Última atualização: 25/12/2020

Capítulo Único

Aquela era a primeira noite de Natal em dezenove anos que a lua estaria cheia. A simples menção a esse evento, ao qual os trouxas nomeavam de “Lua Cheia Fria”, deixava Remo John Lupin angustiado. O medo claramente estampado em seus olhos claros, que estavam cobertos por olheiras profundas.
Detonado, revoltado e culpado eram as palavras que mais poderiam defini-lo naquele dia.
Detonado psicológica e fisicamente, como sempre ficava nos períodos de plenilúnio; Revoltado, por ter que passar o feriado no colégio e em sua forma animalesca; E culpado por acabar com o Natal de seus amigos.
Sirius, James e Peter haviam feito questão de passar as festas em Hogwarts para ajudá-lo. Era muito grato aos amigos, mas sabia que estava sendo, de certa forma, um fardo para eles. E ele odiava esse fato.
Remo estava jogado na cama de seu dormitório na madrugada da véspera de Natal, enquanto ouvia Sirius tagarelar sobre a festa que faria, quando as seguintes palavras lhe chamaram atenção.
— Você pode até chamar aquela corvina bravinha para te dar aquela animada…
— Espera… O que?
— Aquela loirinha! Como é mesmo o nome dela? — Sirius fingiu esquecer.
? — questionou Aluado franzindo o cenho. A simples menção do nome da garota o fazia se sentir um tremendo idiota. — Nós nem nos falamos direito e eu sinceramente duvido muito que ela venha. Festas não parecem fazer muito o tipo dela.
— Mas você faz o tipo dela.
— Almofadinhas, é sério. e eu nunca nos falamos, não inventa. Não faz sentido algum eu chegar nela do nada e…
— Relaxa aí, lobão. — Remo olhou feio para o amigo que levantou as mãos em rendição. — É claro que eu já pensei nisso também.
Remo juntou as sobrancelhas em uma expressão desconfiada. Almofadinhas sempre tinha ideias malucas que acabavam em confusão.
— Não confio muito no que sai da sua cabeça.
— Vou ignorar a ofensa e te propor uma aposta. Não me olha assim, me escuta! — Sirius tratou logo de se explicar ao perceber a carranca do amigo. Apostas nunca foram uma boa opção. — Você é bem amigo daquela Burke e eu até admito que ela é bem gatinha, só tem o defeito gigante de ser sonserina. Você a convida pra mim e eu chamo a , que fica pra você. É sua melhor chance!
Sirius ergueu a mão, para que pudessem selar o acordo. Por alguns segundos Lupin ponderou.
Lia, sua melhor amiga, adorava uma festa, embora odiasse Sirius Black. Seria relativamente fácil convencê-la. Isso é, seria mais fácil do que chegar aleatoriamente e convencer , com quem ele nunca sequer falou nada.
Remo odiava admitir, mas o amigo tinha razão, aquela era sua melhor chance.
— Certo… Eu aceito. — Remo apertou a mão de Black com receio, enquanto assistia o sorriso maroto do amigo crescer em seu rosto.
— Não vai se arrepender, Aluado, será uma noite memorável!
— Tá legal, tá legal… Mas como isso vai funcionar?
— Simples. Você diz para sua amiga Burke que vai ter festa na sala precisa e que como sua amiga, ela devia ir, e eu vou convidar a com ajuda da Evans. Ela não negaria ajudar o quase cunhado, né?
— Quase cunhado? — Aluado questionou com uma careta, tentando entender. Sirius explicou aos risos, como se fosse óbvio.
— Ah, lobinho, para alguém tão inteligente, às vezes você me surpreende com a lerdeza.
🦅🦅🦅
— Remy… Disse que queria falar comigo, sobre o que? — Burke sorriu ao se jogar ao lado do amigo no banco da mesa restante do Salão Principal para o café da manhã da véspera de Natal.
Nessa época eles tiravam todas as outras mesas e deixavam apenas uma, para todos os alunos que ficaram na escola. Uma tentativa chula de deixar aquilo tudo menos… Solitário.
Mal sabia Dumbledore que deixar pessoas que se odeiam lado a lado não mudava nada, só deixava sonserinos e grifinórios com os nervos à flor da pele. A cada refeição era uma emoção diferente.
Pelo menos era entretenimento, isso é, quando Sirius e James não estavam envolvidos e Lupin tinha que separá-los. O que era bem raro, diga-se de passagem.
— Ah, claro! — murmurou enquanto terminava de mastigar o pedaço de pão. — Queria te chamar para uma festa mais tarde.
O rosto da sonserina se iluminou em um sorriso entusiasmado.
— Você me chamando para uma festa? O que tá acontecendo com você, lupano?
— Qualquer coisa é melhor que ir dormir depois do jantar entediante que servem aqui. — o garoto deu de ombros sob o olhar desconfiado de Amélia.
— Certo, qual o lugar?
— Sirius encontrou uma espécie de sala mágica um dia desses, enquanto fazia um de seus passeios noturnos. Parece que da primeira vez que foi lá era uma cópia do nosso dormitório e depois virou outra coisa e…
— Espera, espera! — ela o interrompeu com uma careta. — Sirius? O Black?
— Sim, ué, ele quem está dando a festa. Você conhece outro Sirius que não seja o Black?
— Não, idiota! — Amélia bufou enquanto remexia a comida em seu prato, entediada — Agradeço o convite, mas não vou.
— O que? Ah Lia, por favor, é Natal! — Remo suplicou virando os ombros da amiga para que ela o olhasse.
— Ah Remo, é o Black! — ela imitou a voz dele. — Não vou e ponto!
Enquanto Lia listava inúmeros argumentos para não ir para uma festa organizada por Sirius Black, Remo avistou a dona dos cabelos loiros e sorriso mais encantador que ele já vira na vida entrando pelo Salão acompanhada de Lily, a melhor amiga dela.
Era como se tivesse lançado um feitiço para abaixar o volume da falação de Amélia e de todos no ambiente. Sua atenção estava completamente centrada em e nos jeans extremamente colados que ela usava naquela manhã.
Aquilo era efeito da aproximação da lua cheia ou era só o efeito dela sobre ele? Era uma pergunta que Lupin costumava se fazer desde que a viu pela primeira vez.
Amélia se virou, para encarar o que deixava o amigo com aquela expressão idiota e se deparou com a corvina e a grifinória entrando vindo em direção a mesa, e então sorriu para elas. Lupin parecia em choque.
— Bom dia, Lia! — saudou animada e então encarou Lupin confusa. — O que ele tem?
Remo abriu e fechou a boca, tentando achar algo que o tirasse daquela situação constrangedora, mas nada. Era como se tivessem arrancado a língua dele fora, as malditas palavras simplesmente não saiam.
— Bom dia , bem são só alguns probleminhas masculinos. — Amélia o salvou caçoando.
— Ah sim, tudo bem então. — a loira deu de ombros ainda desconfiada, mas sorriu para o rapaz. — De qualquer forma, bom dia, Lupin.
Ele nada disse, apenas deu uma tentativa de sorriso tímido, que saiu mais como um sorriso assustado e assentiu com a cabeça, soltando um suspiro frustrado enquanto as duas garotas saiam dali.
Claramente ela te vê como um estúpido. Você é um estúpido, Remo John Lupin. A mente dele gritava em um debate conflituoso, enquanto Lia ainda o encarava rindo baixinho.
— Você é um idiota! — ela afirmou o óbvio — E eu não vou a festa.
— Lia, a sala é enorme, você talvez nem trombe com ele por lá. E, além do mais, é uma festa, você adora festas e bem, eu sou seu amigo e preciso de ajuda.
Amélia analisou a expressão do grifinório, os olhos suplicantes e a expressão desesperada. Sabia do que ele estava se referindo.
— Você me deve uma, Lupin! Só vou para não te deixar bancar o abestalhado de novo!
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A tarde passou depressa em meio aos preparativos da festa. Ora os marotos estavam na comunal, fingindo jogar snap explosivo ou Auror para despistar o olhar desconfiado de McGonagall, ora estavam correndo pelos corredores com a capa da invisibilidade de James em direção a Sala Precisa para levar as bebidas, as decorações e a mesa para o Butterbeer pong.
Quando Lupin se deu conta do horário, já passavam das sete quando retornou ao dormitório para tomar um banho. Sentindo-se culpado por ter se distraído tanto ao ponto de não olhar o horário.
Não podia cometer esse erro durante a noite. Custaria a vida de todos os presentes.
Custaria a vida dela.
Ele se odiaria se algo acontecesse alguém, mas se mataria se a ferisse.
— Tá pronto, Aluado? — questionou Pontas, enquanto passava perfume.
— Estou sim… — Remo suspirou, enquanto terminava de vestir a jaqueta verde militar.
— Se anima aí, garanhão! — Sirius deu tapinhas nas costas do amigo, eufórico. — Nem parece que vai ficar com a hoje…
— Eu mal consigo falar, pareço um mudo perto dela, acho difícil fazer mais que isso. — o garoto de cabelos castanhos claros resmungou baixo — E, além do mais, ainda estou mais preocupado em machucar alguém do que em qualquer outra coisa.
