Got the news today
Doctor said I had to stay
A little bit longer and I'll be fine
When I thought it'd all been done
When I thought it'd all been said
A little bit longer and I'll be fine
But you don't know what you got 'til it's gone
And you don't know what it's like to feel so low
And everytime you smile or laugh you glow
You don't even know, know, know
You don't even know

Era inevitável não pensar em tudo o que passamos. Meu coração parecia grande demais para o meu corpo, batia rápido e forte, mais do que o normal. Ela andava maravilhosamente pelo corredor, e eu podia ver aquele brilho em seus olhos. Mesmo um tanto longe, eu conseguia enxergar nela coisas que ninguém mais conseguiria.

FLASHBACK

Era uma noite qualquer, o frio estava acabando com qualquer programa que havia sido feito, e eu havia decidido fazer chocolate quente. estava inquieta, sem sono, doida para ficar horas e horas conversando; com certeza eu também estava da mesma maneira. Acho que ficar horas brincando na neve nos deixou um tanto elétricos demais.
Pude notar ela arrumar o sofá-cama, pegar duas cobertas gigantes, jogar-se no sofá e se encolher no meio das cobertas. Ela estava admirando a sacada, até que coloquei a caneca incrivelmente colorida e esfumaçando em frente aos seus olhos. Não contive o sorriso ao vê-la olhando-me com um sorriso fofo nos lábios. Ela pegou a caneca, e me aninhei nas cobertas como ela havia feito um pouco antes.
– Vou dormir aqui hoje. – disse calmamente, assoprando a caneca e olhando-a de canto.
– Não sei por que você ainda avisa que vai dormir aqui, isso acontece todo final de semana, . – ela soltou um riso e acompanhei.
Era muito bom ter comigo.
– Vai saber, você pode se cansar de mim. – fiz um bico e pude vê-la revirar os olhos
– Sem drama, . – ela buscou o controle da TV. – Vamos assistir a alguma coisa? Estou sem sono.
Apenas assenti, e ela ficou mudando de canal até parar em um que aparentemente havia acabado de começar um filme. Colocou a caneca na mesinha que havia ao seu lado e fiz o mesmo com a minha, colocando-a no chão. Ela se aninhou em meu peito e aquele perfume maravilhoso me fez soltar um sorriso bobo. O filme era “Amizade Colorida”, começamos a rir de algumas cenas quando decidi fazer um comentário.
– Acha mesmo que essas amizades podem dar certo? – perguntei sem tirar os olhos da tevê.
Ela não estranharia a pergunta, devido ao fato que nunca sentimos vergonha em conversar nada um com o outro
– Não sei, acho que depende muito da cabeça das pessoas. Se tem certeza que sempre vão ser melhores amigos, mas sentem vontade de ficar um com o outro, por que não? – eu ainda não a olhava, tinha receio do que estava pensando em fazer.
– É, faz sentido. Mas, e se acontece de um se apaixonar? – eu acariciava seu braço e ainda tinha os olhos fixos na televisão.
– Acho que, se apenas um se apaixona, eles têm que conversar e voltar ao status de apenas amigos. – ela deu de ombros, parecia tão simples.
Movimentei-me, tentando tomar fôlego. Talvez estivesse jogando tudo no ventilador, talvez não.
– E se o outro não conseguir mais ser apenas amigo?
– Aí complica. – ela riu. – Mas, quando um não quer, dois não fazem. Tipo, se um se apaixona e o outro não, eles têm que entrar em um acordo, parar de ficar e, com o tempo, deixar que as coisas voltem ao normal. – ela levantou um pouco a cabeça a fim de me olhar.
Pensei rápido, era agora ou nunca.
– Eu já pensei em ficar com você. – disse isso tão normalmente que pude notar ela ficar completamente sem reação, talvez tentando processar o que eu havia acabado de dizer, mas eu não tive paciência para isso.
Coloquei a mão em seu rosto, acariciei lentamente o local com o polegar. Seus olhos não conseguiam se desgrudar dos meus, aqueles olhos castanhos estavam estupidamente convidativos. Ela não conseguia se mover. Aproximei-me lentamente, seus olhos agora não sabiam se continuavam fixos nos meus ou se concentravam em meus lábios. A respiração dela estava próxima demais. Ela passou a língua por seus lábios, e eu fiquei sem me dar conta do que estava fazendo. Eu não sei por que estava naquela situação com minha melhor amiga, só sei que não queria parar.
encostou os lábios nos meus, fazendo-me fechar os olhos quase que automaticamente. Levei uma de minhas mãos até sua nuca e fiz um leve carinho no local, notei que ela se arrepiou com o ato. Um beijo um tanto quanto lento se iniciou, percebia-se que estávamos nos estranhando. Pouco depois coloquei a mão em sua cintura, dando um leve apertão, puxando-a um pouco para cima, aprofundando mais o beijo. Nossas línguas se encaixaram de uma forma diferente, como se estivéssemos esperando por aquele momento desde sempre.

