Capítulo 1
— Já sentiu seu coração bater tanto que parece que vai saltar do peito?
Ele franze as sobrancelhas, enquanto observa a garota brincando com o copo e o olhando intensamente.
— Acho que já?
— Eu não. Nunca amei, nunca me senti numa corda bamba de paixão, nunca fiz loucuras. Nunca realmente me arrependi, sem de verdade me arrepender, porque tudo valeu pena. Nunca fui amada, adorada. Nem sequer ofeguei.
Batendo o copo no balcão, o que a assusta minimamente, mas tenta não deixar transparecer, ela pensa se convidar o garoto para sentar ao seu lado foi uma boa ideia.
— Então me deixe tirar seu folego. — A confusão da mulher se tornou tão visível que completa. — Me deixe adorar você. Só por essa noite. Eu sou seu, você é minha. Total sinceridade e liberdade. Sem julgamentos, sem consequências. Depois nunca mais nos vemos.
— Não sei, quem sabe você é um sequestrador?
A tentativa de fazer humor é falha, nem isso quebra o fervor da situação. Principalmente quando ele oferece a mão, já de pé, num olhar claro de “O que tem a perder?”
Ela aceita, escolhendo uma coisa inesquecível, mas os dois ainda não sabem disso.
«
Querida ,
Nos conhecemos da maneira mais boba do mundo, é verdade, mas nossos momentos juntos não foram nada bobos, e agradeço por isso. Contei minha história, chorei em seus braços e mesmo assim me acolheu. Brincamos e brindamos a noite, assim como (olha só se você não acertou) boas crianças. Crianças bêbadas, mas crianças.
«
— Somos crianças ainda?
Estavam deitados na praça, olhando o céu e ouvindo uma galera se drogando por perto. Considerando a pergunta, ri baixo, causando um tremor interior na menina, ela gostava do som. Levantando a sobrancelha e a olhando com uma interrogação.
— Esquece do que acabamos de fazer, garoto? Somos crianças? O que sabemos é o suficiente para nos considerarmos adultos? Tipo, 23 anos, acabamos de sair do ninho.
— Fale por você. Ai!
Um gritinho incomodado é ouvido dele, por causa do tapa que veio da mais velha. “Tô falando sério, Pedro.”
«
O quanto sorrimos naquela noite? Meu Deus! Estou até com dor no maxilar (isso aqui é maxilar?). Seria legal se tivesse chovido, aí dançaríamos na chuva. Mas você ia ficar resfriada, né? Então melhor não, com sua imunidade baixa ainda. Tá vendo? Aprendi isso sobre você. Também aprendi que, assim como eu, você está tão desesperada (ou estava) por amor que aceita qualquer coisa, como uma ex louca ou uma melhor amiga com síndrome de superior.
«
— Quem é ?
A menina solta, após ficar bons momentos quieta com o cenho franzido.
— Minha ex, por quê?
Ela o olha incrédula.
— Meu Deus, , “por quê”? Você me chamou de , mas que absurdo! Chamar seu amor de uma noite pelo nome da sua ex.
Apesar de um pouco bêbada, seu tom beirava a indignação.
Ele a puxa pelos seus braços cruzados e deixa beijinhos por todo o seu rosto emburrado, a achando extremante fofa com ciúmes, e explica toda a história do relacionamento, que ouve atenta.
[...]
— Vou te chamar de Pedro, seu ridículo!
O garoto gargalha e aperta as bochechas dela, se divertindo com a confusão bêbada que a mulher bem resolvida de antes virou.
— Ei, olha aqui, eu não te conhecia.
Sua tentativa de consolo é falha, mas ainda se divertia com a situação.
— Onde já se viu! . Bem diferente do nome da sua ex gostosa. Que tipo de pessoa horrível pode se chamar ? Ainda não sei como ficou com ela, menina nojenta.
Gargalhando, “Pedro” se abaixa na altura dela, falando com todas as letras, o mais carinhosamente possível, que ciúme não era necessário. Essa noite, ele era todo dela.
Não só por essa noite, mas eles ainda não sabiam disso.
«
Você é a mulher mais linda que já vi na minha vida, sabia? Seu sorriso, sua maneira de andar, sua dança desengonçada. Tudo isso me encantou de uma maneira que nem consigo descrever. Meus olhos se enchiam a cada vez que se dirigia a mim. Agradeço com todo o meu coração, porque me permitiu ama-la, e assim me amou. Se tornou parte de mim naquela noite, . Uma parte que nunca poderia se desfazer.
«
A pega as mãos dele e as beija, olhando no fundo de seus olhos.
— Eu só danço quando me sinto livre. Obrigada de verdade.
Ele puxa as próprias mãos, juntando os dois corpos num abraço daqueles que você se sente em casa, como se a pessoa fosse seu lar, mostrando toda a emoção do momento e toda a gratidão compartilhada.
«
Falei de você para a minha mãe, sabia? Liguei para saber como estavam em casa e ela quis saber se eu estava feliz. E eu disse que sim, e contei porquê. A dona gostou mais de você do que da (sei que adorou isso), me chamou de bobo, da mesma maneira que você nos chamou de rasos. E depois de contar todos os perigos que teriam, ela sorriu e disse que gostaria de poder te conhecer, mas entende como isso funciona.
