Prólogo
No reino de Valoria, reino onde a magia da cura e a força do poder se entrelaçam, uma sombra se projetava sobre o trono. O rei governava com mão de ferro, seu ódio pelos curandeiros enraizado em um passado doloroso. No entanto, uma luz ainda brilhava na escuridão: , uma jovem curandeira com habilidades extraordinárias e um coração puro. Seu destino estava prestes a se entrelaçar com o da coroa de Valoria, mudando para sempre o curso da história.
Quando o príncipe é brutalmente atacado por uma figura misteriosa, esbarra em seu caminho e o salva do final trágico. Quando o caminho desses jovens se cruza, eles se veem entrelaçados em uma trama de intrigas e segredos.
Enquanto o reino se preparava para uma nova era, o príncipe , o herdeiro relutante, se encontrava dividido entre o dever e o amor. O reino de Valoria, oculto em sua própria teia de mentiras e traições, estava prestes a testemunhar um jogo perigoso de poder e sacrifício.
O sol estava começando a se pôr quando entrei na floresta, o céu começando a escurecer. Eu havia sido chamada para tratar de um caçador ferido em outro reino, mas o que eu iria encontrar na volta seria muito pior do que esperava.
De repente, um cavalo surgiu das sombras, relinchando e balançando a cabeça freneticamente. Ele parou à minha frente, seus olhos expressando urgência e desespero. Percebi que ele estava tentando me guiar, então o segui imediatamente.
O cavalo me levou direto a um homem ferido, que mal conseguia manter os olhos abertos.
— Você está seguro agora. – disse me abaixando na sua frente, aplicando uma compressa com uma mistura de ervas que tirei rapidamente da minha bolsa. – Eu sou . Vou cuidar de você.
— Eu sou o príncipe . – ele murmurou, tentando sorrir apesar da dor.
Levantei o olhar, encontrando seus olhos azuis. Lindos.
— O que importa é que você está ferido e precisa de ajuda. Preciso que fique calmo, está bem?
Voltei a me concentrar em estancar o sangramento, limpei a ferida com delicadeza. Em seguida, peguei um fio feito de tendão de cervo, cuidadosamente preparado e fervido para garantir sua limpeza. Usando uma agulha de metal, comecei a suturar a ferida de . Depois de fechada, apliquei um unguento feito de mel e ervas antimicrobianas antes de cobrir a ferida com uma bandagem limpa.
— Você sabe o que está fazendo? – ele comentou, tentando aliviar a tensão.
— Eu cuido das pessoas desde que me lembro… – respondi sem levantar os olhos – Ajudar os outros é a minha vida.
— Você precisa descansar. – disse, olhando em volta. – Minha cabana não fica muito longe daqui. Eu posso te levar até lá.
assentiu, permitindo que eu o ajudasse a se levantar. Caminhamos lentamente, acompanhados pelo seu cavalo, pela floresta. Cada passo era doloroso para ele, que tentava não jogar todo seu peso sobre mim. Finalmente, chegamos à minha pequena cabana escondida entre as árvores. Ajudei a se deitar na cama simples, cobrindo-o com um cobertor. Depois amarrei seu cavalo e o alimentei com algumas frutas.
— Você estará seguro aqui. – disse. – Eu ficarei de olho em você durante a noite. - disse colocando uma compressa em sua testa. – Seu cavalo está bem. Dei algumas frutas a ele.
— Obrigado, . Não sei o que teria feito sem você.
— Imagina. Amanhã veremos como você e esse ferimento vão estar.
A noite avançou devagar, e enquanto adormecia, fiquei pensando em como o destino poderia ser irônico. Eu nunca teria imaginado encontrar o príncipe na floresta, e muito menos cuidar dele. Mas, agora, aqui estava ele, e eu me sentia na obrigação de lhe ajudar na sua recuperação. Enquanto a noite fazia seu trabalho, lembrei-me das histórias que meu pai contava sobre o reino e a família real. Quando o sol iluminou a floresta, o príncipe acordou sem febre e se sentindo melhor.
— Bom dia. Como você se sente? – perguntei sorrindo indo até a cama.
— Melhor, graças a você. – respondeu , tentando se sentar. – Eu não sei como vou poder te agradecer por isso. Se você não tivesse aparecido, eu….
— Não precisa me agradecer… – disse, lhe dando uma xícara de chá. – Não poderia deixar você morrer daquele jeito.
tomou um gole do chá, relaxando os ombros e se encolhendo.
