Capítulo Único
Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e soltei o ar pela boca. Fazia exatamente dois meses que Connor havia terminado o nosso noivado, e eu ainda o escutava dizendo que não tinha certeza se aquilo era certo, porque nós dois parecíamos não estar no mesmo "pé".
Assim que os preparativos de Natal começaram naquele ano, era impossível não pensar em nosso término, já que nosso casamento estava marcado para a véspera de Natal, como eu sempre sonhara. Por incrível que pareça, em 27 anos, aquela era a primeira vez que eu não estava animada para o meu feriado favorito.
— , você tem um minuto? — Érica entrou na minha sala, me tirando dos meus devaneios, e eu apenas assenti — Você sabe que nós gostamos muito do seu trabalho, não é? — ela se sentou em minha frente e mais uma vez eu assenti — Por mais que você seja uma excelente profissional e sempre tenha nos entregado tudo o que pedimos, nós achamos que você não inova, você não corre risco. E precisamos de alguém que esteja disposto a sair da sua zona de conforto pela nossa empresa. — ela me olhou, e eu fiz uma careta confusa.
— Eu não estou entendendo aonde você quer chegar. — arqueei a sobrancelha enquanto ela se mexeu desconfortável na cadeira.
— O que eu quero dizer é que você está demitida. — falou de uma vez, e eu senti meu estômago se contorcer.
— Eu trabalho aqui há três anos, sempre segui à risca a identidade da empresa, não sei nem o que eu deveria responder agora. — balancei a cabeça.
— Querida, você é uma ótima profissional, sabe o que está fazendo, mas você não está mais caminhando junto com a empresa. Seus projetos não são mais o suficiente para nós. — ela falava com tanta doçura, que quem não a conhecesse não imaginaria que ela era um grande megera — Você não parece estar feliz aqui, não mais.
— Não farei nenhum questionamento. Minha vida já está mesmo de cabeça para baixo, um problema a mais ou a menos não vai fazer muita diferença. — me levantei — Se era só isso que você precisava me dizer, me dá licença porque eu preciso arrumar minhas coisas. — ela assentiu e se levantou, saindo da sala.
Minha vontade naquele momento era sair quebrando tudo o que estava na minha frente. Quando eu pensei que o término do meu noivado era um problema, eu não imaginava que um maior estava por vir.
Arrumei todas as minhas coisas em uma caixa, onde a última coisa que coloquei ali foi um porta-retrato com a foto dos meus sobrinhos, Liam e Diana. Fechei a caixa, olhei em volta pela minha ex-sala e saí dali, tentando me segurar para não chorar.
— Eu não acredito que ela fez isso com você. — Brenda me olhou, e eu abri um sorriso irônico.
— Parece que o meu trabalho não era suficiente para a empresa. — soltei uma risada nasalada.
— Se você, que sempre deu o seu melhor por essa empresa, sempre se dispôs a trabalhar fora do seu horário e até nas suas folgas, não é suficiente, eu nem imagino o que todo o resto está fazendo aqui. — Ethan me abraçou de lado, e eu deitei a cabeça em seu ombro.
— Eu vejo vocês por aí. — intercalei o olhar entre eles e saí dali.
Coloquei a caixa no banco de trás do meu carro e entrei, dando logo a partida. Fui direto para o meu apartamento, que, assim que eu passei pela porta, não segurei as lágrimas. Era como dizia a lei de Murphy, "Se algo pode dar errado, dará", e, nesse caso, esse algo era a minha vida.
Como se adivinhasse o que estava acontecendo, meu celular tocou, mostrando a chamada de minha irmã. Eu logo deslizei o dedo na tela para atender.
— Oi, Amy. — falei assim que coloquei o celular na orelha.
— , meu amor. Só preciso garantir que esse ano você passará o Natal com a gente e não trabalhando. As crianças estão ansiosas com sua vinda. — ela falou, empolgada como sempre.
— Trabalhando eu sei que não irei passar, pois eu acabei de ser demitida. — soltei uma risada sem humor.
— Eu não entendo, como podem ter demitido você? — ela falou e, pela sua voz, eu sabia exatamente a cara que ela fazia.
— De acordo com a Érica, eu não era mais suficiente para empresa. — chutei os meus sapatos pela sala — Ela disse que eu não me arrisco, não saio da minha zona de conforto. — suspirei.
— Talvez essa seja a hora para você pensar no seu sonho e não mais no do nosso pai. — falou sugestivamente — Por que você não vem mais cedo esse ano, e aproveita esse tempo para descansar e pensar no que fazer agora? Tenho certeza que as crianças irão adorar, e, além do mais, nem decoramos a casa ainda. — ela riu fracamente.
— Hoje é dia 01 de dezembro, e você me diz que ainda não decorou a casa? Em que mundo você vive, Amy? — soltei uma risada nasalada.
— No mundo de uma médica grávida, que mal tem tempo para respirar. — ela riu, e eu acabei fazendo o mesmo — Você vem, não é?
— Daqui dois dias, estou aí. Vai ser bom voltar para Bernville. — abri um pequeno sorriso e eu sabia que minha irmã havia feito o mesmo.
Cheguei em Bernville na manhã de sábado, e a viagem havia durado praticamente umas três horas, já que eu havia feito uma parada para comprar alguns doces. Estacionei o carro na frente da casa de Amy, que era a nossa antiga casa quando crianças, e saí apenas com a minha bolsa, indo até a porta e logo tocando a campainha.
— Tia . — Diana foi quem abriu a porta, e assim que me viu ela envolveu seus braços em minhas pernas e me abraçou apertado.
— Oi, minha princesa. — a peguei no colo, a abraçando apertado e ela logo retribuiu — A titia estava morrendo de saudades. — depositei um beijo estalado em sua bochecha e a olhei.
— Eu também estava com muita saudade de você. — ela beijou minha bochecha e eu a coloquei no chão me abaixando em sua frente.
— Não consigo mais ficar muito tempo com você no colo, você está tão grande. — sorri a olhando de cima a baixo. Fazia mais de um ano que eu não a via pessoalmente, apenas por fotos e chamadas de vídeo, ela realmente havia crescido.
— Mamãe, a titia chegou. — ela gritou enquanto me puxava para dentro e encostava a porta.
— , achei que você só chegaria mais tarde. — Amy falou quando eu entrei com Diana na cozinha.
— Quis chegar o quanto antes. — sorri e fui até ela, lhe dando um abraço apertado.
— Parece que tem uma vida que não nos vemos. — me apertou e desfez o abraço para me olhar — Quando é que minha irmãzinha virou esse mulherão? — me olhou de cima a baixo, com os olhos marejados e eu ri.
— Eu tenho 27 anos , Amy. Sou apenas 5 anos mais nova que você. — fiz uma careta e ela deu ombros — Cadê o Liam? — me sentei em uma banqueta que estava no balcão.
— Foi ao mercado com o Tom. — me olhou, enquanto servia um pouco do chocolate quente nas xícaras — Espero que ainda goste. — me entregou uma das xícaras.
— Nem sei se existe chance de um dia eu não gostar mais de chocolate. — ri e assoprei o líquido antes de beber um gole.
— Você está com uma carinha tão pra baixo. — ela me olhou, enquanto se sentava na minha frente.
— Como se não bastasse o Connor, parece que eu também não estou no mesmo "pé" que a empresa. — soltei uma risada fraca — Quando é que as coisas começaram a desandar tanto na minha vida? — balancei a cabeça.
— Como a mamãe dizia, tudo acontece por alguma razão, mas podemos demorar um pouco para compreendê-la. — ela segurou a minha mão — Não deixa que nada disso estrague a sua época favorita do ano.
— Eu juro que vou fazer o possível. — cruzei os dedos e ela sorriu — E como vai essa bebezinha aí? — olhei para sua barriga e beberiquei o chocolate quente.
— Como você sabe que é uma menina? — Diana me olhou, subindo no banco ao meu lado.
— Eu não sei, eu acho que é uma menina. — a olhei, e ela assentiu.
— Eu acho que devem ser dois, um menino e uma menina. — deu ombros, Amy quase cuspiu o chocolate, e eu gargalhei.
— Três filhos já é o suficiente para mim. — ela olhou para a filha, enquanto eu ainda gargalhava — Tá tudo bem, por aqui. No dia 23, esperamos descobrir o sexo, se ele colaborar. — passou a mão pela barriga, que já estava em evidência aos 4 meses de gestação.
— Ela vai colaborar e mostrar que a titia acertou mais uma vez. — falei convencida e Amy revirou os olhos.
— Tia ? — ouvi Liam me chamar na sala, e desci da banqueta correndo até lá, logo o garoto correu em minha direção me abraçando apertado.
— Garoto, você fica cada dia mais bonito. — o olhei, com seu cabelo castanho e liso como o de Amy, e seus olhos verdes como o de Tom.
— Eu sei, tia. — falou convencido e eu ri.
— Você nem falou que eu estou bonita. — Diana falou, fazendo bico e cruzando os braços.
— É porque você, é a princesa da titia. Você é linda como um pôr do sol em Venice. — falei a pegando novamente no colo e ela envolveu seus braços em meu pescoço.
— Você vai ficar por quanto tempo? — Liam me olhou, quando nos sentamos no sofá.
— Tempo indeterminado no momento. — sorri, ajeitando Diana em meu colo.
— Você vai poder me ver jogar? — o garoto falou empolgado e eu assenti.
— E vai poder ver a minha apresentação de Natal? — Diana me olhou e mais uma vez eu assenti.
— E passarei o Natal e o Ano Novo por aqui. — sorri e os dois fizeram o mesmo, me abraçando em conjunto.
— Liam, você saiu correndo para ver sua tia e me deixou carregar todas as compras sozinho? — Tom falou ao passar pela porta da casa e me olhou — Você mal chegou e as crianças já estão estragadas. — eu ri.
— Tia serve pra isso. — dei ombros e ele quem riu dessa vez.
— ... — Amy apareceu na sala, com o celular em mãos — O professor da Diana acabou de me ligar, estão preparando uma festa de Natal no colégio e precisam de voluntários para ajudar, você poderia fazer isso por mim? — me olhou.
— Não sei, Amy. Eu nem ao menos o conheço. — fiz uma careta.
— Não adianta dizer que não, porque eu disse pra ele que você ajudaria. E ele já agradeceu muito, porque nenhum outro pai pode ajudar, já que essa é uma das épocas mais agitadas do ano. — se sentou no sofá.
— Se você já havia me confirmado, por que você me perguntou? — arqueei a sobrancelha e ela deu ombros.
— Eu preciso reativar o seu espírito natalino, porque, sem você, não teremos Natal. — ela abriu um sorrisinho e eu parei para pensar. Aquilo realmente poderia ser uma boa coisa para me animar, afinal, nada parecia ir bem para mim.
No domingo, eu passei o dia todo com as crianças. Me arrisquei em jogar um pouco de basquete com Liam, e a cantar e dançar com Diana.
Tom só trabalhou até a hora do almoço, e durante a tarde ficou em casa com a gente e assistimos alguns filmes escolhidos pelas crianças. Amy estava de plantão naquele domingo, e só voltaria para casa à noite, mas eu a atualizava o dia todo sobre o que fazíamos em casa.
Conversei um tempo com Tom sobre a situação do meu trabalho e a forma com a qual eu havia sido dispensada. Ele, desde que conhecera minha irmã, sempre fora um grande amigo para mim. Na verdade, ele e Amy se conheceram no colégio, e ele teve que me conquistar primeiro, para que eu o ajudasse a conquistar minha irmã. No fim das contas, deu certo.
Depois que as crianças tomaram banho e jantamos pizza, eu fui as colocar na cama. Liam, como era mais velho, não tinha problemas em ficar no quarto sozinho, mas Diana me fez deitar com ela e lhe contar uma história, o que eu adorava fazer sempre que estava com ela.
Logo que as crianças dormiram, eu fui para o meu quarto, onde eu tomei um banho demorado e logo em seguida me deitei para assistir a um filme na Netflix. E assim, eu fiz até bem tarde da noite.
Quando acordei na segunda, as crianças já haviam saído com Tom para a escola, e só Amy estava na cozinha, servindo café em sua garrafa térmica.
— Bom dia. — falei depositando um beijo em sua bochecha — Como está a minha sobrinha? — passei a mão em sua barriga.
— Bom dia, irmãzinha. — ela me olhou e sorriu — Ela está bem. — passou a mão pela barriga.
— Você chegou tarde ontem? — me sentei, pegando uma torrada.
— Era por volta de dez da noite. — se sentou ao meu lado — Passei no seu quarto, mas você estava distraída com um filme. — bebericou o café.
— Estava vendo 'Um príncipe de Natal'. — servi um pouco de suco em meu copo.
— Se você está assistindo filmes de Natal, isso quer dizer que seu clima natalino está voltando? — me questionou, com um sorrisinho.
— Eu nunca parei de assistir aos filmes. — dei ombros.
— À tarde, quando você for falar com o professor da Diana, você pode trazer ela e o Liam para casa? Tom não vai conseguir buscá-los hoje. — mordeu a torrada e eu assenti — Inclusive, é um gato, e solteiro. Quem sabe não é a sua chance. — ela falou com certa malícia na voz e eu fiz uma careta — Ele é provavelmente o homem mais desejado dessa cidade. — riu.
— Se ele é tão desejado, por que está solteiro? — arqueei a sobrancelha e ela deu ombros.
— Talvez ele seja gay. — sugeriu e eu balancei a cabeça, rindo em seguida.
— E você acha que essa é a minha chance? — falei com ironia e ela riu — Bom, mais tarde eu te falo o meu parecer sobre isso. Agora eu vou correr um pouco, porque minha saúde não pode parar. — bebi o restante do suco e me levantei — Bom trabalho pra você. — beijei sua bochecha e saí pela porta dos fundos.
Corri por mais ou menos uma hora naquela manhã, aproveitando para dar uma olhada na cidade. Era incrível como nada ali parecia diferente de dez anos atrás. Era exatamente a mesma cidade da minha adolescência, o que mudou é que estava mais tecnológica.
Encontrei algumas pessoas pelo caminho, e todas elas insistiam em me perguntar como era a vida em NY, e o mais engraçado era que não era diferente de Bernville, só era muito mais corrida e agitada.
Aproveitei minha saída e passei no mercado para comprar alguns ingredientes para fazer cookies. Eu sabia que todos gostavam, principalmente as crianças.
Quando voltei para a casa, deixei as coisas na cozinha e fui direto para o banho, já que estava completamente suada. Tomei um banho um pouco demorado, e, quando terminei, a primeira coisa que eu fiz foi finalizar o meu cabelo com o difusor e o pente garfo. Me olhei no espelho, e ri ao me lembrar que Amy sempre ficara indignada por eu ter puxado o cabelo cacheado da mamãe e o dela ser tão liso quanto o do nosso pai. Era engraçado, já que ela parecia tanto com o nosso pai e eu com a nossa mãe, diziam até que não éramos irmãs, apesar de nossas pequenas semelhanças.
Vesti uma roupa mais quente, já que estava em uma época do ano bem fria, e eu amava. Só faltava nevar. Desci para sala e deixei meu casaco no sofá, logo em seguida fui para cozinha.
Comecei a preparar a massa dos cookies, enquanto cantarolava uma música qualquer. Assim que ficou pronta, eu fiz as bolinhas e as dividi em formas, as colocando no forno em seguida. Me sentei em uma das banquetas e fiquei olhando o instagram enquanto esperava os biscoitos assarem.
Depois de mais ou menos 20 minutos, tirei as duas primeiras fornadas e coloquei mais duas, que era o restante da massa. Peguei um dos cookies e o mordi, e estava realmente incrível.
Quando acabei as duas últimas fornadas, olhei no relógio e eu estava quase atrasada para ir até o colégio das crianças. Coloquei alguns cookies em um saquinho plástico, vesti o meu casaco e saí de casa. Dei a partida no carro e fui a caminho do colégio, que ficava do outro lado da cidade.
Gastei uns 20 minutos para chegar e parei o carro no estacionamento. Sorri ao olhar aquele lugar que eu havia frequentado por tantos anos da minha vida.
Peguei a minha bolsa, tranquei o carro e entrei no colégio, indo em busca da sala de Diana, já que era onde eu encontraria seu professor. Não foi difícil encontrar a sala, pelo contrário, eu ainda me lembrava de tudo naquela escola, o que facilitou a minha procura.
— Tia , até que enfim você chegou. — Diana falou, assim que me viu parada na porta.
— Eu me atrasei apenas dez minutos. — soltei uma risada baixa e fui até ela, que estava sentada na mesa do professor, acompanhada de uma outra garotinha — Você deve ser o ? — olhei para o belo homem parado do outro lado na mesa e não pude deixar de repará-lo. Ele tinha os lábios grandes e carnudos, uma barba bem feita, os olhos castanhos e ainda era alto. Ele era realmente um homem lindo. Eu quase suspirei, mas me segurei pela presença das crianças.
— Eu mesmo. — sorriu, enquanto me olhava — E você é a famosa "Tia "? — olhou rapidamente para Diana, e eu ri enquanto assentia — Escuto falar de você, desde que conheci essa garotinha aqui. — acariciou os cabelos de Diana.
— E quem é essa princesa? — olhei para a garotinha sentada ao lado da minha sobrinha.
— Meu nome é Olivia, mas você pode me chamar de Olly. — ela falou simpaticamente e eu sorri.
— Eu sou a , mas você pode me chamar de . — estendi a mão e ela logo a apertou.
— Papai, olha como o cabelo dela é bonito, e é parecido com o meu. — ela falou empolgada, se dirigindo a . Então ela era filha dele? Isso explicava a semelhança, os lábios carnudos e o belo sorriso, principalmente.
— É realmente um cabelo lindo. — ele olhou de mim para a filha e eu sorri.
— Nem todo mundo tem o privilégio de nascer com uma coroa como a nossa. — falei para Olly, e ela concordou sorridente.
— Tia, por que você demorou tanto a chegar? — Diana tomou a minha atenção.
— Você é realmente exagerada como sua mãe. — revirei os olhos e ri — Eu perdi a hora fazendo cookies. — tirei o saco de biscoitos da bolsa.
— Olly, você precisa experimentar, são os melhores cookies do mundo. — ela pegou o saco e tirou dois, um pra ela e outro para Olly, que logo deu uma boa mordida no biscoito.
— É uma delícia! — ela falou com uma carinha fofa e eu sorri — O do papai parece uma sola de sapato. — fez uma careta, que foi retribuída pelo pai e eu e Diana gargalhamos.
— Desse jeito até eu vou experimentar, porque não é possível que o meu cookie se rebaixou tanto dessa forma. — ele falou bem humorado e pegou um cookie, o levando a boca em seguida.
— E então? — arqueei a sobrancelha, à espera da resposta dele.
— Tudo bem, em comparação a esse cookie, o meu é realmente uma sola de sapato. — se deu por vencido e mordeu mais um pedaço do biscoito, o que me fez rir — Qual é o segredo? — me olhou.
— Uma mulher precisa manter os seus segredos. — dei um pequeno sorriso que foi retribuído por ele — Agora, vamos falar sobre a festa? — o olhei, enquanto as meninas ainda comiam os biscoitos.
