Capítulo Único
nunca pensou que poderia odiar tanto uma segunda-feira. Quer dizer, ele sabia que segundas eram naturalmente ruins e preguiçosas, mas, aquela, especificamente, estava fora de controle.
A começar pelo fato de que todos da universidade encaravam-no como se fosse uma espécie de alienígena, e ele desconfiava levemente do porquê — só não queria acreditar que a história tinha caído na boca do povo. Depois de constatar que era observado por quase todos no campus e que risadinhas e cochichos passeavam ao seu redor, ainda conseguiu tropeçar em uma das carteiras e praticamente cair estatelado no chão, atraindo ainda mais atenção para si — e, claro, mais risadinhas e cochichos.
Sua vida na universidade dos sonhos estava se transformando em algo infernal naquela segunda-feira e ele não podia fazer nada a não ser simplesmente seguir vivendo como se nada estivesse acontecendo.
Quando o intervalo chegou, suspirou aliviado por não precisar mais ouvir sobre Geometria Analítica e cochichos envolvendo seu nome. Guardou seus materiais e praticamente correu para o pátio, onde sabia que encontraria Jung Hoseok, seu melhor amigo de infância e o único que saberia o que diabos estava acontecendo por ali com detalhes. Assim que o encontrou e fitou seu rosto, teve certeza de que todos os alunos — quiçá professores — sabiam de seu maior vexame do fim de semana anterior. Quando ouviu a pergunta preocupada e sem sequer um traço de zombaria do amigo, sentiu-se congelar:
- Cara, por que estão dizendo por aí que você goza em cinco segundos?
precisou respirar fundo e fingir que não se sentiu nem um pouco envergonhado por ouvir tais palavras saírem da boca do melhor amigo. Afinal, eles estavam no meio do pátio e em busca de uma mesa vazia e isolada (o que era muito difícil de encontrar, diga-se de passagem), o que dava margem para qualquer pessoa ouvir a conversa deles e não precisava de mais ninguém sabendo daquela história.
- Talvez porque eu realmente tenha gozado em cinco segundos quando finalmente consegui transar com aquele meu veterano espetacular? - respondeu em um sussurro, ainda em tom de pergunta, como se estivesse se questionando sobre a veracidade daquelas palavras.
- Uau - Hoseok murmurou, jogando-se de qualquer jeito em um banco vazio que conseguiram encontrar nos fundos do pátio. - Quer dizer, tudo bem, né? Isso acontece todos os dias, com homens de todas as idades. É normal.
- Não, isso não é normal, hyung - suspirou. - Na verdade, sim, é normal, mas não com caras de vinte e poucos anos. Não comigo. Isso nunca tinha acontecido!
- Para tudo tem uma primeira vez, , não se preocupe tanto com isso - Hoseok o encarou. - Quer ouvir uma história reconfortante? Isso já aconteceu comigo também… mais de uma vez, até. Tiveram vezes que eu não consegui nem mesmo me animar o suficiente para o ato. Acontece, cara.
- Eu só não queria que acontecesse naquele momento, entre as pernas de - rebateu, sentindo as bochechas corarem fortemente. - Não podia, sei lá, ter acontecido quando decidi perder a virgindade com você?
Hoseok soltou uma risada alta e revirou o olhos.
- Isso não é o fim do mundo, e logo todos irão esquecer que aconteceu - deu de ombros. - Eu só queria entender por que diabos esse cara decidiu espalhar isso para a universidade inteira. Foi um momento íntimo e somente entre você e ele. Estou começando a achar que esse está querendo arrumar uma grande confusão. E se ele realmente quiser isto, se te afetar de alguma forma… Bem, ele vai conseguir e vai acabar com o rostinho bonito esmagado pelas minhas mãozinhas de fada.
- Eu não vou deixar você bater no - murmurou. - Quer dizer… Se ele assumir, na minha cara, que foi o responsável pela fofoca, aí, sim, vou deixar.
