Finalizada em: 22/01/2019

Capítulo 28

ABRIL:
Pela janela da sala de aula era possível assistir o time de futebol feminino treinando passe e recepção de bola, já o masculino competindo em uma partida para o treinador decidir quem seria escalado como titular no próximo jogo, quartas de final do campeonato. Ao olhar para frente, a apresentação de slides da professora de biologia parecia de suma importância, entretanto totalmente ineficiente em prender sua atenção.
A lista de exercícios sobre sua mesa lhe dava mais certeza de que era preciso prestar atenção ao que a Srta. Bridges falava, porém o fato de ter passado o dia anterior inteiro sobre um salto fino e desconfortável, fazendo milhões de trocas de roupas, retoques de maquiagem e posições extravagantes, que beiravam o contorcionismo, para a capa da Haper's Bazaar da Espanha, nada parecia ser suficiente para lhe fazer concentrar-se em nomes de espécies de insetos que até então ela chamava apenas de mosca.
Conciliar o trabalho e a escola estava de fato sendo uma tarefa difícil e não queria admitir que sua mãe e tia estavam certas. Queria apenas terminar o Ensino Médio presencial como uma adolescente normal e ter seu baile de formatura onde sua maior preocupação seria encontrar uma gravata para seu par que combinasse com seu vestido.
Só precisava de mais dois anos. Em dois estaria formada. Mas era um tanto quanto desesperador pensar em mais dois anos de estresse, aulas perdidas e encontros desconfortáveis com o diretor os quais serviam para explicar sua situação. Estaria mentindo se dissesse que não havia cogitado o conselho de sua mãe de ter aulas em casa, onde seu cronograma e atividades seriam montados para não entrar em conflito com seu trabalho, mas em casa não teria a bagunça dos corredores, as risadas quando alguém fazia alguma brincadeira na sala de aula, seu armário, seu uniforme de educação física, nem e , seus almoços juntas e tudo o que se reclama quando está cursando o Ensino Médio e se sente falta quando passa para próxima fase.
O sinal anunciando o fim do dia letivo foi um real alívio, recebido muito bem pelos acadêmicos que levantaram-se abruptamente de suas cadeiras, rindo de um comentário magoado da Srta. Bridges, que reclamava da clara felicidade de seus alunos por não precisarem mais ouvi-la.
Hilton logo se juntou a grande massa de estudantes que vagavam pelos corredores, parou em seu armário e ali se iniciou a missão de decidir o que ficaria e o que levaria para casa. Rolando os olhos, manteve o livro de biologia na bolsa já que passaria a tarde estudando a matéria com seu professor particular e também guardou o de sociologia e o de inglês, pois era preciso fazer uma pesquisa e alguns exercícios respectivamente, contudo lembrou-se que seria bom revisar o conteúdo de geografia antes da prova da próxima semana e também que não havia compreendido o último conteúdo de química então seria bom questionar seu tutor, mas também tinha que fazer um resumo de história.
Prestes a jogar tudo dentro do armário, trancar a porta e sair correndo sem olhar para trás, deixou os ombros relaxarem e respirou fundo retomando o auto-controle.
- Uau, a sua cara está tão feia que está me deprimindo.
- Obrigada, Harry. - ainda ocupada tentando socar o material em sua bolsa, sorriu para o rapaz de braços cruzados que se apoiava no bebedouro.
- O que aconteceu? - questionou ainda não sendo encarando e esticando-se para conseguir analisar o interior do armário da menina.
- Eu não tenho tempo para listas de exercícios, trabalhos, provas, seminários e atividades extracurriculares! - equilibrava pastas, cadernos e livros no braços esforçando-se para fazê-los caber em sua bolsa, contudo uma das pastas caiu aberta no chão espalhando algumas folhas. - Sério?! - foi o que disse encarando a bagunça que havia feito.
Styles riu da decepção e falta de ânimo da garota, abaixando-se para recolher os pertences dela.
- Obrigada. - agradeceu, parando por um segundo para respirar e organizar seus pensamentos.
Fitando Harry pela primeira vez desde que ele havia se aproximado foi impossível não deixar de lembrar-se do amigo chorando desesperadamente a morte da mãe nos braços da irmã caçula, apenas dezenove dias atrás. O Harry a sua frente ainda era aquele mesmo garoto frágil e vulnerável, nem perto da sombra do rapaz sorridente e brincalhão de meses antes.
Mesmo que o cacheado se esforçasse para parecer melhor e mais leve era irrevogável a conduta mais séria e quieta que havia tomado desde o triste episódio. Suas piadas não eram frequentes, sua voz raramente ouvida e seu sorriso sempre estava ali, porém perceptivelmente artificial, além de sempre ser pego com o pensamento longe em uma terra distante, a qual todos podiam imaginar qual era.
- Se eu puder ajudar em alguma coisa é só falar. - ofereceu-se, pegando todos os livros das mãos da garota, para que ela pudesse organizá-los dentro de sua bolsa sem que cogitasse seguir os conselhos de e matar um inocente.
- Acho que sou um caso perdido mesmo. - deu de ombros, fechando sua bolsa e batendo a porta do armário. - As provas finais são mês que vem e eu não sei se fico feliz porque o ano vai acabar ou desesperada!
- Já parou para pensar que ano passado em abril nós estávamos prestes a ir para o Caribe? - Styles indagou caminhando ao da loira em direção a porta principal.
- Nem me fale… Eu preciso de três meses de Caribe para conseguir encarar o terceiro ano.
- Eu acho que nem com três meses de Caribe eu consigo encarar a faculdade… - admitiu, abaixando a cabeça e sentindo um pequeno desespero tomar conta de si. - Nenhuma carta de aceite chegou ainda. - falou com um sorriso forçado e os olhos arregalados. - Digamos que talvez eu esteja começando a ficar preocupado. Mas só um pouquinho.
- Talvez ainda não seja o tempo do envio das cartas. - Hilton tentou ser suportiva, escondendo o temor de o amigo não ter sido aceito em qualquer uma das dezenas de universidades espalhadas pela Inglaterra, as quais havia enviado cartas de inscrição.
- Obrigada por tentar fazer com que eu não me sinta tão burro!
- Ah, imagina Harry! - sorriu adorável, descendo os poucos degraus que davam acesso ao gramado e estacionamento frontal.
Desde o início da primavera era o primeiro dia ensolarado, com o céu azul e nuvens não carregadas. As flores já haviam desabrochado, os dias duravam mais, contudo o céu cinza ainda era uma realidade na vida dos londrinos, quer dizer, não era mais! Juntamente com a primavera a temporada de eventos ao ar livre se iniciaria, assim como as férias de verão se tornavam um sonho não tão distante. O sol trazia consigo tranquilidade e os ingleses se animavam para a temporada de calor após um longo período de frio e escuridão.
Styles e não demoraram a encontrar e Niall conversando acolhidos pela sombra de uma árvore, próximo ao estacionamento.
- Ainda bem que vocês chegaram! - sorria animada, com seus cabelos loiros presos em um coque que já tinha muitos fios soltos porque ela saíra correndo desesperada da sala de aula a procura do namorado para lhe dar a boa notícia. - Vocês vão me ajudar a convencer o Niall!
- Do que você está falando? - seu irmão questionou já desanimado com o rumo daquela conversa, desviando o olhar para o irlandês que negava com a cabeça, lhe dizendo com o olhar que não havia como fazê-la desistir daquela história.
- Qual é a melhor coisa que pode acontecer na primavera? - Princesinha Styles optou por manter o suspense, ainda muito animada e não parando quieta.
- As coleções outono/inverno entrarem na promoção? - perguntou com os olhos cerrados, tendo quase certeza que havia acertado. Afinal era muito mais fácil convencer os pais a desembolsarem o dinheiro quando a conta era menor!
- Okay… - parou de sorrir pela primeira vez desde que haviam chegado, analisando a situação e fazendo o mesmo raciocínio da amiga. - Então é a segunda melhor coisa! - a empolgação voltara.
- Eu não tenho ideia, fala logo. - o cacheado pediu, sem paciência alguma.
- Os pubs finalmente começaram a temporada de abertura dos beer gardens. - a menina finalmente revelou, referindo-se aos "jardins secretos" que alguns pubs espalhados por Londres possuíam e abriam nas estações da primavera e verão, possibilitando que sua clientela pudesse apreciar sua visita ao local no exterior do ambiente.
- , você nem ao menos tem idade para entrar em pub! - seu irmão rolou os olhos - Nenhum de nós tem! - abriu os braços, encarando toda a Eton ao seu redor.
- É isso que eu estou tentando falar para ela! - o namorado da mais nova se pronunciou pela primeira vez.
- Ai pelo amor de deus, não é como se fosse a primeira vez que vamos fazer usar identidade falsa! - deu de ombros, achando totalmente desnecessário todo aquele escândalo.
- Fala baixo! - Harry teve um sobressalto, olhando para os os lados, certificando que nenhum inspetor, professor ou o próprio Sr. Gellner estivesse por perto.
- Por favor, gente! Vamos ao The Garden Gate hoje! - pediu com as mãos postas, frente ao rosto e seus olhos verdes pidões e brilhantes, cintilando como duas lindas esmeraldas.
- Hoje?! - Hilton estranhou o pedido - Mas hoje é quinta.
- Exatamente! - nem ao menos percebeu que sua voz ficava uma oitava acima. E mirava o pequeno grupo a sua frente que a fitava esperando que terminasse sua argumentação. - Não tenho mais nada a dizer, só queria enfatizar que nós temos que ir hoje! - pontuou, cruzando os braços já imaginando o que mais podia dizer para convencê-los.
- Por mim tudo bem. - concordou.
- Quê?! - seu melhor amigo não escondeu a surpresa que o tomou.
- Uau foi mais fácil do que eu pensei. - até Princesinha Styles estranhou a posição da amiga.
- Eu tenho a impressão que a sua função era colocar um pouco de juízo na cabeça na , . - Harry disse tranquilo com a mão no queixo - Não incentivá-la a loucura! - aumentou o tom de voz totalmente decepcionado - O que está acontecendo com você?! O mundo da moda está realmente te corrompendo! - alegou vendo-a rir lindamente, não percebendo que a irmã e o cunhado prestavam muita atenção na nova interação
- Eu não sou mais a mesma, Harry. O espírito selvagem e indomável dentro de mim fala mais alto. - fechou os olhos solenemente, repousando a mão sobre o peito, sem perceber que parecia uma escultura grega perfeita.
- Hmmm - fez um biquinho, deixando seu resmungo soar agudo demais - Isso aí, garota! - bateu um high five com a amiga que ainda ria.
virou os olhos verdes e perspicazes para Horan que ainda fitava a conversa dos amigos com o cenho franzido e uma clara surpresa estampada em seu rostinho lindo. Contudo, o loiro logo encarou a namorada tão desconfiado quanto ela com o rumo da nova relação. Todos sabiam que e o primogênito Styles eram bons amigos, que conversavam quando possível e se entendiam bem, o que ninguém desconfiava era que tal afinidade era tão grande e fervorosa.
Enquanto Harry se concentrava em constranger e vê-la conseguir dar a volta na situação com maestria fazendo-o rir, não percebeu que o casal ao seu lado estranhava a conversa. Também não notou que distante dali um par de olhos castanhos os fitava com rancor, raiva e melancolia.
Por mais que odiasse encará-la o rapaz não conseguia evitar, desde o fatídico episódio Zayn passara pela fase da negação, para então ter seu interior corrompido pela raiva. Culpara por deixá-lo, por não achá-lo bom o suficiente para a elegante menina de ouro que ela era, por exigir demais dele, por fazê-lo se apaixonar e desejá-la cada dia mais e de repente o deixar. O abandonar num estado de pânico e confusão.
A raiva se dissipara e apesar de não segui-la mais em nenhuma rede social, evitá-la sempre que possível e ignorar sua presença quando necessário, Zayn estava sempre a mirando. Navegava por seu feed quando estava sozinho em seu quarto, com as cortinas fechadas e um baseado entre os dedos. Mudava o rumo que seguia pelos corredores da Eton ao perceber que cruzaria com Hilton por não aguentar encará-la, já que um misto de saudade, vergonha e arrependimento o sufocavam. E quando era necessário permanecer no mesmo ambiente que a garota sempre ficava a metros de distância já que apenas o perfume que ela exalava ao movimentar-se fazia o coração do desolado badboy acelerar.
Ele já fora a razão do riso dela. Há tempos atrás ele teve a chance de poder contar as poucas sardinhas que a menina tinha apenas no topo nariz. Passar os dedos entre seus cabelos loiros e macios. E afundara o rosto na curva de seu pescoço, ouvindo a voz macia dela em seu ouvido. Tinha impressão que se fechasse os olhos com força e se concentrasse poderia sentir novamente a textura da pele cálida de . Todavia precisava esquecê-la.
- O que você está fazendo?
- Caralho! - Zayn deu um pulo assustado, afastando-se da capô do carro. Ao virar o rosto para encarar a prima que o mirava com seus grandes olhos verdes curiosos e condescendentes. - O que você está fazendo aqui? - indagou irritado pela interrupção desconfortável de seu momento de sofrimento e auto padecimento.
- Esperando você terminar de encarar a e o Harry. - disse com naturalidade, brincando com a barra de sua saia, parecendo uma criatura inocente, mas que naquele momento o mais velho julgava como uma intrometida dissimulada - Mas como já faz dois minutos que eu estou aqui esperando resolvi tirar você do transe.
- Cadê seu namorado? - perguntou rabugento. Apesar de não ver graça em tratar Ortega relativamente mal apenas por diversão, como Styles fazia com a irmã, estava começando a ficar irritado pela falta de filtro da morena, que apesar de saber que era muito sincera já estava passando dos limites.
- Monitoria de física.
- Eu pensei que por querer engenharia mecânica ele deveria ir bem nessa matéria. - disse com desdém.
- Ele é um dos monitores. - explicou conseguindo guardar o orgulho que sentia do namorado apenas para si.
- Nerd. - o rapaz resmungou - Entra no carro, . - pediu dando a volta no veículo, vendo-a correr para adentrar o bentley.
Orteguinha ligou o rádio, contudo o primo foi mais rápido conectando seu celular para ouvir suas músicas e a garota sentiu-se traída, deveria estar com o IPhone já em mãos para impedi-lo de torturá-la com seu péssimo gosto musical. O garoto sorriu vitorioso, encarando-a de lado podendo ver a expressão de tédio e contradição que ela sustentava por sua conduta sem decência.
- Sabe Zayn - a menina falou colocando o cinto e ficando com pernas de índio, sem se preocupar em sujar o couro do assento com seus sapatos. - , eu odeio suas músicas.
- Eu sei. - manobrava o carro, tirando-o da vaga onde estava, atento ao pequeno trânsito de alunos a fim de não atropelar ninguém e muito menos bater seu lindo e querido bentley.
- E eu acho que você sente falta da e deveria falar para ela.
O moreno freou o veículo abruptamente, fazendo o corpo da caçula projetar-se para frente e a bolsa que estava em seu colo cair no assoalho do automóvel. Virou-se para ela com as bochechas sendo tomadas por um rubor que não conseguia distinguir se era de vergonha ou raiva, porém o olhar acusador do mais velho a fez concluir que era a irritação que falava mais alto e optando pela auto preservação, a fim de impedir que o primo abrisse a porta e a chutasse para fora, Ortega deu seu melhor sorriso ingênuo.
- Não começa. - falou pausadamente, virando os olhos enraivecidos para frente, entretanto o que a mais nova conseguia ver naquele par de olhos castanhos era mágoa e tristeza.
gostava de pensar que era uma garota sensata e sábia que pensava mil vezes antes de abrir a boca para falar qualquer coisa. Sua honestidade era seu maior orgulho e apesar de as vezes não dizer o que as pessoas a sua volta gostariam de ouvir, sabia que era melhor ser sincera a mentirosa.
Por esta razão permaneceu em silêncio durante os primeiros seis minutos do percurso, sendo torturada pela péssima playlist de Malik e organizando seu discurso motivacional e inspirador que faria o primo dedicar-se em nome do amor verdadeiro e da própria felicidade.
- Zayn - a voz dela saiu calma como o canto de um querubim e o menino respirou fundo sabendo que dali não sairia nada bom - , desculpa por me intrometer. Mas eu me preocupo com você...
- Você não precisa se preocupar comigo. - negava com a cabeça, indignado com o fato de que a menina ao seu lado, quem com certeza não tinha nenhuma preocupação na vida, afirmava que era ele quem afligia seu sagrado sono.
- E eu sei que o término com a foi demais para você… - continuou, ignorando a interrupção.
- Eu realmente acho que você está passando do limite. - informou, esperando que ela parasse com o momento desconfortável.
- Como também sei que você sente falta dela! - voltou a falar, exasperada, temendo que ele a interrompe-se novamente não permitindo que terminasse sua fala - Que você a quer de volta, mas tem vergonha de admitir para si, quanto mais para a sua prima mais nova que apesar de você não querer admitir é mais inteligente.
- , chega! - aumentou o tom de voz, freando o bentley ao ver o sinal vermelho. - Isso não é da sua conta. Chega! - determinou que a conversa se encerraria ali, mas a prima estava astuta como nunca.
- Não tem problema em admitir que errou, Zayn. - falou baixo, vendo-o sorrir sem humor - Você não é perfeito, muito menos ela. As pessoas cometem erros, um relacionamento não é o trabalho de apenas um - o garoto passou as mãos pelo rosto sentindo cada palavra ecoando em sua mente, mesclando-se com as imagens do rosto empalidecido de ao lhe dizer que tudo estava acabado - , se não deu certo é porque os dois erraram e eu sei que você se arrepende então porque não diz para ela que a quer de volta?
Malik não mirava a prima, estava envergonhado e aborrecido por ter sido a vítima do dia da honestidade de . Sabia que ela estava certa e o fato de pensar que não havia errado sozinho no fiasco de relacionamento que teve com a modelo o dava esperanças de a conseguir de volta, mas logo a verdade avassaladora de que Hilton o havia superado fazia seu coração parar de bater e o seu estômago doer fazendo-o sentir vontade de vomitar.
- Não… é tão simples. - assumiu cansado, já não resistindo à conversa - Eu não sou bom o suficiente para ela, .
- Se você mesmo acha isso, não tem nada que eu possa fazer... nem a sua auto piedade. - deu de ombros, fitando o olhar decepcionado dele - Mas o que sempre admirei em você é sua autenticidade, o fato de você nunca se importa com o que dizem a seu respeito e permanecer igual porque está satisfeito com isso - sorriu como uma criança que fala sobre seu super-herói favorito - , mas logo agora você vai dar ouvido para as besteiras dos outros? - a pena na voz e nos olhos verdes da mais nova eram palpáveis e Zayn a odiou ainda mais por estar certa novamente.
- Eu não sei como fazer isso dar certo. - ouviu a buzina de um automóvel atrás do seu, já que o semáforo reluzia a luz verde e ele continuava ali parado ouvindo os conselhos amorosos de uma adolescente de dezesseis anos.
- E alguém sabe?
Ela só tinha dezesseis anos, por que falava como sua mãe?
- Você é uma garota muito estranha. - sorriu cerrado, dando a partida no automóvel para prosseguir até sua casa.
- Eu sei. - riu da expressão do garoto. - Eu te amo, Zayn.
- Eu sei. - respondeu voltando o rosto para a mais nova, sustentando um sorriso cúmplice. - Obrigada, .
Orgulhosa por poder ajudar, ficou satisfeita com o desfecho da pequena guerra fria que havia iniciado e terminara bem. Abriu o pequeno bolso em sua bolsa a fim de pegar o celular e pode ver que havia uma mensagem de :
Xx Hoje o The Garden Gate abre o secret garden!! Por favor diz que
você vai comigo! xX
A morena sorriu ao ler o pequeno texto, até parecia que ela seria a única companhia da Princesinha.
Xx Quem já confirmou? xX
Xx O Niall, claro. A , para a surpresa
da nação. E o Louis. A ta resistindo, mas o
Lou disse que vai convencê-la! E o Harry já disse que não vai, avisei a
e tô esperando a resposta dela. xX
Xx Me convenceu , eu também vou! xX
Xx Eu te amo! A gente se vê hoje a noite xX
- A chamou para ir ao The Garden Gate. - avisou o menino ao seu lado que abaixou os olhos para a tela do próprio celular a fim de ver se também havia recebido alguma mensagem da caçula Styles.
- Zayn, vamos ao The Garden hoje? A vai. - leu o texto que havia recebido da loirinha e por mais que houvesse se esforçado não conseguiu não rolar os olhos diante daquela mensagem.
- Ela é realmente muito sutil. - sorriu sem humor tendo certeza que a melhor amiga também havia passado pelo mesmo incômodo ao receber o convite de . - Você vai?
- Não sei. - meneou a cabeça, coçando o queixo.
Ortega havia lhe dado uma solução para seu problema, mas o que a inocente prima não sabia era do mais novo pecado que Malik adicionara à sua lista de infrações. Nem ele e muito menos sua cúmplice tiveram coragem de contar para a caçula.
- É mais complicado do que parece. - pensou em uma forma menos bruta de informar o que havia feito recentemente. - Eu preciso te falar uma coisa, mas se você surtar eu te jogo pela janela do carro.
Ela cruzou os braços, sustentando uma expressão divertida e insolente, tendo certeza que a bomba não a surpreenderia tanto e o rapaz estava apenas fazendo drama. O que a morena se esquecerá era que Zayn era uma drama queen.
- , a e eu vamos ao baile juntos. - disse percebendo que a prima já abria a boca para falar um irritante "eu sei", todavia ele adiantou-se e continuou - E nós nos beijamos na terça feira.
O sorrisinho sabichão que a garota carregava nos lábios desmanchou-se em câmera lenta, sendo substituído por um misto de nojo e surpresa, além de sentir-se traída por estar sabendo disso só naquele momento e não há dois dias atrás que foi quando aconteceu.
- O Liam sabe disso? - foi a única coisa que conseguiu questionar.
Estranhando a pergunta dela, juntou as sobrancelhas: - Eu realmente acho que a mandou uma mensagem para ele enquanto estava me beijando. - sentiu-se usado, porém não externou.
Permaneceu calada, mirando o painel do bentley, sem conseguir focar o pensamento na informação ao mesmo tempo que ela não saía de sua cabeça. Era uma sensação estranha e errada, o que a melhor amiga e o primo haviam feito era estranho e errado, sabia que Harry e ao tomarem conhecimento da notícia sentiriam-se estranhos e errados.
- Agora você não tem nada a dizer, espertinha? - o moreno riu, tentando fazer graça, mas a seriedade de Ortega o fez desistir. - , eu sei que você está brava porque não te contamos antes - ela o fitou sem abrir a boca, realmente interessa na possível desculpa que ele inventaria e já irritada consigo por saber que cederia - e também porque falamos primeiro para o Liam - cresceu os olhos, cogitando que o fato de seu namorado ser informado sobre aquela palhaçada antes dela, era ainda pior que a informação em si. - , mas não precisa surtar foi só um beijo.
- Isso muda tudo, Zayn. - falou baixo - Para todos nós.
- Você está brava comigo? - indagou sem notar que a opinião da prima sobre ele lhe importava.
apenas negou com a cabeça, não querendo mais conversar sobre o assunto. Não queria ser contra Malik, mas também não o apoiava e a situação piorava pelo fato de estar envolvida.
Zayn tentou mudar o rumo da conversa para algo que agradasse a mais nova, a ofereceu sorvete, cinema, ajuda na matéria de geografia e ainda assim a menina permaneceu calada, focada em suas meditações e em como Meester e Malik provavelmente arrependeriam-se em breve da merda que fizeram.
Mais tarde naquele dia o grupo encontrou-se no The Garden Gate e divertiram-se muito, não comentou com a melhor amiga que Zayn havia lhe contado sobre o que ocorrera na terça feira daquela semana, a mais nova esperava que a iniciativa de conversar sobre o assunto partisse da mais velha. Era difícil deixar de pensar no assunto e Ortega apenas relaxou de fato quando irritada perguntou o que a afligia e o motivo pelo qual ela não parava de a encarar, sorriu constrangida e deu uma resposta genérica que foi o suficiente no momento.
O primogênito Styles realmente não fora ao pub, ainda sofria seu luto e preferia passar mais tempo em casa, vezes lendo algum livro, fazendo alguma tarefa da escola, ou procurando fotos e filmagens de sua infância onde era possível ver a mãe. Ele já não chorava mais todos os dias, mas ainda pensava em Anne a cada instante e começava a ficar feliz por conseguir sorrir ao ter a imagem dela abençoando seus pensamentos.
Zayn também não se juntou ao grupo de amigos e ao receber uma mensagem de Payne dizendo que estava cansado para ir ao bar, convidou o amigo para ir a sua casa jogar video game. Lim sugeriu convidar Harry e Malik declinou a ideia, dizendo que provavelmente o cacheado preferia permanecer no conforto de sua casa, considerando o triste episódio que acontecera a pouco tempo.
A verdade era que além de ódio por ter quase certeza que Harry, vulgo Sr. Hipocrisia, estava flertando descaradamente com Hilton, Zayn também estava constrangido e apesar de não admitir nem para si, tinha vergonha de encarar Styles nos olhos e fingir que estava tudo bem e que ele não havia beijado Meester devido a aposta. O rapaz sabia que Harry havia terminado com a morena devido a pressão de Bennet e que se não fosse pelo capitão do time de futebol o casal ainda estaria junto, mas o suposto amigo não teria recorrido a se de fato tivesse sentimentos por Meester.
Malik tinha convicção de que se Styles soubesse o que acontecia entre ele e iria intervir com um discurso cheio de ética e falsa educação, portanto preferia não informá-lo no momento, já que não prometia que não daria um soco na cara do velho "amigo".


ooo


Quando Marie, a governanta, colocou metade do corpo dentro do quarto e informou que os irmãos Styles acabaram de passar pelo portão principal e em minutos chegariam na casa, agradeceu com um pequeno sorriso e praticamente levitou até o andar debaixo para recepcionar a dupla.
Era de fato uma surpresa que Harry estivesse ali já que o plano era estudarem a tarde toda (era o melhor a se fazer em um domigo a tarde após a turbulência dos eventos do fim de semana, já que saíram nas noites de quinta-feira, sexta-feira e sábado) mas não via nenhum empecilho na ideia do amigo se juntar a elas e quem sabe cancelassem o estudo e fizessem algo divertido.
Lá fora, já era possível ouvir as vozes dos irmãos discutindo, mas no momento em que Hilton apareceu no pequeno hall exterior frontal, a princesinha Styles parou de brigar e lançou um sorriso brilhante para ela:
- ! Você pode fazer o favor de colocar um pouco de juízo na cabeça do Harry e mandar ele destravar o carro?
- O que está acontecendo? - franziu o cenho, descendo a escadaria para entender o que se passava ali. - Harry!
- Oi, ! - Styles, o primogênito, sorriu charmoso para a loira, que não queria ser mal educada e enfiar a cabeça dentro do veículo e optou por sondar através do vidro do banco traseiro, deparando-se com , de braços cruzados e expressão resignada.
- Harry, para de ser infantil e me deixa sair. - a caçula insistia no tom de quem já havia repetido o mantra diversas vezes. - , tudo bem? Cadê o Kelso?
- Verdade! Cadê o Kelso? - Harry virou-se para frente, sorrindo simpático para .
- Você não vai deixar a descer? - cortou a conversa fiada.
- Claro que vou. - o rapaz abanou a cabeça, fingindo seriedade. - depois que ela comentar minha última foto.
- Eu já comentei.
- Não o que eu pedi.
- Eu não vou dizer que você é gostoso!
- Por que não?
- Porque é uma mentira!
A última resposta de fez com que o rosto de Harry se contorcesse em puro horror e vergonha, o que levou a lamentar por Hollywood a perda de tamanho talento.
-Sai do meu carro, sua ingrata. - Styles disse e liberou a trava para que saísse livre por fim. - Agora eu vou embora pra minha casa chorar.
- Você é um príncipe, Hazza! - ela respondeu no momento em que colocou os pés no chão, direcionando-se a janela do banco carona e iluminando a tarde do garoto com um sorriso sincero.
- E você é uma pequena manipuladora igual a sua amiga. - Harry balançou a cabeça, dando-se conta imediatamente de que as três garotas o encaravam com curiosidade. Essa foi a sua deixa para partir: - Até mais tarde, meninas! Divirtam-se com juízo!
- Ele pareceu meu pai agora. - suspirou, seguindo o caminho para dentro da casa, liderada por que já procurava alguém que pudesse preparar um rápido lanche para as meninas, ela preferia ficar só nos sucos naturais para desintoxicar o corpo das combinações excêntricas de bebidas preparadas pelas mãos de Louis Tomlinson.
- Qual dos dois? - aproximou-se da amiga e entrelaçou seus braços, forçando-as a andarem no mesmo passo.
- O Des, eu acho.
- Cadê o Kelso? - Ortega perguntou mais uma vez, impaciente.
Costumava ver o animal com frequência quando Zayn o levava para "passear" na casa da prima e apenas soltava-o pelo quintal até que ele cansasse de tanto correr e xeretar. Mas parecia que o próprio bichinho ficara deprimido com a ausência repentina do garoto que deixava que ele fizesse o que queria.
- Deve estar escondido lá embaixo onde a grama é fresca, ele fica louquinho quando esquenta. - explicou com um sorriso saudoso. Adorava aquele ser gigante e bobo que a enchia de amor todas as vezes que se encontravam.
confiava que se um dia estivesse muito cansava para subir as escadas, ele a arrastaria até seu quarto porque era um bom menino, leal e companheiro. Dava uma surra de caráter inclusive pra muita gente que ela conhecia.
- Coitadinho! - fez um biquinho desconsolado, iluminando os olhos verdes quando teve uma ideia: - Nós podemos deixar ele entrar na piscina!
- Eu não reclamaria de um mergulho na piscina agora. - falou para ninguém em especial já que as duas garotas a abandonaram na subida até o quarto de princesa de . Ela não tinha culpa de não ter pressa para chegar lá em cima...
- Nós não deveríamos estudar primeiro? - questionou por questões de desencargo de consciência, já que ela mesmo começava a namorar a ideia de um pequeno divertimento, além do mais Kelso iria adorar poder se refrescar dentro da piscina e brincar um pouquinho.
ignorou a perfeita disposição das almofadas e travesseiros cuidadosamente alocados sobre a cama e mergulhou entre eles, abraçando a almofadinha bordada com as iniciais de .
- Deveríamos. Mas você deveria ter pego o contato daquele príncipe de ontem mas eu tenho certeza que não fez isso, estou errada? - inclinou-se até que estivesse sentada e sorriu sagaz.
A pergunta pairou no ar e as três se encararam como se estivessem aprontando algo muito secreto porque se aconchegou na otomana aos pés da cama e apoiou os cotovelos sobre o colchão enquanto compartilhava um sorriso cúmplice com :
- Qual era o nome dele mesmo? Jhonatan? Jorden?
- Nenhum dos dois. - colocou o cabelo atrás da orelha, controlando os ânimos para não começar a ficar vermelha por causa de algo tão bobo.
- Eu acho que era algo com M… - coçou a cabeça, colocando toda a sua força mental para lembrar o nome do adorável tópico da conversa.
- Michael? Mark? Matthew? - Ortega começou a enumerar mais nomes como se fosse um maldito dicionário.
- Eu acho que era Matthew! - princesinha Styles bateu palmas. - estamos certas, ?
- Não! Não tem nada a ver! É Lucky! - perdeu a paciência, bem, tão sem paciência quanto alguém tão civilizada poderia perder.
- Lucky? Isso é nome de menina! - lançou um olhar discriminador para a outra menina, julgando-a sem a menor vergonha na cara.
- Talvez seja Luke? Ou Lucas? Logan, talvez… - continuou a divagar em sua saga de nomes, praticamente falando sozinha agora que descobriu que esse era um passatempo divertido.
Hilton por outra via, não estava conseguindo fazer a conexão que a morena aparentava ter encontrado e aproveitou a brecha para fugir do inquérito iminente que a deixaria de bochechas quentes mais uma vez:
- De onde você tira todos esses nomes, ?
- De lugar nenhum, eles já existem antes de eu sequer ser nascida. - esclareceu, um pouco irritada por ter sido interrompida na sua listagem mental. Era muito óbvio que ela não era a criadora de nenhum daqueles nomes, pelo amor de deus!
- Não, eu não quis dizer isso, foi mais algo sobre…
- Essa discussão de vocês está nos atrasando! - interrompeu. Levantou da cama e sentou ao lado de , na otomana, como papai e mamãe que sentam para conversar com o filho em apuros. , a criança em apuros, remexeu-se em sua poltrona, claramente encurralada.
- E então, foi bom? - juntou as mãos sobre o queixo e sorriu cheia de expectativa.
- O nome dele é realmente Lucky? - também fez uma pergunta, visivelmente sem noção de prioridades.
Aquelas três coisinhas distraídas e sem o menor poder de persuasão provavelmente levariam horas para adquirir uma informação que e conseguiriam em cinco minutos!
- Eu imagino que o nome dele seja Lucas e ele só prefira ser chamado pelo apelido. - sanou a dúvida que assombrava . - E sim, foi bom, muito bom.
- Muito bom? Maravilhoso! - comemorou, ansiosa por continuar fazendo perguntas, mas sem a menor ideia do que perguntar. O que diabos ela perguntaria? Se ele beijava bem? Se tinha braços fortes? Aquelas eram perguntas íntimas demais! Ou não?
- Ele beija bem? Sabia o que fazer? - não parecia sofrer do mesmo dilema moral, ela era um monstro curioso insaciável por informação.
- Eu nem saberia se ele sabia o que fazer! Eu não sei o fazer, … - riu de si mesma, tranquila quanto a sua falta de experiência. - Mas ele é bom e…
- Bom em quê exatamente? - a mini Styles não estava satisfeita com as respostas que recebia. estava horrorizada mas também curiosa, portanto não interviu em auxílio da coitada da .
- O beijo dele era bom?! - Hilton respondeu com medo de dar a resposta errada e ser vítima de mais perguntas.
- Eu não sei, era?
- , você vai me deixar louca!
- Tudo bem, deixa que eu faço as perguntas. - Orteguinha tomou a vez, soando exatamente como os personagens de filmes policiais que ela assistia de vez em quando. - Ele era um babaca? Eu já ouvi dizer que os caras babacas são melhores nessas coisas.
- De babaca já basta o meu ex namorado. - retrucou.
- O quê? - , no celular, bloqueou a tela e prestou atenção nas amigas.
- Nada não…
- Tudo bem, o lado bom dele se chamar Lucky, é que não existem muitos homens com esse nome então eu já achei o perfil dele e sim, muita gente da Eton o conhece. - Styles virou a tela para que a dupla contemplasse sua façanha tecnológica.
- O sobrenome dele é Smith?
- Smith?
- Smith.
- Smith. - princesinha Styles cantarolou e imediatamente todas se sentiram de volta à quinta série. - Mudando de assunto, - ela pigarreou quando se tocou da atitude infantil - Eu não achei ele bonito.
- Você não acha nem o meu primo bonito, . - pontuou.
- O seu primo é bonito e eu nunca disse nada que desse entender o contrário. Por que nós estamos falando do Zayn? - a acusada se defendeu sem muito interesse no objeto da discussão.
- Eu não sei… - respirou fundo, lembrando que ainda precisava pedir para subirem comida para seu quarto.
- Me dá isso aqui, deixa eu ver o perfil dele. - a caçula das três pegou o telefone de e desceu o feed avidamente. - Ele parece um príncipe.
- O que te leva a acreditar que príncipes são feios?
- Não é sobre a feiura, e sim sobre essas feições nobres.
- Feições nobres? Nós voltamos para 1814?
- , ele é bonito ou feio? - Ortega decidiu sanar a dúvida com a única pessoa que devia de fato se importar.
havia levantado e estava na porta do quarto conversando com uma funcionária da casa, aproveitando-se da discussão inútil das amigas que juntas falavam mais do que a boca podia aguentar.
Fechou a porta e retornou para sua poltrona, cruzou as pernas elegantemente e levou sua mente às memórias na noite anterior, um sorrisinho sonhador brincou em seus lábios e ela formulou uma resposta:
- Eu achei ele bonito…
- Viu só? Nós duas achamos ele bonito! - comemorou, trocando um high-five com e se arrastando para a cama até que estivesse deitada com os pés enfiados entre os travesseiros bagunçados e o queixo apoiado na almofadinha peluda.
- Mas ele era mesmo, só você para não achá-lo bonito, . - Hilton acusou, secretamente orgulhosa por seu melhor amigo ter uma namorada tão leal.
- Não importa… - desconversou ao perceber que estava em desvantagem. - Conta pra gente o que mais vocês fizeram! Quero saber de cada detalhe, por favor, faz tempo que eu não tenho uma fofoca boa para compartilhar…
- Você não vai contar para ninguém o que eu estou falando, não é? - falou devagarinho, expelindo com perfeição e escolhendo com cuidado cada palavra.
- Claro que não, boba! - a loirinha abanou a mão, tranquilizando as meninas de que o assunto não sairia daquele quarto.
Mas nenhuma das duas eram bobas o suficiente para confiar na promessa dela. Por isso também adotou a postura cética de Hilton e usou seu melhor tom alertador:
-
- O que foi, gente? Eu nunca contei da vez que flagrei o Liam e você…
- , não! - Ortega arregalou os olhos e tentou se lançar em cima de para tapar sua boca fofoqueira mas não teve sucesso porque previu o ataque e se inclinou para o lado o suficiente para escapar.
De qualquer forma era tarde demais, elas já haviam conseguido a atenção de .
- O que você viu?
- Nada. - mentiu.
- Aham, nadinha. - princesinha Styles concordou embora sorrisse com a segurança de quem sabe todos os segredos do universo.
O pequeno dilema foi o suficiente para que entendesse que o assunto, por mais polêmico que parecesse, era privado e isso era tudo o que ela precisava saber para deixar para lá e não fazer perguntas.
No meio tempo em que as caçulas discutiam, uma bandeja com doces, salgadinhos e sucos foi trazida e colocada na otomana onde esteve sentada durante todo o tempo, fazendo com que voltasse a dividir espaço com na cama.
Viram clipes, tomaram banho na piscina, jogaram bola, jogaram cartas, comeram mais, brincaram com Kelso, fizeram video chamada com Louis, assistiram um documentário sobre palhaços assassinos e conversaram sobre garotos.
E falar sobre garotos foi provavelmente a coisa mais divertida que fizeram porque apesar de estarem seriamente comprometidas, e tinham muita coisa a dizer e simplesmente amava as opiniões baseadas num total de zero experiência sobre homens e relacionamentos.
Quando foi a vez de falar sobre garotos, contou sobre Lucky e sobre como ele tinha boas histórias, era agradável e beijava surpreendentemente bem. Confessou que era incrível beijar alguém com piercing no lábio e que aquele pequeno objeto se rebelava contra o visual perfeito dele mas ao mesmo tempo criava uma bizarra harmonia que ela apreciou muito.
O que ela optou por não contar foi que apesar de ser perfeito e divertido, Lucky tinha um grande e inescusável defeito: ele não era Zayn Malik.