— Acho que posso dar um jeito nisso. — Pontas sorriu para o amigo, tirando um pequeno frasco do bolso. — Conversei com Minerva, como você estava preocupado e se sentindo mal, sem vontade até de descer para a ceia que ela e o Flitwick organizaram e tudo mais… E ela pediu para que o Slughorn ajudasse.
Potter entregou o frasco com o conteúdo verde translúcido para o amigo que o encarou confuso e relutante.
— O que é isso?
— É uma poção que vai retardar sua transformação, você vai ficar um pouco desconfortável, mas vai conseguir se segurar por mais seis horas, então a hora ideal para tomar seria…
— Meia noite. — respondeu Sirius. — Isso é ótimo, Aluado. Vai conseguir curtir sua gatinha até às seis da manhã, se quiser. Seu lobão interior vai adorar.
Remo tentou, em vão, segurar a risada, mas logo os três estavam rindo no quarto.
— Não esquece, Aluado. Pontualmente à meia noite! — Pontas alertou apontando para o amigo, que assentiu
— Não vou. — Lupin guardou o frasco no bolso interno da jaqueta e foi até o criado mudo ao lado de sua cama e para que pudesse alcançar o relógio de pulso que havia ganhado de Lia em seu último aniversário para ficar atento ao horário.
— Vamos? — questionou Rabicho ansioso, enquanto entrava no quarto. Sirius pulou nas costas dele e então, os quatro desceram aos risos para encontrar Lily e seguir em direção a Sala Precisa.
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O local estava exatamente como haviam deixado anteriormente, a sala espaçosa, a comida surrupiada da cozinha com a ajuda dos elfos domésticos, as incontáveis bebidas trouxas e bruxas, alguns sofás confortáveis e um armário completamente aleatório. Remo o encarou por alguns segundos, mas deu de ombros indo em direção a mesa para se servir de cerveja amanteigada.
A primeira a chegar fora a amiga sonserina de Peter, a qual Lupin nem se preocupou em memorizar o nome. Apenas acabou com sua caneca de cerveja enquanto ouvia a conversa animada de Sirius e James sobre como quase foram pegos com as bebidas em mãos por Filch horas atrás.
— Foi por muito pouco. — expôs Lupin, meio distraído, mas ainda assim, prestando atenção na conversa dos amigos.
— Mas graças a Merlin, tudo deu certo para que essa festa acontecesse. — Sirius disse divertido dando uma cotovelada no amigo e sinalizando a porta com a cabeça — Inclusive nossa aposta…
Remo jurou ter visto tudo em câmera lenta como mais cedo, quando viu adentrando a sala com a amiga lufana Juliet Ackerley. Elas riam sobre algo que conversavam e então, quando os olhares dela se encontraram aos dele ele sentiu os lábios secarem e a respiração falhar momentaneamente.
Se é que existisse essa insana possibilidade, parecia estar mais linda naquela noite. Usava um vestido preto midi com um generoso decote que valorizava os seios e curvas da corvina, saltos altos da mesma cor e um sobretudo branco. Estava bem maquiada, os olhos bem marcados com cores escuras, destacando ainda mais os olhos azuis da garota, que Remo secretamente apelidara de olhos de mirtilo. E, por último, mas não menos importante, o batom vermelho vivo delimitando perfeitamente os lábios que com sorte e muita bebida, talvez fossem dele mais tarde.
Ele só percebeu que as garotas vinham em direção ao grupo quando Sirius pigarreou, o salvando de fazer papel de idiota mais uma vez.
— Meninas! Que bom que vocês vieram, estava preocupada de ficar sozinha com esses malucos a noite toda. — Lily correu para cumprimentá-las.
— Ei , ficamos felizes que aceitou o convite, não é Remo? — Black sorriu cumprimentando-a rapidamente e olhando para o amigo.
— Hm, é... É claro! — Lupin completou, rápido demais. Sendo cumprimentado com um abraço breve da corvina, que o deixou meio desconcertado pelo perfume, pelo contato e pela presença dela.
Seria uma longa noite...
— Se tem bebida, tem . — ela sorriu sendo acompanhada pelos risos dos demais. — É bom estar aqui.
— E você é…? — Potter direcionou o olhar confuso para a acompanhante inusitada e em seguida levou um tapa na nuca da namorada pela inconveniência. Lupin e Black soltaram risos baixos, mas ao receber um olhar sério de Lily pararam imediatamente com medo de apanharem de brinde.
— Ah, essa é minha amiga Juliet, eu a convidei. — riu olhando do grupo para a amiga que soltou um risinho tímido ouvindo um coro de cumprimentos. — Apresentações feitas, cordialidades em dia… Podemos pegar as bebidas agora?
— Vamos pegar as bebidas e colocar uma música legal! — chamou Lily, sendo acompanhada pelas duas garotas.
— Pelo menos o Aluado disse alguma coisa. — Rabicho comentou.
— É, já não estamos mais na estaca zero, amigão! — Black deu um tapinha nas costas do amigo que bufou. Ainda se sentia patético perto dela. — Vamos jogar, vai!
Os marotos seguiram em direção a mesa e começaram a dispor os copos para a partida de Butterbeer pong e formar as duplas. Não era um esporte, mas Lupin se orgulhava de pelo menos em um jogo ser bom. Ele e Sirius eram uma dupla imbatível naquilo.
O jogo estava como o imaginado, eles ganhavam de Pontas e Rabicho que, inclusive, não havia acertado uma bolinha sequer, o que deixava James puto e tornava tudo mais engraçado.
Quando a batida inconfundível de Walk This Way soou pela sala e os gritinhos de animação das meninas se fizeram presentes na sala, Lupin até tentou evitar olhar, mas foi impossível de se conter e ele agradeceu mentalmente a todas as divindades possíveis por ter tomado aquela decisão e poder assistir o balanço dos quadris e dos cabelos de , que sorria, bebia e dançava com as amigas.
Ela havia tirado o sobretudo e aquele maldito vestido só piorava a situação, visto que agora ele tinha uma visão mais clara da cintura fina, das costas nuas e da bunda ressaltada pelo tecido fino e colado. Remo umedeceu os lábios com a língua discretamente, enquanto sentia os batimentos acelerarem. Aquilo era uma puta covardia, parecia tão errado não tê-la pra si.
— CARALHO, ALUADO! — o grito de Sirius o tirou de seus devaneios, fazendo com que ele desse um pulo e voltasse a atenção a mesa, deparando-se com um Almofadinhas puto, Rabicho e Pontas rindo e comemorando e quatro canecas cheias com bolas dentro.
— Mas, o que? Que porra…
— Limpa a baba e vira a cerveja, meu caro Aluado. — Pontas zoou, sendo fuzilado pelo amigo.
— Vai beber as quatro canecas sozinho. Me fez perder e ainda descumpriu nosso trato… — Sirius apontou, com a cara fechada.
— Eu não descumpri nada, o combinado era chamar e isso eu posso te garantir que fiz. — Remo retrucou pegando a primeira caneca de cerveja — Burke me garantiu que vinha. E nós não perdemos, dá pra virar o jogo ainda.
— Sossega aí, tá parecendo até um virgem ansioso. — Pontas caçoou, recebendo o dedo médio de Black como resposta. — Vira isso aí, Aluado.
Não demorou até que Remo depositasse a quarta caneca vazia na mesa, sob os assobios e palmas dos amigos, se sentindo um pouco mais animado que o normal. O riso saía mais fácil e ele quase tinha coragem de ir tentar conversar e talvez até flertar com .
— E aí, quem tá ganhando? — falando no diabo, a loira apareceu ofegante depois do final da música, parando ao lado de Lupin que arregalou os olhos e soltou um soluço devido ao excesso de bebida que tinha ingerido em tão pouco tempo. O que arrancou risos da garota e dos outros três, deixando-o completamente desconcertado.
E lá se ia toda a coragem ralo abaixo.
— Está empatado. — Rabicho explicou recebendo um aceno de cabeça desinteressado da corvina.
tinha algo que poderia tanto ser considerado um defeito quanto uma qualidade, que era facilmente observado por qualquer um que a olhasse por míseros segundos. Era extremamente transparente e não conseguia disfarçar que não tinha paciência e não ia com a cara de Pettigrew. Lupin soltou uma risadinha, pensando que já tinha perdido as contas de quantas vezes a pegou revirando os olhos para algo que o pequeno e desengonçado Peter dizia.
— Não graças a você… — Pontas resmungou bagunçando os cabelos do amigo. — Sua mira é péssima!
— Nem é tão difícil assim, vai. É como acertar a goles em um gol. Só que muito mais fácil por estar perto dos copos e não estar em uma vassoura.
— É ISSO! — Pontas berrou — Tenho direito a uma substituição no meu time!
— O que? — questionaram os outros três.
— Quero ganhar e vai ser impossível com o Rabicho no time. — Pontas apontou para o amigo, que nem tentou se defender, sabia que era horrível naquele jogo mesmo. — é artilheira do time da Corvinal, vai ser melhor até que eu.