Não posso deixar de agradecer. Agradeceria por toda a vida. De que me adianta saber usar as palavras se não consigo escrever tudo o que sinto agora? O quanto dói te deixar ir?
Entre tristeza e amor, para sempre uma parte de você,
«
E então acabaram, ofegantes e satisfeitos, se aconchegaram um no outro na cama da menina.
— Nós somos rasos? Por desejar tanto ser amado assim que aceitamos carinho de um estranho?
Ele estranha a pergunta e a segura mais forte, como se estivesse com medo de ela fugir por achar aquilo loucura.
— Rasos? Não. Acho impossível alguém ser raso. Alguém raso é uma pessoa conformada demais para procurar as próprias camadas. Todos temos medos e receios.
Fazendo círculos na barriga nua dele, vira sua cabeça na direção da voz.
— Acha mesmo que existem conformados? Não pode existir uma pessoa sem cicatrizes?
— É impossível alguém não se ferir.
O tom de voz do garoto era sofrido, contando uma história de dor. também percebeu isso, tanto que se sentou na cama e olhou nos olhos do homem que agora mais parecia um menino assustado.
— Me conte suas feridas, Breno. Eu estou aqui agora.
Quando percebeu a hesitação do mesmo, pegou sua mão dizendo “sem julgamentos, lembra?”
E então ele contou. Contou que a única coisa que sempre quis em sua vida foi ser olhado com amor, principalmente, de seu pai imaturo que nunca o aceitou, de sua mãe que sempre defendia o monstro de quem engravidou ou até da avó, que só fazia chorar enquanto assistia às humilhações que o pequeno sofria.
Disse também que apanhou na cara até sumir por dois dias, para a casa de um amigo. Lá ele viu que nem todos eram afundados na merda, que naquela mesma semana foi chamado de “drogadinho de bosta” por uma garota por quem era apaixonado e percebeu ser isso mesmo. Tinha 15 anos, não estava pronto para as decisões tomadas. A cada dia lutou para não ser mais um “drogado” e saiu de casa.
Chorou quando falou de seu medo, de todo o ódio de Victor (seu “pai”) ter sido passado para sua mãe e sua avó (seus bens mais preciosos), sabia que elas aceitariam isso e não o deixariam ajudar.
Assim, ela o abraçou apertado até acabar a história, e secou suas lagrimas, o beijou e fez piadas bobas para distrai-lo. Fez tudo o que alguém que ama faz, e sentiu seu coração se aquecer pelo pobre garoto.
— Você não é um “drogadinho”, . Nos conhecemos há horas e já sei que luta mais que muitos terão que lutar a vida inteira. Por essa noite, você é meu e não vou aceitar que se ache menos do que é.
Ele soluça enquanto sorri e a beija, já percebendo que o forte da garota não são as palavras, mas sim gestos. Do jeitinho dela, estava dizendo que tudo ia ficar bem e ela estava ali.
— Obrigado.
Um silêncio confortável se instaurou, enquanto ela acariciava seus cabelos, num gesto natural.
— E quanto às suas camadas? Quem é você, ?
Em uma pergunta silenciosa dizia “como acabou com isso?”, enquanto dedilhava a cicatriz em forma de X na cintura dela, que suspira.
— Se não quiser contar, não precisa.
Ele a olha e sorri, tentando passar a paz que estava sentindo por ter desengasgado e chorado no colo de alguém.
— Tudo bem, é só que não sou a melhor com palavras, sabe?
“Minha mãe nunca esteve ali. Não a culpo, mas era difícil assistir ela ir a baladas enquanto meu emocional afundava. Não vou negar, tive tudo o que queria na mão, menos o carinho. Não sei em que momento da minha vida passei de ‘gatinha’ dos meus avós, para aquela que quando nasceu estragou a vida da Andreia. Ela tinha 16 e, até hoje, não sabe quem é meu pai. Parei de sonhar que ele vai aparecer e me salvar quando um namorado dela me surrou no quarto porque eu derrubei meu copo de coca nas roupas dele. Aqueles sim, eram drogadinhos, aqueles sim. Teve uma vez, acho que foi a que mais me marcou.”
Ela funga, limpa o nariz com as costas da mão e ignora as lágrimas que desciam, sendo abraçada de forma mais apertada.
“Tive crises de ansiedade depois disso, demorou para deixar alguém chegar perto de mim, tive medo de apanhar, eu me encolhia, sabe? Um dia, tive uma crise, não me lembro porque, acho que minha mente apagou, deitei em posição fetal e só chorei até desidratar. Meus avós fingiam que não ouviam, não os culpo, foram criados para isso, e minha mãe estava numa festa. Só queria me matar e então marquei um alvo para o que quer que fosse dar um fim naquilo”
A garota chorosa põe a mão em sua marca e logo seus dedos são retirados do lugar e deposita um beijo no lugar, o que causa mais lágrimas da mesma.
— Acho que pagaram para me ter longe.