ooo


Era sexta-feira pós almoço quando Liam sorriu caloroso ao ver Ortega aparecer no hall exterior, procurando-o ansiosa entre as dezenas de alunos vestidos exatamente iguais. Aquela era a última aula do dia, o que marcava o início do fim de semana para os dois, que nem haviam almoçado ainda.
- Como foi a aula? - ele levantou da poltrona, beijou a testa da menina e a pegou pela mão praticamente arrastando-a para fora.
- Boa. - deu de ombros, indiferente. Aquela era mais uma das aulas que fazia porque a mãe fazia questão mas que ela mesma não possuía nenhuma paixão particular.
- Bom. - Payne concordou satisfeito, seu estômago roncou no momento em que se fez silêncio e os dois riram. - Eu estou com fome, o que você quer comer?
Percebendo que também estava faminta, a caçula salivou ao visualizar um delicioso prato de comida que poderia saciar sua fome.
- Hmmm, peixe. Faz um tempo que eu fui com meus pais no Blakes, nós podemos ir lá.
- Pode ser, mas depois eu preciso de doce.
- Sorvete?
- Você me conhece tão bem, bonequinha. - ele suspirou de maneira dramática, mas sorriu.
- Quando nós chegarmos em casa, eu vou dormir ininterruptamente até segunda-feira. - prometeu, balançando alegremente o braço enquanto aproveitava o calor aconchegante da mão de Liam, que entrelaçava carinhosamente seus dedos nos da caçula enquanto andavam pela calçada estreita.
- Dormir? E o seu treino, vai faltar de novo? - Liam perguntou com um sorrisinho provocativo, apesar de que mesmo que ela faltasse por escolha própria, Amina o culparia quando soubesse.
- Não tenho dança hoje, graças a deus. Meus músculos iam chorar, literalmente, se eu tivesse que fazer qualquer esforço além do estritamente necessário. - ela disse, exagerando nas justificativas e intensidade de seu sofrimento.
- Pobrezinha. - Payne suspirou, embora não sentisse a menor compaixão. - Se você não fosse tão pesada, te carregaria até o carro.
O carro estava distante demais porque não havia estacionamento aos arredores da escola de música, as ruas eram estreitas demais o que obrigava os alunos a uma caminhada de aproximadamente duzentos metros até o estacionamento central do campus.
Mas Liam sabia como o lugar podia ser caótico com tantas pessoas burras atrás dos volantes, e era uma companhia agradável o suficiente para que os dois caminhassem pelo dobro de distância até um estacionamento improvisado atrás do museu da instituição.
- Você não me ama, a cada dia que passa eu tenho essa certeza. Você devia me carregar até o carro, é uma ótima ideia! - os olhos dela se iluminaram diante da perspectiva, mas a expressão divertida do namorado deixava bem explícito que ele não faria aquilo. - Mudando completamente de assunto, você tem noção de que nós já estamos em abril?
- Eu tenho um calendário, sabe…
A resposta sarcástica dele seria motivo de timidez para os mais quietos ou retaliação para alguém mais desaforado, mas apenas seguiu em frente com sua reflexão sobre o tempo:
- Daqui mais uns dias fará um ano que nós estivemos no Caribe! É chocante, parece que foi ontem que eu estava enfiando meus pés na areia quentinha da praia… - ela suspirou mediante suas próprias lembranças do mês saudoso.
E Liam não escapou da mesma nostalgia, apesar de não compartilhar seus pensamentos com a menina, sentiu-se tomado pelo bem estar daqueles dias, se fechasse os olhos poderia sentir o cheiro do mar e ouvir o som das ondas chocando-se contra as pedras.
- Nós precisamos voltar lá. - se limitou a dizer, apertando a mão dela levemente. - E dessa vez podemos ficar num bangalô sobre a água.
- E se vier um tubarão no meio da noite? - parou de sorrir, preocupada com a perspectiva de suas férias se tornarem um filme de terror. Agora, se Liam pudesse garantir que era seguro ficar em um romântico bangalô, ela iria com o maior prazer.
- Não tem como isso acontecer, . - Payne riu, não tão seguro de sua afirmação. Ele contava com a proteção divina em um lugar tão bonito quanto o próprio paraíso.
- E nós temos que ver se a não vai se importar também.
- O quê? - ele a encarou horrorizado.
- Você sabe como ela é enjoada… - a caçula usou a palavra por falta de termo mais apropriado que não ofendesse diretamente a melhor amiga.
estava cogitando o que ele pensava que ela estava cogitando?
- E daí? Você não está contando com ela pra essa viagem, não é? - perguntou, com medo da resposta.
- Eu… - ela começou a falar mas foi interrompida por dois carros que passaram em velocidade tão alta que calaram sua voz. Ficou com vontade de xingá-los mas pensou que poderiam muito bem ser Louis e , ou mesmo seu primo. - eu tenho certeza que ela vai se contar sem precisar estendermos o convite. Além do mais, qual é o problema? Ela é nossa amiga.
- Isso é verdade, mas não significa que eu preciso ser obrigado a aguentá-la o tempo todo, pro resto da minha vida. - Liam disse, vendo-se no futuro, à beira da morte em uma cama de hospital, com a pequena megera ao redor, cobrando-lhe favores.
deu uma risadinha. Mordeu o lábio inferior, pensativa, processando um horror de informações e memórias de uma só vez, todas relacionadas à Meester.
- Coitadinha, há um ano estava tão bem, e agora anda assim, meio estranha…
- Ela vai adorar saber que você anda sentindo pena dela.
- Não é pena, ela está…
Payne a interrompeu:
- Bem. Não existe outra palavra pra como a está, nem pense em começar a inventar teorias.
- Ela não está bem, você para de ser insensível. - o repreendeu, apesar de não haver seriedade em suas palavras. Sua atenção agora estava em uma pedrinha cinza que vinha chutando pelos últimos dez metros. De vez em quando, Payne a puxava para perto, evitando que acabasse indo parar no meio da rua.
- Quando a foi uma pessoa normal e feliz?
- Mas agora ela está pior! Eu sinto isso, e vejo que há um traço de tristeza no olhar dela. - Ortega abandonou a pedra, estava com fome demais para gastar suas energias com atividades físicas.
- Se você diz… - Payne concordou apenas para dar fim ao assunto.
É claro que achava que a amiga estava enlouquecida, as tentativas em parecer bem eram completos fracassos e Liam se perguntou mais de uma vez quando ela cansaria de todo aquele teatro e aceitaria que relacionamentos terminam mesmo.
Ela nunca lhe confidenciou nada, e ele não perguntou.
- Qual a possibilidade de você rever seu não ao meu pedido de ser carregada? Eu estou realmente cansada.
- O que eu vou ganhar em troca?
parou, ficou na ponta dos pés e o beijou.
- Pronto. - sorriu após afastar-se, pronta para relaxar o corpo e deixá-lo levá-la.
- Só isso? - o rapaz arqueou as sobrancelhas, incrédulo quanto ao preço baixo de seus serviços.
- Você quer outro? - ela cresceu os olhos, rindo abertamente ao vê-lo acenar com tanta avidez. Prontamente levantando o rosto para dar-lhe outro beijo.
- Hmmm melhor assim. - Liam sorriu, roubando mais um beijo antes de voltarem ao seu (longo) caminho até o estacionamento.
- E então? - perguntou, cheia de expectativa. Não é possível que não conseguisse o que queria depois de tamanha demonstração de amor.
- Nós já chegamos. - o filho da puta informou, apontando com o queixo para a vaga que o veículo ocupava, há apenas alguns metros.
Logo viram o jipe verde musgo e perceberam que o carrro não estava sozinho. E assim que pode ajustar a visão para identificar quem estava tão próximo de seu queridinho, foi tomado por um mal estar que se alastrou por todo o seu corpo.
Alexandra Saint estava encostada no jipe, com total atenção em seu celular.
viu a loira e arregalou os olhos, prestes a sair correndo para bem longe da megera, cansada do assédio constante e incansável que tinham que lidar. Ter que ficar tão próximo de Lexi certamente não era um bom sinal e as chances de seu fim de semana ser frustrado só porque ela teria que ouvir a voz da outra, eram altas.
- O que ela está fazendo aqui? - Ortega sibilou, sentindo o bom humor esvair de seu corpo.
Mas Liam não respondeu audivelmente, não fazia ideia do que diabos aquela louca estava pretendendo. E também não tinha certeza se gostaria de descobrir.
- Liam! - Saint sorriu lindamente, um sorriso perigoso, que certamente abria portas para aquela maldita garota. O ato foi suavizado a uma mera expressão de curiosidade quando ela encarou a morena: - e !
- O que você está fazendo aqui, Lexi? - Payne estava a soltar fumaça pelas narinas, aquela desgraçada estava a um triz de arruinar o que deveria ser uma tarde perfeita. - Melhor, não me fale, eu não quero saber. Só sai da frente do carro senão eu vou te atropelar.
- Você não faria isso… - Lexi sorriu largo, seduzida pela ideia de provocar sentimentos tão fortes no rapaz. Se não podia ter o amor dele, se satisfaria com seu desprezo.
- Tudo bem, não quero ouvir você reclamar depois que for obrigada a passar o resto da sua vida em cima de uma cadeira de rodas então. Vamos, .
passou pela algoz e abriu a porta de trás, do seu lado, para jogar a mochila antes de entrar e sentar no banco do carona. Era a criatura mais curiosa da terra, mas se tratando de assuntos relacionados à Saint, preferia deixar sua curiosidade faminta.
- Meu deus, como você está agressivo hoje! - a garota colocou a mão sobre o peito, apesar de não parecer de fato surpresa. - Vamos então direto ao ponto, eu vim falar duas coisas com vocês.
Payne a encarou, desgostoso, e esticou-se sobre os pés para olhá-la por cima do carro.
- Primeiro, hoje vai ter uma festa na minha casa, como devem saber. E eu ia adorar que vocês fossem, vai ser bom para as pessoas verem que não há mais nenhuma hostilidade entre nós, sabe...
- Exceto pelo fato de que eu quero muito te atropelar. - Liam rebateu.
Já não era suficiente eles discutirem sobre Zayn estar fazendo um grande desfavor pra humanidade ao beijar e ainda complicar a sua vida contando à prima que ele sabia?
Ela já havia feito uma tempestade por causa do segredo! O que viria dessa vez? Um furacão de ódio?
- Quem pode definir a linha tênue que separa o amor e o ódio, não é, querido? - ela foi espirituosa. - Agora a segunda coisa, ontem eu esqueci um livro no seu carro, e por mais que eu adore a ideia de você tendo algo meu ao seu lado, vou precisar dele para devolver agora na biblioteca.
Naquele momento não havia diferença alguma entre a expressão da caçulinha e a de alguém que levou um soco no estômago. E Liam, que estava em sua visão paralela direta, percebeu a mudança brusca de ares.
Só com a ajuda dos deuses ele conseguiu controlar sua vontade exacerbada de decepar a cabeça daquela filha da puta.
- Pega o livro da Lexi que ela esqueceu no seu carro ontem, Liam. - interrompeu o silêncio mortal que reinava entre os três.
Deus, ela odiava tanto aquela bastarda que não parava de se meter na sua vida!
Liam obedeceu prontamente o comando da namorada e abriu a porta de trás, dando de cara com o volume no chão do carro, aquele livro não era seu, de fato, mas ele demorou a entregá-lo para sua detentora legal, com medo de perder o controle de si mesmo e acabar acertando o objeto na loira.
- Graças a deus! Eu comecei a ficar preocupada quando não o encontrei e então lembrei que só poderia ter deixado com você. - Lexi riu como se estivesse falando de uma amenidade corriqueira. - Não dá pra perder os prazos com as novas taxas de multas da biblioteca! Bom, essa é a minha deixa. Espero encontrar vocês na minha casa hoje à noite! Até mais tarde!
Saint foi embora alegremente, deixando para trás o casal em completo silêncio. Payne olhou para e seus piores temores se concretizaram, ela estava puta. Muito puta. Aquela ia ser um tipo especial de briga que teriam no instante em que a garota estivesse controlada o suficiente para não pular no pescoço do namorado e matá-lo!
Mas era uma garota ciente de suas próprias emoções, e não daria o gosto de erguer a voz nos pátios da Eton, onde qualquer um poderia testemunhar o escândalo que ela gostaria de fazer e Lexi acabar descobrindo, ela não ia ter esse prazer. Por isso, entrou no carro e bateu a porta com tanta força que Liam sobressaltou-se, tomando a deixa para entrar também e sair dali o mais rápido possível.
Passaram todo o trajeto da apertada Barth Street quietos, a velha lanchonete Tudor estava apinhada de estudantes que ainda não tinham encerrado o dia letivo e aproveitavam as horas vagas por ali, passaram também pela loja de uniformes da Eton, a galeria de artes que frequentemente era ponto de encontro de jovens amantes, a nova loja de vestidos para noivas que se instalara na região vizinha e atraíra a atenção das meninas mais novas.
Somente quando pegou a via livre, M4, percebeu que não sabia se devia se ater ao plano original de irem almoçar e então ir para a casa da garota dormir o resto da tarde porque estavam cansados, ou se a pequena situação com Saint provocara alguma alteração.
- Pra onde a gente vai? - ele perguntou, reticente. Olhou discretamente para a criatura linda sentada ao seu lado, procurando ler suas emoções. Só encontrou muito ódio, e isso era mau.
, que se atinha a estrada, virou o rosto para olhá-lo e sorriu duro:
- Não sei, Liam. O que você acha da casa da Lexi? Não é lá que você quer estar?
- … - Payne voltou os olhos para o trânsito leve, era uma maravilha poder aproveitar a alta velocidade naquele trecho tranquilo. A via 5 era seu momento favorito no trânsito Eton-casa, casa-Eton, a viagem diária de aproximadamente trinta e cinco minutos não costumava tirar sua paciência, mas certamente não era prazeroso repetir o trajeto com uma companhia emburrada e disposta a brigar.
- Não. Não vem com pro meu lado. Seus pais estão em casa?
- Não.
- Então vamos pra lá, porque eu quero entender porque diabos aquela… aquela garota esteve dentro do seu carro. E como vocês chegaram ao ponto de ela esquecer um livro lá. Um livro! Ela sabe ler? - o que começou como um discurso calmo e controlado perdeu a compostura e deu lugar à indignação. Lexi Saint era fora do sério, e Liam Payne um idiota!
- Antes de você começar a… - ele ia falar surtar mas parou bem a tempo de dizer uma grande bobagem - falar, deixa eu esclarecer uma coisa, nós não estávamos sozinhos.
- Ah, muito melhor então! Nossa, fiquei aliviada! - falou alto, derramando acidez.
- Deixa eu terminar de falar? - Payne se irritou. Seu pé pesava no acelerador, desesperado para escapar da atmosfera sufocante e hostil que pairava dentro de seu querido carro. - Eu já estava saindo com o Zayn e a estava lá fora tentando entrar em contato com o Alfred e me pediu uma carona, e eu dei! Se alguém tem culpa de alguma coisa aqui, essa pessoa é a .
Os olhos verdes da menina faiscaram de raiva, ter sua melhor amiga envolvida ativamente naquela merda de situação era quase como uma apunhalada nas costas, mas não tornava Liam menos culpado, e por isso ela abandonou a vista urbana que já era majoritária, encarando o motorista com impaciência:
- Você não coloca o nome da nas suas merdas, Liam James. Com ela eu me resolvo depois.
- Foi só uma carona, pelo amor de deus.
- Cada vez que você abre a boca eu fico com vontade de te socar. - ela falou perigosamente calma, usando toda a sua boa vontade para não começar a gritar como uma louca.
- Se você fechasse a boca por um minuto e me deixasse explicar, nós poderíamos chegar a um acordo. - o rapaz reclamou, transtornado. Se eles não chegassem em casa logo, ele acabaria batendo aquela bosta e seria um inferno para resolver tudo.
- Esse é o problema, meu querido, - o doce apelido não soou nenhum pouco agradável. - você teve horas pra me contar que estava rodando pela cidade com essa praga na minha vida. Horas! Você passou a tarde comigo, Liam. E não disse nada.
- O que eu devia ter feito? "Oi, , acabei de dar uma carona pra pessoa que você mais odeia na terra". - Payne rebateu.
- Ela não é a pessoa que eu mais odeio na terra. - a morena murmurou em um lapso de distração. - Na Eton, sim.
- O quê? - Liam cerrou os olhos, não havia entendido nada do que ela dissera.
O que foi uma coisa boa, concluiu. Se distrair enquanto deveria estar focada em colocar um pouco de juízo no outro não era aconselhável. Por isso ela lembrou porque estava chateada e o acusou:
- O que você fez foi errado e você não tem a coragem de admitir isso.
- Eu não fiz nada de errado, então não tenho nada para admitir. - ele quase riu da acusação absurda da namorada. Deu graças ao ver a arquitetura de seu doce lar. Havia uma pontinha de esperança em seu coração de que algum dos pais estaria em casa e ele escaparia do apocalipse
- Puta que pariu. - Ortega coçou o cenho, soltando o cinto de segurança, pronta para fugir de dentro daquele carro que estava imundo com a passagem de Lexi Saint por ele. - Sabe o que você é, Liam? Um cuzão. É isso que você é!
- Para com isso, . Nós não vamos chegar a lugar algum com você sendo cínica assim.
E essa foi o último desenvolvimento da discussão porque ambos desceram e caminharam quietos até a casa, valendo citar o estouro na porta do carona quando ela saiu e ainda um segundo quando abriu a porta de trás para pegar a mochila, que fez Payne estremecer de cima a baixo.
Ela entrou primeiro na casa e ficou parada no hall, batendo o pé impaciente enquanto o funcionário da casa aguardava ignorando quaisquer resquícios de desconforto que a visita aparentava.
- Meus pais estão em casa? - Liam perguntou para o homem, ansioso.
Para sua grande decepção, ambos estavam fora de casa e não retornariam para o jantar. O jeito seria lidar com a Srta. Indignação e torcer para não perder a paciência, porque aí a coisa ficaria feia.
- , senta aqui e…
- Eu não quero sentar. - ela largou a mochila no chão e cruzou os braços, irredutível.
- Fica em pé então, - Payne abriu o braço teatralmente, ocupado em tirar o uniforme e trocá-lo por uma calça de moletom. - Olha, eu honestamente não sabia que você não sabia que eu dei carona pra Lexi. Não foi intencional, mas a estava com dor, pediu pra eu levar elas em casa e eu fui, como sempre faço! Foi só isso, eu nem ouvi a voz dela durante o percurso, juro por deus.
A explicação não tornava nada simples, ou justificava a falta de bom senso de Liam em ficar carregando aquele demônio por aí. Além de uma tremenda falta de respeito com , que esperava não ter que pedir para o namorado parar de deixar a ex namorada adentrar nas suas vidas como uma célula cancerígena.
- Por que a Lexi estava com a ? - Ortega tinha suas dúvidas sobre o motivo da amiga, não fazia sentido a dupla improvável passeando juntas por aí, não quando odiava Saint tanto quanto ela própria.
- Elas estavam na biblioteca fazendo trabalho mas a começou a ficar mal e preferiu que elas concluissem em casa. - Liam sentou na beira da cama e explicou. Em sua cabeça amaldiçoava a melhor amiga com todas as coisas ruins que podia imaginar.
Devia ter deixado a infeliz agonizando em dor na Eton e seguido seu caminho, e era isso que ele falaria para a morena quando a encontrasse.
- E por que elas estavam fazendo trabalho juntas?
- Aí você vai ter que perguntar pra . - ele coçou a cabeça, impaciente. - Só sei que eu não tenho culpa dessa vez.
- E por que você manteve segredo disso? Por que não me contou?
- Porque eu sabia que você ia surtar!
- Surtar? - piscou, atordoada. Dizer que ela estava surtando era um bom motivo para que ela pudesse exprimir suas emoções de uma maneira mais real, pelo menos agora poderia gritar, agora que era uma "surtada".
- Sim, igual você está fazendo agora! - o rapaz apontou para ela, findando o último resquício de educação que já lhe era escasso. Deus o ajudasse a não abrir mais a boca dali para frente!
- Eu não estou surtando, Liam! Você que é um imbecil insensível que até onde eu me lembro, ficou bravinho porque eu respondi uma mensagem do Danny! - ressuscitou a briga de meses atrás, ainda no Caribe.
Payne não esperava aquele tapa na cara que foi ter seus crimes trazidos à tona, e a simples menção de Phillips foi o suficiente para que ele mudasse de ideia sobre não abrir mais a boca:
- E você é mimada demais pra perceber que está fazendo uma tempestade em um copo d'água! - a acusou, assistindo as feições da namorada se tornarem ainda mais indignadas. Com medo de ter ido longe demais, amansou a voz e levantou, aproximando-se dela. - , foi só uma carona, só isso. Eu nem olhei pra cara daquela garota.
E a aproximação fez a caçula ceder, deixando que ele levasse as mãos ao seu rosto, empurrando os fios negros para trás da orelha, fitando-a sério. Às vezes pensava que Zayn tinha razão, ele a mimava demais e imaginava que se fosse um pouco mais duro, eles brigariam muito menos.
Foi como se a menina tivesse lido seus pensamentos, porque no momento seguinte ela recuou e o encarou com determinada mágoa:
- A questão é que não foi só uma carona, você nem hesitou em mentir pra mim porque sabia que não era um movimento legal! Eu não me importo que a estava morrendo, deixasse aquela garota lá!
- Mas a quem pediu pra levar elas! - o garoto escolheu o pior tipo de argumento para justificar suas ações. Ninguém gostava de lidar com covardes que não assumiam a culpa de seus próprios atos.
- Eu não me importo, Liam! Eu. não. me. importo. Podia ter sido a rainha quem mandou, eu não quero você em contato com a sua ex doida!
- Você precisa superar a Lexi, eu estou aqui, com você, e é isso que deveria importar. Nós estávamos bem e só porque você viu a louca, ficou desse jeito. Eu nem te reconheço!
A cruel acusação foi o suficiente para encher os olhos de com lágrimas, ela estava muito puta, mas fazia um esforço sobrenatural para não desmontar ali, na frente dele. A pior parte daquela briga idiota era que Payne não parecia nenhum pouco disposto a aceitar que errou, e isso a matava.
- Só porque eu a vi? Você não sabe como é humilhante pra mim andar por aí sabendo que você não tira a sua ex da sua vida!
- Eu já tirei há muito tempo! Ela quem não quer sair!
- E por que ela estava no seu carro, Liam? No seu carro, inferno! - pôs as duas mãos na cintura, ainda mais brava com a postura relaxada do filho da puta, que girava na cadeira que puxou da mesa de estudos. Ela estava ali, prestes a perder a cabeça enquanto ele brincava na cadeira giratória! - Você tinha uma escolha e decidiu ajudar uma pessoa que está o tempo todo me perseguindo!
Apesar de parecer tranquilo, Liam estava tão transtornado quanto a menina, se ela se aproximasse o suficiente, notaria a respiração descompassada dele e em como suas mãos estavam fechadas com força.
- Talvez você devesse perguntar para a sua melhor amiga. - sugeriu em tom baixo.
- Você não ia gostar se fosse ao contrário. - acusou. De fato, ele já havia feito mais escândalo por muito menos. A diferença é que sempre que se sentia atacado ou ofendido, não confrontava a menina mas tratava-a com indiferença.
- E o que seria exatamente ao contrário? - ele cruzou os braços, rindo debochado.
- Você está achando isso tudo engraçado?
- Na verdade eu estou de saco cheio do seu drama, mas vou rir pra não perder minha paciência.
Aquela foi a gota d'água.
Nunca, em toda a sua vida, fora tratada com tamanha condescendência. Não fora criada como a princesinha da família para aguentar aquele tipo de atitude debochada e esnobe que seu próprio namorado, o cara que dizia amá-la, acabara de exibir.
- Eu te odeio e não quero te ver nunca mais! - ela gritou, juntando a bolsa e saindo do cômodo antes que as lágrimas amargas de puro ódio fossem derramadas na frente dele.
Agora chorava porque se não chorasse, ia quebrar o pulso tentando quebrar a cara de Liam, ou talvez usar o método e começar a atirar objetos para todos os lados até que aquele sentimento horrível e pesado se dissipasse de seu peito.
Mandou uma mensagem para o pai, pedindo que enviasse alguém para buscá-la e fez uma nota mental de ligar para quando chegasse em casa, essa era uma noite em que ela ia precisar de um ombro amigo e muito doce para curar as mágoas do seu coraçãozinho.
Lá em cima, no quarto, Liam respirou fundo, passou a mão pelo rosto pelo menos duas vezes e resistiu à tentação de ir atrás da morena, ao invés de lidar com os problemas que sua própria ingenuidade criou, mandou uma mensagem para a melhor amiga avisando-a que horas passaria para buscá-la e então seguirem para a festa de Lexi.
Se já estava na chuva, ia se molhar de uma vez.


ooo


- Então você vai mesmo levar a Meester ao baile? - perguntou bruscamente, interrompendo a conversa dos garotos em prol de um bem maior.
Eles estavam na casa dos Saint, na área da piscina da casa, especificamente. Lexi, como toda boa adolescente, aproveitou a ausência dos pais para oferecer uma festa só para o pessoal da Eton e os alunos cansados e ansiosos pela chegada das férias de verão, agradeceram aos deuses.
e já haviam programado uma noite do pijama e não cancelaram os planos por causa de Lexi Saint, estava tão chateada que não quis se juntar às amigas e obviamente não cogitou colocar seus pezinhos caros no território da outra, Niall já estava bem satisfeito com a própria festa que acontecia em sua casa por causa da família irlandesa que estava na cidade, e Harry escolheu ficar em casa com o pai e Kate.
Mas para o outro quinteto entediado, a programação veio em um tempo perfeito. Portanto, assim que saíram do cinema, e Louis foram até o local da festa onde Zayn, como sempre, já estava aproveitando a noite.
Após cumprimentarem os colegas, assistirem a alguns jogos alcoólicos e se abastecerem com mais bebidas, o trio se afastou o máximo que pode da piscina e se instalaram lá. Malik e Louis conversavam sobre conhecidos em comum e manteve-se alheia ao papo enquanto observava alguns rapazes mais velhos cumprimentarem a anfitrã que saiu da piscina e chacoalhou os cabelos como se estivesse em um comercial.
Quando falou, sua pergunta foi recebida com surpresa e os dois fixaram o olhar nela, Tomlinson com paixão e o amigo, com interesse.
- Foi o que deu pra fazer depois que você decidiu ir com o Tommo, ruivinha. - Zayn deu de ombros e sorriu, oferecendo o seu melhor charme.
Louis revirou os olhos ao ouvir a mentira descarada, mas não quis arriscar rodeou com um braço. Como ele suportava aquele filho da puta flertando com sua namorada o tempo todo?
- Eu era a sua primeira opção? - a garota colocou a mão sobre o peito, quase honrada por tamanha demonstração de apreço do amigo, embora houvesse a consideração de que se ele só tinha ela e Meester em sua lista de opções, não era lá um grande elogio.
- Na verdade era a , mas todo mundo sabe que ela vai com o Irlanda mesmo que eles briguem no dia. - Malik foi honesto, inclinando-se para frente para não ter que gritar.
O barulho da água revolta somada ao DJ infeliz que não parava com a porra do barulho, tiravam a paz de quem só queria conversar e beber. Mas nem a indignação dos colegas de escola eram suficientes para fazer Saint liberar qualquer espaço além daquele, sua resposta era sempre "Isso aqui é uma festa na piscina, não uma festa na minha casa toda".
- É, mas não dá pra descartar a hipótese do Niall fazer alguma estupidez imperdoável até lá. - ponderou.
- Você acha? - Malik soou esperançoso, batendo os cílios negros dramaticamente.
- Acho, mas você sabe que a não faz muita questão de ser vista com você. - Westwick apoiou o peso de seu corpo em Louis, estranhando como ele estava quieto. - Aquela criatura não é normal…
- Não é normal minha namorada ficar puxando o saco do meu amigo que adora parecer um badboyzinho de merda. - Tommo finalmente falou, ranzinza.
- Ele não tem culpa de ser sensual, Louis. - ela saiu em defesa do amigo.
- Eu vou dar uma volta. - Zayn avisou aos risos, não querendo ser fofoqueiro e explicar que Payne estava a caminho da festa. Festa na casa da Lexi. Festa na casa da Lexi sem .
- Sabe aquela última foto que você postou, ? - Louis pegou seu telefone para procurar o perfil dela no instagram. - Se der muito zoom na tela dá pra ver o que está escrito no seu computador, não tem problema?
- O quê? Não tem como! - tomou o aparelho das mãos do namorado e fez o que ele instruiu, chocada ao perceber que realmente dava para ter uma visualização parcial da tirinha que Zayn havia lhe entregado mais cedo no jornal. - Foda-se, eu não vou excluir minha foto. Como você percebeu isso?
- Eu presto atenção nos detalhes das suas fotos… - Tomlinson deu de ombros, assistindo os adolescentes que lutavam para escapar de um destino molhado na piscina.
- Aquele é o Payne?
- O Liam? Aqui? - ele fingiu surpresa, vendo quando a menina virou em câmera lenta acusando-o com os olhos negros:
- Você sabia, Tomlinson! Você sabia que ele vinha e não me contou? - se indignou, canalizando a frustração em uma tentativa de soco frustrada porque Louis se deitou sobre a espreguiçadeira para escapar.
- É claro que eu sabia, ele é meu amigo. - justificou. Levantando lentamente, com as mãos erguidas sobre o rosto em pose de rendição mas na verdade com o objetivo de evitar ser atacado com alguma coisa na cara.
- Como você pode não me contar? - ela colocou as mãos na cintura, revoltada.
- Eu não te conto tudo o que eu sei, honey. - o garoto suspirou, torcendo para que ela não insistisse no tópico. Levantou e acenou com os braços enquanto gritava o nome do amigo: - Liam, aqui!
Liam sorriu ao ver Louis, desviando-se pela grama molhada até chegar no casal, sem ao menos ter tempo para cumprimentá-los porque se manifestou primeiro:
- O que você está fazendo aqui, Payne? E sem a , ainda por cima…
- O que as pessoas normalmente fazem em uma festa, ? - o outro cruzou os braços e sorriu, sem humor.
Tommo riu na mesma hora, esperando para ver que ataque sua namorada brilhante estava planejando em resposta ao ultraje que sofrera. Mas ela só o encarou morbidamente, sacando um cigarro da carteira:
- Bom, as pessoas normais se divertem, mas você só deve estar aqui com o propósito de deixar todo mundo infeliz. A sua presença deprime o lugar.
- Louis, você viu o Zayn? - Payne deixou a inimiga quieta pois já tivera brigas demais pela semana.
- Não. Aquela é a ? - Tommo apontou para a amiga, alocada há uns bons metros do trio - Vocês dois estão aqui sem a ? Quais as chances de isso acontecer nessa realidade?
- Ela está brava comigo. - explicou rapidamente, sem aberturas para mais perguntas.
Mas isso não era empecilho para , que cerrou os olhos e apoiou a mão livre na cintura:
- O que você fez, Payne?
- Dei carona pra . - o garoto respondeu sem muita vontade e a ruiva fechou ainda mais os olhos negros, pressionando-o a dizer a verdade. E ele falou: - E a Lexi estava junto
deixou o queixo cair, literalmente e Louis arregalou os olhos com tanta força que quase saltaram de órbita. Aquele era um nível novo de afronta que poucas pessoas estavam dispostas a cometer, de fato.
- Em minha defesa, o Zayn estava junto. Elas duas iam fazer um trabalho na casa da e eu não ia simplesmente deixar elas lá. - Payne pegou uma cerveja de garrafa porque não estava disposto a caminhar até onde estava o chopp. Mais tarde ele faria isso, ou dali a um minuto, caso Westwick continuasse a encher o saco.
- O que diabos a Meester está fazendo envolvida com a Lexi? - aumentou a voz, perdida no rolê.
- Trabalho de Literatura.
- Então a ficou puta com a sua falta de bom senso e você decidiu ser um bom namorado e vir na festa da arquiinimiga dela? - Louis riu, desacreditado de tamanha audácia a do seu amigão do coração. Aquela decisão era muito estúpida, até mesmo para Liam!
- Ninguém é inimigo de ninguém. - Payne retrucou, não tão seguro de sua afirmação.
Sua namorada era sua inimiga mortal no momento, por exemplo.
- Que bom, porque hoje eu passei o número da pro Phillips. - a menina sorriu satisfeita.
- O quê? - Payne rugiu.
- Sim, o quê, honey? - Tommo não rugiu mas acabou babando a menina com cerveja quando abriu a boca para falar.
começou a explicar como se não fosse nada demais:
- A gente se encontrou no shopping e ele disse que perdeu o celular e eu passei o contato dela. Ele falou alguma coisa sobre colocar o papo em dia, eu não sei, aqueles dois têm uma conexão estranha…
- Nossa cara, eu não acredito que você fez isso. - Liam balançou a cabeça, inconformado.
Quer dizer que enquanto devia estar em casa, pensando no que fez, estava trocando mensagens com aquele merdinha do Phillips?
Ele precisaria de muito autocontrole pra não ir até a casa Ortega naquele instante, verificar o que a namorada estava fazendo.
- Você deu carona pra sua ex, meu querido. O que é uma conversinha pra matar a saudade? - Westwick se defendeu.
- Você vai se foder, tá bom, ? Eu vou pegar uma bebida decente porque essa merda está quente.
- Eu não sei nem o que fazer quando meus amigos xingam você, . Sério. - Tomlinson estava boquiaberto com a forma como sua querida namorada fora tratada, mas não levava tão a sério os confrontamentos com os meninos, de certa maneira era ótimo porque pelo menos ela tinha uma desculpa para ser ainda pior, e Louis a amava ainda mais por isso.
A rapidez com que a noite passou foi assustadora, todo mundo bebeu além da conta, lá pelas três da manhã Saint liberou a casa porque estava realmente esfriando muito, Liam fugiu dela a noite inteira com relativo sucesso, e Zayn ganharam algumas rodadas de beer pong, Louis foi empurrado na piscina e ficou chateadíssima porque esqueceu o celular em casa e não pode guardar para a eternidade o momento maravilhoso.
Em mais algumas horas o dia amanheceria e o local ainda estava tão abarrotado quanto no auge da festa, muita gente já havia bebido, passado mal e voltado a ativa novamente, e Saint, como a boa anfitriã que era, deixou a casa sozinha enquanto saíram em pelo menos oito carros lotados de adolescentes famintos procurando um drive in para matar a fome.
Nesse meio tempo, Meester aproveitou para descobrir o que levou o melhor amigo a estar ali enquanto deveria estar sendo um bom garoto e angariando o perdão e as boas graças de . Não que ela estivesse curiosa sobre a briga em si, mas notou que o rapaz esteve ansioso a noite inteira e isso estava estragando seu humor.
Eles estavam na adega da casa, apesar de que somente estava bebendo vinho mais antigo que a sua avó, Payne não tinha interesse em abrir mão de seu chopp gelado mas aceitou fazer companhia para ela. Quando o assunto veio à tona em forma de uma piadinha boba, ele se manifestou imediatamente.
- Não quero falar sobre isso. - Liam a cortou, encerrando a risada divertida.
notou a súbita mudança de humor e também a mentira insolente no tom de voz do amigo. É claro que ele tinha muito a falar sobre o episódio, a morena sabia disso e o empurraria ao limite, por isso, acenou levemente e deu de ombros:
- Tá bom.
- Eu fico irritado só de lembrar. - ele coçou a testa, tenso.
De fato não queria perder tempo de sua noite de diversão reclamando sobre a pequena briguenta, mas não podia evitar ceder à necessidade de desabafar.
Deus, ele estava tão bravo! Meester pensou e engoliu uma risada maldosa, assumindo uma expressão complacente:
- Vamos esquecer tudo isso então. - abanou a mão gelada no ar, fingindo-se interessada na própria taça quase vazia.
- Sabe o que me deixa mais puto?
- Hm.
- Como ela tem a audácia de ficar brava comigo? Eu não fiz nada demais! Você estava naquela droga de carro, o Zayn também estava comigo e só eu que tenho que ouvir? - Liam bateu a garrafa de vidro contra a mesa de madeira antiga, causando um baque surdo. Um pouquinho mais de força teria causado uma bagunça lá dentro.
- É, mas você é o namorado. - ela assinalou muito sabiamente
- Você fica na sua, . - o rapaz a alertou, erguendo o dedo indicador - Eu não vou deixar de viver a minha vida só porque ela acha que não é adequado.
- Você não podia estar mais certo…
- Eu não fiz nada de errado! E se eu fiz, a culpa é sua!
- Minha? Não fui eu quem coloquei minha ex psicopata dentro do meu carro, Liam!
- Você queria que eu fizesse o quê? Te deixasse abandonada na escola?
- Verdade, não havia o que se fazer. - ela concordou com condescendência, só para provocá-lo.
- Pra começar, por que diabos você estava fazendo trabalho com aquela louca?
- Era ela ou o seu amiguinho.
- Eu pensei que vocês estavam… - Payne pigarreou, gesticulando com a mão para não ter que falar com todas as letras que ela e Zayn andavam compartilhando momentos estranhos nas festas que ocorreram na última quinzena. - se dando melhor.
- Liam, eu não vou ter essa conversa com você. Continua falando sobre a briga do século, por favor. - ergueu a sobrancelha, trazendo o problema do amigo novamente ao centro da conversa. Ela não precisa explicar para ninguém seus motivos de porque uma hora aceitou ir ao baile com Malik e então descobrir que os lábios do filho da puta eram extremamente macios e agradáveis quando não estavam falando.
- Não tem briga, eu estou com a razão. - a expressão de Liam era resignada, ele tinha muita certeza de que se continuasse afirmando, teria de fato a razão naquele momento. - E sabe qual é a pior parte? Ela nunca vai reconhecer que exagerou! Eu vou ter que levar a culpa!
- Bom, não é meio pra isso que namorados servem?
- Agora nós sabemos porque você continua sozinha…
- Posso ser honesta? Você está errado, cara. Não devia nem estar aqui, pra começo de conversa.
- Você também está.
- É diferente.
- Não é não. Você não devia estar com ela, ouvindo todos os meus defeitos e um monólogo sobre como eu sou um péssimo namorado porque fiz uma caridade?
- Ela não me ligou, além do mais eu queria ficar longe desse drama e por isso vim pra um festa, mas de qualquer maneira estou presa em um monólogo chato sobre como você é um namorado injustiçado que espera que uma menina de dezesseis anos te diga o que fazer.
- Quê?
- Nada. Eu vou procurar alguma coisa divertida para fazer.
- Você vai procurar o Zayn.
- Você é doente, Liam, pelo amor de deus.
No fim das contas os dois estavam certos, porque não foi literalmente atrás de Zayn mas também não reclamou quando encontrou o moreno no escritório do Sr. Saint, junto a um monte de adolescentes brincando de jogos estúpidos que sempre tinham o mesmo objetivo: uma livre oportunidade para pegação sem julgamentos.
Meester também não disse não quando o rapaz a instigou a participar da brincadeira com ele e não ofereceu resistência quando os tentadores lábios de Malik tocaram os seus, levando a pequena multidão aos risos quando perceberam que nenhum dos dois tinha a intenção de voltar para a brincadeira porque já estavam bem mais entretidos.
Para o desgosto eterno de e pavor absoluto de Louis, esse foi o momento que escolheram para entrar no ambiente, curiosos com a algazarra que se sobressaia ao som lá fora. A visão desagradável encheu seus olhos mais do que qualquer outra palhaçada acontecendo ali dentro.
O casal ficou no meio da porta, paralisados como se um feitiço os impedissem de mover.
- Você vai contar pro Harry? - apontou para a cena bizarra que infelizmente foi forçada a presenciar. Era horrível mas não conseguiu afastar-se para longe daquela sala ou mesmo virar o rosto. Uma anomalia era o aquela palhaçada era.
Tomlinson teve a força moral para puxá-la para em direção à biblioteca, atormentado pela aura negra que o cercava sempre que a aposta surgia em cena. De qualquer maneira estava certo de que o melhor amigo não ficaria exatamente feliz com a novidade.
- Eu não, deus me livre.
- Mas ele vai ficar sabendo de qualquer forma! - a garota pressionou. Se Styles ficaria sabendo, que pelo menos fosse por Louis e assim ela poderia assistir o desenrolar do drama.
- Não por mim. - Louis ficou desapontado ao ver que a biblioteca estava cheia, decidindo que o segundo andar do cômodo estaria mais apropriado para conversarem com privacidade. - Você sabe que eu odeio ser portador de más notícias.
- Isso significa que você nunca vai terminar comigo, Tomlinson? - arqueou as sobrancelhas, demonstrando seu interesse no tema.
Os céus tiveram piedade deles e chegaram ao andar superior da biblioteca, consideravelmente mais limpo e tranquilo já que não haviam muitos corajosos afim de arriscar suas cabeças e danificar aquele ambiente que gritava proibição. Se demorassem mais um pouco, começaria a jogar as pessoas escada abaixo. Onde já se viu ocupar as escadas?
- Não pessoalmente. Talvez eu faça uma apresentação no power point. - Tommo riu sozinho, já não achou tão engraçado, por isso ele tratou de falar sério: - Você ficou louca, ? Eu nunca vou terminar com você.
- Não? - apoiou os cotovelos na grade alta do patamar que os protegia de despencarem lá embaixo.
- Claro que não! Eu sei que eu dei sorte grande em conseguir você. - ele explicou como se fosse óbvio, tomando as mãos dela e colocando-as em volta de seu pescoço.
- Você não vale nada. - Westwick balançou a cabeça e sorriu, tocando a nuca dele com a ponta dos dedos.
- Eu sei - Louis assumiu, presunçoso, levando a mão ao rosto da menina para afastar os fios rebeldes de seu rosto lindo, admirando-a com reverência enquanto sentia seu peito ser preenchido por uma avalanche de sentimentos que mais tarde reconheceria como amor e paixão.
- Louis… - soltou o ar, arrebatada pela intensidade do olhar dele. Quando o rapaz a olhava assim, sentia-se linda, amada e querida, era intoxicante e então não havia uma célula de seu corpo que não desejasse Tomlinson. Ela estava perdidamente apaixonada pelo idiota e essa certeza a deixava hiperventilada.
- Eu vou cantar pra você. - ele avisou, mesmo que já soubesse o escândalo que aconteceria em seguida.
Os olhos negros de se esbugalharam e ela usou as duas mãos para empurrar o filho da puta para longe de si:
- Ah não. Me solta, Tomlinson! E não abra a sua boca, eu te proíbo.
- me deixa cantar pra você! - Lou implorou, fraquejando na fala porque estava fazendo força para não deixá-la se safar de sua declaração de amor: - Eu quero expressar meu amor através da música!
- O que você está pensando em cantar? - ela desistiu de lutar e cruzou os braços, decidida a negociar para evitar o pior. Se pelo menos pudesse controlar o quê ele ia cantar…
Tommo tinha uma resposta na ponta da língua:
- Abba.
- Não! - voltou a gritar e ficar surtada, ela morreria de vergonha! - Nem pensar!
- Eu vou cantar Abba pra você, . - ameaçou, inclinando-se o suficiente para beijar o rosto sardento dela, enchê-la de beijos molhados do jeitinho que sabia que iria irritá-la até a alma.
- Louis William! - Westwick usou o mesmo tom que via sua mãe usar para chamar a atenção de Buddy quando o cachorro se comportava mal. Mas Louis era muito mais teimoso do que o bom e velho Buddy, e sua reação dramática era combustível na provocação besta do outro.
- Eu só não sei se canto uma mais romântica ou mais animadinha…
- Eu prefiro que você use sua boca para outra coisa…
Tomlinson abriu a boca em um perfeito "o", escandalizado com a insinuação absurdamente sensual que sua namorada perfeita acabara de fazer.
- Você não está falando o que eu estou pensando que você está falando!
Mas estava sim falando exatamente o que ele estava pensando e sorriu astuta quando piscou para ele e deu o ultimato que encerraria a noite de festividades para os dois:
- Você sabe o que eu quero, Louis.
Apesar do casal ter saído, às pressas e derrubando quem estivesse pela frente, diga-se de passagem, a noite não se tornou menos festiva ou elétrica. Na verdade, pode-se dizer que as coisas aceleraram de uma maneira quase sem controle.
Liam adoraria poder beber a vontade mas ficou com medo de perder o controle de tal maneira que Lexi se aproveitasse da sua inconsciência para encher o saco até ele ficar com vontade de morrer. Além do mais, estava dirigindo e mais medo do que lidar com Saint, era de ficar tão bêbado que precisasse se submeter ao perigo que era no volante.
Por isso, parou de checar o telefone, esperando uma mensagem que nunca chegaria e se juntou a um jogo de poker onde apostou sua jaqueta e perdeu, mas ganhou um batom e ao perceber o problema que seria explicar a existência de um batom em seu carro, o apostou para perder mas acabou ganhando a chave de um carro e um carregador de celular.
Apostou o carregador de celular e perdeu, e na outra rodada voltou a apostar o batom novamente, terminando o ciclo com o maldito item e o celular do idiota que perdera o carregador anteriormente.
A abstenção na próxima rodada deu-lhe tempo para dar uma olhada nas redes sociais, que em geral discorria sobre o mesmo assunto, a festa na piscina na casa de Lexi Saint. Dando uma olhada nos stories de seu colega de jornal, o quieto Greg, ele percebeu que estava em maus lençóis.
O rapaz postou um pequeno vídeo e Payne não só aparecia na maldita gravação, bem como acenava para grandessíssimo desgraçado que acabava de selar a morte dele sem nem se dar conta.
seguia Greg, e provavelmente já havia descoberto, de uma forma desagradável, o paradeiro dele. E não é que ele planejasse omitir isso, mas esperava usar como ferramenta para irritá-la ainda mais quando brigassem novamente, agora, se descoberto assim, a informação era um prato cheio para que a menina o empalasse enquanto ele dormia.
Infelizmente a desgraça não parava por ali, basicamente todo o time de futebol decidira postar, em diferentes ângulos e momentos, a constrangedora realidade que era Zayn e .
- Ah meu deus. - Liam gemeu, passando a mão sobre a cara para clarear as ideias.
Às vezes ele não tinha palavras para descrever a vergonha que sentia desse novo arranjo complexo e inexplicável que estava surpreendendo a todos. Começou com um anúncio antecipado e inusitado de que iriam ao baile juntos e agora andavam se pegando pelos cantos das festas.
Ou não tão nos cantos assim, já que uma quantidade considerável de idiotas estavam recordando, achando hilário tudo aquilo como se nunca houvessem visto pessoas ficando.
Liam não podia entender o alvoroço em cima daquilo. Simplesmente não fazia sentido.
- Hora de ir pra casa… - ele murmurou, levantando-se a contra gosto e enfiando seus prêmios nos bolsos do casaco recuperado.
Quando o dono do celular pediu de volta o aparelho, ele alegou que se fosse ao contrário, o rapaz não teria devolvido também e foi desceu as escadas com um celular a mais, um batom, a chave de um carro e um par de sapatos grandes demais para seu pé mas que eram seus por direito.
Não foi difícil encontrar a dupla diabólica que estavam alocados no mesmo divã da biblioteca onde estavam nas stories de aproximadamente uma hora atrás, e não fez questão de fazer uma aproximação suave.
- , vamos embora. - avisou, esperando que ela se afastasse de Zayn, a maior distância possível, de preferência.
- Liam! - a menina sorriu, embora não houvesse alegria de fato em seus olhos azuis. - Já? Está tão cedo.
- São cinco horas da manhã, é hora de ir. - Payne a informou, ciente do olhar interessado de Zayn sobre si, mas não se deu ao trabalho de encará-lo de volta.
- Eu não quero ir agora. - Meester disse, esperando que sua relutância fizesse com que o outro sentasse e voltasse a aproveitar a noite, como ela estava fazendo tão bem.
Para seu infortúnio, Liam não estava se sentindo generoso, a bem da verdade é que ele estava sentindo falta de sua cama macia e dos cobertores quentes. Mas não ousaria sair dali antes de dar um basta por hora nos dois imbecis.
- Mas vai.
- Eu posso levá-la, cara. - Zayn falou por fim, apesar de ter afrouxado o braço ao redor dela, deixando-a livre para se movimentar.
Havia um resquício de esperança que se permanecessem ali por mais tempo, ele se livraria logo da maldita aposta. Mas o fato de ser dia não era um fator animador, ele não sabia nem se funcionaria tão cansado como estava.
- Não, obrigado. - Payne recusou bruscamente a oferta, cruzando os braços enquanto a morena procurava seu celular e reclamava:
- Tem certeza que nós temos que ir? - ela bufou, irritada.
- Absoluta. - o garoto retrucou, tão irritado quanto.
Zayn pigarreou, um pouco surpreso com o comportamento seco do melhor amigo, e ofereceu seus serviços mais uma vez:
- Eu realmente não vejo problema nenhum em levá-la, Liam.
- Você fica na sua, Zayn. - Liam o alertou, fechando qualquer espaço para uma réplica, não queria conversar, não se sentia amigável e se tivesse que falar qualquer coisa, seria sobre como os dois estavam sendo idiotas passando vergonha na internet porque tinham o bom senso de um adolescente na puberdade. - O que você está procurando, porra?
- Meu celular! - gritou, consternada.
- Você não trouxe ele, .
- Ah.
- Vamos embora.
E eles foram, deixando um Zayn embasbacado para trás.
tinha que praticamente correr para acompanhar os passos rápidos de Liam, percebeu é claro que ele estava bravo mas teve o bom senso de permanecer calada durante todo o percurso, e Payne agradeceu profundamente por isso. Porque naquele momento, se abrisse a boca, ia acabar magoando a menina por não saber filtrar o que dizer e o que omitir.
Prometera a si mesmo não terminar envolvido naquela trama e estava começando a ver o alto preço que pagaria em prol de sua própria paz.