— Certo, certo. Deixa, ele vai reclamar com ou sem ela no time. — Sirius argumentou com Remo que riu abertamente.
— Vai perder do mesmo jeito.
— Ah é? — o encarou com a sobrancelha arqueada, sentindo-se desafiada.
— Mata-mata, quem acertar primeiro ganha. — Remo disse, a garota apenas deu de ombros e se posicionou ao lado de James.
Sirius jogou primeiro, a bolinha foi em direção ao chão. Remo foi em seguida, sem sucesso. Assim como Potter, recebendo vaias dos amigos. se abaixou ligeiramente, jogou os longos cabelos loiros para o lado, juntou os braços para mirar melhor e seus seios se espremeram ainda mais no decote. Ela levou o olhar até Lupin, que a assistia perplexo e piscou um dos olhos arremessando a bolinha dentro do copo que restava na frente dele.
Depois de comemorarem a vitória enquanto Lupin virava o último copo, Sirius e James se entreolharam quando perceberam que Remo caminhava na direção da garota para parabenizá-la.
— Qual prêmio você quer pela sua vitória? — questionou sorrindo ladino. riu.
— Se estivéssemos no Três Vassouras eu diria pra me pagar uma cerveja, mas como as bebidas aqui são de graça… — ela deu de ombros, sendo acompanhada por ele em uma gargalhada leve. — Só bebe uma comigo e me presenteia com sua companhia, Lupin.
— Convite aceito! — ele se inclinou alcançando dois copos e entregando um para , que brindou sua caneca na dele e sorriu levando-a aos lábios.
Era boa a sensação de não se sentir um completo idiota ao lado dela. Pela primeira vez eles conseguiram trocar mais palavras que “oi” ou “bom dia”, o papo fluiu e os olhos simplesmente não se desgrudavam por um segundo sequer um do outro.
— Sabe , eu pensava que você era tímida, não que bebia uma caneca de cerveja na velocidade de um piscar de olhos. — ele declarou, fazendo-a rir, mais uma vez. Poderia ficar horas e horas ali falando qualquer asneira só para poder ver aquele sorriso.
— Você tem algumas concepções bem erradas em relação a mim, Lupin. — o encarou se aproximando tanto que Remo podia sentir a respiração dela e a sua se misturarem — Mas, pra facilitar nossa vida e pra você começar a mudá-las, nem precisamos esperar o próximo jogo ou o próximo prêmio.
Só a fato de saber que ela o queria também era algo enlouquecedor, mas, como em um movimento completamente involuntário, seus olhos foram até o relógio atrás da garota e então ele lembrou que não era certo ficar com ela existindo a possibilidade de tudo dar errado.
— Que merda você pensa que ‘tá fazendo aqui? — Sirius bradou ao longe fazendo com que Lupin segurasse-a gentilmente pelos ombros os afastando. Os olhares se cruzaram, envergonhados e então seguiram até onde Sirius discutia com o irmão, que havia acabado de chegar acompanhando Amélia.
— A-acho melhor irmos… É…
— Ok. — a corvina disse sem humor, dando de ombros e indo em direção aos demais que se concentravam na discussão dos Blacks, com Lupin atrás se martirizando por ser o que é.
— Só um de nós pode chamá-la assim ainda, né? E, que eu me lembre, não é você, seu traidor. — O punho de Sirius se fechou e Lupin se aproximou para evitar que o amigo fizesse algo que pudesse se arrepender depois.
— Tá bom, chega por hoje, já deu. — Amélia falou, se colocando entre os irmãos e virando-se para o amigo sonserino. — Black, deixa ele em paz, a festa é para ser divertida, você não precisa se estressar tendo que descer ao nível desse babaca infantil.
— É, você tem razão, Burke. — Sirius concordou com a cabeça.
— Não estou falando com você. — Burke disse entredentes e entrelaçou o braço no do Black mais novo, saindo pelo cômodo.
A noite já havia começado péssima para Black e Lupin.
Sirius se recusou a conversar com os amigos, indo beber recluso em um canto. Lupin fez o mesmo, mas mais assistia os ponteiros do relógio trocarem de lugar do que qualquer outra coisa. Ele até se policiava, mas acabava sendo traído por si mesmo e cedendo olhando em direção à , que tentava a todo custo fingir que não estava chateada ou entediada.
Então ela pareceu perder a paciência e caminhou até Sirius trocando algumas palavras com ele. Lupin jurou tê-la visto lançando olhares na direção dele, mas preferiu dizer a si mesmo que eram só as vozes da sua cabeça que costumavam prestar tanto atenção nela e que já estava vendo coisas.
Ele assistiu pelo canto dos olhos o amigo abrir um sorriso na direção da corvina e correr em direção ao aparelho de som trouxa que haviam conseguido mais cedo para abaixar o volume da música. O que resultou em olhares confusos e alguns até indignados dos que ali estavam.
— Galera, é o seguinte. — Almofadinhas começou com o sorriso que Remo conhecia extremamente bem, aí tem. — Acho que está na hora de esquentarmos as coisas por aqui, que tal um eu nunca?
Remo suspirou aliviado, estava preocupado que o amigo ficasse desanimado pelo resto da noite pela presença de Regulus. Mas era Sirius Black, nada nem ninguém destruiriam uma festa para ele. Tomado pelo momento, ele sorriu divertido como os demais presentes no local. Seria bom se distrair um pouco e tentar tirar, nem que por minutos, a encantadora loira dos pensamentos.
🦅🦅🦅
Todos se reuniram no centro da sala, onde anteriormente as meninas estavam dançando. Remo se sentou ao chão e tentou não demonstrar a alegria que sentiu quando se sentou ao seu lado.
Os amigos tinham razão ao dizer que ele parecia um garoto do segundo ano quando estava perto dela. Mas é claro que ele não concordaria com aquilo em voz alta, dando razão a eles, nunca.
— Muito bem, vamos repassar as regras mais uma vez. — Pontas começou a explicar mais uma vez deixando claro que o álcool já começava a se manifestar por ele. — Em sequência, todo mundo vai dizer algo que nunca fez e todos aqueles que já tiverem feito terão que virar o copo. Todos os shots em mãos?
Todos na roda sorriram para seus copos cheios e as garrafas próximas prontas para os refis. Apenas Rabicho e a sonserina haviam sumido.
— Muito bem! — ele continuou. — E se alguém quiser questionar qualquer coisa sobre sua resposta, você é obrigado a responder, se não, deve fazer um desafio escolhido pela pessoa.
— Isso não é uma grande invasão de privacidade? — Juliet perguntou.
— Ah, Ackerley, e o que nesse jogo não é? — Sirius riu da reação da jovem lufana.
— E qual seria a graça se não fosse? — Amélia acabou dizendo ao mesmo tempo, fechando a cara logo em seguida ao notar a coincidência. — Ok, vamos logo, quem começa?
— Eu! — Evans e Black falaram ao mesmo tempo.
— Bom, as damas primeiro, né? — Pontas sorriu para a ruiva.
— Seu idiota! Como ousa preferir uma menina ao seu melhor amigo?! — Sirius se fingiu indignado.
— Sirius, supera! Ele é meu agora. — Lily mostrou a língua, tirando várias risadas do grupo. — Muito bem, vamos começar leve. Eu nunca fui para a detenção.
— E ainda se diz namorada de um maroto! — Almofadinhas riu, bebendo o líquido de seu copo, assim como Pontas, Aluado, Amélia, e Regulus.
— Eu nunca tive um sonho picante com alguém que está aqui. — Amélia disse, bebendo o conteúdo de seu copo, assim como todos os outros, com exceção apenas de Julie e Remo, que tinha os olhos arregalados.
— Não vem com essa não, Aluado. Eu e Pontas lembramos muito bem de acordar com você gemendo o nome da…
— Tá, Sirius, tá! — Remo o interrompeu, nervoso e fuzilando-o com o olhar, rogando aos céus que o amigo se calasse. Virou todo o conteúdo copo de uma vez, tanto pela vergonha/indignação de ser exposto, quanto pela quantidade extremamente alta de sonhos impróprios que tivera com a corvina sentada ao seu lado. Nem o Lago Negro inteiro de vodca seria suficiente caso a quantidade de sonhos quantificasse o volume a ser ingerido.
Já havia imaginado ele e transando em todos os lugares, contextos e ocasiões naquele castelo — e até mesmo fora dele. Apenas a lembrança desses sonhos fez com que um arrepio percorresse pelo corpo todo de Remo, que encheu o copo mais uma vez, bebendo-o em uma golada só, em seguida.
Então, chegou a vez de Regulus que resmungou até soltar uma afirmação genérica qualquer, que todos já tinham feito.
— Eu nunca faltei aula por estar de ressaca. — Julie afirmou orgulhosa de seu feito, sorrindo para Lily e Lupin enquanto observavam os demais beberem. Era chegada a hora de Remo dar o troco, ele sabia exatamente como fazer o amigo beber e passar pelo mesmo constrangimento que ele.
