Como nenhuma luz natural conseguia entrar naquela maldita base subterrânea, não fazia ideia de que horas deveriam ser, mas sabia que estava ali há muito tempo. O som de tiros sendo disparados sem nenhuma sincronia continuava a ecoar em seus ouvidos mesmo quando os recrutas eram obrigados a parar para recarregar suas armas, e então só o som metal e suas respirações mal controladas preenchiam o ambiente. A mulher caminhava calmamente de um lado para o outro, a alguns passos das cabines, estudando com cuidado a postura de cada um, buscando o menor dos erros que poderia ser corrigido, que poderia vir a ser a diferença entre a falha e o sucesso daqueles jovens, como ela bem sabia por experiência própria. Aquele grupo era bem mais focado do que o último que tivera que supervisionar, e no fundo ela agradecia por isso, já que não seria obrigada a distribuir punições como se fosse algum tipo de liquidação. Não, aquele grupo além de habilidoso também parecia mais envolvido na causa, dispostos a darem seu sangue.
Aqueles jovens tinham potencial para honrarem a HYDRA.
Quando a nova sequência de tiros foi iniciada, acabou abafando o alvoroço que parecia acontecer no corredor, mas não passou despercebido pelos ouvidos atentos da mulher, que com apenas um olhar sinalizou para seu parceiro checar o que acontecia, sem interromper o treinamento dos recrutas. Daniel deixou a sala em silêncio, mas o som da porta se fechando quebrou a concentração do mais jovem do grupo, um garoto que não deveria passar dos dezessete anos. Seus ombros haviam se tensionado por alguns segundos e ele ameaçou virar a cabeça para descobrir o que acontecia, percebendo que fizera uma péssima escolha ao sentir a presença de sua treinadora as suas costas, perto o suficiente para que ele sentisse a respiração da mulher batendo em sua nuca.
- Tenho quase certeza de que pedi concentração total – disse ela em um sussurro rouco, ameaçadoramente baixo. O pobre garoto relaxou os ombros antes de retomar a posição que estava há horas, ajeitando a arma em suas mãos e travando o olhar no alvo enquanto pedia desculpas por seu deslize – Não quero desculpas, quero ações. Não quero mais distraç...
- ! – a porta fora aberta com violência, colidindo com a parede ao lado em um estrondo, atraindo a atenção de todos, que se viraram para quem entrara em sobressalto. Daniel viu nos olhos de sua parceira que ela estava prestes a matá-lo por ter distraído a todos, provavelmente imaginando que aquilo serviria de exemplo para os novatos, mas aquilo não importava – , um minuto, por favor.
controlou seu anseio de empunhar sua arma e atirar no homem apenas porque sua linguagem corporal já adiantava que o assunto era problema, e não dos pequenos. Suspirando alto, ela ordenou que os recrutas retomassem o exercício e seguiu para o canto mais afastado da sala para que Daniel lhe explicasse o que estava acontecendo.
- Estamos sendo atacados – contou ele sem rodeios, sem se surpreender ao não ver um vestígio de surpresa nos olhos duros da mulher.
- Quem? S.H.I.E.L.D.? – perguntou ela, como se a previsão do tempo dissesse se vai chover ou não.
- Os Vingadores.
Pela primeira vez desde que foram designados um para o outro, Daniel viu a mulher arregalar os olhos, que também perderam o foco.
- Pegue os recrutas e ajude na resposta ofensiva – ordenou , já se adiantando para deixar a sala, mas sendo impedida pela mão de Daniel que se fechou em seu antebraço.
- O que? E você? O que diabos está planejando? – grunhiu ele, puxando para perto de seu corpo – Precisamos de você na linha de frente. Você é uma das nossas melhores.
- Preciso garantir a segurança das informações que temos aqui, é disso que eles estão atrás – resmungou ela, tentando se livrar do aperto do homem com um movimento brusco, mas tudo que conseguiu foi que Daniel segurasse seu braço com mais força – Agentes da S.H.I.E.L.D. nós conseguimos parar, mas eles são os Vingadores. É coisa demais para nosso prato. Até onde eu sei, Tony Stark já deve estar nos hackeando, e, se ele tiver acesso ao que temos aqui, eles não vão apenas destruir essa base: eles vão destruir a HYDRA, pedaço por pedaço. E você está os ajudando ao não me deixar tentar salvar o que for possível.
Daniel hesitou por mais alguns segundos antes de soltar seu braço, sinalizando com a cabeça para porta, silenciosamente ordenando para que ela fosse logo. partiu sem olhar para trás, desviando dos outros agentes que corriam para as entradas na base na tentativa de parar os super-heróis, se xingando por ter em nenhum de seus bolsos uma moeda para que lhe ajudasse a decidir para onde ir: a maldita base tinha duas malditas centrais de dados, e ela não sabia qual das duas era a mais importante, para qual deveria seguir primeiro, nem se as informações que estava procurando estava em uma delas. Mesmo depois de meses naquele lugar, não tinha conseguido ter acesso a tudo que precisava, e agora era a hora de começar a improvisar.
Virando no corredor que a levaria para a central mais próxima, ergueu a manga de seu traje para ter melhor acesso ao seu pulso direito, onde estava uma pulseira de metal fino, que não deveria ter mais que um centímetro de largura. Quando apertou suas extremidades, a pulseira se dividiu em duas, e ela puxou uma delas mais para cima do braço, esticando a delicada tela maleável que a pulseira guardava, a cobrindo com sua manga em seguida ao ouvir um agente se aproximando. Quando voltou a ficar sozinha, já estava em frente à porta da sala.