Ele a abraça pela cintura e a deixa chorar tudo o que tinha para pôr para fora. Até a mesma levantar, lavar o rosto e sorrir, talvez aliviada, talvez feliz, dizendo “vamos?”.
Se senta na ponta da cama, perguntando “onde?”.
— Andar, ver a noite, beber, não sei. Você não achou que a noite acabaria em sexo, né?
Ele franze as sobrancelhas, enquanto observa a garota brincando com o copo e o olhando intensamente.
— Acho que já?
— Eu não. Nunca amei, nunca me senti numa corda bamba de paixão, nunca fiz loucuras. Nunca realmente me arrependi, sem de verdade me arrepender, porque tudo valeu pena. Nunca fui amada, adorada. Nem sequer ofeguei.
Batendo o copo no balcão, o que a assusta minimamente, mas tenta não deixar transparecer, ela pensa se convidar o garoto para sentar ao seu lado foi uma boa ideia.
— Então me deixe tirar seu folego. — A confusão da mulher se tornou tão visível que completa. — Me deixe adorar você. Só por essa noite. Eu sou seu, você é minha. Total sinceridade e liberdade. Sem julgamentos, sem consequências. Depois nunca mais nos vemos.
— Não sei, quem sabe você é um sequestrador?
A tentativa de fazer humor é falha, nem isso quebra o fervor da situação. Principalmente quando ele oferece a mão, já de pé, num olhar claro de “O que tem a perder?”
Ela aceita, escolhendo uma coisa inesquecível, mas os dois ainda não sabem disso.
«
Querida ,
Nos conhecemos da maneira mais boba do mundo, é verdade, mas nossos momentos juntos não foram nada bobos, e agradeço por isso. Contei minha história, chorei em seus braços e mesmo assim me acolheu. Brincamos e brindamos a noite, assim como (olha só se você não acertou) boas crianças. Crianças bêbadas, mas crianças.
«
— Somos crianças ainda?
Estavam deitados na praça, olhando o céu e ouvindo uma galera se drogando por perto. Considerando a pergunta, ri baixo, causando um tremor interior na menina, ela gostava do som. Levantando a sobrancelha e a olhando com uma interrogação.
— Esquece do que acabamos de fazer, garoto? Somos crianças? O que sabemos é o suficiente para nos considerarmos adultos? Tipo, 23 anos, acabamos de sair do ninho.
— Fale por você. Ai!
Um gritinho incomodado é ouvido dele, por causa do tapa que veio da mais velha. “Tô falando sério, Pedro.”
«
O quanto sorrimos naquela noite? Meu Deus! Estou até com dor no maxilar (isso aqui é maxilar?). Seria legal se tivesse chovido, aí dançaríamos na chuva. Mas você ia ficar resfriada, né? Então melhor não, com sua imunidade baixa ainda. Tá vendo? Aprendi isso sobre você. Também aprendi que, assim como eu, você está tão desesperada (ou estava) por amor que aceita qualquer coisa, como uma ex louca ou uma melhor amiga com síndrome de superior.
«
— Quem é ?
A menina solta, após ficar bons momentos quieta com o cenho franzido.
— Minha ex, por quê?
Ela o olha incrédula.
— Meu Deus, , “por quê”? Você me chamou de , mas que absurdo! Chamar seu amor de uma noite pelo nome da sua ex.
Apesar de um pouco bêbada, seu tom beirava a indignação.
Ele a puxa pelos seus braços cruzados e deixa beijinhos por todo o seu rosto emburrado, a achando extremante fofa com ciúmes, e explica toda a história do relacionamento, que ouve atenta.
[...]
— Vou te chamar de Pedro, seu ridículo!
O garoto gargalha e aperta as bochechas dela, se divertindo com a confusão bêbada que a mulher bem resolvida de antes virou.
— Ei, olha aqui, eu não te conhecia.
Sua tentativa de consolo é falha, mas ainda se divertia com a situação.
— Onde já se viu! . Bem diferente do nome da sua ex gostosa. Que tipo de pessoa horrível pode se chamar ? Ainda não sei como ficou com ela, menina nojenta.
Gargalhando, “Pedro” se abaixa na altura dela, falando com todas as letras, o mais carinhosamente possível, que ciúme não era necessário. Essa noite, ele era todo dela.
Não só por essa noite, mas eles ainda não sabiam disso.
«
Você é a mulher mais linda que já vi na minha vida, sabia? Seu sorriso, sua maneira de andar, sua dança desengonçada. Tudo isso me encantou de uma maneira que nem consigo descrever. Meus olhos se enchiam a cada vez que se dirigia a mim. Agradeço com todo o meu coração, porque me permitiu ama-la, e assim me amou. Se tornou parte de mim naquela noite, . Uma parte que nunca poderia se desfazer.
«
A pega as mãos dele e as beija, olhando no fundo de seus olhos.
— Eu só danço quando me sinto livre. Obrigada de verdade.
Ele puxa as próprias mãos, juntando os dois corpos num abraço daqueles que você se sente em casa, como se a pessoa fosse seu lar, mostrando toda a emoção do momento e toda a gratidão compartilhada.