END FLASHBACK

Talvez eu tenha sido um bobo apaixonado desde a primeira vez que a vi. Talvez, e só talvez, eu sempre soube que meu lugar era ao lado dela. Depois de algum tempo de relacionamento, pude ver que não éramos tão compatíveis como eu achei, mas alguma coisa me prendia a ela, eu não conseguia deixá-la, eu não suportava o sentimento de viver um dia e ela não ser minha. Irônico eu saber tudo isso e viver muito bem antes dela, mas viver extremamente melhor depois de sua chegada me fez não querer voltar àquela vida pacata que era o mundo sem minha garota, minha .
Ela era especial, magnifica de todas as maneiras. Mesmo que ela negasse quando eu transbordava elogios, eu sabia que enxergava tudo aquilo nela.
Acredito que, com o tempo, pudemos ver onde não éramos compatíveis, e eu podia ter certeza que o ciúme era o maior problema em nossas vidas.

FLASHBACK

– , chega! Por favor, vá embora. – ela estava sentada na sala, bebendo uma cerveja e olhava para qualquer canto, menos para mim.
– Eu não estava com ela, quantas vezes vou ter que te explicar isso? – bufei e dei um soco na parede.
Pude vê-la fechar os olhos
– Sabe quantas vezes essa mulher me ligou? Sabe quantas vezes tive que ouvir dela que você tinha chegado do show bêbado e a chamado para dormir com você? – Ela olhava para a janela, deu um gole na cerveja.
– E você lembra que, quando descobri isso, larguei tudo e corri para cá? – dei alguns passos, aproximando-me dela.
– Lembro, claro! Lembro também que ela apareceu aqui para devolver algumas roupas suas que estavam no apartamento dela. – me olhou, praticamente cuspiu tais palavras na minha cara
– Ela trabalha comigo, tem acesso fácil, sabe disso. – suspirei e levei minhas mãos às têmporas.
Precisava relaxar e consertar isso.
– Sei. Sei também que pedi pra você demiti-la assim que descobri o sentimento dela por você. – pude ouvir um risinho. – MAS EU SOU MALUCA, NÉ?
– EU NÃO PODIA QUEBRAR O CONTRATO COM ELA, QUANTAS VEZES PRECISO TE EXPLICAR ISSO? – explodi.
Ela sempre conseguia me tirar o sério em todos os sentidos possíveis.
– Até porque, se tem uma coisa que é problema para você, essa coisa é dinheiro, não é, ? – havia se levantado, usava o tom mais sarcástico que conseguia, deixando-me cada vez mais puto.
– Quando eu quebro um contrato, não sou só eu que perco dinheiro, . Tenho uma equipe, eles têm família. – respirei fundo. – Chega, por favor, vamos parar com isso.
– Vamos. – ela colocou a garrafa na mesinha de centro e me olhou mais uma vez. – dê-me as chaves do meu apartamento.
– O quê? – Franzi o cenho, ela não estava…
– Quero as chaves do meu apartamento, eu não aguento mais tudo isso, não aguento mais essa coisa de “nós”. – ela fez aspas com as mãos.
Ela não podia me deixar, podia?
– São quase quatro anos, e você não aguenta agora? – sorri de canto.
Eu estava tremendo por dentro, não estava pronto pra perdê-la.
– Você começou a notar agora porque eu estou colocando para fora tudo o que engoli nesses anos. – ela deu mais alguns passos em minha direção, seu olhar não denunciava nada, ela não estava mentindo.
– Uma das coisas que prometemos era não esconder nada um do outro. – fechei os olhos e coloquei uma mão na cabeça.
– Eu não escondi nada, eu só achava que te contar o que eu pensava iria soar como das outras vezes, que eu era sua melhor amiga e aquilo não estava machucando-me, mas adivinha? ESTAVA. – ela alterou o tom de voz, mas voltou ao normal muito rápido.
Eu não estava conseguindo processar muita coisa.
