Capítulo Único
Dançar sempre foi minha paixão. Desde pequena, nas festinhas da escola, eu sempre estava metida com dança. E eu decidi que queria isso para a minha vida.
Eu tinha estudado dança na Universidade e decidido fazer um intercâmbio. Na Coreia do Sul. Meu plano era me casar com um coreano e ganhar cidadania para morar aqui a vida toda. Brincadeira... Meu plano era conseguir um emprego como dançarina em uma das grandes empresas e ficar aqui por mais de um ano, que era o tempo do intercâmbio.
E cá estava eu, mais uma vez jogada no chão depois de um dia intenso de curso em uma das melhores academias de dança do país, sem coragem para mais nada. Mas se eu quisesse um emprego, precisava ensaiar. Me levantei de mal gosto e coloquei a música para tocar.
- , quantas vezes você vai ensaiar isso? – , minha colega de apartamento e melhor amiga, perguntou. Conhecia desde pequena, mas minha amiga alegou não ter muita coordenação para dança e acabou por se formar em turismo. Quando citei que estava pensando no intercâmbio, automaticamente se candidatou para ir comigo. “Vai aumentar muito minha bagagem”, ela disse. E eu só podia concordar, Seul era incrível.
- Quantas forem necessárias. – respondi e suspirei. – Estou mudando alguns passos.
- , amor da minha vida, entenda. – ela se aproximou e segurou minhas mãos. – Quando a gente termina um projeto, a gente não mexe mais. Não fica mexendo na coreografia que você mesma criou. Seu teste é depois de amanhã! – ela gritou a última parte.
E ela tinha razão. Meu teste para a SM seria depois de amanhã. Aparentemente, eles iam lançar um novo clipe e precisavam de meninas. E eu esperava que minha cara de estrangeira não me atrapalhasse, pois eu queria aquele trabalho temporário e rezaria para que ele se tornasse fixo.
- OK, . Não vou mais mexer. – suspirei cansada.
- Ótimo. Agora me mostra como ficou. – ela se separou de mim e eu coloquei a música para tocar. – Uh... Jay Park. Pretende seduzir alguém?
- Você. Agora cale a boca e me deixe dançar. – fingi irritação. Executei os passos da coreografia de Mommae, criados por mim, sob os olhos atentos de . E me joguei no chão quando terminei.
- Estou sem ar. – ela falou e abanou o rosto. Lhe olhei séria e começamos a rir em seguida. – Espero que não se jogue no chão quando terminar o teste.
- Vou me jogar sim. Vai que algum dos idols maravilhosos de lá se joga em cima de mim. Aproveitamos que já estamos deitados e... – tentei continuar, mas jogou uma almofada no meu rosto.
- Safada! – ela acusou rindo. – Tem crianças lá. Um grupo de novinhos.
- , eu pesquisei sobre eles. Será que as dançarinas são para eles? – perguntei animada. O grupo de novinhos, NCT e suas units, era uma união de novinhos lindos.
- , sossega esse facho. Vai tomar um banho e descansar que é melhor. – ela ordenou. – Estou saindo daqui a pouco. Não me espere. – ela sorriu. Aquele sorriso de quem ia aprontar alguma. E realmente saiu. Passou por mim, que ainda estava jogada no chão, toda cheirosa e arrumada.
- Não faça nada que eu não faria! E use camisinha! – gritei para a porta fechada e ainda ouvi um “!” abafado. Ri sozinha e resolvi que era melhor descansar.
***
Dia do teste.
Sem pânico.
DIA DO TESTE!
Acordei cedo demais, fiz café para e eu e comecei a arrumar tudo para sair, não queria me atrasar.
- Alguém acordou inspirada. – me abraçou de lado.
- Euforia pré-teste. – respondi. – Tomara que dê tudo certo.
- O que está vestindo por baixo dessa calça? – ela tentou puxar o elástico da minha calça moletom.
- ! – me afastei rindo. – Estou de short.
- Então vai dar tudo certo. Desde que você mostre o short. – ela riu de lado.
- , nem tudo se resolve assim. – entortei a boca para ela.
- , olha esse corpo. Mostre e já terá vantagem. – ela sorriu.
- , eu estou saindo, sim? Tchau. – lhe abracei de lado, peguei minha bolsa e saí. Peguei o metrô e desci em frente ao prédio da SM Entrainment. Respirei fundo e entrei com o pé direito. – Bom dia! – desejei animada à recepcionista. – Estou aqui para o teste de dançarina. .
- É a primeira a chegar, senhorita . – ela sorriu simpática. – Me acompanhe.
Seguimos por um corredor e entramos em uma antessala que levava ao que parecia ser uma sala de práticas. A moça me indicou um sofá e eu sentei confortavelmente, porém me sentia nervosa demais até para usar o celular. Fiquei olhando para todos os lados, tentando repassar a coreografia na minha cabeça, quando notei alguém passando. Tal pessoa parou e voltou para me encarar. Ele era bonito, parecia um personagem de anime chique, o queixo fino, o nariz moldado e os cabelos cobrindo levemente os olhos.
- Posso ajudar? – ele me perguntou confuso.
- Estou esperando o teste. – respondi sem lhe encarar.
- Creio que chegou cedo demais, senhorita... – ele deixou a frase no ar.
- . . – levantei e fiz uma reverência, como mandam os costumes.
- Então, senhorita . Eu vou avaliar junto dos coreógrafos e afirmo com certeza que chegou cedo demais. – ele riu. Uma risada profunda que me causou um arrepio. , se concentre.
- Desculpe, senhor... – fiz como ele e deixei a frase no ar para que ele se apresentasse.
- Jong-Woon. – ele sorriu. – Mas todo mundo aqui me conhece por Yesung, ou melhor vocal do Super Junior.
- Pare com isso, ou vai sufocar a menina, hyung. – um rapaz loiro riu. De onde ele tinha saído? – Hyukjae, ou Eunhyuk. Dançarino principal do Sujou e um dos avaliadores do teste. – ele me reverenciou. – Yeye, vamos. Você não pode ter contato com as dançarinas antes do teste.
- Hyuk, eu não vou favorecer ninguém. Você e o coreógrafo que vão decidir. – ele sorriu. – Pode ir, eu acompanho você.
O tal Hyukjae balançou a cabeça negativamente e saiu sorrindo. Yesung então se virou para mim.
- Não é coreana, senhorita . – ele afirmou e eu neguei com a cabeça. – Deixe-me ver... – ele me estendeu a mão e eu a aceitei. Yesung me tirou no lugar e eu senti seus olhos quase queimando meu corpo. – Sul-americana ou latina. O tom de pele refuta minhas ideias.
De fato, eu era mais... bronzeada que a maioria da coreanas. Produtos para clarear a pele? Deus que me livre. Eu gostava da minha cor e adoraria mantê-la.
- Sul-americana. – confirmei e seu sorriso se alargou.
- E o que a trás aqui? – ele sentou no sofá onde eu estava sentada e indicou o assento ao seu lado. Bem curioso, esse Yesung.
- Estudar dança sempre foi meu sonho. E aqui tem uma academia excelente. Então eu resolvi vir em um intercâmbio de 1 ano. Mas agora eu quero ficar. – eu ri. E parei de repente. Por que eu estava contando minha vida para aquele estranho? Ah sim, por dois motivos: ele tinha perguntado e ele me avaliaria no teste. Tinha de ser simpática.
- Então resolveu arrumar um emprego fixo e tentar a nacionalidade? – ele perguntou e eu confirmei com a cabeça, envergonhada por ser tão óbvia. – Sabe que o casamento é a forma mais rápida de conseguir isso, não sabe?
- Sim. – respondi e fiz uma careta involuntária.
- E não está procurando um marido, não é, senhorita ? – ele riu.
- Não mesmo. Estou procurando um emprego. – foi minha vez de rir.
- Nisso, infelizmente, eu não posso ser útil. Minha opinião não é a final. – ele apertou meu joelho, como se fôssemos íntimos. – Tenho que ir, senhorita . Boa sorte no teste. – ele beijou minha mão e saiu.
Fiquei pensando em suas palavras. Ele não poderia ajudar no emprego, mas... poderia ajudar no casamento? Isso não fazia o menor sentido. Resolvi parar de pensar e me concentrei na coreografia de novo, repassando os passos mentalmente.
