Bem, eu vi você em um restaurante
Um dia desses
E, em vez de caminhar em sua direção
Eu fugi
E continuarei esperando por você
Que você volte
Volte e diga

Naquele fim de tarde, e sua amiga haviam chegado cansadas da faculdade no alojamentos que as duas brasileiras compartilhavam em Seul.
mesmo cansada queria continuar debatendo sobre o almoço no refeitório da faculdade, mas não tinha mais energia para discutir sobre isso.
As duas amigas não haviam ido mais ao restaurante preferido delas em Seul porque o cérebro de tinha congelado e surtado quando em um belo dia de semana igual a tantos outros na Coréia havia encontrado ele.
Ele, , seu bias, o idol que mexia com o coração e pensamentos da garota.
O que ela poderia fazer em uma situação dessas? simplesmente travou e fugiu como a covarde que era, seu coração batendo violentamente em suas costelas, o ar frio do inverno coreano cortando seu rosto corado.
Havia deixado sua amiga para trás, gritando seu nome, chamando atenção de todos que passavam, mas não podia parar. Precisa de distância dele para poder raciocinar melhor e controlar suas emoções.

- Sério, eu juro que aquele coreano magrelo cuspiu no meu olho enquanto almoçávamos! – falou contrariada. – Não podemos mesmo voltar para nosso restaurante da esquina? Por favor, por favor...

estremeceu por dentro. Estaria pronta para encontrar ele novamente? A garota pensava que não. Fazia apenas uma semana do ocorrido e a vergonha e o medo ainda eram presentes na sua mente.

- Amanhã falamos sobre isso, ok? – desconversou. – Agora eu preciso de um banho e desmaiar na cama.

Ela foi em direção ao seu quarto sem esperar resposta de sua amiga. Não queria que ela notasse suas mãos trêmulas ao se lembrar da cena repetidas vezes.
Quando chegou em seu quarto, fechando a porta atrás de si e jogando a mochila pesada de livros em uma cadeira, permitiu-se relaxar soltando um fraco suspiro.
A garota passou as mãos nos cabelos, colocando-os para trás, totalmente desolada. O que estava fazendo de sua vida? Já era maior de idade, apesar de passar por pouco tempo da transição adolescente-adulto, mas às vezes parecia que ela não estava ainda exercendo suas responsabilidades como adulta. Ela ainda sentia o medo avassalador que a percorria durante situações complicadas. A sua única alternativa era fugir. Permitiu-se soltar um sorriso cansado enquanto se jogava na cama.
Ela era uma boba no fim das contas. Era isso o que ela era.
riu mais uma vez, sem humor algum. Como tinha fugido do garoto que estava presente na sua mente 99% do seu tempo? (Ela não queria admitir para si os 100%, pois isso iria parecer que ela era uma obcecada), mas era isso que ela era na verdade.
Uma das razões mais importantes e ocultas de todos, que tinha lhe feito aceitar aquela bolsa para estudar o hangul na Coréia do Sul era ele. No fundo, no lugar mais escondido do coração da garota, ela sabia que se procurasse iria encontrar que a razão para estar ali naquele momento era o . Estar no mesmo país que ele, sua cultura, interagir com o mundo dele já era um deleite para seu coração apaixonado. E claro, aquela esperança de encontrá-lo na Coréia acidentalmente enquanto ela embarcava no avião para Ásia. E havia acontecido afinal. Mas o resultado não era aquele que ela esperava.
A cena do restaurante voltou com força e ela fechou os olhos, tentando absorver com a mesma intensidade tudo o que havia acontecido. No caso, nada para ele, por que nem havia lhe notado ali parada na porta de vidro, espantada, parecendo um fantasma, ou como se tivesse visto um.
Ela riu com a sua conclusão, se virando de lado na cama. Seu coração estava pesado e sua mente trabalhando a mil, lhe autodestruindo. O que poderia fazer para mudar isso? Para acabar com o sufocamento que a alcançava toda vez que pensava nas suas falhas, nesse amor idólatra e impossível, cada vez que olhava para mais uma foto nova dele ou quando ouvia sua voz única cantando em seus fones e assistia seus MV’s. A garota se apaixonava mais a cada dia, não sabia como poderia impedir isso.
não soube quando seu sorriso se transformou em lágrimas, mais ali, encolhida na cama com o rosto molhado e com o coração sangrando, adormeceu.