– Vamos conversar, vamos resolver. – Podia sentir minha voz um tanto trêmula.
– Não tem mais o que resolver, dê-me as chaves do meu apartamento e some da minha vida. – ela me olhava nos olhos, disse tudo muito firme, não parecia disposta a voltar atrás com o que disse, aquilo parecia uma facada no meu peito.
– … – aproximei-me e peguei sua mão, e me assustei quando ela se afastou, tirando sua mão bruscamente da minha.
– Você acha que vai ser como das outras vezes? – ela negou com a cabeça. – Acabou. Não tem mais o que fazer, chegamos no limite.
Eu a olhava nos olhos e tentava achar um pouquinho de sentimento, talvez, um pouquinho do amor que nós temos um pelo outro. Eu a conhecia como ninguém, mas agora parecia que ela era uma estranha. Peguei minhas coisas que colocou de qualquer jeito em uma mala, tirei as chaves de seu apartamento do chaveiro do carro e joguei no balcão da cozinha.
Antes de sair, olhei-a mais uma vez. Ela estava na sacada, bebia mais uma cerveja e olhava o nada. Pensei em ir até ela e tentar mais uma vez, mas ela me olhou e aquela frieza ainda estava presente. Ela não ia voltar atrás, não dessa vez.
Fechei a porta atrás de mim e, enquanto caminhava pelo corredor, pude ouvir o barulho de vidros quebrando-se. Travei no corredor. Ela não queria ter feito o que fez, mas talvez ela estivesse certa, era demais para ela, para nós.

END FLASHBACK

All this time goes by
Still no reason why
A little bit longer and I'll be fine
Waitin' on a cure
But none of them are sure
A little bit longer and I'll be fine
But you don't know what you got 'til it's gone
And you don't know what it's like to feel so low
And everytime you smile or laugh you glow
You don't even know, know, know
You don't even know, know, know
You don't even know, no

havia passado de todos os limites possíveis. Ela era uma de minhas backing vocals, gostava de mim e eu sabia, mas nunca dei motivos para ela achar que teríamos algo. Era completamente apaixonado por , e acredito que isso a fez fazer tantas loucuras. Durante toda tour, ela ligava para , dizias coisas sem nexo, vez ou outra, roubava alguma coisa do meu camarim e levava até o apartamento. Mas, da última vez foi a pior.
Ela aproveitou a gravação do clipe, ficou de lingerie e tirou uma foto enquanto eu me trocava. Poderia pensar qualquer coisa, menos que ela estaria em meu camarim, seminua, e faria tal coisa. Obviamente a foto chegou bem rápido até o celular da minha namorada, que mesmo com todos do estúdio dizendo que era maluca, estava farta de tantas coisas. Ela havia me pedido para demiti-la, mas como o contrato estava no meio, se eu quebrasse com ela, as outras backings acabariam se ferrando, tentei manter as coisas. Grande erro.
Depois desse dia, eu não tive mais notícias dela por pelo menos um mês. Trinta dias sem saber onde ela estava, com quem, como. Eu queria pegar o carro e correr até ela, pedir perdão, dizer para tudo explodir e apenas ficar com ela. Eu só ficaria bem se fosse dessa forma. dizia que ela estava bem, ele sempre falava com ela, mas eu nunca sabia até que ponto me dizia a verdade. Eu estava acabado, bebia mais que o normal, muito mais.
Fumava mais do que era acostumado, adiei e cancelei inúmeros shows. Não fazia sentido algum. Posso soar dramático, mas quando você tem certeza que encontrou a pessoa e a perde, como eu perdi, seu chão se vai, não tem mais motivo para continuar.
Não, eu não iria me matar, mas também não iria me esforçar para tudo continuar.
Até que aconteceu.

FLASHBACK

Quase dois meses sem notícias. me diz que iria a um pub e, pela primeira vez, não me convidou. Obviamente ela estaria lá, ou ele não teria tentado me manter longe o dia todo. Eu iria vê-la, iria falar com ela e iríamos voltar para casa juntos.
Um sorriso idiota brotou em meus lábios quando pensei nessa possibilidade. Arrumei-me e estava com a expectativa explodindo.
Era um pub conhecido, eu gostava de passar tempo ali antigamente, antes dela.
Estava um tanto movimentado. Decidi chegar algumas horas depois de sair de casa para não dar na cara. Olhei-me no retrovisor mais uma vez. Eu ainda tinha algumas olheiras e tudo, mas eu sabia que ainda era o cara que a fazia perder os sentidos. Peguei o buquê de rosas e caminhei até a entrada.
O segurança liberou a entrada facilmente. Eu estava nervoso, claro que estava, não tinha formulado nada, nem como iria falar com ela.
O lugar estava bem cheio. Subi as escadas do local VIP, era mais alto, eu conseguiria encontrá-la. Algumas pessoas me cumprimentaram, não parei para pensar de onde conhecia, apenas me preocupava em achá-la.
Sorri. Ela estava deslumbrante como sempre, não reparei direito no que vestia, sei que era curto e aquilo me fez ficar um tanto bravo, mas parei para notar aquele sorriso maravilhoso, aquilo era tão bom. Desci as escadas parecendo uma criança, todos olhavam aquelas flores em minhas mãos, eu realmente parecia um otário, mas e daí?
Estava desviando de algumas pessoas, tentando chegar perto dela, mas... quem era aquele cara?
Franzi o cenho e agora o lugar parecia pequeno demais, meu coração estava acelerado, mas agora doía. Aquilo não era o que eu achava, era?
Ela sorria e estava de mãos dadas com um cara que eu realmente nunca havia visto, ou pelo menos não me lembrava. Ele se vestia muito bem, o que particularmente odiava. Mas, algumas coisas parecem ter mudado.
Mais uma vez, pude sentir uma faca atravessando meu peito, ele havia dado um selinho nela, que realmente pareceu ter gostado daquilo. Senti algo pingar em minha mão e levei a mão livre ao meu rosto, eu estava chorando e continuava petrificado, olhando a cena. Eu devia estar feliz por ela, que parecia tão melhor agora.
estava perto e ria da cena. Quando me viu, pude ouvir ele dizer “?”
E agora era minha cena. Deixei as rosas caírem no chão assim que ela me olhou, parecia assustada e ficou tão petrificada quanto eu.
Não parei para pensar mais, virei as costas e saí o mais rápido que pude daquele lugar. Ela era pior do que eu pensei, esperava qualquer coisa, mas isso não.
– , ESPERA!! – pude ouvi-la me chamar, ao menos ela se deu ao trabalho de vir atrás.
