Última atualização: 05/12/2020

Capítulo 1


O dia tinha tudo para começar bem, mas por algum motivo que eu não sabia – provavelmente desci o pé esquerdo primeiro quando sai da cama – uma cascata de eventos ruins foram acontecendo até a minha chegada no escritório onde trabalho. Já podia sentir as gotas de suor escorrendo pelas minhas costas enquanto tentava recuperar o folego durante a subida de elevador até o último andar do prédio.
Recentemente ter sido contratada para trabalhar em uma grande editora tinha sido um dos meus únicos momentos de sorte na vida nos últimos anos. Sorte não porque batalhei muito para estar no cargo que ocupo atualmente. Ser uma das principais ilustradoras não era algo muito fácil, ainda mais em um mercado competitivo, ou seja, sempre tinha que provar que merecia continuar onde estava. Soa ruim, porém essa competitividade toda apenas me motiva a trabalhar duro e entregar cada projeto com nível altíssimo de qualidade. Tirando meu emprego, o resto da minha vida estava a cara de um filme trash de terror, bem feio mesmo.
Ao ouvir o pequeno sinal que indicava que havia chegado no vigésimo andar me atentei ao movimento do pessoal saindo dos cubículos. A última coisa que eu queria era esbarrar com alguém e irritar algum executivo que ainda não tinha cafeína o suficiente nas veias.
O ambiente corporativo era maravilhoso. As pessoas eram bonitas, mas o melhor de tudo era que podiam ser elas mesmas. Eles não se importavam com excesso de tatuagens ou piercings, muito menos se o seu cabelo fosse literalmente um arco-íris. As roupas nem se fala. Nos vestíamos informalmente, mas respeitando o limite do bom senso é claro. Não era incomum achar o chefe da minha equipe de jeans, All Star e uma blusa xadrez. Isso era uma das coisas que mais me agradavam, pois o modelito que escolhi hoje era supernormal. Estava com uma calça jeans de cintura alta, uma blusa dos Beatles e um par de adidas que era branco quando comprei, mas de tanto usar está cinza. Ainda não sei como consegui me organizar o suficiente para não chegar com mil coisas na mão.
Durante o trajeto até a minha sala fui cumprimentando todos a minha volta. Dei bom dia da recepcionista do andar até o menino que entregava as correspondências. As poucas salas que tinham no andar eram todas de vidro o que sem querer querendo, como diria nosso querido Chaves, alimentava a rádio fofoca.
Mal adentrei a minha sala e vi minha amiga passar pela porta com as suas mãos em volta de uma caneca dos Simpsons cheia de café. Eleanor Park, desde que virou minha amiga, sempre fazia o possível para ser a primeira a falar comigo. Acho que o fato de sermos vizinhas de sala a ajudava a descobrir como ela sempre sabia quando eu chegava, pois éramos vizinhas de sala e, bom, tudo era de vidro em nossa volta, realmente não tinha como se esconder.

ꟷ Bom dia, senhorita Morris.
ꟷ Bom dia, Eleanor. Alguma novidade? ꟷ o tom de voz dela era feliz então acreditava que ela iria me contar uma novidade. Eu não podia estar mais errada com isso. A alegria dela era apenas porque tinha fofoca nova. Não me tomem como louca, eu adoro saber e comentar sobre a vida dos outros, mas naquela manhã tinha uma certa pressa em mim. Algo me dizia que tinha algo de importante para acontecer.
ꟷ Sim, a melhor de todas. O Evans voltou de viagem ontem. A secretária dele me contou. ꟷ Eleanor vivia achando que podia me juntar com o nosso chefe. Eu não vou negar que o homem é bonito e inteligente (só essas duas qualidades juntas para mim são raridade), mas ele tinha uma família com filho e tudo. Eu cheguei a conhecer a peça quando teve o “Bring Your Children to Work Day”, o seu filho é uma graça de menino, super fofo, mas era um bebê para mim – se é que uma criança de 5 anos possa ser chamada de bebê ainda.
ꟷ Ai que ótimo que ele voltou. Tenho uns orçamentos de projetos para discutir com ele. ꟷ disse enquanto retirava umas coisas de dentro da bolsa e ligava o meu computador para iniciar o dia. Depois de mais alguns comentários sobre banalidades, Park combinou de almoçar comigo e se retirou para cumprir com as suas obrigações da manhã.

