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Capítulo Único

chegou em casa depois de um dia exaustivo de trabalho e, deixando a mochila em cima da mesa de seu escritório, seguiu para o segundo andar da casa onde sabia que seus filhos estariam, no entanto, estranhou o silêncio. Austin e Hannah eram gêmeos de 13 anos de idade e, como todos os irmãos normais dessa idade eles brigavam muito, principalmente quando tinham muito tempo livre juntos, o que acontecia nas férias. Assim que terminou de subir as escadas ouviu o barulho da TV ligada e não acreditou quando viu os dois sentados lado a lado vendo o mesmo programa sem reclamar.
- Oi, Austin. Oi, Hannah. Tudo bom por aqui? - ele perguntou e os dois murmuraram alguma coisa, que ele não conseguiu entender, sem tirar os olhos da tela.
- Onde foi parar a educação de vocês? - ele voltou a perguntar quando nenhum dos dois fez menção de cumprimentá-lo.
- Espera aí, pai. Já está acabando esse episódio. - Austin disse e pode ver Hannah concordando com a cabeça.
ficou extremamente curioso para saber o que era que havia deixado os filhos em paz, por isso se sentou em uma das poltronas da sala e assistiu ao final do tal episódio. Não entendeu muita coisa e nem conseguiu saber se era algo impróprio para a idade deles, mas acreditou que a mãe deles, sua esposa, soubesse o conteúdo. Cerca de 3 minutos depois a tela se apagou indicando o fim.
- Oi, pai. - Austin foi até o pai e o abraçou, sendo imitado pela irmã logo em seguida.
- Acharam algo para fazer juntos, afinal? - aquela ideia o alegrava.
- Sim, pai, essa série é genial! - o filho disse empolgado.
- E o personagem principal é arquiteto que nem a mamãe. - Hannah completou.
- Pareceu legal, qual é o nome? - duvidou que algum dia assistisse, mas não perdia as oportunidades que tinha de interagir com eles.
- Chama How I met you mother. Foi a Ally que indicou na aula de artes da escola.
- Nada a ver, Austin. Eu já tinha ouvido falar muito antes. - Hannah tinha uma enorme mania de querer se mostrar superior.
- Já que pareceram tão empolgados com esse seriado, que tal eu contar para vocês como conheci a mamãe?
não pensava nisso há algum tempo. Depois de 17 anos de casado, a vida passa muitas vezes no modo automático, no entanto, um sorriso brotou em seu rosto quando percebeu alguns momentos muito vívidos visitando sua mente.
- Ah pai, a gente já sabe disso. Quase todo ano na escola tem uma tarefa sobre isso e a mamãe já contou várias vezes. - Austin tentou voltar para o episódio, mas foi impedido pela irmã.
- Exatamente, Aus. A mamãe contou para vocês, mas vocês não conhecem a minha versão da história. - se ajeitou melhor na poltrona, satisfeito por ter a atenção deles.
- E como pode ser diferente se a história é a mesma? - Hannah revirou os olhos, achando a pergunta do irmão bem idiota.
- Cala a boca e escuta, Austin.
- Hannah, já esqueceu do seu último castigo? Quer voltar a ficar sem televisão? - não gostava que resolvesse os problemas entre os filhos com ameaças, mas ele achava mais eficaz.
- Desculpa, Austin. - o garoto apenas deu de ombros.
- Qual a versão que sua mãe contou a vocês?
- Ah, só que vocês se conheceram no trabalho antigo de vocês há muitos anos. - Austin fez seu resumo.
- Homens… Nunca lembram dos detalhes. - Hannah negou com a cabeça. - A mamãe também disse que você ficou no pé dela, mas que ela era difícil. - sorriu.
- Faltam muitos detalhes nisso aí. Prestem atenção que eu vou contar a vocês exatamente como aconteceu.

