-Eu já me inscrevi no reality da seleção, espero que eu seja uma das selecionadas... Está completamente lotado o cartório! – escutei uma das cinco garotas dizendo isso no restaurante enquanto eu ia atendê-las. Revirei os olhos e dei um sorriso forçado.
-Bom dia, o que vão querer? – perguntei com o caderninho nas mãos e uma caneta para anotar o pedido.
-Quero o – a ruiva disse rindo, toda apaixonada e suas amigas riram. Dei uma risadinha falsa – brincadeira, quero algumas torradas com café.
-Hm – a loira fez a pensativa olhando para o cardápio – tem alguma coisa aqui que não engorde? Eu preciso manter o peso, príncipe ama loiras magras!
-Tem... Água – respondi sem humor e a mesma deu um sorriso amarelo ao escutar suas amigas rindo.
-Pode ser, então – ela revirou os olhos.
-Poderia mandar panquecas para mim? E suco de laranja... – a morena falou sorrindo. Anotei todos os pedidos e fui para a cozinha, completamente farta.
Entrei na mesma, e observei que não tinha ninguém ali, exceto por Eric, o nosso cozinheiro. Ele era dois anos mais velho que eu, loiro alto e magro, com os olhos verdes lindos. Era meu melhor amigo, meu companheiro e em alguns casos, a gente se pegava... Ele sempre ficou ao meu lado, sempre me diz o que fazer e qual direção seguir, está pra nascer alguém que me ajude e me entenda como ele.
-Que cara é essa? A freguesia vai embora por sua causa, ! – ele brincou, pegando o papel de minha mão, me fazendo revirar os olhos – quanto mau humor, não vai se inscrever no reality?
-Claro que não vou! – falei na defensiva – Eric, você acha mesmo que eu vou?
-... – ele riu enquanto fazia as coisas e falava comigo ao mesmo tempo – não vejo motivos para você não ir... É uma oportunidade única e isso vai te abrir muitas portas, como por exemplo... Na área da veterinária, você quer isso! Ou na dança, você vai ser reconhecida! – pensei por esse lado, ele tinha razão, como sempre.
-Não posso deixar minha família com Merck naquele estado... Não posso esquecer minha vida aqui – falei suspirando – fora que eu não vou ser uma das quinze selecionadas, é impossível.
-Você indo para lá, vai ter total segurança mandada do próprio palácio para sua casa, você não lei as regras e condições do reality? – ele perguntou rindo – você pode reconstruir sua vida lá, e muito melhor ainda por cima! Você tem medo, porque sabe que pode ser escolhida sim.
-Não li e nem vou! – falei rindo pegando a comida na bandeja – mas obrigada por tentar, você é o melhor – dei um beijo em sua bochecha, que quase foi em sua boca, já que ele quase virou o rosto, fiquei sem graça e ele sorriu sapeca e eu sai correndo.

Cheguei em casa sete da noite, cansada e estressada por causa do trabalho, as pessoas não paravam de falar do reality. O marido de minha irmã estava um saco de estressado, mas eu gostava dele até. Jordan era um bom homem, minha irmã teve sorte por ter conhecido alguém que a ame de verdade.
Adorava chegar em casa e ver Kiara e Kurt brincando no tapete da sala com seus brinquedinhos que eu consegui comprar com meu dinheiro. Sentir o cheiro de comida quase pronta, vindo da cozinha com minha mãe preparando a mesma... Mesmo ela não cozinhando bem e eu tendo que ir salvar a janta com meus dotes culinários.
Entrei e me joguei no sofá, recebendo um abraço caloroso de Kurt, eu amava o jeito que ele me tratava, amava a nossa relação de irmãos. Não queria que ele crescesse e isso mudasse.
Kurt estava um pouco tristonho, mesmo brincando e me abraçando como sempre fez, mas preferi não comentar nada, ele deve ter pedido chocolate e mamãe não quis dar para ele, provavelmente, não porque ela não queria, mas sim porque não tinha. Levantei do sofá e Kurt foi subir para o quarto, mas percebi uma marca vermelha em suas pernas e que ele estava mancando um pouco, fiquei assustada
-Kurt... O que houve? – segurei ele no colo e o mesmo balançou a cabeça abaixando a mesma, não dizendo nada. Olhei para Kiara que olhou para baixo também e correu para a cozinha, a segui, completamente assustada e irritada, já imaginando o que tinha acontecido. – Que merda que tá acontecendo aqui? – perguntei ao ver Merck sentado com os pés na mesa bebendo uma lata de cerveja. Enquanto minha mãe ainda estava no trabalho, tinha esquecido que hoje ela ficaria até tarde.
-Ah, você chegou! – ele disse jogando uma latinha vazia em mim e falhando completamente – venha, vamos lá em cima, você vai fazer algumas coisas para mim, a velha da sua mãe não tá mais me satisfazendo – se levantou e eu olhei para meus irmãos que estavam assustados .
-Kiara, leva Kurt para cima, não sai de lá até eu mandar – ordenei e a mesma fez isso sem pestanejar. Encarei ele novamente, que se aproximava de mim, peguei a primeira coisa que vi, a garrafa de vidro e quebrei a mesma apontando ela para ele – Merck, eu já falei que você não vai encostar mais em mim, nunca mais! Seu velho nojento.
-Velho nojento? – ele riu alto e passou a mão na barriga – você prefere quem? Ah, deve ser igual a sua mãe, prefere quem não pode do que ficar com quem pode e quer. Você será minha amante, sua mãe vai aceitar isso.
-O que você tá falando? – perguntei com dele e o mesmo ria me olhando da maneira que me olhou quando eu tinha 13 anos, senti um arrepio novamente por isso. – nunca irei ser amante de ninguém e nunca vou sentir interesse em você, seu escroto!
-De qual parte? De que você é igual a sua mãe? Ou que você vai ser minha putinha? – ele tentou se aproximar mas eu quase o ataquei com a garrafa, então ele se afastou – ela nunca te contou quem é seu pai, né? Em como você foi gerada? Em como ela gritava naquela cama onde nós dormimos juntos, com um dos guardas da corte real? Nunca te tratei como filha, você já sabia que não era o seu pai. Sua mãe é uma vagabunda e eu só percebo isso agora.
-Que bom que você aceitou o chifre! – soltei para provocar e o mesmo revirou os olhos apertando os punhos, irado comigo.
-Você é cheia de querer cutucar ferida, por que não me responde o motivo de nunca ter corrido atrás do seu verdadeiro pai? – via em seus olhos, a raiva, ódio, vontade de me ver sofrer.
-Eu não vou te responder isso, não lhe interessa e...
-Oh, claro! – ele bateu na testa rindo alto – Cendrowski, porque ir atrás de algo que provavelmente vá causar apenas dor e sofrimento? Você descobrindo quem é ele, vai praticamente entregar a cabeça de sua mãe na bandeja.
-Mas eu te conheço... E muito bem – ele me olhou de cima para baixo sorrindo – vou te dar uma dica sobre aonde ele está – tentou se aproximar de mim, e eu estava péssima, querendo chorar, com raiva, nojo... Não aguentava aquela situação – Mas antes você vai ter que abaixar essa garrafa, pode machucar alguém.
-Vá para a casa do caralho – me irritei, tentando correr para a sala, mas acabei tropeçando em um dos brinquedos de Kurt e Kiara, que acabei caindo e machucando minha mão esquerda, ela doía muito. Senti que Merck havia me segurado pela barriga, eu estava gritando para que ele me soltasse e tentando fazer com que eu conseguisse agarrar a garrafa, que havia parado alguns centímetros de distância de mim.
-Olha só, você assim... Que maravilha – ele dizia rindo e me segurando firme enquanto eu me debatia – senti falta, a última vez faz muito tempo, e agora com o seu corpo assim, você está mais gostosa e...
-E você vai me deixar em paz – grunhi ao enfiar a garrafa em seu ombro, o mesmo urrou de dor, me dando tempo para correr até a porta, que já estava aberta, e eu tinha fechado a mesma. Estava completamente ofegante, com dor na mão, acho que quebrei minha munheca, e com sangue em meus braços, sangue daquele homem nojento. Olhei para trás, antes de sair e vi o mesmo se levantando, ia correr atrás de algum guarda, porém dei de cara com dois em minha porta, com Kurt e Kiara atrás deles assustados.
Os mesmos me puxaram para frente ao ver Merck indo para cima de mim, com a garrafa que ele havia tirado de seu ombro e o segurando pelos braços. Estava assustada com tudo aquilo, não conseguia pensar direito então só sei que coloquei as crianças atrás de mim e me afastei da casa, de perto dos guardas, de Merck. Ele estava sendo levado para a cadeia, e só Deus sabe o que o juiz ia decidir. Provavelmente ele apanharia na praça, na frente de todo mundo, ou teria a cabeça arrancada, na frente do palácio de Avallon.
-Você pensa que isso vai ficar assim? Barato? .toUpperCase()), EU VOU VOLTAR E QUANDO EU VOLTAR, REZE PARA EU NÃO MATAR VOCÊ E SUA MÃE, SUA VAGABUNDA – ele gritou se debatendo contra os guardas, eu o encarava, com o rosto sem demonstrar emoção alguma – E SEU PAI NÃO VAI ESTAR AQUI NA CIDADE PARA SALVAR VOCÊS, AQUELE GUARDINHA DE MERDA!
Fiquei em choque. Se alguém não tivesse segurando-me pela cintura, eu teria ido para cima de Merck, ia ter provavelmente terminado de foder minha mão, mas pelo menos teria acabado com a cara daquele nojento. Kiara e Kurt estavam atrás de mim, assustados vendo a cena toda, vendo o próprio pai sendo levado pela polícia. Depois que a carruagem dos guardas estava longe, me virei para trás e vi Eric me segurando, pois eu já estaria no chão naquele momento. Eric além de trabalhar comigo, era meu vizinho. Ele morava algumas casas depois da minha.
Algum tempo depois olhei para o lado e vi minha mãe olhando para aquela bagunça, com os olhos arregalados. Kurt e Kiara correram até ela, chorando. Minha mãe veio até mim e eu só balanceia a cabeça, pedindo desculpas, entrei em casa pegando minha bolsa e sai andando ao lado de Eric, que me puxou para a casa dele.
Me joguei no pequeno sofá de sua casa, ele morava sozinho pois os pais morreram num acidente e sua irmã morava fora da cidade. Reclamei de dor por causa de meu braço, minha mão estava doendo muito.
-Primeiro você vai tomar água, vai respirar e se acalmar enquanto eu pego o que eu tenho aqui para ajudar você com sua mão – ele disse calmo, ao se ajoelhar na minha frente, visualizando minha mãe, dando um sorriso e depois saindo da sala. Alguns minutos depois ele voltou e fez eu tomar a água junto com o remédio. – , vai doer um pouco, você terá que ir ao hospital amanhã e...
-Eu tenho certeza que vou ficar bem, você é filho de enfermeiro, confio em você – falei sem jeito, mordendo o lábio, pois a dor estava ficando mais forte.
-Eu sou pau pra toda obra - gabou-se me fazendo rir baixinho e observar ele visualizando mão e logo depois apertando o mesmo pois tinha saído do lugar, ele não havia avisado que faria isso, foi difícil não gritar. Encarei o mesmo horrorizada – Desculpe, eu esqueci... Mas se eu tivesse avisado você não ia deixar eu fazer isso e precisava voltar ao lugar
-Doeu! – resmunguei e o mesmo riu balançando a cabeça, pegando umas faixas brancas e encaixando o meu braço.
-Pronto, ! – ele terminou colocando algo em volta de meu pescoço para meu braço não ficar caído e se sentou ao meu lado – estou orgulhoso de você...
-Mas eu não fiz nada – falei balançando a cabeça, muito mal.
-, você suportou essa luta por anos, hoje finalmente ele foi preso e desta vez, acho difícil ele conseguir sair... – ele me abraçou de lado e eu sorri – Você finalmente está livre.
-Finalmente me livrei dele, obrigada por aguentar isso junto comigo – agradeci e o mesmo revirou os olhos pois ele odiava quando eu agradecia algo, já que ele apenas estava fazendo o trabalho dele, como amigo, irmão mais velho, pseudonamorado e paizão. – mas... Meu pai, Merck disse que ele era um guarda... Eric, meu pai é um guarda! É impossível eu encontrar ele.
-Vai ser difícil mesmo – ele concordou comigo – mas pense que tem uma maneira um pouco menos difícil, digo, que seja mais acessível.
-O que...? – perguntei sem entender, ele me olhou sugestivamente e entendi tudo, falei dezesseis “não” e ele ficou esperando eu terminar o meu show – Não, não, não... NÃO!
-Por que é tão difícil pra você aceitar que tem que se inscrever na seleção?
-Eu não vou me inscrever! Eu não vou ser uma selecionada e eu não quero ter que criar expectativas com algo que sei que nunca vou conseguir, vivi sempre sem ele, não vai ser agora que vou simplesmente assinar um atestado de óbito! Vou perder minha vida, minha juventude, não vou ver Kurt e Kiara crescerem e...
-Você tá dizendo isso pra mim, porque tem certeza disso, ou tá dizendo isso, pra você acreditar nessas palavras? – ele me encarou daquele jeito que parece que está visualizando meu cérebro. Odiava Eric pois ele sempre sabia o que eu estava sentindo.
-Por que eu tenho certeza – segurei um suspiro ou qualquer outro detalhe que fizesse isso ser desmentido para ele, esperei ele terminar de me examinar, sem nem respirar direito.
-Okay, você perdeu – ele saiu da sala enquanto eu ficava indignada pelo fato de ele dizer aquilo e ia atrás dele.
-Ah, qual é, eu não hesitei e...
-, eu joguei verde e você caiu maduro – disse rindo me fazendo rir logo depois e dar um tapa em sua cabeça e sair andando pela casa.
-Mas de qualquer forma, eu não irei me inscrever – dei de ombros e ele suspirou – essa é a minha última palavra – disse andando comendo uma maçã, senti Eric segurando minha mão e olhei para trás rindo, pois sim, eu tinha cócegas nas mãos, e vi que ele estava com sua câmera nas mãos e havia tirado uma foto bem na hora – ERIC!
-Ah, qual é, ficou meiga! – ele disse rindo da minha cara irritada – vai ficar guardada na minha coleção.
-Você é ridículo! – falei andando nervosa e ele rindo atrás de mim – Vou pra casa.
-Já passou do toque de recolher, você vai ter que ficar – ele me olhou e u revirei os olhos – Faremos como sempre, eu no sofá e você lá em cima.
-se não se importar... Eu vou querer que você fique comigo – falei meio sem jeito e ele sorriu de novo, me puxando para um abraço – estou com medo – estava parecendo uma criança.
-Quer que eu leia uma história para você dormir? – dei um soquinho nele rindo – claro que eu fico com você, princesa .

Era sexta-feira, havia se passado uma semana desde que Merck estava longe de nós, havia uma semana que estávamos em paz. A convivência se tornou mais leve, não tinha brigas, não vivíamos com medo, minha mãe estava mais sorridente, Kiara não suportava olhar ou falar de seu pai e Kurt tinha medo ainda... Kira estava confusa em relação aos seus sentimentos com Merck, não a culpava, aquilo era demais para alguém.
Sobre meu pai, minha mãe não me contou muita coisa, apenas repetiu o que Merck havia dito, dizia que estava apaixonada por meu pai, desde a infância, e culpava meus avós por ter feito-a casar com Merck. Eu implorei por mais, porém ela não quis dizer muito, não consegui a força-la. Não vou mentir, pensei seriamente em me inscrever no concurso, para saber de meu pai, já e ele era um general de uma base de guardas que recrutavam outros guardas e estavam em Southampton quando fui concebida. Eu conseguiria descobrir mais caso eu fosse escolhida (uma coisa impossível, já que eles iriam escolher as com mais classe, condição de vida, educadas, bonitas e com dinheiro. )Não queria me iludir achando que isso seria possível, se ele realmente gostasse de minha mãe como dizia, ele teria vindo atrás dela, teria vindo atrás de nós duas.
Eric e eu estávamos muito próximos, mais do que nunca e eu ficava receosa as vezes, por talvez estar criando algum tipo de sentimento por ele, algum tipo de sentimento, do tipo você sabe. Ele estava sendo uma pessoa incrível me ajudando em casa com o que precisava ser feito... Kiara e Kurt adoravam ele, minha mãe o tratava como filho e Kira amava-o como irmão mais velho, ficava feliz por isso. Mamãe sempre fala sobre ele gostar de mim muito mais do que amiga, que aquilo era óbvio e visível, temia que fosse verdade, mesmo estando receosa com meus sentimentos, sabia que eles eram traiçoeiros e me trairiam caso Eric resolvesse se declarar para mim. Ele era incrível demais para uma pessoa como eu, que como Kira diz, não sei o que quero da vida e ainda acha que eu gosto de mulheres.
Jordan e Kira convidou nossa mãe e nossos irmãos para irem ao restaurante assistir o Time Aykroyd junto com a maioria do pessoal da cidade, já que aquilo estava uma bagunça cheio de ansiedade, então estavam todos animados com aquilo tudo. Eu estava trabalhando, já que o movimento estava grande, conseguiria algumas moedas a mais.
-Hey, Marie, conversei com o Príncipe e ele disse que esta muito animado com o dia de hoje! – Jeremy estava dizendo para sua parceira, depois de alguns minutos enrolando para entrar no castelo e dizer logo quem eram as quinze fantoches do reino, enquanto eu estava anotando o pedido de uma mesa de garotas que tinham se inscrevido no concurso e estavam animadas demais – nossa Rainha está animada para conhecer suas novas filhas.
-Não é só a Rainha que está animada para isso, todos os avallonesos estão deste jeito para conhecer nossas novas Meninas – Marie estava mais arrumada hoje, ela estava confiante de que seria escolhida, aquilome irritava, seria marmelada, ela sempre ficou no palácio junto com os príncipes, não era justo! – daqui alguns minutos, depois do anúncio sobre o reino que não estão relacionados a Seleção, nós voltaremos já ao lado da família real! Aguardem!
Revirei os olhos ao ver as meninas dando um gritinho animado, com aquilo tudo, juntamente com a maioria das pessoas do local. Meus irmãos estavam mais preocupados com a comida do que com o concurso, na verdade, Kurt... E depois ele sempre vinha até mim perguntando se eu queria ajuda, eu não sabia lidar com aquela fofura toda. Já Kiara, estava ansiosa com quem seria escolhida, sempre jogando na minha cara que eu fiz a maior burrada da minha vida ignorando o concurso.
Depois que os pedidos deram uma abaixada, pude descansar um pouco, deixando dois garçons lá, entrei na cozinha a qual estava um fervo, pelo menos hoje Eric estava tendo ajuda de mais gente, então na hora que entrei, o mesmo estava indo pelas portas do fundo, tomar um ar. Dei um sorriso e fui atrás dele.
-Sua dissimulada! – ele disse assustado, depois de eu lhe dar um susto, enquanto eu ria muito com a sua cara
-Consegui! – falei me gabando, vendo o mesmo revirar os olhos rindo – o que você tem? Ta estranho... Parece que está nervoso...
-Ah, você sabe... A cozinha está uma bagunça hoje, o trabalho não parou... – ele respondeu passando as mãos no pescoço, sinal de que ele estava escondendo algo
-Você não me engana, o que você fez? – perguntei segurando suas mãos e o mesmo abaixou o olhar suspirando – Eric!
-, não se preocupa, okay? – ele sorriu encostando a testa na minha
-Eric, você fala o que tá acontecendo ou eu vou fazer greve com você de novo, você lembra como foi a última vez! – sai de perto dele cruzando os braços brava
-Ah, por favor, não faça birra! Você tem dezessete anos! – ele fez careta enquanto eu dava as costas para ele, voltando para o restaurante – Volta aqui, ! – ele me chamou umas três vezes, até eu encostar a mão na maçaneta da porta e entrar
Sabia que Eric viria atrás de mim, ele sempre vinha, só demorava alguns dias, ou semanas... Só esperava que isso não fosse por tempo demais, é horrível não poder contar com ele nessas horas, ele é meu único amigo. Nunca tive sorte com amigas, a única mesmo era Kira e minha mãe. Nunca consegui confiar em ninguém, meu mal é esse. Percebi que estava começando o programa novamente, já que todos da cozinha tinham ido para fora assistir junto com os outros.
Ouvi o hino do país sendo tocado junto com todo mundo cantando junto, e na calmaria, me sentei no balcão esperando pelo espetáculo que estava chegando.

“- Boa noite, Avallon! – Rei Robert apareceu, sorrindo, ao lado e sua esposa com seus filhos atrás, os três usavam um terno preto junto com a coroa, o que o deixavam com cara de sérios, não vou mentir, estavam lindos. , e deram um sorriso para a câmera e fizeram uma reverência com a cabeça – estamos muito felizes por cada uma das garotas que se inscreveram, infelizmente eu só tenho três filhos – ele riu junto com a Rainha e os meninos riram juntos.
-Meu coração está cheio de alegria por poder estar fazendo parte de algo tão incrível como a Seleção dos meus filhos. - Leigh-Anne estava com os olhos marejados mas sorrindo muito.
-Meninos, como estão se sentindo com isso tudo? – Jeremy tomou a palavra e os meninos se encararam e a palavra acabou sendo tomada por – vocês ajudaram na escolha das garotas? Como foi o processo?
-Escolhemos todas as garotas, foram mais de quinze mil inscrições. Nossa semana foi dedicada somente a isso, óbvio que tivemos ajuda dos membros do conselho, de alguns amigos e até mesmo meu pai, cada um separava as que mais agradavam e meus irmãos e eu decidimos quem ficava – deu uma risadinha lembrando de algo, fazendo seus irmãos rirem junto, até mesmo , que nunca tinha visto rir sem parecer falso.
-Espero que essas quinze garotas valham a pena, porque estou sem dormir faz dias, estou ansioso com tudo isso, e ansioso por conhecer cada uma – disse me fazendo dar uma risadinha, ele era engraçadinho.
-Uhhh – Marie disse sorrindo para eles – e vocês já tem alguma preferida?
-Ou já teve alguma discussão sobre quem ficará com quem? – Jeremy alfinetou. Os garotos se olharam rindo ainda mais lembrando de algo, me deixando curiosa
-É cedo para dizer isso! – respondeu despreocupado.
-Ah, , para! – começou a rir – Já temos uma preferida sim e é até engraçado, porque nós três gostamos dela.
-oh! – Jeremy riu alto e Marie deu um sorriso – Vamos querer saber o nome da sortuda, hein?!
-Vai ser difícil a gente dizer isso – riu junto com os irmãos – é tipo um segredo de estado
-Vamos querer saber! – Marie repetiu a frase rindo e se virou para Robert e Leigh que estavam se divertindo com a situação toda – E o que vocês estão achando? Uma palavra que defina o momento!
-Estamos achando tudo isso incrível, é uma honra poder fazer parte disso tudo, ver meus filhos participando de algo feito em gerações passadas! – Rei Robert começou a dizer orgulhoso, eu adorava ele. – a palavra, creio que seja... Ansioso
- E acho que vamos tirar um bom proveito de tudo isso, vi as garotas escolhidas, gostei da maioria, vou adorar conviver com esse bando de mulher aqui nesse lugar, vivo muito sozinha e agora vou ter companhia até para ir ao banheiro! – rainha Leigh disse rindo – e a palavra, digamos que seja... Positividade
-E vocês, meninos? – Marie perguntou
-Confiante! – foi o primeiro a dizer
-uh... Entusiasmado! – foi o segundo depois de pensar um pouco
-an... Esperançoso! – deu um sorriso e o rei tomou a palavra se levantando
-Creio que já está na hora de dizer o nome das quinze garotas – ele sorriu segurando a mão de sua mulher – é com você, Jeremy!
-Aqui em minhas mãos, estão os nomes das quinze garotas e ai na tela de vocês, vai aparecer a foto de cada uma, respirem fundo e torçam os dedos! – ouvi o gritinho animado das garotas ali atrás dei risada, aquilo seria engraçado – e a primeira garota é... Summer McCanlies da província de Taim. – Ela era ruiva, dos olhos verdes e na foto estava com uma cara de má, o que me fez julgar pela imagem e achar ela uma nojenta, talvez pelo fato de ela morar em Taim, um dos lugares mais ricos de Avallon.- Bethany Bones de Huang – essa era morena dos olhos verdes – Courtney Gade de Bowen – ela era loura dos olhos castanhos. – conforme ia falando os nomes das garotas, estava entediada com tudo aquilo, as garotas eram realmente bonitas, porém, ficar sentada esperando não era meu forte, nunca foi, então resolvi ir tirando os pratos das mesas das pessoas, agilizando o trabalho. Ouvindo a voz de Jeremy falando e o povo reclamando de tudo.
Estava na mesa da onde minha família estava, pegando os pratos deles, que estavam concentrados na TV, olhei para o balcão, Eric estava sentado, encarando ora a TV, ora à mim. Se ele achava que eu ia recuar, estava enganado.
-Nossa penúltima garota é de Portillo, Lizzie Frost. – ela tinha o cabelo curto, da cor castanha e os olhos azuis. – agora rufem os tambores, pois nossa última menina, vem de Southampton – “Finalmente”, “AGORA SIM”, pude ouvir várias outras frases das pessoas que comemoravam ansiosos por aquilo, eu comecei a rir pela muvuca e comecei a andar novamente com alguns pratos nas mãos - é a nossa garota final! – me engasguei com o que eu ouvi, me virei para a TV e vi minha foto ali, a foto que Éric havia tirado em sua casa no dia que Merck foi preso, eu estava com a mão enfaixada, porém, meu sorriso estava tão sincero, tão real. Foi então que derrubei os pratos no chão assustada, com tudo aquilo, não conseguia ouvir mais nada, ninguém, mesmo sentindo o povo comemorando, mesmo vendo que a maioria estava feliz com aquilo. Olhei para frente e vi minha mãe e meus irmãos comemorando me abraçando.
Meio tonta, ainda, dei uma olhada procurando por Eric, vi o mesmo com as mãos no rosto e logo depois correndo para fora do restaurante. Tentei ir atrás, porém, sem sucesso.
Eu era a nova estrela da cidade.

-IA ME CONTAR QUANDO? – perguntei abrindo a porta dos fundos do restaurante, dando de cara com Eric jogado no chão, observando as estrelas. Obviamente, depois de ter conseguido fugir do pessoal que me paparicava e comemorava minha vitória por ter conseguido entrar no concurso, aliás, alguns nem acreditando que EU havia conseguido, mal sabem que eu estou tão surpresa quanto – HEIN?!
-Primeiramente, eu quero que você se sente e se acalm...
-Me acalmar? – atrapalhei ele rindo irônica, aquilo era piada – Ah, claro... Eu deveria estar feliz por estar indo para o palácio de Avallon.
-Entendo e compreendo sua revolta... Vou entender se não quiser mais falar comigo! – ele disse calmo, ainda olhando para as estrelas, bebendo um gole de sua cerveja. – só quero que saiba que eu não vou pedir desculpas por ter te inscrito nisso, e...
-Eric... – me abaixei e fiquei ao seu lado – eu disse que não queria, eu falei que não era pra mim!
-Isso é o que você acha, ! – ele respondeu já sem paciência e visivelmente, aquilo partiu meu coração, porém me deixou irritada o bastante para pegar a cerveja dele.
-O que eu acho deveria importar! – falei séria, jogando a garrafa dele longe, eu odiava gente bêbada, não suportaria ver Eric assim. – você me traiu.
-Quer saber? – ele me encarou e eu respirei fundo arqueando a sobrancelha – eu fiz isso sim, eu não estou feliz por isso, eu me arrependo muito! Agora você vai ficar longe de mim e eu nunca vou poder ficar com você! Com a garota que eu amo – arregalei os olhos, assustada com tal revelação, demorei alguns segundos para conseguir responder aquilo.
-E... Então porque fez isso? – gaguejei e ainda por cima tinha ficado com a voz trêmula.
-Porque eu te amo, ! – ele gritou me fazendo fechar os olhos, nervosa – quis provar à você que você era capaz de entrar nesse reality, quis provar que você é maravilhosa o bastante para isso, quis provar que você tem que e pode ir encontrar o seu pai... Quis provar que você pode ser uma princesa!
-Eu não queria isso, eu sei muito bem que sou capaz de tudo isso que você disse! – falei ainda de olhos fechados tentando me acalmar, me segurando e tentando me convencer de que aquilo era realmente verdade.
-Então convença seu coração disso, pois nem seu cérebro acredita nisso que você esta dizendo... Falar da boca pra fora é fácil – ele se levantou me deixando ali sozinha, completamente confusa, perdida e... Com medo. Com medo do que viria a seguir, com medo do que eu me tornaria daqui uma semana.
Minha vida havia ficado completamente diferente do que costumava ser. De uma garota invisível me transformei na mais nova artista, de filha da costureira à mais procurada em apenas três dias, desde que eu havia me tornado uma das selecionadas. Desde a discussão com Eric eu não havia mais conseguido falar com ele, e nem conseguia ir ao trabalho pois tinha sido demitida. SIM, DEMITIDA! Minha irmã disse que eu não precisava mais do trabalho. Contra minha vontade eu ficava dentro de casa sendo escravizada pelos meus irmãos que queriam brincar toda hora, mas dessa parte eu não reclamo, eu queria ficar com eles o tempo possível, eu ia ficar bastante tempo sem vê-los.
Eu estava tentando aceitar o fato de ter que ir para o castelo, estava colocando os pós tomar posse disso e deixando os contras fora disso, uma vez feito, jamais desfeito. Olhando para o lado bom, eu teria roupas novas, comida a qualquer hora, cuidar dos animais do castelo caso eu consiga fazer um dos príncipes gostarem de mim, poder tocar novos instrumentos, encontrar meu pai... E provavelmente, encontrarei um marido que me ajude a dar conforto a minha família. Não gostava de pensar assim, eu não sou assim!
Por culpa de Eric, eu perdi totalmente o rumo da minha vida. Minha mãe ainda estava tentando entender o que havia acontecido e o porque de eu estar entre as quinze escolhidas, Kiara estava orgulhosa de mim e feliz pela “surpresa” que ela achava que eu havia feito para ela, Kurt só me abraçou e perguntou se eu ia deixa-los e Kira não para de me bajular ou de se mostrar para as pessoas por ser Irmã de uma Escolhida. Até eu conseguir explicar para todos eles o que havia e fato acontecido, eu não teria mais voz então apenas contava que havia me inscrito mesmo... Não envolveria Eric nisso para minha família.
Hoje (terça-feira), é um dos últimos dias que tenho em casa, já que a apresentação das escolhidas é na sexta-feira e começamos nossa vida no castelo. Não podia negar estar nervosa com isso, mesmo que eu não virasse uma princesa, eu me tornaria em uma das damas mais renomadas de Avallon. Eu jamais teria minha vida pacata de volta. Estava deitada em meu quarto, pensando na vida e na seleção, abraçada com Kurt que estava dormindo em plena duas horas da tarde, esse safado aproveita que nossa mãe esta trabalhando para poder tirar suas sonecas. Até eu estava tirando uma soneca juntinho com Kurt. Estava tão entretida nisso que me assustei com o barulho de... Instrumentos musicais? Uma melodia que eu conhecia, porém nem em sonho, eu saberia da onde. Devo estar sonhando, ultimamente meus sonhos estão estranhos demais. Continuei ali, deitada completamente morta e pensando da vida.
-MARG! MARG! MARG! – Kiara entra toda afobada em meu quarto, fazendo-me cair assustada da cama.
-PORRA, KIARA! – gritei assustada me levantando da cama e segurando Kurt para que ele não caísse também, pois minha cama era pequena.
-Você vai começar a seleção já pagando micão – ela bateu na própria testa me deixando confusa, encarei ela com as mãos esperando uma explicação – tem uns caras aqui em casa, eles vieram do castelo, estão aqui para conversar com você! A mamãe já esta lá embaixo esperando por você.
-Ah, mais que palhaçada! – falei me levantando rapidamente e indo até a janela. Havia uma carruagem, homens atrás dela tocando todos os instrumentos possíveis e muitos guardas. Aquilo estava... Incrível. E tudo na frente de casa, eu não estava pensando direito Desci as escadas completamente correndo, e ainda consegui cair no último degrau. Aquela era a pior apresentação da minha vida e os representantes do reino já tiveram a primeira impressão sobre mim, a garota do interior de Avallon, toda desastrada e completamente sem nenhuma instrução para ser uma princesa. Ainda estava com a cara enterrada no chão, de qualquer maneira, criei coragem e me levantei toda desengonçada e fiz uma reverência, torcendo para que não houvesse câmeras ali.
-É um prazer conhece-la, Srta. – uma mulher alta, aparentemente com uns trinta e cinco anos, vestida formalmente com uma pasta encostada ao peito disse fazendo uma reverência à mim também, aquilo era completamente novo para mim. – sou Lady Robin, uma das quinze Lady da rainha e escolhida como sua tutora no castelo... Irei te ensinar a comportar-se como uma princesa, serei sua instrutora, sua psicóloga, sua professora, e por aí vai. Te ajudarei a lidar com tudo que for difícil no castelo.
-É um prazer, Lady Robin – sorrio agradecida convidando-a para se sentar na mesa da cozinha, junto com minha mãe, que estava fazendo café para a gente, e eu odeio café. Provavelmente elas já deviam ter feito as devidas apresentações.
-Por favor, só Robin, é muita formalidade... – ela se sentou rindo e encarou minha cara confusa, já que era para sermos totalmente formais – lição um, você deve ser formal com a Rainha e o Rei, no começo com os príncipes também, mas não vai durar muito, eles odeiam formalidade... Seja formal na frente de gente importante e na frente das câmeras, fora isso... Você pode agir normalmente, não estou criando um robô e sim uma princesa e caso você não seja uma Escolhida, você vai ter tido experiência o bastante.
-Tudo bem, irei anotar tudo isso – brinquei fazendo-a rir junto com minha mãe.
-Mas... Bem, ... Vamos ao que realmente importa! E ao que realmente explica o motivo de eu estar aqui – ela abre a pasta tirando de lá um monte de papéis, eu já fiquei entediada – as outras Lady não foram visitar suas selecionadas, viria um enviado do rei passar as coordenadas e você só me conheceria quando chegasse ao castelo, eu tomei liberdade de ter a aprovação do rei, da rainha e é claro, dos príncipes.
-Robin, por que você quis fazer diferente? – minha mãe se intrometeu e Robin a encarou e depois olhou para mim.
-Eu queria conhecer minha selecionada antes... Queria ter certeza de que ela entenderia tudo e estivesse ciente das coisas! E por sua filha ser a única menor de idade do reality, eu tive que vir – ela explicou mostrando-me o primeiro papel, aquilo estava meio confuso, mas eu preferi ignorar – nessa folha está tudo o que você já sabe sobre A Seleção, pode ler se quiser e assinar aqui aonde esta pedindo, na segunda folha é aonde pedimos que você diga algumas coisas pessoais como... Se já namorou, se ainda é virgem – ela e minha mãe me encararam e eu fiquei vermelha.
-É claro que ainda sou virgem! Não arriscaria meu pescoço com isso.
-Você seria desclassificada e ainda morreria por não ser mais virgem. Pior ainda, poderiam poupar sua vida, só que você perderia a chance de casar! – ela explicou escrevendo nos papéis, e me dando mais instruções, pedia para minha mãe assinar alguns papéis ainda, por eu ser menor de idade – Você sabe que agora é completamente do reino, né? Não pode ficar com ninguém, se for pega, eu não quero ver você sendo decapitada... Agora também você vai receber um tipo de pensão, já que você ajudava a sustentar a casa e eles vão perder o que costumavam receber de você... Cinco guardas vão cuidar daqui o tempo que você estiver no castelo, e caso for desclassificada, eles vão continuar cuidando de você, até você casar. No castelo, você precisa de permissão dos príncipes para qualquer coisa, nem o Rei pode dizer nada, e quando eu digo qualquer coisa, eu digo sobre sair do castelo para voltar para casa, viajar, coisas deste tipo, até anoitecer você tem permissão de ficar no jardim ou na piscina, você terá três empregadas em seu quarto ao seu dispor para qualquer coisa. Te darei mais informações conforme for lembrando no castelo... Você embarca para o reino daqui dois dias, terá uma festa na cidade para sua despedida... Quando chegar no reino estarei a sua espera de lá a sua nova vida começa.
-Fico tranquila por saber que você cuidará de ! – mamãe segurou a mão dela agradecida, ela se assustou com o movimento, porém, aos poucos foi se acostumando e acabou sorrindo com aquilo.
- ficará bem, cuidarei dela como se fosse minha filha! – sorri para elas e encarei minha mãe, sabia que ela não estava se aguentando.
-Mas me diga... tem chances de conseguir um dos príncipes? – revirei os olhos cobrindo o rosto com vergonha, enquanto Robin ria e respondia minha mãe com a maior calma do mundo.
-Sua filha é mais linda ainda pessoalmente do que por foto, pelo que pude perceber ela é muito inteligente e de personalidade forte... Não vou mentir, tenho muito trabalho ainda com ela, principalmente na parte de boas maneiras, modos, andar e essas coisas, creio eu que ela aprende rápido e se depender de mim, ela vai ser a mulher da vida dele.
-Espera, na vida de qual deles? – perguntei confusa e ela riu balançando a cabeça.
-Você escolhe qual!

Depois de mais uma longa conversa com minha Dama, Lady ou sei lá o que, Robin, ela foi embora deixando seus cinco guardas em volta de casa e um dos cinco lá dentro. O seu nome era Barney, ele era um cara de quase quarenta anos, muito legal, engraçado e morava em Southampton antes de se tornar guarda. Ele conhecia minha mãe e eu estava adorando tê-lo ali, sabia que estaria indo deixando-os em ótimas mãos.
Minha barriga estava cheia de borboletas, eu estava ansiosa para tudo isso, não estava feliz, porém, eu já tinha aceitado o fato de que essa era minha realidade e que era o que devia ser feito. Minha família receberia dinheiro, eu conseguiria achar meu pai, eu teria mais oportunidades assim como mamãe, Kurt e Kiara. Eu ajudaria minha família e se eu tiver que fazer esse sacrifício por eles, eu farei.
Já tinha planos, ficaria lá até os príncipes quiserem, quando eles me mandassem embora eu voltaria feliz e com dinheiro, mais as oportunidades que eu ganharia. E ainda teria tempo para achar meu pai. Já estava tudo certo. Pelo menos na minha cabeça e meus planos.
Tinha apenas mais alguns dias com minha família e eu queria aproveita-los ao máximo. De qualquer maneira, eu ainda tinha que conversar com Eric, mas estava sem coragem alguma pra isso. Tomei a decisão de que se ele quisesse, ele viria até mim e não o contrário No dia seguinte, (quarta de manhã), eu fui para a casa de Kira, ficar um pouco com ela, já que na quinta eu iria à noite para o castelo e ela teria que trabalhar, já que o movimento do restaurante iria aumentar mais pela festa que teria na cidade para mim. Praticamente não veria mais ela e aquilo me partia o coração.
-Hey, Bis – falei com voz de neném para o cachorro de Kira, que na verdade era meu cachorro, porém eu não pude cuidar dele então Kira resolveu adota-lo, e ele já estava enorme. O abracei forte enquanto ele fazia a festa por eu estar ali.
-Você chegou! – Kira veio de pijama me abraçar, eu ri da mesma estando toda desarrumada – fique aqui na sala, vou mandar Jordan vim te fazer companhia enquanto eu me arrumo, não posso ficar toda desarrumada agora! Sou irmã de uma selecionada! – revirei os olhos suspirando, vendo minha irmã correr para seu quarto. Fiquei fazendo carinho em Bis, completamente arrasada, nem percebi que Jordan estava do meu lado.
-Puta que pariu, Jordan! – falei ando um pulo de susto vendo-o rir alto.
-Esse vocabulário não é o certo para uma selecionada! – ele comentou me fazendo revirar os olhos novamente e abaixar a cabeça – Okay, pode falar o que você tem, porque de todo comportamento que uma selecionada deve ter, com certeza esse que você ta tendo, é o ultimo! – o que eu mais amava em Jordan, era esse senso de humor dele.
-Em todo lugar que eu vou, tem gente me bajulando... Os únicos lugares que eu posso ser tratada normalmente é aqui, em casa e com Eric – abaixei a cabeça novamente lembrando que ainda não estava de boa com ele – e eu não posso chegar na casa da minha própria irmã que ela me trata como uma selecionada... Eu ainda sou a irmã dela, ainda sou a filhinha do meio irritante. Eu estou com medo e eu só queria que ela me reconfortasse.
-Você sabe como Kira é... No fundo ela queria estar no seu lugar – ele riu me fazendo rir junto, segurando o choro – você continua sendo a garotinha irritante...
-Jord... – Kira atrapalhou a nossa conversa. Ela havia escutado tudo, nem tinha ao menos ido para o banho, ainda estava com a toalha e as outras coisas nas mãos e encarando a gente completamente magoada – não chame minha irmã de irritante, só eu posso! – nós dois rimos observando ela, que ainda estava seria, eu por um fio de começar a chorar – não sabia que isso te incomodava tanto e muito menos que você estava se sentindo assim... Meu amor, você é minha pirralhinha, eu tenho orgulho de você e orgulho de quem você vai se tornar... Sentir medo é completamente normal agora, você pode se mostrar mais forte que pedra, mas sabemos que não é assim, e nunca vai ser! Mas saiba que estamos aqui sempre, você tem com quem contar, tem à mim e...
-E tem a mim também, eu emprego no restaurante vai ficar pra sempre esperando você lá, pra quando precisar – Jordan atrapalhou a esposa, fazendo-me secar uma lágrima teimosa que escorria e dando risada ao mesmo tempo, me dando um abraço de lado junto com um beijo na testa.
-Você vai ter pra sempre sua família com você! – ela terminou de dizer com algumas lágrimas escorrendo, eu assenti com a cabeça vendo a mesa sorrir, segurando meu rosto e depositando um beijo na minha testa também e me abraçando forte. Acabou que ficamos os três abraçados por alguns minutos, como uma família.
-Obrigada –agradeci aos dois, secando o resto de lagrima que tinha em meu rosto e vendo os dois fazerem os mesmo em si. – prometo que mandarei cartas para vocês sempre que der e ligarei também, tenho esse direito de ligar para a casa pelo menos duas vezes por semana... Eu ligo uma pra mamãe e a outra pra vocês...
-Vamos estar sempre esperando por isso! – ela respondeu sorrindo – AGORA DEIXA EU TOMAR MEU BANHO!
O resto do dia foi completamente normal, ficamos na casa de Kira conversando, relembrando o passado, contando piadas e zoando Jordan pela barba que ele não queria tirar, porque segundo ele, ficava extremamente sexy com ela. À noite eu iria para o restaurante junto com eles e depois voltaria para a casa e ficaria com minha mãe e os baixinhos, depois curtiria minhas ultimas horas naquela casa e as seis, eu iria para a praça principal da cidade, me despedir do povo e de lá, iria para o castelo, uma longa viagem que duraria a noite inteira fazendo-me chegar lá provavelmente na hora do almoço. Estava quase entrando em colapso nervoso.
-Vocês são ridículos – eu fiz careta ao ver os dois comendo o mesmo macarrão, até encostarem a boca um no outro.
-somos românticos! – Jordan se gabou abraçando a esposa.
-você vai ser pior que a gente, quando encontrar o seu marido – Kira respondeu dando beijinhos no rosto de Jordan, que ria. Fiz careta fingindo vomitar – e estou torcendo que seja o .
-Eu não quero pensar nisso agora – mudei de assunto, vendo-a comer pela quinta vez, muito estranho já que Kira não é de comer demais e muito menos lotar o prato, tinha algo estranho acontecendo – Kira você ta com lombriga? Nunca te vi comendo tanto!
-Na verdade... – eles se encararam rindo cúmplices e se perguntando “será que contamos?”, Jordan tomou a liberdade e disse – é um bebê.
-Surpresa! – Kira sorria abertamente e balançava os braços.
-O QUE?
-Não íamos contar agora... Estávamos esperando a poeira abaixar por ser o seu momento, não queria roubar ele de você... Íamos contar depois, quando começasse a aparecer a barriga – ela explicar e eu apenas ignorei tudo dando-lhes um abraço forte. Eu estava tão feliz!
O resto do dia foi completamente perfeito, fazia tempo que não ria tanto, aproveitei ao máximo. Depois fui ao restaurante com eles, fiquei até fechar para ver se Eric não falaria comigo, mas ele não havia ido trabalhar hoje, eu achei aquilo completamente estranho. Ele nunca faltava um dia no trabalho.
Acabei voltando para a casa, as crianças já estavam dormindo e minha mãe também. Dei um beijo na testa de cada um e fui fazer o mesmo que eles. Claro que com mil coisas na cabeça, mas acabei pegando no sono alguns minutos depois.
Amanhã seria ainda mais complicado do que hoje, com muito mais emoção e pior ainda, muito mais difícil do que a despedida com minha irmã, Jordan e o pessoal do restaurante.

Acordei no dia seguinte com Kiara e Kurt em cima de mim, fazendo a maior bagunça e rindo muito, estavam tão felizes por eu ser uma selecionada que aquilo me dava até um pouco de alegria. Ainda estava pensando em Kira grávida e eu não a veria enorme de gorda, perderia uma das melhores fases dela. Pensando que Jordan ficaria louco com minha irmã pirada e imaginando a reação de minha mãe com isso. Não queria perder esses pequenos detalhes, mas teria. Tomamos um café da manhã, rimos muito e, pela primeira vez, Kurt e Kiara não brigaram nenhuma vez, mamãe estava muito feliz e dava pra ver que estava orgulhosa também, até mesmo Kiara demonstrava isso. Tinha medo de não conseguir dar a eles o que eles queriam de mim.
Depois do café eu fui arrumar minhas coisas, levaria apenas o que era mais valioso para mim, já que roupas Robin disse que eu deveria esquecer as que eu tinha, pois teria novas. Kurt ficou deitado em minha cama e acabou dormindo.
Peguei uma caixa que tinha em cima do meu pequeno guarda roupa cheio de fotos, eu levaria algumas para o castelo e algumas roupas também, não importa o que Robin dizia, eu levaria minhas calças comigo e minhas camisetas sem mangas. Escolhi a foto em que estávamos todos sorrindo, em uma apresentação que teve na escola de Kiara, Merck havia tirado a foto então ele não estava nela, apenas nós e Jordan. Outra em que estava apenas Kurt e eu abraçados com ele rindo muito; outra que só estava Kiara e eu sorrindo para a foto; uma em que estava Jordan, Kira e eu fazendo careta; uma com minha mãe, nós estávamos nos encarando e sorrindo uma pra outra e levaria minha foto com Eric, estávamos os dois abraçados com Bis jogados no chão, quem havia batido aquela foto era Kira. Todas essas fotos eu havia ganhado de Eric, ele havia tirado e me dado elas... Eu simplesmente amava ter essas recordações comigo. Estava tão entretida naquilo que nem percebi que Eric estava na porta encostado observando tudo.
-Ainda não terminou de arrumar tudo? – ele perguntou rindo, mas sabia que ele estava meio triste, acabei rindo fraco e dando de ombros - sempre deixando as coisas para a última hora.
-Eu estava adiando o momento mais dolorido – Ri guardando as fotos em uma caixa e colocando na mochila, junto com minhas duas calças pretas e minhas camisetas. – mas já terminei de arrumar, foi rápido.
-Eu sinto muito por ter causado tudo isso! – ele pediu desculpa com a cabeça abaixada – na verdade, eu queria te provar que você pode mas eu só me toquei que eu amava você na hora que disseram o seu nome e mostraram a sua foto. Eu estou arrasado, e não tenho coragem de pedir que você fique.
-Já está feito, Eric... – respirei fundo olhando para a janela – só não torne ainda mais difícil e...
-Você ficaria se eu pedisse? – ele me olhou desesperado, segurando fortemente minha mão, quase suplicando, o que mais partiu meu coração, foi ver que ele estava bêbado – diga, ? Podemos fugir, você e eu... Você não precisa se submeter a isso, você pode ser feliz comigo e...
-ERIC! – o olhei completamente assustada, soltando rudemente de sua mão, aquilo não tinha cabimento, ele estava bêbado e me pedindo algo que eu não conseguiria – eu não posso abandonar a seleção agora, não posso largar tudo por...
-Por mim? – Fechei os olhos querendo me matar por ter a boca tão grande.
-Eric, eu não posso abandonar minha família, fugir com você seria praticamente entregar a cabeça deles... Eu não posso arriscar isso, sou propriedade dos príncipes, eu não consigo! – falei encarando ele e depois olhando para Kurt, que dormia serenamente. Ele concordou com a cabeça, estava saindo do quarto quando voltou até mim e me deu um beijo na testa.
-Espero que não se torne uma sem cérebro como eles... Você esta escolhendo o lado errado, , você sabe que isso não vai dar certo – ele riu sarcástico fazendo meu coração se partir ainda mais - mas vai, vire uma daquelas... Burguesinhas.
-Eric... – o chamei vendo-o sair bravo pela porta, sem olhar para trás. Estava tudo dando errado antes mesmo de eu entrar no maldito castelo, eu perdi o meu melhor amigo. Sentei no chão, deixando algumas lágrimas caírem, segurando o rosto eu fiquei contando até dez e respirando fundo para voltar ao normal, eu seria forte agora também. Minutos depois senti um pequeno braço me envolvendo em um abraço, olhei e vi que era Kurt, aquilo só fez com que eu quisesse chorar ainda mais
-Eu ouvi a conversa com o Eric... Ele foi muito mal com você- ele falou com a testa enrugada e cruzou os braços mostrando que estava bravo, aquilo me fez rir um pouco – , não deixe ele te colocar assim pra baixo, você é incrível, bonita, legal e engraçada, ainda sabe cozinhar biscoitos como ninguém e sempre ajuda a gente quando precisamos... Já é uma princesa e eu tenho certeza que os príncipes vão te amar, principalmente o ! Quando eu crescer, quero namorar com uma garota que seja tão incrível como você. Eu confio em você, eu acredito que você pode qualquer coisa... Ficaria feliz com você mesmo se você fosse chata igual a Kiara! – ele tirou do bolso um colar, ele tinha o cordão preto simples com um pequeno pingente de pássaro voando, era tão simples e meigo ao mesmo tempo, antes de eu perguntar como ele tinha comprado esse colar, ele já o colocou em mim – comprei ele com o dinheirinho que eu estava guardando... É bem simples... Mas é muito importante pra mim que você use algo pra se lembrar de mim pra sempre.
-Você é o melhor irmão que alguém poderia ter – sorri emocionada o abraçando forte, o mesmo chorava um pouquinho, até eu estava chorando... Não esperava que Kurt me dissesse tudo isso e me fizesse realmente ficar melhor. Minha família era tudo pra mim – vai me visitar no castelo, quando chamarem você?
-É CLARO! – ele falou animado, pulando me fazendo rir.
Depois das palavras de Kurt, fiquei um pouco com ele ali no quarto, brincando e conversando com meu irmão mais novo que tinha uma cabeça tão evoluída, que parecia ser mais maduro que eu. Graças a ele, eu estava me sentindo mais leve. O medo não havia sumido, porém eu estava mais aliviada em relação de deixa-los.
-Kurt, posso falar com a ? – Kiara perguntou ao me ver descendo as escadas com Kurt nos ombros e a mochila nas costas, o tempo havia passado e já estava quase na hora, o mesmo assentiu voltando lá pra cima, indo com minha mãe, em seu quarto.
-Se você me fizer chorar também, eu te bato! – falei rindo e a mesma me acompanhou, apenas correndo ate mim e me dando um abraço – promete que vai cuidar de tudo aqui e mandara cartas para mim contando de tudo que acontecer?
-, eu juro que vou deixar você orgulhosa e cuidar daqui de casa como você cuidava... Vou cuidar do Kurt e da mamãe até você voltar e pedirei ajuda para Kira e Jordan quando necessário – ela dizia rápido e eu ria e sorria abertamente com tudo que ela falava – eu estou muito feliz com você e eu confio e acredito que você consegue... Não se preocupe com a gente, foque em você.
-Eu amo você, ta? – dei um beijo em sua testa e a mesma disse o mesmo – você é a mais velha agora – sussurrei rindo e ela se gabou
-eu sempre fui né, você só tomava meu lugar por seu mais alta e mais velha, porque mesmo eu sendo mais nova, sou bem mais madura e...
-Ah, pirralha, fica quieta! – empurrei sua cabeça pro lado rindo junto com ela
-Srta. , já esta na hora... O carro já chegou – um guarda disse aparecendo na porta, se curvando ao me ver, assenti com a cabeça e falei para Kiara já ir entrando no carro, eles iriam comigo até a praça principal para a despedida. Chamei Kurt e minha mãe, estava indo logo atrás dele e minha mãe atrás de mim, porem ela disse para ele ir indo na frente que nós duas já iriamos para o carro. Me virei para ela confusa.
-Quando foi que você cresceu? Já esta virando uma mulher... – ela me olhava orgulhosa e eu estava prestes a chorar novamente, ganhei um abraço dela –não importa o que você faça, terei sempre orgulho de você, acredito e confio em ti... Vai ser pra sempre minha garotinha! – ela passava as mãos delicadamente pelo meu rosto – não tema, , a sua caminhada começa agora... Vai passar por coisas horríveis, sei que você tem a personalidade forte, igual a mim, mas não deixe seu orgulho estragar tudo, não se torne um boneco como a maioria, acredito que você vai sempre fazer o certo, e quero que você faça apenas o que é certo, não te criei pra virar uma pessoa do mal, seja honesta... E quando eu digo isso, não falo apenas sobre as coisas erradas, eu digo em relação ao seu coração... Seja honesta com o que sente, seja honesta com você. Seja honesta.
-Ser honesta?... – perguntei confusa, ela apenas sorriu me dando um beijo.
-Quando for a hora certa, você vai entender!

