Conformitatis

Finalizada em: 01/05/2018

Capítulo Único

“Eu faria qualquer coisa por você!
Então…
Por favor, só fique comigo!”


O clima gelado combinava com o estado de seu coração. A neve que caía formava um manto branco que se estendia até onde seus olhos não conseguiam alcançar, dando ao local uma aparência angelical. Em outras épocas acharia o cenário bonito. Ficaria observando quão belos poderiam ser os flocos de neve que caíam. Mas esse não era o caso. Se algum dia alguém lhe afirmasse que em algum momento estaria prestes a fazer aquilo, ficaria chocada. Talvez socasse quem ousasse proferir tamanho absurdo. Entretanto, o mundo dá voltas. E algumas delas são impossíveis de serem previstas. O que outrora parecia impossível, agora tomava a forma de um fato melancólico.
A ideia ainda fazia sua garganta fechar. Repetir a frase em sua cabeça não trazia nenhum tipo de alívio a sua mente. Jamais iria se acostumar com a ideia. Mas alguém precisava fazê-lo. Ela precisava. Porque o amava tanto que não conseguia mais conviver com a ideia de que ele estava se tornando aquilo. Porque queria lembrar dele como o antigo companheiro de equipe. Queria pensar nele como o garoto que a defendeu e apoiou. Queria que aquele Sasuke ficasse guardado para sempre em seu coração.
O quão patética deveria estar parecendo agora? Jamais foi capaz de fazê-lo mudar de ideia, havia falhado em trazê-lo de volta e ainda tinha amarrado o melhor amigo numa promessa que não fazia mais sentido. A verdade era que Uchiha Sasuke havia se entregado completamente à própria insanidade. Não importava quantas vezes Naruto repetia que iria resgatá-lo (e sempre com um sorriso no rosto), com uma confiança e perseverança que pareciam inabaláveis. Não importava quantas vezes repetiu para si mesmo que ele precisava ser salvo porque ele estava sendo manipulado. Não adiantava mais.
E Deus, como doía admitir isso para si mesma.
Porque mesmo sabendo que ele havia escolhido levar aquele caminho até as últimas consequências, não conseguia parar de se importar. Sua lógica não possuía a força necessária para calar os gritos de seu coração. Até o último momento seus sentimentos ainda ferveriam dentro de si. Era a presença do fato que ninguém jamais questionou, e que era um dos motivos pelos quais ainda chorava a noite, abraçada a foto do antigo Time 7.
Ninguém jamais dirá que a vida de um ninja é algo fácil. Escolher trilhar o caminho shinobi é aceitar o fato de que sua própria existência será guiada pela obediência à vila e ao país. É transformar seu corpo numa arma e ainda assim manter-se são. É entender que seu dever sempre estará acima de seus sentimentos. É ter que suportar a dor física e mental de uma ocupação que, em grande parte das vezes, termina na morte.
Ninguém jamais dirá que essa é uma tarefa fácil.
E havia a guerra. Algo que veio lenta e rapidamente ao mesmo tempo. Tantos foram os que ficaram pelo caminho tentando evitar o que agora era eminente… E ainda que a situação fosse deprimente, não havia tempo para descanso. Estar à beira de uma guerra é ser obrigado a estar mais que alerta. É ter que começar a aceitar que você entrará num campo de batalha e que as chances de que consiga retornar com vida são desconhecidas. É levar seu corpo ao limite esperando que, ao final de tudo, você sobreviva.
Isso é ser um ninja.