«
Falei de você para a minha mãe, sabia? Liguei para saber como estavam em casa e ela quis saber se eu estava feliz. E eu disse que sim, e contei porquê. A dona gostou mais de você do que da (sei que adorou isso), me chamou de bobo, da mesma maneira que você nos chamou de rasos. E depois de contar todos os perigos que teriam, ela sorriu e disse que gostaria de poder te conhecer, mas entende como isso funciona.
Não posso deixar de agradecer. Agradeceria por toda a vida. De que me adianta saber usar as palavras se não consigo escrever tudo o que sinto agora? O quanto dói te deixar ir?
Entre tristeza e amor, para sempre uma parte de você,
«
E então acabaram, ofegantes e satisfeitos, se aconchegaram um no outro na cama da menina.
— Nós somos rasos? Por desejar tanto ser amado assim que aceitamos carinho de um estranho?
Ele estranha a pergunta e a segura mais forte, como se estivesse com medo de ela fugir por achar aquilo loucura.
— Rasos? Não. Acho impossível alguém ser raso. Alguém raso é uma pessoa conformada demais para procurar as próprias camadas. Todos temos medos e receios.
Fazendo círculos na barriga nua dele, vira sua cabeça na direção da voz.
— Acha mesmo que existem conformados? Não pode existir uma pessoa sem cicatrizes?
— É impossível alguém não se ferir.
O tom de voz do garoto era sofrido, contando uma história de dor. também percebeu isso, tanto que se sentou na cama e olhou nos olhos do homem que agora mais parecia um menino assustado.
— Me conte suas feridas, Breno. Eu estou aqui agora.
Quando percebeu a hesitação do mesmo, pegou sua mão dizendo “sem julgamentos, lembra?”
E então ele contou. Contou que a única coisa que sempre quis em sua vida foi ser olhado com amor, principalmente, de seu pai imaturo que nunca o aceitou, de sua mãe que sempre defendia o monstro de quem engravidou ou até da avó, que só fazia chorar enquanto assistia às humilhações que o pequeno sofria.
Disse também que apanhou na cara até sumir por dois dias, para a casa de um amigo. Lá ele viu que nem todos eram afundados na merda, que naquela mesma semana foi chamado de “drogadinho de bosta” por uma garota por quem era apaixonado e percebeu ser isso mesmo. Tinha 15 anos, não estava pronto para as decisões tomadas. A cada dia lutou para não ser mais um “drogado” e saiu de casa.
Chorou quando falou de seu medo, de todo o ódio de Victor (seu “pai”) ter sido passado para sua mãe e sua avó (seus bens mais preciosos), sabia que elas aceitariam isso e não o deixariam ajudar.
Assim, ela o abraçou apertado até acabar a história, e secou suas lagrimas, o beijou e fez piadas bobas para distrai-lo. Fez tudo o que alguém que ama faz, e sentiu seu coração se aquecer pelo pobre garoto.
— Você não é um “drogadinho”, . Nos conhecemos há horas e já sei que luta mais que muitos terão que lutar a vida inteira. Por essa noite, você é meu e não vou aceitar que se ache menos do que é.
Ele soluça enquanto sorri e a beija, já percebendo que o forte da garota não são as palavras, mas sim gestos. Do jeitinho dela, estava dizendo que tudo ia ficar bem e ela estava ali.
— Obrigado.
Um silêncio confortável se instaurou, enquanto ela acariciava seus cabelos, num gesto natural.
— E quanto às suas camadas? Quem é você, ?
Em uma pergunta silenciosa dizia “como acabou com isso?”, enquanto dedilhava a cicatriz em forma de X na cintura dela, que suspira.
— Se não quiser contar, não precisa.
Ele a olha e sorri, tentando passar a paz que estava sentindo por ter desengasgado e chorado no colo de alguém.
— Tudo bem, é só que não sou a melhor com palavras, sabe?
“Minha mãe nunca esteve ali. Não a culpo, mas era difícil assistir ela ir a baladas enquanto meu emocional afundava. Não vou negar, tive tudo o que queria na mão, menos o carinho. Não sei em que momento da minha vida passei de ‘gatinha’ dos meus avós, para aquela que quando nasceu estragou a vida da Andreia. Ela tinha 16 e, até hoje, não sabe quem é meu pai. Parei de sonhar que ele vai aparecer e me salvar quando um namorado dela me surrou no quarto porque eu derrubei meu copo de coca nas roupas dele. Aqueles sim, eram drogadinhos, aqueles sim. Teve uma vez, acho que foi a que mais me marcou.”
Ela funga, limpa o nariz com as costas da mão e ignora as lágrimas que desciam, sendo abraçada de forma mais apertada.
“Tive crises de ansiedade depois disso, demorou para deixar alguém chegar perto de mim, tive medo de apanhar, eu me encolhia, sabe? Um dia, tive uma crise, não me lembro porque, acho que minha mente apagou, deitei em posição fetal e só chorei até desidratar. Meus avós fingiam que não ouviam, não os culpo, foram criados para isso, e minha mãe estava numa festa. Só queria me matar e então marquei um alvo para o que quer que fosse dar um fim naquilo”
A garota chorosa põe a mão em sua marca e logo seus dedos são retirados do lugar e deposita um beijo no lugar, o que causa mais lágrimas da mesma.