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Chegando na praça, estava lotada, cheia de câmeras, gente me pedindo foto, autógrafo, placas com meu nome, minha foto nos lugares, camisetas com meu nome, gente gritando por mim, eu estava ficando maluca. Seguranças me levavam até o palco e minha família estava logo atrás de mim, o prefeito disse algumas coisas, perguntou se eu queria dizer algo, porém eu neguei. Começaram a gritar meu nome novamente, e depois o hino de Avallon começou a tocar, procurei por Eric na multidão, mas não o achei. As garotas que haviam se inscrevido estavam me encarando com raiva, não consegui controlar o sorriso sarcástico e o “tchauzinho” completamente falso. Ninguém mandou elas me tratarem com desdém.
E então chegou a tão chegada hora... Eu tinha que ir.
Me despedi de minha família com o coração partido, entrei no carro segurando as lágrimas e então ouvi uma gritaria lá fora, era Kira, os guarda não estavam deixando ela entrar junto com Jordan. Sai rapidamente do carro.
-Deixe eles entrarem – falei e na mesma hora, eles já estavam dentro. Os dois vieram correndo me abraçar.
-Você já esta até dando ordens! – Kira bateu palminhas me fazendo rir – não consegui ficar no restaurante, não queria deixar você sozinha agora... Nem a mamãe ou as crianças. – apontei pra mamãe que estava ali segurando o choro, Kira foi correndo abraçá-la.
-Cuida deles pra mim? – perguntei segurando a mão de Jordan – Por favor, sei que você não tem essa obrigação, mas...
-, vocês também são minha família... Vou cuidar muito bem de cada um deles – ele me abraçou e eu sorri aliviada – agora promete que vai cuidar de você mesma lá.
- Prometo! – sorri novamente.
-Srta. , temos que ir – o motorista alertou, desta vez era oficial. Olhei para trás e vi todos eles acenando pra mim, juntamente com a multidão da praça. Acenei para minha família e entrei no carro novamente, fechando a porta e esperando que o carro fosse e eu fosse para o meu destino.
Não tinha como voltar atrás. Tinha que ser feito.

Nunca fui uma criança decidida sobre que profissão eu escolheria, sobre qual rumo eu seguiria. Felizmente eu tenho muitos dons, me dou bem com os animais, sei cozinhar e gosto; tenho facilidade em desvendar mistérios, sei tocar instrumentos, sei cantar, consigo liderar várias coisas, não tenho medo de falar em público, sei lidar com as pessoas; Eric dizia que eu poderia tentar ser modelo e várias outras coisas. Mas ter tantos dons assim, só me fazia ficar ainda mais indecisa sobre o que fazer...
Pra qualquer coisa nesse país, você precisava ter dinheiro, ser importante ou ter sido indicada por alguém importante, era impossível você entrar em uma faculdade sendo um “Marginal”, como eram chamados os que não tinham profissão alguma, roubavam, matavam e essas coisas. Eu não queria me tornar uma Marginal... Esse era literalmente o fundo do poço. Eu ainda conseguia sair da lama com a ajuda de minha irmã. Não tinha ideia do que faria na minha vida.
Meu coração estava apertadinho. Sabia que seria difícil deixar minha família, já que eu era muito apegada a eles, mas não imaginava que doeria tanto... Nem que eles demonstrassem tanto que aquilo não os machucavam. Meu maior medo era Merck voltar, não saberia como lidar com isso estando longe, tenho em mente que é minha obrigação cuidar de minha mãe e meus irmãos. Sempre tive esse instinto protetor, desde pequena... E depois do que Merck fez comigo, isso só aumentou.
Agora meu destino estava tomando um rumo completamente oposto do que eu achava que eu tomaria. De tudo que eu sempre quis ser, NADA envolvia entrar na realeza. Já quis ser fotógrafa, veterinária, advogada, cantora, atriz, música, cozinheira... Mas nunca, ser uma princesa.
Sei que isso é algo errado de se imaginar, estaria me iludindo caso eu conseguisse chegar entre as seis finalistas, é loucura eu já me precipitar. Mas minha família acreditava e confiava em mim, eu tentaria por eles.
Foi uma longa viagem de carro até chegar na pista aonde um avião estaria a minha espera e de lá eu pararia em uma área do castelo e haveria uma carruagem me esperando para eu ter minha entrada ao castelo. Nunca tive tanto medo de algo como tive de andar naquele avião. Nunca tinha andado, havia sido uma coisa inesquecível, porém estressante. Só imaginava como Kurt e Kira ficariam loucos com isso e como mamãe, Kiara e Jordan ficariam morrendo de medo, igual eu.
Não irei mentir, ao ver de longe o castelo, eu comecei a ficar ansiosa novamente, ele era ridiculamente enorme e bonito... As treze torres eram muito maiores do que eu imaginava, os tons de pasteis laranja e amarelo mostravam que os anos foram realmente se passando... A ponte enorme que tinha desde o começo do rio até o castelo era muito elegante, a água era azul clarinha, mesmo sendo agua de um rio. Dava pra ver enquanto sobrevoávamos o castelo o grande labirinto que tinha ali perto, e o jardim incrivelmente impecável da rainha. Ele era maravilhoso.
Ao descer do avião, havia vários fotógrafos a minha espera, não tinha permissão de dizer nada então só acenei e entrei em minha carruagem branca com as cortinas vermelhas. AQUILO ERA INCRÍVEL.
Minutos depois, chegamos a ponte do castelo, a famosa Boulevard... Suspirei enquanto passávamos por ela, aproveitando ao máximo o momento e quando chegamos na frente do castelo, fui recebida por Robin e mais três garotas, sorri ao descer da carruagem e elas se curvaram levemente para mim, pedi que parassem com aquilo, eu não era nada pra que elas se curvassem.
-Você está atrasada duas horas! – Robin me repreendeu assim que me apresentou Lauretta, Taihne e Olívia, minhas... Empregadas. – Todas as outras selecionadas já chegaram e estão se preparando para a cerimônia de apresentação. Você esta completamente para trás.
-De que? – perguntei segurando minha mochila e subindo os degraus que me deixava cara a cada com a porra que me impedia de entrar dentro do paraíso.
-Primeiramente, seja bem vinda ao seu novo lar – ela sorriu abrindo a porta. Fiquei maravilhada com o grande corredor, cheio de guardas um do lado do outro, dos dois lados do corredor, o tapete dourado com detalhes vermelhos a iluminação clara e formal, com aqueles enormes lustres. – e agora você vai para a primeira fase.
-Primeira fase? – perguntei ainda olhando ao meu redor, maravilhada – tem como você parar de falar em código?
-Fase um – Olivia me encarou sorrindo tímida – banho, hidratação corporal, limpeza de pele, essas coisas – ela explicou e eu fiz uma cara de “Ah ta”.
-Levarei comida à você, Srta. – Lauretta fez uma reverência e saiu antes mesmo que eu a corrigisse sobre tanta formalidade e Taihne foi ligo atrás.
-Você tem sete horas para ficar pronta, ! – Robin olhou no relógio e depois nos milhares papéis – NADA DE IR ATRÁS DOS PRÍNCIPES OU DOS REIS... VOCÊ SÓ VAI CONHECER ELES NA CERIMÔNIA!
-Pode deixar – revirei os olhos imaginando o quão mimado eles seriam – e eu fico pronta em duas horas – me gabei fazendo Robin gargalhar alto.
-Querida, hoje você vai ter um dia de beleza, vai experimentar roupa, passar maquiagem, fazer as unhas, fazer cabelo e etc... Duas horas? Impossível! – bufei já imaginando o dia insuportável que eu teria.
Conforme o prometido, eu fiz exatamente tudo que foi dito, banho, limpeza de pele, cabelo, unha, maquiagem, experimentei cinco vestidos que minhas empregadas fizeram pra mim e pronto. Como previsto, seis horas depois eu estava pronta. Fui levada ao meu quarto, que tinha uma cama incrível grande e confortável e o quarto era maior do que minha própria casa. Eu estava assustada com tanto luxo, não sabia como me sentir confortável ali.
Comecei a rir lembrando do cabeleireiro real. Ele tentou pintar meu cabelo, cortar e passar uns produtos estranhos nele, mas eu não deixei ele fazer nada o que o deixou irritado. Também a escolha do meu vestido o deixou irritado já que, de acordo com ele, eu estava parecendo uma plebeia mais arrumada de tão simples que eu estava. Já que nem maquiagem eu deixei ele passar. Com certeza ele deve me odiar.
Resolvi colocar as fotos da minha família em minha cabeceira. Bem ao meu lado e os coloquei ali, nos quadros que eu havia pedido e... Perfeito! Aos poucos aquele quarto ficaria com a minha cara.
Tinha um grande espelho ao lado da janela, então resolvi me olhar nele.
Meus cabelos , estavam soltos, com uma pequena trança que passava por trás da minha cabeça, tipo uma coroa de flores, só que com meu próprio cabelo com uma tiara fina prateada, ele também havia passado um tipo de tinta em cima de meus olhos, parecia que eu estava com um traço de gatinho neles. Continuava usando o colar que Kurt havia me dado e vestia um vestido preto com detalhes dourados, ele era longo com um certo volume a partir da cintura, um tipo de tomara que caia, só que tinha um tipo de tecido “transparente” que ia ate antes de meu pescoço e não continha mangas. Nos pés eu usava um salto não muito alto, por eu ainda não saber usar, porém, por eu ser baixa, eles queriam que eu usasse logo os saltos com postura. Robin estava mais ansiosa que eu. Não vi nenhuma das outras participantes, de acordo com o chato do cabeleireiro da corte, eu era a mais simples e que ainda usava preto no dia da minha apresentação, e que isso daria azar. Nem liguei.
Olhei para a janela e fui olhar por ela, do meu quarto dava pra ver todo o jardim e mais a floresta mais a fundo.
Tinha uma enorme piscina dentro do labirinto no meio dele, eu estava tão entretida naquilo que abri a sacada de meu quarto, ficando lá tomando um ar, eu não estava conseguindo respirar muito bem, e não era só de nervoso, essa cinta que afina a cintura, me deixava sem ar. Olhei para baixo novamente e vi que tinha um cara lá embaixo, de cabelos loiro escuro, vestindo um tipo de sobretudo preto que ia até metade de sua coxa, com uma calça também preta e a camiseta branca com uma farda dourada, com algumas medalhas no peito, ele aparentemente estava bem nervoso, andava de um lado para o outro, e segurava algo na mão, minutos depois ele parou olhando para o horizonte, respirou fundo e colocou na a... Coroa. Meu coração disparou ao ver eu ele havia me visto e que naquele exato momento, estava olhando diretamente pra mim. Era .
-, você tem que tirar algumas fotos para as revistas... Oh meu Deus, você está linda! – Robin entrou no quarto sem bater e eu me virei com tudo rapidamente para a porta – porque esta com essa cara de assustada? – ela perguntou vindo até mim, olhando lá pra baixo, fiquei vermelha na hora ao ver ela rindo – , você não pode espiar as garotas! Eu achei que faria isso primeiro!
-Oh, vai me dedurar? – pude ver que ele estava fazendo drama com as mãos no peito, segurei uma risada – vim apenas tomar um ar... Não queria atrapalhar – ele faz uma reverência – vejo vocês daqui a pouco! – dando m sorrisinho e saiu andando calmamente.
-Vamos logo tirar essas fotos! – falei a puxando pelo braço, antes que ela começasse com algum comentário que me deixasse morrendo de vergonha.
Alguns minutos depois eu cheguei em uma sala ainda no mesmo andar dos dormitórios, e estava cheio das quinze participantes, todas elas estavam ali. Usando vestidos completamente claros e bonitos, com maquiagem forte, cabelos cortados e também um cheiro horrível de perfume forte, não demoraria muito para eu começar a espirrar e também não demorou muito para eu receber olhares fuzilantes.
Nenhuma delas veio até mim, falar alguma coisa, a não ser por Lizzie Frost, a garota dos olhos azuis e cabelos curtos... Ela era bem bonita mesmo, não é atoa que é uma das preferidas.
-Seu vestido é maravilhoso! – ela elogiou tocando em minha roupa, eu RI da emoção que ela usava ao dizer aquilo – minhas damas fizeram apenas esse azul.
-Oh, Lizzie, você com certeza esta arrasando com ele! – falei e coração, o vestido dela era azul tomara que caia, que tinha pedrinhas de brilhante e era rodado também. A mesma sorriu dando uma voltinha.
-Que bom que gostou! Dança comigo mais tarde? Gostei muito de você! – estranhei o jeito dela, porém, falei que sim. Lizzie não parecia ser cruel. Ficamos conversando um bom tempo, até eu ser chamada para as fotos Eu seria a última a tirar as fotos por ter chego atrasada. Estava com vergonha pois nunca tinha feito algo parecido, e parecia que todas elas já sabiam que pose fariam, eu não sabia como agir... Ao ser chamada, eu mantive a postura reta, e dei o meu melhor sorriso olhando para a câmera, e quando o fotógrafo me elogiou, acabei olhando para baixo dando risada sem graça e ele tirou uma foto nesse momento também.
Faltavam apenas dez minutos para as sete horas. Fomos encaminhadas para a grande escada que tinha ente o primeiro andar e i saguão dos bailes. Estava um pouco nervosa, com medo de cair ou algo de tipo, seria expulsa na hora.
-, querida, você será a primeira selecionada a descer as escadas – Robin dizia com calma, me levando até o começo da fila. Foi aí que eu quase desmaiei.
-Mas, Robin, por que eu? – perguntei nervosa e ela apenas deu de ombros.
-Lição dois, não questione, apenas faça! – pude perceber que ela também estava nervosa – Lição três – ela ajeitou minha postura, arrumou meu cabelo e me encarou – desça com calma e classe, ao chegar lá embaixo, fique parada que o chefe dos guardas vai te pegar e levar você aos príncipes, você ira se curvar, sorrir e ser gentil! – ela me fuzilou nessa hora, deixando claro que era pra eu ser gentil especialmente – faça a reverência ao rei e a rainha, olhe para a sua direita e se curve com classe e sem exagero e faça o mesmo para a sua esquerda. Um dos príncipes ira te guiar ate a sua cadeira, outro ira te entregar uma tiara simples e um ira colocar em você, vai ser do mais velho para o mais novo, ou seja, vai entregar a coroa, irá colocar em você e vai te guiar para a cadeira. Faça tudo que eu disse que você vai longe, entendeu?
-Acho que vou vomitar – admiti com a mão na barriga fazendo ela rir e me abraçar.
-Você consegue, estarei lá embaixo em cinco minutos, óbvio que depois de ver você sendo oficialmente uma selecionada! – Ela respirou fundo ao ouvir a música de Avallon, cantamos ela, e depois de longos cinco minutos o Rei começou a falar, a rainha começou a falar e então, o cerimonialista chamou o meu nome .
-A primeira Selecionada diretamente de Southampton, por favor, palmas para !

Sempre fui uma pessoa decidida, e nunca abaixei a cabeça pra ninguém... Mas ver aquele tanto de gente olhando para mim, esperando um deslize para aumentar em dez vezes e espalhar para o mundo fez com que eu ficasse intimidada. No começo eu estava com a cabeça baixa, porém lembrei da “Lição 4: cabeça erguida, jamais abaixe ela pra ninguém!”. Aquilo foi essencial para minha entrada.
Respirei fundo, olhei para frente e desci as escadas com classe. Meu coração estava saltando pela boca. Ao chegar lá embaixo, como o esperado, havia um homem fardado, um guarda-chefe, fiz uma leve reverência e ele fez o mesmo pegando em minha mão, os olhos dele brilhavam. Conforme íamos andando pelo enorme tapete vermelho, eu pude ver o rei e a rainha no trono, fui levada até eles, fiz uma reverência e os mesmos fizeram com a cabeça, o rei me deu um grande sorriso, já a rainha nem olhou direito para a minha cara. Do lado estavam os três príncipes, na lateral, um ao lado do outro, não tive coragem de encara-los, até eu ser levada até , ele era alto, os ombros largos, os olhos irritantemente lindos com um sorriso de arrancar suspiro, ele usava a coroa e a mesma roupa que mais cedo, só que a diferença é que a cor era preta e vermelha.
“Lição 5: sorria sempre”
-É um prazer conhece-la, Srta. – ele falou sorrindo, pegando em minha mão depositando um beijo na mesma, depois de fazer me ver fazendo a reverência.
-Digo o mesmo, príncipe – sorri me segurando para não dar tão na cara que eu estava sendo sarcástica. Ele sorriu novamente, vendo-o pegar uma pequena coroa de boas vindas e entregando pra , que estava com um sorriso divertido preso nos lábios – Príncipe – fiz a reverência e ele fez o mesmo.
-É um prazer – ele não tirava os olhos azuis de mim, normalmente, eu encarava de volta ate a pessoa , só que ... Ele me intimidava, e eu odiava que isso acontecesse comigo. O encarei da mesma maneira – Seja bem vinda A Seleção – ele veio mais perto de mim, colocando a pequena coroa em minha cabeça, e encarou, pegou minha mão e deu um beijo, igual ao irmão.
-Que gentileza! – comentei sorrindo e provavelmente ele percebeu que estava sendo sarcástica, pois ele arqueou uma sobrancelha sorrindo sem mostrar os dentes. Virei para o lado e me encarava sério e, Deus, ele era provavelmente o mais bonito dos príncipes. Ah, na verdade nessa parte de beleza eu não sabia opinar, infelizmente eles eram muito bonitos, mas tinha cara de mais velho e mais novo ao mesmo tempo, era único dos três que tinha barba e os olhos eram verdes claros. Ele estava completamente sério e eu achava que ele era o mais simpático.
-Srta. – ele abriu um primeiro sorriso, mostrando os dentes, um sorriso que fez os olhinhos encolherem. Sorri junto com ele fazendo a reverência e o mesmo fez o mesmo – venha, vou acompanha-la até sua cadeira – senti uma de suas mãos me guiando pela cintura – Céus, como eu odeio essas celebrações – olhei para cima, para enxerga-lo melhor e comecei a rir, o mesmo ria junto comigo.
-Você não esta sozinho nessa, Príncipe – ele olhou pra mim rindo – Até o fim da noite eu aposto que você será a única que vai ter odiado.
-Ah, qual é, você vai ganhar! – revirei os olhos rindo e o mesmo revirou os olhos graciosamente me deixando em minha cadeira – conversarei com você quando tudo isso acabar – ele se despediu graciosamente e voltou ao lado de seus irmãos. me encarava, quando percebeu meu olhar sobre ele, sorriu dando um tchauzinho com as mãos, sorri novamente para ele. me encarava as vezes e quando ele percebia que eu tinha visto, ele mantinha o olhar para me intimidar.
Confesso que estava nervosa com essa cerimônia, achei que eu ia estragar tudo, acabar dizendo algo que me tiraria da competição, ser sarcástica demais com os príncipes ou algo assim, mas aparentemente estava tudo bem, não podia ir embora agora, eu precisava ficar ali por pelo menos uns três meses... Ajudaria minha família com o dinheiro que íamos ganhar, eu não me sentia culpada pelo que estava fazendo, muito pelo contrário... Era uma troca. Meu rosto, meu corpo, minha exposição pelo dinheiro.
Já disse que não éramos completamente miseráveis, morávamos numa casa boa que Merck havia ganhado de seus pais como herança, minha mãe não tinha onde cair morta e como consequência, nós também, eu trabalhava pra colocar comida na mesa e ainda dar um pouco de doce para as crianças, eles mereciam mais, EU merecia mais.
De qualquer maneira, me senti bem fazendo aquilo. Ser o centro das atenções no começo me deixou desconfortável, mas aos poucos eu fui me acostumando. Não tinha jeito de princesa, nunca me tornaria uma na verdade, isso era fato, me manteria na minha.
O salão estava completamente arrumado, cheio de gente importante. Um grande tapete vermelho ligava a escada até o final do salão, aonde estava o Trono. A esquerda do Rei, estavam as quinze cadeiras, e a direita, o trono dos príncipes. As pessoas que estavam ali no salão, estavam sentadas nas mesas espalhadas pelo salão. Tudo estava muito bonito, elegante, clássico. Tentei achar Robin e a avistei em uma das mesas com as outras quinze damas da Rainha, fiquei completamente arrasada ao perceber que eu não ia ficar perto dela. A mesma me encarou bem na hora, sorrindo graciosamente e assentindo com a cabeça levemente, me parabenizando e logo depois fez uma cara brava mandando eu arrumar a postura.
Conforme o tempo foi passando e as participantes foram chamadas e se sentando, eu já estava ficando angustiada por ficar tanto tempo parada, aquilo me deixava inquieta demais. Comecei a bater o pé, a bufar, mexer o pescoço, olhando para as unhas, suspirando e ficar olhando para os lados, distraída. Sinais claros de que eu estou entediada e perdendo o jeito nas coisas.
Pude perceber que a maioria estavam muito animadas com tudo, teve até as que choraram, pelo menos umas duas choraram descendo a escadaria, achei que tinha encontrado o limite de uma selecionada, mas me enganei ao ver que teve as que não se controlaram e correram abraçar eles. Era óbvio o espanto dos conselheiros e as damas. Eu dava risada, essas eram ousadas, gostava é de ver bagunça mesmo.
Quase uma hora depois, uma vez que todas já estavam sentadas, o rei tomou a palavra, saudou Avallon, agradeceu pela presença de cada uma de nós ali, que éramos todas lindas e blá blá blá, perdi o interesse novamente, desta vez, quase dormindo. Fui perceber que ele tinha parado de falar quando todo mundo começou a bater palma e as selecionadas tinham se levantado para o tanto de gente nos saldando. Levantei toda assustada, controlando um bocejo e uma esticada de braço, mas meu estado tido atrapalhado. Encontrei sem querer o olhar de , que disse um “estamos na mesma” sem que quase ninguém percebesse, comecei a rir baixinho.
Ficamos paradas ali até o Rei e a Rainha irem até sua mesa, e logo atrás, seus belíssimos filhos. Estava morrendo de fome, queria muito atacar os salgadinhos ou comer o que tivesse ali, não sabia o que era pra fazer. Olhei para Robin que apontou com a cabeça para a dela, havia uma cadeira ao lado de cada dama, como não vi aquilo antes?! Nenhuma garota havia se movido ainda, aquilo me deixou estressada, acabei saindo do meu posto e caminhei até a mesa de Robin, algumas pessoas me cumprimentavam e eu sorria para cada uma, Robin sorriu ao me ver chegar, me dando um abraço quando cheguei até ela.
-Agiu perfeitamente, como combinamos! – ela comentou me olhando orgulhosa e depois brava – Lição seis, NUNCA, demonstrar a falta de interesse e NEM dormir.
-Estava muito óbvio? – perguntei fazendo uma cara de “ops”. Ela me encarou meio nervosa e eu sorri culpada – anotado, nunca mais farei isso. – a balançou a cabeça vendo eu já demonstrando a falta de interesse por estar olhando para os lados. Quando eu avistei uma mulher bandeja cheias de aperitivos, eu estava pronta pra chama-la, até Robin acabar com minha graça.
-Lição sete, você nunca chama uma empregada, ela vem ate você em uma cerimônia. Lição oito, nunca coma demais! – olhei para ela sem paciência e a mesma bebericava alguma coisa.
-Mas e se eu ainda estiver com fome?
-Lição nove, suas empregadas estão ao seu dispor vinte e quatro horas por dia, peça que elas fazem. – bufei me encostando na cadeira completamente irritada. Onde já se viu não poder comer direito? Como previsto, o prato do dia era um pedaço de carne no meio do prato, com um molho espalhado nele, para dar aquela graciosidade e uma folha de hortelã no meio. Estava tão bom, que me doía a barriga por não poder comer mais. Eu aceitei a taça de vinho pois eles tinham proposto um brinde, não era de beber, costumava ser muito fraca pra isso. E não via a hora de chegar em meus aposentos e poder me acabar na comida lá. Nunca fui de me alimentar direito, sempre comia pouco, esperava passar mal para comer ou ate mesmo comia dias depois da ultima refeição... Mas quando eu sentia fome, eu precisava comer pra alimentar aquele eu interior maligno.
As garotas eram um pouco esnobes... Não conversavam muito uma com as outras, tinham o nariz empinado e se achavam melhores que as outras. A única até agora que foi legal era Lizzie, que estava muito animada na mesa, conversava com todo mundo, sorria, dava risada, contava piadas e etc... Olhei para a mesa dos príncipes e os mesmos estavam rindo e fazendo piadas entre si, a Rainha se mantinha séria e ás vezes ria junto com eles, já o Rei, entrava na palhaçada dos filhos. Aquilo era uma cena muito bonita, eles pareciam realmente felizes. Não estava sendo ruim ficar ali, pelo menos até agora.
Alguns minutos depois os príncipes se levantaram e caminharam até a pista de dança junto com seus pais, os mesmos começaram a dançar ao som de uma melodia bonita, apenas com o piano e o violino, eles sorriam, se olhavam completamente apaixonados.
Literalmente o casal mais bonito daquela festa. Observava com atenção até sentir uma mão em meu ombro, me virei calmamente e vi um guarda, sorrindo para mim, nunca tinha visto ele na vida. Seus olhos eram castanhos e seu cabelo da mesma cor.
-Srta. , me concederia a honra de sua primeira dança aqui no reino? – olhei para sua mão que estava esperando que eu a pegasse. Encarei Robin que incentivou que eu fizesse o que era necessário. Fiquei surpresa com isso, já que eu era uma propriedade dos príncipes. Peguei em sua mão e o mesmo sorriu aliviado – por um instante eu achei que você não aceitaria! – dei risada olhando para ele e depois vi que todas as outras selecionadas estavam da mesma maneira que eu, indo dançar com um guarda.
-Pensei em recusar, confesso... Mas, estamos aqui, creio que não vai ser tão ruim assim! – comentei e ele riu parando na pista de dança.
-Talvez vá ser sim – ele me olhou meio serio com a cara desesperada – eu não sei dançar.
-Bem, temos um problema, eu também não sei... Tipo, sei o básico... Dois pra cá e dois pra lá – o encarei fazendo o mesmo cair na risada e colocar as mãos em minha cintura – você me enganou?!
-Eu sou um bom dançarino, confesso, e como serei seu parceiro de dança enquanto você estiver sem a companhia de um dos príncipes. – ele ia explicando conforme íamos dançando, bem... Tentando dançar – e a propósito, meu nome é Ben Walker. Soldado Walker, mas você pode me chamar do que quiser.
-Certo, Ben Walker – disse dando uma voltinha e ele revirou os olhos – por chamar de , ou , Srta. me faz parecer uma velha, eu odeio tanta formalidade.
-Certo, , eu também prefiro assim! – ele riu me virando para ele – você pisou TRÊS vezes no meu pé, você é horrível!
-Eu não falei que era boa! – resmunguei fazendo o mesmo dar um sorriso sarcástico – aliás, eu acho que preciso descansar, estou cansada.
-Temo que você não poderá fazer isso agora, é sua cerimônia de apresentação, terá que ficar aqui até pelo menos a metade tiver ido embora – ele respondeu totalmente formal, exatamente como um guarda fala – eu terei que te deixar sozinha, pois trocarei de turno com outro guarda que é casado com uma cozinheira que está em trabalho de parto, ele quer ver o nascimento do filho e eu, como padrinho, vou ficar no lugar do pai... espero que você não se importe.
-Ben, você tem total apoio, vá sim, é muito bonito da sua parte fazer isso, com certeza será um ótimo padrinho! – ele sorriu rodopiando mais uma vez e me segurando ao ver que eu ia cair.
-Olha, vou conversar com Robin pra ela te ensinar alguns passos de dança – abri boca completamente inconformada dando risada logo seguida de um tapinha que não fez nem cócegas nele – tenha uma boa festa, ! – ele se curvou e saiu.
Tinha gostado de Ben, estranhamente eu tinha gostado de alguém do sexo masculino no castelo. Eu não tinha me acostumado com aquelas roupas pesadas, com ter que me manter sempre sorrindo, tudo isso me enchia o saco, viver da aparência enchia o saco. E isso é tudo que aquela gente sabe fazer, todas elas. Até eu. Aquilo me deixava irritada e quando eu ficava irritada, eu simplesmente ficava uma fera Queria deitar, dormir ate essa droga acabar, ou dormir e descobrir que isso é apenas um pesadelo... E dos piores! Que Kiara entrasse em meu quarto gritando e me assustando, ou até mesmo dividindo a cama com Kurt quando ele tinha pesadelo. Pena que Aquela não era mais minha realidade.
Andava pelo salão calmamente, até que consegui sem que ninguém percebesse, ir até o corredor grande, não sabia pra que lado ir para ir ao quarto e muito menos pra onde eu ia pra conseguir tomar um ar, e isso era o que eu mais precisava naquele instante. Comecei a passar as mãos em meu rosto, olhava para os lados e não via ninguém, nem um guarda pra me guiar pra algum canto, eu simplesmente estava ficando maluca.
Comecei a andar na direção oposta da que eu estava, aqueles corredores enormes me davam agonia, Deus, eu não estava conseguindo raciocinar mais nada. Virei a direita depois da escada dando de cara com um corredor escuro, apenas a luz da lua iluminava aquela área (que era gigante). Eu estava desesperada, eu precisava de ar, estava ficando sem conseguir respirar.
Estava apoiada na parede quando decidir correr por conta do desespero, sem raciocinar direito. Conforme eu tentava correr, eu senti algo batendo com tudo em mim e me segurando, ao perceber que eu iria cair. Comecei a apertar minha garganta e encarei a pessoa. Era .
-Srta... ?! – ele perguntou confuso e continuou me segurando, vendo aquela cena completamente horrorosa. – O que esta acontecendo?
-Ar... – foi a única coisa que consegui dizer, foi nessa hora que ele pareceu entender o que estava acontecendo e me arrastou comigo em seu pescoço sem esforço nenhum. Meu coração estava descompassado e eu tinha certeza que não era por causa dele. Não sabia pra onde estava indo.
-Alteza... – escutei um dos guardas falando e fazendo a reverência – esta tarde, não é seguro e...
-Abra a porta, ela precisa de ar fresco! – parecia estar um pouco nervoso, e eu estava ficando roxa. – É ordem, me deixe passar! – o soldado pareceu pensar e rapidamente abriu uma enorme porta. Era muita informação. me arrastava para fora do castelo me pedindo pra ter calma – escuta, respira fundo pelo nariz e solta pela boca – ele me sentou em um banco e se ajoelhou em minha frente, eu estava olhando para os lados, segurando minha garganta não conseguindo fazer o que ele pedia. Então, ele segurou minha mão direita e com a outra mão, segurou a direita e repetiu com calma – se concentra, respira pelo nariz e solta pela boca – ele fazia os movimentos junto comigo, e por algum instante eu pude ver que ele estava realmente preocupado comigo. Aos poucos eu fui voltando ao normal, sentindo tudo ficar como sempre foi. Fui acalmando, passei as mãos em meu rosto ignorando completamente o fato de estar com batom. Olhei para ele, que ainda me encarava, só que agora o olhar preocupado havia sumido e aquele olhar irônico tinha voltado.
-Hm... – passei as mãos pelo meu pescoço e olhei para os lados um pouco sem graça – er... Obrigada, alteza – ele sorriu balançando a cabeça.
-Me chame de Thor, eu odeio ser chamado de ‘alteza’ – ele continuou ali aonde estava desde o começo – você é a garota que estava com o braço enfaixado na foto de apresentação, certo? – agora eu tinha entendido o olhar irônico, ele achava graça naquilo. Revirei os olhos.
- , pra você – bufei me levantando ouvindo sua gargalhada irritante.
-Olha, eu posso te chamar do que eu quiser, – me virei para ele, que ainda estava agachado e sorri sarcástica.
-É mesmo?! – meu tom irônico estava no auge e eu estava nem aí se era o Príncipe ou não. E comecei a andar de volta para o castelo.
-Espera, princesa – fiz uma careta e o ignorei completamente – meu amor? Minha linda? – eu estava quase na porta quando ouvi o mesmo bufar – ? – sorri vitoriosa me virando para ele.
-Desculpe, me chamou, Príncipe ? – fiz a maior cara de inocente e o mesmo fez careta.
-Você acabou de ter um ataque de asma... Você não marcou isso no seu relatório medico – ele explicou caminhando até mim e eu o olhei confusa.
-Você leu meu relatório?
-Por que eu não leria? – ele rebateu e dei de ombros.
-Porque você não se importa, isso esta estampado na sua cara desde o dia que anunciaram a seleção na TV – Cruzei os braços e ele se fez de desentendido.
-Observadora... Mas não – revirei os olhos rindo sarcástica.
-Okay, príncipe – me sentei em um outro banco sentindo aquele ar fresco gostoso – eu não marquei porque eu não sabia que eu tinha asma... É a primeira vez que ela ataca – ele pareceu surpreso e o olhar preocupado havia voltado.
-Eu só queria que você fosse amanhã para a enfermaria conversar com nosso médico, pra ele encaminhar você alguns remédios e essas coisas... – ele abaixou a cabeça e logo depois a levantou e ficou observando as estrelas – eu devo agradecer você por me trazer aqui fora agora... Eu estava precisando de ar também.
-Mas você é o príncipe, pode ir e vir a hora que quiser – argumentei, fazendo ele concordar com a cabeça e olhar para o lado.
-Tem razão, mas não é tão fácil quanto você pensa – percebi que ele não queria falar sobre o assunto, então mudei, em respeito, sabia como era ruim ter alguém se metendo.
-Meu problema respiratório disse “ao seu dispor, alteza” – Ri baixinho e ele riu me olhando grato por não perguntar nada, e surpreso também por isso.
-Acho que você deve voltar para a festa – ele comentou olhando pra cima me fazendo olha-lo brava.
-Você deveria voltar também! – Cruzei os braços e ele arqueou uma sobrancelha.
-Eu sou o Príncipe, posso fazer o que eu quiser - gabou-se me fazendo rir com desdém.
-Eu posso ser sua cunhada, não me faça ter ódio de você e ter que conviver a vida inteira te desprezando – foi a vez dele rir com desdém e eu jogar meu cabelo, me gabando também.
-Quem te garante isso? – encarei o mesmo e arqueei a sobrancelha da mesma maneira desafiadora que ele.
-Quem me garante o contrário? – rebati fazendo ele olhar novamente para o céu.
-Quem te garante que você ficará com meu irmão e não comigo? – desta vez eu o encarei rindo de verdade.
-Deixe de ser idiota! – eu tinha acabado de chamar um PRÍNCIPE de IDIOTA. Ou eu seria expulsa, mandada pra uma prisão ou teria minha cabeça cortada por desrespeito. Mas isso não me abalou, vi que o mesmo ficou surpreso por eu ter dito algo assim, mas manteve o sorriso sacana nos lábios – se você acha que presunçoso deste jeito vai arrumar alguém, pode ter certeza, essa pessoa não será eu!
-Você me chamou de idiota!? – eu fiz que sim com a cabeça e ele começou a rir – que ousadia! Garota, você ta falando com um Príncipe!
-Eu não me importo, você ainda é um ser humano que merece ouvir umas verdades as vezes. – me virei para frente com um sorriso no canto dos lábios, ainda sentindo o olhar dele em mim, aquele olhar surpreso. Talvez eu tenha sido um pouco rude e ele tenha ficado bravo, já que bufou e cruzou os braços olhando para o lado oposto da onde eu estava, mas falar a verdade seja pra quem quer que fosse, era um lema da minha família. Nem se ele fosse o Papa eu iria deixar de dizer.
Ficamos por um bom tempo apenas ouvindo nossa respiração, a natureza naquela noite estrelada e bonita. Estava meio desorientada, confusa, cansada... Ficar em silêncio me deixava numa paz. Um silêncio que eu não conseguia há tempos. Infelizmente esses momentos seriam difíceis de conseguir.
-Alteza, Srta. vocês precisam voltar para o castelo, dois Selvagens tentaram invadir o castelo, estamos fazendo uma averiguação pelas redondezas. – olhei para o guarda e depois para , confusa. O que seriam os “Selvagens?” – e já estão procurando por vocês dois na festa.
-Certo... – se levantou rapidamente, me dando sua mão para eu levantar também, e me entregando ao guarda. Eu estava sendo levada novamente para aquela festa chata e nem consegui conter minha reclamação ou minha cara de bosta. Olhei para ele novamente e o vi me pedindo desculpa por ter sido tão curto o nosso tempo ali fora – Leve a Srta. para quarto dela, diga que eu mesmo a liberei. Diga que a mesma não esta se sentindo muito bem e que eu estou em meus aposentos. – olhei pra ele agradecida e o mesmo cumprimentou com a cabeça, sorrindo de lado, me vendo partir, pela primeira vez.

Abri os olhos com um pouco de dificuldade, conforme eu ia fazendo minha visão ficar menos embaçada eu ia conseguindo enxergar aonde eu estava. Aos poucos fui identificando, a primeira coisa que consegui ver, foi a enorme janela que havia no meu humilde quarto, senti a seda em minha pele, o colchão macio no qual eu me encontrava, o famoso travesseiro com penas. Aquela havia sido minha primeira noite no castelo. E não irei mentir, nunca me senti tão bem na hora de dormir... Simplesmente incrível. Foi como dormir nas nuvens. Queria que minha família pudesse sentir isso que eu estava sentindo.
Não vou negar que a noite ontem foi estranha, eu simplesmente dei um perdido nas Selecionadas, quase morri sem respirar e ainda por cima xinguei um Príncipe de idiota. O qual independente de eu ter falado merda e ter sido grossa, me deixou ir para o quarto mais cedo e ainda teve a bondade de me ajudar a ir tomar um ar. Ainda acho ele presunçoso demais, não gosto disso, mas foi completamente gentil comigo ontem e eu infelizmente não conseguia enxergar isso nele, eu apenas enxergava um cara querendo fazer pontos com uma das Selecionadas pra dar um pé nela quando cansar. Eu odiava ele. Eu odiava os três.
Minha mordomia acabou quando Robin entrou feito um furacão em meu quarto junto com as minhas damas. Minhas damas estavam vestidas com o uniforme simples de sempre, um vestido verde claro com um avental branco por cima, e uma toca na cabeça. Já Robin, vestia um elegante vestido social cinza, parecia uma advogada, já seus cabelos estavam presos em um coque com uma maquiagem leve. Pude notar que Robin estava aflita, já as meninas, estavam sorridentes. Mal chegaram, fizeram uma leve reverência, dando bom dia e anunciaram que iam começar a preparação do meu banho. Não estava entendendo nada.
Olhei para Robin que se sentou em minha cama colocando a prancheta de lado e segurando minhas mãos e me olhando nos olhos.
- me contou sobre ontem... – ela começou a dizer e eu revirei os olhos.
-Fofoqueiro – resmunguei e ela riu baixinho.
-Como eu ia dizendo... – ela continuou – vamos na enfermaria logo depois do café da manhã.
-Robin, não tem necessidade – garanti vendo a mesma fazer uma cara de “Você está bem mesmo?” – foi tudo por conta da emoção, novos ares... Você entende, não é?
-Okay, seus argumentos são válidos... – comemoro batendo palminhas – mas recebemos ordens de alguém lá de cima. Temos que obedecer.
-Mas eu to bem, por favor, Robin, eu juro que se eu passar mal novamente, vou sem reclamar para a enfermaria – colei nossas mãos para dar mais impacto ao meu drama.
- vai odiar isso – ela resmungou me olhando feio
-Se ele vier falar algo pra você, mande-o diretamente pra mim, eu resolvo as coisas com o Príncipe – ela me olhou orgulhosa fazendo-me sorrir, pois já sabia que tinha ganho aquela discussão.
-Lição dez – ela e levantou sorrindo – atitude e ousadia! É isso que tem que ter para ser uma princesa.
Sorri pra ela contendo a vontade de dizer que a ultima coisa que eu queria, era virar princesa, e apenas fiquei ouvindo as instruções para o grande dia no castelo. Como previsto, minhas damas me arrumaram. Prepararam um banho incrível e relaxante de banheira.
Meu primeiro banho de banheira, era tudo totalmente novo pra mim e eu estava feliz com algumas coisas.
Elas me deram varias opções de tipo de perfume, sabonetes e cremes para eu usar e ter um toque diferente das outras garotas, para os príncipes diferenciarem e terem uma essência melhor de todas as Selecionadas.
Nunca fui muito com cheiro de outras coisas, na verdade, eu me virava com o que tinha em casa. E ali tinha tantos cheiros que estava me deixando enjoada porem, o que me deixou completamente apaixonada, foi o de essência de baunilha com chocolate, nunca havia visto ou sentido aquilo. E provavelmente não teria condições de comprar nem o sabonete, nem o chocolate é pro meu bolso, que dirá os cosméticos.
Acabei escolhendo aquele, e tomando meu banho relaxante NA BANHEIRA.
Minutos depois, Lauretta e Taihne apareceram com um vestido dentro de um saco preto e uma caixa de sapatos. Olívia me deu um roupão branco e colocou em meus cabelos uma toalha. Na correria, pois eu já estava atrasada para o primeiro café da manhã na realeza, enquanto eu colocava a cinta na barriga para deixa-la mais fina para ajudar o vestido a entrar, Lauretta secava meus cabelos, Taihne me passava alguma coisa na cara e Olívia me ajudava na cinta. Quanto tudo já estava pronto, elas abriram o saco e eu pude ver um vestido ciganinha, branco com parte da cintura num tom amarelo meio marrom e a parte da saia também branca, com um pouco de volume. Nos pés eu estava usando um pequeno salto e na cabeça, a coroa de selecionada.
Quando finalmente estava pronta, fui direcionada ao meu guarda, Ben. Ele me levaria a sala de refeições, já que Robin já estava lá e minhas damas não podiam ir além de certa parte do castelo.
-Você está atrasada, sabia? – ele ofereceu o braço para eu segurar já que o salto estava me incomodando e claramente se via que eu não sabia lidar com aquilo.
-Sério, Ben? – falei sarcástica fazendo-o revirar os olhos
-Só estou te avisando... Torça para aRainha e o Rei não terem chego ainda, vai ser menos embaraçoso pra você – ele riu descendo junto comigo um monte de degraus.
-Ah que ótimo, é hoje que todo mundo descobre meu nome – bati na testa me amaldiçoando por ter enrolado tanto no banho e parando na frente de uma grande porta, sentindo o frio na barriga por isso.
-Vai dar tudo certo, ! – ele garantiu, sorrindo. – de acordo com o público, você ta entre as cinco preferidas e de acordo com os murmúrios entre os guardas.
-O QUE? – falei nervosa vendo ele rir da minha cara, o que me deixou mais nervosa ainda.
-Entre logo! – ele abriu a grande porta.
Não tive tempo pra muita coisa, apenas de ver todos os olhos em cima de mim, inclusive os príncipes e os olhos malvados da Rainha. Não sabia onde enfiar minha cara e se eu pudesse, correria dali mesmo, mas lembrei de uma das lições de Robin e falei a mim mesma: Cabeça erguida, ousadia e atitude.
-Sinto muito pelo atraso, Majestades - me curvei para eles sentindo a bochecha corar – acabei perdendo um pouco a noção de tempo.
-Bom dia, Srta. – o rei falou sorridente – tem um lugar vago entre e , fique a vontade de ficar ali.
Foi aí que eu senti todos os olhares furiosos e fuzilantes em minha pessoa, não precisava nem ver pra comprovar, era fato que eu morreria naquele instante se pudessem me matar.
-Bom dia, Majestade, obrigada – fiz outros reverência e caminhei até meu lugar. Aquilo era tão constrangedor.
Fiz uma pequena reverência aos príncipes e me sentei, estava super sorridente e , que estava na minha frente, e ao seu lado estava Lizzie também estavam sorrindo. Já , estava com a cara fechada. Mas eu ouvi a risadinha dele ao me ver quase cair ao sentar na enorme cadeira super pesada.
-Vou te dar um relógio, ! – falou pensativo me fazendo rir daquilo, eu adoraria ter um relógio.
-Como se isso fosse resolver o problema dela, atraso pelo jeito é algo natural – resmungou dando um sorriso sarcástico me fazendo revirar os olhos e bufar.
-Não enche, – sussurrei tomando meu suco de laranja e fingindo que não estava ligando pra ele.
-, não seja rude – repreendeu, me fazendo sorrir. Toma essa, .
-Eu só fui sincero! – ele se defendeu, comendo algo com calda de chocolate.
-Mas você nem a conhece direito pra chegar a essa conclusão – riu comendo suas panquecas.
-Príncipe chegou no ponto X mesmo, você nem me conhece – retruquei sorrindo falsamente e sendo servida com as panquecas salgadas.
-Ela tem o jeito, ! Aquele jeito de...
-Aquele jeito do ? – ele começou a rir da cara que o irmão mais velho fez para ele. Parece que alguém se ofendeu.
-Ei! – ele se defendeu – eu aprendi a lidar com a hora, estou chegando no horário e como príncipe mais velho, próximo a linha de sucessão eu estou melhorando nisto! – fiquei surpresa por ele falar daquela maneira tão prepotente, talvez um dos irmãos gostariam de ter a coroa ou talvez ele nem queria aquilo. Mas fiquei na minha.
-Claro, depois que nós começamos a te presentear com relógios, você não podia mais dar a desculpa de que perdeu a hora – respondeu dando de ombros. Aquele jeito dele me irritava. Aquele jeito de não ligar pra nada e “eu sou o dono da verdade”. Já saquei qual é a dele e aqui temos um problema...
Eu também acho que sou a dona da verdade.

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O café foi incrivelmente bom e não totalmente agradável, mas fora isso, a comida estava ótima e pra minha primeira refeição da manhã eu já estava preparada para um dia todo na guerra. e Lizzie conversaram bastante e eu fiquei ouvindo-a o caminho todo até o quarto sobre o encontro que eles haviam marcado para hoje à tarde. E como era segredo, ela havia contado apenas pra mim.
não parava de tentar me fazer rir e me fazer engasgar com a comida, já , fazia eu querer me dar um tiro de tão inconveniente que era.
-Lizzie, só não crie esperanças demais, ainda estamos no começo da Seleção, você sabe quem tem mais treze garotas preparadas pra puxar seu tapete – comecei a falar me jogando em sua cama, que era igualzinha a minha.
-Você é sempre tão pé no chão assim? – ela perguntou rindo se olhando no espelho, dando voltinhas – e por quê treze? Não seriam quatorze?
-Eu não sou uma ameaça, acredite em mim – respondi garantindo a ela aquilo. A mesma me olhou toda sorridente se jogando ao meu lado na cama.
-, você é uma ameaça sim e eu não deveria estar confiando meus segredos a você – ela falou rindo me fazendo gargalhar. Não deveria mesmo. – Mas eu senti que você não é má, pelo menos aparentemente... Eu sempre fui muito carente e não ter amigas aqui me deixa triste. Precisava de alguém.
Amiga. Aquela palavra eu desconhecia, nunca havia tido uma sem ser do mesmo sangue que eu. Aquele castelo estava sendo uma caixinha de surpresas pra mim e eu estava me acostumando com as novidades aos poucos. Não deveria considerar Liz uma amiga, mas eu não estava na Seleção pra valer, então ela automaticamente não era uma ameaça pra mim e nem eu para ela.
-Pode confiar em mim – sorri sincera, mostrando o dedo mindinho pra ela que logo aceitou ele, de bom agrado me mostrando o dedo indicador para selarmos nosso pacto.
-Não acredito que encontrei alguém que saiba fechar um acordo com o mindinho. É tipo pacto de sangue – ela gargalhou e eu acompanhei ela. Até eu fiquei surpresa, achei que só eu e minhas irmãs fazíamos aquilo. Saudades delas. Fomos tiradas dos nossos devaneios quando ouvimos algumas batidas na porta.
Robin e Shelby, a “governanta” de Lizzie.
-Que bom que já se conheceram – Shelby era da mesma forma que Robin, per simpática e engraçada – mas não sumam dessa forma novamente, os príncipes estão no salão principal esperando as selecionadas para terem uma pequena conversa entre si, para se conhecerem melhor... E vocês também, as selecionadas devem pelo menos se cumprimentar e ter a decência de ser adulta e desejar um “bom dia” a colega.
-Eu sempre desejo isso à quem eu vejo, se elas não respondem a culpa não é mais minha – Lizzie se defendeu. Sim, ela era a simpatia em pessoa.
-Se elas não fazem questão, por que eu tenho que fazer? – olhei pra Robin que sorriu entendendo o que eu estava sentindo.
-Lição onze – ela olhou pra Shelby que sorriu de lado – Uma princesa sempre vai ser simpática e educada, mesmo nos piores dias.
Não sou uma Princesa!
Não quero ser uma!
Eu quis gritar aquilo pra deixar claro minha posição sobre o assunto, mas me contive novamente.
Depois de um diálogo longo com Shelby e Robin e muita farpa trocada pelas opiniões diferentes entre nós duas, Ben e outro guarda estavam em nossa porta, nos esperando para irmos ao salão principal em direção aos leões.
Descobri que o guarda de Lizzie se chamava Kapel Megawatt, ele era mais alto que Ben e tinha os cabelos mais claros com olhos verdes. Um rapaz adoravelmente fofo. Foi super educado e junto com Ben, formavam uma dupla de palhaços.
Chegamos no grande salão, que estava enfeitado com flores e fitas e varias comidas em uma mesa de centro, e uma música tocando de fundo.
Era piano.
Eu sentia tanta falta de tocar.
-, Lizzie, estão atrasadas – um guarda nos avisou ao entrarmos. Os príncipes estavam em algum lugar, ali no salão eu não vi nenhum. Mas Liz e eu fomos as ultimas selecionadas a chegar ali e de acordo com alguns murmúrios, eles estavam caminhando com as primeiras que chegaram.
As conversas iam de vinte minutos para mais, eu já tinha feito tudo possível ali no salão, inclusive conhecer as outras selecionadas. A maioria era bem simpática, eu entendia a cara de merda pra mim, independente de tudo, estávamos ali pra ficar com um dos príncipes.
Fui para a janela observar o jardim e avistei conversando com Summer. Ela gargalhava, tocava e era super exagerada. Ele parecia gostar daquilo, pelo menos eu achava pela cara que ele fazia. Um sorriso preso nos cantos dos lábios.
Ouvi uma outra selecionada rindo alto com em seu encalço entrando no grande salão e logo atrás, pude ver descendo as escadas com Lizzie, que estava visivelmente contente.
-De acordo com a minha lista, falta só uma selecionada – anunciou sorrindo olhando para mim. Dei um sorrisinho constrangido pela atenção dos olhares em cima de mim. Caminhei em direção à ele, que me ofereceu o braço assim que cheguei ao seu lado.
Ele usava uma calça preta e uma camiseta social branca, assim como os irmãos. Só mudava o estilo de uso, pelo que vi, estava com alguns botões abertos, todo arrumado, impecavelmente e , nem tão formal e nem tão bagunçado. O sorriso dele era cativante.
Era verdadeiro.
-Senhorita ... – ele começou a dizer num tom elegante, me fazendo gargalhar com o jeito ridiculamente prepotente ele usava. – você é de Southampton, certo?
-Certinho! – respondi da mesma forma, tirando um sorriso do mesmo.
-E você fazia o que lá?
-Depende... Eu trabalhava no restaurante do meu cunhado e minha irmã... Mas eu sempre fazia bico para conseguir mais dinheiro pra sustentar minha família. – terminei de falar olhando pra frente, tendo uma vista incrível pelo corredor aberto do castelo, onde tinham vários guardas preparado para atacar.
-Interessante – ele me olhou sorrindo novamente – quantos irmãos você tem?
-três, sou a mais velha, depois que Kira se casou, nossa monarquia exige que a gente não se envolva mais depois de um casamento, mas é impossível. – já tinha me irritado com aquele assunto.
Funcionava de uma forma horrível: a moça que se casasse, automaticamente perderia a ligação com a família. Você irá ter uma nova casta, uma nova família e uma nova vida, deixaria para trás o que era seu por direito.
Kira não levava aquilo a sério, embora arriscasse sua ficha limpa e até mesmo seu sobrenome com seu casamento. A nossa família sempre seria tudo pra ela tanto como era pra mim. E aquele cara , vulgo Jordan, havia nos adotado nisso tudo. Assim como amava Kira, amava a família dela e não queria perder o contato de forma alguma. Ele não tinha uma família, perdeu os pais muito jovem e seu único irmão quando se casou, perdeu a ligação com ele. O que tornava tudo mais complicado pra ele, já que sempre foi muito família.
Agora, independente de tudo, nós não ligávamos para a merda da monarquia.
-Só pra deixar claro, eu simplesmente odeio essa lei e caso um dia eu tenha algum poder, será umas das primeiras coisas que irei abolir – ele olhava pra frente, brincando com os próprios dedos. Dei uma encarada básica para ver requisitos de mentiras mas não encontrei nenhum, então acabei dando um pseudo sorriso.
-Irei cobrar isso, – ele me olhou sorrindo de lado.
-... – ele riu pelo nariz – Você parece minha mãe e minha avó falando... Me chame de .
-Como esta a Lady Devimon Aykroyd? Ela sumiu da mídia – eu adorava a Lady Devimon. Ela era tão simples e realista, depois que o Rei Roger II (seu marido) faleceu, ela sumiu de tudo que é lugar e nunca mais soube dela.
-Ela esta dando a volta pelo mundo, literalmente – ele voltou a andar me oferecendo o braço – A morte do meu avô foi demais para ela... Ou ela ficava aqui e morria de depressão, ou ela ia esfriar a cabeça com suas damas. Desde então, só recebemos cartões postais e ligações de uma senhora muito animada.
-Foi a melhor coisa que ela fez – ele me olhou sem entender e eu comecei a explicar – Ela saiu daqui de dentro, ela pensou nela e ta curtindo a vida... Certíssima!
-Eu concordo plenamente, minha avó precisava deste tempo... Ela esta super animada com a Seleção, quer conhecer vocês o mais rápido possível, mas ela esta em algum lugar da Coréia e vai demorar alguns meses.
-Eu não vejo a hora de conhece-la – falei e provavelmente meus olhos estavam brilhando. Só minha mãe sabia o quanto eu amava Lady Devimon.
-Fico feliz que goste dela... – ele sorriu – Com certeza será a primeira a conhecê-la.
Dei um sorriso sem graça por isso, talvez ele esteja fazendo isso só pra ganhar pontos comigo, ou só porque é um galanteador e é automático ser assim. Dando aquele sorriso de tirar o fôlego e sendo extremamente fofo e engraçado, conseguia mostrar a transparência de ter um pouco de inocência e mesmo assim, mostrar que é sem vergonha. Eu queria muito odiá-lo, mas aparentemente, ele tinha ganhado parte de mim só pelo jeito incrivelmente puro de ser. Me lembrava Kurt, saudades daquele pestinha.
-Cabeção, agora é minha vez de falar com essa Selecionada, seu tempo acabou – Do nada brotou uma cabeça no meio de nós dois, nos fazendo dar um pulinho de susto.
-Não sabia que tínhamos tempo com elas – Ele respondeu na defensiva. Aquilo era engraçado.
-Logico que você sabia, o tempo máximo é trinta minutos. Eu conversei com todas, só falta a Senhorita – estava com um sorriso brincalhão nos lábios e também, mesmo querendo parecer chateado.
-Droga – ele chutou o ar me fazendo gargalhar do jeito forçado de fingimento – Vejo você mais tarde, mademoiselle – e com uma reverência extremamente forçada, ele se retirou.
Olhei para , que observava o irmão partir, com uma expressão facial como se dissesse “ele não tem jeito mesmo” e depois me encarou sorrindo.
-Senhorita ...
-Ah não, , por favor, – falei meio sem paciência. ODIAVA TANTA FORMALIDADE.
-Desculpe... ! – ele sorriu me levantando e andando ao meu lado para o lado mais aberto do castelo, a famosa área do jardim. – então... O que te fez querer entrar na Seleção?
Dinheiro, meu melhor amigo traidor, meu pai.
-Minha família ficou muito animada com o comunicado – menti. Meu grande defeito era não saber mentir. Sempre aparecia uma ruguinha entre minhas sobrancelhas e eu não conseguia não colocar a mão na boca.
-Por que eu acho que não senti firmeza nessa resposta? – ele perguntou com a sobrancelha arqueada me fazendo sorrir culpada.
-Não quero que pense que eu sou interesseira, não que eu ligue para o que os outros pensam de mim, mas pensarem que estou me aproveitando da situação, é a última...
-Jamais pensaria isso de alguém, ainda mais de você - fui cortada por , que sorria de canto me olham nos lábios – só por ter chamado de idiota, você se mostrou diferente.
-Ele contou isso? – perguntei visivelmente constrangida.
-Temos que contar um pro outro tudo que acontece entre nós e uma Selecionada. Acredite, ele esta surpreso com isso até agora – dei m sorriso me sentindo vitoriosa. Ficaria marcada na Seleção por ser a verdadeira.
-Não me arrependo e se tiver a oportunidade, falarei novamente – dei de ombros passando as mãos nas flores amarelas que tinham ali em um canteiro.
-Estamos adorando ter uma selecionada que não faz tudo pra agradar – ele me seguia, e me observava. Ele era observador até demais, isso me deixava com medo do que ele poderia descobrir.
-Serei assim até me mandarem embora.
-Se depender de mim... Você fica aqui – observei as bochechas dele ficarem vermelhas, o mesmo se tocando que havia acabado de falar ficando ainda mais constrangido. Apenas dei um sorriso agradecendo. não era do tipo que era galanteador demais.
era aquele tipo de cara reservado e sério, mas que depois de muita conversa e ele se sentisse confortável, começava a ser menos “só príncipe” e ficava bem mais “humano”. Completamente diferente de , que já era bem mais extrovertido e estava sempre me fazendo rir, era mais na dele, reservado. Não o culpava, ele era sério daquele jeito para impor respeito já que basicamente, ele seria o próximo Rei de Avallon.
De qualquer forma, ele tinha ido bem na nossa primeira conversa, tinha me sentido bem ali. Eu só me amaldiçoava por ser tão desconfiada e não conseguir gostar deles por causa de tudo isso. depois de um tempo comentou que o tempo dele havia acabado e que era a vez de , eu não estava nem um pouco afim de falar com ele. Mas estava no cronograma, havia de ser seguido.
Fiquei sozinha no jardim, pela primeira vez, esperando que aquele rapaz aparecesse, mas adivinhem... Ele não apareceu.