- Eu espero que ele tenha uma boa explicação para isso - Hoseok fitou o amigo outra vez, sentia-se mal por toda a situação e ter de ver tão cabisbaixo partia seu coração. - Você já tentou falar com ele?
- Não… E nem sei se vou, sinceramente… Estou tentando não reviver aquele momento desde que saí do dormitório dele.
- Você está fugindo desde que aconteceu, então?
- Basicamente, sim.
- Vocês precisam conversar. Logo.
- Eu sei, hyung, eu sei... merda!
- Mas, vem cá, Jeonggukie… - Hoseok se aproximou do amigo e diminuiu o tom de voz. - Como isso aconteceu? Quer dizer, eu sei, mas, quero detalhes. Sou movido a detalhes, você sabe. Desculpe, não quero te constranger, só estou curioso.
- Não vou te dar detalhes do meu fiasco, Hoseok! - exclamou emburrado, jogando a mochila sobre o amigo, a fim de não machucá-lo tanto.
- Ah, qual é?! Eu preciso saber! - Hoseok riu. - Já ouvi tantas coisas piores que aconteceram com você, o que é uma gozadinha em menos de um minuto?
- Meu Deus, hyung, para! - escondeu o rosto entre as mãos. Embora estivesse envergonhado, tinha plena noção de que aquilo era uma reação natural e acontecia o tempo todo pelo mundo afora. E era óbvio que se fosse algo recorrente, ele teria de procurar um médico, mas foi a primeira vez em cinco anos de vida sexual (relativamente) ativa - e ele esperava que fosse a última, por mais improvável que isso pudesse ser (ele ainda tinha muito o que gozar e brochar ao longo da vida).
- Por exemplo, o dia que você mijou nas calças no meio da escola foi muito mais vergonhoso do que isso - Hoseok comentou, segurando a risada. - Até porque, bem, você sabe como animar uma preliminar. E tem uma pegada boa, acredite em mim. A gozadinha precoce não é nada comparada ao que essas mãozinhas e boquinha aí fazem.
- Você está tentando me consolar? Porque não está dando certo.
- Estou tentando te mostrar que você é muito além de um sexo frustrado, - Hoseok sorriu com carinho. - Sei que é vergonhoso, principalmente quando é com alguém que a gente realmente deseja, mas o problema está aí… Na expectativa. Você ficou ansioso, eufórico e provavelmente sentiu que não daria conta do recado e ficou com a cabeça cheia. Sexo não é sobre pressa, nem sobre ser perfeito. E essa enxurrada de pensamentos durante o ato faz com que a gente fique mais desengonçado e perca totalmente a noção das coisas. E está tudo bem, quem nunca gozou rápido ou brochou que atire a primeira pedra!
- Você é muito entendido desse assunto, sinto medo de perguntar quantas vezes passou por um embaraço desses.
- É bom nem perguntar mesmo, já passei por isso mais vezes do que posso contar graças ao álcool.
riu e se aproximou mais do amigo, apoiando a cabeça em seu ombro. Sentia-se aliviado, e pouco se importava com as pessoas comentando ao redor; era algo natural e todos que estavam rindo de sua situação já haviam passado por algo parecido ou até mesmo mais constrangedor. No mais, Hoseok era bom com as palavras e sabia muito bem como acalmá-lo e fazê-lo enxergar as coisas de uma maneira mais natural e engraçada; era quase como um dom.
- Obrigado, hyung - murmurou com um sorriso pequeno na boca bonita. - Mas ainda quero trancar o curso.
Não muito longe do pátio, em uma das salas reservadas para os alunos de Engenharia Elétrica, andava de um lado para o outro claramente nervoso. Ele era um veterano respeitado, atencioso e raramente se metia em confusões e fofocas, portanto, estar naquela situação deixava-o de cabelos em pé - literalmente, já que ele fazia questão de puxar as madeixas tingidas num tom claro de roxo para cima, deixando-as espetadas em diversas direções. Logo à sua frente, com expressões inocentes no rosto bonito, estava seu primo e também melhor amigo: , quem ele considerava culpado por toda aquela confusão em que estava enfiado até o pescoço.
- Eu ainda não entendi por que diabos você explanou pelo campus o que aconteceu entre e eu - disse mais uma vez, tentando arrancar a verdade do primo de uma forma tranquila.
- Mas eu não explanei nada, hyung - negou mais uma vez, revirando os olhos. No entanto, bastou um último olhar de para que ele soltasse um suspiro fraco e encarasse o primo com mais firmeza. - Tudo bem, talvez eu tenha comentado com , e em uma conversa. Só escapou, sabe? Caímos no assunto.
- É claro, porque é super cotidiano falar sobre caras de vinte e poucos anos que gozam rápido - ironizou. - Eu não contei isso para você a fim de ridicularizar o , Tae, longe de mim fazer algo assim. O garoto estava nervoso, assim como eu também estava; nos paquerávamos há mais de um semestre!
- Olha, levando em consideração o nosso círculo de amigos, sim, é super comum e cotidiano falar sobre todos o assuntos, principalmente quando envolvem caras de vinte e poucos anos e gozo - rebateu e deu de ombros. - Confesso que errei, ‘tá legal? Eu deveria me lembrar que não segura a língua na boca quando ouve uma fofoca das boas, ainda mais envolvendo um cara tão bonito quanto o . As expectativas para ele sempre são altas.
- Justamente por isso eu comentei com você e não com ele! - revirou os olhos. - Isso não me incomodou em nada, sabe muito bem como deixar um parceiro satisfeito. Não sei por que eu decidi abrir a boca, também. Deveria ter guardado isso apenas entre nós dois, agora ele deve estar achando que sou um grande filho da puta fofoqueiro que quer zombar dele!
- O que não é verdade, porque você está todo apaixonadinho.
- E porque isso é algo comum e está tudo bem! Poderia ter acontecido comigo e… Espera! - parou de argumentar abruptamente, encarando com o cenho franzido. - Você disse que estou apaixonado? Eu não estou apaixonado! Só não quero que ele vire uma chacota na universidade, as pessoas são muito cruéis por aqui!
- Tudo bem, hyung, que seja - revirou os olhos, cansado da discussão. - Eu vacilei, então vou dar um jeito de consertar isso.
- Não! Nem pensar. Não quero você se metendo ainda mais nessa história. Vou tentar falar com e resolver as coisas.
- Isso se você conseguir sair dessa sala, já que por onde passa as pessoas apontam em sua direção como se você fosse um monstro por ter aberto a boca sobre o pobre calouro.
- Você é um desgraçado, , um desgraçado!
- Olha lá, não me xinga assim! Você quem abriu a boca primeiro, realmente, eu só passei o comentário à frente. No mais, estou disposto a juntar vocês dois novamente, já que o não para de fugir de você. me disse que ele está no pátio com aquele amigo bonito dele.
- Ótimo, eu vou até lá. Prefiro lidar com os olhares julgadores do que deixar tudo em suas mãos. Você não é confiável.
- E se eu disser que já foi até ele dizendo que você está o procurando?
- Eu vou matar vocês dois, simples assim.
- Então já pode começar a preparar o seu réu primário, hyung - encarou o celular entre os dedos longos. - acabou de dizer que ele não quer falar com você agora.
suspirou e deixou os ombros caírem ao mesmo tempo em que se jogava em uma das cadeiras. Não conseguia acreditar em tudo o que estava acontecendo por causa do primo. Ele sabia que não deveria ter comentado nada, mas sentiu-se sufocado demais para ficar quieto. Acontece que, na verdade, também estava ansioso e inseguro naquela noite, então, quando se deparou com a situação de , sentiu-se, além de tudo, um tanto quanto culpado - era como se ele tivesse colocado uma enorme expectativa no calouro nos tempos em que ficaram trocando mensagens e flertes, sentia-se mal por tê-lo feito pensar que não era o suficiente e que jamais conseguiria chegar aos finalmentes consigo. Aquilo poderia ter acontecido com qualquer um e definitivamente não era o fim do mundo, tampouco um motivo para que não quisesse mais encontrar , pelo contrário, ele queria uma segunda rodada e a oportunidade de se explicar também, já que o calouro saiu correndo de seu dormitório logo depois do ‘grande fiasco’, como ele mesmo dissera - e como não enxergava, já que estava nas nuvens depois dos beijos de tirar o fôlego e o boquete espetacular que recebeu.
