CHAPTER ONE – IT WAS MEANT TO BE.
− Se minha mãe descobrir que eu fugi de novo, ela vai me matar − eu disse enquanto pegava um dos cavalos da família, acalmando os outros para que eles não fizessem um alarde para os criados.
− Fique tranquila, − disse enquanto montava em outro cavalo − afinal, eu serei tão rápida que a condessa nem perceberá que saímos − ela galopou com o cavalo, saindo em vantagem.
− Eu aposto 15 libras que consigo chegar ao Porto de Southampton antes de você! − eu disse, montando rapidamente sobre a cela e alcançando-a.
− Tudo isso?! Aposta aceita, depois não adianta chorar!
Dei o comando ao cavalo e deixei que ele me levasse numa velocidade devastadora pelas ruas apertadas e movimentadas de Londres. O último suspiro de outono batia forte em meu rosto e bagunçava meus cabelos, anunciando que a chegada de mais um inverno intenso estava próxima. A poeira das ruas londrinas sujava meu vestido de seda, mas apostar corrida de carruagem com a minha melhor amiga era um dos momentos mais libertadores para mim. Libertadores, digo, até eu ser pega por alguém.
Como parte da nobreza da Inglaterra, tenho muitos privilégios, mas ao mesmo tempo tenho de seguir diariamente normas sociais que nunca me agradaram, as quais minha mãe me cobrava todos os dias. Como por exemplo, manter meus cabelos sempre presos e nunca sair em público desacompanhada da minha família ou de uma criada. Por ser mulher, não devo nunca falar sem permissão dos homens presentes, muito menos estar na presença de um sozinha, sempre usar espartilho, sempre manter a coluna ereta… Ah, e nunca montar de pernas abertas em um cavalo. Blá-blá-blá.
Minha mãe é francesa e “se apaixonou” pelo meu pai quando ela chegou nas terras da Rainha pela primeira vez. Entre aspas, pois na verdade ela foi vítima de um casamento arranjado para estabelecer uma aliança da nobreza entre a sua família e a de meu pai, Lorde , Conde de Essex, ganhando assim seu título de condessa. Por ser francesa, já ouvi muitas pessoas falarem mal dela pelas costas por conta da rivalidade entre a França e a Grã-Bretanha. Por conta disso, maman faz aulas diárias de pronúncia inglesa para perder o sotaque. No entanto, perto de mim e do meu pai, fazemos questão de deixá-la confortável para ela falar do jeito dela. A própria família de meu pai não a admira, mas os dois se dão bem para um casal forçado. Já a família de meu pai está inserida na sociedade há muitas gerações, ele está sempre em reuniões de conselhos, embora ele não faça parte dele oficialmente ainda, e é, digamos, relativamente próximo à Sua Majestade.
não é parte da nobreza, ela na verdade é filha de um casal de empregados da nossa família. Nós sempre fomos amigas e minha mãe sempre apoiou nossa amizade, embora sempre escondesse dos outros por conta de julgamentos que poderiam comprometer a única fonte de renda da família humilde de , além de acabar com a reputação de nossa família. Apesar de tudo isso, eu nunca a vi ficar chateada por isso, ela realmente é uma garota forte. Ao contrário de mim, que tento o tempo todo fugir de quem eu sou de verdade.
Enquanto me esforçava ao máximo para alcançar , já conseguia sentir o cheiro forte do rio Tâmisa. Nós estávamos causando um caos nas ruas em alta velocidade, cortando todas as outras carruagens e pedestres que passavam.
− Você vai perder mais uma vez! − gritou.
− Não tão rápido! − respondi.
Dei um último impulso no cavalo e, quando estava quase alcançando , dois homens atravessavam a rua. Puxei a cela com força para frear, mas o cavalo empinou e acabou me derrubando no chão.
− Mas que absurdo! Olhe por onde anda, sua... − um dos homens que atravessavam, baixinho e gordinho com um bigode grosso acima de seus lábios finos, estava pronto para dirigir palavras grosseiras a mim, mas o outro homem que lhe acompanhava pôs a mão em seu ombro, num gesto que significava um “se acalme”.
chegou até mim antes que eu pudesse entender bem o que havia acontecido. Eu havia batido a cabeça e, apesar de eu não ter me machucado, o pequeno acidente foi forte o suficiente para me deixar tonta em com uma baita dor de cabeça.
− ! Você está bem? Se machucou? − ela me perguntou enquanto descia de sua carruagem e vinha até mim, que estava com a mão em meu coração respirando profundamente.
− Sim, estou bem − suspirei em alívio, ao ver que não atropelei ninguém − essa foi por pouco.
Notei que o outro homem que estava atravessando também veio até mim. Ele usava um sobretudo escuro e um chapéu. Parecia ser um homem atraente, mas eu ainda estava um pouco tonta para reparar.
− Bateu a cabeça, senhorita? – ele me perguntou.
− Sim − respondi com timidez, evitando olhá-lo nos olhos – mas está tudo bem, senhor.
Finalmente pude reparar, ele era tão bonito. Alto, ombros largos. Mas mamãe sempre me dizia para não olhar estranhos nos olhos para que eles não pensem que eu estou demonstrando interesse. Como uma Lady , deveria manter a minha honra. Ugh.
− Tome mais cuidado, você não deveria cavalgar tão rápido − ele disse num tom preocupado − você pode acabar não só machucando a si mesma como também aos outros.
Percebi que o homem carregava uma maleta que aparentava ser pesada, mas ele não tinha cara de operário. Seria ele um viajante? Ele deveria ter bastante dinheiro para poder pagar uma viagem até Londres.
− Perdoe-me, senhor − eu disse enquanto ajeitava meu cabelo e acalmava o cavalo para seguir o percurso – sinto muito, mas eu tenho que ir. Vamos logo, − e saí com pressa.
− ! Espere por mim! − foi atrás de mim. − Perdoe-nos, senhores, tenham um bom dia! − ela gritou.
Quando me alcançou, ela andou com o cavalo ao meu lado.
− Desculpe, , eu não deveria ter te convencido a apostar corrida novamente... − ela disse com a cabeça baixa.
− Não se preocupe, − eu sorri em sua direção, desta vez galopando numa velocidade aceitável − não é sua culpa. Eu sempre me divirto quando apostamos corrida.
− Eu também, afinal, eu sempre ganho! – disse empinando o nariz.
− Não se gabe! − rimos juntas.
− A propósito, você reparou?
− No quê? – perguntei, franzindo o cenho.
− No homem com a maleta, ora! No jeito com o qual ele te olhou... ele gostou de você.
− O quê? Até parece! − eu ri, mas algo em mim dizia que ela não estava mentindo. Aquele homem, aqueles olhos, aquele rosto... − Mesmo que fosse verdade, eu jamais poderia conhecê-lo... mas eu não o esquecerei tão cedo. Seria uma pena não o ver outra vez.
− Safadinha! – ela deu uma risadinha.
− !
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− Você achou que eu não perceberia que você fugiu outra vez? Ah, merde! − o forte sotaque provençal de minha mãe me assustou enquanto eu pulava a janela de meu quarto, tentando entrar escondida após minha aventura mais cedo.
− Maman! Eu não tinha te visto...
− Onde você estava? Por que seu cabelo está tão bagunçado? Estava apostando corrida a cavalo com de novo? Ah, na verdade eu não quero saber... − ela disse enquanto me empurrava para a penteadeira. − Alguém te viu assim? Vamos dar um jeito nesse seu cabelo. Lembre-se, hoje temos um jantar importante, vamos conhecer o artista contratado para pintar nossos retratos. Sabe que seu pai contratou um artista renomado em todo o continente europeu para vir até aqui, pois ele é muito exigente... − ela disse enquanto revirava os olhos e ria baixinho.
− É verdade... – eu disse, nem um pouco animada para conhecer ninguém. Com certeza o artista seria só mais um dos velhinhos italianos narigudos que meu pai adora.
− Ma chérie, você sabe que te amo mais que tudo − ela disse enquanto arrumava meus cabelos, trançando-os num coque baixo – mas me preocupo contigo. Se as outras famílias descobrissem o que você anda fazendo pelas ruas...
− Arruinaria a imagem de nossa família, eu sei.
− Não só isso... – ela suspirou − acabaria com o seu casamento também.
Sim, meu casamento.
Minha família ofereceu a minha mão em casamento ao Lorde Henry Peterson, filho do Duque Charles Peterson, em troca do reconhecimento do meu pai pela Rainha Vitória como um membro do Conselho Privado do Reino Unido. Meu pai não é uma má pessoa por isso, muito pelo contrário, ele também não é muito fã do meu futuro marido (eu odeio essa palavra). Mas uma posição de prestígio como essa era o sonho de qualquer nobre inglês, e isso traria uma ótima reputação à minha família.
Eu obviamente não amava o Lorde Peterson. Mas eu precisava fazer isso pelos meus pais, pela minha família, embora eu odiasse tanto isso que eu chorava todo dia antes de dormir.
Meu casamento com o Lorde Peterson estava marcado para o fim de dezembro, perto das festas de fim de ano e no começo do inverno. Ouvi críticas da minha mãe e de suas “amigas” quanto à escolha da data, pois a neve atrapalharia a cerimônia e o gramado da capela estaria completamente branco. Eu, particularmente, sempre preferi esta estação. Se fosse para eu me casar, que fosse num dia em que pelo menos me trouxesse um mínimo de alegria.
Eu devo me casar de branco e toda a alta sociedade deve ser convidada. Após a cerimônia, devemos dançar. Não poderei beber mais do que duas taças de vinho. Não poderei comer mais que um pedaço de bolo. Mas o mais importante: eu deveria me casar virgem, e isto era indiscutível.
Na nossa noite de núpcias, deveremos consumar o ato em nossa nova cama, o único momento em que serei permitida perder minha virgindade. No dia seguinte, meu próprio pai deverá verificar se há sangue na minha cama – indicativo de que tive o hímen rompido. A pessoa que inventou essas regras nunca ouviu falar em hímen complacente? E outra, que interesse é esse no hímen alheio? Não aguento mais essa cultura machista.
− Maman, eu não quero me casar! – eu tive de lutar para que as lágrimas que estavam em meus olhos não caíssem, mas eu não consegui. Era impossível para mim pensar no meu futuro sem ficar deprimida.
− Eu sei, mon amour − ela me abraçou − eu já estive no seu lugar... mas veja, eu e seu pai aprendemos a nos amar, agora somos felizes. Desde que te tivemos, não teve um dia sequer que não fui grata pela vida que escolheram para mim.
− Eu espero − mas eu sabia que não seria assim.
− Vamos, , precisamos colocar o seu espartilho.
− Eu odeio espartilhos! É como se não houvesse um esqueleto dentro de mim em perfeitas condições de segurar meu corpo! − eu disse irritada.
− Você realmente tem muitas opiniões fortes e eu concordo com todas elas – ela sorriu e eu, apesar de tudo, sorri também.
Só minha mãe conseguia me animar numa hora dessas.
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O Big Ben bateu às 21 horas e os empregados já haviam preparado o salão com a decoração que minha mãe pediu para o jantar que teríamos com a família de meu futuro marido e o artista contratado pelo meu pai. As cortinas do salão eram cor de creme, e na mesa, diversas toalhas de tons claros estavam estendidas embaixo de bandejas cheias de comida. No canto da sala, um pianista tocava uma música agradável. Tamanha extravagância apenas para um jantar.
− Maman, a senhora não acha um pouco demais? – cochichei para a minha mãe enquanto tentava encontrar uma posição confortável na cadeira vestindo aquele espartilho apertado.
− Non, ma chérie − ela respondeu enquanto ajustava um fio de cabelo meu que estava fora do lugar − o Lorde Peterson é extremamente exigente com a decoração, e o casamento de vocês será um grande evento. É necessário que tudo esteja perfeito.
Fiquei em silêncio. Logo em seguida, ouvimos passos e três vozes diferentes, mas uma delas era distintivamente estridente e ecoava pelo corredor que levava até o salão em que ocorreria o jantar. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
− Querida Lady , vejo que está linda como sempre! − Henry Peterson aproximou-se de mim, curvou-se e beijou minha mão. Ele estava vestindo o casaco que costumava usar para caçar, um longo sobretudo marrom, e uma cartola de alfaiataria, de praxe. Seu cabelo estava preso num rabo de cavalo baixo.
− Agradeço, milorde – respondi desinteressada, com um sorriso claramente forçado.
− Um dia irei conquistá-la, milady − ele se afastou e se sentou na cadeira ao meu lado − quando for minha esposa, vou te fazer muito feliz − e piscou para mim.
Aquele homem era o mais falso que já vi. Em frente a nossa família, ele dizia coisas doces e era super educado, mas quando estávamos sozinhos, ele dizia coisas nojentas a mim e tentava me levar para a cama a qualquer custo.
− Lady , madame − o pai de Henry, o Duque Charles Peterson, disse enquanto tirava seu chapéu e se sentava na cadeira de frente à do filho. Ele era um homem presunçoso, tinha um tom arrogante quando falava conosco, principalmente com a minha mãe. Acho que ele era uma das pessoas que menos apreciava o fato dela ser francesa. Era um homem alto, como o filho, com o nariz grande e dentes excessivamente amarelados, que parecia estar sempre de mau humor. Eu nunca gostei dele.
− Condessa . Boa noite, Sir Peterson − minha mãe respondeu, percebi que ela fez força para não soar com um sotaque francês. Odeio quando ela faz isso, seu sotaque é tão lindo.
− Duque Peterson − meu futuro sogro respondeu, sem economizar na grosseria. Foi enorme o esforço que eu fiz para não dar um tapa bem dado naquela cara enrugada.
− Como é bom te ver, minha filha − meu pai, que era o último dos três que chegavam pelo corredor, beijou minha testa. Ele estava arrumado e parecia contente com a situação − Boa noite, querida. Como foi o dia de vocês? − ele se dirigiu à minha mãe.
− Nosso dia foi bem, mon cher… − ela coçou a garganta e olhou para mim, ainda brava pela minha fuga mais cedo.
− Como sempre − eu sorri amarelo.
− Fico feliz − ele sorriu − passei o dia caçando com os Petersons. Decidimos fazer o mesmo amanhã com o artista que contratamos, ele chegou de viagem hoje e nós imaginamos que uma longa tarde de caça a cervos seria uma boa recepção.
− Pobres animais, tendo suas vidas tiradas para simples entretenimento − eu disse, olhando de canto de olho para meu querido futuro marido.
− ! − minha mãe exclamou, mas em voz baixa − olhe como fala!
− Não se preocupe, Vossa Graça − Henry riu − mulheres, principalmente jovens, não entendem a importância dessas atividades. Elas também não deveriam se importar com essas coisas… uma noiva deve apenas se preocupar em estar linda no seu casamento e em fazer seu noivo feliz − debochou. Ele sabia que esse tipo de pensamento me irritava.
− E onde está o artista? Odeio pessoas que se atrasam − perguntou o Duque Peterson, impaciente.
− Meu empregado Gilbert, a pessoa a quem solicitei que o buscasse no porto de Southampton, me disse que ele precisava se arrumar melhor, pois passou muitos dias no mar e, assim quando chegou, ambos foram recebidos por um galopeiro desenfreado que os sujou de poeira e lama – Henry respondeu.
− Plebeus, um bando de selvagens – como sempre, o convencido duque não poderia deixar escapar a oportunidade de soltar um comentário preconceituoso.
Mas… isso só podia ser uma coincidência, certo?
− Boa noite, damas e cavalheiros, perdoem-me por meu atraso − um homem entrou rapidamente passando a mão sobre seus cabelos, bagunçados e penteados para trás, caindo sobre seus olhos. Ele vestia um sobretudo azul escuro, e por baixo, uma camisa de botões preta que mostravam sua silhueta musculosa. Calças e botas escuras, aquele homem parecia ser do tipo que não gostava de chamar muita atenção, mas tenho certeza de que seu belo rosto não o deixava passar despercebido.
Aquele rosto… eu não podia acreditar. Foi o homem que eu quase atropelei. Que coincidência do destino.
− Ah, senhor ! Finalmente – o duque se levantou para apertar a mão do artista − como é bom finalmente conhecê-lo pessoalmente, fico feliz de ver o homem responsável pelos retratos mais belos da Europa. Eu me chamo Charles Peterson, Duque de Grafton.
− Muito prazer, Vossa Excelência − ele apertou sua mão de volta, levemente desconcertado com a bela decoração do salão, notei que ele mal prestava atenção no que o duque dizia, pois admirava o aposento inteiro.
− Como foi a sua viagem das Índias até aqui? − meu pai perguntou. Ele deveria viajar bastante a trabalho, provavelmente não via sua casa há meses.
− Salgada como sempre, Sir…? − ele estendeu sua mão ao meu pai, esperando que ele se apresentasse.
− Ah, Lorde , Conde de Essex. Fui eu que o escrevi solicitando os seus serviços, prazer em conhecê-lo. Deixe-me apresentar minha filha, ela será seu trabalho principal.
Ó, céus.
− Milady… − ele sorriu − sinto que já nos vimos antes.
− Tenho certeza de que nunca nos vimos − respondi logo em seguida, esforçando-me ao máximo para esconder meu nervosismo.
− É verdade − ele pegou minha mão – jamais me esqueceria de um belo rosto − em seguida beijou-a levemente.
Eu ri envergonhada e senti borboletas em meu estômago. Este homem sabe que meu futuro marido está logo ao lado? Ele sabia que seu trabalho consistiria em retratar em diferentes pinturas o noivado e a cerimônia de casamento, mas insistiu em me fazer um elogio em frente a todos. Aquela atitude foi a de um homem atrevido, que não se importa com as consequências.
E mesmo assim, eu não conseguia parar de olhar em seus olhos hipnotizantes… ele olhava fundo nos meus também. O que se passava em sua cabeça?
− Hm-hm − Henry coçou a garganta num sinal de desconforto − e eu sou o sortudo futuro marido desta moça, chamo-me Henry Peterson.
− Ora, mas é claro − o senhor estendeu sua mão a Henry rapidamente e se dirigiu à minha mãe − então você deve ser a Condessa , ou devo dizer Vossa Graça? Enchanté! Como está o meu francês? – O senhor rapidamente beijou a mão de minha mãe, pegando-a de surpresa. Ela não estava acostumada com pessoas sendo gentis com ela. Aquilo me deixou feliz.
− C’est impeccable! - minha mãe respondeu sorrindo. Pude notar que o Duque Peterson não gostou nem um pouco de ouvi-la falar francês.
− Acho que preciso praticar mais, pois não faço ideia do que acabou de dizer! – e assim o senhor conseguiu tirar uma risada de quase todos na mesa − Estou feliz que tenham me escolhido para pintá-los. Prometo fazer um trabalho excelente.
− Por favor, sente-se − minha mãe ofereceu a cadeira à sua frente, a qual um criado rapidamente puxou para que o pintor se sentasse − temos muito a discutir, quero que a cerimônia de minha filha seja perfeita e que ela tenha para sempre uma memória de seu belo casamento em sua parede.
O resto da noite foi assim. Pessoas discutindo sobre meu futuro como noiva, mulher e mãe, sem me consultar sobre minhas próprias escolhas. Minha mente divagava numa tentativa de me fazer fugir daquele lugar, e eu já não mais ouvia o que eles diziam, só concordava com a cabeça e segurava para não chorar.
Mas o senhor olhava e sorria para mim, e apesar de eu odiar tudo aquilo, eu sorria de volta. Será que ele percebia? Será que ele sabia que eu odiava tudo aquilo? Será que ele me entenderia?
Mas eu jamais poderia saber. Minha mãe jamais aceitaria que eu conversasse com ele sem sua permissão. Eu teria de aceitar que eu me casaria virgem com um homem que eu não amava e que eu nunca viveria as experiências de uma mulher comum.
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O grande relógio de pêndulo do salão mostrava quase 23 horas e os mais velhos finalmente haviam terminado de decidir meu futuro sem meu consentimento. Despedi-me de Henry, do Duque Peterson e do senhor .
− Senhor , escolhi para o senhor uma acomodação no primeiro andar de nosso palacete − meu pai disse − espero que seja confortável o suficiente.
Ai, o senhor vai passar as noites na casa da minha família, isso significa que eu o veria todos os dias. Pelo menos teria uma razão para sorrir pela manhã e ter bons sonhos de noite.
− Tenho certeza de que qualquer habitação na mansão será confortável o suficiente, Vossa Graça − ele respondeu sorrindo. Meu Deus, que sorriso.
− Nós lhe mostraremos o caminho até lá − meu pai respondeu. Que vergonha, andar ao lado daquele lindo homem e não poder olhar nem para o seu rosto, caso contrário seria uma falta de respeito.
Andamos até a habitação em que o artista se hospedaria, e uma pequena caminhada de cinco minutos pareceu durar trinta por conta da tensão que eu estava sentindo. Aquele homem me deixava desconcertada, e a cada momento que eu passava com ele eu o achava mais atraente.
− Aqui está, aproveite sua estadia. Não hesite em chamar os empregados com o sino que deixei em sua cama, eles estão aqui para servi-lo.
− Obrigado, Vossa Graça. Desejo-lhes uma ótima noite.
Ele olhou uma última vez para mim e eu não pude evitar sorrir. Após isso, voltamos para o nosso quarto e me dirigi ao meu quarto com a minha mãe.
Uma criada me ajudou a tirar o espartilho e eu finalmente pude respirar normalmente, ficando só com a longa camisola que usava por baixo. Soltei meus cabelos, eu os preferia soltos, mas minha mãe sempre dizia que usá-los soltos em público passaria uma imagem de que sou promíscua. Quem inventou essas coisas?!
− O que você achou do senhor , maman? − perguntei para quebrar o silêncio, pois ela parecia pensativa.
− Sem dúvidas, ele deve ser um ótimo artista. Mas como pessoa, o achei… atrevido − ela respondeu enquanto dobrava meu vestido.
− Sério? Achei-o interessante − respondi, com medo do que ela diria em seguida.
− Você não deve achar nenhum outro homem interessante além de seu noivo, . O que Lorde Peterson pensaria disso?
− Nada, pois ele não irá saber − respondi cruzando os braços.
− Quero que fique longe daquele artista. Eu percebi vocês olhando um para o outro, isto pode causar problemas em sua união com o filho do duque − ela virou as costas.
− N-não é o que a senhora está pensando − respondi nervosa.
− Eu sei o que vi, , já tive a sua idade. Mas você deve dar importância ao que realmente importa, que é a nossa família.
− Sim, mamãe − respondi, cabisbaixa.
Ela se virou para mim e percebeu que havia me deixado triste. Então, ela sentou-se ao meu lado na minha cama e me abraçou.
− Haverá momentos em que você conhecerá homens charmosos que parecem ser melhores que o que você já tem − ela disse baixinho − mas não valerá a pena, pois eles não poderão oferecer uma vida mais feliz do que a que seu futuro marido te oferecerá. Sua família é o mais importante e você aprenderá a ignorar a tentação de comprometer seu matrimônio.
Era para isso me ajudar? Parece mais uma sentença de tortura, mas eu jamais diria isso a ela. Ela nunca entenderia.
− Está bem, maman − forcei um sorriso.
− Você precisa descansar, amanhã cedo você terá aula de etiqueta com a senhora Brooke.
− Argh, eu odeio aquela mulher. Ela briga comigo por qualquer motivo! − eu me joguei na cama e cobri o rosto com o travesseiro.
− Isto é porque você não tem modos! Se fizesse o que ela manda, não teria de aprender lição alguma − ela se levantou e foi até a pequena mesa ao lado de minha cama onde havia um abajur cuja luz ela apagou − chega de teimosia por hoje, agora é hora de dormir.
Eu tirei o travesseiro do meu rosto e me aconcheguei e em minha cama. Em seguida, minha mãe veio até mim me dar um beijo na testa como ela sempre fazia desde que eu era criança. Um pouco infantil, mas eu sempre achei fofo e me sinto bem quando ela faz isso.
− Bonne nuit, mon amour. Je t’aime.
− Boa noite, mamãe. Também te amo.
Minha mãe saiu do meu quarto e eu fiquei lá, deitada. Fechei os olhos e tudo o que vinha à minha cabeça era o lindo rosto do senhor . Eu sonharia com aquele rosto até o dia em que ele nos deixasse.
Mas naquela noite eu não conseguia sonhar, pois não conseguia dormir. Na verdade, o rosto do senhor estava me deixando acordada, ansiosa. Será que ele está dormindo? Será que ele está ansioso também? O jeito com o qual ele beijou minha mão e olhou em meus olhos... Será que ele está pensando em mim também?
Eu me levantei silenciosamente para não acordar ninguém. Fui até minha janela, que tinha uma vista para os jardins do palacete, suas árvores secas de outono e seus bancos que deviam estar tão gelados que era impossível sentar-se sobre eles. Tentei ver se saía alguma luz do quarto abaixo, para ver se o senhor estava acordado, mas não consegui ver nada. Via apenas as luzes do jardim e a calçada, na qual era possível ver um casal que se beijava apaixonadamente.
Eram o Lorde Fitzgerald e a Lady Howard. Eles eram casados com outras pessoas, mas sempre se encontravam na rua à noite e se dirigiam a uma carruagem embaixo de uma árvore que dava para ver da janela do meu quarto. Todo mundo na sociedade sabe que eles são amantes, mas ninguém fala sobre isso, inclusive seus próprios cônjuges. Essa é a vida em nobreza, todo mundo sabe a verdade, mas todo mundo prefere manter a pose e a honra acima de sua própria felicidade. A sociedade não perdoa quem desiste de se adequar a ela.
Mais ao canto, no entanto, vi uma figura incomum de se ver no jardim àquela hora da noite. Parecia ser um homem, ele estava sentado num dos bancos com algo nas mãos. Aqueles cabelos bagunçados… senhor ?
É ele! O que eu faço? Minha mente dizia que eu deveria deixá-lo em paz, pois se alguém me visse com ele, meu casamento estaria acabado e minha família provavelmente nunca recuperaria a sua reputação. Mas algo dentro de mim dizia “vá agora, senão você vai se arrepender pelo resto de sua vida de nunca ter ido.”
Então eu fui.
Peguei um roupão escarlate em meu guarda-roupa e o vesti de qualquer jeito por cima de minha camisola branca. Coloquei pantufas macias para não congelar os pés e para que ninguém me ouvisse andar por aí.
Acendi uma vela e a coloquei num pires, em seguida saí de fininho de minha habitação e fechei a porta o mais devagar possível para não acordar meus pais. Mas o ronco do meu pai estava tão alto que acho que eles não ouviriam de jeito nenhum.
Desci as longas escadas cobertas por um tapete escuro na ponta dos pés, segurando firme no corrimão gélido para não cair. Segui pelos corredores que levavam até os jardins e lá, quando avistei o senhor recolhi minha consciência.
− Que merda estou fazendo? Talvez ele queira ficar sozinho, e eu aqui indo incomodar o pobre homem − murmurei, pronta para retornar ao meu quarto.
Mas era tarde demais, o senhor me viu e, assim que me reconheceu, acenou para mim com um gesto que significava “venha até aqui”. E quem era eu para recusar?
Dirigi-me até ele e, ao sair de dentro de casa, o vento gelado apagou a vela que eu levava e estremeceu minhas pernas e meus pés, arrependi-me na hora de não ter colocado botas. Mas segui, pois jamais recusaria um convite do senhor .
− Lady , que surpresa! O que está fazendo aqui fora nesse frio vestida deste jeito? − ele indagou, me olhando da cabeça aos pés e dando espaço para que eu pudesse sentar-me ao seu lado no banco.
− Eu estava sem sono − respondi tremendo − então resolvi dar uma volta pela casa – como se fosse só isso.
− Mas você pode acabar pegando um resfriado − ele disse preocupado, pegando o pires com a vela apagada de minha mão e colocando-o ao lado dele, depois passando as mãos em meus braços numa tentativa de me aquecer.
Nós não podíamos estar ali sozinhos e ele tampouco podia me tocar daquele jeito, e embora eu soubesse disso, eu deixei, pois o prazer de sentir suas mãos em mim era maior do que qualquer eventual culpa ou vexame que eu poderia vir a sentir.
− Por favor, chame-me de − olhei fundo em seus olhos, sentindo mais borboletas no meu estômago com o toque de suas mãos em mim.
− Como quiser... − ele respondeu, sorrindo de canto − contanto que me chame de também. Caso contrário, vou me sentir velho.
Ri baixinho com sua resposta.
− E você, por que está aqui a esta hora?
− Pelo mesmo motivo que o seu. Embora cansado, deitei-me naquela cama gigante cheia de lençóis e travesseiros e não consegui dormir.
Reparei que em suas mãos havia papel e um lápis, o qual ele utilizava para fazer um esboço da vista que tínhamos do jardim, mais precisamente do casal que de amantes dentro da carruagem na rua afora.
Ficamos em silêncio e, embora nervosa, eu me sentia confortável ao seu lado.
− Senhor , digo, … − disse, desviando o olhar.
− Pois não?
Fiquei num longo silêncio, pois eu queria muito conversar com ele, mas eu não sabia sobre o quê. Fiquei ainda mais nervosa e não sabia mais se eu estava tremendo de ansiedade ou de frio.
− Desculpe pelo incidente com a montaria mais cedo − foi a única coisa que consegui pensar. Aff, isso não poderia ter sido pior.
− Ah! − ele pôs a mão em sua boca, rindo − Não se preocupe, mas acho que quem realmente merece um pedido de desculpas é o senhor Gilbert, ele ficou realmente irritado.
Eu me senti melhor após ver que arranquei uma risada dele.
− É verdade, eu não fazia ideia de que ele era um empregado dos Petersons. Se eu o conhecesse, teria tomado mais cuidado.
− Por que você estava cavalgando tão rápido? Queria matar alguém atropelado? − ele perguntou, ainda rindo.
− Eu estava apostando uma corrida com a minha amiga , mas como sempre, perdi.
− Que pena… Eu poderia te ensinar a como manter um controle melhor da montaria, sou muito bom nisso.
− Ora ora, o artista mais bem pago da Europa sabe andar a cavalo? Achei que artistas não levassem jeito para atividades ao ar livre – tirei sarro dele, que deu uma risadinha.
− Nem todos. Quando eu era garoto trabalhei com tudo, inclusive em estábulos, e aprendi a montar a cavalos sozinho. Por isso, posso te ensinar como ganhar de sua amiga – ele disse, piscando para mim.
− Eu adoraria − e sorri. Até parece que isso aconteceria um dia, mas sonhar não faz mal a ninguém. − Posso ver o que está desenhando?
− Claro − ele me mostrou. Era apenas um esboço, mas dava para ver que ele tinha muita habilidade. − Está incompleto, mas quando eu terminar ficará bom.
− São o Lorde Fitzgerald e a Lady Howard! − eu abri minha boca em choque.
− Algum problema? − me perguntou, confuso.
− Se esse desenho for visto por alguém será o fim deles… − ri baixinho e sorriu.
− Quer que eu faça um para você?
− O senhor faria mesmo? Eu ficaria muito agradecida.
− Vou desenhar você neste jardim e te darei como presente.
− Acho que você vai se cansar de tanto me pintar nas próximas semanas − comentei, sentando-me de frente para ele.
− Eu nunca me cansaria de pintar uma modelo tão bela como você − ele disse, virando-se de frente para mim também.
− Você é muito atrevido − eu disse, sentindo meu corpo se puxar para perto do dele como um ímã.
− E você é muito irresistível − ele colocou rapidamente a folha de papel na qual desenhava atrás de si no banco, colocou a mão em minha nuca e puxou delicadamente meu rosto em direção ao dele, nossos lábios quase se tocaram.
− Eu… não posso…
− O que está te impedindo? − ele sussurrou.
− Minha família… não posso… − eu não conseguia articular as palavras propriamente, o rosto de estava perigosamente próximo ao meu.
olhou em volta, como se procurasse por algo.
− Não vejo sua família por aqui.
− E o Lorde Peterson? Eu estou noiva.
− Ele não é digno de uma mulher como você.
− Eu… − e antes que eu pudesse terminar, beijou-me profundamente, sua língua rapidamente adentrando a minha boca.
Uma de suas mãos acariciava minha nuca e a outra encontrou minha cintura, tornando nosso beijo ainda mais profundo. Eu estava arrepiada, o frio na minha barriga só aumentava e, apesar do vento gelado, seu beijo conseguiu me deixar com calor.
Eu me aproximei mais e continuei beijando-o. Passei meus braços por seu pescoço, acariciei sua nuca e puxei seu cabelo de leve. Ele me abraçou mais forte pela cintura, deixando-nos mais perto um do outro, mas eu queria mais.
Ele deslizou lentamente suas mãos para a minha bunda, como quem pedia permissão. Eu com certeza consenti, e ele me colocou em cima do seu colo, de frente para si. Em seguida, parou de beijar minha boca para beijar meu pescoço e o meu colo. Minha pele arrepiava e eu gemia baixinho, querendo cada vez mais sentir o seu toque. Pressionei a cabeça dele em meu colo, trazendo-o para mais perto de mim, e senti uma de suas mãos tocar meu seio direito.
− Você é linda demais − ele sussurrou em meu ouvido enquanto lentamente acariciava meu mamilo por cima do fino tecido de renda de minha camisola, fazendo minha pele arrepiar com seu toque.
Eu sentia que aquilo era errado, mas suas mãos em meu corpo faziam com que minha vontade de tê-lo para mim abafasse qualquer culpa que eu pudesse sentir. Parecia que quanto mais colados um ao outro ficávamos, mais perto dele eu queria ficar. Sua roupa grossa atrapalhava minhas mãos, que tentavam desesperadamente sentir seu peitoral, mas apesar deste detalhe, eu conseguia sentir sua ereção embaixo de mim, tão bem encaixada entre minhas pernas, que me fazia querer arrancar minhas roupas lá mesmo.
Foi quando ele, voltando a beijar meus lábios, passou a mão por debaixo de minha camisola, em busca de um toque mais íntimo ainda em meus seios, que eu percebi que aquilo estava bom demais para ser correto. A sensação de culpa, finalmente, ultrapassou a do prazer, mas eu ainda queria estender aquele momento de extrema intimidade ao máximo. Ignorar as consequências de meus atos, pelo menos uma vez em minha vida.
Eu nunca havia sido tocada daquela maneira. Tinha beijado homens antes sim, poucos, escondida de minha mãe. Nenhum deles parecia saber o que estava fazendo. Não que eu soubesse também, mas não sei o que ensinam a esses moleques que fazem com que eles não saibam agradar uma mulher de verdade. Nunca nenhum deles havia sequer me excitado. Mas era diferente… ele parecia desvendar meu corpo, parecia que quanto mais sua língua invadia a minha boca, mais ele me conhecia, mais ele sabia o que eu queria, mesmo que nem eu mesma soubesse direito. não era um moleque… era um homem, que já havia tido suas experiências e estava pronto para colocá-las em prática comigo. As mãos daquele homem percorriam meu corpo e a sensação fazia com que minha pele se arrepiasse, que ficasse difícil segurar os sons que escapavam de minha boca, que meus mamilos se enrijecessem com o toque da ponta de seus dedos que circulavam-nos e que um calor se formasse entre minhas pernas. Eu podia sentir minha roupa íntima levemente úmida ao roçar com vontade meu quadril no seu.
Quando senti sua mão deixar meu seio, ele passou os dedos levemente pela minha barriga, arrepiando-me mais uma vez. Em seguida, afastou-me um pouco de si, o que me fez estranhar, mas antes que eu pudesse perguntar o que houve, eu entendi. Enquanto olhava-me nos olhos, ele tocou, por cima de minha roupa íntima, meu sexo. Levemente, lentamente, ele passava os dedos de cima a baixo, atiçando-me, e eu sentia uma mistura de tesão e nervosismo.
− Eu… eu nunca... − antes que eu pudesse terminar o que eu ia dizer, ele colocou o indicador de sua outra mão sobre meus lábios.
− Eu sei − ele disse.
− Eu… não… − palavras saíam de minha boca, mas eu não era capaz de formular uma frase.
− Eu entendo − ele disse, passando a mão em meus cabelos – você tem certeza de que quer isso?
− Como assim? – eu perguntei, sentindo-me mais envergonhada do que nunca.
− Você tem certeza de que quer deixar eu ser o primeiro a te tocar? Sabe, essas coisas ficam na nossa memória para sempre.
− Eu tenho, mas você tem que me prometer que vai devagar.
− Devagar é o único jeito que eu sei fazer – ele sorriu presunçosamente.
então continuou a me acariciar levemente, em momentos de vai e vem, por cima da minha roupa íntima. Eu já conseguia sentir a umidade lá embaixo e a provocação dele estava me deixando com frio na barriga.
Em seguida, ele puxou minha calcinha lentamente, um palmo acima dos meus joelhos, e levou seu dedo indicador e o seu dedo médio à minha entrada. Eu me preparei para a possível dor, mas fiquei surpresa quando ele não entrou.
− Ainda não... – ele sussurrou e mordeu o lóbulo da minha orelha. Seus dedos seguiram para uma parte superior em minha intimidade, procurando por uma pequena bolinha sensível. Ao encontrá-la, massageou-a em círculos, e a sensação que senti foi simplesmente incrível.
Eu nunca tinha sentido essa sensação intensa de prazer antes. Meu corpo inteiro ficou arrepiado e eu não conseguia controlar os espasmos em minhas pernas. Eu fechei os olhos e cravei minhas unhas em suas costas, tentando conter meus gemidos. Percebendo o quanto eu estava gostando, ele intensificou meu prazer enquanto acariciava meu seio ao mesmo tempo em que aumentava um pouco mais a velocidade de seus dedos. Ele me beijava, mas eu quase não conseguia beijá-lo de tanto que eu tentava segurar os sons que tentavam sair da minha boca.
Chegou em um ponto em que meu corpo todo estava tremendo e eu senti um calor forte em minha virilha. Esfreguei meu quadril em seus dedos, pedindo para que ele aumentasse a intensidade de seus movimentos. Ele entendeu e continuou até que eu não aguentei mais e senti espasmos correrem por toda minha pele. Mordi meu lábio para controlar o barulho e fechei meus olhos, sentindo aquela sensação maravilhosa invadir todo o meu corpo e me deixar mais molhada ainda. Eu tinha me desfeito em seus dedos e ele, triunfante, lambeu-os como quem apreciava o meu gosto.
− Foi bom? – ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
− Foi... incrível... – eu respondi, arfando – vai ficar na minha memória para sempre.
Ele riu.
− Tem muito mais coisas que posso deixar marcadas na sua memória para sempre.
− Tipo o quê? – perguntei, mais curiosa do que nunca.
− Paciência, – ele ajeitou meu roupão, cobrindo meu seio exposto e beijou meu pescoço – se eu entregar tudo agora, não vai ter graça nenhuma.
− Acho que vale a pena esperar – beijei seus lábios mais uma vez – eu não queria, mas eu realmente tenho que voltar... não posso correr o risco de minha mãe acordar e ver que não estou lá.
− Eu entendo. Mas nos vemos em breve?
− Em breve – desta vez, eu pisquei para ele, que me puxou para um último beijo.
Deixei os jardins e adentrei o palacete indo em direção às escadas, olhando-o pela última vez. Eu estaria saltitando, se eu não tivesse de manter o silêncio. Ao notar a escuridão das escadas, percebi que eu havia deixado o pires com a vela no jardim, mas pouco importava.
Entrei no meu quarto silenciosamente, muito nervosa. Mas ninguém havia acordado, e meu pai ainda roncava como um porco.
Entrei em meu quarto e tranquei a porta, algo que eu nunca fazia. Corri para a janela para ver se ainda estava no jardim, mas ele já havia partido. Será que ele já estava em seu quarto? Será que ele conseguiu dormir?
Tirei meu casaco e olhei-me no espelho, só de camisola. Senti-me irresistível e bela, como mesmo havia me descrito. Em meu rosto, um sorriso do qual não conseguia me desfazer. Eu estava genuinamente feliz, como não ficava há muito tempo.
Passei as mãos pelo meu corpo, imitando os movimentos que ele havia feito em mim. Senti minha pele arrepiar novamente com a memória de suas mãos me tateando e me joguei em minha cama.
Eu mal consigo acreditar no que acabou de acontecer. Eu só conseguia pensar em , como ele era incrível, como ele era lindo.
E quando percebi, eu já estava dormindo e sonhando a noite toda com o que mais me ensinaria.
− Fique tranquila, − disse enquanto montava em outro cavalo − afinal, eu serei tão rápida que a condessa nem perceberá que saímos − ela galopou com o cavalo, saindo em vantagem.
− Eu aposto 15 libras que consigo chegar ao Porto de Southampton antes de você! − eu disse, montando rapidamente sobre a cela e alcançando-a.
− Tudo isso?! Aposta aceita, depois não adianta chorar!
Dei o comando ao cavalo e deixei que ele me levasse numa velocidade devastadora pelas ruas apertadas e movimentadas de Londres. O último suspiro de outono batia forte em meu rosto e bagunçava meus cabelos, anunciando que a chegada de mais um inverno intenso estava próxima. A poeira das ruas londrinas sujava meu vestido de seda, mas apostar corrida de carruagem com a minha melhor amiga era um dos momentos mais libertadores para mim. Libertadores, digo, até eu ser pega por alguém.
Como parte da nobreza da Inglaterra, tenho muitos privilégios, mas ao mesmo tempo tenho de seguir diariamente normas sociais que nunca me agradaram, as quais minha mãe me cobrava todos os dias. Como por exemplo, manter meus cabelos sempre presos e nunca sair em público desacompanhada da minha família ou de uma criada. Por ser mulher, não devo nunca falar sem permissão dos homens presentes, muito menos estar na presença de um sozinha, sempre usar espartilho, sempre manter a coluna ereta… Ah, e nunca montar de pernas abertas em um cavalo. Blá-blá-blá.
Minha mãe é francesa e “se apaixonou” pelo meu pai quando ela chegou nas terras da Rainha pela primeira vez. Entre aspas, pois na verdade ela foi vítima de um casamento arranjado para estabelecer uma aliança da nobreza entre a sua família e a de meu pai, Lorde , Conde de Essex, ganhando assim seu título de condessa. Por ser francesa, já ouvi muitas pessoas falarem mal dela pelas costas por conta da rivalidade entre a França e a Grã-Bretanha. Por conta disso, maman faz aulas diárias de pronúncia inglesa para perder o sotaque. No entanto, perto de mim e do meu pai, fazemos questão de deixá-la confortável para ela falar do jeito dela. A própria família de meu pai não a admira, mas os dois se dão bem para um casal forçado. Já a família de meu pai está inserida na sociedade há muitas gerações, ele está sempre em reuniões de conselhos, embora ele não faça parte dele oficialmente ainda, e é, digamos, relativamente próximo à Sua Majestade.
não é parte da nobreza, ela na verdade é filha de um casal de empregados da nossa família. Nós sempre fomos amigas e minha mãe sempre apoiou nossa amizade, embora sempre escondesse dos outros por conta de julgamentos que poderiam comprometer a única fonte de renda da família humilde de , além de acabar com a reputação de nossa família. Apesar de tudo isso, eu nunca a vi ficar chateada por isso, ela realmente é uma garota forte. Ao contrário de mim, que tento o tempo todo fugir de quem eu sou de verdade.
Enquanto me esforçava ao máximo para alcançar , já conseguia sentir o cheiro forte do rio Tâmisa. Nós estávamos causando um caos nas ruas em alta velocidade, cortando todas as outras carruagens e pedestres que passavam.
− Você vai perder mais uma vez! − gritou.
− Não tão rápido! − respondi.
Dei um último impulso no cavalo e, quando estava quase alcançando , dois homens atravessavam a rua. Puxei a cela com força para frear, mas o cavalo empinou e acabou me derrubando no chão.
− Mas que absurdo! Olhe por onde anda, sua... − um dos homens que atravessavam, baixinho e gordinho com um bigode grosso acima de seus lábios finos, estava pronto para dirigir palavras grosseiras a mim, mas o outro homem que lhe acompanhava pôs a mão em seu ombro, num gesto que significava um “se acalme”.
chegou até mim antes que eu pudesse entender bem o que havia acontecido. Eu havia batido a cabeça e, apesar de eu não ter me machucado, o pequeno acidente foi forte o suficiente para me deixar tonta em com uma baita dor de cabeça.
− ! Você está bem? Se machucou? − ela me perguntou enquanto descia de sua carruagem e vinha até mim, que estava com a mão em meu coração respirando profundamente.
− Sim, estou bem − suspirei em alívio, ao ver que não atropelei ninguém − essa foi por pouco.
Notei que o outro homem que estava atravessando também veio até mim. Ele usava um sobretudo escuro e um chapéu. Parecia ser um homem atraente, mas eu ainda estava um pouco tonta para reparar.
− Bateu a cabeça, senhorita? – ele me perguntou.
− Sim − respondi com timidez, evitando olhá-lo nos olhos – mas está tudo bem, senhor.
Finalmente pude reparar, ele era tão bonito. Alto, ombros largos. Mas mamãe sempre me dizia para não olhar estranhos nos olhos para que eles não pensem que eu estou demonstrando interesse. Como uma Lady , deveria manter a minha honra. Ugh.
− Tome mais cuidado, você não deveria cavalgar tão rápido − ele disse num tom preocupado − você pode acabar não só machucando a si mesma como também aos outros.
Percebi que o homem carregava uma maleta que aparentava ser pesada, mas ele não tinha cara de operário. Seria ele um viajante? Ele deveria ter bastante dinheiro para poder pagar uma viagem até Londres.
− Perdoe-me, senhor − eu disse enquanto ajeitava meu cabelo e acalmava o cavalo para seguir o percurso – sinto muito, mas eu tenho que ir. Vamos logo, − e saí com pressa.
− ! Espere por mim! − foi atrás de mim. − Perdoe-nos, senhores, tenham um bom dia! − ela gritou.
Quando me alcançou, ela andou com o cavalo ao meu lado.
− Desculpe, , eu não deveria ter te convencido a apostar corrida novamente... − ela disse com a cabeça baixa.
− Não se preocupe, − eu sorri em sua direção, desta vez galopando numa velocidade aceitável − não é sua culpa. Eu sempre me divirto quando apostamos corrida.
− Eu também, afinal, eu sempre ganho! – disse empinando o nariz.
− Não se gabe! − rimos juntas.
− A propósito, você reparou?
− No quê? – perguntei, franzindo o cenho.
− No homem com a maleta, ora! No jeito com o qual ele te olhou... ele gostou de você.
− O quê? Até parece! − eu ri, mas algo em mim dizia que ela não estava mentindo. Aquele homem, aqueles olhos, aquele rosto... − Mesmo que fosse verdade, eu jamais poderia conhecê-lo... mas eu não o esquecerei tão cedo. Seria uma pena não o ver outra vez.
− Safadinha! – ela deu uma risadinha.
− !
− Você achou que eu não perceberia que você fugiu outra vez? Ah, merde! − o forte sotaque provençal de minha mãe me assustou enquanto eu pulava a janela de meu quarto, tentando entrar escondida após minha aventura mais cedo.
− Maman! Eu não tinha te visto...
− Onde você estava? Por que seu cabelo está tão bagunçado? Estava apostando corrida a cavalo com de novo? Ah, na verdade eu não quero saber... − ela disse enquanto me empurrava para a penteadeira. − Alguém te viu assim? Vamos dar um jeito nesse seu cabelo. Lembre-se, hoje temos um jantar importante, vamos conhecer o artista contratado para pintar nossos retratos. Sabe que seu pai contratou um artista renomado em todo o continente europeu para vir até aqui, pois ele é muito exigente... − ela disse enquanto revirava os olhos e ria baixinho.
− É verdade... – eu disse, nem um pouco animada para conhecer ninguém. Com certeza o artista seria só mais um dos velhinhos italianos narigudos que meu pai adora.
− Ma chérie, você sabe que te amo mais que tudo − ela disse enquanto arrumava meus cabelos, trançando-os num coque baixo – mas me preocupo contigo. Se as outras famílias descobrissem o que você anda fazendo pelas ruas...
− Arruinaria a imagem de nossa família, eu sei.
− Não só isso... – ela suspirou − acabaria com o seu casamento também.
Sim, meu casamento.
Minha família ofereceu a minha mão em casamento ao Lorde Henry Peterson, filho do Duque Charles Peterson, em troca do reconhecimento do meu pai pela Rainha Vitória como um membro do Conselho Privado do Reino Unido. Meu pai não é uma má pessoa por isso, muito pelo contrário, ele também não é muito fã do meu futuro marido (eu odeio essa palavra). Mas uma posição de prestígio como essa era o sonho de qualquer nobre inglês, e isso traria uma ótima reputação à minha família.
Eu obviamente não amava o Lorde Peterson. Mas eu precisava fazer isso pelos meus pais, pela minha família, embora eu odiasse tanto isso que eu chorava todo dia antes de dormir.
Meu casamento com o Lorde Peterson estava marcado para o fim de dezembro, perto das festas de fim de ano e no começo do inverno. Ouvi críticas da minha mãe e de suas “amigas” quanto à escolha da data, pois a neve atrapalharia a cerimônia e o gramado da capela estaria completamente branco. Eu, particularmente, sempre preferi esta estação. Se fosse para eu me casar, que fosse num dia em que pelo menos me trouxesse um mínimo de alegria.
Eu devo me casar de branco e toda a alta sociedade deve ser convidada. Após a cerimônia, devemos dançar. Não poderei beber mais do que duas taças de vinho. Não poderei comer mais que um pedaço de bolo. Mas o mais importante: eu deveria me casar virgem, e isto era indiscutível.
Na nossa noite de núpcias, deveremos consumar o ato em nossa nova cama, o único momento em que serei permitida perder minha virgindade. No dia seguinte, meu próprio pai deverá verificar se há sangue na minha cama – indicativo de que tive o hímen rompido. A pessoa que inventou essas regras nunca ouviu falar em hímen complacente? E outra, que interesse é esse no hímen alheio? Não aguento mais essa cultura machista.
− Maman, eu não quero me casar! – eu tive de lutar para que as lágrimas que estavam em meus olhos não caíssem, mas eu não consegui. Era impossível para mim pensar no meu futuro sem ficar deprimida.
− Eu sei, mon amour − ela me abraçou − eu já estive no seu lugar... mas veja, eu e seu pai aprendemos a nos amar, agora somos felizes. Desde que te tivemos, não teve um dia sequer que não fui grata pela vida que escolheram para mim.
− Eu espero − mas eu sabia que não seria assim.
− Vamos, , precisamos colocar o seu espartilho.
− Eu odeio espartilhos! É como se não houvesse um esqueleto dentro de mim em perfeitas condições de segurar meu corpo! − eu disse irritada.
− Você realmente tem muitas opiniões fortes e eu concordo com todas elas – ela sorriu e eu, apesar de tudo, sorri também.
Só minha mãe conseguia me animar numa hora dessas.
O Big Ben bateu às 21 horas e os empregados já haviam preparado o salão com a decoração que minha mãe pediu para o jantar que teríamos com a família de meu futuro marido e o artista contratado pelo meu pai. As cortinas do salão eram cor de creme, e na mesa, diversas toalhas de tons claros estavam estendidas embaixo de bandejas cheias de comida. No canto da sala, um pianista tocava uma música agradável. Tamanha extravagância apenas para um jantar.
− Maman, a senhora não acha um pouco demais? – cochichei para a minha mãe enquanto tentava encontrar uma posição confortável na cadeira vestindo aquele espartilho apertado.
− Non, ma chérie − ela respondeu enquanto ajustava um fio de cabelo meu que estava fora do lugar − o Lorde Peterson é extremamente exigente com a decoração, e o casamento de vocês será um grande evento. É necessário que tudo esteja perfeito.
Fiquei em silêncio. Logo em seguida, ouvimos passos e três vozes diferentes, mas uma delas era distintivamente estridente e ecoava pelo corredor que levava até o salão em que ocorreria o jantar. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
− Querida Lady , vejo que está linda como sempre! − Henry Peterson aproximou-se de mim, curvou-se e beijou minha mão. Ele estava vestindo o casaco que costumava usar para caçar, um longo sobretudo marrom, e uma cartola de alfaiataria, de praxe. Seu cabelo estava preso num rabo de cavalo baixo.
− Agradeço, milorde – respondi desinteressada, com um sorriso claramente forçado.
− Um dia irei conquistá-la, milady − ele se afastou e se sentou na cadeira ao meu lado − quando for minha esposa, vou te fazer muito feliz − e piscou para mim.
Aquele homem era o mais falso que já vi. Em frente a nossa família, ele dizia coisas doces e era super educado, mas quando estávamos sozinhos, ele dizia coisas nojentas a mim e tentava me levar para a cama a qualquer custo.
− Lady , madame − o pai de Henry, o Duque Charles Peterson, disse enquanto tirava seu chapéu e se sentava na cadeira de frente à do filho. Ele era um homem presunçoso, tinha um tom arrogante quando falava conosco, principalmente com a minha mãe. Acho que ele era uma das pessoas que menos apreciava o fato dela ser francesa. Era um homem alto, como o filho, com o nariz grande e dentes excessivamente amarelados, que parecia estar sempre de mau humor. Eu nunca gostei dele.
− Condessa . Boa noite, Sir Peterson − minha mãe respondeu, percebi que ela fez força para não soar com um sotaque francês. Odeio quando ela faz isso, seu sotaque é tão lindo.
− Duque Peterson − meu futuro sogro respondeu, sem economizar na grosseria. Foi enorme o esforço que eu fiz para não dar um tapa bem dado naquela cara enrugada.
− Como é bom te ver, minha filha − meu pai, que era o último dos três que chegavam pelo corredor, beijou minha testa. Ele estava arrumado e parecia contente com a situação − Boa noite, querida. Como foi o dia de vocês? − ele se dirigiu à minha mãe.
− Nosso dia foi bem, mon cher… − ela coçou a garganta e olhou para mim, ainda brava pela minha fuga mais cedo.
− Como sempre − eu sorri amarelo.
− Fico feliz − ele sorriu − passei o dia caçando com os Petersons. Decidimos fazer o mesmo amanhã com o artista que contratamos, ele chegou de viagem hoje e nós imaginamos que uma longa tarde de caça a cervos seria uma boa recepção.
− Pobres animais, tendo suas vidas tiradas para simples entretenimento − eu disse, olhando de canto de olho para meu querido futuro marido.
− ! − minha mãe exclamou, mas em voz baixa − olhe como fala!
− Não se preocupe, Vossa Graça − Henry riu − mulheres, principalmente jovens, não entendem a importância dessas atividades. Elas também não deveriam se importar com essas coisas… uma noiva deve apenas se preocupar em estar linda no seu casamento e em fazer seu noivo feliz − debochou. Ele sabia que esse tipo de pensamento me irritava.
− E onde está o artista? Odeio pessoas que se atrasam − perguntou o Duque Peterson, impaciente.
− Meu empregado Gilbert, a pessoa a quem solicitei que o buscasse no porto de Southampton, me disse que ele precisava se arrumar melhor, pois passou muitos dias no mar e, assim quando chegou, ambos foram recebidos por um galopeiro desenfreado que os sujou de poeira e lama – Henry respondeu.
− Plebeus, um bando de selvagens – como sempre, o convencido duque não poderia deixar escapar a oportunidade de soltar um comentário preconceituoso.
Mas… isso só podia ser uma coincidência, certo?
− Boa noite, damas e cavalheiros, perdoem-me por meu atraso − um homem entrou rapidamente passando a mão sobre seus cabelos, bagunçados e penteados para trás, caindo sobre seus olhos. Ele vestia um sobretudo azul escuro, e por baixo, uma camisa de botões preta que mostravam sua silhueta musculosa. Calças e botas escuras, aquele homem parecia ser do tipo que não gostava de chamar muita atenção, mas tenho certeza de que seu belo rosto não o deixava passar despercebido.
Aquele rosto… eu não podia acreditar. Foi o homem que eu quase atropelei. Que coincidência do destino.
− Ah, senhor ! Finalmente – o duque se levantou para apertar a mão do artista − como é bom finalmente conhecê-lo pessoalmente, fico feliz de ver o homem responsável pelos retratos mais belos da Europa. Eu me chamo Charles Peterson, Duque de Grafton.
− Muito prazer, Vossa Excelência − ele apertou sua mão de volta, levemente desconcertado com a bela decoração do salão, notei que ele mal prestava atenção no que o duque dizia, pois admirava o aposento inteiro.
− Como foi a sua viagem das Índias até aqui? − meu pai perguntou. Ele deveria viajar bastante a trabalho, provavelmente não via sua casa há meses.
− Salgada como sempre, Sir…? − ele estendeu sua mão ao meu pai, esperando que ele se apresentasse.
− Ah, Lorde , Conde de Essex. Fui eu que o escrevi solicitando os seus serviços, prazer em conhecê-lo. Deixe-me apresentar minha filha, ela será seu trabalho principal.
Ó, céus.
− Milady… − ele sorriu − sinto que já nos vimos antes.
− Tenho certeza de que nunca nos vimos − respondi logo em seguida, esforçando-me ao máximo para esconder meu nervosismo.
− É verdade − ele pegou minha mão – jamais me esqueceria de um belo rosto − em seguida beijou-a levemente.
Eu ri envergonhada e senti borboletas em meu estômago. Este homem sabe que meu futuro marido está logo ao lado? Ele sabia que seu trabalho consistiria em retratar em diferentes pinturas o noivado e a cerimônia de casamento, mas insistiu em me fazer um elogio em frente a todos. Aquela atitude foi a de um homem atrevido, que não se importa com as consequências.
E mesmo assim, eu não conseguia parar de olhar em seus olhos hipnotizantes… ele olhava fundo nos meus também. O que se passava em sua cabeça?
− Hm-hm − Henry coçou a garganta num sinal de desconforto − e eu sou o sortudo futuro marido desta moça, chamo-me Henry Peterson.
− Ora, mas é claro − o senhor estendeu sua mão a Henry rapidamente e se dirigiu à minha mãe − então você deve ser a Condessa , ou devo dizer Vossa Graça? Enchanté! Como está o meu francês? – O senhor rapidamente beijou a mão de minha mãe, pegando-a de surpresa. Ela não estava acostumada com pessoas sendo gentis com ela. Aquilo me deixou feliz.
− C’est impeccable! - minha mãe respondeu sorrindo. Pude notar que o Duque Peterson não gostou nem um pouco de ouvi-la falar francês.
− Acho que preciso praticar mais, pois não faço ideia do que acabou de dizer! – e assim o senhor conseguiu tirar uma risada de quase todos na mesa − Estou feliz que tenham me escolhido para pintá-los. Prometo fazer um trabalho excelente.
− Por favor, sente-se − minha mãe ofereceu a cadeira à sua frente, a qual um criado rapidamente puxou para que o pintor se sentasse − temos muito a discutir, quero que a cerimônia de minha filha seja perfeita e que ela tenha para sempre uma memória de seu belo casamento em sua parede.
O resto da noite foi assim. Pessoas discutindo sobre meu futuro como noiva, mulher e mãe, sem me consultar sobre minhas próprias escolhas. Minha mente divagava numa tentativa de me fazer fugir daquele lugar, e eu já não mais ouvia o que eles diziam, só concordava com a cabeça e segurava para não chorar.
Mas o senhor olhava e sorria para mim, e apesar de eu odiar tudo aquilo, eu sorria de volta. Será que ele percebia? Será que ele sabia que eu odiava tudo aquilo? Será que ele me entenderia?
Mas eu jamais poderia saber. Minha mãe jamais aceitaria que eu conversasse com ele sem sua permissão. Eu teria de aceitar que eu me casaria virgem com um homem que eu não amava e que eu nunca viveria as experiências de uma mulher comum.
O grande relógio de pêndulo do salão mostrava quase 23 horas e os mais velhos finalmente haviam terminado de decidir meu futuro sem meu consentimento. Despedi-me de Henry, do Duque Peterson e do senhor .
− Senhor , escolhi para o senhor uma acomodação no primeiro andar de nosso palacete − meu pai disse − espero que seja confortável o suficiente.
Ai, o senhor vai passar as noites na casa da minha família, isso significa que eu o veria todos os dias. Pelo menos teria uma razão para sorrir pela manhã e ter bons sonhos de noite.
− Tenho certeza de que qualquer habitação na mansão será confortável o suficiente, Vossa Graça − ele respondeu sorrindo. Meu Deus, que sorriso.
− Nós lhe mostraremos o caminho até lá − meu pai respondeu. Que vergonha, andar ao lado daquele lindo homem e não poder olhar nem para o seu rosto, caso contrário seria uma falta de respeito.
Andamos até a habitação em que o artista se hospedaria, e uma pequena caminhada de cinco minutos pareceu durar trinta por conta da tensão que eu estava sentindo. Aquele homem me deixava desconcertada, e a cada momento que eu passava com ele eu o achava mais atraente.
− Aqui está, aproveite sua estadia. Não hesite em chamar os empregados com o sino que deixei em sua cama, eles estão aqui para servi-lo.
− Obrigado, Vossa Graça. Desejo-lhes uma ótima noite.
Ele olhou uma última vez para mim e eu não pude evitar sorrir. Após isso, voltamos para o nosso quarto e me dirigi ao meu quarto com a minha mãe.
Uma criada me ajudou a tirar o espartilho e eu finalmente pude respirar normalmente, ficando só com a longa camisola que usava por baixo. Soltei meus cabelos, eu os preferia soltos, mas minha mãe sempre dizia que usá-los soltos em público passaria uma imagem de que sou promíscua. Quem inventou essas coisas?!