As outras garotas foram chegando aos poucos, todas confiantes demais, esnobes até para desejar um bom-dia educado para quem já estava lá. Felizmente eu não tinha ido lá para fazer amigas, e sim para conseguir uma vaga. Depois de muito esperar, finalmente começaram a nos chamar. Como fui a primeira a chegar, também fui a primeira a ser avaliada.
- . – uma moça abriu uma porta e me chamou. Levantei prontamente e segui até ela. – Você terá 10 minutos para se arrumar ali. – ela apontou para uma porta dentro da sala. – Saia quando estiver pronta.
Entrei na sala e fui até a tal porta de cabeça baixa, sem olhar para ninguém. Fiquei pensando se aceitaria o conselho de e, de repente, achei que era uma boa ideia. Tirei o moletom e rapidamente arrumei a roupa, saindo para encontrar minha banca de júri. Yesung estava sentado em uma ponta, um homem que eu não conhecia estava no centro e Eunhyuk estava na outra ponta. Os três me sorriram, mas Eunhyuk foi quem falou.
- Senhorita , espero que não tenha esperado muito. – ele sorriu cordial.
- Eu espero que tudo isso valha a pena. – respondi rindo.
- Dê o seu melhor e valerá. – o homem ao centro respondeu.
Pedi à responsável pelo som que colocasse minha música. As notas de Mommae, do Jay Park, soaram na sala e eu apenas me entreguei à melodia. No fim, acho que fui melhor do que eu esperava. Agradeci ao júri e quase corri para pegar minhas coisas. Agradeci novamente na saída e sentei para esperar o resultado, vendo as candidatas entrando e saindo uma a uma, até a última. Depois de 2 horas e meia, éramos apenas um monte de garotas cansadas escoradas nos cantos.
- Quem eu chamar, por favor, fique de pé e me siga. – a moça que nos levou até a sala na primeira vez apareceu, depois de 1 hora do fim dos testes. Aquilo não me cheirava bem. Geralmente, quem era chamada primeiro era eliminada. – Kim Minhee. . Jung Jaemin...
Levantei do meu lugar já querendo ir para casa, mas me mataria se eu saísse sem ouvir o que eles tinham para dizer. Me aproximei das outras garotas e sorrimos tristes umas para as outras, vendo os olhares de superioridade que as não chamadas nos lançavam. A moça que nos chamou entrou na sala de práticas e nós a seguimos.
- Senhoritas, não desanimem. Por favor, não quero ninguém chorando. Eu não sei lidar muito bem com a sensibilidade feminina. – o homem no centro da mesa, muito certamente o coreógrafo, riu. – Vocês nem têm motivos para chorar. Foram selecionadas. Respirem. As vagas são de vocês.
Eu controlei a vontade de gritar. Mas nem todas conseguiram. Pulei no lugar, feliz demais por ter conseguido.
- Os ensaios começam na próxima semana. Avisaremos o horário. – Eunhyuk anunciou. – Parabéns, garotas. Agora vocês são dançarinas da SM.
- Bem-vindas ao meu próximo vídeo. – Yesung sorriu para nós e piscou para mim. Talvez meu coração tenha falhado algumas batidas, mas eu não tive tempo para pensar, pois fomos praticamente empurradas para fora da sala. Vi o segundo grupo entrar e algumas saíram chorando. Por um momento, pensei que podia ser eu ali.
Voltei para casa saltitante e encontrei largada no sofá.
- Tenho uma amiga dançarina da SM? – ela perguntou e eu confirmei com a cabeça, soltando o grito que eu segurei no estúdio. levantou e me abraçou, rodando e pulando comigo pela sala. – E para qual dos novinhos você vai dançar?
- Para nenhum. Vou ser dançarina de um artista antigo, Yesung, do Super Junior. – respondi.
- Mas ele é gato? – sorriu, aquele sorriso que me assustava às vezes.
- Muito. – respondi. – Mas ele é quase meu patrão. Então sossegue.
- E quando começam os ensaios? – ela sentou no sofá e me levou com ela.
- Na próxima semana. – suspirei.
- Então essa semana vamos comprar umas roupas de treino para você. Umas bem bonitas que te valorizem. – ela riu.
- Eu mal fui contratada e você já quer gastar meu primeiro salário? Sossega, criatura. – nós rimos. E nos perdemos na conversa.
Na semana seguinte...
Acordei nervosa, preocupada com o horário. A secretária tinha me ligado informando que o primeiro ensaio começava às 9. Saí de casa sem me despedir de , que nem tinha acordado. Para variar, cheguei cedo demais.
- Adiantada como sempre, senhorita . – a recepcionista riu.
- Melhor que chegar atrasada. – pisquei.
- Sala de práticas no final do corredor. Sabe onde fica. – ela indicou. Agradeci com uma reverência e me encaminhei para a sala. Troquei de roupa e fiquei esperando que mais alguém chegasse. Uma a uma, as meninas foram aparecendo, com rostos radiantes de felicidade. Quando estávamos todas sentadas no chão da sala, a moça que nos chamava no dia do teste apareceu com um pequeno perfil de apresentação, com informações como nome, idade, data de debut, posição no grupo, quanto tempo treinou, como se nós fôssemos fãs e ela estivesse nos apresentando o artista.
- O coreógrafo Lee já está vindo. Comportem-se. – ela sorriu falsa e saiu da sala.
- Não gosto dela. – alguém comentou. Todas olhamos para a dona da voz.
- Eu também não. – concordei e, de repente, uma chuva de “nem eu” e “eu muito menos” soou na sala. Todas rimos por concordar que a moça não parecia muito simpática.
- Vejo que estão se divertindo. De quem falavam? – o coreógrafo entrou na sala sozinho, nem sinal de Yesung ou Eunhyuk.
- De ninguém. Não falamos mal das pessoas. – uma das meninas respondeu e outras riram baixinho.
- A auxiliar não é lá muito simpática, não é? – ele perguntou baixinho.
- Se você diz, eu só posso concordar. – outra menina rebateu. Eu sou péssima com nomes, não aprenderia nem o da metade da sala.
- Bom, vamos alongar e começar a pegar nossa coreografia. – o coreógrafo bateu palmas e nós prontamente levantamos. – Yesung teve um compromisso hoje e não poderá vir. Mas amanhã ele estará aqui. Afinal, ele precisa ensaiar mais que vocês. – ele riu como se fosse uma piada.
E nós começamos nosso ensaio sem Yesung, que pareceu no dia seguinte com um sorriso amarelo na cara. Depois que ele começou a dançar, entendi porque ele tinha que ensaiar mais que nós. Yesung se perdia em alguns movimentos, ou trocava os passos.
- Oppa... – chamei e levantei a mão, indicando o movimento. Pra variar, ele trocou. Yesung pediu que todas o chamássemos de oppa, afinal, ele era mais velho que todas nós.
- Aish, Yeye, tire 5 minutos. Nem com a ajudando você acertou. – o coreógrafo disse divertido. – , não tente. Esse aí é caso perdido.
- A! Você não deveria desistir de mim. – Yesung brigou com o coreógrafo, mas olhando para mim. A intensidade dos seus olhos me causou um arrepio bom.
- Eu posso te ajudar depois dos ensaios, oppa. – ofereci.
- Eu adoraria, . – ele sorriu de lado e outro arrepio me dominou.
- Já que Yesung terá ensaios extras... – o coreógrafo nos olhou sério e nós prendemos a respiração. Será que entraríamos no mesmo esquema? – Acabamos por hoje. Descansem bem pelos próximos 3 dias. O Super Junior fará um show fora e Yesung não estará aqui. Até mais, meninas.
Agradecemos ao coreógrafo e a Yesung e eu quase corri para pegar minha bolsa.
- , espere! – Yesung gritou atrás de mim. Parei de andar e o esperei. – Eu te levo para casa.
- Nem pensar! – eu ri. – Ficou maluco? Você é famoso. O que diriam sobre mim?
- Que provavelmente somos colegas de trabalho? – ele perguntou, mas nem ele acreditava naquilo.
- Que somos um casal e que estamos saindo, e eu não quero ninguém na minha porta. me mataria. – suspirei.
- é sua... – ele deixou a pergunta no ar.
- Amiga, quase irmã. Ela é do Turismo e veio fazer o intercâmbio junto comigo. – expliquei e o vi respirar fundo. – Bom, oppa. Obrigada pela oferta, mas eu vou de ônibus. Bom show. Nos vemos na próxima semana. – o reverenciei e saí.