Flashback - 19 anos atrás

Aquele era um dia de bastante alvoroço em uma renomada construtora na cidade. O assunto dos últimos dias na empresa era a nova arquiteta que iria assumir o departamento de projetos. Desde que a construtora havia sido fundada Zarah era a responsável pelos projetos e agora que ela havia saído do corpo de funcionários para se mudar para outro país todos estavam curiosos para saber quem teria impressionado o suficiente nas entrevistas com os donos para assumir tal posição.
havia sido estagiário do local por dois anos e, por ter sido competente o bastante, assim que terminou o seu curso de engenharia foi contratado como engenheiro para uma das obras da construtora. Naquela tarde de sexta todos os funcionários que tinham ligação com o departamento de projetos haviam sido convocados para uma reunião no auditório para que a nova arquiteta fosse apresentada e no canto direito do local estava , juntamente com outros engenheiros de obras.
Os donos da empresa logo apareceram no palco e depois de um breve discurso agradecendo a Zarah pelos anos de serviços prestados, começaram a apresentação da . já havia se interessado ao ouvir o nome dela, não havia conhecido muitas pessoas com esse nome, mas as que conheceu eram interessantes e ele não pode deixar de pensar o mesmo sobre essa. Pouco tempo depois, uma mulher estava ao lado dos diretores e não se lembrava de já ter visto alguém tão angelical quanto ela parecia. Visualmente todos concordavam que ela era linda e elegante, a forma de andar e falar deixaram isso claro, mas para ele havia algo a mais que nem ele soube identificar.
Encerrada a reunião, os funcionários voltaram para os trabalhos e , tirando uns projetos quaisquer de sua mochila como desculpa para se apresentar, caminhou até o escritório que agora devia ser ocupado por e batendo na porta para anunciar que estava ali, entrou. Ele sabia que não era nada propício soltar uma cantada no local de trabalho e ele jamais faria isso, mas sabia que precisava ser notado. Caso ela não fosse comprometida, ele adoraria conhecê-la melhor.

Flashback off


- Quer dizer que você se lembra até hoje do que mamãe usou no primeiro dia que vocês se viram? - Hannah perguntou surpresa.
- Como eu poderia esquecer? Ela sempre foi linda, mas aquele primeiro aperto de mão vai ficar sempre eternizado. - contou com um brilho no olhar.
- Pai, isso é bem gay, sabia? - Austin fez cara de nojo.
- Não é não, isso é romântico. - Hannah fez cara de apaixonada e Austin fez careta. - Continua, pai. O que aconteceu depois que você se apresentou a mamãe?
- Pra falar a verdade, eu fui esnobado de cara. - confessou, arrancando risos dos dois.
- E eu que sempre achei que você fosse um galã… Me sinto enganada, pai.
- Eu fui até ela e me apresentei, disse que estava com alguns problemas em um dos projetos, mas sabe quando vocês falam com ela e ela responde sem prestar muita atenção em vocês? - os filhos assentiram. - Foi exatamente o que ela fez comigo.

Flashback on


A partir desse dia, pelo menos uma vez na semana ia ao escritório, com o pretexto de resolver algum problema, buscar algum projeto ou documento e foi em um desses dias que passou o seu número para ele; o corporativo, é claro. Na opinião dela, ele perdia tempo indo ao escritório por tão pouco, ele podia ligar. Mas a verdade era que o estagiário de se comunicava com a estagiária de para todas as coisas menores, fosse por telefone ou e-mail, e depois dessa atitude dela ele entendeu que para não parecer retardado ele deveria diminuir as idas à sede.
Havia uma certificação para as melhores e mais corretas empresas do país e, sendo uma dessas, todos os setores da construtora necessitavam de inspeções e relatórios com alguma frequência. O que ninguém havia sido informado era que também seria responsável por isso, e essa foi a primeira vez que ela deixou sem palavras.
- , a arquiteta da empresa acabou de chegar na obra e está procurando por você. - o estagiário dele avisou.
- A estagiária de projetos? - ele achou estranho, já que não havia sido informado.
- Não, a arquiteta mesmo, .
- A ? - segurou o riso. - Numa obra? - o estagiário apenas confirmou com a cabeça.
- Sim, . Por quê? - ele fechou a boca de uma vez com o susto que levou.
- Por nada. - respondeu visivelmente sem graça. - Você sabe… Não é muito comum ter arquitetos em obras, ainda mais arquitetas e na fase de tanta terra. - ele deu de ombros, tentando se desculpar.
- Bom, acho que nunca fui uma pessoa muito convencional mesmo. - ela sorriu de lado e ele respirou aliviado.
- Mas o que veio fazer aqui? Saudade porque não apareci no escritório essa semana? - soltou para testar a reação dela.
- Antes fosse… - ela entrou no jogo e novamente ele foi pego de surpresa. - Vim conferir os documentos, auditoria surpresa. - fingiu cara de espanto, mas a verdade é que ele era organizado e sabia que ela não encontraria nada de errado naquela obra.

Flashback off


- E ai, pai? A mamãe brigou com você por alguma coisa? - Austin achou engraçada a ideia da mãe brigando com o pai ao invés dele.
- Não. Para a tristeza dela estava tudo certo por lá.
- E foi nesse dia que você chamou a mamãe pra sair, não foi? - Hannah perguntou da mesma forma que perguntava sobre as histórias de princesa que contava a ela antes de dormir.
- Foi sim, espertinha. - foi interrompido por Austin.
- Para sair? Tipo um encontro? - ele fez cara de nojo.
- Não foi exatamente um encontro, Aus.
- Eca! Encontros são nojentos! Garotas são nojentas! Encontros com garotas… Eca! - riu do garoto e Hannah se limitou a rolar os olhos.
- Continuando…

Flashback on


- Viu só? Eu disse que você não ia encontrar nada de errado por aqui. - guardou a última pasta.
- Sim, vou confessar, estou impressionada. - elogiou e assinou o relatório gerado, colhendo a assinatura dele em seguida.
- Precisa voltar para o escritório hoje ainda? - ele perguntou ao notar os funcionários da obra deixando o local.
- Acho que sim, ainda falta uma hora para o meu expediente acabar. - ela disse ao conferir o relógio.
- Teoricamente seu expediente acabou agora, você está na obra e aqui paramos agora. Sem dizer do trânsito que você vai enfrentar para voltar, total perda de tempo. - ele afirmou.
- Aonde quer chegar? - abriu e fechou a boca, ela era inesperada e ele acabou ficando sem graça.
- Acho que seria uma boa ideia tomarmos um sorvete. Hoje foi um dia quente e tem uma do outro lado da rua. - ela o analisou por um momento e analisou a proposta feita. O que ela tinha a perder? Era uma desconhecida nessa cidade, não tinha vínculo com ninguém, talvez fosse interessante se aproximar de alguém depois de quase dois meses morando lá.
- Ok, , você me convenceu. Mas só porque está realmente quente hoje. - ele estava satisfeito e como cavalheiro que sempre fora, abriu a porta da sala para ela e fizeram o caminho para a saída da construção.
- É realmente do outro lado, huh? - ela se espantou por não ter notado a sorveteria logo em frente.
- Sim, eu disse. E embora pareça pequena e desconhecida, os sorvetes são deliciosos.
- Vamos ver. - ela pegou um copo de sorvete e começou a escolher os sabores e ele fez o caminho logo depois dela. - Acho que alguém gosta mais de gotas de chocolate do que do próprio sorvete.
- Preciso manter a forma. - passou a mão mostrando o seu corpo e, mesmo que não tivesse a intenção de chamar a atenção para o seu físico, não pode deixar de imaginar como ele parecia ter um abdômen definido.
- Imagino que venha aqui todos os dias. - soltou num tom irônico.
- Só em ocasiões especiais. - falou sem perceber e pela primeira vez no dia quem estava sem graça era ela.