— Eu nunca fingi odiar a pessoa que gosto pra chamar a atenção dela. — ele soprou, sorrindo maldoso em direção ao amigo, que o fuzilou bebendo o conteúdo de seu copo. Para a sorte de Almofadinhas, as garotas estavam concentradas demais zoando Lily, que também se encaixava um pouco na situação.
— Eu nunca beijei minha melhor amiga. — disse , levando seu copo a altura de sua cabeça, bebericando e piscando para Julie, que olhava a amiga completamente paralisada enquanto suas bochechas eram preenchidas por um tom rubro.
— Julie? — exclamou Lily, perplexa, fazendo todos rirem.
Amélia e Regulus trocaram olhares cúmplices e brindaram seus copos, o que fez com que Lupin gargalhasse se vangloriando.
— Ahá! Eu sabia. Esse papo de que eram só amigos nunca me enganou, Lia.
— Ah, Lupin. — suspirou a garota — Não se faça de maluco. Beba logo esse copo.
— Mas o quê? — disse Regulus, confuso, virando-se para a amiga.
— Remo! — a voz de Sirius fez com que ele arregalasse os olhos. Maldita hora que fora abrir a porra de sua boca grande. — Escondeu isso até de mim, garanhão?
Lupin nada disse, suas bochechas agora tinham um tom tão rubro quanto as de Julie anteriormente, então, ele apenas pegou copo despejando o líquido em sua boca rapidamente ao se lembrar da noite em que Amélia e ele foram dar uma volta por Hogsmeade.
Talvez fosse a carência, ou simplesmente a luxúria que os levou até os beijos intensos trocados atrás do Três Vassouras, seguidos de gargalhadas igualmente intensas quando estes se tocaram do que estavam fazendo. Eram tão amigos que concordaram manter aquele delírio coletivo em segredo. Bem, até agora.
— Ok, ok! Minha vez. — Sirius disse, vingativo. — Eu nunca fui frouxo e deixei de chamar alguém que eu gosto para sair.
Aluado arregalou os olhos e virou o copo sob o olhar atento da corvina. Discretamente Juliet também bebia o conteúdo do seu.
— É, começou a rodada para explanar? Que assim seja. Eu nunca fiquei bêbada e fiz uma tatuagem secreta. — Lily disse, lançando olhares para . Mais uma vez a exposição rolando solta. A loira apenas abriu a boca incrédula e soltou um riso indignado, ergueu o colo em direção a ruiva e o virou de uma só vez.
— É isso, próximo!
— Nada disso, agora quero saber dessa história! — Julie riu, recebendo uma careta da amiga como resposta.
— Eu estava andando por uma cidade trouxa em uma viagem que fiz com meus pais, fiquei bêbada em um pub que fazia tatuagens, uma coisa levou a outra e eu saí de lá com três.
— Seus pais sabem? — questionou Regulus debochado, afinal, os eram uma família puro sangue bem conhecida na Itália e em todo o mundo bruxo. o olhou e deu de ombros.
— Minha vida é um livro aberto, Black.
— Por que não mostra uma das tatuagens pra nós, ? — Sirius deu uma cotovelada leve na corvina que bebericou o líquido de sua taça.
— Elas só poderiam ser vistas se eu tirasse o vestido, não posso fazer isso.
— Ninguém aqui vai ligar de te ver seminua, amiga. — Lia deu de ombros sorrindo, lançando um olhar significativo para Remo que estava a beira de um colapso.
— Esse é o problema... — disse sem um pingo de vergonha, agora circulando a borda da taça com o dedo, ela ergueu novamente o olhar na direção de Lupin com um sorrisinho nos lábios — Não tenho como ficar seminua se não estou usando nada por baixo.
Só podia ser brincadeira.
Lupin fechou os olhos com força, tentando reprimir todo e qualquer pensamento impuro que invadisse sua mente. Mas foi falho ao escutar as risadas e palmas dos amigos ao redor, confirmando que ele havia mesmo escutado aquilo.
— Está se negando a responder, ? — Juliet questionou a amiga que semicerrou os olhos.
— Vocês me fizeram mais de uma pergunta e eu respondi todas, nem vem!
— Ackerley está certa, você merece um desafio. — Sirius ergueu as mãos com uma careta engraçada.
— Mas… — ela começou e irritou-se com os protestos que endossavam o coro de Sirius cruzando os braços — O que é que vocês querem que eu faça?
— Acho que nosso amigo ali — Amélia apontou para Remo, sorrindo maliciosa — Adoraria uma experimentar algo que ouvi dizer que você faz muito bem…
— O que? — bradou Lupin, assustado. — Como assim? Amélia!
— Um lap dance. — Burke completou, sorrindo cúmplice com a corvina.
— Desafio aceito.
se levantou enquanto os amigos se revezam em vibrar, zoar a expressão assustada de Remo, colocar a música e posicionar a cadeira no centro do lugar que o grupo ocupava. Quando tudo estava devidamente pronto a garota encostou as mãos delicadamente sobre os ombros do grifinório, fazendo com que ele se sentasse devagar.
— Você não precisa fazer isso, . — Remo cochichou para que somente a corvina ouvisse. — É só uma brincadeira idiota, eles vão entender se…
Aluado parou de falar no momento que sorriu maliciosa e levou um dos dedos até os lábios semiabertos dele, deslizando-os para baixo e murmurando um “shhh”. Ela se colocou de pé novamente, voltou a se apoiar nos ombros do garoto e, antes que Lupin começasse a falar novamente, se sentou no colo dele, posicionando-se cada vez mais ali, de forma com que seus corpos ficassem o mais próximos possível.
— Você sabe que quer isso tanto quanto eu. — ela mordeu os lábios, ainda sem quebrar o contato visual. Os olhos fixos um no outro, criando uma atmosfera que os fazia acreditar que só restavam eles ali. Como se estivessem a sós, jogando para ter o corpo um do outro como prêmio.
Determinada a despertar o melhor do outro jogador, que, intuitivamente, ela sabia que existia adormecido em algum canto, movimentou o quadril em um rebolado lento por toda extensão que ela entendeu ser o membro do grifinório enquanto o assistia fechar os olhos e morder o lábio inferior com força.
Ainda de olhos fechados, tudo que Remo pode sentir além do rebolado lento e inebriante da loira em seu colo, foram os lábios dela de encontro com a pele exposta de seu pescoço, depositando ali uma trilha de beijos marcados com o batom vermelho.
Os movimentos lentos da garota sobre o membro dele foram se tornando cada vez mais intensos, deixando-o cada vez mais rijo. As mãos dela explorando os braços e peitoral do garoto, ameaçando vez ou outra desabotoar os botões restantes.
começou a alternar entre rebolar e cavalgar de acordo com a batida da música quando o que ela mais queria aconteceu. Os olhos claros de Lupin se abriram e encontraram-se com os dela, esbanjando um brilho diferente do habitual, as pupilas dilatadas e a luxúria transbordando para que qualquer um pudesse enxergar.
As mãos do grifinório seguraram a cintura da loira de maneira ágil e firme inesperadamente, ajudando-a a se apoiar e puxando-a para mais perto de si a fim de intensificar ainda mais os movimentos e desfrutar ainda mais do contato impedido apenas pelas roupas dele. Fazendo com que um suspiro sôfrego escapasse por entre os lábios entreabertos dela, arrancando um sorriso malicioso e satisfeito do garoto.
Ele também sabia jogar. E como ela imaginava, jogava bem.
Enquanto ele só pensava em uma maneira de se concentrar e enfrentar da dualidade que se encontrava entre afastá-la ou sair dali com ela para desfazer aquela distância insuportável entre seus corpos.
Mesmo que aquele fosse o primeiro contato mais íntimo que tivera com , sentia que nada no mundo seria como estar dentro dela, o que tornava qualquer outro contato inumeravelmente abaixo dos padrões que ele nem sabia ter.
Mas que, com toda certeza, queria ter.
A atmosfera tensa e excitante fora o suficiente para fazer com que eles não percebessem o momento exato em que a música terminara.
— Ei! Chega vocês dois! — Amélia gritou rindo com os demais.
— É, arrumem um quarto! — fora a vez de Sirius caçoar.
Se não estivesse tão puto pela interrupção, certamente teria soltado alguma gracinha sobre como Burke e Black já até completavam a fala um do outro ou realmente teria ido em busca do maldito quarto, mas o constrangimento de raciocinar tudo que havia acontecido ali instantes antes somado as calças muito mais apertadas do que quando se sentou fora o suficiente para deixá-lo calado tornando a se sentar no lugar que ocupava antes na roda.
— Tá, tá… Segue logo a porra do jogo!— riu, voltando a virar sua taça.
Enquanto Lupin encarava o relógio de pulso e enchia a sabe-se-lá-qual taça, Amélia perguntou algo única e exclusivamente para fazer Regulus beber e dar continuidade no jogo com uma pergunta que quase fez Almofadinhas perder as estribeiras.
— Eu nunca abandonei minha família.
— Agora já chega, seu moleque, dá a porra do fora daqui!
— O que foi? O intuito do jogo não é esse? — Regulus falou simplesmente, fingindo superioridade sem sequer olhar o irmão nos olhos.