De um dos seus bolsos ela tirou um aparelho que lembrava um botão, que facilmente sumia se o segurasse com as pontas dos dedos de tão pequeno. Respirando fundo ela o plugou na tela de segurança que ficava do lado de fora da sala, que impedia a entrada de quem não tinha autorização para entrar. Como fazia parte desse grupo, precisara arrumar outra maneira: aquele aparelho derrubaria a segurança da base por no mínimo trinta segundos, criando interferência nas câmeras de segurança e na comunicação, e abrindo todas as portas. Aquele era o tempo que ela tinha para matar quem quer que estivesse naquela sala e danificar permanentemente o sistema de câmeras e de comunicação para que não houvesse suspeitas sobre ela e suas ações complicadas de explicar caso precisasse manter seu disfarce por mais tempo.
Erguendo a manga mais uma vez, ela viu a tela indicar que o aparelho já estava pronto para ser iniciado, com um pequeno botão vermelho piscando para apressá-la visualmente. Não demorou para que ela o apertasse.
Quando a porta se abriu, já tinha suas armas em mãos, atirando na cabeça de dois técnicos que estavam sentados próximos a porta, aproveitando da surpresa do restante para continuar atirando até que algum deles estivesse próximo o suficiente para iniciar um combate físico. Dez segundos. Oito dos quinze agentes já estavam no chão, sem vida, e tinha que tomar cuidado com os tiros que a tinham como alvo. Vinte segundos. Mais três estavam mortos e outros dois estavam apenas inconscientes por ter precisado de suas mãos livres. A mulher tinha apenas mais quatro segundos quando derrubou o último técnico, e então teve que improvisar: conectou outro aparelho que tirara do bolso em um dos fios mais próximos, iniciando outra interferência, ganhando tempo extra para mexer com as câmeras. Assim que o tempo acabou, a porta da sala se fechou, mas ela não ficou mais calma. Com ou sem porta ela não conseguiria saber se alguém se aproximava, estava trabalhando no mais completo escuro, por isso tinha que ser rápida.
Sem delicadeza nenhuma, plugou o pen-drive que levava o símbolo da S.H.I.E.L.D. em uma das muitas entradas USB, passeando os olhos pelas informações de que fazia upload ao mesmo tempo que buscava a informação que queria. Socando a mesa e berrando alguns xingamentos, se levantou ainda mais irritada. Havia conseguido bastante coisa importante, mas aquela não era sua missão. Os detalhes sobre a localização do cetro e o que estavam fazendo com ele estavam no outro centro de dados, e agora ela tinha que correr.
Mas alguém não concordava com ela.
Quando Lauren estava prestes a abrir a porta, ela se abriu sozinha, e algo bateu contra seu peito em um movimento rápido e forte, fazendo que todo o ar de seus pulmões abandonasse seu corpo, voando alguns bons metros para trás e caindo no chão com um barulho alto. Seu agressor: Capitão América.
Steve ficou um pouco mais confuso do que admitiria ao entrar na sala, encontrando mais agentes mortos do que conseguiu contar em um primeiro momento. Ele não tinha a melhor opinião sobre agentes da HYDRA, mas não podia negar que a ação da mulher caída era incrivelmente suspeita. Ninguém da sua equipe havia entrado naquela área ainda, aquele não era um trabalho de um deles. Seria aquela uma traidora?
- Sabe de uma coisa...? – gemeu a mulher, se virando de bruços com dificuldade. Seu tronco inteiro doía, e isso não ajudava a normalizar sua respiração – Eu sempre debochei da sua escolha de arma, mas agora entendo como esse escudo é perigoso...
Antes que conseguisse se recompor para se levantar sozinha, o soldado a ergueu pela gola de sua jaqueta, a atirando contra a parede mais próxima e a prendendo ali com o escudo que pressionava seu corpo contra a parede.
- Quem diabos é você? – perguntou ele com a voz baixa.
- Fica difícil responder quando você não me deixa respirar, Capitão – resmungou ela, apenas para ele aumentar a pressão que estava fazendo – Eu sou da S.H.I.E.L.D... Eu n... Rogers, para.
Quando percebeu que estava extrapolando um pouco com a mulher, Steve abaixou braço com o escudo, levando a outra mão até seu pescoço sem a estrangular, apenas como aviso de que não deveria tentar nenhuma gracinha.
- Você está se comunicando com o resto dos Vingadores, não está? – gemeu , tentando controlar a tosse que a dominava – Fale com a Romanoff. Diga que encontrou a . Ela vai dizer que sou confiável e que não estou mentindo.
- “”? Não precisa de sobrenome? – debochou Steve, com o olhar travado na mulher enquanto soltava o escudo no chão para ter a mão livre e poder mudar o canal do comunicador para a ruiva – Natasha? Eu estou com uma tal de que disse que você pode confirmar a história. Confere?
- Sabe de uma coisa, Capitão...? – murmurou , assistindo a expressão do homem mudar de desconfiada para mais desconfiada ainda – Acho que fiz uma escolha bem ruim...
- ? Você está com a ?! Se você não a matar, eu mato – a voz irritada de Natasha ecoou nos ouvidos do soldado, que ergueu a sobrancelha para a mulher.
- Existe a possibilidade de a Romanoff estar um pouco chateada comigo...