− O que você achou do senhor , maman? − perguntei para quebrar o silêncio, pois ela parecia pensativa.
− Sem dúvidas, ele deve ser um ótimo artista. Mas como pessoa, o achei… atrevido − ela respondeu enquanto dobrava meu vestido.
− Sério? Achei-o interessante − respondi, com medo do que ela diria em seguida.
− Você não deve achar nenhum outro homem interessante além de seu noivo, . O que Lorde Peterson pensaria disso?
− Nada, pois ele não irá saber − respondi cruzando os braços.
− Quero que fique longe daquele artista. Eu percebi vocês olhando um para o outro, isto pode causar problemas em sua união com o filho do duque − ela virou as costas.
− N-não é o que a senhora está pensando − respondi nervosa.
− Eu sei o que vi, , já tive a sua idade. Mas você deve dar importância ao que realmente importa, que é a nossa família.
− Sim, mamãe − respondi, cabisbaixa.
Ela se virou para mim e percebeu que havia me deixado triste. Então, ela sentou-se ao meu lado na minha cama e me abraçou.
− Haverá momentos em que você conhecerá homens charmosos que parecem ser melhores que o que você já tem − ela disse baixinho − mas não valerá a pena, pois eles não poderão oferecer uma vida mais feliz do que a que seu futuro marido te oferecerá. Sua família é o mais importante e você aprenderá a ignorar a tentação de comprometer seu matrimônio.
Era para isso me ajudar? Parece mais uma sentença de tortura, mas eu jamais diria isso a ela. Ela nunca entenderia.
− Está bem, maman − forcei um sorriso.
− Você precisa descansar, amanhã cedo você terá aula de etiqueta com a senhora Brooke.
− Argh, eu odeio aquela mulher. Ela briga comigo por qualquer motivo! − eu me joguei na cama e cobri o rosto com o travesseiro.
− Isto é porque você não tem modos! Se fizesse o que ela manda, não teria de aprender lição alguma − ela se levantou e foi até a pequena mesa ao lado de minha cama onde havia um abajur cuja luz ela apagou − chega de teimosia por hoje, agora é hora de dormir.
Eu tirei o travesseiro do meu rosto e me aconcheguei e em minha cama. Em seguida, minha mãe veio até mim me dar um beijo na testa como ela sempre fazia desde que eu era criança. Um pouco infantil, mas eu sempre achei fofo e me sinto bem quando ela faz isso.
− Bonne nuit, mon amour. Je t’aime.
− Boa noite, mamãe. Também te amo.
Minha mãe saiu do meu quarto e eu fiquei lá, deitada. Fechei os olhos e tudo o que vinha à minha cabeça era o lindo rosto do senhor . Eu sonharia com aquele rosto até o dia em que ele nos deixasse.
Mas naquela noite eu não conseguia sonhar, pois não conseguia dormir. Na verdade, o rosto do senhor estava me deixando acordada, ansiosa. Será que ele está dormindo? Será que ele está ansioso também? O jeito com o qual ele beijou minha mão e olhou em meus olhos... Será que ele está pensando em mim também?
Eu me levantei silenciosamente para não acordar ninguém. Fui até minha janela, que tinha uma vista para os jardins do palacete, suas árvores secas de outono e seus bancos que deviam estar tão gelados que era impossível sentar-se sobre eles. Tentei ver se saía alguma luz do quarto abaixo, para ver se o senhor estava acordado, mas não consegui ver nada. Via apenas as luzes do jardim e a calçada, na qual era possível ver um casal que se beijava apaixonadamente.
Eram o Lorde Fitzgerald e a Lady Howard. Eles eram casados com outras pessoas, mas sempre se encontravam na rua à noite e se dirigiam a uma carruagem embaixo de uma árvore que dava para ver da janela do meu quarto. Todo mundo na sociedade sabe que eles são amantes, mas ninguém fala sobre isso, inclusive seus próprios cônjuges. Essa é a vida em nobreza, todo mundo sabe a verdade, mas todo mundo prefere manter a pose e a honra acima de sua própria felicidade. A sociedade não perdoa quem desiste de se adequar a ela.
Mais ao canto, no entanto, vi uma figura incomum de se ver no jardim àquela hora da noite. Parecia ser um homem, ele estava sentado num dos bancos com algo nas mãos. Aqueles cabelos bagunçados… senhor ?
É ele! O que eu faço? Minha mente dizia que eu deveria deixá-lo em paz, pois se alguém me visse com ele, meu casamento estaria acabado e minha família provavelmente nunca recuperaria a sua reputação. Mas algo dentro de mim dizia “vá agora, senão você vai se arrepender pelo resto de sua vida de nunca ter ido.”
Então eu fui.
Peguei um roupão escarlate em meu guarda-roupa e o vesti de qualquer jeito por cima de minha camisola branca. Coloquei pantufas macias para não congelar os pés e para que ninguém me ouvisse andar por aí.
Acendi uma vela e a coloquei num pires, em seguida saí de fininho de minha habitação e fechei a porta o mais devagar possível para não acordar meus pais. Mas o ronco do meu pai estava tão alto que acho que eles não ouviriam de jeito nenhum.
Desci as longas escadas cobertas por um tapete escuro na ponta dos pés, segurando firme no corrimão gélido para não cair. Segui pelos corredores que levavam até os jardins e lá, quando avistei o senhor recolhi minha consciência.
− Que merda estou fazendo? Talvez ele queira ficar sozinho, e eu aqui indo incomodar o pobre homem − murmurei, pronta para retornar ao meu quarto.
Mas era tarde demais, o senhor me viu e, assim que me reconheceu, acenou para mim com um gesto que significava “venha até aqui”. E quem era eu para recusar?
Dirigi-me até ele e, ao sair de dentro de casa, o vento gelado apagou a vela que eu levava e estremeceu minhas pernas e meus pés, arrependi-me na hora de não ter colocado botas. Mas segui, pois jamais recusaria um convite do senhor .
− Lady , que surpresa! O que está fazendo aqui fora nesse frio vestida deste jeito? − ele indagou, me olhando da cabeça aos pés e dando espaço para que eu pudesse sentar-me ao seu lado no banco.
− Eu estava sem sono − respondi tremendo − então resolvi dar uma volta pela casa – como se fosse só isso.
− Mas você pode acabar pegando um resfriado − ele disse preocupado, pegando o pires com a vela apagada de minha mão e colocando-o ao lado dele, depois passando as mãos em meus braços numa tentativa de me aquecer.
Nós não podíamos estar ali sozinhos e ele tampouco podia me tocar daquele jeito, e embora eu soubesse disso, eu deixei, pois o prazer de sentir suas mãos em mim era maior do que qualquer eventual culpa ou vexame que eu poderia vir a sentir.
− Por favor, chame-me de − olhei fundo em seus olhos, sentindo mais borboletas no meu estômago com o toque de suas mãos em mim.
− Como quiser... − ele respondeu, sorrindo de canto − contanto que me chame de também. Caso contrário, vou me sentir velho.
Ri baixinho com sua resposta.
− E você, por que está aqui a esta hora?
− Pelo mesmo motivo que o seu. Embora cansado, deitei-me naquela cama gigante cheia de lençóis e travesseiros e não consegui dormir.
Reparei que em suas mãos havia papel e um lápis, o qual ele utilizava para fazer um esboço da vista que tínhamos do jardim, mais precisamente do casal que de amantes dentro da carruagem na rua afora.
Ficamos em silêncio e, embora nervosa, eu me sentia confortável ao seu lado.
− Senhor , digo, … − disse, desviando o olhar.
− Pois não?
Fiquei num longo silêncio, pois eu queria muito conversar com ele, mas eu não sabia sobre o quê. Fiquei ainda mais nervosa e não sabia mais se eu estava tremendo de ansiedade ou de frio.
− Desculpe pelo incidente com a montaria mais cedo − foi a única coisa que consegui pensar. Aff, isso não poderia ter sido pior.
− Ah! − ele pôs a mão em sua boca, rindo − Não se preocupe, mas acho que quem realmente merece um pedido de desculpas é o senhor Gilbert, ele ficou realmente irritado.
Eu me senti melhor após ver que arranquei uma risada dele.
− É verdade, eu não fazia ideia de que ele era um empregado dos Petersons. Se eu o conhecesse, teria tomado mais cuidado.
− Por que você estava cavalgando tão rápido? Queria matar alguém atropelado? − ele perguntou, ainda rindo.
− Eu estava apostando uma corrida com a minha amiga , mas como sempre, perdi.
− Que pena… Eu poderia te ensinar a como manter um controle melhor da montaria, sou muito bom nisso.
− Ora ora, o artista mais bem pago da Europa sabe andar a cavalo? Achei que artistas não levassem jeito para atividades ao ar livre – tirei sarro dele, que deu uma risadinha.
− Nem todos. Quando eu era garoto trabalhei com tudo, inclusive em estábulos, e aprendi a montar a cavalos sozinho. Por isso, posso te ensinar como ganhar de sua amiga – ele disse, piscando para mim.
− Eu adoraria − e sorri. Até parece que isso aconteceria um dia, mas sonhar não faz mal a ninguém. − Posso ver o que está desenhando?
− Claro − ele me mostrou. Era apenas um esboço, mas dava para ver que ele tinha muita habilidade. − Está incompleto, mas quando eu terminar ficará bom.
− São o Lorde Fitzgerald e a Lady Howard! − eu abri minha boca em choque.
− Algum problema? − me perguntou, confuso.
− Se esse desenho for visto por alguém será o fim deles… − ri baixinho e sorriu.
− Quer que eu faça um para você?
− O senhor faria mesmo? Eu ficaria muito agradecida.
− Vou desenhar você neste jardim e te darei como presente.
− Acho que você vai se cansar de tanto me pintar nas próximas semanas − comentei, sentando-me de frente para ele.
− Eu nunca me cansaria de pintar uma modelo tão bela como você − ele disse, virando-se de frente para mim também.
− Você é muito atrevido − eu disse, sentindo meu corpo se puxar para perto do dele como um ímã.
− E você é muito irresistível − ele colocou rapidamente a folha de papel na qual desenhava atrás de si no banco, colocou a mão em minha nuca e puxou delicadamente meu rosto em direção ao dele, nossos lábios quase se tocaram.
− Eu… não posso…
− O que está te impedindo? − ele sussurrou.
− Minha família… não posso… − eu não conseguia articular as palavras propriamente, o rosto de estava perigosamente próximo ao meu.
olhou em volta, como se procurasse por algo.
− Não vejo sua família por aqui.
− E o Lorde Peterson? Eu estou noiva.
− Ele não é digno de uma mulher como você.
− Eu… − e antes que eu pudesse terminar, beijou-me profundamente, sua língua rapidamente adentrando a minha boca.
Uma de suas mãos acariciava minha nuca e a outra encontrou minha cintura, tornando nosso beijo ainda mais profundo. Eu estava arrepiada, o frio na minha barriga só aumentava e, apesar do vento gelado, seu beijo conseguiu me deixar com calor.
Eu me aproximei mais e continuei beijando-o. Passei meus braços por seu pescoço, acariciei sua nuca e puxei seu cabelo de leve. Ele me abraçou mais forte pela cintura, deixando-nos mais perto um do outro, mas eu queria mais.
Ele deslizou lentamente suas mãos para a minha bunda, como quem pedia permissão. Eu com certeza consenti, e ele me colocou em cima do seu colo, de frente para si. Em seguida, parou de beijar minha boca para beijar meu pescoço e o meu colo. Minha pele arrepiava e eu gemia baixinho, querendo cada vez mais sentir o seu toque. Pressionei a cabeça dele em meu colo, trazendo-o para mais perto de mim, e senti uma de suas mãos tocar meu seio direito.
− Você é linda demais − ele sussurrou em meu ouvido enquanto lentamente acariciava meu mamilo por cima do fino tecido de renda de minha camisola, fazendo minha pele arrepiar com seu toque.
Eu sentia que aquilo era errado, mas suas mãos em meu corpo faziam com que minha vontade de tê-lo para mim abafasse qualquer culpa que eu pudesse sentir. Parecia que quanto mais colados um ao outro ficávamos, mais perto dele eu queria ficar. Sua roupa grossa atrapalhava minhas mãos, que tentavam desesperadamente sentir seu peitoral, mas apesar deste detalhe, eu conseguia sentir sua ereção embaixo de mim, tão bem encaixada entre minhas pernas, que me fazia querer arrancar minhas roupas lá mesmo.
Foi quando ele, voltando a beijar meus lábios, passou a mão por debaixo de minha camisola, em busca de um toque mais íntimo ainda em meus seios, que eu percebi que aquilo estava bom demais para ser correto. A sensação de culpa, finalmente, ultrapassou a do prazer, mas eu ainda queria estender aquele momento de extrema intimidade ao máximo. Ignorar as consequências de meus atos, pelo menos uma vez em minha vida.
Eu nunca havia sido tocada daquela maneira. Tinha beijado homens antes sim, poucos, escondida de minha mãe. Nenhum deles parecia saber o que estava fazendo. Não que eu soubesse também, mas não sei o que ensinam a esses moleques que fazem com que eles não saibam agradar uma mulher de verdade. Nunca nenhum deles havia sequer me excitado. Mas era diferente… ele parecia desvendar meu corpo, parecia que quanto mais sua língua invadia a minha boca, mais ele me conhecia, mais ele sabia o que eu queria, mesmo que nem eu mesma soubesse direito. não era um moleque… era um homem, que já havia tido suas experiências e estava pronto para colocá-las em prática comigo. As mãos daquele homem percorriam meu corpo e a sensação fazia com que minha pele se arrepiasse, que ficasse difícil segurar os sons que escapavam de minha boca, que meus mamilos se enrijecessem com o toque da ponta de seus dedos que circulavam-nos e que um calor se formasse entre minhas pernas. Eu podia sentir minha roupa íntima levemente úmida ao roçar com vontade meu quadril no seu.
Quando senti sua mão deixar meu seio, ele passou os dedos levemente pela minha barriga, arrepiando-me mais uma vez. Em seguida, afastou-me um pouco de si, o que me fez estranhar, mas antes que eu pudesse perguntar o que houve, eu entendi. Enquanto olhava-me nos olhos, ele tocou, por cima de minha roupa íntima, meu sexo. Levemente, lentamente, ele passava os dedos de cima a baixo, atiçando-me, e eu sentia uma mistura de tesão e nervosismo.
− Eu… eu nunca... − antes que eu pudesse terminar o que eu ia dizer, ele colocou o indicador de sua outra mão sobre meus lábios.
− Eu sei − ele disse.
− Eu… não… − palavras saíam de minha boca, mas eu não era capaz de formular uma frase.
− Eu entendo − ele disse, passando a mão em meus cabelos – você tem certeza de que quer isso?
− Como assim? – eu perguntei, sentindo-me mais envergonhada do que nunca.
− Você tem certeza de que quer deixar eu ser o primeiro a te tocar? Sabe, essas coisas ficam na nossa memória para sempre.
− Eu tenho, mas você tem que me prometer que vai devagar.
− Devagar é o único jeito que eu sei fazer – ele sorriu presunçosamente.
então continuou a me acariciar levemente, em momentos de vai e vem, por cima da minha roupa íntima. Eu já conseguia sentir a umidade lá embaixo e a provocação dele estava me deixando com frio na barriga.
Em seguida, ele puxou minha calcinha lentamente, um palmo acima dos meus joelhos, e levou seu dedo indicador e o seu dedo médio à minha entrada. Eu me preparei para a possível dor, mas fiquei surpresa quando ele não entrou.
− Ainda não... – ele sussurrou e mordeu o lóbulo da minha orelha. Seus dedos seguiram para uma parte superior em minha intimidade, procurando por uma pequena bolinha sensível. Ao encontrá-la, massageou-a em círculos, e a sensação que senti foi simplesmente incrível.
Eu nunca tinha sentido essa sensação intensa de prazer antes. Meu corpo inteiro ficou arrepiado e eu não conseguia controlar os espasmos em minhas pernas. Eu fechei os olhos e cravei minhas unhas em suas costas, tentando conter meus gemidos. Percebendo o quanto eu estava gostando, ele intensificou meu prazer enquanto acariciava meu seio ao mesmo tempo em que aumentava um pouco mais a velocidade de seus dedos. Ele me beijava, mas eu quase não conseguia beijá-lo de tanto que eu tentava segurar os sons que tentavam sair da minha boca.
Chegou em um ponto em que meu corpo todo estava tremendo e eu senti um calor forte em minha virilha. Esfreguei meu quadril em seus dedos, pedindo para que ele aumentasse a intensidade de seus movimentos. Ele entendeu e continuou até que eu não aguentei mais e senti espasmos correrem por toda minha pele. Mordi meu lábio para controlar o barulho e fechei meus olhos, sentindo aquela sensação maravilhosa invadir todo o meu corpo e me deixar mais molhada ainda. Eu tinha me desfeito em seus dedos e ele, triunfante, lambeu-os como quem apreciava o meu gosto.
− Foi bom? – ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
− Foi... incrível... – eu respondi, arfando – vai ficar na minha memória para sempre.
Ele riu.
− Tem muito mais coisas que posso deixar marcadas na sua memória para sempre.
− Tipo o quê? – perguntei, mais curiosa do que nunca.
− Paciência, – ele ajeitou meu roupão, cobrindo meu seio exposto e beijou meu pescoço – se eu entregar tudo agora, não vai ter graça nenhuma.
− Acho que vale a pena esperar – beijei seus lábios mais uma vez – eu não queria, mas eu realmente tenho que voltar... não posso correr o risco de minha mãe acordar e ver que não estou lá.
− Eu entendo. Mas nos vemos em breve?
− Em breve – desta vez, eu pisquei para ele, que me puxou para um último beijo.
Deixei os jardins e adentrei o palacete indo em direção às escadas, olhando-o pela última vez. Eu estaria saltitando, se eu não tivesse de manter o silêncio. Ao notar a escuridão das escadas, percebi que eu havia deixado o pires com a vela no jardim, mas pouco importava.
Entrei no meu quarto silenciosamente, muito nervosa. Mas ninguém havia acordado, e meu pai ainda roncava como um porco.
Entrei em meu quarto e tranquei a porta, algo que eu nunca fazia. Corri para a janela para ver se ainda estava no jardim, mas ele já havia partido. Será que ele já estava em seu quarto? Será que ele conseguiu dormir?
Tirei meu casaco e olhei-me no espelho, só de camisola. Senti-me irresistível e bela, como mesmo havia me descrito. Em meu rosto, um sorriso do qual não conseguia me desfazer. Eu estava genuinamente feliz, como não ficava há muito tempo.
Passei as mãos pelo meu corpo, imitando os movimentos que ele havia feito em mim. Senti minha pele arrepiar novamente com a memória de suas mãos me tateando e me joguei em minha cama.
Eu mal consigo acreditar no que acabou de acontecer. Eu só conseguia pensar em , como ele era incrível, como ele era lindo.
E quando percebi, eu já estava dormindo e sonhando a noite toda com o que mais me ensinaria.
CHAPTER TWO - PINKY PROMISES.
− ! , acorda! !
Acordei com batidas na porta do meu quarto. Merda! Esqueci de destrancar a porta antes de dormir, e eu estava morrendo de sono por ter ido dormir tarde por conta do que aconteceu ontem.
− Mãe! Desculpa, já vou abrir!
Quando abri a porta, deparei-me com uma condessa muito zangada.
− Por que trancou a porta? O que está escondendo?
− Nada, mamãe − respondi enquanto ela entrava no meu quarto e olhava em volta.
− Você sabe que eu sempre descubro − ela me olhou seriamente, o que me fez engolir seco − venha, temos de te preparar para a aula de etiqueta com a Lady Brooke, não queremos que você passe vergonha no dia de seu casamento.
Voltei para a realidade ao ver as criadas entrarem silenciosamente em meu quarto para me ajudarem a me vestir. O pouco tempo que passei com ontem foi o suficiente para me fazer esquecer um pouco, mas o dia D está chegando e não há nada que eu possa fazer contra isso.
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− Lady ! Quantas vezes tenho que dizer? Mantenha a coluna ereta enquanto estiver sentada à mesa! − Lady Brooke gritou pela milésima vez enquanto andava com a sua longa régua para lá e para cá escolhendo mais uma vítima para punir.
− Eu não consigo esticar minha coluna mais do que isso, é fisicamente impossível! − eu respondi com a paciência no fim.
Na aula de etiqueta, eu precisava usar um espartilho e um vestido branco bufante, daqueles cheios de fru-fru e laços atrás, luvas compridas que passavam dos meus cotovelos, e prender o meu cabelo de um jeito ridículo. E se eu fizesse qualquer movimento que parecesse minimamente plebeu, dependendo da gravidade eu poderia levar uma reguada nas mãos.
O “curso” funcionava de maneira que eu e mais outras jovens da sociedade que estivessem para se casar nos reuníssemos nas mesas do jardim do Palácio de Buckingham uma vez por semana, tomando chá enquanto a “instrutora” nos olhava e corrigia nossas posições, o modo com o qual falávamos umas com as outras e com ela, entre outras coisas chatas da nobreza. Enquanto isso, nossas mães nos assistiam de uma curta distância, sentadas nos bancos embaixo das árvores se abanando com leques. Mesmo quando estava frio, pois era chique.
− Eu não lhe dei permissão para falar! Menos um ponto! Se demonstrar falta de educação mais uma vez, vou te ensinar mais uma lição! − Lady Brooke gritou, e eu bufei. Pude ver minha mãe de canto de olho passando a mão em seu rosto, como quem se perguntava “onde foi que eu errei?”.
− Não adianta, ela é filha de uma francesa, nunca vai aprender bons modos − Charlotte Brooke, filha megera de nossa querida instrutora de etiqueta, cochichou com suas lacaias que se sentavam na mesa ao lado, alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la mas não pudesse ofendê-la. Por ser filha da instrutora, ela sempre falava o que queria e saía impune.
− Perdoe-me, Lady Charlotte, não consegui entendê-la − eu respondi, enquanto tomava um gole de chá.
− Muito melhor, continue assim − Lady Brooke saiu para supervisionar (ou torturar) as pobres meninas das mesas ao lado.
− Eu disse que você é uma mal-educada, graças ao sangue francês que corre em suas veias − ela respondeu, desta vez dirigindo-se diretamente a mim.
− Pode me insultar como quiser, pouco me importa a sua opinião. Mas guarde para você comentários referentes à minha mãe, você não é metade da mulher que ela é − respondi, batendo a xícara de chá no pires, falhando em disfarçar minha raiva.
− Ela ficou chateada porque falei da mamãe! − ela riu junto com suas amiguinhas.
− Não ria tão alto, ou vai sair voando na vassoura da criada, sua bruxa – respondi, olhando discretamente para , que varria entre as mesas.
abafou sua risada com as mãos. Eu sorri para ela, tomando um gole de chá. se continha ao máximo, mas em seu rosto o deboche estava claro.
− Olhe aqui, sua... − Charlotte se preparava para se levantar de sua cadeira, provavelmente para me agredir, mas foi interrompida pela voz de Lady Brooke.
− Silêncio! Os cavalheiros estão chegando.
De repente, todas as moças que ali estavam sentaram-se com a maior educação do mundo. As meninas atrás de mim cochichavam “quem é aquele homem com Lorde Peterson?”.
− Só não acabo com sua raça aqui mesmo pois me recusaria a deixar Henry me ver de tal maneira − Charlotte sussurrou para mim.
Charlotte era frustrada pois sempre foi apaixonada pelo meu futuro marido. Não que eu me importasse, se dependesse de mim, ela poderia tê-lo todinho para si. Mas não era eu quem fazia as regras, e entre mim e Charlotte como pretendentes, o Duque Charles Peterson infelizmente me escolheu. Seu filho sempre foi obcecado por mim desde que éramos crianças, e por interesses financeiros, minha família aceitou sua proposta de casamento. Charlotte não gostou nada disso e, desde que nosso noivado foi anunciado, ela tem feito de tudo para me atacar.
Mas de todos os homens que ali chegavam, eu só conseguia prestar atenção em um. vestia um chapéu, uma fina camisa de botões amarela clara que contornava seus braços musculosos e seu tórax definido. Carregava seu casaco no braço, um rifle de caça nas costas e a mesma maleta de couro na mão esquerda, acompanhado de meu pai, meu futuro sogro, meu noivo e alguns homens, provavelmente noivos das moças que ali estavam. Ele estava tão sensual, ajeitando seu cabelo que caía sobre seus olhos daquela maneira que ele sempre fazia.
− Meu amor − Henry veio até mim e beijou minha bochecha − senti sua falta.
Ouvi Charlotte bufar.
Eu não senti nenhuma falta.
− Você está, hm-hm... linda, minha filha − disse meu pai gaguejando, aproximando-se e beijando minha testa.
− Não precisa mentir para mim, papai, eu sei que este vestido é horrível − ele riu de minha afirmação, como se concordasse.
− Oh, este deve ser o senhor ! É uma honra conhecê-lo, sou Lady Cynthia Brooke! − ela disse estendendo sua mão a , que em vez de beijá-la, fez uma saudação com o seu chapéu. Foi difícil segurar a risada. Pude ver em sua expressão que ele não estava muito a fim de conhecê-la − Meninas, algumas de vocês já o conhecem, mas a maioria ainda não. Este é o senhor , um dos melhores artistas da Europa. Ele se hospedará na mansão para retratar vividamente o noivado e o casamento de Lady e Lorde Peterson − ela disse, enquanto algumas garotas cochichavam entre si.
− Muito prazer − ele disse, olhando em volta e, finalmente, reparando em mim. Todas as sensações que tive ontem voltaram ao meu corpo e eu fiquei nervosa, lembrando de nosso breve momento de intimidade na madrugada fria − o que está havendo aqui, uma reunião das moças mais bonitas da Grã-Bretanha?
Todas as meninas deram uma risadinha. Eu revirei os olhos sorrindo. Ele sabia o quanto ele era irresistível e ele abusava disso.
− Oh, não, bobinho! Estou ensinando estas moças a como se portarem na sociedade. É muito importante, principalmente quando elas estão para se casar ou, no caso de algumas, procurando um marido…
Eu nunca tinha visto Lady Brooke ser tão boazinha. E tão oferecida. Ela estava desesperada para arrumar um marido para Charlotte desde que ficou viúva, mais desesperada do que a própria filha, pois sem um marido nobre, ela não era mais do que uma plebeia. Sua única salvação seria se Charlotte se casasse com um nobre. Mas não era um nobre, então podia ser apenas desespero mesmo.
− Inspirador − ele sorriu, ignorando a conversinha fiada de Lady Brooke − acho que ficarei por perto para esboçar este momento.
− Então, nós vamos indo − disse o Duque Peterson, pegando o rifle das costas de − Henry, Lorde , temos negócios a discutir.
Com “negócios” ele quis dizer “vamos fumar tabaco importado das américas e beber whisky irlandês enquanto nos gabamos de nosso dinheiro”. Mas eu fiquei feliz, pois mesmo que eu não pudesse me comunicar com ele ali, eu estaria perto de sem meu noivo para me encher o saco.
O “curso” seguiu e sentou-se num dos bancos à nossa volta, sacando uma folha de papel, um lápis e um pequeno pedaço de carvão da mala de couro que carregava. Enquanto desenhava, eu sentia seu olhar em mim às vezes, e eu tentava sempre que possível olhar de volta sem que minha mãe percebesse. Ele sorria para mim e eu para ele.
O nosso segredo era excitante. Por algum motivo, eu queria gritar ali mesmo que eu e ele estávamos nos pegando, mas guardar este segredo tornava tudo muito mais interessante. Eu estava com vergonha por estar vestida daquela forma, queria ter me arrumado da forma que eu quisesse.
Novamente, estava me fazendo escapar da realidade e entrar num mundo de fantasia onde só existe nós dois, ninguém que pudesse nos evitar de ficarmos juntos, um mundo em que eu fosse tocada por suas mãos todos os dias.
Mas fui tirada de meus devaneios por , que discretamente cutucava meu ombro.
− ! Estou falando contigo! − ela disse baixinho.
− Oi, desculpe, estava distraída.
− Aquele é o homem que você quase atropelou ontem ou estou ficando maluca? − ela apontou para ele com a cabeça.
− , eu tenho muita coisa para te contar. Me encontre na capela da praça em frente ao nosso palacete por volta das 12 horas quando esta tortura acabar.
− Está bem! − ela sorriu, animada com a fofoca que eu contaria. − Com licença, mamãe, digo, Lady Brooke… − Charlotte levantou a mão − esta criada é autorizada a falar conosco? Acho que ela deveria ser mandada embora daqui, esse não é o lugar dela − ela disse, suas colegas riam ao fundo. Pude ver um olhar de impotência no rosto de . Agora Charlotte tinha ido longe demais.
− Escute aqui, sua infeliz − eu me levantei, atraindo a atenção das pessoas ao redor, inclusive a de − só porque você é feia como um jumento, não tem que rebaixar outras pessoas para se sentir melhor!
− Repete! − ela se levantou, desta vez minha mãe se levantou também para ver o que estava acontecendo.
− O que está acontecendo aqui? − minha mãe quis saber.
− Nada, Lady , sua filha que acha que uma criada merece o mesmo tratamento que o nosso − Charlotte disse, olhando para − estou apenas explicando-lhe por que isto não é verdade.
− Você realmente acredita ser melhor do que os outros, quando tudo o que faz é ofender tudo e todos − , num ato de bravura, dirigiu-se a Charlotte sem autorização, mesmo isto sendo contra as regras − tome aqui esta vassoura, deve ser sua, aproveite e saia voando com os urubus.
Minha mãe e eu nos olhamos, pude ver que ela tapou a boca com a sua mão, numa tentativa de cobrir sua risada.
− Plebeia imunda! − Charlotte gritou, desta vez sendo segurada pela própria mãe.
− Acalme-se, Charlotte − ela disse, em seguida dirigiu-se à − como ousa insultar minha filha, sua criada maldita? Saiba que não hesitarei em difamar sua família se necessário e não sentirei nenhum pingo de pena ao vê-los pedindo esmolas na rua − disse enquanto batia a régua nas mãos, pronta para usá-la.
engoliu seco, sabendo o que estava por vir. Um criado não pode se dirigir a um nobre sem autorização, e muito menos ofendê-lo. As famílias da nobreza tinham autorização para puni-los fisicamente por isso.
Eu não podia deixar aquilo acontecer, foi por minha culpa que estava passando por aquela humilhação.
− Lady Brooke − falei rapidamente − a criada não tem culpa alguma, fui eu quem começou a discussão.
− , não precisa… − falou baixinho, tentando me impedir.
− Ma chérie? − minha mãe sussurrou e colocou a mão sobre meu ombro, um pouco triste por saber o que aconteceria comigo em seguida, mas ao mesmo tempo impotente por não ter como evitar aquilo.
− Então já sabe sua punição, pois este foi seu último aviso. Estenda as mãos − Lady Brooke disse e eu prontamente a obedeci − serão cinco golpes por não cumprir com a etiqueta e outros cinco por ter desrespeitado minha filha.
Senti um frio na espinha. Pude ouvir Charlotte rir baixinho, satisfeita com a situação, e pude sentir os olhares de todas as outras alunas e de suas mães pousarem em mim, inclusive o de .
− Senhorita , recomendo que se retire − minha mãe disse a , que a obedeceu e rapidamente deixou o lugar, mas sem antes olhar para trás, preocupada comigo.
Mas tudo bem, eu estava disposta a proteger minha melhor amiga.
Lady Brooke elevou sua régua lentamente e eu imediatamente fechei os olhos para me preparar para a dor. Foi então que eu pude ouvir uma figura se aproximar, e ao ouvir sua voz, minha barriga gelou mais ainda quando percebi de quem se tratava.
−Milady, com todo respeito, isso é mesmo necessário? − perguntou, sua expressão mostrava uma visível preocupação.
− Infelizmente são as regras, senhor … não posso deixar de segui-las − Lady Brooke respondeu com uma expressão diferente da que estava quando estava prestes a golpear minhas mãos, uma expressão de culpa. era realmente um encantador de mocreias.
− Tem certeza de que não pode poupá-la? Tenho certeza de que ela só assumiu a culpa para proteger a criada. Eu já fui muito pobre, odiaria passar por isso de novo, e se estivesse no lugar de Lady , eu faria o mesmo… − ele colocou a mão por cima da régua da velha, como quem a impedia de usá-la − o que vi agora não foi uma atitude vergonhosa, mas uma verdadeiramente nobre.
− Ora, senhor… acredito que esteja certo − a instrutora afastou o objeto de mim − concordo que este caso possa ser tratado como uma exceção. Mas isto não significa que não manterei meus olhos nesta mocinha − ela disse, olhando-me de cima a baixo.
− Obrigado, eu sabia que a senhora tinha um bom coração.
Nem ele mesmo acredita nisso que acabou de dizer.
Caramba... acabou de salvar a minha vida e a de . Está bem, talvez não a minha vida, mas a de sim. E com certeza ele me salvou de inchaço nas mãos.
− A aula de hoje está encerrada − Lady Brooke proclamou, para a alegria de todas. Liberdade!
As outras moças, ainda um pouco chocadas com o que haviam acabado de presenciar, retiraram-se do lugar, olhando para mim e cochichando. Que ótimo, logo mais o mundo inteiro vai estar sabendo que quase apanhei em público.
− Você está bem, milady? − perguntou. Era engraçado vê-lo me chamar de lady para esconder nossa intimidade. Eu teria que fazer como ele para que as pessoas não suspeitassem de nós dois.
− Oui, ela está bem − minha mãe respondeu por cima de mim, impedindo-me de falar com ele.
− Mãe! Sim, obrigada senhor , aquilo poderia ter sido bem pior − respondi sorrindo, senti minhas bochechas queimarem. Como era bom conversar com ele.
− Fico feliz. Bom, não vou importuná-las, imagino que tenham muito a fazer agora − ele disse, saudando-nos com o chapéu e retirando-se do local também.
− Ma fille… você não precisava ter feito aquilo − minha mãe disse pegando em minhas mãos, olhando para elas.
− Achei que você ia ficar brava comigo − eu respondi, um pouco confusa.
− Eu teria ficado se você tivesse feito por merecer… mas como o senhor disse, você tomou uma atitude honrosa – ela disse sorrindo. Nossa, isso foi inesperado.
Após isso, voltamos para nossa casa e fomos ao meu quarto tirar toda aquela roupa horrível.
− Você tem a tarde livre hoje. Não faça besteira, hein? Não quero saber de corridas a cavalo nem de sair escondida sem alguma criada para lhe acompanhar. Já estou sendo liberal demais em deixá-la andar por aí sem um corset... − minha mãe disse, mandando uma criada me entregar um vestido verde escuro confortável.
− Pode deixar, vou me encontrar com agora − eu disse enquanto colocava o vestido e olhava o relógio, dando graças a Deus que eu estava livre dos espartilhos por um dia − a propósito, a senhora não esqueceu, não é?
− Esqueci do quê? − ela olhou para mim, levantando a sobrancelha esquerda em sinal de confusão.
− Não acredito! Mãe, a senhora prometeu que iríamos assistir a uma peça hoje à noite, lembra? Frankenstein, eu estava tão ansiosa que buscamos os convites com um mês de antecedência! − eu disse, cruzando os braços.
− Oh, não… eu sinto muito, filha, mas hoje jantarei com o seu pai e seus padrinhos de casamento, vamos discutir o buffet.
− E o que vou fazer agora? Eu nem sabia que eu tinha padrinhos de casamento!
− Veja, eu deixarei que leve no meu lugar… só tome cuidado para não serem vistas conversando demais, principalmente depois do que aconteceu hoje!
− Está bem… mas a senhora está me devendo uma noite de teatro! − nós sorrimos e eu a abracei.
Em seguida, desci as escadas rapidamente e me dirigi à capela que ficava na praça em frente à mansão, cercada por árvores. Ouvi os passos de uma criada tentando me acompanhar por trás, mas consegui ser mais rápida e despistá-la. No entanto, no caminho, ouvi uma voz irritante atrás de mim.
− Olha só quem está aqui, está indo varrer a capela junto de sua amiguinha? − virei-me e encontrei Charlotte com suas amigas, que mais pareciam sombras, rindo de mim.
− Eu tenho pena de você, Charlotte, você deve ser muito infeliz para sentir tanta necessidade de importunar os outros − respondi virando as costas.
− Não se gabe só porque o senhor está hospedado na sua casa, pois quem vai se casar com ele sou eu!
Eu me virei para ela de novo e ri. Aquilo era simplesmente cômico.
− Está rindo do quê?
− De você, ué! − eu continuei rindo − não era você que era apaixonada pelo Henry?
− Eu o superei assim que vi o senhor … o jeito que ele te defendeu, aquele sim é um homem para se casar.
− E o que te faz acreditar que um casamento entre ele e você seria possível? Ele é um artista requisitado, está sempre viajando, fora que ele nem é da nobreza.
− Você age como se o conhecesse tão bem! Não importa se ele é nobre ou não, ele tem uma fortuna imensa. Saiba que minha mãe está agora mesmo preparando uma oferta de casamento para ele.
Senti um frio na barriga. Ela provavelmente estava mentindo, tentando me atingir. Mas... e se não fosse uma mentira?
− Bom… se tudo der certo, eu os desejo muitas felicidades − respondi, tentando ao máximo demonstrar desdém.
− Melhor desejar mesmo! E vou fazer questão de te colocar no primeiro assento da igreja para que você possa assistir bem de perto − ela riu e virou as costas, seguida de suas colegas. E eu fiquei lá, me mordendo de raiva só de pensar na possibilidade daquilo ser real.
Segui meu trajeto até a capela, ainda abatida. Mas assim que encontrei me senti muito melhor.
− ! − ela disse enquanto me abraçava – você não precisava ter feito aquilo…
− Precisava sim! Jamais deixaria alguém falar assim com você na minha frente! − eu disse enquanto a puxei para se sentar ao meu lado no altar.
− O que você queria me contar? − ela perguntou ansiosa.
− Tanta coisa.
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Após passar um longo tempo contando todos os detalhes do que tinha acontecido até então, parecia muito animada.
− … você acha mesmo que o senhor vai querer se casar com aquela nojenta da Charlotte? É você quem ele quer! − ela disse, chacoalhando meus ombros.
− Você se esqueceu de que estou noiva? − eu disse mostrando o anel de diamante em meu dedo anelar direito − minha família não entenderia nem aceitaria! E outra, acabamos de nos conhecer…
− Então saia com ele esta noite para conhecê-lo ainda melhor!
− Ao teatro, você quer dizer?
− Exatamente, é perfeito! Você possui dois convites para a cabine privativa da sua família, certo? Ninguém vai ver vocês! E eu não vou ficar triste.
− Tem certeza?
− Absoluta, essa é a chance perfeita para você ter um momento especial com ele, se é que você me entende…
− ! − eu disse rindo, dando um leve tapa em seu ombro − eu não posso, tenho que me casar virgem.
− Você não sabe o que está perdendo − ela piscou para mim − eu e não perdemos tempo.
− Como vão as coisas com ele? − perguntei, numa tentativa de mudar de assunto.
− Estamos tão felizes! − ela disse, olhando para cima e juntando suas mãos. Eu ficava feliz em ver feliz.
era um trabalhador de uma fábrica em Whitechapel que tinha um caso de anos com . Ela costumava sair da mansão durante a noite para se encontrar com ele. Os dois planejavam juntar dinheiro para se casar e se mudar para um local onde eles não teriam que trabalhar tanto. O amor deles era verdadeiro e eu torcia muito para que seus planos dessem certo.
− Fico feliz por vocês − eu disse, com um sorriso.
− Mas não mude de assunto! Você deve convidá-lo para ir com você.
− O que eu vou fazer? Minha mãe acha que você vai comigo.
− Não se preocupe, eu vou me encontrar com esta noite e direi aos meus pais que fui ao teatro com você. Vai dar tudo certo.
− Assim espero.
Deixei a capela e fui procurar por . Imaginei que ele estivesse em um dos bancos dos jardins da mansão, onde estava na última noite, e estava certa. Então, dirigi-me até ele.
− Boa tarde, senhor − falei, brincando como se não o conhecesse.
− Milady − ele sorriu, beijando minha mão. − senti sua falta. Suas mãos estão geladas.
− Jura? Não percebi.
− Deixe-me vê-las − ele virou as palmas de minhas mãos para si e acariciou-as levemente − o que houve hoje foi quase uma tragédia, mãos lindas como as suas não merecem cicatrizes.
− … − eu disse, tentando criar coragem.
− Sim? − ele perguntou, olhando fixamente para mim.
− O que acha de ir ao teatro comigo esta noite? − perguntei, sentindo minhas bochechas arderem como se a régua da Lady Brooke tivesse golpeado o meu rosto.
− Uau, achei que eu era quem deveria te convidar para sair – ele riu, o que me fez dar um tapinha em seu braço.
− Eu estou falando sério!
− Ah, então era isso que você estava planejando com a senhorita lá na capela? Sabia que não estava indo rezar…
− Como você sabe o nome dela? E como sabia que eu estava lá? − perguntei confusa − estava me observando?
− Depois eu te conto como eu sei. Mas saiba que estou sempre te observando − ele respondeu, levantando-se do banco e passando a mão em meu rosto − e a resposta é sim.
− Sim o quê? − eu estava tão derretida por seu toque que tinha até esquecido sobre o que estávamos falando.
− Sim para o teatro, bobinha − ele riu − será esplêndido. O que iremos assistir? Nunca tive a chance de assistir a uma peça antes.
− Frankenstein, dizem que é assustador. E que tipo de artista nunca foi ao teatro? − retruquei, sorrindo debochada.
− O tipo de artista que está sempre viajando a trabalho.
− Nossa, como ele é importante! – e o fiz rir. Aquele sorriso tornou meu dia mais feliz.
− Então está combinado. Alugarei uma carruagem real e sairemos às 21 horas − disse animado.
− Não! Nós temos que ser discretos, se virem na rua uma carruagem do palácio, todos ficarão curiosos − eu respondi, nervosa.
− Como quiser, contanto que eu esteja contigo.
Ele beijou meus lábios levemente e partiu, deixando-me com um sorriso no rosto e as pernas bambas.
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Passei a tarde me arrumando: tomei um banho com essência de lavanda, arrumei meus cabelos soltos - do jeito que eu gostava, sem normas para seguir. Mas vesti um espartilho, pois mesmo que eu não gostasse, ele me deixava elegante. E claro, deixava um belo decote. Por cima, um vestido azul escuro, quase preto, de mangas que se estendiam até meus cotovelos com forro de renda por baixo.
Quando estava pronta, fui me despedir de meus pais.
− Por que se arrumou tanto? − minha mãe perguntou, tirando os óculos de leitura que usava para me analisar melhor, curiosa e ao mesmo tempo preocupada.
− Você sabe o quanto gosto de ir ao teatro, mãe. Quero ir apresentável, não é você que sempre diz que ando muito desarrumada? − menti da forma mais convincente possível.
− Minha filha, você está uma beleza neste vestido. Por favor, tome cuidado − meu pai disse, pegando minha mão e me fazendo dar uma voltinha em frente ao espelho.
− Claro, papai − eu ri baixinho – não vai acontecer nada comigo.
− Esteja em casa às dez e meia! − minha mãe ordenou, franzindo o cenho.
− Mãe, a peça termina às onze e meia − rebati.
− Deixe a menina se divertir, chérie, ela está sempre fazendo o que mandamos, ela merece um pouco de liberdade − meu pai me protegeu, olhando para mim com cumplicidade e fazendo-me sorrir.
− Mon Dieu, como sempre vocês dois se unindo contra mim! Mesmo assim, não fique até muito tarde na rua. Vá e volte de carruagem, sempre acompanhada de .
− Pode deixar. Eu amo vocês – despedi-me beijando suas bochechas.
− Nous t’aimons – minha mãe me respondeu, seguido de um “nós também te amamos, querida” de meu pai.
Desci rapidamente, ansiosa para me encontrar com . Ao me dirigir ao portão do palacete, deparei-me com uma carruagem puxada por 2 cavalos de madeira envernizada, quase avermelhada. Do lado de fora, me esperava apoiado em uma bengala.
Ele vestia, por baixo de um sobretudo preto, um colete também preto, com um lenço azul escuro na gola de sua camisa, no mesmo tom do meu vestido, como se de alguma maneira ele soubesse a roupa que usaria naquela noite. Usava seu cabelo para trás e na cabeça uma cartola preta. Ele parecia um verdadeiro nobre e, embora não combinasse muito com o que ele costumava vestir, ele estava muito charmoso.
Fui até ele e ele beijou minha mão.
− Eu disse que não podíamos chamar atenção! Onde você arrumou essa carruagem?
− Desculpe, não pude resistir. Depois eu te conto como a consegui. Você está perfeita.
− Você se vestiu como um verdadeiro cavalheiro − eu disse, apontando para sua cartola.
− Quis me vestir no mesmo nível que o seu, mas após hoje, vejo que isso será impossível.
Argumentar contra parecia ser mais impossível ainda.
− E esse lenço no seu pescoço, como sabia que ia combinar com meu vestido? Às vezes sinto que você fica me espionando... – tirei sarro dele, que ficou visivelmente sem jeito.
− Talvez eu esteja, ou talvez eu só seja um bom observador. Mas depois eu te conto.
Dei uma risadinha e estendi minha mão para ele, que me ajudou a subir na carruagem e entrou logo em seguida, sentando-se ao meu lado.
− Para o Lyric Theatre, por favor − ele disse, e o condutor prontamente obedeceu, chicoteando os cavalos.
Ficamos sorrindo um para o outro como dois bobos dentro da carruagem. Pude notar seu olhar caindo para o meu decote às vezes. Pensei em tirar sarro dele, mas deixei para lá.
− … me fale mais de você.
− O que quer saber? − ele perguntou, segurando minha mão e olhando-me nos olhos.
− De onde você é? Para onde você vai? Onde aprendeu a pintar? O que gosta de fazer? – apoiei meu queixo em minhas mãos.
− Quantas perguntas, não sei nem por onde começar... mas fico muito feliz de ver que você se interessa por mim da mesma maneira que me interesso por você – ele disse enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás de minha orelha – minha família vem de muitos lugares, mas eu passei minha infância inteira em Londres. Meu pai estava sempre ausente trabalhando na fábrica e minha mãe cuidava de mim, foi ela que me ensinou a pintar. Mas o meu pai morreu cedo, então eu tive de começar a trabalhar para ajudar em casa.
− Por que sua mãe não vendia os quadros dela? Que nem você faz – perguntei, ainda muito intrigada pela história que me contava.
− Bom, ela tentava vender, mas ninguém se interessava por um quadro de uma mulher desconhecida e pobre. Quando se interessavam, pagavam no máximo 5 centavos, isso quando não se interessavam em algo a mais com ela... – pude sentir no ar que aquele assunto o sensibilizava um pouco, então tentei melhorar o clima.
− Ela deveria ser uma ótima artista, assim como você.
− Ela é melhor do que eu! Nunca vou chegar aos pés dela. Enfim, quando eu fiz 12 anos, precisei começar a trabalhar também, então eu vivia uma dupla jornada: arrumava bicos em estábulos, descarregando carga e engraxando sapatos o dia todo, e às noites passava pintando quadros para tentar vendê-los. Um dia, um político viu meus quadros e pediu para que eu pintasse um retrato dele por um preço baixo, mas qualquer renda a mais era bem-vinda – ele continuou, desta vez desviando seu olhar para a janela da carruagem – no fim, ele gostou tanto do quadro que me recomendou para um amigo, que me recomendou para um escocês, que me recomendou para um irlandês... Quando percebi, eu estava viajando o globo inteiro.
− Uau, que incrível! Bastou uma única pessoa valorizar o seu talento para que você se tornasse o artista que é hoje – eu respondi, entusiasmada.
− É verdade... só queria que minha mãe tivesse tido a mesma sorte que eu.
− E onde está sua mãe agora?
− Ela nunca saiu de nossa casa aqui em Londres. Mas por eu tê-la abandonado anos atrás, não tive coragem de visitá-la ainda... embora eu envie dinheiro suficiente para que ela não tenha que trabalhar mais, acho que ela tem raiva de mim.
Notei que havia ficado distante. Teria eu tocado num assunto sensível demais.
− ... obrigada por dividir sua história comigo – eu o abracei, que sorriu e me abraçou de volta.
− Eu que agradeço por ficar ouvindo minha história chata. Agora, fale sobre você.
− Ah, agora é você quem vai ficar entediado... minha vida não é emocionante como a sua.
− Você é muito emocionante.
− E você é muito xavequeiro! – dei um tapinha em seu ombro, rindo.
Contei a história de 2 minutos da minha vida interessantíssima e do meu maravilhoso e lucrativo ca$amento com Henry Peterson, e sobre como eu tinha que me casar virgem.
− Pff, e você vai obedecer a isso?
− Bem, não está nos meus planos... – eu olhei para ele de canto, que sorriu contente para mim.
Poucos minutos depois, a carruagem chegou no teatro. desceu primeiro e me ajudou a descer em seguida, após isso solicitou para que o condutor fosse embora e retornasse em três horas.
Mostramos nossos ingressos e adentramos o Lyric Theatre, sendo guiados por um funcionário até a nossa cabine privada superior, que abriu a porta para a gente.
− Toquem o sino da mesa de centro caso queiram alguma coisa – ele disse, fechando a porta atrás dele.
A cabine era decorada com tons de vermelho e dourado. Perto da porta, havia um cabideiro onde penduramos o chapéu e nossos casacos. Para assistir à peça, havia uma namoradeira, uma pequena mesa de centro e era iluminada levemente por um lustre preto rococó. Na frente, uma grande abertura que possibilitava uma visão excelente do palco e uma cortina. Eu sempre me perguntei por que havia uma cortina para cobrir a cabine se a função do lugar era assistir à peça, mas a verdade era que eu sempre frequentava o teatro somente com a minha família. Agora que eu estava lá sozinha com , entendi imediatamente o motivo.
− E aí? O que ach... – antes que eu pudesse terminar minha pergunta, me agarrou e me deu um beijo profundo. Morrendo de saudade, entreguei-me completamente ao seu amasso e deixei que ele puxasse meu cabelo e apertasse minha bunda, como quem estava com muita vontade também.
− Tive que me controlar muito para não te agarrar assim no caminho para cá – ele disse ao terminar o beijo, ainda com as mãos na minha bunda.
− Já estava com saudade? – provoquei.
− Você nem imagina o quanto – voltou a me beijar e, desta vez, me colocou no colo e me levou até a namoradeira, onde me jogou e se deitou por cima de mim.
Nós continuamos a nos beijar enquanto ele subia a saia do meu vestido, acariciando minha coxa até a minha bunda. Após isso, começou a beijar minha orelha, meu pescoço, minha clavícula e, por fim, o meu colo. Quando não havia mais pele, ele começou a abaixar o decote de meu vestido.
− Vai me deixar pelada aqui mesmo? – perguntei sorrindo de canto.
− Por mim, rasgava esse seu vestido e te fodia aqui mesmo.
Minha pele arrepiou ao ouvir ele falar sujo daquele jeito comigo, e eu percebi que eu amava quando ele fazia isso. Mas se acontecesse tudo de uma vez ali, qual seria a graça?
− Achei que você gostava de fazer as coisas devagar.
− É difícil ser devagar quando você está por baixo de mim sorrindo desse jeito – ele disse enquanto roçava seu quadril no meu, e eu pude sentir em minha virilha um volume enorme em suas calças.
− Mas você vai ter que se controlar, apesar de eu querer também, eu também quero muito assistir a essa peça – eu me sentei, e pude ver que ele me olhou como os olhos de um cãozinho sem dono. Senti um misto de culpa e satisfação.
− Eu não sei se vou aguentar tanto tempo... – ele se sentou também e veio beijar meu pescoço, o que arrepiou minha nuca.
− Bom... nós podemos aproveitar um pouquinho enquanto a peça não começa... – eu fechei as cortinas da cabine e me sentei em seu colo, de frente para ele, e desamarrei o espartilho em minhas costas. Ele, ao notar, abriu um sorriso enorme. Foi como dar um pirulito a uma criança.
− Como quiser. – colocou as mãos em minhas costas, afrouxando o espartilho para que ele pudesse, finalmente, abaixar o decote de meu vestido. Ele estava prestes a me deixar nua quando segurei suas mãos.
− Como eu quiser, e eu quero devagar – eu estava sobre controle, e pude ver que era difícil para ele. era do tipo dominador, sempre no comando, mas eu estava prestes a ensiná-lo uma lição.
− Está bem, mas não adianta reclamar depois.
voltou a beijar minha boca, acariciando meu pescoço e puxando meu cabelo de leve. Sua boca foi descendo até meu decote, e sua mão que estava em meu cabelo desceu até meu seio direito.
Sua outra mão, que nunca saiu de minha bunda, continuou lá, apertando e trazendo meu quadril em direção ao seu, fazendo com que minha virilha roçasse fortemente na sua. Simulando os movimentos de vai-e-vem que ele tanto queria que fizéssemos sem roupas para nos atrapalhar, eu o masturbava por cima da roupa com vontade e arranhava sua nuca, sentindo sua pele arrepiar e sua respiração acelerar.
Sua mão que estava em meu seio começou a apalpá-lo levemente por cima da roupa, sentindo toda a forma dele, mexendo-o levemente e, por vezes, apertando-o um pouco mais forte. Sua outra mão deixou meu quadril ao perceber que eu estava fazendo o movimento de vai-e-vem sem sua ajuda, então juntou-se a sua outra agarrando meu outro seio. Ele parecia um adolescente, como se fosse sua primeira vez. Não pude evitar dar uma risadinha.
Seus dedos encontraram meus mamilos e o acariciaram, deixando-os rijos e me fazendo arrepiar. A combinação de seus estímulos em meus seios e nos nossos quadris se esfregando gerou muito prazer em mim, seu pau duro roçava levemente em meu clitóris que latejava, implorando por atenção.
Notando minha expressão de prazer, ele continuou estimulando meus mamilos por cima de minha roupa mais rapidamente e beijou o meu colo. Notei que suas mãos deixaram meus seios e seguraram o decote de meu vestido, puxando o tecido que os cobria devagar, revelando-os aos poucos e, por fim, puxou até as mangas de meus braços, deixando meu tronco completamente exposto.
parou de me tocar e ficou encarando meu corpo desnudo por um longo tempo, o que me deixou um pouco envergonhada. Meu primeiro reflexo foi me cobrir com meus braços, o que deixou o homem chateado.
− Não se cubra, você é linda, perfeita – ele disse enquanto segurava os meus braços e os tirava de sua frente.
Eu não disse nada, mas, apesar de envergonhada, aquele elogio me fez me sentir um pouco mais confiante. Eu sempre fui um pouco insegura quanto ao meu corpo, mas sabia fazer eu me sentir bonita.
Após admirar-me por um tempo desconfortavelmente longo, ele finalmente voltou a me tocar. Ainda estimulava meus mamilos, mas a sensação era mais intensa agora que não havia nenhum tecido na frente. Eu voltei a rebolar em seu colo, desta vez mais forte para sentir ainda mais o pau dele. Aquela combinação estava me dando tanto prazer que, apesar do frio lá fora, eu estava suando e ele também.
Ele então segurou meu seio direito um pouco forte e lambeu de cima a baixo, levando em seguida sua boca a ele, sem deixar de mexer no mamilo do seio esquerdo. Chupava levemente, deixando-me com mais tesão ainda. Quando soltava, passava a língua levemente sobre ele, aliviando a dor. Variava entre chupar mais fraco e mais forte, brincando com meu prazer, e ia de seio em seio.
Aquilo estava bom demais, e quando percebi, eu estava puxando seu cabelo tentando controlar para não gemer tão alto ali mesmo. Eu também queria tocá-lo e lhe dar prazer como ele estava fazendo comigo, então saí de seu colo, o que o deixou um pouco confuso. Sentei-me do seu lado na namoradeira e apalpei seu pênis, que estava latejando dentro de sua calça.
Ele deixou escapar um gemido baixinho e olhou para mim, que sorri com a reação. Acariciei levemente seu pênis e ele, desesperado por um toque mais intenso, curvou seu quadril em minha direção para que eu pudesse senti-lo com mais força.
Assim o fiz, senti todo o cumprimento de seu pênis com minhas mãos, subindo e descendo por cima de sua calça. Era difícil dizer o tamanho por conta das roupas, mas ele parecia ser bem grande. Esse pensamento me fez latejar.
Ele estava gostando da provocação, mas não parou de brincar com meus seios que ainda estavam à mostra enquanto eu, para variar, fazia um pouco do trabalho.
Foi quando ele, impaciente, subiu a saia do meu vestido e enfiou a mão por baixo de minha calcinha, desesperado para me tocar como na noite passada. Assim que conseguiu tocar meus lábios, ele sussurrou em meu ouvido:
− Você está tão molhada – seguido de uma mordida forte em meu pescoço.
Ele massageou meu clitóris com a ponta de seus dedos rapidamente, fazendo com que eu tivesse espasmos em minhas pernas, e eu pude sentir meu orgasmo chegando. Eu continuei a masturbá-lo por cima da calça no mesmo ritmo que ele, mas fui interrompida por uma de suas mãos.
− Se você continuar assim, eu vou gozar... – ele disse rindo baixinho. Eu ri também, minha empolgação me deixou levar.
− Qual o problema? Você me fez gozar no meio do jardim, mas eu não posso te fazer gozar no teatro? – perguntei, olhando para ele com um sorriso safado.
− Essas calças são novas – ele riu – e tem uma grande diferença aí: quando eu gozo, a noite acaba. Quando você goza, a noite está só começando.
Mordi meu lábio inferior, contente com sua resposta. Tirei a mão de seu pênis e ele continuou me masturbando. Voltou a chupar meus seios, dessa vez mais intensamente, e quando eu estava quase gozando, ele inseriu seu dedo médio e seu dedo anelar dentro de mim. Eu me assustei, pois nunca nada havia entrado em mim antes, o que fez com que ele tirasse os dedos imediatamente.
− Você quer que eu pare? – ele perguntou, preocupado com o susto que eu havia tomado.
− Não... – eu respondi ofegante – mas tome bastante cuidado...
− É claro – ele beijou minha boca e inseriu novamente os dedos de mim, dessa vez com mais calma. Foi inserindo-os cada vez mais fundo e, quando me acostumei, comecei a sentir prazer com seus movimentos entrando e saindo de mim. Ele curvou seus dedos lentamente para cima e, de repente, eu senti uma onda de prazer incrível, diferente da que ele me proporcionou ontem. Senti meu orgasmo chegando novamente, e ele percebeu.
− Se toque comigo – ele disse. Eu fiquei sem entender, então ele pegou minha mão e colocou meus próprios dedos em meu clitóris – quero assistir a você.
Fiquei apreensiva e muito envergonhada, mas ao mesmo tempo cega de prazer, então fiz como ele mandou. Comecei a tocar a mim mesma, e a mistura do prazer dos dedos dele dentro de mim e dos meus próprios dedos me deixou em êxtase, e ter de segurar para ninguém me ouvir deixou tudo melhor. Não durou muito até eu sentir meu prazer percorrer por todo meu corpo, fazendo com que eu contraísse meus dedos dos pés e sentisse um arrepio em toda a minha pele. tinha me proporcionado o segundo orgasmo da minha vida e eu nunca tinha me sentido tão bem.
− Você é incrível – eu disse, o que fez com que o ego inflado do homem crescesse ainda mais. Ele sorriu para mim triunfante, como se tivesse inventado o orgasmo feminino.
− Eu sei, mas você é mais... – ele disse acariciando meu rosto.
As luzes do teatro se apagaram, o que significava que a peça ia começar. Coloquei meu vestido novamente e ele me ajudou a fechar o espartilho. Em seguida, abri as cortinas e pudemos ver os atores que já haviam começado o primeiro ato.
Sentei-me do lado de , que passou seu braço por cima de mim, e assim ficamos assistindo à peça. Toquei o sino que estava na mesa e, assim que o funcionário do teatro entrou, pedi duas taças de champagne para aproveitar o resto da noite.
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− Gostou da peça? – perguntei para enquanto saíamos do teatro em direção a nossa carruagem, que já nos esperava.
− Eu adorei. É realmente assustador, mas lindo ao mesmo tempo.
− Mary Shelley é uma verdadeira visionária.
− Quem? – ele perguntou enquanto abria a porta da carruagem e me ajudava a entrar.
− A escritora da história, bobinho! – eu respondi, rindo.
− Ah, claro – ele riu também, entrando na carruagem e fechando a porta – deveríamos fazer isso mais vezes, este artista aqui com certeza precisa aprender mais sobre teatro.
− Por favor! Eu amo ir ao teatro – eu respondi empolgada – é tão divertido.
− É mesmo – ele respondeu, acenando ao condutor para que ele desse partida – vamos voltar mais vezes.
− Promete?
− Prometo − ele estendeu seu mindinho, como as criancinhas normalmente fazem para jurar uma promessa. Eu dei risada, pois eu costumava fazer isso quando eu era mais nova, mas quando cresci, tinha perdido o costume disso sem nem perceber. No entanto, dei meu dedinho de volta, que se entrelaçou com o dele, formalizando nossa promessa.
No caminho de volta, nós ficamos abraçados, assim como durante a peça. No entanto, nós dois ainda estávamos com muita vontade um do outro. Senti sua mão apertar minha bunda, e eu olhei para ele com os olhos arregalados.
