null null, null null e null null tem uma vida tranquila como a de quaisquer outros adolescentes em um subúrbio na cidade de Seattle. Estudam juntos desde a quarta série no colégio Amendment e agora passam por aquela fase que dizem ser a melhor pela qual todo ser humano passa - o ensino médio, aos dezesseis anos. Nem todos têm a mesma ideologia romântica sobre esta fase, mas ninguém nega que os aprendizados que se adquire com ela são imensos e criam lembranças eternas.
Para o trio de amigos, o amor pela música foi o que marcou essa fase considerada tão importante. Montaram uma banda, chamada Invisible Dreams, nome dado em razão das dificuldades para seguir em frente com seus sonhos, mas da importância pessoal que isso possui. null, primo de segundo grau de null e quatro anos mais velho que os jovens, concordou em participar como baterista e ajudar a coordenar o rumo da banda musical, afinal ele era o mais velho, porém não menos sonhador e cheio de energia.
null acorda com o despertador tocando, indicando que estava na hora de encarar mais um dia de colégio. Ela bate a mão no despertador para que ele pare com todo aquele barulho, se espreguiça ainda deitada debaixo do edredom, depois se levanta antes que a preguiça possa dominá-la de vez. Percebe que a manhã está fria, pois até mesmo com o quarto totalmente fechado ela sente calafrios. null pega sua calça jeans pendurada atrás da porta, vai até o guarda roupa e abre uma das gavetas para pegar meias e uma blusa preta com o emblema de seu colégio. Veste peça por peça devagar e com um pouco de preguiça, por fim se senta em sua cama e coloca nos pés seu all star; uma manhã totalmente corriqueira. Ela pega a mochila, abre a porta de seu quarto e vai em direção a escada, que não é muito extensa. Desce devagar, o silêncio invadindo seus ouvidos com tanta força que a incomodava, mas era todo o dia o mesmo silêncio desde que seus pais foram trabalhar no exterior. null sabia muito bem que não era para manter a sobrevivência da família, pois teriam como vive bem com o que ganhavam antes, se tratava mais da sensação de realização profissional. Seus pais eram simplesmente apaixonados pelo trabalho. Ela até os entendia, mas a falta que eles faziam era imensa de uma forma que não conseguia nem expressar.
À tarde a empregada - que era mais como sua irmã mais velha - viria, como já era de costume, mas isso não preenchia o vazio e a saudade de seus pais. null deixa a mochila encostada em uma das cadeiras em volta da mesa, pega um pouco de suco na geladeira e se contenta, comer muito de manhã nunca foi muito viável para ela, pois depois se sentia enjoada. Ela volta a subir as escadas para terminar de se arrumar no banheiro. Terminado tudo o que sempre fazia antes de começar a caminhada até o colégio - que não era tão perto assim de sua casa - ela partiu.
Estando lá, encontra seus dois únicos amigos: null e null. Nenhum dos três eram populares e nem rodeados de pessoas, mas bastava estarem juntos e nada mais importava.
- Bom dia! - null fala com animação - Percebeu que está atrasada?
- Bom dia, é eu sei, foi a preguiça na hora de levantar. Oi, null. – Disse ainda sem muito ânimo.
- E ai! – Falou null de maneira sucinta.
O sinal toca para que todos entrem para as salas de aula.
- Preparadas para ouvir o professor de filosofia falando? – null costumava reclamar de qualquer professor, mas null tinha que concordar que o de filosofia era realmente cansativo.
- Temos que estar. – Disse null num suspiro. Todos riem em conjunto.
Vão em direção a sala. Estando todos acomodados em suas carteiras o professor dá início à aula.
- Temos um novo colega para vocês. – Sr. Jones, o professor, começou falando lentamente.
Nisso um garoto entra na sala. Têm estatura média, cabelo liso, arrepiado e com pontas irregulares. Ele evitava olhar diretamente para as pessoas, null imaginou que talvez por timidez.
- Este é null null. Vamos arrumar um lugar para você. – Jones deu um tapinha no ombro do garoto.
Desde o começo do ano havia uma carteira vazia ao lado de null, então o professor colocou o garoto novo sentado bem ali. O que não fez diferença, pois em momento algum os dois se olharam, muito menos conversaram, apesar de ela o ter considerado bonito em sua mente.
As horas passaram rápido até o momento do intervalo, que durava apenas vinte minutos, porém era o bastante para relaxar a mente e comer alguma coisa antes de voltar a estudar. null, null e null pegaram um lanche cada um na cantina e foram se sentar em um canto, onde sempre ficavam. Comentaram sobre o garoto novo, depois que null falou que o achou bonito e null acabou se lembrando que precisava entregar um trabalho de matemática atrasado. Deu à hora de voltarem para as aulas. O decorrer do tempo letivo foi como em todos os outros dias. A última aula era de matemática e null aproveitou para entregar o trabalho, mas esperou que todos saíssem da sala. Não gostava de atenção dos demais centralizada nela e entregar um trabalho atrasado sempre chama atenção. null e null foram saindo à frente. null reparou que null ficou ali esperando a maioria das pessoas saírem para depois se levantar. Ela foi até a professora e entregou o trabalho, enquanto já saía da sala andando de costas ainda falando.
- Aqui professora, desculpe a demora, mas aí está o trabalho. Acho que fiz tudo certo.
- Tudo bem null, mas cuida... – Mas a professora não teve a oportunidade de terminar a frase.
null tropeçou no pé de alguém que estava parado e acabou caindo no chão. Derrubando os cadernos que estavam na mão da pessoa.
- Droga, como eu sou desatenta. Me desculpe. – Ela se recuperou do tombo e ficou agachada, recolhendo os cadernos à sua frente. Ela não tinha visto em quem tropeçara. Só percebeu que a pessoa também se agachou para recolher as coisas.
- Não tem problema, pode deixar. – A voz de um garoto preencheu os seus ouvidos.
Quando null levantou o olhar, ainda agachada, viu que era o garoto novo, null. Ele olhava em sua direção, tinha olhos intensos e penetrantes. null sentiu suas bochechas esquentarem um pouco, ela torcia para que isso não estivesse visível para ele. Ambos se levantaram do chão. null entrega à ele o que recolheu.
- Me desculpe.
- Não se preocupe. Eu que estava distraído olhando os anúncios. – Ele aponta a cabeça levemente para os papéis pregados em um mural na sala e sorri levemente. Ela chegou até se perguntar se era mesmo um sorriso, então null se virou e saiu da sala. null saiu também, a fim de encontrar novamente null e null.
- Por que demorou? – Disse null curiosa quando ela os encontrou.
- Houve um imprevisto, o que eu perdi?
- null disse que eu sou muito gato! – null falou com um ar exibido e depois sorriu de forma brincalhona. null deu uma gargalhada discreta e um pequeno soco no ombro dele.
- Cala a boca! Eu não disse nada!
null apenas sorria observando os dois, que agora batiam um no outro de brincadeira. Ela acreditava que ali entre seus dois melhores amigos existia algo maior que uma amizade, mas sempre que dizia algo relacionado a isso era totalmente contrariada por ambos. O que não fazia com que ela pensasse diferente.
- Vamos para o salão acústico direto daqui ou vocês vão para casa primeiro? – null perguntou olhando para os dois.
Salão acústico era um local que os pais de null compraram e reformaram para que ela e seus amigos ensaiassem suas músicas. Eles batizaram o local dessa forma, mas era como um estúdio de ensaio. Ficava a algumas quadras do colégio. Mas os dois nem responderam, pois de repente, uma estranha movimentação ali por perto chamou a atenção dos três.
- É o Bratt... já está enchendo a paciência do novato. Esse idiota não cansa. – null demonstrava irritação, ninguém suportava Bratt.
- Ele e aquele bando de capachos. – null fez uma careta.
null sente uma súbita coragem de dizer algo que Bratt - o garoto que se achava o valentão da colégio - merecia ouvir. Então foi até onde ele estava. Ela nunca dizia nada para ninguém, mesmo quando a insultavam, mas decidiu não deixar ele ser arrogante com uma pessoa que ainda mal conhecia a colégio. Ela percebeu que null e null estranharam sua atitude, mas foram junto dela. Bratt estava com um dos cadernos de null na mão, o garoto não parecia querer reagir, mas também não demonstrava medo algum.
- Não tem algo melhor para fazer, Bratt? Deixa o garoto em paz. – null estava decidida e sua voz saiu firme.
- Uuuuuh, ela é sua defensora novato? – O garoto loiro de olhos azuis sorriu desdenhosamente olhando para null, que se manteve de cara fechada, porém quieto. Os outros meninos ali em volta, a quem null se referiu como capachos, riram do que ele disse.
- Não sou defensora de ninguém, só acho que você deve ir cuidar da sua vida ao invés de ficar atormentando a dos outros. - null escuta null, null e mais algumas pessoas ali em volta rirem.
- Menina intrometida. – Bratt resmungou e já não sorria mais.
- Vai procurar o que fazer! – Disse null tentando ser ameaçadora.
Bratt demonstra ficar irritado com a situação, pois joga o caderno de null para longe e se afasta. null vai buscar o caderno, trazendo-o de volta para o garoto novo.
- Valeu, pessoal. – Ele fala encabulado.
- Não seja por isso, cara. – null entregou o caderno enquanto falava.
- Bratt é um idiota, mas um grande covarde. – null tinha razão no que disse.
- Nem liga! Não vale a pena. – null disse brevemente.
null sorri e assente com a cabeça. null sempre foi mais comunicativa, se dava bem em com as pessoas. Era fácil null arranjar pretendentes, apesar de não ser super popular. null percebia que isso incomodava um pouco null, ele não gostava de outros garotos se tornando muito próximos dela.
- Essa é a null, - começou ela, sem medo de conversar. - eu sou null e esse é o null. Sabemos que você se chama null porque o professor falou. - null ri com o comentário dela. - Quer se juntar a gente? – null não tardou a perguntar. - Quer dizer, se ainda não estiver indo para sua casa.
- Ah... não sei... não quero incomodar.
- Não vai incomodar! Certo, gente? – Agora ela olhava para null e null, como se pedisse aprovação.
null faz um sinal com a cabeça como se dissesse que o garoto realmente não incomodaria, apesar de que pelo menos para null, estava visível que ele estava ficando com ciúme. null também demonstra que ele não incomodaria, sorrindo de leve para null. Então, ele aceitou acompanhá-los e saíram caminhando juntos. null puxou assunto depois de alguns segundos.
- Vamos direto para o salão? Pela hora que já é o null já saiu do serviço e provavelmente vai poder vir para ensaiar.
- Melhor assim. É só ligarmos para ele. – null tinha a chave do lugar sempre junto dela.
- Ok, então o null vem com a gente! Posso te chamar de null, né?
null ri pelo nariz com o jeito espontâneo de null.
- Claro, pode sim, null. Vocês têm uma banda é?
- Temos sim, ainda não é famosa, mas um dia vai ser! - null comentou.
- null sempre positiva demais. - Disse null sorrindo de forma divertida.
null o conhecia bem e sabia o quanto ele era brincalhão. null gostava do jeito dele ser, sempre fazia os que estavam ao seu redor sorrir.
- Prefere que eu seja pessimista? – Ela disse também fazendo piada. Ambos dão risada e null a abraça pelo ombro.
- Sabe que estou brincando.
- Eu sei, seu tonto. – null sorriu para ele. E ao virar o rosto observou null fechar um pouco a cara.
- Um de vocês não ia ligar para o null? – null disse mais séria do que o normal.
Então null desatou logo o abraço, não queria que amiga ficasse com raiva, afinal a sua relação com null era somente amizade. Mas não era culpa de null reagir assim, tem coisas que acabamos não controlando.
- Eu ligo! – null pega o celular do bolso.
null falou com null e ele concordou em ir até o salão. Ao chegarem, null e null entraram na frente, enquanto null ficou mais a traz junto de null, que ao entrar no lugar pareceu admirado.
- Caramba, que legal!
- É, estava bem abandonado quando descobrimos. – Disse null lembrando-se das primeiras vezes que entrou pela porta do salão.
- Como assim abandonado?
- É que os donos não utilizavam mais esse lugar para nada, então como precisávamos de um lugar para ensaiar e guardar os instrumentos, meus pais compraram e reformaram o lugar. Foi como um presentão de aniversário para todos nós. Só tivemos que pintar as paredes e fazer algumas coisas a mão, como as estampas. Mas eles mandaram fazer um sistema acústico e tudo mais.
- Nossa, isso é realmente incrível! Seus pais devem ser bem legais.
- Eles são. – Ela sorriu com nostalgia lembrando-se dos pais.
Os dois se entreolham com um sorriso leve. null chega nesse momento.
- E aí pessoal, como estão? – null era animado, extrovertido e estava sempre sorrindo, nunca transpareceu ter um mal dia.
Os quatro respondem quase ao mesmo tempo, com pequenos segundos de diferença: ”Bem e você?”
- Ótimo! Prontos para começar? Espera, quem é esse? Novo integrante? - null aponta com a cabeça, sorrindo calorosamente para null.
- Não cara, é um amigo que fizemos hoje. – null falou em explicação.
- Eu sou o null. - Os dois apertaram as mãos, cumprimentando-se.
- Acho que já deve saber que sou o null, porque esse pessoal fala mal de mim o tempo todo. – null faz null rir.
- Só ouvi comentários bons até agora, posso garantir. – Diz o garoto ainda rindo.
- Então vamos começar? Pode sentar naquele banco null, não vamos demorar demais com o ensaio. – Disse null, já preparada com seu baixo elétrico.
- Vamos nessa. – Disse null correndo para a bateria.
null vai até o microfone que era sua especialidade, mas ela não descartava a ideia de tocar violão. Esse instrumento a encantava, talvez pelo fato de que seu pai o tocava para ela quando era criança. Novamente as lembranças dos momentos com seu pai e sua mãe invadem seus pensamentos; ela se controla o suficiente para que a saudade não encha seus olhos.
- Ok, vamos nessa. Preparada no vocal null? - null chama sua atenção e ela sai daquele momento que se passava somente dentro de sua própria mente.
- Claro. – Responde ela.
O ensaio começa, null se senta em um canto do salão. A banda não tinha problemas para se relacionar e eram todos bem organizados. Tocavam tanto covers de celebridades das quais gostavam, quanto músicas próprias. null normalmente era a compositora das músicas mais agitadas, letras que sugerem algo mais com o estilo pop, já null tinha composições que o ritmo ficaria mais legal em estilo rock romântico, nada muito pesado, mas também não lento demais. As duas tinham uma composição que fizeram juntas, mas null sempre gostou mais de tocar do que de cantar. null e null ficavam com a parte harmônica, e eram realmente bons nisso. Sendo assim, o gênero musical que tocavam ia de pop á rock. Seis ou sete músicas foi o quanto tocaram, não estavam com tempo, porque null tinha algum compromisso misterioso que não contou a ninguém o que era.
- Beleza, está bom por hoje. Vocês precisam ir para casa e eu também. Tchau, gente. Logo nos vemos. – null foi saindo apressado enquanto falava.
Todos responderam de maneira praticamente automática e bagunçada: ”tchau”. Ao arrumarem e recolherem o que era necessário, os quatro também saíram do salão e caminharam juntos até a frente do colégio, até pararem para se despedir.
- Ok, então a gente se vê amanhã pessoal. – Disse null, beijando o rosto de cada um. – E ah! Prazer em conhecer você null!
- Igualmente null. – Respondeu ele educadamente.
Então, null tomou o caminho para sua casa. null olhando no relógio de pulso, pareceu se assustar um pouco e apressou-se em dar tchau.
- Nossa! Acho que meu pai queria que eu o ajudasse a cortar a grama hoje. Preciso correr, até mais. – Nem null, nem null tiveram como se despedir direito de null, que saiu praticamente correndo.
null e null, agora sozinhos, se olharam em silêncio por uns dois segundos. Até que ela decidiu dizer algo.
- Bom, vou pra casa também.
- Eu também vou para a minha. – Concordou ele. – Então... até mais.
- Até. – sorriu ela, virando as costas e começando seu trajeto para casa. Porém, após ter dado alguns passos, foi surpreendida pela companhia de null.
- Acho que vamos pelo mesmo caminho. – Ele sorriu sem mostrar os dentes. null riu de forma audível, mas discretamente.
- De repente, somos vizinhos e nem sabemos disso. – Disse ela rindo, fazendo-o rir também.
- Vai saber... eu moro perto de uma praça. - Disse ele dando de ombros.
- Eu também. – Agora ela estava surpresa. Ele era mesmo seu vizinho?
Os dois riem descontraídos com a conversa.
- Já morava em Seattle? – null perguntou, curiosa.
- Na verdade não, morava em Portland.
- Ah nossa, alguém do estado vizinho, e o que te fez vir para cá no meio do semestre?
- Minha mãe. Ela ganhou uma proposta de emprego, segundo ela irrecusável. Não me importei sobre ter que mudar de cidade, nunca gostei de Portland.
- Entendo... E está gostando daqui?
- Por enquanto nada me decepcionou. – Disse ele sorrindo, os dentes bonitos e alinhados estamparam seu rosto. - Você mora aqui á muito tempo?
- Sim, meus pais vieram para Seattle quando eu fiz um ano de idade.
- Nossa, faz tempo.
- É. – Houve uma pausa na conversa, mas null buscou algo para perguntar. – Sempre morou em Portland antes de vir para cá?