— Eu pedi para deixarem no ginásio as caixas da festa do ano passado, assim a gente pode olhar se tem algo reutilizável para esse ano. — me olhou e eu concordei.
— Então vamos, meninas. — desci Olly e desceu Diana, e as duas logo correram na frente, em direção ao ginásio. — Você está aqui há muito tempo? Não lembro de você na cidade. — o olhei.
— Cheguei há pouco mais de um ano, quando a Sra. Darwin faleceu, um amigo meu que trabalha aqui me indicou e eu fui contratado. — me olhou, e eu balancei a cabeça em concordância.
— A Sra. Darwin era a minha professora favorita dessa escola, mesmo quando ela já nem era mais a minha professora, eu ainda conversava sempre com ela. — dei um sorriso triste.
— Todo mundo diz que ela era uma professora excelente e uma pessoa maravilhosa. — ele falou e eu concordei, enquanto entrávamos no ginásio.
— E ela realmente era. — falei enquanto íamos até as caixas, que as crianças já mexiam.
— Obrigado por me ajudar com isso, parece que, nessa época do ano, ninguém nessa cidade está disponível. — me olhou, abrindo uma das caixas.
— É um prazer ajudar. O Natal é o meu feriado favorito do ano. — falei, e eu tinha certeza que parecia uma criança dizendo — Você tem alguma ideia para o tema da festa? — o olhei, tirando uma guirlanda da caixa.
— Sinceramente? Eu nem sei por que me colocaram nessa, nem na minha casa tem decoração. — soltou uma risada sem humor.
— Você não parece gostar muito do Natal. — o olhei e ele concordou — Eu estarei sendo muito intrometida se perguntar o por quê? — fiz uma careta, e ele negou com a cabeça.
— Era a época do ano favorita da minha esposa também e, no ano em que Olly nasceu, seria nosso primeiro Natal com ela. Fizemos vários planos, em outubro já estávamos decorando a casa, e, exatamente um mês antes, ela sofreu um acidente de carro e não sobreviveu. — ele falou, sem me olhar, mas, assim que parou, encarou a filha, que corria com Diana pelo ginásio — Depois disso, eu nunca mais quis saber do Natal. — soltou uma risada nasalada.
— Eu sinto muito, não deveria nem ter perguntado. — falei, já me sentindo uma idiota e ele me olhou.
— Tá tudo bem, não preocupa. — sorriu fraco e eu fiz o mesmo.
Voltamos a mexer nas caixas e eu mal sabia o que dizer depois dele me contar aquilo, então evitei fazer qualquer pergunta idiota que pudesse causar algum desconforto para ele.
Em uma das caixas, encontrei alguns Viscos e acabei soltando uma risada irônica, empurrando a caixa para o outro lado. Já não tinha tanta certeza que ajudar naquela festa poderia ser algo bom para reativar meu espírito natalino, ainda mais que meu casamento seria exatamente no dia 24 de dezembro, mais conhecido como véspera do Natal.
— Pra quem ama o Natal, você também não parece muito animada com essa festa. — chamou a minha atenção, e eu o olhei.
— Dias antes de vir para cá, eu fui demitida após três anos me dedicando à empresa, com a justificativa de que eu não saía da minha zona de conforto e isso não era mais o suficiente para eles, que eu não estava mais conectada à empresa. — olhei para as caixas a minha frente — Só que o mais irônico disso tudo é que o meu noivo terminou comigo, dizendo basicamente a mesma coisa, sobre não estarmos mais no mesmo ritmo. E um detalhe importante... — voltei a olhá-lo — Nosso casamento estava marcado para a véspera do Natal. — soltei uma risada fraca, balançando a cabeça. — Você pelo menos tem um problema de verdade, eu me sinto até meio fútil em estar sofrendo por isso. — balancei negativamente a cabeça e suspirei.
— Não é nenhuma futilidade você estar sofrendo. Dores são dores, independentes de quais sejam elas. — ele me olhou e eu concordei com a cabeça. — Acho que nós somos as piores pessoas para planejar essa festa. — falou com certo humor na voz e fez uma careta, o que me levou a rir.
— E é por isso que faremos a melhor festa de Natal que esse colégio já teve. Pode ser um desafio para gente, mas não vamos estragar o Natal de mais ninguém por aqui. — falei com certeza e ele assentiu.
— Então, mãos à obra. — falou já abrindo outras caixas e eu logo fiz o mesmo.
Fui para casa com Liam e Diana, quase no fim da tarde. Eu e ficamos planejando algumas coisas para a festa, inclusive, sairíamos pela cidade no dia seguinte em busca de enfeites, já que a festa era dali três semanas, precisávamos correr.
Quando chegamos em casa, Tom já havia voltado, mas continuava trabalhando no quarto. Apenas o avisei que havíamos chegado e mandei as crianças para o banho, enquanto eu ia preparar o jantar.
Diana foi a primeira a descer e se sentar na cozinha para conversar comigo, e eu amava a companhia dela. O quanto a garotinha de 5 anos parecia madura, me deixava completamente encantada.
— Tia, o que você achou do professor ? — ela falou, escorando seus braços na mesa e colocando seu queixo na mão.
— Ele parece ser um ótimo professor. — a olhei rapidamente e ela concordou.
— Você sabia que ele e a Olly não comemoram o Natal? — fez uma careta, e pegou um cookie que estava na mesa.
— Quem não comemora o Natal? — Amy falou, entrando na cozinha e tomando o cookie de Diana.
— Meu professor e a filha dele. — ela respondeu, tentando pegar outro biscoito, mas minha irmã não a deixou.
— Você não vai comer antes do jantar. — colocou o prato de biscoitos no balcão, onde Diana não alcançava — E como assim ele não comemora o natal? — ela olhou em confusão, da filha para mim.
— Era o feriado favorito da esposa dele, e ela morreu um mês antes do primeiro natal da Olly. — expliquei, enquanto prestava atenção no jantar.
— Meu Deus, e ele ainda vai preparar essa festa? Eu no lugar dele não conseguiria. — balançou a cabeça e mordeu o cookie em sua mão — Isso está incrível. — falou, colocando a mão sobre a boca enquanto mastigava.
— Ele não queria, mas o colocaram nessa. Deu pra perceber o quanto é difícil para ele isso. — apaguei o fogo e comecei a montar a lasanha na travessa — Mas nós combinamos de fazer o melhor nessa festa, para não estragar o Natal de ninguém. — a olhei.
— Agora me fala a verdade... — ela olhou para Diana, que estava distraída com o meu celular e se aproximou — O que você achou dele? Um gato, não é? — sussurrou e eu ri.
— Acho que nunca vi um homem tão bonito em toda a minha vida. — suspirei e ela riu — Por que você não me disse que ele tinha uma filha?
— Era apenas um detalhe que você descobriria quando o encontrasse, mas, com essa história da esposa dele, podemos confirmar que ele não é gay. — falou pensativa e eu balancei a cabeça em concordância — Rolou algum clima? — perguntou maliciosa.
— Claro, Amy, inclusive, ele me pediu em casamento. — falei com ironia e ela revirou os olhos — Eu mal o conheço, e não estou procurando alguém. — e mais uma vez, ela revirou os olhos.
— Você quem sabe. — deu ombros, acabando de comer o biscoito — Vou tomar um banho e desço para o jantar. — beijou a minha bochecha e saiu da cozinha.
— Tia, o que vamos ter para o jantar? — Liam falou, se sentando ao lado da irmã.
— Lasanha e de sobremesa teremos cookies com gotas de chocolate. — falei empolgada o olhando e ele sorriu.
— Já falei que você é a melhor tia de todo o mundo? — ele me olhou e eu sorri.
— Deixa sua tia Lauren ouvir isso, ela surta. — falei e ele gargalhou — Mas eu guardo esse segredo. — cruzei os dedos e ele riu.
Quando acabei de montar a lasanha, a coloquei no forno e me sentei para conversar com as crianças, e ficamos falando sobre os planos para a decoração de Natal, que faríamos ainda naquela semana.
— Telefone da tia , aqui quem fala é a Diana. — ela falou, colocando meu celular no ouvido e só então eu percebi que alguém me ligava — Oi, professor , você quer falar com a minha tia? — ela me olhou, mas não me entregou o celular — Ela está aqui do meu lado conversando comigo e com o Liam, enquanto esperamos a lasanha ficar pronta. — ela continuou e eu apenas a olhava, achando graça daquilo — Tudo bem, manda um beijo pra Olly e diz para ela que nos vemos amanhã... Beijos pra você também. — ela me olhou — Pra você, é o professor . — me entregou o celular e eu ri, mesmo depois de toda a conversa, ela ainda me disse quem era.
— Oi, , boa noite! — falei quando coloquei o celular na orelha .
— Oi, espero não estar interrompendo nada. — soltou uma risada fraca.
— Como Diana disse, nós estamos conversando enquanto esperamos o jantar.
— Queria só te avisar que amanhã minha aula acaba mais cedo porque as crianças terão ensaio para a apresentação de Natal, e queria saber se podemos ir comprar as coisas antes? Assim teremos mais tempo de olhar tudo, e eu aproveito o tempo livre para resolver isso. — explicou.
— Por mim tudo bem. Vou aproveitar para comprar algumas coisas para decoração aqui da casa da minha irmã, então quanto mais tempo, melhor. — falei empolgada.
— Tudo bem, eu te encontro na praça da cidade, pode ser? Fica no meio do caminho entre a escola e sua casa.
— Pode ser, claro. A gente se encontra amanhã então. — sorri — Boa noite e manda um beijo pra Olly... Dois no caso, já que ainda tem o da Diana. — nós rimos.
— Boa noite! — ele falou e logo desligou.
No dia seguinte, fui direto me encontrar com . Eu havia dormido até bem tarde, já que passei boa parte da noite procurando por vagas para arquitetos em NY. Uma hora eu iria voltar e precisava estar preparada para a minha realidade.
Estacionei próximo à praça e segui até lá andando. Me sentei em um banco que estava ali, e observei em volta as decorações de natal que haviam pela praça.
Olhei para o lado oposto de onde eu estava sentada, e havia um jovem casal, de no máximo 17 anos os dois, que conversavam e trocavam beijos apaixonados. Soltei uma risada baixa, me lembrando que havia sido exatamente ali o meu primeiro beijo, que, apesar de não ter sido grande coisa, havia sido um momento muito importante na minha vida.
— Um dólar pelos seus pensamentos. — a voz de soou atrás de mim, e eu acabei dando um pulo do banco com o susto que havia tomado, o que o fez gargalhar — Desculpa, eu não queria te assustar. — falou ainda rindo, e eu acabei rindo junto.
— Eu estava distraída, nem vi você chegar. — me levantei e o cumprimentei com um beijo na bochecha — Estava me lembrando do meu primeiro beijo, que foi bem ali naquele banco. — apontei para o banco que o casal estava e ri.
— Parece que esse banco tem uma história para vários casais nessa cidade. — fez uma careta e nós rimos.
— Está pronto para as compras? — o olhei.
— Eu nem sei o que devemos comprar. — coçou a nuca e riu pelo nariz.
— Eu fiz uma lista. — apontei para o celular.
— Não sei o que eu faria sem você nessa situação. — balançou a cabeça e eu ri.
Saímos da praça e fomos em direção à primeira loja, onde compramos algumas guirlandas, bolas, e luzes para a decoração. Na segunda loja, achamos mais alguns complementos, como bengalas, algumas meias, e até mesmo alguns adesivos natalinos.
Peguei uma touca vermelha que havia ali, com brilhos dourados e a coloquei na cabeça. Parei em frente ao espelho, e fiz algumas caras e bocas que levaram a gargalhar.
— Isso que é gostar do Natal. — parou ao meu lado rindo.
— Bom, essa é uma das partes mais divertidas desta data. — peguei um outro gorro mais simples, e o coloquei na cabeça dele, o que o levou a fazer uma careta — Sabe, você ficaria muito bem de Papai Noel. — o analisei, enquanto ele encarava o espelho.
— E você ficaria ótima de Mamãe Noel. — deu uma piscadela, e eu ri. Não sabia dizer se aquilo era um flerte, ou se era apenas zoeira, mas eu já tinha certeza que gostava de e do seu senso de humor.
Tirei algumas fotos nossas fazendo caretas e sorrindo. Apesar de todos os problemas com a data, ele parecia se divertir com aquilo e aquela era a parte que importava.
Separei as sacolas que eram decorações para a festa e as que eram para a casa de Amy. ficou por conta das da escola, e eu deixei em meu carro o restante.
— Agora falta só a árvore, mas deixamos isso para sexta, porque eu vou com as crianças escolher uma para casa e você vai junto para escolhermos a da escola, okay? — o olhei, enquanto colocava a sacola no banco de trás do meu carro e ele assentiu em concordância.
— Vamos tomar um café? — me olhou, enquanto eu trancava o carro.
— Eu não bebo café, mas aceito um chocolate quente. — dei um sorrisinho e ele riu.
— Você tem o mesmo gosto infantil que a minha filha. — gargalhou e eu lhe mostrei a língua, o fazendo rir ainda mais.
Fomos até a lanchonete da Molly, um lugar que eu ia bastante na adolescência. A única diferença era que não era mais Molly a proprietária, e sim a sua filha Donna.
— Quando me disseram que você estava aqui, eu fiz questão de vir atender. — Paul falou, parando ao lado da mesa e me olhando.
— Paul Smith, você ainda trabalha aqui? — o encarei e ele riu.
— Nem todos conseguem uma oportunidade de ir para Nova York. — deu ombros — Você está ainda mais gata do que antes. — deu um sorrisinho de lado, que já não era mais tão encantador como dez anos atrás.
— Obrigada. — dei um sorriso, sem mostrar os dentes.
— Fiquei sabendo que você não vai mais se casar. Finalmente vai me dar outra chance? — abaixou na mesa, para ficar na minha altura, e eu respirei fundo, olhando , que observava aquilo sem entender.
— Se eu pudesse voltar no tempo, nem mesmo a primeira eu teria dado. — dei um sorriso irônico e ele fez uma careta.
— Você nunca vai me perdoar, não é? O que eu preciso fazer para ter uma segunda chance com a rainha do baile de primavera mais encantadora que essa cidade já teve? — me encarou e eu soltei uma risada sem humor.
— Pra você sair com ela eu não sei, mas pra não perder o seu emprego, você poderia anotar os nossos pedidos? — finalmente se pronunciou, e eu poderia beijá-lo naquele momento.
Paul anotou nosso pedido e saiu dali entregando-o no balcão, logo em seguida foi para outra mesa, finalmente deixando a nossa de lado.
— Me desculpa por isso, ele foi o meu primeiro beijo naquele banco. — encarei o vidro, olhando para a praça e soltei uma risada nasalada.
— Não precisa se desculpar, pelo jeito que ele falou, já sei que ele não fez nada de muito bom. — me olhou.
— Ele espalhou para toda a escola que eu havia dormido com ele, quando na verdade, havíamos apenas nos beijado. — fiz uma careta e olhei para — Enfim, eu acho que tenho o dedo podre para homens. — nós rimos.
— Eu acho que eles é que não souberam valorizar a mulher que eles tinham na frente deles. — ele falou me olhando, e, antes que eu pudesse responder, Paul apareceu com os nossos pedidos, o que me fez agradecê-lo mentalmente, porque eu não saberia responder aquilo nem se eu quisesse.
Durante aquela semana eu e nos encontramos só quando eu fui no colégio buscar as crianças, e mantivemos o contato por telefone, enquanto planejávamos a festa. Ele estava bastante ocupado substituindo um professor do segundo ano, mesmo sendo uma turma de garotos mais velhos, ele não se importava.
Na sexta, combinei com Tom que usaria sua caminhonete, afinal, era mais fácil para buscar a árvore. Amy já havia dado várias recomendações a respeito da árvore que levaríamos para casa, mas eu e as crianças mal a escutamos.
Marquei com e Olly na porta do parque onde compraríamos a árvore, quando chegamos eles já estavam lá e não parecia nada feliz com aquilo, mas eu entendia seu lado.
— Bom dia, Olly. — Diana foi a primeira a correr para abraçar sua amiga, como se já não tivesse a visto durante toda a semana.
— Bom dia, . — Liam falou, fazendo um toque engraçado com , enquanto eu trancava a caminhonete.
— Bom dia, cara. — afagou os cabelos de Liam e se abaixou para ficar na altura de Diana — Senti saudades da minha aluna mais espoleta. — abraçou a minha sobrinha.
— Ai, professor, eu não gosto quando a gente fica sem aula. Ficar com a tia é bem legal, mas eu sinto saudades de você, da Olly e dos meus amigos. — ela fez uma careta depois de beijar a bochecha dele e eu ri.
— Oi, Olly. — me abaixei, pegando a garotinha no colo — Você está linda com esse moletom. — beijei sua bochecha.
— Oi, , obrigada! Você também está linda, na verdade, como o meu pai disse, você é sempre linda. — ela falou, envolvendo seus bracinhos em meu pescoço, e me deu um beijo estalado. Enquanto eu olhei para , que parecia bastante envergonhado.
— Acho que a gente pode ir escolher a árvore. — falou coçando a nuca e eu ri baixo.
— Bom dia pra você também, professor . — falei com humor, imitando Diana, e ele se limitou a revirar os olhos enquanto ria.
Entramos no parque, e não havia tanta gente ali, pois felizmente as pessoas iam mais nos fins de semana e nós aproveitamos que as crianças não teriam aula para uma dedetização no colégio para irmos na sexta mesmo.
Olhamos várias árvores, e eu deixava por conta das crianças, só falava se era uma boa árvore ou não, mas eles quem iriam escolher. Olly, ao contrário de Diana e Liam, andava lado a lado comigo e , ela parecia encantada, mas estava retraída, provavelmente por ser a primeira vez que fazia aquilo.
— Tia, o que você acha dessa lá pra casa? — Liam falou, mostrando um pinheiro enorme.
— Sua mãe me manda de volta para Manhattan assim que ver isso no meio da sala. — falei com humor e ri junto com ele em seguida.
Eles continuaram andando e eu percebi que estava bem incomodado. Não queria tornar aquilo um momento ruim para ele, na verdade, até falei com ele que poderia ir sozinha, mas ele insistiu em ir. Eu não podia impedir.
— Olly, vai com a Diana e o Liam, ajuda eles a escolherem as árvores mais bonitas daqui, okay? — me abaixei, olhando para Olly e ela olhou para e ele assentiu, então ela logo se afastou com Diana e Liam — Eu sei que isso não é fácil pra você, mas você quer conversar? — olhei para , e ele suspirou. Fomos para um banco que havia ali do outro lado, de onde conseguíamos ver as crianças.
— Antes de vir pra cá, a Olly me perguntou se poderíamos comprar uma árvore para colocar em casa. — ele falou olhando para a filha — Eu sempre a expliquei que a gente não comemorava em respeito à memória da mãe dela, mas eu sinto que ela sente falta disso, sabe? — me olhou e eu assenti — Essa história de ficar responsável por essa festa, tá fazendo com que tudo seja diferente, não só pra ela, mas para mim.