− Ficou doido? – sussurrei, rindo um pouco nervosa.
− Não consigo controlar, você fica muito gostosa nesse vestido. Você nem imagina do que eu seria capaz se você estivesse pelada na minha frente.
De novo ele estava falando sujo, mas eu estava curiosa até que ponto ele conseguia chegar.
− Ah, é? E o que você faria comigo?
− Bem... – ele olhou diretamente em meus olhos e sorriu – eu ia começar beijando seus lábios e, em seguida, beijaria e morderia seu pescoço inteiro. Eu ia acariciar seu corpo todo: seu rosto, sua nuca, seu peito, sua cintura, sua bunda, suas coxas... eu ia te sentir por inteira. Depois, eu ia descer e beijar entre seus seios maravilhosos, e chupá-los tudo de novo. Eu ia apertar sua bunda bem forte, do jeito que eu sei que você gosta.
Enquanto ele sussurrava essas baixarias em meu ouvido, ele dava beijinhos no lóbulo da minha orelha que me faziam arrepiar.
− E depois...?
− E depois... eu ia te jogar na cama e ficar por cima de você, te admirando, só para você ficar com vergonha.
− Seu besta...
− E eu ia beijar sua barriga... e descer... e descer... e aí...
− E aí...? – perguntei, ficando excitada somente ao ouvi-lo falar.
− Eu ia chupar sua buceta todinha. E por fim...
Minha barriga gelou. Os membros da nobreza condenavam palavrões, e falar sobre sexo era praticamente proibido, sobretudo entre mulheres. Se alguém fizesse alguma menção a isso, a pessoa teria para sempre uma imagem depravada.
Por isso era tão chocante ouvir sair aquela palavra com “b” sair da boca de alguém... mas aquela sensação “perigosa” também me excitava. Parecia tão errado, e tão certo ao mesmo tempo.
− E por fim... ? – eu insisti, com borboletas no estômago.
− Eu ia te foder tão gostoso que você nem ia andar no dia seguinte.
Com isso, ele me provou que ia longe. Algo me dizia que ele era capaz de ir mais longe ainda.
A carruagem chegou ao palacete e, quando descemos, ele me disse:
− Agora temos de entrar separados, senão, você já sabe...
− Pois é. Mas você não pode ir dormir ainda.
− Por que não? – me perguntou intrigado.
− Porque eu tenho uma surpresa para você. Você consegue escalar da janela do seu quarto para o meu?
− Da última vez que eu chequei eu era um pintor de quadros, não de paredes – e nós rimos – mas eu faria isso pela sua surpresa.
− Bom mesmo! Me encontre em 15 minutos, estarei te esperando.
Dei um beijo em e entrei em casa. Subi as escadas correndo até o meu quarto e abri a porta o mais silenciosamente possível para que meus pais não me ouvissem. Por sorte, eles já estavam dormindo e o ronco estrondoso do meu pai abafou o barulho da porta abrindo.
Acordei minha mãe para avisá-la que eu havia chegado e dei um beijo nela, que rapidamente voltou a dormir, e me dirigi ao meu quarto e tranquei a porta.
Olhei para o relógio: em 4 minutos, entraria pela minha janela. Eu tinha de preparar a minha “surpresa” logo.
Tirei rapidamente todas as roupas do meu corpo e o esperei na cama, completamente nua. Essa era a surpresa, e eu tinha certeza de que ele ia adorar.
Eu conseguia sentir meu coração batendo muito forte em meu peito, ansiosa para que ele me visse. Na minha cabeça, todas as preocupações estavam presentes: e se ele não gostar de mim? E se eu não souber o que fazer na hora? E se alguém pegar a gente no flagra?
Um vulto na minha janela me tirou dos meus pensamentos de pânico. estava subindo até minha janela com uma... escada? Onde ele conseguiu uma escada na mansão àquela hora da noite?
− Ufa! Foi uma subida e tanto... – ele disse de costas pra mim, ainda sem ver o que lhe aguardava – você não vai acreditar em como eu consegui...
− Shh! – corri até ele e tapei sua boca para que ele parasse de falar. Foi só aí que ele percebeu que eu estava completamente nua na frente dele. Seus olhos se arregalaram em choque.
− Uau, então essa era a surpresa... – ele disse bem baixinho e sorrindo de canto.
− C-como você conseguiu uma escada a essa hora? – eu perguntei, na hora tão vermelha quanto uma pimenta de tanta vergonha em estar exposta daquele jeito.
− Depois eu te conto, agora vem aqui – ele me puxou pela cintura e me beijou profundamente, desfazendo-se de seus sapatos e de seu casaco ao mesmo tempo.
− Então você gostou da surpresa? – perguntei entre beijos.
− Quem não gostaria? – ele respondeu, embananando-se com a camada de roupas que estava tentando tirar − Preciso da sua ajuda − pediu, beijando meu pescoço.
Assim o fiz, ajudando-o rapidamente a tirar seu sobretudo e seu colete, deixando-o apenas com uma camisa branca de seda de botões. Abri seus botões rapidamente e a camisa aberta revelou seu peitoral musculoso, com pelos em seu peito e um abdômen definido. A visão que tive me fez suspirar e logo fui tocando-o, arranhando-o levemente enquanto voltava a beijar seus lábios.
− Gosta do que vê? – me perguntou com um sorrisinho.
− Shh! − eu fiz, rindo baixinho em seguida.
Tentei abrir suas calças, que continham um grande e grosso volume querendo ser libertado. No entanto, ele segurou minhas mãos me impedindo.
− Não, hoje à noite é só sobre você.
Primeiramente olhei para ele de maneira confusa, pois eu queria fazê-lo sentir prazer também. Mas o jeito com o qual ele disse foi convincente o suficiente.
− Então faça tudo aquilo que me disse na carruagem… − sussurrei em seu ouvido, em seguida olhando fundo em seus olhos.
− Vamos no meu ritmo.
E, assim como ele tinha me dito no caminho de volta, ele começou por beijar meu pescoço, passando suas mãos por todo meu corpo, e eu continuei a arranhar seu peito e suas costas. Seus lábios faziam minha pele arrepiar e suas mãos desesperadas seguravam meu corpo que se desfazia em seus braços. Suas mãos então desceram até minha bunda e lá ficaram um bom tempo, apertando-a forte, como ele mesmo disse, do jeito que eu gostava.
Seus lábios foram descendo lentamente até meu colo e lá, foram em direção aos meus seios, beijando o meio entre eles. Em seguida, suas mãos deixaram minha bunda para se dirigirem a eles também, acariciando-os devagar no começo, mas depois apertando-os com mais força. Seus lábios alcançaram um de meus mamilos e o chuparam levemente. Uma de suas mãos subiu e prendeu-se em meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. Gemi baixinho, e a memória das sensações que ele tinha me proporcionado mais cedo no teatro vieram à tona.
Minhas mãos arranhavam suas costas desnudas. Ele se demorou em meus seios por um bom tempo e, quando estava satisfeito, voltou a beijar meus lábios. Desta vez, puxando-me pelas minhas pernas para o seu colo e deitando-me na cama, ficando por cima de mim. Ele parou por um momento e ficou me olhando, completamente nua abaixo dele, a seu favor para que ele fizesse o que ele quisesse. Ao ser observada daquela forma, não pude evitar sentir vergonha, e cobri meus seios com meus braços novamente e dobrei minhas pernas. Ele não gostou muito.
− De novo não! − ele disse, tentando tirar meus braços de cima de meus seios – Você é perfeita.
− Não sou perfeita − eu virei o rosto, ainda com vergonha.
− Tem razão, é mais que perfeita.
Eu não podia evitar me apaixonar por ele. Ele fazia eu me sentir a garota mais desejada do mundo, como ninguém nunca fizera antes. Eu queria ser de por inteira, deixá-lo fazer o que quisesse comigo. E eu queria tudo o que ele podia me oferecer.
Ele sorriu vitoriosamente quando percebeu que eu me descobri por vontade própria, entregando-me a ele. Então me beijou, deslizando sua mão de meu ombro à minha cintura e ao meu quadril.
Ele começou a descer com a cabeça, deixando beijinhos em meu pescoço, colo e barriga, me deixando toda arrepiada. Quando chegou em meu umbigo, me assustei quando de repente ele pegou em meu joelho e levantou minha perna, colocando-a por cima de seu ombro.
Tremi de nervosismo por antecipação ao que estava prestes a acontecer. Eu estava muito curiosa com a sensação, e ao mesmo tempo nervosa por estar sendo vista daquele ângulo.
− Não precisa ficar nervosa − ele falou baixinho. O ar que saiu de sua boca atingiu minha intimidade que estava muito molhada e me fez tremer um pouquinho de frio – eu sei o que estou fazendo.
E, enquanto me olhava diretamente nos olhos, deslizou a ponta de sua língua pela minha entrada, abrindo meus lábios externos e conhecendo a região úmida entre eles, me dando um arrepio em minha espinha. A sensação era estranha, mas era divina. Sua língua lentamente lambia de cima para baixo, me provocando, me excitando e me deixando ansiosa para o que mais estava por vir. Até que ele finalmente levou sua língua em direção ao ponto que pulsava implorando por seu toque.
Desta vez com a língua inteira, ele passou a lamber, com mais força, o meu clitóris. E a partir daí, a sensação que já era boa tornou-se insuportavelmente prazerosa. A cada movimento, eu sentia meu quadril se mexer, o qual ele segurava com força em suas mãos para manter-me em meu lugar. Os espasmos faziam minhas pernas se mexerem, e seus olhos não descolaram dos meus em nenhum momento.
Meu prazer beirava o delírio. Ele sabia exatamente o que fazer para me deixar maluca: sua língua fazia movimentos rápidos e precisos que me faziam ver estrelas, e seus lábios me chupavam como se ele estivesse beijando minha boca. Eu não consegui evitar puxar seus cabelos. Uma de suas mãos largou meu quadril para apertar meu seio, e eu tive de colocar um travesseiro sobre meu rosto para abafar meus gemidos. Estávamos brincando com fogo, pois meus pais dormiam no quarto ao lado, mas a situação na qual nos encontrávamos somente tornava tudo mais excitante.
Não satisfeito, levantou-se e foi para debaixo de mim, colocando-me, com certa brutalidade, sentada por cima de seu rosto. Ele tomou o travesseiro que eu usava para me cobrir para deitar sua cabeça sobre ele. Não consegui conter o riso, uma mistura de vergonha e confusão.
− Quero ver você gozar desse ângulo − ele disse sorrindo, voltando a me chupar.
Eu estava literalmente sentada na cara de . E ele parecia amar aquilo, pois seus olhar continuava fixo no meu. Uma de suas mãos apertava minha bunda e movimentava meu quadril em cima de sua língua, que se mexia rapidamente. Sua outra mão apertava meu seio e eu pousei minha sobre a dele, agarrando-me a qualquer coisa para não gritar. No entanto, eu não aguentaria segurar muito mais.
Senti meu segundo orgasmo da noite chegar e ele, ao perceber, aumentou ainda mais a velocidade com a qual lambia meu clitóris. Eu, sem outro jeito de abafar meus gemidos, tapei minha boca com a minha mão.
A sensação veio como uma onda e, enquanto meu clitóris pulsava, senti meu corpo todo tremer. Fiquei neste estado de tremedeira e pulsação por alguns segundos, e ele me assistia orgulhoso com o que causara, diminuindo a velocidade com que me chupava até parar, tirando-me de cima de seu rosto e colocando-me sentada em seu peito.
Minha visão ficou escura e fiquei sem fôlego, então permaneci naquela posição respirando fundo para voltar a mim. Quando finalmente me recompus, se sentou de frente para mim, me colocando sentada em suas pernas.
− O que achou? − ele perguntou sorrindo de canto.
− Foi a melhor sensação que já senti na minha vida − respondi, ainda meio abobada com os vestígios de orgasmo que ainda percorriam meu corpo.
− , você é deliciosa − ele limpou sua boca com as costas de sua mão − não consigo me cansar.
Em seguida me beijou de maneira que pude sentir meu próprio gosto, que era bem característico.
Eu estava exausta, mas ainda queria dar prazer a ele. Tentei novamente colocar minha mão em seu pau, mas ele me impediu.
− − ele disse, retirando minha mão − por mais que eu queira isso, não acho que ainda esteja na hora. Prometi a você que iríamos devagar.
Dei-me por vencida, fazendo um biquinho com meus lábios, nos quais ele deu um leve selinho.
− Acredite em mim, eu quero fazer de tudo com você, mas não quero que seja assim, no quarto ao lado dos seus pais − ele disse beijando meu joelho − você merece mais do que isso. E tenho certeza de que você está muito cansada.
Ele tinha razão, meus olhos estavam começando a pesar. Meu coração se aqueceu com todo o carinho de . Sorri e o abracei, deitando-me em seu peito, e ele logo se deitou sobre meu travesseiro. Ficamos naquela posição por alguns minutos, somente aproveitando a companhia um do outro e refletindo sobre a noite maravilhosa que tivemos.
Foi então que me lembrei do que Charlotte me dissera mais cedo. Senti de repente um frio na barriga desconfortável e uma forte ansiedade, misturada com um certo medo. Estar com me distraiu tanto que acabei me esquecendo do quanto aquilo me preocupava, e eu precisava saber se era verdade.
− ... − eu sussurrei, deitada em seu peito, criando coragem.
− Sim, meu amor?
Ele me chamou de meu amor. Não consegui evitar sorrir, ele fazia eu me sentir tão querida. Cheguei perto de mudar de ideia, mas continuei a conversa.
− Charlotte Brooke, a fim de me provocar, disse que sua mãe lhe ofereceu a mão dela em casamento... não é verdade, é? − perguntei, muito nervosa com a resposta.
− Sim, é verdade − ele respondeu, sem expressão, como se tivesse falado a coisa mais banal do mundo. Não pude evitar me exaltar.
− Mas... mas você não pode! Você não vai aceitar, né? É o que você quer? – levantei minha cabeça para olhá-lo nos olhos, e ele acariciou meu pescoço tentando trazê-la para seu peito novamente.
− Não se preocupe, não é o que eu quero − disse me olhando nos olhos − mas não dei uma resposta ainda, disse à senhora Brooke que eu iria pensar sobre.
− Como assim pensar? Aquela garota é desprezível, você viu como ela tratou ...
− É verdade... − ele parou por um segundo, desviando seus olhos para minha mão que estava pousada em seu peito, em seguida acariciando-a com seus dedos levemente − mas isso significa que eu não precisaria ir embora.
− Como assim?
− Se eu me casar com ela, terei uma desculpa para morar aqui e te ver todos os dias... se eu recusar, terei de ir embora quando meu trabalho aqui acabar e seguir minha jornada.
Eu fiquei em choque. Eu não tinha ouvido aquilo.
− Você está considerando se casar com aquela ridícula só para continuar morando aqui?
− Você não entendeu, não é por morar em Londres e sim por você.
Meus olhos se encheram de lágrimas, as quais fiz força para conter, mas ele percebeu. Pôs a mão em minha bochecha e voltou a me olhar nos olhos.
− Eu me casaria com qualquer pessoa se isso significasse que eu poderia te ver todos os dias.
− Mas você se casaria com Charlotte.
− E você se casaria com Peterson − ele respondeu rapidamente, senti um pouco de tristeza em suas palavras − nós dois sofreríamos, mas nos esforçaríamos para ficarmos juntos.
− Como assim? Isso não é estar junto! Nós seríamos amantes, e se alguém nos descobrisse? Nós seríamos como Lorde Fitzgerald e Lady Howard! – eu disse, desesperando-me.
− Seríamos como quem? Do que você está falando? Acalme-se, , nós não precisamos nos preocupar com isso ainda...
Eu não conseguia me acalmar. Eu tinha entendido seu ponto de vista, mas aquilo me parecia absurdo demais.
− Vale a pena se casar com alguém qualquer só para me ter por perto?
− Qualquer coisa vale a pena se for por você, .
Aquela foi a primeira vez que ele me chamou pelo meu apelido o qual somente meus pais e me chamavam.
Não sei se estávamos vulneráveis após o sexo, mas se em algum momento eu tive dúvidas, agora tinha certeza de que eu estava apaixonada por . Embora parecesse absurdo que eu me sentisse dessa forma depois de apenas dois dias que passamos juntos, o vazio que havia em mim estava preenchido por ele.
Minhas lágrimas finalmente escorreram e ele as limpou de meu rosto com seus dedos.
− Não chore − ele dizia – vamos encontrar um jeito.
Eu não conseguia parar de chorar, então ele simplesmente me abraçou e fez carinho em meu cabelo.
− Conversaremos melhor depois.
O cafuné que ele fazia foi me acalmando aos poucos e, finalmente, consegui parar de chorar. Senti um sono forte tomar conta de mim e, quando ele percebeu que eu estava quase adormecida, senti um beijo em minha testa.
− Durma bem, meu amor.
Acordei com batidas na porta do meu quarto. Merda! Esqueci de destrancar a porta antes de dormir, e eu estava morrendo de sono por ter ido dormir tarde por conta do que aconteceu ontem.
− Mãe! Desculpa, já vou abrir!
Quando abri a porta, deparei-me com uma condessa muito zangada.
− Por que trancou a porta? O que está escondendo?
− Nada, mamãe − respondi enquanto ela entrava no meu quarto e olhava em volta.
− Você sabe que eu sempre descubro − ela me olhou seriamente, o que me fez engolir seco − venha, temos de te preparar para a aula de etiqueta com a Lady Brooke, não queremos que você passe vergonha no dia de seu casamento.
Voltei para a realidade ao ver as criadas entrarem silenciosamente em meu quarto para me ajudarem a me vestir. O pouco tempo que passei com ontem foi o suficiente para me fazer esquecer um pouco, mas o dia D está chegando e não há nada que eu possa fazer contra isso.
− Lady ! Quantas vezes tenho que dizer? Mantenha a coluna ereta enquanto estiver sentada à mesa! − Lady Brooke gritou pela milésima vez enquanto andava com a sua longa régua para lá e para cá escolhendo mais uma vítima para punir.
− Eu não consigo esticar minha coluna mais do que isso, é fisicamente impossível! − eu respondi com a paciência no fim.
Na aula de etiqueta, eu precisava usar um espartilho e um vestido branco bufante, daqueles cheios de fru-fru e laços atrás, luvas compridas que passavam dos meus cotovelos, e prender o meu cabelo de um jeito ridículo. E se eu fizesse qualquer movimento que parecesse minimamente plebeu, dependendo da gravidade eu poderia levar uma reguada nas mãos.
O “curso” funcionava de maneira que eu e mais outras jovens da sociedade que estivessem para se casar nos reuníssemos nas mesas do jardim do Palácio de Buckingham uma vez por semana, tomando chá enquanto a “instrutora” nos olhava e corrigia nossas posições, o modo com o qual falávamos umas com as outras e com ela, entre outras coisas chatas da nobreza. Enquanto isso, nossas mães nos assistiam de uma curta distância, sentadas nos bancos embaixo das árvores se abanando com leques. Mesmo quando estava frio, pois era chique.
− Eu não lhe dei permissão para falar! Menos um ponto! Se demonstrar falta de educação mais uma vez, vou te ensinar mais uma lição! − Lady Brooke gritou, e eu bufei. Pude ver minha mãe de canto de olho passando a mão em seu rosto, como quem se perguntava “onde foi que eu errei?”.
− Não adianta, ela é filha de uma francesa, nunca vai aprender bons modos − Charlotte Brooke, filha megera de nossa querida instrutora de etiqueta, cochichou com suas lacaias que se sentavam na mesa ao lado, alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la mas não pudesse ofendê-la. Por ser filha da instrutora, ela sempre falava o que queria e saía impune.
− Perdoe-me, Lady Charlotte, não consegui entendê-la − eu respondi, enquanto tomava um gole de chá.
− Muito melhor, continue assim − Lady Brooke saiu para supervisionar (ou torturar) as pobres meninas das mesas ao lado.
− Eu disse que você é uma mal-educada, graças ao sangue francês que corre em suas veias − ela respondeu, desta vez dirigindo-se diretamente a mim.
− Pode me insultar como quiser, pouco me importa a sua opinião. Mas guarde para você comentários referentes à minha mãe, você não é metade da mulher que ela é − respondi, batendo a xícara de chá no pires, falhando em disfarçar minha raiva.
− Ela ficou chateada porque falei da mamãe! − ela riu junto com suas amiguinhas.
− Não ria tão alto, ou vai sair voando na vassoura da criada, sua bruxa – respondi, olhando discretamente para , que varria entre as mesas.
abafou sua risada com as mãos. Eu sorri para ela, tomando um gole de chá. se continha ao máximo, mas em seu rosto o deboche estava claro.
− Olhe aqui, sua... − Charlotte se preparava para se levantar de sua cadeira, provavelmente para me agredir, mas foi interrompida pela voz de Lady Brooke.
− Silêncio! Os cavalheiros estão chegando.
De repente, todas as moças que ali estavam sentaram-se com a maior educação do mundo. As meninas atrás de mim cochichavam “quem é aquele homem com Lorde Peterson?”.
− Só não acabo com sua raça aqui mesmo pois me recusaria a deixar Henry me ver de tal maneira − Charlotte sussurrou para mim.
Charlotte era frustrada pois sempre foi apaixonada pelo meu futuro marido. Não que eu me importasse, se dependesse de mim, ela poderia tê-lo todinho para si. Mas não era eu quem fazia as regras, e entre mim e Charlotte como pretendentes, o Duque Charles Peterson infelizmente me escolheu. Seu filho sempre foi obcecado por mim desde que éramos crianças, e por interesses financeiros, minha família aceitou sua proposta de casamento. Charlotte não gostou nada disso e, desde que nosso noivado foi anunciado, ela tem feito de tudo para me atacar.
Mas de todos os homens que ali chegavam, eu só conseguia prestar atenção em um. vestia um chapéu, uma fina camisa de botões amarela clara que contornava seus braços musculosos e seu tórax definido. Carregava seu casaco no braço, um rifle de caça nas costas e a mesma maleta de couro na mão esquerda, acompanhado de meu pai, meu futuro sogro, meu noivo e alguns homens, provavelmente noivos das moças que ali estavam. Ele estava tão sensual, ajeitando seu cabelo que caía sobre seus olhos daquela maneira que ele sempre fazia.
− Meu amor − Henry veio até mim e beijou minha bochecha − senti sua falta.
Ouvi Charlotte bufar.
Eu não senti nenhuma falta.
− Você está, hm-hm... linda, minha filha − disse meu pai gaguejando, aproximando-se e beijando minha testa.
− Não precisa mentir para mim, papai, eu sei que este vestido é horrível − ele riu de minha afirmação, como se concordasse.
− Oh, este deve ser o senhor ! É uma honra conhecê-lo, sou Lady Cynthia Brooke! − ela disse estendendo sua mão a , que em vez de beijá-la, fez uma saudação com o seu chapéu. Foi difícil segurar a risada. Pude ver em sua expressão que ele não estava muito a fim de conhecê-la − Meninas, algumas de vocês já o conhecem, mas a maioria ainda não. Este é o senhor , um dos melhores artistas da Europa. Ele se hospedará na mansão para retratar vividamente o noivado e o casamento de Lady e Lorde Peterson − ela disse, enquanto algumas garotas cochichavam entre si.
− Muito prazer − ele disse, olhando em volta e, finalmente, reparando em mim. Todas as sensações que tive ontem voltaram ao meu corpo e eu fiquei nervosa, lembrando de nosso breve momento de intimidade na madrugada fria − o que está havendo aqui, uma reunião das moças mais bonitas da Grã-Bretanha?
Todas as meninas deram uma risadinha. Eu revirei os olhos sorrindo. Ele sabia o quanto ele era irresistível e ele abusava disso.
− Oh, não, bobinho! Estou ensinando estas moças a como se portarem na sociedade. É muito importante, principalmente quando elas estão para se casar ou, no caso de algumas, procurando um marido…
Eu nunca tinha visto Lady Brooke ser tão boazinha. E tão oferecida. Ela estava desesperada para arrumar um marido para Charlotte desde que ficou viúva, mais desesperada do que a própria filha, pois sem um marido nobre, ela não era mais do que uma plebeia. Sua única salvação seria se Charlotte se casasse com um nobre. Mas não era um nobre, então podia ser apenas desespero mesmo.
− Inspirador − ele sorriu, ignorando a conversinha fiada de Lady Brooke − acho que ficarei por perto para esboçar este momento.
− Então, nós vamos indo − disse o Duque Peterson, pegando o rifle das costas de − Henry, Lorde , temos negócios a discutir.
Com “negócios” ele quis dizer “vamos fumar tabaco importado das américas e beber whisky irlandês enquanto nos gabamos de nosso dinheiro”. Mas eu fiquei feliz, pois mesmo que eu não pudesse me comunicar com ele ali, eu estaria perto de sem meu noivo para me encher o saco.
O “curso” seguiu e sentou-se num dos bancos à nossa volta, sacando uma folha de papel, um lápis e um pequeno pedaço de carvão da mala de couro que carregava. Enquanto desenhava, eu sentia seu olhar em mim às vezes, e eu tentava sempre que possível olhar de volta sem que minha mãe percebesse. Ele sorria para mim e eu para ele.
O nosso segredo era excitante. Por algum motivo, eu queria gritar ali mesmo que eu e ele estávamos nos pegando, mas guardar este segredo tornava tudo muito mais interessante. Eu estava com vergonha por estar vestida daquela forma, queria ter me arrumado da forma que eu quisesse.
Novamente, estava me fazendo escapar da realidade e entrar num mundo de fantasia onde só existe nós dois, ninguém que pudesse nos evitar de ficarmos juntos, um mundo em que eu fosse tocada por suas mãos todos os dias.
Mas fui tirada de meus devaneios por , que discretamente cutucava meu ombro.
− ! Estou falando contigo! − ela disse baixinho.
− Oi, desculpe, estava distraída.
− Aquele é o homem que você quase atropelou ontem ou estou ficando maluca? − ela apontou para ele com a cabeça.
− , eu tenho muita coisa para te contar. Me encontre na capela da praça em frente ao nosso palacete por volta das 12 horas quando esta tortura acabar.
− Está bem! − ela sorriu, animada com a fofoca que eu contaria. − Com licença, mamãe, digo, Lady Brooke… − Charlotte levantou a mão − esta criada é autorizada a falar conosco? Acho que ela deveria ser mandada embora daqui, esse não é o lugar dela − ela disse, suas colegas riam ao fundo. Pude ver um olhar de impotência no rosto de . Agora Charlotte tinha ido longe demais.
− Escute aqui, sua infeliz − eu me levantei, atraindo a atenção das pessoas ao redor, inclusive a de − só porque você é feia como um jumento, não tem que rebaixar outras pessoas para se sentir melhor!
− Repete! − ela se levantou, desta vez minha mãe se levantou também para ver o que estava acontecendo.
− O que está acontecendo aqui? − minha mãe quis saber.
− Nada, Lady , sua filha que acha que uma criada merece o mesmo tratamento que o nosso − Charlotte disse, olhando para − estou apenas explicando-lhe por que isto não é verdade.
− Você realmente acredita ser melhor do que os outros, quando tudo o que faz é ofender tudo e todos − , num ato de bravura, dirigiu-se a Charlotte sem autorização, mesmo isto sendo contra as regras − tome aqui esta vassoura, deve ser sua, aproveite e saia voando com os urubus.
Minha mãe e eu nos olhamos, pude ver que ela tapou a boca com a sua mão, numa tentativa de cobrir sua risada.
− Plebeia imunda! − Charlotte gritou, desta vez sendo segurada pela própria mãe.
− Acalme-se, Charlotte − ela disse, em seguida dirigiu-se à − como ousa insultar minha filha, sua criada maldita? Saiba que não hesitarei em difamar sua família se necessário e não sentirei nenhum pingo de pena ao vê-los pedindo esmolas na rua − disse enquanto batia a régua nas mãos, pronta para usá-la.
engoliu seco, sabendo o que estava por vir. Um criado não pode se dirigir a um nobre sem autorização, e muito menos ofendê-lo. As famílias da nobreza tinham autorização para puni-los fisicamente por isso.
Eu não podia deixar aquilo acontecer, foi por minha culpa que estava passando por aquela humilhação.
− Lady Brooke − falei rapidamente − a criada não tem culpa alguma, fui eu quem começou a discussão.
− , não precisa… − falou baixinho, tentando me impedir.
− Ma chérie? − minha mãe sussurrou e colocou a mão sobre meu ombro, um pouco triste por saber o que aconteceria comigo em seguida, mas ao mesmo tempo impotente por não ter como evitar aquilo.
− Então já sabe sua punição, pois este foi seu último aviso. Estenda as mãos − Lady Brooke disse e eu prontamente a obedeci − serão cinco golpes por não cumprir com a etiqueta e outros cinco por ter desrespeitado minha filha.
Senti um frio na espinha. Pude ouvir Charlotte rir baixinho, satisfeita com a situação, e pude sentir os olhares de todas as outras alunas e de suas mães pousarem em mim, inclusive o de .
− Senhorita , recomendo que se retire − minha mãe disse a , que a obedeceu e rapidamente deixou o lugar, mas sem antes olhar para trás, preocupada comigo.
Mas tudo bem, eu estava disposta a proteger minha melhor amiga.
Lady Brooke elevou sua régua lentamente e eu imediatamente fechei os olhos para me preparar para a dor. Foi então que eu pude ouvir uma figura se aproximar, e ao ouvir sua voz, minha barriga gelou mais ainda quando percebi de quem se tratava.
−Milady, com todo respeito, isso é mesmo necessário? − perguntou, sua expressão mostrava uma visível preocupação.
− Infelizmente são as regras, senhor … não posso deixar de segui-las − Lady Brooke respondeu com uma expressão diferente da que estava quando estava prestes a golpear minhas mãos, uma expressão de culpa. era realmente um encantador de mocreias.
− Tem certeza de que não pode poupá-la? Tenho certeza de que ela só assumiu a culpa para proteger a criada. Eu já fui muito pobre, odiaria passar por isso de novo, e se estivesse no lugar de Lady , eu faria o mesmo… − ele colocou a mão por cima da régua da velha, como quem a impedia de usá-la − o que vi agora não foi uma atitude vergonhosa, mas uma verdadeiramente nobre.
− Ora, senhor… acredito que esteja certo − a instrutora afastou o objeto de mim − concordo que este caso possa ser tratado como uma exceção. Mas isto não significa que não manterei meus olhos nesta mocinha − ela disse, olhando-me de cima a baixo.
− Obrigado, eu sabia que a senhora tinha um bom coração.
Nem ele mesmo acredita nisso que acabou de dizer.
Caramba... acabou de salvar a minha vida e a de . Está bem, talvez não a minha vida, mas a de sim. E com certeza ele me salvou de inchaço nas mãos.
− A aula de hoje está encerrada − Lady Brooke proclamou, para a alegria de todas. Liberdade!
As outras moças, ainda um pouco chocadas com o que haviam acabado de presenciar, retiraram-se do lugar, olhando para mim e cochichando. Que ótimo, logo mais o mundo inteiro vai estar sabendo que quase apanhei em público.
− Você está bem, milady? − perguntou. Era engraçado vê-lo me chamar de lady para esconder nossa intimidade. Eu teria que fazer como ele para que as pessoas não suspeitassem de nós dois.
− Oui, ela está bem − minha mãe respondeu por cima de mim, impedindo-me de falar com ele.
− Mãe! Sim, obrigada senhor , aquilo poderia ter sido bem pior − respondi sorrindo, senti minhas bochechas queimarem. Como era bom conversar com ele.
− Fico feliz. Bom, não vou importuná-las, imagino que tenham muito a fazer agora − ele disse, saudando-nos com o chapéu e retirando-se do local também.
− Ma fille… você não precisava ter feito aquilo − minha mãe disse pegando em minhas mãos, olhando para elas.
− Achei que você ia ficar brava comigo − eu respondi, um pouco confusa.
− Eu teria ficado se você tivesse feito por merecer… mas como o senhor disse, você tomou uma atitude honrosa – ela disse sorrindo. Nossa, isso foi inesperado.
Após isso, voltamos para nossa casa e fomos ao meu quarto tirar toda aquela roupa horrível.
− Você tem a tarde livre hoje. Não faça besteira, hein? Não quero saber de corridas a cavalo nem de sair escondida sem alguma criada para lhe acompanhar. Já estou sendo liberal demais em deixá-la andar por aí sem um corset... − minha mãe disse, mandando uma criada me entregar um vestido verde escuro confortável.
− Pode deixar, vou me encontrar com agora − eu disse enquanto colocava o vestido e olhava o relógio, dando graças a Deus que eu estava livre dos espartilhos por um dia − a propósito, a senhora não esqueceu, não é?
− Esqueci do quê? − ela olhou para mim, levantando a sobrancelha esquerda em sinal de confusão.
− Não acredito! Mãe, a senhora prometeu que iríamos assistir a uma peça hoje à noite, lembra? Frankenstein, eu estava tão ansiosa que buscamos os convites com um mês de antecedência! − eu disse, cruzando os braços.
− Oh, não… eu sinto muito, filha, mas hoje jantarei com o seu pai e seus padrinhos de casamento, vamos discutir o buffet.
− E o que vou fazer agora? Eu nem sabia que eu tinha padrinhos de casamento!
− Veja, eu deixarei que leve no meu lugar… só tome cuidado para não serem vistas conversando demais, principalmente depois do que aconteceu hoje!
− Está bem… mas a senhora está me devendo uma noite de teatro! − nós sorrimos e eu a abracei.
Em seguida, desci as escadas rapidamente e me dirigi à capela que ficava na praça em frente à mansão, cercada por árvores. Ouvi os passos de uma criada tentando me acompanhar por trás, mas consegui ser mais rápida e despistá-la. No entanto, no caminho, ouvi uma voz irritante atrás de mim.
− Olha só quem está aqui, está indo varrer a capela junto de sua amiguinha? − virei-me e encontrei Charlotte com suas amigas, que mais pareciam sombras, rindo de mim.
− Eu tenho pena de você, Charlotte, você deve ser muito infeliz para sentir tanta necessidade de importunar os outros − respondi virando as costas.
− Não se gabe só porque o senhor está hospedado na sua casa, pois quem vai se casar com ele sou eu!
Eu me virei para ela de novo e ri. Aquilo era simplesmente cômico.
− Está rindo do quê?
− De você, ué! − eu continuei rindo − não era você que era apaixonada pelo Henry?
− Eu o superei assim que vi o senhor … o jeito que ele te defendeu, aquele sim é um homem para se casar.
− E o que te faz acreditar que um casamento entre ele e você seria possível? Ele é um artista requisitado, está sempre viajando, fora que ele nem é da nobreza.
− Você age como se o conhecesse tão bem! Não importa se ele é nobre ou não, ele tem uma fortuna imensa. Saiba que minha mãe está agora mesmo preparando uma oferta de casamento para ele.
Senti um frio na barriga. Ela provavelmente estava mentindo, tentando me atingir. Mas... e se não fosse uma mentira?
− Bom… se tudo der certo, eu os desejo muitas felicidades − respondi, tentando ao máximo demonstrar desdém.
− Melhor desejar mesmo! E vou fazer questão de te colocar no primeiro assento da igreja para que você possa assistir bem de perto − ela riu e virou as costas, seguida de suas colegas. E eu fiquei lá, me mordendo de raiva só de pensar na possibilidade daquilo ser real.
Segui meu trajeto até a capela, ainda abatida. Mas assim que encontrei me senti muito melhor.
− ! − ela disse enquanto me abraçava – você não precisava ter feito aquilo…
− Precisava sim! Jamais deixaria alguém falar assim com você na minha frente! − eu disse enquanto a puxei para se sentar ao meu lado no altar.
− O que você queria me contar? − ela perguntou ansiosa.
− Tanta coisa.
Após passar um longo tempo contando todos os detalhes do que tinha acontecido até então, parecia muito animada.
− … você acha mesmo que o senhor vai querer se casar com aquela nojenta da Charlotte? É você quem ele quer! − ela disse, chacoalhando meus ombros.
− Você se esqueceu de que estou noiva? − eu disse mostrando o anel de diamante em meu dedo anelar direito − minha família não entenderia nem aceitaria! E outra, acabamos de nos conhecer…
− Então saia com ele esta noite para conhecê-lo ainda melhor!
− Ao teatro, você quer dizer?
− Exatamente, é perfeito! Você possui dois convites para a cabine privativa da sua família, certo? Ninguém vai ver vocês! E eu não vou ficar triste.
− Tem certeza?
− Absoluta, essa é a chance perfeita para você ter um momento especial com ele, se é que você me entende…
− ! − eu disse rindo, dando um leve tapa em seu ombro − eu não posso, tenho que me casar virgem.
− Você não sabe o que está perdendo − ela piscou para mim − eu e não perdemos tempo.
− Como vão as coisas com ele? − perguntei, numa tentativa de mudar de assunto.
− Estamos tão felizes! − ela disse, olhando para cima e juntando suas mãos. Eu ficava feliz em ver feliz.
era um trabalhador de uma fábrica em Whitechapel que tinha um caso de anos com . Ela costumava sair da mansão durante a noite para se encontrar com ele. Os dois planejavam juntar dinheiro para se casar e se mudar para um local onde eles não teriam que trabalhar tanto. O amor deles era verdadeiro e eu torcia muito para que seus planos dessem certo.
− Fico feliz por vocês − eu disse, com um sorriso.
− Mas não mude de assunto! Você deve convidá-lo para ir com você.
− O que eu vou fazer? Minha mãe acha que você vai comigo.
− Não se preocupe, eu vou me encontrar com esta noite e direi aos meus pais que fui ao teatro com você. Vai dar tudo certo.
− Assim espero.
Deixei a capela e fui procurar por . Imaginei que ele estivesse em um dos bancos dos jardins da mansão, onde estava na última noite, e estava certa. Então, dirigi-me até ele.
− Boa tarde, senhor − falei, brincando como se não o conhecesse.
− Milady − ele sorriu, beijando minha mão. − senti sua falta. Suas mãos estão geladas.
− Jura? Não percebi.
− Deixe-me vê-las − ele virou as palmas de minhas mãos para si e acariciou-as levemente − o que houve hoje foi quase uma tragédia, mãos lindas como as suas não merecem cicatrizes.
− … − eu disse, tentando criar coragem.
− Sim? − ele perguntou, olhando fixamente para mim.
− O que acha de ir ao teatro comigo esta noite? − perguntei, sentindo minhas bochechas arderem como se a régua da Lady Brooke tivesse golpeado o meu rosto.
− Uau, achei que eu era quem deveria te convidar para sair – ele riu, o que me fez dar um tapinha em seu braço.
− Eu estou falando sério!
− Ah, então era isso que você estava planejando com a senhorita lá na capela? Sabia que não estava indo rezar…
− Como você sabe o nome dela? E como sabia que eu estava lá? − perguntei confusa − estava me observando?
− Depois eu te conto como eu sei. Mas saiba que estou sempre te observando − ele respondeu, levantando-se do banco e passando a mão em meu rosto − e a resposta é sim.
− Sim o quê? − eu estava tão derretida por seu toque que tinha até esquecido sobre o que estávamos falando.
− Sim para o teatro, bobinha − ele riu − será esplêndido. O que iremos assistir? Nunca tive a chance de assistir a uma peça antes.
− Frankenstein, dizem que é assustador. E que tipo de artista nunca foi ao teatro? − retruquei, sorrindo debochada.
− O tipo de artista que está sempre viajando a trabalho.
− Nossa, como ele é importante! – e o fiz rir. Aquele sorriso tornou meu dia mais feliz.
− Então está combinado. Alugarei uma carruagem real e sairemos às 21 horas − disse animado.
− Não! Nós temos que ser discretos, se virem na rua uma carruagem do palácio, todos ficarão curiosos − eu respondi, nervosa.
− Como quiser, contanto que eu esteja contigo.
Ele beijou meus lábios levemente e partiu, deixando-me com um sorriso no rosto e as pernas bambas.
Passei a tarde me arrumando: tomei um banho com essência de lavanda, arrumei meus cabelos soltos - do jeito que eu gostava, sem normas para seguir. Mas vesti um espartilho, pois mesmo que eu não gostasse, ele me deixava elegante. E claro, deixava um belo decote. Por cima, um vestido azul escuro, quase preto, de mangas que se estendiam até meus cotovelos com forro de renda por baixo.
Quando estava pronta, fui me despedir de meus pais.
− Por que se arrumou tanto? − minha mãe perguntou, tirando os óculos de leitura que usava para me analisar melhor, curiosa e ao mesmo tempo preocupada.
− Você sabe o quanto gosto de ir ao teatro, mãe. Quero ir apresentável, não é você que sempre diz que ando muito desarrumada? − menti da forma mais convincente possível.
− Minha filha, você está uma beleza neste vestido. Por favor, tome cuidado − meu pai disse, pegando minha mão e me fazendo dar uma voltinha em frente ao espelho.
− Claro, papai − eu ri baixinho – não vai acontecer nada comigo.
− Esteja em casa às dez e meia! − minha mãe ordenou, franzindo o cenho.
− Mãe, a peça termina às onze e meia − rebati.
− Deixe a menina se divertir, chérie, ela está sempre fazendo o que mandamos, ela merece um pouco de liberdade − meu pai me protegeu, olhando para mim com cumplicidade e fazendo-me sorrir.
− Mon Dieu, como sempre vocês dois se unindo contra mim! Mesmo assim, não fique até muito tarde na rua. Vá e volte de carruagem, sempre acompanhada de .
− Pode deixar. Eu amo vocês – despedi-me beijando suas bochechas.
− Nous t’aimons – minha mãe me respondeu, seguido de um “nós também te amamos, querida” de meu pai.
Desci rapidamente, ansiosa para me encontrar com . Ao me dirigir ao portão do palacete, deparei-me com uma carruagem puxada por 2 cavalos de madeira envernizada, quase avermelhada. Do lado de fora, me esperava apoiado em uma bengala.
Ele vestia, por baixo de um sobretudo preto, um colete também preto, com um lenço azul escuro na gola de sua camisa, no mesmo tom do meu vestido, como se de alguma maneira ele soubesse a roupa que usaria naquela noite. Usava seu cabelo para trás e na cabeça uma cartola preta. Ele parecia um verdadeiro nobre e, embora não combinasse muito com o que ele costumava vestir, ele estava muito charmoso.
Fui até ele e ele beijou minha mão.
− Eu disse que não podíamos chamar atenção! Onde você arrumou essa carruagem?
− Desculpe, não pude resistir. Depois eu te conto como a consegui. Você está perfeita.
− Você se vestiu como um verdadeiro cavalheiro − eu disse, apontando para sua cartola.
− Quis me vestir no mesmo nível que o seu, mas após hoje, vejo que isso será impossível.
Argumentar contra parecia ser mais impossível ainda.
− E esse lenço no seu pescoço, como sabia que ia combinar com meu vestido? Às vezes sinto que você fica me espionando... – tirei sarro dele, que ficou visivelmente sem jeito.
− Talvez eu esteja, ou talvez eu só seja um bom observador. Mas depois eu te conto.
Dei uma risadinha e estendi minha mão para ele, que me ajudou a subir na carruagem e entrou logo em seguida, sentando-se ao meu lado.
− Para o Lyric Theatre, por favor − ele disse, e o condutor prontamente obedeceu, chicoteando os cavalos.
Ficamos sorrindo um para o outro como dois bobos dentro da carruagem. Pude notar seu olhar caindo para o meu decote às vezes. Pensei em tirar sarro dele, mas deixei para lá.
− … me fale mais de você.
− O que quer saber? − ele perguntou, segurando minha mão e olhando-me nos olhos.
− De onde você é? Para onde você vai? Onde aprendeu a pintar? O que gosta de fazer? – apoiei meu queixo em minhas mãos.
− Quantas perguntas, não sei nem por onde começar... mas fico muito feliz de ver que você se interessa por mim da mesma maneira que me interesso por você – ele disse enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás de minha orelha – minha família vem de muitos lugares, mas eu passei minha infância inteira em Londres. Meu pai estava sempre ausente trabalhando na fábrica e minha mãe cuidava de mim, foi ela que me ensinou a pintar. Mas o meu pai morreu cedo, então eu tive de começar a trabalhar para ajudar em casa.
− Por que sua mãe não vendia os quadros dela? Que nem você faz – perguntei, ainda muito intrigada pela história que me contava.
− Bom, ela tentava vender, mas ninguém se interessava por um quadro de uma mulher desconhecida e pobre. Quando se interessavam, pagavam no máximo 5 centavos, isso quando não se interessavam em algo a mais com ela... – pude sentir no ar que aquele assunto o sensibilizava um pouco, então tentei melhorar o clima.
− Ela deveria ser uma ótima artista, assim como você.
− Ela é melhor do que eu! Nunca vou chegar aos pés dela. Enfim, quando eu fiz 12 anos, precisei começar a trabalhar também, então eu vivia uma dupla jornada: arrumava bicos em estábulos, descarregando carga e engraxando sapatos o dia todo, e às noites passava pintando quadros para tentar vendê-los. Um dia, um político viu meus quadros e pediu para que eu pintasse um retrato dele por um preço baixo, mas qualquer renda a mais era bem-vinda – ele continuou, desta vez desviando seu olhar para a janela da carruagem – no fim, ele gostou tanto do quadro que me recomendou para um amigo, que me recomendou para um escocês, que me recomendou para um irlandês... Quando percebi, eu estava viajando o globo inteiro.
− Uau, que incrível! Bastou uma única pessoa valorizar o seu talento para que você se tornasse o artista que é hoje – eu respondi, entusiasmada.
− É verdade... só queria que minha mãe tivesse tido a mesma sorte que eu.
− E onde está sua mãe agora?
− Ela nunca saiu de nossa casa aqui em Londres. Mas por eu tê-la abandonado anos atrás, não tive coragem de visitá-la ainda... embora eu envie dinheiro suficiente para que ela não tenha que trabalhar mais, acho que ela tem raiva de mim.
Notei que havia ficado distante. Teria eu tocado num assunto sensível demais.
− ... obrigada por dividir sua história comigo – eu o abracei, que sorriu e me abraçou de volta.
− Eu que agradeço por ficar ouvindo minha história chata. Agora, fale sobre você.
− Ah, agora é você quem vai ficar entediado... minha vida não é emocionante como a sua.
− Você é muito emocionante.
− E você é muito xavequeiro! – dei um tapinha em seu ombro, rindo.
Contei a história de 2 minutos da minha vida interessantíssima e do meu maravilhoso e lucrativo ca$amento com Henry Peterson, e sobre como eu tinha que me casar virgem.
− Pff, e você vai obedecer a isso?
− Bem, não está nos meus planos... – eu olhei para ele de canto, que sorriu contente para mim.
Poucos minutos depois, a carruagem chegou no teatro. desceu primeiro e me ajudou a descer em seguida, após isso solicitou para que o condutor fosse embora e retornasse em três horas.
Mostramos nossos ingressos e adentramos o Lyric Theatre, sendo guiados por um funcionário até a nossa cabine privada superior, que abriu a porta para a gente.
− Toquem o sino da mesa de centro caso queiram alguma coisa – ele disse, fechando a porta atrás dele.
A cabine era decorada com tons de vermelho e dourado. Perto da porta, havia um cabideiro onde penduramos o chapéu e nossos casacos. Para assistir à peça, havia uma namoradeira, uma pequena mesa de centro e era iluminada levemente por um lustre preto rococó. Na frente, uma grande abertura que possibilitava uma visão excelente do palco e uma cortina. Eu sempre me perguntei por que havia uma cortina para cobrir a cabine se a função do lugar era assistir à peça, mas a verdade era que eu sempre frequentava o teatro somente com a minha família. Agora que eu estava lá sozinha com , entendi imediatamente o motivo.
− E aí? O que ach... – antes que eu pudesse terminar minha pergunta, me agarrou e me deu um beijo profundo. Morrendo de saudade, entreguei-me completamente ao seu amasso e deixei que ele puxasse meu cabelo e apertasse minha bunda, como quem estava com muita vontade também.
− Tive que me controlar muito para não te agarrar assim no caminho para cá – ele disse ao terminar o beijo, ainda com as mãos na minha bunda.
− Já estava com saudade? – provoquei.
− Você nem imagina o quanto – voltou a me beijar e, desta vez, me colocou no colo e me levou até a namoradeira, onde me jogou e se deitou por cima de mim.
Nós continuamos a nos beijar enquanto ele subia a saia do meu vestido, acariciando minha coxa até a minha bunda. Após isso, começou a beijar minha orelha, meu pescoço, minha clavícula e, por fim, o meu colo. Quando não havia mais pele, ele começou a abaixar o decote de meu vestido.
− Vai me deixar pelada aqui mesmo? – perguntei sorrindo de canto.
− Por mim, rasgava esse seu vestido e te fodia aqui mesmo.
Minha pele arrepiou ao ouvir ele falar sujo daquele jeito comigo, e eu percebi que eu amava quando ele fazia isso. Mas se acontecesse tudo de uma vez ali, qual seria a graça?
− Achei que você gostava de fazer as coisas devagar.
− É difícil ser devagar quando você está por baixo de mim sorrindo desse jeito – ele disse enquanto roçava seu quadril no meu, e eu pude sentir em minha virilha um volume enorme em suas calças.
− Mas você vai ter que se controlar, apesar de eu querer também, eu também quero muito assistir a essa peça – eu me sentei, e pude ver que ele me olhou como os olhos de um cãozinho sem dono. Senti um misto de culpa e satisfação.
− Eu não sei se vou aguentar tanto tempo... – ele se sentou também e veio beijar meu pescoço, o que arrepiou minha nuca.
− Bom... nós podemos aproveitar um pouquinho enquanto a peça não começa... – eu fechei as cortinas da cabine e me sentei em seu colo, de frente para ele, e desamarrei o espartilho em minhas costas. Ele, ao notar, abriu um sorriso enorme. Foi como dar um pirulito a uma criança.
− Como quiser. – colocou as mãos em minhas costas, afrouxando o espartilho para que ele pudesse, finalmente, abaixar o decote de meu vestido. Ele estava prestes a me deixar nua quando segurei suas mãos.
− Como eu quiser, e eu quero devagar – eu estava sobre controle, e pude ver que era difícil para ele. era do tipo dominador, sempre no comando, mas eu estava prestes a ensiná-lo uma lição.
− Está bem, mas não adianta reclamar depois.
voltou a beijar minha boca, acariciando meu pescoço e puxando meu cabelo de leve. Sua boca foi descendo até meu decote, e sua mão que estava em meu cabelo desceu até meu seio direito.
Sua outra mão, que nunca saiu de minha bunda, continuou lá, apertando e trazendo meu quadril em direção ao seu, fazendo com que minha virilha roçasse fortemente na sua. Simulando os movimentos de vai-e-vem que ele tanto queria que fizéssemos sem roupas para nos atrapalhar, eu o masturbava por cima da roupa com vontade e arranhava sua nuca, sentindo sua pele arrepiar e sua respiração acelerar.
Sua mão que estava em meu seio começou a apalpá-lo levemente por cima da roupa, sentindo toda a forma dele, mexendo-o levemente e, por vezes, apertando-o um pouco mais forte. Sua outra mão deixou meu quadril ao perceber que eu estava fazendo o movimento de vai-e-vem sem sua ajuda, então juntou-se a sua outra agarrando meu outro seio. Ele parecia um adolescente, como se fosse sua primeira vez. Não pude evitar dar uma risadinha.
Seus dedos encontraram meus mamilos e o acariciaram, deixando-os rijos e me fazendo arrepiar. A combinação de seus estímulos em meus seios e nos nossos quadris se esfregando gerou muito prazer em mim, seu pau duro roçava levemente em meu clitóris que latejava, implorando por atenção.
Notando minha expressão de prazer, ele continuou estimulando meus mamilos por cima de minha roupa mais rapidamente e beijou o meu colo. Notei que suas mãos deixaram meus seios e seguraram o decote de meu vestido, puxando o tecido que os cobria devagar, revelando-os aos poucos e, por fim, puxou até as mangas de meus braços, deixando meu tronco completamente exposto.
parou de me tocar e ficou encarando meu corpo desnudo por um longo tempo, o que me deixou um pouco envergonhada. Meu primeiro reflexo foi me cobrir com meus braços, o que deixou o homem chateado.
− Não se cubra, você é linda, perfeita – ele disse enquanto segurava os meus braços e os tirava de sua frente.
Eu não disse nada, mas, apesar de envergonhada, aquele elogio me fez me sentir um pouco mais confiante. Eu sempre fui um pouco insegura quanto ao meu corpo, mas sabia fazer eu me sentir bonita.
Após admirar-me por um tempo desconfortavelmente longo, ele finalmente voltou a me tocar. Ainda estimulava meus mamilos, mas a sensação era mais intensa agora que não havia nenhum tecido na frente. Eu voltei a rebolar em seu colo, desta vez mais forte para sentir ainda mais o pau dele. Aquela combinação estava me dando tanto prazer que, apesar do frio lá fora, eu estava suando e ele também.
Ele então segurou meu seio direito um pouco forte e lambeu de cima a baixo, levando em seguida sua boca a ele, sem deixar de mexer no mamilo do seio esquerdo. Chupava levemente, deixando-me com mais tesão ainda. Quando soltava, passava a língua levemente sobre ele, aliviando a dor. Variava entre chupar mais fraco e mais forte, brincando com meu prazer, e ia de seio em seio.
Aquilo estava bom demais, e quando percebi, eu estava puxando seu cabelo tentando controlar para não gemer tão alto ali mesmo. Eu também queria tocá-lo e lhe dar prazer como ele estava fazendo comigo, então saí de seu colo, o que o deixou um pouco confuso. Sentei-me do seu lado na namoradeira e apalpei seu pênis, que estava latejando dentro de sua calça.
Ele deixou escapar um gemido baixinho e olhou para mim, que sorri com a reação. Acariciei levemente seu pênis e ele, desesperado por um toque mais intenso, curvou seu quadril em minha direção para que eu pudesse senti-lo com mais força.
Assim o fiz, senti todo o cumprimento de seu pênis com minhas mãos, subindo e descendo por cima de sua calça. Era difícil dizer o tamanho por conta das roupas, mas ele parecia ser bem grande. Esse pensamento me fez latejar.
Ele estava gostando da provocação, mas não parou de brincar com meus seios que ainda estavam à mostra enquanto eu, para variar, fazia um pouco do trabalho.
Foi quando ele, impaciente, subiu a saia do meu vestido e enfiou a mão por baixo de minha calcinha, desesperado para me tocar como na noite passada. Assim que conseguiu tocar meus lábios, ele sussurrou em meu ouvido:
− Você está tão molhada – seguido de uma mordida forte em meu pescoço.
Ele massageou meu clitóris com a ponta de seus dedos rapidamente, fazendo com que eu tivesse espasmos em minhas pernas, e eu pude sentir meu orgasmo chegando. Eu continuei a masturbá-lo por cima da calça no mesmo ritmo que ele, mas fui interrompida por uma de suas mãos.
− Se você continuar assim, eu vou gozar... – ele disse rindo baixinho. Eu ri também, minha empolgação me deixou levar.
− Qual o problema? Você me fez gozar no meio do jardim, mas eu não posso te fazer gozar no teatro? – perguntei, olhando para ele com um sorriso safado.
− Essas calças são novas – ele riu – e tem uma grande diferença aí: quando eu gozo, a noite acaba. Quando você goza, a noite está só começando.
Mordi meu lábio inferior, contente com sua resposta. Tirei a mão de seu pênis e ele continuou me masturbando. Voltou a chupar meus seios, dessa vez mais intensamente, e quando eu estava quase gozando, ele inseriu seu dedo médio e seu dedo anelar dentro de mim. Eu me assustei, pois nunca nada havia entrado em mim antes, o que fez com que ele tirasse os dedos imediatamente.
− Você quer que eu pare? – ele perguntou, preocupado com o susto que eu havia tomado.
− Não... – eu respondi ofegante – mas tome bastante cuidado...
− É claro – ele beijou minha boca e inseriu novamente os dedos de mim, dessa vez com mais calma. Foi inserindo-os cada vez mais fundo e, quando me acostumei, comecei a sentir prazer com seus movimentos entrando e saindo de mim. Ele curvou seus dedos lentamente para cima e, de repente, eu senti uma onda de prazer incrível, diferente da que ele me proporcionou ontem. Senti meu orgasmo chegando novamente, e ele percebeu.
− Se toque comigo – ele disse. Eu fiquei sem entender, então ele pegou minha mão e colocou meus próprios dedos em meu clitóris – quero assistir a você.
Fiquei apreensiva e muito envergonhada, mas ao mesmo tempo cega de prazer, então fiz como ele mandou. Comecei a tocar a mim mesma, e a mistura do prazer dos dedos dele dentro de mim e dos meus próprios dedos me deixou em êxtase, e ter de segurar para ninguém me ouvir deixou tudo melhor. Não durou muito até eu sentir meu prazer percorrer por todo meu corpo, fazendo com que eu contraísse meus dedos dos pés e sentisse um arrepio em toda a minha pele. tinha me proporcionado o segundo orgasmo da minha vida e eu nunca tinha me sentido tão bem.
− Você é incrível – eu disse, o que fez com que o ego inflado do homem crescesse ainda mais. Ele sorriu para mim triunfante, como se tivesse inventado o orgasmo feminino.
− Eu sei, mas você é mais... – ele disse acariciando meu rosto.
As luzes do teatro se apagaram, o que significava que a peça ia começar. Coloquei meu vestido novamente e ele me ajudou a fechar o espartilho. Em seguida, abri as cortinas e pudemos ver os atores que já haviam começado o primeiro ato.
Sentei-me do lado de , que passou seu braço por cima de mim, e assim ficamos assistindo à peça. Toquei o sino que estava na mesa e, assim que o funcionário do teatro entrou, pedi duas taças de champagne para aproveitar o resto da noite.
− Gostou da peça? – perguntei para enquanto saíamos do teatro em direção a nossa carruagem, que já nos esperava.
− Eu adorei. É realmente assustador, mas lindo ao mesmo tempo.
− Mary Shelley é uma verdadeira visionária.
− Quem? – ele perguntou enquanto abria a porta da carruagem e me ajudava a entrar.
− A escritora da história, bobinho! – eu respondi, rindo.
− Ah, claro – ele riu também, entrando na carruagem e fechando a porta – deveríamos fazer isso mais vezes, este artista aqui com certeza precisa aprender mais sobre teatro.
− Por favor! Eu amo ir ao teatro – eu respondi empolgada – é tão divertido.
− É mesmo – ele respondeu, acenando ao condutor para que ele desse partida – vamos voltar mais vezes.
− Promete?
− Prometo − ele estendeu seu mindinho, como as criancinhas normalmente fazem para jurar uma promessa. Eu dei risada, pois eu costumava fazer isso quando eu era mais nova, mas quando cresci, tinha perdido o costume disso sem nem perceber. No entanto, dei meu dedinho de volta, que se entrelaçou com o dele, formalizando nossa promessa.
No caminho de volta, nós ficamos abraçados, assim como durante a peça. No entanto, nós dois ainda estávamos com muita vontade um do outro. Senti sua mão apertar minha bunda, e eu olhei para ele com os olhos arregalados.
− Ficou doido? – sussurrei, rindo um pouco nervosa.
− Não consigo controlar, você fica muito gostosa nesse vestido. Você nem imagina do que eu seria capaz se você estivesse pelada na minha frente.
De novo ele estava falando sujo, mas eu estava curiosa até que ponto ele conseguia chegar.
− Ah, é? E o que você faria comigo?
− Bem... – ele olhou diretamente em meus olhos e sorriu – eu ia começar beijando seus lábios e, em seguida, beijaria e morderia seu pescoço inteiro. Eu ia acariciar seu corpo todo: seu rosto, sua nuca, seu peito, sua cintura, sua bunda, suas coxas... eu ia te sentir por inteira. Depois, eu ia descer e beijar entre seus seios maravilhosos, e chupá-los tudo de novo. Eu ia apertar sua bunda bem forte, do jeito que eu sei que você gosta.
Enquanto ele sussurrava essas baixarias em meu ouvido, ele dava beijinhos no lóbulo da minha orelha que me faziam arrepiar.
− E depois...?
− E depois... eu ia te jogar na cama e ficar por cima de você, te admirando, só para você ficar com vergonha.
− Seu besta...
− E eu ia beijar sua barriga... e descer... e descer... e aí...
− E aí...? – perguntei, ficando excitada somente ao ouvi-lo falar.
− Eu ia chupar sua buceta todinha. E por fim...
Minha barriga gelou. Os membros da nobreza condenavam palavrões, e falar sobre sexo era praticamente proibido, sobretudo entre mulheres. Se alguém fizesse alguma menção a isso, a pessoa teria para sempre uma imagem depravada.
Por isso era tão chocante ouvir sair aquela palavra com “b” sair da boca de alguém... mas aquela sensação “perigosa” também me excitava. Parecia tão errado, e tão certo ao mesmo tempo.
− E por fim... ? – eu insisti, com borboletas no estômago.
− Eu ia te foder tão gostoso que você nem ia andar no dia seguinte.
Com isso, ele me provou que ia longe. Algo me dizia que ele era capaz de ir mais longe ainda.
A carruagem chegou ao palacete e, quando descemos, ele me disse:
− Agora temos de entrar separados, senão, você já sabe...
− Pois é. Mas você não pode ir dormir ainda.
− Por que não? – me perguntou intrigado.
