Antecipação

Enviado em: 05/02/2021

Capítulo Único

Era um dia chuvoso quando as aulas do segundo semestre daquele ano começaram. Me esforcei para me levantar da cama, mesmo que meu corpo implorasse para passar o dia inteiro maratonando alguma série da Netflix embaixo do meu cobertor. Me espreguicei e dei uma última olhada pela janela, confirmando o quão cinza o céu estava naquela manhã. Era quase como se ele estivesse tentando me convencer a matar o primeiro dia de aula.
Infelizmente, não poderia me dar ao luxo de faltar. Me enrolei novamente nos cobertores e programei o despertador para me dar mais dez minutos de sono, tempo suficiente para melhorar meu humor e encarar o dia cheio que teria na universidade. Porém, minha indisposição e sono pesado resolveram me pregar uma peça. Quando acordei novamente, olhei meu celular e percebi que haviam se passado trinta minutos.
Eu estava tão atrasada.
Abri o guarda-roupa e peguei o primeiro par de jeans e blusa de manga que pude encontrar. Não havia tempo para pentear meus cabelos, nem mesmo passar uma maquiagem leve para disfarçar minhas olheiras, que eram consequências das noites mal dormidas no final das férias de verão.
Quem me viu correndo pelo campus naquela manhã quase teve certeza de que eu estava me preparando para uma maratona. No meio da chuva, com a mochila sobre a cabeça e pulando poças de água, eu estava pelo menos vinte minutos atrasada para minha aula. De todas as matérias que havia me matriculado, não havia nenhuma mais importante que aquela.
Havia reprovado em anatomia no semestre passado, o que me fez ter que me matricular novamente naquela disciplina. Desta vez, eu encararia as horas na biblioteca decorando partes do corpo sozinha, já que todas as minhas amigas haviam passado. Não me culpo por isso, afinal, minhas notas nas outras matérias foram muito mais altas que as delas, e esse era o preço que precisava pagar por aquilo. Entrei no prédio e olhei o enorme quadro que indicava as salas onde cada aula ocorreria.
— Turma E, turma E... — Procurava passando os dedos sobre as planilhas que estavam coladas no objeto de madeira. — Sala 309. Sério mesmo? No último andar? — Esbravejei sozinha no meio do hall de entrada.
Corajosa, encarei os três lances de escadas que me separavam da minha infame aula de anatomia. Quando finalmente avistei a porta que me separava do meu objetivo, agradeci mentalmente por ela estar aberta. Como em uma cena de filme, um barulho de trovão me assustou assim que dei o primeiro passo dentro do cômodo. Fiquei ali paralisada com o susto, até perceber que o professor me olhava com uma expressão séria.
— A senhorita está perdida? — Perguntou com as mãos na cintura e em uma voz grave e seca.
— Não, vim para a aula. — Expliquei, envergonhada, me dirigindo a uma das bancadas.
— Impossível. — Falou, me olhando dos pés a cabeça, sem perder o ar de seriedade. — A aula começou há trinta minutos. — Voltou sua atenção para a mesa, de onde pegou um pedaço de papel que eu imaginava ser a lista de chamada. — Você pode ficar se quiser, mas marcarei a falta. Qual o seu nome?
, . — Gaguejei, envergonhada.
Após aquela fala, ele pegou sua caneta e fez uma anotação na folha e depois continuou sua explicação como se nada estivesse acontecendo. Ótimo! Pensei sozinha. Eu não precisava de mais problemas. Olhei a sala, procurando um lugar para me sentar. As classes de anatomia são diferentes das que estamos acostumados. Normalmente, elas são divididas em duas salas, uma onde ocorrem as aulas teóricas e outra, as práticas.
Nas salas para aulas teóricas, onde eu me encontrava naquele momento, os alunos sentam-se em volta de balcões retangulares e largos, geralmente em grupos de cinco ou seis pessoas. Mas aquela era uma turma especial de repetentes. Não sei o que me deu na cabeça quando resolvi me matricular naquele horário e naquela turma. Acho que pensei que seria mais fácil, afinal, eram menos alunos, poderia ter uma atenção e ajuda maior do professor. E, ironicamente, naquele momento, tudo que eu não queria era que ele me notasse.
Encontrei um lugar vazio no fundo da classe, ao lado de dois estudantes sorridentes. Respirei fundo ao me sentar entre eles e retirar o caderno da minha mochila.
— Garota, nunca mais faça isso. — A mulher ao meu lado esquerdo aconselhou ao ver minha expressão decepcionada.
— Eu dormi demais. — Me expliquei, sussurrando. — Ótima maneira de começar o curso. — Disse, olhando meu professor de costas, escrevendo algo no quadro.
Não havia parado para reparar, mas ele era bem jovem. Ao contrário do velhinho com que tive aula no semestre passado, aquele homem não devia passar dos trinta e cinco anos. Sempre conversava com os veteranos para descobrir quem eram os professores mais rígidos, quem eram os mais amigáveis que acabávamos encontrando nos bares após a última aula do noturno e quais eram aqueles cujo curso seria mais tranquilo de levar.
Me certificava em me matricular nas turmas dos professores que eram conhecidos por serem bons, mas a minha reprovação em anatomia havia bagunçado completamente a grade horária. E lá estava eu, na primeira aula da manhã, sendo que meu curso era noturno.
— Quem é esse professor? — Não tinha me dado ao trabalho de descobrir seu nome, afinal, não havia muitos outros horários os quais eu poderia cursar aquela matéria e, além disso, se eu descobrisse que estava com um professor ruim, me desanimaria ainda mais.
— Kim Seokjin. — O homem do meu lado direito sussurrou com um meio sorriso.
— Nunca ouvi falar. — Respondi, pensando no que diabos havia me metido.
— Ele é um professor novo do departamento, sempre dá aula pras turmas especiais de medicina, é muito inteligente. — A mulher falou novamente. — Eu sou Ahri, e este é Daehyun — Falei meu nome depois que ela se apresentou.
— Me-di-ci-na? — Gaguejei, pensando na merda que havia feito. — Não, não pode ser, eu estudo psicologia. Achei que esta era a turma especial de repetentes.
