima dele, e com as mãos trabalhando a todo vapor. Os dois não transavam tinha um bom tempo, sentiu uma vontade indescritível de tê-lo dentro de si naquele momento. Desceu os beijos pelo pescoço dele e sussurrou em seu ouvido. – Vamos comemorar essa vitória do Barcelona do jeito que merece ser comemorada.
– Tem certeza? – como resposta, ela desceu suas mãos pelo membro dele, o apertando firmemente, escutando um gemido prazeroso do jogador. Ele a virou na cama e ambos apimentaram a noite.
Não havia coisa melhor do que um sexo de reconciliação, sabia disso e não perderia a oportunidade, finalmente ela tinha conseguido recuperar sua libido.

– Nossa, eu realmente estava com saudade disso, não posso mentir, . – a estudante suspirou fundo com um pequeno sorriso, enquanto o abraçava pela cintura e tinha sua cabeça no peito do namorado, escutando o coração dele bater de forma ainda descompassada pelo momento que tinham compartilhado a pouco.
– Eu sei que estava, , te torturei esses dias. – deu um selinho breve. – A nossa discussão acalorada me deu um tesão... – riu. – E o fato de que minha mãe está te procurando para saber notícias minhas também contribuiu, meio que me desbloqueou.
– Eu acho que ela te perdoa logo, só ainda tem muita mágoa nessa história. Tenha paciência, eu estou dando meu jeito com ela. – deu um beijo em sua testa.
– Amo você. – deu um beijo no pescoço dele.
– Eu também te amo. – a abraçou ainda mais.

***

E não foi com aquele resultado que havia apostado que o Barcelona voltaria para casa, era difícil de engolir aquela eliminação, estavam com o jogo ganho e deixaram o Liverpool virar daquele jeito, ele se culpava, deveria ter roubado mais bolas, voltado para marcar direito... Pelo menos alguma coisa tinha de bom após aquela amarga derrota, Alessandra estava ali para visitá-los.
– Coutinho! – ela gritou, vendo o rapaz se virar e ela acenar com a mão.
– Alessandra! – ele abriu um sorriso e veio em sua direção. – Meu Deus! Como você está bonita! – falou, a abraçando.
– Bom te ver! – sorriu.
– Você está incrível. – ela riu fracamente, negando com a cabeça. – É sério, olha isso. – o rapaz passou as mãos sobre a barriga dela e lhe arrancou um sorriso. – Parabéns.
– Então é uma menina? – os dois viraram seus rostos, vendo vir correndo em direção a eles.
– Uma menininha. – falou com um sorriso enorme, sendo abraçada fortemente pelo rapaz.
– Ah, meus parabéns! – sorriu. – Fiquei muito feliz quando vi o vídeo, vai ser incrível como você.
– Ah, vocês dois me bajulando. – deu um tapa no ombro de cada, vendo-os rirem.
– Não sabia que tiraria férias. – falou.
– Foi tudo meio rápido, eles me deram um mês para descansar antes da Copa América e aí vi a oportunidade de aproveitar a gravidez com o Alisson.
– Ah, ele deve estar muito feliz. – Coutinho falou.
– Sim e vocês, como estão? – Apoiou a mão no braço dos dois.
– Ah, sabe como é, né?! – deu de ombros, visivelmente chateado.
– Um dia você ganha, outro você perde, mas estaremos torcendo para os meninos agora. – ela assentiu com o comentário de Coutinho.
– Bom, eu vejo vocês em breve. – abraçou os dois rapidamente. – Vou para o outro lado agora.
– Fiquem bem, ok?! Vocês três! – falou e ela piscou.
– Pode deixar! – sorriu, acenando e voltou a caminhar agora em direção ao corredor do time do Liverpool.
e Coutinho se entreolharam chateados, caminhando em direção ao vestiário, prontos para escutarem um enorme sermão, quiçá pior do que o que tinham recebido no vestiário no intervalo entre o primeiro e o segundo tempo.
– Se eu não tivesse saído do Liverpool… Agora está tudo uma droga, eu duvido muito que eu fique no Barcelona após a Copa América.
– Você acha, cara?
– Nem tenho mais dúvida nenhuma, , nenhuma. – Coutinho comentou cabisbaixo, e eles entraram no vestiário.

– Poxa, amor... – ele escutou a namorada comentar com um biquinho desconcertado, enquanto o via descer as escadas. Ele tinha chegado de madrugada entre quarta e quinta-feira, ela estava bem cansada e não conseguiu esperá-lo acordada. – Sinto muito, o que a gente temia realmente aconteceu.
– Nem me fala. – ele se aproximou dela e lhe deu um rápido selinho. Se sentou ao seu lado sentindo um desconforto na virilha.
– Como você está? – alisou o ombro dele.
– Eu estou bem chateado. Não gosto de perder, sou bem competitivo para essas coisas, mas eu vou superar. – brincou. – Mas sabe o que é pior? – ela negou. – Eu estou com uma dor na virilha, provavelmente eu tenha me lesionado.
– De novo? Ah, meu Deus, é muito azar. – ela o encarou com pena. – Pensamento positivo, não vai ser nada grave.
– Vou hoje ao Camp Nou fazer uns exames, já conversei com o médico agora pouco por mensagem. – passou as mãos no cabelo, nervoso. – Não quero ficar de fora da Copa América, . – ela se levantou e o abraçou por cima dos ombros.
– Você não vai, ok? Pelo amor de Deus, nem pense nessa hipótese. – ela apertou a bochecha dele, lhe dando um beijo na região. Ele encostou a cabeça dele no tronco dela. Ela lhe abraçou um pouco mais forte. – Preciso ir. – desfez o contato, e foi levar as coisas que havia sujado para a pia.
foi lavando a louça que tinha sujado. estava aéreo desde que havia acordado, não conseguia tirar da cabeça o que aquelas dores poderiam significar, tinha medo de ser algo grave.
– Em que mundo está? – lhe chamou a atenção e fez um biquinho engraçado, fazendo sorrir com sua manha. Ele a puxou e a abraçou pelo quadril.
– Me desculpa, amor, estou com muita coisa na cabeça, o que falou? – ele suspirou fundo, entendendo que ele não estava em um bom dia.
– Vai ficar tudo bem, ok? Não se martirize desse jeito. – ele balançou a cabeça afirmativamente. – Eu tinha perguntado se você ia agorinha cedo para o Camp Nou? – alisava a cabeça do namorado.
– Ah sim, daqui a pouco, o médico pediu para que eu fosse às nove, levantei esse horário só para te ver.
– Que fofinho. – fez uma voz fininha, enquanto continuava a alisar o cabelo dele. – Eu queria ficar aqui com você, mas eu preciso mesmo ir. Não se esqueça, os cuidados do Tuntz estão sob sua responsabilidade hoje, não o alimentei ainda. – ele resmungou algo em concordância. – Amor… Me solta. – ela riu, manhosa.
– Estou gostando tanto desse carinho, que a vontade é mínima de te largar. – sorriu. Surgiu um pensamento na cabeça dele, e a questionou. – Qual sua cor favorita, ?
– Nossa, que pergunta aleatória, mas eu amo vermelho. – ele assentiu. – Por quê?
– Por nada, não posso saber a sua cor favorita? – ela o encarou desconfiada.
– Poder, pode, não é? – o encarou, desconfiada. – , chega! Serei uma estudante morta se eu não chegar no horário. – ele sorriu, a soltando aos poucos. – Nos vemos mais tarde. – abaixou e lhe deu um rápido selinho e pegou suas coisas, já quase alcançava a porta quando deteve seus passos com a próxima fala dele:
– Cadê o eu te amo de cada dia? – ela revirou os olhos, mas sorriu.
– TE AMO! – gritou e escutou risadinhas dele.

chegou em casa exausta, já estava virando rotina aquilo, faltava tão pouco para estar formada, era só isso que a movia a se levantar todos os dias e enfrentar a jornada dupla. Subiu as escadas e encontrou jogando no notebook, deu um beijinho em sua bochecha, e foi até o banheiro tomar banho, e colocar uma roupa mais confortável.
Saiu do banho e continuava jogando, era inútil conversar com ele quando estava naquela situação, ele respondia qualquer coisa. Deu de ombros, decidida a descer e comer alguma coisa. Encontrou Tuntz pelo caminho e afagou o pelo do cão, e brincou um pouquinho com ele.
Olhou a geladeira, e visualizou que havia o resto do almoço que tinha feito, a comida estava com uma cara boa, então se serviu. Haviam combinado que não utilizariam mais uma cozinheira, eles cozinhariam, já estava na hora. Foi difícil para ele aceitar, já que estava habituado, mas era bem persuasiva quando queria.
– Oi, amor. – o viu entrar na cozinha, ele caminhava com um pouco de dificuldade.
– Oi. – ela acenou para ele, enquanto olhava o prato girar no micro-ondas. – Terminou a partida?
– Na verdade não, mas eu já tinha passado boa parte da tarde jogando. – ela assentiu, e ambos escutaram o bipe do micro-ondas indicando que a comida estava quente. – Vai provar dos meus dotes culinários, hoje?
– É tão raro isso acontecer que a gente tem que aproveitar. – sorriu de lado, enquanto se sentava na mesa da cozinha para comer. – E então? Me conta direitinho, o que você tem? – começou a comer o risoto que ele havia feito, e estava até que bom.
– Ah, então estou com pubalgia*. – arregalou os olhos, quase se engasgando, tentando prender a risada.
– Será que a gente fazendo sexo… – pareceu compreender onde ela queria chegar e a interrompeu.
– Não, , não. – eles riram. – Eu me lesionei mesmo no jogo, fica tranquila. E também, não é nada grave, volto as atividades a partir do dia 12 de maio. – ela suspirou, aliviada.
– Viu? E você todo preocupado achando que ia ficar de fora da Copa América, vai até participar dos amistosos. – ele sorriu, animado.
– Eu estava mesmo pirando, quero muito ir, você sabe do quanto eu gosto de vestir a camisa do meu país.
– Sim, eu sei, amor. – ela continuou a comer, levantou-se rapidamente em busca de algo que pudesse beber, acabou pegando na geladeira suco de laranja, voltando a comer.
– Você sabe que esses amistosos vão ser em Porto Alegre, certo? – ela mordeu os lábios, afirmando. – Pensei em convidar seus pais para assistir, então dá para dar uma palavrinha rápida com eles.
– Ai, , eu não sei, talvez não seja uma boa ideia… Não pela minha mãe, mas meu pai, ele é bem… Difícil, ele pode te tratar mal, ele está com raiva de mim.
– Foi só uma sugestão, mas você quem sabe… – ela levou uma garfada a boca, mastigando.
– Eu sei, amor, obrigada. Aprecio muito mesmo seu empenho em juntar minha família, mas eu vou ter que resolver as coisas pessoalmente a partir de agora. – se levantou o abraçando, trocaram um selinho rápido. – E qual é o tratamento para a pubalgia?
– Repouso e aplicação de compressas geladas na virilha, durante sete a 10 dias. Vou fazendo fisioterapia também, até dia 12, que é o dia que eu já posso começar a treinar.
– Nesse tempo, sem sexo para você, não é? – ele assentiu com uma caretinha engraçada, a fazendo rir.
– Seu aniversário é daqui duas semanas, você quer comemorar? – ela suspirou fundo, negando com a cabeça.
– Não tem clima, sabe? – de repente a comida tinha virado um bolo em sua boca, a ferida aberta em seu coração não cicatrizaria, ela tinha plena consciência daquilo.
– Eu sei, mas vai ter bolo, nem que seja só para gente, não podemos passar em branco, combinado? Eu já estou até vendo o seu presente.
– Ok, um bolinho eu concordo que tenha. – sorriu, bebericando um pouco do suco. – E, lá vem você com os presentes, espero nem ter nada muito exagerado, hein?
, você merece o mundo, as vezes eu olho para você e não acredito que te namoro. Linda demais. – ela fez um biquinho engraçado, enquanto o encarava.
– O que eu faço com você, hein? – alisou o braço dele que estava próximo dela. – Obrigada, .

***

tinha acabado de sair de um atendimento, preenchia a evolução da paciente de forma rápida e precisa, o paciente havia tido alta então o preenchimento era padrão. O telefone do plantão tocou duas vezes, requisitando a presença dela na sala de psicologia, ela se surpreendeu com aquilo, sempre que o aparelho tocava era para lhe demandar algum caso com extrema urgência, em que ela precisava se direcionar até a Unidade de Terapia Intensiva.
Caminhou a passos rápidos até lá, abriu a porta rapidamente e se surpreendeu pelas luzes estarem apagadas, procurou pelo interruptor e assim que ligou a luz pode ver os colegas de trabalho com cartazes de parabéns, e havia um bolo em cima de uma das mesas. Ela sorriu, eles tinham se lembrado que hoje era seu aniversário.
– Ah, meu Deus, estou muito surpresa com isso. – comentou sem graça enquanto se direcionava de um a um cumprimentando aos colegas estagiários e seus supervisores. Não gritaram surpresa e não nada do tipo, pois ainda estavam dentro de um hospital.
– Você acha mesmo que a gente ia esquecer, Darlozo? – ela riu, abraçando-se a Dulce. – Parabéns, querida, muita luz em sua vida.
Gracias! – sorriu, dando abraço na última colega de estágio.
Até se sentiu injusta, pois havia julgado e muito os colegas estagiários durante sua estadia no hospital, cansou de achar que eles eram competitivos, mas todos tinham sorrisos tão bonitos em sua direção, que ela se sentiu culpada por ter pensado em algo assim.
E pensar que aquilo estava acabando, era um frio na barriga, afinal, queria ser efetivada, mas não sabia se iria ou não. Todos cantaram parabéns para ela sussurrado e ela estava bem sem graça com toda aquela atenção, um dos rapazes pegou o bolo, e estendeu na frente dela, que assoprou as velinhas, contente.
– Compramos uma lembrancinha a você, em nome de todos nós da equipe. – tinha um embrulho bonito direcionado a si, ela o pegou, e todos a encaravam em expectativa. Ela o abriu e viu uma camiseta do Barcelona, junto com uma garrafa de vinho, gargalhou.
– A gente sabe que você tem um namorado jogador, mas não perderíamos a oportunidade, desculpa. – Quiteria, uma das estagiárias foi quem comentou, rindo, assim como os outros.
– Ela é personalizada, veja. – olhou a parte de trás da blusa, estava com seu nome e o número do .
– Acertaram, eu tenho uma camiseta do Barcelona que eu ganhei do , mas não é personalizada, tem só o nome dele mesmo, então será muito útil. – sorriu. – Gracias por todo!
– Agora vamos cortar esse bolo? Só de olhar já estou com vontade. – Guilhermo olhava em expectativa para a , que se direcionou a mesa, cortando o mesmo.

– E eu realmente me surpreendi, , levei um belo tapa na cara, no fim, mas fiquei bem feliz por eles terem se lembrado. – ela sorriu, enquanto o encarava dirigir.
– Está vendo? Vai ver era você que tinha a visão errada das pessoas. – Ele a olhou rapidamente, entrando no condomínio.
– Talvez mesmo, vai ver quem era a competitiva louca era eu mesma. – O rapaz balbuciou algo afirmativamente. – Eles me deram um vinho e uma camiseta do Barcelona, acredita?
– Poxa, mas é a igual à que você tem?
– Não, essa é personalizada com meu nome, mas com o seu número. Eu gostei bastante, apesar de ser meio previsível, né? – riu.
– Devo concordar, pelo menos ela é diferente, e o mais importante é que eles tiveram consideração com você.
– Sim, o que eu mais gostei foi do gesto em si, sabe. – segurou a coxa dele, alisando-a. Ele direcionou o olhar a ela, com um bonito sorriso, voltando a atenção para a entrada do condomínio. Estacionou o carro na rua, e franziu o cenho. – Por que não vai guardar?
– A garagem está molhada, a Maite lavou agora a tarde, não quero sujar o que ela limpou. – ela assentiu, concordando com ele. Desceram do carro e entraram pelo portão social.
– Comprei leite condensado e eu mesmo fiz beijinho e brigadeiro. – ela o encarou, com um enorme sorriso. – Fala se eu não sou o melhor?
– Mentira? – ela sorriu, o abraçando de lado e trocando um selinho rápido com ele. – Mas não fica se achando muito não, hein? – brincou, o fazendo rir.
Entraram na casa e na mesa da sala de jantar havia um bolo de dois quilos, brigadeiro e beijinho, ela beliscou um de cada.
Ao lado do bolo, havia um bolinho de ração a Tuntz, não podia deixar o cachorro de fora da comemoração dos dois. cantou parabéns a ela, e diferente do hospital, dessa vez ela havia assoprado as velinhas e feito um pedido, desejava que seus pais voltassem a falar com ela. Tinham servido Tuntz com o bolinho de ração e agora os dois comiam um pedaço do bolo de chocolate com recheio de mousse de chocolate.
– A data seria perfeita se meus pais me desejassem parabéns... – ela suspirou fundo, sentindo os olhos marejarem.
– Quanto a isso... Eu posso ter conseguido algo. – mexeu no bolso, pegou o celular e abriu a mensagem de WhatsApp.
Dona Maria: Parabéns, , muita saúde, luz e sucesso. Que Deus proteja seus caminhos e os guie sempre para o melhor. Fique bem. São os votos sinceros de seu pai e meus.
colocou as mãos na boca, e o choro veio rapidamente, as lágrimas simplesmente desciam sem qualquer controle dela. Foram palavras breves, mas que a acalentaram muito. O jogador a abraçou de lado, depositando um beijo em sua cabeça. havia chamado a sogra e a convencido a deixar aquela mensagem. De todas as formas que ele podia, estava tentando convencer a mãe da garota que a perdoasse
– Eu não esperava isso, foi simples, mas tão verdadeiro. – o abraçou de lado, acalmando o choro emocionado que ainda estava preso em sua garganta. alisava o braço dela continuamente, lhe passando a força que ela precisava. Ficaram um tempinho daquele jeito.
– Tenho uma surpresa para você. – ela mordeu os lábios inchados devido ao choro, levantando sua cabeça do peito do rapaz, percebendo que havia molhado a camiseta dele.
... – ela o encarou com um pequeno sorriso. – Que surpresa é essa?
– Antes, quero dizer que eu te amo muito, e que esse será o primeiro de muitos aniversários seus que passaremos juntos. Você é a mulher da minha vida, e estar ao seu lado é uma dádiva divina. Muitas felicidades em sua vida, meu amor. – ela sorriu, emocionada. Ela já estava fragilizada, então aquela pequena declaração mexeu com os nervos dela. pulou em seu colo, e o beijou ternamente.
– Obrigada, , eu te amo muito, muito mesmo. – Lhe roubou um selinho.
– Agora, fecha os olhos, vou te levar até seu presente. – ela o encarou desconfiada, mas o fez. Se levantaram do sofá e colocou uma mão nos olhos dela, e a outra na cintura a guiando até o lado de fora da casa. – Eu quero que você não me mate e aceite esse presente de coração aberto, não é supérfluo, virou uma necessidade para sua rotina tão corrida.
… – ele ainda a guiava, chegaram na garagem e ele tirou as mãos dos olhos dela e de sua cintura.
– Pode abrir os olhos. – ela assim o fez e tudo o que viu foi um veículo do modelo Kia Soul estacionado na garagem na cor vermelha com um laço grande e rosa. – Seu presente.
– Eu não acredito nisso! – ela estava histérica. – Você não podia fazer isso, porra, , é um carro. Um carro! Meu Deus! – ela gritava com ele, enquanto parecia ter uma síncope nervosa. – Barcelona tem um sistema maravilhoso de transporte público, isso não era necessário!
– Você sabe que eu uso meu carro direto quando eu estou aqui, e sempre quando posso te levo a faculdade, e te busco no estágio, mas nem sempre isso é possível. Você precisa ir ao hospital, voltar de lá. – ele a encarou. – Mas quando você está sozinha aqui, meu carro te ajuda, e muito, na sua jornada, você ganha tempo, você mesma já me disse isso. Eu só quero o seu bem, e por isso comprei.
– Eu sei que você quer, meu amor, eu sei, é só que eu me sinto tão mal recebendo esse tipo de presente... Eu moro com você e não te ajudo em nada com as despesas, ao contrário, só gasto. A única coisa que eu consigo bancar são os meus gastos pessoais e bem mal. – suspirou, frustrada. – Eu vou te falir se continuar nessa.
– Você não vai me falir, de onde tirou isso? Olha, é seu presente de aniversário, não tem devolução. – ela revirou os olhos. – Aceita, por favor? – ele a encarava com os olhos pidões, a fazendo desfazer o bico que ela tinha formado na boca.
– Ok, eu aceito, mas me prometa que não vai gastar mais nenhum euro comigo... – ele o abraçou apertadamente. – Anda, prometa! – ela respondeu com a voz sufocada pelo abraço de urso que compartilhavam.
– Tá bom, prometo, é o meu último presente. – seria uma promessa muito difícil para que ele cumprisse. Os dois caminharam em direção ao veículo, destravou o carro, e os dois exploraram o mesmo.