Contei a sobre a oferta de Yesung e ela passou todo o fim de semana enchendo meu saco. Cada vez que eu abria um vídeo do Super Junior, ela vinha com insinuações.
- Amiga, ele está afim de você. – ela comentou pela milésima vez na terça. O coreógrafo nos dispensou na segunda, pois os meninos tinham chegado cansados demais. e eu estávamos à mesa, tomando café para sair. – Também, quem não estaria? Olha pra você. Se você me trocar por ele, eu te expulso dessa casa.
- , decida-se. – eu ri. – Eu devo ceder à próxima investida ou devo dispensar ele?
- Se ele tentar, dê uma chance. Mas não se esqueça de mim. – ela riu também.
- Não vou. – levantei e caminhei até ela, beijando seu rosto. – Tenho que ir. Me deseje sorte.
- Você não precisa de sorte. Você arrasa sempre. – ela sorriu. Sério, era a melhor amiga que eu poderia ter.
Arrumei minha bolsa e saí, indo para a empresa. Assim que passei pela porta da sala de treino, dei de cara com Yesung sentado no centro da sala.
- , bom dia. – ele cumprimentou sorrindo.
- Bom dia, Yesung. Como foi o show? – perguntei e sentei no sofá que tinha no canto.
- Cansativo, mas prazeroso. – ele sorriu. Ele realmente gostava daquilo. – Eu estava aqui tentando ensaiar, mas falhei.
- Eu disse que ia te ajudar, não é? – levantei e caminhei até ele. – Vamos tentar. – entendi minha mão e ele aceitou, levantando e se colocando ao meu lado. Ensaiamos até que todos chegassem. Algumas meninas se juntaram a nós no processo, deixando o ensaio mais divertido.
- Bom dia, minhas garotas. – o coreógrafo nos cumprimentou e então viu Yesung. – E Yesung. – e fez uma careta de falso nojo.
- Bom dia pra você também, hyung. – Yesung riu. – Não faça essa cara para mim, eu melhorei. Pergunte às meninas.
O coreógrafo Lee nos olhou e fixou o olhar em mim.
- Ele teve alguns avanços, senhor Lee. – confessei.
- Se a diz... Vamos ver se é verdade. – ele deu de ombros e colocou a música para tocar. Yesung passou uma música inteira sem errar um passo sequer. – Garota, você é sensacional. Olha o que fez, . Ele não errou. – o coreógrafo elogiou.
- Faço o que posso. – sorri.
- Como estão minha garotas? – Eunhyuk entrou na sala de repente.
- O que está fazendo aqui? – Yesung perguntou o que todas queríamos saber.
- Hyuk, não diga que são suas garotas ou amanhã mesmo terá pelo menos duas dela na sua porta te cobrando atenção. – o coreógrafo riu.
- Seria um prazer recebê-las. – Eunhyuk riu de lado.
- Hyukjae, o que está fazendo aqui? – Yesung insistiu.
- O hyung me chamou. – Eunhyuk respondeu e apontou para o coreógrafo.
- Yesung, , eu admiro o esforço de vocês, mas eu pensei bastante e vou mudar algumas coisas. – o coreógrafo explicou.
- Como assim mudar algumas coisas? – Yesung perguntou revoltado. Eu permaneci observando tudo calada.
- Eu vou colocar você dançando com uma das garotas em um trecho da coreografia. – ele apontou para Yesung. – Só não sei qual garota.
- E é para isso que eu estou aqui? – Eunhyuk perguntou. Pelo visto, ele sabia tanto quanto nós.
- Sim. A garota que conseguir acompanhar você em seus passos livres será capaz de dançar com o Yeye. – o coreógrafo Lee sorriu satisfeito.
- Então Eunhyuk-ssi vai criar passos na cabeça dele e nós teremos que acompanhar? – uma das meninas perguntou.
- Exato. Quem será a primeira? – o coreógrafo perguntou e todas nós demos um passo para trás. – Já que ninguém quer ser a Katniss, Hyuk escolhe a música e a garota.
Eunhyuk tirou a jaqueta e caminhou até o aparelho de som, conectando o celular a ele. Observou as garotas como um predador observa sua presa e estendeu a mão para uma delas. Tirou a garota para dançar e, céus, era lindo de se ver ao vivo. Ele, claro.
Por sorte, e eu tínhamos passado o fim de semana assistindo a vídeos do Super Junior na TV. Inclusive, em um deles Eunhyuk dançava com Donghae e uma garota. Era isso. Eu não precisava entrar em pânico. Era só lembrar do vídeo da garota. Eu conseguiria acompanhar o ritmo.
Minha vez chegou e eu estava tão gelada que Eunhyuk riu quando pegou minha mão.
- Eu não mordo, . – ele riu e me puxou para o centro da sala. – Só se você pedir com jeitinho. – ele juntou o corpo ao meu e sussurrou. Fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri, não era mais eu. Alguma coisa dançava por mim. Talvez fosse a aura de Eunhyuk me envolvendo. Quando paramos, cansados e ofegantes depois de uma música inteira, Hyuk sorriu largo para mim e palmas foram ouvidas.
Ele dançou com todas nós sob os olhos atentos do coreógrafo, que permanecia calado. Quando a última garota sentou junto de nós que já tínhamos dançado, o coreógrafo se pôs no centro da sala.
- De pé: Jinhee e . – ele chamou. Levantei de pronto e o observei. – Vocês dançarão comigo agora. Jinhee primeiro.
Enquanto minha colega dançava, fiquei observando os movimentos deles, do coreógrafo principalmente. Estava tentando prever seu estilo. E quando dançamos, parecia previamente ensaiado. Sorri satisfeita comigo mesma e sentei no meu lugar.
- Não quer saber minha opinião, não é? – Yesung perguntou.
- Provavelmente é a mesma da minha. – o coreógrafo o respondeu. – Parabéns, . Você é a escolhida.
- Devia ter nos poupado todo o trabalho e ter escolhido ela direto. – uma das meninas reclamou.
- Estão todas dispensadas. Menos a . – o coreógrafo gritou. As meninas saíram da sala, algumas bufando, outras rindo. E eu permaneci parada no lugar. – Precisamos conversar sobre a mudança. – ele apontou para mim. – Vamos ensaiar nós dois, depois ensinamos a ele. – apontou para Yesung.
- Boa sorte, . – Eunhyuk piscou para mim.
Combinamos os dias de ensaio extra e foram longos 5 dias de ensaios intensos, o último com Yesung presente. No sexto de ensaio, faltei pela manhã e parte da tarde devido a consultas médicas marcadas por , que se dizia preocupada com minha rotina intensa. Prometi a todos que ensaiaria sozinha para compensar minha falta e lá estava eu, às 10 da noite, sozinha na sala de ensaio, dançando como uma louca, tentando aperfeiçoar meus movimentos, preocupada com algum deslize que Yesung poderia cometer e em como eu faria para contornar a situação. De repente, a porta se abriu e a fonte da minha preocupação entrou sorrindo.
- Você não descansa? – ele perguntou e sentou no sofá da sala.
- Eu faltei hoje, tenho que compensar. – respondi ofegante.
- Eu notei sua ausência. Principalmente quando tive que dançar com o hyung porque minha parceira não estava aqui. – ele levantou e veio em minha direção.
- Me desculpe por isso. – pedi rindo. A cena deve ter sido engraçada.
- Só desculpo se você dançar comigo agora. – ele me estendeu a mão. Fiquei lhe encarando e ele levantou as sobrancelhas, como para reforçar o convite. Peguei em sua mão já preocupada. Só tínhamos tido um ensaio juntos. Para a minha surpresa, ele não errou nenhum passo, cantou toda a parte que dançamos juntos com a voz grave no meu ouvido e terminou com um beijo molhado na minha nuca, me causando um arrepio delicioso.
- Yesung, não pode fazer isso. – alertei.
- Beijar sua nuca? – ele perguntou e beijou o local novamente. – Você parece gostar.
- Mas... é errado. – tentei argumentar.
- Por quê? Somos maiores de idade, solteiros e queremos. Ou você não quer? – ele perguntou incerto.
- Eu quero. – respondi sem demora. Eu não podia negar, estaria mentindo se o fizesse. Ele me virou no abraço e atacou meus lábios com fúria, num beijo rápido, e suas mãos apertaram minha cintura com possessão. Mas alguém resolveu acabar com nosso momento e apagou a luz da sala.