Uma das coisas que alavanca minha criatividade e produtividade é ouvir música. Estar com os fones de ouvido, com a minha playlist favorita em quase volume máximo, e um projeto aberto era o suficiente para me colocar em uma bolha. Passei a manhã toda trabalhando na coloração de uns desenhos. Na hora do almoço, Eleanor e eu fomos ao restaurante de comida chinesa do outro lado da rua e antes de voltarmos passamos em uma Starbucks para pegar um café.
Como sempre o nosso andar do prédio estava tranquilo, afinal quando todo mundo estava ocupado com algum projeto um certo tipo de silêncio reinava. Segui para a minha sala e voltei para a minha bolha. Estranhamente o Evans, ainda não tinha dado as caras mesmo quando já tinha voltado das férias. Provavelmente deve ter tirado o dia para trabalhar direto de casa.
Continuei focada nos itens com prazo para até hoje, até que senti como se houvesse alguém me observando. Olhei logo para o lado da sala de Eleanor e encontrei a mesma imersa nos seus afazeres. Olhei para a outra sala vizinha, mas as luzes estavam apagadas e não havia ninguém lá dentro. Já ia voltar para o meu trabalho quando meus olhos deram de cara com uma criança fazendo caretas contra o vidro na sala da frente. O adulto daquele local estava firmemente segurando o menino com a mão direita, mas tinha a cara enfiada no computador e estava falando no telefone. Aquela sala era a sala do meu chefe, aquele menino era o filho do meu chefe, logo o homem que o segurava no local era o meu chefe. O menino ao perceber que eu tinha visto ele, sorriu mais ainda para mim e apenas dei um tchauzinho para ele.
Até consegui finalizar umas coisas e tentei continuar presa na minha bolha de trabalho, só que aquele menininho tinha conseguido me tirar da minha zona. Quando dei por mim estava adentrando a sala do Christopher com a desculpa de falar com ele, mas na verdade era aquela criança que tinha me chamado a atenção.

ꟷ Desculpa entrar assim, mas queria falar com você sobre a entrega de uma ilustração que eu venho trabalhando. ꟷ disse assim que ele pôs os seus olhos azuis em mim depois da minha entrada abrupta.
ꟷ Hmmm... eu adoraria discutir isso, mas pode ser em um outro momento? ꟷ perguntou-me. Era visível o desconserto do homem. Ele parecia ter jeito com crianças, porém é obvio que um escritório não seria o melhor local para entreter uma. seu filho assim que ouviu minha voz saiu de trás da cadeira do pai e ficou me encarando.
ꟷ Ah com certeza. Aposto que esse carinha aí é uma reunião e tanto. ꟷ disse com um sorriso no rosto e com meus olhos voltados para o garotinho loiro de olhos azuis como os do pai que estava na minha frente.

Meu chefe notou que seu filho me olhava com curiosidade e sorriu com doçura para o menino.
, esse é o Brian, meu filho. Brian, diga oi para .

O menino disse um oi bem tímido.
ꟷ Olá Brian. Veio trabalhar com o seu pai hoje?
ꟷ Sim. ꟷ ainda levemente tímido.
ꟷ Está achando legal? ꟷ lhe pergunto com um sorriso no rosto. Por algum motivo queria mais do que o normal parecer simpática.
ꟷ Não. ꟷ o menininho disse com toda a sua sinceridade infantil.
ꟷ Ah..., mas por quê? ꟷ é claro que eu sabia bem o motivo pelo qual o Evans não queria brincar com a criança. no entanto, conversar com o Brian estava bem divertido e estava adorando a possibilidade de ver quais respostas icônicas aquele garotinho teria na manga.
ꟷ O papai não quer brincar comigo. Só fica olhando para o computador e falando no telefone. ꟷ vi o menino se queixar na cara dura.
ꟷ Filho... você sabe que o papai precisa trabalhar agora. Daqui a pouco, vou poder brincar com você. ꟷ assisti Evans dar uma explicação ao seu filho, mas estava visivelmente desconfortável. Percebi logo que o homem não queria parecer um mal pai diante de mim.
ꟷ Bom... que tal se eu e você deixarmos o seu pai trabalhar e a gente vai até a minha sala desenhar um pouquinho? ꟷ Eu definitivamente não sei o que deu em mim naquela hora, mas quando vi estava com a mão esquerda estendia para o menino de forma bem convidativa.
ꟷ Pai, eu quero ir. Posso? ꟷ achei muito fofo a demonstração de educação do menino. Aquela família estava de parabéns – sim eu já estava encantada. por mais educado que o menino se demonstrava, o brilho no olhar de poder fazer coisas de criança estava presente. Era nítido que sua timidez se resumia apenas em não me conhecer tão bem assim.
, eu não quero te incomodar com o Brian. ꟷ Evans começou a dizer. O pior é que não era verdade. É claro que ele não queria me dar trabalho desse jeito, mas também não dava para ele esconder que precisava de uns minutos sem Brian por perto para conseguir lidar com alguns assuntos.
ꟷ Imagina, eu já fiz as coisas mais urgentes de hoje. É só o meu chefe não me dedurar para diretoria de criação. ꟷ finalizei a minha fala com uma piscadela brincalhona.
ꟷ Sendo assim... sim, Brian, pode ir com a . ꟷ ele disse ao filho. Imediatamente o menino deu pulinhos de alegria e correu na minha direção com um sorriso gigante no rosto. Quando já íamos deixando a sala, Christopher me chamou rapidamente. ꟷ , qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, estou aqui é só chamar.
ꟷ Não se preocupe. Pode deixar que vou olhar ele. ꟷ disse com um sorriso meus lábios que em algum momento do dia estiveram com algum gloss.

E assim eu e Brian fomos para a minha sala. Quando cheguei lá me apressei em limpar a minha mesa de tudo que eu havia usado durante o meu trabalho. Como boa ilustradora que sou, tenho muitos materiais artísticos ao meu redor, então ficou muito fácil de saber o que fazer com esse menininho fofo que olhava para a paisagem que a janela do meu escritório emoldurava. Bom não era um mistério o que eu tinha planejado em um curto espaço de tempo, é claro que iria colocar todo o meu senso artístico para jogo e iria fazer Brian gastar as suas energias desenhando e se isso não desse certo eu sempre podia perguntar a ele qual era o seu desenho animado favorito e torcer para que essa obra esteja no catalogo infantil da Netflix.
Não foi difícil eu conseguir as várias folhas de ofício de todas as cores possíveis, alguns lápis de cor, canetinhas e gizes de cera porque tirei tudo do que já tenho para o meu uso diário. Não gastei muito do meu tempo tentando convencer o rapazinho de que desenhar era uma boa ideia, pois assim que sugeri e mostrei tudo o que poderíamos usar os olhos dele brilharam.
Inicialmente ele quis fazer algo mais freestyle, depois pedia para que eu escolhesse as cores. Em um momento passou a pedir que eu desenhasse algumas formas para que ele pintasse. Não sei ao certo quanto tempo ficamos entretidos nessas atividades, mas sei que só me dei conta que já era hora de ir embora quando Christopher apareceu pedindo o seu filho de volta.

, muito obrigada! Você me salvou de uma boa hoje. ꟷ Evans disse com o seu filho no colo. O menino tinha a cabeça apoiada no ombro do pai e já dava sinais de que estava lutando contra o sono. )
ꟷ Imagine, foi um prazer passar a tarde com esse rapazinho aqui. ꟷ disse eu com um sorriso maior do que eu geralmente daria. Não sei explicar, porem Brian tinha me conquistado. ꟷ da próxima vez que ele precisar vir trabalhar contigo, pode deixá-lo direto na minha sala que a gente vai se divertir bastante, né?
O menino apenas balançou a cabeça concordando comigo e me deu tchau. O rostinho ele era de sono puro então eu compreendia bem o estado dele. Evans só me agradeceu novamente e saiu da sala com o filho nos braços. Não demorei mais por ali, pois só juntei as bagunças e arrumei os desenhos dele em uma pasta e organizei tudo para não encontrar um caos no dia seguinte.





Continua...



Nota da autora: Feliz aniversário, FFOBS!! É com muito amor e carinho que falo que tenho orgulho de participar da equipe do FFOBS. Esse site e suas histórias são os responsáveis por momentos de grande alegria, acolhimento e sonhos. FFOBS é grande parte do que sou como leitora de fanfictions. Agradeço imensamente as oportunidades que esse site me deu. Agradeço a cada uma das meninas das diversas equipes que fazem o site funcionar, agradeço a cada autora que se empenha em criar universos inteiros para nós leitores, agradeço também a cada leitor do site e aos seus comentários nas histórias. Obrigada a minha scripter maravilhosa que topou o desafio de colocar no ar Children’s Playbook. Obrigada a minha capista também que criou essa obra prima!Por fim, espero que você tenha gostado dessa história! É uma shortfic de poucos capítulos mesmo e espero que você goste de ter o Chris Evans como o pp! <3

Outras Fanfics:

01.Here We Go Again
04.Misery Business
04.Bloodline
04.The Man
07.Successful
08.Better Man
11.Just Friends
14.Comeback
One and The Same.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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