− Porque eu tenho uma surpresa para você. Você consegue escalar da janela do seu quarto para o meu?
− Da última vez que eu chequei eu era um pintor de quadros, não de paredes – e nós rimos – mas eu faria isso pela sua surpresa.
− Bom mesmo! Me encontre em 15 minutos, estarei te esperando.
Dei um beijo em e entrei em casa. Subi as escadas correndo até o meu quarto e abri a porta o mais silenciosamente possível para que meus pais não me ouvissem. Por sorte, eles já estavam dormindo e o ronco estrondoso do meu pai abafou o barulho da porta abrindo.
Acordei minha mãe para avisá-la que eu havia chegado e dei um beijo nela, que rapidamente voltou a dormir, e me dirigi ao meu quarto e tranquei a porta.
Olhei para o relógio: em 4 minutos, entraria pela minha janela. Eu tinha de preparar a minha “surpresa” logo.
Tirei rapidamente todas as roupas do meu corpo e o esperei na cama, completamente nua. Essa era a surpresa, e eu tinha certeza de que ele ia adorar.
Eu conseguia sentir meu coração batendo muito forte em meu peito, ansiosa para que ele me visse. Na minha cabeça, todas as preocupações estavam presentes: e se ele não gostar de mim? E se eu não souber o que fazer na hora? E se alguém pegar a gente no flagra?
Um vulto na minha janela me tirou dos meus pensamentos de pânico. estava subindo até minha janela com uma... escada? Onde ele conseguiu uma escada na mansão àquela hora da noite?
− Ufa! Foi uma subida e tanto... – ele disse de costas pra mim, ainda sem ver o que lhe aguardava – você não vai acreditar em como eu consegui...
− Shh! – corri até ele e tapei sua boca para que ele parasse de falar. Foi só aí que ele percebeu que eu estava completamente nua na frente dele. Seus olhos se arregalaram em choque.
− Uau, então essa era a surpresa... – ele disse bem baixinho e sorrindo de canto.
− C-como você conseguiu uma escada a essa hora? – eu perguntei, na hora tão vermelha quanto uma pimenta de tanta vergonha em estar exposta daquele jeito.
− Depois eu te conto, agora vem aqui – ele me puxou pela cintura e me beijou profundamente, desfazendo-se de seus sapatos e de seu casaco ao mesmo tempo.
− Então você gostou da surpresa? – perguntei entre beijos.
− Quem não gostaria? – ele respondeu, embananando-se com a camada de roupas que estava tentando tirar − Preciso da sua ajuda − pediu, beijando meu pescoço.
Assim o fiz, ajudando-o rapidamente a tirar seu sobretudo e seu colete, deixando-o apenas com uma camisa branca de seda de botões. Abri seus botões rapidamente e a camisa aberta revelou seu peitoral musculoso, com pelos em seu peito e um abdômen definido. A visão que tive me fez suspirar e logo fui tocando-o, arranhando-o levemente enquanto voltava a beijar seus lábios.
− Gosta do que vê? – me perguntou com um sorrisinho.
− Shh! − eu fiz, rindo baixinho em seguida.
Tentei abrir suas calças, que continham um grande e grosso volume querendo ser libertado. No entanto, ele segurou minhas mãos me impedindo.
− Não, hoje à noite é só sobre você.
Primeiramente olhei para ele de maneira confusa, pois eu queria fazê-lo sentir prazer também. Mas o jeito com o qual ele disse foi convincente o suficiente.
− Então faça tudo aquilo que me disse na carruagem… − sussurrei em seu ouvido, em seguida olhando fundo em seus olhos.
− Vamos no meu ritmo.
E, assim como ele tinha me dito no caminho de volta, ele começou por beijar meu pescoço, passando suas mãos por todo meu corpo, e eu continuei a arranhar seu peito e suas costas. Seus lábios faziam minha pele arrepiar e suas mãos desesperadas seguravam meu corpo que se desfazia em seus braços. Suas mãos então desceram até minha bunda e lá ficaram um bom tempo, apertando-a forte, como ele mesmo disse, do jeito que eu gostava.
Seus lábios foram descendo lentamente até meu colo e lá, foram em direção aos meus seios, beijando o meio entre eles. Em seguida, suas mãos deixaram minha bunda para se dirigirem a eles também, acariciando-os devagar no começo, mas depois apertando-os com mais força. Seus lábios alcançaram um de meus mamilos e o chuparam levemente. Uma de suas mãos subiu e prendeu-se em meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. Gemi baixinho, e a memória das sensações que ele tinha me proporcionado mais cedo no teatro vieram à tona.
Minhas mãos arranhavam suas costas desnudas. Ele se demorou em meus seios por um bom tempo e, quando estava satisfeito, voltou a beijar meus lábios. Desta vez, puxando-me pelas minhas pernas para o seu colo e deitando-me na cama, ficando por cima de mim. Ele parou por um momento e ficou me olhando, completamente nua abaixo dele, a seu favor para que ele fizesse o que ele quisesse. Ao ser observada daquela forma, não pude evitar sentir vergonha, e cobri meus seios com meus braços novamente e dobrei minhas pernas. Ele não gostou muito.
− De novo não! − ele disse, tentando tirar meus braços de cima de meus seios – Você é perfeita.
− Não sou perfeita − eu virei o rosto, ainda com vergonha.
− Tem razão, é mais que perfeita.
Eu não podia evitar me apaixonar por ele. Ele fazia eu me sentir a garota mais desejada do mundo, como ninguém nunca fizera antes. Eu queria ser de por inteira, deixá-lo fazer o que quisesse comigo. E eu queria tudo o que ele podia me oferecer.
Ele sorriu vitoriosamente quando percebeu que eu me descobri por vontade própria, entregando-me a ele. Então me beijou, deslizando sua mão de meu ombro à minha cintura e ao meu quadril.
Ele começou a descer com a cabeça, deixando beijinhos em meu pescoço, colo e barriga, me deixando toda arrepiada. Quando chegou em meu umbigo, me assustei quando de repente ele pegou em meu joelho e levantou minha perna, colocando-a por cima de seu ombro.
Tremi de nervosismo por antecipação ao que estava prestes a acontecer. Eu estava muito curiosa com a sensação, e ao mesmo tempo nervosa por estar sendo vista daquele ângulo.
− Não precisa ficar nervosa − ele falou baixinho. O ar que saiu de sua boca atingiu minha intimidade que estava muito molhada e me fez tremer um pouquinho de frio – eu sei o que estou fazendo.
E, enquanto me olhava diretamente nos olhos, deslizou a ponta de sua língua pela minha entrada, abrindo meus lábios externos e conhecendo a região úmida entre eles, me dando um arrepio em minha espinha. A sensação era estranha, mas era divina. Sua língua lentamente lambia de cima para baixo, me provocando, me excitando e me deixando ansiosa para o que mais estava por vir. Até que ele finalmente levou sua língua em direção ao ponto que pulsava implorando por seu toque.
Desta vez com a língua inteira, ele passou a lamber, com mais força, o meu clitóris. E a partir daí, a sensação que já era boa tornou-se insuportavelmente prazerosa. A cada movimento, eu sentia meu quadril se mexer, o qual ele segurava com força em suas mãos para manter-me em meu lugar. Os espasmos faziam minhas pernas se mexerem, e seus olhos não descolaram dos meus em nenhum momento.
Meu prazer beirava o delírio. Ele sabia exatamente o que fazer para me deixar maluca: sua língua fazia movimentos rápidos e precisos que me faziam ver estrelas, e seus lábios me chupavam como se ele estivesse beijando minha boca. Eu não consegui evitar puxar seus cabelos. Uma de suas mãos largou meu quadril para apertar meu seio, e eu tive de colocar um travesseiro sobre meu rosto para abafar meus gemidos. Estávamos brincando com fogo, pois meus pais dormiam no quarto ao lado, mas a situação na qual nos encontrávamos somente tornava tudo mais excitante.
Não satisfeito, levantou-se e foi para debaixo de mim, colocando-me, com certa brutalidade, sentada por cima de seu rosto. Ele tomou o travesseiro que eu usava para me cobrir para deitar sua cabeça sobre ele. Não consegui conter o riso, uma mistura de vergonha e confusão.
− Quero ver você gozar desse ângulo − ele disse sorrindo, voltando a me chupar.
Eu estava literalmente sentada na cara de . E ele parecia amar aquilo, pois seus olhar continuava fixo no meu. Uma de suas mãos apertava minha bunda e movimentava meu quadril em cima de sua língua, que se mexia rapidamente. Sua outra mão apertava meu seio e eu pousei minha sobre a dele, agarrando-me a qualquer coisa para não gritar. No entanto, eu não aguentaria segurar muito mais.
Senti meu segundo orgasmo da noite chegar e ele, ao perceber, aumentou ainda mais a velocidade com a qual lambia meu clitóris. Eu, sem outro jeito de abafar meus gemidos, tapei minha boca com a minha mão.
A sensação veio como uma onda e, enquanto meu clitóris pulsava, senti meu corpo todo tremer. Fiquei neste estado de tremedeira e pulsação por alguns segundos, e ele me assistia orgulhoso com o que causara, diminuindo a velocidade com que me chupava até parar, tirando-me de cima de seu rosto e colocando-me sentada em seu peito.
Minha visão ficou escura e fiquei sem fôlego, então permaneci naquela posição respirando fundo para voltar a mim. Quando finalmente me recompus, se sentou de frente para mim, me colocando sentada em suas pernas.
− O que achou? − ele perguntou sorrindo de canto.
− Foi a melhor sensação que já senti na minha vida − respondi, ainda meio abobada com os vestígios de orgasmo que ainda percorriam meu corpo.
− , você é deliciosa − ele limpou sua boca com as costas de sua mão − não consigo me cansar.
Em seguida me beijou de maneira que pude sentir meu próprio gosto, que era bem característico.
Eu estava exausta, mas ainda queria dar prazer a ele. Tentei novamente colocar minha mão em seu pau, mas ele me impediu.
− − ele disse, retirando minha mão − por mais que eu queira isso, não acho que ainda esteja na hora. Prometi a você que iríamos devagar.
Dei-me por vencida, fazendo um biquinho com meus lábios, nos quais ele deu um leve selinho.
− Acredite em mim, eu quero fazer de tudo com você, mas não quero que seja assim, no quarto ao lado dos seus pais − ele disse beijando meu joelho − você merece mais do que isso. E tenho certeza de que você está muito cansada.
Ele tinha razão, meus olhos estavam começando a pesar. Meu coração se aqueceu com todo o carinho de . Sorri e o abracei, deitando-me em seu peito, e ele logo se deitou sobre meu travesseiro. Ficamos naquela posição por alguns minutos, somente aproveitando a companhia um do outro e refletindo sobre a noite maravilhosa que tivemos.
Foi então que me lembrei do que Charlotte me dissera mais cedo. Senti de repente um frio na barriga desconfortável e uma forte ansiedade, misturada com um certo medo. Estar com me distraiu tanto que acabei me esquecendo do quanto aquilo me preocupava, e eu precisava saber se era verdade.
− ... − eu sussurrei, deitada em seu peito, criando coragem.
− Sim, meu amor?
Ele me chamou de meu amor. Não consegui evitar sorrir, ele fazia eu me sentir tão querida. Cheguei perto de mudar de ideia, mas continuei a conversa.
− Charlotte Brooke, a fim de me provocar, disse que sua mãe lhe ofereceu a mão dela em casamento... não é verdade, é? − perguntei, muito nervosa com a resposta.
− Sim, é verdade − ele respondeu, sem expressão, como se tivesse falado a coisa mais banal do mundo. Não pude evitar me exaltar.
− Mas... mas você não pode! Você não vai aceitar, né? É o que você quer? – levantei minha cabeça para olhá-lo nos olhos, e ele acariciou meu pescoço tentando trazê-la para seu peito novamente.
− Não se preocupe, não é o que eu quero − disse me olhando nos olhos − mas não dei uma resposta ainda, disse à senhora Brooke que eu iria pensar sobre.
− Como assim pensar? Aquela garota é desprezível, você viu como ela tratou ...
− É verdade... − ele parou por um segundo, desviando seus olhos para minha mão que estava pousada em seu peito, em seguida acariciando-a com seus dedos levemente − mas isso significa que eu não precisaria ir embora.
− Como assim?
− Se eu me casar com ela, terei uma desculpa para morar aqui e te ver todos os dias... se eu recusar, terei de ir embora quando meu trabalho aqui acabar e seguir minha jornada.
Eu fiquei em choque. Eu não tinha ouvido aquilo.
− Você está considerando se casar com aquela ridícula só para continuar morando aqui?
− Você não entendeu, não é por morar em Londres e sim por você.
Meus olhos se encheram de lágrimas, as quais fiz força para conter, mas ele percebeu. Pôs a mão em minha bochecha e voltou a me olhar nos olhos.
− Eu me casaria com qualquer pessoa se isso significasse que eu poderia te ver todos os dias.
− Mas você se casaria com Charlotte.
− E você se casaria com Peterson − ele respondeu rapidamente, senti um pouco de tristeza em suas palavras − nós dois sofreríamos, mas nos esforçaríamos para ficarmos juntos.
− Como assim? Isso não é estar junto! Nós seríamos amantes, e se alguém nos descobrisse? Nós seríamos como Lorde Fitzgerald e Lady Howard! – eu disse, desesperando-me.
− Seríamos como quem? Do que você está falando? Acalme-se, , nós não precisamos nos preocupar com isso ainda...
Eu não conseguia me acalmar. Eu tinha entendido seu ponto de vista, mas aquilo me parecia absurdo demais.
− Vale a pena se casar com alguém qualquer só para me ter por perto?
− Qualquer coisa vale a pena se for por você, .
Aquela foi a primeira vez que ele me chamou pelo meu apelido o qual somente meus pais e me chamavam.
Não sei se estávamos vulneráveis após o sexo, mas se em algum momento eu tive dúvidas, agora tinha certeza de que eu estava apaixonada por . Embora parecesse absurdo que eu me sentisse dessa forma depois de apenas dois dias que passamos juntos, o vazio que havia em mim estava preenchido por ele.
Minhas lágrimas finalmente escorreram e ele as limpou de meu rosto com seus dedos.
− Não chore − ele dizia – vamos encontrar um jeito.
Eu não conseguia parar de chorar, então ele simplesmente me abraçou e fez carinho em meu cabelo.
− Conversaremos melhor depois.
O cafuné que ele fazia foi me acalmando aos poucos e, finalmente, consegui parar de chorar. Senti um sono forte tomar conta de mim e, quando ele percebeu que eu estava quase adormecida, senti um beijo em minha testa.
− Durma bem, meu amor.
CHAPTER THREE – MOTHERHOOD.
Passaram-se duas semanas desde a minha primeira noite e a de juntos. A partir de então, nossos encontros noturnos se tornaram frequentes: às vezes eu fugia à noite para encontrá-lo em seu quarto; às vezes, ele subia até a minha janela; às vezes, nos encontrávamos em algum quarto vazio da mansão. Ousávamos escapar até durante o dia, mas era muito difícil quando minha mãe estava de olho em mim, e Henry dando pitaco em tudo o que pintava. Mas qualquer brecha que tínhamos, e eu aproveitávamos para dar uns amassos escondidos. Era difícil manter segredo, mas era excitante estar vivendo aquela paixão sem ninguém para nos julgar.
No entanto, ainda não tínhamos passado das preliminares, e embora ele só estivesse sendo cuidadoso, eu estava ficando cada vez mais ansiosa. Ele também ainda não tinha me deixado chupá-lo, sempre no controle da situação. Minha vontade de fazer um boquete nele só crescia, mas até então ele só dava a mesma desculpa: “hoje a noite é só sobre você”.
No primeiro dia de dezembro, minha família havia agendado uma reunião para que pudesse pintar o primeiro quadro, que seria eu e Henry no centro com nossos pais em nossa volta, o velho retrato mentiroso de uma família feliz da alta sociedade.
Tive de vestir o meu vestido de noiva, que estava largo ainda pois eu não tinha o experimentado antes com a costureira. Desta forma, as criadas o encheram de alfinetes que me pinicavam inteira para que ele não caísse lá fora. Minha mãe também aproveitou o dia para se divertir testando penteados e maquiagens em mim.
− Hm... acho que temos que escurecer um pouco a sombra. E a bochecha deve ficar mais rosa! Não quero minha filha com uma cara de fantasma no quadro dela – ela dizia, examinando-me de diversos ângulos diferentes.
− Sim, milady – a fiel senhora , que era a mãe de , pacientemente fazia todas as alterações que minha mãe pedia, fosse no meu penteado, vestido ou maquiagem. Ela era como uma faz-tudo de nossa família em questão de beleza, e eu podia contar sempre com ela para me deixar bonita, mas acho que não havia maquiagem ou jóia que salvasse meu cenho franzido neste dia.
− Mãe, já está bom assim! Hoje é só um teste! – eu dizia, já cansada de ter meu cabelo puxado e minha cara lotada de pó de arroz.
− Nós temos que decidir isso logo! No fim deste mês você irá se casar e o seu vestido nem está completamente ajustado ainda porque você se recusa a experimentá-lo. Você tem que levar as coisas mais a sério!
− Está bem, mãe – respondi atravessado. Eu não a aguentava mais falando na minha orelha o que fazer o tempo todo. Às vezes eu só queria sumir para longe dela e ser deixada em paz. Ela só sabia falar nesse casamento ultimamente, só dizia coisas negativas sobre mim e arrumava confusão comigo por bobeiras.
− Tsc, um dia você vai estar em meu lugar e vai entender os sacrifícios de uma mãe.
Ela saiu do quarto, também irritada comigo. Eu sei que não foi numa boa circunstância, mas eu pelo menos estava livre das implicações da minha mãe por um momento.
− Você quer que eu saia, Lady ? – a senhora me perguntou.
− Não precisa, senhora. Na verdade, eu gostaria de mudar uma coisa em meu visual.
− O que gostaria?
Olhei para o espelho da penteadeira. Meu cabelo, que estava preso para cima da maneira mais ridícula do mundo, lotado de grampos que espetavam meu cérebro, estava fazendo eu me sentir horrível. Às vezes, eu acho que minha mãe estava escolhendo esses visuais horríveis só para me provocar.
Quando eu era mais nova, eu e minha mãe éramos companheiras para tudo. Ela sempre apoiou que eu não usasse espartilho, prendesse meu cabelo. Quando estávamos sozinhas, ela até ria de mim quando eu falava de boca cheia! Mas isso mudou quando conhecemos a família Peterson. A mãe de Henry, Lady Mary Paterson, era uma mulher muito nojenta que humilhava a mamãe sempre que ela tinha a oportunidade. Minha mãe dizia que não se deixava abalar por isso, mas eu sabia que não era verdade. Foi nessa época que ela começou a fazer aulas de pronúncia inglesa e a cobrar de mim uma atitude hiperfeminina. E tudo piorou mais ainda quando Henry pediu minha mão em casamento, pois além de ter de lidar com as críticas de Lady Peterson, ela tinha de assegurar que o casamento fosse favorável para ambas as famílias, e isso significava me ensinar a ser uma boa esposa.
− Lady ? O que você gostaria de mudar? – a senhora me chamou, tirando-me de meus pensamentos.
− Hã? Ah, desculpe. Por favor, eu quero meu cabelo completamente solto. Podemos fazer uns cachinhos nas pontas também, o que a senhora acha?
A senhora sorriu e respondeu:
− Como quiser, milady.
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Desci para os jardins da mansão para encontrar minha família, a de Henry e , que estava montando seu cavalete e testando cores em sua paleta.
− Finalmente, minha menina chegou! – meu pai abriu os braços me convidando para um abraço.
− Oi, papai – eu o abracei de volta – oi, mamãe – disse à minha mãe, que se abanava com o leque fervorosamente, claramente com raiva.
− Oi, filha – ela respondeu seca – o que você fez com o seu cabelo?!
− Eu arrumei do jeito que eu escolhi, para o meu casamento.
− Eu... olha, eu não vou falar mais nada – ela fechou a cara novamente e continuou se abanando com o leque. Não consigo entender, pois estava tão frio que poderia nevar a qualquer momento.
Meu pai olhou para ela, depois olhou para mim, depois olhou para , que mexeu os ombros como quem não fazia ideia do que estava acontecendo.
− Ei, , como isso vai funcionar mesmo? – perguntou Henry, admirando-se a si mesmo no espelho com o terno de alfaiataria de qualidade que estava vestindo. O que ele tinha de dinheiro, ele tinha de burro.
− Como já expliquei antes, milorde, esta reunião hoje servirá apenas para que eu tenha uma referência dos rostos de vocês. Vocês irão ficar parados aí por, bem, um bom tempo, enquanto eu faço um esboço de suas posições e roupas e pinto detalhadamente os rostos de vocês. Quando eu achar que está bom, vocês estarão livres – ele disse, com aquele sorriso lindo estampado no rosto – após isso, eu precisarei das roupas que vocês estão usando agora para colocá-las em manequins para que eu possa pintá-las sem que vocês precisem ficar parados aqui como estátuas o dia inteiro.
− Isso vai ser chato para caral... – Henry foi impedido de desferir um palavrão por um tapão que tomou de sua mãe – ai!
− Olha a boca, menino! – disse Lady Mary Peterson, com toda a sua delicadeza e graciosidade. Não entendo como ela se sente superior à minha mãe enquanto ela bate no filho adulto na frente de todo mundo.
− Agora, eu vou precisar que vocês todos escolham suas poses. Os noivos precisam ficar sentados no centro, e seus respectivos pais atrás deles em pé – disse enquanto posicionava uma tela branca em seu cavalete, preparado para começar.
− Aff, os velhos é que deveriam ficar sentados – Sir Charles reclamou. Suspirei, já antecipando o sofrimento que seria ficar parada por quatro horas rodeada por essa gente.
− Acho que tenho o que preciso – disse, para a alegria de todos ali.
− Finalmente! Minhas costas estão doendo de ficar parado na mesma posição. Da próxima vez, vamos contratar um fotógrafo, pelo amor de Deus! – disse Henry, insuportável como sempre.
Mas foi realmente difícil ficar sentada ali com a coluna reta e um espartilho lotado de alfinetes me pinicando e fingindo estar feliz por quatro horas seguidas. O que tornou o momento um pouco mais agradável foi ser minuciosamente observada por , que quando possível, dava um sorrisinho amigável para mim. Eu mal podia esperar para encontrá-lo à noite de novo como temos feito em semanas. Eu só estava aguardando uma brecha para podermos marcar o horário.
− Deixa eu ver como ficou isso aí. É bom que você tenha me pintado mais magro, como combinamos – Sir Peterson falou.
− Com certeza, Vossa Excelência. Faço questão de atender a todas as demandas – disse, limpando as mãos em seu avental que uma vez já foi branco, mas que agora era completamente manchado de diversos tons de tinta – vejam se gostam do resultado, falem agora que a tinta ainda está mole e pode ser removida mais facilmente.
Todos nós nos aglomeramos para observar o quadro, e estava incrível. Eu já sabia que era bom, mas os detalhes de nossos rostos estavam surpreendentes. Ele nos retratou com tanta fidelidade que o quadro parecia estar vivo.
− É como olhar para um espelho. Está espetacular, senhor ! Vejo que fiz um ótimo investimento escolhendo você como nosso artista.
− Muito obrigado, Sir . Fico contente que tenha fé em meu trabalho.
Os pais estavam satisfeitos com o resultado, mas eu e Henry permanecemos em silêncio. Eu estava chocada demais para falar alguma coisa.
− E os noivos, a pintura os agrada? Falem agora ou calem-se para sempre! – disse sorrindo, causando-me um risinho.
− Está muito bom mesmo, eu não tenho nada a acrescentar – eu respondi, sentindo minhas bochechas queimarem levemente.
− Hmm... eu não achei tão bom – Henry, como o bom sociopata que é, foi o único a criticar o trabalho de .
− Ora, o que você quer que eu mude, milorde? – se esforçou ao máximo para conter a surpresa, mas eu consegui notar que ele se sentiu um pouco ofendido.
− Eu não acho que estou tão parecido, parece que você deu mais atenção à minha noiva do que a mim. Sei que ela é uma mulher bela, mas o grande astro desta cerimônia sou eu. Então, se puder melhorar meu rosto, eu agradeço.
Céus, que homem insuportável. Minha vontade era de voar no pescoço dele ali mesmo.
− É claro, milorde. Farei meu melhor para que o quadro fique bom o suficiente para você.
− Eu sabia que você me ouviria, . Agora, tenho que ir. Papai, vamos falar sobre negócios.
− Opa! Sempre uma boa ideia. Nos vemos por aí, senhor , Continue o bom trabalho – Sir Peterson prontamente se retirou do local, despedindo-se de meus pais levantando o seu chapéu.
− Vamos para o centro da cidade, chérie, são quase três horas da tarde e eu estou desesperado por um earl grey. , você vem conosco? – meu pai me perguntou.
− Eu tenho que tirar esse vestido, papai, eu estou muito desconfortável com ele. E também combinei de jogar cartas com – respondi, obviamente uma desculpa para poder conversar com .
− Está bem... – meu pai me deu um beijo na bochecha e partiu, e minha mãe o seguiu sem falar nada.
− O que aconteceu com você e a condessa, hein? – me perguntou enquanto arrumava o cavalete, a tela e as tintas, claramente com uma dificuldade pois ele derrubou seu estojo de pincéis no chão, que se espalharam – ai, merda!
− Nada demais – eu me agachei para ajudá-lo a pegar os pincéis – nós tivemos uma briguinha boba por conta dos planos do casamento, ela acha que eu não estou levando a sério. E eu realmente não estou! Como posso levar um casamento arranjado a sério? Ainda mais com aquele canalha!
− Ele é realmente um canalha. Mas a sua lindeza apaga toda a chatice dele – ele disse enquanto carregava o cavalete em uma mão e a tela recém-pintada em outra. Eu o ajudei carregando sua paleta, suas tintas e seu estojo de pincéis.
− Fofinho – eu sorri. Mesmo cansado e mal-humorado, não deixava de ser gentil.
Entramos na mansão e eu subi as escadas ajudando-o a levar suas coisas para a sua habitação. No caminho, ele me perguntou animado:
− Vamos ter nosso encontro de sempre hoje à noite?
− Claro. Só preciso despistar minha mãe, que está especialmente irritada hoje.
− Ah, eu não quero ser chato... mas eu daria tudo para estar tendo uma briguinha besta com a minha mãe agora.
− Acredite em mim, você não queria. Essas coisas acabam com o dia da gente.
− Acredite em mim, ficar anos sem ver a sua própria mãe é bem pior que uma briguinha sobre penteados.
Eu me dei conta de que eu estava sendo super inconveniente com , que até o momento atual, não teve coragem de ir visitar sua mãe que morava em Whitechapel, um dos distritos mais pobres de Londres.
− Desculpe, , eu vou parar de falar sobre isso.
− Não, eu que me desculpo – ele disse abrindo a porta de seu quarto – eu não estou tendo o melhor dia hoje.
Assim que entramos, ele fechou a porta e colocou a tela no chão e pendurou seu avental sujo no cabideiro. Coloquei as coisas que eu carregava em sua escrivaninha e senti ele me abraçar por trás.
− Mas você pode deixar meu dia melhor... – ele disse, pegando em meus seios por trás e beijando meu pescoço, como ele sempre fazia quando estava com vontade.
− Você sabe o quanto eu queria estar “deixando seu dia melhor” agora, mas as pessoas vão suspeitar se elas virem que eu estava te ajudando a carregar suas coisas e de repente sumi por duas horas – eu disse enquanto deitava a cabeça para trás, aproveitando seus beijos.
− Duas horas? Eu só estou pedindo por alguns minutinhos... – ele falou enquanto beijava da minha nuca às minhas costas nuas que meu vestido deixava.
− Então eu tenho... no máximo, 30 minutinhos para melhorar o seu dia – eu disse, olhando para o relógio de parede de seu quarto. Virei-me para ele e o beijei profundamente, passando meus braços em torno de seu pescoço. , impaciente, começou a tentar tirar meu vestido.
− Ei! – eu disse, rindo.
− O que foi? Eu disse mais cedo que ia precisar das roupas de todo mundo para continuar o quadro – ele continuou tirando os alfinetes das minhas costas – só estou fazendo o meu trabalho.
− Engraçadinho, e você espera que eu volte pelada para o meu quarto?
− Seria engraçado, mas está frio demais para isso. Por esta razão, eu dei um jeito de trazer uma muda de roupas suas para cá – ele apontou para a poltrona próxima à janela de seu quarto, onde havia um vestido meu passado e dobrado.
− Como você... ? – eu olhei para ele, muito confusa. sempre me surpreendia, mas às vezes ele conseguia até me assustar.
− Depois eu te conto. Agora, você não tem desculpa. Sinto muito, mas você vai ter que tirar esse vestido – ele respondeu sarcasticamente.
− Com prazer, eu odeio essa coisa ridícula − eu sorri, finalmente tirando meu vestido como ele queria, cuidadosamente para não me machucar com os alfinetes.
Eu não percebi na hora, mas um dos alfinetes acabou caindo no chão sem que eu visse.
Rapidamente ele me pegou no colo e me jogou em sua cama.
− Uma pena, você fica linda de noiva – ele disse em meu ouvido, engatinhando por cima de mim e enchendo meu rosto, meu pescoço e o meu peito de beijos.
desabotoou sua camisa preta com uma velocidade de quem estava esperando aquilo por anos, o que era engraçado pois na noite passada mesmo nós já havíamos passado juntos. Mas essa era a parte especial da gente: nossa vontade infinita um do outro, como se nunca nos saciássemos.
Eu arranhei seu peitoral musculoso e suas costas enquanto beijava seu pescoço, ouvindo-o gemer. Era muito melhor quando podíamos fazer barulho sem correr o risco de sermos pegos. acariciou e chupou meus mamilos, demorando como sempre fazia. Em seguida, foi descendo depositando beijinhos em minha barriga que faziam meus músculos se contraírem e minha pele arrepiar. Rapidamente abocanhou minha entrada, já colocando sua língua para trabalhar do jeito que eu gostava, estimulando meu clitóris que pulsava e me fazia tremer a cada vez que ele o lambia.
− ... isso... não é justo... – eu disse entre gemidos.
− Hmm? – ele murmurou, olhando-me nos olhos sem parar de me chupar, o que me fez dar uma risadinha. Ele gostava tanto daquilo que não parava nem para falar, e eu, francamente, não estava em posição de reclamar. Mas como disse, eu não achava justo ele dar e não receber. No entanto, nós não tínhamos tanto tempo assim.
− Não é justo... só você me chupar... eu também quero – eu respondi, esforçando-me para pronunciar cada palavra enquanto eu via estrelas no teto de seu quarto e meu corpo espasmava a cada lambida.
De repente, ele parou. O que era estranho, pois aquele homem era capaz de ficar horas lá embaixo sem cansar. Ele não gostava de parar nem depois que eu tivesse gozado, pelo simples prazer de me ver em desespero na cama pela quantidade de prazer.
− Acho que já te neguei demais, não? – ele disse enquanto levantava e abria a sua calça lentamente. Meus olhos se arregalaram, pois finalmente tive uma visão breve de seu pênis, mesmo que apenas a sua base estivesse visível. Meu coração acelerou.
Ele abaixou sua calça, finalmente permitindo que eu o visse nu por inteiro. Era um pau grande, quase atingia o seu umbigo. Era grosso, não muito, mas o suficiente para encher a palma de sua mão. Uma veia pulsante ia da base até a cabeça, que já estava molhada de excitação.
Minha boca salivou. Imediatamente me ajoelhei e levei minhas mãos até seu pau, começando lentamente um movimento de vai-e-vem. Ele soltou um suspiro pesado, como quem estava apreciando.
Fui aumentando a velocidade aos poucos, observando as reações em seu rosto. me olhava com a boca semiaberta, visivelmente excitado. Experimentei lamber a cabeça levemente e ele respirou entredentes, segurando os meus cabelos com força.
Lambi da base até a cabeça e senti suas pernas bambearem. Fiz isso mais algumas vezes, até que o pau dele ficou molhado o suficiente. Agora era a hora da verdade.
Posicionei a cabeça em minha boca e, lentamente, empurrei seu pau para dentro. O gosto era levemente salgado, porém delicioso. Saboreei-o algumas vezes com a língua antes de começar a chupá-lo com mais intensidade.
Aquilo era novo para mim, mas algo em me dava confiança, como se ele me fizesse ficar à vontade para experimentar e descobrir sozinha. Fechei os olhos, aproveitando o sabor, a sensação e os gemidos que ele soltava. Continuei a lamber levemente e ele, que já estava gemendo um pouco mais alto, pegou eu meu rosto e disse:
− Olhe para mim.
Abri meus olhos e olhei fixamente para ele, como ele pediu. Entendi como ele se sentia quando ele isso comigo, a sensação de causar prazer em alguém e olhá-lo nos olhos, como um desafio, era incrível.
De repente, puxou minha cabeça, tirando seu pau de minha boca. Eu olhei para ele confusa, mas ele tinha um sorriso em seu rosto.
− Eu tive uma ideia.
− Qual é a ideia? – eu perguntei timidamente, segundos antes de ser jogada por cima dele com aquela brutalidade sensual que eu amava, como se eu fosse sua boneca. Ele me posicionou em cima dele, na posição mais degradante possível sentada em sua cara de costas, de maneira que eu não pudesse ver seu rosto. Quando me dei conta, eu estava de cara com o seu pau duro, perfeitamente alinhado com a minha boca.
− Essa é a ideia – ele disse, e imediatamente voltou a me chupar. Era um prazer diferente, pois sua língua alcançava outros ângulos dentro de mim, e sua cara estava completamente enterrada em mim. Embora eu sentisse vergonha daquela posição, eu também me sentia sensual e desejada. Imediatamente entendi o que eu tinha de fazer.
Segurei seu pau com minha mão direita e comecei a masturbá-lo, em seguida o inseri em minha boca e comecei a chupá-lo de todas as formas: lambendo de baixo para cima todo o cumprimento de seu pênis, lambendo e chupando de leve a cabeça, colocando até o fundo da minha boca e intercalando entre chupadas mais fracas e mais fortes. Às vezes me engasgando por conta do tamanho, mas embora isso fosse estranho e não muito bonito, parecia excitá-lo ainda mais.
Ficamos por uns 15 minutos chupando um ao outro com vontade, eu rebolava em sua cara e ele intercalava entre colocar seus dedos dentro de mim e estimular meu clitóris, e eu brincava com seu pênis lambendo-o e provocando. Nós dois gemíamos o nome um do outro.
− Eu vou gozar – ele disse ofegante, e eu triunfante continuei com meus estímulos, gemendo descontroladamente, abandonando toda a etiqueta que todos os meus anos de vida na alta sociedade me ensinaram. Após alguns segundos, finalmente deixou com que eu terminasse, ejaculando em minha boca seu esperma amargo, que pingou em sua barriga.
Ele continuou por mais alguns minutos e, dessa vez, era eu quem estava prestes a gozar, e quando anunciei isso, ele aumentou a velocidade com que me masturbava e me chupava. Meu prazer era tão intenso que eu sentia todo o meu corpo tremer como se um raio tivesse me atingido, eu contraía os dedos dos pés e fechava os olhos, meus gemidos escapando de minha boca fora de controle. Meu orgasmo chegou com tanta força que senti minha entrada se contrair sozinha, e senti um líquido sair como um pequeno jato de dentro de mim. Fiquei assustada com aquilo, pois isso nunca tinha acontecido antes, e quando olhei para , vi um sorriso de orelha a orelha estampado em sua cara.
− O... o que foi isso? – eu perguntei ofegante, trêmula, cansada e confusa. Era uma mistura de sensações tão grande que eu estava até tonta, com dificuldade de entender, e eu ainda tinha de desvendar porque estava tão feliz. Deitei-me ao seu lado na cama e pude ouvir a sua respiração pesada, e ele mantinha sua cara de bobo e olhava para o teto deslumbrado – por que você está tão quieto?
Eu estava nervosa, eu queria respostas e não estava a fim de me dá-las.
− Não estou olhando para o teto, , estou olhando para os portões do céu. Eu fui verdadeiramente abençoado, acho que já posso morrer feliz – ele disse enquanto apoiava a nuca em suas mãos.
− Do que você está falando, seu doido? – eu ri, deitando-me em seu peito.
− Eu estou agradecendo aos céus por você, – ele acariciou minhas costas, ainda olhando para cima – não tenho palavras para dizer o quanto você me faz feliz.
Seja lá o que foi que saiu de mim alguns minutos atrás, mas parece que foi algo bom.
abriu a gaveta da mesa de cabeceira e pegou um pano para limpar sua barriga e o meu rosto, depois jogou-o no cesto de roupa suja. Ficamos deitados aproveitando os poucos minutos que ainda nos sobravam juntos. Na minha cabeça, repassei tudo o que havíamos acabado de fazer, esforçando-me ao máximo para guardar cada memória.
Foi quando eu também comecei a pensar no que havia me falado antes de entrarmos no quarto. Ele estava em Londres fazia duas semanas e ainda não tinha visitado a própria mãe. Ela nem devia saber que ele estava de volta. Não pude evitar sentir angústia por ela, e também pude notar que o coração de doía quando ele falava nela.
− , tive uma ideia – eu me virei para ele, sorrindo.
− Não sei se consigo ir pela segunda rodada agora…
− Não é isso, bobão! – ele gargalhou e eu bati nele com o travesseiro.
− O que é então? − ele disse, tomando o travesseiro de mim.
− Primeiro você tem que prometer que não vai ficar bravo.
− Eu jamais ficaria bravo com você.
− Promete! – mostrei meu dedinho, e ele virou os olhos rindo e enroscou seu dedinho no meu, simbolizando mais uma de nossas promessas.
− Está bem, prometo. Fala logo, estou ficando ansioso.
− As coisas que me falou sobre sua mãe mais cedo não saem da minha cabeça...
− Oh, não. ... – tentou me interromper, então tapei seus lábios com meu dedo indicador.
− Então, eu pensei que, em vez de fazermos nosso encontro noturno usual...
− ...
− Nós deveríamos fugir da mansão à noite e visitar a sua mãe. Pronto, falei.
− Não. Absolutamente, não – ele se levantou da cama.
− Você me prometeu que não ia ficar bravo! E outra, você sabe que isso que está fazendo não é certo. Eu dou um jeito, eu arrumo uma desculpa para a minha mãe, ninguém vai notar que saímos! – eu me levantei e fui para trás dele, que olhava para a janela de braços cruzados.
− Eu não estou bravo, eu só... eu não tenho coragem, . O que eu vou dizer a ela? E se ela me odeia? Ou pior, e se ela envelheceu e esqueceu de mim? Ou pior ainda, e se... – ele saiu andando para lá e para cá, visivelmente nervoso com a ideia.
− Ela não te odeia! , olhe para mim – eu o segurei em minha frente, e embora eu fosse mais baixa que ele, ele ainda olhava para mim como se eu fosse mais forte que ele – você só vai saber se tentar. Você tem que ir vê-la, imagina o quanto ela sente a sua falta! Eu sei que você manda dinheiro para ela todo mês, mas isso nunca vai resolver a distância entre vocês.
se sentou na cama, escutando-me em silêncio.
− Confie em mim, eu tenho certeza de que ela lembra de você. Essa é sua chance de mostrar que você só chegou aonde chegou por causa dela. Faça isso por mim, por favor.
Ele olhou para mim e, em seguida, desviou o olhar para suas mãos, que seguravam uma na outra em sinal de ansiedade. Ele pensou por alguns segundos e, enfim, perguntou-me:
− Você vai estar lá para mim? Caso ela não queira me ver, ou caso...
− Eu vou estar lá para qualquer coisa, . Para te encorajar, ou para te ajudar a fugir da polícia.
− Bobona! – ele me abraçou e nós rimos.
Ufa, não acredito que consegui convencê-lo. Agora, eu precisava bolar um plano para que eu pudesse sair da mansão com sem ser vista. Eu precisava também arrumar algumas roupas plebeias para que eu não fosse notada nem roubada nas ruas, pois Whitechapel era um bairro muito perigoso. Ouvi dizer até que tem um assassino em série que ataca mulheres à noite por lá, Jack alguma coisa. Senti um arrepio na minha nuca. Mas eu tenho certeza de que, enquanto eu estiver com , eu estarei segura.
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Eram 22 horas da noite. Meus pais já dormiam profundamente no quarto deles, o ronco de meu pai já estava alto o suficiente para abafar qualquer som que eu pudesse fazer ao sair. Eu não consegui pensar em uma desculpa, então eu simplesmente decidi sair escondida. Minha mãe não estava falando comigo, então também não senti necessidade de dar explicações a ela.
e eu pensamos num plano, mas nós acabamos precisando da ajuda de e . me emprestou uma camisa de botões branca velha, uma longa saia preta e um sobretudo bem grosso de couro falso (que era incrivelmente confortável). Ela ia me encontrar em meu quarto e me levar discretamente até , que ia abrir o portão dos criados do palacete para a gente sem sermos vistos pelos guardas. não precisaria se esconder, ele sairia pelos portões principais como já costumava fazer, afinal não era suspeito ele sair da mansão.
Após isso, caminharíamos até a estação de Westminster, encontraríamos e pegaríamos o trem das 22h30 para Whitechapel e voltaríamos para Buckingham no trem da 00h30. Em último caso, caso algo desse errado, ia assumir a culpa para mim. Ela dizia que estava me devendo por conta do dia em que assumi a culpa, mas eu não queria que isso acontecesse pois ela poderia acabar se ferrando mais uma vez por minha culpa.
Eu tive de ser extremamente discreta e não levei nada de valor comigo. Cobri meus cabelos com um xale simples e encontrei em frente ao meu quarto, me esperando.
Andamos silenciosamente até ponto de encontro com e ele abriu o portão silenciosamente. Deu tudo certo, ninguém havia nos visto. Caminhamos rapidamente para a estação de Westminster, mostrei minha passagem e consegui entrar na estação, que já estava muito vazia e só tinha alguns bêbados e moradores de rua. Assim que subimos as escadas para o embarque, encontramos .
− Oi, senhor – acenou, rindo baixinho, como quem quisesse me envergonhar. Ele a cumprimentou levantando seu chapéu.
− Boa noite, senhorita .
− Como vai, ? – deu a mão a , cumprimentando-o.
− Vou bem, amigo, e você? – respondeu, senti uma certa intimidade no ar.
− Espera aí, vocês se conhecem? – eu perguntei, confusa. Pude ouvir dar uma risadinha, enquanto passava o braço sobre seu ombro.
− Depois eu te conto – me deu uma piscadinha.
− Claro. Vamos logo!
− , espera aí, tenho um anúncio a fazer! – disse, animada. Tinha notado que ela estava animadinha desde o momento em que ela foi me buscar em meu quarto.
− Fale rápido, nós não podemos ficar aqui muito tempo! – eu respondi, muito nervosa com a situação.
− Eu e ... vamos nos casar! – então mostrou um anel de ouro simples, porém bonito, em seu dedo anelar direito.
− Meu Deus! Meus parabéns! – eu imediatamente a abracei. Eu estava em choque e ao mesmo tempo emocionada – eu estava torcendo tanto por esse momento! Vocês conseguiram economizar dinheiro o suficiente?
− Economizar? Bem... – eles riram, e eu fiquei sem entender – pergunte para , ele vai saber te explicar.
O trem chegou, fazendo um alto barulho. Após estacionar, as portas se abriram.
Eu olhei para e ele rapidamente desviou o olhar e começou a assoviar, entrando no trem me deixando para trás.
− Volte aqui, você vai me explicar isso direito! – gritei, mas já havia entrado no trem – quando eu voltar, é bom você me contar tudinho! – eu disse para enquanto corria para dentro do trem, pois o condutor já gritava impacientemente que as portas estavam prestes a se fechar. acenava para mim rindo.
− Não se esqueçam, vocês devem pegar o último trem da 00h30, que é sempre pontual e nunca se atrasa! Se vocês chegarem às 00h31, ele já terá partido e só voltará a passar às 6h da manhã. Boa sorte! – gritou e acenou para a gente com o seu chapéu.
As portas do trem se fecharam e o trem saiu, e eu e acenamos de volta para e pela janela.
Quando o trem saiu da estação, nós fechamos a janela para nos protegermos do frio forte que invadia a cabine. Eu e estávamos sentados lado a lado na classe econômica e o trem estava bem vazio. As únicas pessoas que estavam no trem além de mim e dele eram uma família que estava com a pele e as roupas sujas, como se tivessem trabalhado o dia inteiro – inclusive ss crianças. Que mundo cruel, enquanto eu estava choramingando mais cedo por não gostar do meu penteado, aquelas crianças provavelmente estavam moendo grãos, mexendo com carvão ou entregando jornais por apenas alguns míseros centavos. Eu imediatamente senti uma culpa muito forte e pensei em minha mãe. Eu estava a fazendo sofrer, mas ela só queria o meu bem.
Olhei mais para frente do corredor do trem e vi um homem dormindo com o jornal aberto no colo. E mais para trás e vi um velho feioso, que estava me encarando. Eu franzi o cenho para demonstrar desgosto e ele, em vez de parar, mandou um beijinho para mim.
Eu me senti como um pedaço de carne à venda. Virei para frente novamente e deitei minha cabeça no ombro de , que notou que eu estava inquieta.
− É a primeira vez que você entra num trem? Não precisa ter medo – ele me perguntou, acariciando meu cabelo.
− Sim, mas não é isso...
− O que é então? – ele perguntou, preocupado.
− Não é nada – fingi um sorriso para ele e voltei a deitar em seu ombro. A verdade é que o velho me encarando, a família pobre, o homem cansado e a lembrança de minha mãe, tudo se misturou em meus pensamentos, dando-me uma sensação de angústia, culpa e medo.
imediatamente olhou em volta, procurando o que me afligia.
− Tem alguém te incomodando? É aquele velho? – apontou, ele pareceu ter ficado bravo com o tarado que me encarava.
− Não aponte! Deixe-o para lá. Já já vai passar – respondi, e embora tenha se dado por vencido, não consegui impedi-lo de dar uma encarada bem feia para o velho, que pouco pareceu se importar.
Passaram alguns minutos, faltavam apenas 2 estações para chegarmos em Whitechapel. Eu nunca tinha ido para tão longe de casa antes. Fiquei admirando a vista de Londres pela janela: carruagens, pessoas dançando bêbadas em volta de pubs crianças correndo na rua. Aquela era a verdadeira Londres, não a minha visão limitada do Palácio de Buckingham e da mansão da minha família. Lembrei-me de e de e de que eles finalmente seriam felizes como planejaram.
− Ei, você tem algo a ver com e finalmente terem encontrado uma maneira de se casarem? – perguntei.
não respondeu, apenas riu.
− Já sei, depois você me conta, né? – eu cruzei os braços, fingindo estar emburrada.
− Garota inteligente – ele disse, beijando minha testa.
O maquinista anunciou a chegada do trem na estação de Whitechapel e imediatamente nos levantamos para podermos saltar do trem. Ao ir para a porta, ouvi o velho tarado de antes falar para mim:
− Gostosinha, hein?
Eu gelei. Embora eu não estivesse sozinha, fiquei com medo imaginando as coisas que ele tentaria fazer comigo se eu estivesse. Pensei também nas pobres moças que podem ter sido vítimas daquele homem. Meu corpo congelou e eu não conseguia andar, falar nem fazer nada.
− Quero ver falar isso sem seus dentes na boca, seu imundo – desferiu um soco na cara do velho, que gritou alto em seguida – vem, ! – ele me puxou pelo braço para a porta do trem, que fechou em nossas costas antes que o tarado pudesse nos alcançar.
O trem saiu e nós nos olhamos, assustados. Em seguida, começamos a gargalhar.
− Você só pode ser louco! – eu disse, quase chorando de rir.
− Eu nunca tinha batido em alguém antes, confesso que corri porque fiquei com medo – ele me abraçou, ainda rindo bastante – vamos, nossa visita deve ser breve.
me puxou pela mão e me levou pelas ruas apertadas e escuras de Whitechapel. Passamos por alguns bairros sujos e cortiços lotados, e algumas pessoas nos encaravam. Eu estava assustada, com medo de descobrirem que eu não era dali.
Até que chegamos em uma casa em uma rua deserta. O único poste da rua piscava e os gatos andavam pelos muros e nas telhas. A casa era feita de uma madeira preta e, em alguns pedaços, podre, e ela tinha uma estrutura torta como se tivesse sido feita sem uma planta. Aquela visão estava me dando mais frio na espinha do que Frankenstein.
− É aqui – disse, encarando a entrada.
− Bata na porta – encorajei-o.
− Isso foi uma má ideia, ela deve estar dormindo, vamos voltar... – puxou meu braço, tentando me levar de volta.
− Não, você não vai dar para trás agora! Nós chegamos até aqui, agora temos que ir até o fim. Eu estou aqui com você – eu segurei em sua mão.
respirou fundo e desferiu três toques na porta. Passaram alguns segundos e ninguém veio atender.
− Ela não deve estar em casa... – disse, mas foi imediatamente interrompido pela porta sendo aberta abruptamente.
− Quem está batendo a essa hora? – uma senhora, que aparentava ter uns 60 anos, de cabelos médios e brancos segurando uma vela em sua mão abriu a porta, não muito bem-humorada. Ela estava usando um roupão marrom e meias, como quem já estava prestes a ir dormir.
− Mãe... sou eu – disse, gaguejando.
− Não pode ser... – ela hesitou, levando sua mão em direção a sua boca em sinal de choque.
Por um momento, eu achei que ela não tinha gostado de vê-lo, mas após ela se atirar sobre ele em lágrimas, percebi que era justamente o contrário.
havia se reunido com sua mãe e os dois estavam chorando. O abraço dos dois durou uns bons minutos, e eu não consegui evitar derrubar umas lágrimas também. Após eles finalmente desfazerem o abraço, a senhora nos convidou para entrar.
− Por favor, sentem-se! Vocês querem alguma coisa? Uma xícara de chá? Água? Biscoitos?
− Não precisa, senhora... – eu tentei responder, sendo interrompida.
− Eu vou trazer os biscoitos! Eu os assei hoje de manhã, eles não estão tão fresquinhos, mas acho que estão bons ainda! – e saiu toda feliz em direção à cozinha.
− Ela é assim mesmo – me disse, e eu sorri. Eu a achei muito fofa.
Se a casa já era pequena por fora, por dentro era menor ainda. quase batia a cabeça nos lustres, de tão baixo que o teto era. Nas paredes, diversos quadros de paisagens e natureza morta, e sobre o pequeno armário de xícaras, uma foto muito envelhecida de um homem sério, com um bigode de respeito. Nunca cheguei a perguntar, mas acho que era o pai de .
O papel de parede descolava e as cadeiras rangiam, e embora eu estivesse assustada antes, eu sentia agora que aquela casa era na verdade muito aconchegante. Olhei para , que estava nervoso, e olhei em volta da casa, imaginando as milhares de memórias da família deles ecoando pelas paredes.
− Aqui estão! É minha própria receita de biscoitos de leite.
− Nossa, eles são fantásticos! – eu disse após dar uma mordida, e realmente eram. Eram mais saborosos do que qualquer outro que eu já havia comido em casa.
− Jura mesmo? Pois, se não estiverem bons, eu posso assar mais uma fornada e...
− Mãe! Não precisa! – disse, rindo.
− Ai, é que eu estou tão feliz em vê-lo, meu filho. Vamos, quero saber de tudo! Por onde você tem andado?
contou as histórias de suas viagens, de suas aventuras, das pessoas que conheceu e que, finalmente, voltou para Londres para realizar uma comissão.
− Foi aqui que conheci Lady , que está me acompanhando aqui na casa da senhora.
Eu acenei, um pouco envergonhada.
− Oh, então você é da nobreza! Oh, céus! Tem uma nobre na minha casa! Por que você não avisou, ? Eu teria feito uma faxina!!! Desculpe-me, senhorita, eu vi as roupas que você estava usando e achei que... – a senhora ficou desesperada.
− Senhora, eu jamais ia pedir que você limpasse a casa para me receber! Eu estou aqui em segredo. E aliás, pode me chamar de , eu insisto.
− Ufa, parece que nem todos os membros da alta sociedade são mesquinhos, afinal. Muito prazer em conhecê-la, . Mas agora, a pergunta que não quer calar... Por que vocês estão juntos?
e eu nos olhamos, pensando em uma explicação. Eu travei, não estava esperando por aquela pergunta, mas pensou mais rapidamente.
− Mamãe... – ele disse segurando em minha mão – está aqui comigo porque... – ele coçou a garganta – nós vamos nos casar. Eu quero te apresentar a minha noiva.
O quê? Onde estava com a cabeça?! Ele mentiu para a própria mãe! Como explicaríamos para ela o meu casamento no fim do mês com outro homem? A mulher vai achar que eu sou uma depravada!
− Oh, meu Deus! Meu filho, eu estou tão feliz por vocês dois... bem-vinda à família! Deixe-me ver seu anel...
A senhora pegou em minha mão direita para ver meu anel de diamante e ficou deslumbrada. Mal sabia ela que não tinha sido quem tinha me dado.
Eu olhei com os olhos arregalados para , que arregalou os olhos de volta. Ela estava tão feliz com a notícia que eu não tive coragem de desmentir. Ela me forçou a contar a ela tudo sobre o casamento, e assim o fiz. Exceto que troquei o nome de Henry pelo de .
− Um casamento da nobreza, eu não poderia estar mais orgulhosa! E no inverno, as pessoas normalmente discordam, mas eu acho a estação mais bonita!
− Obrigada! – eu disse – Minha mãe se recusa a entender isso.
− Eu estou tão emocionada... eu adoraria ver meu filho no altar, mas duvido que vão deixar esta pobre velha entrar em uma festa da alta sociedade.
− Eles vão deixar sim! – exclamou – Nós vamos dar um jeito, afinal, você é a mãe do noivo.
− Oh, eu mal posso acreditar! Tenho que encontrar um vestido, arrumar meus cabelos... Mal posso esperar, obrigada meu filho! – ela disse, beijando-o na bochecha – Vou levar esta bandeja para a cozinha, um minuto!
Ela saiu saltitando em direção a cozinha. Eu sussurrei para :
− Isso está indo longe demais... estou achando cruel de sua parte.
− , por favor, nós vamos dar um jeito. Agora a merda já está feita.
Não pude evitar ficar chateada com tudo aquilo. Qual era a necessidade de mentir?
Eu dissociei por alguns minutos, pensando na outra camada de culpa que acabara de colocar nas minhas costas. Quando olhei para o torto relógio da parede, vi o horário: 00h28. O trem!
− , são 00h28! O trem vai sair em 2 minutos! – eu apertei seu braço.
− Ai, não! Nós vamos perdê-lo!
− Não há problema, vocês podem passar a noite aqui. Sei que a casa é apertada, mas não faltam cobertores – a senhora voltou para a sala com um bule de chá e três xícaras.
− Não é isso, é que... eu saí escondida, e se meus pais descobrirem que eu não estou lá amanhã de manhã, eu estou ferrada! – eu disse, desesperada.
− Não se preocupe, eu pedirei para que os vizinhos levem vocês para a estação antes de amanhecer, desta forma ninguém notará que vocês saíram – ela disse calmamente. Claro que ela estava calma, ela não sabia que não era meu noivo, e sim meu amante!
− Acho que tudo bem, né, ? – ele me perguntou, praticamente compelindo-me a dizer que sim.
Fiz que sim com a cabeça e a senhora mostrou ficar contente. Ela imediatamente preparou uma cama para mim e que, apesar de apertada, era bem quentinha.
Deitamo-nos para dormir, mas eu estava sem sono.
− Não se preocupe, vai dar tudo certo – disse, acariciando meus cabelos como sempre fazia.
O estresse de tudo que ocorreu aquela noite pareceu invadir de uma vez a minha cabeça, juntando lágrimas em meus olhos.
− Por que você está chorando? – perguntou, preocupado, enquanto limpava as lágrimas que escorriam em minhas bochechas.
− Porque está tudo errado! Eu me sinto mal pela minha mãe, pela sua mãe, por aquele tarado no trem, por aquelas crianças... E estou nervosa por termos perdido o trem, e se minha mãe já notou que eu saí e está preocupada? E , mesmo não tendo dinheiro, vai se casar com o amor da vida dela, enquanto eu... vou me casar com aquele idiota! – eu desabei, soluçando e enterrando minha cara no travesseiro.
ficou me olhando preocupado e, pela primeira vez, ele não sabia o que dizer. E tudo bem. Às vezes, tudo que a gente precisa é gritar no travesseiro e chorar até dormir para que no próximo dia possamos acordar, lavar o rosto e fingir que nada aconteceu. Acontece que ele também se sentia responsável e sobrecarregado.
Ele esperou eu me acalmar sozinha. Assim que eu parei um pouco de soluçar no travesseiro, ele me virou para ele. Encarou-me por alguns segundos, como quem pensava cuidadosamente no que ia dizer. Inspirou fundo, expirou e, por fim, falou:
− Eu não quero que você se case com Peterson – ele confessou.
− Ninguém quer, só ele – respondi, não entendendo por que ele disse aquilo como se fosse um segredo.
− Você não entendeu. Eu não quero que esse casamento aconteça, e eu vou impedi-lo.
− Ah, é? Como? Vai sequestrar o filho do duque? Vai envenená-lo? Jogá-lo de um penhasco? Como exatamente você pretende acabar com o meu casamento sem comprometer a confiança que meu pai tem com o conselho de Sua Majestade? Eu já pensei de tudo, , mas esse casamento vai acontecer – eu disse, imediatamente me arrependendo da grosseria com que falei com .
− Se for preciso, eu vou jogá-lo de um penhasco sim. E se ele sobreviver, eu vou aparecer no meio da igreja e te tirar de lá, nem que eu passe vergonha! Eu não quero que você se case, , porque eu estou apaixonado e não quero perder você.
Eu o olhei com os olhos arregalados. Isso foi uma declaração de amor? realmente estava apaixonado por mim? Meu estômago parecia ter sido invadido por um milhão de borboletas e minhas bochechas queimavam como se o sol estivesse dentro daquele quarto. Eu também estava completamente apaixonada. Mentira, eu o amava. Mas eu não ousaria proferir as palavras “eu te amo” a ele, pois isso só ia doer. Nós não conseguiríamos ficar juntos, e eu não sei explicar por que, mas ignorar que eu o amava deixava tudo aquilo minimamente menos difícil.
E então, eu sorri. Pois eu me dei conta de que tudo que nós passamos e fizemos juntos, todas as nossas promessas de dedinho, todas as nossas noites de amor... tudo aquilo estava guardado em meu coração. E tudo aquilo me deu uma gota de esperança. Uma gota de esperança de que sim, tinha um jeito, tinha que ter um jeito. E eu finalmente encontrei alguém disposto a entrar nessa comigo.
− ... – eu sussurrei, passando a mão em seu rosto.
− Diga... – ele disse, ansioso pela minha resposta.
− Não existem penhascos em Londres – eu disse, controlando a risada. Ele me olhou incrédulo, pois estava esperando que eu dissesse algo completamente diferente, mas depois teve uma crise de riso.
− Foda-se, então o jogo do trem! – ele disse, rindo – Mas eu vou dar um jeito, confie em mim.
segurou minhas mãos e eu apoiei minha cabeça em seu peito para dormir. Eu não precisava dizer nada, ele sabia que eu confiava.
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O dia nem havia clareado ainda e eu e nos despedimos correndo de sua mãe. Entramos na carroça de carga de um completo desconhecido, que rapidamente nos deixou na estação para que pegássemos o primeiro trem da manhã. Felizmente conseguimos: entramos no trem, viajamos até Westminster e corremos o caminho todo até o palacete. entrou pelo portão principal e eu pelo portão dos criados, onde acidentalmente acabei trombando com uma mulher.
− Desculpe-me! – eu disse, ajudando a pegar as coisas que a moça carregava que, por minha culpa, caíram no chão.
− Lady ? – a mulher possuía uma voz familiar. Era a senhora , mãe de .
− Senhora , eu... eu... por favor, eu imploro! Não diga a ninguém que você me viu aqui, eu faço qualquer coisa! – eu implorei. Ela me olhava chocada, porém compreensiva.
− Não se preocupe, milady, minha boca é um túmulo. Já guardei segredos muito piores – ela disse, piscando para mim.
− Obrigada, mesmo! – eu a beijei na bochecha, o que a deixou surpresa e em seguida a fez rir, e corri para dentro. Subi as escadas e finalmente alcancei meu quarto.
Abri a porta com todo o cuidado do mundo e... ufa. Meus pais estavam dormindo pacificamente.
Andei nas pontas dos pés até o meu quarto e fechei a porta. Tirei as roupas que estava vestindo e as escondi embaixo da cama, e vesti minha camisola. Joguei-me na cama, eu estava exausta de tanto correr, e quando me dei conta, já estava dormindo novamente.
− , acorde.
Senti minha mãe chacoalhar meu ombro para me acordar e eu me assustei.
− Bom dia, mãe – eu respondi, coçando meus olhos – que horas são?
− Onde você estava ontem à noite? – ela perguntou, abrindo as cortinas e deixando a luz que vinha de fora me cegar.
Eu gelei e meu coração acelerou, eu tinha de pensar numa mentira logo, mas eu não consegui pensar em nenhuma que ela pudesse acreditar.
− Mamãe, eu... – gaguejei, tentando desesperadamente em pensar alguma coisa.