— Pois fique sabendo que eu vou beber com prazer porque foi a melhor decisão que eu tomei em toda a minha vida!
Aquilo chamou a atenção do Black mais novo, que fuzilou Almofadinhas enquanto este virava o seu copo com raiva. Potter e Lupin trocaram olhares preocupados que concordavam silenciosamente em manter-se atentos para evitar que eventualmente Sirius quebrasse o irmão na porrada.
— Ok… — Ackerley falou, claramente desconfortável. — É... Eu nunca usei óculos?
Todos encararam a menina e nem mesmo Sirius pode deixar de rir com a discrepância tão grande entre perguntas, dando continuidade, mais uma vez, ao jogo quando os ânimos se acalmaram.
— Vai Potter! Sua vez… — abanou na direção do garoto quando a segunda rodada chegava ao fim.
— Ok, eu… Eu nunca nadei pelado no Lago Negro. — deu de ombros, soltando a primeira coisa que lhe veio à mente.
gargalhou, piscando na direção de Lia que riu da mesma forma. Lupin olhou de uma para a outra confusa, quando finalmente Julie verbalizou seus pensamentos.
— Pera… O que?
— Digamos que e eu temos o mesmo espírito aventureiro. — Burke murmurou bebendo seu gole de uísque. A loira deu de ombros bebendo também, enquanto Lupin tentava pensar em qualquer outra coisa naquele mundo que não o cenário pintado por sua imaginação naquele momento.
— Certo, certo… Vamos seguir. — Sirius abanou a mão, tão desconcertado quanto o amigo.
Algumas bebidas, revelações, vergonhas e segredos devidamente expostos depois, todos já se encontravam mais soltos e alegres. Menos Regulus, com sua carranca típica e Lupin, que ainda tinha seu “problema peludo”, como dizia Sirius, em pauta.
Mais uma rodada se finalizou, novamente em Pontas que mais uma vez soltou algo aleatório.
— Eu nunca levei um pé na bunda… — ele foi interrompido pelas gargalhadas de Almofadinhas e Aluado, que contagiou os demais.
Tudo que Pontas mais havia sido em seus anos escolares fora ser chutado por Evans.
— Deixa eu terminar, caralho! — James tentou, também rindo antes de especificar a sentença. — Eu nunca levei um pé na bunda em um namoro.
— Ainda bem que sabe que tem que especificar. — Black continuou, tentando recuperar o fôlego.
Remo teve a reação instantânea de olhar para Amélia que bebia seu copo discretamente e completamente abalada, ela já tinha a atenção de Regulus, que provavelmente sabia de toda a história envolvendo Amélia e Snape e tentava, assim como Lupin manifestar seu apoio pelo olhar. Todos pareceram perceber o clima que se instaurou, menos Almofadinhas.
— Amélia? Você? — por mais que ele não quisesse soar acusatório, era perceptível que sua voz era tomada de surpresa.
— Cala a boca, Sirius. — Regulus o alertou.
— Mas você nunca namorou ninguém. Exceto… O RANHOSO? — Sirius deduziu certeiro.
— Estou avisando… Pare de perguntar. — Regulus defendia Burke entredentes, o que só fazia Sirius perguntar mais e mais.
— Deixa ele, Reggie. Não vale a pena. — Amélia interceptou o mais novo, ainda com o tom seco.
— Mas, Burke, eu não entendo… Como ele te deu um fora? Por qual motivo? — Black disse e recebeu um soco de Pontas em um pedido para que ele parasse, visto que Amélia estava claramente desconfortável. Lupin não pode deixar de lançá-lo um olhar significativo.
— Isso não é da sua conta. — a sonserina retrucou.
Um silêncio constrangedor se fez no ambiente, quando Lily o quebrou, hesitante.
— Lia… Ele te fez uma pergunta e você não respondeu.
A morena olhou séria para a ruiva.
— E daí?
— É… — Evans parecia incerta em dizer algo errado e fazer a situação piorar ainda mais. — Se você não responder, você deve um desafio a Sirius.
Enquanto o rosto de Amélia se fechava lentamente com o choque, enquanto Black parecia não se conter de tanta felicidade.
— Lia, você não precisa. É só um jogo idiota! — Regulus argumentou, mas Burke apoiou a mão em seu ombro.
— Se todos estão seguindo as regras, eu também vou. — ela retrucou, irritada. — O que você quer de mim, Black?
Remo conhecia aquele olhar do amigo. O mesmo de quando ganhava uma partida de quadribol, o mesmo de quando não era pego em uma pegadinha dos Marotos. O olhar satisfeito.
— Nada demais. — começou ele. — Só um beijo.
Amélia parecia a ponto de explodir. Completamente a contragosto, ela se levantou, enquanto Sirius se punha de pé em um pulo, sorrindo sedutor.
— Que fique claro, Black, que você nunca mais vai conseguir isso na sua vida. — Burke falou assertiva.
— Se você diz. — Sirius sorriu de lado, antes de puxá-la pela cintura e tomar os lábios dela para si.
Para quem não queria ver Sirius nem pintado de ouro, Amélia parecia aproveitar bem o beijo que durou bons minutos e parecia esquentar cada vez mais. Remo desviou o olhar até que, agora, comia alguns salgadinhos distraída e ainda parecia brava, fazendo com que ele se sentisse triste repentinamente.
Mal haviam começado, mal haviam tentado algo e ele já havia estragado tudo, mantendo o padrão que acreditava ser contínuo em sua vida.
Remo sempre tentava se convencer do contrário, mas vez ou outra a vida tornava a lhe convencer que estragaria tudo que tocasse e todas as relações e situações que estivesse. Se considerava um desastre, uma bomba que explodiria a qualquer momento machucando quem estivesse em seu redor.
A ideia de ser feliz um dia parecia inatingível para Lupin, o mais próximo que teria disso seria seus amigos. E aquilo já era demais para agradecer.
Sirius parecia um idiota quando ele e Amélia se separaram para buscar por ar depois do beijo intenso. Remo fez uma nota mental para se lembrar de zoar o amigo na primeira oportunidade que tivesse.
Afinal, mesmo que ele disfarçasse até a morte, não era todo dia que o cachorrão parecia completamente rendido por uma garota, ainda mais com apenas um beijo.
— É… Nada mal para um beijo indesejado, não é mesmo, Lia? — Black sorriu triunfante para a sonserina, que lhe lançou o dedo do meio em resposta enquanto se sentava do lado de um Regulus atordoado pela cena de seu irmão e sua melhor amiga — que se odiavam — se agarrando com tamanha intensidade.
🦅🦅🦅
— Eu nunca brinquei de sete minutos no paraíso. — sentenciou Lily, dando início a mais uma rodada. Todos beberam, exceto Regulus e Julie.
— O que é isso? — Regulus questionou com uma careta.
— É uma brincadeira trouxa que… — Julie se propôs a explicar, era nascida trouxa e claramente não havia jogado o jogo por conta de sua personalidade reclusa.
— Pff… ‘Tá explicado o porquê de eu nunca ter brincado disso. — Regulus ironizou, sendo fuzilado pelo irmão e pela melhor amiga.
— Como eu ia dizendo… — Julie continuou entredentes, irritada por ter sido interrompida — Duas pessoas são escolhidas para passar sete minutos sozinhas em um local fechado e escuro.
— Durante este tempo, elas fazem o que quiserem. Muitos usam este tempo para conversar de forma privada ou fazem coisas mais íntimas, como beijar ou dar uns amassos… — Amélia completou a explicação com um sorriso maldoso compartilhado com que concluiu a ideia.
— Como as coincidências estão ao nosso favor hoje e sempre há uma primeira vez para tudo, temos um armário bem ali e apenas dois que nunca brincaram…
— O QUE? — Ackerley berrou assustada.
— DE JEITO NENHUM! — fora a vez de Black.
— Todo mundo cumpriu os desafios, Black! — Amélia rebateu, claramente ainda ressentida pelo seu próprio. — Então nos faça o favor de parar de cu doce e entrar na porra do armário AGORA!
Remo observou um Regulus a contragosto e uma Juliet desconfortável entrarem no armário sob aplausos, gritos, risadas e assobios dos amigos e soltou uma risadinha fraca. Tamanha a preocupação que inundava seu ser e impedia que ele se aproveitasse a noite de corpo e alma.
Está acabando, pensou ele ao constatar que o relógio marcava onze e quarenta. Um suspiro incomodado escapou por seus lábios.
Foi então que uma risada em particular despertou seus instintos lupanos, tudo só piorou quando ele pode sentir a respiração de próxima a seu pescoço.
— Sabe, Remo… — a corvina inclinou seu corpo para mais perto do rapaz, que sentiu seu corpo ficar tenso e fechou os olhos quando ela soprou sob seu ouvido — Eu poderia ficar horas e horas trancada em uma sala com você.
Lupin engoliu seco. Precisava da poção urgente. A parte sã da mente dele insistia para que mantivesse distância dela, pelo menos por mais alguns minutos, enquanto seu corpo e sua forma animal berravam por mais contato. Ele precisava controlar seus instintos, caso contrário temia foder ali e agora, no primeiro lugar mais afastado que encontrassem.
