Prólogo
Eu corria mais do que minhas pernas conseguiam aguentar; minhas panturrilhas ardiam e meus músculos das coxas pareciam querer se soltar dos ossos. Mas eu não podia parar. Não ainda.
- Corre...corre...corre. - Falava vagarosamente a coisa que me perseguia
Meu corpo estava começando a vacilar. Eu não fazia ideia do que era aquilo que me perseguia, eu só sabia que, o que quer que fosse aquilo, queria me matar. Senti um impacto forte na cabeça. Um pedra. Pontos vermelhos dançavam no meu campo de visão, e comecei a perder a consciência. Até onde me lembro, eu ainda estava correndo.
- Corre...corre...corre. - Falava vagarosamente a coisa que me perseguia
Meu corpo estava começando a vacilar. Eu não fazia ideia do que era aquilo que me perseguia, eu só sabia que, o que quer que fosse aquilo, queria me matar. Senti um impacto forte na cabeça. Um pedra. Pontos vermelhos dançavam no meu campo de visão, e comecei a perder a consciência. Até onde me lembro, eu ainda estava correndo.
Capítulo 1
Abri os olhos lentamente. Minha cabeça doía. Não fazia ideia de onde estava, se estava segura ou se minha situação só havia piorado.
Observei o teto branco e as paredes cor de gelo. Hospital. Olhei para o meu braço e havia um acesso levando soro às minhas veias. Tentei arrancá-lo, mas não tinha forças nem para me sentar.
- Oh, você acordou! Isso é bom. - Disse uma enfermeira de cabelos cacheados quando entrou no quarto.
- Pode me explicar como eu cheguei aqui?
- Scott te trouxe.
- Scott?? Quem é Scott? - Perguntei - Quer saber? Não me interessa. Eu preciso sair daqui.
- Você precisa é ficar quieta e descansar, .
- Como você sabe o meu nome?
- Eu vi sua identidade, querida.
- Você mex... onde está a minha mochila? - Falei apavorada
- Com Scott.
- Tô fora daqui, moça. - Falei e fiz um esforço hercúleo para arrancar o acesso e me levantar da cama. - Não sei se você sabe, mas não é certo pegar as coisas de outra pessoa sem permissão da mesma! - Falei e saí do quarto, me apoiando nas paredes.
Quando cheguei na recepção, vi um garoto sentado com a minha mochila. Quando me viu ele se levantou e veio em minha direção.
- Tenho certeza de que você não deveria estar fora do quarto, . - O garoto, provavelmente Scott, falou
- Tenho certeza que você não deveria estar portando a minha mochila. - Falei tomando a mochila de suas mãos.
- Me desculpe, mas não o queria que eu fizesse? Deixasse sua mochila lá no meio da floresta? Acho que não.
- Não me oponho a você tê-la trago até aqui, mas sim ao fato de ter mexido em coisas que não são suas para pegar meus documentos.
- Tudo bem, você tem razão, me desculpe. - Ele falou - Mas você tem que voltar pro quarto, ainda não está forte o suficiente pra sair. - Completou e eu rolei os olhos.
- Não tenho não. A única coisa que eu quero é voltar pro meu hotel.
- Tenho a ligeira impressão de que nada que eu disser vai convencer você a voltar pro quarto - eu assenti. - Então eu te levo até o seu hotel.
- Não precisa.
- Eu faço questão.
- Eu não confio em você. Mal o conheço. - Falei objetivamente, e ele ficou chocado. - Desculpe-me, mas é verdade. Não confio em você.
- Eu salvei sua vida, moça.
- Sei disso e agradeço profundamente, do fundo do meu coraçãozinho, mas isso não faz eu confiar em você. Não ainda. - Falei e saí do hospital, cambaleando.
Observei o teto branco e as paredes cor de gelo. Hospital. Olhei para o meu braço e havia um acesso levando soro às minhas veias. Tentei arrancá-lo, mas não tinha forças nem para me sentar.
- Oh, você acordou! Isso é bom. - Disse uma enfermeira de cabelos cacheados quando entrou no quarto.
- Pode me explicar como eu cheguei aqui?
- Scott te trouxe.
- Scott?? Quem é Scott? - Perguntei - Quer saber? Não me interessa. Eu preciso sair daqui.
- Você precisa é ficar quieta e descansar, .
- Como você sabe o meu nome?
- Eu vi sua identidade, querida.
- Você mex... onde está a minha mochila? - Falei apavorada
- Com Scott.
- Tô fora daqui, moça. - Falei e fiz um esforço hercúleo para arrancar o acesso e me levantar da cama. - Não sei se você sabe, mas não é certo pegar as coisas de outra pessoa sem permissão da mesma! - Falei e saí do quarto, me apoiando nas paredes.
Quando cheguei na recepção, vi um garoto sentado com a minha mochila. Quando me viu ele se levantou e veio em minha direção.
- Tenho certeza de que você não deveria estar fora do quarto, . - O garoto, provavelmente Scott, falou
- Tenho certeza que você não deveria estar portando a minha mochila. - Falei tomando a mochila de suas mãos.
- Me desculpe, mas não o queria que eu fizesse? Deixasse sua mochila lá no meio da floresta? Acho que não.
- Não me oponho a você tê-la trago até aqui, mas sim ao fato de ter mexido em coisas que não são suas para pegar meus documentos.
- Tudo bem, você tem razão, me desculpe. - Ele falou - Mas você tem que voltar pro quarto, ainda não está forte o suficiente pra sair. - Completou e eu rolei os olhos.
- Não tenho não. A única coisa que eu quero é voltar pro meu hotel.
- Tenho a ligeira impressão de que nada que eu disser vai convencer você a voltar pro quarto - eu assenti. - Então eu te levo até o seu hotel.
- Não precisa.
- Eu faço questão.
- Eu não confio em você. Mal o conheço. - Falei objetivamente, e ele ficou chocado. - Desculpe-me, mas é verdade. Não confio em você.
- Eu salvei sua vida, moça.
- Sei disso e agradeço profundamente, do fundo do meu coraçãozinho, mas isso não faz eu confiar em você. Não ainda. - Falei e saí do hospital, cambaleando.
Capítulo 2
Peguei um taxi e fui para o hotel. Passei pelo recepcionista, que não era nem um pouco receptivo, e fui para o meu quarto.
O quarto não era, nem de longe, um espaço receptivo e aconchegante. O papel de parede estava gasto e amarelado e descolando em algumas partes; a cama, de madeira velha, rangia a cada movimento, como se clamasse pela morte, pelo fim da tortura; o carpete tinha manchas de alvejante e cheirava a poeira de muitos anos; o banheiro era bem limpo até, mas os azulejos azul-esverdeados faziam-no parecer constantemente sujo de lodo. Mas era o que eu podia pagar. Na verdade, era o que eu queria pagar.
Quando me mudei pros Estados Unidos, recebi uma herança que, provavelmente, me manteria bem durante um bom tempo, e eu pretendia gastá-la com cautela. Toda cautela é pouco quando se tem pessoas e coisas te perseguindo o tempo todo, então, para mim, me hospedar em espeluncas era a melhor opção, pois ninguém iria procurar uma garota num lugar daqueles.
Meu corpo doía, minha cabeça latejava e minhas pernas estavam prestes a ceder, então a única cosa que fiz foi me deitar na cama suplicante e dormir. Mas, obviamente, fui acometida por sonhos estranhos.
Eu estava parada numa praia deserta, o mar estava revolto e o sol banhava todo o local com uma luz alaranjada crepuscular. O mar parecia me hipnotizar, eu simplesmente não conseguia tirar os olhos dele. Então, senti uma mão em meu ombro e saí de meus devaneios. Quando olhei para o lado, deparei-me com um homem alto, de olhos verde-mar, barba cheia e pele queimada de sol:
- Que bom que você está viva. - Ele disse sorrindo calorosamente. - Achei que iria perdê-la. - completou e eu assenti, sorrindo.
- Que lugar bonito esse que você me trouxe hoje. Tem algo importante pra me dizer? Só me traz em lugares assim quando quer dizer algo importante.
- Você me conhece bem. - Ele falou, sorrindo. - O que vim dizer hoje é que eu sei de um lugar onde você vai poder viver bem, sem ninguém te perseguindo.
- Sério? É tudo o que eu quero!
Então o cenário mudou. A praia maravilhosa desapareceu. Agora estávamos em uma espécie de camping, cheio de chalés, plantações, lagos e coisas do tipo.
- É aqui, . - Ele disse abrindo os braços - Aqui é o lugar onde pessoas como você vivem.
- Pessoas como eu?
- Sim, pessoas como você! Pessoas que sofreram as coisas que você sofreu, que mataram coisas que você também matou. Aqui é onde você vai aprender o que é necessário para proteger a si mesma e aos seus amigos, aos seus irmãos.
Senti meu coração pesar. Eu tinha 4 irmãos mais novos que ainda viviam com meus avós. , , e . Se havia um jeito de protegê-los de todo esse mal que me assola...
- Calma, criança. - O homem me abraçou. Pude sentir o cheiro de praia que ele exalava. - Vai conhecer pessoas que vão ajudá-la em cada coisa que precisar, e um dia, quem sabe, eu irei te visitar por lá?! - Ele me soltou e me olhou, sorrindo. - Agora você tem que acordar. Já dormiu demais, . - Ele estalou os dedos e tudo sumiu
Acordei com uma sensação de que tinha algo pra fazer, mas não sabia o que era. Resolvi, então, sair para comer alguma coisa. Quando desci as escadas o recepcionista falou subitamente:
- Garota, você não vai pra escola não?
Escola. Era isso que eu tinha que fazer.
- Por acaso isso lhe diz respeito? - Falei rispidamente e ele fez uma careta.
Fui a uma lanchonete pé sujo que havia ali perto, comi um café da manhã decente e fui até a primeira escola que achei nos classificados: Beacon Hills High School.
O quarto não era, nem de longe, um espaço receptivo e aconchegante. O papel de parede estava gasto e amarelado e descolando em algumas partes; a cama, de madeira velha, rangia a cada movimento, como se clamasse pela morte, pelo fim da tortura; o carpete tinha manchas de alvejante e cheirava a poeira de muitos anos; o banheiro era bem limpo até, mas os azulejos azul-esverdeados faziam-no parecer constantemente sujo de lodo. Mas era o que eu podia pagar. Na verdade, era o que eu queria pagar.
Quando me mudei pros Estados Unidos, recebi uma herança que, provavelmente, me manteria bem durante um bom tempo, e eu pretendia gastá-la com cautela. Toda cautela é pouco quando se tem pessoas e coisas te perseguindo o tempo todo, então, para mim, me hospedar em espeluncas era a melhor opção, pois ninguém iria procurar uma garota num lugar daqueles.
Meu corpo doía, minha cabeça latejava e minhas pernas estavam prestes a ceder, então a única cosa que fiz foi me deitar na cama suplicante e dormir. Mas, obviamente, fui acometida por sonhos estranhos.
Eu estava parada numa praia deserta, o mar estava revolto e o sol banhava todo o local com uma luz alaranjada crepuscular. O mar parecia me hipnotizar, eu simplesmente não conseguia tirar os olhos dele. Então, senti uma mão em meu ombro e saí de meus devaneios. Quando olhei para o lado, deparei-me com um homem alto, de olhos verde-mar, barba cheia e pele queimada de sol:
- Que bom que você está viva. - Ele disse sorrindo calorosamente. - Achei que iria perdê-la. - completou e eu assenti, sorrindo.
- Que lugar bonito esse que você me trouxe hoje. Tem algo importante pra me dizer? Só me traz em lugares assim quando quer dizer algo importante.
- Você me conhece bem. - Ele falou, sorrindo. - O que vim dizer hoje é que eu sei de um lugar onde você vai poder viver bem, sem ninguém te perseguindo.
- Sério? É tudo o que eu quero!
Então o cenário mudou. A praia maravilhosa desapareceu. Agora estávamos em uma espécie de camping, cheio de chalés, plantações, lagos e coisas do tipo.
- É aqui, . - Ele disse abrindo os braços - Aqui é o lugar onde pessoas como você vivem.
- Pessoas como eu?
- Sim, pessoas como você! Pessoas que sofreram as coisas que você sofreu, que mataram coisas que você também matou. Aqui é onde você vai aprender o que é necessário para proteger a si mesma e aos seus amigos, aos seus irmãos.
Senti meu coração pesar. Eu tinha 4 irmãos mais novos que ainda viviam com meus avós. , , e . Se havia um jeito de protegê-los de todo esse mal que me assola...
- Calma, criança. - O homem me abraçou. Pude sentir o cheiro de praia que ele exalava. - Vai conhecer pessoas que vão ajudá-la em cada coisa que precisar, e um dia, quem sabe, eu irei te visitar por lá?! - Ele me soltou e me olhou, sorrindo. - Agora você tem que acordar. Já dormiu demais, . - Ele estalou os dedos e tudo sumiu
Acordei com uma sensação de que tinha algo pra fazer, mas não sabia o que era. Resolvi, então, sair para comer alguma coisa. Quando desci as escadas o recepcionista falou subitamente:
- Garota, você não vai pra escola não?
Escola. Era isso que eu tinha que fazer.
- Por acaso isso lhe diz respeito? - Falei rispidamente e ele fez uma careta.
Fui a uma lanchonete pé sujo que havia ali perto, comi um café da manhã decente e fui até a primeira escola que achei nos classificados: Beacon Hills High School.
Capítulo 3
Era a hora da entrada, então tinha um zilhão de adolescentes pelo estacionamento e arredores. Passei pela porta da frente e havia mais uma pequena multidão lá dentro. Eu precisava achar a secretaria, mas seria meio complicado fazer isso por minha conta, então resolvi perguntar para alguém:
- Oi, desculpa incomodar, mas pode me dizer onde é a secretaria? - Perguntei a uma garota ruiva que estava passando.
- Claro! - Ela disse - É só você seguir reto nesse corredor, virar à esquerda e vai ser a terceira porta! - Explicou
- Muito obrigada.
- Eu nunca te vi por aqui. - A garota falou quando comecei a sair de perto dela.
- É porque eu ainda nem me matriculei aqui. - Respondi e ela assentiu.
Segui o corredor, virei à esquerda e entrei na terceira porta. Tinha uma mulher sentada atrás do balcão que, quando eu entrei, me olhou de cara feia:
- Você não deveria estar na aula, garota?
- Deveria, mas acho que preciso me matricular primeiro.
Ela sorriu sem jeito e começou a procurar papeis em uma das gavetas:
- Preciso que seus pais assinem isso. - Me entregou o papel - Ou seus responsáveis.
- Acontece que eu sou emancipada. - Falei e ela me olhou assustada. Pelo visto não havia muitos alunos emancipados por lá.
- Então... é... preciso consultar a diretora. - Se levantou e saiu da sala, me deixando sozinha.
Me sentei em uma das cadeiras e fiquei lá esperando a moça voltar. Observei o ambiente, li umas revistas, cutuquei as cutículas, observei o ambiente...
- A professora de BIO209 tá pedindo um livro a mais. - Um garoto entrou falando. Eu olhei pra ele. - Ela não tá aqui, né? - Perguntou e eu fiz que não com a cabeça. - Acho que vou esperar. Não estou a fim de aula de biologia.
Ele se sentou e ficou esperando. Era uma pessoa bem inquieta. Ele mudava de posição toda hora, lia e relia panfletos, tamborilava os dedos na perna...
- Você é hiperativo? - Perguntei subitamente
- Sou sim. E sou muito ansioso também. - Respondeu - Eu nunca te vi por aqui.
- Eu vim me matricular hoje.
- Ah, sim.
A mulher da secretaria voltou com mais alguns papeis, sentou-se atrás do balcão e começou a procurar mais alguma coisa na pilha de papeis.
- Melanie, a professora de BIO209 precisa de um livro extra. - O garoto falou.
- Stiles, eu estou um pouco ocupada agora. Vá até a sala da Sra. Martin e peça a ela. - A mulher respondeu sem olhar pra cara dele.
- Muito obrigado, Melanie, foi de grande ajuda. - Falou sarcasticamente e saiu.
- Já que você é emancipada, vai ter que assinar tudo o que seus responsáveis teriam que assinar. - Colocou alguns papeis em cima do balcão. Eu me levantei e fui até lá pegá-los. - Preciso de seus documentos; Certidão de Nascimento, Carteira de identidade e seu registro escolar.
Tirei tudo da mochila e entreguei a ela. Melanie não gostou do registro escolar.
Fiquei lá na secretaria por muito tempo. Parecia que os papeis nunca acabavam! Mas por fim acabaram. A mulher me passou o número do meu armário, meus livros e um mapinha da escola.
Saí da secretaria e fui até o meu armário. De acordo com Melanie, minha próxima aula seria de química, então guardei todos os meus pertences no armário e salvei o livro de química, um caderno e a bolsinha de lápis.
- Oi, desculpa incomodar, mas pode me dizer onde é a secretaria? - Perguntei a uma garota ruiva que estava passando.
- Claro! - Ela disse - É só você seguir reto nesse corredor, virar à esquerda e vai ser a terceira porta! - Explicou
- Muito obrigada.
- Eu nunca te vi por aqui. - A garota falou quando comecei a sair de perto dela.
- É porque eu ainda nem me matriculei aqui. - Respondi e ela assentiu.
Segui o corredor, virei à esquerda e entrei na terceira porta. Tinha uma mulher sentada atrás do balcão que, quando eu entrei, me olhou de cara feia:
- Você não deveria estar na aula, garota?
- Deveria, mas acho que preciso me matricular primeiro.
Ela sorriu sem jeito e começou a procurar papeis em uma das gavetas:
- Preciso que seus pais assinem isso. - Me entregou o papel - Ou seus responsáveis.
- Acontece que eu sou emancipada. - Falei e ela me olhou assustada. Pelo visto não havia muitos alunos emancipados por lá.
- Então... é... preciso consultar a diretora. - Se levantou e saiu da sala, me deixando sozinha.
Me sentei em uma das cadeiras e fiquei lá esperando a moça voltar. Observei o ambiente, li umas revistas, cutuquei as cutículas, observei o ambiente...
- A professora de BIO209 tá pedindo um livro a mais. - Um garoto entrou falando. Eu olhei pra ele. - Ela não tá aqui, né? - Perguntou e eu fiz que não com a cabeça. - Acho que vou esperar. Não estou a fim de aula de biologia.
Ele se sentou e ficou esperando. Era uma pessoa bem inquieta. Ele mudava de posição toda hora, lia e relia panfletos, tamborilava os dedos na perna...
- Você é hiperativo? - Perguntei subitamente
- Sou sim. E sou muito ansioso também. - Respondeu - Eu nunca te vi por aqui.
- Eu vim me matricular hoje.
- Ah, sim.
A mulher da secretaria voltou com mais alguns papeis, sentou-se atrás do balcão e começou a procurar mais alguma coisa na pilha de papeis.
- Melanie, a professora de BIO209 precisa de um livro extra. - O garoto falou.
- Stiles, eu estou um pouco ocupada agora. Vá até a sala da Sra. Martin e peça a ela. - A mulher respondeu sem olhar pra cara dele.
- Muito obrigado, Melanie, foi de grande ajuda. - Falou sarcasticamente e saiu.
- Já que você é emancipada, vai ter que assinar tudo o que seus responsáveis teriam que assinar. - Colocou alguns papeis em cima do balcão. Eu me levantei e fui até lá pegá-los. - Preciso de seus documentos; Certidão de Nascimento, Carteira de identidade e seu registro escolar.
Tirei tudo da mochila e entreguei a ela. Melanie não gostou do registro escolar.
Fiquei lá na secretaria por muito tempo. Parecia que os papeis nunca acabavam! Mas por fim acabaram. A mulher me passou o número do meu armário, meus livros e um mapinha da escola.
Saí da secretaria e fui até o meu armário. De acordo com Melanie, minha próxima aula seria de química, então guardei todos os meus pertences no armário e salvei o livro de química, um caderno e a bolsinha de lápis.
Capítulo 4
Não demorou muito para o sinal tocar e os alunos saírem de suas salas. Entrei na sala de QUI472 e me sentei no fundo. Aos poucos os alunos foram chegando e se sentando, eu abaixei a cabeça, porque ela ainda doía, e esperei o professor começar a falar.
Levantei a cabeça e a sala já estava lotada. O professor estava explicando algo sobre moléculas orgânicas que produziam os aromatizantes industriais e blá blá blá, peguei um caderno e comecei a rabiscar algumas coisas, quando me dei conta tinha desenhado o que havia me perseguido no dia anterior. Uma mulher com garras afiadas, cabelos de fogo, uma perna de bronze e outra de cavalo. Fiquei observando o desenho por um tempo, até que o garoto que estava na minha frente falou algo:
- Pega um. - Me entregou um papel - ?!
- Esse é o meu nome. - Levantei a cabeça - Scott?
- Esse é o meu nome. - Riu - O que está fazendo aqui?
- Assistindo aula de química.
- Vai estudar aqui agora?
- Por enquanto, sim.
- McCall! Pode por favor parar de incomodar a moça? - O professor o advertiu.
- Desculpe, professor. - Falou e virou-se para frente
A aula passou em passinhos de tartaruga, mas passou. O sinal do almoço tocou e as pessoas começaram a sair da sala. Guardei minhas coisas na mochila, e me levantei para sair da sala, quando vi a garota ruiva que me ajudou mais cedo se aproximando:
- Pelo visto você conseguiu se resolver. - Ela me disse de longe, sorrindo
- Sim. Muito obrigada pela ajuda. - Falei e saí da sala.
Fui até o meu armário e guardei minhas coisas. Depois fui até o refeitório, comprei uma fatia de pizza e fui andar pela escola.
Era bem grande, cheia de corredores e salinhas. A pizza estava um lixo, mas explorar a escola foi muito legal. Devo dizer que vi coisas que não queria ver, tipo pessoas trepando em salinhas escondidas, mas tirando isso, foi bem legal.
O sino tocou e eu notei que não poderia ficar zanzando escola afora. Eu tinha que assistir aulas. Fui, então, de volta ao meu armário, chequei o horário, peguei os materiais necessários e fui para a sala.
Me sentei lá no fundo outra vez.
O resto das aulas demorou muito pra passar, e nada de interessante aconteceu, então não vale a pena ser narrado. Depois do fim das aulas eu só queria sair de lá. Minha cabeça estava doendo muito, meu corpo também doía e eu precisava descansar. Já tinha guardado as coisas no armário e estava indo para o estacionamento quando alguém me gritou:
- ! - Me virei para ver quem era e era Scott, a moça ruiva e o guri da secretaria.
- Oi, Scott. - Falei desanimada
- Você está bem? Parece um pouco abatida. - A garota ruiva perguntou
- Eu estou bem, sim. - Respondi - É só uma dor de cabeça.
- Quer ir... Tem certeza de que você está bem? - O garoto hiperativo perguntou
- Tenho. - Menti. - Só preciso descansar um pouco...Obrigada pela preocupação.
- Quer que eu te leve até o seu hotel? - Scott perguntou. - Ou ainda não confia em mim?
- Não confio, mas creio que não esteja em condições de recusar uma carona. - Senti meu corpo começar a pesar. Eu precisava voltar logo para o hotel. - Podemos ir agora?
- Claro. - Disse e me entregou um capacete. - Vejo vocês dois mais tarde. - Falou aos amigos e saiu andando.
Despedi-me com um aceno e segui Scott. Fomos até a moto dele e logo depois já estávamos a caminho do meu hotel:
- Já que vai estudar aqui agora, você deveria alugar um apartamento. - Scott falou enquanto dirigia.
- Já pensei nessa possibilidade. Estou cogitando procurar um amanhã depois da aula.
- Se quiser, eu posso ir com você.
- Eu gostaria muito.
- Estou sentindo sua desconfiança em relação a mim está caindo. - Falou e pude vê-lo sorrindo pelo retrovisor.
- Está mesmo, Scott. - Respondi.
Pouco tempo depois, chegamos ao hotel. Desci da moto, tirei o capacete e prendi os cabelos.
- Muito obrigada, Scott. - Devolvi-lhe o capacete.
- , você está muito pálida, está passando bem? - Falou pegando o capacete de minhas mãos. Meu corpo pesava.
- Estou bem, Scott. - Ele me olhou estranho. - É sério.
Não era não. Bastou eu dizer que estava bem e comecei a me sentir tonta. Estava para desmaiar.
- Pode entrar comigo? - Perguntei, rezando para que ele aceitasse e não me deixasse desmaiada no meio da rua.
- Por quê?
- Não estou passando bem. - senti minhas pernas tremerem
Scott saiu da moto e ficou parado na minha frente. Senti minhas pernas cederem e os braços de Scott me seguraram;
- Não me leve para o hospital. Não é seguro. - Minha visão falhou e eu desmaiei.
Levantei a cabeça e a sala já estava lotada. O professor estava explicando algo sobre moléculas orgânicas que produziam os aromatizantes industriais e blá blá blá, peguei um caderno e comecei a rabiscar algumas coisas, quando me dei conta tinha desenhado o que havia me perseguido no dia anterior. Uma mulher com garras afiadas, cabelos de fogo, uma perna de bronze e outra de cavalo. Fiquei observando o desenho por um tempo, até que o garoto que estava na minha frente falou algo:
- Pega um. - Me entregou um papel - ?!
- Esse é o meu nome. - Levantei a cabeça - Scott?
- Esse é o meu nome. - Riu - O que está fazendo aqui?
- Assistindo aula de química.
- Vai estudar aqui agora?
- Por enquanto, sim.
- McCall! Pode por favor parar de incomodar a moça? - O professor o advertiu.
- Desculpe, professor. - Falou e virou-se para frente
A aula passou em passinhos de tartaruga, mas passou. O sinal do almoço tocou e as pessoas começaram a sair da sala. Guardei minhas coisas na mochila, e me levantei para sair da sala, quando vi a garota ruiva que me ajudou mais cedo se aproximando:
- Pelo visto você conseguiu se resolver. - Ela me disse de longe, sorrindo
- Sim. Muito obrigada pela ajuda. - Falei e saí da sala.
Fui até o meu armário e guardei minhas coisas. Depois fui até o refeitório, comprei uma fatia de pizza e fui andar pela escola.
Era bem grande, cheia de corredores e salinhas. A pizza estava um lixo, mas explorar a escola foi muito legal. Devo dizer que vi coisas que não queria ver, tipo pessoas trepando em salinhas escondidas, mas tirando isso, foi bem legal.
O sino tocou e eu notei que não poderia ficar zanzando escola afora. Eu tinha que assistir aulas. Fui, então, de volta ao meu armário, chequei o horário, peguei os materiais necessários e fui para a sala.
Me sentei lá no fundo outra vez.
O resto das aulas demorou muito pra passar, e nada de interessante aconteceu, então não vale a pena ser narrado. Depois do fim das aulas eu só queria sair de lá. Minha cabeça estava doendo muito, meu corpo também doía e eu precisava descansar. Já tinha guardado as coisas no armário e estava indo para o estacionamento quando alguém me gritou:
- ! - Me virei para ver quem era e era Scott, a moça ruiva e o guri da secretaria.
- Oi, Scott. - Falei desanimada
- Você está bem? Parece um pouco abatida. - A garota ruiva perguntou
- Eu estou bem, sim. - Respondi - É só uma dor de cabeça.
- Quer ir... Tem certeza de que você está bem? - O garoto hiperativo perguntou
- Tenho. - Menti. - Só preciso descansar um pouco...Obrigada pela preocupação.
- Quer que eu te leve até o seu hotel? - Scott perguntou. - Ou ainda não confia em mim?
- Não confio, mas creio que não esteja em condições de recusar uma carona. - Senti meu corpo começar a pesar. Eu precisava voltar logo para o hotel. - Podemos ir agora?
- Claro. - Disse e me entregou um capacete. - Vejo vocês dois mais tarde. - Falou aos amigos e saiu andando.
Despedi-me com um aceno e segui Scott. Fomos até a moto dele e logo depois já estávamos a caminho do meu hotel:
- Já que vai estudar aqui agora, você deveria alugar um apartamento. - Scott falou enquanto dirigia.
- Já pensei nessa possibilidade. Estou cogitando procurar um amanhã depois da aula.
- Se quiser, eu posso ir com você.
- Eu gostaria muito.
- Estou sentindo sua desconfiança em relação a mim está caindo. - Falou e pude vê-lo sorrindo pelo retrovisor.
- Está mesmo, Scott. - Respondi.
Pouco tempo depois, chegamos ao hotel. Desci da moto, tirei o capacete e prendi os cabelos.
- Muito obrigada, Scott. - Devolvi-lhe o capacete.
- , você está muito pálida, está passando bem? - Falou pegando o capacete de minhas mãos. Meu corpo pesava.
- Estou bem, Scott. - Ele me olhou estranho. - É sério.
Não era não. Bastou eu dizer que estava bem e comecei a me sentir tonta. Estava para desmaiar.
- Pode entrar comigo? - Perguntei, rezando para que ele aceitasse e não me deixasse desmaiada no meio da rua.
- Por quê?
- Não estou passando bem. - senti minhas pernas tremerem
Scott saiu da moto e ficou parado na minha frente. Senti minhas pernas cederem e os braços de Scott me seguraram;
- Não me leve para o hospital. Não é seguro. - Minha visão falhou e eu desmaiei.
Capítulo 5
"Eu estava sentada em um píer, o céu estava completamente nublado e relâmpagos iluminavam o horizonte de vez em quando. O homem de barba apareceu do meu lado e se sentou:
- Estou tentando me conectar com você há um tempo – ele falou.
- Então aquela maldita dor de cabeça era você? – perguntei incrédula.
- Sinto muito, mas sim. – Respondeu – Eu precisava alertar você de que aquele lugar que eu lhe disse não está seguro no momento.
- Como assim não está seguro no momento? – Questionei
- Alguns ataques estão acontecendo, algo como aquele incêndio em Roma... – Explicou
- Como... então eu não posso ir pra lá?
- Ainda não, querida. – Passou os braços pelos meus ombros – Sinto muito por isso, mas eu juro pelo estige que quando a poeira baixar você vai ficar sabendo.
- E quando...
- ! ! ACORDA! – Uma voz do além gritou
- Alguém está te chamando. Te vejo logo. – Ele disse e tudo sumiu".
Abri os olhos e vi o rosto preocupado de Scott:
- Que bom que acordou! – Falou aliviado, me ajudando a me sentar na cama – Sei que não gosta que mexam na sua mochila, mas tive que pegar a chave do seu quarto.
- Tudo bem... Obrigada por não ter me levado ao hospital, a propósito. – Falei
- De nada.
- Gostou do meu cantinho super aconchegante? - Perguntei sarcástica
- Bem...
- Não precisa responder, eu sei que é um lixo. – Falei sorrindo
- Então, agora que já está bem acho que posso ir. – Ele disse indo para a porta
- Obrigada, por tudo, Scott. – Agradeci, indo até a porta também
- Se precisar de mim, é só ligar – abriu a porta e falou do corredor
- Isso não vai ser possível. Não tenho celular – Dei de ombros
- Por quê?
- É complicado de explicar...
- Não vou insistir então. Te vejo amanhã na escola. – Falou e se despediu com um sorriso
- Até mais. – Fechei a porta e voltei a me sentar na cama.
- Estou tentando me conectar com você há um tempo – ele falou.
- Então aquela maldita dor de cabeça era você? – perguntei incrédula.
- Sinto muito, mas sim. – Respondeu – Eu precisava alertar você de que aquele lugar que eu lhe disse não está seguro no momento.
- Como assim não está seguro no momento? – Questionei
- Alguns ataques estão acontecendo, algo como aquele incêndio em Roma... – Explicou
- Como... então eu não posso ir pra lá?
- Ainda não, querida. – Passou os braços pelos meus ombros – Sinto muito por isso, mas eu juro pelo estige que quando a poeira baixar você vai ficar sabendo.
- E quando...
- ! ! ACORDA! – Uma voz do além gritou
- Alguém está te chamando. Te vejo logo. – Ele disse e tudo sumiu".
Abri os olhos e vi o rosto preocupado de Scott:
- Que bom que acordou! – Falou aliviado, me ajudando a me sentar na cama – Sei que não gosta que mexam na sua mochila, mas tive que pegar a chave do seu quarto.
- Tudo bem... Obrigada por não ter me levado ao hospital, a propósito. – Falei
- De nada.
- Gostou do meu cantinho super aconchegante? - Perguntei sarcástica
- Bem...
- Não precisa responder, eu sei que é um lixo. – Falei sorrindo
- Então, agora que já está bem acho que posso ir. – Ele disse indo para a porta
- Obrigada, por tudo, Scott. – Agradeci, indo até a porta também
- Se precisar de mim, é só ligar – abriu a porta e falou do corredor
- Isso não vai ser possível. Não tenho celular – Dei de ombros
- Por quê?
- É complicado de explicar...
- Não vou insistir então. Te vejo amanhã na escola. – Falou e se despediu com um sorriso
- Até mais. – Fechei a porta e voltei a me sentar na cama.
Capítulo 6
Peguei minha mochila e comecei a folhear os livros e cadernos que tinha pegado na escola. Olhei os de química, física e tals, mas o que eu realmente queria olhar era o de história. Comecei a folheá-lo: I Guerra, Imperialismo... MITOLOGIA!
Eu precisava saber mais do que estava acontecendo comigo, precisava saber quais criaturas ainda poderiam vir atrás de mim. Ele, o cara dos meus sonhos, tinha me avisado que todo tipo de monstro greco-romano iria vir atrás de mim, e que isso tinha a ver com o meu pai...
Li coisas sobre deuses terem filhos com humanos e esses filhos terem poderes, monstros que perseguiam semideuses e as coleções de inimigos que eles criavam. Li também sobre a história dos chamados 3 grandes – Zeus, Hades e Poseidon - , sobre os lugares “encantados”, rios poderosos e animais sagrados.
Passei a tarde e um pedaço da noite lendo e fazendo anotações sobre o que eu lia. No final já tinha gasto um caderno inteiro com desenhos e explicações. Eu estava faminta, então resolvi ir até uma mercearia que ficava a dois quarteirões do hotel.
Guardei o caderno com as anotações na mochila, coloquei-a nos ombros – não podia perdê-la de vista – e saí do quarto. Passei pelo recepcionista e segui meu caminho.
Fiquei observando o caminho até chegar à mercearia, analisando cada lugar e cada rosto por onde passava. Eu havia adquirido esse hábito depois de ser atacada umas 2 vezes, analisar possíveis esconderijos e possíveis inimigos é sempre bom.
Cheguei à mercearia, baixo, no rádio, tocava That’s My Girl da Fifth Harmony. Fui até a seção “coisas que vão fazer você morrer logo” – Batatas, refrigerantes, cheetos, chocolates... – e estava escolhendo o que ia levar quando ouvi uma discussão no corredor de trás:
- Esquece isso.
- Não vou esquecer. Era um 187. Eu ouvi.
- Assassinatos acontecem, Stiles, fique fora disso.
- Pai... eu preciso ver isso!