— Eu preciso voltar ao palácio. – ele disse finalmente. – Meu pai deve estar preocupado.
— Eu entendo. Mas, por favor, fique mais algumas noites. Você ainda está fraco e o reino é longe. Pode abrir a sutura e aí já era para você.
suspirou, olhando para o chá em suas mãos. A preocupação em seus olhos era evidente, mas a exaustão também era.
— Tudo bem. – ele concordou, relutante. – Ficarei.
O dia passou vagarosamente. descansou enquanto eu cuidava das tarefas diárias. Saí para colher algumas ervas novas para trocar seu curativo, comprar alguns legumes e verduras para fazer uma sopa para lhe dar mais força. Também levei Bolt para tomar água e se alimentar. Quando o sol se pôs, trazendo apenas o barulho do rio ao longe, preparei uma sopa para ele, uma sopa com batata, cenoura, nabos, temperos e um pouco de arroz.
— Eu estou preparando uma sopa pra você. Não é nada parecido com o palácio, mas garanto que é gostoso. - disse da porta do quarto.
— Feito pelas suas mãos, não pode ser diferente. - sorriu dando uma piscadela.
Quando a refeição ficou pronta, peguei um prato e servi uma porção generosa para ele. Sentei na cama e, com colheradas lentas, o ajudei a comer. Ele me olhou com gratidão e tentou sorrir, apesar da dor evidente.
— Acho que vou precisar de mais um dia – ele admitiu, com um sorriso fraco.
— Claro, . Fique o tempo que precisar. - disse limpando o canto da sua boca com um pano.
Depois que ele terminou de comer, troquei seu curativo e ele foi dormir. Em seguida, comi minha parte e organizei a casa. Com tudo limpo, sentei na cadeira novamente e acabei adormecendo também.
Nos dias seguintes, ele foi melhorando gradativamente. A ferida começou a cicatrizar e o hematoma começou a desaparecer, dando a ele mais força para fazer as coisas e ficar em pé. Ele já caminhava, acompanhado de Bolt, pela floresta. Tomava sol na beira do rio e voltava. No sexto dia, já conseguia caminhar sem ajuda, embora ainda estivesse fraco. Ele começou a querer ajudar nas pequenas tarefas, insistindo em ser útil.
— Você é teimoso, sabia? – eu brinquei, observando-o tentar cortar lenha.
— Preciso fazer algo para agradecer por sua hospitalidade. – ele respondeu, sorrindo. - Você já dorme na cadeira por minha causa, não vou deixar você cortar lenha.
Quando a noite caiu novamente, preparei outra sopa, desta vez com ingredientes que nunca havia experimentado. Sentamos juntos, compartilhando uma refeição que parecia um ritual de despedida.
Na manhã do sétimo dia, estava pronto para partir. Mas, algo dentro de mim não queria que ele fosse embora.
— Eu voltarei… – ele prometeu. – De alguma forma, eu voltarei. – Disse segurando minhas mãos entre a dele.
Depois que desapareceu entre as árvores, um sentimento inquietante se instalou no meu peito. Tentei me concentrar nas tarefas, mas a recente falta de já apertava meu coração. Havia algo nele que me fazia sentir uma conexão que nunca havia experimentado antes.
Mais tarde, tentando esquecer , decidi colher ervas na floresta. Caminhar entre as árvores sempre esclarecia meus pensamentos, e eu precisava clarear a mente. Enquanto fazia a colheita, minha mente vagou de encontro a . O que seria meu papel agora? Será que eles viriam atrás de mim? Será que me agradeceriam?
De repente, ouvi um relincho atrás de mim. Meu coração deu um salto e, com rapidez, empunhei minha adaga. Um homem alto e de aparência imponente se aproximava, e sua postura dizia que ele não era alguém comum.
— Você deve ser a curandeira que ajudou o príncipe — disse ele, sua voz grave e direta.
— Sim — respondi, mantendo a cautela na minha voz. — E quem é você?
— Eu sou Marcus, o conselheiro real — ele informou. — O rei deseja falar com você.
Meu coração acelerou na mesma hora. O que poderia o rei querer comigo? Um frio percorreu minha espinha. Eu sabia que me envolver com a realeza poderia trazer complicações, mas recusar um convite do rei não era uma opção.
— Muito bem — disse, limpando a terra do vestido e tentando manter a voz firme apesar do medo. — Quando ele desejaria me ver?