Capítulo 23

E aí, o que é que a gente vai fazer?
Diz aí, se você quer e eu também 'to querendo você
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa

(Que Sorte A Nossa - Matheus & Kauan)



Hoje era o dia que viajaria para o Brasil para se apresentar à seleção brasileira para os amistosos contra Catar e Honduras e posteriormente a Copa América. Os dois ficariam duas semanas sem se ver, só conseguiria o encontrar após as aulas da faculdade terminarem.
Ela dirigia em direção ao aeroporto, queria ao menos se despedir descentemente dele, esforço que lhe custou algumas boas horas de sono, mas valeria a pena. Estava amando dirigir seu Soul, não era segredo a ninguém que tinha amado o presente, apesar de achar que não fosse necessário.
Chegaram ao local e sentaram por ali enquanto aguardavam o voo do jogador ser anunciado.
– Arrumou a mala direitinho, não esqueceu nada mesmo? – o rapaz negou, com um aceno de cabeça.
– Ficaremos muito tempo separados dessa vez, hein? – ele a encarou, dando–lhe um abraço longo.
– Assim que as aulas acabarem eu vou para lá, tá bom? Acho que dia 14 é o último dia, se eu não ficar de exame. – suspirou, amedrontada só de pensar naquela possibilidade. – Onde vai ser o jogo dessa semana mesmo?
– Acho que é Salvador, mas preciso confirmar. – Ele desfez o abraço, mas sem tirar suas mãos de seu ombro.
– Primeira parada Salvador, segunda parada Porto Alegre, eu estou em um impasse, não sei se fico feliz ou triste com a aproximação da conversa com meus pais, vai ser cara a cara, .
– Eu sei, mas pensamento positivo, vai dar certo. – ela assentiu, depositando um selinho casto em seus lábios. – Foca agora nas provas finais.
– Sim, com certeza, pelo menos são só elas, terminei meu projeto e os relatórios atrasados. – ela sorriu, aliviada. Nem acreditava que já estava acabando tudo, parecia um sonho ainda.
– Isso aí. – uma voz soou no aeroporto avisando que era a hora do embarque dele. Os dois se levantaram, e se abraçaram mais uma vez. – Se cuida, vamos nos falando todos os dias, ok? – concordou. – Te amo. – Ele lhe deu um beijo intenso, suas mãos estavam enlaçadas na cintura da mulher, a trazendo ainda mais para perto dele. As línguas trabalhavam em sintonia, partiram o beijo com rápidos selinhos.
– Também te amo. – puxou a mala de rodinhas, tinham as mãos entrelaçadas até ele ir andando e o contato ser desfeito. – Boa viagem. – ele assentiu com um enorme sorriso.
*

desembarcou no Brasil pela manhã, no aeroporto acabou encontrando Marquinhos, e juntos foram levados a Granja Comary por alguém que lhes aguardava no aeroporto. A viagem até o local foi até rápida, acabou cochilando no caminho, depois do assunto com Marquinhos ter acabado.
Chegaram e reencontraram logo de cara Alessandra, Vinicius e Lucas, os dois últimos citados também trabalhavam na área de comunicação da CBF. brincou com ela, se abraçaram rapidamente e o rapaz não resistiu em colocar a mão em sua barriga. Deu algumas entrevistas a Vinícius e Lucas e, após todos os trâmites rotineiros, ele pôde se acomodar no quarto que lhe aguardava pronto.
A primeira coisa que fez assim que chegou foi mandar uma mensagem para a noiva, lhe informando que já tinha chegado e que havia feito boa viagem. Como ainda estava meio sonolento, decidiu que tomaria um banho para que despertasse logo, sabia que teria que treinar hoje, e treinar com sono era terrível.
Mais desperto, ele desceu as escadas, para comer alguma coisa e treinar pesado, apesar de não ter chegado todos os jogadores, o Tite usaria os recursos que tinha, e mais os jogadores da Sub-23. reencontrou Neymar, que também havia chegado naquele dia e Everton Cebolinha, fazia muito tempo que não o via. Os dois jogaram no Grêmio, e tiveram a mesma formação da categoria de base do time, então tinham muita intimidade, após o treino, e de tomarem seus banhos, jantaram juntos para colocar toda a resenha em dia.

Alê tinha ultrassom agendado naquela tarde, obviamente que e os demais jogadores pediram para participar daquele momento tão importante para ela.
– E aí, Rodrigo? Consigo ir para Madrid? – Alessandra perguntou ao médico, sentindo-o passar o ultrassom em sua barriga. Ela acompanharia a final da Champions, tinha que prestigiar Alisson.
– Consegue sim! – Ele sorriu, virando a tela para ela. – Ela está bem, um pouco agitada, o que é comum, baseado nos últimos dias, mas está tudo bem com a sua menina.
– Oh! – , Filipe Luís, Ederson, Thiago, Casemiro, Coutinho e Jesus falaram amontoados em cima de Rodrigo, olhando para tela da TV e fazendo-a revirar os olhos.
Todos olhavam atentos, curiosos e animados para a tela do exame de ultrassom, estavam adorando acompanhar tudo que era relacionado com a Mini Becker, que estava crescendo e se desenvolvendo de forma saudável.
– Olha que linda! – falou com a voz fofinha, apontando para tela. Era impossível ele não imaginar em uma mesma situação que Alê, apesar de ainda ser cedo, não era segredo a ninguém que ele queria ser pai.
– Olha o nariz arrebitado, parece o da Alessandra. – Thiago comentou.
– Eu não tenho nariz arrebitado. – Ela disse e ele riu fracamente.
– Ela tem! – Ederson falou, rindo em seguida.
– Ela é linda, Alê. – Coutinho falou passando a mão na cabeça dela, lhe arrancando um sorriso terno.
– Obrigada por vocês fazerem isso comigo. – Filipe sorriu, assentindo com a cabeça.
– A gente brinca, mas quando é sério, é sério! – Ele falou, segurando a mão da mulher e ela sorriu, suspirando.
aproveitou a distração, chamou a atenção de Coutinho e Casemiro e tirou uma foto do momento, mais tarde postaria no Instagram, aquele momento tinha que ser eternizado.
– E todo mundo estava louco para vê-la. – Jesus falou, Alê abriu ainda mais o sorriso, se é que era possível.
– Obrigada mesmo.
– Pode ir com calma, Alessandra, aproveita, tenta conter o nervosismo, na volta fazemos novos exames. – o médico comentou, fazendo-a concordar com a cabeça.
– Pode deixar.

– A foto ficou linda mesmo, . – conversava com o namorado através de videochamada. – O útero coça, mas então eu me lembro que simplesmente não podemos agora.
havia jantado e correu para o quarto para que pudesse ter um papo com a namorada naquela noite. A diferença de quatro horas complicava um pouco as coisas, pois ele sabia que ela teria que acordar cedo.
– Eu sei, mas confesso que foi impossível não imaginar a gente nessa situação. Acho que serei um pai babão. – fez uma caretinha engraçada.
– Eu não tenho dúvidas disso, , está no seu DNA. – ele riu.
– Talvez você esteja certa. – ela deu uma piscadinha, dando de ombros. – Mas e você, como está a faculdade?
– Estou exausta, não aguento mais ver papéis com títulos de avaliação. Uma semana, só uma e esse tormento acaba logo, eu estou que não consigo acreditar. – ela riu. Ficaram se encarando por um tempinho, calados. – Eu confesso que estou evitando muito tocar nesse assunto, mas é mais forte que eu... – suspirou, já sabendo sobre o que ela ia falar. – Me diz que você não tem um amigo estuprador, . – se referia a acusação de estupro que Neymar havia recebido naquele dia. – Eu simplesmente não posso conceber algo desse nível, e já te falo, você precisa rever suas amizades!
... – ela negava freneticamente com a cabeça, tinha a mão livre na boca, horrorizada.
– Se você for defende-lo, eu juro que não respondo por mim, e estou falando muito sério! – ela o encarava, brava.
– Tá bom, eu não vou, só ia dizer que ele expôs os prints da conversa dos dois, nos stories dele, e houve o vazamento de um vídeo dele com ela, no qual ela o agride, tentando de alguma forma que ele a batesse. Ele foi depor na delegacia da mulher, vamos acompanhar o andamento da investigação, e não, eu não vou passar a mão na cabeça dele, jamais, se tudo for verdade eu vou romper com ele.
– Isso me tranquiliza, de verdade. Porque eu já estava aqui prontinha para uma discussão acalorada com você. – ele negou com a cabeça, rindo. - Você me conhece, sabe muito bem que em uma situação dessas eu vou ficar do lado da mulher, sempre.
– Eu sei, eu sei, mas e se por um acaso ela estiver mentindo? Não podemos descartar isso também.
estava confuso, pelos prints, o vídeo, a declaração dela na delegacia, e tinha a versão de Neymar também, o camisa 10 tinha olhado nos olhos dele e dito que não tinha feito nada.
– Se ela estiver mentindo, , ela poderá invalidar todo um movimento e isso é péssimo.
– É complicado mesmo. – ele a encarou, através do vídeo. – Estou com muitas saudades. – suavizou o clima tenso que aquela conversa tinha deixado.
– Eu sei, eu também estou, logo, logo eu estou ai, e a gente vai matar as saudades. – ele sorriu. – Vou desligar, tá? Já são 00:30 aqui e amanhã tenho que estar de pé as seis. Te amo.
– Tá bom, vá descansar. Te amo.
***

– O que amigas não fazem por amigas, hein? Eu ainda não acredito que terei que assistir jogo de futebol com você, . – a encarava com o cenho franzido, sentando-se na sala com um balde de pipoca.
– Você não sabe o quão solitário é assistir um jogo sozinha, principalmente da seleção brasileira com meu neném jogando como titular, já basta o do Catar, esse você vai me acompanhar, não quero nem saber, chica.
– É tão engraçado ver você chamado su hombre de neném, para quem não era adeptas a apelidinhos carinhosos, só os usa agora, né?
– O gosta, , e eu acabei entrando na onda, as vezes nem eu me reconheço, confesso. Gooooool, ah, meu Deus! Que rápido! – colocou o pote de pipoca em cima do sofá e começou a pular animada e olhava a cena com um sorriso engraçado. – Você é tão chata, cadê a comemoração? – levantou a mão direita fechada em punho, a balançando para frente e para trás. revirou os olhos e sentou-se.
– Voltando ao assunto... Não te julgo por pagar com a língua, eu já paguei e muito. – as duas olhavam a seleção brasileira se posicionando para o reinício da partida. – Mas vai ser bom ficar um pouquinho longe dos livros, estou a ponto de surtar.
– Nem me fala, eu estou até com a mente conturbada do tanto que estou estudando, quero passar de primeira, sem depender de exame. – pegou um punhado de pipoca, levando-os a boca. Tuntz a encarava firmemente, esperando que caísse algo no chão e ele pudesse comer. – E você e Dembélé, como estão?
– Estamos bem, . Acho que ele não tem procurado o prostíbulo mais, e sempre que pode está lá no apartamento, mas confesso que estou esperando um convite para morar na mansão dele. – encarava as unhas, não estava nem um pouco afim de ver jogo, diferente de que não desgrudava os olhos da tela.
, amiga, não está bom assim? Você mora sozinha, em um apartamento relativamente grande, por que se enfiar na casa dele? Morar juntos é algo bem complexo, vai por mim, as vezes eu tenho vontade de matar o simplesmente por ele respirar. – a encarou rapidamente, prestando atenção a tevê e vendo tendo posse da bola.
– Que horror! – tinha os olhos presos nela.
– Você não tem nem ideia. – pegou mais pipoca do pote que agora estava no colo de .
– Sim, talvez, mas...
– Ah, meu Deus! Mais um, uhuul! Gooool! – levantou-se do sofá pulando, em comemoração ao segundo gol do Brasil contra o Honduras. revirou os olhos, estava sendo difícil manter um diálogo com a amiga. – Me desculpa, fala.
, nem eu mesmo me entendo as vezes, me sinto cada vez mais dependente emocionalmente dele, quero estar com ele cada vez mais, é algo bizarro. – suspirou fundo. – Acho que não estou sabendo lidar com alguém gostando de mim desse jeito.
– Só te digo uma coisa: cuidado, um relacionamento saudável não tem que ter dependência emocional, porque você fica refém da pessoa, e tende a se machucar, eu sei que é difícil, mas tenta refrear esse tanto de sentimento dentro de você. Eu já te disse para você fazer terapia para ontem, você tem um histórico muito... Ai, quase!
– Histórico muito...? – questionou extremamente curiosa.
– Ah, sim. Você teve uma vida muito complicada, chica. – olhou a amiga. – Você cresceu sem pais, e teve que viver em um orfanato. Depois que saiu, ficou perdida, e teve que se prostituir para viver, olha o tanto de coisa nessa bagagem, quer que eu fale mais um motivo para você fazer terapia?
– Não, chega, você tem razão, eu só... Eu já passei com psicólogos e assistentes sociais por toda a minha vida, não queria ter que voltar para isso.
– É diferente, chica, dessa vez você fará um tratamento para te fortalecer, é um autodescobrimento, faça. E não, não estou falando isso por ser estudante de psicologia, estou falando porque eu estou preocupada com você e com sua saúde mental. – pegou o pote de pipocas para seu colo quando fez um gesto dizendo que não queria mais.
– Eu sei, tem algum profissional para me indicar? O Dembélé paga, eu converso com ele.
– A minha, a Dara, ela é maravilhosa demais, gosto... Puta que pariu! – se levantou do sofá, derrubando o pote com o resto de pipoca no chão, Tuntz aproveitou a distração da dona para comer.
– O que foi?
– Um imbecil acabou de derrubar o no chão e ele está sentindo dores, que ódio. – ela tinha as mãos trêmulas. – Você não tem noção do quão é importante para o estar nessa Copa América, ela nem sequer começou! Acho que é grave ele está saindo do campo de carrinho, vão substituir ele. – passou as mãos nos cabelos, nervosa.
– Calma. – roía as poucas unhas que tinha, preocupada.
– Não consigo! Cadê meu celular, Cristo, cadê? Preciso mandar uma mensagem, mesmo sabendo que ele não vai me responder agora. – procurava de forma desesperada pelo aparelho que estava no canto do sofá. Pegou-o com as mãos trêmulas, e viu que não conseguiria digitar, optou por um áudio.
Eu nem sei o que dizer, estou aqui desesperada demais, por favor, assim que puder me liga, independente da hora que for, eu duvido muito que eu vá dormir. Eu preciso saber se você está bem, tá?
– Vai ficar tudo bem, , não vai ser nada grave, você vai ver. – ela suspirou profundamente, abraçando . Já não tinha mais nenhum clima para assistir ao jogo, tudo o que vinha em sua mente era o carrinho que tinha tomado e a careta de dor dele.

E não foi mesmo nada grave, só ficaria de fora por precaução do primeiro jogo da Copa América, só se aquietou quando ele repetiu por três vezes que estava bem.
Naquela manhã tinha sido a apresentação de seu trabalho de conclusão de curso, e tinha dado tudo certo, parecia que um peso havia saído de seus ombros, ela finalmente estava saindo do campus da faculdade após apresentar seu trabalho acadêmico, tinha tirado nota 9,0 na apresentação e no trabalho teórico, estava muito feliz, sinônimo de dever cumprido.
Estava a caminho do hospital, ontem foi seu último dia de estágio não obrigatório, hoje estava indo lá para devolver o crachá e assinar o contrato de finalização de estágio, precisava daquele informação para levar a faculdade no dia seguinte, estava nervosa, queria saber também se seria um adeus definitivo, ou aconteceria a sua contratação. Era tanta coisa acontecendo naquele dia, que ela explodiria de ansiedade a qualquer momento.
Mostrou o crachá ao segurança e foi liberada a entrar no local com o veículo, poderia ser a última vez dela como funcionária ali... Estacionou o carro no estacionamento, e nem vestiu o jaleco, sabia que sua estadia ali seria rápida. Pegou a bolsa e caminhou até a sala de psicologia, viu Quitéria saindo com um sorriso enorme da salinha.
– Vou ser efetivada, nem acredito. – sorriu, abraçando-a apertadamente, feliz de verdade por ela, mas sabendo que não tinha chances de ela ser efetivada também, afinal, era uma vaga única.
– Parabéns, você merece! – tentou esconder qualquer resquício de tristeza ou frustação da garota, mesmo que por dentro estivesse em frangalhos.
Gracias por todo. Preciso ir, de qualquer forma, caso não nos vemos mais, seja muito feliz. – assentiu, a abraçou mais uma vez e viu a garota partir.
Desde a comemoração de seu aniversário, tinha se aberto mais para os colegas de estágio, incluindo Quitéria, que se mostrou uma garota fantástica nessas duas semanas em que passaram mais próximas. Ela engoliu em seco, tentando de alguma forma amenizar o bolo que ficou instaurado em sua garganta. Suspirou fundo, e deu duas batidas na porta, e escutou a voz de Dulce, indicando que ela podia entrar.
Hola, , sempre muito pontual. – forçou um sorriso. – Mas, sente-se, por favor.
Hola, Dulce. Gracias! – ainda tinha o sorriso no rosto, sentando–se em frente a psicóloga.
– Bom, , vamos lá. Sei que deve estar em uma pilha de nervos sobre ser efetivada ou não, e pela sua carinha de desespero você encontrou Quitéria nos corredores e ela te disse que foi efetivada, certo? – a quase psicóloga fez uma caretinha. – Sou psicóloga também, não se esqueça disso.
– Sim, você tem razão nas duas coisas.
– Olha, a princípio seria apenas uma vaga mesmo para psicólogo, mesmo porque a demanda aqui no hospital é intensa, mas com o nosso quadro atual, nós estamos dando conta de tudo. – sentiu os ombros caírem, já sabendo o que aquela conversa significaria. – Porém, nessa turma de estagiários, Quitéria se destacou muito, mas você também, . Recebemos muitos elogios da equipe de enfermagem e médica, que você sempre respeitou muito bem o nível de hierarquia e soube conduzir muito bem os atendimentos durante esse tempo. A ideia de seu projeto com pacientes em cuidados paliativos foi incrível. Nunca hesitou em nenhum momento ficar até mais tarde de seu horário, sempre pontual... Muitas qualidades para que deixássemos você simplesmente ir. O que eu quero te dizer, é que dessa vez teremos a contratação de duas pessoas na equipe. Se você não reprovar na faculdade, sua vaga estará garantida aqui. Meus parabéns! – Dulce sorriu.
primeiramente ficou em choque, parecia difícil demais para ela conceber que o sonho de sua vida estava sendo realizado, ela seria efetivada no hospital! Sentiu o rosto úmido, e percebeu que chorava de alegria.
– Ah, Diós! Gracias, Dulce, eu não esperava ser efetivada, juro. Eu queria muito, claro, mas, com tanta gente competente aqui dentro, eu... Gracias, de verdad.
– Você é merecedora de tudo isso, trabalhou duro e merece essa promoção. Vou pedir só que temporariamente devolva o crachá e a chave de seu armário. O início não é imediato, mesmo porque sabemos que você ainda não concluiu a faculdade, tem os trâmites legais com eles, enfim. Então você e Quitéria, começarão a partir do dia 22 de julho, se tudo der certo, e contamos com isso.
– Não vou reprovar, eu juro. – comentou desesperada em pensar em perder aquela oportunidade de emprego. Era tudo o que um recém-formado desejava na vida, afinal, era difícil uma colocação no mercado de trabalho, ainda mais para ela, que tinha mais uma dificuldade, era brasileira.
– Assim espero. Mas aproveita esse tempo e tire umas férias, vá ver sua família, descansa... – assentiu. – Espero você aqui no dia 22 de julho às 10 horas para a entrega da documentação, informações sobre a vaga, salário, benefícios. Lembrando que essa conversa é informal, , a verdadeira conversa será dia 22, tá? Só adiantei o assunto porque já estive do outro lado. – assentiu, com um sorriso emocionado, tentava inutilmente limpar as lágrimas ainda.
Gracias, por compartilhar e não me deixar ter uma síncope nervosa. – as duas riram. deixou o crachá e a chave do armário em cima da mesa da mulher. – Até dia 22 de julho.
– Até. – sorriu, apertou a mão de Dulce em forma de cumprimento e saiu da sala. Estava eufórica, não conseguia acreditar na sorte que tinha tido, parecia um sonho. Pegou o celular e olhou a hora, achava que estava em casa, então ela teria lá como destino, mas antes de pegar o elevador, digitou uma mensagem ao namorado, que com certeza essa hora estava treinando ou em fisioterapia.

: Eu fui efetivada no hospital, meu Deus! Eu não consigo acreditar ainda, estou muito emocionada, eu simplesmente não paro de chorar. Preciso de um abraço bem apertado, que saudade! Três dias, só três dias para a gente se encontrar. Te amo! 💚💚

***

O último dia de faculdade, ah o último dia... Foi muita correria, havia entregado todos os contratos e documentações dos estágios aos professores, teve um coffee de despedida com o professor de Psicologia Hospitalar, tinha sido ele que havia lhe apresentado a Dara, sua atual psicóloga e havia a indicado ao estágio do hospital, devia muito a ele. O homem ficou muito satisfeito com a notícia de efetivação dela, tinha sido seu achado, ele sabia que ela iria longe.
Despedidas feitas, finalmente teve todas as suas notas disponibilizadas, e havia passado com êxito em todas, era primeira vez que tinha conseguido passar sem precisar efetuar a prova de exame, mas tinha se dedicado muito mais para aquele último ano, não gostaria de ter que fazê-lo novamente. Férias, finalmente estava de férias.
estava imersa em pensamentos, lembrando-se dos dois últimos dias em Barcelona quando viu que o avião estava pousando, finalmente havia chegado à terra adorada. Ela poderia visitar milhões de lugares, mas estar em seu país era sempre uma das melhores sensações do mundo.
Era sua primeira vez visitando o nordeste brasileiro, seria uma visitinha rápida, ficaria uns dois ou três dias no máximo por ali, já tinha passagem de ida para Porto Alegre comprada. Suspirou fundo quando pisou em solo brasileiro, tentando não pensar na difícil conversa que teria dali há alguns dias. Não tinha avisado aos pais, ela simplesmente chegaria de surpresa, torcia para que ao menos eles a recebessem, contava com isso. Deu uma olhadinha no celular e suspirou quando viu cinco mensagens de :

: Hoje o dia está bem folgado, então estou aqui no hall do hotel te esperando, já são 12:00 e nada de você... 👀
: Sua entrada já está liberada, vem direto para cá, depois você vê o lance do hotel, estou tentando negociar de você se hospedar aqui também.
: ‘Tô com saudade. 😥
: Te amo, sabia? ❤
: Vai ter sessão de fotos da Alê, você vai acabar perdendo, não chega logo.