- Sempre. Minha mãe até tinha vontade de morar no Arizona, mas tenho uma irmã mais nova, null, tem dez anos e ela nunca gostou ideia de ir para lá. E ai minha mãe recebeu a proposta de emprego e aqui estamos.
- A sua irmãzinha não reclamou de terem vindo para cá?
- Um pouco, mas não como reclamaria se tivéssemos que ir para o Arizona, ela tem algum problema com aquele lugar e sinceramente não sei porquê. – null riu e ela também. Então ele parou em frente a uma casa de tijolos à vista. - Eu paro por aqui, nos vemos amanhã.
- Ok. Eu tenho que dar mais alguns passos. – Ela sorriu apontando rapidamente para o fim da rua.
- Então moramos na mesma rua?
- Pois é. – null confirmou rindo.
O rosto dele se moldou em um sorriso que fez null estremecer, ela gostava quando ele sorria. Ela acenou e ele acenou de volta, depois virou-se e entrou na casa. Ela seguiu o caminho até chegar em sua casa. A empregada, chamada null estava por ali, null não a via como uma empregada, na verdade era uma amiga, quase como uma irmã mais velha. null a chamava pelo apelido, null.
null sorriu. null era responsável e preocupada. null gostava de tê-la por perto.
- Desculpe, fomos ensaiar no salão.
- Eu acho que deveria me avisar né? Me deixou preocupada.
- Tudo bem, me desculpe. Na próxima eu avisarei. Mas, null, porque está tão arrumada? Estamos esperando alguma vista especial que eu não saiba?
null dizia isso com um ar de desconfiança, toda aquela produção de null não era comum de todos os dias. A amiga sorriu, parecia um tanto envergonhada julgando pela leve cor avermelhada que suas bochechas tomaram.
- Vai se importar se eu sair mais cedo hoje null? É que... Tenho um encontro.
- AAAAAH UM ENCONTRO! – null gritou e depois tampou a boca, agora rindo. null gargalhou. - Com quem? Me conta, me conta, me conta? - null deu uns pulinhos sorrindo. null soltou outra gargalhada.
- Ok, ok. Vou te contar, mas já vou avisando que você pode achar estranho.
- Não importa, me conta null!
- Com o null. - null fez cara de espanto e null confirmou seus pensamentos - É esse mesmo que está pensando, o seu baterista.
null deu mais alguns pulinhos abafando gritos de entusiasmo, se sentiu feliz por null afinal conhecia de muito tempo null e sabia que era um ótimo rapaz. Os dois seriam um ótimo casal.
- Nem sei o que dizer, estou muito feliz. Vocês vão ser um casal tão lindo. – null sorria. - Agora eu entendo porque o null saiu praticamente voando do ensaio quando acabamos.
null sorriu ainda um pouco envergonhada. null sabia que a amiga estava feliz, ela conseguia perceber um brilho a mais nos olhos dela, como se nada pudesse ser tão incrível quanto o que estava por vir. A campainha toca nesse instante. Ela nota que null fica mais nervosa e ansiosa.
- É ele. – Diz ela, arrumando o cabelo.
null atende a porta com simplicidade, fingindo que ainda não sabia de nada do que estava acontecendo. Então de súbito decide brincar com a situação.
- Sua donzela te espera cavalheiro. – null não consegue conter a risada depois que null começou a gargalhar.
Ele aceita e entra na brincadeira, indo até null pegando a mão dela e beijando. Estavam os três rindo e se divertindo, null percebeu que isso afastou um pouco a tensão de sua amiga. null prestou os cumprimentos a null como uma dama do século 19. Ele coloca a mão nas costas dando o braço para que ela segure. null indica a porta com as mãos e eles saem.
- O transporte os espera. – null disse apenas sorrindo agora, sentindo sincera felicidade pelos dois.
Ambos entram no carro, que era propriedade de null. Ele dá uma piscadela para null antes de acelerar. Ela acena para os dois.
Ao anoitecer, null jantou vagarosamente, depois foi para seu quarto, deitou em sua cama, com um livro em mãos, chamado The Alchemist. O autor era Paulo Coelho, um brasileiro. Ela nunca o tinha pegado para ler, apesar de ter ganhado há tempos de sua mãe que sempre foi fã das obras do escritor. Ela estava interessada na história que começara a ler, mas seus olhos começaram a ficar pesados e ela acabou dormindo.
Acordou com o despertador tocando no dia seguinte, dessa vez ela o deixou tocar até o final, mesmo que o barulho irritasse um pouco. O livro ainda estava sobre ela e ainda estava com a roupa que havia ido para colégio no dia anterior. Se levantou e foi direto para o banheiro. Ligou o chuveiro e tirou as vestes. Queria tomar um banho quente, pois a manhã estava ainda mais fria que a anterior. Depois, enrolada na toalha, foi para seu quarto e colocou uma outra roupa. Arrumou o material que usaria no dia e jogou a mochila nas costas. Saiu em disparada pelo caminho de sempre, estava com mais pressa naquele dia, mas desacelerou um pouco ao passar pela casa de null. Observou uma das janelas e o viu. Também viu uma mulher bonita, que tinha os mesmos olhos do garoto, provavelmente a mãe dele. Ela estava com um grande sorriso no rosto, parecia orgulhosa com o filho que tinha. De repente null esbarra em algo, se desequilibra e cai.
- Isso sempre acontece comigo, que droga. – Resmungou se apoiando para poder levantar.
Ela olha em volta e percebe que tropeçou em uma bicicleta pequena e cor-de-rosa que agora se encontrava tombada no chão.
- Você está bem? – Ela escuta a voz de seu amigo, vira o olhar e avista null que se apressou em sua direção um pouco assustado, provavelmente havia visto a cena do tombo. Ele ergue a pequena bicicleta antes que ela mesmo o fizesse.
- Estou... só me distraí e tropecei.
- null levantou mais cedo e estava andando de bicicleta, deixou no meio da calçada para ir beber água, já falei para ela não deixar aqui. – Ele parecia tentar se desculpar pela irmãzinha.
- Não se preocupe, eu é que estava distraída.
Ele arrasta a bicicleta para dentro do jardim de entrada e volta para perto de null.
- Então... posso te acompanhar até o colégio?
- Ah... Claro... pode sim. – null se enrolou para responder.
Os dois seguiram em silêncio até o colégio, pois faltava encontrar um assunto. Na frente do colégio, encontraram com null e null.
- Vieram juntos é? – null sorriu como se dissesse “se deu bem amiga”.
- Moramos na mesma rua. – null deu de ombros.
- Descobrimos isso ontem. – null concordou com simplicidade.
- Huuuuuum. – null disse com uma expressão que indicava acreditar que acontecia algo a mais entre null e null.
- Pode parar com a gracinha null! Vamos para a aula. – null se manteve séria.
Eles começaram a caminhar e ela foi mais á frente, junto com null.
- E ai null, me conta o que está rolando? - Ela ouviu null perguntar a null, dando risada, num tom de voz que parecia mais um sussurro.
- Nada, cara. – null respondeu também dando uma risada baixa. - Conheci ela ontem, esqueceu?
- Quer dizer que se conhecesse ela a mais tempo já teria rolado alguma coisa? - Falou null ainda em tom baixo e rindo.
- Não viaja cara! - Ela escutou null rir levemente de novo.
null sorri sem que ninguém percebesse, divertindo-se em ter escutado a conversa breve dos dois. Todos entram na sala de aula para mais um dia de aprendizado. O decorrer da manhã foi como sempre, exceto por null ter passado o intervalo com eles. O horário de aula logo terminou e os quatro ficaram por ali mesmo, para participar dos cursos do tarde.
O colégio possuía aulas regulares pela manhã, porém funcionava em período integral ou interno, ou seja, haviam cursos e outras atividades no período da tarde para os alunos, e quem precisasse ou quisesse dormir lá também era possível, pois haviam alojamentos. null ficava apenas três vezes por semana até as cinco da tarde no colégio (horário em que os cursos finalizavam) e voltava para a casa para dormir; esses eram os dias em que null não podia ir fazer-lhe companhia, então seus pais decidiram que ela ficaria no colégio durante a tarde por medo de que ficasse sozinha em casa por muito tempo, sem alguém para distraí-la. Seus amigos ficavam fazendo-lhe companhia no colégio nesses três dias, somente às vezes decidiam voltar para casa, já que os cursos só eram obrigatórios a quem permanecesse no colégio, mas não havia problema algum em faltar desde que você fosse para casa.
null lembrou-se do dia em que seu pai e sua mãe vieram combinar com o diretor os dias em que ela ficaria no colégio a tarde, aquele foi um dia torturante, pois ela sabia que após algumas horas seus pais iriam para outro país e ela os veria raramente, o que realmente sucedeu. Eles sempre foram muito carinhosos e atenciosos com ela, mas em razão de estarem totalmente ocupados quase não tinham tempo para telefonar. null sentiu seus olhos arderem, as lágrimas guardadas retornando como enxurrada, em razão de seu breve momento de irritação pelos pais não estarem junto dela e ao mesmo tempo a saudade imensa que se manifestava. null, null e null ainda estavam a sua volta e ela se recusava a chorar na frente dos outros, pelo simples fato de que odiava que tivessem algum tipo de pena dela e também porque muita gente considerava sua saudade dos pais um drama desnecessário. Ela queria ser forte, ou parecer forte. Tudo bem que naquele momento estavam ali apenas seus melhores amigos, exceto null, - que ela considerava não ter conhecido o suficiente para designar dessa forma - mas que também parecia não ser o tipo de pessoa que a julgaria. Mesmo assim não queria chorar, não ali onde estava, porém, o efeito da saudade começou a irromper por seus olhos sem que pudesse controlar.
- Ah... pessoal, com licença. Eu... vou ao banheiro. Depois encontro vocês. – Disse null com a voz já um pouco embargada e mantendo a cabeça baixa.
Mal terminou de falar e já saiu ás pressas. Tinha em mente o único lugar mais próximo onde poderia deixar que suas lágrimas derramassem livremente, que por sinal não era o banheiro, mas sim o teatro do colégio. Este ficava totalmente deserto nas terças-feiras a tarde. Correu até lá o mais veloz que pôde, não percebia mais nada do que lhe rodeava, tinha apenas a imagem de seus pais partindo para Londres em sua mente. Assim que entrou no local deixou tudo aquilo invadir. Foi sentar-se na primeira fila de cadeiras, próxima ao palco, apoiando os cotovelos em seus joelhos e cobrindo o rosto com as mãos.
Para ela, não era possível explicar como se sentia em momentos como esse. Odiava quando não conseguia se controlar, talvez por essa razão era tão raro os momentos em que realmente sentia seus sentimentos desgovernarem. Sempre que seus pais ligavam e perguntavam se ela se viraria sozinha por mais algum tempo ela mentia dizendo que sim; não queria chateá-los, eles a amavam, mas também amavam o lugar onde estavam e o trabalho que exerciam.
Ela não gostava muito de partilhar esse tipo de coisa, confiava inteiramente e cegamente em seus amigos, mas sentia dificuldade em desabafar sobre certas situações. Preferia deixar que a crise passasse sem incomodar ninguém com seus conflitos interiores. Houve alguns momentos em sua vida que foi inevitável não chorar ou não falar sobre o que estava sentindo, como no dia da partida de seus pais ou quando ela e seus dois amigos de infância assistiam algum filme que travava do relacionamento de pais e filhos, ou quando null a encontrava desolada em casa.
Escutou a porta às suas costas ranger, xingou-se mentalmente por não ter bloqueado a porta de alguma forma e limpou rapidamente as lágrimas, que ainda escorriam, com a manga do casaco que estava vestindo. Escutou passos em sua direção, mas manteve seu olhar fixo no palco. Quem apareceu ao canto de seu campo de visão e sentou-se ao seu lado foi inesperadamente null. Ela imaginou que fosse algum professor ou professora, ou até mesmo alguma faxineira, qualquer um, menos seu mais novo amigo. null decidiu não olhá-lo diretamente, apenas o enxergava pelo canto do olho.
- Oi. - Ele disse com um sorriso simpático e com a voz em tom baixo. - Vai querer me contar o que está acontecendo? – Disse ele calmamente.
Ainda pelo canto de sua visão ela percebeu que ele a observava fixamente. null balançou a cabeça em negativa, não adiantava dizer que nada estava acontecendo afinal seus olhos provavelmente estavam vermelhos, então foi sincera em demonstrar que não queria dizer nada a ele.
- Foi o que imaginei. – Ele ajeitou-se na cadeira e agora também olhava para o palco. - Sabe null, todos já tiveram ou têm algo difícil de superar guardado para si. – Ele redirecionara novamente seus olhos penetrantes para ela. - Mas todos nós somos fortes o bastante para aguentar e ajeitar tudo que está errado.
Ela baixou a cabeça mirando as próprias mãos, mas palavras do garoto tiveram um resultado positivo: trouxeram paz interior no exato momento em que foram pronunciadas.
- Ás vezes... fica complicado segurar... as lágrimas. – null soluçou e precisou respirar mais fundo ao falar.
- Dizem por aí que ajuda quando você as coloca para fora. Alivia. - Ele a fez rir levemente. - Não fique assim, os problemas não duram para sempre.
Dizendo isso null abraçou-a de lado vagarosamente, pousando sua mão no ombro que estava mais distante dele trazendo a garota para mais perto, estampava a cautela em seu rosto, com medo de null recusar a demonstração de carinho. Mas ela permitiu que ele a guiasse até encostar a cabeça no tórax dele. Ela sentiu-se segura naquele abraço. null acariciou suavemente a cabeça dela, num gesto que procurava consolá-la. O abraço permaneceu por alguns segundos apenas até que ela o afastasse e retirando por si mesma o braço que ele havia passado por cima de seus ombros. Estava sentindo seus sentimentos desgovernados novamente, agora de uma forma muito boa, mas não queria que aquilo acontecesse, tinha medo de se machucar. Mas aquilo tudo foi suficiente para que ela não sentisse mais vontade de chorar. Só então o olhou nos olhos. Ele pegou uma mecha do cabelo de null e colocou atrás da orelha dela, exibiu aquele sorriso que já tinha feito ela estremecer, e fizera de novo.
- Não deixe que as coisas ruins te derrubem. – Disse ele de forma gentil.
null assentiu com a cabeça, dando um leve sorriso e depois desviou o olhar.
- Obrigada... – null sentiu-se envergonhada. – Você queria saber o que estava acontecendo, não é?
- Sim. – Ele parecia prestar atenção em cada palavra que ela pronunciava.
- Bom...
Uma grande pausa se estendeu.
- Não se preocupe, não direi a ninguém. - Ele sorriu novamente e ela sentiu um conforto imenso em explicar o que se passava, um conforto que normalmente ela só encontrava em suas orações.
- Quando eu tinha onze anos meus pais foram trabalhar no exterior. – null começou, disposta a sentir-se mais aliviada ao contar a história. - Estão em Londres, no Reino Unido. Eu já fui para lá umas três ou quatro vezes para passar as férias de fim de ano, é uma cidade bonita, o único problema é que fica a um oceano de distância daqui. Meus pais sabiam que eu não ia me sentir bem se deixasse meus amigos para trás. E sabiam que iam ficar muito sufocados com o emprego, então me deixaram morando aqui mesmo. Contrataram uma empregada que também serviria como uma tutora e companhia para mim, ela está comigo até hoje e a vejo como uma irmã mais velha. Mas começou a ficar difícil. No começo me telefonavam sempre, mas, como eu já sabia que iria acontecer, eles começaram a ficar cada vez mais ocupados. E agora que estou mais velha eles me ligam pouco. Sei que me amam e acho que até voltariam se eu pedisse, mas eles estão felizes lá. Gostam do que fazem e sempre que é possível falam comigo, não quero estragar isso. Só que é impossível não se sentir vulnerável às vezes. A saudade vem com força. Vejo meus amigos que estão sempre junto da família e os pais acompanham cada segundo da vida deles e isso é complicado na minha mente, mas normalmente não reclamo, os tenho com saúde e em uma boa condição de vida. Só que a vontade de tê-los aqui fica cada vez maior e maior, explodindo de vez em quando. E acabo ficando assim...
Os olhos lindos de null davam a sensação de compreensão naquele instante. Depois ele desviou o olhar.
- Caramba, é realmente uma situação complicada. Em partes null, eu entendo o que sente. – null fez uma pequena pausa, depois continuou. - Meu pai morreu quando eu tinha oito anos, em um acidente de carro, minha irmã tinha apenas dois anos. Quando vejo minha mãe sozinha cuidando de mim e da minha irmã todo esse tempo me sinto na obrigação de ser alguém que preencha o lugar do meu pai, alguém que possa cuidar tanto dela quanto da minha irmã, assim como meu pai cuidava... quando eu vejo os outros dizerem que vão fazer qualquer coisa junto do pai no fim de semana, isso realmente dói em mim. Acho que você deve saber o quanto é difícil estar longe de alguém que você ama.
Ele expressava tristeza, null quase podia sentir a dor dele.
- Mas me conformo em saber que ele está em um lugar melhor, isso que me faz seguir em frente mesmo quando me sinto mal.
null colocou sua mão em cima da mão de null, que estava sobre o braço da cadeira. Seus dedos se entrelaçaram. O coração dela entrou em um compasso diferente só em toá-lo. Ele ergueu a cabeça, que até agora estava baixa, para olhar no rosto de null.
- Sua mãe deve se orgulhar muito por te ter como filho. - Ela sorriu tentando dar o apoio que ele precisava. Ele sorriu também, como se entendesse o recado.