— Sabe, o Natal era a época do ano favorita da minha mãe também, acho que eu puxei isso dela, na verdade. — dei um pequeno sorriso — Todos os anos decorávamos a casa e inventávamos coisas novas. Meu pai e a Amy entravam na onda, apesar de não serem tão fascinados como a gente, mas tudo se tornava uma festa. — soltei uma risada baixa — Quando minha mãe ficou doente, eu tinha a idade do Liam, 10 anos. E eu vi toda a doença piorar e acabar com ela, mas no último Natal dela, pouco mais de dois meses antes dela falecer, ela me fez prometer que nunca deixaria de amar o Natal. Que sempre viveria esse momento por ela. — dei um sorriso triste, sentindo lágrimas se formarem em meus olhos — Eu nunca deixei de decorar a casa, de me empolgar com essa data, porque sempre foi a minha data com a minha mãe. E o meu pai, ele nunca mais comemorou. Todos os Natais, eu e a Amy passávamos com a nossa tia, aqui em Bernville, enquanto meu pai ia para qualquer lugar em que ele pudesse fugir dessa comemoração. — olhei para — Nos cinco últimos anos, ele passou em um cruzeiro, viajando e fingindo que a data não existia. — fiz uma careta e abaixei a cabeça — Eu queria que ele fizesse isso por mim e por Amy, mas eu entendo completamente que pra ele isso é extremamente complicado, já que o Natal perdeu toda a magia, quando ele perdeu a mulher da vida dele. Então acredite em mim, Olly vai entender um dia todos os seus motivos, e, se um dia você resolver comemorar, ela também vai entender, porque ela ama você mais do que qualquer coisa nesse mundo, e nada é capaz de mudar isso. — dei um pequeno sorriso, e uma lágrima teimosa escorreu, mas eu logo a sequei.
— Enquanto seu pai passa o Natal em um cruzeiro, eu passo com Olly, assistindo 'A princesa e o Sapo' e comendo meus cookies que parecem sola de sapato. — ele falou com humor e eu acabei rindo daquilo.
— Se você está fazendo piadas, quer dizer que eu atingi meu objetivo. — me levantei e estendi a mão para ele, que logo segurou — E a propósito... — parei em sua frente — Muito obrigada pelo elogio. — falei, me referindo ao que Olly falara quando chegamos ao parque e ele riu envergonhado, balançando negativamente a cabeça.
— Tia , achamos a árvore perfeita para nossa casa. — Diana falou parando em minha frente e segurou em minha mão me puxando, fazendo com que eu automaticamente puxasse junto — O que você acha? — me mostrou um pinheiro de mais ou menos dois metros, que seria realmente perfeito para a casa.
— É esta! — sorri e escolhi uma bem parecida para a festa, a diferença é que era um pouco maior.
— Filha, você gostou de alguma? — falou, se abaixando perto de Olly, que apontou para um pinheiro ao lado do que Diana havia escolhido. Ele era menor, mas era bem cheio de folhas — Então é esse que vamos levar para nossa casa. — ele depositou um beijo na bochecha dela.
— Ebaaaaa! — ela gritou empolgada, e eu sorri verdadeiramente com aquilo e olhei para , que silabou um "obrigado" sem som.
Ajudar com aquela festa realmente estava reativando meu espírito natalino, mas não era pela festa, e sim por estar tornando o natal um momento especial para alguém novamente. Aquilo nunca havia feito tanto sentido para mim, como fazia naquele ano.
Eu e as crianças decoramos toda a casa, tanto por dentro, como por fora. A única coisa que faltava era a árvore e, antes de decorar aquela parte, eu precisava desenrolar todas as luzes que encontrei na garagem de Amy.
Enquanto eu desenrolava as luzes, as crianças separavam o que colocaríamos na árvore e a empolgação delas me fazia sorrir bobamente. Amy sempre dissera que eles haviam puxado de mim essa paixão pelo natal, e ela não estava errada.
Posicionei a árvore em um canto ao lado da lareira e a primeira coisa que fizemos foi passar as luzes em volta dela. Logo depois, colocamos as bolas e outros adereços para enfeitar, e estava realmente ficando linda. Liam pendurou as meias no alto da lareira, e eu mudei as almofadas para as natalinas que havia comprado.
— Eu coloco a estrela. — Diana gritou, já segurando a estrela, e me olhou.
— Então vamos finalizar essa árvore. — a peguei no colo e a levantei para que ela alcançasse o topo, e ela logo encaixou a estrela.
— Isso está tão lindo. — ela falou rodando na sala quando eu a coloquei no chão e eu ri.
— Graças ao nosso trabalho duro. — falei, fazendo um hi-fi com os dois.
Me sentei no sofá e tirei uma foto da sala e postei no instagram junto com a que havia tirado da parte externa da casa e postei em meu instagram com a legenda: "Finalmente a decoração!" e coloquei alguns emojis natalinos.
Meu celular vibrou em minha mão, mostrando uma mensagem de , e eu logo a abri para ver o que ele falava.
"Fazem 5 anos que eu não monto uma árvore, e confesso, a única coisa que eu fazia era desenrolar as luzes..." — colocou um emoji batendo na testa e eu gargalhei.
Logo em seguida, ele me enviou uma foto, onde Olly estava toda enrolada com as luzes e fazendo uma careta, e, ao mesmo tempo que aquilo era engraçado, era encantador.
"Chego em 10 minutos. #IntervençaoNatalinaEmAção" — coloquei alguns emojis de natal.
— Crianças, vou na casa do , querem vir? — olhei para os meus sobrinhos, que estava distraídos com um desenho na TV.
— Posso ficar? Quero jogar um pouco de video-game. — Liam fez uma careta fofa, e eu ri.
— Claro, pode ficar. — fui até ele e beijei a sua testa — Não voltamos tarde. Seu pai está no quarto, mas, se precisar, pode me ligar, okay? — ele assentiu — Vamos, princesinha. — estendi a mão para Diana, que logo a segurou.
Entramos no meu carro e, assim que Diana colocou o cinto, eu dei a partida. não morava longe dali, na verdade, dava para ir andando, mas íamos demorar um pouco mais, então optei por ir de carro mesmo.
Gastamos no máximo dez minutos para chegar até a casa de , e, assim que eu estacionei o carro, Diana desceu correndo e foi logo bater na porta, que logo foi aberta por . Não ouvi o que eles falavam, porque parei alguns segundos para arrumar meu cabelo no espelho, e, quando desci, Diana já havia entrado e apenas estava na porta.
— Só você pra vir até aqui me ajudar com uma árvore de natal. — fez uma careta, e me olhou, enquanto eu me aproximava.
— É a minha especialidade. — lhe dei uma piscadela e ele riu se aproximando para beijar minha bochecha, mas eu acabei virando um pouco o rosto para arrumar o cabelo, e o que era pra ser na bochecha, saiu no canto da boca.
— Vem, entra. — ele falou meio envergonhado e eu entrei em sua casa. Era muito parecida com a de Amy, mas tinha uma decoração mais despojada.
— ... — Olly falou correndo em minha direção e pulando no meu colo — Estava morrendo de saudades de você. — me apertou.
— Nem parece que te viu ontem. — falou rindo e eu ri também.
— Também estava morrendo de saudades, meu amor. — depositei um beijo estalado em sua bochecha — Está pronta para montar essa árvore? — a olhei e ela assentiu, enquanto eu a colocava no chão — Então, mãos à obra. — peguei uma das luzes e a entreguei para e fui com as meninas em direção à árvore.
me ajudou a enrolar as luzes na árvore, enquanto Olly e Diana colocavam os enfeites. Não era uma árvore extravagante como a que colocamos na casa da minha irmã, mas a deixaríamos linda igual.
Me abaixei para pegar uma das bolas no chão e havia tido a mesma ideia, o que o levou a segurar minha mão. Era aquela típica cena de filme, parecia bobeira, mas meu coração não diria isso quando acelerou.
Levantei meu olhar para , que também me olhava, e ele sorriu, o que me levou a fazer o mesmo. Seu sorriso iluminava todo o seu rosto, e deixava ainda mais lindo.
— Olly, você coloca a estrela. — Diana falou entregando a estrela dourada para a amiga.
— Mas eu não consigo chegar lá. — levantou o braço, mostrando que ainda estava longe do topo.
— Eu te ajudo, vem cá. — a peguei no colo e a levantei da mesma forma que havia feito com Diana em casa, e ela logo encaixou a estrela.
— Essa é a árvore mais linda do mundo. — ela falou com os olhinhos brilhando e eu a coloquei no chão e sorri — Obrigada por isso, papai. Eu amo muito você. — ela pulou no colo de e o abraçou apertado, e eu fiquei ali com os olhos marejados.
— Eu faço qualquer coisa por você, filha. — ele a apertou de volta e beijou sua bochecha.
Logo que eles desfizeram o abraço, Olly puxou Diana para o quarto dela, dizendo que ia pegar a polaroid dela para fazer uma foto e guardar para sempre. E assim que elas saíram, me olhou.
— Eu não tenho estruturas para lidar com esses momentos. — falei passando as mãos no rosto e fiz um bico.
— Tenho certeza que, quando você for mãe, você será a mãe mais babona desse mundo. — riu e eu fiz o mesmo concordando.
— Você tem uma bela casa. — olhei em volta e parei meu olhar na lareira atrás de mim, onde havia uma foto de , abraçando uma mulher, muito bonita por sinal, carregando um bebê, que eu deduzi ser Olly — Essa era sua esposa? — peguei o porta retratos e o olhei, ele logo assentiu — Ela era linda. E Olly é a mistura perfeita de vocês dois. — falei, analisando a foto.
— Chloe era a mulher mais linda desse mundo. — ele falou e eu o olhei a tempo de ver um sorriso triste em seus lábios — Olly certamente iria ser apaixonada pela mãe, se tivesse a conhecido.
— Ela é apaixonada pela mãe, mesmo sem ter a oportunidade de conviver com ela. — coloquei o porta retratos de volta no lugar — O que você fez por ela, com essa árvore, é extremamente importante pra ela. Olly está com os olhinhos brilhando, e está muito feliz. Tenho certeza que ela nunca irá esquecer esse momento. — o olhei.
— Olly não tem uma presença feminina na família desde que nos mudamos para cá. Os avós maternos dela não aceitaram bem o fato de termos nos mudado de Washington, e, desde então, só ligam no aniversário dela, mandam alguns presentes, mas não aparecem para vê-la. — balançou negativamente a cabeça — Desde o momento que você pisou naquela escola, ela não parou mais de falar de você, principalmente pelo fato de vocês serem "parecidas". Ela realmente é apaixonada pelo seu cabelo, e sempre me pede para deixar o dela igual ao seu. Ela gosta de você, ela se inspira em você e eu não poderia estar mais feliz em saber que minha filha se inspira em alguém que vale a pena. — ele falou olhando em meus olhos e eu sorri largamente.
— Quando eu aceitei ajudar na festa, foi para tentar reativar meu espírito natalino, porque ele ia de mal a pior, mas conhecer você e Olly realmente mudou a minha vida. — ele quem sorriu dessa vez, se aproximando e ficando a poucos centímetros de distância de mim.
Soltei o ar pela boca e nossas respirações já estavam bem próximas. Ele se aproximou e, quando estava prestes a colar seus lábios aos meus, eu fechei os olhos.
— Pronto, agora podemos fazer a foto. — Olly gritou, fazendo com que nós nos afastássemos rapidamente — , você e o meu pai se sentam aqui. — ela me puxou, fazendo com que eu sentasse ao lado da árvore — Diana, você senta aqui no colo da . — colocou Diana em meu colo — E eu me sento aqui. — sentou no colo de — E, pai, você tira a foto, porque seu braço é maior. — entregou a câmera para ele e nós nos posicionamos, logo ele bateu a foto, que foi automaticamente impressa.
Tiramos várias fotos, inclusive no meu celular, e até mesmo estava se divertindo com aquela história de foto com a árvore. Olly estava extremamente feliz, e ele estava ainda mais feliz pela filha.
— Tia ... — Diana sussurrou me puxando para um cantinho — Convida eles para irem ver o Papai Noel com a gente mais tarde? — falou baixinho em meu ouvido e eu ri enquanto assentia.
— Eu e a Diana, queremos fazer um convite para vocês. — falei olhando para e Olly — Vamos hoje ver o Papai Noel, até Amy e Tom vão com a gente, queríamos saber se você querem vir também?
— Não queremos atrapalhar um passeio em família. — me olhou.
— Por favor, professor . — Diana falou, fazendo uma cara digna do gato de botas, e eu não consegui segurar o riso, e nem mesmo .
— Vocês não vão atrapalhar, são meus convidados. — o olhei.
— Tudo bem, então nós vamos. — se deu por vencido e as meninas começaram a dançar no meio da sala, nos levando a gargalhar.
A noite ali em Bernville esfriava cada dia mais, então optei por vestir uma calça jeans mais grossa preta, uma bota over the knee também preta, coloquei uma blusa de mangas mais fina e por cima dela uma blusa de lã, que batia até o início das minhas coxas.
Deixei o meu cabelo solto, ao natural e bem volumoso como eu gostava, e fiz uma make leve, apenas com bastante rímel e um batom nude. Passei meu perfume e peguei as minhas luvas, as colocando dentro da bolsa e logo desci para a sala, onde todos já me esperavam.
— Você demorou tanto que eu jurava que você iria se casar com o Papai Noel. — Tom falou entediado e eu dei ombros.
— Com o Papai Noel não, mas com um certo professor, talvez. — Amy falou sugestivamente e eu revirei os olhos.
— Vamos logo. — falei já abrindo a porta e saindo de casa.
Fomos para a cidade no carro de Amy, e Tom que foi dirigindo, enquanto eu e as crianças fomos conversando no banco de trás. Amy passou todo o caminho me xingando, já que tudo o que as crianças me pediam de presente, eu falava que compraria para elas, e eu realmente sempre comprava. Ela dizia que eu estava estragando as crianças, e sinceramente, eu não me importava e sabia que, quando eu tivesse meus filhos, ela faria igual.
Mandei uma mensagem para no caminho, dizendo que já estava chegando, e ele me respondeu dizendo que também estava a caminho. Quando chegamos na vila do Papai Noel, estava no estacionamento conversando com uma moça, que Amy logo identificou como mãe de um colega de Diana.
Como sempre, Diana foi a primeira a correr para falar com Olly, e, logo em seguida, a garotinha correu até mim para me abraçar, enquanto minha sobrinha cumprimentava seu amiguinho e Amy falava com a mãe dele e .
— Eu pedi o meu pai para deixar meu cabelo igual ao seu hoje. — ela falou, e balançou a cabeça de um lado para o outro de uma forma fofa.
— Você está muito linda. — sorri e beijei sua bochecha a colocando no chão e me aproximei de — Oi. — beijei a sua bochecha.
— Vamos entrar? — Liam nos olhou e logo todos nós entramos.
Fomos olhando toda a decoração ali da vila, e as crianças estavam realmente muito encantadas, já eu não estava muito diferente delas, o que Amy descreveu como "uma criança no corpo de uma mulher de 27 anos".
— Eu já sei o que eu vou pedir para o Papai Noel. — Diana falou para Olly.
— Eu também sei. — a outra respondeu.
— Me preocupo muito com esse presente, já que vai sair do meu bolso. — Tom sussurrou e eu gargalhei.
— Olly passou o dia todo falando sobre esse passeio. — me olhou, enquanto deixávamos os outros irem na frente.
— Ela já está bastante empolgada, e a Diana também colabora. — ri baixo, olhando para as duas — Mas é bom para ela estar aqui, ela está tendo uma visão diferente do Natal. — o olhei e ele concordou — Espero que você não esteja me odiando por isso. — mordi o lábio inferior. E querendo ou não, nunca havíamos conversado sobre como ele estava se sentindo com aquelas mudanças, após cinco anos.
— Não se preocupa, não acho que eu possa odiar você de qualquer forma. — deu uma piscadela e sorriu.
Entramos na casa do Papai Noel, tiramos várias fotos e fomos para a fila tirar foto com o velhinho. Amy e Tom só estavam ali para fotografar as crianças, porque já haviam deixado claro que eu os levaria, já que eu era tão criança quanto eles.
Logo que chegou nossa vez, Diana e Olly foram juntas e cada uma ficou de um lado do Papai Noel. Primeiro tiramos as fotos, e só depois elas conversaram com ele.
— Quero saber o que vocês querem de presente? — ele falou, soando com aquele tom rouco de sua voz.
— Eu quero pedir duas coisas. — Diana falou, mostrando dois dedinhos e começou abaixando um — Primeiro, eu quero um carro elétrico, porque um dia eu serei uma motorista tão boa quanto minha mãe e a titia... Meu pai não é tão bom assim. — sussurrou a última parte, que fez com que gargalhassemos da cara de Tom — E segundo... — ela abaixou o segundo dedo e fez uma carinha fofa — Eu queria que minha tia nunca mais fosse embora, porque com ela aqui tudo é mais divertido, e também, ela faz as melhores sobremesas do mundo. — ela olhou dele para mim, e eu automaticamente senti vontade de chorar. Não sabia como iria me despedir quando precisasse ir embora, mas tinha certeza que não seria uma tarefa fácil.
percebeu que eu queria chorar, então me puxou para mais perto e eu encostei a cabeça em seu ombro, respirando fundo e segurando o choro.
— E você, vai querer ganhar o quê? — o velhinho, se pronunciou novamente, dirigindo-se a Olly.
— Eu não quero pedir um presente pra mim, posso pedir pra outra pessoa? — ela o questionou, fazendo uma carinha um tanto quanto fofa, e o Papai Noel concordou — Eu queria pedir uma namorada para o meu papai, porque ele tá triste e sente saudades da minha mãe. — ela falou, e mais uma vez meus olhos lacrimejaram, mas, dessa vez, não estava diferente, o que me levou a envolver meu braço em sua cintura para consolá-lo.
Olly era muito apegada ao pai e isso estava claro desde que eu os conhecera, e ver ela deixando de pedir algo para ela, para pedir pelo pai, era extremamente emocionante. E eu, como a boa manteiga derretida que sou, estava mexida com tudo aquilo.
— Ele pode namorar com a tia , ela também está bem triste porque não vai mais se casar. — Diana falou simplesmente, e todos os olhares se voltaram para mim e — E até a mamãe concorda que eles seriam um lindo casal, porque eu ouvi ela falando isso para a titia. — deu ombros e eu olhei para Amy, que ria, enquanto eu não sabia onde enfiar a cara.
— Eu adoraria que a fosse a minha nova mãe. — Olly falou pensativa e parecia tão envergonhado quanto eu, enquanto Tom e Amy se limitavam a rir da cena.
— Okay, meninas, vocês já fizeram o pedido de vocês para o Papai Noel, agora é a vez do Liam. — chamei elas para perto de onde estávamos, e logo que elas se afastaram do velhinho, Liam se aproximou.
— Olha, Papai Noel, eu quero pedir um videogame novo. — o garoto falou simplesmente, e eu me senti aliviada por ele não pedir nada que pudesse me envergonhar mais ali.
