O palácio estava cheio de pessoas e os criados corriam apressados para a sala de jantar. Já os seguranças e o padre iam desesperadamente para a sala do trono, se preparar para o grande acontecimento.
Na suíte do monarca, localizada no fundo do grande corredor da ala este, estava a pessoa por quem todos aqueles reis e príncipes esperavam ver e, eventualmente, dar uma palavra. A futura rainha.
O vestido branco, com várias decorações douradas, servia-lhe como uma luva. Não era pomposo como as suas antepassadas usavam, mas exibia a riqueza extrema do reino de Nikoslav, mesmo depois de uma guerra civil. O longo manto feito de veludo azul ocupava metade do quarto e era capaz de ser mais velho do que a própria artesã que arrumava algum de seus defeitos.
Os cabelos da jovem estava extremamente bem arrumado, com várias tranças adornando os fios que desciam até metade das costas da garota. A maquilhagem não estava pesada e as todas as joias eram feitas de pérolas.
— Minha princesa, você está pronta. — A artesã anunciou. se virou para trás, esboçando um sorriso calmo para a velha senhora. — Exatamente a tempo.
— Eli! — A exclamação veio do jovem Lennart, o príncipe de apenas cinco anos, que corria em direção da irmã mais quatorze anos mais velha que, com alguma dificuldade, se abaixou para o abraçar. — O senhor Rasnivik disse que eu iria com você para a sala do trono. Isso não é legal?
— Certamente, Lennart. — A voz calma do chefe dos criados se espalhou pela sala. Os olhos de correram até o homem de pele negra, que olhou para a garota com um carinho imenso. — Contudo, um lorde não deve falar alto na presença de sua rainha.
O homem bateu palmas e os dois soldados, fardados com os uniformes azul-marinho típicos da guarda abriram as portas. Lennart se colocou confiantemente ao lado de e apertou a mão da mais velha, enquanto ambos começaram a andar.
Sendo seguida de perto por soldados, continuou sua curta caminhada pelas passagens secretas até ao grande salão da coroação. Seus olhos estavam fixos no grande trono, mesmo a sala estando mais cheia o que ela imaginava que alguma vez pudesse estar. Chefes e comandantes de todos os países do mundo se colocavam em disputa para vislumbrar a jovem e poderosa futura rainha Amnivich de Nikoslav.
Lennart soltou a mão da irmã mais velha para se sentar na pequena cadeira reservada a ele, um degrau abaixo do trono do monarca, como era comum para os irmãos e/ou filhos naquela realeza. Um sorriso inocente apareceu nos lábios do jovem garotinho, feliz por seus imensos treinos com Rasnivik tivessem sido úteis.
A cerimónia não fora longa, o Padre apenas lamentara pela morte do antigo monarca, recitara algumas preces e, logo, entregara o cetro e o globo de ouro à , que se levantou, esperando aquela loucura ser finalizada.
— Pelo poder que Deus Pai de Todos Nós investiu em mim, declaro rainha I, da linhagem Amnivich. Que seu reino seja longo, próspero e pacífico. — A grande coroa adornada com diamantes e rubis finalmente tocou na cabeça de , nunca imaginara que ela fosse tão pesada assim. — Vida longa à rainha.
— Vida longa à rainha. — Disse o salão em coro.
, por sua vez, não esboçou nem um sorriso para os repórteres que filmavam sua coroação. Ela já lutava para reter as lágrimas que muito queriam aparecer, mas ela não deixaria que o mundo inteiro e sua nação pensarem que Nikoslav era governada por uma mulher fraca. Não, não era fraca.
Mas mesmo depois de tantos sofrimentos suportados, segurar a coroa que outrora fora de seu pai doía em seu peito.
Inclusive quando o retrato da sua família destruída estava do outro lado da sala, em proporções gigantescas, permitindo se lembrar da morte de seu pai, o corpo de sua mãe pendurado no carvalho do jardim e o corpo inanimado de seu irmão mais velho na enfermaria.
— Que o banquete começe. — Anunciou , com uma voz fria. Logo depois seus criados abriram as portas do salão e todos os líderes se dirigiram à mesa.
Enquanto o Padre retirava os símbolos da monarquia Amnivich de , ela contemplou uma verdade que parecia ser a única no momento, depois de ver aqueles homens e mulheres, sedentos pelo poder que poderia se esvair da sua nação: Nikoslav e Lennart foram as únicas coisas que sobraram à jovem e ela não deixaria ninguém tirá-las de si.

Nota da autora:Espero que tudo esteja do seu agrado. Não se esqueça de comentar e fazer uma autora feliz. Gostaria de lembrar que Nikoslav, seu reino, é localizado nas terras da Suécia, Finlândia e Noruega. Alguns países que, na nossa realidade são democracias, se tornarão monarquias e, talvez, seus aliados ou inimigos. Vejo vocês no próximo capítulo.

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