As últimas palavras que ele pronunciou ecoavam na mente de null, “Ele está em um lugar melhor, isso me faz seguir em frente mesmo quando me sinto mal”. Ele era um garoto sensato. null não sabia ao certo o que ele pensava sobre ela, mas esperava que fosse algo bom. Ele continuava sorrindo.
- Quer saber uma curiosidade? Você é a primeira pessoa que me fez sentir tranquilidade para falar sobre isso.
- O engraçado é que eu também, nunca me sinto à vontade para falar sobre meus pais e com você foi diferente. – null baixa a cabeça lembrando-se repentinamente de um apelido que sua mãe havia lhe dado há algum tempo. Riu para si mesma.
- O que foi? - Ele perguntou percebendo o momento de distração da garota e rindo levemente.
- Ah, não é nada... - Ele olhou com cara de quem não acreditou que não era nada. - Só me lembrei de que quando eu era mais nova, minha mãe me chamava de null por causa null.
Ambos deram gargalhadas. Nesse momento a porta do teatro se abriu num ranger incomodante. Os dois soltam as mãos um do outro quase automaticamente. Era null e null que adentravam o local. Pareciam aflitos.
- Sei que pediu para gente deixar que você falasse com a null, mas caramba, que demora! Eu e o null não aguentávamos mais esperar, estamos preocupados. – null parecia com certa raiva. - Você está bem null? – Ela perguntou antes mesmo de tomar ar.
null e null se entreolham e se levantam das cadeiras onde estavam sentados.
- Estou bem. Obrigada pela preocupação. - null respondeu sorrindo para a amiga.
- Estava chorando? – null pergunta sem dar folga. - Foi null quem percebeu que tinha alguma coisa errada e que você não estava indo para o banheiro. Corremos atrás de você igual loucos! Mas ai deixamos ele entrar já que foi ele que percebeu que você estava mal com alguma coisa. Porque saiu daquele jeito?
- null respira. - null foi até próximo da amiga. - Estou bem, ok? Muita coisa na cabeça.
null sabia que seus dois melhores amigos entenderiam com facilidade o que ela quis dizer.
- Beleza null, mas não faz isso de novo, quer que a gente morra de preocupação? – null falou suspirando.
- Pode deixar seu exagerado. - Ela riu. - Obrigada.
null envolveu-os em um abraço, que eles retribuíram com carinho, depois abriram um espaço para que null também participasse do abraço em grupo. Era um momento que null guardaria em seu coração. Depois de se soltarem, null foi até sua mochila que havia deixado na cadeira em que havia sentado. Pegou um caderno e voltou até onde estavam.
- Desenhei vocês ontem, enquanto ensaiavam. – Ele disse mostrando o caderno.
null, null e null observaram curiosos e avistaram um desenho extremamente bem feito, cada detalhe das roupas, das expressões e de cada instrumento, dava um ar de que era uma fotografia em preto e branco. Era encantador. null ficou surpresa com o talento de null, nunca havia encontrado alguém que desenhasse tão bem. null e null também pareciam espantados.
- O que acharam? – Seu tom era de ansiedade.
- Estou sem palavras, ficou show! Olha isso. – null demonstrava sua admiração.
- Fez isso enquanto tocávamos? Como conseguiu? Ficou incrível! – null disse sorrindo.
- Obrigado pessoal! E sim, eu fiz enquanto tocavam, foi um pouco complicado porque precisei imaginar vocês parados em uma só posição e passar isso para o papel. Mas foi algo interessante de se fazer! – Disse null sorrindo com felicidade. Em seguida olhou em direção de null, esperando que ela também dissesse algo.
- Está perfeito! - Ela se manifestou. - Olha só esses detalhes. Ficou muito lindo! Parabéns null. Como consegue? – null percebeu que era a primeira vez que o chamava pelo apelido, talvez porque agora se sentisse mais próxima do garoto.
Ao parar de admirar o desenho e olhar para o rosto de null um sorriso grande se formara no rosto dele, isso a fez sorrir involuntariamente.
- Obrigado null. – Ele fala dando risada, fazendo-a dar uma pequena gargalhada.
- Ele te chamou de null? – null deu risada.
- Apelidinho fofo, huuuum. Depois null fica falando que eu e a null que temos um clima. – Disse null acompanhando null com as risadas.
null sente seu rosto esquentar, sabia que devia estar vermelha, pois null e null começaram a rir ainda mais.
- Parem, isso não tem nada a ver. – null falou em tom de brincadeira para disfarçar a vergonha que estava sentindo.
- Então porque ficou vermelha? – null não costumava perdoar nas acusações.
Todos começam a rir, até mesmo null e null, que estavam perceptivelmente envergonhados. Era a primeira vez que null se divertia com comentários como esse, nunca gostou que insinuassem que ela estava a fim de alguém, mas agora entrara na brincadeira quase que sem perceber. Ela não sabia se isso era bom ou ruim.
- Fica quieta senhorita null. – null disse enquanto estapiava levemente o ombro de sua amiga.
- Gente foi só um apelido. – Tentou explicar null.
- Tudo bem, vamos parar. – null ainda ria da reação dos dois.
- Acabei de ter uma grande ideia! - Disse null de repente, com animação. - Vamos para a praça perto da casa da null ao invés de ficar aqui participando dos cursos? A gente já perdeu o início mesmo, e ai o que acham?
- Por mim tudo bem. – null respondeu concordando.
- Vamos nessa, vai ser legal. – Sua amiga concordou.
- Beleza! – null também falou em concordância.
- Vou passar na minha casa para pegar meu skate e aproveitar para avisar meus pais, não demoro. Podem ir na frente.
null, null e null concordaram com a cabeça e começaram a caminhar, sem pressa, em direção a praça enquanto null foi para o outro lado. O sol não estava forte. null acelerou o passo para passar em sua casa e avisar a mãe onde iria, isso deu espaço para que null conversasse com null.
- Hoje mais cedo fiquei daquele jeito por causa dos meus pais, foi inevitável. Estou com saudades e eles não ligam faz bastante tempo. – null comentou olhando para o chão.
- Sim, eu sei. Entendi quando disse que estava com “muita coisa na cabeça”. Queria falar com você, mas null quis ir primeiro. Achei justo deixar que ele fosse porque foi ele quem percebeu que você não estava bem. Ele estava disposto a te ajudar, mas eu e null ficamos aflitos do lado de fora. – null explicou.
- Foi bom terem deixado ele ir. Ele é bem legal.
- Contou para ele porque estava mal?
- Sim... – null pareceu surpresa com a resposta da amiga. Ela sabia que null não falava com facilidade sobre seus pais. - Ele me passou segurança, me senti bem em contar o que se passa. - null logo explicou.
- Legal. - A amiga sorriu. - Ele é uma boa pessoa. Sei lá, parece que já conhecemos ele a anos, mas faz menos de dois dias.
- Isso é verdade. - null sorriu também.
- Não está acontecendo nada mesmo entre vocês dois? – Perguntou null com expressão curiosa. – Porque, vamos ser sinceras, ele é muito bonito.
As duas riem alto. null sempre se sentia bem em conversar com null. Elas eram como irmãs. null era realmente insistente e gostava de descobrir as coisas que passavam na mente dos outros.
- Não, somos apenas bons amigos.
- Não é o que parece quando olham um para o outro. – Ela insistiu.
- Como assim? – Passou pela mente de null que, pelo que tivesse percebido, nunca havia o olhado de forma diferente.
- Não sei, é diferente, se olham de forma especial, como se estivessem perdidamente apaixonados, só não descobriram isso ainda.
- Sua tonta! - As duas riram novamente. - Eu vejo exatamente a mesma coisa entre você e null, e mesmo assim você nega. – null viu a amiga corar e deu risada.
- Isso não tem nada a ver... – null disse envergonhada.
- Sei. - Disse null descrente.
- É que... Não é nada, esquece... - null mostra-se confusa.
null percebe pela reação da amiga que quase fez com que ela confessasse algo; algo que null sabia que existia entre seus dois melhores amigos. Decidiu que continuaria insistindo.
- Aaaah null! Vamos! Pode me contar! Ia dizer algo que eu sei que era importante...
- Não é nada null.
- Não acredito que não vai me contar. Sabe que não vou dizer a ninguém.
- Eu sei, é que...
- É que!? – null queria que null confessasse logo o que sentia por null. Ela espera a resposta, mas a amiga permanece quieta, apenas com um leve sorriso no rosto.
- null!
- Ok, ok. – Falou ela rindo. - Não é que eu não confie em você, é que não quero admitir nem para mim mesma.
- Admitir o que? Ainda não leio pensamentos. – null fez a amiga gargalhar discretamente.
- Que eu gosto do null mais do que como um amigo. Pronto falei, ta feliz sua curiosa?
null deu apenas um grito discreto demonstrando o entusiasmo, a amiga corou novamente.
- Eu sabia! Ah que lindo! Meus dois melhores amigos como um casal, que lindo, que lindo!
- Para com isso, sua maluca! – As duas riram novamente. Depois null ficou séria. - Não sei se ele sente o mesmo por mim e nem vou ficar sabendo, porque não vou contar á ele.
- Como assim não vai contar? Tem que contar! Ele demonstra sentir algo a mais por você, não percebe? – Agora as duas se mantinham sérias.
- Não, e você tem que me prometer que não vai dizer nada para ele. - null fez um gesto que demonstrava que não falaria à ninguém. - Talvez eu estrague tudo e perca a amizade dele se contar. Não posso arriscar.
A conversa teve de ser interrompida ali, pois as duas ouviram a voz de null gritar “Hey” não muito longe. null fez sinal para que null ficasse quieta e ela confirmou que ficaria.
- Demorei? – Ele as alcançou. Estava com o skate em mãos.
- Não. – null respondeu.
- Cadê o null? – Ele olhava para os lados procurando o amigo.
- Foi para casa avisar a mãe e guardar a mochila. Ele vai esperar a gente já que vamos passar em frente a casa dele.
- Entendi. E aonde você vai deixar sua mochila null?
- Nós duas deixamos na minha casa. – null disse rapidamente.
- Então beleza. – null concordou.
A casa de null já estava á vista. Ele os esperava como tinha dito. Quando null o avistou as palavras de null vieram em sua mente: “se olham de forma especial, como se estivessem perdidamente apaixonados, só não descobriram isso ainda”. Ela pensou na possibilidade por um segundo, mas logo após concluiu um pouco contrariada que seria loucura, que não tinha absolutamente nada a ver.
Continuaram a caminhar, agora todos juntos. Quando chegaram em frente a casa de entraram, guardaram as mochilas e deixaram os casacos. null aproveitou o momento para ligar para a mãe, avisando onde estaria. Então foram até os meninos e seguiram para a praça. Caminharam pelo local por alguns minutos, depois se sentaram em um banco.
- Pessoal, vou andar de skate ali na frente onde o chão é mais plano. Alguém que vir também?
- Eu vou para te ver cair. – Comenta null, cruelmente.
Os quatro soltam risadas. null e null indicam que não iriam com a cabeça. null observou os amigos se afastarem e logo null começou visivelmente ensinar manobras para null. Havia uma química grande entre aquele casal, porém nenhum deles admitia isso.
- Eles são um belo casal ou é impressão minha? – null fala, divertindo-se.
null dá risada, olhando para os amigos ao longe, pensando em como seria possível que os dois negassem algo tão óbvio.
- Definitivamente são um belo casal. – Respondeu, enquanto ria. - Se quer saber a verdade, null não gosta muito de skate.
- Ela gosta de estar com o null, isso sim. – Completou null.
Ambos gargalharam discretamente, null concorda, balançando a cabeça. Nisso, null observa null cair do skate e no mesmo instante null desesperando-se para levantá-la. Tanto null, quanto ela se levantaram e correram até lá. null repara que uma quantidade significativa de sangue escorre pelo braço esquerdo de sua amiga.
- Nossa! Você tá bem? – Pergunta null para amiga, que já estava de pé.
- Está tudo bem. Isso que foi um grande tombo. – Ela dava risada ao falar.
- Falei para colocar o meu equipamento de proteção. – null parecia bravo e preocupado ao mesmo tempo.
- E deixar você fazendo aquelas manobras malucas sem estar protegido? Não mesmo!
- Mas foi você quem acabou se machucando. – Ele retrucou.
null se culpava perceptivelmente em ver null machucada e ele sem um arranhão sequer. null também se preocupou, mas acalmou-se ao ver que a amiga estava bem.
- Eu estou bem null, é só um pequeno machucado.
- Vamos até a minha casa, assim colocamos um curativo nisso. – Disse null tentando arranjar uma solução.
Foram à casa de null e chegaram com rapidez, em razão da proximidade com a praça. null apanha uma caixinha com tampa rosa de dentro da maior gaveta do armário da cozinha, enquanto os outros se sentam em volta da mesa. null vai até null e pega a caixa de suas mãos educadamente.
- Pode deixar que eu cuido disso. – Ele diz com expressão séria.
null limpou o ferimento no braço de null e iniciou um curativo muito bem elaborado. Ela o olhava com atenção enquanto ele enfaixava com carinho o local. null e null se entreolham, sorrindo, sem refrearem as deduções, apontando levemente com a cabeça para os amigos. null abafa uma risada, o que chama a atenção de null, que imediatamente percebe a brincadeira. null estava de costas e nada havia percebido.
- Vocês dois! Podem parar com isso! – Disse null depois de perceber sobre o que estavam comentando silenciosamente.
- O que foi? - Perguntou null, que finalizou o curativo e se virou na direção dos amigos. O olhar dele era de incompreensão.
- null e null insinuando coisas sobre eu e você.
Tanto null, quanto null tentavam mostrar-se inocentes. null apenas ri alto e abaixa um pouco a cabeça. Não parecia ter se incomodado com a brincadeira. null percebe o leve sorriso moldar o rosto da amiga. Após este momento, todos encaram uns aos outros. Pensavam assim como null: o que poderiam fazer agora? Não era interessante voltar para a praça, pois logo iria escurecer.
- Então, que tal jantarem aqui? – null decidiu.
- Ah, eu não sei. Não vai incomodar? – null perguntou.
- É, null, nem estava nada marcado, pode acabar te atrapalhando. – null concordou. null não se manifestou, não era de muita cerimônia, tudo para ela era dessa fomra: se podia, ótimo, se não, tudo bem.
- Não será incômodo nenhum, gente. Poderíamos até assistir um filme, o que acham?
- Perfeito. – null concordou.
- Só que a janta será pizza. - null avisou rindo.
- Ótimo. – Comentou null sorrindo.
- Legal, tudo bem então. – null falou.
null pediu três pizzas pelo telefone, enquanto seus amigos escolhiam um filme entre aqueles que ela tinha em sua casa. Depois ela juntou-se a eles.
- E então, qual vai ser? – null perguntou ao se aproximar.
- A Fera, concorda? – null respondeu com empolgação. Ela amava esse filme.
- Super! O filme é lindo. Mas... Os meninos aceitaram assistir romance é?
- Fazer o que, é filme de menininha, mas null é teimosa demais. - Ela deu de ombros e ele riu. - Hoje vou abrir uma exceção. – null completou em tom de brincadeira.
- E quem dispensa um clássico como a história de Bella e a Fera não é mesmo? – Falou null com enorme sarcasmo. Fazendo todos rirem.
A sala da casa de null era muito bem planejada. Seus pais sempre gostaram de fazer de tudo para que a casa ficasse bem confortável. O lugar não era enorme, mas também não tão pequeno. Tinha um home theater e uma televisão de tela plana de 42 polegadas. Havia um sofá colorido, que se estendia como se fosse uma grande cama, preenchendo praticamente todo o espaço da sala. Havia também algumas almofadas que combinavam com o ambiente. Todos se acomodaram. null deitou-se ao lado de null, bem próximo dela. Todos prestaram bastante atenção no filme, fazendo alguns pequenos comentários em certos momentos. Só foram interrompidos pela chegada das pizzas que null colocou na mesa da cozinha. O filme era muito bonito e os acontecimentos prendiam atenção. Porém, pareceu aflito ao final do filme, assim que terminou ele saiu da casa com a desculpa de que “queria tomar um ar”. null o observou pela janela, ele bateu com uma das mãos na testa, como se estivesse com raiva de si mesmo. null ameaçou ir até ele, mas null não deixou, deixando sua amiga irritada.
- Deixa, eu falo com ele. – null falou com cautela.
- Não, eu já estava até indo para lá. – A amiga respondeu secamente.
- Melhor eu ir. – null falava como se tivesse medo que null matasse null.
- Eu sei qual é o problema e vou falar com ele. – null saiu decidida.
Ela sabia que ele tinha dificuldade em expressar o que sentia; era um garoto extremamente espontâneo, mas quando se tratava do que estava em seu íntimo ele se fechava. null tinha absoluta certeza que a reação do amigo envolvia null em algum ângulo. Para sua surpresa, nem null e nem null teimaram em segui-la.
- O que foi que deu em você? – null se aproximou.
- É só estresse null. Sou o único cara no mundo que não sabe chegar em uma menina...
- Em que menina exatamente você quer chegar?
- Esquece isso. – Disse ele suspirando, novamente fechando-se em falar o que sente.
- Estou aqui para te ajudar null. E para falar a verdade, sei de qual menina está falando. -
null o chacoalha levemente pelos ombros enquanto fala.
- Sabe?
