Era um outono mais frio do que eu esperava em Londres, Inglaterra. Não estava acostumado com esse tipo de clima no Arizona, e nem esperava que fosse fazer 8ºC à noite e por esse mesmo motivo estava usando apenas uma blusa de manga comprida, que não estava adiantando nada com relação a me esquentar.
Eric tagarelava desde que havíamos saído do hotel, coisas banais e inúteis sobre como ele estava torcendo para não encontrarmos a prima dele em uma esquina que fosse, ou sobre como estava realmente frio e que eu deveria ter dado ouvidos a ele e ter pegado a minha jaqueta.
– Pelo amor de Deus, Eric, cale a boca. – Garrett pediu sem paciência alguma – O John já entendeu que ele deveria ter pegado a porra da jaqueta.
– Por que você está tão hiperativo hoje, Halvo? – Jared perguntou, apertando a blusa contra si mesmo na esperança de se esquentar.
– Estar na mesma cidade e no mesmo bairro que a minha prima me deixa nervoso. – ele bufou – Não quero que ela estrague nossa viagem.
– Não esquenta a cabeça com isso. – Kennedy deu de ombros – Viemos aqui para tocar nossas músicas e tentar um pouco de reconhecimento, sua prima não vai atrapalhar a gente.
– Até porque estuda em um colégio interno, gênio. – dei de ombros.
Halvo apenas deu de ombros e todos nós continuamos a andar em silêncio até o bar em que pretendíamos tocar. Passaríamos lá para avaliar o local e o seu público, para ver se iríamos conseguir algo dali.
era a prima do Eric, a queridinha da família, a popular do colégio quando morava em Phoenix, e daqui há alguns meses estaria muito bem formada em um ótimo colégio interno de Londres. A garota sempre tinha sido nossa amiga, desde pequenos eram sempre nós três - eu, ela e o Eric, mas de repente tudo mudou e ela virou a garota chata e mimada que é hoje em dia. Durante os anos que passou estudando no mesmo colégio que nós, sua vida girava em torno de atormentar as nossas vidas, não só minha e do Halvo, como de todo o resto.
Ao chegarmos à frente do bar avistei uma movimentação estranha e feminina ao final da rua, na esquina, e podia jurar que entre aquelas garotas um rosto era familiar, só esperava estar completamente errado. Fiquei ali, parado, observando de longe as garotas enquanto o resto do grupo entrava no estabelecimento.
– Você não vem, John? – Pat perguntou, indicando a entrada com a mão. – Não, vou fumar um cigarro.
O garoto de cabelos compridos apenas assentiu e eu puxei um maço de cigarros do bolso da calça. Continuei olhando fixamente as garotas na esquina, e decidi ir lá, tentar ajudar de qualquer modo - ou na verdade só queria ver se era realmente quem eu pensava que era.
Andei até o final da rua, e antes que chegasse perto o suficiente para dizer algo, encostei na parede e fumei ali mesmo, prestando atenção no que elas diziam.
– Não acredito que eles fizeram isso! – uma das meninas disse, com um sotaque britânico forte misturado a uma voz de bêbada.
– Calma, talvez eles só foram comprar alguma coisa e já voltam para nos buscar. – outra disse, com um sotaque quase tão forte quanto a outra, mas essa não parecia tão bêbada.
– Não seja iludida, Meredith. – uma voz com um inglês americano disse, e antes que eu pudesse olhar para conferir já sabia que era a . – É claro que eles não foram comprar nada, temos toda a maconha e bebida que precisamos aqui, eles simplesmente nos largaram com toda essa droga!
– Bom, se alguém aqui tivesse pelo menos cedido o que o Tom queria, talvez não estivéssemos nessa. – uma garota enrolou a língua ao se pronunciar.
– Pelo amor de Deus, Megan, eu não iria transar com o Tom só porque ele quer. – bufou. – Mas relaxem, vou dar um jeito de nos tirar daqui.
Soltei a fumaça no ar e olhei . Ela parecia outra pessoa, uma pessoa totalmente diferente do que eu costumava conhecer há quatro anos. Ela usava uma calça jeans preta e justa, com uma regata do David Bowie, e se me permitem dizer, estava muito gostosa. A garota havia pintado o longo cabelo castanho de loiro, os jogou para o lado, me olhou e pareceu ter visto um fantasma. Sussurrou algo no centro do círculo e começou a vir em minha direção, então eu joguei o cigarro no chão e pisei.
– O que faz aqui, Cornelius? – ela perguntou brava, com as mãos na cintura. – Nossa, . – fingi estar surpreso. – Esperava uma saudação mais calorosa, afinal, somos amigos de infância.
– Você não é nada meu, John. – ela rosnou e eu apenas sorri. – O que faz aqui?
– Não que te interesse de verdade, , mas estamos aqui para divulgar nossa banda e pretendemos tocar nesse bar, então viemos dar uma olhada. – dei de ombros. – Vocês vão entrar? Aquela sua amiga ruivinha é uma graça.
estava um pouco menor que eu devido aos sapatos altos que usava, mas normalmente ela seria bem mais baixa. Passei a mão pelo rosto, me torturando mentalmente por ter tido a vontade de beijá-la mesmo estando totalmente sóbrio.
– Fica longe dela. – ela me empurrou contra a parede, com a mão no meu peito. – O Eric está aqui?
– Claro.
– Se você não quiser sair daqui com a cara roxa, é melhor ele nem imaginar que estou fora do colégio. Entendeu?
– Claro. – eu sorri. – Nos vemos lá dentro então?
– Claro. – ela disse e abriu um sorriso de quem iria me matar se precisasse.
Ah, ela podia ficar tranquila, Eric não saberia que ela estava ali, levando em conta que temos um trato de não ficar com nenhum familiar dos amigos, então ele não iria nem sonhar que estava no mesmo lugar que a gente e muito menos que eu pretendia ficar com ela.

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Já era por volta das três da manhã quando a banda cover do The Kooks saiu do palco e deu espaço a pops antigos e que, diga-se de passagem, não tinha nada a ver com nós.
– Ei, eu vou lá fora. – Halvo anunciou enquanto bebia o último gole de sua cerveja.
– Por quê? – Kennedy perguntou impaciente, claramente ele preferia ficar lá comendo batata frita.
– Vi umas garotas saindo e…
– Eu vou com você. – Kenny anunciou e se levantou.
O resto de nós riu da cara de ambos que estavam, claramente, loucos para comer qualquer coisa com duas pernas. Ou talvez nem fosse necessário ter as duas, o que importava era o que tinha no meio.
– Eu particularmente não gostei desse bar… – Garrett anunciou. – Cara, está tocando Beyoncé, vocês estão ouvindo?
– Sim, estamos. – Jared riu.
– É… Não é bem o nosso tipo de bar, e as pessoas nem estavam curtindo a música da banda. – Pat deu de ombros.
Eles entraram em uma conversa sobre procurar um PUB em que o público seja jovem e curtam o som que lhes é proporcionado, e depois começaram a reclamar sobre como a juventude está perdida. Como se fôssemos super mais velhos que o nosso público alvo. Como se fôssemos super mais velhos.
Talvez a bebida tenha subido rápido demais, talvez eu já estivesse bêbado, mas eu podia jurar que quando começou a tocar Gwen Stefani e os caras ficaram totalmente revoltados e levantaram para se juntar a Halvo e Kennedy, a garota loira no bar piscou para mim. Ela fazia uma dancinha desengolçada de bêbada ao som de Hollaback Girl.
– Você vem com a gente, John? – Jared perguntou.
Eu apenas neguei com a cabeça e comecei a andar em direção ao bar, onde estava. Ao chegar perto dela, a garota riu devagar e encostou no balcão.
– Até que você ficou bonitinho. – ela disse.
– Bonitinho? – eu ri e coloquei a margarita no balcão atrás dela. – Esse não é exatamente o adjetivo que usaria para te descrever, então melhore o meu.
– Garotas britânicas nunca revelam o que realmente acham de um cara. – ela riu.
Foi um sorriso totalmente encantador e sexy, e eu estava realmente muito afim de beijar aquela garota até perder meu folêgo. Como nunca quis e provavelmente vou querer outra vez na vida. Estávamos no meio de outubro, em Londres, eram sentimentos inéditos e se não ficasse com ela naquela noite seriam sentimentos sentidos em vão. Odiava coisas em vão. Passei a mão por seu rosto delicadamente e falei baixinho perto de seu rosto.
– Garotos americanos sempre falam logo na lata: fume o que resta e vamos pro hotel, não temos nada a perder.
Mais uma vez sorriu. Ela estava completamente chapada de maconha, mas eu sabia por experiência própria de que ela sabia o que queria, e se tivesse sorte eu também sabia o que ela queria.
– Garotas britânicas só querem sexo, John. – ela me olhou tão profundamente que se fosse possível, a cor de nossos olhos formariam uma só.
pronunciou meu nome de um jeito tão inocente e ao mesmo tempo provocador que eu apenas mordi o lábio e ri a ela. Apoiei uma mão no pilar ao seu lado e posicionei a outra delicadamente em sua cintura.
– Tenho uma novidade… – eu sussurrei – Garotos americanos também.
me encarou e passou a mão pelo meu rosto, desceu pelo pescoço e parou no peito. Eu já estava morrendo de tesão por ela só com um simples toque. Então a garota olhou para o lado e avistou as amigas.
– Preciso ir para a casa. – ela disse e fez menção de ir embora, mas eu a empurrei contra o pilar.
– Você é linda, . – eu sussurrei. – Podia ficar a noite toda admirando como suas covinhas são tão sensíveis que aparecem até com um sorriso malicioso, mas eu estou com muita vontade de te beijar, e se você não me ceder esse desejo serei um homem frustrado.
me olhou com cuidado, podia sentir seus olhos analisando cada centímetro do meu rosto, descendo pelo pescoço, lendo cuidadosamente a tatuagem na clavícula, então voltou seu olhar para o meu e sua mão em minha nuca.
Sem que ela permitisse ou demonstrasse que iria tomar alguma atitude, eu a puxei pela mão que estava em sua cintura e a beijei. A boca de se encaixou perfeitamente com a minha e me peguei pensando como eu nunca tinha feito aquilo antes. A garota puxou o canto da minha blusa com a mão livre, me forçando a ir mais perto dela, e eu obedeci como um cachorrinho sedento por água. Tirei minha boca da sua e desci pelo pescoço, sem ser delicado ou violento demais, apenas na medida certa. Continuei a beijá-la até ela parar.
– Onde está meu primo? – ela perguntou ofegante, um tanto aflita, com as mãos em meu peito.
– Lá fora. – eu disse e aproximei meu rosto de seu ouvido – Então me parece que vamos ter que sair pelos fundos.
Sem dizer nada, a expressão de mudou de tesão para um rosto sereno e calmo. Delicadamente, passou a mão por toda a extensão do meu braço e então me deu a mão e me puxou com graça por entre as pessoas, desviando delas com uma calma incrível que nunca havia visto usar antes.
Parecia um anjo de garota ao sorrir para os outros ao pedir licença. Ela parecia irradiar bondade, mas sabia que por baixo daquela máscara ela estava louca para me beijar (se isso não for muito ego inflado meu).
– É isso que ensinam nos colégios internos da Inglaterra? – perguntei perto de seu ouvido – Como se comportar como uma princesa?
Sem soltar minha mão, a garota virou para mim e parou diante de uma porta.
Abriu um sorriso calmo e por um momento eu achei que ela estava com pena de mim. Então me puxou para perto dela, colocou uma das minhas mãos em sua cintura e levantou a blusa devagar.
– Não, eles ensinam a não fazer isso. – ela disse calma.
Por um momento eu fiquei sem entender, achando que estudava em uma escola católica que abominava o sexo. Mas quando ela passou meus dedos sob a pele nua de sua cintura, senti cicatrizes grossas, uma seguida da outra.
– Pronto. – ela tirou minha mão de si e sorriu – Agora posso tirar a roupa perto de você sem que se assuste e ache que sou a Sally do Estranho Mundo de Jack.
– Droga. – eu sorri, tentando diminuir a tensão – Sempre te achei parecida com ela, jura que você não é ela?
– Juro. – ela disse séria.
abriu a porta dos fundos e saiu, eu fui logo atrás dela. Estávamos entrando no táxi para o hotel quando a garota olhou profundamente nos meus olhos e disse:
– Não sou a Sally, mas sofro da mesma melancolia e dor que ela.

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Foi um caminho estranho e extremamente silencioso até o hotel. Eu queria dizer alguma coisa, não deixar que a última coisa dita tivesse vindo dela, ainda mais levando em conta o que ela disse.
Estávamos em um hotel que estava longe de ser 5 estrelas mas tinha o que mais gostava em qualquer hotel: elevador. me olhou com o canto do olho quando dei passagem para que ela entrasse antes de mim, a garota abriu um sorriso malicioso e eu apenas retribui. Ah, eu amava elevadores.
– Então, aquela história que você disse sobre garotas britânicas é verdade? – perguntei, chegando perto de seu rosto.
– Cem por cento. – ela riu e deu um beijo demorado no canto da minha boca.
– Bom saber. – eu a puxei pela cintura contra meu corpo.
– Sabe, existem boatos sobre você, Cornelius. – disse passando a unha pelo meu pescoço – O primeiro está provado.
– E o que dizem de mim, ? – eu beijei seu pescoço e ela soltou um riso nervoso, segurando meu cabelo com força.
– Que você beija bem, e a segunda coisa você sabe.
– É, já ouvi isso também. – dei de ombros.
me empurrou para fora do elevador, e eu a puxei para a porta do meu quarto, enquanto ela ia dizendo atrás de mim:
– Espero não me decepcionar.
– Não te deixaria na mão.
Abri a porta do quarto com o cartão e a fechei atrás de mim com rapidez. Assim que virou para me olhar, eu a peguei pela cintura e pressionei contra a parede. A beijei com força enquanto a garota passava as pernas pela minha cintura. Apertava seu corpo contra o meu, ela passava a mão pelo meu cabelo e o puxava vez ou outra.
Sem a tirar do meu colo, virei e caminhei até a cama, a colocando no centro do colchão king size que tínhamos a nossa disposição. Tirei sua blusa e beijei seu corpo enquanto tirava o sutiã sem dificuldade alguma, então beijei seus seios e desci até a calça.
Tirei sua calça e brinquei com , a ouvindo suspirar de desejo. Tirei sua calcinha delicada sem graça alguma, e então brinquei com minha língua em sua vagina enquanto a ouvir gemer baixinho e puxar o meu cabelo.
Levantei do que estava fazendo e tirei a blusa e a calça de uma vez só. Senti os olhos de percorrendo meu corpo e achei aquilo tão impossível que abri um sorriso. Quem diria? A garota passou a mão por todo o meu tronco e fez sinal para que eu me aproximasse. Eu o fiz, e então me beijou.
Enquanto nos beijávamos, eu acariciava todo o corpo de , e sentia cicatrizes por toda a extensão, desde seus pulsos até a barriga e as coxas. Então de repente só aquilo não era mais o suficiente, já tínhamos tido preliminares demais.
Sem dizer nada, sai do beijo da garota e abaixei a cueca. Vi mordendo o lábio e fechando os olhos, como se estivesse pronta para aquilo, então eu meti. A garota abriu os olhos e gemeu, colocou as pernas em cima de mim enquanto eu fazia movimentos precisos e rápidos, e nossos olhares não se desviaram um segundo.
pediu doce e excitantemente para que eu não tivesse dó dela, então eu fiz com a maior força que consegui, arrancando gemidos altos da garota em baixo de mim. Não queria que acabasse tão rápido, mas estava tão bom que eu não podia parar. Então eu me movimentei mais algumas vezes antes de ouvir chegar ao seu ápice e, logo depois, eu cheguei ao meu. Por mais que minha vontade fosse despencar em cima dela, eu me segurei e esperei que meu corpo relaxasse para só então tirar meu membro dela e me jogar ao seu lado.
– Decepcionada? – perguntei arfando.
– Superou minhas expectativas. – ela riu – Deus, há quanto tempo eu não tinha um orgasmo?
– Eu disse que garotos americanos são diretos.
respondeu um murmúrio que eu não entendi, e não fiz questão de entender. Olhei para a parede e me perdi em pensamentos, e quando dei por mim ela estava aninhada em meu peito e eu acariciava seus cabelos. Acho que preferia ela morena do que loira. Não, na verdade ela ficava bem melhor sem roupa. I know its wrong but that’s the way it goes.
De todas as meninas da Inglaterra que eu poderia ter transado hoje, era a minha maior inimiga da infância que estava nos meus braços, com a pele arrepiada de frio, enquanto eu sentia sua respiração quente em meu pescoço.
Sou um cara que não costuma acreditar em destino, mas aquilo ali era estranho demais para ser uma transa do acaso, de todas as noites e de todos os bares, ela estava no mesmo bar que eu e na mesma noite. Não que eu estou dizendo que vamos casar, mas, cara, alguma coisa ela tem que me deixa louco.
Puxei a coberta branca para cima e cobri nós dois. Não sabia o que diria para o Eric caso ele aparecese, mas não ligava no momento. Nada importava naquele momento, o que eu queria realmente saber e que realmente importava era porque fazia aquilo com ela mesma.
A garota se mexeu e abriu os olhos, me olhando fixamente.
– Obrigada, Cornelius.
E então virou para o lado e dormiu. E eu fiquei sem saber o motivo do agradecimento.

Nota da autora: (03.12.2015) Fanfic baseada na música English Girls do The Maine.




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