Última atualização: 22/08/2020

Capítulo 1

Meus olhos observavam a luz do luar na parede, as sombras dançantes dos galhos deixavam o ambiente ainda mais solitário. O quarto que um dia fora, um lugar confortável, naquele instante parecia frio e melancólico.
Mais uma vez e eu brigamos por nada, discussões vazias, sem sentido que nos levara a separação. O travesseiro que ele usava havia perdido o seu perfume, tudo o que me lembrava à havia sido destruído ou descartado.

“Não conseguia compreender o porquê brigávamos por nada!”


Ele não havia me procurado, eu não me desculpei. Sem razão, brigados outra vez, no entanto num momento de descontrole havia dito a que se ele não conseguia lidar com meu humor então era melhor seguirmos cada um o seu próprio caminho. O olhar dele havia me ferido mais que suas palavras, eu estava errada dessa vez, porém meu orgulho era maior. Não conseguia admitir o meu erro e justificava minha atitude mediante aos erros que havia cometido também. Nessa batalha de orgulhos quem saia ferido era o nosso amor.
Abracei o travesseiro de modo protetivo, sentia a falta dele, do sorriso fácil. tinha o hábito de acordar cedo e se exercitar enquanto eu só levantava próximo das onze da manhã, no entanto não havia uma manhã que ele não preparasse o café sabendo como era uma versão intragável antes da minha primeira refeição do dia. Seu cuidado em sempre me acordar com gentileza, sua atenção a qualquer mudança em mim. Não havia nada que eu pudesse esconder dele, porém entre todas as qualidades havia os nossos egos, ninguém dava o braço à torcer. Em mais de uma vez havíamos saído de nossa casa; ficávamos dias sem telefonar, porém aquele mês havia sido o período mais longo longe um do outro.
Não queria perdê-lo! Eu ainda o queria em minha vida! Queria rir das tentativas fracassadas dele cozinhando. era uma negação na cozinha, salvo apenas o seu café. De resto o mantinha bem longe da bomba nuclear que se tornava o local após as tentativas fracassadas dele.
Enquanto me afundava em lembranças limpei as lágrimas revoltada. Não aguentava mais o silêncio, não suportava a falta do calor do abraço dele, odiava a distância. Ambos já havíamos ido atrás um do outro porém ali estávamos:

1 mês, 720 horas, milhares de segundos e centésimos de segundos infinitos...


Aquele silêncio estava matando. O orgulho não valia a falta que sentia dele, a risada dele era o meu som favorito. A forma como seus olhos fechavam-se quando ria, os lábios abriam e exalavam o som mais engraçado e fofo de se ouvir, as ruguinhas que apareciam no canto de seus olhos era minha parte favorita de sua face depois de seu sorriso. havia me conquistado pelo cansaço; em uma falha tentativa de me exercitar, acabei esbarrando com ele. estava correndo no parque enquanto seguia com Rufino, meu falecido cachorro, em uma corrida leve. Como um bom cachorro, Rufino escapou do meu controle e quis correr a todo vapor, algo que eu claramente não conseguia. Fora aquele corredor galanteador que o trouxe para mim, dia após dia ele insistia para sairmos para tomar um café (ele não sabia preparar nada além de café), de tanto insistir aceitei pensando que me levaria em uma cafeteria, porém ao chegar em seu apartamento descobri que havia montado uma mesa repleta de bobagens para comermos após nos exercitar, ele admitiu de início que havia pedido para entregarem todas as comidas com exceção ao café. Porque o café ele sabia fazer e não havia nenhum outro melhor que o dele. Claramente a opinião dele.
Me levantei repreendendo as mágoas não eram nada comparada ao que sentia por ele. Toda briga perdoada era como uma rosa em um jardim, porém as mágoas causavam o apodrecimento do jardim. O amor era o que fazia com que ele fosse florido, porém o envenenamento causado pelas mágoas e orgulho causara no fim de nossa relação.
Qual o sentido de ficar sofrendo se poderia ir até a casa de Sebastian e falar que o amava e que minha vida era infeliz sem ele?! Tirei a camiseta que usava como pijama, e vesti o primeiro jeans e um suéter que vi pela frente colocando as botas em seguida. Fiz um coque e peguei as chaves de meu carro. Tranquei o apartamento e desci correndo as escadas impaciente, o elevador estava demorando demais para abrir em meu andar.
Dirigi apressada pelas ruas cortando sinais, fazendo ultrapassagens no mínimo suicidas, queria vê-lo e o quanto antes! Estava mais que na hora de acabar com o nosso orgulho idiota! Ao avistar o prédio de Sebastian, estacionei o carro um quarteirão antes dando tempo para pensar nas palavras que diria a .

