Uma shortfic que relata a história do grande amor de um homem.
Caro leitor,
Venho, por meio desta nota, alertá-los que esta não é uma história comum. O mocinho não fica para sempre com a mocinha. Esta é a história de como conheci a mulher da minha vida. Eu, , tive um grande amor e me sinto honrado por isso.
Sábado, para os membros das irmandades, é dia de sair com os amigos e encher a cara, ao som de músicas fúteis, até a manhã de domingo. E aquele sábado não foi diferente.
Eu já devia ter tomado cinco ices e dividido uma vodka com um amigo, quando senti que deveria ir ao banheiro tirar a água do joelho, como os caras dizem. Até aí, tudo bem, mas foi ao entrar naquele banheiro nojento do bar que eu soube que teria que vomitar, e não seria naquela imundice. Então, na minha cabeça bêbada, fazia muito sentido eu usar o banheiro feminino, já que eles são conhecidos por serem bem mais limpos que os banheiros masculinos.
Fui aos tropeços e, com uma bendita sorte, o banheiro estava vazio. Atrapalhado, fui até um cubículo e mijei, tendo certeza que ir ali foi a melhor ideia que já havia tido na vida, pois não tinha papel higiênico sujo espalhado e nem mijo no chão, o que era um luxo para um cara. Quando já estava pronto para vomitar, ouvi a porta se abrir e olhei, por reflexo, para a porta, em que encontrei uma garota me olhando assustada.
Podem me julgar, mas, para mim, era a garota mais linda que existia na Terra. O cabelo era na altura certa; nem curto, nem longo. Eu não soube identificar a cor, porque nem importava. Os olhos eram... Eram…
E, então, em um misto de sensações de enjoo e deslumbramento, acabei vomitando aos pés dela, de joelhos. Não era uma cena épica para me lembrar pelo resto da vida, mas, naquele momento, vomitando aos pés de seu salto alto de marca, que devia custar mais que minha moto, eu soube que aquela garota era a qual eu queria para toda a minha vida.
— Você está bem? — ela me perguntou, afastando-se um pouco de onde eu vomitei.
Só consegui levantar cambaleando e assentir.
Sua mão gelada segurou meu braço, puxando-me delicadamente até a pia, e pediu gentilmente para que eu lavasse a boca. Eu fiz o que ela me pediu, surpreso, porque não era todo dia que uma garota como ela cuidava de um pobre coitado bêbado como eu.
Enquanto me perdia em devaneios, sua mão jogava um pouco de água na minha nuca e cabeça. E, cara, a água estava muito gelada, mas eu não dava a mínima, só queria continuar sendo cuidado por aquela garota que o destino colocou em meu caminho.
Por um breve momento, fechei meus olhos, sentindo uma sensação maravilhosa.
— Obrigado — eu consegui dizer, depois de alguns segundos em silêncio, mas quando abri os olhos, não havia ninguém ali. O que me fez pensar: “Será que ela era apenas uma ilusão da minha cabeça?”.
Os dias após aquela noite passaram lentamente, uma tortura que eu nem sabia que estava sofrendo, e correr pelas ruas em minha moto era uma dádiva que me libertava daquela sensação de incômodo que eu vinha sentindo.
E, em uma dessas voltas, acabei me deparando com um outdoor com grandes olhos brilhantes me encarando e fui obrigado a parar para prestigiar aquela peça que minha cabeça estava pregando. Eu conhecia muito bem os olhos do outdoor. Não havia dúvida. Eram da garota da minha doce ilusão.
Eu tirei meu celular do bolso, já discando o número da agência de modelos que financiava o outdoor. Não foi surpresa nenhuma, para eles, minha ligação questionando quem era a dona dos olhos. Eles disseram que recebiam ligações constantes para contratá-la. Mas eu não queria isso, apenas queria encontrá-la novamente.
— Eu posso passar o número dela, se o senhor preferir.
Eu ignorei a insinuação na voz da atendente, me perguntando quantos caras haviam ligado apenas para levá-la para a cama. Eu não queria apenas isso. Queria conhecê-la, saber sobre sua vida e, quem sabe, tê-la só para mim.
Eu peguei o número, mas demorei dias para ter coragem de ligar. Era estranho eu não saber o que dizer.
— Alô?! — Eu ouvi sua voz rouca, sonolenta e totalmente sexy em uma manhã na qual eu finalmente tomei coragem para ligar.
— Oi — eu disse nervoso. — Sou , o cara que vomitou no banheiro feminino. Desculpa a hora, só queria agradecer por ter me ajudado.
Até me surpreendi com o tanto de palavras que consegui dizer a ela. E não escondo que minhas mãos suaram bastante, esperando sua resposta:
— Oh… — Ela soltou, agora, parecendo mais desperta. — Por nada, eu acho.
Silêncio. O que eu diria a ela?
— Você quer sair? — Sutil. Direto.
— Sair? — Havia um pequeno desapontamento em sua voz, e eu fiquei ainda mais nervoso.
— Sim, podemos tomar café, se você quiser. Posso te buscar. —
Nunca, na minha vida, fiquei tão ansioso quanto naqueles dois minutos em que ela ficou em silêncio, talvez ponderando meu convite.
— Tudo bem. Encontro você no D. Dulce, na rua do Karlsruhe. — E, logo, desligou, não me dando tempo para perguntar seu nome ou qualquer outra coisa.
Eu não sabia se era naquele exato momento ou se ela ainda iria dormir mais um pouco, mas, assim que me recuperei do nervosismo, peguei minha moto e segui até o local marcado, sentando no balcão daquela cafeteria simples e aconchegante e esperando a mulher que não tinha um horário certo para chegar.
Uns 15 minutos depois, ela sentou ao meu lado, vestida em um estilo mais despojado, que era totalmente o oposto daquele vestido colado e curto e da maquiagem pesada. E ela estava maravilhosa.
— Uma moeda pelo seu nome — eu disse, sorrindo galanteador para ela e fingindo estar totalmente tranquilo.
— . — Ela devolveu o sorriso. — Uma moeda pelo motivo do convite.
— Queria conhecer a mulher que me ajudou em um momento péssimo da minha vida.
O que era apenas um café, acabou tornando-se um almoço, seguido por um passeio e um jantar. Acabei descobrindo muito sobre a vida de modelo agitada dela, e ela sobre a minha humilde vida de caixa de supermercado que estuda Direito. Éramos opostos, mas eu sentia que éramos completos juntos.
Com o passar do tempo, eu descobri que tudo nela era perfeito: desde seus movimentos sensuais, que me levavam à loucura, até as estrias, que surgiram na gravidez do nosso pequeno Samuel.
Era impossível não amá-la mais a cada dia que passava. Era impossível não agradecer todos os dias pela família que eu tinha construído com ela. É impossível não sentir sua falta agora, 20 anos depois que nos deixou, após um acidente de avião, em uma de suas viagens a trabalho.
Eu não sentia rancor algum. Ela morreu na volta de um grande desfile que era seu sonho desde pequena. Ela estava em paz, realizada. Eu não poderia querer algo melhor para ela.
Eu amei minha doce , mãe do meu orgulho e amor atual: Samuel.
Eu sempre amarei a minha garota do outdoor.
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