Flashback off


- E vocês se beijaram? - Hannah estava dando pulinhos, sentada no sofá, e por um momento não se sentiu confortável com a filha tão curiosa por um beijo.
- Não quero ouvir isso! - Austin gritou e colocou as mãos tapando os ouvidos.
- Deixa de besteira. - a irmã puxou os braços dele para baixo.
- Claro que não, filho, isso nem mesmo era um encontro decente. - Hannah estava visivelmente insatisfeita com o desfecho. - Eu só queria uma chance de me aproximar da sua mãe.
- Homens… - Hannah suspirou e teve a certeza de que conversaria sobre isso com mais tarde.
- Nesse dia nós trocamos telefone e começamos a conversar melhor. - os filhos voltaram a prestar atenção. - Duas semanas depois nós tivemos nosso primeiro encontro, fomos jantar e depois fomos a um lugar dançar, a estagiária dela me contou que ela gostava de dançar e acho que ganhei alguns pontos. - sorriu sozinho com a memória. - No outro final de semana fomos ao cinema e quando cheguei em casa seu tio Dayl já jogou na minha cara que eu estava apaixonado.
- E você estava? - os dois perguntaram ao mesmo tempo.
- Provavelmente sim, mas não admiti para o tio Dayl e nem pra mim mesmo.
- Então você foi covarde? - Austin indagou e o ignorou.
- Mesmo não tendo admitido, eu fiquei com essas palavras rondando minha cabeça a semana toda e acabei colocando tudo a perder no nosso terceiro encontro.
- O que você fez? - Hannah perguntou brava e ouviram o riso de .
- Há quanto tempo você estava aí? - perguntou quando ela desencostou do portal e entrou na sala seguida de Travis. - E você também? - abraçou o filho mais novo de 6 anos.
- A mamãe pediu pra eu me esconder de você. - Travis foi até o sofá e se sentou entre os irmãos mais velhos.
- Chegamos há pouco tempo. - ela confessou, recebendo um selinho do marido depois de beijar os filhos.
- Qual foi a burrada do papai, mãe? - Hannah perguntou retomando a história.
- Acho melhor deixá-lo terminar, estou adorando essa versão dele. - ela deu uma piscadela para ele.
- No terceiro encontro fomos à um restaurante italiano e estava tudo perfeito, música ao vivo, o jantar saboroso...
- O vinho… - lembrou.
- E então, quando a sobremesa chegou eu resolvi me abrir e falar pra sua mãe sobre os meus sentimentos, que não queria ficar só nos encontros ocasionais e queria namorar com ela. E foi aí que ela me deu um pé na bunda. - fez uma cara triste e Travis se preocupou.
- Tá doendo, pai? - ele se levantou do sofá e sorriu, colocando o filho no colo.
- Isso é só jeito de falar, filho. - bagunçou o cabelo de Travis, que riu.
- Mãe, como você fez isso? O papai é um príncipe. - Hannah o defendeu.
- Eu sei, filha, só demorei um pouco para ter essa certeza. - explicou sem os detalhes.
- Mas e aí? Se você chutou o papai, como ficaram juntos? - Austin tinha se interessado em algum momento que nem havia percebido.
- Bom, depois de um tempo a mamãe percebeu que tinha feito uma burrada bem grande e percebeu que o papai era mesmo um príncipe em comparação com os outros homens que conheci na época. E foi minha vez de ir atrás dele, que para minha sorte ainda gostava de mim. Fim.
- Como assim, fim? Termina assim? - Hannah perguntou indignada.
- É só isso? - Austin compartilhava o sentimento da irmã.
- Não, não foi assim também. - retomou a narrativa. - Depois que sua mãe me cortou no terceiro encontro, nós paramos de nos encontrar até na empresa. Só nos falávamos quando o trabalho exigia, mas estranhamente eu fiquei mal com isso e seu tio Dayl até me incentivou a ir atrás dela, o que eu não fiz. E foi quando ela me ligou e perguntou se podíamos nos encontrar numa lanchonete perto da casa dela. Aquele dia nós conversamos muito e decidimos nos dar uma chance e tentar. Foram vários encontros, depois eu conheci seus avós e ela o meu irmão e dois anos depois começamos a planejar nosso casamento.
- Ai, isso é tão lindo… Tão romântico! - Hannah falou com um tom de apaixonada.
- É, até que a versão do papai é diferente mesmo da versão da mamãe. - Austin ponderou.
- Então, agora que o papai terminou, por que vocês dois não descem com o Travis? Ele tem uma surpresa para vocês. - sussurrou a última parte como se fosse um segredo e os três saíram em disparada.
- Surpresa é? - perguntou com a sobrancelha erguida.
- Era só para nos dar um tempinho a sós. - ela sentou no sofá e o chamou para se sentar ao seu lado, em seguida o puxou para um beijo apaixonado, que foi retribuído instantaneamente.
- Como foi o seu dia? - ele perguntou quando finalizaram o beijo.
- Foi ótimo e o seu? Tudo certo na empresa? - ela fez um carinho na mão dele.
- Tudo sim, foi cansativo, mas nada fora do normal.
- Sabe… Você não tem mais 25 anos. - ela mostrou a língua provocando.
- Particularmente acho isso uma vantagem, estou bem melhor agora, não acha? - perguntou baixo, próximo ao ouvido dela, a causando um arrepio.
- Vamos mudar de assunto, os meninos podem voltar a qualquer hora. - riu alto da escapada que deu no assunto. - Nunca te vi contando nossa história para alguém, o que deu em você?
- Esse seriado que Austin e Hannah estavam assistindo, eles pareciam tão interessados que eu achei que era uma boa ideia para passar um tempo com eles sem que terminasse em briga.
- Foi uma boa ideia. - ela sorriu. - E me lembrou de outra coisa. Eu nunca te contei o que exatamente aconteceu nesse tempo em que ficamos afastados, contei? - negou com a cabeça.