— Agora — respondeu Marcus. — Eu trouxe um cavalo para você. Vamos. O rei não gosta de esperar.
O encarei alguns segundos antes de montar no cavalo e seguir Marcus pela floresta. O que o rei poderia querer de mim? E como isso afetaria minha vida daqui para frente?
Quando chegamos ao palácio, a grandiosidade do lugar me fez sentir ainda mais pequena e nada bem vinda. Fui levada diretamente para a sala do trono. O rei estava sentado em um trono imponente, sua presença austera e dominadora. Seu olhar severo encontrou o meu, e a tensão na sala era palpável.
— Você é , a curandeira. — disse ele, sua voz ecoando pela sala.
— Sim, majestade. — respondi, fazendo uma reverência respeitosa.
— Meu filho falou muito bem de você… — continuou o rei, seus olhos estreitando-se ligeiramente. — Eu gostaria de ver suas habilidades por mim mesmo.
Engoli seco. A solicitação era inesperada e, de certa forma, intimidante. Não era apenas uma prova de minhas habilidades, mas também de minha coragem e compostura.
— Como posso servir, majestade? — perguntei, tentando manter a serenidade.
— Tenho uma dor antiga na perna que nenhum dos meus médicos conseguiu curar — disse o rei, levantando-se lentamente e descendo do trono. — Quero ver se você é tão boa quanto disse que você é.
Respirei fundo e me aproximei do rei com cuidado. Sabia que esta seria uma prova crucial. Ele tinha um grande hematoma na perna. Tinha cor de sangue pisado, provavelmente algum animal o pisoteou e, no caso, ele não sentiu devido a armadura.
Enquanto trabalhava, sentia o olhar do rei sobre mim, avaliando cada movimento. Ele parecia surpreso quando finalmente disse:
— Você tem um toque habilidoso. Talvez haja algo de especial em você, afinal. O que acha que pode ser essa dor?
— O hematoma está bastante grave. A dor que você sente ao mover a perna pode indicar uma lesão muscular. Posso preparar diariamente uma cataplasma com arnica, confrei, sálvia e camomila. Vocês podem vir buscar comigo sempre que precisarem. Assim como banhos terapêuticos que eu mesma irei colher as folhas certas. Garanto que dentro de alguns dias, isso vai sumir.
— Vou mantê-la por perto — disse ele, voltando ao trono. — Nunca se sabe quando precisaremos de uma curandeira com suas habilidades.
Fiz uma reverência, sentindo uma mistura de alívio e apreensão.
— Obrigada, majestade.
Enquanto me retirava da sala do trono, não pude evitar uma sensação de desconforto. Sabia que minha vida estava prestes a mudar de maneiras que eu ainda não conseguia prever e não havia como voltar atrás.
Voltando para casa, um pensamento perturbador atravessou minha mente. O rei parecia muito interessado em minhas habilidades, mas havia algo em seus olhos que me deixou desconfiada. Algo que não consegui definir, mas que fazia com que me sentisse em perigo. O rei não era fácil de decifrar, e eu suspeitava que ele tinha segundas intenções.
E no fundo, sabia que e o rei estavam no centro dessa tempestade que se aproximava.
Flashback
Eu caminhava pela floresta tranquilamente enquanto meu cavalo bebia água e descansava na beira do rio. O silêncio do lugar contrastava com meu mundo. Sempre agitado, barulhento, cheio. Eu jogava pedrinhas do outro lado do rio, quando senti uma sombra atrás de mim e, antes que eu pudesse me defender, fui mortalmente atacado. Senti uma dor aguda e penetrante, vi a lâmina fria e afiada ser enterrada em meu abdômen. A dor explodiu em minha barriga, fazendo meu corpo gelar e minhas pernas vacilarem. Um grito de dor e sofrimento escapuliu de meus lábios. Quando ouviu meu grito, meu cavalo correu em minha direção e se empinou, pronto para atacar a figura, que fugiu com medo de receber um bote do equino. A criatura foi embora, mergulhando rapidamente no rio.
O animal percebeu que minhas forças estavam se esvaindo no meu corpo e começou a me puxar pela gola da camisa me tirando para longe da beira do rio. Bolt era meu desde quando nasci. Fiz questão que ele fosse adestrado para atacar em qualquer situação, ao mesmo tempo que também saberia como me proteger. Ele me levou até uma árvore onde eu pude me refugiar.
