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CAPÍTULOS: [1]





Best Part Of Me






Capítulo 1 – Olhos Verdes


Acordo com alguém tocando a campainha do meu apartamento e desço as escadas, esfregando os olhos com a maior preguiça. Qual é, eu acabo de acordar.


– Já vai! Mais que coisa! – abro a porta e dou de cara com a minha melhor amiga, com o rosto vermelho e inchado e com os olhos cheios de lágrimas. – Meu Deus, o que aconteceu?
– Eu briguei com ele de novo. Eu não aguento mais esta vida, amiga. Me ajuda – ela fala, me abraçando apertado.
– Calma, vai ficar tudo bem, tá? – falo, retribuindo o abraço e alisando seu cabelo.
– Não, não vai. Eu o amo muito, mas acho que vou acabar. Não aguento mais isso.
– Vem, senta aqui – falo, puxando-a para sala e sentando no sofá.
– Vai, conte-me o que aconteceu dessa vez.
– A mesma coisa de sempre: ciúmes. Eu não aguento mais esta vida e não sei mais o que faço. – ela fala, cobrindo seu rosto com as mãos e chorando mais ainda.

Um fato sobre mim: eu sou péssima em conselhos, então a abraço de lado; ela aproveita e deita sua cabeça entre minhas pernas, e fico fazendo cafuné em sua cabeça.
Ficamos apenas em silêncio e eu posso ouvir seus soluços. É aí que penso.


– Sabe, amiga, tem um lugar aqui perto que é o meu ponto de refúgio quando o meu dia não tá bom. Quando eu quero apenas pensar eu vou pra lá. Quem sabe ele também não te ajuda? Se quiser, eu te levo e a gente pode ficar lá.
– Não sei, amiga, eu só queria ficar aqui, sabe? – ela fala ainda deitada.
– Eu sei, mas lá quase ninguém vai, e é muito calmo. Vai te ajudar.
– É muito longe?
– Não, só algumas quadras daqui.

Ela olha para mim, e percebo que ela está pensando. Conheci a quando comecei a fazer faculdade de administração; eu era novata, e ela também. Sentamos uma do lado da outra e, depois de algum tempo, puxamos conversa. Hoje, depois de longos três anos, estamos aqui, formadas, mas continuamos amigas.


– Ai, amiga, tá bom. O que eu não faço por você, hein? – ela se levanta, mas ficando sentada, e começa a rir.
– Olha pelo lado bom: você tá rindo.
– Você sempre me faz rir, amiga.
– Verdade. Você espera só eu trocar de roupa? Não sei se você percebeu, mas eu estava dormindo, sabe.
– Por que você sempre tem que ser sarcástica? Tá bom. Vai lá.
– Você já conhece a casa, então fique à vontade – falo, já subindo as escadas.

Tomo um banho rápido e escolho uma roupa pesada; faz um frio gostoso hoje, e eu simplesmente amo frio. Resolvo deixar meu longo cabelo loiro solto, coloco apenas uma toca cinza e desço.


– Vamos?

Ela não fala nada, apenas balança a cabeça, concordando. Eu a abraço de lado, e ela encosta sua cabeça no meu ombro. Ficamos em silêncio, apenas escutando o barulho da rua.


– Se importa se a gente passar na Starbucks, primeiro? Ainda não comi nada hoje.
– Tudo bem – ela fala, sorrindo fraco.

Entramos na Starbucks, peço um belo lanche e saímos; ela não quer nada. Andamos mais um pouco e paramos em frente à uma biblioteca.


– Por que não estou surpresa em ser uma biblioteca?
Outro fato sobre mim: eu amo livros.
– Você sabe por que eu adoro essa biblioteca?
– Por que você adora livros?
– Não.
– Então pelo quê?
– Vem, vamos entrar.

Dou bom dia para a senhora que fica lá todos os dias e já me conhece. Na entrada há várias mesas e cadeiras; escolhemos uma e sentamos uma em frente à outra. Ficamos em silêncio, apenas pensando na vida da outra, e tomo um gole do meu café.