Como se dependesse dela demorar ou não, pensou. Pegou sua mala, dessa vez mais pesada do que o habitual, já que passaria um mês no país, e foi em direção a saída do Aeroporto Internacional de Salvador. Não teve dificuldades em encontrar um táxi, informou ao taxista o endereço do Hotel Deville, local ao qual a seleção brasileira estava hospedada lá, que tivesse tranquilidade para entrar, sabia que deveria estar cheio de jornalistas lá.

: Amor, o voo atrasou, eu não tive culpa! Estou dentro do táxi, tá? Eu já estou indo para aí. Te amo e também estou com saudades. Aguenta esse coração. 💜

Suspirou fundo, bloqueando o celular, e voltando seu olhar para a janela, a paisagem passava rapidamente por seus olhos, só de olhar ali dentro do automóvel, vislumbrou como Salvador era linda e que o clima era muito diferente de Porto Alegre, com certeza não passaria frio por ali. Ela sabia que tinha que entrar naquele mar, e antes que fosse embora daquela cidade maravilhosa ela mergulharia ali.
Ela não soube dizer quando havia parado em frente ao hotel ou quanto tempo aquela viagem havia durado, entretanto desceu do veículo, e sua mala já estava a esperando. Pagou e agradeceu ao motorista, e com alguma dificuldade conseguiu passar pela impressa, entrando no hotel. Se identificou aos seguranças, e entrou.
Sem sombra de dúvidas aquele foi o tempo mais longo que tinham ficado sem se ver pessoalmente. Não tardou para que estivesse no hall, caminhou rapidamente, puxando a mala de rodinhas e o viu sentado na poltrona mexendo no celular, parecendo estar entediado. Caminhou em sua direção, sentando-se ao seu lado.
– Oi. – despertou a atenção dele para ela, fazendo-o abrir um enorme sorriso.
– Que saudade! – Ele guardou o celular de qualquer jeito no bolso e a abraçou apertadamente.
Desfizeram o contato e um beijo lento se iniciou, suas bocas se moldavam de um jeito incrível, e como estavam com saudades daquele contato. Ansiavam muito por aquilo. Suas línguas exploravam cada partezinha da boca um do outro. a trazia para cada vez mais perto dela, e aquele beijo que antes era lento, estava muito acelerado... o empurrou delicadamente, freando-o, ele abriu os olhos, um pouco frustrado por terem se separado.
– Estamos no hall do hotel, ! – ela sorriu, vendo a boca vermelha dele, a dela não deveria estar diferente, sentia-a latejar.
– Eu preciso de você agora, , eu estou louco de tesão. Vamos subir para o meu quarto.
– Nada disso, temos uma sessão de fotos de gestante para ir, você não me apressou para isso? – ele gemeu, fazendo a rir.
– Sim, tinha esquecido por um momento disso. Droga! – ele empurrou a cabeça para trás, derrotado.
, vamos logo, vai? Mais tarde daremos um jeito. – ele concordou, dando uma ajeitada no amiguinho de baixo. Só mesmo para excitá-lo apenas com um beijo. – E então, onde será? – entrelaçaram suas mãos e foi puxando a sua mala com a mão livre. Foram para a parte do hotel que era reservada para a seleção brasileira.
– Então, a sessão de fotos será na parte externa, na piscina.
– Que legal isso de ser com os jogadores, achei muito original, inclusive.
– Alê nos considera muito, e bom, boa parte de seus amigos são da seleção brasileira, meio que criamos um laço legal com ela. – ela concordou com um pequeno sorriso.
Entraram no local, e a gestante ainda não tinha chegado, mas já estavam alguns jogadores como Ederson, Filipe, Miranda, Thiago, Marquinhos, Casemiro, Fernandinho, Coutinho, Jesus, Willian e Alisson. Além de algumas pessoas da equipe de comunicação, Tite, Edu, Fabio, Cléber e Taffarel também estavam presentes.
– Oi, galera. Essa é minha namorada, . – abriu um sorrisinho sem graça, mas foi cumprimentando um a um daquela lista extensa de pessoas. Deu um abraço um pouco mais demorado em Coutinho que já conhecia.
– Olá, gente, é um prazer conhecer todos vocês. – sorriu e escutou algumas muitas vozes lhe dizendo que também era um prazer conhecê-la.
– Tite, socorro, eu nem acredito que estou te vendo pessoalmente, estou muito honrada, posso tirar uma foto? – fez uma carinha engraçada, o técnico abriu um bonito sorriso.
– Claro. – ela tirou o celular do bolso e posicionou em uma selfie. – Ficou ótima, inclusive.
– Sim, obrigada. – sorriu. – Não precisam ficar com ciúmes, meninos, quero fotos com todos vocês. – os jogadores riram, e como uma bela tiete que era tirou algumas, várias fotos, enquanto conversava superficialmente com todos ali.
– Ela é garota do vídeo, ? – Filipe que não perderia a oportunidade de zoar foi quem perguntou. franziu o cenho, curiosa.
– Filipe! – Thiago chamou a atenção do rapaz.
– Que vídeo? – perguntou muito curiosa.
– Nada, amor, ignora o Filipe ele gosta de ser bem bobão. – encarou o jogador citado com uma cara engraçada, fazendo o encarar de cenho franzido.
– Ok, quem vai me mostrar esse vídeo? Nem adianta, , agora eu quero ver. – alguns risinhos foram soltos, mas ninguém tomou uma atitude para mostra-la. Todos escutaram uma voz feminina, que era bem conhecida para , mesmo que a entonação fosse diferente pessoalmente. Ela sorriu, finalmente conheceria Alessandra pessoalmente.
– Então, aqui estou! – ela suspirou. – O que vocês querem fazer comigo? – Alê colocou as mãos na cintura e todos viraram na direção dela.
– Muitas coisas! – Alisson falou a fazendo revirar os olhos.
– Depois eu quero ver esse vídeo, , e eu não vou sossegar até vê-lo. – sussurrou no ouvido dele, engoliu seco.
– Depois eu que estou tarada, né?! – Alê respondeu, ouvindo Alisson rir fracamente. Ele veio na direção dela e a abraçou pela cintura, estalando um beijo em sua bochecha.
– Vamos fazer as devidas apresentações antes? – falou, dando a mão para e Alessandra abriu um pequeno sorriso.
– Acho que não preciso de apresentações. – Alessandra comentou, vendo sorrir e as duas deram alguns passos à frente, se abraçando fortemente.
Alessandra era uns bons centímetros mais alta do que ela, então a abraçava pelos ombros e abraçava sua cintura, colando as barrigas rapidamente. Alessandra sentiu algumas lágrimas deslizarem por seu rosto, os hormônios da gravidez estavam dando um oi para ela. Se afastaram do abraço, abriu um largo sorriso e Alessandra suspirou.
– Não preciso de apresentações, pois ela já é uma grande amiga! – Alessandra sorriu, vendo rir fracamente e lhe apertar em um abraço mais uma vez.
– É um prazer finalmente te conhecer! – sorriu, segurando o rosto da mulher com as mãos.
– Você é linda! – Alessandra comentou involuntariamente, ouvindo o pessoal em volta rir.
– Olha quem fala! – sorriu, negando com a cabeça. Alê passou as mãos embaixo dos olhos.
– Desculpa pelas lágrimas, eu estou um pouco emotiva, sabe? – riu, concordando com a cabeça.
– E a Mini? – ela perguntou e as duas levaram seus olhos para a barriga de Alessandra. – Posso?
– Claro! Você foi umas das primeiras a saber, titia! – Alê brincou e riu, assentindo.
– Cara, está tendo muitos tios, não estou gostando disso! – Bianca, amiga de Alessandra comentou um pouco enciumada. levou as duas mãos na barriga de Alê, e a Mini Becker estava quietinha, Alessandra reparou no anel brilhando em seu dedo anelar esquerdo.
– Uau! – pegou na mão de . – O que é isso na sua mão? – ergueu-a na direção do sol, vendo rir.
– Ele não te contou? – perguntou e todos olharam para que havia perdido a cor de repente.
– O que você não me contou? – Alê avançou em cima de e o mesmo deu dois passos para trás, tropeçando em uma espreguiçadeira.
– Eu pedi para casar com ela! – a grávida arregalou os olhos, puxando a mão de junto.
– E você não me contou? – gritou, andando em sua direção e ele se afastava cada vez mais. – Como assim? – Soltou a mão de , andando atrás de e o mesmo começou a se distanciar cada vez mais dela. – Eu te contei tudo! Você soube da gravidez antes do Alisson e você não me falou que pediu para casar com ela? Que tipo de amizade é essa?
– Amor, amor, amor! – sentiu Alisson lhe segurar pelos ombros.
– Eu só estou chocada! – falou, vendo rir. – E você também não me contou! – falou brava com .
– Eu jurava que ele ia te contar. Vocês se encontraram logo depois, não achei que ele ia esconder isso de você. – falou segurando a risada.
– Quando isso aconteceu? – Alê questionou, tentando ficar mais calma.
– Em Paris e...
– EM PARIS? – a grávida gritou, olhando para que fazia questão de se esconder atrás de Alisson. – Você disse que tinha pedido para namorar com ela, não casar. – Continuou com o tom de voz alto e todos riam da cena.
– Na verdade, eu pedi para ela ser minha mulher, isso pode englobar muitas coisas...
– Isso é pedir para casar com alguém, idiota! – Alê negou com a cabeça, ouvindo gargalhar.
– Em defesa dele, eu pedi para esperar até a faculdade acabar, conseguir um emprego e tudo mais...
– É, aí eu achei melhor não fazer grande caso sobre isso, sabe? Pouca gente sabia da gente, nosso relacionamento começou meio conturbado, teve o problema da tia dela... – complementou.
– Que eu provavelmente não sei. – Alê comentou meio emburrada.
– Temos muito o que conversar, amiga! – falou e Alê riu fracamente.
– Eu vou te matar por esconder isso de mim, , mas parabéns! – parabenizou rindo e abraçando fortemente. – Não acredito que vocês vão se casar! – Alê sorria, extremamente animada, nem parecia que tinha ralhado com há poucos minutos.
– Eu não estou entendendo-a mais. – falou.
– São os hormônios. – Alisson comentou com uma caretinha engraçada.
– Ela não queria me matar há dois segundos? – Ele perguntou, ficando ao lado de Alisson.
– Eu ainda quero! – Alê falou firme, vendo-o dar um passo para trás, tropeçar em Alisson e cair de costas no chão, fazendo todo mundo gargalhar.
– Cara, tu és medroso demais. – Alisson falou, dando a mão para ele levantar.
– É a Alessandra grávida, cara. – falou. – É pior que a Alessandra normal. – a social mídia revirou os olhos.
– Felicidades para vocês dois, ok?! – comentou para . – Fico no aguardo do convite para o casamento, ok?!
– Combinado! – sorriu, fazendo Alê sorrir também
– Bom, vamos começar? – Lucas, amigo e também companheiro da equipe de comunicação dela chamou a atenção e Alê sorriu.
– Vamos, garoto. O que você quer fazer? – Alessandra perguntou ao rapaz e todos começaram a se posicionar para assistir a sessão de fotos dela, enquanto ela seguia as instruções da equipe.
O evento ocorreu bem e de uma forma bem divertida, Alessandra ficou desconfortável de início, eram muitas pessoas assistindo a sessão, mas quando ela fez a fotos com Alisson, ela se soltou um pouco mais, afinal, ele lhe passava confiança e não era sua primeira vez no evento, já que ele tinha Helena, sua primogênita. Todos a incentivaram e participaram da sessão de uma forma dinâmica e tudo transcorreu da melhor forma possível.
– Alê... – se aproximou.
– Fala, criança!
– Não tem como a ir ao treino, né?! – ela olhou para que conversava com Alisson qualquer trivialidade sobre Grenal, já que ela era gremista desde sempre e Alisson era colorado.
– Tem milagres que nem eu faço, criança! – falou e o mesmo assentiu. – E teremos só 20 minutos de imprensa em campo, seria um pouco na cara demais. – Ele assentiu com a cabeça.
– Beleza, obrigado por hoje, pelo menos. – Neguei com a cabeça.
– Sempre que eu puder. – Falei e o mesmo sorriu.
Alê terminava de limpar a própria barriga, a equipe de comunicação ajeitava as coisas para guardá-las, os jogadores se dissipavam quando se aproximou dela, para que pudessem se despedir.
– A gente se vê? – perguntou e eu sorri, assentindo com a cabeça.
– Você vai ficar para o jogo, não?!
– Mas é claro! – falou rindo. – Não sei se vou conseguir acompanhar vocês, mas...
– Que fique só entre nós: você pode ficar no hotel e vocês podem dar umas escapadas, como eu já fiz ano passado... – ela riu fracamente. – Só tente aproveitar a noite, ok?! Fora do grupo. E ele vai até seu quarto, não o contrário e sem sair do hotel, se saírem, eu não consigo proteger vocês se der alguma merda, ok?!
– Acho que agora entendo o porquê o fala que você é tipo mãe. – Alê abriu um lindo sorriso.
– Levei a sério demais essa brincadeira. – As duas riram.
– Você está linda demais, sério. – Alê a agradeceu com uma flexão de cabeça. – Obrigada, viu?!
– Eu que agradeço! – deu uma piscadinha para . – Eu tenho que ir, caso eu não te veja até o jogo, se cuida, ok?!
– Pode deixar!
– Você vai seguir com a gente? – ela perguntou, depois de dar alguns passos.
– Não, eu tenho família aqui, não vou conseguir fugir. – ela assentiu com a cabeça, compreendendo a situação da moça.
– Qualquer coisa me avisa. – acenou com a mão. – Deixa eu ir ou me deixam! – riu, acenando com a mão de volta.
– Amor, eu vou para o treino, tá? – ela se assustou com o toque suave de em suas costas.
– Está bem, Alê me disse que posso me hospedar aqui nesse hotel mesmo, vou para a recepção fazer o check-in e explicar a situação a eles. Assim que vier do treino, espero já estar com as coisas certinhas.
– Certo. Nos vemos. – ele se aproximou dela, e lhe deu um beijo sugado, prendendo o lábio inferior dela com os dentes. A abraçou e segurou a nuca dela, dando um cheiro em seu pescoço, arrepiando-a.
... – ela sussurrou, mas fechou os olhos. – Mais tarde.
– Ok. – ele sorriu, dando um apertadinha na bunda dela, de forma discreta e lhe deu uma piscadela, enquanto se afastava.
– Você é um monstrinho safado. – ele riu, mandando um beijo no ar para ela.
voltou a recepção e conforme foi orientado, fez o check-in, pegou a chave do quarto e caminhou até lá, sentiu as pernas doloridas, estava muito cansada, tudo o que ela precisava era de um longo banho e dormir. Antes que se esquecesse, mandou uma mensagem a informando o quarto que estava. Assim que entrou no local foi tomar um banho, não teve nem coragem de vestir qualquer coisa a não ser as peças intimas, ligou a televisão para se distrair e deixou em filme de comédia romântica qualquer e dormiu muito rápido.
Acordou com batidas na porta, estranhou aquilo, pegou o roupão que tinha ali, o vestiu e foi até a porta, e abriu-a, encontrando com os cabelos molhados.
– Eita que carinha de sono. – ele sorriu, se aproximando dela, ia dar-lhe um beijo, mas ela desviou.
– Estou com fome e acabei de acordar, então sem chances. – ele revirou os olhos, lhe roubando um selinho. – Que horas?
– 19 horas. – ela arregalou os olhos, surpresa, vendo-o entrar no quarto dela e se acomodar na cama.
– Eu dormi demais, meu Deus, e se você não tivesse aparecido aqui, eu, com certeza ia até amanhã.
– Eu não duvido mesmo. – ele riu. A barriga dela roncou alto, fazendo com que gargalhasse.
– É, eu vou pedir algo para comer. – deu um longo bocejo. – Me acompanha? – ele assentiu. interfonou para a recepção pedindo o jantar. – E como foi o treino? – se acomodou ao lado dele na cama.
– De boa, nada fora do normal. – sorriu, se aproximou dela, lhe abraçando, deixou-se ser abraçada.
– Que grude, meu Deus. – ela sorriu, o abraçando apertadamente de volta.
– Isso não é grude, isso é amor, e saudade, muita saudade. – ficaram abraçadinhos por um bom tempo.
– Você acha que foi fácil ficar Tuntz e eu naquela casa por quase 20 dias? – fez um biquinho fofo. – Quem ia fazer minha massagem, hein?
– Interesseira. – sorriu. – Prometo te compensar com uma bela massagem essa noite. – ela suspirou, concordando e se encostando no corpo dele, e ele lhe abraçando de lado. O estômago dela roncou novamente. – Você precisa mesmo comer.
– Eu sei, e está demorando tanto para eles trazerem minha comida, poxa. – deu um beijo na testa dela.
– Estou muito orgulhoso de você, finalmente posso te chamar de minha psicóloga. – abriu um enorme sorriso.
– Nem me fala, estou tão feliz que tenho um emprego e que acabou essa tortura chamada faculdade. Eu sei que tem a pós, mas eu vou descansar um pouco, só vou trabalhar e naquilo que eu amo, parece um sonho.
– Você merece isso e muito mais. – foram interrompidos pela porta, era a comida da . Finalmente havia chegado, viu o rapaz colocar a mesinha no quarto e sair rapidamente. Ela abriu seu prato, fez o mesmo e ele começaram a comer, embalados em uma conversa leve.

– Meu Deus, eu estava mesmo com fome, eu não comia nada descente desde que embarquei aqui, . Eu obviamente preferi dormir. – ele sorriu, negando com a cabeça.
– Sempre vai preferir dormir, isso é incontestável. – o encarou, com um pequeno sorriso. Deitou-se ao lado dele, o abraçando de lado, ficou o encarando, alisou seu rosto e suas bocas se aproximaram perigosamente e um beijo começou, e conforme suas bocas se movimentavam, as mãos dos dois não paravam. Se separaram ofegantes, e deitou-se por cima dele, distribuindo beijos em seu pescoço, e as mãos dela adentraram por sua calça, o fazendo fechar os olhos fortemente, enquanto a boca dela trabalhava em beijos quentes em seu pescoço.
voltou sua atenção para a boca do rapaz e se beijaram novamente, com rapidez, um beijo urgente. A mão dela, adentrou a boxer do rapaz, e ela segurou seu membro com precisão e começou a acariciá-lo, lentamente. suspirou fundo entre o beijo, e os separou. Mordeu o lóbulo da orelha dele, e sussurrou algumas safadezas em seu ouvido. Tirou sua mão do membro dele, e escutou um resmungo, a fazendo abrir um sorriso sensual.
Tirou a camiseta que ele vestia com sua ajuda, e desafivelou a calça jeans que ele usava a descendo junto com a cueca dele de uma vez, a tirou com os pés, a chutando de lado. prendeu os cabelos de forma desajeitada, o encarou e abocanhou seu membro com toda a sua boca, jogou a cabeça para trás, ela foi fazendo movimentos de vai e vem, dando total atenção a glande, onde lambia delicadamente, fazendo soltar alguns gemidos baixos.
chupava as bolas do rapaz, enquanto o masturbava com as mãos, estava difícil para ele se conter, estava a mercê da mulher que sabia bem o que fazia. Voltou a chupá-lo com mais rapidez, empurrou a cabeça dela, que parou e o encarou. Negou com a cabeça, enquanto ele a olhava em súplica.
– Caralho... É difícil me controlar com você me chupando desse jeito. – ela sorriu maliciosamente, levantou-se da cama, se sentou, e ela foi tirando o roupão que vestia desfazendo o laço devagar, até tirá-lo completamente. vestia uma lingerie bem sexy, a olhava em desespero. Ele a puxou para seu colo, fazendo-a soltar um gritinho animado.
Ele colocou sua mão por dentro da calcinha de , sentindo-a bem úmida, a estimulou um pouco mais com os dedos, a deixando ainda mais lubrificada. Ele procurou sua calça com o olhar, a encontrando no chão, viu onde o olhar dele ia, e saiu de seu colo, pegando no bolso uma camisinha. Ela a abriu e voltou-se para envolvendo-a em seu membro, ela fez menção de tirar sua lingerie, ele negou.
– Não tira... Quero te comer assim. – ela arfou, afastando a calcinha para o lado e sentando delicadamente em seu colo. Gemendo baixinho no ouvido dele, voltou a se sentar devagar, sentindo o membro dele pulsar dentro de si. deu um tapa em seu bumbum, segurando fortemente a região, com certeza ficaria com algumas marcas por ali. rebolava sobre seu membro, enquanto dava mais alguns tapas ali.
o jogou na cama ficando por cima, ele rapidamente inverteu as posições, abrindo a perna dela, e empurrando a calcinha de lado novamente, a penetrando com força e rapidamente, os dois gemiam alto, estava difícil se conter, estavam com saudade um do outro. Ele tinha o rosto enfiando nos seios dela, enquanto ela arranhava as costas dele com suas unhas curtas. metia cada vez com mais rapidez e força, ele sabia que não conseguiria durar muito mais, tinha lhe feito um belíssimo boquete e, bom, fazia tempo que não a tinha para si.
Se segurou o máximo que conseguiu, contraiu sua intimidade, o fazendo soltar um palavrão. Para ajudá-la a chegar logo em um orgasmo foi estimulando o clitóris dela conforme ela gostava, a fazendo gemer ainda mais alto, ele a beijou para calá-la, mas os suspiros entre o beijo eram soltos sem qualquer pudor. Foi estimulando com mais rapidez, já sentia as pernas bambas enquanto ele a estocava, até ele não aguentar mais e sentir as pernas perderem a força, tinha atingido seu orgasmo antes dela.
Com a força que ainda tinha em seu corpo continuou a masturba-la até que ela pudesse sentir a mesma sensação que ele, e ela chegou. Só pela cara que ela fazia, ele a conhecia, ele amava aquela face. Se jogou para o lado na cama, com a respiração ofegante, enquanto a olhava, tinha os olhos fechados, com um sorriso pequeno. Ela virou-se em direção a ele, agora com os olhos abertos.
– Gostou dessa lingerie mesmo, hein? – ele se levantou jogando a camisinha fora.
– Você não tem noção do quão gostosa você ficou com ela, tão sensual, tão intensa, só de te olhar com ela já começo a querer ficar duro de novo. – sentiu a bexiga apertar, precisaria ir ao banheiro já, já, mas o faria quando fosse tomar um banho, estava esperando as pernas ficarem mais firmes.
– A intenção foi essa, coloquei para isso, inclusive, esse fio dental maravilhoso, com esse sutiã meia taça vermelho. – ele voltou do banheiro, e antes que ele pudesse deitar, ela esticou a mão em direção a ele, que a segurou, ajudando-a se levantar. – Preciso de um banho.
– Eu vou junto, preciso de você de novo, e de novo, e de novo. – ela sorriu maliciosamente, dando um tapa no bumbum dele.