— E é. — Confirmou. — Só não é do seu curso. — Um deles me explicou enquanto eu me distraía com o pensamento de que provavelmente teria que estudar o dobro do planejado. Por mais que, para ser um bom psicólogo, precisamos entender o funcionamento da mente humana, as aulas de anatomia costumavam ser mais leves para nós.
— Qual é o tipo dele? Bonzinho, grosseiro, rígido? — Perguntei, inocente, e, como resposta, vi os dois se entreolharem como se estivessem combinando o que responderiam.
— Eu adoraria que ele fosse rígido comigo. — Daehyun soltou em meio a uma expressão maliciosa.
— Insanamente exigente. — Ahri falou, ignorando o comentário do amigo. — No último semestre, ele reprovou oitenta por cento da turma, nós dois inclusive. A maioria do pessoal conseguiu se matricular em um horário diferente para evitar ter aula com ele, mas nós ficamos presos nesta turma. Por isso a sala está meio vazia. — Olhei à minha volta, as poucas bancadas que havia ali tinham duplas e trios.
— Todos nós vamos reprovar de novo, então o que podemos fazer é apreciar a vista. — Completou a fala da amiga com os olhos brilhando.
Até aquele segundo, eu estava assustada demais para reparar na beleza dele. Ele estava de costas escrevendo alguma coisa no quadro quando reparei o quão largos eram seus ombros. Aquele homem era um armário. Em contrapartida, seu tronco era fino e sua bunda, naturalmente redondinha. Quando Seokjin se virou, pude analisar seu peitoral sob a blusa social branca. Ele não era malhado demais, nem magro demais. Naturalmente bonito, acho que era assim que conseguiria descrevê-lo. Os cabelos negros penteados para trás deixavam seu belo rosto em evidência. Poderia dizer que ele tinha uma face angelical, porém aqueles lábios carnudos e rosados acabavam com toda a pureza que seus olhos tentavam transmitir.
— Caramba! — Suspirei quando finalmente entendi a fascinação do meu colega com o professor.
— Perdeu alguma coisa, senhorita atrasada? — Não sei como, mas ele havia me escutado. E, pior, ele estava se perguntando por que eu o olhava tão distraída.
Será que não tinha gravado meu nome? Ou aquela era sua forma pessoal de se vingar por eu ter interrompido sua aula? Não me importei muito com sua provocação, logo o período acabaria e eu poderia encontrar minhas amigas e chorar minhas mágoas.
No horário do almoço, finalmente avistei Yuna e Subin no refeitório, sentadas em uma das mesas com suas bandejas de comida. Não poderia encontrá-las todos os dias, afinal, meus horários estavam bagunçados, então aproveitaria aqueles momentos ao máximo.
— Vocês não vão acreditar, peguei anatomia na turma especial da medicina, eu vou morrer. — Lamentei, mexendo na comida com meu garfo. — O professor é um tal de...
— Kim Seokjin. — Yuna completou, empolgada, me lembrando que, aparentemente, eu era a única que não conhecia a fama daquele homem. — Você está tão ferrada.
— Como ele é? A única coisa que sei é que ele é rígido. — E bonito… Mas omiti a segunda parte.
— Ele é muito sério. — Quem falava agora era Subin. — É muito difícil de passar, ainda mais se você não está na turma de psicologia. Sabe como é, não é? Eles pegam mais pesado com os alunos da medicina.
Depois daquela confirmação, eu já sabia que seriam os seis meses mais longos da minha vida. Eu não tinha outra alternativa a não ser passar e finalmente poder seguir minha graduação sem empecilhos. Tracei um plano de estudos e acertei meu despertador para que não me atrasasse mais. Me esforçaria para causar uma boa impressão dali para frente.
No segundo dia de aula, acordei cedo e cheguei ao prédio antes mesmo da maioria da minha turma, porém quando entrei na sala, para a minha surpresa, lá estava ele sentado em sua mesa lendo um livro. Eu pensava que não era possível aquele homem ficar mais indecente, mas vê-lo ali, com as pernas relaxadas e em seus óculos redondos, me causou arrepios.
— Você está menos atrasada do que ontem. — Falou, sem me encarar. Porém, olhei à minha volta e havia apenas mais três alunos no local. Como assim eu estava atrasada? A aula não tinha começado ainda e nem era hora disso. Eu estava uns bons quinze minutos adiantada.
— Não são sete horas ainda. — Comentei, humilde e, ao mesmo tempo, corajosa.
Seokjin abaixou o livro e arqueou uma das sobrancelhas.
— Qualquer um que chegue depois de mim está atrasado. — Ele só podia estar de brincadeira comigo. — Sente-se, daqui a pouco começaremos.
E, assim, o primeiro mês do curso se passou com certa rapidez. Juro que tentei estudar, mas eu tinha outras matérias, e anatomia já tomava um tempo de estudo absurdo. Imagina então com um professor daqueles? Mas ele era tão... gostoso.
Caí na besteira de permanecer em trio com Ahri e Daehyun, e tudo que conseguíamos fazer durante as aulas era babar em Kim Seokjin. Argh! Isso era tão errado, como foi que tinha ficado assim? Eu não conseguia prestar atenção às aulas, ficava hipnotizada vendo os lábios dele se moverem e sem conseguir ouvir nenhum dos sons que saíam de sua boca. Não havia trabalhos que pudessem me salvar de uma nota ruim naquela matéria, eu dependia de ir bem nas três provas que ele daria. Sim, é isso mesmo que você ouviu, três provas de trinta e três pontos eram o que decidiria se eu ficaria mais seis meses estudando aquela disciplina dos infernos.
Quando a primeira prova estava se aproximando, decidimos que viraríamos a noite na biblioteca. O professor gostoso não ia nos derrotar, não mesmo! Eu tinha aula no período noturno também, então os encontraria assim que pudesse.
Por volta das nove da noite, estava tão atordoada pensando que deveria estar estudando para a prova do dia seguinte que eu mal conseguia ouvir o que a professora de psicofisiologia estava falando. Catei meus livros de anatomia e saí dali correndo, porém, antes, passaria na cantina e compraria o maior copo de café que pudessem me vender.
