Última atualização: 10/01/2021

Capítulo Único

null esvaziou a garrafa de vinho na taça. Deixou a garrafa em cima da bancada da cozinha, tomou alguns goles da bebida e caminhou lentamente para a sala. Preferiu deixar a luz da cozinha acesa, assim como a luz do corredor pelo qual passou. Odiava ficar em casa sozinha à noite, e quando o namorado precisava viajar ou ficava trabalhando até tarde, a mulher tinha a mania de deixar todas as luzes acesas.
Não que isso diminuísse o sentimento de solidão e saudade, mas pelo menos amenizava seu desconforto em estar em um espaço tão grande e… Sozinha.
null não tinha problemas em ficar sozinha. Quer dizer, a mulher tinha o próprio espaço há algum tempo, quando precisou sair da casa dos pais no interior e morar na capital, mas era diferente. Uma coisa era ficar sozinha no seu apartamento, pequeno, conhecido, aconchegante. Outra, bem diferente, era caminhar pelos corredores enormes da casa de null, especialmente de noite, quando tudo parecia vazio e grande demais para uma só pessoa.
A verdade era que null aceitara dormir lá naquela noite quando ele prometeu que estaria em casa para o jantar. É claro que a mulher não acreditou na promessa do namorado, afinal, null nunca tinha hora para chegar em casa quando era dia de ensaio.
Não que ela o culpasse, pelo contrário. Gostava da ideia de que null era um homem esforçado e trabalhador, que amava a carreira e a profissão e que não media esforços para crescer mais e mais a cada dia. Além disso, ver o resultado dos seus esforços, em cima do palco, nos vídeos e nas músicas que gravava, era um deleite para null. Não tinha vergonha em admitir que gostava de perder horas assistindo aos vídeos musicais gravados por null e mal via o tempo passar quando colocava algum show antigo para rodar no Youtube.
null sabia muito bem com quem estava aceitando se relacionar quando ouviu o pedido naquela noite, no camarim, após quase duas horas de show. null estava pronta para parabenizá-lo pela excelente apresentação, com a garganta doendo de tanto gritar o nome de null a noite toda em meio a todas as outras fãs, quando o pedido veio. Foi uma surpresa, é verdade. Totalmente inesperado e improvisado, aquilo era óbvio, mas não poderia ser mais a cara de null fazer algo do tipo.
Assim como a proposta para que ela fosse morar com ele, proposta esta que veio logo em seguida ao aceite de null em ser, oficialmente, sua garota.
— Você pode vender o seu apartamento e morar comigo, tem espaço suficiente para nós dois. — Foi o que ele disse.
null ficou tão surpresa que mal conseguiu responder de início, limitando-se apenas a rir.
null, eu não quero vender o meu apartamento. Gosto dele.
— Então o alugue e venha morar comigo — ele insistiu. — Ou eu posso ir morar com você, não me importo. Gosto mais da sua televisão do que da minha, de qualquer forma.
Eles nunca chegaram, de fato, a se mudar para a casa um do outro, mas acabaram chegando a um acordo, no qual null passava as noites da semana na casa de null e ela passava os finais de semana na casa dele. E eles estavam bem assim, eles se entendiam.
Caminhou até a sala e ligou a televisão, mudando os canais sem realmente prestar atenção em nada do que estava passando. Não estava interessada em nada daquilo.
Suspirou levando a taça aos lábios. null tinha um gosto excelente para vinhos e null podia provar — as garrafas vazias que a garota deixava em cima do balcão da cozinha dele, a cada final de semana, eram prova disso.
Olhou para o relógio na parede, vendo o quão tarde já era. Tarde demais para null, que costumava acordar cedo todos os dias para trabalhar. E por mais cansada que ela estivesse, por mais sono que ela sentisse, a mulher não conseguia relaxar. Nem mesmo esvaziando uma garrafa inteirinha de vinho — sozinha.
null tem razão, a minha televisão é melhor — ela concluiu rindo consigo mesma.
Desligou o aparelho, desistindo de assistir alguma coisa. Deixou a taça, agora vazia, na cozinha, e foi para o quarto para tentar dormir. Ainda que seu corpo estivesse em alerta, que null estivesse agitada demais, precisava se forçar a descansar, ou então passaria o dia seguinte mal humorada pelo sono acumulado e noite mal dormida.
Como qualquer outra parte daquela casa enorme, o quarto de null estava frio. Talvez fosse pela janela aberta e o vento gelado da noite, mas aquilo apenas servia de desculpa para que null repetisse o que sempre fazia quando se sentia solitária. Foi até o guarda-roupa dele e escolheu uma camisa para vestir.
Dormir sentindo o cheiro de null era o melhor calmante que null poderia pedir. Imaginar que o tecido da roupa dele roçando na sua pele eram as mãos do rapaz era o que deixava a mente de null viajar por fantasias prazerosas, as quais imediatamente relaxavam seus músculos. Sem nem se dar conta, null adormeceu com um singelo sorriso leve, tomada pelo perfume natural que só null tinha.

