Blue Neighborhood

Última atualização: 24/04/2024

Capítulo 1



Olá, meu nome é . Tenho 17 anos e não tenho família, apenas meu pai. Minha mãe nos abandonou quando eu era apenas uma criança, e eu não lembro muito dela. Apenas sei que depois que ela se foi, meu pai virou um alcoólatra. Quando nasci, já não tinha avós por parte de pai, apenas de mãe. Portanto, a única pessoa que eu tinha, era meu pai.
Por conta disso, me apeguei muito a uma amiga minha. Somos amigos desde quando eu era bem pequeno... nos conhecemos na vizinhança do bairro. E sempre nos demos bem.


***



Com nove anos de idade.

- , ! - Chamava desesperadamente, me cutucando.
- Fala . - Respondi segurando seu dedinho pequeno.
- Nós vamos andar juntos na escola amanhã, né? - Perguntou ela com os olhinhos brilhando.
- Claro que sim. - Falei colocando uma mão em sua cabeça.
Ela sorriu abertamente, feliz com minha resposta.



***



e eu nos vimos pela primeira vez em um dia chuvoso, quando eu brincava na rua sozinho com meus barquinhos de madeira que meu pai fez para mim. Ela ficou muito animada quando viu meus barquinhos flutuando nas pequenas poças d'água formadas nos buracos da rua, mas sua mãe não queria deixá-la ir brincar comigo, porque não sabia quem eu era. Até que tomei coragem de me levantar e ir até elas, fazendo com que a mãe dela sorrisse pra mim gentilmente quando, de mãos juntas, pedi para brincar com ela, baixinho. A mãe de , vendo que eu era apenas uma criança que queria um amigo para compartilhar os brinquedos, deixou a pequena brincar comigo.


***



Com sete anos de idade.

- , apenas não fique até muito tarde na rua! E tome cuidado com os carros. - Gritava a mãe dela com o objetivo de nos fazer ouvi-la, enquanto corríamos até onde os meus barcos estavam.
Ela estava completamente deslumbrada com o fato de os brinquedos flutuarem.
- Como que eles voam assim? - Perguntou ela, encostando um dedo num dos barquinhos.
- Ele está flutuando na água, está vendo? Meu pai os fez pra mim. - Falei.
- Sério? Que legal! - Falou a pequena menina, colocando as mãos nas bochechas gordinhas.
Eu ri de sua empolgação.
- E como é seu nome? - Perguntou, jogando a cabeça para o lado.
- Meu nome é . . - Falei sorrindo, fazendo meus dentes aparecerem.
- Meu nome é , - falou ela - podemos ser amigos?
Eu não sabia o significado dessa palavra ainda. Mas eu queria entender o que quer dizer “amigo”.
- Sim - Falei feliz.



***



Era tanta inocência naquela época… Como eu gostaria de ter tudo aquilo de volta. Se eu soubesse o tanto de coisas que aconteceriam em minha vida por ter conhecido naquele dia chuvoso, acredito que não teria dito que queria ser amigo dela.
Não me entenda mal. Apenas acho que se eu estivesse fora de sua vida, ela estaria bem hoje. E não destruída, por causa de toda a merda que causei.
E no dia de hoje, eu preferia que sua mãe não tivesse deixado ela falar comigo… E que eu não tivesse a convidado para brincar comigo.


***



Com treze anos de idade.

- Sobe também, . - Falou , já em cima da enorme árvore.
- Mas eu não consigo. - Falei resmungando.
- Claro que consegue, até eu consegui. - Falou ela, se movendo de galho em galho.
- Não vai cair, hein... - Falei cruzando os braços, emburrado porque não conseguia subir mais do que os primeiros galhos da árvore.
- O que… - Ela foi perguntar, antes de se escorar em um galho frágil, fazendo com que ele quebrasse.
caiu de, pelo menos, dois metros de altura no chão.
- ! - Gritei desesperado, me soltando dos galhos baixos que tentava subir, e corri em sua direção.
- Ah, isso dói. - Falou ela segurando seu braço, deitada na grama.
- Deixa eu ver. – Levei minha mão até o local que ela reclamava.
- Não! – Respondeu ela puxando o braço bruscamente, quando fiz menção de tocá-lo.
Em seguida começou a chorar de dor.
- Eu avisei para ter cuidado... - Falei revirando os olhos.
- Você podia ser um pouco mais sensível. – Respondeu ela tentando se sentar.
Eu suspirei, colocando a mão na cabeça dela.
- Desculpa...
Ela sorriu minimamente, ainda demonstrando a dor.