— Hey, vou querer um café grande e um pedaço de bolo. — Falei para a atendente. — A noite vai ser longa. — Resmunguei, cabisbaixa.
— Faça o café dela duplo. — Uma voz familiar sussurrou por trás de mim.
Quando me virei para trás, me assustei ao ver Seokjin. O que ele estava fazendo ali? Seus horários de aula não eram apenas pela manhã? Ele me olhou em silêncio, provavelmente reconhecendo os livros em minhas mãos. Não consegui abrir a boca. Meu caso de babar por ele estava tão grave que tudo que eu conseguia imaginar era ele me possuindo ali naquela cantina mesmo. Eu deveria fazê-lo pagar minha terapia, não era justo o que aquele homem fazia comigo. Quando a moça trouxe o café e meu bolo embrulhado dentro de uma sacolinha, ele se ofereceu para pagar a conta.
— Não precisa, sério. Obrigada. — Toquei a mão dele, abaixando-a para que o dinheiro não chegasse às mãos da mulher.
Quando nossas peles tocaram, senti um choque elétrico percorrer todo o meu corpo. Ele aparentava frio e distante durante as aulas, mas, naquele momento, não poderia estar mais quente.
— Faço questão. — Ele insistiu, e eu continuei impedindo-o de pagar o meu lanche. — Afinal, você não vai dormir por minha culpa. — Se ele soubesse o duplo sentido daquela frase, não a falaria.
A atendente nos olhava confusa enquanto eu posicionava completamente meu corpo em frente a ele. Seokjin, então, em vez de se afastar, chegou bem próximo a mim e inclinou a cabeça levemente de lado com um meio sorriso. Ele era alto, seus lábios provavelmente estavam na altura da minha testa. Levantei a cabeça para encará-lo.
Aquela era uma situação tão estranha, porque nós dois não conseguíamos proferir nenhuma palavra. Ele cheirava a lavanda, como se tivesse acabado de passar algum perfume ou tomar banho. Eu estava embriagada.
— Boa sorte então. — Finalmente quebrou o silêncio e saiu andando pelos corredores que levavam às escadas. Acho que ele estava voltando para a sua sala. — Você vai precisar. — Disse enquanto estava a uma distância que eu ainda conseguia ouvi-lo.
Quando cheguei finalmente na biblioteca, subi as escadas correndo para contar a meus novos amigos o que havia acontecido. O chão do local era forrado por um carpete, o que bloqueava os sons dos sapatos das pessoas andando e mantinha o ambiente silencioso. Várias mesas redondas estavam espalhadas pelo enorme salão, próximas a algumas prateleiras de livros. Assim que avistei meus dois amigos, me sentei em uma das cadeiras vagas onde eles estavam e suspirei, contando o que havia acontecido.
— Eu o teria deixado pagar meu lanche. — Ahri ofereceu sua opinião sobre o caso. — Droga, isso significa que a prova está difícil.
— E você pelo menos limpou a baba que deve ter caído da sua boca quando ele chegou perto? — Daehyun provocou, como sempre fazia.
Brinquei dizendo que ele bem que queria estar no meu lugar, mas a verdade era que, no momento que Seokjin se aproximou de mim, meu corpo parecia ter entrado em combustão. Tudo isso simplesmente porque eu não sabia o que ele queria com aquilo. Passamos a noite toda revisando todos os nomes de órgãos, ossos, células, artérias, músculos e tudo mais que precisávamos decorar. A biblioteca funcionava 24 horas por dia, então quando saímos de lá já eram seis da manhã. Só tínhamos tempo de comer algo e correr para a sala.
Eu realmente achava que iria bem, mas a verdade era que a prova estava difícil demais. Uma noite não havia sido suficiente para me preparar. Mesmo sendo a segunda vez que eu fazia o curso, era como se nada tivesse ficado na minha cabeça do semestre anterior. Não sei se podia culpar Seokjin por isso, mas meu delírio por ele tinha alguma culpa no meu fracasso. O que eu estava fazendo? A cada dia que passava, eu ficava mais sedenta, não conseguia pensar direito se por qualquer motivo insignificante a imagem dele ocupasse minha mente.
Minha nota na primeira prova foi medíocre, e o professor continuava pegando no meu pé. Depois que comecei a ir mal, às vezes faltava às aulas, às vezes chegava atrasada por ficar estudando até tarde para outra disciplina. Eu estava condenada, porém, no dia que vi minha nota da segunda prova abaixo da média, as coisas começaram a piorar.
— Dez em trinta e três. Dez! — Repeti, indignada. — Minhas respostas estavam certas, minha explicação foi impecável e, mesmo assim, ele deve ter cortado cada vírgula errada que escrevi. — Reclamávamos na porta da sala enquanto esperávamos ele chegar.
— Não se preocupe, ainda dá pra passar. Você só precisa somar quarenta pontos pra ir pra recuperação. — Ahri tentava me consolar.
— De que adianta? É ele quem faz a recuperação. Argh! Eu não acredito, parece que esse cara está empenhado em me foder. — Falei, sem pensar no duplo sentido que aquela frase tinha.
— Certamente, senhorita atrasada. — A voz dele surgiu por trás de mim, sem que nenhum de nós soubesse de onde ele havia brotado.
Depois daquilo, eu parecia um pimentão de tão vermelha. Será que ele tinha ouvido direito? Será que vi um sorriso malicioso brotando nos lábios dele ou aquilo era fruto da minha imaginação fértil? Só sei que ele passou entre nós e se dirigiu a sua mesa como se nada tivesse acontecido. Sentou-se e abriu sua pasta para mexer em alguns papéis.
— E seria tão ruim assim? — Daehyun era quem sempre começava as piadinhas sujas. Na aula daquele dia, falaríamos um pouco sobre o sistema muscular.
Acho que eu estava tão conformada de que reprovaria e meu amigo estava sendo o mesmo pervertido que sempre foi que então começamos a fazer piadinhas no fundo da sala olhando o professor escrever no quadro, de costas. Infantil, eu sei, mas nós estávamos fora de controle.