null sabia que estava sonhando. E sabia disso não porque as imagens na sua mente eram irreais demais para serem verdadeiras, mas apenas porque aquelas cenas eram memórias de um período que já havia passado. null sonhava com a viagem que fizeram para a Itália no último verão, quando null conseguira um folga do trabalho e null havia convencido sua colega de trabalho a trocar o período de férias com ela.
null havia cuidado de tudo, desde a compra das passagens até a reserva do hotel. No sonho, a mulher estava deitada de barriga para baixo, ainda dormindo, após a primeira noite deles em Veneza. Tinha null atrás dela, acordando-a sutilmente com beijos doces no pescoço. Antes mesmo de abrir os olhos, null sentiu o cheiro do shampoo dele, o que indicava que o rapaz havia acabado de tomar banho. Ela chegou a soltar um gemido fraquinho de insatisfação.
— Por que não me esperou para tomarmos banho juntos? — ela murmurou com a voz abafada pelo travesseiro. E apesar de ainda estar bastante sonolenta, a risadinha dele, rouca e arrastada, próxima do ouvido dela, foi o bastante para despertá-la.
— Posso dar banho em você se quiser.
A garota ronronou como uma gata, remexendo-se na cama. Sentiu os dedos de null subirem, vagarosamente, por debaixo da roupa que ela usava, fazendo com que a pele das suas costas se arrepiasse ao mínimo toque dele.
Mas espera.
null tinha a nítida lembrança de que não usara roupa nenhuma para dormir nas noites em que passou em Veneza — e o motivo daquilo não era apenas a alta temperatura da cidade causada pela estação do ano.
Então… Como o namorado poderia estar levantando a roupa dela?
Lentamente, null foi retomando a consciência. As lembranças foram ficando mais distantes, como se cobertas por um véu branco, ao tempo em que a mulher se voltava para a realidade.
O quarto não estava mais gelado. A cama já não era espaçosa demais para o seu corpo. As memórias da pele arrepiada passaram a ser uma realidade quando null se deu conta de que null estava deitado atrás de si, o corpo colado no dela, a cabeça descansando na dobra do seu pescoço.
Ela respirou fundo, de modo que o cheiro do perfume dele lhe tomasse os sentidos.
— Senti sua falta — ela sussurrou ainda de olhos fechados, apreciando o contato dos corpos, as carícias que a mão dele lhe proporcionava.
— Desculpe — soprou perto do ouvido dela. — Prometo que vou compensá-la.
null soltou uma risadinha. Ah, mas ela não tinha dúvidas daquilo.
Preguiçosamente, virou-se de barriga para cima. null estava deitado de lado, um dos braços apoiado no colchão sustentando o corpo, encarando-a. Como quem não queria nada e ainda tomando o cuidado de continuar com as carícias leves, as pontas dos dedos quase fazendo cosquinha na pele de null, null foi subindo a mão vagorosamente. Primeiro pelas coxas desnudas da mulher e então por debaixo da camisa que ela usava, parando apenas por um instante na altura do quadril dela, onde contornou toda a extensão do elástico da lingerie que ela usava.
— Hm… Eu conheço essa camisa — ele soprou no ouvido dela.
null tinha os olhos fechados, as mãos apoiadas no colchão, apenas apreciando as sensações dos toques de null.
— Eu gosto dela.
— Eu também — ele respondeu. — Mas não em você.
A mulher abriu os olhos. Acima dela, null sorria de lado, um sorriso leve e doce, quase genuíno. Mas seus olhos brilhavam com expectativa, escuros e desejosos, tomados por pensamentos que envolviam ele e null, ali mesmo naquela cama, mas, definitivamente, não envolviam aquela camisa que ela usava. Ou qualquer outra peça de roupa.
null soltou uma risadinha, sentindo um crescer frio na barriga pelo que ela sabia que viria a seguir.
— Você me deixa sozinha a noite toda, nessa casa enorme, e quando chega só pensa em tirar a minha roupa? — perguntou em um falso tom de reprovação. — Tsc tsc
— Eu estava ocupado terminando de produzir uma música para a minha garota — respondeu. — Não podia vir para casa sem que tivesse finalizado antes.
A mulher abriu um sorriso largo.
— Mesmo? Você fez uma música para mim?
null rolou os olhos e tombou a cabeça, pausando as carícias e repousando a mão na barriga dela.
— Não é como se eu já não tivesse feito isso outras vezes.
— Mesmo assim! Eu adoro quando você escreve para mim.
Foi a vez de ele sorrir.
null, eu sempre escrevo sobre você, afinal, tudo o que eu sei sobre amor foi você quem me ensinou.
Se antes null estava hipnotizada pelo sorriso de null, agora ela já não estava mais. Porque a mulher foi tomada por um impulso incontrolável de beijá-lo, quase como se sentisse falta dele, incomodada com a pouca distância que os separava. E se antes null sentia frio naquele quarto enorme, já não o sentia mais, afinal, mesmo que seu corpo se encontrasse desnudo, com a camisa que usava outrora jogada no chão ao pé na cama, tinha o corpo do null sobre o seu para aquecê-la — e fazer outras coisinhas mais.