O vento sequer soprava forte, mas a baixa temperatura não permitia que a brisa fosse julgada como agradável. De certa maneira, o bater do vento em sua pele se assemelhava figurativamente a lâmina de uma kunai. A luz do sol não lhe servia de nenhum alívio. Desde o dia em que havia tomado sua decisão, o mundo havia se tornado mais cinza. Não havia mais esperança. A ideia de que em breve viveria num mundo onde Sasuke não existiria parecia mortalmente dolorosa. Engoliu seco, sentindo seu estômago revirar. Sentia-se encurralada, porém conformada.
Desde o dia em que o Uchiha havia deixado a vila, jamais pensou que em algum momento chegaria a este ponto. Apesar de perceber que ao passar dos meses, cada vez menos pessoas acreditavam que ele pudesse voltar (sua mestra inclusa), ela, Kakashi e Naruto jamais conceberam a ideia dele não retornar. Talvez ele se ferisse no processo, afinal das últimas vezes que ouviu falar dele ele não parecia normal. Mas jamais pensou que eles não conseguiriam resgatar o amigo de infância. Não era uma opção.
Só que com o passar do tempo as coisas começaram a mudar de verdade. Ainda que Naruto se mantivesse irredutível com a ideia de salvar Sasuke, a esperança inabalável que ele emanava já não a contagiava da mesma maneira. Tinha alguma coisa errada. Não sabia dizer exatamente quando o desespero começou a se apossar de suas ideias, mas algo a dizia que desde a época em que Itachi havia sido morto ele já não era mais o mesmo.
Por dias e noites que lhe pareceram intermináveis rogou para que pudesse encontrar uma outra saída. “Deus, não me obrigue a fazer isso”, pedia com todas as forças enquanto abafava os soluços que acompanhavam seu choro enquanto todos dormiam. “Eu não vou suportar”, era o que pensava enquanto observava seus companheiros. “Precisa existir um outro jeito”, era o que repetia em sua mente enquanto ouvia os comentários de outros ninjas sobre Sasuke.
De que adiantava tamanha inteligência se não conseguia arquitetar um plano para trazê-lo de volta? Do que adiantava tamanha força se nunca conseguiu enfrentá-lo? Havia se tornado uma ninja esplêndida. “Um orgulho para Konoha”, era o que a Hokage dizia. Mas do que adiantava? Por dentro se sentia fraca. Impotente. Só de pensar em perdê-lo era o suficiente para que as lágrimas descessem por seu rosto sem sua permissão. O aperto em seu coração parecia, em alguns momentos, ser capaz de matá-la. “Não é justo. Simplesmente não é justo!”. A dor veio e ficou. A sensação se manteve pelas manhãs, tardes e noites; invadindo seus sonhos e envenenando seus pensamentos.

Doeu.
Doeu ainda mais.
Doeu até quase ser insuportável.
Até que parou de doer.

Se esse fosse um conto de fadas, esse seria o momento em que teria conseguido pensar em algo infalível para trazer Sasuke de volta. Seria difícil, mas juntamente com Naruto, Kakashi, Sai e os outros, conseguiria fazê-lo desistir do que seja lá que ele estivesse pensando.
Mas esse não é um conto de fadas.
O mundo shinobi é repleto de falhas, lágrimas, sangue e arrependimento. Mesmo na vitória existe um lado perdedor. O incidente com Pain deixou escancarada uma realidade que muitos haviam escolhido ignorar. O choque de realidade foi um tapa na cara daqueles que ainda acreditavam que tudo estaria bem. Naruto que o diga.

Se conforme

Obviamente que consigo não seria diferente. Naquele dia em especial foi confrontada com a verdade que queria a todo custo evitar. Naquele dia se afastou do grupo. Caminhou até se perceber sozinha e pôs-se a rir. A risada era acompanhada do tipo de lágrima que achou que não iria derramar. Não por ele. Não desse jeito.

Se conforme

Se não doía mais, não era porque a dor havia passado ou porque havia se acostumado com sua presença. Era muito pior. O aperto em sua garganta a fez levar uma das mãos ao pescoço, enquanto a outra tapava sua boca, numa tentativa de abafar o choro que começava a ficar mais alto.
Eu preciso. Eu...
A constatação do inevitável era nauseante. Caiu de joelhos no chão da floresta e viu-se fraca de uma maneira que não achou que poderia ser. O vazio de se chocar com a ideia de ter que impedi-lo de se afundar ainda mais desse jeito era sufocante. O amava demais. O amava tanto, mas tanto… E era exatamente por isso que se sentia conformada com sua constatação.
Era por suas mãos que ele teria que cair.

Me desculpe, Sasuke-kun.

...