Não que ele não quisesse, ele ansiava por esse momento sabe-se lá desde quando. Mas das poucas relações sexuais que tivera em sua vida, seria a primeira em período de plenilúnio. Remo não confiava em sua outra face para permitir aquilo.
A ideia de machucar de alguma forma o aterrorizava.
Por esse motivo, Lupin sorriu amarelo e se afastou alguns centímetros da garota virando o copo de uísque de fogo que segurava.
— Eu jurava que, meia hora atrás você estava gostando e querendo mais disso. — apontou do peito dela para o dele — Mas tudo bem, Remo. Sem pressa… Posso ficar nesse joguinho o tempo que quiser.
Ela ergueu a taça que tinha em mãos, em uma espécie de brinde silencioso. O grifinório observou segurando a respiração enquanto ela tirava uma das cerejas do ponche e a levava até os lábios avermelhados, mordendo parte da fruta e erguendo o restante em sua direção.
— Quer?
O garoto não teve muito tempo para pensar no que exatamente ela se referia, quando se deu conta, a metade da cereja estava encostada em seus lábios, então tudo que ele fez fora abrir a boca devagar, sentindo os dedos da loira depositarem a fruta ali. Remo quase desistiu de se conter quando fechou os lábios quentes sobre os dedos imóveis de , chupando-os na medida que ela os tirava da boca dele e pode assistir a garota se perder brevemente com a pequena provocação inesperada.
Era enlouquecedor saber que ele causava nela pelo menos uma fração do que ela causava nele. Aquilo já era muito mais do que ele imaginara um dia.
Mas ainda não era meia noite, e aquilo foi o suficiente para despertá-lo da atmosfera que se encontrava, olhando fixamente para os olhos de mirtilo de , que se assustou com o pigarro de Remo e voltou sua atenção para o chão, envergonhada e claramente irritada.
— Ei, casal! — Amélia se aproximou sentando ao lado de , que despejou o restante do conteúdo de sua taça goela abaixo. — Desculpa atrapalhar, mas estou preocupada com a Julie e o Reggie… Jurei ter escutado algumas ofensas.
— Mas eles estão quietos agora… — Lily apontou para o armário e deu de ombros.
— Dos dois um… Ou se mataram ou estão se pegando. — Sirius argumentou.
— Bom, se for a segunda opção… Sorte a deles. — se levantou bufando e indo em busca de mais bebida. — Qualquer coisa nós abrimos o armário antes.
— Vamos esperar mais alguns minutinhos… Vai que eles se acertam. — Remo deu de ombros. Todos os presentes o encararam com descrença.
Regulus e Juliet? Era mais fácil um trasgo usar vestido e maquiagem.
— Eu aposto que eles se mataram. — Pontas ergueu a mão em uma votação, que acabou tendo só ele como participante. Lily lançou um sorriso para o namorado a fim de confortá-lo e virou-se para Lia.
— Abre vai. — a loira disse a sonserina, que assentiu indo em direção a porta.
— Tudo bem, vocês estão liberados…
Burke abriu as portas do armário, mas sua expressão de choque fez com que todos os olhares da sala se voltassem para o pequeno móvel que abrigava um Regulus visivelmente excitado com os cabelos pretos emaranhados e os lábios inchados e vermelhos e uma Julie não tão diferente, mudando apenas o vestido torto e levantado. Remo assim como , que tinha voltado para seu lugar anterior sentada ao lado dele, agora mordia os lábios em uma tentativa falha de conter a risada.
Bem, falha pra ela, pois o riso acabava escapando hora ou outra e para ele, já que o que era um simples gesto inocente estava o deixando ainda mais sedento por ela. Abanando a cabeça a fim de tirar aqueles pensamentos de sua mente, Aluado tornou a prestar atenção ao seu redor.
Onze e cinquenta, só mais um pouco...
— Wow. — exclamou a morena, sorrindo maliciosamente — Resolvemos abrir antes porque ficamos com dó da Julie, mas pelo visto ela está sendo tratada muito bem.
— Eu… Você! — a lufana começou, gesticulando com o rosto roxo de vergonha e tentando se arrumar como podia. — Seu… Seu… Seu futre! Você se aproveitou de mim.
Era algo inédito para todos ali, e por mais formais que fossem suas palavras, Julie não costumava xingar com tanta frequência, o que tornava tudo ainda mais hilário. O misto de curiosidade, graça e preocupação se instaurou em todos os outros, visto que o clima entre o recém casal parecia esquentar sem no sentido sexual da frase.
— Eu? — bradou Regulus incrédulo — Foi você quem veio tocando meus ombros como quem não quer nada!
— Tá, tá. Já chega, gente. — disse Lily, puxando Julie para fora do armário. — Já é quase meia noite, vamos deixar isso pra lá ok? É Natal!
Remo nem conseguiu observar os dois saírem putos do armário, apenas começou a tamborilar os dedos impaciente enquanto olhava fixamente para o relógio. Enquanto os amigos se reuniam para uma contagem e erguiam as taças em comemoração, Remo sentiu seu peito apertado em sinais claros de que a meia noite se aproximava.
Rumou para um canto mais afastado da sala, assistindo o ponteiro marcar as doze e os amigos gritarem animados, virando a poção e apoiando-se na parede logo em seguida. Tratou de esconder o frasco nos bolsos novamente e fechou os olhos quando sentiu sua cabeça latejar e o peito arder, provavelmente sua caixa torácica estava tentando expandir-se como na transformação natural. Era como se garras o segurassem, Remo se sentia sufocado.
— Ei, tá tudo bem? — as mãos de acariciaram de leve os ombros do garoto que ainda tentava puxar o ar.
James se aproximou, junto com Lily e Sirius, e então lançou um olhar significativo para Evans que pigarreou e tratou de segurar a mão de para tranquilizá-la.
— Está tudo bem, . Vamos levá-lo para o quarto, pra respirar por alguns minutinhos… — Sirius começou falando.
— É, sabe como é… Nosso Aluado aqui tem uma doença respiratória trouxa que…
— Eu sei o que é asma, Potter. E se não parece nada com o que ele está tendo agora. — ela cruzou os braços, voltando a olhar preocupada para Lupin.
— Está… Está… — agonizou Remo — Tá tudo bem… Nós… Já voltamos.
Dito isso, os marotos saíram em direção a comunal da Grifinória.
🦅🦅🦅
A respiração do grifinório voltava a se normalizar, embora a dor excruciante e as jugulares saltadas ainda permanecem da mesma forma. Black e Potter encaravam o amigo em um misto de desespero e preocupação, procurando formas de deixá-lo melhor.
Remo, no entanto, só se preocupava com o bem estar dos amigos que estavam em suas formas humanas. O dormitório não tinha espaço para três animais caso tudo aquilo desse merda.
— Nós podemos ficar, se quiser… — James começou.
— Ou ir para a Casa dos Gritos. — Sirius sugeriu logo em seguida, mas Lupin apenas negou com a cabeça.
— Tá tudo bem, eu já estou melhorando. Voltem pra festa. — ele verbalizou com a voz rouca e baixa, todas as suas energias pareciam se focar para conter a criatura.
— Está maluco, Aluado? — Sirius começou com um sorriso confortador para o amigo — Somos seus amigos.
— Ficaremos aqui com você! — James sentou-se ao lado do amigo na cama, colocando a mão no ombro dele.
— Eu agradeço, mas… Acho que vai ser mais seguro. E eu quero ficar sozinho por alguns minutos, desço assim que me sentir melhor. — forçou um sorriso doloroso — Eu juro, tá tudo bem.
Pontas e Almofadinhas trocaram olhares preocupados, mas concordaram com o amigo, respeitando sua vontade. Trocaram mais algumas palavras e saíram, deixando-o sozinho.
Assim que a porta se fechou, as dores passaram a se estender dos nós as pontas dos dedos do garoto, que apenas arfava desconfortável. A dor era tão insuportável que, em dado momento, Lupin não conseguiu lutar contra e, suas unhas se tornaram garras, em um movimento involuntário acabaram provocando cortes profundos nas costas dele.
Reunindo todas as suas forças e concentração, ele conseguiu se conter, decidindo seguir até o chuveiro para que a água gelada aliviasse um pouco do ardor em suas novas cicatrizes. Mas o ranger da porta do banheiro acabou tirando Lupin de seu foco, levando-o à loucura com tanta dor e certa raiva por não ter seu pedido respeitado.
— Eu já disse para me deixarem sozinho! — ele bradou irritado, virando-se.
O que ele não esperava, no entanto, era que, ao invés dos amigos, estivesse ali, com os olhos arregalados enquanto segurava a maçaneta.
— O que aconteceu com suas costas?
— Nada, . Anda, por favor, me deixa sozinho… — pediu, arfando de dor e levando as mãos trêmulas ao corte maior, na tentativa falha de limpá-lo.
— Não vou a lugar algum… — ela se aproximou, observando Remo se afastar na direção contrária, encostando-se na parede.
— Vai embora, !
— Me deixa cuidar de você… — ela direcionou a mão até centímetros do rosto dele. Mas novamente, Remo não sabia se era por conta do perfume e a presença dela ali ou se era o medo de machucá-la ardendo em seu peito, perdeu a concentração necessária para controlar a transformação.
E então, sentiu a conjuntiva de seus olhos arderem, fechando-os com força imediatamente. só conseguiu se afastar a tempo de ouvir um uivo que mais se assemelhava com um rosnado raivoso e ser encurralada pelos braços de Lupin ao seu redor, que agora tinha os olhos completamente enegrecidos, tanto que não se podia distinguir íris, pupilas e escleras.
Tudo que a corvina pode fazer fora se encolher e fechar os olhos, esperando pelo pior.
Mas o pior não veio, apenas os grunhidos dolorosos que se assemelhavam a voz que ela costumava tanto amar. Reunindo suas forças, a loira abriu os olhos, arrumando sua postura lentamente, enquanto via o rosto de Lupin contorcido em dor.
Em um súbito de coragem, ou loucura — ela não tinha faculdades mentais para tentar distinguir —, direcionou a mão esquerda até a maçã do rosto do grifinório, acariciando-o por incontáveis minutos.
Quando Lupin abriu os olhos, aqueles olhos claros que lhe tiravam o ar e que agora transbordavam em medo e desespero, algumas lágrimas se formavam ali. jurou que seu coração estava em frangalhos com aquela cena.
, vai embora, por favor… — murmurou ele baixinho, com a respiração entrecortada e os pingos de seu cabelo e corpo encharcados respingando sobre ela devido a proximidade dos corpos. — Eu gosto demais de você e nem em pensamento eu suportaria sequer a possibilidade de te machucar.
— E eu gosto demais de você pra te deixar sozinho. — ela o olhou séria, antes de juntar seus lábios aos deles em um beijo calmo e lento.
Diferente de tudo que ambos já haviam experimentado na vida.
levou uma das mãos até a nuca de Remo, acariciando o local e com a outra, alcançou o fecho lateral do vestido preto, deixando que este escorregasse até um pouco antes de atingir o piso molhado. Ele se separou apenas para observá-la. Parecia um sonho, ou um pesadelo dada as circunstâncias anteriores.
— Que foi? Não vou te ajudar a se acalmar nem cuidar dos seus machucados com esse pedaço de pano. E acho que vou precisar dele seco depois… — ela sorriu gentil dando de ombros enquanto lançava o vestido longe e como havia sugerido mais cedo, realmente não usava nada mais por baixo. — Vai, vira.
Lupin sorriu, ainda admirado por tê-la completamente nua em sua frente, mas repleto de dor para pensar em qualquer outra coisa, então obedeceu deixando a água cair em suas feridas.
— Não tá tão profundo quanto parece… Acho que consigo resolver. — ela murmurou saindo dali em busca da varinha — Cicatriccio.
Aos poucos, os cortes foram se fechando, até que restasse apenas mais três cicatrizes entre as incontáveis presentes ali. A corvina arremessou a varinha longe, e suspirou observando-o.
Remo tinha a testa encostada na parede, enquanto regulava a respiração e deixava a água gelada cair por seu corpo. levou as mãos até as cicatrizes recém feitas e acariciou o local, fazendo com que ele arqueasse as costas levemente em direção ao seu toque, virando-se.
, é sério… Eu acho melhor pararmos com isso enquanto ainda estou…
Ele não conseguiu terminar de falar, mais uma vez ela avançou sobre seus lábios, dessa vez mais apressada e deixando claro todo o desejo que sentia. Ela queria mostrar que não tinha medo dele, que queria estar com ele.
— Eu quero você, Remo Lupin. — murmurou sem separar os lábios dos dele, tornando a beijá-lo com a mesma voracidade de antes.
As mãos do grifinório deslizaram agilmente pelos seios, costas, cintura e nádegas da garota, que arfou em contentamento entre o beijo. A água gelada agora atingia aos dois devido a proximidade que os corpos se encontravam.
Era como se cada toque no corpo de fizesse de tudo aquilo inexplicavelmente ainda mais certo, tanto que, ele quase não se lembrava o porquê de não ter arrastado ela para o quarto antes. Os lábios de se desgrudaram dos de Remo apenas para que pudessem ir de encontro com seu pescoço distribuindo ali beijos e carícias com as unhas compridas. Aluado não sabia o que mais o desconcertava - além do fato de tê-la naquele momento e daquele jeito para ele -. Nunca saberia dizer se era o contato dos lábios dela com sua pele ou os mamilos rijos roçando em seu peitoral na medida com que ela se erguia, com certa dificuldade pela diferença de tamanho, para alcançar seu pescoço fazendo a proximidade aumentar ainda mais. Como em uma expansiva onda de excitação, quando se aproximou suficientemente para que seus seios se comprimissem contra seu tórax, Lupin sentiu seus sentidos se aguçarem da mesma forma de como quando estava em sua forma licantrópica. De repente, o cheiro de parecia ainda mais inebriante, seus olhos pareciam mais turvos e absortos de desejo e seu corpo nu era, com toda a certeza, algo hipnotizante. Ele não queria, nem iria, tirar os olhos dela tão cedo. era como uma música que ele sabia tocar mesmo sem nunca ter lido a partitura. Como pinceladas precisas e certeiras em uma tela em branco, uma pintura que já estava tatuada em sua mente, mesmo sem nunca a ter visto. As mãos de Remo foram com agilidade e precisão até a cintura da corvina, girando-a para que ela ocupasse o lugar que antes era dele e aproximando ainda mais os corpos na medida que suas mãos desciam pelas nádegas e pernas da loira, o que fez com que arfasse em surpresa e levasse seus braços até o pescoço dele, em uma tentativa de evitar que suas pernas cedessem. Seus cabelos estavam completamente encharcados e mesmo sem nem mais um pingo da maquiagem carregada que cobria seus olhos e apenas uma sombra do batom que antes pintava-lhe milimetricamente os lábios, ainda conseguia manter os olhos claros de Lupin fixos nela.
Lupin pediu aos céus que sua mente gravasse cada detalhe da expressão que fez quando seus dedos tocaram sua intimidade massageando-a sutilmente. A garota arfou com os olhos fechados e os lábios entreabertos, levando uma das mãos aos cabelos do grifinório, que começou a distribuir beijos pelo pescoço e colo dela.
Quando o garoto parou com fricção no clitóris da loira, a mesma o encarou indignada, recebendo apenas um sorriso malicioso em resposta quando notara que Remo estava, agora, ajoelhando em sua frente. Ele manteve os olhos fixos na garota quando passou a língua por toda a região. soltou um suspiro, relaxando a musculatura tensa e abrindo mais as pernas. Quanto mais Remo alternava entre chupar e massagear a intimidade de , mais essa gemia e se agarrava aos cabelos dele.
— Remo, eu… — ela começou receosa, sentindo que não estava tão distante de ceder sobre seus lábios, porém tudo que ela vira fora o garoto sorrir enquanto sua língua ainda exercia sua função em pleno vigor.
— Nós temos a noite inteira, . — disse diminuindo a frequência e chupando o clitóris da garota devagar. — Pode gozar, essa vai ser só a primeira vez de hoje.
E então, voltou com os movimentos rápidos, sentindo a garota se encolher cada vez mais na mesma intensidade que seus gemidos se tornavam mais regulares e altos até que ela chegasse ao orgasmo e sentisse suas pernas bambearem.
O grifinório segurou as pernas da corvina com um sorriso no rosto apoiando-a, e então colocou-se de pé, sem tirar os olhos dela. A garota avançou sobre os lábios dele, envolvendo-o em um beijo quente. Seus corpos se tocavam enquanto a água gelada os atingia e as mãos passeavam, curiosas em conhecer um ao outro.
se separou alguns milímetros dele, apenas para que pudesse encará-lo e acariciar suas maçãs do rosto, o grifinório até tentara dizer algo, mas ela não queria ouvi-lo falando, então deslizou o polegar até os lábios do rapaz, murmurando um “shh” e abaixando em sua frente como ele havia feito.
Seus dedos fecharam-se em torno do membro do garoto, que arfou jogando a cabeça para trás, nada comparado ao gemido sôfrego que escapara quando a garota contornara toda a extensão do mesmo com a língua e em seguida o envolveu com a boca.
Nunca nada havia sido tão único quando experimentar os lábios de sobre si. Os xingamentos que Remo murmurava baixo apenas confirmavam para a corvina que ela estava no caminho certo.
Quando as mãos do rapaz se fecharam em punho, batendo na parede a garota parou o que fazia para observar Lupin, que segurou seus braços erguendo-a novamente de pé. A garota mal teve tempo de questionar quando o corpo de Remo pressionou o seu contra a parede gélida de azulejos.
Ele a beijou intensamente, sentia o sangue passando com mais força em suas veias, seu coração bombeava mais rápido pelo misto da excitação e da poção que, ainda o fazia lutar para reprimir a fera em si mesmo. Mas era impossível, precisava tê-la imediatamente.
Então as mãos do garoto se espalmaram na bunda da corvina com força, fazendo com que a loira soltasse um gemido entre o beijo. Remo apertou a região, e a impulsionou para que suas pernas o envolvessem pela cintura e a proximidade entre as intimidades diminuísse consideravelmente.
Era enlouquecedor tê-la em seus braços, puxando seus ralos cabelos e gemendo quando a tocava nos locais certos. cessou o beijo, encarando os olhos claros transbordarem luxúria e sentindo as mãos grandes a segurando firme.
— Não precisa mais esperar, Remo… — ela sussurrou sorrindo dócil, enquanto acariciava a nuca do garoto com um olhar malicioso, dando voz a tensão palpável que se instaurou desde mais cedo na festa. — Me fode.
Lupin não esperou, prensou-se ainda mais contra as pernas de , que se abriram dando-o ainda mais espaço, dando sinais de que seu corpo o queria, estava pronta para tê-lo dentro dela e só eles sabiam o quanto haviam esperado por aquilo.
Os lábios de ambos se entreabriram, para que pudessem gemer audivelmente e verbalizar todo o prazer que seus corpos sentiam quando ele a penetrou lentamente. Depois de alguns segundos só processando aquele contato que mais parecia ser um delírio ao som do chuveiro ligado, Lupin investiu contra a garota prensando-a ainda mais na parede, em uma tentativa de cessar qualquer distância que ainda podia haver ali.
A velocidade dos movimentos aumentou na medida que os gemidos escapavam de ambos, até que estes já se encontravam em um ritmo rápido de estocadas fortes e beijos proporcionalmente quentes. Até o momento que os pelos do corpo do rapaz se arrepiaram e ele sentiu, mais uma vez o desejo tomando conta de si como quando a transformação ocorria para sua forma animalesca: latente e incontrolável.
Ele aproveitou que estava devidamente sustentada contra seu corpo e a parede e com uma mão, rapidamente desligou o chuveiro, voltando a segurá-la com firmeza em seguida. Lupin a deixou no chão, pegando uma toalha e a envolvendo enquanto a corvina, completamente despreocupada com o fato de estar encharcada, tentava apenas voltar a beijá-lo.
— Agh! — o grifinório lançou a toalha longe, segurando novamente e arrancando risos da mesma.
— Calma aí, meu bem… Temos a noite inteira lembra? — a loira debochou, quando o garoto a colocou na cama.
— Pensa que quanto mais rápido terminarmos agora, mais rápido começamos de novo. — piscou para ela, enquanto tomava-lhe os lábios novamente. A corvina espalmou as mãos contra o peitoral do loiro, deitando-o na cama.
— Beleza… Mas eu mando agora! — passou a perna para o outro lado do corpo do rapaz, sentando-se sobre seu membro rijo e deixando com que um suspiro alto e sôfrego escapasse pelos lábios entreabertos do rapaz, que se sentou também, para que pudesse sentir mais dela em si mesmo.
Enquanto a loira se movimentava sobre ele sem pudor, reproduzindo de forma ainda mais provocativa do que o que fizera mais cedo, quando estavam vestidos no eu nunca, Remo mantinha-se ocupado distribuindo beijos e mordidas no pescoço, lóbulo da orelha e seios da garota.
Naquela altura, nem se importavam mais com o barulho ou em serem pegos ali, qualquer consciência de seus atos era completamente abafada pelo desejo incessante que sentiam um pelo outro. Mesmo com cavalgando sobre si, Lupin sentia que aquela chama não se apagaria tão cedo e, agora que a tinha, não sabia se isso de fato ocorreria um dia.
Ele a ergueu, posicionando-a de quatro para que pudesse ter uma visão privilegiada da garota, que apenas jogou os longos cabelos para trás e arqueou as costas, lançando lhe um olhar convidativo em seguida.
— Me faz implorar por mais, Lupin. Com força.
Quando seu membro deslizou facilmente pela entrada da garota esta soltou um gemido longo, empinando a bunda para que facilitar que o rapaz entrasse e saísse de si com mais rapidez, enquanto puxava os cabelos longos da garota, intensificando os movimentos. E funcionou, tanto que ela realmente implorara por mais, como havia dito que queria. Seus gemidos já saiam abafados, sofridos e agoniados de tanto prazer que sentiam.
e Lupin já murmuravam palavras desconexas e xingamentos, próximos do ápice e ansiosos para terem mais daquela sensação viciante e única que haviam experimentado um no outro. O garoto desferiu um tapa na nádega da garota, que jogou ainda mais a cabeça e o corpo para trás em um gemido agudo. Foram necessárias mais alguns movimentos para que ambos caíssem lado a lado, ofegantes e de certo modo incrédulos com o que haviam vivenciado.
— Isso foi… — ela começou em meio a respiração acelerada.
— Foi. — Lupin soltou o ar que prendia nos pulmões, sorrindo abobalhado enquanto se virava para olhá-la — Devemos conversar sobre o que aconteceu antes de…
— Podemos falar sobre isso depois. Eu não entendi muito bem o que aconteceu, mas não pretendo fugir de você por isso. — ela declarou, o interrompendo com um sorriso tão largo quanto o dele.
— Eu geralmente não sou assim. — apontou para o redor e para si mesmo, arrancando um riso de .
— Não acredito que tenha se transformado hoje, Remo. — a corvina tamborilou os dedos no peitoral do rapaz e passou a concentrar-se ali, passando a desenhar coisas abstratas. — Você apenas deixou de se reprimir. E, cá para nós, foi a melhor coisa que fez.
Eles se olharam novamente, diferente das outras vezes. Tinha o desejo estampado de toda a noite, mas também era repleto de significado, troca e principalmente o carinho e amor imensurável que sentiam um pelo outro.
— Espero que esteja pronta pra próxima, então. — ele riu, a envolvendo em mais um beijo, que decididamente não fora o último da noite.
🦅🦅🦅
A manhã de Natal não estava ensolarada, mas amanhecera bem animada para os Marotos que tinham sorrisos enormes pregados nos lábios. Remo fora o último a ir tomar café — visto que fora o último a dormir —, havia acompanhado até a comunal da Corvinal para que ela pudesse se trocar antes de e agora sentava ao lado dos amigos, que se encaravam prendendo o riso.
Notara também a presença de Regulus e como o clima entre ele o melhor amigo parecia mais agradável. Era bom ver o amigo e seu irmão se resolvendo, era claro que o amor entre ambos era mútuo, mesmo com todas as picuinhas.
— Noite feliz, hein… — comentou com os garotos — Nem voltaram para o dormitório.
Observou a corvina passando perto do grupo para se sentar com as garotas perto da lareira e trocara um sorriso rápido com ela.
— Pelo jeito nem a saiu de lá né… — comentou Pontas, já iniciando a onda de risadas.
— Ainda precisa de café depois de uma noite inteira tomando chá, meu amigo? — questionou Sirius fazendo com que Remo entrasse na crise de riso.
— Já reaprendeu a falar depois de ser cachorrinho da Amélia a noite toda, Black? — Lupin retorquiu para o amigo que parou de rir imediatamente, ao contrário de Regulus, que ria discretamente da cara do irmão e Pontas, que tinha o rosto completamente vermelho de tanto rir.
— Tá rindo do que, Pontas? De apanhar pra mulher bonita você entende né… E você deveria me agradecer, Aluado. Todos tivemos uma noite memorável que foi organizada por quem, mesmo?
Lupin sorriu para o amigo, realmente tinha muito a agradecer. Não só pela noite anterior e pela ajuda com , mas todas as vezes que Black estivera ali por ele, nos piores e melhores momentos.
— Bom… — Regulus começou, fazendo com que todos o olhassem surpreso. Algo em Lupin dizia que a cena seria bem mais frequente. — Independentemente do que tenha nos trazido até aqui, de uma coisa eu sei…
O Black caçula olhou ao seu redor para cada um presente naquela sala, sorrindo.
— Essa sempre será uma noite para se recordar.




Fim!



Nota da autora: Olá você que chegou até aqui! Muito obrigada por embarcar em mais uma aventura conosco. Não preciso nem dizer como amo pps corvinas e Remo Lupin, não? O que tornou ANTR uma experiência ainda mais gostosa!
Quero deixar aqui, inclusive o meu agradecimento especial ao Golden Trio. Elena e Amy, vocês foram parte essencial pra essa fic e eu duvido que essa noite seria tão memorável sem vocês para criar essa atmosfera. Vocês já estão cansadas de saber o quanto admiro a escrita e as mulheres tão especiais que são. Obrigada por serem tão incríveis!
Não esqueçam de nos encher de amor aqui nos comentários ou lá no insta (@juscairp) para sabermos se vocês gostaram e quem sabe até possa rolar mais algo nesse universo... JOGUEI PRO UNIVERSO (e pras meninas também) hahahahah! Muito obrigada por lerem e por serem tão especiais. Espero que tenham gostado do nosso presentinho de Natal pra vocês <3
That’s all folks.
Com amor,
Ju Scairp.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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