- Ótimo, já apagaram a luz. – ele riu.
- Yesung, ficaremos trancados aqui. Tenho que voltar para casa. – me desvencilhei de seus braços e corri para fora da sala, procurando quem tinha apagado a luz. Felizmente achei o rapaz da limpeza e o expliquei que estava ensaiando, mas que sairia em breve. Voltei para a sala afim de pegar meus pertences e encontrei Yesung parado no mesmo lugar.
- Vamos embora? – ele perguntou sorrindo.
- Sim. Você para a sua casa e eu para a minha. – respondi juntando meus pertences.
- Eu te dou uma carona. – ele ofereceu. Fiquei lhe olhando com os olhos semicerrados. Aquilo era mesmo uma boa ideia? – Eu troquei a película dos vidros. Não dá pra ver quem está dentro. – ele explicou como se entendesse minha dúvida.
- Se eu aparecer em algum site de notícia amanhã, qualquer um, eu te mato. – ameacei.
- Vai dar tudo certo. Confie em mim. – ele piscou. Joguei a mochila no ombro e ele colocou um boné, como se aquilo fosse encobrir quem ele era. Assim que chegamos ao estacionamento, ouvi um barulho estranho.
- Oppa, está...
- Chovendo. – ele completou a frase. Aquilo era ruim. Eu morava relativamente longe dali. O metrô provavelmente estava parado. Dirigir até lá era arriscado. Eu estava ferrada. – Você mora longe?
- Sim. Esqueça a carona. Eu fico aqui até amanhã. – me preparei para descer do carro, mas fui impedida.
- , por que não vamos para o meu apartamento? É bem perto daqui. – ele sugeriu.
Céus, era mesmo uma boa ideia passar uma noite chuvosa com Yesung?
- Eu não acho uma boa ideia, Yesung. – respondi.
- Eu tenho um quarto de hóspedes. É mais confortável que ficar aqui. – ele sorriu. Suspirei, já pensando na dor de cabeça.
- OK. Vamos. – me dei por vencida. Ele sorriu satisfeito e colocou o carro em movimento debaixo de uma chuva torrencial. Dirigiu devagar por poucas quadras e entrou em um estacionamento no subsolo de um prédio.
- Chegamos. Eu disse que era perto daqui. – ele explicou. – Vamos, eu moro no sétimo andar.
Ele desceu do carro e eu o segui até o elevador que nos levou ao seu andar. Subimos em silêncio, eu com receio de respirar mais forte e ser notada. Yesung me lançava sorrisos de canto a cada segundo.
- Bem-vinda, . – ele abriu a porta para mim. O apartamento era bem organizado, em tons de preto e branco, e enorme. – Eu posso te emprestar uma camisa se você quiser tomar um banho. Mas infelizmente não tenho calcinhas por aqui. – ele riu.
- Eu aceito a camisa e o banho. Não se preocupe com minhas calcinhas. – respondi sorrindo irônica.
- Bom, terá que usar o banheiro social. Vou buscar uma toalha para você. – ele avisou e saiu. Voltou alguns minutos depois com uma toalha e uma camisa branca em mãos. – O banheiro fica ali. – ele apontou por uma porta branca. – Vá tomar banho enquanto eu arrumo o quarto.
Eu peguei minha bolsa, a camisa e a toalha e segui para o banheiro. Tomei um banho demorado e saí pela porta na mesma hora em que Yesung saía de outra.
- Cama. – pedi enquanto secava o cabelo.
- Posso te apresentar a minha. – ele me abraçou pela cintura.
- Yesung... – chamei em tom de alerta.
- , vamos continuar o que começamos na sala de práticas, sim? – ele sussurrou.
- Yesung... – tentei falar.
- Shiu, não é errado. Ninguém saberá. – ele passou o nariz por minha bochecha, em um carinho bom.
- Ninguém saberá. – sussurrei de volta e o beijei, sem me dar conta do que estava fazendo.
Senti suas mãos em minhas pernas, me impulsionando para cima. Larguei a toalha que segurava e, com as mãos apoiadas em seu pescoço, enlacei as pernas em sua cintura. Ele me carregou no colo sem parar de me beijar e entrou em um quarto que certamente era o seu.
- Yesung, eu preciso de ar. – reclamei ofegante.
- Vou te deixar respirar. – ele sorriu de lado e me colocou na cama, deitando por cima de mim. – Vamos ver o que tem debaixo dessa blusa. – suas mãos deslizaram por minhas pernas, seguiram por meus quadris e subiram, levando a blusa para cima, revelando meus seios nus. – Linda.
Ele sorriu e desceu o tronco, beijando e sugando meus seios à vontade. Uma de suas mãos se deslizou entre nossos corpos e encontrou a renda da minha calcinha. Yesung sorriu contra minha pele e um arrepio bom me dominou quando seus dedos encontraram meu íntimo já encharcado para ele. Com poucos estímulos, eu cheguei ao meu limite, chamando baixinho por ele.
- Oppa... – suspirei satisfeita.
- Foi bom, hm? – ele perguntou sorrindo e selou meus lábios.
- Eu quero mais. Você está muito vestido. – reclamei.
- Vamos resolver isso. – ele respondeu e puxou a camisa pela cabeça, revelando um abdômen incrível. Estiquei a mão e passei os dedos sobre os gominhos de sua barriga. Ele colocou a mão sobre a minha e a direcionou mais para baixo, sobre seu membro coberto pelo jeans. Apertei o local e um gemido se perdeu em sua garganta.
- Isso é bom, oppa? – perguntei com um carinho em seu membro. Algo ali era grande. O volume era incontestável.
- De quatro, . – ele ordenou e se afastou de mim. Desceu da cama, se livrou da calça e da boxer, o membro grande e pulsante saltando do tecido, duro feito pedra, e vestiu um preservativo em seguida. – Eu disse de quatro, . – ele desferiu um tapa estalado na minha coxa. Mordi o lábio inferior e o obedeci, ficando de quatro, com a bunda empinada em sua direção.
- Oppa... – mexi o quadril e o olhei por cima do ombro. Yesung desferiu outro tapa, agora em minha bunda. Gemi arrastado e ele acertou o outro lado. – Oppa, por favor. Vem.
- Ah, . Não me provoque assim, garota. – ele repreendeu e, em um movimento rápido, rasgou a lateral da minha calcinha e a tirou de mim. O olhei por cima do ombro e vi apenas o pequeno pedaço de renda entre seus dedos. – Frágil.
- Eu gostava dela. – reclamei.
- Eu te compro outra. – ele respondeu e levou uma das mãos à lateral do meu bumbum, separando, e pincelou seu membro em minha intimidade. Forçou a glande e foi empurrando todo o comprimento até me penetrar por completo.
- Yeye, você... – não consegui concluir, pois choraminguei de dor e prazer. Suas mãos acariciaram a pele do meu quadril, como se quisesse me distrair. Ele esperou um tempo e então começou a se mover devagar, tirando todo o comprimento e voltando a estocar com força. Mas eu queria mais, então comecei a impulsionar o quadril para trás, buscando mais contato, enquanto ele continuava a estocar, agora com mais força. Senti meu corpo tremer e cheguei ao ápice chamando por ele em alto e bom som. Algum tempo depois, ele atingiu seu limite e apertou meus quadris com força. Se jogou ao meu lado e eu desabei com o rosto contra o colchão.
- Você tem a mão pesada, Yeye. – reclamei. – Nada de tapas na próxima vez.
Ele arrumou o corpo no colchão e me puxou para seu peito. Fui sem reclamar, estava cansada e gostava de ser mimada.
- Vai ter uma próxima vez? – ele perguntou baixinho, sua mão acariciando meus cabelos.
- Bom, somos adultos, estamos solteiros e queremos. Ou você não quer? – repeti sua pergunta de mais cedo e levantei o rosto para lhe olhar.
- Eu troquei a película do vidro com essa intenção. – ele sorriu de lado.
- Temos ensaio amanhã cedo? – perguntei e acariciei seu peito, vendo sua pele se arrepiar sobre meus dedos.
- Eu posso arrumar uma desculpa. – sua mão apalpou meu seio descoberto.
- Então teremos mais uma rodada? Foi isso que eu ouvi? – perguntei maliciosa. Yesung nem me respondeu. Apenas me beijou, me mostrando que estava pronto para mais uma rodada e para quantas mais eu aguentasse.