— Acho que pagaram para me ter longe.
Ele a abraça pela cintura e a deixa chorar tudo o que tinha para pôr para fora. Até a mesma levantar, lavar o rosto e sorrir, talvez aliviada, talvez feliz, dizendo “vamos?”.
Se senta na ponta da cama, perguntando “onde?”.
— Andar, ver a noite, beber, não sei. Você não achou que a noite acabaria em sexo, né?
Capítulo 2
Ele a puxa para fora do estabelecimento, mas não antes de pedir uma garrafa de uísque.
— O que fazemos agora?
Ela sorri simpática enquanto franze o cenho.
— Começamos de novo. Sou , tenho 23, e você?
Ele sorri de volta aceitando a mão estendida.
— , 22. Então, , o que te traz aqui?
O garoto oferece o braço, que é prontamente aceito, e eles começam a descer a rua do bar naquela noitinha fresca, descobrindo informações básicas um sobre o outro e com a mulher reclamando do professor de seu curso na faculdade. Tanto andaram que desceram a uma pequena ruazinha de comércio.
— Eu amo isso, sabia? O movimento, as pessoas, o ar disso.
— Entendo o que quer dizer, é lindo ver os sorrisos dessas pessoas e todos parecem estar exatamente onde deviam estar, .
Quando diz, não percebe que a garota travou um pouco e arregalou levemente os olhos, mas tentou esquecer, sugerindo irem para o apartamento dela, que era perto.
O que ele topou, obviamente. E quando chegaram, estaria mentindo se dissesse que conversaram ou algo do tipo. Eles se atacaram. Com fome de contato, como quem não fazia aquilo há tempos. E da maneira como fizeram, seria raro já ter acontecido.
«
Querido ,
Aqui estamos nós, não é? Quando disse para você que queria me arrepender sem de verdade me arrepender, porque tudo valeria a pena, não estava falando tão sério. Minha maior decepção até agora (e você sabe o peso disso), é o fato de que não vamos nos ver de novo. E se nos virmos, você estará de mãos dadas com a , trocando carinhos de longe, enquanto eu assisto.
«
Nas ruas caladas da cidade dormindo, tocando “me rendi ao love song”, o mais novo vício dela, dançava fazendo movimentos engraçados com os pés enquanto mexia a bunda numa sincronia própria, completamente ridículo, mas completamente adorável.
observava fascinado, como se aquilo fosse uma obra de deuses ou de anjos. Até poderia ser confundido com um olhar apaixonado, para os menos informados. Ele a puxa, acabando com a performance, a abraçando de lado e deixando seu queixo acima de sua cabeça e sorrindo.
«
Apesar de tudo, realmente não quero ter crise de ciúmes pelo que não é meu. Você foi meu por uma noite, e é o que me basta. De nosso primeiro (na porta de meu apartamento) até o último beijo, quando nos despedimos. Não sei, foi triste, mas foi bom? Porque, pelo menos, tivemos o prazer de viver o momento.
«
— O que acha do tempo?
Estavam sentados na alta madrugada, na beira de uma quedinha que dava no mar, num silêncio confortável até soltar isso.
— Tenho que achar alguma coisa, ?
— Não, você entendeu. Ele existe mesmo, ou só deram um nome para um monte de consequências?
Ela franze o cenho, o que ele já notara ser uma mania quando pensava em algo.
— Acho que ele existe, porque faz sentido estarmos num lençol invisível, que está sendo puxado para nos movermos no espaço-tempo.
O garoto se afasta e sorri, passando a língua nos dentes.
— Sentido não faz, mas se você prefere pensar assim.
A mulher dá mais um tapa no braço que a abraçava pela cintura. Ele a reaproxima, dando beijinhos no rosto irritado, que logo se transformam em um beijo, impedido de virar algo mais pelas mãos dela.
— Agora me fez pensar, o que acha disso?
— Talvez o tempo não exista. — abaixa os olhos. — Pode ser que apenas sejam as coisas acontecendo por pura consequência. As frutas apodrecem porque tem as coisas lá, as bactérias pegam, sei lá, você entendeu. — Ela solta uma risada divertida e o menino faz birra, o que acaba rendendo mais beijos e carinhos entre os dois.
— Não tem uma estrela que Einstein negou a existência por que ele não aceitava que podia não existir tempo lá? Então nada acontece com ela, sem consequências. O tempo não existe, porque nada mexe com a bendita.
— Meu Deus! Pedro, isso é genial! Quando teve tempo de pensar nisso? — Diz sentada em seu colo.
— Eu tenho outros talentos, além de uma metida maravilhosa.
— Sabe de uma coisa? Ver você falando coisas assim me deixou com um tesão danado, só que você é violento demais, garoto.
«
Nós falamos do tempo, né? Mas não tivemos ele. Será que se tivéssemos as coisas seriam diferentes? Mais apaixonados, menos intensos. Se nos tivéssemos pela eternidade, sei que eu poderia te abraçar para sempre, poderia dizer o quão importante você é e o quanto suas ideias são válidas. Não importa se te disseram o contrário, confie em mim e no que nós tivemos, o único amor que precisa é o seu próprio.
Dentro de seu olhar tinha uma coisa incrível, . Todas as vezes que me olhou, abraçou ou sorriu para mim, eu senti um infinito, o que somos e temos entre nós.
«
Um piano moderno (mais conhecido como teclado) toca no ar da noite, uma brisa acolhedora enquanto os braços de cobrem os ombros de , com as mãos entrelaçadas que tenta impedi-lo, às gargalhadas, de dançar as músicas tocadas na rua de paralelepípedo.
Ele se solta e faz passos de robô, o tecladista finge não ver. Enquanto sorri verdadeiramente do constrangimento da garota, as pessoas passam como se essas loucuras acontecessem diariamente.
Gargalhando se sentindo livre, aceita a mão estendida dele e faz passos dos anos 80 até a música acabar. Sorrindo, sente ser abraçada por trás e um beijo na sua bochecha, carinhoso. Protetor.
A “bolhinha de felicidade” dela é estourada quando acena para uma senhorinha sorrindo para eles, com seus olhos cansados e divertidos, falando algo sobre o amor jovem para seu marido desinteressado.
— Se ela soubesse os termos disso aqui, mandaria exorcizar, .
Ela ri e dá um tapinha em seu ombro, continuando assim sua caminhada.
«
Me desculpe por roubar seu anel, ou até sair da maneira como saí, mas eu sabia que não conseguiria me despedir. E eu também sabia que o que tivemos não acabaria às 6h do sábado, sempre existiria dentro de mim.
Com as palavras mais porcas, mas com as melhores intenções,
.
«
— Vai dar nossa hora.
O garoto olha para o relógio meio triste e sua mão é apertada com delicadeza, o que o leva a olhar para a garota.
— Já ouviu aquela música “se o mundo estivesse acabando, você viria?” Não? Ela fala sobre amar sem preocupações, afinal, o mundo está acabando mesmo, não há amanhã para se preocupar. Não acha que se tivéssemos que nos importar com como nos comportaríamos juntos amanhã, seria diferente? Pelo menos podemos dizer que amamos completamente e fomos amados por inteiro, mesmo que por um dia.
Ele sorri, passando a língua nos dentes.
— Você está melhorando.
— O quê?
— Nas suas palavras, está se expressando bem.
— De tudo o que eu falei, só prestou atenção nisso?
Seguindo o resto do caminho do velho apartamento dele, eles riram e cantaram desafinados, e quando chegaram, se amaram, não como da primeira vez, em que estavam famintos um pelo outro. Aquilo foi lento, vagaroso o suficiente para guardar cada pedacinho de pele de Alice em sua memória. Eles amaram, literalmente. Acharam não só corpos, mas camadas que aprenderam a gostar naquela noite, e teriam que desaprender até amanhã.
Mas já estava dormindo quando suas cicatrizes foram beijadas, e ainda assim ele a achou linda, quando sussurrou que a amava com todo o seu ser e a abraçou, temendo que aquela noite acabasse.
E já estava dormindo quando o relógio dela tocou às 8h da manhã, e da melhor maneira possível escreveu uma carta para ele, que acordou com os olhos cheios de lágrimas, como se uma parte de seu corpo tivesse faltando. Chorou, mas não se arrependeu, pois valia a pena, até achar um pedaço de papel cuidadosamente dobrado na ponta de sua mesinha.
“Bem, vamos lá , ou Pedro, se preferir :)
Não queria ir embora agora, definitivamente não, mas foi nosso combinado e não acho que as coisas teriam sido inesquecíveis se não fossem assim.
Por algumas horas aprendi a amar cada partícula do que você é, pela maneira como andava, como sorria, como passava a língua nos dentes antes de dizer algo para me provocar, como olhava, cheio de arte e universos em seus olhos.
Gostaria de ver o mundo pelos seus olhos, sabe? E acho que vi, na medida do possível. Se vale de alguma coisa, achei fascinante a parte que experimentei. Gostaria também de abraçar o pequeno , que sofreu tanto, assim como gostaria de abraçar esse adulto todas as vezes que alguém o magoasse. Porque estou aqui, sabe? E estarei aqui para sempre, nem que seja apenas na sua memória.
Por uma noite, eu te amei com todo o meu coração e minha alma, e você me amou da mesma maneira. E obrigada por isso, saiba que vou guardar cada passo dessa noite para mim. Por uma madrugada você foi meu mundo e, Deus, como eu queria que minha vida toda se resumisse a essa madrugada.
Já me estendi demais, mas apenas posso agradecer. Pelo seu amor, seu tempo e por ter me adorado. Me deu oportunidade de sentir coisas que nem imaginei existir, e guardarei para sempre, em um lugar seguro dento de mim.
Deixei meu colar aí, como um substituto do anel que peguei sem sua permissão, já que precisava de um lembrete de que isso não foi apenas minha imaginação fértil.
Você realmente me deixou sem fôlego, .
Obrigada.
De, duas horas atrás sua, .
Ps: Se precisar de mim, sabe onde me procurar, mas não acho que vá fazer isso, porque nosso lance foi apenas por uma noite.”
— O que fazemos agora?
Ela sorri simpática enquanto franze o cenho.
— Começamos de novo. Sou , tenho 23, e você?
Ele sorri de volta aceitando a mão estendida.
— , 22. Então, , o que te traz aqui?
O garoto oferece o braço, que é prontamente aceito, e eles começam a descer a rua do bar naquela noitinha fresca, descobrindo informações básicas um sobre o outro e com a mulher reclamando do professor de seu curso na faculdade. Tanto andaram que desceram a uma pequena ruazinha de comércio.
— Eu amo isso, sabia? O movimento, as pessoas, o ar disso.
— Entendo o que quer dizer, é lindo ver os sorrisos dessas pessoas e todos parecem estar exatamente onde deviam estar, .
Quando diz, não percebe que a garota travou um pouco e arregalou levemente os olhos, mas tentou esquecer, sugerindo irem para o apartamento dela, que era perto.
O que ele topou, obviamente. E quando chegaram, estaria mentindo se dissesse que conversaram ou algo do tipo. Eles se atacaram. Com fome de contato, como quem não fazia aquilo há tempos. E da maneira como fizeram, seria raro já ter acontecido.
«
Querido ,
Aqui estamos nós, não é? Quando disse para você que queria me arrepender sem de verdade me arrepender, porque tudo valeria a pena, não estava falando tão sério. Minha maior decepção até agora (e você sabe o peso disso), é o fato de que não vamos nos ver de novo. E se nos virmos, você estará de mãos dadas com a , trocando carinhos de longe, enquanto eu assisto.
«
Nas ruas caladas da cidade dormindo, tocando “me rendi ao love song”, o mais novo vício dela, dançava fazendo movimentos engraçados com os pés enquanto mexia a bunda numa sincronia própria, completamente ridículo, mas completamente adorável.
observava fascinado, como se aquilo fosse uma obra de deuses ou de anjos. Até poderia ser confundido com um olhar apaixonado, para os menos informados. Ele a puxa, acabando com a performance, a abraçando de lado e deixando seu queixo acima de sua cabeça e sorrindo.
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Apesar de tudo, realmente não quero ter crise de ciúmes pelo que não é meu. Você foi meu por uma noite, e é o que me basta. De nosso primeiro (na porta de meu apartamento) até o último beijo, quando nos despedimos. Não sei, foi triste, mas foi bom? Porque, pelo menos, tivemos o prazer de viver o momento.
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— O que acha do tempo?
Estavam sentados na alta madrugada, na beira de uma quedinha que dava no mar, num silêncio confortável até soltar isso.
— Tenho que achar alguma coisa, ?
— Não, você entendeu. Ele existe mesmo, ou só deram um nome para um monte de consequências?
Ela franze o cenho, o que ele já notara ser uma mania quando pensava em algo.
— Acho que ele existe, porque faz sentido estarmos num lençol invisível, que está sendo puxado para nos movermos no espaço-tempo.
O garoto se afasta e sorri, passando a língua nos dentes.
— Sentido não faz, mas se você prefere pensar assim.
A mulher dá mais um tapa no braço que a abraçava pela cintura. Ele a reaproxima, dando beijinhos no rosto irritado, que logo se transformam em um beijo, impedido de virar algo mais pelas mãos dela.
— Agora me fez pensar, o que acha disso?
— Talvez o tempo não exista. — abaixa os olhos. — Pode ser que apenas sejam as coisas acontecendo por pura consequência. As frutas apodrecem porque tem as coisas lá, as bactérias pegam, sei lá, você entendeu. — Ela solta uma risada divertida e o menino faz birra, o que acaba rendendo mais beijos e carinhos entre os dois.
— Não tem uma estrela que Einstein negou a existência por que ele não aceitava que podia não existir tempo lá? Então nada acontece com ela, sem consequências. O tempo não existe, porque nada mexe com a bendita.
— Meu Deus! Pedro, isso é genial! Quando teve tempo de pensar nisso? — Diz sentada em seu colo.
— Eu tenho outros talentos, além de uma metida maravilhosa.
— Sabe de uma coisa? Ver você falando coisas assim me deixou com um tesão danado, só que você é violento demais, garoto.
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Nós falamos do tempo, né? Mas não tivemos ele. Será que se tivéssemos as coisas seriam diferentes? Mais apaixonados, menos intensos. Se nos tivéssemos pela eternidade, sei que eu poderia te abraçar para sempre, poderia dizer o quão importante você é e o quanto suas ideias são válidas. Não importa se te disseram o contrário, confie em mim e no que nós tivemos, o único amor que precisa é o seu próprio.
Dentro de seu olhar tinha uma coisa incrível, . Todas as vezes que me olhou, abraçou ou sorriu para mim, eu senti um infinito, o que somos e temos entre nós.