– Tudo bem, . – tirei as chaves do bolso. – Você não precisa me explicar nada.
– , deixe-me falar. – ela se aproximava.
– NÃO, EU NÃO QUERO OUVIR. VOCÊ ME PEDIU PARA SUMIR E EU REALMENTE DEVIA TER FEITO ISSO. – alterei o tom de voz e a olhei com raiva.
Ela não podia fazer isso comigo.
– CALA A BOCA PELO MENOS UMA VEZ E ME ESCUTA! – ela pegou em meu braço e foi a minha vez de me afastar.
– Você é um ser humano desprezível, . – cuspi tais palavras e pude notar que elas bateram forte. – Você destruiu tudo o que construímos em anos: amizade, amor.
– … – ela tinha os olhos marejados, ou pelo menos fingia estar.
– Você não sabe amar alguém, não merece ser amada. – olhei-a de cima abaixo. – Talvez eu deva ser igual a você, frio e calculista.
– VOCÊ SABE QUE NÃO É ASSIM. – ela fechou os olhos e me deu um empurrão.
– Eu sabia quem era você, ou achava que sabia. – arrumei meu blazer e a olhei mais uma vez. – Sai de perto de mim.
– Ele é gay. Seja lá o que você viu lá dentro, foi um mal-entendido. – ela se aproximou mais uma vez e aquilo me fez rir.
– Essa é sua melhor desculpa? Você nunca foi boa com mentiras. – balancei a cabeça, negando. – Você não pode fazer o que quer com as pessoas. Entenda.
– EU ESTOU FALANDO SÉRIO. POR FAVOR, ! – Ela levou as mãos à cabeça e pude ouvir um soluço.
– EU QUERO QUE SE FODA! SINCERAMENTE, A PIOR MERDA QUE EU FIZ FOI TER TE BEIJADO PELA PRIMEIRA VEZ. EU TERIA SIDO BEM MELHOR SEM VOCÊ. – esbravejei.
Ela realmente tinha a dose certa para o meu descontrole.
– ENTÃO ARRANJE UM JEITO DE VOLTAR ATRÁS E NÃO TER ME CONHECIDO, IDIOTA! EU TE ODEIO, ! – ela me olhou, seus olhos estavam avermelhados.
– QUE COINCIDÊNCIA, PELO MENOS O ÓDIO É RECÍPROCO.
Entrei no carro e arranquei, eu não sabia para onde queria ir, eu só queria ir para bem longe. Olhei pelo retrovisor e pude vê-la ajoelhada no chão do estacionamento, chorando. Não senti um pingo de pena, nem qualquer coisa.
Eu tremia muito, sentia a adrenalina fazendo a festa dentro de mim, queria socar alguma coisa, socar alguém. Eu a amava, era fato. Ela sabia disso e brincava com fogo. O que fazer quando sua cabeça só consegue projetar uma cena? Aquele cara estava com a minha garota nos braços, minha garota. PORRA! Meu irmão sabia de tudo e não me contou, eu sou realmente idiota.
A rodovia estava movimentava, minha cabeça estava a um milhão e eu realmente não tinha muita noção do que estava fazendo. Queria sumir.
O carro à minha frente estava deixando-me ainda mais irritado, decidi ultrapassá-lo.
A luz forte e a buzina só me fizeram fechar os olhos e lembrar do rosto dela.