- Sei. E acho que deve dizer tudo o que sente a ela.
null hesitou. Talvez ele não esperasse que null dissesse isso. Ele baixa o olhar novamente, como se não quisesse que ninguém o visse. null percebe alguém se aproximar devagar, mas não se preocupa em ver se é null ou null.
- Eu não consigo parar de pensar na null, mas não consigo dizer isso á ela. É para eu dizer o que sinto, ok, mas não é simples para mim. É uma droga. E se ela me ignorar, ou sei lá... - Ele suspirou ainda de cabeça baixa. - Eu gosto muito dela, queria ser capaz de contar para ela. – Somente nesse momento ele volta a levantar a cabeça para olhar para a amiga.
null percebe que ele se assusta ao olhar em algo, ou em alguém, atrás dela. null se vira e avista null. null estava um pouco atrás. Os olhos da amiga estavam cheios de lágrimas e no rosto um grande sorriso se abria. null afastou-se para que os dois pudessem resolver a situação.
- Ah... null... Eu... – null gaguejou e ficou em silêncio, seu rosto inteiro estava vermelho.
null viu o sorriso da amiga ficar ainda maior, se é que isso era possível. null se aproxima de null e sem medo ou indecisão alguma, dá-lhe um beijo intenso. null olha para null, ele indica que se afastem um pouco mais. Os dois ficam longe o bastante para dar espaço ao casal, porém perto o bastante para presenciar o que aconteceria depois. Quando os dois terminaram aquele beijo demorado olharam na direção de null e null. Os quatro riam.
- Os pombinhos se acertaram. – null debochou enquanto ria.
- Vocês não imaginam o quanto se completam. – null incentivou-os.
null e null somente gargalharam, agora abraçados.
- Então, depois dessa cena romântica, ainda estão afim de comer pizza? – null convidou.
- Eu topo. – Não tardou null a responder.
- Aí você falou minha língua. – null fez piada.
Entraram novamente na casa, null e null de mãos dadas e irradiando felicidade. Já era por volta das nove da noite. null esquentou um pouco as pizzas no forno, pois já fazia algum tempo que haviam chegado, e depois as colocou na mesa. Cada um fez seu agradecimento silenciosamente e, depois de se saciarem, conversaram mais um pouco. null percebe null encarar o relógio.
- Preciso ir, antes que minha mãe surte. – Diz ele.
- Preciso ir também, já está escuro e minha casa não é tão perto. – null comenta.
- Está maluca? Não vai voltar a pé para casa sozinha no escuro! – null preocupou-se.
- Não está tão tarde assim e até perto da minha casa o null pode me acompanhar, não é mesmo amor?
“Awn” pensou null ao ouvir a amiga se referir a null daquela forma, mas ainda estava preocupada sobre o fato de os dois irem a pé para casa naquele horário.
- Claro linda. – null olhou para null sorrindo. – Não tem problema, vamos bem rápido e avisamos nossos pais antes de sair. – Completou ele, provavelmente percebendo a expressão preocupada de null.
- Tomem cuidado, ok?
- Pode deixar null. – null se levantou seguida por todos.
Foram até a frente da casa. O casal se despediu. null levava o skate com uma mão e com a outra segurava a mão de null. null observou-os apertar o passo. Agora, ficara apenas ela e null, que também estava de saída. Ela escuta alguém gritar o nome do garoto. Olha ao longo da rua e vê a irmãzinha junto da mãe de null. A pequena menina acenava.
- Tô indo null. Obrigado por tudo, me diverti demais. – Ele sorria, e null sentia seu coração palpitar.
- Não precisa agradecer null, espero poder fazer isso mais vezes.
Ambos sorriam. null dá um beijo rápido no rosto de null, ela estremece pensando: “Mas que droga! Por que isso acontece?”. null começa a andar em direção a sua família. Ele se vira uma última vez para olhá-la.
- Tchau null.
- Tchau null.- Ela se despede rindo por ele ter adotado mesmo o apelido.
null voltou para dentro de sua casa e organizou as coisas. O silêncio habitual voltou a preencher seus ouvidos, fora um dia incrível. Ela sentou-se no sofá, a fim de relaxar um pouco antes de ir para seu quarto dormir, quando ouve o telefone tocar. Levanta-se para atender, olhando no relógio, só poderia ser null e null, seus pais, nesse horário. Em Londres seria cerca de seis e pouco da manhã, horário em que eles estariam bem acordados, pois começavam o trabalho cedo. null atende ansiando ouvir a voz de um deles.
- Alô!? – Sua voz saiu um tanto esganiçada, em razão da ansiedade.
- Oi filha! Como é bom ouvir sua voz. – Pronuncia a voz doce de sua mãe. Imediatamente os olhos da garota se enchem de lágrimas; ela as segura, para conseguir falar.
- Mãe! Mãe, que saudade! Não sei como dizer o quanto estou feliz por estar te ouvindo.
- Muitas saudades de você também minha filha, nem cabe mais dentro de mim.
- Como está tudo? E o papai?
- Está tudo ótimo, - null demonstrava nostalgia em seu tom de voz. - seu pai está bem, está aqui do meu lado, assim que eu terminar ele vai falar com você. Ele está ansioso.
- Também estou ansiosa mãe, por estar falando com vocês dois.
- Como está tudo ai em Seattle? Sua vida está bem? Seus amigos?
- Está tudo certo mãe. Estamos todos bem. null, null, null e null continuam sempre comigo. Eu... Eu fiz um novo amigo, - null sente seu coração pular novamente ao lembrar-se do rápido beijo no rosto que ele a dera. - ele se chama null.
- Isso é realmente ótimo filha! Espero poder conhecê-lo logo e mande um abraço a todos eles. Precisamos nos ver de novo, não é mesmo?
- Eu mando sim. Precisamos! Com toda certeza. – null ainda segurava as lágrimas e escutava as batidas do próprio coração.
- Vou passar para o seu pai, ele está muito aflito. Daqui a pouco falamos mais.
- Ok.
- Filha!? – A voz imponente e atenciosa do pai preenche os ouvidos dela, enchendo seu coração ainda com mais saudade.
- Oi pai. – Foi o que null conseguiu dizer.
- Estou com tantas saudades. Estávamos com muito trabalho a fazer, por isso demoramos para telefonar, nos desculpe por isso.
- Não se desculpe pai, o que importa é que estão bem e que sempre se lembram de mim. Sei que estão ocupados.
null ouvia pequenos soluços ao fundo, devia ser sua mãe chorando. Ela sabia que os dois sentiam o mesmo que ela: saudade imensa e, no momento, felicidade por estarem conversando.
- Diz para a mãe não chorar. Logo nós três vamos nos ver. – Disse, mesmo estando quase chorando também.
- Ouvir isso amor? Nossa filhinha tem razão.
Provavelmente estavam no viva-voz. null escutou um “sim” fraco e abafado. null gostava muito da relação que os pais tinham um com o outro, eles se davam muito bem.
- Está no viva-voz pai?
- Está sim filha. E ouvi você dizer que fez um novo amigo chamado null.
- É pai, vão gostar dele quando puderem conhecê-lo.
- Se for como os outros tenho certeza que sim. E como está a colégio? Nenhuma dificuldade?
- Está indo bem. Minhas notas estão boas.
- Isso é ótimo minha filha. Quando eu voltar tocaremos violão juntos.
- Com certeza pai! – null se animou com a ideia. Há algum tempo não tocava e cantava junto de seu pai.
- Vou passar para sua mãe falar um pouco.
- Tudo bem. - null sorri ao telefone.
- E como vai a banda, minha filha? Como vai a Invisible Dreams? - Sua mãe estava com a voz chorosa ainda.
- Vai muito bem! Ainda não conseguimos muita divulgação e nenhum show, mas isso vem com o tempo.
- Vocês são ótimos! Logo vão conseguir! null, me escuta, vamos ter que desligar agora. Tome cuidado, sabe como são as recomendações, sempre se mantenha perto de pessoas que querem o seu bem e não se deixe ser influenciada por qualquer coisa.
Sempre que eles ligavam, ao final citavam as recomendações que normalmente todos os pais dão. A ligação estava chegando ao fim e null não teve como impedir que algumas lágrimas caíssem.
- Não... se... preocupe mãe, vou me comportar sempre. – null enroscou para iniciar a frase.
- Filha não se esqueça de sempre perseguir seus sonhos e nunca se misturar com as coisas ruins. - Começou seu pai desta vez. - Sua mãe está dando sinal para te lembrar que quando precisar de nós, pode ligar, está bem?
- Sim pai, eu ficarei bem. Não se preocupem.
- Estamos com saudades! – null diz.
- Com muita saudade! – Completa null.
- Sim, eu também, com muita saudade mesmo! – A garganta de null parecia estar sendo apertada. Chegava a faltar-lhe ar em razão da rapidez com que seu coração batia.
- Agora precisamos ir. – Ele diz.
- Tchau filha, a mamãe te ama muito!
- Tchau null, o pai te ama viu.
- Tchau pai, tchau mãe. Eu amo vocês dois, demais mesmo. Até mais.
- Até filha. – Os dois dizem em sincronia e então a única coisa que se pode escutar é o "tu, tu, tu" do telefone.
null tinha plena consciência que talvez eles demorassem novamente para ligar. Talvez fosse essa a razão pela qual chorava desesperadamente. Saudade, alegria, tristeza ou um pouco de tudo, mas o ela sabia que o sentimento mais intenso naquele momento era a alegria. Ela sentou-se no chão, ali mesmo, ainda com o telefone seguro nas mãos, repassando em sua mente que esse havia sido um de seus melhores dias. Ficou ali por alguns minutos, deixou que as lágrimas cessassem devagar. Até que se levantou e limpou as últimas que escorriam. Colocou o telefone novamente no gancho, então subiu as escadas. Arrumou seu quarto, fez sua oração, agradecendo por aquele dia. Deitou-se e seus olhos logo se fecharam.
Os dias que se seguiram foram atarefados. Os professores passaram muitas tarefas e trabalhos, o que fez com que null e seus amigos ficassem extremamente ocupados. Mas todo o trabalho fez com que mal percebessem a semana passar e logo chegou mais um final de semana.
No sábado, null dormiu até mais tarde. Era dez e meia da manhã quando ela acordou e se espreguiçou vagarosamente. null não vinha em sua casa nos fins de semana, a menos que ela quisesse, afinal todo mundo precisa de um sossego. A única coisa ruim é que, para null, tudo ficava vazio naquela casa quando somente ela estava lá. Ela trocou de roupa e supriu as necessidades que todos têm ao se levantar. O sol esquentava o dia lá fora. Ela pegou seu celular e plugou o fone de ouvido, deixou que as músicas tocassem no modo aleatório e saiu para caminhar. Ela foi até a praça em passos lentos. A música não estava muito alta, mas ecoava em seus ouvidos, sendo possível ouvir cada detalhe. Passou algum tempo na praça, mas logo se cansou e subiu a rua, sem um rumo definido. Conforme passou em frente a casa de null ela ouviu alguém chamar seu nome. Não olhou para os lados, pois considerou ser só sua imaginação, mas tornou a escutar alguém chamá-la. Parou, tirou os fones e redirecionou seu olhar para a casa. Havia uma menininha que vinha apressada ao seu encontro. null reconheceu a irmã de null.
-Oi!? – Disse null ligeiramente confusa. Perguntava-se por que a menina a chamara.
- Eu sou a null, irmã do null.
- Ah sim, null, null me falou sobre você. Eu não imaginava que soubesse meu nome. – Disse com sinceridade.
- Não tenho como não saber, null fala de você o tempo todo.
O comentário da menina fez com que um breve sorriso surgisse na face de null, que se sentiu bem em saber disso.
- Você é muito bonita null. – null sorria com ânimo.
- Obrigada null, você que é muito bonita! – null sorriu para ela.
- Obrigada.
Uma mulher, que null já havia visto, se aproximou. Era a mãe de null, de quem o nome ainda era desconhecido por null.
- Mãe, essa é a null. Sabe a que o null falou pra gente? – null disse, fazendo null sentir-se envergonhada.
-Ah null! Eu sou a null null, muito prazer. – A mulher falou com um sorriso que a fez lembrar de null.
- O prazer é meu. - null abre um sorriso tímido.
- Eu e null estávamos brincando e quando ela te viu saiu correndo. Ela estava ansiosa para te conhecer.
null não sabia bem como agir, nunca fora muito boa em fazer amizades. Então, esperando que fosse suficiente sorriu amavelmente olhando nas duas.
- null, você tem barbies? – null quebrou o silêncio rapidamente, para o alívio de null.
- Eu acho que devo ter algumas ainda. - null riu com a pergunta da menina. - E você tem?
- Eu tenho, estou fazendo coleção sabe, são muito legais.
- Deve ser divertido fazer uma coleção de barbies.
-Mãe ela pode ir no meu quarto para mim mostrar? – Diz null olhando ansiosa para null.
- É claro, pode sim.
- Oh! Não, não eu não quero incomodar. – Ela estava realmente envergonhada.
- Não será incômodo algum null. Só fará a felicidade da null, ela ama mostrar as barbies. Se quiser, é claro. - null sorria simpaticamente enquanto apalpava o ombro da filha, que também sorria.
- Aaah... – null não queria incomodar ninguém e não sabia se fazia a vontade de null ou não. Até que a garotinha a puxou pelo braço, não de forma estúpida, mas convidativamente.
Então null decidiu-se e deixou null guiá-la. A casa de null era bem arrumada e bonita. Não tinha dois andares como a dela, mas os cômodos eram muito bem divididos pelo que pôde observar enquanto seguia null. O quarto da menina ficava mais ao fundo, era preenchido por muito rosa, desde as paredes até o forro de cama, porém tudo muito harmonioso. E um prateleira de vidro pregada à parede havia oito barbies, alinhadas e muito bem cuidadas.
- Aqui estão elas.
- São lindas null. E você tem bastante.
- Quero comprar a Barbie Castelo de Diamante.
- Eu já vi essa. E é muito bonita.
- Sim ela é, acho que vou ter que esperar meu aniversário para minha mãe comprar.
- E quando é seu aniversário?
- Dia vinte e dois de novembro.
Estavam no final do mês de setembro, não faltaria muito para o aniversário dela, null pensou em dar a barbie que ela queria de presente, já que ficou amiga da menina, mas preferiu deixar que a data se aproximasse primeiro.
- Não falta muito tempo. – Disse por fim, numa tentativa de animar a menina, o que pareceu dar certo já que ela abriu um sorriso.
- Ainda bem.
null aparece na porta do quarto, dando alguns leves socos na porta, provavelmente para atrair a atenção das duas.
- Logo, logo o almoço estará pronto. Quer almoçar conosco null?
- Muito obrigada, mas não precisa Senhora null. Logo estou de saída.
null chamou-a pelo sobrenome, pois achou que seria mais educado, afinal acabara de conhecer null. Com null ela se sentia mais a vontade, mas com null era diferente.
- Se está pensando que vai incomodar está enganada, vai ser uma honra tê-la conosco. E não se preocupe, pode me chamar de null. – Disse ela num tom muito gentil. null gostou muito de null.
- Almoça com a gente null, por favor. – null fez cara de piedade.
null estava confusa, seria educado aceitar ou não o convite? A carinha que null fazia estava fazendo com que ela quisesse aceitar. Pensou mais um pouco.
- Tudo bem então, eu almoço. Muito obrigada por convidar. – Disse da forma mais educada possível olhando para null, não queria parecer intrometida.
-Eba! – null deu pulinhos.
null sorri e se afasta pelo corredor, provavelmente indo para a cozinha. null pega em uma gaveta de seu guarda-roupa algumas revistas de colorir com desenhos das princesas da Disney. Também pega um estojo recheado com lápis de cor.
- Vamos colorir os desenhos juntas?
- Claro! – null gostava de null.
As duas se sentaram em um tapete rosa que tinha a forma de um coração, apoiaram as revistas na pequena mesa que null arrastara para cima do tapete e começam a colorir. null lembrou-se de quando ela também gostava muito de fazer isso. Observou null, que sorria. Depois de algum tempo ali, pintando e comentando sobre os desenhos com a menina, null apareceu novamente na porta.
- O almoço está pronto. – Diz ela.
null se levanta ao mesmo tempo de null, as duas ajeitam as coisas que espalharam, então null guia null até a copa. Os pratos e copos arrumados todos em lugares um ao lado do outro sobre a mesa. Havia panelas em cima de uma bancada de granito, onde provavelmente estava a comida. Uma porta, mais ao lado, estava entreaberta, parecia dar na cozinha. null observa null servir null, depois a mulher pega um dos pratos para servir-se de comida também.
- Fique a vontade para se servir null. – Diz null.
null sorri e assente com a cabeça. Pega um prato e coloca de tudo um pouco que havia em cada panela. Depois se senta e repara um lugar vago ao seu lado, provavelmente esperando por null. Provavelmente ele ainda nem sabia que ela estava ali.
- Então você e null estudam na mesma sala, certo? - null perguntou.
Então null aparece pela porta que antes estava apenas com uma fresta aberta. Estava de cabeça baixa, ajeitando a camiseta com gola em V que vestia. O cabelo estava molhado e arrumado de forma bagunçada, não estava arrepiado como normalmente. null deduziu que antes ele estivera no banho.
- Quem estuda na mesma sala que eu? – Diz ele levantando o olhar, assim encontrando os olhos de null.
Ela sorri timidamente. null hesita perceptivelmente, parando abruptamente no meio da copa, depois sorri parecendo um tanto constrangido. null não entendeu o porquê daquela reação, afinal se viam todos os dias na colégio. Porém, seu coração acelerou mais que o normal ao vê-lo naquele momento e ela nem sabia dizer o porquê.