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sempre lembrou de si como a mesma garota de postura composta, comportamento reservado e ações discretas. Lhe era natural estar em uma multidão e não se esforçar para ser notada porque o papel de observadora era infinitamente mais divertido. Além do mais, todos ressaltavam esses traços como excelentes qualidades e a usavam de exemplo ao falar da garota perfeita.
Somente quando terminou com Zayn, percebeu que fora exatamente a apatia em externar sua afeição, os malditos modos de que tanto se orgulhava, que mataram o seu relacionamento. Foi difícil lidar com a dura realidade de uma vida sem o rapaz quando se importava tanto com ele e não sabia exatamente como tê-lo de volta.
E se até a chegada de Malik em sua vida desconhecia o poder dos sentimentos, agora via-se o tempo todo sufocada por eles. Ao menos a vida não tirara a dignidade de ter feições plácidas para que não andasse por aí como uma surtada psicótica toda vez que sentisse algo.
Mas era interessante notar que de todos os sentimentos que a invadiram nas últimas semanas, e olha que foram muitos mesmo, ela não havia sentido raiva. Até aquele momento.
Estava há algumas horas na casa Styles e em plena madrugada decidiu que deveriam fazer cookies veganos, as duas estavam vestidas em pijamas iguais porém com estampas diferentes e Hilton estava ciente de que estava se divertindo verdadeiramente. Uma pena que mudou os planos no último momento mas até agora tudo ia bem.
A ideia era dar uma pausa na série e fazer os cookies para então continuar a ver a nova temporada de Dinasty que chegara recentemente na Netflix. A casa estava quieta e apesar da princesinha Styles ter dito que os pais e Harry estavam na casa, não tivera o prazer de vê-los e se conformou em pensar que o trio havia saído sem que a menina percebesse e ainda não voltaram.
Infelizmente, para a desgraça de sua noite, decidiu dar uma olhada no snapchat e ver como estava a noite dos colegas de escola que foram até à casa da abominável Alexandra Saint para festejar. Eram muitas imagens e vídeos e as primeiras representavam tudo o que se podia esperar de uma festa, mas então, do nada, sua tela começou a se inundar com imagens horríveis de Zayn beijando uma garota.
O ciúme, desabitual e violento arraigou-se por seu peito mas a curiosidade não a permitia fechar o aplicativo e seguir em frente como se nada tivesse visto. Com medo de colapsar ali, em frente da amiga que colocava os cookies pré prontos dentro de uma forma, ela pediu licença e foi até o banheiro mais próximo da cozinha.
Fechou a porta e se apoiou contra ela, respirando profundamente em busca de oxigenação suficiente para tomar uma decisão racional. Inspirou uma, duas, três vezes e nada mudara, sua ansiedade não desapareceu ou sequer suavizou. Sentou sobre vaso e fechou os olhos pedindo aos céus o que fazer e então os abriu, certa de que a resposta divina para suas preces era que fechasse o snapchat, e foi isso o que ela fez. Fechou o snapchat e abriu o instagram porque precisava saber com quem Zayn estava.
Algo naquela situação não fazia sentido, era anormal a quantidade de repetições da mesma coisa, com a grande vantagem de que pelo instagram conseguia repetir os vídeos até ter ideia mais nítida de quem era sua nêmesis. Mas nem precisou ir a fundo em sua pesquisa porque Jason Bennet, aparentemente a única pessoa com cérebro naquele lugar, fez o favor de marcar os envolvidos.
A surpresa de ver o nome de ali, sua , fê-la arregalar os olhos castanhos e precisou rever o vídeo uma vez mais, reconhecendo o cabelo negro da amiga, as mãos com jóias e as maçãs do rosto proeminentes que estavam coladas contra o rosto de seu ex namorado enquanto o casal nem ao menos se incomodava com os flashes invasivos.
Suas mãos tensionaram e sua boca amargava com a horrível e poderosa sensação que era sentir raiva de alguém. Sentia raiva de , desejava ter o poder de afastá-la de Malik e não podia suportar a traição que a apunhalou diante a recente descoberta. Como alguém que considerava uma amiga poderia sequer pensar em se aproximar de Zayn?
Antes que fosse completamente absorvida naquele pesadelo acordado, desligou o próprio telefone para que não mais ousasse olhar para o aparelho até que se passassem vinte e quatro horas e as imagens se perdessem para sempre. Levantou e foi até a pia, encarando-se no espelho.
Estranhou a estranha do outro lado do espelho, não reconhecendo as feições duras e os olhos gélidos. Sentiu vergonha de si mesma por se permitir tamanho descontrole e prometeu silenciosamente não seria consumida de tal maneira outra vez. Decidiu colocar um sorriso no rosto e descobriu o quanto lhe pesava o ato enquanto se sentia tão infeliz, mas a disposição em fazer valer a promessa feita há segundos atrás, abriu a porta e foi de encontro a , que não fazia ideia do pandemônio que se formava.


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A mesa farta do desjejum tinha sobre si muffins que pareciam deliciosos aos olhos, o aroma de mel tomava a atmosfera, seu suco favorito de maracujá estava ali e a risada melódica do Sr. Ortega fecharia o cenário de desjejum em família perfeito.
Todavia, a morena mastigava uma torrada a contragosto, tentando prestar atenção no que os pais conversavam, sorrindo educadamente e forjando uma risada quando era requisitada, mas a cada minuto encarava o celular, sem mensagem ou ligação alguma.
No dia anterior, ao chegar em casa depois da discussão com Liam, deixou o IPhone na última gaveta de seu criado mudo, pois não queria se pegar pensando no rapaz e em como o odiava. Após o banho, o jantar e um filme ao lado do pai, a garota se viu obrigada a retirar o aparelho de telefone de seu cativeiro e informar aos possíveis contatos que procuraram por ela naquele meio tempo, que não estava morta. Furiosa sim, morta não.
Não surpreendeu-se ao não encontrar uma mensagem sequer de Liam, ele com certeza estaria bravo com ela, como sempre ficava quando Lexi era restaurada das cinzas e trazida de volta para assombrá-los. Entretanto ao despertar no meio da noite, a fim de encontrar uma posição mais confortável para seu sono, novamente não conseguiu resistir a tentação de checar o celular e dentro de minutos acessou o Instagram e, então viu o storie de Greg e a pior parte foi ver o sorriso festivo de Payno ao acenar para o colega.
O garoto estava na mansão Saint e o pesadelo de não terminara ali, pois o storie de Chase, membro do time de futebol, mostrava seu primo e sua melhor amiga se beijando. A garota queria abrir os olhos para então descobrir que tudo não passou de um sonho ruim, no entanto seus olhos verdes estavam bem abertos, pois as próximas imagens que os tomaram não passaram de um looping de e Zayn aos beijos, já que metade da Eton filmara "acidentalmente" o ocorrido.
- ?! - ouviu a voz de sua mãe soar descontente e levantou o rosto do IPhone subitamente. - Preciso voltar a proibir telefones a mesa? - Amina indagou séria, encarando a filha de forma severa, enquanto Robert também fitava a menina, curioso.
- Não mamãe. - respondeu rápido, bloqueando o aparelho e tomando uma postura ereta. - Eu só estava distraída. - cortou uma fatia de queijo, esperando não tornar-se o tema do diálogo.
- Está tudo bem, ? - Sr. Ortega perguntou, passando uma mão pela barba por fazer.
- Ahan. - a filha nem ao menos o encarou, colocando a primeira coisa que encontrou a sua frente na boca, a fim de evitar a conversa, só depois percebeu que era uma fatia de kiwi. Ela odiava kiwi.
- Então está tudo bem. - o homem reafirmou, mirando a esposa com um sorriso seguro nos lábios, tentando convencê-la a não pressionar a mais nova a dizer o que não estava pronta para assumir.
Contudo, Robert não era um homem ingênuo, muito menos burro e, sabia que algo de errado acontecia. Afinal a menina de seus olhos, sua filha única e princesa de sua vida havia passado sua noite de sexta feira sentada ao seu lado no sofá assistindo Jumanji. Se tudo estivesse bem, como ela afirmava, sabia que a garota estaria na casa de um dos amigos, fazendo bom uso de usa identidade falsa e de seus poucos anos de experiência, ou sua própria casa estaria cheia de adolescentes barulhentos que sempre iam embora sem limpar a bagunça.
Rob tinha conhecimento que era muito interessante, afinal nem Amina Malik havia resistido a seus encantos, porém sempre parecia preferir passar seu tempo com , Zayn, Liam ou qualquer um de seus amigos, que ele não recordava o nome já que todos eram diferentemente iguais. E ao ter o pensamento direcionado ao jovem Payne, o mais velho encontrou o que afligia seu pequeno raio de sol, já que não tivera nem sinal do rapaz nas últimas trinta e seis horas e aquilo era um real recorde já que a cada canto que olhava Liam sempre estava lá ou então não estava, e ele ficava sabendo que a menina tinha ido até a casa do namorado.
Após a refeição, Sr. Ortega obrigou, educadamente, sua filha a acompanhá-lo a uma feira de artesanato que a menina nem ao menos sabia que o pai tinha interesse. Quem não conhecia o olhar ameaçador do mais velho, insinuando que contaria a Amina que havia algo de errado, até mesmo acharia a ocasião bonita; uma adolescente de dezesseis anos, seguindo o pai a um evento simplório e desinteressante.
Durante o percurso ele não questionou a razão do desânimo da morena e, eles conseguiram conversar por um longo tempo sobre trivialidades que chegavam a cabeça criativa da garota. É claro que o homem gostaria de perguntar o que acontecia, mas temia afugentá-la, como Amina fazia vez ou outra.
Os Malik eram rígidos em sua educação e Amina estava acostumada com a mãe chamando-lhe a atenção todo o tempo, o que suscitou em uma filha que preferia esconder seus problemas a apresentá-los a matriarca da família. Temendo que a história se repetisse com , Sra. Ortega tentava mostrar-se aberta e receptiva a única filha, o problema, era que mesmo que a menina sentia-se impelida a abrir-se com a mãe, a mais velha, não satisfeita, lhe perguntava o tempo todo se tudo estava bem, como estava seu relacionamento, os amigos, a escola, as aulas de dança, de violino, atividades extracurriculares, sempre afirmando que achava que parecia cabisbaixa, o que era apenas sua opinião, contudo ninguém conseguia convencê-la disso.
Consequentemente Robert conseguia facilmente chantagear a filha com a simples ameaça "Vou dizer a sua mãe que você parece triste" e a menina logo estava lavando seus carros e encerando seus sapatos se fosse preciso. Tudo para evitar os olhos negros, imensos e preocupados de Sra. Ortega sobre si.
Ao fim do passeio, que demonstrou não ter nenhuma finalidade, a morena parecia mais leve e sorridente e o pai preferiu não interferir em sua vida, estando apenas satisfeito de que havia conseguido mudar seus pensamentos a menos por uma hora. Chegando na mansão Ortega, a governanta logo os informou que a Srt. Meester aguardava pela amiga em seu quarto e enquanto marchava escada a cima, seu pai pensava que a companhia de faria bem a filha.
- Você chegou! - abriu um sorriso, esparramada na cama de . - Finalmente hein, estou esperando há eras. - bloqueou o celular, rolando pelo colchão não se importando em bagunçar toda a ornamentação desnecessária - Como a melhor amiga que sou vim o mais rápido que pude para ouvir você falar mal do seu namorado insensível que é um babaca. - riu cúmplice, mirando a mais nova.
- Claro que você não pode vir antes de curar sua ressaca, certo?! - perguntou rancorosa, caminhando até o closet a fim de guardar seus tênis.
- Você não me ligou, pensei que queria ficar sozinha. - explicou, sentando-se ao perceber que o tom da amiga não era amistoso. - Na verdade, só fiquei sabendo da discussão porque o Liam me falou.
- Ah claro, quando vocês se encontraram na casa da pessoa que faz a minha vida um inferno! - Ortega sustentava um sorrisinho debochado e a outra garota abaixou a cabeça para rolar os olhos sem ser notada, já que odiava quando a ela falava daquela forma.
- ... - suspirou, farta do assunto que nem ao menos havia começado, mas que tinha a impressão que duraria mais do que gostaria - Foi só uma festa. - imaginou que Payno logo daria a mesma a desculpa e sentiu-se tentada a rir, porém temia que a não ameaçadora Ortega a sufocasse com um travesseiro.
- Foi bem mais do que só uma festa, ! - voltou nervosa ao quarto.
Meester respirou fundo, preparando-se para o assunto que definitivamente não queria tratar naquele momento e nem nunca! Colocou-se de pé e virou-se para a outra menina, guardando as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans.
- Então você viu? - referia-se ao maldito vídeo que circulava pelas redes sociais.
- Se eu vi?! - apontou para o próprio peito, com um riso irônico - Por mais que eu não quisesse presenciar aquela aberração foi impossível já que toda a maldita escola postou a mesma porcaria.
- , para de surtar, okay?! - calmamente acenou para ela, juntando as sobrancelhas achando todo aquele drama desnecessário.
- Eu ainda nem comecei a surtar, .
- Foi só um beijo, pelo amor de deus.
- Eu não estou brava pelo beijo. Estou brava porque não é primeira vez que acontece e você nunca me falou nada! Esperou ser flagrada para me contar o que você e o Zayn andavam fazendo nas últimas duas semanas! - pode ver os olhos azuis de crescendo ao ouvi-la frisar quando seu pecado começara. - Sim, ele me contou e me falou que você falou para o Liam e para mim não. - não tentou filtrar a mágoa de seu tom de voz, sentia-se traída pela amiga e por seu próprio ser por desejar que lhe confidenciasse o que não queria.
- É claro que não! Por que eu te contaria?! - a voz de Meester saiu como um sussurro - Para você ficar me julgando e me encarando com pena?
A infelicidade da melhor amiga era tudo o que queria evitar e ao pressioná-la a ser sincera sobre seus sentimentos não percebeu que espelhara os gestos tão odiados de Amina. Não sabia se ficava mais apavorada por afugentar , a única pessoa que sempre queria por perto, ou, por ser exatamente como a mãe logo no que a mais a incomodava.
- Eu nunca te julgaria. - o desgosto em sua expressão por saber que havia agido errado com a mais velha, que agora não confiava mais nela, era tudo o que conseguia encarar. - É só que você não está bem! E essa merda que você e o Zayn estão fazendo só prova o quão doente vocês são e o quão miserável você está por dentro.
- Eu já disse que estou bem! E eu não quero e nem preciso da sua pena, ! - aumentou o tom de voz farta da forma irritante que Ortega a fitava - Mas você insiste em continuar com as suas teorias, dizendo que eu sinto falta do Harry.
- Então me explica, por quê você está fazendo isso? - deu um passo à frente ao notar que a outra menina desviava o olhar - Me fala! - falou mais alto que o necessário.
- Porque eu quero! Porque ninguém se importa. Porque não faz diferença alguma. - exasperou-se
- Ninguém se importa?! - o sorrisinho debochado voltava aos lábios de - Eu tenho certeza que o Harry se importa, a também e, até mesmo você e o Zayn. Eu não consigo entender porque vocês estão fazendo isso!
- Eu tenho certeza que o Harry e a estão muito ocupados um com o outro. - disse sugestiva, sentindo o peso de cada palavra, afinal ao exprimi-las tudo se tornava real.
- Mas que merda você está falando?! - Ortega cerrou os olhos, totalmente confusa. - Eles não estão juntos! E é claro que você só está falando isso para tornar o que você e o Zayn estão fazendo menos ruim.
- Isso não é da sua conta! - cruzou os braços irritada - Eu nem vi aqui para isso, vim para falar sobre você e o cuzão do Liam. - resmungou, realmente disposta a desconsiderar a pequena cena que a caçula havia feito, e seguir a tarde alegremente ao lado da babaca que a dizia idiotices.
- Você quer falar sobre o Liam, tudo bem, vamos falar sobre o Liam - percebeu tarde demais que havia entrado numa rodovia em volta e que provavelmente ela e se matariam na viagem - Me explica por quê diabos você achou que estava tudo bem colocar a Lexi dentro do carro dele?
- , eu estava com cólica, o Alfred levaria um tempo para chegar na escola e o Liam me deu uma carona. Foi só isso! Eu estava presa à Saint devido um trabalho! - conseguiu responder mais calma do que imaginou que seria capaz e orgulhou-se por seu autocontrole.
- Não, não foi só isso, porque nunca é "só isso" quando aquela garota está envolvida.
- Sabe qual é o seu problema - foda-se o autocontrole - , você está tão ocupada em viver seu conto de fadas, sua vida perfeita ao lado do Liam, que quando uma coisa, uma mínima coisa - frisou. Irada com o quanto a melhor amiga estava sendo irracional - , sai do roteiro você fica desse jeito! Histérica e egocêntrica, colocando apenas os seus interesses acima de todas as outras pessoas!
- Se você não estivesse tão ocupada tentando provar para todo mundo que está tão bem e, falhando miseravelmente, talvez o Harry ainda estaria com você e todas essas merdas não estariam acontecendo! - gritou, com as mãos fechadas em punho, sem ao menos recordar-se porque afinal discutiam.
Estavam tentando se ajudar ou apenas ofendendo-se gratuitamente?
- Você está dizendo que eu sou a culpada? Eu sou a culpada por tudo isso?! - baixou o tom de voz com seus olhos azuis, sempre sapecas e traiçoeiros, não transpassando emoções, frios e intransponíveis como um grandioso iceberg. - , eu realmente espero que o Liam e você nunca terminem, porque além de eu achar que vocês nasceram um para o outro, eu não desejo que você passe por essa experiência. Nunca! Porque é assim que você atinge o fundo do poço... e descobre que não é nem o começo. - pegou o celular e a bolsa sobre a cama da amiga e deixou-a sozinha em seu quarto.
Desceu as escadas correndo, já tentando discar o número de Alfred, com as mãos trêmulas pelo episódio de grande estresse que havia passado. Não esperou por algum funcionário da casa abrir a porta para que ela saísse. Sentia lágrimas de raiva, mágoa e tristeza se formando em seus olhos. Chorava pelo ódio que sentia de todos que a encaravam com piedade, chorava pela raiva e pela saudade que sentia de Harry, chorava pela fúria que tinha por ser agora a pessoa que Styles chamava de meu bem, chorava pela ira que tinha de si mesma por aventurar-se nos lábios de Zayn, chorava pela tristeza de ouvir palavras tão ásperas saindo da boca de .
Já perdera a paixão de sua vida e agora perdia a melhor amiga.

Mais tarde naquele mesmo dia, Ortega recebia outra visita.
Usava seu notebook em sua mesa de estudo quando ouviu duas batidinhas leves na porta de seu quarto e permitiu a entrada do visitante, imaginando que fosse sua mãe a fim de convidá-la para auxiliá-la no cultivo de suas flores no jardim, no entanto, não ficou surpresa ao ver Liam entrando no cômodo.
- Oi. - o garoto sorriu sem humor, fechando a porta atrás de si, caminhando a passos cautelosos até ela.
- Oi. - respondeu, ainda sentada, apoiando os braços na madeira da mesa.
O rapaz a mirou por breve segundos percebendo que ela não exerceria esforço algum para cumprimentá-lo, portanto dirigiu-se até ela, erguendo o queixo da menina para depositar um beijo em sua testa e outro em seus lábios, não recebendo resposta.
- Tá fazendo o quê? - indagou encarando a tela do computador.
- Nada importante. - deu de ombros, vendo-o apoiar-se em sua mesa - Ta fazendo o que aqui?
- Tentando descobrir se você ainda me odeia e nunca mais vai querer me ver. - respondeu cruzando os braços recordando-se das palavras dramáticas que a namorada usou para se despedir no dia anterior.
- Bem, você está aqui, não é? Acho que o nunca não se aplica mais.
O moreno bufou passando as mãos pelo rosto e afastou-se dela, caminhando de um canto para o outro do recinto.
- , você precisa parar com isso. - falou sério, observando-a recostar as costas na cadeira - Você não pode deixar a Lexi controlar o nosso relacionamento dessa maneira!
- Liam, para você é muito fácil falar. - acusou com desdém.
- Não, não é! - negou, marchando até onde Ortega estava sentada, girando sua cadeira a fim de que ela pudesse ficar de frente para ele. Payne ajoelhou-se e tomou as mãos dela nas suas - Porque pode não ser eu quem está sendo consumido pelo ciúme, mas me mata saber que você fica desse jeito e a culpa é minha. - beijou a palma da mão de , colocando-a no próprio rosto já que sentia falta de seu toque. - Eu te amo, . E eu acho que nunca vou amar alguém como amo você. Quando nós conseguimos escapar dos nossos pais e dormir juntos, eu sei que a manhã seguinte será perfeita, porque você será a primeira coisa que eu verei quando abrir os olhos. - sorriso travesso, vendo-a espelhar seu gesto, envergonhada - Quando você está no carro, sentada do meu lado, não importa para onde estamos indo, eu sei que será incrível porque você estará comigo. Quando eu estou estressado você consegue me acalmar só com um sorriso. Eu faço qualquer coisa por você, você só precisa pedir que eu faço. Você sabe disso, não sabe? - a fitava nos olhos e a menina concordou com um aceno de cabeça - Então eu preciso que você faça uma coisa por mim. Eu preciso que você esqueça a Lexi e não se deixe levar pelas bobagens dela, porque… porque se não eu vou perder você, , e a culpa não será da Lexi e, sim nossa.
A garota desvencilhou-se das mãos do namorado, apreensiva, irritada e muito constrangida por saber que era a segunda pessoa, naquele dia, que dizia que ela estava errada. Pode ver Liam levantar-se impaciente, colocando-se de costas para ela.
- Me desculpa. - Payne pode ouvir a voz mansa de atrás de si e ao virar-se fitou as lágrimas da mais nova.
O menino aproximou-se da morena, puxando-a para si e a abraçando o mais forte que pode. O rosto dela estava afundado em seu peito e ele a escutou murmurar algo que se perdeu entre o algodão de sua camiseta.
- O que disse?
- A veio aqui hoje. - Orteguinha afastou-se limpando as lágrimas com as costas da mão - Eu falei coisas horríveis para ela e agora ela me odeia, Liam. - falava entre o choro, sem atentar-se para a expressão confusa do garoto que a encarava sem entender o que acontecia - Ela nunca mais vai querer falar comigo, porque eu sou uma pessoa terrível!
- Calma. - pediu, acariciando os longos fios de cabelos negros, guiando-a até a cama e sentando-a ao seu lado. - Agora me fala o que aconteceu. - viu-a inspirar muito ar para conseguir controlar-se e então, com os lábios trêmulos, contar a ele, em detalhes a discussão que havia se seguido naquele mesmo quarto horas antes.
O rapaz a ouviu atentamente e foi impossível não sentir pena da melhor amiga que provavelmente estava na mesma situação de ; arrependida, triste e chorando. Com a única diferença de que passava por tudo aquilo sozinha, enquanto a caçula tinha ele para confortá-la.
- Vai ficar tudo bem. - Payne prometeu, abraçando-a novamente, embalando-a em seus braços tentando não permitir que as preocupações dela a perturbassem mais. - Vai ficar tudo bem. - repetiu, esforçando-se para confiar nas próprias palavras.
Afinal nem mesmo Liam acreditava que tudo ficaria bem.


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A palavra aborrecimento pode ser utilizada como sinônimo de tédio, desgosto e contrariedade, mas também pode ser usada ao se referir ao sentimento de raiva, aversão e ódio. Harry sempre evitava tais julgamentos, preferia ignorar sentimentos ruins e sustentar um sorriso no rosto até a situação desconfortável acabar e ele poder seguir em frente sem precisar confrontar as circunstâncias evitando maiores danos. Todavia a maldita cena que invadira o seu celular de todos os ângulos possíveis, proveniente da maior parte dos perfis de alunos da Eton, não deixava sua mente e assombrava seu subconsciente, pois na noite em que viu o vídeo de um dos seus melhores amigos beijando a garota que possuía todo seu afeto, teve um pesadelo.
No sonho, a atmosfera ao seu redor era densa e enevoada. Não sabia onde estava e aquilo o deixava aflito, conseguia ouvir o ar entrando e saindo de seus pulmões numa melodia que o aflingia ainda mais. O cômodo ao seu redor rodava diante de seus olhos, fazendo-o sentir náuseas e forçando-o a tentar reconhecer onde estava, ao passar do tempo o quarto girava cada vez mais rápido e mais rápido até que de repente tudo congelou. E Harry a viu deitada em sua cama. Toda a angústia que sentia se dissipou, sua respiração normalizou e cada centímetro de seu corpo formigava.
tinha o corpo coberto apenas por lençóis vermelhos, a morena dormia como um anjo e Styles podia sentir o coração pesado e acelerado. Não conseguia acreditar que ela estava ali e deus como estava linda! Os cabelos negros esparramados pelo travesseiro, alguns fios sobre o rosto, os lábios rosados e carnudos entreabertos e tão beijáveis, a respiração serena e compassada.
Harry tentou se mover, aproximar-se, abraça-la, beija-la, mas seus músculos não o obedeciam, tentou chamá-la, pedir socorro, gritar seu nome, mas sua voz não saia. Até que abriu os olhos e sorriu em sua direção.
- Por que não vem deitar comigo? - a menina o chamou, estendendo os braços em sua direção e de repente Harry estava embaixo dos lençóis com ela, protegido pelo seu abraço, aquecido pelo seu corpo e embalado pela sua paixão. - Eu senti sua falta - a ouviu dizer e tentou virar o rosto para encará-la, mas novamente não se movia - Por que você me deixou? - apesar de não conseguir mirá-la ou responder seus anseios sabia que ela chorava e foi tomado mais uma vez pelas náuseas.
E então gargalhou. E Harry não sabia se ficava aliviado ou mais apavorado.
Sentiu os dedos dela percorrerem seu peito, pescoço, maxilar, chegando a seus cabelos, onde fez um carinho aconchegante e Styles quase se esqueceu da agonia de não poder controlar o próprio corpo. Meester apoiou o queixo sobre o peito do rapaz e sorriu mais uma vez.
- Vai ficar tudo bem. - sua voz soava como o canto de uma criatura mítica - Agora vai ficar tudo bem... - o sorriso de se ampliou e seus olhos ardiam em paixão - Zayn.
O quarto voltou a girar, as náuseas ficaram piores, Harry tentava gritar, levantar-se correr, mas a única coisa que via diante de si era a imagem de e Zayn se beijando na festa de Saint.
Até conseguir acordar.
No ímpeto sentou-se sobre o colchão, os lençóis e a coberta bagunçadas sobre a cama devido o fato de se debater durante o pesadelo que não o deixava em paz. Apenas para torturar-se pegou o celular, que descansava sobre o criado mudo e assistiu ao maldito vídeo mais uma vez, sempre tendo a esperança de que as imagens mudariam da vez seguinte que se sujeitasse aquela merda.
Saltou da cama, pegou a primeira roupa que viu pela frente, a carteira e deixou o quarto, desceu os degraus da escada tentando não fazer barulho e se dirigiu até a garagem, querendo passar na cozinha para beber água antes de sair da mansão, no entanto ao se aproximar pode ouvir a voz da irmã e de conversando no cômodo e desviou a rota.
Dirigiu sem rumo pelas ruas de Londres, com um baseado entre os dedos, os pensamentos em chamas e nem ao menos percebeu que o rádio passou a viagem toda desligado. Precisava se controlar para não tomar o rumo da casa de Lexi Saint socar o sorriso cínico de Malik até desaparecer de seu rosto e gritar com para que ela parasse de ser estúpida.
É claro que sentia a responsabilidade de toda aquela merda cair sobre si, afinal havia sido Harry quem sugeriu que Zayn se envolvesse com devido aquela maldita aposta, havia sido Harry que se envolvera com após poucos meses do ínicio da maldita aposta e finalmente, havia sido Harry que terminara com obrigado pela maldita aposta. Entretanto, mesmo sabendo que a culpa era toda sua era impossível matar o desejo dentro de si de jogar Malik contra uma parede e bater no "grande amigo" até a sua raiva ser saciada, gritar com Meester até a garota compreender o quão burra estava sendo e por fim bater em Bennet também.
Socou o volante um vez. Mais uma vez. Mais uma. E apenas parou quando os nós dos dedos começaram a doer, mas ainda não era o bastante e se perguntava se um dia conseguiria seguir em frente e deixar tudo aquilo para trás.
Voltou para casa apenas quando percebeu que o relógio já marcava seis horas da manhã, não queria deixar o pai e Kate preocupados. Portanto voltou em silêncio para seu quarto e não saiu de lá durante todo o fim de semana. Des tentou conversar, Katherine tentou suborná-lo com biscoitos recém tirados do forno, tentou fazê-lo companhia e o menino expulsou todos.
No sábado queria matar alguém, no domingo seu humor estava pior e na segundo ainda não havia melhorado.
Não trocou uma palavra com a irmã durante todo o percurso até a escola, ao sair da Land Rover, bateu a porta com força e nem notou que assustou Princesinha Styles com o alto estrondo. Ignorava os olhares de todos sobre si, os gracejos, as risadinhas e comentários sobre como seu amigo havia enfiado a língua na garganta da garota que apenas há dois meses estava com ele! Caminhava pelo corredor com o maxilar trincado, apertando a alça da mochila sobre seu ombro e as pessoas abriam caminho para ele passar, provavelmente pelo fato de seu mal humor ser detectado há quilômetros.
Não mirava ninguém, não via nada à sua frente, até que o viu. E o ódio que já corrompia Harry inflamou sua veias, chegando até seu coração que explodia em desejo de vingança. Assim que os olhos pousaram em Zayn, que caminhava em sua direção sustentando um sorriso astuto e uma expressão perspicaz mantendo o queixo elevado, Styles não desviou os olhos dos dele e os rapazes se encararam até se cruzarem.
Harry tinha certeza que daria um soco em Malik. Zayn se controlou para não virar e socar a nuca daquele maldito hipócrita. Contudo cada um seguiu seu caminho e o desastre já estava instalado


ooo


A última semana do mês foi corrida, pelo menos para os formandos que estavam fazendo as provas com um mês de antecedência para dedicarem o mês seguinte aos preparativos da cerimônia de formatura que contavam com uma vasta lista de atividades a serem cumpridas, logo um comitê foi formado com um pequeno grupo de alunos que estaria acompanhando a empresa que organizaria o baile. Desde o hotel onde aconteceria até mesmo a refeição servida passaria pela a aprovação desse comitê.
E quem não se dignou a participar da organização, ainda teriam os ensaios maçantes sob a constante apreensão por causa das universidades que mantinham-se em silêncio. Quer dizer, os alunos mais brilhantes já exibiam sorrisos vitoriosos por aí com suas admissões garantidas e o convite para se instalar no campus durante o verão, mas essa classe de sortudos não ultrapassava uma dezena então o restante dos formandos apenas decidiram ignorá-los.
Ainda sim, com toda essa correria, havia encontrado tempo para encher o saco de , que estava feliz da vida no prédio do teatro, esperando Niall para que fossem na lanchonete pegar alguma coisa e com um pouco de sorte iriam para o carro porque ela estava morrendo de saudades de seu irlandês ocupado.
Seus planos felizes foram por água abaixo quando a morena se aproximou dela com um sorriso estranhamente simpático, aquela era uma expressão que não era comum em sua face portanto deixava qualquer um desconfortável.
O assunto da visita era William Patel. gostaria de uma reaproximação, mas a loirinha não sentia-se impelida a ajudar a amiga em tal intento.
- , deixa de ser ruim. Eu achei que nós éramos amigas… - apelou ao perceber a resistência da outra.
Deus sabe como ela se arrependia até o último fio de cabelo da noite em que deixou Will escapar de suas mãos e ao invés de ir atrás dele, ficou com Harry. E era isso que ela repetia a si mesma o tempo todo, porque temia que se desse oportunidade, reconheceria que estava longe de sentir arrependimento por ter se apaixonado pelo garoto de cachos.
- É claro que nós somos! Mas como eu posso te ajudar sabendo que suas atitudes magoam meu irmão? - pareceu genuinamente ofendida com a suposição de Meester, no entanto prosseguiu com sua decisão.
As duas começaram a caminhar para fora do prédio, embora nenhuma apresentasse pressa já que não tinham destino fixo. ainda estaria ocupada com o comitê após as aulas e talvez, com sorte, conseguiria ir para casa antes da meia noite. tinha muitas mais aulas do que gostaria de lembrar, aquela vida era uma tortura.
- Esquece que um dia eu andei com o Styles e liga pro William Patel. Eu tenho certeza que você tem o contato dele. - Meester abanou a mão levianamente.
- Ah, eu tenho mesmo. - a loirinha sorriu convencida. - E por mais que eu ache que vocês seriam um lindo casal, eu não posso fazer nada que prejudique a felicidade do Harry.
- E por que diabos aquele imbecil ficaria feliz com a minha infelicidade?
- Olha, , eu te adoro, afinal de contas nós fomos cunhadas por um longo tempo, mesmo que eu não soubesse de fato, já sentia no meu coração.
- Para de enrolar e fala logo. - a cortou.
jogou o longo cabelo para trás e se preparou para discursar grandemente:
- O meu ponto é que eu sei que você e o meu irmão foram feitos pra estar juntos e por algum motivo não estão…
- Porque ele cansou de brincar comigo. - a morena murmurou em tom de piada, embora as palavras soassem amargas em seu paladar.
- Isso é uma coisa horrível de se dizer, . - franziu o cenho, incomodada. - Eu acho que é mais fácil dizer que você está estragando tudo ficando com o Zayn. Afinal de contas, você não o odiava?
pareceu pensar sobre o assunto, intrigada com a falta de sutileza proposital da loira, normalmente caia no engano de achar que estava sendo sutil enquanto não poderia ser mais direta, mas dessa vez ela nem se deu ao trabalho, apenas lançou a questão.
- Eu nunca odiei o Malik, só acho que ele é imprestável, folgado, um desperdício de vida. - respondeu por fim.
- E por que vocês estão fazendo isso? Eu tenho pesadelos a noite desde que vi vocês juntos! - confessou. Ela sentiu arrepios ruins, literalmente.
- Ele beija bem! - foi tudo o que conseguiu levantar em defesa de si mesma.
Aparentemente uma garota solteira e desimpedida não podia ficar com outras pessoas solteiras sem uma prévia justificativa por escrito aos amigos que tinham a necessidade de estar a par de cada passo seu.
- O que você acha que a acha disso? - princesinha Styles continuou o ataque.
Se a morena se abalou com a pergunta, não demonstrou. Apenas encarou a amiga séria e respondeu honestamente:
- Pra mim ela parece bem ocupada com o seu irmão, tão ocupada que não consegue notar nada além dos lindos olhos verdes dele.
nada disse, prensou os lábios enquanto pensava no que responderia a aquilo. Chegaram num ponto crítico da conversa porque ela não sabia o que acontecia entre Harry e , e apesar de nunca surpreendê-los em situações comprometedoras, não colocaria a mão no fogo pela a integridade moral dos dois.
- Agora você ficou sem argumento, ? - Meester sorriu com sagacidade, cruzando os braços enquanto esperavam o fluxo diminuir para que então pudesse atravessar até o outro prédio. - Então eles realmente estão juntos?
- Não! Nada a ver… Não mesmo. Quer dizer… Eu não sei! Eu não sei! - a loirinha piscou nervosamente, sentindo-se confusa. Aquilo estava se tornando uma bagunça incontrolável!
- Eles estão só sendo discretos sobre isso. - continuou a especulação, chutando uma tampinha de garrafa. - O que faz total sentido, já que são dois hipócritas.
- , chega! Eu nunca vi nada comprometedor entre eles, pode ser que sejam só dois amigos, nada mais. - a menina ergueu a voz, desesperada.
Embora adorasse fofocar, não queria ser a responsável por quebrar ainda mais o coração da amiga. Havia adotado uma postura inconsciente de pena dela desde que pressionou tanto Harry que descobriu que ele é quem dera um fim no relacionamento.
- Ah, por favor, nem você acredita nisso, .
- Acreditar em quê? - Niall aproximou-se da dupla, abraçando por trás com apenas um braço, já que estava com a outra mão ocupada segurando um sanduíche.
Princesinha Styles suspirou, estava prestes a relatar toda a conversa com Meester e repetir seu apelo de que a amiga fosse conversar com Harry porque eles obviamente tinham diferenças a serem acertadas, além de pedir desculpas para porque amigas não ficam com ex de amigas, mas Horan estava empolgado com o que tinha a dizer e não deu tempo para a namorada se explicar.
- Vocês viram a coluna que a fez para o jornal de hoje?
- Mas hoje não é dia de jornal. - franziu o cenho, calculando rapidamente em que dia da semana estavam. Se fosse sexta-feira, ela estaria com sérios problemas na Academia Real.
- Exatamente. É uma coluna extraordinária. Sobre o Louis. E sobre impotência sexual. - Niall lançou as informações em curtas pausas, deliciando-se com as expressões surpresas das duas.
Antes que qualquer uma delas pudesse expressar suas opiniões sobre a chocante notícia, foram interrompidas pela chegada abrupta de Louis, que estava descabelado, com o uniforme de qualquer jeito e a gravata folgada, seus olhos exalavam pânico e ficou muito óbvio que ele já sabia o que havia feito.
- Cadê a sua amiga, ? - ele ofegava, perturbado e pálido como se tivesse visto uma assombração.
- Eu não sei. No jornal, talvez?
- Eu vou matar a . Eu vou matar aquela demônia! - Louis falou entredentes e abandonou o trio, rumo ao jornal.
- O que aconteceu? - Styles, a senhora curiosidade, estava perdendo a paciência com o mistério.
- Não sei, mas se ele vai realmente prestar esse serviço ao país, eu vou atrás. - avisou e começou a correr.
Niall e foram atrás também.
Louis bufava como um touro enfurecido, pelos corredores, os alunos já o encaravam com interesse e curiosidade, aumentando suas suspeitas de que não era o único ciente da maldita coluna que sua namorada infernal publicara cedo daquele dia.
Todo mundo falou que não era uma boa ideia e Louis jogarem videogame juntos. Todo mundo. Até mesmo Mark, que flagrou o filho e a nora aos berros por causa de um jogo, alertou o rapaz que parasse de incentivar a competitividade entre os dois.
É claro que Louis ignorou cada conselho e sugestão. E agora ia pagar caro por isso.
Bom, já estava pagando caro e não necessariamente só porque jogou com . Ele jogou, trapaceou e foi descoberto. Seu grande erro foi a inocência de se gabar para Harry, que contou para Liam, que contou para , que contou para que contou para todo mundo.
O casal estava na cozinha na noite anterior, pegando pratos para colocar o jantar que acabara de ser entregue, quando Harry, o melhor amigo do mundo, criou um grupo com os três, jogou a bomba e saiu do grupo. Foi tempo o suficiente para arremessar um prato nele. Um prato!
Graças a deus ele estava longe o suficiente para ser atingido. Porém não o bastante para escapar da ira dela, se bem que nenhum lugar do continente seria seguro para se esconder de uma garota passada para trás.
Ele tentou argumentar e se explicar mas desistiu quando foi surpreendido com camarõezinhos do seu pad thai voando pela cozinha, o que o fez sair correndo, de pés descalços, pela casa até seu carro, enquanto vinha atrás, vermelha de raiva.
Em casa, Tomlinson choramingou antes de adormecer, imaginando o que teria de fazer para conseguir o perdão pela trapaça, acreditando que se havia um deus no céu, não permaneceria brava por muito tempo.
Só que uma nova manhã chegou e com ela veio o início da ruína de Louis.
Os alunos que estavam na redação, trabalhando ou enrolando para matar tempo, pularam da cadeira quando a porta foi arrombada e Tomlinson passou por ela muito puto, Liam apenas girou em sua cadeira e encarou o amigo com pena, embora houvesse uma pitada de humor cintilando em seus olhos. Acabara de fazer um teste de física e devia estar na biblioteca revisando a matéria para a prova de literatura, mas era mais divertido girar na cadeira com em seu colo.
- Louis! - Payne o cumprimentou com bom humor, característica não natural do rapaz, que indicava claramente que ele sabia da maldita coluna.
- Cala a boca, Liam. Cadê a Westwick? - apareceu atrás de Tommo, seguida por e Niall, ambos muito ofegantes e descabelados, com os blazers caindo pelos ombros, as bolsas arrastadas pelo corredor e os cadarços dos sapatos folgados.
- Na sala dela, ué. - Liam respondeu sabiamente, achando graça da euforia da morena que raramente se dava ao trabalho de se externar suas emoções.
e se limitaram a observar o tumulto que se formava ali, embora não muito interessadas na briga em si, porém curiosas para ver como Louis lidaria com , afinal de contas nenhuma das duas o vira tão fora de si como naquele momento.
, dentro de sua sala, ouvia a gritaria lá fora e sentia seu peito saltitar de emoção e ansiedade. A sua vingança estava prestes a ser completa da forma mais vitoriosa que um bom competidor poderia desejar, teria a oportunidade de ver seu inimigo (que também era seu amorzinho quando não estavam disputando por aí) perder a compostura bem diante de seus olhos.
- Você tem certeza que preciso ficar aqui? Eu não acho que o Tommo vá te atacar… - Zayn pigarreou, sentindo a atmosfera pesar a medida que os passos furiosos de Louis se aproximavam cada vez mais deles.
- Claro que sim. Eu preciso de você aqui na minha frente, me inspirando com a sua beleza. - respondeu rapidamente, achando aquele discursinho do moreno a maior besteira.
Ele tinha noção do quão inspirador era tirar os olhos da tela do computador e dar de cara com Zayn Malik jogado em seu sofá de visitas, totalmente relaxado enquanto estudava para uma prova mais tarde, o cabelo perfeitamente bagunçado e um sorriso preguiçoso que dava toda vez que percebia que estava sendo observado?
- Tudo bem. - ele deu de ombros, facilmente convencido.
Nesse momento a porta foi arregaçada e Louis passou por ela, dando de cara com sua cruel algoz:
- Westwick! Sua covarde! - apontou para a ruiva, espumando de indignação.
não se abalou, muito pelo contrário, girou majestosamente em sua cadeira e ofereceu seu melhor sorriso ao namorado derrotado.
- Louis! Como você está, honey? Seu cabelo está um pouco bagunçado… Não só o seu cabelo, na verdade. - ela o cumprimentou com a voz tão macia que poderia ser a própria que a ensinara a arte do bom humor na noite passada, enquanto ela planejava a vingança por causa da derrota boba.
- Impotência sexual, ? Impotência sexual? - rodeou a mesa até que estivessem no mesmo plano paralelo. Lembrar daquela crônica idiota, infantil e infelizmente muito bem escrita faziam com que de fato ele se sentisse impotente cada vez que relia as palavras cruéis.
- Você leu minha coluna? - arregalou os olhos negros - O que achou? Eu passei a noite toda escrevendo ela, de repente me pareceu urgente tratar de um tema tão recorrente na sociedade.
A constatação de que tudo aquilo era por vingança, deixava o pobre Louis em um estado de desespero e medo de que nunca mais fosse um homem na totalidade de suas funções. Porque a escola toda sabia e não era impossível que o boato chegasse a Oxford e arruinasse sua vida para sempre.
Ele nem sabia se impotência sexual existia de fato, já que um jovem no auge de seus hormônios dificilmente compreenderia o conceito, mas algo, no fundo de sua mente, lhe garantia que não só existia bem como seria fácil fazer as pessoas acreditarem na sua namorada demoníaca.
- Por que você falou pra escola inteira que o meu pau não sobe, porra? - ele choramingou, batendo a mão na testa teatralmente. Talvez pudesse dar uma pancada forte o suficiente para esquecer do péssimo episódio, mas aí teria que rolar um espancamento coletivo pra todo mundo deixar para trás.
Louis estava simplesmente arruinado!
- Seu pau? - Westwick piscou, fingindo indignação - Mas Louis, eu nem falei sobre você! Você não leu o que eu escrevi?
- , você não me testa. - Tommo a alertou, interrompido pela risada macia de Zayn, que até então permanecia como uma parte da decoração do ambiente. - Tá rindo do que, palhaço?
- Nada, ué. - Malik mentiu, esforçando-se para não explodir em gargalhadas.
- Lewis, sério? Você podia ter usado logo o meu nome, querida. - Louis voltou a direcionar seu desgosto à : - Como eu vou seguir a vida sabendo que o colégio inteiro acha que eu tenho impotência sexual?
nem ao menos piscou, era tão bom ser uma pessoa sem consciência, capaz de destruir reputações alheias e ainda dormir como um bebê quando a noite chegasse!
- Se você tivesse lido o meu texto saberia que esse é um mal que afeta milhares de homens, você não está só, e ainda tem o meu suporte. - colocou a mão sobre dele, que se apoiava em sua mesa, de costas para a porta.
- Eu não acredito que tudo isso é porque eu ganhei aquela bosta. Você é uma péssima perdedora.
- E você é um trapaceiro! - ela rebateu, brava. Soltou a mão de Louis como se estivesse pegando fogo.
Tommo também se afastou, andando para lá e pra cá, pelo perímetro, pensando numa réplica boa o bastante para tamanha acusação, por fim, sorriu diabolicamente e falou:
- Eu vou ficar três meses sem transar com você pra você aprender uma lição.
- Três meses sem sexo? - riu alto - você não fica três dias sem, quem dirá meses.
- Você duvida? - Tomlinson se aproximou e cruzou os braços.
- Eu…
- Gente, chega disso. - Zayn levantou ao perceber que a amiga entraria em uma aposta burra, aproveitou que os dois estavam frente a frente e colocou um braço sobre o ombro de cada: - Essa não é a melhor forma de vocês, meu casal favorito, resolverem isso.
- Eu pensei que o Liam e a eram o seu casal favorito. - Louis confessou, intrigado.
- Você está brincando? Eu odeio cada segundo daquilo! - Malik sentiu-se até insultado. Aceitar o relacionamento dos dois não significava que ele pulava de alegria quando os dois se tocavam.
Tommo pareceu entender os motivos do outro e complementou:
- Ele corrompe a sua prima de todas as maneiras possíveis, então eu te entendo.
- Agora você não está sendo nenhum pouco favorito… - Zayn murmurou desconfortável.
Louis aproveitou a deixa para falar diretamente com , desfazendo do toque do moreno e pegando na mão da menina enquanto pensava num pedido de desculpas apropriado. Não que ele sentisse muito sobre ter trapaceado, mas valia a tentativa de parecer contrito.
- , eu fui um filho da puta, eu sei. Por isso, nós hoje a tarde vamos jogar de novo…
- Ah não. - Malik resmungou.
- Cala a boca, Zayn. - o cortou, dando a palavra a Louis, que parecia ter algo promissor a lhe oferecer. - Continua, honey.
- Nós vamos jogar de novo e eu vou te dar a chance para uma revanche.
- E não vai trapacear. - ela ergueu o dedo indicador na cara do rapaz que sorria sem vergonha.
- Com certeza eu não vou trapacear. - ele prometeu, juntando as mãos dela sob as suas.
- Ótimo.- Westwick deu um sorrisinho satisfeito, que nunca conseguia evitar quando Louis começava a encará-la com aquela expressão pateta. - Agora saiam da minha sala porque eu preciso terminar de corrigir o texto do Greg e você tem prova amanhã, Louis.
- Okay, até mais tarde. Eu te amo. - Tommo cantarolou, dando-lhe um beijo molhado na bochecha.
Zayn, que também estava de saída virou a cabeça com tanta pressa que quase quebrou o pescoço. Desde quando Louis decidira levar a aposta tão a sério? Se perguntou, confuso.
- Vamos embora, amigão. - Tomlinson passou o braço sobre o ombro de Zayn, arrastando-o para fora com a boa animação de quem já havia esquecido sobre a coluna difamatória.
- Você vai trapacear de novo, não é? - Malik perguntou, embora já suspeitasse da resposta que receberia.
- Com certeza. - Louis respondeu sem o menor escrúpulo.
E foi isso o que aconteceu quando eles foram mais tarde para a casa da ruiva, jogaram mais uma vez, ele trapaceou com toda a sutileza do mundo e ganhou de lavada, para a absoluta perturbação de , que não entendia quando e como havia se tornado tão má jogadora.