- Stiles – O homem abaixou a voz, mas eu ainda podia ouvi-los - Não é nada de sobrenatural, está bem? Não foi um lobisomem que fez isso. Foi só um cara com uma arma e muita raiva, só isso. – Eu esperava que Stiles respondesse, mas não respondeu.
O que ele quis dizer com sobrenatural? Será que as coisas que me perseguiam estavam atacando outras pessoas também? Será que eu as havia trazido para Beacon Hills?? E o que ele quis dizer com “não foi um lobisomem que fez isso”? Eu não sabia que lobisomens entravam na lista de monstros que iriam tentar me matar... E por que o guri que eu conheci na secretaria estava pedindo para ver algo relacionado a um assassinato?
- ! – Stiles estava do meu lado estalando os dedos e me tirando do meu transe. – Que bom que você voltou a terra. – Ele brincou e eu dei-lhe um sorriso amarelo. – Você está se sentindo melhor, digo, em relação à hoje cedo?
- Estou sim, obrigada por se preocupar. – Falei pegando um pacote de batatinhas da prateleira – Como... como vão as coisas? – Eu era péssima para puxar assunto
- Vão bem.
SILÊNCIO CONSTRANGEDOR
- Er... de onde você veio? – Ele quebrou o gelo
- Bem... eu nasci em Antler, Dakota do Norte. Mas depois que... depois eu me mudei pra uma cidade chamada Fallon, em Nevada. Daí, bem, agora me estabeleci aqui.
- Depois de que você...
- Por favor, não pergunte. – Cortei-o
- Claro. – ele respondeu – Me desculpe.
- Stiles, vamos? – Um policial, cuja voz eu pude reconhecer da discussão que teve com Stiles há poucos instantes.
- Vamos sim. – Respondeu ao policial – Até amanhã, . – Despediu-se
- Até, Stiles. – Despedi-me
Eles foram embora. Eu terminei de comprar meu “jantar”, paguei e voltei para o hotel.
Eu precisava saber mais do que estava acontecendo comigo, precisava saber quais criaturas ainda poderiam vir atrás de mim. Ele, o cara dos meus sonhos, tinha me avisado que todo tipo de monstro greco-romano iria vir atrás de mim, e que isso tinha a ver com o meu pai...
Li coisas sobre deuses terem filhos com humanos e esses filhos terem poderes, monstros que perseguiam semideuses e as coleções de inimigos que eles criavam. Li também sobre a história dos chamados 3 grandes – Zeus, Hades e Poseidon - , sobre os lugares “encantados”, rios poderosos e animais sagrados.
Passei a tarde e um pedaço da noite lendo e fazendo anotações sobre o que eu lia. No final já tinha gasto um caderno inteiro com desenhos e explicações. Eu estava faminta, então resolvi ir até uma mercearia que ficava a dois quarteirões do hotel.
Guardei o caderno com as anotações na mochila, coloquei-a nos ombros – não podia perdê-la de vista – e saí do quarto. Passei pelo recepcionista e segui meu caminho.
Fiquei observando o caminho até chegar à mercearia, analisando cada lugar e cada rosto por onde passava. Eu havia adquirido esse hábito depois de ser atacada umas 2 vezes, analisar possíveis esconderijos e possíveis inimigos é sempre bom.
Cheguei à mercearia, baixo, no rádio, tocava That’s My Girl da Fifth Harmony. Fui até a seção “coisas que vão fazer você morrer logo” – Batatas, refrigerantes, cheetos, chocolates... – e estava escolhendo o que ia levar quando ouvi uma discussão no corredor de trás:
- Esquece isso.
- Não vou esquecer. Era um 187. Eu ouvi.
- Assassinatos acontecem, Stiles, fique fora disso.
- Pai... eu preciso ver isso!
- Stiles – O homem abaixou a voz, mas eu ainda podia ouvi-los - Não é nada de sobrenatural, está bem? Não foi um lobisomem que fez isso. Foi só um cara com uma arma e muita raiva, só isso. – Eu esperava que Stiles respondesse, mas não respondeu.
O que ele quis dizer com sobrenatural? Será que as coisas que me perseguiam estavam atacando outras pessoas também? Será que eu as havia trazido para Beacon Hills?? E o que ele quis dizer com “não foi um lobisomem que fez isso”? Eu não sabia que lobisomens entravam na lista de monstros que iriam tentar me matar... E por que o guri que eu conheci na secretaria estava pedindo para ver algo relacionado a um assassinato?
- ! – Stiles estava do meu lado estalando os dedos e me tirando do meu transe. – Que bom que você voltou a terra. – Ele brincou e eu dei-lhe um sorriso amarelo. – Você está se sentindo melhor, digo, em relação à hoje cedo?
- Estou sim, obrigada por se preocupar. – Falei pegando um pacote de batatinhas da prateleira – Como... como vão as coisas? – Eu era péssima para puxar assunto
- Vão bem.
SILÊNCIO CONSTRANGEDOR
- Er... de onde você veio? – Ele quebrou o gelo
- Bem... eu nasci em Antler, Dakota do Norte. Mas depois que... depois eu me mudei pra uma cidade chamada Fallon, em Nevada. Daí, bem, agora me estabeleci aqui.
- Depois de que você...
- Por favor, não pergunte. – Cortei-o
- Claro. – ele respondeu – Me desculpe.
- Stiles, vamos? – Um policial, cuja voz eu pude reconhecer da discussão que teve com Stiles há poucos instantes.
- Vamos sim. – Respondeu ao policial – Até amanhã, . – Despediu-se
- Até, Stiles. – Despedi-me
Eles foram embora. Eu terminei de comprar meu “jantar”, paguei e voltei para o hotel.
Capítulo 7
Entrei no meu quarto, fiz minha “refeição” e fui tomar um banho. Entrei no banheiro, coloquei a banheira para encher, me despi e fiquei um tempo - até a banheira encher – me olhando no espelho, vendo como meus cabelos caiam até pouco abaixo dos meus seios, escondendo algumas cicatrizes pelo meu pescoço, e meus ombros. Enfim, entrei na banheira e senti a água fria relaxar meus músculos, como se estivesse curando meus hematomas e qualquer coisa errada que existisse pelo meu corpo.
“Quando será que isso vai acabar?” pensei. Havia anos que eu fugia dessas coisas. Depois que saí de Antler, o maior tempo que fiquei “fixa” em uma cidade foi 3 meses, em Austin. Já faziam 2 anos que eu não via a minha família, os meus irmãos... - Meus olhos se encheram de lágrimas – já devia estar com quase 7 anos... Ah como eu sinto a falta deles! Senti uma lágrima quente descer pelas minhas bochechas e outras mais brotavam em meus olhos e eu nem me esforcei para segurá-las, deixei que seguissem seu caminho.
Depois de um tempo, saí da banheira, me sequei, me vesti e fui me deitar. Rolei na cama durante horas, pensando em tudo o que aconteceu nos últimos anos. Eu sabia que não ia conseguir dormir, então me levantei e fui andar sem rumo pela cidade. Peguei minha mochila e saí.
Já estava tarde, então não tinha ninguém na rua e estava bem frio daí tive que por um casaco. Fui andando sem rumo mesmo, virando quando me dava vontade e evitando lugares que eu queria evitar. Quando me dei conta estava na frente da delegacia.
Me sentei ali na frente e fiquei sentindo o vento bater no meu rosto, jogando pedrinhas na estrada e pensando.
Estava perdida em meus pensamentos quando vi Scott e Stiles entrando na delegacia, fiquei tentada a entrar, para ver o que estava acontecendo, mas cheguei a conclusão de que não tinha intimidade o suficiente com nenhum do dois para fazê-lo. Então fiquei ali esperando para ver se eles iriam sair. Quando eu já tinha desistido e estava indo embora ouvi alguém me chamando:
- – Scott gritou quando me viu e se aproximou – O que está fazendo aqui? São 4:30 da manhã!
- Estava sem sono e resolvi conhecer a cidade.
- Às 4:30 da manhã?!
- É, Scott, às 4:30 da manhã. Não pode mais???
- Pode... Me desculpe. – Falou se redimindo – É que aconteceu um assassinato ontem e ainda não prenderam o assassino. É perigoso ficar aqui, principalmente a essa hora.
- Ah, o assassinato. – Soltei – Não se preocupem comigo, já estou voltando pro hotel.
- Onde é o seu hotel? – Stiles perguntou
- Longe – Scott respondeu, antes que eu pudesse dizer algo. – Quer que eu te leve até lá? – Disse pra mim
- Não é necessário, eu sei voltar sozinha.
- Que voc...
- Vamos fazer o seguinte, eu levo você no meu carro, e Scott vem junto. Quanto mais tempo vocês ficam discutindo, mais expostos nós ficamos. – Stiles disse por fim e nós concordamos, devo admitir que fui meio a contragosto, mas fui.
Entramos no Jeep do Stiles e tomamos caminho. Um silêncio mortal tomou conta do carro até Scott dizer:
- E o seu apartamento, ? Já está de olho em algum?
- Eu falei com você, hoje mais cedo, que iria olhar isso depois. – Soltei, mas me arrependi da grosseria logo depois – Mas ainda não olhei nenhum, não. – Tentei concertar.
Pouquíssimo tempo depois chegamos em frente ao hotel.
- Obrigada pela carona, meninos. – Agradeci, depois me despedi e entrei.
O recepcionista super simpático não estava lá. Fui para o meu quarto. Ainda estava sem sono então apenas liguei a televisão e fiquei assistindo.
“Quando será que isso vai acabar?” pensei. Havia anos que eu fugia dessas coisas. Depois que saí de Antler, o maior tempo que fiquei “fixa” em uma cidade foi 3 meses, em Austin. Já faziam 2 anos que eu não via a minha família, os meus irmãos... - Meus olhos se encheram de lágrimas – já devia estar com quase 7 anos... Ah como eu sinto a falta deles! Senti uma lágrima quente descer pelas minhas bochechas e outras mais brotavam em meus olhos e eu nem me esforcei para segurá-las, deixei que seguissem seu caminho.
Depois de um tempo, saí da banheira, me sequei, me vesti e fui me deitar. Rolei na cama durante horas, pensando em tudo o que aconteceu nos últimos anos. Eu sabia que não ia conseguir dormir, então me levantei e fui andar sem rumo pela cidade. Peguei minha mochila e saí.
Já estava tarde, então não tinha ninguém na rua e estava bem frio daí tive que por um casaco. Fui andando sem rumo mesmo, virando quando me dava vontade e evitando lugares que eu queria evitar. Quando me dei conta estava na frente da delegacia.
Me sentei ali na frente e fiquei sentindo o vento bater no meu rosto, jogando pedrinhas na estrada e pensando.
Estava perdida em meus pensamentos quando vi Scott e Stiles entrando na delegacia, fiquei tentada a entrar, para ver o que estava acontecendo, mas cheguei a conclusão de que não tinha intimidade o suficiente com nenhum do dois para fazê-lo. Então fiquei ali esperando para ver se eles iriam sair. Quando eu já tinha desistido e estava indo embora ouvi alguém me chamando:
- – Scott gritou quando me viu e se aproximou – O que está fazendo aqui? São 4:30 da manhã!
- Estava sem sono e resolvi conhecer a cidade.
- Às 4:30 da manhã?!
- É, Scott, às 4:30 da manhã. Não pode mais???
- Pode... Me desculpe. – Falou se redimindo – É que aconteceu um assassinato ontem e ainda não prenderam o assassino. É perigoso ficar aqui, principalmente a essa hora.
- Ah, o assassinato. – Soltei – Não se preocupem comigo, já estou voltando pro hotel.
- Onde é o seu hotel? – Stiles perguntou
- Longe – Scott respondeu, antes que eu pudesse dizer algo. – Quer que eu te leve até lá? – Disse pra mim
- Não é necessário, eu sei voltar sozinha.
- Que voc...
- Vamos fazer o seguinte, eu levo você no meu carro, e Scott vem junto. Quanto mais tempo vocês ficam discutindo, mais expostos nós ficamos. – Stiles disse por fim e nós concordamos, devo admitir que fui meio a contragosto, mas fui.
Entramos no Jeep do Stiles e tomamos caminho. Um silêncio mortal tomou conta do carro até Scott dizer:
- E o seu apartamento, ? Já está de olho em algum?
- Eu falei com você, hoje mais cedo, que iria olhar isso depois. – Soltei, mas me arrependi da grosseria logo depois – Mas ainda não olhei nenhum, não. – Tentei concertar.
Pouquíssimo tempo depois chegamos em frente ao hotel.
- Obrigada pela carona, meninos. – Agradeci, depois me despedi e entrei.
O recepcionista super simpático não estava lá. Fui para o meu quarto. Ainda estava sem sono então apenas liguei a televisão e fiquei assistindo.
Capítulo 8
Estava quase desistindo da TV quando alguém bateu na porta. Me levantei e fui atender.
- Pois não. – Abri a porta e dei de cara com o recepcionista
- Tenho reclamações de barulho. – Falou com seu jeitinho amável
- Impossível. Eu acabei de chegar.
- Pentelha, se reclamaram de barulho é porque tem barulho.
- Pentelha é a sua avó! E se eu digo que não tem barulho é porque não tem barulho!
- Cansei. – Ele falou e do nada se transformou em um grotesco ciclope, de pouco mais de 2 metros de altura.
Ele me empurrou para dentro do quarto e tirou uma faca curva de dentro do bolso da calça e veio pra cima de mim. Num quarto daquele tamanho, eu não tinha pra onde correr. Minha única opção era lutar.
Me arrastei até o criado mudo, peguei o abajur e arremessei em direção do ciclope. Ele urrou quando o objeto se espatifou em sua cabeça, mas isso não o abalou. O monstro continuou andando, pegou minha perna e me levantou, como se eu fosse uma galinha. Me debati o máximo que pude, até atingir-lhe o olho com a perna livre. Ele me soltou e eu caí no chão. Enquanto ele urrava de dor, eu fui até a minha mochila e peguei a minha faca – ou melhor, facão . Mas essa ação levou tempo o suficiente para que ele recuperasse seus sentidos e viesse pra cima de mim outra vez. Ele desferiu um golpe com a faca que, apesar de eu ter desviado, me acertou de raspão na altura das costelas. Eu gritei.
Pulei em cima da cama e tentei dar a volta no monstro, mas ele desferiu outro golpe em minha direção, não me acertou, mas bloqueou o caminho. Desta vez foi ele quem pegou o outro abajur e arremessou em minha direção, o objeto me acertou no peito, me deixando sem ar e dolorida. Caí de joelhos, com o facão em mãos, tentando desesperadamente respirar; o ciclope aproveitou a situação para desferir outro golpe com a faca e, desta vez, ele conseguiu cravá-la na minha coxa. Gritei de dor.
Com dificuldade, me levantei e desferi um golpe com o facão. A lâmina de bronze fez um corte raso na criatura, que gritou. Corri, do jeito que consegui, para o lado de fora e ele veio atrás. Tentei fugir pelo corredor, mas o ciclope jogou um vaso de plantas nas minhas costas. Caí no chão, mas me levantei. A faca dele ainda estava na minha perna, então tive que tirá-la para conseguir correr mais. Comecei a me arrastar corredor a fora e tive que arrancar a faca da perna enquanto corria.
Desci a escada com dificuldade e fui até o andar de baixo. A criatura ainda estava atrás de mim, dizendo algo sobre como ele gostava de carne humana. Eu estava apavorada, sangrando e com dor, tive que parar para respirar. A criatura chegou mais perto e me deu um soco na lateral do corpo que, novamente, me tirou o ar dos pulmões e me fez largar o facão. Ele me agarrou pelo pescoço e disse:
- Você não foge mais de mim, pentelha!
Chutei-lhe em todos os lugares que consegui, mas ele estava me enforcando e, consequentemente, eu não conseguia respirar. A minha sorte, foi que a faca dele estava no bolso do meu casaco e eu consegui esfaqueá-lo nas mãos, obrigando-o a me soltar. Neste momento, ainda sem ar, cheguei mais perto da criatura e cravei a faca em seu peito. Ele gritou e se desfez em pó.
- Pois não. – Abri a porta e dei de cara com o recepcionista
- Tenho reclamações de barulho. – Falou com seu jeitinho amável
- Impossível. Eu acabei de chegar.
- Pentelha, se reclamaram de barulho é porque tem barulho.
- Pentelha é a sua avó! E se eu digo que não tem barulho é porque não tem barulho!
- Cansei. – Ele falou e do nada se transformou em um grotesco ciclope, de pouco mais de 2 metros de altura.
Ele me empurrou para dentro do quarto e tirou uma faca curva de dentro do bolso da calça e veio pra cima de mim. Num quarto daquele tamanho, eu não tinha pra onde correr. Minha única opção era lutar.
Me arrastei até o criado mudo, peguei o abajur e arremessei em direção do ciclope. Ele urrou quando o objeto se espatifou em sua cabeça, mas isso não o abalou. O monstro continuou andando, pegou minha perna e me levantou, como se eu fosse uma galinha. Me debati o máximo que pude, até atingir-lhe o olho com a perna livre. Ele me soltou e eu caí no chão. Enquanto ele urrava de dor, eu fui até a minha mochila e peguei a minha faca – ou melhor, facão . Mas essa ação levou tempo o suficiente para que ele recuperasse seus sentidos e viesse pra cima de mim outra vez. Ele desferiu um golpe com a faca que, apesar de eu ter desviado, me acertou de raspão na altura das costelas. Eu gritei.
Pulei em cima da cama e tentei dar a volta no monstro, mas ele desferiu outro golpe em minha direção, não me acertou, mas bloqueou o caminho. Desta vez foi ele quem pegou o outro abajur e arremessou em minha direção, o objeto me acertou no peito, me deixando sem ar e dolorida. Caí de joelhos, com o facão em mãos, tentando desesperadamente respirar; o ciclope aproveitou a situação para desferir outro golpe com a faca e, desta vez, ele conseguiu cravá-la na minha coxa. Gritei de dor.
Com dificuldade, me levantei e desferi um golpe com o facão. A lâmina de bronze fez um corte raso na criatura, que gritou. Corri, do jeito que consegui, para o lado de fora e ele veio atrás. Tentei fugir pelo corredor, mas o ciclope jogou um vaso de plantas nas minhas costas. Caí no chão, mas me levantei. A faca dele ainda estava na minha perna, então tive que tirá-la para conseguir correr mais. Comecei a me arrastar corredor a fora e tive que arrancar a faca da perna enquanto corria.
Desci a escada com dificuldade e fui até o andar de baixo. A criatura ainda estava atrás de mim, dizendo algo sobre como ele gostava de carne humana. Eu estava apavorada, sangrando e com dor, tive que parar para respirar. A criatura chegou mais perto e me deu um soco na lateral do corpo que, novamente, me tirou o ar dos pulmões e me fez largar o facão. Ele me agarrou pelo pescoço e disse:
- Você não foge mais de mim, pentelha!
Chutei-lhe em todos os lugares que consegui, mas ele estava me enforcando e, consequentemente, eu não conseguia respirar. A minha sorte, foi que a faca dele estava no bolso do meu casaco e eu consegui esfaqueá-lo nas mãos, obrigando-o a me soltar. Neste momento, ainda sem ar, cheguei mais perto da criatura e cravei a faca em seu peito. Ele gritou e se desfez em pó.
Capítulo 9
Caí de joelhos no chão, recuperando o ar que me tinha sido tirado. Quando consegui respirar decentemente, me levantei, peguei meu facão e a faca que o ciclope tinha usado, e voltei, com dificuldade, para o meu quarto.
Fui até o banheiro e lavei os cortes. Voltei até onde ficava a cama, peguei todos os meus pertences, coloquei dentro da mochila e saí do hotel.
Andei até uma farmácia que ficava ali perto, comprei sprays anti-inflamatórios e bandagens, e no banheiro do mesmo estabelecimento, fiz os curativos. Comprei também analgésicos e saí.
Já estava amanhecendo, o que significava que logo eu teria que ir para a escola, e que logo, logo muitas pessoas iriam sair de suas casas e iam achar super estranho encontrar uma garota machucada, ensanguentada e armada andando pela rua.
Coloquei o capuz e fui andando até uma praça vazia que ficava a poucas quadras dali. Me sentei em um dos bancos, tomei os remédios, e esperei ficar mais claro.
A dor tinha sido camuflada pelos analgésicos, o sangue dos machucados estancados pelos curativos, mas os hematomas continuavam ali e eu teria que lidar com eles durante um tempo. Fui até uma lanchonete, comi meu café da manhã e fui ao banheiro me trocar. É importante dizer que quando se está fugindo o tempo todo, precisa aprender a sobreviver com o que cabe dentro de uma mochila; no meu caso, além dos livros da escola, tinha o facão, meus documentos, uma escova de cabelo e uma de dentes, duas calças, três blusas e algumas meias. Nada de luxo. Agora eu tinha uma calça e 2 blusas, apenas. Eba!
Descansei o quanto pude e fui para a escola.
Me escondi o máximo possível de todos, e fiquei “fantasma” até a hora do almoço, quando Stiles me achou num canto perdido da escola:
- Oi, ! – Falou todo animado – O que está fazendo aqui sozinha?
Eu olhei para ele e ele se assustou com os hematomas no meu rosto e pescoço.
- Deus! O que aconteceu?
- Nada, Stiles.
- Nada?? Como assim nada? Você está coberta de hematomas!
- NÃO.É.NADA. – Falei pausadamente – Isso não lhe diz respeito.
- Você não estava assim ontem!
- Stiles, isso não lhe diz respeito - Frisei – Pode, por favor, parar de perguntar?
- , mas... – Olhei feio para ele – Tudo bem.
Me sentei num banco que havia ali perto. Não é fácil ficar andando quando se tem um belo ferimento na perna. Stiles sentou-se do meu lado e parecia muito preocupado, mas não comigo, com algo que estava acontecendo por fora, digamos assim.
- Você parece preocupado.
- Impressão sua.
- Se você diz... – Estava me sentindo mal por ter sido grosseira com ele – Me desculpe pela grosseria. É que... eu só não quero falar sobre isso. Pelo menos não agora.
- Tudo certo. – Ele respondeu com um sorriso amigável no rosto – Mas... Talvez devesse tampar esses hematomas, porque eu não serei o único a perguntar.
- Tampar com?
- Maquiagem, talvez?
- Não tenho e não sei usar.
- Eu conheço uma pessoa que sabe. – Ele falou – E antes que pergunte, sim, ela é confiável.
- Quem seria essa pessoa?
- Lydia. Minha namorada.
Fui até o banheiro e lavei os cortes. Voltei até onde ficava a cama, peguei todos os meus pertences, coloquei dentro da mochila e saí do hotel.
Andei até uma farmácia que ficava ali perto, comprei sprays anti-inflamatórios e bandagens, e no banheiro do mesmo estabelecimento, fiz os curativos. Comprei também analgésicos e saí.
Já estava amanhecendo, o que significava que logo eu teria que ir para a escola, e que logo, logo muitas pessoas iriam sair de suas casas e iam achar super estranho encontrar uma garota machucada, ensanguentada e armada andando pela rua.
Coloquei o capuz e fui andando até uma praça vazia que ficava a poucas quadras dali. Me sentei em um dos bancos, tomei os remédios, e esperei ficar mais claro.
A dor tinha sido camuflada pelos analgésicos, o sangue dos machucados estancados pelos curativos, mas os hematomas continuavam ali e eu teria que lidar com eles durante um tempo. Fui até uma lanchonete, comi meu café da manhã e fui ao banheiro me trocar. É importante dizer que quando se está fugindo o tempo todo, precisa aprender a sobreviver com o que cabe dentro de uma mochila; no meu caso, além dos livros da escola, tinha o facão, meus documentos, uma escova de cabelo e uma de dentes, duas calças, três blusas e algumas meias. Nada de luxo. Agora eu tinha uma calça e 2 blusas, apenas. Eba!
Descansei o quanto pude e fui para a escola.
Me escondi o máximo possível de todos, e fiquei “fantasma” até a hora do almoço, quando Stiles me achou num canto perdido da escola:
- Oi, ! – Falou todo animado – O que está fazendo aqui sozinha?
Eu olhei para ele e ele se assustou com os hematomas no meu rosto e pescoço.
- Deus! O que aconteceu?
- Nada, Stiles.
- Nada?? Como assim nada? Você está coberta de hematomas!
- NÃO.É.NADA. – Falei pausadamente – Isso não lhe diz respeito.
- Você não estava assim ontem!
- Stiles, isso não lhe diz respeito - Frisei – Pode, por favor, parar de perguntar?
- , mas... – Olhei feio para ele – Tudo bem.
Me sentei num banco que havia ali perto. Não é fácil ficar andando quando se tem um belo ferimento na perna. Stiles sentou-se do meu lado e parecia muito preocupado, mas não comigo, com algo que estava acontecendo por fora, digamos assim.
- Você parece preocupado.
- Impressão sua.
- Se você diz... – Estava me sentindo mal por ter sido grosseira com ele – Me desculpe pela grosseria. É que... eu só não quero falar sobre isso. Pelo menos não agora.
- Tudo certo. – Ele respondeu com um sorriso amigável no rosto – Mas... Talvez devesse tampar esses hematomas, porque eu não serei o único a perguntar.
- Tampar com?
- Maquiagem, talvez?
- Não tenho e não sei usar.
- Eu conheço uma pessoa que sabe. – Ele falou – E antes que pergunte, sim, ela é confiável.
- Quem seria essa pessoa?
- Lydia. Minha namorada.
Capítulo 10
SCOTT'S POV
Chegou o horário do almoço e eu fui atrás de Lydia. Ela sabia alguma coisa sobre o que estava acontecendo em Beacon Hills. Encontrei ela no refeitório, mas não achei Stiles, que tinha saído na minha frente.
- Você disse que sentiu algo diferente. O que foi? – Perguntei
- Eu acho que esses desaparecimentos, essas mortes, têm algo a ver com essa garota nova.
Bem, após toda a confusão com os Ghost Riders, alguns adolescentes e crianças desapareceram, parecia um desaparecimento convencional, mas nossos sentidos sabiam que não eram. Ninguém sabe quem, como e porque isso estava rolando. A única pista que nós temos é que os desaparecidos não têm mais de 17 anos.
- Mas isso começou antes dela chegar, Lydia. Como isso pode ser culpa dela? – Perguntei.
- Não foi isso que eu disse! Eu disse que tem a ver com ela.
- Como?
- Não sei, Scott! Só sei que ela está, de alguma forma, conectada nisso tudo.
Quando ela terminou de falar, eu vi Stiles despontando porta adentro e vindo em nossa direção. Ele chegou, deu um beijo na bochecha de Lydia, me cumprimentou e disse:
- Lydia, preciso de um favor seu.
- Se estiver dentro das minhas habilidades...
- Está sim. – Falou – Pode vir comigo?
- Tá.
Os dois saíram e me deixaram lá com cara de taxo.
Quando terminei de comer, fui zanzar pela escola pra passar o tempo e acabei encontrando Stiles.
- Ue, cadê a Lydia?
- Banheiro. – Respondeu - Ela estava me dizendo que acha que a tem alguma coisa a ver com todo esse rolê que tá acontecendo.
- Ela me disse isso também, mas não consegui fazer nenhuma conexão plausível entre ela e os desaparecimentos e mortes.
- E se ela for a próxima vítima?
- Já pensei nisso, mas ela tem 18, que nem a gente, então está fora da faixa etária.
- Ela tem 18??
- Tem. Eu vi na identidade dela.
- Ah, sim. Tenho que pensar sobre o assunto...
- Que assunto? – Liam chegou falando
- Oi, Liam – Eu e Stiles o cumprimentamos
- Estão falando sobre os desaparecimentos? – O beta perguntou
- Sim. – respondi
- Isso é bem estranho. Eu estava conversando com o Mason e ele disse uma coisa bem interessante. E se não forem só esses adolescentes que estão sumindo? Tipo, se tiverem pessoas com mais de 17 sumindo, mas que ninguém deu falta ainda?
- É uma possibilidade, mas não temos provas disso ainda, então vamos nos prender no que temos, se não voltamos à estaca zero. – Stiles disse.
Chegou o horário do almoço e eu fui atrás de Lydia. Ela sabia alguma coisa sobre o que estava acontecendo em Beacon Hills. Encontrei ela no refeitório, mas não achei Stiles, que tinha saído na minha frente.
- Você disse que sentiu algo diferente. O que foi? – Perguntei
- Eu acho que esses desaparecimentos, essas mortes, têm algo a ver com essa garota nova.
Bem, após toda a confusão com os Ghost Riders, alguns adolescentes e crianças desapareceram, parecia um desaparecimento convencional, mas nossos sentidos sabiam que não eram. Ninguém sabe quem, como e porque isso estava rolando. A única pista que nós temos é que os desaparecidos não têm mais de 17 anos.
- Mas isso começou antes dela chegar, Lydia. Como isso pode ser culpa dela? – Perguntei.
- Não foi isso que eu disse! Eu disse que tem a ver com ela.
- Como?
- Não sei, Scott! Só sei que ela está, de alguma forma, conectada nisso tudo.
Quando ela terminou de falar, eu vi Stiles despontando porta adentro e vindo em nossa direção. Ele chegou, deu um beijo na bochecha de Lydia, me cumprimentou e disse:
- Lydia, preciso de um favor seu.
- Se estiver dentro das minhas habilidades...
- Está sim. – Falou – Pode vir comigo?
- Tá.
Os dois saíram e me deixaram lá com cara de taxo.
Quando terminei de comer, fui zanzar pela escola pra passar o tempo e acabei encontrando Stiles.
- Ue, cadê a Lydia?
- Banheiro. – Respondeu - Ela estava me dizendo que acha que a tem alguma coisa a ver com todo esse rolê que tá acontecendo.
- Ela me disse isso também, mas não consegui fazer nenhuma conexão plausível entre ela e os desaparecimentos e mortes.
- E se ela for a próxima vítima?
- Já pensei nisso, mas ela tem 18, que nem a gente, então está fora da faixa etária.
- Ela tem 18??
- Tem. Eu vi na identidade dela.
- Ah, sim. Tenho que pensar sobre o assunto...
- Que assunto? – Liam chegou falando
- Oi, Liam – Eu e Stiles o cumprimentamos
- Estão falando sobre os desaparecimentos? – O beta perguntou
- Sim. – respondi
- Isso é bem estranho. Eu estava conversando com o Mason e ele disse uma coisa bem interessante. E se não forem só esses adolescentes que estão sumindo? Tipo, se tiverem pessoas com mais de 17 sumindo, mas que ninguém deu falta ainda?
- É uma possibilidade, mas não temos provas disso ainda, então vamos nos prender no que temos, se não voltamos à estaca zero. – Stiles disse.
Capítulo 11
’S POV
Stiles pediu para que eu esperasse por ele e Lydia no vestiário masculino, porque não ia ter ninguém lá a essa hora, então era mais seguro. Fiquei lá sentada por um tempão até eles chegarem.
- JESUS CRISTO! O que aconteceu com você, ? – Lydia exclamou assim que me viu.
- Bem... não quero falar sobre isso. – Respondi, enquanto ela me “examinava”.
- Eu vou dar um jeito nisso, ninguém vai perceber o que aconteceu! – Ela disse tirando uma bolsinha cheia de maquiagens de dentro da bolsa. – Você pode ir embora, Stiles.
- O que? Mas...
- Tchau, Stiles. – Falamos em uníssono.
Ele foi embora, meio a contragosto, mas foi. Lydia trancou a porta do vestiário e me levou até um banco na frente do espelho.
- O que aconteceu? – Ela perguntou com uma cara de “Você não tem escolha, a não ser responder”.
- Me meti em uma briga – Falei e ela aceitou a resposta.
- Que bela briga, ein? – Ela disse enquanto tirava milhões de produtos do nécessaire – Mas eu vou dar um jeito nisso. Prenda os cabelos, por favor. – Ela pediu e eu amarrei os cabelos. – Feche os olhos. – eu o fiz, e ela começou seu trabalho. – Que bom que o seu tom de pele é igual ao meu... - Sussurrou - Tenho uma curiosidade sobre você.
- Qual?
- Por que veio para Beacon Hills?
- Na verdade, nem eu sei direito. Um... amigo disse para eu vir pra cá, e eu vim.
- Entendi. – Falou enquanto passava os produtos em mim – Stiles disse que encontrou com você ontem de madrugada.
- Verdade. Eu não estava conseguindo dormir e resolvi andar pela cidade. Daí acabei chegando até a delegacia, depois Scott e Stiles chegaram.
- Devem ter ido colher informações com o pai do Stiles.
- Pai do Stiles?
- Sim. Ele é o xerife daqui.
- Disso eu não sabia... mas eles estavam colhendo informações sobre o que?
- Sobre alguns desaparecimentos que tem acontecido por aqui.
- Desaparecimentos?
- Sim. – respondeu – Olhe pra cima, por favor – Olhei – Algumas pessoas, ou melhor, alguns adolescentes e crianças, estão desaparecendo sem nenhuma pista.
- Desaparecendo?
- Sim. Na melhor das hipóteses elas desapareceram, mas... bem... algumas podem...
- Ter morrido.
- É.
- Quantos já sumiram?
- 6.
- Em quanto tempo?
- Pouco mais de uma semana. - Ela falou – Os pais estão preocupadíssimos com essa situação.
- Com toda razão. Eu imagino que a cidade deve estar meio em pânico com tudo isso, ontem mesmo eu vi vários pais vindo buscar os filhos por aqui.
- Verdade. Estamos tentando ao máximo resolver tudo isso, mas está complicado
- Eu quero ajudar.
- Ajudar? – Perguntou – Pode olhar pra frente – olhei.
- Sim. Quero ajudar vocês a encontrar essas crianças e descobrir o que aconteceu. Posso?
- Claro! Toda ajuda é bem vinda. – Ela disse – Pronto. Pode checar.
Me olhei no espelho, e que belo trabalho ela fez! Nem parecia que eu estava toda esfolada, no máximo diriam que eu não tive uma boa noite de sono – o que não deixa de ser verdade – e nada mais. Os hematomas estavam muito bem escondidos embaixo de todo aquele reboco.
- Uau! Ficou muito bom! Obrigada. – Agradeci, impressionada com o trabalho dela.
- De nada. – Ela sorriu satisfeita – Sabe, você deveria utilizar mais cores.
- Como? – Perguntei enquanto ela guardava seus produtos
- Você é muito bonita. – Fiquei vermelha igual a um tomate – Quando usa só preto e cinza, você tira todo o seu brilho.
- Ahn... obrigada pelo elogio. – Falei, ainda vermelha – Mas eu não gosto de cores.
- Uma pena. – Ela disse amigavelmente – Vamos sair daqui. – Ela disse e eu fui atrás dela.
Fomos até o corredor com os armários, onde encontramos Stiles, Scott e um outro carinha.
- ! – Scott exclamou e me abraçou, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas por causa da dor.
- Oi... Scott. – Falei
- Então essa daí que é a ? – O garoto que eu não sabia o nome sussurrou para o Stiles.