Estava tão irritada que ao entrar em meu quarto, bati a porta com toda a força, esquecendo-me completamente que não estava em minha casa (e era impossível eu fazer algo do tipo lá, já que a porta não aguentaria e minha mãe provavelmente me daria alguns tapas). Mas de qualquer forma, eu estava irada e queria esmagar com as mãos o pescoço daquele cara que se achava demais e não era nada.
Fiquei com dó de Olívia que estava distraída limpando o espelho, a mesma levou um susto ficando pálida. Lauretta e Taihne que arrumavam os vestidos no guarda roupa ficaram assustadas também e surpresa por eu ter feito tal ato.
-Está tudo bem, senhorita? – Olívia de imediato veio até mim, preocupada.
-Me chame de , por favor... – falei um pouco grosseira, mas pedi desculpa logo em seguida – Desculpe, estou um pouco nervosa...
-Sem problemas – ela sorriu me trazendo um copo de água – O que houve? Quer conversar?
- me deixou esperando... – contei a história toda, fazendo elas ficarem bravas e inconformados da mesma forma que eu, mas obviamente, elas tinham que defender quem Era da coroa. Logo, inventaram alguma desculpa pelo ato de tal Príncipe e disseram que ele jamais faria algo do tipo com alguém, especialmente comigo, uma Selecionada renomada entre o público. – Nada justifica! Nada! Existem milhões de guardas nessa merda de castelo, o que custava pedir que alguém me avisasse?
-Por que isso te deixa tão brava? – Taihne perguntou, confusa. Já que eu havia contado para ela que não gostava nenhum pouco de estar na Seleção e minhas ações demonstravam que eu não gostava nada de nenhum dos príncipes.
-Estaria tudo numa boa se algumas selecionadas malditas não ficassem rindo e cochichando sobre mim agora. As notícias correm rápido nesse lugar, hein? – Comentei irritada, tirando os brincos e colares que estavam em mim, ficando só com o que Kurt havia me dado.
-Senhorita, por que está tirando a roupa? Você tem o jantar ainda e...
-Não estou afim de jantar, pelo menos não com eles – cortei Lauretta que fez uma cara de “como quiser” – avise Robin que estou cansada e com dor de cabeça, não quero ver de forma alguma.
-Quer que tragamos seu jantar aqui? – Olívia, com toda fofura do mundo perguntou colocando as mãos gentilmente sob meus ombros, mostrando que estava preocupada. - Posso pedir permissão a um dos príncipes, eles não se importariam em deixá-la ter um pouco de paz no jantar...
Merda.
Tinha me esquecido que para jantar no quarto, eu precisava de permissão. Robin não mandava em nada naquela parte.
O que fez só me deixou com raiva dos outros príncipes e, principalmente, dele. O que não era justo, mas minha cabeça movida a teimosia e ignorância fazia com que eu ficasse com raiva de tudo e todos que eu relacionasse o rosto do culpado, que no momento era . Dei de ombros, não queria ter que pedir algo à eles mas também não queria ter que olhar pra cara deles no jantar
Rapidamente, Taihne e Lauretta saíram em busca das três autorizações para meu jantar ser em meu quarto e fiquei sozinha com Olívia.
Ela tinha a pele morena e os cabelos cheios de cachos que eu sentia inveja, a boca carnuda e os olhos verdes. Eu gostava dela, mesmo que tenhamos nos conhecido a pouco tempo, eu sabia que ela era confiável. E parecia que ela sentia o mesmo por mim, já que não demorou muito para contar sobre sua vida pessoal pacata e triste.
-Minha mãe morreu no meu nascimento, mas não por minha causa... – ela começou a falar enquanto lavava meu cabelo e eu estava na banheira, relaxando. – no dia, os Selvagens atacaram o castelo, estava acontecendo uma rebelião e nisso tudo, um deles atacou minha mãe e quem estava com ela no quartinho... Meu pai estava lutando, não havia o que ser feito... Perdi os dois na mesma noite - meu coração se partiu ao ver os olhos dela marejados, que história terrivelmente triste. – Fui criada pela Marlene e o Tristan, ela é a chefe da cozinha... Ele é um dos guardas mais velhos do castelo, marido de Marlene... Eu adoro os dois.
-Sinto muito, Olívia – falei segurando em sua mão, estava horrorizada com tamanha violência.
-Tudo bem – ela sorriu dando uma risadinha depois – eu já aprendi a lidar com isso tudo. O Rei Roger me tratou como filha e me ajuda até hoje, estou como sua dama por conta dele.
-Por que você não sonhou mais alto? Tipo... Pediu pra sair do castelo, se formar em algo que goste, por exemplo – fiquei um pouco pensativa mesmo sobre o que ela queria se tinha, praticamente o tudo nas mãos.
-É difícil explicar... – ela começou, olhando para a janela – Não tive meus pais pra me guiar e, se eles estivessem vivos, provavelmente eu estaria em uma categoria aqui no reino, como por exemplo, faxineira. A política do castelo não é melhor que a de fora.
-Como assim?
-Quem nasce aqui, morre aqui. – ela sorriu triste - eu nasci aqui, sou filha de servos do castelo, viverei aqui servindo o reino e o melhor que pode me acontecer, é eu subir de cargo. – estava inconformada, mas essa era a realidade do reino de Avallon: nasceu pobre, morrerá pobre. A não ser que me case com um ricaço.
-Eu simplesmente odeio a nossa monarquia – falo fechando os olhos de raiva.
-Eu também.



Depois de mais um banho relaxante, coloquei um pijama e me deitei na cama, não iria jantar com ninguém. Naquela altura, eu chegaria atrasada e Taihne com Lauretta não haviam voltado até aquela hora. Me perguntava o quão difícil era conseguir a permissão dos príncipes.
Mesmo depois do banho, ainda estava puta da vida e queria matar pelo maravilhoso bolo que havia me dado, aquilo era humilhante pra mim. Peguei um caderno que eu havia pedido para Robin para eu escrever sobre meu dia e mostrar para Kira e Kiara. E fiquei na escrivaninha.
-Com licença – Lauretta entrou fazendo um movimento com o olhar pra Olívia, que rapidamente saiu do quarto me deixando sem entender nada – , conseguimos a confirmação do príncipe e Príncipe .
-Então...?
- disse que viria até aqui para falar com a senhorita – ela começou a dizer meio incerta, pela reação que eu teria.
-Você disse que eu não queria vê-lo? – perguntei já irritada, mas não com ela, com a situação em si.
-Sim, falamos... Mas você deveria saber que de todos os príncipes, e competem no quesito teimosia, é o menos teimoso de todos – bufei batendo minha cabeça na mesa, aquilo seria entediante – Senhorita...? Sei que servimos você, mas o príncipe ainda é o que tem mais voz na hora de dar ordens.
-Tudo bem – sorri amarelo, eu entendia elas nessa parte, elas serviam ele, não eu. Mas eu não era obrigada a falar com o príncipe quando não estivesse disposta.
-Ele esta do lado de fora esperando que a senhorita o atenda – ela disse correndo para a porta e fazendo uma cara meio receosa mais uma vez pela minha reação – não podemos negar algo à ele – quando ela dizia “ele”, se referia a coroa.
-Não quero vê-lo – falei simplesmente me deitando na cama vendo-a ficar nervosa pelo que ia acontecer, já que a mesma havia percebido que não ia dar em nada e eu não daria o braço a torcer. Já que havia perguntado algumas vezes se eu não poderia apenas ouvi-lo.
-Ela não quer te ver, alteza – pude ouvir ela dizendo da porta, minha curiosidade aguçada fez com que eu ficasse atenta ao que ia acontecer.
-Você insistiu? – ouvi a voz rouca dele me fazendo revirar os olhos. Aposto que ele estava fazendo aquela cara de gato de botas com aqueles olhos azuis enormes.
-Sim, alteza. – ela respondeu fazendo algum gesto com as mãos toda nervosa, talvez por estar ao lado dele. – mas ela é teimosa e está com raiva do senhor, não quer vê-lo de forma alguma – fiquei ofendida no começo, mas de qualquer forma, era verdade mesmo.
-Merda – ouvi ele dizer e bufar tentando olhar através de Lauretta, mas Olivia entrou na frente dele, não permitindo.
-Alteza, lamento, mas acho que você não deveria passar por cima do que quer... Que tal esperar a raiva dela passar e conversarem amanhã? – ela foi super educada e tomou cuidado com as palavras, fiquei grata por ela ter tido aquele ato, pelo jeito, ninguém ousava passar por cima da vontade de alguém Real, e a surpresa do príncipe e de minhas damas eram nítidas.
-Você não tem que pensar, Olívia – ele respondeu sem paciência, fiquei completamente irritada com o jeito que ele havia falado com ela – Diga a sua querida Selecionada que irei falar com ela a hora que eu tiver vontade novamente – ela assentiu, firme. Eu levantei correndo para xingá-lo por ter sido tão grosso, mas quando cheguei na porta, ele já tinha virado para o corredor que o levava para a escada onde os dormitórios reais se encontravam.
-Babaca – quis gritar mais alto, só que Olívia me puxou rapidamente para dentro junto com Lauretta e Taihne.
-Não se preocupe comigo, – Olivia sorriu sincera – somos acostumadas com isso, sendo arrogante nem é mais uma coisa para se chatear – assenti com a cabeça, mas não concordei com o que ela havia dito, sendo arrogante não deveria existir.
Depois deste episódio ridículo de mais um dia de Seleção, e depois de MUITA insistência, convenci que minhas damas poderiam tirar a noite para elas, precisava ficar um tempo sozinha e elas poderiam descansar da forma certa. Elas me levaram a janta na cama e, depois de eu comer, foram fazer o que queriam. Olivia, iria dormir, ela tinha olheiras enormes e não me arrependo de ter feito a mesma ir se recompor. Já Taihne ia aproveitar para encontrar um dos guardas, aparentemente, ela estava namorando. Lauretta iria visitar alguém na enfermaria. E eu ficaria finalmente sozinha.
Me joguei na cama suspirando de alívio. Depois peguei a caixinha de fotos que eu havia trazido comigo para lembrar da minha família e dos momentos felizes. Sorri ao dar de cara com uma foto minha e de Kurt, na qual o mesmo fazia uma cara feia emburrada ao ser forçado a tirar uma foto comigo, que sorria abertamente abraçando meu caçula.
Passei para a foto seguinte e me vi com Kira vestida de noiva, no dia de seu casamento. Um vestido simples que a deixava ainda mais linda, ela tinha os olhos marejados e eu não sabia segurar um sorriso dando risada do que ela falava naquele momento, ela sussurrava entre dentes que ia “dar na cara daquela perua” que estava conversando tocando nos braços de seu marido”. Na outra, Kiara e eu abraçadas no campo, aquela foto foi tirada por Eric, ele realmente amava tirar fotos principalmente de minha família e eu. Lembro-me daquele dia perfeitamente, foi no dia do aniversário da nossa província, não queríamos ficar na praça e resolvemos sair para dar uma volta, foi então que descobrimos aquele lugar escondido no meio do nada. Se tornou nosso lugarzinho para pensar. Amava minha província pelo fato de que naquele lugar em específico, desse para ver o mar e o horizonte. Ela era pacata e sem graça, mas era minha. Tão acolhedora quanto qualquer outro lugar.
Passei para a outra foto e era minha mãe e eu. Ah, essa mulher! Nos encarávamos e sorriamos, foi tirada também no casamento de Kira. Sentia tanta falta e não fazia muito tempo que estava no castelo, mas de qualquer forma, era uma eternidade pra mim não poder ouvir Kurt pedindo pra dormir comigo, Kiara me atormentando ou Kira com as ideias de querer bater em quem se aproximasse de seu marido.
Estava perdida em pensamentos quando escutei alguém batendo na porta. Olhei no relógio e já era tarde, bem tarde para visitas, aliás. Fiquei achando que era uma das meninas ou Robin, mas elas teriam entrado, até mesmo Lizzie teria. Resmunguei por ter que levantar da cama e me arrastei até a porta, xingando mentalmente quem quer que fosse.
Abri a porta e dei de cara com a última pessoa que eu queria ver na terra. No mesmo instante Fechei a porta com o intuito de não precisar me submeter aquela situação irritantemente inconsistente, mas o mesmo a segurou, impedindo que eu fizesse tal ato. Cruzei os braços grunhindo de raiva e o mesmo deu um sorrisinho vitorioso.
-Você deveria ser mais delicada, eu posso te tirar da Seleção – ele comentou sorrindo de lado se apoiando na porta.
-Oh, céus – coloquei a mão na testa, soando sarcástica – por favor, não me tire da Seleção!
-Engraçadinha – ele riu falso me fazendo sorrir falsamente
-Sou mesmo – dei de ombros – agora saia daqui, alteza
-Sério, não achei que você fosse ficar tão chateada com isso. Aliás, se o problema for eu não ter comparecido, eu posso tirar amanhã o dia inteiro só pra você, pra me desculpar – ele começou a falar me fazendo revirar os olhos e rir alto da tamanha besteira que ele dissera.
-Não estou chateada e nem quero que você tire um dia todo pra mim – falei sem paciência, a última coisa que eu queria era isso.
-Então porque esta fazendo todo esse drama? – ele realmente parecia não entender, não o julgava por não entender minha cabeça, mas também não o defendia por isso.
-Porque você me deixou plantada. Poderia ter avisado, se você não queria ter um encontro comigo, era só ter avisado. Saiba que eu não queria me encontrar com você de qualquer forma. – falei mexendo as mãos, sinal claro de que eu estava irritada – a coisa que eu mais odeio nesse mundo, é ser tratada feito qualquer uma e Coroa alguma vai fazer eu mudar meu jeito de pensar sobre isso.
-Eu não tive como avisar, tive que resolver uns problemas e...
-Acho que quem precisa de um relógio, na verdade é você – o mesmo me encarou feio.
-Deixe-me explicar!
-Dane-se, Alteza, dane-se! – bati uma mão contra a outra vendo que alguns guardas observavam a nossa conversa, o que me deixou constrangida, não queria que falassem de mim pelos corredores do castelo – não acredito que exista problema tão grande que você não possa ter avisado alguém para me dar o recado.
-Eu nem pude pensar direito, abandonei Lizzie no meio de nosso encontro e não consegui lembrar que faltava você e... – fiquei ofendida, minha cara de indignação mostrava isso – Não feche a porta na minha cara.
-você tem mais um minuto, príncipe – falei e olhos fechados.
-Não irei conseguir dizer tudo em apenas um minuto, !
-Cinquenta e dois segundos – cantarolei ainda de olhos fechados e pude perceber que o mesmo havia ficado inquieto olhando para os lados.
-Venha comigo – ele pediu me oferecendo sua mão depois de olhar para o relógio.
-Eu não!
-Se quiser saber o real motivo, venha comigo – fiquei tentada a ir, mas não podia, não com ele sendo escroto do jeito que era.
-Acho que dispenso – falei dando um sorrisinho sarcástico tentando fechar a porta
-Acho que estou dando uma ordem - encarei-o de boca aberta. Filha da puta! Ele iria usar as mordomias de Príncipe contra mim.
-Não vou sair daqui, ! Nem com você me dando ordens
-Céus, você é irritantemente teimosa! – ele passou as mãos pela testa depois olhando para seu relógio novamente – olha, se vier comigo, vamos lá fora e você poderá tomar um ar.
-Agora estamos começando a nos entender – falei de braços cruzados, esperando por alguma outra proposta.
-Você pode vir comigo? – perguntou novamente, me fazendo bufar e concordar com a cabeça.
-Como posso ter certeza de que você não vai fazer mal nenhum à mim? – ele riu e balançou a cabeça.
-Você vai me agredir se eu ousar chegar perto de você, creio eu que sabe muito bem se defender – gostei da imagem que ele havia criado de mim, que ele continuasse pensando desta forma, assim ambos não precisaremos nos machucar.
-Vou precisar te agredir ou me defender?
-Me agredir, não... Se defender, talvez – fiquei sem entender mas dei de ombros, ele não parecia que iria explicar as coisas. – mas não se preocupe, eu estarei lá pra você não ter que se defender de nada.
Coloquei um chinelo e saí atrás de , ele andava pelos corredores do castelo ao meu lado, falando baixo sobre como ele odiava aqueles quadros enormes e os vasos de flores que não combinavam nada com a cor dourada das paredes. Eu tinha que concordar, por mais que as orquídeas rosas fossem lindas, não combinavam nada com o castelo.
Ao chegarmos perto da porta principal que dava para o jardim, me segurou contra a parede para que eu não andasse mais, estava pronta para xingá-lo, mas o mesmo tapou minha boca. Olhei para a porta principal e vi que haviam guardas reunidos ali, não entendia o motivo de tudo aquilo, ele era um Príncipe, com apenas uma ordem faria a porta abrir.
-Merda – ele grunhiu olhando em seu relógio de pulso – era pra eles estarem trocando de turno agora.
-Você pode ir lá e ordenar que deixem-nos sair – falei como se fosse óbvio. Ele olhou novamente para a porta e depois me apertou ainda mais contra a parede, resmunguei por estar abraçada com o príncipe e sendo prensada contra a parede com alguém tão detestável como ele. Aquela situação era RIDÍCULA, mas viver perigosamente daquela forma, me deixava ansiosa – Me largue! – disse irritada por estarmos tão próximos.
-Não é tão fácil quanto parece – ele resmungou não me largando, estávamos juntos demais e eu não entendia o porquê – eles tem ordens de meu pai para não deixar ninguém sair depois do jantar, medidas de proteção.
-Então temos que sair escondidos? – ele assentiu, me fazendo entender um pouco melhor a situação. – por que não saímos por um lugar menos movimentado?
-Porque tem um guarda nesses lugares, aqui fica vazio na troca de turno, é mais fácil de sair – revirei os olhos por ele ser tão chato. – não entendo o porque de eles ainda não terem saído daqui.
-Você é ansioso demais – resmunguei mostrando os guardas saírem juntos dali e irem para algum lugar. – acho que já pode me soltar.
-acho que devemos ficar aqui mais alguns instantes só por precaução – olhei pra ele vendo-o sorrir malicioso, me fazendo sorrir da mesma forma.
-Acho que você já pode me soltar – repeti minha frase fazendo ele se apertar ainda mais contra mim, ele era muito mais alto que eu, mas da forma em que nos encontrávamos, eu estava basicamente com a orelha dele na minha boca, de modo em que eu pudesse sussurrar.
-Você não quer que eu te solte – ele falou convencido, me fazendo sorrir novamente, não sabia aonde estava se metendo.
-Não?! – perguntei toda inocente após ver ele segurando o grunhido de dor depois e eu ter chutado os diamantes reais.
-Você é uma dissimulada! – ele sussurrou irado, com uma mistura de raiva.
-Eu falei pra me soltar – disse olhando para as unhas e depois pra ele – Vamos logo, antes que eles voltem – saí na frente vendo-o se arrastar atrás de mim. Aquela cena era maravilhosa.
Saímos do castelo e eu já sentia a brisa fresca em meu rosto me fazendo sorrir com a sensação de “liberdade”, enquanto estava com a cara fechada pelo ocorrido minutos atrás. Aquilo era cômico.
Não consegui curtir muito, senti as mãos de em meu braço me puxando para atrás de uma moita, me mostrando alguns guardas novamente. Aquilo estava ficando chato.
-Me siga, não faça barulho e, não importa o que aconteça, fique perto de mim!
-Você vai se aproveitar dessa última parte? – questionei seguindo ele, por mais que soubesse que ele não encostaria em mim tão cedo.
-Só quando minhas joias estiverem protegidas – segurei uma gargalhada, não só pelos guardas, mas também pra que ele não achasse que eu estava gostando das piadas dele.
Andamos por um tempo bom, estávamos afastados do castelo de modo que não desse pra enxergar muita coisa, apenas algumas luzes. A luz da lua iluminava o nosso caminho e eu gostaria de ser mais corajosa, já que estar naquele lugar estranho e afastado não era bom para estar aquela hora da noite.
Pude ver uma pequena cabana, ela estava completamente acabada por fora, precisava de uma restauração urgentemente, e tinha uma fresta acesa, estava começando a me deixar nervosa novamente.
-Aonde é que você esta nos metendo?
-Relaxa, princesa. – se eu pudesse, atacaria uma pedra naquela cabeça. Seguindo até a cabana – Você tem que vir devagar para não assustar ninguém, eles podem ser ainda mais violentos que você.
-Eles quem? – estava nervosa esperando algum monstro sair de lá, mas quando entrei, vi que não era nada daquilo que eu imaginava.
Era uma cadela, uma bernese montanhês, com quatro filhotinhos colados nela. Eu estava completamente apaixonada por eles. Amava cachorros, de forma que eu fosse louca por todos os que eu via. Ser a louca dos bichos tinha sua vantagem.
-Ah meu Deus! – falei com as mãos na boca.
-Essa é Nala, eu encontrei ela perdida e machucada na floresta, imediatamente trouxe aqui para cuidar dela...
-Por que ela não está no castelo? – me irritava ele ser um príncipe e não ter voz nenhuma no castelo.
-Minha mãe não quer, ela fez um inferno quando viu Nala, ninguém pode sonhar que Nala está aqui ainda. – ele explicou me fazendo entender aquilo. Nobre da parte dele, ponto positivo silencioso para .
-Então foi por isso que você me deixou sozinha? – perguntei retoricamente e ele se agachou passando a mão na cachorra que estava visivelmente cansada, mas não excitou na hora de receber o carinho do cara que ela parecia gostar muito.
-Sim, eu não deixaria uma dama esperando – ele sorriu galanteador, me fazendo revirar os olhos.
-Cadê o pai dos filhotes? – mudei de assunto pra poupar a minha lábia com ele.
-Ele é um cachorro dos guardas, muito bravo, tenho medo dele – quis rir imaginando um homem daquele tamanho com medo de um cachorro. – Não sei como não está aqui. Mas isso é bom, porque assim posso ficar perto de Nala.
-Já gostei deste cachorro, preciso conhecê-lo.
-Iam se dar bem mesmo – falou irônico, me fazendo rir alto. – os dois me odeiam, são bravos... Personalidade forte terrivelmente assustadora.
-Alteza, está começando a me ofender
-Sinto muito, mas é a verdade – ele riu abraçando Nala, e passando a mão nos filhotes. – Venha aqui, acaricie eles.
-Você está louco? Ela não foi com a minha cara – falo me referindo a ela rosnando para mim, assim que entrei ali.
-Ela só esta um pouco estressada.
-Não vou arriscar – não era uma garota frescurenta, mas sabia onde me metia, que desculpa eu daria pra mais uma vez estar com a mão enfaixada? Robin me mataria!
-Já tem algum preferido? – depois de alguns minutos em silêncio, resolveu falar o que me deixou bem confusa. Não tinha nenhum preferido, não mesmo.
-Nunca vai saber – ele sorriu balançando a cabeça negativamente.
-Você não tem jeito!
-Qual é!? Não vou dizer meu preferido, estou no começo de uma Seleção, quem tem que ter uma preferida são vocês, não eu – recebi um olhar completamente horrível de .
-Você vai passar a vida toda com alguém que não gostaria que fosse seu? – ponto positivo pra você, alteza, era esse meu pensamento também, mas queria te testar.
-Caso eu tivesse um preferido – comecei a falar fazendo-o rir – seria o . Mas não estaria longe de ser um forte concorrente.
-E eu?
-Em último lugar – sorri fazendo-o revirar os olhos teatralmente rindo depois – Você não faz o meu tipo, não me leve a mal.
-Sabia que eu poderia te mandar embora? Você está sendo a pior Selecionada de todos os tempos – pude sentir o tom de brincadeira, mas sabia que era verdade. E o pior de tudo, era que eu não ia parar e sabia que ele não me mandaria pra casa, algo me dizia isso. E normalmente, quando eu sentia alguma coisa, dificilmente ia contra o que eu estava pensando.
-Poderia – repeti olhando-o nos olhos – mas não vai.
-Como tem tanta certeza?
-Você vai tentar fazer eu gostar de você, vamos brigar, eu irei sempre agir como a escrita da história e você não vai conseguir me mandar embora pois precisa das minhas grosserias – sorri presunçosa. QUE DIABOS EU ESTAVA FAZENDO? POR QUE EU NÃO CONSEGUIA CALAR A BOCA?
-Sua teoria está completamente equivocada, – vi o mesmo se sentando no chão, com a cadela. Me sentei um pouco distante, mas sentei.
-Então me mande embora – dei de ombros. O príncipe me encarava com surpresa no olhar e eu estava procurando algo pra tapar minha boca. Eu estava sendo completamente abusada.
-Meus irmãos me matariam.
Ouvi um barulho e acabei ignorando aquela frase, olhei assustada para o lado de fora e me abaixei. Nala levantou a cabeça atenta e se levantou rapidamente saindo de perto de Nala. O mesmo foi para o meu lado se escondendo atrás de mim.
-É sério? – perguntei inconformada com o tal gesto. Ele sorriu culpado vendo um enorme cachorro preto entrar ali dentro. – Uau.
-Esse é o pai dos filhotes, e é o Simba – ele falou um pouco nervoso, com medo do animal
-Que graça – falei completamente apaixonada pelo cachorro, que depois de cheirar os filhos, foi para lamber a companheira e assim que me viu, veio correndo me cheirar. Deveria sentir medo dele, mas algo impedia que isso acontecesse, era como se eu o conhecesse – Hey, Simba -falei passando a mão em sua cabeça, recebendo uma lambida no rosto – Como você pode ter medo dele? Ele é adorável.
-Eu falei que iam se dar bem – disse revirando os olhos recebendo um rosnado de Simba. Comecei a rir e fiquei alguns minutos com o cachorro adorável. Não demorou muito pra falar pra irmos para casa, estava tarde e era perigoso. Mesmo sabendo que estávamos completamente protegidos.
Me despedi de Simba, tentei me aproximar de Nala, mas ela não quis contato, então simplesmente a deixei com apenas um ‘tchau'. parecia mais feliz depois daquilo, acho que ela fazia isso com ele, recarregava as suas energias e eu tinha adorado conhecer esse lado dele, só o deixava menos babaca, bem pouco, mas deixava.
-Sair foi difícil, entrar vai ser ainda mais – ele comentou, me fazendo arregalar os olhos. – Mas já tenho um jeito. Ele me pegou pelos braços e me puxou rapidamente para o lado contrario do que viemos. – Aparece, Blake – ele deu um assobio umas duas vezes e rapidamente uma enorme escada feita com lençóis foi jogada – pronto, suba!
-Tá de brincadeira, né? , isso é muito alto! – falei medindo o tamanho da janela até ali onde estávamos no chão.
-Só vai ser ruim se você tiver medo de altura – ele simplesmente disse, olhando pra cima e depois para mim – Oh, você tem medo de altura!
-Não vou conseguir subir isso – Cruzei os braços.
-E o que você quer fazer?
-Não sei, o príncipe aqui é você – recebi um olhar horrível dele, pela minha ignorância.
-Você vai ter que resolver esse seu lance com a altura – ele cruzou os braços.
-Tudo bem, mas não hoje! – ele bufou me fazendo sorrir – vamos, tem a cozinha.
-Se tem a cozinha, por que você quer fazer do jeito mais difícil?
-, você tem que se arriscar mais, a vida é curta, sabia? – revirei os olhos.
-Exato, é tão curta que não vou me arriscar subindo uma corda – ele riu pelo nariz. Aquilo era engraçado. A situação em que nos encontrávamos, um príncipe com uma simples qualquer tentando entrar novamente no castelo de forma que ninguém veria ou desconfiasse.
e eu fazíamos uma péssima dupla, acredito eu que por sermos diferentes demais e eu odiá-lo. De qualquer forma, teria sido bom se eu tivesse escalado aquela corda, levamos uma bela bronca por sermos pegos andando pelo castelo naquela hora.
Como fugitivos.

Acordei com Robin fazendo a louca, simplesmente gritando e abrindo as cortinas, coisa que eu não havia me acostumado depois de alguns dias de mordomia no Reino. As meninas sempre me acordavam com a maior delicadeza e Robin simplesmente estava irada. Não entendia nada que ela falava pelo simples fato de ainda não ter acordado totalmente. Fui dormir uma hora bem tarde, diga-se de passagem.
-Bom dia, Robin – falei com voz de sono, esfregando os olhos e observando ela abrir a janela com as meninas na porta uma ao lado da outra apenas observando, quietas.
-Estão todos comentando, , todos!
-Comentando o que? – eu realmente estava sem entender nada, e como se eu ligasse mesmo para o que diziam sobre mim.
-“Selecionada é encontrada na cozinha roubando comida com Príncipe” – ah, se ela soubesse
-Estávamos com fome, eu não tinha ninguém no meu quarto pois já era tarde e nenhum guarda estava na minha porta para me ajudar – inventei. Adorava como meu cérebro funcionava sob pressão. Simplesmente dava uma desculpa que tecnicamente, as pessoas acreditavam. Foram anos de prática – por conta do destino, o Príncipe me encontrou no caminho e fomos juntos para a cozinha.
-Você não pode sair do seus aposentos sem alguém por perto, é perigoso e principalmente ir à cozinha roubar comida! – revirei os olhos me jogando novamente na cama
-Céus, eu não tenho culpa de sentir fome de madrugada – retruquei – e por ser o castelo, isso aqui deveria ser o lugar mais seguro do mundo
-Você terá que se controlar e evitar sair do seu quarto sozinha. Se sentir fome, não precisa ir até lá, existem pessoas que fazem isso pra você! – ela respondeu se apoiando na janela
-Não sou incapaz de fazer alguma coisa e não preciso que me sirvam como se eu fosse uma criança
-Você terá que aceitar que se for uma princesa, isso será mais comum do que imagina – dei um olhar tão feio pra ela, que se fosse a laser, Robin teria sido queimada – você não está mais em Southampton, você está no Reino, é uma Selecionada e terá de ser servida assim
-Isso não é justo! – cobri minha cabeça, brava.
-Céus, , você é a única pessoa que precisa ser obrigada a aceitar que te sirvam – ela batia na testa, cansada da minha teimosia.
-Eu fui criada pra isso – respondi olhando pra baixo, recebendo o silencio como resposta. Depois de minutos da que jeito, ela fez sinal com as mãos para as meninas começarem o trabalho delas e antes de sair pela porta falou:
-Esteja pronta no horário, hoje seu dia será com as majestades.
Fiquei ansiosa, seria a primeira vez a sós com o Rei e com a Rainha. Individualmente.
-Tente não ser mandada pra forca – dei uma risada pelo nariz, ironicamente.
Conversei com as garotas, perguntando como foi a noite de folga e eu não me senti nenhum pouco mal por ter feito aquilo. Nunca tinha visto elas tão descansadas. Mesmo que sempre estivessem dispostas e sem fazer corpo mole. Admirava muito.
Não era de se esperar o surto de Robin, as meninas me explicaram o que estava circulando pelo castelo e eu estava me saindo uma bela pretendente para , tanto que fui instruída a tomar cuidado com as selecionadas que preferiam ele. Não que eu ligasse, todos sabem que não ligo.
-Relaxe, , mas e aí? Ele beija bem? – Lauretta perguntou me fazendo soltar uma careta.
-Não nos beijamos – falei com nojo.
-Ah, conta outra! – Taihne respondeu arrumando minha cama, enquanto Lauretta me ajudava no banho.
-Sério – dei de ombros – não beijarei ele depois de como tratou Olívia. E nem nunca.
-, as pessoas morrem pela boca, não diga isso – Olívia dizia rindo. Me fazendo jogar água na mesma, rindo junto. Havia contado à ela sobre Eric e eu, de que eu havia dito que nunca beijaria ele e nem nada, mas aconteceu exatamente o oposto.
-Eu não vou morrer desta vez – garanti e a mesma gargalhou. Era óbvio que ela não acreditava.
Escutei batidas na porta, assim que terminei o banho e estava vestida com a roupa do dia. Olhei para a mesma esperando que fosse Robin ou Lauretta. Mas não era nenhuma delas.
Olivia correu para abrir e demos de cara com Ben segurando várias caixas e algumas cartas nas mãos.
-Entrega Real – comecei a rir da voz entediada que o mesmo dizia. – eu sou um guarda, fala sério, ser entregador faz com que eu me sinta broxante.
-Cadê o Entregador Real? – Olívia perguntou pra ele que revirou os olhos deixando as caixas no chão.
-Aquele preguiçoso faz com que os guardas das Selecionadas entregassem as coisas pra elas. Ele está de folga – ele falou bem irritado se aproximando de mim fazendo uma reverência -Mademoiselle – entregando as cartas em minhas mãos .
-Que cartas são essas? – perguntei duvidosa.
-Sua família – ele sorriu me fazendo dar um gritinho junto com vários pulinhos e lhe dando um abraço. Sentia tanta falta deles.
-Obrigada, obrigada, obrigada – estava tão animada por finalmente ter noticia deles que não queria fazer mais nada, apenas ler tudo e me acabar de chorar. Mas, como sempre, fui impedida
-Você não deve se atrasar, como seu parceiro temporário, devo recordá-la de algumas coisas. Vamos, primeiros suas obrigações – ele começou a dizer, me empurrando pelos braços, fazendo-me ficar irritada e fazer birra. Tiramos várias gargalhadas das meninas.
-Mas, Ben, é minha família! – grunhi sendo arrastada olhando para as cartas em cima da cama.
-Elas vão continuar aqui quando você voltar, , quanto mais rápida você for, mais cedo irá voltar – Olivia, como sempre, sendo a voz da razão. Me convenceu e rapidamente saí de meus aposentos, indo para o jardim. Ben não parava de falar um segundo sequer.
-Sente-se em uma das cadeiras – ele cochichou e eu comecei a rir das dicas que ele me dava – Eu não acredito que rolei no chão, arrisquei minha vida em ataques ao castelo, pra agora eu estar dando dicas de como uma selecionada deve se portar perto do Rei e da Rainha.
-Está indo super bem, admito – falei com a mão direita levantada, sinal claro de que estava sendo sincera – Acho que se o rei tivesse uma filha e ela tivesse uma seleção, e você fosse um selecionado, eu ia torcer por você!
-Você é tão aleatória – ele revirou os olhos rindo – está dizendo isso porquê quer um torcedor e quer que eu corrompa meus companheiros? Não precisa me bajular
-Largue de ser pretensioso – dei um leve empurrão nele, rindo junto
-Obrigado, – ele parou de rir e deu um sorriso – Saiba que a torcida de pelo menos metade dos guardas, já é sua e os príncipes vão ter sérios problemas pra escolher quem ficará com você
-Oi?! – perguntei rindo nervosa, aquilo era novidade. Ele ia responder, mas fomos distraídos quando o Rei Roger apareceu acompanhado de sua esposa, que estava com um leve sorriso preso nos lábios. Fizemos a reverência e eles se sentaram embaixo no guarda-sol, aquilo seria bom.
-Quer que eu fique? – ele perguntou me fazendo olhar para os lados e ver Lizzie, que estava sozinha e aflita.
-Fique tranquilo – sorri e me virei pra Lizzie e depois pra ele – Irei conversar com Lizzie. – ele avisou que iria dar umas voltas pra ter certeza de que estava tudo bem nas redondezas do castelo, nunca vi alguém tão preparado como ele. Sinceramente, não sabia como podiam ter dado um cargo tão pequeno pra alguém como ele.
-Que cara é essa? – me aproximei da mesma que se assustou colocando as mãos no peito, nervosa
-A Rainha me dá medo – estranhei aquilo, é visível que a Rainha intimidava mas não era pra se ter medo. – Ela olha pra gente como se não fôssemos boas o bastante para um dos seus filhos.
-Talvez não sejamos mesmo, pra ela, mas pra alguém nós somos muito mais que boas – sorri pra ela, que retribuiu o sorriso – ela é só a rainha, relaxe – tinha sido irônica nessa última frase, era visível, e Lizzie havia percebido, o que tirou gargalhadas da mesma.
-Você vai de Amorzinho à um monstrinho, como pode? – dei um sorriso me sentando na cadeira embaixo do guarda-sol – Summer e Kimberly estão indo muito bem com eles – observei a rainha conversando com a ruiva e o rei com a loira, era incrível a capacidade de Summer fazer de tudo pra chamar a atenção, ria alto, usava maquiagem forte e vestidos decotados com cores quentes. Não acreditava que alguém tão bonita como ela, poderia fazer algo forçado do tipo.
-A Rainha deve estar se sentindo super bem, finalmente encontrou alguém pra falar sobre os últimos vestidos da moda – fiz um sotaque enrolado, imitando a rainha, fazendo Lizzie segurar a risada e imitar Summer, com o dedo mindinho super levantado ao segurar a xícara de chá e tocando o meu vestido, elogiando-o.
-Ôh, Alteza, um dia quero ser igual a você, que vestido maravilhoso, que elegância, que presença! – estava querendo rir muito, quem visse de fora, com toda certeza saberia que somos talentos natos.
-Alguns simplesmente nascem com esse dom, com muito esforço, você chega lá – falei com superioridade, fazendo-a rir alto, eu a acompanhei. Chamamos a atenção de todos do jardim, e até mesmo a Rainha com Summer. O Rei nos encarava com um sorriso nos lábios.
Mudamos o assunto e tentamos agir normalmente, eu sabia que tinha algo atormentando Liz, só não sabia o que e não era apenas a rainha. Perguntei tantas vezes que ela acabou cedendo.
-Summer e saíram ontem – suspirou ela, me fazendo bufar. Óbvio – Qual é, ! Você não liga porque não é sua preferência, queria ver se fosse ou .
-Primeiramente, eu não tenho interesse no – falei na defensiva fazendo a mesma revirar os olhos – segundo, eu tenho que saber a lidar com isso, somos em quinze meninas, eles precisam conhecer cada uma. E Poxa, Liz, você é maravilhosa, não se sinta menos que a Summer, cada uma de nós teremos nosso momento com cada um deles.
-Eu sei é que... – ela bufou passando a mão na testa – ela é tão... Sei lá, ela tem uma coisa que eu não tenho.
-Seja específica.
-Ousadia?
-E daí? Você pelo menos tem a sua dignidade intacta.
-Você tá azeda, hein!? – comecei a rir, não é azeda, é sincera. Não conhecia Summer, posso estar enganada, mas até agora a única coisa que ela deixou claro, era que não prestava.

Depois de quase uma hora esperando por um momento com eles. Finalmente chegou a minha vez de falar com o Rei. A rainha me esnobou completamente, e puxou Lizzie pra sentar com ela antes mesmo de chegarmos no destino.
O rei se levantou para me cumprimentar, todo educado. Queria abraça-lo por tanta fofura.
-Então você é a famosa – ele comentou se sentando, me fazendo corar.
-Famosa? – Ri nervosa, fazendo-o sorrir – Não sei, mas sou .
-É que meus filhos falaram muito de você e também está em alta nas revistas – eu deveria ler mais. – e também, depois do ocorrido ontem, acabei decorando seu nome.
-Queira me desculpar, não sabia que daria todo aquele problema por e eu termos saído à noite – fiz a cara de “Puts” e ele não tirava o sorrisão do rosto.
-Você não sabia, mas conhece as leis, ele só não as segue. Aliás, muito me surpreende ele ter sido pego – pelo jeito, o rapaz não era muito ‘domesticado’.
-Foi minha culpa – admiti, se eu não tivesse parado e pedido que ele fizesse algo pra comermos não teríamos sido pego.
-Quer um conselho? – ele olhou para os lados e sussurrou – se forem sair, tomem cuidado e não voltem por um lugar tão óbvio.
-O Rei está me dando conselhos para dar uma escapadinha? – perguntei surpresa e ele riu, bebendo o chá.
-Já tive a idade de vocês, sei quando é necessário um tempo e ficar preso aqui, pode ser um inferno - com certeza, eu não suportava ficar lá dentro. – e até agora está tudo tranquilo, sem ataques contra o castelo.
Conversamos muito sobre absolutamente tudo e eu ficava cada vez mais surpresa pelo Rei ser tão cabeça aberta. Por debatermos sobre alguns assuntos que ninguém nem fazia ideia de que eram possíveis. E tudo isso, em quase uma hora de conversa.
-como está sendo essa semana no castelo? – questionou ele, já que esse diálogo, teria ocorrido no começo da conversa, e era óbvio, que não conversamos sobre isso.
-Confesso que está sendo difícil me adaptar, venho de uma família simples, nunca vi muitas coisas até chegar aqui.
-Entendo... Mas vai ser bom pra você se descobrir e descobrir coisas novas. Não vai ser fácil e caso você venha a ser uma Princesa, vai ter que lidar com muitas coisas – Concordei com a cabeça sorrindo sem mostrar os dentes
-Mas de qualquer forma, estou gostando. A comida é maravilhosa e os vestidos que uso, com certeza daria pra alimentar minha família por meses.
-Fico feliz, gostei de você – aquilo era uma honra. – meus filhos são difíceis. Mas eu tenho certeza que vai agrada-la. De qualquer forma, gostaria de te desejar sorte e que tudo que precisar, venha falar comigo. Até mesmo se for pra falar mal de meus filhos, vou adorar falar deles. E adorarei ser seu confidente do sexo oposto, sei que Robin será uma ótima madrinha, mas quero que saiba que estarei do seu lado.
-Me sinto grata por poder contar com você, majestade – o rei Roger foi o mais próximo do nível paterno que cheguei a vida toda, eu sentia que ele faria o possível para ver eu e as meninas bem. Ele tinha aquele jeito protetor, eu sentia isso. O mesmo se levantou e pediu licença alegando ter trabalho a ser feito.
A Rainha, por sua vez, levantou-se e foi acompanhada de suas damas para dentro do castelo, me deixando sem saber o que fazer, já que era pra conversarmos. Tal mãe, tal filho.
Vi que algumas selecionadas foram pra dentro assim que o Rei decretou que ia para dentro e que quem quisesse, podia ficar no jardim e dar uma volta por lá. Por incrível que pareça, fiquei sozinha ali depois de meia hora. Observava o jardim impecável, com flores coloridas, folhas vivas e verdes, o ar puro. Parecia cena de filme, até os passarinhos cantarolavam e brincavam uns com os outros. Estava tudo lindo.
Senti uma mão tapando meus olhos, ignorei meu instinto de defesa esperei que indivíduo se identificar. Mas não aconteceu.
Senti o perfume masculino e as mãos eram grandes, porém, macias. Já descartei 50% das pessoas daquele castelo.
-Ben? – perguntei receosa, não era a cara dele chegar dessa forma, na verdade, ele iria chegar me assustando
A pessoa riu pelo nariz e negou com a cabeça me deixando atordoada.
-Cansei da brincadeira, tira a mão da minha cara ou eu irei partir pra violência – a pessoa gargalhou alto.