— Eu queria poder dar uns beijos no esternocleidomastóideo dele. — Eu disse baixinho, em uma voz obscena, enquanto o olhava apontar para o desenho. — Imagina fazer uma trilha de beijos naquele peitoral. — Continuei, causando riso de meu colega.
Admito, estava agindo como uma adolescente cheia de hormônios e passando completamente dos limites. Uma coisa era ter aqueles pensamentos em relação a Seokjin, outra era falá-los em voz alta. De qualquer forma, não era possível que ele não soubesse o que falavam sobre ele no campus. "O professor mais bonito da universidade" era a frase que eu mais ouvia. Ele sabia que era desejado, a única diferença talvez fosse que ninguém tinha coragem de falar isso diretamente a ele. Bom, a idiota aqui cometeu o erro de fazer isso.
— Shhh! — Ahri nos alertou, dando uns tapinhas discretos em nossas pernas, por baixo da mesa. — Ele vai ouvir, seus doidos.
— Deixe a garota sonhar, Ahri. — Daeyun sussurrou. — É tudo que resta pra ela.
— Acho que deveríamos mudar o assunto da aula, não é mesmo, senhorita atrasada? — Ele nos interrompeu, de longe, virando-se de frente para a sala. Socorro, será que ele tinha ouvido tudo? Ou apenas uma parte? De qualquer forma, senti um frio na barriga após sua fala.
— Ãhn? Não estávamos em sistema muscular? — Perguntei, me fingindo de sonsa, enquanto ele caminhava em direção a nossa mesa, chamando a atenção de todos os outros alunos.
— Deveríamos falar de sistema reprodutor? — O quê? Aquelas palavras tinham saído da boca dele mesmo? — Não temos cadáveres hoje. A turma é pequena, vamos nos reunir em volta de um dos balcões. — Disse, com um dedo no queixo, fingindo estar pensando em algo, mas, no fundo, eu tinha certeza de que ele já sabia o que queria fazer.
Ele provavelmente estava se deleitando da minha expressão assustada.
— Senhorita atrasada. — Meses de curso e ele ainda me chamava assim. Ele não havia aprendido meu nome mesmo ou fazia aquilo apenas para me irritar? De qualquer forma, eu achava bonitinho ter um apelido. Que ódio de mim mesma. — Precisamos de um voluntário. Deite-se no balcão, por favor.
— O quê? — Meus pensamentos foram tão altos que escaparam pela boca.
— Você parecia bastante interessada no assunto. — Todos os poucos alunos que haviam na sala estavam próximos ao nosso balcão. Me perguntei como o professor tinha ouvido minha fala, mas meus colegas pareciam estar confusos quanto aos motivos do pedido dele. — Não se preocupe, não deixarei ninguém te tocar.
Eu dormi e acordei em 50 tons de cinza? Por quê, mesmo depois de tudo, eu ainda enxergava certa malícia no tom de voz dele? Oh, céus, eu não tinha juízo mesmo. Me deitei, pronta para provavelmente ser bombardeada de perguntas técnicas que eu deveria saber responder.
— Alguém pode me dizer por que o ato sexual vai muito além de apenas toques em certos músculos do corpo? Por exemplo, se uma pessoa for tocada aqui. — Posicionou sua mão acima do meu peito, a uma altura de mais de vinte centímetros de meu corpo. — Isso não significa que ela ficará excitada.
Todo mundo estava boquiaberto de vê-lo falando assim. Não era como se nós não fôssemos estudar algo do tipo cedo ou tarde, mas, de alguma forma, eu sentia que ele não tinha o objetivo de ensinar nada com aquilo. Ele disse que uma pessoa não ficaria excitada, mas, no fundo, ele sabia que eu estava, só de imaginar as mãos dele a poucos centímetros de meus seios.
— Isso não deveria ser uma aula de circulatório? — Alguém apontou.
— Então você está me dizendo que é preciso apenas ter sangue nos vasos certos... — Ele movia sua mão, ainda longe de meu corpo. Agora, ela estava na região do meu abdômen. — E ela terá borboletas no estômago?
— Isso não é inapropriado? — Outra pessoa tentava me salvar, mas a verdade era que ele não estava fazendo nada de mais. Ele não me tocou, nem me desrespeitou. É, talvez a parte de fingir que eu era um cadáver tenha doído um pouco.
— Todos nós somos adultos aqui. — Ressaltou que a malícia estava em nossas cabeças. — Eu quero saber se vocês estão entendendo qual a verdadeira pergunta. — Disse, olhando para mim. — Eu sei que ela está.
Ele estava falando comigo? Estava confirmando minhas suspeitas sobre ele? E, de repente, uma ideia que surgiu em minha cabeça me fez entender o que ele estava fazendo. Seokjin não tinha interesse em mim, ele estava apenas brincando comigo.
— Na verdade, deveria ser uma aula de sistema nervoso. — Todos me olharam. — Não importa onde você toca. — Concluí, chateada por perceber que ele apenas queria causar uma reação em mim, mas não pretendia levar nada adiante. — A resposta é a antecipação.
— Exatamente. — Ele estendeu a mão para mim para me ajudar a me levantar. — Às vezes, não importa o que a pessoa faça, mas sim o que você pensa que ela fará ou o quanto você quer que ela faça certas coisas.
Quando as nossas palmas se tocaram, senti uma corrente elétrica percorrer todo meu corpo.
— É mais psicológico do que físico. — Continuei, sem esperanças, enquanto ele me encarava com uma expressão neutra. Argh, Seokjin, mande os sinais certos.
— Ótimo. — Ele finalizou, desfilando de volta para o quadro. — Este é nosso próximo assunto, certifiquem-se de estudar para a próxima aula. — Recomendou, indiferente ao fato de que eu tinha ficado ali, sentada na mesa, pensativa.
Ele tinha me deixado louca sem nem mesmo me tocar. Meus parabéns, , você voltou a ter 15 anos. Nas semanas seguintes, fiz o maior esforço da minha vida para não pensar nele e estudar para a última prova. Não desistiria assim tão fácil, lutaria até o fim contra o professor frio e gostoso que confundia todas as minhas células.