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Um piano moderno (mais conhecido como teclado) toca no ar da noite, uma brisa acolhedora enquanto os braços de cobrem os ombros de , com as mãos entrelaçadas que tenta impedi-lo, às gargalhadas, de dançar as músicas tocadas na rua de paralelepípedo.
Ele se solta e faz passos de robô, o tecladista finge não ver. Enquanto sorri verdadeiramente do constrangimento da garota, as pessoas passam como se essas loucuras acontecessem diariamente.
Gargalhando se sentindo livre, aceita a mão estendida dele e faz passos dos anos 80 até a música acabar. Sorrindo, sente ser abraçada por trás e um beijo na sua bochecha, carinhoso. Protetor.
A “bolhinha de felicidade” dela é estourada quando acena para uma senhorinha sorrindo para eles, com seus olhos cansados e divertidos, falando algo sobre o amor jovem para seu marido desinteressado.
— Se ela soubesse os termos disso aqui, mandaria exorcizar, .
Ela ri e dá um tapinha em seu ombro, continuando assim sua caminhada.
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Me desculpe por roubar seu anel, ou até sair da maneira como saí, mas eu sabia que não conseguiria me despedir. E eu também sabia que o que tivemos não acabaria às 6h do sábado, sempre existiria dentro de mim.
Com as palavras mais porcas, mas com as melhores intenções,
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— Vai dar nossa hora.
O garoto olha para o relógio meio triste e sua mão é apertada com delicadeza, o que o leva a olhar para a garota.
— Já ouviu aquela música “se o mundo estivesse acabando, você viria?” Não? Ela fala sobre amar sem preocupações, afinal, o mundo está acabando mesmo, não há amanhã para se preocupar. Não acha que se tivéssemos que nos importar com como nos comportaríamos juntos amanhã, seria diferente? Pelo menos podemos dizer que amamos completamente e fomos amados por inteiro, mesmo que por um dia.
Ele sorri, passando a língua nos dentes.
— Você está melhorando.
— O quê?
— Nas suas palavras, está se expressando bem.
— De tudo o que eu falei, só prestou atenção nisso?
Seguindo o resto do caminho do velho apartamento dele, eles riram e cantaram desafinados, e quando chegaram, se amaram, não como da primeira vez, em que estavam famintos um pelo outro. Aquilo foi lento, vagaroso o suficiente para guardar cada pedacinho de pele de Alice em sua memória. Eles amaram, literalmente. Acharam não só corpos, mas camadas que aprenderam a gostar naquela noite, e teriam que desaprender até amanhã.
Mas já estava dormindo quando suas cicatrizes foram beijadas, e ainda assim ele a achou linda, quando sussurrou que a amava com todo o seu ser e a abraçou, temendo que aquela noite acabasse.
E já estava dormindo quando o relógio dela tocou às 8h da manhã, e da melhor maneira possível escreveu uma carta para ele, que acordou com os olhos cheios de lágrimas, como se uma parte de seu corpo tivesse faltando. Chorou, mas não se arrependeu, pois valia a pena, até achar um pedaço de papel cuidadosamente dobrado na ponta de sua mesinha.
“Bem, vamos lá , ou Pedro, se preferir :)
Não queria ir embora agora, definitivamente não, mas foi nosso combinado e não acho que as coisas teriam sido inesquecíveis se não fossem assim.
Por algumas horas aprendi a amar cada partícula do que você é, pela maneira como andava, como sorria, como passava a língua nos dentes antes de dizer algo para me provocar, como olhava, cheio de arte e universos em seus olhos.
Gostaria de ver o mundo pelos seus olhos, sabe? E acho que vi, na medida do possível. Se vale de alguma coisa, achei fascinante a parte que experimentei. Gostaria também de abraçar o pequeno , que sofreu tanto, assim como gostaria de abraçar esse adulto todas as vezes que alguém o magoasse. Porque estou aqui, sabe? E estarei aqui para sempre, nem que seja apenas na sua memória.
Por uma noite, eu te amei com todo o meu coração e minha alma, e você me amou da mesma maneira. E obrigada por isso, saiba que vou guardar cada passo dessa noite para mim. Por uma madrugada você foi meu mundo e, Deus, como eu queria que minha vida toda se resumisse a essa madrugada.
Já me estendi demais, mas apenas posso agradecer. Pelo seu amor, seu tempo e por ter me adorado. Me deu oportunidade de sentir coisas que nem imaginei existir, e guardarei para sempre, em um lugar seguro dento de mim.
Deixei meu colar aí, como um substituto do anel que peguei sem sua permissão, já que precisava de um lembrete de que isso não foi apenas minha imaginação fértil.
Você realmente me deixou sem fôlego, .
Obrigada.
De, duas horas atrás sua, .
Ps: Se precisar de mim, sabe onde me procurar, mas não acho que vá fazer isso, porque nosso lance foi apenas por uma noite.”
FIM
Nota da autora: Muito obrigada por ler, meu querido!
Por favor, comentem e interajam comigo, foi um grande esforço para conseguir escrever essa história!
Desculpem-me por eventuais erros, e espero que tenham gostado!
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