- Pra que essa pressa toda? Me solta, será que eu não consigo andar sozinha? – Resmungava pra que me puxava com força para a varanda externa de sua casa.
- SURPRESAAAA! – Ouvi gritarem quando entrei no lugar, e estavam todos lá. Minha prima Isabel que morava em Rio das Ostras, que saudades eu estava dela. Sorri de felicidade ao ver aquela gente toda comigo para celebra o meu... O MEU ANIVERSÁRIO! Eu estava fazendo 20 anos hoje, avisei a todos que não iria fazer festa, e ai me vem com esse papo de vamos nos encontrar com o pessoal naquele restaurante lá. ERA TUDO MENTIRA. Mas estava feliz por aquilo. Sorri e abracei todos que estavam ali, só não tive tempo de conversar com meus primos que vieram de longe.
- Obrigada, que vontade de te matar. Sério. – Falei abraçando forte depois de quase uma hora de festa. – Te amo.
- Amiga, eu não ia deixar você passar seu vigésimo aniversário em branco, né? Me poupe, vaquinha. – Falou
retribuindo o abraço. – Eu te amo, viu? – Ela passou as mãos em meu rosto e sorri.
Fiquei parada observando o pessoal conversar nos cantos e a música tocava um pouco baixo de fundo. Pareciam animados com tudo aquilo. Passou um tempo até que cantamos parabéns e me despedi de uns amigos que tinham que ir embora. Olhei para a rua calma e deserta, até achar o que eu estava procurando. . Ele está ali? “Isso não é real”, falei baixinho balançando a cabeça. Olhei novamente e ali estava ele, sorrindo de canto como ele sempre fazia quando me encarava. Uma lágrima escorreu em meu rosto borrando um pouco o rímel. Pelo menos sabia que ele havia lembrado do meu aniversário. Andei lentamente em direção a ele que mantinha seu olhar sobre mim. Abaixei o olhar e quando levantei novamente para encará-lo, ele não estava mais ali, não havia ninguém. Um clarão forte atrapalhou minha visão me fazendo tontear e acordei em um hospital com minha mãe ao meu lado.
- Filha? Graças a Deus! – Ela sorriu apertando minha mão. – Você está bem? Sente alguma coisa?
- Eu estou, estou. – Repeti para que se acalmasse. – Por que estamos aqui? A gente estava na minha festa.
- Sim, estávamos. Você foi atropelada, . – Aquelas palavras invadiram meu ouvido me fazendo lembrar de parado lá, se não fosse por ele, eu não estaria aqui nessa cama de hospital. Uma lágrima escorreu sem demora. – Já está tudo bem filha. Se acalme.
- ... – Foi a única coisa que consegui dizer antes que meu rosto se tornasse de lágrimas.
- te deixou há muito tempo, . O médico está vindo. – Ela disse se sentando na poltrona que havia ao lado da cama.
Flashback Abril 2018.
- ? O que houve? Vai ficar parada ai? – me chamava para ir para a sala. Já faziam 10 minutos que o sinal bateu e estávamos atrasada. Mas eu estava ocupada demais para me preocupar com isso, ele estava sentado na escada com seus amigos e uma garota loira um pouco alta que dava duas de mim, tinha peito, bunda, tudo o que qualquer garoto dessa escola dava. E estava visivelmente dando em cima de , que aparentemente não dava a mínima. Continuou conversando com seus amigos e logo seu olhar parou em mim. Virei o rosto nervosa e andei rápido.
- Vamos. Anda. – Falei sem conseguir mexer o rosto com o cabelo, tentando escondê-lo.
- Ai, maluca! – Ela bufou e andamos para a sala, onde claramente a professora de física já havia começado a aula.
- Senhorita , e Senhorita . Sinto muito, mas já passou o horário de entrada que é no máximo 15 minutos de atraso. Esperem na secretaria até sua próxima aula. – Ela disse ao ver nossa cara quando abriu a porta.
- Por favor. Eu escrevo dez redações. Dez resumos sobre a aula. Mas por favor, eu não posso ficar fora de sala. – Eu implorei.
- Até mais, senhorita. – O ouvi dizer depois de ter fechado a porta em nossa cara.
- Vamos ficar no pátio. Melhor do que irmos pra secretaria. – falou sem se importar, ela adorava ficar fora de sala. Não vou mentir que eu também não, mas com aquele garoto lá, eu não ia mesmo.
- O quê? – Disse pasma e observei minha cara ficar vermelha. E ela me olhou sem entender. – Eu não posso ir, tá legal.
- Ah é? E por que não? – Ela perguntou irônica e revirei os olhos antes de me ver descendo as escadas para o pátio.
Estava vermelha o suficiente pra ele perceber que eu estava com vergonha. Desviei o olhar ao ver que ele me olhava e paralisei sentada na mesa ao lado de que mexia no celular.