END FLASHBACK

Cena de cinema, claro. Dei de frente com uma caminhonete e apaguei. Algumas pessoas que estavam no momento do acidente não sabiam pra quem ligar, já que não me reconheceram e, quando pegaram meu celular, a última chamada perdida era de , e ligaram no mesmo instante pra ele.
Fiquei desacordado por alguns dias, havia quebrado algumas costelas e tinha alguns machucados leves pelo braço, havia perfurado um órgão, mas para todos os efeitos, eu iria ficar bem em breve.

FLASHBACK

Quando abri os olhos, senti uma dor aguda. Estava com uma mangueira fina no nariz e fiquei perguntando-me se aquilo era para me ajudar a respirar. Minha visão estava turva e eu tentava me acostumar com tanta luz. Quando olhei para o lado, pude ouvir o equipamento ao meu lado apitar freneticamente. Ela estava ali, comigo. Toda torta na poltrona, com a feição cansada, mas estava ali.
Eu não sabia o que sentir: raiva, amor, felicidade; acho que estava sentindo tudo de uma vez. O monitor cardíaco estava apitando feito doido, e pude vê-la abrir os olhos e olhar em minha direção. Desesperada, levantou-se e veio até mim.
– , você acordou! Está tudo bem? – ela tremia um pouco, apertou um botão ao lado da cama. – Chamei o doutor. Eu nem acredito que você acordou! Eu não consegui emitir som algum, fiquei olhando-a. Ela sorria abertamente e havia pego minha mão, apertava-a fortemente. Eu tentava me acalmar, mas só conseguia pensar: ela está aqui.
Demorei um tempo para entender os acontecimentos. O médico chegou, examinou-me e disse algumas coisas que eu realmente não conseguia prestar atenção alguma. , pelo contrário, prestava atenção em cada palavra, e aposto que, se tivesse um bloquinho, ia anotar tudo. Meus pais e meus irmãos entraram pouco depois, eu conseguia falar com eles, mas tudo ainda estava confuso.
Ela havia saído da sala, o que me deixou um tanto desesperado.
– Você quase matou todo mundo do coração. – estava sentado ao meu lado, meus pais e os outros haviam ido pra casa, estavam há dias sem dormir direito.
– Cadê ela? – perguntei e fechei os olhos.
Falar ainda me causava algumas dores.
– , evite falar, você está em recuperação. – Ele disse, calmo, o que era um saco.
– Onde ela está? – disse mais uma vez, dane-se a dor.
– Está na sala de espera. O médico disse que agora é apenas um por vez aqui. – olhou em meus olhos. – Ela não saiu daqui desde que tudo aconteceu, recusa-se ir para casa.
– Quanto tempo eu estou aqui?
– Quase duas semanas. Não houve nada grave, o que foi um milagre, pois seu carro diz o contrário. – suspirou. – Você podia ter morrido.
– Eu só lembro de estar nervoso, ultrapassar um carro e só. – fechei os olhos e só me lembrava da buzina.
– Você bateu em uma caminhonete, bem de frente. – fechou os olhos. – Eu realmente achei que você estava morto.
– Talvez fosse o que ela queria. – respirei fundo e aquilo doeu pra caralho.
– Não diga bobagens, ela não parava de dizer que foi culpa dela. – se levantou. – Você entendeu tudo errado.
– Ela me odeia, ela disse isso. – pude sentir meus olhos arderem.
– Cara! – riu fraco. – Acho que ela te ama mais do que qualquer pessoa nesse lugar. – olhei rapidamente.
– E amo mesmo. – a voz dela preencheu a sala. – O médico me pediu para te chamar, . Ele precisa de um familiar para assinar a papelada.
– Eu já volto. – apertou minha mão rapidamente e saiu.
– Oi. – ela se aproximou.