Eu nunca esqueceria a risada gostosa dele.
-, quando o falou que você era agressiva eu não acreditei muito, mesmo adorando saber que você bateu nele. – dei um sorriso envergonhado, eu não queria ser daquela forma, mas era meu jeito. Uma pena.
Ou não.
-Alteza, eu não costumo ter muita paciência, sinto muito – ele balançou a cabeça rindo e se sentando ao meu lado.
-Alteza não!
-.
-Melhor! – sorrimos um para o outro.
-O que lhe traz aqui, ? – perguntei quando percebi que estávamos nos encarando demais.
-Estava trabalhando arduamente para melhorar nosso país, mas aí precisei descansar, então vi você e resolvi te dar um ‘oi’ e te chamar para um passeio – ele dizia com uma voz tão dramática que me fez revirar os olhos e dar risada.
-Você estava sem fazer nada, né? – ele sorriu culpado me fazendo gargalhar.
-Mas te chamar pra dar um passeio já estava em meus planos! – garantiu ele – estava na sala de reuniões com meu pai, os conselheiros e meus irmãos... Só que o próximo na linha de sucessão é , então eles estão dando mais atenção à ele.
-Então você queria atenção?
-Não é pela atenção – ele riu – na verdade, eu tenho atenção de sobra – falou se referindo a Seleção – É pelo modo que e eu somos tratados em relação a isso...
-Não sabia que ligava para os outros desta maneira – resolvi provocá-lo e o mesmo me encarou revirando os olhos logo depois, de modo dramático.
-Você não vai entender.
-Você pode me explicar – comecei a andar ao lado dele pelo jardim.
-Quem sabe um dia?! – olhei pra ele da mesma forma que o mesmo havia me encarado minutos atrás – como príncipe, não posso sair falando as coisas para qualquer pessoa, ainda mais.
-Não sou qualquer pessoa! – disse na defensiva e ofendida.
-Oh, God – ele bateu na testa e pegou em minha mão – não foi isso que eu quis dizer, eu não sei me expressar as vezes.
-Eu entendi muito bem – falei fingindo realmente estar ofendida. Eu havia entendido o que ele tinha dito. E entendia muito bem.
-, desculpa, eu não quis te deixar ofendida, é que eu não posso falar realmente o que acontece no Conselho, é contra as leis e...
-Hey, eu to brincando, eu entendi sim – falei garantindo que era brincadeira, era visível o desespero dele. – mas se precisar de alguém pra conversar, pode falar comigo.
- , você é muito sacana, eu achei realmente que havia te magoado – ele disse soltando de minhas mãos, despreocupado, me fazendo sorrir.
-Sinto muito, príncipe – o mesmo sorriu e pegou em meu braço novamente, para andarmos juntos.
Ele começou a perguntar como havia sido minha manhã, da conversa com seus pais e como eu havia me sentido. Estávamos em uma conversa super entrosada e tinha dias que eu não ‘desabafava' daquela forma com alguém. E ele contou da manhã dele também.
Me sentia como melhor amiga dele e enxergava-o da mesma forma. Um grande e belo amigo.
Não esperava encontrar pessoas tão legais naquele lugar, me surpreendia cada vez mais à cada dia.
Minha mãe sempre diz que não devemos julgar antes de conhecer, e conhecendo um pouco, me arrependia das coisas que havia dito. Obviamente não me convenceram por completo, mas estava no caminho de realmente começar a mudar de ideia sobre quem eram.
estava com uma camisa social preta e uma calça jeans clara, com um sapato social, os cabelos estavam ‘arrumados' e o mesmo estava totalmente descontraído.
-Confesso que ter esse monte de mulher no meu pé está fazendo eu duvidar do meu caráter... Tenho vontade de pegar todas, mesmo sabendo que duas podem vir a ser minhas cunhadas.
-! – o repreendi com um tapa rindo daquele absurdo – Como você ousa a falar isso pra mim?
-Desculpe – ele falou rindo – mas você é totalmente área restrita.
-Área restrita? – perguntei rindo, aquilo era ridículo.
-É que...
De repente, começamos a ouvir barulhos de tiro e espadas se chocando uma com a outra. Não estávamos completamente distantes do castelo, mas dava pra ouvir absolutamente tudo.
-o que está acontecendo? – perguntei me virando rapidamente para onde o barulho estava acontecendo. Foi então que eu vi um homem saindo de dentro do castelo, com touca cobrindo o cabelos com a cara e o resto do corpo sujos, vândalos. Com uma arma na mão.
Meu coração gelou quando ele se virou e olhou dentro de meus olhos. Foi tudo tão rápido, que quando ele apontou pra mim e , senti o mesmo me pegando pela cintura e me jogando em cima de um arbusto. Foi o tempo de ouvir dois tiros.
Um em nossa direção.
E outro na cabeça dele.
-ALTEZA, É VOCÊ? – o tal guarda correu até nós, nos ajudando a levantar. – vocês estão bem?
-Selvagens ou Vantronis? – perguntou se levantando e me colocando atrás dele.
-Selvagens – respondeu ele olhando para os lados e dando um outro tiro – Vá para o abrigo.
-Não dá pra ir por dentro – estava nervoso e eu estava paralisada com o ocorrido, tinha um homem morto na minha frente. – não lembro dos abrigos aqui de fora.
-Fiquem aqui, abaixados – ele nos fez abaixar – irei averiguar aqui antes de colocar vocês em um abrigo.
Não sabia o que estava acontecendo, ainda estava assustada, nunca tinha visto algo do tipo. Nunca tinha visto alguém morrer na minha frente e nunca tinha sido apontado uma arma na minha cabeça. estava olhando para todos os lados e não desgrudava de mim um minuto sequer, sempre me colocando atrás dele, como se eu fosse indefesa. Não queria admitir, mas naquele momento eu realmente era.
Não tinha ideia do que fazer ou como reagir. Sabia que haviam Selvagens atacando lugares, mas não sabia que eles tinham atacado o castelo e que conseguiram passar pelos milhares guardas só na frente do castelo.
-Alteza – o tal guarda o chamou e olhou para ele – Venha.
O tal guarda ficou atrás de mim, sempre a postos em caso de ataque e em minha frente, seguindo as coordenadas do primeiro.
Foi muito rápido, ele mexeu em uma lamparina apagada e a mesma simplesmente abriu uma passagem que era enorme. Instantaneamente senti os dedos de se entrelaçarem com os meus.
Não estava nem ligando. Estava correndo risco de morte no “lugar mais seguro do país”
-Volto pra buscar vocês, protejam-se – eles se cumprimentaram e o guarda saiu novamente em disparada após fechar a grande entrada. Ficou tudo escuro. Meu coração batia tão rápido, que dava até pra fazer uma música com a batida dele.
-Deve ter algum projetor de luz aqui - ele falava encostando na parede, procurando. Comecei a ajuda-lo. Não achamos nada. – Não é possível.
-Pelo menos estamos a salvo – tentei parecer otimista, mas era visível que estava nervosa.
De repente, as luzes se acenderam. Eu quase pulei em cima de , o mesmo estava assustado demais até pra rir.
-Eles estão no abrigo lá de dentro – ele comentou sozinho, olhando pra cima e depois me olhou, viu minha cara de confusa e tratou de se explicar.
Tem mesmo um projetor em cada abrigo, que no caso, tem milhares em volta e dentro do castelo, mas nem todo mundo realmente sabe onde eles estão. Só que assim que o abrigo real tem a sua luz acesa, automaticamente, todos os abrigos se acendem. E em cada um deles tem água, comida e cobertores para dias lá dentro, um pequeno mictório totalmente aberto e desconfortável, mas dava pra sobreviver ali.
E não tinha tempo determinado para quanto ficaríamos ali.
-Por que estamos sendo atacados? – questionei ainda olhando pro nada, digerindo tudo.
-Nunca sabemos o real motivo. – ele suspirou passando a mão na testa – Meu pai e eu achamos que os Selvagens estão em busca de uma revolução, derrubar o sistema...
-Abolir a monarquia – completamos a frase juntos.
- acha isso também, só que crê que alguns são apenas pra colocar terror mesmo e acredita que estão fazendo isso por não serem aceitos na sociedade, pela condição que tem. Eu realmente não sei o que realmente acontece – ele realmente estava cansado, as ruguinhas que eu nunca vi nele, apareceram.
-Pessoas de condição 7 e 8? – perguntei e ele assentiu com a cabeça – se me permite dizer, acho que as três opções estão corretas... São milhares de pessoas com condições precárias e horríveis. Com uma monarquia que ajuda a todos, menos quem realmente precisa, é fácil quebrar um paradoxo da sociedade, mas mantê-lo e realmente faze-lo era outra história.
Condição era como chamávamos as Castas. No caso, são um grupo social hereditário, no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho e cada integrante só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo. No reino de Avallon, há alguns anos atrás, esse sistema de Condição foi abolido, mas ainda sim, existia. E as pessoas fechavam os olhos para isso.
-Nós ajudamos à todos! – ele falou na defensiva.
-Se esse país fosse justo, ataques desse tipo não aconteceriam – dei de ombros e ele me encarou e depois ficou pensativo – Não falaram isso na mídia por quê?
-Como podemos soltar uma notícia dessas? A segurança começa dentro do castelo, como demonstraríamos autocontrole sendo que ao menos isso realmente temos? – estava chocada. Minha mãe achando que eu estava segura. Coitada.
-Concordo - finalmente havia concordado com ele e o mesmo suspirou aliviado.
-Se pudesse ser Rei, eu com certeza iria fazer o país ser mais justo – ele comentou depois de algum tempo de silêncio – Meu pai faz o possível para manter o Reino de uma forma melhor que a de meu avô. Só que não é totalmente fácil.
-E ninguém agrada a todos – terminei a frase novamente junto com ele. – Não vamos discutir sobre a política do país.
Fiquei em silêncio, apenas esperando e observando, até que meus olhos bateram em , distraído, seu pescoço estava arranhado, por causa do arbusto em que nos jogamos e a camisa dele deixava claro uma mancha nos ombros. Fiquei nervosa.
-, tira a camisa – Falei rápido, procurando por algo que pudesse limpar aquilo.
-Nossa, como você é direta! – ele falou realmente assustado, me fazendo encará-lo brava.
-Você está machucado, como pode não sentir? – falei chegando mais perto dele, com o kit nas mãos.
-Adrenalina, provavelmente – Ele começou a tirar a blusa e reclamou um pouco da dor. Estava realmente feio, uma enorme ferida e eu não sabia ao certo como tratar, era muito sangue. – Bala de raspão?
-Provavelmente – respondi jogando água, fazendo o mesmo urrar de dor. – DESCULPA! – Ele tentava fugir de mim igual criança – , não sabemos quanto tempo ficaremos aqui, por favor, me ajuda a te ajudar!
-Mas está doendo – ele reclamou, me fazendo segurar o sorriso pela manha feita.
-Se eu cuidar agora, não vai inflamar e doer ainda mais depois.
-Tem razão – concordou ele sem querer muito, me fazendo sorrir culpada ao jogar mais água e um pouco de água oxigenada e ouvir ele gritar novamente.
-Grita mais alto, acho que os Selvagens ainda não nos localizaram - ironizei e o mesmo sorriu sarcástico – Deixa eu te enfaixar – puxei ele com delicadeza e comecei a enfaixa-lo – Pronto, fracote!
-Fracote? – ele perguntou totalmente ofendido – Eu tomei um tiro de raspão por você, ingrata!
-Eu cuidei de você, ingrato! – retruquei, não querendo dar o braço a torcer.
- , como você pode ser tão sacana? – perguntou rindo, sem acreditar.
-É um dom – sorri me sentando ao lado dele e lhe entregando um comprimido com água e o mesmo tomou rapidamente – Hey, descansa um pouco, a dor passa mais rápido.
-Não consigo – e novamente a ruguinha apareceu, ele estava preocupado. Nem parecia que ele era o ‘mais novo’. As ideias que ele tinha, o modo que falava das coisas, principalmente relacionadas as coisas do castelo e Avallon. Ele falava com amor, ele realmente gostava. Era uma pena ele ter que esperar a coroa passar para seus irmãos antes de chegar no próprio. – Será que estão todos bem? Meu Deus, minha mãe vai ter um infarto quando perceber que eu não estou lá.
-Hey, está tudo certo, estamos seguros aqui, eles vão nos procurar e é só abrir a porta quando acharmos que está seguro – falei olhando pra ele.
-As portas só abrem por fora.
Meu coração gelou.
Eu tinha pânico de ficar trancada em lugar pequeno, minha fobia era tanta que as vezes ficava até sem ar.
-C...Como assim? – perguntei já trêmula. O mesmo viu minha cara de pânico e ficou nervoso.
-Ah, , não brinca comigo, eu não sei lidar com sangue ou gente desmaiada. – ele começou a me abanar com a própria camisa.
Foi então que eu reparei no corpo dele, ombros largos, barriga marcada e braços fortes. Mas não forte demais, era na medida certa. Era a primeira vez que eu tinha contato com o corpo de alguém, sem ser o de Eric, e aquilo me assustava. Fiquei ainda mais tonta.
-, inferno! – ele falou passando água em minha testa e fazendo eu beber. – Já já vão tirar-nos daqui.
-Eu preciso de ar! – falei passando as mãos pela parede. Atordoada demais.
-Aqui tem bastante – ele disse desesperado – Se você quiser eu fico sem respirar pra sobrar mais pra você, olha! – ele parou de respirar me fazendo rir alto, estava tentando me distrair, tinha conseguido. – Mantenha a calma, como futura princesa, você deve saber lidar com situações deste tipo.
-Futura princesa? – ele deveria saber que eu não queria ser uma, certo?
-Tem grandes chances – sorriu tímido olhando pra baixo. Eu achava fofo quando ele ficava daquela forma, não era algo que a gente esperava dele, que era cara de pau.
-Tem 15 garotas aqui, você não conhece todas – dei de ombros e ele riu pelo nariz.
-De qualquer forma, eu aposto que você vai terminar no altar com algum de nós – eu me senti desafiada e então aceitei de cara esse desafio.
-O desafio está aceito! – apertei a mão dele – O que irei ganhar?
-O que você quer?
-Irei pensar, te digo até antes de eu ser eliminada – o mesmo riu com desdém – E o que você quer?
-Te digo antes do casamento – revirei os olhos. Aquilo era arriscado. poderia trapacear e eu poderia criar sentimentos mas de qualquer forma, eu tinha controle sobre mim. Eu era a dona da minha verdade
Ficamos tanto tempo lá que minha crise estava voltando, simplesmente me abraçou e eu não recuei. Sabia que não era pra se aproveitar de mim. Passou ainda mais tempo e acabamos dormindo, daquela forma.
Comecei a ter pesadelo com o cara que apontou a arma pra nós, ele era horrível e pior ainda foi sua morte. Teve os tímpanos estourados.
Viver dessa forma era horrível. A mercê de algo que vai apenas piorar a sociedade.
-ELES ESTÃO AQUI – eu escutei, bem baixinho, vindo de fora. E a porta sendo aberta. Não havia mais luz solar, eram apenas lanternas e a luzes de velas – Alteza – mais de cinco guardas adentraram o abrigo, se curvando à ele e logo depois, à mim – Conseguimos deter os Selvagens. Está tudo sob controle. A Família real e as selecionadas estão loucos atrás de vocês dois. As garotas foram encaminhadas para os dormitórios, mas sua família ainda prevalece no grande Salão, esperando por vocês.
-Obrigado, Soldado P2 – respondeu, colocando a camiseta com a minha ajuda. – me passe as coordenadas, como estão todos? Os feridos? Mortos?
-Prendemos dez Selvagens, os outros quinze foram mortos – ele respondia prontamente andando ao lado de , que não me largava minuto algum – Alguns empregados foram feridos, mais o pessoal da cozinha e uma dama de alguma das Selecionadas – nesta hora me envolvi sem me conter.
-Quem? – o mesmo me encarou e depois olhou pra pedindo confirmação.
-Não sei o nome, sinto muito, senhorita – assenti, ficando preocupada novamente – mas foi coisa do tipo cortes, e enfim. Nada muito grave.
-Prossiga, soldado – o cortou.
-Todas as selecionadas foram levadas ao abrigo real, junto com seus irmãos e seus pais. As líderes também foram pra lá, mas não todas, algumas ficaram onde deu, o ataque não foi fraco, então não dava tempo de irem ao mais luxuoso. Houve cinco mortes, até agora. Três guardas e dois empregados.
-Isso é terrível – passava a mão na testa bufando – E meu pai?
-Ele está esperando respostas, irá interrogar os selvagens amanhã pela manhã. – oi, me leva -Obrigado, Soldado, obrigado – eles e cumprimentaram, fizeram reverência e nós entramos, os cinco guardas se mantiveram lá fora.
Fomos acompanhados por outros guardas que comentavam com sobre o atentado e era visível que era muito querido pelos guardas, eles se mostraram aliviados ao ver o Príncipe, eram respeitosos mas seguiam por uma linha tênue entre o formal e o informal.
Quando chegamos no Grande Salão, a Rainha soltou um suspiro e correu até o filho. Foi a primeira vez que vi a mesma literalmente “descer do salto”.
-Meu filho – ela repetia dando vários beijos em seu rosto – O que é isso? – perguntou horrorizada ao ver a faixa no braço dele – Ah meu Deus, John! – ela chamou o marido, que estava logo atrás.
-Mãe, está tudo bem... Foi de raspão, cuidou de mim – ele sorriu apontando pra mim, que sorri fazendo uma reverência. Ela me olhou de cima a baixo, com a cara de arrogância.
-Obrigada, ! – respondi com uma reverência com a cabeça.
- – o rei lhe abraçou – Que susto que nos deu!
-Estávamos no jardim, foi tão rápido – falava, contando tudo.
-Oh, , sinto muito por isso, não deve ser fácil ver algo de se ver – o rei pegou em minha mão sorrindo – Obrigado por cuidar do meu filho.
-Ele faria o mesmo por mim – sorri para o rei. Que logo se despediu da gente, subindo com a rainha para os aposentos.
-Seu babaca – deu um tapa na cabeça de , logo depois o abraçou – Eu achei que você tinha morrido.
-Você me deve 100 pratas – falou batendo em .
-Você me deve 100 também! – empurrou ele.
-Vocês apostaram o que desta vez? – perguntou rindo.
- apostou que você tinha morrido e eu apostei que você tinha sido sequestrado – falou rindo e depois abraçando o irmão – Não gostava da ideia de você morto, então o sequestro era melhor aposta.
-Os dois me devem 100 pratas – deu de ombros estendendo as mãos para os dois que contestaram, mas aceitaram o fato. Era um tipo de regra deles, caso de aposta e dois perderem, a vítima ganha 100 pratas de cada um. Era lei de ouro pra eles.
Era lindo ver aquela cena de irmãos, amigos e inimigos ao mesmo tempo. Gostava daquela imagem que tinha dos três juntos.
Imbatíveis
-Ah, garota! – Robin entrou rapidamente no salão, primeiro esperei pela bronca, que não veio, mas o abraço inesperado apareceu. – Eu achei que estava morta!
-Not today, bitch – Ri da cara que a mesma fez, prestes a me repreender, mas fomos interrompidas.
-Hey, , obrigado por cuidar do , de verdade – apareceu, me fazendo apertar a mão de Robin, que parecia uma adolescente pirada ao ver a cena – Como posso agradecer?
-Um obrigado já está bom – falei automaticamente, e me arrependi por ter sido tão grossa sem perceber – Digo... Não precisa agradecer.
-Por que você não a convida para passear à cavalo amanhã? – Robin se intrometeu, me fazendo encará-la nervosa.
-Parece-me uma boa ideia, o que acha, ? – ele perguntou sorrindo. Todo formal.
-Pode ser – sorri concordando.
-Passo te buscar amanhã às 15 – assenti com a cabeça vendo- o saindo de perto de nós, indo até os irmãos e encarei Robin, querendo matá-la.
-E aí, princesa – apareceu antes que eu pudesse xingar Robin, me fazendo revirar os olhos.
-Vamos, estou cansada – tentei empurrar Robin mas ela nem se moveu.
-Só vim agradecer. – falou na defensiva do jeito debochado de sempre – é muito importante pra nós, nunca ficamos separados diante de um ataque.
-Não há de quê – respondi sinceramente.
-E sinto muito pelo que você presenciou – Assinto com a cabeça e o mesmo volta pro modo babaca rapidamente – Vê se não arranja encrenca para o , parece que o carma é em você. Coisas ruins acontecem quando saímos com você.
-Você devia ter levado o tiro no lugar do – respondi fuzilando-o com raiva.
-Você é bem violenta, né? – falou rindo ironicamente. – Difícil, gosto assim.
-Nojento – respondi praticamente com a cara colada nele, querendo dar um tapa na cara dele.
-Vamos, , está tarde – Robin interviu me fazendo recompor rapidamente.
-Hora de princesa estar na cama – disse rindo ironicamente novamente.
-Hora de criança estar dormindo – mandei beijo no ar saindo com Robin.
-Hey, – correu atrás de mim, me fazendo virar pra ele.
-Obrigado pelo passeio, independente das coisas, foi muito bom e eu gostei muito da sua companhia – fiquei vermelha.
-Digo o mesmo, Príncipe – sorri e ele sorriu junto. – Cuide do braço.
-Pode deixar – ele sorriu me dando um beijo na testa. – Boa noite.
-Boa noite, Alteza.

-, fiquei sabendo de ontem, fiquei tão preocupada – Liz apareceu do nada ao me ver na hora do café, estava em pé observando um dos quadros, com a mão novamente enfaixada, já que na madrugada, começou a doer de novo. E alguns curativos nos braços e no pescoço, nada demais.
-Esta tudo bem – sorri lhe dando um abraço – Foi um susto.
-Eu imagino! Estava com e na hora do ataque, eles não queriam entrar no abrigo sem o – imaginei a cena. Os três tinham uma ligação muito além de gêmeos e irmãos. – e quando fizeram a contagem das selecionadas, eles ficaram ainda mais preocupados querendo sair de lá. Você literalmente causou um impacto.
-Não foi por mal, eu juro – falei rindo – mas de qualquer forma, agradeço a preocupação, ainda bem que já esta tudo certo.
-Sim, você precisava ver a cara que algumas selecionadas fizeram ao saber que vocês dois estavam sumidos – era tudo que eu precisava mesmo. – Summer, Wayne, Tess e Natalie quase enfartaram.
-Ia ser atoa – revirei os olhos, vendo Summer e Tess chegarem juntas, totalmente exuberantes, com os cabelos presos em um coque alto, um vestido rosa e o outro roxo, uma maquiagem que combinava as deixando ainda mais bonitas. Foi então que elas me encararam, me fuzilando. Andando em minha direção, como modelos, e trombando em mim e em Liz, aquilo foi ridículo – Bom dia pra vocês também – falei sarcástica, fazendo-as sorrirem da mesma forma – e olhem por onde andam da próxima – desta vez retirei o sorriso ficando mais séria.
-Desculpe – Summer falou irônica sorrindo – eu não vi você.
-É claro que não viu – respondi da mesma forma e me virei pra Liz, que encarava tudo atenta.
-É impressão ou ela está tentando te provocar?
-Seja o que for, é bom que não se meta comigo – falei passando a mão pela testa – é totalmente infantil.
-Você me dá medo as vezes – Liz disse rindo, me fazendo sorrir revirando os olhos – mas não arrisque-se por ela. Não vale a pena.
-Eu sei que não – ofereci meu braço pra ela, a mesma aceitou e fomos para a mesa do café.
Nenhum membro Real apareceu, todas as selecionadas ficaram se perguntando o motivo, e eu suspeitava do porquê, mas não diria de forma nenhuma, não era da conta delas, pelo menos, por enquanto. Porém, não deixava de estar preocupada com os garotos, tinha a sensação que os ataques eram para afetar o rei, e para afeta-lo, os príncipes.
Pelo menos, essa era a minha teoria.
Não sabia se devia contar a Lizzie sobre o ‘encontro' com , ela ficaria chateada comigo, certeza. Mas era o certo a se fazer.
Depois do ataque, Robin me deu um super sermão mas ele foi amenizado por saber que ‘salvei' a vida de um Príncipe. Ben quando me viu, me deu um abraço, aliviado. Pelo jeito, ambos acharam que eu havia morrido.
Tomamos o nosso maravilhoso café da manhã, e pela primeira vez, todas conversamos, coisas aleatórias, mas conversamos e demos risadas. Ora ou outra, Summer tentava me afetar com alguma resposta atravessada, mas não conseguia, já que eu tinha resposta pra tudo.
-Mas, , nos conte como foi ontem com o Príncipe – ela falou, juntando as mãos e automaticamente, os 15 rostos viraram pra mim – deve ter sido ótimo ficar com ele.
-Ele é muito gentil – dei de ombros – diante da situação, não foi bom quanto deveria.
-Por que não nos conta os detalhes? – ela dizia com aquela grandes olhos verdes transbordando de ciúmes e inveja.
-Porque acho que não interessa à nenhuma de vocês – respondi sorrindo falsa – não fico perguntando pra nenhuma sobre como foi o encontro com eles.
-Você foi a primeira a ter um encontro com e com – Wayne se intrometeu e era visível que não estava conformada com aquilo.
-E? – só faltou elas rosnarem de raiva – Cada uma aqui vai ter o seu momento, por que não me deixam curtir o meu? – resolvi provocar, aquilo era ridículo demais.
-Não é justo você ter simplesmente os dois em sua mão sem nem nos dar chance – Tess disse, parcialmente triste.
-Por favor, eu saí com os dois uma vez apenas, nem considero um encontro com e , as circunstâncias foram horríveis – falei nervosa daquele assunto – E eu não vou falar com nenhuma sobre minha relação com os príncipes, essa Seleção não se baseia nisso, e se vocês querem algo, corram atrás disso.
E do nada, todas ficaram em silêncio me vendo levantar bruscamente da mesa e sair de lá com raiva. Não acreditava que estava sendo intimidada por simplesmente ter contato com os príncipes. Lizzie saiu rapidamente atrás de mim, caminhando ao meu lado, quieta. Ben e Kapel nos seguiam, conversando baixinho. Sequer perceberam que estávamos em silêncio e bravas. Tecnicamente, eles não estavam dando a mínima pra gente, o assunto sobre a guerra de ontem era mais interessante.
-, não ligue para elas, estão com ciúmes por isso te atacam – ela tomou a palavra e eu suspirei.
- Eu sei, mas pra mim isso é ridículo.
-É ridículo porque você não tem um preferido – ela riu – quando tiver, vai sentir da mesmo forma.
-Deus me livre – falei batendo três vezes na madeira – caso eu venha a ter interesse em algum deles, não serei psicopata!
-Vamos ver – fuzilei a mesma fazendo-a sorrir e sair saltitando na minha frente, tendo um Kapel bufando ao correr atrás da mesma pra vigia-la
-Te vejo em breve – Kapel falou pra nós dois, que rimos alto ao vê-lo correndo atrás.
-Por que você está com essa cara de derrotada? Digo, você sempre está com essa cara, mas vamos combinar que agora tá bem mais visível.
-Benjamin! – o repreendi lhe dando um tapa, o mesmo me deu um empurrão leve, o suficiente pra me tirar do lugar – Quanta audácia – falei inconformada, vendo-o rir alto e depois nos recompormos rapidamente, já que nunca estávamos sozinhos.
-Qual foi? Te conheço a pouco tempo, mas eu sei como você esta se sentindo com apenas um olhar – gargalhei alto para aquele comentário. – Promete que quando se tornar rainha vai me colocar como Líder de Guerra?
-Primeiro que não vou ser rainha – comecei ainda rindo secando o canto dos olhos – segundo, caso eu fosse, com toda certeza iria te deixar como líder dos animais reais ou, como meu guarda-dama. Vai depender do meu humor
-Céus! – o mesmo fez o sinal da cruz – que você nunca seja rainha!
Amém, Ben. Amém.
Depois do almoço, foi terrivelmente tedioso, já que Robin não ia me dar aulas, pois estava em uma reunião com a rainha; não havia visto nenhum dos príncipes; Ben havia sido convocado para treinamento e minhas damas estavam entretidas no meu grande vestido para domingo à noite, no Time Aykroyd.
Segundo elas, as damas das selecionadas haviam feito uma competição entre elas para verem qual Selecionada tinha a melhor roupa. Estava contente por elas encontrarem diversão no trabalho, mas ficava triste por não ser a Selecionada perfeita que levaria minhas Damas a ganharem, por mais que elas tivessem o talento de fazer um vestido exuberante como faziam, eu não tinha a mínima elegância pra me portar dentro dele.
Estava entediada de forma que andava de um lado para o outro, batia o salto no chão só pra fazer alguma melodia baseada naquilo. Gostaria muito de ter acesso as salas de música, poder tocar piano, poder fazer alguma comida, poder pintar meus quadros e jogar bola, igual fazia com Kurt na rua de casa, ter uma câmera pra tirar fotos de tudo que gostava, ir ao jardim, relaxar. Mas para tudo isso, eu necessitava de permissão e eu não tinha.
Era prisioneira. Uma prisioneira real.
Foi então que ouvi alguém batendo na porta e fiquei em alerta. Não estava apta pra receber visitas.
Lauretta correu para abrir a porta e fez uma reverência.
.
Merda, eu havia esquecido do encontro hoje!
Me levantei rapidamente e fui até a porta. Ele estava completamente diferente do que costumava vestir. Estava usando uma calça clara e uma camiseta pólo preta com o símbolo do castelo e um óculos escuros pendurado na camisa.
-Hey, alteza – fiz uma reverência e ele sorriu, beijando minha mão. Depois me olhando de cima a baixo. – Algum problema?
-Não... Er, sim. Quer dizer... Não sei – ele começou a falar incerto coçando a nuca e a barba. – digo, vamos cavalgar... Vestido não é bem uma boa opção para o nosso passeio.
-Oh, sim! – falei me tocando ao assunto. Não havia avisado as garotas, não sabia o que fazer naquela situação toda.
-Pra sua sorte – com a mão que ele escondia atrás das costas, tirou uma caixa e me entregou – eu vim preparado. Sabia que você provavelmente não teria o que vestir.
-... Não precisava – falei com as mãos na boca surpresa pelo tal ato. Nunca havia recebido presente de alguém que não fosse da minha família.
-É apenas um presente... Imagino que vai gostar do passeio hoje e com suas roupas normais é meio desconfortável – “normais”, claro. – Pode de arrumar, estarei esperando na escada.
Ele fez uma reverência e saiu andando. Estava pasmada. Fui atrapalhada por Olivia, que sorria e dava pulinhos com Lauretta e Thaine.
-Venha! – ela me puxou pra dentro do quarto, já tirando o kit de cabelo e maquiagem do nada. – Devia ter nos contado do encontro.
-Eu esqueci – admiti levantando os braços pra elas tirarem o vestido de mim.
-Mas esse é seu primeiro encontro – encarei Thaine, que sorria – primeiro encontro oficial.
Ela estava certa. Diante de tudo o que ocorreu, o único que me chamou para o encontro, foi ele. e apenas apareceram e praticamente me sequestrou, mas não nego que foi algo bom, conheci Nala e seus filhotes. foi o cara mais meigo desse mundo comigo quando saímos. Estava ansiosa pra saber o que seria de mim e no nosso encontro.
EU IA USAR CALÇAS!
Estava quase gritando por poder finalmente cobrir minhas pernas e usar uma camiseta.
As meninas prenderam meu cabelo em um rabo de cavalo, colocando algo nele, para prender um topetinho e deixando alguns fios dando o ar de bagunçado, mesmo não estando. Vestia uma camiseta polo preta, com o símbolo do castelo no canto, igual a de . A calça era preta e bem colada, realçando meu corpo de uma forma que eu estava me sentindo constrangida. Era calça montaria. Nos pés, eu havia ganhado botas da mesma cor. E também um ray-ban do tom preto meio marrom.
Me sentia bem e mal ao mesmo tempo, não sabia explicar direito.
As garotas só faltavam pular em mim. Eu estava muito bonita, de acordo com elas.
- , você consegue ser bonita até de calça! – Olivia dizia me admirando.
-Ganhamos o concurso, com total certeza – Lauretta comemorava, me fazendo rir alto. – vá buscar sua coroa, garota!
-Vou buscar meu dia ao ar livre, fora desse lugar, isso sim – gargalhei indo em direção a porta - desejem-me sorte.
-Boa sorte! – falaram em conjunto voltando para o grande vestido.
Dei de cara com um guarda que nunca havia visto na vida, ele era alto e tinha os olhos verdes. Parecia ter uns quarenta anos. Tinha varias medalhas em seu casaco, e usava uma faixa vermelha também.
Senti um choque ao encara-lo.
-Boa tarde, jovem – ele se curvou depois de alguns minutos.
-Boa tarde! – disse educada, ainda assustada pelo que havia sentido. Ele sorriu e continuou andando. Estava meio baqueada só que continuei andando. Ignorando a estranha sensação de que o conhecia, mas nunca tinha o visto e eu lembraria de ter visto aquele guarda.
Chegando na grande escada, avistei , e , os três rindo lá em baixo e fazendo gracinhas. Do nada senti minhas bochechas corarem ao sentir o olhar dos três sobre mim, ambos com sorrisos enormes no rosto, digo, e , estava com a cara de bosta de sempre, só que com a sobrancelha arqueada.
-Uau – se pronunciou, depois de se curvar – cara, eu devia ter tido essa ideia antes, uma pena.
-Perdeu, Irmão – riu e depois me olhou sorrindo – ainda bem que Robin sabia exatamente qual era seu número, eu realmente ia escolher um numero muito maior que o seu.
-Esta me chamando de gorda? – perguntei com a sobrancelha arqueada fazendo-o engasgar e os irmãos darem risada.
-Não! – Ele disse prontamente.
-Está sim! – falou junto com ele, me fazendo fuzila-lo.
-Cala a boca, – dissemos todos juntos, o mesmo revirou os olhos.
-A verdade dói, não é? – ele deu de ombros e depois me olhou – não sei como você esta vestindo algo assim, pensei que fosse fazer drama e usar vestido.
-Está brincando? – perguntei horrorizada – estou amando poder usar calça! – disse olhando pra minha roupa – é muito mais confortável. E os sapatos? Estou no céu!
-Cada dia me surpreendendo mais – ele falou realmente surpreso, me fazendo dar uma piscadinha e me virar para .
-Você não é gorda, muito pelo contrário – falou me medindo de cima a baixo, e depois ficando vermelho – É que pelos vestidos, não da pra ter noção do tamanho de vocês.
-Certo – olhei pra ele rindo e depois pro e – escutem aqui – apontei para os três que me encararam confusos – eu estou sendo massacrada pelas coisinhas de vestido, por conta de vocês terem saído comigo. Eu sinceramente não sou obrigada a aguentar inveja de gente recalcada, então, façam o que tiver que ser feito, só não quero ter que conviver com gente que não sabe competir.
-Esta com medo das outras? – tirou sarro me fazendo revirar os olhos. Ele não levava nada a sério.
-Na verdade, elas é que deveriam sentir medo – revirava os olhos todas as vezes que trocávamos farpas. – nunca gostei de ser o centro das atenções e não vai ser agora que irei aturar esse tipo de atitude.
-Mas, , é completamente normal termos encontros com você, isso não quer dizer que estamos juntos ou não, é pra nos conhecermos – explicou, passando a mão na nuca, confuso – todas irão ter a sua vez.
-Exato! – tomou a palavra e segurou minha mão – Pode deixar que conversaremos com todas, não irei aceitar intriga de ninguém aqui. Fique tranquila.
-Vamos resolver isso sem precisar que você cometa nenhum crime – sorriu me fazendo rir, pegando minha outra mão. O mesmo olhou para , que bufou e colocou a mão em meu ombro e olhou em meus olhos.
-Por mais que eu adore uma briga de garotas, não iria suportar a ideia de ver esse rostinho machucado e não ter mais ninguém pra provocar. Vamos resolver essa situação.
-Me sinto honrada – digo irônica pra ele, vendo-o sorrir. Olho pra – Vamos ou não?
-Como quiser, madame – o mesmo fez uma reverência e ofereceu o braço – Até mais tarde, crianças.
-Comporte-se – ouvi a voz de e segurei a risada.
-Tenta não cair do cavalo – fuzilei , que me deu um beijinho no rosto e saiu correndo me fazendo segurar novamente a risada. Ele era ridículo.
-Tchau, alteza – falei piscando pro , que riu e mandou beijo no ar – Vamos, , estou ansiosa.
O mesmo riu e me mostrava as coisas de dentro do castelo, até chegarmos no jardim. Vi aquela marca de sangue de ontem, meu coração gelou e eu dei alguns passos pra trás, atordoada. percebeu e segurou minha mão, me dando apoio.
-Terá que enfrentar algumas coisas antes de encontrar o que te agrade.
-Além de tudo, ainda é filósofo? – perguntei brincando, fazendo-o rir.
-Meu pai sempre costuma dizer isso pra nós, principalmente quando éramos crianças. A primeira vez que ele falou isso pra mim, foi quando eu caí do meu primeiro cavalo – ele falou rindo se lembrando – eu não queria de jeito nenhum subir novamente, mas queria poder ser igual os guardas que eu via, correndo e se sentindo livre em cima do animal. Eu estava fazendo birra e ele olhou pra mim, daquele jeito duro e carinhoso que só ele consegue fazer e falou “Terá de enfrentar se quiser encontrar o que te agrada”, e assim ficou.
-Isso é bem bonito – falei encarando ele, que ainda sorria olhando pro horizonte se lembrando de algumas coisas. – admiro seu pai.
-Ele é um bom homem – concordou ele, me olhando novamente e depois para o sangue no chão – Podemos?
-Certo. Vamos – sorri e caminhei ao seu lado.
Fomos conversando o caminho todo, sobre diversos assuntos, mas ele era um cara... Formal demais? Digo, ele era fechado, eu entendo, mas ser travado e fechado era o fim. Nunca sabia se ele estava agindo como o futuro Rei ou só . No caso, aquilo me irritava um pouco.
-Aqui é o celeiro, todos os cavalos ficam aqui – ele mostrou e eu realmente fiquei maravilhada com tudo aquilo. – eu costumo escolher o cavalo, mas vou deixar que você escolha. O meu é esse aqui – ele sorriu indo até a Ala do cavalo branco e enorme – esse é Tobby.
-Ele é lindo! – falei maravilhada observando o animal.
-Demorei alguns anos pra conseguir ter a confiança dele por completo. Não se sinta mal caso não consiga de primeira com algum... – ele parou a frase quando viu um dos cavalos batendo a cabeça em minhas costas e depois pegando meu cabelo – Pelo jeito, ela simpatizou com você.
-Adorei ela também – digo rindo, me virando para o cavalo, ela era preta com algumas manchas brancas e os olhos verdes. – Quero ela.
-Essa é Anchor – disse ele se aproximando de mim – é o cavalo de .
-Vou escolher outro – falo rindo nervosa, com toda certeza do mundo que tenha treinado ela pra me derrubar.
-Nem tente, Anchor não costuma gostar de ninguém, nem de mim – ele explicou me fazendo arregalar os olhos – conquistou ela de primeira e eu estou muito animado em ver que você também. E nem precisou se esforçar.
-Certo – suspirei rindo – vamos lá, então! – sorriu e chamou duas pessoas para irem arrumando os cavalos.
-Sabe andar a cavalo?
-Eu aprendo rápido – nunca vi me olhando tão surpreso, eu gostava daquele olhar. Surpreender as pessoas.
-Anchor costuma fazer o que der na telha, caso ela saia correndo e você perca o controle, apenas se segure e deixe ela ir aonde quiser, uma hora ela vai parar. Se lembrar o caminho que fizeram, tente retornar, caso contrário, iremos atrás de vocês. - Qualquer semelhança com o dono era mera coincidência. Mas assenti e guardei todas as coordenadas para não precisar sofrer mais tarde. – Vamos?
-Alteza – o senhor tirou seu humilde chapéu, se curvando para , que sorriu – Os cavalos estão prontos.
-Obrigado, Senhor Koch. – e saiu andando na frente, quando Koch ia se curvar para mim, coloquei as mãos em seu ombro, o parando.
-Não precisa fazer isso, eu não sou melhor que você – o mesmo me olhou sem entender e eu coloquei o chapéu em sua cabeça e sorri – tenha um bom dia.
-Tenha um bom dia, senhorita – ele sorriu me vendo partir com nos encarando sem dizer nada depois. Pelo menos naquele momento.
-Segure essas cordas e segure aqui, com o pé esquerdo você se apoia aqui e o direito você joga para o outro lado, estarei te ajudando e... – em questão de segundos eu já estava em cima de Anchor, e os outros homens que estavam ali estavam de boca aberta.
-Eu falei que aprendia rápido – sorri me ajeitando nela. Minutos depois, estava em cima de Tobby.
-Hey, Anchor – sussurrei enquanto conversava com alguns guardas e os funcionários – Seja boazinha comigo, prometo que irei ser legal com você – a mesma fez um barulho com o nariz e balançou a cabeça, me fazendo rir – você é mais inteligente que seu dono, estou orgulhosa.
-Conversando com o cavalo? – Ben apareceu do nada ao meu lado, em cima de um cavalo – sabia que você era louca, mas dessa forma é novidade.
-Achei que estivesse em treinamento – comentei e ele sorriu.
-Estou voltando agora, enquanto você vai se divertir com o príncipe, irei ver meu afilhado e ligar para o meu pai – ele tirou o boné que usava – ele está com a Lady Devimon.
-Seu pai é um cara de sorte – Ben sorriu fazendo reverência ao príncipe.
-Pode descansar, soldado, eu cuido da Mademoiselle – como se eu precisasse de cuidados. Parecia que Ben havia lido meus pensamentos, pois jurei que ele havia segurado uma risada ao olhar pra minha cara.
-Fico mais tranquilo por isso, Alteza – Ben me encarou e fez uma reverência – Tenham um ótimo passeio.
-Obrigada



Quando havia percebido, eu estava correndo na frente de com Anchor, de modo que o mesmo tivesse que gritar para eu esperá-lo, mas eu simplesmente não conseguia, eu adorava a sensação de liberdade que estava tendo.
era um cara fechado e sempre estava com aquela pose de príncipe. Aquilo me irritava.
-! – ele gritou quando Anchor parou bruscamente em um precipício. Eu não sabia que tinha aquele penhasco enorme perto do castelo.
-Céus! – comecei a rir por causa da situação. – Anchor é muito mais esperta que você e eu juntos.
-Você tem que parar de ir na frente desta forma – ele desceu do cavalo dele e me ajudou a descer de Anchor – devia ter imaginado que não daria coisa boa você e a revoltada potranca de meu irmão.
-Qual é, ?! – disse ainda rindo limpando minha calça da poeira e depois passando a mão em Anchor – Se divirta um pouco, deixe de ser tão careta.
-Eu só fiquei preocupado – ele falou inconformado – tem noção do que poderia ter acontecido?
-Não aconteceu!
-Poderia ter acontecido!
-Mas não aconteceu!
Nesse momento estávamos cara a cara, discutindo por um assunto, que ao meu ver, era irrelevante. Mas para ele, era super relevante, de modo que tínhamos que demonstrar um para o outro que nossa própria tese era a verdadeira.
-Achei que andar a cavalo era exatamente pelo fato de sentimos a liberdade na cara – dei de ombros e ele riu sem humor.
-Meu anjo, uma coisa é se sentir livre, outra, completamente diferente é tentar se suicidar.
-Não use esses apelidinhos comigo, alteza – grunhi cruzando os braços – se for pra discutirmos eu prefiro voltar para o castelo e ficar presa em meu quarto.
-Desculpe – ele abaixou a cabeça – eu sou um pouco protetor demais, as vezes.
-Percebi – falei sem querer e o mesmo riu balançando a cabeça.
-Eu não queria ser assim, mas é meu dever e...
-Seu dever agora é ser um cara normal e esquecer essa pose de príncipe-Rei – levantei a mão e ele ficou surpreso novamente – estou do lado de um marionete ou de um cara ?
- tinha razão quando disse que você era abusada – dei de ombros e ele balançou a cabeça – certo, tentarei fazer o que você quer, mas não te garanto nada.
-Já é um começo, .
Paramos naquele penhasco e ficamos sentados ali, observando o mar e de longe, algumas cidadezinhas, Avallon tinha uma beleza inexplicável. Meu país era maravilhoso demais e a beleza estava nas pequenas coisas. foi se abrindo aos poucos comigo, de um cara fechado, ele foi para um cara que eu não tinha conhecido.
O palhaço sem graça.
Achava fofo o fato de ele querer me fazer rir com coisas pequenas, ele realmente conseguia. Gostava daquele lado descontraído e eu havia decidido que exploraria mais daquele . Esse era o melhor dele.
-O que te trouxe na Seleção, ? – ele me perguntou me fazendo arregalar os olhos discretamente, graças ao óculos escuros, ele não veria.
-O que as outras Selecionadas respondem quando vocês perguntam isso?
-Na verdade eu não perguntei ainda pra elas. Pra Lizzie apenas, e ela disse que foi por vontade própria e por ser mais romântica, já imaginou o conto de fadas todo e tudo mais – eu imaginei Lizzie contando para ele aquilo, achei super fofo.
-Lizzie é uma garota incrível – comentei e ele sorriu.
-O pouco que a conheci, também tirei essa conclusão – olhei pra ele tirando os óculos e ele virou a cara.
- Aykroyd, está meio apaixonadinho? – tirei sarro e ele deu um leve empurrão em mim – mas já?
-Fica quieta, é claro que não!
-Não te culpo, eu também ficaria. Lizzie é o tipo de garota perfeita!
-Por que estamos falando de mim e de Lizzie? – ele perguntou inconformado me fazendo gargalhar com o rumo da conversa.
-Porque eu estou tentando fazer o filme da minha amiga pra você!
-Vocês são bem amigas, né? – ele me encarou me fazendo sorrir e balançar a cabeça concordando.
-Ela é minha única amiga, na verdade... Não costumo fazer amizade com garotas, elas normalmente não sabem lidar comigo e algo faz com que elas não me suportem, sou mais amiga de homens.
-Sinto muito, ! – ele fez uma cara triste, segurando minha mão. Não pra tirar vantagem nem nada, e sim, por que ele era um lorde e fazia isso porque era mania.
-Eu já aprendi a lidar com isso – sorri mostrando que estava bem.
-Se te conforta, elas não devem suportar você por causa da sua presença. Incomoda demais as pessoas – olhei pra ele fingindo estar incrédula. Ele havia acabado de me destruir
-Como isso serve de consolo?
-Porque é algo bom!
-Então... Obrigada – dei de ombros ainda olhando para o horizonte.
-E suas amizades com os homens, é bem comentada aqui no castelo. - olhei-o surpresa. Esperando uma continuação – digo, a sua amizade fácil com os guardas, cozinheiros, empregados e enfim. Falam muito bem de você. Parte da torcida deles é em você.
-Eu não faço isso pela torcida – dei e ombros – eu gosto de conversar com eles, tem tanta gente lá dentro precisando de apenas um sorriso pra ter um dia melhor e a gente se quer os olha. Você conhece o Sr. Took?
-Acho que não – ele coçou a cabeça, meio envergonhado.
-O marceneiro real – dei continuidade e ele me encarava – conheci ele quando eu estava andando pelo castelo procurando coisas para fazer, ele estava arrumando uma das maçanetas de algumas portas, que foram quebradas em uma das invasões... Ele estava tão tristinho. Eu olhei pra ele, parei e perguntei se ele queria ajuda.
-Ele aceitou? – me atrapalhou, meio inconformado me fazendo revirar os olhos.
-Qual seria o problema se ele tivesse pedido ajuda? Ninguém faz nada sozinho, a gente sempre precisa de alguém em pasmem, eu irei ajudar qualquer um que eu ver que precise de mim e não importa quem seja – Cruzei os braços e continuei falando – e não. Ele não aceitou minha ajuda, mas eu insisti e no tempo em que ficamos juntos, eu ouvi toda a historia dele. Somos super amigos e ele sempre que me vê, conversa comigo.
-Isso é bem bonito, – ele elogiou – mas você é uma Selecionada... Não tem que servir, deve ser servida.
-Vou te dizer o que falei pra Robin – me levantei já cansando daquele papo, sabendo aonde ia levar – eu fui criada pra Servir. Não tente impedir que eu não ajude quem precise, eu irei fazer sem ligar para o que aconteça depois. Enquanto eu estiver ajudando as pessoas, irei saber que ainda sou quem sou.
-Se ou te ouvir falando isso, vão te agarrar e não te soltarão mais – ele riu me fazendo balançar a cabeça.
-Tente ser mais simpático com os seus funcionários... – ignorei o que ele havia dito e ele me olhou um pouco diferente, bravo. – como futuro Rei, eu ia querer alguém que se interessasse por coisas quaisquer sobre os súditos e o Reino. Você sequer sabe o nome do seu cozinheiro!
-Eu sei o nome dos meus funcionários – ele falou na defensiva, me fazendo cruzar os braços.
-Diga um! – com a sobrancelha arqueada ele respondeu rapidamente.
-Parton!
-O que ele faz?
-É um guarda – gargalhei alto e ele me encarou sem entender.
-Você não sabe mentir – mandei beijinho no ar e continuei andando – você contrai os lábios e o seu nariz abre, dilata!
-Quem te garante isso? – ele estava com a aparência mais calma, me fazendo ficar mais tranquila.
-Eu analiso bem – comecei a cutucar a terra com a bota – você contraí os lábios quando esta nervoso, dilata o nariz quando fica ansioso... Enfim.
-, você é cheia de surpresas – ele riu e depois virou o rosto – vou pensar mais no que você disse.
-Obrigada – sorri lhe dando um abraço rápido e o soltando.
Ficamos em silêncio por um longo tempo, um silêncio que incomodava ele. Era perceptível que ele queria falar, mas não sabia como e o que. Eu não gostava daquilo, queria conversar. Mas me deixava com uma barreira na frente novamente, que impedia que eu falasse qualquer coisa.
-Eu não me sinto a vontade – admiti e ele me olhou confuso – com você. me estressa, eu o odeio, mas conseguimos conversar e eu me sinto bem assim... eu me sinto super confortável de fazer absolutamente tudo. E agora vem você, que é todo fechado... É estranho -Sinto muito por isso – ele falou meio surpreso, coçando a nuca – eu não estou acostumado com isso também. É estranho pra mim conviver com um monte de mulher.
-Na verdade... É difícil pra mim lidar com todos vocês – falei mexendo as mãos, meio nervosa.
-É difícil pra mim também – ele riu segurando minhas mãos impedindo-as de se baterem – o que acha de aprendermos juntos? Prometo melhorar.
-Prometo ser mais gentil – sorri junto com ele, vendo-o selando nossas mãos depositando um beijo em cima da minha.

•

-Você só ganhou porque eu deixei! – falou rindo, descendo do cavalo quando paramos perto do castelo, no fim da tarde. Dando vista para ao celeiro.
-Continue pensando assim, você vai longe, Rei – Ele revirou os olhos. Achava estranho, todas as vezes que eu me referia a ele daquela forma, ele revidava os olhos. Mas não ousaria perguntar nada. – Meu cavalo é incrível – brinquei dando um beijo em Anchor.
-Ainda estou estupefato em ver que ela te escolheu. Não consigo acreditar que ela gosta de outras pessoa que não seja o . Nunca aconteceu. – ele dizia realmente surpreso, aquilo aparentemente era mesmo. Pra ele e para algumas pessoas ali. Principalmente o rapaz que cuidava das baias.
-Ah, devia estar predestinado a acontecer – dei de ombros – ou algumas coisas a gente não pergunta, simplesmente deixa acontecer – RI pelo nariz – eu amo animais.
-Eu percebo o jeito que você olha pra eles, acho lindo – olhei pra ele sorrindo e ele sorriu também.
-Eu queria poder fazer mais coisas aqui no castelo, me sinto presa e quando estou aqui fora, tendo contato com o ar e agora, com Anchor... Me sinto viva – disse passando as mãos no rosto dela.
-O que você gostaria de fazer? – perguntou curioso.
-Pintar... Tocar piano... Poder cozinhar... Poder tirar fotos... Cuidar dos animais... Jogar bola. Ah, tantas coisas. – falei rindo e olhei pra ele.
-Não sabia que tocava – falou surpreso e eu dei um sorrisinho.
-Não sabemos muitas coisas, príncipe.
-Espero poder conhecer mais.
-Quem sabe?! – vi que ele ficou sem graça e parei, vendo-o balançar a cabeça sorrindo – Se você não fosse destinado a ser Rei, o que seria?
-Trabalharia com os animais, treinaria os cavalos. Meu sonho é treinar os animais Reais, imagine treinar os cachorros dos guardas? E trabalhar como um guarda? Eu ia ser o cara mais sortudo do mundo! – ele dizia com os olhos brilhando, eu o encarava vendo absolutamente tudo o que ele sentia – ou ser médico.
-Tecnicamente você já é o cara mais sortudo do mundo – disse rindo e ele me olhou “você entendeu” – nunca imaginei, alteza, pra mim você queria ser Rei.
-Esse sonho é de – encarei ele surpresa – e eu gostaríamos de viver nossas vidas fora daqui, ama Avallon de uma forma que ninguém entende.
-E por que ele não pode ser rei?
-Ele pode! – respondeu ele – mas existe uma linha de sucessão, eu sou o próximo e caso eu venha a ter filhos, eles serão os próximos, depois e por último, .
-E se você renunciasse a coroa? – perguntei, realmente estava curiosa.
-Já pensamos nisso. Mas minha mãe exige que eu seja o próximo e os líderes do conselho não aceitam também que seja o próximo, por ele ser mais novo, o acham imaturo – dizia tudo isso com certa mágoa na voz.
-Isso é ridículo! – falei extremamente horrorizada, se existia alguém que merecia aquela coroa, com toda certeza era !
-Eu concordo.
-Deve haver alguma forma de burlar isso.
-Não compre essa luta, . – ele me encarou vendo que eu fiquei ofendida – é pelo seu próprio bem. Não quero que se machuque.
-Por que eu me machucaria? – perguntei com as mãos na cintura.
-A Coroa envolve muito mais gente do que você pensa – explicou ele – tem sempre alguém tentando acabar com meu pai, meus irmãos e eu, porque a Coroa interessa mais do que tudo. Se você se envolver, ainda mais pra ajudar , vão tentar te eliminar. Ninguém quer uma pessoa que vá contra o sistema.
-Acho que entendi – falei meio horrorizada com o que ele havia dito. Já imaginava que as coisas fossem cruéis no reino, mas não queria acreditar que era dessa forma.
-Como sou um cavalheiro e você “tecnicamente” ganhou a nossa corrida, te dou o direito de escolher duas coisas dessa lista, você vai poder fazer as duas – ele mudou o assunto e eu olhei pra ele quase dando um grito, não acreditando.
-Esta falando sério? – ele sorriu.
-Palavra de Aykroyd – levantou o dedinho me fazendo pular em cima dele, lhe dando um abraço. O desequilibrei e fomos os dois para o chão. – Socorro.
-É que pensar na hipótese de tocar e pintar novamente me deixa animada. Sinto muito – falei sem jeito, olhando pra ele ainda em cima do mesmo.
-Você acabou com as minhas costas – gargalhou ele e depois me olhou.
-As minhas doem também – dei risada e o encarei. Aquilo durou longos minutos ate que eu cortasse a situação e levantasse o ajudando logo depois – me desculpa.
-Não se preocupe, a minha promessa ainda está de pé. – Ia abraça-lo novamente, mas ele me impediu – fica longe um pouco, para não nos machucarmos – fiquei ofendida. Mas era verdade, nós, de quebra, iriamos nos machucar feio ainda. E o sorriso que ele me dera após a piada, me fazia querer mata-lo.
-Fique tranquilo, eu não te abraço mais!
-Por que isso me deixa tão chateado? – fez uma cara pensativa, me fazendo gargalhar – droga!
-Adorei o passeio, príncipe – falei ao chegarmos nas baias e o funcionário vir de encontro a nós, para levar os cavalos de volta – você fez eu conhecer Anchor, eu simplesmente amei.
-Só gostou pela Anchor? – disse ofendido, me fazendo balançar a cabeça rindo – isso é uma afronta.
-Você ficou fantástico depois, adorei por nós também – falei sincera, ele sorriu tímido.
-Você também é incrível quando não está na defensiva.
-Eu sei – respondi jogando o cabelo pro lado – obrigada pelas roupas.
-Ao seu dispor, princesa – o encarei revirando os olhos, vendo-o rir.

•

Entrei em meu quarto logo após a janta, depois que chegamos, fomos direto ao grande salão e lá estavam todos, inclusive a Rainha e o Rei. A mesma não gostou nada de me ver vestida daquela maneira e o Rei ficou curioso e perguntou discretamente depois, o por que eu continuar com a roupa de montaria mesmo estando na hora de jantar.
Lizzie não olhou pra mim e eu fiquei chateada por causa disso, ela era minha única amiga e estava brava por conta de . Não ligava para as outras, mas pra ela, sim. me lançava olhares do jeito dele, com a sobrancelha arqueada e , ora ou outra, me olhava e sorria. havia sumido por alguns minutos durante o jantar, sem dar explicação, apenas pediu licença e saiu com os irmãos.
Quando entrei em meu quarto, minhas Damas não estavam lá, nem Ben. Robin não deu as caras.
Troquei de roupa e preparei meu banho, sozinha. Eu precisava muito de um banho. O meu banheiro tinha um chuveiro, que eu sempre quis usar.
Conforme eu terminava o banho, eu ia pensando naquela primeira semana no castelo. Havia se passado tão pouco tempo e eu de certa forma, havia me acostumado com alguma coisas. Os príncipes não eram totalmente ruins.
Eu sentia tanta falta da minha família.
Foi então que lembrei das cartas que eu havia recebido ontem. Não tive tempo de ler.
Essa foi a deixa de eu acabar com o banho e me enrolar na toalha.
Corri para o quarto novamente e me assustei ao ver um homem na janela. Ele estava de costas pra mim, na varanda e inteiro de preto.
Meu coração parou e eu achei que fosse gritar, mas nem isso consegui fazer. Caminhei até a cama sem tirar os olhos do homem e me preparei pra correr até a porta e gritar por socorro. Quando cheguei na porta, senti duas mãos tapando minha boca e me puxando pra trás. Comecei a me debater.
-, sua toalha vai cair, pare com isso! – ouvi a pessoa dizer. .
-Você está louco? – quase gritei quando ele me soltou – por que não usou a porta? Por que não bateu? E se eu estivesse pelada? Isso é invasão, vou denunciar você pro seu pai, ele vai ficar bravo!
-Céus, cala a boca – ele respondeu sem paciência – usar a porta é clichê.
-E aparecer na sacada não é?
-Não tanto.
-Desembucha e saia daqui! – Cruzei os braços, brava.
-Você está muito mandona, – ele disse simplesmente, andando pelo meu quarto e se jogando na cama – deveria ser mais gentil.
-Não me irrita, garoto! Eu vou gritar – ameacei e ele bufou revirando os olhos.
-Fiquei sabendo da sua afronta e que você andou em cima da minha potranca, como você ousa? – revirei os olhos rindo de nervoso por causa daquela situação.
-Era só isso? Eu não acredito! Você realmente deve me amar muito pra invadir meu quarto só pra dizer isso.
-Me poupe né, querida – ele respondeu na defensiva – vim aqui pra reclamar da traição de Anchor e te avisar que um filhote de Nala morreu hoje.
-Oh, isso realmente é triste, sinto muito, – falei triste, aquilo realmente havia me chateado.
-Eu também, Nala está muito tristinha – estalou os lábios e me encarou – só vim avisar mesmo... E dizer que se Anchor te escolheu, eu devo ficar de olho em você.
-Anchor e eu somos melhores amigas agora – me gabei – agora saia do meu quarto. Vá invadir quartos de outras Selecionadas.
-Deus me livre, eu seria agarrado – gargalhei da cara dele.
-Aposto que você ia amar essa situação.
-Ia mesmo!
-Então saia daqui – respondi na defensiva de novo e ele riu pelo nariz indo ate a sacada depois de dizer perto de meu ouvido:
-Tenha uma boa noite, princesa – revirei os olhos bufando – e a propósito... – gritou antes de pular da sacada – belas pernas.
Grunhi de raiva dele e tranquei a porta, o xingando de tudo que era possível.
Depois que me arrumei pra dormir, escutei algumas batidas na porta, fui rapidamente abrir e não vi ninguém. Olhei para o chão e vi duas caixas.
Eram de e de .