- Cap, ela parece com alguém filha da puta que te deixaria pensar que estava morta e aparentemente está infiltrada? Se sim, é a . É aliada.
- Eu acabei de conhecer a garota, mas devido as circunstâncias tenho que dizer que sim – suspirou Steve com um sorriso discreto, se afastando da mulher – Você parece estar com problemas, .
- Ah, coração, você não faz ideia – suspirou ela rindo, fechando os olhos e deixando que sua cabeça batesse na parede às suas costas.
- Rogers, tenho que te avisar uma coisa... – a voz de Natasha voltou em seus ouvidos – Não só para a segurança dela, mas Barton não pode sonhar que ela estava aqui, entendeu? Vai comprometer a operação inteira.
- Por que Barton não pode saber que você está aqui? – estranhou Steve, e resmungou.
- Porque eu s... Abaixa! – berrou a mulher, se jogando para o lado e puxando o homem junto. No exato local que sua cabeça estava apoiada na parede agora estava cravada uma flecha, que ambos assistiram explodir quando já estavam no chão. A dupla se virou para a porta, não tendo dificuldade em identificar o arqueiro, embora suas reações fossem completamente diferentes: Steve estava confuso e um pouco assustado por presenciar seu colega tentar um assassinato dessa forma, ainda mais contra alguém que era amigo, não inimigo; já estava inconformada – Certo, sei que mereço uma flecha no meio da testa, mas ela tinha que ser explosiva, Barton? Não acha que passou um pouquinho dos limites?
Não era uma boa ideia confrontar o homem e sabia, mas já era tarde. Clint já marchava em sua direção e ela sequer estava de pé ainda, se afastando da melhor maneira que podia, tentando engatinhar para longe do homem.
O arqueiro estava possesso. Quase um ano inteiro. Um maldito ano inteiro, e não havia deixado a menor pista de que estava viva, que estava bem. Nos últimos meses Clint teve que se obrigar a aceitar que a mulher estava morta, já que a menor possibilidade de ela ter sido feita prisioneira, passando por torturas e experimentos o matava de dentro para fora, sem piedade. Ele a queria morta antes disso, não conseguiria viver sabendo que alguém estava a machucando. E agora ela estava ali, a sua frente, com os olhos arregalados em apreensão, aparentando estar melhor do que nunca, sem o menor sinal de maus tratos. Não, seu uniforme não era de prisioneira, era de agente da HYDRA – ela usava o mesmo traje feminino da S.H.I.E.L.D., mas por cima trajava uma jaqueta com o nojento símbolo da HYDRA nos ombros. Não, ela não era uma traidora. Rogers já teria a nocauteado se fosse o caso, e não estaria tentando a proteger, deixando um braço a sua frente para o parar se fosse necessário. Ela estava infiltrada, passara os últimos meses como agente dupla, e Clint sequer conseguia duvidar da possibilidade. Nick Fury estava vivo e essa não seria a primeira vez que ele designava para uma missão suicida sem lhe dar o menor adiantamento, o deixando às escuras com suas dúvidas e medos. Só que dessa vez foi diferente: não havia sido considerada desaparecida, ou em missão sem possiblidade de contato ou detalhes de sua localização – ela foi dada como morta em ação, sem recuperação do corpo. A estação da S.H.I.E.L.D. em que ela estava quando o Projeto Insight caiu fora completamente dominada pela HYDRA, e, mesmo quando os Vingadores recuperaram o local, não havia o menor sinal dos aliados que morreram defendendo o que acreditavam.
e Fury havia passado dos limites daquela vez. A confusão estava confundindo seu julgamento, e nem Clint sabia o que faria se colocasse as mãos na mulher, por isso agradeceu mentalmente quando Rogers se levantou e se colocou entre os dois.
- Barton, chega! – rosnou o soldado, o segurando pelo ombro – Ela não é inimiga... Não é?
- Você tem a mínima noção de quem ela é?! – grunhiu o arqueiro, desistindo de tentar se livrar do homem e apenas fuzilando com os olhos – Mulher, eu... Eu... Eu não faço ideia do que vou fazer com você.
- Só que não vai ser agora – lembrou Steve, se virando também para ela em seguida – Acredito que você também veio atrás das informações, não é? Pela situação desse lugar posso assumir que a missão está concluída?
- Não – gemeu , finalmente se pondo de pé, abraçando a própria cintura – O que queremos não está nesse centro, está no outro.
- Há outro centro de dados? Você sabe onde está? – perguntou Steve, e ela logo concordou – Ótimo, vou com você.
- Não, não vai – retrucou , de repente ficando séria – Para onde vocês forem, vai ter uma multidão de inimigo. Não sei se mais alguém pensou na segurança dos dados, então vou assumir que eu não sou a única inteligente aqui. Se você for comigo, estraga meu disfarce e não vamos conseguir as informações. Quero vocês bem longe da central. Na ala leste, lá são feitos alguns experimentos. Faz sentido vocês irem para lá.
Steve e Clint a fitavam com mescla de confusão e divertimento, e demorou mais do que se orgulhava para entender o motivo.
- Merda, eu não deveria estar te dando ordens, não é? – ofegou ela, levando as mãos ao rosto. O cara era sua única garantia de que Clint não a mataria ali e ela estava praticamente o desmoralizando – Foi sem querer, mas do mesmo jeito. Você fez uma escolha idiota, não vou concordar. Minha ideia é melhor.
- Não é isso... É sua missão, você dá as ordens – Steve riu de leve, ficando sério em seguida – Mas se fazermos do seu jeito, você vai agir às escuras. Não temos comunicação com você, o que significa sem reforços. Você vai estar sozinha.
- Eu li muito bem o contrato que assinei, Capitão – a mulher sorriu, se agachando ao lado de um dos corpos para pegar armas carregadas e as colocando nos coldres em sua perna. Não ia mentir e dizer que seria algo simples de ser feito, mas não tinha muitas escolhas. Havia concordado com aquela missão e ela que tinha que a terminar.
- Quando terminar, vá para o quinjet. Está um pouco longe, a noroeste daqui, na floresta – avisou Steve, assistindo ela se preparar para sair. Clint ao seu lado continuava tenso, com os punhos fechados. Ele queria perguntar o que diabos aquela mulher poderia ter feito para deixar o arqueiro tão fora de si, mas aquele não era o momento, nem local para isso – Não vamos partir sem você, então é melhor aparecer.
concordou rapidamente, passando pelos dois homens para deixar a sala, hesitando em frente ao controle da porta. Havia uma diferença brutal entre a última vez que tivera que se afastar de Clint por uma missão. Na última, sequer tivera a chance de se despedir, de explicar o que faria pelos próximos meses, não lhe dera a oportunidade de gritar com ela por ser uma decisão idiota. Já dessa vez, Clint estava a poucos metros de distância. Em ambos os momentos existia a possibilidade de não retornar, mas aquele parecia ser mais crítico. O perigo era muito mais eminente.
Antes que pudesse se arrepender, desistiu da porta, girando o corpo e não se surpreendo ao ver que Clint já a encarava, com a expressão bastante semelhante à sua: toda a seriedade havia desaparecido, toda a mágoa... Era apenas preocupação pelo outro. A tarefa dele ali podia ser mais simples que a sua, mas ele também corria perigo e seria a maior mentira do ano se dissesse que não estava preocupada. Toda missão tem potencial para ser a última, e isso nunca deixava a mente dos dois.
Com certa sincronia, ambos se adiantaram um para o outro. Uma das mãos de Clint seguiu imediatamente para sua nuca, com seus dedos se fechando com força em seus cabelos, chegando a puxar os fios enquanto puxava o rosto da mulher para perto do seu, e o outro braço se fechou ao redor de sua cintura. Já levara ambas as mãos para o rosto do homem, retribuindo o beijo desesperado, cheio de angústia, e nada delicado.
- Você vai ter que sobreviver a essa... – murmurou o arqueiro, assim que se afastaram, ainda ambos com os olhos fechados – Temos uma briga para terminar, e essa é das grandes. Vai fazer aquela do micro-ondas parecer a porcaria dos Ursinhos Carinhosos.
- Não perco essa por nada – sussurrou ela de volta, capturando os lábios do homem por mais alguns segundos antes de se afastar e correr para a porta, deixando a sala assim que a porta se abriu.
Clint continuou parado, respirando fundo várias vezes antes de se recompor, para voltar ao trabalho. Não tinha como ele simplesmente ser afastado naquele momento, precisava terminar a missão, ainda mais pela segurança de também depender dele. Precisava explicar a situação o mais rápido possível para Steve e implorar para que ele não contasse para Natasha, ou a russa ficaria em seu pé pelas próximas as horas, duvidando se ele tinha condições emocionais de continuar. Quando se virou para o soldado para lhe passar instruções, no fundo Clint quase quis rir: Steve estava com o queixo caído, e uma mão quase tampava sua boca enquanto a outra estava erguida, sem saber o que fazer.
- Oh, ela? – arriscou Clint, assumindo que a cena que presenciara que tinha lhe causada aquela reação, apontando para a porta que acabara de atravessar – Minha esposa, a propósito.

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Não adiantara em nada pedir para Steve manter segredo, Natasha acabou descobrindo da pior maneira: perguntando para ele. Deveria ter algo em sua voz que o entregava quando o tópico era , e a cada dia Clint acreditava mais naquela teoria. A ruiva o obrigara a voltar para o quinjet quando a situação começou a parecer que estava sob controle, estando agora a fazer companhia para Bruce, que estava prestes a pegar uma das pistolas que ficavam na nave e atirar no arqueiro para que ele parasse de andar de um lado para o outro. A seu pedido, Natasha e Steve não explicaram sua relação com , então o que Bruce via era apenas a preocupação extrema de um amigo por uma colega que ele acreditava estar morta.
- Barton, estamos voltando ¬– anunciou a voz de Tony em seus ouvidos – Não encontramos a sua garota, mas ela pode estar indo para o ponto de encontro, então fiq... Droga!
¬- O que foi, Stark? – perguntou Bruce, que duvidava que o arqueiro estivesse em condições de formular uma frase com sentindo. Quando não obteve respostas, o cientista também começou a se preocupar, se juntando a Clint na rampa abaixada do quinjet – Gente?
- Tem um grupo da HYDRA indo na direção de vocês – avisou Natasha, que parecia estar correndo – Tony e Thor vão tentar alcançá-los, mas fiquem alertas.
- – ofegou Clint, e Bruce se virou para fora, pensando que talvez a mulher já estivesse à vista – Eles descobriram que ela era agente dupla. Eles estão atrás dela.
- Isso não é bom... – murmurou o moreno, levando ambas as mãos aos cabelos. Quando percebeu que o arqueiro pretendia sair a sua buscar, ele esticou o braço para o impedir – Clint, você tem que ficar aqui. Não v...