Capítulo 29

MAIO:
Sábados a tarde foram criados pelo acaso para dormir. Era esse um fato científico estudado por absolutamente ninguém porém tratado como verdade universal pela classe estudantil. Afinal de contas, o que poderia ser mais delicioso do que uma tarde de sono bem dormido após uma semana exaustiva de conteúdos complexos, professores exigentes e metas inalcançáveis?
Niall desfrutava desse estado de paz absoluta naquele momento, estava afundado em sua cama confortável, aproveitando o solzinho da tarde que aquecia naturalmente seu quarto, de vez em quando uma rajada suave de vento entrava pela cortina branca que irradiava a luz da tarde e a visão… ah, a visão.
Acordou várias vezes durante a soneca prolongada apenas para observar o lindo anjo ao seu lado, às vezes adormecida e na maioria usando o celular ou assistindo no notebook, ela sempre estava ali e era a primeira coisa que ele via quando abria os olhos.
Mas no fim da tarde ela já havia esgotado a quota de sono para uma adolescente de dezesseis anos hiperativa e cansada do próprio telefone e do telefone de Niall, decidiu que queria um pouco de atenção.
- Niall. - murmurou o nome, assistindo-o remexer-se levemente na cama, apenas para mostrar que estava vivo. - você ainda está dormindo?
- Hmm - ele resmungou sonolento, criando forças para abrir os olhos e decepcionando-se com a visão doméstica de sua varanda quando percebeu que estava de costas para a menina.
- O quê? - ela se apoiou sobre o ombro do loiro, esticando o pescoço para poder visualizar o rosto lindo de seu homem, mas antes que obtivesse uma visão satisfatória, foi empurrada para trás porque Niall estava virando para ficar de frente para ela.
- Não mais. O que foi, babe? - Horan levou o braço até o rosto dela, empurrando o cabelo que caía sobre seu rosto, escondendo as feições que venerava. - Está tudo bem?
- A perguntou que horas nós combinamos para hoje. - contou enquanto esticava os pés o máximo que podia, virando-se de costas para se preparar para rolar para fora da cama. - e eu falei que eles podiam vir a hora que quisessem.
- É mesmo? - Niall não parecia tão interessado na conversa entre as meninas, mas se a fazia feliz pensar que sim, então ele poderia muito bem fingir que gostaria de saber de cada detalhe da conversa.
E enquanto estivesse ocupada falando, não resistiria a aproximação iminente que ele planejou no instante em que a viu.
- Aham. - ela concordou, sorrindo ao sentir as mãos de Niall, que achava estar fazendo uma aproximação sutil, envolvê-la e o calor de seu peito contra a curva suave de sua coluna. Quando ele começou a distribuir beijos inocentes pelo ombro dela, decidiu que era hora de continuar a história: - E eu estou te contando tudo isso porque eles já estão aqui.
- O quê? - o irlandês paralisou. Ergueu a cabeça lentamente, com medo de que Payne e realmente estivessem ali, dentro do quarto, assistindo-o na intimidade de sua própria casa.
- Não aqui dentro, bobo! - princesinha Styles gargalhou, afastando-se e levantando da cama para trocar a calça de pijama por sua calça jeans. - Lá embaixo, na sala da TV.
- Que horas eles chegaram? Por que você não me avisou, ? - Niall também levantou e foi até o closet pegar uma camiseta e um short apresentáveis.
- Eu estava tentando, por isso te acordei. - ela deu de ombros, cantarolando enquanto calçava o tênis, ansiosa para ver o casal lá embaixo. - Já estou descendo, Ni!
Avisou e literalmente correu até as escadas, andando a passos largos lá embaixo para chegar logo até os amigos. Quando entrou na sala de TV, os dois já estavam confortavelmente instalados em uma das poltronas marrons, Liam inclusive já manuseava o controle do PS4, navegando pelo youtube.
- ! Liam! - gritou, correndo até a poltrona e se jogou em cima deles, despejando todo o seu amor e bom humor.
- ! Eu amei sua camiseta! - abraçou a menina de volta aos risos, esperando que ela se afastasse para que pudesse apreciar a camisa vermelha dos Power Rangers, pelo tamanho e modelo, ela poderia deduzir que a peça era masculina e infantil, mas a adorou ainda sim.
- Vocês estão me matando! - Payne reclamou com um último suspiro porque respiração estava no limite, seu boné, que combinava com a roupa toda preta, perdido e amassado como um papel velho e sua barriga sufocada com o peso das duas pirralhas.
- Ai meu deus! A gente está matando você, coitadinho! - levantou, ajudando a morena a levantar também, para o grande alívio de Liam, que pode respirar normalmente.
- Vocês duas são um perigo. - ele atestou, sentando-se com dignidade e ajustando a camiseta amarrotada. - Cadê o Niall?
- Aqui. - Niall se juntou ao trio, sorrindo para Ortega enquanto tomava seu lugar no sofá vazio, fez a gentileza de se esticar para ocupar o máximo de espaço possível e juntou as sobrancelhas, curioso, quando percebeu que tanto Liam, quanto as duas meninas estavam amassados. E definitivamente não estava amarrotada quando saiu do quarto.
- Nós vamos brincar de Just Dance? Porque eu vou precisar de uma roupa emprestada, se nós formos.
- Eu falei pra você vir com algo mais confortável. - Liam aproveitou a deixa para jogar na cara que desde o início, quando a namorada desceu toda arrumadinha em um vestidinho preto, ele avisou que ela ia acabar cansando de ficar a noite toda daquele jeito.
E como a vida era uma coisa maravilhosa, não precisou esperar nem uma hora para jogar na cara o famoso "Eu te avisei"!
- Cadê o Tommo e a namorada dele? - ele mudou de assunto ao sentir o olhar mórbido da caçula sobre sua pessoa experiente e sempre cheia de razão.
- Não sei. - Niall foi honesto, já concentrado na televisão. - Na verdade não sei nem porque vocês estão aqui tão cedo. Nós combinamos sete horas!
Payne olhou para , que o encarou de volta culpada, enquanto sorria orgulhosa por sua excelente performance em ajeitar tudo para que pudessem se ver antes.
- Eu te amo. - Orteguinha inclinou a cabeça e piscou adoravelmente.
- Nem vem, Ortega. - Liam balançou a cabeça, mas riu.
- Se nós vamos ficar ainda mais tempo juntos, precisamos comer. - decidiu enquanto permanecia parada no meio da sala procurando um canal bom para trocar da transmissão chata que Payno escolhera. - Eu sugiro hamburguer, nós mesmos podemos preparar as carnes!
- É, mas eu não toco em carne crua. - , sentada no chão passava a mão sobre o tapete fofo, demonstrou-se aterrorizada com a ideia de ter que tocar naquela coisa crua com textura duvidosa e cheiro de morte.
- Nem com luva?
- Na verdade, nós precisamos avisar para o Louis que ele já pode vir pra cá. - Liam interrompeu as meninas, que prontamente conversavam como se estivessem sozinhas ali.
- Por que você ainda não fez isso? - virou-se para Niall, decidindo que se eles vissem vídeos o suficiente do tastemade, cederiam à sua ideia de cozinhar.
- Ah, você já fez o favor de chamar eles dois, pensei que ia querer continuar a saga de chamar pessoas para a minha casa. - Niall gracejou, rastejando sobre o sofá até que ficasse perto o bastante da namorada, agora sentada no braço do móvel, para roubar o controle no seu colo e substituí-lo pelo desligado.
- Mas você vai ser um homem maravilhoso e chamá-los enquanto nós vamos na cozinha ver se tem tudo o que precisaremos para cozinhar? - a loira apelou para a masculinidade de seu garoto, assistindo-o se render aos seus desejos mais uma vez e concordar com um aceno após ela se inclinar para lhe dar um beijo. - ótimo! , vamos lá.
- Meu deus, Niall. Ela faz o que quiser com você. - Payne acusou o amigo quando as meninas desapareceram do campo de visão.
- Não fui eu quem dirigi até aqui só porque minha namorada me enganou. - o irlandês debochou do acontecimento anterior, onde Liam simplesmente riu ao perceber que fora ludibriado pela caçula.
- Manda logo mensagem pro Louis. - o moreno mudou de assunto, fingindo prestar atenção na receita facilmente preparada no tutorial. - Me dá esse controle, vou colocar o Fortnite.
- Eu fico com o controle.
- Não, eu sou melhor que você.
- Quem decidiu isso?
- Eu! - Liam encerrou o bate e boca tomando o controle em um ímpeto de surpresa que Niall só percebeu quando viu que estava sem o seu controle.
- document.write(Demi) e a também, caso você queira trazer a . - Horan mandou o áudio enquanto via Liam negar veementemente com a cabeça quando estendeu o convite à . Guardou o telefone e se submeteu a ficar com o controle sobressalente.
Payne percebeu que passara a manhã de sábado jogando a mesma coisa e uma mudança de atividade ia ser legal, principalmente quando Niall tinha um quarto de jogos fantástico, com os jogos mais convencionais, alguns arcade e ainda uma infobase com quatro poltronas próprias para o corpo aguentar maratonas de horas inteiras de jogo sem incômodos.
- Na verdade, porque nós não vamos pro salão de jogos? Faz tempo que eu não jogo pebolim. - sugeriu, largando o controle de lado.
A ideia foi boa porque Niall levantou animado e deixou o carregamento do videogame pela metade enquanto iam para o único cômodo da casa feito especialmente para ele mas que era, de longe, o que ele menos usava.
- Ah, e eu troquei a mesa de hockey que o Zayn quebrou da última vez. - contou sem ao menos notar que estavam se perdendo pela casa sem avisar as garotas onde estariam.
Poderia levar dias até que elas os encontrassem. A sorte de todos é que Louis logo chegaria e as guiaria até o local, caso algum funcionário da casa não fizesse o desfavor de levá-las antes.
- Você já recebeu alguma resposta? - Liam perguntou casualmente, ligando o air hockey enquanto Niall ainda ajustava a iluminação do ambiente e decidia se valia a pena colocar uma música só para as meninas chegarem em dez minutos e encherem o ambiente com Ed Sheeran ou alguma boyband chata.
O rosto de Niall iluminou com um sorriso satisfeito, ele pegou seu rebatedor (e era seu mesmo, gravado com suas iniciais, NJH) e um disco, dando início ao jogo antes de contar a novidade:
- Ah, eu não contei? Recebi o formulário de admissão da UCL. Acho que vou mandá-lo semana que vem.
- Não vai esperar resposta de Oxford? Ou Manchester? Cambridge? - Payne nem ao menos pensou em elogiar a performance do amigo, já que ele simplesmente ignorava a possibilidade de ir para uma das gigantes.
Não é que a UCL não fosse boa, mas não era a escolha da elite e Horan de fato surpreenderia a todos quando a notícia fosse espalhada. Os meninos todos, até mesmo Zayn, planejavam seus futuros de acordo com a palavra da Eton que os dividiam entre Oxford e Cambridge, e o irlandês estava sendo muito ousado para fugir da regra.
Era possível imaginar um vislumbre de um irritado Charles Gelner dizendo que se fosse para ir à UCL, nem precisava ter ficado na Eton por mais de uma década, poderia ter ido a um colégio público.
- E ser condenado a estudar pro resto da minha vida? Não, obrigado. - Niall sentiu arrepios diante a perspectiva de passar o resto de sua vida preso à vida acadêmica entediante. - Eu acho que quero trabalhar com música, sabe.
- Você quer ser cantor?
- Não, a parte técnica da música. Eu quero aprender a produzir.
Liam estava impressionado, de fato. Aquelas eram notícias inesperadas e incrivelmente fazia sentido porque Niall era bem relacionado, era fácil vê-lo envolvido com mídia e famosos porque todos o adoravam e levavam a sério suas considerações.
Ele poderia ter um futuro promissor caso tivesse jeito para a coisa.
- Ainda sim, você não deveria fazer faculdade de música? - Payne ergueu o boné para coçar a cabeça, prestando atenção na movimentação do disco porque duvidava do calibre do ar. Seria Niall capaz de alterar a intensidade dos jatos de ar para trapacear? Pensou.
- Deveria, mas meu pai conhece o dono da Syco e eu posso começar a estagiar lá quando começar a estudar na universidade, não importa o curso. - Horan deu de ombros, agitando energicamente o disco e soltando um gemido frustrado quando Liam defendeu.
- Que sortudo! - ele gritou quando o loiro acertou pela sexta vez. Aquele filho da mãe tinha que estar roubando, não havia outra explicação!
- Pois é, - Niall deu uma risadinha, percebendo que Liam estava um pouco surpreso com seu talento nato. - então eu não estou me estressando, tenho todo o tempo do mundo pra escolher um curso. Escola é uma perda de tempo.
- Eu não diria isso…
- Claro que sim, eu vou conseguir um estágio bom e não é porque eu sou estudioso. - arqueou a sobrancelha, zombando de si mesmo.
- Isso é verdade. - Payne murmurou, incomodado com a derrota de lavada.
- Vai se foder. - riu, largando o objeto sobre a mesa e abrindo os armários para procurar onde estava seu estoque de industrializados para momentos de desespero onde ele não podia se dar ao luxo de parar para comer decentemente. - Tá com fome?
- Aham, mas eu não ia falar nada para as meninas, elas nunca mais iam me deixar em paz.
- Eu sei! Mas sempre tem comida aqui. Toma. - jogou um pringles para Liam, que o pegou no ar e foi sentar em uma das poltronas giratórias.
Niall passou por ele e entregou uma cerveja trincando de gelada e os dois aproveitaram os momentos de silêncio que eram quebrados ocasionalmente com o som das batatas barulhentas sendo esmagadas.
O loiro lembrou então de mostrar o trailer de um novo videogame e quis compartilhar a emoção de saber que estava entre os primeiros milhares que receberiam a demo em troca de uma resenha depois.
E foi no meio desse divertido papo que os dois levantaram a cabeça com pressa quando ouviram vozes se aproximando.
- A realmente veio? - Liam arregalou os olhos, perseguido pela risada alta da menina que se sobressaia aos risos sutis de Louis e .
- Parece que sim… - Niall deu sua melhor performance de chateado. A verdade é que adorava poder assistir a loucura da menina e normalmente apoiava suas atitudes drásticas porque a achava demais, mas não fazia bem pra sua imagem ficar declarando tamanha admiração por uma pessoa tão controversa.
- Irlanda! - ela entrou no quarto de jogos com bom humor e passou os olhos negros ao redor do cômodo, absorvendo seus detalhes e nuances. Haviam algumas mudanças desde a última vez em que esteve ali. - Payne, eu realmente torci durante todo o caminho pra você morrer até eu chegar aqui.
- Frustrante, não? - Liam concordou, estranhamente simpático, voltando seu interesse ao trailer ainda inacabado.
se surpreendeu com as maneiras gentis dele e suspirou dramaticamente, enfiando as mãos no bolso de seu macacão ao concordar com o posicionamento do outro:
- Muito.
- Agora você sabe como eu me sinto todo dia que entro naquele jornal esperando pra ouvir que você morreu. - o rapaz respondeu, fechando com chave de ouro seu intento de irritar a demônia de sua colega de jornal.
- Liam! Quanto tempo, amigão! Vem aqui me dar um abraço! - Tomlinson atravessou a sala e abriu os braços, esperando o amigo levantar e então o prendeu em um abraço de urso e sussurrou: - Tenha piedade de mim e não se troca com a , pelo amor de deus.
- Nós vamos fazer hambúrguer, nós mesmos. - explicou para e Louis, e então foi até Niall. - já checamos com o seu cozinheiro e você tem comida em casa.
- Graças a deus! - ele ergueu as mãos pro alto e elevou os olhos ao teto criando um espetáculo bobo, mas ao ver a expressão da menina que estava a dizer "Já terminou, querido?" parou de fazer graça e a abraçou.
- Mas nós podemos comer algo mais leve agora e fazer isso mais tarde. - Liam sugeriu.
- Por que não pedimos fora?
- Ou saímos para comer?
- Ah não, não quero sair.
- Vamos pedir então
- Ninguém vai pedir nada! Nós vamos cozinhar. - os interrompeu, sendo observada como se um chifre saísse de sua testa. Persistente em seu objetivo, acrescentou: - cozinhar é divertido, gente!
- Fazer nada é divertido. - Tommo disse humildemente, recebendo a aprovação dos outros que acenaram com fervor. Exceto por , que estava disposta a embarcar na aventura mas não disse nada em defesa de seu interesse já que, em sua opinião, conseguiria muito bem convencê-los sozinha.
- Eu acho engraçado como vocês adoram se fazer de difíceis às minhas ideias mas chega na hora e todo mundo se diverte. - princesinha Styles colocou as mãos na cintura e falou sério, olhando nos olhos de cada um, esperando que alguém tivesse coragem de contradizê-la.
- Você tem um ponto válido, babe. - Niall se rendeu à pose mandona dela, completamente apaixonado pela postura séria que ela mantinha agora.
- É… Mas se eu não me divertir a culpa vai ser sua. - Westwick deu-se por vencida, caminhando para fora do quarto, em direção a cozinha. Tinha certeza de que seria gostoso mesmo e não podia ser tão difícil assim fritar carne e colocar dentro do pão, mas por que não reclamar bastante antes de ceder.
Foi o suficiente para Liam e Louis erguerem os braços em rendição, apoiados por Ortega, que deu tapinhas nos ombros dos dois, parabenizando-os pela sábia decisão.
- Perfeito! Quando nós voltarmos para a cozinha, já vai estar tudo no ponto. - liderava o caminho até o laboratório da casa, como sua mãe gostava de chamar a cozinha.
- Olha só, tão eficiente! - o irlandês se apressou para ficar ao seu lado - Você é maravilhosa.
- E eu pedi pra mandarem café da tarde pra sala. - ela sorriu, cheia de si.
- Nós não vamos ficar lá com os jogos? - pareceu desapontada.
Louis passou a mão sobre o ombro dela e lhe deu um sorriso solidário:
- Não, não, não. Nós combinamos de fazer uma sessão Simpsons, e é isso que vamos fazer.
Ela o olhou chateada mas não reclamou porque Simpsons, comida e Louis eram três coisas que ela adorava com todo o seu coração. Então, ao invés de continuar reclamando, esperou que Tommo sentasse no chão, sobre o tapete, com as costas apoiadas no sofá para que pudesse se acomodar entre as pernas dele.
- Eu quero um cobertor, Irlanda. - notificou ao rapaz que se acomodava no sofá em cima dela.
- Eu vou pedir pra descer um. - Niall concordou em meio a um bocejo. - Não vamos chamar o restante do pessoal?
O grupo se olhou, admirando a formação perfeitamente confortável de todos, formatação essa que evidenciava a presença apenas dos casais e tornava mais chata ainda a ideia de convidar mais alguém.
- Ah… - tomou a dianteira, dando de ombros como se a situação fosse irremediável. Poderia ser cruel gostar das coisas como estavam mas adicionar um dos queridos amigos à reunião seria a adição de um possível drama ou mesmo desconforto para quem tivesse que estar sozinho entre casais. - é melhor não, vai que vem o meu irmão e a ?
- Ou a e o Zayn. - Tomlinson complementou, citando o ex casal campeão em climas pesados e extremamente desconfortáveis.
- Ou a Meester e o Zayn! - sugeriu maquiavelicamente, certa de que causaria um tumulto.
Niall literalmente revirou os olhos ao sentir remexer-se, preparando um discurso. Não conversaram muito sobre a bagunça que estava acontecendo e na verdade procurou se manter o mais quieto possível para manter a privacidade da melhor amiga, mas estava muito puto com Malik, que foi um namorado de merda e agora estava com uma amiga de . O desejo de causar de foi respondido na pessoa de , suas feições de boneca se contorceram em uma rígida expressão e ela se esforçou para não ser muito exagerada na verbalização de seus sentimentos:
- Ah não, e Zayn não. Por favor.
- Eu não posso mais com essa merda. - Liam murmurou para , suspirando com impaciência. Não aguentava mais o drama em cima de duas pessoas livres e chutadas que decidiam ficar ocasionalmente.
"Se o Harry ou a se incomodassem, estariam com eles. E até onde eu sei, foram os dois quem terminaram então não têm direito de achar ruim". Foi o seu discurso para a namorada, há uma semana atrás quando a menina começou a expor seus sentimentos sobre o caso.
nada mais falou depois disso.
- Mas me conta aí, Liam, como está sendo ver os seus dois melhores amigos namorando? - Tommo sorriu todo descarado, adorando a fofoca que estavam fazendo.
- Eles não estão namorando. - Liam disse simplesmente, observando um funcionário da casa colocar cobertores no sofá vazio, embora ninguém houvesse pedido. Era como se eles lessem mentes!
- Transando? - Niall sugeriu. Agarrou com o pé, de mal jeito, um cobertor para si e quando procurou por , que devia estar ao seu lado, viu que a menina ocupava-se com a pequena mesa de apoio que não servia a propósito nenhum mas agora suportava o peso de comida para alimentar um pequeno exército.
- Talvez. - Payne não se aguentou e gargalhou, divertindo-se com a expressão aborrecida das caçulas.
- Chega, por favor! - resmungou, momentaneamente mal humorada. - pega um macaron pra mim? Não o verde, eu quero um cor de rosa.
- Chega do quê? Nós vamos mesmo fingir que isso não está acontecendo? - , que havia engatinhando até a mesinha ao mesmo tempo que Liam, deu um tapa na mão do rapaz para poder se servir primeiro.
- É desconfortável… - Ortega fez uma caretinha desconfortável.
se interessou na conversa, era sempre bom confirmar que tinha ciúmes do primo e a amiga nunca falhava em expressar seu descontentamento com qualquer garota relacionada a ele.
Louis concordou assiduamente, agora desesperado para que mudassem de assunto antes que sua ansiedade o matasse, bem ali, na frente de seus amigos e . Que ideia estúpida foi aquela de suscitar assunto tão complexo? Falar em Zayn e era falar da aposta e se falassem da aposta também teriam que falar dele e , e tudo o que o rapaz mais queria na vida era ficar fora do radar de Benett, como se pudesse evitar o acidente que estava às portas de um escândalo que mudaria sua vida para sempre.
- Pra quem? - , que não fazia ideia dos dilemas pessoais que seu querido Louis enfrentava, mostrava-se sempre disposta a conversar sobre a fofoca mais polêmica do semestre. Era um jeito maravilhoso de concluir o ensino médio, de fato!
- Pra mim, pro Harry, pra , pra Eton, para o país, para o Barack Obama, para a galáxia! - começou a listar, erguendo os dedos enquanto se perdia na soma infinita.
- O Styles e a estão ficando também, eu tenho certeza. - a ruiva balançou a cabeça com firmeza.
- O quê? - Louis falou alto, de maneira dramática.
- Não estão? - se fez de inocente, tentando colher uma resposta verdadeira da única pessoa que saberia o que de fato estava rolando com aqueles dois.
- Eu não sei!!!
- Olha, a não faria isso. - Niall prontamente defendeu a honra de sua melhor amiga, encarando Tomlinson em alerta para que eles mudassem logo de assunto.
- Com licença mas o meu irmão não é tão ruim assim, okay? - princesinha Styles brigou com o irlandês, magoada com a forma como ele se referiu a seu irmão como se ele fosse um qualquer.
Horan decidiu voltar a logar a TV na sua conta netflix porque daria muito trabalho explicar que a única razão porque disse o que disse é porque confiava cegamente no caráter de e apostaria sua fortuna para defender que a menina jamais faria aquilo com .
- A questão é que a esteve com o Zayn, depois disso os padrões de uma garota se tornam realmente altos. - interpretou erroneamente as motivações do garoto e voltou a discursar com entusiasmo.
- Ai meu deus… - Horan balançou a cabeça.
Liam se limitou a dar um aperto amigável no ombro de enquanto sua real atenção estava no próprio telefone.
- E ainda digo mais, - ergueu o dedo indicador e aumentou o tom de voz: - eu totalmente entendo a Meester, quer dizer, nós estamos falando de Zayn Malik!
- ! - Tomlinson engasgou.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso… - resmungou e escondeu o rosto com as duas mãos, frustrada.
- Sempre suspeitei, pra falar a verdade. - Niall deu uma risadinha animada.
- Eu faria o mesmo que ela. - Westwick surpreendeu a todos tomando o partido de Meester. Aquilo era inesperado e nem mesmo Payne conseguiu ignorá-la. - Os dois estão solteiros e eu não vejo impedimento pra acontecer. É um ciclo natural da vida de toda pessoa com bom senso que vive perto do Zayn.
- Eu ficaria um pouquinho mais feliz se você falasse um pouquinho menos entusiasmada sobre outro homem, . - Louis disse.
não pediu desculpas mas mostrou-se surpreendida e envergonhada com a declaração e levou os lábios ao do rapaz, beijando-o calidamente em uma rara demonstração pública de adoração a Tommo. Ato que ele aceitou com humilde satisfação e voltou a conversar alegremente.
Mas apenas se aconchegou sob os braços dele e pensou.
Pensou em Louis e seu coração bateu descompassado quando o rosto sorridente dele ressurgiu em suas memórias. Louis a amava de uma maneira única, ela se sentia mimada e protegida, o que a surpreendeu porque jamais imaginou que sequer precisasse de proteção. Louis jamais a incentivava a restringir o comportamento explosivo, dava asas a seus mais insanos devaneios e preenchia seu ser com a sensação de poder, tornando-a convencida de que poderia conquistar o céu se assim o quisesse.
E não era quando ele dizia que a amava que tinha certeza da veracidade desses sentimentos, mas quando sentia seus olhos cheios de ternura observando-a e então sorria sapeca, ou quando compartilhavam sonhos bobos e projetos impossíveis por horas e horas pelo simples prazer de uma conversa trivial.
Amava conversar com Louis, amava conhecer seus sorrisos, amava até mesmo os hábitos irritantes que sempre eram motivo de reclamação. E esses sentimentos poderosos que se apossavam de seu peito a enchiam de temor, porque nunca antes esteve tão vulnerável e entregue a alguém, ele tinha o necessário para destruí-la completamente caso desejasse, e ainda sim, era um maldito príncipe encantado.
- Nós podemos ir pra casa? - ela falou baixinho, tomada pela urgente necessidade de estar a sós com Louis , erguendo o rosto para olhá-lo.
- Agora? - Tomlinson franziu o cenho, agora que as teorias ficavam interessantes ela queria ir embora? - Mas nós nem começamos a assistir!
- A gente pode fazer isso na sua casa. - Westwick explicou e ao ver que ele não entendia aonde queria chegar, se impacientou: - deixa pra lá.
- Eu sei que você não sabe mais como viver sem as suas mãos perto do meu corpinho, mas nós podemos ficar mais um pouco aí vamos pra casa para você me usar um pouquinho. - ele prometeu e beijou a cabeça dela.
Eles ficaram e com incrível maturidade deixaram a vida dos amigos em paz e começaram a assistir. É claro que dormiu antes da metade da season e desistiu da TV e ficou no celular, mas era seguro dizer que todos tiveram um bom tempo e quando chegou a hora de cozinharem e e Liam discutiram ferozmente, ninguém perdeu a paciência e foram discretamente para a sala enquanto a dupla batia boca.


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Tempo é a duração relativa de eventos, que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro. É o período contínuo no qual os acontecimentos se sucedem.
Ele havia sido feliz no passado. Entretanto, o presente apenas o trazia sofrimento, dor e luto. E todas as noites antes de dormir, fazia a mesma oração, intercedendo para que o futuro lhe reservasse pelo menos algumas risadas, não precisa ser uma gargalhada, não precisava ser completamente feliz, apenas parar de chorar com tanta frequência, não ter que deixar as aulas subitamente ao sentir as lágrimas chegando sem avisar, ter apenas boas memórias da mulher que mais ama no mundo, sua progenitora e não seria pedir demais ter sua garota de volta.
Como se não fosse o bastante perder , apenas duas semanas depois perdeu a mãe também e foi ali que seu mundo desmoronou diante de seus olhos.
Agora, no presente, sentado em sua cama, encarando o retrato de Anne há mais tempo do que se recordava, ficava imaginando como teria sido empolgante apresentar a sua mãe, como sua namorado. Talvez eles fossem a um brunch juntos e, então elas fariam compras e ele ficaria reclamando da demora, mesmo que estivesse se divertindo, ao voltarem para casa sua mãe mostraria a sua namorada fotos embaraçosas do rapaz e contaria histórias comprometedoras, que Harry forçara seu subconsciente a apagar, eles jantariam e quando os adolescentes se servissem com uma taça de vinho a Sra. Cox fingiria que não aprovava aquela atitude, afinal eles eram muito jovens para beber, apenas 18 anos, porém não os proibiria pois ela era a melhor mãe do mundo. Todavia Styles não teve tempo de colocar essa boa lembrança no seu passado e nunca conseguiria adicioná-la em seu futuro.
Suspirou alto, passando o polegar pelo vidro gelado, tentando acariciar o rosto de Anne. Se tivesse fé o suficiente poderia sentir-se abraçado pelos braços protetores de sua mãe… Ela com certeza teria um bom conselho para ele conseguir recuperar . Ela não estava ali. Nenhuma das duas.
Absorto em suas fantasias, esqueceu-se que a porta de seu quarto estava entreaberta, não viu o momento que a irmã aproximou-se curiosa para ver o que o mais velho fazia, também não flagrou os olhos verdes de inundarem de tristeza e compaixão.
- Harry? - a menina só percebeu que o chamara ao ouvir a própria voz.
O garoto voltou o rosto para ela, automaticamente: - Oi. - sorriu, transparecendo um grande alívio por tê-la ali, como se só naquele momento percebesse que não estava sozinho no mundo.
- Você… - pensou em perguntar se o irmão estava bem, mas é claro que não estava. Rapidamente forçou o cérebro a pensar em outra indagação - V-Você quer jogar video game comigo?
A caçula odiava jogar video game, o primogênito sabia disso. A garota simplesmente não conseguia ficar sentada por uma hora, concentrando-se na tela de uma televisão, tendo que fazer uma avatar idiota andar, correr, pular, esquivar, socar e chutar. Era chato demais!
- Claro. - levantou-se, recolocando o retrato de Anne no criado mudo, ao lado de sua cama.
Fitou-o por breves segundos, recordando-se do dia em que havia tirado aquela foto. Estava de férias com a mãe na África, não tinha mais de 15 anos, eles fizeram um safári, sua parte favorita foi ver as girafas. Atualmente, sua parte favorita daquela viagem era o fato de tê-la feito com Anne.
- Hey, eu lembro disso! - cruzou o quarto pegando um helicóptero de brinquedo, guiado por controle remoto, que estava em cima da poltrona.
- A minha mãe me deu no meu aniversário de nove anos. - Harry aproximou-se da mais nova - Três dias depois o Louis, o Niall e eu estávamos brincando com ele e deixamos cair na piscina sem querer. - pelo tom de voz do rapaz, a menina pode filtrar o que ele dizia e extrair; o Louis deixou cair na piscina. - A minha mãe me deu outro igual, mas eu nunca mais brinquei com ele. Então, semana passada o achei no porão na velha caixa de brinquedos e resolvi trazê-lo para cá.
- Eu não sabia disso. - sorria imaginando o desespero das três crianças tentando tirar o helicóptero de dentro da piscina. - Você deve gostar bastante dele. - elevou os olhos ao garoto.
- É só um brinquedo. - deu de ombros.
deixou o objeto sobre a poltrona e jogou-se nos braços do irmão. Os bracinhos finos da loirinha apertando a cintura do mais velho, seu rosto apoiado no peito dele. Odiava vê-lo assim.
- Eu estou aqui para o que precisar, Harry. - sentiu-o retribuir o abraço e mesmo sem mirá-lo imaginou que estivesse sorrindo, sentia falta de vê-lo sorrindo.
- Eu sei. - afastou-se apenas o necessário para encará-la nos olhos - Obrigado. - pode ver o sorrisinho travesso de - Vamos jogar video game?
Foram até a sala de jogos e como Styles já previa, a mais nova logo estressou-se com o maldito avatar, foi engraçado vê-la surtando tentado terminar a missão. Emily levou cookies e leite em uma bandeja. E logo os jovens desistiram do jogo optando por um filme onde não ficasse pulando do sofá, esquivando-se e praguejando cada vez que seu avatar fazia alguma dessas ações.
Foi uma das melhores tardes que Harry teve nos últimos meses.