FIM



Nota da autora: Mais uma história de casalzinho apaixonado, haha. Não dá, eu amo esses casais imaginários que eu idealizo para a minha vida, haha. Espero que tenham gostado! Deixem um comentário cheio de amor e indiquem a fanfic para as amigas <3
Beijos de luz
Angel.



Outras Fanfics:
Finalizada:
Ainda Lembro de Você

Em andamento:
It’s Always Been You

Shortfics:
21 MonthsAccidentally in Love IAccidentally in Love IIAinda Lembro de NósAnother SpellmanBabá TemporáriaBecause of the WarCafé com ChocolateCall for YouCompletely in LoveElementalGive Love a TryLittle SecretMessage to YouMidnight WindMy Co-StarO Amor da Minha VidaO Conto da SereiaO Garoto do MetrôReencontro de NatalRefrigerante de CerejaRumorShe Was PrettySorry SorrySuddenly Love ISuddenly Love IIWelcome to a new wordWhen We Met

Série 7 First Dates:
Terrace NightMovie NightShow TimeSurprise DateHot Chocolate

Ficstapes:
01. Lullaby 02. Cool 03. Adore You 05. The Man Who Never Lied 06. Every Road 06. Love Somebody 07. Corner of My Mind 07. Face 09. Those Were The Days 09. Who’d Have Known 10. Sol Que Faltava 10. What If I 11. Woke Up in Japan 12. Epilogue: Young Forever 15. Afterglow15. Does Your Mother Know

MVs:
MV: Change MV: Run & Run MV: Hola Hola

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