Capítulo 24

When I lose the will to win,
Quando perco a vontade de vencer
I just reach for you and
Eu luto por você
I can reach the sky again.
E consigo alcançar o céu novamente
I can do anything,
Posso fazer tudo
'Cause your love is so amazing;
Porque o teu amor é espantoso
'Cause your love inspires me.
Porque o teu amor me inspira
And when I need a friend,
E quando preciso de um amigo
You're always on my side;
Você está sempre do meu lado

(I Turn To You - Christina Aguilera)

acordou mais cedo naquela manhã, ele tinha reunião pré-jogo, deixou dormindo serenamente por ali. Ele nunca conseguiu entender como um ser humano podia dormir daquele jeito, podia cair a casa que continuaria dormindo.
Ela acordou algumas horas depois, olhou o celular e viu uma mensagem de a avisando sobre a tal reunião. Ela se espreguiçou ainda na cama, abrindo a boca em um longo bocejo e caminhou até o banheiro para fazer sua higiene matinal. Olhou pela janela, e a vista para o mar era a coisa mais incrível do mundo, ela com certeza iria até lá, queria que lhe acompanhasse, mas sabia o que envolveria aquilo.
Desceu e ainda conseguiu tomar café, e deu de ombros, entediada, não sabia o que faria após aquilo, já que o jogo seria mais tarde. Ia se levantar para a sair do refeitório, mas foi surpreendida por sentando em sua frente.
– Bom dia, meu amor. – ele se aproximou, lhe dando um selinho. – A reunião já acabou, hoje o dia vai ser muito corrido, não vou conseguir te dar a devida atenção, dia de jogo é assim. – ele puxou a cadeira, sentando-se ao lado dela. o encarou com um sorriso tranquilo.
– Bom dia. E sim, eu imagino, e não tem nenhum problema. – entrelaçou a mão com a dele. – Ah, conseguiu um lugarzinho para mim na arquibancada? – ele negou.
– Só camarote, os ingressos estão esgotados. – ela fez um biquinho, chateada.
– Não é a mesma coisa, sabe? Gosto do calor da arquibancada, os gritos da torcida, no camarote as pessoas são muito certinhas. – ele riu, roubando um selinho dela.
– Mas lá tem as famílias dos jogadores, você pode se enturmar com eles, acho que a Aine vai também, você a conhece.
– Não tem jeito mesmo, não é? – ele balançou a cabeça, negando. – Que ninguém me olhe estranho quando eu começar a xingar lá, é só isso mesmo. Não sou uma torcedora muito civilizada. – riu.
– Eu sei, te conheço. – ele sorriu, encostando a boca na dela, um beijo carinhoso se iniciou, ela sentiu o quentinho no peito, como sempre sentia quando estava nos braços dele. Se separaram, relutantes, finalizando com um selinho casto. – Amor, eu escapei rapidinho, nem deveria estar aqui, se alguém me pega... – ele riu. – Nos vemos depois do jogo, tá? Fica bem. Te amo.
– Te amo. – se levantou, deu um beijo na testa dela, e saiu rápido do refeitório.

saiu as três para o jogo da seleção, ficou um pouco mais por ali, até que desse o horário e fosse até o estádio. Optou por ir de transporte público, era a melhor forma para chegar rapidamente no local. A torcida ia animada durante o trajeto, era impossível não se contagiar com tudo aquilo.
Seguiu o fluxo dos torcedores, até o portão de entrada que deveria seguir. Apresentou o passe para o camarote e entrou, não tinha muitas pessoas por ali ainda, então ela se acomodou, sentando-se e pegando o celular.
Aine não tardou a aparecer, como disse, ela estaria ali mesmo. Tinha ao seu lado Larissa, esposa do jogador Firmino, ambas estavam acompanhadas de seus filhos. Aine as apresentou, e rapidamente se sentiu à vontade com Larissa que era bem simpática.
– Faz muito tempo que vocês estão juntos? – sorriu.
– Oficialmente são quatro meses, mas a gente se conhece há anos, estamos morando juntos, enfim, é tudo muito rápido, mas a vida quis assim, e quem sou eu para contrariar, certo?
– Estar com um jogador de futebol faz com que a gente tenha uma vida tumultuada, , ninguém te julgaria do contrário. Eu larguei tudo para acompanhar o Lipe, já morei na Itália, Espanha, Inglaterra, estamos na Espanha de novo, e bom, sabe-se lá mais onde poderemos morar.
– Deus, eu confesso que esse lance me assusta, sabe? Ficar mudando assim de país, eu tenho uma carreira em ascensão ainda, espero que não queira sair do Barcelona tão cedo. – Larissa e Aine sorriram em compreensão, mas com as experiências delas, sabiam bem que as coisas não funcionavam daquele jeito, mas não seriam elas a jogaram areia nos planos de .
Escutaram a torcida se agitar, sinal de que a seleção brasileira havia entrado, se colocaram em seus lugares para que pudessem assistir. O hino foi cantado à capela, as flâmulas foram trocadas, fotos tiradas e times divididos, Venezuela de um lado, Brasil do outro.
Nos primeiros minutos do jogo só dava Brasil, a cada chute dado, gritava, mas nem se atrevia a olhar para o lado, sabendo que deveria ter pessoas lhe encarando. Cada vez que era derrubado, surtava um pouco mais, ele havia saído de uma lesão recentemente, e os jogadores adversários não perdoavam.
Aos 37 ainda do primeiro tempo, Daniel Alves foi pelo lado direito, passou para o meio da grande área e Firmino ajeitou com o pé direito e mandou uma bomba para dentro do gol.
– GOL! – gritou, se abraçando com as outras duas mulheres, mas escutou um burburinho do canto ao lado, voltaram a olhar no campo e não entenderam nada do que se passava. O gol havia sido anulado, para a frustração de todos ali. Voltaram a se sentar, extremamente bravas.
O jogo se seguiu e teve alguns ataques da Venezuela, mas nada preocupante, apenas o cartão amarelo que Casemiro havia tomado por uma entrada perigosa no jogador venezuelano.
Primeiro tempo foi finalizado. suspirou fundo com aquele resultado, acabou pegando um refrigerante e tomando enquanto comia uma pipoca, sendo acompanhada pelas crianças. As duas mulheres não quiseram, disseram não estar com fome o suficiente para tal.
Os 15 minutos do intervalo passaram, e a seleção brasileira voltou a jogar, logo nos primeiros minutos houve um ataque perigoso da seleção, mas a bola infelizmente não entrou. E assim foi seguindo tempo, só dava seleção brasileira atacando, mas nada entrava naquele gol.
Houve substituição brasileira, entrou Fernandinho e saiu Casemiro, já não tinha mais unhas para roer, estava muito nervosa com aquela partida.
Aos 14 minutos, Gabriel Jesus interceptou a bola de Firmino e mandou para o gol majestosamente, fazendo todos naquele camarote gritarem a mesma palavra, todos se abraçavam animados com aquilo, mas tudo o que é bom dura pouco, e aquele gol também havia sido anulado, deixando todos ali muito bravos.
Houve algumas substituições no time venezuelano durante a partida e, Tite aproveitou e tirou Neres e colocou Everton Cebolinha, quem sabe a esperança de gol não viria? Mas não, tudo o que aconteceu nos próximos minutos foi um pisão feio no pé de .
– Filho de uma puta! Quer aleijar meu noivo! Que ódio! – Aine olhou para a cara de , assustada, indicando as crianças ali. – Ah, meu Deus, me desculpa. Eu sou uma escrota assistindo jogo de futebol.
está mancando, mas me parece bem, , calma. – Larissa tentou acalmá-la, ela riu, desconcertada.
– Duvido vocês quererem assistir os próximos jogos do meu lado. – elas riram, voltando a prestar atenção ao jogo.
A torcida começou a gritar e os gritos eram de xingamentos ao técnico Tite e aos jogadores, a torcida não estava perdoando aqueles gols anulados. Cebolinha tentou um ataque, passando para Coutinho que chutou para o centro do gol.
– Ah, meu Lipe! – Aine gritou, abraçando as duas e as crianças, muito animada, pulava também, finalmente. Mas novamente tiveram que engolir o amargo de saber que aquele gol também havia sido anulado.
– Ah, gente, chega. Isso é inconcebível, três gols anulados, vai se... – deteve–se, lembrando das crianças. – Ferrar! Gente, deve ser eu, só pode, o jogo que eu escolho para assistir dá ruim desse jeito. O próximo eu não vou, ai o Brasil faz cinco gols.
– Para de ser boba, , futebol é assim mesmo. – Larissa tentou acalmá-la, mas em vão, ela estava uma pilha de nervos. O jogo terminou no 0x0 para o terror do técnico Tite.
– Eu vou descer para o vestiário, meninas, prometi ao . – as chamou depois de alguns bons longos minutos em que elas estavam por ali.
– Nós vamos dar uma passada rápida por lá também. – Aine complementou.
Desceram lá depois que perceberam que o estádio estava quase vazio, seria mais tranquilo de chegaram lá com poucas dificuldades. Havia dado tudo certo, tiveram o passe liberado depois que mostraram suas credenciais. Cada uma seguiu para um lado e avistou conversando com Alisson. Se aproximou rapidamente do primeiro mencionando, tampando seus olhos, e pedindo que Alisson não dissesse nada.
– Nossa, está muito difícil saber, mas creio que seja a mulher mais maravilhosa desse mundo. – sorriu, tirando as mãos dos olhos dele, e se colocando a sua frente, trocaram um rápido selinho.
– Oi, amor! Oi, Alisson! – se aproximou do goleiro, dando um beijo em seu rosto. – Está decidido, eu não venho mais aos jogos, é só eu estar para essas coisas acontecerem. – os dois jogadores riram.
– Eu já te disse que isso é coisa da sua cabeça. – Alisson olhava interrogativo para os dois. – Ela diz sempre que quando vem ver algum jogo o resultado é horrível. Mas foi um conjunto de coisas, amor, três gols invalidados, um azar triplo. – riu.
– Olá, , escutou muito xingamentos por ai direcionados a minha pessoa? – Tite sorriu se aproximando, interrompendo-os, abriu um sorrisinho amarelo.
– Oi, Tite, sinto muitíssimo, a torcida ficou bem irritada, mas passa, não foi culpa de ninguém, eles só não tiveram essa maturidade ainda. – o técnico sorriu. – Mentira, a culpa é toda do Firmino. – sussurrou. Tite gargalhou.
– Boa, garota. – o homem brincou.
– Coitado, ele não tem culpa também, são fatalidades do oficio. Vai dar certo no próximo jogo, pode apostar.
– Vai sim. – Tite deu um afago no ombro dela, pegando uma garrafinha.
– E cadê a gravidinha mais linda dessa seleção inteira? – olhava para todos os lados.
– Digamos que esse jogo não fez muito bem para ela e Mini, a Alê teve um ataque de ansiedade. – Alisson comentou, e uma Alessandra adormecida na maca da sala de fisioterapia apareceu em seu campo de visão.
– Ah, meu Deus, mas ela está bem? – caminhou até onde ela estava sendo seguida por todos. Colocou a mão na testa dela, verificando sua temperatura, a fazendo abrir os olhos devagar, despertando-a.
– Ei, garota! – ela comentou com a voz fraquinha, suspirando e vendo , Alisson, Tite e a equipe de comunicação junto com .
– Ei, está melhor? – Tite perguntou se aproximando dela.
– Estou eu dando trabalho de novo para você. – Falou e o técnico da seleção sorriu.
– Sabíamos dos riscos quando aceitamos uma grávida na equipe. – Ele segurou sua mão. – Você está bem? – ela colocou a mão no próprio peito, sentindo-o bater de forma ritmada.
– Parece que sim. – suspirou. – Quanto tempo eu apaguei?
– Só uns 30 minutos. – Alisson falou e ela pôde perceber que ele e ainda estavam com calção do uniforme.
– Nossa, parece que eu dormi tanto. – eles riram, ela tentou se sentar na maca e teve o auxílio de .
– Como estamos aqui? – Rodrigo apareceu e ela suspirou jogando os cabelos bagunçados para trás.
– Ainda estou apertada para fazer xixi. – todos riram.
– Veja se consegue levantar e vá. Isso é o bebê pressionando sua bexiga, é fácil de resolver. – Rodrigo falou, a fazendo rir.
– Obrigada por cuidar de mim de novo.
– Pelo menos dessa vez não foi por comer besteira, né?! – Alisson falou.
– Como assim? – e perguntaram e Alisson até abriu a boca para falar, mas Alessandra o cortou.
– Só pessoas que participaram da Copa de 2018 sabem dessa história. – falou e franziu os lábios, enquanto riu.
– Eu te conto depois, é uma história boa demais para ficar escondida! – Alisson disse e a grávida ergueu o dedo para ele, vendo-o rir.
– Que jogo que você veio ver, hein?! – comentou para e ela riu fracamente.
– Eu só não fiquei igual você, mas fiquei muito irritada também. Falei palavrão na frente dos filhos do Coutinho e do Firmino. Estou me sentindo péssima com isso. – Alê gargalhou.
– Você não tem cara de quem se irrita fácil. – Bianca falou, surpresa.
– Ela fica, não se enganem pelo rostinho! – falou. – assistindo um jogo vira outra pessoa.
– Definitivamente. – ela concordou com o noivo.
– Não foi nem de perto o ideal e, só para variar, vocês deixaram para última hora. – Alê disse, cansada.
– A gente até tentou, né?! – Jesus comentou da porta e Alê abriu um pequeno sorriso.
– Eu ia invadir o campo para apertar o pescoço daquele cara. – Alê negou com a cabeça enquanto dizia e Bianca assentiu, confirmando o fato.
– Bom, passou, agora descansa e vamos nos arrumar para voltar e você descansar no hotel. – Tite falou, saindo da sala em seguida e ela assentiu com a cabeça.
– Eu realmente preciso de um banheiro. – Falou, virando o corpo de lado e Alisson se levantou, segurando as mãos dela quando ela desceu da maca.

Os dois haviam ficado boa parte da noite ao lado de Alê, inclusive a levaram até o quarto, tinham ficado preocupados com a mulher. E pensar que ainda poderiam vir fortes emoções no decorrer daquela competição... tinha passado aquela noite novamente no quarto de .
O jogador, como sempre, havia se levantando mais cedo para tomar café com o restante do grupo, deixando uma adormecida por lá, ele estava a trabalho por ali, ela estava passeando, e que ela aproveitasse o passeio, acima de tudo, dormindo, como gostava de fazer.
Fez a refeição com o grupo, normalmente, e correu para subir, esperava que ela já estivesse acordada, queria conversar com ela as informações que havia adquirido sobre a hora que partiriam. Entrou no quarto, e viu o barulho do chuveiro, sinal de que ela estava desperta, deitou-se de volta na cama, esperando que ela saísse do banheiro, ele bem sabia que poderia demorar um pouco, afinal, tinha o ritual dos cremes. Não tardou tanto como ele imaginava para que ela saísse do banheiro enrolada em uma toalha.
– Bom dia! – ele a saudou bem animado, arrancando um sorriso genuíno da face dela.
– Bom dia, . – ela estava abaixada procurando alguma roupa para que pudesse se vestir. – Será que estão servindo o café da manhã? Como sempre acordei tarde demais, se não tiverem é até melhor, então eu vou ter fome na hora do almoço.
– Acho que sim, acabei de vir de lá, mas vou confirmar. – ele pegou o interfone e ligou na recepção, foi informado que seria no máximo até 30 minutos. Ela se vestiu em tempo recorde, e riu de sua afobação. – Ué, não é você que não come de manhã?
– Idiota, não consigo comer sete horas da manhã, mas às 10:30 é diferente. – ele riu, a vendo terminar de prender os cabelos de forma desajeitada. – Vem logo ou vai ficar ai no quarto?
– Claro que vou. – já estava de pé correndo para a porta. Desceram de elevador e rapidamente já estavam no refeitório. se sentou em uma mesa mais afastada, e a viu se servir, foi pegando coisas mais leves, só disfarçaria a fome. – Só isso?
– Sim, amor, quero almoçar ainda. – ela se sentou, trouxe a cadeira dela para ficar ainda mais próxima dele, se é que aquilo era possível, ele passou o braço direito, abraçando a cadeira.
– Conversei com a Alê e ela conseguiu com o Cleber que nós possamos almoçar juntos. – ela sorriu fechado, enquanto mastigava. – Acho que partimos às 16 horas, você vai amanhã, não é?
– Isso, vou. Eu não avisei nada para eles, você também não falou nada com a minha mãe, não é? – ele balançou a cabeça confirmando. – É melhor assim, acho que eu estando lá, de surpresa, eles não me coloquem para fora. Eu estava evitando pensar nisso, mas é meio inevitável. – ela bebericou o suco de uva que havia pegado.
– Não fala assim, eles não vão te colocar para fora. – ela suspirou fundo, havia ficado triste só de pensar naquele assunto. – Vamos subir? Vou fazer aquela massagem marota que você gosta.
– Eu preciso mesmo. – ele riu, negando com a cabeça, vendo-a pegar a última fatia de presunto do prato. – Sabe do que eu estou precisando mais ainda? De um bom mate, será que o Alisson me dá um pouquinho? – ele gargalhou.
– Acho que sim, posso pedir para ele. – pegou o celular do bolso, procurou o contato de Alisson e digitou uma mensagem ao goleiro da seleção.
– Eu não tenho um noivo, eu tenho um anjo em forma de gente. – se levantou, pegando sua bandeja, se levantou também, vendo-a colocar o objeto no lugar adequado.
– Vou passar no quarto dele para buscar seu mate e a cuia, ainda não sei que graça vocês acham naquilo. – ela revirou os olhos.
– Acho que vou ter que reformular meu elogio, sabe? – fez uma caretinha, sorrindo. – Eu não tenho o costume de tomar direto, mas na situação em que me encontro, aquilo me acalma muito. – ele riu, apertando a bochecha dela.
Entraram no elevador e o viu apertando o número diferente do andar dela, ele se aproximou dela, roubando um selinho rápido quando o elevador parou.
– Já te encontro no quarto. – ela assentiu, continuando no elevador.

– Quero muito tietar o Cebolinha, , se eu levar uma foto com ele, papai pode considerar me perdoar. – ela riu, enquanto os dois almoçavam juntos. Cebolinha estava sentado há algumas mesas a frente com os demais jogadores. – No dia das fotos da Alê, ele não estava lá, e no vestiário eu também não o vi, é o destino querendo que o encontro não role.
, está para nascer alguém tão dramática como você. – ela gargalhou. – Bom, vamos almoçar e você terá seu momento fã e vai poder tirar uma foto com ele.
– Sim. Confesso que mesmo não acompanhando os jogos como eu acompanhava quando morava em POA, fico feliz de ver um jogador atual do meu Grêmio aqui. – ele assentiu.
– É gratificante mesmo, e eu sei muito como o Cebolinha lutou para estar onde ele está. – ele passou a mão no rosto dela, a encarando. – E quando vamos nos ver de novo?
– Não sei, amor, vou para POA sem saber como as coisas serão, mas te garanto que se vocês chegarem à final, e isso eu tenho certeza que chegarão, eu vou estar lá para te prestigiar. Preciso de um tempinho com a minha família, depois vai ser complicado voltar com o trabalho no hospital e tal.
– Eu entendo, vou morrer de saudades, mas está tudo bem. – ela sorriu roubando um selinho rápido dele. Ela voltou a comer. colocou os olhos na mesa dos jogadores e viu uma movimentação por ali. – O Everton está levantando, eu vou lá. – se levantou, deixou as coisas de qualquer jeito, ajeitando os cabelos. Viu conversar rapidamente com Everton, o informando que ela queria tirar uma foto com ele, Cebolinha ficou lisonjeado, e se direcionou até onde ela estava. – , Everton, mas conhecido como Cebolinha. Cebolinha, , minha noiva.
– Muito prazer, você joga muito, sério, meus parabéns. – se levantou e abraçou brevemente o jogador. Estava surtando por dentro. – Torço para o Grêmio então estou mesmo muito feliz de te conhecer.
– Gremista? Que legal! – ele sorriu. – Mas quem joga muito é esse cara aqui. – apontou , que negou com um aceno de cabeça. – Prazer te conhecer.
– Vocês dois jogam muito, pronto, sem brigas. – abriu um grande sorriso ao rapaz. – Posso tirar uma foto? – o encarava em expectativa, enquanto mordia os lábios.
– Claro, vamos lá. – ela tirou o celular da cintura e entregou nas mãos de para que ele pudesse tirar a foto.
– Sério, estou muito, muito feliz, obrigada. – ele acenou com a cabeça.
– Fico feliz por isso. – Cebolinha deu uma piscadinha para ela. – Preciso ir, nem arrumei as malas, e sairemos daqui a pouco para o treino no Barradão e depois viagem para São Paulo.
– Tudo certo. Boa viagem e vê se faz um gol para essa gremista aqui. – deu um beijinho na bochecha dele novamente, se despedindo.
– Prometo que farei o meu melhor. – ele gritou de longe, acenando com a cabeça. voltou a se sentar com um enorme sorriso, olhando se as fotos que tinha tirado estavam boas mesmo.
Vê se faz um gol para essa gremista aqui... a imitava com a voz extremamente fina. – Eu não acredito que você ficou com ciúmes, . – ela o encarava, tentando segurar a risada. – Para de ser otário, o homem é casado e tem uma filha. – Otário nada, comigo ninguém fala desse jeito. – ele fez uma caretinha. – Quem mandou sair do Grêmio e ir para o Barcelona? – apertou a bochecha dele. – Desfaz esse bico? – ela o encarou, divertida. - ... – deu vários selinhos, o fazendo rir. – Que sorriso maravilhoso, amo ele. Aliás, amo você todinho. - Eu também te amo. – ele sorriu. – E ai, ficaram boas? – perguntou, referindo-se as fotos.
– Ficaram sim, você gravou um vídeo sem querer, mas tudo bem. – ainda encarava o celular, quando algo veio a sua mente. – Sabe o que eu me lembrei agora mesmo? Do vídeo de ontem, cadê, ? Quero ver.
– Maldito, Philippe, tinha que tocar no assunto da porcaria do vídeo. – ele murmurou mal-humorado.
o encarava um pouco incrédula, e cada vez mais curiosa para saber do que se tratava. Ele respirou fundo, desbloqueou o próprio celular, mexeu em algumas pastas e lhe entregou o aparelho. abriu o vídeo e arregalou os olhos, ela sabia bem quando tinha sido aquele dia, nunca esqueceria, o dia que ele havia descoberto tudo. Mexeu-se desconfortável na cadeira, extremamente sem graça por saber ter sido a causadora daquilo.
– Amor... Eu... – ela tinha as bochechas quentes, não sabia bem o que dizer, ou como reagir, a cara que ele fazia para si a desconcertava, ela se condenou por sentir vontade de rir, não tinha graça. Pobre, , pensou. – Eu sei o dia que esse vídeo foi gravado, mas eu não imaginava que você tivesse bebido e ainda desse jeito e... Nossa. Coutinho não foi um bom amigo. – mordeu os lábios, fazendo uma careta.
– Eu bebi muito, nunca mais beberei assim de novo, mas eu tinha que de alguma forma colocar o que eu sentia para fora, eu fiquei muito mal. – ela suspirou, negando com a cabeça. – Por incrível que pareça ele foi um bom amigo, apesar do vídeo para me sacanear.
– Eu sinto tanto. – ela se levantou, o abraçando. – Me desculpa, . Eles devem ter te zoado tanto. – escondeu o rosto no peito do rapaz.
– Já foi, estamos bem hoje, é passado. Para falar a verdade eu nem me importo com esse vídeo, e como ele viralizou entre os caras, só não quero que se sinta culpada ou algo do tipo. – ela passou os braços pelo pescoço dele.
– Difícil, tudo o que eu estou sentindo nesse momento é culpa. – sorriu, o apertando em seus braços.
– Eu sei de uma forma de você se desculpar plenamente comigo por isso, e por toda a vergonha que eu passei. – ela se separou dele, o encarando de forma atenta.
– Diz, faço qualquer coisa, . – ela tinha os olhos em súplica, estava disposta mesmo a fazer qualquer coisa.
– A gente sobe para o seu quarto e eu te mostro como você se redime. – arqueou a sobrancelha. Ela deu um tapa no braço dele.
– Imbecil, eu estava achando que você estava falando sério, mas tudo o que você consegue pensar é em sexo. Pervertido! – deu mais um tapa nele que ria, tentando se defender.
– Você me ama que eu sei. – segurou as mãos dela, enquanto ela tentava se soltar dele, ainda rindo. Ele a puxou para si e roubou um beijo dela, que se intensificou. É, parece que ela ia ceder mesmo porque a última coisa que eles fizeram foi correr aos tropeços para que fossem para o quarto.

Era pouco antes das quatro quando desceu junto com que carregava sua própria mala, teriam que se separar novamente. Aproveitaria também para se despedir de Alessandra e Alisson.
– Meu coração tá doendo que vocês já estão indo. – sorriu e Alessandra assentiu com a cabeça, abraçando-a pelos ombros.
– Eles têm treino no Barradão e depois vamos para São Paulo. – Alessandra comunicou a agenda.
– Eu sei. – brincou. – Vocês precisam arrasar nesse jogo, por favor. – falou para e Alisson e a grávida riu fracamente.
– Precisam e muito! – Alê falou, dramática.
– E você cuida dessa menina, tá?! – recomendou, enquanto alisava a barriga da mulher.
– Não se preocupe, Alisson agora arranjou uma mamadeira para mim, vai rolar chá de camomila o dia inteiro. – Riram e a a abraçou de novo.
– Obrigada! – Ela disse e Alê sorriu.
– Eu que agradeço por tudo. – A grávida segurou as mãos dela. – Quero a tia perto quando a Mini nascer, ok?!
– Faremos o possível. – falou e Alê o abraçou de lado.
– Estaremos esperando no ônibus. – Falou para ele que assentiu com a cabeça. – Boa viagem, nos falamos. – sorriu.
– Vamos sim e se mantenha calma, ok?! Se Deus quiser teremos uma longa competição pela frente. – Alê deu alguns passos para frente e sorriu com a fala de .
– Por favor, Mini precisa nascer campeã. – Alê falou rindo e acenou, virando de costas e seguindo para fora do restaurante.
– Então é nossa despedida, . – segurou as duas mãos do namorado e as entrelaçou com as suas. – Boa sorte, acompanharei todos os jogos mesmo que de longe e estarei na final se Deus quiser.
– Obrigado. – ele a puxou para si, e eles trocaram um selinho terno, desfez o contato das mãos unidas e a abraçou pela cintura aumentando a intensidade daquele beijo. Mais alguns selinhos foram dados, até que se separassem. – Te amo. Vai dar tudo certo com seus pais.
– Deus te ouça, meu amor, Deus te ouça. – o abraçou mais uma vez, sentindo o perfume dele.
***
se desesperou no momento em que viu o Uber entrando nas ruas do bairro de sua antiga casa. Depois de tudo, seria sua primeira vez encarando seus pais pessoalmente. Suspirou fundo, tentando ritmar a respiração que naquele momento encontrava-se descompassada. Tentou focar sua atenção no carro que já parava em frente à residência dos pais, mas não conseguia.
Havia passado o dia de ontem bem pensativa, depois que e a seleção haviam partido, tudo o que ela conseguiu fazer foi ficar um tempinho na praia - por sorte havia levado um biquini na mala -, e se jogou nas águas daquele mar, era tudo o que ela mais precisava. Ficou ali até anoitecer, independentemente de onde estivesse, o mar sempre seria seu refúgio.
Acordou de seus devaneios com a voz do motorista dizendo-lhe que haviam chegado ao seu destino, ela agradeceu com um pequeno sorriso, e com ajuda dele, pegou sua mala de rodinhas do porta-malas do veículo. O viu entrar no carro e partir para longe, e ela suspirou fundo enquanto encarava aquele portão incansavelmente.
Tocou a campainha, não podia desistir, uma de suas motivações para vir ao Brasil foi exatamente essa conversa, tinha que ser dado um ponto final naquela situação, positivo ou não. Nina apareceu na porta e escancarou a boca em completa surpresa ao ver a mais velha parada ali.
! – correu até o portão e desajeitadamente o abriu, se jogando nos braços da irmã que cambaleou para trás com o impacto, mas não pôde deixar de sorrir. – Estava com tantas saudades de você... Veio para ficar? – puxava a irmã para dentro da casa, que entrava timidamente, enquanto puxava a mala.
– Oi, mi ninita, também estava com muitas saudades. – estava desconfortável demais, aquele lugar já tinha sido o seu lar, mas sentia-se uma estranha. – Não, ainda não. – sorriu forçadamente.
, meu Deus, que saudade, que surpresa mais linda. – Luna apareceu em seu campo de visão e a abraçou, quase a tirando do chão, sua pequena não demoraria a passar dela no quesito altura.
– Luna! – deu dois beijinhos na bochecha da irmã quando desfizeram o abraço. – Muitas, muitas saudades. – olhou para frente e sentiu o mundo desmoronar, seu pai lhe encarava de forma séria, ela não sabia bem como reagir aquilo, tinha ensaiado tantas vezes aquela cena, mas nunca esteve mesmo preparada para ela.
está aqui, papai, isso não é incrível? – Nina comentou, animada, e a quase psicóloga mordeu os lábios, desviando o olhar, envergonhada.
– Sim, está. – respondeu secamente. É, ela esperava mesmo aquela recepção calorosa.
– Oi, pai. – o homem assentiu com a cabeça, ela suspirou, ao menos não tinha levado um vácuo. – Onde está a mamãe, meninas?
– Foi ao mercado, mas logo ela está de volta, vem, vamos subir, então você guarda sua mala. – deixou-se ser levada mais uma vez naquela tarde pelas irmãs mais novas, sentia-se sufocar estando no mesmo ambiente que o pai e aquele olhar... Ela percebia que era de pura decepção.
– Estou tão feliz com seu noivado, sabia? Já te imagino entrando de noiva toda linda, vai ser incrível, . – Luna batia palminhas animada, enquanto via a irmã se instalar no quarto.
– Sim, será, estou muito feliz com tudo. – forçou um sorriso as irmãs, mas seu estômago estava revirando seu café da manhã.
– Deixa eu ver essa aliança. – Nina puxou a mão da irmã e tirou o anel, colocando em seu dedo. – É muito lindo, muito mesmo. – devolveu o anel a irmã que o colocou.
– Eu amei também, tem muito bom gosto. – comentou com as meninas, se jogando na cama, estava exausta e nem tinha percebido.
– Mas me contem, como está a escola, meus amores? – e engataram em uma conversa animada e leve que fez esquecer ao menos um pouco o que lhe aguardava.
Dona Maria havia chegado do mercado, e logo foi avisada por Pablo que estava ali, ela já esperava mais dia ou menos dia aquela visita, tinha postado alguns stories com a moça no Brasil, então foi só ligar as coisas.
O almoço foi leve e descontraído graças as meninas que o tempo todo enchiam a irmã de perguntas, elas não pareciam perceber que o clima estava estranho entre os pais e , então a conversa fluiu e muito.
Maria pediu que as irmãs subissem após o almoço e só descessem de lá quando fosse ordenado por eles, elas relutaram, mas obedeceram. engoliu em seco, sabendo o que viria depois daquilo.
– Achou que se viesse sem avisar seria mais fácil ter essa conversa, ? – a mãe suspirou, indicando o lugar para que ela se sentasse no sofá. O pai também o fez, calado.
– Eu não sei nem como começar, eu não sei se vocês realmente querem me ouvir, eu...
– Começa do começo. – assentiu com a breve fala da mãe. Respirou fundo, tentando começar, gaguejou alguma vezes, mas conseguiu proferir algo.
– Bom, eu fui efetivada no estágio em Barcelona, começo no final de julho a trabalhar lá. Eu não volto para o Brasil.
– Eu já sabia, visto que você vai se casar com . Saiu de casa para nunca mais voltar mesmo. – Maria comentou, seu pai só encarava a tudo com uma expressão indecifrável.
– Pois é, eu nunca imaginei que encontraria , e que nos apaixonássemos desse jeito, eu saí daqui pensando sim em voltar, mas a vida me levou para outros caminhos, consegui o emprego dos meus sonhos, enfim. – suspirou. – Sobre o casamento, eu ainda não sei como as coisas serão, ou quando ele vai acontecer, mas penso que será em breve, não vejo motivos para adiar. – eles assentiram. – Bom... – sentiu a garganta fechar.
– Precisamos escutar de novo toda a história, , estamos face a face, acho que essa deveria ter sido a conversa real, e não aquela. – a mulher passou as mãos no rosto, cansada. – Sem segredos, vamos escutar de coração aberto. – ela suspirou fundo, engolindo o nó que estava em sua garganta e começou a contar tudo, nos mínimos detalhes, e tentando lidar com as expressões incrédulas dos pais.
– Eu quero pedir desculpas, por mentir, por trair a confiança de vocês, por tudo. Eu passei pelos piores meses da minha vida sem ter qualquer tipo de contato com vocês... – pausou, a voz havia embargado, pigarreou. – Vocês são a minha vida, eu não quero ficar sem falar com vocês, mas sei que os magoei. Eu... Sei que papai nem me considera mais como sua filha... – as lágrimas banhavam sua face. – Mas imploro por esse perdão. – os dois ficaram em um silêncio perturbador, era possível escutar os suspiros que soltava por seu choro contínuo.
– Prostituição é algo inconcebível, você nunca teve motivos para tal, e poderia sim ter voltado ao Brasil, perderia um ano, mas não teria que se submeter a tudo isso. – Maria suspirou fundo. – Vender seu corpo por dinheiro, isso é tão perturbador, porque sempre fomos pobres, mas...
– Eu sei, eu sei. – fechou os olhos, sentindo grossas lágrimas descerem sem qualquer aviso. – Eu preciso ir ao banheiro. – limpou a face, inutilmente, porque não parava de sair lágrimas, seu nariz não estava diferente, se levantou, e foi até o banheiro limpar o rosto, acabou pegando um rolo de papel higiênico, com certeza o usaria inteiro, era só o início. Sentou-se no sofá, pronta para ouvir.
– Não ache, de forma alguma, que foi fácil para eu ficar sem ter qualquer contato com você, mas eu precisei me afastar. Foi chocante e perturbador a forma como descobrimos. Depois de seu contato, no dia seguinte, Flores nos ligou e te difamou ainda mais, isso mexeu muito conosco, principalmente com seu pai, você não tem um pingo de ideia. – concordou, ajeitando-se no sofá. O pai fechou os olhos, e pela primeira vez depois de ter escutado toda a conversa, se pronunciou:
, eu não te renego como filha, disse aquelas coisas, pois estava com a cabeça quente. – levou as mãos a boca, sentindo o peito comprimir, era um alívio escutar aquilo. – Mas eu não consigo te perdoar.
– Tudo bem, pai, eu compreendo. – limpou o rosto novamente.
– Eu ainda preciso de um tempo, você pode ficar em casa quantos dias quiser, mas eu ainda não consigo passar uma borracha em toda essa sujeirada, é muito para mim. – seus lábios tremeram, definitivamente não era aquela resposta que ela imaginava que teria.
– Está bem, eu não vou forçar o senhor a me perdoar, ok? Leve o tempo que precisar, eu esperarei ansiosa por esse momento, mas fico feliz pelo senhor não ter me colocado para fora de casa e, principalmente, por ter dado a oportunidade de me ouvir. Eu sei que já é um passo imenso. – o homem concordou com a cabeça, queria abraça-lo, mas se contentou com um aceno de cabeça dele, sabe-se lá o que Flores poderia ter dito a ele, ela sabia que aquela mulher era bem venenosa.
Pablo se levantou do sofá e caminhou para a saída de casa, buscando as chaves, aquela conversa tinha saído muito difícil, ele precisava de um ar. As duas o encararam saindo e depois voltaram seus olhares uma para outra.
, me disse algumas coisas durante as nossas conversas nesses últimos meses e me tocou muito, diferente de seu pai, e apesar de estar extremamente decepcionada com você, eu te perdoo. – levou as mãos a boca, surpresa. Ela esperava que ela também não a perdoasse.
– Ah, meu Deus, eu... – sentiu-se hiperventilar com aquilo, estava muito feliz. – Posso te abraçar? – pediu com um fio de voz, a mãe nada respondeu, apenas abriu os braços, emocionada demais, e correu, abraçando-a apertadamente. Deus, como esperou por aquele abraço, sentia-se em paz, como há meses não se sentia, estava plena e sem nenhuma mentira no bolso, e aquela sensação era muito libertadora. – Obrigada, mãe, meu Deus, eu... Muito obrigada. – falou com a voz abafada na curvatura do pescoço da mais velha. Se separaram rapidamente, e Maria a fitou.
– Você vai me prometer que nunca mais, nunca mesmo, , vai mentir sobre nada comigo, você me ouviu bem? – ela concordou com a cabeça rapidamente. Nunca mais mesmo mentiria para ela, não ia desperdiçar a segunda chance que sua mãe havia lhe dado.

*

– E como foi, meu amor? – deitou-se na cama ao ver a imagem de refletida na tela do celular. Após a conversa delicada que tivera com os pais, tomou um banho, jantou com eles, e agora encontrava-se de pijama, enquanto o rapaz estava na mesma situação, pronto para dormir após aquela conversa. – Pelo o seu rosto inchado, não deve ter sido fácil, não?
– Não mesmo, foi a conversa mais difícil da minha vida. – mordeu os lábios. – Mas também foi esperançosa. Inclusive, eu tenho que te agradecer por tudo o que fez, você foi maravilhoso trabalhando na mente da minha mãe, e funcionou. Ela me perdoou, e eu me sinto tão feliz. Nos abraçamos, e Deus, aquele abraço foi acolhedor.
– Você não tem ideia de como eu estou feliz por isso. E estou aliviado, estava muito preocupado com você, . Mas e seu pai? – ela suspirou fundo, abaixando o olhar.
– Ele não conseguiu me perdoar... Ele conversou comigo, explicou que estava muito magoado e que não estava pronto, mas não me renegou. Foi pouco, mas me deu esperanças, sinto que vou conseguir estreitar nossos laços algum dia.
– Eu queria estar aí com você, para te abraçar e te dizer que tudo vai ficar bem. – ela negou com a cabeça com um pequeno sorriso.
– Você existindo já é o suficiente para mim, nunca me canso de te dizer isso. Eu te amo, e me sinto uma boba apaixonada com tudo relacionado a você. – ele sorriu ainda mais.
– Te amo. E estou morrendo de saudades e não faz nem 24 horas que você estava aqui comigo. – ela mordeu os lábios. – E minhas cunhadinhas como estão?
– Estão lindas, crescidas e muito falantes. Todas empolgadas com esse casamento. Nina amou a ideia de ser a florista, já Luna, nem tanto. – riu. – E estão louquinhas para te conhecer pessoalmente.
– Precisamos marcar um almoço, ou sei lá, se bem que se passarmos para a próxima fase temos jogos aí na sua cidade. – ela sorriu, cogitando aquilo. – Enfim, elas precisam passar alguns dias com a gente na Espanha, será que sua mãe não as leva?
– Pensei na formatura, , acho que é o momento perfeito para que nossas famílias finalmente se conheçam. Espero que meu pai vá, apesar de toda a situação que estamos, também pode ser que não dê para ele por conta do trabalho.
– Vamos ver como vai ser, tomara que ele possa ir. – ele abriu a boca em um enorme bocejo.
– Vai dormir, amanhã conversamos mais, ok? Você precisa estar descansado, você tem jogo e não aceito menos que 3x0 pelo nervoso que me fez passar contra a Venezuela. – ele riu.
– Ok, darei as assistências necessárias, e quem sabe não role um gol? Não posso prometer nada. Te amo muito, e vai ficar tudo bem.
– Obrigada, meu amor. Te amo. – desligaram e jogou a cabeça no travesseiro, ajeitando-se para dormir também, estava cansada e com os olhos ardendo devido ao crescente choro durante aquele dia inteiro.

estava sentada na varanda, enquanto sua mente divagava sobre os acontecimentos dos dias passados. O Brasil havia vencido de 5x0 o jogo contra o Peru, e percebeu naquele momento que era ela mesmo muito zicada, mesmo rindo e negando que não tinha nada a ver, e que isso era coisa da cabeça dela.
Os ânimos com o pai estavam calmos, apesar de quase não conversarem diretamente, ainda sim existia um pouco de diálogo, tanto que assistiram ao jogo juntos, claro que Nina, Maria e Luna estavam no mesmo ambiente, porém compartilharam aquele momento em família. O homem elogiou a performance de , lamentando-se muito pelo rapaz não estar mais no Grêmio, e deixando orgulhosa.
Ela aproveitou do momento, e mostrou as irmãs e a mãe a foto que havia tirado com Cebolinha, com Tite e os demais jogadores, deixando-as com inveja e aguçando a curiosidade do pai, que discretamente, pediu para ver as fotos. As coisas caminhavam bem devagar, mas ela estava feliz por isso, já era algo.
, estou tão ansiosa para esse jogo, será a primeira vez que veremos a seleção brasileira jogar no estádio. – Luna se sentou ao lado da irmã, a fazendo sorrir.
– É incrível, você vai amar. – o jogo das quartas de final entre Paraguai e Brasil seria em Porto Alegre, e levaria as duas irmãs com ela, o pai não quis ir e a mãe ficaria com ele para não deixá-lo sozinho.
– Sim, está tão ansioso para conhecer vocês, com toda a certeza do mundo vocês irão amá-lo.
– Meu Deus, sim, eu finalmente vou poder tirar foto com ele e esfregar na cara de todo mundo. – sorriu, negando com a cabeça. – Aproveitando que a Nina está longe, quero te perguntar algo... – a psicóloga fez um gesto com a cabeça para que ela falasse. – Você não está bem com o papai, não é?
– Está dando para perceber, não é? – Luna assentiu. – Não, Luna, estamos meio que brigados, eu agi muito mal com ele e com a nossa mãe, e ele está muito magoado.
– E com certeza você não vai me contar o motivo, não é? – Luna fez uma carinha engraçada, fazendo a irmã mais velha rir, e concordar com a cabeça. – Queria que as coisas voltassem ao que eram, está muito estranho tudo isso.
– É tudo o que eu mais quero na vida. Mas temos que ter paciência, e respeitar o tempo do papai. Mas uma coisa eu te digo com todo a certeza do mundo, um dia tudo isso vai passar.
– Vai sim! – sorriu, se levantando e abraçando a irmã apertadamente. – Vou ter que ser a dama de honra mesmo? – torceu o nariz, fazendo gargalhar mais uma vez naquele começo de tarde.
– Sim, não aceito menos. – sorriu, apertando a barriga da irmã e a fazendo rir. – Anda, vá tomar um banho, temos um jogo para assistir hoje.