— Senhorita — Otávio, o porteiro, me cumprimentou surpreso.
— Saberia me dizer se está ? — o questionei ansiosa.
— Não faz muito tempo que o senhor Sebastian voltou de uma festa com umas garotas, e Sebastian saíram juntos porém só... — o interrompi sentindo como houvesse tomado um banho de água fria.
— Obrigado Otávio, se puder, não diga que estive aqui — comentei com um tom de voz simpático escondendo o que estava sentindo.
— Por nada. Boa noite senhorita — Otávio se despediu.

O trajeto até o carro parecia ser o dobro, as lágrimas pinicavam meus olhos porém me recusava a derramar uma lágrima até que estivesse em meu apartamento. O trânsito parecia estar calmo e a excitação em encontrar havia se esvaído sobrando apenas o amargor da decepção.

“ Claro que ele havia seguido em frente! Tinha um mês que havíamos terminado. ”


Entrei em casa chutando as botas para fora dos meus pés, fui tirando as roupas durante o trajeto da sala ao quarto. Vesti uma blusa de moletom e me enrolei nos cobertores deixando as lágrimas fluírem enquanto o travesseiro de estava no chão. Os soluços saíam alto demais, a dor que irradiava de meu peito me fazia respirar com dificuldade.
Havia o perdido, ele havia seguido em frente. Desistir parecia uma possibilidade distante, porém era uma alternativa racional naquele instante. Não era justo atrapalhá-lo. Estava tão envolvida em minha bolha de auto piedade que não ouvi o som do meu celular tocar de forma incessante. Estiquei meu braço até o criado mudo e então atendi sem ao menos olhar o identificador de chamadas.

— Alô?
abre a porta — o timbre suave porém grave de me fez quase pular de surpresa.
? — questionei ainda confusa e custando a acreditar que era ele quem estava me ligando.
— Abre a porta, — ele pediu quase numa súplica.

Sem desligar a ligação, abri a porta me deparando com muito bem vestido, seus trajes formais davam um ar sexy e sério a ele, meus olhos varriam sua figura em uma análise detalhada. Havia sentido falta apenas em ver sua figura. Seus olhos fizeram a mesma coisa comigo se demorando em meu olhar. Ele desligou a ligação e pareceu que queria me abraçar, porém se controlou após constatar que não estava bem.

— A festa foi boa? — quebrei o silêncio sem deixá-lo entrar.
— Sem você nada é bom, — ele comentou de modo a expressar em uma frase que ele se encontrava no mesmo estado que eu, a diferença era que ele sabia disfarçar.
— O que está fazendo aqui ? — continuei a questioná-lo.
— Você não me procurou e eu não me desculpei, sem razão meu amor brigados outra vez — ele falou suavemente entrando no apartamento, recuei alguns passos disfarçando o quanto queria abraçá-lo. — Tive que destruir meu celular para não te telefonar.
— Se você o fez por que me ligou? — questionei cruzando meus braços.
— Não consigo esquecê-la. Seu número fora gravado em brasas em minha mente, nem se eu quisesse conseguiria esquecer qualquer detalhe sobre você — ergueu as mangas de sua camisa após jogar o paletó sobre o sofá.
— Não me parecia isso quando saiu com Sebastian — o acusei sem pensar exatamente no que dizia.
— Hoje era o evento de minha mãe! — falou de forma irritada enquanto passava as mãos em seu cabelo frustrado. — Me ouça por um minuto! Apenas dessa vez .
— Você tem sessenta minutos e mais nada — rebati deixando meu orgulho assumir.
— Somos dois orgulhosos, não damos o braço a torcer. Porém o orgulho amargou as nossas vidas; brigamos por nada, ofendemo-nos de forma gratuita. — ele se apoiou na traseira do sofá me olhando com intensidade. — Cada dia sem ouvir sua voz foi solitário, não sou feliz sem você .
— Nosso orgulho provoca essas brigas idiotas — abaixei meu olhar enquanto tentava segurar a nova onda de lágrimas.
— Eu sei meu amor, vamos ter de superar isso juntos. É tanta dor por motivos banais, não merecemos isso — falou erguendo delicadamente minha face. Ele havia se aproximado sem que houvesse notado. — eu não aguento mais, eu não vivo sem você! Sem te sentir, te ouvir e te ver, sem o calor do teu abraço que sempre foi meu — ele sorriu minimamente quando pronunciou a última palavra acariciando minha face com o polegar. — Não há motivos para vivermos assim, foi outra briga, acabou e fim, não precisamos acabar com o que temos por causa de mais uma briga.
— Eu o amo, mas não da para continuarmos nessa de nos ferir é desgastante — meus olhos estavam fixos nos dele.
— Vamos encontrar uma forma de consertar isso — ele me abraçou soltando a respiração aliviado quando percebeu que não ia o afastar.
— Você não me procurou por trinta dias, eu não te procurei também. Tínhamos a opção de ir atrás, porém não demos o braço à torcer. Temos problemas demais — o olhei de forma intensa enquanto falava as palavras angustiada.
— O nosso problema é o orgulho, juntos podemos superá-lo — ele tirou a mecha de cabelo que se soltou do meu coque bagunçado, o cabelo que havia arrumado para encontrá-lo se encontrava todo despenteado. — Não posso viver longe de você, eu sou todo seu.
— Durante esse tempo que estivemos longe um do outro olhei para trás e vi que te amo a cada dia mais. Me acostumei com tudo seu, bom e ruim — ergui minha mão a levando para sua face, suspirei quando ele a beijou delicadamente.
— Seus defeitos não mudam em nada o que sinto, nossas brigas também não. Só quero você, — ele segurou minha outra mão a entrelaçando na sua. — Não tem por que vivermos assim, vamos passar por cima disso não importa o modo como faremos isso só não posso ficar sem você.
— Então não fique — o respondi com um tímido sorriso despontando em meus lábios.
— Está falando sério? — me questionou duvidoso.
— Eu o amo, pensei que havia deixado isso claro — ergui minhas sobrancelhas o provocando.
— Droga! Como eu te amo, ! — ele me apertou em seus braços antes de me beijar.