- Oi null.
- Oi null.
Ele se serve e senta no único lugar que sobrou, ao lado de null. Todos agradecem silenciosamente em oração pela comida, como null também sempre fazia.null enche um copo com suco e depois, com um gesto, ele se oferece para colocar suco no copo dela também. Ela diz que sim com a cabeça e ele enche o copo.
- Obrigada null. – Ela observa o garoto assentir com um leve sorriso. – E respondendo a sua pergunta null, sim eu e null estudamos na mesma sala.
- Ótimo, assim poderão se ajudar quando precisarem. – Respondeu ela.
- Sim.
- Ele é bagunceiro? – Diz null de repente.
- Como você é curiosa. – null fala rindo.
Todos começam a dar risada, divertindo-se com a pergunta de null. null ainda sorrindo responde a pergunta dela.
- Não null, ele é um bom aluno.
Os dois trocam olhares, sorrindo. O resto do almoço permanece silencioso, tirando o elogio que null fez á comida, pois estava muito boa. Depois de comer null lavou o que utilizou, mesmo ouvindo umas cinco ou seis vezes null e null dizerem que não era necessário. E então null vai até a sala junto com null e null.
- Que tal nos distrairmos com aquele seu jogo de tabuleiro null? – Diz null sentando no sofá.
- O Jogo da vida? – Pergunta null com animação.
- Esse mesmo. Você joga com a gente null?
- Claro que jogo.
- Eu vou buscar! – Disse null saltando e saindo correndo, deixando ela sozinha com o amigo.
- Sua mãe e sua irmã são muito legais. - null comenta puxando assunto.
- Sim, elas são incríveis. Seus pais devem ser muito legais também.
- Eles me ligaram ontem.
- Caramba que legal! – Disse ele animadamente, demonstrando estar alegre com a novidade. - E conversaram muito?
- Não muito, eles são ocupados, mas falamos o suficiente para que eu matasse um pouquinho a saudade.
- Fico feliz por isso null, sei que estava ansiosa por essa ligação.
null somente sorri olhando para ele.
- Falei de você para eles, falei que eu fiz um novo amigo e falei como você se chamava, disse á eles que você é legal.
As bochechas dele ficam levemente avermelhadas. Ele apenas sorri.
- Isso é extremamente animador! – Ele exclama num tom tímido depois de alguns segundos em silêncio. Então faz uma expressão como se dissesse "o que foi que eu falei?" sorrindo silenciosamente. null sorri também. Após uma pequena pausa ele volta a falar. – Você que é legal e não eu.
Ambos continuam sorrindo. null volta com o jogo em mãos. Então eles se sentam em um tapete vermelho e preto que havia ali cobrindo e decorando o chão. Começam a jogar já se divertindo. No final null é o vencedor. Deram muitas risadas enquanto estavam ali, null gostou de poder passar aquele tempo com eles. Depois de guardarem o jogo sentaram-se no sofá e null vai até eles e se senta também.
- Quem ganhou o jogo? – Pergunta ela sorrindo.
- O null. – null responde distraidamente.
- Tive sorte dessa vez. – null fala dando risada, fazendo todos rirem com ele.
Depois de alguns segundos em silêncio, null decide comentar algo.
- A null tem uma banda mãe, ela é a vocalista.
- Que incrível! Eu gosto muito de música. Tenho um teclado, mas faz tempo que não o toco. Você toca algum instrumento null? – null parecia animada com a conversa.
- Sim, toco violão.
- Ela é muito talentosa mãe. – null elogia. Fazendo null sentir suas bochechas esquentarem, tinha quase certeza de que estava vermelha e isso só a fazia sentir mais vergonha ainda. Ele sorri simpaticamente.
- Fiquei curiosa para vê-la cantar e tocar null.
- Ah, null só foi simpático, eu não sou tão boa assim. Eu gostaria de ver você tocando teclado null.
- É mãe, você não toca desde que eu tinha cinco anos, podia voltar a tocar para nós.
- É mãe! Eu nem me lembro de já ter te ouvido tocar, por favor, toca! – null, que estava quieta até o momento, disse dando até um pequeno susto em sua mãe.
- Não, não. Faz muito tempo que eu não toco, vocês não vão gostar. – Ela parecia nervosa com a ideia.
- Eu tenho certeza que vamos gostar. – Disse null sorrindo a fim de tranquilizar null, percebendo os olhos dela brilhar. Ela realmente gostava de música.
- Tudo bem então. Vou buscar o teclado.
- Isso! – Gritou null.
null volta carregando um belo teclado e depois de ajeitar tudo, ela sentou-se e começou a tocar uma música suave, que fez o interior de null se sentir forte e ao mesmo tempo sentimental. Ela percebeu que se tratava de Greensleeves, uma canção tão famosa mas que não teve direitos autorais registrados por nenhum compositor. Quando null terminou null não pensou duas vezes em aplaudir. null e null a acompanharam aplaudindo.
- Foi lindo. Mágico. – null tinha admiração no tom de voz.
- Muito obrigada! – Disse ela em resposta, alegrando-se.
- Mãe foi muito legal mesmo. – null falou abraçando a mãe.
- Você é incrível mãe. – null sorria com orgulho.
- Você já pensou em tirar novas músicas? Quer dizer não pode abandonar esse talento! – null disse. Disposta a tentar escutar mais daquele talento incrível.
- Eu já até pensei nisso null. Mas nunca tive a real chance de fazer. Alguma sugestão? – null parecia ter gostado da ideia.
- Skyscraper talvez. Eu sei que não é clássico como Greensleeves, foi gravada pela Demi Lovato. Mas é uma música que talvez eu pudesse acompanhar no vocal. – null demonstrou o seu interesse em cantar ao som da harmonia que os dedos de null produziam.
null parecia pensar. null esperava ansiosamente uma resposta.
- Quer tentar agora? – Perguntou null.
- É CLARO! - Empolgou-se - Teria como?
- Sim, desde que alguém mostre as notas musicais que devo tocar. – null sorriu.
- Perfeito! – null já se animou também, enquanto se apressou em buscar as notas na internet do celular para que a mãe pudesse analisar.
Ela estudou a música por alguns minutos e então pareceu preparar-se.
- Então, vamos lá. – Encorajou null, recomeçando a tocar, mas agora ao som de Skyscraper.
null limpou a garganta, enquanto esperava seu momento de entrar com o vocal e se maravilhou em como a harmonia estava saindo muito boa somente com alguns minutos de estudo de null.
(Nota da autora: Eu recomendo colocar a música para tocar enquanto lê a letra com tradução. Fica mais interessante. Você decide.)
Skies are crying, I am watching
(Os céus estão chorando, eu estou assistindo) Catching teardrops in my hands
(Recolhendo lágrimas em minhas mãos) Only silence as its ending
(Somente o silêncio como seu fim) Like we never had a chance
(Como nunca tivemos uma chance) Do you have to make me feel like
(Você tem que me faz sentir como) There's nothing left of me?
(Não há mais nada de mim?)
You can take everything I have
(Você pode tomar tudo o que tenho) You can break everything I am
(Você pode quebrar tudo o que sou) Like I'm made of glass
(Como se eu fosse feita de vidro) Like I'm made of paper
(Como se eu fosse feita de papel)
Não deu outra. A letra coube perfeitamente com a harmonia. null cantou-a quase chorando de emoção. Concentrou-se somente na música, o mundo a sua volta parecia ter desaparecido.
Go on and try to tear me down
(Vá em frente e tente me derrubar) I will be rising from the ground
(Eu vou estar me levantando do chão) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu)
As the smoke clears, I awaken
(Enquanto a fumaça se dissipa, eu desperto) And untangle you from me
(E desembaraço você de mim) Would it make you feel better
(Será que faz você se sentir melhor) To watch me while I bleed?
(Assistir-me enquanto eu sangro?) All my windows still are broken
(Todas as minhas janelas ainda estão quebradas) But I'm standing on my feet
(Mas eu estou de pé)
You can take everything I have
(Você pode tomar tudo o que tenho) You can break everything I am
(Você pode quebrar tudo o que sou) Like I'm made of glass
(Como se eu fosse feita de vidro) Like I'm made of paper
(Como se eu fosse feita de papel)
Go on and try to tear me down
(Vá em frente e tente me derrubar) I will be rising from the ground
(Eu vou estar me levantando do chão) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu)
Go run, run, run
(Vá corra, corra, corra) I'm gonna stay right here
(Eu vou ficar aqui) Watch you disappear, yeah
(Assistindo você desaparecer, yeah)
Go run, run, run
(Vá corra, corra, corra) Yeah it's a long way down
(Sim, é um longo caminho) But I am closer to the clouds up here
(Mas eu estou mais perto das nuvens aqui em cima)
You can take everything I have
(Você pode tomar tudo o que tenho) You can break everything I am
(Você pode quebrar tudo o que sou) Like I'm made of glass
(Como se eu fosse feita de vidro) Like I'm made of paper
(Como se eu fosse feita de papel) Oh Oh.
Go on and try to tear me down
(Vá em frente e tente me derrubar) I will be rising from the ground
(Eu vou estar me levantando do chão) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu) Like a skyscraper.
(Como um arranha-céu)
Quando a música termina, todos estão sorrindo um para o outro. O momento fora incrível.
- Sua voz é linda. – null elogiou.
- Obrigada. E você toca muito, mas muito bem mesmo null. – null sorria radiante. - null, uma amiga minha, que faz parte da banda, toca teclado e baixo elétrico. Mas para essa música, eu quero que você seja sempre minha convidada especial para tocar ok?
null iluminou-se perceptivelmente. Provavelmente ela não esperava um convite para tocar com uma banda de adolescentes.
- Por mim está ótimo. – null sorriu.
null então pega o celular e observa o horário.
- Preciso ir agora. Vou ajudá-la a guardar o teclado.
- Não null, vou deixá-lo aqui por enquanto. Mas tem certeza que já vai?
- Preciso ir. – null se levanta
Então null se levanta e abraça null para se despedir.
- Foi muito bom te conhecer null. E sua coleção de barbies é realmente incrível.
null retribui o abraço e depois que se soltam ela sorri para null.
- Você é muito legal null, venha mais vezes aqui.
- Pode deixar. – null ri. – Você precisa ir na minha casa também. Todos vocês. – null olha para todos.
- Nós iremos. – Respondeu null sorrindo.
null vai até a mulher e a abraça também.
- Obrigada por tudo.
- Não agradeça querida. Volte sempre. – Responde null.
- Eu te acompanho até lá fora. – Diz null com toda aquela educação charmosa.
- Obrigada. – null sorri para ele.
Os dois vãos até a frente da casa de null, sem serem seguidos por null e null.
- Foi muito bom ter você aqui. – Diz ele com um breve sorriso.
- Obrigada null, gostei muito de vir. Qualquer hora vocês apareçam na minha casa.
- Pode deixar.
Eles se olham, sorrindo. null gostava da segurança que o olhar intenso dele passava. O que a fez suspirar levemente. Ela sentia que poderia olhá-lo o dia todo sem se cansar. “Mas o que é isso sua idiota? Porque está suspirando e se perdendo nos olhos dele?” foi o que de repente passou pela mente de null, o que a fez desviar o olhar.
- Tchau então. – Diz ela por fim, dando um beijo no rosto dele como despedida.
null segue rua abaixo, em direção á sua casa. Pensando no quanto todos foram amáveis, ela planejava chamá-los em breve para irem em sua casa. Ao chegar, um pensamento aleatório lhe ocorreu. Seus pais viriam no fim do ano ou ela iria para lá? De qualquer forma não obteria resposta até a próxima ligação deles, já que ela costumava não incomodá-los. Seu violão estava em um canto da sala. Algumas palavras vieram em sua mente "Às vezes você acha que vai ficar bem sozinho, mas é mais difícil andar com suas próprias pernas". Outra música de Demi Lovato, de quem ela achava as músicas inspiradoras. Decidiu pegar o violão e levá-lo ao quarto. Sentada na ponta da cama começa a tocar e cantar Gift Of a Friend. null, null, null, null e null passavam por sua mente enquanto tocava, em seu coração null sabia que a música que se espalhava pela casa demonstrava como ela se sentia em relação aos amigos. Após algum tempo, quando a noite já avançava, null escuta seu celular tocar.
*null*
Ela o encontra na cozinha e então vê na identificação que era null. Então atende.
- Alô.
- Oi amiga. Como vai?
- Oi null. Estou bem e você?
- Muito bem. Amiga, sei que já está meio tarde, mas tenho uma ótima notícia! null conseguiu uma apresentação para Invisible Dreams!!! – null estava muito animada pelo que null pôde perceber.
- O que? Está de brincadeira? – null pulou aonde estava. Uma apresentação para sua banda? Só podia ser um sonho!
- Um amigo dele trabalha naquele restaurante grande e bonito chamado Blake's sabe? Eles estavam precisando de alguém para tocar na festa de comemoração de 20 anos do restaurante. null falou da banda e se ofereceu pra tocar. O amigo dele falou com o patrão e ele aceitou! Ele aceitou amiga! Nós temos uma apresentação! Não é incrível?
- AAAAH! – null gritou com empolgação. - Sim, incrível! Eu... Eu ainda estou em choque! Mas quando vai ser a apresentação?
- No próximo final de semana.
- Mas já no próximo? – null assustou-se agora. Uma apresentação tão perto de acontecer. Será que estavam mesmo prontos?
- Temos alguns dias para escolher as músicas que vamos tocar e para ensaiar.
- Ok, serão covers? Ou as nossas músicas?
- O amigo do null disse que ele precisa de alguns covers, para animar a galera, mas que podemos tocar uma ou duas nossa para divulgação!
- AI MEU DEUS! Ok, amanhã podemos combinar de ensaiar, afinal é domingo, normalmente nenhum de nós faz nada.
- Eu pensei a mesma coisa. Só que precisamos falar com todos e combinar o horário.
- Hum... Que tal estarmos todos as duas horas da tarde no salão acústico?
- Por mim tudo bem. Quer que eu fale com null?
- Isso, fala com ele. Que eu ligo pro null e vejo se ele pode.
- Beleza amiga. Vou desligar então. Tchau. Beijo
- Tchau amiga. Obrigada por ter me avisado.
- Não seja por isso!
- Beijo.
E então a chamada foi finalizada. Uma apresentação, null ainda tentava processar a história. Colocou o número de null para chamar. Ele logo atende.
- null?
- Oi null. Tudo bem?
- Estou bem e você?
- Ótima! Acabei de saber sobre a apresentação. – null escuta o amigo rir.
- Incrível não é mesmo? Diz que eu sou demais.
- Ah seu convencido! – null ria agora também. Ele era outro brincalhão. – Mas liguei pra perguntar se tem como ensaiarmos amanhã às duas da tarde no salão?
- Duas da tarde... Espera, deixa eu pensar um segundo. – Fez-se uma pausa. – Ah... Eu posso sim. Precisamos ensaiar mesmo, afinal a apresentação está próxima já.
- Exatamente. Não podemos pisar na bola agora.
- De jeito nenhum! – Disse ele em concordância.
- Então amanhã as duas no salão acústico beleza?
- Beleza.
- Tchau null. Até logo.
- Até null.
null desliga e manda uma mensagem para null, convidando-o. Ele responde dizendo o quanto estava feliz pelos amigos, mas tristemente avisa que não poderá ir, pois sua mãe iria dobrar o horário de trabalho naquele sábado e ele teria que cuidar da irmã. Ela entendeu que null preferia que seus filhos estivessem em casa seguros enquanto ela trabalhava. Então colocou o celular em cima da estante. Nunca tinham feito uma apresentação, era empolgante. Mas ao pensar, um frio na barriga demonstra que o medo de fazer algo errado na frente de uma platéia é grande, porém tenta concentrar-se em outra coisa. Afinal seria uma ótima experiência. Ela passa o tempo que lhe resta antes de dormir vendo alguns seriados e depois deita-se. Acordou umas onze da manhã no dia seguinte. Enquanto não dava a hora de ir para o salão, null leu um pouco do livro escrito por Paulo Coelho, que era muito interessante. Também ensaiou sua mais nova música até que não precisasse mais do papel para tocá-la e cantá-la. null saiu em direção ao salão acústico quando o relógio marcava uma hora e quarenta minutos. Ela observou novamente a casa de null quando passou em frente, mas estava totalmente fechada, provavelmente não havia ninguém ali no momento. Continuou andando sem muita pressa, não queria chegar lá cansada e também vinte minutos era suficiente para chegar com calma. Quando chegou percebeu que não era a primeira, nem a última. null já estava ali, mas null ainda não. null e null se cumprimentam com um beijo no rosto.
- Oi! – Disse null empolgada.
- Oi null! – Cumprimentou null.
- E ai menino chato. – O cumprimento para null quase sempre era de forma brincalhona.
- E ai menina irritante. – Ele sorriu.
Cumprimentaram-se com um beijo no rosto, da mesma forma que foi com null. Nisso ouve-se o barulho de uma moto. null havia chegado. Agora a banda estava reunida. O ensaio foi produtivo, escolheram o que tocariam, depois de receberem a informação de que tocariam no restaurante por cerca de uma hora. Souberam que após a apresentação deles, iria um DJ para animar a festa. Foram terminar o ensaio era quase cinco e meia da tarde, pois ensaiaram mais de uma única vez.