“Querida , minha irmã, meu orgulho!
Espero que esteja aproveitando sua estadia no castelo, sinto uma inveja branca disso (já disse que gostaria de ser mais nova, né? Ainda bem que já tenho meu príncipe, ele só não tem uma coroa, mas tem um chapéu de cozinheiro que eu simplesmente amo). E eu espero que você encontre isso que eu sinto pelo meu marido. Pode não ser com os príncipes, não importa! Só espero que você sinta e tenha alguém do seu lado que seja tudo que você precise em uma só pessoa: seu marido, seu namorado, seu fotógrafo, seu admirador, seu amante, seu pai quando necessário, seu cozinheiro, seu médico e acima de tudo, seu grande e melhor amigo.
Por que eu estou tão romântica? Já está querendo vomitar e fazendo careta? Hahahaha. Estou dizendo isso pelo fato de ter uma notícia extremamente importante pra lhe dar, mas por carta é meio sem graça! Me ligue, okay?
E ah, queridinha de Avallon, sua torcida é grande e eu nunca vi tanto homem indo atrás de você do jeito que estão indo. Quando voltar pra casa, não terá espaço nem pra você deitar na cama de tantos presentes! (Já peguei os comestíveis) hihi.
De qualquer forma, estarei esperando o seu contato, seu cunhado e eu estamos ansiosos para dar a notícia. Ele esta sentindo sua falta no restaurante, você sempre colocava ordem nos bêbados de plantão e ele sempre se metia nas suas encrencas com os mesmos e você nunca abaixava a guarda pra ninguém, MAS ESPERAMOS QUE VOCÊ NÃO FAÇA ISSO COM OS PRÍNCIPES, PELO AMOR, HEIN?
Enfim, já estamos com saudades, dê sinal de vida, não quero ter de ficar lendo revistas aguardando noticias sua. Um beijo, meu raio de sol. Te amamos.”

A carta de Kira havia me feito rir e chorar ao mesmo tempo, sentia falta dela e de Jordan e imaginava ela falando comigo do jeitinho que estava na carta e lembrando de Jordan no meio de mim e algum bêbado tarado no restaurante. Ele sempre me defendia, não que eu precisasse ou que pedisse, mas ele sempre aparecia ali e me tirava do local, me xingava e depois ia atrás dos caras e os expulsava. Sentia falta.
Estava deitada em minha cama, lendo as cartas que havia recebido de minha família. A primeira era de Kira, a segunda era de Kurt. Ele não sabia escrever direito, então tinha a letra de minha mãe e um desenho de nós dois de mãos dadas

“, eu estou com muita saudade de você, volta pra casa logo. Se você se casar com o príncipe , deixa eu morar com vocês? Saiba que ele é o melhor dos príncipes, tava na revista! E ah, me manda doces! Eu amo doces, você ta comendo comida gostosa e eu to sem nada!
, eu te amo muito e se alguém te fizer chorar aí no castelo eu vou ficar muito bravo e vou brigar com todo mundo. Ninguém pode fazer minha irmã chorar!
Te amo, raio de sol.”

Eu só sabia rir emocionada com aquilo, a fofura de Kurt era tanta que eu só sabia querer apertar as bochechas dele e não soltar nunca mais. A falta que ele sentia de mim, eu sentia multiplicadamente por mil.

“, estou orgulhosa de você.
Me prometa que vai enviar os vestidos que você não irá mais usar! Você esta arrasando com suas roupas, eu vivo esfregando na cara de todas as pessoas que a minha irmã é uma selecionada. Mamãe pediu que a gente escrevesse algo simples e curto, o dinheiro para enviarmos é muito pro nosso orçamento... Ligue logo pra gente, estamos com saudades.
Vamos estar na casa de Kira, ligue pra lá.
Te amamos muito, raio de sol”

Se Kiara não é a pessoa mais seca e amorosa ao mesmo tempo, eu não sei quem é. Acho que querendo ou não, somos as mais parecidas de todos os filhos de minha mãe. Kira era amorosa demais, Kurt ainda era um meio termo dos dois, Kiara e eu não demonstramos o sentimento e ficamos o guardando até não podermos segura-los mais.
Estava tão ansiosa para falar com a minha família. Que assim que eu saísse do quarto, iria atrás de alguém que me ajudasse a conseguir isso.
Levantei da cama e me arrumei sem a ajuda das minhas damas, elas haviam saído em busca de algum vestido que havia descosturado e me deixado com um azul bebê simples e longo. Deixei o cabelo solto e fui em direção a porta, sendo impedida por Lizzie, que estava discutindo com Ben ali.
-Você precisa conversar com ela! – ele dizia apontando pro meu quarto
-Eu não vou conversar com ela! – ela fazia birra, batendo o pé. É claro, .
-Você está agindo como uma criança, Lizzie! Ela não tem culpa do Príncipe tê-la chamado para um passeio – me defendeu, eu quis abraça-lo. Abri a porta e encarei os dois, vendo Lizzie fechar a cara pra mim e cruzar os braços.
-Ela sabe que eu gosto dele, poderia ter dito “não” – respondeu antes de eu abrir a boca.
-Vamos conversar – falei pra ela, que revirou os olhos abrindo a boca pra protestar. – Vamos conversar agora.
-Não temos o que conversar – a mesma saiu andando indo para o próprio quarto e antes de entrar, me encarou, me fazendo bufar e revirar os olhos – não falo com traidoras. Estava enganada quando acreditei que realmente éramos amigas, aqui ninguém é amigo de ninguém – e assim ela bateu a porta.
-Assim fica difícil – comentei e Ben sorriu sem mostrar os dentes.
-Ela está chateada, dê uma relevada, mais tarde você tenta novamente. Você não é uma pessoa ruim e sabe disso. – encarei ele indo lhe dar um abraço, não sabia exatamente o porque, mas eu estava precisando de um abraço para suprir a saudade de minha família e o mais perto de família que eu tinha ali, era ele, Robin e Lizzie. O mesmo riu pelo nariz e retribuiu. Me senti mais leve e por algum motivo quis chorar, mas me segurei. – o que aconteceu com você?
-Saudade da minha família – murmurei e ele estalou os lábios e me abraçou mais forte – agora você está me esmagando, tá parecendo até meu cunhado e meu irmãozinho – ri pelo nariz.
-Ao seu dispor, mademoiselle. – o larguei rindo, olhando para o lado vendo um cara alto nos encarando. O guarda do outro dia. Meu coração começou a bater ainda mais rápido, fiquei nervosa e não entendia o porque. – eita.
-Soldado Walker. – ele falou se aproximando de Ben, que arrumou ainda mais a postura, fazendo um tipo de cumprimento ao outro cara.
-Major Walker – disse ele encarando o homem. Minha cabeça parecia que tinha bugado, fiquei confusa encarando os dois, que estavam sérios.
-Está se divertindo em pleno horário de trabalho, isso é interessante – comentou o tal guarda, me encarando e eu não me senti intimidada, como achei que ficaria. Eu era , quem ele pensava que era pra tentar me intimidar?
-Milagres acontecem – Ben respondeu dando de ombros, me olhando dando um sorriso.
-Você sabe que se te pegam abraçando uma selecionada, você seria mandado diretamente para a forca! – o homem dizia encarando ele e logo depois me encarou também – vocês dois.
-Não estávamos fazendo nada demais – falei pela primeira vez. – soldado Walker é um rapaz incrível e acredite ou não, ele é meu amigo.
-Amigo? – major Walker deu uma risada debochada, me fazendo ficar irritadinha. – não acho que irão acreditar nisso.
- É o mais próximo de família que eu tenho aqui e não permitirei que façam qualquer coisa com ele, simplesmente por me ajudar – disse cruzando os braços e encarando o mesmo, Ben apenas observava, não dizia nada.
-A rainha ditou as regras, qualquer contato de um homem com uma selecionada é praticamente atestado de óbito – o mesmo dizia, calmo, tão calmo que até cruzou os braços e encostou na parede, despreocupado.
-A regra do reino é que o guarda da selecionada fique preparado para qualquer necessidade que a mesma precise, desde a proteger até servi-la – respondi prontamente, vendo-o me encarar com um pseudosorriso no canto dos lábios e Ben, chocado e ansioso esperando por uma resposta - aliás, é pra isso que ele está aqui, não é? Pra me servir. Portanto, eu o abracei.
-Vejo que leu as regras, estou surpreso – sorri sem mostrar os dentes, irônica – desculpe se te ofendi, senhorita. É que eu me preocupo com meus soldados em especial, esse aqui, meu filho caçula.
Ben riu pelo nariz enquanto o pai o puxava pra um abraço, agora eu havia entendido tudo.
-Tenham mais cuidado da próxima vez, podia ser outra pessoa – major Walker aconselhou, fazendo Ben e eu bufarmos – qual é, crianças?! É pelo pescoço de ambos. E você, mocinha, deveria ficar ainda mais esperta, com esse bando de mulher querendo te prejudicar.
-Tem razão, obrigada, major Walker – ri pelo nariz, apertando sua mão.
-Me chame de Dave. – o mesmo sorriu, ele tinha olhos verdes, e a barba com alguns pelos brancos o deixava ainda mais charmoso, já que os cabelos tinham uma tonalidade acinzentada e as rugas na testa mostravam o quanto ele tinha histórias para contar. O uniforme azul escuro com a faixa dourada e vários pingentes presos nele, fazia eu ver que ele estava praticamente no topo por conta de uma longa jornada. – senhorita...
- – respondi sorrindo – – Dave arregalou os olhos e soltou imediatamente minhas mãos, começou a tossir e a ficar vermelho de uma forma que Ben e eu ficamos assustados.
-Pai! – o filho segurou o pai, que continuava tossindo, corri para dentro do quarto e peguei um copo de água – o que houve?
-Sr. Dave! – cheguei perto dele lhe entregando o copo, o mesmo bebeu imediatamente – quer mais? Está tudo bem? Céus!
-Não – respondeu ele, ofegante. Porém, melhor – está tudo bem sim, minhas idas ao norte de Avallon acabaram me causando algum resfriado, desculpem.
-Vamos a enfermaria – Ben falou sério, o puxando pelo braço – e nem adianta negar, posso falar diretamente com o Rei sobre isso e ele vai concordar comigo e ainda te dará folga.
-Não ouse, Benjamin.
-Duvida?
-Não.
-Então vamos.
-Você está em meio a um turno! – Dave continuava tentando fugir, mas não ia rolar. O pouco de poder que eu tinha, eu teria que usar.
-Está dispensado, soldado. Pode ir com seu pai. Irei encontrar Robin para minhas aulas agora. – Dave só faltava me fuzilar.
-Valeu, – Ben sussurrou, dando uma piscadela pra mim - vamos, major Walker.
-Melhoras, Dave! – falei sorrindo sem mostrar os dentes, dando tchauzinho vendo-o querendo me matar.

Depois do ocorrido, mesmo ainda incomodada com a presença do Dave, fui para minhas aulas com Robin.
Hoje é o grande dia. Vamos entrar ao vivo no Time Aykroyd, estavam todas ansiosas e nervosas, eu nem lembrava.
Robin não parava de falar o que eu devia e o que eu não devia fazer, provavelmente estávamos na lição 50, de tanto que ela falava. Eu estava entediada e o dia não tava sendo agradável, e eu sabia os motivos.
Motivo um: precisava ligar para minha família.
Motivo dois: precisava me resolver com Lizzie.
Mas não tinha tempo, meu dia havia sido cronometrado até 00:00. Tinha hora até pra eu poder usar o banheiro. ATÉ PRA EU USAR O BANHEIRO!
-! – Robin bateu os livros em cima da mesa – está prestando a atenção? Francês e italiano são uma das línguas que você mais tem que saber! Quando você vier a ser uma rainha, terá reuniões com o reino francês e italiano. E sua próxima língua será Alemã, estamos tentando uma união entre os reinos, e por isso, você deve levar isso a sério.
-Mi dispiace, signora! – falei em italiano, com as mãos na cabeça. - Je ne suis pas d'humeur pour les heures de classe – terminei de dizer, em francês. A mesma me encarava boquiaberta.
-Não está disposta? Como assim? , você aprendeu aonde a falar italiano e francês?
-Uma das casas que minha mãe faz faxina tem uma mulher italiana e a outra um senhorzinho francês... Eu era pequena e tinha que acompanhar ela. Os dois eram tão bonzinhos e gostavam tanto de mim, que me ensinaram a falar. – olhei pra janela, sorrindo lembrando dos dois. Sentia tanta falta. – não sei tudo, mas graças a eles, consigo manter um diálogo com ambos.
-Estou tão surpresa! – ela falava me encarando, e depois olhando para os lados – nenhuma das outras selecionadas sabem manter um diálogo em ambas das línguas. Você tem muito o que aprender ainda, , mas se continuar dessa forma, vai mais longe do que imagina.
-Estou dispensada? – perguntei animada e a mesma balançou a cabeça negando.
-Só depois de me contar o que aconteceu entre você e os três príncipes, soube que você é a mais odiada entre as selecionadas.
Revirei os olhos e contei absolutamente tudo, não deixei nenhum detalhe pra trás, apenas a parte de que saí com à noite, aquilo poderia causar problemas para nós dois e causar muito mais para Nala e os filhotes. A última coisa que queria, era ver aquela linda família devastada.
Robin estava amando tudo, menos a parte que eu era grossa com os protegidos dela. Era repreendida cada vez que eu era agressiva. A mesma dizia estar muito contente por essa minha aproximação com eles, por mais que eu tivesse sido extremamente grossa. Ela gostava de saber que eu tinha uma conexão com pelo menos um deles, no caso: . E de acordo com as revistas, eu estava entre as seis preferidas e eu deveria continuar da forma que eu estava. Só que um pouco melhor (não que eu fosse melhorar, não iria mudar).
-Hoje é o grande dia, será entrevistada individualmente e ainda ao vivo, você vai estar deslumbrante! – Robin dizia animada, balançando as mãos enquanto eu a seguia para o dia no salão.
-Eu não quero que aquele cara encoste no meu cabelo – segurei ela pelo braço, antes de entrarmos enquanto ela me encarava confusa – se você não quiser que eu faça algum tipo de escândalo, é melhor arranjarmos outra pessoa ou eu não fazer o cabelo aqui e eu mesma fazer um penteado.
-Pare de besteira, ! – ela repreendeu – Ele é o melhor cabeleireiro de Avallon toda.
-E?!
-E você VAI deixar ele trabalhar... – ouvimos um “Robinnnnn” super afeminado vindo em nossa direção – seja educada e sorria – ela falou sorrindo – Stuart!
-Vai ser meu jeito e somente do meu jeito – falei entredentes.
-Finalmente deu o ar das Graças! – ele dizia abraçando-a. E depois me olhou, meio com desgosto – Oi.
-Oi.
-Chegaram cedo, achei que fossem vir mais tarde – ele dizia andando de volta para o salão – nenhuma selecionada apareceu ainda!
-Minha selecionada me surpreende a cada dia, hoje não pude nem terminar nossa aula! – ela começou a rir me fazendo sentar na cadeira – hoje é um dia muito importante.
-Sei disso! Estou ansioso também – ele riu e me encarou – vamos dar um jeito em você?
-Vai ser do meu jeito – sorri sarcástica e ele fez o mesmo – nada escandaloso, quero continuar parecendo... Eu – me olhei no espelho, vendo-o me encarando confuso.
-Você é estranha – ele sussurrou em meu ouvido, aquilo não deveria ter me afetado, na realidade, não me afetaria. Mas me afetou, porém não ia dizer nada.
-Stuart – Robin repreendeu ele.
-Relaxe, Robin – olhei pra ela – as pessoas aqui não estão acostumadas com pessoas que não aceitam o que lhes é dito. Mas eu estou aqui pra quebrar esse estereótipo – encarei Stuart – quero algo simples e casual, vou me olhar no espelho e não me achar diferente e em rede nacional, não parecer uma marionete, estamos entendidos?
-Sim, senhora – ele sorriu sarcástico e encarou Robin que estava me encarando também.
-E, Stuart, – o chamei – faça algo que eu não queira, que eu tiro tudo e ainda te denuncio ao Rei.
-! – dessa vez, Robin me repreendeu.
-O que foi? – perguntei levantando da cadeira – será que dá pra começar isso logo ou eu terei que fazer sozinha? Não me importo, aliás.
-Sente-se, garota – Stuart falou, calmo. Me sentei e esperei – farei o que você pediu.
-Sinto muito, Stuart, eu acho que preciso dar mais aulas a ela...
-Jovens são assim mesmo, ela é um pouquinho demais, mas prosseguimos – ele sorriu e finalmente, colocou a mão na massa.

-Você é, com toda certeza, a selecionada mais bonita da Seleção! – Olívia dizia com as mãos no rosto.
-Ganhamos, essa aposta já é nossa! – Lauretta dava pulinhos de alegria.
-Nos somos as melhores damas de uma selecionada, fala sério – Taihne dizia fazendo um tipo de dancinha.
-Já posso olhar no espelho? – eu estava vendada, já pronta para o grande dia. Ansiosa pra ver o resultado de como eu havia ficado. -Vocês são incríveis, não canso de dizer isso.

Eu finalmente pude ver como estava. O vestido era azul escuro com detalhes dourados desde a barra da cintura até quase minha cintura. Ele era mais justo, valorizando minhas curvas, atrás ele era aberto e na frente, ele tapava meus seios, mas havia uma fenda entre eles. Meus cabelos longos estavam com alguns cachos e tinha uma trança, igual no meu primeiro dia no castelo. Havia uma maquiagem muito bonita em meus olhos, sombras em tons marrons é um enorme delineado, um batom nude e eu usava as jóias que Kurt havia me dado. Ele ficaria tão feliz .
-Você já é uma rainha, ! – comecei a rir, nervosa. Ouvimos uma batida na porta, Olívia rapidamente foi atender.
-, é o Ben – ela riu e deixou-me entrar assim que eu permiti.
-Um mulherão desses, bicho! – o mesmo falou, assim que me viu. – se me permite dizer, senhorita – fez uma reverência me fazendo rir ao virar pra ele.
-Confesso que estou me sentindo maravilhosa – senti minhaa bochechas corarem – eu não costumo me sentir assim.
-Pois passe a se sentir, você é linda! – Olívia segurou minha mão, me fazendo sorrir. Olhei sem querer para porta e vi Lizzie passando com o seu guarda, ela estava linda.
-Não é pra menos né, olhe isso – ele me girou, me fazendo gargalhar e espantar o pensamento – Está atrasada, vamos logo pra sessão de fotos. Nós temos a melhor Selecionada dessa Seleção, fala sério.
-E NÃO É? – Lauretta gargalhou dando um tapa na mão de Bem.
-Essa Seleção já é nossa! – Taihne comemorou me fazendo rir revirando os olhos. – vá lá e arrase, estaremos aqui.
-Vocês não vão para a festa? – perguntei e elas riram me deixando confusa.
-Meros empregados? Só se for para tirar os pratos da mesa, né? – Lauretta se sentou na cadeira rindo olhando pra cima.
-Não temos permissão, ! – Taihne sorriu sem mostrar os dentes vendo eu desmanchar a cara de alegria. Aquilo era tão injusto.
-Hey! – Olívia segurou meu rosto – estamos acostumadas com isso, nem ligamos – ela riu me fazendo revirar os olhos.
-Mas eu ligo – bufei e ela riu – vocês trabalham tanto, dia e noite, quase nem descansam e não podem nem ao menos se divertir um pouco? Isso é trabalho escravo! Avallon é um país que...
-E lá vai ela – Ben pegou em meu braço – vamos, princesa. Já deu sua hora.
-Você pode mudar isso – Olívia sorriu sem mostrar os dentes e largou minha mão que segurava – agora vá.
-Isso é injusto, como irei me divertir sabendo que minhas amigas ficarão aqui costurando algum vestido? – perguntei pra Ben, que me arrastava contra minha vontade pelos corredores do castelo.
-Não podemos fazer nada – o mesmo repetia isso pela terceira vez, desde que chegamos no salão principal, onde havia os fotógrafos e um monte de selecionada. – Você não pode mudar a monarquia.
-Você é a segunda pessoa que me disse isso, se eu levar pro lado pessoal, tornarei isso um desafio – encarei ele que sorria, sem mostrar os dentes olhando pra frente. O desafio estava aceito.

~

O salão principal estava lotado, literalmente uma zona. As meninas, com seus enormes e estonteantes vestidos, andavam para um lado e para o outro, tornando o ambiente cada vez menor, me deixando cada vez mais estressada e agoniada para poder sentar em uma das quinze cadeiras para a maldita entrevista para finalmente poder jantar e beber um pouco e depois dormir.
Mas nada seria da forma que queria, tinha sempre que ir exatamente tudo ao contrário. Cada selecionada tinha que tirar apenas três fotos, mas sempre havia aquelas que odiavam todas e pediam outras. A minha cara era tão ridícula que até o fotógrafo havia percebido que eu estava completamente entediada com aquilo.
Amélie e Paolla estavam usando um exuberante vestido rosa pastel, parecia até que haviam combinado. Wayne e Tess usavam vestidos de um tom mascavo, de diferentes estilos. Summer não havia perdido a oportunidade de usar um vestido vermelho cheio de brilho e ela conseguia não ficar vulgar vestindo aquele decote. Lica e Maithê vestiam enormes vestidos em um tom rosa bebê, as outras selecionadas variavam de cores vivas e chamativas. Lizzie usava um vestido azul, os cabelos estavam presos em um coque com uma leve maquiagem azul, aquela cor combinava com ela, definitivamente ela era a selecionada mais bonita.
A mesma me encarava mas não vinha falar comigo e eu não iria também, pelo menos não ali. E aquilo me matava. Vi que a mesma havia terminado de tirar as fotos e percebi que era a última das selecionadas a tirar as fotos.
-Hey, , agora é a sua vez – o fotógrafo me tirou de meus devaneios – sorria, huh?
-Certo – falei sem jeito, ficando na frente do grande pano branco atrás de mim.
-Isso, pode começar – ele disse se preparando atrás da câmera enquanto eu o encarava – pode começar, – eu não sabia o que fazer, continuei encarando – tá esperando o quê?
-O que eu faço? – perguntei nervosa enquanto ele passava a mão no rosto, rindo – para de rir! – coloquei uma das mãos na cintura.
- Desculpe, é que é engraçado ver que você é a única selecionada que não sabe o que fazer em frente da câmera. Suas fotos que foram lançadas ficaram tão lindas e espontâneas, é estranho ver que você não sabe o que fazer – comecei a rir daquilo. Realmente era uma situação cômica – vou dizer-lhe o que fazer.
-Fico agradecida por isso, senhor – sorri sem mostrar os dentes.
- coloque uma de suas mãos na cintura, arrume a postura, olhe para o lado fingindo estar distraída – fiz o que ele havia pedido – ótimo. Agora olha pra mim, sorria. Não quero esse sorriso falso, querida. – encarei ele entediada, o mesmo tagarelava me fazendo ficar estressada. Olhei através da câmera, por cima dela e vi . Meu coração ficou ansioso. Ele estava escoltado no batente da porta, com os braços cruzados, simplesmente lindo.
Ele me encarava, com um sorrisinho nos lábios, me dando tchauzinho com as mãos em resposta, lhe dei um sorriso.
-Era esse sorriso que eu queria, garota! – voltei a atenção ao fotógrafo, assustada. – agora você pode ficar de costas, olhar por cima dos ombros
-por que exatamente eu tenho que fazer essa pose? – indaguei me virando e ficando da forma que ele pediu.
-Porque você está simplesmente maravilhosa nesse vestido e ele merece totalmente a veneração do público, a dona dele está deslumbrante também – comecei a rir daquilo e logo após as fotos terem sido tiradas e eu ter aprovado todas, ele se virou pra mim – e aparentemente não fui só eu quem achei isso – apontou para os três príncipes, me observando. Eu era a última selecionada a tirar as fotos, provavelmente eles estavam esperando a hora deles também.
Para minha sorte ou azar.
-Altezas – o fotógrafo fez reverência e eu o imitei – quem será o primeiro hoje?
-Gaston! – o cumprimentou rindo – é claro que o nosso Rei, .
-Como sempre – revirou os olhos e sorriu. Me encarou logo depois, fazendo a reverência e beijando minha mão – Você está linda, senhorita.
-Obrigada, alteza. Você também está muito bonito – e estava mesmo. A roupa toda de príncipe, com a faixa e a coroa. Não que eles precisassem de muito para ficarem bonitos, era ignorância deles e hipocrisia minha negar aquilo.
-É impressão minha ou o Gaston estava dando em cima da nossa querida ? – resolveu cutucar, fazendo todos presentes ficarem sem graça.
-É uma moça muito bonita – Gaston riu e me encarou – foi uma honra trabalhar com você esses últimos dez minutos.
-Obrigada, Gaston, você foi muito gentil e me ajudou muito – ri apertando sua mão – eu ficaria igual idiota na frente da câmera.
-Já aviso aqui, na frente dos meus meninos que se eles forem burros o bastante para deixar você escapar, eu serei um dos milhares de pretendentes que a senhorita vai ter – os garotos riram e eu fiquei corada. Gaston era praticamente um senhorzinho, eu havia o adorado.
-Você acha que ela é fácil? – obviamente, tinha que me provocar – simplesmente quem conseguir ficar com ela, vai ter tantos problemas. Eu é que não quero.
-Como se eu quisesse ficar com você, príncipe – sorri sem mostrar os dentes – eu sou muita areia para o seu caminhãozinho.
-Se ela retruca seu irmão, é porque não é qualquer coisa, não a deixem escapar – ouvi Gaston sussurrar para , que ria.
-Esta na minha hora, senhores – resolvi sair dali. Olhei para eles e fiz uma reverência – foi um prazer te conhecer, Gaston.
-O prazer é todo meu, querida! Espero fotografá-la mais vezes – ele sorriu voltando a atenção para câmera e para .
-Te acompanho até lá, – grudou o braço em mim, me fazendo sorrir – você está estonteante com esse vestido.
-Você acha? – o encarei, aquele sorriso e aquela covinha era simplesmente um dos meus pontos de paz. era o cara que me trazia calma, havia esquecido o estresse, o nervosismo e até mesmo, o lance com Lizzie.
-Acho sim – ele sorriu novamente e parou na porta onde acontecia o Time Aykroyd, não entraria naquele instante. – me dê a honra de dançar com você mais tarde, estou com o braço machucado, mereço.
-Posso pensar no seu caso – acompanhei a risada dele.
-Irei cobrar, mademoiselle – o príncipe me deu um beijo no rosto e saiu.

~

-Esta começando mais um Time Aykroyd! –-Marie dizia animado, andando pelo estúdio. Junto com Jeremy.
-Finalmente começou o tão esperado! – Jeremy sorriu – e agora com quinze lindas garotas! As mais novas estrelas de Avallon.
-Fiquem aí, Avalloneses, hoje o dia está fervendo! – Marie apontou pra câmera.
-Vamos conhecer um pouco as selecionadas e saber como está a relação e as novidades com os nossos queridinhos Príncipes – Jeremy apontou para os garotos, que estavam sorrindo. Menos , ele estava com a cara entediada que eu amava ver pela televisão. Sim, amava, mesmo o odiando, ele era o único sincero daquele lugar, pelo menos na minha cabeça antes de entrar na Seleção.
-Então vamos começar, né, Jeremy? – Marie sorriu e olhou para os príncipes – como foi essas duas primeiras semanas no castelo, com as garotas?
-Turbulenta – riu olhando para os irmãos – engraçada e confusa também.
-Amei muito ver todo esse movimento no castelo, o lugar era sempre tão monótono, chato e agora está sempre com gente é melhor ainda, mulheres – falou, tirando risada de todo mundo.
-Esta sendo uma experiência muito boa, até agora – sorriu sem mostrar os dentes.
-E pra vocês, garotas? – Jeremy perguntou, nos encarando. Eu não iria abrir minha boca.
-Simplesmente incrível – Summer tomou a palavra, sorrindo.
-Todos são muito acolhedores – Lizzie falou sorrindo.
-A cama é tão incrível que dá vontade de ficar só lá – Amélia riu ao dizer. Era verdade.
-As roupas são maravilhosas – Tess disse e todas concordaram e eu não aguentei ficar calada.
-Quem cuida de tudo pra nós merecem totalmente nossos agradecimentos, nossos guardas, nossas damas, os cozinheiros, os empregados – comecei a citar, enquanto as meninas me encarava mas, algumas concordavam comigo, outras, faziam careta. – aliás, a comida... Eu enalteço as mãos do chefe da cozinha. – e foi assim que tirei gargalhada do estúdio inteiro.
-Ficamos sabendo de algumas fofocas no castelo, príncipe , será que são verdade? – Jeremy peguntou, deu de ombros rindo.
-Nunca irão saber se não perguntarem.
-É verdade que você no dia da apresentação das selecionadas, foi pego observando uma selecionada? – todos encararam .
-Observando não – ele corrigiu – eu estava tomando um ar e a selecionada saiu para a sacada e ambos se encaram, nada demais – me olhou, ao terminar de dizer aquilo.
-Podemos saber quem é a moça? – eu iria mata-lo se ele dissesse, meu olhar denunciava aquilo. O sorriso perverso dele denunciava -o e eu queria enforcar ele se ele fizesse aquilo.
-Irrelevante, Marie – deu de ombros, sorrindo ao me encarar e virar o rosto pra eles.
-Certo. E você, ? Soubemos que também no dia do ataque, você foi baleado e estava com uma selecionada, deve ter sido horrível.
-Foram momentos aterrorizantes mesmo, mas deu tudo certo – ele sorriu e me olhou.
-Dessa vez, sabemos quem é a selecionada – Jeremy riu e me encarou. Droga – ! Nos conte como se sentiu.
-Achei que fosse morrer – ri ao lembrar da cena – se não fosse pelo Príncipe, teria acontecido o pior – sorri para ele – soubemos como agir um com o outro.
-Ótimo primeiro encontro, né? – Marie nos encarou e se eu estivesse fora da casinha, provavelmente teria sentido que a mesma estava com ciúmes.
- Apesar das circunstâncias, foi sim – respondi prontamente.
-! – Jeremy mudou a rota da conversa – temos fotos de você e também de andando a cavalo.
-Foi um passeio muito agradável – ele sorriu
-Nunca tinha andando a cavalo, é um ótimo professor – sorri.
-, há boatos de que você foi pego com na cozinha, é verdade?
-Culpado – ele riu passando a mão no cabelo.
-Culpada – sorri nervosa. Eu provavelmente vou morrer. Elas me matariam se pudessem. Com certeza elas me matariam. Os olhares que eu recebia eram de matar.
-Alguma outra selecionada teve um encontro com todos os príncipes? – Marie perguntou, para cutucar mesmo. Não houve resposta. – isso sugere que temos uma preferida dos príncipes?
-Gostamos de todas as garotas, Marie – começou a dizer, se defendendo.
-Isso. Três saíram com ela, é claro que tem preferida – Paolla falou, cortando o príncipe. Todas encararam ela, surpresas.
-Todos terão o momento delas – respondeu – não existe preferidas aqui.
-Uns brilham mais que outros – deu de ombros, me fazendo arregalar os olhos. Ele queria mesmo me matar.
- E o que você acha, ?
-Acredito que todas terão o momento com os trigêmeos – dei de ombros.
-Com você em cima deles, fica difícil, ninguém tem chance – Wayne sussurrou, mas esqueceu que estava de microfone.
-Você tá com inveja – Lizzie riu sem humor, me fazendo encará-la.
-Não precisei ficar em cima de nenhum deles, Wayne – me virei pra ela – se eu te incomodo, não posso fazer nada.
-Uou, o clima esquentou por aqui – Jeremy riu. Falando mais algumas baboseiras, coisas que eu nem prestei mais atenção, fiquei calada o resto da entrevista.

~

O salão de festas estava com bastante gente, eu nem conhecia metade daquela gente toda. Havíamos jantado e agora havia música, uma banda com flautas, violinos, violão e bateria preenchiam o local, faltava uma cantora, mas estava tudo muito harmonioso.
Quando o rei e a rainha estreitaram a pista de dança, foi indo de pouco em pouco a galera para lá. Estavam todos animados e alterados pelo vinho. Robin dançava com o guarda, pai do Ben.
Ben estava do meu lado, discutindo com Kapel por alguma besteira, Lizzie estava do meu lado, mas não falava comigo. Aquilo me matava e eu não queria mais ficar daquela forma.
-Venha – levantei e segurei ela pelos braços.
-Ficou louca? – ela estava confusa e nervosa. Kapel e Ben apenas nos encaravam.
-Elizabeth Frost – nunca havia ficado tão autoritária - venha comigo agora.
-Saiu com ele uma vez e já está se achando a rainha? – Lizzie riu sarcástica saindo na frente, me deixando enfurecida.
-Eu não tenho obrigação de aturar esse tipo de comentário vindo de você – abri a porta do salão de festas, ficando finalmente no silêncio e sentindo a privacidade – daquelas cobras tudo bem, mas de você não.
-Esta tendo ataque de estrelismo, ?
-Cala a boca, Lizzie, eu não terminei de falar – cortei-a, a mesma me encarou surpresa. – eu não quero ficar brigada com você, muito menos por causa de homem. Nunca tive uma amiga, nunca. Não tinha como negar o pedido de , você não negaria um pedido do ou do . Minha estadia aqui depende dos três e não só de um, assim como a sua e de qualquer outro aqui! Já te expliquei que não sou a ameaça, muito pelo contrário, o que eu puder fazer pra te ajudar, eu farei. Não fique brava comigo, foi só um encontro, temos pouca coisa em comum, eu falei de você pra ele, quem faria isso? – ela me encarava, segurando um sorriso – você é o mais próximo de família que tenho aqui, não me deixe por um simples encontro.
-Você é ridícula – Lizzie finalmente riu, me dando um abraço. Estava tudo bem novamente – eu sei que fui horrível hoje. Senti ciúmes, ouvi as invejosas e acabei ficando com raiva de você. Sinto muito.
-Tudo bem – sorri segurando sua mão – me promete que não vai ficar brava toda vez que eu sair com o seu preferido?
-Confio em você, – a abracei novamente – e com quem você anda sendo tão autoritária? É sério, fiquei com medo.
-Eu não sei – gargalhei – quando eu percebi, simplesmente estava mandando você ficar quieta.
-Esta indo bem. E você arrasou com a Wayne hoje, colocou ela no lugar próprio. No chão!
-Eu não aguento mais tanto ódio por eu ter saído com os três – bufei passando a mão na testa. Conversamos por mais alguns instantes, até sermos atrapalhadas por e . Que estavam voltando para o salão de festas.
-O que as madames estão fazendo aqui? – parou em nossa frente de braços cruzados.
-Por que os anfitriões não estão lá dentro dançando? – retruquei com outra pergunta.
-Tínhamos um assunto pendente – sorriu e me encarou.
-Estávamos resolvendo um assunto pendente também – Lizzie sorriu e encarou .
-Que assunto? – perguntou, nos olhando estranho.
-Assunto de garotas, , por favor, não ouse perguntar o que – o mesmo gargalhou com a minha resposta – aliás, por que não vai dançar com Lizzie?
-! – ela me repreendeu me fazendo perguntar exatamente o porque daquele apertão no braço.
-O que?
-Acho isso fantástico – sorriu e ofereceu o braço a ela – me daria essa honra, Lizzie Frost?
-Claro, alteza – sorriu e simplesmente saiu com , em direção ao salão. Sorri com a cena. Eles combinavam.
-Falando em dança... – também acompanhava os dois com o olhar. – tem alguém me devendo.
-Serio? – fiz a sonsa, cruzando os braços, vendo o mesmo semicerrar os olhos vendo o quão cara de pau eu era – eu não sei dançar.
-Eu também não – ele sorriu me oferecendo a mão – vamos só... Nos divertir.
-Vamos então, alteza – peguei em sua mão e fomos devagar até o salão de festas. Estava com tanta gente na pista, que eu não sabia onde ficar ou o que fazer. Pulavam, mexiam as mãos, a cabeça, o quadril, eu achava aquilo o máximo. Do nada, simplesmente a canção foi para uma mais calma, os casais iam se formando.
me puxou para mais perto pela cintura, segurando minha outra mão. Depositei a livre em seu ombro, ele era tão mais alto que eu, que estar usando aquele salto, me deixava mais próxima de seu pescoço, apenas.
-Está indo be... OUTCH! – quando ele ia elogiar eu resolvi me atrapalhar – certo, sem elogios, huh?
-Pelo bem do seu pé, alteza – sorri culpada, colocando a cabeça em seu peito, enquanto dançamos mais relaxadamente.
-Não pude dizer mais cedo – ele começou a dizer, calmamente enquanto dançávamos – você está estonteante com esse vestido.
-Acho que você disse algo do tipo mais cedo – ri pelo nariz, ainda com a cabeça em seu peito.
-E você, assim... Fica difícil dar chance as outras selecionadas – dei risada e mandei-o parar de falar aquele tipo de coisa. Eu não sabia responder.
-Vou deixá-lo falando sozinho, não estou mais te ouvindo – fingi ouvindo a risada dele.
-O que Wayne disse mais cedo, tem um pouco de verdade – levantei o olhar pra ele, estranhando aquele rumo que a conversa havia tomado – você não dá chance as outras... E o pior de tudo é não poder nem pedir pra você parar porque você nem tenta.

-TODO MUNDO VIU O QUASE BEIJO DE VOCÊS – Lizzie andava de um lado para o outro em meu quarto, enquanto eu olhava pra cima deitada em minha cama. A mesma se jogou ao meu lado minutos depois – Se antes queriam te matar, agora elas vão fazer isso.
-Você também queria me matar – encarei ela que riu e balançou a cabeça.
-Nunca quis de verdade, . Por mais que eu tentasse querer te esganar.
-Isso é bom, certo? – perguntei rindo. Ela concordou com a cabeça e ficou na mesma posição que eu. Estava inquieta. – desembucha.
-O que? – ela começou a mexer uma das mãos, nervosa – não... An... Nada.
-Onde está a sujeira, Lizz? – apoiei minha cabeça em meus braços, virando pra ela e a encarando.
- me beijou – no mesmo instante pegou uma de minhas almofadas e tapou o rosto.
-Oi? – perguntei rindo. Aquilo seria épico.
-Estávamos dançando, bebemos um pouco e acabamos indo dar uma volta pelo castelo, tentando tomar um pouco de ar... Sentamos e conversamos muito – ela pausou, sorrindo lembrando, balançou a cabeça e me olhando com aqueles enormes olhos verdes – quando dei por mim, ele colou os lábios nos meus.
-FOFOS! – gritei abraçando ela que gargalhava, envergonhada – já é seu.
-Não vou me precipitar – ela se recompôs – ainda há quinze lindas mulheres aqui, não quero me iludir.
-Humilde – olhei pra ela seria – já está treinando para ser Rainha?
-Cala a boca – ele riu atacando uma almofada na minha cara enquanto eu gargalhava.
-Saiba que tem toda a minha torcida.
-Eu vou embora antes que eu morra de vergonha e te mate por ficar tirando sarro de mim – Lizzie se levantou rindo e parou me encarando - você fica falando de mim, mas eu devo ficar na torcida pelo ou pelo ?
-Que tal nenhum dos dois? – joguei a almofada nela.
-Não te dei essa opção, princesa. – ela sorriu e me jogou a almofada de volta antes de sumir.
Comecei a rir da situação e em como Lizzie havia ficado abusada depois do retorno da nossa amizade. E eu estava amando. Como eu sempre disse: Lizzie é minha primeira amiga e eu devo mantê-la por perto.
Depois da festa de ontem, eu estava exausta e queria dormir o resto da vida. Mas não seria possível. Minhas damas já haviam aparecido em meu quarto para me prepararem para o dia. Preferi não aparecer para o café da manhã alegando uma dor de cabeça falsa, uma desculpa plausível diante a grande festa de ontem, estava com tanta vergonha de olhar para que não queria nem sair do quarto. Estava com medo de encara-lo já que ele quase me beijou na frente de todos. Céus! ELE QUASE ME BEIJOU.
E o que mais me atormentava era ele ter quase me seduzido e feito com que eu praticamente retribuísse para que aquilo acontecesse, por sorte, eu caí na real antes que acontecesse uma catástrofe.
Não vi depois do jantar, ele devia ter ido se atracar com alguma mulher ou ido com Nala. Foi ótimo, de qualquer forma, era menos um para me atormentar.
-Assunto meninas foram buscar seu vestido, vem aqui tomar seu banho, ! – Olívia atrapalhou meus pensamentos, me fazendo encara-la, estava meio pálida e diferente...
-Tudo bem? - levantei-me rapidamente fazendo-a se sentar em minha cama – Olívia! – peguei um copo de água para ela.
-Esta tudo bem – ela sorriu bebendo a água – eu só preciso de alguns minutos para me recompor.
-Vamos a enfermaria – ela me olhou rindo e balançando a cabeça.
-Agradeço a preocupação, querida – segurou minha mão – já fui até eles alguns meses atrás e é normal, segundo o Dr. Sullivan.
-É normal? Como assim?
-Estou grávida, ! – minha cara era impagável. Meus olhos estavam arregalados é minha boca estava aberta. Ela estava rindo da situação.
-Céus! – eu falei me sentando – como assim? Não acredito. Olívia! Você tem que descansar.
-Dr. Sullivan me garantiu que estou saudável e o bebê também. – sorriu passando a mão na barriga que eu quis me matar por não ter percebido nada. O vestido podia dar uma escondida mas era visível uma pequena diferença ali. Olívia era baixinha e bem magrinha. – meu namorado, o soldado Canon, está me ajudando com tudo e o Rei Roger aceitou tudo isso. Ainda tenho o emprego por ter nascido aqui e por Cristóvão ser membro dos soldados.
-Olivia, que loucura! – ela concordou com a cabeça sorrindo nervosa.
-Estou no terceiro mês, não sei o que fazer, mas vai dar tudo certo. – olhei pra ela sorrindo sem mostrar os dentes.
-Pode contar comigo.
-Não se incomode, !
-Não vai ser um incomodo te ajudar no que precisar. Você cuida de mim, agora eu vou retribuir tudo – os olhinhos castanhos dela se encheram de lágrimas e Olívia me deu um abraço. Eu retribui com gosto. Ela era importante pra mim. Por mais que não tenhamos tido tanto tempo juntas.
-Agora vá para o seu banho! – ela ordenou se levantando – você tem o encontro com Robin e as outras selecionadas. Suas atividades começam oficialmente hoje. E não tem dor de cabeça que faça você fugir disso.
-Estou tão ansiosa – falei ironicamente fingindo uma animação falsa. Enquanto ela ria e me ajudava com o banho.

•

-Agartha e Aspen são reinos distintos, mas ambos tem apenas uma ligação com Avallon – Robin dizia para nós, que estávamos sentadas em uma sala escutando coisas desse tipo há horas – buscam a paz e proteção para seus povos.
-Avallon também tem um acordo com o reino de Artena? – Cristine perguntou, uma das selecionadas.
-Não – Lizzie respondeu fazendo todas olharem pra ela – Avallon não conseguiu o acordo com Artena por sermos inimigos de Vantron.
-Por que somos inimigos de Vantron? – Victória perguntou e Lizzie deu de ombros.
-Rei Paulino II dormiu com a esposa do Rei Flins III, Rei de Vantron. Traição. Desde então, acontece essa guerra. Pelo menos, é o que foi liberado para gente – eu respondi e a mesma concordou com a cabeça, sorrindo de agradecimento.
-Nós pagamos pelo erro do Rei de milênios passados – Summer revirou os olhos – Vantron é um reino enorme. Não temos nem chance se eles resolverem nos atacar de verdade.
-É por isso que temos as alianças com outros reinos, Summer – respondi como se fosse óbvio. – o nosso país venceu milhares de lutas contra eles.
-A luta, , não a guerra.
-Se não confia no seu próprio país, porque raios você está em uma seleção, como vai apoiar se não acredita? – Lizzie se intrometeu inconformada. – céus. Deveria ter radar pra gente interesseira como você.
-Você não me conhece, Frost! – Summer respondeu na defensiva – só estou dizendo que sem um acordo com Vantron, estamos ferrados.
-Você já deixou claro que só se preocupa com o status.
-Chega, meninas. A aula é sobre Avallon – Robin cortou elas – e não sobre o caráter de ninguém aqui. – Lizzie e Summer reviraram os olhos e bufaram – obrigada Lizzie e , por nos dizerem o conhecimento de vocês sobre seu reino. É de grande importância que vocês saibam esses detalhes da história do país. Três de vocês se tornarão princesas e com sorte, Rainha. – as meninas começaram a falar uma em cima da outra sobre como isso era animador, legal e que estavam ansiosas. Robin revirou os olhos batendo a mão na testa. – Estão proibidas de falarem qualquer coisa na minha aula.
-Mas, Robin... – Cristine ia reclamar, mas Robin me olhou esperando que eu dissesse algo. Eu já sabia o que era. Mas deixaria ela passando nervoso por alguns instantes, estava adorando ver ela nervosa com aquele monte de mulher.
-Srta. ? – Robin percebeu o que eu estava fazendo, e obviamente, não me deixaria sair por cima daquela situação. – quer dizer algo? Pode dizer.
-Lição dois – comecei a dizer, fuzilando Robin enquanto a mesma sorria. Me virei pra Cristine – não questione, apenas faça.
-O que? – Summer começou a rir – não sigo ordens suas.
-não são minhas regras, Summer – respondi revirando os olhos. – foi o que eu aprendi, se você quiser seguir isso, apenas faça. Se não quiser, dane-se você.
-Como ousa falar assim comigo? – ela se virou pra mim ofendida – saiu com os três príncipes, quase beijou um e já tá se achando Princesa? Deixa só eu te explicar uma coisa, querida, estamos em quinze aqui e você não tem o direito de imaginar que já pode nos ditar ordens. O fim disso aqui está longe
-Esta morrendo de inveja, não é? – resolvi provocar me virando pra ela, sorrindo para a cara horrível que ela fez pra mim. – fica tranquila, linda. Vai chegar sua hora também... – ri e me virei pra frente – se você quiser, eu posso conversar com um deles sobre você, me diz qual é o seu favorito?
-, você está jogando um jogo perigoso – ela falou entredentes e eu estava adorando aquela situação.
-Adoro esse tipo de jogo – respondi da mesma forma – isso significa que eu não tenho medo de você, Barbiezinha.
-Chega! – Robin gritou fazendo todas virarem pra ela – céus! Eu tinha esquecido o quanto é irritante ficar no meio de tanta mulher.

•

-Sabia que é falta de educação uma dama ficar dessa forma no meio do corredor? – Era a voz de Ben, não precisava nem abrir os olhos para saber que era ele. Eu estava fugindo da aula de Robin, então, decidi ir ao banheiro e ficar no corredor onde eu sabia que não tinha muito movimento, descansaria por alguns minutos.
-Sabia que é falta de educação acordar uma dama no meio do seu cochilo? – me aconcheguei na cadeira fofinha.
-Você nem é dama.
-Como você ousa dizer algo tão grotesco para mim? – fingi estar ofendida, ouvindo a risada gostosa dele.
-Você tem que voltar para a sua aula! – ele bufou e se sentou ao meu lado, tirando minhas pernas bruscamente da cadeira me fazendo resmungar . – eu não gosto de ser o responsável, mas como seu guarda, tenho que cuidar de você.
-Eu já sei o que Robin está ensinando.
-Então vá lá e dê aula no lugar de Robin. Ou dê uma de sabichona e responda tudo que ela perguntar – ele deu de ombros me fazendo bufar. E ele se levantou – venha, princesa.
-Eu não quero mais ficar naquela sala com aquele bando de mulher que querem fazer de tudo pra derrubar uma a outra – choraminguei vendo-o rir da minha desgraça.
-Bem vinda a Seleção - fuzilei-o enquanto o mesmo andava calmamente na minha frente e eu o seguia parecendo uma criança mimada fazendo birra.
Conforme andávamos e eu reclamava de tudo que era possível, Ben só caminhava na minha frente, calmamente e me ignorando, ou sendo irônico. Tinha algumas portas abertas naquele corredor em que estávamos, eu queria saber o que tinha em cada cômodo, mas não seria possível, naquele instante.
-Eu não aguento mais ter que usar esse salto ridículo, meu pé está doendo, eu nunca precisei de sapatos altos e agora eu tenho que usar pra parecer mais alta, já que minha altura não agrada e eu tenho que ser elegante. Eu odei... – de repente, senti uma mão tapando minha boca e a outra me puxando pela cintura dentro de uma dos cômodos que estava aberto. Eu queria gritar, mas não conseguia. Estava tão nervosa que não sabia o que fazer.
Aquilo era um ataque?
Se fosse , com mais uma das suas brincadeiras de mal gosto, ele iria levar outro chute.
Se fosse um Selvagem, eu estaria ferrada.
Se fosse um Vantroni, eu estaria mais ferrada ainda.
Eu teria de lutar?
Cadê o idiota do Ben pra me ajudar a dar uma surra nesse palhaço?
Sem problemas, faria aquilo sozinha.
-VOCÊ É LOUCA? – ouvi a voz, desconhecida, dizer, após urrar de dor por eu ter mordido sua mão, virado e chutado os países baixos e ainda dado um soco em seu nariz. Tudo isso em questão de segundos. Eu estava tremendo.
-? – Ben apareceu na sala rapidamente, já preparado para pegar sua arma e atacar a pessoa. Mas assim que ele viu a situação. Parou na porta, cruzando os braços e observando a pessoa ajoelhada, enquanto eu corria atrás de Ben. Olhando bem para a pessoa, eu deduzi que fosse um guarda, pelas vestimentas.
-Eu tinha ouvido falar que ela era violenta, só não tinha levado tão a sério – o cara falou, se levantando do chão e me olhando. Me dando uma visão melhor dele, alto, moreno dos olhos castanhos. – VOCE QUEBROU MEU NARIZ, CENDROWSKI!
-O que você tá fazendo? – Ben perguntou segurando a risada. Olhando pra minha cara e oferecendo a mão pra eu bater nela. Fiz de bom agrado, sorrindo.
-Eu queria dar um susto em você – o cara disse, limpando o sangue do nariz e me olhando feio – como uma surpresa do meu retorno.
-Voltou quando? – Ben perguntou fazendo o cara se sentar em uma cadeira e observar o nariz do amigo – cara, seu nariz está horrível.
-Lady Devimon me deu férias dela – o cara riu balançando a cabeça – vamos conviver novamente.
-Denver, o que você aprontou? – Ben olhou para ele, duvidoso. Enquanto o tal Denver dava de ombros rindo.
-Nada! – Denver virou para mim e me encarou – me apresente formalmente a princesa violência.
- – Ben revirou os olhos, bufando começou a dizer – Denver Walker.
-Walker? Também? – perguntei confusa, olhando para os dois. Ben coçou a cabeça, concordando.
-Denver Walker, irmão mais velho de Ben. Prazer – ele disse, sorrindo e depois resmungando de dor.
-Você nunca me disse! – acusei Ben, e ele sorriu culpado.
- Ben não costuma dizer sobre família, é um assunto muito pesado para ele – Denver se levantou após encarar o irmão. Não sabia dizer se era olhar de desapontamento ou braveza.
-Não perguntei também, de qualquer forma – sorri e encarei Ben. – me desculpe pelo soco – falei culpada – não me assuste dessa forma. Depois do último ataque, eu fiquei um pouco mais traumatizada que o normal.
-Obrigada pelo aviso, . Tomarei cuidado com você – ele respondeu apontando para o nariz – irei a enfermaria cuidar disso.
-Eu vou junto! – disse me oferecendo, de certa forma, me sentia culpada por ter pegado pesado. E depois de descobrir que era com o irmão de um grande amigo, me sentia mais culpada ainda.
-Você vai voltar pra aula – Ben cruzou os braços e entrou na minha frente.
-Eu vou a enfermaria com o soldado que agredi – disse cruzando os braços e encarando nos olhos aquele cara gigante e forte. – você pode nos acompanhar por bem ou por mal.
-Esta insinuando o que eu acho que está insinuando? – ele perguntou ofendido. E eu concordei com a cabeça – você é repugnante, !
-É tão bom negociar com você – sorri saindo da sala, ao lado de Denver. Ben bufou e nos seguiu.