Seus braços envolviam meu tronco num abraço protetivo, seu ato me causava segurança e me fazia sentir verdadeiramente amada. Sem pressa ou qualquer discussão, em acordo, seguimos em direção ao nosso quarto deixando uma trilha de roupas pelo caminho até enfim chegarmos a nossa cama, na qual nos amamos até o amanhecer.
Após saciada a saudade, encontrávamos cobertos apenas pelo fino lençol; a última coisa que sentíamos era frio. Os raios solares despontavam na pálida paisagem, trazendo com ele a vida. Milhares de pessoas despertariam e seguiriam para seus empregos, e eu não. Passaria o dia ao lado do homem que amava. Enquanto divagava acariciava seu peito em silêncio.

— Estava voltando à festa da minha mãe após deixar Sebastian em nosso prédio quando Otávio me ligou falando que esteve lá — quebrou o silêncio, mas permaneceu afagando meus cabelos.
— Queria vê-lo — ergui minha cabeça a apoiando sob minha mão para observá-lo.
— Inúmeras vezes passamos por cima de nossos orgulhos para voltarmos a nos falar, temos um mundo de possibilidades para fazer isso dar certo — comentou com um sorriso largo em sua face.
— Isso não — indiquei para nós dois enquanto me levantava. Segui até minha mochila que usava para viajar tirando uma caixinha de veludo.
— O que está fazendo? — indagou confuso se sentando.
— O que você acha? — o respondi de modo irônico, porém beijando seus lábios em seguida. Me sentei em sua frente abrindo a caixinha com o par de alianças — você aceita se casar comigo ?
— Você sabe que quem deveria estar fazendo esse pedido era eu! — ele sorriu com seus olhos refletindo sua felicidade.
— É só dizer sim ou não! — Revirei os olhos impaciente enquanto o observava se levantar. desapareceu pela porta do quarto e voltou alguns minutos depois.
— Escondi isso de você durante o último ano — e então ele revelou uma caixinha semelhante à minha com alianças dentro também. — E pensar que você também queria — ele riu e beijou meus lábios animado.
— Podemos usar as suas enquanto estamos noivos e as minhas quando nos casarmos assim economizamos nas alianças pelo menos. Já temos o fundamental — brinquei enquanto colocava a aliança em seu dedo.
— Você não existe! — ele me deitou na cama colocando a aliança em meu dedo. — Caramba! Se soubesse que ficaria tão linda com uma dessas tinha a colocado antes em seu dedo.
— Eu fico linda com qualquer coisa — rebati a fala dele com um sorriso divertido em meus lábios.
— ele sussurrou para si mesmo.
— Eu poderia facilmente me acostumar ao seu sobrenome — falei envolvendo sua nuca com meus braços.
— Eu já lhe disse hoje que eu te amo? — fle me provocou com um sorriso ladino em seus lábios.
— Eu poderia ouvir novamente sem problema algum — o puxei para mais perto sentindo sua pele desnuda sob a minha.
— Ouvirá pelo resto de sua vida — e então ele me beijou calando o que quer eu fosse lhe dizer.

Enquanto trabalhadores iniciavam seu dia com cafés da manhã, corridas ou qualquer outra forma ; eu iniciava da melhor forma meu dia para passá-lo da mesma forma: nos braços de .




Fim.



Nota da autora: Obrigada por terem lido Because I love you And I don’t living you; foi um desafio escrever para mais um especial. Espero que tenham gostado do nosso casal orgulhoso.
Comentem o que acharam, seria muito bom ouvir o que tem a me dizer.



Nota de beta: Eu que agradeço pelo prazer de ter betado essa maravilha de short. De uma das minhas músicas favoritas. E a história ficou amorzinho demais.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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