Última atualização: 16/04/2021

Capítulo 1

A possibilidade de viagem no tempo talvez parecesse não ser tão provável ou perto de ser algo do presente da terra, mas como seria se a possibilidade dela existir, em outras dimensões, mundos, planetas, constelações fosse real?

De vida em vida, suas missões sempre foram encontrar um ao outro, não importava o tempo, espaço, mundo ou planeta.

Através de inúmeras mortes e momentos, eles se encontravam. Através de sonhos, viagens astrais, pensamentos e diversas outras maneiras que iam além da física ou imaginação, eles se amam.

Myosotis Kingdom, 3001

— Ele tentará matá-lo em sua coroação, ele tentará matar o nosso rei na frente de todos e mostrar o quanto ele é fraco — Murmuraram todas as flores do jardim secreto, juntas.
— Pode ser envenenado! — uma das flores gritou amargurada.
— Pode ser apunhalado — outra fez o mesmo, ambas murcharam imediatamente apenas da hipnose surgir.

escutava com lentidão por ainda sentir-se atordoada do sono que acabara de acordar de repente, naquele jardim. Mas ainda assim colocava muita atenção e ansiedade na fala de cada um ali. Não entendia como aquilo poderia ser possível, era seu irmão, como poderia fazer algo do tipo?

— Você será a rainha desse reino, Lady — a serpente disse se arrastando pelos pés da garota — mas se quer que seu verdadeiro amor sobreviva, terá que ser mais rápida, o tempo está passando e ele está contra você — A serpente de cor esverdeada brilhou seus olhos e fez um sibilo traiçoeiro, insinuando que o tempo era curto demais. Subiu pela árvore logo atrás dela e ficou na altura de seus ombros — você precisa começar a correr.

não pensou duas vezes, correu como se sua vida dependesse daquilo. Mesmo que fosse um sonho, que a esse ponto, a fazia duvidar de tudo.

Aquilo realmente era um sonho?

— Se for, não acorde agora, — ela disse para si enquanto seu vestido de cor azul parecia flutuar pelo ar, atravessando as pessoas que ainda estavam pela vila.

Olhou à sua frente, viu a ponte ser recolhida e sua única entrada ser fechada a poucos centímetros, então se lembrou.

“Se um dia você precisar entrar no castelo e as pontes por alguma razão estiverem fechadas, você pode usar essa porta — o príncipe disse se esgueirando entre os arbustos — mas você vai precisar ter cuidado quando passar pelas pedras se não pode escorregar e se molhar toda. A água é rasa nessa parte então não precisa ter medo, a criei para poder escapar nos dias do festival de luzes quando eu era menor, apenas eu, Win e você sabemos sobre ela”

A porta não era tão longe vista do lado de fora. Ela apenas sabia sobre ela, porque havia descoberto mais ou menos sua localização antes mesmo dele contar. Qualquer pessoa que passasse ali, de longe não a veria de forma alguma: era muito bem tampada pelos arbustos e a trepadeira que subia as paredes do castelo.

Não se importou com as pedras, demoraria muito se as seguisse com cuidado, decidiu que a água permitiria que ela cruzasse mais rápido. Apesar do vestido pesado por estar ensopado, sua teoria foi real, não demorou muito para que se aventurasse com pressa dentro das flores e ramos que a machucavam ali e aqui.

Continuou a correr, ouviu as 8 badaladas vindas dos sinos do castelo e tentou apressar mais seus passos, pois a esse ponto, a coroação já havia dado início.

— Em nome de toda uma nação, a nomeação de um rei que acontece de forma justa, nos mostra que ninguém mais justo do que para estar nessa posição, príncipe mais querido entre os reinos e o futuro rei mais amado entre os mundos — podia ouvir a voz do Arcebispo estrondosa no enorme salão dourado, do lado de fora. Olhou por uma das janelas baixas cristalizadas e viu ainda que borrado a figura de , ansioso mas ainda sim contente por finalmente estar acontecendo o que lhe tanto foi ensinado a ser, o futuro rei de seu povo.

A garota cercou cada uma das portas principais de entrada para o salão e estas também estavam fechadas, então se arriscou pela porta de entrada lateral destinada ao rei, aos bispos e aqueles que os cercavam.
A porta principal, de entrada ficava ao lado do altar que havia sido montado para o evento, se encontrava ao meio de todo o salão, ajoelhado com uma espada em mãos e com conselheiros que ele prezava ao seu lado para lhe acompanhar, também deveria estar ali se não tivesse acordado no jardim.