− Eu acordei de madrugada, remoendo-me de culpa, e vim ao seu quarto pedir desculpas a você. Mas quando entrei, você não estava aqui... eu quase morri de preocupação – ela disse, sentando-se na minha cama com um olhar vazio.
− Eu sinto muito...
− E eu nem podia falar para o seu pai, senão ele ia alertar todos os guardas da mansão, todo mundo ia acordar e ficar preocupado... eu tive que tomar um xarope para conseguir dormir. E quando acordei de manhã e encontrei você aqui, achei até que estava alucinando, mas você fugiu… – ela se levantou da cama e se dirigiu até a porta − pensando bem, eu não sei se quero saber aonde você foi.
Ela saiu e fechou a porta, deixando-me lá sozinha.
No entanto, ainda não tínhamos passado das preliminares, e embora ele só estivesse sendo cuidadoso, eu estava ficando cada vez mais ansiosa. Ele também ainda não tinha me deixado chupá-lo, sempre no controle da situação. Minha vontade de fazer um boquete nele só crescia, mas até então ele só dava a mesma desculpa: “hoje a noite é só sobre você”.
No primeiro dia de dezembro, minha família havia agendado uma reunião para que pudesse pintar o primeiro quadro, que seria eu e Henry no centro com nossos pais em nossa volta, o velho retrato mentiroso de uma família feliz da alta sociedade.
Tive de vestir o meu vestido de noiva, que estava largo ainda pois eu não tinha o experimentado antes com a costureira. Desta forma, as criadas o encheram de alfinetes que me pinicavam inteira para que ele não caísse lá fora. Minha mãe também aproveitou o dia para se divertir testando penteados e maquiagens em mim.
− Hm... acho que temos que escurecer um pouco a sombra. E a bochecha deve ficar mais rosa! Não quero minha filha com uma cara de fantasma no quadro dela – ela dizia, examinando-me de diversos ângulos diferentes.
− Sim, milady – a fiel senhora , que era a mãe de , pacientemente fazia todas as alterações que minha mãe pedia, fosse no meu penteado, vestido ou maquiagem. Ela era como uma faz-tudo de nossa família em questão de beleza, e eu podia contar sempre com ela para me deixar bonita, mas acho que não havia maquiagem ou jóia que salvasse meu cenho franzido neste dia.
− Mãe, já está bom assim! Hoje é só um teste! – eu dizia, já cansada de ter meu cabelo puxado e minha cara lotada de pó de arroz.
− Nós temos que decidir isso logo! No fim deste mês você irá se casar e o seu vestido nem está completamente ajustado ainda porque você se recusa a experimentá-lo. Você tem que levar as coisas mais a sério!
− Está bem, mãe – respondi atravessado. Eu não a aguentava mais falando na minha orelha o que fazer o tempo todo. Às vezes eu só queria sumir para longe dela e ser deixada em paz. Ela só sabia falar nesse casamento ultimamente, só dizia coisas negativas sobre mim e arrumava confusão comigo por bobeiras.
− Tsc, um dia você vai estar em meu lugar e vai entender os sacrifícios de uma mãe.
Ela saiu do quarto, também irritada comigo. Eu sei que não foi numa boa circunstância, mas eu pelo menos estava livre das implicações da minha mãe por um momento.
− Você quer que eu saia, Lady ? – a senhora me perguntou.
− Não precisa, senhora. Na verdade, eu gostaria de mudar uma coisa em meu visual.
− O que gostaria?
Olhei para o espelho da penteadeira. Meu cabelo, que estava preso para cima da maneira mais ridícula do mundo, lotado de grampos que espetavam meu cérebro, estava fazendo eu me sentir horrível. Às vezes, eu acho que minha mãe estava escolhendo esses visuais horríveis só para me provocar.
Quando eu era mais nova, eu e minha mãe éramos companheiras para tudo. Ela sempre apoiou que eu não usasse espartilho, prendesse meu cabelo. Quando estávamos sozinhas, ela até ria de mim quando eu falava de boca cheia! Mas isso mudou quando conhecemos a família Peterson. A mãe de Henry, Lady Mary Paterson, era uma mulher muito nojenta que humilhava a mamãe sempre que ela tinha a oportunidade. Minha mãe dizia que não se deixava abalar por isso, mas eu sabia que não era verdade. Foi nessa época que ela começou a fazer aulas de pronúncia inglesa e a cobrar de mim uma atitude hiperfeminina. E tudo piorou mais ainda quando Henry pediu minha mão em casamento, pois além de ter de lidar com as críticas de Lady Peterson, ela tinha de assegurar que o casamento fosse favorável para ambas as famílias, e isso significava me ensinar a ser uma boa esposa.
− Lady ? O que você gostaria de mudar? – a senhora me chamou, tirando-me de meus pensamentos.
− Hã? Ah, desculpe. Por favor, eu quero meu cabelo completamente solto. Podemos fazer uns cachinhos nas pontas também, o que a senhora acha?
A senhora sorriu e respondeu:
− Como quiser, milady.
Desci para os jardins da mansão para encontrar minha família, a de Henry e , que estava montando seu cavalete e testando cores em sua paleta.
− Finalmente, minha menina chegou! – meu pai abriu os braços me convidando para um abraço.
− Oi, papai – eu o abracei de volta – oi, mamãe – disse à minha mãe, que se abanava com o leque fervorosamente, claramente com raiva.
− Oi, filha – ela respondeu seca – o que você fez com o seu cabelo?!
− Eu arrumei do jeito que eu escolhi, para o meu casamento.
− Eu... olha, eu não vou falar mais nada – ela fechou a cara novamente e continuou se abanando com o leque. Não consigo entender, pois estava tão frio que poderia nevar a qualquer momento.
Meu pai olhou para ela, depois olhou para mim, depois olhou para , que mexeu os ombros como quem não fazia ideia do que estava acontecendo.
− Ei, , como isso vai funcionar mesmo? – perguntou Henry, admirando-se a si mesmo no espelho com o terno de alfaiataria de qualidade que estava vestindo. O que ele tinha de dinheiro, ele tinha de burro.
− Como já expliquei antes, milorde, esta reunião hoje servirá apenas para que eu tenha uma referência dos rostos de vocês. Vocês irão ficar parados aí por, bem, um bom tempo, enquanto eu faço um esboço de suas posições e roupas e pinto detalhadamente os rostos de vocês. Quando eu achar que está bom, vocês estarão livres – ele disse, com aquele sorriso lindo estampado no rosto – após isso, eu precisarei das roupas que vocês estão usando agora para colocá-las em manequins para que eu possa pintá-las sem que vocês precisem ficar parados aqui como estátuas o dia inteiro.
− Isso vai ser chato para caral... – Henry foi impedido de desferir um palavrão por um tapão que tomou de sua mãe – ai!
− Olha a boca, menino! – disse Lady Mary Peterson, com toda a sua delicadeza e graciosidade. Não entendo como ela se sente superior à minha mãe enquanto ela bate no filho adulto na frente de todo mundo.
− Agora, eu vou precisar que vocês todos escolham suas poses. Os noivos precisam ficar sentados no centro, e seus respectivos pais atrás deles em pé – disse enquanto posicionava uma tela branca em seu cavalete, preparado para começar.
− Aff, os velhos é que deveriam ficar sentados – Sir Charles reclamou. Suspirei, já antecipando o sofrimento que seria ficar parada por quatro horas rodeada por essa gente.
− Acho que tenho o que preciso – disse, para a alegria de todos ali.
− Finalmente! Minhas costas estão doendo de ficar parado na mesma posição. Da próxima vez, vamos contratar um fotógrafo, pelo amor de Deus! – disse Henry, insuportável como sempre.
Mas foi realmente difícil ficar sentada ali com a coluna reta e um espartilho lotado de alfinetes me pinicando e fingindo estar feliz por quatro horas seguidas. O que tornou o momento um pouco mais agradável foi ser minuciosamente observada por , que quando possível, dava um sorrisinho amigável para mim. Eu mal podia esperar para encontrá-lo à noite de novo como temos feito em semanas. Eu só estava aguardando uma brecha para podermos marcar o horário.
− Deixa eu ver como ficou isso aí. É bom que você tenha me pintado mais magro, como combinamos – Sir Peterson falou.
− Com certeza, Vossa Excelência. Faço questão de atender a todas as demandas – disse, limpando as mãos em seu avental que uma vez já foi branco, mas que agora era completamente manchado de diversos tons de tinta – vejam se gostam do resultado, falem agora que a tinta ainda está mole e pode ser removida mais facilmente.
Todos nós nos aglomeramos para observar o quadro, e estava incrível. Eu já sabia que era bom, mas os detalhes de nossos rostos estavam surpreendentes. Ele nos retratou com tanta fidelidade que o quadro parecia estar vivo.
− É como olhar para um espelho. Está espetacular, senhor ! Vejo que fiz um ótimo investimento escolhendo você como nosso artista.
− Muito obrigado, Sir . Fico contente que tenha fé em meu trabalho.
Os pais estavam satisfeitos com o resultado, mas eu e Henry permanecemos em silêncio. Eu estava chocada demais para falar alguma coisa.
− E os noivos, a pintura os agrada? Falem agora ou calem-se para sempre! – disse sorrindo, causando-me um risinho.
− Está muito bom mesmo, eu não tenho nada a acrescentar – eu respondi, sentindo minhas bochechas queimarem levemente.
− Hmm... eu não achei tão bom – Henry, como o bom sociopata que é, foi o único a criticar o trabalho de .
− Ora, o que você quer que eu mude, milorde? – se esforçou ao máximo para conter a surpresa, mas eu consegui notar que ele se sentiu um pouco ofendido.
− Eu não acho que estou tão parecido, parece que você deu mais atenção à minha noiva do que a mim. Sei que ela é uma mulher bela, mas o grande astro desta cerimônia sou eu. Então, se puder melhorar meu rosto, eu agradeço.
Céus, que homem insuportável. Minha vontade era de voar no pescoço dele ali mesmo.
− É claro, milorde. Farei meu melhor para que o quadro fique bom o suficiente para você.
− Eu sabia que você me ouviria, . Agora, tenho que ir. Papai, vamos falar sobre negócios.
− Opa! Sempre uma boa ideia. Nos vemos por aí, senhor , Continue o bom trabalho – Sir Peterson prontamente se retirou do local, despedindo-se de meus pais levantando o seu chapéu.
− Vamos para o centro da cidade, chérie, são quase três horas da tarde e eu estou desesperado por um earl grey. , você vem conosco? – meu pai me perguntou.
− Eu tenho que tirar esse vestido, papai, eu estou muito desconfortável com ele. E também combinei de jogar cartas com – respondi, obviamente uma desculpa para poder conversar com .
− Está bem... – meu pai me deu um beijo na bochecha e partiu, e minha mãe o seguiu sem falar nada.
− O que aconteceu com você e a condessa, hein? – me perguntou enquanto arrumava o cavalete, a tela e as tintas, claramente com uma dificuldade pois ele derrubou seu estojo de pincéis no chão, que se espalharam – ai, merda!
− Nada demais – eu me agachei para ajudá-lo a pegar os pincéis – nós tivemos uma briguinha boba por conta dos planos do casamento, ela acha que eu não estou levando a sério. E eu realmente não estou! Como posso levar um casamento arranjado a sério? Ainda mais com aquele canalha!
− Ele é realmente um canalha. Mas a sua lindeza apaga toda a chatice dele – ele disse enquanto carregava o cavalete em uma mão e a tela recém-pintada em outra. Eu o ajudei carregando sua paleta, suas tintas e seu estojo de pincéis.
− Fofinho – eu sorri. Mesmo cansado e mal-humorado, não deixava de ser gentil.
Entramos na mansão e eu subi as escadas ajudando-o a levar suas coisas para a sua habitação. No caminho, ele me perguntou animado:
− Vamos ter nosso encontro de sempre hoje à noite?
− Claro. Só preciso despistar minha mãe, que está especialmente irritada hoje.
− Ah, eu não quero ser chato... mas eu daria tudo para estar tendo uma briguinha besta com a minha mãe agora.
− Acredite em mim, você não queria. Essas coisas acabam com o dia da gente.
− Acredite em mim, ficar anos sem ver a sua própria mãe é bem pior que uma briguinha sobre penteados.
Eu me dei conta de que eu estava sendo super inconveniente com , que até o momento atual, não teve coragem de ir visitar sua mãe que morava em Whitechapel, um dos distritos mais pobres de Londres.
− Desculpe, , eu vou parar de falar sobre isso.
− Não, eu que me desculpo – ele disse abrindo a porta de seu quarto – eu não estou tendo o melhor dia hoje.
Assim que entramos, ele fechou a porta e colocou a tela no chão e pendurou seu avental sujo no cabideiro. Coloquei as coisas que eu carregava em sua escrivaninha e senti ele me abraçar por trás.
− Mas você pode deixar meu dia melhor... – ele disse, pegando em meus seios por trás e beijando meu pescoço, como ele sempre fazia quando estava com vontade.
− Você sabe o quanto eu queria estar “deixando seu dia melhor” agora, mas as pessoas vão suspeitar se elas virem que eu estava te ajudando a carregar suas coisas e de repente sumi por duas horas – eu disse enquanto deitava a cabeça para trás, aproveitando seus beijos.
− Duas horas? Eu só estou pedindo por alguns minutinhos... – ele falou enquanto beijava da minha nuca às minhas costas nuas que meu vestido deixava.
− Então eu tenho... no máximo, 30 minutinhos para melhorar o seu dia – eu disse, olhando para o relógio de parede de seu quarto. Virei-me para ele e o beijei profundamente, passando meus braços em torno de seu pescoço. , impaciente, começou a tentar tirar meu vestido.
− Ei! – eu disse, rindo.
− O que foi? Eu disse mais cedo que ia precisar das roupas de todo mundo para continuar o quadro – ele continuou tirando os alfinetes das minhas costas – só estou fazendo o meu trabalho.
− Engraçadinho, e você espera que eu volte pelada para o meu quarto?
− Seria engraçado, mas está frio demais para isso. Por esta razão, eu dei um jeito de trazer uma muda de roupas suas para cá – ele apontou para a poltrona próxima à janela de seu quarto, onde havia um vestido meu passado e dobrado.
− Como você... ? – eu olhei para ele, muito confusa. sempre me surpreendia, mas às vezes ele conseguia até me assustar.
− Depois eu te conto. Agora, você não tem desculpa. Sinto muito, mas você vai ter que tirar esse vestido – ele respondeu sarcasticamente.
− Com prazer, eu odeio essa coisa ridícula − eu sorri, finalmente tirando meu vestido como ele queria, cuidadosamente para não me machucar com os alfinetes.
Eu não percebi na hora, mas um dos alfinetes acabou caindo no chão sem que eu visse.
Rapidamente ele me pegou no colo e me jogou em sua cama.
− Uma pena, você fica linda de noiva – ele disse em meu ouvido, engatinhando por cima de mim e enchendo meu rosto, meu pescoço e o meu peito de beijos.
desabotoou sua camisa preta com uma velocidade de quem estava esperando aquilo por anos, o que era engraçado pois na noite passada mesmo nós já havíamos passado juntos. Mas essa era a parte especial da gente: nossa vontade infinita um do outro, como se nunca nos saciássemos.
Eu arranhei seu peitoral musculoso e suas costas enquanto beijava seu pescoço, ouvindo-o gemer. Era muito melhor quando podíamos fazer barulho sem correr o risco de sermos pegos. acariciou e chupou meus mamilos, demorando como sempre fazia. Em seguida, foi descendo depositando beijinhos em minha barriga que faziam meus músculos se contraírem e minha pele arrepiar. Rapidamente abocanhou minha entrada, já colocando sua língua para trabalhar do jeito que eu gostava, estimulando meu clitóris que pulsava e me fazia tremer a cada vez que ele o lambia.
− ... isso... não é justo... – eu disse entre gemidos.
− Hmm? – ele murmurou, olhando-me nos olhos sem parar de me chupar, o que me fez dar uma risadinha. Ele gostava tanto daquilo que não parava nem para falar, e eu, francamente, não estava em posição de reclamar. Mas como disse, eu não achava justo ele dar e não receber. No entanto, nós não tínhamos tanto tempo assim.
− Não é justo... só você me chupar... eu também quero – eu respondi, esforçando-me para pronunciar cada palavra enquanto eu via estrelas no teto de seu quarto e meu corpo espasmava a cada lambida.
De repente, ele parou. O que era estranho, pois aquele homem era capaz de ficar horas lá embaixo sem cansar. Ele não gostava de parar nem depois que eu tivesse gozado, pelo simples prazer de me ver em desespero na cama pela quantidade de prazer.
− Acho que já te neguei demais, não? – ele disse enquanto levantava e abria a sua calça lentamente. Meus olhos se arregalaram, pois finalmente tive uma visão breve de seu pênis, mesmo que apenas a sua base estivesse visível. Meu coração acelerou.
Ele abaixou sua calça, finalmente permitindo que eu o visse nu por inteiro. Era um pau grande, quase atingia o seu umbigo. Era grosso, não muito, mas o suficiente para encher a palma de sua mão. Uma veia pulsante ia da base até a cabeça, que já estava molhada de excitação.
Minha boca salivou. Imediatamente me ajoelhei e levei minhas mãos até seu pau, começando lentamente um movimento de vai-e-vem. Ele soltou um suspiro pesado, como quem estava apreciando.
Fui aumentando a velocidade aos poucos, observando as reações em seu rosto. me olhava com a boca semiaberta, visivelmente excitado. Experimentei lamber a cabeça levemente e ele respirou entredentes, segurando os meus cabelos com força.
Lambi da base até a cabeça e senti suas pernas bambearem. Fiz isso mais algumas vezes, até que o pau dele ficou molhado o suficiente. Agora era a hora da verdade.
Posicionei a cabeça em minha boca e, lentamente, empurrei seu pau para dentro. O gosto era levemente salgado, porém delicioso. Saboreei-o algumas vezes com a língua antes de começar a chupá-lo com mais intensidade.
Aquilo era novo para mim, mas algo em me dava confiança, como se ele me fizesse ficar à vontade para experimentar e descobrir sozinha. Fechei os olhos, aproveitando o sabor, a sensação e os gemidos que ele soltava. Continuei a lamber levemente e ele, que já estava gemendo um pouco mais alto, pegou eu meu rosto e disse:
− Olhe para mim.
Abri meus olhos e olhei fixamente para ele, como ele pediu. Entendi como ele se sentia quando ele isso comigo, a sensação de causar prazer em alguém e olhá-lo nos olhos, como um desafio, era incrível.
De repente, puxou minha cabeça, tirando seu pau de minha boca. Eu olhei para ele confusa, mas ele tinha um sorriso em seu rosto.
− Eu tive uma ideia.
− Qual é a ideia? – eu perguntei timidamente, segundos antes de ser jogada por cima dele com aquela brutalidade sensual que eu amava, como se eu fosse sua boneca. Ele me posicionou em cima dele, na posição mais degradante possível sentada em sua cara de costas, de maneira que eu não pudesse ver seu rosto. Quando me dei conta, eu estava de cara com o seu pau duro, perfeitamente alinhado com a minha boca.
− Essa é a ideia – ele disse, e imediatamente voltou a me chupar. Era um prazer diferente, pois sua língua alcançava outros ângulos dentro de mim, e sua cara estava completamente enterrada em mim. Embora eu sentisse vergonha daquela posição, eu também me sentia sensual e desejada. Imediatamente entendi o que eu tinha de fazer.
Segurei seu pau com minha mão direita e comecei a masturbá-lo, em seguida o inseri em minha boca e comecei a chupá-lo de todas as formas: lambendo de baixo para cima todo o cumprimento de seu pênis, lambendo e chupando de leve a cabeça, colocando até o fundo da minha boca e intercalando entre chupadas mais fracas e mais fortes. Às vezes me engasgando por conta do tamanho, mas embora isso fosse estranho e não muito bonito, parecia excitá-lo ainda mais.
Ficamos por uns 15 minutos chupando um ao outro com vontade, eu rebolava em sua cara e ele intercalava entre colocar seus dedos dentro de mim e estimular meu clitóris, e eu brincava com seu pênis lambendo-o e provocando. Nós dois gemíamos o nome um do outro.
− Eu vou gozar – ele disse ofegante, e eu triunfante continuei com meus estímulos, gemendo descontroladamente, abandonando toda a etiqueta que todos os meus anos de vida na alta sociedade me ensinaram. Após alguns segundos, finalmente deixou com que eu terminasse, ejaculando em minha boca seu esperma amargo, que pingou em sua barriga.
Ele continuou por mais alguns minutos e, dessa vez, era eu quem estava prestes a gozar, e quando anunciei isso, ele aumentou a velocidade com que me masturbava e me chupava. Meu prazer era tão intenso que eu sentia todo o meu corpo tremer como se um raio tivesse me atingido, eu contraía os dedos dos pés e fechava os olhos, meus gemidos escapando de minha boca fora de controle. Meu orgasmo chegou com tanta força que senti minha entrada se contrair sozinha, e senti um líquido sair como um pequeno jato de dentro de mim. Fiquei assustada com aquilo, pois isso nunca tinha acontecido antes, e quando olhei para , vi um sorriso de orelha a orelha estampado em sua cara.
− O... o que foi isso? – eu perguntei ofegante, trêmula, cansada e confusa. Era uma mistura de sensações tão grande que eu estava até tonta, com dificuldade de entender, e eu ainda tinha de desvendar porque estava tão feliz. Deitei-me ao seu lado na cama e pude ouvir a sua respiração pesada, e ele mantinha sua cara de bobo e olhava para o teto deslumbrado – por que você está tão quieto?
Eu estava nervosa, eu queria respostas e não estava a fim de me dá-las.
− Não estou olhando para o teto, , estou olhando para os portões do céu. Eu fui verdadeiramente abençoado, acho que já posso morrer feliz – ele disse enquanto apoiava a nuca em suas mãos.
− Do que você está falando, seu doido? – eu ri, deitando-me em seu peito.
− Eu estou agradecendo aos céus por você, – ele acariciou minhas costas, ainda olhando para cima – não tenho palavras para dizer o quanto você me faz feliz.
Seja lá o que foi que saiu de mim alguns minutos atrás, mas parece que foi algo bom.
abriu a gaveta da mesa de cabeceira e pegou um pano para limpar sua barriga e o meu rosto, depois jogou-o no cesto de roupa suja. Ficamos deitados aproveitando os poucos minutos que ainda nos sobravam juntos. Na minha cabeça, repassei tudo o que havíamos acabado de fazer, esforçando-me ao máximo para guardar cada memória.
Foi quando eu também comecei a pensar no que havia me falado antes de entrarmos no quarto. Ele estava em Londres fazia duas semanas e ainda não tinha visitado a própria mãe. Ela nem devia saber que ele estava de volta. Não pude evitar sentir angústia por ela, e também pude notar que o coração de doía quando ele falava nela.
− , tive uma ideia – eu me virei para ele, sorrindo.
− Não sei se consigo ir pela segunda rodada agora…
− Não é isso, bobão! – ele gargalhou e eu bati nele com o travesseiro.
− O que é então? − ele disse, tomando o travesseiro de mim.
− Primeiro você tem que prometer que não vai ficar bravo.
− Eu jamais ficaria bravo com você.
− Promete! – mostrei meu dedinho, e ele virou os olhos rindo e enroscou seu dedinho no meu, simbolizando mais uma de nossas promessas.
− Está bem, prometo. Fala logo, estou ficando ansioso.
− As coisas que me falou sobre sua mãe mais cedo não saem da minha cabeça...
− Oh, não. ... – tentou me interromper, então tapei seus lábios com meu dedo indicador.
− Então, eu pensei que, em vez de fazermos nosso encontro noturno usual...
− ...
− Nós deveríamos fugir da mansão à noite e visitar a sua mãe. Pronto, falei.
− Não. Absolutamente, não – ele se levantou da cama.
− Você me prometeu que não ia ficar bravo! E outra, você sabe que isso que está fazendo não é certo. Eu dou um jeito, eu arrumo uma desculpa para a minha mãe, ninguém vai notar que saímos! – eu me levantei e fui para trás dele, que olhava para a janela de braços cruzados.
− Eu não estou bravo, eu só... eu não tenho coragem, . O que eu vou dizer a ela? E se ela me odeia? Ou pior, e se ela envelheceu e esqueceu de mim? Ou pior ainda, e se... – ele saiu andando para lá e para cá, visivelmente nervoso com a ideia.
− Ela não te odeia! , olhe para mim – eu o segurei em minha frente, e embora eu fosse mais baixa que ele, ele ainda olhava para mim como se eu fosse mais forte que ele – você só vai saber se tentar. Você tem que ir vê-la, imagina o quanto ela sente a sua falta! Eu sei que você manda dinheiro para ela todo mês, mas isso nunca vai resolver a distância entre vocês.
se sentou na cama, escutando-me em silêncio.
− Confie em mim, eu tenho certeza de que ela lembra de você. Essa é sua chance de mostrar que você só chegou aonde chegou por causa dela. Faça isso por mim, por favor.
Ele olhou para mim e, em seguida, desviou o olhar para suas mãos, que seguravam uma na outra em sinal de ansiedade. Ele pensou por alguns segundos e, enfim, perguntou-me:
− Você vai estar lá para mim? Caso ela não queira me ver, ou caso...
− Eu vou estar lá para qualquer coisa, . Para te encorajar, ou para te ajudar a fugir da polícia.
− Bobona! – ele me abraçou e nós rimos.
Ufa, não acredito que consegui convencê-lo. Agora, eu precisava bolar um plano para que eu pudesse sair da mansão com sem ser vista. Eu precisava também arrumar algumas roupas plebeias para que eu não fosse notada nem roubada nas ruas, pois Whitechapel era um bairro muito perigoso. Ouvi dizer até que tem um assassino em série que ataca mulheres à noite por lá, Jack alguma coisa. Senti um arrepio na minha nuca. Mas eu tenho certeza de que, enquanto eu estiver com , eu estarei segura.
Eram 22 horas da noite. Meus pais já dormiam profundamente no quarto deles, o ronco de meu pai já estava alto o suficiente para abafar qualquer som que eu pudesse fazer ao sair. Eu não consegui pensar em uma desculpa, então eu simplesmente decidi sair escondida. Minha mãe não estava falando comigo, então também não senti necessidade de dar explicações a ela.
e eu pensamos num plano, mas nós acabamos precisando da ajuda de e . me emprestou uma camisa de botões branca velha, uma longa saia preta e um sobretudo bem grosso de couro falso (que era incrivelmente confortável). Ela ia me encontrar em meu quarto e me levar discretamente até , que ia abrir o portão dos criados do palacete para a gente sem sermos vistos pelos guardas. não precisaria se esconder, ele sairia pelos portões principais como já costumava fazer, afinal não era suspeito ele sair da mansão.
Após isso, caminharíamos até a estação de Westminster, encontraríamos e pegaríamos o trem das 22h30 para Whitechapel e voltaríamos para Buckingham no trem da 00h30. Em último caso, caso algo desse errado, ia assumir a culpa para mim. Ela dizia que estava me devendo por conta do dia em que assumi a culpa, mas eu não queria que isso acontecesse pois ela poderia acabar se ferrando mais uma vez por minha culpa.
Eu tive de ser extremamente discreta e não levei nada de valor comigo. Cobri meus cabelos com um xale simples e encontrei em frente ao meu quarto, me esperando.
Andamos silenciosamente até ponto de encontro com e ele abriu o portão silenciosamente. Deu tudo certo, ninguém havia nos visto. Caminhamos rapidamente para a estação de Westminster, mostrei minha passagem e consegui entrar na estação, que já estava muito vazia e só tinha alguns bêbados e moradores de rua. Assim que subimos as escadas para o embarque, encontramos .
− Oi, senhor – acenou, rindo baixinho, como quem quisesse me envergonhar. Ele a cumprimentou levantando seu chapéu.
− Boa noite, senhorita .
− Como vai, ? – deu a mão a , cumprimentando-o.
− Vou bem, amigo, e você? – respondeu, senti uma certa intimidade no ar.
− Espera aí, vocês se conhecem? – eu perguntei, confusa. Pude ouvir dar uma risadinha, enquanto passava o braço sobre seu ombro.
− Depois eu te conto – me deu uma piscadinha.
− Claro. Vamos logo!
− , espera aí, tenho um anúncio a fazer! – disse, animada. Tinha notado que ela estava animadinha desde o momento em que ela foi me buscar em meu quarto.
− Fale rápido, nós não podemos ficar aqui muito tempo! – eu respondi, muito nervosa com a situação.
− Eu e ... vamos nos casar! – então mostrou um anel de ouro simples, porém bonito, em seu dedo anelar direito.
− Meu Deus! Meus parabéns! – eu imediatamente a abracei. Eu estava em choque e ao mesmo tempo emocionada – eu estava torcendo tanto por esse momento! Vocês conseguiram economizar dinheiro o suficiente?
− Economizar? Bem... – eles riram, e eu fiquei sem entender – pergunte para , ele vai saber te explicar.
O trem chegou, fazendo um alto barulho. Após estacionar, as portas se abriram.
Eu olhei para e ele rapidamente desviou o olhar e começou a assoviar, entrando no trem me deixando para trás.
− Volte aqui, você vai me explicar isso direito! – gritei, mas já havia entrado no trem – quando eu voltar, é bom você me contar tudinho! – eu disse para enquanto corria para dentro do trem, pois o condutor já gritava impacientemente que as portas estavam prestes a se fechar. acenava para mim rindo.
− Não se esqueçam, vocês devem pegar o último trem da 00h30, que é sempre pontual e nunca se atrasa! Se vocês chegarem às 00h31, ele já terá partido e só voltará a passar às 6h da manhã. Boa sorte! – gritou e acenou para a gente com o seu chapéu.
As portas do trem se fecharam e o trem saiu, e eu e acenamos de volta para e pela janela.
Quando o trem saiu da estação, nós fechamos a janela para nos protegermos do frio forte que invadia a cabine. Eu e estávamos sentados lado a lado na classe econômica e o trem estava bem vazio. As únicas pessoas que estavam no trem além de mim e dele eram uma família que estava com a pele e as roupas sujas, como se tivessem trabalhado o dia inteiro – inclusive ss crianças. Que mundo cruel, enquanto eu estava choramingando mais cedo por não gostar do meu penteado, aquelas crianças provavelmente estavam moendo grãos, mexendo com carvão ou entregando jornais por apenas alguns míseros centavos. Eu imediatamente senti uma culpa muito forte e pensei em minha mãe. Eu estava a fazendo sofrer, mas ela só queria o meu bem.
Olhei mais para frente do corredor do trem e vi um homem dormindo com o jornal aberto no colo. E mais para trás e vi um velho feioso, que estava me encarando. Eu franzi o cenho para demonstrar desgosto e ele, em vez de parar, mandou um beijinho para mim.
Eu me senti como um pedaço de carne à venda. Virei para frente novamente e deitei minha cabeça no ombro de , que notou que eu estava inquieta.
− É a primeira vez que você entra num trem? Não precisa ter medo – ele me perguntou, acariciando meu cabelo.
− Sim, mas não é isso...
− O que é então? – ele perguntou, preocupado.
− Não é nada – fingi um sorriso para ele e voltei a deitar em seu ombro. A verdade é que o velho me encarando, a família pobre, o homem cansado e a lembrança de minha mãe, tudo se misturou em meus pensamentos, dando-me uma sensação de angústia, culpa e medo.
imediatamente olhou em volta, procurando o que me afligia.
− Tem alguém te incomodando? É aquele velho? – apontou, ele pareceu ter ficado bravo com o tarado que me encarava.
− Não aponte! Deixe-o para lá. Já já vai passar – respondi, e embora tenha se dado por vencido, não consegui impedi-lo de dar uma encarada bem feia para o velho, que pouco pareceu se importar.
Passaram alguns minutos, faltavam apenas 2 estações para chegarmos em Whitechapel. Eu nunca tinha ido para tão longe de casa antes. Fiquei admirando a vista de Londres pela janela: carruagens, pessoas dançando bêbadas em volta de pubs crianças correndo na rua. Aquela era a verdadeira Londres, não a minha visão limitada do Palácio de Buckingham e da mansão da minha família. Lembrei-me de e de e de que eles finalmente seriam felizes como planejaram.
− Ei, você tem algo a ver com e finalmente terem encontrado uma maneira de se casarem? – perguntei.
não respondeu, apenas riu.
− Já sei, depois você me conta, né? – eu cruzei os braços, fingindo estar emburrada.
− Garota inteligente – ele disse, beijando minha testa.
O maquinista anunciou a chegada do trem na estação de Whitechapel e imediatamente nos levantamos para podermos saltar do trem. Ao ir para a porta, ouvi o velho tarado de antes falar para mim:
− Gostosinha, hein?
Eu gelei. Embora eu não estivesse sozinha, fiquei com medo imaginando as coisas que ele tentaria fazer comigo se eu estivesse. Pensei também nas pobres moças que podem ter sido vítimas daquele homem. Meu corpo congelou e eu não conseguia andar, falar nem fazer nada.
− Quero ver falar isso sem seus dentes na boca, seu imundo – desferiu um soco na cara do velho, que gritou alto em seguida – vem, ! – ele me puxou pelo braço para a porta do trem, que fechou em nossas costas antes que o tarado pudesse nos alcançar.
O trem saiu e nós nos olhamos, assustados. Em seguida, começamos a gargalhar.
− Você só pode ser louco! – eu disse, quase chorando de rir.
− Eu nunca tinha batido em alguém antes, confesso que corri porque fiquei com medo – ele me abraçou, ainda rindo bastante – vamos, nossa visita deve ser breve.
me puxou pela mão e me levou pelas ruas apertadas e escuras de Whitechapel. Passamos por alguns bairros sujos e cortiços lotados, e algumas pessoas nos encaravam. Eu estava assustada, com medo de descobrirem que eu não era dali.
Até que chegamos em uma casa em uma rua deserta. O único poste da rua piscava e os gatos andavam pelos muros e nas telhas. A casa era feita de uma madeira preta e, em alguns pedaços, podre, e ela tinha uma estrutura torta como se tivesse sido feita sem uma planta. Aquela visão estava me dando mais frio na espinha do que Frankenstein.
− É aqui – disse, encarando a entrada.
− Bata na porta – encorajei-o.
− Isso foi uma má ideia, ela deve estar dormindo, vamos voltar... – puxou meu braço, tentando me levar de volta.
− Não, você não vai dar para trás agora! Nós chegamos até aqui, agora temos que ir até o fim. Eu estou aqui com você – eu segurei em sua mão.
respirou fundo e desferiu três toques na porta. Passaram alguns segundos e ninguém veio atender.
− Ela não deve estar em casa... – disse, mas foi imediatamente interrompido pela porta sendo aberta abruptamente.
− Quem está batendo a essa hora? – uma senhora, que aparentava ter uns 60 anos, de cabelos médios e brancos segurando uma vela em sua mão abriu a porta, não muito bem-humorada. Ela estava usando um roupão marrom e meias, como quem já estava prestes a ir dormir.
− Mãe... sou eu – disse, gaguejando.
− Não pode ser... – ela hesitou, levando sua mão em direção a sua boca em sinal de choque.
Por um momento, eu achei que ela não tinha gostado de vê-lo, mas após ela se atirar sobre ele em lágrimas, percebi que era justamente o contrário.
havia se reunido com sua mãe e os dois estavam chorando. O abraço dos dois durou uns bons minutos, e eu não consegui evitar derrubar umas lágrimas também. Após eles finalmente desfazerem o abraço, a senhora nos convidou para entrar.
− Por favor, sentem-se! Vocês querem alguma coisa? Uma xícara de chá? Água? Biscoitos?
− Não precisa, senhora... – eu tentei responder, sendo interrompida.
− Eu vou trazer os biscoitos! Eu os assei hoje de manhã, eles não estão tão fresquinhos, mas acho que estão bons ainda! – e saiu toda feliz em direção à cozinha.
− Ela é assim mesmo – me disse, e eu sorri. Eu a achei muito fofa.
Se a casa já era pequena por fora, por dentro era menor ainda. quase batia a cabeça nos lustres, de tão baixo que o teto era. Nas paredes, diversos quadros de paisagens e natureza morta, e sobre o pequeno armário de xícaras, uma foto muito envelhecida de um homem sério, com um bigode de respeito. Nunca cheguei a perguntar, mas acho que era o pai de .
O papel de parede descolava e as cadeiras rangiam, e embora eu estivesse assustada antes, eu sentia agora que aquela casa era na verdade muito aconchegante. Olhei para , que estava nervoso, e olhei em volta da casa, imaginando as milhares de memórias da família deles ecoando pelas paredes.
− Aqui estão! É minha própria receita de biscoitos de leite.
− Nossa, eles são fantásticos! – eu disse após dar uma mordida, e realmente eram. Eram mais saborosos do que qualquer outro que eu já havia comido em casa.
− Jura mesmo? Pois, se não estiverem bons, eu posso assar mais uma fornada e...
− Mãe! Não precisa! – disse, rindo.
− Ai, é que eu estou tão feliz em vê-lo, meu filho. Vamos, quero saber de tudo! Por onde você tem andado?
contou as histórias de suas viagens, de suas aventuras, das pessoas que conheceu e que, finalmente, voltou para Londres para realizar uma comissão.
− Foi aqui que conheci Lady , que está me acompanhando aqui na casa da senhora.
Eu acenei, um pouco envergonhada.
− Oh, então você é da nobreza! Oh, céus! Tem uma nobre na minha casa! Por que você não avisou, ? Eu teria feito uma faxina!!! Desculpe-me, senhorita, eu vi as roupas que você estava usando e achei que... – a senhora ficou desesperada.
− Senhora, eu jamais ia pedir que você limpasse a casa para me receber! Eu estou aqui em segredo. E aliás, pode me chamar de , eu insisto.
− Ufa, parece que nem todos os membros da alta sociedade são mesquinhos, afinal. Muito prazer em conhecê-la, . Mas agora, a pergunta que não quer calar... Por que vocês estão juntos?
e eu nos olhamos, pensando em uma explicação. Eu travei, não estava esperando por aquela pergunta, mas pensou mais rapidamente.
− Mamãe... – ele disse segurando em minha mão – está aqui comigo porque... – ele coçou a garganta – nós vamos nos casar. Eu quero te apresentar a minha noiva.
O quê? Onde estava com a cabeça?! Ele mentiu para a própria mãe! Como explicaríamos para ela o meu casamento no fim do mês com outro homem? A mulher vai achar que eu sou uma depravada!
− Oh, meu Deus! Meu filho, eu estou tão feliz por vocês dois... bem-vinda à família! Deixe-me ver seu anel...
A senhora pegou em minha mão direita para ver meu anel de diamante e ficou deslumbrada. Mal sabia ela que não tinha sido quem tinha me dado.
Eu olhei com os olhos arregalados para , que arregalou os olhos de volta. Ela estava tão feliz com a notícia que eu não tive coragem de desmentir. Ela me forçou a contar a ela tudo sobre o casamento, e assim o fiz. Exceto que troquei o nome de Henry pelo de .
− Um casamento da nobreza, eu não poderia estar mais orgulhosa! E no inverno, as pessoas normalmente discordam, mas eu acho a estação mais bonita!
− Obrigada! – eu disse – Minha mãe se recusa a entender isso.
− Eu estou tão emocionada... eu adoraria ver meu filho no altar, mas duvido que vão deixar esta pobre velha entrar em uma festa da alta sociedade.
− Eles vão deixar sim! – exclamou – Nós vamos dar um jeito, afinal, você é a mãe do noivo.
− Oh, eu mal posso acreditar! Tenho que encontrar um vestido, arrumar meus cabelos... Mal posso esperar, obrigada meu filho! – ela disse, beijando-o na bochecha – Vou levar esta bandeja para a cozinha, um minuto!
Ela saiu saltitando em direção a cozinha. Eu sussurrei para :
− Isso está indo longe demais... estou achando cruel de sua parte.
− , por favor, nós vamos dar um jeito. Agora a merda já está feita.
Não pude evitar ficar chateada com tudo aquilo. Qual era a necessidade de mentir?
Eu dissociei por alguns minutos, pensando na outra camada de culpa que acabara de colocar nas minhas costas. Quando olhei para o torto relógio da parede, vi o horário: 00h28. O trem!
− , são 00h28! O trem vai sair em 2 minutos! – eu apertei seu braço.
− Ai, não! Nós vamos perdê-lo!
− Não há problema, vocês podem passar a noite aqui. Sei que a casa é apertada, mas não faltam cobertores – a senhora voltou para a sala com um bule de chá e três xícaras.
− Não é isso, é que... eu saí escondida, e se meus pais descobrirem que eu não estou lá amanhã de manhã, eu estou ferrada! – eu disse, desesperada.
− Não se preocupe, eu pedirei para que os vizinhos levem vocês para a estação antes de amanhecer, desta forma ninguém notará que vocês saíram – ela disse calmamente. Claro que ela estava calma, ela não sabia que não era meu noivo, e sim meu amante!
− Acho que tudo bem, né, ? – ele me perguntou, praticamente compelindo-me a dizer que sim.
Fiz que sim com a cabeça e a senhora mostrou ficar contente. Ela imediatamente preparou uma cama para mim e que, apesar de apertada, era bem quentinha.
Deitamo-nos para dormir, mas eu estava sem sono.
− Não se preocupe, vai dar tudo certo – disse, acariciando meus cabelos como sempre fazia.
O estresse de tudo que ocorreu aquela noite pareceu invadir de uma vez a minha cabeça, juntando lágrimas em meus olhos.
− Por que você está chorando? – perguntou, preocupado, enquanto limpava as lágrimas que escorriam em minhas bochechas.
− Porque está tudo errado! Eu me sinto mal pela minha mãe, pela sua mãe, por aquele tarado no trem, por aquelas crianças... E estou nervosa por termos perdido o trem, e se minha mãe já notou que eu saí e está preocupada? E , mesmo não tendo dinheiro, vai se casar com o amor da vida dela, enquanto eu... vou me casar com aquele idiota! – eu desabei, soluçando e enterrando minha cara no travesseiro.
ficou me olhando preocupado e, pela primeira vez, ele não sabia o que dizer. E tudo bem. Às vezes, tudo que a gente precisa é gritar no travesseiro e chorar até dormir para que no próximo dia possamos acordar, lavar o rosto e fingir que nada aconteceu. Acontece que ele também se sentia responsável e sobrecarregado.
Ele esperou eu me acalmar sozinha. Assim que eu parei um pouco de soluçar no travesseiro, ele me virou para ele. Encarou-me por alguns segundos, como quem pensava cuidadosamente no que ia dizer. Inspirou fundo, expirou e, por fim, falou:
− Eu não quero que você se case com Peterson – ele confessou.
− Ninguém quer, só ele – respondi, não entendendo por que ele disse aquilo como se fosse um segredo.
− Você não entendeu. Eu não quero que esse casamento aconteça, e eu vou impedi-lo.
− Ah, é? Como? Vai sequestrar o filho do duque? Vai envenená-lo? Jogá-lo de um penhasco? Como exatamente você pretende acabar com o meu casamento sem comprometer a confiança que meu pai tem com o conselho de Sua Majestade? Eu já pensei de tudo, , mas esse casamento vai acontecer – eu disse, imediatamente me arrependendo da grosseria com que falei com .
− Se for preciso, eu vou jogá-lo de um penhasco sim. E se ele sobreviver, eu vou aparecer no meio da igreja e te tirar de lá, nem que eu passe vergonha! Eu não quero que você se case, , porque eu estou apaixonado e não quero perder você.
Eu o olhei com os olhos arregalados. Isso foi uma declaração de amor? realmente estava apaixonado por mim? Meu estômago parecia ter sido invadido por um milhão de borboletas e minhas bochechas queimavam como se o sol estivesse dentro daquele quarto. Eu também estava completamente apaixonada. Mentira, eu o amava. Mas eu não ousaria proferir as palavras “eu te amo” a ele, pois isso só ia doer. Nós não conseguiríamos ficar juntos, e eu não sei explicar por que, mas ignorar que eu o amava deixava tudo aquilo minimamente menos difícil.
E então, eu sorri. Pois eu me dei conta de que tudo que nós passamos e fizemos juntos, todas as nossas promessas de dedinho, todas as nossas noites de amor... tudo aquilo estava guardado em meu coração. E tudo aquilo me deu uma gota de esperança. Uma gota de esperança de que sim, tinha um jeito, tinha que ter um jeito. E eu finalmente encontrei alguém disposto a entrar nessa comigo.
− ... – eu sussurrei, passando a mão em seu rosto.
− Diga... – ele disse, ansioso pela minha resposta.
− Não existem penhascos em Londres – eu disse, controlando a risada. Ele me olhou incrédulo, pois estava esperando que eu dissesse algo completamente diferente, mas depois teve uma crise de riso.
− Foda-se, então o jogo do trem! – ele disse, rindo – Mas eu vou dar um jeito, confie em mim.
segurou minhas mãos e eu apoiei minha cabeça em seu peito para dormir. Eu não precisava dizer nada, ele sabia que eu confiava.
O dia nem havia clareado ainda e eu e nos despedimos correndo de sua mãe. Entramos na carroça de carga de um completo desconhecido, que rapidamente nos deixou na estação para que pegássemos o primeiro trem da manhã. Felizmente conseguimos: entramos no trem, viajamos até Westminster e corremos o caminho todo até o palacete. entrou pelo portão principal e eu pelo portão dos criados, onde acidentalmente acabei trombando com uma mulher.
− Desculpe-me! – eu disse, ajudando a pegar as coisas que a moça carregava que, por minha culpa, caíram no chão.
− Lady ? – a mulher possuía uma voz familiar. Era a senhora , mãe de .
− Senhora , eu... eu... por favor, eu imploro! Não diga a ninguém que você me viu aqui, eu faço qualquer coisa! – eu implorei. Ela me olhava chocada, porém compreensiva.
− Não se preocupe, milady, minha boca é um túmulo. Já guardei segredos muito piores – ela disse, piscando para mim.
− Obrigada, mesmo! – eu a beijei na bochecha, o que a deixou surpresa e em seguida a fez rir, e corri para dentro. Subi as escadas e finalmente alcancei meu quarto.
Abri a porta com todo o cuidado do mundo e... ufa. Meus pais estavam dormindo pacificamente.
Andei nas pontas dos pés até o meu quarto e fechei a porta. Tirei as roupas que estava vestindo e as escondi embaixo da cama, e vesti minha camisola. Joguei-me na cama, eu estava exausta de tanto correr, e quando me dei conta, já estava dormindo novamente.
− , acorde.
Senti minha mãe chacoalhar meu ombro para me acordar e eu me assustei.
− Bom dia, mãe – eu respondi, coçando meus olhos – que horas são?
− Onde você estava ontem à noite? – ela perguntou, abrindo as cortinas e deixando a luz que vinha de fora me cegar.
Eu gelei e meu coração acelerou, eu tinha de pensar numa mentira logo, mas eu não consegui pensar em nenhuma que ela pudesse acreditar.
− Mamãe, eu... – gaguejei, tentando desesperadamente em pensar alguma coisa.
− Eu acordei de madrugada, remoendo-me de culpa, e vim ao seu quarto pedir desculpas a você. Mas quando entrei, você não estava aqui... eu quase morri de preocupação – ela disse, sentando-se na minha cama com um olhar vazio.
− Eu sinto muito...
− E eu nem podia falar para o seu pai, senão ele ia alertar todos os guardas da mansão, todo mundo ia acordar e ficar preocupado... eu tive que tomar um xarope para conseguir dormir. E quando acordei de manhã e encontrei você aqui, achei até que estava alucinando, mas você fugiu… – ela se levantou da cama e se dirigiu até a porta − pensando bem, eu não sei se quero saber aonde você foi.
Ela saiu e fechou a porta, deixando-me lá sozinha.
CHAPTER FOUR - MASQUERADE.
A primeira nevada havia chegado junto com o segundo domingo de dezembro e os jardins da mansão estavam completamente brancos. Um mês se passou desde que eu e começamos a ficar juntos. Eu podia sentir que cada vez que nos encontrávamos nós ficávamos mais próximos e apaixonados, e a noite que passamos na casa de sua mãe provou isso. Nós nos conhecíamos muito bem e ninguém me fazia tão feliz quanto ele. Ninguém tinha nos descoberto ainda, apesar de minha mãe estar me fazendo algumas perguntas como “por que anda tão feliz?” ou “onde você estava àquela hora?”, fora a noite que eu desapareci e a deixei muito preocupada. Ela não falou mais comigo sobre isso, mas ainda tinha um clima estranho no ar quando ficávamos sozinhas, o que estava me deixando com muito medo de ser descoberta.
Nesta noite, teríamos um baile de máscaras no Palácio de Buckingham. Eu costumava amar bailes, mas antes de conhecer eu não estava nem um pouco animada para este, pois eu teria de ficar sentada à mesa ou dançando com Henry. Mas agora que sei que estará lá fico muito mais feliz, mesmo que nós não possamos aproveitar a festa juntos.
Mas apesar da minha felicidade, três coisas ainda me preocupavam. A primeira, meu casamento que se aproximava, e a segunda, que ainda não tinha dado uma resposta para Lady Brooke, mãe daquela insuportável da Charlotte, quanto à proposta de casamento. E a terceira, a mentira que contamos para a senhora , que acreditava que o casamento aconteceria comigo e . Nós não sabíamos o que fazer para impedir o casamento, e se aceitasse a mão de Charlotte, ele ficaria na cidade e poderíamos nos ver todos os dias. Mas eu temia demais esta possibilidade. E se nos descobrissem? Que tipo de casal viveria feliz se escondendo assim? Eu não queria simplesmente ser a amante do senhor . Eu queria ser sua mulher, eu queria construir uma vida com ele. Como isso seria possível se nós dois tivéssemos outro matrimônio para manter?
E outra, e se eu engravidasse dele? Ou pior, se eu engravidasse de Henry ou Charlotte engravidasse de ? Ambos teríamos uma família para manter. Divórcios não eram bem vistos pelas famílias e pela nobreza, poderíamos acabar sendo excluídos da sociedade. O que para ele não seria tão ruim, mas para meus pais… isso acabaria com eles. Eles jamais entenderiam.
− Psiu! − eu ouvi enquanto andava pelo corredor que levava às salas de jantar, perdida em meus pensamentos. Olhei para trás e não vi ninguém, apenas um quarto vazio cuja porta estava entreaberta. Dirigi-me até ele e senti dois braços rapidamente me puxarem para dentro dele com força e fecharem a porta atrás de mim.
Senti seus lábios nos meus antes que eu pudesse entender que era . Não consegui evitar gargalhar enquanto ele me beijava.
− Você me assustou! − eu disse, voltando a beijá-lo − Alguém pode nos ouvir! Não poderia ter escolhido um lugar mais afastado?
− Não consegui esperar até a noite para te ver − ele beijava meu pescoço e apertava minha bunda − estou ficando maluco sem você.
− Fofo. Hoje à noite será difícil por conta do baile, se quisermos fazer algo, terá de ser rápido e silencioso − falei, com dificuldades por conta das cócegas que seus beijos em meu pescoço causavam.
− Você sabe bem que não consigo fazer essas duas coisas.
− Bobão! Estava indo tomar um chá da tarde com minha mãe, mas estou com medo dela ficar me perguntando coisas… quer vir? Desta forma, ela não vai ficar tentando me interrogar.
− É claro. Vou fingir que cheguei de surpresa. Mas antes…
levantou a saia de meu vestido e me acariciou por cima de minha calcinha, o que ele sempre fazia quando queria me tocar. Eu virei os olhos rindo baixinho.
− Por que sempre quer fazer essas coisas em público, hein? − perguntei, fingindo estar brava.
− Gosto da adrenalina − ele respondeu, olhando-me nos olhos com um sorriso safado.
E sem parar de olhar, ele parou de me acariciar e introduziu um dedo em minha calcinha, buscando meu clitóris. Começou a fazer movimentos de vai-e-vem até que meu prazer me impossibilitasse de conter meus gemidos e ele tivesse que cobrir minha boca com sua mão.
Ele me pressionou contra a parede e começou a beijar meu decote, mordiscando a pele me causando um frio na barriga. Ele abaixou meu vestido o suficiente para que um dos meus seios ficasse de fora e chupou meu mamilo de leve. Passou a língua levemente por cima, e a combinação do frio lá fora e da língua quente de amolecia minhas pernas. Seu toque já era familiar, e ele abusava do controle que ele possuía sobre mim.
Ele me masturbou rapidamente por alguns minutos até que minhas pernas se estremecem, sinal de que meu orgasmo havia chegado. Eu nem precisava avisá-lo quando iria gozar, ele conhecia meu corpo tão bem que sabia exatamente quando eu estava prestes a me desfazer.
Após terminar, lambeu seus dedos como sempre fazia. Eu deveria estar com uma cara de boba, pois ele deu uma risadinha para mim.
− Você fica tão linda quando goza − ele disse, beijando levemente meus lábios − prometo que da próxima vez não será em um lugar tão perigoso.
− Bom mesmo, preciso que fiquemos distantes das pessoas para que eu possa te fazer contorcer quando for a minha vez − eu disse enquanto acariciava seu pênis duro por cima da calça.
− Adoro quando você fala assim comigo. Agora vai lá encontrar a sua mãe − ele disse, dando um tapinha em minha bunda para eu sair do quarto.
Antes de sair, olhei em volta para ver se alguém passava e, como ninguém passou, saí arrumando meu vestido e meu cabelo e segui em direção à sala onde minha mãe me esperava para o chá das 15 horas.
− Bonjour, maman − eu disse quando adentrei a sala, ela era pequena e possuía uma grande janela que dava uma vista para o jardim e uma porta que levava até lá.
− Bonjour, ma fille − ela sorriu levemente para mim, apontando a cadeira ao seu lado para que eu me sentasse − por que seu vestido está todo bagunçado?
Olhei para minha saia e notei que ela estava desalinhada. O que não significava estar “toda bagunçada” para qualquer outra pessoa no planeta, mas a minha mãe era muito perfeccionista. Respirei fundo e respondi:
− Não está toda bagunçada... − respondi, tentando evitar o assunto.
− , você anda muito distraída ultimamente. Tem alguma coisa que quer me contar? − ela perguntou enquanto despejava chá em minha xícara.
− Não, mamãe. Acho que só estou nervosa com meu casamento. Onde está Henry? − perguntei fingindo interesse, pois pouco me importava onde ele estava.
− Ele viajou ontem à tarde ao interior, mas deve chegar a tempo do baile hoje.
− Ao interior? O que ele foi fazer lá?
− Não sei, seu pai me disse que ele teve que visitar sua família, pois algo urgente aconteceu. Eu nem sabia que ele possuía família no interior. Mas não se preocupe, ele voltará a tempo para o baile hoje.
Merda, bem que ele poderia ter algum incidente no caminho que o impedisse de voltar hoje. Ou para sempre.
− Olha só, que coincidência − minha mãe disse ao acenar para a janela − senhor .
fez uma cara de surpresa e tirou seu chapéu como um cumprimento. “Falso” pensei. Ele sabia mentir muito bem.
− Por favor, entre, está frio demais aí fora − minha mãe fez um gesto com a sua mão convidando-o para dentro.
entrou pela porta ao lado da janela e pendurou seu chapéu e seu sobretudo no cabideiro perto da mesa. Em seguida, aproximou-se de nós.
− Boa tarde, posso me juntar a vocês?
− Claro, uma xícara de chá vai mantê-lo aquecido neste dia frio − minha mãe disse e eu prontamente peguei o bule para servir uma xícara a .
− Muito obrigado, milady. Espero que eu não seja um incômodo − ele disse enquanto bebia um gole do darjeeling tea. Eu estava segurando para não sorrir muito e entregar que aquilo foi tudo combinado.
− Não mesmo! Diga-me, como anda seu trabalho? Percebo que tem estudado bastante o ambiente.
− Vai bem, estou me esforçando para capturar a beleza do lugar. Estou quase finalizando o quadro da família inteira, ouso dizer que superará as expectativas de todos.
− Excelente! Fico feliz que esteja se dedicando. O senhor comparecerá ao baile de hoje à noite? – minha mãe perguntou, dando um gole no chá.
− Certamente.
− Então não se esqueça de providenciar uma máscara − minha mãe sorriu, o que me fez estranhar, pois que eu me lembre, ela não era muito fã e .
− Providenciarei. Bom, deixarei vocês duas a sós agora, nós nos veremos hoje à noite.
se levantou, pegou seu casaco e seu chapéu e partiu. Eu fiquei olhando seus movimentos, e meu estômago se encheu de borboletas. Eu queria que ele ficasse mais, mas minha mãe acharia estranho.
− Eu me enganei sobre o senhor − minha mãe disse.
− Como assim? – perguntei, bebendo minha xícara de chá e tentando não parecer muito surpresa.
− Quando o conheci, eu achei que ele tinha más intenções com você. Mas agora vejo que ele é na verdade um homem muito educado. Uma pena que ele talvez se case com a filha de Lady Brooke.
− Charlotte? − fingi não saber do que ela estava falando, quando na verdade pensar naquilo era uma coisa recorrente em meus dias.
− Pois é, a mãe dela ofereceu a mão de Charlotte junto com um dote generoso e o senhor deve dar sua resposta amanhã. Na minha opinião, é uma oferta irrecusável. Seria bom ter um artista tão talentoso por perto. Ainda prefiro as cores vivas dos quadros às fotografias pretas e brancas cuja luz parece roubar nossa vitalidade... − minha mãe divagou.
– Uhum… – concordei enquanto mexia minha xícara no pires, tentando não surtar completamente.
– Mas se você quer saber, eu não consigo deixar de imaginar que tem algo estranho nesta história.
− Algo estranho? Como assim? – arqueei minha sobrancelha, disfarçando meu desespero.
− Lady Brooke é uma mulher um tanto... como eu poderia dizer? Ela não é o tipo de mulher que arranjaria um casamento para sua filha mimada e protegida com um artista que nem é membro da nossa sociedade. Ela sempre diz para todos que quer que sua filha se case com um homem da nobreza, como Henry. Até alguns dias antes do senhor chegar aqui, ela ainda estava perturbando Sir Peterson tentando convencê-lo a desistir de fazer Henry se casar com você, mas ele a acha muito interesseira e negou todas as vezes. Por isso, acho estranho ela ir atrás de , pois por mais que ele tenha dinheiro, ainda é um homem, como já a ouvi dizer antes, “mundano”. Ela realmente tem preconceito com quem não tem sangue azul, sabe?
Pisquei meus olhos em confusão, mas não falei nada. Não achei que aquilo significasse nada além de pura mesquinhez de Charlotte. Imagino que no dia em que brigamos no curso de boas maneiras, ela tenha notado que era um homem atraente que era próximo a mim e quis, simplesmente, tirá-lo de mim, assim como eu tinha “tirado” Henry dela. Tudo que ela fazia era para chamar atenção, então assim que ela teve a oportunidade ela pediu para sua mamãe querida fazer a proposta.
E tinha esquecido de mencionar o pequeno detalhe de que ele tinha de dar uma resposta para Lady Brooke amanhã. Um pequenino capricho, facilmente esquecível, nem um pouco importante.
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O dia passou lentamente e eu me arrumei para o baile. Vesti um vestido longo cor de vinho de mangas compridas com uma gola de renda preta. Minha máscara era preta e brilhante com penas vermelhas que combinavam com meu vestido, presa cuidadosamente num cordão em volta de minha cabeça de modo que não bagunçasse meus cabelos soltos.
Quando me dirigi para a porta do meu quarto para me encontrar com meus pais e sairmos, notei um envelope embaixo da porta. Peguei-o em minhas mãos e vi que dizia “meu amor”. Abri e li o pequeno bilhete que havia dentro.
“, Imagino que, como sempre, estará tão deslumbrante hoje à noite que ninguém conseguirá tirar os olhos de você. Eu, no entanto, no meio do mar de máscaras e pessoas coloridamente desinteressantes, estarei de preto. Minha máscara será discreta, não quero ser notado. Não tente me encontrar, pois eu mesmo a encontrarei. Quando se der conta, já estará em meus braços. ”
Novamente querendo bancar o misterioso, mas não pude evitar dar uma risadinha. Ele gostava de brincar comigo. Deixei o bilhete na gaveta da mesa ao lado da minha cama e parti para o hall, onde encontrei meus pais e partimos de carruagem para o palácio.
Passou-se quase uma hora de festa e nenhum sinal de . Eu estava ficando cada vez mais ansiosa, pois o baile estava cada vez mais cheio e, por usarem máscaras, eu não reconhecia a maior parte das pessoas.
− Eu odeio baile de máscaras, elas são tão desconfortáveis! − meu pai reclamou enquanto bebia um copo de whisky.
− Mon cher, aguente mais um pouco. Precisamos esperar a grande dança − minha mãe disse enquanto acariciava seu ombro.
A grande dança era quando a orquestra tocava uma música específica e todos colocavam suas máscaras para dançar a mesma coreografia trocando entre seus pares. Era o ponto alto da festa, mas o que a tornava realmente interessante era que, por todos estarem usando máscaras, não se sabia com quem estava dançando. Era a chance de muitas pessoas encontrarem um par sem se importar com aparências, e era a parte favorita das debutantes que procuravam por um noivo.
− Estou ansioso por esse momento para dançar contigo, milady − Henry disse para mim. Eu sorri falsamente. Ele infelizmente tinha chegado a tempo do baile e não me deixou em paz nenhum momento desde que chegou.