...

Há um outro coração
Que está sumindo
Na luz

O vento frio teimava em levar o cachecol que havia colocado no pescoço. A garota voltava sozinha da biblioteca da faculdade, pois se esquecerá de pegar um livro para completar sua atividade. A tarde fria sugeria um chá quente e foi isso que ela fez. Entrou na primeira cafeteria que encontrou e se aconchegou em uma mesa com uma caneca de chá verde e o livro da faculdade colocado na mesa. Tinha sorte quando os atendentes sabiam falar inglês, já que o coreano da garota não era tão bom assim.
Seus dedos ao redor da caneca logo esquentaram, e refletiu que seu tempo ali estava acabando. Não conseguiu se lembrar quantos dias faltavam, mas sabia que estava próximo da partida. Um sentimento soturno a abraçou. Iria embora e iria deixar seu coração naquela terra estrangeira. O que poderia fazer? Era fraca demais para lutar e não tinha forças para mudar o destino.
Mas o que ela não sabia era que tinha sorte, por isso não percebeu, perdida em seus pensamentos, que um homem caminhava temeroso para sua mesa segurando uma caneca de chá. Havia outras mesas vazias ali, mas aquela garota de olhos expressivos tinha chamado a atenção de , e ele achou impossível não se aproximar.

- Posso me sentar com você? – Ele sorriu contido.

O som da voz dele chamou a atenção de , que olhou para cima não acreditando em quem seus olhos viam. O sorriso dele parecia iluminar e aquecer cada parte do coração da garota e seus olhos, sua beleza era tão avassaladores que por um momento a garota pensou que iria chorar na frente dele, mas não o fez. Ao contrário, mesmo surtando por dentro ela sorriu para ele e indicou a cadeira a sua frente. pôde ver o brilho nos olhos dele e ela sentiu totalmente completa, só com sua presença, pois finalmente havia encontrado aquele que ocupava seu coração.

...

Você me mostrou seu sorriso e minha precaução se foi
Apaixonar-me encheu meu coração de pavor

(...)

Agora me apego à esperança
Que terei você novamente


Nesse momento, abriu os olhos lentamente, confusa, com o coração acelerado, sem saber o que era aquele barulho incessável que tinha lhe acordado. O som vinha de seu celular, que repousava na cabeceira da cama e com o braço ela o pegou, desativando o alarme. Notou que estava em sua cama, na casa de seus pais, no Brasil. Ainda debaixo das cobertas, ela olhou para a tela do celular, vendo a foto de sorrindo para diretamente a câmera, como no seu sonho. A garota suspirou, lembrando do sonho que tivera, sentindo seu corpo formigar pela emoção que havia sentido quando o tinha encontrado.
torceu para que realmente acontecesse e ela finalmente visse o na sua frente. A garota então procurou a melhor posição na cama e deixou seu celular na cabeceira novamente. Fechou os olhos, pensando no seu bias. Enquanto esse dia não chegava, ela não se incomodava em sonhar um pouco mais.

Não quero sua foto
No meu celular
Eu quero você aqui comigo
Não quero sua lembrança
Na minha cabeça, não
Eu quero você aqui comigo

Nota da autora: Essa fic foi baseada 99% na música Here With Me da banda The Killers. Escolhi essa música para esse especial porque ela retrata o amor platônico que muitas vezes encontramos em várias situações. Espero que tenham gostado. É isso, até a próxima!




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