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O colégio Eton foi fundado em 1440 por Henrique VI da Inglaterra e educa mais de 1300 alunos com idades entre 13 e 18 anos. Sua arquitetura imponente conta com cerca de cinco grandes construções arcaicas e magníficas, cada uma contando com estacionamento e milhares de salas onde as aulas de ciências biológicas, humanas e exatas ocorriam, como também as aulas de arte cênicas, piano, violino, violoncelo, saxofone, entre outros instrumentos além de abrigar as atividades do time de futebol, natação, canoagem, vôlei, xadrez e outros esportes que a maioria das pessoas nem ao menos considera como uma possível atividade física regular.
Se um estudante quisesse desaparecer não seria difícil, como também não seria fácil ter sua falta notada. Apesar dos muitos inspetores que circulavam pelos corredores o tempo todo garantido a ordem e disciplina, os adolescentes podiam ser invisíveis entre tantos como eles, utilizando os mesmos uniformes, sapatos, meias e alguns até mesmo carregando a mesma mochila com os escritos "Eton College" e o emblema da escola bordado. O desejo que alguns possuíam de parecerem diferentes uns dos outros não era uma surpresa, portanto, os alunos mais ousados arriscavam pequenas alterações em seus uniformes, como usar o colete ao invés do blazer, ou nem ao menos passar perto da gravata azul com detalhes vinho, ou diminuir o comprimento da saia, mesmo que essa escolha inofensiva pudesse gerar um grande desconforto já que advertências eram originadas deste pequeno ato.
Algumas pessoas gostam de ser invisíveis, outras são apenas populares pois alguém os nomeou e outras são desesperadas por atenção.
Meester nunca se considerou desesperada por atenção, alguém simplesmente falou que ela era popular e a morena aceitou, assim como a maior parte da escola que sabia quem ela era. No entanto, no último mês a popularidade de crescia em grupos que a garota nunca havia frequentada e então de repente as mesmas pessoas que a miravam com divertimento e cumplicidade pelos corredores da escola, começaram a encará-la com desdém e arrogância, porque sem perceber, aos olhares dos alunos da Eton, Meester havia se tornado uma desesperada por atenção.
Estava apenas vivendo sua vida, dia após dia, fazendo escolhas estúpidas, tentando não se preocupar com as consequências pois ainda não suportava ter sido dispensada pelo idiota hipócrita pelo qual estava apaixonada, ter que presenciar todos os dias o mesmo idiota hipócrita com a menina modelo. Deus, como ela odiava e Harry! Sentia tanta raiva do casal, sentia raiva de todos que ouvia dizendo que eles formavam um belo casal, sentia raiva de si por sempre se pegar imaginando o que eles faziam conversavam, os lugares que gostavam de frequentar. Será que Harry a chamava de meu bem? Estúpida! É claro que sim!
Para piorar a sessão de autopiedade, fazia 17 dias (sim, estava contando) que ela e haviam brigado. Como sentia falta de poder conversar com a melhor amiga! Apesar de ainda ter Liam, que nas últimas duas semanas se mostrava mais solícito que o esperado, fazendo mais visitas a mansão Meester e começando mais diálogos com a simples frase "Me conta do seu dia.", ainda o considerava completamente inútil, afinal ninguém discute sobre sentimentos com seu amigo homem!
Evitava conversas com as pessoas que sempre conversara, ao menos era isso que gostava de pensar, pois era difícil admitir que , Niall, Louis e se esforçavam para evitá-la. Contudo não podia culpá-los, nem mesmo queria estar com ela mesma, odiava o que fazia, mas tinha que provar para si que estava bem! Precisava ficar bem!
E entre as milhares de salas da Eton, a morena escolheu uma das cabines do banheiro feminino do segundo andar do prédio principal, para se esconder. Fitava as mãos sobre o colo, as unhas pintadas com uma cor de esmalte que não gostava muito, mas havia escolhido só porque ouviu a mãe comentando que era sua predileta; nos dedos dois anéis, o primeiro era de , havia pego "emprestado" há meses e nunca o devolvera, mas de fato informara a amiga que não iria o devolver porque achava que ficava melhor nela do que em Ortega, já o segundo havia angariado na viagem ao Caribe, no ano anterior, fora um presente de Harry, quando o rapaz terminou com ela, Meester cogitou jogar fora tudo o que a faria lembrá-lo, todavia após a raiva passar e a saudade se instalar não tirou a joia do dedo, era uma torturante forma de senti-lo mais perto; e no punho uma pulseira de ouro branco que havia ganhado de presente do pai no seu aniversário de 16 anos.
Não percebeu o momento exato que começou a chorar, mas no meio da aula de química pediu permissão para ir ao banheiro porque a presença de Styles a sua frente estava a deixando sufocada. Ao fechar a porta pode ver a expressão preocupada de Liam e como o melhor amigo tentava lhe dizer com os olhos que tudo ficaria bem, Harry, por sua vez, não tirou os olhos verdes do professor. Treze minutos haviam se passado e ainda chorava em silêncio, escondida no banheiro, sem dignidade e constrangida.
Ouviu o sinal anunciando o almoço soar, respirou fundo e levantou-se. Precisava ignorar mais de mil idiotas que lotavam o restaurante.
O refeitório já estava uma loucura, as mesas eram ocupadas uma a uma e a fila nunca parecia diminuir. Ao passar pela porta pode ver que próximo a ela Louis gargalhava, com o braço no ombro de , que mantinha os braços cruzados e sustentava um sorriso sagaz, a frente do casal Harry, falava alguma coisa, com as mãos no bolso e a coluna curvada. O garoto não conseguiu ignorar a entrada de e os olhos de ambos se cruzaram por poucos frios segundos.
Niall ocupava uma mesa para quatro pessoas, apesar de estar sozinho. Havia escapado mais cedo da educação física para conseguir passar no restaurante francês e pedir um prato para viagem. Agora esperava e que estavam na fila para pedir sua refeição.
Zayn estava na companhia do time de futebol masculino. Os meninos amontoavam-se na pequena mesa de dez lugares, mesmo que não fosse possível comportar todos ali e zombavam de Shepley que se recusava a dizer quem era a loira misteriosa com quem havia sido visto atrás das arquibancadas do ginásio na semana anterior. Mesmo que o casal de adolescentes apenas conversavam quando foram flagrados, os garotos do time não se cansavam de incomodar o mascote.
Orteguinha sentava em uma mesa para duas pessoas e Payne, a sua frente, já devorava o almoço, sem notar nada ao seu redor. Não viu Meester passar por eles, muito menos que o primogênito Styles e Malik acompanhavam a menina em seu caminho a imensa fila, como também não reparou que os rapazes, que um dia foram grandes amigos, voltaram os olhos um para o outro, como se soubessem os movimentos sórdidos do oponente.
- Acho que você deveria almoçar com a hoje. - disse, brincando com o canudo dentro do seu copo de limonada.
Liam instantaneamente parou de mastigar sua almôndega e levou os olhos atentos a namorada, que não o encarava de volta: - Você acha? - perguntou cauteloso e impaciente, deixando os talheres no prato e se recostando em sua cadeira - Como eu fiz ontem? E anteontem e no dia antes disso e no dia anterior também? Como eu venho fazendo nas últimas duas semanas?
o mirou com seus olhos verdes tão impacientes quanto os dele e cruzou os braços: - Sim. - foi apenas o que respondeu.
- Eu acho que você deveria almoçar com a sua melhor amiga. - deu de ombros, voltando a atenção para sua salada e ali despejou seu molho de mostarda e mel.
- Ela também é sua melhor amiga. - a garota defendeu-se com as sobrancelhas arqueadas.
- Você não acha que isso já está indo longe demais, bonequinha? - apoiou os braços na mesa, aproximando-se da morena, soando zeloso e preocupado. - Qual foi a última vez que você e a brigaram? - percebendo que a caçula não tinha resposta para o questionamento admitiu que já fazia muito tempo e inspirou o ar pensando que estava lidando com crianças do jardim de infância - Peça desculpas. você mesma admitiu que falou coisas horríveis para a .
- Liam, não é assim que funciona.
- Então, como é que funciona, ? Eu estou muito curioso para descobrir.
Ortega rolou os olhos diante de tanto sarcasmo e encolheu-se em seu assento cogitando jogar seu salmão na cabeça do namorado.
- Não é tão simples quanto parece. - seus olhos percorriam todo o recinto sem encarar Payne e o rapaz conseguiu sentir toda a tristeza da garota naquela pequena frase.
- Quando o Zayn te deixa esperando por horas na academia de dança você pede desculpa porque o acordou no meio da tarde para fazer uma tarefa que ele já havia dito que faria. - Liam a lembrou - Quando eu sou um idiota você me pede desculpa mesmo não tendo feito nada de errado. Quando alguém pisa no seu pé no corredor você pede desculpa por estar no caminho. Quando…
- Ela estava certa Liam! - por fim falou curvando-se sobre a mesa - A tinha razão no que disse e… e-e é mais difícil pedir desculpa quando é você quem está errada.
-
- Eu nem devia ter discutido com ela, para começo de conversa! - entrelaçou os dedos nos do namorado, que descansavam sobre a mesa - Eu virei as costas para a minha melhor amiga quando ela mais precisava de mim e tenho vergonha de admitir isso.
- , faltam três semanas para as aulas acabarem e então você vai se focar na sua apresentação de dança, nós vamos viajar, a vai se preocupar em procurar um apartamento perto da faculdade, mobiliá-lo e vocês vão perder tempo. - brincava com os dedos da namorada que preferia manter a atenção no gesto a fitá-lo - Não perca tempo.
- Tudo bem, eu vou me desculpar, hoje. - sorriu para o menino que espelhou seu gesto. Entretanto o sorriso de Liam não durou mais que segundos, pois Ortega levantou, pegando seu almoço - Mas agora você vai almoçar com ela. - jogou um beijo para o namorado que ficou irado com sua audácia e se controlou para não arrastá-la para um sala e trancá-la com Meester até que tudo voltasse ao normal, já que não aguentava mais aquele drama.
Basicamente anunciou que se desculparia naquele dia apenas para informar Liam que seria ele quem a levaria para a mansão Meester, já que após aceitar a proposta do garoto saiu correndo para a mesa onde , Niall e almoçavam na mais perfeita paz.
Payne praguejou baixo e começou a procurar por , que assim que o viu abanando os braços no ar para chamar sua atenção, caminhou até ele.
- Sua namorada não estava te fazendo companhia? - indagou já sentando-se, ao observar que ocupava outro lugar, mais especificamente ao lado de Hilton. Não queria admitir mas não gostou daquilo.
- Ela saiu correndo de você. - o menino respondeu impaciente voltando a suas almôndegas que começavam a esfriar.
- Ela ainda me odeia? - Meester pegava seus talheres e ao mirá-la de soslaio o rapaz pode ver seu sorriso frio, ainda sim soube que ela se importava - e muito - com a atual situação que se encontravam com a mais nova.
- Ela não te odeia. - respondeu impaciente, negando com a cabeça - Com sorte ela odiaria o Zayn, mas nem isso ela consegue. A odeia essa situação, assim como todos nós odiamos e arrisco a dizer que até você odeia.
- Claro que odeio, Liam! - falou como se fosse óbvio, afundado o canudo em seu copo de limonada - Tem fundo do poço maior que andar com o Malik?! E eu me sujeitei a isso! Que tipo de pessoa eu sou?! O Bennet? A ? A ?! Você?!
- Hey! - protestou com a boca cheia de carne - Às vezes eu acho que a única solução é sair batendo em todo mundo… merda! Meu treino de boxe é só amanhã. - nunca havia experimentado vontade maior de chocar os dedos contra o grande saco de areia, suas mãos sempre ficavam doloridas após o exercício, mas sentia que se não acertasse alguma coisa provavelmente usaria a cara de algum babaca como alvo e isso nunca terminava bem.
- Talvez é isso o que você deva fazer, sabia? Sair batendo em todo mundo para eu ter a desculpa de bater em algumas pessoas também. - remexia seu purê de batatas, só então notando que sua consistência estava suspeita.
- Cala a boca, você não vai bater em ninguém. - cerrou os olhos, levando o copo com água até a boca - Só termina seu almoço, . - mandou antes de saciar sua sede.
- Liam, que merda! Você não serve para nada! - irritou-se com o fato de não ter escolhido o almoço com sabedoria e salvou-se com o prato do melhor amigo, roubando seu suculento salmão - Você está me estressando.
- Foi você quem me estressou. - acusou, não se importando com o assalto explícito.
- Se eu te incomodo tanto, por quê você está almoçando comigo?
- Porque é isso que amigos fazem. - explicou com os olhos cerrados - E você nunca me incomoda… quer dizer, quase nunca. - deu de ombros, voltando a sua refeição, com um sorriso divertido nos lábios e mesmo sem fitá-la soube que também sorria. - Sabe, eu acho que você deveria tirar esse anel. - apontou cauteloso para o dedo da morena, onde o presente que Styles havia lhe dado há quase um ano, residia permanentemente. - Não é pior conviver com as lembranças do passado? - questionou preocupado com o bem-estar de Meester.
espalmou a mão sobre a mesa, observando a elegante joia e recordando-se exatamente de todos os acontecimentos do dia em que fora surpreendida pelo sorriso travesso de Harry que escondia a sacola com o presente atrás de si e falava que a entregaria apenas depois de receber um beijo: - Se a terminasse com você, você não ia querer carregar algo para lembrar-se dela? - falou sem atentar-se as palavras, muito menos a reação do menino a sua frente.
- Provavelmente… - ponderou incerto, apoiando o braço no encosto da própria cadeira - Mas a não é o Harry. - virou o rosto a fim de mirar a namorada conversando com os amigos a algumas mesas de distância.
Orteguinha ria de algo que Niall contava e provavelmente sentiu-se observada, pois voltou os olhos para Liam e sorriu, lhe mandando um beijo. O garoto nem ao menos percebeu que também sorria. Deus… como sentiria saudade daquela menina implicante quando se mudasse para a faculdade!
- E ainda bem por isso. - voltou-se subitamente para que mantinha-se curvada, com o queixo apoiado sobre a mão, mexendo no macarrão em seu prato sem parecer interessada em comê-lo e ao ouvi-lo parou o que fazia atentando-se a ele - Se tivéssemos interesse na mesma pessoa seria ruim para você. - pode ver o cenho dela se franzido e tratou de explicar-se - Eu sou mais bonito e divertido…
- Liam, com todo o respeito - endireitou a postura - , se você for mais divertido que eu, significa que eu sou insuportável. E isso eu não admito. - balançou o dedo no ar, enfatizando o que dizia - Você é chato, ranzinza e mal-humorado. Parece um velho de 70 anos! - acusou sem medir as palavras.
O queixo de Payne caiu fingindo estar ofendido: - Não! - foi apenas o que conseguiu reproduzir diante de tanta desfeita.
- Sim!
- A me acha engraçado. - cruzou os braços, sorrindo vitorioso.
- A acha uma mula engraçada. Ela ri de qualquer coisa!
- Você está me comparando com uma mula, ?
- Não. Até uma mula é mais engraçada que você. - arqueou as sobrancelhas, prendendo o riso, mesmo que Payne já gargalhasse a sua frente, passando as mãos pelo rosto.
Pela primeira vez em muito tempo sentiu-se relaxada, não sendo o alvo de críticas, olhares piedosos ou acusadores e comentários maldosos. É claro que não agradeceu ao amigo pelo apoio, afinal se ele soubesse que havia a ajudado ficaria insuportável por dias e Liam já era insuportável o suficiente sem ajuda nenhuma.
Infelizmente não pode aproveitar a paz interior por muito tempo pois o sinal soou mais uma vez, anunciando o retorno às atividades letivas e naquele dia Meester teria mais uma aula com Harry e além de Payne não estar lá para tranquilizá-la com sua presença, Zayn estaria, o que correspondia a dor de cabeça em dobro. A menina achou que não conseguiria passar pelo dia sem mandar alguém para o inferno, no entanto o tempo nem demorou tanto para passar e finalmente pode retornar a proteção de seu lar, onde se esconderia em seu quarto até a manhã seguinte que teria que passar por tudo mais um vez, como vinha fazendo nas últimas semanas.
Porém Diane tinha planos diferentes para a filha e a morena chegou a acreditar que a mãe estivera no corredor, em frente a porta de seu quarto, apenas aguardando ela terminar seu banho e colocar roupas mais confortáveis para adentrar o cômodo com um sorriso imenso no rosto, sentar confortavelmente em sua cama e começar uma conversa que não parecia que terminaria tão cedo.
adorava conversar com a mãe, mas na situação atual estava apenas esperando o momento em que a mais velha começasse a lhe questionar sobre sentimentos, relacionamentos, corações partidos e bem estar. A garota, definitivamente, não estava pronta para lidar com aquilo na frente da mãe, principalmente com ela lhe lançando um olhar compreensivo e estendo seus braços protetores para sua filhinha, que mesmo que tivesse 18 anos, a seus olhos sempre seria a mesma menininha que falava demais e gostava de se fantasiar de fada porque seu maior sonho era ter asas brilhantes, encantadas e poder voar.
E assim que o sorriso de Sra. Meester transformou-se do espirituoso para o inquieto, as duas ouviram batidinhas leves na porta e a morena suspirou pesadamente aliviada por poder evitar tópicos desconfortáveis com sua progenitora.
Diane permitiu a entrada do visitante e a porta abriu-se apenas o suficiente para que colocasse sua cabeça dentro do recinto e lançasse um sorrisinho envergonhado para mãe e filha.
- ! - a mais velha levantou-se, já imaginando que as crianças gostariam de passar um tempo a sós - Faz tanto tempo que você não vem aqui em casa, que eu estava até estranhando.
- Oi tia Di. - a caçula cumprimentou a mulher com um beijinho no rosto, evitando encarar a melhor amiga que não escondia a surpresa com sua visita.
- Bem, eu vou dar privacidade a vocês. - Diane despediu-se fechando a porta ao sair.
- Oi. - Orteguinha sentou-se na beirada da cama, incerta de seus movimentos.
- Oi. - cruzou os braços, arqueando a sobrancelhas, muito curiosa para ver como a garota lidaria com a situação desconfortável.
- Eu vim me desculpar pelo o que aconteceu naquele sábado. - foi direto ao ponto, sentindo que teria uma síncope caso ficasse enrolando. E o fato da mais velha estar sentada à sua frente apenas a assistindo se enrolar com as palavras fazia-a querer lhe lançar o abajur que repousava sobre o criado-mudo, totalmente alheio a pequena conversa. - Eu fui injusta, egoísta e uma péssima amiga. Me preocupei apenas com o meu problema e virei as costas para você quando você mais precisava de alguém… mas, disso você já sabe. - mirou as mãos em cima do colo, sentindo-se constrangida. - Eu prometo que vou parar de fazer teorias de que você não está bem ou te incomodar com assuntos assim. Me desculpa por falar que tudo que estava acontecendo de errado era culpa sua, não foi isso que eu quis dizer, eu me precipitei com as palavras e… bem, eu sinto sua falta. - tentou lançar um sorriso mas ficou mais parecendo uma careta.
Meester a fitou por breves segundos, lembrando-se das palavras de naquele sábado de manhã, após ter sido flagrada aos beijos com Malik:
"... essa merda que você e o Zayn estão fazendo só prova o quão doente vocês são e o quão miserável você está por dentro."
"Se você não estivesse tão ocupada tentando provar para todo mundo que está tão bem e, falhando miseravelmente, talvez o Harry ainda estaria com você..."

Não era um discurso fácil de se ouvir, ainda mais quando discorrido por uma pessoa que você ama. não tinha o direito de lhe dizer coisas horríveis como aquelas, mas também não tinha o direito de fazer metade das merdas que vinha fazendo nos últimos meses, então realmente não sabia pesar se a balança da moralidade pendia para algum lado no meio daquele desastre.
- Eu não queria que ele percebesse o que havia feito comigo. - admitiu abaixando os olhos e a outra menina juntou as sobrancelhas, aproximando-se dela, pois não entendeu suas palavras. - Eu não queria que ele percebesse que eu sinto falta dele. Eu não queria aceitar que não estou bem… eu não quero aceitar. - frisou, finalmente que a pior mentira é mentir para si mesmo. - Me desculpa, . No momento nem eu me suporto, por quê você deveria?
- Não fala assim. - colocou sua mão sobre a de Meester - Nós duas erramos. Esquece isso. - jogou os braços ao redor do pescoço da garota que assustou-se com a demonstração gratuita de amor. - Eu prometo que nunca mais vou brigar com você. Essas duas semanas foram as piores da minha vida.
- Ow! - apesar de ter retribuído o abraço, já tentava se soltar para mirar os olhos daquela pilantrinha - Até pior do que quando você fica sem falar com o Liam?! - franziu o cenho duvidando.
- Muito pior! - cresceu os olhos como se falasse o óbvio e estivesse ofendida que a amiga não a compreendia. - Ele não me entende, não adianta quantas vezes eu fale a mesma coisa, ele não me entende! Só você me entende… - ajoelhou-se sobre o colchão, prendendo os cabelos num rabo de cavalo.
- Isso é verdade, eu mereço mais consideração por isso! - deu de ombros, encarando as próprias unhas, ouvindo a risada da caçula. - Agora vem, vamos comer. - pulou para fora da cama sentindo uma satisfação enorme por ter a melhor amiga de volta.
Sua vida podia não estar completamente nos eixos, mas poderia voltar gradativamente. Certo?


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A incerteza muitas vezes é a origem da agonia e do medo. Afinal é a dúvida de como a vida se seguirá que desperta o pavor em cada um. Quando se é um aluno no último ano do colegial a insegurança de não ser aceito em alguma universidade, decepcionar os pais e a si mesmo, jogar no lixo os anos de aprendizado podem ser os responsáveis por noites sem sono. No entanto, ser um veterano também tem as suas vantagens, pois o último mês de aulas é direcionado apenas para os últimos preparativos do resto de suas vidas.
Portanto, os alunos do último ano não estavam em aula, como o resto sofredor da escola, mas sim recebendo seus anuários, felizes por finalmente poderem ver as fotos dos eventos esportivos e sociais que aconteceram no decorrer do ano e também suas próprias fotografias. Passeavam pelas dependências da Eton coletando assinaturas e dedicatórias em seus livros, muito contentes com a tolerância dos inspetores que pareciam todos estarem de bom humor naquele dia.
- Eu vou colocar todo o meu amor por você nessa dedicatória, Zayn. - Liam sorriu diabólico, tirando a tampa de sua caneta lentamente. - Você vai se lembrar desse momento para sempre.
- Deixa de ser idiota e vai logo. - repreendeu-o, apesar de sorrir. Sentava-se no chão para poder apoiar o anuário do melhor amigo no piso e também escrever sua dedicatório - Eu vou ser o primeiro a assinar?! - elevou o rosto para fitar o rapaz que usava a parede como apoio para escrever e não encarou-o de volta. - Nossa que honra, eu vou ser o seu primeiro! Dizem que a primeira vez sempre é desconfortável…
- Eu não sei - deu de ombros sem fitá-lo - , mas eu pergunto para a e depois te falo. - sorriu para o moreno e encolheu-se ao receber um soco na coxa.
- Babaca. - resmungou, ignorando o gemidinho de dor que Payne soltou.
- Zayn, assina meu anuário? - sentou-se no chão ao lado do garoto que ainda estava ocupado fazendo uma pequena caricatura de Liam antes de começar a escrever a dedicatória. - Você não tem noção do sacrifício que foi para o Louis deixar eu pegar de volta essa merda. - rolou os olhos - Se eu não tivesse feito um escândalo ele teria usado todas as páginas!
- Ele só está tentando mostrar todo o amor reprimido que tem. - Malik sorria concentrado e Westwick praguejou baixinho por aquele filho da puta ser muito bonito.
Payno desistiu de ficar em pé e sentou de frente ao amigo e a louca, atentando-se ao que o badboy desenhava: - Quer assinar no anuário do Zayn, ?
- Ahan, eu só acho um desaforo que você tenha feito isso antes de mim. - reclamou, debruçando-se sobre o livro, esforçando-se para sua caligrafia ficar perfeita, afinal não queria ser a causa da desgraça de algum anuário. - E eu assino o seu também.
- Ahn… não precisa se preocupar. - Liam negou a gentileza da menina, já imaginando que ela rasgaria, cuspiria e então atearia fogo no seu livro do ano.
- Imagina, eu insisto. - abriu um sorriso lento e maquiavélico e apesar de não querer admitir, Payne engoliu em seco.
- Pronto, cara. - Malik finalmente saiu de seu mundinho, empurrando o anuário do pelo chão até encontrar o dono. - Você já pode ir procurar a Lexi e pedir para ela assinar também.
- Uhhhhh! - levantou o rosto, fazendo seus cabelos ruivos esvoaçarem. - Ousado.
- Fica quieto, Zayn. - o menino cogitou a ideia de bater com a lata de lixo na cabeça do outro rapaz - Essa garota é tipo maldição. Você fala o nome dela e ela aparece.
- Já pegou muitas assinaturas, ruivinha? - Malik questionou.
- Não. - suspirou alto, pegando o livro de Liam contra a vontade do garoto que tentou o segurar parto de si, entretanto o puxão de Westwick foi mais forte - Já disse que o Louis ficou quinze minutos pendurado no meu anuário, escrevendo todas as letras de músicas românticas do Frank Sinatra. - apesar de sentir o desejo, não conseguiu rolar os olhos, pois tinha achado muito fofo a dedicatória de meia página que Tommo havia feito. - Pronto, Payne. - entregou o exemplar para o menino que fechou os olhos temendo o que encontraria.
- De sua eterna chefe, . - ao ler, soltou o ar aliviado, só então percebendo que o prendia. - Poderia ter sido pior… - sorriu, sentindo-se um idiota por estar agradecido por Westwick não destruir sua vida aos pouquinhos naquele dia atípico.
- Liam, fala que me ama. - chegou já sentando-se no chão ao lado do melhor amigo e descansou a cabeça em seu ombro, afinal estava exausta de andar pela escola recebendo e dando autógrafos. Lembrou-se de uma discussão que entrou com sobre fama, semanas atrás, e aquela experiência serviu para provar que não teria vigor para lidar com o amor ardente dos fãs.
- Eu escrevo que eu te amo muito ou que vou te amar para sempre? - o rapaz indagou com a caneta pairando no ar e os olhos baixos, tentando fitá-la nos olhos.
- Que vai me amar para sempre, porque já é um milagre você admitir isso!
- É por falas assim que eu não admito. - resmungou, já escrevendo o que havia prometido.
- Eu vou dar uma volta e ver quem mais vai assinar meu anuário. - Zayn anunciou após deixar sua assinatura do livro de Meester e receber a da morena. Levantou e limpou a calça com batidinhas.
- , cadê o Louis? - Payne perguntou já vendo-a também se levantar.
- Ele estava perto do laboratório de química escrevendo no anuário do Niall. - apontou com o polegar por cima do ombro, indicando a ala leste do prédio - Se ele perguntar para onde eu fui fala que fui atrás do Greg. - falou já saindo correndo atrás do nerd que não estava longe, conversando com a garota que havia levado para a festa do dia dos namorados, nunca lembrava o nome dela…
- Acho que eu também vou falar com o Greg antes de procurar o Tommo e o Irlanda. - Malik informou, ajudando Liam a se levantar. O garoto acenou com a cabeça agradecendo o auxílio.
- Vamos, - Payne estendeu a mão para a menina, que primeiro o entregou seu livro do ano, para que ele carregasse e depois aceitou sua ajuda para levantar-se.
Malik bocejou preguiçoso caminhando com seu anuário embaixo do braço, com dois dedos tentou folgar o nó da gravata que o incomodava, mas sem sucesso. Parou em seu armário para guardar o blazer e aproveitou para dobrar as mangas da camisa até os cotovelos, o resultado não ficou o mais arrumado possível, entretanto o verão estava batendo as portas e o moreno ficava contente de não precisar mais usar camadas e camadas de roupas grossas e pesadas.
Bateu a porta de seu armário fazendo um barulho agudo e alto, que soou por todo o corredor não muito movimentado já que só o último ano tinha a liberdade de percorrer todo o colégio. Tentou encontrar Westwick ou Greg mas ambos já haviam desaparecido, quem encontrou no lugar dos dois colegas de jornal foi um antigo companheiro, um velho amigo, uma pessoa com quem já dividiu colas para provas, detenções, travessuras, copos de cerveja e risadas, mas agora só repartiam ódio.
Harry estava com o ombro apoiado na parede e as mãos nos bolsos da calça, esperando um garoto do primeiro ano terminar de usar o bebedouro para que ele finalmente pudesse beber água.
Zayn bufou, sabendo que poderia apenas ignorar o problema e esperar que ele se resolvesse sozinho, mas também tendo convicção que nenhum dos amigos o deixaria em paz se optasse por fazer aquilo. Tomou o rumo do bebedouro e viu Styles curvando a coluna e apertando o botão para que um jato de água jorrasse na direção de sua boca.
- Assina meu anuário? - Malik preferiu uma abordagem sutil e inofensiva forçando um sorriso simpático. Mas tinha a leve impressão que parecia mais uma careta de dor.
Ainda curvado, Styles desligou o jato de água, elevou os olhos verdes até o outro menino mirando-o por poucos segundos, parecendo calcular sua opções, para então abaixar o rosto e voltar a beber água como se Zayn não estivesse parado a sua frente com uma careta insatisfeita, segurando aquele maldito livro como se nada de errado - muito errado - tivesse acontecido entre eles no último mês. Harry, finalmente desligou o bebedouro, endireitando a postura e limpou os lábios com as pontas dos dedos:
- Não. - falou simplesmente já saindo andando.
- Harry… - o moreno conseguiu reclamar, batendo a mão livre na coxa e girou sobre os calcanhares ficando novamente de frente para o outro rapaz.
- O que você quer, Zayn? - o cacheado parou de andar, também voltando-se para o menino que já parecia irritado.
- Que você assine a porra do anuário. - apontou para o livro, quase o arremessando na cara daquele imbecil
- Me deixa em paz. - falou por fim, colocando as mãos nos bolsos para voltar a caminhar, contudo se conteve e ainda de costas, não conseguiu evitar a perguntar - Por quê você fez isso? - mantendo os olhos no chão, questionou por cima do ombro - Por quê você teve que fazer isso, Zayn?
- Antes de me julgar - apontou para o próprio peito - não esqueça que foi você que deu o nome da , Harry. - o forçou a lembrar-se da maldita conversa onde selaram aquela merda de aposta. - Foi você que a designou, não eu.
- E você precisa concluir essa merda de aposta, não é! - virou-se de frente para ele, tentando manter o autocontrole e não chocar a cara daquele desgraçado contra o bebedouro.
- Não. - negou com a cabeça, dando de ombros - Mas então você desistiu dela e terminou a relação.
- Eu fui forçado a fazer isso, ameaçado. - deu um passo a frente - Não tive escolha! - forçava sua mente a racionalizar que estava no meio do corredor da Eton e não podia gritar a plenos pulmões, extravasando a raiva que o corrompia.
- Sempre há escolhas e você fez a sua. - a sua frente o antigo amigo perdia o controle gradativamente enquanto Malik mantinha a voz baixa e a expressão relaxada
- E eu estou prestes a escolher dar um soco na sua cara. -mais um passo a frente.
- Se tem uma arma apontada para a sua cabeça, você saca uma maior, seu idiota! - impaciente com a estupidez de Styles, Zayn o empurrou levemente pelo ombro, mas o suficiente para irritá-lo ainda mais - Mas sabe qual é o seu problema? - pareceu divagar em seus pensamentos - Você se acha muito melhor que o Louis e eu por "não estar" envolvido nessa aposta, quando na verdade está afundado até o pescoço, seu hipócrita.
- Cala a boca, Zayn. - protestou ofendido, entoando cada palavra calmamente, tendo consciência que se o outro menino continuasse a ofendê-lo em breve eles estariam rolando no chão como dois animais.
- Você é um hipócrita, Harry. - repetiu testando o limite da paciência do cacheado. - Me crucifica por ter ficado com a enquanto você fazia a mesma coisa com a .
A feição de Styles que até então estava vermelha e contorcida em raiva, suavizou-se gradualmente. Suas sobrancelhas que estavam juntas, em sinal de ódio, arquearam-se em surpresa. Seu maxilar trincado devido a cólera, abriu-se lentamente.
- O que disse?
- Você me ouviu. - Malik falou entre dentes.
- Eu sempre suspeitei que você fosse estúpido e depois desse último mês eu tive certeza, mas agora eu tô vendo que você é só doente mesmo. - Harry sorriu de lado, ainda indignado com a acusação sem fundamento. - Zayn, a e eu nunca tocamos um no outro, nunca aconteceu alguma coisa. - o espanto e o constrangimento estampados no rosto do outro menino quase fizeram valer toda aquela discussão. Mas só quase. - Eu nunca faria isso com você. Mas já comprovei que isso não se aplica a você.
- O quê? - foi a única coisa que conseguiu dizer.
Passou a mão pelo rosto, sentindo as pontas dos dedos formigarem, um calor desconfortável arder em sua nuca e um mal-estar se instalar por todo seu corpo. Colecionava vários arrependimentos no decorrer de sua curta vida, quando bebia demais em uma festa e despertava na manhã seguinte com enxaqueca arrependia-se por ser um idiota, quando recebia uma advertência na escola e ao chegar em casa precisa ouvir o pai gritar em seu ouvido como ele era uma vergonha arrependia-se por se importar com o julgamento de Yaser, quando deixava algum trabalho para a última hora e virava a noite tentando compensar a irresponsabilidade arrependia-se por não ter conseguido dormir direito, quando perdeu Hilton o arrependimento foi maior que qualquer outro, até aquele momento.
O arrependimento o corrompia e o dava vontade de vomitar. Seus pulmões pareciam não funcionar mais e a falta de oxigênio o deixou zonzo, fazendo-o apoiar o ombro na parede mais próxima, pois sabia que cairia ao chão a qualquer momento. Aquele pânico fazia-o sentir-se preso no banheiro de seu quarto como no dia em que terminou com ele.
- Zayn, você está bem? - conseguiu ouvir a voz de Harry e ao mirá-lo pode ver como estava preocupado. - Você está pálido.
Tudo o que conseguiu foi negar com a cabeça, mas o breve movimento fez o ambiente ao seu redor girar e girar piorando seu estado.
- Toma. - Styles apareceu a sua frente novamente com um copo de plástico. - É água. - explicou já que o amigo encarava sua mão com as sobrancelhas juntas como se ele estivesse o entregando um cálice com sangue de uma virgem.
- Obrigado. - fechou os olhos, bebendo todo o conteúdo do copo. - Eu vou sentar um pouco. - apontou para o chão e com dificuldade sentou-se, apoiando as costas na parede, com as pernas estiradas a sua frente e abraçou o anuário contra o peito.
O cacheado o fitou incerto, olhou para os dois lados do corredor a procura de algum inspetor, professor, qualquer funcionário da escola serviria naquele momento. Acreditava que precisava chamar alguém para levar Malik até a enfermaria, mas também não queria o deixar sozinho. Coçou a nuca ainda sem saber o que fazer, Zayn era um idiota, mas era seu amigo idiota. Preferiu permanecer ao lado do moreno e sentou-se também, esperando ele respirar e se recompor.
- Desculpa. - o badboy falou entre um suspiro e Styles virou o rosto, o fitando. - Me desculpa.
- Que merda… - praguejou, passando as mãos pelos cabelos, bagunçando alguns cachos. - A gente só fez merda.
- Eu sei. - mantinha o livro contra o peito e o olhar fixo na parede do outro lado do corredor
- Me desculpa também, Zayn.
Malik levantou o punho, dirigindo um soquinho para o amigo, que sorriu e retribuiu o gesto.
- Você está bem? - Harry indagou com uma sobrancelha arqueada, preocupado.
- Não.
- É, eu também não.

O sinal soou e as portas das salas de aulas foram arrombadas no mesmo instante, libertando centenas de adolescentes que não suportavam mais escrever e ter a atenção voltada para o quadro negro. O corredor estava lotado e cada um caminhava esquivando-se dos outros a fim de não se chocarem o tempo todo.
A loira andava curvada, carregando o peso de sua bolsa que tinha mais livros que o indicado para sua coluna e colocou a mão a frente da boca ao bocejar, só mais uma semana e finalmente estaria de férias. Precisava admitir que gostava da imagem de uma praia, a imensidão do azul do mar e céu mesclando-se e tornando-os um só e ela com um biquíni branco, sentada confortavelmente com um coco nas mãos. Suspirou, pensando bem, qualquer lugar que não fosse Londres estaria bom para passar o período sem aulas. Qualquer lugar longe de Zayn.
Abriu seu armário fazendo a troca de material e antes de fechar a porta de metal pode ouvir alguém chamando-a. Reconhecia aquela voz, mas tinha certeza que fazia 4 meses que não a ouvia chamar seu nome, nem ao menos se referir a ela. Na verdade, os olhos castanhos que acompanhavam aquela voz também não a miravam ao longo desses 4 meses.
Quatro meses?! Deus, fazia tanto tempo…
Virou-se e pode ver Malik a sua frente com uma expressão triste, parecia derrotado, como se o mundo o tivesse vencido.
- - chamou mais uma vez, fazendo-a sentir o coração apertar ao notar como tinha saudade de ouvi-lo entoando seu nome - , podemos conversar?
Piscou algumas vezes. O que ele teria para falar a ela depois de toda a turbulência e desastre que aqueles quatro meses foram?!
- Acho melhor não. - conseguiu respondeu baixo e ao encará-lo acenar com a cabeça surpreendeu-se de que o rapaz havia conseguido a ouvir.
- Eu entendo. - disse por fim, segurando com força as alças da mochila e se retirou da presença dela odiando-se mais do que nunca.
Saiu as pressas da escola, encaminhando-se para seu carro, querendo apenas passar o dia em seu quarto, fumando e quem sabe assistir alguma coisa. Sentiu um alívio muito grande ao ouvir o alarme do bentley soando e abriu a porta respirando fundo.
- Zayn. - ouviu a prima o chamando e ao virar-se pode vê-la correndo em sua direção. - Oi. - a morena sorriu com a respiração descompassada devido o pequeno percurso que precisou acelerar o passo para conseguir alcançá-lo.
- Oi. - retribuiu o sorriso jogando a mochila no banco de trás do automóvel esperando ela lhe dizer o que queria.
- A , a e o Liam estão indo lá para casa agora. - informou, enrolando o tecido da saia no dedos - Você não quer ir também?
Malik apoiou-se na porta do veículo, ponderando sua opções, poderia ir para casa e focar todo seu ódio em si, ou acompanhar os amigos e tentar divertir-se um pouco, quem sabe até conseguiria conversar com o tio quando ele chegasse do trabalho.
- Eu vou sim. - respondeu adentrando o bentley e abriu o vidro para terminar a conversa com Ortega. - Só vou trocar de roupa antes e já encontro vocês lá.
- Tudo bem. - ela concordou e o rapaz não deu a partida até vê-la entrando no jeep de Payne juntamente com Meester e princesinha Styles, que parecia muito focada em discutir algo com Liam, que por sua vez rolava os olhos, bufando, fazendo a loirinha rir por aparentemente ter o melhor argumento.
De fato, o badboy não demorou para chegar a casa dos tios, encontrando os adolescentes esparramados pela sala de TV, cada um com um balde de pipoca amanteigada.
- Zayn! - o cumprimentou animada, levantando os braços em comemoração.
- Eu disse que não devíamos ter dado tanto açúcar para ela. - declarou com as sobrancelhas juntas, estranhando o riso fácil da outra menina.
- Oi. - o garoto disse a todos, colocando a chave do carro e a carteira em cima da mesa de centro.
- Vem, Zayn, pode sentar do meu ladinho. - deu dois tapinhas no chão, ao lado dela, indicando onde ele supostamente deveria se sentar - Eu divido minha pipoca com você. - o rapaz por sua vez não reclamou e tomou seu lugar próximo a garota que colocou a bacia com a guloseima no colo dele.
- Por que o Louis e a não vieram também? - Malik questionou levando à boca uma mão cheia de pipoca.
- A saiu com a mãe dela e o Lou foi lá para casa com o Harry. - a loirinha esclareceu
- E cadê o Niall? - indagou limpando a mão suja de manteiga na calça jeans.
- Não faz essa pergunta! - apesar de Liam falar baixinho, tentando avisar o melhor amigo, todos os presentes o ouviram e Zayn o encarou sem entender, com o cenho franzido.
Ao voltassem para , esperavam encontrar um pequeno demônio cheio de ódio, já que Payne parecia tão desesperado em conseguir evitar o assunto Horan.
- Ele está com a , assistindo aqueles filmes de terror antigos. E aqueles filmes são horríveis! - a caçula Styles disparou, não percebendo que todos a miravam incertos do que comentar e acabar sendo o motivo do humor dela ficar ainda pior.
- Eu acho que essa é a graça, . - Liam tentou soar prestativo, mas a menina o fitou fria e Meester tentava entender como o ser saltitante e escandaloso de segundos atrás era o mesmo que agora só tinha ódio e sede de sangue.
- O problema não é o péssimo gosto para cinema, mas sim o Niall virar para mim - apontou para si, encarando Zayn que chegou a ficar atordoado com a voz alta e estridente dela soando em seus ouvidos com tanto rancor - e dizer que não tem problema eu ir junto! - declarou totalmente ultrajada e o moreno voltou os olhos para as outras três cabecinhas que os miravam, clamando por ajuda, afinal não havia encontrado algum erro na fala do irlandês
- Ahn… . - começou a dizer, mas parou assim que viu negar com a cabeça, indicando para ele não piorar a situação.
- Argh, você não entende. - a loirinha resmungo, bebendo um gole de seu suco. - Você não percebe, Zayn?! Se o Niall disse que não tem problema eu ir é porque não queria que eu fosse.
- Não. É porque não tem problema você ir! - o badboy frisou, não entendo a razão daquela discussão absurda e ao ouvi-la negar mais uma vez o que o fatos expressavam precisou indagar: - Então o que o Horan diria se de fato não tivesse problema você se juntar a eles para a maratona de filmes?
- Ele apenas me convidaria para ir junto. - respondeu com o semblante em paz, satisfeita por parecer vencer a discussão.
- - a chamou tentando melhorar a situação - , eu tenho certeza que o Niall apenas se expressou mal.
- Tanto faz. - resmungou, pegando mais pipoca do balde - Agora eu estou irritada demais para tentar ver o lado dele da história. O problema não é ele não me querer lá, é ele fingir que quer. - disse com os olhos cerrados, parecendo uma pequena psicopata.
- Eu acho que você está começando a se confundir com tanto argumento. - Meester sorriu divertida, já imaginando o que o loiro precisaria fazer para convencer a namorada de que ela estava enganada, como todos já tinham certeza que estava.
- Eu quero mais pipoca. - Styles reclamou, a fim de mudar de assunto e não ser vencida em sua alegação de injustiça de Niall.
- Eu vou buscar. - Orteguinha levantou-se, coletando os baldes de todos que concordavam com .
- Eu ajudo. - Payne calculou que duas mãozinhas não eram o suficiente para carregar 5 bacias com pipoca e saiu da sala atrás da namorada.
- , ainda tem suco? - a princesinha gritou esperando que a amiga não estivesse longe demais para ouvi-la.
- Acho que sim. - ouviu a resposta gritada da morena e sorriu dando um pulo do chão correndo em direção a cozinha com seu copo de vidro na mão, como sua mãe sempre disse para não fazer e correr o risco de cair e se machucar com os cacos.
instantaneamente sentiu-se desconfortável estando apenas na companhia de Malik e teve vergonha de si por encontrar-se naquele estado depois do que ambos haviam feito juntos no último mês. Conseguia se lembrar até de rir com Zayn quando estavam em uma festinha de comemoração do time de futebol e o moreno tropeçou, deixando o cigarro escapar dos dedos e ele mesmo quase caiu no chão, contudo ao recordar-se da ocasião talvez não estivesse rindo com Malik, mas sim rindo dele.
Pode vê-lo esticando-se para alcançar um almofada que decorava uma das poltronas da sala e utilizá-la para apoiar a cabeça quando deitou-se e sacou o celular do bolso traseiro do jeans.
- Já achou um vestido para o baile? - o menino a perguntou ainda encarando o aparelho em suas mãos.
- Quê? - cerrou os olhos, voltando sua atenção a ele que ainda não se sujeitava a fitá-la.
- Já achou algum vestido?
- Claro! Falta uma semana para o baile. - lembrava-se exatamente da tarde que teve com a mãe e , há dois meses, quando as três saíram à caça do vestido perfeito - Por quê? Você ainda não procurou sua roupa? - questionou temendo a resposta. É claro que aquele bosta deixaria para última hora e arruinaria a noite que deveria ser perfeita.
- Não se preocupa, eu já sei o que vou usar. - afirmou tendo certeza, para segundos depois tentar puxar na memória o dia em que a mãe apareceu em seu quarto com o smoking branco, no entanto não conseguia recordar se aquilo de fato acontecera ou fora apenas um sonho. Precisava conversar com Trisha imediatamente e, por esta razão levantou-se a fim de ligar para a matriarca e perguntar se a roupa existia ou não. Mas primeiro precisava resolver um último assunto pendente. - Eu acho que nós precisamos conversar… - sentou-se no sofá ao lado da garota que o mirou expirando todo o ar de seus pulmões, odiando o que ainda nem havia começado.
- Eu sei. - confirmou com a cabeça encarando as mãos sobre o colo - Mas eu não quero.
- Eu esperava que ignorando o problema ele se resolveria sozinho. - explicou - É o que eu faço, a maioria das vezes. - arqueou as sobrancelhas sorrindo.
- Eu sou um problema agora?
- Não foi isso o que eu quis dizer. Você sabe. - disse severo, já irritando-se imaginando que Meester distorceria tudo o que falasse.
- Isso não vem ao caso agora. - deu de ombros, arrumando-se sobre as almofadas macias do sofá para ficar de frente para o moreno com pernas de índio. - Eu sei o que você vai falar e concordo.
- O que você acha que vou falar? - franziu o cenho não acreditando que ela fosse uma espécie de vidente.
- Que essa história da gente se envolver - indicava ela e o rapaz com os dedos - só deu merda e que devemos parar.
- Eu não colocaria nessas palavras, mas… é, é basicamente isso. - concordou, fazendo um biquinho com os lábios vermelhos, passando uma das mãos na bochecha sentindo os pelos curtos da barba pinicar sua pele.
- Mas eu ainda preciso ir ao baile com você porque você estava certo sobre… - sentiu o estômago revirando ao ter a imagem de Styles afundando o rosto na curva do pescoço de , enquanto ela acariciava seus cachos e ria de uma das bobeiras que ele sempre falava - sobre… você sabe. - não conseguiu terminar a frase e desviou os olhos azuis, abaixando o rosto.
"- Zayn, a e eu nunca tocamos um no outro, nunca aconteceu alguma coisa."
A voz de Harry ecoou na cabeça de Malik.
- Pois é, eu estava certo… Infelizmente. - fitava todos os cantos da sala menos o par de olhos azuis a sua frente.
- Além do mais, eu sei que quando a souber que não estamos mais - indicou novamente ambos com os dedos, fazendo uma careta - Ela vai ficar feliz de saber que mesmo assim vamos ao baile juntos. - ao vê-lo juntar as sobrancelhas em sinal de ignorância, explicou - Significa que não nos odiamos tanto assim.
- Eu nunca odiei você. Você que sempre foi louca!
- E você não está me ajudando a te odiar menos. - sorriu irônica, vendo-o rir e rolou os olhos.
- Então temos um acordo? - o menino esticou a mão e pode observar a relutância nos olhos da morena em espelhar seu gesto e cumprimentá-lo com um aperto de mão.
- É, tanto faz. - deu de ombros.
- Interrompo? - era Payne, carregando quatro baldes com pipoca nos braços, sustentando uma expressão divertida e de falsa vergonha.
- Cala boca, Liam. - resmungou, esticando-se para tentar alcançar uma das bacias com a comida.
e chegaram logo atrás com uma jarra de suco e um pacote tamanho família de M&M, o último foi a causa da perdição de Meester e princesinha Styles naquela tarde cheia de risadas e diversão.
Era saudoso, finalmente, conseguir divertir-se um pouco dentro de um grupo de velhos amigos, mesmo entre tanto caos, mágoa e desastre.