Bruce se calou ao ouvir o som de passos apressados, o som de galhos se quebrando sob o peso de alguém, desistindo de parar o homem ao ver a tal correr em direção deles. O estranho foi que, quando estava há um pouco mais de vinte metros do quinjet, os passos antes bem ritmados da mulher iniciaram uma sequência irregular, até que ela simplesmente parou. Mesmo de longe, dava para perceber que algo estava errado, principalmente quando o som dos repulsores de Tony ao longe chegaram aos seus ouvidos e tombou para frente, caindo com o rosto no chão. Quando Clint desceu a rampa correndo ainda conseguiu ver o Homem de Ferro nocautear o atirador, que se aproveitara do solo irregular para ficar em uma posição que quem estava dentro da nave não conseguiria vê-lo. Um sentimento ruim dominava seu peito antes mesmo de alcançar a mulher caída, já esperando pelo pior.
- Não, não, não... ? – ofegou ele, se jogando de joelhos ao seu lado, com suas mãos trêmulas suspensas sob os ferimentos em suas costas, sem saber o que fazer. Com cuidado, Clint girara a mulher, a deixando sobre suas pernas, procurando os ferimentos de saída e não os encontrando. Três tiros, todos na altura das costelas – ...
A mulher respirava com dificuldade, sua visão também estava ficando comprometida. Estava tentando falar, mas seu peito doía. Fazia muito tempo que não levava um tiro, e não sentia nem um pouco falta da experiência. Não tinha certeza de quantos, mas podia afirmar que era mais de um e, pelo sangue que começava a subir por sua garganta, que deveria ter um pulmão perfurado ou algo do tipo. Alguém apertava sua mão e segurava seu rosto, também falava com ela, mas não conseguia nem identificar a pessoa ou compreender o que ela falava. A mulher conseguia ouvir um zunido estranho ecoando em seus ouvidos, e seu peito ardia cada vez mais, assim como parecia estar fazendo mais esforço para respirar. Eram muitas distrações e ela não conseguia se concentrar. Parecia quase que um castigo por exigir tanto de seus antigos recrutas.
- Barton... – ofegou Tony, pousando ao lado dos dois. Quando seu capacete se abriu, tudo que podia ver em seu rosto era remorso: havia sido lento demais e a mulher estava pagando por isso. Se tivesse sido um pouco mais rápido, o atirador não teria chegado a ser um problema, quem quer que fosse aquela mulher não estaria sofrendo – Clint, você precisa a levar para dentro. Precisamos socorrê-la.
- Você não me diz o que fazer! – grunhiu Clint, fazendo com que Tony e Thor, que acabara de se juntar a eles, se afastassem sobressaltados. Agora seu corpo inteiro tremia, tomado pelo medo de perder a mulher em seus braços. Depois de tudo o que passaram, não era assim que as coisas deviam terminar – ... Por favor, fala comigo.
- Estou pronto para decolar, gente – avisou Bruce – Se apressem, por favor. Ela precisa de cuidados médicos o mais rápido possível.
- Thor, Clint não vai se afastar dela por nada nesse mundo... Ele está em choque
– disse Natasha, que deixara que Steve a carregasse para que conseguissem chegar até eles mais rápido – Você vai ter que segurá-lo, e Tony a leva para dentro.
¬- Mas, Romanoff... – começou Thor, incomodado com a ideia.
- Eu já passei por isso antes, Thor. Faça o que eu mandei.
Ainda relutante, o asgardiano se adiantou para o homem, colocando uma mão em seu ombro. Diferente do que imaginava, Clint não se opôs, nem mesmo quando o deus o puxou pelos braços, o afastando da mulher enquanto Tony a pegava com cuidado em seu colo, agradecendo pela armadura não deixar passar para ela os tremores que seus braços estavam produzindo. Clint continuou sentado no chão cheio de folhas secas, com o olhar perdido onde estava segundos atrás, sem se importar com as mãos de Thor segurando seus braços. Ele havia falhado. Sua única missão era proteger aquela mulher, e ele falhara, não uma, mas duas vezes. A perdera na queda da S.H.I.E.L.D., e agora próximo à queda da HYDRA. Parecia quase com uma brincadeira cruel do Universo, deixando-o saber que ela estava viva apenas para perdê-la mais uma vez.
Quando Natasha e Steve chegaram, eles ainda estavam do lado de fora. A ruiva pediu que os dois o levassem para dentro, mas o arqueiro voltou um pouco a si, resmungando que podia muito bem andar sozinho, cambaleando algumas vezes enquanto seguia para a nave. Lá dentro, Tony havia acabado de colocar a mulher sob a fileira de bancos, agachando ao seu lado e parecendo lhe dizer algumas palavras de conforto. Assim que o grupo entrou e Bruce os colocou no ar, o homem se afastou, avisando o arqueiro que a mulher o chamava. Natasha pensou em se opor, tentar poupar seu amigo, mas pela expressão de Tony a situação não era nada boa, e ela não tinha o direito de lhe privar de algo daquele gênero.
- Oi, meu amor – sussurrou ele, sentado em frente aos bancos. Seu queixo ficou apoiado no metal frio, bem próximo do rosto pálido da mulher. Sua mão esquerda seguiu para seus cabelos, acariciando com o polegar sua testa até a raiz dos fios com movimentos circulares, enquanto a outra mão segurava uma das suas, tanto como tentando transmitir algum conforto como buscando algum. já começava a sentir dificuldades em manter os olhos abertos, sentindo uma perigosa vontade de apenas dormir, mas ela precisava dizer algumas coisas antes.