, Luna e Nina já estavam posicionadas no camarote, viu algumas pessoas conhecidas por ali, incluindo seus sogros e seu cunhado Paulo Henrique, tinha sido pega de surpresa, não sabia que eles estariam ali. tinha se esquecido daquele pequeno detalhe. Se aproximou de seu Ailton, o cumprimentando com um abraço terno, gostava demais do homem. O mesmo fez com Lúcia e Paulo Henrique e os apresentou a suas irmãs.
– São muito bonitas, e se parecem com você, . – Luna e Nina sorriram, respondendo educadamente ao elogio e sorriu, orgulhosa.
– E seus pais? – Lucia perguntou, curiosa.
– Obrigada, seu Aílton. Então, dona Lucia, meus pais não conseguiram vir, meu pai trabalhou a semana inteira e estava muito cansado, minha mãe ficou para lhe fazer companhia. – ele assentiu.
– Uma pena, seria a oportunidade perfeita para que todos nos conhecêssemos e nos familiarizássemos. – sorriu, concordando com a sogra.
– Sim, mas fica para uma próxima, oportunidades não faltarão. – complementou.
– Minha mãe sempre querendo controlar as coisas, só a ignora, . – Paulo sorriu, falando em um tom de voz que somente ela pudesse ouvir.
– Estou me acostumando já com jeito dela, fica tranquilo. – sorriu.
– Ah, meu Deus, ah, meu Deus, já, já eles entram. – Nina olhava encantada. Tinham ido a Arena Grêmio várias vezes, porém nunca estiveram naquela área, afinal, era o camarote e a visão era bem diferente.
– Elas estão muito animadas, é a primeira vez que assistem à seleção brasileira ao vivo. – justificou, sentando-se ao lado das irmãs. E não ficou nada surpresa quando viu que os assentos dos pais do noivo eram ao lado do seu.
– Ah, que legal. E ainda estão assistindo em um estádio que tem história, certo? – Ailton apontou para a camiseta de Luna que tinha o número e nome de Cebolinha.
– Muito na cara que todas somos gremistas, né? – o homem sorriu. – Sim, estamos felizes por ver o jogo na nossa casa.
Não demorou para verem os jogadores entrando e elas se animarem ainda mais com aquilo, ria da empolgação das irmãs, queria ser ainda mais presentes na vida delas, para ter mais desses momentos, mas sabia que a vida não colaborava com ela. O hino foi tocado e o restante dele foi cantado a capela, e aquilo como sempre arrepiou , era muito lindo de ouvir e ver.
– No Twitter estão falando que o Neymar está aqui, não é incrível?! – Luna comentou, animada, fazendo com que revirasse os olhos.
– Super. – era provável que hoje ela conhecesse a peça rara, teria que esconder muito bem seu ranço dele.
é bem próximo do Neymar, inclusive que confusão essa toda que esse rapaz se enfiou, não é? – Lucia comentou, fazendo concordar. – Não é uma boa influência para o . – nisso ela concordava completamente com a sogra, mas resolveu se calar.
O jogo começou bem, Brasil estava atacando, Firmino teve uma oportunidade perfeita de chute, porém o Gatito pegou sem grandes dificuldades. Gatito Fernández era um bom goleiro, ela sabia que não seria fácil quando viu mais um chute de Gabriel Jesus ser direcionado ao gol do Paraguai, e o vê-lo fazer mais uma defesa.
E de fato não foi, um a um os chutes dos jogadores brasileiros eram parados, seja por Gatito, por jogarem para fora, ou pela zaga do Paraguai, e aquilo era desesperador para , que tudo o que mais queria era poder gritar gol a plenos pulmões, mas tudo o que estava conseguindo fazer era guardar belos palavrões para si, afinal, tinha crianças ali.
Não estava diferente para o lado de Alisson que havia feito uma defesa de um jogador do Paraguai. Cada vez mais ela acreditava que nunca dava sorte em jogos da seleção brasileira.
driblou o jogador paraguaio, se levantou da cadeira e começou a gritar desesperadamente para que ele finalmente fizesse um gol, porém o chute foi para fora, e ela teve que se sentar, brava, quase, mas tinha sido um lance bonito.
– Ele me prometeu um gol, poxa. – comentou, desanimada arrancando um sorriso dos sogros.
– Ele tentou, , mas não deu mesmo. – Ailton sorriu, afagando suas costas.
Segundo tempo havia começado, estava torcendo muito que o gol tão difícil finalmente saísse. Ela sentiu o coração ir a boca com a arrancada que viu Firmino tomar e ser derrubado na área, e todo mundo levantou no camarote indignado, afinal, era pênalti, e vendo a mão do juiz apontando para a marca tranquilizava , mas não totalmente quando viu que o juiz consultaria o Var, e como ela temia, foi dada falta de fora da área, mas ela ficou feliz com a expulsão do jogador Balbuena pelo lance, agora eles tinham a vantagem de ter um homem a mais em campo, tinham que aproveitá-la.
Na cobrança da falta, Daniel bateu, mas foi para fora, fazendo suspirar fundo, mordendo os lábios para não soltar mais nenhum palavrão, alguns haviam escapado na frente de Nina. Vários chutes sendo defendidos por Gatito, ou simplesmente chutados para fora. Houve um passe lindo de Cebolinha para Gabriel Jesus, mas o homem chutou para fora. estava inconformada, porque ela sabia que até ela com zero habilidade teria convertido aquele chute em gol.
Dois lances perfeitos foram dados que deixaram e as irmãs com o grito de gol preso na garganta, o primeiro foi uma cabeçada linda de Alex Sandro que foi defendida por Gatito de forma extraordinária e o segundo foi o chute de William que foi parado pela trave. Aquele jogo estava terrível, tudo que que vinha na cabeça da quase psicóloga era Alessandra, pobre Alessandra, grávida, passado por todo esse nervoso.
Sete minutos de acréscimos, era tudo ou nada ali, se eles não fizessem gol, a disputa seria levada aos pênaltis, já não tinha mais unhas naquele momento. Um contra-ataque do Paraguai fez fechar os olhos, não era possível que aquilo estivesse acontecendo em plena Arena Grêmio, mas para seu alívio, não tinha dado em nada. Cebolinha também havia perdido um gol feito, aquilo estava ficando inconcebível. Seria mesmo pênaltis, e ela e ninguém naquele estádio estavam prontos para assistir cobranças de pênaltis. Suas mãos já tremiam em pura ansiedade por aquele momento. Por que tinha que ser com sofrimento? Por que simplesmente eles não podiam repetir o feito realizado no Itaquerão e golear o Paraguai?
– É, vamos sofrer um pouco mais, pênaltis é teste para cardíaco. – riu, nervosa.
– Nem me fala, o pior é que esse jogo poderia ter sido resolvido nos 90 minutos, nenhum chute entrou, isso é muito deprimente. – fez um biquinho engraçado com a fala de Paulo Henrique.
– Eu não tenho emocional para isso, então não vou assistir nenhuma cobrança. – Lucia puxou o celular, fazendo todos rirem ali.
– Vai começar. – Luna sorriu, apreensiva.
tinha as mãos fechadas em posição de prece enquanto via o jogador com a camiseta 15, Gomez, chutar e Alisson defender. Aquela defesa com certeza equivalia a um gol, então a comemorava como tal. Rodrigo Rojas, Valdez e Almirón haviam feito a lição de casa e todos converteram seus chutes para o gol.
William, Marquinhos, Coutinho, tinham conseguido fazer o gol, mas Firmino havia chutado para fora, deixando todos ali com o coração na boca, afinal, agora estava tudo igual. Mas não por muito tempo, o camisa 10 da seleção paraguaia D. González havia chutado para fora.
mordeu os lábios fortemente quando viu quem seria o último jogador a cobrar, Gabriel Jesus, ela sabia do histórico dele, e temia que ele chutasse para fora. Fechou os olhos, não querendo ver a cobrança, porém, para a sua felicidade, ele havia chutado dentro e o Brasil estava classificado para a semifinal. Deixando ser abraçada pelos familiares do noivo e suas irmãs, tinha dado tudo certo.

***


, Nina, e Luna esperavam pacientemente os jogadores voltarem para o vestiário, estavam acompanhadas dos pais de e Paulo, a namorada e a filha de Marquinhos, a família de Jesus, Neymar, Gabriel Medina e o presidente da CBF, Rogerio Caboclo.
Foram vendo alguns rostinhos conhecidos até verem com um sorriso cansado caminhar em direção a eles, e foi um total de zero surpresa quando ele abraçou a namorada primeiro. Estava suado, mas não se importou, fazia poucos dias que tinham se visto, mas parecia a eternidade para os dois. Trocaram um selinho casto, e se separaram. se aproximou dos pais e do irmão, os abraçando apertadamente, estavam com muitas saudades dos dois também.
– Finalmente estamos nos conhecendo, cunhadinhas. – sorriu, abraçando rapidamente Luna e Nina.
– Estamos ainda sem acreditar, isso aqui é muito incrível, você é muito incrível, . – Luna o abraçou novamente, arrancando um sorriso fácil do jogador.
– Você que é incrível, e muito mais linda pessoalmente. Beleza é de família mesmo. – Luna sorriu, orgulhosa.
você é lindo demais! – Nina comentou, enquanto o encarava com um sorriso bonito. – Estou muito feliz que vou ser a florista do casamento.
– Bem lembrado, o casamento, precisamos ver tudo sobre, aproveitar que nos encontramos por agora e... – fez uma caretinha ao escutar a sogra.
– Olha quem tá aqui! – Alessandra falou um pouco mais alto, vendo correr em sua direção. Tinha sido salva graças a Alessandra, sabia que precisava conversar sobre o casamento, mas ali não era o lugar.
– Ah, você está bem, fiquei tão preocupada contigo! – a apertou pela cintura, fazendo Alê rir.
– Estou bem, estamos bem e vivas, é o que importa! – Alessandra riu fracamente. – E você? Não sabia que vinha hoje.
– Ah, sabe como é, o clima em casa está um pouco pesado ainda, achei melhor sair. – a grávida assentiu com a cabeça. – Vim com as minhas irmãs, elas estão adorando tudo.
me contou meio por cima, não se resolveu com a sua família ainda? – ela perguntou. – Cadê suas irmãs? Quero cumprimentá-las também. – Alê procurava com o olhar. as chamou e elas vieram em sua direção.
– Com a minha mãe sim, meu pai não me perdoou ainda. – deu de ombros. – Mas não quero falar disso. – Alê as viu virem e as abraçou rapidamente.
– Meninas, essa é Alê, uma das melhores amigas do e agora minha também. Alê, essas são Nina, e Luna.
– São muito lindas, muito prazer, meninas. – Alê abriu um enorme sorriso para elas.
– O prazer é nosso, inclusive, sua barriguinha está linda. – Luna comentou com um grande sorriso.
– Obrigada. – Alê sorriu.
– É menino ou menina? – Nina perguntou, curiosa. – E qual é o nome?
– Menina, se chamará Minerva, nossa Mini. – as meninas sorriram.
, quero fazer xixi. – Nina pediu.
– Luna vai com ela, e cuidado, hein? Eu não vou sair daqui, então é ir no banheiro e voltar. – Luna assentiu e elas viram as duas sumiram de vista.
– Sabe que se precisar de alguém para conversar, eu estou ocupada, mas sempre pego o celular. – Alê retomou o assunto anterior, assentiu.
– Eu sei, eu sei, é que você já está com tanta coisa na cabeça, o bebê, a competição...
– Não tem problema! – ela falou. – Para quem encarou uma cobrança de pênaltis grávida e o bebê ainda está aqui dentro... – levou as mãos à barriga. – Nada me abala, bem!
– Ai, eu já teria desmaiado. – comentou, alarmada. – Já nem tenho mais unhas depois desse jogo.
– Quase! – , Coutinho, Allan e Alisson comentaram sentados no chão com as pernas naqueles aparelhos da fisioterapia.
– Ah, fiquem quietos. – Alê abanou a mão e franziu o rosto quando viu o sorriso de sumir.
– Ah, nossa mascotinha aqui. – ouviram Neymar e o mesmo abraçou Alê pelas costas e Alê franziu os lábios, entendendo o motivo de ter ficado séria. Ela deu de ombros para , que se afastou um pouco, ficando próxima de .
... – escutou falar próximo de si.
– Me desculpa, ok? É difícil para mim. Estou tentando agir naturalmente, mas é complicado, não estava pronta para conhecer os caras que quase destruíram minha relação com você. – sussurrou para o noivo, pelo menos, o que a confortava era saber é que ele caminhava para provar sua inocência no caso do estupro.
– Ah, Ney! – Alê apertou sua mão, vendo-o sorrir.
– Como está nossa menina? – ele a abraçou direito agora e ela riu fracamente.
– “Nossa”? – perguntou, colocando as mãos na cintura. – Ajudou a fazer agora?
– Não lembro disso não! – Alisson gritou, os fazendo gargalhar.
– Estamos bem. – Alê falou, sentindo-o dar um beijo em sua bochecha.
– Já estou com saudades de você me xingando, sabia? – Neymar sorriu.
– Eu não! – Alê falou, honesta e eles riram. – Como você está com tudo?
– O pé está bom já, o caso lá com a doida está encaminhando, mas tá uma confusão com provas e tudo mais, eu vou contra-atacar com processo por fraude e extorsão. – Alê assentiu com a cabeça.
– Bom, eu nunca duvido quando uma mulher fala que foi estuprada, mas eu tenho uma raiva dessa mulher por fazer isso, ela acabou com a moral de várias pessoas que...
– Sofrem de verdade. – Ney finalizou a fala dela e Alê assentiu com a cabeça. suspirou baixinho, concordava com tudo, ela estava invalidando um movimento inteiro.
– Enfim, fique bem, ok?! – Alê complementou.
– Vocês duas também. – ele sorriu. – Alessandra, conhece meu amigo Gabriel? – Ele apresentou Medina.
– Acabei de conhecer. – ela falou, e pareceu envergonhada.
– Você é a famosa Alessandra? – ele a cumprimentou rapidamente, dando um rápido beijo e um abraço.
– Aparentemente sim. – ela brincou, sorrindo e ele sorriu.
– Ney, conhece ? – a grávida apontou para a moça. – Noiva do ? – Frisou a palavra.
– Oi, tudo bem? – Ney foi rapidamente cumprimenta-la. – tem bom gosto mesmo, né?! – Alê deu uma cotovelada em Neymar. – Caralho.
– Se comporta. – falou, se aproximando da família de e do mesmo.
– Oi, tudo. – ficou calada rapidamente, muito desconfortável. – E com vocês? – emendou para não ficar grosseiro.
– Estamos muito bem. – ela sorriu forçadamente.
– Então foi você que fez o menino passar a virada do ano com os pensamentos longe? Ele só falava de você, e do quanto queria você com ele ali. Ele está mesmo apaixonado. – Neymar sorriu.
– Nossa... Eu... Não esperava ouvir isso de você. – ela abriu pela primeira vez um sorriso sincero.
– Como assim de mim? – ele tinha o cenho franzido.
– Não é nada, eu só... Esquece, é bobagem.
– Aposto que você se deixou contaminar pela fama que eu carrego, a mídia gosta de me pintar como um monstro, mas eu te falo uma coisa, nem tudo é o que parece, vale a pena me dar uma chance. – ela assentiu.
– Eu sou a prova viva de como a impressa pode nos pintar da forma que não somos. – Medina abriu um sorriso bonito, que fez derreter, ele era mesmo muito bonito, que a perdoasse, mas se ela estivesse solteira...
– Péssima hora para trazer ela aqui, não?! – Alê cochichou para que somente abaixou a cabeça.
– Eu não tinha culpa. – Ele falou e ela virou para trás, vendo conversando com Neymar e esperava não ver fogos entre eles. – Conhece meus pais?
– Senhor Aílton e senhora Lúcia? – Eles sorriram.
– Aílton e Lúcia, sem formalidades. – Sua mãe falou.
– Você é a famosa Alessandra, não?! – Seu pai a cumprimentou primeiro.
– Não estou gostando dessa fama. – a grávida falou, vendo-os rirem.
– Fama boa, fama boa. – Sua mãe comentou e ela a abraçou rapidamente.
– É um prazer conhece-los, mesmo. – Sorriu.
– Nós que dizemos isso, fala tanto da menina que o ajudou a conquistar a . – Alê riu fracamente.
– Honestamente achei que era de você que ele gostava. – Paulo Henrique comentou.
– Meu irmão Paulo, enxerido de tudo. – a grávida sorriu para o homem, cumprimentando-o.
– Tem nem perigo, a Alessandra gosta de caras mais altos, mais velhos, fortes, bonitos, mais sérios, morenos e... – Alisson falou ao longe fazendo todos gargalharem e jogar um chinelo nele.
– Não está mentindo. – Alê respondeu para a família de , vendo-os rirem.
– Valeu, Alessandra, minha moral já era. – comentou.
– Ah, qual é, você tem a aqui, olha que mulher gostosa, pô! – Comentou, puxando pela mão que estava um pouco mais afastada deles.
– Uh! – os meninos gritaram e Alessandra riu.
– Você é impossível! – falou envergonhada e Alê sorriu.
– Quem tá na chuva, é para se molhar. – cochichou para ela que sorriu. – Como foi ali? – perguntou bem mais baixo.
– Eles são incrivelmente educados. – ela falou e Alê ponderou com a cabeça.
– Nem tudo o que você vê na internet é real. Aprendi muito quando comecei a trabalhar aqui.
– Pois é, eu estou aprendendo na prática. – mordeu os lábios. – Será que eles sabem da nossa briga? – cochichou. – Não quero ser a chata.
– Não sei e nem se preocupa com isso, passou, relaxa! – Alê abanou a mão, minimizando.
– Alisson, pode sair daí! – Amir apareceu na porta e gritou, atrapalhando a conversa das duas.
– Isso, vai tomar um banho e ficar bonitinho para gente sair daqui! – Alessandra falou, vendo-o tirar o aparelho das pernas.
– Vou te abraçar de novo, hein?!
– Já me acostumei, amor. – abanou a mão, vendo o pessoal rir.
– Alessandra! – ela virou para porta, vendo Bianca.
– Bom, gente, o papo está bom, mas eu ainda preciso trabalhar, logo volto. – Falou, para o pessoal. – Aproveita. – Cochichou para e ela sorriu, assentindo com a cabeça.
– Amor? – o noivo passou as mãos nas suas costas, a acordando do transe. – Vou tomar um banho, tá? Estou precisando, depois eu venho aqui, e a gente se despede descentemente.
– Tudo bem, eu te espero. – sorriu. - Inclusive Luna e Nina foram ao banheiro e estão demorando muito, vou atrás delas.
– Certo, já nos vemos. – ele deu um beijo na testa dela e se afastou. já estava pronta para caminhar até o banheiro quando avistou as duas vindo de lá com grandes sorrisos.
– Eu disse para as duas que era jogo rápido, por que demoraram tanto? – ela ralhou, séria.
– Queríamos ficar gatas para tirarmos fotos com o Ney e o Medina. – Nina comentou. revirou os olhos, negando com a cabeça.
- Sabe o que eu deveria fazer com as duas? Não deixar. – elas fizeram um biquinho engraçado. – Mas eu não o farei, vamos lá, vamos tirar fotos. – elas deram pulinhos, animadas.
Ver o brilho nos olhos das irmãs não tinha preço, como as amava. Chegaram próximo de Neymar e Medina e pediram as fotos, e eles extremamente educados, tiraram. Tentou aproveitar enquanto esperava o namorado, afinal não tinha nada a perder, e ficar um pouquinho do lado do Medina e apreciar sua beleza não faria nenhum mal, certo?