- Sim, sou eu mesma. – Respondi e ele deu um sorriso sem graça. – Um prazer conhecê-lo.
- O prazer é meu. – Ele disse sem jeito.
- Eu vou até o meu armário, preciso tomar uns remédios. Até mais. – Falei e saí mancando.
Stiles pediu para que eu esperasse por ele e Lydia no vestiário masculino, porque não ia ter ninguém lá a essa hora, então era mais seguro. Fiquei lá sentada por um tempão até eles chegarem.
- JESUS CRISTO! O que aconteceu com você, ? – Lydia exclamou assim que me viu.
- Bem... não quero falar sobre isso. – Respondi, enquanto ela me “examinava”.
- Eu vou dar um jeito nisso, ninguém vai perceber o que aconteceu! – Ela disse tirando uma bolsinha cheia de maquiagens de dentro da bolsa. – Você pode ir embora, Stiles.
- O que? Mas...
- Tchau, Stiles. – Falamos em uníssono.
Ele foi embora, meio a contragosto, mas foi. Lydia trancou a porta do vestiário e me levou até um banco na frente do espelho.
- O que aconteceu? – Ela perguntou com uma cara de “Você não tem escolha, a não ser responder”.
- Me meti em uma briga – Falei e ela aceitou a resposta.
- Que bela briga, ein? – Ela disse enquanto tirava milhões de produtos do nécessaire – Mas eu vou dar um jeito nisso. Prenda os cabelos, por favor. – Ela pediu e eu amarrei os cabelos. – Feche os olhos. – eu o fiz, e ela começou seu trabalho. – Que bom que o seu tom de pele é igual ao meu... - Sussurrou - Tenho uma curiosidade sobre você.
- Qual?
- Por que veio para Beacon Hills?
- Na verdade, nem eu sei direito. Um... amigo disse para eu vir pra cá, e eu vim.
- Entendi. – Falou enquanto passava os produtos em mim – Stiles disse que encontrou com você ontem de madrugada.
- Verdade. Eu não estava conseguindo dormir e resolvi andar pela cidade. Daí acabei chegando até a delegacia, depois Scott e Stiles chegaram.
- Devem ter ido colher informações com o pai do Stiles.
- Pai do Stiles?
- Sim. Ele é o xerife daqui.
- Disso eu não sabia... mas eles estavam colhendo informações sobre o que?
- Sobre alguns desaparecimentos que tem acontecido por aqui.
- Desaparecimentos?
- Sim. – respondeu – Olhe pra cima, por favor – Olhei – Algumas pessoas, ou melhor, alguns adolescentes e crianças, estão desaparecendo sem nenhuma pista.
- Desaparecendo?
- Sim. Na melhor das hipóteses elas desapareceram, mas... bem... algumas podem...
- Ter morrido.
- É.
- Quantos já sumiram?
- 6.
- Em quanto tempo?
- Pouco mais de uma semana. - Ela falou – Os pais estão preocupadíssimos com essa situação.
- Com toda razão. Eu imagino que a cidade deve estar meio em pânico com tudo isso, ontem mesmo eu vi vários pais vindo buscar os filhos por aqui.
- Verdade. Estamos tentando ao máximo resolver tudo isso, mas está complicado
- Eu quero ajudar.
- Ajudar? – Perguntou – Pode olhar pra frente – olhei.
- Sim. Quero ajudar vocês a encontrar essas crianças e descobrir o que aconteceu. Posso?
- Claro! Toda ajuda é bem vinda. – Ela disse – Pronto. Pode checar.
Me olhei no espelho, e que belo trabalho ela fez! Nem parecia que eu estava toda esfolada, no máximo diriam que eu não tive uma boa noite de sono – o que não deixa de ser verdade – e nada mais. Os hematomas estavam muito bem escondidos embaixo de todo aquele reboco.
- Uau! Ficou muito bom! Obrigada. – Agradeci, impressionada com o trabalho dela.
- De nada. – Ela sorriu satisfeita – Sabe, você deveria utilizar mais cores.
- Como? – Perguntei enquanto ela guardava seus produtos
- Você é muito bonita. – Fiquei vermelha igual a um tomate – Quando usa só preto e cinza, você tira todo o seu brilho.
- Ahn... obrigada pelo elogio. – Falei, ainda vermelha – Mas eu não gosto de cores.
- Uma pena. – Ela disse amigavelmente – Vamos sair daqui. – Ela disse e eu fui atrás dela.
Fomos até o corredor com os armários, onde encontramos Stiles, Scott e um outro carinha.
- ! – Scott exclamou e me abraçou, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas por causa da dor.
- Oi... Scott. – Falei
- Então essa daí que é a ? – O garoto que eu não sabia o nome sussurrou para o Stiles.
- Sim, sou eu mesma. – Respondi e ele deu um sorriso sem graça. – Um prazer conhecê-lo.
- O prazer é meu. – Ele disse sem jeito.
- Eu vou até o meu armário, preciso tomar uns remédios. Até mais. – Falei e saí mancando.
Capítulo 12
Fui até o meu armário, peguei alguns analgésicos e umas bandagens novas e fui pro banheiro. Entrei em uma das cabines e comecei a trocar os curativos. Estava trocando o da perna quando ouvi uns garotos entrarem – Sim, eram garotos no banheiro feminino.
- Cara, você viu a menina nova que entrou?
- Uma tal de ?
Como o meu nome já estava zanzando em tantas bocas assim? Terminei o curativo e só estava lá ouvindo o que os caras estavam falando de mim.
- Ela é mó gata! Mas tem cara de ser marrenta.
Marrenta...
- Deve ser só cara. Ouvi dizer que ela deu pro McCall ontem.
QUE??????????? NÃO!!!!! Quem disse isso????
- Quem disse isso?
- É o boato que tá rolando escola a fora, viram os dois saindo daqui juntos ontem depois da aula e viram os dois juntos em um hotel podre que tem na saída da cidade.
Pelos céus!! Tem como piorar?
- O treinador confirmou.
Que treinador????
- McCall sempre pega as mais top.
TOP. Odeio isso! EU NÃO FIQUEI COM O SCOTT!!
- Eu aposto que eu consigo pegar ela também.
É O QUE???????
- Se o McCall conseguiu pegar ela no primeiro dia dela aqui, imagina o que alguns dias de convivência não farão? – completou presunçoso
- Duvido que você consegue!
- Tô dizendo! Aposto US$ 100.
100 DÓLARES??? ELES ESTÃO ME APOSTANDO, POR 100 DÓLARES??
- Apostado. Mas tem que ser até a festa da semana que vem. E não vale só beijar... se é que você me entende.
O QUE TÁ ACONTECENDO?
- Vou falar com o Liam e ele vai me ajudar, vocês vão ver! – O garoto disse e eles saíram rindo.
QUE CARALHOS ACABOU DE ACONTECER AQUI?
- Cara, você viu a menina nova que entrou?
- Uma tal de ?
Como o meu nome já estava zanzando em tantas bocas assim? Terminei o curativo e só estava lá ouvindo o que os caras estavam falando de mim.
- Ela é mó gata! Mas tem cara de ser marrenta.
Marrenta...
- Deve ser só cara. Ouvi dizer que ela deu pro McCall ontem.
QUE??????????? NÃO!!!!! Quem disse isso????
- Quem disse isso?
- É o boato que tá rolando escola a fora, viram os dois saindo daqui juntos ontem depois da aula e viram os dois juntos em um hotel podre que tem na saída da cidade.
Pelos céus!! Tem como piorar?
- O treinador confirmou.
Que treinador????
- McCall sempre pega as mais top.
TOP. Odeio isso! EU NÃO FIQUEI COM O SCOTT!!
- Eu aposto que eu consigo pegar ela também.
É O QUE???????
- Se o McCall conseguiu pegar ela no primeiro dia dela aqui, imagina o que alguns dias de convivência não farão? – completou presunçoso
- Duvido que você consegue!
- Tô dizendo! Aposto US$ 100.
100 DÓLARES??? ELES ESTÃO ME APOSTANDO, POR 100 DÓLARES??
- Apostado. Mas tem que ser até a festa da semana que vem. E não vale só beijar... se é que você me entende.
O QUE TÁ ACONTECENDO?
- Vou falar com o Liam e ele vai me ajudar, vocês vão ver! – O garoto disse e eles saíram rindo.
QUE CARALHOS ACABOU DE ACONTECER AQUI?
Capítulo 13
Eu saí do banheiro afoita atrás do Scott, mas o sino tocou e eu tive que entrar pra sala. Meus pensamentos estavam muito agitados. Lydia chegou e se sentou na minha frente. Eu estava muito agitada, meu TDAH estava a mil, e não conseguia me concentrar em nada. Comecei suar de nervoso, a tamborilar os dedos na mesa, bater os pés no chão , mexer nos cabelos... nada adiantou.
- Professor – Chamei – Posso ir ao banheiro?
- Pode.
Saí da sala rapidamente e fui até o banheiro. Eu não podia lavar o rosto, ou todo o trabalho da Lydia iria, literalmente, por água abaixo. Então levantei as mangas da blusa e enfiei os braços na água fria da torneira. Tentei acalmar meu cérebro, mas nada funcionava. Não, eu não transei com o Scott. Não, eu não vou transar com aquele garoto. Não, eu não fiz nada disso . Minha cabeça estava fora de órbita.
- ! – Lydia chegou e me tirou de meus pensamentos. – O que aconteceu?? – perguntou preocupada
- Aconteceu que alguém espalhou por toda a escola que eu transei com o Scott.
- Você transou com o Scott????
- Não! – Respondi e me sentei no chão – Ouvi alguns garotos comentando sobre isso e apostando que um deles vai “me pegar” – fiz aspas com as mãos.
- Que coisa horrível! – Ela disse se sentando ao meu lado – Você sabe quem disse isso?
- Só sei que algum treinador confirmou tudo. – Falei e ela revirou os olhos.
- Tinha que ser... Scott vai desmentir isso e vai ficar tudo certo.
- Lydia, eu estou muito irritada! Eu sei que não é culpa dele, mas se eu o vir agora é capaz de rolar uma agressão.
- Eu entendo. Pra evitar problemas você fica comigo hoje, pelo resto do dia. Tudo certo? – Sugeriu e eu concordei com a cabeça. – Vamos voltar pra sala.
Eu ainda estava agitada, mas consegui permanecer dentro da sala até a aula terminar. Quando o sino tocou, Lydia me puxou pra perto dela e saiu me arrastando escola a fora, até chegarmos ao corredor dos armários. Eu olhava pros lados e via meninas cochichando e me olhando com raiva, ou inveja, não soube distinguir, os meninos me olhando como um prêmio. Aquilo me irritou.
- Lydia, será que a gente pode sair daqui? – Pedi
- Claro. – Ela falou já me puxando pra longe – Vamos pra biblioteca.
A biblioteca estava vazia, apenas umas 2 ou 3 pessoas sentadas lendo alguma coisa. Lydia me puxou pras prateleiras e falou:
- Aqui a gente pode conversar melhor. – E se sentou no chão. - Me explica direito essa história do Scott.
Então eu expliquei tudo desde a parte em que ele me levou em “casa” no dia anterior, até a parte que eu ouvi os garotos no banheiro.
- Isso tudo em menos de dois dias...
- Um início um tanto quanto conturbado, não é?! – Lydia comentou.
- Não estou acostumada com esse tipo de atenção. Não gostei de ver as pessoas ao eu redor olhando pra mim daquele jeito. – Desabafei.
- Eu te entendo completamente, . - Ela falou com um sorriso cúmplice – Mas tudo isso vai passar. Vamos driblar toda essa situação, com muita maestria.
Não podia acreditar em como ela era solícita. Desde que cheguei, ela sempre me ajudou, sempre me deu apoio. Mesmo com pouco tempo de convivência, eu já sentia que podia confiar nela, e que de alguma forma ela também confiava em mim.
- Lydia, obrigada. – falei – Significa muito pra mim.
Ela sorriu amigavelmente e disse:
- Você é minha amiga, e amigas se ajudam, certo?
- Certo.
- Agora vamos sair daqui.
- Professor – Chamei – Posso ir ao banheiro?
- Pode.
Saí da sala rapidamente e fui até o banheiro. Eu não podia lavar o rosto, ou todo o trabalho da Lydia iria, literalmente, por água abaixo. Então levantei as mangas da blusa e enfiei os braços na água fria da torneira. Tentei acalmar meu cérebro, mas nada funcionava. Não, eu não transei com o Scott. Não, eu não vou transar com aquele garoto. Não, eu não fiz nada disso . Minha cabeça estava fora de órbita.
- ! – Lydia chegou e me tirou de meus pensamentos. – O que aconteceu?? – perguntou preocupada
- Aconteceu que alguém espalhou por toda a escola que eu transei com o Scott.
- Você transou com o Scott????
- Não! – Respondi e me sentei no chão – Ouvi alguns garotos comentando sobre isso e apostando que um deles vai “me pegar” – fiz aspas com as mãos.
- Que coisa horrível! – Ela disse se sentando ao meu lado – Você sabe quem disse isso?
- Só sei que algum treinador confirmou tudo. – Falei e ela revirou os olhos.
- Tinha que ser... Scott vai desmentir isso e vai ficar tudo certo.
- Lydia, eu estou muito irritada! Eu sei que não é culpa dele, mas se eu o vir agora é capaz de rolar uma agressão.
- Eu entendo. Pra evitar problemas você fica comigo hoje, pelo resto do dia. Tudo certo? – Sugeriu e eu concordei com a cabeça. – Vamos voltar pra sala.
Eu ainda estava agitada, mas consegui permanecer dentro da sala até a aula terminar. Quando o sino tocou, Lydia me puxou pra perto dela e saiu me arrastando escola a fora, até chegarmos ao corredor dos armários. Eu olhava pros lados e via meninas cochichando e me olhando com raiva, ou inveja, não soube distinguir, os meninos me olhando como um prêmio. Aquilo me irritou.
- Lydia, será que a gente pode sair daqui? – Pedi
- Claro. – Ela falou já me puxando pra longe – Vamos pra biblioteca.
A biblioteca estava vazia, apenas umas 2 ou 3 pessoas sentadas lendo alguma coisa. Lydia me puxou pras prateleiras e falou:
- Aqui a gente pode conversar melhor. – E se sentou no chão. - Me explica direito essa história do Scott.
Então eu expliquei tudo desde a parte em que ele me levou em “casa” no dia anterior, até a parte que eu ouvi os garotos no banheiro.
- Isso tudo em menos de dois dias...
- Um início um tanto quanto conturbado, não é?! – Lydia comentou.
- Não estou acostumada com esse tipo de atenção. Não gostei de ver as pessoas ao eu redor olhando pra mim daquele jeito. – Desabafei.
- Eu te entendo completamente, . - Ela falou com um sorriso cúmplice – Mas tudo isso vai passar. Vamos driblar toda essa situação, com muita maestria.
Não podia acreditar em como ela era solícita. Desde que cheguei, ela sempre me ajudou, sempre me deu apoio. Mesmo com pouco tempo de convivência, eu já sentia que podia confiar nela, e que de alguma forma ela também confiava em mim.
- Lydia, obrigada. – falei – Significa muito pra mim.
Ela sorriu amigavelmente e disse:
- Você é minha amiga, e amigas se ajudam, certo?
- Certo.
- Agora vamos sair daqui.
Capítulo 14
Após o fim das aulas, Lydia me ajudou a escolher um novo local pra ficar. Ela ficou relutante em me deixar ficar em outra espelunca, mas, no fim, consegui convencê-la de que seria apenas algo temporário, até eu conseguir achar um apartamento.
- Olha, isso aqui não vale o preço. – Lydia dizia enquanto entrávamos no quarto. – Isso aqui não vale nada na realidade, .
- Lydia, pode me chamar de . – Disse sentando-me na cama – Esse lugar atende minhas necessidades.
- Você não tem luxo nenhum, não é? – Ela falou abrindo as cortinas.
- Pra quê? Ter luxos só atrapalha a vida. – Respondi e ela se sentou ao meu lado. – Hey, obrigada por fazer o que está fazendo por mim. – Falei sem jeito.
- Estarei aqui para o que precisar. – Lydia respondeu amigavelmente – Sabe, você me lembra muito uma amiga que eu tive a um tempo atrás. Ela se chamava Alisson.
- Chamava? Ela... morreu? – Perguntei e ela apenas assentiu – Oh, me desculpe. Sinto muito.
- Não tem problema, , você não sabia. – Disse-me – Quando eu a conheci, ficamos amigas quase que instantaneamente – Ela sorriu ao lembrar – Sinto que teremos uma conexão parecida.
- Espero que sim.
Ficamos conversando ali por mais algum tempo até Lydia decidir ir embora. Quando ela foi, resolvi tomar um banho pra relaxar e pensar um pouco na vida.
Entrei no banheiro e percebi que não havia chuveiro, mas sim uma banheira velha e que não estava em seus melhores dias; abri as torneiras e deixei a água quente enchê-la. Enquanto isso, me despi e retirei os curativos. O efeito dos analgésicos estava passando, e meu corpo começava a doer novamente, clamando por um descanso que não tivera desde que cheguei a Beacon Hills. Lavei meu rosto e vi todo o trabalho de Lydia descer pelo ralo, e os meus diversos hematomas reaparecerem.
Coloquei os pés na água quente da banheira e senti minhas pernas relaxarem, permiti- me, então, a aproveitar um bom banho. Sentei-me, deixando a água bater em meus ombros. Meus ferimentos pareciam estar melhorando, e eu sentia uma onda de energia subindo por cada fibra do meu corpo, dando-me vigor.
Enquanto aproveitava a água quente, comecei a pensar no que tinha acontecido, sobre ter ouvido aquele garoto me apostar e afirmar que eu tinha tido alguma coisa com o Scott. Não sabia se Scott sabia o que estava acontecendo, mas achava meio impossível ele não saber, uma vez que a escola inteira já estava a par da situação, e um tal “treinador” havia endossado a história. Aquilo me irritou.
Lembrei-me de ter todos aqueles olhares sobre mim; eu já estava acostumada e ser julgada, mas aquilo era diferente. Desde quando saí da casa dos meus avós, em Nevada, as pessoas sempre olharam com receio pra mim, isso porque eu não me vestia como todo mundo, e nem agia com todo mundo. Sempre usava roupas escuras e compridas, o que realçava minha pele pálida e minhas olheiras profundas; além disso, meu rosto, quando eu era mais nova, era encovado e marcado, dando-me um ar perigoso. Ser julgada como ladra, eu estava acostumada, mas ser julgada como “vadia”, isso era diferente.
Saí de meus devaneios, lavei-me e saí da banheira. Enrolei-me na toalha velha e fui de volta ao quarto, vesti-me rapidamente e fiquei observando a rua, pela janela. Já havia começado a anoitecer, tudo estava cinza, melancólico e perigoso. Sempre tive medo desse horário. Era quando as coisas saiam pra caçar.
Deitei-me na cama e logo o sono me atingiu, e os sonhos também.
Eu estava, novamente, naquele acampamento, mas, desta vez, estava de noite e não havia nenhum campista. O homem estava lá comigo, exalando seu aconchegante perfume de mar e em sua habitual camisa havaiana.
- Você está bem? – Ele me perguntou
- Na medida do possível. Aquele ciclope me deu uma bela surra. – Respondi
- Ciclopes são uma espécie complicada... – Comentou – Mas venho trazer-lhe notícias sobre sua família. – Abri um sorriso ao ouvir. Como eu sentia falta dos meus meninos... – Seus irmãos estão bem. Eles sentem sua falta, mas seus avós continuam tentando fazê-los acreditar que você não é irmã deles, só que os garotos amam você demais pra acreditarem no que eles falam.
Meus avós... Eles me odiavam.
- Seu avô está doente, está com uma hérnia que, provavelmente, vai lhe tirar os movimentos das pernas. – Ele continuou – Mas ele não quer se tratar, por mais que sua avó insista.
- Ele sempre foi teimoso. Espero que ele vá ao médico se tratar, não quero que fique sem andar. – Falei.
- Mas a maior notícia que tenho para te dar hoje não tem haver com eles. – Disse olhando-me de forma travessa – Descobri uma coisa sobre seu pai.
- Meu pai??
- Sim. Ainda não descobri que é – Pude ver um brilho atravessar-lhe os olhos – Mas descobri que ele tem outro filho.
- Então... eu... outro irmão?
- Sim, , outro irmão. – Ele disse sorrindo – Ele é mais velho que você, mas não muito. Creio que 2 ou 3 anos, apenas.
- Como... não posso perguntar, né? – Falei desanimada.
- Não se não quiser quebrar nosso trato. – Ele disse maroto.
Quando ele apareceu pela primeira vez, disse que iria me ajudar a sobreviver e que iria manter-me atualizada sobre minha família, mas, em troca, eu não poderia perguntar como, apenas seguir seus conselhos. Eu aceitei, mas, frequentemente, quase quebrava o nosso acordo.
- Quando acordar, já vai estar quase totalmente recuperada dos seus ferimentos físicos. A água ajuda. – Ele disse. – Agora vou deixar-lhe descansar. – Falou e depositou um beijo em minha testa. E tudo ficou preto.
Acordei com a luz do sol, refletida no espelho, batendo em meu rosto. Fui ao banheiro e me olhei no espelho. Os hematomas estavam amarelinhos, quase sumindo. Isso era bom, menos um problema pra lidar. Fiz minha higiene, me arrumei e fui pra escola.
Quando cheguei lá, por onde eu passava, sentia olhares às minhas costas. Fui até o meu armário peguei o necessário e fui pra sala. Sentei-me na última carteira da fileira perto das janelas e fiquei lá esperando.
Pouco tempo depois a aula começou. Minha situação era tão complicada que até o professor me olhava de um jeito estranho. Aquilo me irritou. Lydia estava sentada na minha frente e também percebeu a olhada que o professor me lançou.
A aula terminou e Lydia virou-se para mim
- Como você está?
- Bem. Irritada com essa situação, mas bem. – Respondi.
- Eu conversei com o Stiles, e ele disse que Scott ficou sabendo dessa história depois do fim das aulas.
- Então não foi ele que espalhou esse boato. – Conclui, levantando-me e saindo da sala com ela.
- Isso. Scott é um menino muito bom, nunca faria isso com alguém. – Defendeu-o e eu apenas assenti.
- Mudando de assunto, o que vocês descobriram sobre os desaparecimentos? – Perguntei. Não queria falar sobre aquilo.
- Até agora nada além do que te contei ontem.
- Então ninguém mais sumiu?
- Não. – Respondeu pegando algumas coisas no seu armário – Isso é bom. Mas a falta de pistas não.
- Entendo. – Falei pegando minhas coisas em meu armário.
Conversamos até o sino tocar, quando nos separamos e fomos para nossas respectivas salas. Enquanto eu caminhava pelo corredor, as pessoas me olhavam, cheguei a flagrar um garoto babaca mordendo os lábios, respondi-lhe com um olhar assassino e um belo dedo do meio.
Entrei na sala e a primeira pessoa que eu vi foi o Scott. Eu sabia que ele iria querer conversar, mas eu não. Eu queria distância. Assim, apenas desviei o olhar e me sentei do lado oposto da sala. Durante a aula, nós nos encaramos algumas vezes, mas não chegamos a trocar nem uma palavra. Quando o sino marcou o fim da aula, eu saí o mais rápido que pude, para evitar ser interpelada por ele.
Encontrei Lydia perto do meu armário.
- Scott falou com você? – Ela me perguntou.
- Não, porque eu não dei oportunidade.
- Vocês prec...
- Não, Lydia. Pelo menos não ainda.
- Eu entendo. – Ela disse
- Posso te pedir uma coisa? – Perguntei e ela assentiu – Pode me acompanhar no shopping hoje? Preciso comprar roupas.
- Claro que posso!! – Ela disse sorrindo – Vamos nos divertir bastante, prometo!
Depois disso tivemos mais umas 2 aulas. Todas do mesmo jeito. Eu entrava, todos me olhavam, eu corria para o fundo, assistia à aula e saía assim que o sino tocava.
Na hora do almoço, não consegui encontrar Lydia, presumi que ela estivesse com o namorado e desisti de procurar. Como não estava com fome, e nem com vontade de ficar vendo as pessoas me encarando, resolvi sair andando pela escola. Estava perto da biblioteca quando ouvi alguém me chamando:
- ! – Era Scott – Espera! – eu continuei andando, mas ele correu e segurou o meu braço. – A gente pode conversar? Por favor.
Eu não queria falar com ele, mas teria que fazê-lo mais cedo ou mais tarde, então resolvi findar aquilo ali mesmo. Então parei na frente dele e cruzei os braços.
- Fala. Estou ouvindo.
- Quero que saiba que eu não tenho nada haver com essa história. Fiquei sabendo disso ontem, depois das aulas. – Ele disse.
- Olha, Scott, eu acredito que não tenha sido você...
- Então por que está brava?! – interrompeu-me.
- Porque você nem tentou desmentir essa história! Afinal de contas, isso não te afeta de nenhuma forma! Você vai continuar sendo o “McCall que pega as melhores”, vai poder receber os tapinhas nas costas dos seus colegas de time, já que pegou a novata em menos de dois dias! “Nossa, esse McCall é foda!” – Cuspi.
- Eu...
- Sente muito? – Interrompi – Sente nada! Você não está sendo julgado a cada passo que dá dentro dessa maldita escola! Não tem que aturar até os professores te olhando como se fosse um pedaço de carne! – Ele ficou pasmo – É isso mesmo, Scott. É isso que acontece quando um boato desses se espalha, o homem é ovacionado pelas multidões, aplaudido de pé nos auditórios, e a mulher? A mulher vira a vadia, a puta que não se dá o devido valor, a vulgar que não sabe fechar as pernas.
- Eu... eu não fazia ideia.
- Pois agora faz, Scott. Pense em como me senti ao saber que no único momento que resolvi confiar um pouco, o mínimo possível, em você, isso aconteceu! – A raiva e a decepção eram claras em minha voz – Como se eu já não tivesse que lutar pela minha vida todos os dias – Apontei-lhe uma das minhas cicatrizes no braço – Agora terei que lidar com um monte de babaquinhas que se acham homens o suficiente para apostarem que vão conseguir me pegar até o fim da semana.
- O quê?!
- É isso mesmo, querido. Olha a proporção que isso chegou.
- Me desculpe, eu não tinha ideia que isso estava tão ruim. – Ele disse – Eu vou tentar arrumar as coisas. Prometo que vou fazer o meu melhor. – Ele disse olhando no fundo dos meus olhos.
- Tudo bem, Scott. Agora eu tenho que ir – Falei e o deixei sozinho no corredor.
Eu o evitei o resto do dia, quando nos cruzávamos nos corredores, eu apenas desviava o olhar e seguia meu caminho. Nas aulas que fazíamos juntos, me sentava o mais distante possível e tentava não fazer nenhum tipo de contato. Às vezes eu sentia que ele estava me observando, mas ainda assim eu não o olhava. Eu estava magoada de verdade.
- Olha, isso aqui não vale o preço. – Lydia dizia enquanto entrávamos no quarto. – Isso aqui não vale nada na realidade, .
- Lydia, pode me chamar de . – Disse sentando-me na cama – Esse lugar atende minhas necessidades.
- Você não tem luxo nenhum, não é? – Ela falou abrindo as cortinas.
- Pra quê? Ter luxos só atrapalha a vida. – Respondi e ela se sentou ao meu lado. – Hey, obrigada por fazer o que está fazendo por mim. – Falei sem jeito.
- Estarei aqui para o que precisar. – Lydia respondeu amigavelmente – Sabe, você me lembra muito uma amiga que eu tive a um tempo atrás. Ela se chamava Alisson.
- Chamava? Ela... morreu? – Perguntei e ela apenas assentiu – Oh, me desculpe. Sinto muito.
- Não tem problema, , você não sabia. – Disse-me – Quando eu a conheci, ficamos amigas quase que instantaneamente – Ela sorriu ao lembrar – Sinto que teremos uma conexão parecida.
- Espero que sim.
Ficamos conversando ali por mais algum tempo até Lydia decidir ir embora. Quando ela foi, resolvi tomar um banho pra relaxar e pensar um pouco na vida.
Entrei no banheiro e percebi que não havia chuveiro, mas sim uma banheira velha e que não estava em seus melhores dias; abri as torneiras e deixei a água quente enchê-la. Enquanto isso, me despi e retirei os curativos. O efeito dos analgésicos estava passando, e meu corpo começava a doer novamente, clamando por um descanso que não tivera desde que cheguei a Beacon Hills. Lavei meu rosto e vi todo o trabalho de Lydia descer pelo ralo, e os meus diversos hematomas reaparecerem.
Coloquei os pés na água quente da banheira e senti minhas pernas relaxarem, permiti- me, então, a aproveitar um bom banho. Sentei-me, deixando a água bater em meus ombros. Meus ferimentos pareciam estar melhorando, e eu sentia uma onda de energia subindo por cada fibra do meu corpo, dando-me vigor.
Enquanto aproveitava a água quente, comecei a pensar no que tinha acontecido, sobre ter ouvido aquele garoto me apostar e afirmar que eu tinha tido alguma coisa com o Scott. Não sabia se Scott sabia o que estava acontecendo, mas achava meio impossível ele não saber, uma vez que a escola inteira já estava a par da situação, e um tal “treinador” havia endossado a história. Aquilo me irritou.
Lembrei-me de ter todos aqueles olhares sobre mim; eu já estava acostumada e ser julgada, mas aquilo era diferente. Desde quando saí da casa dos meus avós, em Nevada, as pessoas sempre olharam com receio pra mim, isso porque eu não me vestia como todo mundo, e nem agia com todo mundo. Sempre usava roupas escuras e compridas, o que realçava minha pele pálida e minhas olheiras profundas; além disso, meu rosto, quando eu era mais nova, era encovado e marcado, dando-me um ar perigoso. Ser julgada como ladra, eu estava acostumada, mas ser julgada como “vadia”, isso era diferente.
Saí de meus devaneios, lavei-me e saí da banheira. Enrolei-me na toalha velha e fui de volta ao quarto, vesti-me rapidamente e fiquei observando a rua, pela janela. Já havia começado a anoitecer, tudo estava cinza, melancólico e perigoso. Sempre tive medo desse horário. Era quando as coisas saiam pra caçar.
Deitei-me na cama e logo o sono me atingiu, e os sonhos também.
Eu estava, novamente, naquele acampamento, mas, desta vez, estava de noite e não havia nenhum campista. O homem estava lá comigo, exalando seu aconchegante perfume de mar e em sua habitual camisa havaiana.
- Você está bem? – Ele me perguntou
- Na medida do possível. Aquele ciclope me deu uma bela surra. – Respondi
- Ciclopes são uma espécie complicada... – Comentou – Mas venho trazer-lhe notícias sobre sua família. – Abri um sorriso ao ouvir. Como eu sentia falta dos meus meninos... – Seus irmãos estão bem. Eles sentem sua falta, mas seus avós continuam tentando fazê-los acreditar que você não é irmã deles, só que os garotos amam você demais pra acreditarem no que eles falam.
Meus avós... Eles me odiavam.
- Seu avô está doente, está com uma hérnia que, provavelmente, vai lhe tirar os movimentos das pernas. – Ele continuou – Mas ele não quer se tratar, por mais que sua avó insista.
- Ele sempre foi teimoso. Espero que ele vá ao médico se tratar, não quero que fique sem andar. – Falei.
- Mas a maior notícia que tenho para te dar hoje não tem haver com eles. – Disse olhando-me de forma travessa – Descobri uma coisa sobre seu pai.
- Meu pai??
- Sim. Ainda não descobri que é – Pude ver um brilho atravessar-lhe os olhos – Mas descobri que ele tem outro filho.
- Então... eu... outro irmão?
- Sim, , outro irmão. – Ele disse sorrindo – Ele é mais velho que você, mas não muito. Creio que 2 ou 3 anos, apenas.
- Como... não posso perguntar, né? – Falei desanimada.
- Não se não quiser quebrar nosso trato. – Ele disse maroto.
Quando ele apareceu pela primeira vez, disse que iria me ajudar a sobreviver e que iria manter-me atualizada sobre minha família, mas, em troca, eu não poderia perguntar como, apenas seguir seus conselhos. Eu aceitei, mas, frequentemente, quase quebrava o nosso acordo.
- Quando acordar, já vai estar quase totalmente recuperada dos seus ferimentos físicos. A água ajuda. – Ele disse. – Agora vou deixar-lhe descansar. – Falou e depositou um beijo em minha testa. E tudo ficou preto.
Acordei com a luz do sol, refletida no espelho, batendo em meu rosto. Fui ao banheiro e me olhei no espelho. Os hematomas estavam amarelinhos, quase sumindo. Isso era bom, menos um problema pra lidar. Fiz minha higiene, me arrumei e fui pra escola.
Quando cheguei lá, por onde eu passava, sentia olhares às minhas costas. Fui até o meu armário peguei o necessário e fui pra sala. Sentei-me na última carteira da fileira perto das janelas e fiquei lá esperando.
Pouco tempo depois a aula começou. Minha situação era tão complicada que até o professor me olhava de um jeito estranho. Aquilo me irritou. Lydia estava sentada na minha frente e também percebeu a olhada que o professor me lançou.
A aula terminou e Lydia virou-se para mim
- Como você está?
- Bem. Irritada com essa situação, mas bem. – Respondi.
- Eu conversei com o Stiles, e ele disse que Scott ficou sabendo dessa história depois do fim das aulas.
- Então não foi ele que espalhou esse boato. – Conclui, levantando-me e saindo da sala com ela.
- Isso. Scott é um menino muito bom, nunca faria isso com alguém. – Defendeu-o e eu apenas assenti.
- Mudando de assunto, o que vocês descobriram sobre os desaparecimentos? – Perguntei. Não queria falar sobre aquilo.
- Até agora nada além do que te contei ontem.
- Então ninguém mais sumiu?
- Não. – Respondeu pegando algumas coisas no seu armário – Isso é bom. Mas a falta de pistas não.
- Entendo. – Falei pegando minhas coisas em meu armário.
Conversamos até o sino tocar, quando nos separamos e fomos para nossas respectivas salas. Enquanto eu caminhava pelo corredor, as pessoas me olhavam, cheguei a flagrar um garoto babaca mordendo os lábios, respondi-lhe com um olhar assassino e um belo dedo do meio.
Entrei na sala e a primeira pessoa que eu vi foi o Scott. Eu sabia que ele iria querer conversar, mas eu não. Eu queria distância. Assim, apenas desviei o olhar e me sentei do lado oposto da sala. Durante a aula, nós nos encaramos algumas vezes, mas não chegamos a trocar nem uma palavra. Quando o sino marcou o fim da aula, eu saí o mais rápido que pude, para evitar ser interpelada por ele.
Encontrei Lydia perto do meu armário.
- Scott falou com você? – Ela me perguntou.
- Não, porque eu não dei oportunidade.
- Vocês prec...