− Eu vou comer algo do buffet, já volto – levantei-me rapidamente da mesa onde estávamos sentados e me dirigi à mesa coberta de todos os tipos de comida, doces, frutas e quitutes. Enquanto degustava uma das tortilhas, senti alguém me cutucar.
− ! − uma voz feminina familiar disse atrás de mim.
− ! − fiquei surpresa pois sua máscara quase me impediu de reconhecê-la. Se alguém descobrisse que uma empregada do castelo estava na festa, ela poderia ser gravemente punida.
− também está aqui! − ela apontou para o homem cujo braço estava enrolado no dela. Meu Deus! Pior que uma empregada numa festa era um operário! Isso era emocionante.
− Que bom que estão aqui! Tomem cuidado para não serem vistos, hein!
− Pode ficar tranquila. Hoje é minha última noite aqui, então se alguém me descobrir, não poderão fazer nada.
− Última noite? Como assim? – perguntei, muito confusa.
− e eu vamos embora daqui, vamos nos casar no interior. Só você, minha mãe e o senhor sabem. Adeus, vida de empregada! Ah, e você está convidada. Em breve, chegará um convite em sua casa.
− Eu estou tão feliz por você! Mas ao mesmo tempo estou triste porque não vou poder vê-la todos os dias mais.
− Eu virei te visitar em casa, mas como uma convidada – piscou para mim, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela puxou seu noivo pelo braço e o levou para dançar. Ela estava tão feliz. Queria ter a coragem que ela tinha.
De repente, uma música familiar começou a tocar e as luzes foram diminuídas levemente. Era a hora da grande dança.
− Aí está você − Henry me puxou pela cintura − achei que tinha fugido de mim.
− Se dependesse de mim, já teria fugido há muito tempo − falei rispidamente.
− Você é minha agora, não tem mais como fugir. Hoje, eu venci, .
− Você venceu? O que quer dizer com isso? – arqueei a sobrancelha, sem entender.
− Tolinha. Eu tenho dinheiro, no futuro terei a fortuna de seu pai também, serei reconhecido pela Real Ordem Vitoriana, uma vaga no conselho de Sua Majestade e, em breve, terei você. Eu ganhei! − ele disse convencido.
− Você se engana se acha que serei sua.
− Terei seu corpo em minha cama todas as noites, isso já é o suficiente para mim.
Que nojo. Que homem desprezível. A primeira coisa que fiz foi empurrá-lo e fugir, e ele foi atrás de mim. Misturei-me com as pessoas que dançavam a coreografia já tão conhecida para que ele não me encontrasse. Assim que vi alguém sem par, rapidamente me agarrei para dançar junto.
Seguimos dançando aquela coreografia meio brega, até que a mão daquele completo estranho mão soltou da minha e senti dois braços fortes me puxarem para trás e se enrolarem em minha cintura.
− Solte-me agora! Se você não me deixar em paz, eu vou chamar os guardas, está me ouvindo? Você é doente! Você é nojento e horrível, eu te odeio! – eu gritei enquanto me debatia.
− Ei, se acalme, sou eu! – uma voz familiar sussurrou no meu ouvido. Imediatamente, eu me virei e suspirei aliviada.
− ... que alívio! – ele não poderia ter aparecido numa hora melhor. Ele estava com uma roupa completamente preta que o deixava muito atraente, pois ela contornava sua silhueta alta e musculosa. Apoiei minha cabeça em seu peito, finalmente eu estava em meu porto seguro.
− O que houve? – ele perguntou, preocupado.
− Nada. Só dance comigo.
Continuamos a coreografia repetitiva, mas desta vez, eu possuía um sorriso enorme em meu rosto. Fizemos questão de não trocar de par e dançarmos somente um com o outro. Tive certeza de que havia despistado Henry, pois não ouvia mais seus gritos desesperados. Dançamos até o fim da música e, quando ela acabou, percebi que tinha nos levado para longe de onde todo mundo estava.
− Eu estava começando a me preocupar − eu disse − onde você estava o tempo todo?
− Enquanto você não me via, eu te via o tempo inteiro. Você não saiu do meu campo de visão nem por um minuto − ele disse, levantando levemente sua máscara para que eu pudesse ver seus olhos.
− Perseguidor − eu ri.
− Não é assim também… − ele desviou o olhar envergonhado.
− Estou brincando!
− Vamos fugir daqui, quero te mostrar uma coisa − ele disse enquanto me puxava pelo braço para fora do salão.
– Sim, vamos embora – eu disse, decidida a não olhar para trás, por mais que eu tivesse de enfrentar as consequências depois.
me guiou pela mão pelos corredores até as escadas que levavam para a saída do palácio. Graças às máscaras, as pessoas não nos reconheceram e pudemos caminhar com os dedos entrelaçados, como um casal. Na entrada, a mesma carruagem da noite do teatro nos esperava, e nela prontamente subi, apoiando-me em que já estendia sua mão para me ajudar. O condutor chicoteou os cavalos e nós partimos, sem nenhum pingo de culpa.
− O que quer me mostrar, ? − eu perguntei enquanto tirava a minha máscara, curiosa.
– Paciência, não quero estragar a surpresa – ele disse enquanto tirava sua máscara e passava seu braço por cima de meus ombros.
O caminho até minha mansão era curto, e quando chegamos, não havia nem guardas nem empregados que pudessem nos dedurar à minha família. , por algum motivo, possuía a chave do portão, e abriu-o para que pudéssemos entrar em casa.
me guiou pela minha própria casa, e eu ria com a situação, era como se ele conhecesse o ambiente melhor do que eu, que morei lá a minha vida inteira. Chegamos até a porta do quarto onde ele estava hospedado e eu já estava ficando sem paciência.
– O que você está aprontando? – questionei-o.
− Feche os olhos − ele disse, cobrindo meus olhos com suas mãos – não vale espiar! − assim que obedeci, pude ouvir a porta sendo aberta lentamente. Ele me puxou para dentro e, finalmente, disse:
− Pode olhar.
Quando abri meus olhos, vi seu quarto iluminado com velas. Em volta, alguns desenhos e pequenas telas penduradas nas paredes, e em todos eles, estava eu, pintada de diversos ângulos, cores, poses, expressões. Alguns terminados, outros apenas alguns esboços.
não mentiu. Ele estava, o tempo todo, me observando. Eu andei pelo quarto, maravilhada com aquilo que via, não pude conter as lágrimas que subiam aos meus olhos. Aquilo era demais… eu me senti a mulher mais amada do mundo inteiro. Nunca pensei que ganharia uma homenagem assim antes. Até eu, que era a pessoa mais insegura do mundo, comecei a me sentir linda.
− Está com medo de mim? − ele perguntou, um pouco sem graça.
− Nem um pouco… Eu só não estava esperando por isso − eu disse, colocando a mão em minha boca.
− Deixe-me te mostrar − ele segurou em minha mão e foi me mostrando os diferentes desenhos que ele fizera de mim.
− Fiz esta naquele dia em que defendeu a senhorita de Lady Brooke − ele apontou para uma pintura em aquarela em que eu estava sentada tomando um chá numa mesa branca, com o mesmo vestido bufante daquele dia. No desenho, eu sorria como se estivesse olhando para a pessoa que me desenhava.
− Achei que você estivesse desenhando todas nós, não somente a mim! − eu disse, surpresa.
− E neste, está com o vestido que usou no teatro − no pequenino quadro para o qual ele apontava, eu estava de perfil tomando uma taça de vinho, com um olhar distraído.
− Como você pintou esse? Você não estava com uma tela naquele dia! − eu ri.
− Eu não fui capaz de esquecer o ângulo do qual te olhava naquele dia, mas para isso usei esses desenhos.
Ele apontou para a poltrona, onde haviam inúmeros desenhos do meu rosto em folha sulfite e carvão, em diversos ângulos.
– Esses são estudos que fiz – ele disse, segurando meu queixo em sua direção – para que cada curva de seu nariz, cada pinta em seu rosto, cada formato em sua boca ficasse perfeito.
Eu olhava para ele com os olhos marejados, minhas bochechas queimavam e eu não podia evitar sorrir abobadamente.
Na parede da cama, estavam pendurados alguns desenhos em que eu estava nua. De frente, de costas, de lado… não pude evitar me envergonhar.
− ! Que vergonha! − eu desviei os olhos, rindo de nervosismo.
− Desculpe − ele riu – é que você é tão linda, eu precisava registrar seu corpo.
− Vai saber para o que você usa esses desenhos... – olhei para ele de lado, tirando sarro, que coçou a cabeça e sorriu envergonhado.
− Ah, quase me esqueci − ele disse, movendo-se em direção a escrivaninha − o desenho que te prometi aquela noite no jardim.
O desenho era pequeno e simples, mas muito bem pintado com giz pastel. Era a visão que tínhamos do jardim do banco em que estávamos sentados naquela noite, com a diferença de que havia um casal se beijando no centro. Era eu e . Ele nos pintou exatamente como nos vestíamos naquela noite, eu com um roupão vermelho por cima de uma camisola branca, com pantufas nos pés, e ele com um sobretudo azul escuro. Não consegui conter as lágrimas que rolavam pelo meu rosto, meu coração estava aquecido com tanto carinho.
− , eu não sei o que dizer − eu disse, colocando a mão em minha boca, olhando para lindo desenho em minhas mãos.
− Diga que sim e eu serei o homem mais feliz do mundo – ele me virou para ele, segurando meus ombros. Eu tinha ficado sem entender, até ver o que ele faria em seguida.
se ajoelhou e tirou uma caixinha de veludo de seu bolso. Eu imediatamente senti minhas pernas tremerem tanto que achei que eu ia cair lá mesmo. Isso só podia significar uma coisa.
− , eu te amo como nunca amei ninguém antes. Você me faz um homem melhor a cada dia. Você me inspira mais do que qualquer paisagem. Você é a musa que eu nunca achei que eu precisava e que agora não consigo viver sem – ele abriu a caixinha, dentro havia um anel dourado delicado, com brilhantes em volta de um diamante maior que os outros, bem no centro.
Engoli seco, em antecipação. Ele mal tinha terminado de falar e eu já tinha uma resposta pronta.
– Você quer se casar comigo?
− É claro! É óbvio que eu quero, meu Deus! – eu disse, atirando-me em seus braços e o derrubando no chão. Nós dois chorávamos lágrimas de alegria.
Eu me sentia como se estivesse nas nuvens. finalmente disse que me amava, embora, lá no fundo, eu já soubesse. E tudo isso acompanhado de um pedido de casamento romântico e um anel maravilhoso.
− Eu te amo, eu te amo, eu te amo! – eu repeti em seu ouvido diversas vezes, como se aquilo tivesse guardado em meu peito por muito tempo.
Nos levantamos e ele me deu o anel para que eu pudesse colocá-lo em meu dedo. Peguei o anel que Henry havia me dado e o joguei no chão, colocando o de no lugar e nos beijamos profundamente. Naquele momento, qualquer vestígio de sanidade que tenha sobrado em mim tinha sumido imediatamente. Enrosquei meus braços no pescoço de e pulei em seu colo, prendendo minhas pernas em volta dele. Ele me segurou pelas minhas coxas e me jogou em sua cama, ficando por cima de mim.
Ele me olhou de cima a baixo, como se estivesse prestes a me devorar inteira. Eu sorri, contente em ser encarada por aqueles olhos observadores e detalhistas. colocou as mãos em minhas costas habilidosamente abrindo meu espartilho. Ele já tinha até uma estratégia para isso, de tão acostumado que estava.
Eu tirei seu casaco e sua camisa rapidamente, jogando-os no chão e imediatamente arranhei seu peitoral, fazendo-o suspirar e sorrir de canto. Ele então voltou a me beijar fervorosamente, puxando meu vestido com uma certa brutalidade, tirando-o completamente de mim. Tirou minha calcinha e em seguida meus sapatos, jogando-os para longe.
Lambeu meu corpo todo, do meu pescoço à minha virilha. Eu gemi enquanto olhava em seus olhos, sabia o quanto aquilo o deixava louco. desceu até meus pés, pegando um deles e o cobrindo de beijos. Foi deixando beijinhos da ponta dos meus pés ao tornozelo, à panturrilha, ao joelho e às coxas, e quanto mais ele se aproximava de minha virilha, mais eu sentia um frio em minha barriga.
Depositou milhares de beijos na parte interna das minhas pernas, de um jeito que me causava contrações no abdômen. Sentia um pouco de cócegas e ria, e ele ria também. Finalmente, depositou um beijinho na minha entrada, o que me fez sofrer em antecipação.
− Peça – ele me olhou. gostava de me torturar até que eu implorasse. E eu gostava de desobedecer. Esse era o nosso jogo, brincar de torturar um ao outro, e nós dois ganhávamos no final.
Mas ele estava sempre no comando, e eu estava sempre trapaceando.
− Me faça pedir – eu olhei em seus olhos. Ele me olhou de volta com um olhar perfurante, aceitando o desafio.
Foi quando se levantou e foi até seu guarda-roupas. Eu o encarei confusa quando ele tirou de dentro um lenço. Precisamente, o lenço que usava no dia do teatro.
− O que vai fazer com isso? – perguntei, um pouco nervosa com a resposta.
− Vou fazer você obedecer. Me dê suas mãos – ele disse seriamente enquanto passava a mão sobre a seda do lenço, fazendo um barulho ao mesmo tempo assustador e sensual.
Dei minhas mãos, as quais ele amarrou no lenço fortemente. Assustei-me com o som da seda sendo puxada com força para dar o nó. A seda estava apertada o suficiente para deixar umas marquinhas no meu pulso, mas frouxa o suficiente para que meu sangue ainda circulasse.
− Mas que... ? – estava tudo bem até pegar minhas mãos, já amarradas, e amarrá-las na cabeceira da cama – O que está fazendo?
Ele não falou nada, simplesmente subiu em cima de mim novamente e começou a me beijar. Começou a beijar meu pescoço, meus seios e meu colo enquanto apertava forte a minha bunda. Uma de suas mãos subiu até meu seio e acariciou o mamilo levemente, e aí eu entendi o porquê do lenço.
Meu reflexo foi mexer minha mão para puxar seu cabelo e controlar meu prazer, mas minhas mãos estavam presas e eu não podia fazer nada, somente perder minha sanidade aos poucos. Parece que, de repente, seus toques ficaram dez vezes mais intensos, e o sentimento de não poder fazer nada, embora desesperador, era fantástico.
− Agora entendeu, né? – ele disse, em seguida lambendo levemente meu mamilo. Eu cruzava minhas pernas tentando ter um mínimo de controle, mas ele colocou uma de suas pernas no meio delas, domando-me completamente.
Chupou meus mamilos e, mesmo que eu sempre sentisse prazer quando ele o fizesse, naquela noite o prazer estava elevado à décima potência. Eu não conseguia evitar gemer seu nome, meu corpo todo estava se contorcendo.
tocou meus lábios inferiores, agora encharcados de prazer, com a ponta de seus dedos. Ele sorriu como se sua técnica estivesse funcionando de acordo com seu plano. Encontrou meu clitóris e nele ficou fazendo movimentos circulares por um longo tempo, até que eu estivesse visse estrelas. Nesse ponto, eu já estava tão molhada que até pingava sobre o lençol dele.
Em seguida, ele abriu minhas pernas com força, e eu fiz todo o esforço do mundo para fechá-las, mas não era o suficiente, facilmente conseguiu mantê-las abertas. Admirou um pouco, como sempre fazia, mas eu nunca me acostumava, sempre ficava com vergonha em ser encarada daquele ângulo. Com seu dedo médio e anelar, introduziu-os em minha entrada e começou com rápidos movimentos de vai-e-vem. Entrava e saía de dentro de mim com tamanha velocidade que eu mal conseguia controlar minha respiração. Meus olhos até lacrimejavam de tanto prazer, meu abdômen doía de tanto que eu o contraía. Ele dobrou as pontas dos dedos levemente para atingir meu ponto G, levando-me ao delírio.
Meu orgasmo chegou com tudo, lançando um pequeno jato transparente e quente que caiu sobre a cama. No entanto, ele ainda não estava satisfeito. Ele novamente desceu até minha buceta, que pulsava de prazer. Depositou outro beijinho, que me fez estremecer, e repetiu.
− Peça.
Eu fechei os olhos e sorri, dando-me por vencida, mas não sem antes aproveitar um pouquinho da provocação dele. Curvei meu quadril para cima, como quem implorava por sua língua. Isso o fez sorrir, mas não foi o suficiente.
− Não, eu quero ouvir.
Toda a humilhação e degradação do mundo não eram suficientes para na cama. Eu senti minhas bochechas arderem e, com muito esforço e nenhuma vergonha na cara, falei o que ele tanto queria ouvir:
− Me... chupa – tentei cobrir meu rosto em meu braço, de vergonha.
− Mais alto – ele ordenou, me deixando mais envergonhada e, ao mesmo tempo, excitada.
− Me chupa. Me chupa, caralho! – eu disse, fechando os olhos e cobrindo meu rosto. Falar palavrão era imperdoável para minha família, mas na condição em que eu me encontrava era inevitável.
Ele ficou contente com a minha reação e, finalmente, colocou sua boca em mim, chupando-me como nunca antes. Não sei se estar com as mãos amarradas ajudou, mas foi o suficiente para me causar arrepios somente pela memória daquela noite. estava inspirado, e ele era simplesmente incansável.
me chupou por longos minutos, e eu me contorcia de prazer com cada lambida que ele dava em minha intimidade: variava em se concentrar em meu clitóris e em colocar sua língua dentro de mim, entre movimentos rápidos, lentos e circulares.
Após um longo tempo se saciando, ele parou e veio até mim. Puxou-me pelo cabelo e me deu um beijo profundo e fogoso. Tudo que eu queria era puxar seu cabelo e montar em cima dele, mas eu estava completamente à deriva dele.
− … eu falei entrebeijos.
− Diga − ele disse em uma distância milimétrica dos meus lábios.
− Você vai me foder hoje? − eu perguntei, de olhos fechados.
Senti seus lábios se contorcerem num sorriso de orelha a orelha.
− Sim − ele respondeu − eu vou te foder hoje.
Eu suspirei e sorri, uma euforia dominou o meu corpo. se levantou e tirou seu cinto lentamente. Eu o assistia com a boca entreaberta, meus olhos viajando para a parte inferior ao seu umbigo, esperando ele me dar o que ele sabia o que eu queria. Ele sorriu orgulhoso, puxando o zíper para baixo e finalmente libertando seu pau, já molhado na cabeça.
Ele pisou para fora da calça, finalmente ficando completamente nu como eu. Voltando para a cama, ele me puxou pelo quadril e me colocou em cima de suas pernas, seu pau roçando a minha virilha e me pegando de surpresa.
Ele segurava forte em minha cintura e me olhava nos olhos, meus braços continuavam presos. me beijou e segurou seu pau em direção à minha entrada, e meus olhos estavam cerrados em antecipação.
− Não se preocupe − ele disse − eu vou cuidar de você.
soltou minhas mãos da cabeceira e eu suspirei e sorri. Embora ainda estivesse nervosa, tentei relaxar minhas pernas. acariciou minhas coxas e meus joelhos, mostrando que estava tudo bem.
− Vou agora, está bem?
Eu assenti com a cabeça, fechei meus olhos e segurei na mão dele fortemente. Quando senti ele entrar dentro de mim, apertei sua mão com muita força, cravando minhas unhas, mas ele não a soltou. Ele acariciava meu cabelo e mostrava estar preocupado com meu bem-estar, o que tornou aquele momento muito íntimo. Ele beijava meus lábios, meu nariz e minha testa como quem me protegia. A dor lentamente foi se transformando em prazer, e quando tive certeza de que conseguiria aguentar, pressionei meu quadril em direção ao seu e ele entendeu que poderia continuar.
Ele moveu seu quadril, colocando mais fundo dentro de mim. Foi fazendo isso devagar, e eu estava me acostumando aos poucos. Quando me acostumei totalmente, comecei a sentir prazer e queria que ele fosse mais rápido.
− Você é tão apertada − ele gemeu, sem parar de meter em mim. Eu rebolava para ele e ele me fodia cada vez mais forte e mais fundo, tornando aquilo cada vez mais prazeroso. Deixei escapar alguns gemidos altos que abafei enterrando meu rosto entre seu ombro e seu pescoço.
Finalmente entramos num ritmo no qual nós dois nos mexíamos juntos. Estava gostoso demais sentir seu pau pulsar dentro de mim, e eu podia notar que ele estava se segurando para não fazer mais rápido. Meu corpo estava quente e pude perceber minha vergonha indo embora, permitindo que eu corresse atrás do meu prazer sem limitações e culpa.
De repente, me virou e me colocou de quatro com a brutalidade. Fiquei parada naquela posição, respirando fundo e com frio na barriga. Eu olhava para trás para vê-lo, e ele estava tirando seu cabelo de seus olhos, jogando-os para trás como sempre fazia. Meu coração pulou uma batida, aquilo sempre mexia comigo e ele nem fazia ideia.
Fechei os olhos esperando e, de repente, senti-o puxar meus cabelos com uma mão e pegar em minha bunda com a outra. Passou o polegar em minha entrada como quem admirava a vista. Eu estava nervosa, porém preparada e, num movimento breve, ele enfiou seu pênis em mim.
Começando devagar para que eu me acostumasse, ele entrava e saía lentamente de dentro de mim, depositando beijinhos em todas as minhas costas e apertando um de meus seios com sua mão. Assim que eu me adaptei, rebolei meu quadril para que ele entendesse que eu queria mais forte. Ouvi ele dar uma risadinha.
− Você é muito gostosa – desferiu um tapa forte em minha bunda. Nunca pensei que sentiria prazer em tomar tapas, mas a dorzinha que ficava misturada com o prazer da penetração era simplesmente incrível.
começou a me foder com mais força, de tal modo que eu nem conseguia abrir os olhos de tanto prazer. Meus pensamentos estavam todos bagunçados, meus cabelos eram puxados com força o suficiente para que eu sentisse algo tênue entre dor e prazer. Eu estava, mais uma vez, à deriva, completamente dominada por ele.
Sua mão que segurava meu cabelo foi em seguida para o meu pescoço. começou a me enforcar de leve, de um jeito que não me faltava ar, mas que me dava uma sensação de estar ainda mais fora do controle. Eu mordia meu lábio inferior para conter o prazer enquanto ele mordia meu pescoço e minha orelha. Eu estava totalmente submissa a ele, e o barulho de seu quadril batendo no meu combinado com meus gemidos e sua respiração ofegante era obsceno.
− Eu vou gozar... – ele disse, começando a me foder mais rápido ainda. Eu já estava completamente acabada e suada, o prazer que percorria meu corpo estava me deixando incapaz de falar ou ouvir, era como se eu estivesse presa num orgasmo eterno. pegou minha bunda e a apertou com força, mexendo-a junto com meu quadril para que eu rebolasse em sua direção e assim o fiz. Quando ele não aguentou mais, tirou seu pênis de dentro de mim e gozou entre minha bunda e minhas costas, tingindo totalmente aquela região.
Nós dois caímos na cama, exaustos. Longos minutos se passaram até que estivéssemos em condições de falar alguma coisa. Quando ele se recompôs, pegou o lenço de seda que amarrava minhas mãos na cabeceira e limpou minhas costas, e a lembrança das minhas mãos presas me fez acariciar meus pulsos, sentindo as leves marcas deixadas.
− Machucou muito? – ele perguntou, massageando meus pulsos.
− Não... foi bom demais – eu respondi, recuperando meu ar.
Ficamos nos olhando por um tempinho, apreciando o amor que sentíamos um pelo outro. Eu me sentia verdadeiramente completa com ele.
− ... – eu disse, olhando para o anel em meu dedo.
− Sim? – ele disse, entrelaçando os dedos na mão que eu olhava.
− O que vamos fazer? Eu estou noiva de dois homens... – eu ri, uma mistura de nervosismo e negação.
− Vamos fugir daqui – ele disse, levantando-se da cama e olhando para o chão, procurando por algo.
− E como você pretende fazer isso? – sentei-me na cama, observando-o.
− Com... isso aqui! – ele disse, pegando o anel de diamantes que Henry havia me dado e eu tinha acabado de jogar no chão – Isso aqui deve valer um bom dinheiro né? Podemos usar o dinheiro para fugir e nos casarmos em um lugar afastado, sem ninguém.
− Mas e meus pais? Eles nunca entenderiam. E embora eu odeie o casamento que está sendo planejado para mim e Henry, eu nunca considerei a possibilidade de me casar sem meus pais me assistirem.
− Então eu vou falar a verdade a eles – ele disse, vindo até mim – vou falar a eles que eu amo a filha deles e que vou me casar com ela.
− Eu amo o seu otimismo, .
− Eu estou falando sério. Nem que eu ofereça o anel do Henry como um dote. Eu vou pedir a bênção de seu pai.
Eu engoli seco. Ele estava falando sério. Não sei se por conta da vulnerabilidade após o sexo eu achava uma boa ideia, mas... uma parte de mim teve fé nele.
− Você tem razão. Eu não vou me casar com Henry e eu vou falar isso para a minha mãe amanhã! Eu vou falar que é você que eu quero... e ela que lide com isso.
− E eu vou estar lá com você.
Nós nos abraçamos, meu coração estava batendo tão rapidamente que eu achei que ia sair pela minha boca.
− Eu preciso ir para o meu quarto, meus pais já devem ter dado falta de mim na festa – eu disse, pegando minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão.
− Eu te levo até lá.
Terminamos de nos vestir e me levou até a porta. Mas antes que eu pudesse abri-la, alguém a abriu do lado de fora, dando de cara comigo e .
Eu senti minha pressão cair.
− Mãe? − eu disse, com os olhos arregalados.
− Eu sabia! – ela disse, puxando-me para fora do quarto com tanta força que meu braço ficou vermelho. imediatamente fechou a porta do quarto antes que ela visse o que havia lá dentro.
Ela estava muito brava, seu rosto estava rubro e uma veia saltava em sua testa. Eu estava fodida.
− Lady ... – tentou falar, sendo imediatamente interrompido.
− Vá embora daqui, agora! arregalou os olhos, chocado com a grosseria de minha mãe.
− Mãe! − eu gritei, tentando me soltar dela − Eu posso explicar…
− Eu não preciso de explicações, eu sei exatamente o que está acontecendo! Eu vi o bilhete em seu criado-mudo… como tinha sumido do baile, imaginei que tivesse vindo para casa, mas eu entendi tudo quando vi esta carta − ela disse enquanto mostrava o envelope que havia passado por debaixo de minha porta mais cedo. Merda, eu deveria ter escondido!
Eu nunca tinha visto minha mãe tão brava comigo. De repente, toda a aura do lugar se tornara pesada e eu entrei em pânico.
− Lady , acalme-se por favor, deixe eu me explicar − tentou dizer, mas minha mãe estava completamente alterada.
− Eu sabia! O pires do quarto de que encontrei no jardim na manhã seguinte em que você tinha chegado! A porta dela estava trancada! E o alfinete do vestido que uma criada encontrou no chão do seu quarto, todos esses sinais estavam apontando para você! Mas eu escolhi acreditar em você, não creio que eu fui enganada!
a olhava sério, esforçando-se para que ela entendesse que ele não era uma ameaça, tentando se explicar, mas minha mãe não o deixava.
− Não quero ouvir uma palavra, senhor , quero que fique longe da minha filha! Você a enganou, todo esse tempo você estava tirando vantagem da minha menina! − Minha mãe me puxou pela mão brutalmente, soltando-me dos braços de que tentavam me proteger. Ela chorava muito, mas olhava-nos com um olhar de raiva. Eu chorava de desespero, tentando me agarrar novamente a .
− Mãe, espere! − eu disse enquanto tentava me soltar.
− Você perdeu a noção? Você está noiva! Se alguém mais descobrir, nossa reputação será arruinada! Seu casamento será cancelado! Seu pai perderá sua posição, vamos acabar pobres!
− Eu não vou me casar com Henry, eu vou me casar com ! – eu disse, mostrando meu novo anel de noivado.
Ela olhou para o anel e, após um olhar de choque, ficou um longo tempo em silêncio. Depois cobriu seu rosto com sua mão e teve uma crise de riso, ao mesmo tempo que uma crise de choro. Foi assustador, a minha mãe estava perdendo a sanidade. Após alguns segundos rindo e chorando, ela se recompôs. Depois, com uma cara seríssima, puxou-me pela mão e disse:
− Você vai se casar com Henry e acabou.
− Espere aí, nós estamos falando sério, milady. Eu propus à sua filha porque eu a amo, e se precisarmos fugir daqui, fugiremos − olhava para nós desesperado. Sentia culpa em seus olhos.
− E você? Por acaso se esqueceu de Charlotte? A pobre menina acha que você vai dizer sim.
− Mas eu vou dizer não.
− Pois bem, diga que não. Será melhor para todos ter você o mais longe daqui. Arrume outro lugar para passar a noite, você não é mais bem-vindo na nossa casa.
ficou em choque com a rispidez de minha mãe. Até eu estava, eu nunca tinha a visto desse jeito... era assustador, pois minha mãe era a pessoa mais compreensiva do mundo.
Ele parou de se esforçar para se explicar e minha mãe finalmente conseguiu me soltar dele.
− Vá para o seu quarto, agora – ela me disse, apontando para o caminho. Eu fui, sem titubear, soluçando baixinho. Eu nunca pensei que a maior humilhação da minha vida seria causada pela minha própria mãe.
Assim que entrei no meu quarto, ouvi a porta bater atrás de mim, o que me assustou. Tirei minhas roupas, ainda em prantos, sentindo-me um lixo. De repente, a gota de esperança que havia me dado, secou. Tudo o que sobrou foi a dura realidade que eu tinha de enfrentar.
Infelizmente, a vida na alta sociedade é assim. Você deve se casar com quem seus pais escolheram e fingir ser feliz, afinal, o bem-estar dos outros era muito mais importante que o seu. Cale a boca, engula a realidade e vomite um sorriso, as pessoas estão assistindo.
Deitei-me na minha cama e chorei até dormir. Desta vez, não tinha ninguém para beijar minha testa.
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Acordei com a luz invadindo a janela, com os olhos inchados e avermelhados de tanto chorar na noite anterior. O relógio batia 9 horas. Vesti um vestido confortável e fui à mesa do café da manhã encontrar meus pais.
Assim que cheguei lá, vi que eles já quase terminavam sua refeição.
− Por que não me acordou? − dirigi-me a minha mãe, que fingia que não estava me vendo.
− Achei que, por já ser uma mulher responsável, poderia acordar na hora sozinha − respondeu seca. Meu pai olhou para ela confuso.
− Aconteceu alguma coisa ontem à noite? Você desapareceu, filha – felizmente, meu pai parecia não saber de nada.
− Eu me perdi de vocês dois na hora da dança e, como estava cansada, fui dormir. Minha mãe achou que fui mal-educada... − respondi. Ele pareceu ter acreditado na mentira.
− Ah, sim… ma chérie, não tem por que ficar tão brava assim, a festa não foi tão boa. Estou ficando farto de bailes já, acho que estou velho − ele riu, tentando descontrair o clima, mas não funcionou − bom, estou me retirando então. Tenho muito a fazer, sua mãe me contou de sua decisão, filha.
− Q-qual decisão? – perguntei, engolindo seco.
− Ora, sua mãe me disse que você decidiu adiantar o casamento com Henry. Bebeu vinho demais? − ele riu − ela disse que você queria adiantar para hoje, mas só consegui reservar a capela para daqui a três dias. Espero que esteja bom o suficiente para você, já que anda tão exigente.
Foi como se o chão embaixo de mim tivesse caído. Eu não podia acreditar. Minha mãe, a fim de sabotar qualquer tempo a mais que eu pudesse ter com , adiantou meu casamento.
Meu pai saiu, deixando a mim e minha mãe a sós. Eu estava em choque, tão em choque que não saíam palavras da minha boca.
− Aprendeu a mentir bem assim nos dias em que estava a arruinar nossa reputação? − ela perguntou rispidamente.
− No que você se tornou, mãe? − eu perguntei enquanto me sentava na cadeira, chacoalhando a cabeça em negação.
− No que eu me tornei? Eu que te pergunto no que você se tornou! Uma mulher depravada que sai escondida de noite? − ela perguntou enquanto abanava rapidamente seu leque. Claramente uma tentativa de controlar sua raiva, já que a temperatura lá fora estava abaixo de zero.
− Não é como você imagina − eu disse enquanto passava geleia em meu brioche.
− Putain! − ela deixou um palavrão escapar enquanto passava uma mão em seu rosto, num sinal de frustração. Mamãe era uma mulher muito educada e só falava palavrões quando estava puta da vida. Mas qual era o ponto em mentir agora? Eu me casaria em três dias, iria embora, não havia mais motivos para lutar.
− Como pôde fazer isto com sua família, com sua mãe…
− Eu sempre lhe disse que eu não queria me casar com Henry, mas a senhora nunca se importou.
− É claro que me importei! – minha mãe socou a mesa, fazendo com que as xícaras de chá quase transbordassem − Mas eu não podia te convencer a não se casar. Ma fille, acredite em mim, eu jamais em minha vida quis um casamento forçado para você − senti sua voz tremer um pouco, como se ela tentasse segurar o choro.
− Como assim? A senhora sempre me dizia o quanto Henry era um bom homem, o quanto seria bom se eu me casasse com ele. Eu pensei que a senhora queria isso… Por que adiantou meu casamento então? − eu estava tão confusa.
− Eu nunca gostei de Henry ou de Sir Peterson, eles nunca me trataram com respeito. Mas você sabe que o sonho de seu pai é entrar para a Ordem Real Vitoriana… acredite, eu não concordei com este casamento no começo, mas fui obrigada a aceitá-lo, assim como você. Todos nós sofremos injustiças, … mas eu amo o seu pai e meu dever como sua esposa é apoiá-lo em suas escolhas. Para salvar o sonho de seu pai, eu não vi outra solução senão adiantar seu casamento com Henry. Deste modo, você seria obrigada a se afastar de seu amante para sempre.
Eu estava completamente paralisada. Este tempo todo achei que minha mãe não me entendia, mas agora eu vi o quanto estava enganada. Ela estava na mesma prisão invisível que eu, cuja chave estava nas mãos de Henry Peterson.
− Desculpe ter arruinado a sua relação com o senhor , eu imagino que vocês estavam apaixonados, mas eu não podia permitir isso. Eu tive de cortar o mal pela raiz, e você não sabe o quanto doeu.
− Eu… eu sinto muito, mamãe − eu me levantei de minha cadeira e a abracei – por um momento, pensei que a senhora queria me ver infeliz.
− Eu jamais faria isso, mon amour… você é minha única filha. O que eu mais queria é que você fosse feliz.
Nós duas choramos enquanto nos abraçávamos. E eu me senti um pouco melhor após tanto sofrimento. Fiquei contente de saber que minha mãe estava do meu lado.
− Conte-me, eu quero saber. O que houve entre você e o senhor ? − ela me perguntou enquanto enxugava as lágrimas.
− A senhora quer mesmo saber?
− Sim, eu quero saber como foi o primeiro amor de minha filha, como uma mãe de verdade deve fazer.
− Bom − gaguejei − eu nem sei muito bem por onde começar. Mas eu o conheci antes do jantar em que Sir Peterson o apresentou para a nossa família.
− Como assim? − minha mãe me olhou confusa.
− Sabe a última vez que fugi com os cavalos? Eu sofri um pequeno acidente naquele dia… quase atropelei um homem. Por coincidência, aquele era o senhor e ele se dirigiu a mim para ver se eu estava bem.
− Parece até obra do destino − minha mãe se aproximou, pude ver que ela estava curiosa.
− Sim… eu olhei nos olhos dele e senti algo que eu não podia, mas ao mesmo tempo era inevitável, sabe?
Contei tudo para minha mãe, obviamente deixando de lado nossos encontros sexuais, e ela, para a minha surpresa, escutou tudo com o queixo apoiado em suas mãos.
− Mon Dieu! Eu já desconfiava de alguma coisa desde o primeiro dia, mas mal posso acreditar que isso tudo estava acontecendo debaixo de nossos narizes. Eu fiquei tão brava por você ter sumido naquela noite, mas agora que sei que você tinha ido visitar a mãe de ... eu ainda estou brava por você ter se colocado em perigo, mas não deveria ter ficado tão brava. E pensar que eu estava sendo uma mãe tão horrível que você teve de esconder tudo isso de mim...
− Você não é uma mãe horrível, é a melhor mãe do mundo.
− Sou quase a melhor mãe do mundo. Para me tornar a melhor mãe do mundo, eu teria de ter lutado pela sua liberdade.
Olhei para o anel em minha mão, ocupando o espaço que pertencia ao anel de Henry. Minha mãe pegou minha mão para examiná-lo.
− Ele tentou de tudo, não é mesmo? E eu o tratei tão mal, não creio que o acusei de ter se aproveitado de você.
Suspirei e fitei o rosto de minha mãe, que estava cabisbaixo. Apertei sua mão, mostrando que eu a perdoava.
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Já estava anoitecendo e eu passei o dia inteiro sentada em meu quarto, olhando pela janela. Normalmente, de lá eu podia ver sentado em um dos bancos do jardim, pintando como sempre. Mas naquele dia, eu não o tinha visto em nenhum lugar. Fiquei o dia todo torcendo para que ele aparecesse no jardim e eu pudesse acenar para ele. No entanto, tudo o que vi foi Charlotte, sem suas lacaias, sentada no banco da praça da igreja. Ela não parecia estar muito feliz, mas eu estava chateada demais para me preocupar com ela agora. Pude ver também alguns policiais na rua, como se estivessem procurando por algo. Mas, honestamente, eu pouco me importava.
Eu olhava meu anel na mão direita. Não tinha coragem de tirá-lo. Na minha cabeça, todas as dúvidas do mundo martelavam. Onde será que ele está? Será que ele está olhando da janela dele também? Será que ele foi embora? Será que ele tinha desistido de nós? Não conseguia evitar pensar em como ele devia estar decepcionado com a minha família naquele momento. Eu estaria, se fosse ele.
Eu só queria um sinal do destino, uma última esperança, uma última razão para continuar, uma última prova do universo de que valia a pena lutar por nosso amor.
Tomei um susto que me fez cair da cadeira com um barulho da porta sendo aberta com tudo, como se um furacão tivesse passado pela minha casa. Levantei-me tremendo, perguntando-me “que porra é essa?”
Ninguém menos que tinha acabado de invadir meu quarto e trancado a porta, desesperado.
− ?!
− , me ajude! – ele me deu uma pasta com alguns papéis. Eu, sem entender nada, peguei a pasta de sua mão e rapidamente a coloquei em minha escrivaninha, enquanto ele fechava minha janela e as cortinas.
− O que está acontecendo? Onde você passou a noite? – perguntei, um pouco preocupada com a expressão de choque que estava em seu rosto.
− , você não vai acreditar no que encontrei – correu para a minha escrivaninha e abriu a pasta que havia me dado, espalhando umas quinze folhas de papel de dentro dela pelo chão do meu quarto.
Olhei para as folhas: elas possuíam números e nomes. Parecia ser algum arquivo de contabilidade, mas eu não entendia nada sobre aquilo.
− Aonde você encontrou isso?
− Olhe para os papéis – ele apontou para a primeira em que possuía o nome de Sir Charles Patrick Peterson, pai de Henry.
− OK, estou vendo o nome de Lorde Peterson, mas o que isso significa?
− Olhe para os meses e os números. Note como eles crescem a cada ano.
− , o que faz você achar que eu entendo alguma coisa sobre isso?!
− , este arquivo de contabilidade pertence a Sir Charles. Eu peguei do baú da casa dele, que estava trancado com uma chave, o que já é estranho.
− Não entendo por que é tão estranho um homem guardar coisas pessoais em um baú! Espera aí, você invadiu a mansão Peterson? O que deu na sua cabeça? , você precisa me explicar tudo, eu não estou entendendo nada. E nada de “depois eu te conto”, pois eu não quero mistério com isso! Isso é muito sério!
respirou fundo e se sentou no chão ao meu lado. Finalmente, começou a falar.
− Está bem, foi assim. Ontem, após aquilo que aconteceu entre nós e sua mãe, eu fiz minhas malas e parti, decidido a lhes deixar em paz. No entanto, eu vi Sir Peterson e Henry conversando na rua, silenciosamente. Eles pareciam estar discutindo algo sério, pois eles olhavam para os lados o tempo todo para ver se não tinham sido seguidos. Enfim, eu me escondi antes que eles pudessem me ver.
− Sobre o que eles estavam conversando?
− Sobre dinheiro. Eu sei que eles só falam sobre isso, mas aquela conversa era diferente… Sir Peterson disse que tinha faturado como nunca no gabinete de Sua Majestade, dizendo que seu “último feito” tinha garantido dinheiro o suficiente para até seus tataranetos. Henry comemorou e perguntou o que ele tinha feito, então seu pai explicou que conseguiu desviar a maior parte da porcentagem de impostos para ele. , o duque está roubando dinheiro, não só do povo e da nobreza, mas da própria Rainha!
Está bem. Aquilo era grande. Na verdade, se aquilo vazasse, Sir Peterson não somente perderia sua vaga no conselho e na Ordem. Roubar dinheiro da Rainha é um crime grave que pode levar a uma pena de morte.
− Minha nossa... − engoli seco, sem saber o que dizer.
− E tem mais. Henry disse que Lorde é um “idiota” por ainda acreditar que Sir Peterson daria a ele as posições de prestígio que ele quer. , ele nunca pretende oficializar o seu pai como um conselheiro de Sua Majestade, justamente, porque ele pode descobrir. Quem dirá ajudá-lo a entrar para a Ordem.
Eu gelei. Eu já sabia que eles eram podres, mas não a ponto de enganar meu pai assim por pura mesquinhez.
− E como você conseguiu esses arquivos?
− Eu pulei o portão e passei a noite acordado no depósito da casa deles, pensando num plano. Quando amanheceu, esperei os Petersons saírem de casa e esperei algum criado aparecer para limpar seus quartos. Meu plano era subornar o criado para que ele deixasse eu entrar, mas depois vi que o criado era o Gilbert!
− Aquele baixinho bigodudo que te buscou no porto, que quase me bateu por conta do acidente de cavalo? − perguntei, tentando me lembrar do rosto do homem.
− Ele mesmo! Expliquei brevemente a situação para ele e ele concordou em me ajudar. Acontece que Gilbert não é muito fã dos Petersons, pois eles não pagam seu salário direito, então ele não aceitou o suborno, pois queria que eles pagassem à justiça. Entrei no quarto deles e procurei em todos os lugares, até que encontrei o baú, mas não encontrei a chave. A única saída foi arrombar.
− Você arrombou o baú de Sir Peterson?! Você não tem amor à vida?
− Tenho, e muito! Por isso estou fugindo! Enfim, encontrei esses arquivos e corri para cá, mas eu encontrei Charlotte e Lady Brooke no caminho.
− Oh, não, você tinha que dar uma resposta hoje!
− Exatamente. Assim que elas me viram, Lady Brooke imediatamente veio me lembrar da proposta, mas eu estava desesperado para fugir. Eu só falei que “não vai dar, sinto muito.”
− Meu Deus. Por isso ela estava arrasada... consegui ver da minha janela.
− Pois é, não me orgulho muito de ter feito isso, mas não tinha jeito. O pior de tudo foi que eu trombei com nada mais, nada menos que Henry depois. Foi muito difícil me livrar dele, pois ele estava me perturbando para ir caçar. Eu não aguento mais sair para caçar com ele! É muito chato!
− , foco!
− Certo! Então, ele notou que eu tinha a pasta na mão e queria saber o que era. Eu disse que eram cartas, mas ele não acreditou em mim, então… eu saí correndo.
− ! Você não poderia ter sido mais suspeito que isso! Ai, céus – eu disse, colocando a mão no meu rosto.
− Eu sei, eu entrei em pânico! Eu me escondi nos arbustos e, finalmente, consegui despistá-lo. Então, corri para cá e agora estou aqui.
− Então ele deve ter mandado a polícia atrás de você, pois acabei de ver vários deles na praça.
− Exatamente. Mas , preste atenção. Nessa pasta, há provas de que a família Peterson tem enriquecido às custas da família real há anos, desviando dinheiro e enganando a Sua Majestade. Se nós mostrarmos isso para os membros do conselho, eles vão ser presos!
Eu arregalei meus olhos. tinha acabado de jogar uma tonelada de informações na minha cara e eu ainda estava tentando assimilar tudo.
− Se isso for a público, isso significa...
− Que você e o Henry não precisarão se casar – me completou, colocando as mãos em meus ombros.
− Mas eles podem encarar pena de morte! , eu não gosto deles, mas não quero carregar essa culpa!
− Nós vamos dar um jeito, podemos negociar e…
Um “toc toc” na porta de meu quarto nos interrompeu. paralisando a mim e a , que nos olhamos sem falar nada.
− ? Você está aí?
− Ufa, é só a minha mãe – eu suspirei aliviada, abrindo a porta rapidamente e a puxando para dentro – entra logo, mãe!
Fechei a porta e tranquei, minha mãe me olhou sem entender. Após ver que estava lá, ela suspirou.
− Um policial acabou de me perguntar se eu tinha visto um tal de por aí e eu disse que não. Algo me dizia que ele estava aqui – ela disse, arqueando a sobrancelha.
− Lady ... – tentou falar, mas foi interrompido por ela.
− Não diga nada, eu não estou brava com você. Na verdade, eu queria...
− Mãe, eu estou muito feliz que queira fazer as pazes com , mas ele está sendo procurado pela polícia porque descobriu uma coisa importantíssima! – eu disse, puxando-a para o chão para que ela pudesse ver os papéis.
explicou tudo que havia me explicado anteriormente. Assim como eu, mamãe ficou em choque, mas ela tinha uma solução.
− Eu sei exatamente o que fazer.
Nesta noite, teríamos um baile de máscaras no Palácio de Buckingham. Eu costumava amar bailes, mas antes de conhecer eu não estava nem um pouco animada para este, pois eu teria de ficar sentada à mesa ou dançando com Henry. Mas agora que sei que estará lá fico muito mais feliz, mesmo que nós não possamos aproveitar a festa juntos.
Mas apesar da minha felicidade, três coisas ainda me preocupavam. A primeira, meu casamento que se aproximava, e a segunda, que ainda não tinha dado uma resposta para Lady Brooke, mãe daquela insuportável da Charlotte, quanto à proposta de casamento. E a terceira, a mentira que contamos para a senhora , que acreditava que o casamento aconteceria comigo e . Nós não sabíamos o que fazer para impedir o casamento, e se aceitasse a mão de Charlotte, ele ficaria na cidade e poderíamos nos ver todos os dias. Mas eu temia demais esta possibilidade. E se nos descobrissem? Que tipo de casal viveria feliz se escondendo assim? Eu não queria simplesmente ser a amante do senhor . Eu queria ser sua mulher, eu queria construir uma vida com ele. Como isso seria possível se nós dois tivéssemos outro matrimônio para manter?
E outra, e se eu engravidasse dele? Ou pior, se eu engravidasse de Henry ou Charlotte engravidasse de ? Ambos teríamos uma família para manter. Divórcios não eram bem vistos pelas famílias e pela nobreza, poderíamos acabar sendo excluídos da sociedade. O que para ele não seria tão ruim, mas para meus pais… isso acabaria com eles. Eles jamais entenderiam.
− Psiu! − eu ouvi enquanto andava pelo corredor que levava às salas de jantar, perdida em meus pensamentos. Olhei para trás e não vi ninguém, apenas um quarto vazio cuja porta estava entreaberta. Dirigi-me até ele e senti dois braços rapidamente me puxarem para dentro dele com força e fecharem a porta atrás de mim.
Senti seus lábios nos meus antes que eu pudesse entender que era . Não consegui evitar gargalhar enquanto ele me beijava.
− Você me assustou! − eu disse, voltando a beijá-lo − Alguém pode nos ouvir! Não poderia ter escolhido um lugar mais afastado?
− Não consegui esperar até a noite para te ver − ele beijava meu pescoço e apertava minha bunda − estou ficando maluco sem você.
− Fofo. Hoje à noite será difícil por conta do baile, se quisermos fazer algo, terá de ser rápido e silencioso − falei, com dificuldades por conta das cócegas que seus beijos em meu pescoço causavam.
− Você sabe bem que não consigo fazer essas duas coisas.
− Bobão! Estava indo tomar um chá da tarde com minha mãe, mas estou com medo dela ficar me perguntando coisas… quer vir? Desta forma, ela não vai ficar tentando me interrogar.
− É claro. Vou fingir que cheguei de surpresa. Mas antes…
levantou a saia de meu vestido e me acariciou por cima de minha calcinha, o que ele sempre fazia quando queria me tocar. Eu virei os olhos rindo baixinho.
− Por que sempre quer fazer essas coisas em público, hein? − perguntei, fingindo estar brava.
− Gosto da adrenalina − ele respondeu, olhando-me nos olhos com um sorriso safado.
E sem parar de olhar, ele parou de me acariciar e introduziu um dedo em minha calcinha, buscando meu clitóris. Começou a fazer movimentos de vai-e-vem até que meu prazer me impossibilitasse de conter meus gemidos e ele tivesse que cobrir minha boca com sua mão.
Ele me pressionou contra a parede e começou a beijar meu decote, mordiscando a pele me causando um frio na barriga. Ele abaixou meu vestido o suficiente para que um dos meus seios ficasse de fora e chupou meu mamilo de leve. Passou a língua levemente por cima, e a combinação do frio lá fora e da língua quente de amolecia minhas pernas. Seu toque já era familiar, e ele abusava do controle que ele possuía sobre mim.
Ele me masturbou rapidamente por alguns minutos até que minhas pernas se estremecem, sinal de que meu orgasmo havia chegado. Eu nem precisava avisá-lo quando iria gozar, ele conhecia meu corpo tão bem que sabia exatamente quando eu estava prestes a me desfazer.
Após terminar, lambeu seus dedos como sempre fazia. Eu deveria estar com uma cara de boba, pois ele deu uma risadinha para mim.
− Você fica tão linda quando goza − ele disse, beijando levemente meus lábios − prometo que da próxima vez não será em um lugar tão perigoso.
− Bom mesmo, preciso que fiquemos distantes das pessoas para que eu possa te fazer contorcer quando for a minha vez − eu disse enquanto acariciava seu pênis duro por cima da calça.
− Adoro quando você fala assim comigo. Agora vai lá encontrar a sua mãe − ele disse, dando um tapinha em minha bunda para eu sair do quarto.
Antes de sair, olhei em volta para ver se alguém passava e, como ninguém passou, saí arrumando meu vestido e meu cabelo e segui em direção à sala onde minha mãe me esperava para o chá das 15 horas.
− Bonjour, maman − eu disse quando adentrei a sala, ela era pequena e possuía uma grande janela que dava uma vista para o jardim e uma porta que levava até lá.
− Bonjour, ma fille − ela sorriu levemente para mim, apontando a cadeira ao seu lado para que eu me sentasse − por que seu vestido está todo bagunçado?
Olhei para minha saia e notei que ela estava desalinhada. O que não significava estar “toda bagunçada” para qualquer outra pessoa no planeta, mas a minha mãe era muito perfeccionista. Respirei fundo e respondi:
− Não está toda bagunçada... − respondi, tentando evitar o assunto.
− , você anda muito distraída ultimamente. Tem alguma coisa que quer me contar? − ela perguntou enquanto despejava chá em minha xícara.
− Não, mamãe. Acho que só estou nervosa com meu casamento. Onde está Henry? − perguntei fingindo interesse, pois pouco me importava onde ele estava.
− Ele viajou ontem à tarde ao interior, mas deve chegar a tempo do baile hoje.
− Ao interior? O que ele foi fazer lá?
− Não sei, seu pai me disse que ele teve que visitar sua família, pois algo urgente aconteceu. Eu nem sabia que ele possuía família no interior. Mas não se preocupe, ele voltará a tempo para o baile hoje.
Merda, bem que ele poderia ter algum incidente no caminho que o impedisse de voltar hoje. Ou para sempre.
− Olha só, que coincidência − minha mãe disse ao acenar para a janela − senhor .
fez uma cara de surpresa e tirou seu chapéu como um cumprimento. “Falso” pensei. Ele sabia mentir muito bem.
− Por favor, entre, está frio demais aí fora − minha mãe fez um gesto com a sua mão convidando-o para dentro.
entrou pela porta ao lado da janela e pendurou seu chapéu e seu sobretudo no cabideiro perto da mesa. Em seguida, aproximou-se de nós.
− Boa tarde, posso me juntar a vocês?
− Claro, uma xícara de chá vai mantê-lo aquecido neste dia frio − minha mãe disse e eu prontamente peguei o bule para servir uma xícara a .
− Muito obrigado, milady. Espero que eu não seja um incômodo − ele disse enquanto bebia um gole do darjeeling tea. Eu estava segurando para não sorrir muito e entregar que aquilo foi tudo combinado.
− Não mesmo! Diga-me, como anda seu trabalho? Percebo que tem estudado bastante o ambiente.
− Vai bem, estou me esforçando para capturar a beleza do lugar. Estou quase finalizando o quadro da família inteira, ouso dizer que superará as expectativas de todos.
− Excelente! Fico feliz que esteja se dedicando. O senhor comparecerá ao baile de hoje à noite? – minha mãe perguntou, dando um gole no chá.
− Certamente.
− Então não se esqueça de providenciar uma máscara − minha mãe sorriu, o que me fez estranhar, pois que eu me lembre, ela não era muito fã e .
− Providenciarei. Bom, deixarei vocês duas a sós agora, nós nos veremos hoje à noite.
se levantou, pegou seu casaco e seu chapéu e partiu. Eu fiquei olhando seus movimentos, e meu estômago se encheu de borboletas. Eu queria que ele ficasse mais, mas minha mãe acharia estranho.
− Eu me enganei sobre o senhor − minha mãe disse.
− Como assim? – perguntei, bebendo minha xícara de chá e tentando não parecer muito surpresa.
− Quando o conheci, eu achei que ele tinha más intenções com você. Mas agora vejo que ele é na verdade um homem muito educado. Uma pena que ele talvez se case com a filha de Lady Brooke.
− Charlotte? − fingi não saber do que ela estava falando, quando na verdade pensar naquilo era uma coisa recorrente em meus dias.
− Pois é, a mãe dela ofereceu a mão de Charlotte junto com um dote generoso e o senhor deve dar sua resposta amanhã. Na minha opinião, é uma oferta irrecusável. Seria bom ter um artista tão talentoso por perto. Ainda prefiro as cores vivas dos quadros às fotografias pretas e brancas cuja luz parece roubar nossa vitalidade... − minha mãe divagou.
– Uhum… – concordei enquanto mexia minha xícara no pires, tentando não surtar completamente.
– Mas se você quer saber, eu não consigo deixar de imaginar que tem algo estranho nesta história.
− Algo estranho? Como assim? – arqueei minha sobrancelha, disfarçando meu desespero.
− Lady Brooke é uma mulher um tanto... como eu poderia dizer? Ela não é o tipo de mulher que arranjaria um casamento para sua filha mimada e protegida com um artista que nem é membro da nossa sociedade. Ela sempre diz para todos que quer que sua filha se case com um homem da nobreza, como Henry. Até alguns dias antes do senhor chegar aqui, ela ainda estava perturbando Sir Peterson tentando convencê-lo a desistir de fazer Henry se casar com você, mas ele a acha muito interesseira e negou todas as vezes. Por isso, acho estranho ela ir atrás de , pois por mais que ele tenha dinheiro, ainda é um homem, como já a ouvi dizer antes, “mundano”. Ela realmente tem preconceito com quem não tem sangue azul, sabe?
Pisquei meus olhos em confusão, mas não falei nada. Não achei que aquilo significasse nada além de pura mesquinhez de Charlotte. Imagino que no dia em que brigamos no curso de boas maneiras, ela tenha notado que era um homem atraente que era próximo a mim e quis, simplesmente, tirá-lo de mim, assim como eu tinha “tirado” Henry dela. Tudo que ela fazia era para chamar atenção, então assim que ela teve a oportunidade ela pediu para sua mamãe querida fazer a proposta.
E tinha esquecido de mencionar o pequeno detalhe de que ele tinha de dar uma resposta para Lady Brooke amanhã. Um pequenino capricho, facilmente esquecível, nem um pouco importante.
O dia passou lentamente e eu me arrumei para o baile. Vesti um vestido longo cor de vinho de mangas compridas com uma gola de renda preta. Minha máscara era preta e brilhante com penas vermelhas que combinavam com meu vestido, presa cuidadosamente num cordão em volta de minha cabeça de modo que não bagunçasse meus cabelos soltos.
Quando me dirigi para a porta do meu quarto para me encontrar com meus pais e sairmos, notei um envelope embaixo da porta. Peguei-o em minhas mãos e vi que dizia “meu amor”. Abri e li o pequeno bilhete que havia dentro.
“, Imagino que, como sempre, estará tão deslumbrante hoje à noite que ninguém conseguirá tirar os olhos de você. Eu, no entanto, no meio do mar de máscaras e pessoas coloridamente desinteressantes, estarei de preto. Minha máscara será discreta, não quero ser notado. Não tente me encontrar, pois eu mesmo a encontrarei. Quando se der conta, já estará em meus braços. ”
Novamente querendo bancar o misterioso, mas não pude evitar dar uma risadinha. Ele gostava de brincar comigo. Deixei o bilhete na gaveta da mesa ao lado da minha cama e parti para o hall, onde encontrei meus pais e partimos de carruagem para o palácio.
Passou-se quase uma hora de festa e nenhum sinal de . Eu estava ficando cada vez mais ansiosa, pois o baile estava cada vez mais cheio e, por usarem máscaras, eu não reconhecia a maior parte das pessoas.
− Eu odeio baile de máscaras, elas são tão desconfortáveis! − meu pai reclamou enquanto bebia um copo de whisky.
− Mon cher, aguente mais um pouco. Precisamos esperar a grande dança − minha mãe disse enquanto acariciava seu ombro.
A grande dança era quando a orquestra tocava uma música específica e todos colocavam suas máscaras para dançar a mesma coreografia trocando entre seus pares. Era o ponto alto da festa, mas o que a tornava realmente interessante era que, por todos estarem usando máscaras, não se sabia com quem estava dançando. Era a chance de muitas pessoas encontrarem um par sem se importar com aparências, e era a parte favorita das debutantes que procuravam por um noivo.
− Estou ansioso por esse momento para dançar contigo, milady − Henry disse para mim. Eu sorri falsamente. Ele infelizmente tinha chegado a tempo do baile e não me deixou em paz nenhum momento desde que chegou.
− Eu vou comer algo do buffet, já volto – levantei-me rapidamente da mesa onde estávamos sentados e me dirigi à mesa coberta de todos os tipos de comida, doces, frutas e quitutes. Enquanto degustava uma das tortilhas, senti alguém me cutucar.
− ! − uma voz feminina familiar disse atrás de mim.
− ! − fiquei surpresa pois sua máscara quase me impediu de reconhecê-la. Se alguém descobrisse que uma empregada do castelo estava na festa, ela poderia ser gravemente punida.
− também está aqui! − ela apontou para o homem cujo braço estava enrolado no dela. Meu Deus! Pior que uma empregada numa festa era um operário! Isso era emocionante.
− Que bom que estão aqui! Tomem cuidado para não serem vistos, hein!
− Pode ficar tranquila. Hoje é minha última noite aqui, então se alguém me descobrir, não poderão fazer nada.
− Última noite? Como assim? – perguntei, muito confusa.
− e eu vamos embora daqui, vamos nos casar no interior. Só você, minha mãe e o senhor sabem. Adeus, vida de empregada! Ah, e você está convidada. Em breve, chegará um convite em sua casa.
− Eu estou tão feliz por você! Mas ao mesmo tempo estou triste porque não vou poder vê-la todos os dias mais.
− Eu virei te visitar em casa, mas como uma convidada – piscou para mim, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela puxou seu noivo pelo braço e o levou para dançar. Ela estava tão feliz. Queria ter a coragem que ela tinha.
De repente, uma música familiar começou a tocar e as luzes foram diminuídas levemente. Era a hora da grande dança.
− Aí está você − Henry me puxou pela cintura − achei que tinha fugido de mim.
− Se dependesse de mim, já teria fugido há muito tempo − falei rispidamente.
− Você é minha agora, não tem mais como fugir. Hoje, eu venci, .
− Você venceu? O que quer dizer com isso? – arqueei a sobrancelha, sem entender.
− Tolinha. Eu tenho dinheiro, no futuro terei a fortuna de seu pai também, serei reconhecido pela Real Ordem Vitoriana, uma vaga no conselho de Sua Majestade e, em breve, terei você. Eu ganhei! − ele disse convencido.
− Você se engana se acha que serei sua.
− Terei seu corpo em minha cama todas as noites, isso já é o suficiente para mim.
Que nojo. Que homem desprezível. A primeira coisa que fiz foi empurrá-lo e fugir, e ele foi atrás de mim. Misturei-me com as pessoas que dançavam a coreografia já tão conhecida para que ele não me encontrasse. Assim que vi alguém sem par, rapidamente me agarrei para dançar junto.
Seguimos dançando aquela coreografia meio brega, até que a mão daquele completo estranho mão soltou da minha e senti dois braços fortes me puxarem para trás e se enrolarem em minha cintura.