Nos últimos dias venho olhando bastante para o céu. Observar as nuvens durante o dia e as estrelas durante a noite me mantém sã. Talvez saber que mesmo estando separados continuamos sob o mesmo céu me acalme. Não que isso seja relevante de qualquer maneira, não há como ser.
Então me pego pensando em Uchiha Sasuke mais uma vez.
Não que pensar nele seja algo incomum, mas diferentemente dos outros dias, minha mente vagueia pelos tempos onde o Time 7 ainda estava junto. Apesar de tudo, aqueles eram tempos bons. Mas atualmente, a realidade é outra. Após o ataque de Pain, Konoha continua em destroços e Tsunade-sama ainda está desacordada. Danzou assumiu o posto de Hokage e de certa forma, continuamos todos perdidos.
Apesar da Vila ter sobrevivido, minha moral está baixa. Tomar consciência de que também sou um fardo para Naruto é chocante. Será se ele sufoca tanto quanto eu? Será que a dor da impotência se transforma em raiva? Por quanto tempo ele vem carregado sozinho a frustração, a agonia, o fracasso?
Como bem disse Sai, nós colocamos peso demais nas costas dele. Para alguém que foi isolado e maltratado por toda a sua vida, talvez sejamos todos hipócritas por agora confiar tudo a ele. E eu, que achei que de todas as pessoas seria seu porto seguro, fui aquela que colocou sobre ele a maior carga de todas. Amarrado a uma promessa feita quando ainda éramos crianças, Naruto agora vive em função de resgatar alguém que não quer ser salvo. Sua própria existência se tornou relativa as ações de Sasuke, nessa relação de luz e sombras que há muito tempo deixou de ser saudável para quem quer que seja.
Apesar disso, essas reflexões infinitas se tornaram completamente inúteis e só servem para me magoar ainda mais. Estou conformada.
Nosso grupo seguirá em direção ao País do Ferro, onde acontece o Encontro dos Cinco Kages. Sai contou que Naruto saiu de Konoha com Kakashi-sensei e Yamato-taichou para pedir clemência por Sasuke ao Quarto Raikage. Ele é o Naruto, afinal. Seu jeito ninja é nunca desistir.
Shikamaru, Kiba, Lee, Sai e eu montamos acampamento para descansarmos durante a noite. Estamos nos arredores de Konoha para conversarmos sobre o plano. A decisão foi tomada e eu deixo claro a todos que serei eu aquela que irá conversar com Naruto. É minha responsabilidade, afinal eu faço parte do Time 7. Shikamaru não pôde ir conosco, ele é necessário na Vila, mas ele diz que também quer passar essa noite conosco. Chouji teve que resolver assuntos pendentes em seu clã e parece que Ino ficou afetada demais e decidiu não vir.
Estamos sentados em volta da fogueira que foi acesa por Kiba, mas ninguém fala nada. Parece até que já estamos de luto por ele. Meus olhos estão fixos na chama à minha frente, quase como se estivesse hipnotizada. Talvez só queira tentar me desligar disso tudo, nem que seja somente por alguns minutos. Não que isso seja possível, afinal eu o amo demais para que eu não me esqueça de que eu faria qualquer coisa para vê-lo em paz. Kiba tosse e todos nós viramos o rosto em sua direção. Ele gira seu corpo em minha direção e de certa maneira já sinto o que ele vai perguntar:

— Sakura, acho que devo esperar para ver, mas o que exatamente você vai dizer ao Naruto? — ele me analisa com os olhos, como se tentasse entender o que se passa dentro da minha cabeça.
— Não precisa se preocupar com isso, Kiba. Nenhum de vocês precisa. Eu direi tudo o que for necessário. Vou fazer Naruto entender que… — minha voz diminui sem minha permissão, mas engulo seco e me forço a continuar falando — Que essa é a melhor decisão a ser tomada. Por ele, por mim, por Konoha. Por Sasuke também.
— Você não precisa tomar toda a pressão disso para si, sabe disso? — Sai me diz enquanto coloca a mão em meu ombro, demonstrando sua preocupação. Ultimamente seus sentimentos estão começando a fluir com mais naturalidade. Isso é bom.
— Eu sei. Vou trabalhar em equipe com vocês para fazermos isso, portanto fique tranquilo. — Respondo ao mesmo tempo em que tento dar meu melhor sorriso para transmitir confiança. Acho que falhei, mas não me importo com isso.
— Vai ficar tudo bem, Sakura-chan! Unidos somos mais fortes, e iremos dar um fim a tudo isso! — Lee salta, mas antes que ele consiga dizer mais alguma coisa é atingido por um soco de Kiba. — Seu idiota! Estamos falando do Sasuke, escolha melhor suas palavras!
— Ei, isso não é hora para brigas. Guardem isso para quando for necessário. — a interrupção de Shikamaru acalma os ânimos e Kiba e Lee voltam para seus lugares.