- Não, Lydia. Pelo menos não ainda.
- Eu entendo. – Ela disse
- Posso te pedir uma coisa? – Perguntei e ela assentiu – Pode me acompanhar no shopping hoje? Preciso comprar roupas.
- Claro que posso!! – Ela disse sorrindo – Vamos nos divertir bastante, prometo!
Depois disso tivemos mais umas 2 aulas. Todas do mesmo jeito. Eu entrava, todos me olhavam, eu corria para o fundo, assistia à aula e saía assim que o sino tocava.
Na hora do almoço, não consegui encontrar Lydia, presumi que ela estivesse com o namorado e desisti de procurar. Como não estava com fome, e nem com vontade de ficar vendo as pessoas me encarando, resolvi sair andando pela escola. Estava perto da biblioteca quando ouvi alguém me chamando:
- ! – Era Scott – Espera! – eu continuei andando, mas ele correu e segurou o meu braço. – A gente pode conversar? Por favor.
Eu não queria falar com ele, mas teria que fazê-lo mais cedo ou mais tarde, então resolvi findar aquilo ali mesmo. Então parei na frente dele e cruzei os braços.
- Fala. Estou ouvindo.
- Quero que saiba que eu não tenho nada haver com essa história. Fiquei sabendo disso ontem, depois das aulas. – Ele disse.
- Olha, Scott, eu acredito que não tenha sido você...
- Então por que está brava?! – interrompeu-me.
- Porque você nem tentou desmentir essa história! Afinal de contas, isso não te afeta de nenhuma forma! Você vai continuar sendo o “McCall que pega as melhores”, vai poder receber os tapinhas nas costas dos seus colegas de time, já que pegou a novata em menos de dois dias! “Nossa, esse McCall é foda!” – Cuspi.
- Eu...
- Sente muito? – Interrompi – Sente nada! Você não está sendo julgado a cada passo que dá dentro dessa maldita escola! Não tem que aturar até os professores te olhando como se fosse um pedaço de carne! – Ele ficou pasmo – É isso mesmo, Scott. É isso que acontece quando um boato desses se espalha, o homem é ovacionado pelas multidões, aplaudido de pé nos auditórios, e a mulher? A mulher vira a vadia, a puta que não se dá o devido valor, a vulgar que não sabe fechar as pernas.
- Eu... eu não fazia ideia.
- Pois agora faz, Scott. Pense em como me senti ao saber que no único momento que resolvi confiar um pouco, o mínimo possível, em você, isso aconteceu! – A raiva e a decepção eram claras em minha voz – Como se eu já não tivesse que lutar pela minha vida todos os dias – Apontei-lhe uma das minhas cicatrizes no braço – Agora terei que lidar com um monte de babaquinhas que se acham homens o suficiente para apostarem que vão conseguir me pegar até o fim da semana.
- O quê?!
- É isso mesmo, querido. Olha a proporção que isso chegou.
- Me desculpe, eu não tinha ideia que isso estava tão ruim. – Ele disse – Eu vou tentar arrumar as coisas. Prometo que vou fazer o meu melhor. – Ele disse olhando no fundo dos meus olhos.
- Tudo bem, Scott. Agora eu tenho que ir – Falei e o deixei sozinho no corredor.
Eu o evitei o resto do dia, quando nos cruzávamos nos corredores, eu apenas desviava o olhar e seguia meu caminho. Nas aulas que fazíamos juntos, me sentava o mais distante possível e tentava não fazer nenhum tipo de contato. Às vezes eu sentia que ele estava me observando, mas ainda assim eu não o olhava. Eu estava magoada de verdade.
Capítulo 15
Após o fim das aulas, encontrei Lydia perto dos armários, mas ela não estava sozinha:
- Oi, ! – Cumprimentou-me sorrindo, e recebeu um sorriso amarelo de volta – Esta é Malia, minha amiga. – apontou para a garota de cabelos curtos ao seu lado.
- Então você é a moça dos boatos... – Malia comentou, me fazendo abaixar a cabeça. Estava cansada desta situação. – Tenho certeza que vamos ser amigas! Você é das minhas.
- Mas não sei se você sabe, não aconteceu nada daquilo. É só um boato. – Respondi.
- Eu imagino, mas você tem estilo e não se deixa abater – Falou, me animando – Eu vi você metendo um belo dedo do meio na cara do Nathan. Mandou bem. – Completou e demos um high five.
- Vocês se parecem mesmo... – Lydia comentou – Malia vai acompanhar a gente ao shopping. Tudo bem?
- Tudo certo!
Fomos, então, para o carro da Lydia. Colocamos a música nova da Little Mix, Power, no som – volume máximo, é claro – e fomos cantando a plenos pulmões até chegarmos ao shopping.
Entramos em uma das lojas, e fui diretamente pra ala “ROUPAS CINZA, PRETAS E MONOCROMÁTICAS QUE NINGUÉM EM SÃ CONSCIENCIA USA... SÓ A ”. Escolhi algumas blusas, umas calças, um coturno novo...
- NEM PENSA! – Lydia gritou do outro lado da loja, fazendo Malia e eu pularmos – Esquece o cinza, . – Disse se aproximando e tirando as roupas das minhas mãos.
- Lydia, deixa ela escolher as roupas dela! – Malia me defendeu.
- Eu deixo – Lydia respondeu – Mas só se ela experimentar algumas roupas que eu escolher. – Completou.
- Tudo bem, eu experimento. – Concordei, e Malia me lançou um olhar de “Boa sorte nessa jornada” – Mas não garanto que vou comprar nada. – Completei e Lydia concordou.
A ruivinha saiu sorridente pela loja, pegando algumas roupas aqui e ali, enquanto eu pegava as roupas de meu interesse, e Malia as do dela. Encontramo-nos na ala de provadores:
- Olha, escolhi estas aqui pra você – Lydia disse me entregando uma pilha de roupas, tão coloridas que pareciam um arco-íris. – Pode experimentar. – Falou me empurrando pra dentro de uma das cabines.
Vesti as roupas que ela me dera: um vestido de alcinhas, curto e florido; uma sandália rasteirinha; e um cinto, preto, fino. Quando me olhei no espelho, tive um choque.
- , já tá pronta? – Lydia chamou-me do lado de fora e eu saí – Você tá linda!
- Tá bonitona mesmo – Malia concordou.
- Estou me sentindo desconfortável com essa roupa... – comentei.
- Sério? – Lydia perguntou chateada e eu assenti – É uma pena, , porque você está muito bonita.
- Por que não coloca uma calça? – Malia sugeriu – Coloca... Sei lá... Uma blusa estampada.
- Boa ideia, Malia! – Lydia concordou e pegou uma blusa vermelha, que estava no monte que ela havia feito – Coloca essa e uma das calças que você pegou, daí coloca essa sapatilha – disse me entregando as coisas – Pode ir colocar – falou me empurrando pro provador outra vez.
Vesti, então, uma calça preta justa, a blusa vermelha, estilo cigana, com alcinhas, que Lydia havia me entregado, e a sapatilha nude, que ela também havia me dado. Ainda achava estranho usar vermelho, mas estava melhor que antes.
Saí do provador e Malia me recebeu com um “joinha” de aprovação. Me olhei no espelho e comecei a me acostumar com o resultado.
- Gostou mais desse? – Lydia perguntou e eu assenti – Vamos ajeitar mais um pouquinho – Ela disse, colocou-se à minha frente e começou a mexer nos meus cabelos – Esse seu cabelo é lindo, mas tá escondendo seu rosto... – Ela tirou um grampo do bolso e conseguiu fazer um mini topete em mim – Agora sim! Olha esses olhos maravilhosos! – Disse saindo da minha frente e me apresentando a Malia.
- Gostei. – Malia aprovou.
Quando me vi no espelho, eu aprovei o resultado, não era algo que eu usaria todos os dias, mas poderia usar em... Sei lá, algum lugar.
- Você gostou! – Lydia exclamou.
- É... Gostei um pouco – Admiti.
- Vai comprar? – Malia perguntou e eu fiquei pensando – Se eu fosse você eu levava...
- Então... Eu vou levar. – Decidi.
Passamos o resto da tarde no shopping, acompanhamos Lydia em mais lojas, paramos na praça de alimentação, conversamos, atualizamos Malia sobre minha situação e nos divertimos bastante. Foi uma tarde bem proveitosa. Eu estava precisando daquilo.
Depois disso, as meninas me deixaram em “casa” e foram embora. Fui para o meu quarto, tomei um banho e me deitei. Pela primeira vez, desde que cheguei a Beacon Hills, consegui dormir calmamente, sem nada me tirando o sono.
Acordei bem no outro dia, sem dor, sem desconforto e sem culpa. Me arrumei e fui pro colégio. Resolvi que iria seguir o conselho que Malia me dera: ignorar todos que me enchessem a paciência, não me esconder dos olhares e dos cochichos e passar pelos corredores de nariz em pé, afinal de contas, tudo o que diziam sobre mim era mentira.
Encontrei Lydia, Malia e Stiles no estacionamento:
- Que bom que chegou. – Lydia disse – Temos notícias sobre os desaparecimentos.
- Sério? O que é? – Perguntei.
- Um garoto de 12 anos desapareceu ontem. – Stiles disse cabisbaixo.
- Nossa... 12 anos? – Perguntei e eles assentiram.
- Vamos até a floresta procurar por pistas, acho que lá é um local bem propicio. – Stiles falou.
- Eu vou com vocês então. – Falei – Quero ajudar.
- Só estamos esperando o... – Stiles parou de falar
- O Scott. Pode falar, Stiles. Ele não tentou matar meus irmãos ou coisa do tipo. – Respondi um pouco rude.
- É que... – Tentou se explicar.
- Tá tudo bem, eu entendo.
- Climão... – Malia soltou.
Logo depois, Scott e aquele outro garoto chegaram:
- E aí, galera? – O garoto cumprimentou – Descobriram algo sobre o garoto que sumiu?
- Não. Estávamos esperando vocês chegarem para irmos até a floresta procurar pistas – Stiles comentou.
O stress entre Scott e eu, era claro e palpável. Nós evitávamos trocar olhares ou ter qualquer contato. Agora sim estava um climão.
- , esse é o Liam. – Lydia disse.
Então esse era o Liam. O tal Liam que iria garantir que a aposta daquele garoto fodido fosse ganha. Bom saber... Senti que meus molares iriam trincar, caso os apertasse mais. Meu rosto estava quente, então, provavelmente, eu estava vermelha de raiva. Por mim, teria tirado o facão da mochila e partido esse menino ao meio. Mas eu não podia.
- Prazer. – Disse seca. – Acho que já podemos ir.
- Você e Malia vêm comigo. – Lydia disse – Scott vai na moto dele, e o Liam vai com o Stiles. – Organizou. – Nos vemos lá. – Completou e saiu, comigo e Malia em seu encalço.
Atravessamos o estacionamento até chegarmos ao carro da Lydia. Malia e Lydia sentaram-se à frente, e eu me sentei no banco traseiro. Assim que todas as portas se fecharam a ruiva se virou e me perguntou:
- O que foi?
- O que foi, o que? – Perguntei.
- Além da tensão com o Scott, que é mais do que compreensível, por que ficou vermelha quando te apresentei ao Liam? – Lydia indagou.
- Eu estava me segurando pra não partir ele no meio... – Soltei.
- Por quê? – Malia perguntou curiosa.
- Lembram que eu disse que ouvi um garoto apostar que ficaria comigo até o fim da semana que vem? - Perguntei e elas assentiram – Aquele cara disse que um tal de “Liam” – Sinalizei com as mãos – Iria ajuda-lo.
- Sério? – Lydia perguntou e eu assenti – Que merda... – eu assenti novamente.
- Entendi porque você queria partir ele ao meio – Malia disse com uma naturalidade impressionante – Se fosse comigo, não sei se teria me segurado. – Lydia a repreendeu com um olhar – Que foi?
- Não joga lenha na fogueira.
- Desculpa, eu só comentei. – Malia a respondeu calmamente.
- Será que podemos ir? – Perguntei – Chega dessa história.
Lydia então ligou o carro e nós seguimos nosso caminho. Pegamos a estrada e, em poucos minutos, vimos o Jeep de Stiles parado no acostamento, ao lado da moto do Scott. Ela, então, estacionou atrás do carro do namorado e nós saímos. Encontramos os garotos pouco adentro da floresta, que, por estarmos no outono, tinha um ar mórbido. As árvores já estavam perdendo as folhas, e o chão estava coberto pela folhagem seca e marrom, que estalava a cada passo que dávamos.
- Então, sobrenaturais, agucem seus sentidos – Stiles disse, me deixando um pouco confusa, mas relevei.
Começamos, então, a entranhar na floresta mórbida. Scott, Liam e Malia iam na frente, extremamente concentrados e focados. Stiles e Lydia iam lado a lado à minha frente, trocando sorrisos e comentários de vez em quando. Eu estava atrás, observando o local e tentando encontrar algo suspeito, mas não vi nada além de plástico velho e árvores semimortas.
Já estávamos caminhando há uns 10 minutos, quando ouvimos um barulho por trás de uns arbustos, como se algo estivesse correndo. Rápido. Muito rápido. Em um primeiro momento, não ligamos muito para o barulho, afinal de contas, estávamos em uma floresta e existem animais selvagens em florestas. Entretanto, pouco tempo depois, ouvimos o barulho outra vez, o mesmo barulho. Todos então assumiram posturas defensivas, fazendo um círculo em torno de mim e de Lydia. Silêncio.
- O que estão fazendo? – Perguntei, entre os dentes, ao Stiles.
- O que quer que seja, pode atacar. – Ele respondeu.
- Mas por que nos isolaram? – Perguntei novamente.
- Pra proteger vocês. – Ele disse. Eu não precisava de proteção.
Coloquei minha mochila no chão, abri e retirei meu facão de lá.
- Eu não preciso de proteção. – Falei e ele me olhou com os olhos tão arregalados que achei que fossem saltar das órbitas – Abre um espacinho aí – Ele arredou pro lado e eu me incluí no círculo.
Estávamos atentos a todos os movimentos ali, mas tudo parecia morto. Nem um som, nem um vento, nem um farfalhar de folhas. Nada. Só silêncio. Aquilo não era bom. Olhei para os lados e pude perceber os maxilares tensionados e os punhos fechados do pessoal. Ouvimos, então, o barulho outra vez. O que quer que estivesse lá, se movia rápido.
Do nada, ouvimos um sibilar. Um sibilar alto.
- Droga! – Soltei por entre os dentes. Eu já ouvira aquele sibilar antes.
- O que foi? – Malia perguntou baixo.
- Equidna.
Assim que pronunciei o nome, o monstro apareceu por entre as árvores, vindo rapidamente em nossa direção. Em minha direção.
- Que merda é essa? – Pude ouvir Liam dizendo atrás de mim.
- Achei você... – A criatura sibilou pra mim e atacou.
Malia foi em sua direção e conseguiu atingi-la no peitoral, mas o ataque não foi efetivo. A Equidna, então, retirou duas lâminas curvadas das bainhas, e, com um golpe, arremessou Malia pro lado. Scott e Liam partiram pra cima do bicho, mas ela conseguiu se defender, derrubando-os com a cauda. A coisa veio em minha direção e deferiu alguns golpes com as laminas, mas consegui desviar, por pouco.
Tentei golpeá-la, mas ela me deu uma rasteira com a cauda, me fazendo bater a cabeça no chão e perder, momentaneamente, minha visão. Assim que pude ver novamente, vi Scott se lançando sobre o monstro, retirando-a de perto de mim, o que me deu tempo o suficiente para me levantar e me armar novamente.
Corri até onde Scott lutava com a Equidna, para tentar ajudar, mas ela o arremessou longe com um golpe e veio em minha direção outra vez.
- Podemos terminar aqui o nosso último encontro – Ela sibilou pra mim – Desta vez eu não vou ter pena de você. – Disse se aproximando.
Ela me golpeou, com sua pesada cauda, no peito, fazendo com que eu tivesse dificuldade para respirar e perdesse o equilíbrio. Eu consegui dar-lhe um soco na região das costelas, mas ela não pareceu se abalar muito, só que ficou com raiva. Muita raiva. A Equidna mostrou-me as presas afiadas e passou a língua bifurcada nos lábios reptilianos e então avançou. Em reflexo, deferi um soco em seu rosto, provocando um corte sobre os lábios dela.
O monstro sibilou com raiva. Liam e Scott vieram correndo e conseguiram derrubá-la no chão, começaram então a desferir socos nela. Mas ela ria. Gargalhava.
- O que... – Pensei alto.
Scott e Liam se afastaram da coisa com corpo de cobra, assustados. Ela se levantou, com o rosto completamente cortado, e lançou-me um sorriso cruel, exibindo as presas afiadas.
- Lobinhos não me machucam, peste. – Sibilou pra mim.
Ela correu, ou melhor, rastejou em minha direção e agarrou meu pescoço.
- Não vai funcionar... – Disse e passou a língua bifurcada no meu rosto – Eles não me machucam. – Completou empurrando-me até me bater em uma árvore.
Ela me enforcava e batia minha cabeça no tronco da árvore, e eu não conseguia revidar. Tentei chutá-la, mas já estava sem forças e desarmada. Minha visão periférica começava a falhar.
Vi, então, por trás da Equidna, outro monstro aparecer. Tinha presas afiadas, olhos vermelhos brilhantes e feições assustadoras... A coisa conseguiu, com sua força descomunal, retirar a Equidna de cima de mim.
Eu caí no chão, arfando. Lydia e Stiles vieram me ajudar, mas eu não podia perder tempo, precisava acabar com aquela coisa. Levantei-me e fui, com dificuldade, em direção ao meu facão, que estava caído no chão. A criatura de olhos vermelhos lutava com a criatura reptiliana, ferozmente.
Olhei para os lados e vi meu pior pesadelo se realizar. Agora, outros dois... monstros, iguais ao que havia “me salvado” apareceram, mas um tinha olhos amarelos, e o outro olhos azuis brilhantes. Talvez fosse coisa da minha cabeça... Mas a Equidna era real. Muito real.
Os monstros lutavam contra aquele réptil asqueroso, mas não tinham sucesso. A mulher-cobra os derrubou e veio em minha direção novamente. Abaixei-me, peguei o facão cuidadosamente e o segurei com força. Quando aquilo se aproximou, ela estava tão certa da vitória, que nem se preocupou com o fato de eu estar armada. Um erro. Desferi um golpe preciso com a lâmina e a decapitei. Ela gritou e se transformou em pó.
Segurei o facão com força. Ainda faltavam 3. Caminhei como pude até onde o lobo de olhos vermelhos estava abaixado, de costas para mim, e preparei-me para cravar a lâmina em suas costas, mas alguém gritou:
- , NÃO! – Stiles exclamou, tirando a arma das minhas mãos – É o Scott.
Quando olhei novamente, era o Scott. Eu estava confusa.
- Mas... O que...
- Eu posso explicar... – Scott disse vindo em minha direção com as mãos em sinal de paz – Não queria que tivesse sido assim – Continuou, caminhando para mais perto de mim.
A cada passo que ele dava, eu recuava dois. Eu estava confusa e com medo. Ele continuava caminhando cautelosamente em minha direção, tentando me acalmar. Ao nosso redor, todos observavam a cena, afastados.
- , não precisa ter medo. – Scott disse – Eu não vou machucar você.
- O... O que... Você é? – Perguntei assustada. Eu estava indefesa, sem minha arma, e quase sem forças.
- Eu sou Scott, seu amigo. – Ele disse colocando, suavemente, as mãos nos meus braços – Está tudo bem.
Não estava tudo bem. O que aquilo significava? Eu estava louca? Outra vez?
- Eu posso explicar tudo, mas você precisa se acalmar – Scott dizia – Seu coração está batendo muito rápido. Acalme-se – ela falava suavemente.
Olhei para Lydia, e ela apenas fez um sinal afirmativo com a cabeça e veio em minha direção, ficou ao meu lado e segurou minha mão. Eu estava estática, lembranças ruins me açoitavam.
FLASHBACK ON
- Nós iremos pagar sim, todos os anos, até ela ser maior de idade. – Meu avô dizia ao homem da recepção – Qualquer coisa serve.
Eu esperava sentada nas cadeiras da sala de espera, com minha avó ao meu lado. Ela não olhava pra mim.
- Vó, por que estamos aqui? – Perguntei inocentemente.
- Porque você é maluca. – Respondeu secamente.
- Eu não sou maluca...
- Oh claro! – Debochou – E mulheres-cobra, homens-bode, e espíritos de grãos existem...
- Mas eles existem – Disse baixinho, para que ela não pudesse ouvir.
- Isso é culpa do seu pai, eu aposto. – Ela comentou.
Meu avô veio em nossa direção, com diversos papéis na mão e acompanhado de um homem alto, vestido de branco. O homem se agachou à minha frente e disse docemente:
- Olá, o meu nome é Frank. Como você se chama?
- ... Eu me chamo .
- E quantos anos você tem, ? – Foi aí que surgiu o apelido.
- 13.
- Seus avós te trouxeram pra cá para que você pudesse passar um tempinho com a gente.
- Por que eu sou maluca?
- Oh não! Você não é maluca. – Ele disse segurando minhas mãos com carinho – Você é especial. Você vê coisas que os outros não podem ver. Só isso.
- Só isso? – Perguntei e ele assentiu.
- E isso é muito legal – Sussurrou pra mim – Agora vamos entrar? Vou te mostrar onde você vai ficar nos próximos... tempos.
- Tudo bem. – Falei, e ele me conduziu até uma porta branca que ficava na extremidade do cômodo.
Ao passar pela porta, virei-me para ver meus avós, mas eles não estavam mais lá. Tinham me abandonado. Me largado em um manicômio e me abandonado. Pra sempre.
FLASHBACK OFF
- Isso... você... você virou aquilo? – Perguntei ao sair de meus devaneios.
- Sim... – Scott afirmou.
- Você... eu... – Minha cabeça doía, era muita informação.
- , olha pra mim. – Lydia disse virando-me para ela – É o mesmo Scott de sempre, mas... bem, esse tem poderes.
-Poderes...
- , olha, eu não queria que você tivesse descoberto, mas já que aconteceu, preciso que saiba que não vou lhe fazer mal. – Scott dizia com a voz calma.
Virei-me para ele e analisei seu rosto. Flashes do rosto da criatura de olhos vermelhos piscavam na minha mente.
- Pode fazer de novo? – Precisava me certificar de que aquilo era real. – Preciso ver de novo. – Ele assentiu e se transformou.
Meu coração acelerou outra vez, minhas mãos gelaram e meus instintos pediam-me para matá-lo, mas era o Scott. Ele voltou ao normal e olhou para mim:
- Sou eu. – Disse, e eu assenti.
- O que é você?
- Lobisomem.
- Oi, ! – Cumprimentou-me sorrindo, e recebeu um sorriso amarelo de volta – Esta é Malia, minha amiga. – apontou para a garota de cabelos curtos ao seu lado.
- Então você é a moça dos boatos... – Malia comentou, me fazendo abaixar a cabeça. Estava cansada desta situação. – Tenho certeza que vamos ser amigas! Você é das minhas.
- Mas não sei se você sabe, não aconteceu nada daquilo. É só um boato. – Respondi.
- Eu imagino, mas você tem estilo e não se deixa abater – Falou, me animando – Eu vi você metendo um belo dedo do meio na cara do Nathan. Mandou bem. – Completou e demos um high five.
- Vocês se parecem mesmo... – Lydia comentou – Malia vai acompanhar a gente ao shopping. Tudo bem?
- Tudo certo!
Fomos, então, para o carro da Lydia. Colocamos a música nova da Little Mix, Power, no som – volume máximo, é claro – e fomos cantando a plenos pulmões até chegarmos ao shopping.
Entramos em uma das lojas, e fui diretamente pra ala “ROUPAS CINZA, PRETAS E MONOCROMÁTICAS QUE NINGUÉM EM SÃ CONSCIENCIA USA... SÓ A ”. Escolhi algumas blusas, umas calças, um coturno novo...
- NEM PENSA! – Lydia gritou do outro lado da loja, fazendo Malia e eu pularmos – Esquece o cinza, . – Disse se aproximando e tirando as roupas das minhas mãos.
- Lydia, deixa ela escolher as roupas dela! – Malia me defendeu.
- Eu deixo – Lydia respondeu – Mas só se ela experimentar algumas roupas que eu escolher. – Completou.
- Tudo bem, eu experimento. – Concordei, e Malia me lançou um olhar de “Boa sorte nessa jornada” – Mas não garanto que vou comprar nada. – Completei e Lydia concordou.
A ruivinha saiu sorridente pela loja, pegando algumas roupas aqui e ali, enquanto eu pegava as roupas de meu interesse, e Malia as do dela. Encontramo-nos na ala de provadores:
- Olha, escolhi estas aqui pra você – Lydia disse me entregando uma pilha de roupas, tão coloridas que pareciam um arco-íris. – Pode experimentar. – Falou me empurrando pra dentro de uma das cabines.
Vesti as roupas que ela me dera: um vestido de alcinhas, curto e florido; uma sandália rasteirinha; e um cinto, preto, fino. Quando me olhei no espelho, tive um choque.
- , já tá pronta? – Lydia chamou-me do lado de fora e eu saí – Você tá linda!
- Tá bonitona mesmo – Malia concordou.
- Estou me sentindo desconfortável com essa roupa... – comentei.
- Sério? – Lydia perguntou chateada e eu assenti – É uma pena, , porque você está muito bonita.
- Por que não coloca uma calça? – Malia sugeriu – Coloca... Sei lá... Uma blusa estampada.
- Boa ideia, Malia! – Lydia concordou e pegou uma blusa vermelha, que estava no monte que ela havia feito – Coloca essa e uma das calças que você pegou, daí coloca essa sapatilha – disse me entregando as coisas – Pode ir colocar – falou me empurrando pro provador outra vez.
Vesti, então, uma calça preta justa, a blusa vermelha, estilo cigana, com alcinhas, que Lydia havia me entregado, e a sapatilha nude, que ela também havia me dado. Ainda achava estranho usar vermelho, mas estava melhor que antes.
Saí do provador e Malia me recebeu com um “joinha” de aprovação. Me olhei no espelho e comecei a me acostumar com o resultado.
- Gostou mais desse? – Lydia perguntou e eu assenti – Vamos ajeitar mais um pouquinho – Ela disse, colocou-se à minha frente e começou a mexer nos meus cabelos – Esse seu cabelo é lindo, mas tá escondendo seu rosto... – Ela tirou um grampo do bolso e conseguiu fazer um mini topete em mim – Agora sim! Olha esses olhos maravilhosos! – Disse saindo da minha frente e me apresentando a Malia.
- Gostei. – Malia aprovou.
Quando me vi no espelho, eu aprovei o resultado, não era algo que eu usaria todos os dias, mas poderia usar em... Sei lá, algum lugar.
- Você gostou! – Lydia exclamou.
- É... Gostei um pouco – Admiti.
- Vai comprar? – Malia perguntou e eu fiquei pensando – Se eu fosse você eu levava...
- Então... Eu vou levar. – Decidi.
Passamos o resto da tarde no shopping, acompanhamos Lydia em mais lojas, paramos na praça de alimentação, conversamos, atualizamos Malia sobre minha situação e nos divertimos bastante. Foi uma tarde bem proveitosa. Eu estava precisando daquilo.
Depois disso, as meninas me deixaram em “casa” e foram embora. Fui para o meu quarto, tomei um banho e me deitei. Pela primeira vez, desde que cheguei a Beacon Hills, consegui dormir calmamente, sem nada me tirando o sono.
Acordei bem no outro dia, sem dor, sem desconforto e sem culpa. Me arrumei e fui pro colégio. Resolvi que iria seguir o conselho que Malia me dera: ignorar todos que me enchessem a paciência, não me esconder dos olhares e dos cochichos e passar pelos corredores de nariz em pé, afinal de contas, tudo o que diziam sobre mim era mentira.
Encontrei Lydia, Malia e Stiles no estacionamento:
- Que bom que chegou. – Lydia disse – Temos notícias sobre os desaparecimentos.
- Sério? O que é? – Perguntei.
- Um garoto de 12 anos desapareceu ontem. – Stiles disse cabisbaixo.
- Nossa... 12 anos? – Perguntei e eles assentiram.
- Vamos até a floresta procurar por pistas, acho que lá é um local bem propicio. – Stiles falou.
- Eu vou com vocês então. – Falei – Quero ajudar.
- Só estamos esperando o... – Stiles parou de falar
- O Scott. Pode falar, Stiles. Ele não tentou matar meus irmãos ou coisa do tipo. – Respondi um pouco rude.
- É que... – Tentou se explicar.
- Tá tudo bem, eu entendo.
- Climão... – Malia soltou.
Logo depois, Scott e aquele outro garoto chegaram:
- E aí, galera? – O garoto cumprimentou – Descobriram algo sobre o garoto que sumiu?
- Não. Estávamos esperando vocês chegarem para irmos até a floresta procurar pistas – Stiles comentou.
O stress entre Scott e eu, era claro e palpável. Nós evitávamos trocar olhares ou ter qualquer contato. Agora sim estava um climão.
- , esse é o Liam. – Lydia disse.
Então esse era o Liam. O tal Liam que iria garantir que a aposta daquele garoto fodido fosse ganha. Bom saber... Senti que meus molares iriam trincar, caso os apertasse mais. Meu rosto estava quente, então, provavelmente, eu estava vermelha de raiva. Por mim, teria tirado o facão da mochila e partido esse menino ao meio. Mas eu não podia.
- Prazer. – Disse seca. – Acho que já podemos ir.
- Você e Malia vêm comigo. – Lydia disse – Scott vai na moto dele, e o Liam vai com o Stiles. – Organizou. – Nos vemos lá. – Completou e saiu, comigo e Malia em seu encalço.
Atravessamos o estacionamento até chegarmos ao carro da Lydia. Malia e Lydia sentaram-se à frente, e eu me sentei no banco traseiro. Assim que todas as portas se fecharam a ruiva se virou e me perguntou:
- O que foi?
- O que foi, o que? – Perguntei.
- Além da tensão com o Scott, que é mais do que compreensível, por que ficou vermelha quando te apresentei ao Liam? – Lydia indagou.
- Eu estava me segurando pra não partir ele no meio... – Soltei.
- Por quê? – Malia perguntou curiosa.
- Lembram que eu disse que ouvi um garoto apostar que ficaria comigo até o fim da semana que vem? - Perguntei e elas assentiram – Aquele cara disse que um tal de “Liam” – Sinalizei com as mãos – Iria ajuda-lo.
- Sério? – Lydia perguntou e eu assenti – Que merda... – eu assenti novamente.
- Entendi porque você queria partir ele ao meio – Malia disse com uma naturalidade impressionante – Se fosse comigo, não sei se teria me segurado. – Lydia a repreendeu com um olhar – Que foi?
- Não joga lenha na fogueira.
- Desculpa, eu só comentei. – Malia a respondeu calmamente.
- Será que podemos ir? – Perguntei – Chega dessa história.
Lydia então ligou o carro e nós seguimos nosso caminho. Pegamos a estrada e, em poucos minutos, vimos o Jeep de Stiles parado no acostamento, ao lado da moto do Scott. Ela, então, estacionou atrás do carro do namorado e nós saímos. Encontramos os garotos pouco adentro da floresta, que, por estarmos no outono, tinha um ar mórbido. As árvores já estavam perdendo as folhas, e o chão estava coberto pela folhagem seca e marrom, que estalava a cada passo que dávamos.
- Então, sobrenaturais, agucem seus sentidos – Stiles disse, me deixando um pouco confusa, mas relevei.
Começamos, então, a entranhar na floresta mórbida. Scott, Liam e Malia iam na frente, extremamente concentrados e focados. Stiles e Lydia iam lado a lado à minha frente, trocando sorrisos e comentários de vez em quando. Eu estava atrás, observando o local e tentando encontrar algo suspeito, mas não vi nada além de plástico velho e árvores semimortas.
Já estávamos caminhando há uns 10 minutos, quando ouvimos um barulho por trás de uns arbustos, como se algo estivesse correndo. Rápido. Muito rápido. Em um primeiro momento, não ligamos muito para o barulho, afinal de contas, estávamos em uma floresta e existem animais selvagens em florestas. Entretanto, pouco tempo depois, ouvimos o barulho outra vez, o mesmo barulho. Todos então assumiram posturas defensivas, fazendo um círculo em torno de mim e de Lydia. Silêncio.
- O que estão fazendo? – Perguntei, entre os dentes, ao Stiles.
- O que quer que seja, pode atacar. – Ele respondeu.
- Mas por que nos isolaram? – Perguntei novamente.
- Pra proteger vocês. – Ele disse. Eu não precisava de proteção.
Coloquei minha mochila no chão, abri e retirei meu facão de lá.
- Eu não preciso de proteção. – Falei e ele me olhou com os olhos tão arregalados que achei que fossem saltar das órbitas – Abre um espacinho aí – Ele arredou pro lado e eu me incluí no círculo.
Estávamos atentos a todos os movimentos ali, mas tudo parecia morto. Nem um som, nem um vento, nem um farfalhar de folhas. Nada. Só silêncio. Aquilo não era bom. Olhei para os lados e pude perceber os maxilares tensionados e os punhos fechados do pessoal. Ouvimos, então, o barulho outra vez. O que quer que estivesse lá, se movia rápido.
Do nada, ouvimos um sibilar. Um sibilar alto.
- Droga! – Soltei por entre os dentes. Eu já ouvira aquele sibilar antes.
- O que foi? – Malia perguntou baixo.
- Equidna.
Assim que pronunciei o nome, o monstro apareceu por entre as árvores, vindo rapidamente em nossa direção. Em minha direção.
- Que merda é essa? – Pude ouvir Liam dizendo atrás de mim.
- Achei você... – A criatura sibilou pra mim e atacou.
Malia foi em sua direção e conseguiu atingi-la no peitoral, mas o ataque não foi efetivo. A Equidna, então, retirou duas lâminas curvadas das bainhas, e, com um golpe, arremessou Malia pro lado. Scott e Liam partiram pra cima do bicho, mas ela conseguiu se defender, derrubando-os com a cauda. A coisa veio em minha direção e deferiu alguns golpes com as laminas, mas consegui desviar, por pouco.
Tentei golpeá-la, mas ela me deu uma rasteira com a cauda, me fazendo bater a cabeça no chão e perder, momentaneamente, minha visão. Assim que pude ver novamente, vi Scott se lançando sobre o monstro, retirando-a de perto de mim, o que me deu tempo o suficiente para me levantar e me armar novamente.
Corri até onde Scott lutava com a Equidna, para tentar ajudar, mas ela o arremessou longe com um golpe e veio em minha direção outra vez.
- Podemos terminar aqui o nosso último encontro – Ela sibilou pra mim – Desta vez eu não vou ter pena de você. – Disse se aproximando.