Eu tinha estudado dança na Universidade e decidido fazer um intercâmbio. Na Coreia do Sul. Meu plano era me casar com um coreano e ganhar cidadania para morar aqui a vida toda. Brincadeira... Meu plano era conseguir um emprego como dançarina em uma das grandes empresas e ficar aqui por mais de um ano, que era o tempo do intercâmbio.
E cá estava eu, mais uma vez jogada no chão depois de um dia intenso de curso em uma das melhores academias de dança do país, sem coragem para mais nada. Mas se eu quisesse um emprego, precisava ensaiar. Me levantei de mal gosto e coloquei a música para tocar.
- , quantas vezes você vai ensaiar isso? – , minha colega de apartamento e melhor amiga, perguntou. Conhecia desde pequena, mas minha amiga alegou não ter muita coordenação para dança e acabou por se formar em turismo. Quando citei que estava pensando no intercâmbio, automaticamente se candidatou para ir comigo. “Vai aumentar muito minha bagagem”, ela disse. E eu só podia concordar, Seul era incrível.
- Quantas forem necessárias. – respondi e suspirei. – Estou mudando alguns passos.
- , amor da minha vida, entenda. – ela se aproximou e segurou minhas mãos. – Quando a gente termina um projeto, a gente não mexe mais. Não fica mexendo na coreografia que você mesma criou. Seu teste é depois de amanhã! – ela gritou a última parte.
E ela tinha razão. Meu teste para a SM seria depois de amanhã. Aparentemente, eles iam lançar um novo clipe e precisavam de meninas. E eu esperava que minha cara de estrangeira não me atrapalhasse, pois eu queria aquele trabalho temporário e rezaria para que ele se tornasse fixo.
- OK, . Não vou mais mexer. – suspirei cansada.
- Ótimo. Agora me mostra como ficou. – ela se separou de mim e eu coloquei a música para tocar. – Uh... Jay Park. Pretende seduzir alguém?
- Você. Agora cale a boca e me deixe dançar. – fingi irritação. Executei os passos da coreografia de Mommae, criados por mim, sob os olhos atentos de . E me joguei no chão quando terminei.
- Estou sem ar. – ela falou e abanou o rosto. Lhe olhei séria e começamos a rir em seguida. – Espero que não se jogue no chão quando terminar o teste.
- Vou me jogar sim. Vai que algum dos idols maravilhosos de lá se joga em cima de mim. Aproveitamos que já estamos deitados e... – tentei continuar, mas jogou uma almofada no meu rosto.
- Safada! – ela acusou rindo. – Tem crianças lá. Um grupo de novinhos.
- , eu pesquisei sobre eles. Será que as dançarinas são para eles? – perguntei animada. O grupo de novinhos, NCT e suas units, era uma união de novinhos lindos.
- , sossega esse facho. Vai tomar um banho e descansar que é melhor. – ela ordenou. – Estou saindo daqui a pouco. Não me espere. – ela sorriu. Aquele sorriso de quem ia aprontar alguma. E realmente saiu. Passou por mim, que ainda estava jogada no chão, toda cheirosa e arrumada.
- Não faça nada que eu não faria! E use camisinha! – gritei para a porta fechada e ainda ouvi um “!” abafado. Ri sozinha e resolvi que era melhor descansar.
***
Dia do teste.
Sem pânico.
DIA DO TESTE!
Acordei cedo demais, fiz café para e eu e comecei a arrumar tudo para sair, não queria me atrasar.
- Alguém acordou inspirada. – me abraçou de lado.
- Euforia pré-teste. – respondi. – Tomara que dê tudo certo.
- O que está vestindo por baixo dessa calça? – ela tentou puxar o elástico da minha calça moletom.
- ! – me afastei rindo. – Estou de short.
- Então vai dar tudo certo. Desde que você mostre o short. – ela riu de lado.
- , nem tudo se resolve assim. – entortei a boca para ela.
- , olha esse corpo. Mostre e já terá vantagem. – ela sorriu.
- , eu estou saindo, sim? Tchau. – lhe abracei de lado, peguei minha bolsa e saí. Peguei o metrô e desci em frente ao prédio da SM Entrainment. Respirei fundo e entrei com o pé direito. – Bom dia! – desejei animada à recepcionista. – Estou aqui para o teste de dançarina. .
- É a primeira a chegar, senhorita . – ela sorriu simpática. – Me acompanhe.
Seguimos por um corredor e entramos em uma antessala que levava ao que parecia ser uma sala de práticas. A moça me indicou um sofá e eu sentei confortavelmente, porém me sentia nervosa demais até para usar o celular. Fiquei olhando para todos os lados, tentando repassar a coreografia na minha cabeça, quando notei alguém passando. Tal pessoa parou e voltou para me encarar. Ele era bonito, parecia um personagem de anime chique, o queixo fino, o nariz moldado e os cabelos cobrindo levemente os olhos.
- Posso ajudar? – ele me perguntou confuso.
- Estou esperando o teste. – respondi sem lhe encarar.
- Creio que chegou cedo demais, senhorita... – ele deixou a frase no ar.
- . . – levantei e fiz uma reverência, como mandam os costumes.
- Então, senhorita . Eu vou avaliar junto dos coreógrafos e afirmo com certeza que chegou cedo demais. – ele riu. Uma risada profunda que me causou um arrepio. , se concentre.
- Desculpe, senhor... – fiz como ele e deixei a frase no ar para que ele se apresentasse.
- Jong-Woon. – ele sorriu. – Mas todo mundo aqui me conhece por Yesung, ou melhor vocal do Super Junior.
- Pare com isso, ou vai sufocar a menina, hyung. – um rapaz loiro riu. De onde ele tinha saído? – Hyukjae, ou Eunhyuk. Dançarino principal do Sujou e um dos avaliadores do teste. – ele me reverenciou. – Yeye, vamos. Você não pode ter contato com as dançarinas antes do teste.
- Hyuk, eu não vou favorecer ninguém. Você e o coreógrafo que vão decidir. – ele sorriu. – Pode ir, eu acompanho você.
O tal Hyukjae balançou a cabeça negativamente e saiu sorrindo. Yesung então se virou para mim.
- Não é coreana, senhorita . – ele afirmou e eu neguei com a cabeça. – Deixe-me ver... – ele me estendeu a mão e eu a aceitei. Yesung me tirou no lugar e eu senti seus olhos quase queimando meu corpo. – Sul-americana ou latina. O tom de pele refuta minhas ideias.
De fato, eu era mais... bronzeada que a maioria da coreanas. Produtos para clarear a pele? Deus que me livre. Eu gostava da minha cor e adoraria mantê-la.
- Sul-americana. – confirmei e seu sorriso se alargou.
- E o que a trás aqui? – ele sentou no sofá onde eu estava sentada e indicou o assento ao seu lado. Bem curioso, esse Yesung.
- Estudar dança sempre foi meu sonho. E aqui tem uma academia excelente. Então eu resolvi vir em um intercâmbio de 1 ano. Mas agora eu quero ficar. – eu ri. E parei de repente. Por que eu estava contando minha vida para aquele estranho? Ah sim, por dois motivos: ele tinha perguntado e ele me avaliaria no teste. Tinha de ser simpática.
- Então resolveu arrumar um emprego fixo e tentar a nacionalidade? – ele perguntou e eu confirmei com a cabeça, envergonhada por ser tão óbvia. – Sabe que o casamento é a forma mais rápida de conseguir isso, não sabe?
- Sim. – respondi e fiz uma careta involuntária.
- E não está procurando um marido, não é, senhorita ? – ele riu.
- Não mesmo. Estou procurando um emprego. – foi minha vez de rir.
- Nisso, infelizmente, eu não posso ser útil. Minha opinião não é a final. – ele apertou meu joelho, como se fôssemos íntimos. – Tenho que ir, senhorita . Boa sorte no teste. – ele beijou minha mão e saiu.
Fiquei pensando em suas palavras. Ele não poderia ajudar no emprego, mas... poderia ajudar no casamento? Isso não fazia o menor sentido. Resolvi parar de pensar e me concentrei na coreografia de novo, repassando os passos mentalmente.
As outras garotas foram chegando aos poucos, todas confiantes demais, esnobes até para desejar um bom-dia educado para quem já estava lá. Felizmente eu não tinha ido lá para fazer amigas, e sim para conseguir uma vaga. Depois de muito esperar, finalmente começaram a nos chamar. Como fui a primeira a chegar, também fui a primeira a ser avaliada.
- . – uma moça abriu uma porta e me chamou. Levantei prontamente e segui até ela. – Você terá 10 minutos para se arrumar ali. – ela apontou para uma porta dentro da sala. – Saia quando estiver pronta.
Entrei na sala e fui até a tal porta de cabeça baixa, sem olhar para ninguém. Fiquei pensando se aceitaria o conselho de e, de repente, achei que era uma boa ideia. Tirei o moletom e rapidamente arrumei a roupa, saindo para encontrar minha banca de júri. Yesung estava sentado em uma ponta, um homem que eu não conhecia estava no centro e Eunhyuk estava na outra ponta. Os três me sorriram, mas Eunhyuk foi quem falou.
- Senhorita , espero que não tenha esperado muito. – ele sorriu cordial.
- Eu espero que tudo isso valha a pena. – respondi rindo.
- Dê o seu melhor e valerá. – o homem ao centro respondeu.
Pedi à responsável pelo som que colocasse minha música. As notas de Mommae, do Jay Park, soaram na sala e eu apenas me entreguei à melodia. No fim, acho que fui melhor do que eu esperava. Agradeci ao júri e quase corri para pegar minhas coisas. Agradeci novamente na saída e sentei para esperar o resultado, vendo as candidatas entrando e saindo uma a uma, até a última. Depois de 2 horas e meia, éramos apenas um monte de garotas cansadas escoradas nos cantos.
- Quem eu chamar, por favor, fique de pé e me siga. – a moça que nos levou até a sala na primeira vez apareceu, depois de 1 hora do fim dos testes. Aquilo não me cheirava bem. Geralmente, quem era chamada primeiro era eliminada. – Kim Minhee. . Jung Jaemin...
Levantei do meu lugar já querendo ir para casa, mas me mataria se eu saísse sem ouvir o que eles tinham para dizer. Me aproximei das outras garotas e sorrimos tristes umas para as outras, vendo os olhares de superioridade que as não chamadas nos lançavam. A moça que nos chamou entrou na sala de práticas e nós a seguimos.
- Senhoritas, não desanimem. Por favor, não quero ninguém chorando. Eu não sei lidar muito bem com a sensibilidade feminina. – o homem no centro da mesa, muito certamente o coreógrafo, riu. – Vocês nem têm motivos para chorar. Foram selecionadas. Respirem. As vagas são de vocês.
Eu controlei a vontade de gritar. Mas nem todas conseguiram. Pulei no lugar, feliz demais por ter conseguido.
- Os ensaios começam na próxima semana. Avisaremos o horário. – Eunhyuk anunciou. – Parabéns, garotas. Agora vocês são dançarinas da SM.
- Bem-vindas ao meu próximo vídeo. – Yesung sorriu para nós e piscou para mim. Talvez meu coração tenha falhado algumas batidas, mas eu não tive tempo para pensar, pois fomos praticamente empurradas para fora da sala. Vi o segundo grupo entrar e algumas saíram chorando. Por um momento, pensei que podia ser eu ali.
Voltei para casa saltitante e encontrei largada no sofá.
- Tenho uma amiga dançarina da SM? – ela perguntou e eu confirmei com a cabeça, soltando o grito que eu segurei no estúdio. levantou e me abraçou, rodando e pulando comigo pela sala. – E para qual dos novinhos você vai dançar?
- Para nenhum. Vou ser dançarina de um artista antigo, Yesung, do Super Junior. – respondi.
- Mas ele é gato? – sorriu, aquele sorriso que me assustava às vezes.
- Muito. – respondi. – Mas ele é quase meu patrão. Então sossegue.
- E quando começam os ensaios? – ela sentou no sofá e me levou com ela.
- Na próxima semana. – suspirei.
- Então essa semana vamos comprar umas roupas de treino para você. Umas bem bonitas que te valorizem. – ela riu.
- Eu mal fui contratada e você já quer gastar meu primeiro salário? Sossega, criatura. – nós rimos. E nos perdemos na conversa.
Na semana seguinte...
Acordei nervosa, preocupada com o horário. A secretária tinha me ligado informando que o primeiro ensaio começava às 9. Saí de casa sem me despedir de , que nem tinha acordado. Para variar, cheguei cedo demais.
- Adiantada como sempre, senhorita . – a recepcionista riu.
- Melhor que chegar atrasada. – pisquei.
- Sala de práticas no final do corredor. Sabe onde fica. – ela indicou. Agradeci com uma reverência e me encaminhei para a sala. Troquei de roupa e fiquei esperando que mais alguém chegasse. Uma a uma, as meninas foram aparecendo, com rostos radiantes de felicidade. Quando estávamos todas sentadas no chão da sala, a moça que nos chamava no dia do teste apareceu com um pequeno perfil de apresentação, com informações como nome, idade, data de debut, posição no grupo, quanto tempo treinou, como se nós fôssemos fãs e ela estivesse nos apresentando o artista.
- O coreógrafo Lee já está vindo. Comportem-se. – ela sorriu falsa e saiu da sala.
- Não gosto dela. – alguém comentou. Todas olhamos para a dona da voz.
- Eu também não. – concordei e, de repente, uma chuva de “nem eu” e “eu muito menos” soou na sala. Todas rimos por concordar que a moça não parecia muito simpática.
- Vejo que estão se divertindo. De quem falavam? – o coreógrafo entrou na sala sozinho, nem sinal de Yesung ou Eunhyuk.
- De ninguém. Não falamos mal das pessoas. – uma das meninas respondeu e outras riram baixinho.
- A auxiliar não é lá muito simpática, não é? – ele perguntou baixinho.
- Se você diz, eu só posso concordar. – outra menina rebateu. Eu sou péssima com nomes, não aprenderia nem o da metade da sala.
- Bom, vamos alongar e começar a pegar nossa coreografia. – o coreógrafo bateu palmas e nós prontamente levantamos. – Yesung teve um compromisso hoje e não poderá vir. Mas amanhã ele estará aqui. Afinal, ele precisa ensaiar mais que vocês. – ele riu como se fosse uma piada.
E nós começamos nosso ensaio sem Yesung, que pareceu no dia seguinte com um sorriso amarelo na cara. Depois que ele começou a dançar, entendi porque ele tinha que ensaiar mais que nós. Yesung se perdia em alguns movimentos, ou trocava os passos.
- Oppa... – chamei e levantei a mão, indicando o movimento. Pra variar, ele trocou. Yesung pediu que todas o chamássemos de oppa, afinal, ele era mais velho que todas nós.
- Aish, Yeye, tire 5 minutos. Nem com a ajudando você acertou. – o coreógrafo disse divertido. – , não tente. Esse aí é caso perdido.
- A! Você não deveria desistir de mim. – Yesung brigou com o coreógrafo, mas olhando para mim. A intensidade dos seus olhos me causou um arrepio bom.
- Eu posso te ajudar depois dos ensaios, oppa. – ofereci.
- Eu adoraria, . – ele sorriu de lado e outro arrepio me dominou.
- Já que Yesung terá ensaios extras... – o coreógrafo nos olhou sério e nós prendemos a respiração. Será que entraríamos no mesmo esquema? – Acabamos por hoje. Descansem bem pelos próximos 3 dias. O Super Junior fará um show fora e Yesung não estará aqui. Até mais, meninas.
Agradecemos ao coreógrafo e a Yesung e eu quase corri para pegar minha bolsa.
- , espere! – Yesung gritou atrás de mim. Parei de andar e o esperei. – Eu te levo para casa.
- Nem pensar! – eu ri. – Ficou maluco? Você é famoso. O que diriam sobre mim?
- Que provavelmente somos colegas de trabalho? – ele perguntou, mas nem ele acreditava naquilo.
- Que somos um casal e que estamos saindo, e eu não quero ninguém na minha porta. me mataria. – suspirei.
- é sua... – ele deixou a pergunta no ar.
- Amiga, quase irmã. Ela é do Turismo e veio fazer o intercâmbio junto comigo. – expliquei e o vi respirar fundo. – Bom, oppa. Obrigada pela oferta, mas eu vou de ônibus. Bom show. Nos vemos na próxima semana. – o reverenciei e saí.
Contei a sobre a oferta de Yesung e ela passou todo o fim de semana enchendo meu saco. Cada vez que eu abria um vídeo do Super Junior, ela vinha com insinuações.
- Amiga, ele está afim de você. – ela comentou pela milésima vez na terça. O coreógrafo nos dispensou na segunda, pois os meninos tinham chegado cansados demais. e eu estávamos à mesa, tomando café para sair. – Também, quem não estaria? Olha pra você. Se você me trocar por ele, eu te expulso dessa casa.
- , decida-se. – eu ri. – Eu devo ceder à próxima investida ou devo dispensar ele?
- Se ele tentar, dê uma chance. Mas não se esqueça de mim. – ela riu também.
- Não vou. – levantei e caminhei até ela, beijando seu rosto. – Tenho que ir. Me deseje sorte.
- Você não precisa de sorte. Você arrasa sempre. – ela sorriu. Sério, era a melhor amiga que eu poderia ter.
Arrumei minha bolsa e saí, indo para a empresa. Assim que passei pela porta da sala de treino, dei de cara com Yesung sentado no centro da sala.
- , bom dia. – ele cumprimentou sorrindo.
- Bom dia, Yesung. Como foi o show? – perguntei e sentei no sofá que tinha no canto.
- Cansativo, mas prazeroso. – ele sorriu. Ele realmente gostava daquilo. – Eu estava aqui tentando ensaiar, mas falhei.
- Eu disse que ia te ajudar, não é? – levantei e caminhei até ele. – Vamos tentar. – entendi minha mão e ele aceitou, levantando e se colocando ao meu lado. Ensaiamos até que todos chegassem. Algumas meninas se juntaram a nós no processo, deixando o ensaio mais divertido.
- Bom dia, minhas garotas. – o coreógrafo nos cumprimentou e então viu Yesung. – E Yesung. – e fez uma careta de falso nojo.
- Bom dia pra você também, hyung. – Yesung riu. – Não faça essa cara para mim, eu melhorei. Pergunte às meninas.
O coreógrafo Lee nos olhou e fixou o olhar em mim.
- Ele teve alguns avanços, senhor Lee. – confessei.
- Se a diz... Vamos ver se é verdade. – ele deu de ombros e colocou a música para tocar. Yesung passou uma música inteira sem errar um passo sequer. – Garota, você é sensacional. Olha o que fez, . Ele não errou. – o coreógrafo elogiou.
- Faço o que posso. – sorri.
- Como estão minha garotas? – Eunhyuk entrou na sala de repente.
- O que está fazendo aqui? – Yesung perguntou o que todas queríamos saber.
- Hyuk, não diga que são suas garotas ou amanhã mesmo terá pelo menos duas dela na sua porta te cobrando atenção. – o coreógrafo riu.
- Seria um prazer recebê-las. – Eunhyuk riu de lado.
- Hyukjae, o que está fazendo aqui? – Yesung insistiu.
- O hyung me chamou. – Eunhyuk respondeu e apontou para o coreógrafo.
- Yesung, , eu admiro o esforço de vocês, mas eu pensei bastante e vou mudar algumas coisas. – o coreógrafo explicou.
- Como assim mudar algumas coisas? – Yesung perguntou revoltado. Eu permaneci observando tudo calada.
- Eu vou colocar você dançando com uma das garotas em um trecho da coreografia. – ele apontou para Yesung. – Só não sei qual garota.
- E é para isso que eu estou aqui? – Eunhyuk perguntou. Pelo visto, ele sabia tanto quanto nós.
- Sim. A garota que conseguir acompanhar você em seus passos livres será capaz de dançar com o Yeye. – o coreógrafo Lee sorriu satisfeito.
- Então Eunhyuk-ssi vai criar passos na cabeça dele e nós teremos que acompanhar? – uma das meninas perguntou.
- Exato. Quem será a primeira? – o coreógrafo perguntou e todas nós demos um passo para trás. – Já que ninguém quer ser a Katniss, Hyuk escolhe a música e a garota.
Eunhyuk tirou a jaqueta e caminhou até o aparelho de som, conectando o celular a ele. Observou as garotas como um predador observa sua presa e estendeu a mão para uma delas. Tirou a garota para dançar e, céus, era lindo de se ver ao vivo. Ele, claro.
Por sorte, e eu tínhamos passado o fim de semana assistindo a vídeos do Super Junior na TV. Inclusive, em um deles Eunhyuk dançava com Donghae e uma garota. Era isso. Eu não precisava entrar em pânico. Era só lembrar do vídeo da garota. Eu conseguiria acompanhar o ritmo.
Minha vez chegou e eu estava tão gelada que Eunhyuk riu quando pegou minha mão.
- Eu não mordo, . – ele riu e me puxou para o centro da sala. – Só se você pedir com jeitinho. – ele juntou o corpo ao meu e sussurrou. Fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri, não era mais eu. Alguma coisa dançava por mim. Talvez fosse a aura de Eunhyuk me envolvendo. Quando paramos, cansados e ofegantes depois de uma música inteira, Hyuk sorriu largo para mim e palmas foram ouvidas.
Ele dançou com todas nós sob os olhos atentos do coreógrafo, que permanecia calado. Quando a última garota sentou junto de nós que já tínhamos dançado, o coreógrafo se pôs no centro da sala.
- De pé: Jinhee e . – ele chamou. Levantei de pronto e o observei. – Vocês dançarão comigo agora. Jinhee primeiro.
Enquanto minha colega dançava, fiquei observando os movimentos deles, do coreógrafo principalmente. Estava tentando prever seu estilo. E quando dançamos, parecia previamente ensaiado. Sorri satisfeita comigo mesma e sentei no meu lugar.
- Não quer saber minha opinião, não é? – Yesung perguntou.
- Provavelmente é a mesma da minha. – o coreógrafo o respondeu. – Parabéns, . Você é a escolhida.
- Devia ter nos poupado todo o trabalho e ter escolhido ela direto. – uma das meninas reclamou.
- Estão todas dispensadas. Menos a . – o coreógrafo gritou. As meninas saíram da sala, algumas bufando, outras rindo. E eu permaneci parada no lugar. – Precisamos conversar sobre a mudança. – ele apontou para mim. – Vamos ensaiar nós dois, depois ensinamos a ele. – apontou para Yesung.
- Boa sorte, . – Eunhyuk piscou para mim.
Combinamos os dias de ensaio extra e foram longos 5 dias de ensaios intensos, o último com Yesung presente. No sexto de ensaio, faltei pela manhã e parte da tarde devido a consultas médicas marcadas por , que se dizia preocupada com minha rotina intensa. Prometi a todos que ensaiaria sozinha para compensar minha falta e lá estava eu, às 10 da noite, sozinha na sala de ensaio, dançando como uma louca, tentando aperfeiçoar meus movimentos, preocupada com algum deslize que Yesung poderia cometer e em como eu faria para contornar a situação. De repente, a porta se abriu e a fonte da minha preocupação entrou sorrindo.
- Você não descansa? – ele perguntou e sentou no sofá da sala.
- Eu faltei hoje, tenho que compensar. – respondi ofegante.
- Eu notei sua ausência. Principalmente quando tive que dançar com o hyung porque minha parceira não estava aqui. – ele levantou e veio em minha direção.
- Me desculpe por isso. – pedi rindo. A cena deve ter sido engraçada.
- Só desculpo se você dançar comigo agora. – ele me estendeu a mão. Fiquei lhe encarando e ele levantou as sobrancelhas, como para reforçar o convite. Peguei em sua mão já preocupada. Só tínhamos tido um ensaio juntos. Para a minha surpresa, ele não errou nenhum passo, cantou toda a parte que dançamos juntos com a voz grave no meu ouvido e terminou com um beijo molhado na minha nuca, me causando um arrepio delicioso.
- Yesung, não pode fazer isso. – alertei.
- Beijar sua nuca? – ele perguntou e beijou o local novamente. – Você parece gostar.
- Mas... é errado. – tentei argumentar.
- Por quê? Somos maiores de idade, solteiros e queremos. Ou você não quer? – ele perguntou incerto.
- Eu quero. – respondi sem demora. Eu não podia negar, estaria mentindo se o fizesse. Ele me virou no abraço e atacou meus lábios com fúria, num beijo rápido, e suas mãos apertaram minha cintura com possessão. Mas alguém resolveu acabar com nosso momento e apagou a luz da sala.