Eu lutava para manter a consciência, meus olhos se estreitando contra a luz do sol que penetrava nas folhas. A minha visão estava começando a escurecer, e meus sentidos estavam se fechando, mas forcei meu corpo a continuar acordado, precisei usar toda força que eu tinha pra pedir ajuda do meu amigo.
— Bolt, vá atrás de ajuda. - sussurrei. - Traga ajuda para mim, garoto.
Bolt, com sua imponente figura, parecia entender o desespero em minha voz. Ele se virou e galopou pela floresta, o som de suas patas ecoando enquanto ele se afastava. O tempo parecia ter parado, cada segundo durava uma eternidade. Meu corpo se contorcia de dor, e eu quase perdi a esperança, quando ouvi o som de cascos se aproximando novamente.
— Você está seguro agora. – disse suavemente, aplicando uma compressa com uma mistura de ervas. – Eu sou . Vou cuidar de você.
A figura se aproximou, e eu consegui distinguir melhor seus traços. Seus olhos eram de um verde profundo, e o toque das suas mãos enquanto examinava minha ferida era inesperadamente suave. Ela começou a trabalhar com uma habilidade que eu não havia visto antes.
me ajudou a levantar e disse que eu poderia passar a noite em sua cabana. Acompanhados por Bolt, chegamos até sua casa onde ela me acomodou na cama, me cobriu com um cobertor e avisou que iria alimentar Bolt e já voltava.
— Você estará seguro aqui. – disse. – Eu ficarei de olho em você durante a noite. - disse colocando uma compressa na minha testa. – Seu cavalo está bem. Dei algumas frutas a ele.
— Obrigado, . Não sei o que teria feito sem você.
— Descanse agora. Amanhã veremos como você e esse ferimento vão estar.
Os dias foram passando e eu me sentia cada vez melhor, tinha muito cuidado comigo e, principalmente com Bolt, que todo dia pedia carinho na cabeça pela janela, mas ele só fazia isso para roubar uma cenoura escondido quando ela não estava vendo.
A semana tinha passado rapidamente, até mais do que eu esperava. Me sentia bem mais forte, a ferida já não me causava tanta dor e a exaustão havia diminuído quase por completo. Isso também se devia a , que era completamente atenciosa e amigável. Na manhã do sétimo dia, me despedi com a promessa de que eu voltaria. A viagem de volta ao palácio foi extensa e cansativa, mas finalmente, lá estava eu, diante dos portões do castelo.
Ao adentrar os portões, os guardas me reconheceram instantaneamente. A expressão de surpresa e alívio em seus rostos era clara.
— Príncipe ! Você está de volta! — um deles exclamou, correndo para anunciar minha chegada e batendo o sino com força.
Caminhei pelos corredores familiares, sentindo o peso do palácio sobre meus ombros. Estava de volta, mas tudo parecia diferente.
— ! — ouvi a voz familiar do meu genitor.
Ele apareceu no corredor, vindo em minha direção com passos rápidos. Seu rosto mostrava alívio, mas também uma leve ira.
— Pai… — disse, tentando manter minha voz firme.
— Onde você esteve? O que aconteceu? — Ele me abraçou com força, algo raro de se ver. — Estávamos desesperados.
— Fui atacado na floresta, majestade. Estava muito ferido. — Respirei fundo, preparando-me para contar a parte importante. — Mas, uma curandeira me salvou. Cuidou de mim até que eu estivesse forte o suficiente para voltar.
Ele franziu o cenho, claramente preocupado e intrigado.
— Uma curandeira, você diz? — perguntou, o nojo em sua voz era evidente. — Sabe que não confiamos neles, .
— Sei disso, pai. Mas, ... ela salvou minha vida. Sem ela, eu não estaria aqui agora.
Ele ficou em silêncio por um momento, considerando minhas palavras.
— Vamos discutir isso mais tarde. — disse finalmente. — O importante é que você está de volta e seguro. Venha, vamos informar a todos que você está bem. Ainda precisamos descobrir quem o atacou.
Seguimos pelos corredores, e à medida que passávamos, os servos e cortesãos nos olhavam com surpresa e alívio. Quando chegamos ao salão principal, minha “babá”, Celeste, que cuidou de mim desde quando eu era um bebê, correu até mim, com lágrimas nos olhos.
— ! Graças aos céus! — ela exclamou, me abraçando.