Ela me golpeou, com sua pesada cauda, no peito, fazendo com que eu tivesse dificuldade para respirar e perdesse o equilíbrio. Eu consegui dar-lhe um soco na região das costelas, mas ela não pareceu se abalar muito, só que ficou com raiva. Muita raiva. A Equidna mostrou-me as presas afiadas e passou a língua bifurcada nos lábios reptilianos e então avançou. Em reflexo, deferi um soco em seu rosto, provocando um corte sobre os lábios dela.
O monstro sibilou com raiva. Liam e Scott vieram correndo e conseguiram derrubá-la no chão, começaram então a desferir socos nela. Mas ela ria. Gargalhava.
- O que... – Pensei alto.
Scott e Liam se afastaram da coisa com corpo de cobra, assustados. Ela se levantou, com o rosto completamente cortado, e lançou-me um sorriso cruel, exibindo as presas afiadas.
- Lobinhos não me machucam, peste. – Sibilou pra mim.
Ela correu, ou melhor, rastejou em minha direção e agarrou meu pescoço.
- Não vai funcionar... – Disse e passou a língua bifurcada no meu rosto – Eles não me machucam. – Completou empurrando-me até me bater em uma árvore.
Ela me enforcava e batia minha cabeça no tronco da árvore, e eu não conseguia revidar. Tentei chutá-la, mas já estava sem forças e desarmada. Minha visão periférica começava a falhar.
Vi, então, por trás da Equidna, outro monstro aparecer. Tinha presas afiadas, olhos vermelhos brilhantes e feições assustadoras... A coisa conseguiu, com sua força descomunal, retirar a Equidna de cima de mim.
Eu caí no chão, arfando. Lydia e Stiles vieram me ajudar, mas eu não podia perder tempo, precisava acabar com aquela coisa. Levantei-me e fui, com dificuldade, em direção ao meu facão, que estava caído no chão. A criatura de olhos vermelhos lutava com a criatura reptiliana, ferozmente.
Olhei para os lados e vi meu pior pesadelo se realizar. Agora, outros dois... monstros, iguais ao que havia “me salvado” apareceram, mas um tinha olhos amarelos, e o outro olhos azuis brilhantes. Talvez fosse coisa da minha cabeça... Mas a Equidna era real. Muito real.
Os monstros lutavam contra aquele réptil asqueroso, mas não tinham sucesso. A mulher-cobra os derrubou e veio em minha direção novamente. Abaixei-me, peguei o facão cuidadosamente e o segurei com força. Quando aquilo se aproximou, ela estava tão certa da vitória, que nem se preocupou com o fato de eu estar armada. Um erro. Desferi um golpe preciso com a lâmina e a decapitei. Ela gritou e se transformou em pó.
Segurei o facão com força. Ainda faltavam 3. Caminhei como pude até onde o lobo de olhos vermelhos estava abaixado, de costas para mim, e preparei-me para cravar a lâmina em suas costas, mas alguém gritou:
- , NÃO! – Stiles exclamou, tirando a arma das minhas mãos – É o Scott.
Quando olhei novamente, era o Scott. Eu estava confusa.
- Mas... O que...
- Eu posso explicar... – Scott disse vindo em minha direção com as mãos em sinal de paz – Não queria que tivesse sido assim – Continuou, caminhando para mais perto de mim.
A cada passo que ele dava, eu recuava dois. Eu estava confusa e com medo. Ele continuava caminhando cautelosamente em minha direção, tentando me acalmar. Ao nosso redor, todos observavam a cena, afastados.
- , não precisa ter medo. – Scott disse – Eu não vou machucar você.
- O... O que... Você é? – Perguntei assustada. Eu estava indefesa, sem minha arma, e quase sem forças.
- Eu sou Scott, seu amigo. – Ele disse colocando, suavemente, as mãos nos meus braços – Está tudo bem.
Não estava tudo bem. O que aquilo significava? Eu estava louca? Outra vez?
- Eu posso explicar tudo, mas você precisa se acalmar – Scott dizia – Seu coração está batendo muito rápido. Acalme-se – ela falava suavemente.
Olhei para Lydia, e ela apenas fez um sinal afirmativo com a cabeça e veio em minha direção, ficou ao meu lado e segurou minha mão. Eu estava estática, lembranças ruins me açoitavam.
FLASHBACK ON
- Nós iremos pagar sim, todos os anos, até ela ser maior de idade. – Meu avô dizia ao homem da recepção – Qualquer coisa serve.
Eu esperava sentada nas cadeiras da sala de espera, com minha avó ao meu lado. Ela não olhava pra mim.
- Vó, por que estamos aqui? – Perguntei inocentemente.
- Porque você é maluca. – Respondeu secamente.
- Eu não sou maluca...
- Oh claro! – Debochou – E mulheres-cobra, homens-bode, e espíritos de grãos existem...
- Mas eles existem – Disse baixinho, para que ela não pudesse ouvir.
- Isso é culpa do seu pai, eu aposto. – Ela comentou.
Meu avô veio em nossa direção, com diversos papéis na mão e acompanhado de um homem alto, vestido de branco. O homem se agachou à minha frente e disse docemente:
- Olá, o meu nome é Frank. Como você se chama?
- ... Eu me chamo .
- E quantos anos você tem, ? – Foi aí que surgiu o apelido.
- 13.
- Seus avós te trouxeram pra cá para que você pudesse passar um tempinho com a gente.
- Por que eu sou maluca?
- Oh não! Você não é maluca. – Ele disse segurando minhas mãos com carinho – Você é especial. Você vê coisas que os outros não podem ver. Só isso.
- Só isso? – Perguntei e ele assentiu.
- E isso é muito legal – Sussurrou pra mim – Agora vamos entrar? Vou te mostrar onde você vai ficar nos próximos... tempos.
- Tudo bem. – Falei, e ele me conduziu até uma porta branca que ficava na extremidade do cômodo.
Ao passar pela porta, virei-me para ver meus avós, mas eles não estavam mais lá. Tinham me abandonado. Me largado em um manicômio e me abandonado. Pra sempre.
FLASHBACK OFF
- Isso... você... você virou aquilo? – Perguntei ao sair de meus devaneios.
- Sim... – Scott afirmou.
- Você... eu... – Minha cabeça doía, era muita informação.
- , olha pra mim. – Lydia disse virando-me para ela – É o mesmo Scott de sempre, mas... bem, esse tem poderes.
-Poderes...
- , olha, eu não queria que você tivesse descoberto, mas já que aconteceu, preciso que saiba que não vou lhe fazer mal. – Scott dizia com a voz calma.
Virei-me para ele e analisei seu rosto. Flashes do rosto da criatura de olhos vermelhos piscavam na minha mente.
- Pode fazer de novo? – Precisava me certificar de que aquilo era real. – Preciso ver de novo. – Ele assentiu e se transformou.
Meu coração acelerou outra vez, minhas mãos gelaram e meus instintos pediam-me para matá-lo, mas era o Scott. Ele voltou ao normal e olhou para mim:
- Sou eu. – Disse, e eu assenti.
- O que é você?
- Lobisomem.
Capítulo 16
— Lobisomem... — sussurrei para mim mesma. — Tudo bem.
— Tudo bem? — Liam “perguntou”. — Como assim “tudo bem?”
— Vou precisar aprender a lidar com isso — disse com a maior calma possível, porém minha mente estava martelando com os ocorridos. — Mas precisamos terminar o que viemos fazer aqui.
— É... A tem razão — Stiles disse. — As coisas saíram um pouquinho do controle, mas ainda precisamos ir atrás de pistas.
— Exatamente. — Andei até onde minha mochila estava caída. — Crianças estão em perigo. — Peguei a bolsa e voltei para perto deles.
— Eu acho... que isso — Stiles disse, entregando-me o facão — te pertence.
Começamos, então, a caminhar mais adentro da floresta. Um clima tenso havia se instalado, obviamente. Todos andavam em silêncio e aparentemente concentrados no ambiente.
Andamos por mais alguns minutos, até que Malia se pronunciou:
— Que cheiro é esse?
— Não estou sentindo nada — Stiles respondeu.
— É cheiro de... bode? — Scott falou confuso.
— Bode? Como assim bode? — Liam perguntou. — Aqui não tem bodes!
— Não é só isso... — Malia falou, farejando o ar. — Tem... sangue.
— Talvez um bode sangrando? — Liam opinou.
— Não tem bodes aqui! — Stiles falou. — E um bode não nos é útil agora. Foco!
— Stiles, talvez seja útil — falei.
FLASHBACK ON
— Você não pode mais ficar aqui — Frank dizia enquanto me levava às pressas para o outro lado do pátio.
— Frank, o que está acontecendo? — perguntei sem entender.
— , você precisa fugir daqui — ele disse e olhou por cima dos meus ombros. — AGORA!
Olhei pra trás e vi duas mulheres estranhas chegando ao pátio. Frank agarrou meu braço e me puxou pra dentro da sala de interação, mancando como sempre. Passamos e ele trancou a porta.
— — ele disse, agarrando meus ombros — Meu dever é te proteger e não vou deixar aquelas coisas botarem as mãos em você. — Ele me soltou, andou até atrás do balcão, pegou uma mochila e voltou. — Isso é pra você — falou, entregando-me a bolsa.
— FRANK! O que está acontecendo?
— Não dá pra explicar agora! — ele disse e começou a tirar as calças.
— Frank!
— Sossega, ! — disse, então tirou as calças por completo e eu vi um... bumbum de bode?
— Você é um homem-bode?
— SÁTIRO! E sim, eu sou! — ele disse bravo, agarrando o meu braço. — Agora pega essa mochila e vamos sair daqui.
Estava meio catatônica com a descoberta, mas obedeci. Ele, então, quebrou uma das vidraças com um coice e saímos correndo da clínica. Como aquele meio bode corria rápido!
Percorremos uma distância pequena, quando ouvimos alguém nos perseguindo. As mulheres da clínica. Elas subitamente tinham ganhado uma cauda de serpente e ficado verdes, mas ainda eram elas.
Frank me arrastou por uma ruela e saímos numa avenida movimentada.
— Você não vai esconder a sua... bunda? — perguntei
— Ninguém tá vendo — respondeu. — Faz parte da mágica — “explicou”. — TÁXI!
Um táxi parou na nossa frente e ele me enfiou lá dentro.
— Nunca perca essa mochila, ela vai salvar sua vida. Lembre-se do treinamento físico que fizemos na clínica. Não se esqueça que eu a amo, minha flor. — Me deu um beijo na testa, fechou a porta do carro, falou um endereço pro taxista e voltou para a ruela por onde viemos.
O táxi partiu e eu nunca mais o vi.
FLASHBACK OFF
— Talvez seja... talvez seja um sátiro — falei.
— Um o quê? — Malia perguntou.
— É uma espécie de homem-bode mitológico — Stiles disse frisando a última palavra.
— São seres mitológicos, sim. Mas um deles já salvou a minha vida — falei. — A função deles é proteger, então, se tiver algum por aqui, está tentando proteger alguém.
— Mas se está ferido... — Lydia disse.
— Pode ser encontrado — Scott interrompeu.
— Eu iria dizer que ele falhou, mas a sua perspectiva é melhor — ela comentou.
— Talvez possamos achá-lo ainda hoje — falei.
Todos concordaram e saímos andando, deixando os lobisomens irem na frente farejando. Andamos por cerca de meia hora até eles perderem o rastro. Tentamos continuar por mais um tempo, mas já estávamos física e psicologicamente cansados e resolvemos encerrar a busca. Voltamos para os carros e fomos para a cidade.
Cheguei “em casa” e me joguei na cama dura. Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido naquele dia. Eu sabia que o fato de Scott e Malia serem lobisomens não faria com que eles me tratassem de forma diferente, mas era muito apavorante pra mim só a ideia de ficar perto de monstros que poderiam me matar. Mas, ao mesmo tempo, eu precisava me manter por perto por causa das crianças desaparecidas e, agora, principalmente, por causa do sátiro ferido. Poderia ser o Frank .
Além disso, tinha ainda que me preocupar com a história da aposta, que só de pensar me dava vontade de partir aqueles desgraçados ao meio. Se o Liam que eles falaram fosse realmente aquele Liam, eu tinha um meio de descobrir quem eram os dois babacas e dar uma lição neles.
Os boatos sobre mim e Scott continuavam rolando no colégio, mas aquele era o menor dos meus problemas no momento. Teria que lidar com aquilo depois, ou não. Ou eu poderia simplesmente mudar de cidade outra vez.
Em meio aos meus devaneios, acabei adormecendo e os sonhos começaram:
Eu estava no meio daquela mesma floresta que eu estive naquela tarde, mas estava sozinha no escuro. Ouvi um barulho atrás de um arbusto e fui verificar. Vagarosa e cuidadosamente, me dirigi até onde estava o barulho. Quando olhei por trás do arbusto, vi um garotinho, que devia ter NO MÁXIMO 12 anos, muito assustado e abraçando as próprias pernas. Ele tinha arranhões e alguns cortes nos braços e no rosto.
— O que aconteceu? — perguntei, mas ele pareceu não me ouvir ou me ver.
Tentei encostar nele, mas ele também não sentiu. Eu estava invisível.
Do nada, então, tudo sumiu e o cenário mudou. Agora eu estava numa praia e o homem estava lá também.
— Como você está? — disse ele, vindo em minha direção.
— Confusa e perdida — respondi e ele deu uma risadinha. — Que é?
— Nada mais normal. Eu também estaria se fosse você.
— Eu estou com medo também — desabafei, sentando-me no chão de areia escura.
— Por que, criança? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado e exalando seu habitual cheirinho de mar.
— Estou com medo dos meus “amigos”. — Fiz aspas com as mãos. — E também tenho medo de não conseguir salvar aquela criança. — Ele franziu o cenho ao ouvir da criança.
— Ele está numa situação perigosa demais. Se vocês não o encontrarem, algo ruim pode acontecer.
— Eu sei disso, mas não está sendo fácil.
— Sim, mas tenho certeza de que você conseguirá. Ele precisa de você.
— Sabe, quando eu vi aquele garotinho, antes de vir pra cá, me lembrei dos meus irmãos. Você tem alguma notícia deles?
— Tenho. — Sorri de orelha a orelha quando ouvi a resposta positiva. — reza para que você volte todos os dias; está se revoltando com seus avós, ele fica extremamente irritado quando falam mal de você; está se saindo bem na escola, mas não consegue ter amigos, isso o entristece muito; e está se questionando sobre a morte da mãe de vocês.
— Espero que minha avó não o convença de que a culpa foi minha — falei.
— Eu não deixarei que isso aconteça, querida — ele disse, me dando um sorriso amoroso.
— Obrigada. — Sorri de volta. — Quero vê-los logo, estou com muita saudade.
— Eu sei, mas agora não é o momento. Precisam de você aqui! — ele disse. — Vim pra te dizer que você precisa continuar procurando na floresta, mesmo que seus colegas não queiram.
— Tudo bem. Eu vou continuar.
— Lembre-se que vocês ainda têm a chance de salvar aquele garoto. Persistam.
— Você tem razão.
— Não vejo nenhuma novidade nessa frase — disse ele convencido e piscou pra mim. — Está na hora de acordar.
— NÃO!
Não queria voltar pra minha realidade, ficar ali conversando com o homem com cheiro de mar era reconfortante pra mim e àquela altura do campeonato ele era o mais próximo de família que eu podia manter contato. Sonhar que estava na praia, tranquila, sem monstros e tudo mais era bem melhor do que encarar a realidade.
Mas o homem estava certo. Eu precisava salvar aquela criança, ele estava apavorado, machucado, sozinho... Sabia bem como era essa sensação.
Encontrar monstros pelo caminho não era algo tão incomum, acontecia de vez em quando, mas encontrar aquela equidna lá na floresta, por mais propício que fosse o ambiente, me pareceu estranho. Era dia e eu não estava sozinha, normalmente eles atacam no exato oposto. Ainda havia a questão da quantidade de ataques em um curto período de tempo, não havia nem um mês que eu havia chegado e já tinha sido atacada 3 vezes... Beacon Hills era uma cidade peculiar.
— Tudo bem? — Liam “perguntou”. — Como assim “tudo bem?”
— Vou precisar aprender a lidar com isso — disse com a maior calma possível, porém minha mente estava martelando com os ocorridos. — Mas precisamos terminar o que viemos fazer aqui.
— É... A tem razão — Stiles disse. — As coisas saíram um pouquinho do controle, mas ainda precisamos ir atrás de pistas.
— Exatamente. — Andei até onde minha mochila estava caída. — Crianças estão em perigo. — Peguei a bolsa e voltei para perto deles.
— Eu acho... que isso — Stiles disse, entregando-me o facão — te pertence.
Começamos, então, a caminhar mais adentro da floresta. Um clima tenso havia se instalado, obviamente. Todos andavam em silêncio e aparentemente concentrados no ambiente.
Andamos por mais alguns minutos, até que Malia se pronunciou:
— Que cheiro é esse?
— Não estou sentindo nada — Stiles respondeu.
— É cheiro de... bode? — Scott falou confuso.
— Bode? Como assim bode? — Liam perguntou. — Aqui não tem bodes!
— Não é só isso... — Malia falou, farejando o ar. — Tem... sangue.
— Talvez um bode sangrando? — Liam opinou.
— Não tem bodes aqui! — Stiles falou. — E um bode não nos é útil agora. Foco!
— Stiles, talvez seja útil — falei.
FLASHBACK ON
— Você não pode mais ficar aqui — Frank dizia enquanto me levava às pressas para o outro lado do pátio.
— Frank, o que está acontecendo? — perguntei sem entender.
— , você precisa fugir daqui — ele disse e olhou por cima dos meus ombros. — AGORA!
Olhei pra trás e vi duas mulheres estranhas chegando ao pátio. Frank agarrou meu braço e me puxou pra dentro da sala de interação, mancando como sempre. Passamos e ele trancou a porta.
— — ele disse, agarrando meus ombros — Meu dever é te proteger e não vou deixar aquelas coisas botarem as mãos em você. — Ele me soltou, andou até atrás do balcão, pegou uma mochila e voltou. — Isso é pra você — falou, entregando-me a bolsa.
— FRANK! O que está acontecendo?
— Não dá pra explicar agora! — ele disse e começou a tirar as calças.
— Frank!
— Sossega, ! — disse, então tirou as calças por completo e eu vi um... bumbum de bode?
— Você é um homem-bode?
— SÁTIRO! E sim, eu sou! — ele disse bravo, agarrando o meu braço. — Agora pega essa mochila e vamos sair daqui.
Estava meio catatônica com a descoberta, mas obedeci. Ele, então, quebrou uma das vidraças com um coice e saímos correndo da clínica. Como aquele meio bode corria rápido!
Percorremos uma distância pequena, quando ouvimos alguém nos perseguindo. As mulheres da clínica. Elas subitamente tinham ganhado uma cauda de serpente e ficado verdes, mas ainda eram elas.
Frank me arrastou por uma ruela e saímos numa avenida movimentada.
— Você não vai esconder a sua... bunda? — perguntei
— Ninguém tá vendo — respondeu. — Faz parte da mágica — “explicou”. — TÁXI!
Um táxi parou na nossa frente e ele me enfiou lá dentro.
— Nunca perca essa mochila, ela vai salvar sua vida. Lembre-se do treinamento físico que fizemos na clínica. Não se esqueça que eu a amo, minha flor. — Me deu um beijo na testa, fechou a porta do carro, falou um endereço pro taxista e voltou para a ruela por onde viemos.
O táxi partiu e eu nunca mais o vi.
FLASHBACK OFF
— Talvez seja... talvez seja um sátiro — falei.
— Um o quê? — Malia perguntou.
— É uma espécie de homem-bode mitológico — Stiles disse frisando a última palavra.
— São seres mitológicos, sim. Mas um deles já salvou a minha vida — falei. — A função deles é proteger, então, se tiver algum por aqui, está tentando proteger alguém.
— Mas se está ferido... — Lydia disse.
— Pode ser encontrado — Scott interrompeu.
— Eu iria dizer que ele falhou, mas a sua perspectiva é melhor — ela comentou.
— Talvez possamos achá-lo ainda hoje — falei.
Todos concordaram e saímos andando, deixando os lobisomens irem na frente farejando. Andamos por cerca de meia hora até eles perderem o rastro. Tentamos continuar por mais um tempo, mas já estávamos física e psicologicamente cansados e resolvemos encerrar a busca. Voltamos para os carros e fomos para a cidade.
Cheguei “em casa” e me joguei na cama dura. Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido naquele dia. Eu sabia que o fato de Scott e Malia serem lobisomens não faria com que eles me tratassem de forma diferente, mas era muito apavorante pra mim só a ideia de ficar perto de monstros que poderiam me matar. Mas, ao mesmo tempo, eu precisava me manter por perto por causa das crianças desaparecidas e, agora, principalmente, por causa do sátiro ferido. Poderia ser o Frank .
Além disso, tinha ainda que me preocupar com a história da aposta, que só de pensar me dava vontade de partir aqueles desgraçados ao meio. Se o Liam que eles falaram fosse realmente aquele Liam, eu tinha um meio de descobrir quem eram os dois babacas e dar uma lição neles.
Os boatos sobre mim e Scott continuavam rolando no colégio, mas aquele era o menor dos meus problemas no momento. Teria que lidar com aquilo depois, ou não. Ou eu poderia simplesmente mudar de cidade outra vez.
Em meio aos meus devaneios, acabei adormecendo e os sonhos começaram:
Eu estava no meio daquela mesma floresta que eu estive naquela tarde, mas estava sozinha no escuro. Ouvi um barulho atrás de um arbusto e fui verificar. Vagarosa e cuidadosamente, me dirigi até onde estava o barulho. Quando olhei por trás do arbusto, vi um garotinho, que devia ter NO MÁXIMO 12 anos, muito assustado e abraçando as próprias pernas. Ele tinha arranhões e alguns cortes nos braços e no rosto.
— O que aconteceu? — perguntei, mas ele pareceu não me ouvir ou me ver.
Tentei encostar nele, mas ele também não sentiu. Eu estava invisível.
Do nada, então, tudo sumiu e o cenário mudou. Agora eu estava numa praia e o homem estava lá também.
— Como você está? — disse ele, vindo em minha direção.
— Confusa e perdida — respondi e ele deu uma risadinha. — Que é?
— Nada mais normal. Eu também estaria se fosse você.
— Eu estou com medo também — desabafei, sentando-me no chão de areia escura.
— Por que, criança? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado e exalando seu habitual cheirinho de mar.
— Estou com medo dos meus “amigos”. — Fiz aspas com as mãos. — E também tenho medo de não conseguir salvar aquela criança. — Ele franziu o cenho ao ouvir da criança.
— Ele está numa situação perigosa demais. Se vocês não o encontrarem, algo ruim pode acontecer.
— Eu sei disso, mas não está sendo fácil.
— Sim, mas tenho certeza de que você conseguirá. Ele precisa de você.
— Sabe, quando eu vi aquele garotinho, antes de vir pra cá, me lembrei dos meus irmãos. Você tem alguma notícia deles?
— Tenho. — Sorri de orelha a orelha quando ouvi a resposta positiva. — reza para que você volte todos os dias; está se revoltando com seus avós, ele fica extremamente irritado quando falam mal de você; está se saindo bem na escola, mas não consegue ter amigos, isso o entristece muito; e está se questionando sobre a morte da mãe de vocês.
— Espero que minha avó não o convença de que a culpa foi minha — falei.
— Eu não deixarei que isso aconteça, querida — ele disse, me dando um sorriso amoroso.
— Obrigada. — Sorri de volta. — Quero vê-los logo, estou com muita saudade.
— Eu sei, mas agora não é o momento. Precisam de você aqui! — ele disse. — Vim pra te dizer que você precisa continuar procurando na floresta, mesmo que seus colegas não queiram.
— Tudo bem. Eu vou continuar.
— Lembre-se que vocês ainda têm a chance de salvar aquele garoto. Persistam.
— Você tem razão.
— Não vejo nenhuma novidade nessa frase — disse ele convencido e piscou pra mim. — Está na hora de acordar.
— NÃO!
Não queria voltar pra minha realidade, ficar ali conversando com o homem com cheiro de mar era reconfortante pra mim e àquela altura do campeonato ele era o mais próximo de família que eu podia manter contato. Sonhar que estava na praia, tranquila, sem monstros e tudo mais era bem melhor do que encarar a realidade.
Mas o homem estava certo. Eu precisava salvar aquela criança, ele estava apavorado, machucado, sozinho... Sabia bem como era essa sensação.
Encontrar monstros pelo caminho não era algo tão incomum, acontecia de vez em quando, mas encontrar aquela equidna lá na floresta, por mais propício que fosse o ambiente, me pareceu estranho. Era dia e eu não estava sozinha, normalmente eles atacam no exato oposto. Ainda havia a questão da quantidade de ataques em um curto período de tempo, não havia nem um mês que eu havia chegado e já tinha sido atacada 3 vezes... Beacon Hills era uma cidade peculiar.
Capítulo 17
Me levantei daquilo que chamava de cama e fui tomar um banho. Deitei na banheira e fiquei matutando sobre o sonho, o garoto, os lobisomens e tudo de estranho que acontecera nos últimos dias.
Saí do banho morta de fome. A verdade é que o desgaste psicológico tinha me cansado de uma forma assustadora, então eu dormi cerca de 12 horas, ou seja, passei um bom tempo sem comer nada. Se continuasse assim, minha próxima aventura seria um desmaio.
Me vesti habitualmente, mesmo vendo o pacote com as roupas completamente intacto desde que foi comprado, ainda não queria chamar atenção. Peguei minhas coisas e fui até uma lanchonete pé-sujo ali perto do hotel. Pedi minha comida e fiquei esperando, minha cabeça ainda estava focada nos acontecimentos, então resolvei desenhar pra me distrair. Peguei meu caderninho puído, meu lápis e comecei a rabiscar sem muito rumo. Quando me dei conta, me deparei com o rosto do garotinho do sonho.
Fiquei olhando para aquele desenho por um bom tempo, até que me puxaram de volta ao mundo real quando me entregaram minha comida. Depois de comer, fiquei sem saber o que fazer, então comecei a caminhar pela cidade. O sol ainda não havia nascido, mas uma luz fraca já cobria toda Beacon Hills.
Caminhei até chegar à escola, por incrível que pareça, mas não havia ninguém lá, obviamente. As edificações modernistas traziam um ar bem sombrio e estranho para o local, como se estivessem sugando toda e qualquer vida que passasse por ali. Uma neblina fina passeava por entre os prédios, fazendo a cena ficar ainda mais fantasmagórica. Mesmo assim, sentei-me no meio fio e me permiti descansar um pouco.
Estiquei as pernas e balancei os pés suavemente, tentando retirar a tensão dos meus músculos e ossos. Olhei pro céu e ele ainda estava cinzento. Um vento fresco e tranquilo passava por ali e eu enchia meus pulmões com ele. Quando me dei conta, algumas pessoas já tinham começado a chegar.
***
Algum tempo depois, encontrei Lydia nos corredores. Como sempre, estava perfeitamente arrumada. Nós éramos como Yin e Yang.
— Bom dia, !
— Bom dia, Lydia.
— Precisamos conversar — ela disse, pegou meu braço e me arrastou até uma escadaria próxima. — O que foi aquilo ontem? Tem alguma coisa que você não tá me contando? — “Várias” pensei.
— Não.
— , como você sabia que aquilo era uma Equidna?
— Sei lá, Lydia... — falei e tentei sair de lá, mas ela me puxou de volta.
— Para de mentir pra mim — ela falou com um semblante sério.
Aquela conversa tinha tudo pra dar errado.
— Você me esconde que anda com três lobisomens e eu que sou a mentirosa da brincadeira? — falei incisiva.
— Sobre isso, me desculpa. Mas não era nossa intenção te contar, muito menos daquele jeito.
— Você só tá piorando a situação...
— Eu sei, mas estou te falando a verdade. Não era pra você saber sobre isso de lobisomem. — Bufou. — Mas agora você sabe e quase partiu a cabeça do Scott com uma faca gigante que eu não sei de onde você tirou.
— Autodefesa que chama.
— Eu até diria isso, mas depois de ver você acabar com aquela equidna e ela virar pó — enfatizou —, não acho que seja a primeira vez que você luta — completou, olhando seriamente pra mim.
Fiquei em silêncio. Eu não fazia ideia de como reagir àquela situação. Minha cabeça estava a mil, mas nada de útil saía da minha boca. Comecei a pensar sobre como ela acharia que sou louca, assim como meus avós acharam.
— , eu tô falando com você — chamou minha atenção.
— Tire suas próprias conclusões — disse e saí séria, mas por dentro eu estava louca.
Saí do banho morta de fome. A verdade é que o desgaste psicológico tinha me cansado de uma forma assustadora, então eu dormi cerca de 12 horas, ou seja, passei um bom tempo sem comer nada. Se continuasse assim, minha próxima aventura seria um desmaio.
Me vesti habitualmente, mesmo vendo o pacote com as roupas completamente intacto desde que foi comprado, ainda não queria chamar atenção. Peguei minhas coisas e fui até uma lanchonete pé-sujo ali perto do hotel. Pedi minha comida e fiquei esperando, minha cabeça ainda estava focada nos acontecimentos, então resolvei desenhar pra me distrair. Peguei meu caderninho puído, meu lápis e comecei a rabiscar sem muito rumo. Quando me dei conta, me deparei com o rosto do garotinho do sonho.
Fiquei olhando para aquele desenho por um bom tempo, até que me puxaram de volta ao mundo real quando me entregaram minha comida. Depois de comer, fiquei sem saber o que fazer, então comecei a caminhar pela cidade. O sol ainda não havia nascido, mas uma luz fraca já cobria toda Beacon Hills.
Caminhei até chegar à escola, por incrível que pareça, mas não havia ninguém lá, obviamente. As edificações modernistas traziam um ar bem sombrio e estranho para o local, como se estivessem sugando toda e qualquer vida que passasse por ali. Uma neblina fina passeava por entre os prédios, fazendo a cena ficar ainda mais fantasmagórica. Mesmo assim, sentei-me no meio fio e me permiti descansar um pouco.
Estiquei as pernas e balancei os pés suavemente, tentando retirar a tensão dos meus músculos e ossos. Olhei pro céu e ele ainda estava cinzento. Um vento fresco e tranquilo passava por ali e eu enchia meus pulmões com ele. Quando me dei conta, algumas pessoas já tinham começado a chegar.
Algum tempo depois, encontrei Lydia nos corredores. Como sempre, estava perfeitamente arrumada. Nós éramos como Yin e Yang.
— Bom dia, !
— Bom dia, Lydia.
— Precisamos conversar — ela disse, pegou meu braço e me arrastou até uma escadaria próxima. — O que foi aquilo ontem? Tem alguma coisa que você não tá me contando? — “Várias” pensei.
— Não.
— , como você sabia que aquilo era uma Equidna?
— Sei lá, Lydia... — falei e tentei sair de lá, mas ela me puxou de volta.
— Para de mentir pra mim — ela falou com um semblante sério.
Aquela conversa tinha tudo pra dar errado.
— Você me esconde que anda com três lobisomens e eu que sou a mentirosa da brincadeira? — falei incisiva.
— Sobre isso, me desculpa. Mas não era nossa intenção te contar, muito menos daquele jeito.
— Você só tá piorando a situação...
— Eu sei, mas estou te falando a verdade. Não era pra você saber sobre isso de lobisomem. — Bufou. — Mas agora você sabe e quase partiu a cabeça do Scott com uma faca gigante que eu não sei de onde você tirou.
— Autodefesa que chama.
— Eu até diria isso, mas depois de ver você acabar com aquela equidna e ela virar pó — enfatizou —, não acho que seja a primeira vez que você luta — completou, olhando seriamente pra mim.
Fiquei em silêncio. Eu não fazia ideia de como reagir àquela situação. Minha cabeça estava a mil, mas nada de útil saía da minha boca. Comecei a pensar sobre como ela acharia que sou louca, assim como meus avós acharam.
— , eu tô falando com você — chamou minha atenção.
— Tire suas próprias conclusões — disse e saí séria, mas por dentro eu estava louca.
Capítulo 18
Aquela conversa com Lydia foi o suficiente para me desestabilizar completamente. Fui para a minha aula de química e me sentei no fundo da sala. Minha cabeça latejava, repleta de pensamentos e dúvidas.
De canto de olho, vi Scott entrando na sala e senti todos os meus pelos do corpo se eriçarem. Ele caminhou tranquilamente e se sentou na cadeira à minha frente. Tentei fingir que não tinha visto, mas não deu certo.
— Oi — ele disse.
— Oi, Scott.
— Quer conversar sobre… bem, você sabe.
— Na verdade, não quero, não — eu disse e ele pareceu um pouco surpreso.
— Imaginei que você teria dúvidas a respeito. — Ah, eu tinha mesmo.
— Eu só não quero conversar sobre isso, tá bem?
— Tudo bem. Eu entendo — ele disse e sorriu. — Eu só quero que você saiba que eu não queria que fosse desse jeito e eu espero que as coisas entre nós, entre o nosso grupo, não mudem por causa desse incidente.
— Tá tudo bem, Scott. — Não estava, não. — A gente pode conversar sobre isso depois, mas a aula já vai começar. — Disfarcei, como se eu me importasse com a geometria das moléculas orgânicas.
A aula passou vagarosamente, ou talvez tenha sido minha vontade de que ela acabasse logo. Fui para a próxima aula, rezando para que não encontrasse ninguém lá, e obviamente minhas preces não foram atendidas.
— Você foi incrível! — Stiles chegou falando animado, mas foi recebido com uma expressão de “mais um…” — Ih, qual é? Que que tá rolando?
— Nada, cara.
— Ah, eu sei que toda essa história de lo… — Se interrompeu olhando pros lados. — Você sabe... Eu sei que tudo isso é novo pra você, mas a gente se acostuma.
— Eu sei, mas ainda não me acostumei. — E nem pretendo.
— É bem maluco. Se a gente contasse, ninguém ia acreditar… — ele disse, sentando-se ao meu lado. — Mas você foi muito boa lá! Fiquei em choque.
— Obrigada, eu acho — respondi sem jeito. Já tinha percebido que não ia ser possível me esquivar dele, então só aceitei.
— Você tá legal? Parece preocupada — perguntou.
— Sim sim, eu tô bem. Só não dormi direito.
— Aham, tá bom — ele disse e levantou a mão. — Professora, a disse que não tá passando bem, posso levá-la até a enfermaria? — Eu olhei chocada para ele. A professora concordou e ele me arrastou pra fora da sala.
— O que foi isso? — perguntei.
— Você precisava sair de lá. Vamos dar uma volta. — Piscou pra mim e saiu andando pra fora do prédio, eu o segui.
Lá fora o sol brilhava, nem parecia o mesmo lugar cheio de neblina de algumas horas mais cedo. Andamos até o carro dele e nos encostamos no capô.
— Olha, eu sei que tudo isso é complicado, mas, no fim do dia, as coisas continuam as mesmas — ele disse calmamente, fitando o céu azul sobre a edificação.