— Está anotado aqui, garoto. — o velhinho apontou para a própria cabeça e Liam assentiu e tiramos mais algumas fotos.
Saímos dali e voltamos a andar pela vila. As crianças saíram na frente com Tom e Amy, que se ofereceram a comprar pipoca para os três, mas eu sabia que era com a intenção de me deixar sozinha com , e isso era armação da minha irmã.
— Eu não fazia a menor ideia de que ela falaria aquilo. — foi o primeiro a falar, se referindo ao que a filha disse.
— Crianças, sempre nos surpreendem. — soltei uma risada fraca e o olhei — Eu não faço ideia de como vou voltar para Nova York depois desse pedido da Diana. Vai ser mais difícil do que eu imaginava. — suspirei — Eu adoraria ficar, mas a minha vida está toda em Manhattan, não posso largar tudo assim.
— Você pode construir uma vida nova aqui. — ele me olhou e eu fiz o mesmo.
— Não é tão fácil quanto parece. — balancei a cabeça negativamente e ele assentiu — Se você pudesse pedir algo para o Papai Noel, o que você pediria? — o olhei, mudando completamente o assunto e ele riu.
— Você jura, ? — ele fez uma careta e eu concordei, também rindo — Eu nunca parei para pensar nisso. — deu ombros.
— Eu acho que, depois de tudo o que eu vivi desde que chegamos aqui, eu pediria algo pela Olly. — ele me olhou curioso, e eu parei para encará-lo — Eu pediria que você tivesse a oportunidade de ser feliz novamente. E, se realmente existir magia do Natal, que ela torne isso possível para você. — falei olhando em seus olhos e ele sorriu.
— Pensando aqui agora, eu pediria que você ficasse em Bernville. Não seriam apenas seus sobrinhos que ficariam felizes. — falou sem desviar o olhar e quem sorriu dessa vez fui eu.
Depois daquele passeio na vila do Papai Noel na noite anterior, eu e trocamos algumas mensagens na manhã de domingo. Era estranho saber que só da notificação dele aparecer em meu celular, meu coração já acelerava. Nos conhecíamos há tão pouco tempo, mas a sensação era de que já nos conhecíamos há anos.
Meu celular vibrou sobre a mesinha de cabeceira e, quando eu olhei, era um e-mail de uma empresa em NY. Na verdade, era a resposta do currículo que eu havia mandado, marcando uma entrevista para o dia seguinte. Logo respondi, confirmando minha presença e, quando estava bloqueando o celular, Amy entrou no quarto.
— Você está tão quieta hoje, o que é realmente muito estranho. — ela fez uma careta e se aproximou para se sentar na beira da cama.
— Eu só estou um pouco cansada. — dei ombros e larguei o meu celular de lado.
— ligou, e perguntou de você. — ela falou sugestivamente, e eu a encarei à espera de uma continuação — Não era nada demais, ele só queria pedir para não esquecer de mandar o avental de pintura da Diana, porque amanhã eles terão uma aula mais artística. — explicou e eu assenti, mas continuei a olhando, porque ela sabia que não era aquilo que eu queria saber. Antes de continuar, ela deu uma risada, que eu tinha certeza que era da minha cara — Ele só perguntou se você iria buscar as crianças amanhã. — deu ombros.
— Ele podia ter perguntado isso para mim, nós conversamos hoje a manhã toda. — soltei uma risada nasalada.
— Você gosta dele, não é? — ela falou sem evitar um sorrisinho.
— Ele é uma ótima pessoa. — falei simplesmente e ela revirou os olhos.
— Você entendeu o que eu quis dizer, , não se faça de boba. — me repreendeu e eu ri baixo.
— É possível se apaixonar por alguém em uma semana? Porque a gente acabou de se conhecer, então você pode tirar daí a sua resposta. — e mais uma vez ela revirou os olhos, só que dessa vez, ela ria.
— Ninguém falou sobre estar apaixonada, você quem está dizendo. — falou com deboche e eu quem revirei os olhos dessa vez — Talvez você esteja vivendo um amor de Natal, como em todos aqueles filmes que você tanto ama. — ela se aproximou, colocando sua mão em meu rosto, como um gesto típico de mãe — Eu sei que você saiu de um relacionamento recentemente, e que você estava prestes a se casar. E sei também que não se envolveu seriamente com ninguém depois que a mãe da Olly morreu, mas vocês dois têm uma ligação, um química inquebrável. — ela sorriu, e eu apenas prestava atenção no que ela dizia — Você chegou aqui uma semana atrás extremamente pra baixo, e agora, você está carregando um brilho no olhar, que eu não via há muito tempo. — acariciou minha bochecha com o polegar, e eu automaticamente fechei os olhos — Eu estava certa quando disse que ajudar na organização da festa poderia reativar seu espírito natalino, mas eu estava errada quando pensei que a festa seria o motivo. — eu abri os olhos a tempo de vê-la sorrir, antes de continuar sua fala — Você está novamente empolgada com o Natal, e isso é por conta de tudo o que você está vivendo aqui. e Olly reativaram seu espírito natalino, quando você resolveu mostrar a eles que essa pode ser a melhor época do ano.
O jeito com que Amy falara era incrivelmente materno. Ela, com seus 5 anos a mais, sempre ocupara a posição de nossa mãe quando ela se foi. Seus conselhos e carinhos me ajudavam a pensar, e seu ombro me ajudava a desabafar. Não era à toa que Diana e Liam eram daquela forma, minha irmã era uma mãe incrível.
— Eu não consigo buscar as crianças amanhã, porque vou precisar ir até Nova York para uma entrevista. — falei, simplesmente mudando todo o assunto que ela havia proposto. Eu não teria resposta para aquilo de qualquer forma.
— Até quando você vai insistir em seguir o sonho do nosso pai? Porque você sabe perfeitamente que esse não é o seu sonho. — seu tom havia mudado completamente, antes era doce, agora era reprovação — Você passou a vida toda dizendo que seria uma ótima confeiteira, que faria doces que deixariam todos apaixonados. Só que na primeira oportunidade que apareceu, você se inscreveu para faculdade de arquitetura, apenas porque era o sonho do nosso pai, ter uma filha arquiteta. — ela balançou a cabeça negativamente, e eu sabia que era por pura repreensão.
— Pra você é fácil dizer, já que você sempre quis ser médica e, querendo ou não, essa é uma profissão importante em todo o mundo. — soltei uma risada sem humor e a encarei — Eu nunca quis decepcionar nosso pai, porque você e ele eram tudo o que eu tinha. E hoje, eu gosto do que eu faço e eu tenho um ótimo retorno disso. — a encarei, mas logo abaixei meu olhar para o lençol branco sobre a cama.
— Você pode até gostar, mas você não é apaixonada pelo que faz. E se você tivesse realmente um ótimo retorno, certamente não teria sido demitida. — ela falou simplesmente, e eu a encarei incrédula — Você não quis decepcionar nosso pai, mas me decepciona saber que você deixou o seu sonho de lado dessa forma.
— Amy, eu amo e respeito muito você, mas é a minha profissão em jogo. Eu preciso ir a essa entrevista, porque não posso viver aqui em Bernville para sempre. — me levantei da cama e fui para o guarda-roupas escolher o que usaria para viajar na manhã seguinte.
— Eu acho que sua ex-chefe tinha razão. — se levantou e andou até a porta, mas antes de sair por ela me olhou novamente — Você não sai da sua zona de conforto, e está tentando encontrar uma desculpa para justificar isso. — seu olhar demonstrou completo desapontamento e, assim que ela saiu, eu respirei fundo e voltei para a cama.
Saí bem cedo naquela segunda, enquanto todos ainda dormiam. Não queria ter que encontrar com Amy e ter outra discussão como a da noite anterior, e também não queria encontrar as crianças, porque isso só me lembraria que uma hora eu voltaria realmente para casa.
Enquanto saía da cidade, passei em frente a loja de antiguidades, que estava ali desde que eu nascera, e a placa de "vende-se" me chamou atenção. Parei o carro e fui até lá, encontrando apenas Tony ali, arrumando as coisas para abrir a loja.
— Desculpa, a loja ainda não está aberta. — falou antes de se virar, mas logo que me viu, ele sorriu — Já estava achando estranho você estar na cidade e eu não ter me encontrado com você.
— Tony, desculpa não ter vindo antes, está tudo uma correria para a festa do Natal do colégio. — soltei uma risada nasalada e me aproximei o abraçando — Você vai realmente vender a loja? — o olhei curiosa.
— Vou me mudar para o Arizona. — explicou, deixando a vassoura de lado — Conheci alguém pela internet, e nos vimos pessoalmente há um mês atrás. Eu entendi que não quero mais viver longe dela. Pode parecer precipitado, mas eu sei que ela é a mulher que eu procurei durante toda a minha vida. — ele falou, e o brilho no seu olhar deixava evidente tudo aquilo que ele dizia — Se você ama alguém, nada que você faça por aquela pessoa é um sacrifício. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Eu estou realmente muito feliz por você, apesar de que será estranho vir até Bernville e não ver a sua loja aqui. — olhei em volta da loja, e me recordei de quando ia até ali com a minha mãe e ficava admirada com tudo.
— Eu tenho certeza que alguém achará algo muito útil para esse espaço. — sorriu.
Me despedi de Tony, pensando em toda aquela conversa que tivemos, e entrei em meu carro, seguindo rumo a Manhattan. Liguei o rádio, e tentei não pensar em minha discussão com Amy, o que era praticamente impossível.
Gastei três horas até NY, e dessa vez nem era por ter feito uma parada no caminho e sim porque o trânsito não estava tão bom como quando eu havia ido para Bernville.
Fui direto para o meu apartamento, onde separei a roupa que vestiria para a entrevista e aproveitei para comer algo e não correr o risco de desmaiar de fome.
Quando deu a hora de sair, eu já estava mais do que pronta. Saí do meu apartamento, já levando tudo o que precisava, pois voltaria direto para a casa da minha irmã, não passaria mais em casa.
Enquanto estava no elevador, meu celular tocou, mostrando uma ligação de , e eu logo atendi, já que não havia o avisado que viria até NY.
— Eu não acredito que você foi embora assim. — ele falou assim que eu atendi, antes mesmo que eu pudesse abrir a minha boca.
— Do que você está falando? — perguntei confusa e saí do elevador, indo para o meu carro.
— Diana está pra baixo desde que chegou ao colégio, na verdade, ela não para de chorar dizendo que você foi embora sem nem ao menos se despedir dela. — soltou uma risada nasalada.
— , eu só vim a Nova York para uma entrevista, ainda volto a Bernville hoje. Me deixa falar com ela?
— Ei, Diana... Sua tia aqui no telefone, ela quer falar com você. — ouvi ele dizer do outro lado.
— Tia ? — ela falou com a vozinha chorosa, que partiu o meu coração — Por que você foi embora? Você nem se despediu de mim. — ela fungou e eu automaticamente fechei os olhos.
— Meu amor, a titia não foi embora. Eu só vim resolver um problema, mas volto hoje ainda. Na hora do jantar eu já devo estar de volta. — expliquei tentando acalmá-la.
— Você promete? — falou usando aquela vozinha fofa, que só ela tinha.
— Eu prometo, de dedinho. — ri baixo, me lembrando que eu e ela tínhamos aquela mania desde que ela começara a falar.
— Eu amo você, tia . — ela já tinha a voz mais calma do que quando atendera o telefone.
— Eu também amo você, minha princesa, amo muito. — sorri — Eu preciso desligar, mas à noite a gente se vê, tá bom? — entrei no carro, deixando minha bolsa no banco de trás.
— Tá bom. Beijo! — mandou beijos e eu desliguei.
Deixei o meu celular no porta chave, e dei partida no carro saindo do meu prédio. O caminho até a empresa não era longe, mas Nova York conseguia ser ainda mais movimentada na época de natal.
Gastei por volta de vinte minutos para chegar, e logo entrei avisando meu nome na recepção. Assim que liberaram minha entrada, eu subi até o andar em que seria a entrevista e esperei até que me chamassem, o que não demorou nem dez minutos.
— Você mora aqui mesmo em Manhattan? — ele falou, assim que eu me apresentei para ele e eu assenti — E o que você tem feito desde que saiu do seu último trabalho? — me olhou.
— Estou passando um tempo em Bernville com os meus sobrinhos, na verdade, pretendo ficar lá até depois do ano novo. — não consegui evitar um sorriso ao falar das crianças.
Ele me fez várias perguntas a respeito da minha carreira, e me explicou um pouco sobre a vaga que estavam contratando, era basicamente a mesma coisa que eu fazia antes, com a única diferença que o salário era mais alto.
Assim que a entrevista acabou, eu saí da empresa e fui até uma lanchonete ali perto comer algo e passei em algumas lojas para comprar alguns presentes de Natal, que as crianças haviam me pedido, e que seriam mais difíceis de encontrar em Bernville.
Saí de NY por volta de 4pm, e chegaria realmente na hora do jantar, como havia combinado com Diana. Dirigi sem pressa no caminho, mas gastei mais ou menos o mesmo tempo que havia gasto para ir até Manhattan.
Quando cheguei na Pennsylvania, parecia mais frio do que quando eu saí dali. Desci do carro apenas com minha bolsa e o celular e corri para dentro, destrancando a porta com a chave que Amy havia me emprestado. No lado de dentro, estava bem mais quente e aconchegante, então tirei o meu casaco e o pendurei ali na porta, indo direto para sala, onde encontrei Diana, Liam, Tom, Olly e .
— TIA ! — Diana foi a primeira a me ver e logo correu para me abraçar — Você voltou. — me apertou.
— Eu prometi pra você, não foi? — a olhei e ela concordou — Eu nunca quebraria uma promessa, ainda mais pra você. — sorri beijando sua bochecha.
— Olha quem vai jantar com a gente hoje. — apontou para Olly e , que me olhava — Eu convidei eles, porque sabia que você gostaria de ver os dois quando chegasse. — se explicou quando eu a coloquei no chão.
— Você realmente fez muito bem. — sorri e olhei para , que me olhava também sorrindo.
Olhei para Tom, e ele sorriu apontando com a cabeça para a cozinha, logo eu segui até lá, encontrando Amy preparando o jantar.
— Achei que não teria que sofrer com sua comida enquanto estivesse aqui. — falei com humor, chamando a sua atenção e ela logo me olhou — Desculpa sair sem avisar nada, eu só não queria brigar com você de novo.
— Você sabe que tudo o que eu disse não foi para te magoar, não é? — falou com pesar e eu assenti — Eu só quero que você seja feliz, independente do que você escolha fazer. — se aproximou e eu sorri.
— Eu só não ficarei feliz se você cozinhar todos os dias. — fiz uma careta e ela me deu um tapa me fazendo gargalhar.
— Diana insistiu em convidar o e a Olly para jantar, então eu estou seguindo aquela receita da mamãe de macarrão com almôndegas. — falou, voltando a se aproximar do fogão — Mas confesso que tudo o que eu fiz até agora foi cozinhar o macarrão. — fez uma careta e mais uma vez eu ri.
— Deixa que eu cozinho, vai. — lavei as mãos e comecei a preparar o molho, já que ela havia deixado as coisas picadas.
— Eu amo você, mesmo que às vezes você duvide disso. — me olhou e eu sorri.
— Eu não duvido, Amy. — balancei a cabeça — Eu também amo você. E amo essa garotinha aqui também. — depositei um beijo em sua bochecha, enquanto acariciava sua barriga e ela quem sorriu dessa vez.
Desci as escadas ajeitando o moletom, e Liam e Diana já me esperavam na sala. Diana vestia um moletom igual ao meu, com a logo do time do colégio Bernville, já Liam vestia seu uniforme para o jogo.
— Meu pai pediu para avisar que foi buscar minha mãe no hospital e encontra a gente no colégio. — Liam falou, jogando sua mochila nas costas e eu assenti.
— Tá preparado para o jogo? — abri a porta e Diana, como sempre, foi a primeira a correr para o carro.
— Estou nervoso, é a final do campeonato. — fez uma careta e eu balancei a cabeça.
— Tenho certeza que vocês se sairão muito bem. — dei uma piscadela para ele, que sorriu ao entrar no carro.
Entrei no carro e dei a partida logo depois de conferir se os dois estavam de cinto. No colégio estava uma imensa movimentação, o que me lembrou os dias de jogo na época que eu estudava ali, era sempre uma loucura.
Estacionei o carro e nós descemos, indo em direção a entrada do colégio. Liam foi para o vestiário, e eu e Diana seguimos para a quadra, onde já iríamos encontrar um bom lugar na arquibancada, o que foi fácil, já que estava lá guardando nossos lugares. Amy e Tom chegaram minutos depois, e se sentaram na frente de onde eu estava sentada com , Olly e Diana.
— Você lembra que eu te pedi em namoro depois de um jogo? — Tom riu, olhando para Amy, que balançou a cabeça em concordância.
— Vocês eram o típico casal de filme adolescente, onde o capitão do time se apaixona pela líder de torcida. — falei com humor e Amy revirou os olhos rindo.
— , a e o Tom, me arrumavam cada vergonha nesse colégio. — Amy olhou para que riu olhando para mim.
— Eu não tenho o que reclamar, porque sem a não estaríamos aqui hoje. — Tom me olhou e nós fizemos um hi-five.
— Vocês dois são o "couple goals" dessa cidade. — eu ri e Amy me olhou fazendo uma careta.
— Acho que temos um novo casal para competir esse título. — olhou de mim para , e eu ri, mas com vontade de socá-la por aquele comentário. Enquanto gargalhava da minha cara junto com Amy e Tom.
Ficamos ali conversando por mais algum tempo, até que o mascote, que era um Coala, entrou em campo, seguido das líderes de torcida, anunciando que o jogo começaria em alguns minutos.
Depois da apresentação inicial, as crianças entraram em campo e deram início no jogo. Eu, Amy e Diana gritávamos Liam o tempo todo, enquanto Tom dizia que morria de vergonha quando os pais dele faziam isso e completou dizendo que Liam sentia o mesmo, mas nós não ligávamos.
Liam era o pivô do time, ou seja, ele que estava mais perto da cesta. Dava para entender o enorme nervosismo do garoto, já que essa era uma missão importante no jogo.
Quando o primeiro tempo chegou ao fim, os Coalas de Bernville estavam perdendo por oito pontos, e o placar estava 50x42. Lá do alto da arquibancada dava para notar que Liam estava bem nervoso, era um jogo importante para ele.
Saí com Amy, Diana e Olly para irmos ao banheiro. Na verdade, as três foram e eu só estava as acompanhando. Quando voltamos, ainda demorou mais alguns minutos para o jogo recomeçar.
No segundo tempo, o time dos Coalas se recuperou bem, e Liam estava dando um completo show em campo. Nos segundos finais, eles precisavam de uma simples cesta de dois pontos para virar, e antes do tempo acabar Liam lançou a bola, que acertou em cheio a cesta. O placar final foi de 82 x 81.
A quadra foi à loucura, e todos gritavam muito pelo jogo. Liam estava evidentemente muito feliz e, naquele momento, eu era uma tia extremamente orgulhosa, e sabia como aquilo era importante para meu sobrinho.