- Vou ali, tem uma pessoa que quer me encontrar. – Ela disse se levantando.
- Não, você não vai. – Falei e a puxei de novo.
- Mas que diabos, ! Você tá é muito estranha hoje. – Ela disse e se levantou. A vi se distanciar por um tempo, o que eu iria fazer? Permaneci sentada até que vi o garoto chegar perto de mim. Minhas mãos tremiam e os meus pés batiam de nervoso no chão, minha vontade era sair correndo dali. Por fim, sentou na minha frente me comendo com os olhos.
- Prazer, . Acho que não nos conhecemos. – Ele disse simpático.
- É, não mesmo. – Falei um pouco nervosa, mas todo aquele nervosismo acabou quando vi que estava ficando conhecida dele. – Eu sou .
Dias Atuais. Fevereiro 2022.
- Está de alta, mocinha, deve ficar boa em uma semana. Só pegar os comprovantes na secretaria, e pronto. E tome mais cuidados! – O médio disse e saiu, entrando uma enfermeira para me ajudar com as coisas.
Quando saímos do hospital já era tarde, chovia um pouco lá fora. A viagem foi longa e chegamos em casa um pouco mais tarde do que o previsto. Adentrei o meu quarto que estava com um cheiro de flores e com algumas coisas em cima da cama. Tinha umas caixas, uns envelopes com cartas e outros com fotos, carinho das pessoas que eram especiais pra mim e que se importavam de verdade comigo. Observei as flores no jarro em minha penteadeira, eram lindas e cheiravam bem. Li algumas das cartas apesar do cansaço, e olhei algumas fotos
e foi impossível algumas lágrimas não caírem. Coloquei tudo em umas das caixas grandes ao lado da cama e deitei olhando para o teto e logo meus pensamentos pararam em . Por que? Eu merecia tudo isso que tem acontecido comigo? Fechei os olhos na tentativa de alcançar o sono, mas foi em vão ao sentir o vento de fora invadir o quarto fazendo as cortinas voarem. Caminhei lentamente até a sacada dando de cara com que estava encharcado. Apenas o observei com algumas lágrimas caindo em meu rosto. Ficamos em silêncio ali por um tempo.
- Você estava lá, não estava? – Perguntei, coçando a ponta do nariz e o vi afirmar com a cabeça.
- Eu fui te desejar feliz aniversário, antes que me visse, eu estava ali a um tempo, vendo o quanto feliz você festava com o pouco que tinha ali e o quanto eu não merecia você, e sabia que se me visse ali, iria querer me matar ou algo do tipo, mas quem que sofreu mais com tudo foi você, que quase morreu por minha culpa. – Soluçou alto com as mão encostadas na grade da sacada e sentou ali com as pernas para fora. – Já estava indo embora quando me viu, então te vi se aproximando e fui um covarde, queria te poupar de alguma conversa naquele dia. Virei as costas e fui andando, só escutei o barulho e me dei conta do que tinha feito. Eu não estou aqui pra implorar nada a você, só vim te pedir perdão, porque de pesada, já tem a minha consciência. – E pulou sem esperar uma resposta.
E o que me restava naquele momento era chorar, chorar e chorar. Sentei no chão de frente para o espelho e fechei as pernas com os braços e encachei minha cabeça ali. A noite passou e acordei com o sol entrando em meu quarto. Ainda encarava o teto, pensando na noite passada, quando ouvi duas batidas na porta e minha mãe entrando.
- Te acordei? – Perguntou sentando na cama e balancei a cabeça em negação.
- Fala. – Falei levantando, pegando um roupa no closet.
- Tem uma visita pra você lá embaixo. – Ela disse sorrindo.
- Quem? – Perguntei enquanto caminhava e parei na porta do banheiro.
- Se arruma e desce. – Falou e saiu do quarto.
Entrei para o banheiro querendo me camuflar ali de alguma maneira e nunca mais sair, aquilo parecia estar me consumindo por dentro. Desde que ele me deixou, tudo mudou, ainda fez mais sentido na minha vida. Deixei que a água caísse sobre minhas costas para relaxar. Terminei o banho colocando uma bermuda jeans e uma regata branca. Desci lentamente as escadas de casa, ainda tinham partes em mim que doíam. Entrei na sala dando de cara com e .
- Ah, amiga, o que aconteceu? – Ela fez cara de triste ao me ver caminhando devagar.
- Gente, eu estou bem. Só foi um susto. – Falei sentando no sofá. – , que bom te ver domingo de manhã. – Ele apenas sorriu.
- Vim ver como minha menina está. Depois do “susto”. – Fez umas aspas com a mão.
- Estou ótima. Só que com fome. – Falei rindo.
- Tem bolinho, acabaram de sair. – Minha mãe trouxe na bandeja com um jarro de suco e três taças.
- Tia, que delicia, acho que venho te visitar com mais frequência, Cah. – Ela disse me fazendo rir.
- Vamos, em plural. – completou.
Continuamos conversando sobre qualquer coisa e comendo os bolinhos até que retomaram o assunto do acidente.
- Deve ter sido horrível. – disse com voz de pena.
- Gente, eu me sinto como se nada tivesse acontecido e só me lembro de algumas coisas, essa é a parte ruim. Não me lembro. – Falei comendo um pedaço do bolo.
- Mas você se lembra do parado lá e que ele que causou isso tudo, não é? – disse e cuspiu o bolo no prato depois de ouvir. Olhei para a cozinha pra ver se minha mãe havia escutado aquilo, por sorte, estava entretida demais no celular pra ouvir qualquer coisa. Virei para com olhar de reprovação e ele levantou as mão em sinal de rendição.
- Como? – perguntou limpando a boca. – Desculpa pelo prato.
- Sim, me lembro. Ele estava parado lá. E eu fiquei feliz por vê-lo ali, pelo menos tinha lembrado do meu aniversário. Foi então que resolvi ir até ele, e ai quando olhei novamente para o lugar onde ele estava, não tinha ninguém. Ai veio um clarão enorme, e acordei no hospital no outro dia. – Cuspi as palavras.
- Ele é um idiota. – completou. – Você podia ter morrido. Tem noção?
- , não culpe o garoto. Ele foi um imbecil por ter saído e nem ligado pra você. – falou em forma de consolo.
- Chega com esse assunto. Estou com dor de cabeça. E , faz um favor? – Falei levantando e ele fez um “Hum?” com a cabeça. – Não conte pra ninguém. Meus problemas, só meus. – Falei e me direcionei pra cozinha, e me acompanhou.
- De certa forma, se cuide. Estou indo. – Ele disse saindo, apenas acenei com a cabeça e o vi partir.
- Amiga, não fica assim. – falou ao ver que uma lágrima havia escorrido em meu rosto.
- Sabe o que é pior? Ele veio aqui, ontem à noite, um pouco depois de eu ter voltado do hospital. Disse tudo o que tinha que falar e foi embora. Não me deixou falar nada. Isso doeu em mim, e continua doendo. Desde que ele me deixou, eu não sou mais a mesma, é como se uma parte de mim deixasse de ser eu. – Falei soluçando e ganhei um abraço apertado. Minha mãe estava na área com alguns deveres a fazer.
- Não lembra, não lembra. – Ela disse passando as mãos pelos meus cabelos. tinha se tornado uma grande amiga minha desde o início da faculdade. – Eu não sei como é isso, eu só quero te ver bem e feliz, só isso que importa.
- Obrigado. Por tudo. – Falei sorrindo. – Sobe comigo? Ainda tenho que ler umas cartas. – Ela assentiu e subiu comigo.
Entramos no quarto e sentamos na cama, as lágrimas não haviam mais. Conversávamos sobre outras coisas e rimos ao lembrar-se de fatos que já tinham acontecido.
Flashback Novembro 2018.
- , aceita namorar comigo? – Ele disse mostrando uma caixinha com um anel prata com uma pedra em cima, era lindo.
- Claro, . – Falei o beijando na mesma hora.
tirou o anel da caixa e colocou em meu dedo. Estávamos em um restaurante onde me levou para jantar com ele. Estava tudo tão perfeito, eu não tinha dúvidas que o amava desde que o vi pela primeira vez no colégio. Já tinha alguns meses desde que nos conhecíamos, mas esse dia, o tão esperado dia, aconteceu. Eu estava tão feliz.
- Obrigada. – Falei olhando para o anel e logo em seguida para seu rosto.
- Eu te amo, Cah, é o que importa. – Ele disse e selamos mais uma vez os lábios.
- Eu também te amo, muito. – Falei e sorri.
Saímos do restaurante e entramos no carro onde íamos para minha casa, mas fomos por um caminho diferente. Estranhei e logo sabia onde ele iria me levar, estávamos na estrada para a praia. Estava calmo e as águas estavam tranquilas. Deitei na areia ao seu lado e ficamos ali por um tempo.
- Depois de 7 meses te esperando, aqui estamos nós. – Falei sorrindo.
Agora não tem motivo pra esperar. – Ele disse passando os dedos pelos meus lábios. – O que acha de fazermos dois pedidos? Um pra a gente escutar, e o outro a gente faz na mente olhando para o céu. O que acha?
- Pode ser, como início de namoro. – Falei. – Vai.
- Promete que vai sempre se lembrar de mim? Por mais que esteja com outro? – Ele falou com meio sorriso no rosto.
- Sempre. – Falei calma. – Promete que nunca vai me deixar? Eu te amo tanto, eu tenho medo de te perder, .
- Prometo. – Ele cruzou os dedos e deu um beijinho neles, me fazendo rir.
Ficamos nos encarando por um tempo e logo olhamos para o céu. Depois dos pedidos nos levantamos e caminhamos próximos a água que não estava muito gelada. Passado um tempo voltamos para o carro, agora sim eu estava indo pra casa. Parou em frente minha casa e desci do carro, estava tão feliz.
- Obrigada, por tudo, te amo. – Falei sorrindo e fui abraçá-lo.
- Quando nos vemos?
- Amanhã? Pode ser?
- Pode, tenho que vir falar com seus pais. Ele é muito bravo?
– Perguntou fazendo cara de medo.
- Você consegue. Eu só não imagino a reação dele. – Falei e soltei uma risada nasalada. – Deixa comigo. – Pisquei.
- Olha o que você vai me arrumar, hein. – Falou e rimos.
- Preciso ir. – Falei dando um último beijo. – Te amo.
- Também te amo. – Falou e me distanciei adentrando a varanda de casa.
Dias Atuais. Maio 2022.
- Vai sair hoje, amor? – perguntou me vendo sair arrumada de casa, ela morava próximo a mim, umas quadras depois. Passava ali e por coincidência, me viu saindo. Eram nove da noite.
- Sim, vou a um pub novo que abriu essa semana no centro.
– Falei sorrindo ajeitando o vestido colado ao corpo que realçava meus seios e a bunda. Me acostumei a sair sozinha.
- Que ótimo, divirta-se por mim, estou atolada com uns trabalhos atrasados da faculdade. Até. – Ela disse sorrindo depois de me dar um beijo e um abraço e saiu.
- Até. – Falei e liguei o celular para ver as horas, o taxi ainda não havia chegado.
Não demorou mais que cinco minutos para o taxi chegar. Entrei no carro e passei o endereço, não era muito distante dali o centro eram somente 20 minutos de carro e parei em frente a enorme boate. “Não me disseram que isso aqui era tão grande.”. Pensei. Entreguei umas notas pela corrida ao motorista e entrei no local. Tinha alguns rostos conhecidos mas não reparei, fui até o bar e pedi um drink que não demorou muito para chegar. Fiquei observando algumas pessoas dançando na pista enquanto bebia. Passados alguns minutos fui para a pista, e dancei, até que ficaram batendo palmas, me olhando dançar. Por fim, voltei para o bar onde sentei em uns dos bancos altos que tinha no balcão.
- Uma tequila, por favor. – Pedi ao barman que se retirou para fazer.
- Uma menina assim não devia beber tanto. – Um cara um pouco mais alto que eu se aproximou, sentando ao meu lado, senti algum olhar nos observando, mas não liguei.
- E o que você tem a ver com isso?
- Quanta grosseria, só queria conversar. – Falou com um pouco de deboche.
- Fala sozinho então. Não enche.
- Aqui senhorita. – O garçom trouxe a bebida e me entregou nas mãos.
- Obrigada. – Falei e ele assentiu.
- Não quer ir ali ao cantinho? – Me perturbou mais uma vez, eu já estava querendo dar na cara dele.
- Sabe o que eu quero dar? Isso aqui. – Bati em sua cara, o fazendo virar e ficar avermelhado com um arranhão por conta da unha.
- Ela não quer, não ouviu? – Vi parado ao meu lado e arregalei os olhos.
- ?! – Perguntei perplexa, ao vê-lo ali.
- E o que você tem a ver com isso? – O cara perguntou, levantando da cadeira e me distanciei, puxando que ainda sim continuava com aquilo.
- Você é um babaca que não aceita levar um toco. – Cuspiu as palavras levando um soco abaixo do olho, e logo revidou dando outro em cheio no rosto do cara.
- , por favor, vamos embora. – Falei o vendo levar uma mão ao rosto para limpar o sangue.
Consegui tira-lo dali e das pessoas que ficavam olhando. Saímos da boate e paramos umas ruas depois para pedir um taxi. Eu já estava chorando de nervoso, eu não acreditava que tinha feito isso.
- Está sozinho? – Perguntei tentando parar de chorar.
- Não chora por mim, você já chorou demais. – Falou e sequei as lágrimas. – Desculpa, mas não aguentei aquele cara te importunando.
- Não faz mas isso e deixa eu cuidar de você, o taxi já está chegando. – Falei o olhando nos olhos.
- Não precisa. Eu vou sozinho. – Ele insistiu e é logico que não iria deixar.
- Sabe que eu não vou deixar, né? Ótimo. – Falei e vi o taxi chegar.
Entramos no taxi e fomos pra sua casa. Subimos as escadas devagar e fomos até a entrada. Abriu a porta e sentou no sofá, fechei a porta atrás de mim e fui até ele.
- Onde tem um pano limpo? – Perguntei deixando a bolsa no sofá.
- Na varanda tem, no armário. – Falou e fui até lá, voltando com alguns panos e coloquei um pouco de água pra ferver na cozinha e coloquei a água quente em um pote e levei de volta para a sala.
- Deita que é melhor. – Falei com um sorriso de canto.
- Você não tem que fazer isso, Cah. – Ele falou se deitando.
- Shh... – Falei com o dedo na frente da boca e passei o pano molhado em seu rosto onde tinha uma marca e um pouco de sangue. – Dói? – Perguntei e ele fez uma cara de “mais ou menos” e continuei a passar até deixar seu rosto limpo. –
Terminei. Se sentir dor, toma um remédio, e descansa. Posso vim amanhã pra te ver?
- Você vai embora? Eu vou te levar. – Ele disse tentando levantar.
- Não, você vai ficar deitadinho ai, ou então vai pra cama. Vou pegar um taxi e pronto. – Falei
- Então fica, dorme aqui. Mas não vai. – Ele implorou.
- Não sei se devo, . – Falei passando a mão no rosto.
- Tem tanta coisa que quero falar com você. – Falou me olhando.
- E o que vai fazer depois que falar tudo o que quer? Vai me mandar ir embora? Porque é isso que você sempre faz. – Falei virando as costas.
- Me dá essa chance de me explicar, de dizer tudo a você. Eu te devo isso. – Ele disse com a voz fraca.
- Você não me deve nada, . Você não sabe como foi difícil pra mim. E aquele dia, na praia, eu não menti que te amava, eu não menti quando prometi que nunca iria esquecer-me de você. É como um vício pra mim. Não me relacionei com ninguém sério, sabe por que? Porque tudo o que vinha a minha cabeça era você, só você. Mesmo você sendo esse posso de egoísmo e ignorância, nunca saiu da minha cabeça. Eu não vivi. Não tive vida social com outras pessoas. E quando eu resolvo sair, o que acontece? Isso. – Falei entre choro.
- Eu não menti, nunca fui tão sincero em toda a minha vida. Acredita em mim. Por favor. – Sentia o peso de seu olhar sobre mim e me sentei na cadeira.
Flashback, Maio 2019.
- Amor? Hoje é a festa da faculdade, está livre à noite? – Falei calma pelo telefone.
- Estou, que horas eu te pego? – Perguntou.
- A noite toda, se quiser. – Brinquei o fazendo rir. – Às nove.
- Claro que eu quero. Tá. Beijo. – Falou e desligou a ligação.
Olhei para o relógio do quarto que marcava cinco da tarde. Fui até o closet procurando algo para vestir. Peguei o vestido que comprei uns dias atrás para ir, tinha renda em cima e solto embaixo liso. Deixei separado na cama e optei por um salto preto alto. A maquiagem ficou um degrade de azul e preto. A bolsa preta e o cabelo com uma escova e embaixo alguns cachos feitos com babyliss.
Já eram oito e meia quando terminei de me arrumar, finalizei com um hidratante nas pernas e desci as escadas esperando por que logo chegou, às nove em ponto.
- Você está linda. – Falou me dando um beijo antes de entrarmos no carro. Sim, ele tinha um carro.
- Obrigada. E você me surpreendeu, hein? – Falei e ri.
- Eu me surpreendi. É diferente. – Falou rindo.
- Sim. – Falei caçando o celular na bolsa.
Em alguns minutos já estávamos no salão. Era bem grande e encontrei alguns conhecidos na entrada. Entramos e ficamos parados perto do bar. Algumas horas de festa se passaram e estávamos na pista de dança com alguns amigos, já havia bebido algumas doses de tequila.
- Amor, eu vou ao banheiro. – Falei para que continuava entretido com a música eletrônica que tocava.
- Eu vou com você, também quero ir. – Sasha falou.
- Tudo bem. – Falei e seguimos para a fila do banheiro que por final, já estava imensa. Olhei para o celular, e vi que já eram meia-noite.
- Você tá bem Cah? – Sasha perguntou a me ver dando algumas tonturas.
- Sim, vai passar. – Falei.
E ficamos ali esperando por alguns minutos até que o banheiro fosse liberado para gente entrar. Usamos o banheiro e saímos, indo em direção ao bar pegar mais algumas doses para levar.
- Duas tequilas e uma vodka. – Pedi ao barman que serviu. – Obrigado. – Falei e caminhamos até .
- Ai meu Deus. Acho que você mão vai querer ver isso. – Sasha falou dando um gole na vodka e virando pra mim.
- Ver o que... – Parei na hora quando vi se agarrando com uma garota no sofá e soltei os dois copos de tequila da mão.
- Desculpa, eu devia não ter deixado você ver isso. – Sasha disse um pouco culpada.
- E me esconder o que viu? E me fazer mais trouxa ainda? Desculpe-me, porque eu vou embora. Até mais. – Falei e saí do local com algumas lágrimas no rosto.
- ? – Ouvi berrar do outro lado da rua vindo atrás de mim. – Me perdoa. Por favor.
- Tarde demais, . – Falei fazendo ele soltar meus braços que já estavam presos a sua mão.
- Não, não é. Me escuta. Deixa eu me desculpar. Aquilo não significou nada pra mim, ela me agarrou.
- Pode não ter significado, mais aconteceu, aconteceu caralho! – Gritei. – Eu te amo, não vou colocar o verbo no passado pra parecer que não amo mais porque eu amo, amo muito. Eu confiei em você. PORRA, ! – Abaixei mais o tom da voz e ele se aproximou de mim para um abraço e dei dois passos para trás. – Não. Encosta. Em. Mim.
- Eu te amo, . Enxerga isso. Acredita em mim, por favor. Eu não quis te magoar, não quis te machucar.
- Mas queria que eu visse, né? Por que ali? Não podia simplesmente falar, já deu? – Falei secando as lágrimas que ainda insistiam em cair. – Isso me machuca pra caralho.
- Eu não queria, Cah. Me perdoa?
- , quantas vezes eu já perdoei as suas burradas e suas idiotices? Traição é um pouco demais, não acha?
- Eu não quis, eu estou arrependido. Por tudo o que vivemos, Cah. Será que você não pode pensar em nós? – Ele falou olhando em meus olhos.
- Parece que quem não pensou em nós foi você. – Falei o encarando na mesma intensidade. – E eu não vou mais discutir com você! Estamos em uma rua, .
- Deixa eu me redimir, por favor. Me dê mais uma chance de tentar te fazer feliz, por favor? Só uma. – Falou com algumas lágrimas dançando em seu rosto. – Uma que seja, mas não me deixe, Cah, eu te amo.
- , UMA. – Enfatizei a palavra e logo ouvi um suspiro de alivio com um abraço forte. – O amor que eu sinto por você é maior que qualquer burrada que você faça. – Sussurrei em seu ouvido.
- Eu vou te fazer feliz, Cah, e obrigado por essa segunda chance, eu sei que não merecia, e não mereço tanto amor.
- Me promete que nunca mais vai me magoar? Nunca mais vai fazer qualquer coisa pra me machucar? – Falei ainda com algumas lágrimas.
- Prometo, prometo. – E selamos os lábios de uma só vez.
Dias Atuais. Maio 2022.
- Você me prometeu, , que nunca iria fazer nada pra me machucar. E depois? O que você fez? Resolve ir embora assim, sem mais nem menos. – Comecei a chorar. – Podia pelo menos ter deixado um bilhete. Eu fiz tudo para o nosso jantar, como foi combinado aquele dia. Sentei no sofá, e esperei você até dar meia-noite, depois disso, imaginei que havia desistido em cima da hora, ou aconteceu algo e não pôde ir ou avisar. Então guardei tudo novamente e deitei na cama, dormi e quando acordei liguei para o seu celular que tocou, e tocou e ninguém atendia. Foi então que eu resolvi ligar pra sua casa e sua mãe atendeu, e recebi a pior notícia da minha vida. Você tinha ido embora, tinha me deixado. – Falei separando as palavras por causa do choro.
- Eu te amava, , amava muito. Tinha dias que de longe dava pra ver que você estava triste e amargurada com alguma coisa. Mas ficava feliz quando falava comigo, ou me abraçava. Aquilo me fazia tão bem, tão bem, que comecei a achar que eu não merecia aquilo. E hoje eu sei que não merecia mesmo. Você sempre foi amorosa e brincalhona comigo, brincávamos no sofá da sua casa todos os dias. Eu era feliz. Até receber uma carta. – Ele falava devagar com o choro atrapalhando a voz.
Flashback Janeiro 2020.
POV – On.
Abri a geladeira procurando algo para comer, havia acabado de acordar. Optei por uma omelete com suco. Sentei no balcão da cozinha enquanto batia os ovos para fritar. Uma breve batida na porta ecoou pelo apartamento. Pensava que estava na faculdade a essa hora. Andei até a porta e abri dando de cara com a minha mãe.
- Bom dia, filho. Vim trazer as correspondências que o carteiro deixou. – Falou me entregando alguns envelopes.
- Ah, ok. Quer entrar e tomar café? – Perguntei vasculhando as cartas.
- Não, eu já tomei. Até logo. – Falou e saiu descendo as escadas.
- Até. – Falei baixo olhando um envelope com o nome de .
Caminhei até a sala e me sentei no sofá, coloquei os outros envelopes em cima da mesa e abri a carta de .
De: .
Para: .
Eu sei que é em cima da hora, mas é que infelizmente não vou poder dar o nosso jantar hoje. Não seria justo com a gente. Eu acho terrível ter que escrever isso, mas vai ser melhor pra nós dois. Eu não posso mais levar esse relacionamento, eu deixei de te amar, agora eu vejo que eu nunca senti isso por você. Não sei se vai me perdoar, só peço que não me procure mais.
Taquei a folha no chão com o ódio que eu estava, eu a amava e de repente ela fez aquilo comigo. E terminou por carta, sério isso? Coloquei somente algumas roupas na mochila e saí de casa, deixando tudo para trás só precisava de um tempo pra mim.
POV – Off.
Dias Atuais. Maio 2022.
- Eu nunca escrevi essa carta. – me encarou sem dúvida.
- Eu sei disso. Você sabe escrever melhor que isso. – Falou e sorri de canto. Eu o culpei por todo esse tempo sem saber o que realmente aconteceu, e era por isso que eu estava ali.
- Se passaram 2 anos desde que você se foi, o que estava fazendo esse tempo. E por que resolveu voltar agora? – Perguntei olhando para os pés.
- Quando eu saí de casa, fui para Los Angeles, conheci um cara em uma lanchonete, falei que estava ali só por um dia. Ele disse que se eu quisesse ficar mais um tempo ele poderia arrumar um emprego, com apartamento, carro, e o salário. Foi ai que eu decidi ficar. Disse que aceitava e ele me deu seu cartão. Voltei pra falar com meus pais, e fui embora. Eu fiquei dois anos longe daqui, estou de férias e por isso vim. Só não se preocupe, eu já estou voltando pra lá em poucos dias.
– Ele deve ter demorado um pouco pra falar por causa da dor.
- Como eu queria estar ao seu lado, e te apoiar em tudo o que você fosse fazer. A maldade do tempo me fez ficar longe de você. – Falei chorando. Agora eu iria ficar longe dele de vez.
- Sabemos que não foi só o tempo. – Falou ainda com a voz fraca. – Eu te amava tanto, a gente era como carne e osso, mas existem pessoas que não conseguem nos ver felizes. E olha o que nos tornamos. Eu queria acreditar que tudo fosse voltar como era antes. – Falou choramingando.
- Eu. Nunca. Deixei. De. Te. Amar. – Falei devagar. – Era como um imã que me prendia a você. Todas às vezes que saia com as meninas, parecia não fazer sentido. A minha vida não fazia sentido. Eu chorava todas as noites ao lembrar de como éramos felizes e não sabíamos.
- Eu juro que faria tudo diferente. Tudo pra te fazer feliz e não te fazer chorar. Eu não quis te deixar, mas aquilo me corroía por dentro, mas no fundo ainda acreditava que não era você, e eu fui um idiota de perceber isso tão tarde. Eu mereço todo o seu desprezo, Cah, e você está aqui me ajudando. Por que? Não pode simplesmente ir embora e falar “O mundo dá voltas”? – Falou com a voz melhor se ajeitando no enorme sofá.
- Por que eu te amo, e nessas voltas que o mundo dá estamos aqui juntos, de novo. Será que dá pra esquecer essa história?
– Falei.
- Podemos. E obrigado por fazer isso por mim. Me perdoa?
- , eu não tenho nada pra te perdoar, eu no seu lugar teria feito a mesma coisa. Pena de quem fez isso, estamos aqui novamente. – Falei sorrindo passando as mãos pelo seu rosto.
- Estamos? – Perguntou em dúvida.
- Tem razão, você ainda não me fez aquele sincero pedido de namoro. – Fiz cara de pensativa, e rimos.
- Outro? Nós não terminamos aquele.
- É, tem razão. Quer recomeçar do zero?
- , você quer namorar com esse chato que está com o rosto ardendo e com sangue? – Perguntou sorrindo.
- Se esse for o meu , claro que eu quero. – Falei e selei nossos lábios que logo entraram em sincronia com nossas línguas.
- Eu te amo, . – Falou desfazendo do beijo. – Eu nunca deixei de te amar.
- Eu te amo demais, , muito mais do que pode imaginar. – Falei sorrindo olhando em seus olhos.
- Quero te fazer um pedido. – Falou levantando do sofá.
- Um pedido? Faça então. – Falei e sentei ao seu lado.
- Vem comigo para Los Angeles depois que terminar a faculdade. – Falou de uma vez me fazendo abrir um enorme sorriso.
- Está falando sério? , com você eu vou até a Lua. Por favor, me leve com você pra L.A. – Falei e envolvi meus braços em seu pescoço e selei mais uma vez nossos lábios.
- Eu quero recuperar todo o tempo perdidom Cah. – disse dando pequenos selinhos em meu pescoço.
- Por que não vamos começar de agora? – Falei o deitando no sofá ficando em cima dele.
Acordei meio tonta depois da noite passada. Observei dormir calmamente ao meu lado e sorri pra mim mesma, aquilo me trazia paz interior, a paz que eu não tinha a dois anos. Eu o amava tanto. “Eu senti tanto a sua falta”. Falei baixinho e o vi mexer os olhos. Levantei calmamente e fui na cozinha fazer o café da manhã. Enquanto o suco ficava pronto, sentei na cadeira e comecei a ler alguma revista que estava por ali. Preparei ovos com bacon e deixei tudo na mesa, fui até o quarto e encontrei a cama vazia. Dei um breve suspiro depois que vi a luz do banheiro se pagar e a porta se abrir, aparecendo um inteiro na minha frente. O abracei com toda força que eu tinha, sentir aquela sensação de perdê-lo novamente era a pior de todas.
- Confesso que levei um susto quando encontrei a cama vazia. – Falei dando um selinho nele.
- Não se preocupe, isso não vai mais acontecer senhorita. – Brincou e eu dei um tapinha em seu braço. – Eu te amo , e vou te falar isso toda vez que acordarmos. Por que eu quero você do meu lado toda noite.
- Promete? – Perguntei sorrindo fraco.
- Prometo. – Falou e me deu outro selinho.
- Fiz ovos com bacon, espero que não me mate. – Falei rindo.
- Pelo que eu me lembre a senhora estava fazendo dieta, indo pra academia aquela época. – Falou andando atrás de mim para a cozinha.
- Ainda estou, fazendo tudo isso. É que me deu vontade. Por favor.
- Hoje pode. – Falou me fazendo rir. – Falta quanto tempo pra terminar sua faculdade? – Perguntou sentando na cadeira.
- Um mês, minha formatura é em junho. – Falei o servindo.
- Eu vou esperar. Um mês. Quero ir com você pra lá.
- ? Você precisa ir, seu chefe vai precisar de você.
- Ele precisa muito de mim, mas está me devendo uns dias de folga. Talvez dê pra cobrir o mês.
- Você quem sabe. – Falei e terminei de comer. – Foi tudo muito rápido, ainda não acredito que está aqui.
- Me belisca. Eu sou real, estou aqui, só pra você. – Ele falou e rimos.
Três anos depois. Agosto 2025.
E hoje faz três anos que me mudei com para Los Angeles. Terminei a faculdade lá e hoje trabalho em uma grande empresa sendo a segunda proprietária. Um ano depois de sairmos de Brooklyn, me pediu em casamento e fiquei grávida na lua de mel. Nove meses depois veio a minha primeira filha, , que hoje está com dois anos. Moramos em uma casa enorme no centro de Los Angeles, nossos familiares vem nos visitar às vezes, e quando dá, nós vamos até eles. Nossa rotina mudou, viramos marido e mulher. E não posso negar que sou a mulher mais feliz do mundo por ter o homem que eu mais amo na minha vida ao meu lado e minha filha. Não estamos mais no ensino médio, tudo mudou, menos o amor que sempre senti por . Agora estou sentada no sofá escrevendo tudo isso, para sempre que ler lembrar-me de como fui feliz ao longo de todo esse tempo ao lado dele, ou talvez a maior parte.
- Amor? Cheguei. – falou batendo a porta de uma vez. Levantei do sofá rapidamente e fiquei parada no batente da porta e o observei caminhar até a mim e me dar um selinho. – Estava com saudades. Como foi seu dia de folga?
Fiquei com a . Sarah veio aqui, mas logo foi embora. Pensei em você o dia todo. – Falei envolvendo meus braços em seu pescoço.
- Sério mesmo? – Perguntou e logo me deu um selinho e eu assenti com a cabeça. – Porque eu também. – Falou e encostou a testa na minha e logo nossas línguas se cruzaram.
- Papaii. – gritou grudando em suas pernas e logo separamos o beijo.
- Oi bebê! Estava com saudades de você, o que acha de irmos brincar? – Falou a pegando no colo.
- Brincar! Brincar! – Ela pulava de alegria no colo do pai e foram até a sala de brinquedos.
Fui até a sala e me juntei a eles brincando com alguns brinquedinhos de , estávamos tão felizes. Éramos uma família feliz, aquele sim era o meu final feliz, e o nosso final feliz.
Fim
Nota da autora:
Por enquanto é isso amores, foi uma das histórias que me apeguei muito enquanto, escrevia e tentei dar o melhor de mim nela, e eu realmente espero que vocês gostem. Acho que ficaram muitas questões no ar, como por exemplo: Quem escreveu a carta se passando por você para terminar o seu relacionamento? Ou então, será que seu boy falou toda a verdade quando disse que só estava trabalhando nesses 2 anos em Los Angeles? Será, será? Quem sabe descobrimos em uma outra oportunidade? Comentem o que achou da fiction, será que merece continuação, críticas são sempre bem-vindas além de me ajudar a saber o que tenho ou não que mudar.
Minha página para contato é o twitter, falo com todos lá @prisonlogia.