— Estou bem, Celeste. Estou bem. – disse a segurando contra mim. – Senti sua falta.
Após muitas saudações e perguntas, sentei-me na cadeira ao lado de meu pai, sentindo o peso da responsabilidade novamente. Mas, eu queria mesmo era estar com , sentindo o cheiro da sua comida deliciosa.
— — meu pai começou, sério — quero saber mais sobre essa curandeira. Se ela realmente te salvou, devemos, pelo menos, ouvi-la.
— Sim, pai. é diferente. Ela tem um bom coração. – disse contando tudo desde o começo.
E enquanto o dia se desenrolava, com reuniões e discussões sobre o que havia acontecido, meu pensamento voltava constantemente para aquela cabana na floresta e para a mulher que havia me salvado. . Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de trazê-la para o meu mundo, para mostrar a todos o valor que ela tinha. E, mais importante, para cumprir minha promessa de voltar.
Flashback off.
Os dias se arrastavam devagar, e a saudade de só aumentava. Algumas empregadas do castelo estavam espantadas com o cuidado e a habilidade que havia demonstrado ao suturar o ferimento. As ataduras, que antes se estendiam do ombro até metade do corpo, agora estavam restritas apenas ao tronco, cobrindo o ferimento.
Apesar dos cuidados que eu sabia que elas estavam tendo comigo, havia algo na maneira como tratava das feridas que não podia ser substituído. Ela tinha um poder de cura que ia além das técnicas de sutura e dos remédios; era o conforto e a certeza que ela proporcionava a mim. Era o aroma da comida que ela fazia, o jeito atencioso com que se aproximava para verificar se eu tinha febre, o cheiro de limão que ela exibia, e até o carinho que dedicava ao Bolt, que a adorava também. Cada detalhe me lembrava de sua ausência.
, sem reclamar, me abrigava e permitia que eu dormisse em sua cama, enquanto ela se acomodava em uma cadeira desconfortável. A mudez do castelo parecia ainda mais profunda agora, e a ausência do seu toque doce e das suas palavras gentis tornava os dias ainda mais exaustivos.
O vazio deixado por ela não era preenchido por ninguém, ela fazia cada momento parecer mais suportável e seguro. Cada esforço que tinham comigo era louvável, mas nada parecia substituir a presença e o cuidado de . Eu queria poder cumprir logo a promessa de voltar e poder ver seu sorriso novamente.
— Preciso que me ajude a sair do castelo — disse eu, com urgência na voz.
A empregada, surpresa, ergueu uma sobrancelha. — Como assim?
— Preciso ir ver a . — insisti.
Ela hesitou, com um olhar preocupado.
— Majestade, se eu fizer isso, seu pai pode me mandar embora... Eu preciso do meu trabalho para ter onde ficar.
— Só me tire do quarto, o resto eu dou um jeito — supliquei. — Bolt já está selado, preparei tudo isso ontem à noite.
A mulher respirou fundo, visivelmente preocupada. Finalmente, com um suspiro pesado, ela concordou. Ela me ajudou a levantar, e nós caminhamos pelo corredor. Para disfarçar, fizemos de conta que eu estava indo ao jardim para tomar um pouco de sol. A empregada manteve um olhar atento, tentando parecer natural enquanto me conduzia.
Quando chegamos ao jardim, ela se posicionou a uma distância que parecia adequada para me vigiar, mas que também permitia que eu realizasse meu plano. Aproveitei a distração dela e, com um esforço, me dirigi até Bolt, que estava esperando pacientemente perto da cerca.
Subi em Bolt com cuidado e comecei a trotar pela saída do jardim em silêncio. A empregada, agora a uma distância segura, me deu um tchauzinho de longe e fingiu estar distraída. Finalmente, uma vez fora do alcance de alguém, acelerei com Bolt que começou a correr. Segui pela estrada, procurando por qualquer sinal de .
Após algum tempo cavalgando, finalmente avistei uma figura feminina. Era , ocupada com suas tarefas. O meu coração pulou no meu peito, e a urgência do encontro me fez acelerar ainda mais.
Quando me aproximei, ela levantou os olhos, surpresa e preocupada ao me ver.
— ? — exclamou . — O que está fazendo aqui?
Desci de Bolt com um sorriso cansado, mas feliz.
— Eu precisava ver você, . Precisava cumprir a promessa de voltar.
correu em minha direção, me abraçando com cuidado.
— Que bom que você voltou. – disse sem me soltar.