- Ótimo, já apagaram a luz. – ele riu.
- Yesung, ficaremos trancados aqui. Tenho que voltar para casa. – me desvencilhei de seus braços e corri para fora da sala, procurando quem tinha apagado a luz. Felizmente achei o rapaz da limpeza e o expliquei que estava ensaiando, mas que sairia em breve. Voltei para a sala afim de pegar meus pertences e encontrei Yesung parado no mesmo lugar.
- Vamos embora? – ele perguntou sorrindo.
- Sim. Você para a sua casa e eu para a minha. – respondi juntando meus pertences.
- Eu te dou uma carona. – ele ofereceu. Fiquei lhe olhando com os olhos semicerrados. Aquilo era mesmo uma boa ideia? – Eu troquei a película dos vidros. Não dá pra ver quem está dentro. – ele explicou como se entendesse minha dúvida.
- Se eu aparecer em algum site de notícia amanhã, qualquer um, eu te mato. – ameacei.
- Vai dar tudo certo. Confie em mim. – ele piscou. Joguei a mochila no ombro e ele colocou um boné, como se aquilo fosse encobrir quem ele era. Assim que chegamos ao estacionamento, ouvi um barulho estranho.
- Oppa, está...
- Chovendo. – ele completou a frase. Aquilo era ruim. Eu morava relativamente longe dali. O metrô provavelmente estava parado. Dirigir até lá era arriscado. Eu estava ferrada. – Você mora longe?
- Sim. Esqueça a carona. Eu fico aqui até amanhã. – me preparei para descer do carro, mas fui impedida.
- , por que não vamos para o meu apartamento? É bem perto daqui. – ele sugeriu.
Céus, era mesmo uma boa ideia passar uma noite chuvosa com Yesung?
- Eu não acho uma boa ideia, Yesung. – respondi.
- Eu tenho um quarto de hóspedes. É mais confortável que ficar aqui. – ele sorriu. Suspirei, já pensando na dor de cabeça.
- OK. Vamos. – me dei por vencida. Ele sorriu satisfeito e colocou o carro em movimento debaixo de uma chuva torrencial. Dirigiu devagar por poucas quadras e entrou em um estacionamento no subsolo de um prédio.
- Chegamos. Eu disse que era perto daqui. – ele explicou. – Vamos, eu moro no sétimo andar.
Ele desceu do carro e eu o segui até o elevador que nos levou ao seu andar. Subimos em silêncio, eu com receio de respirar mais forte e ser notada. Yesung me lançava sorrisos de canto a cada segundo.
- Bem-vinda, . – ele abriu a porta para mim. O apartamento era bem organizado, em tons de preto e branco, e enorme. – Eu posso te emprestar uma camisa se você quiser tomar um banho. Mas infelizmente não tenho calcinhas por aqui. – ele riu.
- Eu aceito a camisa e o banho. Não se preocupe com minhas calcinhas. – respondi sorrindo irônica.
- Bom, terá que usar o banheiro social. Vou buscar uma toalha para você. – ele avisou e saiu. Voltou alguns minutos depois com uma toalha e uma camisa branca em mãos. – O banheiro fica ali. – ele apontou por uma porta branca. – Vá tomar banho enquanto eu arrumo o quarto.
Eu peguei minha bolsa, a camisa e a toalha e segui para o banheiro. Tomei um banho demorado e saí pela porta na mesma hora em que Yesung saía de outra.
- Cama. – pedi enquanto secava o cabelo.
- Posso te apresentar a minha. – ele me abraçou pela cintura.
- Yesung... – chamei em tom de alerta.
- , vamos continuar o que começamos na sala de práticas, sim? – ele sussurrou.
- Yesung... – tentei falar.
- Shiu, não é errado. Ninguém saberá. – ele passou o nariz por minha bochecha, em um carinho bom.
- Ninguém saberá. – sussurrei de volta e o beijei, sem me dar conta do que estava fazendo.
Senti suas mãos em minhas pernas, me impulsionando para cima. Larguei a toalha que segurava e, com as mãos apoiadas em seu pescoço, enlacei as pernas em sua cintura. Ele me carregou no colo sem parar de me beijar e entrou em um quarto que certamente era o seu.
- Yesung, eu preciso de ar. – reclamei ofegante.
- Vou te deixar respirar. – ele sorriu de lado e me colocou na cama, deitando por cima de mim. – Vamos ver o que tem debaixo dessa blusa. – suas mãos deslizaram por minhas pernas, seguiram por meus quadris e subiram, levando a blusa para cima, revelando meus seios nus. – Linda.
Ele sorriu e desceu o tronco, beijando e sugando meus seios à vontade. Uma de suas mãos se deslizou entre nossos corpos e encontrou a renda da minha calcinha. Yesung sorriu contra minha pele e um arrepio bom me dominou quando seus dedos encontraram meu íntimo já encharcado para ele. Com poucos estímulos, eu cheguei ao meu limite, chamando baixinho por ele.
- Oppa... – suspirei satisfeita.
- Foi bom, hm? – ele perguntou sorrindo e selou meus lábios.
- Eu quero mais. Você está muito vestido. – reclamei.
- Vamos resolver isso. – ele respondeu e puxou a camisa pela cabeça, revelando um abdômen incrível. Estiquei a mão e passei os dedos sobre os gominhos de sua barriga. Ele colocou a mão sobre a minha e a direcionou mais para baixo, sobre seu membro coberto pelo jeans. Apertei o local e um gemido se perdeu em sua garganta.
- Isso é bom, oppa? – perguntei com um carinho em seu membro. Algo ali era grande. O volume era incontestável.
- De quatro, . – ele ordenou e se afastou de mim. Desceu da cama, se livrou da calça e da boxer, o membro grande e pulsante saltando do tecido, duro feito pedra, e vestiu um preservativo em seguida. – Eu disse de quatro, . – ele desferiu um tapa estalado na minha coxa. Mordi o lábio inferior e o obedeci, ficando de quatro, com a bunda empinada em sua direção.
- Oppa... – mexi o quadril e o olhei por cima do ombro. Yesung desferiu outro tapa, agora em minha bunda. Gemi arrastado e ele acertou o outro lado. – Oppa, por favor. Vem.
- Ah, . Não me provoque assim, garota. – ele repreendeu e, em um movimento rápido, rasgou a lateral da minha calcinha e a tirou de mim. O olhei por cima do ombro e vi apenas o pequeno pedaço de renda entre seus dedos. – Frágil.
- Eu gostava dela. – reclamei.
- Eu te compro outra. – ele respondeu e levou uma das mãos à lateral do meu bumbum, separando, e pincelou seu membro em minha intimidade. Forçou a glande e foi empurrando todo o comprimento até me penetrar por completo.
- Yeye, você... – não consegui concluir, pois choraminguei de dor e prazer. Suas mãos acariciaram a pele do meu quadril, como se quisesse me distrair. Ele esperou um tempo e então começou a se mover devagar, tirando todo o comprimento e voltando a estocar com força. Mas eu queria mais, então comecei a impulsionar o quadril para trás, buscando mais contato, enquanto ele continuava a estocar, agora com mais força. Senti meu corpo tremer e cheguei ao ápice chamando por ele em alto e bom som. Algum tempo depois, ele atingiu seu limite e apertou meus quadris com força. Se jogou ao meu lado e eu desabei com o rosto contra o colchão.
- Você tem a mão pesada, Yeye. – reclamei. – Nada de tapas na próxima vez.
Ele arrumou o corpo no colchão e me puxou para seu peito. Fui sem reclamar, estava cansada e gostava de ser mimada.
- Vai ter uma próxima vez? – ele perguntou baixinho, sua mão acariciando meus cabelos.
- Bom, somos adultos, estamos solteiros e queremos. Ou você não quer? – repeti sua pergunta de mais cedo e levantei o rosto para lhe olhar.
- Eu troquei a película do vidro com essa intenção. – ele sorriu de lado.
- Temos ensaio amanhã cedo? – perguntei e acariciei seu peito, vendo sua pele se arrepiar sobre meus dedos.
- Eu posso arrumar uma desculpa. – sua mão apalpou meu seio descoberto.
- Então teremos mais uma rodada? Foi isso que eu ouvi? – perguntei maliciosa. Yesung nem me respondeu. Apenas me beijou, me mostrando que estava pronto para mais uma rodada e para quantas mais eu aguentasse.