O estrondo da porta principal a assustou, a voz de , aquele que seria seu irmão ali naquele mundo, soou junto de uma risada terrivelmente sombria.

— Vim prestar minhas sinceras felicitações ao nosso futuro rei — foi o que ele disse fazendo com que os cochichos começassem.
— Meu rapaz, você está atrapalhando a celebração. — o arcebispo disse indignado com a audácia — Guardas, por favor!

Ele deu ordens e o tranquilizou.

— Está tudo bem, Arcebispo! — disse o futuro rei com tranquilidade — deixe-o ficar, já fomos muito próximos quando meu pai ainda estava no trono deste reino, ainda prezo sua pessoa.

— Tão generoso, meu futuro rei — disse irônico — permita-me que eu o presenteei na frente do seu povo, neste momento?

Todos olhavam chocados para a cena, a marca de , vermelha e azul apareceu assim que suas mãos fizeram reverência. Marcas essas das quais todos sabiam ser do exército que incitava um complô com o reino vizinho contra o próprio Rei — Pai de — e o próprio futuro rei. Todos sabiam que algo estava errado, mas nunca desconfiariam da criança criada na vila que se tornou nobre por ser amigo pessoal de vossa majestade como o maior

sabia que era uma cilada, na noite anterior havia sido informado de que tentariam matá-lo e se não fosse por envenenamento, aconteceria fisicamente, ele seria apunhalado em algum momento daquela coroação.

— Como desejar! — respondeu assim que permitiu, caminhou até seu servo e ali soube que era o momento. Não estava longe da cena, mas estava escondida e em estado deplorável, encharcada dos pés à cabeça, com seus cabelos esvoaçados e face atordoada, viu desembainhar a espada e apontou em direção ao rei, assoviou e de todos os locais saíram seus guardas impossibilitando a aproximação dos guardas da coroa e o mesmo aconteceu com o Arcebispo.

— O povo de um reinado onde o rei é fraco, precisa de um rei de verdade para cuidar deles, você não concorda? — gritou ainda apontando sua espada a distância — vamos acabar logo com isso, você sabe que não leva jeito para cuidar nem de si mesmo sem seu pai por perto, ele sempre te protegeu, mimou e até mesmo me tratou como filho para depois me chutar igual um cachorro de rua.
— Já conversamos sobre isso — disse, não estava nenhum pouco assustado, sabia que as ações do antigo rei atingiram pessoas que antes eram preciosas para ele a troco de nada.

se preparou, andou pelos guardas como se soubesse de tudo e eles permitiram. Esperou pelo momento certo, esse que assim que o “irmão” agarrou a espada com as duas mãos, com outros dois guardas segurando um em cada braço, andou em direção aos dois. viu, parou e observou a cena, achou estranho o estado da garota, mas não se importava, o momento era muito mais prazeroso do que perguntar a ela o que havia acontecido. Então achou que a irmã apenas se juntaria a eles.

, sabia.

— As palavras finais de sua majestade? — disse aproximando sua orelha do mais novo, vendo apenas olhar com um olhar questionador a ali parada diante aquela cena — nada? tudo bem, eu direi que você foi grato pela existência do seu povo quando a minha coroação acontecer.

agarrou novamente a espada com força em suas duas mãos, a levantou no ar dramatizando a cena e fechou os olhos sorrindo.

— Você não sabe o quanto eu esperei por isso — seu sorriso maligno realmente assustou a todos ali, incluindo seus guardas e súditos ali presente — Hoje é seu último dia em um poder que nunca deveria ter ido para suas mãos.

Enfiou a espada com força em um corpo, mas em um diferente do que esperava ver assim que abrisse seus olhos.

— A fala de saiu mais como um sussurro.

O corpo da garota caiu sob seu peito e ele a segurou assim que os guardas o soltaram assustados pelo que havia ocorrido, o corpo dela ainda não estava frio pela morte, mas molhado que todo seu corpo trazia das águas que acabara de atravessar.

, fique comigo — ele disse em desespero, estava em choque, não pensava ou falava nesse momento, apenas tremia.

O sangue começou a escorrer pela boca da garota e ainda sim ela sorriu segurando seu rosto de forma terna enquanto ele pressionava sua ferida.