Capítulo 25

É que nos meus sonhos você era linda
Pessoalmente é mais linda ainda
Nosso amor veio de outras vidas
Eu vou te amar nas outras vidas que virão
É que você nasceu pra ser minha
Vamos dividir uma casinha
Uma cama, dormir de conchinha
Deus abençoou a nossa união
E os anjos cantam nosso amor, ôuô, ôuô, ôuô

(Os Anjos Cantam - Jorge e Mateus)


Como havia prometido, estava de volta para acompanhar o jogo final da seleção brasileira, tinha desembarcado no Rio de Janeiro no início da tarde, e agora estava a caminho do hotel. Alessandra novamente havia conseguido que ela se hospedasse no mesmo hotel da seleção. preferiu chegar exatamente no dia do jogo, pois quis aproveitar todos os momentos possíveis com a família, o clima não estava 100% bem, mas ela sentia que as coisas melhorariam, tinha fé.
Mandou mensagem a assim que fez o check-in no hotel o informando de sua chegada, sabia que ele não estava lá, era provável que estivesse a caminho do estádio naquele momento. Deixou as coisas por lá e foi tomar um banho. Vestiu-se adequadamente. Finalmente dessa vez ela iria de arquibancada, que Larissa e Aline lhe perdoassem, sempre que pudesse escolher iria de arquibancada, a sensação era indescritível.
Pegou suas coisas e foi a caminho do estádio, era sua primeira vez ali no Rio, estava ansiosa, afinal era o Maracanã, foi de transporte público mesmo, pois ficava muito mais fácil do que pegar um uber e tinham muitos torcedores a caminho do estádio também, então foi seguindo o fluxo.
O hotel não ficava tão longe do estádio, então não demorou mais do que 30 minutos para chegar até lá, se embalou com alguns torcedores que estavam animados e se juntou a eles durante o caminho, era por isso que amava seu anonimato, não saberia lidar com assédio ou algo do tipo, apesar de que depois que assumiu o relacionamento com a quantidade de seguidores aumentou consideravelmente.
Chegou ao estádio e caminhou em direção ao seu setor. Tinha chegado em cima da hora, não demorou muito para os jogadores entrarem e ela sentiu o coração vir a boca, estava ansiosa, sabia que o Brasil havia ganhado de 5x0 do Peru na primeira fase, mas tinha aprendido que jamais deveria subestimar o adversário.
A escalação para aquele jogo era Alisson, Dani Alves, Thiago Silva, Marquinhos, Alex Sandro, Casemiro, , Coutinho, Jesus, Éverton e Firmino. Hino tocado, flâmulas trocadas, um minuto de silêncio pela morte do cantor João Gilberto e o apito inicial da final foi dado. Era a hora.
Peru começou o jogo de forma perigosa com uma cobrança de falta, Cueva mandou para o gol, mas a bola foi para fora, suspirou fundo. Brasil tentou um contra-ataque, porém não houve efetividade. Aquele começo de partida estava sendo dominado pelo Peru. Aquilo preocupava , afinal, tudo podia acontecer em uma final. Aos 15 minutos do jogo, Everton recebeu uma bola de Jesus após um contra–ataque, Everton ajeitou e a bola foi parar no gol.
– Gol! – gritou, animada. Na euforia, acabou abraçando dois torcedores que estava próximos dela.
Houve mais uma tentativa de chute ao gol peruano por Coutinho, porém a bola acabou não entrando. Peru tentou contra-atacar em um escanteio, porém Guerrero não conseguiu alcançar o gol. Em um lance em que Coutinho e detinham a bola e estavam sendo fortemente marcados, passaram para Gabriel Jesus, que fez uma falta em Yotún, levando o primeiro cartão amarelo do jogo.
Peru tentou novamente entrar no campo de defesa do Brasil, mas não conseguiu. Brasil também havia tentado com Firmino que cabeceou para fora. suspirou fundo, ela sabia que só sossegaria se o Brasil abrisse um placar de dois no Peru naquele primeiro tempo.
Nos minutos finais do primeiro tempo, Thiago fez uma falta que surtiu em um pênalti no jogador Flores, camisa 20. O juiz até consultou o VAR, mas o pênalti havia sido validado. Quem o bateu foi Guerrero que converteu a bola em um lindo gol, não tinha dado para o Alisson. sentou-se na cadeira, alarmada.
Nos acréscimos, saiu com a bola e deu um passe para Jesus que mandou a bola direto para o gol, fazendo soltar um gritinho pelo passe de e, claro, pelo gol. Ela novamente se viu abraçando desconhecidos naquela tarde, era muita euforia. Após o gol, o juiz não demorou muito para apitar o final daquele primeiro tempo.
aproveitou o intervalo e deu uma rápida corrida até o banheiro, depois pegou uma garrafinha de água e uma barrinha de chocolate para aguentar o segundo tempo. Que começou bem agitado o Brasil que atacou o Peru com um chute perigoso de Dani Alves.
Houve um cartão amarelo para o jogador Tapia, que fez uma falta em Coutinho. Coutinho tentou um chute, mas esse também foi para fora. O Brasil estava mais ofensivo naquele segundo tempo, era nítido.
No primeiro lance perigoso do Peru, Thiago acabou derrubando Cueva, e levou cartão amarelo, mas a falta não foi perigosa. Houve mais alguns contra-ataques do Brasil de Coutinho, Gabriel Jesus, e Alex Sandro, mas nenhum foi convertido em gol.
Peru teve um ataque perigoso com o jogador Tapia, mas Thiago conseguiu pará-lo. Jesus tentou um contra-ataque, porém Zambrano o parou de forma brusca. sussurrou vários palavrões possíveis, porque aquela falta tinha sido péssima e, com certeza Tite e os jogadores reservas brasileiros pensaram o mesmo, já que ficaram em volta de Jesus. Zambrano levou um cartão amarelo.
Era perceptível que Jesus estava de cabeça quente, e em mais uma dividida com Zambrano, ele tomou cartão amarelo, como era o segundo, automaticamente o juiz levantou o vermelho. Gabriel Jesus tinha sido expulso.
– Puta que pariu! – gritou. – Que ódio!
viu uma movimentação estranha no banco de reservas e em poucos minutos o nome de Richarlison estava sendo anunciado no telão, ele entraria para substituir Firmino. O Peru tentou investir no gol brasileiro, mas a bola acabou indo para fora, fazendo suspirar fundo.
Mais uma substituição, a entrada de Eder Militão no lugar de Coutinho. Peru estava fazendo cada vez mais faltas nos jogadores brasileiros e tinha o coração na mão temendo que poderiam machucar .
Everton foi derrubado na área peruana, e todo mundo se levantou, gritando que aquela falta era um pênalti. O juiz consultou o VAR, e o pênalti foi marcado. Richarlison se preparou, nem piscava os olhos, olhando apreensiva todo o movimento. Soltou o grito de gol, extremamente aliviada. Já estavam nos 90 minutos, estava acabando, finalmente. Riu de Richarlison arrancar a camiseta, e o viu levar um cartão amarelo pelo ato.
Mais seis minutos de acréscimo, houve uma última substituição brasileira, a entrada de Allan no lugar de Everton. Peru tentou atacar, mas não obteve êxito. não via a hora daquele juiz apitar logo o final da partida, e felizmente, aquilo não tardou a acontecer. Acabou, Brasil era campeão da Copa América 2019.

mostrou a credencial e entrou no campo após a premiação dos jogadores, estava radiante pela seleção, mas principalmente por , o procurou com o olhar o localizando com alguns jogadores, andou em sua direção e seus olhares se encontraram, e um sorriso enorme foi aberto em seus lábios, ela deu uma corridinha e se jogou nos braços do rapaz, que estava extremamente suado ou seria água aquilo tudo? Ela não saberia dizer. Prendeu suas pernas na cintura dele, que a segurou e os dois se abraçaram felizes.
Ela alisou o rosto dele e o beijou ainda em seu colo, percebeu que não era suor, e sim água, estava aliviada por fim. Passou os braços pelo pescoço dele, aprofundando ainda mais o beijo, era um misto de alegria, saudades e amor. Não souberam quanto tempo aquele beijo durou, mas se separaram aos risos quando sentiram jatos de água serem jogados em cima deles eram Cebolinha, Filipe e Jesus. Ele a desceu de seu colo e ela abriu um sorrisinho sem graça para ele, voltando a olhar ao redor.
– Vão para um quarto. – Jesus comentou, fazendo os dois ficarem extremamente sem graça.
– Cadê sua namorada? Ah, é, você não tem. – respondeu o rapaz, e eles riram.
– Parabéns, Gabriel. – ela se separou de , o abraçando. – Pelo amor de Deus, quase tive uma síncope nervosa com a sua expulsão, você está bem?
– Agora eu estou, juro. – ela sorriu, e desfizeram o contato, indo abraçar Cebolinha.
– Ah, meu Deus, parabéns! – ela o abraçou rapidamente, e cumprimentou sua esposa, e suas filhas ao longe. – Que bebês mais lindos, gente. – sorriu, indo cumprimentar Filipe com um abraço rápido, e cumprimentando sua família também com um aceno. – Parabéns, de verdade, vocês jogaram muito.
– Obrigado, moça. – Filipe sorriu, e ela se aproximou de e entrelaçou seus dedos com os dele.
– Olha, Alê, ali, vamos falar com ela. – se despediram dos três jogadores e suas famílias e foram até lá.
– Alessandra! – ela ouviu o grito e virou o rosto, vendo se aproximar com .
– Ah! – falou, vendo-a correr em sua direção e lhe abraçar fortemente. – Ganhamos! – falou, animada, pulando com Alessandra.
– Ganhamos, ! – falou, rindo. – Eu nem acredito nisso. – Suspirou, apertando-a no abraço que compartilhavam. se afastou, indo conversar com seus pais que ele havia os avistado no canto do estádio.
– Foi demais! – falou com um enorme sorriso. – Como você está? E o bebê?
– Estamos muito bem! – Alê abriu um bonito sorriso. – Agora aqui está uma calmaria que até eu estou surpresa. – riu.
– É merecido demais! – a apertou um pouco mais a fazendo rir.
– Ah, nem fala! – Alê suspirou. – Agora, para uma nova etapa.
– Ah, é? Qual? – perguntou e Alê soltou a respiração que prendia, vendo Alisson conversando com .
– Você sabe... Família. – assentiu com a cabeça, e se abraçaram mais uma vez naquela tarde.
– Sim, eu sei, mas foca que agora as coisas com certeza darão certo, tudo na vida se dá um jeito, ok? – ela assentiu com um pequeno sorriso a fala de .
– Sim, você tem razão, tudo vai se ajeitar. – a psicóloga deu um abraço de lado em Alê, como sempre abraçando sua barriga no percurso. – Não é, Mini? – alisou a barriga da amiga.
, meus pais estão ali no canto do campo, minha mãe quer conversar com você. – revirou os olhos para que somente Alê visse, que gargalhou.
– Conversamos depois, . – Alessandra piscou, acenando para ela. A moça se deixou ser arrastada por até estarem próximos deles.
– Olá, , por que não nos disse que estava no Rio? Poderíamos todos ficarmos juntos para assistirmos ao jogo. – Lucia a cumprimentou com dois beijinhos.
– Acabei desembarcando bem próximo do horário do jogo, e só deixei as coisas no hotel e vim para cá. – respondeu, enquanto cumprimentava seu Ailton. Dessa vez eram só os dois, Paulo Henrique não havia conseguido ir para o Rio.
– Entendo, veio sozinha? – assentiu. – Confesso que estou curiosa para conhecer seus pais, querida.
– Sim, eles também estão. – sorriu forçadamente.
– A mãe da estará em Barcelona daqui há poucos dias para a formatura dela, poderia ser uma oportunidade perfeita para que todos se conhecessem, não? – o rosto de Lucia se iluminou com a notícia dada por , já se pudesse teria cavado um buraco no chão.
– É, pois é, vou me formar daqui alguns dias. – sorriu, sem graça. – Se vocês conseguirem ir para Barcelona, pelo menos minha mãe com certeza vocês conhecerão, ainda não sei se meu pai conseguirá ir.
– Perfeito, com certeza estaremos lá. – Lucia abriu um sorriso, bem animada. – Depois, preparativos do casamento.
– Claro que sim, preparativos do casamento, hein! – ela levantou uma das mãos em gesto de vitória, fazendo e Ailton rirem por entenderem claramente que era um falso entusiasmo.
– Mas, Lucia, você não dá uma folga para os dois, a cada oportunidade que tem traz esse assunto do casamento à tona. – Ailton lhe chamou a atenção.
– Eles não se incomodam, Ailton, para de ser chato. – Lucia ralhou com ele, que negou com a cabeça.
– Mãe, não é bem assim... – tentou intervir, mas foi interrompido por Lucia.
– Eu só quero ver vocês bem casados e com um casamento esplêndido e grandioso, e uma festa para ser lembrada por todos, é tão ruim assim isso? Poxa, filho. – olhou para o chão, sabendo o quão manipuladora a sogra era. Bianca acenou para , chamando-o.
– Ok, mãe, só vamos devagar com isso, tá? – Lucia assentiu. sabia que aquilo era em vão. – Eu preciso ir, nos falamos depois. – o jogador deu um beijo nos pais, e um selinho em correndo em direção ao vestiário.
– E então? Deu uma olhada nos vestidos de noiva que eu te mandei, querida? – suspirou fundo. – É um mais lindo que o outro, veja. – pegou o celular, mostrando-a fotos de alguns modelos, Ailton riu da careta discreta que a garota fez, Lucia não desistiria nunca.

, como você convida seus pais para a formatura sem me dar um aviso prévio? Eu nem sei se papai vai, eles vão desconfiar que tem algo estranho e... – ela o abordou assim que o viu entrar no saguão do hotel, estava bem nervosa.
– Calma. – o encarou, cansada. – Eles não vão achar nada estranho, sabem que seu pai precisa trabalhar direto. – deu um selinho nela. – Eu sinto que seu pai vai sim, , ele está magoado, mas é uma conquista e tanto.
– Você não o conhece, .
– Eu sei, mas eu sinto isso. Acredita em mim, amor. – ele a abraçou, e se deixou levar. – E também minha mãe não ia sossegar enquanto não os conhecesse.
– Nossa, nem me fala. Conversamos muito sobre os possíveis modelos de vestido de noiva e alguns itens de decoração. – o abraçou ainda mais, aninhando–se em seu peito.
– Me desculpa, eu já falei várias vezes para ela parar com isso, , mas ela simplesmente não consegue, ela quer que seja a festa do século o nosso casório.
– Eu estou morrendo de vontade de chegarmos na Espanha, marcarmos a data no cartório e nos casarmos logo, porque já estamos casados, seria apenas uma formalização.
– Está falando sério ou é uma brincadeira? – ele tinha os olhos fixos nela, estudando minuciosamente suas reações.
– Eu estou falando sério. – deu de ombros.
– Você quer casar assim? – ela assentiu. – E a história do casamento na Bahia, com as madrinhas com cor de vestido específico e todo aquele blá, blá, blá que a gente discutiu naquele dia?
– Quero ainda, mas não por agora. – ela sorriu. – Quero oficializar nossa união, eu me formei, estou com um trabalho estável, porém não temos tempo hábil para um casamento dessa magnitude e me deu fogo de casar logo.
– Então se eu casualmente marcasse a data do nosso casamento tipo para semana que vem, você se casaria mesmo?
– Sim, . Eu estou falando sério, tenha um pouco de fé em mim. – ele riu.
– Você não tem ideia do quão isso me deixa feliz. – ele a abraçou, levantando–a no ar. – A primeira coisa que farei quando voltarmos para a Espanha é marcar essa data, antes que você se arrependa. – sussurrou no ouvido dela, enquanto a tinha presa em seus braços.
– Bobo. – sorriu. – Agora a pior parte é contar a sua mãe, meus pais não se importarão muito, tenho certeza.
– Nem me fala disso, a gente deixa para contar quando estivermos com o pé no cartório, o que acha? – sorriu. Estava contente com sua decisão, estava feliz de oficializar sua união com ele.
– Feito. – ele beijou a testa dela, colocando-a no chão, mas não desfazendo o abraço que compartilhavam. – E por falar em casamento, Alisson pediu a mão da Alê no vestiário, claro que não chegou aos pés do meu pedido. – falou, convencido, fazendo-a rir. – Mas foi muito legal.
– Jura? Ai, que incrível isso, amor! – abriu um enorme sorriso, feliz por eles. – E como eles farão com o lance de ela aqui e ele na Inglaterra?
– Ela vai para Inglaterra como assessora da seleção brasileira para ficar de olho nos jogadores brasileiros que jogam lá.
– Isso é incrível, ela deve estar radiante! Tínhamos conversado das angústias dela há pouco, estava preocupada com a Mini, e como fariam para cria-la... Eles merecem!

– Não acredito que você ficou noiva! – apareceu na frente de Alê, a abraçando fortemente. – Meu Deus, eu fiquei tão feliz quando o me contou. Ah! – falou animada, fazendo-a rir.
– Fiquei com inveja de você! – Alê brincou, abraçando .
– De certa forma foi isso mesmo. – comentou e Alessandra virou-se para Alisson.
– Eu não me conformava de a gente estar indo tão devagar e esses dois há dois meses juntos já estavam noivos. – Alisson falou, inconformado, e eles gargalharam.
– A gente se conhece desde a escola, tá?! – falou.
– Ah, grande diferença. – Alisson falou irônico, os fazendo rir novamente.
– O bom é que agora você vai morar na Inglaterra, é coladinho na Espanha, a gente vai poder se ver mais. – falou, animada.
– Ah, sim, por favor, preciso de amizades para sobreviver a essa nova etapa da minha vida. – sorriram juntas.
– Parabéns, sério! – a abraçou de novo. – Estou tão feliz.
– Obrigada. – Alê sorriu. – Foi o melhor momento do dia.
– Também não exagera. – falou.
– Cara, eu preciso confirmar com ela nessa. – Alisson falou. – Foi, vai.
– Você já tem vários prêmios, mais um não deve fazer diferença nenhuma. – debochou, fazendo Alê gargalhar.
– Tonto! – a grávida respondeu, vendo-os rirem.
***
, já está pronta? – bateu na porta. – Vamos atrasar!
– Só um minuto, já estou terminando. – ela gritou de volta em frente ao espelho, ajeitando o vestido no próprio corpo, depois de ter passado o batom nos lábios.
– Você está linda, filha. – sorriu, olhando sua mãe através do espelho. usava um vestido da cor azul-bebê. – Parece que foi ontem que você disse que tinha conseguido a vaga nessa faculdade, querida.
– Pois é, e aconteceram tantas coisas nesse percurso. – saiu da frente do espelho, se sentando com cuidado ao lado da mãe. – Eu estou em um misto de emoções, mãe, eu estou feliz, aliviada, e um pouco decepcionada também... – abriu um sorriso triste.
– Juro que tentei convencê-lo a vir, querida, mas seu pai está irredutível. – mordeu os lábios, tentando não chorar.
– Eu tinha esperanças, sabe? – sentiu a voz embargar. – Eu... Sei lá, tinha esperanças de que ele estivesse aqui, me visse finalmente formada apesar de tudo que eu fiz, mas...
– Filha... – a mãe a abraçou. – Não fique assim, está muito recente ainda, e seu pai é muito cabeça dura, ele queria vir, eu sei, mas o orgulho dele foi muito grande. – suspirou. – Chega de choro, a sua maquiagem está linda, meu amor. – Maria levantou o rosto da mulher, limpando as lágrimas que estavam marcadas em sua face. – Eu estou aqui, Nina e Luna também, não bastamos? – brincou.
– Bastam muito! Obrigada, mãe, de verdade. Eu amo muito você, e não tenho como agradecer por você ter me perdoado.
– Eu não ia conseguir ficar sem falar com minha primogênita por muito tempo, não apoiei as coisas que você fez, mas eu te amo muito mais do que a minha chateação. – sorriu, abraçando a mãe. – Agora chega, antes que o bata nessa porta e nos apresse mais uma vez.
– Certo, vamos. – se levantou e entrelaçou as mãos com as da mãe, e antes que pudesse bater na porta mais uma vez sua noiva saiu de lá com Maria.
– Uau, você está linda, ! – ele sorriu, a encarando com um brilho lindo no olhar. – Aliás, quando você não está?
– Obrigada, amor, mas a beca vai esconder tudo. – ela riu. – Você não está nada mal também. – ela o olhou, e visualizou que ele vestia uma camiseta polo branca, calça jeans preta e um tênis branco, estilo de sempre, mas que ela amava mais do que tudo. – E seus pais, estão prontos?
– Sim, conseguiram descansar bem da viagem, e agora estão prontinhos para sua colação de grau. – ela assentiu.
– Finalmente conhecerei sua mãe, me falou um pouco sobre ela, confesso que estou curiosa. – Maria comentou.
– Espero que ela tenha falado bem, certo? – encarou a noiva com um olhar curioso.
– Claro que foi, , pelo amor de Deus. – respondeu, ele ainda a olhava, desconfiado.
– Podemos ir? – Luna apareceu na frente deles, ansiosa, quebrando a conversa. suspirou, aliviada, porque poderia ser bem desconfortável se ele soubesse o relatório que ela havia passado da mãe do rapaz para Maria.
– Sim! Vamos logo, antes que aparece a Nina me apressando também. – Maria concordou e todos se direcionaram para o lugar.