O resto da semana foi tranquilo e eles puderam ensaiar todos os dias a tarde, porque por sorte os professores já haviam passado todos os trabalhos e tarefas na semana anterior.
Na sexta, um dia antes da apresentação, eles decidiram que o ensaio seria rápido, para poderem descansar e se preparar para a noite do dia seguinte. A apresentação seria as oito da noite. null combinou de ir para o local do show junto com null. Deu o horário de dormir, mas ela demorou tempo acordada, estava muito animada para o dia seguinte, mas por fim acabou dormindo.
No outro dia acordou já era mais de meio dia, provavelmente porque acabou dormindo tarde. As horas pareciam ir mais devagar, na verdade pareciam quase paradas para null. Pensou em seus pais e no apoio que eles sempre deram a ela e a banda. Ela não podia deixar de contar á eles que a banda conseguira uma apresentação, então decidiu ligar. Eram três horas da tarde então em Londres já seria dez horas da noite, devido às sete horas de diferença. Como esperado caiu na caixa de mensagens, eles deviam estar se preparando para encerrar o dia de trabalho, já que ela sabia que os dois iam para casa às onze da noite. Mas null tentou novamente a ligação. Atenderam.
- Mãe? Pai?
- Oi filha. – Era a voz de seu pai. – Está tudo bem?
- Está sim. Tenho que contar uma coisa. Tem um minuto?
- Ah... – Ele fez uma pausa. null se sentiu mal por atrapalhá-lo, mas era importante. - Tudo bem querida. Quer que eu chame a sua mãe?
- Sim, afinal quero que vocês dois saibam.
- Espere um segundo. AMOR VENHA ATÉ AQUI. – null afastou um pouco o telefone do ouvido. - Desculpe o grito.
- Sem problemas pai.
- O que houve querido? – Ela ouviu sua mãe.
- null no telefone. Ela tem algo para nos contar.
- Oi filha. Como está? – A voz de null era doce.
- Estou bem mãe e você?
- Também estou. Pode dizer, estamos ouvindo.
- Conseguimos uma apresentação para a Invisible Dreams, vai ser hoje às oito, no restaurante Blake’s sabe. Queria contar, quer dizer, é a primeira vez que vamos nos apresentar.
- Magnífico filha! Tenho certeza que todos vão amar vocês. – Seu pai animou um pouco a voz.
- Filha, que incrível! O sonho de vocês está se tornando realidade, aproveite bastante essa oportunidade ok? – Sua mãe encorajou.
- Obrigada mãe e obrigada pai. Eu estou muito animada. Depois contarei a vocês como foi.
- Estaremos esperando para saber. – Diz sua mãe.
- Vou desligar. Sei que estão cansados. Eu amo vocês.
- Também te amamos filha. Tome cuidado no lugar que vai ter a apresentação e divirta-se. – Diz null com preocupação.
- Pode deixar pai. – null responde.
- Beijos filha. – null se despede.
- Até logo. – null então desliga o telefone.
Ok, agora sim ela estava pronta, depois de ter ouvido a voz e o incentivo dos pais. Então repentinamente, ela pensa em como seria ganhar um abraço de null naquele momento e sorri automaticamente, então sentiu-se triste porque ele não estaria lá. Depois deu um leve tapa na testa.
- O que é que você está pensando null? Ficou louca? – null falava com ela mesma.
Mais algumas horas passaram bem devagar. E quando faltavam duas horas para a apresentação null começou a se arrumar, porém terminou mais rápido do que imaginou e teve que esperar vendo televisão por um tempo. E então null chegou, junto com seus pais, que iriam levar as duas até o restaurante de carro. null fechou a casa, cumprimentou null e entrou no carro ao mesmo tempo que a amiga. Cumprimentando também os pais dela.
- Nervosa? – null perguntou a null, tentando se distrair um pouco.
- Quer a verdade? Sim e muito! – null realmente parecia que ia ter um treco.
- Eu também. Mas vai dar certo!
- Sim, vai dar certo.
Elas sorriram e logo chegaram no restaurante. Após deixar as duas junto de null e null, os pais de null foram se juntar á platéia. null viera com null e já se dirigira para assistir, null sentiu-se realmente feliz por isso. null e null se cumprimentaram com um beijo, era realmente fofo aquele casal.
Passaram o som, fizeram os exercícios vocais para aquecer, ajeitaram o pequeno e elegante palco, que estava com as cortinas fechadas. Não havia muitas pessoas no restaurante ainda, pois ela e seus amigos chegaram meia hora antes para aprontar tudo. Os que estavam lá eram poucos, mas logo foram chegando mais e mais pessoas, para o pânico de null.
Tudo pronto. Quando chegou o momento de cantarem, null observava que estavam todos nervosos. As cortinas se abriram e eles escutaram aplausos, devia haver umas cinquenta pessoas ali, todas bem organizadas e sentadas em volta de mesas. Era um número grande na opinião de null. Ela se apresentou, assim como apresentou o resto da banda. As músicas terminaram após uma hora de apresentação. Muitos no restaurante aplaudiram para a alegria de todos da banda, eles saíram do palco e o DJ tomou conta. null ainda não sabia como os outros se sentiram, mas ao sair de lá estava com um sorriso que não se desmancharia tão cedo. Sorria por fora e por dentro. Quando saíram do restaurante eles se envolveram num abraço em grupo, vibrando por ter dado certo e orando em agradecimento a Deus por aquele momento. Para muitos pode não parecer ser muita coisa, mas para null tinha sido um momento para nunca se esquecer e com certeza que para seus amigos também. O funcionário que estava encarregado de cuidar das coisas relacionadas à banda convidada, pagou o tanto que prometeu a null e agradeceu pela apresentação. null e os pais de null e de null se juntaram aos outros. null cumprimentou quem ainda não tinha visto e abraçou null. null dividiu corretamente o dinheiro para cada um ali.
- Guardem bem essa grana pessoal e façam bom uso. – Disse null sério e responsável.
Todos assentiram quase ao mesmo tempo. Os pais de null recolheram a parte dela para levar em segurança, null e os pais de null fizeram o mesmo com os dois.
- Esso foi uma das melhores sensações que eu já tive. Como se sentiram? – null diz empolgada.
- Foi incrível, inexplicável, foi demais. – null diz.
- Não consigo nem descrever cara, nunca vou me esquecer dessa noite. – null parecia que ia explodir de felicidade.
- Pode crer pessoal, tudo deu certo, um passo maior de nosso sonho foi realizado. – null tinha um brilho nos olhos ao falar.
Todos sorriam, estavam felizes, sem dúvida nenhuma. null e null se beijaram novamente, comemorando entre eles. null se despediu de cada um, menos de null, que iria com ele de moto. null também se despediu e abraçou null.
- Você estava linda irmãzinha. – Ela chamava null assim às vezes. – Estou orgulhosa.
- Obrigada irmã, obrigada por vir, você é muito importante.
Elas encerram o abraço ainda sorrindo. Ela e null sobem na moto e partem em direção as suas casas. Os pais de null levam null para casa. Ela agradeceu despedindo-se deles e da amiga. Entrou em sua casa, subiu as escadas em direção ao seu quarto. Esticou-se em sua cama, olhou o relógio, eram quase nove e meia da noite. A apresentação não foi muito longa, mas foi o suficiente para que null se sentisse muito feliz. Depois de sua oração em agradecimento por toda a felicidade, foi se deitar. E logo nada mais viu.
Naquela noite null sonhou com null junto dela. Não era novidade, vinha sonhando com ele muitas vezes, mas se obrigava a ignorar tudo isso. null acordou ainda com a imagem do rosto perfeito dele na mente. No resto do dia ela fez algumas tarefas da colégio e arrumou a casa. Até que chegou a hora de dormir novamente.
Na segunda acordou mais animada que o normal, talvez pelo fato de ainda estar feliz pela apresentação. Pegou sua mochila e deixou o casaco em seu quarto, o dia não estava tão frio. Subiu a rua com os olhos fixos no lugar que normalmente via null, onde ele ficava esperando para que fossem à colégio juntos, mas desta vez ele não estava lá. Se perguntou se ele já teria ido para a colégio, mais cedo que o normal ou se estava atrasado. Nesse instante null percebeu a presença de uma garota de boina de trico vermelha, cabelo longo e loiro, e vestido delicado à frente da casa de null. Parecia ter tocado a campainha. Então, depois de alguns segundos, null irrompeu pela porta cumprimentando a garota e sorrindo. null não gostou daquela cena, tinha sido incômoda de um jeito que ela não esperava, negava a si mesma que poderia ser ciúmes. Repetia em seu pensamento "não pode ser, não estou com ciúmes, seria ridículo". Ela continuou andando ainda observando, ele fechou a porta e seguiu até a calçada com a menina. null se apressou um pouco, a fim de alcançá-los, não para atrapalhar, mas para saber quem exatamente quem era aquela pessoa, mas não a reconheceu. nullavistou null enquanto ainda estava um tanto distante, pois ele acenou sorrindo. Ela acenou rapidamente de volta e chegou até eles, avaliando a garota que tinha os olhos azuis.
- Bom dia null.
- Bom dia. E... oi, você eu não conheço. – O tom de voz de null não era arrogante, ela estava tentando parecer simpática.
- Ah claro! Essa é a Lindsay, uma amiga de infância, eu não sabia que ela morava em Seattle até trombar com ela ontem.
- Ah... Eu sou a null, prazer em conhecê-la.
- O prazer é meu.
“Droga, ela tão bonita” null pensou. Elas apertam as mãos uma da outra. null sorriu sem muito entusiasmo. Lindsay parecia educada e tinha um sorriso amável, mas null ainda não gostava do jeito que null ficava olhando para a garota. Ela estava com ciúmes? “Não, claro que não” pensava.
- Os pais dela decidiram colocá-la no nosso colégio, pois eles se mudaram aqui para o bairro antes de ontem e o colégio que ela estudava ficou muito longe.
- Hum... Isso é ótimo! – null sorriu.
Provavelmente a garota não recebera o uniforme ainda, mas não estava inadequada, estava com uma roupa simples, porém com ar angelical. Então os três subiram juntos para o colégio. Os dois conversaram bastante durante o caminho, null se manteve mais quieta. Ao chegarem foram ao encontro de null e null. null e null os cumprimentam.
- Amiga nova? – Pergunta null em tom descontraído.
- Eu sou a Lindsay. – Ela cumprimenta o casal apertando a mão de cada um deles.
- Na verdade eu a conheço desde muito tempo, só não sabia que ela morava aqui em Seattle. - Explica null novamente animado.
- Legal, prazer sou null e essa é minha namorada null. – null gostou de como null a apresentou considerando o sorriso que abriu.
- Prazer. – Diz null sorrindo.
- É um prazer conhecer vocês. – Lindsay fala com seu tom gracioso.
- Vem comigo, vou te mostrar um pouco do colégio antes que o sinal toque. – null pega a mão dela e sai apressado. null apenas observou, não sabia que estava séria demais até que null mexeu com ela.
- Ciúmes? – Ele perguntou cutucando-a.
- É claro que não né null, só estava observando... ah... o estilo dela se vestir.
- Bem clássico não é? Que dizer, boina de tricô vermelha, vestido cor creme e delicado. Sapato com um pequeno saltinho, com flores e que sugere um tom rosa bem fraco. – Diz null observando também.
- Pois é.
- Como é que vocês conseguem achar tantos detalhes? Pra mim é só uma roupa meio diferente.
null e null olham para null como se dissessem "ninguém merece". Ele dá uma risada, fazendo ambas rirem com ele.
- Eu definitivamente não iria querer ser sua namorada. – Diz null debochando.
- Amor, a null está me dando uma indireta de que você nem repara nas roupas que uso. – null faz bico, como se estivesse brava, mas qualquer um saberia que ela estava brincando.
- Claro que não amor, eu reparo em tudo que você veste e fica linda em tudo. – Diz null.
- Vocês são tão fofos que estou vomitando arco-íris! - Diz null rindo.
Os três continuam dando risadas, tudo era mais divertido quando null estava junto deles. O que fez o sentimento incômodo em relação à Lindsay passar por alguns momentos. O sinal tocou e todos se dirijam para a sala. O professor apresentou Lindsay para a sala, o que fez null se lembrar de quando null entrou na colégio. Depois de um tempo o sinal tocou novamente, dando a hora do intervalo. null ficou junto de null e null no mesmo lugar de sempre, teria ficado com null também se ele não estivesse passeando pra lá e pra cá com a nova garota.
- A apresentação de sábado não sai da minha cabeça. Foi incrível. – null comenta maravilhada.
- Sim! A energia em cima do palco é delirante. Sem explicação. – O namorado concorda.
- Eu estava com um nervosismo antes de começar, mas depois me soltei. E você cantou super bem, como sempre, amiga!
- Uhum. – null nem prestava atenção ao que diziam, pois estava observando Lindsay e null, ela tentava não ligar e não ficar observando, mas era inevitável. Ver os dois tão grudados a deixou com um pouco de raiva. null e null provavelmente perceberam a distração dela, pois o garoto usou a tática de dizer algo sem sentido para chamar a atenção.
- É verdade! Mas e então null, você andou pela rua montada num elefante ontem, certo?
- É. - Ela concorda ainda distraída.
Depois de alguns segundos, null percebe que o que acabou de ouvir de null não era algo normal, apesar de não saber exatamente o que foi que ele disse, só entendeu algo sobre um elefante. Então volta seu olhar para ele.
- Espera aí, o que foi que disse? – Diz ela franzindo o cenho.
- Está te incomodando não é mesmo? – Pergunta null sem mencionar nada em específico. Mas null sabia do que a amiga estava falando.
- Não tem nada me incomodando.
- Você acabou de concordar que andou pela rua montada em um elefante ontem. – Disse null, fazendo uma cara de “não está conseguindo enganar ninguém”.
- O que? Eu concordei?
- Admite logo. – Diz null em tom de quem está cansada de ser enrolada. null observa null concordar com a cabeça.
null não queria admitir que estava com ciúmes nem pra ela mesma. Mas, ela estava e não estava conseguindo esconder, precisava disfarçar melhor.
- Eu não tenho motivo pra ter ciúmes, ele é só meu amigo.
- Então porque não tira os olhos dos dois? – null insiste.
- Eu não estava olhando para eles.
- Não precisa esconder nada da gente null, não vamos sair correndo e contar para ele. – null falou sério.
null que estava ao lado de null, balança a cabeça concordando. null fica pensativa, afinal não queria admitir que estava com ciúmes, isso era estranho para ela. Vinha em sua mente "não tem porque ficar com ciúmes, ele é seu amigo, não pode passar disso". Queria contar aos amigos como se sentia, mas ao mesmo tempo não queria dizer nada a ninguém sobre isso.
- Não tem nada ok? Eu não estava olhando para eles, eu estava... ah... – null olhou para o mesmo local que antes, mas agora com o propósito de encontrar uma desculpa. - Observando o senhor Carter! Olhem só! – Ela completa ao encontrar uma cena promissora.
O cara da limpeza do colégio, senhor Carter, estava em um canto com fones de ouvido, dançando com a vassoura, esquecido de que alguém poderia vê-lo. null chegou a rir vendo aquela cena que antes não havia percebido. null e null gargalham.
- Ok, isso foi bem engraçado. Mas ainda não nos enganou. – Disse sua amiga, após terminarem a crise de riso.
Nisso o sinal toca novamente para voltarem para as aulas. Porém, o dia parece realmente voar. Ao fim das aulas, null e null se despedem de null e dos outros e se dirigem para a casa. Enquanto Lindsay, null e null vão juntos pelo mesmo caminho, a casa da garota por ironia era na rua de trás da que null e null moravam. Ele e Lindsay conversaram o tempo todo até que ela se virou em uma rua despedindo-se e indo em direção a sua casa.
- E aí null, está quieta hoje, como foi a apresentação no sábado? Preciso saber de tudo! - null parecia extremamente feliz.
- Ok, vamos conversar agora então. – Disse null num sussurro, mais para ela mesma do que para ele. Porém com a ironia tão carregada que o fez olhar para ela com a expressão confusa.
- Está brava? – Ele perguntou.
- Não... É... Foi ótima a apresentação, bem legal mesmo. – null fez algumas pausas ao falar, por causa do deslize do momento, não podia perder a razão e falar qualquer coisa.
- Legal! Porque não me falou antes? Quer dizer você estava afastada hoje.
- Eu afastada? Não fui eu que fiquei passeando com a Lindsay pela colégio inteira, não fui eu que fiquei afastada. - null disse impulsivamente, sem contar a raiva na voz e no momento seguinte gritava em sua mente: “Droga! Droga! Droga! Você não sabe ficar quieta?”.
O que ele havia falado fez com que ela soltasse algo que não queria soltar. Não queria ser rude ou algo do tipo, mas não conseguiu se controlar. null para de andar e null para também, um pouco a frente, e se vira para olhá-lo.
- Conversei com vocês o tempo todo na sala de aula! Você que se manteve quieta! Poderia ter falado, mas ficou muda quase a manhã inteira e agora eu que fiquei afastado só porque mostrei o colégio para Lind durante alguns minutos? – Ele também estava irritado agora.
- Eu nem entendia sobre o que você falava durante a aula, já que só comentou sobre como você e Lindsay se divertiam juntos quando eram pequenos. O que queria que eu comentasse? - null não queria retrucar, não queria, mas era mais forte que ela. E ele chamara a garota de Lind, isso deixou null com mais raiva ainda.
- null e null encontraram o que comentar.