Não demorou para Zayn e Payne buscarem refúgio na casa do primo de Ortega, já que o número de garotas se sobressaia aos presentes do sexo masculino e os meninos estavam prestes a enlouquecer com as conversas e risadinhas. avisou que decidira de última hora dormir na casa da melhor amiga e ao convidarem princesinha Styles para acompanha-las, a loirinha precisou declinar pois já tinha planos com o irmão para a noite.
- Então vocês vão parar com isso? - questionou, esparramada em sua poltrona, observando a mais velha deitada em sua cama, após ela ter lhe retada a conversa com Malik.
- Sim.
- Graças a deus! - suspirou aliviada. - Eu realmente achava que não existia casal mais atípico que Louis e , mas então você e o Zayn fizeram questão de provar que eu estava errada. - ria enquanto Meester revirava os olhos.
- Esses últimos dois meses, sem dúvida, não foram o maior orgulho da minha vida. - a morena falou afundando-se no mar de travesseiros.
- Pelo menos agora acabou. - Ortega encarava seu celular, rolando pelo feed do Instagram e nem ao menos percebeu que os pensamentos de viajavam para longe.
- Mon… - com os olhos azuis presos no teto, chamou pela amiga após alguns minutos meditando em tantos erros, colocando-os numa balança fictícia, tentando extrair dali a sua redenção. - Você acha que a vai me perdoar… eventualmente?
A caçula a mirou atenta, escolhendo as palavras para se expressar, afinal aquele era um assunto delicado, o qual todos concordavam que Meester e Zayn haviam passado de todos os limites imagináveis e ninguém as motivações que os levaram aquela infeliz situação.
- Se eu fosse ela nunca mais olharia na sua cara. - respondeu sincera sem conseguir ver a careta que sustentou - Mas a é diferente…
- Ela falou com você a respeito? - sentou-se para poder fitar a mais nova que sorria espirituosa.
- Desde quando a conversa com alguém sobre a vida dela?! - arqueou as sobrancelhas sentindo-se muito espertinha por conhecer a modelo. - Ela falou com o Niall, mas ele não quis fazer maiores comentários. - recordava-se do dia em Westwick, princesinha Styles e ela tentaram extrair alguma informação significativa do irlandês que pela segunda vez em sua vida conseguiu guardar um segredo (o relacionamento com fora o primeiro).
- Eu devia conversar com ela, né.
- Claro! - deixou os ombros caírem, mudando de posição sobre a poltrona. - Se eu estivesse na situação da gostaria de ouvir um pedido de desculpa.
- Eu não posso só ignorar o problema e esperar que ele se resolva sozinho? - usou as exatas palavras de Malik, desejando que Hilton fosse o novo "problema", no entanto, mantinha em mente que o ela mesma era o infortúnio de todos ao seu redor.
- Pode. - concordou com a cabeça - Mas assim você corre mais riscos. Não seria melhor resolver tudo logo?
- Não. - despencou novamente sobre os travesseiros, ouvindo a risada da morena.
Precisava meditar e formular um bom discurso para conseguir o perdão da menina modelo. Já conseguia sentir a cabeça latejando levemente. Sabia que todos a julgavam como a vilã enquanto Hilton era uma vítima, apesar de não concordar completamente com as divisões dos papéis daquele drama, também não discordava por inteiro. Havia errado e nenhum arrependimento mudaria o que havia feito, mas teve seus motivos e ninguém parecia se esforçar para tentar entendê-la.
Aquela novela dramática não possuía um vilão digno, pois todos seus personagens empenhavam-se para esconder seus corações em pedaços e suas almas quebrantadas e amargas pela saudade.
nunca fora a mocinha de nenhum romance, mas também não seria a vilã de um conto de fadas alheio. precisava resolver suas pendências, seguir em frente e superar todos aqueles que haviam a magoado.

Faltava tão pouco para o fim do ano letivo que até mesmo os professores haviam desistido do planejamento acadêmico feito no início do semestre e as aulas se resumiam a atividades em grupos, visitas à biblioteca ou os mestres fingindo que atentavam-se a conteúdos importantes em seus computadores enquanto os alunos coversavam ou também simulando que desenvolvia os trabalhos sugeridos pelos professores.
O almoço se aproximava e ao ouvir a barriga roncando Niall a cobriu com as mãos, fazendo uma careta enquanto jogava a cabeça para trás e resmungava. Começava a acordar mais cedo para conseguir tomar o desjejum ou em breve teria uma úlcera no estômago e o problema seria maior que minutos a menos na cama.
Estava na biblioteca desde o início da aula de matemática, ao seu lado tentava discorrer seu texto sobre os formandos, mas tinha dificuldade em encontrar os termos corretos, afinal estava inserida neste grupo e queria angariar alguns sorrisos e emoções maiores dos colegas que se formariam com ela naquela quinta-feira. Além de a carga emocional ser grande por esta razão, aquele se tratava de sua última matéria para o jornal da Eton e a garota talvez estivesse um tanto quanto emotiva, entretanto não admitiria.
Hilton, sentada a frente do melhor amigo fazia uma lista de exercício de literatura, pedindo seu auxílio vez ou outra, afinal não tivera tempo de ler todas as obras propostas pelo Sr. Burrows
- , eu pensei que você tinha lido Drácula. - Horan juntou as sobrancelhas ao ouvir a pergunta da menina. Se tratava de uma pergunta simples e se a loira tivesse de fato lido o romance teria a resposta.
- Talvez eu tenha lido os primeiros capítulos e pulado para o final… - respondeu envergonhada, sorrindo sem pudor.
- É assim que se faz, . Afinal ninguém se importa com literatura… - Westwick rolava os olhos, apagando mais paragrafo que antes parecia perfeito mas após lê-lo pela quinta vez parecia massante.
- Eu gosto de Shakespeare, Jane Austen, Mary Shelley, Bram Stoker…. - citou apenas os escritores que lembrava - Mas já estou cansada de estudar obras do século 16, 18 e 19, enquanto estamos no século 21. É impossível que algum escritor contemporâneo não tenha feito algo com direito a ser discutido em uma aula de literatura!
- Bem você pode chegar a sua conclusão olhando para nós. - indicou a si e ao loiro ao seu lado. - Nós vamos para a faculdade semestre que vem, você acha que estamos aptos a carregar os problemas sociais? - arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços, encarando amiga de forma divertida, mas também reflexiva
- Não. - a modelo constatou após ouvir a barriga de Niall roncar novamente. O garoto não conseguia nem ao menos se alimentar direito, conseguiria sanar os problemas da Inglaterra?!
- Então continue com os livros do século 18. - a ruiva riu, voltando a digitar pois após a reflexão de que estavam apavorados por irem a faculdade teve uma boa ideia para o seu texto.
- Eu nem sei porque você está se esforçando tanto pra esse trabalho. - o garoto bocejou, coçando os olhos. - Nem ao menos vale nota. É a última semana de aula!
- Digamos que eu não me esforcei esse semestre e estava tentando me redimir. - inclinou a cabeça para o lado, brincando com o chaveiro em seu estojo.
- A culpa não é sua que teve um milhão de trabalhos. - Westwick falou com os olhos filhos na tela brilhante do computador.
- Na verdade é, porque eu aceitei os trabalhos.
- Me ajude a te ajudar, . - a ruiva disse visivelmente contrariada, fazendo o irlandês rir.
- Assinala qualquer alternativa. - Niall sugeriu apoiando os braços na mesa e deitou sua cabeça sobre eles. - O professor nem ao menos vai corrigir.
A loira entrou em um grande dilema. Em situações corriqueiras e diárias já era difícil tomar decisões, imagina quando burlar o sistema era a cláusula a ser estudada. Enquanto encarava a folha de papel com as questões imensas que o Sr. Burrows havia dedicado tempo para redigir, pode ouvir alguém a chamando e elevou os olhos castanhos curiosos encontrando um par de olhos azuis astutos.
- . - parou atrás de Horan e . O irlandês nem ao menos virou-se para ver quem era, mas franziu o cenho, pesaroso. Westwick, girou a cadeira a fim de observar Meester e arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços não sabendo se admirava a audácia ou julgava como estúpida a iniciativa da outra garota de ir atrás da modelo. - Preciso falar com você.
- Claro. - Hilton a mirava esperando que ela continuasse.
- A sós. - determinou, abaixando para fitar os dois patetas que queriam muito saber o que ela tinha para dizer.
- Okay. - levantou-se, sorrindo para o melhor amigo como se dissesse que estava tudo bem e não conseguiu evitar rolar os olhos.
O que faria com Hilton?! A garota era praticamente 15 centímetros mais alta e tinha mais disposição para qualquer coisa. A morena preferiu não fazer algum comentário e apenas segui-la para um canto mais afastado da biblioteca.
- E então? - a loira indagou, voltando-se de para a outra menina que apoiava as costas em uma das estantes de livros.
- Eu queria te pedir desculpa.
- Sim.
- Desculpa.
- Tudo bem.
- Só isso?
- O quer que eu diga?
- Sei lá… - arqueou os ombros confusa, esperava uma reação mais ativa. Apesar de saber que Hilton não era tempestiva esperava que ela demonstrasse emoções maiores ao ter que encarar sua suposta nêmesis. - Alguma coisa! Que você diga que me odeia, me chame de vadia, grite comigo, fale que eu sou uma pessoa horrível e egoísta.
- Eu não vou fazer isso com você.
- É claro que não… - expirou todo o ar, rolando os olhos, sabendo que se a outra garota mantivesse a postura por mais alguns minutos, Meester iria sentir-se muito pior.
- Você até parece o Zayn falando dessa forma. - sorriu envergonhada, abaixando o rosto.
- Ah, ótimo. - a morena queria chocar a própria cabeça contra a parede. Agora seus trejeitos lembravam aquele badboy artificial?
- Quando nós terminamos… - falou sem pensar, sendo tomada pelo ímpeto de ter Malik como tópico da conversa, todavia logo se calou, escondendo as mãos atrás do corpo e fingindo que nenhuma palavra havia escapado de seus lábios rosados.
No entanto os olhos azuis de demonstravam algo que Hilton não esperava, pelo menos, não da parte dela. Cumplicidade. A mais velha também era vítima de um relacionamento fracassado e havia passado pelas mesma aflições que ela.
- Quando nós terminamos - voltou a dizer, encostando o ombro na estante ao seu lado - ele disse que sabia que eu não me importava com nada relacionado a nós.
Era estranho relatar seu fracasso para alguém que não fosse Niall. O melhor amigo havia sido o único, fora do núcleo familiar, com quem havia conversado abertamente sobre todas suas angústias.
- Eu sempre achei que estava ajudando sendo assim. - apontou para si, parecendo embaraçada e aborrecida. - Mas no final, tudo foi culpa minha. Nós ainda estaríamos juntos se eu fosse mais… Você sabe. - seus lábios curvaram-se em um pequeno sorriso, enquanto juntava as sobrancelhas. - Intensa, talvez.
- , você não precisa mudar quem é. - negava com a cabeça - Você não precisa ser mais intensa, ou sei lá…
- Você é. - a mirou - E ele estava com você, não comigo.
A respiração de Meester trancou na garganta e o olhar vazio de Hilton não a auxiliava a recuperar o fôlego.
- Nós cometemos um erro. - endireitou a postura, esforçando-se para organizar os pensamentos e externá-los da forma correta - Nem eu mesma sei porque fizemos aquilo… Só estávamos magoados, tentando não nos sentir como se não merecêssemos a consideração de vocês. - a direcionou um olhar significativo esperado que a loira compreendesse a quem era designado o plural.
- Eu sinto falta dele. - toda a pele de arrepiou-se apenas ao pensar no rapaz. Já fazia tanto tempo, sentia tanta saudade, queria tanto tê-lo de volta. Sentia que faria qualquer coisa para consegui-lo, mas ainda tinha medo.
A loira sorriu para a amiga. Havia a confidenciado seu segredo e não se arrependia, havia o feito pois desejava e não de forma impensada.
analisou a confidência da garota, tentando descobrir se Hilton e Styles faziam parte de um relacionamento. Afinal todo o tempo que Meester havia passado com Zayn ela sentira saudade de um único sorriso, um único par de olhos verdes e apenas um perfume. e Harry podiam estar buscando uma forma de escapar da realidade assim como ela e o badboy tentaram. Contudo tinha tanto medo da resposta que preferia permanecer na ignorância a viver seu maior temor.
- Ele também sente sua falta. - cruzou os braços, sorrindo perspicaz ao ver os olhos de Hilton arderem em uma chama de esperança. - Ele sempre está olhando para você. O tempo todo. Em uma festa o Malik saberia, facilmente, dizer com quem você conversou, quantos drinks você bebeu e o que eles continham, quantas vezes você suspirou ou até mesmo piscou, se sorriu, se foi real ou apenas por educação, quantas vezes você passou os dedos pelo cabelo e acho que ele poderia descrever exatamente o seu perfume.
Seria ridículo não admitir que o coração de Hilton palpitou tão rápido que foi a razão de suas bochechas ruborizadas. Não era apenas o rosto da mais novo que aquecia, mas sim todo seu corpo respondia as palavras de Meester.
- Eu acharia estranho - revelou divertida, piscando - Mas você pode achar bonitinho.
- Você sente falta do Harry? - a loira indagou esperando que a garota lhe dissesse que sim, que despejasse todo a saudade que tinha do menino de olhos brilhantes.
desejava poder dirigir palavras confortantes a , assim como a morena havia feito para com ela, mas tudo o que recebeu em resposta foi um dar de ombros receoso. Hilton poderia julgar aquela reação como medo, mas preferiu não escavar meticulosamente o coração de Meester e acabar encontrando o que assustaria ainda mais a garota de sorriso fraco.
- Estamos bem agora? - questionou mudando de assunto.
- Claro que sim. - sorriu a abraçando pelo ombro.


ooo


- Eu acho que está certo assim. - falou encarando o adorno ao redor do pescoço do rapaz que suspirava cansado por sentir-se como um quadro exposto em uma galeria.
- Mamãe, está torto! - a loirinha desesperou-se pois já havia tentado auxiliar a mais velha na missão em que se dedicava nos últimos 15 minutos, mas ao tocar o tecido da peça levou um tapa ardido na mão.
- Não está torto, … - Katherine a encarou altamente ofendida - Está? - voltou a mirar a gravata do enteado que tentou sorrir para passar-lhe confiança e finalmente poder sair dali.
- Claro que sim! - a princesinha tomou a frente fitando os olhos do irmão, desafiadoramente - Harry, fala para ela que está torto.
- Eu… - o moreno tentou manifestar-se mas Kate já gritava em seu ouvido, fazendo-o fechar os olhos pelo som estridente em seus tímpanos.
- Desmond! - chamou desesperada pelo marido - Eu não uso gravata para conseguir ajudar com esse maldito nó. - ainda tinha o tom de voz alto e o homem apareceu correndo, rindo ao ver o filho clamar por uma alma misericordiosa que o tiraria das garras das duas loucas que quase o viravam do avesso para arrumar-lhe como uma boneca.
- Vocês fizeram um ótimo trabalho. - Sr. Styles concluiu observando o nó quase na nuca de Harry.
Katherine virou-lhe os olhos verdes felinos e irados, parecendo calcular se ele ainda era útil vivo, pois se não fosse com certeza o mataria naquele segundo.
- Pode deixar que eu assumo daqui, querida. - Des sorriu, dando-lhe um beijo na bochecha e as duas mulheres deixaram o quarto do rapaz com a desculpa de que ainda não estava pronta e precisava da ajuda da mãe.
- Obrigado. - Harry agradeceu, vendo o pai fechar a porta - Elas não me deixam colocar o blazer porque pode amassar, eu também não posso sentar para não amassar a camisa e nem tive tempo de dizer que não preciso de ajuda com a gravata. - dizia encarando seu reflexo no espelho, enquanto desfazia o nó horrendo para o arrumá-lo e sorriu por concluir que no fim das contas as doidas tinham de fato sido úteis ao ajudá-lo na escolha das peças.
- Agora que estamos sozinhos posso finalmente te entregar isso. - Sr. Styles aproximou-se do menino que o fitou curioso, notando a pequena caixa preta em suas mãos.
Desmond não escondia o orgulho que sentia por estar se dirigindo a formatura de seu primogênito naquele dia e o cacheado também não conseguia conter a felicidade por saber que o olhar orgulhoso do pai era dirigido para ele.
- O que é isso? - Harry questionou sorrindo - A chave de um carro novo?! - arregalou os olhos ansioso, chacoalhando a caixa perto do ouvido a fim de ouvir o seu conteúdo e tentar adivinhar. - A chave do meu apartamento novo?! - tentou mais uma vez.
- Eu não sabia que você preferia um apartamento a ficar no dormitório da faculdade ou em uma fraternidade. - o mais velho juntou as sobrancelhas confuso, afinal a última vez que aquele fora o tópico de uma conversa o garoto havia falado que para onde os amigos fossem ele iria atrás.
- Não custa nada tentar… - deu de ombros com os olhos sobre o embrulho. - Eu pensei que as pessoas ganhavam presentes quando se formavam na faculdade, não no ensino médio.
- Você não pode culpar um pai por querer agradar um filho. - Desmond respondeu na defensiva, colocando as mãos no bolso da calça. - E esse presente não é meu. - admitiu vendo a curiosidade estampada no rosto do mais novo. - Sua mãe me pediu para te entregar no dia da sua formatura.
Harry imediatamente voltou os olhos para a caixa em sua mão. O objeto repentinamente parecia pesar uma tonelada e queimar a pele que o sustentava. Sua visão ficou turva e ele não era mais um formando do ensino médio com 18 anos, mas sim um garotinhos assustado, com o joelho ralado e apenas 6 aninhos.
Anne não estava ali. Ele havia passado a tarde anterior com a mãe em sua mente. E a noite, ao deitar-se, ficou imaginando como seria ir buscar-la no aeroporto, como ela o obrigaria a tirar milhões de fotos com pessoas diferentes e talvez algumas que o rapaz nem ao menos conhecia, pensou em Anne brigando com ele por sua postura desajeitada e alinhando o nó de sua gravata, colocando um cacho rebelde no lugar, beijando sua bochecha e quem sabe algumas lágrimas de orgulho escorressem por seu rosto enquanto Harry rolava os olhos e fingia que aquilo não era nada demais.
- Eu sinto falta dela. - deixou a voz escapar em um sussurro, enquanto mantinha o foco na caixa em suas mãos.
- Eu sei. - Desmond aproximou-se a passos cautelosos.
- Eu não a conheci, papai. - após meses de luto e sofrimento, Harry admitiu o que mais o envergonhava e seus olhos vermelhos e rosto molhado assustaram o homem à sua frente.
- Do que está falando? - o mais velho apertou seu ombro a fim de passar-lhe força - É claro que você conheceu a sua mãe!
- O senhor não entende. - negou com a cabeça e enxugou as lágrimas com as costas da mão, um pouco constrangido por chorar na frente do pai. - Eu não sei qual era o sabor de geleia que ela mais gostava… eu nem ao menos sei se ela gostava de geleia. Eu sei que ela preferia vinho a qualquer outra bebida, mas como ela gostava de beber vinho? Enquanto lia um livro, ou assistia TV, durante o jantar ou antes de dormir? Ela preferia as panquecas com mel ou manteiga? Ela gostava de acordar cedo ou preferia levantar tarde? Ela tinha manias? Quais? Eu não sei! Eu não sei nada sobre a minha própria mãe e nunca vou ter a oportunidade.
Temendo que o choro contido do filho transforma-se em um lamento indômito, Des o abraçou forte e pela primeira vez desejou que a criança não tivesse crescido tanto, pois o fato de terem a mesma altura o fazia achar que não conseguiria proteger menino de todo o mal que o cercava.
- Ela conhecia você, Harry. - o pai falou dando tapinhas em sua cabeça, tentando não bagunçar seu cabelo e submetê-lo a mais horas como refém de Kate e . - Sua mãe o amava o muito e sabia que você a amava. - afastou-se, segurando o rosto do rapaz em suas mão, fazendo-o o encarar nos olhos. - Anne e eu conversamos muito quando o quadro dela piorou e o maior pavor da sua mãe era não ver você crescer. Ela me fez prometer que faria um bom trabalho e deixou claro que sabia que você seria o nosso orgulho, porque é isso o que você é, filho. Sua mãe sempre teve muito orgulho de você e eu também. - abraçou-o novamente, a fim de tentar cessar as lágrimas que ainda escorriam por seu semblante amedrontado.
- O senhor sabe o que é? - indagou ao afastar-se e secar o rosto, apontando para a caixa.
- Não tenho ideia. - negou sorrindo.
O primogênito Styles pareceu ponderar suas opções e respirou fundo antes de abrir o embrulho e se deparar com um elegante relógio e um pequeno cartão dobrado.
- Sua mãe tinha bom gosto. - Des brincou, também encarando o presente. Beijou o filho e se retirou para dar-lhe espaço, esclarecendo que esperaria por ele o tempo necessário.
Anne não estava ali. Nunca mais estaria. Mas havia providenciado uma forma de se fazer presente. Ela havia pensado em tudo. Sua mãe o amava e fazia dois meses que havia falecido.
Harry sentou em sua cama mirando o mais novo monumento que o faria recordar-se da Sra. Cox e sorriu. Estava muito feliz pelo cuidado e atenção que a mais velha havia o dedicado, mas não tinha coragem de abrir o cartão e encontrar sua caligrafia refinada, também não estava pronto para andar por ai carregando uma lembrança tão viva da mãe. Portanto sem tirar nada de dentro, fechou a caixa e a guardou na gaveta de seu criado mudo, deixando o cômodo tentando decidir se havia feito a coisa certa ou estava apenas sendo imaturo.

Na última quinta-feira do mês eles se formaram.
E foi mágico.
O dia estava perfeitamente ensolarado e as habituais nuvens acinzentadas se foram, deixando o sol brilhar em todo o seu resplendor e aquecer a multidão que era açoitada pelo frio. Mas nem mesmo a baixa temperatura dos últimos dias de inverno poderiam desbotar o fulgor e importância daquele momento.
O gramado da Eton, previamente arrumado com o centenário palanque de ébano que ano após ano elevava orgulhosamente aqueles que conseguiam a proeza de concluir a longa e árdua jornada de quatro anos, começou a lotar cedo com pais inflados de vaidade e alegria, professores desembaraçados e tranquilos com a sensação de dever cumprido ao entregar mais uma leva de jovens prontos para o mundo, alunos eufóricos e ansiosos para receberem todas as honrarias que a ocasião pedia, e até mesmo o diretor se encontrava um pouquinho emotivo.
Passou então pelas últimas dores de cabeça com aquela turma que entrou na Eton junto com ele, Gelner para a direção da instituição enquanto as crianças que nem sabiam ler iniciavam a jornada de mais de uma década na busca pelo conhecimento. O homem podia jurar que lembrava das feições infantes da maioria deles e vê-los mais uma vez reunidos em sua recepção, dessa vez não porque aprontaram, vestidos em becas negras enquanto aguardavam para receber os capelos, o encheu de uma satisfação profissional e pessoal.
E só ali, durante a programação, os próprios adolescentes começaram a ser da conta de que aquele era o fim de uma era. Tiveram o último dia de aula, a última vez em que estiveram todos reunidos em salas de aulas, ginásios ou outras atividades curriculares, o último almoço no refeitório lotado, a última vez que abriram os armários para esvaziá-los após quatro anos e ninguém percebeu que foi a última vez, não que fosse existir diferença no modo como tomaram cada atitude mas ainda sim, havia certa solenidade pairando no ar.
A cerimônia foi longa porém comovente e manteve a atenção de todos, mas ninguém reclamou quando o evento acabou e o brunch foi servido enquanto todos tinham oportunidade de tirarem fotos com os professores, conversarem com o requisitado Sr. Gelner e fazerem as apropriadas despedidas para os vastos campos da Eton College.
No meio do fluxo de pessoas, Styles mantinha um trio de rapazes cativos aos seus caprichos, embora não parecessem tão insatisfeitos como tentavam parecer.
- Sabe o que eu acho? Que você está se aproveitando do momento para nos explorar, pirralha. - Malik disse, enroscando um braço ao redor do ombro de Liam enquanto usava o outro para tentar empurrar Louis e evitar ser sufocado com o peso do amigo sobre si.
Era pelo menos a terceira vez que estava sendo roubado de uma conversa para abusarem de sua boa vontade e beleza. Ainda procurava uma brecha para sair e fumar, mas vir no mesmo carro com os pais não lhe dava liberdade alguma e apesar de estar feliz, adoraria que eles fossem embora ou ao menos o deixassem ir embora logo.
Mas enquanto não encontrava essa oportunidade, deixava-se ser vítima dos desejos de sua mãe e das caçulas porque não sabia quem estava mais emotiva naquela manhã.
- Para de ser bobo, Zaza. - riu, olhando para eles através da tela de sua câmera. - Vocês vão me agradecer mais tarde.
- Você sempre fala isso, . E eu nunca vi motivos pra te agradecer por nenhuma das suas ideias. - Payne resmungou entredentes, o sorriso congelado aguardando ser liberado de tantas fotografias.
A menina nem piscou, trocou o ângulo horizontal pela vertical, esperou que um grupo de transeuntes sair do frame da câmera e continuou:
- Eu sinto que fui, involuntariamente, responsável por fazer seu relacionamento dar certo, Liam. Então não seja ingrato. Outra pose, por favor.
- O quê? - Payno riu, achando graça da audácia de . Louis gargalhou alto ao invés de ser um bom amigo e defender a capacidade de Liam de entrar em um relacionamento sem as interferências contínuas da princesinha Styles, Zayn sorriu de lado e também preferiu abster-se de comentários.
- Quantas vezes eu não devo ter organizado programas que se encaixaram perfeitamente para os encontros clandestinos de vocês? - explicou porque acreditava ser um cupido na vida de Liam.
- Você quer estragar o meu dia? - Zayn fechou o sorriso na mesma hora.
- Eu acho que o bom humor do seu pai está estragando seu dia. - Liam gracejou. O Sr. Malik estava realmente feliz, ele não se lembrava de outra ocasião em que tenha visto o homem ser gentil com o próprio filho, então vê-lo tratar Zayn de igual para igual era no mínimo estranho.
- Tem razão, você acredita que ele me abraçou? O Yaser é doido. - Malik procurou o pai no meio da multidão, encontrou-o próximo à mesa do brunch, segurando uma taça com espumante e conversando com os pais de Louis. Estranho do caralho, pensou.
- Aquilo nem foi um abraço, idiota.
De fato, foi mais como uma sequência de tapinhas nas costas que deixou Zayn desconfortável de uma maneira que um filho jamais deveria se sentir quando perto do próprio pai.
- Foi mais íntimo do que deveria. - Zayn reclamou.
- Ele só está orgulhoso de você. - Louis, em meio a caretas e até mesmo um gesto obsceno com as mãos, totalmente entregue ao momento e brilhando para a câmera de , falou.
- Prefiro quando ele me ignora, é menos desconfortável.
- O que é desconfortável?
Desmond Styles se aproximou do grupo, segurava um charuto na mão e sua fedora, que não parava na cabeça, na outra. O homem, que um dia foi considerado um camarada alto mas agora parecia normal ao lado do próprio filho, que o ultrapassava em bons centímetros, sorriu para os rapazes que estavam sempre em sua casa.
- Sr. Styles! - Louis comemorou a chegada dele, soltando os amigos para dar um abraço desajeitado naquele homem que gastava mais com comida do que os próprios pais.
- Louis! - Desmond usou o mesmo tom condescendente do garoto e deu espaço para que ele o soltasse. E então falou com a filha: - Cadê o seu namorado e o seu irmão?
levantou o rosto do celular, surpresa:
- O Niall sumiu?
- Eu não sei?! Você deveria saber, . - Des franziu o cenho, intrigado.
Pelo gramado ele conseguiu localizar quase todas as crianças que costumavam habitar em sua casa. Viu a filha dos Ortega conversando com , que fazia tempo que não aparecia inclusive, e também a garota Hilton, que cada dia parecia mais alta, mas nada de Niall e Harry.
- Eu sou só a namorada, não o gps dele. - a menina resmungou, absorta em seu próprio telefone. Já estava mandando uma mensagem para seu homem, decidida a descobrir o paradeiro dele.
- Talvez ele esteja perdido no meio da multidão de outros Horan? - Liam sugeriu, apontando para o amontoado de irlandeses que se preparavam para partir até a casa Horan. Des virou-se e olhou na mesma direção, certo de que era possível que o filho estivesse recebendo bebidas alcoólicas escondidas ali:
- Provavelmente. Vocês vão almoçar lá também, filho? - perguntou a Payne mas olhou para o trio, esperando uma resposta. Tomlinson foi o primeiro a acenar entusiasmado, acrescentando um "com certeza".
- O Sr. Malik não perderia uma oportunidade de fazer negócios. - Zayn respondeu simplesmente.
- Sim, Sr. Styles. Eu acho que meu pai está mais feliz do que eu e não me surpreenderia se ele bebesse além da conta. - Liam disse, secretamente feliz por deixar o pai tão orgulhoso.
- Nós todos devíamos fazer isso, vocês não sabem o medo constante que carregamos até esse momento. - o homem confessou com um sorriso de quem estava realmente uns dez quilos mais leve após a formatura.
- Vocês não podem achar mesmo que nós somos tão ruins… - Tomlinson argumentou, embora adorasse todas os boatos e fofocas envolvendo sua reputação. Era um bastardo vaidoso e não tinha a menor vergonha disso.
- Ah, achamos sim. - Des sorriu ainda mais - vejo vocês mais tarde, garotos. , se você achar seu irmão, diga que eu estou procurando-o.
- , a gente já pode ir? Eu quero fumar! - Louis implorou, os olhos ainda estavam no Sr. Styles que se afastava na mesma direção em que vinha de encontro a eles. Sorriu ao ver que a namorada estendeu a mão ao alto e trocou um high-five com Desmond quando cruzou por ele.
- Eu também quero fumar. - Malik umedeceu os lábios em câmera lenta, como uma maldita paisagem que devia estar exposta na Galeria Nacional.
- Eu só quero sair. - Liam estava se coçando para se aproximar de , com quem só tinha tirado uma foto rápida mas não teve a oportunidade de sequer ganhar um beijo.
- Ai, tudo bem. Vocês são insuportáveis… - princesinha Styles suspirou dramática, todavia não os impediu porque decidiu que deveria procurar Harry e Niall. Onde eles poderiam estar? O que estariam fazendo longe de todos?
Nesse pequeno interlúdio chegou, muito dona de si dentro da beca escura como seus olhos negros, cheia de rancor para distribuir. Sorriu para e Zayn e parou ao lado de Louis ao passo em que mirava Liam:
- Payne, eu estou te procurando há meia hora, pelo amor de deus! - ela disse bruscamente mas não esperou resposta, voltou-se para seu namorado lindo. - Oi, honey! Já falei como você está lindo com essa beca?
- Já, mas não me canso de ouvir, . - Tommo a beijou em agradecimento (momento capturado por e sua infalível câmera, é claro) - O que você quer com o Payno?
- Foto com o pessoal do jornal. - explicou sucinta.
- Eu pensei que você odiava o pessoal do jornal… - ficou confusa, olhou para os meninos e percebeu que não era a única, embora não tornasse o fato menos estranho.
Só que para não havia complicações e o raciocínio lento dos amigos angariaram seu sorriso de pena enquanto se dignava a explicar a circunstância como um todo:
- Só odeio o Payne mesmo. Além do mais, nós precisamos tirar uma foto para eternizar os rostos do jornal e assim a Julie Fooster vai ficar se sentindo infeliz.
- Essa é uma ótima ideia, . - Zayn a elogiou com humor - Vocês podem ir porque eu vou procurar um lugar para fumar.
- Você vai fumar? - arregalou os olhos, revoltada. Como a vida era injusta e ela acabou presa a fotos chatas enquanto Malik tinha o direito de fumar antes de seguirem para a casa Horan? - Ah, eu quero também. - apelou para Louis.
- A foto do jornal pode ficar pra depois! Vamos! - Tomlinson prometeu, puxando-a pela mão para sairem logo dali. - Para onde nós podemos ir?
- Estacionamento, é claro. - Westwick tomou a frente rumo ao bom e velho ponto favorito para tragar um cigarro antes de começar as classes mais chatas.
- É claro que não, . - Payne vinha com o grupo, lado a lado com Zayn, logo encontrou um problema logístico - Hoje só tem carros de pais no estacionamento. Vocês vão ser pegos em minutos.
- Qual é a sua sugestão, gênio?
- As piscinas. Aposto que não tem ninguém lá. - ele optou por ignorar o sarcasmo da sua ex chefe demoníaca e respondeu no máximo da normalidade, seguindo o casal que os liderava até o local proibido.
- Essa é de fato uma boa ideia. - Zayn reconheceu, impressionado com a habilidade do melhor amigo em armar um esquema. Liam seria um gênio maligno se decidisse fazer coisas ruins!
Ao seu lado, vinha pendurada em seu braço, deslumbrada com a rápida sucessão dos acontecimentos e falando o tempo todo:
- Nós vamos para as piscinas? Isso soa tão ilegal!
De repente, e Louis pararam, causando uma paralisação geral, com direito a todo o grupo os encarando apreensivos, esperando para descobrir o que aconteceu.
- Louis, me carrega até lá? - pediu.
- Ah, pelo amor de deus!
- Eu achei que era alguma coisa séria...
- Vem cá, sobe nas minhas costas. - Tomlinson ignorou as reclamações dos dois amigos, já que achou o pedido maravilhoso, uma ótima ideia, e olhou para os rapazes ao seu lado esperando uma oferta mas tudo o que viu foi eles apressando o passo e deixando o casal para trás numa clara declaração silenciosa de que não iriam fazer o mesmo.
Como a piscina estava vazia, conseguiram acesso pela porta usada pela a equipe de limpeza, e demorou alguns minutos até que a curiosa encontrar onde ligar a luz do ginásio. Sentaram nas arquibancadas e conversaram, fumaram, riram e brigaram também, para não perder o costume.
Vinte minutos depois, Harry os encontrou e não chegou sozinho, trouxe e a tiracolo, ambas maravilhadas com a reunião clandestina que acontecia, rapidamente estavam todos acomodados, sentou entre Liam e Zayn, levantou e ficou em pé ao lado do irmão para aproveitar-se de sua generosidade e abraçá-lo mesmo que não fosse correspondida além de aproveitar para inquirir onde estava Niall, e permaneceu em pé também, de frente para o grupo.
Zayn ficou subitamente quieto quando viu , encarando-a com o máximo de sutileza que conseguia. Estava consciente de seus passos, da maneira como graciosamente andava e da postura perfeita que adquiria assim que parava. Amou os cabelos presos, adorou a roupa que só Hilton usaria e ficaria bem, e se apaixonou mais uma vez pelos olhos sensatos.
Não notou quando foi flagrado por ela e antes que tivesse a chance de ficar envergonhado ou sequer desviar o olhar, percebeu que ela sorriu, para ele. acabara de lhe dar um sorriso tímido e o resultado não poderia ser diferente, uma saudade avassaladora invadiu seu peito e automaticamente sorriu de volta, muito mais rendido do que gostaria de admitir.
Entretanto, o pequeno momento aconteceu tão rápido quanto um piscar de olhos, e quando se deu conta, ela já não mais o olhava, deixando a sensação de que tivera um sonho acordado.
- Então, o que é isso? Uma espécie de última vez? - Styles, apontou para o trio que estava fumando um adicional pelo resto da tarde sem nicotina.
- Do que você está falando? - arqueou as sobrancelhas. Tirou os pés do banco debaixo para que pudesse sentar também, cortesia que fez a loira agradecer porque estava com as pernas bambas após sentir o olhar de Malik queimando-a e ceder a tentação de olhá-lo.
Não soube dizer se foi o calor do momento ou o acúmulo de emoções que a manhã trouxe, ou mesmo a sensação de que aquele era o último dia que o veria, mas quando seus olhares cruzaram, ela sorriu para ele, talvez fosse aquela a sua maneira de agradecer silenciosamente pelos meses maravilhosos que tiveram juntos e dar um ponto final ao fim de um ano de ouro.
Mas se estava tudo bem, por que doía tanto reconhecer que chegaram de fato ao fim da linha?
- Todo mundo reunido, fumando, como nos velhos tempos. - Harry explicou, mal humorado, o tipo de irritação advinda da rivalidade que só um garoto pode sentir pela namorada do melhor amigo quando sente que uma década de companheirismo está ameaçada por causa de uma garota.
- Nós fizemos isso semana passada, Harry. - Zayn deu uma risadinha soberba, relembrando-os do encontro no estacionamento com direito a uma crise de tosse de Styles e a visita de Benett para cumprimentar os rapazes e a "incrível Srta. Westwick".
- É, mas hoje vai ser a última vez. - entendeu o ponto do cacheado, bem certa de que o primo também entendera mas estava sendo um filho da puta pedante.
- Por que? Quem vai parar de fumar? - , que estava entretida descobrindo o paradeiro de Niall, ergueu o olhar, empolgada.
Seu questionamento, entretanto causou um alvoroço da parte dos fumantes, que foram muito contundentes em seus pronunciamentos:
- Eu não.
- Jamais.
- Por que eu pararia?
- Não sei, o Harry quem falou. - deu de ombros e jogou a culpa no irmão. A vida era muito fácil quando se tinha alguém para receber a culpa de todos os seus pecados!
- Mas ele nem fuma! - Liam abriu os braços, sua indignação reverberou pelo ginásio vazio e calou a todos.
- Então, quando nós vamos saber quem vai para onde? - perguntou alegremente, cortando o silêncio mortal que atingiu a todos após a declaração um tanto entusiasmada de Liam.
- Mais tarde, longe de vocês, pirralhas curiosas. - Zayn brincou, mas todos entenderam a mensagem: "mais tarde, sem a pressão do mundo sobre nossos ombros e a probabilidade de uma humilhação pública caso não houvesse respostas positivas".
As cartas haviam chegado no início da semana, mas em um pacto de sofrimento mútuo o grupo acertou que abririam todos juntos na quinta-feira, após a formatura, dando um último prazo para que todos pudessem receber suas respostas.
O dia da formatura chegou mas agora ninguém tinha coragem de tocar nos envelopes brancos que pesavam a tonelada de responsabilidade que representavam. Então decidiram adiar por mais algumas horas até que tivessem pelo menos um pouco bêbados para aplacar o baque de uma possível (muito possível, inclusive) decepção.
- Mudando completamente de assunto, vocês repararam em como o Gelner foi um cara de pau e serviu espumante sem alcool pra nós? - Tomlinson ergueu o rosto para soltar uma lufada de fumaça sem despejar tudo nos cabelos de , sentada logo abaixo, ou na cara da namorada ao seu lado. Embora os dois fumassem no momento, ela com certeza não iria ficar feliz com tal atitude.
- Como assim? - Liam e Zayn inclinaram o tronco para frente, de modo que pudesse ver o rosto de Tommo, sentado a um degrau abaixo, interessado.
- Como assim o quê? Durante quatro anos embebedou a gente nas programações internas e agora quer fingir que tem um pingo de moralidade.
- O Gelner nunca nos embebedou, cara. - Harry disse, surpreso com a ignorância de Louis. Os garotos se entreolharam, esperando que o rapaz assumisse que estava brincando, deu de ombros e as três meninas mais novas nem faziam ideia do que se passava porque seus espumantes nunca foram alcoolizados.
- Todos os espumantes servidos aqui eram alcoólicos, eu tenho certeza. - Tomlinson insistiu e aí todos começaram a considerar a hipótese de ele não saber mesmo sobre a tradição.
- Eram, mas nós, os alunos, é quem sempre trocávamos o suprimento! - Styles abriu os braços, inconformado.
- Mas que merda? - Lou cerrou os olhos, totalmente travado como se a nova informação tivesse estragado seu raciocínio. Não sabia o que dizer!
- Você não sabia disso, Louis? - perguntou baixo, acariciando a mão livre dele, tranquilizando-o. O truque sempre funcionava com Buddy, quando ele ficava louco com fogos de artifício.
- Minha vida aqui foi uma mentira. - ele falou sozinho, surpreso que não soube de um segredo tão importante por tanto tempo, não seria surpreendente se até Niall soubesse disso.
- Ah, pobrezinho - deu tapinhas amigáveis no ombro dele.
- Tem alguém vindo pra cá? - Louis perguntou ao escutar ruídos, pronto para jogar seu cigarro no chão e pisá-lo.
- Deve ser a , eu falei que nós estávamos aqui. - Payne explicou rapidamente, embora houvesse sempre a possibilidade de ser um monitor ou outros formandos com as mesmas intenções.
- Olá! Tem alguém aí? - Horan perguntou em alto e bom tom, embora ainda não aparecesse no campo de visão, todos relaxaram ao ouvir o sotaque irlandês carregado.
- É claro que tem, Niall. Cuidado. O Liam falou que eles estariam aqui. Cuidado, porr… ops. - o censurou, surpreendendo a todos quando, por algum motivo, interrompeu o próprio xingamento.
- Eu sei lá, vai que era uma pegadinha!
Meester gelou com a possibilidade e adentrou o ginásio literalmente gritando enquanto mostrava a pequena Rosie antes que fossem atacados por algum artifício estúpido dos amigos:
- Não façam nada estúpido, nós estamos com as bebês!
- Mas que merda?! - levantou ao ver as irmãs, cada uma no colo de um dos amigos. Quem em sã consciência entregava um bebê de nas mãos de Niall? Ele mesmo ainda era um bebê!
- Vocês estão fumando? - Niall perguntou enquanto dava dois passos para trás, para que a inocente Rey não inalasse nada da fumaça tóxica para seus pulmões infantes.
Um tumulto se formou e todo mundo levantou, desesperados para se livrarem dos malditos cigarros, até quem não estava fumando começou a se afobar, batendo no ar para afastar a fumaça.
- Apaga isso!
- Apaga, apaga, inferno!
- Anda, Zayn!
- Ai, caralho. Me queimei.
- Bem feito.
- Mas vocês são uns idiotas, viu. Nós vamos lá pra fora. - a morena perdeu a paciência e marchou para fora com Rosie rindo alto por causa dos movimentos apressados que a faziam pensar que estavam brincando.
- Ei, espera! Eu não estava fumando! Deixa eu pegar ela! - correu para alcançar Horan, sem sucesso em alcançá-lo.
Pouco a pouco eles foram para fora atrás das crianças e ansiosos para brincar com elas, agora que estavam na fase risonha, era um prazer fazer qualquer estupidez que as levassem a risada.
Não se podia dizer o mesmo de , transtornada com a ideia da mãe de entregar as meninas para Niall!
- Me dá ela aqui. - exigiu, estendendo os braços para Rey, que já estendia os bracinhos alegremente para ser segurada pela irmã mais velha.
- Pra você matá-la com seu cheiro de cigarro? Acho que não, hein. - Niall virou de costas para todos, protegendo a criança dos fumantes e dos não fumantes que estavam respirando o mesmo ar poluído. A menininha riu com a atenção sobre si, esperneando no colo do rapaz esperando que ele a protegesse das investidas bobas de Harry.
- Que inferno, Irlanda! - praguejou, afastando-se dele e colocando as mãos na cintura, indignada. - Meester, será que dá pra você segurar as duas antes que o Horan derrube a Rey?
- Nenhum de nós pode tocar nelas? - perguntou, à beira das lágrimas, extremamente chateada por não poder dar um cheirinho nas bebês.
- Não. Nenhum de vocês, elas têm alergia a perdedores. - sorriu diabólica, apertando Rosie contra si enquanto a criança tentava com todas as forças de seu pequeno ser alcançar os cabelos negros compridos que balançavam a medida que a adolescente se movimentava.
- Desculpa, babe, mas você não quer matar as meninas com câncer no pulmão, não é mesmo?
- Niall!
- Olha só todos esses imbecis, Rosie! Não são uns idiotas, querida? - guiou a mão dela, apontando para o grupo e falando com voz de bebê para Rosie, que mirava os olhinhos em cada um dos adolescentes, reconhecendo alguns rostos como a própria irmã, Louis e , que eram quem estava em constante contato com elas.
- Como a vida pode ser tão injusta ao ponto de você está segurando bebês fofos e eu não? - perguntou para .
Estava prestes a virar para Liam e dizer "Liam, eu quero segurar um bebê." mas se tocou que soaria mimada demais e ficou quieta.
- , você e bebês é uma imagem que nunca faz sentido na minha cabeça. É errado - Liam sorriu, assistindo a cena desconfortavelmente fofa de com Rosie.
Harry discordou completamente, mas nada disse.
- Quando nós formos para casa eu vou me trocar só pra passar a tarde toda abraçando vocês duas. - Ortega prometeu para as meninas, aproximando-se o máximo que pode. Niall olhava em expectativa para Rey, esperando que ela formulasse uma resposta ali, de improviso.
- E nós, - Harry se juntou a ela, apontando para Malik e para si: - vamos tirar uma foto nova para eu postar.
- É verdade! As pessoas curtem loucamente coisas com bebês… - Zayn encarou entre Rey e Rosie, falando sério com as duas, que prestaram atenção em suas palavras no instante em que começou a falar.
- Não parece que elas ficam hipnotizadas com a beleza do Zayn? - Louis falou para ninguém em especial e todos concordaram. Quase todos.
- Puta que pariu, era só o que me faltava. - tapou os ouvidos de Rosie e xingou, mas era tarde demais, todos estavam convencidos que as meninas estavam cientes da beleza impecável de Malik.
- Sua mãe vai levar as gêmeas, ? - Harry estava com as mãos entrelaçadas atrás do corpo para não incorrer na tentação de tocar nas bochechas macias e limpinhas delas. O que lhe levava ao arrependimento de ter ido atrás do grupo e perder a oportunidade de segurar uma das gracinhas por pelo menos cinco minutos.
Sua pergunta refletiu os anseios de todos, cativando a atenção para a esperança de ainda verem-as durante o dia comemorativo. As caçulas o queriam pela diversão de segurar um bebê, e os formandos para ter a quem abraçar se não tivessem passado em nenhuma universidade.
, sendo o docinho que era, olhou friamente para Styles e disse:
- Não, a gente vai colocar elas numa caixa e guardar no porta malas. Imbecil.
- Honey!
- O que foi? Ele fez uma pergunta idiota.
- Sim, minhas Westwick favoritas vão, Harry. - Tommo respondeu com a devida educação, embora Harry não parecesse nenhum pouco insatisfeito com a resposta recebida. Era a última vez que estaria sob o mesmo teto que ela por obrigação então sentia que devia ser mais tolerante.
- Eu não sou a sua Westwick favorita? - o fitou brava, tudo bem que estavam falando de suas irmãs, a quem ela amava mais do que a própria vida, mas não era nenhum pouco lisonjeiro estar abaixo delas na vida do namorado, afinal de contas aquelas coisinhas só babavam e choravam!
- , por favor, olha pra essa criatura. - ele indicou para uma delas, que tentava atrair Liam (o relógio reluzente dele, na verdade) para perto. - Ela consegue colocar o próprio pé na boca, ! Você quer realmente competir com isso?
- Você não sabe nem quem é quem, Louis. - Westwick assinalou, sorrindo de lado.
- Com licença?!
- Me diz então qual é a Rey e qual é a Rosie, honey. - ela o desafiou.
A provocação trouxe os olhares de volta aos dois, causando comentários entre os rapazes e garotas que faziam suas próprias apostas paralelas, e infelizmente para Louis, todas contra sua pessoa.
Ele olhou de uma para a outra, chamou os nomes das duas e nas ocasiões ambas olharam ao mesmo tempo, se esforçou para notar detalhes e não encontrou nada que as distinguisse, apelou por fim para o contra ataque:
- Nem você deve saber quem é quem, ! - acusou-a em um ato de desespero e insanidade.
E ao passo que o casal começou a discutir, o restante deles, sabendo que era um caminho sem volta, se excluíram do momento e arranjaram uma nova formação, ausentes do conflito.
Niall e estavam cansando da crianças que pareciam pesar cinco vezes mais, o irlandês realmente considerava tirar a própria beca e colocá-la sobre o chão para deitar os bebês mas tinha uma intuição de que se o fizesse seria execrado por .
Honestamente não estavam fazendo nada legal ali e ainda sim, havia certa relutância em partirem.
desistira de se aproximar de Niall e agora estava escorando o peso de seu corpo sobre o braço de Harry, contava uma fofoca de famosos, Liam abraçava por trás e apoiava o queixo sobre a cabeça dela, Zayn os mirava sossegado e também ouvia o que a amiga dizia embora mantivesse distância deles enquanto Horan caminhava por perto, conversando e mostrando detalhes para Rey.
- Horan, quem tanto vai pra sua casa hoje? - Louis e uniram-se ao bando, felizes como se nunca tivessem entrado em desacordo, inclusive deu um beijo no maxilar de Tomlinson quando ele virou na direção de Niall.
- Todo mundo. Literalmente todo mundo, até a tia da talvez apareça. - o loiro gritou alto o suficiente para que todos o ouvissem de onde estavam.
riu sozinha porque sua tia era viciada em mentir, é claro que prometeu de dedinho que estaria lá porque o Niall era família também mas o que não disse é que estava em Tóquio e sem pressa de abandonar o lugar,
- E quando ele diz todo mundo, não está mentindo. Meus pais vão nos encontrar lá. - complementou.
- Nossa, que notícia revigorante. - Payne exprimiu sua grande satisfação com o mesmo entusiasmo que teria ao receber a notícia de que morreria em sete dias.
- Essa criança pesa, - Niall retornou, ofegante - alguém quer fazer mais alguma coisa?
Eles se entreolharam, buscando entre si um motivo para permanecer, por fim, um a um, balançaram a cabeça em negação.
- Vamos indo então? - ele pediu, mas seu tom não deixava brecha para recusas.
- Já? - Zayn hesitou.
- Sim, nós não temos mais nada para fazer aqui.
Disse e voltou a tomar o caminho de volta a festa matinal, sendo seguido pelos outros que vieram conversando de encontro aos pais, adultos e outros estudantes que já se preparavam para partir.
O almoço foi o exato nível de bagunça que se espera de uma casa com quase cinquenta pessoas dispostas a celebrar em grande estilo, foi uma incrível confraternização com excelentes momentos e oportunidades para relaxar, se divertir e comemorar com todas as pessoas que lhes eram queridas, mesmo as que nem faziam ideia disso mas ainda sim estava lá.
Os garotos fizeram todos os esforços para deixar enterrado o assunto proibido mas conseguiam sentir a pressão da culminação de um ano e meio de mentiras asfixiar a atmosfera de alegria que devia rondá-los e tentavam cercar-se da esperança de que precisavam sobreviver a mais algumas horas no baile amanhã e então tudo ficaria bem.
Ainda sim, Liam passou a noite em claro, perturbado com o pressentimento de que algo terrível estava prestes a acontecer.

Capítulo 30

NOITE DO BAILE DE FORMATURA:
A noite não poderia estar mais extraordinária, o céu negro estava limpo e nu de estrelas, a lua jazia solitária e bucólica, lançando tímidos feixes de luz, como se soubesse que apesar das festividades, logo haveriam mais motivos para chorar do que celebrar, portanto o fulgor de sua luz não se fazia necessário.
Entretanto, lá embaixo, na terra, os felizes e inconsequentes adolescentes ignoravam em absoluto os sinais da natureza, embevecidos pelo arrebatamento do momento, que foi preparado com rigoroso bom gosto para recebê-los com pompa e ostentação.
A romântica fachada do hotel onde aconteceria o baile estava ainda mais decorada com flores vermelhas e brancas, que faziam caminho para os carros dos convidados que chegavam desde às dez, onde os valetes, perfeitamente organizados, recebiam as chaves e guardavam as preciosidades sob a proteção do estacionamento privativo para os usuários do salão do baile.
Lá dentro, no baile propriamente dito, a decoração era extravagante e cara, a louça bem como as artes vinham de época anterior à segunda guerra mundial e nem mesmo detalhes irrelevantes, como os puxadores da porta principal, foram negligenciados, sendo estes duas peças de cristal puro, delicados e ao mesmo tempo imponentes. O restante do salão foi arranjado de maneira que uma grande pista de dança emergisse no centro do lugar, rodeada por mesas, sofás e pequenos lugares projetados para o descanso dos que não estavam dispostos a dançar e eram servidos constantemente com espumante borbulhante.
Adjacente ao salão de baile, na Sala Orquídea, a decoração era muito mais sofisticada e adulta, preparada com exclusividade para o corpo docente da Eton, inclusive a música que ali tocava era reproduzida por uma pequena orquestra privativa e a primeira coisa que os professores fizeram fora fechar a porta que unia os dois salões para que pudessem desfrutar a noite em paz e dar privacidade aos alunos.
Por fim, o terceiro ambiente da noite era o jardim externo, uma extensão do baile que se estendia por quase um quilômetro de natureza colocada ali, mais cedo, de maneira que dava aos convidados a impressão de estarem em outra realidade, um refúgio do badalo do salão principal. Um ótimo palco para intrigas e grandes revelações.
E foi em meio a esse espírito festivo que Louis e adentraram as portas do salão, parando para absorver cada pedacinho do lugar, acenando com aprovação quando duas taças apareceram magicamente em suas mãos.
- Sabe qual é a coisa mais importante sobre hoje, Louis? - perguntou sem encará-lo, sorrindo para os primeiros colegas que a viram.
- Nós dois? - Tommo arriscou, tão distraído quanto ela.
Era maravilhoso estar agindo normalmente depois de perder a fala quando foi buscar em casa e se deparou com aquele anjo impetuoso que foi abrir a porta para ele, pronta para notificá-lo de que se demorasse mais dois minutos, estaria atrasado.
Então eles se viram e ficaram como dois imbecis, encarando um ao outro, sem palavras para expressar o quanto gostavam do que viam. E Josephine e Oliver apareceram para salvar a noite e elogiar o casal de namorados que saíram direto de um conto de fadas, bom Josephine falou tudo isso, porque o Sr. Westwick só tinha olhos para o carro que Tomlinson pegou emprestado com o pai para a noite especial.
Passado o entrave do momento, Louis correu até o quarto das gêmeas para dar um beijinho em cada uma e desceu para acompanhar até o carro só para deixar-se convencer a ir no banco do carona enquanto dirigia aquela belezura e os dois conversavam animadamente sobre os planos para a universidade.
ligou no meio do caminho para avisar que já estavam saindo de casa também e essa foi a força motriz para ceder a direção para Louis correr mais, já que seu vestido atrapalhava encontrar o acelerador.
E essa foi basicamente a história toda que os levou tão rapidamente até ali.
- Resposta errada, Tomlinson. - ela o notificou, distraída com o movimento leve de seu vestido, as camadas mexiam-se com graça de acordo com seus passos e aquilo era o máximo!
Louis coçou o queixo, pensando em outras opções enquanto apreciava a vista da pele da namorada que escapava pelo decote generoso nas costas. Ia ser difícil se concentrar em algo mais do que aquela terrível e linda demônia e seu feitiço cativante que tornava muito fácil a perspectiva de dançar com ela por toda a noite apenas pelo prazer de mantê-la em seus braços.
- Hmmm, tudo bem. O sexo maravilhoso que nós vamos ter quando sairmos daqui? - sugeriu, sapeca. Abandonando a taça vazia sobre uma mesa enquanto se apressava para ficar lado a lado a garota.
- Essa é uma possibilidade, mas não. - Westwick sorriu com condescendência mas logo se corrigiu porque aquele não era o momento para se derreter pelas promessas sem vergonhas de Louis. - A coisa mais importante sobre essa noite é o meu vestido, e em como eu me sinto uma princesa nele!
- Você é uma princesa o tempo todo, . - Louis parou de caminhar, tomando a mão direita da menina e beijando-a com fervor para em seguida puxá-la para si com suavidade. - E eu me sinto ainda mais apaixonado cada vez que olho pra você.
chegou muito próximo de enrubescer, mas apenas sorriu radiante, passando as mãos ao redor do ombro do rapaz com cuidado para não derrubar o restinho de seu espumante.
- Você gostou? Mesmo? - mordeu o lábio, realizada com o elogio e declaração de amor que vieram em um só combo, somados ao olhar ardente e enamorado que ele sempre tinha sobre si. Louis a fazia se sentir bela, e isso era embriagante!
- Como não gostar? Hoje a noite eu sou um rei e você é a minha rainha. - ele prometeu, inclinando o rosto o suficiente para deixar um beijo no colo dela, absorto com o perfume sutil que emanava de sua pele quente.
- Louis… - suspirou, apaixonada. - Olha quem vem ali! Será que eu grito?
- Quem? Ah! Eles não vão nos ouvir com essa música alta. - Tommo explicou, acenando os braços como um macaco até que Niall e Harry os enxergaram e começaram a planejar uma rota para chegar até eles. - Eu quero muito ver a cara desses otários quando verem você.
o olhou, instigando-o a se explicar melhor.
- Eu não te contei? Apostei com os caras que você seria a garota mais bonita daqui hoje a noite.
- Tomlinson! Por que você não me falou antes? Eu teria escolhido algo melhor! - ela se chateou, preocupada com a possibilidade de perderem a aposta por sua culpa. Isso seria inadmissível! Se pelo menos soubesse, teria colocado uma merda provocativa que deixasse os garotos felizes. Como Louis ousava não compartilhar o plano com ela?
- Relaxa, não tem como você ficar mais perfeita que isso, honey. - Tomlinson prometeu, segurando sua mão com firmeza e sorrindo com a segurança de que tudo daria certo.
- Seu cretino… - resmungou, sem querer dizer aquilo de fato.
Nesse meio tempo, o quarteto fantástico chegou, Niall e guiados pelos irmãos Styles que conseguiam abrir caminho como Moisés e o mar vermelho, Harry porque era grande e porque era , e inclusive chegou maravilhada, olhos arregalados e tudo o mais quando viu :
- ! Como você está linda! Ela não está linda, Niall? - princesinha Styles pegou as duas mãos da melhor amiga, dando sua aprovação absoluta à produção final do look de , que se permitia ser mimada e elogiada sem discrição.
- Incrível ver você agindo como se não tivesse ido junto comprar esse vestido, mas sim, ela está adorável, babe. Não tão quanto você, é claro. - Niall concordou com certa transigência, permitindo que ajustasse o lenço laranja em seu bolso e aproveitando a oportunidade para trazer a tona o fato de que o vestido da namorada tinham franjas e ela já havia gingado dezenas de vezes a pedido dele só para mostrar os movimentos maravilhosos.
- Com licença?! - Tomlinson cruzou os braços, na defensiva.
- Você está de tirar o fôlego, . Sério, a visão mais linda que eu vou ter essa noite. - celebrou a beleza da amiga formanda, aproximando-se de para juntas observá-la com adoração.
Os três rapazes, que também eram motivos da festa, tiveram o prelúdio do que os noivos passam no dia do casamento: bebendo livremente e esquecidos num canto, porque a única coisa que importa no dia do casamento é o brilho nos olhos da noiva, o vestido maravilhoso da noiva, o sorriso iluminado da noiva, a noiva jogando o buquê e todas as centenas de nuances envolvendo a noiva.
- Vamos até uma das cabines de fotos! - princesinha Styles sugeriu, irrompendo em direção às máquinas alugadas para a noite. Era hoje que ela ia extrapolar os limites e tirar fotos até o rolo do filme acabar!
- Já voltamos! - prometeu a Harry, que ficou perdido assistindo-as irem embora.
Quando desapareceram dentro de uma das cabines, Louis desmanchou o sorriso e acusou Niall:
- A gente não tinha combinado de você pedir pra vir simples, irlandês?
- Mas ela está simples! - Horan arregalou os olhos azuis, desalentado com o nível de fracasso de sua missão, porque quanto mais simples tentava ficar, mais linda acabava. E sim, ele estava rendido nesse nível.
- Puta que pariu. Se eu perder, a culpa vai ser sua. - Louis avisou, tirando de si a culpa caso perdesse mesmo. Só agora lhe ocorrera que a probabilidade de ganhar era de uma para cinco e se contasse que Payne odiava , o cenário piorava.
- Eu não sei porque você acha que a é o seu único empecilho, Tommo. - Harry disse, aceitando a taça servida em sua direção, Tomlinson pegou uma também e Niall duas - A Orteguinha e a ainda não chegaram.
- Cala a boca, Harry. Qual é a dessa florzinha aí? - zombou da flor branca que o cacheado ostentava na lapela de seu terno preto.
Niall nem tinha o direito de caçoar também porque além do detalhe laranja do lenço (que combinava com os detalhes em laranja de sua gravata), seu alfaiate acrescentou um broche caríssimo para prender a gravata e ele estava um verdadeiro filhinho de papai, então ficou quieto no celular.
- Isso se chama estilo. - Styles respondeu simplesmente.
Nem parece que ele e Kate tiveram um pé de briga com direito a chantagem emocional só para ele deixá-la por a rosa no terno, apenas para fins de teste, e por fim ele deixou, e adorou o resultado.
Como bem disse Desmond ao final de tudo aquilo: “Mas que gigante perda de tempo!”.
- Rapazes! - uma voz com falsa animação soou alto, fazendo os três gelarem até a alma.
Felizmente a sensação durou por segundos, o tempo suficiente para virarem e descobrirem que não era Benett, ainda não pelo menos.
- Ah, é só o Chase. - Niall soltou o ar, aliviado ao constatar que eram apenas Chase e Ralph, e ninguém que se preze tinha medo dos dois imbecis. Embora ainda houvesse o constante receio de que alguém falasse demais e outro alguém (, para ser mais específico) acabasse bisbilhotando e descobrindo informações que definitivamente não precisava saber.
O plano para a noite era fazer uma comemoração discreta e levarem as meninas embora antes que fosse ser decidida a abordagem mais apropriada para lidar com Bennet, a aposta e dar um basta de uma vez por todas naquilo.
- Por que você está falando desse jeito, Chase? - Louis segurou a taça de cabeça para baixo e cruzou os braços, intrigado. Foi bizarro o quão parecido com Jason ele conseguiu soar.
- É, cara. Para de imitar o Bennet, seja original. - Harry inclinou a cabeça, chateado.
- Eu não estou imitando o Bennet. - Chase se defendeu. Era ofensivo ser reconhecido como uma cópia barata do capitão, Jason podia ser o manda chuva mas Chase não se considerava tão pau mandado assim.
- Está sim. - Tomlinson rebateu.
- Claro que não. Eu estou imitando o Bennet? - o rapaz virou para o amigo, mal humorado.
- Ehhh… Um pouquinho, talvez. - Ralph concordou envergonhado. Tinha que concordar que o outro era patético mas se nem Bennet dizia algo, quem seria ele para falar, certo?
Enquanto os jogadores discutiam se Chase era original ou não, Styles, Horan e Louis deram as costas, aproveitando a circunstância para ir atrás das meninas, mas foram pegos no flagra.
- Ei, ei, aonde vocês pensam que estão indo? - Chase ergueu a voz.
- Pegar mais bebida? - Niall ergueu a taça vazia, sorrindo amigável.
- Eu ainda não falei o que queria! - protestou.
- Você realmente está achando que é muito perigoso, não é Chase? - Harry deu meia volta e se aproximou o bastante até que estivesse face a face com o outro rapaz, que precisava erguer o rosto para enxergar Styles: - Deixa eu esclarecer uma coisa, se você vier encher o saco mais uma vez, eu vou ter uma conversinha com o Benett, ele precisa aprender a não soltar os cachorrinhos dele da coleira.
- Nossa, Harry, isso foi… - Louis se perdeu na busca de um adjetivo justo o suficiente para tamanha bravura do melhor amigo. Era o tipo de comportamento que eles deveriam ter adotado há um ano e meio para evitar maiores males, tais quais os que deveriam enfrentar naquela noite.
- Demais! - Horan emendou, respeitando muito Harry naquele momento.
Styles deu um sorrisinho sem vida, nenhum pouco orgulhoso de si mesmo. Sua paciência havia se esgotado com o ultimato imbecil que lhe tirou uma das poucas coisas boas que aquele ano horrível lhe trouxe, e agora, já sem , não havia muito o que perder e por isso sua atitude piorou consideravelmente em relação aos apostadores.
- As meninas já voltaram! - o irlandês avisou de sobressalto, dando um pulinho nada masculino ao virar de costas e ver que o trio parada dura estava se aproximando com incrível rapidez.
guardava em sua bolsinha os filmes das fotos que tiraram, obviamente muitas, enquanto segurava a taça da amiga para que ela pudesse proteger as recordações. segurava duas taças também e entregou ao irmão, que apenas aceitou a bebida sem se dar ao trabalho de agradecer.
Onde estavam , Liam e a sua Orteguinha? Ele se perguntava, curioso.
- Eu não entendo vocês, uma hora odeiam os meninos do time, mas daqui a pouco estão de conversinha com eles… - acusou os rapazes, embora não houvesse tom de acusação própria, e mais curiosidade nas razões e motivações deles.
não se importava com o time de futebol, portanto tratou de se aproximar de Tomlinson para ajustar o topete perfeito do namorado, sorrindo satisfeita quando concluiu e pode admirar a face feliz dele.
Tommo ficou quietinho enquanto deixava-se ser arrumado igual uma boneca de pano, mas ao final foi recompensado com um beijo doce que o deixou com o humor melhor ainda.
- Nada a ver, . - Styles repreendeu a irmã antes que sua cabecinha criativa se enchesse de péssimas ideias, deus sabe que se alguém poderia descobrir sobre aquela aposta, aquela pessoa era e isso o apavorava mais do que o medo besta de que se dormisse com os pés para fora da cama, um gremlin o morderia.
assistia os irmãos com um sorriso satisfeito, ela definitivamente sentiria falta de ver os irmãos Styles e a sua forma peculiar de comunicação: gritos e brigas. Apesar dos pesares, eles tinham um ao outro e não conseguia imaginar o que poderia ser mais importante.
- Tudo a ver, mas isso não importa, eu quero dançar!
- Nós acabamos de chegar…
- E daí? Quem vai dançar comigo? - princesinha Styles encarou um por um, com paciência, nunca deixando o brilhante sorriso morrer.
- Vamos lá, querida. - Niall abraçou a menina, deixando um beijo ruidoso em seu ombro. - Quer ir junto, ?
- Ah, eu ia falar para nós irmos dar uma volta lá fora, ver como ficaram os jardins… - Harry explicou para Hilton, deixando em aberto para que a amiga escolhesse qual seria o próximo passo dos dois, embora em sua humilde opinião, dançar poderia ficar para mais tarde e agora eles poderiam até tirar uma foto legal, afinal de contas, sua acompanhante não poderia ser descrita como nada menos do que magnífica.
pareceu ter a mesma ideia e por isso concordou entusiasmadamente:
- Vamos lá fora então, e depois nos encontramos na pista, pode ser, Niall?
- Claro, kit cat. - o irlandês piscou para a amiga e saiu dançando e empurrando , que gargalhava com a tentativa ridícula dele em se mostrar com uma péssima giga irlandesa que nem fazia sentido com o pop chiclete que tocava no momento.
- Às vezes parece que esse irlandês sem vergonha gosta mesmo da minha irmã. - Styles observou, lacônico.
- Você acha? - riu debochada - ela é o ar que o Horan respira.
- Eu posso confirmar essa teoria. O Niall não sabe mais como se vive sem a . - concordou. Cruzou os braços e se viu observada por Harry, Louis e , que de forma silenciosa exigiam uma explicação mais satisfatória.
- É bom mesmo que ele se gostem, porque ninguém mais aguentaria tanta frescura.
- Styles, meu caro, você não sabe o que diz. - Tommo meneou a cabeça, soando muito mais sábio do que realmente era.
O quarteto estava no meio de uma passagem fundamental de acesso entre jardim e salão, mas ninguém tinha ânimo de enfrentar uma Westwick de bom humor e nenhum dos quatro demonstrava inclinação para sair dali, estavam tão confortáveis! E toda hora passavam taças frescas de champanhe, o que mais poderiam querer?
- Eu acho que nós estamos atrapalhando a passagem. - Louis atestou o óbvio, recebendo olhares irritados de um grupo grande que se dividiu para conseguirem passar e chegar até o acesso ao jardim.
- Estamos mesmo. - concordou mas também não afastou um centímetro.
- Vamos lá fora então, ? - Harry tomou a deixa e ofereceu o braço à loira, que aceitou sem problemas. Estava interessada em se aventurar pela área externa, que exalava o frescor da floresta em uma noite de primavera, a ideia soava misteriosamente divertida e desbravar os recantos do mini paraíso com Harry seria encantador.
- Nós vamos juntos. - Louis provocou Styles, piscando sem vergonha para o cacheado. - Afinal de contas vocês vão precisar de alguém pra tirar a foto de casal.
- Que foto de casal? - Harry franziu o cenho, virando-se rapidamente para Hilton, que apenas suspirou e deu de ombros, preferindo manter-se em silêncio embora já soubesse por onde Louis procurava enveredá-los.
- Vocês não vão tirar foto de casal? - entrou no jogo do namorado, fingindo estar chocada com a falta de educação de Harry. Era óbvio que ele só não perdera a compostura porque estava com eles, e não ia se escusar de usar o momento de fraqueza.
- Não. - Styles respondeu simplesmente. Tomou o cuidado de descer a pequena escadaria com cuidado para não tropeçar e beijar o chão, o chão devia ser a única coisa que ela não deveria beijar naquela noite, no que dependesse de seus esforços.
- Claro que vão, é rude não tirar.
- Mas nós não somos um casal.
- Essa noite são. - Westwick encerrou a discussão, respirando profundamente o ar limpo e fresco. - trouxe cigarros, honey?
Harry e se adiantaram para sentar na namoradeira rústica, deixando um único lugar vago, que Louis deixou para a namorada se acomodar:
- Eu esqueço de você mas não esqueço dos meus cigarros. Um minuto. - ele tateou os bolsos até encontrar os cigarros e o isqueiro, acendeu o primeiro e entregou à ela: - Aqui, .
- Vocês acham que vai demorar quanto tempo até flagrarmos o primeiro casal em uma posição comprometedora? - Harry inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos sobre as coxas. Seus olhos verdes passeavam para lá e pra cá, curiosos e empenhados em encontrar boa diversão.
- O que exatamente você quer dizer com “posição comprometedora”? - passou a procurar o que quer os olhos de Styles estivessem flagrando, imaginando que ali estariam o assunto da conversa.
- Sexo. - respondeu sucinta. Olhou no relógio digital de Louis antes de dar seu palpite: - Daqui umas duas horas talvez?
Louis riu alto, sentando no colo de , que estava tão distraída que nem protestou sobre o fato de seu vestido estar sendo amassado com o peso do garoto, apenas trocou o cigarro de mão para não queimar a roupa dele.
- Eu aposto que se nós formos mais lá pra trás, já encontramos alguma coisa! - Tommo conspirou, orgulhoso de sua sagaz observação.
- Isso é muito… - pigarreou, sem falta de expressão que fosse apropriada para descrever o que era aquele comportamento dos colegas.
Houve um tempo em que adorava esgueirar-se pelos cantos das festas com Zayn, pelo simples prazer de sua companhia e alguns beijos roubados.
Mas agora, nada daquilo fazia sentido ou soava interessante
- Engraçado? - Harry sugeriu, arqueando as sobrancelhas enquanto seus lábios dobravam em um sorriso divertido.
- Não, escroto. - Hilton foi franca, apesar de que era frustrante não ter uma palavra menos chula que abarcasse tal conduta
- Também, mas tem sua diversão em toda essa bagunça. - Louis auxiliou Harry para que não parecessem tão baixos por se interessarem por esse tipo de bobagem.
nem se deu ao trabalho, seus gostos eram de sua conta e de mais ninguém.
- Hmmm, será? - duvidou
- Nós podemos descobrir agora. Vem, vamos dar uma volta dentro dessa mata. - Styles levantou e estendeu a mão para auxiliá-la a erguer-se.
A verdade é que não estava muito interessado em flagrar casais com ao seu lado, seria constrangedor e ainda haviam altas chances de encontrar a própria irmã sendo desvirtuada no meio daquele jardim…
A dupla desapareceu lá para trás, escondidos pela sebe alta que os separava da civilização e paisagem urbanas, mas e Louis permaneceram fumando em silêncio. Tommo saiu do colo dela e sentou ao seu lado, envolvendo-a com o braço ao perceber que estava frio demais para a pele sensível de seu amor.
- . - ele a chamou suave, apreciando as curvas graciosas de seu perfil.
- Hm? - respondeu vagamente, mantendo o rosto erguido e fixo nas luzes foscas que entrelaçavam-se a vegetação verde, um efeito tranquilizador, de fato. Ou só estava calma por causa da nicotina mesmo. Nunca saberia.
- Sobre Oxford… - o assunto chamou sua atenção porque ela deixou de olhar para as luzes e fixou os olhos negros sobre Tommo. - Você já sabe onde vai ficar?
A questão a fez virar-se para Lou, erguendo as pernas e o vestido para apoiá-los sobre as coxas dele, de maneira que pudesse enxergar seu rosto enquanto pensava, já que não havia pensado em muito mais após decidirem que iriam juntos para Oxford.
- Nem pensei nisso ainda, honey. Por quê? Você tem algo em mente?
- Não necessariamente, mas fiquei me perguntando se você ficaria em uma irmandade ou algo semelhante.
- Provavelmente não, já imaginou eu dividindo espaço com mais dez seres humanos, em tempo integral? Eu ia acabar matando alguém com um sapato!
- Você com certeza ia acabar matando alguém, . - Tomlinson gargalhou, profundamente alegre com a perspectiva de sua namorada atacando as colegas da irmandade. E uma semana seria o suficiente para causar tal reação, ele apostava. - E os dormitórios? É uma boa opção, você não acha? Dentro da uni, é só enrolar um robe pra esconder o pijama e você já está pronta pra aula!
- Ah, dormitórios são desconfortáveis. - o rosto de se contorceu em uma careta, não gostava de parecer uma diva, mas ficar confinada em um quarto por seis anos era um pesadelo até mesmo para a alma mais pacifista. - além do mais, você não poderia vir me visitar.
- É verdade, dormitórios não são uma opção. Eu sou um homem de muitas necessidades e você sabe disso, . Nós precisamos de espaço e privacidade pra eu poder te fazer feliz do jeito que você merece. - ele a puxou pelo pescoço, beijando-a com entusiasmo.
Entusiasmo este correspondido a altura e muito bem recepcionado.
- Ai Louis, você não para, não é? - Westwick descansou a cabeça no ombro dele, recebendo um carinho nas costas.
- Jamais. - ele riu, soltando para pegar outro cigarro.
Os dois estavam sentados em um ponto favorável onde os permitia ver qualquer um que saísse do salão de baile e adentrasse a área externa. Portanto eles basicamente julgavam todos os alunos que chegavam ali, desde a roupa até o que faziam e com quem estavam.
Greg estava com uma segundanista que apareceu algumas vezes no jornal, e embora na época não fizesse ideia do que diabos a pirralha fazia ali, agora as peças se encaixavam e tudo fazia sentido.
- Sabe, eu acho que vou acabar ficando em um apartamento, sozinha, em paz. Posso procurar um confortável, no centro, longe daqueles estudantes imbecis…
- Olha como você já tem apreço pelos seus coleguinhas!
- O que você acha? - ignorou o comentário sarcástico e esperou a honesta opinião de Louis, sentindo que importava o que ele tivesse a dizer sobre. Era bom ter alguém com quem partilhar seus planos e confiar no julgamento dele, na maioria das vezes, pelo menos.
- No centro não, . Fica longe pra toda vez que a gente quiser se ver. - ele reclamou. Entregou seu cigarro para a ruiva quando percebeu que ela terminara o dela.
- Longe? É uma viagem de dez minutos, Tomlinson. De carro. E esse é o seu maior esforço porque depois eu tenho todo o trabalho duro.
- E eu nunca reclamo disso, meu amorzinho. - Tommo gracejou, piscando descarado para .
- E você, já sabe onde vai ficar? - ela questionou.
- O Harry quer ir pra uma casa de fraternidade, uma experiência verdadeiramente universitária, ele disse. Então é para onde eu vou acabar também.
A explicação fez com que revirasse os olhos, soltando um murmúrio de desgosto:
- Até porque você vai casar com o Harry…
- Quê? - Lou aproximou o ouvido, tentando entender o que foi dito pela garota. Ele ouviu de primeira, é claro, mas compreender se ela quis dizer exatamente aquilo já era outra história.
- Nada.
- Você está com ciúmes do Harry?
- Não!
- Ooou isso é um convite pra eu dormir todas as noites das nossas vidas ao seu lado, te protegendo e te amando?
- Você é muito idiota, sabia? - levou o polegar ao queixo do garoto, sorrindo carinhosa. - Quem sabe se você se comportar em não te entrego uma cópia da chave?
Louis sentiu-se surpreendentemente tocado com o gesto simbólico e importante. confiava nele e isso o enchia de respeito e também perturbava-o, porque quando a verdade fosse descoberta, se fosse descoberta, iria quebrar o coração dela, consequentemente quebrando o seu também, porque ela era a dona de seu coração e a razão de seus sorrisos.
- Nossa, os meninos vão adorar saber disso, nós vamos…
- Você não vai deixar os seus amigos viverem no nosso apartamento, Tomlinson. Não quero chegar cansada de um dia de estudos e ter que lidar com o Harry, ou pior, com o Liam. - ela o interrompeu, atormentada por imagens de seu loft maravilhoso (as projeções em sua cabeça eram fantásticas) invadido por adolescentes bagunceiros e barulhentos. Ela era bagunceira e barulhenta, mas seria em sua própria casa, não no apartamento dos outros.
Tomlinson ignorou todo o resto, rindo como um tolo enquanto ela terminava suas ameaças.
- No nosso apartamento? - ele perguntou, mordendo o lábio para conter a alegria incontrolável que o dominava.
- É. - acenou positivamente.
- Olha, você não fez nenhum pedido formal e isso me magoa, maaaas, se você prometer me tratar todos os dias como o príncipe que eu sou, ignoro a sua falta de cortesia e aceito ser oficialmente o seu homem. - Louis divagou, falando tantas besteiras quanto sua cabecinha conseguia processar.
nem se deu ao trabalho de uma réplica, assistindo enquanto Niall e apareciam lá fora, seguidos de e deus na terra, Zayn Malik.
- Minha nossa, meu coração até acelerou aqui. - ela ofegou, apontando para o quarteto, sentando-se e ajustando a postura. - Meu cabelo está bom?
- Sim, por quê? - Tommo juntou as sobrancelhas, confuso. Então viu os amigos também. - Ah, a . O Harry vai ter um infarto quando a ver.
- O quê? Por que meu coração ia acelerar pela Meester, Louis? Eu estou falando do Zayn! - ralhou. Era até uma ofensa ter seus sentimentos mais puros, não tão puros assim, direcionados à .
- Olha quem nós encontramos! - se aproximava com incrível rapidez, alcançando uma boa distância entre si e o trio que vinha sem pressa alguma, parecia que tudo ao redor de Zayn movia em câmera lenta.
- Ela anda muito rápido pra alguém tão pequeno. - Tomlinson disse e a princesinha já havia chegado.
- Oi! O que vocês estavam fazendo? Cadê o meu irmão e a ? - ela disparou como uma pequena metralhadora curiosa.
parecia ter a mesma intenção de fazer algumas descobertas rápidas, embora fosse incapaz de tirar os olhos de Malik enquanto sua mente trabalhava a mil, imaginando como deveria proceder para que voltasse logo e os dois se reencontrassem dramaticamente e melhorassem sua noite, como espectadora.
- Você fez muitas perguntas, mas eu vou ignorar todas e fazer outra: por que você trouxe a Meester pra cá?
- Porque sim, ué. Nós somos todos amigos, e o Zayn perguntou por vocês.
- Eu não sou amiga da Meester. - Westwick pontuou irritada. - E ela não tem o direito de parecer tão bem, isso me deixa puta.
- Alguém de vocês viu o Liam e a ? - chegou com duas taças de champanhe, procurando o ponto mais distante possível de Zayn, não aguentava mais a dose cavalar que teve de aturar desde que passaram na casa Malik para buscá-lo. Na sua cabeça, gostava de imaginar que nem Alfred suportava o rapaz e por isso fez a rota mais rápida para poupá-la do sofrimento.
- Eles ainda não chegaram, . Eu falei... - repetiu a informação. Já havia explicado isso mas tanto quanto Zayn preferiram duvidar da menina e procurar melhor, pelo bem da sanidade dos dois.
O que ele faria se tivesse que ficar ao redor daquela megera por mais meia hora sem a intermediação direta de Payne e , que sempre sabiam o que fazer para evitar atrito e as farpas constantes.
Quando eles decidiram não mais ficar, não estavam brincando, tudo voltaria ao normal. Inclusive a falta de tato e educação mínima que se espera de dois seres humanos civilizados.
- Eu pensei que iam no cinema antes, ver o Aquaman. - Niall coçou a cabeça. Se sua memória não falhasse, Payne havia contado que iriam primeiro à estreia de Aquaman e só então se juntariam ao grupo no hotel.
- E foram, mas já era pra ter acabado. - Malik estendeu a mão para Tomlinson, aguardando que ele a preenchesse com um cigarro. E Louis o fez, reservando-se ao direito de não providenciar o isqueiro para não perdê-lo. Mas Zayn tinha seu próprio isqueiro, portanto não reclamou.
- Ai meu deus, o que eu vou ficar fazendo aqui sem eles? - terminou de tomar o conteúdo de uma taça em um só gole.
- Porra, pelo menos finge que está feliz em estar com a gente. - Tomlinson pediu e deu tapinhas no espaço vago ao se lado. - Senta aqui comigo, . Você está bonita hoje, alguém já te falou isso?
A morena não agradeceu ao elogio, mas sentou mesmo, aceitando que Tommo a abraçasse como podia. Não é que ela odiava os amigos, mas não queria estar ali só com eles, faltava seus melhores amigos. E Harry. Ainda não o vira e para ser honesta seria muito melhor que pudesse desfrutar da noite sem o sentimento constante de perda e culpa por toda a história com Zayn.
Não devia nada a Styles, e ainda sim, sentia-se culpada.
Era tudo uma merda.
- Falando em beleza, você está parecendo uma fada, sardenta. - Zayn piscou para a ruiva, certo de que a palavra fada era a mais apropriada para descrever a beleza frágil e suave, parecia que Tommo havia mergulhado na densa floresta em busca daquela coisinha linda. Perigosa, mas linda.
- E você parece um deus moderno, Malik. - devolveu o elogio, inclinando-se para em seguida: - Meester, como você conseguiu chegar até aqui sem agarrar esse garoto?
- Muito fácil, eu só precisava olhar pra cara dele. - explicou com um sorriso cerrado. - , quer ir dançar?
- Aham, vamos esperar só mais um pouquinho… - princesinha Styles pediu, olhando por cima dos ombros do trio sentado, estava enrolando sem cerimônias e deixando as garotas mais velhas antenadas.
olhou para a melhor amiga com os olhos cerrados, indagando-se se ela planejava juntar Styles e Meester mais uma vez ou se os alvos das tramas da loirinha eram Zayn e . Não chegou a nenhuma conclusão, embora fosse fato que ela estava planejando algo, só restava esperar para descobrir.
Niall estava incrivelmente quieto, o que significava que já estava a par dos planos da namorada. O que era uma sacanagem, para ser honesta, já que a melhor amiga ficava de fora desse rolê todo enquanto Horan sabia de tudo.
- O que vocês estão esperando? - Louis lambeu os lábios, desejando algo para molhar a garganta.
- Eu não sei, Lou. ? - pressionou a menina mais nova. Pensou que levantar seria um bom estímulo para sair dali, mas não se deu ao trabalho.
- O que essa menina está fazendo? - Zayn murmurou sozinho, agora tão intrigado quanto todo mundo.
Esse era o efeito nas pessoas, não deixava ninguém de fora no furacão de sua cabeça doida.
- OIha lá eles! - animou-se, abrindo os braços para receber Harry e , que voltavam da revigorante caminhada.
O anúncio pegou Zayn e de surpresa, e eles nem precisaram ver os outros dois para saber de quem se tratava. A morena permaneceu de costas para Harry, mas Zayn…
- ! - ele exclamou ao ver a garota ao lado de Harry.
Não soube explicar o porquê, mas seu coração acelerou ridiculamente ao ser abençoado com a miragem dela, seus lábios ficaram secos e o cigarro perdeu o efeito calmante, ele só conseguia absorver e suas nuances.
Sua ação claramente causou uma reação dramática, numa fração de segundos muitas coisas aconteceram: abriu a boca, embasbacada, olhou para Niall, depois para e então para Malik, piscando incessantemente. Horan ficou lá parado, com as mãos nos bolsos, olhando para a melhor amiga com muito cuidado, assistindo suas emoções e reações. , e Louis fizeram uma perfeita encenação de surpresa, arqueando as sobrancelhas com perfeita uniformidade, esperando que Zayn caísse em si e ficasse envergonhado. Harry piscou surpreso, e , o alvo de todo esse tumulto, nem sequer respirou.
Era a segunda vez que se dirigia a ela na últimas duas semanas e apesar de não acreditar em destino, considerou aquilo um sinal de que o universo sorria para ela novamente.
Notando o caos que criara, Zayn foi rápido em tentar consertar a situação:
- E Harry! - acrescentou, pigarreando forçado, constrangido. - Eu vou sair pra fumar um cigarro.
- Eu vou com você, cara. - Tommo levantou e saiu correndo atrás dele.
- Vocês demoraram. - disse para a dupla que tomou o lugar de Malik e agora estavam ao lado de Niall e , frente a dupla que compartilhava a namoradeira.
Foi inevitável para Styles não olhar para , a morena estava parecendo um pedacinho do próprio paraíso em um vestido escandalosamente vermelho. Sentiu-se impelido a abraçá-la e mantê-la junto a si pelo resto da noite, quis confessar suas tristezas e receber o terno calor de seu abraço.
Mas quando seus olhares se encontraram, tudo o que recebeu foi a dureza dos olhos azuis dela, fitando-o com deliberado desinteresse e uma boa dose de mal humor.
- Tem pessoas lá atrás fumando drogas ilícitas. E tem uma fonte linda também, tirei uma foto. - informou, já recomposta. Em sua humilde opinião o único defeito do adorável jardim é que não tinha bebida, e era cansativo se imaginar subindo e descendo as escadas apenas para buscar champanhe.
- O Benett foi lá buscar o par deles para tirarem a foto oficial. Quem é aquela menina que ele trouxe? - Harry trouxe um assunto a tona ao notar que sua irmã ia falar alguma coisa para constranger a todos ainda mais, e tinha o macabro pressentimento de que ele seria a vítima dessa vez.
- Eu não sei o nome dela, mas ouvi falar que eles fizeram matérias extras juntos, foi assim que se conheceram. - Niall, bem informado, compartilhou a informação. Princesinha Styles sorriu orgulhosa e abraçou o irlandês, pendurando os braços ao redor do pescoço dele.
- , você não a conhece? - Westwick perguntou.
- Se fosse do meu ano, provavelmente eu saberia, então deve ser alguém do primeiro ano.
- Do primeiro? - a ruiva sugeriu. Também não conhecia a garota e isso a incomodava, sabia de quase tudo e conhecia quase todo mundo graças ao acesso livre de informações que circulavam no jornal.
- E pode isso? - Niall franziu o cenho.
Era engraçado que ano passado, quando começou a se envolver com , não pareceu lhe incomodar nenhum pouco que ela fosse uma caloura do primeiro ano, inclusive usou-a como amante por bons meses quando decidiu, sabe-se lá o porquê, escolher namorar April e ainda manteve as atenções da loirinha.
pareceu pensar exatamente a mesma coisa, olhou para o amigo com indulgência. Ele não valia nada mesmo, pensou.
- Bom, não tem uma regra dizendo que não pode, então… - Hilton disse, risonha. Mas ninguém mais pareceu entender a graça daquele momento.
- O que o Benett quer com uma criança do primeiro ano? - conjeturou alto pelo hábito da conspiração, já que não havia real interesse no que Jason fazia da vida. Estava focada em buscar Louis pelo espaço aberto, falhando na missão.
- Vocês sabem que ele pode só tê-la convidado por educação, não é? - defendeu Jason, respaldada por , sendo as únicas a ter simpatia pelo rapaz. estava em terreno neutro, já os garotos e eram uma força negativa que tinham extremo desgosto pela pessoa do jogador.
- Qual é, ! Nós estamos falando do Benett, ele é um lixo de ser humano. - falou como se aquilo justificasse todas as atrocidades que falavam do capitão do time.
- Boa, . - Horan tocou um high-five com a morena.
- De nada. , você prometeu dançar comigo! - Meester cansou de ficar sentada ali, sem nada para fazer, a bebida em sua taça havia esquentado e Liam e ainda não deram sinal de vida.
- É verdade! Vamos lá, então. - princesinha Styles ofereceu a mão à morena.
- Quer dançar, ? Ou vai só ter o prazer de ver os meus movimentos sensacionais? Porque quem treina é a , mas quem dança bem sou eu.
- Eu acho que vou aproveitar a oportunidade de ver você dançando mesmo. - Pe
- Ah, eu quero dançar também. - declarou
- Eu não quero dançar com você. - a morena disse, quase nauseada com a possibilidade de se divertir ao lado de Westwick
- Vai se foder, Meester. Vai todo mundo dançar agora.
decidiu não replicar, contentando-se em esperar chegar lá dentro e excluir a outra garota da rodinha que faria com e .
Niall liderou o bando de volta até onde a música rolava solta e lá eles esqueceram todas as ameaças infantis e intrigas infundadas e se entregaram ao momento, dançaram, cantaram, pediram músicas especiais à banda, coreografaram os passos mais famosos, também brigaram por alguns momentos nas cabines de fotos e Louis quase quebrou uma delas porque apertou vezes demais o botão de tirar cópias, e vieram todas de uma vez, exatamente iguais, resultando em metade da festa ganhando uma cópia escrota da cara de Tomlinson.
E aquele foi só o começo de uma noite que tinha tudo para ser mágica bem como um total desastre.