- V... Você.... Errou um alvo – disse ela, com os lábios se esticando em um sorriso quando conseguiu controlar minimamente sua tosse – Atirou em mim e errou. Eu nunca tinha visto isso antes.
- Eu mirei na parede, não em você – retrucou ele, puxando a mão dela para seus lábios. Seus ombros tremiam, o choro que até aquele momento ele controlava aos poucos saindo de seu controle – Mas não tem problema. Pode dizer que eu errei, eu não me importo. Posso ouvir isso até ficar velho, contanto que seja você repetindo a mesma piada.
tentou rir, mas foi uma péssima ideia: a ardência em sua garganta aumentou, e em sua boca tinha algo que não era saliva, era sangue. Ela sabia que precisava manter a imagem de durona, só que estava mais difícil do que esperava. Clint já estava chorando a sua frente, e isso sempre resultava em ela chorando também. Aquele era seu maldito ponto fraco, além de um péssimo sinal. Ela sempre o flagrava chorando com algum drama bobo, ou alguma animação infantil, mas em segundos ele sempre se recompunha e fingia que nada tinha acontecido, a fazendo rir. Só que aquele momento era diferente. Não sentia que alguma brincadeira faria com que ele voltasse a seu estado normal.
- Temos uma briga para terminar... – lembrou ela, tentando erguer o braço para colocar a outra mão sobre a dele, se arrependendo no segundo que sentiu uma pontada forte no peito, o gemido alto e longo que produzira sendo seguido por outro ataque de tosse. Clint fechou os olhos com força, beijando sua têmpora demoradamente – Clint, eu estou com medo.
- Eu também estou, amor – confessou ele, rindo sem humor – Estou amedrontado, para falar a verdade.
Enquanto resmungava com dificuldade algo sobre ele ser a pior pessoa para ficar ao lado de alguém no leito de morte, Clint procurou sua parceira com olhos, buscando na ruiva algo que pudesse lhe dar alguma esperança. Natasha ocupava a cadeira de copiloto ao lado de Bruce, olhando para trás sempre que podia para ver como a situação estava. Quando encontrou o olhar desesperado do arqueiro travado nela, a mulher apenas ergueu dois dedos – o tempo que faltava para chegarem no hospital mais próximo. Clint assentiu, ainda trêmulo. O que só piorou quando percebeu que estava com os olhos fechados e não respondia mais a seus chamados.

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A primeira coisa que estranhou ao acordar foi estar de bruços. Se lembrava vagamente de ter sido ferida nos últimos minutos da missão, então esperava estar em uma maca de hospital ou algo do tipo, onde o procedimento padrão não era deitar os pacientes daquela forma. Um barulho desconhecido também estava próximo, e uma sensação estranha se espalhava por suas costas. Quando tentou se levantar, uma mão delicada pousou em seu ombro, a empurrando para baixo.
- O procedimento está quase acabando, Sra. Barton – avisou uma voz calma, a dona da mão – Preciso que você fique parada, por favor.
- Mas o que diabos...?
- Você está na Torre dos Vingadores, não se preocupe – continuou a mulher, entrando em seu limitado campo de visão. Era uma mulher alta e magra com traços asiáticos, mas não conseguiu classificar sua origem mais do que isso – Sou a Dra. Helen Cho. A máquina que está fazendo esse barulho está criando o tecido que foi danificado com seus ferimentos.
- Mas o que diabos...? – repetiu , agora mais assustada – Sério, o que?
- Meio que já te dei a resposta mais simples – riu Helen, tirando a mão de seu ombro para mexer em algo no tablet que segurava – Apenas saiba que isso estava te salvando e diminuindo seu tempo de recuperação para zero. Você foi apenas estabilizada no hospital e movida para cá para ficar sob meus cuidados.
- Eu não entendi uma palavra do que você disse, mas gostei – ofegou a mulher – Gostei muito mesmo. Onde você estava durante esse tempo todo?
Helen sorriu para mulher, e a máquina parou de fazer barulho, silenciosamente avisando que o processo havia sido finalizado. Ela fez algumas perguntas para Lauren, como se ainda sentia alguma dor ou algum desconforto, que ela negou sem demorar muito. Estava se sentindo extremamente exausta, mas Helen disse que era de se esperar.
- Os Vingadores estão em reunião, e o Capitão Rogers pediu que você se juntasse a eles assim que acordasse – avisou a doutora, pegando uma pilha de roupa em uma mesa distante e colocando ao seu lado – Vou deixar você se arrumar... Ah, se precisar de ajuda para chegar à sala de conferências, é só pedir ajudar para o J.A.R.V.I.S. Ele é o...
- Já estou familiarizada com ele, obrigada – se apressou ela em dizer, e Helen apenas assentiu e deixou o que parecia ser um dos muitos laboratórios do prédio. As roupas que lhe foram deixadas eram bem simples: uma calça de moletom escura, junto com uma camiseta cinza simples, e um agasalho de moletom também escuro. O tecido era bastante semelhante ao que os recrutas usavam na S.H.I.E.L.D. durante as sessões de treinamento, e ela não se surpreendeu ao encontrar o símbolo dos Vingadores onde ficaria a águia da agência.
Quando já estava devidamente vestida, saiu do laboratório, sem saber para onde seguir.