Eu não conseguia responder, alguma coisa estava acontecendo, ela chegava perto e eu simplesmente travava. Queria me desculpar pelas coisas que disse naquele estacionamento, queria dizer que acreditava nela, mas estava tão puto que só quis descontar tudo o que passei. Ela estava ao meu lado e me olhava, mordia o lábio e parecia travar uma briga consigo mesma, parecia pensar em como diria tudo.
– Olha, não precisa dizer nada, só me escuta. – fechou os olhos e respirou fundo antes de me olhar novamente. – Eu quase perdi você para sempre. Caralho, eu sou muito idiota, não sou? – as lágrimas já desciam por seu rosto. – Cedrick é o cara que você viu dando-me um selinho naquele dia, ele estava superfeliz porque o cara que eu arranjei para ele tinha dado certo, sabe? Eu devia ter-te falado isso assim que saí, mas você estava tão alterado, tão bravo. Aquilo me deixou ainda mais fora de mim que só quis te mandar à merda. Ver-te parado com um buquê de rosas machucou-me tanto. – ela fechou os olhos mais uma vez e soluçou, levei minha mão até a sua e apertei. – , quando você saiu do meu apartamento eu me senti a mulher mais idiota do mundo. Eu te amava, eu te amo, mais do que qualquer coisa nesse mundo e, quando você saiu, eu sabia que não voltaria. Eu não atendi suas ligações, não retornei por puro medo. Medo de te ouvir dizer que estava melhor, medo de não ser o suficiente para você.
– Por que eu faria isso? – disse praticamente sussurrando.
Era de cortar o coração vê-la chorando.
– Porque você é melhor que eu, você diz a verdade, não importa o quanto vá machucar. Eu não estava preparada para isso. Nem ia naquele pub idiota aquele dia, só fui pelo Cedrick. Chamei o porque ele me mantinha informada de como você estava. – ela deu de ombros. – Quando me disse do acidente, eu só conseguia pensar que era minha culpa. Não devia ter deixado você dirigir daquela maneira, devia ter-te dito tudo isso naquela hora, e não agora que quase te perdi para sempre.
– Mas não perdeu. – apertei sua mão mais uma vez.
– Mas a sensação de saber que talvez você nunca mais acordasse foi a pior do mundo. Você não sabe o que tem até perder. Posso ter-te perdido no nosso relacionamento, mas não poderia viver em um mundo onde você não está.
Ela terminou de falar e ficou olhando-me. Ainda chorava, mas os soluços diminuíram. Minha mão ainda estava entrelaçada à dela, eu estava olhando o paraíso.
– Você brilha. – disse rapidamente e ela franziu o cenho.
– O quê? – ela sorriu fraco e, como eu havia dito, ela brilhava.
– Toda vez que você sorri você brilha, e você nem sabe disso. – tentei me ajeitar na maca, ficando um pouco mais na altura dela.
A dor era incômoda, mas eu precisava fazer isso.
– Os remédios estão fazendo efeito. – ela passou a mão no rosto, limpando algumas lágrimas teimosas que ainda caíam.
– Eu quase morri. – disse e ela mordeu o lábio inferior. – Por sua culpa.
– Eu sei. – ela abaixou a cabeça e sussurrou, aquilo a machucava.
– Mas não foi quando eu bati na caminhonete. – sorri fraco e ela levantou a cabeça. – Foi quando eu saí de lá. Acordar todos os dias e saber que eu não tinha você me matou.
– Desculpe-me por isso.
Puxei-a lentamente. Meu coração estava lá, em festa de novo, mas eu não me importava. Ela não relutou quando levei minha mão a seu rosto e me aproximei mais um pouco. Beijei-a, e sabia que não havia morrido, mas me sentia no céu.