***



Estávamos bem, até começarmos a entender um pouco mais de nossas vidas... a sentir e experimentar coisas das quais desconhecíamos. Acontece que sou filho único de um casamento que se acabou sem eu nem saber o motivo.
Muitas vezes meu pai jogou na minha cara que a culpa era minha que a minha mãe decidido ir embora e nos largar. Todas as vezes ele estava completamente bêbado… E no outro dia, ele apenas me dava um abraço. Sem contar as vezes que ele me batia… E foi assim que começou a decadência de tudo. Quando ele começou a ficar violento comigo.
sempre foi extremamente cuidadosa comigo, e todas as vezes que eu aparecia com roxos na escola, ela me levava para casa dela, e cuidava de mim, como se fosse médica e soubesse o que estava fazendo. Me dava antibióticos e colocava bolsinhas de gelo nos hematomas… Eu amava tudo isso.
Eu amo tudo isso.
Eu amo tudo que seja relacionado a ela.


***



Com dezesseis anos

- , de novo isso… - Falou tocando no meu olho roxo, fazendo com que eu virasse meu rosto para o lado oposto.
- Não foi nada... – Evitei olhar para ela.
- Estou vendo que não foi nada! – Respondeu ela impaciente.
- Não fala alto, as pessoas vão começar a olhar pra gente...
- Vamos, eu vou colocar um gelo nisso. - Falou se levantando e pegando nossas mochilas.
- Mas e a aula? - Perguntei confuso.
- Já ficamos para fora em uma aula… não vai fazer diferença ficar pra fora nas outras - Respondeu ela sorrindo.
Sorrindo, linda como sempre, me fazendo sorrir levemente e me levantar.


***



- Não tem ninguém em casa... - Constatou quando me viu hesitar entrar.
Sorri tímido… Eu brincava muito em sua casa quando era pequeno, mas depois que entramos no ensino médio, vinha apenas quando ela insistia em cuidar de mim. Meu pai implicava um pouco de nos ver juntos, por isso eu evitava..., mas naquele momento não importava.
- Senta no sofá que eu vou pegar um pacotinho de gelo. – Disse ela em tom autoritário.
Fiz o que pediu. Logo ela voltou com um saquinho de gelo na mão. Antes que eu pudesse fazer menção de pegar, ela mesmo colocou no local machucado, se aproximando de mim e sentou ao meu lado.
- Não gosto de ver isso. – Falou , tirando a toca do moletom que cobria minha cabeça. - O que houve?
Eu hesitei. Não queria falar sobre isso pra ela. Não queria vê-la se preocupando comigo… E muito menos que soubesse que era por causa dela.
- Ele ficou bêbado novamente e se irritou que eu estava no meu quarto estudando. - Menti descaradamente.
- Ah, é? - Perguntou desconfiada. Eu sei que não consigo mentir para ela.
- Sim... não se preocupe.
Eu sorri levemente, fazendo com que ela sorrisse pra mim de volta.
Seu sorriso era desenhado, seus lábios eram perfeitos... e pareciam tão macios. No momento seguinte, quase como um ato involuntário, toquei seu lábio inferior com meu dedo indicador, causando um arrepio em mim mesmo. Causando sensações das quais eu nunca havia sentido antes. Os olhos pequenos de se dirigiram para minha mão. Eu não desgrudava o meu olhar do local onde eu estava tocando, e comecei a me perguntar como seria ter aqueles lábios nos meus.
Faziam tantos anos que nos conhecíamos. Era minha melhor amiga por tanto tempo, amiga essa de todas as horas, mas havia tanto tempo que éramos só isso…, que comecei a me perguntar se aquilo seria apenas uma amizade, se o amor que eu sentia por ela era um amor de irmão, ou algo a mais. Eu não entendia muito bem essas coisas, mas entendia que aquilo que eu sentia era forte demais.
- … O que foi? - Perguntou ela baixinho, com os olhos fechados.
- … Eu… Eu posso tentar algo? - Perguntei completamente entorpecido pelas sensações que passavam por meu corpo naquele instante.
Ela abriu os olhos e me olhou, abaixando lentamente o pacotinho com gelo, até que ele caísse no chão.