Quando finalmente o semestre acabou e fizemos nossa última prova, houve uma festa no campus. Esse evento sempre acontecia em uma das últimas semanas de aula. Uma fogueira era acesa no gramado, alguns alunos levavam caixas de som e todos os tipos de bebidas para vender. Depois das 10, a festa começou. Naquele dia, tudo que eu queria era relaxar, e esse era o tipo de comemoração em que besteiras eram feitas.
Não eram nem onze horas e eu já estava bastante alegrinha, correndo para lá e para cá com um copo de plástico na mão e conversando com meus amigos. Nesse tipo de festa, não era incomum encontrar nossos professores. Quando avistei Hoseok, meu antigo professor de ética, o abracei sem medo. Ele era um doce, provavelmente o melhor professor que já tive, sempre amigo de todos e sociável.
— Que saudades. — Falei, vendo que ele estava com roupas confortáveis e pronto para dançar.
— Como estão as coisas? — Perguntou ao mesmo tempo que pegava um copo de bebida.
— Tirando que reprovarei em anatomia, ótimas. Me matriculei na turma E, tem sido um verdadeiro caos. — Desabafei, imaginando que qualquer conselho que ele me desse seria tardio.
— Você está tendo aula com Seokjin? — Disparou, surpreso. — Que ótimo.
— Você está maluco? — Respondi, indignada. — Ele é a causa das minha dores de cabeça diárias. — Omiti os motivos e deixei que meu ex-professor pensasse que eram apenas problemas de aluno. — Você acredita que ele me chama de senhorita atrasada só porque no primeiro dia de aula eu cheguei tarde? Me desculpe, ele é seu amigo, vou parar de falar mal.
— Não, continue, estou me divertindo. — Aquela era uma péssima abertura que ele havia dado. — Que gracinha, ele te deu um apelido.
— Gracinha? Ele é tão frio e sério, parece um príncipe do gelo. — Cruzei os braços, indignada.
— Seokjin? Sério? Ele faz piadas terríveis o tempo todo na sala dos professores. É um dos melhores caras que já conheci. Ele provavelmente é assim com você porque é uma aluna dele. Ele sempre disse que trata os alunos o mais formal possível.
— Seokjin fazendo piadas? Nós estamos falando da mesma pessoa? — Perguntei, confusa.
— Não sei, por acaso é aquele Seokjin ali? — Apontou para meu professor, que vinha andando em nossa direção.
— Shh! — Falei, constrangida. — O que ele está fazendo aqui? — Pensei em voz alta.
— Eu o convidei. — Aquelas foram as últimas palavras de Hoseok antes que ele nos alcançasse. — Você veio! — Falou sorridente para o amigo, cumprimentando-o.
— Você foi bastante insistente. — Seokjin respondeu com seu mau humor habitual. — Você a conhece? Depois reclama quando o chamam de o professor mais popular do departamento.
— Ela foi minha aluna e não, eu não conheço todo mundo. — Eu tentava sair de fininho enquanto os dois se envolviam na discussão.
— Aonde a senhorita pensa que está indo? — Seokjin me chamou, e eu me assustei. Ele estava falando comigo mesmo?
— Deixar vocês a sós, parece que tem muito para conversar. Meus amigos chegaram. — Apontei para um grupo aleatório de pessoas. — Vou indo, até mais.
Quando finalmente encontrei meus amigos, comentei sobre o estranho encontro com meus professores e a dupla personalidade do príncipe do gelo. Não sei por quê, mas ter Seokjin ali na festa me deixava um pouco desconcertada. Quanto mais eu bebia, mais soltos ficavam a minha língua e meus pés.
Não sei exatamente qual foi o momento em que vi Jungkook, o calouro gato do curso, e resolvi que iria dançar com ele. Em vez de me impedir, obviamente meus amigos colocaram pilha naquela ideia idiota quando eu desfilei até ele com uma cara que provavelmente só era sedutora em minha mente. Então, lá estava eu, me esfregando naquele homem quando reparei os olhos de Seokjin em mim. Ele parecia bravo em contraste com Hoseok sorridente a seu lado.
Naquele momento, eu já não estava nem aí para o que ele pensava. As aulas já haviam acabado, eu apenas aceitaria meu resultado da última prova quando ele saísse e me conformar em repetir a disciplina. Não faria recuperação para ter outra decepção. Eu estava dançando com o estudante mais desejado daquela festa, mas tudo que eu pensava era por que Seokjin me olhava furioso, ao mesmo tempo que conversava com seu amigo.
Coloquei meus braços em volta do pescoço de Jungkook, que se mexia de um lado para o outro, sorridente e me abraçando pela cintura. Quem sabe eu desse sorte naquela noite? Quem sabe eu esquecesse o rabugento do... Ei, espera, ele estava vindo na minha direção?
Oh, céus, o que eu fiz agora?
— Vamos, você não está sóbria pra tomar esse tipo de decisão. — Ele disse, imponente, tocando minhas mãos e retirando-as do pescoço do outro aluno. Nossos dedos se entrelaçaram, fazendo o meu corpo ficar mais quente que a própria fogueira acesa naquela noite.
— Você tem namorado? — Jungkook perguntava, sem ter a menor noção de quem era aquele homem. Eu poderia dizer que ele teria sorte em não descobrir, mas não tive tempo quando o próprio Seokjin respondeu.
— Sim, agora vamos. Hoseok me disse que você mora aqui perto, vou te levar. — Me levava pelas mãos, e eu não podia conter as risadas pelo que estava acontecendo.
Saímos andando em meio à multidão de alunos que comemorava ali o fim das aulas. Quem o conhecia estranhou a cena. Quem não o conhecia apenas nos ignorou, afinal, havia muitas pessoas bêbadas ali assim como eu. Logo quando vi meus amigos, fui traída pela minha língua novamente.
— Gente, o professor bonitão vai me levar pra casa, morram de inveja. — Gritei mais alto que deveria, enquanto ele apenas fez um som de desaprovação.
Me perguntava se ele estava rindo da minha situação, vi o canto da sua boca se arquear um pouquinho. Aquela boca... Acho que não tinha bebido o suficiente para tomar coragem nem mesmo de beijá-lo no rosto. O que se esperava de uma pessoa bêbada quando colocada no carro é que ela pare de falar e adormeça, mas comigo aconteceu o contrário. Cada vez mais eu me comprometia.