— Mãe, eu posso ir para a casa do Josh hoje, comemorar? — Liam se dirigiu a Amy, quando nos aproximávamos.
— Eu e seu pai iremos hoje para a Filadélfia, para aquele evento do trabalho dele, se sua tia não se importar, por mim tudo bem. — Amy beijou a testa do filho, que logo encontrou o meu olhar.
— Eu deixo você ir, se você me der um abraço por estar extremamente orgulhosa de você. — sorri.
— Eu estou suado, tia. — fez uma careta e eu dei ombros, então ele logo correu e me abraçou apertado — Obrigado por ser a melhor tia do mundo. — beijou a minha bochecha.
— Agora vai lá e aproveita sua vitória, se precisar é só ligar. — afaguei seu cabelo e ele assentiu indo ao encontro dos amigos.
— Tem certeza que está tudo bem para você ficar com a Diana hoje? — Tom me olhou receoso.
— Vão, aproveitem o evento e deixem que eu e a Diana ficaremos bem. — olhei para a garotinha ao meu lado e ela abriu um sorrisinho travesso.
Tom e Amy se despediram e saíram na frente, já que precisavam estar na Filadélfia em três horas. Eu e ficamos com Olly e Diana, que estavam combinando algo escondido.
— O que essas duas tanto cochicham? — me olhou, enquanto observávamos Diana sussurrar no ouvido de Olly.
— Ei, a gente pode saber o que está acontecendo? — parei na frente delas e cruzei os braços.
— Então, tia , já que meus pais viajaram e o Liam foi para a casa dos amigos dele, eu pensei em fazer uma festinha lá em casa. O que você acha? — ela gestualizava como um adulto conversando.
— Garota, você tá planejando festa com 5 anos de idade? Não quero nem ver quando você for adolescente. — falei com humor e fiz uma careta, o que levou a minha sobrinha a revirar os olhos.
— É uma festa do pijama, tia, não uma festa de adultos. — bateu a mão na testa, e eu e rimos — Eu quero chamar a Olly e mais algumas amigas, para fazermos uma noite das garotas. — jogou o cabelo para trás do ombro e eu assenti.
— Tudo bem. — imitei o seu gesto com o cabelo, e seguia rindo — Quando chegarmos em casa, você me fala quem você quer chamar e eu ligo, tá bom? — ela balançou a cabeça empolgada.
— Eu posso ir, papai? — Olly falou olhando para , que fez uma careta.
— Eu vou cuidar bem dela, eu juro. — cruzei os dedos e ele sorriu.
— Tudo bem, eu confio em você. — me olhou e Olly e Diana começaram a pular estacionamento afora, enquanto nós riamos.
Quando eu e Diana chegamos em casa, eu liguei para a casa das três amiguinhas que ela queria convidar, e os pais autorizaram que elas viessem. Ajudei Diana com o banho, e a deixei no quarto se arrumando, após pentear seu cabelo.
Fui para a cozinha, e comecei a preparar as comidas que Diana havia escolhido. Mini hambúrgueres, chocolate quente e os cookies, que minha sobrinha havia exigido.
Diana desceu, e nós arrumamos a sala, para que elas pudessem se ajeitar para assistir os filmes que elas escolhessem, e também para brincar um pouco antes de dormir.
Enquanto acabava de preparar a comida, as meninas foram chegando. Os pais me passaram algumas recomendações e se despediram das crianças, que já se ajeitavam na sala.
— Será que a Olly não vem? — Diana fez uma carinha triste, quando eu fechei a porta, após uma de suas amigas entrar.
— Claro que ela vem, o só está atrasado. — a tranquilizei, e afaguei seus cabelos.
Ela foi para a sala e as quatro começaram a conversar sobre um desenho, que eu não conhecia, nem ao menos ouvira falar. Voltei para a cozinha, e fiz o chocolate quente, já o servindo em xícaras de plástico e deixando ali para esfriar um pouco para as crianças.
— OLLY! — ouvi Diana gritar e fui para a sala, vendo que Olly havia chegado e estava parado na porta parecendo apreensivo.
— Você está com medo de deixar ela sozinha comigo ou é impressão minha? — me aproximei dele rindo baixo e ele me olhou, coçando a nuca.
— Não é isso. — balançou negativamente a cabeça — Essa é a primeira vez que Olly dorme na casa de uma amiga, na verdade, nem na casa dos avós ela ficava quando morávamos em Washington. — olhou para a filha, que já se sentava no meio das meninas.
— Olha, eu estava realmente pensando em como iria cuidar sozinha de cinco crianças. — ri baixo, enquanto olhava a agitação das meninas — Você pode ficar aqui e me ajudar nessa missão. O que você acha? — o olhei.
— Tem certeza? — perguntou bastante receoso e eu concordei com a cabeça o puxando para dentro.
— Vai ser bom ter uma companhia da minha idade. — ri e nós fomos para a cozinha.
Levei o chocolate quente e os mini hambúrgueres para a sala, e fiz várias recomendações para que elas tomassem cuidado para não se queimarem com a bebida. Coloquei o filme que elas haviam escolhido e voltei para a cozinha, onde me esperava para finalizar os cookies.
— Você quer beber o quê? — olhei para , que parecia uma criança comendo um biscoito que havia acabado de sair do forno e estava fervendo.
— O que você me acompanha? — me olhou, e mordeu mais um pedaço do cookie, fazendo uma cara engraçada que me levou a rir.
— Vinho? — limpei minhas mãos em um pano de prato e ele assentiu, então eu logo fui até a despensa pegar uma garrafa.
Voltei para a cozinha e continuava sentado na banqueta me esperando. Peguei duas taças no armário e abri o vinho, nos servindo em seguida. Lhe entreguei uma taça e me encostei no balcão ao seu lado.
— Eu acabei de montar as guirlandas para a festa, e fiz a divisão de onde ficará cada detalhe da decoração. — bebi um gole do vinho e, logo em seguida, peguei um pedaço de chocolate que havia usado nos biscoitos — Vai ser a festa de Natal mais linda que esse colégio já teve. — olhei para e ele sorriu.
— É engraçado pensar que no primeiro dia você suspirava entediada só por olhar uma decoração de Natal, e agora seus olhos estão brilhando mais do que toda a decoração nessa cidade. — ele bebeu um longo gole do vinho, e eu soltei uma risada baixa — E eu passei os últimos anos não suportando sequer pensar no Natal, e agora estou aqui extremamente curioso e empolgado para ver o resultado dessa festa. — riu e eu o acompanhei, enquanto tirava as formas de biscoito do forno.
— A magia do Natal é o melhor dos remédios, você só precisa aceitar o tratamento. — dei um pequeno sorriso, me lembrando que minha mãe sempre dizia aquela frase.
— Eu não acho que tenha sido a magia do Natal o meu remédio, na verdade, o Natal só influenciou, mas... — me olhou, e eu estava ajoelhada em frente ao forno, esperando alguns minutos para tirar a outra forma — Você foi o principal motivo. — eu estava prestes a tirar a forma, mas me distraí tanto com aquela frase que nem ao menos notei que estava sem a luva térmica, o que me levou a queimar o dedo.
— Merda! — suspirei de dor, sentindo meu dedo latejar enquanto eu me levantava para colocar a mão debaixo da torneira — Tira a forma do forno, por favor. — olhei rapidamente e ele já estava de pé tirando a forma e a deixando sobre o fogão.
— Deixa eu ver isso. — se aproximou de mim, segurando em minha mão enquanto analisava meu dedo — Tá doendo muito? — acariciou minha mão de uma forma um tanto quanto cuidadosa, e o meu coração já estava acelerado.
— Nada que eu não possa suportar. — falei quase em um sopro de voz, percebendo que a nossa distância era bem pequena.
Seu olhar subiu até o meu, mas logo desceu para os meus lábios. Naquele momento eu nem sentia mais a ardência em meu dedo, já que o meu estômago revirava e o meu coração estava completamente disparado.
Nenhum de nós ousou abrir a boca, apenas deixamos o momento fluir. Eu conseguia sentir a respiração de encontrar a minha, e esperava ansiosamente pelo momento em que nossos lábios se encontrassem.
— Tia , estamos esperando os cookies. — Diana apareceu na cozinha, fazendo com que, mais uma vez, o beijo não acontecesse.
— Já estão aqui, vamos levar para a sala. — soltei o ar pela boca, e me afastei de pegando o prato de biscoitos, que já estavam separados, e levei para a sala junto com Diana.
As meninas me prenderam um pouco ali com elas, e acabou vindo para a sala também e levando as taças e o vinho para continuarmos bebendo. Coloquei um filme de Natal, e me ajeitei no sofá com , enquanto as crianças continuavam no chão.
Depois de dois filmes e meio, e quando o relógio marcava 09:45 da noite, todas as meninas já estavam dormindo e nós as levamos para o quarto de Diana, que já estava arrumado para que elas pudessem dormir.
— Agora vem a parte ruim... — desci as escadas e encarei a sala toda bagunçada — Arrumar tudo isso aqui. — fiz uma careta e riu.
— Eu te ajudo, assim acabamos mais rápido. — me olhou, já juntando as canecas vazias no centro da mesa.
Gastamos no máximo vinte minutos para arrumar toda a sala, a louça eu já havia decidido deixar para a manhã seguinte. Eu não tinha mais forças para continuar "trabalhando" naquela noite.
— Posso te fazer uma pergunta. — me ajeitei no sofá, e encarei , que havia acabado de encher meu copo de vinho mais uma vez naquela noite, e ele assentiu — Qual o melhor presente de Natal que você já ganhou? — beberiquei o vinho, sem desviar meus olhos dele. Eu estava realmente curiosa com aquela pergunta.
— A Olly. — respondeu simplesmente e eu arqueei a sobrancelha em confusão, o fazendo rir — Chloe descobriu uns dois dias antes do Natal, mas só me contou na manhã do dia 25 de dezembro com a ajuda de um presente, que era um macacãozinho de recém nascido. — ele sorriu e o seu sorriso era mais radiante do que eu já havia visto desde a nossa primeira conversa — Antes disso era um carrinho de controle remoto que eu ganhei de uma freira no orfanato, mas Olly, ela sempre será a melhor coisa que aconteceu na minha vida. — me olhou, e automaticamente um sorriso se abriu em meu rosto, porque era impossível não sorrir com aquela história.
— Você é um pai maravilhoso e a Olly é certamente a menina mais sortuda do mundo por isso. O jeito com que você fala dela, como seus olhos brilham e o seu sorriso aumenta. A forma pela qual você vive por ela, me faz querer olhar tudo isso de perto pelo resto da minha vida. — meu sorriso se mantinha ali, e o dele não estava diferente naquele momento.
— A Olly é tudo pra mim, não poderia ser diferente. — falou e eu concordei. Realmente cada palavra que ele dizia sobre ela, não poderia ser mais sincera e carinhosa. — E qual foi o seu melhor presente? — bebeu um gole do vinho e eu sorri, já sabendo bem a resposta para aquela pergunta.
— No último Natal da minha mãe ela me deu uma bonequinha de porcelana, mas não era uma boneca qualquer. Ela usava um vestido azul e segurava um cupcake. Minha mãe me deu ela, porque disse que se lembrava de mim quando olhava para a boneca, e isso apenas pelo cupcake, já que desde sempre eu amara cozinhar, principalmente doces. — foi inevitável abrir um sorriso ao me recordar daquilo — Quando eu me mudei para o dormitório da faculdade em NY, a boneca quebrou no meio das coisas na mudança e eu nunca mais consegui encontrar uma igual. — fiz um bico, que demonstrava minha infelicidade com aquilo. E quando aconteceu, eu havia realmente ficado muito triste, porque era a minha lembrança da minha mãe.
— Se você ama tanto confeitaria e faz isso muito bem, por que você não investiu nisso? — seu tom era curioso, mas não parecia um julgamento.
— Porque ver o meu pai feliz era muito mais importante para mim. — bebi mais um pouco do vinho e abaixei o olhar. Era difícil pensar em como seria minha vida se eu tivesse simplesmente seguido o meu sonho.
— Tanto o seu pai quanto a sua mãe certamente estão orgulhosos de você. Porque, independente do que você faça, você tem um coração tão bom, que por onde você passa contagia as pessoas ao seu redor. — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — E eu digo isso por experiência própria. — eu o olhei a tempo de vê-lo sorrir — Depois que a Chloe se foi, eu nunca tive vontade de comemorar o natal como eu estou desde que você entrou na minha sala naquele dia. O Natal pode até ser uma data especial, mas, sem você, seria apenas mais um dia qualquer, como os outros 364 do ano. — ele olhava tão intensamente em meus olhos, que eu poderia sentir que ele conseguia até mesmo ler os meus pensamentos.
Coloquei a taça de vinho sobre a mesinha, e peguei a dele, fazendo o mesmo com ela. Olhei em volta da sala, percebendo que o único barulho ali era o da lenha queimando na lareira, o que fez me olhar com confusão.
— Eu só preciso garantir que ninguém vai atrapalhar a gente dessa vez. — falei baixo, e ele riu, antes que eu colasse os nossos lábios começando um beijo calmo.
Ele levou uma de suas mãos para a minha cintura e a outra colocou em minha nuca. Apesar de calmo, havia vontade e intensidade de ambos os lados. Eu não era a única que estava esperando por aquele beijo há dias, ele também queria.
As borboletas pareciam fazer uma festa em meu estômago, e o show era comandado pelas batidas aceleradas do meu coração. Quando cortou o beijo, meus lábios pareciam querer por mais, principalmente quando ele sorriu.
— Eu nem consigo mais pensar quanto tempo eu esperava por isso, mas eu posso dizer que toda a espera valeu a pena. — ele sussurrou, com seus lábios a poucos centímetros do meu, e eu sorri.
— Eu acho que nós esperamos tempo demais para parar agora. — sussurrei de volta e ele riu baixo, voltando a colar seus lábios aos meus.
No domingo de manhã, eu e fomos até o colégio começar as decorações para a festa de Natal, e acabamos levando Diana e Olly junto, já que não tínhamos com quem deixá-las.
As garotas nos ajudaram bastante, principalmente com a árvore, que na minha opinião era a parte mais divertida de montar.
— Ei, isso vai ficar incrível. — olhei para , que descia das escadas após pendurar um varal de luzes na lateral do ginásio — Eu ainda preciso ajustar algumas coisas que fazem parte da decoração, mas te mostro o desenho quando ele estiver pronto. — ele assentiu.
— Se tudo isso está assim, é graças a você. — olhou em volta e em seguida me encarou — Essa festa não sairia se fosse por você, então todos que estiverem aqui serão gratos pela sua presença em Bernville. — eu sorri.
— É graças a nós dois, porque, mesmo quando você ainda parecia o Grinch, você deixou se levar pela magia do Natal e me ajudou com tudo isso aqui. — olhei em volta, e era impossível não sorrir imaginando como aquilo iria ficar lindo.
— Talvez você seja um duende de Natal que veio me mostrar como esse momento é mágico. — sugeriu e eu ri, manejando a cabeça em um sinal de talvez — Ou, você é a minha magia de Natal. — olhou em meus olhos, e eu sorri.
— Na verdade, eu to mais para um duende que foi expulso do Pólo Norte por desacreditar do Natal, e chegou aqui com a missão de reacender essa magia. — falei pensativa e ele riu, juntando algumas coisas que estavam espalhadas pelo chão.
— Eu achava que os duendes só se perdiam em Nova York, não em uma cidadezinha da Pennsylvania. — falou com humor e eu gargalhei.
— Eu devo ser uma duende especial. — dei ombros ainda rindo — Vamos, crianças? — olhei para as meninas, que se divertiam sentadas no chão — A Amy e o Tom já devem estar chegando, então eu preciso preparar o almoço. — peguei a minha bolsa e elas logo correram porta afora do ginásio.
— Ei, espera... — segurou meu braço, quando eu passava pela porta para sair.
— O que foi? Esqueci de algo? — o olhei confusa, e olhei de volta para dentro me certificando que estava tudo certo.
— Isso. — apontou para cima, onde um visco estava pendurado no meio da porta e eu ri baixo, entendendo o que ele queria — É uma tradição de Natal, não fui eu quem inventei. — deu ombros e eu ri antes de colar meus lábios aos dele.
Depois do jantar eu estava extremamente cansada, tomei um banho e fui direto para a cama. Estava conversando com por mensagem de texto, quando o meu celular tocou, mostrando um número desconhecido, então eu logo o atendi.
— Alô? — coloquei o celular na orelha.
— ? — a voz feminina do outro lado soou aguda em meu ouvido — Meu nome é Carly, trabalho na Mason's Construction. Estou ligando para avisar que a vaga é sua e que você começa amanhã. — sua voz era empolgada, e eu podia dizer claramente que ela sorria — Me desculpa ligar tão tarde em um domingo, mas ainda estavam analisando quem seria o melhor candidato e querem que você comece o mais rápido possível. — se explicou, e eu nem sabia o que falar — Posso contar com a sua presença?
— Eu... — parei por alguns segundos para pensar, e não sabia bem o que deveria dizer — Tudo bem, eu estarei aí amanhã. — falei simplesmente, e soltei o ar pela boca.
Ela me passou os últimos detalhes do trabalho e desligou o telefone, me deixando ali com a maior cara de tacho. A festa de Natal era dali cinco dias, tinha também a apresentação de Diana, que seria na festa, sem contar no Natal. Eu havia prometido que estaria presente, e que só iria embora depois do Ano Novo, mas eu não contava que precisaria estar em NY tão rápido. Eu não fazia ideia de como contaria a todos aquela notícia.
Passei toda a noite em claro, e aproveitei o tempo para arrumar minhas coisas. Me sentei na cama e esperei até que amanhecesse e, quando aconteceu, eu fui direto para o banheiro tomar um banho.
Quando já estava pronta, desci deixando minhas coisas na sala e fui até a cozinha, onde Amy e Tom estavam tomando café com as crianças.
— Bom dia, tia . — Diana, como sempre, foi a primeira a falar comigo, e eu apenas sorri.
— Bom dia, tia. — Liam falou enquanto comia um pedaço de sua panqueca.
— Senta com a gente, vamos comer, porque daqui a pouco as crianças vão para a escola. — Amy puxou a cadeira ao seu lado, para que eu pudesse sentar, mas eu não o fiz — Você está bem? — me olhou preocupada.
— Eu... — engoli a seco antes de conseguir continuar — Eu preciso voltar para Manhattan. — falei, soltando o ar pela boca em seguida.
— Outra entrevista? — Tom me olhou, após beber um gole do café.
— Tudo bem, tia , a gente te espera para o jantar. — Diana falou e logo em seguida passou o dedo na nutella e o colocou na boca.
— Eu não vou voltar. — fechei os olhos, sem coragem de olhar para ninguém ali.
— Como assim você não vai voltar? — Amy soou uma oitava mais alto do que o normal.
— Eu consegui aquele emprego, e preciso estar na empresa hoje à tarde. — encarei a minha irmã e ela balançou negativamente a cabeça.
— Você deixar a gente, tia ? — Diana falou com uma vozinha triste.
— Oh, meu amor, eu não vou deixar vocês. — me abaixei em sua frente — Eu só vou voltar pra casa antes da hora, mas eu vou tentar voltar no dia 24, tudo bem? — coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
— Você não vai à festa de Natal? — Tom me olhou, e eu suspirei negando com a cabeça.
— Você não vai assistir a minha apresentação? — Diana soou ainda mais triste do que antes, e mais uma vez eu neguei — Você me prometeu que iria assistir. — seus olhos marejaram, e a minha reação não foi diferente.
— Oh, meu amor, a sua mãe vai filmar tudo e me mostrar, como ela sempre faz. — sequei suas lágrimas e segurei em suas mãos.
— Mas a diferença é que dessa vez você prometeu que ficaria. — puxou a mão, e deu um passo para trás.
— Se você quiser, a gente pode até fazer uma chamada de vídeo e eu assistir da minha casa. — sugeri, dando um pequeno sorriso, tentando segurar a lágrima que queria cair.
— Eu não quero que você assista nada. Você não é mais a minha tia favorita. Eu odeio você. — ela já não controlava mais o choro quando saiu da cozinha. E naquele momento, era impossível eu segurar o choro.
— Eu preciso ir. — me levantei, passando as mãos pelo rosto para controlar as lágrimas — Se eu não conseguir vir no Natal, eu mando entregarem os presentes de vocês aqui, tá bom? — falei com Liam.
— A gente não quer presentes, tia, a gente quer que você fique aqui. — Liam falou tristemente, e eu suspirei.
— Tchau, Tom. — me despedi do meu cunhado e saí com Amy para a sala — Você pode entregar isso para o ? — entreguei para minha irmã uma cartolina — Eu fiz todo o desenho com o planejamento da decoração, onde ficaria cada coisa.
— Você não vai falar com ele? — olhou para o papel e logo em seguida para mim.
— Eu não tenho tempo de ir até lá, e mesmo que eu tivesse, eu não tenho coragem de me despedir dele. — balancei negativamente a cabeça.
— Você não pode fazer isso, . Você não quer ir, eu consigo ver isso nos seus olhos. — deixou a cartolina sobre a mesinha, e me olhou.
— Mas eu preciso. — peguei as minhas coisas — Eu te aviso quando chegar em casa. — ela assentiu e eu logo abri a porta — Diz pra Diana que eu amo ela, okay? Eu amo você também, mesmo que agora vocês me odeiem. — senti uma lágrima grossa escorrer em meu rosto e saí em direção ao meu carro.
Guardei minhas coisas e entrei, dando logo a partida, sem olhar para trás. Eu sabia que, se Diana ou Liam pedissem, eu não conseguiria ir. E por esse mesmo motivo, eu não poderia me despedir de , e eu não conseguiria de qualquer forma.
Quarta-feira, 23 de dezembro — 03:20pm
Christian falava e falava, mas eu não conseguia prestar atenção em nada do que ele dizia. Eu só conseguia pensar na Diana, que estava em Bernville e queimando de febre, de acordo com o que eu conversara com Tom naquela manhã. Amy, que mal falava comigo. E , que eu sequer tive coragem de enviar uma mensagem. Liam, por mais que estivesse triste, sempre falava comigo pelo celular de Tom, mas Diana não queria nem ao menos receber receber meus beijos, que eu mandava pelo seu pai.
— ? Está me ouvindo? — Christian falou, estalando os dedos na frente do meu rosto e eu balancei minha cabeça, voltando à órbita — Você trouxe o projeto que eu te pedi? Sei que está em cima da hora, mas você disse que conseguiria. — continuou, mas eu ainda demorei um pouco para assimilar o que ele queria dizer — O que está acontecendo com você? Eu sei que chegar a um emprego novo é um pouco mais complicado, mas especialmente hoje, você parece ainda mais aérea. — segurou uma caneta que estava sobre a mesa e a balançou de um lado para o outro.
— O que você queria ser quando era criança? Você sempre quis ser arquiteto? — perguntei simplesmente e a sua feição era de extrema confusão — Só me responde isso. — fiz uma careta, sem saber o que explicaria para ele, mas eu não precisava.
— Eu queria ser músico. — soltou uma risada baixa.
— E por que não foi? — questionei me arrumando na cadeira, que parecia mais desconfortável do que o normal.
— Meus pais não aceitaram, diziam que eu precisava escolher uma profissão que desse dinheiro. — soltou uma risada nasalada e balançou negativamente a cabeça.
— Se você pudesse voltar no tempo, você faria diferente e seguiria o seu sonho? — observei a caneta, que ele ainda balançava entre seus dedos.
— Com certeza não! — negou com a cabeça — Eles estavam certos. Eu não sei se teria uma boa carreira como músico, mas como arquiteto, isso era mais certo. — deu ombros e me olhou em seguida — O que isso tem a ver com o projeto? — afrouxou um pouco a sua gravata, largando a caneta sobre a mesa.
— Na verdade, tem mais a ver comigo do que com o projeto. — soltei uma risada nasalada e me levantei deixando a pasta sobre a mesa — Mas eu consegui a resposta que eu precisava. — arrumei o blazer que eu vestia e olhei para ele — Eu me demito. — falei simplesmente, o fazendo se levantar de sua cadeira.
— Mas você acabou de entrar na empresa, e tem uma bela carreira pela frente. — falou com incredulidade, e balançou a cabeça, o que me levou a dar ombros.
— Sabe, se eu pudesse voltar no tempo, também não teria feito nada diferente, teria escolhido arquitetura da mesma forma. Porém, hoje eu tenho a oportunidade de escolher novamente, e eu não posso desperdiçar essa chance. — olhei no relógio, me lembrando que a apresentação de Diana era as 07pm — Se eu sair daqui agora, chego em Bernville a tempo de não decepcionar minha sobrinha. — sorri e saí direto para minha sala para arrumar as coisas.
Depois que saí da empresa, passei no meu apartamento apenas para pegar os presentes que havia comprado e a minha roupa para o Natal. E peguei a estrada para Bernville.
Corri o máximo que consegui sem desrespeitar as leis de trânsito, porque eu queria chegar a tempo, mas não queria correr o risco de sofrer um acidente.
Fui durante todo o caminho checando o relógio, e eu chegaria na hora exata da apresentação de Diana, que Tom me confirmou que ainda participaria da apresentação, apesar da febre, que era provavelmente pela minha volta para NY.
Cheguei em Bernville exatamente às 07:15pm, e fui direto para o colégio onde estava sendo a festa de Natal. Deixei meu carro no estacionamento e corri até o ginásio, que já estava todo decorado, da forma que eu havia desenhado, o que me levou a sorrir. Olhei em volta, buscando um rosto familiar, e encontrei Liam e Tom na arquibancada, e fui até eles.
— Tia, o que você está fazendo aqui? — Liam me abraçou assim que eu me aproximei.
— Eu vim assistir a apresentação da Diana. — sorri e me virei para Tom — Já não era para ter começado? — fiz uma careta.
— Deve ter acontecido alguma coisa que atrasou a apresentação. — olhou em seu relógio e eu concordei.
— Vou até lá, assim Diana saberá que eu estou aqui. — falei já me afastando e fui em direção ao vestiário, onde as meninas estavam se preparando.
— Diana, você precisa entrar, ninguém ensaiou a sua parte. — uma moça, que eu deduzi ser a professora de música de Diana, estava abaixada em sua frente junto com Amy.
— Eu não quero participar. — Diana chorava, e sua carinha partia meu coração.
— Não acredito que eu saí igual louca de Nova York para chegar aqui e não ver você se apresentar. — falei com um falso desapontamento e as três me olharam. Diana logo correu em minha direção, e eu me abaixei para abraçá-la.
— Você veio. — falou baixo, enquanto envolvia seus bracinhos em meu pescoço.
— É claro que eu vim. — me afastei para olhá-la — Quando é que eu quebraria uma promessa que eu fiz para você? — sequei as suas lágrimas e ela sorriu.
— Tia , eu não odeio você, tá bom? Na verdade, eu amo você mais do que esse mundo inteiro, eu só estava brava. — fez um biquinho e eu sorri, sentindo meus olhos lacrimejarem, como a boa chorona que eu era.
— Tudo bem, meu amor. Eu sei que você não fez por mal. — beijei a sua testa e me levantei — Agora vai lá e faz a melhor apresentação de Natal que esse colégio já viu. — sorri e estiquei a mão para ela bater, e logo ela o fez, já indo com a professora se preparar.
— Não acredito que você realmente veio. — Amy me abraçou e eu sorri.
— Eu não poderia desapontar meus sobrinhos. — acariciei sua barriga e ela sorriu me puxando para fora, para que pudéssemos nos acomodar e assistir a apresentação de Diana.
As crianças entraram e subiram no pequeno palco que havia sido montado no ginásio, logo os primeiros acordes de "We wish you a Merry Christmas" começaram a tocar, e eles cantaram em coro.
— Good tidings we bring to you and your kin... We wish you a merry Christmas and a happy new year... We all like our figgy pudding... We all like our figgy pudding... We all like our figgy pudding... With all its good cheers... — Diana cantou sozinha a segunda parte da música, e naquele momento eu e Amy só sabíamos chorar, enquanto Tom gravava e Liam estava com um sorriso orgulhoso da irmã.
Quando a apresentação chegou ao fim, todo mundo ficou de pé para aplaudir, e eu fiz o mesmo procurando com o olhar, mas aquilo estava tão cheio e movimentado, que eu não o vi. Olly também havia sumido do meio das crianças, então eu não consegui nem falar com ela.
Diana se aproximou tão empolgada para saber o que nós achamos dela cantando, que eu acabei deixando de procurar , para dar total atenção à minha sobrinha. Aquele momento era dela, e não poderia ser diferente.
Tentei encontrar pelo colégio, mas não consegui achá-lo, então ficamos mais um pouco na festa e resolvemos ir para a casa, e eu o procuraria no dia seguinte.
Na sexta durante a manhã, eu acordei bem cedo, já extremamente ansiosa para falar com , porque eu queria me desculpar por tudo o que havia feito e nem tinha certeza se ele me perdoaria.
— Posso entrar? — Amy colocou apenas a cabeça para dentro do quarto e eu assenti — Como você está? — se aproximou da cama, beijou minha testa e se sentou em seguida.
— Preocupada, sem saber se o vai me perdoar. — fiz uma careta, e passei as mãos pelo rosto.
— Quando eu fui falar com ele na segunda, ele estava tão empolgado com a festa de Natal, e todas as vezes que ele citou o seu nome os olhos dele brilhavam de uma forma, que me deu até pena de contar que você tinha ido embora. — balançou negativamente a cabeça e ajeitou a alça de sua blusa, que havia descido pelo ombro — Depois que eu contei, ele ficou completamente desolado, e só pediu pra ficar sozinho. Ele gosta de você, , isso eu posso te dizer com toda certeza da minha vida.
— A gente se beijou no sábado, depois que as crianças dormiram. — olhei para ela, e abri um pequeno sorriso ao me lembrar daquele momento — E não foram apenas beijos, tinha muito mais sentimentos do que eu podia imaginar. — abracei o travesseiro na tentativa falha de me aconchegar.
— O que você está esperando para ir atrás dele? — me empurrou levemente na cama e sorriu.
— Uma roupa? — fiz uma careta, que ela repetiu — Eu não tive tempo de pegar uma mala, saí da empresa correndo para chegar a tempo da apresentação da Diana. — ri baixo e cocei o olho por alguns leves segundos.
— Vai tomar um banho que eu vou pegar algo pra você vestir. — se levantou já saindo do quarto, e eu fiz o mesmo, indo para o banheiro.
Eu estava tão ansiosa que acabei nem me demorando no banho, pois queria falar logo com e saber se ele iria me odiar para sempre. Quando saí do quarto, Amy havia deixado a roupa sobre a cama, e eu logo me troquei, fazendo uma maquiagem bem leve logo em seguida, enquanto o meu cabelo, eu deixei para lavá-lo só mais tarde, para a hora da ceia.
Desci para a cozinha, onde Tom preparava o café, o cumprimentei, bebi um pouco de suco e saí de casa.
Dirigi até a casa de e Olly tranquilamente, para aproveitar o tempo e pensar em como falaria com ele. Na verdade, eu nem sabia se ele abriria a porta para mim, mas eu precisava arriscar. Ele valia esse risco.
Em exatos 15 minutos, eu parei o carro em frente a casa e respirei fundo antes de descer. Toquei a campainha e coloquei minhas mãos no bolso do casaco que Amy havia me emprestado, o frio ali em Bernville havia aumentado. Demorou alguns minutos, mas a porta logo foi aberta por Olly, que abriu um enorme sorriso ao me ver.
— . — falou empolgada e eu me abaixei a abraçando apertado.
— Eu senti sua falta, garotinha. — ela se aconchegou em meus braços, de uma forma que deixava claro que ela também havia ficado com saudades.
— Olly, quem está aí? — gritou da cozinha, mas logo apareceu na sala e nossos olhares se cruzaram. Em seu olhar era fácil identificar a decepção, o desapontamento dele comigo.
— Olha, papai, a voltou. — Olly desfez o abraço para olhar o pai — Agora nós não precisamos mais ficar tristes e nem com saudades dela. — ela segurou em minha mão, e logo me puxou para dentro da sua casa.
— Olly, você pode me deixar sozinha com o seu pai? — olhei para a garotinha e ela assentiu, indo para a sala — Eu preciso muito falar com você. — olhei para , e ele desviou seu olhar para sala, em seguida foi para a cozinha. Eu não sabia o que aquilo significava, mas fechei a porta e fui atrás dele — Eu... — comecei falar, mas fui interrompida por ele.
— Você apareceu do nada aqui, e foi ajudar na organização da festa e fez tudo virar de cabeça para baixo em minha vida. — ele escorou as mãos no balcão da cozinha e abaixou a cabeça encarando o chão — Depois de cinco anos, eu pensei em dar uma nova chance para o Natal, por sua causa, por tudo o que você fez e disse. Mas você... — me olhou com um olhar desgostoso — Você conseguiu estragar isso. Você foi embora do nada, quando disse que ficaria por mais tempo. Você partiu o coração da Diana, o da Olly, e até mesmo o meu. — soltou uma risada sem humor — Olly se apaixonou por você desde o primeiro segundo que ela te viu. E domingo, quando a gente voltou para casa, ela em perguntou se você poderia ser a "mamãe" dela. — balançou a cabeça, e andou pela cozinha — Eu até cogitei essa hipótese, porque eu nunca havia dado tanta abertura para nenhuma mulher se aproximar da minha filha dessa forma. Mas na segunda Amy veio me contar que você havia voltado para Nova York de vez, e antes da hora. — passou as mãos pelo rosto e soltou uma risada nasalada — Você não teve a maturidade de vir falar comigo, de vir se despedir. — me olhou novamente, e seu olhar era triste, pior do que eu imaginava ver — Você só foi embora e largou tudo aqui, mesmo depois de tudo o que aconteceu. — balançou mais uma vez a cabeça e se escorou novamente no balcão com os olhos fechados.
— E é por isso que eu voltei. — falei baixo na tentativa de chamar sua atenção, mas foi um ato falho — Eu passei os últimos três dias pensando no quão feliz eu fui desde que cheguei a Bernville. Meus sobrinhos e minha irmã sempre conseguiram me alegrar, mas conhecer você e a Olly fez uma enorme diferença em minha vida. — o olhei, mas ele ainda se mantinha na mesma posição que antes, o que me fazia perder as esperanças de um perdão — Eu não sei se faz diferença para você, mas eu também me apaixonei pela Olly no momento em que eu a vi com a Diana, o jeito com que ela me olhava pela nossa semelhança no cabelo e a forma com que ela sempre me tratou me deixaram cada dia mais encantada por essa garotinha. — sorri, sentindo um nó se formar em minha garganta, que eu nem sabia por que, eu só queria chorar — E se você quer saber, eu me apaixonei por você da mesma forma, e com a mesma intensidade que eu sou apaixonada pelo Natal. Na verdade, o que eu sinto por você é ainda maior do que isso. Eu sempre achei que era impossível se apaixonar em duas semanas, mas hoje eu entendo que eu levei um minuto para me apaixonar... — soltei o ar pela boca em meio a uma pausa para tomar a coragem que eu precisava — E menos do que isso para partir seu coração. — senti uma lágrima grossa escorrer pelo meu rosto, e fechei os olhos ao sentir o olhar dele sobre mim — Eu vim aqui pra te pedir perdão. — o encarei — Perdão por ter sido imatura e não me despedir, mas principalmente por ter sido covarde e ter ido embora por medo de não seguir meus sonhos, e por medo de me machucar novamente. Aconteceu tanta coisa ruim na minha vida antes de chegar aqui, que eu estava com medo de você ser mais uma. — passei as mãos pelo rosto secando as lágrimas que insistiam em cair — Enfim, eu não tenho muito o que dizer, porque eu nem sei como fazer isso sem piorar tudo o que eu fiz, mas eu só queria que você soubesse disso. — o encarei por alguns longos minutos, mas o seu silêncio tomou conta daquele cômodo e eu tinha certeza que havia entendido o que aquilo queria dizer.
Saí da cozinha tentando segurar o choro e fui em direção à porta. Quando estava prestes a sair, meu braço foi puxado e, ao me virar, colou seus lábios aos meus, em um selinho demorado, que acabou se tornando um beijo calmo e transbordando saudade. Eu envolvi meus braços em seu pescoço e ele segurou firme em minha cintura, deixando o beijo ainda mais intenso.
Cortei o beijo com selinhos quando começou a faltar ar, e encarei com um sorriso, que era retribuído por ele. Olhei por cima de seu ombro e Olly nos olhava com uma carinha confusa, e um sorrisinho fofo nos lábios, o que nos levou a rir.
— Acho que o Papai Noel realizou seu pedido adiantado. — sussurrou para ela, ao colocá-la em seu colo e eu sorri.
— Agora que o papai tem você como namorada, ele não vai mais ficar triste e nós vamos comemorar o natal tooodos os anos. — ela bateu palmas em sinal de empolgação e eu e rimos.
— O que vocês farão à noite? — olhei para e segurei a pequena mão de Olly.
— Assistir 'A princesa e o sapo' e comer os meus cookies, que caíram de nível por sua causa. — fez uma careta e eu gargalhei dando ombros de uma forma convencida.
— O que você acha de vocês passarem o Natal com a gente? — deitei a cabeça para o lado, numa tentativa de tornar aquele pedido fofo — Prometo que os biscoitos serão os melhores. — cruzei os dedos e ele riu.
— Bom, eu acho que devemos começar a criar novas tradições de Natal na nossa família. — olhou para Olly e em seguida para mim, que lhe dei um longo selinho em comemoração.
Me sentei na cama e encarei Diana, que estava de pé na frente do seu espelho, colocando umas presilhas em seu cabelo. Ouvi a campainha tocar, e sabia que e Olly haviam chegado.
— Diana, o e a Olly já chegaram, nós podemos descer? — olhei para a minha sobrinha, que passava perfume.
— Ai, tia , se acalma. — revirou os olhos e eu ri levemente, analisando o meu look no espelho. Eu vestia um vestido de lã vermelho, uma meia calça preta e um coturno também preto.
— Tia , o chegou. — Liam entrou no quarto e se jogou na cama.
— Eu ouvi a campainha, mas a sua irmã não acaba de se arrumar. — me sentei ao lado dele e apontei para Diana, que seguia em frente ao espelho, arrumando o que eu já nem sabia mais.
— Tia , o professor não vai fugir. — Diana me olhou colocando as mãos na cintura.
— Garota, com quem você está aprendendo a ser atrevida assim? — falei entre risadas e ela deu ombros.
— Minha mãe sempre diz que ela fica cada dia mais parecida com você. — Liam me olhou rindo e eu fiz uma falsa careta ofendida, rindo em seguida.
— Agora vamos. — me levantei da cama e segurei a mão de Diana, a puxando para fora do quarto, com Liam logo atrás da gente.
Chegamos na sala e Diana desceu o restante dos degraus correndo para abraçar Olly, e aquilo só me fazia achar ainda mais bonita a amizade delas. , que estava sentado no sofá, me olhou da cabeça aos pés e abriu um belo sorriso, enquanto bebericava seu vinho.
— Olly, meu amor, você está muito linda. — peguei a garota no colo, depositando um beijo em sua bochecha.
— Obrigada, você também está muito linda. — ela sorriu e eu fiz o mesmo — O meu pai estava muito ansioso para te ver. — sussurrou em meu ouvido e eu ri olhando para , que não tirara os olhos de mim.
— Filha, cadê a pulseira que você me pediu para usar hoje? — Amy olhou para o braço de Diana, que estava vazio.
— Está no quarto, porque a tia estava desesperada para ver o professor , e não deixou eu me arrumar direito. — bufou e deu ombros em seguida — Oi, professor. — beijou a bochecha de e se sentou ao seu lado no sofá.
— Olha, Amy, sua filha está ficando terrível. — me aproximei de Amy enquanto ria, e coloquei Olly sentada no sofá.
— Não vou nem te dizer com quem ela se parece, porque você vai negar. — riu e eu revirei os olhos, andando até .
— Oi. — me sentei ao seu lado, e depositei um beijo em sua bochecha.
— Você conseguiu se superar e ficar mais linda do que o normal. — ele sorriu me olhando, e eu acabei fazendo o mesmo, lhe dando um selinho demorado em seguida.
— Até que enfim vocês dois resolveram isso. — Amy nos olhava com um sorriso enorme nos lábios e eu ri.
— Tom, me ajuda na cozinha? — olhei para o meu cunhado, que assentiu, e nós fomos para a cozinha — Seus pais não vêm esse ano? — o olhei, enquanto tirava a torta do forno.
— Eles estão na Nova Zelândia, acredita? — me olhou e balançou a cabeça rindo levemente — Como esse será o primeiro Natal da Lauren lá, depois de casada, eles decidiram passar com ela, já que, de acordo com a minha mãe, quando você está aqui, as crianças nem sentem falta deles. — riu e eu fiz o mesmo.
— Você sabe que isso é um absurdo. — deixei a torta sobre o balcão, enquanto Tom olhava o peru no forno.
— Se você estiver aqui, aqueles dois não sentem falta nem de mim e da Amy. — fez uma careta, e eu gargalhei.
— Consequências de ser a melhor tia do mundo. — falei convencida e ele revirou os olhos em seguida.
— Isso parece estar muito bom. — ele me olhou após fechar o forno e eu concordei com a cabeça, apesar de eu ter feito praticamente tudo ali — O que tá rolando entre você e o ? — se encostou no balcão.
— Estamos nos conhecendo melhor. — dei ombros e servi um pouco de vinho em uma taça.
— Muito bem, por sinal. — falou com certa malícia, e eu gargalhei, ouvindo a campainha tocar.
— Vocês convidaram mais alguém? — perguntei confusa e beberiquei o vinho, então ele negou.
Fomos para a sala, curiosos em saber quem estava ali, e quando eu vi os enormes braços envolvendo Amy, eu não acreditei. Era meu pai, e pela surpresa, nem mesmo minha irmã sabia que ele viria.
— Pai? — perguntei confusa e ele me olhou sorridente após desfazer o abraço com Amy. Então, ele abriu os braços e eu corri para me aconchegar ali.
— Não me lembrava que você já havia crescido tanto. — me apertou no abraço e eu retribuí encostando a cabeça em seu ombro e fechando os olhos. Fazia um bom tempo que eu não o via, e isso se deu por conta do meu trabalho, que nunca me dava um tempo para ver a minha família.
— Eu estava morrendo de saudades. — falei bem baixinho, quase num fio de voz, e senti um nó em minha garganta. Eu realmente sentia muito a falta dele.
— Se você chorar, eu vou acabar chorando também. — falou baixo e com humor, me fazendo rir e levantar a cabeça para encará-lo.
— O que você está fazendo aqui? — falei após depositar um beijo estalado em sua bochecha, e o encarei — São 16 anos que não comemoramos o Natal juntos. — engoli a seco em tocar naquele assunto, mas era necessário.
— Eu estava no cruzeiro e sonhei com sua mãe. — me olhou, e em seguida olhou para Amy, que estava parada agora em meu lado — E nesse sonho ela me disse que a magia do Natal estava nas pessoas que ainda estavam com a gente, e que não ia embora porque perdemos alguém. É preciso viver com quem a gente ama, e amar quem a gente perdeu. — segurou uma das minhas mãos e uma das mãos de Amy, que, àquela altura, já tinha os olhos tão marejados quanto os meus — Me perdoem por ter perdido esse momento por tantos anos, eu nunca quis decepcionar vocês. — balançou negativamente e intercalou o olhar entre nós duas.
— Você nunca decepcionou a gente, pai. — Amy beijou a bochecha dele — Nós amamos você, amamos muito. — ela nos abraçou apertado, e naquela altura era impossível segurar o choro.
— E cadê os meus netos? — olhou em volta, quando desfez o abraço — Trouxe presentes. — levantou as sacolas.
— Eles subiram, inclusive disseram para você subir também. — Amy me olhou, e eu arqueei a sobrancelha, o que a levou a dar ombros.
— Já subo. — segurei a mão de meu pai, e o levei até , que nos olhava com Tom, do outro lado da sala — Pai, esse aqui é o . — olhei para , que se levantou do sofá — E, , esse aqui é o meu pai. — olhei novamente para o meu pai e sorri.
— É um prazer conhecer o senhor. A falou muito de você. — sorriu, apertando a mão do meu pai.
— Você não me contou que você estava namorando novamente? — meu pai me olhou com uma careta confusa.
— Sabe, acho que eu devo olhar o que as crianças precisam. — apontei para o andar de cima, e riu, notando o meu constrangimento.
Saí logo da sala e subi as escadas indo direto para o quarto, onde as crianças me esperavam, e encontrei os três sentados na cama.
— Você demorou, tia . — Diana bufou cansada e eu dei ombros, me sentando na cama também.
— O que vocês querem comigo? — olhei para os três, que tinham umas carinhas de quem iriam aprontar.
— Fecha os olhos e só abre quando a gente pedir, okay? — Olly falou com aquele seu tom doce, e eu fechei os olhos, mesmo sem entender o que acontecia.
— Eu prometo que não vamos atrapalhar seu cabelo. — Diana falou, e eu logo senti suas mãozinhas encaixando um arco na minha cabeça.
— Agora, segura isso. — Olly colocou algo em minha mão, e eu estava tentada a abrir os olhos, mas não o fiz.
Ouvi passos se afastando do quarto, e pelos murmurinhos de Olly e Diana, Liam é quem havia saído. E eu só tive ainda mais certeza de que eles aprontavam algo.
— Fica em pé, mas não abre os olhos. — Olly falou, segurando minha mão e eu ficava cada segundo mais confusa.
— O que vocês estão aprontando? — questionei, obedecendo a ordem delas, de não abrir os olhos.
— Você confia na gente? — Diana perguntou e eu assenti — Então vem com a gente de olhos fechados. — segurou minha outra mão e as duas me guiaram pelo caminho.
Percebi que havia saído do quarto quando precisei descer as escadas, apesar do medo que eu estava de sair rolando dali, eu confiava nas crianças, mesmo sabendo que eles aprontavam algo.
— Pode parar aqui. — Diana falou, quando eu já havia caminhado por uma parte da sala — Agora, vocês dois, podem abrir os olhos. — ela e Olly soltaram minhas mãos e eu abri os olhos a tempo de ver fazer o mesmo.
Encarei o buquê de flores que Olly me entregara e passei a mão sobre meu cabelo, notando um pano de seda, que eu deduzi ser um véu.
— Qual dos três vai explicar o que está acontecendo? — encarei os três, soltando uma risada nasalada.
— O seu sonho sempre foi se casar na véspera de Natal, não é, tia? — Liam me olhou, e eu concordei.
— Você agora namora com o meu papai, então vocês podem se casar. — Olly falou como se aquilo fosse realmente simples daquela forma.
— Eu ouvi você falando com a mamãe que, com o professor , você conseguia pensar de novo em se casar. — Diana me olhou, e eu me virei encarando Amy, que riu.
— Eu juro que não fazia ideia. — levantou os braços, em sinal de rendição.
— Crianças, as coisas não são fáceis assim. — ri baixo, olhando os três, que naquele momento pareciam decepcionado.
— Mas nós devemos fazer isso. — se pronunciou e eu o encarei — Se você quiser, é claro. — sorriu.
— Quem vai fazer esse casamento? — olhei para as crianças e Liam logo ficou de pé, parando em nossa frente.
— , você aceita a minha tia como sua esposa? — ele falou, e riu baixo antes de responder.
— Eu aceito. — ele me olhou e sorriu.
— Tia , você aceita o como seu marido? — ele me olhou dessa vez, e eu não pude evitar uma risada, que foi acompanhada por todos os adultos presentes.
— Eu aceito. — olhei para , e foi impossível não sorrir.
— Temos um problema. — Liam falou pensativo e olhou para Diana e Olly — Não temos as alianças. — sussurrou, um pouco mais alto do que deveria.
— Eu resolvo isso. — falou, e se abaixou cortando dois pedaços de fitas de um presente — Prontinho. — voltou para o seu lugar.
— Por favor, coloquem as alianças. — Liam continuou e amarrou uma das fitas em meu dedo anelar, e eu fiz o mesmo com ele em seguida — Agora vocês estão casados. — finalizou.
— Pode beijar a noiva. — Diana pulou empolgada no sofá e eu a olhei, rindo daquilo.
— É pra já. — segurou em minha cintura, me deitou um pouco para trás e colou seus lábios aos meus, em um beijo calmo.
O beijo foi rápido, levando em consideração que haviam crianças na sala, sem contar em Amy, Tom e meu pai, que também assistiam àquilo.
— E você ainda me diz que não são namorados. — meu pai falou rindo e eu fiz o mesmo, abraçando em seguida.
— Vocês três se saíram melhor do que eu imaginava. — ri olhando as crianças, enquanto me sentava com no sofá.
— Liam está preparado para realizar casamentos por aí. — Tom falou com humor e o garoto ficou todo convencido.
— , eu posso te pedir uma coisa? — Olly me olhou, e eu bati em minha perna para ela se sentar, concordando com a cabeça — Agora que você se casou com o meu papai, você pode ser a minha nova mamãe? — ela fez uma carinha fofa, e seus olhos brilhavam de uma forma, que deixaram meus olhos marejados.
— Olly, isso é... — senti uma lágrima escorrer em meu rosto, antes mesmo de poder continuar — Eu adoraria ser a sua nova mamãe. — sorri e a menina envolveu seus bracinhos no meu pescoço — Mas precisamos saber se tudo bem para o seu pai. — ela se afastou e olhou para o pai, que apenas sorriu.
— Eu já tinha pedido pra ele, ele disse que tinha certeza que você será uma ótima mamãe. — ela sorriu de maneira sapeca e eu sorri junto a puxando para um abraço apertado.
— Pelo visto eu voltei a tempo de ganhar mais dois netos. — meu pai falou sorridente.
Aquele era, sem dúvidas, um dos melhores natais que eu tive em toda a minha vida.
Depois que as crianças colocaram um prato de cookies e um copo de chocolate quente ao lado da árvore para o Papai Noel, eles se despediram de todos e eu os coloquei na cama.
— Posso jogar videogame antes de dormir? — foi o que Liam me disse enquanto eu o cobria.
— Apenas meia hora, okay? — ele assentiu e eu lhe dei um beijo na testa, saindo de seu quarto em seguida.
Diana e Olly haviam dormido primeiro, com a ansiedade de ver os presentes deixados pelo Papai Noel, elas, como qualquer outra criança, achavam que, se dormissem mais cedo, a noite passaria mais rápido.
Voltei para a sala, e me sentei novamente ao lado de , que papeava animadamente com meu pai, como se já se conhecessem há anos. Aquilo me aliviava, levando em consideração que eu realmente queria ficar com .
— Você nunca vai me contar qual o seu segredo? — apontou para o cookie, após dar uma bela mordida.
— Quem sabe um dia. — dei ombros, e mordi um pedaço do cookie em sua mão.
— Você tem certeza que tá tudo bem eu dormir lá no quarto de hóspedes? — meu pai me olhou e eu concordei com a cabeça.
— Eu tenho a lareira, um pijama quentinho, cobertores e esse par de braços aqui para me esquentar. — bati a mão levemente no ombro de .
— Cuidado que temos crianças em casa. — Tom falou incrédulo, mas gargalhou logo em seguida.
— Não se preocupe, nossa lua de mel não vai ser agora. — gargalhei junto com ele, enquanto meu pai balançava negativamente a cabeça com os comentários.
— Vocês dois são muito babões em fazer a vontade das crianças. — Amy olhou para mim e para — Eu não sei de onde eles tiraram essa ideia de casamento, mas a empolgação dos três quando vocês entraram nessa foi impagável. — riu baixo.
— Bom, no próximo Natal teremos um casamento de verdade. — me olhou e sorriu, enquanto eu apenas o encarava com a maior cara de boba que eu podia e jurava poder ouvir as batidas do meu coração.
— Isso se a sobreviver até lá. — Amy se levantou do sofá e veio até mim — Boa noite, amo você! — beijou a minha bochecha e se despediu do nosso pai em seguida — Espero que vocês não se importem, mas eu realmente necessito de dormir, porque carregar uma criança cansa. — riu e passou a mão sobre a barriga.
— Amo você, maninha. Até amanhã. — mandei beijos no ar, e ela logo puxou Tom escada acima.
— Boa noite. — ele gritou já da escada, e nós rimos da cena.
— Eu também já vou, não quero atrapalhar vocês. — meu pai se levantou do sofá.
— Você não atrapalha, Sr. Hughes. — o olhou.
— Tenho certeza que vocês estarão mais confortáveis sem a minha presença. — ele soltou uma risada nasalada e eu me levantei lhe apertando em um abraço — Amo você, filha. — beijou a minha bochecha — Boa noite, . — apertou a mão de e logo subiu para o quarto.
— Enfim sós. — me joguei no sofá, envolvendo meus braços no pescoço de — Eu tenho um presente pra você. — falei empolgada.
— Eu também tenho um presente para você. — riu baixo e depositou um beijo no canto da minha boca, me fazendo sorrir.
— Eu poderia esperar até de manhã, mas eu sou ansiosa demais para isso. — ri baixo e me levantei pegando a caixa onde estava o presente de — Eu pensei mil vezes no que eu poderia te dar, e isso me pareceu um ótimo presente. — abri um sorrisinho, e o entreguei a caixa.
— Eu estou bastante curioso para abrir. — colocou a caixa em seu colo e começou desamarrando a fita, logo em seguida, abriu a caixa, onde havia um álbum bem natalino e na capa havia escrito "Minhas memórias de Natal".
— Eu sei que pra você nos últimos cinco anos o Natal foi apenas uma data, mas esse ano você criou muitas memórias, nós criamos na verdade. Então, eu comecei colando algumas fotos... — apontei para as fotos já coladas, onde havia fotos nossas quando fomos comprar as decorações, a foto da Olly com as luzes, que ele mesmo havia me enviado, e mais algumas outras que tiramos desde que nos conhecemos — E esse espaço em branco é pra você colar novas memórias, sejam desse ano ou dos próximos. — sorri e o olhei, enquanto ele ainda tinha seu olhar no álbum.
— Eu já disse o quanto você é incrível? — ele levantou seu olhar para mim e o meu sorriso aumentou ainda mais — Você é a minha magia de Natal. — ele sorriu, e me puxou para um selinho demorado — E eu também quero te dar meu presente agora. — se levantou, deixando o álbum sobre o sofá e pegou uma sacola debaixo da árvore — Eu espero que você goste. — me entregou a sacola e voltou a se sentar.
Tirei da sacola uma caixa de madeira, e dentro da caixa havia uma boneca extremamente igual a que eu havia ganhado da minha mãe antes dela morrer. havia me dado a boneca como eu havia descrito para ele.
— ... — analisei detalhadamente a boneca e não havia nenhuma diferença — Como você conseguiu? Eu procurei por tanto anos e nunca achei igual. — o olhei.
— O pai de um amigo meu tem uma loja de bonecas de porcelana, eu descrevi pra ele como era a sua boneca, Amy me conseguiu uma foto pra ser exatamente igual, e eu disse que precisava dela com urgência. — se explicou — Você disse o quanto era importante pra você esse presente, e por mais que não seja a mesma, eu quero que você se lembre da sua mãe olhando para ela. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Eu acho que eu amo você. — fiz uma careta boba, mas sem evitar um sorriso, e só depois percebi o que havia falado — Eu não... — ele me interrompeu.
— Pois você acha? — fez uma careta ofendida — Porque eu tenho certeza que eu amo você. — sorriu e eu acabei por fazer o mesmo, deixando a boneca de lado e pulando em seu colo.
Eu acordei bem cedo na manhã de Natal, porque precisava fazer os biscoitos das crianças antes deles acordarem. Depois que acabei a massa, dividi as bolinhas nas formas e as coloquei no forno, enquanto preparava o chocolate quente.
— Bom dia. — falou com a voz rouca, entrando na cozinha, e eu sorri ao olhá-lo coçando os olhos.
— Bom dia. — dei um beijo estalado em sua bochecha.
— Por que não me acordou para te ajudar? — parou na minha frente, e colocou suas mãos em minha cintura.
— Você estava dormindo tão bem, fiquei com dó de te acordar. — dei ombros e ele assentiu.
saiu para ir se trocar e fazer sua higiene, enquanto eu tirava os cookies do forno, os colocando em um prato. Levei tudo para a sala e coloquei na mesinha de centro, me sentando no sofá para esperar as crianças.
voltou para a sala, Amy, Tom e meu pai também apareceram, logo as crianças acordaram e desceram já em disparada para abrir os presentes.
— Não acredito que o Papai Noel me deu um videogame novo. — Liam falou empolgado, segurando o brinquedo.
— É um ótimo Papai Noel. — Tom me olhou e eu dei ombros, rindo baixo.
— Por que o Papai Noel me deu um presente, já que eu pedi uma namorada para o papai e ele deu a ? — Olly fez uma carinha pensativa, que arrancou risadas na sala.
