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Brutal Love




pov's:

Cheguei em casa, apaguei as luzes, deitei no sofá e fechei os meus olhos. Peguei meu celular e, automaticamente, fui até o ícone que já conhecia de cor: o Music Play. Botei no aleatório, deixando que uma música qualquer tomasse conta do ambiente, e me deixei levar pelo sentimento que me invadia: a tristeza por, simplesmente, não tê-lo junto de mim. E pela primeira vez nestes quinze dias sem ele, eu me permiti chorar. Deixei que as lágrimas escorressem pelo meu rosto manchando-o, assim com a maquiagem que eu havia botado naquele dia.

Apague as luzes.
Feche seus olhos.
Quebre o silêncio.
A mágoa de sua vida.
Dance para sempre.
Sob as luzes deste amor brutal.

Eu o queria mais do que tudo, mas não o teria de volta... Eu sei que mesmo se tentar não vou conseguir, apenas vou acabar me machucando mais e mais. Nosso amor sempre foi um tanto brutal. Sinto muito que agora ele esteja longe de mim. E o pior: com outra pessoa ao seu lado; outra pessoa para fazer tudo aquilo que eu deveria estar fazendo. Eu estava implorando, rezando, mesmo não sendo o tipo de pessoa religiosa, para que o tempo me trouxesse de volta. Por deus! Eu o amava mais do que um dia pensei em amar alguém. Doía demais ver que a pessoa que um dia foi o meu tudo agora havia me deixado, e o pior é que eu nem podia ter tentado impedi-lo. Porém, essa dor aqui dentro do meu peito não quer acreditar, essa dor não me deixa me enxergar por completo... É um pouco estranho esse sentimento, porém, infelizmente não consigo deixar de senti-lo...

Oh, como você o quer.
Você está implorando por ele.
Mas você não pode tê-lo.
Mesmo se você tentar.
É nos apertos.
De minhas mãos.
Deste amor brutal.

Me levantei e andei lentamente até o local que antes costumava ser o nosso cantinho, o lugar onde passávamos a maior parte do tempo quando estávamos juntos. Retirei meu All Stars preto e os soltei em um canto qualquer. Me sentei em um dos puffs que ficavam naquele espaço e olhei em volta: brinquedos velhos nas estantes, dentre eles, corações de plástico...
Hm, que irônico, sinto como se meu coração fosse igual a eles: oco, total e completamente vazio. Senti mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto, principalmente quando as lembranças dos momentos que passamos ali invadiram a minha mente...

Brinquedos velhos.
Esse coração de plástico.
Solitários e tolos.
Estão acabando comigo.
Lá vem o problema.
O inevitável.
Deste amor brutal.

Um pequeno porta retrato estilhaçado em um canto me chamou a atenção, havíamos tirado aquela foto no meu aniversário ano passado. Se eu fechasse os olhos quase podia voltar até aquele dia.

Flashback

Era meu aniversário de vinte e um anos. e eu havíamos acabado de reatar depois de um mês separados, aquele havia sido o tempo mais longo que uma de nossas brigas já havia durado, mas agora estava tudo bem e eu não podia estar mais feliz.
olha o que eu achei. — escutei a voz dele adentrando o quarto. Era uma máquina Polaroid, eu a havia ganhado no meu aniversário de dezesseis anos. — Vem! Vamos tirar uma foto. — disse ele.
, eu nem sei se ela ainda funciona.
— Nunca saberemos se não testarmos.
No momento em que disse isso, me puxou pra perto, e antes mesmo que eu pudesse me ajeitar, tirou a foto.
não gostava de fotos em que as pessoas faziam pose, pra ele as espontâneas eram as melhores. Ele havia se afastado um pouquinho de mim para observar a foto e eu aproveitei para observá-lo. Ele era tão lindo! Eu era uma garota de sorte.
. — o chamei.
— O que foi?
— Eu te amo.
Ele largou a foto na estante ao nosso lado se aproximou e me me beijou.
— Eu também te amo... — sussurrou no meu ouvido, após quebrar o beijo.

Flashback Off.

Ficar em casa não estava me fazendo bem. Eu estava me sentindo sufocada no meio de tantas lembranças. Resolvi sair dali. Não poderia ficar em um lugar onde tudo me lembrava ele. Levantei-me e fui para meu quarto. Ainda chorando, retirei toda minha roupa e joguei no cesto de roupas sujas. Adentrei o banheiro e liguei o chuveiro, entrando em baixo do mesmo sem nem sequer deixá-lo aquecer. Tomei meu banho com as tão conhecidas lágrimas escorrendo pelo meu rosto e logo caindo em meu colo descoberto. Terminei meu banho e me sequei ainda no banheiro. Fui até meu quarto e vesti a primeira roupa que enxerguei ali, não me importava em ficar bonita. Pra quê? Penteei meus cabelos, os deixando soltos mesmo. Peguei minha bolsa e saí em direção ao meu carro estacionado na frente de minha casa, destravei o mesmo e entrei, botando o cinto logo em seguida. Dei a partida e saí sem destino. Dirigir às vezes me acalmava...

Perigo.
Não estou bem em casa.
Os olhos da tentação.
A carne em meus ossos.
Olá estranho.
Eu sou um desastre.
Deste amor brutal.

Acabei passando na frente de um pub onde eu costumava ir quando ainda era solteira, estacionei em frente ao mesmo, saí, travei o carro e fui em direção à entrada do local. Me dirigi ao fundo do estabelecimento, onde tinha um bar de madeira, sentei em um dos banquinhos que havia ali e pedi uma cerveja. Fiquei observando as pessoas que ali estavam, uma mesa em especial me chamou atenção: tinham quatro adolescentes, dois casais, todos ali bebiam refrigerante e pareciam tão felizes, diferente de mim. Senti as lágrimas voltarem, mas desta vez não deixei com que caíssem, não choraria novamente, não em público. Tudo que queria naquele momento era um beijo dele. Olhei para meu lado e avistei minha bebida, bebi um gole e dessa vez ela parecia mais amarga...

Má sorte.
Cerveja amarga e refrigerante.
Angústia e vergonha.
O tolo moderno.
Mau amor.
Beije-me pois estou carregado.
Algo para minha mente problemática.

Eu sentia como se estivesse morta, não tinha mais nenhuma emoção em minha vida. Eu estava ali, abandonada, asquerosamente bêbada após o oitavo copo de cerveja, e com o coração partido. Por que tinha que ser assim conosco, um amor tão... brutal?

Abandonado.
Largado morto asquerosamente.
Quão baixo é este amor brutal?



Fim.



Nota da autora: Oioi gente, em primeiro lugar eu queria agradecer a Thai e Tham <3 por terem lido e me ajudado a melhorar a fic, e também queria agradecer a vocês leitoras. A fic foi escrita originalmente em 2013 pra um projeto, e esses dias eu tava mexendo no meu notebook e encontrei o arquivo dela perdido, então resolvi reescrevê-la... Bom... é isso espero que gostem... Xx Mandie F.
Ps: Onde me encontrar:
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