— Por que você faz isso comigo? — Perguntei enquanto ele dirigia. Não havia necessidade de me levar de carro, o lugar era muito perto. — Eu não sei se você me quer ou me odeia. — Desabafei.
— Tente descansar. — Falou, sério, mas eu fui insistente.
— Naquele dia que você me fez deitar no balcão, quando você disse que queria me foder. Você sabe o quão molhada eu fiquei? — Ok, não havia como eu me recuperar da vergonha de ter dito aquilo.
Naquele instante, nós havíamos chegado no condomínio onde eu morava. Enquanto eu murmurava "você é tão gostoso", ele avisava ao porteiro que iria me deixar no meu apartamento. Num piscar de olhos, ele já sabia em qual dos prédios eu dividia um apartamento com uma amiga.
— Hey, você não vai me responder? — Perguntei enquanto subíamos a escada. — Você gosta de mim?
— Só se você abrir a porta. — Ele não sabia a senha que abria a porta do apartamento, mas eu a digitaria se ele estivesse disposto a responder a minha pergunta.
Assim que entramos, ele me pegou no colo. Eu estava cambaleando desde o momento que saí da festa, mas bem que ele podia ter feito isso antes.
— Onde é seu quarto? — Perguntou, analisando as portas que estavam a seu alcance.
— Hey, nós tínhamos um trato. — Pendurei no pescoço dele e o encarei brava, mas a verdade é que eu devia estar rindo ao mesmo tempo que falava, então não devia soar nada intimidador. — É a porta no final do corredor.
Quando chegamos em frente ao cômodo mencionado, ele me colocou no chão novamente, sem entrar no local. Que pena, eu esperava que ele me colocasse na cama.
— Você não vai entrar? — Perguntei, safada.
— Você quer mesmo saber? — Ele finalmente chegava a um assunto interessante. — Eu pensei que havia ficado óbvio. — Coçou a cabeça. — Acho que posso dizer, afinal, amanhã você vai acordar e não se lembrar de nada. Desde o momento que te vi pela primeira vez eu gostei de você. Você sabe o quão torturante é isso? Me imaginar tirando de você aquelas roupas molhadas? Eu não sei por que você causa esse efeito em mim, tive seis meses pra descobrir e não consegui. Você sabe o quão irritado eu ficava de sair da aula excitado? Sabe quantas vezes eu tive que me segurar pra não fazer uma loucura? Sabe o quão difícil era te ver várias vezes na semana e não poder te tocar quando isso era tudo que eu queria fazer? Enquanto você for minha aluna, isso não pode acontecer.
— Você é tão ético assim? — Nunca pensei que as aulas de Hoseok fossem ter esse tipo de utilidade. — Entra, me coloca na cama? — Sugeri, ignorando os princípios morais dele.
— Você é mesmo difícil! — Esbravejou.
— Você não quer? — Perguntei, manhosa. Eu estava disposta a tirá-lo do sério, não tinha nada a perder com aquilo.
— Você acha mesmo que eu não quero te colocar naquela cama e fazer com você todas as coisas que você pensa que aquele idiota com quem estava dançando seria capaz?
Nunca subestime a minha capacidade de piorar uma situação já bastante ruim.
— Então faça. — Disse ao mesmo tempo que tirei a alça do vestido que usava, deixando que ele escorresse sob meu corpo.
Ele estava abalado e boquiaberto, sem conseguir reagir.
— Você está bêbada. Se eu fizer isso, você vai querer se lembrar. — Falou, dando dois passos para trás. — Eu não estou tão desesperado. — Oh, céus, por quê?! Ele tinha me rejeitado e eu mal conseguia ficar de pé. Apenas assisti ele se virar e caminhar em passos lentos.
E era essa a história de como o professor sério me viu de roupa íntima. Mas isso não era nada comparado à semana seguinte de pura agonia que passei. Como ele previa, eu não me lembrei muito bem do que aconteceu no apartamento. Contei para os meus amigos que ele disse não estar tão desesperado, que eu tirei a roupa e algumas outras coisas sem sentido que lembrava em flashes. Obviamente, eu fiquei de recuperação e tive que encará-lo para a prova final. Ele nem sequer me cumprimentou naquele dia.
Eu também não podia esperar mais nada, não é mesmo?
Normalmente, quando há recuperação, nós fazemos a prova e depois recebemos uma mensagem do professor para buscá-la antes que ele dê a nota. Acho que aquela era uma maneira de implorar para passar. Quase desisti de ir vê-lo quando recebi o e-mail me dizendo o dia e horário que deveria buscar minha prova. Mas eu já havia passado vergonha o suficiente, que diferença faria mais uma, não é mesmo? Então, eu fui até o prédio da faculdade. Aquela era a última vez que o veria, afinal, no semestre que vem, eu faria de tudo para não ser aluna dele e me esquecer de todas as situações embaraçosas em que me meti.
Não ser aluna dele... Ao pensar naquilo, tive um déjà-vu. E, enquanto eu batia na porta, comecei a me lembrar das coisas que ele havia dito naquela noite. Ele me queria, mas não poderia me tocar até que eu não fosse mais sua aluna. ERA ISSO!
— Por que você está com as bochechas vermelhas, senhorita atrasada? — Ele perguntou, seco, ao abrir a sala. Entrei em silêncio e o observei ir até a prateleira de sua sala para pegar uma pasta que repousava ali. — Vou encontrar sua prova.
Ele me queria, e isso era tudo que eu conseguia pensar. Me sentei na mesa dele, cruzando as pernas. O local estava limpo, não havia sinais de seus materiais, canetas e nem notebook. Provavelmente ele já estava se preparando para ir embora, as persianas do local estavam semi abertas, deixando o ambiente com uma mescla perfeita entre a luz do pôr do sol e a lâmpada acesa.
— Aqui está. — Ele me entregou o envelope.
— Sabe o que isso significa? — Perguntei, maliciosa, empinando os peitos e olhando-o dos pés à cabeça.
— O quê? — Ele se aproximou, curioso.