***
sorriu vendo o professor do estágio da disciplina de Psicologia Hospital terminar seu discurso, a emocionando, e a muitos dos seus colegas também, levaria os aprendizados daquele homem pela vida inteira, saber que finalmente podia chama-lo de colega de profissão a fazia sentir um orgulho enorme. Tentou se recuperar da emoção que a tomava, pois sabia que o momento de ela ter que fazer o discurso como oradora da turma estava próximo.
O convite de seus colegas realmente a pegou de surpresa, ela jamais esperou que fosse cogitada para aquela importante função. Havia feito e refeito várias vezes o discurso que faria naquela noite, até gostar do último, apesar de não estar 100% feliz com ele. Respirou fundo, movendo-se na cadeira, inquieta, o momento se aproximava ainda mais.
Darlozo, fará o discurso como oradora dos formandos da turma de psicologia de 2019. – acordou do transe quando escutou essas palavras. Levantou-se, apressada do lugar, com um sorriso trêmulo. Olhou para frente e viu em pé a aplaudindo, a fez abrir um sorriso ainda maior.
– Boa noite a todos. É uma honra ter sido escolhida para fazer esse discurso representando todos os meus colegas, apesar de estar com um tremendo frio na barriga com essa responsabilidade. – arrancou algumas risadas dos colegas de turma. Ia desembrulhar o papel com discurso feito, porém desistiu, percebeu que falar o que estava em seu coração naquele momento seria a melhor forma de se expressar. – Gostaria de dizer primeiramente que não foi fácil. Sim, não foi fácil estarmos todos aqui essa noite. Quantos colegas deixamos para trás durante o curso? Quantas noites mal dormidas tivemos durante esses cinco anos? Quantas vezes deixamos de sair ou de participar de momentos importantes de nossos familiares e amigos? Muitos, mas a dúvida que sempre pairou em nossas cabeças durante nossa árdua jornada era: valeu a pena? E nesse momento, com a emoção transparecendo nossos corpos, digo com a maior convicção do mundo. Sim, valeu a pena!
“É um misto de sentimentos dentro da gente, e é impossível não se sentir inseguro também, e diversas perguntas passam em nossas cabeças, e a única resposta para todas elas é, calma, vai dar tudo certo, seremos ótimos profissionais, e o principal: o tempo é tudo.
Finalmente podemos dizer que somos psicólogos, e que aplicaremos o exercício de nossa profissão com muita ética e profissionalismo, afinal tivemos excelentes mestres durante a nossa jornada. Inclusive, obrigada, professores, por serem tão qualificados e nos orientarem com o melhor de vocês.
Claro que não podemos deixar de agradecer a todos os nossos familiares que aguentaram nossos surtos, choros e desesperos achando que tudo ia dar errado. Pedir perdão a eles também, pois podemos tê-los magoado por alguma palavra atravessada ou atitude errada, afinal, tendemos a descontar nossos problemas em quem amamos. – lembrou–se de seu pai naquele momento. – Obrigada, família, por sempre nos apoiar, e nos incentivar dizendo que tudo ia ficar bem, quando nem nós acreditávamos nisso. – sorriu, olhando de sua mãe a , piscando um dos olhos a eles.
– Enfim, esse discurso já está ficando muito longo... – sorriu. – Quero finalizá-lo com uma frase que se encaixa perfeitamente para esse momento, cujo o autor eu desconheço: tempo a estudar é tempo ganho a aprender para crescer, crescer, crescer. Gratidão, amigos, estamos crescendo cada dia mais. Essa é a primeira vitória de muitas que ainda virão.”
levantou uma das mãos, e um barulho alto de aplausos foi escutado. Ela fechou os olhos, sentindo lágrimas deslizarem deles, estava feliz. Ia descer do palco, mas estagnou no lugar quando viu seu pai parado próximo da porta, levou as mãos a boca, emocionada, sentiu o peito comprimir, era um choro guardada dentro de si desde o momento em que soube que o pai não estaria ali com ela para compartilhar daquele momento, mas ele estava lá.
Ela desceu do palco, e contrariando que deveria se deslocar para a cadeira dos formandos, ela caminhou em direção a ele e a primeira coisa que fez foi se jogar nos braços do homem, que estava emocionado, havia escutado todo o discurso dela.
Sentiu os braços do homem a envolverem e naquele abraço ela, finalmente, depois de tanto tempo, sentiu-se completa. Um sorriso sincero brotou de seus lábios naquele momento em meio as lágrimas incessantes. estava mais do que feliz, ela estava radiante.
– Eu te amo, pai, obrigada por estar aqui nesse momento. – ela disse, ainda presa em seus braços.
– Eu não podia deixar de vir, filha! Eu também te amo muito. – o homem a apertou ainda mais em seus braços.
*
é uma moça linda. – Lucia olhou para a direção de que ria de algo que lhe confidenciava. – Parabéns pela formação dela, é muito orgulho, não é?
– Obrigada, creio que nós duas acertamos muito bem na educação de nossos filhos. é um rapaz precioso e de bom coração. – a mãe do jogador sorriu, orgulhosa.
– Sim, ele é. – concordou. – E me conte, o que você achou da história do casamento dos dois? Eu acho que agora que sua filha está formada devemos focar 100% nisso.
– Acho que eles é quem devem decidir, Lucia, qual é o momento certo, e nós como pais devemos respeitar as decisões deles. Casamento é algo sério, e creio que eles estejam prontos para esse passo, mas toda a cautela é pouco. – Lucia a encarou, sem graça.
– Claro, você tem razão. Mas concorda comigo que aos olhos do nosso Criador isso está errado? Eles estão morando no mesmo teto.
– Estamos no século XXI, as cabeças evoluem, o que era certo no nosso tempo, essa geração não acha, é completamente compressível. Eu também não entendo muito esses rolos deles, inclusive já deixei isso claro, mas eles sabem o que é melhor para eles. – Lucia sorriu forçadamente, percebeu a quem tinha puxado. Seria difícil realizar aquela cerimônia, mas ela não desistiria.
– Tem razão, tem razão. – disfarçou com um pigarro, se afastando de Maria, que direcionou o olhar a filha, dando-lhe uma piscadela marota.

– Eu ainda não acredito que você sabia que meu pai viria e não me contou, . – ela o encarou, enquanto o via abrir um sorrisinho presunçoso.
Eles observavam seus pais conversarem animadamente, tinha apenas um papo na conversa dos mais velhos: futebol, como belos amantes do esporte que eram. Luna e Nina estavam em seus mundos particulares, 100% focadas no celular.
– Para falar a verdade, eu não tinha certeza, mandei a passagem para ele, e tinha esperanças que ele viesse. O seu rosto e a felicidade que ele tinha foi a cena mais linda que eu já via na minha vida. Sua mãe e Luna choraram com a cena. – ela o abraçou, escondendo o rosto no pescoço dele. – Eu posso ter chorado um pouquinho também. – ela riu contra o pescoço dele.
– Isso só mostra o quão sensível você é, e o quão foi certo eu ter te dito sim naquele pedido de casamento em Paris.
– A gente deveria contar para eles agora... – ela desencaixou a cabeça do rosto dele, o encarando, manhosa.
– Contar o quê? – ela comentou, sínica. – Não, não acho que seja uma boa ideia, está todo mundo feliz, , não vamos estragar esse momento incrível, por favor? – ela se aproximou dele, roubando-lhe um selinho, antes que ela pudesse se afastar, ele se aproximou dela, roubando lhe mais um selinho que demorou muito mais tempo para que eles se separassem, e antes que o fizessem, escutaram um pigarro alto. riu, sabendo de quem se tratava, espalmando as mãos no peito do namorado.
– Não conseguimos conversar direito, não é, ? – Pablo se aproximou dele, fazendo com que o jogador se afastasse de . – Venha. – fez uma careta, arrancando uma risada alta de , que sibilou relaxa, ele não morde. O rapaz seguiu o sogro, afastando-se de . – Você que ajudou a... Você sabe. – o homem evitou tocar no assunto, aquilo o incomodava e muito.
– Sim, foi. Eu faria qualquer coisa que precisasse nessa vida. – o homem assentiu, servindo-se de sua cerveja, o jogador bebia água, teria jogo daqui há poucos dias e não seria bom ingerir álcool.
– Maria me disse que você a amava quando veio aqui a primeira vez, eu só não imaginava que era tanto, pagou a passagem de todo mundo, inclusive a minha, e sutilmente me fez tomar a decisão certa. Eu só quero mesmo agradecer a você pelo bem que tem feito a minha princesinha. – estufou o peito, com um enorme sorriso. – Você faz muito bem a ela, nunca a havia visto tão feliz como ela está nesse momento.
– Obrigado, seu Pablo, me sinto honrado com suas palavras, mas o mérito dessa felicidade é do senhor, sem sombra de dúvidas, sua presença e o seu perdão eram tudo o que ela mais precisava. – sorriu, bobo. – Sabe, o senhor não tem noção do quanto eu a amo. Ela é incrível, inteligente, esforçada, determinada, destemida, eu a admiro muito.
– Eu sei, nós a criamos bem, no fim. – o homem levou o copo a boca. – Mas vem cá, que história é essa de casamento? Não houve um pedido formal da sua parte para com a minha pessoa. – o homem fingiu estar bravo, fazendo sorrir amarelo imaginando a notícia que daria em breve.
– Me desculpe, seu Pablo, eu deveria ter feito as coisas direito. – coçou a nuca, sem graça. – Se o senhor quiser, a gente formaliza esse pedido agora, e eu vou entender se o senhor não autorizar e...
– Ei, ei, , era uma brincadeira. Você continuando a fazer minha filha feliz, é mais do que tudo. É claro que eu autorizo esse casamento, sejam felizes. – soltou o ar que prendia nos pulmões, aliviado.
– Minha intenção é exatamente essa, fazer sua filha feliz cada dia mais. – o mais velho assentiu com a cabeça.
– Mas, meu jovem, me diga, alguma probabilidade de voltar a jogar no Grêmio? Você está fazendo muita falta. – o meia riu.
– Eu escutei falarem do meu filho voltar a jogar no Grêmio? – José se aproximou dos dois, mas antes que uma conversa fosse iniciada, fez um gesto com a cabeça, chamando o rapaz. Ele se aproximou dela.
– Acho que devemos contar logo, . – o encarou, mordeu os lábios, ansiosa. – Já enrolamos muito, não tem mais como adiar.
– Devemos... – o jogador a encarou. – Você pode começar o assunto. Seu pai vai querer me matar, e eu não estou pronto para a isso.
– Eu? De jeito nenhum, tem que ser você. – riu, nervosa. – Sua família vai sentir muito mais do que a minha, e isso eu posso apostar. Vai, amor. – ele fez uma careta, segurou a mão dele, passando-lhe confiança.
– Gente, temos que contar algo... – o rapaz falou, chamando atenção dos pais e das irmãs da noiva. – Então... – ficou mudo, sem saber como continuar.
– A gente marcou a data do casamento para daqui há dois dias. – falou de uma vez, sabendo que travaria.
– Vocês o quê? – a mãe do rapaz tinha os olhos arregalados. – Mas e a festa de casamento? E tudo o que estávamos começando a planejar, como assim? Que brincadeira de mal gosto essa de vocês?
– Não estamos brincando, mãe, decidimos que é o melhor, queremos oficializar a nossa união e optamos por isso. Algo mais simples, intimista, mas não quer dizer que não faremos uma festa algum dia, podemos sim fazer, mas por agora não é nossa vontade. – Pablo e Maria somente os encaravam, sem qualquer opinião formada. As meninas não deram muita bola, voltando a olhar o celular. Lucia tinha a boca aberta, em espanto.
– Meu Deus, parece que vocês estão casando porque ela tá grávida ou algo assim, isso pode e deve ser pensado com calma. – Lucia rebateu mais uma vez, estava inconformada com a decisão.
– Dona Lucia, perdão, mas nós não estamos pedindo a opinião de vocês, estamos apenas os comunicando. Peço que respeitem nossa decisão. – foi taxativa, arrancando uma reação boquiaberta da mãe dele. olhou para baixo, suspirando – Mãe, pai? Seu Ailton?
– Não tenho nada a dizer, filha, vocês sabem o que fazem, se querem e preferem casar assim, que seja do agrado de vocês, afinal, casados vocês já estão, é só uma formalização. – sorriu para a mãe.
– Sua mãe disse tudo, casados vocês já estão, que formalizem como desejam. – Pablo concordou com a esposa. Todos encaravam Ailton.
– Concordo com seus pais, e . – o pai do noivo sorrir, dando sua opinião.
– Como eu disse, mãe, nós vamos casar do jeito que deve ser feito um dia com festa, igreja e tudo o que mais a senhora acha que casamentos religiosos devem ter. – ele bufou. – E eu sei muito bem que a senhora está desgostosa com a situação que estamos também, tente entender.
– Ok, vocês quem sabem. – ela fez uma careta, e saiu da sala, subindo as escadas rapidamente, emburrada.
– Seu Pablo, perdão, é tudo muito complexo. Queremos casar logo mesmo, e não, não estamos grávidos. – riram. - Só queremos oficializar tudo mesmo. Somos pirados. – deu de ombros.
– Eu propus e seu filho concordou. Espero que Dona Lucia possa aceitar os nossos trâmites.
– Por mim já tinha casado com ela há anos, então era óbvio que eu toparia. – eles riram. – Já te disse, , mamãe é dramática demais, mas um dia ela vai aceitar, vamos dar o espaço que ela precisa.
– Então que assim seja. – Dona Maria sorriu, e pulou nos braços da mãe, feliz.
***
Chica, eu ainda estou surpresa com esse casamento tão repentino, só vocês dois mesmo para fazerem algo assim. – a noiva deu de ombros, enquanto dirigia pelas ruas de Barcelona em direção ao cartório.
Iria em um carro diferente do de , que estava levando os sogros e a família. Em seu carro estava , Luna, Nina e Paulo Henrique. Uma exigência da mãe dele, dizendo que eles deveriam ir separados, não quis contrariar aquilo, mas achou uma grande bobagem.
– Com e eu foi tudo muito rápido, . O que é um casamento em cartório se já estamos casados desde que ele me pediu em casamento em Paris? – deu de ombros.
– Pode abrir seu coração, foi por conta da mãe dele enchendo o saco, não? Então você quis contrariar a sogrinha. – gargalhou alto, negando com a cabeça com a fala de Paulo Henrique.
– Tirou as palavras da minha boca, Paulo Henrique. – gargalhou. – Abre seu coração, chiquitita.
– Eu tenho certeza que foi isso, minha irmã sabe muito bem ser vingativa quando quer. – foi a vez de gargalhar.
– Luna! Até você, traidora? – a olhou pelo retrovisor, rindo. – Juro que não, gente, quer dizer em partes... Sua mãe meio que me motivou a querer casar logo exatamente por me falar das coisinhas de casamento. Mas me deu fogo mesmo depois da Copa América, vendo que estávamos alcançando tudo o que nós dois queríamos juntos, então quis logo casar, e virar oficialmente a senhora . – deu de ombros. – Mas a sua mãe está me odiando muito nesse momento.
– Claro, você tem o na sua mão, esse homem faz o que você quiser, , nunca vi isso na minha vida. – sorriu.
– Não, , ele respeita minhas decisões, é diferente. Acho que é o que eu mais amo nele. – deu de ombros. – Chegamos. Daqui há poucos minutos serei a senhora , estou eufórica, confesso.
– E como vai ser essa lua de mel? – Paulo Henrique perguntou, curioso. Enquanto a via estacionar o veículo.
– Paris, mas será curtíssima, quando casarmos no religioso será diferente, então faremos outra lua de mel. Eu começo no hospital segunda-feira, e ele tem os jogos também.
Diós, muita loucura. Vamos, noivinha. – mordeu os lábios, com um enorme sorriso, estava muito feliz. Antes que pudesse descer do carro, a noiva colocou seu scarpin nos pés, e graciosamente começou sua caminhada até a porta do cartório. estava parado na porta a esperando com um sorriso enorme, e foi impossível que não sorrisse junto com ele.
– Não cansa de ser linda, . – ela sorriu, segurando a mão dele no fim do percurso. Tinha escolhido um vestido branco, rendado, nada muito especial, mas já que casariam, que fosse de branco. vestia uma camisa branca, e calça social preta.
– Obrigada, amor. – se aproximou dele, e pressionou suas bocas rapidamente. – Lance. – soltou um gritinho, indo abraçar o amigo. – Obrigada por estar aqui com a gente e compartilhar esse momento. – se separaram com um grande sorriso.
– Eu não perderia por nada desse mundo. – sorriu.
– Já conheceu minha mãe e meu pai? – Lance negou, e os apresentou de forma calorosa, ocultando dos pais como haviam se conhecido, ali não era o momento para tocar no assunto.
Lance também foi apresentado para a família de . Os padrinhos seriam Paulo Henrique e Nina, como seria apenas um casal, optaram por cada um escolher uma pessoa. Todos devidamente apresentados, entrelaçou os dedos com os de e eles entraram no cartório, estava na hora do casamento. Se colocaram na frente do juiz de paz e a cerimônia se iniciou.
– É de livre e espontânea vontade que vocês desejam se casar? – o homem perguntou de praxe.
– Sim. – responderam em uníssono, e se encararam com grandes sorrisos.
– Então vamos começar a cerimônia civil. – o homem começou a falar sobre os tipos de contratos, e mais algumas informações sobre o casamento civil e como ele funcionava.
Lucia tinha uma expressão chateada, não estava feliz como as coisas estavam acontecendo, sabia que estava feliz, mas só aquilo não lhe bastava, queria sim um casamento no religioso, só aquietaria o coração se o casamento também fosse abençoado por Deus. Dona Maria sentiu lágrimas invadirem seus olhos, estava casando sua filha, e soube naquele momento que ela não voltaria mais ao Brasil, sentiu seu coração apertar com aquela certeza. Sua menina estava casando.
se abaixou, pegou a caneta disposta e assinou o livro, assim como . e Paulo Henrique fizeram em seguida.
– Pelos poderes a mim convertidos, eu vos declaro marido em mulher.
encarou , tinha os olhos marejados, eles se aproximaram e se beijaram. estava mais emocionado do que ela, então lágrimas saiam de seus olhos. Eles se separaram e limpou as lágrimas do rosto dele. Finalmente havia chegado o seu felizes para sempre... E eles mereciam aquilo mais do que tudo.


Epílogo

Junho de 2020
chegou cansada, tinha pegado mais um plantão puxado no hospital, com o Corona Vírus cada vez tomando conta do país, estava difícil o seu trabalho no hospital, mas não podia dizer que não amava o que fazia. Antes de entrar dentro de casa, havia colocado o sapato do lado de fora, juntamente com as roupas do lado de fora, não podia colocar o marido exposto. Tuntz se aproximou dela, e pulou nas suas pernas, ela sorriu,
– Oi, . – ela se assustou quando o viu sentado no sofá, ele com certeza a esperava.
– Oi, amor. – sorriu, o cumprimentando de longe. – Para me esperar acordado aqui na sala, com certeza você quer conversar, não é? – ele sorriu, assentindo. – Certo, deixa eu só me higienizar, que eu já desço, ok?
– Claro, sem pressa. – ele sorriu, mas por dentro estava uma pilha de nervos, sabia que a conversa não seria tranquila.
Não sabia muito bem como abordar o assunto, mas os rumores estavam ficando cada vez mais fortes, e era importante que soubesse por sua boca. Não aguentou ficar sentado, começou a andar pela sala em círculos, sentiu o estômago estranho. não tardou a descer as escadas com os cabelos molhados, como sempre, tinha tomado um banho da cabeça aos pés para se higienizar o máximo possível, todo cuidado era pouco.
– Amor, eu só vou beliscar alguma coisa na cozinha, é rápido. – assentiu com um sorriso nervoso. estava muito curiosa, já o conhecia bem e sabia que ele estava nervoso, ou seja, o que ele falaria para ela era grave. Praticamente engoliu o lanche, a curiosidade pulsava em suas veias, e ela foi até a sala, vendo-o ainda de pé, aflito. – Pronto, o que foi?
– Eu nem sei como te contar isso, . – soltou um riso, nervoso.
, você está me assustando, seja o que for que esteja te afligindo, eu vou estar contigo, ok? Sempre.
– Eu sei... – ele passou as mãos no rosto, e soltou uma lufada de ar. – O Barcelona não está me querendo mais no time, , eles literalmente estão me colocando para fora, e eu não estou tendo nem como contra-argumentar. – o puxou para que se sentassem no sofá, e segurou a mão do marido.
– Poxa, , eu sinto muito. – acarinhou a mão dele.
– Eu tenho uma proposta de trabalho, e eu não tenho escolha, se não ir para esse time, caso eu não vá, minha carreira será enterrada. Entenda, eu estou sem saída. – soltou o ar que prendia no peito, sabendo o que aquilo significava, tanto para ele, como para ela, e o principal, o que aconteceria com o casamentos dos dois.
– Que time? – sussurrou, se não tivesse tão perto não a escutaria.
– Juventus. – o encarou, incrédula.
– Juventus é um time italiano, . – ele assentiu. – Você vai ter que mudar de país?
– Sim, eu vou mudar de país em setembro, e o que eu quero saber, você vai me acompanhar? – abriu e fechou a boca várias vezes, ela não sabia o que dizer. Mas tudo o que se passava na cabeça dela, é que ela não queria ir.




Fim.



Nota da autora: Gente, eu estou feliz demais com a finalização dessa história, ACOL foi minha primeira long de verdade, eu simplesmente amo cada pedacinho dela, e as pessoas que conheci durante a escrita dela. Obrigada a todas as leitoras que tiveram comigo desde o primeiro capítulo até agora, as que apareceram uma vez e sumiram também, as fantasminhas, aquelas que panfletam nas indicações do grupo, enfim. Meu amor todinho por vocês, sério. Em especial preciso agradecer a Lari, Pedra, Maria, vocês são tudinho para mim, obrigada, meus amores.

Preciso agradecer minha beta linda, que é mais do que uma amiga, e me ajudou a desenvolver ACOL, e participou comigo dos crossovers loucos que criamos, maravilhosa mesmo, Flá. <3
Eu amei o jeito que acabou, pensei em fazer uma festa de casamento, mas não é algo que eu veja da personalidade dos pp’s então pensei em um casamento simples, combina muito mais com eles. O discurso dela na formatura e a reconciliação com pai foram o ponto alto desse capítulo. E esse epílogo, hein? Não seria eu se não aproveitasse o gatilho do no Juventus hahahaha, não posso prometer uma data, e nem nada, mas penso sim, em talvez explorar a Itália, rs!
Enfim, obrigada, gente! Um beijo! Nos vemos aí pelas minhas shorts da vida, ou nas longs! Amo vocês!
Entrem no grupo do facebook, e fiquem de olho na minha página de autora.




Nota da beta: MANOOOOOO!
Eu nem sei o que falar depois dessa fanfic! A gente planejou essas duas fics lado a lado quase no susto, pois não tínhamos intenção nenhuma de fazer esse crossover inicialmente, as coisas só aconteceram e foi divertido demais dividir esse mundo, esse enredo, esses personagens contigo! Todos eles, seja da minha ou da sua vão ficar guardados no peito para sempre. Obrigada por permitir isso e topar essa loucura, mas eu me diverti demais e não poderia ser com ninguém diferente, não é mesmo? Minha parceira no crime
Parabéns, Naty! Sei o quão difícil e importante é finalizar uma história, ver essas três letrinhas no final dela e relaxar, sabendo que o trabalho está feito. Parabéns, mesmo!
Agora, vamos falar sobre a próxima? Hahaha
Arthur em Turim, hum? Para jogar no meu time? Interessante... Só me pergunto uma coisa: quem será que ele vai encontrar lá? 🤔😜
No aguardo da continuação.
Beijos! ❤️ E até a próxima!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus