Chapter 1
Me joguei deitado naquela bandeira no jardim ao lado de , rindo dele zoando da cara do , que ainda nos olhava sem entender o motivo daquilo, com um baita de ponto de interrogação no meio da testa. Isso só me tirava ainda mais gargalhadas, ao ponto que nosso amigo saiu andando irritado conosco, nos deixando ali, rindo que nem dois idiotas. Muito bom mesmo! Mas, cara, o que ele falou não fazia sentido. Por que nunca namorou na vida dele e agora do nada estava perguntando se a gente lembrava dela? O quê? Louco da cabeça. Então começou a zoar, falando que o tinha uma namorada imaginária, que só existia na mente safada dele. E eu logo entrei na pilha.
Até segurei minha barriga por estar doendo por conta daquilo. Fui parando de rir aos poucos, virando meu rosto e olhando , que tinha suas covinhas fundas em suas bochechas. Elas eram extremamente lindas. Meus dedos até formigavam querendo tocá-las, me implorando desesperadamente para permitir que se afundassem nelas, que pudesse sentir como era a pele de seu rosto, a textura e o calor que ela tinha. Sabia que se fizesse aquilo, as coisas ficariam estranhas, pois nós éramos amigos desde que aprendemos a falar, na verdade, até antes disso. O que eu sentia pelo meu melhor amigo não podia passar de amizade, como sabia que ele sempre sentiu o mesmo por mim e continuaria sentindo. nunca me veria de outra forma e tinha plena ciência disso.
Seu rosto se virou e seus belos olhos de esmeraldas pegaram os meus, fazendo aquele lindo sorriso sumir aos poucos como o meu tinha feito há segundos. E, por um momento, permiti que meu olhar mergulhasse no dele de forma intensa, querendo me afogar ali por pelo menos um segundo. Era apenas isso que eu poderia ter, segundos para lhe olhar antes que tudo ficasse estranho. Porque não queria perdê-lo, não conseguia sequer imaginar minha vida sem o . Sabia que teria um buraco enorme dela, que o vazio iria me tomar de forma assustadora.
Então, por um breve minuto, tentei pensar como seria a vida dele sem mim. Quem teria enfiado seu rosto no bolo em seu aniversário de seis anos? Quem teria chorado junto a ele quando quebrou o braço pela primeira vez, aos onze anos, quando aprendia a andar de skate? Quem teria o empurrado em cima de uma menina aos doze para dar o seu primeiro beijo naquela festinha chata da Ellis e ainda teria ficado de cara feia depois por não ter gostado de ver sua língua entrando na boca da menina e brigado com ele logo depois por isso? Sim, eu percebi que tinha algo de errado comigo naquele momento, quando o vi beijando outra pessoa. Ele era meu melhor amigo, merda! Tinha que ficar feliz com suas conquistas, não é? Mas não essa. Não consegui ficar, apesar de ter colocado maior pilha, assim como também fiquei furioso quando fiquei sabendo que transou pela primeira vez e não me contou e tive que ficar sabendo pelos boatos na escola. Quem teria brigado com por isso? Quem?
Pensar naquilo me deixou em uma bad estranha e as sobrancelhas de se uniram, sacando que tinha alguma coisa errada na hora. Só ele que me conhecia tão bem daquele jeito mesmo. Ninguém mais no mundo sabia me ler daquela forma. Pensei em lhe perguntar se algum dia tinha se imaginado em uma vida sem mim, mas aquilo ficaria esquisito demais.
— Você já ouviu falar da lenda dos cães do inferno? — Perguntei, dando um sorriso pequeno, querendo disfarçar um pouco.
— Lá vem você com essas lendas de novo! Se eu ficar sem dormir essa noite, juro que vou te ligar e fazer com que fique acordado junto comigo. — Reclamou, me fazendo rir.
— Larga de ser medroso, . — O empurrei de lado e ele me empurrou de volta.
— Cara, não é você que é assombrado desde que nasceu. — Aquilo me fez revirar os olhos e rir. — Você nunca acredita nisso. — Cruzou seus braços, ficando emburrado.
— Acredito sim. — Belisquei sua barriga, o fazendo dar um pulinho para o lado e um tapinha na minha mão. — Tanto que sempre deixo a luz do meu banheiro acesa quando você vai dormir lá em casa. — Ele se remexeu incomodado.
— Eles não podem me tocar se estiver claro. — Resmungou como uma criança e eu achei aquilo extremamente adorável, até me fez sorrir de leve. — Não quero saber dos cães do inferno.
— OK. — Falei, rindo um pouco e me sentando. — Eu vou falar com o , ele deve estar puto com a gente.
— Que ? — Perguntou, me tirando uma risada, era sonso que nem se aguentava as vezes.
Apenas neguei com a cabeça e levantei, o deixando ali enquanto fui dar uma volta pela festa, procurando pelo nosso amigo, o achando sentado puto no sofá, mexendo no celular e tentando ligar para alguém. Me joguei ao seu lado, atraindo seu olhar e vendo que parecia realmente preocupado com alguma coisa.
— Está tudo bem? — Uni as sobrancelhas, o vendo soltando o celular e passando a mão em seu cabelo. — O que houve, ?
— Tem alguma merda muito louca acontecendo, . A sumiu. O número dela não completa a ligação, nem o da casa. — Ele voltou a falar muito sério da garota que dizia ser a sua namorada. — Vocês ainda ficam me zoando por causa disso, não é engraçado.
— , para. A brincadeira já perdeu a graça. — Rebati, vendo meu amigo me encarando estranho.
— Eu não estou brincando, ! A gente namora tem dois anos! Para de ser idiota! Eu estou falando sério. A sumiu e você ainda fica curtindo com a minha cara. — Disse puto da vida.
— OK, me mostra uma foto dela, então! — Pedi, gesticulando para seu celular, o vendo rolando os olhos.
Se existia a tal garota que estava falando e eles estavam tanto tempo assim juntos, tinha alguma foto dela pelo menos. Meu amigo pegou o celular e começou a mexer no seu rolo de fotos, mas pareceu que estava ficando mais nervoso ainda, já que seu dedo subia e descia rapidamente. Até que parou com os olhos assustados dentro dos meus.
Meu olhar se virou para a janela por um momento quando começou a ventar forte lá fora e a cair alguns raios, estava armando uma tremenda de uma tempestade. Ainda bem que estava de carona com e não tinha vindo com minha moto, ou chegaria em casa totalmente ensopado. Mas decidi não me preocupar com aquilo no momento.
— , as fotos. Não tem. Eu estou sozinho nelas. — Então voltou a mexer no celular, abrindo o Instagram. — Olha. — Me mostrou uma foto dele sorrindo, mas sozinho e ela tinha sido batida de um jeito estranho. — A legenda e a data! Você acha que eu seria surtado a esse ponto? — Meus olhos desceram, lendo o que estava escrito ali e vendo que era de um ano atrás.
"Como não te amar em toda a sua perfeição, @iamkrieger?"
— Entra no perfil. — Pediu e fiz isso. O perfil não existia. — , eu não estou maluco. — O encarei.
— Por que eu não lembro dela? — Perguntei, engolindo em seco, sentindo um arrepio em minha coluna.
— Se você está falando mesmo sério que não lembra dela, eu juro que não sei o motivo! — Eu podia ver seus olhos se enchendo d'água. — A não ser...
— Hey. — se jogou do meu lado, interrompendo a conversa. — Quem é o amigo novo?
— O quê? — Soltei, olhando para ele agora, então apontou o . — Larga de ser idiota, .
— Nossa, grosso! — E já se levantou puto comigo. Ergui as sobrancelhas sem entender nada. — Essa festa já deu, tchau. — Disse simplesmente, me deixando para trás com aquela baita chuva armando. OK, eu voltava de carona com o !
— O que deu nele? — perguntou, também com cara de idiota. — que some e o que dá ataque? Me poupe. — Reclamou irritado.
— Esquece o , depois a gente fala com ele. — Disse, fazendo um gesto para deixar aquilo para lá. — Você pensou no que pode ter acontecido com ela. Me fala. — Pedi, deixando ir embora, mas ligaria para ele.
— Ela tinha vindo com umas ideias loucas, falando que estavam atrás dela e que levaram seu irmão, mas ela nunca teve um. — Continuei o encarando para tentar entender o que estava rolando. — Será que a sequestraram?
— , você está se ouvindo? Como que sequestram ela se não consigo me lembrar nem que a garota existe? — Perguntei, tentando ainda achar a lógica daquilo.
— Eu não sei, ! Ela disse que ia me encontrar aqui na festa e não apareceu até agora. — Escorregou pelo sofá.
— Então vamos na casa dela ver o que houve. Anda. — Levantei do sofá, o puxando, mas congelou, olhando para o nada. — ? — Chamei e olhei o mesmo lugar que ele, só vendo a galera da festa dançando. — ! — Soltei mais alto.
— Você... Você não está vendo? — Gaguejou, olhando alguma coisa a qual não sabia o que era.
— Vendo o quê? — Deus, o que ele estava vendo?
— O homem de chapéu e sobretudo. Ele está aqui. — Falou em um tom que quase não consegui ouvir. — Merda, ! Ele está vindo. — Berrou apavorado.
Sua mão pegou meu casaco e saiu me arrastando pela festa. Eu olhava para trás e não via ninguém. O pessoal nos encarava sem entender nada, certamente achando que estávamos drogados. Talvez estivesse mesmo. Mas eu corri com ele e entramos em um armário. Meu amigo tremia inteiro e eu estava realmente preocupado, achando que ele tinha usado alguma coisa. Até que me assustei com um tiro que atravessou a porta. Puta merda! O que foi isso? Então outro tiro e mais outro. O empurrei para trás e me joguei para o lado, me escondendo no meio das prateleiras e abaixando ali para os tiros não me acertarem. O som da festa continuava rolando. Não era possível que ninguém estava ouvindo aquele barulho ensurdecedor!
A porta se abriu em um rompante e um homem entrou. Chapéu e sobretudo. Suas botas de bico fino estavam extremamente empoeiradas em um tom alaranjado grudando o couro marrom escuro. Então um cheio horrível tomou meu nariz. Cheiro de coisa morta que chegou a embrulhar o estômago. Coloquei a mão na boca para não vomitar ali mesmo. O sujeito se abaixou e pegou pelos ombros, o arrastando para fora.
— ! — Meu amigo berrou, esticando a mão em minha direção. — Me ajuda!
Eu tentei me mexer, mas fiquei travado ali, sem conseguir fazer nada, apenas assistindo meu amigo sendo levado enquanto meu corpo começou a tremer com um nó enorme se formando em minha garganta. Desculpa, . Desculpa, pedi, olhando em seus olhos antes de a porta bater com força, vendo apenas a tela do seu celular acesa no chão com uma voz falando. Olhei e vi que tinha ligado para a emergência, então saltei em cima do aparelho na mesma hora.
— Meu amigo! Ele foi levado! — Disse totalmente desesperado, sentindo as lágrimas grossas descendo pelo meu rosto.
— Se acalme. Me passe o endereço, por favor. — A policial pediu.
Lhe falei qual era o endereço e fiquei ali dentro do armário, abraçado com as minhas pernas, sem ter coragem para sair. Meu corpo todo tremia. Eu ainda conseguia sentir o cheiro podre no meu nariz, o som dos saltos curtos das botas batendo contra o assoalho de madeira e o tom de laranja da poeira não saía da minha mente. O grito de ainda ecoava em meus ouvidos ainda. Droga! Não consegui ajudar meu amigo! O cara o levou! E eu não fiz nada! Nada! Eu era um fraco! Um idiota assustado!
Até segurei minha barriga por estar doendo por conta daquilo. Fui parando de rir aos poucos, virando meu rosto e olhando , que tinha suas covinhas fundas em suas bochechas. Elas eram extremamente lindas. Meus dedos até formigavam querendo tocá-las, me implorando desesperadamente para permitir que se afundassem nelas, que pudesse sentir como era a pele de seu rosto, a textura e o calor que ela tinha. Sabia que se fizesse aquilo, as coisas ficariam estranhas, pois nós éramos amigos desde que aprendemos a falar, na verdade, até antes disso. O que eu sentia pelo meu melhor amigo não podia passar de amizade, como sabia que ele sempre sentiu o mesmo por mim e continuaria sentindo. nunca me veria de outra forma e tinha plena ciência disso.
Seu rosto se virou e seus belos olhos de esmeraldas pegaram os meus, fazendo aquele lindo sorriso sumir aos poucos como o meu tinha feito há segundos. E, por um momento, permiti que meu olhar mergulhasse no dele de forma intensa, querendo me afogar ali por pelo menos um segundo. Era apenas isso que eu poderia ter, segundos para lhe olhar antes que tudo ficasse estranho. Porque não queria perdê-lo, não conseguia sequer imaginar minha vida sem o . Sabia que teria um buraco enorme dela, que o vazio iria me tomar de forma assustadora.
Então, por um breve minuto, tentei pensar como seria a vida dele sem mim. Quem teria enfiado seu rosto no bolo em seu aniversário de seis anos? Quem teria chorado junto a ele quando quebrou o braço pela primeira vez, aos onze anos, quando aprendia a andar de skate? Quem teria o empurrado em cima de uma menina aos doze para dar o seu primeiro beijo naquela festinha chata da Ellis e ainda teria ficado de cara feia depois por não ter gostado de ver sua língua entrando na boca da menina e brigado com ele logo depois por isso? Sim, eu percebi que tinha algo de errado comigo naquele momento, quando o vi beijando outra pessoa. Ele era meu melhor amigo, merda! Tinha que ficar feliz com suas conquistas, não é? Mas não essa. Não consegui ficar, apesar de ter colocado maior pilha, assim como também fiquei furioso quando fiquei sabendo que transou pela primeira vez e não me contou e tive que ficar sabendo pelos boatos na escola. Quem teria brigado com por isso? Quem?
Pensar naquilo me deixou em uma bad estranha e as sobrancelhas de se uniram, sacando que tinha alguma coisa errada na hora. Só ele que me conhecia tão bem daquele jeito mesmo. Ninguém mais no mundo sabia me ler daquela forma. Pensei em lhe perguntar se algum dia tinha se imaginado em uma vida sem mim, mas aquilo ficaria esquisito demais.
— Você já ouviu falar da lenda dos cães do inferno? — Perguntei, dando um sorriso pequeno, querendo disfarçar um pouco.
— Lá vem você com essas lendas de novo! Se eu ficar sem dormir essa noite, juro que vou te ligar e fazer com que fique acordado junto comigo. — Reclamou, me fazendo rir.
— Larga de ser medroso, . — O empurrei de lado e ele me empurrou de volta.
— Cara, não é você que é assombrado desde que nasceu. — Aquilo me fez revirar os olhos e rir. — Você nunca acredita nisso. — Cruzou seus braços, ficando emburrado.
— Acredito sim. — Belisquei sua barriga, o fazendo dar um pulinho para o lado e um tapinha na minha mão. — Tanto que sempre deixo a luz do meu banheiro acesa quando você vai dormir lá em casa. — Ele se remexeu incomodado.
— Eles não podem me tocar se estiver claro. — Resmungou como uma criança e eu achei aquilo extremamente adorável, até me fez sorrir de leve. — Não quero saber dos cães do inferno.
— OK. — Falei, rindo um pouco e me sentando. — Eu vou falar com o , ele deve estar puto com a gente.
— Que ? — Perguntou, me tirando uma risada, era sonso que nem se aguentava as vezes.
Apenas neguei com a cabeça e levantei, o deixando ali enquanto fui dar uma volta pela festa, procurando pelo nosso amigo, o achando sentado puto no sofá, mexendo no celular e tentando ligar para alguém. Me joguei ao seu lado, atraindo seu olhar e vendo que parecia realmente preocupado com alguma coisa.
— Está tudo bem? — Uni as sobrancelhas, o vendo soltando o celular e passando a mão em seu cabelo. — O que houve, ?
— Tem alguma merda muito louca acontecendo, . A sumiu. O número dela não completa a ligação, nem o da casa. — Ele voltou a falar muito sério da garota que dizia ser a sua namorada. — Vocês ainda ficam me zoando por causa disso, não é engraçado.
— , para. A brincadeira já perdeu a graça. — Rebati, vendo meu amigo me encarando estranho.
— Eu não estou brincando, ! A gente namora tem dois anos! Para de ser idiota! Eu estou falando sério. A sumiu e você ainda fica curtindo com a minha cara. — Disse puto da vida.
— OK, me mostra uma foto dela, então! — Pedi, gesticulando para seu celular, o vendo rolando os olhos.
Se existia a tal garota que estava falando e eles estavam tanto tempo assim juntos, tinha alguma foto dela pelo menos. Meu amigo pegou o celular e começou a mexer no seu rolo de fotos, mas pareceu que estava ficando mais nervoso ainda, já que seu dedo subia e descia rapidamente. Até que parou com os olhos assustados dentro dos meus.
Meu olhar se virou para a janela por um momento quando começou a ventar forte lá fora e a cair alguns raios, estava armando uma tremenda de uma tempestade. Ainda bem que estava de carona com e não tinha vindo com minha moto, ou chegaria em casa totalmente ensopado. Mas decidi não me preocupar com aquilo no momento.
— , as fotos. Não tem. Eu estou sozinho nelas. — Então voltou a mexer no celular, abrindo o Instagram. — Olha. — Me mostrou uma foto dele sorrindo, mas sozinho e ela tinha sido batida de um jeito estranho. — A legenda e a data! Você acha que eu seria surtado a esse ponto? — Meus olhos desceram, lendo o que estava escrito ali e vendo que era de um ano atrás.
— Entra no perfil. — Pediu e fiz isso. O perfil não existia. — , eu não estou maluco. — O encarei.
— Por que eu não lembro dela? — Perguntei, engolindo em seco, sentindo um arrepio em minha coluna.
— Se você está falando mesmo sério que não lembra dela, eu juro que não sei o motivo! — Eu podia ver seus olhos se enchendo d'água. — A não ser...
— Hey. — se jogou do meu lado, interrompendo a conversa. — Quem é o amigo novo?
— O quê? — Soltei, olhando para ele agora, então apontou o . — Larga de ser idiota, .
— Nossa, grosso! — E já se levantou puto comigo. Ergui as sobrancelhas sem entender nada. — Essa festa já deu, tchau. — Disse simplesmente, me deixando para trás com aquela baita chuva armando. OK, eu voltava de carona com o !
— O que deu nele? — perguntou, também com cara de idiota. — que some e o que dá ataque? Me poupe. — Reclamou irritado.
— Esquece o , depois a gente fala com ele. — Disse, fazendo um gesto para deixar aquilo para lá. — Você pensou no que pode ter acontecido com ela. Me fala. — Pedi, deixando ir embora, mas ligaria para ele.
— Ela tinha vindo com umas ideias loucas, falando que estavam atrás dela e que levaram seu irmão, mas ela nunca teve um. — Continuei o encarando para tentar entender o que estava rolando. — Será que a sequestraram?
— , você está se ouvindo? Como que sequestram ela se não consigo me lembrar nem que a garota existe? — Perguntei, tentando ainda achar a lógica daquilo.
— Eu não sei, ! Ela disse que ia me encontrar aqui na festa e não apareceu até agora. — Escorregou pelo sofá.
— Então vamos na casa dela ver o que houve. Anda. — Levantei do sofá, o puxando, mas congelou, olhando para o nada. — ? — Chamei e olhei o mesmo lugar que ele, só vendo a galera da festa dançando. — ! — Soltei mais alto.
— Você... Você não está vendo? — Gaguejou, olhando alguma coisa a qual não sabia o que era.
— Vendo o quê? — Deus, o que ele estava vendo?
— O homem de chapéu e sobretudo. Ele está aqui. — Falou em um tom que quase não consegui ouvir. — Merda, ! Ele está vindo. — Berrou apavorado.
Sua mão pegou meu casaco e saiu me arrastando pela festa. Eu olhava para trás e não via ninguém. O pessoal nos encarava sem entender nada, certamente achando que estávamos drogados. Talvez estivesse mesmo. Mas eu corri com ele e entramos em um armário. Meu amigo tremia inteiro e eu estava realmente preocupado, achando que ele tinha usado alguma coisa. Até que me assustei com um tiro que atravessou a porta. Puta merda! O que foi isso? Então outro tiro e mais outro. O empurrei para trás e me joguei para o lado, me escondendo no meio das prateleiras e abaixando ali para os tiros não me acertarem. O som da festa continuava rolando. Não era possível que ninguém estava ouvindo aquele barulho ensurdecedor!
A porta se abriu em um rompante e um homem entrou. Chapéu e sobretudo. Suas botas de bico fino estavam extremamente empoeiradas em um tom alaranjado grudando o couro marrom escuro. Então um cheio horrível tomou meu nariz. Cheiro de coisa morta que chegou a embrulhar o estômago. Coloquei a mão na boca para não vomitar ali mesmo. O sujeito se abaixou e pegou pelos ombros, o arrastando para fora.
— ! — Meu amigo berrou, esticando a mão em minha direção. — Me ajuda!
Eu tentei me mexer, mas fiquei travado ali, sem conseguir fazer nada, apenas assistindo meu amigo sendo levado enquanto meu corpo começou a tremer com um nó enorme se formando em minha garganta. Desculpa, . Desculpa, pedi, olhando em seus olhos antes de a porta bater com força, vendo apenas a tela do seu celular acesa no chão com uma voz falando. Olhei e vi que tinha ligado para a emergência, então saltei em cima do aparelho na mesma hora.
— Meu amigo! Ele foi levado! — Disse totalmente desesperado, sentindo as lágrimas grossas descendo pelo meu rosto.
— Se acalme. Me passe o endereço, por favor. — A policial pediu.
Lhe falei qual era o endereço e fiquei ali dentro do armário, abraçado com as minhas pernas, sem ter coragem para sair. Meu corpo todo tremia. Eu ainda conseguia sentir o cheiro podre no meu nariz, o som dos saltos curtos das botas batendo contra o assoalho de madeira e o tom de laranja da poeira não saía da minha mente. O grito de ainda ecoava em meus ouvidos ainda. Droga! Não consegui ajudar meu amigo! O cara o levou! E eu não fiz nada! Nada! Eu era um fraco! Um idiota assustado!
There's no end
There is no goodbye
Disappear
With the night
No time
There is no goodbye
Disappear
With the night
No time
Chapter 2
Não sei quanto tempo a polícia demorou a chegar. A única coisa que sabia é que meu corpo não parava de tremer enquanto eu conseguia ver sendo levado repetidas vezes bem na minha frente, estendendo a mão em minha direção, pedindo minha ajuda. Me sentia frustrado e com medo. Essa era a verdade. As lágrimas até mesmo tinham secado em meu rosto sem que conseguisse mais chorar por causa daquilo.
Meus olhos se arregalaram assustados quando alguém abriu a porta em um rompante e uma luz bateu em meu rosto, me cegando. Abaixei a cabeça e logo a luz do armário foi acesa, me permitindo ver um policial ali. Ele passou um rádio falando que tinha me encontrado e se abaixou na minha frente, tocando meus braços com calma.
— Vim atender ao chamado. — Anunciou. — O que aconteceu? — Então contei tudo a ele e seu olhar se virou para a porta. — Tiros? — Questionou e olhei para o mesmo lado que o policial, vendo que a porta estava inteira.
— Mas... Estavam aqui. — Levantei rápido e comecei a tocar a madeira exatamente onde tinha sido furada várias vezes. — Eu juro! Ele atirou na porta! Atirou várias vezes. — Soltei em tom de desespero, passando meus dedos apressados pela porta e a olhando do outro lado. Não tinha nada. — Eu juro! — Disse totalmente exaltado. — Olha, esse é o celular dele. — Peguei o telefone em meu bolso e entreguei ao policial, lhe passando a senha.
— Tudo bem. Eu acredito em você, mas vai ter que me acompanhar até a delegacia para registrar a ocorrência. — Avisou, gesticulando para que eu fosse andando na sua frente.
Quando me virei, me toquei que a casa estava vazia e toda suja, o pessoal certamente fugiu assim que viram a polícia chegando. Se soubesse que tinha sido eu quem os chamei, a coisa não ficaria boa, mas não tinha muita coisa a se fazer. tinha sido levado e aparentemente ninguém tinha se tocado, deveriam estar bêbados demais para isso. E aquilo só me fez suspirar de forma cansada.
Enquanto saía da casa, peguei meu celular e mandei uma mensagem para , falando que estava indo para delegacia, que tinha sido sequestrado e que eu precisava fazer a ocorrência do que houve para que uma busca fosse aberta. Ele me respondeu logo em seguida, dizendo que iria me encontrar lá e isso me deixou mais calmo.
Entrei no carro da polícia e fiquei sentado, olhando pela janela. A imagem passava em minha mente repetidas vezes e nem se fechasse meus olhos, aquilo parava. Aquele cheiro ainda estava embrulhando meu estômago com força e sentia que seria capaz de vomitar a qualquer segundo. Logo comecei a pensar sobre também. Por que não conseguia me lembrar dela? Aquilo era estranho, não fazia o menor sentido. Assim como as fotos de também não faziam. O perfil que não existia... Aquilo não se encaixava. Se ela foi sequestrada assim como ele, como que podia ter sido apagada da minha memória? Dois anos. Era para me lembrar da garota ou pelo menos de comentando sobre ela.
Peguei meu celular e fui olhar o Instagram do meu amigo de novo. Minhas sobrancelhas se uniram com força quando não encontrei seu nome na busca. Meus olhos piscaram e meu polegar tocou no meu perfil, entrando na lista de seguidores, digitei o nome de ali, e nada. Aquilo era brincadeira com a minha cara, só podia ser. Não tem graça, Tomlinson! Voltei para meu perfil, procurando uma foto nossa onde estava eu, ele, , e . Então congelei. não estava na foto. Meu coração disparou. Toquei na imagem e não apareceu marcação alguma no lugar onde ele deveria estar. Comecei rapidamente a procurar mais fotos nossas e em todas elas o não estava lá.
Minha respiração começou a ficar pesada. Aquilo não era verdade. Eu estava sonhando. Ainda estava sentado dentro daquele armário, abraçado com minhas pernas, tentando respirar e parar de chorar. A polícia ainda não tinha chegado e agora estava delirando, tinha dormido. Isso. Eu tinha dormido. Meu corpo ainda tremia de dentro para fora. O som lá fora ainda estava tocando. A porta se abriu.
— Garoto? — A voz do policial me fez virar o rosto no mesmo instante, encarando a fachada da delegacia. — Vamos?
Apenas concordei com a cabeça, me segurando na porta do carro e me obrigando a sair dele, forçando minhas pernas a andarem para dentro daquele lugar que tinha as luzes muito fortes que chegavam a doer meus olhos. Meu celular continuava em minha mão e a cada passo meus dedos o apertavam com mais força, tentando controlar meu nervosismo e um possível surto.
O policial abriu a porta e a segurou para que eu passasse. Então, assim que o fiz, já segui ele até uma sala onde tinha apenas duas cadeiras e uma mesa, havia também uma câmera no teto piscando em vermelho, declarando que estava sendo gravado. Me sentei em uma das cadeiras enquanto esperei como o homem tinha me pedido e fiquei olhando para a tela do meu celular, encarando a hora por alguns instantes antes da minha atenção ser tirada.
— Olá, eu sou a oficial Hoppus e vou pegar seu depoimento. — Uma mulher entrou com um pequeno sorriso nos lábios e um notebook em mãos.
Então ela me perguntou o que tinha acontecido e expliquei tudo de novo. Desde até sendo levado. A policial não falava nada relevante, apenas perguntava alguns detalhes e balançava a cabeça em concordância. Quis saber mais como era o homem que o levou e não consegui ajudar muito, já que não tinha visto seu rosto. Mas descrevi suas roupas e aquele cheiro horrível que tinha.
— Você disse que o celular dele caiu no chão e foi com ele que conseguiu falar conosco, certo? — Concordei com a cabeça. — Onde está o aparelho?
— Eu o entreguei para o policial que me achou no armário. — Disse a ela, unindo as sobrancelhas.
— Certo, já volto. — Se levantou da cadeira e saiu, mas não demorou muito para voltar com uma cara estranha. — Ele disse que você não entregou nada.
— O quê? É mentira! — Rebati já exaltado.
— Se acalme, por favor. — Pediu, me encarando bem séria. — Me passa o número dele que irei olhar no nosso registro de chamadas. — Estendeu um bloco de notas pequeno para que eu anotasse aquilo juntamente a uma caneta.
Peguei a caneta e parei no segundo que percebi que não conseguia me lembrar do telefone de . OK, eu estava estressado. Só isso. Então desbloqueei meu iPhone e procurei pelo nome dele na lista de contatos, unindo as sobrancelhas, vendo que não tinha. Prendi meus lábios em uma linha reta e engoli em seco. Aquilo não podia ser verdade. Rapidamente, desci a lista, caçando por Tomlinson, e nada também.
— Eu perdi o número dele. — Declarei o que parecia ser menos idiota vindo da minha parte.
— Hm. Tudo bem. — Falou, dando um sorrisinho, me encarando de um jeito estranho. Aquilo era pena? — Vou olhar pela hora da chamada. Você se lembra?
— Claro que lembro! Foi... — Parei, piscando meus olhos. — Foi... — Eu não conseguia lembrar que horas tinha sido o momento que falei com eles. — Vocês não podem procurar pelo registro dele?
— Posso. Tomlinson, certo? — Balancei minha cabeça. — com I mesmo? E Tomlinson com M e N no final? — Quis saber.
— Sim. — Disse, já ficando nervoso com aquilo.
— Não existe nenhum Tomlinson que mora em Berkview. Ele nasceu aqui? — Umedeci os lábios, perdendo já a paciência.
— Sim! Nasceu aqui e morou a vida inteira aqui! Procura pelo nome dos pais dele. Johannah Deakin e Mark Tomlinson. — Pedi e a oficial apenas balançou a cabeça.
— Johannah e Mark tiveram três filhas, que se chamam Lottie e as gêmeas Daisy e Phoebe Tomlinson. Teve a Félicité que morreu no ano passado, mas nenhum . — Aquilo me fez socar a mesa e abaixar a cabeça nela. Aquilo não estava acontecendo! — Calma. Você usou algo essa noite? Naquela festa que disse que estava tendo?
— O quê? — Ergui minha cabeça com as sobrancelhas fortemente unidas. — Não! Eu nem bebi!
— Vou ter que pedir que faça um teste toxicológico. — Seu tom de voz era de lamento e ela já foi se levantando da mesa.
— Eu não vou fazer nada! Eu não estou drogado! — Rebati, pegando meu celular e enfiando no bolso, já levantando. — OK, vocês não vão ajudar. Já entendi. Vou procurar o meu amigo sozinho! — Saí andando, saindo da sala e batendo a porta.
— ! — Ouvi a voz de e ele vinha andando apressado em minha direção.
— . — Abracei ele com força, sentindo em meus braços que aquilo era real. — Me tira daqui. — Pedi baixinho, com um nó na garganta e com meu amigo me abraçando de volta bem apertado.
— Vem, eu te levo para casa. — Sussurrou, já me puxando com ele.
Seguimos para fora da delegacia e o pessoal me olhava como se eu fosse um completo surtado. Sabia o que tinha visto. era real, era nosso amigo. o conhecia há tanto tempo quanto eu, crescemos todos na mesma rua. Aquilo não era loucura da minha cabeça. Eu não estava drogado e nem perto disso. Alguém levou e .
Entramos no carro e eu peguei um cigarro no bolso da minha jaqueta, o acendendo. Traguei com força, sentindo meus dedos totalmente trêmulos. Fechei meus olhos, apoiei meu cotovelo na porta e segurei minha testa com meu polegar, soltando a fumaça, tentando me acalmar com aquela merda toda. Até que senti a mão de segurar a minha outra que estava sobre minha perna, seu toque era quente contra a minha, que estava gelada e suando de leve. Aquilo tirou um pouco da pressão que estava em meu peito, me sufocando. Então apenas deixei seus dedos se intercalarem com os meus, me permitindo sentir aquilo por pelo menos um segundo.
— Estou aqui, . — Sussurrou para mim. — Está tudo bem. — Aquilo me fez dar um sorriso de leve. — Agora, por favor, me fala quem é e o que está acontecendo. — Pediu com uma voz baixa e doce, mas meus olhos se abriram na mesma hora, o encarando.
— , não tem mais a menor graça isso. Para, por favor. — Soltei em tom quase de súplica.
— , eu juro para você que não estou brincando. Eu não tenho ideia de quem é . Estava em casa deitado, vendo filme, quando recebi sua mensagem e vim para cá correndo... — Não permiti que terminasse sua frase.
— A gente estava em uma festa, ! Não deve ter nem duas horas isso! Você ainda ficou zoando o com o lance da . Não fica fazendo o sonso comigo! — Rebati nervoso e ficando realmente puto com aquela brincadeira dele. Às vezes não tinha limites. — Um cara bizarro levou o ! O nosso amigo sumiu! Então para de ficar fazendo disso uma grande piada!
— Que inferno, ! Eu não estou fazendo porra de piada nenhuma! Não sei quem é esse cara! A gente não estava em festa nenhuma. Para você com essas loucuras sem sentido! Fiquei a merda do dia todo em casa, fazendo trabalho da faculdade! — Disse tão irritado quanto eu estava e seus olhos claros me mostraram realmente que estava falando a verdade, só fazendo meu coração disparar ainda mais. — Acha mesmo que eu iria brincar com uma parada séria dessa? Olha o seu estado! Você está surtando, suando frio... Espera, não andou usando aquelas merdas que o pessoal da faculdade gosta de usar para curtir, né?
— Vai se foder, ! Agora você também está me chamando de drogado? — Eu só conseguia sentir o meu sangue subindo e meus olhos encaravam os do meu amigo com certa mágoa por não estar acreditando em mim e ainda mais por insinuar aquela merda! — Nunca duvidei das coisas que você me fala! Sempre estive ao seu lado, independe da loucura que diz! Todo esse lance surtado de sombras e garras que só existem na sua cabeça, que seus machucados não é você mesmo quem faz! E agora que preciso que acredite em mim e eu sou a porra de um drogado? — Aquilo saiu rasgando meu peito com o nó se formando na minha garganta. — Vai se foder, ! Vai se foder!
Abri a porta do carro e saí dele apressado, a batendo com força. Comecei a andar pela rua, puto da vida com aquela merda toda. Traguei meu cigarro com raiva e uma tristeza ia me tomando. Legal, muito legal mesmo! A porra do meu melhor amigo também não acreditava em mim! Era tudo o que precisava mesmo naquele momento.
Meus olhos se arregalaram assustados quando alguém abriu a porta em um rompante e uma luz bateu em meu rosto, me cegando. Abaixei a cabeça e logo a luz do armário foi acesa, me permitindo ver um policial ali. Ele passou um rádio falando que tinha me encontrado e se abaixou na minha frente, tocando meus braços com calma.
— Vim atender ao chamado. — Anunciou. — O que aconteceu? — Então contei tudo a ele e seu olhar se virou para a porta. — Tiros? — Questionou e olhei para o mesmo lado que o policial, vendo que a porta estava inteira.
— Mas... Estavam aqui. — Levantei rápido e comecei a tocar a madeira exatamente onde tinha sido furada várias vezes. — Eu juro! Ele atirou na porta! Atirou várias vezes. — Soltei em tom de desespero, passando meus dedos apressados pela porta e a olhando do outro lado. Não tinha nada. — Eu juro! — Disse totalmente exaltado. — Olha, esse é o celular dele. — Peguei o telefone em meu bolso e entreguei ao policial, lhe passando a senha.
— Tudo bem. Eu acredito em você, mas vai ter que me acompanhar até a delegacia para registrar a ocorrência. — Avisou, gesticulando para que eu fosse andando na sua frente.
Quando me virei, me toquei que a casa estava vazia e toda suja, o pessoal certamente fugiu assim que viram a polícia chegando. Se soubesse que tinha sido eu quem os chamei, a coisa não ficaria boa, mas não tinha muita coisa a se fazer. tinha sido levado e aparentemente ninguém tinha se tocado, deveriam estar bêbados demais para isso. E aquilo só me fez suspirar de forma cansada.
Enquanto saía da casa, peguei meu celular e mandei uma mensagem para , falando que estava indo para delegacia, que tinha sido sequestrado e que eu precisava fazer a ocorrência do que houve para que uma busca fosse aberta. Ele me respondeu logo em seguida, dizendo que iria me encontrar lá e isso me deixou mais calmo.
Entrei no carro da polícia e fiquei sentado, olhando pela janela. A imagem passava em minha mente repetidas vezes e nem se fechasse meus olhos, aquilo parava. Aquele cheiro ainda estava embrulhando meu estômago com força e sentia que seria capaz de vomitar a qualquer segundo. Logo comecei a pensar sobre também. Por que não conseguia me lembrar dela? Aquilo era estranho, não fazia o menor sentido. Assim como as fotos de também não faziam. O perfil que não existia... Aquilo não se encaixava. Se ela foi sequestrada assim como ele, como que podia ter sido apagada da minha memória? Dois anos. Era para me lembrar da garota ou pelo menos de comentando sobre ela.
Peguei meu celular e fui olhar o Instagram do meu amigo de novo. Minhas sobrancelhas se uniram com força quando não encontrei seu nome na busca. Meus olhos piscaram e meu polegar tocou no meu perfil, entrando na lista de seguidores, digitei o nome de ali, e nada. Aquilo era brincadeira com a minha cara, só podia ser. Não tem graça, Tomlinson! Voltei para meu perfil, procurando uma foto nossa onde estava eu, ele, , e . Então congelei. não estava na foto. Meu coração disparou. Toquei na imagem e não apareceu marcação alguma no lugar onde ele deveria estar. Comecei rapidamente a procurar mais fotos nossas e em todas elas o não estava lá.
Minha respiração começou a ficar pesada. Aquilo não era verdade. Eu estava sonhando. Ainda estava sentado dentro daquele armário, abraçado com minhas pernas, tentando respirar e parar de chorar. A polícia ainda não tinha chegado e agora estava delirando, tinha dormido. Isso. Eu tinha dormido. Meu corpo ainda tremia de dentro para fora. O som lá fora ainda estava tocando. A porta se abriu.
— Garoto? — A voz do policial me fez virar o rosto no mesmo instante, encarando a fachada da delegacia. — Vamos?
Apenas concordei com a cabeça, me segurando na porta do carro e me obrigando a sair dele, forçando minhas pernas a andarem para dentro daquele lugar que tinha as luzes muito fortes que chegavam a doer meus olhos. Meu celular continuava em minha mão e a cada passo meus dedos o apertavam com mais força, tentando controlar meu nervosismo e um possível surto.
O policial abriu a porta e a segurou para que eu passasse. Então, assim que o fiz, já segui ele até uma sala onde tinha apenas duas cadeiras e uma mesa, havia também uma câmera no teto piscando em vermelho, declarando que estava sendo gravado. Me sentei em uma das cadeiras enquanto esperei como o homem tinha me pedido e fiquei olhando para a tela do meu celular, encarando a hora por alguns instantes antes da minha atenção ser tirada.
— Olá, eu sou a oficial Hoppus e vou pegar seu depoimento. — Uma mulher entrou com um pequeno sorriso nos lábios e um notebook em mãos.
Então ela me perguntou o que tinha acontecido e expliquei tudo de novo. Desde até sendo levado. A policial não falava nada relevante, apenas perguntava alguns detalhes e balançava a cabeça em concordância. Quis saber mais como era o homem que o levou e não consegui ajudar muito, já que não tinha visto seu rosto. Mas descrevi suas roupas e aquele cheiro horrível que tinha.
— Você disse que o celular dele caiu no chão e foi com ele que conseguiu falar conosco, certo? — Concordei com a cabeça. — Onde está o aparelho?
— Eu o entreguei para o policial que me achou no armário. — Disse a ela, unindo as sobrancelhas.
— Certo, já volto. — Se levantou da cadeira e saiu, mas não demorou muito para voltar com uma cara estranha. — Ele disse que você não entregou nada.
— O quê? É mentira! — Rebati já exaltado.
— Se acalme, por favor. — Pediu, me encarando bem séria. — Me passa o número dele que irei olhar no nosso registro de chamadas. — Estendeu um bloco de notas pequeno para que eu anotasse aquilo juntamente a uma caneta.
Peguei a caneta e parei no segundo que percebi que não conseguia me lembrar do telefone de . OK, eu estava estressado. Só isso. Então desbloqueei meu iPhone e procurei pelo nome dele na lista de contatos, unindo as sobrancelhas, vendo que não tinha. Prendi meus lábios em uma linha reta e engoli em seco. Aquilo não podia ser verdade. Rapidamente, desci a lista, caçando por Tomlinson, e nada também.
— Eu perdi o número dele. — Declarei o que parecia ser menos idiota vindo da minha parte.
— Hm. Tudo bem. — Falou, dando um sorrisinho, me encarando de um jeito estranho. Aquilo era pena? — Vou olhar pela hora da chamada. Você se lembra?
— Claro que lembro! Foi... — Parei, piscando meus olhos. — Foi... — Eu não conseguia lembrar que horas tinha sido o momento que falei com eles. — Vocês não podem procurar pelo registro dele?
— Posso. Tomlinson, certo? — Balancei minha cabeça. — com I mesmo? E Tomlinson com M e N no final? — Quis saber.
— Sim. — Disse, já ficando nervoso com aquilo.
— Não existe nenhum Tomlinson que mora em Berkview. Ele nasceu aqui? — Umedeci os lábios, perdendo já a paciência.
— Sim! Nasceu aqui e morou a vida inteira aqui! Procura pelo nome dos pais dele. Johannah Deakin e Mark Tomlinson. — Pedi e a oficial apenas balançou a cabeça.
— Johannah e Mark tiveram três filhas, que se chamam Lottie e as gêmeas Daisy e Phoebe Tomlinson. Teve a Félicité que morreu no ano passado, mas nenhum . — Aquilo me fez socar a mesa e abaixar a cabeça nela. Aquilo não estava acontecendo! — Calma. Você usou algo essa noite? Naquela festa que disse que estava tendo?
— O quê? — Ergui minha cabeça com as sobrancelhas fortemente unidas. — Não! Eu nem bebi!
— Vou ter que pedir que faça um teste toxicológico. — Seu tom de voz era de lamento e ela já foi se levantando da mesa.
— Eu não vou fazer nada! Eu não estou drogado! — Rebati, pegando meu celular e enfiando no bolso, já levantando. — OK, vocês não vão ajudar. Já entendi. Vou procurar o meu amigo sozinho! — Saí andando, saindo da sala e batendo a porta.
— ! — Ouvi a voz de e ele vinha andando apressado em minha direção.
— . — Abracei ele com força, sentindo em meus braços que aquilo era real. — Me tira daqui. — Pedi baixinho, com um nó na garganta e com meu amigo me abraçando de volta bem apertado.
— Vem, eu te levo para casa. — Sussurrou, já me puxando com ele.
Seguimos para fora da delegacia e o pessoal me olhava como se eu fosse um completo surtado. Sabia o que tinha visto. era real, era nosso amigo. o conhecia há tanto tempo quanto eu, crescemos todos na mesma rua. Aquilo não era loucura da minha cabeça. Eu não estava drogado e nem perto disso. Alguém levou e .
Entramos no carro e eu peguei um cigarro no bolso da minha jaqueta, o acendendo. Traguei com força, sentindo meus dedos totalmente trêmulos. Fechei meus olhos, apoiei meu cotovelo na porta e segurei minha testa com meu polegar, soltando a fumaça, tentando me acalmar com aquela merda toda. Até que senti a mão de segurar a minha outra que estava sobre minha perna, seu toque era quente contra a minha, que estava gelada e suando de leve. Aquilo tirou um pouco da pressão que estava em meu peito, me sufocando. Então apenas deixei seus dedos se intercalarem com os meus, me permitindo sentir aquilo por pelo menos um segundo.
— Estou aqui, . — Sussurrou para mim. — Está tudo bem. — Aquilo me fez dar um sorriso de leve. — Agora, por favor, me fala quem é e o que está acontecendo. — Pediu com uma voz baixa e doce, mas meus olhos se abriram na mesma hora, o encarando.
— , não tem mais a menor graça isso. Para, por favor. — Soltei em tom quase de súplica.
— , eu juro para você que não estou brincando. Eu não tenho ideia de quem é . Estava em casa deitado, vendo filme, quando recebi sua mensagem e vim para cá correndo... — Não permiti que terminasse sua frase.
— A gente estava em uma festa, ! Não deve ter nem duas horas isso! Você ainda ficou zoando o com o lance da . Não fica fazendo o sonso comigo! — Rebati nervoso e ficando realmente puto com aquela brincadeira dele. Às vezes não tinha limites. — Um cara bizarro levou o ! O nosso amigo sumiu! Então para de ficar fazendo disso uma grande piada!
— Que inferno, ! Eu não estou fazendo porra de piada nenhuma! Não sei quem é esse cara! A gente não estava em festa nenhuma. Para você com essas loucuras sem sentido! Fiquei a merda do dia todo em casa, fazendo trabalho da faculdade! — Disse tão irritado quanto eu estava e seus olhos claros me mostraram realmente que estava falando a verdade, só fazendo meu coração disparar ainda mais. — Acha mesmo que eu iria brincar com uma parada séria dessa? Olha o seu estado! Você está surtando, suando frio... Espera, não andou usando aquelas merdas que o pessoal da faculdade gosta de usar para curtir, né?
— Vai se foder, ! Agora você também está me chamando de drogado? — Eu só conseguia sentir o meu sangue subindo e meus olhos encaravam os do meu amigo com certa mágoa por não estar acreditando em mim e ainda mais por insinuar aquela merda! — Nunca duvidei das coisas que você me fala! Sempre estive ao seu lado, independe da loucura que diz! Todo esse lance surtado de sombras e garras que só existem na sua cabeça, que seus machucados não é você mesmo quem faz! E agora que preciso que acredite em mim e eu sou a porra de um drogado? — Aquilo saiu rasgando meu peito com o nó se formando na minha garganta. — Vai se foder, ! Vai se foder!
Abri a porta do carro e saí dele apressado, a batendo com força. Comecei a andar pela rua, puto da vida com aquela merda toda. Traguei meu cigarro com raiva e uma tristeza ia me tomando. Legal, muito legal mesmo! A porra do meu melhor amigo também não acreditava em mim! Era tudo o que precisava mesmo naquele momento.
Chapter 3
Fui para casa a pé mesmo, por mais longe que fosse. Eu precisava pensar em tudo, ou apenas espairecer o fato de que não estava acreditando em mim. Aquilo tinha me deixado realmente chateado, porque em toda a minha vida nunca tinha duvidado dele por mais loucas que fossem as coisas que me contava. E agora ele simplesmente achou que era mais fácil me chamar de drogado para ter uma explicação plausível para o que estava rolando.
Eu estava decepcionado.
Essa era a verdade. Não queria falar com de novo até finalmente me acalmar, ou sabia que acabaria o machucando de volta e eu não queria isso. Ele era a porra do meu melhor amigo e... Droga, eu era apaixonado por ele em um nível que as vezes não conseguia nem ao menos ficar com ninguém por conta daquilo e isso era péssimo, porque sabia que no final eu ficaria só enquanto seguiria a vida sem mim, com alguém que realmente amasse. Eu ficaria para trás, apenas sendo seu melhor amigo, que morava em uma casa sozinho, que não tinha filhos e nem queria ter, rodeado de livros, talvez um cachorro também para não me sentir tão solitário, ou plantas, elas pareciam dar menos trabalho, e eu ficaria sempre esperando por uma mensagem ou ligação para me contar o que estava acontecendo de novo em sua vida, ou apenas para jogar papo fora. Esse seria Malik. Fadado no fim ao esquecimento.
Tinha que me desprender de nem que fosse um pouco, mas não fazia ideia de como quando toda a minha vida foi junto a ele. Sabia que tinha que arranjar alguém ou apenas tentar parar de ficar pensando nele o tempo todo. Só que não estava apenas em minha cabeça, estava espalhado por todo meu corpo, como um câncer que consumia todos os meus órgãos. Sentia que não tinha cura para aquilo e que eu teria sorte se morresse por outra coisa e não pelo que sentia por ele.
Aqueles pensamentos me faziam querer berrar no meio da rua deserta em plena madrugada, mas engoli absolutamente tudo e continuei caminhando abaixo das luzes dos postes. Então percebi que a chuva que estava armando tinha dissipado e agora mal ventava mais. Com toda a certeza a ventania tinha levado a tempestade para longe. Menos mal, ou eu estaria agora fodido andando no temporal. Era bem a minha cara mesmo algo do tipo acontecer, porque às vezes parecia que toda a desgraça que caía na minha cabeça ainda era pouco.
Depois de mais de uma hora caminhando, cheguei ao meu apartamento me sentindo cansado, mas minha mente girava rápido demais para que eu simplesmente conseguisse me deitar e dormir, então preparei um café bem forte e liguei meu notebook, me sentando à mesa e comecei a pesquisar sobre desaparecimentos sem rastros. Pessoas que simplesmente sumiram do nada.
Então fiquei surpreso pela quantidade de gente que sumia do nada e ninguém mais conseguiu encontrar. Era algo absurdo e totalmente bizarro. Acidentes onde as vítimas nunca foram encontradas e nem sequer existia sangue no local. Cidades, vilarejos e colônias os quais se tornaram fantasmas quando seus moradores simplesmente desapareceram. O caso também de uma excursão escolar onde os alunos nunca voltaram e nunca ao menos conseguiram achar evidências de que o motorista que os levou sequer existia. Pessoas sumindo sem nem deixar um sinal de que fariam isso, nenhuma carta, um bilhete, nada. A lista era grande. Iam de pessoas históricas até aviões e navios lotados que sumiram simplesmente do nada.
Só que ainda assim não era isso que estava procurando. O caso era que, de alguma forma, as pessoas ainda existiam, a marca delas no passado ainda havia ficado. Então, como um lampejo, uma ideia veio à minha cabeça. sempre me disse que eu era louco por lendas urbanas e eu sempre acreditei que havia algo por trás delas, uma origem que realmente era verdadeira, porque nada nunca vinha do além e sempre era isso que o deixava mais assustado nas histórias que eu o contava.
Comecei pela mais louca. Viagem no tempo. Aquilo parecia fazer algum sentido. Porque se alguém estivesse viajando no tempo e mexesse em qualquer coisa, alterando apenas um acontecimento, a reação em cadeia seria devastadora. Logo, o filme Efeito Borboleta era real. Se fosse tirado da nossa linha do tempo, sua existência seria apagada e nós iríamos nos esquecer dele, assim como . Essa mesma pessoa podia ser esse homem que o levou, viajando pelas camadas do tempo e o removendo totalmente de nossas vidas. Será que seria isso?
Até que parei.
Cães do inferno! Eu tinha falado isso mais cedo com o , pelo menos estava tentando antes dele avisar que não queria me ouvir. Pactos com um demônio da encruzilhada eram feitos e depois de dez anos os cães do inferno vinham te buscar. Talvez não fossem literalmente cães e sim ceifeiros que tinham cheiro de morte. Mas nessa lenda não havia nada que fizesse as pessoas serem apagadas da existência, a não ser que essa parte esteja omitida. O que eu não duvidaria nada.
OK. Tinha duas lendas. Viagem no tempo e cães do inferno. Comecei a procurar mais. E a teoria de E.T.s apareceu na pesquisa. Eles levavam pessoas e apagavam elas da existência. Que nem naquele filme Os Esquecidos. Aquilo sim pareceu se encaixar bem. Sempre falaram que não estávamos sozinhos no universo, logo, aquilo era opção em potencial.
Me deparei com a lenda da Bruxa de Blair, era bem interessante. As crianças desapareciam da vila e nunca foram encontradas, alegando que tinha sido o fantasma da Elly Kedward, uma mulher que foi expulsa da vila e acabou morrendo por causa do inverno rigoroso. Eu diria que não acredito em fantasmas e coisas do tipo, mas não me deixava ser tão cético assim por causa das coisas que aconteciam com ele.
Eu não sabia explicar bem o que era, porque, por mais que meus olhos vissem, era como se não fosse real. sempre me disse que existia algo que ficava nas sombras, que o assustava e que o machucava. Conseguia ver o pavor em seus olhos verdes todas as vezes que me contava isso e nunca o questionei sobre aquilo ser mentira. Seu corpo às vezes aparecia com machucados, hematomas, arranhões que não davam para ser feitos por suas mãos. Desde criança era assim. Sua mãe contava que sempre chorava demais quando ela apagava as luzes e quando voltava ele estava com algum tipo de machucado. Os médicos falavam que ele tinha púrpura trombocitopênica imunológica, mas os tratamentos nunca funcionavam. Até o dia que estávamos na casa dos meus pais e a luz acabou. Eu nunca tinha visto tão apavorado em toda a minha vida. E antes que conseguisse achar qualquer coisa para iluminar o lugar, seu braço tinha sido cortado, não um simples arranhado, como se tivesse esbarrado na quina de algum móvel, eram cinco, um seguido do outro, como se alguém o tivesse arranhado com garras. Aquilo não era uma doença, aquilo era outra coisa. Tinha certeza disso.
Então eu acreditava que sobrenatural poderia existir.
Já estava quase amanhecendo e meus olhos não estavam aguentando mais ler e assimilar o que estava escrito nas infinitas folhas que imprimi, porque depois de um tempo eu não tinha mais dado conta de olhar para a tela do meu notebook. Então achei uma lenda bastante interessante. A caçada selvagem. Cavaleiros fantasmas que vinham através da tempestade, montados em seus cavalos, trazendo presságios de guerra, peste ou a morte de quem a testemunhasse. As pessoas que se deparam com a caçada ou até mesmo com um dos cavaleiros eram levadas para o submundo e também podiam simplesmente se juntar a eles.
Eu já ia descartar aquilo, quando achei outro artigo falando mais sobre o assunto, um maior e mais detalhado que contava como a caçada selvagem podia ser invocada e se você os ajudar, isso pode lhe trazer boa sorte, recompensas materiais e até mesmo poder. Aquilo me deu um arrepio, mas continuei lendo. Quem entrasse em seu caminho seria levado ao esquecimento e sua existência seria totalmente apagada, sem deixar nenhum rastro.
— É isso! — Berrei de forma lunática, já me levantando da cadeira em um rompante. — O que levou foi um cavaleiro fantasma! — Ao falar aquilo em voz alta, percebi o quanto era problemático. — Eu preciso dormir. — Declarei por fim, soltando as folhas em cima da mesa.
Passei a mão em meu rosto e esfreguei meus olhos, me sentindo cansado, então fui tomar um banho para ver se relaxava. Acabei que saí do banheiro e me joguei na cama enrolado em minha toalha e dormi todo molhado mesmo. E como se já não imaginasse o que iria acontecer, eu sonhei com aquela loucura toda. Com , as lendas, os cavaleiros fantasmas, o cheiro horrível que ainda podia sentir. Então eu vi uma menina nos meus sonhos. Morena, cabelos escuros e um belo sorriso. Ela estava com meu amigo. Seria ? Certamente apenas mais uma alucinação da minha mente.
Não demorou muito para que meus olhos se abrissem e senti um cheiro de comida pelo ar. Me virei na cama e um braço estava em volta da minha cintura, um corpo atrás de mim. Olhei para baixo, reconhecendo as tatuagens de no mesmo instante, me fazendo unir as sobrancelhas, não entendendo o que estava fazendo no meu apartamento depois de ter me chamado de drogado na noite passada.
— Me desculpa. — Sua voz saiu abafada contra meu ombro e meus olhos se fecharam com a sensação que senti. Foi um arrepio misturado e logo meu corpo relaxou, deixando apenas meu coração acelerado por conta daquele contato. — Eu acredito em você. — Seu braço me apertou um pouco e seu rosto se escondeu no meio das minhas costas, me fazendo suspirar bem baixinho. — Mas não acredito em E.T.s. — Acabei rindo fraco e ele fez o mesmo.
— A teoria deles é ótima. — rebati com um humor um pouco melhor. — Você leu as coisas que estão na minha mesa, né? — apenas concordou com a cabeça. — O que você acha?
— A do efeito borboleta me parece boa, mas a da caçada selvagem me chamou mais atenção. — Confessou, então me virei o encarando, nós estávamos perto demais agora. — Você sabe que essas coisas existem. — Suspirei e olhei a cicatriz em seu braço, a qual ele puxou a manga curta da camisa, cobrindo um pedacinho. — Me fala quem era e o que ele era seu? — Seu tom de voz tinha saído estranho, mas não quis questionar o que tinha de errado.
— era nosso melhor amigo. — Deixei meus olhos se fecharem um pouco, ainda conseguindo lembrar dele, mas não era muita coisa agora.
— Só amigo? — Sua pergunta fez meus olhos abrirem na mesma hora. — O jeito que você está... Não parece que ele era só amigo.
— O que você está insinuando, ? — Questionei com meus olhos bem dentro dos dele, tentando entender aonde queria chegar com aquilo. — tinha uma namorada. Eu não era afim dele.
— Hm. — Soltou, se virando na cama. — Me fala mais dele.
— Ele era engraçado, fazia umas piadas bestas, mas era um ótimo amigo. Estava sempre com a gente, topava qualquer coisa e era bem carismático. Mas agora não estou conseguindo lembrar muito dele, as coisas estão sumindo. — Confessei, suspirando triste e passando as mãos em meu rosto, depois em meu cabelo, sentindo que ele estava totalmente bagunçado. — Você não se lembra de nada? — negou com a cabeça.
— Como que ele sumiu? — Voltou a se virar para mim, mas agora com um certo espaço. Contei o que houve. — E você ficou com raiva de mim por que perguntei quem ele era?
— Não. Você que ficou irritado quando disse para largar de ser idiota. Saiu todo putinho anunciando que a festa já tinha dado e me deu tchau. E eu fiquei lá com o , tentando entender o que estava acontecendo. — Ri um pouco, mas continuou bem sério. — O que foi?
— Nada. — Disse e se levantou. — Fiz o almoço, vem comer.
Pisquei meus olhos, não entendendo o que caralhos estava acontecendo para estar agindo daquele jeito. Às vezes me deixava louco, isso sim.
Eu estava decepcionado.
Essa era a verdade. Não queria falar com de novo até finalmente me acalmar, ou sabia que acabaria o machucando de volta e eu não queria isso. Ele era a porra do meu melhor amigo e... Droga, eu era apaixonado por ele em um nível que as vezes não conseguia nem ao menos ficar com ninguém por conta daquilo e isso era péssimo, porque sabia que no final eu ficaria só enquanto seguiria a vida sem mim, com alguém que realmente amasse. Eu ficaria para trás, apenas sendo seu melhor amigo, que morava em uma casa sozinho, que não tinha filhos e nem queria ter, rodeado de livros, talvez um cachorro também para não me sentir tão solitário, ou plantas, elas pareciam dar menos trabalho, e eu ficaria sempre esperando por uma mensagem ou ligação para me contar o que estava acontecendo de novo em sua vida, ou apenas para jogar papo fora. Esse seria Malik. Fadado no fim ao esquecimento.
Tinha que me desprender de nem que fosse um pouco, mas não fazia ideia de como quando toda a minha vida foi junto a ele. Sabia que tinha que arranjar alguém ou apenas tentar parar de ficar pensando nele o tempo todo. Só que não estava apenas em minha cabeça, estava espalhado por todo meu corpo, como um câncer que consumia todos os meus órgãos. Sentia que não tinha cura para aquilo e que eu teria sorte se morresse por outra coisa e não pelo que sentia por ele.
Aqueles pensamentos me faziam querer berrar no meio da rua deserta em plena madrugada, mas engoli absolutamente tudo e continuei caminhando abaixo das luzes dos postes. Então percebi que a chuva que estava armando tinha dissipado e agora mal ventava mais. Com toda a certeza a ventania tinha levado a tempestade para longe. Menos mal, ou eu estaria agora fodido andando no temporal. Era bem a minha cara mesmo algo do tipo acontecer, porque às vezes parecia que toda a desgraça que caía na minha cabeça ainda era pouco.
Depois de mais de uma hora caminhando, cheguei ao meu apartamento me sentindo cansado, mas minha mente girava rápido demais para que eu simplesmente conseguisse me deitar e dormir, então preparei um café bem forte e liguei meu notebook, me sentando à mesa e comecei a pesquisar sobre desaparecimentos sem rastros. Pessoas que simplesmente sumiram do nada.
Então fiquei surpreso pela quantidade de gente que sumia do nada e ninguém mais conseguiu encontrar. Era algo absurdo e totalmente bizarro. Acidentes onde as vítimas nunca foram encontradas e nem sequer existia sangue no local. Cidades, vilarejos e colônias os quais se tornaram fantasmas quando seus moradores simplesmente desapareceram. O caso também de uma excursão escolar onde os alunos nunca voltaram e nunca ao menos conseguiram achar evidências de que o motorista que os levou sequer existia. Pessoas sumindo sem nem deixar um sinal de que fariam isso, nenhuma carta, um bilhete, nada. A lista era grande. Iam de pessoas históricas até aviões e navios lotados que sumiram simplesmente do nada.
Só que ainda assim não era isso que estava procurando. O caso era que, de alguma forma, as pessoas ainda existiam, a marca delas no passado ainda havia ficado. Então, como um lampejo, uma ideia veio à minha cabeça. sempre me disse que eu era louco por lendas urbanas e eu sempre acreditei que havia algo por trás delas, uma origem que realmente era verdadeira, porque nada nunca vinha do além e sempre era isso que o deixava mais assustado nas histórias que eu o contava.
Comecei pela mais louca. Viagem no tempo. Aquilo parecia fazer algum sentido. Porque se alguém estivesse viajando no tempo e mexesse em qualquer coisa, alterando apenas um acontecimento, a reação em cadeia seria devastadora. Logo, o filme Efeito Borboleta era real. Se fosse tirado da nossa linha do tempo, sua existência seria apagada e nós iríamos nos esquecer dele, assim como . Essa mesma pessoa podia ser esse homem que o levou, viajando pelas camadas do tempo e o removendo totalmente de nossas vidas. Será que seria isso?
Até que parei.
Cães do inferno! Eu tinha falado isso mais cedo com o , pelo menos estava tentando antes dele avisar que não queria me ouvir. Pactos com um demônio da encruzilhada eram feitos e depois de dez anos os cães do inferno vinham te buscar. Talvez não fossem literalmente cães e sim ceifeiros que tinham cheiro de morte. Mas nessa lenda não havia nada que fizesse as pessoas serem apagadas da existência, a não ser que essa parte esteja omitida. O que eu não duvidaria nada.
OK. Tinha duas lendas. Viagem no tempo e cães do inferno. Comecei a procurar mais. E a teoria de E.T.s apareceu na pesquisa. Eles levavam pessoas e apagavam elas da existência. Que nem naquele filme Os Esquecidos. Aquilo sim pareceu se encaixar bem. Sempre falaram que não estávamos sozinhos no universo, logo, aquilo era opção em potencial.
Me deparei com a lenda da Bruxa de Blair, era bem interessante. As crianças desapareciam da vila e nunca foram encontradas, alegando que tinha sido o fantasma da Elly Kedward, uma mulher que foi expulsa da vila e acabou morrendo por causa do inverno rigoroso. Eu diria que não acredito em fantasmas e coisas do tipo, mas não me deixava ser tão cético assim por causa das coisas que aconteciam com ele.
Eu não sabia explicar bem o que era, porque, por mais que meus olhos vissem, era como se não fosse real. sempre me disse que existia algo que ficava nas sombras, que o assustava e que o machucava. Conseguia ver o pavor em seus olhos verdes todas as vezes que me contava isso e nunca o questionei sobre aquilo ser mentira. Seu corpo às vezes aparecia com machucados, hematomas, arranhões que não davam para ser feitos por suas mãos. Desde criança era assim. Sua mãe contava que sempre chorava demais quando ela apagava as luzes e quando voltava ele estava com algum tipo de machucado. Os médicos falavam que ele tinha púrpura trombocitopênica imunológica, mas os tratamentos nunca funcionavam. Até o dia que estávamos na casa dos meus pais e a luz acabou. Eu nunca tinha visto tão apavorado em toda a minha vida. E antes que conseguisse achar qualquer coisa para iluminar o lugar, seu braço tinha sido cortado, não um simples arranhado, como se tivesse esbarrado na quina de algum móvel, eram cinco, um seguido do outro, como se alguém o tivesse arranhado com garras. Aquilo não era uma doença, aquilo era outra coisa. Tinha certeza disso.
Então eu acreditava que sobrenatural poderia existir.
Já estava quase amanhecendo e meus olhos não estavam aguentando mais ler e assimilar o que estava escrito nas infinitas folhas que imprimi, porque depois de um tempo eu não tinha mais dado conta de olhar para a tela do meu notebook. Então achei uma lenda bastante interessante. A caçada selvagem. Cavaleiros fantasmas que vinham através da tempestade, montados em seus cavalos, trazendo presságios de guerra, peste ou a morte de quem a testemunhasse. As pessoas que se deparam com a caçada ou até mesmo com um dos cavaleiros eram levadas para o submundo e também podiam simplesmente se juntar a eles.
Eu já ia descartar aquilo, quando achei outro artigo falando mais sobre o assunto, um maior e mais detalhado que contava como a caçada selvagem podia ser invocada e se você os ajudar, isso pode lhe trazer boa sorte, recompensas materiais e até mesmo poder. Aquilo me deu um arrepio, mas continuei lendo. Quem entrasse em seu caminho seria levado ao esquecimento e sua existência seria totalmente apagada, sem deixar nenhum rastro.
— É isso! — Berrei de forma lunática, já me levantando da cadeira em um rompante. — O que levou foi um cavaleiro fantasma! — Ao falar aquilo em voz alta, percebi o quanto era problemático. — Eu preciso dormir. — Declarei por fim, soltando as folhas em cima da mesa.
Passei a mão em meu rosto e esfreguei meus olhos, me sentindo cansado, então fui tomar um banho para ver se relaxava. Acabei que saí do banheiro e me joguei na cama enrolado em minha toalha e dormi todo molhado mesmo. E como se já não imaginasse o que iria acontecer, eu sonhei com aquela loucura toda. Com , as lendas, os cavaleiros fantasmas, o cheiro horrível que ainda podia sentir. Então eu vi uma menina nos meus sonhos. Morena, cabelos escuros e um belo sorriso. Ela estava com meu amigo. Seria ? Certamente apenas mais uma alucinação da minha mente.
Não demorou muito para que meus olhos se abrissem e senti um cheiro de comida pelo ar. Me virei na cama e um braço estava em volta da minha cintura, um corpo atrás de mim. Olhei para baixo, reconhecendo as tatuagens de no mesmo instante, me fazendo unir as sobrancelhas, não entendendo o que estava fazendo no meu apartamento depois de ter me chamado de drogado na noite passada.
— Me desculpa. — Sua voz saiu abafada contra meu ombro e meus olhos se fecharam com a sensação que senti. Foi um arrepio misturado e logo meu corpo relaxou, deixando apenas meu coração acelerado por conta daquele contato. — Eu acredito em você. — Seu braço me apertou um pouco e seu rosto se escondeu no meio das minhas costas, me fazendo suspirar bem baixinho. — Mas não acredito em E.T.s. — Acabei rindo fraco e ele fez o mesmo.
— A teoria deles é ótima. — rebati com um humor um pouco melhor. — Você leu as coisas que estão na minha mesa, né? — apenas concordou com a cabeça. — O que você acha?
— A do efeito borboleta me parece boa, mas a da caçada selvagem me chamou mais atenção. — Confessou, então me virei o encarando, nós estávamos perto demais agora. — Você sabe que essas coisas existem. — Suspirei e olhei a cicatriz em seu braço, a qual ele puxou a manga curta da camisa, cobrindo um pedacinho. — Me fala quem era e o que ele era seu? — Seu tom de voz tinha saído estranho, mas não quis questionar o que tinha de errado.
— era nosso melhor amigo. — Deixei meus olhos se fecharem um pouco, ainda conseguindo lembrar dele, mas não era muita coisa agora.
— Só amigo? — Sua pergunta fez meus olhos abrirem na mesma hora. — O jeito que você está... Não parece que ele era só amigo.
— O que você está insinuando, ? — Questionei com meus olhos bem dentro dos dele, tentando entender aonde queria chegar com aquilo. — tinha uma namorada. Eu não era afim dele.
— Hm. — Soltou, se virando na cama. — Me fala mais dele.
— Ele era engraçado, fazia umas piadas bestas, mas era um ótimo amigo. Estava sempre com a gente, topava qualquer coisa e era bem carismático. Mas agora não estou conseguindo lembrar muito dele, as coisas estão sumindo. — Confessei, suspirando triste e passando as mãos em meu rosto, depois em meu cabelo, sentindo que ele estava totalmente bagunçado. — Você não se lembra de nada? — negou com a cabeça.
— Como que ele sumiu? — Voltou a se virar para mim, mas agora com um certo espaço. Contei o que houve. — E você ficou com raiva de mim por que perguntei quem ele era?
— Não. Você que ficou irritado quando disse para largar de ser idiota. Saiu todo putinho anunciando que a festa já tinha dado e me deu tchau. E eu fiquei lá com o , tentando entender o que estava acontecendo. — Ri um pouco, mas continuou bem sério. — O que foi?
— Nada. — Disse e se levantou. — Fiz o almoço, vem comer.
Pisquei meus olhos, não entendendo o que caralhos estava acontecendo para estar agindo daquele jeito. Às vezes me deixava louco, isso sim.
Chapter 4
Depois do almoço, fomos encontrar com e na lanchonete do Quinn, nós sempre nos reunimos lá. Levei tudo o que tinha conseguido achar sobre as lendas que eram mais plausíveis. Expliquei o que estava acontecendo, e no começo acharam que era loucura até verem as nossas fotos, sempre estava faltando alguém. Então eles começaram a comprar a minha ideia sobre e terem sidos apagados, mas só não entendemos o motivo pelo qual eu ainda conseguia lembrar do .
— Certamente deve ser porque fui a última pessoa a vê-lo, não sei. — Aquilo era realmente estranho.
— Se o foi apagado como você disse, o que aconteceu com a casa dele? — perguntou encarando nós três agora. — As coisas dele ainda devem estar lá. Você ainda lembra o endereço?
— Não faço ideia do que pode ter acontecido com a casa, mas sim, eu ainda lembro onde é, fica perto da nossa. — apontei para o enquanto falava. — Podemos ir lá ver o que aconteceu.
— Vamos lá, então. — disse se levantando rapidamente indo na frente com .
— . — me chamou e eu o olhei já juntando as folhas que estavam espalhadas sobre a mesa. — Se isso for real e a caçada selvagem existir... Você viu um deles quando levaram o , não é? — Então eu simplesmente parei o que estava fazendo. — Na teoria, virão te buscar e você será apagado como o e a . — Suas palavras fizeram cada parte do meu corpo gelar, porque eu ainda não tinha pensado sobre isso.
— Não fala isso com o , por favor. — Foi só o que pedi, olhando para , que estava pagando a conta com ao seu lado. — Cubra os espaços vazios que vão ficar nele. — Meu peito doeu com aquilo, porque eu não queria desaparecer.
— Deve haver algum jeito. Segunda a lenda, se oferecer algo aos cavaleiros, eles podem te dar algo em troca. — Rebateu, segurando as folhas que estavam em minhas mãos e as puxando, lendo uma delas. — Aqui... — Eu apenas coloquei minha mão sobre folha que suspendeu na minha frente. — ... Você não precisa desaparecer.
— O que eu tenho a oferecer para um bando de cavaleiros fantasmas que ceifam almas? — O perguntei com um tom baixo e triste. Os olhos castanhos de me encararam na mesma hora. — Só me prometa, . Cuida do por mim. — Meu amigo prendeu seus lábios em uma linha reta.
— Vou cuidar. — Prometeu por fim e apenas sorri triste para ele em forma de agradecimento.
— Já paguei. Vamos? — apareceu ali, se colocando entre nós. — Está tudo bem? — Como sempre, ele sabia me ler como ninguém.
— Sim, só estou um pouco cansado. — Declarei, pegando a folha da mão de e juntando com as outras, guardando tudo. — Vamos. — Chamei já indo na frente.
estava na porta esperando. Apenas passei por ele sem falar nada e caminhei em direção ao carro de , entrando no lado do carona. Enfiei os papéis no porta-luvas e deixei meu notebook no chão atrás do banco. Puxei um cigarro e comecei a fumar, sentindo meu corpo tremendo de leve com a ideia de que o próximo que seria apagado era eu.
Como que ficaria? Ele ainda se lembraria de mim do mesmo jeito que eu estava conseguindo lembrar de ? Ou só seria apagado da sua mente em um estalar de dedos? sentiria que estava faltando algo em sua vida? E se sim, tentaria se lembrar o que era? Buscaria alguma forma de se lembrar quem eu era? Aquilo estava me deixando louco.
entrou no lado do motorista e ficou me olhando por alguns segundos. Não falei nada, apenas continuei fumando dentro do carro fechado mesmo. Então ele abriu a janela assim que ligou o Hummer, fazendo a fumaça sair. e entraram no banco de trás também em silêncio. Será que tinha falado algo para ? Esperava que não.
Apenas estiquei meu braço e liguei o rádio do carro para que aquele silêncio mortal parecesse menos pior. Então saímos daquele estacionamento rumo ao bairro onde ainda morava com seus pais. Eu continuei fumando, olhando pela janela, tentando de forma incansável resgatar qualquer memória de que fosse. Não queria que ele se apagasse da minha mente, assim como também não queria que eu desaparecesse da de quando fosse acontecer a mesma coisa comigo.
— Aqui! — Disse de repente quando passou na frente de uma casa com gnomos jardim. — mora aqui. — Isso fez meu amigo estacionar mais para frente.
Desci do carro rapidamente e apaguei o cigarro no solado da minha bota, jogando a guimba em um latão de lixo que tinha no meu caminho. Segui apressado pela calçada, ouvindo os passos dos meninos atrás de mim, e parei na frente da casa, a olhando.
— Vocês lembram de algo? — Perguntei, porque todos nós já tínhamos estado ali antes.
— Não. — foi o primeiro a falar, seguido de e . — Será que eles ainda lembram do ?
— Só tem um jeito de descobrir. — disse passando na frente e caminhou até a porta da casa, tocando a campainha. Nós fomos atrás rapidamente e logo a porta se abriu. — Oi, boa tarde. Você é a... — Houve uma pausa, sabia que ele não estava se lembrando do nome dela.
— Daisy. — Falei, já dando um passo para frente, a reconhecendo ainda.
— Vocês são... — Quis saber.
— Daisy, quem está aí? É ele? — Ouvi a voz de Lottie perto. — ! — Soltou assim que me viu, então me abraçou, soltando rapidamente depois. — Me fala que você lembra do . — Pediu de forma desesperada, e eu olhei para os meninos. — Estava tentando te ligar, mas seu número sumiu. — Aquilo me fez engolir em seco.
— Ainda lembro. — Contei a ela, voltando a encará-la, mas não falando nada sobre meu número ter sumido. Estaria começando?
— Pronto, outro maluco. Era só o que faltava, se já não bastasse você enchendo o meu saco com esse tal de . Nós nunca tivemos um irmão. — Daisy soltou bem contrariada e saiu andando.
— Ninguém aqui lembra do . — Anunciou Lottie de forma triste. — Vocês lembram? — Olhou para os meninos.
— Não. Ninguém mais lembra dele, só eu, e acho que sei o que aconteceu. Nós podemos ver as coisas dele? — Falei e sua mão segurou a minha, me puxando para dentro.
— Preciso te mostrar, você não vai acreditar. — Anunciou, me levando até as escadas.
Olhei para os caras que já vinham atrás de nós, apressados. Então subimos até o sótão onde ficava o quarto de , e quando chegamos, fiquei parado, olhando aquilo. Tudo estava vazio e empoeirado como se ninguém nunca tivesse morado ali. Lottie me encarou com os olhos lustrosos.
— Quando eu cheguei aqui de manhã para visitar nosso pai e meus irmãos, notei a falta de , então achei que ainda estivesse dormindo. Subi para assustar ele, mas quando entrei aqui, não tinha nada. — Disse, já começando a chorar, então se aproximou, lhe dando um abraço. — Desci olhando os outros quartos, porque ele podia ter decidido ficar com o meu, mas só tinha as coisas de Daisy e Phoebe. — Abraçou meu amigo com força, escondendo o rosto em seu ombro. — Então perguntei ao nosso pai onde estava e ele perguntou quem era . Pensei que era uma piada, mas depois percebi que não. O que está acontecendo? Por que ninguém lembra do ?
me encarou, como se pedisse para não falar sobre a nossa teoria maluca sobre a Caçada Selvagem. Mas o que eu poderia fazer? Lottie era a única além de mim que lembrava do . Ela precisava estar inteirada do que achávamos que estava acontecendo. Então contei o que sabíamos e isso fez com que a mulher nos expulsasse da casa dos Tomlinson à base dos berros, falando que estávamos brincando com a cara dela, que se não íamos ajudar, que deveríamos ir embora e não voltar mais.
— Eu sabia que não era para ter dito nada. — começou, já me encarando irritado. — O que vamos fazer agora? Não temos como provar que o existe. — Por um segundo, pisquei meus olhos.
— Quem? — Perguntei sem saber do que estava falando.
— O , . — Meu amigo voltou a repetir o mesmo nome e eu continuei o olhando do mesmo jeito. — Merda. Você esqueceu. — Concluiu e me falou tudo o que estava rolando. — Se lembrou dele agora?
— Não. Mas, OK. Nós sabemos que ele é nosso amigo, agora precisamos descobrir como fazer para trazê-lo de volta. — Disse por fim. Porque não importava que eu não me lembrasse mais dele, e sim quem ele era para nós. Alguém importante.
— Eu sei que vai parecer estranho, mas a minha avó é bruxa. — confessou do nada, coçando a nuca. — Ela talvez saiba como ajudar.
— Está falando sério? — Perguntei rindo fraco. — Por que não falou isso antes? Vamos falar com ela.
— Não é algo que meus pais gostam que eu fique contando por aí, eles acham que as pessoas vão ficar com medo de nós. — Admitiu fazendo uma careta. — Eu vou ligar para ela e avisar que estamos indo, mas estou com fome. Podemos passar em algum lugar para comer algo antes de irmos? — pediu, já tirando um olhar nervoso de .
— Por que você não comeu quando estávamos no Quinn? — bufou de leve, revirando os olhos. — OK, a gente para em um posto, eu preciso colocar gasolina mesmo.
— Você está nervoso desde ontem. O que está pegando? Você não é assim. — Perguntei, já puxando meu amigo para irmos andando na frente.
— Nada, . Eu só estou estressado com os trabalhos da faculdade. — Respondeu desviando o olhar e entrou em seu Hummer.
Ele estava mentindo. Mentindo para mim na maior cara deslavada do mundo! Dei a volta e entrei no lado do carona, puxando seu rosto para que me encarasse, deixando seus olhos verdes se afundassem nos meus tons escuros. parecia claramente incomodado com algo e eu estava pronto para questionar o que estava realmente rolando quando brotou na janela, assustando a gente.
— Minha avó disse que está nos esperando. Vamos! — Contou todo contente.
entrou no banco de trás e fez a mesma coisa. Não falei nada com , depois conversava com ele quando estivéssemos sozinhos. Aquilo não ia ficar daquele jeito. Não mesmo. nunca foi de perder a paciência com facilidade e agora estava ali daquele jeito, todo nervosinho por nada.
Antes de irmos para a casa da avó de , parou no posto para abastecer. Avisei que ia ao banheiro enquanto foi comprar alguma coisa para comer. Desci do carro rapidamente. Já tinha anoitecido e agora começava a ventar forte. Iríamos pegar chuva na estrada e o humor lindo do o faria reclamar a viagem inteira. Já estava até vendo.
Entrei no banheiro e fui mijar. Assim que terminei, fui lavar as mãos e quando me olhei no espelho tudo dentro de mim parou. O mesmo homem de ontem estava ali. Ele não tinha um rosto, em seus olhos existiam apenas dois buracos e seu nariz era que nem o de Voldemort, e não tinha boca, era liso. Seu cabelo era grande e sujo. O cheiro de morte tomou meu nariz, me fazendo querer vomitar de novo.
Não pensei muito, apenas saí correndo quando deu um passo para frente, já vindo em minha direção. Empurrei a porta do banheiro, avistando na geladeira de bebidas, e já o puxei pelo casaco para sair correndo dali, mas meu amigo arrancou minhas mãos em seu braço.
— Está louco, cara? — Perguntou me olhando feio.
— , ele está aqui! O cavaleiro fantasma! — Avisei já vendo o sujeito saindo do banheiro em passos lentos.
— O quê? Cara, eu não sei o que você usou, mas é da boa. — Ignorei aquilo que falou e tentei puxá-lo de novo. — Me solta, eu nem te conheço! — Disse me afastando dele e meus olhos se arregalaram.
— Merda. — Me virei e saí correndo, já encontrando de pé no caixa, pagando a gasolina e algumas coisas que tinha comprado para comer. — , eles estão aqui.
— Desculpa, mas eu te conheço? — Perguntou com seu jeito doce e delicado de sempre.
— Não. Não. Não. — Falei nervoso. Aquilo não estava acontecendo!
— Calma. Você precisa de algo? — Quis saber, tocando meu ombro de leve e me olhando de forma preocupada.
— Foge. — Mandei, correndo para fora da loja e avisando parado do lado do carro. — ! — Chamei e seus olhos de esmeralda me encontraram. — Pelo amor de Deus. Você lembra de mim? — Questionei, sentindo meus olhos arderem e todo o meu corpo tremer.
— , lembro. — Respondeu segurando minhas mãos. — Eu lembro de você. — O segurei de volta com força.
— Eles estão aqui, . Eles vão me levar. — Avisei, sentindo o vento forte batendo em nós, até que ouvi o relincho de um cavalo, me fazendo olhar na direção em que ele vinha. — Você está vendo? — Perguntei encarando outro cavaleiro na entrada do posto em cima de um cavalo enquanto começava a trovejar forte.
— Vendo o quê? Não estou vendo nada. — olhou para os lados e depois me encarou. — Eles não vão te levar. Não vão. — Me segurou com mais força.
— Não. Você não entende. Eles vão me levar. Você precisa fugir. Se os vir quando me levarem, você será o próximo. — Contei, sentindo meu peito doer com aquilo. — Você não pode ser apagado também.
— Minha existência não vale nada sem a sua. — Rebateu, levando uma de suas mãos até meu rosto. — Eles vão ter que me levar junto. Eu não vou te deixar, . — Senti um par de lágrimas descerem pelo meu rosto e seus dedos as secaram rapidamente. Apenas neguei com a cabeça. — Eu não vou fugir disso também, . — Seus lindos olhos verdes estavam cheios d'água.
— Eu não quero ser apagado, . — Meus dedos apertaram seus braços mais um pouco. — E não quero que você seja apagado também. — Então o puxei para entrarmos dentro do carro rapidamente. e apareceram, não entendendo nada. — Se escondam! — Mandei, entrando no lado do motorista.
entrou no lado do carona e eu dei partida cantando pneus, mas parei antes mesmo de sair do posto, porque mais cavaleiros apareceram em seus cavalos, bloqueando a passagem. Então empurrei para sairmos dali e já dei a volta no Hummer, o pegando pela mão. Começamos a correr para fora do posto, indo em direção a um prédio que estava em construção do outro lado da rua. Começou a chover muito forte e a trovejar demais, me deixando até meio surdo por causa do barulho estridente.
Os holofotes da obra me cegaram um pouco, mas aquilo não me fez parar. Nós corríamos sem olhar para trás, até que um raio bateu bem na nossa frente, fazendo com que caíssemos no chão, e acabei batendo a cabeça em alguma coisa, já sentindo o sangue descendo pela lateral de meu rosto. Abri meus olhos me sentindo tonto e olhei para , que parecia estar bem e me puxava para cima com força naquele momento. Quando fomos correr para finalmente conseguirmos chegar no prédio, vi um cavaleiro na minha frente. Então segurei meu melhor amigo para que não fôssemos por ali. Me virei para nos guiar para outro lugar, mas tinha outro cavaleiro no caminho. Olhei em volta, vendo que estávamos cercados. Voltei a encarar , me virando e segurando sua mão com mais força, levando a outra até a lateral de seu rosto para que não olhasse para eles, para que me encarasse apenas. Não deixaria que fosse levado também.
— Não olha, por favor. — Pedi, fazendo com que me encarasse. — Fica olhando nos meus olhos. Me prometa que vai tentar se lembrar de mim.
— Não, . Você não vai desaparecer. — Ele se virou segurando minha outra mão que estava sobre seu rosto e fechando os olhos brevemente.
— Eu vou ser apagado, . Que nem o , você não vai se lembrar de mim. Você vai se esquecer. — Não adiantava mais ficar nos enganando com aquilo e eu tentava não chorar.
Seus olhos verdes se abriram, eles eram tão lindos. Desejava ter morado deles pelo tempo que tinha ficado aqui, mas agora já era tarde demais, não me restava mais nada a não ser apreciar aqueles pequenos segundos que ainda tinha.
— Eu não vou te esquecer, . Você não vai ser apagado. Eu não posso viver sem você. Não fala isso. Me leva contigo se for para ser assim, mas não me deixa aqui sozinho. Eu preciso de você. — Implorava segurando minhas mãos com mais força ainda.
Sabia que ele começava a chorar mesmo que suas lágrimas estivessem se perdendo na chuva e desejei apanhar cada uma pelas pela última vez. Me aproximei e encostei minha testa na sua tentando respirar fundo, tentando manter a calma, porque não queria assustado daquele jeito, apavorado, tremendo, queria poder tirar aqueles sentimentos ruins dele. Então, ali, no meio da tempestade, com seu rosto perto do meu, com nossas respirações pesadas se misturando, a frase do Android Roy para Deckard, em Blade Runner pareceu fazer total sentido naquele momento: "Todos esses momentos vão se perder no tempo como lágrimas na chuva." Aquilo também seria apagado de sua memória como todo o resto que continha a minha existência enquanto eu só desejava que aqueles segundos ficassem gravados em nós.
— Por favor, . Não faz isso comigo. Não me deixa. Você não pode sumir da minha mente, muito menos da minha vida. — Tentou segurar o choro, mas não conseguia, o soluço tomava sua garganta.
— Fica calmo. Está tudo bem. — Sorri de leve, sentindo meu peito se partindo com aquilo, com suas palavras, vendo suas lágrimas que sabia que estavam descendo por minha causa. Eu também não queria aquilo, mas era inevitável. — Você vai me esquecer, . Mas, por favor, tenta achar um jeito de se lembrar de mim para preencher as lacunas que vão ficar. — Pedi, segurando o máximo o meu choro que agora estava me sufocando. Senti ele negando com a cabeça, não querendo encarar a verdade. Por favor, , não torne isso mais difícil. — Tenta se lembrar que fui eu quem te deu a sua primeira lanterna. — Aquilo o fez soltar um soluço junto de um choro mais alto e suas mãos me seguravam tão forte que chegava a doer. — Se lembre que a luz da minha casa sempre vai estar acesa para você. — Eu não consegui segurar as lágrimas que desceram agora rasgando minha pele, me recordando que mesmo quando ele não estava lá, alguma luz estava acesa. — Se lembre que sempre acreditei em você. — Minha mão soltou a sua e segurei seu braço onde tinha a cicatriz daquele arranhado, o qual sempre odiou, então apertei o local com força. — Se lembre que eu te amo, . Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado. — Contei finalmente o que sentia por ele, segurando a sua mão com toda a minha força, sentindo meu coração batendo muito rápido e de forma intensa dentro de mim.
Senti algo enlaçando minha cintura com extrema força me puxando para trás de forma bruta, me roubando o ar e um grito com o nome do . Minhas mãos escorregaram do corpo dele, mas ainda tentou me segurar enquanto berrava pelo meu nome de volta, agarrando meu pulso na tentativa falha de me salvar, mas a minha pulseira de olho de tigre feita de bolinhas fez seus dedos escorregarem. E naquele momento, ainda olhando em seus tons de esmeraldas no meio daquela tempestade, fui levado para o esquecimento. Então desejei uma única coisa...
Por favor, lembre-se de mim.
— Certamente deve ser porque fui a última pessoa a vê-lo, não sei. — Aquilo era realmente estranho.
— Se o foi apagado como você disse, o que aconteceu com a casa dele? — perguntou encarando nós três agora. — As coisas dele ainda devem estar lá. Você ainda lembra o endereço?
— Não faço ideia do que pode ter acontecido com a casa, mas sim, eu ainda lembro onde é, fica perto da nossa. — apontei para o enquanto falava. — Podemos ir lá ver o que aconteceu.
— Vamos lá, então. — disse se levantando rapidamente indo na frente com .
— . — me chamou e eu o olhei já juntando as folhas que estavam espalhadas sobre a mesa. — Se isso for real e a caçada selvagem existir... Você viu um deles quando levaram o , não é? — Então eu simplesmente parei o que estava fazendo. — Na teoria, virão te buscar e você será apagado como o e a . — Suas palavras fizeram cada parte do meu corpo gelar, porque eu ainda não tinha pensado sobre isso.
— Não fala isso com o , por favor. — Foi só o que pedi, olhando para , que estava pagando a conta com ao seu lado. — Cubra os espaços vazios que vão ficar nele. — Meu peito doeu com aquilo, porque eu não queria desaparecer.
— Deve haver algum jeito. Segunda a lenda, se oferecer algo aos cavaleiros, eles podem te dar algo em troca. — Rebateu, segurando as folhas que estavam em minhas mãos e as puxando, lendo uma delas. — Aqui... — Eu apenas coloquei minha mão sobre folha que suspendeu na minha frente. — ... Você não precisa desaparecer.
— O que eu tenho a oferecer para um bando de cavaleiros fantasmas que ceifam almas? — O perguntei com um tom baixo e triste. Os olhos castanhos de me encararam na mesma hora. — Só me prometa, . Cuida do por mim. — Meu amigo prendeu seus lábios em uma linha reta.
— Vou cuidar. — Prometeu por fim e apenas sorri triste para ele em forma de agradecimento.
— Já paguei. Vamos? — apareceu ali, se colocando entre nós. — Está tudo bem? — Como sempre, ele sabia me ler como ninguém.
— Sim, só estou um pouco cansado. — Declarei, pegando a folha da mão de e juntando com as outras, guardando tudo. — Vamos. — Chamei já indo na frente.
estava na porta esperando. Apenas passei por ele sem falar nada e caminhei em direção ao carro de , entrando no lado do carona. Enfiei os papéis no porta-luvas e deixei meu notebook no chão atrás do banco. Puxei um cigarro e comecei a fumar, sentindo meu corpo tremendo de leve com a ideia de que o próximo que seria apagado era eu.
Como que ficaria? Ele ainda se lembraria de mim do mesmo jeito que eu estava conseguindo lembrar de ? Ou só seria apagado da sua mente em um estalar de dedos? sentiria que estava faltando algo em sua vida? E se sim, tentaria se lembrar o que era? Buscaria alguma forma de se lembrar quem eu era? Aquilo estava me deixando louco.
entrou no lado do motorista e ficou me olhando por alguns segundos. Não falei nada, apenas continuei fumando dentro do carro fechado mesmo. Então ele abriu a janela assim que ligou o Hummer, fazendo a fumaça sair. e entraram no banco de trás também em silêncio. Será que tinha falado algo para ? Esperava que não.
Apenas estiquei meu braço e liguei o rádio do carro para que aquele silêncio mortal parecesse menos pior. Então saímos daquele estacionamento rumo ao bairro onde ainda morava com seus pais. Eu continuei fumando, olhando pela janela, tentando de forma incansável resgatar qualquer memória de que fosse. Não queria que ele se apagasse da minha mente, assim como também não queria que eu desaparecesse da de quando fosse acontecer a mesma coisa comigo.
— Aqui! — Disse de repente quando passou na frente de uma casa com gnomos jardim. — mora aqui. — Isso fez meu amigo estacionar mais para frente.
Desci do carro rapidamente e apaguei o cigarro no solado da minha bota, jogando a guimba em um latão de lixo que tinha no meu caminho. Segui apressado pela calçada, ouvindo os passos dos meninos atrás de mim, e parei na frente da casa, a olhando.
— Vocês lembram de algo? — Perguntei, porque todos nós já tínhamos estado ali antes.
— Não. — foi o primeiro a falar, seguido de e . — Será que eles ainda lembram do ?
— Só tem um jeito de descobrir. — disse passando na frente e caminhou até a porta da casa, tocando a campainha. Nós fomos atrás rapidamente e logo a porta se abriu. — Oi, boa tarde. Você é a... — Houve uma pausa, sabia que ele não estava se lembrando do nome dela.
— Daisy. — Falei, já dando um passo para frente, a reconhecendo ainda.
— Vocês são... — Quis saber.
— Daisy, quem está aí? É ele? — Ouvi a voz de Lottie perto. — ! — Soltou assim que me viu, então me abraçou, soltando rapidamente depois. — Me fala que você lembra do . — Pediu de forma desesperada, e eu olhei para os meninos. — Estava tentando te ligar, mas seu número sumiu. — Aquilo me fez engolir em seco.
— Ainda lembro. — Contei a ela, voltando a encará-la, mas não falando nada sobre meu número ter sumido. Estaria começando?
— Pronto, outro maluco. Era só o que faltava, se já não bastasse você enchendo o meu saco com esse tal de . Nós nunca tivemos um irmão. — Daisy soltou bem contrariada e saiu andando.
— Ninguém aqui lembra do . — Anunciou Lottie de forma triste. — Vocês lembram? — Olhou para os meninos.
— Não. Ninguém mais lembra dele, só eu, e acho que sei o que aconteceu. Nós podemos ver as coisas dele? — Falei e sua mão segurou a minha, me puxando para dentro.
— Preciso te mostrar, você não vai acreditar. — Anunciou, me levando até as escadas.
Olhei para os caras que já vinham atrás de nós, apressados. Então subimos até o sótão onde ficava o quarto de , e quando chegamos, fiquei parado, olhando aquilo. Tudo estava vazio e empoeirado como se ninguém nunca tivesse morado ali. Lottie me encarou com os olhos lustrosos.
— Quando eu cheguei aqui de manhã para visitar nosso pai e meus irmãos, notei a falta de , então achei que ainda estivesse dormindo. Subi para assustar ele, mas quando entrei aqui, não tinha nada. — Disse, já começando a chorar, então se aproximou, lhe dando um abraço. — Desci olhando os outros quartos, porque ele podia ter decidido ficar com o meu, mas só tinha as coisas de Daisy e Phoebe. — Abraçou meu amigo com força, escondendo o rosto em seu ombro. — Então perguntei ao nosso pai onde estava e ele perguntou quem era . Pensei que era uma piada, mas depois percebi que não. O que está acontecendo? Por que ninguém lembra do ?
me encarou, como se pedisse para não falar sobre a nossa teoria maluca sobre a Caçada Selvagem. Mas o que eu poderia fazer? Lottie era a única além de mim que lembrava do . Ela precisava estar inteirada do que achávamos que estava acontecendo. Então contei o que sabíamos e isso fez com que a mulher nos expulsasse da casa dos Tomlinson à base dos berros, falando que estávamos brincando com a cara dela, que se não íamos ajudar, que deveríamos ir embora e não voltar mais.
— Eu sabia que não era para ter dito nada. — começou, já me encarando irritado. — O que vamos fazer agora? Não temos como provar que o existe. — Por um segundo, pisquei meus olhos.
— Quem? — Perguntei sem saber do que estava falando.
— O , . — Meu amigo voltou a repetir o mesmo nome e eu continuei o olhando do mesmo jeito. — Merda. Você esqueceu. — Concluiu e me falou tudo o que estava rolando. — Se lembrou dele agora?
— Não. Mas, OK. Nós sabemos que ele é nosso amigo, agora precisamos descobrir como fazer para trazê-lo de volta. — Disse por fim. Porque não importava que eu não me lembrasse mais dele, e sim quem ele era para nós. Alguém importante.
— Eu sei que vai parecer estranho, mas a minha avó é bruxa. — confessou do nada, coçando a nuca. — Ela talvez saiba como ajudar.
— Está falando sério? — Perguntei rindo fraco. — Por que não falou isso antes? Vamos falar com ela.
— Não é algo que meus pais gostam que eu fique contando por aí, eles acham que as pessoas vão ficar com medo de nós. — Admitiu fazendo uma careta. — Eu vou ligar para ela e avisar que estamos indo, mas estou com fome. Podemos passar em algum lugar para comer algo antes de irmos? — pediu, já tirando um olhar nervoso de .
— Por que você não comeu quando estávamos no Quinn? — bufou de leve, revirando os olhos. — OK, a gente para em um posto, eu preciso colocar gasolina mesmo.
— Você está nervoso desde ontem. O que está pegando? Você não é assim. — Perguntei, já puxando meu amigo para irmos andando na frente.
— Nada, . Eu só estou estressado com os trabalhos da faculdade. — Respondeu desviando o olhar e entrou em seu Hummer.
Ele estava mentindo. Mentindo para mim na maior cara deslavada do mundo! Dei a volta e entrei no lado do carona, puxando seu rosto para que me encarasse, deixando seus olhos verdes se afundassem nos meus tons escuros. parecia claramente incomodado com algo e eu estava pronto para questionar o que estava realmente rolando quando brotou na janela, assustando a gente.
— Minha avó disse que está nos esperando. Vamos! — Contou todo contente.
entrou no banco de trás e fez a mesma coisa. Não falei nada com , depois conversava com ele quando estivéssemos sozinhos. Aquilo não ia ficar daquele jeito. Não mesmo. nunca foi de perder a paciência com facilidade e agora estava ali daquele jeito, todo nervosinho por nada.
Antes de irmos para a casa da avó de , parou no posto para abastecer. Avisei que ia ao banheiro enquanto foi comprar alguma coisa para comer. Desci do carro rapidamente. Já tinha anoitecido e agora começava a ventar forte. Iríamos pegar chuva na estrada e o humor lindo do o faria reclamar a viagem inteira. Já estava até vendo.
Entrei no banheiro e fui mijar. Assim que terminei, fui lavar as mãos e quando me olhei no espelho tudo dentro de mim parou. O mesmo homem de ontem estava ali. Ele não tinha um rosto, em seus olhos existiam apenas dois buracos e seu nariz era que nem o de Voldemort, e não tinha boca, era liso. Seu cabelo era grande e sujo. O cheiro de morte tomou meu nariz, me fazendo querer vomitar de novo.
Não pensei muito, apenas saí correndo quando deu um passo para frente, já vindo em minha direção. Empurrei a porta do banheiro, avistando na geladeira de bebidas, e já o puxei pelo casaco para sair correndo dali, mas meu amigo arrancou minhas mãos em seu braço.
— Está louco, cara? — Perguntou me olhando feio.
— , ele está aqui! O cavaleiro fantasma! — Avisei já vendo o sujeito saindo do banheiro em passos lentos.
— O quê? Cara, eu não sei o que você usou, mas é da boa. — Ignorei aquilo que falou e tentei puxá-lo de novo. — Me solta, eu nem te conheço! — Disse me afastando dele e meus olhos se arregalaram.
— Merda. — Me virei e saí correndo, já encontrando de pé no caixa, pagando a gasolina e algumas coisas que tinha comprado para comer. — , eles estão aqui.
— Desculpa, mas eu te conheço? — Perguntou com seu jeito doce e delicado de sempre.
— Não. Não. Não. — Falei nervoso. Aquilo não estava acontecendo!
— Calma. Você precisa de algo? — Quis saber, tocando meu ombro de leve e me olhando de forma preocupada.
— Foge. — Mandei, correndo para fora da loja e avisando parado do lado do carro. — ! — Chamei e seus olhos de esmeralda me encontraram. — Pelo amor de Deus. Você lembra de mim? — Questionei, sentindo meus olhos arderem e todo o meu corpo tremer.
— , lembro. — Respondeu segurando minhas mãos. — Eu lembro de você. — O segurei de volta com força.
— Eles estão aqui, . Eles vão me levar. — Avisei, sentindo o vento forte batendo em nós, até que ouvi o relincho de um cavalo, me fazendo olhar na direção em que ele vinha. — Você está vendo? — Perguntei encarando outro cavaleiro na entrada do posto em cima de um cavalo enquanto começava a trovejar forte.
— Vendo o quê? Não estou vendo nada. — olhou para os lados e depois me encarou. — Eles não vão te levar. Não vão. — Me segurou com mais força.
— Não. Você não entende. Eles vão me levar. Você precisa fugir. Se os vir quando me levarem, você será o próximo. — Contei, sentindo meu peito doer com aquilo. — Você não pode ser apagado também.
— Minha existência não vale nada sem a sua. — Rebateu, levando uma de suas mãos até meu rosto. — Eles vão ter que me levar junto. Eu não vou te deixar, . — Senti um par de lágrimas descerem pelo meu rosto e seus dedos as secaram rapidamente. Apenas neguei com a cabeça. — Eu não vou fugir disso também, . — Seus lindos olhos verdes estavam cheios d'água.
— Eu não quero ser apagado, . — Meus dedos apertaram seus braços mais um pouco. — E não quero que você seja apagado também. — Então o puxei para entrarmos dentro do carro rapidamente. e apareceram, não entendendo nada. — Se escondam! — Mandei, entrando no lado do motorista.
entrou no lado do carona e eu dei partida cantando pneus, mas parei antes mesmo de sair do posto, porque mais cavaleiros apareceram em seus cavalos, bloqueando a passagem. Então empurrei para sairmos dali e já dei a volta no Hummer, o pegando pela mão. Começamos a correr para fora do posto, indo em direção a um prédio que estava em construção do outro lado da rua. Começou a chover muito forte e a trovejar demais, me deixando até meio surdo por causa do barulho estridente.
Os holofotes da obra me cegaram um pouco, mas aquilo não me fez parar. Nós corríamos sem olhar para trás, até que um raio bateu bem na nossa frente, fazendo com que caíssemos no chão, e acabei batendo a cabeça em alguma coisa, já sentindo o sangue descendo pela lateral de meu rosto. Abri meus olhos me sentindo tonto e olhei para , que parecia estar bem e me puxava para cima com força naquele momento. Quando fomos correr para finalmente conseguirmos chegar no prédio, vi um cavaleiro na minha frente. Então segurei meu melhor amigo para que não fôssemos por ali. Me virei para nos guiar para outro lugar, mas tinha outro cavaleiro no caminho. Olhei em volta, vendo que estávamos cercados. Voltei a encarar , me virando e segurando sua mão com mais força, levando a outra até a lateral de seu rosto para que não olhasse para eles, para que me encarasse apenas. Não deixaria que fosse levado também.
— Não olha, por favor. — Pedi, fazendo com que me encarasse. — Fica olhando nos meus olhos. Me prometa que vai tentar se lembrar de mim.
— Não, . Você não vai desaparecer. — Ele se virou segurando minha outra mão que estava sobre seu rosto e fechando os olhos brevemente.
— Eu vou ser apagado, . Que nem o , você não vai se lembrar de mim. Você vai se esquecer. — Não adiantava mais ficar nos enganando com aquilo e eu tentava não chorar.
Seus olhos verdes se abriram, eles eram tão lindos. Desejava ter morado deles pelo tempo que tinha ficado aqui, mas agora já era tarde demais, não me restava mais nada a não ser apreciar aqueles pequenos segundos que ainda tinha.
— Eu não vou te esquecer, . Você não vai ser apagado. Eu não posso viver sem você. Não fala isso. Me leva contigo se for para ser assim, mas não me deixa aqui sozinho. Eu preciso de você. — Implorava segurando minhas mãos com mais força ainda.
Sabia que ele começava a chorar mesmo que suas lágrimas estivessem se perdendo na chuva e desejei apanhar cada uma pelas pela última vez. Me aproximei e encostei minha testa na sua tentando respirar fundo, tentando manter a calma, porque não queria assustado daquele jeito, apavorado, tremendo, queria poder tirar aqueles sentimentos ruins dele. Então, ali, no meio da tempestade, com seu rosto perto do meu, com nossas respirações pesadas se misturando, a frase do Android Roy para Deckard, em Blade Runner pareceu fazer total sentido naquele momento: "Todos esses momentos vão se perder no tempo como lágrimas na chuva." Aquilo também seria apagado de sua memória como todo o resto que continha a minha existência enquanto eu só desejava que aqueles segundos ficassem gravados em nós.
— Por favor, . Não faz isso comigo. Não me deixa. Você não pode sumir da minha mente, muito menos da minha vida. — Tentou segurar o choro, mas não conseguia, o soluço tomava sua garganta.
— Fica calmo. Está tudo bem. — Sorri de leve, sentindo meu peito se partindo com aquilo, com suas palavras, vendo suas lágrimas que sabia que estavam descendo por minha causa. Eu também não queria aquilo, mas era inevitável. — Você vai me esquecer, . Mas, por favor, tenta achar um jeito de se lembrar de mim para preencher as lacunas que vão ficar. — Pedi, segurando o máximo o meu choro que agora estava me sufocando. Senti ele negando com a cabeça, não querendo encarar a verdade. Por favor, , não torne isso mais difícil. — Tenta se lembrar que fui eu quem te deu a sua primeira lanterna. — Aquilo o fez soltar um soluço junto de um choro mais alto e suas mãos me seguravam tão forte que chegava a doer. — Se lembre que a luz da minha casa sempre vai estar acesa para você. — Eu não consegui segurar as lágrimas que desceram agora rasgando minha pele, me recordando que mesmo quando ele não estava lá, alguma luz estava acesa. — Se lembre que sempre acreditei em você. — Minha mão soltou a sua e segurei seu braço onde tinha a cicatriz daquele arranhado, o qual sempre odiou, então apertei o local com força. — Se lembre que eu te amo, . Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado. — Contei finalmente o que sentia por ele, segurando a sua mão com toda a minha força, sentindo meu coração batendo muito rápido e de forma intensa dentro de mim.
Senti algo enlaçando minha cintura com extrema força me puxando para trás de forma bruta, me roubando o ar e um grito com o nome do . Minhas mãos escorregaram do corpo dele, mas ainda tentou me segurar enquanto berrava pelo meu nome de volta, agarrando meu pulso na tentativa falha de me salvar, mas a minha pulseira de olho de tigre feita de bolinhas fez seus dedos escorregarem. E naquele momento, ainda olhando em seus tons de esmeraldas no meio daquela tempestade, fui levado para o esquecimento. Então desejei uma única coisa...
Por favor, lembre-se de mim.
Chapter 5
Então me obriguei a sair daquela cama e fui para o banheiro. Fiquei parado, me encarando no espelho. Minha cara estava péssima, parecia que tinha chorado a noite inteira, ou que tinha tomado um puta porre, e agora estava de ressaca. Passei a mão em meu rosto e depois em meu cabelo, o puxando para trás, até que meus dedos desceram e tocaram aquela cicatriz que tanto odiava em meu braço. Senti um arrepio forte me tomar quando minha palma se colocou sobre as linhas grossas e claras.
Fiquei com uma impressão de que tinha me esquecido de alguma coisa, como se tivesse que fazer algo, mas não me lembrava o que era, e meus dedos apenas apertaram minha pele com certa força. Então o arrepio correu de novo, dessa vez por minha coluna e de forma intensa, fazendo o resto do meu corpo ficar da mesma maneira.
Aquela sensação era horrível.
Liguei a água e tirei minha roupa. Mandei um comando para minha assistente de voz começar a tocar minha lista de músicas curtidas no Spotify. Então entrei no box deixando a água quente inundando meu corpo como se fosse preencher as partes que pareciam estar faltando, mas nem toda a água do mundo seria capaz de fazer aquilo, eu sentia. Fechei meus olhos soltando o ar de um jeito mórbido.
Um cover meio dark de Riders On The Storm começou a tocar, me fazendo erguer a cabeça e abrir meus olhos, não me lembrando de ter salvado aquela música. Eu nem curtia The Doors, mas de alguma forma bizarra a letra saía perfeitamente pelos meus lábios, como se tivesse ouvido aquela canção toda a minha vida.
Riders on the storm there's a killer on the road
His brain is squirming like a toad
Viajantes na tempestade. Aquilo parecia uma coceira em meu cérebro. As palavras ficavam rebatendo dentro da minha mente, como se me deixasse mais perturbado do que eu já era. Aquela sensação estava ficando cada vez pior, e logo minhas mãos esfregaram meu rosto na tentativa de fazer com que tudo parasse, mas parecia ser impossível. Estava dentro de mim, e não do lado de fora. Não eram como as sombras que sumiam quando as luzes se acendiam. Não tinha como tirar aquilo. Precisava ocupar minha mente com qualquer coisa.
Acabei meu banho rapidamente, me sequei e me arrumei com pressa, querendo sair de casa o quanto antes, como se o problema fosse estar ali. Peguei a chave do meu Hummer e saí de casa sem dar bom-dia para ninguém. Sentia que meu estresse estava me consumindo e iria acabar brigando com meus pais e minha irmã por nada.
Dirigi para a faculdade fazendo o caminho mais longo, e só me toquei disso depois que já tinha pegado outra rua passando pelo centro da cidade em vez de ir por fora. Então aproveitei e passei na cafeteria para comprar algo para mim e os meninos. Fiz o pedido em uma cabina e depois fui até a outra, pegando o que tinha comprado.
— Desculpa, mas meu pedido está errado. — declarei apontando para os cinco copos de café na bandeja. — Eu só pedi um expresso duplo, frapuccino e um moca. Não pedi o capuccino e nem o chocolate. — informei e olhei dentro da sacola vendo a quantidade de donuts que tinha ali dentro. — E nem isso tudo de donuts. — a menina pegou os pedidos de volta.
— O seu pedido está certo. Está tudo na nota. Quer devolver? — perguntou em uma má vontade enorme, mascando aquele chiclete de boca aberta.
— Não. Deixa para lá. — coloquei as coisas no banco do carona e fui embora antes que discutisse com a atendente.
Fui para a faculdade e quando passei pela porta da frente, parei, olhando todo mundo, encarado e já sentados na escada que levava para o segundo andar. Fiquei olhando para eles ainda com aquela sensação de vazio, mas voltei a andar, indo até meus amigos. Tudo estava normal, mas parecia que faltava alguma coisa. Estendi a bandeja de papel com os cafés para eles, e os dois me olharam unindo as sobrancelhas.
— O pedido veio errado. — falei logo para não perguntarem muito.
— Quem toma chocolate quente logo de manhã? Isso dá caganeira. — soltou, tirando uma risada nossa enquanto pegava seu moca. — , você veio decidido a alimentar um batalhão hoje? Olha o quanto de donuts tem aqui dentro. — comentou olhando dentro da sacola. — O bom é que eu estava com fome mesmo. — disse já pegando um de chocolate.
— Você deveria me beijar por estar te alimentando. — pisquei um olho para ele, rindo um pouco.
— Vem cá, então. — chamou e até me aproximei mesmo, mas deu um tapa na minha testa.
— Nem são sete da manhã ainda e eu não vou ficar de vela. Vocês se acalmem um pouco. — mandou como se tivesse bravinho, mas acabou rindo.
— Poxa, . Você podia tapar os olhos. — brinquei com ele, e nós três rimos. — , você tem cigarro aí? — pedi, estava ficando com vontade de fumar que nem sabia de onde aquilo vinha.
— Ué, . Eu não fumo. — disse rindo fraco me fazendo unir as sobrancelhas. — E desde quando você fuma também? — pisquei meus olhos para meu amigo.
— Ah, para, . Quando então você parou? — quis saber enquanto o olhava meio confuso. — E eu fumo às vezes.
— Nunca, porque eu nunca comecei. — rebateu me olhando sério agora com aquilo tentando me entender.
— Então, vocês acreditam que minha avó me ligou ontem rogando pragas porque eu disse que ia na casa dela e não apareci? — mudou totalmente de assunto, fazendo com que o olhássemos.
— Mas nem tinha como ir na sua avó ontem. Teve uma tempestade de rádios, era perigoso pegar a estrada. — falei unindo as sobrancelhas e finalmente tomando meu café que já começava a ficar frio.
— Sim. Doida ela. — rolou os olhos.
— Eu vou indo para a sala, preciso fazer algo antes. No intervalo, eu vejo vocês no refeitório. — avisou, já se levantando da escada e acenando para nós com a cabeça, porque suas mãos estavam ocupadas com vários donuts e seu moca.
— Beleza. — eu e falamos juntos, acenando.
— Você está bem, ? — meu amigo me perguntou, mas não o olhei, apenas fiquei rodando meu corpo de café na mão encarando os desenhos que tinham nele.
— Eu não sei, . — contei soltando um suspiro. — Não acordei bem hoje.
— Está sentindo uma sensação de solidão? — aquilo me fez encará-lo.
— É, algo assim. Como sabe? — meus olhos verdes se prenderam em seus tons azuis.
— Estou me sentindo assim desde ontem. — comentou suspirando de forma pesada e pegou um donuts, dando uma mordidinha nele. — Parece fome. — eu só consegui rir fraco daquilo.
— Sinto que deveria fazer algo, mas não consigo me lembrar o que é. — sussurrei olhando para o nada tentando me lembrar. — Minha mente está totalmente vaga. — tomei um grande gole de café.
— A gente podia fazer uma noite de filmes e jogos lá em casa hoje. O que acha? — sugeriu o que me fez apenas concordar com a cabeça. — Beleza, vou mandar uma mensagem para o .— já deixou seu frapuccino de lado e pegou o celular.
— Beleza. — levantei do degrau que estava sentado. — Eu vou indo para a sala. — avisei pegando a bandeja de cafés e o saco de donuts. — Vai querer? — ofereci.
— O donuts eu vou querer uns. — então deixei que pegasse. — Até o intervalo, .
— Até. — dei um pequeno sorriso de segui pelo corredor.
Fui caminhando lentamente, tomando o resto do meu café que já estava até ruim por ter esfriado, mas me manteria acordado pelo menos. Até que parei na frente de uma sala, vendo a turma de história ali dentro já se preparando para a aula. Fiquei ali parado por alguns, com aquele vazio se revirando dentro de mim e com uma sensação de que tinha que encontrar com alguém ali. Então entrei, subindo as escadas pelo meio da sala, e me sentei em uma cadeira vaga da última fileira.
O pessoal ali me encarava como quem queria saber o que um aluno de Design fazia ali, mas apenas os ignorei, peguei o capuccino da bandeja de papel e dei um pequeno gole. Ainda estava levemente quente. O gosto era extremamente familiar, como se eu tomasse aquilo todos os dias, mas eu nem curtia muito o gosto de leite na mistura com café. De qualquer forma, meu peito ficou apertado e um nó sufocou minha garganta com força.
Levantei e deixei o copo ali junto com a bandeja e os donuts. Eu precisava sair dali e ir para minha aula, ou qualquer lugar que fosse fazer com aquela ranhura em minha mente sumisse. Desci as escadas rapidamente e saí da sala, caminhando apressado pelo corredor, me esquivando dos outros e quase esbarrando em algumas pessoas distraídas no meu caminho.
Cheguei à minha sala no momento que o professor estava fechando a porta. Ele me lançou um breve olhar, mas não falou nada. Apenas procurei um lugar livre para sentar, já me jogando na cadeira e ficando lá, calado e pensativo.
Foi daquele jeito pelas aulas que se seguiram até o intervalo. Eu não consegui me concentrar direito em nada, eu só olhava para os professores e era como se eles estivessem no mudo. Suas bocas se mexiam, mas não conseguia de fato ouvir o que estavam falando, porque apesar dos meus olhos estarem focados neles, minha mente estava vagando por algum lugar totalmente vazio.
Entrei no refeitório já vendo e sentados com seus lanches. Comprei qualquer coisa para mim e me sentei à mesa com eles, vendo dois lugares vazios ao meu lado. Eu sabia que estava ficando louco, tinha plena ciência disso, mas não podia falar nada com ninguém porque sabia muito bem do jeito que terminava. Seria taxado como louco e depressivo, como já aconteceu antes. Eles achariam um rótulo e me colocariam ele, então me encheriam de medicamentos que não serviam para nada, porque a porra do meu problema não era algo que podia ser explicado pela ciência.
— . — estalou os dedos na frente do meu rosto. — Cara, o que foi? — virei a cabeça e o encarei.
— O quê? — perguntei totalmente aéreo.
— Você parou e ficou aí olhando para o nada por quase um minuto. Está tudo bem? — podia ver preocupação em seus olhos, e isso me fez sorrir suave para ele. Não queria que se preocupasse.
— Sim. Acho que só estou com um pouco de sono. — menti, encarnando meu lanche agora totalmente sem fome. — Nós vamos decidir os filmes que vamos ver antes para não ficarmos perdendo tempo quando chegarmos na casa do ? Porque eu conheço a gente. Vamos acabar desistindo e só jogando videogame. — decidi mudar de assunto, porque ficar naquilo não me levaria a nada.
Fiquei com uma impressão de que tinha me esquecido de alguma coisa, como se tivesse que fazer algo, mas não me lembrava o que era, e meus dedos apenas apertaram minha pele com certa força. Então o arrepio correu de novo, dessa vez por minha coluna e de forma intensa, fazendo o resto do meu corpo ficar da mesma maneira.
Aquela sensação era horrível.
Liguei a água e tirei minha roupa. Mandei um comando para minha assistente de voz começar a tocar minha lista de músicas curtidas no Spotify. Então entrei no box deixando a água quente inundando meu corpo como se fosse preencher as partes que pareciam estar faltando, mas nem toda a água do mundo seria capaz de fazer aquilo, eu sentia. Fechei meus olhos soltando o ar de um jeito mórbido.
Um cover meio dark de Riders On The Storm começou a tocar, me fazendo erguer a cabeça e abrir meus olhos, não me lembrando de ter salvado aquela música. Eu nem curtia The Doors, mas de alguma forma bizarra a letra saía perfeitamente pelos meus lábios, como se tivesse ouvido aquela canção toda a minha vida.
Riders on the storm there's a killer on the road
His brain is squirming like a toad
Viajantes na tempestade. Aquilo parecia uma coceira em meu cérebro. As palavras ficavam rebatendo dentro da minha mente, como se me deixasse mais perturbado do que eu já era. Aquela sensação estava ficando cada vez pior, e logo minhas mãos esfregaram meu rosto na tentativa de fazer com que tudo parasse, mas parecia ser impossível. Estava dentro de mim, e não do lado de fora. Não eram como as sombras que sumiam quando as luzes se acendiam. Não tinha como tirar aquilo. Precisava ocupar minha mente com qualquer coisa.
Acabei meu banho rapidamente, me sequei e me arrumei com pressa, querendo sair de casa o quanto antes, como se o problema fosse estar ali. Peguei a chave do meu Hummer e saí de casa sem dar bom-dia para ninguém. Sentia que meu estresse estava me consumindo e iria acabar brigando com meus pais e minha irmã por nada.
Dirigi para a faculdade fazendo o caminho mais longo, e só me toquei disso depois que já tinha pegado outra rua passando pelo centro da cidade em vez de ir por fora. Então aproveitei e passei na cafeteria para comprar algo para mim e os meninos. Fiz o pedido em uma cabina e depois fui até a outra, pegando o que tinha comprado.
— Desculpa, mas meu pedido está errado. — declarei apontando para os cinco copos de café na bandeja. — Eu só pedi um expresso duplo, frapuccino e um moca. Não pedi o capuccino e nem o chocolate. — informei e olhei dentro da sacola vendo a quantidade de donuts que tinha ali dentro. — E nem isso tudo de donuts. — a menina pegou os pedidos de volta.
— O seu pedido está certo. Está tudo na nota. Quer devolver? — perguntou em uma má vontade enorme, mascando aquele chiclete de boca aberta.
— Não. Deixa para lá. — coloquei as coisas no banco do carona e fui embora antes que discutisse com a atendente.
Fui para a faculdade e quando passei pela porta da frente, parei, olhando todo mundo, encarado e já sentados na escada que levava para o segundo andar. Fiquei olhando para eles ainda com aquela sensação de vazio, mas voltei a andar, indo até meus amigos. Tudo estava normal, mas parecia que faltava alguma coisa. Estendi a bandeja de papel com os cafés para eles, e os dois me olharam unindo as sobrancelhas.
— O pedido veio errado. — falei logo para não perguntarem muito.
— Quem toma chocolate quente logo de manhã? Isso dá caganeira. — soltou, tirando uma risada nossa enquanto pegava seu moca. — , você veio decidido a alimentar um batalhão hoje? Olha o quanto de donuts tem aqui dentro. — comentou olhando dentro da sacola. — O bom é que eu estava com fome mesmo. — disse já pegando um de chocolate.
— Você deveria me beijar por estar te alimentando. — pisquei um olho para ele, rindo um pouco.
— Vem cá, então. — chamou e até me aproximei mesmo, mas deu um tapa na minha testa.
— Nem são sete da manhã ainda e eu não vou ficar de vela. Vocês se acalmem um pouco. — mandou como se tivesse bravinho, mas acabou rindo.
— Poxa, . Você podia tapar os olhos. — brinquei com ele, e nós três rimos. — , você tem cigarro aí? — pedi, estava ficando com vontade de fumar que nem sabia de onde aquilo vinha.
— Ué, . Eu não fumo. — disse rindo fraco me fazendo unir as sobrancelhas. — E desde quando você fuma também? — pisquei meus olhos para meu amigo.
— Ah, para, . Quando então você parou? — quis saber enquanto o olhava meio confuso. — E eu fumo às vezes.
— Nunca, porque eu nunca comecei. — rebateu me olhando sério agora com aquilo tentando me entender.
— Então, vocês acreditam que minha avó me ligou ontem rogando pragas porque eu disse que ia na casa dela e não apareci? — mudou totalmente de assunto, fazendo com que o olhássemos.
— Mas nem tinha como ir na sua avó ontem. Teve uma tempestade de rádios, era perigoso pegar a estrada. — falei unindo as sobrancelhas e finalmente tomando meu café que já começava a ficar frio.
— Sim. Doida ela. — rolou os olhos.
— Eu vou indo para a sala, preciso fazer algo antes. No intervalo, eu vejo vocês no refeitório. — avisou, já se levantando da escada e acenando para nós com a cabeça, porque suas mãos estavam ocupadas com vários donuts e seu moca.
— Beleza. — eu e falamos juntos, acenando.
— Você está bem, ? — meu amigo me perguntou, mas não o olhei, apenas fiquei rodando meu corpo de café na mão encarando os desenhos que tinham nele.
— Eu não sei, . — contei soltando um suspiro. — Não acordei bem hoje.
— Está sentindo uma sensação de solidão? — aquilo me fez encará-lo.
— É, algo assim. Como sabe? — meus olhos verdes se prenderam em seus tons azuis.
— Estou me sentindo assim desde ontem. — comentou suspirando de forma pesada e pegou um donuts, dando uma mordidinha nele. — Parece fome. — eu só consegui rir fraco daquilo.
— Sinto que deveria fazer algo, mas não consigo me lembrar o que é. — sussurrei olhando para o nada tentando me lembrar. — Minha mente está totalmente vaga. — tomei um grande gole de café.
— A gente podia fazer uma noite de filmes e jogos lá em casa hoje. O que acha? — sugeriu o que me fez apenas concordar com a cabeça. — Beleza, vou mandar uma mensagem para o .— já deixou seu frapuccino de lado e pegou o celular.
— Beleza. — levantei do degrau que estava sentado. — Eu vou indo para a sala. — avisei pegando a bandeja de cafés e o saco de donuts. — Vai querer? — ofereci.
— O donuts eu vou querer uns. — então deixei que pegasse. — Até o intervalo, .
— Até. — dei um pequeno sorriso de segui pelo corredor.
Fui caminhando lentamente, tomando o resto do meu café que já estava até ruim por ter esfriado, mas me manteria acordado pelo menos. Até que parei na frente de uma sala, vendo a turma de história ali dentro já se preparando para a aula. Fiquei ali parado por alguns, com aquele vazio se revirando dentro de mim e com uma sensação de que tinha que encontrar com alguém ali. Então entrei, subindo as escadas pelo meio da sala, e me sentei em uma cadeira vaga da última fileira.
O pessoal ali me encarava como quem queria saber o que um aluno de Design fazia ali, mas apenas os ignorei, peguei o capuccino da bandeja de papel e dei um pequeno gole. Ainda estava levemente quente. O gosto era extremamente familiar, como se eu tomasse aquilo todos os dias, mas eu nem curtia muito o gosto de leite na mistura com café. De qualquer forma, meu peito ficou apertado e um nó sufocou minha garganta com força.
Levantei e deixei o copo ali junto com a bandeja e os donuts. Eu precisava sair dali e ir para minha aula, ou qualquer lugar que fosse fazer com aquela ranhura em minha mente sumisse. Desci as escadas rapidamente e saí da sala, caminhando apressado pelo corredor, me esquivando dos outros e quase esbarrando em algumas pessoas distraídas no meu caminho.
Cheguei à minha sala no momento que o professor estava fechando a porta. Ele me lançou um breve olhar, mas não falou nada. Apenas procurei um lugar livre para sentar, já me jogando na cadeira e ficando lá, calado e pensativo.
Foi daquele jeito pelas aulas que se seguiram até o intervalo. Eu não consegui me concentrar direito em nada, eu só olhava para os professores e era como se eles estivessem no mudo. Suas bocas se mexiam, mas não conseguia de fato ouvir o que estavam falando, porque apesar dos meus olhos estarem focados neles, minha mente estava vagando por algum lugar totalmente vazio.
Entrei no refeitório já vendo e sentados com seus lanches. Comprei qualquer coisa para mim e me sentei à mesa com eles, vendo dois lugares vazios ao meu lado. Eu sabia que estava ficando louco, tinha plena ciência disso, mas não podia falar nada com ninguém porque sabia muito bem do jeito que terminava. Seria taxado como louco e depressivo, como já aconteceu antes. Eles achariam um rótulo e me colocariam ele, então me encheriam de medicamentos que não serviam para nada, porque a porra do meu problema não era algo que podia ser explicado pela ciência.
— . — estalou os dedos na frente do meu rosto. — Cara, o que foi? — virei a cabeça e o encarei.
— O quê? — perguntei totalmente aéreo.
— Você parou e ficou aí olhando para o nada por quase um minuto. Está tudo bem? — podia ver preocupação em seus olhos, e isso me fez sorrir suave para ele. Não queria que se preocupasse.
— Sim. Acho que só estou com um pouco de sono. — menti, encarnando meu lanche agora totalmente sem fome. — Nós vamos decidir os filmes que vamos ver antes para não ficarmos perdendo tempo quando chegarmos na casa do ? Porque eu conheço a gente. Vamos acabar desistindo e só jogando videogame. — decidi mudar de assunto, porque ficar naquilo não me levaria a nada.
Chapter 6
Encarei meu reflexo o espelho, vendo se aquela camisa estampada estava realmente boa com aquela calça e botas pretas. Então conclui rapidamente que tanto faz, só e que estariam lá. Eles nem iriam reparar se eu tivesse apenas de cueca. Aquele pensamento me fez rir de leve.
Uma foto colada acima do meu espelho me chamou atenção, era uma tira de quatro fotos em sequência, tiradas naquelas cabines fotográficas. Eu tinha tirado elas em uma viagem que fiz para Las Vegas no ano passado. Estava sozinho nelas fazendo caras e bocas, estavam engraçadas, mas o que me causou certa estranheza foi o espaço vazio que tinha ao meu lado em todas. Não estava no meio das fotos. Conseguia me lembrar de quando tirei, mas era como se uma parte estivesse faltando.
Deixei aquilo para lá e voltei a olhar para o meu reflexo. Minha mão se ergueu e eu toquei o espelho como se estivesse vendo algo através dele, mas não tinha nada ali. Só meu reflexo perfeito, sem nenhuma falha, mostrando quem eu era exatamente, em toda a minha desordem. Suspirei de forma pesada e dei um passos para trás, já me virando e caminhando até minha cabeceira para pegar a chave do carro.
Parei na frente do móvel, vendo algo atrás do pé da minha luminária, então estiquei meus dedos até lá e puxei, vendo que era uma pulseira de bolinha com pedras amarelas misturadas com marrom. Não sabia o nome delas, mas já tinha visto antes. Só que o que me deixou curioso foi o fato daquilo não ser meu. Então de quem era?
A peguei e deixei meus dedos passarem por suas bolinhas, tentando me lembrar se tinha visto aquilo com alguém, mas nada vinha, apenas um arrepio em minha nuca. Olhei por cima do meu ombro, vendo a janela fechada. Não tinha nem vento ali. Voltei a olhar para a pulseira, a coloquei em meu pulso e peguei a chave do meu carro.
Desci e avisei para meus pais que estava indo no , e que deveria chegar tarde. Entrei no Hummer sentindo que aquela vontade de fumar não tinha passado e lembrei que às vezes deixava um maço de cigarros no porta-luvas. Estiquei meu corpo e puxei a alavanca do porta-luvas e que se abriu, derrubando um monte de papel que estava lá dentro. Uni as sobrancelhas com aquilo.
— Eu não coloquei isso aí. — reclamei pegando as folhas para ver o que era. — Lendas urbanas? — soltei, lendo por cima o que estava impresso ali e vendo uma anotação com a minha letra. — Quem é Tomlinson? Como sumiu? Para onde foi? — eram os questionamentos que estavam ali. — Que merda é essa?
Então me lembrei de ontem, quando encontrei e no Quinn e ficamos a tarde toda debatendo sobre lendas urbanas. ... Aquele nome ficou batendo em minha cabeça até recordar o motivo de estarmos mexendo com aquilo, e todo o resto veio em seguida. Espera. Um amigo nosso tinha sumido e estávamos tentando descobrir o que houve.
Meus olhos caíram de volta para os papéis. Só que uma coisa não queria encaixar. De onde nós tínhamos tirado aquilo? Eu não me lembrava de ter imprimido aquelas coisas e nem de e me entregando aquilo. OK. Eu precisava falar com eles para entender o que estava acontecendo ali. Aquilo poderia ser a resposta para o que eu estava sentindo. Sabia disso. Algo me dizia que tudo estava ali. E iria descobrir o que era.
Joguei as folhas em cima do banco e até mesmo a vontade de fumar passou.
Fui para a casa de , e quando parei rente à calçada, peguei tudo o que tinha achado e desci do Hummer, já caminhando apressado até a porta da frente e entrei sem bater mesmo. Logo o olhar de se encontrou com o meu quando parei na porta da sala, o vendo sentado no sofá, mexendo no celular. Seus tons castanhos puxaram um pouco os meus, mas acabei desviando e fui até ele, me sentando ao seu lado.
— Cadê o ? — perguntei mexendo nas folhas, as colocando em ordem.
— Fazendo pipoca. — respondeu olhando o que eu fazia. — O que é isso?
— Você se lembra ontem de termos estado no Quinn antes da tempestade de raios? — encarei seu rosto e ficou me olhando de volta por alguns segundos.
— Acho que sim. — disse unindo as sobrancelhas e descendo seu olhar para as folhas. — Você me ligou me chamando, dizendo que tinha uma coisa para me contar. — concordei com a cabeça, lembrava daquela parte.
— O que vocês estão fofocando aí? — apareceu na sala com duas tigelas enormes de pipoca. — Você e o que lutem para dividir a pipoca, essa aqui é só minha. — entregou uma para nós e se sentou no outro sofá de dois lugares.
— Nós estivemos no Quinn ontem discutindo sobre lendas urbanas. — falei fazendo me olhar por alguns segundos.
— Verdade. A gente arranja cada assunto para debater. — deu de ombros enfiando um monte de pipoca na boca. — Estávamos falando de um cara que desapareceu. Não chegamos a lugar nenhum.
— . — disse o nome da pessoa que tinha sumido. — Ele era nosso amigo... Por que eu não estou conseguindo lembrar das coisas?
— Relaxa, . Eu também não estou conseguindo lembrar de muita coisa no Quinn ontem. — tentou me tranquilizar, mas aquilo não adiantava muito.
— Nós fomos na casa do , a irmã dele nos mostrou um sótão vazio. — completou parecendo se lembrar. — A menina nos chutou de lá falando que éramos loucos quando falamos que...
— A caçada selvagem tinha o levado. — as palavras saltaram da minha boca. — Como chegamos nessa conclusão?
— A gente sabia que um homem tinha o levado em uma festa no sábado, mas a polícia não encontrou rastros. — contou, me fazendo estalar os dedos e apontar para ele.
— Isso. Vocês estavam nessa festa? — os dois negaram com a cabeça. — Também não me lembro de estar. — mordi de leve meu lábio inferior. — Que merda. As coisas estão vagas demais na minha cabeça.
— Minha avó sempre fala que quando esquecemos de algo que vamos fazer, que é para retornar para onde estávamos antes na mesma posição, que o nosso cérebro volta e conseguimos lembrar o que era. — explicou, enfiando mais pipoca na boca de forma despreocupada.
— Eu vou no Quinn. — levantei em um rompante, quase virando a tigela de pipoca no . — Preciso me lembrar do que aconteceu ontem. — ou eu ficaria louco.
Algo dentro da minha mente estava faltando e achei que a volta até o Quinn poderia me fazer lembrar, como falou. Era uma alternativa. E precisava fazer aquilo antes de pirar de vez. e se levantaram e vieram atrás de mim enquanto eu já saía da casa apressado, com as folhas na mão, seguindo até meu carro.
Entrei no lado do motorista e no carona. Segurei a chave na ignição olhando para meu amigo ali como se tivesse algo errado, mas ignorei aquele devaneio e dei partida quando entrou com sua enorme tigela de pipoca. Tinha hora que não existia.
Fui para o Quinn e parei na primeira vaga que achei. Caminhei até a lanchonete, empurrando a porta com força e olhando para os lados, procurando lembrar em qual mesa tínhamos ficado ontem. E um flash veio. Última mesa do canto, perto da janela. Me virei até lá, me sentei exatamente onde estava antes e comecei a espalhar os papéis por ali, tentando ordenar eles de uma forma que as coisas se encaixassem.
Uma mão segurou meu pulso e a olhei rapidamente, vendo as tatuagens de , mas algo nelas estava errado. Não eram aqueles desenhos que deveriam estar naquela mão que me tocava. Meus olhos subiram até encontrar os dele.
— , calma. — pediu com a voz baixa. — Você está surtando. — declarou, me fazendo puxar meu braço de volta.
— Me deixa em paz, . Eu preciso me lembrar. Tem alguma coisa faltando. Tem algo aqui dentro que não para de arranhar. — bati com o indicador em minha têmpora esquerda de forma repetida. — Vocês sabem, vocês estão sentindo isso também. Tem um vazio, uma falha. Tem alguém faltando! — soltei mais alto, segurando as folhas com mais força. — Vocês sabem. — repeti com uma agonia leve me tomando naquele momento.
— Vem cá, . — me puxou para perto e eu o abracei.
— Não era você aqui ontem. Não era. Você estava sentado do outro lado. Tinha alguém aqui, . Tinha alguém. Por que não consigo lembrar? — o desespero estava dominando meu peito enquanto minhas mãos apertavam a camisa do meu amigo. — Quem era?
— Shiu. — soltou em meu ouvido afagando o cabelo de minha nuca. — Estou aqui, OK? Vai ficar tudo bem. — não era aquela voz familiar que eu queria ouvir.
— , eu acredito em você. — falou baixo, sentado do outro lado da mesa. — Olha para mim. — pediu e virei meu rosto ainda com minha cabeça apoiada no ombro de . — Tinha mais alguém com a gente. — sua mão aberta e virada para cima se escorou por cima da mesa para que eu a segurasse. — Só não me lembro quem era. Eu também sinto a sensação de vazio. — levei minha mão até a sua e a segurei.
— Eu também. — confessou, me apertando um pouco e meus dedos apertaram mais o tecido de sua camisa. — Nós vamos descobrir o que está acontecendo. — afirmou me deixando um pouco mais tranquilo.
— Então, ontem nós concluímos que tinha sido a caçada selvagem, e tudo na lenda implica que ela apaga pessoas... — começou a falar, comendo sua pipoca, colocando uma por uma em sua boca, mas o interrompi.
— Alguém foi apagado de nós. — sussurrei, fechando meus olhos, sentindo meu coração se apertando.
— Aparentemente é o . Estávamos falando dele. — conclui, mas neguei com a cabeça.
— Não era ele. Estávamos debatendo sobre isso por ele ter sumido. Então não era o que estava conosco. — falei me soltando de e encarando os papéis, pegando o que estava com as perguntas e o colocando por cima.
— está certo, não teria como ser o nessa situação. Outra pessoa foi apagada como ele. Agora a questão é outra. Quem? — perguntou de forma vaga, também olhando os papéis, e então olhei para a pulseira no meu braço.
— Vocês conhecem essa pulseira? — a tirei e coloquei no meio da mesa. a pegou e depois , e ambos negaram. — Não é minha. A achei hoje atrás da minha luminárias na cabeceira. Não sei de quem é.
— Pode ser da pessoa que foi apagada ou do . — disse, deixando seus dedos dedilharem as bolinhas. — Mas ela é familiar de alguma forma. — me devolveu, então a coloquei de volta.
— Vou pegar algo para beber. Vocês querem? — ofereceu, já se levantando.
— Quero uma Coca-Cola. — pedi o olhando rapidamente e pediu o mesmo, então apenas saiu balançando a cabeça.
— . — chamou enquanto minha atenção estava nos papéis.
— Oi. — respondi, mas não o olhei.
— Olha para mim. — pediu, se virando no banco estofado.
— Fala, . Estou ouvindo. — declarei, lendo de novo sobre a caçada selvagem, até que senti seus dedos tocando de leve meu queixo e o virando para ele, me fazendo encará-lo. — O que foi? — perguntei.
— Você sabe que pode me contar tudo, né? — as pontas de seus dedos deslizaram pelo meu maxilar agora. — Qualquer coisa.
— Eu sei. — disse dando um pequeno sorriso. — Obrigado por ainda estar aqui. — agradeci, pois ele não tinha sido apagado também.
— Eu sempre estarei contigo, . — chegou mais perto e sua testa se encostou na minha, e me senti estranho com aquilo.
— Pode contar comigo também. Sempre. — sua mão deslizou até meu braço, parando em cima da minha cicatriz, e a apertou, mas aquilo me incomodou de tal forma que fez com que me afastasse de forma bruta. — Eu preciso ir ao banheiro. — declarei para que pudesse se levantar e me dar passagem.
não falou nada, apenas se levantou e fiz o mesmo, seguindo para o banheiro. Entre e fui direito para a pia, ligando a torneira. Enchei minha mão com água e molhei meu rosto algumas vezes, respirando fundo. Segurei a porcelana da pia com força e fechei meus olhos, tentando acalmar tudo que estava se revirando dentro de mim com força. Meu coração batia muito rápido, a agonia me tocava, uma saudade forte estava me tomando, mas não sabia do quê.
Não era que eu queria me tocando, seu toque incomodava minha pele, era como se não se encaixasse. Aquilo não fazia sentido algum. Então meus olhos se abriram e eu ergui a cabeça, encarando o espelho. Me aproximei dele e deixei minha respiração bater contra sua superfície, fazendo com que embasasse. Levei meu indicador até lá e escrevi apenas uma coisa.
Se lembre...
Uma foto colada acima do meu espelho me chamou atenção, era uma tira de quatro fotos em sequência, tiradas naquelas cabines fotográficas. Eu tinha tirado elas em uma viagem que fiz para Las Vegas no ano passado. Estava sozinho nelas fazendo caras e bocas, estavam engraçadas, mas o que me causou certa estranheza foi o espaço vazio que tinha ao meu lado em todas. Não estava no meio das fotos. Conseguia me lembrar de quando tirei, mas era como se uma parte estivesse faltando.
Deixei aquilo para lá e voltei a olhar para o meu reflexo. Minha mão se ergueu e eu toquei o espelho como se estivesse vendo algo através dele, mas não tinha nada ali. Só meu reflexo perfeito, sem nenhuma falha, mostrando quem eu era exatamente, em toda a minha desordem. Suspirei de forma pesada e dei um passos para trás, já me virando e caminhando até minha cabeceira para pegar a chave do carro.
Parei na frente do móvel, vendo algo atrás do pé da minha luminária, então estiquei meus dedos até lá e puxei, vendo que era uma pulseira de bolinha com pedras amarelas misturadas com marrom. Não sabia o nome delas, mas já tinha visto antes. Só que o que me deixou curioso foi o fato daquilo não ser meu. Então de quem era?
A peguei e deixei meus dedos passarem por suas bolinhas, tentando me lembrar se tinha visto aquilo com alguém, mas nada vinha, apenas um arrepio em minha nuca. Olhei por cima do meu ombro, vendo a janela fechada. Não tinha nem vento ali. Voltei a olhar para a pulseira, a coloquei em meu pulso e peguei a chave do meu carro.
Desci e avisei para meus pais que estava indo no , e que deveria chegar tarde. Entrei no Hummer sentindo que aquela vontade de fumar não tinha passado e lembrei que às vezes deixava um maço de cigarros no porta-luvas. Estiquei meu corpo e puxei a alavanca do porta-luvas e que se abriu, derrubando um monte de papel que estava lá dentro. Uni as sobrancelhas com aquilo.
— Eu não coloquei isso aí. — reclamei pegando as folhas para ver o que era. — Lendas urbanas? — soltei, lendo por cima o que estava impresso ali e vendo uma anotação com a minha letra. — Quem é Tomlinson? Como sumiu? Para onde foi? — eram os questionamentos que estavam ali. — Que merda é essa?
Então me lembrei de ontem, quando encontrei e no Quinn e ficamos a tarde toda debatendo sobre lendas urbanas. ... Aquele nome ficou batendo em minha cabeça até recordar o motivo de estarmos mexendo com aquilo, e todo o resto veio em seguida. Espera. Um amigo nosso tinha sumido e estávamos tentando descobrir o que houve.
Meus olhos caíram de volta para os papéis. Só que uma coisa não queria encaixar. De onde nós tínhamos tirado aquilo? Eu não me lembrava de ter imprimido aquelas coisas e nem de e me entregando aquilo. OK. Eu precisava falar com eles para entender o que estava acontecendo ali. Aquilo poderia ser a resposta para o que eu estava sentindo. Sabia disso. Algo me dizia que tudo estava ali. E iria descobrir o que era.
Joguei as folhas em cima do banco e até mesmo a vontade de fumar passou.
Fui para a casa de , e quando parei rente à calçada, peguei tudo o que tinha achado e desci do Hummer, já caminhando apressado até a porta da frente e entrei sem bater mesmo. Logo o olhar de se encontrou com o meu quando parei na porta da sala, o vendo sentado no sofá, mexendo no celular. Seus tons castanhos puxaram um pouco os meus, mas acabei desviando e fui até ele, me sentando ao seu lado.
— Cadê o ? — perguntei mexendo nas folhas, as colocando em ordem.
— Fazendo pipoca. — respondeu olhando o que eu fazia. — O que é isso?
— Você se lembra ontem de termos estado no Quinn antes da tempestade de raios? — encarei seu rosto e ficou me olhando de volta por alguns segundos.
— Acho que sim. — disse unindo as sobrancelhas e descendo seu olhar para as folhas. — Você me ligou me chamando, dizendo que tinha uma coisa para me contar. — concordei com a cabeça, lembrava daquela parte.
— O que vocês estão fofocando aí? — apareceu na sala com duas tigelas enormes de pipoca. — Você e o que lutem para dividir a pipoca, essa aqui é só minha. — entregou uma para nós e se sentou no outro sofá de dois lugares.
— Nós estivemos no Quinn ontem discutindo sobre lendas urbanas. — falei fazendo me olhar por alguns segundos.
— Verdade. A gente arranja cada assunto para debater. — deu de ombros enfiando um monte de pipoca na boca. — Estávamos falando de um cara que desapareceu. Não chegamos a lugar nenhum.
— . — disse o nome da pessoa que tinha sumido. — Ele era nosso amigo... Por que eu não estou conseguindo lembrar das coisas?
— Relaxa, . Eu também não estou conseguindo lembrar de muita coisa no Quinn ontem. — tentou me tranquilizar, mas aquilo não adiantava muito.
— Nós fomos na casa do , a irmã dele nos mostrou um sótão vazio. — completou parecendo se lembrar. — A menina nos chutou de lá falando que éramos loucos quando falamos que...
— A caçada selvagem tinha o levado. — as palavras saltaram da minha boca. — Como chegamos nessa conclusão?
— A gente sabia que um homem tinha o levado em uma festa no sábado, mas a polícia não encontrou rastros. — contou, me fazendo estalar os dedos e apontar para ele.
— Isso. Vocês estavam nessa festa? — os dois negaram com a cabeça. — Também não me lembro de estar. — mordi de leve meu lábio inferior. — Que merda. As coisas estão vagas demais na minha cabeça.
— Minha avó sempre fala que quando esquecemos de algo que vamos fazer, que é para retornar para onde estávamos antes na mesma posição, que o nosso cérebro volta e conseguimos lembrar o que era. — explicou, enfiando mais pipoca na boca de forma despreocupada.
— Eu vou no Quinn. — levantei em um rompante, quase virando a tigela de pipoca no . — Preciso me lembrar do que aconteceu ontem. — ou eu ficaria louco.
Algo dentro da minha mente estava faltando e achei que a volta até o Quinn poderia me fazer lembrar, como falou. Era uma alternativa. E precisava fazer aquilo antes de pirar de vez. e se levantaram e vieram atrás de mim enquanto eu já saía da casa apressado, com as folhas na mão, seguindo até meu carro.
Entrei no lado do motorista e no carona. Segurei a chave na ignição olhando para meu amigo ali como se tivesse algo errado, mas ignorei aquele devaneio e dei partida quando entrou com sua enorme tigela de pipoca. Tinha hora que não existia.
Fui para o Quinn e parei na primeira vaga que achei. Caminhei até a lanchonete, empurrando a porta com força e olhando para os lados, procurando lembrar em qual mesa tínhamos ficado ontem. E um flash veio. Última mesa do canto, perto da janela. Me virei até lá, me sentei exatamente onde estava antes e comecei a espalhar os papéis por ali, tentando ordenar eles de uma forma que as coisas se encaixassem.
Uma mão segurou meu pulso e a olhei rapidamente, vendo as tatuagens de , mas algo nelas estava errado. Não eram aqueles desenhos que deveriam estar naquela mão que me tocava. Meus olhos subiram até encontrar os dele.
— , calma. — pediu com a voz baixa. — Você está surtando. — declarou, me fazendo puxar meu braço de volta.
— Me deixa em paz, . Eu preciso me lembrar. Tem alguma coisa faltando. Tem algo aqui dentro que não para de arranhar. — bati com o indicador em minha têmpora esquerda de forma repetida. — Vocês sabem, vocês estão sentindo isso também. Tem um vazio, uma falha. Tem alguém faltando! — soltei mais alto, segurando as folhas com mais força. — Vocês sabem. — repeti com uma agonia leve me tomando naquele momento.
— Vem cá, . — me puxou para perto e eu o abracei.
— Não era você aqui ontem. Não era. Você estava sentado do outro lado. Tinha alguém aqui, . Tinha alguém. Por que não consigo lembrar? — o desespero estava dominando meu peito enquanto minhas mãos apertavam a camisa do meu amigo. — Quem era?
— Shiu. — soltou em meu ouvido afagando o cabelo de minha nuca. — Estou aqui, OK? Vai ficar tudo bem. — não era aquela voz familiar que eu queria ouvir.
— , eu acredito em você. — falou baixo, sentado do outro lado da mesa. — Olha para mim. — pediu e virei meu rosto ainda com minha cabeça apoiada no ombro de . — Tinha mais alguém com a gente. — sua mão aberta e virada para cima se escorou por cima da mesa para que eu a segurasse. — Só não me lembro quem era. Eu também sinto a sensação de vazio. — levei minha mão até a sua e a segurei.
— Eu também. — confessou, me apertando um pouco e meus dedos apertaram mais o tecido de sua camisa. — Nós vamos descobrir o que está acontecendo. — afirmou me deixando um pouco mais tranquilo.
— Então, ontem nós concluímos que tinha sido a caçada selvagem, e tudo na lenda implica que ela apaga pessoas... — começou a falar, comendo sua pipoca, colocando uma por uma em sua boca, mas o interrompi.
— Alguém foi apagado de nós. — sussurrei, fechando meus olhos, sentindo meu coração se apertando.
— Aparentemente é o . Estávamos falando dele. — conclui, mas neguei com a cabeça.
— Não era ele. Estávamos debatendo sobre isso por ele ter sumido. Então não era o que estava conosco. — falei me soltando de e encarando os papéis, pegando o que estava com as perguntas e o colocando por cima.
— está certo, não teria como ser o nessa situação. Outra pessoa foi apagada como ele. Agora a questão é outra. Quem? — perguntou de forma vaga, também olhando os papéis, e então olhei para a pulseira no meu braço.
— Vocês conhecem essa pulseira? — a tirei e coloquei no meio da mesa. a pegou e depois , e ambos negaram. — Não é minha. A achei hoje atrás da minha luminárias na cabeceira. Não sei de quem é.
— Pode ser da pessoa que foi apagada ou do . — disse, deixando seus dedos dedilharem as bolinhas. — Mas ela é familiar de alguma forma. — me devolveu, então a coloquei de volta.
— Vou pegar algo para beber. Vocês querem? — ofereceu, já se levantando.
— Quero uma Coca-Cola. — pedi o olhando rapidamente e pediu o mesmo, então apenas saiu balançando a cabeça.
— . — chamou enquanto minha atenção estava nos papéis.
— Oi. — respondi, mas não o olhei.
— Olha para mim. — pediu, se virando no banco estofado.
— Fala, . Estou ouvindo. — declarei, lendo de novo sobre a caçada selvagem, até que senti seus dedos tocando de leve meu queixo e o virando para ele, me fazendo encará-lo. — O que foi? — perguntei.
— Você sabe que pode me contar tudo, né? — as pontas de seus dedos deslizaram pelo meu maxilar agora. — Qualquer coisa.
— Eu sei. — disse dando um pequeno sorriso. — Obrigado por ainda estar aqui. — agradeci, pois ele não tinha sido apagado também.
— Eu sempre estarei contigo, . — chegou mais perto e sua testa se encostou na minha, e me senti estranho com aquilo.
— Pode contar comigo também. Sempre. — sua mão deslizou até meu braço, parando em cima da minha cicatriz, e a apertou, mas aquilo me incomodou de tal forma que fez com que me afastasse de forma bruta. — Eu preciso ir ao banheiro. — declarei para que pudesse se levantar e me dar passagem.
não falou nada, apenas se levantou e fiz o mesmo, seguindo para o banheiro. Entre e fui direito para a pia, ligando a torneira. Enchei minha mão com água e molhei meu rosto algumas vezes, respirando fundo. Segurei a porcelana da pia com força e fechei meus olhos, tentando acalmar tudo que estava se revirando dentro de mim com força. Meu coração batia muito rápido, a agonia me tocava, uma saudade forte estava me tomando, mas não sabia do quê.
Não era que eu queria me tocando, seu toque incomodava minha pele, era como se não se encaixasse. Aquilo não fazia sentido algum. Então meus olhos se abriram e eu ergui a cabeça, encarando o espelho. Me aproximei dele e deixei minha respiração bater contra sua superfície, fazendo com que embasasse. Levei meu indicador até lá e escrevi apenas uma coisa.
Se lembre...
Chapter 7
Os dias foram roubando minhas horas. Aquela saudade insuportável foi me consumindo e eu nem sabia do que sentia falta, só sentia aquele negócio entalado em minha garganta, me fazendo agonizar com aquilo tudo, como se estivesse me afogando. Era um vazio enorme sem nenhum significado. Minhas memórias pareciam não se encaixar. Nada na minha vida parecia fazer sentido. Sentia que estava enlouquecendo, mas fazia isso de forma silenciosa, sem falar nada com ninguém, apenas sozinho em meu quarto com toda aquela minha confusão mental sem fim.
Por vezes naquela semana que se seguiu acordei chorando desesperadamente, as lágrimas só desciam grossas sem nenhum motivo molhando meu peito e meu travesseiro. Eu me segurava nele como se fosse trazer tudo de volta, só que nem ao menos sabia o que queria que voltasse para mim. Só desejava que aquele buraco enorme fosse tapado, mas não tinha ideia de como fazer se não tinha ideia da origem de como ele apareceu dentro de mim.
Então quando se firmou sábado, um dia lindo de Sol em Berkview, eu decidi que talvez aqueles remédios que minha mãe comprava todo mês para mim, o qual fingia que tomava enquanto jogava sempre os comprimidos na privada, talvez fossem finalmente conseguir me ajudar em algo, pelo menos tirar aquele vazio que tinha feito do meu peito sua morada.
Parei na frente do meu armário de espelho do banheiro e abri a sua porta, revelando os diversos frascos laranja ali com etiquetas coladas e meu nome impressos em todas elas. Cada um tinha de quanto em quanto tempo deveria usar e não precisava ler para saber disso, porque, no final, já tinha decorado depois do primeiro ano tomando aquelas porcarias, e parei quando não funcionaram em nada e fingi falando que tinha progresso, mas não dava nunca para melhorar quando todas as vezes as merdas voltavam sempre a me atingir e eu acabava ficando mal. Era a porra de um ciclo vicioso que não conseguia me libertar. A maior parte das vezes conseguia esconder dos meus pais e da minha irmã para não preocupá-los, só que em outras ficaram tão em evidência que eles acabavam me levando de volta para aquele psiquiatra maluco. Dr. Maude. Odiava aquele homem com todas as minhas forças. Ele não fazia nem questão de tentar me entender, apenas passava tratamentos e mais tratamentos e cobrava uma fortuna pelas consultas.
Peguei apenas o antidepressivo que poderia fazer algum efeito desejado, porque os outros só me deixariam dopado e não resolveria nada. Voltei para meu quarto e me sentei em minha cama, cruzando as pernas enquanto ainda olhava para o frasco laranja na dúvida se realmente deveria tomar aquilo. Odiava pensar que poderia ficar dependente de um remédio para me sentir bem, mas, naquele momento, não parecia ter muita saída, eu estava perdendo o controle das coisas que estava sentindo.
— ? — ouvi a voz de do outro lado da porta juntamente com a batida nela.
— Entra. — falei enfiando o vidro de remédio no meio das cobertas.
— Hey. — ele entrou junto de , dando um sorriso que logo sumiu. — Você está péssimo. — soltei o ar pelo nariz em forma de uma risada, aquilo não era uma novidade. — A sensação piorou? — apenas concordei com a cabeça. — Não fica assim, .
e vieram até a cama e se sentaram ali, me abraçando. Eu sentia vontade de chorar, porque apesar de estar agradecido com os braços deles em volta de mim, não eram aqueles que eu queria me tocando. Era como se naquele momento minha própria pele fosse desconfortável.
— O que é isso? — perguntou achando meu frasco de remédio. — Você está tomando isso? — seus olhos castanhos encararam os meus.
Tudo o que consegui fazer foi desviar, fechando os meus e sentindo um par de lágrimas silenciosas descerem pelo meu rosto. Não aguentava mais me sentir daquele jeito. Queria saber quem tinha sido apagado, mas não conseguia ter ideia de quem, apenas sabia que estava fazendo tanta falta que não estava mais conseguindo suportar.
Os dedos de seguraram meu rosto para poder olhar para ele, mas não quis. Levantei meu queixo me negando a encarar meu amigo, querendo que aquele toque fosse rompido. Não queria estar ali, não queria que fosse ali.
— , por favor. — sua voz baixa pediu e neguei com a cabeça.
— Acho que minha avó pode ajudar você sem precisar de tomar isso. Ela tem uns chás ótimos. A gente pode ir lá hoje. O que acha? — ofereceu com um tom de voz doce, sabia que estava preocupado e querendo me ajudar.
— Tudo bem. — concordei, porque eu já estava no fundo do poço e não tinha mais para onde fugir.
— Vou ligar para ela e falar que estamos indo para o almoço. — avisou se afastando um pouco.
Então abri meus olhos e passei a mão em meu rosto, o secando. Levantei daquela cama, indo para o banheiro e tomando um banho. Demorei um pouco mais do que o normal lá dentro, mas eu apenas fiquei embaixo da água quente, tentando de forma incansável, como em todas as horas do meu dia, encontrar dentro da minha mente qualquer coisa que me levasse até a pessoa que tinha sido apagada. Não cheguei a lugar nenhum igual a todas as outras vezes.
Sai do box, me sequei e enrolei a toalha na cintura. Os meninos não estavam mais ali, mas tinham arrumado minha cama e colocado o frasco de remédio na minha cabeceira, como se ainda tivessem me dado uma escolha. Pensei realmente em tomar, mas achei que a avó de ainda podia conseguir me ajudar. Estava querendo me agarrar a qualquer fio de esperança antes de me enterrar de vez.
Me arrumei e quando parei para pegar as minhas chaves, vi a pulseira amarela e marrom ao lado delas. Meus dedos passaram pelas suas bolinhas, então simplesmente a peguei e coloquei em meu pulso, apanhando as chaves de casa em seguida e saindo do meu quarto. Avisei aos meus pais que ia para a casa da avó de . Senti o olhar de minha mãe preocupado sobre mim, só sorri de leve para ela, tentando demonstrar que estava tudo bem. Lhe dei um beijo na cabeça e saí antes que me perguntasse qualquer coisa.
e estavam do lado de fora, esperando encostados no carro de . Caminhei até lá sem falar nada e entrei pela porta de trás, me jogando no banco e ficando ali esperando que eles entrassem também. E assim que o fizeram e deu partida, o rádio ligou e começou a tocar $TING, do The NBHD. Meus olhos se viraram para o rádio, sentindo uma sensação de familiaridade mais do que o normal com aquela música. Será que a pessoa que foi apagada gostava daquela música? Pode ser, porque eu mesmo não era muito de ouvir aquela banda, mas como Riders On The Storm, também sabia a letra daquela ali.
— Coloca essa música de novo, . — pedi e seus olhos me encararam pelo retrovisor.
Ele não perguntou nada, só voltou como pedi. A viagem toda e ficaram conversando, mas eu só me mantinha calado e totalmente aéreo ao papo deles, e por vezes ficava olhando pela janela, distraído, apenas sentindo aquele vazio me engolindo a cada segundo que passava. Era como um veneno em minhas veias. Fazia tudo doer também.
Não demorou muito para pararmos na frente de uma casa velha com a varanda lotada de vasos com plantas, e até mesmo com sinos de vento de diversos tipos e tamanhos pendurados de forma totalmente desordenada. O lugar tinha um aspecto sombrio, e eu entendi muito bem naquele momento o motivo de nunca ter falado sobre a avó dele e nos levado até ali antes. O lugar era realmente assustador.
Uma senhora trajando um vestido todo colorido apareceu na varanda. Seu cabelo branco estava preso em um coque, mas tinha uns fios soltos, a deixando meio descabelada. Sua pele enrugada fazia com que parecesse ter uns cem anos. Seus olhos eram em um tom azul bem mais claro do que os de , lhe dando um ar até mesmo fantasmagórico. Eu podia pedir para voltarmos agora? Acho que estava começando a preferir meu antidepressivo.
— Seus palhaços. Vocês vão ficar aí admirando minha beleza incontestável ou vão entrar logo? O Sol está de matar, ele vai me torrar toda. — a velha com a voz rouca falou, tirando uma risada de e . — Andem logo. — mandou virando e entrando na casa.
— Vamos, . — disse vendo que eu nem sequer tinha me mexido para sair dali. — Ela não vai te morder.
— Mas não impede que ela te coloque em um forno e asse para o jantar. — completou, recebendo uma olhada feia de .
— Era para rir? Desculpa, esqueci. — rebati com um humor péssimo e desci do carro.
— Ih, está azedo esse limão. Vou jogar um pouco de açúcar em você e vai ficar uma delícia. — disse dando um sorrisinho e meus olhos rolaram.
Não me dei ao trabalho de responder. Segui até a casa com ao meu lado. Deixei eles entrarem primeiro, mas quando fui passar pela porta, parei e olhei para baixo, vendo duas riscas com um pó. Uma era laranja e a outra era preta. A avó de me encarou com aqueles tons quase brancos e se aproximou, parando na minha frente.
— Entra. — disse e seu pé descalço passou em cima da linha preta, a rompendo. — Não precisa ter medo. — meu maxilar se travou com aquilo.
— Não estou com medo. — menti, vendo-a sorrir. Eu estava sim, aquela mulher estava me assustando.
Ela riu e saiu andando, então entrei no lugar olhando para os lados, sentindo um arrepio me tomar. Ali dentro não tinha muita claridade e a decoração era bizarra. Potes de vidros com coisas que eu não fazia ideia do que era, objetos estranhos, velas de diversos tamanhos, formatos e cores pela metade com a cera derretida em volta delas. Plantas em vasos esquisitos. Mais sinos de ventos na frente das janelas. Tinha vários livros parecendo muito antigos por todos os lados, estantes lotadas deles. E quadros pelas paredes retratando cenas tão bizarras quanto todo o resto ali.
parecia estar se divertindo olhando tudo, e estava totalmente despreocupado. Então segui a mulher até a cozinha e me sentei à mesa, tentando não olhar para os lados. Mas ali parecia o lugar mais normal da casa apesar do enorme fogão a lenha que tinha ali, dando um ar sombrio. Pelo menos o cheiro da comida era bom.
Meu calcanhar começou a bater no chão já impaciente para ir embora. Aquele lugar estava me incomodando demais, achava que era por causa da pouca iluminação. Meus dedos se juntaram sobre a mesa e começaram a mexer nos anéis em minha mão, até que minha atenção foi tirada com uma caneca que foi colocada na minha frente.
— Seu pé batendo no chão está fazendo um barulho irritante. Toma um chá de camomila e se acalma até o almoço ficar pronto. — empurrou a caneca em minha direção. — Já está adoçado. — avisou e eu peguei a caneca, porque achava que a mulher iria jogar aquilo na minha cara se eu não aceitasse. — Me chamo Thelema, mas pode me chamar de Emma, é mais fácil de lembrar. — sua última frase fez meus olhos verdes encararem os seus.
— Obrigado. — foi tudo o que falei antes de tomar um gole pequeno do chá, me certificando que era mesmo camomila. — Está gostoso. — tentei não ser rude.
— É claro que está. — sorriu e voltou para o fogão mexendo em suas panelas. — , o que você quer? Nunca vem aqui para comer meus biscoitos e tomar um chá da tarde comigo. Só vem pedir. Pior que pedinte. — aquilo tirou uma risada minha e do .
— Você está sendo grosseira com seu neto. — já chegou perto dela e tentou pegar algo dentro da panela, mas tomou uma baita colherada na mão. — Você é bruta. — reclamou abanando a mão. — Só ia pegar um pedacinho de frango. — choramingou.
— Você pode tirar essa mão cheia de dedos do meu frango. É para o almoço. Tem hora que parece que não tem fundo. Tem biscoito na dispensa, mas vê se não come tudo, é para depois do almoço. — avisou apontando a colher para nosso amigo, nos tirando mais risadas. — Qual é o problema dessa vez? Anda, garoto. Fala logo. — fez uma careta para ela e seguiu até a dispensa.
— Depois do almoço a gente fala. Vai que você expulsa a gente antes de comermos. Estou faminto. — declarou arrancando um olhar irritado de sua avó.
— Você sempre está com fome, . — falei rindo um pouco e tomando mais chá.
Por vezes naquela semana que se seguiu acordei chorando desesperadamente, as lágrimas só desciam grossas sem nenhum motivo molhando meu peito e meu travesseiro. Eu me segurava nele como se fosse trazer tudo de volta, só que nem ao menos sabia o que queria que voltasse para mim. Só desejava que aquele buraco enorme fosse tapado, mas não tinha ideia de como fazer se não tinha ideia da origem de como ele apareceu dentro de mim.
Então quando se firmou sábado, um dia lindo de Sol em Berkview, eu decidi que talvez aqueles remédios que minha mãe comprava todo mês para mim, o qual fingia que tomava enquanto jogava sempre os comprimidos na privada, talvez fossem finalmente conseguir me ajudar em algo, pelo menos tirar aquele vazio que tinha feito do meu peito sua morada.
Parei na frente do meu armário de espelho do banheiro e abri a sua porta, revelando os diversos frascos laranja ali com etiquetas coladas e meu nome impressos em todas elas. Cada um tinha de quanto em quanto tempo deveria usar e não precisava ler para saber disso, porque, no final, já tinha decorado depois do primeiro ano tomando aquelas porcarias, e parei quando não funcionaram em nada e fingi falando que tinha progresso, mas não dava nunca para melhorar quando todas as vezes as merdas voltavam sempre a me atingir e eu acabava ficando mal. Era a porra de um ciclo vicioso que não conseguia me libertar. A maior parte das vezes conseguia esconder dos meus pais e da minha irmã para não preocupá-los, só que em outras ficaram tão em evidência que eles acabavam me levando de volta para aquele psiquiatra maluco. Dr. Maude. Odiava aquele homem com todas as minhas forças. Ele não fazia nem questão de tentar me entender, apenas passava tratamentos e mais tratamentos e cobrava uma fortuna pelas consultas.
Peguei apenas o antidepressivo que poderia fazer algum efeito desejado, porque os outros só me deixariam dopado e não resolveria nada. Voltei para meu quarto e me sentei em minha cama, cruzando as pernas enquanto ainda olhava para o frasco laranja na dúvida se realmente deveria tomar aquilo. Odiava pensar que poderia ficar dependente de um remédio para me sentir bem, mas, naquele momento, não parecia ter muita saída, eu estava perdendo o controle das coisas que estava sentindo.
— ? — ouvi a voz de do outro lado da porta juntamente com a batida nela.
— Entra. — falei enfiando o vidro de remédio no meio das cobertas.
— Hey. — ele entrou junto de , dando um sorriso que logo sumiu. — Você está péssimo. — soltei o ar pelo nariz em forma de uma risada, aquilo não era uma novidade. — A sensação piorou? — apenas concordei com a cabeça. — Não fica assim, .
e vieram até a cama e se sentaram ali, me abraçando. Eu sentia vontade de chorar, porque apesar de estar agradecido com os braços deles em volta de mim, não eram aqueles que eu queria me tocando. Era como se naquele momento minha própria pele fosse desconfortável.
— O que é isso? — perguntou achando meu frasco de remédio. — Você está tomando isso? — seus olhos castanhos encararam os meus.
Tudo o que consegui fazer foi desviar, fechando os meus e sentindo um par de lágrimas silenciosas descerem pelo meu rosto. Não aguentava mais me sentir daquele jeito. Queria saber quem tinha sido apagado, mas não conseguia ter ideia de quem, apenas sabia que estava fazendo tanta falta que não estava mais conseguindo suportar.
Os dedos de seguraram meu rosto para poder olhar para ele, mas não quis. Levantei meu queixo me negando a encarar meu amigo, querendo que aquele toque fosse rompido. Não queria estar ali, não queria que fosse ali.
— , por favor. — sua voz baixa pediu e neguei com a cabeça.
— Acho que minha avó pode ajudar você sem precisar de tomar isso. Ela tem uns chás ótimos. A gente pode ir lá hoje. O que acha? — ofereceu com um tom de voz doce, sabia que estava preocupado e querendo me ajudar.
— Tudo bem. — concordei, porque eu já estava no fundo do poço e não tinha mais para onde fugir.
— Vou ligar para ela e falar que estamos indo para o almoço. — avisou se afastando um pouco.
Então abri meus olhos e passei a mão em meu rosto, o secando. Levantei daquela cama, indo para o banheiro e tomando um banho. Demorei um pouco mais do que o normal lá dentro, mas eu apenas fiquei embaixo da água quente, tentando de forma incansável, como em todas as horas do meu dia, encontrar dentro da minha mente qualquer coisa que me levasse até a pessoa que tinha sido apagada. Não cheguei a lugar nenhum igual a todas as outras vezes.
Sai do box, me sequei e enrolei a toalha na cintura. Os meninos não estavam mais ali, mas tinham arrumado minha cama e colocado o frasco de remédio na minha cabeceira, como se ainda tivessem me dado uma escolha. Pensei realmente em tomar, mas achei que a avó de ainda podia conseguir me ajudar. Estava querendo me agarrar a qualquer fio de esperança antes de me enterrar de vez.
Me arrumei e quando parei para pegar as minhas chaves, vi a pulseira amarela e marrom ao lado delas. Meus dedos passaram pelas suas bolinhas, então simplesmente a peguei e coloquei em meu pulso, apanhando as chaves de casa em seguida e saindo do meu quarto. Avisei aos meus pais que ia para a casa da avó de . Senti o olhar de minha mãe preocupado sobre mim, só sorri de leve para ela, tentando demonstrar que estava tudo bem. Lhe dei um beijo na cabeça e saí antes que me perguntasse qualquer coisa.
e estavam do lado de fora, esperando encostados no carro de . Caminhei até lá sem falar nada e entrei pela porta de trás, me jogando no banco e ficando ali esperando que eles entrassem também. E assim que o fizeram e deu partida, o rádio ligou e começou a tocar $TING, do The NBHD. Meus olhos se viraram para o rádio, sentindo uma sensação de familiaridade mais do que o normal com aquela música. Será que a pessoa que foi apagada gostava daquela música? Pode ser, porque eu mesmo não era muito de ouvir aquela banda, mas como Riders On The Storm, também sabia a letra daquela ali.
— Coloca essa música de novo, . — pedi e seus olhos me encararam pelo retrovisor.
Ele não perguntou nada, só voltou como pedi. A viagem toda e ficaram conversando, mas eu só me mantinha calado e totalmente aéreo ao papo deles, e por vezes ficava olhando pela janela, distraído, apenas sentindo aquele vazio me engolindo a cada segundo que passava. Era como um veneno em minhas veias. Fazia tudo doer também.
Não demorou muito para pararmos na frente de uma casa velha com a varanda lotada de vasos com plantas, e até mesmo com sinos de vento de diversos tipos e tamanhos pendurados de forma totalmente desordenada. O lugar tinha um aspecto sombrio, e eu entendi muito bem naquele momento o motivo de nunca ter falado sobre a avó dele e nos levado até ali antes. O lugar era realmente assustador.
Uma senhora trajando um vestido todo colorido apareceu na varanda. Seu cabelo branco estava preso em um coque, mas tinha uns fios soltos, a deixando meio descabelada. Sua pele enrugada fazia com que parecesse ter uns cem anos. Seus olhos eram em um tom azul bem mais claro do que os de , lhe dando um ar até mesmo fantasmagórico. Eu podia pedir para voltarmos agora? Acho que estava começando a preferir meu antidepressivo.
— Seus palhaços. Vocês vão ficar aí admirando minha beleza incontestável ou vão entrar logo? O Sol está de matar, ele vai me torrar toda. — a velha com a voz rouca falou, tirando uma risada de e . — Andem logo. — mandou virando e entrando na casa.
— Vamos, . — disse vendo que eu nem sequer tinha me mexido para sair dali. — Ela não vai te morder.
— Mas não impede que ela te coloque em um forno e asse para o jantar. — completou, recebendo uma olhada feia de .
— Era para rir? Desculpa, esqueci. — rebati com um humor péssimo e desci do carro.
— Ih, está azedo esse limão. Vou jogar um pouco de açúcar em você e vai ficar uma delícia. — disse dando um sorrisinho e meus olhos rolaram.
Não me dei ao trabalho de responder. Segui até a casa com ao meu lado. Deixei eles entrarem primeiro, mas quando fui passar pela porta, parei e olhei para baixo, vendo duas riscas com um pó. Uma era laranja e a outra era preta. A avó de me encarou com aqueles tons quase brancos e se aproximou, parando na minha frente.
— Entra. — disse e seu pé descalço passou em cima da linha preta, a rompendo. — Não precisa ter medo. — meu maxilar se travou com aquilo.
— Não estou com medo. — menti, vendo-a sorrir. Eu estava sim, aquela mulher estava me assustando.
Ela riu e saiu andando, então entrei no lugar olhando para os lados, sentindo um arrepio me tomar. Ali dentro não tinha muita claridade e a decoração era bizarra. Potes de vidros com coisas que eu não fazia ideia do que era, objetos estranhos, velas de diversos tamanhos, formatos e cores pela metade com a cera derretida em volta delas. Plantas em vasos esquisitos. Mais sinos de ventos na frente das janelas. Tinha vários livros parecendo muito antigos por todos os lados, estantes lotadas deles. E quadros pelas paredes retratando cenas tão bizarras quanto todo o resto ali.
parecia estar se divertindo olhando tudo, e estava totalmente despreocupado. Então segui a mulher até a cozinha e me sentei à mesa, tentando não olhar para os lados. Mas ali parecia o lugar mais normal da casa apesar do enorme fogão a lenha que tinha ali, dando um ar sombrio. Pelo menos o cheiro da comida era bom.
Meu calcanhar começou a bater no chão já impaciente para ir embora. Aquele lugar estava me incomodando demais, achava que era por causa da pouca iluminação. Meus dedos se juntaram sobre a mesa e começaram a mexer nos anéis em minha mão, até que minha atenção foi tirada com uma caneca que foi colocada na minha frente.
— Seu pé batendo no chão está fazendo um barulho irritante. Toma um chá de camomila e se acalma até o almoço ficar pronto. — empurrou a caneca em minha direção. — Já está adoçado. — avisou e eu peguei a caneca, porque achava que a mulher iria jogar aquilo na minha cara se eu não aceitasse. — Me chamo Thelema, mas pode me chamar de Emma, é mais fácil de lembrar. — sua última frase fez meus olhos verdes encararem os seus.
— Obrigado. — foi tudo o que falei antes de tomar um gole pequeno do chá, me certificando que era mesmo camomila. — Está gostoso. — tentei não ser rude.
— É claro que está. — sorriu e voltou para o fogão mexendo em suas panelas. — , o que você quer? Nunca vem aqui para comer meus biscoitos e tomar um chá da tarde comigo. Só vem pedir. Pior que pedinte. — aquilo tirou uma risada minha e do .
— Você está sendo grosseira com seu neto. — já chegou perto dela e tentou pegar algo dentro da panela, mas tomou uma baita colherada na mão. — Você é bruta. — reclamou abanando a mão. — Só ia pegar um pedacinho de frango. — choramingou.
— Você pode tirar essa mão cheia de dedos do meu frango. É para o almoço. Tem hora que parece que não tem fundo. Tem biscoito na dispensa, mas vê se não come tudo, é para depois do almoço. — avisou apontando a colher para nosso amigo, nos tirando mais risadas. — Qual é o problema dessa vez? Anda, garoto. Fala logo. — fez uma careta para ela e seguiu até a dispensa.
— Depois do almoço a gente fala. Vai que você expulsa a gente antes de comermos. Estou faminto. — declarou arrancando um olhar irritado de sua avó.
— Você sempre está com fome, . — falei rindo um pouco e tomando mais chá.
Chapter 8
Depois de tomar aquele chá todo e almoçar, finalmente me senti menos agitado com aquele lugar. A avó de não era tão apavorante assim, ela era até engraçada, com aquele jeito bruto e estúpido de falar. Pelo menos era direta e não escondia o que sentia. Tornava-se até fácil falar com Emma.
Depois do almoço, a avó de preparou um chá com biscoitos para nós, aqueles mesmos biscoitos que ela teve que tirar da mão de , ou ele teria comido tudo antes da hora. A cena tinha tirado umas boas risadas minhas e de .
— Então, comecem. — Emma mandou, se sentando à mesa com um enorme bule de chá na mão, servindo um pouco para cada um de nós.
— Vó, você sabe alguma coisa sobre a caçada selvagem? — ao ouvir aquela pergunta de , os olhos da mulher se voltaram rapidamente para ele.
— No que você andou se metendo, garoto? — quis saber enquanto se reconfortava na cadeira.
— Ele em nada. Achamos que pessoas foram levadas. — declarei, agora fazendo Emma me encarar. — Minha memória está falhando, tem um monte de coisa que não está fazendo sentindo, é como se estivesse faltando algo. — expliquei rapidamente, tentando ficar calmo em contar aquilo. — Olha, isso não é meu. — disse tirando a pulseira do meu pulso e colocando sobre a mesa. — Apareceu na minha mesa de cabeceira e eu não faço ideia de como foi parar lá ou de quem é, mas tenho a impressão de que é família.
— É uma pulseira de olho de tigre, você já deve ter visto alguém usando. É comum. — Emma falou simplesmente, mas não a pegou, apenas olhou para o objeto. — Vocês pelo menos sabem o que é a caçada selvagem? Ela não apaga memórias e nem pessoas. — rebateu tomando seu chá em seguida. — Ela é atraída pela guerra e pelo o caos. E até onde eu saiba, Berkview é uma cidade tranquila. Não teria motivo para ter vindo para cá.
— Então você acredita? — questionei a encarando bem sério, agora bebendo um pouco do meu chá.
— Eu acredito em muitas coisas, rapaz. E você? No que acredita? — Emma me olhava fervorosamente em meus tons superclaros querendo saber a resposta.
— Eu acredito que alguém importante para mim foi levado pela caçada selvagem, e eu quero saber quem é e como trazer de volta. — respondi com um tom de voz mais firme, a olhando de volta.
— Você sabe como o voodoo funciona? — neguei com a cabeça. — Ele só faz efeito se a pessoa a qual está praticando acredita naquilo, e se for um trabalho para alguém, só vai funcionar se a outra pessoa também acreditar. — deu um pequeno gole no chá e um sorrisinho de lado. — O que faz a diferença para o mal é você acreditar nele, porque ele acredita em você.
— Então se eu não acreditar... — comecei, mas não completei, porque tinha ficado subentendido.
— Ele não irá te afetar. — Emma falou balançando sua mão no ar, como se afastasse algo.
— É normal ficar arrepiado com isso? — perguntou do nada, esfregando os braços. — Papo bizarro.
— De qualquer forma, você acredita que existia alguém na sua vida que não existe mais. Isso pode ser algum trauma. Se chama síndrome do membro fantasma. — estreitei meus olhos em direção a Emma quando ela começou a falar aquilo, porque ao mesmo tempo que parecia não acreditar, parecia também que estava tentando ajudar de uma forma indireta. — É algo que geralmente acontece quando alguém perde algum membro do corpo. Eles sentem a sensação de coceira, mas não tem o que coçar. Do mesmo jeito que podem sentir dor que não existe. Entendeu? — concordei com a cabeça, porque aquilo fazia sentido. — A perda da parte tirada é tão importante que o cérebro ainda age como se aquilo ainda existisse.
— Então, pela lógica, o sofreu um trauma que o fez esquecer de alguém, mas o cérebro dele age como se essa pessoa ainda existisse. Sentindo falta e tudo mais? — perguntou olhando para sua avó, que concordou com a cabeça. — Mas isso explica por que eu e o sentimos a mesma coisa? Temos a sensação que têm pessoas faltando nas nossas vidas, mas não parece ser tão intenso como é para o . Logo, o que você está falando perde o sentido. Nós três não podemos estar tendo o mesmo sintoma de um trauma, um de nós pelo menos iria se lembrar. — meu amigo tinha um ponto ótimo, e eu concordava com ele.
— Quando começou? — agora o olhar de Emma mudou sobre a gente.
— Segunda-feira acordei já sentindo essa sensação, e não consigo me lembrar direito o que houve no domingo. — contei, e a mulher balançou a cabeça. — Com eles também. — informei tomando mais um gole daquele chá que parecia me ajudar a manter o foco naquela conversa toda.
— No domingo, quando anoiteceu, teve uma tempestade de raios que a meteorologia não tinha previsto. — comentou baixinho como se falasse consigo mesma. — OK. O subconsciente é um canal para nossas memórias, pode ser que os de vocês estejam dizendo algo.
— E como vamos acessar o subconsciente? — perguntou, se remexendo na cadeira, claramente incomodado com aquilo tudo.
— Dormindo. Os sonhos podem trazer lembranças de volta. Ou sendo hipnotizado, mas é arriscado, isso pode resgatar memórias que deveriam, de fato, terem ficado no esquecimento. — Emma explicou enquanto me olhava com atenção.
— Você sabe fazer? — quis saber, porque eu faria qualquer coisa para me lembrar de quem estava faltando.
— Sei, mas é algo arriscado. A mente humana é algo complicado de se lidar, você pode ficar preso dentro de sua própria cabeça ou até mesmo criar memórias falsas. — contou sem desviar o olhar e eu sentia meu coração batendo com força.
— Não importa. Faça em mim. — pedi sem pensar duas vezes.
— , não. — disse rapidamente, segurando meu pulso, o qual já puxei de volta.
— Eu preciso me lembrar ou vou enlouquecer. — falei o olhando com firmeza.
— Você tem certeza disso, ? — perguntou com cautela.
— Absoluta. — olhei para meu amigo de olhos azuis e depois para sua avó. — Você pode fazer? — pedi para ela, que soltou um suspiro, concordando com a cabeça.
— Vá para a sala, vou preparar outro chá que vai te ajudar a entrar no transe mais facilmente. — Emma mandou, já se levantando da cadeira.
ainda me encarava com aquele olhar de que não deveria fazer aquilo e estava com uma cara preocupada enquanto me olhava. Não falei nada, apenas tomei o resto daquele chá e me levantei, indo até a sala, e fiquei por lá olhando as coisas que agora não estavam mais me assustando tanto assim.
Ouvi os passos leves de Emma e ela já entrava no local com uma caneca na mão, a qual me estendeu. A peguei, dando um gole, sentindo que tinha um gosto meio amargo, mas não reclamei, apenas tomei tudo.
— O e o não vão poder participar, OK? Eles podem acabar atrapalhando. — Emma avisou, já indo até a cortina para fechá-la.
— Não. Deixa aberto. — pedi por saber que ficaria muito escuro ali dentro.
— O escuro vai te ajudar a entrar no transe mais rápido. — avisou, mas mesmo assim neguei com a cabeça. — Está bem, então só deitei no sofá. — pediu e fui até lá, colocando a caneca agora vazia na mesa de centro. — Quero que saiba que existem chances disso falhar, que não consiga acessar as suas memórias. — disse se sentando em uma poltrona logo ao lado. — Se o que contou for verdade, que alguém foi realmente apagado da existência, você não vai se lembrar, a menos que não tenha sido retirado totalmente da sua mente. Isso pode te levar a memórias mais profundas, que podem te trazer mais dor.
— Tudo bem. Não me importo. — declarei respirando fundo.
Então Emma começou a me guiar pela hipnose. Fechei meus olhos, relaxando como pediu, me focando em sua voz, no som da brisa que fazia os sinos espalhados por sua casa tocarem, descendo, indo mais fundo até parar na frente de uma porta. Levei meus dedos até a maçaneta e a girei, revelando um quarto que eu nunca tinha visto na minha vida.
Entrei e a porta se fechou atrás de mim. Caminhei até um dos puffs que que tinha ali. Um era verde e o outro era amarelo. Tinha um videogame conectado na televisão, e o jogo estava pausado. Me sentei no puff, pegando um dos controles, até que um menino moreno saiu do banheiro por outra porta que tinha ali ao lado e sorriu para mim. Fiz o mesmo, foi totalmente involuntário. Por mais que o olhasse, não conseguia saber quem era, mas nós nos conhecemos.
— Você vai se arrepender de ter me desafiado, Styles! — o garoto falou com um sorriso de lado.
— Eu vou acabar contigo! E você vai chorar que nem uma garotinha! — rebati sorrindo da mesma forma.
Então tiramos do pause e começamos a jogar, até que as luzes começaram a piscar e aquilo fez meu coração ficar acelerado. Olhei para os lados rapidamente perdendo totalmente o foco do jogo, até que tudo se apagou e a única coisa que saiu de minha garganta foi um grito alto, com medo. Algo pegou meu pé e me puxou com força, me fazendo cair do puff e ir direto de costas ao chão.
— A luz! Acenda qualquer luz! — implorei para aquele garoto que parecia ser meu amigo.
— Estou tentando achar a lanterna! Calma! — respondeu tão desesperado quanto eu.
— Rápido! — pedi sentindo algo subindo pelas minhas pernas, fazendo uma pressão enorme nelas. — Por favor, acenda a luz. — pedi chorando com aquela coisa em cima de mim, me deixando totalmente imobilizado, eu mal conseguia me mexer. — Me ajuda. — sussurrei com o nó agarrado na minha garganta.
— Calma, . Calma. Eu não estou achando. — o garoto falou.
Eu podia ouvir ele revirando tudo naquele escuro enquanto meu corpo todo já doía com o peso que aquela coisa estava fazendo em cima de mim, até que senti sua mão, ou coisa parecida, segurar meu braço com força, como se fosse o arrancar fora. Então gritei, sentindo algo cortando minha pele, e naquele momento uma luz se acendeu, fazendo aquilo rasgar meu braço em um arranhado só. Minha mão foi até o ferimento rapidamente, tentando fazer com que parasse de sangrar, mas ele escorria por entre meus dedos. O garoto veio correndo em minha direção com os olhos arregalados e viu o que estava acontecendo, então ele me abraçou com muita força e eu escondi meu rosto em seu peito. Nós dois estávamos chorando apavorados.
— Estou aqui, OK? Vai ficar tudo bem. — garantiu, mas eu sentia seu corpo tremendo tanto quanto o meu, só que ainda assim acreditei em suas palavras e elas me fizeram ficar um pouco calmo.
— , estou aqui. . — era a voz de invadindo meus ouvidos, e meus olhos se abriram, sentindo meu corpo suado.
— . — sussurrei seu nome segurando seus braços, sentindo minha respiração ofegante, vendo que ele era real.
— O que tem no escuro, ? — Emma perguntou me fazendo encará-la no mesmo instante. — O que está no escuro levou ele?
— Eu vou embora. — falei levantando do sofá na mesma hora.
Depois do almoço, a avó de preparou um chá com biscoitos para nós, aqueles mesmos biscoitos que ela teve que tirar da mão de , ou ele teria comido tudo antes da hora. A cena tinha tirado umas boas risadas minhas e de .
— Então, comecem. — Emma mandou, se sentando à mesa com um enorme bule de chá na mão, servindo um pouco para cada um de nós.
— Vó, você sabe alguma coisa sobre a caçada selvagem? — ao ouvir aquela pergunta de , os olhos da mulher se voltaram rapidamente para ele.
— No que você andou se metendo, garoto? — quis saber enquanto se reconfortava na cadeira.
— Ele em nada. Achamos que pessoas foram levadas. — declarei, agora fazendo Emma me encarar. — Minha memória está falhando, tem um monte de coisa que não está fazendo sentindo, é como se estivesse faltando algo. — expliquei rapidamente, tentando ficar calmo em contar aquilo. — Olha, isso não é meu. — disse tirando a pulseira do meu pulso e colocando sobre a mesa. — Apareceu na minha mesa de cabeceira e eu não faço ideia de como foi parar lá ou de quem é, mas tenho a impressão de que é família.
— É uma pulseira de olho de tigre, você já deve ter visto alguém usando. É comum. — Emma falou simplesmente, mas não a pegou, apenas olhou para o objeto. — Vocês pelo menos sabem o que é a caçada selvagem? Ela não apaga memórias e nem pessoas. — rebateu tomando seu chá em seguida. — Ela é atraída pela guerra e pelo o caos. E até onde eu saiba, Berkview é uma cidade tranquila. Não teria motivo para ter vindo para cá.
— Então você acredita? — questionei a encarando bem sério, agora bebendo um pouco do meu chá.
— Eu acredito em muitas coisas, rapaz. E você? No que acredita? — Emma me olhava fervorosamente em meus tons superclaros querendo saber a resposta.
— Eu acredito que alguém importante para mim foi levado pela caçada selvagem, e eu quero saber quem é e como trazer de volta. — respondi com um tom de voz mais firme, a olhando de volta.
— Você sabe como o voodoo funciona? — neguei com a cabeça. — Ele só faz efeito se a pessoa a qual está praticando acredita naquilo, e se for um trabalho para alguém, só vai funcionar se a outra pessoa também acreditar. — deu um pequeno gole no chá e um sorrisinho de lado. — O que faz a diferença para o mal é você acreditar nele, porque ele acredita em você.
— Então se eu não acreditar... — comecei, mas não completei, porque tinha ficado subentendido.
— Ele não irá te afetar. — Emma falou balançando sua mão no ar, como se afastasse algo.
— É normal ficar arrepiado com isso? — perguntou do nada, esfregando os braços. — Papo bizarro.
— De qualquer forma, você acredita que existia alguém na sua vida que não existe mais. Isso pode ser algum trauma. Se chama síndrome do membro fantasma. — estreitei meus olhos em direção a Emma quando ela começou a falar aquilo, porque ao mesmo tempo que parecia não acreditar, parecia também que estava tentando ajudar de uma forma indireta. — É algo que geralmente acontece quando alguém perde algum membro do corpo. Eles sentem a sensação de coceira, mas não tem o que coçar. Do mesmo jeito que podem sentir dor que não existe. Entendeu? — concordei com a cabeça, porque aquilo fazia sentido. — A perda da parte tirada é tão importante que o cérebro ainda age como se aquilo ainda existisse.
— Então, pela lógica, o sofreu um trauma que o fez esquecer de alguém, mas o cérebro dele age como se essa pessoa ainda existisse. Sentindo falta e tudo mais? — perguntou olhando para sua avó, que concordou com a cabeça. — Mas isso explica por que eu e o sentimos a mesma coisa? Temos a sensação que têm pessoas faltando nas nossas vidas, mas não parece ser tão intenso como é para o . Logo, o que você está falando perde o sentido. Nós três não podemos estar tendo o mesmo sintoma de um trauma, um de nós pelo menos iria se lembrar. — meu amigo tinha um ponto ótimo, e eu concordava com ele.
— Quando começou? — agora o olhar de Emma mudou sobre a gente.
— Segunda-feira acordei já sentindo essa sensação, e não consigo me lembrar direito o que houve no domingo. — contei, e a mulher balançou a cabeça. — Com eles também. — informei tomando mais um gole daquele chá que parecia me ajudar a manter o foco naquela conversa toda.
— No domingo, quando anoiteceu, teve uma tempestade de raios que a meteorologia não tinha previsto. — comentou baixinho como se falasse consigo mesma. — OK. O subconsciente é um canal para nossas memórias, pode ser que os de vocês estejam dizendo algo.
— E como vamos acessar o subconsciente? — perguntou, se remexendo na cadeira, claramente incomodado com aquilo tudo.
— Dormindo. Os sonhos podem trazer lembranças de volta. Ou sendo hipnotizado, mas é arriscado, isso pode resgatar memórias que deveriam, de fato, terem ficado no esquecimento. — Emma explicou enquanto me olhava com atenção.
— Você sabe fazer? — quis saber, porque eu faria qualquer coisa para me lembrar de quem estava faltando.
— Sei, mas é algo arriscado. A mente humana é algo complicado de se lidar, você pode ficar preso dentro de sua própria cabeça ou até mesmo criar memórias falsas. — contou sem desviar o olhar e eu sentia meu coração batendo com força.
— Não importa. Faça em mim. — pedi sem pensar duas vezes.
— , não. — disse rapidamente, segurando meu pulso, o qual já puxei de volta.
— Eu preciso me lembrar ou vou enlouquecer. — falei o olhando com firmeza.
— Você tem certeza disso, ? — perguntou com cautela.
— Absoluta. — olhei para meu amigo de olhos azuis e depois para sua avó. — Você pode fazer? — pedi para ela, que soltou um suspiro, concordando com a cabeça.
— Vá para a sala, vou preparar outro chá que vai te ajudar a entrar no transe mais facilmente. — Emma mandou, já se levantando da cadeira.
ainda me encarava com aquele olhar de que não deveria fazer aquilo e estava com uma cara preocupada enquanto me olhava. Não falei nada, apenas tomei o resto daquele chá e me levantei, indo até a sala, e fiquei por lá olhando as coisas que agora não estavam mais me assustando tanto assim.
Ouvi os passos leves de Emma e ela já entrava no local com uma caneca na mão, a qual me estendeu. A peguei, dando um gole, sentindo que tinha um gosto meio amargo, mas não reclamei, apenas tomei tudo.
— O e o não vão poder participar, OK? Eles podem acabar atrapalhando. — Emma avisou, já indo até a cortina para fechá-la.
— Não. Deixa aberto. — pedi por saber que ficaria muito escuro ali dentro.
— O escuro vai te ajudar a entrar no transe mais rápido. — avisou, mas mesmo assim neguei com a cabeça. — Está bem, então só deitei no sofá. — pediu e fui até lá, colocando a caneca agora vazia na mesa de centro. — Quero que saiba que existem chances disso falhar, que não consiga acessar as suas memórias. — disse se sentando em uma poltrona logo ao lado. — Se o que contou for verdade, que alguém foi realmente apagado da existência, você não vai se lembrar, a menos que não tenha sido retirado totalmente da sua mente. Isso pode te levar a memórias mais profundas, que podem te trazer mais dor.
— Tudo bem. Não me importo. — declarei respirando fundo.
Então Emma começou a me guiar pela hipnose. Fechei meus olhos, relaxando como pediu, me focando em sua voz, no som da brisa que fazia os sinos espalhados por sua casa tocarem, descendo, indo mais fundo até parar na frente de uma porta. Levei meus dedos até a maçaneta e a girei, revelando um quarto que eu nunca tinha visto na minha vida.
Entrei e a porta se fechou atrás de mim. Caminhei até um dos puffs que que tinha ali. Um era verde e o outro era amarelo. Tinha um videogame conectado na televisão, e o jogo estava pausado. Me sentei no puff, pegando um dos controles, até que um menino moreno saiu do banheiro por outra porta que tinha ali ao lado e sorriu para mim. Fiz o mesmo, foi totalmente involuntário. Por mais que o olhasse, não conseguia saber quem era, mas nós nos conhecemos.
— Você vai se arrepender de ter me desafiado, Styles! — o garoto falou com um sorriso de lado.
— Eu vou acabar contigo! E você vai chorar que nem uma garotinha! — rebati sorrindo da mesma forma.
Então tiramos do pause e começamos a jogar, até que as luzes começaram a piscar e aquilo fez meu coração ficar acelerado. Olhei para os lados rapidamente perdendo totalmente o foco do jogo, até que tudo se apagou e a única coisa que saiu de minha garganta foi um grito alto, com medo. Algo pegou meu pé e me puxou com força, me fazendo cair do puff e ir direto de costas ao chão.
— A luz! Acenda qualquer luz! — implorei para aquele garoto que parecia ser meu amigo.
— Estou tentando achar a lanterna! Calma! — respondeu tão desesperado quanto eu.
— Rápido! — pedi sentindo algo subindo pelas minhas pernas, fazendo uma pressão enorme nelas. — Por favor, acenda a luz. — pedi chorando com aquela coisa em cima de mim, me deixando totalmente imobilizado, eu mal conseguia me mexer. — Me ajuda. — sussurrei com o nó agarrado na minha garganta.
— Calma, . Calma. Eu não estou achando. — o garoto falou.
Eu podia ouvir ele revirando tudo naquele escuro enquanto meu corpo todo já doía com o peso que aquela coisa estava fazendo em cima de mim, até que senti sua mão, ou coisa parecida, segurar meu braço com força, como se fosse o arrancar fora. Então gritei, sentindo algo cortando minha pele, e naquele momento uma luz se acendeu, fazendo aquilo rasgar meu braço em um arranhado só. Minha mão foi até o ferimento rapidamente, tentando fazer com que parasse de sangrar, mas ele escorria por entre meus dedos. O garoto veio correndo em minha direção com os olhos arregalados e viu o que estava acontecendo, então ele me abraçou com muita força e eu escondi meu rosto em seu peito. Nós dois estávamos chorando apavorados.
— Estou aqui, OK? Vai ficar tudo bem. — garantiu, mas eu sentia seu corpo tremendo tanto quanto o meu, só que ainda assim acreditei em suas palavras e elas me fizeram ficar um pouco calmo.
— , estou aqui. . — era a voz de invadindo meus ouvidos, e meus olhos se abriram, sentindo meu corpo suado.
— . — sussurrei seu nome segurando seus braços, sentindo minha respiração ofegante, vendo que ele era real.
— O que tem no escuro, ? — Emma perguntou me fazendo encará-la no mesmo instante. — O que está no escuro levou ele?
— Eu vou embora. — falei levantando do sofá na mesma hora.
Chapter 9
Se a casa da avó de não fosse tão distante, eu teria voltado a pé mesmo. Mas os meninos me trouxeram de volta. Ninguém ousou falar nada a viagem toda, ficou aquele silêncio incômodo dentro do carro, que deixava os três desconfortáveis. Minha mão esquerda segurava com força meu braço direito onde tinha a minha cicatriz.
Eu sabia como tinha acontecido, me lembrava agora. Estava na casa daquele garoto. Eu tinha onze anos. Foi na noite que acabou a luz. Eu lembrava. Eu sabia. Sabia o tempo todo. A marca estava na minha pele. Mas eu não conseguia lembrar seu nome. Quem era ele? Aquela pergunta não parava de martelar na minha cabeça a viagem inteira, e sentia que se não lembrasse, as coisas seriam bem piores agora.
Assim que parou na frente da minha casa, desci do carro sem me despedir e saÍ andando apressado. Eu precisava me lembrar, achar qualquer coisa que fosse forçar minhas memórias a voltarem.
— . — me chamou, mas o ignorei.
Entrei em casa e bati a porta, já subindo para meu quarto, apressado e até mesmo pulando alguns degraus. Quando passei pela porta do meu quarto e a bati, comecei a revirar as minhas coisas em busca de qualquer vestígio daquele garoto. Joguei tudo no chão mesmo para ser mais fácil de procurar, mas logo um par de mãos me puxou para trás e fui jogado contra a parede.
— Calma, . — pediu com suas mãos fortes apertando meus braços, me forçando contra a parede.
— Me solta, ! — mandei, tentando sair dali para continuar revirando as coisas.
— Não! — falou sério, me fazendo olhá-lo. — Você está surtando de novo. Eu não vou deixar que isso aconteça. Fica calmo.
— Não, ! Não tem como ficar calmo. Eu preciso achar ele. — rebati um pouco alto.
— Ele não existe mais, ! Para! Para de se machucar assim. Por favor, para. — aquilo foi como um tapa na minha cara, e eu finalmente parei de tentar sair de suas mãos. — Ver você desse jeito está me matando. — sua testa se encostou na minha. — Nós ainda estamos aqui. Nós existimos. — fechei meus olhos e neguei com a cabeça.
— Eu não estou mais conseguindo existir, tudo dentro de mim está sumindo. — contei, sentindo meu coração ainda mais apertado e as lágrimas começaram a descer. — Estou sendo apagado.
— Não, . — suas mãos vieram até meu rosto o secando e o erguendo. — Você não está sendo apagado. Você está aqui. Comigo e com o . Não vamos deixar você desaparecer. — puxei o ar com força e ele entrou falhando com suas palavras. — Você existe, você é importante para nós, você não vai ser apagado.
— Não. Não. — sussurrei, balançando a cabeça com sua testa ainda junta da minha.
— Olha, me escuta. — pediu com uma voz baixa, passando seus polegares pelo meu rosto, secando as lágrimas que desciam sem que eu me desse conta. — Você costumava ser o nosso Sol, a pessoa mais iluminada que nós conhecemos. Eu sei que você foi ensinado a nunca deixar ninguém para trás, e segurou a mão de todos nós quando mais precisamos. — suas palavras me faziam chorar mais, e minhas pernas foram cedendo ao meu peso aos poucos. — Quando meu pai nos deixou, você esteve comigo. Na vez que a tia do morreu e ele ficou arrasado, você esteve lá, ao lado dele todo o tempo. Quando fiquei de castigo por um mês por ter colado chiclete no cabelo da Ruth, você foi escondido na minha casa todos os dias. Passei minha infância toda doente e eu ficava mais em casa do que ia na escola, você levava todos os deveres copiados e me explicava as matérias. Então aquela vez que o cismou em ficar loiro, foi você quem descoloriu o cabelo dele e mesmo ficando uma merda, você riu e disse que estava ótimo. — mesmo que estivesse me fazendo lembrar daquilo tudo, faltava uma parte enorme, e aquilo fazia mais lágrimas descerem. — Eu não sei para onde esse foi, mas vou achá-lo nem que leve toda a minha vida para isso. — me sentei no chão com logo na minha frente.
— Não desperdice seu tempo com algo vazio. — pedi, levando minha mão até seu rosto.
— Não é algo vazio, . É você. — sussurrou, e pelo nossos rostos estarem perto demais, seu nariz esbarrou no meu. — Posso fazer uma coisa? — pediu e apenas concordei de leve com a cabeça.
chegou mais perto e juntou nossos lábios, me fazendo respirar fundo. Mantive meus olhos fechados, sentindo sua boca contra a minha, e deixei sua língua me invadir, tomando a minha em um beijo lento. E tudo o que senti foi um grande e tremendo nada. Era um beijo totalmente sem sentido para mim, então logo me afastei, abaixando a cabeça.
— Me deixa sozinho, . — pedi com a voz levemente rouca.
— ... — não deixei que continuasse.
— Por favor, . — murmurei sem olhar para ele.
deu um beijo em minha cabeça e se levantou, saindo do quarto e me deixando ali sozinho. Abracei minhas pernas, encostei minha testa entre meus joelhos e fiquei ali, naquela posição, chorando até aquela agonia insuportável passar. Até que meu corpo começou a doer de ficar sentado ali. Levantei, indo para minha cama e deitando nela.
Acendi minha luminária que projetava uma galáxia pelo quarto todo e ficava girando bem lentamente. Eu só queria que as coisas voltassem a fazer sentido. Era só isso.
Me virei e abracei meu travesseiro, pedindo para a assistente de voz começar a tocar o Spotify, e quando uma música lenta começou, deixei meus olhos se fecharem e a melodia doce entrar em meu peito na esperança de que aquilo fosse me acalmar.
Joguei meu corpo para trás sentindo minhas costas baterem contra o colchão macio e me fazendo pular de leve contra o edredom. Aquilo tirou uma risada minha, acho que eu tinha bebido demais, mas não me importava com aquilo, eu não iria dormir em casa mesmo naquela noite.
Ri com o garoto que se jogou ao meu lado, fazendo seus fios negros e lisos ficaram mais bagunçados do que já eram, me tirando um sorriso, porque aquele desgraçado ficava lindo de qualquer jeito mesmo. Se foder, viu. Ele se virou, me encarando com um sorriso lindo nos lábios, eu podia ficar olhando para aquele sorriso para sempre, sabia disso, e ainda assim jamais cansaria, porque era perfeito demais. Com toda a certeza meu sorriso favorito do mundo todinho, mas ele jamais saberia disso, ou me chamaria de bobo, ou talvez pensaria coisas erradas de mim, e eu não queria isso.
Queria poder traçar todos os seus contornos com as pontas dos meus dedos, mas como não podia fazer isso, apenas deixei meus olhos correrem pelo seu rosto como se estivessem gravando cada detalhe dele. Tudo que eu tinha de mais certeza naquele mundo era que era feliz ao lado daquele garoto, e tinha plena certeza de que não importava quantos anos se passassem, aquilo nunca iria diminuir. E às vezes tudo o que desejava era me perder com ele no meio daquilo tudo que sentia.
— Eu adoro essa pintinha que você tem no olho. — comentei, rindo um pouco, mas a risada mais alta veio quando seus olhos se arregalaram e ele riu comigo. — Bobo mesmo.
— Só um pouquinho. — indicou com os dedos que era só um pouquinho de nada, me fazendo rir de novo. — E eu adoro suas covinhas. — aquilo me fez cobrir elas na mesma hora com as minhas mãos. — Não! Para. Isso é maldade. Me deixa ver. — pediu, segurando meus pulsos e os puxando de leve, me fazendo rir ainda mais. — Isso. Olha só! Elas são perfeitas. — jogou a cabeça para trás de um jeito muito engraçado.
— São nada, para. — o empurrei de leve para o lado.
— Shiu. Não discute comigo. — mandou, já me batendo com um travesseiro.
— Quanto abuso! — soltei, abrindo a boca em um enorme O. — Você vai ver só.
Já peguei outro travesseiro e bati com ele na lateral de sua cabeça. Então começamos uma guerra de travesseiros, o que nos arrancou muitas risadas. Cada vez batíamos um no outro com mais força, até que os travesseiros estouraram e começaram a soltar penas para todos os lados. ia nos matar por isso, mas quem liga? Tinha pena até no teto agora, e umas até entravam em minha boca, me fazendo ficar engasgado.
— Chega. Para! Eu não aguento mais. — falei, desistindo daquela batalha e me jogando de lado na cama, fazendo um monte de peninhas de ganso voarem.
— Você está se rendendo, Styles? — perguntou ainda ajoelhado na cama e passando a mão em seu cabelo, tentando ajeitar, mas não tinha jeito, e aquilo só me tirou um riso fraco.
Vi a pulseira de bolinhas amarelas com marrom em seu pulso e toquei nela de leve. Adorava aquela pulseira que lhe dei de presente em um de seus aniversários, eu sempre dizia que ela tinha todas as cores que seus olhos podiam chegar.
— Estou. — disse rindo um pouco, agora vendo o moreno comemorar. — Eu perdi uma batalha, e não a guerra, OK? Não vai cantando tanta vitória assim. — o avisei.
— Não estou nem aí. Eu ganhei essa. — se jogou ao meu lado, deitando para cima, encarando o teto com as mãos sobre a barriga. — Acho que vou pedir a Gigi em namoro. O que acha? — foi impossível controlar a careta que veio em meu rosto naquele momento por causa daquela notícia.
— Perda de tempo. — falei me sentando na cama, me sentindo irritado. — Para que você vai namorar ela? Não tem nada a ver isso.
— Porque ela gosta de mim, oras. — ele se sentou também, me olhando.
— E você, gosta dela? — perguntar aquilo fez meu peito ficar com um incômodo enorme.
— Que pergunta, . — rebateu, se levantando da cama, parecendo aborrecido.
— Me responde! — pedi indo atrás dele.
— O que vocês fizeram? — apareceu na porta do quarto antes que saíssemos dele. — Não quero saber quem começou! Vocês não limpar com a língua. — apontou para a bagunça que fizemos com os travesseiros.
— OK! — bufei e saí do quarto para pegar as coisas para limpar.
Assim que voltei, aquele idiota tinha sumido. Ótimo, agora eu ia ter que arrumar aquilo sozinho. Ridículo mesmo. Mas antes de começar, fui até a janela que estava aberta e deixei minha respiração bater nela.
"Fui para casa. A janela vai ficar aberta."
Abri meus olhos, puxando o ar com força. Aquilo não tinha sido só um sonho. Não mesmo. Aquele garoto. Era ele. Só pode ser. Era o mesmo que tinha visto quando Emma havia me hipnotizado. Estávamos mais velhos, não sei bem. Parecia que tínhamos uns dezesseis ou dezessete anos. Eu me lembrava da Gigi. Era uma garota loira que estudou comigo... Com a gente na escola, mas não me recordo dela ter namorado com alguém. De qualquer jeito, tanto faz também. Agora as coisas estavam fazendo um pouco de sentido. Aquele vazio todo, aquele sentimento que tinha por ele, era a falta que sentia dentro de mim. Eu gostava daquele garoto. Ele era meu melhor amigo.
Puta merda! Passei a mão em meu rosto, levando meu cabelo para trás, o segurando com força. A pulseira era dele. Logo meus dedos passaram por ela rapidamente, ainda a sentindo em meu pulso.
Aquilo ajudava um pouco, mas piorava também, porque agora eu meio que sabia quem era, pelo menos agora lembrava de seu rosto. Ele era lindo. Fechei meus olhos, pensando um pouco nele de novo, até que levantei e parei na frente da minha janela. Então deixei minha respiração quente bater contra o vidro, revelando uma mensagem ali.
21:15 .M.
O que caralhos era 21:15? Versículo da bíblia? E .M.?
— Malik. — o nome saiu pelos meus lábios de forma muda.
Eu sabia como tinha acontecido, me lembrava agora. Estava na casa daquele garoto. Eu tinha onze anos. Foi na noite que acabou a luz. Eu lembrava. Eu sabia. Sabia o tempo todo. A marca estava na minha pele. Mas eu não conseguia lembrar seu nome. Quem era ele? Aquela pergunta não parava de martelar na minha cabeça a viagem inteira, e sentia que se não lembrasse, as coisas seriam bem piores agora.
Assim que parou na frente da minha casa, desci do carro sem me despedir e saÍ andando apressado. Eu precisava me lembrar, achar qualquer coisa que fosse forçar minhas memórias a voltarem.
— . — me chamou, mas o ignorei.
Entrei em casa e bati a porta, já subindo para meu quarto, apressado e até mesmo pulando alguns degraus. Quando passei pela porta do meu quarto e a bati, comecei a revirar as minhas coisas em busca de qualquer vestígio daquele garoto. Joguei tudo no chão mesmo para ser mais fácil de procurar, mas logo um par de mãos me puxou para trás e fui jogado contra a parede.
— Calma, . — pediu com suas mãos fortes apertando meus braços, me forçando contra a parede.
— Me solta, ! — mandei, tentando sair dali para continuar revirando as coisas.
— Não! — falou sério, me fazendo olhá-lo. — Você está surtando de novo. Eu não vou deixar que isso aconteça. Fica calmo.
— Não, ! Não tem como ficar calmo. Eu preciso achar ele. — rebati um pouco alto.
— Ele não existe mais, ! Para! Para de se machucar assim. Por favor, para. — aquilo foi como um tapa na minha cara, e eu finalmente parei de tentar sair de suas mãos. — Ver você desse jeito está me matando. — sua testa se encostou na minha. — Nós ainda estamos aqui. Nós existimos. — fechei meus olhos e neguei com a cabeça.
— Eu não estou mais conseguindo existir, tudo dentro de mim está sumindo. — contei, sentindo meu coração ainda mais apertado e as lágrimas começaram a descer. — Estou sendo apagado.
— Não, . — suas mãos vieram até meu rosto o secando e o erguendo. — Você não está sendo apagado. Você está aqui. Comigo e com o . Não vamos deixar você desaparecer. — puxei o ar com força e ele entrou falhando com suas palavras. — Você existe, você é importante para nós, você não vai ser apagado.
— Não. Não. — sussurrei, balançando a cabeça com sua testa ainda junta da minha.
— Olha, me escuta. — pediu com uma voz baixa, passando seus polegares pelo meu rosto, secando as lágrimas que desciam sem que eu me desse conta. — Você costumava ser o nosso Sol, a pessoa mais iluminada que nós conhecemos. Eu sei que você foi ensinado a nunca deixar ninguém para trás, e segurou a mão de todos nós quando mais precisamos. — suas palavras me faziam chorar mais, e minhas pernas foram cedendo ao meu peso aos poucos. — Quando meu pai nos deixou, você esteve comigo. Na vez que a tia do morreu e ele ficou arrasado, você esteve lá, ao lado dele todo o tempo. Quando fiquei de castigo por um mês por ter colado chiclete no cabelo da Ruth, você foi escondido na minha casa todos os dias. Passei minha infância toda doente e eu ficava mais em casa do que ia na escola, você levava todos os deveres copiados e me explicava as matérias. Então aquela vez que o cismou em ficar loiro, foi você quem descoloriu o cabelo dele e mesmo ficando uma merda, você riu e disse que estava ótimo. — mesmo que estivesse me fazendo lembrar daquilo tudo, faltava uma parte enorme, e aquilo fazia mais lágrimas descerem. — Eu não sei para onde esse foi, mas vou achá-lo nem que leve toda a minha vida para isso. — me sentei no chão com logo na minha frente.
— Não desperdice seu tempo com algo vazio. — pedi, levando minha mão até seu rosto.
— Não é algo vazio, . É você. — sussurrou, e pelo nossos rostos estarem perto demais, seu nariz esbarrou no meu. — Posso fazer uma coisa? — pediu e apenas concordei de leve com a cabeça.
chegou mais perto e juntou nossos lábios, me fazendo respirar fundo. Mantive meus olhos fechados, sentindo sua boca contra a minha, e deixei sua língua me invadir, tomando a minha em um beijo lento. E tudo o que senti foi um grande e tremendo nada. Era um beijo totalmente sem sentido para mim, então logo me afastei, abaixando a cabeça.
— Me deixa sozinho, . — pedi com a voz levemente rouca.
— ... — não deixei que continuasse.
— Por favor, . — murmurei sem olhar para ele.
deu um beijo em minha cabeça e se levantou, saindo do quarto e me deixando ali sozinho. Abracei minhas pernas, encostei minha testa entre meus joelhos e fiquei ali, naquela posição, chorando até aquela agonia insuportável passar. Até que meu corpo começou a doer de ficar sentado ali. Levantei, indo para minha cama e deitando nela.
Acendi minha luminária que projetava uma galáxia pelo quarto todo e ficava girando bem lentamente. Eu só queria que as coisas voltassem a fazer sentido. Era só isso.
Me virei e abracei meu travesseiro, pedindo para a assistente de voz começar a tocar o Spotify, e quando uma música lenta começou, deixei meus olhos se fecharem e a melodia doce entrar em meu peito na esperança de que aquilo fosse me acalmar.
Joguei meu corpo para trás sentindo minhas costas baterem contra o colchão macio e me fazendo pular de leve contra o edredom. Aquilo tirou uma risada minha, acho que eu tinha bebido demais, mas não me importava com aquilo, eu não iria dormir em casa mesmo naquela noite.
Ri com o garoto que se jogou ao meu lado, fazendo seus fios negros e lisos ficaram mais bagunçados do que já eram, me tirando um sorriso, porque aquele desgraçado ficava lindo de qualquer jeito mesmo. Se foder, viu. Ele se virou, me encarando com um sorriso lindo nos lábios, eu podia ficar olhando para aquele sorriso para sempre, sabia disso, e ainda assim jamais cansaria, porque era perfeito demais. Com toda a certeza meu sorriso favorito do mundo todinho, mas ele jamais saberia disso, ou me chamaria de bobo, ou talvez pensaria coisas erradas de mim, e eu não queria isso.
Queria poder traçar todos os seus contornos com as pontas dos meus dedos, mas como não podia fazer isso, apenas deixei meus olhos correrem pelo seu rosto como se estivessem gravando cada detalhe dele. Tudo que eu tinha de mais certeza naquele mundo era que era feliz ao lado daquele garoto, e tinha plena certeza de que não importava quantos anos se passassem, aquilo nunca iria diminuir. E às vezes tudo o que desejava era me perder com ele no meio daquilo tudo que sentia.
— Eu adoro essa pintinha que você tem no olho. — comentei, rindo um pouco, mas a risada mais alta veio quando seus olhos se arregalaram e ele riu comigo. — Bobo mesmo.
— Só um pouquinho. — indicou com os dedos que era só um pouquinho de nada, me fazendo rir de novo. — E eu adoro suas covinhas. — aquilo me fez cobrir elas na mesma hora com as minhas mãos. — Não! Para. Isso é maldade. Me deixa ver. — pediu, segurando meus pulsos e os puxando de leve, me fazendo rir ainda mais. — Isso. Olha só! Elas são perfeitas. — jogou a cabeça para trás de um jeito muito engraçado.
— São nada, para. — o empurrei de leve para o lado.
— Shiu. Não discute comigo. — mandou, já me batendo com um travesseiro.
— Quanto abuso! — soltei, abrindo a boca em um enorme O. — Você vai ver só.
Já peguei outro travesseiro e bati com ele na lateral de sua cabeça. Então começamos uma guerra de travesseiros, o que nos arrancou muitas risadas. Cada vez batíamos um no outro com mais força, até que os travesseiros estouraram e começaram a soltar penas para todos os lados. ia nos matar por isso, mas quem liga? Tinha pena até no teto agora, e umas até entravam em minha boca, me fazendo ficar engasgado.
— Chega. Para! Eu não aguento mais. — falei, desistindo daquela batalha e me jogando de lado na cama, fazendo um monte de peninhas de ganso voarem.
— Você está se rendendo, Styles? — perguntou ainda ajoelhado na cama e passando a mão em seu cabelo, tentando ajeitar, mas não tinha jeito, e aquilo só me tirou um riso fraco.
Vi a pulseira de bolinhas amarelas com marrom em seu pulso e toquei nela de leve. Adorava aquela pulseira que lhe dei de presente em um de seus aniversários, eu sempre dizia que ela tinha todas as cores que seus olhos podiam chegar.
— Estou. — disse rindo um pouco, agora vendo o moreno comemorar. — Eu perdi uma batalha, e não a guerra, OK? Não vai cantando tanta vitória assim. — o avisei.
— Não estou nem aí. Eu ganhei essa. — se jogou ao meu lado, deitando para cima, encarando o teto com as mãos sobre a barriga. — Acho que vou pedir a Gigi em namoro. O que acha? — foi impossível controlar a careta que veio em meu rosto naquele momento por causa daquela notícia.
— Perda de tempo. — falei me sentando na cama, me sentindo irritado. — Para que você vai namorar ela? Não tem nada a ver isso.
— Porque ela gosta de mim, oras. — ele se sentou também, me olhando.
— E você, gosta dela? — perguntar aquilo fez meu peito ficar com um incômodo enorme.
— Que pergunta, . — rebateu, se levantando da cama, parecendo aborrecido.
— Me responde! — pedi indo atrás dele.
— O que vocês fizeram? — apareceu na porta do quarto antes que saíssemos dele. — Não quero saber quem começou! Vocês não limpar com a língua. — apontou para a bagunça que fizemos com os travesseiros.
— OK! — bufei e saí do quarto para pegar as coisas para limpar.
Assim que voltei, aquele idiota tinha sumido. Ótimo, agora eu ia ter que arrumar aquilo sozinho. Ridículo mesmo. Mas antes de começar, fui até a janela que estava aberta e deixei minha respiração bater nela.
"Fui para casa. A janela vai ficar aberta."
Abri meus olhos, puxando o ar com força. Aquilo não tinha sido só um sonho. Não mesmo. Aquele garoto. Era ele. Só pode ser. Era o mesmo que tinha visto quando Emma havia me hipnotizado. Estávamos mais velhos, não sei bem. Parecia que tínhamos uns dezesseis ou dezessete anos. Eu me lembrava da Gigi. Era uma garota loira que estudou comigo... Com a gente na escola, mas não me recordo dela ter namorado com alguém. De qualquer jeito, tanto faz também. Agora as coisas estavam fazendo um pouco de sentido. Aquele vazio todo, aquele sentimento que tinha por ele, era a falta que sentia dentro de mim. Eu gostava daquele garoto. Ele era meu melhor amigo.
Puta merda! Passei a mão em meu rosto, levando meu cabelo para trás, o segurando com força. A pulseira era dele. Logo meus dedos passaram por ela rapidamente, ainda a sentindo em meu pulso.
Aquilo ajudava um pouco, mas piorava também, porque agora eu meio que sabia quem era, pelo menos agora lembrava de seu rosto. Ele era lindo. Fechei meus olhos, pensando um pouco nele de novo, até que levantei e parei na frente da minha janela. Então deixei minha respiração quente bater contra o vidro, revelando uma mensagem ali.
21:15 .M.
O que caralhos era 21:15? Versículo da bíblia? E .M.?
— Malik. — o nome saiu pelos meus lábios de forma muda.
Chapter 10
Estava sentando no sofá esperando o meu táxi chegar. Eu já tinha dado check-out, e a recepcionista tinha dito que chamaria um táxi para que me levasse até a estação. Então, logo em seguida, saiu, deixando uma placa de volto já sobre o balcão. Mas a demora estava me incomodando demais. Aquilo me fez levantar e ir até lá para ver se ela já tinha voltado, e quando parei na frente do balcão, vi como estava extremamente empoeirado. Uni as sobrancelhas, achando aquilo estranho.
— Olá. — falei e não obtive nenhuma resposta. Bati no sininho que estava tão empoeirado quanto o balcão. — Tem alguém aí? — perguntei, olhando para a porta que tinha atrás do balcão, mas que estava fechada.
Ninguém apareceu para me atender e isso me fez voltar para meu sofá, me jogando nele e olhando a hora em meu relógio, mas o ponteiro estava parado. Bati em cima no vidro e o ponteiro continuou no mesmo lugar. Ótimo, tinha acabado a bateria. Olhei para o senhor ao meu lado e vi que estava de relógio.
— Com licença, o senhor pode me informar as horas? — pedi e o senhor me olhou de forma monótona.
— São 21:15. — informou, me fazendo suspirar. iria me matar por estar atrasado.
— Obrigado. — agradeci, me remexendo um pouco naquele estofado meio duro. — O senhor está esperando um táxi também?
— Sim. — respondeu de forma seca.
— Está indo para onde? — vai que o dele chegava primeiro e eu poderia pegar uma carona se estivéssemos indo para o mesmo lugar.
— Estou indo para... — parou com a boca aberta. — Estou... — não conseguia completar a frase.
Naquele instante, a porta dupla do hotel se abriu em um rompante e homens com cavalos entraram arrastando pessoas por uma corda e as soltando ali dentro. Todo mundo que estava na recepção se encolheu ou até mesmo se escondeu. Aquilo me assustou um pouco, até que me lembrei quem eles eram por causa do cheiro de morte que invadiu meu nariz.
Cavaleiros fantasmas.
Eles deixaram as pessoas ali e saíram pela mesma porta. Eu tinha sido levado pela caçada selvagem. Não estava morto, então? Isso queria dizer alguma coisa. Será que tinha como sair dali? e ! Precisava achá-los. Se foram levados assim como eu, certamente estavam ali também.
Saí andando apressado pelo lugar, procurando seus rostos familiares naquela recepção enorme. Tinha tantos sofás e poltronas ali. E agora estava começando a me lembrar de tudo. Como tinha chegado até aquele lugar. De , nós dois na chuva, tentando fugir. Droga.
Céus! Há quanto tempo estava ali? Levei minha mão rapidamente até meu pulso percebendo que minha pulseira de olho de tigre não estava ali. Ela deve ter caído quando segurou meu pulso na tempestade, quando os cavaleiros me levaram. Será que ele tinha sido pego também? Isso me fez olhar para todos os lados, agora mais desesperadamente para ver se achava , e meus passos começaram a serem mais rápidos, mas acabei mesmo encontrando .
— . — chamei seu nome, mas ele não me olhou, parecia que não tinha nem me ouvido. Então fui até meu amigo, o sacudi pelos ombros e seus olhos azuis subiram para meu rosto. — .
— ? — soltou em forma de pergunta. — ! — segurou meus braços e se levantou, me dando um abraço. — O que você está fazendo aqui? — franzi o cenho.
— A caçada selvagem. — falei em tom de explicação. — Ela me pegou também. No dia seguinte depois de você.
— O quê? Do que você está falando? — ele parecia confuso.
— Os cavaleiros. Você não os viu entrando agora? — apontei para a porta e apenas negou com a cabeça. — OK. — umedeci meus lábios, me abaixando na frente do meu amigo. — Você precisa se lembrar. — então comecei a falar o que tinha acontecido na festa de sábado à noite, sobre , e até o momento que foi levado.
— . — disse o nome de sua namorada e me encarou com clareza dessa vez.
— Conseguiu se lembrar agora? — quis saber desejando que sim.
— Sim. Ela deve estar aqui também. — já se levantou e começamos a procurar pela garota. — ! — a chamou assim que viu a garota sentada no canto.
Corremos até lá e ela parecia tão confusa quanto estava quando o despertei. Então contamos tudo o que estava acontecendo. No começo, ela balançava a cabeça como se fôssemos loucos, até que parou e ficou nos encarando. E começou a se lembrar do que aconteceu.
— Os cavaleiros cavalgam pelos raios, são uma força imbatível da natureza e levam as pessoas que capturam para lugares que não são reais... Isso aqui é uma ilusão. — contou, olhando ao redor me fazendo unir a sobrancelha.
— Como você sabe disso? — perguntei levemente desconfiado.
— Porque foram meus pais que os invocaram. — sua resposta me fez rir de puro desgosto. — Eles atraíram a caçada selvagem até Berkview e ofereceram a cidade toda em troca de poder.
— Eles fizeram o quê? — as palavras saíram da minha boca em tom de raiva.
— Calma, . Ela não tem nada a ver com isso. — pediu, mas quis mandar que ele se ferrasse.
— Nós fomos apagados por causa de ganância! Imagina como os outros que ficaram para trás estão! Lottie ainda lembrava de você, estava pirando por sua causa, assim como eu! Então não me venha pedir calma! — rebati puto da vida com aquela merda. — Meus pais, minhas irmãs... O . — travei meu maxilar pensando em como eles deveriam estar se sentindo naquele momento.
— Desculpa, . Eu não sabia que eles iam mesmo invocar os cavaleiros... — começou a falar de um jeito inocente que me deu nojo.
— Besteira! É claro que você sabia! — meu tom de voz se elevou um pouco. — Você sabe sobre os cavaleiros! Como que não sabia que seus pais iam fazer?
— Mas eu não sabia! Você acha que estou feliz com isso? Eu também fui apagada como você! — veio para cima de mim e me empurrou pelo peito.
— Chega vocês dois! — se colocou no meio de nós.
— Eu vou achar uma saída. — resmunguei e saí dando.
— Não tem como fugir, ! Estamos presos aqui. Esse lugar nem é real! — berrou, e eu apenas dei o dedo do meio para ela.
Caminhei apressado por entre aqueles sofás que não pareciam ter fim, e fui para uma porta que certamente dava para a saída. A abri e quando passei por ele, entrei na recepção por uma outra porta. Olhei para trás, não entendendo o que aconteceu, então fiz o caminho contrário, saindo na mesma porta que atravessei na primeira vez. Avistei uma escada e corri até lá, subindo nela e quando cheguei ao final, estava de volta à recepção. Fiquei horas tentando achar uma saída, até que parei. E naquele momento senti como se estivesse em uma escadaria de Penrose. Não importava por onde entrava ou subia, eu sempre acabaria no mesmo ponto de partida.
— Prezados hóspedes. Lamentos informar, mas a estrada que é a única ligação com o nosso amado hotel foi interditada. Não há como sair no momento. Pedimos paciência. Em breve o problema será resolvido. — uma voz de mulher soou nas caixas de alto-falantes que tinham no canto das paredes. — Agradecemos a atenção de todos, o Hotel Rosamond lhe deseja uma boa noite.
Meus olhos seguiram os fios para ver até onde levavam, e paravam na parede logo atrás do balcão da recepção. Então caminhei até lá apressado e passei pelo balcão. Tentei abrir a porta, mas a mesma estava trancada. OK. Vai ser do jeito difícil. Me afastei e bati com o pé nela, mas não fez nem cócegas. Tentei mais uma vez e nada. Bufei e joguei meu corpo contra ela.
— Precisa de ajuda? — ouvi a voz de atrás de mim.
— Preciso. — aceitei, porque estava vendo que sozinho não iria conseguir fazer aquilo.
Então juntos nos jogamos contra a porta umas três vezes, e na quarta ela cedeu ao nosso peso. Meu ombro estava até doendo por causa daquilo. Acendi a luz do lugar e nos deparamos com um escritório. Ali tinha um rádio transmissor velho e um microfone que deveria ser da época da minha avó. Tudo estava empoeirado e com teia de aranhas.
Me aproximei e mexi no rádio. Ele pelo menos ligou. Já era alguma coisa. Comecei a mexer nos botões, mas não tinha ideia de como aquilo funcionava.
— Primeiro você tem que saber para que canal de frequência quer falar. — falou entrando na sala.
— Então vai lá, madame. — gesticulei para que fizesse melhor.
A garota se aproximou e pegou um caderno que estava ao lado do rádio, então me aproximei vendo que era uma lista com o nome de várias cidades e um código no lado de cada uma delas. achou de Berkview e mexeu os conectores, trocando alguns fios de posição e depois apertou alguns botões. Ela parecia realmente saber o que estava fazendo, então não me meti, fiquei apenas olhando.
— Vocês sabem que isso é loucura, né? — soltou atrás de nós. — A gente está em um lugar que nem existe. Como que um rádio teria comunicação com algo além daqui?
— Você tem uma ideia melhor? — questionei olhando por cima do meu ombro. — Porque parece que estamos em uma eterna escadaria de Penrose. Não importa qual porta a gente atravesse, sempre acabamos na recepção.
— Escadaria de quem? — não tinha ideia do que eu estava falando.
— Um lugar que é tipo o símbolo do infinito. — explique da forma mais chula que encontrei que o faria entender exatamente o que era.
— A não ser que a gente entre bem no meio. — disse, me fazendo encará-la agora. — Se a gente achar a falha da ilusão que nos prende aqui, há uma chance de sair.
— E como vamos achar isso? — perguntei cruzando meus braços.
— Primeiro precisamos saber se isso aqui vai funcionar, porque se der certo, quer dizer que existe uma falha nessa matrix. — estendeu o microfone. — Vai fundo, garotão.
— Espero que dê certo. — sussurrei, pegando o microfone e apertando o botão do lado dele. — Alguém na escuta? Câmbio. — falei e tudo o que ouvimos foi um chiado ininterrupto. mexeu um pouco nos botões.
— Tenta de novo. — a garota pediu e só concordei com a cabeça.
— Alguém na escuta? Câmbio. — repeti e nada. Tentamos mais algumas vezes.
— Isso é inútil. — declarou, parecendo entediado.
— Não estou vendo você fazendo nada para ajudar. Então cala a boca. — mandei perdendo a paciência. — Alguém na escuta? Câmbio.
— ? — a voz do saiu no rádio, fazendo meu coração ficar disparado. — , é você? — eu nunca tinha ficado tão feliz em ouvir a voz do meu melhor amigo. — , você está aí? Fala comigo.
— , sou eu. — disse rapidamente umedecendo meus lábios. — Estou aqui. Estou aqui. — repeti dando um sorriso. — Você se lembra de mim? Ainda me conhece? — perguntei segurando o microfone transmissor com mais força na minha mão sentindo que estava tremendo um pouco, mas o rádio ficou um silêncio depois. — Não, merda! O que está acontecendo? — olhei para para que mexesse nos botões e fizesse aquilo funcionar de novo.
— Eu não sei. Nada mudou. — ela falou olhando para o rádio e checando se estava tudo certo.
— Lembro. — finalmente respondeu me fazendo suspirar aliviado. — Eu me lembro de você, .
— Consegue se lembrar da última coisa que te falei? — meus olhos se fecharam lembrando daquele momento, das nossas mãos juntas, de todas as minhas palavras, de como eu não queria ser apagado e ficar com .
— Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo, e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado.
— Olá. — falei e não obtive nenhuma resposta. Bati no sininho que estava tão empoeirado quanto o balcão. — Tem alguém aí? — perguntei, olhando para a porta que tinha atrás do balcão, mas que estava fechada.
Ninguém apareceu para me atender e isso me fez voltar para meu sofá, me jogando nele e olhando a hora em meu relógio, mas o ponteiro estava parado. Bati em cima no vidro e o ponteiro continuou no mesmo lugar. Ótimo, tinha acabado a bateria. Olhei para o senhor ao meu lado e vi que estava de relógio.
— Com licença, o senhor pode me informar as horas? — pedi e o senhor me olhou de forma monótona.
— São 21:15. — informou, me fazendo suspirar. iria me matar por estar atrasado.
— Obrigado. — agradeci, me remexendo um pouco naquele estofado meio duro. — O senhor está esperando um táxi também?
— Sim. — respondeu de forma seca.
— Está indo para onde? — vai que o dele chegava primeiro e eu poderia pegar uma carona se estivéssemos indo para o mesmo lugar.
— Estou indo para... — parou com a boca aberta. — Estou... — não conseguia completar a frase.
Naquele instante, a porta dupla do hotel se abriu em um rompante e homens com cavalos entraram arrastando pessoas por uma corda e as soltando ali dentro. Todo mundo que estava na recepção se encolheu ou até mesmo se escondeu. Aquilo me assustou um pouco, até que me lembrei quem eles eram por causa do cheiro de morte que invadiu meu nariz.
Cavaleiros fantasmas.
Eles deixaram as pessoas ali e saíram pela mesma porta. Eu tinha sido levado pela caçada selvagem. Não estava morto, então? Isso queria dizer alguma coisa. Será que tinha como sair dali? e ! Precisava achá-los. Se foram levados assim como eu, certamente estavam ali também.
Saí andando apressado pelo lugar, procurando seus rostos familiares naquela recepção enorme. Tinha tantos sofás e poltronas ali. E agora estava começando a me lembrar de tudo. Como tinha chegado até aquele lugar. De , nós dois na chuva, tentando fugir. Droga.
Céus! Há quanto tempo estava ali? Levei minha mão rapidamente até meu pulso percebendo que minha pulseira de olho de tigre não estava ali. Ela deve ter caído quando segurou meu pulso na tempestade, quando os cavaleiros me levaram. Será que ele tinha sido pego também? Isso me fez olhar para todos os lados, agora mais desesperadamente para ver se achava , e meus passos começaram a serem mais rápidos, mas acabei mesmo encontrando .
— . — chamei seu nome, mas ele não me olhou, parecia que não tinha nem me ouvido. Então fui até meu amigo, o sacudi pelos ombros e seus olhos azuis subiram para meu rosto. — .
— ? — soltou em forma de pergunta. — ! — segurou meus braços e se levantou, me dando um abraço. — O que você está fazendo aqui? — franzi o cenho.
— A caçada selvagem. — falei em tom de explicação. — Ela me pegou também. No dia seguinte depois de você.
— O quê? Do que você está falando? — ele parecia confuso.
— Os cavaleiros. Você não os viu entrando agora? — apontei para a porta e apenas negou com a cabeça. — OK. — umedeci meus lábios, me abaixando na frente do meu amigo. — Você precisa se lembrar. — então comecei a falar o que tinha acontecido na festa de sábado à noite, sobre , e até o momento que foi levado.
— . — disse o nome de sua namorada e me encarou com clareza dessa vez.
— Conseguiu se lembrar agora? — quis saber desejando que sim.
— Sim. Ela deve estar aqui também. — já se levantou e começamos a procurar pela garota. — ! — a chamou assim que viu a garota sentada no canto.
Corremos até lá e ela parecia tão confusa quanto estava quando o despertei. Então contamos tudo o que estava acontecendo. No começo, ela balançava a cabeça como se fôssemos loucos, até que parou e ficou nos encarando. E começou a se lembrar do que aconteceu.
— Os cavaleiros cavalgam pelos raios, são uma força imbatível da natureza e levam as pessoas que capturam para lugares que não são reais... Isso aqui é uma ilusão. — contou, olhando ao redor me fazendo unir a sobrancelha.
— Como você sabe disso? — perguntei levemente desconfiado.
— Porque foram meus pais que os invocaram. — sua resposta me fez rir de puro desgosto. — Eles atraíram a caçada selvagem até Berkview e ofereceram a cidade toda em troca de poder.
— Eles fizeram o quê? — as palavras saíram da minha boca em tom de raiva.
— Calma, . Ela não tem nada a ver com isso. — pediu, mas quis mandar que ele se ferrasse.
— Nós fomos apagados por causa de ganância! Imagina como os outros que ficaram para trás estão! Lottie ainda lembrava de você, estava pirando por sua causa, assim como eu! Então não me venha pedir calma! — rebati puto da vida com aquela merda. — Meus pais, minhas irmãs... O . — travei meu maxilar pensando em como eles deveriam estar se sentindo naquele momento.
— Desculpa, . Eu não sabia que eles iam mesmo invocar os cavaleiros... — começou a falar de um jeito inocente que me deu nojo.
— Besteira! É claro que você sabia! — meu tom de voz se elevou um pouco. — Você sabe sobre os cavaleiros! Como que não sabia que seus pais iam fazer?
— Mas eu não sabia! Você acha que estou feliz com isso? Eu também fui apagada como você! — veio para cima de mim e me empurrou pelo peito.
— Chega vocês dois! — se colocou no meio de nós.
— Eu vou achar uma saída. — resmunguei e saí dando.
— Não tem como fugir, ! Estamos presos aqui. Esse lugar nem é real! — berrou, e eu apenas dei o dedo do meio para ela.
Caminhei apressado por entre aqueles sofás que não pareciam ter fim, e fui para uma porta que certamente dava para a saída. A abri e quando passei por ele, entrei na recepção por uma outra porta. Olhei para trás, não entendendo o que aconteceu, então fiz o caminho contrário, saindo na mesma porta que atravessei na primeira vez. Avistei uma escada e corri até lá, subindo nela e quando cheguei ao final, estava de volta à recepção. Fiquei horas tentando achar uma saída, até que parei. E naquele momento senti como se estivesse em uma escadaria de Penrose. Não importava por onde entrava ou subia, eu sempre acabaria no mesmo ponto de partida.
— Prezados hóspedes. Lamentos informar, mas a estrada que é a única ligação com o nosso amado hotel foi interditada. Não há como sair no momento. Pedimos paciência. Em breve o problema será resolvido. — uma voz de mulher soou nas caixas de alto-falantes que tinham no canto das paredes. — Agradecemos a atenção de todos, o Hotel Rosamond lhe deseja uma boa noite.
Meus olhos seguiram os fios para ver até onde levavam, e paravam na parede logo atrás do balcão da recepção. Então caminhei até lá apressado e passei pelo balcão. Tentei abrir a porta, mas a mesma estava trancada. OK. Vai ser do jeito difícil. Me afastei e bati com o pé nela, mas não fez nem cócegas. Tentei mais uma vez e nada. Bufei e joguei meu corpo contra ela.
— Precisa de ajuda? — ouvi a voz de atrás de mim.
— Preciso. — aceitei, porque estava vendo que sozinho não iria conseguir fazer aquilo.
Então juntos nos jogamos contra a porta umas três vezes, e na quarta ela cedeu ao nosso peso. Meu ombro estava até doendo por causa daquilo. Acendi a luz do lugar e nos deparamos com um escritório. Ali tinha um rádio transmissor velho e um microfone que deveria ser da época da minha avó. Tudo estava empoeirado e com teia de aranhas.
Me aproximei e mexi no rádio. Ele pelo menos ligou. Já era alguma coisa. Comecei a mexer nos botões, mas não tinha ideia de como aquilo funcionava.
— Primeiro você tem que saber para que canal de frequência quer falar. — falou entrando na sala.
— Então vai lá, madame. — gesticulei para que fizesse melhor.
A garota se aproximou e pegou um caderno que estava ao lado do rádio, então me aproximei vendo que era uma lista com o nome de várias cidades e um código no lado de cada uma delas. achou de Berkview e mexeu os conectores, trocando alguns fios de posição e depois apertou alguns botões. Ela parecia realmente saber o que estava fazendo, então não me meti, fiquei apenas olhando.
— Vocês sabem que isso é loucura, né? — soltou atrás de nós. — A gente está em um lugar que nem existe. Como que um rádio teria comunicação com algo além daqui?
— Você tem uma ideia melhor? — questionei olhando por cima do meu ombro. — Porque parece que estamos em uma eterna escadaria de Penrose. Não importa qual porta a gente atravesse, sempre acabamos na recepção.
— Escadaria de quem? — não tinha ideia do que eu estava falando.
— Um lugar que é tipo o símbolo do infinito. — explique da forma mais chula que encontrei que o faria entender exatamente o que era.
— A não ser que a gente entre bem no meio. — disse, me fazendo encará-la agora. — Se a gente achar a falha da ilusão que nos prende aqui, há uma chance de sair.
— E como vamos achar isso? — perguntei cruzando meus braços.
— Primeiro precisamos saber se isso aqui vai funcionar, porque se der certo, quer dizer que existe uma falha nessa matrix. — estendeu o microfone. — Vai fundo, garotão.
— Espero que dê certo. — sussurrei, pegando o microfone e apertando o botão do lado dele. — Alguém na escuta? Câmbio. — falei e tudo o que ouvimos foi um chiado ininterrupto. mexeu um pouco nos botões.
— Tenta de novo. — a garota pediu e só concordei com a cabeça.
— Alguém na escuta? Câmbio. — repeti e nada. Tentamos mais algumas vezes.
— Isso é inútil. — declarou, parecendo entediado.
— Não estou vendo você fazendo nada para ajudar. Então cala a boca. — mandei perdendo a paciência. — Alguém na escuta? Câmbio.
— ? — a voz do saiu no rádio, fazendo meu coração ficar disparado. — , é você? — eu nunca tinha ficado tão feliz em ouvir a voz do meu melhor amigo. — , você está aí? Fala comigo.
— , sou eu. — disse rapidamente umedecendo meus lábios. — Estou aqui. Estou aqui. — repeti dando um sorriso. — Você se lembra de mim? Ainda me conhece? — perguntei segurando o microfone transmissor com mais força na minha mão sentindo que estava tremendo um pouco, mas o rádio ficou um silêncio depois. — Não, merda! O que está acontecendo? — olhei para para que mexesse nos botões e fizesse aquilo funcionar de novo.
— Eu não sei. Nada mudou. — ela falou olhando para o rádio e checando se estava tudo certo.
— Lembro. — finalmente respondeu me fazendo suspirar aliviado. — Eu me lembro de você, .
— Consegue se lembrar da última coisa que te falei? — meus olhos se fecharam lembrando daquele momento, das nossas mãos juntas, de todas as minhas palavras, de como eu não queria ser apagado e ficar com .
— Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo, e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado.
Chapter 11
tinha achado que eu tinha surtado de vez e meio que se culpava com isso por ter me beijado, achando que ele era a causa de tudo. Não quis discutir sobre porque aquele assunto não era sobre ele, e sim sobre . Era só sobre .
Já apenas me olhava daquele jeito, com pena do meu delírio todo. Tudo bem, não tinha raiva deles e nem os culpava de nada. Era eu quem sentia aquele vazio insuportável e não meus amigos, eu quem tinha sonhado e visto aquele garoto de olhos dourados, e não eles. Não tinha como provar nada, estava tudo dentro da minha cabeça. Eles não lembravam do e não podia fazer nada para devolver suas memórias, então a minha única saída era procurar qualquer rastro sozinho. Porque tinha chegado à conclusão de que ninguém pode ser apagado sem deixar vestígios. Sua pulseira tinha ficado comigo de algum jeito, assim como aqueles papéis dentro do meu porta luvas os quais eu tinha quase certeza serem dele, mesmo que não conseguisse me lembrar.
Então, em uma tentativa desesperada de achar qualquer coisa, comecei a andar de carro pela cidade, procurando lugares nos quais poderia me lembrar de algo, e de forma bizarra achei a cidade estranhamente vazia, certamente deveria ser o frio que estava fazendo aquela noite, afinal, o inverno estava chegando.
Parei no centro, olhando para um prédio que tinha vários apartamentos com a luz acesa, mas um em específico me chamou atenção. Parecia vazio, não tinha cortina na janela e nem nada próximo dela.
Prendi meus lábios em uma linha reta e saí do carro. Sabia que era loucura, mas não custava nada tentar, todos já estavam achando que eu tinha pirado de vez mesmo. Parei na frente da porta do edifício e peguei minhas chaves. Tinha algumas ali que eu não tinha ideia de onde eram. Encarei a fechadura, vendo a marca dela, e procurei no chaveiro uma chave que tivesse a mesma marca, ou que o tamanho da chave que fosse equivalente do buraco dela. Tinha duas, a primeira não foi, a segunda entrou e girou. Isso provava que minha loucura não era tão grande assim.
Entrei no lugar e segui pelas escadas, o prédio era pequeno, só tinha cinco andares. Parei no terceiro e vi a porta do apartamento que tinha a luz acesa. Segui até lá e tentei outras chaves que tinham ali, e como antes, uma dela abriu aquela porta também. Olhei lá dentro, vendo que estava tudo vazio e apenas a luz do que parecia ser uma sala em conjugado com a cozinha estava acesa.
Passei pela porta e caminhei pelo local, tentando ver se lembrava de algo, mas nada vinha. Me virei e vi a marca dos meus passos na poeira no chão. Parecia que ninguém ia ali há meses, quem sabe até anos. Segui para onde imaginei fosse o quarto e parei embaixo do batente, acendendo a luz do cômodo já que ele estava bem escuro apesar da iluminação.
Umedeci meus lábios, caminhando lentamente pelo lugar e indo até a janela que estava bastante suja. Passei a manga do meu casaco nela, a limpando o máximo que deu, então deixei meu ar bater contra o vidro, sabendo que o moletom não tiraria uma possível gordura de pele dali. Então, assim como no meu quarto, uma mensagem apareceu ali.
"Quinn. 16:30. .S."
Sorri com aquilo, entendo o que os números eram horas. Assim como na minha janela. Certamente aquela vez ele estaria na minha casa às 21:30 horas para me buscar.
morava ali. Será que tinha algum registro do imóvel na prefeitura? Eu poderia ver isso amanhã cedo. Seria uma boa. Vai que eu achava algum documento que tivesse seu nome, isso já seria mais alguma coisa, uma prova de que ele realmente existiu.
Era só isso que eu queria? Provar que existiu? O que seria depois disso? Ele só ficaria na minha memória? Apenas recordaria como ele era? Só lembraria dos seus olhos de chocolate, que ficavam dourados quando a luz refletia dentro dele? Seu sorriso só ficaria em minha cabeça até que os anos fossem o apagando e viraria apenas uma sombra? Era isso? A única coisa que teria de seria aquela pulseira que me lembrava como seus olhos eram os mais lindos que já vi? Seria tudo o que teria do garoto que...
— Não, . Não faça isso consigo mesmo. — sussurrei, deixando meus dedos tocarem nas bolinhas marrons mescladas com um amarelo dourado. — Eu daria qualquer coisa para poder olhar em seus olhos novamente. — minha mão se fechou ao redor do meu pulso, segurando aquela pulseira com força. — Por que você não me levou também? Por quê? — minha existência não estava fazendo sentindo sem a de .
Suspirei e me virei, saindo daquele apartamento. Não tinha nada ali e não conseguia me lembrar de nada, era só um lugar familiar, mas sem lembranças que pudessem preencher meus espaços vazios que continuavam a me atormentar dia após dia. Mas iria me lembrar de mais coisas. Não me contentaria apenas com aquelas duas recordações. Nós tínhamos algo forte demais para ser esquecido assim. Eu me recusava a deixar isso de lado.
Então voltei para meu carro e continuei naquela busca incessante por todos os cantos daquela cidade. Fui no Quinn mais vezes do que costumava, na tentativa de que lá fosse me fazer lembrar de mais coisas. Mas eram apenas recordações distantes demais para conseguir distinguir se eram reais, pois todas as vezes que conseguia algo, nunca via . Aquilo era cansativo, me deixava exausto, mas não iria parar. Nunca desistiria dele. Nunca.
— Você nunca mais voltou na casa do seu avô? — do nada minha mãe perguntou quando estávamos jantando, então apenas a encarei, não entendendo muito bem o motivo daquilo. — Você adorava ir lá. De repente parou de ir. O que houve?
— Mãe, o vovô morreu tem mais de dez anos. Eu nunca mais voltei na casa dele depois disso. — a lembrei.
— Não seja besta, . Você adora aquele lugar. Vivia me falando que ia lá e cuidava para não ficar tão largado. — uni as sobrancelhas de leve, tentando me lembrar do momento que tinha dito algo do tipo para ela. — Não vendemos por sua causa. Achamos que você iria querer se mudar para lá quando entrasse na faculdade.
— É, talvez eu me mude para lá. — comentei apenas para dar fim àquela conversa sem sentido. — Vou passar lá depois para ver como estão as coisas.
— Não seja tão mal-humorado assim, . Só foi um comentário. — minha mãe rebateu, me lançando um olhar recriminador.
— Ele está com esse humor nojento já tem meses. — Gemma alfinetou, me fazendo estreitar os olhos em sua direção. — O que foi? Não estou mentindo. Estou? — me encarou bem séria. — Você deveria arrumar alguém para ver se melhora um pouco.
— Claro, como se a resposta para ser feliz fosse ter alguém. — rebati irritado, já perdendo a fome que era pouca. — Com licença.
— Gemma. — nossa mãe a repreendeu. — , acabe de comer.
— Perdi a fome. — respondi, jogando o resto da comida no triturador.
Logo depois, subi para meu quarto, troquei de roupa e saí de novo. Eu mal parava em casa nos últimos tempos por causa da minha busca. O maior problema estava sendo meu rendimento na faculdade, que tinha caído drasticamente, mas não tem como você trabalhar com criatividade quando tem um monte de outras coisas em sua cabeça. Apenas não flui. Estava quase trancando o semestre, seria melhor, mas sabia que meus pais iriam me encher a paciência por conta disso. Talvez eu pedisse um trabalho extra, ou algo assim para meus professores, ou não, apenas deixaria passar e depois voltaria e faria de novo aquelas matérias que perdi. Só sabia que não tinha cabeça para absolutamente nada que não fosse tentar achar qualquer coisa que fosse me lembrar do .
Eu tinha ciência de que aquilo havia se tornado uma obsessão.
Peguei meu chaveiro e fiquei olhando as chaves que tinham ali, reconhecendo uma delas sendo mesmo da casa do meu avô. Eu iria até lá ver como as coisas estavam, quem sabe conseguia encontrar alguma paz naquele lugar já que minha mãe disse que gostava tanto de lá. Então apenas saí sem falar com ninguém e dirigi até o endereço que ainda conseguia me lembrar.
Entrei pelo quintal de trás, vendo a piscina vazia e suja, no fundo tinha apenas um pouco de água que estava preta por causa do lodo que tinha se formado ali. Não fiquei muito tempo olhando para ela, apenas segui até a porta de vidro que estava tão suja que mal dava para ver a parte de dentro. A destranquei e entrei, acendendo logo as luzes. Estava tudo empoeirado demais e acabei espirrando por isso.
Caminhei, sentindo meu tênis afundando de leve no carpete velho. Avistei uma guitarra marrom no canto junto com um amplificador. Então fui até lá, a pegando e passando a manga do meu casaco por ela para tirar a poeira, e me joguei no sofá sem braço e velho que tinha do lado, rindo fraco com a nuvem que aquilo fez, me arrancando mais alguns espirros.
Suspirei, apoiei a guitarra na minha perna e liguei o amplificador, não muito alto, não estava afim ninguém me ouvir tocando. Queria tocar apenas para mim naquele momento. Fechei meus olhos e deixei meus dedos passarem pelas cordas de aço, vendo que ainda estavam afinadas perfeitamente. Estava frio ali dentro, mas não iria ligar o aquecedor interno, nem sabia se estava bom. Então, como em muito tempo não fazia, deixei minha voz sair.
— I'm sitting here cold as ice swallow my friend's advice praying it'll bring you back to me. — aquela última parte saiu mais forte. Eu só desejava de todo o meu coração que voltasse para mim. Era tudo o que eu queria. Tudo.
— I'm done carrying the weight of the world so heavy on my shoulders I just wanna feel this love. — queria que meu coração pudesse bater sem que doesse tanto, que aquele sentimento dentro dele me consumisse de uma forma boa, doce como o amor deveria ser, e não que sangrasse daquela forma como estava fazendo. — Even if it's only when I'm tripping I see your face. — e tudo o que eu tinha de era seu rosto em minha mente.
— I ain't doing no one a favour while I'm sober for the moment I can only hope this lasts. — sabia que meu humor estava afastando as pessoas, que deveria tomar as drogas dos remédios para fazer aquilo melhor, mas eu tinha medo que eles fizessem minhas memórias irem embora. — Coz when the high stops then I know that you're gone. — e sabia que aceitar que ele tinha ido e que provavelmente nunca mais voltaria estava acabando comigo dia após dia.
— Kiss me like it's all the same just lovers like we were supposed to be. — aquilo me fez sorrir fraco, imaginando como deveriam ser seus beijos, pois apostava que deveriam ser perfeitos assim como ele parecia ser em minhas poucas lembranças. Sim, eu já não estava mais controlado nada dentro de mim. Eu queria , queria o meu de volta. Queria poder olhar em seus olhos e dizer o que sinto por ele, sem medo, apenas a verdade. — Oh as these shapes and colours all start to fade I can feel you slipping Away.
E era isso. Ele tinha desaparecido como um arco-íris depois de brilhar após uma bela tempestade. Soltei o ar, sentindo as lágrimas mais uma vez molharem meu rosto, nós tínhamos nos tornado melhores amigos nos últimos meses. Lambi meus lábios, sentindo como estavam salgados e joguei minha cabeça para trás. Por que logo você tinha sido apagado, ? Por que não eu? Ou qualquer outra pessoa? Sabia que isso era algo horrível de se pensar, que era egoísta demais, só que eu sentia tantas saudades.
Sequei meu rosto e levantei do sofá, caminhando pela casa. Até que vi um casaco jogado em uma cadeira dentro de um dos quartos, não me lembrava daquele moletom. Fui até lá e, quando o peguei, pude ver o usando várias e várias vezes. Pedaços de lembranças vieram, me engolindo totalmente. Então levei o casaco até meu rosto e o cheirei, e ainda podia sentir um vestígio de perfume ali. Era dele. Meus olhos se fecharam e respirei mais aquele moletom, o afundando mais em meu nariz, deixando seu cheiro tomar totalmente meus pulmões, gravando-o em minha mente para que nunca mais saísse. Meus dedos apertaram aquela roupa com força e meus braços o envolveram como se pudesse fazer isso com o seu dono naquele instante. Volta para mim, . Por favor. Só volta para mim.
Abri meus olhos, sentindo mais lágrimas descerem, mas meus tons verdes brilharam vendo o quarto com coisas que não estavam ali antes. Eu não estava ficando louco, não podia estar. Me aproximei de um mural onde tinha várias fotos agora. Fotos nossas. Aquilo me fez sorrir abertamente.
— . — seu nome saiu como um sussurro de meus lábios e meus dedos tocaram uma das fotos na qual estávamos em uma festa. — Meu . — mais lágrimas desceram. — Você é real. É real para mim. — contei como se pudesse ouvir.
Até que levei um susto ouvindo o som de uma estática de rádio que veio de um dos cantos da casa. Saí andando apressado, ouvindo a voz dele, do meu amigo. Isso só fez meus passos serem mais rápidos, parando na frente de uma porta de um escritório. Era um rádio amador do meu avô. Ele adorava aquele troço, contava altas histórias sobre ele, de quando era jovem e como ele e seus amigos tinham uma rádio na cidade e tudo mais.
— Alguém na escuta? Câmbio. — o meu surto estava sendo grande, mas dessa vez tive mais certeza ainda que tinha ouvido a voz dele saindo daquele negócio velho. Então corri até lá, por sorte meu avô tinha me ensinado a mexer.
— ? — perguntei apenas para ter certeza, eu já sabia que estava pirando de vez. — , é você? — chamei de novo na esperança que o ouvisse. — , você está aí? Fala comigo. — implorei sentindo meu peito doer. Era só estática, eu estava ouvindo coisas.
— , sou eu. — disse finalmente, fazendo meu coração ficar extremamente acelerado. — Estou aqui. Estou aqui. — eu só consegui sorrir com aquilo, mas não conseguia deixar de pensar que ainda assim podia estar tendo um delírio qualquer, ou até mesmo sonhando.
— E eu estou aqui. — disse de volta para ele. — Onde você está? — perguntei, mas não tinha resposta. — , por favor. Não some de novo. Fala comigo. . — pedi desesperado apenas ouvindo estática.
— Você se lembra de mim? Ainda me conhece? — sua pergunta me fazia acreditar que talvez realmente fosse verdade. Deus! Ele estava falando comigo mesmo.
— Lembro. — respondi dando um sorriso largo. — Eu me lembro de você, . — contei, sentindo que meu coração iria explodir a qualquer segundo agora.
— Consegue se lembrar da última coisa que te falei? — aquilo me fez parar e senti minha respiração ofegante. Fechei meus olhos, me forçando a lembrar.
— Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado. — as palavras apenas saíram de meus lábios. Ele me amava. Foi isso que ele me disse, eu lembrava. — , eu te amo. Por favor, volta para mim. Eu não aguento mais. Eu não consigo ficar sem você. — mas não tive mais resposta, apenas estática. — . — chamei baixinho. — , por favor, por favor... — as palavras foram subindo de meus lábios.
Apenas soltei o microfone, abaixando minha cabeça na mesa passando as mãos em meu cabelo o puxando para trás. Ele era real. era real e me amava. Aquilo me fez abrir os olhos sentindo a ficha caindo. Espera. Meu coração estava extremamente disparado e meu ar cortado e rápido.
— me ama. — sussurrei para mim mesmo.
Mesmo que aquilo me deixasse extremamente feliz, do que adiantava? Ele não estava ali. Mas de uma coisa agora tinha certeza: ninguém podia ser simplesmente apagado, as pessoas deixavam vestígios.
— Designed through radio static I start hearing your voice reply almost like you're right here with me.
Já apenas me olhava daquele jeito, com pena do meu delírio todo. Tudo bem, não tinha raiva deles e nem os culpava de nada. Era eu quem sentia aquele vazio insuportável e não meus amigos, eu quem tinha sonhado e visto aquele garoto de olhos dourados, e não eles. Não tinha como provar nada, estava tudo dentro da minha cabeça. Eles não lembravam do e não podia fazer nada para devolver suas memórias, então a minha única saída era procurar qualquer rastro sozinho. Porque tinha chegado à conclusão de que ninguém pode ser apagado sem deixar vestígios. Sua pulseira tinha ficado comigo de algum jeito, assim como aqueles papéis dentro do meu porta luvas os quais eu tinha quase certeza serem dele, mesmo que não conseguisse me lembrar.
Então, em uma tentativa desesperada de achar qualquer coisa, comecei a andar de carro pela cidade, procurando lugares nos quais poderia me lembrar de algo, e de forma bizarra achei a cidade estranhamente vazia, certamente deveria ser o frio que estava fazendo aquela noite, afinal, o inverno estava chegando.
Parei no centro, olhando para um prédio que tinha vários apartamentos com a luz acesa, mas um em específico me chamou atenção. Parecia vazio, não tinha cortina na janela e nem nada próximo dela.
Prendi meus lábios em uma linha reta e saí do carro. Sabia que era loucura, mas não custava nada tentar, todos já estavam achando que eu tinha pirado de vez mesmo. Parei na frente da porta do edifício e peguei minhas chaves. Tinha algumas ali que eu não tinha ideia de onde eram. Encarei a fechadura, vendo a marca dela, e procurei no chaveiro uma chave que tivesse a mesma marca, ou que o tamanho da chave que fosse equivalente do buraco dela. Tinha duas, a primeira não foi, a segunda entrou e girou. Isso provava que minha loucura não era tão grande assim.
Entrei no lugar e segui pelas escadas, o prédio era pequeno, só tinha cinco andares. Parei no terceiro e vi a porta do apartamento que tinha a luz acesa. Segui até lá e tentei outras chaves que tinham ali, e como antes, uma dela abriu aquela porta também. Olhei lá dentro, vendo que estava tudo vazio e apenas a luz do que parecia ser uma sala em conjugado com a cozinha estava acesa.
Passei pela porta e caminhei pelo local, tentando ver se lembrava de algo, mas nada vinha. Me virei e vi a marca dos meus passos na poeira no chão. Parecia que ninguém ia ali há meses, quem sabe até anos. Segui para onde imaginei fosse o quarto e parei embaixo do batente, acendendo a luz do cômodo já que ele estava bem escuro apesar da iluminação.
Umedeci meus lábios, caminhando lentamente pelo lugar e indo até a janela que estava bastante suja. Passei a manga do meu casaco nela, a limpando o máximo que deu, então deixei meu ar bater contra o vidro, sabendo que o moletom não tiraria uma possível gordura de pele dali. Então, assim como no meu quarto, uma mensagem apareceu ali.
"Quinn. 16:30. .S."
Sorri com aquilo, entendo o que os números eram horas. Assim como na minha janela. Certamente aquela vez ele estaria na minha casa às 21:30 horas para me buscar.
morava ali. Será que tinha algum registro do imóvel na prefeitura? Eu poderia ver isso amanhã cedo. Seria uma boa. Vai que eu achava algum documento que tivesse seu nome, isso já seria mais alguma coisa, uma prova de que ele realmente existiu.
Era só isso que eu queria? Provar que existiu? O que seria depois disso? Ele só ficaria na minha memória? Apenas recordaria como ele era? Só lembraria dos seus olhos de chocolate, que ficavam dourados quando a luz refletia dentro dele? Seu sorriso só ficaria em minha cabeça até que os anos fossem o apagando e viraria apenas uma sombra? Era isso? A única coisa que teria de seria aquela pulseira que me lembrava como seus olhos eram os mais lindos que já vi? Seria tudo o que teria do garoto que...
— Não, . Não faça isso consigo mesmo. — sussurrei, deixando meus dedos tocarem nas bolinhas marrons mescladas com um amarelo dourado. — Eu daria qualquer coisa para poder olhar em seus olhos novamente. — minha mão se fechou ao redor do meu pulso, segurando aquela pulseira com força. — Por que você não me levou também? Por quê? — minha existência não estava fazendo sentindo sem a de .
Suspirei e me virei, saindo daquele apartamento. Não tinha nada ali e não conseguia me lembrar de nada, era só um lugar familiar, mas sem lembranças que pudessem preencher meus espaços vazios que continuavam a me atormentar dia após dia. Mas iria me lembrar de mais coisas. Não me contentaria apenas com aquelas duas recordações. Nós tínhamos algo forte demais para ser esquecido assim. Eu me recusava a deixar isso de lado.
Então voltei para meu carro e continuei naquela busca incessante por todos os cantos daquela cidade. Fui no Quinn mais vezes do que costumava, na tentativa de que lá fosse me fazer lembrar de mais coisas. Mas eram apenas recordações distantes demais para conseguir distinguir se eram reais, pois todas as vezes que conseguia algo, nunca via . Aquilo era cansativo, me deixava exausto, mas não iria parar. Nunca desistiria dele. Nunca.
— Você nunca mais voltou na casa do seu avô? — do nada minha mãe perguntou quando estávamos jantando, então apenas a encarei, não entendendo muito bem o motivo daquilo. — Você adorava ir lá. De repente parou de ir. O que houve?
— Mãe, o vovô morreu tem mais de dez anos. Eu nunca mais voltei na casa dele depois disso. — a lembrei.
— Não seja besta, . Você adora aquele lugar. Vivia me falando que ia lá e cuidava para não ficar tão largado. — uni as sobrancelhas de leve, tentando me lembrar do momento que tinha dito algo do tipo para ela. — Não vendemos por sua causa. Achamos que você iria querer se mudar para lá quando entrasse na faculdade.
— É, talvez eu me mude para lá. — comentei apenas para dar fim àquela conversa sem sentido. — Vou passar lá depois para ver como estão as coisas.
— Não seja tão mal-humorado assim, . Só foi um comentário. — minha mãe rebateu, me lançando um olhar recriminador.
— Ele está com esse humor nojento já tem meses. — Gemma alfinetou, me fazendo estreitar os olhos em sua direção. — O que foi? Não estou mentindo. Estou? — me encarou bem séria. — Você deveria arrumar alguém para ver se melhora um pouco.
— Claro, como se a resposta para ser feliz fosse ter alguém. — rebati irritado, já perdendo a fome que era pouca. — Com licença.
— Gemma. — nossa mãe a repreendeu. — , acabe de comer.
— Perdi a fome. — respondi, jogando o resto da comida no triturador.
Logo depois, subi para meu quarto, troquei de roupa e saí de novo. Eu mal parava em casa nos últimos tempos por causa da minha busca. O maior problema estava sendo meu rendimento na faculdade, que tinha caído drasticamente, mas não tem como você trabalhar com criatividade quando tem um monte de outras coisas em sua cabeça. Apenas não flui. Estava quase trancando o semestre, seria melhor, mas sabia que meus pais iriam me encher a paciência por conta disso. Talvez eu pedisse um trabalho extra, ou algo assim para meus professores, ou não, apenas deixaria passar e depois voltaria e faria de novo aquelas matérias que perdi. Só sabia que não tinha cabeça para absolutamente nada que não fosse tentar achar qualquer coisa que fosse me lembrar do .
Eu tinha ciência de que aquilo havia se tornado uma obsessão.
Peguei meu chaveiro e fiquei olhando as chaves que tinham ali, reconhecendo uma delas sendo mesmo da casa do meu avô. Eu iria até lá ver como as coisas estavam, quem sabe conseguia encontrar alguma paz naquele lugar já que minha mãe disse que gostava tanto de lá. Então apenas saí sem falar com ninguém e dirigi até o endereço que ainda conseguia me lembrar.
Entrei pelo quintal de trás, vendo a piscina vazia e suja, no fundo tinha apenas um pouco de água que estava preta por causa do lodo que tinha se formado ali. Não fiquei muito tempo olhando para ela, apenas segui até a porta de vidro que estava tão suja que mal dava para ver a parte de dentro. A destranquei e entrei, acendendo logo as luzes. Estava tudo empoeirado demais e acabei espirrando por isso.
Caminhei, sentindo meu tênis afundando de leve no carpete velho. Avistei uma guitarra marrom no canto junto com um amplificador. Então fui até lá, a pegando e passando a manga do meu casaco por ela para tirar a poeira, e me joguei no sofá sem braço e velho que tinha do lado, rindo fraco com a nuvem que aquilo fez, me arrancando mais alguns espirros.
Suspirei, apoiei a guitarra na minha perna e liguei o amplificador, não muito alto, não estava afim ninguém me ouvir tocando. Queria tocar apenas para mim naquele momento. Fechei meus olhos e deixei meus dedos passarem pelas cordas de aço, vendo que ainda estavam afinadas perfeitamente. Estava frio ali dentro, mas não iria ligar o aquecedor interno, nem sabia se estava bom. Então, como em muito tempo não fazia, deixei minha voz sair.
— I'm sitting here cold as ice swallow my friend's advice praying it'll bring you back to me. — aquela última parte saiu mais forte. Eu só desejava de todo o meu coração que voltasse para mim. Era tudo o que eu queria. Tudo.
— I'm done carrying the weight of the world so heavy on my shoulders I just wanna feel this love. — queria que meu coração pudesse bater sem que doesse tanto, que aquele sentimento dentro dele me consumisse de uma forma boa, doce como o amor deveria ser, e não que sangrasse daquela forma como estava fazendo. — Even if it's only when I'm tripping I see your face. — e tudo o que eu tinha de era seu rosto em minha mente.
— I ain't doing no one a favour while I'm sober for the moment I can only hope this lasts. — sabia que meu humor estava afastando as pessoas, que deveria tomar as drogas dos remédios para fazer aquilo melhor, mas eu tinha medo que eles fizessem minhas memórias irem embora. — Coz when the high stops then I know that you're gone. — e sabia que aceitar que ele tinha ido e que provavelmente nunca mais voltaria estava acabando comigo dia após dia.
— Kiss me like it's all the same just lovers like we were supposed to be. — aquilo me fez sorrir fraco, imaginando como deveriam ser seus beijos, pois apostava que deveriam ser perfeitos assim como ele parecia ser em minhas poucas lembranças. Sim, eu já não estava mais controlado nada dentro de mim. Eu queria , queria o meu de volta. Queria poder olhar em seus olhos e dizer o que sinto por ele, sem medo, apenas a verdade. — Oh as these shapes and colours all start to fade I can feel you slipping Away.
E era isso. Ele tinha desaparecido como um arco-íris depois de brilhar após uma bela tempestade. Soltei o ar, sentindo as lágrimas mais uma vez molharem meu rosto, nós tínhamos nos tornado melhores amigos nos últimos meses. Lambi meus lábios, sentindo como estavam salgados e joguei minha cabeça para trás. Por que logo você tinha sido apagado, ? Por que não eu? Ou qualquer outra pessoa? Sabia que isso era algo horrível de se pensar, que era egoísta demais, só que eu sentia tantas saudades.
Sequei meu rosto e levantei do sofá, caminhando pela casa. Até que vi um casaco jogado em uma cadeira dentro de um dos quartos, não me lembrava daquele moletom. Fui até lá e, quando o peguei, pude ver o usando várias e várias vezes. Pedaços de lembranças vieram, me engolindo totalmente. Então levei o casaco até meu rosto e o cheirei, e ainda podia sentir um vestígio de perfume ali. Era dele. Meus olhos se fecharam e respirei mais aquele moletom, o afundando mais em meu nariz, deixando seu cheiro tomar totalmente meus pulmões, gravando-o em minha mente para que nunca mais saísse. Meus dedos apertaram aquela roupa com força e meus braços o envolveram como se pudesse fazer isso com o seu dono naquele instante. Volta para mim, . Por favor. Só volta para mim.
Abri meus olhos, sentindo mais lágrimas descerem, mas meus tons verdes brilharam vendo o quarto com coisas que não estavam ali antes. Eu não estava ficando louco, não podia estar. Me aproximei de um mural onde tinha várias fotos agora. Fotos nossas. Aquilo me fez sorrir abertamente.
— . — seu nome saiu como um sussurro de meus lábios e meus dedos tocaram uma das fotos na qual estávamos em uma festa. — Meu . — mais lágrimas desceram. — Você é real. É real para mim. — contei como se pudesse ouvir.
Até que levei um susto ouvindo o som de uma estática de rádio que veio de um dos cantos da casa. Saí andando apressado, ouvindo a voz dele, do meu amigo. Isso só fez meus passos serem mais rápidos, parando na frente de uma porta de um escritório. Era um rádio amador do meu avô. Ele adorava aquele troço, contava altas histórias sobre ele, de quando era jovem e como ele e seus amigos tinham uma rádio na cidade e tudo mais.
— Alguém na escuta? Câmbio. — o meu surto estava sendo grande, mas dessa vez tive mais certeza ainda que tinha ouvido a voz dele saindo daquele negócio velho. Então corri até lá, por sorte meu avô tinha me ensinado a mexer.
— ? — perguntei apenas para ter certeza, eu já sabia que estava pirando de vez. — , é você? — chamei de novo na esperança que o ouvisse. — , você está aí? Fala comigo. — implorei sentindo meu peito doer. Era só estática, eu estava ouvindo coisas.
— , sou eu. — disse finalmente, fazendo meu coração ficar extremamente acelerado. — Estou aqui. Estou aqui. — eu só consegui sorrir com aquilo, mas não conseguia deixar de pensar que ainda assim podia estar tendo um delírio qualquer, ou até mesmo sonhando.
— E eu estou aqui. — disse de volta para ele. — Onde você está? — perguntei, mas não tinha resposta. — , por favor. Não some de novo. Fala comigo. . — pedi desesperado apenas ouvindo estática.
— Você se lembra de mim? Ainda me conhece? — sua pergunta me fazia acreditar que talvez realmente fosse verdade. Deus! Ele estava falando comigo mesmo.
— Lembro. — respondi dando um sorriso largo. — Eu me lembro de você, . — contei, sentindo que meu coração iria explodir a qualquer segundo agora.
— Consegue se lembrar da última coisa que te falei? — aquilo me fez parar e senti minha respiração ofegante. Fechei meus olhos, me forçando a lembrar.
— Eu te amo mais do que a minha própria existência. Eu te amo e nunca vou te esquecer mesmo que eu seja apagado. — as palavras apenas saíram de meus lábios. Ele me amava. Foi isso que ele me disse, eu lembrava. — , eu te amo. Por favor, volta para mim. Eu não aguento mais. Eu não consigo ficar sem você. — mas não tive mais resposta, apenas estática. — . — chamei baixinho. — , por favor, por favor... — as palavras foram subindo de meus lábios.
Apenas soltei o microfone, abaixando minha cabeça na mesa passando as mãos em meu cabelo o puxando para trás. Ele era real. era real e me amava. Aquilo me fez abrir os olhos sentindo a ficha caindo. Espera. Meu coração estava extremamente disparado e meu ar cortado e rápido.
— me ama. — sussurrei para mim mesmo.
Mesmo que aquilo me deixasse extremamente feliz, do que adiantava? Ele não estava ali. Mas de uma coisa agora tinha certeza: ninguém podia ser simplesmente apagado, as pessoas deixavam vestígios.
— Designed through radio static I start hearing your voice reply almost like you're right here with me.
Chapter 12
Depois de ter achado vestígios de na casa do meu avô, disse para minha mãe que me mudaria para lá do jeito como falou que eu faria quando entrasse na faculdade. Não tinha entendido o motivo de não ter feito aquilo antes, mas de qualquer forma agora precisava ficar perto daquele rádio, das coisas que tinham aparecido. Aquilo me fazia sentir que pelo menos estava perto de mim.
Por vezes me pegava sentado no sofá com seu casaco nas mãos, às vezes acabava deitando ali e adormecia sentindo o cheiro dele. Aquilo me acalmava de um jeito que nenhum remédio seria capaz de fazer, porque era o que me fazia bem. Só ele era capaz daquilo. Sabia que era errado ser dependente de alguém dessa forma, mas eu também sabia que aquele vazio que existia agora dentro de mim era porque meu melhor amigo tinha sido apagado. Achava que se talvez lembrasse de tudo pelo menos assim conseguiria lidar melhor com as coisas. Era o que esperava.
O rádio ficou em silêncio por dias, era como se nunca tivesse conseguido nos comunicar, e aquilo só tivesse sido um surto meu. Um no qual imaginei que também tinha dito que me amava antes de ser apagado.
Eu estava realmente ficando sem esperanças já até que me rendi e fui atrás de Emma. Ela tinha sido a única que havia conseguido me fazer chegar em algum lugar, e de alguma forma acreditava que aquela mulher tinha mais resposta do que havia me dado. E mesmo que tivesse sido grosso da última vez, eu ainda precisava tentar.
— Sabia que iria voltar. — Emma apareceu na porta fumando um cachimbo antes mesmo que eu saísse do meu Hummer.
— Eu posso te falar o que tem no escuro se você me ajudar a lembrar dele. — sugeri, vendo a velha sorrir.
— Espero que seja coisa boa. — rebateu, me fazendo rir fraco, já saindo do carro.
— Com toda certeza não é. — respondi seguindo para a casa, e mais uma vez parei na porta, olhando as duas marcações com pó preto e laranja. — O que é isso? — perguntei olhando para Emma que estava parada do outro lado.
— Algo que se eu não tirar, você não pode entrar. — seu pé descalço rompeu a linha de pó preto. — Pó de tramazeira. Repele tudo que é mágico. — uni as sobrancelhas não entendendo nada. — E o pó de tijolo repele qualquer pessoa que me deseja fazer mal.
— Tudo o que é mágico? O que você está falando, Emma? — questionei, agora entrando na casa e vendo a mulher refazendo a linha de pó preto.
— Você não tem ideia do que é, né? — passou por mim baforado aquele cachimbo que tinha o cheiro forte. — Certamente o que tem no escuro deve vir de você mesmo. Por isso que perguntei se tinha sido o que tem nele que levou seu amigo.
— Não foi. É a única coisa de que tenho certeza. — suspirei. — Quando ele sumiu, estava claro. Eu lembrei como foi. — prendi meus lábios em uma linha reta. — E encontrei isso dele. — apontei para o casaco que vestia e depois peguei uma foto dentro dele, mostrando para Emma. — Esse é o . — contei, dando um sorriso com aquilo, era bom falar dele sabendo que era real.
— Ele é muito bonito. — Emma falou em um tom doce que me deixou até surpreso. — Vocês dois são. — estendeu a foto de volta. — Se lembra do que ele era seu? — aquilo me fez rir fraco.
— Meu melhor amigo. — contei, fazendo um pequeno bico de lado e sentindo meu coração batendo bem forte.
— E você o ama. — disse se sentando no sofá e me olhando. — Por isso que não consegue se desprender. Você não o deixa ir.
— Eu não quero que ele vá, quero que volte para mim. — confessei, me sentando na poltrona e olhando para a foto. — O faz parte de mim. Me fala como tirar um pedaço seu e continuar como se nunca tivesse existido? — Emma suspirou e eu fiz o mesmo. — O que você sabe sobre o que eu sou?
— Bem, eu não sei ainda. Preciso que você me mostre. — me olhou com mais atenção agora. — O que acontece quando está escuro? — apenas soltei o ar de forma cansada.
— Isso. — tirei o casaco e mostrei a cicatriz no meu braço. — O que tem no escuro me ataca. Eu não sei o que é.
— Posso ver? — apontou para meu braço e apenas concordei com a cabeça.
Emma se levantou e chegou mais perto, agora deixando seu cachimbo de lado. Ela segurou meu braço de um jeito bruto e seus dedos calejados e ásperos passaram na pele fina da minha cicatriz. Linha por linha. Eu odiava demais aquilo, aquela marca e como tinha ganhado ela.
— Garras? — sua pergunta me fez concordar com a cabeça. — Só aparece no escuro?
— Sim. — então coloquei meu casaco de volta.
— Quero ver como acontece. — pediu empolgada.
— Emma, não. — falei franzindo os lábios.
— Não vou deixar nada te acontecer. Vou ficar perto da janela. — avisou já indo até lá.
— Eu odeio isso. — reclamei.
Então a mulher começou a fechar janela por janela, juntamente com as cortinas. A sala foi ficando escura lentamente, e eu já sentia meu coração ficando extremamente acelerado. O medo ia me tomando de uma forma que me deixava totalmente arrepiado e me tirava um pouco do ar. Eu não me lembrava mais da última vez que tinha ficado no escuro, mas a sensação de pavor que sentia era a mesma, ou talvez pior, porque eu sabia o que aconteceria quando a última brecha de luz fosse tirada daquele cômodo.
Até que Emma fechou a porta da cozinha para a sala, e tudo caiu na escuridão total. Senti um bafo quente em meu rosto, me fazendo apertar os braços daquela poltrona, esperando que não fosse me tocar daquela vez, mas eu estava enganado. Um arrepio forte cortou minha espinha, sentindo aquela coisa se aproximando cada vez mais, a pressão nas minhas pernas, forçando-as, as apertando com força, até que agarrou meu pescoço.
— Emma! Luz! — minha voz saiu esganiçada e o aperto ficou mais forte.
Um negócio pegajoso passou em meu rosto e o cheiro era horrível, que me deixou enjoado. Pensei que aquilo fosse me engolir, mas a luz veio, e aquela coisa sumiu, me fazendo jogar o corpo para frente caindo de joelhos no chão e levando minha mão até a garganta, tossindo por causa do aperto que tinha dado ali. Puxei o ar com força, fechando meus olhos.
— Nunca mais me peça para fazer isso. — aquilo saiu como um rosnado de meu peito.
— Eu acho que sei o que você é. — Emma saiu abrindo as janelas e depois foi até sua estante. — Não consegui ver muita coisa, mas deu para sentir. — enquanto falava, me sentei de novo no sofá, vendo que minha calça tinha furos agora e minha pele estava levemente machucada. — Achei. — voltou com o livro e me encarou, parando o que estava fazendo. — Eles querem devorar a sua alma. — tocou meu pescoço e eu fiz uma careta, porque estava doendo. — Certo. — se sentou na beira da mesa de centro da minha frente. — Demônios sedentos por almas, ou um corpo para habitar, no caso o seu. — me estendeu o livro. — Tem muitas subcategorias, mas não creio que seja um em particular que esteja atrás de você. O que se torna bem pior. Mas o caso aqui não é esse, e sim você.
— Você está falando que o que tem no escuro são demônios? — questionei.
— Não sentiu o cheiro de enxofre? — neguei com a cabeça, eu nem sabia qual era o cheiro de enxofre. — OK, você é tipo um farol. O seu poder faz você ser uma bela e deliciosa comida para qualquer criatura das sombras.
— Seria ótimo se me contasse do que está falando de verdade! — soltei, abrindo mais meus olhos e lhe devolvendo o livro, porque aquilo não me ajudava em nada.
— Menalocinese. — uni minhas sobrancelhas ainda não tendo ideia do que caralhos aquela velha louca estava falando. — Você consegue abrir portais para essa e outras dimensões. Fendas. Buracos de minhoca. Como quiser chamar. O que aconteceu quando ficou escuro foi exatamente isso. — sinceramente, depois de tudo o que estava rolando, eu não estava mais achando aquilo tão absurdo. — O seu medo é gatilho para uma fenda se abrir. Logo, o que tem do outro lado passa direto para cá e o seu poder os deixa loucos, eles ficam querendo sugar sua energia, alma ou sei lá, seu corpo mesmo. Talvez até mesmo seu próprio medo ou dor, já que te machucam.
— Vapor. — soltei vendo a careta que Emma fez. — Em Doutor Sono, a Rose Cartola e os outros se alimentam de vapor de crianças iluminadas.
— Garoto, traduz para a minha língua. — pediu, me tirando um riso. Eu tinha lido esse livro quando era novo, era do , me lembrava disso também.
— Os iluminados são pessoas com dons, e vapor é a essência deles e fica mais puro quando estão com medo ou dor. — expliquei rapidamente, passando a mão em meu cabelo.
— Agora entendi. O pessoal de hoje em dia dá cada nome para as coisas. Mas sim. Pode ser basicamente isso. O que sai da fenda quer o seu "vapor", isso pode os alimentar. — completou parecendo super empolgada com aquilo.
— Mas por que eles somem quando a luz é acesa? — perguntei, porque parecia não fazer sentido.
— Certamente a luz faz com que você feche o portal, porque o medo vai embora, e sem a conexão, eles morrem aqui. Não conseguem permanecer nesse plano por não fazerem parte dele e não terem uma ligação com o deles. Essas coisas de portais e fendas dimensionais são complicadas, não tem muita coisa falando sobre por ser perigoso. Medo faz com que deixem o que está do outro lado em seu lugar. — concordei com a cabeça, porque ela tinha razão. Quem iria querer trazer algo desconhecido para esse lado. — Lembra o que te falei? Se você não acreditar...
— Não vai me afetar. Então se eu parar de ter medo do escuro o gatilho não vai acontecer. — a conclusão era bem simples, o problema seria a execução.
— Você precisa se libertar disso. — claro, era bem fácil falar. — Posso tentar fazer com que o seu medo vá embora com hipnose.
— Seria ótimo se funcionasse. — soltei o ar, passando a mão em meu cabelo o empurrando para trás. — E se isso causar outro tipo de gatilho?
— Você vai fugir do escuro para sempre? — seu questionamento me arrancou uma careta. — Sabe que eles vão te matar qualquer hora, certo? Não tem como controlar quando vai ficar escuro ou não o tempo todo.
— Eu fiquei anos conseguindo controlar. — aquilo não era um problema tão grande. — De qualquer forma, isso não importa. São coisas que sei lidar. Eu quero lembrar do nesse momento, isso é importante para mim. — Emma soltou o ar e bateu em suas pernas. — Porque eu acho que tem mais pessoas sendo levadas. E isso é um problema.
— Impossível. A caçada selvagem nunca fica no mesmo lugar, ela apenas passa e leva quem estiver em seu caminho. Deve ser outra coisa que está acontecendo. — se levantou e colocou o livro de volta na prateleira.
— A menos que algo a esteja prendendo em Berkview. — falei, olhando bem sério para Emma.
— E o que faria a caçada ficar presa aqui? Nada pode controlar eles. — rebateu, voltando e se sentando no sofá, pegando seu cachimbo.
— É o que eu adoraria saber. — fiz uma careta pensando naquilo. Porque se eles ainda estavam aqui, poderia ser que eu ainda tivesse chances de ser levado também. — Você vai me hipnotizar de novo? — decidi mudar de assunto já que aquele outro não nos levaria a lugar nenhum.
— O que você quer que eu faça? — Emma se prontificou a ajudar.
— Me faça lembrar do .
Por vezes me pegava sentado no sofá com seu casaco nas mãos, às vezes acabava deitando ali e adormecia sentindo o cheiro dele. Aquilo me acalmava de um jeito que nenhum remédio seria capaz de fazer, porque era o que me fazia bem. Só ele era capaz daquilo. Sabia que era errado ser dependente de alguém dessa forma, mas eu também sabia que aquele vazio que existia agora dentro de mim era porque meu melhor amigo tinha sido apagado. Achava que se talvez lembrasse de tudo pelo menos assim conseguiria lidar melhor com as coisas. Era o que esperava.
O rádio ficou em silêncio por dias, era como se nunca tivesse conseguido nos comunicar, e aquilo só tivesse sido um surto meu. Um no qual imaginei que também tinha dito que me amava antes de ser apagado.
Eu estava realmente ficando sem esperanças já até que me rendi e fui atrás de Emma. Ela tinha sido a única que havia conseguido me fazer chegar em algum lugar, e de alguma forma acreditava que aquela mulher tinha mais resposta do que havia me dado. E mesmo que tivesse sido grosso da última vez, eu ainda precisava tentar.
— Sabia que iria voltar. — Emma apareceu na porta fumando um cachimbo antes mesmo que eu saísse do meu Hummer.
— Eu posso te falar o que tem no escuro se você me ajudar a lembrar dele. — sugeri, vendo a velha sorrir.
— Espero que seja coisa boa. — rebateu, me fazendo rir fraco, já saindo do carro.
— Com toda certeza não é. — respondi seguindo para a casa, e mais uma vez parei na porta, olhando as duas marcações com pó preto e laranja. — O que é isso? — perguntei olhando para Emma que estava parada do outro lado.
— Algo que se eu não tirar, você não pode entrar. — seu pé descalço rompeu a linha de pó preto. — Pó de tramazeira. Repele tudo que é mágico. — uni as sobrancelhas não entendendo nada. — E o pó de tijolo repele qualquer pessoa que me deseja fazer mal.
— Tudo o que é mágico? O que você está falando, Emma? — questionei, agora entrando na casa e vendo a mulher refazendo a linha de pó preto.
— Você não tem ideia do que é, né? — passou por mim baforado aquele cachimbo que tinha o cheiro forte. — Certamente o que tem no escuro deve vir de você mesmo. Por isso que perguntei se tinha sido o que tem nele que levou seu amigo.
— Não foi. É a única coisa de que tenho certeza. — suspirei. — Quando ele sumiu, estava claro. Eu lembrei como foi. — prendi meus lábios em uma linha reta. — E encontrei isso dele. — apontei para o casaco que vestia e depois peguei uma foto dentro dele, mostrando para Emma. — Esse é o . — contei, dando um sorriso com aquilo, era bom falar dele sabendo que era real.
— Ele é muito bonito. — Emma falou em um tom doce que me deixou até surpreso. — Vocês dois são. — estendeu a foto de volta. — Se lembra do que ele era seu? — aquilo me fez rir fraco.
— Meu melhor amigo. — contei, fazendo um pequeno bico de lado e sentindo meu coração batendo bem forte.
— E você o ama. — disse se sentando no sofá e me olhando. — Por isso que não consegue se desprender. Você não o deixa ir.
— Eu não quero que ele vá, quero que volte para mim. — confessei, me sentando na poltrona e olhando para a foto. — O faz parte de mim. Me fala como tirar um pedaço seu e continuar como se nunca tivesse existido? — Emma suspirou e eu fiz o mesmo. — O que você sabe sobre o que eu sou?
— Bem, eu não sei ainda. Preciso que você me mostre. — me olhou com mais atenção agora. — O que acontece quando está escuro? — apenas soltei o ar de forma cansada.
— Isso. — tirei o casaco e mostrei a cicatriz no meu braço. — O que tem no escuro me ataca. Eu não sei o que é.
— Posso ver? — apontou para meu braço e apenas concordei com a cabeça.
Emma se levantou e chegou mais perto, agora deixando seu cachimbo de lado. Ela segurou meu braço de um jeito bruto e seus dedos calejados e ásperos passaram na pele fina da minha cicatriz. Linha por linha. Eu odiava demais aquilo, aquela marca e como tinha ganhado ela.
— Garras? — sua pergunta me fez concordar com a cabeça. — Só aparece no escuro?
— Sim. — então coloquei meu casaco de volta.
— Quero ver como acontece. — pediu empolgada.
— Emma, não. — falei franzindo os lábios.
— Não vou deixar nada te acontecer. Vou ficar perto da janela. — avisou já indo até lá.
— Eu odeio isso. — reclamei.
Então a mulher começou a fechar janela por janela, juntamente com as cortinas. A sala foi ficando escura lentamente, e eu já sentia meu coração ficando extremamente acelerado. O medo ia me tomando de uma forma que me deixava totalmente arrepiado e me tirava um pouco do ar. Eu não me lembrava mais da última vez que tinha ficado no escuro, mas a sensação de pavor que sentia era a mesma, ou talvez pior, porque eu sabia o que aconteceria quando a última brecha de luz fosse tirada daquele cômodo.
Até que Emma fechou a porta da cozinha para a sala, e tudo caiu na escuridão total. Senti um bafo quente em meu rosto, me fazendo apertar os braços daquela poltrona, esperando que não fosse me tocar daquela vez, mas eu estava enganado. Um arrepio forte cortou minha espinha, sentindo aquela coisa se aproximando cada vez mais, a pressão nas minhas pernas, forçando-as, as apertando com força, até que agarrou meu pescoço.
— Emma! Luz! — minha voz saiu esganiçada e o aperto ficou mais forte.
Um negócio pegajoso passou em meu rosto e o cheiro era horrível, que me deixou enjoado. Pensei que aquilo fosse me engolir, mas a luz veio, e aquela coisa sumiu, me fazendo jogar o corpo para frente caindo de joelhos no chão e levando minha mão até a garganta, tossindo por causa do aperto que tinha dado ali. Puxei o ar com força, fechando meus olhos.
— Nunca mais me peça para fazer isso. — aquilo saiu como um rosnado de meu peito.
— Eu acho que sei o que você é. — Emma saiu abrindo as janelas e depois foi até sua estante. — Não consegui ver muita coisa, mas deu para sentir. — enquanto falava, me sentei de novo no sofá, vendo que minha calça tinha furos agora e minha pele estava levemente machucada. — Achei. — voltou com o livro e me encarou, parando o que estava fazendo. — Eles querem devorar a sua alma. — tocou meu pescoço e eu fiz uma careta, porque estava doendo. — Certo. — se sentou na beira da mesa de centro da minha frente. — Demônios sedentos por almas, ou um corpo para habitar, no caso o seu. — me estendeu o livro. — Tem muitas subcategorias, mas não creio que seja um em particular que esteja atrás de você. O que se torna bem pior. Mas o caso aqui não é esse, e sim você.
— Você está falando que o que tem no escuro são demônios? — questionei.
— Não sentiu o cheiro de enxofre? — neguei com a cabeça, eu nem sabia qual era o cheiro de enxofre. — OK, você é tipo um farol. O seu poder faz você ser uma bela e deliciosa comida para qualquer criatura das sombras.
— Seria ótimo se me contasse do que está falando de verdade! — soltei, abrindo mais meus olhos e lhe devolvendo o livro, porque aquilo não me ajudava em nada.
— Menalocinese. — uni minhas sobrancelhas ainda não tendo ideia do que caralhos aquela velha louca estava falando. — Você consegue abrir portais para essa e outras dimensões. Fendas. Buracos de minhoca. Como quiser chamar. O que aconteceu quando ficou escuro foi exatamente isso. — sinceramente, depois de tudo o que estava rolando, eu não estava mais achando aquilo tão absurdo. — O seu medo é gatilho para uma fenda se abrir. Logo, o que tem do outro lado passa direto para cá e o seu poder os deixa loucos, eles ficam querendo sugar sua energia, alma ou sei lá, seu corpo mesmo. Talvez até mesmo seu próprio medo ou dor, já que te machucam.
— Vapor. — soltei vendo a careta que Emma fez. — Em Doutor Sono, a Rose Cartola e os outros se alimentam de vapor de crianças iluminadas.
— Garoto, traduz para a minha língua. — pediu, me tirando um riso. Eu tinha lido esse livro quando era novo, era do , me lembrava disso também.
— Os iluminados são pessoas com dons, e vapor é a essência deles e fica mais puro quando estão com medo ou dor. — expliquei rapidamente, passando a mão em meu cabelo.
— Agora entendi. O pessoal de hoje em dia dá cada nome para as coisas. Mas sim. Pode ser basicamente isso. O que sai da fenda quer o seu "vapor", isso pode os alimentar. — completou parecendo super empolgada com aquilo.
— Mas por que eles somem quando a luz é acesa? — perguntei, porque parecia não fazer sentido.
— Certamente a luz faz com que você feche o portal, porque o medo vai embora, e sem a conexão, eles morrem aqui. Não conseguem permanecer nesse plano por não fazerem parte dele e não terem uma ligação com o deles. Essas coisas de portais e fendas dimensionais são complicadas, não tem muita coisa falando sobre por ser perigoso. Medo faz com que deixem o que está do outro lado em seu lugar. — concordei com a cabeça, porque ela tinha razão. Quem iria querer trazer algo desconhecido para esse lado. — Lembra o que te falei? Se você não acreditar...
— Não vai me afetar. Então se eu parar de ter medo do escuro o gatilho não vai acontecer. — a conclusão era bem simples, o problema seria a execução.
— Você precisa se libertar disso. — claro, era bem fácil falar. — Posso tentar fazer com que o seu medo vá embora com hipnose.
— Seria ótimo se funcionasse. — soltei o ar, passando a mão em meu cabelo o empurrando para trás. — E se isso causar outro tipo de gatilho?
— Você vai fugir do escuro para sempre? — seu questionamento me arrancou uma careta. — Sabe que eles vão te matar qualquer hora, certo? Não tem como controlar quando vai ficar escuro ou não o tempo todo.
— Eu fiquei anos conseguindo controlar. — aquilo não era um problema tão grande. — De qualquer forma, isso não importa. São coisas que sei lidar. Eu quero lembrar do nesse momento, isso é importante para mim. — Emma soltou o ar e bateu em suas pernas. — Porque eu acho que tem mais pessoas sendo levadas. E isso é um problema.
— Impossível. A caçada selvagem nunca fica no mesmo lugar, ela apenas passa e leva quem estiver em seu caminho. Deve ser outra coisa que está acontecendo. — se levantou e colocou o livro de volta na prateleira.
— A menos que algo a esteja prendendo em Berkview. — falei, olhando bem sério para Emma.
— E o que faria a caçada ficar presa aqui? Nada pode controlar eles. — rebateu, voltando e se sentando no sofá, pegando seu cachimbo.
— É o que eu adoraria saber. — fiz uma careta pensando naquilo. Porque se eles ainda estavam aqui, poderia ser que eu ainda tivesse chances de ser levado também. — Você vai me hipnotizar de novo? — decidi mudar de assunto já que aquele outro não nos levaria a lugar nenhum.
— O que você quer que eu faça? — Emma se prontificou a ajudar.
— Me faça lembrar do .
Chapter 13
Virei o último saco de gelo dentro da banheira, vendo que ali tinha muito mais gelo do que água. Umedeci meus lábios com aquilo, com meus olhos presos naquela banheira. Sempre odiei banho frio, gostava da água queimando minha pele, era relaxante. Mas precisava fazer aquilo.
Suspirei e tirei o casaco que era de , sentindo agora o seu cheiro misturado com o meu naquela peça de moletom. Descalcei meus tênis, os colocando no canto daquele banheiro, junto com meu par de meias. Emma me olhava paciente, sentada em cima do sanitário com suas pernas cruzadas e suas mãos repousando sobre suas coxas, esperando que eu tirasse logo minha roupa e entrasse naquela banheira.
Eu estava enrolando para entrar, essa era a verdade.
Por fim apenas soltei o ar de forma pesada e tirei minha camisa e calça, ficando apenas de cueca. Passei meu indicador na pulseira em meu pulso. Os olhos dele, o tom de dourado, marrom e castanho que eu tanto amava, todas as cores ali. Me lembravam perfeitamente dele, mas precisava de mais, precisava dele bem na minha frente com aqueles tons perfeitos.
Então respirei fundo e me virei, caminhando até a banheira e parando na frente dela. Olhei para os gelos dentro da água e prendi o ar por alguns segundos antes de finalmente entrar ali e sentir o arrepio horroroso tomar minha pele, aquele frio horrível que eu detestava demais. Segurei nas laterais da banheira e me sentei ali, fechando os olhos com força, sabendo que tinha que aguentar aquilo por , para resgatar suas memórias dentro da minha cabeça.
— Vamos logo com isso antes que eu desista. — pedi, já deitando naquela água extremamente gelada e prendendo minha respiração, afundando e apenas sobrando para forma meus joelhos dobrados para cima e minhas mãos segurando na borda.
Senti as mãos de Emma tocando meus ombros e me empurrando mais contra o fundo da banheira, sentindo minhas costas baterem contra a resina. Meus olhos estavam abertos e eu podia ver através do gelo a velha totalmente desfigurada, embaçada. Não sabia quanto tempo levaria, mas cada segundo parecia se arrastar como uma eternidade. Sabia que as coisas ficariam bem ruins. Eu estava em uma apneia voluntária e isso estava me rasgando, eram como dentes afundando em minha pele, cravando o decido como agulhas afiadas perfurando todo o meu corpo que estava submerso, até que o ar começou a faltar. Essa era a pior parte. Porque minha cabeça parecia que ia explodir junto com meu peito, que queimava de uma forma como nunca achei que aconteceria. Sabia que se deixasse a água entrar logo isso acabaria, mas não conseguia, eu segurava com força aquela banheira até não aguentar mais. Então senti que não iria conseguir e tentei levantar, mas Emma me segurou com mais força.
Uni as sobrancelhas com aquilo e segurei seus braços, tentando emergir, mas a mulher jogou seu peso em meus ombros, me impedindo disso, até que sua mão escorregou e veio para meu peito, o pressionando com muita força. Me debati ali dentro, querendo sair, gritando para que me soltasse, mas isso só fez o que restava do meu ar acabar, e nisso a água entrou, me tomando por inteiro, me afogando. A agora foi rápido, porque a pressão parou e tudo ficou escuro. Uma calma extrema me tomou e senti tudo leve, até que não existia mais nada além da escuridão.
As lágrimas não paravam de descer do meu rosto. Minha mãe me mandava parar de chorar, e eu só queria berrar com ela. Eu não queria entrar naquela sala, naquele aparelho, ficar no escuro sozinho com aquelas... coisas. Eles iriam me machucar de novo, ou iriam me matar, eu não sabia o que podia acontecer, porque na última vez eu tinha quase perdido o braço.
Precisava de ali comigo, ele era o único que acreditava em mim e achava que não era louco, e sabia que aquilo não era nenhum tipo de doença doida com nomes difíceis que os médicos cismavam em falar. Não estava me ferindo sozinho como todos estavam insinuando, meu amigo tinha visto, ele sabia disso! Mas parecia que tinha medo e não falava nada para ninguém. Quando minha mãe perguntava para ele, apenas não respondia, ficava calado, me olhando enquanto meus olhos o imploravam para dizer a verdade, mas só havia o silêncio da sua parte.
Agora tudo o que me restava era chorar na esperança de que meu escândalo fosse fazer com que desistissem daquilo, de me colocarem naquele aparelho horroroso. Mas não funcionou, minha mãe me arrastou para dentro junto com os enfermeiros, e eles me prenderam na maca enquanto eu implorava para não fazerem aquilo.
— Não pode realmente dar um sedativo? — ela perguntou em um tom de estresse.
— O Dr. Maude não quer. — o enfermeiro avisou. — , você precisa se acalmar. Não vai doer. — disse com mais calma, esperando que eu fosse realmente parar de me debater.
— Vai sim! Eu vou morrer! — berrei, tentando sair dali a todo custo.
— Por Deus, Edward! Se você se mexer ou der mais um pio, nunca mais irei deixar que fale com o ! — minha mãe esbravejou, me fazendo engolir o choro no mesmo instante.
— Eles vão me machucar. — sussurrei, sentindo as lágrimas descendo.
— Pare com essa palhaçada! Você quem está se machucando! Nós só queremos saber o que há de errado contigo para que possa ser tratado. — suas palavras me machucaram mais do que se ela tivesse me batido.
Apenas fechei meus olhos com as lágrimas que não paravam de escorrer pelo canto deles. Minha mãe não se importava comigo. Era a única coisa que conseguia pensar naquele momento. Ela queria que me machucassem, queria me levassem embora, que me matassem! Era isso que queria. Então pensei que não me amava, e isso me fez chorar ainda mais, só que dessa vez de forma silenciosa. Mordi meu lábio inferior com força, tentando conter aqueles sentimentos muito ruins que estavam me tomando, não queria sentir aquilo.
Ouvi os passos dos enfermeiros e da minha mãe saindo da sala, e logo as luzes foram ficando mais escuras. Por mais que meus olhos estivessem fechados, conseguia ver a claridade ficando menor bem lentamente, mas não se apagou totalmente. Parou, e achei isso estranho. Abri meus olhos e olhei para a porta, ouvindo um barulho nela. Será que eles estavam do lado de fora? Mas não, quem passou por ela foi correndo em minha direção, já me soltando da amarração que os enfermeiros fizeram.
— Eles não vão te levar. Não vão. — sussurrava para mim e eu via as lágrimas molhando seu rosto. — Estou aqui agora. Não vou deixar te levarem.
— , estou ligando para sua mãe, agora! — minha mãe entrou falando alto, mas isso não fez parar. — Alguém tira esse menino daqui! — mandou, e os enfermeiros não apareceram.
— não tem problema. — berrou com ela e me abraçou. — Fui eu. Eu o machuquei. — minhas mãos os seguraram com força.
— Não. Não foi você. — sussurrei para ele o olhando com atenção. — Não foi. — me sentei na maca e não me soltava, seus braços me apertavam demais.
— Foi sim. Fui eu, tia Anne. Eu machuquei o . Mas foi sem querer. Eu só queria assustar ele. — não sabia o motivo de estar mentindo, porém meus braços o envolveram rapidamente, porque sabia que isso o faria ficar muito encrencado. — Me desculpa, . — ele me olhou dando um soluço. — Não vou deixar eles fazerem isso contigo.
— Você vai ficar de castigo, . — falei, voltando a chorar, e tudo o que meu amigo fez foi sorrir.
— Eu não me importo em ficar de castigo contanto que você esteja para sempre comigo. — rebateu baixinho e afundou seu rosto em meu peito.
— , você está falando a verdade? Você realmente machucou o ? — minha mãe perguntou irritada. apenas balançou a cabeça, concordando. — Eu vou ter que falar isso com a sua mãe. — ele deu de ombros não se importando. — Por que não falou a verdade antes? Precisava disso tudo? Precisava deixar o desse jeito?
— Me desculpa, tia Anne. Me desculpa, eu só estava com medo. Muito medo. — falou entre o choro, me abraçando com mais força, então o segurei contra meu corpo, olhando para minha mãe, esperando que ela não fosse brigar com ele por causa daquilo. — Não briga com o . Briga comigo. A culpa foi minha. Ele achou que era um monstro, mas era só eu. — minhas mãos se fecharam na sua camisa. — Me desculpa. — pedia desesperadamente e eu sabia que aquilo era para mim, e não para a minha mãe.
— , solte o . Agora. — mandou minha mãe muito nervosa.
— Não. Eu o desculpo. Está tudo bem. Não briga com ele. — pedi, chorando, encarando minha mãe.
— Vocês estão de castigo. Um mês sem se ver para aprenderem a se comportarem e nunca mais brincarem desse jeito. Gastei tempo e dinheiro à toa. — minha mãe disse e já se virou. — Anda, vamos embora. Vou te levar para casa, .
Acariciei de leve as costas de e ele me soltou. Ficamos nos olhando por alguns segundos. Seus olhos castanhos estavam mais claros e também vermelhos por causa do choro. Eu quis demais secar seu rosto, mas sabia que seria estranho se fizesse aquilo. Então apenas pulei da maca e o segurei pela manga do casaco, puxando para que saíssemos dali. Não falamos nada. Mas eu sabia que estava mentindo para me proteger, e eu seria eternamente grato por aquilo. Ele era meu melhor amigo e eu o amava demais.
Meu corpo caiu no chão enquanto eu tossia desesperadamente, sentindo minha garganta em chamas, assim como o resto do meu corpo. Minha cabeça estava girando, eu mal conseguia respirar naquele momento, mas tentava. Me apoiei no piso molhado, escorregando nele e tendo que me segurar com mais firmeza enquanto tudo vinha na minha cabeça como um filme avançando em 64x mais rápido que o normal. Apertei meus olhos que já estavam fechados, tossindo e puxando o ar.
— Eu me lembro. — soltei com minha voz rouca e rasgada. — Eu me lembro de tudo. Ele é real. Eu me lembro... — aquilo saía como um sussurro de meus lábios.
— , abra os olhos. — Emma pediu, e quando o fiz, vi que estava no chão de seu banheiro e tinha cacos da resina da banheira espalhados por ali. — Você fez alguma coisa, seu corpo está...
— Fervendo. — completei, sentindo-o quente e vendo até mesmo um vapor saindo da minha pele, finalmente parando de tossir.
— Você fez a banheira rachar e quebrar. E não foram suas mãos. — comentou e olhei para o lado, vendo a lateral da banheira quebrada.
— Quanto tempo que fiquei desacordado? — perguntei me sentando, agora conseguindo respirar fundo.
— Um segundo. — aquilo me fez unir as sobrancelhas. — Você parou de se debater, e no segundo seguinte a banheira estourou, então já acordou tossindo. — Emma se aproximou. — Está tudo bem? — então ouvimos o barulho estrondoso de um trovão.
— Acho que não. — falei olhando pela janela e vendo uma tempestade se aproximando.
Suspirei e tirei o casaco que era de , sentindo agora o seu cheiro misturado com o meu naquela peça de moletom. Descalcei meus tênis, os colocando no canto daquele banheiro, junto com meu par de meias. Emma me olhava paciente, sentada em cima do sanitário com suas pernas cruzadas e suas mãos repousando sobre suas coxas, esperando que eu tirasse logo minha roupa e entrasse naquela banheira.
Eu estava enrolando para entrar, essa era a verdade.
Por fim apenas soltei o ar de forma pesada e tirei minha camisa e calça, ficando apenas de cueca. Passei meu indicador na pulseira em meu pulso. Os olhos dele, o tom de dourado, marrom e castanho que eu tanto amava, todas as cores ali. Me lembravam perfeitamente dele, mas precisava de mais, precisava dele bem na minha frente com aqueles tons perfeitos.
Então respirei fundo e me virei, caminhando até a banheira e parando na frente dela. Olhei para os gelos dentro da água e prendi o ar por alguns segundos antes de finalmente entrar ali e sentir o arrepio horroroso tomar minha pele, aquele frio horrível que eu detestava demais. Segurei nas laterais da banheira e me sentei ali, fechando os olhos com força, sabendo que tinha que aguentar aquilo por , para resgatar suas memórias dentro da minha cabeça.
— Vamos logo com isso antes que eu desista. — pedi, já deitando naquela água extremamente gelada e prendendo minha respiração, afundando e apenas sobrando para forma meus joelhos dobrados para cima e minhas mãos segurando na borda.
Senti as mãos de Emma tocando meus ombros e me empurrando mais contra o fundo da banheira, sentindo minhas costas baterem contra a resina. Meus olhos estavam abertos e eu podia ver através do gelo a velha totalmente desfigurada, embaçada. Não sabia quanto tempo levaria, mas cada segundo parecia se arrastar como uma eternidade. Sabia que as coisas ficariam bem ruins. Eu estava em uma apneia voluntária e isso estava me rasgando, eram como dentes afundando em minha pele, cravando o decido como agulhas afiadas perfurando todo o meu corpo que estava submerso, até que o ar começou a faltar. Essa era a pior parte. Porque minha cabeça parecia que ia explodir junto com meu peito, que queimava de uma forma como nunca achei que aconteceria. Sabia que se deixasse a água entrar logo isso acabaria, mas não conseguia, eu segurava com força aquela banheira até não aguentar mais. Então senti que não iria conseguir e tentei levantar, mas Emma me segurou com mais força.
Uni as sobrancelhas com aquilo e segurei seus braços, tentando emergir, mas a mulher jogou seu peso em meus ombros, me impedindo disso, até que sua mão escorregou e veio para meu peito, o pressionando com muita força. Me debati ali dentro, querendo sair, gritando para que me soltasse, mas isso só fez o que restava do meu ar acabar, e nisso a água entrou, me tomando por inteiro, me afogando. A agora foi rápido, porque a pressão parou e tudo ficou escuro. Uma calma extrema me tomou e senti tudo leve, até que não existia mais nada além da escuridão.
As lágrimas não paravam de descer do meu rosto. Minha mãe me mandava parar de chorar, e eu só queria berrar com ela. Eu não queria entrar naquela sala, naquele aparelho, ficar no escuro sozinho com aquelas... coisas. Eles iriam me machucar de novo, ou iriam me matar, eu não sabia o que podia acontecer, porque na última vez eu tinha quase perdido o braço.
Precisava de ali comigo, ele era o único que acreditava em mim e achava que não era louco, e sabia que aquilo não era nenhum tipo de doença doida com nomes difíceis que os médicos cismavam em falar. Não estava me ferindo sozinho como todos estavam insinuando, meu amigo tinha visto, ele sabia disso! Mas parecia que tinha medo e não falava nada para ninguém. Quando minha mãe perguntava para ele, apenas não respondia, ficava calado, me olhando enquanto meus olhos o imploravam para dizer a verdade, mas só havia o silêncio da sua parte.
Agora tudo o que me restava era chorar na esperança de que meu escândalo fosse fazer com que desistissem daquilo, de me colocarem naquele aparelho horroroso. Mas não funcionou, minha mãe me arrastou para dentro junto com os enfermeiros, e eles me prenderam na maca enquanto eu implorava para não fazerem aquilo.
— Não pode realmente dar um sedativo? — ela perguntou em um tom de estresse.
— O Dr. Maude não quer. — o enfermeiro avisou. — , você precisa se acalmar. Não vai doer. — disse com mais calma, esperando que eu fosse realmente parar de me debater.
— Vai sim! Eu vou morrer! — berrei, tentando sair dali a todo custo.
— Por Deus, Edward! Se você se mexer ou der mais um pio, nunca mais irei deixar que fale com o ! — minha mãe esbravejou, me fazendo engolir o choro no mesmo instante.
— Eles vão me machucar. — sussurrei, sentindo as lágrimas descendo.
— Pare com essa palhaçada! Você quem está se machucando! Nós só queremos saber o que há de errado contigo para que possa ser tratado. — suas palavras me machucaram mais do que se ela tivesse me batido.
Apenas fechei meus olhos com as lágrimas que não paravam de escorrer pelo canto deles. Minha mãe não se importava comigo. Era a única coisa que conseguia pensar naquele momento. Ela queria que me machucassem, queria me levassem embora, que me matassem! Era isso que queria. Então pensei que não me amava, e isso me fez chorar ainda mais, só que dessa vez de forma silenciosa. Mordi meu lábio inferior com força, tentando conter aqueles sentimentos muito ruins que estavam me tomando, não queria sentir aquilo.
Ouvi os passos dos enfermeiros e da minha mãe saindo da sala, e logo as luzes foram ficando mais escuras. Por mais que meus olhos estivessem fechados, conseguia ver a claridade ficando menor bem lentamente, mas não se apagou totalmente. Parou, e achei isso estranho. Abri meus olhos e olhei para a porta, ouvindo um barulho nela. Será que eles estavam do lado de fora? Mas não, quem passou por ela foi correndo em minha direção, já me soltando da amarração que os enfermeiros fizeram.
— Eles não vão te levar. Não vão. — sussurrava para mim e eu via as lágrimas molhando seu rosto. — Estou aqui agora. Não vou deixar te levarem.
— , estou ligando para sua mãe, agora! — minha mãe entrou falando alto, mas isso não fez parar. — Alguém tira esse menino daqui! — mandou, e os enfermeiros não apareceram.
— não tem problema. — berrou com ela e me abraçou. — Fui eu. Eu o machuquei. — minhas mãos os seguraram com força.
— Não. Não foi você. — sussurrei para ele o olhando com atenção. — Não foi. — me sentei na maca e não me soltava, seus braços me apertavam demais.
— Foi sim. Fui eu, tia Anne. Eu machuquei o . Mas foi sem querer. Eu só queria assustar ele. — não sabia o motivo de estar mentindo, porém meus braços o envolveram rapidamente, porque sabia que isso o faria ficar muito encrencado. — Me desculpa, . — ele me olhou dando um soluço. — Não vou deixar eles fazerem isso contigo.
— Você vai ficar de castigo, . — falei, voltando a chorar, e tudo o que meu amigo fez foi sorrir.
— Eu não me importo em ficar de castigo contanto que você esteja para sempre comigo. — rebateu baixinho e afundou seu rosto em meu peito.
— , você está falando a verdade? Você realmente machucou o ? — minha mãe perguntou irritada. apenas balançou a cabeça, concordando. — Eu vou ter que falar isso com a sua mãe. — ele deu de ombros não se importando. — Por que não falou a verdade antes? Precisava disso tudo? Precisava deixar o desse jeito?
— Me desculpa, tia Anne. Me desculpa, eu só estava com medo. Muito medo. — falou entre o choro, me abraçando com mais força, então o segurei contra meu corpo, olhando para minha mãe, esperando que ela não fosse brigar com ele por causa daquilo. — Não briga com o . Briga comigo. A culpa foi minha. Ele achou que era um monstro, mas era só eu. — minhas mãos se fecharam na sua camisa. — Me desculpa. — pedia desesperadamente e eu sabia que aquilo era para mim, e não para a minha mãe.
— , solte o . Agora. — mandou minha mãe muito nervosa.
— Não. Eu o desculpo. Está tudo bem. Não briga com ele. — pedi, chorando, encarando minha mãe.
— Vocês estão de castigo. Um mês sem se ver para aprenderem a se comportarem e nunca mais brincarem desse jeito. Gastei tempo e dinheiro à toa. — minha mãe disse e já se virou. — Anda, vamos embora. Vou te levar para casa, .
Acariciei de leve as costas de e ele me soltou. Ficamos nos olhando por alguns segundos. Seus olhos castanhos estavam mais claros e também vermelhos por causa do choro. Eu quis demais secar seu rosto, mas sabia que seria estranho se fizesse aquilo. Então apenas pulei da maca e o segurei pela manga do casaco, puxando para que saíssemos dali. Não falamos nada. Mas eu sabia que estava mentindo para me proteger, e eu seria eternamente grato por aquilo. Ele era meu melhor amigo e eu o amava demais.
Meu corpo caiu no chão enquanto eu tossia desesperadamente, sentindo minha garganta em chamas, assim como o resto do meu corpo. Minha cabeça estava girando, eu mal conseguia respirar naquele momento, mas tentava. Me apoiei no piso molhado, escorregando nele e tendo que me segurar com mais firmeza enquanto tudo vinha na minha cabeça como um filme avançando em 64x mais rápido que o normal. Apertei meus olhos que já estavam fechados, tossindo e puxando o ar.
— Eu me lembro. — soltei com minha voz rouca e rasgada. — Eu me lembro de tudo. Ele é real. Eu me lembro... — aquilo saía como um sussurro de meus lábios.
— , abra os olhos. — Emma pediu, e quando o fiz, vi que estava no chão de seu banheiro e tinha cacos da resina da banheira espalhados por ali. — Você fez alguma coisa, seu corpo está...
— Fervendo. — completei, sentindo-o quente e vendo até mesmo um vapor saindo da minha pele, finalmente parando de tossir.
— Você fez a banheira rachar e quebrar. E não foram suas mãos. — comentou e olhei para o lado, vendo a lateral da banheira quebrada.
— Quanto tempo que fiquei desacordado? — perguntei me sentando, agora conseguindo respirar fundo.
— Um segundo. — aquilo me fez unir as sobrancelhas. — Você parou de se debater, e no segundo seguinte a banheira estourou, então já acordou tossindo. — Emma se aproximou. — Está tudo bem? — então ouvimos o barulho estrondoso de um trovão.
— Acho que não. — falei olhando pela janela e vendo uma tempestade se aproximando.
Chapter 14
Não consegui mais falar com aquele dia. O rádio começou a chiar sem parar e perdemos a comunicação depois de ele ter dito a última coisa que falei antes de ser levado pelos cavaleiros. E depois nada mais. O rádio parecia apenas ter parado de funcionar e eu quis jogar aquela merda na parede, mas era a única coisa que nos levava ao mundo real aparentemente, ou nos fazia crer que tinha como voltar para lá.
Uma parte minha ficou agradecida por não ter comentado nada sobre o que tinha dito no rádio, o seu olhar sobre mim foi mais algo que indicava que já sabia o que sentia por ele. Talvez não fosse novidade para ninguém e estivesse sempre na minha cara que eu nutria algo pelo meu melhor amigo que não era apenas amizade. E agora precisava voltar para casa!
Juro que eu ia pirar se não conseguisse sair daquele lugar! Já tinha tentado todas as saídas, todas as passagens, elas sempre davam para o mesmo lugar. Eu precisava voltar para casa, para minha família, para . E o que mais me deixava incomodado com aquilo tudo era o fato de nem estar se incomodando em achar uma saída também, quando claramente parecia que sabia daquela merda mais do que eu. ainda tentava, estava comigo mais tempo do que passava com sua namorada. E sentia que ele ia pirar junto.
Para completar, parecia que aquele "hotel" estava ficando cada vez mais cheio. E eu até reconhecia algumas pessoas que estavam ali dentro, mas me parecia que despertá-las seria pior, já que quando estavam sentadas em seus respectivos lugares pareciam estar sob um transe, certamente presos dentro de suas próprias mentes.
O que era mais bizarro naquilo tudo era como o tempo não parecia passar, ou nós apenas não dávamos conta disso. Não sentíamos fome ou sono, frio ou calor. Nada do que normalmente faríamos. Parecia realmente que estávamos mortos, e essa ideia realmente me assombrava em vários momentos. Não queria estar morto, queria continuar vivo. Queria voltar para casa!
Passei por mais uma daquelas portas como se naquele momento aquilo fosse me levar para um lugar diferente. Mas, como todas as outras vezes, eu estava de volta no lobby do hotel. Porém algo me chamou a atenção. Na verdade, . Ela estava de pé em um canto meio escondido falando com um garoto. Eu não o conhecia, mas achei que eles tinham uma certa semelhança.
Então me aproximei com cautela para que não me vissem, e me escondi atrás de uma pilastra, perto o suficiente para ouvir a conversa deles.
— O pai e a mãe conseguiram pegar um deles. — falou e isso me fez unir as sobrancelhas. — Está com ele no nosso bunker.
— Vocês sabem que eles não vão se entregar. Que vão apagar a cidade inteira até achar onde o cavaleiro fantasma está preso. E vão matar o pai e a mãe ainda. — o garoto rebateu irritado, passando a mão em seu cabelo. — Não tem como sair daqui, Nell. Eu já tentei de todos os jeitos possíveis. Vocês procuraram e não acharam nada. Acham mesmo que sequestrando um cavaleiro fantasma vai dar certo? — eu deveria estar ficando maluco, não podia ser. Era por isso que os cavaleiros estavam na cidade e apagando todo mundo? — Eles não vão trocar nós dois pelo cavaleiro fantasma. Não tem como controlar a caçada selvagem. É loucura.
— Olha, eu não vim atrás de você para ficar escutando que não vai dar certo. Eu vim aqui para te tirar desse lugar. Tem que haver uma saída, OK? Temos comunicação com a outra realidade pelo rádio. Isso quer dizer que tem como sair. E não vamos usar ele para troca, não mais. — rebateu, tão irritada quando o garoto. — Mas antes de deixar que a caçada me pegasse, a mãe e o pai tinham descoberto uma coisa. — deu um sorriso.
— O quê? Fala logo em vez de me olhar desse jeito. — o garoto pediu, e quando olhou ao redor, me escondi rapidamente.
— O amigo do meu namorado. . — a voz de agora estava mais baixa, mas eu ainda podia ouvir. Escutar o nome do fez meu coração acelerar. O que ele tinha com aquilo? — Ele tem uma habilidade especial...
— Habilidade especial? E no que isso nos ajuda? — quis saber, e eu também queria.
— Se você me deixasse falar! — rebateu irritada. — Ele consegue abrir portais. Então... — aquilo me fez unir as sobrancelhas, e logo algumas coisas começaram a ligar em minha cabeça. Será que o que tinha no escuro era por causa disso?
— A mãe e o pai vão pedir gentilmente para ele abrir um portal e nos tirar daqui. É claro que ele vai fazer. Quem não faria? — disse com deboche. — Se toca, Nell! Não tem como sair!
— Ele não faria isso por nós, mas pelo namorado que está aqui, sim. — então saí de trás da pilastra na mesma hora. — Olha, que bom que estava escutando. Agora já sabe que a nossa passagem de volta é você.
— Primeiro, não é meu namorado. — por mais que eu gostaria que fosse, ele não era. — Segundo, por que você mentiu? Por que não disse que seus pais tinham invocado os cavaleiros para tentar salvar ele? — questionei apontando o dedo para o garoto. — E terceiro, eu não vou deixar que vocês se aproveitem do .
— Mas você é lerdo mesmo! O sempre foi afim de você. Não é possível que nunca notou o jeito que ele te olha. — revirou os olhos, me fazendo travar o maxilar. Não tinha nada demais no jeito que me olhava, ela estava falando coisas nada a ver. — E outra, que diferença faria contar a verdade? Você me culparia de todo o jeito por estar aqui. — jogou na minha cara, o que não era mentira inclusive. — E mesmo que não queira, o certamente vai achar um jeito de te tirar daqui. E esse vai ser o momento em que vamos pular fora juntos. Não que você tivesse muita escolha. — por um segundo, parei para pensar sobre aquilo.
— Espera. Quando você foi levada, já sabia o que o poderia fazer. — estreitei meus olhos em sua direção. — E outra, por que ainda estão com o cavaleiro fantasma? Eles vão apagar todos de Berkview.
— Claro. Já sabíamos disso há um bom tempo, só não sabíamos como ele faria para abrir o portal, até que... — estalou os dedos e apontou na minha direção. — Ele precisaria de um bom motivo para isso. E agora o cavaleiro está conosco para manter a caçada selvagem na cidade até seu amado conseguir abrir o portal para nos tirar daqui.
— Vocês estão usando nós dois para sair daqui! — rosnei, puto da vida com aquela merda. — O , ele sabia!
— Claro que sabia. Ele se prontificou a ajudar a salvar meu irmão, e sabia que eu seria levada e até viu quando aconteceu. — disse com um sorrisinho que estava me fazendo o sangue subir à cabeça. — só precisava que você estivesse com ele quando fosse apagado, porque se visse o cavaleiro fantasma, ele te levaria também. — a minha vontade era de voar no pescoço daquela garota, mas a raiva que sentia do por ter me enganado era muito pior.
— Desculpe, . Mas se eu contasse a verdade você nunca iria concordar em ajudar. Nós precisávamos de você e do . — ouvi a voz de atrás de mim, e já virei o fuzilando com o olhar. — Não fica chateado, por favor.
— Ele definitivamente vai matar vocês. — o irmão de falou, dando um riso fraco.
— Vontade não falta! — disse tentando me controlar e saí andando para não fazer nenhuma merda.
Passei a mão em meu cabelo, sentindo que iria surtar. nos traiu para ajudar a porra da sua namorada! Aquilo era tão escroto que eu não tinha nem palavras para definir. Eu queria socar aquele idiota! Agora estávamos todos presos ali, e certamente logo a cidade estaria toda ali. Não podia estar mesmo acreditando que aquilo estava acontecendo.
Me joguei em uma poltrona vazia e passei a mão em meu cabelo, o puxando para trás, respirando fundo. Não tinha nada que eu pudesse fazer para que aquilo fosse mudado. Se realmente era capaz de abrir fendas através das dimensões, ele com toda certeza estaria tentando fazer isso para me tirar daqui. Mas o problema era um só. Se o que acontecia com ele estava relacionado ao que podia fazer, isso queria dizer que iria se machucar, ou até mesmo coisa pior. A ideia de saber que isso poderia até mesmo matá-lo fez meu coração ficar acelerado. não podia fazer isso. Eu não saberia viver estando ciente de que algo de ruim tinha lhe acontecido por minha causa.
Em um rompante, levantei do sofá rapidamente, indo até o escritório. Precisava pela milésima vez tentar falar com ele e pedir para que não fizesse nada para me tirar dali. Preferia passar a eternidade preso em uma dimensão fantasma do que ver se ferindo para me tirar dali. Mas antes que conseguisse chegar à porta da frente do hotel, ela se abriu, deixando entrar uma ventania enorme, me fazendo erguer o braço e colocá-lo na frente do rosto.
Não pensei muito, apenas fui até lá. O máximo que poderia acontecer era acabar saindo por outra porta ali no lobby mesmo. Atravessei a porta e olhei ao redor, vendo que estava na obra. Algumas coisas ali estavam diferentes, mas o lugar era o mesmo. Ventava muito e isso me fez encarar o céu. Estava vindo uma tempestade. Espera. Se eu estou aqui... O conseguiu! Merda. Isso deveria fazer a caçada estar indo atrás dele por estar bagunçando as coisas. Precisava achá-lo.
Então olhei para posto do outro lado da rua e corri até lá, mas vi que estava vazio. Uni as sobrancelhas, os cavaleiros deveriam ter passado por ali. Tinha um carro na frente da bomba de gasolina com a porta aberta e um bip irritante estava tocando. Fui até lá e vi que a chave estava na ignição. Sorri com aquilo e entrei no carro, já batendo a porta. Dei partida e olhei para o céu. Se os cavaleiros estavam atrás do , eu deveria seguir a tempestade.
Engatei a primeira e saí daquele posto cantando pneu, já seguindo para o local de onde a tempestade de raios estava indo. Não demorei muito até chegar a uma casa e ver o Hummer de estacionado na frente. Tudo ao redor estava extremamente escuro, apenas a casa estava iluminada. Parecia que algo circulava o lugar. O vento forte fazia os sinos da varanda baterem em tons diferentes. Até que ouvi algo arranhando o capô do carro e depois o amassando. Mas não conseguia ver o que era e também não fiquei ali para descobrir. Saí dali de dentro e corri em direção à casa, já abrindo a porta que, por sorte, estava destrancada.
Ali dentro estava tudo iluminado, o que me fez olhar para fora e ver a luz do carro agora sendo apagada. O que estava acontecendo? Escutei um barulho de arma sendo engatilhada e logo ergui minhas mãos, me virando lentamente e vendo uma velha que parecia ter saído direto de um filme de terror segurando uma arma.
— Quem é você e o que está fazendo aqui? — ela perguntou e sua voz me deu calafrios.
— ! — ouvi e virei o rosto, o vendo parado no meio da escada com seu cabelo molhado, que estava até grande agora. — É você mesmo?
— . — soltei, dando um sorriso, e encarei a velha que tinha abaixado a arma.
Ele desceu as escadas rapidamente e eu fui em sua direção, fazendo nossos corpos se chocarem rapidamente. O envolvi em um abraço apertado e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo aquele cheiro dele que tanto amava. fez a mesma coisa, me fazendo rir. Estava tão feliz em vê-lo novamente.
Me afastei um pouco para segurar seu rosto e poder olhá-lo. Deixei meus polegares acariciarem sua pele com um sorriso enorme se formando em meus lábios. Então fui pego totalmente de surpresa quando chegou mais perto e juntou seus lábios nos meus, fazendo meus olhos se fecharem vagarosamente. Soltei um suspiro por conta daquilo, fazendo meu corpo todo relaxar e meu coração se acelerar.
Minhas mãos foram para o cabelo de sua nuca e logo meus lábios se abriram, passando por cima dos dele até que nossas línguas se tocarem, fazendo um arrepio me tomar por inteiro, e até cheguei a arfar por aquilo. Era tudo o que sempre quis. Sentir aqueles lábios e o gosto de sua língua, tê-lo em meus braços daquela forma. Finalmente estava beijando o cara que eu amava. Aquilo poderia ser até um sonho, mas nem eles eram tão perfeitos quanto o toque de sua língua na minha, a forma como seus lábios passavam sobre os meus, o jeito que respirávamos juntos, ou o gosto de nossas bocas se misturando.
Um trovão forte ecoou, parecendo que tinha caído bem na porta, nos assustando e fazendo com que parássemos de nos beijarmos, olhando juntos para o mesmo lado.
Eles tinham chegado.
Uma parte minha ficou agradecida por não ter comentado nada sobre o que tinha dito no rádio, o seu olhar sobre mim foi mais algo que indicava que já sabia o que sentia por ele. Talvez não fosse novidade para ninguém e estivesse sempre na minha cara que eu nutria algo pelo meu melhor amigo que não era apenas amizade. E agora precisava voltar para casa!
Juro que eu ia pirar se não conseguisse sair daquele lugar! Já tinha tentado todas as saídas, todas as passagens, elas sempre davam para o mesmo lugar. Eu precisava voltar para casa, para minha família, para . E o que mais me deixava incomodado com aquilo tudo era o fato de nem estar se incomodando em achar uma saída também, quando claramente parecia que sabia daquela merda mais do que eu. ainda tentava, estava comigo mais tempo do que passava com sua namorada. E sentia que ele ia pirar junto.
Para completar, parecia que aquele "hotel" estava ficando cada vez mais cheio. E eu até reconhecia algumas pessoas que estavam ali dentro, mas me parecia que despertá-las seria pior, já que quando estavam sentadas em seus respectivos lugares pareciam estar sob um transe, certamente presos dentro de suas próprias mentes.
O que era mais bizarro naquilo tudo era como o tempo não parecia passar, ou nós apenas não dávamos conta disso. Não sentíamos fome ou sono, frio ou calor. Nada do que normalmente faríamos. Parecia realmente que estávamos mortos, e essa ideia realmente me assombrava em vários momentos. Não queria estar morto, queria continuar vivo. Queria voltar para casa!
Passei por mais uma daquelas portas como se naquele momento aquilo fosse me levar para um lugar diferente. Mas, como todas as outras vezes, eu estava de volta no lobby do hotel. Porém algo me chamou a atenção. Na verdade, . Ela estava de pé em um canto meio escondido falando com um garoto. Eu não o conhecia, mas achei que eles tinham uma certa semelhança.
Então me aproximei com cautela para que não me vissem, e me escondi atrás de uma pilastra, perto o suficiente para ouvir a conversa deles.
— O pai e a mãe conseguiram pegar um deles. — falou e isso me fez unir as sobrancelhas. — Está com ele no nosso bunker.
— Vocês sabem que eles não vão se entregar. Que vão apagar a cidade inteira até achar onde o cavaleiro fantasma está preso. E vão matar o pai e a mãe ainda. — o garoto rebateu irritado, passando a mão em seu cabelo. — Não tem como sair daqui, Nell. Eu já tentei de todos os jeitos possíveis. Vocês procuraram e não acharam nada. Acham mesmo que sequestrando um cavaleiro fantasma vai dar certo? — eu deveria estar ficando maluco, não podia ser. Era por isso que os cavaleiros estavam na cidade e apagando todo mundo? — Eles não vão trocar nós dois pelo cavaleiro fantasma. Não tem como controlar a caçada selvagem. É loucura.
— Olha, eu não vim atrás de você para ficar escutando que não vai dar certo. Eu vim aqui para te tirar desse lugar. Tem que haver uma saída, OK? Temos comunicação com a outra realidade pelo rádio. Isso quer dizer que tem como sair. E não vamos usar ele para troca, não mais. — rebateu, tão irritada quando o garoto. — Mas antes de deixar que a caçada me pegasse, a mãe e o pai tinham descoberto uma coisa. — deu um sorriso.
— O quê? Fala logo em vez de me olhar desse jeito. — o garoto pediu, e quando olhou ao redor, me escondi rapidamente.
— O amigo do meu namorado. . — a voz de agora estava mais baixa, mas eu ainda podia ouvir. Escutar o nome do fez meu coração acelerar. O que ele tinha com aquilo? — Ele tem uma habilidade especial...
— Habilidade especial? E no que isso nos ajuda? — quis saber, e eu também queria.
— Se você me deixasse falar! — rebateu irritada. — Ele consegue abrir portais. Então... — aquilo me fez unir as sobrancelhas, e logo algumas coisas começaram a ligar em minha cabeça. Será que o que tinha no escuro era por causa disso?
— A mãe e o pai vão pedir gentilmente para ele abrir um portal e nos tirar daqui. É claro que ele vai fazer. Quem não faria? — disse com deboche. — Se toca, Nell! Não tem como sair!
— Ele não faria isso por nós, mas pelo namorado que está aqui, sim. — então saí de trás da pilastra na mesma hora. — Olha, que bom que estava escutando. Agora já sabe que a nossa passagem de volta é você.
— Primeiro, não é meu namorado. — por mais que eu gostaria que fosse, ele não era. — Segundo, por que você mentiu? Por que não disse que seus pais tinham invocado os cavaleiros para tentar salvar ele? — questionei apontando o dedo para o garoto. — E terceiro, eu não vou deixar que vocês se aproveitem do .
— Mas você é lerdo mesmo! O sempre foi afim de você. Não é possível que nunca notou o jeito que ele te olha. — revirou os olhos, me fazendo travar o maxilar. Não tinha nada demais no jeito que me olhava, ela estava falando coisas nada a ver. — E outra, que diferença faria contar a verdade? Você me culparia de todo o jeito por estar aqui. — jogou na minha cara, o que não era mentira inclusive. — E mesmo que não queira, o certamente vai achar um jeito de te tirar daqui. E esse vai ser o momento em que vamos pular fora juntos. Não que você tivesse muita escolha. — por um segundo, parei para pensar sobre aquilo.
— Espera. Quando você foi levada, já sabia o que o poderia fazer. — estreitei meus olhos em sua direção. — E outra, por que ainda estão com o cavaleiro fantasma? Eles vão apagar todos de Berkview.
— Claro. Já sabíamos disso há um bom tempo, só não sabíamos como ele faria para abrir o portal, até que... — estalou os dedos e apontou na minha direção. — Ele precisaria de um bom motivo para isso. E agora o cavaleiro está conosco para manter a caçada selvagem na cidade até seu amado conseguir abrir o portal para nos tirar daqui.
— Vocês estão usando nós dois para sair daqui! — rosnei, puto da vida com aquela merda. — O , ele sabia!
— Claro que sabia. Ele se prontificou a ajudar a salvar meu irmão, e sabia que eu seria levada e até viu quando aconteceu. — disse com um sorrisinho que estava me fazendo o sangue subir à cabeça. — só precisava que você estivesse com ele quando fosse apagado, porque se visse o cavaleiro fantasma, ele te levaria também. — a minha vontade era de voar no pescoço daquela garota, mas a raiva que sentia do por ter me enganado era muito pior.
— Desculpe, . Mas se eu contasse a verdade você nunca iria concordar em ajudar. Nós precisávamos de você e do . — ouvi a voz de atrás de mim, e já virei o fuzilando com o olhar. — Não fica chateado, por favor.
— Ele definitivamente vai matar vocês. — o irmão de falou, dando um riso fraco.
— Vontade não falta! — disse tentando me controlar e saí andando para não fazer nenhuma merda.
Passei a mão em meu cabelo, sentindo que iria surtar. nos traiu para ajudar a porra da sua namorada! Aquilo era tão escroto que eu não tinha nem palavras para definir. Eu queria socar aquele idiota! Agora estávamos todos presos ali, e certamente logo a cidade estaria toda ali. Não podia estar mesmo acreditando que aquilo estava acontecendo.
Me joguei em uma poltrona vazia e passei a mão em meu cabelo, o puxando para trás, respirando fundo. Não tinha nada que eu pudesse fazer para que aquilo fosse mudado. Se realmente era capaz de abrir fendas através das dimensões, ele com toda certeza estaria tentando fazer isso para me tirar daqui. Mas o problema era um só. Se o que acontecia com ele estava relacionado ao que podia fazer, isso queria dizer que iria se machucar, ou até mesmo coisa pior. A ideia de saber que isso poderia até mesmo matá-lo fez meu coração ficar acelerado. não podia fazer isso. Eu não saberia viver estando ciente de que algo de ruim tinha lhe acontecido por minha causa.
Em um rompante, levantei do sofá rapidamente, indo até o escritório. Precisava pela milésima vez tentar falar com ele e pedir para que não fizesse nada para me tirar dali. Preferia passar a eternidade preso em uma dimensão fantasma do que ver se ferindo para me tirar dali. Mas antes que conseguisse chegar à porta da frente do hotel, ela se abriu, deixando entrar uma ventania enorme, me fazendo erguer o braço e colocá-lo na frente do rosto.
Não pensei muito, apenas fui até lá. O máximo que poderia acontecer era acabar saindo por outra porta ali no lobby mesmo. Atravessei a porta e olhei ao redor, vendo que estava na obra. Algumas coisas ali estavam diferentes, mas o lugar era o mesmo. Ventava muito e isso me fez encarar o céu. Estava vindo uma tempestade. Espera. Se eu estou aqui... O conseguiu! Merda. Isso deveria fazer a caçada estar indo atrás dele por estar bagunçando as coisas. Precisava achá-lo.
Então olhei para posto do outro lado da rua e corri até lá, mas vi que estava vazio. Uni as sobrancelhas, os cavaleiros deveriam ter passado por ali. Tinha um carro na frente da bomba de gasolina com a porta aberta e um bip irritante estava tocando. Fui até lá e vi que a chave estava na ignição. Sorri com aquilo e entrei no carro, já batendo a porta. Dei partida e olhei para o céu. Se os cavaleiros estavam atrás do , eu deveria seguir a tempestade.
Engatei a primeira e saí daquele posto cantando pneu, já seguindo para o local de onde a tempestade de raios estava indo. Não demorei muito até chegar a uma casa e ver o Hummer de estacionado na frente. Tudo ao redor estava extremamente escuro, apenas a casa estava iluminada. Parecia que algo circulava o lugar. O vento forte fazia os sinos da varanda baterem em tons diferentes. Até que ouvi algo arranhando o capô do carro e depois o amassando. Mas não conseguia ver o que era e também não fiquei ali para descobrir. Saí dali de dentro e corri em direção à casa, já abrindo a porta que, por sorte, estava destrancada.
Ali dentro estava tudo iluminado, o que me fez olhar para fora e ver a luz do carro agora sendo apagada. O que estava acontecendo? Escutei um barulho de arma sendo engatilhada e logo ergui minhas mãos, me virando lentamente e vendo uma velha que parecia ter saído direto de um filme de terror segurando uma arma.
— Quem é você e o que está fazendo aqui? — ela perguntou e sua voz me deu calafrios.
— ! — ouvi e virei o rosto, o vendo parado no meio da escada com seu cabelo molhado, que estava até grande agora. — É você mesmo?
— . — soltei, dando um sorriso, e encarei a velha que tinha abaixado a arma.
Ele desceu as escadas rapidamente e eu fui em sua direção, fazendo nossos corpos se chocarem rapidamente. O envolvi em um abraço apertado e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo aquele cheiro dele que tanto amava. fez a mesma coisa, me fazendo rir. Estava tão feliz em vê-lo novamente.
Me afastei um pouco para segurar seu rosto e poder olhá-lo. Deixei meus polegares acariciarem sua pele com um sorriso enorme se formando em meus lábios. Então fui pego totalmente de surpresa quando chegou mais perto e juntou seus lábios nos meus, fazendo meus olhos se fecharem vagarosamente. Soltei um suspiro por conta daquilo, fazendo meu corpo todo relaxar e meu coração se acelerar.
Minhas mãos foram para o cabelo de sua nuca e logo meus lábios se abriram, passando por cima dos dele até que nossas línguas se tocarem, fazendo um arrepio me tomar por inteiro, e até cheguei a arfar por aquilo. Era tudo o que sempre quis. Sentir aqueles lábios e o gosto de sua língua, tê-lo em meus braços daquela forma. Finalmente estava beijando o cara que eu amava. Aquilo poderia ser até um sonho, mas nem eles eram tão perfeitos quanto o toque de sua língua na minha, a forma como seus lábios passavam sobre os meus, o jeito que respirávamos juntos, ou o gosto de nossas bocas se misturando.
Um trovão forte ecoou, parecendo que tinha caído bem na porta, nos assustando e fazendo com que parássemos de nos beijarmos, olhando juntos para o mesmo lado.
Eles tinham chegado.
Chapter 15
Minhas mãos desceram até a cintura de e o puxaram para mais perto de mim querendo que ficasse longe daquela porta. Eles não iriam levá-lo, eu não iria deixar. E nisso senti suas mãos me fazerem soltá-lo, então se colocou entre mim e a porta. Olhei para , mas seus olhos estavam fixos na madeira que parecia até tremer com as trovoadas que vinham lá de fora.
— Quanto tempo até eles conseguirem entrar, Emma? — perguntou, olhando por cima do ombro.
— Alguns minutos. Se eles conseguirem romper barreira de tramazeira, vão levar todos nós. — a mulher respondeu, não parecendo muito contente.
— Acho que sei como fazer com que eles parem. — contei, atraindo o olhar dos dois em minha direção. — Eles estão atrás de um cavaleiro fantasma que foi sequestrado pela família da . Por isso que ainda não foram embora.
— , namorada do ? — meu amigo quis saber, me fazendo erguer a sobrancelhas. Ele lembrava.
— Isso. — sorri para ele. — Prenderam ele no bunker da família.
— Certamente as paredes do lugar devem ser protegidas com tramazeira, além de ser aterrado por causa dos raios. Eles não devem conseguir passar sem que a porta esteja aberta, ou já teriam conseguido tirar o cavaleiro de lá e partido. — Emma concluiu rapidamente. Não entendia muito bem do que estava falando, mas me parecia que sabia bem mais do que eu. — Vocês sabem onde fica o bunker?
— Acho que embaixo da casa deles. Já fui lá em uma festa, a ficou irritada por termos descido e achado a porta. Só pode ser lá. — falei e caminhei até a janela, vendo a escuridão lá fora para ver onde eles estavam e como iríamos sair dali. — Por que não tem luz?
— abriu um portal, certamente não foi só em uma dimensão. — a mulher falou, me fazendo olhar para eles. — Não acho que só você tenha atravessado, acho que ele criou um buraco de minhoca atravessando as dimensões, agora não faço ideia de quantas.
— Então você consegue mesmo fazer isso. — comentei e seus olhos verdes me encararam rapidamente. — O que está lá fora? Amassou o carro quando cheguei.
— Como sabe? — questionou, me olhando de um jeito desconfiado. — Nem eu sabia que podia fazer isso até hoje. — ele prendeu os lábios em uma linha reta. — Podem ser as mesmas coisas que sempre estão atrás de mim. — aquela informação me fez olhar para seu braço, mas a manga da camisa cobria sua cicatriz.
— De alguma forma, a família da descobriu. E tudo isso, a caçada selvagem presa em Berkview, os cavaleiros terem me levado logo depois de , era parte do plano deles para que você abrisse um portal para me tirar de lá, e, com isso, o filho deles e quem mais estivesse lá e que fosse do interesse desses cretinos. — contei rapidamente o melhor que pude resumir, e claramente ficou irritado com aquilo. — Eu descobri não tem muito tempo, estava indo tentar fazer contato contigo para pedir que não abrisse o portal, porque sabia que isso podia te ferir de alguma forma, mas as portas se abriram e não pensei muito, apenas atravessei e estava naquela obra de onde me levaram aquele dia. — disse olhando para ele, vendo se realmente estava machucado por causa daquilo, mas me parecia que estava bem. — Eu fiquei com medo de algo ruim te acontecer, não poderia suportar se isso acontecesse. — puxei o ar olhando dentro de seus olhos, sentindo meu peito doer um pouco, então se aproximou.
— Sabe que não iria importar o que me falasse, não é? Eu faria de tudo para te trazer de volta. Porque nada aqui faz sentido sem você, minha existência é apagada sem a sua. — suas palavras fizeram meu coração acelerar demais, e um sorriso tomou meus lábios naquele instante. — Não sei se ouviu o que te falei aquele dia no rádio, mas eu não me importo em repetir. Eu te amo. E não consigo viver sem você. Então, não importa o quanto me pedisse, eu faria de tudo para te ter de volta, daria a minha vida pela sua se apenas por um segundo pudesse olhar novamente em seus olhos. — suas palavras fizeram uma lágrima escorrer pelo meu rosto, então sorriu e a pegou com seu polegar. Apenas neguei com a cabeça, sorrindo de um jeito bobo. — Eu não vou te perder de novo. — declarou e segurou minha mão, fazendo meu coração se preencher por inteiro. — Vamos achar a porcaria desse bunker e acabar com isso.
— Eu te amo, . — disse encostando minha testa na dele e fechando meus olhos por um momento, apertando mais meus dedos nos seus. — Eu também não suportaria viver sem você. — dei um pequeno selinho em seus lábios e me afastei depois. — Como vamos sair daqui? O que está lá fora vai nos pegar assim que sairmos, e os cavaleiros vão entrar a qualquer momento.
— Se eles romperem a barreira de tramazeira, o que está na escuridão também vai entrar. — Emma avisou. — precisa fechar o portal que abriu, isso vai expulsar eles.
— Você fala como se fosse um botão que eu apertasse e pronto. — reclamou olhando para a mulher, que riu fraco. — Não vejo a graça.
— É basicamente isso. Suas emoções que fazer as fendas se abrirem. Você precisou morrer por um segundo para trazer de volta. — olhei rapidamente para com aquilo que Emma estava contando e apertei sua mão, não acreditando naquilo. Queria falar umas besteiras por causa disso, mas resolvi que não era hora. — O que sentiu naquele momento foi tão forte que fez um portal se abrir. O seu medo está deixando-o aberto. Pare de alimentá-lo. — era por isso que Emma não tinha nos interrompido momento algum, ela achava que ficando calmo, o medo iria embora. Esperta.
— Como não ficar com medo de monstros que estão do outro lado dessa porta pontos para me devorarem quando a barreira de tramazeira for rompida? Não é você que eles vão machucar. — rebateu, irritado, e eu podia sentir sua mão suando frio.
— OK, OK. Para. — falei afim de cortar uma possível discussão. — Vem.
O puxei até o sofá e olhei para Emma, para que ela nos deixasse um pouco sozinhos, a mulher apenas assentiu e saiu. Me sentei no acento estofado e macio de lado e fiz com que se sentasse entre minhas pernas. Encostei sua cabeça em meu ombro, então o abracei. Por um instante, olhei para a porta que trepidava assim como as janelas por causa da tempestade que começou a cair forte. Ele se encolheu um pouco contra meu corpo e minhas mãos o seguraram com mais força. Beijei o topo de sua cabeça, sentindo como tremia em meus braços a cada trovão que estourava lá fora. Afaguei seu braço e minha mão segurou com força a sua cicatriz por baixo de sua manga.
— Você se lembra como foi esse dia? — perguntei e ele concordou com a cabeça. — O que eu te disse?
— Que estava comigo e que tudo ficaria bem. — sussurrou com uma voz triste.
— Estou aqui. Sempre estive mesmo quando fui apagado. Estava aqui dentro o tempo inteiro. — minha mão passou em seu peito, sentindo seu coração acelerado. — E você não teve medo de enfrentar a morte para me trazer de volta. Tem noção do quanto isso foi corajoso da sua parte?
— Não teve nada a ver com coragem, eu estava desesperado para poder lembrar de você. — contou, se segurando com força em meu corpo. — Eu não sou corajoso, . Sabe disso. — aquilo me fez rir fraco.
— Eu vi muita coragem quando eu estava desesperado no dia que os cavaleiros me levaram. — minha voz saía baixa em seu ouvido enquanto minhas mãos acariciavam sua pele. — Você estava segurando minha mão com força. Dizendo que eles não me levariam. Então falei que seria apagado também e que deveria fugir. E mesmo apavorado, você nutria de uma coragem que me fez ter esperança de que as coisas podiam mudar. — beijei o topo de sua cabeça o apertando um pouco contra meu corpo. — Suas palavras ainda estão na minha cabeça. E foram exatamente: Eu não vou fugir disso também, .
— Mas ainda assim eu estava com medo, . Muito medo. — confessou com uma voz manhosa.
— E ainda assim você o enfrentou. Entrou no carro comigo, correu no meio da tempestade e segurou minha mão com toda a minha força, tentando impedir que eu fosse levado. — então segurei sua mão com força do mesmo jeito que tinha feito comigo. — Eu não vou deixar que te levem. Eu estou aqui, . E eles não vão te pegar. Porque você é quem os controla. Você é forte, você é corajoso!
— Porque você é minha luz, minha força e minha coragem. — rebateu com sua voz saindo mais firme e sua mão apertando a minha. Segurei seu corpo com mais força. — Você nunca mais vai me deixar?
— Nunca! — disse com convicção. — Nunca mais. — fechei meus olhos com força, ouvindo o estouro do trovão lá fora, fazendo um clarão enorme preencher toda a sala.
— A escuridão foi embora, mas os cavaleiros vão entrar! — Emma berrou e as janelas e portas abriram fazendo uma ventania forte tomar o lugar, jogando as coisas para todos os lados.
Levantei do sofá puxando comigo e corremos para qualquer lado, e paramos quando entramos na cozinha vendo um cavaleiro entrando pela porta de trás. Entrei na frente de , olhando aquele monstro que já sacava a arma em nossa direção.
— Eu sei onde o outro cavaleiro fantasma está! — berrei por cima do som da tempestade, dando um passo para frente. O cavaleiro parou por um segundo. — Eu te levo até lá, mas os deixem em paz!
— Não, ! — gritou, tentando me puxar para trás, mas o cavaleiro atirou no meu peito.
Meu corpo foi jogado para trás, mas não acertei em nada. Fui levado mais uma vez. Abri meus olhos, puxando o ar, vendo vários cavaleiros fantasmas na minha frente no lobby do hotel que agora estava vazio. Me levantei do chão empoeirado os encarando. Então falei com eles onde era o bunker, mas que certamente precisavam de mim para entrar, levando em consideração ao que Emma tinha dito. Eles não falaram nada, apenas se viraram e saíram pela porta da frente, mas os segui rapidamente. Então estávamos na frente da casa de agora. A tempestade fazia as árvores balançarem, assim como as janelas baterem, e algumas telhas das casas voarem. Rapidamente eu me encontrava encharcado.
Os cavaleiros me olharam e eu apenas passei por entre eles, entrando na casa, vendo uma risca preta na frente da porta. Parecia pólvora e, por precaução, passei meu pé por cima, pois podia ser que levasse a algo que fosse explodir logo que eu entrasse ali, levando em consideração que já sabia que eu viria quando tinha ouvido sua conversa toda.
A casa estava escura e silenciosa, parecia que nem estavam ali. Então procurei a porta que levava para o porão e desci, vendo que tinha uma luz vermelha acesa em cima de uma porta de aço. Eu podia ouvir os passos dos cavaleiros fantasmas atrás de mim, suas botas faziam um eco pesado no assoalho de madeira e o cheiro que eles tinham era insuportável.
Parei na frente da porta de aço e tentei abrir, mas estava trancada. Certamente eles estavam ali dentro. Não olhei para trás, porque sabia que não iria adiantar nada, os cavaleiros não iriam conseguir abrir aquilo também. Precisava fazer com que abrissem do lado de dentro. Bati na porta.
— ! Sou eu! Abre. — pedi, ela deveria estar lá dentro.
— ? — a voz da menina soou surpresa. — O que você está fazendo aqui?
— Eles levaram o . Preciso de ajuda. Por favor, abre. — soltei como se estivesse totalmente desesperado com aquela situação. Em termos, até estava.
— O que se vire. Eu não vou abrir. — era uma vaca mesmo aquela garota.
— O é nosso amigo. Abre a porta, Nell! — a voz de tomou lugar e eu até fiquei com pena naquele momento, mas ela logo sumiu quando lembrei do que tinha feito com a gente.
— Por favor, . Me ajuda. Eu não posso ficar sem o . — choraminguei totalmente falso batendo na porta, até que ela se abriu e tive que me afastar. — Obrigado. — dei um sorriso.
Naquele momento, os cavaleiros fantasmas passaram por mim e entraram no lugar, atirando em todos que estava lá dentro, não restando ninguém para contar história dessa vez. Pude ver um deles preso dentro de uma gaiola por onde corria eletricidade e tinha aquele pó preto ao redor. Eles me encaravam, esperando que eu fizesse algo, então entrei e olhei para os lados, procurando a chave de força, a achando no canto do bunker. Fui até lá e desliguei, depois segui para a frente da grade e a abri, mas o cavaleiro não saiu de lá, apenas ficou me encarando. Olhei para o pó preto. Será que era isso? Meu pé passou no pó, quebrando a linha que passava por ali e, naquele momento, o monstro deu um passo para fora, passando por mim e seguindo em direção à porta junto com os outros.
Tinha acabado?
— Quanto tempo até eles conseguirem entrar, Emma? — perguntou, olhando por cima do ombro.
— Alguns minutos. Se eles conseguirem romper barreira de tramazeira, vão levar todos nós. — a mulher respondeu, não parecendo muito contente.
— Acho que sei como fazer com que eles parem. — contei, atraindo o olhar dos dois em minha direção. — Eles estão atrás de um cavaleiro fantasma que foi sequestrado pela família da . Por isso que ainda não foram embora.
— , namorada do ? — meu amigo quis saber, me fazendo erguer a sobrancelhas. Ele lembrava.
— Isso. — sorri para ele. — Prenderam ele no bunker da família.
— Certamente as paredes do lugar devem ser protegidas com tramazeira, além de ser aterrado por causa dos raios. Eles não devem conseguir passar sem que a porta esteja aberta, ou já teriam conseguido tirar o cavaleiro de lá e partido. — Emma concluiu rapidamente. Não entendia muito bem do que estava falando, mas me parecia que sabia bem mais do que eu. — Vocês sabem onde fica o bunker?
— Acho que embaixo da casa deles. Já fui lá em uma festa, a ficou irritada por termos descido e achado a porta. Só pode ser lá. — falei e caminhei até a janela, vendo a escuridão lá fora para ver onde eles estavam e como iríamos sair dali. — Por que não tem luz?
— abriu um portal, certamente não foi só em uma dimensão. — a mulher falou, me fazendo olhar para eles. — Não acho que só você tenha atravessado, acho que ele criou um buraco de minhoca atravessando as dimensões, agora não faço ideia de quantas.
— Então você consegue mesmo fazer isso. — comentei e seus olhos verdes me encararam rapidamente. — O que está lá fora? Amassou o carro quando cheguei.
— Como sabe? — questionou, me olhando de um jeito desconfiado. — Nem eu sabia que podia fazer isso até hoje. — ele prendeu os lábios em uma linha reta. — Podem ser as mesmas coisas que sempre estão atrás de mim. — aquela informação me fez olhar para seu braço, mas a manga da camisa cobria sua cicatriz.
— De alguma forma, a família da descobriu. E tudo isso, a caçada selvagem presa em Berkview, os cavaleiros terem me levado logo depois de , era parte do plano deles para que você abrisse um portal para me tirar de lá, e, com isso, o filho deles e quem mais estivesse lá e que fosse do interesse desses cretinos. — contei rapidamente o melhor que pude resumir, e claramente ficou irritado com aquilo. — Eu descobri não tem muito tempo, estava indo tentar fazer contato contigo para pedir que não abrisse o portal, porque sabia que isso podia te ferir de alguma forma, mas as portas se abriram e não pensei muito, apenas atravessei e estava naquela obra de onde me levaram aquele dia. — disse olhando para ele, vendo se realmente estava machucado por causa daquilo, mas me parecia que estava bem. — Eu fiquei com medo de algo ruim te acontecer, não poderia suportar se isso acontecesse. — puxei o ar olhando dentro de seus olhos, sentindo meu peito doer um pouco, então se aproximou.
— Sabe que não iria importar o que me falasse, não é? Eu faria de tudo para te trazer de volta. Porque nada aqui faz sentido sem você, minha existência é apagada sem a sua. — suas palavras fizeram meu coração acelerar demais, e um sorriso tomou meus lábios naquele instante. — Não sei se ouviu o que te falei aquele dia no rádio, mas eu não me importo em repetir. Eu te amo. E não consigo viver sem você. Então, não importa o quanto me pedisse, eu faria de tudo para te ter de volta, daria a minha vida pela sua se apenas por um segundo pudesse olhar novamente em seus olhos. — suas palavras fizeram uma lágrima escorrer pelo meu rosto, então sorriu e a pegou com seu polegar. Apenas neguei com a cabeça, sorrindo de um jeito bobo. — Eu não vou te perder de novo. — declarou e segurou minha mão, fazendo meu coração se preencher por inteiro. — Vamos achar a porcaria desse bunker e acabar com isso.
— Eu te amo, . — disse encostando minha testa na dele e fechando meus olhos por um momento, apertando mais meus dedos nos seus. — Eu também não suportaria viver sem você. — dei um pequeno selinho em seus lábios e me afastei depois. — Como vamos sair daqui? O que está lá fora vai nos pegar assim que sairmos, e os cavaleiros vão entrar a qualquer momento.
— Se eles romperem a barreira de tramazeira, o que está na escuridão também vai entrar. — Emma avisou. — precisa fechar o portal que abriu, isso vai expulsar eles.
— Você fala como se fosse um botão que eu apertasse e pronto. — reclamou olhando para a mulher, que riu fraco. — Não vejo a graça.
— É basicamente isso. Suas emoções que fazer as fendas se abrirem. Você precisou morrer por um segundo para trazer de volta. — olhei rapidamente para com aquilo que Emma estava contando e apertei sua mão, não acreditando naquilo. Queria falar umas besteiras por causa disso, mas resolvi que não era hora. — O que sentiu naquele momento foi tão forte que fez um portal se abrir. O seu medo está deixando-o aberto. Pare de alimentá-lo. — era por isso que Emma não tinha nos interrompido momento algum, ela achava que ficando calmo, o medo iria embora. Esperta.
— Como não ficar com medo de monstros que estão do outro lado dessa porta pontos para me devorarem quando a barreira de tramazeira for rompida? Não é você que eles vão machucar. — rebateu, irritado, e eu podia sentir sua mão suando frio.
— OK, OK. Para. — falei afim de cortar uma possível discussão. — Vem.
O puxei até o sofá e olhei para Emma, para que ela nos deixasse um pouco sozinhos, a mulher apenas assentiu e saiu. Me sentei no acento estofado e macio de lado e fiz com que se sentasse entre minhas pernas. Encostei sua cabeça em meu ombro, então o abracei. Por um instante, olhei para a porta que trepidava assim como as janelas por causa da tempestade que começou a cair forte. Ele se encolheu um pouco contra meu corpo e minhas mãos o seguraram com mais força. Beijei o topo de sua cabeça, sentindo como tremia em meus braços a cada trovão que estourava lá fora. Afaguei seu braço e minha mão segurou com força a sua cicatriz por baixo de sua manga.
— Você se lembra como foi esse dia? — perguntei e ele concordou com a cabeça. — O que eu te disse?
— Que estava comigo e que tudo ficaria bem. — sussurrou com uma voz triste.
— Estou aqui. Sempre estive mesmo quando fui apagado. Estava aqui dentro o tempo inteiro. — minha mão passou em seu peito, sentindo seu coração acelerado. — E você não teve medo de enfrentar a morte para me trazer de volta. Tem noção do quanto isso foi corajoso da sua parte?
— Não teve nada a ver com coragem, eu estava desesperado para poder lembrar de você. — contou, se segurando com força em meu corpo. — Eu não sou corajoso, . Sabe disso. — aquilo me fez rir fraco.
— Eu vi muita coragem quando eu estava desesperado no dia que os cavaleiros me levaram. — minha voz saía baixa em seu ouvido enquanto minhas mãos acariciavam sua pele. — Você estava segurando minha mão com força. Dizendo que eles não me levariam. Então falei que seria apagado também e que deveria fugir. E mesmo apavorado, você nutria de uma coragem que me fez ter esperança de que as coisas podiam mudar. — beijei o topo de sua cabeça o apertando um pouco contra meu corpo. — Suas palavras ainda estão na minha cabeça. E foram exatamente: Eu não vou fugir disso também, .
— Mas ainda assim eu estava com medo, . Muito medo. — confessou com uma voz manhosa.
— E ainda assim você o enfrentou. Entrou no carro comigo, correu no meio da tempestade e segurou minha mão com toda a minha força, tentando impedir que eu fosse levado. — então segurei sua mão com força do mesmo jeito que tinha feito comigo. — Eu não vou deixar que te levem. Eu estou aqui, . E eles não vão te pegar. Porque você é quem os controla. Você é forte, você é corajoso!
— Porque você é minha luz, minha força e minha coragem. — rebateu com sua voz saindo mais firme e sua mão apertando a minha. Segurei seu corpo com mais força. — Você nunca mais vai me deixar?
— Nunca! — disse com convicção. — Nunca mais. — fechei meus olhos com força, ouvindo o estouro do trovão lá fora, fazendo um clarão enorme preencher toda a sala.
— A escuridão foi embora, mas os cavaleiros vão entrar! — Emma berrou e as janelas e portas abriram fazendo uma ventania forte tomar o lugar, jogando as coisas para todos os lados.
Levantei do sofá puxando comigo e corremos para qualquer lado, e paramos quando entramos na cozinha vendo um cavaleiro entrando pela porta de trás. Entrei na frente de , olhando aquele monstro que já sacava a arma em nossa direção.
— Eu sei onde o outro cavaleiro fantasma está! — berrei por cima do som da tempestade, dando um passo para frente. O cavaleiro parou por um segundo. — Eu te levo até lá, mas os deixem em paz!
— Não, ! — gritou, tentando me puxar para trás, mas o cavaleiro atirou no meu peito.
Meu corpo foi jogado para trás, mas não acertei em nada. Fui levado mais uma vez. Abri meus olhos, puxando o ar, vendo vários cavaleiros fantasmas na minha frente no lobby do hotel que agora estava vazio. Me levantei do chão empoeirado os encarando. Então falei com eles onde era o bunker, mas que certamente precisavam de mim para entrar, levando em consideração ao que Emma tinha dito. Eles não falaram nada, apenas se viraram e saíram pela porta da frente, mas os segui rapidamente. Então estávamos na frente da casa de agora. A tempestade fazia as árvores balançarem, assim como as janelas baterem, e algumas telhas das casas voarem. Rapidamente eu me encontrava encharcado.
Os cavaleiros me olharam e eu apenas passei por entre eles, entrando na casa, vendo uma risca preta na frente da porta. Parecia pólvora e, por precaução, passei meu pé por cima, pois podia ser que levasse a algo que fosse explodir logo que eu entrasse ali, levando em consideração que já sabia que eu viria quando tinha ouvido sua conversa toda.
A casa estava escura e silenciosa, parecia que nem estavam ali. Então procurei a porta que levava para o porão e desci, vendo que tinha uma luz vermelha acesa em cima de uma porta de aço. Eu podia ouvir os passos dos cavaleiros fantasmas atrás de mim, suas botas faziam um eco pesado no assoalho de madeira e o cheiro que eles tinham era insuportável.
Parei na frente da porta de aço e tentei abrir, mas estava trancada. Certamente eles estavam ali dentro. Não olhei para trás, porque sabia que não iria adiantar nada, os cavaleiros não iriam conseguir abrir aquilo também. Precisava fazer com que abrissem do lado de dentro. Bati na porta.
— ! Sou eu! Abre. — pedi, ela deveria estar lá dentro.
— ? — a voz da menina soou surpresa. — O que você está fazendo aqui?
— Eles levaram o . Preciso de ajuda. Por favor, abre. — soltei como se estivesse totalmente desesperado com aquela situação. Em termos, até estava.
— O que se vire. Eu não vou abrir. — era uma vaca mesmo aquela garota.
— O é nosso amigo. Abre a porta, Nell! — a voz de tomou lugar e eu até fiquei com pena naquele momento, mas ela logo sumiu quando lembrei do que tinha feito com a gente.
— Por favor, . Me ajuda. Eu não posso ficar sem o . — choraminguei totalmente falso batendo na porta, até que ela se abriu e tive que me afastar. — Obrigado. — dei um sorriso.
Naquele momento, os cavaleiros fantasmas passaram por mim e entraram no lugar, atirando em todos que estava lá dentro, não restando ninguém para contar história dessa vez. Pude ver um deles preso dentro de uma gaiola por onde corria eletricidade e tinha aquele pó preto ao redor. Eles me encaravam, esperando que eu fizesse algo, então entrei e olhei para os lados, procurando a chave de força, a achando no canto do bunker. Fui até lá e desliguei, depois segui para a frente da grade e a abri, mas o cavaleiro não saiu de lá, apenas ficou me encarando. Olhei para o pó preto. Será que era isso? Meu pé passou no pó, quebrando a linha que passava por ali e, naquele momento, o monstro deu um passo para fora, passando por mim e seguindo em direção à porta junto com os outros.
Tinha acabado?
Chapter 16
Depois que fui deixado na casa de pelos cavaleiros fantasmas, saí de lá às pressas, pegando um táxi e indo para meu apartamento. De forma estranha, as chaves ainda estavam comigo, assim como meu iPhone, porém estava sem bateria. E a primeira coisa que fiz quando coloquei na carga foi ligar para , precisava falar que estava bem e que eu ainda existia. Que tudo tinha terminado. Então me pediu para encontrá-lo na casa do seu avô, já que era no meio do caminho de onde estava. Não pensei muito, só peguei minha moto, todo molhado mesmo e do jeito que estava, e fui para lá, chegando praticamente junto com ele.
Perguntei do que se lembrava e logo vi que não era de muita coisa, melhor assim. Não falei exatamente o que houve, porque não via sentido em falar a verdade quando ela seria apagada de nossas mentes em algumas horas. Então só entramos na casa logo e ele me obrigou a tomar um banho. Mas parei por um momento, sorrindo, feliz que ele tinha se mudado para aquele lugar quando era o que queria ter feito há muito tempo. Ele finalmente tinha conseguido ficar sozinho sem ter medo. Aquilo era realmente ótimo.
Tomei um banho quente, porque estávamos em pleno inverno e o frio estava quase me matando por causa daquelas roupas molhadas. Não demorei muito, pois queria logo ficar perto de . Então, assim que terminei, vesti umas roupas secas que ele tinha arranjado para mim e saí pela casa o procurando, mas percebi que tinha ido tomar um banho também.
Fiquei olhando as coisas que tinha na casa, a decoração que havia feito, e um sorriso vinha aos meus lábios cada vez que achava alguma coisa minha ou uma foto nossa. Até que encontrei os papéis sobre a caçada selvagem e tinha o nome de ali. Prendi meus lábios em uma linha reta e os peguei, rapidamente indo para a sala. A lareira estava acesa e isso me fez ir até lá e jogar os papéis dentro. Me sentei ali para ver aquilo sendo reduzido a cinzas.
Meus olhos ficaram encarando as chamas à minha frente que consumiam aqueles papéis. Eu me sentia culpado por ter deixado ser apagado de novo, ele era meu amigo, pelo menos era o que eu achava antes de ter nos traído. Ainda achava que poderia ter nos pedido para ajudar, mas não, ele preferiu me enganar, me deixar totalmente apavorado, e ainda mais . Não sabia o que tinha passado enquanto eu não estava ali com ele, mas pelo pouco que vi, aquilo tinha acabado com meu melhor amigo. Mas ainda assim sabia que não tinha sido certo com , só que agora não podia fazer nada a respeito, a caçada havia ido embora e o levado junto. Então apenas queimei os seus vestígios. Ele já tinha sido apagado da memória de e logo sabia que aconteceria a mesma coisa comigo, e certamente a culpa iria embora com todo o resto das lembranças.
Me distraí sentindo as mãos de apertarem meus ombros, tirando toda a minha atenção do fogo. Ele se sentou atrás de mim naquele tapete de pelos altos e fofinho e me abraçou forte, encostando seu queixo em meu ombro e respirando fundo. Encostei minha cabeça na lateral da dele e fechei meus olhos. Estávamos seguros agora. Passei minha mão pela sua e prendi nossos dedos. Abri meus olhos e sorri, olhando para baixo quando vi que ele vestia um casaco meu de moletom.
— Adoro quando veste minhas roupas. — contei, rindo fraquinho.
— E eu gosto de usá-las, tem o seu cheiro. — disse em meu ouvido, me deixando arrepiado. — Esse casaco foi um dos seus vestígios. Quando o achei, não quis mais soltá-lo, seu perfume ainda estava nele. — meu coração se acelerou ao saber daquilo, então apertei mais nossos dedos. — Eu enlouqueci sem você aqui. Foram os piores dois meses da minha vida.
— Dois meses? — perguntei, arregalando meus olhos com aquilo. Eu não tinha notado como o tempo havia passado.
— Uhum. E me senti como se fosse o inferno. — sua voz tinha dor e aquilo me matou um pouco. — O e o tentaram me ajudar, mas as coisas ficam estranhas entre nós.
— Estranhas como? — acariciei sua mão com o polegar, querendo que não ficasse triste.
— Rolou algo entre mim e o . Não sei bem como aconteceu, eu estava pirando por causa do jeito que me sentia sem você. E ele estava lá, tentando cobrir o buraco que tinha ficado em meu peito. Então acabamos nos beijando. — suspirou pesado.
Não pude deixar de travar meu maxilar ao saber que tinha beijado o , aquilo me deixou realmente incomodado. Me desfiz dos seus braços que estavam ao meu redor e me virei, o encarando. Meu coração estava batendo rápido com a ideia do que aquilo tinha se formado em minha cabeça.
— Vocês estão juntos? — minha voz saiu apertada, e perguntar aquilo até doeu meu peito.
— Não. Quando nos beijamos, tive certeza de que não eram os lábios dele que eu queria nos meus. Não senti nada. — seus olhos claros estavam em um tom amarelado por causa das chamas da lareira e me encararam com intensidade. — E na mesma noite sonhei contigo e entendi o motivo de não consegui beijar o .
— Qual era o motivo? — por mais que aquilo tivesse aliviado meu coração, eu ainda estava um pouco nervoso.
— Você era o motivo. Todo o meu surto, toda a minha dor, todo o meu vazio, era tudo você faltando na minha vida. — sua mão tocou a lateral de meu rosto, me fazendo fechar os olhos. — O que sinto por você é forte demais, . Sempre foi assim. E nem quando foi apagado isso mudou. — sorri de leve e abri meus olhos.
— Eu não consigo imaginar como você se sentiu, mas deve ter sido horrível. Me desculpa por tudo. — falei e levei a mão até seu rosto, chegando mais perto e encostando nossas testas. Ele negou com a cabeça de leve.
— A culpa não foi sua. Apenas aconteceu. Não tinha como mudar nada. Mas isso não importa. Você está aqui agora. Comigo. — sorrimos com aqui.
— Eu estou aqui. — sussurrei para ele feliz. — Ter você em meus braços é tudo o que sempre quis. Te desejei tantas noites. Clamei por você tantos dias. Chorei tantas vezes achando que nunca poderia te falar o que sinto. — passei meu nariz pelo dele, fechando meus olhos. — Eu te amo, . — as palavras saíram pelos meus lábios lentamente, junto com meu coração que chamava pelo seu nome.
— Eu te amo, . — então junto seus lábios nos meus com suavidade.
Suspirei com aquilo, sentindo todo o meu corpo relaxar. Abri minha boca para que nossas línguas pudessem finalmente se tocar como queriam. Então foi impossível não soltar mais um suspiro com seu toque leve e macio, a suavidade de sua língua passando pela minha enquanto eu fazia a mesma coisa com a dele. Nossos lábios passando um pelo o outro em um movimento perfeito, tão meus naquele beijo. Nossas respirações se misturando aos poucos, assim como nossos gostos que agora viraram um só. Seu beijo era algo além do que um dia consegui imaginar, era mais gostoso do que qualquer uma das minhas fantasias.
Minhas mãos seguraram sua cintura e meus dedos torceram o tecido do moletom que vestia, o puxando para mais perto. Então ele fez o mesmo, me levantando para cima dele, e me sentei em seu colo, passando as pernas por sua cintura, fazendo com que ficássemos da mesma altura agora. Seus dedos invadiram a camisa que eu vestia e tocaram minha pele, me tirando um arrepio gostoso que me fez sorrir entre o beijo, juntando mais nossos corpos usando minhas pernas.
Minhas mãos subiram até seu cabelo, que estava grande agora, e meus dedos se perderam nos fios, os entrelaçando e fazendo um carinho leve em sua nuca. Inclinei meu rosto mais sobre o dele e girei o beijo, chupando sua língua de leve e o ouvindo gemer gostoso por conta daquilo. Suas mãos entraram por debaixo do meu moletom e camisa e seus dedos apertam minha cintura, então subiram pela minha pele da barriga fazendo com que a contraísse com seu toque. Suas mãos se passaram em meu peito, me tirando um suspiro, e foram para minhas costelas, as apertando com certa pressão, me fazendo arfar dentro de sua boca. ia me tirando o juízo lentamente com suas mãos alisando meu corpo.
Soltei seu cabelo, segurei seu rosto e separei nossos lábios. Com meu polegar, ergui seu queixo e comecei a beijar seu maxilar bem desenhado, fazendo o contorno dele com meus lábios, os esfregando nele e até mesmo passando minha língua de leve em sua pele, ouvindo seu suspiro leve com aquele toque. Suas mãos desceram e seguraram minha bunda, a alisando e apertando, me fazendo mexer o quadril de leve sobre o seu, em um vai e vem suave. Meus dentes passaram em seu pescoço, mordendo sutilmente e depois chupando, sentindo como ficou arrepiado de um jeito muito gostoso. Passei meu nariz por ali, dando um sorriso de lado, respirando seu cheiro tão gostoso. Sentia tanta falta dele, além de sempre ter sentido vontade de fazer isso. De sentar em cima de e beijá-lo até cansar, o que achava que seria uma tarefa impossível agora, até porque seus lábios eram extremamente gostosos.
Seus dedos tocavam minha pele, a apertando com vontade, alisando e puxando enquanto eu me deleitava com seu pescoço, aumentando a pressão de meus beijos, os deixando mais intensos, chupando com certa força agora, remexendo meu quadril sobre o dele com mais afinco. Foi delicioso ouvir seu gemido fraco por aquilo e sentir ele me apertar mais.
Minhas mãos desceram para seu peito e agarraram o seu casaco, querendo que fosse sua pele. Elas se fecharam ali, juntando o tecido, fazendo minhas unhas curtas afundarem e certamente rasparem por sua pele mesmo por cima daquela roupa que vestia.
Sua cabeça foi para trás em um pedido mudo pelo meus lábios, então o fiz. Agarrei aquele pescoço com voracidade, sem pena alguma, apenas transparecendo o tesão que me tomava e mostrando para como estava me deixando. Ele me apertava ainda mais, afundando suas unhas em minha pele, a apertando com força e até mesmo puxando, arranhando de um jeito que me fazia arfar contra seu pescoço.
Não aguentei e desci mais minhas mãos, agarrando a barra de seu casaco, já o puxando para cima junto com sua camisa. Afastei para tirar sua roupa, a jogando em algum canto daquela sala.
Sorri ao ver como seu cabelo, que estava penteado, se bagunçou agora, e minhas mãos foram até ele, o segurando e juntando nossos lábios novamente em um beijo ardente. Tomei sua boca rapidamente com minha língua, a passando sobre a dele, depois por baixo e pelo lado, a enroscando e prendendo um pouco, a chupando em seguida, arrancando seu fôlego, pois o puxei para mim. Empurrei meu quadril contra o dele, lhe arrancando um gemido abafado que me excitou demais.
Sentia sua ereção que ficava mais evidente roçando na minha bunda, e isso só me fazia esfregar ainda mais em naquele beijo sedento. Até que suas mãos desceram por dentro de minha calça e agarraram minha bunda com tanta força que me ergueu um pouco, arrancando um gemido abafado meu.
Mordi seu lábio inferior e o puxei. Abri meus olhos e vi seus tons verdes tão intensos encarando os meus, e nossas respirações estavam pesadas naquele momento, batendo uma contra a outra. Desci minha mão até seu rosto e a outra ficou em seu cabelo, fazendo um carinho suave.
— Eu quero você, . — sussurrei para ele com uma voz falhada.
— Como você me quer? — quis saber, sua respiração ficando mais ofegante que antes.
— De todas as formas que uma pessoa pode ter a outra. Quero seu coração, sua seu corpo, seus pensamentos. Quero você inteiro. — meus dedos desceram conforme fui falando e alisei a pele de seu peito quente, sentindo como seu coração batia forte naquele momento. — Você me quer assim também? — perguntei, olhando bem dentro de seus olhos, e concordou com a cabeça.
— Cada parte sua, . — disse, chegando mais perto e passando a ponta de seu nariz pelo meu. — Você me entrega cada pedacinho seu? — aquilo me fez sorrir.
— Entrego. — murmurei feliz, abrindo um sorrindo e descendo minha mão de seu cabelo, tocando seu rosto em um afago. — Você quer ser meu?
— É tudo o que sempre quis, Malik. — soltou, dando um sorriso.
Simplesmente não aguentei e o beijei novamente com todo aquele fervor que me possuía naquele momento.
me beijava de forma intensa, roubando todo meu ar, minha consciência, meu coração. Eu o amava tanto, mal podia acreditar que finalmente o tinha em meus braços e ainda mais me beijando daquela forma. Era mágico, como se eu estivesse em um dos meus sonhos. Se existia a perfeição, era aquele momento, com aquele homem no qual eu estava sentado e tendo todo os seus beijos como sempre desejei.
Ele tirou meu casaco e camisa junto também, me fazendo soltar seus lábios para me livrar daquela peça. E quando voltou a nos unir, eu gemi fraco, sentindo finalmente seu peito quente se estalar contra o meu de um jeito delicioso, sua pele tão macia e gostosa agora colada na minha. Aquilo me excitou mais ainda, e eu podia sentir meu pau ficando grande dentro de minha cueca, se enchendo por causa do que me fazia sentir. E eu me esfreguei mais em cima do meu melhor amigo, agora olhando em seus olhos, querendo pegar sua reação com aquilo e podendo apreciar a forma como suas sobrancelhas se uniram com meus movimentos, enquanto me olhava por inteiro até chegar em meu quadril e puxar o ar com muita força, soltando um pequeno gemido, certamente por ver minha ereção marcada no moletom. Então senti seu pau pulsando de leve embaixo de mim. Mordi meu lábio inferior achando aquilo extremamente delicioso, querendo sentir mais daquilo.
Voltei a colar meus lábios em seu pescoço e fui descendo, agora beijando seu ombro, o mordendo, passando os dentes deliciosamente por sua pele, que se arrepiou. Suas mãos desceram pelas minhas costas e me arrastaram para mais perto, e eu apenas remexi meu quadril em resposta, lhe tirando uma arfada. Até que o empurrei para que deitasse no tapete e fiquei de quatro em cima dele, olhando em seus olhos com intensidade.
Levei minha língua até sua clavícula, fazendo lentamente o contorno dela, indo até seu ombro e depois descendo, parando na sua tatuagem de coração, a mesma que eu tinha em minha barriga, e dei um beijo ali, fechando meus olhos e suspirando. Um laço da nossa amizade marcado na nossa pele. Abri meus olhos e pude ver os orbes verdes fixos em mim e isso me fez sorrir de leve. Voltei o caminho e desci para seu peito forte, passando a ponta de minha língua por seu mamilo, sentindo-o ficando durinho em minha boca, me arrancando um suspiro. Então o chupei, ouvindo gemer gostoso por causa daquilo, e mordi fraquinho e lambi em seguida, brincando com ele um pouco enquanto minhas mãos alisavam suas costelas, as apertando quando o senti puxar o ar. Beijei o outro mamilo da mesma forma e deixei uma de minhas mãos esfregar o outro que tinha ficado molhado, o apertando e beliscando, apertando com certa força e tirando gemidinhos deliciosos dele, os quais me deixavam facilmente duro.
Desci beijando sua barriga, fazendo o contorno de sua borboleta com meus lábios e língua, olhando para que agora estava apoiando em seus cotovelos, vendo suas reações, a forma como respirava tão pesado por causa dos meus toques em sua pele tão gostosa. Até que cheguei na altura de seus ramos, aquele caminho que sempre quis passar a língua vagarosamente. Sorri de lado e levei minhas mãos até o cós de sua calça, a puxando para baixo, o deixando apenas de cueca quando tirei totalmente a peça. Me sentei entre suas pernas e olhei todo seu corpo, parando naquele volume embaixo da boxer preta. Coloquei a mão ali e apertei, olhando para seu rosto.
— ... — gemeu arrastado e baixinho, jogando de leve a cabeça para trás, mordendo seu lábio inferior.
Apertei de novo e seu quadril se ergueu um pouco junto com outro gemidinho que saiu de seu peito, e meu pau pulsou de leve em resposta, me fazendo soltar o ar de forma pesada. Meus dedos passaram por cima do tecido fino vagarosamente e alcançaram o elástico grosso de sua cueca, a puxando para baixo e deixando sua ereção subir livremente em toda a sua grandeza, me revelando como ele era quando estava duro, grande e grosso. Puta que pariu! Aquilo era delicioso em um nível que não tinha nem como colocar em palavras. Minha mão foi até sua base, o pegando com vontade e massageando sem delongas. E me curvei para frente, levando meu quadril para o ar, e olhei para os olhos de que encarava aquela cena com uma respiração pesada. Minha língua passou pelos meus lábios e tocou com sua ponta no freio de seu pau, passando por dele até em cima e rodeando sua cabeça com meus olhos fixos no dele, sentindo como estava quente e gostoso para mim. gemeu fraco, observando tudo. Umedeci meus lábios e eles envolveram sua glande, chupando de levinho, descendo e subindo até se fecharem em sua entrada, deixando depois a ponta da minha língua se esfregar nela.
— Porra, . — soltou em uma arfada, me fazendo sorrir.
Voltei a colocá-lo em minha boca, agora o chupando mais fundo, descendo mais até sentir seu pau chegar em minha garganta, e subindo, também usando minha mão para masturbá-lo. Tirei ele de minha boca e subi minha mão enquanto descia com minha língua por trás de seu pau, indo até suas bolas, às chupando uma de cada vez com vontade, amando ouvir os gemidos de ecoando por aquela sala juntamente com a lenha estalando na lareira. Beijei o interior de sua coxa e abri mais suas pernas, erguendo seu quadril e colocando suas coxas sobre meus ombros, descendo minha boca até sua entrada e passando minha língua por ela, fechando meus olhos com o gemido que soltou. O lambi de novo, passando a língua inteira ali, depois a ponta dela, a rodeando e depois empurrando ela para dentro dele devagar, sentindo-o apertando e gemendo por causa da minha invasão. Tirei e o lambi de novo, subindo e descendo mais rápido e enfiando novamente, sentindo sua entrada pulsar dessa vez. Então voltei o lambendo todo, passando por suas bolas e agora tirando a mão que estava em seu pau o tocando para poder passar minha língua por ele todo e o enfiar todo em minha boca, subindo minha mão pelo meio de seu peito, segurando seu pescoço e levando meu indicador e dedo médio até sua boca, alisando seu lábio inferior antes de tomá-la. Seus lábios se fecharam em volta de meu dedo e o chuparam do mesmo jeito que eu fazia com seu pau. Sua língua passou entre meus dedos e os sugaram com vontade, arrancando um gemido de nós dois. Então os tirei de sua boca e levei até sua entrada, enfiando o meu indicador nele lentamente sem parar de chupá-lo nem por um segundo.
Nesse momento, cedeu o peso sobre seus cotovelos e deitou no tapete gemendo mais alto, jogando seu quadril para cima, e sua mão veio até meu cabelo, o segurando com certa força. Minha boca começou a subir mais rápido, com mais pressão, forçando mais meus lábios, e minha língua por trás de seu pau, sempre brincando com sua cabeça quando fechava nela, a rodeando ou forçando sua entrada, passando por elas e depois descendo. Meu dedo o fodia cada vez mais fundo, sentindo sua entrada ficando mais pulsante conforme minhas estocadas, então enfiei meu dedo médio, arrancando um grunhido de , fazendo com que se contraísse contra meus dedos que não paravam de o estocar. Seu quadril se remexia, vindo às vezes com vontade contra a minha boca, outra em direção aos meus dedos. Aquilo estava me deixando louco junto com ele. Meu pau estava pulsando dentro da minha cueca, já ficando melado com um pré-gozo de tão delicioso que estava naquele tapete, se torcendo e gemendo por causa do que eu fazia com ele.
— Eu não aguento mais, . — jogou sua cabeça para trás, gemendo mais forte. — Para, por favor, eu vou gozar. — pediu em tom de desespero, puxando meu cabelo, me fazendo soltar seu pau a tempo de ver o líquido branco saindo, espirrando em meu pescoço.
Subi com meu corpo colado sobre o dele, sentindo seu gozo quente melando nossas peles, e eu esfreguei mais minha barriga na dele, gemendo com seu pau preso entre nós, ainda pulsando enquanto não parava de colocar todo aquele prazer intenso que sentia para fora. Juntei nossos lábios em um selinho suave. Ele estava ofegante e seu corpo tremia. Me apoiei em meus cotovelos e fiquei o olhando, tentando respirar, seu rosto levemente suado com alguns fios colados nele. Ficamos assim por um tempo até ele recobrar seu ar totalmente.
— Você é lindo demais. — contei de forma baixa e totalmente apaixonado pelo homem que estava ali embaixo de mim.
— Você que é. — disse sorrindo de leve, abrindo os olhos e me encarando. — Você me tirou o ar. — soltou um pequeno riso.
— Quem manda ser tão delicioso? — falei abrindo um sorriso e me afastei.
Peguei a camisa que estava perto da gente e me limpei, fazendo o mesmo com , passando em sua barriga que estava tão melada quando a minha tinha ficado. Ele me olhava de um jeito doce que fez meu coração ficar acelerado.
— Você tem que parar de ser sempre perfeito assim e ficar cuidado de mim. Desse jeito, vou me apaixonar. — sussurrou, se sentando e segurando meu rosto.
— Hm, pensei que já estava apaixonado. — rebati mordendo de leve seus lábios.
— OK, você me pegou. — riu me dando um selinho. — Eu sou totalmente apaixonado por você.
— Ótimo, porque eu também sou. — lhe dei um selinho apertado. — Onde tem lubrificante? — perguntei, porque, vendo a que passo estávamos, daqui a pouco estaríamos transando naquele tapete.
— No armário do banheiro do meu quarto. — concordei com a cabeça e levantei, lhe dando um selinho rápido.
Caminhei despreocupado até seu quarto, parando quando vi umas fotos nossa coladas no espelho enorme que tinha no corredor, me fazendo sorrir quando olhei para elas. Nós dois em Las Vegas. Uma foto nossa em uma festa qualquer. Outra quando entramos na faculdade. Tinha até da nossa formatura na escola. Aquilo aquecia tanto meu coração. Aquele homem era realmente tudo para mim.
Segui até o quarto e entrei no banheiro. Abri a porta de espelho do armário e olhei o que tinha ali dentro, procurando pelo lubrificante, mas acabei me distraindo com os frascos de remédios que tinham ali, pegando um deles e vendo que era antidepressivo, o frasco estava quase vazio. Sabia que o médico de receitava aquilo, mas ele nunca tomava, só que não estávamos mais na casa de seus pais. Para que trouxe essas porcarias? Será que ele tomou isso para se sentir melhor quando eu não estava aqui? Aquilo fez meu peito se apertar. Travei meu maxilar e coloquei o frasco de volta no lugar. Depois perguntava sobre aquilo.
Achei o lubrificante e o peguei. No momento em que fechei a portinha, o espelho se mexeu. Levei um susto, vendo uma sombra passando atrás de mim, e isso me fez olhar por cima do ombro. Logo depois apareceu com um sorriso, me fazendo soltar o ar aliviado. Era só a sombra dele.
— Achou o lubrificante? — perguntou, me olhando, e eu voltei a encarar o espelho. — Está tudo bem? — balancei a cabeça afirmando que sim. Ele chegou mais perto, me abraçando por trás, e beijou meu ombro, me causando um arrepio gostoso. — Você está tenso. — sussurrou contra a minha pele. — Me deixa te fazer relaxar um pouco. — seu olhos verdes encontraram o meu pelo reflexo do espelho e pude mergulhar na intensidade dele.
As mãos de foram para o cós da calça de moletom que eu vestia e a puxaram para baixo junto com a cueca, deixando meu pau ainda duro saltar para fora. Meus olhos desceram para ele e sua mão circundou a linha da minha cintura, deixando seus dedos passarem por minha barriga até descerem desenhando a minha tatuagem de coração, me fazendo ficar arrepiado. Até que sua mão desceu mais, pegando minha ereção com calma, descendo e subindo por ela lentamente, me fazendo dar um suspiro baixo. Mas a tirou dali, pegando o lubrificante da minha mão e colocando um pouco em sua palma, voltando a pegar em meu pau, com o toque levemente gelado. Gemi baixinho com aquilo, unindo as sobrancelhas por causa do jeito que deslizou agora. Aquilo era delicioso.
— Você é tão gostoso. — gemeu baixo em meu ouvido enquanto me tocava, fazendo com que eu mordesse meu lábio inferior.
— Você também é, para caralho. — falei segurando o mármore da pia com certa força, sua mão estava me tocando deliciosamente.
— Posso te beijar... — a voz sexy dele estava me matando. Sua outra mão passou por minha cintura, indo até minha bunda, e seus dedos passaram pelo meio dela, circulando minha entrada. — aqui? — sua pergunta me tirou um pouco o ar, ainda mais com seu polegar apertando de leve minha glande.
— Pode me beijar onde quiser, . — respondi, totalmente entregue a ele, olhando para seus olhos de novo, descendo e subindo sua mão, fazendo mais pressão em meu pau naquele vai e vem lento.
— Te amo, . — sussurrou bem gostoso no meu ouvido, me tirando um gemido fraco, fechando meus olhos, sentido como aquela frase me preenchia por inteiro.
— Te amo, . — murmurei de volta, já sentindo ele distribuir beijos por minhas costas.
Sua mão continuou me masturbando enquanto seus lábios desciam pelo meio das minhas costas, beijando, lambendo, me tirando uns arrepios fortes. Olhei para baixo, vendo como me tocava, me tirando uns suspiros mais fortes, quase que virando gemidos. Arfei, sentindo seus dentes na carne da minha bunda, a aprendendo com certa força. Minhas mãos apertaram o mármore da pia, respirando fundo, mordendo meu lábio inferior. E ele mordeu de novo, me tirando um suspiro, depois lambeu, fazendo um arrepio correr por minhas costas inteira.
Sua mão soltou meu pau e foi até minha nádega direita, a puxando para o lado junto com a sua mão esquerda, que fez a mesma coisa com a outra banda, me abrindo para ele. Então sua língua passou inteira por minha fenda e eu gemi com aquilo. Nossa, aquilo foi gostoso demais! Ele me lambeu de novo daquele mesmo jeito algumas vezes, me tirando gemidos e suspiros altos, até que começou a beijar minha entrada, passando seus lábios e língua ali, me deixando excitado com aquilo. Gemidos baixos saíam de meus lábios com me deixando doido aos poucos.
Fui pego de surpresa com sua língua entrando em mim, roubando meu fôlego, meus olhos até se reviraram e minhas mãos escorregaram um pouco sobre o mármore.
— Porra, ! — gemi em puro tesão por conta daquilo que tinha feito, e ele repetiu o ato. — . — seu nome saiu rasgado de meu peito e pude ouvir seu gemido também, e minha entrada até pulsou por causa dele. — Assim você vai acabar comigo fácil... — mal consegui terminar a frase e sua língua me invadiu de novo, me fazendo gemer mais forte.
Joguei minha cabeça para frente, puxando o ar, mas estava começando a ficar difícil quando me fodia com sua língua sem parar, me deixando excitado para caralho. Fechei meus olhos com força e contraí meu corpo, fazendo minha entrada se fechar e sua língua sair de dentro dela apertada, arrancando um gemido de nós dois por causa daquilo. Ele me lambeu devagarinho, pedindo permissão para entrar de novo, então relaxei e me invadiu mais, apertando minhas nádegas com força, afundando mais seu rosto dentro delas. E tudo o que eu conseguia fazer era gemer alto, às vezes baixo, e até mesmo rasgado. Gemi seu nome que saía de meu peito com força, ou palavras desconexas de como aquilo estava fodidamente gostoso, então implorando para que não parasse. me estocava cada vez mais rápido e fundo, mexia aquela língua deliciosa dentro de mim, me fazendo simplesmente pirar.
Empinei minha bunda contra seu rosto, deixando minhas mãos escorregarem mais sobre o mármore da pia, inclinando meu corpo para frente, e agora rebolando em sua boca. Meu corpo já estava até suando por conta daquele tesão forte que me tomava. Minha respiração estava descompassada assim como as batidas do meu coração. Minha mente estava turva, tomada de um prazer que achava que nunca tinha conseguido sentir antes. Meu pau e minha entrada pulsavam juntos, forte e rápido. Eu sabia que não iria aguentar por mais muito tempo, e não parava nenhum segundo. Sua língua feroz me tomava todo para ele sem pudor, totalmente excitado. Seus dedos afundando cada vez na carne da minha bunda, a abrindo para ele, e às vezes fechando um pouco, me fazendo ficar bem contraído. Então voltava a me foder até onde sua língua era capaz de ir, gemendo bem gostoso junto comigo.
— , eu vou gozar se continuar... — arfei pesado.
me soltou na mesma hora e me fez virar de frente para e ele, pegando meu pau e enfiando todo em sua boca.
— Céus, ! — soltei alto, e naquele momento eu achava que estava exatamente nele.
Ele começou a me chupar rápido, com uma vontade absurda, me deixando totalmente insano com aquilo. Sua boca macia e gostosa ao redor de meu pau, sua língua passando por baixo dele quando descia e no momento que subia rodeava minha cabeça, que pulsava extremamente forte. Me segurei no mármore na pia atrás de mim sentindo meu corpo tremendo e levei uma das minhas mãos até seu cabelo, o acariciando e logo meus dedos seguraram os fios com força. Os meus gemidos ecoavam por aquele banheiro sem o menor controle. Eu estava quase gozando. Fechei meus olhos com força, tentando puxar o ar, mas ele entrou queimando. Abri meus olhos e encarei , que estava concentrado no que fazia, mas por um segundo olhou para cima, e sua boca começou a chupar apenas minha glande com seus lábios, a forçando junto com sua língua exatamente no ponto mais sensível.
— Eu... ... — não conseguia nem falar, mas ele sabia que eu ia gozar, estava pulsando demais em sua boca. — !
Joguei minha cabeça para trás, sentindo o gozo preenchendo toda a sua boca. Segurei com força no mármore atrás de mim assim como em seu cabelo. Ele não parou de me chupar, meu corpo estava em plena combustão. Eu estava suando e arfando, sem ar, quase sem consciência também. Meu corpo tremia inteiro e estava até difícil de me manter de pé, mas estava apoiado naquela pia e era isso que me mantinha ali. Aquilo tinha sido intenso, muito mesmo.
me lambeu e subiu beijando meu corpo, mordiscando e lambendo meu peito, me tirando suspiros altos por aquilo, seus lábios acariciavam minha clavícula, dando uns beijos e lambidas ali, me fazendo ficar arrepiado. Então ele continuou beijando meu pescoço, me deixando mais mole do que já estava. Seus lábios rasparam por minha barba e chegaram até os meus, os juntando com suavidade. Passei a minha língua pelos dele e senti meu gosto ali. Até que o puxei para mais perto com a mão que ainda estava em seu cabelo e tomei sua boca em um beijo lento.
Suas mãos desceram e seguraram minhas coxas, meu puxando para cima e me fazendo sentar sobre a pia. Ele se encaixou entre minhas pernas e eu pude sentir sua ereção se esfregando em mim, e gemi por isso, pegando ela com uma de minhas mãos e o tocando, ouvindo seu gemido gostoso entre o beijo. Eu ainda estava tonto, mas meu corpo ainda queimava por causa de .
Acabei de tirar minha calça e cueca e passei minhas pernas em volta de sua cintura, jogando meu quadril para frente, soltando sua ereção. Seu pau se encaixou em minha entrada com aquilo e a forçou de leve, me fazendo arfar com causa daquilo.
— Tem camisinha no armário também. — ele sussurrou contra meus lábios e apenas concordei com a cabeça. — Chega para frente para que eu pegue. — pediu dando um sorriso.
— Assim? — perguntei jogando meu quadril para frente, forçando mais seu pau contra minha entrada, lhe arrancando um grunhido. — Tudo bem, baby? — provoquei.
— Não me faça te foder aqui mesmo em cima da pia. — rosnou contra meus lábios, me deixando arrepiado.
— Seria uma delícia. — lambi seu lábio inferior, olhando dentro de seus olhos com um sorrisinho safado.
— Não é assim que quero transar com você pela primeira vez. — rebateu, me acertando com força, como se fosse um tapa na minha cara.
— Então me mostra como você quer fazer. — pedi, me afastando um pouco, com meu coração disparado.
— Está bem. — me beijou suavemente, me fazendo suspirar pelo toque de seus lábios nos meus.
se asfaltou e eu cheguei um pouco para frente para que pegasse a camisinha no armário, mas a tirei de sua mão e a abri, colocando eu mesmo em seu pau. Foi ótimo ouvir sua respiração ficar pesada por causa daquele ato. Ele me pegou pelas coxas e eu peguei o lubrificante que estava sobre a pia, então me levou em seu colo de volta para sala.
me deitou no tapete enquanto seus intensos olhos verdes estavam mergulhados nos meus, não conseguia desviar nem por um segundo, era impossível, ele me tinha preso ali. Eu era dele. Cada parte minha pertencia àquele homem e eu o amava da forma mais forte e pura que já havia sentido aquele sentimento. Era tão intenso quanto seus olhos. Não queria nunca que aquilo passasse. Era tão gostoso ter aquele sentimento dentro do meu peito que fazia meu coração bater mais forte apenas de pensar em .
Ele pegou o lubrificante de minha mão e colocou um pouco em minha entrada, a massageando de um jeito delicioso, fazendo movimentos circulares e depois afundando seu dedo nela, me invadindo fazendo meus olhos se revirarem, tirando e colocando em um vai e vem calmo. tirou, passando sua mão por minha coxa, a apertando de leve, me fazendo soltar sua cintura e abrir minhas pernas para ele.
Então deixei um sorriso leve sair pelos meus lábios e ele se abaixou, os beijando suavemente, me fazendo fechar meus olhos. Até que meus lábios se abriram, soltando o ar por eles ao sentir seu pau forçar minha entrada, o empurrando levemente para dentro, me abrindo vagarosamente, me esticando aos poucos, fazendo arder e até mesmo doer, mas a sensação daquilo era tão gostosa que anulava o desconforto, me deixando totalmente arrepiado e excitado por sentir ele me preenchendo lentamente. Seus lábios beijaram os meus novamente e depois passaram sobre eles, me fazendo abrir meus olhos e encarar os dele, vendo a forma que me olhava, o que me tirou o ar.
Levei minha mão até seu rosto, o alisando, fazendo os seus contornos com as pontas dos meus dedos, olhando de volta, totalmente apaixonado por ele. Seu cabelo úmido e bagunçado caído em volta de seu rosto o fazia ficar ainda mais lindo.
Uni as sobrancelhas, sentindo seu pau saindo novamente, me fazendo respirar fundo, até que voltou a entrar da mesma forma que antes, arrancando um pequeno gemido de meus lábios.
— Te ver assim está me excitando demais. — sua voz saiu baixa e rouca, me dando uma onda nova de arrepios por todo meu corpo.
— Você é o culpado das minhas reações, baby. — falei soltando o ar falhado com a forma que se impulsionou para dentro de mim, dando uma estocada de leve. — Faz de novo. — pedi em um tom cortado, fechando de leve meus olhos, sentindo , em seguida, sair e entrar com mais vontade, trazendo um gemido nosso à tona.
Passei a mão em seu cabelo, tirando alguns fios de seu rosto e o puxando para perto, fazendo nossas testas se juntarem, deixando as pontas de nossos narizes juntas e nossos lábios entreabertos, permitindo que nossas respirações batessem uma contra a outra, se embolando.
O quadril de vinha lentamente contra o meu em um ritmo que ia fazendo me acostumar com todo o seu tamanho, tirando a dor e a ardência aos poucos, me excitando de tê-lo daquela maneira, com seu corpo passando sobre o meu, sua barriga deslizando contra a minha e meu pau duro entre elas, preso, sendo estimulado por causa da fricção, seu peito forte escorregando sobre o meu conforme iam ficando cada vez mais quentes, nossas peles começando a ganhar um suor conforme nossos gemidos se perdiam pela sala.
Meus olhos se reviraram e joguei de leve minha cabeça para trás, com seu pau afundando em uma longa estocada mais firme, e seus lábios aproveitaram a deixa e se juntaram ao meu pescoço, beijando e mordendo, deixando minha pele arrepiada como todo o meu corpo. Meus dedos se perderam em meu fio, onde eu sentia aquele prazer delicioso que estava me dando, abrindo mais minhas pernas para ele ir cada vez para dentro de mim, erguendo um pouco meu quadril, o jogando contra o seu.
Minhas mãos desceram por suas costas largas com pressão, apertando e puxando, fazendo minhas unhas curtas o arranharem um pouco, sentindo seu pau entrando mais rápido, me arrancando mais gemidos, arfando, apenas delirando com a forma que fazia aquilo.
Agarrei sua bunda gostosa, afundando meus dedos em sua carne, a puxando para mim, o obrigando a me estocar com mais força, e ele o fez. Gemi mais forte com a onda que me acertou.
Comecei a jogar mais meu quadril contra o seu, impulsionando meu corpo para cima, ouvindo o som delicioso de nossas peles estalando uma contra a outra, misturada ao som dos nossos gemidos, respirações falhadas, me deixando ainda mais excitado.
A respiração pesada de em meu pescoço estava me matando, e eu pegava sua bunda gostosa ainda com mais vontade, amando ouvi seus grunhidos por causa daquilo. Até que parou por um segundo e pegou meus pulsos, tirando minha mão dali, me fazendo gemer baixinho manhoso. Eu queria ficar segurando naquela bunda deliciosa que ele tinha. Suas mãos levaram as minhas para cima, contra o tapete de pelo, deixando-as nas laterais da minha cabeça, então seus dedos passaram pela pele interna de meus antebraços, passando pelos meus pulsos, palmas, às abrindo, até que se intercalaram com meus dedos, os fechando, segurando minhas mãos, então...
— ! — gemi alto arqueando um pouco minhas costas e virando meu rosto de lado com a fodida forte que me deu, me acertando com vontade. E ele fez de novo. — Baby! — soltei sem ar, me perdendo no prazer que foi me tomado.
Seu pau pulsante saiu lentamente, minha entrada latejando por causa dele, minha respiração perdida. Eu queria mais.
— Abaixa, . — pediu com a voz mansa e rouca contra meu rosto, dando um beijo em minha bochecha, esfregando seus lábios em minha barba. — Passa suas pernas em minha cintura. — sussurrou, empurrando meu corpo para baixo usando o seu peso.
Sorri de lado, adorando falando daquele jeito e desci novamente minhas costas suadas contra o tapete, sentindo os pelos se colarem em minha pele. Virei meu rosto e deixei meus olhos mergulharem nos seus.
Passei meu pé por sua perna, subindo e envolvendo sua cintura com minha perna, e fiz a mesma coisa com a outra. Ele se encaixou entre minhas nádegas e senti a cabeça passar pela minha entrada, mas não entrando de fato, deslizando e escapando de propósito, me fazendo gemer baixinho, o querendo dentro de mim. Então seu pau forçou minha entrada que pulsou para ele, a cabeça entrou e saiu. estava me provocando e isso estava me deixando tão absurdamente excitado que revirei meus olhos, mordendo meu lábio inferior. Até que fez de novo, e quando percebi que ia sair sem enfiar todo aquele pau gostoso dentro de mim, fechei minhas pernas ainda mais ao redor de sua cintura com força, o puxando de encontro ao meu corpo, fazendo entrar todinho, arrancando um gemido de nós dois.
Dessa vez ele começou a estocar mais rápido, me acertando bem no fundo com certa força, me dando uma onda de prazer absurda, fazendo minhas pernas o puxarem cada vez mais, achando extremamente delicioso o som de seu quadril se chocando contra o meu. Nossas mãos uma seguravam uma à outra com tanta força que meus dedos chegavam a doer, mas eu não ligava, queria mais e mais do pau de dentro de mim.
Meus gemidos falhados se perdiam na sala junto aos roucos de . Nosso olhar um dentro do outro, nossos lábios entreabertos quase se tocando, seu cabelo caído nas laterais de seu rosto agora com alguns fios colados em sua pele deliciosamente suada.
A cada investida mais forte, minhas costas deslizavam um pouco pelo tapete, nos fazendo ir para trás, até que chegamos perto do sofá. soltou minhas mãos e levantou, seu corpo ajoelhando e segurando minha cintura com uma delas, me erguendo um pouco do chão e puxando meu quadril para perto de seu corpo ainda com minhas costas contra o tapete, apenas meu quadril no ar junto ao seu, dando umas estocadas em provocação, leves e lentas, me fazendo morder meu lábio inferior com força, olhando dentro daquela imensidão verde. Passei minha mão pelo seu peito suado e o apertei, e depois belisquei o bico dele que estava durinho, adorando ouvir o gemido que soltou. Sua mão livre veio alisando minha coxa, a apertando, mexendo seu quadril, me fodendo de um jeito gostoso, me excitando demais. Ele subiu com sua mão até meu pau, o tocando suave em estocadas que me fizeram gemer fraquinho, até que o soltou e deslizou sua mão por minha barriga, que se contraiu com seu toque, alisando minha pele, passando pelo meu peito, deixando o bico dele ser esfregado entre seus dedos, o apertando quando chegaram neles. Lambeu meu lábio superior, dando um sorriso safado para , e sua mão continuou subindo, pegando agora meu pescoço e o apertando suavemente, passando seu polegar pelo meu maxilar de um jeito sexy, sem parar de entrar e sair de dentro de mim. Então passou a mão pela lateral de meu pescoço e me pegou pela nuca, me puxando para cima com facilidade, e minhas mãos seguraram seus braços fortes, que tinham seus músculos ressaltados pela força que fazia para me fazer ficar suspenso agarrado em seu corpo com seu pau ainda dentro de mim, me tomando por inteiro.
Seu olhar desceu por meu peito e barriga até chegar na minha ereção, que estava erguida entre nós, e eu fiz o mesmo. Meu pau estava avermelhado, bem duro, com as veias ressaltadas e um pouco de pré-gozo deixando a ponta da cabeça brilhante.
me levou um pouco para trás e apoiou minhas costas no sofá. Soltou minha nuca e levou sua mão até meu pau, o pegando e o apertando, passando o polegar pela cabeça, que ficou mais melada ainda com aquilo, me fazendo gemer manhoso, sentindo a excitação fazer tanto o meu pau quando minha entrada pulsarem.
Eu estava tomado de uma forma, que não sabia descrever. Era absurdamente gostoso ter ele dentro de mim e sua mão me segurando daquela forma.
Seu quadril se mexeu, me fazendo gemer, e sua mão desceu e subiu bem apertada em minha ereção, e tudo o que fiz foi arfar, revirando meus olhos e jogando a cabeça para trás, remexendo meu quadril em um rebolado lento, querendo mais. Sua outra mão apertou minha cintura com força, então gemeu para mim e começou a entrar e sair novamente, fazendo meu corpo subir e descer junto.
Lambi meus lábios, abaixando a cabeça e olhando para , e levei uma de minhas mãos até sua nuca suada, embrenhando meus dedos em seus cachos úmidos.
— , você é tão delicioso. — disse entre um gemido, unindo as sobrancelhas e me fodendo com força agora.
— , não para, gostoso. — gemi arfando junto segurando seu braço com mais força bem onde tinha sua cicatriz. — Você é muito gostoso, baby. — soltei, com a voz falhando com seu pau afundando com mais força, me fazendo mexer meu quadril.
— Isso, continua. — mandou, pegando minha cintura com a outra mão, afundando seus dedos em minha pele com força.
— Não vou parar. — garanti, gemendo. — Não para também. Vai. Com força. — implorei, com minhas mãos o segurando ainda mais.
Seu quadril vinha com mais rapidez e brutalidade contra o meu enquanto eu rebolava em seu pau com vontade, sentindo sua cabeça pegando meu ponto toda vez que entrava e eu jogava meu quadril para frente, indo até o final, me arrancando gemidos totalmente descompassados, revirando meus olhos, tentando puxar meu ar que entrava quente e rasgando minha garganta, que já estava seca de tanto que eu arfava e gemia por causa de .
O suor descia pelo meu peito, costas e lateral do rosto, assim como o de . Seu peito forte molhado, subindo e descendo com sua respiração tão perdida quanto a minha. Minha franja comprida agarrada na lateral de meu rosto, assim como a de . Porra, aquele homem era tão lindo e sexy.
Minha entrada pulsava cada vez mais, meu pau ia ficando mais melado, querendo explodir em um gozo longo e inebriante, assim como minha mente. A forma que deslizava fortemente para dentro de mim, o jeito que minha bunda descia em seu pau, suas mãos fortes me segurando daquele jeito, seus dedos escorregando em minha pele por causa do suor, os meus segurando seu braço e cabelo na nuca, nossos olhos conectados, a forma que seu tom verde estava tão intenso nos meus castanhos, aqueles lábios finos e deliciosos, tão vermelhinhos, sendo mordidos pelos seus dentes de um jeito de dar inveja, tirando os gemidos roucos que saíam por eles. Eu poderia gozar apenas apreciando aquela imagem de me fodendo deliciosamente.
Seu pau começou a pulsar dentro de mim, ele estava quase gozando, e isso me fez rebolar mais, indo com mais vontade ainda, gemendo, apertando seu braço forte, sua nuca. Perdendo o resto do meu fôlego. Suas mãos afundaram mais em minha cintura. Eu me segurava para não gozar naquele momento, sentindo meu pau latejando demais, porque sabia que perderia minhas forças. Meu corpo tremia de leve, os meus gemidos saíam sem som, minha voz tinha se perdido no meio daquele deleite imensurável que eu sentia.
— . — chamei seu nome que saiu totalmente cortado entre minhas respirações sôfregas.
— Ah, . Eu preciso te ver gozando, para de segurar. — pediu com a voz totalmente perdida, tomada de um prazer que nem em meus melhores sonhos consegui imaginar com tanta perfeição.
— Então goza para mim, baby. — supliquei, e ele se soltou dentro de mim, gemendo alto, fazendo meu pau explodir, sujando nós dois. — . — gemi seu nome perdendo minhas forças de tal forma que meus dedos escaparam de sua pele, soltando seu braço e nuca.
Ele nos abaixou, ficando sem forças também, e apoiou sua testa em meu ombro, puxando o ar. Minha cabeça estava tonta demais, então só a deixei cair para trás, apoiando no estofado do sofá, tentando de alguma forma respirar.
Sentia o meu gozo escorrendo pela minha pele e aquilo me fez sorrir de leve, ainda sem ar.
— Você também tirou o meu ar.
Perguntei do que se lembrava e logo vi que não era de muita coisa, melhor assim. Não falei exatamente o que houve, porque não via sentido em falar a verdade quando ela seria apagada de nossas mentes em algumas horas. Então só entramos na casa logo e ele me obrigou a tomar um banho. Mas parei por um momento, sorrindo, feliz que ele tinha se mudado para aquele lugar quando era o que queria ter feito há muito tempo. Ele finalmente tinha conseguido ficar sozinho sem ter medo. Aquilo era realmente ótimo.
Tomei um banho quente, porque estávamos em pleno inverno e o frio estava quase me matando por causa daquelas roupas molhadas. Não demorei muito, pois queria logo ficar perto de . Então, assim que terminei, vesti umas roupas secas que ele tinha arranjado para mim e saí pela casa o procurando, mas percebi que tinha ido tomar um banho também.
Fiquei olhando as coisas que tinha na casa, a decoração que havia feito, e um sorriso vinha aos meus lábios cada vez que achava alguma coisa minha ou uma foto nossa. Até que encontrei os papéis sobre a caçada selvagem e tinha o nome de ali. Prendi meus lábios em uma linha reta e os peguei, rapidamente indo para a sala. A lareira estava acesa e isso me fez ir até lá e jogar os papéis dentro. Me sentei ali para ver aquilo sendo reduzido a cinzas.
Meus olhos ficaram encarando as chamas à minha frente que consumiam aqueles papéis. Eu me sentia culpado por ter deixado ser apagado de novo, ele era meu amigo, pelo menos era o que eu achava antes de ter nos traído. Ainda achava que poderia ter nos pedido para ajudar, mas não, ele preferiu me enganar, me deixar totalmente apavorado, e ainda mais . Não sabia o que tinha passado enquanto eu não estava ali com ele, mas pelo pouco que vi, aquilo tinha acabado com meu melhor amigo. Mas ainda assim sabia que não tinha sido certo com , só que agora não podia fazer nada a respeito, a caçada havia ido embora e o levado junto. Então apenas queimei os seus vestígios. Ele já tinha sido apagado da memória de e logo sabia que aconteceria a mesma coisa comigo, e certamente a culpa iria embora com todo o resto das lembranças.
Me distraí sentindo as mãos de apertarem meus ombros, tirando toda a minha atenção do fogo. Ele se sentou atrás de mim naquele tapete de pelos altos e fofinho e me abraçou forte, encostando seu queixo em meu ombro e respirando fundo. Encostei minha cabeça na lateral da dele e fechei meus olhos. Estávamos seguros agora. Passei minha mão pela sua e prendi nossos dedos. Abri meus olhos e sorri, olhando para baixo quando vi que ele vestia um casaco meu de moletom.
— Adoro quando veste minhas roupas. — contei, rindo fraquinho.
— E eu gosto de usá-las, tem o seu cheiro. — disse em meu ouvido, me deixando arrepiado. — Esse casaco foi um dos seus vestígios. Quando o achei, não quis mais soltá-lo, seu perfume ainda estava nele. — meu coração se acelerou ao saber daquilo, então apertei mais nossos dedos. — Eu enlouqueci sem você aqui. Foram os piores dois meses da minha vida.
— Dois meses? — perguntei, arregalando meus olhos com aquilo. Eu não tinha notado como o tempo havia passado.
— Uhum. E me senti como se fosse o inferno. — sua voz tinha dor e aquilo me matou um pouco. — O e o tentaram me ajudar, mas as coisas ficam estranhas entre nós.
— Estranhas como? — acariciei sua mão com o polegar, querendo que não ficasse triste.
— Rolou algo entre mim e o . Não sei bem como aconteceu, eu estava pirando por causa do jeito que me sentia sem você. E ele estava lá, tentando cobrir o buraco que tinha ficado em meu peito. Então acabamos nos beijando. — suspirou pesado.
Não pude deixar de travar meu maxilar ao saber que tinha beijado o , aquilo me deixou realmente incomodado. Me desfiz dos seus braços que estavam ao meu redor e me virei, o encarando. Meu coração estava batendo rápido com a ideia do que aquilo tinha se formado em minha cabeça.
— Vocês estão juntos? — minha voz saiu apertada, e perguntar aquilo até doeu meu peito.
— Não. Quando nos beijamos, tive certeza de que não eram os lábios dele que eu queria nos meus. Não senti nada. — seus olhos claros estavam em um tom amarelado por causa das chamas da lareira e me encararam com intensidade. — E na mesma noite sonhei contigo e entendi o motivo de não consegui beijar o .
— Qual era o motivo? — por mais que aquilo tivesse aliviado meu coração, eu ainda estava um pouco nervoso.
— Você era o motivo. Todo o meu surto, toda a minha dor, todo o meu vazio, era tudo você faltando na minha vida. — sua mão tocou a lateral de meu rosto, me fazendo fechar os olhos. — O que sinto por você é forte demais, . Sempre foi assim. E nem quando foi apagado isso mudou. — sorri de leve e abri meus olhos.
— Eu não consigo imaginar como você se sentiu, mas deve ter sido horrível. Me desculpa por tudo. — falei e levei a mão até seu rosto, chegando mais perto e encostando nossas testas. Ele negou com a cabeça de leve.
— A culpa não foi sua. Apenas aconteceu. Não tinha como mudar nada. Mas isso não importa. Você está aqui agora. Comigo. — sorrimos com aqui.
— Eu estou aqui. — sussurrei para ele feliz. — Ter você em meus braços é tudo o que sempre quis. Te desejei tantas noites. Clamei por você tantos dias. Chorei tantas vezes achando que nunca poderia te falar o que sinto. — passei meu nariz pelo dele, fechando meus olhos. — Eu te amo, . — as palavras saíram pelos meus lábios lentamente, junto com meu coração que chamava pelo seu nome.
— Eu te amo, . — então junto seus lábios nos meus com suavidade.
Suspirei com aquilo, sentindo todo o meu corpo relaxar. Abri minha boca para que nossas línguas pudessem finalmente se tocar como queriam. Então foi impossível não soltar mais um suspiro com seu toque leve e macio, a suavidade de sua língua passando pela minha enquanto eu fazia a mesma coisa com a dele. Nossos lábios passando um pelo o outro em um movimento perfeito, tão meus naquele beijo. Nossas respirações se misturando aos poucos, assim como nossos gostos que agora viraram um só. Seu beijo era algo além do que um dia consegui imaginar, era mais gostoso do que qualquer uma das minhas fantasias.
Minhas mãos seguraram sua cintura e meus dedos torceram o tecido do moletom que vestia, o puxando para mais perto. Então ele fez o mesmo, me levantando para cima dele, e me sentei em seu colo, passando as pernas por sua cintura, fazendo com que ficássemos da mesma altura agora. Seus dedos invadiram a camisa que eu vestia e tocaram minha pele, me tirando um arrepio gostoso que me fez sorrir entre o beijo, juntando mais nossos corpos usando minhas pernas.
Minhas mãos subiram até seu cabelo, que estava grande agora, e meus dedos se perderam nos fios, os entrelaçando e fazendo um carinho leve em sua nuca. Inclinei meu rosto mais sobre o dele e girei o beijo, chupando sua língua de leve e o ouvindo gemer gostoso por conta daquilo. Suas mãos entraram por debaixo do meu moletom e camisa e seus dedos apertam minha cintura, então subiram pela minha pele da barriga fazendo com que a contraísse com seu toque. Suas mãos se passaram em meu peito, me tirando um suspiro, e foram para minhas costelas, as apertando com certa pressão, me fazendo arfar dentro de sua boca. ia me tirando o juízo lentamente com suas mãos alisando meu corpo.
Soltei seu cabelo, segurei seu rosto e separei nossos lábios. Com meu polegar, ergui seu queixo e comecei a beijar seu maxilar bem desenhado, fazendo o contorno dele com meus lábios, os esfregando nele e até mesmo passando minha língua de leve em sua pele, ouvindo seu suspiro leve com aquele toque. Suas mãos desceram e seguraram minha bunda, a alisando e apertando, me fazendo mexer o quadril de leve sobre o seu, em um vai e vem suave. Meus dentes passaram em seu pescoço, mordendo sutilmente e depois chupando, sentindo como ficou arrepiado de um jeito muito gostoso. Passei meu nariz por ali, dando um sorriso de lado, respirando seu cheiro tão gostoso. Sentia tanta falta dele, além de sempre ter sentido vontade de fazer isso. De sentar em cima de e beijá-lo até cansar, o que achava que seria uma tarefa impossível agora, até porque seus lábios eram extremamente gostosos.
Seus dedos tocavam minha pele, a apertando com vontade, alisando e puxando enquanto eu me deleitava com seu pescoço, aumentando a pressão de meus beijos, os deixando mais intensos, chupando com certa força agora, remexendo meu quadril sobre o dele com mais afinco. Foi delicioso ouvir seu gemido fraco por aquilo e sentir ele me apertar mais.
Minhas mãos desceram para seu peito e agarraram o seu casaco, querendo que fosse sua pele. Elas se fecharam ali, juntando o tecido, fazendo minhas unhas curtas afundarem e certamente rasparem por sua pele mesmo por cima daquela roupa que vestia.
Sua cabeça foi para trás em um pedido mudo pelo meus lábios, então o fiz. Agarrei aquele pescoço com voracidade, sem pena alguma, apenas transparecendo o tesão que me tomava e mostrando para como estava me deixando. Ele me apertava ainda mais, afundando suas unhas em minha pele, a apertando com força e até mesmo puxando, arranhando de um jeito que me fazia arfar contra seu pescoço.
Não aguentei e desci mais minhas mãos, agarrando a barra de seu casaco, já o puxando para cima junto com sua camisa. Afastei para tirar sua roupa, a jogando em algum canto daquela sala.
Sorri ao ver como seu cabelo, que estava penteado, se bagunçou agora, e minhas mãos foram até ele, o segurando e juntando nossos lábios novamente em um beijo ardente. Tomei sua boca rapidamente com minha língua, a passando sobre a dele, depois por baixo e pelo lado, a enroscando e prendendo um pouco, a chupando em seguida, arrancando seu fôlego, pois o puxei para mim. Empurrei meu quadril contra o dele, lhe arrancando um gemido abafado que me excitou demais.
Sentia sua ereção que ficava mais evidente roçando na minha bunda, e isso só me fazia esfregar ainda mais em naquele beijo sedento. Até que suas mãos desceram por dentro de minha calça e agarraram minha bunda com tanta força que me ergueu um pouco, arrancando um gemido abafado meu.
Mordi seu lábio inferior e o puxei. Abri meus olhos e vi seus tons verdes tão intensos encarando os meus, e nossas respirações estavam pesadas naquele momento, batendo uma contra a outra. Desci minha mão até seu rosto e a outra ficou em seu cabelo, fazendo um carinho suave.
— Eu quero você, . — sussurrei para ele com uma voz falhada.
— Como você me quer? — quis saber, sua respiração ficando mais ofegante que antes.
— De todas as formas que uma pessoa pode ter a outra. Quero seu coração, sua seu corpo, seus pensamentos. Quero você inteiro. — meus dedos desceram conforme fui falando e alisei a pele de seu peito quente, sentindo como seu coração batia forte naquele momento. — Você me quer assim também? — perguntei, olhando bem dentro de seus olhos, e concordou com a cabeça.
— Cada parte sua, . — disse, chegando mais perto e passando a ponta de seu nariz pelo meu. — Você me entrega cada pedacinho seu? — aquilo me fez sorrir.
— Entrego. — murmurei feliz, abrindo um sorrindo e descendo minha mão de seu cabelo, tocando seu rosto em um afago. — Você quer ser meu?
— É tudo o que sempre quis, Malik. — soltou, dando um sorriso.
Simplesmente não aguentei e o beijei novamente com todo aquele fervor que me possuía naquele momento.
me beijava de forma intensa, roubando todo meu ar, minha consciência, meu coração. Eu o amava tanto, mal podia acreditar que finalmente o tinha em meus braços e ainda mais me beijando daquela forma. Era mágico, como se eu estivesse em um dos meus sonhos. Se existia a perfeição, era aquele momento, com aquele homem no qual eu estava sentado e tendo todo os seus beijos como sempre desejei.
Ele tirou meu casaco e camisa junto também, me fazendo soltar seus lábios para me livrar daquela peça. E quando voltou a nos unir, eu gemi fraco, sentindo finalmente seu peito quente se estalar contra o meu de um jeito delicioso, sua pele tão macia e gostosa agora colada na minha. Aquilo me excitou mais ainda, e eu podia sentir meu pau ficando grande dentro de minha cueca, se enchendo por causa do que me fazia sentir. E eu me esfreguei mais em cima do meu melhor amigo, agora olhando em seus olhos, querendo pegar sua reação com aquilo e podendo apreciar a forma como suas sobrancelhas se uniram com meus movimentos, enquanto me olhava por inteiro até chegar em meu quadril e puxar o ar com muita força, soltando um pequeno gemido, certamente por ver minha ereção marcada no moletom. Então senti seu pau pulsando de leve embaixo de mim. Mordi meu lábio inferior achando aquilo extremamente delicioso, querendo sentir mais daquilo.
Voltei a colar meus lábios em seu pescoço e fui descendo, agora beijando seu ombro, o mordendo, passando os dentes deliciosamente por sua pele, que se arrepiou. Suas mãos desceram pelas minhas costas e me arrastaram para mais perto, e eu apenas remexi meu quadril em resposta, lhe tirando uma arfada. Até que o empurrei para que deitasse no tapete e fiquei de quatro em cima dele, olhando em seus olhos com intensidade.
Levei minha língua até sua clavícula, fazendo lentamente o contorno dela, indo até seu ombro e depois descendo, parando na sua tatuagem de coração, a mesma que eu tinha em minha barriga, e dei um beijo ali, fechando meus olhos e suspirando. Um laço da nossa amizade marcado na nossa pele. Abri meus olhos e pude ver os orbes verdes fixos em mim e isso me fez sorrir de leve. Voltei o caminho e desci para seu peito forte, passando a ponta de minha língua por seu mamilo, sentindo-o ficando durinho em minha boca, me arrancando um suspiro. Então o chupei, ouvindo gemer gostoso por causa daquilo, e mordi fraquinho e lambi em seguida, brincando com ele um pouco enquanto minhas mãos alisavam suas costelas, as apertando quando o senti puxar o ar. Beijei o outro mamilo da mesma forma e deixei uma de minhas mãos esfregar o outro que tinha ficado molhado, o apertando e beliscando, apertando com certa força e tirando gemidinhos deliciosos dele, os quais me deixavam facilmente duro.
Desci beijando sua barriga, fazendo o contorno de sua borboleta com meus lábios e língua, olhando para que agora estava apoiando em seus cotovelos, vendo suas reações, a forma como respirava tão pesado por causa dos meus toques em sua pele tão gostosa. Até que cheguei na altura de seus ramos, aquele caminho que sempre quis passar a língua vagarosamente. Sorri de lado e levei minhas mãos até o cós de sua calça, a puxando para baixo, o deixando apenas de cueca quando tirei totalmente a peça. Me sentei entre suas pernas e olhei todo seu corpo, parando naquele volume embaixo da boxer preta. Coloquei a mão ali e apertei, olhando para seu rosto.
— ... — gemeu arrastado e baixinho, jogando de leve a cabeça para trás, mordendo seu lábio inferior.
Apertei de novo e seu quadril se ergueu um pouco junto com outro gemidinho que saiu de seu peito, e meu pau pulsou de leve em resposta, me fazendo soltar o ar de forma pesada. Meus dedos passaram por cima do tecido fino vagarosamente e alcançaram o elástico grosso de sua cueca, a puxando para baixo e deixando sua ereção subir livremente em toda a sua grandeza, me revelando como ele era quando estava duro, grande e grosso. Puta que pariu! Aquilo era delicioso em um nível que não tinha nem como colocar em palavras. Minha mão foi até sua base, o pegando com vontade e massageando sem delongas. E me curvei para frente, levando meu quadril para o ar, e olhei para os olhos de que encarava aquela cena com uma respiração pesada. Minha língua passou pelos meus lábios e tocou com sua ponta no freio de seu pau, passando por dele até em cima e rodeando sua cabeça com meus olhos fixos no dele, sentindo como estava quente e gostoso para mim. gemeu fraco, observando tudo. Umedeci meus lábios e eles envolveram sua glande, chupando de levinho, descendo e subindo até se fecharem em sua entrada, deixando depois a ponta da minha língua se esfregar nela.
— Porra, . — soltou em uma arfada, me fazendo sorrir.
Voltei a colocá-lo em minha boca, agora o chupando mais fundo, descendo mais até sentir seu pau chegar em minha garganta, e subindo, também usando minha mão para masturbá-lo. Tirei ele de minha boca e subi minha mão enquanto descia com minha língua por trás de seu pau, indo até suas bolas, às chupando uma de cada vez com vontade, amando ouvir os gemidos de ecoando por aquela sala juntamente com a lenha estalando na lareira. Beijei o interior de sua coxa e abri mais suas pernas, erguendo seu quadril e colocando suas coxas sobre meus ombros, descendo minha boca até sua entrada e passando minha língua por ela, fechando meus olhos com o gemido que soltou. O lambi de novo, passando a língua inteira ali, depois a ponta dela, a rodeando e depois empurrando ela para dentro dele devagar, sentindo-o apertando e gemendo por causa da minha invasão. Tirei e o lambi de novo, subindo e descendo mais rápido e enfiando novamente, sentindo sua entrada pulsar dessa vez. Então voltei o lambendo todo, passando por suas bolas e agora tirando a mão que estava em seu pau o tocando para poder passar minha língua por ele todo e o enfiar todo em minha boca, subindo minha mão pelo meio de seu peito, segurando seu pescoço e levando meu indicador e dedo médio até sua boca, alisando seu lábio inferior antes de tomá-la. Seus lábios se fecharam em volta de meu dedo e o chuparam do mesmo jeito que eu fazia com seu pau. Sua língua passou entre meus dedos e os sugaram com vontade, arrancando um gemido de nós dois. Então os tirei de sua boca e levei até sua entrada, enfiando o meu indicador nele lentamente sem parar de chupá-lo nem por um segundo.
Nesse momento, cedeu o peso sobre seus cotovelos e deitou no tapete gemendo mais alto, jogando seu quadril para cima, e sua mão veio até meu cabelo, o segurando com certa força. Minha boca começou a subir mais rápido, com mais pressão, forçando mais meus lábios, e minha língua por trás de seu pau, sempre brincando com sua cabeça quando fechava nela, a rodeando ou forçando sua entrada, passando por elas e depois descendo. Meu dedo o fodia cada vez mais fundo, sentindo sua entrada ficando mais pulsante conforme minhas estocadas, então enfiei meu dedo médio, arrancando um grunhido de , fazendo com que se contraísse contra meus dedos que não paravam de o estocar. Seu quadril se remexia, vindo às vezes com vontade contra a minha boca, outra em direção aos meus dedos. Aquilo estava me deixando louco junto com ele. Meu pau estava pulsando dentro da minha cueca, já ficando melado com um pré-gozo de tão delicioso que estava naquele tapete, se torcendo e gemendo por causa do que eu fazia com ele.
— Eu não aguento mais, . — jogou sua cabeça para trás, gemendo mais forte. — Para, por favor, eu vou gozar. — pediu em tom de desespero, puxando meu cabelo, me fazendo soltar seu pau a tempo de ver o líquido branco saindo, espirrando em meu pescoço.
Subi com meu corpo colado sobre o dele, sentindo seu gozo quente melando nossas peles, e eu esfreguei mais minha barriga na dele, gemendo com seu pau preso entre nós, ainda pulsando enquanto não parava de colocar todo aquele prazer intenso que sentia para fora. Juntei nossos lábios em um selinho suave. Ele estava ofegante e seu corpo tremia. Me apoiei em meus cotovelos e fiquei o olhando, tentando respirar, seu rosto levemente suado com alguns fios colados nele. Ficamos assim por um tempo até ele recobrar seu ar totalmente.
— Você é lindo demais. — contei de forma baixa e totalmente apaixonado pelo homem que estava ali embaixo de mim.
— Você que é. — disse sorrindo de leve, abrindo os olhos e me encarando. — Você me tirou o ar. — soltou um pequeno riso.
— Quem manda ser tão delicioso? — falei abrindo um sorriso e me afastei.
Peguei a camisa que estava perto da gente e me limpei, fazendo o mesmo com , passando em sua barriga que estava tão melada quando a minha tinha ficado. Ele me olhava de um jeito doce que fez meu coração ficar acelerado.
— Você tem que parar de ser sempre perfeito assim e ficar cuidado de mim. Desse jeito, vou me apaixonar. — sussurrou, se sentando e segurando meu rosto.
— Hm, pensei que já estava apaixonado. — rebati mordendo de leve seus lábios.
— OK, você me pegou. — riu me dando um selinho. — Eu sou totalmente apaixonado por você.
— Ótimo, porque eu também sou. — lhe dei um selinho apertado. — Onde tem lubrificante? — perguntei, porque, vendo a que passo estávamos, daqui a pouco estaríamos transando naquele tapete.
— No armário do banheiro do meu quarto. — concordei com a cabeça e levantei, lhe dando um selinho rápido.
Caminhei despreocupado até seu quarto, parando quando vi umas fotos nossa coladas no espelho enorme que tinha no corredor, me fazendo sorrir quando olhei para elas. Nós dois em Las Vegas. Uma foto nossa em uma festa qualquer. Outra quando entramos na faculdade. Tinha até da nossa formatura na escola. Aquilo aquecia tanto meu coração. Aquele homem era realmente tudo para mim.
Segui até o quarto e entrei no banheiro. Abri a porta de espelho do armário e olhei o que tinha ali dentro, procurando pelo lubrificante, mas acabei me distraindo com os frascos de remédios que tinham ali, pegando um deles e vendo que era antidepressivo, o frasco estava quase vazio. Sabia que o médico de receitava aquilo, mas ele nunca tomava, só que não estávamos mais na casa de seus pais. Para que trouxe essas porcarias? Será que ele tomou isso para se sentir melhor quando eu não estava aqui? Aquilo fez meu peito se apertar. Travei meu maxilar e coloquei o frasco de volta no lugar. Depois perguntava sobre aquilo.
Achei o lubrificante e o peguei. No momento em que fechei a portinha, o espelho se mexeu. Levei um susto, vendo uma sombra passando atrás de mim, e isso me fez olhar por cima do ombro. Logo depois apareceu com um sorriso, me fazendo soltar o ar aliviado. Era só a sombra dele.
— Achou o lubrificante? — perguntou, me olhando, e eu voltei a encarar o espelho. — Está tudo bem? — balancei a cabeça afirmando que sim. Ele chegou mais perto, me abraçando por trás, e beijou meu ombro, me causando um arrepio gostoso. — Você está tenso. — sussurrou contra a minha pele. — Me deixa te fazer relaxar um pouco. — seu olhos verdes encontraram o meu pelo reflexo do espelho e pude mergulhar na intensidade dele.
As mãos de foram para o cós da calça de moletom que eu vestia e a puxaram para baixo junto com a cueca, deixando meu pau ainda duro saltar para fora. Meus olhos desceram para ele e sua mão circundou a linha da minha cintura, deixando seus dedos passarem por minha barriga até descerem desenhando a minha tatuagem de coração, me fazendo ficar arrepiado. Até que sua mão desceu mais, pegando minha ereção com calma, descendo e subindo por ela lentamente, me fazendo dar um suspiro baixo. Mas a tirou dali, pegando o lubrificante da minha mão e colocando um pouco em sua palma, voltando a pegar em meu pau, com o toque levemente gelado. Gemi baixinho com aquilo, unindo as sobrancelhas por causa do jeito que deslizou agora. Aquilo era delicioso.
— Você é tão gostoso. — gemeu baixo em meu ouvido enquanto me tocava, fazendo com que eu mordesse meu lábio inferior.
— Você também é, para caralho. — falei segurando o mármore da pia com certa força, sua mão estava me tocando deliciosamente.
— Posso te beijar... — a voz sexy dele estava me matando. Sua outra mão passou por minha cintura, indo até minha bunda, e seus dedos passaram pelo meio dela, circulando minha entrada. — aqui? — sua pergunta me tirou um pouco o ar, ainda mais com seu polegar apertando de leve minha glande.
— Pode me beijar onde quiser, . — respondi, totalmente entregue a ele, olhando para seus olhos de novo, descendo e subindo sua mão, fazendo mais pressão em meu pau naquele vai e vem lento.
— Te amo, . — sussurrou bem gostoso no meu ouvido, me tirando um gemido fraco, fechando meus olhos, sentido como aquela frase me preenchia por inteiro.
— Te amo, . — murmurei de volta, já sentindo ele distribuir beijos por minhas costas.
Sua mão continuou me masturbando enquanto seus lábios desciam pelo meio das minhas costas, beijando, lambendo, me tirando uns arrepios fortes. Olhei para baixo, vendo como me tocava, me tirando uns suspiros mais fortes, quase que virando gemidos. Arfei, sentindo seus dentes na carne da minha bunda, a aprendendo com certa força. Minhas mãos apertaram o mármore da pia, respirando fundo, mordendo meu lábio inferior. E ele mordeu de novo, me tirando um suspiro, depois lambeu, fazendo um arrepio correr por minhas costas inteira.
Sua mão soltou meu pau e foi até minha nádega direita, a puxando para o lado junto com a sua mão esquerda, que fez a mesma coisa com a outra banda, me abrindo para ele. Então sua língua passou inteira por minha fenda e eu gemi com aquilo. Nossa, aquilo foi gostoso demais! Ele me lambeu de novo daquele mesmo jeito algumas vezes, me tirando gemidos e suspiros altos, até que começou a beijar minha entrada, passando seus lábios e língua ali, me deixando excitado com aquilo. Gemidos baixos saíam de meus lábios com me deixando doido aos poucos.
Fui pego de surpresa com sua língua entrando em mim, roubando meu fôlego, meus olhos até se reviraram e minhas mãos escorregaram um pouco sobre o mármore.
— Porra, ! — gemi em puro tesão por conta daquilo que tinha feito, e ele repetiu o ato. — . — seu nome saiu rasgado de meu peito e pude ouvir seu gemido também, e minha entrada até pulsou por causa dele. — Assim você vai acabar comigo fácil... — mal consegui terminar a frase e sua língua me invadiu de novo, me fazendo gemer mais forte.
Joguei minha cabeça para frente, puxando o ar, mas estava começando a ficar difícil quando me fodia com sua língua sem parar, me deixando excitado para caralho. Fechei meus olhos com força e contraí meu corpo, fazendo minha entrada se fechar e sua língua sair de dentro dela apertada, arrancando um gemido de nós dois por causa daquilo. Ele me lambeu devagarinho, pedindo permissão para entrar de novo, então relaxei e me invadiu mais, apertando minhas nádegas com força, afundando mais seu rosto dentro delas. E tudo o que eu conseguia fazer era gemer alto, às vezes baixo, e até mesmo rasgado. Gemi seu nome que saía de meu peito com força, ou palavras desconexas de como aquilo estava fodidamente gostoso, então implorando para que não parasse. me estocava cada vez mais rápido e fundo, mexia aquela língua deliciosa dentro de mim, me fazendo simplesmente pirar.
Empinei minha bunda contra seu rosto, deixando minhas mãos escorregarem mais sobre o mármore da pia, inclinando meu corpo para frente, e agora rebolando em sua boca. Meu corpo já estava até suando por conta daquele tesão forte que me tomava. Minha respiração estava descompassada assim como as batidas do meu coração. Minha mente estava turva, tomada de um prazer que achava que nunca tinha conseguido sentir antes. Meu pau e minha entrada pulsavam juntos, forte e rápido. Eu sabia que não iria aguentar por mais muito tempo, e não parava nenhum segundo. Sua língua feroz me tomava todo para ele sem pudor, totalmente excitado. Seus dedos afundando cada vez na carne da minha bunda, a abrindo para ele, e às vezes fechando um pouco, me fazendo ficar bem contraído. Então voltava a me foder até onde sua língua era capaz de ir, gemendo bem gostoso junto comigo.
— , eu vou gozar se continuar... — arfei pesado.
me soltou na mesma hora e me fez virar de frente para e ele, pegando meu pau e enfiando todo em sua boca.
— Céus, ! — soltei alto, e naquele momento eu achava que estava exatamente nele.
Ele começou a me chupar rápido, com uma vontade absurda, me deixando totalmente insano com aquilo. Sua boca macia e gostosa ao redor de meu pau, sua língua passando por baixo dele quando descia e no momento que subia rodeava minha cabeça, que pulsava extremamente forte. Me segurei no mármore na pia atrás de mim sentindo meu corpo tremendo e levei uma das minhas mãos até seu cabelo, o acariciando e logo meus dedos seguraram os fios com força. Os meus gemidos ecoavam por aquele banheiro sem o menor controle. Eu estava quase gozando. Fechei meus olhos com força, tentando puxar o ar, mas ele entrou queimando. Abri meus olhos e encarei , que estava concentrado no que fazia, mas por um segundo olhou para cima, e sua boca começou a chupar apenas minha glande com seus lábios, a forçando junto com sua língua exatamente no ponto mais sensível.
— Eu... ... — não conseguia nem falar, mas ele sabia que eu ia gozar, estava pulsando demais em sua boca. — !
Joguei minha cabeça para trás, sentindo o gozo preenchendo toda a sua boca. Segurei com força no mármore atrás de mim assim como em seu cabelo. Ele não parou de me chupar, meu corpo estava em plena combustão. Eu estava suando e arfando, sem ar, quase sem consciência também. Meu corpo tremia inteiro e estava até difícil de me manter de pé, mas estava apoiado naquela pia e era isso que me mantinha ali. Aquilo tinha sido intenso, muito mesmo.
me lambeu e subiu beijando meu corpo, mordiscando e lambendo meu peito, me tirando suspiros altos por aquilo, seus lábios acariciavam minha clavícula, dando uns beijos e lambidas ali, me fazendo ficar arrepiado. Então ele continuou beijando meu pescoço, me deixando mais mole do que já estava. Seus lábios rasparam por minha barba e chegaram até os meus, os juntando com suavidade. Passei a minha língua pelos dele e senti meu gosto ali. Até que o puxei para mais perto com a mão que ainda estava em seu cabelo e tomei sua boca em um beijo lento.
Suas mãos desceram e seguraram minhas coxas, meu puxando para cima e me fazendo sentar sobre a pia. Ele se encaixou entre minhas pernas e eu pude sentir sua ereção se esfregando em mim, e gemi por isso, pegando ela com uma de minhas mãos e o tocando, ouvindo seu gemido gostoso entre o beijo. Eu ainda estava tonto, mas meu corpo ainda queimava por causa de .
Acabei de tirar minha calça e cueca e passei minhas pernas em volta de sua cintura, jogando meu quadril para frente, soltando sua ereção. Seu pau se encaixou em minha entrada com aquilo e a forçou de leve, me fazendo arfar com causa daquilo.
— Tem camisinha no armário também. — ele sussurrou contra meus lábios e apenas concordei com a cabeça. — Chega para frente para que eu pegue. — pediu dando um sorriso.
— Assim? — perguntei jogando meu quadril para frente, forçando mais seu pau contra minha entrada, lhe arrancando um grunhido. — Tudo bem, baby? — provoquei.
— Não me faça te foder aqui mesmo em cima da pia. — rosnou contra meus lábios, me deixando arrepiado.
— Seria uma delícia. — lambi seu lábio inferior, olhando dentro de seus olhos com um sorrisinho safado.
— Não é assim que quero transar com você pela primeira vez. — rebateu, me acertando com força, como se fosse um tapa na minha cara.
— Então me mostra como você quer fazer. — pedi, me afastando um pouco, com meu coração disparado.
— Está bem. — me beijou suavemente, me fazendo suspirar pelo toque de seus lábios nos meus.
se asfaltou e eu cheguei um pouco para frente para que pegasse a camisinha no armário, mas a tirei de sua mão e a abri, colocando eu mesmo em seu pau. Foi ótimo ouvir sua respiração ficar pesada por causa daquele ato. Ele me pegou pelas coxas e eu peguei o lubrificante que estava sobre a pia, então me levou em seu colo de volta para sala.
me deitou no tapete enquanto seus intensos olhos verdes estavam mergulhados nos meus, não conseguia desviar nem por um segundo, era impossível, ele me tinha preso ali. Eu era dele. Cada parte minha pertencia àquele homem e eu o amava da forma mais forte e pura que já havia sentido aquele sentimento. Era tão intenso quanto seus olhos. Não queria nunca que aquilo passasse. Era tão gostoso ter aquele sentimento dentro do meu peito que fazia meu coração bater mais forte apenas de pensar em .
Ele pegou o lubrificante de minha mão e colocou um pouco em minha entrada, a massageando de um jeito delicioso, fazendo movimentos circulares e depois afundando seu dedo nela, me invadindo fazendo meus olhos se revirarem, tirando e colocando em um vai e vem calmo. tirou, passando sua mão por minha coxa, a apertando de leve, me fazendo soltar sua cintura e abrir minhas pernas para ele.
Então deixei um sorriso leve sair pelos meus lábios e ele se abaixou, os beijando suavemente, me fazendo fechar meus olhos. Até que meus lábios se abriram, soltando o ar por eles ao sentir seu pau forçar minha entrada, o empurrando levemente para dentro, me abrindo vagarosamente, me esticando aos poucos, fazendo arder e até mesmo doer, mas a sensação daquilo era tão gostosa que anulava o desconforto, me deixando totalmente arrepiado e excitado por sentir ele me preenchendo lentamente. Seus lábios beijaram os meus novamente e depois passaram sobre eles, me fazendo abrir meus olhos e encarar os dele, vendo a forma que me olhava, o que me tirou o ar.
Levei minha mão até seu rosto, o alisando, fazendo os seus contornos com as pontas dos meus dedos, olhando de volta, totalmente apaixonado por ele. Seu cabelo úmido e bagunçado caído em volta de seu rosto o fazia ficar ainda mais lindo.
Uni as sobrancelhas, sentindo seu pau saindo novamente, me fazendo respirar fundo, até que voltou a entrar da mesma forma que antes, arrancando um pequeno gemido de meus lábios.
— Te ver assim está me excitando demais. — sua voz saiu baixa e rouca, me dando uma onda nova de arrepios por todo meu corpo.
— Você é o culpado das minhas reações, baby. — falei soltando o ar falhado com a forma que se impulsionou para dentro de mim, dando uma estocada de leve. — Faz de novo. — pedi em um tom cortado, fechando de leve meus olhos, sentindo , em seguida, sair e entrar com mais vontade, trazendo um gemido nosso à tona.
Passei a mão em seu cabelo, tirando alguns fios de seu rosto e o puxando para perto, fazendo nossas testas se juntarem, deixando as pontas de nossos narizes juntas e nossos lábios entreabertos, permitindo que nossas respirações batessem uma contra a outra, se embolando.
O quadril de vinha lentamente contra o meu em um ritmo que ia fazendo me acostumar com todo o seu tamanho, tirando a dor e a ardência aos poucos, me excitando de tê-lo daquela maneira, com seu corpo passando sobre o meu, sua barriga deslizando contra a minha e meu pau duro entre elas, preso, sendo estimulado por causa da fricção, seu peito forte escorregando sobre o meu conforme iam ficando cada vez mais quentes, nossas peles começando a ganhar um suor conforme nossos gemidos se perdiam pela sala.
Meus olhos se reviraram e joguei de leve minha cabeça para trás, com seu pau afundando em uma longa estocada mais firme, e seus lábios aproveitaram a deixa e se juntaram ao meu pescoço, beijando e mordendo, deixando minha pele arrepiada como todo o meu corpo. Meus dedos se perderam em meu fio, onde eu sentia aquele prazer delicioso que estava me dando, abrindo mais minhas pernas para ele ir cada vez para dentro de mim, erguendo um pouco meu quadril, o jogando contra o seu.
Minhas mãos desceram por suas costas largas com pressão, apertando e puxando, fazendo minhas unhas curtas o arranharem um pouco, sentindo seu pau entrando mais rápido, me arrancando mais gemidos, arfando, apenas delirando com a forma que fazia aquilo.
Agarrei sua bunda gostosa, afundando meus dedos em sua carne, a puxando para mim, o obrigando a me estocar com mais força, e ele o fez. Gemi mais forte com a onda que me acertou.
Comecei a jogar mais meu quadril contra o seu, impulsionando meu corpo para cima, ouvindo o som delicioso de nossas peles estalando uma contra a outra, misturada ao som dos nossos gemidos, respirações falhadas, me deixando ainda mais excitado.
A respiração pesada de em meu pescoço estava me matando, e eu pegava sua bunda gostosa ainda com mais vontade, amando ouvi seus grunhidos por causa daquilo. Até que parou por um segundo e pegou meus pulsos, tirando minha mão dali, me fazendo gemer baixinho manhoso. Eu queria ficar segurando naquela bunda deliciosa que ele tinha. Suas mãos levaram as minhas para cima, contra o tapete de pelo, deixando-as nas laterais da minha cabeça, então seus dedos passaram pela pele interna de meus antebraços, passando pelos meus pulsos, palmas, às abrindo, até que se intercalaram com meus dedos, os fechando, segurando minhas mãos, então...
— ! — gemi alto arqueando um pouco minhas costas e virando meu rosto de lado com a fodida forte que me deu, me acertando com vontade. E ele fez de novo. — Baby! — soltei sem ar, me perdendo no prazer que foi me tomado.
Seu pau pulsante saiu lentamente, minha entrada latejando por causa dele, minha respiração perdida. Eu queria mais.
— Abaixa, . — pediu com a voz mansa e rouca contra meu rosto, dando um beijo em minha bochecha, esfregando seus lábios em minha barba. — Passa suas pernas em minha cintura. — sussurrou, empurrando meu corpo para baixo usando o seu peso.
Sorri de lado, adorando falando daquele jeito e desci novamente minhas costas suadas contra o tapete, sentindo os pelos se colarem em minha pele. Virei meu rosto e deixei meus olhos mergulharem nos seus.
Passei meu pé por sua perna, subindo e envolvendo sua cintura com minha perna, e fiz a mesma coisa com a outra. Ele se encaixou entre minhas nádegas e senti a cabeça passar pela minha entrada, mas não entrando de fato, deslizando e escapando de propósito, me fazendo gemer baixinho, o querendo dentro de mim. Então seu pau forçou minha entrada que pulsou para ele, a cabeça entrou e saiu. estava me provocando e isso estava me deixando tão absurdamente excitado que revirei meus olhos, mordendo meu lábio inferior. Até que fez de novo, e quando percebi que ia sair sem enfiar todo aquele pau gostoso dentro de mim, fechei minhas pernas ainda mais ao redor de sua cintura com força, o puxando de encontro ao meu corpo, fazendo entrar todinho, arrancando um gemido de nós dois.
Dessa vez ele começou a estocar mais rápido, me acertando bem no fundo com certa força, me dando uma onda de prazer absurda, fazendo minhas pernas o puxarem cada vez mais, achando extremamente delicioso o som de seu quadril se chocando contra o meu. Nossas mãos uma seguravam uma à outra com tanta força que meus dedos chegavam a doer, mas eu não ligava, queria mais e mais do pau de dentro de mim.
Meus gemidos falhados se perdiam na sala junto aos roucos de . Nosso olhar um dentro do outro, nossos lábios entreabertos quase se tocando, seu cabelo caído nas laterais de seu rosto agora com alguns fios colados em sua pele deliciosamente suada.
A cada investida mais forte, minhas costas deslizavam um pouco pelo tapete, nos fazendo ir para trás, até que chegamos perto do sofá. soltou minhas mãos e levantou, seu corpo ajoelhando e segurando minha cintura com uma delas, me erguendo um pouco do chão e puxando meu quadril para perto de seu corpo ainda com minhas costas contra o tapete, apenas meu quadril no ar junto ao seu, dando umas estocadas em provocação, leves e lentas, me fazendo morder meu lábio inferior com força, olhando dentro daquela imensidão verde. Passei minha mão pelo seu peito suado e o apertei, e depois belisquei o bico dele que estava durinho, adorando ouvir o gemido que soltou. Sua mão livre veio alisando minha coxa, a apertando, mexendo seu quadril, me fodendo de um jeito gostoso, me excitando demais. Ele subiu com sua mão até meu pau, o tocando suave em estocadas que me fizeram gemer fraquinho, até que o soltou e deslizou sua mão por minha barriga, que se contraiu com seu toque, alisando minha pele, passando pelo meu peito, deixando o bico dele ser esfregado entre seus dedos, o apertando quando chegaram neles. Lambeu meu lábio superior, dando um sorriso safado para , e sua mão continuou subindo, pegando agora meu pescoço e o apertando suavemente, passando seu polegar pelo meu maxilar de um jeito sexy, sem parar de entrar e sair de dentro de mim. Então passou a mão pela lateral de meu pescoço e me pegou pela nuca, me puxando para cima com facilidade, e minhas mãos seguraram seus braços fortes, que tinham seus músculos ressaltados pela força que fazia para me fazer ficar suspenso agarrado em seu corpo com seu pau ainda dentro de mim, me tomando por inteiro.
Seu olhar desceu por meu peito e barriga até chegar na minha ereção, que estava erguida entre nós, e eu fiz o mesmo. Meu pau estava avermelhado, bem duro, com as veias ressaltadas e um pouco de pré-gozo deixando a ponta da cabeça brilhante.
me levou um pouco para trás e apoiou minhas costas no sofá. Soltou minha nuca e levou sua mão até meu pau, o pegando e o apertando, passando o polegar pela cabeça, que ficou mais melada ainda com aquilo, me fazendo gemer manhoso, sentindo a excitação fazer tanto o meu pau quando minha entrada pulsarem.
Eu estava tomado de uma forma, que não sabia descrever. Era absurdamente gostoso ter ele dentro de mim e sua mão me segurando daquela forma.
Seu quadril se mexeu, me fazendo gemer, e sua mão desceu e subiu bem apertada em minha ereção, e tudo o que fiz foi arfar, revirando meus olhos e jogando a cabeça para trás, remexendo meu quadril em um rebolado lento, querendo mais. Sua outra mão apertou minha cintura com força, então gemeu para mim e começou a entrar e sair novamente, fazendo meu corpo subir e descer junto.
Lambi meus lábios, abaixando a cabeça e olhando para , e levei uma de minhas mãos até sua nuca suada, embrenhando meus dedos em seus cachos úmidos.
— , você é tão delicioso. — disse entre um gemido, unindo as sobrancelhas e me fodendo com força agora.
— , não para, gostoso. — gemi arfando junto segurando seu braço com mais força bem onde tinha sua cicatriz. — Você é muito gostoso, baby. — soltei, com a voz falhando com seu pau afundando com mais força, me fazendo mexer meu quadril.
— Isso, continua. — mandou, pegando minha cintura com a outra mão, afundando seus dedos em minha pele com força.
— Não vou parar. — garanti, gemendo. — Não para também. Vai. Com força. — implorei, com minhas mãos o segurando ainda mais.
Seu quadril vinha com mais rapidez e brutalidade contra o meu enquanto eu rebolava em seu pau com vontade, sentindo sua cabeça pegando meu ponto toda vez que entrava e eu jogava meu quadril para frente, indo até o final, me arrancando gemidos totalmente descompassados, revirando meus olhos, tentando puxar meu ar que entrava quente e rasgando minha garganta, que já estava seca de tanto que eu arfava e gemia por causa de .
O suor descia pelo meu peito, costas e lateral do rosto, assim como o de . Seu peito forte molhado, subindo e descendo com sua respiração tão perdida quanto a minha. Minha franja comprida agarrada na lateral de meu rosto, assim como a de . Porra, aquele homem era tão lindo e sexy.
Minha entrada pulsava cada vez mais, meu pau ia ficando mais melado, querendo explodir em um gozo longo e inebriante, assim como minha mente. A forma que deslizava fortemente para dentro de mim, o jeito que minha bunda descia em seu pau, suas mãos fortes me segurando daquele jeito, seus dedos escorregando em minha pele por causa do suor, os meus segurando seu braço e cabelo na nuca, nossos olhos conectados, a forma que seu tom verde estava tão intenso nos meus castanhos, aqueles lábios finos e deliciosos, tão vermelhinhos, sendo mordidos pelos seus dentes de um jeito de dar inveja, tirando os gemidos roucos que saíam por eles. Eu poderia gozar apenas apreciando aquela imagem de me fodendo deliciosamente.
Seu pau começou a pulsar dentro de mim, ele estava quase gozando, e isso me fez rebolar mais, indo com mais vontade ainda, gemendo, apertando seu braço forte, sua nuca. Perdendo o resto do meu fôlego. Suas mãos afundaram mais em minha cintura. Eu me segurava para não gozar naquele momento, sentindo meu pau latejando demais, porque sabia que perderia minhas forças. Meu corpo tremia de leve, os meus gemidos saíam sem som, minha voz tinha se perdido no meio daquele deleite imensurável que eu sentia.
— . — chamei seu nome que saiu totalmente cortado entre minhas respirações sôfregas.
— Ah, . Eu preciso te ver gozando, para de segurar. — pediu com a voz totalmente perdida, tomada de um prazer que nem em meus melhores sonhos consegui imaginar com tanta perfeição.
— Então goza para mim, baby. — supliquei, e ele se soltou dentro de mim, gemendo alto, fazendo meu pau explodir, sujando nós dois. — . — gemi seu nome perdendo minhas forças de tal forma que meus dedos escaparam de sua pele, soltando seu braço e nuca.
Ele nos abaixou, ficando sem forças também, e apoiou sua testa em meu ombro, puxando o ar. Minha cabeça estava tonta demais, então só a deixei cair para trás, apoiando no estofado do sofá, tentando de alguma forma respirar.
Sentia o meu gozo escorrendo pela minha pele e aquilo me fez sorrir de leve, ainda sem ar.
— Você também tirou o meu ar.
Chapter 17
insistiu que deveríamos dar um festa para comemorar que tudo estava finalmente bem, e, claro, tinha que ter bastante comida. Aquilo me fez rir. Aquele cara nem podia ser humanamente guloso daquele jeito e ainda ser magro. Era muita comida para uma pessoa só ingerir. Mas eu concordei, mesmo que não estivesse muito no clima para festejar. Ainda me sentia culpado por . Eu ainda conseguia me lembrar dele, e isso era estranho. Tentei não ficar pensando nisso e apenas aproveitar a festa.
A casa estava cheia e sorria. Aquilo valia mais do que qualquer coisa que eu estivesse sentindo. Só que uma coisa me incomodou, a forma como o olhava. Tinha o pegado encarando várias vezes e aquilo me fez respirar profundamente. Até que resolvi ir falar com ele. Parei ao seu lado no balcão da cozinha que dava visão para a sala, apoiando meus cotovelos ali, me fazendo encarar o tapete e me lembrar do que eu e tínhamos feito na noite passada, me tirando um sorriso de lado. Tinha sido tão bom e intenso. Fiquei arrepiado por inteiro, ainda conseguindo sentir sua pele na minha. Foco, .
— me falou o que rolou. — comentei como quem não queria nada, bebendo minha cerveja, sentindo o olhar de em meu rosto agora.
— É? O que ele te disse? — perguntou e eu o olhei, vendo curiosidade em seu tom mais escuro que o meu.
— Que você tentou cobrir os espaços como eu havia te pedido. — suas sobrancelhas se uniram, certamente não conseguindo se lembrar do momento em que isso havia acontecido. — No Quinn, no dia que fui levado. — ele fechou os olhos e concordou com a cabeça.
— Faz sentindo agora. O que eu precisava lembrar. — percebi que aquilo deveria ter se apagado de sua memória como todo o resto. — Eu gosto dele, . — suas palavras tinham um tom de dor e isso me incomodou um pouco. — Mas sei que você gosta dele também. — então abriu seus olhos e me encarou. — Do mesmo jeito que ele gosta de você.
— Eu não gosto do . — o corrigi. — Eu o amo, muito. — desviou o olhar. — Obrigado por ter cuidado dele por mim. — meu amigo negou com a cabeça.
— Não. Eu não consegui cuidar dele para você. Não cheguei nem perto do que você é para ele para ter conseguido isso. No final, apenas me afastei, o deixei sozinho. Não fui um bom amigo. — soltou em um tom de voz totalmente culpado. — Não sei nem como ele ainda está falando comigo.
— tem um bom coração. Ele é diferente de nós. — falei e concordou comigo.
— Vocês estão juntos? — quis saber e voltou a me olhar. Eu não fiz o mesmo, apenas bebi minha cerveja.
— Acho que sim. Na verdade, por mim, nós estamos juntos. — fui sincero com , porque depois do que rolou entre nós, não viveria sem agora.
— Fico feliz por vocês. De verdade, sabe. Quero vocês dois bem. — o olhei, vendo um sorriso em seu rosto. — Vocês sempre ficaram bem juntos. — foi impossível não sorrir de volta.
— Valeu. — agradeci de coração.
— Vou pegar uma cerveja, quer uma? — ofereceu.
Neguei com a cabeça. saiu, me deixando ali sozinho, apenas olhando para , que agora entrava pela porta de vidro da sala, me olhando e sorrindo. Aquele sorriso era tão perfeito. Soltei um pequeno suspiro bebendo o resto da minha cerveja e o vendo se aproximar agora, passando pelo meio das pessoas. Ele parou do outro lado do balcão na mesma posição que eu, seu rosto bem perto do meu. Seus olhos estavam brilhando e seu sorriso ainda emoldurava seus belos lábios, puxando o meu, me fazendo sorrir abertamente. Seus dedos passaram em minha franja que tinha as pontas loiras e estava caída na lateral de meu rosto. Então chegou mais perto e juntou nossos lábios, me dando um selinho suave, me tirando o ar só com aquele ato.
— Por que você faz isso? — perguntei, dando um pequeno sorriso.
— O quê? — rebateu rindo fraco.
— Me tira do eixo apenas com um beijo. — expliquei, vendo ele rindo de um jeito muito gosto.
— Posso dizer o mesmo de você. — disse dando a volta no balcão. — Eu quero um beijo bem gostoso, agora.
— Vem e pega. — provoquei.
me prendeu contra o balcão com seu corpo e juntou nossos lábios com vontade, invadindo minha boca rapidamente com sua língua, me fazendo ficar na ponta dos pés, segurar seu cabelo e puxar sua cintura para perto, tomando sua boca com voracidade, puxando seu ar quando respirei fundo. Seu quadril se chocou contra o meu e suas mãos me pegaram pelas coxas com brutalidade, me puxando para cima, me colocando sentado sobre o balcão e se encaixando entre minhas pernas. Sorri por causa daquilo e meus dedos se torceram de leve em seu cabelo.
— Ué, vocês estão se pegando? — berrou perto da gente, me fazendo rir entre o beijo, mas não parei. — Se pegando para caralho, ainda! — ouvi ele batendo na bunda do , o que o fez vir para frente.
— Porra, . — reclamou rindo e virando o rosto.
— Não, vem cá. — segurei seu queixo e o beijei novamente.
— Gente, você estão me dando fome. — não parava de falar, e eu não aguentei e comecei a rir. — Ótimo, consegui a atenção de vocês. Vamos jogar eu nunca lá fora.
— Está frio lá fora. — disse beijando meu pescoço, me deixando arrepiado.
— Você não parece estar com frio, . — comentou, colocando as mãos na cintura. — Anda, vamos jogar. Depois vocês se pegam. — choramingou.
— Ah, ! — soltou , se afastando e olhando para o nosso amigo. — Você não vai desistir, não é?
— Não. — respondeu, fazendo um biquinho engraçado. — E nem adianta fugir, porque vou descobrir onde vocês estão e vou atrapalhar. — eu só consegui rir daquilo.
— OK, já estamos indo. — rebateu e se virou, voltando a beijar meu pescoço.
— Não. É agora! — o puxou e quase o chutou. — Sem me olhar feio.
— Vamos, baby. A gente tem a noite toda. — sussurrei no ouvido de , que me apertou contra seu corpo. — Prometo que deixo você fazer o que quiser depois.
— Eu vou cobrar. — falou, me dando um selinho.
Me deu espaço para descer e segurou minha mão, me fazendo sorrir por aquilo. Seguimos para o lado de fora com , que não parava de tagarelar nem por um segundo. sentou em uma almofada grande e me puxou, me fazendo sentar entre suas pernas. Seus braços envolveram minha cintura e acabei sorrindo comigo aquilo, me acomodando ali, sentindo seu corpo quente contra o meu. O pessoal olhou e não falou nada. parecia ainda estar incomodado, pois estava evitando nos olhar. Não comentei nada sobre aquilo. Então começamos a jogar. Ficamos ali por horas conversando e rindo um bocado com a galera, que até me esqueci de tudo o que tinha acontecido.
Ficar daquele jeito com tinha me relaxado. Eu me sentia finalmente bem, era como se estivesse completo agora, pois estávamos juntos. Não tinha mais medo de vê-lo com outras pessoas e nem de ser esquecido. Ele me amava e aquilo era mesmo real. Me sentia tão feliz naquele momento que nada poderia fazer com que aquilo fosse desfeito.
Meus dedos passaram na minha pulseira de olho de tigre que estava em seu pulso, me fazendo sorrir de leve por vê-la com ele. Seu braço se virou para cima fazendo meus dedos tocarem sua pele agora.
— Ela foi o primeiro rastro seu que achei. As cores me lembram os seus olhos. — sussurrou em meu ouvido, me deixando arrepiado. Respirei fundo. — Não consegui me desprender ela.
— Foi você quem me deu. Disse exatamente isso para mim. — comentei, virando um pouco meu rosto para o lado que o seu estava.
— Eu me lembro disso. Só não falei o quanto amava seus olhos. — beijou minha bochecha. — O quanto sempre fui totalmente apaixonado por eles, pelas suas cores, a forma como elas se misturam.
— Mas está dizendo agora. — abri um sorriso maior. — , quando eu não estava aqui, você usou alguma coisa? — decidi perguntar.
— Está falando dos remédios? — afirmei com a cabeça, ouvindo um suspiro seu que fez meu coração ficar apertado. — Não, mas eu quis. — prendi meus lábios em uma linha reta. — Você achou um frasco no banheiro, não é? — apenas concordei. — Não se preocupe, eu não usei. Eu só trouxe para cá para meus pais não descobrirem que não os tomo. — aquilo me deixou realmente aliviado. — Acho que o está distraído agora, essa é a nossa deixa. — ri fraco. — Eu quero muito te beijar bem gostoso.
— Então vamos fugir, porque eu também quero muito te beijar. — confessei dando um sorriso.
Levantei disfarçadamente, e logo veio atrás, rindo e pegando a minha mão. Passamos entre as pessoas que amontoavam sua casa e fomos para seu quarto, mas a gente começou a se beijar no corredor mesmo, esbarrando nas paredes, quase derrubando alguns quadros e nos tirando risadas quando estávamos tropeçando um na perna do outro por estarmos um pouco alterados por causa da vodka que tínhamos tomado no jogo. Finalmente conseguimos chegar ao quarto e na hora que eu ia acender a luz, segurou meu pulso.
— Está escuro. — falei lembrando do seu medo e do que tinha lá.
— Está tudo bem. Estou contigo. Nada pode acontecer. — sussurrou juntando nossos lábios.
Então a porta do quarto se fechou, nos lançando em meio da escuridão. Nada mais importava, porque nós estávamos juntos agora.
A casa estava cheia e sorria. Aquilo valia mais do que qualquer coisa que eu estivesse sentindo. Só que uma coisa me incomodou, a forma como o olhava. Tinha o pegado encarando várias vezes e aquilo me fez respirar profundamente. Até que resolvi ir falar com ele. Parei ao seu lado no balcão da cozinha que dava visão para a sala, apoiando meus cotovelos ali, me fazendo encarar o tapete e me lembrar do que eu e tínhamos feito na noite passada, me tirando um sorriso de lado. Tinha sido tão bom e intenso. Fiquei arrepiado por inteiro, ainda conseguindo sentir sua pele na minha. Foco, .
— me falou o que rolou. — comentei como quem não queria nada, bebendo minha cerveja, sentindo o olhar de em meu rosto agora.
— É? O que ele te disse? — perguntou e eu o olhei, vendo curiosidade em seu tom mais escuro que o meu.
— Que você tentou cobrir os espaços como eu havia te pedido. — suas sobrancelhas se uniram, certamente não conseguindo se lembrar do momento em que isso havia acontecido. — No Quinn, no dia que fui levado. — ele fechou os olhos e concordou com a cabeça.
— Faz sentindo agora. O que eu precisava lembrar. — percebi que aquilo deveria ter se apagado de sua memória como todo o resto. — Eu gosto dele, . — suas palavras tinham um tom de dor e isso me incomodou um pouco. — Mas sei que você gosta dele também. — então abriu seus olhos e me encarou. — Do mesmo jeito que ele gosta de você.
— Eu não gosto do . — o corrigi. — Eu o amo, muito. — desviou o olhar. — Obrigado por ter cuidado dele por mim. — meu amigo negou com a cabeça.
— Não. Eu não consegui cuidar dele para você. Não cheguei nem perto do que você é para ele para ter conseguido isso. No final, apenas me afastei, o deixei sozinho. Não fui um bom amigo. — soltou em um tom de voz totalmente culpado. — Não sei nem como ele ainda está falando comigo.
— tem um bom coração. Ele é diferente de nós. — falei e concordou comigo.
— Vocês estão juntos? — quis saber e voltou a me olhar. Eu não fiz o mesmo, apenas bebi minha cerveja.
— Acho que sim. Na verdade, por mim, nós estamos juntos. — fui sincero com , porque depois do que rolou entre nós, não viveria sem agora.
— Fico feliz por vocês. De verdade, sabe. Quero vocês dois bem. — o olhei, vendo um sorriso em seu rosto. — Vocês sempre ficaram bem juntos. — foi impossível não sorrir de volta.
— Valeu. — agradeci de coração.
— Vou pegar uma cerveja, quer uma? — ofereceu.
Neguei com a cabeça. saiu, me deixando ali sozinho, apenas olhando para , que agora entrava pela porta de vidro da sala, me olhando e sorrindo. Aquele sorriso era tão perfeito. Soltei um pequeno suspiro bebendo o resto da minha cerveja e o vendo se aproximar agora, passando pelo meio das pessoas. Ele parou do outro lado do balcão na mesma posição que eu, seu rosto bem perto do meu. Seus olhos estavam brilhando e seu sorriso ainda emoldurava seus belos lábios, puxando o meu, me fazendo sorrir abertamente. Seus dedos passaram em minha franja que tinha as pontas loiras e estava caída na lateral de meu rosto. Então chegou mais perto e juntou nossos lábios, me dando um selinho suave, me tirando o ar só com aquele ato.
— Por que você faz isso? — perguntei, dando um pequeno sorriso.
— O quê? — rebateu rindo fraco.
— Me tira do eixo apenas com um beijo. — expliquei, vendo ele rindo de um jeito muito gosto.
— Posso dizer o mesmo de você. — disse dando a volta no balcão. — Eu quero um beijo bem gostoso, agora.
— Vem e pega. — provoquei.
me prendeu contra o balcão com seu corpo e juntou nossos lábios com vontade, invadindo minha boca rapidamente com sua língua, me fazendo ficar na ponta dos pés, segurar seu cabelo e puxar sua cintura para perto, tomando sua boca com voracidade, puxando seu ar quando respirei fundo. Seu quadril se chocou contra o meu e suas mãos me pegaram pelas coxas com brutalidade, me puxando para cima, me colocando sentado sobre o balcão e se encaixando entre minhas pernas. Sorri por causa daquilo e meus dedos se torceram de leve em seu cabelo.
— Ué, vocês estão se pegando? — berrou perto da gente, me fazendo rir entre o beijo, mas não parei. — Se pegando para caralho, ainda! — ouvi ele batendo na bunda do , o que o fez vir para frente.
— Porra, . — reclamou rindo e virando o rosto.
— Não, vem cá. — segurei seu queixo e o beijei novamente.
— Gente, você estão me dando fome. — não parava de falar, e eu não aguentei e comecei a rir. — Ótimo, consegui a atenção de vocês. Vamos jogar eu nunca lá fora.
— Está frio lá fora. — disse beijando meu pescoço, me deixando arrepiado.
— Você não parece estar com frio, . — comentou, colocando as mãos na cintura. — Anda, vamos jogar. Depois vocês se pegam. — choramingou.
— Ah, ! — soltou , se afastando e olhando para o nosso amigo. — Você não vai desistir, não é?
— Não. — respondeu, fazendo um biquinho engraçado. — E nem adianta fugir, porque vou descobrir onde vocês estão e vou atrapalhar. — eu só consegui rir daquilo.
— OK, já estamos indo. — rebateu e se virou, voltando a beijar meu pescoço.
— Não. É agora! — o puxou e quase o chutou. — Sem me olhar feio.
— Vamos, baby. A gente tem a noite toda. — sussurrei no ouvido de , que me apertou contra seu corpo. — Prometo que deixo você fazer o que quiser depois.
— Eu vou cobrar. — falou, me dando um selinho.
Me deu espaço para descer e segurou minha mão, me fazendo sorrir por aquilo. Seguimos para o lado de fora com , que não parava de tagarelar nem por um segundo. sentou em uma almofada grande e me puxou, me fazendo sentar entre suas pernas. Seus braços envolveram minha cintura e acabei sorrindo comigo aquilo, me acomodando ali, sentindo seu corpo quente contra o meu. O pessoal olhou e não falou nada. parecia ainda estar incomodado, pois estava evitando nos olhar. Não comentei nada sobre aquilo. Então começamos a jogar. Ficamos ali por horas conversando e rindo um bocado com a galera, que até me esqueci de tudo o que tinha acontecido.
Ficar daquele jeito com tinha me relaxado. Eu me sentia finalmente bem, era como se estivesse completo agora, pois estávamos juntos. Não tinha mais medo de vê-lo com outras pessoas e nem de ser esquecido. Ele me amava e aquilo era mesmo real. Me sentia tão feliz naquele momento que nada poderia fazer com que aquilo fosse desfeito.
Meus dedos passaram na minha pulseira de olho de tigre que estava em seu pulso, me fazendo sorrir de leve por vê-la com ele. Seu braço se virou para cima fazendo meus dedos tocarem sua pele agora.
— Ela foi o primeiro rastro seu que achei. As cores me lembram os seus olhos. — sussurrou em meu ouvido, me deixando arrepiado. Respirei fundo. — Não consegui me desprender ela.
— Foi você quem me deu. Disse exatamente isso para mim. — comentei, virando um pouco meu rosto para o lado que o seu estava.
— Eu me lembro disso. Só não falei o quanto amava seus olhos. — beijou minha bochecha. — O quanto sempre fui totalmente apaixonado por eles, pelas suas cores, a forma como elas se misturam.
— Mas está dizendo agora. — abri um sorriso maior. — , quando eu não estava aqui, você usou alguma coisa? — decidi perguntar.
— Está falando dos remédios? — afirmei com a cabeça, ouvindo um suspiro seu que fez meu coração ficar apertado. — Não, mas eu quis. — prendi meus lábios em uma linha reta. — Você achou um frasco no banheiro, não é? — apenas concordei. — Não se preocupe, eu não usei. Eu só trouxe para cá para meus pais não descobrirem que não os tomo. — aquilo me deixou realmente aliviado. — Acho que o está distraído agora, essa é a nossa deixa. — ri fraco. — Eu quero muito te beijar bem gostoso.
— Então vamos fugir, porque eu também quero muito te beijar. — confessei dando um sorriso.
Levantei disfarçadamente, e logo veio atrás, rindo e pegando a minha mão. Passamos entre as pessoas que amontoavam sua casa e fomos para seu quarto, mas a gente começou a se beijar no corredor mesmo, esbarrando nas paredes, quase derrubando alguns quadros e nos tirando risadas quando estávamos tropeçando um na perna do outro por estarmos um pouco alterados por causa da vodka que tínhamos tomado no jogo. Finalmente conseguimos chegar ao quarto e na hora que eu ia acender a luz, segurou meu pulso.
— Está escuro. — falei lembrando do seu medo e do que tinha lá.
— Está tudo bem. Estou contigo. Nada pode acontecer. — sussurrou juntando nossos lábios.
Então a porta do quarto se fechou, nos lançando em meio da escuridão. Nada mais importava, porque nós estávamos juntos agora.
Continua...
Nota da autora: Cheguei com mais um capítulo para vocês!
Gente, estou shippando tanto o e o . Não estou dando conta não.
O que foi o abraçado com o no sofá falando aquelas coisas para ele? Aff
O entregando a e o bando todo kkkkkk
Confesso que fiquei com pena do , mas é isso...
Espero que estejam gostando.
Até mais.💚💛
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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