Nós jogamos conversa fora por mais algum tempo, mas logo me ofereço para pegar o primeiro turno da vigia e digo para os rapazes irem dormir. Ainda que estejamos perto da Vila, o ataque de Pain deixou todo o lugar fragilizado. Além disso, quero ficar sozinha e acho que todos eles entendem isso. Um por um eles se recolhem, e depois de algum tempo suas respirações ficam mais lentas e leves, indicando que finalmente dormiram.
O clima da noite é agradável, apesar da brisa ser fria. Penso que no País do Ferro as temperaturas são bem mais baixas que em Konoha. A lua cheia ilumina a noite na floresta, facilitando meu trabalho de velar o sono de meus companheiros. A solidão que sinto é intimidante e reconfortante ao mesmo tempo.
Como as coisas chegaram a esse ponto?
A verdade é que eu faria e daria qualquer coisa para acordar amanhã e perceber que toda essa movimentação não passou de um inofensivo e cruel pesadelo. Para que mesmo foragido, nós sejamos capazes de trazer Sasuke de volta.
A verdade é que sou incapaz de mensurar o tamanho dos meus sentimentos, não existem palavras para descrever o que sinto quando penso no que poderíamos ser se ainda houvesse uma chance para nós dois.
A verdade é que lá no fundo tenho medo. Muito medo.
Medo de encarar Naruto e contar o que estamos planejando, de olhar nos olhos de Kakashi-sensei e ver suas sobrancelhas se curvando ao entender intenções. Medo de encarar uma realidade onde o Time 7 jamais poderá se reunir novamente, medo de como irei me sentir depois de tudo.
A verdade é que tenho medo de esquecer Uchiha Sasuke, de um dia acordar e perceber que estou livre de sua existência, num mundo onde tudo o que restará são lembranças longínquas de algo que um dia foi, que poderia ser e não mais o será.
Me levanto do lugar onde estou sentada e dou uma breve volta pelo perímetro do acampamento. Estar desolada não é justificativa para descumprir minhas obrigações como ninja, esse tempo passou.
A noite continua tão tranquila como poderia ser, e decido voltar na direção de meus companheiros. Me surpreendo ao perceber que Shikamaru está acordado e de pé. Ele me observa enquanto me aproximo e a visão dele fumando me atinge.

— Não consegue dormir? Meu turno ainda não acabou. — digo simplesmente, me sentando em frente ao fogo.
— Eu precisava fumar. — ele responde, dando uma longa tragada no seu cigarro em seguida.
— Esse não é um hábito muito saudável. — eu digo e ele sorri — Você começou depois da morte do Asuma-sensei, não é? — eu pergunto e o vejo fechar os olhos.
— É uma maneira de lembrar dele. — ele respira fundo antes de me responder, se sentando à minha frente, do outro lado da fogueira.
Shikamaru e eu nunca fomos tão próximos assim, mas o clima não é nada desconfortável. Nossos olhos estão cravados na chama que arde à nossa frente, o calor do fogo nos trazendo conforto em meio a noite melancólica. Os quase imperceptíveis sons da respiração dos outros criando a trilha sonora da noite, se unindo ao som das folhas balançando, do vento abalando o fogo e do pequeno barulho que Shikamaru faz ao fumar.
— Devo admitir que fiquei surpreso quando você não conseguiu convencê-lo a ficar. Era óbvio que você tinha um valor diferente, que ele se importava com você. — ele traga o cigarro mais uma vez, soltando a fumaça lentamente na direção dos céus. — Digo… Você conseguia exercer algum tipo de influência sobre ele.
— Acho que todos nós nos enganamos um pouco com Sasuke. — eu respondo e jogo minha cabeça para trás — Eu só queria que tudo tivesse sido diferente. Se eu e Naruto fôssemos mais fortes...
— Você e Naruto precisam se libertar dessa mágoa. O que Sasuke escolheu se tornar não é culpa de vocês. — ele joga o que resta do cigarro no fogo e continua a falar, dessa vez olhando diretamente nos meus olhos — Por mais de dois anos vocês fizeram tudo o que podiam, ignorando todos os que haviam desistido dele. Acredite, se houvesse outro jeito eu não teria sugerido isso.
— Eu sei. Obrigada por ficar do nosso lado por todo esse tempo.
— Você ainda o ama, não é? — Nós continuamos nos encarando e eu percebo a pena escorrer vívida pelos olhos de Shikamaru. Ele sabe. Talvez tenha sido o primeiro a perceber. Ele sempre foi um ótimo observador, o melhor da turma. Sinto meus olhos umedecerem, mas não deixo as lágrimas caírem. Então eu sorrio, colocando as mãos em meu peito.
— Com todo o meu coração.

A testa de Shikamaru franze e, por um momento, acredito que ele também está se segurando para não chorar na minha frente.

— Sinto muito, Sakura.
— Eu também.


Levantamos acampamento bem cedo no dia seguinte. A última noite não me deu o melhor sono da minha vida, mas foi o suficiente.

— Ei pessoal É hora de ir! — Kiba acena para chamar minha atenção. — Não vamos perder tempo, precisamos encontrar Naruto o mais rápido possível.

Aceno com a cabeça, indicando que entendi. Com todos prontos, seguimos na direção do País do Ferro. Em direção a Naruto. Em direção ao fim.

— Sakura.

Me viro e espero Shikamaru se aproximar. Os outros percebem o clima entre nós e se afastam um pouco. Sai diz que estará me esperando e eu finjo um sorriso para respondê-lo.
Já a minha frente, Shikamaru me encara como se procurasse alguma coisa, mas eu não me surpreendo. Um observador sempre será um observador.

— Só queria te deixar saber que você realmente não está sozinha nessa. Não posso te dizer que vai ficar tudo bem, porque não vai, mas… — ele passa a mão nos cabelos.
— Mas vai passar.

Seus olhos se arregalam quando eu o respondo.

— Acredite, não há nada que você diga que eu já não tenha pensado. Quero acreditar que vai passar porque assim minha alma poderá ficar em paz. — um bolo sobe por minha garganta, mas não paro de falar — Eu amo Uchiha Sasuke e isso não mudou desde aquela época. Eu queria poder salvá-lo mas não. dá. mais. Como você mesmo disse, se nós deixarmos que ele continue livre, alguém irá matá-lo e nós provavelmente iremos querer vingança. Temos que dar fim ao ciclo do ódio.

De repente as lágrimas descem pelo meu rosto, e Shikamaru me observa com os punhos cerrados e os ombros travados. Sei que ele quer me consolar, mas é impossível. Sei que ele quer ser um bom amigo, mas não existem maneiras de aliviar o que se passa em minha mente e em meu coração.

— E é exatamente por isso que irei matá-lo. Porque eu o amo. Quero que ele seja finalmente livre, e ao que parece só a morte poderá trazer isso a ele. — digo enquanto tento enxugar minhas lágrimas — O mundo foi cruel demais com ele, Sasuke precisa de paz. E mesmo que a verdade me doa mais do que qualquer surra que eu já tenha tomado, eu preciso deixá-lo ir.

Percebo quando o corpo de Shikamaru relaxa e ele me dá um leve sorriso. — Ele realmente não te merece.

— Amor não é uma questão de mérito, Shikamaru. Ele pode até não me merecer, mas ele me tem de qualquer maneira. — respondo e ele sorri de verdade com minha resposta.
— Só volte viva, Konoha não pode se dar ao luxo de perder você também.

Eu sorrio de volta.

— Eu irei voltar, não duvide disso.

Começo a caminhar em direção ao resto dos rapazes, mas me viro para Shikamaru uma última vez.

— Dê lembranças a Ino por mim, sim? Diga a ela para não se preocupar e que em breve estarei de volta.
— Boa sorte, Sakura. Você vai precisar.





Fim



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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