- J.A.R.V.I.S...? – arriscou a mulher, ainda sem saber para onde olhar quando falava com forma de inteligência artificial do Stark.
- Bem-vinda de volta, Srtª . Devo atualizar minha forma de tratamento para Sra. Barton?
- Vamos deixar essa em aberto até eu terminar a discussão com o meu marido, tudo bem? Vai saber se eu não vou ter que usar o em tempo integral... – brincou , mas tinha um teor de seriedade em sua voz. Clint deveria estar possesso com ela, ainda mais por quase não ter sobrevivido à missão que ela não contara.
- Se virar à esquerda e seguir em frente, você chegará ao elevador e eu poderei levá-la até a sala de conferência, senhorita – avisou o AI, e ela apenas concordou e seguiu suas instruções.
Em minutos ela estava do lado de fora da sala, encarando as portas exageradamente grandes. Não existiam pessoas altas o suficiente para uma porta daquele tamanho, pelo menos não alguém humano, e não conseguia imaginar algum alien – além de Thor, claro – sendo amigavelmente chamado para aquele lugar. Quando percebeu no que se passava em seus pensamentos, conseguiu chegar em duas conclusões possíveis: ou estava realmente muito exausta mentalmente para estar se perdendo naquele tipo de devaneio, ou estava realmente muito preocupada com o que lhe esperava naquela sala e estava desesperadamente tentando pensar em outra coisa.
Ambas eram explicações muito boas.
Tony explicava o esquema de segurança da base da HYDRA em Sokovia para a equipe que prestava atenção em cada detalhe. Ele era o único em pé, os outros estavam bem acomodados em suas cadeiras ao longo da comprida mesa: na ponta próxima a ele estava Steve, que girara sua cadeira para poder ver melhor a tela que estava sendo usada para a apresentação; a primeira cadeira à direita do soldado estava vaga, a cadeira que Tony ocupava; e a seguinte era ocupada por Natasha, que apoiava um cotovelo na mesa e o queixo na mão; do outro lado estavam em sequência Bruce, Thor, e Clint, todos também concentrados na exposição das informações recém adquiridas. Steve estava no meio de uma pergunta quando uma batida na porta roubou a atenção de todos, que se viraram para a entrada da sala com expressões curiosas, embora soubessem quem era.
- Me disseram que eu fui convocada, ou algo do tipo – disse , assim que colocou a cabeça para dentro da sala, incerta se deveria atrapalhar. Steve se levantou e sinalizou para que ela entrasse, Tony franziu o cenho e tentava se lembrar de onde a conhecia, e o resto da equipe fitava Clint, esperando alguma mudança em sua postura com a entrada da mulher. Realmente estava sendo um esforço enorme para não começar a rir.
- Agente Barton – a cumprimentou Steve quando a alcançou, com um sorriso divertido ao pronunciar o sobrenome compartilhado, esticando a mão para que ela apertasse – Um prazer te ver sem... Bem, sem ter te confundido com um inimigo.
- Primeiro não quero você perto de mim com aquele escudo. E na verdade, é agente – corrigiu ela, antes de soltar a mão do soldado, sorrindo ao ver seus olhos se fecharem minimamente em confusão. Tony ao fundo parecia ter chegado a algum resultado, já que seu queixo se aproximara consideravelmente do chão – Eu não uso o Barton. A não ser que eu queria irritar meu pai.
- ! ! – ofegou Tony, apontando desesperadamente em sua direção – Sua...! Eu sabia que te conhecia de algum lugar! Nem uma outra pessoa codifica alguma coisa de um jeito bizarro como você fez com o pen-drive e... Oh céus, você é a esposa do Gavião. Ah, eu estou tão morto. Eu nem vou ver chegando...
- Bom te ver também, Sr. Stark.
- Espera um pouco... – se pronunciou Clint, de olhos fechados e também apontando para ela, mas de uma forma muito mais ameaçadora – Desde quando você conhece o Stark?
- Uma missão. Antes de toda a coisa do Homem de Ferro – contou sucintamente, querendo evitar detalhes para não causar problemas. Steve sinalizara para que ela o seguisse, puxando a cadeira à direita de Natasha para que ela se sentasse e retornando à sua. Clint não ficou muito feliz com a resposta, agora se virando para o bilionário.
- Se você dormiu com a minha esposa... – murmurou o arqueiro, com a voz ameaçadoramente baixa, sem tirar os olhos da mesa de vidro reluzente. No fundo ele sabia que teria lhe contado algo daquele gênero, mesmo que não pudesse explicar a missão. Só queria assustar um pouco Tony, deixar bem claro logo de início que não iria tolerar brincadeiras com sua mulher.
- Eu não dormi! Eu não... Eu n... – começou Tony, exasperado, levando as mãos ao rosto quando percebeu que era um beco sem saída – Eu não lembro! Ela me deixou muito bêbado, com a pior ressaca da minha vida no dia seguinte. Eu ainda posso sentir aquela ressaca se fechar os olhos. Não passou por completo até hoje.
- Qual é, eu te deixei uma aspirina.
- Você devia ter deixado a fábrica toda.
- Querido, o rico é você. Não comprou porque não quis.
Natasha a chutou por debaixo da mesa. A ruiva convivera o suficiente com ela para saber que costumava falar demais em momentos de estresse, e que não pararia até que alguém intervisse, e era melhor interferir antes que Clint resolvesse começar a gritar com ela. A mulher ficou séria em seguida, e Tony retomou seu lugar à mesa, sabendo que a apresentação das informações estava sendo colocada de lado momentaneamente porque eles precisavam discutir alguns pontos com a recém-chegada. Quando Steve pigarreou para começar a falar, todos já estavam mais uma vez sérios.