- Ele vai te perdoar, hyung.
- Ele vai te perdoar, , não importa o que você tenha que fazer.
Ao dizer isso, se levantou e saiu da sala sem sequer olhar para trás. Estava triste e irritado; queria poder contar para sua versão dos fatos, mas o que poderia fazer se o mais novo sequer queria olhar em sua cara? Enviar uma mensagem através do Kakao Talk lhe parecia horrível e extremamente covarde, contudo, parecia não haver outra opção. Querendo ou não, teria de se render à tecnologia para resolver um problema mais uma vez.
“Ei, … Eu sei que você não quer nem mesmo ouvir meu nome, mas preciso lhe dizer que tudo o que está acontecendo não é culpa minha. Parece algo típico de caras sem caráter dizer isso, mas eu juro: não é culpa minha. Acontece que eu entendo perfeitamente como você se sentiu durante todo o nosso encontro, pois me senti da mesma forma. Com isso, depois da nossa transa incrível (isso não é uma ironia, realmente foi incrível!), acabei por desabafar com meu primo sobre toda a situação. Ele sabia desde o início o quanto me interesso por você e toda a nossa (lenta) história, então foi inevitável falar sobre o encontro e o desenrolar dele. Acontece que, se você não percebeu, é um completo linguarudo e acabou por comentar com outros amigos nossos, e isso acabou se espalhando pela universidade. Acredito que alguém ouviu a conversa e se juntou a eles para comentar sobre o assunto - eu, sinceramente, não quis saber como tudo aconteceu, porque já estava me sentindo mal o suficiente por ter te exposto totalmente. Se fosse algo sobre mim, eu pouco me importaria, mas já que é sobre você, não sei se consigo continuar suportando sem poder olhar em seus olhos para me desculpar decentemente.
Enfim. O que quero dizer é: está tudo bem, eu não fiquei chateado nem quero zombar de você. Sinceramente, pensei que eu sequer conseguiria ficar duro com você. Não por sua causa ou por não te desejar, mas, por justamente te querer demais, eu estava enlouquecendo e pensei que jamais conseguiria chegar aos seus pés em relação a tudo. Eu até mesmo já tinha a desculpa na ponta da língua por ter brochado. Porém, na hora, acabei me distraindo e tudo fluiu bem para mim. Para você, no entanto, acredito que a pressão tenha sido ainda maior por ter me visto relaxar. Nossa mente pode nos destruir às vezes, e isso não quer dizer que o que tivemos de fato foi destrutivo e ruim, porque não foi, de verdade. E para te falar a verdade, sinto-me honrado por ter te deixado tão fora de órbita assim. É legal ver que causo em alguém a mesma coisa que você me causa. Queria poder te dizer tudo isso pessoalmente, mas você não quer me ver e isso está partindo meu coração. Eu não me importo com nada que estão dizendo, não penso como eles, e te acho um cara incrível. Não me importo também se a gente transar e gozar em cinco, vinte, trinta segundos, ou em uma, duas, cinco horas. Você já havia me dado muito mais do que todas as pessoas com quem me envolvi. Me senti querido, desejado e feliz ao seu lado, . O sexo é indiferente quando temos uma conexão assim com alguém. Agora, se esta for uma situação recorrente para você, peço para que busque um médico. Não por mim ou por quaisquer outras pessoas que você queira transar, mas sim para que sua saúde esteja impecável e para si mesmo, para que você possa sentir-se bem. E eu sei que esse não é o caso, apenas estou muito nervoso e não sei mais o que dizer para deixar claro que isso não quis dizer nada e quero muito ter um segundo encontro com você. Sem preocupações, sem medo, sem ninguém ao redor, sem comentários maldosos e zombarias. Só eu, você e nossas conversas aleatórias. Talvez uns beijos, porque gostei muito deles — mas se você não quiser, tudo bem, podemos só conversar. Se tiver que rolar algo a mais, tudo bem, se não rolar, tudo bem também. Só quero que você se sinta bem ao meu lado como eu me sinto ao seu. E um adendo; apenas um comentário pessoal: sexo não se trata só dessa coisa de pênis-penetrando-algum-lugar-penetração-penetração-penetração-gozar; tem toda a coisa da sintonia, da conectividade e o oral (espetacular como o seu, diga-se de passagem) também já vale por muito e me deixa muito satisfeito sempre. Não sei por que nossa sociedade construiu o sexo dessa forma quando ele deveria ser só… Prazeroso, fosse como fosse, com quem fosse. E o nosso foi legal, a gente tem um encaixe incrível, , não quero perder isso. E pelo jeito que o vi ao meu lado, você também não quer, então, por favor, me dê mais uma chance. Tudo o que aconteceu hoje foi um grande mal entendido, eu não quis, em momento nenhum, zombar ou destratar você - meus amigos que são uns idiotas e, sempre que podem, destroem minha vida amorosa (que já é quase inexistente). Vamos conversar. Se ainda estiver por perto, me responda e diga onde está, eu vou até o seu encontro e repito tudo o que disse nesse enorme texto para lhe deixar melhor, se necessário.
Eu amei tudo o que tivemos, , e se eu pudesse viver por apenas cinco segundos na vida, seria com você entre minhas pernas.
(Brincadeiras à parte, sabemos que você é muito além disso e, se eu não me segurasse também, pensando asneiras enquanto sentia sua boca no meu pau, teria gozado em muito menos; você sabe bem como usar a língua, e só isso para mim basta — e prometo que vou treinar para usar a minha tão bem quanto você usa a sua.)
Mais uma vez, desculpe por tudo; eu jamais quis lhe fazer mal.
Com todo carinho do Universo,
.”
evitou olhar para o celular depois de clicar em “enviar”. Suas palavras pareciam bagunçadas e sem sentido, mas havia sido sincero e esperava que entendesse dessa forma e não pensasse que era tudo uma grande zombaria em relação ao acontecimento.
O que aconteceu naquele sábado à noite realmente não foi um problema para , longe disso: ele havia amado cada segundo do que tiveram durante a noite inteira, então foi quase impossível esconder a frustração que lhe tomou quando decidiu ir embora. Entendia o embaraço do mais novo, no entanto, não tinha porque ficar chateado ou coisa do tipo; estava tudo bem, e ele fez questão de repetir aquilo para o calouro, que o ignorou prontamente com as bochechas fortemente coradas. queria ter podido ajudá-lo em relação àquilo, queria que ele tivesse ficado confortável em tentar superar aquela timidez ao seu lado; mas era um cara diferente e lidava com as coisas sozinho, principalmente as que deixavam-no sem jeito.
Alguns minutos mais tarde, quando sentiu o celular vibrar, seu coração deu um solavanco esquisito e ele sentiu que passaria mal até ter coragem de olhar a possível resposta de - ele sentia que era seu calouro o respondendo, tinha de ser.
Ao observar a tela rachada do aparelho, a foto de brilhava e, ao lado, uma única mensagem escrita:
“Me encontre no seu dormitório, estarei lá em dez minutos.”
sentiu-se tremer em antecipação. Antes que pudesse sair da universidade de uma vez por todas, o celular vibrou outra vez, mostrando mais uma mensagem de :
“E sim, vou querer que repita tudo isso olhando nos meus olhos.”
Com um sorriso grande no rosto e o coração cheio de esperança, simplesmente correu para o lado de fora - meio desengonçado e tropeçando nos próprios pés enquanto carregava a mochila pesada nas costas, mas, ainda assim, correu.
Ao chegar no prédio onde os dormitórios ficavam, subiu os três lances de escadas com pressa, quase caindo no percurso de pular de dois em dois degraus. Logo que pisou no corredor tão conhecido, pôde enxergar em toda sua glória parado em sua porta. Ele não vestia nada elaborado; eram apenas roupas casuais e comuns para mais um dia letivo e cheio de cálculos, entretanto, ele parecia ainda mais bonito do que o normal. Os cabelos longos estavam presos em um coque mal feito, com alguns fios caindo em seu rosto anguloso e bem marcado, as orelhas cobertas de piercings estavam à mostra, assim como seus braços cobertos por tatuagens.
era uma obra de arte tão perfeita que perdia o ar toda vez que colocava seus olhos sobre ele.
- Como conseguiu chegar aqui antes de mim? - perguntou baixinho e sem jeito, guardando as mãos ansiosas e trêmulas nos bolsos da calça jeans que vestia.
- Eu sou um atleta, portanto, corro mais rápido - respondeu no mesmo tom, tentando segurar um sorriso tímido. - Mas não vim aqui para falarmos sobre como está o time de atletismo da universidade…
- É, eu sei - fitou o chão. - Hum, vamos entrar…?
assentiu e deu espaço para passar e abrir a porta. Assim que entraram no dormitório apertado, tentou frear suas atitudes, mas estava tão eufórico e ansioso que não conseguiu. No fim, assim que trancou a porta e virou-se para encará-lo, jogou-se sobre o corpo alto e esguio, colando suas bocas num beijo lento e cheio de saudades.
sentiu-se bater contra a porta recém fechada e suspirou, não demorando a enlaçar a cintura fina de , puxando-o para mais perto em uma espécie de abraço. Ficaram ali por alguns minutos, apenas desfrutando do calor que os corpos transmitiam e os beijos tão bem encaixados, ao mesmo tempo em que os corações batiam um contra o outro numa sincronia perfeita.
- Agora você já pode começar a repetir tudo o que me disse por mensagem - sussurrou contra os lábios carnudos do veterano, fazendo-o suspirar outra vez.
- Tudo bem - sussurrou de volta, demorando-se ao selar os lábios alheios mais uma vez. - Ei, … Eu sei que você não quer nem mesmo ouvir meu nome, mas eu preciso lhe dizer que tudo o que está acontecendo não é culpa minha…
E ele repetiu. Palavra por palavra (embora não se lembrasse de tudo exatamente) enquanto encarava no fundo dos olhos, mesmo que estivessem tão pertinho um do outro e ficassem um pouquinho vesgos para conseguirem se olhar.
Enquanto falava, fez questão de permitir que seus lábios esbarrassem nos de para que pudesse se aproveitar um pouquinho mais do hálito de morango que ele tinha, além de roubar alguns selares no percurso.
- Eu nunca quis te magoar ou zombar de você - continuou assim que chegou ao fim de sua mensagem. - Jamais faria isso com alguém, principalmente com você. Sei que é difícil de acreditar em mim, um veterano de Engenharia, mas… Eu juro que estou dizendo a verdade. Não acho que isso é realmente algo ruim, e não importa o quanto eu ansiava pelo momento e pelo sexo. Aconteceu, sabe? Poderia ter sido comigo. Pode ser, ainda, se você quiser continuar me conhecendo melhor. Só não quero que haja tabu entre nós; isso sequer deveria ser um, já que é algo que eventualmente vai acontecer com todo mundo. Gostaria de lhe pedir desculpas em nome de também, ele não sabe a hora de calar a boca e acaba prejudicando as pessoas ao redor, mas acredito que ele já entendeu que agiu errado e está disposto a consertar as coisas. Só… Só, por favor, não fique pensando muito sobre isso, eu não fiquei chateado e nem tinha motivos para isso, nossos momentos foram incríveis, . Não quero que se sinta desconfortável ao meu lado, tampouco envergonhado. Você viu como eu sou desajeitado e desengonçado, além de ter caído quando fui tirar as calças, ainda te mordi. Isso, sim, é vergonha. Mas, ao invés de você me julgar, ficar chateado ou qualquer coisa do tipo, você riu comigo, me relaxou e me deu o melhor beijo da minha vida. Eu queria poder te retribuir isso, mas você foi embora antes mesmo que pudéssemos conversar. E fugiu de mim no domingo. E hoje. Eu já não aguentava mais guardar tudo isso para mim.
- Desculpe… - sussurrou. - Eu não sei lidar com esse tipo de coisa e na minha cabeça você era inalcançável. Então, me pareceu um absurdo aquilo acontecer justo no momento em que mais esperávamos. Sei que fui um pouco infantil e medroso, mas simplesmente entrei em pânico e não soube como agir. Você é lindo, inteligente, bom em tudo o que faz, bom de cama e todas as outras coisas boas do mundo… Foi inevitável.
- Eu não sou tudo isso; são coisas que você mesmo projetou em mim, assim como projetei milhares de coisas em você, embora eu saiba que você é realmente incrível como imaginei - deu de ombros e segurou a cintura de com mais firmeza. - Mas, é isso, sabe? Esse tipo de conversa que eu gostaria de ter com você sempre. Sobre qualquer coisa. Essa sinceridade, essa conexão… Eu não quero perder isso, então peço que, por favor, não fuja mais de mim. Nunca mais, por qualquer motivo que seja. Está tudo bem, o que aconteceu já aconteceu, não temos mais o que fazer… A menos que queira se juntar a mim e perder o réu primário assassinando o . Se essa for sua vontade, tudo bem também.
riu ao ouvir as últimas palavras de e jogou-se mais contra o mais velho, colando suas bocas mais uma vez.
- Tudo bem - murmurou ao afastar os lábios devagar. - Nós podemos matar o , mas… - fez uma pausa para fitar nos olhos. - Só depois que repetirmos o que aconteceu no sábado.
- Isso soa perfeito para mim - sorriu.
E como ímãs, as bocas se grudaram outra vez.
Naquela tarde não durou apenas cinco segundos, e também não foi embora às pressas - pelo contrário, continuou entre os braços de até que o sono o tomasse por completo, fazendo-o sonhar com nuvens de algodão doce e um certo veterano de cabelos roxos e lábios grossos por quem estava perdidamente apaixonado.
Fim.
Nota da autora: Bom, foi isso hahaha. O plot veio muito do nada enquanto eu imaginava momentos constrangedores na vida durante uma conversa com uma amiga. Não resisti e precisei colocar namkook nessa situação, mas não com o intuito de zombar ou coisa do tipo; essas coisas acontecem mesmo e nós precisamos quebrar esse tabu e falar cada vez mais sobre tudo. Precisamos urgentemente naturalizar o diálogo sobre esse tipo de assunto (ejaculação precoce - seja por conta da idade, algum acidente, problemas psicológicos etc. -, brochar e afins), porque são coisas naturais e todos nós passamos por uma situação dessas em algum momento, seja como o Jeongguk ou como o Namjoon (espero que não como o Taehyunge que todos saibamos respeitar a intimidade e a vontade alheia... kkk). Minha intenção foi pegar um assunto sério e cheio de barreiras pra conversar e deixar de uma forma mais leve e romântica, porque quando há amor/paixão/sentimentos em geral envolvido, essas coisas não importam muito e as falas do Namjoon são bem importantes para enxergarmos isso. Enfim! Eu falo demais perdão, ahahaha. Espero que tenham gostado! Não deixem de comentar, feedback é sempre muito importante! Beijos, até a próxima! ♥️
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.