END FLASHBACK

And you don't know what you got 'til it's gone
Don't know what it's like to feel so low, yeah!
And everytime you smile you laugh you glow
You don't even know! no!

Mais alguns dias no hospital, recuperei-me bem. ficou comigo todo o tempo. Fazê-la ir para casa e tomar um banho era a pior parte, eu tinha que praticamente implorar. Agora estávamos aqui, parecíamos sozinhos, mesmo com todo mundo olhando-nos. Ela continuava brilhando, queria que ela pudesse ver.
Saí do hospital poucos dias depois, estava recuperando-me em casa e, mesmo sabendo que ficaria bem, eu realmente sabia que ficaria quando a tivesse de volta oficialmente.

FLASHBACK

Eu já conseguia andar novamente. Sentia algumas dores, mas acredito que eram da pancada em si, e não pelas fraturas. havia praticamente se mudado para o meu apartamento, junto com meus pais, que disseram que só me deixariam em paz quando eu estivesse 100%. Tudo havia voltado a ser como antes, parecia que nada poderia mudar.
– , arrume-se logo, sua mãe está impaciente. – ela dizia enquanto colocava o sapato.
– Ela tem que esperar, sabe que odeio fazer jantares. Ela só quis fazer porque o está aqui. – dei de ombros enquanto vestia o blazer.
– Seu irmão é um amor, você devia ser menos ciumento com ele. – ela riu e me olhou, fiz uma careta.
– Não sou ciumento. – coloquei a mão na cintura e gemi de dor
– Está tudo bem? – ela correu até mim e o olhar de preocupação estava lá.
– Vai ficar. – sorri e acariciei seu rosto. – Fica calma.
– Se quiser, dou uma desculpa e cancelamos tudo isso. – ela colocou as mãos em meus ombros.
– Não, vamos encarar, ok? – dei-a um selinho demorado.
Ela sorriu e se virou, indo até a sala onde todos estavam. Peguei a caixinha azul em meu bolso, e dessa vez meu coração estava em paz. Era a coisa certa a fazer-se. Não tinha como fugir.
Quando cheguei na sala, parecia que o cara lá de cima deu uma força, pois todos estavam sentados, e ela estava deslumbrante, em pé, no meio da sala, pegando uma taça e colocando um pouco de vinho.
– Aleluia! – me olhou. – Achei que ia morrer lá dentro.
– Sem brincadeira assim, ! – o repreendeu.
– Que bom que estão aqui. – disse e me olhou, sorrindo.
– Manda ver, irmão! – foi rápido e certeiro.
Virei-me em direção a ela, dei alguns passos, peguei a taça que ela segurava e coloquei sobre a mesa. Em seguida, peguei suas mãos.
– Eu te amo. – disse e ela que sorriu. – Te amo tanto que me sinto até um panaca dizendo isso toda hora. Passamos por muita coisa, e eu realmente não sei dizer muito, mas quando aquela luz forte bateu em meus olhos e eu apaguei, eu só conseguia ver seu rosto, eu só conseguia pensar que havia-te perdido para sempre.
– … – ela disse meu nome e a repreendi com o olhar.
– Deixe-me terminar. – respirei fundo. – Eu escrevi uma música, acho que você vai entender melhor.
já estava no piano. A Little Bit Longer começou a tocar, e a letra que escrevi nos dias internado começou a ganhar vida. Ela, como sempre, chorava feito uma criança, e não posso negar que segurei algumas lágrimas. Não havia mais ninguém em volta, apenas eu e minha garota, como era para ser desde o início. Ela é aquela pessoa que eu decidi jamais deixar. É muito mais do que amor, muito mais do que gostar, carinho ou afeição; é algo que vai muito além do que qualquer sentimento ou qualquer compreensão humana… É algo que apenas sinto, sinto que ela deve permanecer em minha vida para sempre.

END FLASHBACK

– , pode beijar a noiva. – ouvi o pastor dizer e, só então, voltei a mim.
Virei-me para ela, que eu não sabia como, estava mais maravilhosa que o comum. Aproximei-me e acariciei seu rosto, seu rosto se iluminou mais uma vez. Às vezes você não pode explicar o que viu em uma pessoa, é simplesmente a maneira que a pessoa te faz se sentir e que ninguém mais consegue. Pode se tornar um pouco repetitivo, mas o que seria de nós sem o clichê?
Colei minha testa na dela, rocei nossos narizes e fiz uma careta. Ela riu e sussurrou.
– Você está bem? – ri por dentro.
Não fazia muito tempo desde que o último acontecimento ocorreu, mas eu já estava pronto para outra.
– Agora sim. – sorri abertamente e colei nossos lábios. Demorou um pouco, mas eu estava bem. E eu, que sempre fui tão cheio de incertezas, tão cheio de dúvidas, pego-me tão certo do meu amor por ela, pego-me tendo isso como uma das minhas únicas certezas: eu a amo, e se ela estiver aqui, eu sempre ficarei bem.

So I'll wait 'til kingdom come
All the highs and lows are gone
A little bit longer and I'll be fine
I'll be... fine

Nota da autora: Hey! Essa fic é meu amorzinho, escrevi em algumas horas e nunca é demais um clichê desses, né? Visite minha página de autora pra ler minhas outras fics. Agradeço se deixar um comentário.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.