- , primeiro queríamos te agradecer pela sua aquisição – disse o soldado, com ambas as mãos juntas apoiadas no tampo da mesa – Foi em uma missão pela S.H.I.E.L.D., mas o que você conseguiu é que o viemos buscando desde que a HYDRA mostrou as garras: a localização do cetro e o que eles vieram fazendo com ele.
- Sokovia, não é? Eu estive lá algumas vezes, fazendo algumas entregas para o Strucker – suspirou ela, olhando rapidamente para a tela atrás do soldado – Os rumores são de que é uma base muito bem protegida. E com algumas coisas medonhas por lá.
- Qual seria a graça se fosse só assoprar a casinha de palha? – debochou Natasha, fazendo-a concordar.
- Esse é um dos pontos por termos a chamado aqui, ... Você é habilidosa – continuou Steve, e dessa vez ele ganhou sua atenção e curiosidade por completo – Quando soubemos da sua existência, fizemos uma rápida pesquisa sobre você no que temos de acesso de informações da S.H.I.E.L.D. É bem impressionante.
- Por que não estou surpresa em saber que você é do “não mande nudes, mande o Lattes”, Capitão? – brincou a mulher, apoiando o rosto na mão enquanto um sorriso divertido dançava em seus lábios. Steve por sua vez corara levemente, se deixando soltar uma leve risada antes de voltar a olhar para . Desde o começo sentia que aquela mulher era problema, difícil de lidar, e a cada minuto que se passava tinha mais certeza que seu primeiro julgamento não estava nada menos do que correto. Trabalhar com ela seria no mínimo um desafio, não em questão de performance, mas de convivência. Em qualquer cenário que terminasse aquela reunião, moraria na Torre com eles por um tempo, e o soldado chegava a temer como as coisas se desenrolariam.
- Já ouviu falar da Iniciativa Vingadores, ? – disse Steve de uma vez, alargando o sorriso ao vê-la arregalar os olhos sem pudor nenhum – Eu disse que nos impressionou.
queria rir, mas rir com gosto, ainda mais quando viu a seriedade em cada um dos integrantes da equipe. Achava que eles apenas pediriam que ela ficasse na Torre por mais um tempo como conselheira da equipe, não como parte dela. Seus olhos caíram por último em Clint, que estava na cadeira exatamente oposta a ela. Assim como os outros, seu semblante era sério, porém não parecia estar se opondo à ideia, e sabia lê-lo como ninguém.
- Te queremos na equipe, – murmurou Clint, por fim. Fazia anos que eles não trabalhavam juntos, por motivos óbvios: ambos perdiam a cabeça quando um deles se machucava seriamente, e ele ainda estava um pouco abalado pelo último episódio, mas era algo com que eles poderiam lidar. Era uma equipe muito maior do que eles estavam acostumados a trabalhar quando eram designados para uma mesma missão, não seria tão difícil.
mordeu o lábio enquanto ria, descrente. Se lembrava como se fosse ontem o quanto gritara com Clint depois da Batalha de NY, principalmente porque ela estava do outro lado do mundo enquanto o ataque acontecia, então não pode auxiliar nem quando ele foi sequestrado nem quando a coisa esquentou de verdade. Lembrava vagamente de tê-lo chamado de algo sem fundamentos como egoísta e irresponsável, de se envolver em algo que era algo demais para o seu prato. Agora, algo como três anos depois, aquele convite lhe era feito.
- Oh céus... – suspirou ela, se afastando da mesa e afundando em sua cadeira, escondendo as mãos nos bolsos do agasalho. Sua expressão deveria estar semelhante à de uma criança que recebe a oferta de poder comer sorvete antes do jantar – Quando eu começo?

Fim



Nota da autora: EU NÃO TÔ BEM, EU TÔ BEM SURTADONA COM ESSA FIC. Tá, essa é a n/a final então tenho que ao menos tentar parecer normal, não é?
Semanas querendo escrever isso e eu fui escrever quando? Quando não deveria, como sempre. MAS FINALMENTE EU FIZ A FIC QUE QUERIA COM O CLINT LINDÃO <3
Quando comecei pensei que ia ficar a coisa mais tensa e pesada da vida, mas aparentemente eu não consigo fazer drama do começo ao fim, meu lado zoeira sempre aparece pra dar um oi, já acostumei. Sei que esse final foi bem cruel [insira minhas desculpas aqui], mas sempre quis terminar alguma depois dessa pergunta! Não foi o Fury recutrando, mas dá uns arrepios do mesmo jeito (desculpa mundo, eu só quero ser uma Vingadora [não ia reclamar em ser casada com o Clint também, mas só ser parte da equipe já ia ser show]) aç~lskdaosp

Outras fics da tia Jess:
A Caverna (As Crônicas de Nárnia/Finalizadas)
O Trono (As Crônicas de Nárnia/Em Andamento)
The Real Side (The Avengers/Em Andamento)
- The End Is Where It Begins (Doctor Who/Finalizadas)
- The Begin - A Garota Francesa (Doctor Who/Finalizadas)
- The End - O Homem Estranho (Doctor Who/Finalizadas)
Mundo Novo (Supernatural/Em Andamento)
Rocky Girls (McFLY/Em Andamento)


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