− Solte-me agora! Se você não me deixar em paz, eu vou chamar os guardas, está me ouvindo? Você é doente! Você é nojento e horrível, eu te odeio! – eu gritei enquanto me debatia.
− Ei, se acalme, sou eu! – uma voz familiar sussurrou no meu ouvido. Imediatamente, eu me virei e suspirei aliviada.
− ... que alívio! – ele não poderia ter aparecido numa hora melhor. Ele estava com uma roupa completamente preta que o deixava muito atraente, pois ela contornava sua silhueta alta e musculosa. Apoiei minha cabeça em seu peito, finalmente eu estava em meu porto seguro.
− O que houve? – ele perguntou, preocupado.
− Nada. Só dance comigo.
Continuamos a coreografia repetitiva, mas desta vez, eu possuía um sorriso enorme em meu rosto. Fizemos questão de não trocar de par e dançarmos somente um com o outro. Tive certeza de que havia despistado Henry, pois não ouvia mais seus gritos desesperados. Dançamos até o fim da música e, quando ela acabou, percebi que tinha nos levado para longe de onde todo mundo estava.
− Eu estava começando a me preocupar − eu disse − onde você estava o tempo todo?
− Enquanto você não me via, eu te via o tempo inteiro. Você não saiu do meu campo de visão nem por um minuto − ele disse, levantando levemente sua máscara para que eu pudesse ver seus olhos.
− Perseguidor − eu ri.
− Não é assim também… − ele desviou o olhar envergonhado.
− Estou brincando!
− Vamos fugir daqui, quero te mostrar uma coisa − ele disse enquanto me puxava pelo braço para fora do salão.
– Sim, vamos embora – eu disse, decidida a não olhar para trás, por mais que eu tivesse de enfrentar as consequências depois.
me guiou pela mão pelos corredores até as escadas que levavam para a saída do palácio. Graças às máscaras, as pessoas não nos reconheceram e pudemos caminhar com os dedos entrelaçados, como um casal. Na entrada, a mesma carruagem da noite do teatro nos esperava, e nela prontamente subi, apoiando-me em que já estendia sua mão para me ajudar. O condutor chicoteou os cavalos e nós partimos, sem nenhum pingo de culpa.
− O que quer me mostrar, ? − eu perguntei enquanto tirava a minha máscara, curiosa.
– Paciência, não quero estragar a surpresa – ele disse enquanto tirava sua máscara e passava seu braço por cima de meus ombros.
O caminho até minha mansão era curto, e quando chegamos, não havia nem guardas nem empregados que pudessem nos dedurar à minha família. , por algum motivo, possuía a chave do portão, e abriu-o para que pudéssemos entrar em casa.
me guiou pela minha própria casa, e eu ria com a situação, era como se ele conhecesse o ambiente melhor do que eu, que morei lá a minha vida inteira. Chegamos até a porta do quarto onde ele estava hospedado e eu já estava ficando sem paciência.
– O que você está aprontando? – questionei-o.
− Feche os olhos − ele disse, cobrindo meus olhos com suas mãos – não vale espiar! − assim que obedeci, pude ouvir a porta sendo aberta lentamente. Ele me puxou para dentro e, finalmente, disse:
− Pode olhar.
Quando abri meus olhos, vi seu quarto iluminado com velas. Em volta, alguns desenhos e pequenas telas penduradas nas paredes, e em todos eles, estava eu, pintada de diversos ângulos, cores, poses, expressões. Alguns terminados, outros apenas alguns esboços.
não mentiu. Ele estava, o tempo todo, me observando. Eu andei pelo quarto, maravilhada com aquilo que via, não pude conter as lágrimas que subiam aos meus olhos. Aquilo era demais… eu me senti a mulher mais amada do mundo inteiro. Nunca pensei que ganharia uma homenagem assim antes. Até eu, que era a pessoa mais insegura do mundo, comecei a me sentir linda.
− Está com medo de mim? − ele perguntou, um pouco sem graça.
− Nem um pouco… Eu só não estava esperando por isso − eu disse, colocando a mão em minha boca.
− Deixe-me te mostrar − ele segurou em minha mão e foi me mostrando os diferentes desenhos que ele fizera de mim.
− Fiz esta naquele dia em que defendeu a senhorita de Lady Brooke − ele apontou para uma pintura em aquarela em que eu estava sentada tomando um chá numa mesa branca, com o mesmo vestido bufante daquele dia. No desenho, eu sorria como se estivesse olhando para a pessoa que me desenhava.
− Achei que você estivesse desenhando todas nós, não somente a mim! − eu disse, surpresa.
− E neste, está com o vestido que usou no teatro − no pequenino quadro para o qual ele apontava, eu estava de perfil tomando uma taça de vinho, com um olhar distraído.
− Como você pintou esse? Você não estava com uma tela naquele dia! − eu ri.
− Eu não fui capaz de esquecer o ângulo do qual te olhava naquele dia, mas para isso usei esses desenhos.
Ele apontou para a poltrona, onde haviam inúmeros desenhos do meu rosto em folha sulfite e carvão, em diversos ângulos.
– Esses são estudos que fiz – ele disse, segurando meu queixo em sua direção – para que cada curva de seu nariz, cada pinta em seu rosto, cada formato em sua boca ficasse perfeito.
Eu olhava para ele com os olhos marejados, minhas bochechas queimavam e eu não podia evitar sorrir abobadamente.
Na parede da cama, estavam pendurados alguns desenhos em que eu estava nua. De frente, de costas, de lado… não pude evitar me envergonhar.
− ! Que vergonha! − eu desviei os olhos, rindo de nervosismo.
− Desculpe − ele riu – é que você é tão linda, eu precisava registrar seu corpo.
− Vai saber para o que você usa esses desenhos... – olhei para ele de lado, tirando sarro, que coçou a cabeça e sorriu envergonhado.
− Ah, quase me esqueci − ele disse, movendo-se em direção a escrivaninha − o desenho que te prometi aquela noite no jardim.
O desenho era pequeno e simples, mas muito bem pintado com giz pastel. Era a visão que tínhamos do jardim do banco em que estávamos sentados naquela noite, com a diferença de que havia um casal se beijando no centro. Era eu e . Ele nos pintou exatamente como nos vestíamos naquela noite, eu com um roupão vermelho por cima de uma camisola branca, com pantufas nos pés, e ele com um sobretudo azul escuro. Não consegui conter as lágrimas que rolavam pelo meu rosto, meu coração estava aquecido com tanto carinho.
− , eu não sei o que dizer − eu disse, colocando a mão em minha boca, olhando para lindo desenho em minhas mãos.
− Diga que sim e eu serei o homem mais feliz do mundo – ele me virou para ele, segurando meus ombros. Eu tinha ficado sem entender, até ver o que ele faria em seguida.
se ajoelhou e tirou uma caixinha de veludo de seu bolso. Eu imediatamente senti minhas pernas tremerem tanto que achei que eu ia cair lá mesmo. Isso só podia significar uma coisa.
− , eu te amo como nunca amei ninguém antes. Você me faz um homem melhor a cada dia. Você me inspira mais do que qualquer paisagem. Você é a musa que eu nunca achei que eu precisava e que agora não consigo viver sem – ele abriu a caixinha, dentro havia um anel dourado delicado, com brilhantes em volta de um diamante maior que os outros, bem no centro.
Engoli seco, em antecipação. Ele mal tinha terminado de falar e eu já tinha uma resposta pronta.
– Você quer se casar comigo?
− É claro! É óbvio que eu quero, meu Deus! – eu disse, atirando-me em seus braços e o derrubando no chão. Nós dois chorávamos lágrimas de alegria.
Eu me sentia como se estivesse nas nuvens. finalmente disse que me amava, embora, lá no fundo, eu já soubesse. E tudo isso acompanhado de um pedido de casamento romântico e um anel maravilhoso.
− Eu te amo, eu te amo, eu te amo! – eu repeti em seu ouvido diversas vezes, como se aquilo tivesse guardado em meu peito por muito tempo.
Nos levantamos e ele me deu o anel para que eu pudesse colocá-lo em meu dedo. Peguei o anel que Henry havia me dado e o joguei no chão, colocando o de no lugar e nos beijamos profundamente. Naquele momento, qualquer vestígio de sanidade que tenha sobrado em mim tinha sumido imediatamente. Enrosquei meus braços no pescoço de e pulei em seu colo, prendendo minhas pernas em volta dele. Ele me segurou pelas minhas coxas e me jogou em sua cama, ficando por cima de mim.
Ele me olhou de cima a baixo, como se estivesse prestes a me devorar inteira. Eu sorri, contente em ser encarada por aqueles olhos observadores e detalhistas. colocou as mãos em minhas costas habilidosamente abrindo meu espartilho. Ele já tinha até uma estratégia para isso, de tão acostumado que estava.
Eu tirei seu casaco e sua camisa rapidamente, jogando-os no chão e imediatamente arranhei seu peitoral, fazendo-o suspirar e sorrir de canto. Ele então voltou a me beijar fervorosamente, puxando meu vestido com uma certa brutalidade, tirando-o completamente de mim. Tirou minha calcinha e em seguida meus sapatos, jogando-os para longe.
Lambeu meu corpo todo, do meu pescoço à minha virilha. Eu gemi enquanto olhava em seus olhos, sabia o quanto aquilo o deixava louco. desceu até meus pés, pegando um deles e o cobrindo de beijos. Foi deixando beijinhos da ponta dos meus pés ao tornozelo, à panturrilha, ao joelho e às coxas, e quanto mais ele se aproximava de minha virilha, mais eu sentia um frio em minha barriga.
Depositou milhares de beijos na parte interna das minhas pernas, de um jeito que me causava contrações no abdômen. Sentia um pouco de cócegas e ria, e ele ria também. Finalmente, depositou um beijinho na minha entrada, o que me fez sofrer em antecipação.
− Peça – ele me olhou. gostava de me torturar até que eu implorasse. E eu gostava de desobedecer. Esse era o nosso jogo, brincar de torturar um ao outro, e nós dois ganhávamos no final.
Mas ele estava sempre no comando, e eu estava sempre trapaceando.
− Me faça pedir – eu olhei em seus olhos. Ele me olhou de volta com um olhar perfurante, aceitando o desafio.
Foi quando se levantou e foi até seu guarda-roupas. Eu o encarei confusa quando ele tirou de dentro um lenço. Precisamente, o lenço que usava no dia do teatro.
− O que vai fazer com isso? – perguntei, um pouco nervosa com a resposta.
− Vou fazer você obedecer. Me dê suas mãos – ele disse seriamente enquanto passava a mão sobre a seda do lenço, fazendo um barulho ao mesmo tempo assustador e sensual.
Dei minhas mãos, as quais ele amarrou no lenço fortemente. Assustei-me com o som da seda sendo puxada com força para dar o nó. A seda estava apertada o suficiente para deixar umas marquinhas no meu pulso, mas frouxa o suficiente para que meu sangue ainda circulasse.
− Mas que... ? – estava tudo bem até pegar minhas mãos, já amarradas, e amarrá-las na cabeceira da cama – O que está fazendo?
Ele não falou nada, simplesmente subiu em cima de mim novamente e começou a me beijar. Começou a beijar meu pescoço, meus seios e meu colo enquanto apertava forte a minha bunda. Uma de suas mãos subiu até meu seio e acariciou o mamilo levemente, e aí eu entendi o porquê do lenço.
Meu reflexo foi mexer minha mão para puxar seu cabelo e controlar meu prazer, mas minhas mãos estavam presas e eu não podia fazer nada, somente perder minha sanidade aos poucos. Parece que, de repente, seus toques ficaram dez vezes mais intensos, e o sentimento de não poder fazer nada, embora desesperador, era fantástico.
− Agora entendeu, né? – ele disse, em seguida lambendo levemente meu mamilo. Eu cruzava minhas pernas tentando ter um mínimo de controle, mas ele colocou uma de suas pernas no meio delas, domando-me completamente.
Chupou meus mamilos e, mesmo que eu sempre sentisse prazer quando ele o fizesse, naquela noite o prazer estava elevado à décima potência. Eu não conseguia evitar gemer seu nome, meu corpo todo estava se contorcendo.
tocou meus lábios inferiores, agora encharcados de prazer, com a ponta de seus dedos. Ele sorriu como se sua técnica estivesse funcionando de acordo com seu plano. Encontrou meu clitóris e nele ficou fazendo movimentos circulares por um longo tempo, até que eu estivesse visse estrelas. Nesse ponto, eu já estava tão molhada que até pingava sobre o lençol dele.
Em seguida, ele abriu minhas pernas com força, e eu fiz todo o esforço do mundo para fechá-las, mas não era o suficiente, facilmente conseguiu mantê-las abertas. Admirou um pouco, como sempre fazia, mas eu nunca me acostumava, sempre ficava com vergonha em ser encarada daquele ângulo. Com seu dedo médio e anelar, introduziu-os em minha entrada e começou com rápidos movimentos de vai-e-vem. Entrava e saía de dentro de mim com tamanha velocidade que eu mal conseguia controlar minha respiração. Meus olhos até lacrimejavam de tanto prazer, meu abdômen doía de tanto que eu o contraía. Ele dobrou as pontas dos dedos levemente para atingir meu ponto G, levando-me ao delírio.
Meu orgasmo chegou com tudo, lançando um pequeno jato transparente e quente que caiu sobre a cama. No entanto, ele ainda não estava satisfeito. Ele novamente desceu até minha buceta, que pulsava de prazer. Depositou outro beijinho, que me fez estremecer, e repetiu.
− Peça.
Eu fechei os olhos e sorri, dando-me por vencida, mas não sem antes aproveitar um pouquinho da provocação dele. Curvei meu quadril para cima, como quem implorava por sua língua. Isso o fez sorrir, mas não foi o suficiente.
− Não, eu quero ouvir.
Toda a humilhação e degradação do mundo não eram suficientes para na cama. Eu senti minhas bochechas arderem e, com muito esforço e nenhuma vergonha na cara, falei o que ele tanto queria ouvir:
− Me... chupa – tentei cobrir meu rosto em meu braço, de vergonha.
− Mais alto – ele ordenou, me deixando mais envergonhada e, ao mesmo tempo, excitada.
− Me chupa. Me chupa, caralho! – eu disse, fechando os olhos e cobrindo meu rosto. Falar palavrão era imperdoável para minha família, mas na condição em que eu me encontrava era inevitável.
Ele ficou contente com a minha reação e, finalmente, colocou sua boca em mim, chupando-me como nunca antes. Não sei se estar com as mãos amarradas ajudou, mas foi o suficiente para me causar arrepios somente pela memória daquela noite. estava inspirado, e ele era simplesmente incansável.
me chupou por longos minutos, e eu me contorcia de prazer com cada lambida que ele dava em minha intimidade: variava em se concentrar em meu clitóris e em colocar sua língua dentro de mim, entre movimentos rápidos, lentos e circulares.
Após um longo tempo se saciando, ele parou e veio até mim. Puxou-me pelo cabelo e me deu um beijo profundo e fogoso. Tudo que eu queria era puxar seu cabelo e montar em cima dele, mas eu estava completamente à deriva dele.
− … eu falei entrebeijos.
− Diga − ele disse em uma distância milimétrica dos meus lábios.
− Você vai me foder hoje? − eu perguntei, de olhos fechados.
Senti seus lábios se contorcerem num sorriso de orelha a orelha.
− Sim − ele respondeu − eu vou te foder hoje.
Eu suspirei e sorri, uma euforia dominou o meu corpo. se levantou e tirou seu cinto lentamente. Eu o assistia com a boca entreaberta, meus olhos viajando para a parte inferior ao seu umbigo, esperando ele me dar o que ele sabia o que eu queria. Ele sorriu orgulhoso, puxando o zíper para baixo e finalmente libertando seu pau, já molhado na cabeça.
Ele pisou para fora da calça, finalmente ficando completamente nu como eu. Voltando para a cama, ele me puxou pelo quadril e me colocou em cima de suas pernas, seu pau roçando a minha virilha e me pegando de surpresa.
Ele segurava forte em minha cintura e me olhava nos olhos, meus braços continuavam presos. me beijou e segurou seu pau em direção à minha entrada, e meus olhos estavam cerrados em antecipação.
− Não se preocupe − ele disse − eu vou cuidar de você.
soltou minhas mãos da cabeceira e eu suspirei e sorri. Embora ainda estivesse nervosa, tentei relaxar minhas pernas. acariciou minhas coxas e meus joelhos, mostrando que estava tudo bem.
− Vou agora, está bem?
Eu assenti com a cabeça, fechei meus olhos e segurei na mão dele fortemente. Quando senti ele entrar dentro de mim, apertei sua mão com muita força, cravando minhas unhas, mas ele não a soltou. Ele acariciava meu cabelo e mostrava estar preocupado com meu bem-estar, o que tornou aquele momento muito íntimo. Ele beijava meus lábios, meu nariz e minha testa como quem me protegia. A dor lentamente foi se transformando em prazer, e quando tive certeza de que conseguiria aguentar, pressionei meu quadril em direção ao seu e ele entendeu que poderia continuar.
Ele moveu seu quadril, colocando mais fundo dentro de mim. Foi fazendo isso devagar, e eu estava me acostumando aos poucos. Quando me acostumei totalmente, comecei a sentir prazer e queria que ele fosse mais rápido.
− Você é tão apertada − ele gemeu, sem parar de meter em mim. Eu rebolava para ele e ele me fodia cada vez mais forte e mais fundo, tornando aquilo cada vez mais prazeroso. Deixei escapar alguns gemidos altos que abafei enterrando meu rosto entre seu ombro e seu pescoço.
Finalmente entramos num ritmo no qual nós dois nos mexíamos juntos. Estava gostoso demais sentir seu pau pulsar dentro de mim, e eu podia notar que ele estava se segurando para não fazer mais rápido. Meu corpo estava quente e pude perceber minha vergonha indo embora, permitindo que eu corresse atrás do meu prazer sem limitações e culpa.
De repente, me virou e me colocou de quatro com a brutalidade. Fiquei parada naquela posição, respirando fundo e com frio na barriga. Eu olhava para trás para vê-lo, e ele estava tirando seu cabelo de seus olhos, jogando-os para trás como sempre fazia. Meu coração pulou uma batida, aquilo sempre mexia comigo e ele nem fazia ideia.
Fechei os olhos esperando e, de repente, senti-o puxar meus cabelos com uma mão e pegar em minha bunda com a outra. Passou o polegar em minha entrada como quem admirava a vista. Eu estava nervosa, porém preparada e, num movimento breve, ele enfiou seu pênis em mim.
Começando devagar para que eu me acostumasse, ele entrava e saía lentamente de dentro de mim, depositando beijinhos em todas as minhas costas e apertando um de meus seios com sua mão. Assim que eu me adaptei, rebolei meu quadril para que ele entendesse que eu queria mais forte. Ouvi ele dar uma risadinha.
− Você é muito gostosa – desferiu um tapa forte em minha bunda. Nunca pensei que sentiria prazer em tomar tapas, mas a dorzinha que ficava misturada com o prazer da penetração era simplesmente incrível.
começou a me foder com mais força, de tal modo que eu nem conseguia abrir os olhos de tanto prazer. Meus pensamentos estavam todos bagunçados, meus cabelos eram puxados com força o suficiente para que eu sentisse algo tênue entre dor e prazer. Eu estava, mais uma vez, à deriva, completamente dominada por ele.
Sua mão que segurava meu cabelo foi em seguida para o meu pescoço. começou a me enforcar de leve, de um jeito que não me faltava ar, mas que me dava uma sensação de estar ainda mais fora do controle. Eu mordia meu lábio inferior para conter o prazer enquanto ele mordia meu pescoço e minha orelha. Eu estava totalmente submissa a ele, e o barulho de seu quadril batendo no meu combinado com meus gemidos e sua respiração ofegante era obsceno.
− Eu vou gozar... – ele disse, começando a me foder mais rápido ainda. Eu já estava completamente acabada e suada, o prazer que percorria meu corpo estava me deixando incapaz de falar ou ouvir, era como se eu estivesse presa num orgasmo eterno. pegou minha bunda e a apertou com força, mexendo-a junto com meu quadril para que eu rebolasse em sua direção e assim o fiz. Quando ele não aguentou mais, tirou seu pênis de dentro de mim e gozou entre minha bunda e minhas costas, tingindo totalmente aquela região.
Nós dois caímos na cama, exaustos. Longos minutos se passaram até que estivéssemos em condições de falar alguma coisa. Quando ele se recompôs, pegou o lenço de seda que amarrava minhas mãos na cabeceira e limpou minhas costas, e a lembrança das minhas mãos presas me fez acariciar meus pulsos, sentindo as leves marcas deixadas.
− Machucou muito? – ele perguntou, massageando meus pulsos.
− Não... foi bom demais – eu respondi, recuperando meu ar.
Ficamos nos olhando por um tempinho, apreciando o amor que sentíamos um pelo outro. Eu me sentia verdadeiramente completa com ele.
− ... – eu disse, olhando para o anel em meu dedo.
− Sim? – ele disse, entrelaçando os dedos na mão que eu olhava.
− O que vamos fazer? Eu estou noiva de dois homens... – eu ri, uma mistura de nervosismo e negação.
− Vamos fugir daqui – ele disse, levantando-se da cama e olhando para o chão, procurando por algo.
− E como você pretende fazer isso? – sentei-me na cama, observando-o.
− Com... isso aqui! – ele disse, pegando o anel de diamantes que Henry havia me dado e eu tinha acabado de jogar no chão – Isso aqui deve valer um bom dinheiro né? Podemos usar o dinheiro para fugir e nos casarmos em um lugar afastado, sem ninguém.
− Mas e meus pais? Eles nunca entenderiam. E embora eu odeie o casamento que está sendo planejado para mim e Henry, eu nunca considerei a possibilidade de me casar sem meus pais me assistirem.
− Então eu vou falar a verdade a eles – ele disse, vindo até mim – vou falar a eles que eu amo a filha deles e que vou me casar com ela.
− Eu amo o seu otimismo, .
− Eu estou falando sério. Nem que eu ofereça o anel do Henry como um dote. Eu vou pedir a bênção de seu pai.
Eu engoli seco. Ele estava falando sério. Não sei se por conta da vulnerabilidade após o sexo eu achava uma boa ideia, mas... uma parte de mim teve fé nele.
− Você tem razão. Eu não vou me casar com Henry e eu vou falar isso para a minha mãe amanhã! Eu vou falar que é você que eu quero... e ela que lide com isso.
− E eu vou estar lá com você.
Nós nos abraçamos, meu coração estava batendo tão rapidamente que eu achei que ia sair pela minha boca.
− Eu preciso ir para o meu quarto, meus pais já devem ter dado falta de mim na festa – eu disse, pegando minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão.
− Eu te levo até lá.
Terminamos de nos vestir e me levou até a porta. Mas antes que eu pudesse abri-la, alguém a abriu do lado de fora, dando de cara comigo e .
Eu senti minha pressão cair.
− Mãe? − eu disse, com os olhos arregalados.
− Eu sabia! – ela disse, puxando-me para fora do quarto com tanta força que meu braço ficou vermelho. imediatamente fechou a porta do quarto antes que ela visse o que havia lá dentro.
Ela estava muito brava, seu rosto estava rubro e uma veia saltava em sua testa. Eu estava fodida.
− Lady ... – tentou falar, sendo imediatamente interrompido.
− Vá embora daqui, agora! arregalou os olhos, chocado com a grosseria de minha mãe.
− Mãe! − eu gritei, tentando me soltar dela − Eu posso explicar…
− Eu não preciso de explicações, eu sei exatamente o que está acontecendo! Eu vi o bilhete em seu criado-mudo… como tinha sumido do baile, imaginei que tivesse vindo para casa, mas eu entendi tudo quando vi esta carta − ela disse enquanto mostrava o envelope que havia passado por debaixo de minha porta mais cedo. Merda, eu deveria ter escondido!
Eu nunca tinha visto minha mãe tão brava comigo. De repente, toda a aura do lugar se tornara pesada e eu entrei em pânico.
− Lady , acalme-se por favor, deixe eu me explicar − tentou dizer, mas minha mãe estava completamente alterada.
− Eu sabia! O pires do quarto de que encontrei no jardim na manhã seguinte em que você tinha chegado! A porta dela estava trancada! E o alfinete do vestido que uma criada encontrou no chão do seu quarto, todos esses sinais estavam apontando para você! Mas eu escolhi acreditar em você, não creio que eu fui enganada!
a olhava sério, esforçando-se para que ela entendesse que ele não era uma ameaça, tentando se explicar, mas minha mãe não o deixava.
− Não quero ouvir uma palavra, senhor , quero que fique longe da minha filha! Você a enganou, todo esse tempo você estava tirando vantagem da minha menina! − Minha mãe me puxou pela mão brutalmente, soltando-me dos braços de que tentavam me proteger. Ela chorava muito, mas olhava-nos com um olhar de raiva. Eu chorava de desespero, tentando me agarrar novamente a .
− Mãe, espere! − eu disse enquanto tentava me soltar.
− Você perdeu a noção? Você está noiva! Se alguém mais descobrir, nossa reputação será arruinada! Seu casamento será cancelado! Seu pai perderá sua posição, vamos acabar pobres!
− Eu não vou me casar com Henry, eu vou me casar com ! – eu disse, mostrando meu novo anel de noivado.
Ela olhou para o anel e, após um olhar de choque, ficou um longo tempo em silêncio. Depois cobriu seu rosto com sua mão e teve uma crise de riso, ao mesmo tempo que uma crise de choro. Foi assustador, a minha mãe estava perdendo a sanidade. Após alguns segundos rindo e chorando, ela se recompôs. Depois, com uma cara seríssima, puxou-me pela mão e disse:
− Você vai se casar com Henry e acabou.
− Espere aí, nós estamos falando sério, milady. Eu propus à sua filha porque eu a amo, e se precisarmos fugir daqui, fugiremos − olhava para nós desesperado. Sentia culpa em seus olhos.
− E você? Por acaso se esqueceu de Charlotte? A pobre menina acha que você vai dizer sim.
− Mas eu vou dizer não.
− Pois bem, diga que não. Será melhor para todos ter você o mais longe daqui. Arrume outro lugar para passar a noite, você não é mais bem-vindo na nossa casa.
ficou em choque com a rispidez de minha mãe. Até eu estava, eu nunca tinha a visto desse jeito... era assustador, pois minha mãe era a pessoa mais compreensiva do mundo.
Ele parou de se esforçar para se explicar e minha mãe finalmente conseguiu me soltar dele.
− Vá para o seu quarto, agora – ela me disse, apontando para o caminho. Eu fui, sem titubear, soluçando baixinho. Eu nunca pensei que a maior humilhação da minha vida seria causada pela minha própria mãe.
Assim que entrei no meu quarto, ouvi a porta bater atrás de mim, o que me assustou. Tirei minhas roupas, ainda em prantos, sentindo-me um lixo. De repente, a gota de esperança que havia me dado, secou. Tudo o que sobrou foi a dura realidade que eu tinha de enfrentar.
Infelizmente, a vida na alta sociedade é assim. Você deve se casar com quem seus pais escolheram e fingir ser feliz, afinal, o bem-estar dos outros era muito mais importante que o seu. Cale a boca, engula a realidade e vomite um sorriso, as pessoas estão assistindo.
Deitei-me na minha cama e chorei até dormir. Desta vez, não tinha ninguém para beijar minha testa.
Acordei com a luz invadindo a janela, com os olhos inchados e avermelhados de tanto chorar na noite anterior. O relógio batia 9 horas. Vesti um vestido confortável e fui à mesa do café da manhã encontrar meus pais.
Assim que cheguei lá, vi que eles já quase terminavam sua refeição.
− Por que não me acordou? − dirigi-me a minha mãe, que fingia que não estava me vendo.
− Achei que, por já ser uma mulher responsável, poderia acordar na hora sozinha − respondeu seca. Meu pai olhou para ela confuso.
− Aconteceu alguma coisa ontem à noite? Você desapareceu, filha – felizmente, meu pai parecia não saber de nada.
− Eu me perdi de vocês dois na hora da dança e, como estava cansada, fui dormir. Minha mãe achou que fui mal-educada... − respondi. Ele pareceu ter acreditado na mentira.
− Ah, sim… ma chérie, não tem por que ficar tão brava assim, a festa não foi tão boa. Estou ficando farto de bailes já, acho que estou velho − ele riu, tentando descontrair o clima, mas não funcionou − bom, estou me retirando então. Tenho muito a fazer, sua mãe me contou de sua decisão, filha.
− Q-qual decisão? – perguntei, engolindo seco.
− Ora, sua mãe me disse que você decidiu adiantar o casamento com Henry. Bebeu vinho demais? − ele riu − ela disse que você queria adiantar para hoje, mas só consegui reservar a capela para daqui a três dias. Espero que esteja bom o suficiente para você, já que anda tão exigente.
Foi como se o chão embaixo de mim tivesse caído. Eu não podia acreditar. Minha mãe, a fim de sabotar qualquer tempo a mais que eu pudesse ter com , adiantou meu casamento.
Meu pai saiu, deixando a mim e minha mãe a sós. Eu estava em choque, tão em choque que não saíam palavras da minha boca.
− Aprendeu a mentir bem assim nos dias em que estava a arruinar nossa reputação? − ela perguntou rispidamente.
− No que você se tornou, mãe? − eu perguntei enquanto me sentava na cadeira, chacoalhando a cabeça em negação.
− No que eu me tornei? Eu que te pergunto no que você se tornou! Uma mulher depravada que sai escondida de noite? − ela perguntou enquanto abanava rapidamente seu leque. Claramente uma tentativa de controlar sua raiva, já que a temperatura lá fora estava abaixo de zero.
− Não é como você imagina − eu disse enquanto passava geleia em meu brioche.
− Putain! − ela deixou um palavrão escapar enquanto passava uma mão em seu rosto, num sinal de frustração. Mamãe era uma mulher muito educada e só falava palavrões quando estava puta da vida. Mas qual era o ponto em mentir agora? Eu me casaria em três dias, iria embora, não havia mais motivos para lutar.
− Como pôde fazer isto com sua família, com sua mãe…
− Eu sempre lhe disse que eu não queria me casar com Henry, mas a senhora nunca se importou.
− É claro que me importei! – minha mãe socou a mesa, fazendo com que as xícaras de chá quase transbordassem − Mas eu não podia te convencer a não se casar. Ma fille, acredite em mim, eu jamais em minha vida quis um casamento forçado para você − senti sua voz tremer um pouco, como se ela tentasse segurar o choro.
− Como assim? A senhora sempre me dizia o quanto Henry era um bom homem, o quanto seria bom se eu me casasse com ele. Eu pensei que a senhora queria isso… Por que adiantou meu casamento então? − eu estava tão confusa.
− Eu nunca gostei de Henry ou de Sir Peterson, eles nunca me trataram com respeito. Mas você sabe que o sonho de seu pai é entrar para a Ordem Real Vitoriana… acredite, eu não concordei com este casamento no começo, mas fui obrigada a aceitá-lo, assim como você. Todos nós sofremos injustiças, … mas eu amo o seu pai e meu dever como sua esposa é apoiá-lo em suas escolhas. Para salvar o sonho de seu pai, eu não vi outra solução senão adiantar seu casamento com Henry. Deste modo, você seria obrigada a se afastar de seu amante para sempre.
Eu estava completamente paralisada. Este tempo todo achei que minha mãe não me entendia, mas agora eu vi o quanto estava enganada. Ela estava na mesma prisão invisível que eu, cuja chave estava nas mãos de Henry Peterson.
− Desculpe ter arruinado a sua relação com o senhor , eu imagino que vocês estavam apaixonados, mas eu não podia permitir isso. Eu tive de cortar o mal pela raiz, e você não sabe o quanto doeu.
− Eu… eu sinto muito, mamãe − eu me levantei de minha cadeira e a abracei – por um momento, pensei que a senhora queria me ver infeliz.
− Eu jamais faria isso, mon amour… você é minha única filha. O que eu mais queria é que você fosse feliz.
Nós duas choramos enquanto nos abraçávamos. E eu me senti um pouco melhor após tanto sofrimento. Fiquei contente de saber que minha mãe estava do meu lado.
− Conte-me, eu quero saber. O que houve entre você e o senhor ? − ela me perguntou enquanto enxugava as lágrimas.
− A senhora quer mesmo saber?
− Sim, eu quero saber como foi o primeiro amor de minha filha, como uma mãe de verdade deve fazer.
− Bom − gaguejei − eu nem sei muito bem por onde começar. Mas eu o conheci antes do jantar em que Sir Peterson o apresentou para a nossa família.
− Como assim? − minha mãe me olhou confusa.
− Sabe a última vez que fugi com os cavalos? Eu sofri um pequeno acidente naquele dia… quase atropelei um homem. Por coincidência, aquele era o senhor e ele se dirigiu a mim para ver se eu estava bem.
− Parece até obra do destino − minha mãe se aproximou, pude ver que ela estava curiosa.
− Sim… eu olhei nos olhos dele e senti algo que eu não podia, mas ao mesmo tempo era inevitável, sabe?
Contei tudo para minha mãe, obviamente deixando de lado nossos encontros sexuais, e ela, para a minha surpresa, escutou tudo com o queixo apoiado em suas mãos.
− Mon Dieu! Eu já desconfiava de alguma coisa desde o primeiro dia, mas mal posso acreditar que isso tudo estava acontecendo debaixo de nossos narizes. Eu fiquei tão brava por você ter sumido naquela noite, mas agora que sei que você tinha ido visitar a mãe de ... eu ainda estou brava por você ter se colocado em perigo, mas não deveria ter ficado tão brava. E pensar que eu estava sendo uma mãe tão horrível que você teve de esconder tudo isso de mim...
− Você não é uma mãe horrível, é a melhor mãe do mundo.
− Sou quase a melhor mãe do mundo. Para me tornar a melhor mãe do mundo, eu teria de ter lutado pela sua liberdade.
Olhei para o anel em minha mão, ocupando o espaço que pertencia ao anel de Henry. Minha mãe pegou minha mão para examiná-lo.
− Ele tentou de tudo, não é mesmo? E eu o tratei tão mal, não creio que o acusei de ter se aproveitado de você.
Suspirei e fitei o rosto de minha mãe, que estava cabisbaixo. Apertei sua mão, mostrando que eu a perdoava.
Já estava anoitecendo e eu passei o dia inteiro sentada em meu quarto, olhando pela janela. Normalmente, de lá eu podia ver sentado em um dos bancos do jardim, pintando como sempre. Mas naquele dia, eu não o tinha visto em nenhum lugar. Fiquei o dia todo torcendo para que ele aparecesse no jardim e eu pudesse acenar para ele. No entanto, tudo o que vi foi Charlotte, sem suas lacaias, sentada no banco da praça da igreja. Ela não parecia estar muito feliz, mas eu estava chateada demais para me preocupar com ela agora. Pude ver também alguns policiais na rua, como se estivessem procurando por algo. Mas, honestamente, eu pouco me importava.
Eu olhava meu anel na mão direita. Não tinha coragem de tirá-lo. Na minha cabeça, todas as dúvidas do mundo martelavam. Onde será que ele está? Será que ele está olhando da janela dele também? Será que ele foi embora? Será que ele tinha desistido de nós? Não conseguia evitar pensar em como ele devia estar decepcionado com a minha família naquele momento. Eu estaria, se fosse ele.
Eu só queria um sinal do destino, uma última esperança, uma última razão para continuar, uma última prova do universo de que valia a pena lutar por nosso amor.
Tomei um susto que me fez cair da cadeira com um barulho da porta sendo aberta com tudo, como se um furacão tivesse passado pela minha casa. Levantei-me tremendo, perguntando-me “que porra é essa?”
Ninguém menos que tinha acabado de invadir meu quarto e trancado a porta, desesperado.
− ?!
− , me ajude! – ele me deu uma pasta com alguns papéis. Eu, sem entender nada, peguei a pasta de sua mão e rapidamente a coloquei em minha escrivaninha, enquanto ele fechava minha janela e as cortinas.
− O que está acontecendo? Onde você passou a noite? – perguntei, um pouco preocupada com a expressão de choque que estava em seu rosto.
− , você não vai acreditar no que encontrei – correu para a minha escrivaninha e abriu a pasta que havia me dado, espalhando umas quinze folhas de papel de dentro dela pelo chão do meu quarto.
Olhei para as folhas: elas possuíam números e nomes. Parecia ser algum arquivo de contabilidade, mas eu não entendia nada sobre aquilo.
− Aonde você encontrou isso?
− Olhe para os papéis – ele apontou para a primeira em que possuía o nome de Sir Charles Patrick Peterson, pai de Henry.
− OK, estou vendo o nome de Lorde Peterson, mas o que isso significa?
− Olhe para os meses e os números. Note como eles crescem a cada ano.
− , o que faz você achar que eu entendo alguma coisa sobre isso?!
− , este arquivo de contabilidade pertence a Sir Charles. Eu peguei do baú da casa dele, que estava trancado com uma chave, o que já é estranho.
− Não entendo por que é tão estranho um homem guardar coisas pessoais em um baú! Espera aí, você invadiu a mansão Peterson? O que deu na sua cabeça? , você precisa me explicar tudo, eu não estou entendendo nada. E nada de “depois eu te conto”, pois eu não quero mistério com isso! Isso é muito sério!
respirou fundo e se sentou no chão ao meu lado. Finalmente, começou a falar.
− Está bem, foi assim. Ontem, após aquilo que aconteceu entre nós e sua mãe, eu fiz minhas malas e parti, decidido a lhes deixar em paz. No entanto, eu vi Sir Peterson e Henry conversando na rua, silenciosamente. Eles pareciam estar discutindo algo sério, pois eles olhavam para os lados o tempo todo para ver se não tinham sido seguidos. Enfim, eu me escondi antes que eles pudessem me ver.
− Sobre o que eles estavam conversando?
− Sobre dinheiro. Eu sei que eles só falam sobre isso, mas aquela conversa era diferente… Sir Peterson disse que tinha faturado como nunca no gabinete de Sua Majestade, dizendo que seu “último feito” tinha garantido dinheiro o suficiente para até seus tataranetos. Henry comemorou e perguntou o que ele tinha feito, então seu pai explicou que conseguiu desviar a maior parte da porcentagem de impostos para ele. , o duque está roubando dinheiro, não só do povo e da nobreza, mas da própria Rainha!
Está bem. Aquilo era grande. Na verdade, se aquilo vazasse, Sir Peterson não somente perderia sua vaga no conselho e na Ordem. Roubar dinheiro da Rainha é um crime grave que pode levar a uma pena de morte.
− Minha nossa... − engoli seco, sem saber o que dizer.
− E tem mais. Henry disse que Lorde é um “idiota” por ainda acreditar que Sir Peterson daria a ele as posições de prestígio que ele quer. , ele nunca pretende oficializar o seu pai como um conselheiro de Sua Majestade, justamente, porque ele pode descobrir. Quem dirá ajudá-lo a entrar para a Ordem.
Eu gelei. Eu já sabia que eles eram podres, mas não a ponto de enganar meu pai assim por pura mesquinhez.
− E como você conseguiu esses arquivos?
− Eu pulei o portão e passei a noite acordado no depósito da casa deles, pensando num plano. Quando amanheceu, esperei os Petersons saírem de casa e esperei algum criado aparecer para limpar seus quartos. Meu plano era subornar o criado para que ele deixasse eu entrar, mas depois vi que o criado era o Gilbert!
− Aquele baixinho bigodudo que te buscou no porto, que quase me bateu por conta do acidente de cavalo? − perguntei, tentando me lembrar do rosto do homem.
− Ele mesmo! Expliquei brevemente a situação para ele e ele concordou em me ajudar. Acontece que Gilbert não é muito fã dos Petersons, pois eles não pagam seu salário direito, então ele não aceitou o suborno, pois queria que eles pagassem à justiça. Entrei no quarto deles e procurei em todos os lugares, até que encontrei o baú, mas não encontrei a chave. A única saída foi arrombar.
− Você arrombou o baú de Sir Peterson?! Você não tem amor à vida?
− Tenho, e muito! Por isso estou fugindo! Enfim, encontrei esses arquivos e corri para cá, mas eu encontrei Charlotte e Lady Brooke no caminho.
− Oh, não, você tinha que dar uma resposta hoje!
− Exatamente. Assim que elas me viram, Lady Brooke imediatamente veio me lembrar da proposta, mas eu estava desesperado para fugir. Eu só falei que “não vai dar, sinto muito.”
− Meu Deus. Por isso ela estava arrasada... consegui ver da minha janela.
− Pois é, não me orgulho muito de ter feito isso, mas não tinha jeito. O pior de tudo foi que eu trombei com nada mais, nada menos que Henry depois. Foi muito difícil me livrar dele, pois ele estava me perturbando para ir caçar. Eu não aguento mais sair para caçar com ele! É muito chato!
− , foco!
− Certo! Então, ele notou que eu tinha a pasta na mão e queria saber o que era. Eu disse que eram cartas, mas ele não acreditou em mim, então… eu saí correndo.
− ! Você não poderia ter sido mais suspeito que isso! Ai, céus – eu disse, colocando a mão no meu rosto.
− Eu sei, eu entrei em pânico! Eu me escondi nos arbustos e, finalmente, consegui despistá-lo. Então, corri para cá e agora estou aqui.
− Então ele deve ter mandado a polícia atrás de você, pois acabei de ver vários deles na praça.
− Exatamente. Mas , preste atenção. Nessa pasta, há provas de que a família Peterson tem enriquecido às custas da família real há anos, desviando dinheiro e enganando a Sua Majestade. Se nós mostrarmos isso para os membros do conselho, eles vão ser presos!
Eu arregalei meus olhos. tinha acabado de jogar uma tonelada de informações na minha cara e eu ainda estava tentando assimilar tudo.
− Se isso for a público, isso significa...
− Que você e o Henry não precisarão se casar – me completou, colocando as mãos em meus ombros.
− Mas eles podem encarar pena de morte! , eu não gosto deles, mas não quero carregar essa culpa!
− Nós vamos dar um jeito, podemos negociar e…
Um “toc toc” na porta de meu quarto nos interrompeu. paralisando a mim e a , que nos olhamos sem falar nada.
− ? Você está aí?
− Ufa, é só a minha mãe – eu suspirei aliviada, abrindo a porta rapidamente e a puxando para dentro – entra logo, mãe!
Fechei a porta e tranquei, minha mãe me olhou sem entender. Após ver que estava lá, ela suspirou.
− Um policial acabou de me perguntar se eu tinha visto um tal de por aí e eu disse que não. Algo me dizia que ele estava aqui – ela disse, arqueando a sobrancelha.
− Lady ... – tentou falar, mas foi interrompido por ela.
− Não diga nada, eu não estou brava com você. Na verdade, eu queria...
− Mãe, eu estou muito feliz que queira fazer as pazes com , mas ele está sendo procurado pela polícia porque descobriu uma coisa importantíssima! – eu disse, puxando-a para o chão para que ela pudesse ver os papéis.
explicou tudo que havia me explicado anteriormente. Assim como eu, mamãe ficou em choque, mas ela tinha uma solução.
− Eu sei exatamente o que fazer.
CHAPTER FIVE – LIFE IS BUT A DREAM
.
− Lady , você tem certeza de que isso dará certo? – perguntou enquanto colocava seus cabelos para trás, em sinal de tensão.
− Oui – ela afirmou confiante.
− Como vai funcionar? – perguntei, olhando por uma pequena fresta da janela para ver a movimentação dos policiais, que continuava intensa.
− Daqui a exatamente meia hora, seu pai se reunirá para participar como ouvinte de mais uma reunião do conselho. Eu colocarei essa pasta em sua maleta e pedirei para que ele entregue para alguém que possa ter contato direto com a Sua Majestade e ela possa ver os documentos, tudo será feito discretamente e seu pai negociará a consequência dos Petersons: eles perderão o ducado, seu pai substituirá Charles no conselho, entrará para a Ordem e seu casamento com Henry será anulado. E então...
Eu e sorrimos um para o outro e demos as mãos.
− Espero que funcione, caso contrário, esses policiais vão me jogar para fora daqui.
− Vai funcionar. Eu vou procurar o seu pai, vocês dois ficam aqui em silêncio. , se os pedirem para entrar em casa, diga a eles que não tem nada aqui. Lembre-os que eles não têm autorização para entrar sem que eu ou seu pai estejamos aqui. Aconteça o que acontecer, não fuja, pois a área está rodeada de policiais, eles com certeza vão o encontrar. Ah, e ...
− Sim? – ele olhou para a minha mãe, aflito.
− Você tem minha bênção – ela disse, sorrindo. sorriu de volta.
Minha mãe saiu do quarto com a pasta e ficamos eu e de mãos dadas. Minha cabeça estava uma bagunça: a possibilidade de Henry finalmente sair de minha vida, dos planos de meu pai darem certo e de minha mãe apoiar meu casamento e de faziam com que meu coração quase pulasse para fora de meu peito.
− Você é completamente maluco – eu disse a ele e tivemos uma crise de riso que fizemos de tudo para abafar para que não fizéssemos barulho.
− Sou completamente maluco por você, . Essa é só uma das loucuras que eu faço para ter você para mim – ele me puxou pela cintura e me beijou profundamente.
Beijei-o de volta e passei meus braços em volta de seu pescoço. Era tão bom tê-lo para mim novamente. Embora fosse uma loucura, eu tinha certeza de que aquilo era certo e que meu lugar era em seus braços.
Nosso beijo começou a ficar mais intenso, ele levou sua mão até minha bunda e a apertou forte, e sua outra mão até meu cabelo para puxá-lo e bagunçá-lo. Eu arranhava seu pescoço e também bagunçava seu cabelo. Tirei dele uma folhinha, provavelmente dos arbustos em que ele se enfiou para fugir, e mostrei a ele. Demos uma risadinha e encostamos o nariz um no outro, olhando-nos nos olhos.
Nosso momento foi interrompido pelo soar do sino na porta da frente que gelou minha espinha.
− São eles – sussurrou, e eu sinalizei para ele se esconder embaixo da cama, colocando meu dedo em minha boca pedindo para que ele fizesse silêncio.
Novamente, um soar do sino, desta vez mais forte. Engoli seco, abri a porta do meu quarto e ao me dirigi ao hall, abrindo a porta da frente. Dei de cara com dois policiais, vestidos de azul e armados com cassetetes. Não pude evitar demonstrar choque.
− Cavalheiros, em que posso ajudá-los?
− Boa tarde, milady, desculpe-nos incomodá-la. Nós estamos procurando por um homem que talvez conheça. É um homem perigoso, recebemos a informação de que ele arrombou o cofre de jóias de Lady Peterson.
− Não as joias! Que absurdo... que tipo de pessoa faria isso? Não se fazem mais homens como antigamente! – Henry tinha inventado que havia roubado joias para que os guardas o prendessem... que lixo humano.
− S-sim, senhorita. O nome do homem é , ele é o artista convidado para o seu casamento, é verdade que ele está hospedado aqui?
− Hmm... ? Tenho certeza que ele partiu na noite passada.
− Entendo. No entanto, temos ordens de procurá-lo por toda a vizinhança. A senhorita está sozinha?
− Sim. Meu pai, senhor , no momento está se encontrando com a Sua Majestade para o conselho financeiro. Minha mãe está tomando um chá com suas amigas e discutindo sobre o meu casamento. Eu estou tão animada! Nós a decoração será em tons de azul e...
− Senhorita, devemos cumprir a ordem de procurar na sua casa. Por favor, deixe-nos entrar.
Fudeu.
− Senhores, acredito que vocês não têm a permissão de entrar em minha habitação sem a presença de meus pais... afinal, eu estou sozinha em casa e ainda não tenho um marido.
− Não se preocupe, senhorita... não é algo oficial, estamos apenas... cumprindo o dever de mantê-la segura – o policial do meio disse como se aquilo não tivesse sido devidamente autorizado. O filho da mãe do Henry só pode tê-los subornado – com licença.
Não pude impedi-los de entrar. Para que houvesse tempo o suficiente para fugir, comecei a tagarelar.
– Fiquem à vontade. Gostariam de um chá? Biscoitos?
Os homens recusaram com a cabeça, olhando pelos cômodos. Investigaram a sala toda, em seguida foram para a varanda, o lavatório e o quarto de meus pais. Encontraram o quarto de visita, que chamou a atenção deles.
– Ele estava hospedado aqui? – um dos homens perguntou.
– Sim, senhor.
Os homens entraram no quarto, que se encontrava completamente vazio. Se ontem as paredes estavam cobertas de desenhos e pinturas, hoje elas estavam vazias, sem vida. Por não terem encontrado nada, se dirigiram ao último quarto, o meu.
− Este é o seu quarto, milady?
− Sim...
− Com licença.
Os policiais entraram e eu entrei junto, com o coração palpitando. Para a minha surpresa, não tinha nenhum sinal de . A janela se encontrava aberta e meu quarto do mesmo jeito que estava.
Eles olharam em volta, atrás das poltronas, atrás da penteadeira, na varanda e nada. Logo, só podia estar embaixo da cama.
Um dos guardas se inclinou para olhar lá embaixo e eu o impedi.
− Senhor, você não quer olhar aí embaixo.
− Por quê? – ele perguntou, desconfiado.
− Porque...
− Fale logo, senão vou puxar para ver o que há embaixo.
− Tem um rato morto – eu disse, rapidamente.
Os guardas se olharam estranho, sem entender.
− U-um rato morto?
− Por que não sinto cheiro? – o outro guarda perguntou.
− Porque eu o matei essa manhã. Eu coloquei migalhas de biscoitos para atraí-lo para debaixo de minha cama e o peguei com a ratoeira. Foi feio, sujou tudo de sangue, tripas e...
− Está bem, acho que entendemos – o terceiro guarda respondeu, visivelmente enojado.
− Bom... a senhorita quer ajuda para pegar o rato?
− Não precisa... eu consigo.
− Por favor, deixe-me ajudá-la. Uma dama jamais deve ter de lidar com essas coisas.
O guarda se inclinou e colocou o braço embaixo da cama. Eu comecei a suar frio, entrei em desespero, pensava “agora é o meu fim!”
− O que está acontecendo aqui? – meu pai entrou no meu quarto, acompanhado de minha mãe, Sir Peterson e Henry sendo segurados por dois guardas reais e... meu Deus.
− Vossa Majestade?! – os guardas imediatamente se reverenciaram. Eu fiz o mesmo rapidamente.
Embora eu tenha frequentado o palácio diversas vezes, eu nunca tinha visto a Sua Majestade antes. E agora, ela estava em meu quarto? Aquele foi provavelmente o momento mais aleatório de minha vida.
Todos nós fomos escoltados para o Palácio de Buckingham, menos , que continuou escondido.
− Ordeno que se expliquem.
A Rainha Vitória, sentada em seu trono com toda a sua formosura, bateu seu cajado no chão. Os policiais devem ter se borrado ali mesmo. Eu nem tinha coragem de olhá-la diretamente.
− L-Lady precisava de ajuda com um rato... – o guarda mal conseguia falar.
− Vossa Majestade, Lorde Peterson ordenou que buscássemos pelo homem que assaltou o cofre de jóias de sua mãe.
− Joias? É assim que os jovens chamam as provas de um crime hoje em dia? – a Rainha até que tinha senso de humor.
− Vossa Majestade, eu posso explicar... – Sir Peterson tentava se mexer, mas era duramente segurado pelos guardas reais que ameaçavam agredi-lo com um cassetete.
− É tudo mentira! Aqueles documentos são falsos! quer apenas tomar o lugar de meu pai no conselho! – Henry, em toda sua arrogância, teve a coragem de se dirigir à Sua Majestade daquela maneira.
− , não. Lorde . Um plebeu deve sempre tratar a nobreza da forma correta − Sua Majestade corrigiu, e naquele momento Henry e Charles se deram conta de que já não eram mais membros da alta sociedade.
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Uma longa audiência com o conselho debateu qual seria a pena para a família Peterson. Após muito debate, finalmente foi dado um veredito.
− Charles Peterson é considerado culpado pelo crime de roubar dinheiro de Sua Majestade. Charles cumprirá uma pena de 14 anos, podendo escolher servi-los em uma prisão ou morando no palácio como um criado, trabalhando para servir à família real a fim de se retratar com ela após roubar seu dinheiro.
− Eu prefiro a prisão! Nunca vou me misturar a essa gente! − Charles disse, sendo contido por um guarda.
Charles era uma pessoa tão ruim que preferia viver na prisão do que servir a alguém. Espero que a vida na cadeia o faça se arrepender da escolha que ele fez.
− A família Peterson terá a sua casa leiloada, devendo seu filho Henry Peterson e sua esposa Mary Peterson deixá-la nas próximas 24 horas.
Henry fechou os olhos e cobriu seu rosto, ele estava arruinado. Mary chorava confusa.
O acordo foi selado e, finalmente, fomos liberados. Quando as portas foram abertas, muita gente estava esperando do lado de fora. De alguma maneira, a fofoca correu e todos vieram aguardar o veredito. Quando Charles e Henry foram escoltados para fora, as pessoas jogaram objetos neles.
− ! – senti um braço puxar o meu.
− ! – pulei em seus braços, contente em finalmente vê-lo.
− Deu tudo certo? – ele perguntou, ansioso pela resposta.
Minha resposta foi um sorriso e uma lágrima em minha bochecha direita. De repente, abre um sorriso de orelha a orelha e me tira do chão para um abraço.
− Hm-hm – meu pai coçou a garganta, fazendo com que eu e nos soltássemos imediatamente.
− Oi, papai – sorri amarelo.
− Lorde ... – sorriu mais amarelo ainda.
− Ma chérie, quer dizer que isso aqui – ele apontou para mim e – estava acontecendo embaixo de nossos narizes o tempo todo?
− Oui – ela respondeu, seriamente.
Meu pai ficou quieto por um bom tempo. Eu e ficamos preocupados, podia sentir sua mão, que estava entrelaçada com a minha, tremer.
Após isso, ele e minha mãe caíram em gargalhada, deixando-nos confusos.
− Eu falei que eu não ia conseguir! Perdão, eu não sou tão bravo quanto você – meu pai disse à minha mãe, que o abraçou.
− E então... ? – eu perguntei a ele, querendo saber o que ele achava.
− Eu só tenho uma pergunta para vocês dois: vocês querem que seu casamento aconteça daqui a três dias ou daqui a duas semanas?
Eu pulei nos ombros de meu pai, chorando de alegria. Eu finalmente ia ser feliz, eu finalmente estava livre para estar com quem eu queria.
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Uma fina neve cobria a praça da capela. Os jardins brancos pareciam ser tapetes de veludo, e o local estava decorado com jasmins. O perfume deles faziam com que meu coração palpitasse de ansiedade, o buquê em minha mão tão bem juntado tremia em minhas mãos. Na entrada da igreja, dois quadros lindamente pintados retratavam eu e . Os convidados admiravam as obras, que arrancavam suspiros de todos que as examinavam.
Meu vestido branco, agora estilizado da maneira que eu queria, além de lindo, era confortável. Era um branco quase creme, e as mangas compridas eram de renda. A saia era tão longa que se arrastava pelo chão, e o corset marcava minha cintura de modo que me deixasse esbelta, mas que me deixasse respirar bem. O véu, preso a uma pequena tiara dourada em meus cabelos soltos, também era de uma renda fina. Ele cobria meu rosto fazia com que minha visão só focasse no que estava em minha frente: , com um terno preto e um pequeno jasmim no bolso do blazer, e olhos marejados. Eu suspirei, imaginando que aquilo tudo parecia ser um sonho. Mas as lágrimas que queriam correr pelo meu rosto e borrar minha maquiagem eram reais demais.
− , você aceita como seu legítimo esposo?
− Aceito − disse, colocando a aliança em seu anelar esquerdo. Minha voz saiu trêmula, e sorriu para mim. O sorriso mais sério já dado na história da humanidade.
− , você aceita como sua legítima esposa?
− Aceito – ele respondeu prontamente, sem titubear, e rapidamente colocou a aliança em meu dedo. Pude sentir suas mãos trêmulas como as minhas.
− Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva – o padre anunciou, e imediatamente puxou meu véu e me beijou, pela primeira vez, na frente de todos. Os convidados comemoraram e aplaudiram. Nosso amor, finalmente, estava sendo celebrado em público, aos olhos de todos. Sem culpa, sem remorso, sem medo.
− Que festa linda! – comentou comigo após o fim da cerimônia. Eu nunca a tinha visto tão arrumada. Ela e estavam de mãos dadas e nunca estiveram tão felizes.
− Não é? E acredite se quiser, os jasmins foram ideia de – eu disse, encostando a cabeça em seu ombro.
− realmente é um homem de boas ideias – comentou.
− Isso me lembra... como vocês se conheceram? – eu perguntei a .
− Não acredito que você ainda não contou! – começou a rir.
− Me fale agora! Você já fez suspense demais.
− Está bem – riu, dando-se por vencido – eu o conheci na nossa primeira madrugada juntos, poucos minutos de você vir até mim no jardim.
− Como? – perguntei, dando um gole na taça de vinho rosé.
− Eu o peguei no flagra invadindo a mansão.
− Não foi bem assim! – gritou.
− E eu disse a ele que não contaria a ninguém, mas que em troca, ele teria de me contar o que ele estava fazendo lá. Desta forma, ele me contou tudo sobre e como eles queriam se casar, mas não conseguiam dinheiro. Fiquei tocado com sua história, então decidi ajudá-lo.
− Ajudar de que jeito? – perguntei intrigada.
− nos deu sua casa em Cotswolds. Simples assim! – disse.
− Eu nem sabia que você tinha uma casa em Cotswolds! – eu falei, incrédula.
− Tinha, não tenho mais. Agora é deles.
− Como me ajudou, eu resolvi ajudá-lo de volta, sem fazer perguntas. Mas o dia mais bizarro foi a vez em que ele me pediu uma escada! – disse, gargalhando.
− Então foi assim que você conseguiu daquela vez? – eu também gargalhei.
− Exatamente. Eu estava desesperado e era minha única salvação, pois sabia que ele estaria na mansão àquela hora e imaginei que ele sabia onde encontrar uma escada.
− Meu Deus, agora tudo faz sentido! É por isso que você sabia o nome de , por isso que você conseguiu uma escada naquele dia, por isso vocês eram próximos. Mas isso não explica como você conseguiu aquela carruagem chique no dia do teatro...
− O condutor era meu tio, ele trabalha com isso! Então ele sabe onde arrumar carruagens chiques – respondeu.
− Inclusive, foi com ele que você colidiu naquele dia que estávamos apostando corrida – completou.
− Vi aquele passeio como uma forma de pagar pelos danos causados por você sabe quem – explicou.
− Está bem, e daquela vez que eu estava no seu quarto e tinha uma muda de roupas minha lá? – perguntei.
− Ah, naquele dia ele me viu no corredor levando as roupas limpas para o seu quarto. Ele simplesmente me pediu uma delas e eu dei, sem pedir explicações – disse enquanto bebia uma taça de vinho tinto.
− E o lenço combinando com meu vestido no dia do teatro? Não é possível que vocês estavam envolvidos com isso também! – exclamei.
− Ah, aquilo... foi uma grande coincidência – disse, sorrindo, e todos nós gargalhamos em sequência.
− Vocês receberam o convite, né? – perguntou.
− Sim, conte com a nossa presença. O casamento de vocês vai ser lindo! – respondi.
Continuamos conversando e rindo. De repente, senti alguém cutucar meu ombro, e quando me virei para ver quem era, fiquei surpresa.
− Charlotte – disse, falhando em conter minha surpresa. Embora eu a tivesse convidado, não esperava a sua presença.
− Olá, . Olá, senhor – ela acenou para , que acenou de volta um pouco sem graça – parabéns para vocês dois, imagino o quão felizes vocês devem estar.
Algo em sua voz parecia... sincero. Pela primeira vez, Charlotte não estava falando comigo com o intuito de se sentir superior: ela estava na minha frente em sua própria essência, sem se armar de ofensas e maldades.
− Obrigada, nunca estive tão feliz – eu sorri, olhando para o salão que os convidados se encontraram após a cerimônia. As pessoas comiam, bebiam, dançavam: do jeito que eu sempre quis, para celebrar o amor com a pessoa que eu escolhi.
− Eu imagino. Bom, eu vim até aqui para... – pude ver que Charlotte tinha muita dificuldade em ser sincera – eu quero... te pedir desculpas.
Eu a olhei no fundo dos olhos. Embora eu estivesse muito surpresa, eu também estava feliz.
− Eu te desculpo, Charlotte.
− É sério, eu não sei por que eu fazia aquelas coisas... eu acho que eu tinha inveja, porque você tinha o Henry para você e eu... sei lá, sabe. Eu estou arrependida, de verdade. Eu quero ser a sua amiga.
Eu sorri e ia estender a mão para ela, mas antes, lembrei de uma coisa.
− Eu serei sua amiga... mas com uma condição.
− Qual? – ela me olhou assustada, acho que ela estava esperando que eu fosse humilhá-la em público ou me vingar de alguma maneira.
− Você tem que pedir desculpas à não só por aquele dia, mas por todas as outras vezes que você a maltratou também.
ouviu e ficou me olhando, confusa.
− , isso não é necessário... – ela tentou dizer, mas foi interrompida por Charlotte.
− Me desculpe, . Eu nunca deveria ter falado daquela maneira com você. Eu mudei e prometo que nunca mais voltarei a ser daquele jeito.
sorriu e estendeu sua mão a Charlotte.
− Desculpas aceitas, espero que possamos ser boas amigas – disse contente.