***



Eu não sabia o que estava para descobrir. Atualmente penso que preferia não ter descoberto, ou melhor, queria não ter feito ela descobrir. Não porque foi ruim, mas sim porque foi a melhor coisa que me aconteceu. Porém também foi o início da pior coisa que poderia acontecer.
Mas aquela sensação… Aquela sensação das mãos dela em mim, de seus lábios fartos nos meus… Eu não sabia que não conseguiria mais viver sem aquilo, e realmente não sei mais viver sem aquilo...


***



Com dezesseis anos

Segurei em sua nuca delicadamente, trazendo-o para mim e selando nossos lábios. Ficamos assim por alguns segundos, enquanto uma explosão de sensações passava por todo meu corpo por causa daquele toque diferente. Eu nunca havia me sentindo assim antes na minha vida, e não imaginei que sentiria esse toque pela primeira vez com a minha melhor amiga. E realmente, sua boca era muito macia…
Parti o beijo, mantendo ainda nossos rostos próximos, enquanto respirava descompassadamente. olhava para baixo envergonhada, respirando tão forte que seu peito subia e descia desejando ar imediatamente. Não sabíamos muito o que fazer depois disso. Então me afastei, olhando para a , a percebendo completamente desconfortável e sem saber o que fazer com as suas mãos. As minhas mãos também estavam inquietas. Eu poderia apenas beija-la de novo e cessar por mais algum tempo essa tensão que se formou, mas fomos interrompidos pela mãe dela, que abriu a porta da sala, fazendo com que desse um pulo ficando em pé.
- Ah, olá meninos… Meu Deus, querido, o que houve com seu olho? - Perguntou a Sra. , preocupada ao me ver.
- Ah isso... não é nada! - Ri nervoso.
- Como não? Seu rosto está bem roxo! - Falou ela se aproximando da gente.
- Um menino bateu em mim, mas nem foi nada - Falei tentando fazer com que aquilo não parecesse que eu era uma pessoa que sai brigando na rua.
- Aí, esses jovens. – Constatou ela. – Já colocou um gelo?
- Sim, me deu. – Respondi sorrindo.
- Ah ótimo, vai melhorar… quer almoçar conosco? - Perguntou ela.
- Eu… - olhei para de lado.
- Ele vai sim, eu já havia convidado - Disse rapidamente.
- Ok… espero que não se importe de ser comida esquentada. – Falou Sra. simpática.



Capítulo 2



Só sei que depois desse dia ficamos uma semana sem conversar. Apenas íamos para a escola e sentávamos perto um do outro, mas não trocávamos palavras, somente alguns olhares confusos.
Eu adorava vê-la dançar. sempre foi uma dançarina de deixar qualquer ser humano besta... e eu já sou bem besta por ela. Eu a via praticando todas as semanas, mas dessa vez eu não podia ir, me sentia constrangido demais, e aposto que ela também se sentia assim.
Mas eu queria, de qualquer forma, poder assisti-la fazendo uma das coisas que mais ama em sua vida. Por isso, em uma das tardes resolvi largar um pouco a minha vergonha e ir até a sala de dança.

***


Com dezesseis anos

Sei que provavelmente ela vai querer morrer por eu estar indo vê-la dançar. Mas não posso evitar, preciso vê-la…, preciso entender o que está havendo entre nós, o que são esses sentimentos que estão invadindo meu corpo e minha mente, entender o motivo de toda vez que eu a vejo, sou tomado por sensações em meu estômago das quais nunca havia sentido antes. Tudo isso aflorou em mim depois daquele dia em sua casa… O dia que senti brevemente seus lábios encostando nos meus. Mesmo que breve, foi a melhor coisa que já experimentei.
Andei pelo colégio devagar, demorando um pouco pelos corredores. Já findava a tarde e a escola se encontrava praticamente vazia. Cheguei e parei em frente à sala de dança, conseguia ouvir a música abafada através das portas fechadas. Cuidadosamente, abri a porta devagar para não chamar atenção de ninguém.
A única pessoa que estava naquela sala era , maravilhosa como sempre. Ela usava uma camisa branca e fina, que provavelmente era algum número maior que o seu, já que as mangas de sua camisa cobriam suas mãos, como de costume. Os botões de sua camisa não estavam abotoados simetricamente e formavam um decote. Sua calça usual escura e rasgada, o que realçava bem os músculos desenvolvidos de suas pernas.
E eu estava apenas feito um idiota a encarando, sem saber como reagir.
Ela estava tão concentrada na música, que seus olhos se encontravam fechados e seus lábios se moviam levemente conforme a letra. Ela estava de costas para mim e de frente para os enormes espelhos espalhados por toda a sala, fazendo com que eu conseguisse vê-la por inteiro. A sala não estava muito iluminada, tinha apenas algumas luzes acesas, lá fora já havia anoitecido e estava bastante escuro.
No momento em que ela abriu os olhos, meu coração se acelerou consideravelmente, seu olhar encontrou o meu através do reflexo do espelho. Ela me olhava intensamente, com os lábios um pouco entreabertos, seus cabelos amarrados em um coque bagunçado… E mais uma vez, percebi aquela sensação diferente em meu estômago.
não falou nada, apenas aumentou o volume da música, deixando o controle sobre o rádio posicionado a seu lado. Ela fechou novamente os olhos e começou a se movimentar graciosamente, deslizando por toda a sala, acompanhando perfeitamente o ritmo melancólico da canção. Encostei na parede e fui deixando meu corpo descer até que eu me sentasse, sem parar de olhá-la, nem por um instante.
Não entendo como alguém pode ter tamanha perfeição. Quando ela abriu os olhos, voltou a me encarar enquanto continuava dançando, o que fez um gelo subir por minha espinha. Quanto mais intenso o ritmo da música ficava, mais intenso era o olhar dela…, todas aquelas expressões que ela fazia…
Eu a quero tanto…
Até que a música parou, assim como . Ela me encarava, ofegante, com seus lábios fartos abertos, seus cabelos mais bagunçados que antes, e seu peitoral subindo e descendo, tentando acompanhar a quantidade de ar que ela gostaria que adentrasse seus pulmões.
Nesse instante, me levantei rápido, largando minha mochila no chão e caminhando em sua direção, sem desgrudar os olhos dos dela, enquanto ela franzia sua testa minimamente. Quando parei em sua frente, não pensei duas vezes antes de segurar seu rosto angelical com uma de minhas mãos. Beijei seus lábios, deixando todas aquelas sensações maravilhosas tomarem conta de mim novamente, suas mãos agarraram minha blusa, me puxando para mais perto. Aprofundei nosso beijo, deixando minha língua encontrar a sua. Nunca havia feito isso, mas de alguma forma, eu apenas sabia o que e como fazer. Sua boca era muito macia… tão macia, que não me limitei apenas a beijá-la, mordiscando seu lábio inferior, sem partir a carícia. soltou o ar pesadamente nesse instante, me arrepiando mais ainda. Abri meus olhos, analisando seu rosto e sentindo sua respiração descompassada batendo em meu pescoço.
abriu os olhos lentamente e direcionou o seu olhar para baixo. Por um rápido momento, me fitou, mas logo se afastou rapidamente. Pegou suas coisas que estavam no chão ao lado do rádio e foi embora correndo. Assim que ela fechou a porta, me encontrei sozinho naquela sala, encarando o local que ela havia acabado de sair.


***


Depois disso, ficou ainda mais constrangedor nossos encontros rápidos nos corredores e nossas trocas de olhares. Eu não tinha coragem de conversar com ela, mas gostaria muito de ter coragem de falar com ela. Porque se eu tivesse falado com ela, nada de tão ruim teria acontecido.
Teve o dia em que ela resolveu aparecer em minha casa..., e Deus, como eu queria que ela não tivesse feito isso.

***


Com dezesseis anos

- Eu não quero aquela menina aqui mais. - Falou meu pai alterado por causa daquela merda de bebida que ele segurava em suas mãos.
- Ela nunca mais veio aqui, pai. - Falei.
- Não use esse tom comigo. - Ele aumentou sua voz.
Não respondi, mas a cada palavra proferida por ele, eu me encolhia mais, ficava com medo de ele me bater novamente. E nesse instante, ouvimos alguém em frente de casa, batendo palmas.
- Vá logo ver quem está enchendo o saco essas horas. - Falou ele com a voz arrastada, dando mais um gole em sua bebida desprezível.
Fiz o que ele me pediu, fui até a porta da sala e abri. Logo em seguida, desejei que aquilo fosse mentira...
- ! - Falei surpreso.
- , podemos conversar? - Perguntou ela falando baixo.
- Eu…, olha... agora não é uma boa hora…, por favor, vamos conversar amanhã na escola. - Falei tentando não parecer grosseiro.
- Está tudo bem? - Perguntou ela.
- Sim… só… - no momento em que fui responder, pude sentir uma mão me puxando para trás.
- O que você está fazendo aqui, garota? - Falou meu pai para , que agora estava assustada parada em frente à minha casa.
- Eu… - falou baixo.
- Fala mais alto! - Gritou meu pai.
- Deixa ela! - Falei entrando no meio dos dois.
- Eu já avisei você , não quero ela aqui… não quero que você converse com ela! Não avisei? - Falou meu pai nervoso, mais do que o normal.
Ele segurou a gola de minha camiseta.
- Você não me ouviu? - Perguntou meu pai ameaçadoramente.
Eu olhei para o lado e vi estática, estava tomada pelo medo.
- Eu já avisei a ela...- Falei.
Nesse momento vi os olhinhos de marejarem, no instante seguinte, ela saiu rapidamente dali, mas pra mim foi como se o tempo tivesse apenas parado. Parado no momento em que ela virou as costas chorando. Meu coração parou junto com a sua partida, senti um aperto muito forte.
Sentia tanta dor por causa daquela cena, que o soco que meu pai me deu no rosto, me derrubando no chão, não doeu tanto. No momento seguinte, me encontrava no chão e meu corpo tentava decidir qual dor queria sentir.
E a dor de meu coração estava vencendo.


***


Ainda não compreendo porque meu pai a desprezava tanto daquele jeito. Sim, foi um dos piores dias da minha vida. Eu jamais iria querer ver sofrer… E sei o quanto ela sofreu. Depois daquilo, ela realmente sumiu, sumiu de tudo, da escola, dos lugares que gostávamos de ir, da praia no fim de semana ao pôr-do-sol, que era nosso hobbie, de sentar e ficar vendo-o ir embora aos poucos... Eu sempre levava meu violão para cantar para , pois ela dizia que jamais havia ouvido uma voz mais linda que a minha. Se ela ao menos soubesse o quanto isso me preenchia…, apenas essas simples palavras.
Mas eram palavras dela.
Se ela soubesse o quanto aquilo me matou. Não a ver mais em nenhum momento, não ver seu sorriso, não ouvir ela dizendo palavras para me animar quando eu ia para a escola cabisbaixo… senti falta de seu abraço, de seu cheiro..., me lembro de ter ficado um mês sem vê-la e eu não podia aparecer em sua casa sem um motivo bom. Principalmente após ter feito o que fiz. Mesmo que tenha sido por conta do momento o qual me encontrava, eu sabia o quanto ela era frágil… tão pequena.
Minha pequena.
Por fim, nesse meio tempo, meu pai resolveu por algum motivo arrumar uma namorada para mim. Sim, uma namorada. Bom, ela era filha de uma vizinha nossa que gostava do meu pai, provavelmente não sabia dos podres dele. Enfim, um dia, cheguei em casa com a vizinha cozinhando, e meu pai assando carne na pequena churrasqueira, super animado e a filha dela sentada na mesinha no quintal, esperando que o almoço ficasse pronto.

***


Com dezesseis anos

- Aí está ele! - Falou meu pai se aproximando de mim, contente.
- Oi. – Respondi tentando não parecer seco por causa das visitas.
- Quero te apresentar alguém... - falou ele me puxando até a mesa onde a menina de cabelos curtos ondulados se encontrava sentada. - , essa é Laurie, ela é filha da Sra. Jones e são nossas vizinhas… se lembra dela?
- Eu… sim. - Falei
- Olá. - Falou a menina sorrindo abertamente. Retribui o sorriso.


***


Em suma, o que aconteceu é que ela começou a frequentar minha casa e no fim, tive que fingir que gostava dela e pedi-la em namoro. Meu pai vibrou de felicidade, enquanto meu coração estava se corroendo por não saber o que estava havendo com minha pequena, mas o que eu poderia fazer? Se eu voltasse a vê-la, meu pai nos mataria. Eu não duvidava da capacidade de meu pai.
No tempo de, mais ou menos, um mês sem ver , comecei a “namorar” com Laurie. Não que ela fosse uma pessoa ruim, nem nada, mas ela jamais seria como . Ela não era .

Nesse namoro falso, ela ia na minha escola depois da aula às vezes para voltar comigo, já que morávamos perto.
Até que um dia, resolveu voltar para a escola.


Continua...



Nota da autora: Olá gente, prazer em conhecer todxs vocês! Me chamo Carol e vim trazer essa fiction que eu escrevi a muitos anos atrás! Eu espero que vocês curtam lê-la, assim como eu curti escrevê-la!
Até o próximo, beijinhos <3
Esse link é para um playlist do Spotify que criei baseada na fic! Sintam-se à vontade para ir ouvir!




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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