— Eu nem sei o que pensar — eu disse. Estava cansada de guardar as coisas para mim. Não sei por que, mas sentia que podia confiar em Stiles, pelo menos um pouco. — É muita informação, achei que ele ia me matar.
— Foi uma situação e tanto, eu admito. Mas Scott é um cara legal e ele gosta muito de você, pode acreditar, nunca vai te fazer mal — ele afirmou. — Nem ele e nem a versão peluda dele — brincou e eu ri.
— Bem peluda.
— Sim — disse ele rindo. — É assustador e tal, mas você ficou mais perto de matar ele do que o contrário.
— Eu sei, mas eu precisava me defender, entende? — perguntei e ele assentiu. — Não quero machucá-lo, mas aquilo me apavorou, ainda mais na situação em que a gente estava — completei. Talvez eu fosse muito dura com o Scott.
— É compreensível, muito. Acredito que todos entendemos isso — ele disse me tranquilizando. — Inclusive o Scott. Ele me disse que você estava muito interessada em química orgânica hoje — brincou e eu abaixei a cabeça.
— Acontece que eu não estava pronta pra conversar com ele ainda e minha cabeça estava cheia — confessei. — Ele é mais legal comigo do que eu mereço…
— Ei! Vamos parando com essa bad vibes aí! — ele falou gesticulando exageradamente, me fazendo rir. — Você é durona, mas é nossa amiga! Sem essa de merecer… — Eu assenti rindo. — Aproveitando o momento aqui, preciso te falar uma coisa. Essa história toda de aposta — fechei a cara — não tem nada a ver com o Scott, certo? Aqueles babacas do time de lacrosse que arrumaram essa palhaçada toda.
— Eu sei disso, eu ouvi no banheiro — falei. — Mas ele não negou nada e isso me deixou em uma situação bem desconfortável.
— Verdade, ele foi bem babaca nesse quesito também, mas ele negou no último treino. Falou pro time todo que não passava de fofoca, que vocês são só amigos e que toda essa história de aposta é uma merda.
— É bom saber disso. Me tranquiliza bem, mas agora o fogo já se espalhou e não tem muito o que fazer.
— Infelizmente, sinto muito por isso — ele disse. — Olha, não sou grande coisa, mas pode confiar em mim. Sempre que precisar, pode me procurar — ele disse e aquilo dissolveu meu coração.
— Muito obrigada, Stiles, você não sabe o quanto é bom ouvir isso — eu respondi e ele me abraçou.
***
Na hora do almoço, peguei minha refeição e me sentei em uma mesinha mais afastada. Eu sabia que, se estivesse com Stiles, Lydia também estaria e eu não estava preparada para isso. Ainda não sabia como responder às perguntas dela sem fazer com que ela achasse que eu sou doida, ou seja, não sabia que desculpa eu daria, já que a realidade não é plausível.
Como sempre, havia olhares sobre mim, os mesmos de sempre, mas, naquele momento, acho que eu nem estava ligando muito, tinha outros problemas maiores. Tentei me distrair pensando nas informações que vieram no sonho com o garoto, até que alguém me chamou:
— . — Era Scott.
— Oi — respondi meio sem forças pra mais uma discussão.
— A gente pode conversar?
— Estranhamente, hoje todos querem conversar… — falei sem querer. Olhei por trás dele e vi Stiles sentado em uma mesa. Ele apenas assentiu pra mim, como se me desse coragem. — Tudo bem, podemos.
— Acredito que aqui não seja o melhor lugar — ele disse e eu assenti.
Saímos do refeitório e caminhamos silenciosamente pela escola até chegarmos ao campo de lacrosse. Estava completamente vazio e alguns materiais de treino jaziam jogados no pé da arquibancada, esquecidos. Completo silêncio, apenas o vento fazia barulho, balançando as árvores ali perto. O sol estava alto. Sentamo-nos em um banco da arquibancada.
— Olha, eu quero te pedir desculpas — ele começou —, por tudo.
— Tá tudo bem, Scott.
— Está mesmo? Ou você está tentando me afastar outra vez? — Não estava esperando essa resposta, então olhei pra ele com uma expressão de surpresa e confusão ao mesmo tempo. — Sempre que você fala “Tá tudo bem”, tem alguma coisa te enevoando os pensamentos.
— Desculpe… é que não tem sido fácil. — Suspirei fundo. — Não é sua culpa e você não precisa se desculpar comigo.
— O que está acontecendo? — Antes de eu poder falar algo, ele completou: — E não diga “nada”, porque eu sou bobo, mas nem tanto. — Eu sorri de lado.
— Olha, são tantas coisas que você não compreenderia.
— Então me ajuda, . Me ajuda a compreender. — Ele olhava no fundo dos meus olhos. Estava sendo sincero. — Eu quero te ajudar, sempre quis, mas você precisa se abrir comigo, pelo menos um pouquinho. Eu quero entender, eu quero te ajudar — ele completou e meus olhos marejaram.
— Eu... Eu... Estou cansada — falei, mas minha voz saiu falha e sem forças.
— Beacon Hills não é a mais tranquila das cidades — ele disse, pegando minha mão.
— Não é mesmo — respondi, mas não era só Beacon Hills.
— Olha, eu sei que foi um baque e tanto o que rolou ontem, mas eu te prometo que nada vai mudar, tá certo? — ele disse, mas percebeu que aquilo era só a ponta do iceberg.
— Eu sei disso e agradeço. — Estendi meu olhar para o horizonte.
— , você não precisa ser tão durona sempre — ele disse. — Olha, eu te dou minha palavra de que pode confiar em mim. — Olhei pra ele e os olhos estavam fixos em mim novamente. — Você não precisa guardar todas as suas angústias, seus pensamentos e problemas para você.
— Eu quero sair daqui, Scott. Por favor — pedi. — Vamos para outro lugar. Não quero ficar nessa escola.
Ele assentiu e se levantou, estendeu a mão para mim e eu aceitei. Pegamos nossas coisas nos armários e fomos para o lado de fora. No caminho, passamos por Stiles e Lydia, ele olhou para nós como se fosse se juntar para conversar, mas Scott negou com a cabeça e nós seguimos em frente. Chegando ao estacionamento, Scott me ofereceu um capacete e subimos na moto dele.
Eu não sabia para onde estávamos indo, mas estava feliz de estar saindo daquele lugar. Me segurei firmemente ao torso de Scott e deixei minha cabeça repousar em suas costas. O vento assobiava ao passar pela viseira do capacete e a paisagem da estrada passava velozmente por nós. Por fim, chegamos a uma casa na área residencial da cidade.
Desci da moto e retirei o meu capacete:
— Onde estamos?
— Na minha casa — ele respondeu, descendo da moto.
— É bonita — comentei e ele sorriu
— Obrigado. Venha, vamos entrar — ele disse e entrou.
Era uma casa muito bonita, o piso de madeira era muito bem cuidado e parecia recém encerado. As paredes muito bem pintadas e limpas, sem nenhuma mancha ou sujeira. Os móveis estavam impecavelmente distribuídos pela sala e pareciam confortáveis em suas posições. Bem diferente dos locais em que eu estava acostumada a me hospedar.
— Fique à vontade, pode se sentar se quiser. — Ele ofereceu o sofá. — Vou pegar uma água pra você.
— Obrigada — falei, me sentando no sofá ali. — Sua mãe não está? Não vai achar ruim que eu esteja aqui?
— Não e não. Toma — ele disse, me entregando um copo de água. — Está se sentindo melhor? Pelo menos um pouco?
— Um pouco sim, obrigada — respondi. — Por que me trouxe aqui?
— Foi o lugar mais reconfortante que consegui pensar — ele falou. — Mas talvez eu tenha esquecido que não é a mesma coisa pra você. — Riu sem jeito.
— Está ótimo — respondi. — Não consigo pensar em nenhuma outra opção também. — Sorri.
Ele se sentou ao meu lado e pude ouvi-lo respirar fundo, como se tomasse coragem:
— Olha, sobre essa história toda, eu não queria que fosse assim...
— Lydia me disse que vocês não iam me contar. — Ele enrubesceu. — Mas não tem problema, eu entendo. Se eu contasse… — Me podei antes de terminar a frase.
— Contasse o quê? — ele perguntou rapidamente.
— Nada demais — respondi e vi que ele não aceitou a resposta. — Olha, eu… — Comecei a me lembrar de tudo o que havia acontecido desde a morte da minha mãe. Meus olhos se encheram de água outra vez. Algumas lágrimas começaram a rolar.
Scott me abraçou. Me permiti chorar naquele momento. Ele acariciava minha cabeça enquanto eu me debulhava em lágrimas, soluçando alto e ensopando sua camisa. Ficamos assim por um tempo, até eu me recompor, ou até que meu estoque de lágrimas acabasse, não sabia dizer ao certo.
— Você estava segurando isso há muito tempo — ele comentou baixinho, ainda me abraçando.
— Me desculpe por isso — falei, me afastando e secando o rosto.
— Tá tudo bem, não tem problema. — Ele sorriu amavelmente para mim.
— Olha, Scott, eu vou te contar, por mais que você não vá acreditar…
— Eu sou um lobisomem, quer coisa mais absurda de se acreditar? — Ele me cortou e eu sorri.
— Então, é o seguinte. — Respirei fundo. — Eu não sei quem meu pai é, mas sempre me disseram que tudo isso é culpa dele. — Bebi um gole de água. — Desde sempre, eu via monstros, espíritos, criaturas de todo o tipo, mas ninguém acreditava em mim quando eu falava. Minha mãe morreu alguns anos atrás e deixou eu e meus irmãos sob os cuidados dos meus avós. Meus avós me culpam pela morte dela, dizem que eu e meu pai demos tanto desgosto a ela que ela não aguentou mais. — Minha voz estava trêmula a essa altura. Scott segurou minha mão, me confortando. — Vivi com eles por um tempo, até que eles se cansaram de mim e resolveram se livrar da criança maluca que tinham como fardo. Então eles me internaram em um hospital psiquiátrico, pagando a diária até os meus 18 anos.
— Uau — Scott soltou.
— Sim — afirmei. — Mas foi lá que conheci o Frank, meu protetor. Ele me ensinou a lutar e a me esconder. Fiquei naquele lugar por um tempo, até que os monstros me acharam e eu tive que fugir. Desde então, eu passo de cidade em cidade, tentando sobreviver. — Respirei fundo, finalizando o monólogo. — Em resumo, é isto.
— Em resumo? — ele perguntou e eu assenti. — Uau, imagine na íntegra…
— Pois é. — Sorri sem jeito.
— A situação na floresta então teve outra dimensão para você — ele disse. — Eu quero que saiba que não quero te machucar, nunca quis. Malia e Liam também. Não somos iguais aos lobisomens das histórias de terror que existem por aí.
— Eu sei disso. — Sorri pra ele.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode sim.
— Porque aquilo lá virou pó quando você o cortou?
— Eu não sei muito bem como isso funciona, mas acho que tem algo a ver com o facão — respondi. — Com o material.
— Se você me cortar, eu viro pó? — perguntou, fazendo graça.
— Não sei, talvez sim. Não sei como funciona — eu respondi rindo.
— Não vamos testar, não é? — ele disse rindo e eu assenti.
— Olha, Scott, me desculpe por te atacar — falei, olhando para as minhas mãos. — Naquele momento, eu não estava entendendo nada, achei que fosse um deles...
— Não precisa se desculpar — ele disse e me puxou para um abraço novamente. — Olha, eu sempre vou estar aqui por você — dizia enquanto acariciava meus cabelos, me acalmando. — Independente do que aconteça, eu vou te proteger — completou e a essa altura eu já estava chorando outra vez.
Eu me sentia confortável naquele abraço. Sentia que ali eu estava protegida e que, pelo menos por alguns instantes, não precisava me preocupar com quantos monstros estavam querendo ceifar minha vida. Apesar de eu sempre afastá-lo, Scott sempre esteve ali comigo. Eu era uma cretina e ainda assim ele estava do meu lado.
— Muito obrigada, Scott — falei, me afastando. — Por tudo.
— Não precisa agradecer.
— Preciso sim, eu tenho sido uma péssima pessoa com você — falei, olhando-o nos olhos. — Sempre te afasto de mim e ainda assim você permanece comigo.
De canto de olho, vi Scott entrando na sala e senti todos os meus pelos do corpo se eriçarem. Ele caminhou tranquilamente e se sentou na cadeira à minha frente. Tentei fingir que não tinha visto, mas não deu certo.
— Oi — ele disse.
— Oi, Scott.
— Quer conversar sobre… bem, você sabe.
— Na verdade, não quero, não — eu disse e ele pareceu um pouco surpreso.
— Imaginei que você teria dúvidas a respeito. — Ah, eu tinha mesmo.
— Eu só não quero conversar sobre isso, tá bem?
— Tudo bem. Eu entendo — ele disse e sorriu. — Eu só quero que você saiba que eu não queria que fosse desse jeito e eu espero que as coisas entre nós, entre o nosso grupo, não mudem por causa desse incidente.
— Tá tudo bem, Scott. — Não estava, não. — A gente pode conversar sobre isso depois, mas a aula já vai começar. — Disfarcei, como se eu me importasse com a geometria das moléculas orgânicas.
A aula passou vagarosamente, ou talvez tenha sido minha vontade de que ela acabasse logo. Fui para a próxima aula, rezando para que não encontrasse ninguém lá, e obviamente minhas preces não foram atendidas.
— Você foi incrível! — Stiles chegou falando animado, mas foi recebido com uma expressão de “mais um…” — Ih, qual é? Que que tá rolando?
— Nada, cara.
— Ah, eu sei que toda essa história de lo… — Se interrompeu olhando pros lados. — Você sabe... Eu sei que tudo isso é novo pra você, mas a gente se acostuma.
— Eu sei, mas ainda não me acostumei. — E nem pretendo.
— É bem maluco. Se a gente contasse, ninguém ia acreditar… — ele disse, sentando-se ao meu lado. — Mas você foi muito boa lá! Fiquei em choque.
— Obrigada, eu acho — respondi sem jeito. Já tinha percebido que não ia ser possível me esquivar dele, então só aceitei.
— Você tá legal? Parece preocupada — perguntou.
— Sim sim, eu tô bem. Só não dormi direito.
— Aham, tá bom — ele disse e levantou a mão. — Professora, a disse que não tá passando bem, posso levá-la até a enfermaria? — Eu olhei chocada para ele. A professora concordou e ele me arrastou pra fora da sala.
— O que foi isso? — perguntei.
— Você precisava sair de lá. Vamos dar uma volta. — Piscou pra mim e saiu andando pra fora do prédio, eu o segui.
Lá fora o sol brilhava, nem parecia o mesmo lugar cheio de neblina de algumas horas mais cedo. Andamos até o carro dele e nos encostamos no capô.
— Olha, eu sei que tudo isso é complicado, mas, no fim do dia, as coisas continuam as mesmas — ele disse calmamente, fitando o céu azul sobre a edificação.
— Eu nem sei o que pensar — eu disse. Estava cansada de guardar as coisas para mim. Não sei por que, mas sentia que podia confiar em Stiles, pelo menos um pouco. — É muita informação, achei que ele ia me matar.
— Foi uma situação e tanto, eu admito. Mas Scott é um cara legal e ele gosta muito de você, pode acreditar, nunca vai te fazer mal — ele afirmou. — Nem ele e nem a versão peluda dele — brincou e eu ri.
— Bem peluda.
— Sim — disse ele rindo. — É assustador e tal, mas você ficou mais perto de matar ele do que o contrário.
— Eu sei, mas eu precisava me defender, entende? — perguntei e ele assentiu. — Não quero machucá-lo, mas aquilo me apavorou, ainda mais na situação em que a gente estava — completei. Talvez eu fosse muito dura com o Scott.
— É compreensível, muito. Acredito que todos entendemos isso — ele disse me tranquilizando. — Inclusive o Scott. Ele me disse que você estava muito interessada em química orgânica hoje — brincou e eu abaixei a cabeça.
— Acontece que eu não estava pronta pra conversar com ele ainda e minha cabeça estava cheia — confessei. — Ele é mais legal comigo do que eu mereço…
— Ei! Vamos parando com essa bad vibes aí! — ele falou gesticulando exageradamente, me fazendo rir. — Você é durona, mas é nossa amiga! Sem essa de merecer… — Eu assenti rindo. — Aproveitando o momento aqui, preciso te falar uma coisa. Essa história toda de aposta — fechei a cara — não tem nada a ver com o Scott, certo? Aqueles babacas do time de lacrosse que arrumaram essa palhaçada toda.
— Eu sei disso, eu ouvi no banheiro — falei. — Mas ele não negou nada e isso me deixou em uma situação bem desconfortável.
— Verdade, ele foi bem babaca nesse quesito também, mas ele negou no último treino. Falou pro time todo que não passava de fofoca, que vocês são só amigos e que toda essa história de aposta é uma merda.
— É bom saber disso. Me tranquiliza bem, mas agora o fogo já se espalhou e não tem muito o que fazer.
— Infelizmente, sinto muito por isso — ele disse. — Olha, não sou grande coisa, mas pode confiar em mim. Sempre que precisar, pode me procurar — ele disse e aquilo dissolveu meu coração.
— Muito obrigada, Stiles, você não sabe o quanto é bom ouvir isso — eu respondi e ele me abraçou.
Na hora do almoço, peguei minha refeição e me sentei em uma mesinha mais afastada. Eu sabia que, se estivesse com Stiles, Lydia também estaria e eu não estava preparada para isso. Ainda não sabia como responder às perguntas dela sem fazer com que ela achasse que eu sou doida, ou seja, não sabia que desculpa eu daria, já que a realidade não é plausível.
Como sempre, havia olhares sobre mim, os mesmos de sempre, mas, naquele momento, acho que eu nem estava ligando muito, tinha outros problemas maiores. Tentei me distrair pensando nas informações que vieram no sonho com o garoto, até que alguém me chamou:
— . — Era Scott.
— Oi — respondi meio sem forças pra mais uma discussão.
— A gente pode conversar?
— Estranhamente, hoje todos querem conversar… — falei sem querer. Olhei por trás dele e vi Stiles sentado em uma mesa. Ele apenas assentiu pra mim, como se me desse coragem. — Tudo bem, podemos.
— Acredito que aqui não seja o melhor lugar — ele disse e eu assenti.
Saímos do refeitório e caminhamos silenciosamente pela escola até chegarmos ao campo de lacrosse. Estava completamente vazio e alguns materiais de treino jaziam jogados no pé da arquibancada, esquecidos. Completo silêncio, apenas o vento fazia barulho, balançando as árvores ali perto. O sol estava alto. Sentamo-nos em um banco da arquibancada.
— Olha, eu quero te pedir desculpas — ele começou —, por tudo.
— Tá tudo bem, Scott.
— Está mesmo? Ou você está tentando me afastar outra vez? — Não estava esperando essa resposta, então olhei pra ele com uma expressão de surpresa e confusão ao mesmo tempo. — Sempre que você fala “Tá tudo bem”, tem alguma coisa te enevoando os pensamentos.
— Desculpe… é que não tem sido fácil. — Suspirei fundo. — Não é sua culpa e você não precisa se desculpar comigo.
— O que está acontecendo? — Antes de eu poder falar algo, ele completou: — E não diga “nada”, porque eu sou bobo, mas nem tanto. — Eu sorri de lado.
— Olha, são tantas coisas que você não compreenderia.
— Então me ajuda, . Me ajuda a compreender. — Ele olhava no fundo dos meus olhos. Estava sendo sincero. — Eu quero te ajudar, sempre quis, mas você precisa se abrir comigo, pelo menos um pouquinho. Eu quero entender, eu quero te ajudar — ele completou e meus olhos marejaram.
— Eu... Eu... Estou cansada — falei, mas minha voz saiu falha e sem forças.
— Beacon Hills não é a mais tranquila das cidades — ele disse, pegando minha mão.
— Não é mesmo — respondi, mas não era só Beacon Hills.
— Olha, eu sei que foi um baque e tanto o que rolou ontem, mas eu te prometo que nada vai mudar, tá certo? — ele disse, mas percebeu que aquilo era só a ponta do iceberg.
— Eu sei disso e agradeço. — Estendi meu olhar para o horizonte.
— , você não precisa ser tão durona sempre — ele disse. — Olha, eu te dou minha palavra de que pode confiar em mim. — Olhei pra ele e os olhos estavam fixos em mim novamente. — Você não precisa guardar todas as suas angústias, seus pensamentos e problemas para você.
— Eu quero sair daqui, Scott. Por favor — pedi. — Vamos para outro lugar. Não quero ficar nessa escola.
Ele assentiu e se levantou, estendeu a mão para mim e eu aceitei. Pegamos nossas coisas nos armários e fomos para o lado de fora. No caminho, passamos por Stiles e Lydia, ele olhou para nós como se fosse se juntar para conversar, mas Scott negou com a cabeça e nós seguimos em frente. Chegando ao estacionamento, Scott me ofereceu um capacete e subimos na moto dele.
Eu não sabia para onde estávamos indo, mas estava feliz de estar saindo daquele lugar. Me segurei firmemente ao torso de Scott e deixei minha cabeça repousar em suas costas. O vento assobiava ao passar pela viseira do capacete e a paisagem da estrada passava velozmente por nós. Por fim, chegamos a uma casa na área residencial da cidade.
Desci da moto e retirei o meu capacete:
— Onde estamos?
— Na minha casa — ele respondeu, descendo da moto.
— É bonita — comentei e ele sorriu
— Obrigado. Venha, vamos entrar — ele disse e entrou.
Era uma casa muito bonita, o piso de madeira era muito bem cuidado e parecia recém encerado. As paredes muito bem pintadas e limpas, sem nenhuma mancha ou sujeira. Os móveis estavam impecavelmente distribuídos pela sala e pareciam confortáveis em suas posições. Bem diferente dos locais em que eu estava acostumada a me hospedar.
— Fique à vontade, pode se sentar se quiser. — Ele ofereceu o sofá. — Vou pegar uma água pra você.
— Obrigada — falei, me sentando no sofá ali. — Sua mãe não está? Não vai achar ruim que eu esteja aqui?
— Não e não. Toma — ele disse, me entregando um copo de água. — Está se sentindo melhor? Pelo menos um pouco?
— Um pouco sim, obrigada — respondi. — Por que me trouxe aqui?
— Foi o lugar mais reconfortante que consegui pensar — ele falou. — Mas talvez eu tenha esquecido que não é a mesma coisa pra você. — Riu sem jeito.
— Está ótimo — respondi. — Não consigo pensar em nenhuma outra opção também. — Sorri.
Ele se sentou ao meu lado e pude ouvi-lo respirar fundo, como se tomasse coragem:
— Olha, sobre essa história toda, eu não queria que fosse assim...
— Lydia me disse que vocês não iam me contar. — Ele enrubesceu. — Mas não tem problema, eu entendo. Se eu contasse… — Me podei antes de terminar a frase.
— Contasse o quê? — ele perguntou rapidamente.
— Nada demais — respondi e vi que ele não aceitou a resposta. — Olha, eu… — Comecei a me lembrar de tudo o que havia acontecido desde a morte da minha mãe. Meus olhos se encheram de água outra vez. Algumas lágrimas começaram a rolar.
Scott me abraçou. Me permiti chorar naquele momento. Ele acariciava minha cabeça enquanto eu me debulhava em lágrimas, soluçando alto e ensopando sua camisa. Ficamos assim por um tempo, até eu me recompor, ou até que meu estoque de lágrimas acabasse, não sabia dizer ao certo.
— Você estava segurando isso há muito tempo — ele comentou baixinho, ainda me abraçando.
— Me desculpe por isso — falei, me afastando e secando o rosto.
— Tá tudo bem, não tem problema. — Ele sorriu amavelmente para mim.
— Olha, Scott, eu vou te contar, por mais que você não vá acreditar…
— Eu sou um lobisomem, quer coisa mais absurda de se acreditar? — Ele me cortou e eu sorri.
— Então, é o seguinte. — Respirei fundo. — Eu não sei quem meu pai é, mas sempre me disseram que tudo isso é culpa dele. — Bebi um gole de água. — Desde sempre, eu via monstros, espíritos, criaturas de todo o tipo, mas ninguém acreditava em mim quando eu falava. Minha mãe morreu alguns anos atrás e deixou eu e meus irmãos sob os cuidados dos meus avós. Meus avós me culpam pela morte dela, dizem que eu e meu pai demos tanto desgosto a ela que ela não aguentou mais. — Minha voz estava trêmula a essa altura. Scott segurou minha mão, me confortando. — Vivi com eles por um tempo, até que eles se cansaram de mim e resolveram se livrar da criança maluca que tinham como fardo. Então eles me internaram em um hospital psiquiátrico, pagando a diária até os meus 18 anos.
— Uau — Scott soltou.
— Sim — afirmei. — Mas foi lá que conheci o Frank, meu protetor. Ele me ensinou a lutar e a me esconder. Fiquei naquele lugar por um tempo, até que os monstros me acharam e eu tive que fugir. Desde então, eu passo de cidade em cidade, tentando sobreviver. — Respirei fundo, finalizando o monólogo. — Em resumo, é isto.
— Em resumo? — ele perguntou e eu assenti. — Uau, imagine na íntegra…
— Pois é. — Sorri sem jeito.
— A situação na floresta então teve outra dimensão para você — ele disse. — Eu quero que saiba que não quero te machucar, nunca quis. Malia e Liam também. Não somos iguais aos lobisomens das histórias de terror que existem por aí.
— Eu sei disso. — Sorri pra ele.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode sim.
— Porque aquilo lá virou pó quando você o cortou?
— Eu não sei muito bem como isso funciona, mas acho que tem algo a ver com o facão — respondi. — Com o material.
— Se você me cortar, eu viro pó? — perguntou, fazendo graça.
— Não sei, talvez sim. Não sei como funciona — eu respondi rindo.
— Não vamos testar, não é? — ele disse rindo e eu assenti.
— Olha, Scott, me desculpe por te atacar — falei, olhando para as minhas mãos. — Naquele momento, eu não estava entendendo nada, achei que fosse um deles...
— Não precisa se desculpar — ele disse e me puxou para um abraço novamente. — Olha, eu sempre vou estar aqui por você — dizia enquanto acariciava meus cabelos, me acalmando. — Independente do que aconteça, eu vou te proteger — completou e a essa altura eu já estava chorando outra vez.
Eu me sentia confortável naquele abraço. Sentia que ali eu estava protegida e que, pelo menos por alguns instantes, não precisava me preocupar com quantos monstros estavam querendo ceifar minha vida. Apesar de eu sempre afastá-lo, Scott sempre esteve ali comigo. Eu era uma cretina e ainda assim ele estava do meu lado.
— Muito obrigada, Scott — falei, me afastando. — Por tudo.
— Não precisa agradecer.
— Preciso sim, eu tenho sido uma péssima pessoa com você — falei, olhando-o nos olhos. — Sempre te afasto de mim e ainda assim você permanece comigo.
Capítulo 19
SCOTT’S POV
Eu não sabia o porquê, mas aquela garota mexia comigo. Vê-la chorando partiu meu coração. Sentia a necessidade de protegê-la de todo mal que a assolava. Com tudo o que ela havia me dito naquela tarde, sobre tudo o que ela passou na vida, entendi por que ela era tão fechada e arredia.
— Você não é uma péssima pessoa — respondi, secando o rosto dela.
— Mas eu tenho sido uma cretina — ela disse, me olhando.
— Não tem, não. Desde que você chegou aqui, as coisas não foram tranquilas. — Tentei tranquilizá-la. — Eu compreendo tudo o que houve.
— Você é um cara legal, Scott — ela disse, baixando o olhar.
— Obrigado pelo elogio. — Sorri ao ouvi-la dizer aquilo. — Eu espero que eu possa fazer seus dias por aqui se tornarem um pouco mais leves. — Ela sorriu e assentiu.
— Cara legal, como eu disse — brincou. — Lobo legal.
— Lobo legal — repeti rindo. — Vem, vamos comer algo. — Me levantei e fomos para a cozinha.
Ela me contou sobre as criaturas que já tinha encontrado ao longo da vida, falou que algumas eram tranquilas, outras eram perigosas. Contou sobre o tempo que ficou com o protetor e sobre o que ele a ensinou. Ela sabia muita coisa que eu nem imaginava.
Depois de comermos, levei até aquela espelunca que ela vivia. Ainda não tinha entendido muito bem o motivo de ela ficar nesse tipo de hospedagem, mas resolvi não perguntar.
Voltei para casa e me deitei na minha cama. Minha mãe não ia gostar de saber que eu havia matado aula, mas foi por um bom motivo, então estava tranquilo quanto a isso. Fiquei pensando sobre o que havia dito e me peguei sorrindo ao lembrar dela.
Acabei dormindo, mas fui acordado pelo meu celular tocando algumas horas depois:
— Alô? — Atendi sonolento.
— Scott, onde você tá, cara? — Stiles falou do outro lado.
— Estou em casa, por quê?
— A está aí? — perguntou.
— Não, eu a deixei em casa tem umas duas horas — respondi. — Por quê? — Eu estava achando aquilo estranho.
— Porque ela não tá aqui — Stiles disse e meu coração disparou. — Eu e Lydia viemos até o hotel e a porta dela estava arrombada — completou ansioso.
— Scott, você tem certeza de que a trouxe? — Lydia disse, depois de tomar o telefone.
— Sim, eu tenho. A deixei na porta — respondi, me levantando apavorado. — Eu estou indo aí — completei e desliguei.
Eu estava em choque, não sabia muito bem como reagir. Como as coisas haviam chegado a esse ponto em tão pouco tempo? Onde estava? Será que estava em perigo? Pelo que ela havia me dito, tudo indicava que sim. Eu temia pela vida dela.
Desci o mais rápido possível, peguei a moto e me coloquei a caminho do hotel. A moto estava em alta velocidade, assim como minha mente. Ao mesmo tempo que tentava me acalmar, eu pensava em onde ela estaria e se estava bem. O caminho pareceu mais longo que o que eu havia feito duas horas atrás.
Chegando lá, encontrei Stiles, Lydia e Malia. Os três pareciam tão assustados quanto eu. Desci da moto e passei correndo pela entrada, indo diretamente até o quarto de . Gelei quando cheguei até lá.
A porta não estava apenas arrombada, estava destruída. A fechadura parecia ter sido arrancada, a borda superior jazia pendendo para trás, segurando-se por poucas fibras de madeira velha. Lá dentro estava um caos. Senti cheiro de sangue. A cama estava bagunçada e quebrada, o travesseiro estava rasgado e havia penas espalhadas por todo lado. O espelho do banheiro estava quebrado e com sangue nele, a cortina da banheira tinha sido arrancada e a tampa do sanitário estava partida. Era um cenário caótico.
Paralisei por alguns instantes. Era muita coisa pra mim. Stiles e as garotas chegaram pouco tempo depois.
— Cara, o que rolou aqui? — ele disse, colocando a mão na boca em choque. — Encontramos o facão dela lá embaixo. — Mostrou-me a arma.
— A gente precisa achar ela rápido, muito rápido — Lydia disse. — Ela está desarmada e provavelmente desacordada, pelo que eu vi no banheiro.
— Mas o que é capaz de fazer tudo isso? — Malia disse, estendendo os braços para sinalizar o quarto destruído.
— Vamos ter que descobrir depois. Primeiro temos que achá-la — falei. — Vamos procurar na floresta.
— Vou ligar pro Liam. Toda ajuda é bem-vinda nessa situação — Lydia disse e saiu com o celular em mãos.
Todos descemos as escadas e fomos para a rua. Cada segundo era crucial ali. Nos dividimos e fomos para a floresta, Stiles pegou Liam no caminho. Chegamos lá, já estava escurecendo.
Eu não sabia o porquê, mas aquela garota mexia comigo. Vê-la chorando partiu meu coração. Sentia a necessidade de protegê-la de todo mal que a assolava. Com tudo o que ela havia me dito naquela tarde, sobre tudo o que ela passou na vida, entendi por que ela era tão fechada e arredia.
— Você não é uma péssima pessoa — respondi, secando o rosto dela.
— Mas eu tenho sido uma cretina — ela disse, me olhando.
— Não tem, não. Desde que você chegou aqui, as coisas não foram tranquilas. — Tentei tranquilizá-la. — Eu compreendo tudo o que houve.
— Você é um cara legal, Scott — ela disse, baixando o olhar.
— Obrigado pelo elogio. — Sorri ao ouvi-la dizer aquilo. — Eu espero que eu possa fazer seus dias por aqui se tornarem um pouco mais leves. — Ela sorriu e assentiu.
— Cara legal, como eu disse — brincou. — Lobo legal.
— Lobo legal — repeti rindo. — Vem, vamos comer algo. — Me levantei e fomos para a cozinha.
Ela me contou sobre as criaturas que já tinha encontrado ao longo da vida, falou que algumas eram tranquilas, outras eram perigosas. Contou sobre o tempo que ficou com o protetor e sobre o que ele a ensinou. Ela sabia muita coisa que eu nem imaginava.
Depois de comermos, levei até aquela espelunca que ela vivia. Ainda não tinha entendido muito bem o motivo de ela ficar nesse tipo de hospedagem, mas resolvi não perguntar.
Voltei para casa e me deitei na minha cama. Minha mãe não ia gostar de saber que eu havia matado aula, mas foi por um bom motivo, então estava tranquilo quanto a isso. Fiquei pensando sobre o que havia dito e me peguei sorrindo ao lembrar dela.
Acabei dormindo, mas fui acordado pelo meu celular tocando algumas horas depois:
— Alô? — Atendi sonolento.
— Scott, onde você tá, cara? — Stiles falou do outro lado.
— Estou em casa, por quê?
— A está aí? — perguntou.
— Não, eu a deixei em casa tem umas duas horas — respondi. — Por quê? — Eu estava achando aquilo estranho.
— Porque ela não tá aqui — Stiles disse e meu coração disparou. — Eu e Lydia viemos até o hotel e a porta dela estava arrombada — completou ansioso.
— Scott, você tem certeza de que a trouxe? — Lydia disse, depois de tomar o telefone.
— Sim, eu tenho. A deixei na porta — respondi, me levantando apavorado. — Eu estou indo aí — completei e desliguei.
Eu estava em choque, não sabia muito bem como reagir. Como as coisas haviam chegado a esse ponto em tão pouco tempo? Onde estava? Será que estava em perigo? Pelo que ela havia me dito, tudo indicava que sim. Eu temia pela vida dela.
Desci o mais rápido possível, peguei a moto e me coloquei a caminho do hotel. A moto estava em alta velocidade, assim como minha mente. Ao mesmo tempo que tentava me acalmar, eu pensava em onde ela estaria e se estava bem. O caminho pareceu mais longo que o que eu havia feito duas horas atrás.
Chegando lá, encontrei Stiles, Lydia e Malia. Os três pareciam tão assustados quanto eu. Desci da moto e passei correndo pela entrada, indo diretamente até o quarto de . Gelei quando cheguei até lá.