•

Fiquei quase duas horas na enfermaria, vendo Denver ser tratado e consequentemente, depois eu sendo tratada. Não havia percebido, mas o soco foi forte o suficiente para quebrar o nariz de Denver, ou seja, forte o suficiente para machucar meu braço que eu havia deslocado uma semana antes de ir para o castelo. E lá estava eu com o braço enfaixado novamente.
Robin ia me matar.
E o pior de tudo, Robin ia me matar duas vezes.
Pela aula que eu matei.
E pelo meu pulso enfaixado.
Já estava ouvindo a voz dela na minha cabeça, gritando e se controlando para não voar em meu pescoço. Realmente, eu conseguia tirar toda a paz daquela mulher em segundos. Era um dom. Eu fazia isso com minha mãe e com Kira. Agora, achei outra que se incomodasse da mesma forma com meus atos, que pegasse em meu pé tanto quanto elas.
Foi uma surpresa saber que Ben tinha um irmão mais velho. Eu queria ter raiva de Denver pela brincadeira de mau gosto, mas confesso que o cara era legal e engraçado o bastante para não permitir que eu ficasse com raiva por muito tempo. Não xingaria Ben por não me contar esse tipo de coisa. Era um direito dele ficar calado e eu com total certeza, não iria pressiona-lo a dizer qualquer coisa pessoal. Não poderia exigir isso.
Não era da minha conta.
Ben não estava tão confortável no começo, era visível. Mas depois de um tempo, ele voltou a ser o mesmo Ben de sempre. O palhaço e sem noção. E, após observar e conversar muito com os irmãos Walker, eu havia percebido que ambos eram parecidos. Os olhos e os sorrisos. A personalidade era diferente uma da outra, era fato. Mas o senso de humor era idêntico.
-Com licença – uma enfermeira entrou no quarto em que eu estava com os meninos, se curvando para mim – madame, você tem visita.
-Quem? – perguntei confusa – se for Robin, diga que estou no soro, invente algo, não deixe-a entrar aqui. Serei morta!
-Então vou pedir para que a pessoa entre – ela riu indo em direção a porta – fique tranquila, Robin não apareceu ainda.
-Se ela aparecer, diga que fui para o quarto. Só não deixe que ela me encontre – choraminguei, deitando na maca. Ouvindo a risada dos irmãos. Era um exagero eu ter que ficar em um quarto até eu ganhar alta do médico.
-Acho melhor irmos – Ben cutucou Denver, que balançou a cabeça. Eu continuava deitada na maca, com a cabeça enterrada no travesseiro.
-Só saio depois de ver a tal visita – ele sorriu para o irmão, que bufou. – Alteza!
Ok. Meu coração gelou. Não esperava que fosse receber aquele tipo de visita. E eu não me importava. Só não queria ver .
Meu único pensamento era para que não fosse ele.
Não seja .
Não seja .
-Soldado Walker? – suspirei aliviada. – não sabia que tinha voltado! Minha avó deve estar aprontando algo, com certeza. É uma honra tê-lo de volta.
Era .
Não me sentia aliviada.
Se fosse , eu me sentiria mais nervosa ainda.
Ok, não devia ser nenhum príncipe.
-É uma honra ter voltado, alteza – tinha certeza que ambos estavam sorrindo.
-O que você tá fazendo aqui no consultório? – ele perguntou confuso, olhando para o nariz de Denver, com os curativos e depois se virou pra mim. Eu sentia todos os olharem em cima de mim. – Ela te agrediu?
Hoje não era o meu dia.
-Não – Ben se intrometeu, passando a mão no pescoço. A essa altura, eu estava olhando pra eles. – quer dizer, sim. Mas não foi sem motivos.
-Eu fui assustar Ben, usei a Srta. como cobaia – Denver explicou rindo – acabei ganhando um nariz quebrado.
-Oh, céus – começou a rir – que bela recepção, Denver.
-Confesso que merecia o chute – Denver me encarou – mas o soco foi exagero.
-Achei bem feito – Ben sorriu, fazendo high-five comigo. Com a minha mão boa.
-eu já levei esse chute, meus sentimentos, Denver – deu dois tapinhas nos ombros de Denver rindo.
-Ambos mereceram - revirei os olhos. Ouvindo as gargalhadas.
-Estou do lado de fora te esperando ter alta, . – Ben avisou, sorrindo e se curvando ao Príncipe e depois para mim – Robin não chegará perto.
-Obrigada – sorri aliviada – foi um prazer te conhecer, Denver.
-O prazer foi todo meu, princesa – Denver fez uma reverência exagerada, fazendo rir pelo nariz e eu revirar os olhos.
Fiquei totalmente em silêncio, esperando as piadinhas de , mas por incrível que pareça, não apareceu nenhuma delas. O que era ruim, já que era de que estava falando.
-Denver e Ben foram praticamente criados junto comigo – se jogou na cama ao meu lado, me empurrando para a parede. Ficando olhando pro teto brando junto comigo.
-Interessante.
- Eu tenho um enorme carinho por eles – balancei a cabeça concordando com ele – ENTÃO PORQUE DIABOS VOCÊ DEU UM SOCO NO NARIZ DO DENVER E AINDA MACHUCOU NOVAMENTE O SEU BRAÇO?
-POR QUE VOCÊ ESTA GRITANDO COMIGO? – me virei pra ele, falando na da mesma forma que ele havia falado comigo. O mesmo pegou minha mão enfaixada e segurou ela.
-Porque você só me da dor de cabeça. Sabe o que chegou em meu ouvido? – ele perguntou me fazendo revirar os olhos – “A madame se meteu em confusão e acabou machucando a mão, alteza.” Na minha cabeça, você tinha agredido alguma selecionada.
-Para o seu alívio, não.
-Daqui a pouco e vão aparecer aqui e buscarão por explicações – ele me ignorou. E agora tinha o sorriso presunçoso nos lábios.
-Por que você veio até aqui? – mudei de assunto, sem paciência.
-Temos que cuidar de nossas meninas. Se chega em nossos ouvidos que tem algo errado, temos que vir rapidamente ajudar – ele explicou me fazendo novamente revirar os olhos – para sua alegria, eu fui o primeiro a saber do ocorrido. Está no protocolo.
-Meu herói – falei irônica enquanto ele sorria sarcástico.
-Você é a primeira selecionada a inaugurar nossa enfermaria. Parabéns – respondi com uma risada sarcástica. Não estava afim de conversar. Estava com dor. E eu tinha que ligar para minha família.
-Preciso fazer uma ligação – olhei pra ele que estava de olhos fechados, me ignorando. Despreocupado demais para um Príncipe. – Você me ouviu? – o mesmo resmungou e me ignorou novamente. Atitude errada. Levou um tapa na testa.
-Você tem que parar de agredir as pessoas, ! – levantou bravo me fazendo sorrir culpada. Não conseguia controlar.
-Desculpa. É que eu preciso falar com minha família – expliquei, bufando – faz semanas que estou aqui e não ouvi a voz de nenhum deles. Kira escreveu uma carta e tem novidades para mim. E tudo acontece de forma que eu não consiga falar com eles. Kurt deve estar achando que eu abandonei ele...
-Calma, princesa. – me interrompeu, rindo. Parando alguns minutos para pensar – Eu te levo para fazer a ligação, depois que o médico aparecer com seu raio x.
-Por que está sendo bonzinho? – perguntei receosa. Era ali.
- Estou fugindo da reunião com meu pai e os membros do conselho – ele explicou, e agora eu havia entendido. – faço qualquer coisa para não ficar naquela sala. Até mesmo ficar mais tempo com você, arriscando meu nariz.
- engraçadinho – sorri sarcástica tirando gargalhadas do príncipe – e não me chame de princesa.
-Como quiser, princesa – fuzilei-o de uma forma, que ele nem ligava mais. Somente ria e não dava o mínimo de respeito a mim.

•

-Você ouviu o Dr. Poirot – dizia andando ao meu lado, após sairmos do consultório – tem que repousar essa mão, tomar os medicamentos, voltar daqui uma semana e ficar longe de encrenca.
-Eu entendi, alteza – respondi revirando os olhos – podemos fazer a ligação logo?
-Só se você prometer que vai se cuidar – ele parou na minha frente.
-Eu prometo! – o mesmo me encarou sem acreditar muito. Mostrei o dedo mindinho – promessa de dedinho, Aykroyd.
-Isso é coisa de criança.
-Isso é coisa de gente verdadeira.
-Esta me chamando de falso?
-Não disse isso – o mesmo me fuzilava e eu queria rir. Ele cogitou a ideia do dedinho, quando se deu por vencido, bufou e fez o mesmo movimento que eu – agora vamos!
Era uma situação engraçada. Eu estava fugindo de Robin e e da coroa. Era visível que não nos suportávamos, mas a situação fazia com que déssemos certo. Ironicamente.
Dr. Poirot apareceu na sala onde estávamos e contou sobre minha situação, não era tão boa quanto eu pensava. De acordo com ele, a última fratura não foi cicatrizada do jeito certo e por isso eu havia deslocado a munheca novamente e se eu não tratasse, precisaria de cirurgia. Então era melhor eu ficar bem calminha até ele dizer.
Não me leve a mal, eu ficava longe de confusão.
Mas elas me perseguiam.
-Fique a vontade – entrou em uma sala em um corredor que eu nunca havia andado.
A sala era enorme e escura, tinha algumas cadeiras e umas cabines telefônicas. se sentou perto de mim, observando meus passos. Respirei fundo e fui até uma cabine e disquei o número de minha casa.
Primeiro toque.
Segundo toque.
Terceiro toque. Será que não estavam em casa?
Quarto toque. Meu coração se partia só de imaginar que eu não falaria com eles.
Quinto toque.
-Sai, Kiara! Eu atendi primeiro! – meu coração encheu de alegria ao ouvir Kurt do outro lado. Eu imaginei perfeitamente a cena na qual meus irmãos se submetiam. Uma guerra só para ver quem atendia primeiro. Não contive a risada ao ouvir Kiara gritando para nossa mãe aparecer logo. – Alô?
-Gostaria de falar com o homem da casa – falei sorrindo, imaginado a carinha dele
-.toUpperCase())! – ele gritou animado. Eu não contive outra risada ao ouvir ele chamando todo mundo de casa dizendo que era eu. – EU ACHEI QUE VOCÊ TIVESSE ESQUECIDO DA GENTE, MÃEEEEEE, A .toUpperCase()) NÃO ESQUECEU DA GENTE!
-Nunca esqueceria de vocês, Kurt!
-É que você não escreveu e nem ligou. – eu imaginei ele fazendo o biquinho quando estava triste, e eu quis chorar com aquilo. – você nem imagina o quanto eu senti sua falta! Sabia que lá na escola todo mundo me trata melhor por causa de você? E que toooooodo mundo aqui está torcendo por você.
-É sério? – ri pelo nariz balançando a cabeça para aquilo. Nem acredito que estou perdendo meu irmãozinho indo a escola – e você está se comportando? Cuidando de todo mundo aí?
-Sim! – ele riu – Kiara está muito insuportável, como sempre. Mas eu estou tentando não brigar com ela, só que é impossível. CALA A BOCA, KIARA, ME DEIXE CONVERSAR COM .toUpperCase()). , me conta como é o castelo?
-Você tem que ter paciência – sorri ao ouvir a gritaria. – continue cuidando de tudo aí, ok? Vou escrever para você com detalhes, pode ser?
-Você vai escrever mesmo, não é? Como são os príncipes? Eu queria tanto falar com eles! – olhei pra , que se divertia me vendo conversando com Kurt. Ele ficaria feliz com o que ia acontecer.
-Quer conversar com um príncipe? – negou com a cabeça já imaginando o que eu faria. – e se eu te falar que estou do lado de ?
-SERIO? – Kurt gritou animado. – Me deixe falar com ele, por favor!!!!
-! – o chamei nervosa e o mesmo negava com a cabeça
-Eu não sei nem falar com crianças!
-Só... Fale qualquer coisa! – dei o telefone pra ele apertando o botão no viva voz.
-Você está me devendo, . – ele disse entredentes. – E aí, garotão?
-É o mesmo, mãe! – Kurt dizia animado do outro lado da linha – Oi, alteza!
-Como você está?
-Bem, acredito que estou falando com um Príncipe. Ninguém vai acreditar na escola – comecei a rir vendo a cena.
-Vão todos morrerem de inveja de mim.
-Você é demais, Kurt – começou a rir. Realmente, meu irmão era mesmo. – mostre a todos o que um é capaz.
-Minha irmã está dando muito trabalho? – olhei para ele, já querendo mata-lo.
-Sim! – fiz sinal de que ia enforca-lo, e ele não estava nem aí – ela é terrível!
-Eu sei! Mas ela é legal e bonita. Sabia que ela já bateu em um garoto aqui da rua porque ele me bateu? Ela é muito corajosa!
-É mesmo? – me olhava balançando a cabeça, como se dissesse que eu não tinha jeito. – alguma dica para eu saber lidar com sua irmã legal, bonita e corajosa?
-Quando ela estiver muuuuuito brava, você pode fazer cócegas nela.
-Você apanha – apontei pra .
-Ou você pode dar chocolate pra ela
-Chega, Kurt! – falei nervosa. Era informação comprometedora demais.
-Obrigado, garotão – tinha um sorriso convencido nos lábios. – olha só, me mande uma carta com tudo sobre sua irmã, ok? Vou escrever tudo que ela aprontou aqui!
-Fechado! – eu estava com a mão na cabeça vendo que aquela havia sido a pior de minhas ideias. – obrigado por falar comigo, .
-Foi um prazer, pequeno Kurt. – tomei o telefone de resmungando da situação toda.
-, você é a melhor irmã do mundo! – se Kira e Kiara estivessem ali, com certeza estariam ofendidas. Mas não podia negar que eu realmente era. – vou passar o telefone pra Kira. Ela esta chorando de raiva
-Te amo, Kurt! – falei sorrindo. Ouvindo a resposta dele.
-Te amo mais!
-EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ DEU O TELEFONE PRO KURT CONVERSAR COM O MARAVILHOSO DO t.toUpperCase())! VOCÊ SABE QUE ELE É O MEU PREFERIDO – Kiara gritava tanto que gargalhava com o que escutava, eu só sabia querer enfiar minha cara em um buraco.
-Kiara, o Kurt é criança. – expliquei e ela chorava do outro lado do telefone. Sabia perfeitamente o que estava acontecendo. TPM. – está no viva voz. Ele está ouvindo tudo.
-VOCÊ ESTA ARRUINANDO MINHA VIDA – comecei a rir junto com . Aquilo era hilário.
-Kiara, pare! – ouvi a voz de minha mãe intervindo do outro lado.
-Senti sua falta também, Kiara – falei receosa ouvindo a mesma bufando e dizendo um 'eu também' muito seco e entregando o telefone pra minha mãe.
-Peço desculpas, filha – Ouvir a voz maternal e carinhosa dela do outro lado, me confortava. – estou com saudades. Todos estão, na verdade.
-Eu também estou morrendo de saudades.
-como está indo aí?
-Está tudo bem – sorri – é estranho mas estou me acostumando. E aí?
-Está tudo bem também! – senti que não era completamente verdade, mas não ia pressiona-la. Ela não iria falar. – tenho que terminar a janta e colocá-los para dormir, filha. Estava morrendo de saudade de ouvir o som de sua voz.
-Vai lá mamãe. Eu também. Não sabe o quanto estou tranquila por saber que está tudo bem.
-Ligue pra Kira. Ela está louca atrás de você esperando uma ligação sua – Mamãe ri e eu a acompanhei. Pedi para que ela me adiantasse o assunto, mas ela não quis – Kira proibiu-nos de dizer qualquer coisa.
-Vou ligar pra ela logo.
-Isso! – tinha certeza que ela estava sorrindo – agora, vou desligar. Sei que está ocupada aí, não queremos atrapalhar você e nem o príncipe. Te amo e escreva para gente.
-Te amo, mamãe – sorri e mando beijinhos antes de ouvir ela desligar o telefone.
Suspirei segurando o choro, queria falar mais com eles. Queria estar com eles. Respirei fundo e disquei o número de Kira. Depois do terceiro toque, Jordan atendeu.
-Alô?
-Posso saber o porquê de você não estar no restaurante? Não me diga que você faliu sem mim.
-! – e gargalhou e suspirou – finalmente deu o ar de sua graça. Achamos que tivesse se esquecido.
-Jamais.
-Deixei Eric no comando, hoje fiquei com Kira em casa, ela anda muito... Emotiva – fiquei confusa, ele nunca deixaria o restaurante nas mãos de outra pessoa que não fosse eu. E ao ouvir o nome de Eric, fiquei toda arrepiada.
-Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada. Kira não deixaria Jordan ficar fora do restaurante mesmo estando emotiva. Aliás, ela o expulsaria de casa exatamente por isso.
-Aconteceu.
-Jordan! Me fala.
-.toUpperCase())???????? – Kira simplesmente gritou ao pegar o telefone – eu juro que ainda te mato por não dar notícias.
-Me desculpe! – ouvia tudo e ria da minha desgraça. Ele estava amando ver que eu estava sendo ameaçada.
-Já ligou pra mamãe?
-Sim. Falei com todos eles. Kurt até conversou com , Kiara me xingou por isso e mamãe estava fazendo a janta
-t.toUpperCase()) ESTÁ DO SEU LADO? AI MEU DEUS, POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE?
-irrelevante.
-IRRELEVANTE? VOCÊ ESTA DO LADO DO PRÍNCIPE! – ela bufou me fazendo revirar os olhos – ah, é. Pra você isso é normal
-Esta no viva voz, seja educada – ouvi ela dar um gritinho. Jordan devia querer me matar. – o que houve? O que você tinha que me dizer?
-Fui ao médico esses dias – meu coração começou a palpitar. Gritei pra que ela não enrolasse e dissesse logo. – minha menstruação estava atrasada há dois meses...
Cala a boca... – falei com as mãos na boca, olhando para que sorria.
-Parabéns, titia!!!

-Como vocês sabem, Avallon está no quingentésimo aniversário. E nosso país é alegre e cultivamos as grandes festas... Pessoas de fora vem nos visitar pelas festas famosas, a mais famosa de todas e, se me permitem, a minha preferida, é a de quingentésimo aniversário. Pelos festivais, muita música, muita dança, show de fogos de artifício e muita alegria das crianças, que amam toda essa bagunça boa. O ápice são nossas colheitas invejadas pelos países inimigos, muita comida boa sendo vendida para pessoas de fora e elas amam o nosso milho, amam nosso trigo, amam nossa plantação de morango e uva. Nós fazemos o melhor vinho e somos os número um nisso. – a Rainha andava de um lado para o outro, enquanto estávamos sentadas mais uma vez naquela sala de aula sendo escravizadas por Robin.
Já havia se passado um mês desde que machuquei meu braço. Ela estava uma fera ainda, principalmente por eu ter me metido novamente em confusão novamente com Denver, só que dessa vez, foi para defende-lo de Ben que foi bruscamente pra cima dele por algum motivo que ainda não descobri qual e piorado minha situação, por sorte, não precisei de cirurgia.
Os Príncipes fizeram uma eliminação, mandaram três garotas embora e eu estava surpresa por eu não ter sido uma delas. Grande parte de mim gostaria de ir pra casa, mas, estranhamente, aquela pequena parte que sobrava, não queria partir. E aquilo me assustava. Minha relação com eles estava bem mais amistosa do que no começo, estava mais amiga de todos, inclusive de que nunca deixou de me atormentar. Ainda fugia de , ele sempre tentou conversar comigo depois do que quase aconteceu, mas eu sempre fugia. e eu tínhamos superado aquela nossa fase de não se sentir bem um com o outro e eu estava lhe dando aulas de piano. Lizzie não gostou da ideia no começo, mas acabou superando aquilo, por mais que gostasse dele, ela gostava ainda mais da nossa amizade e ela sabia que eu gostava da mesma forma.
-O nosso festival, normalmente dura dois dias... – Robin continuou falando – mas estamos pensando em aumentar para três. Se for tudo certo, quatro.
-E como três de vocês se tornarão princesas – Rainha Leigh nos encarou séria – devem saber como se programar para os festivais, de forma que, vocês se divirtam e organizem ao mesmo tempo de um jeito excepcional .
-Iremos montar trios – Robin sorriu indo para a lousa e escrevendo algo que eu não sabia direito o que era. – a rainha vai sortear e o trio terá que se entender e conseguir fazer uma proposta ótima para o festival.
-Cristine, Samantha e Givah. – começou a dizer, as garotas se olharam e sorriram sem mostrar os dentes – trio de número dois será composto por... Bethany, Courtney e Shonda. – deram um gritinho de felicidade. Elas eram amigas – Tess, Adele e Tina. E o último, Summer, Lizzie e .
-Cada grupo irá ficar responsável por algo, só que só vamos saber quando vocês nos trouxerem as propostas – Robin pegou os livros e nos olhou sorrindo. Eu conhecia aquele sorriso. Era o sorriso da vitória. Ela estava amando tudo aquilo. – não será permitido cópias de festivais passados ou coisas que estão fora do nosso alcance. Por mais que seja uma grande festa, não vamos gastar tanto. – ela respirou fundo – daqui três dias vocês se apresentarão para a rainha, o rei, os príncipes e os líderes do conselho. Boa sorte.
-Boa sorte, garotas – rainha sorriu e saiu da sala rapidamente, com Robin atrás de si.
-SÓ PODE SER BRINCADEIRA – Summer gritou assim que elas saíram e eu sorri sarcástica.
-Não estou contente também, amiga! – Tess grunhiu tapando os olhos.
-A gente devia ter o direito de escolhermos com quem queremos trabalhar! - Adele olhou feio para Tess.
-Não ia querer trabalhar com nenhuma de vocês, de qualquer forma – Tina deu de ombros e eu quis concordar. Mas seria injusto com Lizzie, ela seria minha única escolha.
-Como se alguém fosse querer trabalhar com você – Givah se levantou – venham, vamos começar logo com isso – ordenou para as meninas que estavam em seu grupo, com certeza elas não gostaram daquilo.
-Bem, quanto antes começarmos, mais cedo terminamos e eu quero que saia tudo perfeitinho – Courtney sorriu para as amigas – vamos, meninas?
-Isso é patético – Adele olhou para as colegas e simplesmente saiu da sala.
-Querem começar agora? – Lizzie se pronunciou pela primeira vez, calma e despreocupada.
-O que você acha? – Summer ironizou me fazendo bufar.
-Quando quiserem – falei colocando os pés na mesa.

Primeiro dia

-Todos os livros da biblioteca estão sendo usados pelas outras meninas – Lizzie falava para Summer, enquanto eu andava atrás delas, observando os outros livros. As duas estavam trocando farpas desde que saímos da sala.
-E você quer que eu faça o que, Frost? – Summer esbravejou fazendo Lizzie respirar fundo.
-Não quero que faça nada, Summer. Quero que a gente resolva isso juntas. Somos um grupo! – Lizzie esbravejou fazendo Summer fuzila-la.
-Mas não temos livros sobre as festas, você quer fazer o que, Lizzie? Não tem o que ser feito. Aquelas cobras pegaram tudo e não deixaram nada pra gente – Segurei uma risada, ela estava provando do próprio veneno.
-Não existe só aquilo. Você com certeza já foi em algum festival, por Deus, passava na TV, sabemos o básico. Já é alguma coisa – Lizzie sempre tentava ver o melhor de cada situação.
-Todos os anos eu venho com a minha família – se gabou Summer.
-eu vim duas vezes, no aniversário de 18 dos meus dois irmãos mais velhos – Lizzie sorriu olhando para baixo, provavelmente se lembrando de algo.
Enquanto as duas começavam outra discussão por algo fútil, eu continuava entretida nos livros. Eu amava livros e aquele era um dos meus paraísos. Uma enorme biblioteca, com livros novos/velhos. Tanta coisa pra ser explorada e tanta coisa que poderia nos dar alguma ideia para algum festival e ao invés de estarmos pesquisando, estava ouvindo Lizzie e Summer discutirem sobre quem era mais experiente naquilo.
-Por que a não está ajudando? Fala sério, a Rainha só pode me odiar pra ter feito uma atrocidade dessas comigo – Summer apontou pra mim, que estava escorada em uma prateleira, lendo um livro sobre um garoto que toda vez que beijava a garota que ele amava, ela morria e voltava. Não importa aonde ele esteja, eles sempre se encontram.
-Não é só a rainha – dei de ombros
-Seja útil ajudando o grupo – Summer tirou o livro de minhas mãos e o colocou em outra prateleira. Respirei fundo para não me rebaixar ao nível dela é cair nas provocações.
-Podemos fazer as pessoas usarem um tipo de cor de roupa – Lizzie sugeriu – uma cor alegre. Nunca foi feito antes.
-Brega.
-Eu topo – sorri para Lizzie, aquela realmente era uma grande ideia.
-Eu não concordo – olhei pra Lizzie que revirava os olhos bufando.

-PARA DE GRITAR COMIGO, VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE QUERER UM PRÊMIO POR ESTAR PREPARANDO UM FESTIVAL – Lizzie esbravejou e Summer se quer se importou.
-Por que não? É um prêmio de mérito.
-Você não vai ser vangloriada por estar fazendo sua obrigação, Summer.
-Você quer um prêmio? Você recebe um também, eu hein.
-Eu só quero fazer uma festa inesquecível de quinhentos anos de Avallon, Summer. Dançar muito a noite toda e beber um bom vinho curtindo a noite com pessoas que gosto – Lizzie se levantou da mesa – não preciso de um prêmio, porque o maior dos prêmios é estar aqui dentro.
-Se você sonha tão baixo, não posso fazer nada e...
-Isso se chama soberba, Summer. Chega na frente da realeza dizendo que você merece um prêmio pra ver o que eles vão te dizer. Não seja tão ridícula – Lizzie a cortou, me fazendo levantar os olhos do livro que eu havia voltado a ler.
-Só não permito você fazer isso, pois meu nome estará no projeto, seria muito ridículo pra mim passar por essa humilhação toda – falei sorrindo – duas contra uma.
- Tem outra ideia, gênio? – a mesma semicerrou os olhos.
-Temos mais dois dias, me deixe pensar.
-Ah, a madame vai pensar, claro, claro! – ela disse ironicamente, me fazendo revirar os olhos e ignora-la.
-Se nem a Rainha recebeu um prêmio por fazer o que está no protocolo dela, quem você pensa que é pra se achar no direito de ganhar um – pensei alto, rindo baixinho.
-O que você disse? – ela perguntou, na defensiva.
-Você ouviu.
-Já chega – Lizzie interviu me fazendo dar de ombros e me levantar indo em direção a porta – pra onde você vai?
-Para mim chega – olhei pra ela apontando pra Summer, que estava com a cara de sonsa de sempre – se vamos fazer isso, temos que entrar em sincronia e isso não tá acontecendo aqui.
-Reclama com a rainha – Summer sorriu sarcástica me fazendo revirar os olhos.
-O que você sugere, então? Precisamos montar nosso projeto – Liz realmente estava preocupada e aquilo me deixa nervosa, sabia que tinha que ser feito, mas as circunstâncias não ajudavam.
-Sugiro que façamos nossas pesquisas sozinhas...
-O projeto é em grupo, acéfala – Summer revirou os olhos me fazendo bufar.
-Estou dizendo pra tirarmos hoje para fazermos nossas próprias pesquisas – respirei fundo passando a mão no rosto – hoje a noite nós encontramos e jogamos todas nossas propostas na mesa e com isso, montamos o projeto do jeitinho de cada uma. Estamos desperdiçando tempo juntas discutindo enquanto claramente podemos estar sendo úteis.
-Achei uma ótima ideia – Liz sorriu e eu sorri de volta. Mas já estava esperando alguma reclamação de Summer.
-Não é completamente uma má ideia... – ela admitiu me fazendo querer sorrir de alívio, mas me segurei e mantive a pose autoritária. – depois que todas forem dormir, podemos nos encontrar aqui mesmo na biblioteca.
-Depois do toque de recolher? Sem chance! Os guardas vão barrar a gente.
-É só falar que a Robin permitiu – falei dando de ombros me preparando para sair da biblioteca - vejo vocês mais tarde.

• Estava jogada no meu novo cantinho do jardim, lendo alguns livros que havia pego da biblioteca e outros que Olívia havia me entregado de alguma selecionada egoísta. Já havia tido algumas ideias sobre o que dava para ser feito, mas não era fácil.
Ben havia me dado algumas dicas e eu gostei delas, achei interessante e importante ressaltar essa parte da história de Avallon. Tínhamos tudo para ganhar aquele festival.
Não sabia o motivo de eu estar tão empenhada para isso, se fosse umas semanas atrás, eu estaria dando de ombros e nem me preocupando. Parte de mim não se importa mesmo, mas uma pequena parte, se importa e é essa parte que grita na minha cabeça e que faz eu fazer o que me obrigam.
Mas nesse festival, eu ajudaria pessoas que não tinham condições de chegar no reino, eu faria uma coisa boa com isso.
Fui tirada dos meus pensamentos quando ouvi algumas risadas pelo jardim, não gostava do fato de eu ser um pouco curiosa demais, então acabei procurando com o olhar o que estava acontecendo e encontrei com Courtney, a morena dos olhos verdes. Ela insistia em pegar no braço dele para tudo e eu só sabia revirar os olhos e rir sozinha com a vergonha alheia que sentia dela.
Depois de alguns minutos vendo a cena patética dos dois ali, ela acabou entrando novamente no castelo enquanto ele observava ela entrando, com um sorriso falso nos lábios.
Ri pelo nariz, balançando a cabeça voltando a atenção ao meu livro. Quando percebi que havia chamado a atenção dele tentei a qualquer custo me esconder, mas já era tarde. Ele estava vindo em minha direção com as mãos na cintura.
Eu queria morrer.
-Não via a hora de te pegar sozinha e desprevenida – ele disse se sentando ao meu lado. Enquanto eu simplesmente o ignorava – posso saber o motivo de eu estar sendo ignorado?
-Estou trabalhando, Alteza – bufei de cara com os livros.
-Eu posso ajudar! – ele sorriu pegando o livro de minha mão – é sobre o festival?
-Não é justo você me ajudar, Alteza.
-Pare de me chamar assim – ele revirou os olhos – eu quero ajudar.
-Por que não ajuda sua nova amiga, Courtney? – resolvi cutuca-lo, vendo-o com um sorrisinho preso no canto dos lábios.
-Eu deveria ter oferecido ajuda a ela mesmo...
-Então vá – o mesmo me encarou e depois revirou os olhos.
-Isso não era pra ser feito em grupo? – ele coçou a cabeça lendo meu rascunho.
-Mas está sendo em grupo – olhei pra ele e apontei pra minha cabeça – eu e meu cérebro.
-Engraçadinha – ele riu, me fazendo dar um sorrisinho.
-Summer e Lizzie tiram o sossego de qualquer pessoa, elas não param de brigar – dei de ombros – sugeri que cada uma fizesse sua própria pesquisa e nos encontraremos hoje a noite para juntarmos elas.
-Isso foi uma ótima ideia mesmo – ele concordou sorrindo – e seu rascunho está muito bom.
-Obrigada.
-Não quer mesmo a minha ajuda? – sugeriu ele se sentando ao meu lado.
-Não, Alteza. Obrigada – tirei o rascunho de sua mão – gosto de ter em mente o mérito por ter feito sozinha. As garotas já me odeiam, imagina se descobrem que estou trapaceando.
-Não é trapaça se eu estou ciente e ofereci a minha ajuda.
-Explica pra elas – apontei discretamente para uma janela onde Adele estava com seu grupo, todas me fuzilando – aliás, ser vista com você vai me causar problemas mais tarde... Aposta quanto que elas vão usar isso contra mim?
-Minha palavra vale muito mais do que três selecionadas inconformadas dizem – ele sorriu e deu uma piscadinha pra mim e depois se virou para as meninas e deu um tchauzinho, fazendo-as saírem dali imediatamente. – pode ter certeza.
-Não conhecia esse lado de Aykroyd.
-Confesso que estou conhecendo esse lado agora – ele sorriu e olhou para a frente – ser Príncipe me trás vantagens e acredite... Eu não costumo usá-las. Mas quando é necessário, eu faço o que tiver que ser feito.
-Eu sou apenas uma selecionada e não quero que use as vantagens comigo – suspirei e olhei pra frente.
Ficamos um bom tempo em silêncio, apenas ouvindo o barulho dos pássaros e aquela era a parte mais tranquila do meu dia. Estava esperando pela conversa constrangedora mas quanto mais demorava, mais apreensiva eu ficava. Parecia uma eternidade até que finalmente tocasse no assunto.
-Não tem mais como a gente fugir daquele assunto.
-Qual assunto? – fiz a sonsa enquanto ele balançava a cabeça com um sorrisinho nos lábios
-Eu, você, baile, quase beijo...
-Ah, esse assunto – sorri culpada.
-Não sabia que aquilo iria acarretar nosso afastamento – ele começou a dizer – é que realmente não é fácil ficar do seu lado sem querer te agarrar... Eu achei que isso não iria acontecer por conta da nossa amizade mas aconteceu. Eu estou controlando isso.
-Eu só não estou acostumada com esse tipo de coisa – olhei pra ele – temos tanta plateia. Tem milhares de pessoas esperando um deslize meu e com o que quase aconteceu no baile... Estão em cima de mim mais do que nunca.
-Mas isso não tem nada a ver com as pessoas – ele segurou minha mão me encarando – tem a ver com a gente.
-...
-Qual é o problema? O que impede você?
-Esta brincando, não é? – perguntei esperando uma risada ou algo que denunciasse que era brincadeira – !
-Me desculpe por talvez estar nutrindo sentimentos por você!
-Isso está errado! – quase gritei, aquilo só podia ser brincadeira – nos conhecemos a menos de quatro semanas, ! Você está conhecendo as garotas agora... É impossível estar nutrindo sentimentos por mim!
-No seu mundo, talvez seja. – ele me encarou – no meu, as coisas seguem um pouco diferentes.
-Não faz isso comigo – comecei a rir. Ele me encarava sem entender.
Um ataque de risos
Em uma discussão séria.
Só podia ser brincadeira, .
-Esta debochando dos meus sentimentos, ? – ele juntou as sobrancelhas, sinal claro de que não estava contente com aquilo.
-N... Nã... Não – continuava rindo, por mais que eu quisesse (e tentasse) parar, não conseguia de forma alguma.
-Sério? – ele riu sem emoção e balançou a cabeça se levantando – não achei que você fosse desse jeito... Nunca disse pra alguém isso que disse a você e você simplesmente fica rindo. Licença – ele passou a mão no rosto e saiu entrando no castelo.
Fiquei rindo mais alguns segundos até conseguir controlar o ataque. Perceber a merda que eu havia me metido não me agradava muito, eu estava perdida. Não sentia nada por nenhum dos príncipes, talvez carinho pelo , raiva de e respeito por ... Mas nada além disso. Me sentia culpada por ter tratado daquela forma, eu iria conversar com ele mais tarde para me desculpar e dizer a real pra ele. Nunca fui de ficar enrolando muito para dizer o que eu pensava.
E se eu tinha certeza do que eu pensava, por que fiquei tão nervosa e não disse na hora que ele falou sobre seus sentimentos?
Por que imaginar com outra pessoa me incomodava um pouco?
Era impossível alguém sentir algo por outra pessoa em tão pouco tempo.
Iria chegar em e dizer o que eu sentia e ele teria que entender. Existem mais onze selecionadas para ele conhecer, não deveria desperdiçar o tempo comigo.

~

Não conseguia pensar em mais nada, apenas em e na cara que ele fez ao ver eu “desprezando-o”. Grunhi de raiva e ataquei todas as minhas coisas no chão. O gramado que antes era apenas verde e lindo, agora estava cheio de folhas, cadernos e livros.
Revirei os olhos ao perceber que eu teria que arrumar toda a bagunça.
Levantei e comecei a pegar tudo, quando percebo que havia alguém me ajudando. Quando olho pra frente, sorrio sem mostrar os dentes.
Era .
Não era exatamente quem eu precisava ver, mas valia a pena. Estávamos nos dando bem.
-Eu prefiro pensar que você não surtou e jogou tudo no chão – ele sorriu se levantando e colocando tudo aonde eu estava. – dia difícil?
-Sim – respirei fundo – obrigada por me ajudar.
-Que isso. – ele sorriu novamente e se sentou ao meu lado – Também estou em um dia estressante.
-Quer falar sobre isso?
-Acho que você não vai gostar muito – ele deu de ombros.
-Eu posso apenas ouvir e ficar quietinha – olhei pra ele sorrindo – sou ótima ouvinte.
-É estressante – ele soltou, depois de alguns minutos em silêncio – toda essa reunião diária com o conselho para decidir sobre milhões de vidas inocentes que apenas querem viver tranquilamente.
-Você não divide o fardo com seus irmãos? – perguntei.
-Não permitem... Eu sou o próximo da linha de sucessão. Eu estou sendo treinado.
-Você pode pedir que eles cumpram com algumas exigências sua – olhei pra ele vendo-o ficar confuso – você é o próximo Rei de Avallon, deve ter algumas regalias... É só você exigir. Seus irmãos podem te ajudar.
- me mataria se eu o colocasse na sala de reuniões.
-Tem um em específico que ia amar te ajudar – olhei pra ele sugestivamente, vendo-o ficar pensante. – você consegue fazer isso, .
-Você é um gênio – sorri ao ouvir aquilo – se der certo, não só eu, mas também , iremos ficar agradecidos pelo resto de nossas vidas. Será mais leve para mim e mais animado para .
-Com certeza vai – sorri e olhei para frente. O sol estava quase se pondo.
-Quer ver o pôr do sol mais lindo da sua vida? – o encarei confusa, mas prontamente preparada para ver aquele magnífico pôr do sol – vem comigo – pegou em minha mão e saiu em disparada ao celeiro.
O segui tropeçando em tudo que via pela frente, tenho certeza que ele estava se programando para ir ver o pôr do sol assim que saiu do castelo, porém, só parou para me ajudar e acabou tendo que obrigatoriamente me convidar. Quando Anchor me viu, ela ficou toda animada, sorri muito com aquilo.
O cavalo de já estava pronto, o que só confirmou a minha teoria.
-Se importa de ir no meu cavalo junto comigo? – ele perguntou coçando a cabeça – iremos perder muito tempo até que preparem Anchor.
-Não tem problema – ele sorriu abertamente e logo montou em seu cavalo.
-coloque o pé esquerdo aqui e segure minha mão – fiz o que ele mandou, dei o impulso necessário e logo estava atrás dele. - segure-se em mim.
Nunca tinha visto ele tão sem preocupação, se fosse algumas semanas atrás, ele estaria brigando comigo por estar correndo a cavalo, mas naquele instante, era o que ele estava fazendo
Comigo
Atrás
Fomos até o penhasco da última vez. O céu estava um tons azuis, rosa e laranja . O som do mar e das gaivotas nos davam tanta paz.
-Uau – foi a única coisa que havia conseguido dizer. Estava sem palavras – realmente é o mais bonito que já vi.
-Eu sei – e sorriu observando a imagem que estávamos tendo o privilégio de participar – cada vez que eu venho aqui e observo o sol se pondo, percebo que nunca é igual ao outro dia...
-Eu costumo pensar que o sol também tem seus momentos – falei sorrindo sem mostrar os dentes – tem seus momentos de felicidade, de tristeza, de raiva... E por mais que ele esteja em seu pior dia, ele se consegue se pôr e manter a classe... A beleza!
-É um pensamento bem viajado – ele gargalhou me dando um leve empurrão com o quadril – mas faz sentido.
-É um grande exemplo para nós – olhei para frente novamente, vendo o que era realmente classe e beleza. – devemos ser o sol.
-Não somos tão bonitos – o encarei rindo. Ele estava piadista, então?
-Altezas, com certeza não devemos comparar a sua beleza com o majestoso Sol. Mas garanto que você pode se sentir bonito o suficiente para ser o Sol. – ele me encarou sorrindo sem mostrar os dentes, o havia deixado com vergonha. Até eu estava com vergonha.
Não acredito que disse aquilo.
-Posso dizer o mesmo a você, – sorri tímida e voltei a atenção ao céu.
Aquilo realmente era de dar paz. Todo aquele silêncio, aquele ar puro, os pássaros, as borboletas, o mar, até o vento gelado na cara era incrível. Não tinha o que reclamar.
Nunca imaginei passar pelo que estou passando aqui no castelo. Principalmente pelas coisas boas:

•Conhecer pessoas que nunca imaginei que fossem se tornar meus amigos.
•Descobrir que esses amigos poderiam me ajudar a lidar com a saudade da minha verdadeira família se tornando minha segunda família.
•Ter experiências incríveis.
•Poder tocar um piano incrível.
•Comer da melhor comida.
•Ter contato com animais.
•Poder desfrutar dos melhores cenários naturais.
•Ter em quem confiar.

Nunca que iria imaginar e eu me sentia aliviada por poder ter tudo isso em menos de quatro semanas.
Eu me sentia muito sortuda por isso.
-Está com frio? – perguntou quando viu que eu estava me abraçando. O vestido não era com mangas por conta do gesso.
-Não! – respondi prontamente vendo-o se aproximar de mim.
-Não estou com casaco, me desculpe – ele pegou minha mão e se aproximou mais de mim. Me abraçando – acho que calor humano dá uma aliviada, não é?
-Oh, sim. – falei me aproveitando do abraço quentinho. Deveria me afastar, mas não conseguia.
era realmente um anjo.
Estávamos nos dando melhor do que eu imaginava. Por conta de nossas diferenças. Mas ele estava mais alegre e solto, achava aquilo muito bom. Gostava um pouco mais daquela versão mais leve do que a versão séria e sem graça.
-Daqui a pouco temos que voltar... – ele falou, depois de mais um tempo observando o seu ficando escuro e a luz da lua aparecendo – por questão de segurança.
-Tudo bem – sorri e o encarei. Ele era muito mais alto que eu e eu odiava usar salto sendo que não fazia diferença alguma. Não ficava alta o suficiente – o dia já valeu.
-Fico feliz. Vou te trazer mais vezes.
-Não vejo a hora do próximo.
EU ESTAVA FLERTANDO COM CHRISTOPHER AYKROYD?
Volta pra terra, .
Por que eu não consigo controlar a língua?

~

-Adivinha com quem eu estive hoje? – Lizzie sussurrou ao meu lado, na hora do jantar.
Não podia ser , eu ocupei o resto do dia dele. E não sabia se deveria contar. Não queria outra briga com ela.
- – ela falou sorrindo – Ele é...
-Chato? Insuportável? Irritante?
-Irritante, um pouco... Chato e insuportável? Estamos falando de ? – ela riu e me encarou – ele é uma graça.
-Cruzes – fiz careta. Ela estava mesmo falando de ?
As garotas estavam todas na mesa, o Rei e a Rainha haviam acabado de entrar e se sentarem na mesa, esperando que fossem servidos. Estava morrendo de fome.
Os príncipes chegaram logo depois.
estava impecável, como sempre. Literalmente sem nenhum fio fora do lugar.
estava com uma camisa branca e com o cabelo bagunçado.
estava com os cabelos molhados, rindo.
Céus.
Voltei a atenção para comida quando eu finalmente havia sido servida. Quase dei um pulo da cadeira.
Purê de batata com carne ao molho madeira.
E MUITO queijo.
Aquele era o prato que Eric fazia sempre para mim, era praticamente minha comida favorita. Comi tudo com gosto e saudades de casa, aquilo me trouxe inúmeras lembranças.
-A comida hoje está divina! – Ouvi alguma selecionada dizer. Concordei em silêncio. Estava mesmo.
Logo após o jantar, tentei conversar com , o mesmo me ignorou me fazendo ficar irritada.
-O que você fez pro baby ? – encostou na parede pra me provocar.
-Pergunte a ele.
-Vou perguntar mesmo.
-Então vá, fofoqueiro – encostei na parede ficando em sua frente.
-E quando eu descobrir, irei atrás de você por vingança.
-Estarei pronta pra você – sorri desafiadora vendo-o me fuzilar com um sorriso no canto dos lábios.
-Hm... Pronta pra mim?
-Céus, cale a boca – revirei os olhos colocando a mão no rosto dele e empurrando para trás.
-Você quem disse!
-Nós sabemos que não foi nesse sentido, seu depravado.
-Eu entendi nesse sentido – ele cruzou os braços, sorrindo safado.
-Então já é um problema seu.
-Adoro suas grosserias - sorri sem mostrar os dentes, aproximando o rosto perto do dele.
-Uma pena pra você, pois eu te detesto – falei pertinho do rosto dele, o mesmo revirou os olhos ao ver que não aconteceria nada do que ele planejava e vendo também eu saindo de perto dele indo em direção ao meu quarto.
-Você não presta, .
-Você muito menos, alteza.

~

-Está atrasada, ! – Summer falou antes mesmo de eu sentar na cadeira.
-Reclama com o guarda, não comigo – dei de ombros colocando meu rascunho na mesa.
-Podemos começar – Lizzie sorriu e pegou seu rascunho.
Ficamos conversando por horas, entrar em um acordo ali, era impossível. Nada estava bom para Summer, Lizzie odiava as ideias de Summer, eu não podia opinar sem ser massacrada por Summer e Lizzie, que praticamente, deixavam claro que eu não tinha voz alguma no projeto. Estava farta daquela sala.
Depois de mais um tempo, entramos em um consenso e quando eu achei que estivesse dando certo, Summer e Lizzie voltavam a discutir.
Me levantei dali e fui andando em direção a porta.
-Vai aonde?
-Comer – falei como se fosse óbvio – Vocês me irritam.
-Ainda não acabamos, – Summer me encarou com os braços cruzados. – você não vai.
-Tente me impedir, bonitinha – cruzei os braços a encarando – você pode achar que tem algum poder por aqui, mas pasmem: você não tem. Não venha me dar ordens. Você não manda em mim.
-Nem em mim – Lizzie cruzou os braços.
-Proponho uma coisa – encarei as duas – estamos em três, dá pra fazermos uma votação sempre que estivermos discutindo. Dois votos, a ideia entra; um voto, fora.
-Isso é ridícul...
-Eu voto que sim – levantei a mão.
-Eu voto sim – Lizzie levantou a mão também.
-Duas contra uma. Vencemos – olhei para Summer, que revirava os olhos bufando. – agora eu irei para a cozinha e depois para o quarto, já chega por hoje.
-Nã...
-Eu voto sim.
-Eu também – falei rapidamente junto com Lizzie, que ria. Era a minha melhor ideia, com certeza.

~

-QUE SUSTO – gritei ao trombar com em um dos corredores indo para a cozinha.
-Céus! – ele disse se apoiando na parede, se recuperando – O que você tá fazendo? Quer me matar do coração?
-Eu só quero ir na cozinha comer – falei na defensiva.
-Eu também – ele bufou.
-A gente pode ir conversando...
-Não – ele respondeu saindo de perto de mim seguindo para a cozinha.
-Você vai me ouvir – falei irritada – fui pega de surpresa, ! Coloque-se em meu lugar, imagine se alguma selecionada chega dessa forma em você! Não me culpe por agir como agir. Não queria te magoar, só fiquei nervosa, e as vezes meu ataque de risos aparece em momentos importunos.
-Eu entendo – ele falou depois de alguns minutos em silêncio – peço desculpas por ter ficado tão bravo, é que me senti humilhado.
-Me desculpe também.
- Está esquecido – ele sorriu e me abraçou.
-Posso te ajudar a achar alguma garota legal para você conhecer melhor... Não se precipite comigo. Não goste de mim – ele balançou a cabeça rindo e andou abraçado comigo.
-Já está meio tarde – e sorriu – mas eu aceito a ajuda.
-Seremos a dupla infalível desse castelo.
-Já somos. Estamos indo roubar a cozinha juntos.
-Já fiz isso antes – me gabei, me referindo ao .
-Eu que ensinei a roubar comida, mas ele é burro e conseguiu ser pego justo com você.
-Ele é meio lesado mesmo.
-Não fale assim! – ele começou a rir me fazendo gargalhar. Eu sabia que ele queria falar mal do irmão junto comigo, era apenas um charme.
Quando chegamos na cozinha, não tinha ninguém lá. Como era esperado.
-O que vamos fazer? – perguntei observando a cozinha organizada
-Não faço a mínima ideia – ele admitiu, me fazendo gargalhar da cara dele – tem algo em mente, gênio?
-Sou ótima na cozinha. – falei me apoiando na mesa – posso fazer qualquer comida.
-Ou podemos chamar alguém que nos acuda... Imagine colocar fogo no castelo?
- Ridículo! – dei um tapa em seu braço – Isso aconteceria se você estivesse no fogão.
-Hey! – ele me pegou e colocou em cima na mesa, rindo – Sou o melhor chefe de cozinha do mundo. Os ovos mexidos que eu faço são incríveis.
-Dúvido – arqueei a sobrancelha, desafiando-o. O mesmo estava próximo demais de mim. Eu não tinha condições de lidar com aquilo.
-Não duvide de um Aykroyd – ele sorriu, olhando para os meus lábios e se aproximando aos poucos.
-Ah, eu duvido sim – eu apenas ia para trás conforme ele chegava mais perto – pois os melhores ovos mexidos são os dos .
-Só acredito provando.
-Eu digo o mesmo.
-Então está apostado – ele olhou para os meus olhos quando viu que não tinha mais para onde eu ir, já que ele havia me encurralado totalmente.
Aquilo era errado.
Aquilo era muito errado.
E eu estava gostando.
-Apostado – sorri sem mostrar os dentes.
Estávamos prestes a finalmente nos beijar. Estávamos indo tão devagar. Acho que tinha medo de que eu fugisse, como da última vez. Mas eu não iria correr. Pelo menos eu acho que não.
Escutamos um monte de panela caindo no chão. Me fazendo segurar o braço de com medo do que era e o mesmo virar rapidamente me protegendo do que quer que fosse.
Quando eu focalizei o que era, meu coração gelou, achei que minhas pernas fossem ceder e eu ir bruscamente para o chão.
-Me desculpe, alteza – ele disse fazendo a reverência e pegando as panelas do chão.
-Quem é você? – perguntou desconfiado.
-Eric Schutz, alteza. O novo chefe da cozinha – ele sorriu e me encarou.
Aqueles malditos olhos azuis.

Não havia pregado o olho a noite toda, estava terrivelmente nervosa com o que havia acontecido. Eric havia dado um jeito de se infiltrar no castelo, eu sinceramente não queria pensar da forma que eu pensava, mas tinha certeza que era por minha causa.
“Mas, , ele pode ter recebido alguma proposta...”
Ele pode, sim! Mas conhecendo Eric do jeito que eu conhecia, sabia que ele não aceitaria. Ele ama Southampton. Ele não largaria o restaurante de forma alguma e ele odiava o castelo, odiava a monarquia, odiava tudo que fosse relacionado a coroa, mesmo que isso significasse reconhecimento e aperfeiçoamento na sua profissão.
Estava enjoada demais. Minha cabeça parecia que ia explodir. Parecia até que minha mão havia começado a doer
Pelo menos eu havia parado de me meter em encrencas, minha mão era menos um problema para mim.
Nunca imaginei que veria Eric tão cedo. E não sabia ao certo o que sentia... Sabia que sentia raiva pelo que ele fez pelas minhas costas, sentia mágoa pelo jeito que terminamos.
Tudo poderia ter sido diferente.
Quando me dei conta, vi Olívia, Lauretta e Taihne entrando em meu quarto, abrindo as cortinas. Observei os raios solares entrando e iluminando totalmente o ambiente escuro.
Olívia se aproximou de mim e eu virei a cabeça para ela com os olhos abertos e ela deu um pulo.
-Cruzes! - ela colocou a mão no peito.
-Bom dia – falei sem emoção.
-Caiu da cama? – Taihne perguntou em alerta.
-O que houve? – Lauretta se aproximou de mim colocando as mãos em minha testa.
-Não consegui dormir a noite toda – dei de ombros suspirando e me sentando na cama.
-Alguma problema? – Olívia perguntou, preocupada. Neguei com a cabeça. Ninguém deveria saber sobre Eric, seria arriscado.
-Você está péssima – Taihne olhou pra minha cara após eu levantar e ir para o banho. Apenas concordei e fui.
Estava tão estressada e tinha certeza que o dia não seria nenhum pouco fácil. Ter que aturar Summer e Lizzie discutindo também não me ajudaria em nada.
Hoje eu estava 100% sem paciência para absolutamente nada e nem ninguém.
Terminei o banho e fiquei esperando o horário do café. Usava um vestido simples e azul. Era um vestido muito bonito.
Havia negado a maquiagem que as meninas queriam passar em mim e o salto? Pffff, não colocaria aquilo em meus pés nem que a rainha ordenasse.
-Bom dia, garotas maravilhosas – ouvi Ben entrando no quarto enquanto eu saia do banheiro e o encarava sem emoção alguma – eu vim mais cedo pois ela sempre está atrasada, o que aconteceu hoje? – ele perguntou horrorizado.
-Não sabemos. É um milagre – Lauretta brincou fazendo todos rirem, menos eu.
-Você está péssima – Bem disse ao chegar perto de mim enquanto eu me levantava da cama depois de calças as sapatilhas. – meu Deus, você é uma anã.
-Cala a boca – falei revirando os olhos indo em direção a porta.
-Nem pensar que você vai sair desse quarto com essa cara da derrota – Ben pegou em meus braços – Olívia, coloque uma cor viva nesse rosto pálido.
-Não – eu disse e Ben sequer se importou, ele mesmo pegou a maquiagem e começou a passar em mim – o que você está fazendo? – perguntei vendo ele passando o corretivo em minha boca.
-Te maquiando.
-Isso não é aí – tirei o corretivo da mão dele e entreguei para Olívia.
-Eu sou um ótimo maquiador – ele cruzou os braços, fingindo estar ofendido. Depois que Olívia terminou ele ofereceu o braço sorrindo vitorioso, enquanto eu bufava e saía dali indo em direção a porta irritada – alguém está insuportável hoje.
-Não me obrigue a mandar você para a casa do caralh...
-Que modos são esses? – olhei para frente e vi . Era só o que me faltava mesmo.
-São os que aprendi com você – respondi bufando e tentando dar um passo para o lado tentando sair do quarto – EU ESTOU COM FOME.
-E sono – Taihne gritou do banheiro.
-E talvez TPM – Olívia falou enquanto arrumava minha cama.
-Então é melhor não mexerem comigo hoje – avisei entredentes Ben e , que se encararam e começaram a rir me fazendo fechar os olhos e me controlar para não agredi-los.
-ok – secou uma lágrima falsa e parou de rir – você tem consulta marcada com o Dr. Poirot.
-Ele que espere – dei de ombros e tentei novamente sair dali.
-Ah, claro! Poirot não tem coisas mais importantes para fazer mesmo, ele deve esperar a mademoiselle ter a vontade de ir dar a honra de ir visitá-lo, pois vai ser um favor a ele – Encarei achando ridículo aquele sarcasmo todo. Ele estava praticamente me chamando de mimada e convencida e a última coisa que eu era, era isso.
-Eu te odeio – trombei nele de propósito indo em direção a enfermaria.
-O consultório é do outro lado – Ben disse receoso. Ele estava atrás de mim o tempo todo. Revirei os olhos e bufei, seguindo na frente dos dois. Não queria conversar com nenhum deles.
Chegando ao consultório, dei de cara com Denver mais um outro guarda que eu não conhecia, que se apresentou como Oliver Stone. Ele era alto e com um sorriso encantador. Tão educado que eu me sentia uma pessoa não qualificada para conversar com ele. Havia o adorado.
Eu estava adorando muitas pessoas naquele lugar.
Nota mental: parar de cair na lábia desses homens bonitos.
Dr. Poirot me atendeu rapidamente. Eetirou o gesso, recomendou algumas coisas e também marcou um retorno daqui um tempo. Pediu que e Ben ficassem de olho em mim, o que não me agradava muito.
-Eu posso me cuidar sozinha, doutor – sorri amarelo vendo Ben e se encararem e caírem na gargalhada – algum problema, senhores?
-Você não sobrevive um dia sem ajuda de alguém – falou cruzando os braços.
-Isso é fato – concordei vendo-o prestes a se vangloriar por ter feito eu concordar, mas logo cortei – mas sem a sua ajuda, eu sobrevivo.
-Não vai querer me desafiar a essa altura do campeonato, não é?.
-Vai fugir? – arqueei a sobrancelha.
-Nunca – ele se virou para mim da mesma forma.
-Isso não me parece uma boa ideia – Dr. Poirot resolveu se pronunciar diante a situação.
-Uma competição amigável, Dr. – Ben sorriu e bateu 'levemente' em minhas Costas – caso aconteça algo, o senhor consegue consertar.
-Benjamin, você está me saindo um belo de um arreliento.
-Você viu o que eu sou submetida a passar, doutor? – falei me levantando da cadeira apontando para os dois – não me culpe por aparecer aqui depois de machucar eles.