− O que fez você tomar essa decisão? – eu perguntei a Charlotte.
− Bom, naquele dia em que o senhor recusou a proposta de casamento, eu fiquei muito triste. Eu pensava “o que eu fiz de errado?”, mas não por ter sido rejeitada pelo senhor . Era por ter sido rejeitada por Henry desde sempre. Percebi que me prender a ele só estava me fazendo mal, eu estava sendo grosseira com as pessoas somente por não saber lidar com a rejeição! Então eu decidi colocar um basta nisso. Decidi ir atrás de Henry e falar a verdade para ele: que ele não merecia você, nem o dinheiro, nem o status dele, porque ele era uma pessoa desprezível que fazia com que as pessoas em volta dele se tornassem desprezíveis também. Mas eu não o encontrava em lugar nenhum... e quando finalmente o encontrei, ele estava sendo escoltado por policiais!
− Hehe, aquilo foi impagável – riu, eu dei um tapinha nela. Embora tivesse sido realmente engraçado, eu queria ouvir o resto da história de Charlotte.
− Então eu os segui – Charlotte continuou – os guardas os jogaram na frente da casa dele, que estava sendo esvaziada. Eu não estava entendendo nada, nunca o tinha visto tão abatido antes, mas eu não senti pena. Eu fui até ele, determinada a falar tudo aquilo que eu queria!
− E você falou? – perguntou, curioso.
− Melhor que isso – ela disse, tomando um gole de vinho branco – quando ele me viu, eu nem tive a chance de dizer nada! Ele se agarrou em minhas pernas, implorando pelo meu perdão!
− Mentira! – ficou boquiaberto. Eu olhei para , tentando entender quando esses dois tinham virado velhas fofoqueiras.
− Pois é! Ele dizia que me amava, que sentia muito, que queria se casar comigo! Nesse momento entendi tudo, ele estava arruinado e se agarrou a qualquer chance que tinha de voltar para a sociedade, mas ele não me enganou. Eu disse para ele: hmm... me desculpe, mas eu não me interesso por plebeus. E fui embora!
Todo mundo morreu de rir. Henry finalmente teve o que merecia e todos estavam contentes com isso.
− Onde será que ele está agora? – perguntou.
− Espero que esteja limpando latrinas − respondi.
Aproveitamos a festa todos juntos, bebendo e conversando. Eu descobri que Charlotte era, na verdade, muito divertida. Ela era surpreendentemente inteligente e sabia tocar piano. Ela também nos contou que estava de olho em um novo rapaz, o filho de Lady Howard, Philip. Todo mundo jurava que ele era filho do marido dela, mas ele era a cara de Lorde Fitzgerald. Falei para ela ir atrás, mas para tomar cuidado com o histórico de infidelidade da família.
Após isso, vi minha mãe e meu pai acenarem para que eu e fôssemos até eles. Vi que eles estavam juntos da mãe de . Quando nos aproximamos, minha mãe passou as mãos em meu rosto e me encheu de beijos, dizendo:
− Tu es très belle ! Je suis si fière de toi ! – e mais um monte de coisa em francês.
− Ela está falando coisa boa? – a senhora perguntou para o filho.
− Acho que sim... – ele respondeu, incerto.
− Um monte de coisas boas! Essa menina me deixa maluca, mas é o meu amorzinho! – ela disse, me abraçando. Eu já estava ficando com vergonha.
− Eu também te amo, mãe.
− Eu estava ansiosa para este dia desde a vez em que vocês vieram me convidar em minha casa! A sua filha é realmente um amor, me apaixonei por ela no momento em que a vi – a senhora apertou minhas bochechas.
− Agora que vocês estão casados, quantos filhos planejam ter? – meu pai, super inconveniente, perguntou.
− Eu não sei... – respondeu, ficando envergonhado.
− Está cedo para isso, papai! – eu respondi prontamente.
− Está bem, está bem! Só queria saber, ué... – meu pai riu, como se não tivesse sido super constrangedor.
− Senhora ... – minha mãe disse – como seu filho é agora um membro da família, eu e meu marido acreditamos que a senhora também deveria viver aqui perto.
− O quê? – os olhos da senhora ficaram do tamanho da lua – Isso é verdade?
− Nós demos um lance na casa leiloada dos Petersons e agora ela nos pertence. No entanto, queremos dá-la a você − meu pai disse, tirando uma chave do bolso.
A mãe de chorava de tanta felicidade. Pude ver secar uma lágrima discretamente e sorri.
− Eu não sei como agradecer! Oh, céus! Obrigada senhor... digo, Lorde ! – a senhora abraçou os meus pais. Meus pais não estavam acostumados com esse tipo de contato físico de estranhos, mas pareceram aceitar bem.
Eu e nos olhamos e demos as mãos, sorrindo. Parecia que, finalmente, tudo ia ficar bem.
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Anoiteceu e a festa estava chegando ao fim. Muitos convidados já haviam ido embora, e como de costume, estava na hora dos noivos saírem. Num casamento tradicional da nobreza, esta era a hora em que os noivos deveriam partir e ter sua noite de núpcias.
− Temos que ir – ele disse puxando a minha mão, após nos despedirmos de todo mundo, em direção ao saguão principal.
− Está ansioso, hein? – eu disse, sorrindo maliciosamente.
− Muito! Mas eu tenho uma surpresa. Na verdade, três.
− Três?!
Nós entramos na carruagem, cumprimentando o condutor, tio de , e partimos em direção a um caminho que eu não conhecia.
− Para onde estamos indo?
− Para nossa casa.
Eu fiquei confusa, pois eu sabia muito bem que minha casa não ficava para esse lado da cidade.
Chegamos a uma mansão de madeira avermelhada, onde uma grande porta preta envernizada nos convidava para entrar. Os corvos no jardim grasnavam e, embora esse fosse um lugar perfeito para uma peça de terror, o jardim tão bem cuidado e aparado com todos os tipos de arbustos e flores tornava o lugar idílico e romântico.
Sem saber o que dizer, desci da carruagem apoiando-me na mão estendida de , e segui para a porta de entrada. Ele tirou as chaves do bolso e abriu a porta, e quando olhei para trás, o condutor já tinha levado a carruagem embora.
Acessamos o hall de entrada, que era igualmente escuro e ao mesmo tempo acolhedor. O lugar já estava completamente mobiliado.
− Você… só alugou a casa né? − eu perguntei, sem acreditar.
− Não, eu comprei − ele respondeu, como se não fosse nada.
− Fale a verdade! − eu gritei, rindo de nervosismo.
− Mas é verdade, eu comprei esta mansão. Ela é nossa mansão .
Mansão . Aquilo soava tão bem.
− Como? − eu perguntei, gesticulando para a imensidão do lugar.
− Lembra do anel do Peterson? Eu disse que ele valia dinheiro. Considere isso um presente de casamento dele − ele disse, fazendo-me rir.
− Aquele anel valia tudo isso? − perguntei, sem acreditar.
− Bem, pagou uma parte. O resto tive que pagar. Seu pai também pagou uma parte, alegando ser um presente de gratidão pelas comissões e por tê-lo ajudado com a vaga no conselho.
− E o que é aquilo?
Apontei para a parede no meio das escadas, onde havia um quadro coberto com um pano que não estava lá antes das outras vezes que entrei lá.
− O quadro que seu pai encomendou. Eu fiz algumas alterações, mas seu pai não se importou.
puxou o pano que revelou uma tela muito bem pintada. Nela, eu e estávamos sentados no centro, com as roupas de nosso casamento. Atrás de mim, minha mãe e meu pai, e atrás dele, sua mãe.
Era o quadro que ele estava pintando para o meu casamento e de Henry. Eu fiquei encantada, pois achei que aquela tela me assombraria para todo o sempre... mas agora, ela se tornou a minha favorita dentre todas as outras milhares que ele já havia pintado.
− Eu estou...
− Sem palavras? – ele me completou, arrancando um sorriso de mim.
− Como você colocou seu rosto no lugar do de Henry? Eu vi você pintar essa tela na minha frente!
− , eu planejava te pedir em casamento desde o dia que pintei esse quadro. Naquele dia, você me convenceu a visitar a minha mãe, e depois que você saiu de meu quarto, eu pintei uma cópia dele com o meu rosto e o de minha mãe, pois eu estava decidido a fazer este dia acontecer. Você ficou brava comigo por eu ter falado para ela que você era a minha noiva, mas a verdade é que eu estava determinado a propor.
− Você sempre me surpreende – eu o abracei – ficou maravilhoso, eu amei.
Nós nos beijamos e, desta vez, eu tentei desabotoar o terno de , mas ele me impediu.
− Calma, falta a última surpresa. Mas essa fica longe.
Ele me puxou para fora da sala, arrastando-me escada acima. Chegamos em uma porta fechada, a qual abriu lentamente.
Admirei o quarto que ia ser nosso. O papel de parede de painéis cor de vinho dava um ar acalentador e sensual ao mesmo tempo. A cabeceira da cama era ornamentada, e a cama, colossal. Os lençóis eram escuros como toda a paleta de cores da casa, e os móveis, de madeira de carvalho, decoravam o quarto. O lustre gigante e dourado no meio do teto estava apagado, pois o quarto estava sendo iluminado por de velas.
Uma porta dentro do quarto levava a um banheiro, branco e brilhante. No meio dele, havia uma banheira enorme com um banho já pronto. Havia velas em volta do banheiro aguardando serem acesas, o local estava decorado com inúmeras flores e uma farta cesta de frutas estava colocada sobre uma mesa de centro ao lado da banheira. Meus olhos brilharam.
Coloquei os dedos na água para checar a temperatura. Ela estava muito quentinha, perfeita para a nevasca lá fora. A água estava perfumada com essências e óleos de jasmim. Era simplesmente apaixonante.
− O que achou? – ele perguntou, empolgado com a resposta. Eu não conseguia dizer nada. Senti lágrimas encherem meus olhos e apoiei a cabeça em seu peito. Ele ficou imediatamente preocupado.
− Você não gostou? Se você quiser, a gente pode ir embora...
− Não é isso! – eu o interrompi – É que ninguém nunca fez nada disso para mim antes! Você faz eu me sentir tão amada e desejada e protegida e...
− Você é tudo isso para mim – ele disse, beijando meus lábios e secando minhas lágrimas – eu te amo mais que tudo. Eu disse que faria qualquer coisa por você, lembra?
− Eu também te amo mais que tudo – eu disse, fungando. Eu devia estar com a maquiagem toda borrada e feia, mas ainda sorria para mim como se eu fosse a mulher mais linda do mundo – obrigada, obrigada mesmo.
− Você me agradecer entrando nessa banheira aí comigo – ele disse, tirando minha tiara com o véu e jogando-a para longe.
− Até que enfim! – exclamei.
colocou as mãos em minhas costas e desamarrou meu corset enquanto eu tirava meus sapatos. Em seguida, puxou meu vestido com toda a delicadeza do mundo, puxando minhas mangas até que saíssem, e meu vestido caiu no chão, revelando meu corpo gelado e completamente nu.
− Você é a mulher mais linda que eu já vi... – ele disse, beijando meu pescoço e acariciando minha cintura.
Eu removi seu casaco e abri os botões de sua camisa um por um enquanto beijava seus lábios macios. Tirei-a de seu torso, revelando seu peitoral musculoso que me encantava toda vez. Em seguida, abri suas calças e as puxei para baixo, junto com a sua cueca.
pegou em minha mão e me ajudou a entrar rapidamente na banheira. A água estava divina e perfumada. entrou logo em seguida, ficando de frente para mim.
− Venha aqui – ele disse, chamando-me para sentar-me em seu colo de costas para ele, e eu obedeci.
pegou o jarro que estava do lado da banheira, junto com outros utensílios para banho como esponja, xampus e sabonetes, e jogou um pouco de água em meu cabelo, molhando-o por inteiro. Em seguida, pegou um pouco do xampu e massageou minha cabeça.
Era tão gostosa a sensação que eu fechei os olhos para aproveitá-la. Eu devia estar com um sorrisinho bobo, pois pude ouvir dar uma risadinha. Em seguida, jogou mais água em meu cabelo para remover a espuma.
Eu fiz o mesmo com ele, fiz com que ele se sentasse de costas para mim e lavei seus cabelos macios. Assim que o enxaguei, fiz uma longa massagem em seu pescoço para agradá-lo.
Quando terminei, ele se virou para mim e disse:
− Eu já sabia que você tinha talento com suas mãos, mas acho que te subestimei.
Eu dei uma risadinha e o beijei profundamente. me virou de costas para ele novamente e pegou o sabonete. Passou por meus ombros, massageando-os, e depois continuou a massagear o restante de meu corpo. Suas mãos passaram em meu pescoço e desceram para o meu peito. Em seguida, alcançou meus seios. Massageou-os de maneira que começou a me excitar, espalhando cuidadosamente a espuma por todo o canto. Demorou-se até que me ouvisse dar um gemidinho, só assim ele ficaria contente.
Começou a beijar da minha nuca às minhas costas, causando arrepios na minha pele. Eu suspirava a cada vez que seus lábios tocavam a minha pele de forma tão carinhosa. Suas mãos massagearam meus seios, apertando levemente meus mamilos, e deslizaram até minha cintura, mantendo-me presa no lugar.
Enquanto uma de suas mãos me segurava pela cintura, outra mão deslizou lentamente até minha intimidade, que já estava molhada para recebê-lo.
− Sempre pronta para mim − ele sussurrou em meu ouvido, arrancando-me um suspiro.
Seus dedos faziam movimentos circulares em meu clitóris, causando movimentos involuntários em minhas pernas e em meu quadril, que se empinava em direção ao dele. Senti seu pau duro roçar na minha bunda, ele estava se masturbando nas minhas costas enquanto me marturbava e isso me encheu de tesão.
− Goza para mim − ele mandou, morrendo o lóbulo da minha orelha. Continuei rebolando para ele para lhe dar mais prazer, até que atingi meu primeiro orgasmo da noite. Deitei minha cabeça em seu pescoço e gemi, esfregando-me em seus dedos até que meu orgasmo fosse embora, aproveitando cada segundo de prazer que ele me proporcionou. Quando ele passou, virei-me para .
− Vamos pra cama − choraminguei, e ele concordou com a cabeça.
Foi difícil sair da banheira naquele frio, mas o quarto estava quente por conta da lareira acesa que esquentava a casa no andar de baixo. Abri o ralo da banheira e sequei-me com a toalha rapidamente, ansiosa para continuar o ato.
Fomos para o quarto e, antes que pudesse me puxar para a cama, eu o empurrei, fazendo-o cair de costas para o colchão. Subi em cima dele, que me olhava hipnotizado.
− Eu sei o que você quer − ele disse, pegando em seu pau e se masturbando para mim, que o assistia com prazer.
− Pede − eu mandei, levando uma de suas mãos até meu seio para provocá-lo.
sorriu de canto. De repente, levou uma mão até meu pescoço e me puxou em sua direção, falando em meu ouvido.
− Me faça pedir − ele respondeu entredentes.
Eu rebolei em cima de seu pau, minha buceta molhada massageou o seu pau, molhando-o também. Ele arfou, arqueando o quadril, e ali eu sabia que ele tinha se dado por vencido.
− Me chupa − ele mandou, e eu sorri complacente, novamente domada por ele.
Ele soltou sua mão de meu pescoço e eu desci, deixando beijos molhados no seu abdômen pelo caminho. Antes de colocar o pau dele em minha boca, passei minha língua pelo seu longo comprimento, dando uma chupada de leve na cabeça. Ele soltou uma respiração pesada.
Em seguida, coloquei seu pau dentro da minha boca até onde eu alcançava. Fiz movimentos de vai-e-vem, passando a língua em volta. Intercalava a mão e a boca, e às vezes combinava as duas juntas.
Alguns centímetros do pau dele ficavam para fora da minha boca por conta do tamanho, mas ele não aceitou.
Senti sua mão agarrar meus cabelos e me fazer olhar para ele. Ele estava com um sorriso torto.
− Eu sei que você aguenta tudo − ele sussurrou, e eu senti um frio na barriga.
Abocanhei novamente seu pau, que já pulsava, respirei fundo e soltei, colocando ele inteiro em minha boca. Ele jogou a cabeça para trás quando a ponta de seu pênis encontrou a pele macia do fundo da minha boca, e meus olhos ficaram marejados por conta do engasgo. Mas eu continuei.
Chupei ele inteiro sem deixar nenhum centímetro do seu pau sem atenção. Ia e voltava, masturbava e lambia, e ele já estava começando a ter espasmos nas pernas.
me puxou pelo cabelo repentinamente, trazendo meu rosto para cima de encontro ao dele.
− Boa menina − ele disse, limpando a saliva da minha boca e me beijando. O elogio fez eu me sentir muito bem, melhor do que eu esperava.
Ele então me virou, colocando-me embaixo dele e roçando seu pau em mim, e eu abri as pernas esperando que ele fosse me foder.
− Ainda não − ele disse − agora é minha vez.
desceu até minha buceta, e sem fazer cerimônia, me lambeu inteira de baixo para cima, mandando um arrepio muito forte pela minha espinha, como se um raio tivesse me atingido.
Ele se lambuzou como num jantar. Concentrou-se no meu clitóris, lambendo-o em movimentos repetitivos que causavam espasmos em minhas pernas. Elas tentavam fechar, mas as segurava abertas.
Eu já estava arqueando minhas costas e gemendo seu nome, contorcendo-me de prazer. Meus olhos estavam fechados, então fui pega de surpresa quando ele inseriu dois dedos em mim, sem parar de me chupar.
A combinação da penetração dos longos dedos dele e da sua língua no meu clitóris me causaram inúmeras contorções, as quais estava lutando para me segurar no lugar. Minha boca estava completamente aberta e eu respirava rapidamente, uma de minhas mãos agarrava seus cabelos e a outra o lençol, descontando minha força para lidar com o prazer. Eu gozei pela segunda vez da noite na boca de , que se deliciou com cada gota.
Ele foi desacelerando o ritmo até parar, até que ele se levantou e pairou em cima de mim, assistindo-me recuperar do orgasmo. Apesar do clima lá fora, havia suor na minha testa. Eu mal conseguia falar.
Ele beijou minha testa, minha bochecha e meu pescoço. Eu passei meus braços ao redor de seu pescoço, trazendo-o para mim. Eu estava exausta, mas eu jamais negaria o orgasmo de , então rebolei em sua direção, implorando por ele.
entendeu, e prontamente guiou seu pau com a sua mão em direção à minha entrada.
Seu pau deslizou para dentro com muita facilidade, de tão molhada e pronta que eu estava.
− Tão apertada, tão quente − ele sussurrou fazendo caras de prazer.
Imediatamente puxei o quadril dele em minha direção, pedindo para ele aumentar o ritmo. começou a me foder sem dó, o barulho característico de nossos quadris se chocando era alto e molhado, música para os meus ouvidos.
Continuamos em uma velocidade alta, me atingia cada vez mais fundo e eu gemia seu nome sem parar.
Foi então que colocou minhas pernas para cima, acima de seu pescoço. O novo ângulo me causou uma sensação muito mais forte, pois agora ele estava atingindo uma região mais em cima. A esta altura eu já estava completamente intoxicada de prazer, incapaz de responder pelos meus atos. Uma mão dele segurava fortemente minha coxa, tão forte que deixariam marcas no dia seguinte. A outra masturbava meu clitóris, já inchado e sensível dos orgasmos anteriores.
Fiquei sobrecarregada de prazer e coloquei minha mão em cima da sua, não aguentando.
− Eu sei que você consegue gozar mais uma vez para mim − ele disse, acariciando meu joelho.
Fechei os olhos e o deixei me tocar. A sensação era tão forte que por um momento achei que era dor, e ao mesmo tempo que eu não a aguentava, eu não queria que ele parasse.
Meu terceiro orgasmo veio como ondas elétricas percorrendo meu corpo por inteiro, e eu me debatia debaixo dele. me fodeu por todo o meu orgasmo e finalmente permitiu o seu.
− Eu vou gozar − ele disse, metendo freneticamente em uma frequência desritmada.
− Goza dentro de mim − eu choraminguei, e ele não demorou muito, até que senti seu líquido quente me invadir.
A sensação era gostosa, conseguia sentir seu pau pulsando dentro de mim enquanto ele se esvaziava dentro de mim, e eu aceitava tudo.
Quando o orgasmo dele acabou, ele colapsou por cima de mim. Seu corpo estava completamente suado e eu conseguia sentir seu coração bombear em cima do meu.
Ficamos naquela posição, até que ele conseguiu ter forças para sair de dentro de mim, deitando-se ao meu lado e deixando eu deitar minha cabeça em seu peito.
Perdi-me em pensamentos. Todas as memórias que juntamos, todas as emoções que vivemos, todas as escolhas que fizemos nos trouxeram aqui.
Nós vencemos, apesar de todos os pesares. Nós éramos os vencedores. Era como se o destino tivesse feito de tudo para dar errado, querendo que desse certo.
− Que engraçado − finalmente disse, resgatando-me de meus devaneios.
− O quê? − perguntei curiosa.
− A primeira coisa que eu pensei depois que terminamos foi “como vamos sair daqui sem sermos vistos agora?” e me dei conta de que não temos mais que nos esconder.
Eu ri e o abracei.
− Pois eu quero ficar escondida aqui para sempre.
− Oui – ela afirmou confiante.
− Como vai funcionar? – perguntei, olhando por uma pequena fresta da janela para ver a movimentação dos policiais, que continuava intensa.
− Daqui a exatamente meia hora, seu pai se reunirá para participar como ouvinte de mais uma reunião do conselho. Eu colocarei essa pasta em sua maleta e pedirei para que ele entregue para alguém que possa ter contato direto com a Sua Majestade e ela possa ver os documentos, tudo será feito discretamente e seu pai negociará a consequência dos Petersons: eles perderão o ducado, seu pai substituirá Charles no conselho, entrará para a Ordem e seu casamento com Henry será anulado. E então...
Eu e sorrimos um para o outro e demos as mãos.
− Espero que funcione, caso contrário, esses policiais vão me jogar para fora daqui.
− Vai funcionar. Eu vou procurar o seu pai, vocês dois ficam aqui em silêncio. , se os pedirem para entrar em casa, diga a eles que não tem nada aqui. Lembre-os que eles não têm autorização para entrar sem que eu ou seu pai estejamos aqui. Aconteça o que acontecer, não fuja, pois a área está rodeada de policiais, eles com certeza vão o encontrar. Ah, e ...
− Sim? – ele olhou para a minha mãe, aflito.
− Você tem minha bênção – ela disse, sorrindo. sorriu de volta.
Minha mãe saiu do quarto com a pasta e ficamos eu e de mãos dadas. Minha cabeça estava uma bagunça: a possibilidade de Henry finalmente sair de minha vida, dos planos de meu pai darem certo e de minha mãe apoiar meu casamento e de faziam com que meu coração quase pulasse para fora de meu peito.
− Você é completamente maluco – eu disse a ele e tivemos uma crise de riso que fizemos de tudo para abafar para que não fizéssemos barulho.
− Sou completamente maluco por você, . Essa é só uma das loucuras que eu faço para ter você para mim – ele me puxou pela cintura e me beijou profundamente.
Beijei-o de volta e passei meus braços em volta de seu pescoço. Era tão bom tê-lo para mim novamente. Embora fosse uma loucura, eu tinha certeza de que aquilo era certo e que meu lugar era em seus braços.
Nosso beijo começou a ficar mais intenso, ele levou sua mão até minha bunda e a apertou forte, e sua outra mão até meu cabelo para puxá-lo e bagunçá-lo. Eu arranhava seu pescoço e também bagunçava seu cabelo. Tirei dele uma folhinha, provavelmente dos arbustos em que ele se enfiou para fugir, e mostrei a ele. Demos uma risadinha e encostamos o nariz um no outro, olhando-nos nos olhos.
Nosso momento foi interrompido pelo soar do sino na porta da frente que gelou minha espinha.
− São eles – sussurrou, e eu sinalizei para ele se esconder embaixo da cama, colocando meu dedo em minha boca pedindo para que ele fizesse silêncio.
Novamente, um soar do sino, desta vez mais forte. Engoli seco, abri a porta do meu quarto e ao me dirigi ao hall, abrindo a porta da frente. Dei de cara com dois policiais, vestidos de azul e armados com cassetetes. Não pude evitar demonstrar choque.
− Cavalheiros, em que posso ajudá-los?
− Boa tarde, milady, desculpe-nos incomodá-la. Nós estamos procurando por um homem que talvez conheça. É um homem perigoso, recebemos a informação de que ele arrombou o cofre de jóias de Lady Peterson.
− Não as joias! Que absurdo... que tipo de pessoa faria isso? Não se fazem mais homens como antigamente! – Henry tinha inventado que havia roubado joias para que os guardas o prendessem... que lixo humano.
− S-sim, senhorita. O nome do homem é , ele é o artista convidado para o seu casamento, é verdade que ele está hospedado aqui?
− Hmm... ? Tenho certeza que ele partiu na noite passada.
− Entendo. No entanto, temos ordens de procurá-lo por toda a vizinhança. A senhorita está sozinha?
− Sim. Meu pai, senhor , no momento está se encontrando com a Sua Majestade para o conselho financeiro. Minha mãe está tomando um chá com suas amigas e discutindo sobre o meu casamento. Eu estou tão animada! Nós a decoração será em tons de azul e...
− Senhorita, devemos cumprir a ordem de procurar na sua casa. Por favor, deixe-nos entrar.
Fudeu.
− Senhores, acredito que vocês não têm a permissão de entrar em minha habitação sem a presença de meus pais... afinal, eu estou sozinha em casa e ainda não tenho um marido.
− Não se preocupe, senhorita... não é algo oficial, estamos apenas... cumprindo o dever de mantê-la segura – o policial do meio disse como se aquilo não tivesse sido devidamente autorizado. O filho da mãe do Henry só pode tê-los subornado – com licença.
Não pude impedi-los de entrar. Para que houvesse tempo o suficiente para fugir, comecei a tagarelar.
– Fiquem à vontade. Gostariam de um chá? Biscoitos?
Os homens recusaram com a cabeça, olhando pelos cômodos. Investigaram a sala toda, em seguida foram para a varanda, o lavatório e o quarto de meus pais. Encontraram o quarto de visita, que chamou a atenção deles.
– Ele estava hospedado aqui? – um dos homens perguntou.
– Sim, senhor.
Os homens entraram no quarto, que se encontrava completamente vazio. Se ontem as paredes estavam cobertas de desenhos e pinturas, hoje elas estavam vazias, sem vida. Por não terem encontrado nada, se dirigiram ao último quarto, o meu.
− Este é o seu quarto, milady?
− Sim...
− Com licença.
Os policiais entraram e eu entrei junto, com o coração palpitando. Para a minha surpresa, não tinha nenhum sinal de . A janela se encontrava aberta e meu quarto do mesmo jeito que estava.
Eles olharam em volta, atrás das poltronas, atrás da penteadeira, na varanda e nada. Logo, só podia estar embaixo da cama.
Um dos guardas se inclinou para olhar lá embaixo e eu o impedi.
− Senhor, você não quer olhar aí embaixo.
− Por quê? – ele perguntou, desconfiado.
− Porque...
− Fale logo, senão vou puxar para ver o que há embaixo.
− Tem um rato morto – eu disse, rapidamente.
Os guardas se olharam estranho, sem entender.
− U-um rato morto?
− Por que não sinto cheiro? – o outro guarda perguntou.
− Porque eu o matei essa manhã. Eu coloquei migalhas de biscoitos para atraí-lo para debaixo de minha cama e o peguei com a ratoeira. Foi feio, sujou tudo de sangue, tripas e...
− Está bem, acho que entendemos – o terceiro guarda respondeu, visivelmente enojado.
− Bom... a senhorita quer ajuda para pegar o rato?
− Não precisa... eu consigo.
− Por favor, deixe-me ajudá-la. Uma dama jamais deve ter de lidar com essas coisas.
O guarda se inclinou e colocou o braço embaixo da cama. Eu comecei a suar frio, entrei em desespero, pensava “agora é o meu fim!”
− O que está acontecendo aqui? – meu pai entrou no meu quarto, acompanhado de minha mãe, Sir Peterson e Henry sendo segurados por dois guardas reais e... meu Deus.
− Vossa Majestade?! – os guardas imediatamente se reverenciaram. Eu fiz o mesmo rapidamente.
Embora eu tenha frequentado o palácio diversas vezes, eu nunca tinha visto a Sua Majestade antes. E agora, ela estava em meu quarto? Aquele foi provavelmente o momento mais aleatório de minha vida.
Todos nós fomos escoltados para o Palácio de Buckingham, menos , que continuou escondido.
− Ordeno que se expliquem.
A Rainha Vitória, sentada em seu trono com toda a sua formosura, bateu seu cajado no chão. Os policiais devem ter se borrado ali mesmo. Eu nem tinha coragem de olhá-la diretamente.
− L-Lady precisava de ajuda com um rato... – o guarda mal conseguia falar.
− Vossa Majestade, Lorde Peterson ordenou que buscássemos pelo homem que assaltou o cofre de jóias de sua mãe.
− Joias? É assim que os jovens chamam as provas de um crime hoje em dia? – a Rainha até que tinha senso de humor.
− Vossa Majestade, eu posso explicar... – Sir Peterson tentava se mexer, mas era duramente segurado pelos guardas reais que ameaçavam agredi-lo com um cassetete.
− É tudo mentira! Aqueles documentos são falsos! quer apenas tomar o lugar de meu pai no conselho! – Henry, em toda sua arrogância, teve a coragem de se dirigir à Sua Majestade daquela maneira.
− , não. Lorde . Um plebeu deve sempre tratar a nobreza da forma correta − Sua Majestade corrigiu, e naquele momento Henry e Charles se deram conta de que já não eram mais membros da alta sociedade.
Uma longa audiência com o conselho debateu qual seria a pena para a família Peterson. Após muito debate, finalmente foi dado um veredito.
− Charles Peterson é considerado culpado pelo crime de roubar dinheiro de Sua Majestade. Charles cumprirá uma pena de 14 anos, podendo escolher servi-los em uma prisão ou morando no palácio como um criado, trabalhando para servir à família real a fim de se retratar com ela após roubar seu dinheiro.
− Eu prefiro a prisão! Nunca vou me misturar a essa gente! − Charles disse, sendo contido por um guarda.
Charles era uma pessoa tão ruim que preferia viver na prisão do que servir a alguém. Espero que a vida na cadeia o faça se arrepender da escolha que ele fez.
− A família Peterson terá a sua casa leiloada, devendo seu filho Henry Peterson e sua esposa Mary Peterson deixá-la nas próximas 24 horas.
Henry fechou os olhos e cobriu seu rosto, ele estava arruinado. Mary chorava confusa.
O acordo foi selado e, finalmente, fomos liberados. Quando as portas foram abertas, muita gente estava esperando do lado de fora. De alguma maneira, a fofoca correu e todos vieram aguardar o veredito. Quando Charles e Henry foram escoltados para fora, as pessoas jogaram objetos neles.
− ! – senti um braço puxar o meu.
− ! – pulei em seus braços, contente em finalmente vê-lo.
− Deu tudo certo? – ele perguntou, ansioso pela resposta.
Minha resposta foi um sorriso e uma lágrima em minha bochecha direita. De repente, abre um sorriso de orelha a orelha e me tira do chão para um abraço.
− Hm-hm – meu pai coçou a garganta, fazendo com que eu e nos soltássemos imediatamente.
− Oi, papai – sorri amarelo.
− Lorde ... – sorriu mais amarelo ainda.
− Ma chérie, quer dizer que isso aqui – ele apontou para mim e – estava acontecendo embaixo de nossos narizes o tempo todo?
− Oui – ela respondeu, seriamente.
Meu pai ficou quieto por um bom tempo. Eu e ficamos preocupados, podia sentir sua mão, que estava entrelaçada com a minha, tremer.
Após isso, ele e minha mãe caíram em gargalhada, deixando-nos confusos.
− Eu falei que eu não ia conseguir! Perdão, eu não sou tão bravo quanto você – meu pai disse à minha mãe, que o abraçou.
− E então... ? – eu perguntei a ele, querendo saber o que ele achava.
− Eu só tenho uma pergunta para vocês dois: vocês querem que seu casamento aconteça daqui a três dias ou daqui a duas semanas?
Eu pulei nos ombros de meu pai, chorando de alegria. Eu finalmente ia ser feliz, eu finalmente estava livre para estar com quem eu queria.
Uma fina neve cobria a praça da capela. Os jardins brancos pareciam ser tapetes de veludo, e o local estava decorado com jasmins. O perfume deles faziam com que meu coração palpitasse de ansiedade, o buquê em minha mão tão bem juntado tremia em minhas mãos. Na entrada da igreja, dois quadros lindamente pintados retratavam eu e . Os convidados admiravam as obras, que arrancavam suspiros de todos que as examinavam.
Meu vestido branco, agora estilizado da maneira que eu queria, além de lindo, era confortável. Era um branco quase creme, e as mangas compridas eram de renda. A saia era tão longa que se arrastava pelo chão, e o corset marcava minha cintura de modo que me deixasse esbelta, mas que me deixasse respirar bem. O véu, preso a uma pequena tiara dourada em meus cabelos soltos, também era de uma renda fina. Ele cobria meu rosto fazia com que minha visão só focasse no que estava em minha frente: , com um terno preto e um pequeno jasmim no bolso do blazer, e olhos marejados. Eu suspirei, imaginando que aquilo tudo parecia ser um sonho. Mas as lágrimas que queriam correr pelo meu rosto e borrar minha maquiagem eram reais demais.
− , você aceita como seu legítimo esposo?
− Aceito − disse, colocando a aliança em seu anelar esquerdo. Minha voz saiu trêmula, e sorriu para mim. O sorriso mais sério já dado na história da humanidade.
− , você aceita como sua legítima esposa?
− Aceito – ele respondeu prontamente, sem titubear, e rapidamente colocou a aliança em meu dedo. Pude sentir suas mãos trêmulas como as minhas.
− Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva – o padre anunciou, e imediatamente puxou meu véu e me beijou, pela primeira vez, na frente de todos. Os convidados comemoraram e aplaudiram. Nosso amor, finalmente, estava sendo celebrado em público, aos olhos de todos. Sem culpa, sem remorso, sem medo.
− Que festa linda! – comentou comigo após o fim da cerimônia. Eu nunca a tinha visto tão arrumada. Ela e estavam de mãos dadas e nunca estiveram tão felizes.
− Não é? E acredite se quiser, os jasmins foram ideia de – eu disse, encostando a cabeça em seu ombro.
− realmente é um homem de boas ideias – comentou.
− Isso me lembra... como vocês se conheceram? – eu perguntei a .
− Não acredito que você ainda não contou! – começou a rir.
− Me fale agora! Você já fez suspense demais.
− Está bem – riu, dando-se por vencido – eu o conheci na nossa primeira madrugada juntos, poucos minutos de você vir até mim no jardim.
− Como? – perguntei, dando um gole na taça de vinho rosé.
− Eu o peguei no flagra invadindo a mansão.
− Não foi bem assim! – gritou.
− E eu disse a ele que não contaria a ninguém, mas que em troca, ele teria de me contar o que ele estava fazendo lá. Desta forma, ele me contou tudo sobre e como eles queriam se casar, mas não conseguiam dinheiro. Fiquei tocado com sua história, então decidi ajudá-lo.
− Ajudar de que jeito? – perguntei intrigada.
− nos deu sua casa em Cotswolds. Simples assim! – disse.
− Eu nem sabia que você tinha uma casa em Cotswolds! – eu falei, incrédula.
− Tinha, não tenho mais. Agora é deles.
− Como me ajudou, eu resolvi ajudá-lo de volta, sem fazer perguntas. Mas o dia mais bizarro foi a vez em que ele me pediu uma escada! – disse, gargalhando.
− Então foi assim que você conseguiu daquela vez? – eu também gargalhei.
− Exatamente. Eu estava desesperado e era minha única salvação, pois sabia que ele estaria na mansão àquela hora e imaginei que ele sabia onde encontrar uma escada.
− Meu Deus, agora tudo faz sentido! É por isso que você sabia o nome de , por isso que você conseguiu uma escada naquele dia, por isso vocês eram próximos. Mas isso não explica como você conseguiu aquela carruagem chique no dia do teatro...
− O condutor era meu tio, ele trabalha com isso! Então ele sabe onde arrumar carruagens chiques – respondeu.
− Inclusive, foi com ele que você colidiu naquele dia que estávamos apostando corrida – completou.
− Vi aquele passeio como uma forma de pagar pelos danos causados por você sabe quem – explicou.
− Está bem, e daquela vez que eu estava no seu quarto e tinha uma muda de roupas minha lá? – perguntei.
− Ah, naquele dia ele me viu no corredor levando as roupas limpas para o seu quarto. Ele simplesmente me pediu uma delas e eu dei, sem pedir explicações – disse enquanto bebia uma taça de vinho tinto.
− E o lenço combinando com meu vestido no dia do teatro? Não é possível que vocês estavam envolvidos com isso também! – exclamei.
− Ah, aquilo... foi uma grande coincidência – disse, sorrindo, e todos nós gargalhamos em sequência.
− Vocês receberam o convite, né? – perguntou.
− Sim, conte com a nossa presença. O casamento de vocês vai ser lindo! – respondi.
Continuamos conversando e rindo. De repente, senti alguém cutucar meu ombro, e quando me virei para ver quem era, fiquei surpresa.
− Charlotte – disse, falhando em conter minha surpresa. Embora eu a tivesse convidado, não esperava a sua presença.
− Olá, . Olá, senhor – ela acenou para , que acenou de volta um pouco sem graça – parabéns para vocês dois, imagino o quão felizes vocês devem estar.
Algo em sua voz parecia... sincero. Pela primeira vez, Charlotte não estava falando comigo com o intuito de se sentir superior: ela estava na minha frente em sua própria essência, sem se armar de ofensas e maldades.
− Obrigada, nunca estive tão feliz – eu sorri, olhando para o salão que os convidados se encontraram após a cerimônia. As pessoas comiam, bebiam, dançavam: do jeito que eu sempre quis, para celebrar o amor com a pessoa que eu escolhi.
− Eu imagino. Bom, eu vim até aqui para... – pude ver que Charlotte tinha muita dificuldade em ser sincera – eu quero... te pedir desculpas.
Eu a olhei no fundo dos olhos. Embora eu estivesse muito surpresa, eu também estava feliz.
− Eu te desculpo, Charlotte.
− É sério, eu não sei por que eu fazia aquelas coisas... eu acho que eu tinha inveja, porque você tinha o Henry para você e eu... sei lá, sabe. Eu estou arrependida, de verdade. Eu quero ser a sua amiga.
Eu sorri e ia estender a mão para ela, mas antes, lembrei de uma coisa.
− Eu serei sua amiga... mas com uma condição.
− Qual? – ela me olhou assustada, acho que ela estava esperando que eu fosse humilhá-la em público ou me vingar de alguma maneira.
− Você tem que pedir desculpas à não só por aquele dia, mas por todas as outras vezes que você a maltratou também.
ouviu e ficou me olhando, confusa.
− , isso não é necessário... – ela tentou dizer, mas foi interrompida por Charlotte.
− Me desculpe, . Eu nunca deveria ter falado daquela maneira com você. Eu mudei e prometo que nunca mais voltarei a ser daquele jeito.
sorriu e estendeu sua mão a Charlotte.
− Desculpas aceitas, espero que possamos ser boas amigas – disse contente.
− O que fez você tomar essa decisão? – eu perguntei a Charlotte.
− Bom, naquele dia em que o senhor recusou a proposta de casamento, eu fiquei muito triste. Eu pensava “o que eu fiz de errado?”, mas não por ter sido rejeitada pelo senhor . Era por ter sido rejeitada por Henry desde sempre. Percebi que me prender a ele só estava me fazendo mal, eu estava sendo grosseira com as pessoas somente por não saber lidar com a rejeição! Então eu decidi colocar um basta nisso. Decidi ir atrás de Henry e falar a verdade para ele: que ele não merecia você, nem o dinheiro, nem o status dele, porque ele era uma pessoa desprezível que fazia com que as pessoas em volta dele se tornassem desprezíveis também. Mas eu não o encontrava em lugar nenhum... e quando finalmente o encontrei, ele estava sendo escoltado por policiais!
− Hehe, aquilo foi impagável – riu, eu dei um tapinha nela. Embora tivesse sido realmente engraçado, eu queria ouvir o resto da história de Charlotte.
− Então eu os segui – Charlotte continuou – os guardas os jogaram na frente da casa dele, que estava sendo esvaziada. Eu não estava entendendo nada, nunca o tinha visto tão abatido antes, mas eu não senti pena. Eu fui até ele, determinada a falar tudo aquilo que eu queria!
− E você falou? – perguntou, curioso.
− Melhor que isso – ela disse, tomando um gole de vinho branco – quando ele me viu, eu nem tive a chance de dizer nada! Ele se agarrou em minhas pernas, implorando pelo meu perdão!
− Mentira! – ficou boquiaberto. Eu olhei para , tentando entender quando esses dois tinham virado velhas fofoqueiras.
− Pois é! Ele dizia que me amava, que sentia muito, que queria se casar comigo! Nesse momento entendi tudo, ele estava arruinado e se agarrou a qualquer chance que tinha de voltar para a sociedade, mas ele não me enganou. Eu disse para ele: hmm... me desculpe, mas eu não me interesso por plebeus. E fui embora!
Todo mundo morreu de rir. Henry finalmente teve o que merecia e todos estavam contentes com isso.
− Onde será que ele está agora? – perguntou.
− Espero que esteja limpando latrinas − respondi.
Aproveitamos a festa todos juntos, bebendo e conversando. Eu descobri que Charlotte era, na verdade, muito divertida. Ela era surpreendentemente inteligente e sabia tocar piano. Ela também nos contou que estava de olho em um novo rapaz, o filho de Lady Howard, Philip. Todo mundo jurava que ele era filho do marido dela, mas ele era a cara de Lorde Fitzgerald. Falei para ela ir atrás, mas para tomar cuidado com o histórico de infidelidade da família.
Após isso, vi minha mãe e meu pai acenarem para que eu e fôssemos até eles. Vi que eles estavam juntos da mãe de . Quando nos aproximamos, minha mãe passou as mãos em meu rosto e me encheu de beijos, dizendo:
− Tu es très belle ! Je suis si fière de toi ! – e mais um monte de coisa em francês.
− Ela está falando coisa boa? – a senhora perguntou para o filho.
− Acho que sim... – ele respondeu, incerto.
− Um monte de coisas boas! Essa menina me deixa maluca, mas é o meu amorzinho! – ela disse, me abraçando. Eu já estava ficando com vergonha.
− Eu também te amo, mãe.
− Eu estava ansiosa para este dia desde a vez em que vocês vieram me convidar em minha casa! A sua filha é realmente um amor, me apaixonei por ela no momento em que a vi – a senhora apertou minhas bochechas.
− Agora que vocês estão casados, quantos filhos planejam ter? – meu pai, super inconveniente, perguntou.
− Eu não sei... – respondeu, ficando envergonhado.
− Está cedo para isso, papai! – eu respondi prontamente.
− Está bem, está bem! Só queria saber, ué... – meu pai riu, como se não tivesse sido super constrangedor.
− Senhora ... – minha mãe disse – como seu filho é agora um membro da família, eu e meu marido acreditamos que a senhora também deveria viver aqui perto.
− O quê? – os olhos da senhora ficaram do tamanho da lua – Isso é verdade?
− Nós demos um lance na casa leiloada dos Petersons e agora ela nos pertence. No entanto, queremos dá-la a você − meu pai disse, tirando uma chave do bolso.
A mãe de chorava de tanta felicidade. Pude ver secar uma lágrima discretamente e sorri.
− Eu não sei como agradecer! Oh, céus! Obrigada senhor... digo, Lorde ! – a senhora abraçou os meus pais. Meus pais não estavam acostumados com esse tipo de contato físico de estranhos, mas pareceram aceitar bem.
Eu e nos olhamos e demos as mãos, sorrindo. Parecia que, finalmente, tudo ia ficar bem.
Anoiteceu e a festa estava chegando ao fim. Muitos convidados já haviam ido embora, e como de costume, estava na hora dos noivos saírem. Num casamento tradicional da nobreza, esta era a hora em que os noivos deveriam partir e ter sua noite de núpcias.
− Temos que ir – ele disse puxando a minha mão, após nos despedirmos de todo mundo, em direção ao saguão principal.
− Está ansioso, hein? – eu disse, sorrindo maliciosamente.
− Muito! Mas eu tenho uma surpresa. Na verdade, três.
− Três?!
Nós entramos na carruagem, cumprimentando o condutor, tio de , e partimos em direção a um caminho que eu não conhecia.
− Para onde estamos indo?
− Para nossa casa.
Eu fiquei confusa, pois eu sabia muito bem que minha casa não ficava para esse lado da cidade.
Chegamos a uma mansão de madeira avermelhada, onde uma grande porta preta envernizada nos convidava para entrar. Os corvos no jardim grasnavam e, embora esse fosse um lugar perfeito para uma peça de terror, o jardim tão bem cuidado e aparado com todos os tipos de arbustos e flores tornava o lugar idílico e romântico.
Sem saber o que dizer, desci da carruagem apoiando-me na mão estendida de , e segui para a porta de entrada. Ele tirou as chaves do bolso e abriu a porta, e quando olhei para trás, o condutor já tinha levado a carruagem embora.
Acessamos o hall de entrada, que era igualmente escuro e ao mesmo tempo acolhedor. O lugar já estava completamente mobiliado.
− Você… só alugou a casa né? − eu perguntei, sem acreditar.
− Não, eu comprei − ele respondeu, como se não fosse nada.
− Fale a verdade! − eu gritei, rindo de nervosismo.
− Mas é verdade, eu comprei esta mansão. Ela é nossa mansão .
Mansão . Aquilo soava tão bem.
− Como? − eu perguntei, gesticulando para a imensidão do lugar.
− Lembra do anel do Peterson? Eu disse que ele valia dinheiro. Considere isso um presente de casamento dele − ele disse, fazendo-me rir.
− Aquele anel valia tudo isso? − perguntei, sem acreditar.
− Bem, pagou uma parte. O resto tive que pagar. Seu pai também pagou uma parte, alegando ser um presente de gratidão pelas comissões e por tê-lo ajudado com a vaga no conselho.
− E o que é aquilo?
Apontei para a parede no meio das escadas, onde havia um quadro coberto com um pano que não estava lá antes das outras vezes que entrei lá.
− O quadro que seu pai encomendou. Eu fiz algumas alterações, mas seu pai não se importou.
puxou o pano que revelou uma tela muito bem pintada. Nela, eu e estávamos sentados no centro, com as roupas de nosso casamento. Atrás de mim, minha mãe e meu pai, e atrás dele, sua mãe.
Era o quadro que ele estava pintando para o meu casamento e de Henry. Eu fiquei encantada, pois achei que aquela tela me assombraria para todo o sempre... mas agora, ela se tornou a minha favorita dentre todas as outras milhares que ele já havia pintado.
− Eu estou...
− Sem palavras? – ele me completou, arrancando um sorriso de mim.
− Como você colocou seu rosto no lugar do de Henry? Eu vi você pintar essa tela na minha frente!
− , eu planejava te pedir em casamento desde o dia que pintei esse quadro. Naquele dia, você me convenceu a visitar a minha mãe, e depois que você saiu de meu quarto, eu pintei uma cópia dele com o meu rosto e o de minha mãe, pois eu estava decidido a fazer este dia acontecer. Você ficou brava comigo por eu ter falado para ela que você era a minha noiva, mas a verdade é que eu estava determinado a propor.
− Você sempre me surpreende – eu o abracei – ficou maravilhoso, eu amei.
Nós nos beijamos e, desta vez, eu tentei desabotoar o terno de , mas ele me impediu.
− Calma, falta a última surpresa. Mas essa fica longe.
Ele me puxou para fora da sala, arrastando-me escada acima. Chegamos em uma porta fechada, a qual abriu lentamente.
Admirei o quarto que ia ser nosso. O papel de parede de painéis cor de vinho dava um ar acalentador e sensual ao mesmo tempo. A cabeceira da cama era ornamentada, e a cama, colossal. Os lençóis eram escuros como toda a paleta de cores da casa, e os móveis, de madeira de carvalho, decoravam o quarto. O lustre gigante e dourado no meio do teto estava apagado, pois o quarto estava sendo iluminado por de velas.
Uma porta dentro do quarto levava a um banheiro, branco e brilhante. No meio dele, havia uma banheira enorme com um banho já pronto. Havia velas em volta do banheiro aguardando serem acesas, o local estava decorado com inúmeras flores e uma farta cesta de frutas estava colocada sobre uma mesa de centro ao lado da banheira. Meus olhos brilharam.
Coloquei os dedos na água para checar a temperatura. Ela estava muito quentinha, perfeita para a nevasca lá fora. A água estava perfumada com essências e óleos de jasmim. Era simplesmente apaixonante.
− O que achou? – ele perguntou, empolgado com a resposta. Eu não conseguia dizer nada. Senti lágrimas encherem meus olhos e apoiei a cabeça em seu peito. Ele ficou imediatamente preocupado.
− Você não gostou? Se você quiser, a gente pode ir embora...
− Não é isso! – eu o interrompi – É que ninguém nunca fez nada disso para mim antes! Você faz eu me sentir tão amada e desejada e protegida e...
− Você é tudo isso para mim – ele disse, beijando meus lábios e secando minhas lágrimas – eu te amo mais que tudo. Eu disse que faria qualquer coisa por você, lembra?
− Eu também te amo mais que tudo – eu disse, fungando. Eu devia estar com a maquiagem toda borrada e feia, mas ainda sorria para mim como se eu fosse a mulher mais linda do mundo – obrigada, obrigada mesmo.
− Você me agradecer entrando nessa banheira aí comigo – ele disse, tirando minha tiara com o véu e jogando-a para longe.
− Até que enfim! – exclamei.
colocou as mãos em minhas costas e desamarrou meu corset enquanto eu tirava meus sapatos. Em seguida, puxou meu vestido com toda a delicadeza do mundo, puxando minhas mangas até que saíssem, e meu vestido caiu no chão, revelando meu corpo gelado e completamente nu.
− Você é a mulher mais linda que eu já vi... – ele disse, beijando meu pescoço e acariciando minha cintura.
Eu removi seu casaco e abri os botões de sua camisa um por um enquanto beijava seus lábios macios. Tirei-a de seu torso, revelando seu peitoral musculoso que me encantava toda vez. Em seguida, abri suas calças e as puxei para baixo, junto com a sua cueca.
pegou em minha mão e me ajudou a entrar rapidamente na banheira. A água estava divina e perfumada. entrou logo em seguida, ficando de frente para mim.
− Venha aqui – ele disse, chamando-me para sentar-me em seu colo de costas para ele, e eu obedeci.
pegou o jarro que estava do lado da banheira, junto com outros utensílios para banho como esponja, xampus e sabonetes, e jogou um pouco de água em meu cabelo, molhando-o por inteiro. Em seguida, pegou um pouco do xampu e massageou minha cabeça.
Era tão gostosa a sensação que eu fechei os olhos para aproveitá-la. Eu devia estar com um sorrisinho bobo, pois pude ouvir dar uma risadinha. Em seguida, jogou mais água em meu cabelo para remover a espuma.
Eu fiz o mesmo com ele, fiz com que ele se sentasse de costas para mim e lavei seus cabelos macios. Assim que o enxaguei, fiz uma longa massagem em seu pescoço para agradá-lo.
Quando terminei, ele se virou para mim e disse:
− Eu já sabia que você tinha talento com suas mãos, mas acho que te subestimei.
Eu dei uma risadinha e o beijei profundamente. me virou de costas para ele novamente e pegou o sabonete. Passou por meus ombros, massageando-os, e depois continuou a massagear o restante de meu corpo. Suas mãos passaram em meu pescoço e desceram para o meu peito. Em seguida, alcançou meus seios. Massageou-os de maneira que começou a me excitar, espalhando cuidadosamente a espuma por todo o canto. Demorou-se até que me ouvisse dar um gemidinho, só assim ele ficaria contente.
Começou a beijar da minha nuca às minhas costas, causando arrepios na minha pele. Eu suspirava a cada vez que seus lábios tocavam a minha pele de forma tão carinhosa. Suas mãos massagearam meus seios, apertando levemente meus mamilos, e deslizaram até minha cintura, mantendo-me presa no lugar.
Enquanto uma de suas mãos me segurava pela cintura, outra mão deslizou lentamente até minha intimidade, que já estava molhada para recebê-lo.
− Sempre pronta para mim − ele sussurrou em meu ouvido, arrancando-me um suspiro.
Seus dedos faziam movimentos circulares em meu clitóris, causando movimentos involuntários em minhas pernas e em meu quadril, que se empinava em direção ao dele. Senti seu pau duro roçar na minha bunda, ele estava se masturbando nas minhas costas enquanto me marturbava e isso me encheu de tesão.
− Goza para mim − ele mandou, morrendo o lóbulo da minha orelha. Continuei rebolando para ele para lhe dar mais prazer, até que atingi meu primeiro orgasmo da noite. Deitei minha cabeça em seu pescoço e gemi, esfregando-me em seus dedos até que meu orgasmo fosse embora, aproveitando cada segundo de prazer que ele me proporcionou. Quando ele passou, virei-me para .
− Vamos pra cama − choraminguei, e ele concordou com a cabeça.
Foi difícil sair da banheira naquele frio, mas o quarto estava quente por conta da lareira acesa que esquentava a casa no andar de baixo. Abri o ralo da banheira e sequei-me com a toalha rapidamente, ansiosa para continuar o ato.
Fomos para o quarto e, antes que pudesse me puxar para a cama, eu o empurrei, fazendo-o cair de costas para o colchão. Subi em cima dele, que me olhava hipnotizado.
− Eu sei o que você quer − ele disse, pegando em seu pau e se masturbando para mim, que o assistia com prazer.
− Pede − eu mandei, levando uma de suas mãos até meu seio para provocá-lo.
sorriu de canto. De repente, levou uma mão até meu pescoço e me puxou em sua direção, falando em meu ouvido.
− Me faça pedir − ele respondeu entredentes.
Eu rebolei em cima de seu pau, minha buceta molhada massageou o seu pau, molhando-o também. Ele arfou, arqueando o quadril, e ali eu sabia que ele tinha se dado por vencido.
− Me chupa − ele mandou, e eu sorri complacente, novamente domada por ele.
Ele soltou sua mão de meu pescoço e eu desci, deixando beijos molhados no seu abdômen pelo caminho. Antes de colocar o pau dele em minha boca, passei minha língua pelo seu longo comprimento, dando uma chupada de leve na cabeça. Ele soltou uma respiração pesada.
Em seguida, coloquei seu pau dentro da minha boca até onde eu alcançava. Fiz movimentos de vai-e-vem, passando a língua em volta. Intercalava a mão e a boca, e às vezes combinava as duas juntas.
Alguns centímetros do pau dele ficavam para fora da minha boca por conta do tamanho, mas ele não aceitou.
Senti sua mão agarrar meus cabelos e me fazer olhar para ele. Ele estava com um sorriso torto.
− Eu sei que você aguenta tudo − ele sussurrou, e eu senti um frio na barriga.
Abocanhei novamente seu pau, que já pulsava, respirei fundo e soltei, colocando ele inteiro em minha boca. Ele jogou a cabeça para trás quando a ponta de seu pênis encontrou a pele macia do fundo da minha boca, e meus olhos ficaram marejados por conta do engasgo. Mas eu continuei.
Chupei ele inteiro sem deixar nenhum centímetro do seu pau sem atenção. Ia e voltava, masturbava e lambia, e ele já estava começando a ter espasmos nas pernas.
me puxou pelo cabelo repentinamente, trazendo meu rosto para cima de encontro ao dele.
− Boa menina − ele disse, limpando a saliva da minha boca e me beijando. O elogio fez eu me sentir muito bem, melhor do que eu esperava.
Ele então me virou, colocando-me embaixo dele e roçando seu pau em mim, e eu abri as pernas esperando que ele fosse me foder.
− Ainda não − ele disse − agora é minha vez.
desceu até minha buceta, e sem fazer cerimônia, me lambeu inteira de baixo para cima, mandando um arrepio muito forte pela minha espinha, como se um raio tivesse me atingido.
Ele se lambuzou como num jantar. Concentrou-se no meu clitóris, lambendo-o em movimentos repetitivos que causavam espasmos em minhas pernas. Elas tentavam fechar, mas as segurava abertas.
Eu já estava arqueando minhas costas e gemendo seu nome, contorcendo-me de prazer. Meus olhos estavam fechados, então fui pega de surpresa quando ele inseriu dois dedos em mim, sem parar de me chupar.
A combinação da penetração dos longos dedos dele e da sua língua no meu clitóris me causaram inúmeras contorções, as quais estava lutando para me segurar no lugar. Minha boca estava completamente aberta e eu respirava rapidamente, uma de minhas mãos agarrava seus cabelos e a outra o lençol, descontando minha força para lidar com o prazer. Eu gozei pela segunda vez da noite na boca de , que se deliciou com cada gota.
Ele foi desacelerando o ritmo até parar, até que ele se levantou e pairou em cima de mim, assistindo-me recuperar do orgasmo. Apesar do clima lá fora, havia suor na minha testa. Eu mal conseguia falar.
Ele beijou minha testa, minha bochecha e meu pescoço. Eu passei meus braços ao redor de seu pescoço, trazendo-o para mim. Eu estava exausta, mas eu jamais negaria o orgasmo de , então rebolei em sua direção, implorando por ele.
entendeu, e prontamente guiou seu pau com a sua mão em direção à minha entrada.
Seu pau deslizou para dentro com muita facilidade, de tão molhada e pronta que eu estava.
− Tão apertada, tão quente − ele sussurrou fazendo caras de prazer.
Imediatamente puxei o quadril dele em minha direção, pedindo para ele aumentar o ritmo. começou a me foder sem dó, o barulho característico de nossos quadris se chocando era alto e molhado, música para os meus ouvidos.
Continuamos em uma velocidade alta, me atingia cada vez mais fundo e eu gemia seu nome sem parar.
Foi então que colocou minhas pernas para cima, acima de seu pescoço. O novo ângulo me causou uma sensação muito mais forte, pois agora ele estava atingindo uma região mais em cima. A esta altura eu já estava completamente intoxicada de prazer, incapaz de responder pelos meus atos. Uma mão dele segurava fortemente minha coxa, tão forte que deixariam marcas no dia seguinte. A outra masturbava meu clitóris, já inchado e sensível dos orgasmos anteriores.
Fiquei sobrecarregada de prazer e coloquei minha mão em cima da sua, não aguentando.
− Eu sei que você consegue gozar mais uma vez para mim − ele disse, acariciando meu joelho.
Fechei os olhos e o deixei me tocar. A sensação era tão forte que por um momento achei que era dor, e ao mesmo tempo que eu não a aguentava, eu não queria que ele parasse.
Meu terceiro orgasmo veio como ondas elétricas percorrendo meu corpo por inteiro, e eu me debatia debaixo dele. me fodeu por todo o meu orgasmo e finalmente permitiu o seu.
− Eu vou gozar − ele disse, metendo freneticamente em uma frequência desritmada.
− Goza dentro de mim − eu choraminguei, e ele não demorou muito, até que senti seu líquido quente me invadir.
A sensação era gostosa, conseguia sentir seu pau pulsando dentro de mim enquanto ele se esvaziava dentro de mim, e eu aceitava tudo.
Quando o orgasmo dele acabou, ele colapsou por cima de mim. Seu corpo estava completamente suado e eu conseguia sentir seu coração bombear em cima do meu.
Ficamos naquela posição, até que ele conseguiu ter forças para sair de dentro de mim, deitando-se ao meu lado e deixando eu deitar minha cabeça em seu peito.
Perdi-me em pensamentos. Todas as memórias que juntamos, todas as emoções que vivemos, todas as escolhas que fizemos nos trouxeram aqui.
Nós vencemos, apesar de todos os pesares. Nós éramos os vencedores. Era como se o destino tivesse feito de tudo para dar errado, querendo que desse certo.
− Que engraçado − finalmente disse, resgatando-me de meus devaneios.
− O quê? − perguntei curiosa.
− A primeira coisa que eu pensei depois que terminamos foi “como vamos sair daqui sem sermos vistos agora?” e me dei conta de que não temos mais que nos esconder.
Eu ri e o abracei.
− Pois eu quero ficar escondida aqui para sempre.
Fim
Nota da autora: Seja bem-vinda à minha primeira fanfic interativa! Espero que você aprecie a leitura tanto quanto apreciei escrevê-la. Esta fanfic é um projeto meu de 2019 que nunca finalizei, mas neste ano resolvi dar um final para essa história e aproveitei para revisar, mudar algumas coisas e aperfeiçoar minha escrita. Estou muito contente com o resultado! Embora alguns aspectos da fanfic lembrem muito a série Bridgerton, eu a escrevi antes de conhecer a série. Mas confesso que assisti-la me ajudou a entender um pouco melhor sobre esse gênero e sobre títulos da nobreza britânica. No entanto, esta fanfic é apenas uma história de ficção que fiz por diversão, então é possível que haja algumas incoerências em relação a fatos históricos, ok? Gostaria de agradecer à minha scripter Biba que tornou a publicação desta história possível. Obrigada por estar aqui e boa leitura!
Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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