– Quer escutar uma história?
– Uma história?
– Sim, mas uma história de romance.
– Amiga, no momento estou tentando fugir do amor.
– Eu sei, mas talvez dessa você goste.
– E por que eu iria gostar?
– Porque é sobre mim.
– Sobre você?
– É, sobre mim, eu nunca contei essa história para ninguém, até porque eu não conheço muita gente, mas já te conheço tempo suficiente para confiar em você. Afinal, somos melhores amigas – ela me olha, desconfiada, e depois suspirando, derrotada, fala:
– Ok, estou ouvindo.
Olho para janela e fico um tempo perdida em pensamento. Suspiro pesado, olho pra ela e começo:
– Na época, eu estava com 16 anos e tudo na minha vida dava errado: eu não tinha amigos, eu ainda não tinha dado meu primeiro beijo e não sabia ainda o que era estar apaixonada. Durante muitos anos convivi com os meus pais em uma constante briga. Sei lá, acho que ainda tinha um pouco de esperança de que eles iam se acertar e ficar juntos.
– Como assim com 16 anos você ainda não tinha dado seu primeiro beijo?
– Ué, eu não tinha. Para mim o primeiro beijo era igual a sua primeira vez: eu estava esperando o cara certo e queria, pelo menos, ter um sentimento forte por algum menino – fala, dando de ombros.
– E durante esse tempo nenhum menino pediu para ficar com você?
– Claro que pediu, mas eu era muito fria, sabe? E como eu disse: eu queria, pelo menos, ter algum sentimento forte.
– Eu não consigo acreditar que, com 16 anos, você nunca se apaixonou, amiga.
– Posso continuar? – falo, cerrando os olhos para ela.
– À vontade – ela fala, levantando as mãos.
– Obrigada. Depois de um tempo a bomba explodiu: meu pai estava traindo minha mãe, ela descobriu e pediu o divórcio.
– Mentira que seu pai traiu sua mãe.
– Pois é, ele traiu.
– Ele não tem essa cara.
– As aparências enganam, minha querida.
– Nossa! Mas, enfim, continua...
– Eu achava que seria a pior coisa que já tinha acontecido na minha vida. Quando você pensa em divórcio, pensa em presente em dobro, dois quartos, mimo em dobro, dois pais, duas mãe, mas eu não queria aquilo, queria eles juntos. No aniversário de minha mãe de 30 anos, ela ganhou a minha guarda e viemos morar aqui na Austrália. Enquanto passeávamos com o carro rosa "nada chamativo" da minha mãe, eu observava as ruas atentamente e foi aí que eu vi uma das maiores e lindas bibliotecas que já vi na minha vida.
– Não me diz que é esta aqui?!
– É essa mesmo.
– Poxa, então faz muito tempo que você vem aqui.
– Muito mesmo. Continuando, eu fiquei tão encantada por ela. Eu sempre amei livros e olhando aquela enorme biblioteca pela janela do carro da minha mãe não adiantava, eu tinha que entrar e tocar em cada livro que tinha lá dentro. Depois de uma semana, eu finalmente consegui vir para cá.

Flashback On

Nossa casa era pequena, mas era linda e era o suficiente para nós duas. Passamos uma semana arrumando cada cômodo daquela casa, tirando as nossas coisas das caixas, arrumando nossas roupas. Fui com minha mãe procurar uma escola para mim; achamos uma boa escola e perto de casa.


– Mãe, eu posso ir à uma biblioteca que eu vi aqui perto?
– Ai, filha, eu não sei. Você não conhece nada aqui... E se você se perder?
– Mãe, a biblioteca é aqui perto, eu não vou me perder. Por favor, deixa.
– Tá bom, filha, mas toma cuidado.

Minha mãe voltou para casa, mas eu tomei um rumo diferente. Fui olhando cada detalhe por onde eu passava; percebi que havia vários bares por essa região; as casas, cada uma tinha seu próprio estilo; havia também várias árvores; as ruas eram todas muito limpas, e algumas pessoas caminhavam com seus cachorros. Foi aí que eu vi a enorme biblioteca. Apressei meu passo; eu queria muito mesmo ver como era por dentro, ver cada livro que tinha ali.


Quando eu finalmente entrei, minha boca fez um perfeito “oh!”. Ela já era linda por fora e por dentro era perfeita; havia livros por toda a parte; muitas prateleiras enormes com mais e mais livros. Meu Deus, eu estava no paraíso. Parecia uma abestalhada ali parada. Não tinha muita gente, como nos bares que eu passei por perto. Fui vendo cada livro e, nossa, não sabia qual eu levava primeiro; queria ler todos e era tão indecisa para escolher essas coisas.

Sem querer, eu vi um menino sentado em uma das cadeiras que havia ali, estava muito concentrado lendo um livro, mas eu não consegui ver qual era. Ele com certeza era o menino mais lindo que eu já vira em toda minha vida. Então percebi que estava olhando demais pra ele e acho que ele percebeu que estava sendo observado porque levantou seu olhar e nossos olhos se encontraram. Isso foi a maior coisa que aconteceu de constrangedor na minha vida.



Flashback Off

– Pera aí, amiga, vamos devagar. Você ficou constrangida porque um menino olhou pra você, mas não ficava constrangida quando algum menino pedia para ficar com você?
– Fiquei porque quando algum garoto bonito te olha você não sabe o que fazer.
– Você é complicada, hein?
– Ah, cala a boca. Eu posso continuar?
– Pode, isso tá ficando interessante.
– Eu fiquei sem saber o que fazer...

Flashback On

Minha nossa, os olhos dele eram os verdes mais lindos que eu já vira em toda minha vida. Ele me deu um sorriso, mas um sorriso no canto esquerdo dos lábios e depois voltou sua atenção ao livro que estava lendo antes de me ver.

Não tive coragem para pegar nenhum livro, então resolvi ir embora. Céus! Eu estava parecendo um tomate de tão corada. O que acontecera comigo? Eu não ligava para os meninos, eu era fria... Mas por que ele me deixou assim apenas com seu olhar?



Flashback Off

E então percebo que estamos sentadas na mesma mesa em que o vi pela primeira vez.




Continua...



Nota da Autora: sem nota (09/09/2015).




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