- Ah desculpe se eu não quis conversar sobre o quanto você e sua amiga são felizes juntos.
- Por que está falando desse jeito? Lindsay é legal, se você não ficasse implicando poderia ser amiga dela!
- Não estou implicando! – null franzia as sobrancelhas e auterava levemente a voz.
- Só você parece ter se incomodado com minha pequena ausência! Só estava mostrando a colégio para ela! Ela é nova!
- Faça o quiser null! E por sinal, pode começar a ir para o colégio só com ela então, já que gosta de ser tão prestativo.
- Beleza! Tudo bem então. Talvez seja até melhor ir só com a Lind, já que você está agindo estupidamente. – Ele tinha um tom arrogante agora.
- Ótimo então! Não me importo, pode aproveitar bastante! – null disse num tom decisivo, mas aquilo doía por dentro. É claro que ela se importava.
null não havia percebido, mas tinham parado praticamente em frente à casa de null. Os dois não "discutiam" altíssimo, mas talvez o suficiente para a mãe de null escutar, pois ela o chamou.
- Filho? – Seu tom era confuso.
null e null olharam em direção a casa, observando null, que estava parada na porta.
- Está tudo bem com vocês?
- Ah... – null não conseguia dizer nada.
- Está tudo bem sim! Não se preocupe. Eu já estou indo para casa. – Disse null voltando a caminhar e dando as costas para null. – Até mais null! - Ela tentou sorrir para a mulher para não ser mal educada.
null chega à frente de sua casa, porém ela não entra. Vai até a praça e se senta em um dos bancos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ela as segurou, não queria chorar. Não queria acreditar que acabara de brigar com null. Ela apoiou os braços nas pernas e colocou as mãos na cabeça, cabisbaixa. Depois de conseguir finalmente segurar o choro, ela foi para casa.
- Oi null. – null tentou par animada.
- null! Estava me preocupando, por que demorou para chegar? – null tinha o olhar preocupado e o tom de quem queria repreender.
- Aconteceu... Uma coisa... Ah, nada de importante. – null fez pausas ao falar, ainda procurando o que dizer.
- Pela sua cara parece que foi bastante importante. Que isso? Andou chorando?
- Não! Não, é claro, que não.
- O que houve null? Sabe que pode confiar em mim.
- Eu confio, nem pense o contrário, só estou estressada demais para falar sobre o assunto.
- Então quer dizer que foi algo importante. – Ela não ia desistir.
- Ok, foi algo importante. E tem a ver com o null, aquele idiota... Não! Ah que raiva! Idiota fui eu! – null desabafou. Pensando consigo mesma, então se lembrou que null ainda estava ali sem entender. - Me desculpe, eu só estava...
- Refletindo sobre o assunto. – Ela era compreensiva. null apenas suspirou.- Que tal me contar tudo enquanto almoçamos? Você deve estar com fome.
- Tudo bem. – null concorda.
Após terem terminado de almoçar e null ter contado tudo o que houve para null e recebido alguns conselhos, se acalmou e foi fazer algumas tarefas da colégio. Mas não conseguia tirar null da cabeça, sabia que estava errada por ter brigado com ele por algo tão bobo. Queria se desculpar, mas estava com raiva.
Naquela noite demorou um pouco para dormir, pensando em como seria o dia seguinte, até que pegou no sono. O outro dia amanheceu como qualquer outro, tirando o fato que de null ficou pronta vinte minutos mais cedo. Saiu na hora de costume e viu que null havia dormido ali na sala. null fez o menos barulho possível e seguiu seu caminho para colégio. Enquanto passava em frente à casa de null, ele saiu de sua casa, cruzando olhar com null, o que foi um tanto constrangedor, pelo menos para ela, depois da pequena discussão que tiveram no dia anterior. Ela desejou que tivesse saído atrasada ou bem adiantada de casa, mas agora já era. null só foi perceber que parou de andar ao vê-lo, quando ele deu às costas para ela e subiu a rua com o passo mais rápido que o normal. null pensou em alcançá-lo, mas deteve-se no segundo passo, ele demonstrara de forma convincente que não queria conversar. Sem falar no fato de que Lindsay apareceu pela rua, que cruza a que ela e o garoto estavam seguindo, e foi ao lado de null até o colégio. Depois de um tempo, estando todos na sala de aula, a professora pediu para que sentassem em duplas. null e null se sentaram juntas.
- Agora me diz o que foi que houve? – Disse null sussurrando em tom urgente.
- Em relação a quê?
- Você e null é claro! Mal estão se olhando.
- Brigamos ontem, enquanto voltávamos para casa. – Disse ela tentando parecer fria.
- Brigaram? Como assim brigaram? Vocês se dão super bem, não me diga que é por causa...? - Ela não terminou a frase, pois Lindsay estava sentada próximo delas, junto de null. null sentara com um outro colega de turma. - Fala sério, não vai ficar brigada com ele por ciúmes agora?
- Isso não é ciúme! – null retrucou.
- É claro que é! null anda bastante próximo da Lindsay e você não está gostando nenhum pouco, está escrito em sua testa isso. Como foi exatamente a briga afinal? – null pensou se seu ciúme estava realmente tão visível como a amiga falara e sentiu um calafrio.
- Bom, ele disse que eu estava afastada, ai acusei ele de ficar somente com a Lindsay. E ele disse que vocês não se incomodaram com a “pequena ausência” dele – null fez aspas com as mãos. - e que ele estava só mostrando a colégio para ela, algo assim. Então eu disse que era melhor ele começar a vir para a colégio somente com ela. Ele disse que era melhor mesmo, porque eu estava agindo estupidamente. Eu disse que não me importava e dei as costas para ele. – null queria chorar naquele momento, mas não deixou isso transparecer.
- Nossa! – null parecia perplexa - Ou vocês são muito tontos ou fingem que não percebem que se gostam, não é possível.
- Dá pra parar com isso null, a gente não se gosta, quer dizer, não mais do que como amigos.
- É claro, primeiro null me conta que null fala em você como se falasse sobre uma deusa grega e agora você com todo esse ciúme da menina nova. Quer parar de mentir para você mesma e para os seus melhores amigos? Eu e null fazíamos isso e você é prova de que é idiotice! – null estava séria. null fica sem ter o que dizer e o sinal para o intervalo invade seus ouvidos.
- E vê se faz as pazes com ele, antes que o perca pra Lindsay.
- Vamos meninas. Ah null, me diz uma coisa qual é a desse clima pesado entre você e o null? – null pergunta descontraidamente, mas em tom baixo.
- Ah esquece isso. Vou pro banheiro, aquilo está me deixando com vontade de vomitar. – Ao dizer isso null aponta levemente com a cabeça para null e Lindsay. Eles riam freneticamente enquanto Lindsay o abraçava.
No banheiro, null se olha no espelho reparando no quanto é diferente de Lindsay no estilo de se vestir. Ela tinha um estilo quase bruto comparado à Lindsay. Só gostava dos tons cinza, preto, branco, bordo e azul escuro. E também apreciava algumas tachas e coturnos. Até quando ia para o colégio, mesmo tendo que usar a camiseta do uniforme, ela conseguia demonstrar seu estilo. Já a outra garota era toda “princesa”, tinha roupas delicadas e também refletia seu estilo clássico mesmo quando estava com o uniforme. null observa pelo espelho sua amiga entrar.
- Ver ele e a Lindsay te estressou mesmo não é? – Disse null em tom calmo.
- Sim. – null abaixa um pouco a cabeça mirando a torneira da pia, finalmente admitindo.
- Porque não tenta dizer a ele o que sente?
- Não sou tão corajosa e nem sei direito o que sinto. – null era sincera.
- Amiga você não sabe direito o que sente porque fica tentando enfiar na sua cabeça que não gosta dele quando na verdade gosta.
null sabia que ela tinha razão. Ela levantou a cabeça e olhou para a amiga e então a abraçou. null retribuiu o abraço, ela parecia tentar consolar null.
- Você tem razão null. Me desculpe ter sido arrogante agora pouco.
- Não precisa se desculpar. Sei como os sentimentos são complicados ás vezes. – As duas se soltam e null sorri. null sorri levemente para ela.
- Obrigada – null agradece.
- Agora vamos, não quero passar meus vinte minutos de intervalo dentro do banheiro.
As duas saíram e logo avistaram null que conversava com alguns colegas ali por perto. Ele foi ao encontro das duas, “despedindo-se” dos colegas.
- Está melhor? – Ele encarava null.
- Estou. Me desculpe o estresse.
- Tudo bem. Vamos sentar em algum lugar.
Sentaram-se numa mureta embaixo de uma grande árvore, que ficava fora da cobertura do pátio, mas também fazia parte da colégio. Sempre ficavam por ali. Bratt passou um pouco á frente deles junto com outros meninos que ficavam seguindo-o por todo canto.
- PERDEU O NAMORADO null? – Gritou ele a fim de todo mundo ouvir. Os meninos em sua volta deram risada junto com ele. null sabia que ele referia-se a null.
- VAI CUIDAR DA SUA VIDA IDIOTA! – null gritou de volta. Mas null fez sinal para que o ignorassem e foi o que fizeram, afinal não queriam arranjar briga nenhuma.
Só foram juntar-se a null novamente quando o sinal tocou, indicando que deveriam voltar para a sala de aula. Ele e null continuaram sem conversar a aula inteira. null se despediu de null e null no fim das aulas e seguiu seu caminho para casa. Ouviu null e Lindsay virem logo atrás, e de repente a garota gritou por seu nome. null vira-se para olhar os dois, estranhando. Espera que cheguem até ela.
- null não quer ir com a gente? Afinal vamos pelo mesmo caminho. – A garota sorria simpaticamente. null não sentia raiva naquele momento, já tinha decidido que não iria brigar por ciúme.
- Ah... – Ela olha para null, que fingia que ela não existia. – Não sei...
- Ah vamos! Não vai querer ir sozinha! - Disse a garota loira.
- Bom...
A menina puxou-a pelo braço e começaram a caminhar lado a lado. Ela não sabia se devia mesmo ir com eles. Porém Lindsay sorriu e null sorriu de volta. Os dois conversaram bastante como no dia anterior e ela seguiu ao lado, de vez em quando conversando com Lindsay, que agora a incluia na conversa. Mesmo assim sentia um incômodo terrível. Até que Lindsay se despediu e foi pelo seu caminho de costume. Deixando ela e null sozinhos. Ele acelerou o passo e null percebeu que ele pretendia deixá-la para trás, como fizera de manhã. Mas null segurou o braço dele, sem usar a força, mas ele parou quando ela teve essa atitude.
- Espera! – null disse e sentiu seu estômago revirar. Nem sabia o que dizer depois.
null se virou para olhá-la fazendo-a soltar o braço dele. null não sabia o que ele estava pensando naquele momento, mas ela queria se desculpar, não queria ficar mais um dia sem falar absolutamente nada com ele.
- Eu... Hã... Me desculpa. Eu fui uma idiota, não queria brigar com você. – Disse ela não conseguindo manter os olhos fixos nos dele.
- Nossa discussão ontem não teve sentido algum. - Ele continuava sério.
- É eu sei. Reencontrou uma grande amiga, ela é legal... enfim, não quero mais essa situação chata.
Eles se encararam por alguns segundos. null pensou em dizer o que sentia como null havia sugerido. Até abriu a boca para começar a dizer, mas não conseguiu fazer com que saísse algo. Então para disfarçar disse a primeira coisa que veio em sua mente.
- Por que não contou que gostava dessa garota?
- E da onde você tirou que eu gosto dela? Quer dizer, eu gosto, mas não desse jeito que está pensando. Ela é uma amiga, nada mais que isso. – Ele parecia sincero e com a expressão mais suavizada, mas null lembrou-se das várias vezes que eles pareceram mais do que amigos.
- Não é o que parece.
- null ela praticamente cresceu comigo, da primeira série ao meio do primeiro ano do ensino médio, somos como irmãos, entende? Se não acredita, eu sei de quem ela gosta e ela também sabe que estou apaixonado por uma pessoa.
null hesitou. Ele dissera que estava apaixonado por alguém, “Mas se não é Lindsay então quem seria?” pensou null.
- É que ela chegou do nada e vocês se tratam com tanta intimidade e ficaram tão juntos que me pareceu outra coisa. E também você nunca me disse de quem gosta. – Os dois conversavam de maneira calma, não era uma discussão como no dia anterior, só estavam colocando as coisas no lugar.
- Mais eu gosto de alguém! Eu e Lindsay fomos para lugares diferentes há pouco tempo, faz apenas alguns meses que não nos falamos e ainda nos consideramos como irmãos. – Ele manteve o olhar e parecia estar falando a verdade.
- Tudo bem, me desculpe. Eu me precipitei. – null disse convencendo-se. Mas ainda curiosa sobre quem era a garota que null gostava.
- Não adianta me olhar assim, não posso contar de quem gosto. – Disse um pouco desconcertado.
- Por que não pode? null somos melhores amigos! Assim como você e a Lindsay!
- Não somos como eu e a Lindsay...
null ficou ainda mais ansiosa com essa frase que ele dissera, "por que ele não considerava que eram como ele e a Lindsay?", "isso foi uma indireta?", mil perguntas pairavam na cabeça dela naquele momento, mas null não conseguiria acreditar que ele gostava dela sem que ele demonstrasse realmemte. Ela queria que tudo aquilo que estava sentindo fosse recíproco, estava admitindo para si mesma que estava apaixonada, naquele instante, mas se sentia presa. Sua garganta não conseguia direcionar as palavras certas, "por que ele simplesmente não me diz se sou eu ou não?" - pensava ela. null não conseguia tirar os olhos dele.
- Como não null? Claro que você tem direito de gostar de quem quiser e não preciso saber tudo sobre sua vida só porque é meu melhor amigo, mas, a Lindsay sabe, então eu poderia saber também e eu poderia... Não sei... – null procurava as palavras. - Talvez ajudar você com a garota, se você contasse pra ela o que sente ela iri...
null é interrompida por um beijo. null a segurou pela cintura e a beijou. Foi algo rápido, apenas encostaram seus lábios um no outro, mas ela poderia ficar paralisada ali o resto do dia, sentindo aquelas “borboletas no estômago” como dizem. Era como se seu coração quisesse sair correndo de seu corpo de tão forte que batia. null estava com a expressão tão pasma quanto a dela ao se afastar, talvez nem ele mesmo acreditasse no que acabara de fazer. Ela o viu corar um pouco. Estava paralisada, mas uma felicidade inexplicável estava invadindo-a. Ela precisava dizer algo.
- Acho que entendi porque não podia me contar e porque não somos como você e a Lindsay. – Foi o que saiu.
- Eu... É... Me desculpe, eu não... – Ele desviou o olhar e pausava em fonemas que não conseguia transformar em frases.
null então o beijou de volta. Mas agora o beijo foi longo e intenso. Ele colocou a mão na nuca de null, por baixo do cabelo da garota e a trouxe ainda para mais perto. Estavam muito próximos e ele não a soltou quando o beijo acabou, nem ela a ele. Continuaram entrelaçados um ao outro, demonstrando que era aquilo que queria desde o início. Sorriram.
- Ual. – null disse por fim, enquanto soltavam-se um do outro por fim. Sorriram um para o outro sem jeito por alguns segundos.
- Então... Eu te vejo amanhã? – Ela disse ainda sorrindo.
- Sim... Claro! Até amanhã. – Ele sorri. Dá mais um selinho rápido nela e se afasta.
null se vira e desce um pouco a rua até entrar em sua casa. null, depois de alguns segundos parada, segue para sua casa devagar e sem conseguir tirar o sorriso do rosto. Ao entrar em casa fecha a porta e fica parada um tempo de olhos fechados, encostada na porta, pensando no que aconteceu. Então abre novamente os olhos e percebe a presença de null.
- Você está bem? – Pergunta null estranhando.
- Não teria como estar melhor. – Disse null radiante.
- O que foi que aconteceu? – null abre um pequeno sorriso curioso.
- Preciso te contar! – Elas sentam-se no sofá.
null contou tudo para null, nos mínimos detalhes e não tirava o sorriso do rosto. null animava-se ao ouvir.
- Ual null. Incrível. – null sorria. - Isso me lembra que acho que esqueci de te contar que beijei null. – null sorria ainda.
- O QUÊ? – null gritou batendo palmas de alegria. – Você e null se beijaram e nem me conta? Claro que percebi que vocês andam juntos sempre depois daquele primeiro encontro, mas não me contou que rolou beijo!
- Calma null, eu não tive oportunidade pra contar ainda. Mas nos beijamos no dia da apresentação de vocês, quando ele me levou para casa. – As duas sorriram.
- Demais! E estão namorando então?
- Acredito que estamos sim.
- AAAAH! – null deu um grito e alguns pulinhos. Então o celular de null toca.
*null*
- Oi null. – null atende sabendo que era a amiga por causa da identificação no celular. – Tenho uma coisa importante para contar!
- Ah! Sério? Eu também tenho uma coisa pra contar, por isso liguei. – A voz da amiga era animada. – Quer vir aqui em casa?
- Não vai te incomodar?
- É claro que não né sua boba. – Ela ri.
- Só um minuto... – null afasta um pouco o celular do ouvido. - Tem algum problema se eu for na casa da null? – Ela pergunta para null.
- Não. Pode ir, fique tranquila. – null sorriu.