A porta não estava apenas arrombada, estava destruída. A fechadura parecia ter sido arrancada, a borda superior jazia pendendo para trás, segurando-se por poucas fibras de madeira velha. Lá dentro estava um caos. Senti cheiro de sangue. A cama estava bagunçada e quebrada, o travesseiro estava rasgado e havia penas espalhadas por todo lado. O espelho do banheiro estava quebrado e com sangue nele, a cortina da banheira tinha sido arrancada e a tampa do sanitário estava partida. Era um cenário caótico.
Paralisei por alguns instantes. Era muita coisa pra mim. Stiles e as garotas chegaram pouco tempo depois.
— Cara, o que rolou aqui? — ele disse, colocando a mão na boca em choque. — Encontramos o facão dela lá embaixo. — Mostrou-me a arma.
— A gente precisa achar ela rápido, muito rápido — Lydia disse. — Ela está desarmada e provavelmente desacordada, pelo que eu vi no banheiro.
— Mas o que é capaz de fazer tudo isso? — Malia disse, estendendo os braços para sinalizar o quarto destruído.
— Vamos ter que descobrir depois. Primeiro temos que achá-la — falei. — Vamos procurar na floresta.
— Vou ligar pro Liam. Toda ajuda é bem-vinda nessa situação — Lydia disse e saiu com o celular em mãos.
Todos descemos as escadas e fomos para a rua. Cada segundo era crucial ali. Nos dividimos e fomos para a floresta, Stiles pegou Liam no caminho. Chegamos lá, já estava escurecendo.
Capítulo 20
’S POV
Acordei balançando em algum lugar. Minha cabeça doía muito. Abri os olhos com dificuldade e vi o chão da floresta passando. Olhei para os lados e vi que estava sendo carregada por alguém, ou algo, não sei dizer. Então tudo escureceu outra vez.
SCOTT’S POV
Eu andava na frente, seguido por Malia e Lydia. Liam e Stiles vinham por último. Concentrei-me ao máximo em encontrar o cheiro de , mas não conseguia achar nada. Estava frustrado e com medo de perdê-la.
— Scott, se acalma, cara. Nós vamos achá-la — Stiles disse.
— Eu prometi que ia protegê-la... Eu prometi — falei.
— Nós vamos achá-la — ele disse, colocando a mão no meu ombro. — Eu sei que vamos.
Assenti e seguimos em frente. Andamos por vários minutos e não encontramos nada. A noite já havia se estendido como um grande cobertor estrelado sobre nós. Os barulhos na floresta se intensificaram aos poucos, todas as criaturas que ali viviam pareciam estar acordando. Eu conseguia ouvir grilos cricrilarem, algum pequeno roedor correndo ao longe, o farfalhar das copas das árvores, mas nada que me ajudasse a encontrar a garota que me bagunçava os sentidos.
Por mais frustrado que eu estivesse, não iria parar até encontrá-la. Eu disse a ela que a protegeria e deixei que isso acontecesse, se algo ocorresse com ela, eu não iria me perdoar. Eu devia ter esperado, devia tê-la convencido a ficar comigo na minha casa…
— Scott — Malia me chamou, tirando-me dos meus pensamentos. — Está sentindo isso?
Agucei meus sentidos e respirei fundo. Havia um cheiro fraco de... enxofre? Farejei melhor. Sim, era enxofre.
— É enxofre, eu senti isso no hotel — Malia disse. — Pode ser uma pista.
— Pode não, é — falei, puxando na memória o que havia ouvido mais cedo. — me disse que quando aqueles monstros estouram, eles viram pó e soltam esse cheiro de enxofre. — Por isso não encontrava o cheiro dela, o enxofre estava encobrindo.
— Será que era aquela coisa cobra que atacou a gente então? — Liam perguntou.
— Não sei, mas pode ser que não — respondi. — Ela disse que todos soltam o mesmo cheiro.
— Como ela sabia de tudo isso? — Lydia perguntou.
— Longa história… — falei animado por encontrarmos um rastro. — Não sei se tenho permissão pra contar — falei. — Vamos encontrá-la.
’S POV
Acordei novamente em algo que parecia ser uma casa abandonada, bem destruída. Tentei me levantar, mas estava com as mãos e os pés amarrados. Olhei para os lados para tentar achar algo, mas estava muito escuro e meus olhos não havia se adaptado àquele breu.
Ouvi alguém chorando baixinho em algum canto do local que estávamos. Não parecia estar longe, mas não conseguiria encontrar nada enquanto não me adaptasse à escuridão. Forcei meus olhos o máximo que pude até conseguir distinguir as sombras.
Havia várias pessoas no local, consegui ver 7. Todas pareciam estar atadas, assim como eu estava. Consegui ver também uma mesa grande, no centro do espaço, cujo topo estava coberto de facas. Então, bem afastada, vi uma sombra grande e corpulenta, devia ter quase 3 metros de altura, braços compridos e fortes e mãos grandes que seguravam algo parecido com um bastão. Arregalei os olhos quando percebi o que estava rolando. Era um ciclope.
Olhei desesperadamente para os lados, tentando achar uma saída, mas o ciclope tampava a única que eu conseguia ver. As janelas estavam tampadas com tábuas de madeira e não parecia haver nenhuma outra porta.
Ouvi algo mecânico batendo no chão, seguido por algo que parecia ser... Um casco. Não sabia o que era, mas logo em seguida consegui ver a sombra de uma mulher passando por trás da mesa. A mulher então acendeu uma chama em suas mãos e pude ver seu rosto. Seus dentes eram enormes e afiados, assim como os dedos, que possuíam grandes garras. Meu coração disparou.
Os dois então começaram a conversar:
— Acho que vamos conseguir uma boa recompensa com esses aí — a ciclope disse. Era uma fêmea.
— Com certeza, ainda mais com essa última aí — a outra disse. — Ela é mais forte que esses pentelhos, vai valer mais. Bem mais. — Pude vê-la sorrir maliciosamente.
— Eles ficariam muito bons na minha barriga também — a ciclope disse sorrindo, mas a outra fechou a cara.
— Você só pensa em comer? Olha o tanto de dracmas que vamos ganhar com eles. — E desferiu um tapa no rosto da ciclope.
Ela se virou e empurrou a outra monstra na mesa com facas. A outra então se levantou e atacou a ciclope com as garras e seu cabelo acendeu em chamas vívidas. Nesse momento, consegui reconhecer um dos rostos que ali estavam. O garotinho dos sonhos.
SCOTT’S POV
Andávamos pela floresta, seguindo o rastro, quando ouvimos um barulho e resolvemos nos esconder. Era um homem que passava mancando, ele tinha um corte bem grande na altura das costelas e carregava uma adaga curva nas mãos. O homem parou e colocou uma das mãos sobre o corte e ela retornou completamente vermelha. Ele se sentou e tirou um galão pequenino de sua bolsa, abriu-o e bebeu o conteúdo. Instantaneamente, pude ver a onda de relaxamento passando pelo seu corpo.
Lydia me cutucou e apontou para o homem como se quisesse me mostrar algo, mas eu não estava entendendo o quê. Olhei para ela confuso e ela disse:
— É um sátiro — sussurrou.
Então quando olhei novamente e consegui enxergar. As pernas do homem haviam sido substituídas por peludas pernas de bode e seus pés agora eram cascos. Balancei a cabeça confuso e olhei uma segunda vez para confirmar. Era realmente um sátiro.
— Agora faz sentido o cheiro de ontem — Liam disse e todos concordaram. — O que ele está fazendo aqui?
— É um protetor — Lydia disse. — falou algo do tipo ontem.
— Mas ele está protegendo quem? — Stiles perguntou.
— Não sei, mas precisamos ajudá-lo — falei. — Ele pode saber onde está.
Todos concordaram e saímos de onde estávamos escondidos. Cautelosamente, fui andando na frente. O homem-bode se assustou com o barulho das folhas e se levantou rapidamente, brandindo a adaga.
— Nós queremos ajudar! — falei, levantando as mãos abertas.
— Quem são vocês? — ele disse com um olhar ameaçador nos olhos e com a arma em mãos.
— Meu nome é Scott. Essas são Lydia e Malia. — Elas deram um passinho à frente. — E esses são Liam e Stiles.
Ele olhou para nós por um tempo, então uma expressão confusa tomou conta de seu rosto.
— Vocês não são semideuses — ele disse. — São humanos? Como me encontraram?
Dessa vez, a expressão confusa tomou conta de nós. O que ele quis dizer com semideuses?
— Somos humanos, sim. — Stiles disse. — Estamos procurando nossa amiga, encontramos você e viemos ajudar.
— O que houve com a amiga de vocês?
— Ela desapareceu — falei. — Parece ter sido raptada.
O sátiro fechou o semblante e assentiu.
— Obrigado pela boa vontade, mas não podem me ajudar — ele disse, guardando a adaga e virou-se para sair mancando.
— Espera! — Lydia disse. — Você pode nos ajudar? Sabemos que você é um protetor.
— O quê? — Ele se virou em choque. — Sou o quê?
— Um protetor — Lydia respondeu.
— Podem me ver? — perguntou, apontando para as pernas de bode, e nós assentimos. — A névoa aqui é realmente mais fraca — falou meio que para si mesmo.
Logo depois, chegaram dois garotos. Um deles era alto, loiro e forte, ele usava óculos de lentes finas e vestia uma camisa laranja. O outro era franzino, mas alto, tinha pele morena e cabelos escuros, ondulados, e também vestia uma blusa laranja. Quando nos viram, o loiro sacou uma espada dourada da bainha e o moreno fez uma chama com as mãos.
— Quem são? — o loiro perguntou entre os dentes para o homem-bode.
— Humanos — respondeu.
Nós estávamos estáticos. De onde eles surgiram? Como aquele cara havia feito fogo daquela maneira? Por que o loiro tinha uma espada? E, o mais assustador, por que queriam nos atacar?
— A névoa não funciona aqui — o sátiro disse. — Eles estão procurando uma menina desaparecida. Pode ser uma de vocês.
Ao ouvirem isso, os dois pareceram relaxar um pouco. O loiro abaixou a espada e o moreno apagou a chama. Nós ainda estávamos parados em choque.
— Eles podem ajudar — o sátiro disse. — Meu nome é Grover. — Apresentou-se.
— Eu sou Jason Grace — o loiro disse. — E este é Leo Valdez — falou, apontando para o moreno.
Acordei balançando em algum lugar. Minha cabeça doía muito. Abri os olhos com dificuldade e vi o chão da floresta passando. Olhei para os lados e vi que estava sendo carregada por alguém, ou algo, não sei dizer. Então tudo escureceu outra vez.
SCOTT’S POV
Eu andava na frente, seguido por Malia e Lydia. Liam e Stiles vinham por último. Concentrei-me ao máximo em encontrar o cheiro de , mas não conseguia achar nada. Estava frustrado e com medo de perdê-la.
— Scott, se acalma, cara. Nós vamos achá-la — Stiles disse.
— Eu prometi que ia protegê-la... Eu prometi — falei.
— Nós vamos achá-la — ele disse, colocando a mão no meu ombro. — Eu sei que vamos.
Assenti e seguimos em frente. Andamos por vários minutos e não encontramos nada. A noite já havia se estendido como um grande cobertor estrelado sobre nós. Os barulhos na floresta se intensificaram aos poucos, todas as criaturas que ali viviam pareciam estar acordando. Eu conseguia ouvir grilos cricrilarem, algum pequeno roedor correndo ao longe, o farfalhar das copas das árvores, mas nada que me ajudasse a encontrar a garota que me bagunçava os sentidos.
Por mais frustrado que eu estivesse, não iria parar até encontrá-la. Eu disse a ela que a protegeria e deixei que isso acontecesse, se algo ocorresse com ela, eu não iria me perdoar. Eu devia ter esperado, devia tê-la convencido a ficar comigo na minha casa…
— Scott — Malia me chamou, tirando-me dos meus pensamentos. — Está sentindo isso?
Agucei meus sentidos e respirei fundo. Havia um cheiro fraco de... enxofre? Farejei melhor. Sim, era enxofre.
— É enxofre, eu senti isso no hotel — Malia disse. — Pode ser uma pista.
— Pode não, é — falei, puxando na memória o que havia ouvido mais cedo. — me disse que quando aqueles monstros estouram, eles viram pó e soltam esse cheiro de enxofre. — Por isso não encontrava o cheiro dela, o enxofre estava encobrindo.
— Será que era aquela coisa cobra que atacou a gente então? — Liam perguntou.
— Não sei, mas pode ser que não — respondi. — Ela disse que todos soltam o mesmo cheiro.
— Como ela sabia de tudo isso? — Lydia perguntou.
— Longa história… — falei animado por encontrarmos um rastro. — Não sei se tenho permissão pra contar — falei. — Vamos encontrá-la.
’S POV
Acordei novamente em algo que parecia ser uma casa abandonada, bem destruída. Tentei me levantar, mas estava com as mãos e os pés amarrados. Olhei para os lados para tentar achar algo, mas estava muito escuro e meus olhos não havia se adaptado àquele breu.
Ouvi alguém chorando baixinho em algum canto do local que estávamos. Não parecia estar longe, mas não conseguiria encontrar nada enquanto não me adaptasse à escuridão. Forcei meus olhos o máximo que pude até conseguir distinguir as sombras.
Havia várias pessoas no local, consegui ver 7. Todas pareciam estar atadas, assim como eu estava. Consegui ver também uma mesa grande, no centro do espaço, cujo topo estava coberto de facas. Então, bem afastada, vi uma sombra grande e corpulenta, devia ter quase 3 metros de altura, braços compridos e fortes e mãos grandes que seguravam algo parecido com um bastão. Arregalei os olhos quando percebi o que estava rolando. Era um ciclope.
Olhei desesperadamente para os lados, tentando achar uma saída, mas o ciclope tampava a única que eu conseguia ver. As janelas estavam tampadas com tábuas de madeira e não parecia haver nenhuma outra porta.
Ouvi algo mecânico batendo no chão, seguido por algo que parecia ser... Um casco. Não sabia o que era, mas logo em seguida consegui ver a sombra de uma mulher passando por trás da mesa. A mulher então acendeu uma chama em suas mãos e pude ver seu rosto. Seus dentes eram enormes e afiados, assim como os dedos, que possuíam grandes garras. Meu coração disparou.
Os dois então começaram a conversar:
— Acho que vamos conseguir uma boa recompensa com esses aí — a ciclope disse. Era uma fêmea.
— Com certeza, ainda mais com essa última aí — a outra disse. — Ela é mais forte que esses pentelhos, vai valer mais. Bem mais. — Pude vê-la sorrir maliciosamente.
— Eles ficariam muito bons na minha barriga também — a ciclope disse sorrindo, mas a outra fechou a cara.
— Você só pensa em comer? Olha o tanto de dracmas que vamos ganhar com eles. — E desferiu um tapa no rosto da ciclope.
Ela se virou e empurrou a outra monstra na mesa com facas. A outra então se levantou e atacou a ciclope com as garras e seu cabelo acendeu em chamas vívidas. Nesse momento, consegui reconhecer um dos rostos que ali estavam. O garotinho dos sonhos.
SCOTT’S POV
Andávamos pela floresta, seguindo o rastro, quando ouvimos um barulho e resolvemos nos esconder. Era um homem que passava mancando, ele tinha um corte bem grande na altura das costelas e carregava uma adaga curva nas mãos. O homem parou e colocou uma das mãos sobre o corte e ela retornou completamente vermelha. Ele se sentou e tirou um galão pequenino de sua bolsa, abriu-o e bebeu o conteúdo. Instantaneamente, pude ver a onda de relaxamento passando pelo seu corpo.
Lydia me cutucou e apontou para o homem como se quisesse me mostrar algo, mas eu não estava entendendo o quê. Olhei para ela confuso e ela disse:
— É um sátiro — sussurrou.
Então quando olhei novamente e consegui enxergar. As pernas do homem haviam sido substituídas por peludas pernas de bode e seus pés agora eram cascos. Balancei a cabeça confuso e olhei uma segunda vez para confirmar. Era realmente um sátiro.
— Agora faz sentido o cheiro de ontem — Liam disse e todos concordaram. — O que ele está fazendo aqui?
— É um protetor — Lydia disse. — falou algo do tipo ontem.
— Mas ele está protegendo quem? — Stiles perguntou.
— Não sei, mas precisamos ajudá-lo — falei. — Ele pode saber onde está.
Todos concordaram e saímos de onde estávamos escondidos. Cautelosamente, fui andando na frente. O homem-bode se assustou com o barulho das folhas e se levantou rapidamente, brandindo a adaga.
— Nós queremos ajudar! — falei, levantando as mãos abertas.
— Quem são vocês? — ele disse com um olhar ameaçador nos olhos e com a arma em mãos.
— Meu nome é Scott. Essas são Lydia e Malia. — Elas deram um passinho à frente. — E esses são Liam e Stiles.
Ele olhou para nós por um tempo, então uma expressão confusa tomou conta de seu rosto.
— Vocês não são semideuses — ele disse. — São humanos? Como me encontraram?
Dessa vez, a expressão confusa tomou conta de nós. O que ele quis dizer com semideuses?
— Somos humanos, sim. — Stiles disse. — Estamos procurando nossa amiga, encontramos você e viemos ajudar.
— O que houve com a amiga de vocês?
— Ela desapareceu — falei. — Parece ter sido raptada.
O sátiro fechou o semblante e assentiu.
— Obrigado pela boa vontade, mas não podem me ajudar — ele disse, guardando a adaga e virou-se para sair mancando.
— Espera! — Lydia disse. — Você pode nos ajudar? Sabemos que você é um protetor.
— O quê? — Ele se virou em choque. — Sou o quê?
— Um protetor — Lydia respondeu.
— Podem me ver? — perguntou, apontando para as pernas de bode, e nós assentimos. — A névoa aqui é realmente mais fraca — falou meio que para si mesmo.
Logo depois, chegaram dois garotos. Um deles era alto, loiro e forte, ele usava óculos de lentes finas e vestia uma camisa laranja. O outro era franzino, mas alto, tinha pele morena e cabelos escuros, ondulados, e também vestia uma blusa laranja. Quando nos viram, o loiro sacou uma espada dourada da bainha e o moreno fez uma chama com as mãos.
— Quem são? — o loiro perguntou entre os dentes para o homem-bode.
— Humanos — respondeu.
Nós estávamos estáticos. De onde eles surgiram? Como aquele cara havia feito fogo daquela maneira? Por que o loiro tinha uma espada? E, o mais assustador, por que queriam nos atacar?
— A névoa não funciona aqui — o sátiro disse. — Eles estão procurando uma menina desaparecida. Pode ser uma de vocês.
Ao ouvirem isso, os dois pareceram relaxar um pouco. O loiro abaixou a espada e o moreno apagou a chama. Nós ainda estávamos parados em choque.
— Eles podem ajudar — o sátiro disse. — Meu nome é Grover. — Apresentou-se.
— Eu sou Jason Grace — o loiro disse. — E este é Leo Valdez — falou, apontando para o moreno.
Capítulo 21
’S POV
As duas criaturas continuavam se batendo do lado de fora, mas uma das facas havia caído da mesa na confusão. Ninguém pareceu ver, mas eu vi. Ela caiu perto de uma garota loira de uns 13 anos, que estava à minha esquerda.
Aproveitei que as duas monstras estavam se engalfinhando lá fora e chamei a garota.
— Ei! — chamei e ela olhou pra mim assustada. — Fique em silêncio — sussurrei e apontei para a faca com a cabeça.
Ela sacou o que eu quis dizer e se arrastou para pegá-la. Com certa dificuldade, ela conseguiu pegar a lâmina. Ela entendeu o recado, mas assim que ela conseguiu pegar, a mulher de perna mecânica entrou novamente no recinto e percebeu que a garota havia saído do lugar.
— Aonde você pensa que vai? — falou com deboche. — Talvez eu deva deixar aquela ali — apontou para a ciclope — devorar você aqui mesmo.
A menina paralisou de medo, mas escondeu a faca nas mãos. A coisa aproximou-se e segurou o rosto dela com seus dedos compridos.
— Vou acabar com você aqui mesmo se assim eu desejar — ela disse e seus cabelos acenderam novamente.
— Que coisa feia, ameaçando uma criança — falei, tentando chamar a atenção da mulher. Ela soltou uma gargalhada alta e se virou para mim.
— Quem você acha que é para falar assim? — ela urrou e me deu um tapa no rosto. Suas garras me fizeram diversos cortes.
— Eu não acho que sou nada, mas pelo menos eu corto as minhas unhas — falei para distraí-la enquanto a garota cortava as amarras das mãos.
— Você quer bancar a espertinha pra cima de mim, filhote de deus? — ela falou, aproximando seu rosto do meu. Consegui sentir o calor dos seus cabelos contra minha pele. — Eu só não te mato aqui e agora porque você vai me valer muito dinheiro. — A essa altura, a garota já havia cortado as amarras de suas mãos. — Mas eu posso te fazer calar a boca… — ela disse e segurou meu rosto.
— Está com medo? — sibilei.
— Medo? De você? — ela disse e gargalhou alto novamente. — Você está nas minhas mãos, sua imunda! Todos vocês estão! — ela gritou, se levantando e abrindo os braços. — E nenhum de vocês sai daqui sem que eu queira — ela disse orgulhosa. — E você — ela apontou para mim — vai aprender a ficar calada. — E desferiu um chute bem dado na lateral do meu corpo.
Ela saiu triunfante com a vitória. Eu caí de lado, sem conseguir respirar e sentindo uma dor excruciante tomando conta de mim. Pontos de luz dançavam em minha visão, mas eu não podia parar ali, precisava me soltar e tirar todos dali.
— Você está bem? — a garota loira disse e eu assenti.
— Fique em silêncio — falei com dificuldade. — Solte os outros.
Ela assentiu, cortou minhas amarras das mãos e dos pés e saiu para libertar os outros. Me levantei com dificuldade e fui até a mesa. Observei o arsenal que estava ali e achei uma faca comprida de bronze que se destacava entre as outras prateadas. Teria que servir.
A ciclope estava sentada a cerca de um metro da porta e não viu a movimentação dentro do espaço. Pedi a todos que fizessem o máximo de silêncio possível e fui andando cautelosamente até a porta.
Infelizmente, uma das tábuas sob os meus pés estalou, a ciclope se virou e me viu ali de pé. Eu não estava no meu melhor estado com minha costela recém quebrada, então ela se virou rapidamente e me segurou pelo pescoço.
— Acha que vai fugir, é? — ela disse.
Eu desferi um chute em sua barriga, ela urrou e me jogou porta afora. Caí no chão com um baque, aquilo doeu bastante, mas eu tinha conseguido sair. Me levantei com dificuldade, a tempo de me desviar de um golpe com o bastão que a ciclope desferiu. Uma adrenalina monstruosa tomou conta de mim, corri para trás dela e enfiei a faca fina em suas costas. Ela gritou e virou pó.
A mulher de cabelos incandescentes apareceu e veio pra cima de mim. Ela me deu uma rasteira enquanto eu tentava correr e eu caí. Ela pegou meu pé e começou a me arrastar, eu tentava chutá-la, mas não estava tendo sucesso.
Ela se abaixou, me segurou pelo pescoço e me ergueu:
— Você não vale o dinheiro — falou por entre os dentes e começou a apertar a mão em torno da minha garganta.
Eu tentei, de todas as formas, chutá-la ou atingi-la de alguma forma, mas não consegui. Então a garota loira saiu da casa queimada, pegou uma pedra e atirou, mas errou o alvo pessimamente. A coisa virou e a viu na porta. Ela me soltou e foi em direção à garota, que estava apavorada.
Recuperei o ar e fui correndo atrás dela. Pulei em suas costas antes de ela chegar à garotinha. A monstra se desequilibrou com o novo peso às suas costas:
— Corre! — gritei para a loira. — Tire todos daqui!
A menina correu para dentro novamente. Não consegui mais ver o que rolou com ela, pois a criatura se soltou e me jogou no chão. Eu me arrastei pra trás enquanto ela vinha em minha direção, tomada de ódio.
Me arrastei até bater em uma pedra. Ela me alcançou e colocou sua perna metálica sobre meu peito, arrancando-me um grito de dor:
— Te vejo no inferno — ela disse, pressionando o pé sobre mim.
A dor era muito forte, as demais costelas pareciam estar se esforçando ao máximo para não quebrar. Meu pulmão tentava, inutilmente, se encher de ar. A criatura estava se divertindo com a cena e aumentava a pressão aos poucos.
Tateei o chão em busca de algo que pudesse me ajudar a sair dali, mas a faca brilhava à luz da lua, caída longe do meu alcance. Agarrei então o outro pé da criatura e puxei, fazendo-a cair de costas sobre mim. Ela urrou. Eu rolei pro lado e sorvi uma grande quantidade de ar. Ela se atrapalhou para levantar, o que me deu tempo de recuperar um pouco de força.
Fui até a faca e a peguei. Mas quando me levantei, a criatura jogou algo pesado, que supus ser uma pedra, nas minhas costas, me fazendo cair outra vez. De canto de olho, vi as crianças correndo floresta adentro, senti um alívio por isso. Me levantei com dificuldade e a criatura já estava praticamente em cima de mim outra vez. Recuei dois passos e ela ria alto.
— Achou de verdade que ia me vencer? — debochou.
Ela agarrou meu pescoço outra vez e começou a me enforcar. A essa altura, eu já estava sem forças, tentei me soltar, mas não obtive sucesso. Minha visão começou a ficar turva. Então eu vi um garoto loiro correndo em nossa direção com algo que parecia uma espada em mãos. E tudo apagou.
As duas criaturas continuavam se batendo do lado de fora, mas uma das facas havia caído da mesa na confusão. Ninguém pareceu ver, mas eu vi. Ela caiu perto de uma garota loira de uns 13 anos, que estava à minha esquerda.
Aproveitei que as duas monstras estavam se engalfinhando lá fora e chamei a garota.
— Ei! — chamei e ela olhou pra mim assustada. — Fique em silêncio — sussurrei e apontei para a faca com a cabeça.
Ela sacou o que eu quis dizer e se arrastou para pegá-la. Com certa dificuldade, ela conseguiu pegar a lâmina. Ela entendeu o recado, mas assim que ela conseguiu pegar, a mulher de perna mecânica entrou novamente no recinto e percebeu que a garota havia saído do lugar.
— Aonde você pensa que vai? — falou com deboche. — Talvez eu deva deixar aquela ali — apontou para a ciclope — devorar você aqui mesmo.
A menina paralisou de medo, mas escondeu a faca nas mãos. A coisa aproximou-se e segurou o rosto dela com seus dedos compridos.
— Vou acabar com você aqui mesmo se assim eu desejar — ela disse e seus cabelos acenderam novamente.
— Que coisa feia, ameaçando uma criança — falei, tentando chamar a atenção da mulher. Ela soltou uma gargalhada alta e se virou para mim.
— Quem você acha que é para falar assim? — ela urrou e me deu um tapa no rosto. Suas garras me fizeram diversos cortes.
— Eu não acho que sou nada, mas pelo menos eu corto as minhas unhas — falei para distraí-la enquanto a garota cortava as amarras das mãos.
— Você quer bancar a espertinha pra cima de mim, filhote de deus? — ela falou, aproximando seu rosto do meu. Consegui sentir o calor dos seus cabelos contra minha pele. — Eu só não te mato aqui e agora porque você vai me valer muito dinheiro. — A essa altura, a garota já havia cortado as amarras de suas mãos. — Mas eu posso te fazer calar a boca… — ela disse e segurou meu rosto.
— Está com medo? — sibilei.
— Medo? De você? — ela disse e gargalhou alto novamente. — Você está nas minhas mãos, sua imunda! Todos vocês estão! — ela gritou, se levantando e abrindo os braços. — E nenhum de vocês sai daqui sem que eu queira — ela disse orgulhosa. — E você — ela apontou para mim — vai aprender a ficar calada. — E desferiu um chute bem dado na lateral do meu corpo.
Ela saiu triunfante com a vitória. Eu caí de lado, sem conseguir respirar e sentindo uma dor excruciante tomando conta de mim. Pontos de luz dançavam em minha visão, mas eu não podia parar ali, precisava me soltar e tirar todos dali.
— Você está bem? — a garota loira disse e eu assenti.
— Fique em silêncio — falei com dificuldade. — Solte os outros.
Ela assentiu, cortou minhas amarras das mãos e dos pés e saiu para libertar os outros. Me levantei com dificuldade e fui até a mesa. Observei o arsenal que estava ali e achei uma faca comprida de bronze que se destacava entre as outras prateadas. Teria que servir.
A ciclope estava sentada a cerca de um metro da porta e não viu a movimentação dentro do espaço. Pedi a todos que fizessem o máximo de silêncio possível e fui andando cautelosamente até a porta.
Infelizmente, uma das tábuas sob os meus pés estalou, a ciclope se virou e me viu ali de pé. Eu não estava no meu melhor estado com minha costela recém quebrada, então ela se virou rapidamente e me segurou pelo pescoço.
— Acha que vai fugir, é? — ela disse.
Eu desferi um chute em sua barriga, ela urrou e me jogou porta afora. Caí no chão com um baque, aquilo doeu bastante, mas eu tinha conseguido sair. Me levantei com dificuldade, a tempo de me desviar de um golpe com o bastão que a ciclope desferiu. Uma adrenalina monstruosa tomou conta de mim, corri para trás dela e enfiei a faca fina em suas costas. Ela gritou e virou pó.
A mulher de cabelos incandescentes apareceu e veio pra cima de mim. Ela me deu uma rasteira enquanto eu tentava correr e eu caí. Ela pegou meu pé e começou a me arrastar, eu tentava chutá-la, mas não estava tendo sucesso.
Ela se abaixou, me segurou pelo pescoço e me ergueu:
— Você não vale o dinheiro — falou por entre os dentes e começou a apertar a mão em torno da minha garganta.
Eu tentei, de todas as formas, chutá-la ou atingi-la de alguma forma, mas não consegui. Então a garota loira saiu da casa queimada, pegou uma pedra e atirou, mas errou o alvo pessimamente. A coisa virou e a viu na porta. Ela me soltou e foi em direção à garota, que estava apavorada.
Recuperei o ar e fui correndo atrás dela. Pulei em suas costas antes de ela chegar à garotinha. A monstra se desequilibrou com o novo peso às suas costas:
— Corre! — gritei para a loira. — Tire todos daqui!
A menina correu para dentro novamente. Não consegui mais ver o que rolou com ela, pois a criatura se soltou e me jogou no chão. Eu me arrastei pra trás enquanto ela vinha em minha direção, tomada de ódio.
Me arrastei até bater em uma pedra. Ela me alcançou e colocou sua perna metálica sobre meu peito, arrancando-me um grito de dor:
— Te vejo no inferno — ela disse, pressionando o pé sobre mim.
A dor era muito forte, as demais costelas pareciam estar se esforçando ao máximo para não quebrar. Meu pulmão tentava, inutilmente, se encher de ar. A criatura estava se divertindo com a cena e aumentava a pressão aos poucos.
Tateei o chão em busca de algo que pudesse me ajudar a sair dali, mas a faca brilhava à luz da lua, caída longe do meu alcance. Agarrei então o outro pé da criatura e puxei, fazendo-a cair de costas sobre mim. Ela urrou. Eu rolei pro lado e sorvi uma grande quantidade de ar. Ela se atrapalhou para levantar, o que me deu tempo de recuperar um pouco de força.
Fui até a faca e a peguei. Mas quando me levantei, a criatura jogou algo pesado, que supus ser uma pedra, nas minhas costas, me fazendo cair outra vez. De canto de olho, vi as crianças correndo floresta adentro, senti um alívio por isso. Me levantei com dificuldade e a criatura já estava praticamente em cima de mim outra vez. Recuei dois passos e ela ria alto.
— Achou de verdade que ia me vencer? — debochou.
Ela agarrou meu pescoço outra vez e começou a me enforcar. A essa altura, eu já estava sem forças, tentei me soltar, mas não obtive sucesso. Minha visão começou a ficar turva. Então eu vi um garoto loiro correndo em nossa direção com algo que parecia uma espada em mãos. E tudo apagou.
Capítulo 22
Acordei com os raios de sol batendo na cama. Meus olhos demoraram a focar no cenário. Quanto tempo fiquei apagada? Tentei me levantar, mas senti uma dor absurda no tórax, então lembrei das costelas quebradas. Minha cabeça doía bastante, assim como o resto do meu corpo.
Olhei ao redor e percebi que estava em algo que parecia ser um quarto de hospital. Parecia não, era. Tirei essa conclusão quando uma enfermeira entrou no quarto. A reconheci de quando havia ido para o hospital de Beacon Hills pela primeira vez.
— Que bom que acordou, — ela disse sorrindo e trocando o soro.
— Desculpe, moça, mas quem me trouxe aqui?
— Scott e o resto do pessoal — falou. — Eles estão lá fora. Quer que eu os chame? — Eu assenti e ela sorriu.
Depois de terminar de trocar os medicamentos, ela saiu do quarto. Pouco tempo depois, Scott entrou no recinto. Fiquei muito feliz em vê-lo. Muito mesmo.
— Que bom que está bem — ele disse, se aproximando da cama e pegando minha mão.
— Bem acabada, só se for — brinquei e ele riu.
— Fiquei muito preocupado com você — ele disse e baixou os olhos para nossas mãos.
— Obrigada por me salvar — respondi, apertando sua mão. — Não conseguiria sair dessa sem ajuda.
— Quando eu disse que sempre a protegeria, eu estava falando sério — ele disse, olhando nos meus olhos. — Apesar de ter falhado…
— Você não tinha como saber que aquela ciclope estava me vigiando — falei para confortá-lo. — Ninguém tinha. Não se culpe. — Sorri da melhor forma que pude.
— Isso vai deixar cicatrizes — ele disse, olhando para o lado do meu rosto que estava coberto com gazes.
— Não se preocupe com isso.
— Olha, realmente achei que fosse te perder quando te encontramos… — Ele baixou os olhos novamente. Um semblante triste tomou conta de seu rosto.
— Mas não perdeu. Eu ainda tô aqui — respondi e ele sorriu pra mim. — Sabe, nunca estive tão perto da morte quanto quando estava nas mãos daquela coisa. Eu posso ter alucinado, mas juro que vi um cara loiro antes de apagar.
— Não tá alucinando, não — Scott falou. — Ele foi quem matou aquilo lá.
— Quem é ele? E por que me ajudou?
— O nome dele é Jason Grace, ele disse que estava em uma missão aqui junto aos outros.
— Outros?
— É uma longa história… — Ele coçou a cabeça. — Eu acho que não vou saber te explicar porque nem eu mesmo entendi. — Eu ri.
— Tudo bem, depois a gente descobre — falei, apertando sua mão. — Onde estão Stiles e as meninas?
— Lá fora — disse, sinalizando com a cabeça para a porta. — Quer que eu os chame?
— Depois — falei. — Quero ficar só com você por enquanto.