— Porque ele gosta de crianças altruístas. — Amy falou, afagando o cabelo da garotinha, e sorriu — Você gostou do carro, filha? — ela olhou para a Diana, que já estava dentro de seu carro.
— É o mais lindo do mundo. — apertou a buzina, que fez um barulho estridente e Amy me fuzilou com o olhar.
Depois que eles abriram os supostos presentes dados pelo Papai Noel, eu entreguei para todos o que era para ser o meu presente. Os três estavam realmente empolgados com os brinquedos que haviam ganhado.
— Eu tenho mais um presente pra você. — olhei para Amy — Na verdade, é para o bebê. — ri e lhe entreguei a pequena caixa, que ela logo abriu.
— Como você sabia? — ela me olhou e em seguida levantou um pequeno body escrito "Garotinha da Titia" — Eu não contei pra ninguém o resultado do exame, porque queria deixar para hoje. — soltou uma risada nasalada e eu ri.
— E quando é que eu não acertei? — dei um sorrisinho convencido e ela revirou os olhos.
— Isso quer dizer que eu vou ter outra irmã? — Liam correu até a mãe animado e ela assentiu.
— A tia sempre disse que era uma menina, eu sempre soube que ela tinha razão. — Diana falou convencida e nós duas fizemos um hi-five.
— Agora, esse último presente é meu para todos vocês. — me levantei empolgada e peguei a menor caixinha que havia sobrado ali. Logo a abri e tirei de lá uma chave.
— Uma chave não é bem um presente que dá pra se dividir. — Tom falou debochadamente e eu revirei os olhos rindo.
— Tomem café e se vistam, preciso mostrar a vocês uma coisa. — peguei um cookie e subi correndo para o quarto para me trocar.
Assim que todos já estavam prontos, eu, e as crianças fomos no carro dele, enquanto Tom, Amy e meu pai foram no carro de Tom. Gastamos menos de 15 minutos até a cidade, já que tudo estava tão calmo, por ser manhã de Natal.
— Você trouxe a gente para uma loja à venda? — Amy fez uma careta confusa e me olhou.
— Não. — balancei a cabeça e peguei a placa de "Vende-se" — Eu trouxe vocês para a minha nova confeitaria. — falei empolgada.
— Você resolveu finalmente escutar o meu conselho? — Amy parou na minha frente e eu assenti — Mas e seu trabalho em Manhattan?
— Eu precisava sair da minha zona de conforto e seguir o meu sonho. Eu pedi demissão quando voltei para cá, e espero que tenha um lugar pra eu ficar na sua casa, pelo menos até eu ter onde ficar. — falei sorridente. Eu realmente estava feliz com aquilo, não tinha como ser diferente.
— Sempre vai ter um lugar pra você na nossa casa. — Amy me abraçou eu retribui o abraço.
— Isso quer dizer que o Papai Noel realizou também esse meu pedido? — Diana me olhou e eu assenti, então logo a garotinha correu em direção a mim, pulando em meu colo — Eu amo você, tia . Você sempre será a minha tia favorita. — me apertou em seus braços e eu sorri.
— Ei, eu quero ver como é essa loja por dentro. — Tom falou, e eu logo abri a porta, deixando todos entrarem — Isso aqui realmente é um ótimo espaço. — olhou em volta.
— Vai ser a melhor confeitaria do mundo. — Liam me abraçou e eu sorri.
Fui até meu pai, que olhava tudo em silêncio. Ele analisava cada detalhe do lugar, mas não havia se pronunciado até então.
— Pai, eu sei que você sempre quis uma filha arquiteta, mas eu não podia mais continuar, não era meu sonho. Isso aqui é. — o olhei receosa.
— Eu sempre quis uma filha arquiteta, mas hoje eu tenho uma filha arquiteta e confeiteira, eu não poderia querer mais do que isso. — ele sorriu paternalmente e me abraçou apertado — Agora me diz, qual vai ser o nome da confeitaria? — me olhou, quando desfez o abraço.
— Sweet Honey. — olhei para ele e em seguida para os outros, que prestavam atenção — Em homenagem à minha mãe, que sempre amou mel, e sempre foi um ingrediente "secreto" em muitas das receitas. — sorri e fui até , que estava um pouco mais à frente — Inclusive nos cookies. — sussurrei para ele, que riu envolvendo os braços em minha cintura.
— Eu tenho certeza que ela está orgulhosa de você. — ele sussurrou em meu ouvido e eu sorri lhe abraçando em seguida.
— E eu posso saber o que te fez mudar de ideia? — Amy me olhou curiosa.
— Eu tenho um motivo para ficar em Manhattan, mas eu tenho vários motivos para ficar em Bernville. — olhei para as três crianças na minha frente e em seguida para — Eu me reencontrei nesses últimos dias, e descobri que a magia do Natal está nas pessoas com quem vivemos e não na data. — eu abri o meu melhor sorriso, que foi retribuído por todos.
24 de dezembro de 2021, Véspera de Natal
— Mamãe, mamãe! — Olly entrou correndo no espaço que eu estava me arrumando, e ela estava linda com o vestidinho vermelho que eu havia escolhido para ela e Diana usarem — O papai está parecendo um príncipe. — falou com os olhinhos brilhando e eu sorri.
— E você está igualzinha a uma princesa. — depositei um beijinho na ponta de seu nariz e ela sorriu.
— Tia , o professor quer saber se você ainda vai demorar muito? — Diana passou pela porta, parando ao lado de Olly, e colocou as duas mãozinhas na cintura, me fazendo rir.
— Parece que o não sabe que noivas atrasam. — falei com humor e Diana concordou, como se realmente soubesse do que eu falava — Mas eu estou quase pronta. Então vocês duas já podem ir se preparar. — intercalei o olhar entre elas, que logo saíram da sala.
Fiquei de pé e encarei meu reflexo no espelho. Desci o meu olhar até a minha barriga, que parecia maior do que eu imaginava, e se destacava em meu vestido, deixando tudo ainda mais perfeito.
Peguei o meu buquê de rosas vermelhas, como Diana havia escolhido, e saí da pequena sala, indo direto para o salão onde seria o casamento. Liam foi o primeiro a entrar, com Stella em seu colo, e mesmo eu, que não estava vendo, sabia que aquela era provavelmente a cena mais fofa do mundo.
Logo depois, Diana e Olly entraram lado a lado. Antes de entrar, as duas já estavam empolgadas, então eu podia imaginar como elas estavam entrando na frente dos convidados.
Assim que os primeiros acordes de "All I want for Christmas you" começaram a tocar, meu coração acelerou e, antes de entrar, eu acariciei a minha barriga e sorri. A decoração estava linda e toda natalina como eu sempre imaginara.
me esperava no altar com um sorriso de orelha a orelha. Ele realmente parecia um príncipe, como Olly havia dito. Ele estava ainda mais lindo do que nunca.
Segui devagar com o meu pai ao meu lado, e o sorriso do meu rosto aumentava a cada segundo que eu me aproximava do meu futuro marido.
— Você já faz isso, mas eu preciso pedir para você cuidar bem dela, rapaz. — meu pai olhou para assim que paramos em sua frente.
— Eu vou cuidar muito bem dela e do nosso filho, Sr. Hughes. — sorriu e meu pai fez o mesmo, enquanto eu estava a ponto de chorar.
Meu pai beijou a minha testa e entregou minha mão a , logo em seguida se afastou, juntando-se à minha irmã, Tom e as crianças.
— Você está ainda mais linda do que eu podia sonhar. — ele sussurrou olhando em meus olhos, e se aproximou depositando um beijo em minha testa.
— E você está perfeito. — falei na mesma altura e sorri, entrelaçando nossas mãos, e subimos no altar.
O padre começou a falar e eu sequer conseguia prestar atenção nele. Eu estava tão feliz, tão radiante com aquele momento e tudo o que eu conseguia fazer era olhar para , que também me olhava sorridente.
— , você aceita como sua legítima esposa? — o padre falou e me olhou.
— Eu aceito. — ele sorriu.
— , você aceita como o seu legítimo esposo? — o padre me olhou dessa vez.
— Sim, eu aceito. — falei com um sorriso nos lábios.
— Vocês prepararam seus votos? — ele nos olhou e nós assentimos.
— Durante toda a minha vida eu amei o Natal com toda a paixão que eu podia. Eu sempre acreditei em magia do Natal, mas todas as vezes que via um filme com romance de Natal, eu tinha certeza de que aquilo nunca poderia ser possível, apesar de eu amar. Mas, quando eu te conheci no ano passado, minha vida parecia que ia desmoronar, tudo estava indo de mal a pior, o que inclusive foi o motivo de eu chegar em Bernville mais cedo, claro, junto com meus sobrinhos. — olhei para trás onde as crianças estavam e sorri — Naquele momento eu sequer estava animada para o Natal, eu nem ao menos queria comemorar nada. Até que Amy apareceu na sala dizendo que me ofereceu para ajudar na festa de Natal da escola, mesmo sem me consultar antes. — fiz uma careta e ri, sendo acompanhada das risadas dos convidados — Confesso que no primeiro momento eu não estava com a mínima vontade de fazer isso, mas logo que conheci você e Olly na segunda, algo dentro de mim se acendeu e não foi apenas minha paixão pelo Natal. — segurei em suas mãos e fitei seus olhos — Sabe, , você é sem dúvida nenhuma o amor da minha vida. E por você eu sou capaz de fazer qualquer coisa, ainda porque você me inspirou a seguir o meu sonho. E todos os dias, desde que a gente se conheceu, não há um dia que você não me faça sorrir. — minha voz já estava embargada, e meus olhos embaçados pelas lágrimas — Mesmo nos momentos mais difíceis, você está ao meu lado, porque, além de tudo, você é o meu melhor amigo. E eu sempre vou amar você, até o fim da minha vida. — sorri sentindo uma lágrima escorrer em minha bochecha, mas logo a secou.
— Eu poderia passar dias falando sobre a gente, mas principalmente sobre você, mas nesse momento eu posso resumir tudo dizendo algo, que provavelmente eu já te disse várias vezes, mas que define tudo. — ele segurou meu rosto entre as mãos e sorriu — Você é a minha magia do Natal. E eu digo isso com toda certeza porque, antes de você aparecer na minha vida, o Natal era apenas mais um data. Mas, quando você apareceu com todo seu charme e paixão por esse feriado, você ressignificou tudo isso para mim. Você me mostrou que é possível manter a memória de alguém viva, sem perder as alegrias da vida. — sua voz embargou e ele parou por alguns segundos para se recompor — Antes de você aparecer fazia muito tempo que eu não sabia o que era estar feliz, e eu me sentia extremamente egoísta com a minha filha, por ter ela ali, mas não ser feliz. Quando você entrou naquela sala os olhinhos de Olly brilharam, porque ela viu alguém que ela se identificava, e, desde o primeiro momento, você me trouxe paz, que era algo que eu não conseguia sentir desde que Chloe se fora. — suas mãos tremiam, então eu as segurei, e respirei fundo para segurar o choro — Você me mostrou que estava tudo bem eu não estar bem, e aquilo não era errado, mas você trouxe tanta felicidade para minha filha e para mim, que eu não poderia ser mais grato por você. Eu agradeço todos os dias por você ter vindo a Bernville mais cedo, por ter ido ajudar na festa de Natal no colégio dos seus sobrinhos mais cedo. Você é a razão de tudo isso estar acontecendo. — acariciou minha barriga e chamou Olly com a mão, logo a garotinha veio até nós e ele a pegou no colo — Você é a minha melhor amiga, a mulher da minha vida, mas você é principalmente a mulher na qual Olly se espelha, porque você é uma ótima mãe para ela. — ele beijou a bochecha da filha e secou as lágrimas, voltando a me olhar — E é por isso que nós amamos você mais do que é possível dizer. Porque você é o nosso melhor presente de Natal. — ele sorriu e eu os abracei sem poder controlar minhas lágrimas.
— Eu amo muito você, mamãe. — Olly falou baixinho e com a voz chorosa, e me apertou em seus bracinhos.
Naquela altura todos os convidados estavam chorando e era de se esperar. Eu não consegui controlar meu choro até o fim da cerimônia. Eu e trocamos as alianças e recebemos as bênçãos do padre. Quando ele finalizou, nós fomos os primeiros a sair dali e irmos para o salão onde seria a recepção e onde receberíamos os cumprimentos dos convidados.
— Eu preciso me sentar. — falei para , depois que cumprimentamos todos os convidados e fomos para a mesa da minha família e eu me sentei.
— Sabe, quando falou no ano passado que nesse Natal vocês se casariam eu não acreditei muito. — Tom falou nos olhando e nós rimos.
— Confesso que eu também tinha minhas dúvidas. — me entreguei, bebendo um gole de água e riu.
— Pois eu não tinha dúvida nenhuma. — ele me olhou e sorriu.
— Eu preciso dizer que aquele é o bolo mais perfeito que eu já vi em um casamento. — Emma, uma das amigas de , se aproximou da mesa e nos olhou.
— Isso porque você ainda não experimentou, certamente é o melhor bolo do mundo. — a olhou e eu ri.
— Meu marido é muito modesto. — falei com humor e deitei a cabeça no ombro de .
— Como você conseguiu fazer seu próprio bolo de casamento com a barriga desse tamanho? — ela me olhou curiosa e eu dei ombros.
— Eu tive um pouco de ajuda. — olhei em volta da mesa e sorri — Mas confesso, essa barriga pesa. Esse garotão precisa nascer logo. — passei a mão sobre a barriga e fiz uma careta, rindo em seguida, e senti um forte chute na barriga, que me levou a gemer um pouco com a dor.
— Tá tudo bem? — meu pai me olhou preocupado.
— Foi apenas um chute. — soltei uma risada nasalada e ele assentiu.
A noite foi passando tranquilamente, e as crianças eram as que mais pareciam se divertir, já que de acordo com eles não precisavam dormir cedo, porque era o meu casamento e o Papai Noel não iria se importar.
Por ser véspera de Natal, muitas pessoas foram embora para ficar com as famílias, mas as que ficaram passaram a ceia com a gente, o que, na verdade, havia sido incrível.
— ... — olhei para , que ria das crianças correndo pelo salão — Eu acho que está na hora.
— Está na hora de quê? — me olhou confuso e eu soltei uma risada fraca.
— Na hora do bebê nascer. — falei com a voz chorosa, sentindo uma forte contração.
— Mas ele não deveria nascer só no dia 02 de janeiro? — fez uma careta, ainda confuso.
— Bom, ou a minha bolsa estourou, ou eu acabei de fazer xixi no meu vestido de noiva. E acredite em mim, eu saberia se fosse a segunda opção. — fiz uma careta e ele logo se levantou da cadeira, olhando para os lados sem saber o que fazer, como se não tivesse uma filha.
— Meu Deus, que cara é essa, ? — Amy o olhou, soltando uma risada baixa em seguida.
— O bebê vai nascer. — ele olhou para Amy desesperado e por alguns segundos eu pensei que os olhos da minha irmã sairiam do rosto.
— Leva ela agora para o hospital, eu vou falar com os convidados e passar na casa de vocês para pegar as coisas. Encontro vocês lá depois. — o olhou e ele logo assentiu e me pegou no colo correndo para o carro, junto com meu pai, que foi dirigindo.
Gastamos no máximo dez minutos até o hospital, e aquela era a felicidade de se morar em cidade pequena, era tudo bem perto e por isso eu não corria o risco de ter o meu filho no carro.
Logo que chegamos, me colocaram em uma cadeira de rodas e me levaram para a sala de parto. se preparou e logo entrou na sala para ficar comigo.
As contrações foram aumentando na mesma medida que o tempo entre elas diminuía, mas ainda sim, não havia dilatado 10cm, então eu precisava esperar, o que me parecia uma grande tortura.
A madrugada foi passando e nada do bebê nascer, mas as enfermeiras entravam e saíam do quarto para checar se havia aumentado a dilatação. O que aconteceu só por volta das cinco e meia da manhã, quando meu filho resolveu que estava na hora de ele nascer.
— 48 centímetros e 2,645kg. — uma das enfermeiras falou olhando para mim e para e tudo o que eu sabia fazer era chorar, não estava muito diferente, então apenas me abraçou.
Depois que me liberaram para ir para o quarto, eu estava morrendo de ansiedade para ver meu filho e estava na sala de espera avisando a todos que nosso filho havia finalmente nascido.
Olly e Diana foram as primeiras a entrar no quarto, seguidas de Liam, Amy, Tom e meu pai. E todos pararam na lateral da cama, ansiosos para verem o bebê.
— Olha quem veio conhecer os pais e se alimentar. — uma enfermeira entrou no quarto, com o bebê no colo e o colocou em meus braços.
— Ele é tão fofinho. — Diana falou com uma vozinha fofa e eu sorri.
— Ele se parece comigo. — Olly falou, olhando para o irmão com os olhinhos brilhando.
— Ele realmente se parece com você. — olhei para ele e sorri.
— E qual o nome dele? — Liam perguntou, olhando para mim e para .
— Posso contar um segredo? — Olly falou olhando para gente e assentiu — Aquele dia na vila do Papai Noel, eu pedi para o meu irmão nascer no Natal e que, se isso acontecesse, o nome dele seria Papai Noel. — ela fez um biquinho e todo mundo riu.
— É isso! — falei sorrindo e olhei para o bebê em meus braços.
— Seu filho vai chamar Papai Noel? — Tom fez uma careta incrédula e eu ri baixo.
— Claro que não, Thomas. — o olhei e ele riu — Desde o ano passado quando eu cheguei aqui, o Natal foi a chave para tudo o que aconteceu entre a gente. E bom, a gente se aproximou por causa dele, nos apaixonamos por causa dele. Nos casamos na véspera de natal, dois anos seguidos, e o nosso filho nasceu justamente no dia 25 de dezembro, no Natal. — olhei para e ele assentiu para que eu pudesse continuar — Não poderia haver um nome melhor para o nosso filho, que tivesse um significado por trás disso tudo. — olhei para meu filho e acariciei sua bochecha com meu polegar, enquanto ele mamava tranquilamente — O nome dele é Claus. — sorri.
— Claus Hughes , não acho que poderia ser melhor. — beijou a minha testa e sorriu olhando o nosso filho.
— Ei, ei, gente. — Diana falou sussurrando e todos a olhamos — Olha a janela, está nevando. — ela falou empolgada e correu em direção à janela junto com Liam e Olly.
— Crianças, vocês não querem abrir os presentes? — meu pai falou olhando para os netos e eles assentiram, logo ele foi até eles com várias sacolas.
— Parece que você já nasceu com o espírito de Natal, meu amor. — falei baixinho para Claus e sorri — Feliz Natal, filho. Esse é o seu primeiro Natal do resto da sua vida. — beijei levemente sua testa e olhei para — Eu amo você. — sussurrei e ele se aproximou me dando um selinho demorado.
— Eu amo vocês. — sorriu e colou seu rosto ao meu, acariciando a bochecha de Claus.
Realmente Claus era o nome certo, ainda porque ele nasceu no momento certo, não antes do esperado. Era Natal, e ele precisava estar ali para compartilhar aquela alegria com a gente. E, junto com ele, estava a magia do Natal.