Brilho Eterno

Finalizada

Obliviate

‘’Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
tem que ter reflexo.’’

(Pablo Neruda)


Desde o momento em que pôs os olhos em Tom Riddle, soube que ele era diferente. Havia uma aura de poder ao seu redor, uma inteligência afiada e uma ambição que transparecia em cada gesto, cada palavra. Ela o viu pela primeira vez no Expresso de Hogwarts, no primeiro ano de ambos. Ele estava sozinho, lendo um livro grosso e antigo, com uma expressão de concentração intensa no rosto.

Algo atraiu para ele, uma curiosidade irresistível. Ela se aproximou, timidamente, e perguntou sobre o livro. Ele a respondeu com um sorriso enigmático e uma conversa se iniciou. Aquele primeiro encontro no trem marcou o início de uma amizade que se aprofundaria com o passar dos anos.

Serem selecionados para a mesma casa, Sonserina, os aproximou ainda mais. Tom era diferente com , mais aberto, mais vulnerável. Ele não precisava fingir ser alguém que não era, como fazia com os outros alunos e professores. Com ela, ele podia ser ele mesmo, com todas as suas dúvidas, medos e ambições.

o admirava profundamente. Ele era brilhante, talentoso, com um futuro cheio de conquistas pela frente. sempre sentira um carinho especial por Tom, um amor fraternal que a impulsionava a protegê-lo e apoiá-lo. Mas, após o penúltimo ano em Hogwarts, algo mudou. Um olhar intenso, um toque casual, uma risada compartilhada... Pequenos momentos que despertaram nela um sentimento mais profundo, um amor que ia além da amizade.

No entanto, nos últimos meses, algo mudou novamente. Tom se afastou, se isolou. Seus olhos, antes tão intensos e calorosos, agora pareciam frios e distantes. sabia que ele estava trilhando um caminho perigoso, um caminho que poderia levá-lo à ruína.

Ambos compartilhavam um interesse profundo por poções, passando horas na biblioteca pesquisando ingredientes obscuros e experimentando receitas complexas. Juntos, também exploraram a arte da magia não-verbal, praticando feitiços silenciosos e aprimorando suas habilidades mentais.

sempre se sentira atraída por Tom Riddle. Ele era o enigma que todos queriam decifrar, o garoto de ouro de Hogwarts, com sua inteligência afiada, beleza estonteante e uma aura de mistério que a intrigava. Ela se lembrava de como ele a fazia rir com seu humor sarcástico, de como ele a escutava com atenção quando ela falava sobre seus sonhos e medos. Mas nos últimos meses, algo havia mudado. Tom se tornara mais distante, mais reservado. Seus olhos, antes tão intensos e calorosos, agora pareciam frios e distantes.

não era cega para a curiosidade de Tom por quebrar as regras, por buscar conhecimento além do ensinado em Hogwarts. Ela sabia de seu interesse por magia proibida, por artefatos obscuros e segredos ancestrais. Mas, na época, ela acreditava que isso era apenas uma fase, uma curiosidade natural de um jovem brilhante e ambicioso. Ela nunca imaginou que essa curiosidade se transformaria em algo tão sinistro, tão perigoso.

percebera que ele estava se envolvendo com atividades suspeitas, se afastando dos amigos e passando cada vez mais tempo sozinho. Ela ouvira rumores sobre suas ambições sombrias, sobre sua obsessão por magia negra e seu desprezo pelos nascidos trouxas.

No fundo de seu coração, sabia que Tom estava se desviando do caminho do bem. Mas ela se recusava a desistir dele. Ela acreditava que ainda havia bondade nele, que ele ainda podia ser salvo.

-------------



‘‘O tempo faz a gente esquecer.
Há pessoas que esquecem depressa.
Outras apenas fingem que não se lembram mais.’’
(Erico Veríssimo)


girava pela pista de dança, a mão de Tom firme em sua cintura. O Clube do Slug estava em pleno andamento, com alunos de todas as casas confraternizando em um ambiente de luxo e sofisticação. Ela sorria, tentando aproveitar o momento, mas um pensamento insistente a perturbava.