— Talvez em outro sonho — ela sussurrou o segurando forte sentindo seu abraço, enquanto tirava de um de seus bolsos escondidos pelo vestido, uma flor roxa, cujo nome de origem era o mesmo do reino e o significado o mesmo de suas últimas palavras, a flor que apenas poderia ser encontrada pelo jardim secreto — Não-me-esqueças.

O sibilo da cobra esverdeada rondou como milhares pelo salão, o vento soprou forte, pensou ver sua pulseira brilhar e por meros segundos gerar ardência em sua pele. A sala pareceu estar vazia no mesmo momento. sabia que seu tempo havia acabado por ali, mas pelo menos sua missão estava feita - quase sorriu por pensar que as rosas já não mais se murchariam, seu rei estava vivo.

Fechou os olhos por menos e significantes minutos, sentindo as mãos dele, ainda sob seus braços e de repente se viu em meio ao campo de Dentes de Leão mais uma vez — os mesmos de antes de cair em profundo sono e despertar no jardim secreto — notou que os transparentes haviam sido dispersados e amarelos haviam crescido e então, despertou.


Budapest, 2021

? — a voz ecoou completamente se perdendo dentro de sua mente. Sabia que deveria prestar atenção naquela matéria, sabia que seria importante para o próximo exame que tomaria, mas ainda assim, sua atenção voava entre as janelas da grande sala — !

O tempo definitivamente estava esquisito naquela manhã, lhe arrepiava de uma forma tão esquisita que a cada rajada do lado de fora seus pelos do braço se arrepiavam, mas aquela sequer era a primeira vez, certo?

Todos, literalmente todos, seus pensamentos eram direcionados ao sonho que tinha tido na noite anterior. Com certeza, sentiu em si cada sentimento daquela noite.

O desespero, o amor, a dor e sem dúvidas o alívio.

Mas aquele parecia diferente e o “porque” era o que se questionava frequentemente.

era de todos os lugares e de nenhum ao mesmo tempo. Nascida em um país na América do Sul do qual sequer chegou a conhecer por nunca ter tido contato com seus pais biológicos e ser adotada por uma família Húngara, ela vivia uma vida bem normal e tranquila para alguém que constantemente sonhava com a mesma pessoa em cenários diferentes. Pensava que porque lia seus livros até tarde da noite sua imaginação fazia com que ela o imaginasse. Mas nunca o havia visto por onde morava ou sequer o havia visto pela faculdade em que estudava e acredite, havia muitas pessoas ali que ela conhecia por ser parte do grêmio estudantil da universidade e mesmo assim, ele não era uma delas. Ela o procurou por algum tempo. Apesar de ser um sonho, tudo parecia muito real e a garota sempre foi de acreditar que nem tudo é fruto de nossa imaginação, pensou que ele poderia realmente existir fora de sua imaginação.

— Huh? — murmurou confusa por não ter prestado atenção ao que lhe haviam dito — Desculpe, me dispersei por um momento.
— Qual a sua opinião sobre viagem no tempo? — Ouviu um de seus colegas repetir a pergunta da frente da sala, onde se encontrava dando um seminário que naquele momento sequer conseguia se lembrar do que era.

A pergunta ecoou em sua cabeça em uma voz diferente da real pessoa que lhe perguntava, ela sabia que a pergunta lhe provocou memorias destorcidas e uma visão por um segundo pareceu lhe chocar, mostrando outra pessoa em frente ao quadro negro.

, você está bem? — O professor que estava sentado próximo a ela se preocupou com o silêncio e a pele pálida da garota que surgiu de repente. Não que ela já não estivesse com uma cara estranha desde que havia chegado, mas por alguns segundos era visível ver que seu estômago revirou pelas expressões e cor de seu rosto.

Sua visão a vacilou por longos minutos, a sala de aula onde estava por minutos de tornou uma biblioteca grande e dourada, uma sombra que deu calafrios em passou pelo corredor a congelando em seu lugar e então a sua frente, por breves segundos antes de sua visão voltar ao normal, ele apareceu à sua frente.

, você está bem?”

Desaparecendo em seguida, como se nunca estivesse ali.



Continua..



Nota da autora: Eu estou apaixonada por esse plot, é normal? eu espero que vocês tenham gostado até aqui e que continue do agrado de vocês o percurso dela. Ela quase não entra nesse especial maravilhoso, mas deu tudo certo no final. Não vejo a hora de mostrar a capa dela por ai. Enfim, obrigado por você que leu, espero que possa deixar um comentário me contando o que acharam.

Xoxo Caleonis


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