***
Descobri que tinha ficado desacordada por 3 dias e fiquei mais uma semana internada. Scott passava lá todos os dias para me ver, o que era o ponto alto do meu dia. As meninas vinham me visitar sempre também, aproveitavam pra me contar as novidades da vida e pintar minhas unhas, já que eu não tinha como reclamar. Stiles aparecia também, sempre me fazendo rir de suas piadas sem pé nem cabeça.
No dia em que recebi alta, também recebi uma visita inusitada. Eram três caras que eu não conhecia. Um loiro, alto e forte; um moreno, baixo, com cabelos cacheados; e um alto, com cabelos cacheados castanho-avermelhados.
— Quem são vocês? — perguntei quando os vi entrando.
— Meu nome é Jason Grace — o loiro se apresentou —, esse é Leo Valdez — apontou pro garoto que parecia um elfo-latino — e esse é Grover Underwood. — Apontou para o outro.
— Cabot. — Me apresentei de volta, identificando o nome que Scott havia me dito. — Você que acabou com aquela coisa? — perguntei ao loiro.
— Sim, fui eu.
— Muito obrigada. Você salvou minha vida — agradeci.
— Não precisa agradecer. — Ele sorriu para mim. — Mas precisamos conversar. — Fechou o semblante.
— Sobre o quê? — perguntei.
— Sobre você — Grover disse, coçando a cabeça.
— Acho melhor se sentar, tem muita informação vindo aí — Leo falou e eu obedeci.
— Podem começar então.
— Você é filha de um deus — Jason disse direto e reto, mas eu caí na gargalhada.
— Por favor, não me façam rir. Minha costela não está curada ainda — eu disse, parando de rir e vendo que eles estavam sérios. Muito sérios. — Espera aí... O quê? Vocês só podem estar brincando.
— Antes fosse — Leo disse. — Acho que ser humano deve ser mais fácil.
— É, talvez — Grace disse. — Mas não somos.
— “Somos”? — perguntei.
— É. Eu sou filho de Zeus — ele respondeu.
— E eu do Grande Hefesto! — Leo disse, fazendo pose de herói.
Eu estava em choque, achei que fosse babar porque não conseguia fechar a boca. Esse negócio de filho de deus não estava fazendo sentido pra mim.
— Eu sou só um sátiro, mas tudo bem — Grover disse brincando.
— Mas vocês devem estar enganados, porque minha mãe não era uma deusa — falei balançando a cabeça. — Por mais que ela fosse... sei lá, ela, ela não era uma deusa.
— Sua mãe, não, mas seu pai, sim — Grover respondeu.
— Meu pai? — perguntei e eles assentiram. — Mas quem é ele então?
— Nós não sabemos ainda — Jason disse. — Só vamos saber quando ele te reclamar — explicou.
— Como assim? — perguntei sem entender absolutamente nada. — Vocês devem estar me confundindo com alguém, cara, isso aí não faz sentido nenhum.
— Olha. — Jason se sentou do meu lado, me fazendo olhar estranho pra ele. — Eu não sei nem como você está viva até hoje. Você tem 18 anos e seu cheiro de semideusa pode ser sentido pelos monstros lá da Grécia, se bobear — começou a explicar. — É exatamente porque seu pai é um deus que esses monstros querem acabar com a sua raça.
— E quanto mais tempo passa, mais fácil fica de eles te encontrarem — Grover completou.
— Então isso — apontei pros machucados no meu rosto — é por culpa do meu pai? — perguntei e eles assentiram. — Merda, meus avós tinham razão… — falei entre os dentes.
— Mas o negócio é o seguinte — Leo começou. — Nós vamos te levar pro acampamento e lá não tem monstros e essa baboseira toda.
— Acampamento? — perguntei.
— Sim! — Grover falou animado. — É um lugar onde os semideuses, como você, podem viver tranquilamente, sem medo de serem atacados por monstros enquanto comem um hambúrguer na esquina.
Então me lembrei do que o homem dos sonhos tinha dito sobre um lugar onde eu poderia ficar em paz e depois poderia ir visitar meus irmãos mais novos.
— Mas eu preciso me formar — falei séria.
— Se formar? Tá doida, mulher? — Leo disse incrédulo. — Estamos te dando a chance de não precisar mais pisar na escola e você quer se formar?
— Olha, cara, foi muito sufoco pra conseguir chegar até aqui. Eu quero o meu diploma!
— Não vai precisar de um diploma se estiver morta! — ele exclamou ainda não acreditando.
— Vai se ferrar, garoto! — falei e mostrei o dedo do meio. — É o seguinte — falei olhando para Jason —, eu me formo em dois meses, DOIS MESES ! Não podemos adiar essa ida aí não?
Ele olhou para Grover em dúvida. Os dois pareceram conversar por olhares enquanto Leo balançava a cabeça sem acreditar no que eu estava pedindo.
— A gente pode dar um jeito, sim — Grover disse e Leo rolou os olhos vigorosamente. Eu sorri.
Olhei ao redor e percebi que estava em algo que parecia ser um quarto de hospital. Parecia não, era. Tirei essa conclusão quando uma enfermeira entrou no quarto. A reconheci de quando havia ido para o hospital de Beacon Hills pela primeira vez.
— Que bom que acordou, — ela disse sorrindo e trocando o soro.
— Desculpe, moça, mas quem me trouxe aqui?
— Scott e o resto do pessoal — falou. — Eles estão lá fora. Quer que eu os chame? — Eu assenti e ela sorriu.
Depois de terminar de trocar os medicamentos, ela saiu do quarto. Pouco tempo depois, Scott entrou no recinto. Fiquei muito feliz em vê-lo. Muito mesmo.
— Que bom que está bem — ele disse, se aproximando da cama e pegando minha mão.
— Bem acabada, só se for — brinquei e ele riu.
— Fiquei muito preocupado com você — ele disse e baixou os olhos para nossas mãos.
— Obrigada por me salvar — respondi, apertando sua mão. — Não conseguiria sair dessa sem ajuda.
— Quando eu disse que sempre a protegeria, eu estava falando sério — ele disse, olhando nos meus olhos. — Apesar de ter falhado…
— Você não tinha como saber que aquela ciclope estava me vigiando — falei para confortá-lo. — Ninguém tinha. Não se culpe. — Sorri da melhor forma que pude.
— Isso vai deixar cicatrizes — ele disse, olhando para o lado do meu rosto que estava coberto com gazes.
— Não se preocupe com isso.
— Olha, realmente achei que fosse te perder quando te encontramos… — Ele baixou os olhos novamente. Um semblante triste tomou conta de seu rosto.
— Mas não perdeu. Eu ainda tô aqui — respondi e ele sorriu pra mim. — Sabe, nunca estive tão perto da morte quanto quando estava nas mãos daquela coisa. Eu posso ter alucinado, mas juro que vi um cara loiro antes de apagar.
— Não tá alucinando, não — Scott falou. — Ele foi quem matou aquilo lá.
— Quem é ele? E por que me ajudou?
— O nome dele é Jason Grace, ele disse que estava em uma missão aqui junto aos outros.
— Outros?
— É uma longa história… — Ele coçou a cabeça. — Eu acho que não vou saber te explicar porque nem eu mesmo entendi. — Eu ri.
— Tudo bem, depois a gente descobre — falei, apertando sua mão. — Onde estão Stiles e as meninas?
— Lá fora — disse, sinalizando com a cabeça para a porta. — Quer que eu os chame?
— Depois — falei. — Quero ficar só com você por enquanto.
Descobri que tinha ficado desacordada por 3 dias e fiquei mais uma semana internada. Scott passava lá todos os dias para me ver, o que era o ponto alto do meu dia. As meninas vinham me visitar sempre também, aproveitavam pra me contar as novidades da vida e pintar minhas unhas, já que eu não tinha como reclamar. Stiles aparecia também, sempre me fazendo rir de suas piadas sem pé nem cabeça.
No dia em que recebi alta, também recebi uma visita inusitada. Eram três caras que eu não conhecia. Um loiro, alto e forte; um moreno, baixo, com cabelos cacheados; e um alto, com cabelos cacheados castanho-avermelhados.
— Quem são vocês? — perguntei quando os vi entrando.
— Meu nome é Jason Grace — o loiro se apresentou —, esse é Leo Valdez — apontou pro garoto que parecia um elfo-latino — e esse é Grover Underwood. — Apontou para o outro.
— Cabot. — Me apresentei de volta, identificando o nome que Scott havia me dito. — Você que acabou com aquela coisa? — perguntei ao loiro.
— Sim, fui eu.
— Muito obrigada. Você salvou minha vida — agradeci.
— Não precisa agradecer. — Ele sorriu para mim. — Mas precisamos conversar. — Fechou o semblante.
— Sobre o quê? — perguntei.
— Sobre você — Grover disse, coçando a cabeça.
— Acho melhor se sentar, tem muita informação vindo aí — Leo falou e eu obedeci.
— Podem começar então.
— Você é filha de um deus — Jason disse direto e reto, mas eu caí na gargalhada.
— Por favor, não me façam rir. Minha costela não está curada ainda — eu disse, parando de rir e vendo que eles estavam sérios. Muito sérios. — Espera aí... O quê? Vocês só podem estar brincando.
— Antes fosse — Leo disse. — Acho que ser humano deve ser mais fácil.
— É, talvez — Grace disse. — Mas não somos.
— “Somos”? — perguntei.
— É. Eu sou filho de Zeus — ele respondeu.
— E eu do Grande Hefesto! — Leo disse, fazendo pose de herói.
Eu estava em choque, achei que fosse babar porque não conseguia fechar a boca. Esse negócio de filho de deus não estava fazendo sentido pra mim.
— Eu sou só um sátiro, mas tudo bem — Grover disse brincando.
— Mas vocês devem estar enganados, porque minha mãe não era uma deusa — falei balançando a cabeça. — Por mais que ela fosse... sei lá, ela, ela não era uma deusa.
— Sua mãe, não, mas seu pai, sim — Grover respondeu.
— Meu pai? — perguntei e eles assentiram. — Mas quem é ele então?
— Nós não sabemos ainda — Jason disse. — Só vamos saber quando ele te reclamar — explicou.
— Como assim? — perguntei sem entender absolutamente nada. — Vocês devem estar me confundindo com alguém, cara, isso aí não faz sentido nenhum.
— Olha. — Jason se sentou do meu lado, me fazendo olhar estranho pra ele. — Eu não sei nem como você está viva até hoje. Você tem 18 anos e seu cheiro de semideusa pode ser sentido pelos monstros lá da Grécia, se bobear — começou a explicar. — É exatamente porque seu pai é um deus que esses monstros querem acabar com a sua raça.
— E quanto mais tempo passa, mais fácil fica de eles te encontrarem — Grover completou.
— Então isso — apontei pros machucados no meu rosto — é por culpa do meu pai? — perguntei e eles assentiram. — Merda, meus avós tinham razão… — falei entre os dentes.
— Mas o negócio é o seguinte — Leo começou. — Nós vamos te levar pro acampamento e lá não tem monstros e essa baboseira toda.
— Acampamento? — perguntei.
— Sim! — Grover falou animado. — É um lugar onde os semideuses, como você, podem viver tranquilamente, sem medo de serem atacados por monstros enquanto comem um hambúrguer na esquina.
Então me lembrei do que o homem dos sonhos tinha dito sobre um lugar onde eu poderia ficar em paz e depois poderia ir visitar meus irmãos mais novos.
— Mas eu preciso me formar — falei séria.
— Se formar? Tá doida, mulher? — Leo disse incrédulo. — Estamos te dando a chance de não precisar mais pisar na escola e você quer se formar?
— Olha, cara, foi muito sufoco pra conseguir chegar até aqui. Eu quero o meu diploma!
— Não vai precisar de um diploma se estiver morta! — ele exclamou ainda não acreditando.
— Vai se ferrar, garoto! — falei e mostrei o dedo do meio. — É o seguinte — falei olhando para Jason —, eu me formo em dois meses, DOIS MESES ! Não podemos adiar essa ida aí não?
Ele olhou para Grover em dúvida. Os dois pareceram conversar por olhares enquanto Leo balançava a cabeça sem acreditar no que eu estava pedindo.
— A gente pode dar um jeito, sim — Grover disse e Leo rolou os olhos vigorosamente. Eu sorri.
Capítulo 23
Depois que saí do hospital, Jason e Leo vieram morar comigo, eram quase que meus guarda-costas. Alugamos um apartamento no centro da cidade para que não precisássemos nos preocupar com porteiros ciclopes. Grover foi embora logo que nos mudamos.
A cada semana que passava, eu e Scott íamos ficando cada vez mais próximos. Brigávamos às vezes, mas nada sério. Leo dizia que eu estava gostando dele, algo que eu negava com todas as minhas forças, mas no fundo eu sabia que era verdade.
Malia, Lydia e eu estávamos mais grudadas que nunca. Sempre saíamos juntas para ir ao shopping comer algo, assistir Lydia comprar roupas e maquiagem, ir ao cinema... TUDO. Podia dizer tranquilamente que elas eram minhas melhores amigas.
Quanto ao Stiles, também ficamos muito mais amigos. Nós tentávamos estudar juntos, mas o déficit de atenção de ambos não fazia render e acabávamos sempre falando de coisas sem sentido. Sempre estávamos juntos na detenção também.
Não fiquei muito próxima de Liam, mas ele fez o favor de acabar com aquela história de aposta. Fiquei sabendo que ele deu uma surra em algumas pessoas por aí por terem começado com essa baboseira, então logo depois as coisas voltaram “ao normal”.
***
Faltava exatamente uma semana para a nossa formatura. Não tinha como estarmos mais felizes.
— Não estou acreditando que finalmente está acabando — Lydia dizia enquanto caminhávamos até o estacionamento do colégio.
— Pois é! Estou muito ansiosa! — falei em resposta. Vi Leo e Jason me esperando e acenei pra eles.
— Mas isso significa que você vai embora… — Malia disse, olhando para eles. — Isso é um saco.
— Verdade, mas eu realmente preciso de uma noite de sono sem medo de morrer depois de todos esses anos — falei. — Mas vocês não vão se livrar de mim! — Abracei as duas. — Eu acho vocês em qualquer lugar desse mundão de meu Deus. — Nós rimos.
— E aí, formandas? — Stiles disse, chegando acompanhado de Scott. — Prontas pra festa de hoje?
— Que festa? — Malia perguntou.
— Vai ter uma festa na casa da Anna Malik, em comemoração à formatura — Scott explicou.
— A gente vai! — Lydia disse animada.
— A gente vai? — perguntei.
— Ah vamos sim! — ela respondeu animada. — Vocês duas na minha casa às 16h! — Ordenou, Malia e eu batemos continência e todos riram. — Podem parar! Eu preciso ir comprar umas coisinhas no shopping, vocês vêm comigo?
— Não posso, papai e mamãe estão me esperando — falei, apontando para Leo e Jason, que já estavam impacientes.
— Que saco! Então, tchau. — Ela me deu um beijo na bochecha. — E não se atrase hoje! — gritou enquanto saía com Malia e Stiles no seu encalço.
— Te vejo hoje mais tarde então? — Scott perguntou sorrindo.
— Pode acreditar, McCall! — Dei um beijo na bochecha dele. — Agora eu preciso ir. Até mais! — Me despedi e fui correndo encontrar os garotos.
Encontrei com eles e os abracei. Eles vinham todos os dias me encontrar na saída para ter certeza de que nada de mal fosse me acontecer e eu era extremamente grata por isso. Leo estava ao telefone, que, segundo ele, ele havia adaptado para não ser um chamariz de monstros.
— Com quem tava falando, safadinho? — perguntei logo que ele desligou.
— Calypso — respondeu.
— Quê? — perguntei segurando o riso.
— Minha namorada — respondeu.
— Na minha terra, Calypso é outra coisa — debochei de leve.
Entramos no carro e fomos pra casa.
***
Eram 16h em ponto e eu estava na porta de Lydia, com Malia ao meu lado.
— Você sabe que ela não vai deixar você ir vestida assim — Malia disse rindo.
— Fazer o quê? É o que eu tenho! — falei, mostrando as roupas que compramos meses atrás.
Lydia abriu a porta sorrindo, não nos deu nem tempo de dizer ‘oi’ e já nos arrastou pra dentro.
Fomos para o quarto dela e lá ela fez sua mágica com a maquiagem. Malia estava correta, Lydia deu um chilique quando viu que eu iria com aquelas roupas para a festa de Anna Malik. Ela então pegou um par de roupas suas e um sapato de salto alto para que eu pudesse usar na festa.
— Qual é, Lydia! Você sabe que eu não vou conseguir andar nisso! — protestei quando vi os sapatos.
Ela então os jogou de lado e chafurdou o guarda-roupas até tirar de lá uma sapatilha preta com detalhes em dourado. Me estendeu os sapatos, uma saia preta justa e um cropped de veludo vermelho. Tentei protestar, mas ela me calou só com um olhar. Depois de nos arrumarmos, comemos e rimos um pouco. Às 18:30h, entramos no carro e fomos para a casa da Anna.
Casa é um termo muito simplista para descrever aquela... Mansão. Mansão é o termo correto. A casa era enorme! Nós entramos e Anna veio nos recepcionar. Ela já estava ligeiramente alterada pelo álcool, mas nada demais. Ela nos levou até o jardim, onde estava acontecendo toda a bagunça.
Vimos Scott e Stiles de longe e fomos encontrá-los. Malia nos largou no meio do caminho, quando viu Jacob Abbott — o contatinho dela.
— Uau, vocês estão lindas! — Stiles elogiou quando chegamos e deu um selinho em Lydia.
— Estão mesmo — Scott concordou, sorrindo para mim.
— A obra. — Apontei para mim. — E a artista. — Apontei para Lydia.
— Eu arrasei mesmo, pode falar! — ela falou brincando.
— Arrasou! Mesmo me colocando nisso aqui. — Apontei para a saia preta que batia na metade das minhas coxas. Ela riu.
— Você não tem escolha! — disse rindo. — Quero beber algo, onde tem? — perguntou para Stiles.
— Ali perto da piscina. — Ele apontou.
— Vem comigo pegar? — ela pediu a ele, que assentiu. — Você quer, amiga?
— Quero sim. Obrigada — respondi e o casal saiu de mãos dadas em direção às bebidas.
— Você está muito bonita — Scott disse quando eles se afastaram.
— Você também não está de jogar fora — brinquei e ele riu. — Brincadeira. Mas muito obrigada pelo elogio. Nunca usei nada assim na vida, me sinto estranha — confessei.
— Mas está perfeito em você! — ele exclamou sorrindo e eu ri em resposta.
— Pode me bajular que eu gosto! — brinquei e ele riu. — Nossa, Scott, como esses últimos meses foram malucos! — falei.
— Verdade. Cheios de altos e baixos.
— Oh e bota cheios nisso! — falei. — Nem consigo acreditar que a essas horas, na semana que vem, nós estaremos formados — comentei enquanto andávamos até uma mureta ali perto.
— É bem maluco pensar isso — ele disse, se encostando ao meu lado. — Mais maluco ainda é pensar que você vai embora.
— É. Estou feliz de finalmente poder estar em segurança, mas ao mesmo tempo estou triste de ter que deixar vocês — respondi olhando pra ele.
— Vai ser muito estranho não ter você aqui, mas eu fico feliz de saber que você vai estar em segurança — ele falou. — Mesmo que longe.
— Muito longe… — falei meio que pra mim mesma. — Eu gosto daqui, sabe? Gosto mesmo, mesmo depois de quase morrer — brinquei. — Vou sentir saudades.
— Você vai ficar lá pra sempre? Sem poder sair?
— Não, Scott. Já te expliquei isso.
— Eu só queria ter certeza.
— Por quê? — perguntei, olhando pra ele.
— Porque eu queria fazer uma coisa, mas não queria que fosse a primeira e última vez.
— Fazer o quê?
Então ele quebrou a distância que tinha entre nós e me beijou. Eu me assustei de início, não estava esperando aquilo, mas logo que meu cérebro juntou as peças eu me entreguei. Ele colocou as mãos na minha cintura e eu enlacei seu pescoço com os braços. O beijo foi, ao mesmo tempo, calmo e cheio de paixão, como se estivéssemos esperando por aquilo há muito tempo, o que era verdade. Ficamos ali, deixando nossas bocas brincarem juntas por um tempo até precisarmos parar para respirar.
— Uau. — Foi a única coisa que eu consegui dizer. Ele sorriu.
— Eu precisava fazer isso.
— E que bom que fez — eu disse sorrindo.
— ISSO! — Stiles gritou empolgado, quase me fazendo cair mureta abaixo. — Finalmente! Já tava ficando insustentável a situação — comentou e nós rimos.
— Toma, amiga — Lydia disse, me entregando uma long neck. — Vocês demoraram muito pra ficarem, hein? — falou e eu senti meu rosto esquentar. Scott coçou a cabeça, sem jeito. — O importante é que agora podemos sair todos juntos num encontro duplo!
— Que coisa brega, Lydia! — falei brincando.
— Eu não me oponho — Scott disse sorrindo maroto para mim.
— Não comecem com a melação, hein? — Stiles disse. — Brincadeira, podem se beijar aí, nós vamos para outro canto — completou e saiu com Lydia.
— Já que podemos... — Scott disse.
Então nos beijamos novamente.
— Vou sentir sua falta — Scott disse enquanto me abraçava.
— Eu também! Prometo que te ligo sempre que puder — respondi. — Obrigada por viajar comigo até aqui — falei, me separando dele.
— Precisava aproveitar esses últimos momentos — ele disse e sorriu. — Te amo, tá bem? — ele disse e eu sorri. Ainda me derretia toda quando ele falava isso.
— Também te amo! — falei e o beijei.
— Tá bom, galera. Chega dessa melação aí! — Leo disse em protesto. — A gente tem que ir, ! — exclamou e eu rolei os olhos.
Me despedi de Scott e subi a colina com Jason e Leo ao meu lado. Meu coração batia tão forte que estava quase saindo do meu peito. Por mais que fosse ruim me despedir dos meus amigos e do meu, agora, namorado, aquele lugar era tudo que eu sempre sonhei.
Os meninos me guiaram pelo acampamento, que era simplesmente deslumbrante! Cada folha, cada pedrinha, cada coisinha parecia ter uma aura magnífica! Várias pessoas com camisas laranjas corriam pra lá e pra cá com espadas nas mãos.
Chegamos até o que me disseram ser a casa grande e lá um centauro nos aguardava, acompanhado de um cara com camisa de tigre e um garoto alto, de olhos claros e cabelos escuros.
— Você deve ser a — ele disse sorrindo. — Eu sou Quíron. Muito prazer. — Estendeu a mão para mim e eu a apertei.
Assim que eu fiz isso, todos me olharam boquiabertos. Fiquei com medo de ter feito algo muito errado e desrespeitoso. Olhei para Leo assustada e ele apenas apontou para algo acima da minha cabeça. Quando olhei para cima vi um tridente brilhando ali.
— Você foi reclamada! — Leo disse entusiasmado.
O garoto que estava acompanhando Quíron sorria de orelha a orelha.
— Eu sou Percy Jackson — se apresentou.
— Muito prazer — respondi, ainda sem entender o que estava acontecendo. — O que isso significa?
— Significa que você é minha irmã — ele disse e eu o olhei confusa. — Você é filha de Poseidon.
A cada semana que passava, eu e Scott íamos ficando cada vez mais próximos. Brigávamos às vezes, mas nada sério. Leo dizia que eu estava gostando dele, algo que eu negava com todas as minhas forças, mas no fundo eu sabia que era verdade.
Malia, Lydia e eu estávamos mais grudadas que nunca. Sempre saíamos juntas para ir ao shopping comer algo, assistir Lydia comprar roupas e maquiagem, ir ao cinema... TUDO. Podia dizer tranquilamente que elas eram minhas melhores amigas.
Quanto ao Stiles, também ficamos muito mais amigos. Nós tentávamos estudar juntos, mas o déficit de atenção de ambos não fazia render e acabávamos sempre falando de coisas sem sentido. Sempre estávamos juntos na detenção também.
Não fiquei muito próxima de Liam, mas ele fez o favor de acabar com aquela história de aposta. Fiquei sabendo que ele deu uma surra em algumas pessoas por aí por terem começado com essa baboseira, então logo depois as coisas voltaram “ao normal”.
Faltava exatamente uma semana para a nossa formatura. Não tinha como estarmos mais felizes.
— Não estou acreditando que finalmente está acabando — Lydia dizia enquanto caminhávamos até o estacionamento do colégio.
— Pois é! Estou muito ansiosa! — falei em resposta. Vi Leo e Jason me esperando e acenei pra eles.
— Mas isso significa que você vai embora… — Malia disse, olhando para eles. — Isso é um saco.
— Verdade, mas eu realmente preciso de uma noite de sono sem medo de morrer depois de todos esses anos — falei. — Mas vocês não vão se livrar de mim! — Abracei as duas. — Eu acho vocês em qualquer lugar desse mundão de meu Deus. — Nós rimos.
— E aí, formandas? — Stiles disse, chegando acompanhado de Scott. — Prontas pra festa de hoje?
— Que festa? — Malia perguntou.
— Vai ter uma festa na casa da Anna Malik, em comemoração à formatura — Scott explicou.
— A gente vai! — Lydia disse animada.
— A gente vai? — perguntei.
— Ah vamos sim! — ela respondeu animada. — Vocês duas na minha casa às 16h! — Ordenou, Malia e eu batemos continência e todos riram. — Podem parar! Eu preciso ir comprar umas coisinhas no shopping, vocês vêm comigo?
— Não posso, papai e mamãe estão me esperando — falei, apontando para Leo e Jason, que já estavam impacientes.
— Que saco! Então, tchau. — Ela me deu um beijo na bochecha. — E não se atrase hoje! — gritou enquanto saía com Malia e Stiles no seu encalço.
— Te vejo hoje mais tarde então? — Scott perguntou sorrindo.
— Pode acreditar, McCall! — Dei um beijo na bochecha dele. — Agora eu preciso ir. Até mais! — Me despedi e fui correndo encontrar os garotos.
Encontrei com eles e os abracei. Eles vinham todos os dias me encontrar na saída para ter certeza de que nada de mal fosse me acontecer e eu era extremamente grata por isso. Leo estava ao telefone, que, segundo ele, ele havia adaptado para não ser um chamariz de monstros.
— Com quem tava falando, safadinho? — perguntei logo que ele desligou.
— Calypso — respondeu.
— Quê? — perguntei segurando o riso.
— Minha namorada — respondeu.
— Na minha terra, Calypso é outra coisa — debochei de leve.
Entramos no carro e fomos pra casa.
Eram 16h em ponto e eu estava na porta de Lydia, com Malia ao meu lado.
— Você sabe que ela não vai deixar você ir vestida assim — Malia disse rindo.
— Fazer o quê? É o que eu tenho! — falei, mostrando as roupas que compramos meses atrás.
Lydia abriu a porta sorrindo, não nos deu nem tempo de dizer ‘oi’ e já nos arrastou pra dentro.
Fomos para o quarto dela e lá ela fez sua mágica com a maquiagem. Malia estava correta, Lydia deu um chilique quando viu que eu iria com aquelas roupas para a festa de Anna Malik. Ela então pegou um par de roupas suas e um sapato de salto alto para que eu pudesse usar na festa.
— Qual é, Lydia! Você sabe que eu não vou conseguir andar nisso! — protestei quando vi os sapatos.
Ela então os jogou de lado e chafurdou o guarda-roupas até tirar de lá uma sapatilha preta com detalhes em dourado. Me estendeu os sapatos, uma saia preta justa e um cropped de veludo vermelho. Tentei protestar, mas ela me calou só com um olhar. Depois de nos arrumarmos, comemos e rimos um pouco. Às 18:30h, entramos no carro e fomos para a casa da Anna.
Casa é um termo muito simplista para descrever aquela... Mansão. Mansão é o termo correto. A casa era enorme! Nós entramos e Anna veio nos recepcionar. Ela já estava ligeiramente alterada pelo álcool, mas nada demais. Ela nos levou até o jardim, onde estava acontecendo toda a bagunça.
Vimos Scott e Stiles de longe e fomos encontrá-los. Malia nos largou no meio do caminho, quando viu Jacob Abbott — o contatinho dela.
— Uau, vocês estão lindas! — Stiles elogiou quando chegamos e deu um selinho em Lydia.
— Estão mesmo — Scott concordou, sorrindo para mim.
— A obra. — Apontei para mim. — E a artista. — Apontei para Lydia.
— Eu arrasei mesmo, pode falar! — ela falou brincando.
— Arrasou! Mesmo me colocando nisso aqui. — Apontei para a saia preta que batia na metade das minhas coxas. Ela riu.
— Você não tem escolha! — disse rindo. — Quero beber algo, onde tem? — perguntou para Stiles.
— Ali perto da piscina. — Ele apontou.
— Vem comigo pegar? — ela pediu a ele, que assentiu. — Você quer, amiga?
— Quero sim. Obrigada — respondi e o casal saiu de mãos dadas em direção às bebidas.
— Você está muito bonita — Scott disse quando eles se afastaram.
— Você também não está de jogar fora — brinquei e ele riu. — Brincadeira. Mas muito obrigada pelo elogio. Nunca usei nada assim na vida, me sinto estranha — confessei.
— Mas está perfeito em você! — ele exclamou sorrindo e eu ri em resposta.
— Pode me bajular que eu gosto! — brinquei e ele riu. — Nossa, Scott, como esses últimos meses foram malucos! — falei.
— Verdade. Cheios de altos e baixos.
— Oh e bota cheios nisso! — falei. — Nem consigo acreditar que a essas horas, na semana que vem, nós estaremos formados — comentei enquanto andávamos até uma mureta ali perto.
— É bem maluco pensar isso — ele disse, se encostando ao meu lado. — Mais maluco ainda é pensar que você vai embora.
— É. Estou feliz de finalmente poder estar em segurança, mas ao mesmo tempo estou triste de ter que deixar vocês — respondi olhando pra ele.
— Vai ser muito estranho não ter você aqui, mas eu fico feliz de saber que você vai estar em segurança — ele falou. — Mesmo que longe.
— Muito longe… — falei meio que pra mim mesma. — Eu gosto daqui, sabe? Gosto mesmo, mesmo depois de quase morrer — brinquei. — Vou sentir saudades.
— Você vai ficar lá pra sempre? Sem poder sair?
— Não, Scott. Já te expliquei isso.
— Eu só queria ter certeza.
— Por quê? — perguntei, olhando pra ele.
— Porque eu queria fazer uma coisa, mas não queria que fosse a primeira e última vez.
— Fazer o quê?
Então ele quebrou a distância que tinha entre nós e me beijou. Eu me assustei de início, não estava esperando aquilo, mas logo que meu cérebro juntou as peças eu me entreguei. Ele colocou as mãos na minha cintura e eu enlacei seu pescoço com os braços. O beijo foi, ao mesmo tempo, calmo e cheio de paixão, como se estivéssemos esperando por aquilo há muito tempo, o que era verdade. Ficamos ali, deixando nossas bocas brincarem juntas por um tempo até precisarmos parar para respirar.
— Uau. — Foi a única coisa que eu consegui dizer. Ele sorriu.
— Eu precisava fazer isso.
— E que bom que fez — eu disse sorrindo.
— ISSO! — Stiles gritou empolgado, quase me fazendo cair mureta abaixo. — Finalmente! Já tava ficando insustentável a situação — comentou e nós rimos.
— Toma, amiga — Lydia disse, me entregando uma long neck. — Vocês demoraram muito pra ficarem, hein? — falou e eu senti meu rosto esquentar. Scott coçou a cabeça, sem jeito. — O importante é que agora podemos sair todos juntos num encontro duplo!
— Que coisa brega, Lydia! — falei brincando.
— Eu não me oponho — Scott disse sorrindo maroto para mim.
— Não comecem com a melação, hein? — Stiles disse. — Brincadeira, podem se beijar aí, nós vamos para outro canto — completou e saiu com Lydia.
— Já que podemos... — Scott disse.
Então nos beijamos novamente.
FIM
Depois do fim
O céu estava limpo e o sol batia quente no meu rosto. Estávamos ao pé de uma colina, com um grande pinheiro ao topo.— Vou sentir sua falta — Scott disse enquanto me abraçava.
— Eu também! Prometo que te ligo sempre que puder — respondi. — Obrigada por viajar comigo até aqui — falei, me separando dele.
— Precisava aproveitar esses últimos momentos — ele disse e sorriu. — Te amo, tá bem? — ele disse e eu sorri. Ainda me derretia toda quando ele falava isso.
— Também te amo! — falei e o beijei.
— Tá bom, galera. Chega dessa melação aí! — Leo disse em protesto. — A gente tem que ir, ! — exclamou e eu rolei os olhos.
Me despedi de Scott e subi a colina com Jason e Leo ao meu lado. Meu coração batia tão forte que estava quase saindo do meu peito. Por mais que fosse ruim me despedir dos meus amigos e do meu, agora, namorado, aquele lugar era tudo que eu sempre sonhei.
Os meninos me guiaram pelo acampamento, que era simplesmente deslumbrante! Cada folha, cada pedrinha, cada coisinha parecia ter uma aura magnífica! Várias pessoas com camisas laranjas corriam pra lá e pra cá com espadas nas mãos.
Chegamos até o que me disseram ser a casa grande e lá um centauro nos aguardava, acompanhado de um cara com camisa de tigre e um garoto alto, de olhos claros e cabelos escuros.
— Você deve ser a — ele disse sorrindo. — Eu sou Quíron. Muito prazer. — Estendeu a mão para mim e eu a apertei.
Assim que eu fiz isso, todos me olharam boquiabertos. Fiquei com medo de ter feito algo muito errado e desrespeitoso. Olhei para Leo assustada e ele apenas apontou para algo acima da minha cabeça. Quando olhei para cima vi um tridente brilhando ali.
— Você foi reclamada! — Leo disse entusiasmado.
O garoto que estava acompanhando Quíron sorria de orelha a orelha.
— Eu sou Percy Jackson — se apresentou.
— Muito prazer — respondi, ainda sem entender o que estava acontecendo. — O que isso significa?
— Significa que você é minha irmã — ele disse e eu o olhei confusa. — Você é filha de Poseidon.
FIM
Nota da autora: Bom, galera, finalmente finalizamos essa maravilha! Foi muito gostoso de escrever essa história e me dá um apertinho no coração de terminar ela hahaha. Mas tudo tem que ter um fim, não é? Caso queiram ler minha outra fic, o link está logo abaixo.
Segue também o link do meu controle de fics, pra vocês ficarem sabendo de como está o andamento de cada uma delas.
Por fim, se quiserem me achar nas redes sociais é só chamar!
É isto galerinha! Vocês são 10!
Outras Fanfics:
→ A History in the Maze
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.
Segue também o link do meu controle de fics, pra vocês ficarem sabendo de como está o andamento de cada uma delas.
Por fim, se quiserem me achar nas redes sociais é só chamar!
É isto galerinha! Vocês são 10!
Outras Fanfics:
→ A History in the Maze
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.
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