— Eu não sou mais sua aluna. — Falei, descruzando as pernas e apoiando as mãos na mesa para encará-lo. — O que você vai fazer em relação a isso? — Disse enquanto colocava o envelope na mochila e a jogava sobre a cadeira dele.
— Você se lembra... — Ele estava surpreso. — Do-do que eu disse aquela noite? — Balancei a cabeça em tom afirmativo.
Então, ele parou na minha frente e percorreu os dedos pelos fios do meu cabelo, tirando uma mecha de frente do meu rosto.
— Você não faz ideia... — Respondeu a minha pergunta anterior antes de me dar um beijo ardente. No minuto em que nossos lábios tocaram, não havia mais volta. Nem eu, nem ele seríamos capazes de parar até satisfazer todos os nossos desejos.
Enquanto nos beijávamos, percorri as mãos sobre o peitoral dele, arranhando-o levemente sobre a blusa. Vi a pele dos seus braços se arrepiar como resposta. Não conseguia me lembrar de quantas vezes me imaginei fazendo aquilo. Suas mãos agora dançavam acariciando minhas coxas. Logo, ele puxou meu corpo para mais perto, fazendo com que eu entrelaçasse minhas pernas em sua cintura.
Nós estávamos ansiosos por contato, e, só de sentir o membro dele sob a calça, eu já estava excitada pelo que viria a seguir. Seus braços mantinham nossos corpos colados, mas, em seu olhar, eu podia ver que logo aquele contato não seria suficiente.
— Você sabe o quanto eu esperei por isso? — Sussurrava quente em meu pescoço, fazendo uma trilha de beijos até o decote da minha blusa. — Quando você tirou a roupa naquele dia, eu quase perdi o juízo. — Contava enquanto desabotoava minha camiseta, expondo meus seios ainda sob o sutiã. — Mas aquele não era o momento certo. — Respirava ofegante.
Vi minha blusa ser retirada e jogada na mesma cadeira onde estava minha mochila. Rapidamente, Seokjin se afastou de mim e foi até a porta, trancando-a. Depois, nas janelas, ele fechou completamente as cortinas. A princípio, eu não entendia o que ele estava fazendo, então fiquei de pé, mas quando percebi que ele estava apenas se certificando de que não seríamos interrompidos, tratei de retirar o meu sutiã sozinha.
— Era isso que você queria ver? — Perguntei quando ele se virou e se deparou com meus peitos expostos.
Em meio a um gemido forte, ele veio decidido até mim e abocanhou um de meus seios, chupando-o e passando seus lábios sobre as aréolas enquanto acariciava e apertava com vontade o outro. A cada beijo dele, eu ficava mais molhada. Ele me virou de costas, de forma que ele pudesse me acariciar enquanto eu rebolava em cima de sua virilha. Logo, seus dedos alcançaram o zíper da minha saia, porém o impedi de fazer qualquer movimento para abri-lo.
— Isso não é justo. — Ele protestou, mas logo suas palavras foram trocadas por gemidos, quando me virei de frente para ele e toquei a barra de sua calça.
— Claro que é. — Disse, beijando-o enquanto, lentamente, abria suas calças. — Estavam um pouco apertadas, não acha? — Falei depois que elas caíram sobre o chão. — Eu também tinha planos pra nós dois. — Disse, suave, enquanto retirava a camisa dele.
De repente, ele me puxou pela cintura para mais perto, implorando para que nossos corpos se esfregassem e ele pudesse satisfazer pelo menos 1% do desejo que havia em seus olhos. Comecei beijando seu peitoral. Enquanto meus lábios desciam lentamente, meu nariz se embriagava com o cheiro do perfume dele. Não bastava ser bonito, tinha que ser cheiroso também. Vi-o jogar a cabeça para trás e deixar um grunhido escapar quando me aproximei de sua cueca e a retirei, expondo seu membro ereto diante de mim.
Comecei lambendo sua glande, devagar, e depois descendo para toda a sua extensão. Ouvi-lo gemer com aquele toque sutil me deixava cada vez mais molhada. Ao mesmo tempo que se ele tentava se conter para que não fôssemos ouvidos pelos professores nas salas ao lado, ele implorava por mais. Sem aviso, coloquei seu membro na boca, fazendo movimentos de vai e vem. Por alguns segundos, tudo que ouvia era ele xingar alguns palavrões e respirar ofegante, até que senti suas mãos tocarem minha cabeça, me impedindo de continuar.
— É a minha vez. — Falou, fazendo com que eu me levantasse.
Cravando as mãos na minha bunda, ele me pegou no colo e colocou na mesa novamente, agora separando minhas coxas e roçando os dedos em minha intimidade por cima da calcinha.
— Eu nem comecei e você já está assim? — Notava minha calcinha encharcada. — Se você não vai me deixar tirar essa saia, terei que tomar outras medidas. — Disse, colocando as mãos por baixo da minha roupa e puxando minha calcinha. — Você não sabe o quanto eu queria fazer isso.
Assim como brinquei com ele, começando com toques suaves, agora ele se vingava. Quando ele abriu minhas pernas e levantou o tecido da saia até minha cintura, eu fiquei completamente entregue. Ele passava um dedo sob os meus lábios, apenas para tocar meu clitóris e logo voltar a acariciar os arredores.
— Quando eu imaginei nós dois transando, não pensei que seria aqui. — Sussurrava no meu ouvido enquanto eu tentava abafar os gemidos que soltava a cada movimento de seus dedos. Ele sabia exatamente onde tocar e como tocar e, se ele continuasse, eu acabaria gozando antes mesmo dele me penetrar. — Mas confesso que está sendo bem melhor assim, te ver assim, tão de perto sentindo prazer, me deixa louco. — Seu rosto quente roçava no meu, descendo novamente até meus seios.
— Pare... — Implorei. — Senão eu vou... — Não consegui completar a frase sem gemer. Tive que fechar os olhos, pois olhar para ele ali nu só aumentava meu tesão. Seu peitoral perfeitamente definido, cintura fina, pernas, tudo ali era perfeito demais.