Flashback on


não esperava aquele tipo de declaração de ; Até esperava, mas não no terceiro encontro, e encerrando a noite antes do previsto ela saiu do restaurante e entrou no primeiro taxi livre na rua. Ela sabia que ao fazer aquilo estava magoando ele. Ela poderia ter pedido por um tempo maior ou até mesmo explicar os motivos que a faziam ir com calma em possíveis relacionamentos, mas teve vergonha.
Quando ela se candidatou a vaga em uma outra cidade não foi sem motivo ou porque queria se afastar da família. Era algo que para ela funcionaria como um teste, pois há algum tempo tinha desconfianças sobre o noivo. Patrick tinha uma boa lábia e todas as vezes que desconfiava dele, ele conseguia virar a história e ela acabava como a errada, por isso viu nesse emprego a chance de testar o quão real era o noivado.
O resultado foi o que ela já esperava, quando estava saindo para realizar a entrevista na outra cidade ele apareceu na janela do carro e disse que jamais saberia levar um namoro a distância e que se ela decidisse tentar esse emprego era melhor que eles terminassem o relacionamento de dois anos. Tendo a certeza de que ele não a amava, ela retirou a aliança de sua mão direita e seguiu para a entrevista mais decidida que nunca. E foi essa determinação que a fez conquistar a vaga.
evitou o quanto pôde na empresa nos dias que seguiram. Mas ao invés de se sentir aliviada por não ter entrado num relacionamento, ela sentia que algo não estava certo. Ligou para uma amiga na esperança de encontrar alguma lógica na situação e o conselho dela foi: “espera mais um pouco que isso passa”.
Mas o tempo passou e os sentimentos de não. Em uma comemoração de aniversário da coordenadora de orçamentos, os funcionários seguiram para um bar próximo logo ao final do expediente e ela se viu desapontada ao perceber que não estava lá e que provavelmente não apareceria. Entre uma caneca e outra de chopp, ela se pegou lembrando do rosto dele e das possíveis caras que ele faria para as situações que ela tinha reparado até então. o viu em sua mente rolando os olhos com a cantada barata que o barman soltou para a estagiária ou segurando o riso com a velhinha que estava no karaokê e tentava seduzir uma pequena plateia logo à frente, e se assustou quando veio à sua mente uma imagem dele a olhando com admiração.
Algumas canecas depois ela decidiu que já era hora de ir para casa e acabou aceitando a carona de um dos colegas da empresa. O apartamento em que ela morava não era longe e, embora ela só estivesse um pouco tonta, o seu colega achou que ela estava bêbada e aproveitou para roubar um beijo assim que estacionou no rumo do prédio. Sem pensar muito ela fechou os olhos e o seu inconsciente trouxe novamente, mas aqueles lábios jamais se passariam pelos dele, os deles eram sempre macios e agradáveis e o beijo tinha um gosto único, esse era áspero e logo ela se afastou, agradeceu a carona e saiu do carro, entrando no prédio sem proferir um olhar para trás.
Quando entrou no apartamento sentiu o sono chegar, tomou um banho rápido, vestiu o pijama e, assim que terminou de pentear os cabelos, correu para a cama. Se ajeitou melhor e fechou os olhos, sabendo que não ia demorar a dormir, assim que a inconsciência a dominou a imagem de retornou, mas não era o alegre que ela havia conhecido, era uma pessoa fechada e toda vez que ela pensava que o alcançaria ele sumia. No dia seguinte acordou com um aperto no peito e uma dúvida: será que ele tinha ficado mal pelo que tinha acontecido?
Mais tarde naquele dia, voltou a ligar para a melhor amiga que deu um conselho tão útil quanto o anterior: “Talvez você deva falar com ele e dar uma chance, afinal.” e isso a deixou feliz. No fundo ela sabia que seu coração estava quase implorando para que ela voltasse atrás, mas não queria se iludir e o conselho foi o empurrãozinho que faltava. Naquele momento, percebeu que sua felicidade estava em jogo e que não havia nada a perder. Ela tinha apenas 25 anos e havia muito tempo pela frente para recomeçar se fosse preciso.