~

-Poderia então me conceder a honra de passar o d...
-Não – logo o cortei sem nem encara-lo. Estava com muita fome e teria que tomar café com ele ou no quarto. Optei pela segunda opção.
-Esta com medo de perder? – ele riu provocando.
-Só não estou afim de me estressar ainda mais. – parei na frente do meu quarto o encarando – aliás, você não tem coisas de Príncipe pra fazer?
-Tenho – ele sorriu sem mostrar os dentes – mas não sou obrigado a fazer nada agora, então eu deixo para depois.
-Que sorte – disse irônica – pois eu tenho coisas de Selecionada para fazer, então não me atormente.
- se importando com os afazeres?
- se importando com o estado mental dela e o poupando de tanto estresse com você.
- com medo.
- odiando Aykroyd.
-Passo aqui às 14. Não me deixe esperando – ele sorriu me ignorando e saindo. Me deixou completamente sem resposta.
Ben me encarava com um sorrisinho culpado, esperando que eu ficasse de bem com ele. Mas ele estava muito enganado, eu estava o odiando também.
Revirei os olhos e entrei no quarto o deixando para fora. As meninas não estavam lá, ou seja, eu teria de descer até a cozinha para conseguir comida. E a última coisa que eu queria, era encontrar Eric. Me joguei na cama respirando fundo e tentando não surtar
Resolvi escrever para ver se o tempo passava e eu pudesse me livrar da fome através da distração. Até que estava dando certo. Lembrar que havia um novo chegando me dava ânimo. Meu sobrinho ou sobrinha não tinha como aparecer em momento melhor.
Se eu tiver sorte, terei sido expulsa do programa antes mesmo dos oito meses chegarem.
Ouvi a porta se abrindo, tinha certeza que era uma das meninas, então nem olhei.
-Isso aqui é meu acordo de paz com a minha selecionada preferida – ouvi a voz de Ben e me virei pra ele pronta para xinga-lo. Ele estava com uma bandeja com café da manhã. Tentei conter o sorriso e consegui por um momento – ah, qual é?! Tenta fazer uma carinha mais bonita, eu te trouxe café!
-Não fez mais do que sua obrigação.
-Você é uma sádica louca e do mal.
-Eu sei – sorri e corri pra cama. Estava com muita fome.
Ele ficou no quarto junto comigo, deitado na cama me vendo comer e conversando comigo sobre diversos assuntos. Por mais que ele fosse um sádico louco e do mal, ele ainda era meu amigo.
-Está passando fome? Uma selecionada com classe teria demorado no mínimo quinze minutos para comer tudo isso.
-Se vocês não tivessem me impedido de comer, talvez eu não precisasse comer dessa forma. Mas achei que você tivesse aceitado o fato de eu não ser como as outras.
-Megera – ele atacou um papel amassado na minha cara me vendo gargalhar

~

-Vocês tem certeza que é assim que vai ficar? – Lizzie perguntou receosa vendo o final do nosso esboço para a apresentação
-É claro que sim! – Summer respondeu sorrindo observando também.
-Quem vai criar os slides? – perguntei – eu faço as miniaturas.
-Eu faço os slides – Summer sorriu -Eu passo para o computador e imprimo o discurso final – Liz sorriu sem mostrar os dentes – amanhã nos juntamos e ensaiamos para a apresentação.
-Vai sair perfeito – olhei pra Summer, ela não era completamente uma megera quando estávamos todas de acordo com as coisas
Estava ansiosa. O resultado do nosso trabalho não estava tão ruim. Trabalhamos bem juntas, por mais que não seja fácil lidar com ambas as três.
As diferenças é que faziam a gente dar certo. E confesso que depois de muito esforço, Summer demonstrou que não era uma monstra, mas é claro que passou rápido. Nós três éramos insuportáveis.
Depois de mais alguns minutos conversando com as garotas, decidi ir procurar alguém que pudesse me ajudar com informações para montar o projeto em miniatura. No escritório em que estávamos tinha um computador com impressora, então Summer ficou com Lizzie.
-QUE DROGA, – gritei assim que fechei a porta e dei de cara com ele, de braços cruzados me encarando.
-Você pensa que vai me dar um bolo assim?
-Estou ocupada, eu te avisei – comecei a andar deixando ele lá atrás, mesmo sabendo que ele me seguiria.
-Marquei um horário pra você na minha agenda.
-Bom – fingi abrir uma agenda imaginária e fingi também estar foleando ela até “encontrar” alguma coisa – não tem horário para você na minha agenda... Uma pena. Tchauzinho, bom dia!
-Você é tão engraçadinha – ele riu sem humor e continuou me seguindo – você ainda está brava comigo por hoje cedo?
-Você não me afeta, Aykroyd. – respondi simplesmente, virando pelos corredores, me dando conta que havia me perdido completamente.
-Então tem como me tratar sem ódio?
-Não.
-Vou ignorar o seu mau humor e ignorância e passar o dia com você sem nenhum acidente. O que posso lhe ser útil? – bufei parando de andar e o encarando. Ele era inconveniente demais
-Não te conheço muito, mas sei que você não é assim. Principalmente comigo. Não nos suportamos – arqueei a sobrancelha – não me venha com esse papinho, pois eu não caio nele. O que você quer?
-Nossa, como você é grossa! – revirei os olhos – e esperta também. Estou fugindo da Coroa, preciso de distração e se eu estou fugindo da Coroa, eu preciso de uma boa razão, no caso, uso as garotas da seleção.
-Você é nojento – fiz careta enquanto ele dava de ombros – e não vai me usar.
-Eu só estou unindo o útil ao agradável. Vou me casar com uma de vocês e duas se tornarão minhas cunhadas. Eu preciso mesmo conhecer todas.
-Eu volto a repetir que não nos suportamos, vá usar outra selecionada. – voltei a andar. Nunca tinha ido para aquele lado do castelo.
-As outras Selecionadas vão tentar me conquistar, vão fazer coisas fofinhas e tentar fazer eu me apaixonar e quase dizer “me escolhe!”... – o encarei com a expressão de “e?” – e você é a única que usa o tempo comigo para me ignorar, me tratar mal e ser grossa.
-isso é algum tipo de fetiche? – ele gargalhou.
-Talvez.
-Céus, você é um tarado.
-Você entendeu o que eu quis dizer? – ele disse após rir – você é a única que não vai tentar nada comigo.
-Não vou mesmo.
-Isso não quer dizer que eu seja tão ruim assim, eu sei que sou irresistível e...
-Oh, céus – bati na testa – começou...
-então... – ele sorriu e me olhou – você topa? -Achei uma proposta interessante, pensarei no assunto sobre ser sua Selecionada favorita.
-Você é tão presunçosa

Meu grupo era o último a se apresentar na frente daquele monte de gente, inclusive do Rei Roger. Não imaginava que ficaria nervosa para nossa apresentação. Mesmo porque eu não ligava, mas elas duas ligavam e estavam tão nervosas quanto os outros grupos, não queria decepcionar Lizzie. Por mais que ela tenha sido completamente rude comigo hoje horas antes da apresentação, super grossa e ignorante, queria que aquela apresentação fosse incrível para ela e que nosso desempenho fosse tão bom, que conseguiríamos que nossa proposta fosse aceita.
Já tinha decorado todas as minhas falas, Summer e Lizzie falariam tudo, eu falaria apenas o básico, por mais que Lizzie fosse minha amiga, ela me subestimava de uma forma quase que imperceptível.
Não era tola ao ponto de não perceber que Lizzie começou a ficar um pouco mais do lado de Summer, que provavelmente deve ter me chamado de um tudo sobre ser ignorante no assunto, apenas por elas saberem mais sobre estes festivais do que eu. E realmente era verdade, não sabia muito sobre festivais, mas não significava que eu não sabia fazer um trabalho formidável diante aquela situação.
Deixarei que elas façam tudo, não me importava com aquilo, de qualquer forma.
Só conseguia ver a dinastia ali, esperando por um deslize de cada uma, aquilo me irritava.
Sem querer, meu olhar se cruzou com , o mesmo queria me dizer algo, mas eu virei a cara, eu estava com raiva dele. Nosso encontro no dia passado foi um completo fiasco. Só sabia sentir raiva.
Saí de fininho e fui diretamente para um banheiro, me olhei no espelho e estava tudo bem. Mas por que eu não me sentia bem?

"-Como você quer fazer isso? - ele perguntou se jogando em minha cama enquanto eu carregava tudo sozinha.
-Quero fazer de preferência sem você me atrapalhando, então some – apontei para a porta. As meninas não estavam no ambiente pelo fato da apresentação amanhã, elas estavam preparando o meu vestido.
-, você me trata tão mal. - ele fez biquinho, me fazendo revirar os olhos, bufando. Coloquei todo o isopor, tintas, massinhas e cola no chão, me sentando no tapete fofinho e começando meu esboço. Amava arte, estava no céu fazendo aquilo. - Eu posso te ajudar.
-Eu não quero que você me ajude
-Mas eu quero te ajudar.
-Você faz parte do júri amanhã, acha mesmo que vou querer que minha maquete maravilhosa seja desmerecida simplesmente porque você vai colocar suas mãozinhas nela? Nunca!
-Ninguém vai saber que você recebeu minha ajuda.
-Eu vou e quero ganhar por mérito, então suma daqui – Continuei fazendo os modelos para a maquete.
-Então ficarei aqui te observando até terminar – bufei novamente, sabia que discutir não iria me levar a lugar algum.
Enquanto fazia a maquete, andava de um lado para o outro, mexendo em tudo que podia. Apenas ouvia o mesmo mexendo nas coisas. Se existia mesmo pessoas hiperativas, Aykroyd era o primeiro da lista. Ele pegou minhas fotos com minha familia e começou a perguntar quem era quem, o que me tirava a concentração.
-Seu irmão realmente é um fofo – ele comentou vendo a foto em que estou abraçada com Kurt, ele estava dando risada por causa das cocegas que sentia. - Preciso conhece-lo.
-Fique longe dessa criança, – Avisei tirando a foto de sua mão e colocando-a de volta no lugar.
-Por que? Ele gosta de mim e eu gostei dele.
-Não. - Encarei-o rindo – ele gosta do , você é o primeiro príncipe que foi legal com ele, então ele gosta um pouco de você.
-Consigo fazer ele me tornar seu preferido rapidinho – ele disse presunçoso, pegando o quadro que eu estava com Kiara no bosque, no dia do casamento de Kira. - Essa é quem?
-Minha irmã mais nova – respondi tirando também de sua mão.
-Gata – o encarei querendo dar um tapa. - Mas você não se parece com ela, ela é bem mais bonita.
-Eu sei – sorri falso tentando tirar o quadro em que estava com Kira, Kiara e minha mãe.
-Uau – Ele elogiou, eu tentava tirar, mas ele era tão mais alto que eu, que eu apenas tentava tirar de suas mãos aos pulos, mas ele só levantava o braço que eu simplesmente nunca iria conseguir – Me apresenta.
-Claro – falei irônica sorrindo – a da esquerda é a que não quer nada com você, a da direita também e as duas do meio são as que não são para o seu bico.
-Outch – ele colocou a mão no peito, fingindo estar mal com a resposta, me fazendo dar um quase sorriso – Suas irmãs são lindas.
-São mesmo – sorri olhando para a foto – essa é a minha mãe – apontei.
-Achei que fosse sua irmã gêmea - revirei os olhos colocando a foto de volta no lugar - é sério.
-A gente se parece mesmo – sorri sem mostrar os dentes, sentia tanta falta deles.
-Ora ora, anda guardando fotinhas do namoradinho de Southampton - Meu coração gelou. Era minha foto com Eric.
-Largue isso – ordenei, em vão. – .
-Relaxa, . - ele sorriu safado pra mim - não conto pra ninguém que você nutre sentimentos pelo ex.
-Ele não é meu ex!
-Ok – ele levantou as mãos se rendendo – o atual, então.
-Não me faça te agredir, – avisei, estava realmente brava. - Este é meu único amigo desde pequena.
-Certo – ele se rendeu, colocando a foto de volta no lugar. - Fica calma, .
-Estou calma.
-Parece que conheço esse cara – Tirei rapidamente a foto de suas mãos.
-Claro que não conhece, nunca foi pra Southampton e ele também nunca veio pra cá! - falei na defensiva. - Você conhece muita gente todos os dias, deve estar confundindo.
-É, tem razão... Mas ainda acho que já vi esse cara.
-Deixe de ser besta – voltei rapidinho para o chão, onde minha maquete estava me esperando.
-Não costumo errar em minhas paranoias - ele se sentou ao meu lado, segurando a roda gigante na mão. - uau, isso é demais. Vocês realmente pensaram grande.
-Acha que vão gostar?
-Nem está pronto ainda e eu estou adorando – ele sorriu sem mostrar os dentes. - Posso ajudar em algo?
-... - falei olhando pra cima e respirando fundo - já falei que não por motivos óbvios. Você tem que entender.
-Eu entendi perfeitamente...
-Que bom! - interrompi ele, voltando a atenção para a maquete que estava praticamente pronta. Só faltava colar a roda gigante.
-Eu entendi perfeitamente que você é uma garota mimada que só quer as coisas do seu jeito e é orgulhosa o bastante pra não aceitar a ajuda de ninguém.
-Você não disse isso! - Apontei pra ele com o pincel cheio de tinta vermelha. Estava completamente ofendida – Retire o que disse.
-Disse sim e não, eu não retiro.
-Não sou mimada e muito menos orgulhosa – respondi na defensiva apontando o dedo em sua direção - Quem está sendo mimado aqui é você que não aceita que eu não quero e nem preciso de sua ajuda para absolutamente nada.
-Isso tem a ver com a nossa aposta na enfermaria? - dei de ombros, claro que tinha a ver com a aposta de hoje mais cedo.
-Isso tem a ver comigo e meu grupo, você não vai encostar nessa maquete pois quero ganhar por mérito.
-Como sabe que vai ganhar? - ele perguntou rindo.
-Confio no meu taco – sorri com a sobrancelha arqueada – Agora vá fazer suas coisas de príncipe e me deixe em paz.
-Coisas de príncipe incluem passar parte do dia com Selecionadas... - Ele disse sorrindo safado, se aproximando de mim, que tentava o máximo se esquivar dele.
-Pois saiba que a Selecionada aqui, não quer passar um segundo sequer com você - senti a cama batendo em minhas costas, ele estava perto demais, de forma que eu não conseguiria me esquivar de forma alguma. -, eu vou denunciar você ao seu pai por assédio.
-Já está amigona do sogrão, então? - Fuzilei-o com o olhar, com raiva daquele tom debochado dele.
-Que sogrão o que! - respondi na defensiva tentando empurra-lo.
-Não fuja do seu destino, todos nós sabemos que você será a próxima princesa de Avallon – queria esgana-lo, JAMAIS seria uma princesa. Aqueles olhos claros estavam cada vez mais próximos de mim, estava vendo bem de perto aquelas covinhas e a barba por fazer, que com total certeza, eram o seu charme.
-Mas que saco! Estou exausta de passar por essas situações com você! - o empurrei com tudo, o mesmo se sujou todo de tinta vermelha e ainda por cima, sujou a maquete.
-Se você fosse mais calma, nada disso teria acontecido! - ele respondeu nervoso, ao ver toda a bagunça.
-MEU TAPETE! - Gritei com ele, lhe dando tapas em todos os cantos possíveis - MINHA MAQUETE!
-MEU ROSTO, MINHA ROUPA! - ele ironizou, imitando minha voz. - Isso foi culpa sua.
-Ah, pronto! - comecei a rir – agora a madame vai se fazer de desentendida e de sonsa.
-Eu só estava vendo o que você ia fazer se eu chegasse perto demais.
-Não, . Admita que você esta caidinho por mim que tenta de todas as formas tirar um beijo de mim – pronto, falei. Podia parecer pretenciosa demais, mas era o que parecia. Em todos os lugares, em todo tipo de situação, tentava se aproximar de mim com segundas intenções.
-Ah, pronto! - ele colocou as mãos na cintura – agora a madame está se achando a desejada!
-Não estou me achando – o encarei colocando as mãos na cintura – eu sou desejada sim, principalmente e unicamente por você, que não aguenta ficar um minuto longe de mim sem tentar me agarrar
-O seu problema é que você é presunçosa demais, – ele apontou pra mim, com seu dedo todo sujo de vermelho, junto com seu rosto perfeitinho. Ele estava engraçado demais. - Qual é a graça?
-Céus - me joguei na cama rindo. - não acredito que valeu a pena sujar tudo e estragar minha maquete por isso.
-Eu te odeio – ele resmungou caminhando até a porta se virando pra mim, que suspirava e secava uma lágrima depois de rir tanto - você não se livrou de mim. Tem uma hora pra arrumar seu projeto e me encontrar lá embaixo.
-Ah, tá! - levantei e fui tirar a maquete do chão e da sujeira toda. Eu realmente estava chateada por causa do tapete.
-Estou falando sério. Você vai pagar caro por isso. - coloquei as mãos na cintura apenas observando a madame resmungando – irei te levar pra ver Nala.
-O que? - quase gritei. Nala me odiava – ela me odeia! - quase gritei, quis mata-lo quando vi o mesmo com um sorrisinho no canto dos lábios. - Eu te odeio.

~

Estava totalmente emburrada, ao descer até o hall do castelo. por pouco não estraga totalmente minha maquete. Porém, meu tapete... Sentirei falta dele. Não admitia a forma que levava as coisas, ele era um bruto. Se aproveitava do seu poder para me obrigar a fazer as coisas. E EU AINDA ME SUBMETIA A FAZER O QUE ELE QUERIA.
Lá estava ele, de óculos escuros e todo badboy. Sentia ainda mais ranço dele por ele ser incrivelmente bonito e nem fazer muito pra isso. Entendo completamente as Selecionadas que tinham ele como preferido, não as julgava mais.
-Que bom que não precisei ir busca-la em seus aposentos – ele sorriu sem mostrar os dentes. Apontando discretamente com a cabeça para o homem com uma enorme câmera apontando para nós, ao se abaixar para beijar minha mão - Vamos?
-Se você tivesse estragado minha maquete, eu desceria aqui com ela e atacaria em sua cabeça - falei entredentes, sorrindo. Havia câmeras nos rondando. - Claro que vamos – aceitei seu braço e falei em seu ouvido discretamente: - você é idiota?
-Posso saber o motivo da ofensa desta vez? - ele deu risada, disfarçando. Quem nos conhecesse de verdade, saberia que aquilo tudo era só encenação.
-Tem um cara nos seguindo com uma câmera, quer mesmo levá-los até Nala?
-Eu falei para Ben e meu guarda pessoal ficarem atrás de nós e também ficarem de olho em todos os paparazzi reais – ele acenou para o homem que sorriu para nós - irei pedir privacidade a ele, mas é claro que ele não irá nos dar. Espere aqui – vi o mesmo indo falar com algum guarda.
-Não seja por isso – fiquei sentada em um banco do jardim, esperando . Vi o tal do homem chegando mais perto de mim, que me encarou estranho e parou de usar a câmera.
-Mademoiselle – ele se curvou, olhando diretamente para meus peitos e depois voltou o rosto para minha face - é um prazer te conhecer.
-Obrigada – respondi sem mostrar os dentes, mas sendo totalmente simpática com ele. O mesmo pediu para tirar uma foto comigo, que aceitei. O mesmo se aproximou demais de mim, segurando demais pela minha cintura. - Pronto, o senhor já tem sua foto. Já pode me largar – me soltei dele totalmente desconfortável com a situação.
-Obrigado, senhorita. É uma honra conseguir falar com você - ele disse encarando novamente meus peitos. Aquilo estava me irritando.
-Perdeu alguma coisa aí, senhor? - perguntei vendo-o rir de nervoso.
-Desculpe-me, Senhorita. - ele respondeu coçando a nuca - é que você realmente é uma mulher muito... Muito... - ele fazia sinais com as mãos, se referindo ao meu corpo – muito robusta, volumosa.
-Quem é robusta? - perguntou atrás do rapaz, encarando ora o homem, que se curva e beija sua mão e ora pra mim, que encarava o homem com nojo.
-Alteza, é uma honra te conhecer, finalmente.
-Aham, ok – se eu não estivesse tão inconformada com a audácia daquele homem, eu teria rido da forma que havia o tratado, mas eu apenas encarava-o pronta para atacá-lo – agora vocês podem me dizer qual era o assunto? Gostaria de estar no assunto também.
-É. - cruzei os braços olhando para o homem, que riu de nervoso – Diga para o Príncipe do que falávamos.
-Estávamos falando sobre... - ele me encarou suplicante, me fazendo semicerrar os olhos para ele. Conhecia aquele tipo de homem e odiava todos eles – sobre como as flores do castelo estão robustas e volumosas, não é? - comecei a rir sem humor algum. Só podia ser brincadeira.
-É homem o suficiente para me ofender mas não é homem o suficiente para assumir os atos? - coloquei a mão na cintura, dando um passo à frente ficando cara a cara para o homem. agora parecia estar entendendo o ocorrido e sua cara estava totalmente carrancuda. - Diga o que você disse para mim, safado, pervertido, nojento! - naquele instante estava me segurando pela cintura, provavelmente eu já teria voado no pescoço do energúmeno.
-Do que ela está falando, cara? - me colocou atrás dele. Àquela altura, já tinha chamado atenção de Ben que estava mais perto de mim, atento.
-Eu apenas a elogiei, alteza – o homem se defendeu – ela se sentou ali no banco, com esse decote... Aceitou tirar a foto que eu pedi para tirarmos, ela estava se insinuando toda... Não queria trair a coroa, alteza. Eu apenas a elogiei.
-É sério? - se virou pra mim, confuso.
-Ah, pronto – comecei a rir, passando a mão no rosto – se enxerga, né. Desde quando usar decote significa estar se insinuando? E outra, desde quando você se acha tão convencido de que EU daria algum tipo de moral pra você? Se toca, cara. JAMAIS ME ENVOLVIRIA COM UM EMBUSTE DESTE. Fora que você é feio de dar pena, inventar desculpas é um modo de aumentar a estima?
-Chega, . - Ben segurou meu braço tentando me tirar dali. estava com a mão na testa. Ele sabia que aquilo viraria um escândalo.
-Chega nada! - olhei pro homem que estava com uma cara de poucos amigos pra mim. - Você tem sorte de estarmos dentro do castelo, porque se fosse lá fora, você já teria levado uma surra. Babaca.
- – Ben me cutucou, estava com os olhos arregalados para mim, assim como o homem.
-Surra? - o homem riu dando uma tapinha 'camarada' em , que o encarou sem entender tamanha folga – olha lá, alteza, a mocinha acha que consegue bater em homem...
-Eu poderia deixar que a 'mocinha' te desse a surra pra você ver que não é apenas uma suposição - tomou a palavra - porquê você merece. Mas, como ela é minha Selecionada – ele me olhou dando uma piscadinha - não permitirei que ela suje suas lindas e macias mãos em um porco como você.
-Desculpe, alteza – o homem gaguejou dando um passo pra trás.
-Aprenda como tratar uma mulher antes de ousar pisar no castelo e principalmente, antes de falar comigo ou com Cendrowski novamente – chegou bem pertinho dele e lhe deu um soco na barriga. Fiquei totalmente chocada com tal ato, não esperava por isso. Ben parecia já estar esperando por aquilo. O mesmo já estava a posto para tirar o homem dali, junto com o guarda Oliver, que estava com Denver na enfermaria outro dia, e que descobri que era o tal guarda/melhor amigo de . - Obrigado, soldados. Estaremos indo para nosso destino. Quero um relatório desse homem, conversarei com o Rei e meus irmãos ainda hoje à noite sobre ele.
-Sim, senhor – Oliver acenou com a cabeça e sorriu pra mim – relaxa, madame. Ele nunca mais vai te incomodar.
-Se me incomodar novamente, vai levar socos piores do que lhe deu.
-Não duvido – ele gargalhou indo atrás de Ben e me deixando com , que continuava carrancudo até o homem sumir de nossas vistas.
-Vamos logo – ele saiu na frente. Nunca tinha o visto tão bravo assim. Até tentei fazer alguma piada, mas ele nem deu bola.

( Coloque para tocar)

Fomos o percurso todo em silêncio. Ele estava pensativo demais e eu estava grata por ele ter me defendido daquela forma. Queria agradece-lo, mas não sabia como. Ele não me dava abertura alguma. Quando chegamos no esconderijo de Nala, ele correu para abraça-la, a mesma correu até ele o recebendo toda calorosa. Até os filhotes dela já estavam grandes, os bebês também fizeram uma recepção calorosa para , e assim que me viram, correram em minha direção, pulando e me lambendo. Nala me ignorou por completo e rosnava sempre que chegava perto demais.
Depois de muito tempo em silêncio, com um muito quieto (Que descobri que não gostava dessa versão, por mais que implorasse por ela na maioria do tempo), Nala ficava colada com ele, enquanto seus filhos, me derrubaram no chão e deitaram todos em cima de mim. Agora todos dormiam, e só era audível a respiração de todos os presentes.
-Obrigada – falei fazendo carinho no pretinho que estava no meio de minhas pernas.
-Pelo que? - ele respondeu sem olhar pra mim.
-Pelo que fez hoje – dei de ombros – por ter me defendido.
-Faria isso por qualquer uma – respondeu dando de ombros.
-É muito bom saber que você não é um babaca cem por cento do tempo. - Me senti aliviada por ter conseguido tirar uma risada dele.
-Mereço um prêmio - pronto, o nosso já estava de volta. O tom malicioso e o sorrisinho safado já estavam ali.
-Você não fez mais do que sua obrigação.
-Não sabia que defender você era uma obrigação - ele foi até mim e se sentou do meu lado.
-Sua obrigação é não permitir que homens babacas continuem tendo atitudes babacas e desrespeitando as mulheres.
-Tenho que concordar. Eu não suporto ver gente escrota, subestimando e tratando as mulheres dessa forma. Principalmente quando é com quem eu gosto. - ele passou a mão no rosto se lembrando do que havia acontecido – Vontade de mandar pra forca.
-Eu teria dado um jeito nele se estivesse lá fora – ri me lembrando de todos os caras que já agredi no restaurante de Jordan - você não tem noção do estrago que essas mãos podem fazer.
-Você estava falando sério então? - ele gargalhou.
-Claro que estava – ri olhando pra ele – trabalhava em um bar/restaurante, caras bêbados viviam levando um cassete e caras sóbrios saiam de lá correndo. Meu cunhado e meu amigo tinham que me tirar de cima deles.
-Devia ter deixado você agredir esse, então - ele sorriu e me olhou. Desta vez nós estávamos muito próximos. Ambos nos encarávamos e ambos sorríamos. - Eu te odeio, .
-Mas o que eu fiz?
-Está me seduzindo – ele estava chegando cada vez mais perto, aqueles olhos azuis, aquele cabelo desgrenhado, aquela barba por fazer e aquele cheiro surreal de tão cheiroso, estava me deixando nervosa. Não conseguia raciocinar. - E o pior é que você nem percebe. - Não sabia o que responder, estava focada demais naquele sorrisinho e naquele olhar. E cada vez que ele ia chegando mais perto, meu estômago ia no pé. Sentir aquelas mãos tocando suavemente meu rosto, não me permitia sequer respirar. Só podia ser brincadeira.
Ele dividia o olhar entre meus olhos e minha boca. Grande parte de mim queria dizer para ele parar, o chutar de perto de mim, mas uma pequena parte, queria que aquilo acontecesse. E era irônico, porque era ela que falava mais alto. Senti seu nariz encostando no meu, fazendo eles se roçarem. Parecia que tinha cinquenta elefantes fazendo acrobacia em meu estomago. Até que seus lábios tocaram os meus. Naquele instante, por mais irônico que parecesse, tudo se acalmou. Não existia mais elefantes ou borboletas, apenas eu e o cara que eu mais brigo no universo, se beijando. Em uma sincronia perfeita.

~

Voltei para lá e era a vez de meu grupo se apresentar, foi engraçado ver todo animado com aquilo. As meninas começaram a falar assim que o slide começou a passar.
-Summer e eu falaremos tudo, deixe com a gente - olhei pra Lizzie com a sobrancelha arqueada. Mas a deixei ir, dando de ombros.
-Tendo em mente que é o 500° aniversário de Avallon, queríamos que fosse uma retrospectiva de tudo. - Lizzie disse - Roda gigante, show de fogos de artifício, o desfile da nossa independência.
-Mas isso não é nada diferente do que costumamos fazer - um dos homens do conselho falaram no meio da apresentação.
-Queremos manter nossas origens - Summer se pronunciou. - Só que uma versão mais épica. Gostaríamos de abranger a festa para sabermos mais sobre a cultura de casa cidade de Avallon. Essa é uma de nossas propostas. , mostre-nos como ficará a festa inteira - caminhei até onde estava a maquete e tirei o pano branco dela. Dando visibilidade a roda gigante, as barraquinhas de cada evento que poderá a vir acontecer, desde a degustação de vinho, até shows de cantores locais e famosos. Uma barraca de circo para as crianças, um tipo de barraca para adultos assistirem a curtas metragens de um certo tipo de província de Avallon. E muito mais.
-Cultura? - uma selecionada perguntou me fazendo revirar os olhos.
-Cada cidade de Avallon tem uma história, uma coisinha diferente para ser apresentada para Avallon inteira. - Summer prosseguiu.
-Isso é bem interessante e inovador - a rainha comentou se levantando. Técnica da intimidação, já havia me dito sobre, estava esperta. - Mas vocês não acham que estão pensando alto demais? - Lizzie engoliu seco sem ter uma resposta.
-Achamos que a senhora quisesse algo novo, propostas novas - Summer respondeu, sorrindo. - Estamos lhe dando nossas ideias.
-Sim, querida. Sinceramente, amei muitas coisas - ela sorriu para Summer - Mas a festa de Avallon nunca foi tão aberta como vocês propuseram agora. O povo era mais... bem, seleto. - E por fim, quando ela finalizou a frase, me encarou.
-Eu falei pr... - Summer começou a dizer, sendo contida por um leve soco vindo de Lizzie. Ficando então, sem resposta.
-Creio que Avallon não seja composta apenas por pessoas importantes e respeitáveis. - Tomei a voz. Dando um passo à frente. Vendo-a me encarar esperando por um deslize meu - Muito pelo contrário. Todos os dias vemos alguém sofrendo preconceito e sendo inferiorizado, a monarquia prega que a Condição não existe mais e que somos todos iguais, mas quando chega em momentos importantes da nossa história, por exemplo, pessoas "de condição baixa", são excluídas. E se o próprio castelo não respeita a própria lei, você acha mesmo que o povo mais "seleto" vai, majestade? - sentia todos os olhares sobre mim e escutava os cochichos junto com espanto de algumas pessoas por eu ter basicamente desafiado a Rainha. Lizzie tentou me cutucar igual fez com Summer, mas isso não funcionou. Sinceramente, não dava a mínima. estava com os olhos arregalados de forma que demonstrasse que estava surpreso, tinha um leve sorriso nos lábios, roía as unhas, atento a situação toda. Ben balançava a cabeça negativamente e escondia o rosto, Robin estava com os olhos arregalados e eu via as rugas que ela odiava e dizia que eu era a única pessoa que fazia ela aparecer.
-Nossa festas nunca foram abertas ao público, totalmente. - A rainha respondeu, sem perder a pose - mas não acredito que isso seja exclusão. O povo avallonês tem que aprender que não podem ter tudo.
-Avallon está fazendo aniversário, né? - perguntei com o famoso deboche na ponta da língua com a sobrancelha arqueada - e a senhora acha que estamos progredindo com grandes evoluções ou regredindo com atitudes e pensamentos como esse?
-Ótima apresentação, garotas. Podem se sentar - Robin percebeu que a rainha havia ficado sem resposta alguma, então se pronunciou. Ainda ouvia e sentia os olhares e cochichos do que havia acabado de acontecer. - Obrigada, podem deixar tudo do jeito que está, iremos avaliar a proposta de cada uma novamente... Com mais calma.
-Adoro cada ideia que vocês tiveram - o rei sorriu nervoso, ajustando o colarinho do terno ao ver que a rainha havia voltado para seu lugar, com uma cara nada agradável. - Iremos anunciar as vencedoras daqui uma hora.
~ -SE EU FOR EXPULSA POR CONTA DA SUA BOCA GRANDE, , JURO QUE IREI FAZER VOCÊ SER MINHA ESCRAVA PARA O RESTO DA SUA VIDINHA PATÉTICA! - Mia gritava andando de um lado para o outro ali mesmo no saguão onde ocorria a grande reunião. Todas as Selecionadas estavam ali, inclusive, todos os nossos guardas. A corte real saiu de lá para uma outra reunião.
-Estou morrendo de medo – falei sorrindo ironicamente. Deixando-a bufando de raiva. Lizzie me olhava com decepção e talvez um pouco de rancor. Não a culpava. Talvez depois disso, eu fosse mandada pra casa e por consequência, elas também.
-Ela tinha que dar uma de adolescente revoltada com a nação justo na frente dos que estão à frente dela, não é? - Ouvi Lizzie perguntando para Summer, sentia o desgosto e me sentia culpada por não sentir nenhum tipo de remorso. Eu não me calaria. Nunca.
-Sério, sem noção demais – ouvi alguém dizer.
-Pelo menos agora ela vai ser expulsa e não teremos mais que competir com essa aí.
-Já vai tarde – os risinhos me irritaram de uma forma inexplicável.
-Sim, eu tinha que dar uma de adolescente revoltada com a nação injusta com o próprio povo – falei dando de ombros, antes de me virar totalmente para o canto mais afastado do saguão – Se você é minha amiga, sabe que eu não me calo diante situações desse tipo. Pode me custar a estadia nesse lugar e até mesmo meu pescoço - encarei as outras selecionadas que cochichavam sobre mim – e o que vocês dizem sobre mim não importa nenhum pouco, só seria mais agradável se fossem mulheres o suficiente de parar de cochichar e falassem na minha cara.
-Faça o que você quiser, só não arruíne com a minha vida – Mia resmungou.
Me virei e fui até o canto mais afastado sendo seguida por Ben que estava calado esperando uma oportunidade para falar. Eu queria ficar quieta com meus pensamentos, mas precisava de um comentário maldoso dele para ver se eu ria um pouco e descontraía.
-Fala logo – revirei os olhos, vendo-o suspirar e se apoiar na janela.
-Eu não sei se te admiro ou se te acho uma burra abusada.
-Que tal os dois? - Respondi olhando para o jardim. Céus, o jardim... Eu não acredito que não estaria mais no jardim mais bonito do mundo.
-Acho que te admiro e te acho abusada.
-E burra – acrescentei rindo.
-Não... burra não - ele sorriu sem mostrar os dentes. - Por mais que, na teoria, seja burrice você desafiar a rainha na frente de todo mundo, não é burrice defender o seu povo.
-Obrigada – sorri lhe abraçando. - Estava esperando repreensão de sua parte. E comentários sarcásticos e desnecessários.
-Pensei em fazê-los, mas as vadias já fizeram o bastante. - Comecei a gargalhar. - Meu pai, , e o próprio rei ficarão ao seu lado. Eles defendem o mesmo pensamento que você. Relaxe, você não será mandada embora.
-Não tenho tanta esperança nisso – dei de ombros – pelo menos irei embora de cabeça erguida.
Passou mais alguns minutos e então a Corte Real entrou novamente no saguão. Ben arrumou rapidamente sua postura e eu voltei ao meu lugar. Com todos os olhares furiosos das garotas em cima de mim. Rei Roger estava sério, assim como a rainha e seus filhos. Robin começou a falar e eu não escutava nada do que ela falava.
Fui prestar a atenção quando ouvi o meu grupo sendo chamado para dar um passo à frente.
Meu coração gelou.
Agora era a hora de dar adeus à tudo.

-É com muito prazer que eu dou parabéns a vocês - Robin ia dizendo. - O grupo foi o que mais teve votos, a proposta de vocês agradou a todos. Por mais que o combinado fosse que cada grupo ficaria responsável por algo, decidimos mudar... Faremos tudo conforme o plano desse grupo aqui.
Lizzie e Summer estavam se controlando para não pularem de alegria. Comecei a ouvir os murmúrios das outras meninas, que não ficaram contentes com o que havia acabado de acontecer. Continuava parada, apenas escutando o que Robin tinha a dizer.
-Então cada grupo estará responsável por uma parte da organização, baseada somente no que as meninas propuseram. - Ela prosseguiu – Por isso, a partir de amanhã, vocês irão se dividir em cada área, e trabalharão para tudo sair mais do que perfeito, para daqui um mês termos o quingentésimo aniversário épico. A rainha, as outras governantas de vocês e eu estaremos aqui para orientá-las. Boa sorte – ela sorriu e se retirou, sendo seguida pelos outros líderes do conselho.
-É inacreditável - Ouvi Givah dizer.
-É óbvio que ela ia se safar – Adele falou bufando – Teve a ajuda de .
-O que? - Summer perguntou sem entender – fala sério, sua reprimida. Aceite que nosso grupo foi o melhor.
-Com a ajuda dos príncipes? - Tina bateu palma - até a gente iria conseguir. Golpistas.
-Do que ela está falando, Cendrowsky? - Summer perguntou, confusa. Enquanto eu estava apenas encarando-as sabendo que o encontro com no primeiro dia seria a deixa para o meu ataque.
-A Cendrowsky estava de papinho com o no jardim. Estava cheia de papéis e essas coisas... Ele com certeza a ajudou e é por isso que vocês estão com o prêmio todo!
-Vou começar a me oferecer mais para os príncipes, assim eu consigo trapacear e conseguir tudo que eu quero – Givah sorriu maldosa para Tina, que gargalhou com ela.
Eu estava prestes a dar minha resposta, mas fui completamente impedida quando vi , , e Rei Roger ainda presentes no ambiente. Enquanto estavam todas em cima de mim, ninguém percebeu que eles haviam saído e voltado algum tempo depois. Ficaram todas travadas.
-Esquecemos nossos casacos – começou a dizer, para quebrar todo o silêncio.
-E ouvimos a "conversa" de vocês - fez questão de colocar entre aspas.
-Que por sinal – caminhou mais perto de nós - Givah, Courtney e Tina... Tem algo que vocês queiram dizer para mim?
-Não, alteza – Courtney sorriu e ele sorriu de volta cruzando os braços.
-Serio? Ouvi meu nome... Gostaria de saber sobre o que se tratava – ele falou irônico.
-Estavam dizendo que ganhamos por causa de sua ajuda a . E que ela está se oferecendo para conseguir subir aqui no reino – Lizzie respondeu de braços cruzados, recebendo os olhares cruéis de Givah e Tina. Encarei como se dissesse "eu falei que isso ia acontecer". Ele passou a mão no rosto, nervoso.
-Bem, naquele dia, se eu bem me lembro. Eu estava em um encontro com você, Courtney. - Ele começou. O rei estava ouvindo tudo sentado em sua cadeira. - O que foi que você me disse antes de entrar no castelo?
-Que eu tinha que ajudar no projeto – ela respondeu dando de ombros.
-E o que eu perguntei para você?
-Se eu queria ajuda... - Ela disse olhando para baixo.
-E você respondeu que...? - ele dizia parecendo que estava conversando com uma criança. De fato, estava. Ela balançou a cabeça de olhos fechados, inconformada
-Que eu queria sua ajuda – ela suspirou – e você falou que não era justo com os outros grupos... Só havia perguntado por educação.
-Ah, sim – ele balançou a cabeça andando devagar de um lado para o outro – Certo... Depois disso encontrei ... Fiz a mesma pergunta para ela, sabia? - estavam todos atentos. Eu queria me enfiar em um buraco. Aquela situação estava ridícula - e sabe o que ela respondeu? - ela negou com a cabeça. - Que não era justo com as outras selecionadas. - Recebi novamente os olhares em cima de mim. Inclusive de Rei Roger. - Espero que você olhe para si antes de julgar e expor os outros sem provas concretas, mesmo porque, nem tudo que se vê realmente é verdade. E se fosse da mesma forma que você está agindo, poderia te acusar pela mesma coisa, já que ela viu você comigo no mesmo dia e sinceramente, você ia se complicar ainda mais do que agora. - estava amando todo aquele furdunço. O mesmo tinha um sorriso nos lábios pela situação. - Eu sei que vocês têm certa rixa por conta da seleção em si, mas não entendo o motivo de vocês pegarem tanto no pé de apenas uma. Cresçam. - Ele bufou se retirando.
Um silêncio enorme se instalou. Todas se encaravam sem saber exatamente o que fazer. saiu atrás de e ficou com o pai. O mesmo ia saindo lentamente encarando cada uma de nós.
-Eu não pude deixar de ouvir que vocês também acusaram o grupo de terem ganho por influência de . - Ele começou a dizer – SE tivesse acontecido de "se oferecer" para meu filho, ela teria recebido apenas o voto dele. E se vocês prestaram bem atenção em Robin, ouviram que mais da metade da corte votou no grupo dela. Então ela teria que ter dado em cima de todos que votaram no grupo e olha, posso garantir que não recebi cantada alguma dessa garota – levantei a cabeça o encarando, o mesmo deu um leve sorriso para mim.
Ele fez uma reverência e estava saindo, quando Summer resolveu fazer mais um de seus comentários impróprios.
-Lizzie e eu que fizemos esse projeto, praticamente. sequer sabe como planejar isso.
-Srta. Summer – ele sorriu se aproximando novamente de nós. revirou os olhos bufando, desistindo de andar e se sentando. - Confesso que o projeto foi muito bem feito, mas todos projetos também foram... Sabe o que fez vocês ganharem ele todinho? O discurso de Cendrowsky. - Todas o encararam surpresas – Pois é. Enquanto todas vocês se quer se importavam com a parte mais simples da nação, Cendrowsky se importou com a minoria. Inclusive, se impôs, nos fez pensar e ajudou-me a olhar para a parte menosprezada de Avallon. Então, exijo que vocês tenham respeito entre si. Aquela garota pensou em uma forma de parabenizar todos os cidadãos e então, ajudou a melhorar a nação, enquanto o resto de vocês estão tentando derrubar uma a outra. Por isso, Summer, já que você insiste em ter o mérito apenas pra você e para sua outra colega, saiba que o mérito deveria ser principalmente de . - Ela abaixou a cabeça. Sabia que estava com raiva. Aquilo só as deixavam com mais ódio de mim. Lizzie me encarou, virei a cara. - Estão todas de castigo o resto do dia. Quero que fiquem no quarto sem direito de sair de lá nem para comer, suas Damas levarão a janta e o que mais precisarem. Odeio ter que fazer isso. ODEIO dar sermão. Mas vocês são praticamente minhas filhas... Terei três de vocês oficializadas daqui um tempo... E se tiverem que aprender do jeito difícil a serem gente e a conviverem civilizadamente, vão ser tratadas como crianças. - Ele se retirou novamente.
- Vão falar mais alguma coisa ou eu posso me levantar? - perguntou, me fazendo sorrir e revirar os olhos ao ver ele dando uma piscadinha pra mim e saindo de lá junto com o Rei.
-Já estou farta dessa perseguição com a – ouvi alguém dizer, pude encontrar Bethany bufando e se levantando – e querem saber de mais uma coisa? Concordo plenamente com ela, e eu teria feito o mesmo se o meu grupo não fosse composto por gente que só pensa no próprio umbigo – dito isso, ela se levantou e saiu – e se querem ser princesa, acho bom começaram a parar de agir com ignorância.
Fiquei de boca aberta, quis correr atrás de Bethany e abraça-la mas não deu tempo. Eu finalmente havia achado alguém que pensasse nos que precisavam de ajuda e se metade das garotas pensassem nisso, eu saberia que Avallon estaria em boas mãos.

~

Por

-Castigo? - Perguntei para meu pai andando atrás dele.
-Se ainda me lembro, isso é algo que funciona perfeitamente – ele respondeu me encarando significativamente, com total certeza aquilo funcionava. Com , o mais certinho de nós três. Mal sabe ele que todas as vezes que fiquei de castigo, eu sequer ficava dentro do quarto.
-Oh, sim. Com certeza – respondi confirmando, vendo-o parar de andar e me encarar desconfiado e com a mão na cintura – O que foi?
-Não consegue ficar um segundo sem usar o sarcasmo? - Neguei com a cabeça - Você vai ficar de castigo também.
-MAS O QUE EU FIZ? - Perguntei confuso e rindo ao mesmo tempo.
-Não gosto do seu sarcasmo, significa que você está debochando, e quando você debocha é porque tem algo errado. No caso, os meus castigos.
-O que tem os seus castigos?
-Não sei – Ele sorriu e me encarou – Talvez você não tenha ficado em nenhum.
-Isso é uma afronta – Respondi levantando uma das mãos mostrando claramente o quão inconformado eu estava - Você pode até ser o Rei e tudo mais, mas deve ter provas para me acusar disso! Exijo meu advogado.
-Eu sou seu advogado, – Meu pai disse dando um sorrisinho sem mostrar os dentes, me dando um peteleco na cabeça.
-Ah, é mesmo – Revirei os olhos. Começamos a rir da situação. Ele colocou a mão em meu ombro.
-Você deveria ser ator – dei de ombros rindo. Todos me diziam isso, mas não era algo que me interessava.
Voltamos a andar indo para área onde meus irmãos e minha mãe estavam. Pelo menos um dia da semana tínhamos que ter uma tarde só nossa. Meu pai exigia isso. Não o culpava por querer manter a família por perto. Eu gostava de passar mais tempo com eles e até mesmo de tomar chá com minha mãe. Mas acho que hoje não seria o melhor dia, o humor de minha mãe estava péssimo. também não estava nos melhores dias. , meu pai e eu estávamos bem tranquilos diante tudo.
A votação para o grupo escolhido não foi tão agradável como parecia. Havia tido uma imensa discussão. causou um alvoroço enorme, porém, comovente. Não estava no script de minha mãe ficar sem resposta na frente daquele monte de gente e eu admirava pela coragem que teve de se impor pelo que queria.
O dia, feito por Robin, foi planejado totalmente ao ar livre e com nossos cavalos, e um torneio de hipismo. Um típico passeio familiar.
Minha mãe estava com a cara fechada, sem dizer uma palavra sequer. O que claramente significava que ela estava brava. E permaneceria daquela forma, já que de acordo com ela, a família dela a traiu.
Confesso que ela era uma mulher mimada, parte de suas ações, me deixavam loucos de raiva e nossa relação não era uma das melhores, deixava a relação perfeitinha para , que insistia em ser o perfeitinho. Ele era o próximo rei e queria ser O cara. Pode não parecer, mas eu o admirava de qualquer forma, tinha um pouco de pena por ele não poder viver do jeito que queria, mas o admirava por aceitar e seguir em diante.
-Que dia bonito – Meu pai comentou conforme seguíamos andando em nossos cavalos. Foi totalmente ignorado por todos, menos por mim. Nós tínhamos um tipo inexplicável de ligação.
-Realmente – Comentei observando o céu azul, ouvindo o canto dos pássaros e sentindo o ar em meu rosto. Eu simplesmente amava aquela sensação de liberdade - Não acha, mamãe? - Resolvi cutucá-la. Péssima ideia, de acordo com os olhares de meus irmãos e de meu pai. Ela me encarou e virou a cara. - Sério que você vai ficar assim com a gente?
Não obtive respostas.
-Eu vou com Roger – Falei ao chegarmos no campo onde fazíamos os torneios.
-Estão mesmo afim de perder hoje, né? - comentou rindo. - Vamos detonar, .
Meu pai gargalhou e correu com seu cavalo se preparando para os obstáculos que tinha no esquema ali do campo. Sempre jogamos em dupla. Por mais que o jogo não seja, tornamos aquilo. Minha mãe quase nunca jogava nada, ela não gostava daquele tipo de coisa. Por mais que Hipismo fosse um esporte que ela dominava. Ela realmente estava irritadíssima com a gente.
Depois de quase uma hora disputando, pulando e desviando de obstáculos, optamos por deixar que os cavalos descansassem, Anchor pelo menos estava super cansada e precisando de água. Deixamos os cavalos com um dos trabalhadores ali do campo e fomos até o lugar coberto, porém ao ar livre onde minha mãe estava tomando seu chá e lendo o jornal.
-Cara, você é muito ruim – disse se jogando na cadeira rindo.
-Fala sério, você não sabe pular um obstáculo - se defendeu – E ainda coloca a culpa em mim, falso.
-Curvem-se para os vencedores – falei junto ao meu pai e começamos a rir da cara dos dois.
-Bom jogo, meninos – meu pai disse dando um tapinha camarada no ombro dos dois.
-Bom jogo, rapazes – deu de ombros para nós, me fazendo sorrir e sentar na mesa.
-O que achou da competição, mãe? - perguntou já que ela sequer tinha tirado os olhos do jornal. A mesma deu de ombros e não respondeu.
-Ela, com certeza, concorda que fomos melhores que papai e – , inconformado disse, me fazendo revirar os olhos.
-Aceite a derrota e melhore na próxima - falei imitando o nosso pai. Tirando risada de todos da mesa, menos de minha mãe.
Ficamos conversando, tirando sarro um do outro e comendo bastante. Gostava dos momentos que a gente tinha juntos. Minha mãe estava estragando nosso encontro. Mas relevamos e prosseguimos mesmo assim.
-Rei Roger deixou todas elas de castigo – falei rindo, aquilo era engraçado.
-Sério? - perguntou rindo. Concordei com a cabeça.
-Parece que retomei há treze anos atrás com vocês três.
-A única diferença no momento, é que elas usam saia.
-E vão te obedecer – falou me encarando, rindo. Meu pai percebeu e nos deu um peteleco – Hey! Eu sempre ficava no quarto quando você mandava.
-Eu ficava as vezes – levantou a mão, se rendendo.
-Eu nunca ficava – sorri pro meu pai, vendo-o nos fuzilar.
-Eu conheço cada um dos meus filhos – meu pai suspirou e nos encarou suavemente – sei que o castigo não adiantava nada, uma simples bronca já adiantava com vocês.
-E por que você insistia em nos colocar de castigo? – perguntou.
-Eu sou o Rei de Avallon, de que adianta ter controle de tudo isso se não consigo controlar meus três pestinhas?
-Faz sentido – concordou e caímos na gargalhada, enquanto minha mãe estava se coçando para acabar com o momento feliz que estávamos tendo.
-De que adianta ter todo esse poder se não consegue controlar uma garota insolente? – ela soltou, ainda lendo seu jornal. Revirei os olhos rindo sem humor algum, aquilo era tão previsível.
-Esta se referindo à ? – se envolveu, a discussão era pior ainda se nós envolvêssemos.
-Sim, . – ela respondeu como se fosse óbvio – Quem mais trataria a Rainha de forma tão... Tão... Proterva? Petulante?
-Ela só defendeu a opinião dela – Meu pai deu de ombros – você à cutucou, Leigh. A garota não iria fazer o que fez se você não tivesse provocado.
-Você está defendendo aquela menina?
-Estou defendendo o que é certo – os dois se encaravam sem nem piscar. O modo que meu pai lidava com a situação sem nem se exaltar, me dava ainda mais vontade de ser como ele e o quanto eu o admirava já nem cabia em mim. Já minha mãe, estava com sangue nos olhos, tinha até dado um tapa na mesa, tinha pra mim que ela tinha algum distúrbio. – e a garota provavelmente salvou metade de Avallon só com seu atrevimento de lutar por isso, mesmo custando sua estadia no castelo. Irei cuidar melhor da parte necessitada do país
- tocou em um ponto importante, mãe – tomou a palavra – Concordo com ela. A desigualdade causa a guerra. Não precisamos de cidadãos brigando entre si quando temos, literalmente, uma ameaça de guerra do país inimigo.
-Só pode estar de brincadeira comigo – minha mãe riu se levantando – Minha família está toda contra mim. Além de ficarem do lado daquela atrevida, vocês ainda ousam defendê-la?
-Estamos defendendo Avallon – revirou os olhos. Cansado daquilo, igualmente à mim.
-Se voltando contra mim – ela respondeu ele.
-Pare de drama! – falei sem paciência, recebendo todos os olhares – Já estou cansado de você pensar só em você. Achar que o mundo só gira em torno de você. Você pediu a tal da apresentação, pois então, você teve. Falou tanta ninharia que eu quase aplaudi ela.
-Abaixe o teu tom, . Sou sua mãe e a rainha de Avallon, exijo respeito.
- – tocou em meu ombro.
-Aqui e agora você era pra ser apenas minha mãe – me levantei quando vi que a mesma havia apontado o dedo na minha cara. – Mas todas as vezes que conversamos, você ataca a Coroa na nossa cara. Há muito tempo eu não sei mais quem é Leigh-Anne Aykroyd.
-Certo – minha mãe passou a língua entre os lábios, encarou cada um de nós e parou em meu pai – quero a garota fora do programa.
-Qual é, mãe? – protestou. arregalou os olhos e meu pai passou a mão no rosto.
-Pare com isso, Leigh – meu pai disse, ganhando um sorriso sarcástico dela.
-Pedido negado – respondi a ela – de acordo com a lei da Seleção, somente os príncipes podem eliminar uma selecionada. E eu a manterei aqui – minha mãe encarou , que se levantou e ficou do meu lado.
-Eu também – queria rir. Ele sempre estava do meu lado quando o assunto era irritar nossa mãe. E então ela encarou ... Que não sabia o que fazer. Ele à idolatrava.
-Eu... HM... Ér...
-Não gagueje, . Como próximo Rei, você não deve enrolar e muito menos gaguejar. Postura! – ela falou, completamente dura com ele, como sempre fora.
-Queremos que ela fique – ele falou assim que tomou coragem. Ela só faltava gritar.
-Vocês gostam dela...? – não sabia se era uma afirmação ou uma pergunta. Mas rapidamente os três começaram a se explicar pra ela, o que era ridiculamente estranho – Essa garota vai estragar a irmandade de vocês.
-Para com isso, mãe – disse – a seleção só começou, nós conhecemos ela o suficiente pra termos certo carinho pela pessoa difícil que a é. Fora que as ideias dela vão ajudar o País.
-Roger – ela encarou ele, caminhou e segurou fortemente em sem braço.
-A Lei, vai prevalecer – então, ele deu a última palavra. Raramente era ele que terminava a discussão.
Ela saiu dali super irada. Pegou o seu cavalo e saiu rumo ao castelo, acompanhada de dois guardas. Foi uma discussão difícil, para meu pai e meus irmãos, eu já estava acostumado com nossas brigas. Não era de hoje que brigávamos assim, e normalmente eu é quem fazia o que fez. Minha mãe me chamava de rebelde insolente e sem causa, defender o que ninguém defende, era praticamente uma ofensa à ela.
-Ela está ficando louca – se sentou na cadeira novamente.
-Está só nervosa – respondeu e se sentou.
-Devem ser os calmantes – dei de ombro me sentando.
-Onde já se viu falar que nós três gostamos da ? Com mais onze selecionadas aqui dentro? – disse tomando seu café.
-Não é? Lizzie e Summer, por exemplo, são meninas muito bonitas – comeu alguns biscoitos assim que disse isso.
-Britt também é muito bonita – falei vendo que os dois concordaram comigo.
-A mãe de vocês está certa em uma coisa – meu pai tomou a palavra, antes de se preparar para pegar seu cavalo e retomar ao castelo – Se não tomarem cuidado, a irmandade de vocês pode ser arruinada por essa garota. E eu odeio concordar com ela nisso. Temos outras garotas, dêem uma chance para elas.