— Aguenta mais um pouquinho, eu quero que você goze nele. — Como ele podia pedir isso depois daquela frase? E, para piorar, ele começava a descer sua cabeça em uma direção perigosa. — Agora você vai me deixar tirar essa maldita saia? — Brincou.
— Faça o que você quiser. — Gaguejei e logo me vi livre da peça de roupa.
Sua língua dançava sobre a minha intimidade, às vezes movendo-se de um lado para o outro, às vezes em movimentos circulares, e eu gemia enquanto suas mãos subiam das minhas coxas até os meus seios. Não sobraria nada de mim se ele continuasse fazendo aquilo.
— Seokjin... — Deixei seu nome escapar, anunciando que ele deveria parar com aquilo se não quisesse que eu gozasse ali mesmo. — Eu preciso de mais...
Fiz um pedido obsceno e quase indecifrável em meio à minha excitação. Achei que seria atendida quando ele se levantou e veio me beijar novamente. Porém, assim que nossos lábios se tocaram, senti-o introduzir um de seus dedos dentro de mim.
Ele não tinha acabado mesmo.
Sua boca quente agora deixava chupões em meu pescoço, ao mesmo tempo que me massageava. Não havia mais como resistir, cansei de avisá-lo que não aguentaria mais. No entanto, justo quando eu achei que atingiria o clímax, ele se afastou e foi em direção ao seu armário, provavelmente procurando uma camisinha.
Vi-o voltar ao mesmo tempo que rasgava a embalagem e colocava-a em seu membro ereto. Ele, então, me encarou, disposto a fazer tudo e todas as coisas impuras com as quais nós sonhávamos nos últimos meses. Ele se posicionou à minha frente, com a ponta de seu membro em minha entrada.
— Por favor... — Supliquei uma última vez, antes de senti-lo entrando dentro de mim, gentil, lentamente para que eu me acostumasse com seu tamanho.
Aquela sensação era de puro êxtase, finalmente estava acontecendo. Assim que todo seu membro estava dentro de mim, ele começou a mover-se lentamente em meio a gemidos fortes.
— Tão apertada. — Falava manhoso enquanto aumentava suas estocadas. Eu podia sentir meus músculos se contraindo e apertando-o ainda mais dentro de mim.
Era quase como uma tortura, eu estava sentada na mesa, e ele tinha o controle de todos os movimentos. O máximo que podia fazer era arquear meus quadris para frente, implorando por mais.
— Mais rápido... — Pedi, mesmo sabendo que ele não tinha a intenção de aumentar o ritmo de seus movimentos. Ele gostava de me ver naquele estado, de apreciar o meu olhar de surpresa quando ele realmente o fizesse, sem aviso.
— Você gosta assim? — De repente, seus movimentos se tornaram mais frenéticos, e eu mal conseguia respondê-lo sem soprar as palavras em meio a gemidos. A verdade era que ele não precisava de resposta, afinal, sabia muito bem o que estava fazendo. — Então goza pra mim, vai...
Aquilo não era um pedido, era mais uma previsão. Ele sabia que eu já estava prestes a gozar fazia um bom tempo. E, então, eu senti um espasmo tomar conta de meu corpo, ao mesmo tempo que minhas coxas tremiam e meus músculos o apertavam com mais força ainda dentro de mim. Enquanto eu revirava os olhos, ele ainda teve a audácia de colocar os dedos de volta sobre meu clitóris, massageando-o enquanto continuava me penetrando e fazendo com que o orgasmo fosse ainda mais intenso.
— Porra! — Soltou um gemido em meio ao auge do momento.
— Agora é a minha vez. — Sem dar tempo para que ele descansasse, decidi que inverteria as coisas. Na parede à minha frente, havia um sofá. Me levantei da mesa e fui empurrando-o até o local, fazendo Seokjin se sentar e, em seguida, sentei-me em seu colo, fazendo nossos corpos se encaixarem novamente.
— O que é isso? Vingança? — Ele protestou, mas coloquei os dedos sobre seus lábios. Quem estava no comando agora era eu.
Subia e descia em movimentos frenéticos, roçando meus seios em seu rosto. Ele, por outro lado, agarrava minha cintura, tentando guiar os movimentos, me puxando para baixo toda vez que descia para que ele pudesse me estocar com força.
— Se você continuar assim, eu não vou aguentar. — Falou, desesperado, puxando o ar para dentro dos pulmões e tentando se controlar. Vê-lo daquele jeito era tão indecente que eu nunca mais conseguiria olhá-lo da mesma maneira depois de hoje. — Eu devo ter pensado em ter você assim umas trezentas vezes durante esse semestre, sabia disso? Olha como você me deixa. — Reclamava.
— E quem disse que é pra você se segurar? — Continuei, até porque eu também já não estava aguentando novamente.
Me apoiei em seus ombros para me mexer com mais velocidade, até que, depois de algumas subidas e descidas em meio a gemidos e gritos abafados, gozamos juntos em cima daquele sofá. Quando tudo acabou, permaneci ali ainda sentada no colo dele, enquanto minha intimidade ainda sofria alguns espasmos. Por fim, nos separamos e caí exausta no sofá, deitando-me com a cabeça em uma de suas pontas e colocando os pés sobre o colo de Seokjin. Ele encostou suas costas no sofá e jogou a cabeça para trás, respirando ofegante enquanto retirava a camisinha.
Nenhum de nós dois conseguia falar nada. Se aquilo tinha sido um caso de uma noite só, eu nunca mais conseguiria olhar para uma sala de professor com os mesmos olhos. E ele provavelmente teria que redecorar tudo se quisesse me esquecer.
— A propósito, você passou. — Ele quebrou o silêncio. Eu estava tão preocupada em dar para ele que esqueci completamente da minha nota. — Você esqueceu de abrir o envelope, estava ocupada demais sendo obscena. — Deu um sorriso malicioso.
— Nossa. — Pensei em voz alta. — Eu realmente tinha me esquecido disso. — Concluí, coçando a cabeça. — Então... O que acontece agora? — Perguntei, temerosa.
— Não se matricule em nenhuma das minhas turmas. — Ordenou. — Assim, poderemos continuar mantendo esses... deliciosos encontros.


Fim



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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