Flashback off


- E foi então que eu te liguei e chamei para conversar. - finalizou.
- E nos encontramos na mesma sorveteria onde tudo começou. - ele sorriu. - Acho que nunca fiquei tão feliz com uma ligação, sabia?
- Quando você aceitou me encontrar não sei nem descrever o que eu senti. Talvez uma mistura de alívio, por saber que você não estava com ninguém ainda e que não estava com raiva de mim. - ela corou admitindo isso.
- Nossa, não lembro qual foi a última vez que te deixei sem graça por algum motivo. - levou a mão dela até a boca e depositou um beijo. - Você fala como se eu tivesse raiva de muita gente…
- Ah, eu já disse. Naquela época eu ainda não tinha certeza de que você era um príncipe, como a Hannah disse. - os dois sorriram um para o outro.
- Eu sempre soube que você era uma princesa, e mais, a minha princesa. - soltou convencido.
- Como? - percebeu que nunca havia feito aquela pergunta.
- Eu não sei se ouvi isso de alguém, se foi em um livro ou até mesmo na TV, mas lembro de guardar as palavras “Encontre alguém com quem você queira passar o resto da vida e quando encontrar faça de tudo para que ela permaneça ao seu lado, pois viver acompanhado é melhor do que viver sozinho.” Eu sempre acreditei que encontraria a mulher que seria para mim como foi para o autor dessas palavras, não fazia ideia de como a encontraria, mas quando você apareceu foi como se houvesse uma seta piscando. - ela riu alto.
- … Você é tão bobo às vezes, mas fico feliz que tenha achado essa pessoa em mim porque com certeza você é essa pessoa pra mim. - ela disse cada vez mais baixo, à medida que seus rostos se aproximavam. Suas bocas se tocaram e, embora conhecidas de longa data, as famosas faíscas não deixavam de estar presente e de aquecer os corações.
- Eca! Que nojo! - Austin gritou da porta da sala, fazendo com que os dois rompessem o beijo enquanto Hannah e Travis gargalhavam.
- Já que fomos interrompidos, nós temos uma surpresa para você. - falou com um sorriso discreto.
- Pode entrar, mamãe? - Travis perguntou escondido de .
- Pode, meu bem. - fez sinal com a mão para o filho entrar.
Travis entrou sendo seguido por Hannah e Austin, todos com as mãos para trás, o que deixou um tanto curioso. Travis colocou as mãos para frente segurando sapatinhos de bebê cor de rosa, Hannah tinha um vestidinho branco nas mãos e Austin uma pulseirinha de ouro. levou as mãos à boca por estar sem palavras.
- Parabéns, você vai ser papai de novo. - finalmente disse com os olhos cheios de lágrimas. Os três filhos começaram a gritar e correram para abraçar os pais.
- Você viu, pai? É uma menina! - Hannah disse contente enquanto colocou de leve as mãos sobre a barriga da esposa.
- É a nossa Ally. - o beijou apaixonadamente.
Quando eles souberam da primeira gravidez, começaram a pensar em alguns nomes e ambos queriam Ally se fosse menina, mas os pais de interferiram tanto que a criança foi registrada como Hannah, mesmo nome da bisavó dela. reconhecia nesse ato mais uma dentre tantas provas de amor entre eles e mal podia esperar para ver o rostinho da mais nova integrante da família.

23 anos depois…


- Você imaginou que um dia chegaríamos a comemorar nossos 40 anos de casado? - perguntou enquanto ajudava a tirar a gravata.
- Acho que sim. - ele respondeu recebendo o sorriso que tanto gostava em troca. - Foi bem bonito tudo isso que nossos filhos fizeram.
- A prova de que fizemos nosso melhor com eles. - ele concordou com um aceno. - E sabe o que tenho na minha cabeça agora?
- O quê? - ele tirou o paletó e o colete.
- Que você estava certo… Two is better than one.




Fim.



Nota da autora: Olá! Acho que finalmente posso dizer que estou satisfeita com o resultado de um desafio e espero que vocês tenham gostado também. Essa fic foi baseada na música Two is better than one que é muito amorzinho e apesar de não ter sido essa minha ideia inicial e não ser comum fics com personagens mais velhos assim eu espero que tenha agradado.
Se você não faz parte do grupo, mas se interessou, é só clicar aqui embaixo para fazer parte e conhecer outras fics minhas.
Beijinhos e até mais!





Nota da beta: Ahhh que lindeza. Meu Deus do céu, quanto amor! Amo muito forte essa música e amei muito muito forte essa fic. Parabéns, Lari, ficou uma graça! Xx-A

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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