- Eu vou. – Disse null voltando ao telefone e sorrindo.
null ficou até a hora do jantar na casa da amiga. Ela contou tudo o que acontecera entre ela e null. null contou que ela e null saíram e que ele disse que a amava. Algo realmente especial. Voltou para sua casa e encontrou o jantar pronto e null a sua espera. As duas jantaram juntas e logo null foi embora.
Após isso os dias foram voando e nada mais havia acontecido entre null e null, tirando o fato de que começaram a se tratar com bastante proximidade. Logo o dia vinte de dois de novembro chegou. null, null e null andaram planejando uma festa surpresa para null durante toda a semana que passara. null e null ajudaram em algumas coisas também. A sorte é que o dia do aniversário da menina caíra em um final de semana. null já havia conversado com seus pais mais uma vez, contara sobre null e null estarem namorando e eles gostaram da notícia, também havia perguntado se podia comprar a Barbie que null tanto queria e eles permitiram. A festinha de null havia sido muito boa. null e null tocaram Skyscraper para o pessoal que foi convidado e as crianças da idade de null pareceram realmente se divertir. null deixou para dar o seu presente no fim da festa. E assim fez.
- Aqui está null. – Disse entregando o presente, quando só havia null, null, null e null ali.
- Obrigada null. – A menina sorriu já rasgando o embrulho e quando viu a boneca Barbie ela se iluminou. Depois deu um abraço inesperado em null, que se sentia bem em ver que a menina gostou. Ela saiu correndo sentar no chão para abrir e brincar com a Barbie.
- Obrigada null, eu realmente não poderia dar essa Barbie para ela no momento e ela queria muito. Obrigada de verdade. – Agora era null que agradecia.
- Não agradeça null. Eu sabia que ela iria gostar.
Todos sorriram e null foi organizar algumas coisas, enquanto null, null, null e null foram para frente da casa, pois os pais de null estavam vindo buscar ela e null. Eles conversaram e riram até que eles chegaram e o casal se despediu. Sobrou somente ela e null. Eles se olharam sorrindo.
- Obrigado por tudo. null ficou realmente feliz. – Disse ele.
- Fala como se só eu tivesse planejado tudo. Você e sua mãe fizeram a maior parte.
- Mas mesmo assim você ajudou muito também null.
Ela simulou um empurrão no ombro dele, o que o fez rir alto. Um silêncio de pouco segundos se fez.
- Ah null... Eu... Queria conversar sobre algo com você. – Ele parecia um pouco nervoso agora, falando pausadamente.
- Pode dizer. – null sorriu achando esquisita a situação.
- Bom... É... Queria falar sobre... Nós. – null o viu corar levemente e ela provavelmente estava vermelha também, afinal sentiu seu rosto esquentar, suas pernas bambearam e o coração disparar. Sem falar nas famosas borboletas no estômago que tinha quando eles estavam juntos. – Eu já devia ter tocado no assunto há tempos, mas não tive coragem.
- Eu também queria ter falado algo. Mas... Eu estava... Na verdade, ainda estou... Com medo do que você possa me dizer. – Ela nem sabia como conseguira fazer aquilo sair. Estava muito nervosa.
- Medo do que eu possa dizer?
- É, talvez você tenha se arrependido, sei lá.
- Não! É claro que não! null aquele momento foi... – Ele travou, mas suspirou e continuou. – Foi um dos melhores da minha vida.
O olhar de null era sincero. null pulava de felicidade por dentro e um sorriso enorme estampou seu rosto. Ele também sorriu. Aquele sorriso lindo. null se aproximou devagar dessa vez. Mais um beijo que tirou a garota do chão. Quando se afastaram, continuaram próximos, olhando fixamente nos olhos um do outro, enquanto sorriam. null se sentiu incrível, melhor do que da primeira vez, não conseguia explicar. O sentimento por ele era forte, muito forte. Então null apareceu na porta da casa e pigarreou levemente sorrindo para os dois. Eles se soltam e deram as mãos, indo em direção a casa.
- Mãe, acho que você já conhece minha namorada. – Ele fala sorrindo. Fazendo todos rirem também.
- Finalmente! – null aparece de repente, fazendo um movimento com os braços como se mostrasse que esperou demais. – Eu sabia que se gostavam.
Todos deram mais risadas ainda. null pensou em como contaria para seus pais. Ela gostaria mais se fosse pessoalmente, mas provavelmente isso não seria possível. null olha o relógio e vê que é mais de meia noite.
- Bom, mas infelizmente tenho que ir. Está tarde. – null solta delicadamente a mão do namorado e vai até null, abraçando-a. – Feliz aniversário null, que Deus ilumine sua vida para que cresça cada vez mais linda e inteligente.
- Obrigada null. Eu amo você. – null não esperava por essa e sorri involuntariamente.
- Também amo você pequena. – Já terminado o abraço, null passa a mão na cabeça de null e depois se dirige à null. – Obrigada por tudo null, você é incrível.
- Que isso null, é uma honra te ter por perto sempre. – Elas se abraçam. E então null vai até null.
- Tchau bobo. – null diz isso e dá um selinho no garoto. Eles andavam se apelidando idiota e carinhosamente nos últimos tempos, tirando o apelido null que ele já vinha falando há algum tempo.
- Tchau bobona. – Ele dá um beijo na testa dela por fim, ao mesmo tempo abraçando-a. null estava muito feliz.
Então ela segue o caminho de casa. Que dia maravilhoso. Chegou cansada, mas o telefone tocava quando ela entrou. Eram seus pais com certeza, pois em Londres seria umas sete e pouco da manhã naquele momento. Eles conversaram por mais tempo do que normalmente, null disse que tinha algo de extrema importância para contar, mas queria que fosse pessoalmente. Eles assentiram para a surpresa dela, comunicando que iriam passar o natal e a virada do ano em Seattle, junto dela. A conversa prolongou por mais alguns minutos depois disso e então desligaram. Foi dormir numerando as coisas boas, ela tinha o garoto que amava junto dela, - isso mesmo, ela o amava - seus pais viriam para passar o natal e ano novo com ela, null e null estavam muito bem juntos, assim como null e null. Ela só tinha o que agradecer.
Os dias logo viraram semanas e a primeira semana de dezembro já havia chegado, junto com as férias da colégio. Ela se sentia feliz por morar perto de seus melhores amigos e de seu namorado, assim se encontravam quase todos os dias. Fizeram vários ensaios com a banda e em um deles null decidiu mostrar a música que havia feito fazia um tempo, a música que ela sabia que era sobre seus amigos e também sobre null, que mesmo tendo virando seu namorado não perdeu o posto de melhor amigo.
A segunda semana de dezembro chegou e seus pais já estavam a caminho. Cerca de nove horas e meia de viagem. null mal continha a ansiedade, queria vê-los logo, queria abraçá-los como nunca abraçou, queria estar com eles. null teve que esperar que eles chegassem de táxi em casa, pois nem null e nem null tinham carro para buscá-los, tinham somente suas motos. As horas se arrastaram, mas eles finalmente chegaram. Escutar o barulho de carro estacionando e portas sendo batidas fez null levantar-se correndo do sofá e ir até a frente de sua casa. E lá estavam os dois, null e null, seus pais tão queridos. Não pensou em mais nada além de correr e abraçá-los. Depois que se soltaram, ela pôde ver melhor o rosto de cada um, eles também pareciam radiantes, com lágrimas nos olhos.
- Minha filha querida. – Disse null com sua voz doce.
- Ah filha! – Seu pai estava muito animado.
- Pai! Mãe! Não sabem o quanto senti falta de vocês.
- Acho que sabemos sim hein, porque... – Seu pai disse em tom de brincadeira, mas foi interrompido por null. Mas isso não o incomodou de forma alguma, ele sabia que ela completaria sua frase do jeito que ele queria.
- Porque sentimos a mesma falta de você. – Sua mãe completou. Eles estavam habituados a completar o que o outro começava a dizer.
- Então melhor aproveitar esse tempo que temos juntos. – Disse null abraçando-os mais uma vez. E depois foram caminhando para dentro da casa, carregando as malas. O táxi já havia ido embora.
- E queremos saber de todos os detalhes que perdemos. – null falou sorrindo.
- Com certeza pai. E eu vou querer saber tudo também. – null brincou.
- Tinha uma notícia importante para nós não é? Estou curiosa. – null não tardou a comentar.
- Calma mãe, logo eu contarei.
Ambos fizeram uma expressão de curiosidade, o que fez null rir alto. Ela não tinha medo de contar que estava namorando, pois estava convicta do que queria e sentia. E sabia que null também estava. Foram uns cinco dias de passeios e momentos somente entre os três, momentos que ficariam sempre na memória de null. Então em um domingo que ficariam em casa o dia todo, null convidou null, null e null para jantar, com a permissão de seus pais é claro.
- Eles virão. – null disse animada assim que desligou o celular, encerrando a conversa com null.
- Sabemos que é a família do único melhor amigo que você tem que não conhecemos, é por isso que os chamou para vir? – Seu pai perguntou curioso.
- Parcialmente pai. – null havia acabado de mandar uma mensagem para null, avisando que gostaria que contassem que estavam namorando para null e null. null aceitou sem reclamar.
- Como assim parcialmente? – Agora era sua mãe que perguntara.
- É que essas pessoas fazem parte da notícia de extrema importância que eu tenho para dar. – null sorriu.
- Oh! Claro! Eu já tinha me esquecido que tinha essa tal de notícia importantíssima. – Disse seu pai colocando uma mão na cabeça.
- Não tem problema pai. Hoje vocês irão saber.
null ajudou a preparar o jantar e a colocar a mesa. Estava tudo pronto quando a campainha tocou. null atendeu e cumprimentou os três. Não beijaria null até que contasse aos seus pais que estavam namorando, então o abraçou. Ele compreendeu sorrindo. Ela apresentou-os para seus pais e logo foram todos jantar. Deram-se muito bem. null e os pais de null conversaram tanto que pareciam amigos de longa data. Após a janta todos foram para sala e enquanto null, null e null brincavam com o jogo da vida – que null havia levado junto – os adultos continuaram a conversar. Após o jogo chegar ao fim null deu um sinal silencioso para null que era o momento de contarem, ele apenas sorriu em concordância. Os dois levantam-se do chão onde jogavam e null pede atenção.
- Hora da notícia importante. – Diz ela com um suave frio na barriga. Esperava que seus pais aceitassem. null segurou sua mão e isso a deu segurança. – É o seguinte, mãe, pai... Eu e null nos gostamos muito. – Ela reparou seus pais se endireitarem no sofá com os olhares sérios. – E ele está sempre ao meu lado desde que o conheci, tanto quanto null e null. E...
- Há pouco tempo eu percebi que sentia algo realmente forte por ela e me declarei. – null disse com a voz firme, porém educada. null o olhou com um leve sorriso, depois olhou para os pais novamente.
- E então, eu confessei que sentia o mesmo e ainda sinto. Então... começamos a namorar. - null ficou com medo do que diriam, pois seus pais se entreolharam ainda sérios.
- Suas intenções com minha filha são boas, certo? – null tinha a voz divertida fazendo com que null se aliviasse. Sabia que null também quebrou a tensão, pois ele apertava mais levemente sua mão agora.
- Claro senhor. – null sorriu.
- E vocês realmente se gostam? – Vez de null.
- É claro mãe. E muito! – null sorriu.
- Então está tudo bem. – null falou. Seus pais sorriram ao mesmo tempo e null assentiu com a cabeça.
- Obrigada! – null deu um pulo e os abraçou rapidamente, de forma meio desajeitada pois eles ainda estavam sentados. E depois abraçou null, que retribui o abraço.
- Obrigado. – Disse null olhando para null e null.
Depois de tudo comunicado e de mais algumas conversas null, null e null foram embora. Seus pais fizeram algumas perguntas sobre null, mas ela sabia que eles haviam gostado dele. E logo o dia chegou ao fim. Tudo ocorrera bem.
Passou o natal e logo o ano virou. Tudo estava incrível para null. Porém, logo seus pais iriam voltar para Londres, mas ela se conformou e decidiu aproveitar enquanto podia. Só que cinco dias antes de irem embora, seus pais a surpreenderam com uma notícia totalmente inesperada.
- Vamos para a Disneyland em Chessy na França. – Seu pai falou finalizando o grande suspense que fez. null sorriu.
- Como assim? Estão brincando né? Assim de repente? - null estava confusa.
- No mês passado, ganhamos duas passagens completas para lá em uma promoção da agência que trabalhamos. Uma para cada um. Então, decidimos comprar uma para você. Assim iremos todos juntos. - Sua mãe explicou.
- Incrível! – null sorriu. – Mas quando vamos?
- Partimos daqui dia nove. Serão doze dias lá em Chessy. – null falou.
- Por mim tudo bem. – null animou-se. Não poderia perder a chance de viajar com seus pais para um lugar tão legal.
O dia seguinte ela passou junto com seus amigos de banda, seu namorado e null. Ensaiaram um pouco no salão acústico, depois foram tomar sorvete e dar mais uma volta. null contou da viagem para todos e eles acharam muito interessante.
- Só que eu vou morrer de saudade. – Disse null abraçando-a pelos ombros.
- E você acha que eu não? – null sorri olhando para os olhos dele, os lindos olhos que ele tinha.
- Awn, como são lindos esses dois. – null fez uma expressão fofa. Fazendo todos rirem.
null nunca havia pensado nisso, mas agora estavam todos em casais. null e null, null e null, ela e null. Isso soou estranho em sua mente por um momento, pois não imaginava que seria assim, mas gostava do fato de todos terem dado certo. null também pensou na sua banda, era algo como um hobbie, ninguém esperava fazer realmente sucesso. Porém estavam ganhando fãs por ai. Já tinham até fã-clube, depois de alguns pequenos shows que null arranjou durante esse tempo que passou. Seus pais puderam comparecer em mais de um show, por estarem ali em Seattle para o fim do ano. Tudo isso fazia null se encher de alegria, muita alegria.
O dia nove chegou e com ele a viagem. null despediu-se dos amigos e logo estava no avião, acompanhada de seus pais. Os dias que se seguiram foram inesquecíveis para null. Muitas fotos tentavam guardar cada segundo, mas ela sabia que todo o tempo que passava ao lado dos pais era uma memória preciosa, que só guardaria com riqueza detalhes em sua mente e em seu coração. No fim dos doze dias seus pais iriam direto para Londres e ela direto para Seattle. Todos choraram sem querer esconder a emoção ao se despedirem, o vôo de null era primeiro e seus pais a levaram até o aeroporto.
- Eu... amo vocês. – Disse null entre soluços. – Vou... sentir saudade.
- Te amo minha filha. – Ouviu a voz doce e chorosa de sua mãe.
- Te amo filha, vamos sentir sua falta. – null a abraçava como se nunca mais fosse soltar.
Logo ela estava voltando para Seattle e seus pais voltariam para Londres dali algumas horas. Sentiria realmente muita falta deles, como sempre. Mas sabia que continuaria feliz, pois mesmo longe eles estariam em paz e isso bastava. Encontrou null e null no aeroporto à sua espera. Ela os abraçou com força, sentiu falta deles, assim como dos outros. Voltaram de táxi para a casa de null. Conversaram por um tempo sobre a viagem, então null foi preparar a janta, insistindo que não precisava de ajuda, então null e null ficaram sentados no sofá, abraçados.
- Está cansada não é? – Perguntou observando-a. Ela o olhava também e sorriu levemente.
- É uma canseira boa. Sabe o quanto sinto falta dos meus pais, tentei aproveitar o máximo enquanto estive com eles, mas parece que a saudade nunca acaba.
null deu um beijo rápido na testa de null. Ela amava quando ele fazia isso.
- Tente se lembrar que eles estão bem, em paz e felizes. E que mesmo estando distante deles fisicamente, eles estão sempre em seu coração. Logo irão se ver novamente, o tempo sempre voa. – Ele disse apertando suavemente o abraço. null sentiu-se segura, sorriu e suspirou ao mesmo tempo, deitando sua cabeça no tórax de null.
- Obrigada. – Disse null sentindo o garoto acariciar seu cabelo, numa espécie de cafuné.
Depois de jantarem e conversarem muito null recebeu uma mensagem de null, onde ele avisava que haveria ensaio da banda no dia seguinte. Seria ótimo, afinal ela queria muito ver o resto de seus amigos. Próximo às dez horas da noite null decidiu ir para casa. Então, eles caminharam de mãos dadas até a calçada.
- Vê se descansa pra acordar animada amanhã.
- Pode deixar null. Amanhã tem ensaio, realmente tenho que estar animada. – Ela sorriu.
Observou ele sorrir também. Então ele se aproximou devagar e seus lábios se tocaram. O beijo demorou uns minutos significativos. Ambos não tinham dúvida do quanto se gostavam, ou na verdade, do quanto se amavam.
- Eu te amo. – Disse null ao final do beijo. Essa frase era realmente importante para ela, então olhou fundo nos olhos dele, a fim de que ele entendesse que era algo sério, algo verdadeiro.
- Eu te amo null. – Ele disse em tom doce.
Seu olhar não desviou e ele estava perceptivelmente mostrando que aquilo era verdadeiro da parte dele também. Depois de alguns segundos, ele deu um selinho rápido em null e foi se afastando vagarosamente, em direção a sua casa.
- A gente se vê então. – Disse ele com o sorriso enorme estampado no rosto.
- É a gente se vê. – null concordou sorrindo. Pensou em seus amigos, seus pais e em null Sabia que estava completa, que era daquilo que precisava para a felicidade, precisava de todas aquelas tardes boas, junto daqueles que mais amava.