Mais cedo, ela vira Tom conversando em particular com o Professor Slughorn, uma conversa que a intrigara. Ela não ouvira tudo, mas a palavra "horcrux" ecoava em sua mente, um eco sinistro que a deixava inquieta.

"Tom", ela começou, hesitante, enquanto a música diminuía para uma melodia mais lenta. "Sobre a conversa que você teve com o Professor Slughorn..."

Tom a encarou, seus olhos negros penetrando os dela. "O que tem a conversa, meu amor?", ele perguntou, a voz suave como sempre, mas com um toque de cautela.

sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir o apelido carinhoso. Eles nunca haviam se chamado assim antes, e a palavra soou estranhamente íntima em seus lábios. Ela hesitou, incerta de como abordar o assunto. "Você mencionou algo sobre... horcruxes. O que são horcruxes, Tom?"

Um músculo se contraiu na mandíbula de Tom, mas seu sorriso não vacilou. "Nada com que você precise se preocupar", ele respondeu, sua proximidade mexendo com a garota. "São apenas... teorias. Coisas que lemos em livros antigos."

não estava convencida. Ela conhecia Tom bem o suficiente para saber que ele não se interessava por teorias. Ele era um pragmático, um ambicioso. Se ele estava pesquisando horcruxes, era porque tinha um motivo.

Mas, em vez de insistir no assunto, Tom mudou de tática. "", ele disse, a voz agora mais baixa e intensa, "você está deslumbrante esta noite" Ele fez uma pausa, seus olhos buscando os dela. “sei que não falo muito mas você é muito importante para mim”

sentiu o rosto corar. Ela sempre soubera que Tom a admirava, mas nunca imaginara que ele pudesse ter sentimentos mais profundos por ela. A confissão a pegou de surpresa, desviando sua atenção das horcruxes e a fazendo questionar se suas suspeitas eram infundadas.

A música recomeçou, seus corpos se movendo em sincronia. tentou aproveitar o momento, mas o mal-estar não a abandonava. Ela sabia que algo estava errado, que Tom estava escondendo algo dela. Mas, naquele momento, ela decidiu deixar seus medos de lado e se entregar à magia da noite. , ciente dos olhares invejosos das outras garotas, se deixou levar pelo charme de Tom, pela sensação de ser desejada pelo garoto mais cobiçado de Hogwarts. Afinal, quem era ela para resistir ao magnetismo de Tom Riddle?

Ela sabia que teria que confrontar Tom sobre as horcruxes mais tarde, mas por enquanto, ela queria apenas aproveitar a companhia dele, a sensação de seus braços ao seu redor, a ilusão de que tudo estava bem.

-------------




‘‘Não vale a pena viver sonhando, Harry, e se esquecer de viver’’
Dumbledore


O sol da tarde se infiltrava pelas janelas da sala de poções, banhando e Tom em uma luz dourada enquanto eles organizavam os ingredientes para a próxima aula. A atmosfera era leve, preenchida pelo aroma de ervas e especiarias, e por uma sensação de intimidade que os envolvia como um manto invisível.

"Sabe, ", Tom começou, enquanto media cuidadosamente algumas gotas de essência de beladona, "eu sempre me imaginei ensinando aqui em Hogwarts. Passar o conhecimento adiante, moldar as mentes jovens... Parece um futuro gratificante."

sorriu, seus olhos brilhando com admiração. "Você seria um professor incrível, Tom. Inteligente, dedicado... Seus alunos teriam muita sorte."

Tom retribuiu o sorriso, seus olhos negros fixos nos dela. "E você, ? Quais são seus planos para o futuro?"

hesitou por um momento, um rubor leve colorindo suas bochechas. "Eu... eu sempre quis ser uma Auror", ela confessou, a voz baixa. "Lutar contra as trevas, proteger os inocentes... É o meu sonho."

Tom ergueu uma sobrancelha, um sorriso divertido brincando em seus lábios. "Uma Auror? Você não acha que seus talentos seriam mais bem aproveitados em uma área menos... selvagem?"

sentiu um aperto no peito, como se uma sombra tivesse passado sobre o sol. Ela sabia que Tom flertava com o lado obscuro da magia, mas sempre acreditara que ele nunca cruzaria a linha. Agora, suas palavras a faziam questionar essa crença.

"Eu... eu só quero fazer o que é certo, Tom", ela respondeu, a voz trêmula. "Proteger as pessoas, lutar contra o mal... Não importa quem seja."

"Ah, ", Tom suspirou, balançando a cabeça. "Você é tão idealista. Aurores são apenas peões do Ministério, obrigados a cumprir leis que nem sempre são justas. A vida não é preto e branco, meu amor. Existem áreas que a lei não consegue alcançar."

o encarou, intrigada. "O que você quer dizer, Tom?"

Tom se aproximou, seus olhos fixos nos dela. "Quero dizer que existem situações em que a justiça não é suficiente. Em que é preciso tomar medidas drásticas para proteger o que realmente importa.”

Tom se aproximou, seus olhos fixos nos dela. "Eu sei que você tem um bom coração, . Mas o mundo não é tão simples quanto parece. Existem nuances, áreas cinzentas... E às vezes, as pessoas que você acha que está protegendo podem ser as verdadeiras ameaças."

sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras de Tom soavam perigosas, sedutoras. Ela sabia que ele estava trilhando um caminho obscuro, mas não conseguia evitar a atração que sentia por ele, pela sua inteligência, pela sua ambição.

sabia que Tom estava certo. Ela ouvira histórias de inocentes sendo enviados para Azkaban por crimes que não cometeram, de Aurores corruptos que abusavam de seu poder. A ideia de se tornar uma ferramenta do Ministério, de ter que seguir ordens cegamente, a incomodava.

"Talvez você tenha razão, Tom", ela sussurrou, seus olhos encontrando os dele. "Talvez a vida seja mais complexa do que pensamos.”

Tom a puxou para perto, seus braços a envolvendo em um abraço reconfortante.

E, por um momento, se permitiu esquecer suas preocupações, se entregando ao calor do abraço de Tom e à ilusão de que tudo ficaria bem. Ele se inclinou e a beijou, um beijo que selou um pacto silencioso entre eles.

se entregou ao beijo, seus braços envolvendo o pescoço de Tom enquanto ele a puxava para mais perto. Era como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, restando apenas eles dois, o calor de seus corpos entrelaçados e a doçura de seus lábios se encontrando.

Quando o beijo finalmente terminou, se afastou, os olhos brilhando e o coração acelerado. "Isso foi...", ela começou, mas as palavras falharam.

"Incrível", Tom completou, um sorriso satisfeito em seu rosto. "Assim como você, meu amor."

sorriu de volta, sentindo-se mais feliz do que nunca. Naquele momento, ela esqueceu todas as suas preocupações, todas as dúvidas que a atormentavam.

-------------




Os meses que se seguiram à abertura da Câmara Secreta foram um borrão frenético para . A tensão e o medo que pairavam sobre Hogwarts eram palpáveis, cada sombra parecendo esconder um novo perigo. Em meio ao caos, a distância entre ela e Tom se aprofundou ainda mais.

sentia falta dos momentos roubados em meio à biblioteca, dos olhares intensos e dos apelidos carinhosos que a faziam corar. Mas Tom parecia cada vez mais distante, absorto em seus próprios mistérios. Ela se perguntava se ele ainda pensava nela, se ainda sentia o mesmo que antes.

Em uma tarde fria de inverno, se viu vagando pelos corredores vazios de Hogwarts. A escola parecia estranhamente silenciosa, como se estivesse prendendo a respiração. Seus passos a levaram até a biblioteca, onde tantas vezes havia encontrado refúgio ao lado de Tom.

A relação deles sempre fora indefinida, um balé de afeto não dito, de apelidos íntimos, e beijos que nunca se transformaram em um pedido formal. Eram amigos, mas nos últimos meses, nem isso pareciam ser.

Ao entrar, seus olhos foram imediatamente atraídos para uma figura solitária sentada em uma mesa afastada. Era Tom, com a cabeça baixa sobre um livro antigo. Mas algo estava diferente. Seu semblante antes sereno agora carregava um peso sombrio, um olhar distante e atormentado.

hesitou por um momento, incerta se deveria se aproximar. Mas a saudade e a preocupação falaram mais alto.

Tom ergueu os olhos quando ela se aproximou, um brilho de surpresa em seu olhar. "", disse ele, sua voz um sussurro rouco.

"Tom", ela respondeu, seu coração acelerado.

Por um longo momento, eles se encararam em silêncio, as palavras presas em suas gargantas. sentia uma mistura de emoções: saudade, mágoa, medo.

"Eu..." Tom começou a falar, mas parou, como se as palavras fossem difíceis demais de serem ditas.

deu um passo à frente, fechando a distância entre eles. "O que há de errado, Tom?", perguntou ela, sua voz quase inaudível.

Tom desviou o olhar, evitando o contato visual. "Nada", ele respondeu, sua voz carregada de tensão. "Apenas... coisas complicadas."

sentiu um nó se formar em sua garganta. "Você pode conversar comigo", ela disse, estendendo a mão para tocar a dele.

Tom recuou, afastando sua mão da dela. "Não é nada que você precise se preocupar", ele disse, sua voz fria e distante. "Eu preciso ir."

E sem mais uma palavra, ele se levantou e saiu da biblioteca, deixando sozinha com uma sensação de vazio e desespero. O que quer que estivesse acontecendo com Tom, ele não queria sua ajuda. E isso a aterrorizava.

-------------




‘‘Quão feliz é a inocente vestal! Esqueceu o mundo e o mundo a esqueceu. O brilho eterno da mente sem lembranças! Cada oração aceita e cada desejo renunciado.’’
(Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças)


O vento uivava como um animal ferido, açoitando as janelas do castelo e invadindo o corujal de Hogwarts. estava ali, acariciando sua coruja que havia voltado de casa com uma carta de seus pais, o olhar perdido na distância. Tom Riddle a observava em silêncio, notando a expressão distante em seu rosto.

Os ataques haviam feito uma vítima fatal, Hogwarts havia sido fechada mas não conseguia aceitar que uma aluna havia sido assassinada no local que deveria ser um dos mais protegidos.

"?", ele chamou, a voz suave como a seda. Ela se virou, um sobressalto perceptível em seus olhos.

"Tom," ela respondeu, forçando um sorriso. "O que te traz aqui?"

"Vim ver como você está", ele disse, sentando-se ao seu lado. "Você parece distante. Algo te preocupa?"

hesitou por um momento, as palavras presas em sua garganta. "Eu... eu não consigo parar de pensar na morte da Murta", ela finalmente confessou, a voz embargada pela emoção. "Eu não acredito que Hagrid seja o culpado."

Tom franziu a testa, uma sombra de irritação cruzando seu rosto. "Por que você duvida? As evidências apontam para ele."

"Eu sei, mas... não sei, algo não se encaixa", insistiu, as sobrancelhas franzidas em concentração. "Hagrid ama criaturas mágicas, ele jamais faria mal a alguém."

Tom cruzou os braços, a defensiva evidente em sua postura. "Você está defendendo um meio-gigante? Aquele que abriu a Câmara Secreta?"

percebeu a mudança no tom de voz de Tom, a tensão em seus ombros. Ela estreitou os olhos, uma suspeita começando a se formar em sua mente. "Por que você está tão na defensiva, Tom? Você sabe de algo que eu não sei?"

Tom se levantou, a expressão endurecida. "Eu não sei de nada, . Apenas estou sendo realista. As evidências apontam para Hagrid, e você está sendo sentimental."

se levantou também, encarando-o com determinação. "Eu não estou sendo sentimental, Tom. Estou sendo justa.”

"Alguém está tentando incriminar Hagrid. E eu não consigo deixar de pensar que você sabe quem é."
Tom a encarou, os olhos negros brilhando perigosamente. "E por que eu saberia? O que eu teria a ganhar com isso?"
se aproximou, estudando o rosto dele em busca de qualquer sinal de mentira. "Você estava muito interessado no caso, Tom. E você sempre parece saber mais do que revela."
Tom deu um passo para trás, a máscara de indiferença começando a rachar. "Eu apenas... eu apenas me preocupo com a segurança de Hogwarts, . E se Hagrid é o culpado, ele precisa ser punido." sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não recuou. “Porque se importa tanto com os nascidos trouxa, ? É um desperdício de seu tempo”
"Desperdício?", ela repetiu, a voz embargada pela emoção. "Uma aluna inocente foi assassinada"

"Não era ninguém importante"

o encarou, os olhos marejados de lágrimas. "Você fala como se... como se ela não fosse humana. Como se não tivesse valor."

"Ela não tinha o nosso valor, . O valor daqueles que possuem o sangue mágico correndo em suas veias."

Ele a vira recuar, os olhos arregalados de incredulidade e repulsa. "Tom... Você teve algo a ver com isso?", ela sussurrou, a voz trêmula.

Tom a encarou, seus olhos negros brilhando perigosamente. "E se eu tivesse, ? O que você faria?"

se aproximou, estudando o rosto dele em busca de qualquer sinal de mentira. "Eu... eu não sei", ela admitiu, a voz trêmula. "Mas eu não posso ignorar a verdade, não importa o quão dolorosa ela seja."

Tom deu um passo para trás, a máscara de indiferença começando a rachar. "A verdade, , é que você é ingênua. Você acredita em contos de fadas, em heróis e vilões. Mas a vida não é tão simples. Às vezes, as pessoas que você acha que são boas são as verdadeiras ameaças."

sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não recuou. "E você, Tom? Você é uma ameaça?"

Tom a encarou por um longo momento, um conflito interno evidente em seus olhos. Então, ele suspirou, a tensão deixando seus ombros. "Talvez, ", ele disse, a voz baixa e rouca. "Talvez eu seja a maior ameaça de todas."

Ele se aproximou dela, seus olhos fixos nos dela. "Mas você não precisa ter medo de mim, ", ele sussurrou, sua voz carregada de emoção. "Eu nunca faria mal a você. Você é... especial para mim."

O coração de se despedaçou como um vidro atingido por uma pedra. A cada palavra de Tom, uma nova rachadura se abria em sua alma, até que tudo o que restou foram cacos afiados de dor e desilusão. O garoto que ela amava, o garoto que ela idealizara, era um assassino. Um monstro que se escondia sob uma máscara de charme e inteligência.

A raiva e a tristeza se misturavam em um turbilhão de emoções. Ela se sentia traída, enganada, usada. Como pôde ser tão cega? Como não viu a escuridão que se escondia sob a superfície?

Mas acima de tudo, sentia uma profunda tristeza. Tristeza por Tom, por ter se perdido em um caminho tão sombrio. Tristeza por si mesma, por ter se apaixonado por um fantasma, uma ilusão. E tristeza pelo futuro, que agora parecia incerto e ameaçador.

"Tom... como você pôde?", sussurrou, as palavras presas em sua garganta. "Você matou uma garota inocente..."

"Uma nascida-trouxa insignificante," Tom corrigiu, sua voz gélida como o vento que uivava ao redor deles. "Um sacrifício necessário para um bem maior."

recuou, horrorizada com a frieza de suas palavras. "Sacrifício? Você chama isso de sacrifício? Tirar a vida de alguém, Tom? Isso é... monstruoso."

Tom sorriu, um sorriso cruel e predatório que enviou um arrepio pela espinha de . "Monstruoso? Talvez. Mas também é necessário. O mundo bruxo precisa ser purificado, . Livre daqueles que não merecem o poder que possuem."

"E você acha isso válido por causa do sangue dela?"

"Por causa do futuro, ", ele retrucou, a voz agora tingida de impaciência. Ele ergueu o queixo dela com um dedo, forçando-a a encarar seus olhos. "Nós somos iguais, você e eu. Inteligentes, ambiciosos, destinados a grandeza. Juntos, podemos alcançar o poder que nos é de direito, moldar um mundo onde a magia pura reina suprema."

Tom desenhou um caminho invisível no ar com a varinha, um futuro que apenas eles poderiam ver. "Imagine, . Um mundo livre das amarras daqueles que nos subestimam, onde a nossa linhagem, o nosso poder, é reverenciado. Você não precisa se esconder nas sombras, . Você pode brilhar ao meu lado."

Ele segurou sua mão, entrelaçando seus dedos. "Abandone as ilusões de justiça e bondade. Elas não passam de grilhões que te impedem de alcançar seu verdadeiro potencial. Venha comigo, . Juntos, nós podemos governar."

balançou a cabeça lentamente, as lágrimas agora escorrendo livremente por seu rosto. "Eu nunca poderia fazer parte de um futuro construído sobre o sofrimento e a morte de inocentes, Tom. Você se tornou... um monstro."

A palavra o atingiu como um tapa. Monstro. Ele viu o medo e a repulsa em seus olhos, e por um momento, sentiu algo que não reconhecia. Uma pontada de... dúvida?

Mas a sensação foi passageira. Ele endureceu o olhar, a determinação voltando a cintilar em seus olhos. "Eu me tornei o que preciso ser, . E você pode se juntar a mim."

deu um passo para trás, o medo dando lugar à raiva. "Eu nunca me juntaria a você, Tom. Você é um assassino."

Tom a encarou por um longo momento, um brilho perigoso em seus olhos. "Se você não está comigo, , então está contra mim.”

E então, ela se virou e saiu do corujal, deixando Tom sozinho com seus pensamentos e o vento uivante que parecia ecoar a tempestade que se formava dentro dele. Ela sabia que ele não teria coragem de matá-la ali, não com seus planos tão próximos de se concretizarem. Afinal, um assassinato dentro de Hogwarts causaria um alvoroço que poderia arruinar tudo o que ele havia construído.

Aproveitando a distração do garoto, desceu as escadas em espiral do corujal, seus passos ecoando no silêncio da noite. A neve caía suavemente, cobrindo o pátio de Hogwarts com um manto branco e imaculado, contrastando com a escuridão que se alastrava no coração de .

Cada passo a afastava de Tom, do garoto que ela amara e que agora se revelara um monstro. A dor da traição era aguda, cortante, mas também a impulsionava para frente.

Enquanto Tom observava fugir, a capa esvoaçando ao vento como as asas de um anjo caído. Uma pontada de dor, algo que ele raramente sentia, o atingiu em cheio. Ele havia magoado a única garota que realmente importava para ele, a única que o via além de sua ambição e escuridão.

Ele sempre se orgulhara de sua frieza, de sua capacidade de controlar suas emoções. Mas agora, diante da rejeição de , ele se sentia vulnerável, exposto. Ele esperava que ela o aceitasse, que o amasse apesar de seus defeitos, assim como sua mãe o amara.

Mas não era sua mãe. Ela era forte, independente, com um senso de justiça que ele não podia compreender. E ela o rejeitara, escolhendo o bem em vez do poder, a luz em vez da escuridão.

Tom cerrou os punhos, a raiva borbulhando em seu interior. Ele não precisava de ninguém. Ele era forte o suficiente para trilhar seu caminho sozinho. Mas, no fundo de seu coração, ele sabia que estava mentindo para si mesmo. Ele precisava de , de sua companhia, de sua luz. Mas agora, ela se fora, e ele estava condenado a caminhar sozinho na escuridão que ele mesmo criara.

-------------




Anos se passaram desde aquela noite fatídica no corujal. se formara em Hogwarts com honras, tornando-se uma Auror renomada, respeitada por sua coragem e habilidade em combater as Artes das Trevas. Mas, apesar de todas as suas conquistas, uma sombra ainda a perseguia: a memória de Tom Riddle.

Ela tentara seguir em frente, enterrar o passado e focar em sua carreira. Mas o fantasma de Tom a assombrava, aparecendo em seus sonhos, em seus pensamentos, em cada canto escuro que ela encontrava. A dor da traição, a decepção com o rumo que ele tomara, a saudade do garoto que ela amara... Tudo isso a corroía por dentro, impedindo-a de ser verdadeiramente feliz.

Em uma tarde cinzenta em Londres, enquanto caminhava apressada para o Ministério da Magia, recebeu um pequeno panfleto. O papel amarelado trazia uma mensagem enigmática: "Apareça e Esqueça". Curiosa, ela guardou o panfleto em sua bolsa, sem dar muita importância.

Dias após receber o panfleto enigmático, o redescobriu no fundo de sua bolsa ministerial, um eco fantasmagórico do encontro fugaz. As palavras "Apareça e Esqueça" pareciam pulsar sob seus dedos, um convite macabro que a atraía e a repelia ao mesmo tempo. Seria possível? Existia uma maneira de apagar as memórias dolorosas, de se libertar do passado?

Após uma longa noite de insônia, tomou uma decisão. Ela iria ao endereço indicado no panfleto. Se houvesse uma chance de se livrar da sombra de Tom, ela a agarraria com todas as suas forças. O caminho a levou por vielas tortuosas e becos esquecidos, até que ela se viu diante de uma porta antiga e desgastada, escondida sob um arco de pedra coberto de musgo.

hesitou por um momento, o medo lutando contra a curiosidade. Mas a promessa de esquecer, de se libertar do passado, era forte demais para resistir. Ela entrou, a porta se fechando atrás dela com um clique.

O interior era decorado com objetos antigos e misteriosos, e o ar era denso com o aroma de ervas e especiarias. Um homem idoso, de longas barbas brancas e olhos penetrantes, a recebeu.

"Você veio para esquecer", disse ele, como se lesse seus pensamentos. "Mas esquecer tem um preço. Está disposta a pagá-lo?”

engoliu em seco, o medo se misturando à determinação. "Sim", ela respondeu, a voz firme. "Estou disposta a pagar qualquer preço para me libertar do passado."

O homem sorriu, um sorriso triste e compreensivo. "Então, que assim seja. Feche os olhos e pense em suas memórias mais dolorosas. Deixe que a magia faça seu trabalho.”

Ele ergueu sua varinha, apontando-a para a testa de .

"Obliviate.”





Fim.



Nota da autora: Oii de novo. Voltei apenas para quebrar o coraçãozinho de vocês com essa fic curtinha, espero que tenham gostado. Se quiserem me seguir, minhas redes estarão aqui embaixo e também não esqueça de comentar o que achou.
Até a próxima!

link do insta: https://www.instagram.com/larissacastellan/
twitter: https://x.com/rosecolouredgrl
Clica aí embaixo se o Disqus não aparecer:
> CAIXINHA DE COMENTÁRIOS <







Outras Fanfics:
(AU) Journey to Redemption


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus