Última atualização: Fanfic Finalizada!
Capítulo Único
E cada nota guia um passo que eu dou no ar”
abriu os olhos devagar. O dia ainda estava amanhecendo, todavia, tinha de acordar cedo, pois havia recebido uma missão um tanto especial.
Colocou uma música clássica e arriscou alguns passos de balé, como fazia na Sala Vermelha. Ainda se lembrava perfeitamente. Vestiu o uniforme da S.H.I.E.L.D. e se armou mais que o normal.
“Eu vivi tantos dias em desarmonia
Com a sinfonia de tudo que há”
Em outro canto da cidade, Wade tentava se controlar, mas a personalidade maligna dominava sua mente. Já havia matado muitas pessoas: civis, vilões, heróis. Ainda não estava satisfeito. Sedia por sangue.
Para quem nunca teve uma vida harmônica devido à esquizofrenia, aquilo seria um ato trivial.
“A história não dirá, mas prevalecerá
Das verdades, a minha versão”
Nick Fury já havia arquitetado todo o plano. Atrairiam Deadpool para um galpão de uma fábrica, onde a S.H.I.E.L.D. o cercaria caso fugisse. A missão de era jogá-lo em um barril de ácido.
Era a única alternativa de parar alguém imortal e com fator de cura tão acelerado. Depois, mandariam o tonel para uma ilha perdida no Oceano Atlântico.
A Viúva Negra entraria sozinha. Tudo o que ali acontecesse, seria esquecido ali. Valendo somente o depoimento da mesma.
“As vidas vêm e vão, e ecoam na constelação
O acorde que faltava na canção”
Tantas vidas tiradas, desperdiçadas... Qual era o propósito daquela matança?
Wilson tentava lutar, porém, a voz em sua cabeça falava mais alto. Cada pessoa que trucidava, ela dizia que ainda estava sequiosa.
“Tão longe de casa, um novo sol
Na mala as memórias de uma vida que não volta mais”
finalmente chegou ao local. Notou que até a cor do céu parecia diferente. Sentia que algo ali a mudaria. Sua vida nunca mais seria a mesma.
Alguns flashbacks da Sala Vermelha voltaram para atormentá-la, como costumeiro. Concluiu que nunca mais teria de volta a paz de antes.
“Flutuo livremente com a força da mente
Pro encontro derradeiro com a paz”
Pegou duas pistolas nas mãos. Com passos lentos entrou no hangar, apontando as armas para todos os lados.
Sentia-se liberta por poder agir como a Viúva Negra. Estava livre para fazer aquilo que sempre foi destinada a fazer: Matar, causar sofrimento.
Se morresse ali, não faria diferença. Encontraria a harmonia que há tanto buscava. Como poderia vencê-lo?
“A história não dirá, mas prevalecerá
Das verdades, a minha versão”
Wade apareceu com um revólver nas mãos, apontando na direção de seu peito.
- Por que está fazendo isso? – a russa perguntou de forma franca.
- É o que ela manda! – respondeu seco.
- Você é tão perturbado quanto eu? – estava demasiadamente curiosa.
- Você também ouve vozes que ficam tentando dizer como você deve agir ou o que deve fazer? – ele abaixou a arma e aproximou-se dela.
- Não ouço vozes. Entretanto, vejo meu passado. Ele é mais perturbador que qualquer voz! – ela exclama encarando-o fixamente.
“As vidas vêm e vão, e ecoam na constelação
O acorde que faltava na canção”
- Eu não tenho sentimentos, tirei muitas vidas e nunca terei uma morte. Tento sobreviver fazendo graça, mas nesses últimos dias, se eu pudesse, atiraria em minha própria cabeça ou me enforcaria em uma árvore. – o mercenário se achegou mais ainda da mulher, sentindo sua respiração.
- Nossa única diferença é que se eu atirar em mim mesma, eu morrerei. – ela rebate.
- E por que não faz isso? – tenta sondá-la.
- Suicídio é para os fracos! – falou com orgulho. – Já diziam isso na Sala Vermelha, onde muitas de nós não aguentaram o fardo.
“Eu não posso ir
Será o fim se você ficar aqui”
- Eu sei que você veio para me prender, mas eu não posso te acompanhar. – Wilson desabafou. - Vá embora ou morrerá se permanecer.
A ruiva levou as mãos em direção à máscara que cobria seu rosto. Levantou parte dela e viu a pele enrugada e com textura estranha. Não se importou em alisá-la.
O tagarela estava, pela primeira vez, sem palavras.
Uma bela mulher como , jamais faria algo com ele que não fosse sexo casual.
Finalmente sentiu-a beijá-lo com afeto. Algo que, até então, ambos acreditavam serem incapazes de sentirem.
A voz na cabeça dele se calou e as lembranças na mente dela se apartaram.
“Mandem alguém no meu lugar
Mas sem você um amanhã não haverá”
Ao se soltarem, se encararam por alguns minutos. Pareciam longos, pois nenhum dos dois ousou mexer um músculo. Pareciam curtos para tomar sua decisão. Foi mandada para pará-lo, não para se apaixonar. Estava se arriscando permanecendo ali, daquela forma.
Pensou em ligar para Fury e pedir que mandassem alguém para fazer isso em seu lugar. Todavia, se Deadpool sumisse, como seria o seu dia seguinte? Provavelmente não existiria.
“E o que fazer se a missão que o destino deu
É bem maior que eu?”
A Viúva Negra enfrentando um dilema sobre matar ou não, era inédito. Para quem se julgava fria, estava demonstrando sentimentalismo demais.
O que faria se deixasse o único homem que a estremeceu partir? Por que o destino estava lhe dando uma missão tão grande?
“Eu sinto que não sou capaz
Mas já não posso mais olhar pra trás”
No fundo, sabia que não seria capaz de findá-lo. Contudo, não poderia mais voltar atrás. Fora mandada ali para fazê-lo e teria de concluir, ou mais inocentes morreriam.
Afastou-se um pouco dele. Virou-se de costas para tomar fôlego antes de atacá-lo. No entanto, foi surpreendida quando uma bala atingiu suas costas.
- Sinto muito... A voz... – Wade aparentava desespero. Ofegava, esfregava as mãos sobre a cabeça, a fim de fazer aquela personalidade ruim se calar.
Sem sucesso, atirou mais três vezes contra a ruiva.
“A salvação é uma canção
A imensidão nas minhas mãos”
colocou as mãos sobre um dos ferimentos. Viu-as ensanguentadas. Começou a se lembrar de alguns passos de balé e ouviu mentalmente uma canção que lhe despertou esperança.
O sangue em suas mãos, representava o sangue de todos os que tiveram o mesmo destino que ela.
“A salvação é uma canção
A imensidão nas minhas mãos”
Com suas últimas forças, gritou. Correu na direção do mercenário e o empurrou. Ele se segurou no chão da plataforma alta.
- Fury... Missão cumprida! – sussurrou quase sem ar no seu comunicador. Ouviu Nick bradar algo do outro lado, mas não teve tempo de escutar, pois atirou o objeto para longe.
Abaixou-se para empurrar a mão de Wilson. Conseguiu, porém, foi puxada, assim caindo junto dele na barrica.
Antes de tocarem o ácido, se abraçaram e não tiveram tempo de pensarem em mais nada.
“A salvação é uma canção
A imensidão nas minhas mãos”
(Fresno - A Sinfonia de Tudo Que Há)