~

Por .

-VOCÊ ESTA VENDO ESSA RUGA AQUI, ? ESTÁ? - estava pleníssima em minha cama, usufruindo dos meus possíveis últimos momentos nela, quando a louca da minha governanta entrou super brava em meu quarto. Confesso que já estava esperando por ela, mas não naquele instante. Foi tão rápido.
-Sendo bem sincera, não.
-POIS É. ELAS SÓ APARECEM QUANDO VOCÊ ME ESTRESSA. OU QUANDO VOCÊ SIMPLESMENTE ACORDA E PENSA "HOJE IREI ESCULACHAR A RAINHA NA FRENTE DE TODOS". VOCÊ FICOU LOUCA?
-Eu só falei o que eu pensava.
-Nessas horas, você não diz o que pensa. NESSAS HORAS VOCÊ NÃO PENSA. Nunca desafie a Rainha.
-Tentarei - dei de ombros.
-Você tem que parar de agir assim. Sinceramente... Ela só não te mandou para a cadeia por conta dos meninos, se não, com toda certeza você estaria lá - ela andava de um lado para o outro pensando em tudo o que eu havia feito - pior ainda. Você estaria sendo mandada pra casa.
-Não seria exatamente uma coisa ruim... - pensei alto vendo-a parar bruscamente e me encarar.
-Você só pode estar de brincadeira comigo.
-Cadê seu senso de humor? Cruzes - me cobri até a cabeça escutando ela me xingar de tudo possível.
-Não sei... Talvez ele tenha ido passear com o seu cérebro. Me avise quando ele voltar - olhei pra ela querendo rir, havia sido uma boa resposta. Ela estava usando o sarcasmo e ela odiava isso - Está vendo? Você está vendo o que eu estou fazendo? Usando o SEU sarcasmo. Céus, é o fim dos tempos.
-Sente-se. Relaxe. A maré chega para todos - fiz a mesma se sentar e comecei a tentar fazer massagem nela. O que foi um fiasco pois eu não sabia e não tinha a mínima técnica.
-Tire as mãos de mim - ela resmungou depois de eu ter quase arrancado seu ombro — eu ainda vou morrer por sua causa.
-Credo, Robin - falei completamente ofendida — não te envolvi em nenhuma das vezes.
-Mas eu sou sua tutora oficial – quase fiquei surda. – a culpa caí sempre em mim.
-Em algumas de suas lições numeradas, você disse que uma dama não deve elevar a voz — encarei-a com medo de ser decapitada ali mesmo — então siga suas regras.
-Não use minhas falas contra mim.
-Eu paro, se você parar de agir como louca – rebati.
-Você que me deixa assim.
-Eu sei, não vou prometer que vou parar, mas eu tentarei – levantei o dedo mindinho.
-O que eu faço com você? — ela suspirou e aceitou o dedo mindinho.
-Nada, daqui a pouco eu serei expulsa e vai ficar tudo bem pra você novamente.
-Você terá que fazer algo pior do que isso pra conseguir ser mandada embora — ela sorriu e apertou minhas mãos — não sei o que você fez com aqueles garotos, mas nenhum deles te deixarão partir – arregalou os olhos, aquilo só poderia ser piada.
Depois do ocorrido com , eu lhe dei uma bofetada na cara e simplesmente saí correndo no escuro, já que o tempo que ficamos no esconderijo de Nala, custou algumas horas e já havia anoitecido. Estava sozinha e sem saber ao certo o caminho de volta, acabei caindo e acabado com meu joelho todinho. Estava completamente ralada e tudo por conta de e seu instinto de galinha. Como cheguei ao palácio depois disso, só quando Nala apareceu atrás de mim ao lado de . Não havia conversado com ou depois de ontem e confesso que não queria contato com nenhum dos três.
-Não sei o motivo disso - dei de ombros.
-Vou deixar você sozinha, tenho uma Rainha pra conversar e amenizar para o seu lado - ela se levantou – fique comportada.
-Não vou a lugar algum – falei sorrindo sarcástica. Estava de castigo, não tinha lugar algum pra ir.
O dia passava lentamente e eu não imaginava que odiaria ficar em meu quarto. Tudo que eu podia fazer, eu já havia feito. Desde ler um livro até mesmo pegar um pano e tirar pó das coisas. Estava tão entediada e ainda era 16:30 da tarde. Fui até a sacada observando o céu azul e sem nenhuma nuvem, fiquei tentando lembrar a última vez que choveu em Avallon, em Southampton chovia direto, mas ali, no estado de Avallon, onde ficava o castelo, desde que eu cheguei, não havia caído uma gota sequer.
Era possível ver o labirinto do meu quarto, havia tantos boatos sobre ele e eu sentia uma enorme necessidade de descobrir tudo. Podia ver também a ponte que ligava o palácio ao povo e também tinha a enorme floresta proibida. Em um mês ali, eu conclui que não havia visto absolutamente nada.
Chamei minhas damas para fazerem o que tiverem que fazer ali, ao meu lado. Companhia seria essencial para mim naquele momento. Elas estavam tão a vontade lá, que acabei entrando na brincadeira delas e estava adorando ajudá-las a montar meu próximo vestido.
-, me perdoe, mas eu acho que é melhor a senhorita fazer outra coisa... Você vai acabar se furando novamente com a agulha - Olívia disse receosa, vendo que eu estava com o dedo na boca, por conta do milésimo furo com a agulha. Nunca fui boa com a costura mesmo.
-Que tal você tocar uma música? - Taihne sugeriu, mas ao ver minha careta mudou de ideia - que tal estudar um pouco? Tomar um solzinho na sacada? A senhorita está muito branquela... – a encarei fingindo estar ofendida, ouvindo-as rirem daquilo.
-Podemos trazer uns quadros e algumas tintas pra você pintar na sacada. - Lauretta se levantou.
-Vocês estão fazendo de tudo para me tirar de perto - cruzei os braços parecendo Kurt quando fazia birra.
-Não nos leve a mal - Olívia segurou em minhas mãos me encarando - mas suas habilidades com a costura não são das melhores e você está nos atrapalhando.
-Irei pedir que troquem de criadas - falei revirando os olhos, ouvindo elas gargalharem - não quero mais saber de criadas que não conseguem lidar com um vestido e uma selecionada ao mesmo tempo.
-Iremos buscar as coisas para sua pintura - Lauretta e Taihne se retiraram do quarto, rindo de mim.
-Não consegui ser nenhum pouco ameaçadora? - perguntei pra Olívia, que riu e negou com a cabeça – sério? Nenhum pouquinho? E se eu fizer uma voz mais grossa e fazer uma cara mais brava? Ou se eu der uma de Summer e quebrar tudo?
-, você é demais - ela ria tanto que havia colocado até às mãos na barriga – a senhorita precisará melhorar suas ordens...
-Eu não sei dar ordens.
-Nós sabemos - ela sorriu - quando chegar a hora, você vai perceber o quão forte é para dar ordens... Como uma rainha.
-Deus me livre - fiz careta - aquela mulher é a última coisa que eu quero ser.
-Você está longe de ser ela. E nunca pensei que fosse em um sentido bom dizer isso, mas ainda bem que você está longe de ser essa Rainha - sorri e lhe dei um abraço. A conexão que tinha com Olívia era surreal. Fomos atrapalhadas quando Taihne e Lauretta chegaram com um monte de coisas para meu dia ali na sacada.
Elas prepararam o chão com jornais, para que eu não sujasse tudo e deixaram tudo arrumadinho para eu não atrapalhar mais. Fiquei olhando para o enorme espaço que tinha na minha frente e não sabia o que fazer. O jardim era bonito demais, a ponte era incrível e até o labirinto me fazia querer desenha-lo. Mas um pontinho branco perto de mim, me chamou a atenção.
.
Ele estava sentado em um dos bancos perto das azaleias vermelhas, e céus, ele estava deslumbrante. Mesmo que tivesse com a cara de preocupado, olhando os papéis que estava nas mãos e mordendo os lábios, características que percebi que ele só fazia quando estava nervoso. Os cabelos estavam desgrenhados e a camiseta estava com alguns botões abertos.
Quando me dei conta, estava pintando ele. E foi tão simples. Parecia que eu sabia exatamente o que fazer a cada pincelada. Ele passou a mão na testa e eu quis gritar para ele não se mexer, mas não podia fazer aquilo. A imagem de estava presa em minha mente, de qualquer forma e eu não precisava vê-lo para terminar a pintura.
Ele olhou pra cima e me encarou, meu coração gelou totalmente, principalmente quando ele levantou uma mão para me cumprimentar e sorriu. E que sorriso, meus amigos... Que sorriso!
Só esperava que ele não percebesse que estava sendo desenhado.
Voltei a atenção para o quadro enquanto o mesmo ria da minha cara nervosa de ter sido pega encarando-o. Sou uma pessoa estabanada e piora tudo quando eu me envolvo em situações constrangedoras como essa. Derrubei as tintas no chão, escorreguei e cai no chão em cima das latas de ferro, bati a cabeça na muretinha e, como consequência, na faquinha que estava usando para tirar os lacres da mesma e como sempre, a minha sorte nunca estava ao meu favor, senti uma certa ardência em meu braço e no canto da minha testa. Meu corpo todo doía e eu só queria rir da minha própria desgraça.
-! – escutei Olívia gritando e vindo correndo até mim. – Eu sabia que a gente deveria ter aberto as latas. Você é um perigo com qualquer coisa pontuda.
-Não se mova, pode ter se ferido seriamente - Taihne saiu correndo, provavelmente atrás de Ben.
-Céus, você está sangrando – Lauretta colocou a mão na testa, nervosa. Rasgou um pedaço de seu vestido e pressionou contra os meus ferimentos. – como você pode ser tão desastrada?
-Aí – resmungo ao sentir as mãos de Olívia cutucando minha testa. – gente, está tudo bem - digo tentando me levantar.
-O que aconteceu aqui? - escuto a voz de Ben entrando no quarto vindo rapidamente até meu encontro – ! - ele disse colocando a mão na testa. Logo depois me pegou delicadamente no colo, resmungando por eu ser tão desastrada. Sentia dor pelo corpo todo e quando olhei para onde estava, não o vi ali. A papelada estava onde ele havia deixado, mas ele... Não.

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-Fique tranquilo, alteza. Só a mantive aqui em observação pra evitarmos problemas... Foram alguns pontos que logo tiraremos e ela bateu a cabeça, por isso o desmaio na hora de levar os pontos. Ela estará novinha em folha daqui três semanas.
-Obrigado, Doutor - não consegui identificar a voz da pessoa, estava grogue demais pra isso.
Acordei em um lugar bem diferente do que eu conhecia, era totalmente branco. Percebi que estava no leito do ambulatório do Dr. Poirot. Meu corpo doía e eu sabia que estava encrencada por ser tão desastrada. As marcas dos pontos seriam um problemão pra Robin e minhas damas, eu não era exatamente o espelho de Selecionada, pelo contrário.
Coloquei a mão na testa e me arrependi logo depois, eu estava péssima.
-Que bom que está acordada - olhei pra porta e quase enfartei por ver ali. Um cara tão ocupado como ele não deveria estar ali – como está se sentindo?
-Um pouco de dor de cabeça e parece que fui atropelada por um caminhão, mas estou bem - sorri tentando me sentar, sendo contida rapidamente por ele, que correu pra cama e segurou minha mão.
-Você terá de ficar de repouso por três dias - ele sorriu sem mostrar os dentes, prevendo que aquilo seria um probleminha para mim.
-Três dias? – perguntei chocada – eu só escorreguei! Não foi tão grave assim.
-Poirot está com medo de você ter algum tipo de concussão. A batida da cabeça não foi tão fraca quanto você pensa – tive que rir. Eu era uma burra desastrada. - fora as suas novas marquinhas, os cortes foram um pouco maiores do que a gente imaginava, mas não se preocupe, não ficarão marcas.
-Estou parecendo o Frankenstein - coloquei a mão no rosto, rindo inconformada.
-Ah, que isso!? - ele riu tirando delicadamente minha mão de lá - Frankenstein deve estar se sentindo muito bem depois de ser comparado com você
-Pare com isso - olhei pro lado, totalmente corada. Sem antes observar o sorriso que derrete corações
-Você continua linda - continuei olhando para o lado super corada. Nunca soube lidar com elogios. - e agora essa cicatriz vai ser seu novo charme.
-Pare - fechei os olhos, rindo de nervoso – você está proibido de fazer isso.
-Isso o que?
-Isso aí - aponto pro rosto dele - tudo isso que você faz com o rosto, olhar, sorrisinho... Está proibido.
-Não pode me proibir - sorriu novamente, com a sobrancelha arqueada – sou herdeiro do trono.
-Droga - dei um soquinho no ar, inconformada, ouvindo-o rir.
-Podemos fazer um trato - me virei pra ele, esperando o mesmo dizer - Você fica longe da enfermaria e eu paro de fazer seja lá o que você acha que eu faço.
-É um trato injusto – fiz careta ouvindo o mesmo dar mais uma gargalhada super gostosa, ele sabia que era impossível – mas eu tentarei.
-Você é a Selecionada que mais veio para a enfermaria desde o início.
-Eu amo o Dr. Poirot – levantei às mãos dando de ombros, tirando mais uma risadinha dele.
-Eu vi o tombo, fiquei preocupado - fiquei corada, se ele descobrisse que eu havia o desenhado, eu estaria perdida. – corri rapidamente pra enfermaria, sabia que você seria mandada pra cá...
-Agradeço a preocupação, alteza – olho para ele depois de um tempo de cabeça abaixada – mas você não deveria ter saído do que estava fazendo... Você é um cara ocupado e eu não quero atrapalhar suas obrigações.
-Você é minha obrigação, – o mesmo sorriu sem mostrar os dentes e pegou em minhas mãos – digo... – ele tossiu e soltou uma de nossas mãos – Vocês todas são.
-Você tem mais obrigações para dar uma checada - arqueei a sobrancelha e soltei da mão dele. Vendo-o ficar confuso com aquilo. Tenho a impressão de que ele havia dito aquilo querendo ser fofo, mas acabou não parecendo isso.
-Não... Não foi isso que eu quis dizer...
-Eu entendi – o cortei me deitando de costas para ele – se Vossa Alteza Real puder me dar licença, eu gostaria de descansar agora.
-Cendrowsky – ele resmungou, mas depois de longos minutos, ele percebeu que não tinha muito o que ser feito ali e então saiu.

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Quando já era tarde da noite, eu estava retornando ao meu quarto. e não foram me visitar, parte de mim agradecia por isso e uma pequena parte de mim, ficava chateada por isso. O que era irônico, já que ultimamente eu só sabia me sentir dessa forma é pior ainda, a parte menor dos meus sentimentos era a que mandava mais em mim. Odiava.
havia dito que eu era sua obrigação e eu não tinha gostado dessa nova denominação, parecia que era mais um dos papéis que o mesmo carregava pra lá e pra cá. Ninguém quer ser classificada como obrigação. E eu nem sei o motivo de estar me preocupando, já que eu não gostava deles e sabia que eram fúteis. Eu me tornei o que mais temia: as hipócritas de Avallon.
Me deitei em minha cama, morrendo de dor e sono. Só queria passe tudo e até mesmo de mim.
As garotas ficariam no quarto mesmo que eu insistisse para irem embora e Ben não sairia da porta mesmo se o turno acabasse. Pelo menos de pessoas boas ali dentro, eu estava cercada. E cercada de muito amor.
-São flores para a - ouvi alguém dizer da porta. Olivia pegou o buquê e agradeceu. Assim que fechou a porta, pude ver o buquê de lírios. Uma das minhas flores preferidas.
-Que buquê bonito. Só costumo ver rosas por aqui.
-Quem mandou? - perguntei e as meninas tentaram achar um cartão, mas foi em vão – deve ter sido .
-Bom, se foi ele, ele virá daqui a pouco.
-Não disse para ele que gostava de lírios - pensei alto, acabei achando um cartão e tremi ao abrir.
Eram de Eric.

Não sabia que ele era idiota o suficiente pra se arriscar assim ou se havia perdido o amor pela vida. Se ele for pego, nós dois vamos pra forca. Ele não pensava nas consequências? Eu queria esganá-lo. O bilhete, no qual tinha as iniciais do nome dele, tinha um enorme texto que eu não estava nenhum pouco afim de ler, mas a curiosidade dentro de mim não me permitia ignorar o que ele tinha pra me dizer.

"Querida ,
Você não sabe o quanto eu me arrependo... Todos os dias, , todos os dias eu quero me sacrificar por ter sido burro o suficiente de ter arriscado nosso amor te inscrevendo na seleção. Desde que cheguei aqui, eu não consegui ter o mínimo contato com você, mas só de te ver, fiquei grato. De coração partido, mas grato.
Você está linda! Eu não sabia que era possível você ficar ainda mais linda. Gostaria que você viesse na cozinha me encontrar, sei que sente minha falta da mesma forma que eu sinto. Não fui a melhor pessoa e gostaria de me desculpar com você. De madrugada, ninguém irá desconfiar e caso alguém apareça, darei a desculpa de estar preparando algo pra minha Selecionada.
Te espero
Seu amor, Eric."

Estava chocada.
Estava totalmente chocada.
Eric havia perdido totalmente a vergonha na cara e eu não queria aceitar esse encontro ridículo, mas não podia evitar que ele só pararia se eu mesma fosse lá e ordenasse. Eric e eu tínhamos que encerrar essa nossa conturbada história e eu faria isso hoje mesmo.
Tentei fazer com que as meninas não dormissem no quarto, mas Olívia insistiu em ficar lá comigo. Esperaria que ela dormisse para sair, e Ben estaria em uma das rondas noturnas dele, Eric teria que parar com o que estava fazendo, pelo seu próprio bem
Dito e feito. Olívia adormeceu em minha cama, depois de muita insistência para que a mesma ficasse ali, me fazendo cafuné. Ben não estava na porta e eu poderia ir a cozinha rapidamente. Meu coração palpitava de uma forma que eu achava que ia acordar o castelo inteiro. Estava tão nervosa que se quer tinha calçado os chinelos. Meus cabelos estavam presos em um coque totalmente bagunçado e eu usava roupão, se alguém me visse daquela forma, eu provavelmente seria deserdada da Seleção.
Cheguei na cozinha e saía de lá um cheiro maravilhoso de pão sendo assado. Ele que ouse tentar me ganhar com comida, eu ataco na cabeça dele. O procurei e não achei, estava começando a ficar ainda mais nervosa quando sinto mãos em meus olhos. Sabia quem era, conhecia o cheiro e nem tentei recuar... Aquilo só podia ser brincadeira
-Tinha certeza que você não viria – ouvir sua voz, depois de todo esse tempo, dava até calafrio.
-Eu não ia vir – respondi, depois de um tempo ainda de costas pra ele. Não havia coragem em mim para encará-lo.
-O que te fez mudar de ideia?
-Eu precisava encerrar isso logo – tomei coragem e sem encarar seus olhos, explodi, lhe dando tapas em todos os lugares que eu conseguia – qual é o seu problema? Está querendo ser executado? Se você fosse pego, iria ser morto e ainda me arrastaria junto. Minha família seria totalmente humilhada! Seriam até de Condição Nove, se a Condição não tivesse sido abolida. Como você pode ser tão egoísta?
-Calma! – ele segurou meus braços e pude encarar seus olhos verdes.
Ele estava mais forte. Tinha deixado a barba crescer e tinha ficado com a aparência de mais velho em tão pouco tempo e só tinha ficado ainda mais bonito. E ele sabia do meu fraco por barba por fazer, aquilo só confirmava meus pensamentos de que ele só estava tentando me seduzir.
-Calma? Você só pode estar de brincadeira! - falei mais alto que o normal, o que o fez olhar para os lados e me fazer ter a mesma reação - você tem vários adjetivos, desde irritante até falso traidor... Mas não sabia que burro havia se juntado ao grupo!
-Não me importo com o que pode acontecer comigo se eu for pego, só precisamos conversar direito, - revirei os olhos e bufei passando as mãos no rosto - só me escuta.
-Fala então, inferno! - me apoiei na mesa cruzando os braços.
-Vejo que continua mais agressiva que o normal – olho impaciente pra ele e o mesmo começa a realmente falar – você não sabe o quanto eu me arrependo... Não queria em momento algum que você viesse pro castelo, que você se tornasse mais uma das marionetes da Seleção... Eu só queria te provar que você é capaz de ter tudo, meu amor. Tudo! E eu arrisquei isso, tendo completa certeza de que você viria, mesmo tendo um fio de esperança que a sua inscrição se perderia no caminho e você nunca fosse realmente escolhida.
-Mas eu fui - falo depois de alguns segundos digerindo as palavras - e eu estou aqui.
-Eu acordo todos os dias e sofro com isso. Ver você pela TV, me deixa ainda mais arrependido. Tão linda, tão simpática e natural... Com um jeito tão único. Eu me arrependo tanto.
-Isso não muda o fato de eu estar aqui.
-Espero que você me perdoe um dia - ele olhou para o chão e segurou minha mão - seu coração sempre foi rancoroso demais... Não suportaria ser mais um da sua enorme lista de ódio - pude ver seus olhos marejados, ele realmente se arrependia daquilo e eu sabia muito bem daquilo.
-Talvez com o tempo isso passe - ele passou as mãos no rosto, rindo de nervoso e me olhou.
-Você é tão egoísta e hipócrita! Está se tornando mesmo mais uma marionete daqui.
-Como é? - perguntei ofendida.
-Olhe pra você! Você está feliz aqui, está amando ficar se esfregando com os herdeiros da coroa e não tem nem a capacidade de me agradecer por isso. Fui eu quem te deu essa oportunidade.
-Não vou ficar aqui ouvindo isso - dei as costas pra ele e comecei a andar, irritada.
-Não se esqueça que fui eu quem sempre esteve ao teu lado - parei bruscamente e me virei pra ele.
-Eu nunca pedi para que você ficasse - retornei ao meu quarto, tremendo de raiva e nervosismo. Eric simplesmente não era mais o mesmo e eu temia por ele.

~•~

O grande dia da independência de Avallon
Dia 1

Estava tudo uma correria, as pessoas corriam de um lado para o outro. Puro caos. Eu tentava manter a calma, mas era impossível com Summer e Lizzie gritando com todo mundo, as duas ficaram mais amigas, eu mesma não tinha estômago para conversar com Lizzie, ela estava um nojo! Parecia que a Coroa já era dela e ela tratava todos de forma mesquinha e cruel.
Não parecia nenhum pouco a minha melhor amiga.
Conforme o cronograma, hoje seria o primeiro dia de festa. O dia do desfile da independência e a noite de abertura. Teríamos fogos, teríamos o grande parque de diversão e algumas atrações de shows de cantores e bandas famosas. Não dormia há alguns dias, estava ansiosa demais para as festas e descobri que gostava de organizar eventos. As outras Selecionadas estavam fazendo as devidas tarefas nas organizações e eu sentia que não era mais tão odiada quanto no começo, mas ainda sentia a raiva.
Robin não estava tão presente como antes, parecia cansada sempre que conversávamos mas nunca parava de dar ordens e conselhos. A Rainha me ignorava e eu também não fazia questão de sua empatia. Eric insistia em manter contato comigo e sempre que podia, tentava investir em "nós"... O único problema era que esse "nós" não existia.
e eu voltamos a estaca zero, brigávamos tanto ou mais como antes. E eu nem sabia o real motivo desse nosso amor/ódio, porquê até pra mim aquilo parecia clichê demais.
e eu estávamos em nossos melhores dias... Tinha nele um grade afeto e carinho e não queria ficar longe dele. Apreciava muito sua companhia e sua amizade.
Já com ... Ficava nervosa perto dele e desde nosso diálogo na enfermaria, ele tentava se aproximar mas não sabia ao certo como fazer isso. Também voltamos a estaca zero.
O desfile começaria as 9 da manhã. Eu nem havia dormido.
Minhas criadas entraram em meu quarto às 7 em ponto para a grande preparação. Me sentia culpada de participar de tudo isso sabendo que minha família estava perdendo tudo isso. Fui direcionada para o grande banho real e fiquei lá relaxando por um bom tempo. As garotas logo trataram de passar todos os cremes, loções e perfumes antes de começarem a secar meu cabelo e fazerem todos os procedimentos para um bom penteado, já que eu não queria ir ao Salão Real. Meu vestido era de um tom nude rosé, sem mangas. O próprio vestido tinha um colarinho próprio e era justo até metade da cintura, que ali havia um cinto próprio do vestido da mesma cor. O mesmo tinha o caimento leve com uma fenda do lado direito. Depois de muito treino, consegui usar um salto médio. Mas ainda odiava aquilo. As garotas colocaram a tiara em mim e eu tinha os cabelos soltos com alguns cachos. Estava pronta para mais um evento importante de Avallon. Minha estadia no castelo estava por um fio e eu não podia me envolver em encrencas, e por algum motivo desconhecido eu não queria ir pra casa.
Caminhei ao lado de Denver, que estava em seus últimos dias no Castelo, já que voltaria para Lady Devimon, a mesma não podia estar presente no evento do Reino por conta da viagem... Em algum lugar do Brasil. Não sabia onde Ben estava. Provavelmente junto aos outros guardas para o desfile.
-Pega meu braço, princesa. - encarei ele com a sobrancelha arqueada - selecionada, selecionada, selecionada, seleci... Ah, não! . Selecionada, selecionada...
-Você é tão engraçado - fingi rir e peguei em seu braço. Caminhando ao seu lado.
-Confesso que sentirei saudades de você. Foram dias incríveis e você é com toda certeza a minha favorita.
-Pare, vai me deixar envergonhada – dei um leve empurrãozinho nele corada. Estava nervosa o bastante para não conseguir nem rir e ele havia percebido.
-Saiba que vai dar tudo certo... O trabalho de vocês está incrível e nós, aqui de baixo estamos torcendo por todas as Selecionadas. Vocês merecem que tudo dê certo.
-Obrigada, Denv – olhei para ele e sorri sincera. Ele era ótimo comigo.
Chegamos na recepção e todas as Selecionadas já estavam prontas, inclusive a realeza. Eu fui a última a chegar e Robin estava uma pilha, passando pela milésima vez o que deveríamos ou não fazer na caminhada. A segurança estava mais forte, já que nenhum atentado contra o Reino havia acontecido, o que deixava o Rei um pouco mais nervoso que o normal.
Fizemos duas filas, Lizzie e Summer eram as primeiras, Bethany e eu estávamos logo atrás.
-Você está radiante, Beth. - sorri ao falar com ela, a mesma sorriu de volta e pegou seu vestido azul bebê e deu uma balançada. Seus cabelos pretos que sempre estavam soltos com os cachos definidos, agora estavam presos em um coque que combinava perfeitamente com seu vestido naquele dia. Deixava sua pele morena mais realçada e suas jóias também.
-E eu vou querer o seu emprestado para outros eventos. Será que serve? - ela riu passando a mão em meu vestido, me fazendo rir. Ela era alta e tinha o corpo perfeitamente esculpido de acordo com o que nossa sociedade nos impulsionava. Não deixava de estar estonteante.
-É todo seu - sorri me virando para frente, já que as portas do castelo haviam sido escancaradas. Era a primeira vez que eu via elas se abrindo, desde que cheguei.
-Está preparada? - ela perguntou meio nervosa, assim como eu.
-Nenhum pouco - balancei a cabeça - tenho a sensação de que vou tropeçar no meio do caminho.
-Eu não duvido que você realmente faça isso - olhei para ela ofendida e a mesma sorria culpada - não me leve a mal, só que você é o desastre em pessoa. - começamos a rir baixinho daquilo. Eu realmente era. O que incomodou Lizzie, já que ela olhou pra trás com a sobrancelha arqueada - Algum problema, loirinha?
-Nenhum. - ela respondeu dando de ombros - só tentem não atrapalhar.
-Lizzie, fica na sua e fica de boa - arrumei a postura e Beth me acompanhou sorrindo, vendo Lizzie nos fuzilar e virar para frente bufando.
Robin começou a gritar para ficarmos prontas e assim que ela terminou, as cornetas começaram a tocar. E pude ver finalmente as portas se abrirem. Subimos em uma carruagem, quatro em cada uma, sendo mais específica. Atravessamos a grande ponte e assim que eles abriram o enorme portão, vi um mar de gente gritando com cartazes, felizes! Não contive um sorriso quando vi uma criança nos ombros do pai gritando e acenando pra mim.
Era surreal.
Na carruagem da frente, estava a Família Real, os meninos estavam bem próximos da gente. virou rapidamente para trás e sorriu pra mim, ao ouvir meu nome sendo dito, ele sempre dizia que o povo gostava de mim mas eu nunca acreditava nisso... O mesmo moveu os lábios dizendo "eu te disse, cabeção". Assim era a forma que ele se referia à mim, desde quando eu discordava e era teimosa.
-Eu sabia que tinha muita gente, mas nunca vi tanta gente assim reunida. - Beth comentou, maravilhada.
-Eu já estou acostumada - Summer deu de ombros, sorrindo e acenando delicadamente para o povo - venho todos os anos.
-Nenhuma das vezes que vim, tinha tanta gente assim - Lizzie comentou, sorrindo também e imitando Summer.
-Sim, acho que a Seleção fez com que chamasse mais a atenção - Beth deu de ombros. Beth tinha uma vida boa, chutava até que ela fosse de Condição 2, se ainda existisse isso. Só que, diferentemente de Summer, ela não esbanjava arrogância e prepotência.
-É emocionante - eu disse, simplesmente. E elas me encararam sem entender - estamos participando da história de Avallon.
-Uma pequena parte vai se lembrar da gente. Isso me basta - Beth sorriu pra mim e Summer riu.
-Não nasci pra ser uma pequena parte. E nem vocês. - depois de um tempo pensando na frase de Summer, senti até um pouco de empatia por ela... Pela primeira vez ela foi arrogante mas de um jeito... Um jeito bom.
Continuamos com a passeata, estava tudo lindo e agradável. Sempre achei esse desfile maravilhoso, minha mãe sempre chorava assistindo pela TV, pois era algo lindo de se ver. Esse desfile parava o país todo e era o momento em que o povo se unia. Lembro-me que eu estaria no restaurante de Kira servindo os caras bêbados até às 23 da noite, já que o evento dura o dia todo por três dias. Sempre sendo passado na TV.
Às vezes me pegava viajando encarando os meninos.
era o mais sorridente, parecia uma criança no parque de diversão. Ele acenava, sorria e as vezes até jogava algumas flores e doces para algumas pessoas, era o próprio papai Noel Real.
sorria quando ouvia seu nome, acenava quando era necessário e jogava doces apenas para as crianças.
já era mais sério, sorria poucas vezes e dava tchauzinho com as mãos. Ele era mais tímido e ao meu ver, não se sentia tão confortável com a situação de estar ali. Mas quando sorria, era mais para pessoas com alguma deficiência, a maioria delas estavam bem mais perto da beirada, mais próximas aos carros. Gostava disso nele.
Quando fui flagrada por encarando e acabei virando o rosto. Maldita hora que fiz isso.
Meu coração parou por alguns segundos, eu podia jurar isso. Minhas mãos começaram a tremer, minha feição provavelmente era a das piores. Eu não estava acreditando no que eu estava vendo, só podia ser alucinação.
Merck.
Merck no meio daquela multidão.
Só podia ser brincadeira.
Virei-me bruscamente para trás o procurando. Não o vi novamente. Mas se não era ele, porque eu estava tão nervosa e com medo?
-! - Lizzie me repreendeu pelo movimento, eu havia assustado todas elas. - Ficou maluca? Vai acabar caindo!
-Hey, não faz isso! - Beth segurou em minha mão – , o que houve? Está gelada! Você está tremendo!
-Olha, , se você for se jogar da carruagem pra chamar a atenção me avisa. - Summer cruzou as pernas. A encarei com a sobrancelha arqueada.
-Não me estressa, ruivinha. Não é porque estamos aqui que eu não posso te dar uns tapas - Beth respondeu sorrindo. Eu queria rir da situação, estava nervosa mas ver Beth ameaçando Summer era engraçado, só que nem rir eu conseguia. Minha respiração falhava, eu não podia ter uma crise asmática ali. Não agora e nem hoje. -, você está vermelha, pelo amor de Deus não me mata do coração e não morre aqui.
-Está tudo bem - tentava respirar igual havia ensinado no dia que nos conhecemos. Mas era difícil. O mesmo parecia que havia sentido o que estava acontecendo e olhou para mim naquele instante. O pânico em meus olhos devia ser tanto que ele acabou ficando inquieto.
-Asma? - Lizzie perguntou segurando em meu braço - Você disse que tinha tratado!
-Eu menti.
-Ela tá ficando roxa? - Summer perguntou ainda sorrindo para o povo - céus, era só o que me faltava.
-Summer - Lizzie a repreendeu.
-Certo - Summer respirou fundo e continuou acenando - Todas vocês, comecem a agir como Selecionadas. - ela me encarou - Respire e finja que derrubou algo, abaixe e no meu salto, você vai encontrar um frasco... Coloque a boca e puxe o ar que tem ali. - fiz o que ela havia mandado. Estavam todas apreensivas, e eu não raciocinava direito, apenas fiz o que ela falou. Com o tempo, fui voltando ao normal e não podia ser mais grata. De longe, foi a melhor coisa que ela havia feito por mim - agora mantenha a postura e sorria.
-Obrigada - olhei pra ela e pude jurar que tinha um sorrisinho ali no canto dos lábios, mas rapidamente ela virou o rosto.
me encarava esperando por alguma coisa, eu balancei a cabeça sorrindo, dizendo que estava tudo bem. Mais alguns minutos e já teríamos dado a volta toda planejada e voltaríamos para o castelo, nunca pensei que fosse ficar feliz por isso.
Assim que voltamos, as garotas estavam eufóricas, contavam sobre quantos cartazes viam com seus nomes e também sobre quantas vezes ouviam serem chamadas, isso significava muito naquela altura do jogo, a popularidade colaborava com a Escolha. Quando desci da carruagem, senti alguém atrás de mim e dei de cara com com os braços cruzados.
-Agora não - passei por ele e fui com as garotas, que estavam me esperando por algum motivo pra entrarem no castelo.
-Não ouse pensar que eu vou deixar quieto o ocorrido, - pude ouvi-lo e revirei os olhos. Encarei , que fazia carinho nos cavalos e conversava com alguns guardas, eles foram e eu achei a cena linda! mantinha a pose e conversava com os pais. A rainha, por sinal, me fuzilava, seria audaciosa demais se desse uma piscadinha?
Caminhei até todas as garotas, Beth grudou em meus braços e falava sobre o quão feliz ela estava por ser uma das preferidas. Summer mantinha a pose de garota popular de sempre, ela com certeza estava entre as preferidas... Já Lizzie tinha a cara preocupada, provavelmente ela achava que não estava no ranking. Fomos interrompidas assim que as portas foram abertas, entramos assim que fomos autorizadas.
Me assustei com o grito de Beth, ela saiu correndo e caiu no chão assim que atingiu a figura morena e chorava muito, Assim que me dei conta, percebi o que estava acontecendo.
As famílias estavam ali.
Meu coração parou quando vi a figura baixinha de cabelos escuros me procurando com os olhos.
Kurt.
Segurei a barra do vestido e corri em sua direção, me esquecendo totalmente que essa atitude não era apropriada.
E eu não estava nem ligando.

A felicidade era surreal.
Ver meu pequeno irmão ali, comigo, era surreal! Fazia algum tempo que eu estava longe deles, poderia ser exagero da minha parte, mas as lágrimas que escorriam no meu rosto deixavam claro que eu simplesmente não acreditava naquilo.
É a primeira vez que eu ficava tanto tempo longe da minha família. Aquele reencontro surpresa me deixou completamente desestruturada.
Eu apenas o peguei no colo e o abracei. Sem nem me importar com o fato de ele estar mais pesado e mais alto em tão pouco tempo. Senti também outra pessoa me envolvendo, era Kiara.
-Você não tem noção da saudade que eu senti! - Kurt falou ainda me abraçando
-Nem você! - respondi olhando em seus olhos. - Você está chorando? - perguntei rindo, olhando pra Kiara.
-Nunca! - Ela respondeu secando rapidamente uma lágrima. - acha mesmo que, logo eu, faria isso?
-Senti sua falta, baixinha - abracei ela. Quando soltei eles, vi Kira, sorrindo. Já dava pra ver uma leve barriguinha nela, eu corri até elas. Era tão emocionante
-Ai meu Deus, você está tão chique! - ela disse assim que me soltou do abraço - Jordan mandou eu te dizer que você está um nojo!
-Cadê ele? - perguntei o procurando.
-A lei, - Ela disse meio triste, fiquei da mesma forma... Ele ia amar um tour pela cozinha do Reino. O que não saía da minha cabeça era que Kira, pela lei, não tinha mais "vínculos" comigo ou nossos irmãos, então a mesma não deveria estar ali. Só que não tava nem um pouco afim de questionar aquilo.
-? - parecia que minhas pernas haviam parado de funcionar, digo... Se não fosse por Kira e seu apoio, provavelmente eu teria caído. Eu não acreditava naquilo. Me virei e dei de cara com ele: Merck - Oras, não fique com essa cara, dê um abraço no papai - o mesmo abriu os braços, sorrindo. Aquele sorriso nojento.
Eu tremia, esperava que ninguém de fora percebesse, mas eu tremia. Minha família percebeu a tensão, Kurt correu e abraçou minhas pernas e Kiara olhava para o chão. Kira segurava meu braço discretamente e meu olhar foi diretamente para minha mãe.
Minha pobre mãe.
Ela tinha o olhar triste e cansado, mas sorria para mim. A mesma estava tremendo ao lado do marido. Corri até ela, a afastando de Merck. O mesmo cruzou os braços e arqueou a sobrancelha
-Me desculpe, filha... Me desculpe - ela dizia baixinho, desesperada. Sabia que a mesma estava chorando, mas ninguém ia imaginar o motivo real disso. E sabia também o perigo que era Merck ali, tão perto do Rei com o segredo de minha mãe e eu nas mãos... Era a vida dela e de meu pai em jogo. Não o conhecia, mas temia por ele.
-Vai ficar tudo bem - sussurrei de volta. O meu olhar voltou ao verdadeiro inimigo, que se aproximou com o olhar ameaçador.
-Faltou o papai - ele me agarrou, eu tentei me soltar discretamente, mas foi em vão. - Não seja burra, querida. Você não vai querer jogar esse jogo comigo. A vagabunda da sua mãe morre e você volta pra casa comigo e seus belos irmãos. Por isso, sorria e comece a agir como a falsa que é.
-Eu tenho nojo de você - dei um soco em sua barriga e me afastei bruscamente.
-Hey, está tudo bem por aqui? - apareceu sorrindo, o mesmo já tinha conversado com uma das famílias. Os meninos estavam fazendo o mesmo. O encarei, pronta pra dizer que não, não tinha nada bem ali, mas a única coisa que saiu foi um desencontro de olhares.
-AI MEU DEUS - Kurt fez uma reverência, tive que rir. agachou sorrindo, dando um soquinho na mão do meu irmão. Foi tão fofo.
-Kurt, certo? - ele assentiu - É um prazer finalmente conhecê-lo. Já queria te conhecer há muito tempo.
-Sério? - perguntou animado - Céus, ninguém na escola vai acreditar que o príncipe queria me conhecer!
-Diga a eles que você até conheceu os cachorros dos guardas reais - respondeu animado.
-Mas eu não conheci os cachorros... - o encarou sugestivo, e o garoto, como era esperto, entendeu - AI MEU DEUS - o mesmo abraçou o príncipe. Todos ficaram atentos, não era uma boa ideia encostar na realeza assim, mas pareceu não se importar.
-Kiara? - a mesma estava paralisada, mas sorriu nervosa - sua irmã também falou muito de você, espero que não tenha ainda raiva dela. - ela ficou vermelha e eu quis rir - posso te levar junto com Kurt, o que acha?
-Será uma honra, alteza! - o mesmo sorriu e se levantou. Kira logo se reverenciou - Não tenho raiva... Só as vezes.
-Eu também - ele sussurrou fazendo todos rirem.
-Hey! - repreendi rindo da situação, mas parei assim que vi o olhar nojento em cima de mim.
-Kira! Também é um prazer te conhecer. Como está sendo a gestação?
-Oh! - ela pareceu surpresa, o mesmo a cumprimentou com as mãos. Eu fiquei mais surpresa ainda por ele se lembrar disso. - uns enjôos básicos, uns chutes aqui e ali, alteza... Mas fora isso, está sendo uma experiência incrível.
-Fico feliz - ele sorriu. Pude ouvir um suspiro e tinha certeza que era de Kiara. - Senhora Karen - pegou nas mãos de minha mãe e as beijou, foi fofo o jeito que ela ficou corada - fico lisonjeado de finalmente conhecê-la!
-Oh, que isso, alteza?! - ela fez referência - Você não sabe a honra que é poder agradecer de perto o que estão fazendo por minha filha e minha família.
-Não me agradeça - ele novamente sorriu e me encarou, se eu fosse louca por ele teria caído no chão naquele instante. Kiara só não caiu por conta de Kurt, que com seu jeitinho revoltado a segurou, revirando os olhos. - E o senhor, quem é?
-Não acredito que você não falou de mim para o Príncipe - Merck, com seu tom irônico falou, se aproximando novamente me abraçando de lado.
-Irrelevante - disse entredentes, me soltando dele logo depois - Esse é Merck, marido de minha mãe.
-Prazer em te conhecer, alteza - Merck disse, sorrindo. pareceu desconfiado, balançou com a cabeça e sorriu sem mostrar os dentes.
-Bom, tenho que conversar com as outras famílias... Mas finalmente pude conhecer essa aqui, espero que tenham uma estadia maravilhosa e que aproveitem.
Ele deu as costas e eu me recusei a ficar perto de Merck. Meu ódio era visível, já que a própria Kiara pediu pra eu dar menos na cara, era difícil pra mim.
-Que família bonita! - ouvi dizer, cumprimentando todos com um aperto de mão - quem é você? - perguntou assim que viu Merck. Quis rir da situação, do jeito dele, ele conseguia ser engraçado. E ainda por cima não deu nem o direito de resposta - bom, de qualquer forma, sejam bem vindos. Me desculpem pela rapidez, tenho muitos papéis para assinar... A Coroa me chama!
-Não se preocupe, quer o mundo? Eu te dou - Todos arregalaram os olhos para Kira. Ela tinha pensado alto de novo. - Deus, que vergonha - a mesma cobriu o rosto, tirando gargalhadas de todos, até mesmo de , que sorriu sincero. E céus, como eu gostava de ver aquele sorriso.
-O senso de humor é de família, então?! - ele perguntou me encarando, sorrindo.
- Está no sangue - sorri de volta dando uma piscadinha. - pode ir, eles vão entender.
-Prometo encontrá-los em breve - ele se explicou, chegou perto de mim antes de sair e sussurrou em meu ouvido - Obrigado por ser tão compreensiva, prometo recompensar.
-Irei cobrar - sorri ao vê-lo ficar vermelho. Quando dei por mim, Kurt estava rodopiando no colo de . Céus, eu estava amando aquela cena. - , se você derrubar meu irmão, eu te bato!
-Isso é jeito de tratar o Príncipe? - Merck me repreendeu, dando um beliscão. viu. E não gostou.
-Isso é jeito de tratar a MINHA Selecionada?
-Desculpe, alteza... Mas antes de ela ser uma Selecionada, ela é da minha família e...
-Não queria ter que usar a hierarquia contra você, senhor... Será que vou precisar explicar? - colocou meu irmão no chão. O tom de voz ainda tinha o tom brincalhão, mas sabia que ele estava realmente incomodado com o que Merck fez.
-Não.
-Certo! - ele sorriu sem mostrar os dentes - e antes que eu me esqueça... tem essa liberdade comigo, porquê EU lhe dei - arqueei a sobrancelha, com um sorrisinho no canto dos lábios e encarei Merck, com a cara de tacho... Minha mãe e meus irmãos estavam boquiabertos com o que fez, me defendeu e deixou claro que éramos amigos. - Tem uma filha incrível, Karen - ele encarou minha mãe e sorriu - Tem filhos incríveis, na verdade - ele encarou o resto sorrindo - Que honra poder conhecê-los.
-Eu realmente só tenho a agradecer por eles - ela sorriu - e obrigada, alteza! Minha família é totalmente grata por estarmos tendo essa oportunidade.
-Pois aproveitem! - Ele sorriu e colocou Kurt no chão e sussurrou algo que não pude entender, mas Kurt deu pulinhos de alegria.
-Tomara que tudo ocorra bem então! - riu e se virou pra mim. - irei conversar com você mais tarde.
-Estarei esperando - sorri e peguei discretamente em sua mão, como tínhamos costume de fazer. Ultimamente, nosso maior afeto era esse.
-, me leva pra jogar bola?!
-Vou marcar e te levo, garotão - Kurt já achava que era o próprio lorde. Com tamanha folga eu só queria rir, mas balancei a cabeça rindo.

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Estava em meu quarto com minha família e minhas damas. Era lindo o jeito que elas estavam se divertindo com Kira, Kurt e Kiara. Minha mãe estava abraçada comigo em minha cama, eu percebi o nervosismo dela por conta das mãos trêmulas, odiava vê-la daquela forma. Merck estava em algum lugar do castelo, um lugar bem longe de mim.
-Você é ridículo, Kurt - Kiara falou gargalhando do penteado que o pequeno havia feito, repartindo o cabelo ao meio e os deixando colado na cabeça.
-Eu vi na TV que era a última moda!
-Última mesmo, parece até as fotos dos caras antigos no século XV.
-Você parece as senhorinhas do asilo e ninguém fala nada - aí foi a hora que minha mãe teve que intervir. Kira e eu rindo da situação, obviamente. Pela pequena diferença de idade, eu e ela éramos do mesmo jeito quando pequenas.
-Ouvi que a família da pesada estava nesse andar do castelo, é verdade? - Olhei pra porta e vi a cabeça de Ben. Comecei a rir do jeito que ele se referia a minha família - Oh, com certeza - ele viu Kira e Kurt se estapeando.
-Vem conhecer eles - corri e o puxei para dentro. Minha mãe estava ocupada puxando Kurt de cima da Kiara, e quando conseguiu, olhou pra Ben sorrindo nervosa.
A reação dela foi bem estranha. O sorriso se desfez quando ela focou nele, ela se apoiou na cadeira e começou a tossir.
-Senhora - Olívia lhe entregou água rapidamente.
- Mãe? - Kira fez a mesma sentar na cama até se recuperar.
-Me desculpem... Foi um pequeno engasgo - ela sorriu e estendeu a mão para Ben.
-É um prazer, Sra. . - Ben sorriu.
-Esse é o Ben. Meu guarda - abracei o mesmo de lado.
-Muito obrigado por cuidar da minha irmã! - Kurt correu e o abraçou - quando eu crescer, quero ser igual a você!
-Você quer ser tudo - Kiara falou do nada, fazendo o pequeno Kurt novamente voar em cima dela.
-KURT! - Kira gritou ao ver o menino me derrubar no chão por ter desequilibrado Kiara.
-Sinceramente, eu amo uma família - Ben falou para a Olívia, rindo. E logo depois me ajudou a levantar.
-Kurt! - o repreendi ao levantar - com quem você está andando?
-Desculpe, - ele me abraçou e virou para a Kiara revirando os olhos, mas também pediu desculpas. Fomos interrompidos quando ouvimos um "pi pi pi pi" saindo do bolso de Ben.
-Família querida, tenho que ir. Volto logo - fiquei olhando para ele sem entender nada - isso aqui é um pager. É nosso novo instrumento para sermos achados pelos nossos supervisores.
-Você agora parece um cachorrinho com coleira que faz barulho.
-! - minha mãe me repreendeu, mesmo eu tendo tirado risada de todos do quarto.
-Já estou acostumado com a humilhação diária que sua filha faz comigo, Sra - sorri pra ele indo abraça-lo. Fomos interrompidos com a porta sendo aberta bruscamente, por Merck.
-Você é uma péssima anfitriã - Merck apontou pra mim vindo na minha direção. Dei um passo para trás e Ben pareceu perceber o meu desconforto entrando na minha frente - E você quem é?
-O guarda de . E quem é você? - ele perguntou, era raro eu ver Ben sendo tão duro.
-Não acredito que você não falou de mim para seu guardinha - ele me encarou, me fazendo olhar para baixo. Eu odiava me sentir fraca por causa dele.
-Ben.
-O que? - ele perguntou olhando para Bem.
-Meu nome é Ben. Ben Walker. - O olhar de Merck arregalou e foi diretamente para minha mãe, que abaixou a cabeça.
-Walker? Esse sobrenome não me é estranho - Ben deu de ombros - sou Merck, pai de .
-Você não é meu pai - revirei os olhos.
-Ingrata.
-Saí do meu quarto - apontei para a porta.
-Você não pode me expulsar... - ele disse rindo se jogando na cama. O meu sangue ferveu naquele instante.
-Eu posso. Eu posso sim - passei na frente de Ben cruzando os braços - e sabe por que eu posso? Porque eu sou uma Selecionada e aqui eu tenho uma voz enorme que me dá o direito de te expulsar do meu quarto quando me der vontade. Aqui você não é ninguém se eu não quiser que seja e adivinhe só... Você não é ninguém. - Eu tremia, e eu temia também, eu estava arriscando demais - Soldado Walker, leve esse senhor para outro lugar, no momento eu não o quero presente em meu quarto e se alguém perguntar, mande a pessoa diretamente para mim.
-Você não sabe o que acabou de fazer.
-Todos aqui estão de acordo que este homem acabou de fazer uma ameaça à mim? - perguntei em voz alta ainda o encarando ouvindo um "sim" das minhas damas, de Ben e de Kurt e Kiara. Minha irmã e minha mãe permaneciam quietas e eu sabia o motivo, não as julgava. – Saia.
-Você pediu por isso - ele sorriu demoníacamente. Eu queria chorar, eu estava aterrorizada com o que viria acontecer.
-SAI DAQUI - gritei atacando no mesmo o copo de vidro que estava em cima de minha cama, e eu acertei a porta, os cacos pegaram na testa dele. Ben rapidamente o tirou de lá, fechando a porta. Eu tremia, eu não respirava direito, eu tinha acabado de cutucar o diabo e eu sabia que aquilo foi a pior das minhas ideias.
Corri para a sacada, vomitando o nada que tinha comido naquela manhã, deixando minha garganta amarga. Minha mãe correu até mim, me abraçando por trás e eu sabia que ela estava se segurando para não chorar.
-Me desculpa - Eu pedi, chorando. Eu havia destruído nossa família com o que acabara de fazer.
-Eu nunca senti tanto orgulho de você como agora - ela segurou o meu rosto encostando a testa na minha - Você finalmente enfrentou o seu medo.
-Não quero que eles vejam isso - disse ao sentir algumas lágrimas escorrerem - Lauretta, Taihne e Olívia... Vocês podem levar eles para dar uma volta pelo castelo?
-Claro - elas responderam, pegando pela mão meus irmãos, que me olhavam preocupados. Kira sabia o meu desespero, mas com o olhar, ela entendeu que eu queria ficar sozinha. E levou meus irmãos e minha mãe para fora, junto com minhas damas. Menos Olívia, que não saiu e nem comigo tentando obriga-la foi possível isso
-Eu não vou sair.
-Por favor.
-Não! Você precisa que eu cuide de você agora. Não vou te deixar sozinha - Já havia visto nela uma amiga antes, mas agora estou com completa certeza de que ela é uma grande amiga. Foi naquele instante que eu me desabei de chorar, pela primeira vez.
Contei a ela tudo que aconteceu, desde o começo. Ela ficou horrorizada e eu via em seu olhar o ódio por Merck. Quando fiquei mais calma, ainda ali na sacada, sentada perto do meu vômito, ela me abraçou e pediu que eu me acalmasse. Naquele instante, eu olhei para o jardim e pude ver Kurt correndo por ali, sendo seguido por que brincava com ele.