Lá fora, na longa fila de carros aguardando para serem levados até o estacionamento e estudantes ansiosos para entrar, Shepley estava hiperventilando e se esforçando muito para não começar a surtar como uma garotinha na frente de sua namorada, que estava muito linda e tranquila por sinal, esperando pacientemente que chegassem logo na vez.
- Você tem certeza que ela não vai se importar? - o garoto perguntou pela milésima vez, com as mãos suando frio.
Amber o encarou com piedade, largou o celular e deliberadamente se esticou até que seu rosto estivesse na mira do espelho retrovisor:
- Tenho, Shep. Liga a lanterna do seu celular no meu rosto?
- Quê? Por quê? - Shep ficou ligeiramente confuso com a mudança súbita de assunto.
- Eu preciso ver se a minha maquiagem está perfeita. - a loira explicou e ele de fato acendeu a luz, tomando o cuidado de deixá-la no mínimo do brilho para não cegar a criatura vaidosa.
Atendido o pedido, ele voltou a lamentação de seu maior medo, ser estrangulado por Alexandra Saint:
- Ah. Eu realmente acho que nós não devíamos ir juntos, eu não vou ficar chateado se você levar outra pessoa, está bem?
- Mas eu vou. - Amber replicou. - Você é o meu namorado, por que eu levaria outra pessoa, Shepley?
- A Lexi vai me odiar e me humilhar!
- Ela não vai fazer isso, quando eu contei que nós iríamos juntos, ela riu. Está tudo bem, acredite. Eu estou bem?
- Você é perfeita, Amber.
A simplicidade da resposta a agradou e Shepley ganhou um beijo vermelho.
Desde a festa do valentine’s, as coisas evoluíram com rapidez entre o casal, e o romance escondido transformou-se em um discreto relacionamento exclusivamente fora da escola, até que Amber o surpreendeu, pedindo para ele a acompanhasse ao baile de formatura dela, como seu namorado.
Infelizmente o medo de lidar com Alexandra Saint arruinava a alegria de tornar pública sua relação com a garota dos seus sonhos. Mas Amber foi persistente e agora os dois estavam ali, prestes a encontrar-se com o próprio diabo, a melhor amiga dela.
- Vamos? - ela indicou ao ver um valete se aproximar para a abrir a porta do motorista.
- Já? - Shepley esfregou as mãos, muito nervoso e um pouco ansioso, e abriu a porta. - Pode deixar que eu abro para ela. - informou ao homem, entregando a chave do veículo.
Deu a volta pela frente e abriu a porta do carona, com uma mão segurou a carteira dela e com a outra serviu de apoio para que Amber pudesse sair do carro sem dificuldades com o salto alto e o vestido.
- Nós já estamos bem atrasados, querido. A Lexi está me mandando mensagem há pelo menos meia hora.
- Ela já está aqui há meia hora?
- Ansiedade. Ela jura que algo grande vai acontecer hoje, embora não tenhamos nenhuma evidência. - Amber explicou. Pegou a carteira de volta e substitui o objeto por sua mão, grata por estarem caminhando sem pressa. - Você não saberia nada sobre algum plano secreto e macabro hoje a noite, não é? - brincou.
Mas Shep não conseguiu entrar na onda da brincadeira e hesitou.
- Ehhh…
- O quê? Você sabe de algo? Me conta, por favor! - Amber de repente não era mais uma material girl, e sim uma garotinha de sete anos implorando para ir em mais um brinquedo no parque de diversões.
- Eu não posso, desculpa.
- Shep!
- Você vai contar pra Lexi e eu vou me dar mal… - ele refletiu, pesaroso.
Atravessavam o saguão, tomando o caminho mais demorado até o salão do baile, agora que a garota tinha informações a arrancar, podia sentir no fundo de seu coração que uma grande fofoca estava a caminho.
- Prometo, por tudo o que é importante pra mim, que eu não vou contar pra Lexi. - a menina elevou as duas mãos ao alto e cruzou os dedos, jurando.
- Mas ela é a sua melhor amiga, você vai acabar contando. - Shep argumentou mas percebia que sua resistência era muito menor. Como ele poderia negar algo para aquela garota incrível?
- Não vou. Vai ser o nosso segredo, por favor, baby! - Amber parou de caminhar e segurou a mão do namorado com força, sentia que se não descobrisse o que estava acontecendo, poderia morrer!
Uma coisa era a amizade solene das duas, outra bem diferente era deixar de estar a par de um grande segredo só porque a outra não poderia saber.
Mentiu por semanas sobre estar oficialmente com Shep, o que seria uma mentirinha a mais...
É claro que a exaltação de ânimos não passou despercebida pelos adultos que transitavam pelo hall e se deparavam com o jovem casal parado lá no meio, como parte da decoração, mas a reação de todos era a mesma: olhar com curiosidade e então relevar porque eram apenas jovens sendo jovens.
- Eu vou me arrepender disso…
- Não vai, aposto que até o fim da noite ela vai descobrir por si mesma e eu só vou ter que fingir surpresa.
- Tem certeza?
- Tenho. - assegurou, confiante. - Agora me conta.
Eles voltaram a andar e Shepley começou:
- Sabe a Meester e a Westwick?
- Aham.
- Tem uma aposta sobre…
- Não! - colocou a mão sobre a boca, chocada. Tentou parar para absorver a informação incompleta, mas Shep continuou caminhando e esperou espaço para sequer terminar de falar: - desculpa, continua.
- Tem uma aposta sobre elas. Já tem um tempão, na verdade, eu achei que ninguém mais lembraria disso. - ele disse. Era um alívio enorme poder dividir o fardo daquela informação! - Enfim, a aposta é que o Tomlinson e o Malik teriam até a noite do baile para tentar transar com elas, e por um acaso essa é a noite.
- Ai meu deus.
- Amber? - Shepley a olhou preocupado. A menina havia se transformado em um zumbi, os olhos castanhos arregalados enquanto ela absorvia a informação absurda. A coisa não parecia bem para ela.
- Eu tenho tantas perguntas…
- Você está bem?
- Não! É por isso que o Styles e a Meester terminaram? Pro Zayn transar com ela? Quem sabe disso? Quanto dinheiro tem envolvido? O que aconteceria se eles não tivessem conseguido?
- Ahn, eu não faço ideia porque a Meester e o Harry terminaram, mas é provável que tenha sido por causa da aposta mesmo. Todo o time sabe disso, e alguns caras de Oxford… e Manchester.
- Meu deus. - ofegou novamente. Ia ser muito difícil omitir tudo aquilo para Lexi, já estava arrependida da promessa!
- O Jason está organizando tudo, e o Styles quem deu o nome das garotas. -Shepley não conseguia mais parar de dar informações.
- Mas, ele a Meester depois…
- Pois é, ninguém entendeu. Mas o Jason logo consertou a situação. Até o início do mês, ele disse que tem quase cinquenta pessoas que estão participando, na verdade aumentou bastante depois que o Styles entrou no caminho do Malik.
- E quanto eles vão pagar?
- As apostas ficaram em dez mil libras pra cada.
- Caralho!
- E a única coisa boa disso tudo é que nós todos sabemos que os dois conseguiram vencer essa aposta, porque senão o Jason contaria pras meninas tudo. Essa era a punição, caso perdessem.
- Você acha mesmo que ele não vai contar de qualquer maneira? - Amber riu sarcástica.
Aparentemente as pessoas não conheciam Jason Benett o suficiente.
Não haviam chances do jogador deixar a situação baixa, não quando se tratava de Meester pelo menos, que o amarrara nu em uma cama, humilhando-o publicamente.
- Ele não faria isso… - Shep quis duvidar mas recordou de tudo o que o capitão havia feito no último semestre para garantir que a aposta continuasse valendo. Foi então assolado por desespero: - Meu deus, vai dar tudo errado.
- Vai dar tudo errado, Shep. E eu queria me sentir mal pelas garotas, mas as duas são tão más com a Lexi que eu nem consigo sentir pena. - a loira confessou, enxergando a silhueta da melhor amiga no primeiro montante de alunos.
Shepley também a viu e deu um último lembrete à namorada, antes que fossem lidar com o dragão:
- Amber, você prometeu que não ia contar pra Lexi, por favor não esquece disso! - falou entredentes.
- Ei, vocês dois. - Saint os aguardava próximo a entrada, abandonando as outras garotas assim que viu a melhor amiga, sorrindo com divertimento por causa da companhia dela. Amber era uma caixinha de surpresas, de fato!
- Lexi, cadê o Chase? - Amber a abraçou rapidamente, procurando o par de Saint com curiosidade.
Aproveitou para dar uma olhada na festa em geral, aprovando o que via. A noite seria memorável, de fato. Só torcia para que os idiotas resolvessem lidar com a aposta o mais tarde possível para que sua noite não fosse estragada.
- Eu não sei, como falei, tem algo estranho acontecendo aqui hoje e nós vamos descobrir. - Lexi retomou o tópico mais uma vez, intrigada. Agora que não precisava mais da companhia das colegas da torcida, guiou o casal entre a multidão dançante, em busca de uma rota decente até o jardim.
- Depois que nos divertirmos um pouco, certo? - Amber disse, como uma advertência para que não perdessem a noite ocupadas enquanto poderiam estar se divertindo pra valer. Planejava ir na cabine de fotos com Shep, e com Lexi também é óbvio, queria dançar até os pés doerem, beber também e cantar todas as músicas que conseguisse.
- Claro. - Saint deu de ombros, olhando para Shep por cima do ombro como se encarasse um bichinho para adoção. - E você realmente veio com ele…
- Você prometeu que não ia ser má com ele se eu estivesse feliz. - Amber a relembrou, chateada.
Shep não estava nem a par da tensão que se criou entre as garotas porque se maravilhava com os olhares incrédulos transformando-se em expressões chocadas quando todo o corpo estudantil da Eton assistia Amber Threfall de mãos dadas com Shepley.
- E você está? - Lexi inquiriu, com a mesma expressão de comiseração.
- Muito. - Amber respondeu sem hesitar.
A resposta foi o suficiente para que Lexi voltasse a desbravar o percurso original, preferindo manter suas suposições para si.
O bom de Amber estar entretida com aquele mascote do time é que ela poderia focar sua atenção integralmente no que quer estivesse acontecendo naquela noite estranha como um filme do Tim Burton.

Uma hora depois que deixaram os jardins e entraram para dançar, e Liam ainda não haviam chegado. E embora quisessem ter força moral o suficiente para não se importar com isso, todos estavam curiosos e impacientes para saber onde estava a nona integrante da sociedade do anel e Payne, como fazia questão de denominá-los apenas pelo prazer de excluir Liam do grupo.
Suados e com sede, eles saíram da pista e juntaram-se a Zayn e Harry, que conversavam em uma mesa próxima. Louis e fizeram a gentileza de ir atrás de uma garrafa gelada de espumante e novas taças, Niall e as garotas foram sentar.
- Nada de Liam e ainda? - Malik bateu os dedos, olhando ao redor sem muita convicção.
Nem se dera ao trabalho de ligar ou mandar mensagens. Quando eles chegarem aqui, nós saberemos, repetiu seu mantra e aquietou o coração. Esteve distraído demais passando os dedos sobre a bolsa de , que deixou sobre a mesa na confiança de que os rapazes cuidariam dela, intrigado com a mudança brusca de textura quando alterava a direção do toque, aquilo era como terapia.
- Deixem eles em paz, aposto que estão transando no carro enquanto nós nos preocupamos atoa. - princesinha Styles balançou a mão no ar, falando a verdade que todos se recusavam a considerar.
- ! - corou instantaneamente.
Nem Zayn Malik, em seu auge, teve tamanha eficiência em fazer Hilton corar daquele jeito.
- Pelo amor de deus, garota. - Harry repreendeu a irmã tão alto quanto a música permitiu. - Eu preciso de muita bebida pra aguentar uma noite com você, .
Seu desabafo coincidiu com a chegada de Tommo e , que não desapontaram, a ruiva carregava duas garrafas trincando de geladas e ele trazia várias taças e um balde de gelo para manter a bebida resfriada.
Westwick serviu uma taça para si e outra para Louis, e sentou.
- Mas é sério, eles estão demorando. - repetiu para que o casal soubesse do que estavam falando.
- Como eles podem me deixar sozinha por tanto tempo? - Meester choramingou frustrada.
- Você não está sozinha, nós estamos todos aqui! - Niall apontou para si e para os outros seis, era indignante ser insultado tão abertamente!
- Dá na mesma. - deu de ombros.
Zayn cansou de tanta reclamação e arrogância, respirou fundo e disse:
- Para de ser esnobe, as estatísticas dizem que a essa altura da vida você já conheceu a pessoa com quem vai casar, ou seja, é alta a probabilidade do seu marido estar nessa sala bem aqui.
- O William Patel não está aqui, e aí? O que a sua ciência pode dizer sobre isso? - Meester cruzou os braços sobre o peito, sorrindo em desafio.
- Nem precisa de ciência pra saber que aquele homem é demais pra você, Meester. - o moreno disse como se fosse muito óbvio.
- Eita! - Tomlinson estava maravilhado.
Assim como era certo que toda vez que discutisse, arremessaria um objeto em alguém, todo mundo sabia que verdades muito pesadas eram ditas quando dava-se ao trabalho de abrir a boca e discutir com alguém. E quando a outra parte da briga era o badboy, as coisas tendiam a se tornar interessantes.
- Vai se foder, Malik… - murmurou, olhando para o lado.
- Qual é, ele é homem demais pra qualquer mulher, Meester. Ele é homem demais pra mim! Eu sinto a minha masculinidade frágil perto dele.
- Ele é perfeito, não é? - a morena sonhadora suspirou apaixonada.
- Não importa, o ponto é que você teve um lapso de sorte e só. Você sabe que ele jamais te daria moral em circunstâncias normais. - Malik finalizou, claramente ganhando o argumento.
- Não precisa ser tão cruel, Zaza. - interviu ao ver a expressão irritada do irmão.
Harry estava de saco cheio de ver Zayn tratar daquele jeito, ele mesmo nunca havia dirigido uma palavra rude à Hilton e o que recebia em troco? Ter que suportar aquele filho da puta sendo rude com alguém com ele se importava tanto.
- Eu estou mentindo? - Zayn ergueu o rosto para a glória das nações, os cabelos negros caindo sobre seus olhos no processo e com um movimento sutil da mão os fios voltaram de volta ao lugar. E não fosse a música alta, jurava que teria ouvido suspiros apaixonados das garotas que presenciaram o gesto principesco.
Mas não era todo mundo e apenas piscou com impaciência por ser contrariada. Niall deu tapinhas carinhosos sobre a mão dela, consolando-a pela derrota iminente.
- Não, mas… - a loirinha cresceu os olhos, orando a todas as entidades na busca de uma boa resposta quando ela mesmo sabia que o moreno estava coberto de razão.
os encarava com divertido interesse, já Harry fingia estar interessado no pequeno arranjo sobre a mesa, sendo seguido por Horan que também olhava para as flores procurando o que chamava a atenção do cunhado. Seria uma câmera? Conjeturou.
Tommo rodeou até estar atrás da cadeira de , em pé, segurando a taça em uma mão e a outra apoiada no ombro da namorada, apreciando a vista da festa e também procurando confusão, é claro.
- Era só o que eu queria saber, pirralha. - Malik sorriu com carinho para a menina e batucou os dedos ansiosos sobre a mesa, adquirindo uma postura sábia para concluir o debate: - Seja menos esnobe, Meester, bem menos.
- Se você conseguiu a , eu me sinto no direito de sonhar alto… - a morena murmurou baixinho.
- Quê? - ele inclinou para frente com o cenho franzido.
- Olha quem vem ali! - Louis gritou acima da música e soltou e a taça para acenar efusivamente.
- Finalmente!
Eles viram Liam e na metade do salão, já distantes da porta de entrada mas não tão próximos assim do grupo que compartilhava próximo à porta de acesso aos jardins. O casal compartilhava um sorriso cúmplice e acenaram de volta para Louis, contentes em ver a gangue toda reunida.
Quando entraram no campo de visão de Styles, que estava de costas e virou o tronco para enxergar a dupla, a surpresa do cacheado não foi pequena ao se deparar com a caçula, que sorria sem nem ao menos saber quantas piadas idiotas ele tinha para fazer de sua roupa.
- Ah não! - Harry pendeu a cabeça para o lado, prensando os lábios para esconder o sorriso idiota que tomava conta de seu rosto. - Ah não! Ela faz isso pra me provocar, é a única explicação! Olha a roupa dela!
estava com um vestido que parecia um terno, só a parte de cima de um terno, uma peça obviamente fashion mas que causava a impressão em todo garoto sonhador de que realmente existia uma parte de baixo que foi ignorada pela dona da roupa.
Como se Amina fosse deixar a filha aprontar uma dessas!
- Pronto, começou. - Malik suspirou, já cansado da encheção de saco que nem sequer começara. Por que diabos a tia deixava a menina comprar essas bizarrices? Aquilo era feio! Teriam que vesti-la numa burca para ver se Harry parava de encher o saco?
- Por que ele sempre faz isso? - perguntou para Louis, mal humorada. Ver Harry e Liam felizes a deixavam mal humorada na maioria dos dias.
- Porque é isso o que amigos fazem, honey. - Tommo explicou e beijou a cabeça dela, acrescentando: - e também porque olha as coisas que ela veste! É muito diferente!
- Eu não sei como o Payne deixa esse imbecil fazer essas coisas. - Westwick continuou emburrada. Será que um dos dois não podia cair pra ela ficar feliz?
- Eu também não sei… - murmurou, preparando-se para ficar bravinha com o atraso dos dois.
Horan gargalhou ao passo que Harry ignorava todas as conjeturas e abria os braços compridos para receber Liam e . Payne obviamente já captara as intenções de Harry e seu sorriso era menos feliz e mais entediado, mas , coitada, ainda não fazia ideia…
- Oi gente! - a menina era só um sorriso gigante, inebriada com o fascinante encanto da noite, o teto escuro parecia a noite lá fora e as luzes led imprimiam a ideia de estrelas distantes brilhando em todo seu fulgor, simplesmente mágico! - você está linda, meu deus!
- Obrigada, . Eu vi a foto que você postou antes de sair de casa, Payne. Seu banheiro estava um lixo. - Westwick agradeceu o elogio mas esteve a noite toda esperando para criticar o cenário de fundo caótico do banheiro de Liam no momento em que ele tirou uma foto no espelho e compartilhou no instagram.
- Seu cabelo está um lixo e eu não estou reclamando, estou? - Liam arqueou uma sobrancelha e sorriu.
- Eita! - Zayn estava boquiaberto, silenciosamente aplaudindo a genialidade de Payne, apesar de discordar com a ideia dele, em sua opinião estava adorável.
Niall se preparou para soltar uma gargalhada mas o riso foi morrendo ao ver a arma que a ruiva passou a portar. e não tinham coragem de sequer se mover, com medo do que a amiga faria, e terminou de beber sua bebida em um longo gole para esvaziar a taça e entregar a Payne caso ele precisasse revidar.
- , honey! - Louis quase se jogou em cima dela para segurar a mão nervosa que já agarrara a primeira taça vazia para arremessar naquele filho da puta.
- Liam… - tentou repreendê-lo mas era tarde demais porque e Niall gargalharam alto, ovacionando o comportamento petulante do outro. Além do mais, ele sorriu para ela e tudo foi perdoado.
, Zayn e Harry não riram alto mas também não ficaram sérios ou saíram na defesa da ruiva, pelo contrário, compartilharam sorrisinhos cúmplices
- Orteguinha! Como você está linda! - Styles tomou as duas mãos da menina, beijando as duas bochechas com grande simpatia. O que era interessante porque todas as meninas entendiam como o babaca conseguia aumentar exponencialmente suas conquistas no amor, tinha um certo charme em suas maneiras que nenhuma delas conseguia explicar com clareza, mas todas sentiam. - Não posso nem imaginar como vai parecer quando ficar pronta!
Ortega aceitou os cumprimentos e beijou a bochecha dele, agradecida. Em seguida olhou para sua roupa confusa, e depois para o pessoal, tentando entender o que estava acontecendo.
- Oi, Hazz. Mas eu estou pronta.
Um sorriso tão bizarro como o do gato de Cheshire invadiu o rosto do cacheado, que encontrou a brecha perfeita para falar:
- Ah é? E cadê sua calça? Acho que você esqueceu ela em algum lugar.
- No carro do Liam! - gritou em seguida, auxiliando o irmão, que apreciou muito a ajuda da pirralha e estendeu a mão no alto para trocarem um high-five.
E nem precisou de explicação para deixar o casal pilhado com a insinuação nada discreta. Liam chegou a ficar com pena da namorada que obviamente queria morrer e baixou a cabeça e pegou uma taça sem dono e sorveu o conteúdo sem pressa, imaginando que enquanto bebesse, a atenção não estaria em seu rosto vermelho.
- ! - segurou a outra mão da loirinha, horrorizada, mas em seguida desistiu de colocar algum juízo na cabeça da amiga e encheu a boca com champagne também.
- O que foi? Todo mundo estava falando disso antes deles chegarem…
- Exatamente, antes. É rude falar na frente das pessoas, . - Westwick falou solenemente e todos concordaram. - Fala pelas costas...
- Eu nem cheguei direito e já estou pronto pra ir embora. - Payne suspirou, mas sentou e estendeu a mão para , puxando-a suavemente para que sentasse em seu colo, já que Louis em pé deu a oportunidade de uma cadeira vaga.
Além do mais era uma sacanagem que estivessem em uma mesa com oito cadeiras, sabendo que eles eram em dez. Agora Louis teve que sentar no colo de e a culpa era de ninguém mais além deles mesmos.
- E aí, como foi o filme? - Niall inclinou a cadeira para trás, apesar de seu equilíbrio já estar afetado pela bebida. Talvez estivesse mais zonzo por causa do cantil portátil cheio de whisky que pegou no bar do pai, do que o espumante levemente alcóolico que estava sendo servido. Mas quem saberia disso, não é?
sabia, mas também não disse nada a ninguém.
- Ah, eu fui porque o Liam queria ver. - deu de ombros, como se isso justificasse e respondesse tudo.
O filme foi bom, ela cochilou em alguns momentos e até poderia ter reclamado da demora em se juntarem aos amigos, mas depois foram jantar e ela comeu um hambúrguer tão sensacional que perdoaria até se tivessem ido ver Sharknado.
- Mas foi bom? - Zayn, o cúmulo da impaciência, esperava relatos mais acurados.
- Ótimo! Muito bom, eu poderia voltar lá e ver agora mais uma vez. - Liam respondeu empolgado. Esteve tão preso à tela que jamais saberia que dormiu algumas vezes, na verdade só lembrava que não estava lá sozinho quando a menina falava alguma coisa ou se movia debaixo de seu braço.
- Nós devíamos ter ido! - Tommo virou-se para .
- Eu não ia pegar fila de premiere, honey. A gente pode ir semana que vem, na maior tranquilidade. - não se abalou. Pelo amor de deus, era a formatura deles e tudo que o preocupava era um filme que provavelmente era um lixo?
entendia Tommo, estreias de filmes eram tão divertidas! Toda aquela multidão, fazendo fila como se os assentos fossem mudar de lugar, a conversação contínua, os olhares de empolgação mistos com o medinho de sair desapontado, o cheiro da pipoca especial que só se vende no cinema, aquele copo de um litro de coca-cola e as reações coletivas, tudo era fantástico!
- Mas a graça da estreia é exatamente as pessoas se confraternizando em torno de uma paixão em comum! - disse com muita efusividade, fazendo o irmão revirar os olhos verdes profundamente.
era uma diva e não tinha a menor vergonha disso, aparentemente.
- Mas esse é o principal motivo pelo qual eu evito sair de casa! - retrucou, entediada.
Aqueles dois filhos da puta chegaram atrasados e nem tiveram a decência de lhe dar um pouco de atenção, elogiar seu vestido, sua beleza, se oferecer para dar uma volta e tirá-la do tédio daquela mesa.
- Eu achei que a gente já tinha definido que você é insuportável, . - Payne sorriu sem mostrar os dentes. Meester teria que tentar mais para conseguir privá-lo de seu excelente humor.
- Eu acho engraçada a sua audácia de referir a palavra a mim depois de me deixar sozinha nesse lugar horrível por horas. - a morena apoiou o queixo sobre as mãos, sorrindo debochada.
Todos na mesa ficaram sem palavras diante a brutal honestidade do discurso mentiroso de Meester, que obviamente dançou, bebeu e riu muito há pelo menos vinte minutos atrás, dando um show de diversão na pista enquanto improvisava passinhos com Tommo e Niall, cantava alto com e fingia valsar com mesmo que a música fosse eletrônica.
- Como você se atreve, ? - Louis apontou o indicador na cara da amiga, chateadíssimo. O que aconteceu com os tempos em que ele era tudo o que a menina precisava para fazerem uma boa festança?
- Você estava com o pessoal! - Ortega esticou o braço para dar um carinho na bochecha da melhor amiga, mas ela desviou habilmente.
- Não importa, eu quase morri de tédio. - mentiu.
- Nós já estamos aqui pra te amar, . - a caçula prometeu, como uma mãe promete a um filho que vai voltar para buscá-lo ao final do primeiro dia de aula.
- Sai.
desistiu temporariamente, assistindo de canto de olho enquanto a mais velha puxava sutilmente sua cadeira para perto deles.
- Mudando de assunto, vai ter uma festa a fantasia, eu pensei que nós deveríamos ir de time de futebol, ia ser muito divertido. - ela falou com o grupo.
Só a proposição de uma festa foi o suficiente para captar a atenção de até mesmo quem estava no celular. Todos deixaram seus eletrônicos de lado, cessaram as conversinhas paralelas e pararam de ficar olhando para os colegas que se divertiam ao seu redor.
- Por que um time de futebol em especial? - questionou a amiga, intrigada com o tom imperativo dela para que fossem com essa fantasia, como fossem morrer caso contrariassem a ideia.
- Porque todos vão saber que nós somos um time, não importa se andarmos juntos ou não. - a caçula explicou e ganhou olhares de aprovação. A ideia era de fato muito divertida.
- Você está pensando em futebol americano ou futebol de verdade, ? - inquiriu, levando a questão a sério. - porque futebol americano é uma merda.
- Mas a roupa é muito mais legal! - imediatamente entendeu o apelo da fantasia.
Niall pensou um pouquinho e sorriu sozinho, não ia se incomodar nenhum pouco em andar por aí com a jogadora de futebol americano mais linda do continente. E entendeu também a ideia de que o uniforme americano requeria legging enquanto do futebol europeu era folgado e nada feminino.
- Eu me recuso a usar qualquer coisa relacionada a futebol americano. - ratificou a ideia de Westwick. Preferia ir fantasiada de um monte de cocô, seria menos vergonhoso.
Esse era o fim da ideia, para a infelicidade dos garotos.
- Tudo bem, nós podemos pensar em outra ideia. - Ortega mordeu o lábio.
Nesse meio tempo dois garçons pararam na mesa e retiraram todas as taças e substituíram-nas por taças cheias. Pelo menos duas pra cada, e ainda deixou um champanhe fechado e trocou o balde com gelo, já derretido, por um balde novo.
- E se nós formos como um bando de vikings, tipo a série? - sugeriu. Era diferente e bárbaro, eles com certeza chamariam a atenção!
- Ah não, muito escroto. - Horan discordou de imediato. Se não era pra ter em uma fantasia safadinha, qualquer fosse a temática, também não queria as ideias legais dos outros.
- Escroto, por quê? Deve ser super confortável, Irlanda. - arqueou a sobrancelha. - Louis, sai de cima de mim, eu estou sufocada. - gemeu, respirando fundo quando teve a oportunidade de respirar sem as dezenas de quilos do namorado pesando sobre si.
- E agora, eu vou sentar onde? - ele ficou em pé no meio de todo mundo, girando para os lados esperando que uma cadeira disponível aparecesse magicamente.
- Você pode pegar uma cadeira. - Westwick cruzou os braços.
- Oooou você pode deixar eu sentar nessa e ir buscar uma pra você. - Louis se aproximou dela e se inclinou todo sapeca, beijando-a carinhoso.
correspondeu ao beijo, sorrindo como um anjo ao se afastarem.
- Outra opção é você ir se foder, honey. - sussurrou maligna.
- Você me mata, mulher. - Tomlinson balançou a cabeça, desapontado. Olhou então para , que os observava com um sorriso satisfeito, e decidiu que ela seria sua vítima: - Princesinha Styles, senta com seu namorado? Você é tão pequenininha que nem deve pesar nada.
- Tudo bem. - concordou e em um piscar de olhos liberou a cadeira e Louis se viu confortavelmente sentado. Mas antes que a loirinha pudesse se acomodar com Niall, foi interrompida:
- Obrigado. Ei, ei, cadê o beijo do Tommo? - Tomlinson requereu a pequena atenção, sendo um completo cachorro ao esticar o rosto e expor a bochecha para ganhar uma marca de batom ali.
Niall exigiu um também, é claro.
- Das coisas escrotas que você faz, se referir em terceira pessoa é a pior de todas, Tomlinson. - Zayn desabafou, olhando para além dos amigos, namorando a ideia de voltar lá para fora e fumar mais um cigarro.
- Meu caro, eu tenho licença pra ser maravilhoso assim.
- Ah não, meu caro é a pior de todas. - Liam retificou.
A partir daí começou a xingar Payne, Harry e Niall riam alto, e tentaram acalmar os ânimos da dupla que trocava farpas, Louis estava sentado mas com o rosto virado para trás conversando com um pessoal que ia em um drive in próximo pegar comida, Zayn, e só bebiam e assistiam o pau comer.
- Nós podemos voltar a falar das fantasias, por favor? - pediu calmamente, sua voz funcionando como tranquilizante para a contenda que se tornava mais intensa.
Liam e pararam de discutir, e sentaram novamente, notando-se que estavam talvez até mais agitadas do que os outros dois, Niall e Styles ainda riam só que mais contidos e Zayn e continuaram bebendo quietos, achando graça daquilo tudo.
Tommo foi o último, concluindo com eficiência o pedido de sete porções grandes de batata (mais tarde ele e Liam discutiriam porque diabos não pediu logo as dez), uma garrafa de tequila, chiclete e mais duas porções de anéis de cebola.
- E então? - ele perguntou cheio de expectativa, como se tivesse perdido algo importante.
- Você não perdeu nada importante, Lou. - disse antes que a conversa chata voltasse a tona.
- Eu já resolvi esse problema enquanto vocês estão falando merda. - Zayn suspirou pois pensar e falar era cansativo.
- Ah é? Compartilha com a gente a sua ideia de gênio. - duvidava muito que fosse uma sugestão de fato útil, e nem mesmo Malik podia escapar do olhar desdenhoso da Srta. Westwick.
Harry pigarreou para a voz ficar mais compreensível e falou:
- Eu só queria falar que essa é uma oportunidade perfeita para você ir de Betty, .
- O vestido curto ou o longo? - Louis coçou o queixo, onde havia barbeado mais cedo e ainda pinicava um pouquinho.
- Ahn, não sei. O curto é curto, mas o longo tem uma fenda sensacional e ainda dá pra ver a liga de perna que ela usa por baixo. - Styles explicou. Ostentando muito conhecimento sobre a personagem.
quis interromper e fazer uma correção a respeito do vestido curto, que também tinha liga de perna como parte do visual. Mas para que ajudar naquela loucura, certo?
E ao que parece nenhuma das meninas estava disposta a contribuir, embora seus olhares céticos se encontrassem certificando-se de que todas perceberam a burrice que Harry falou.
- Uau! Definitivamente o longo então. - Tommo balançou a cabeça, virando-se para Ortega muito sério. Era até como se ele tivesse algum poder para decidir o que a menina usaria, ele não decidia nem o que usaria, quem dirá os outros.
- Você não consegue deixar minha namorada em paz, Styles? - Liam interviu mesmo que risse da conversa idiota. - Vai assediar a , vai...
- Eu não estou assediando ninguém! Inclusive eu quero dançar com você mais tarde, Orteguinha. - Harry piscou para ela e ainda assegurou a Payne que não sairia no prejuízo, dando o que considerou ser uma ótima ideia: - Nós podemos fazer uma troca de casais, eu danço com a e você com a .
- Não.
- Não, eu não posso dançar com a ou não para a troca de casais? Porque assim, eu acho uma ótima…
- Estou cansado. - Payne deu de ombros, quase entediado.
Mais uma vez eles conseguiram dar um jeito de mudar de assunto e as poucas pessoas que lembravam do tema “fantasia em grupo” estavam com feições irritadas por causa da falta de foco e bom senso dos outros.
- Voltando ao assunto das fantasias… - Hilton tentou mais uma vez.
- Nós podemos ir de Liga da Justiça. - propôs na lata, pois sabia que se assim não o fizesse logo estariam dispersos novamente.
A ideia se mostrou divertida com certeza chamaria a atenção, porque as pessoas estão acostumadas a heróis isolados, mas a Liga da Justiça inteira, em peso, no mesmo evento? Seria épico!
- Meu deus, eu quero muito ir de Liga da Justiça!
- Não tem como você ir de Liga da Justiça, são muitos heróis.
- Você entendeu o que eu quis dizer.
- Eu vou de Batman! - Liam ergueu o braço, eufórico. Se tivesse feito isso há minutos antes, teria terminado em desastre já que a taça estava cheia e ele não lembrava mais que a segurava.
Ortega ficou visivelmente aliviada ao se dar conta de que ele não sugeriu que fossem de Toy Story, todos eles.
- Nossa, Payne. Uma ótima escolha, dois cuzões chatos. A diferença é que a existência do Batman é útil para a sociedade, a sua nem tanto…
- Você podia ir de Mulher Gavião, . - falou sobre a primeira pessoa que veio a sua mente quando visualizou o grupo de heróis reunidos.
O problema é que ela pensou no motivo certo, o constante estado de fúria da Shayera, mas apresentou o motivo errado.
- Por quê?
- O cabelo… - Niall apontou para as madeixas acobreadas, estava um pouco surpreso de que a menina não tivesse entendido a referência de primeira.
- Isso é tão preconceituoso, Irlanda. - Westwick reclamou e bateu no braço do loiro com uma flor que raptara do arranjo sobre a mesa. O delicado objeto se despedaçou em pétalas sobre o terno de Horan. - Eu quero ir de Feiticeira Escarlate.
- Ela não é da Liga, inferno! Nem da DC ela é, pelo amor de deus! - Meester ergueu as mãos para o alto, e encarou mortalmente alguns garotos de sua classe de geografia que passavam e a olharam como se fosse louca.
- Você vai ficar linda de Mulher Gavião, honey. - Louis assegurou e foi o suficiente para ela aceitar a fantasia sem mais problemas. Até porque a ideia era de fato atraente, mas o hábito de discordar era mais forte do que ela.
- Ah, seguindo a linha de estereótipos preconceituosos, você pode ser a Mulher Maravilha, . - sugeriu com um sorrisinho incógnito.
- Eu estava pensando nela mesmo, já que ela tem o super poder dos meus sonhos: a cintura minúscula. - disse e as meninas todas riram, era o que se podia fazer diante de tamanha discrepância com a vida real. Os garotos, coitados, não faziam ideia da conspiração que se formava.
- Que não se compara a habilidade de lutar de salto alto! - adicionou a lista de coisas impossíveis que a heroína fazia. Saltos eram coisas desconfortáveis e aprender a usá-los doeu, literalmente.
- Em um collant miúdo. - fez uma careta. A probabilidade de que aquele pedaço minúsculo de tecido insistisse em enrolar no bumbum era altíssima, principalmente com todos os movimentos e golpes que a princesa amazona praticava.
- Uma verdadeira super mulher. - concluiu debochada.
É claro que os rapazes discordaram de cada item citado na conversa, da cintura fininha ao collant pequeno e as botas de salto, tudo sobre a Mulher Maravilha era nada menos que perfeito. Era até uma blasfêmia usar outro tom que não fosse reverência para se referir a ela.
- Do que vocês estão falando? A mulher é perfeita! - Louis defendeu a honra da personagem de quadrinhos.
- Tudo não passa do fruto da imaginação de um homem porque nem ao menos existe praticidade no conceito do que ela usa. - explicou com impaciência. - O que é aquele cabelo? Ela voa e aquela porra não entra na cara dela, ou na boca! Aquilo devia ficar amarrado o tempo todo!
- Eu não consigo fazer a educação física com o cabelo solto. - comentou baixinho. Era sempre a mesma bagunça de cabelo molhado de suor na nuca, grudado contra suas costas, a parte de cima espetada e o restante lutando para entrar em seus olhos e sua boca, toda vez.
- Eu não consigo atravessar o campus da Eton em um dia de outono! - revelou e Zayn sorriu, de fato a prima quase bateu o rosto contra um pilar do corredor quando vinha ao seu encontro e uma rajada de vento empurrou os fios negros nos olhos dela, se ele mesmo não tivesse corrido e puxado-a, ela teria uma cicatriz para a história.
- Duvido que não exista pelo menos uma mulher dessas andando por aí. - Harry balançou a cabeça, revoltado.
Os meninos o apoiaram e aplaudiram a inflamada declaração.
Mas sua irmã tinha, como sempre, uma palavra suave e gentil para ele, e com toda sua bondade, explicou:
- Ah querido, eu não estou dizendo que não existe, só deve ser tão raro quanto um homem bonito de verdade, bondoso e charmoso como o Superman.
- Ah é? Eu sou bonito, charmoso e bondoso como o Superman! - Styles bateu a taça na mesa, convencido.
Dessa vez ninguém concordou, as meninas riram dele deliberadamente e os amigos tornaram-se incrivelmente interessados por seus próprios pés, era uma daquelas vezes em que o colega diz uma inconsistência tão absurda que não se sabe nem o que dizer.
Mas todo mundo estava de bom humor e em uma festa, então ninguém o criticou.
- E lá vamos nós estragar a existência do Superman… - falou sozinha, meio triste porque existia um ser humano audacioso o suficiente para se igualar ao seu super herói favorito. - A única pessoa boa o suficiente pra ser o Superman é Jesus.
- Eu vou ser o Superman! - Harry ignorou as reclamações da intriga da oposição e tomou sua decisão.
- Vai tentar. E falhar miseravelmente. - Westwick, sentindo-se a única dotada de bom senso naquela mesa, falou. - Pelo amor de deus, onde já se viu um Superman com cachinhos?
- Vai se foder, . - ele ficou magoado e olhou para Louis, esperando que o melhor amigo desse uma forcinha.
Zayn coçou a nuca e umedeceu os lábios, pronto para anunciar sua escolha, baseada num total de zero considerações interessantes, apenas fruto da inclinação de seu eu infantil que achava o máximo ter um anel que fazia qualquer coisa que ele pensasse, sendo seu único limite a criatividade do possuidor.
- Eu acho que iria como Lanterna Verde, quer dizer, a roupa dele é uma coisa só, fácil de vestir e tudo o mais. - ele disse.
A escolha surpreendeu os rapazes, já que ninguém conseguia pensar em outras opções da Liga agora que os dois maiores heróis já haviam sido escolhidos.
- E o poder dele é bem apelão. - Liam acusou, como se seu próprio herói não fosse super valorizado como se tivesse algum poder além de dinheiro.
- Nada a ver. - Malik revirou os olhos.
A primeira coisa que faria como Lanterna Verde, era prender o Batman em uma cela virtual para ver o quão heróico ele podia ser na vida real.
- Você não vai de Lanterna Verde, Malik. Ele é o par da Mulher Gavião, o Louis tem que ir assim. - avisou sem pestanejar, mas seu desejo encheu a todos de interesse, e Louis a encarava com um sorriso idiota, fazendo-a pigarrear e continuar: - Se você quiser, obviamente.
- Ser seu homem até em uma realidade fictícia? Esse é o meu maior sonho, ! - Tommo jogou um beijo escandaloso para a namorada.
- Eu vou de Shazam então, e ninguém vai tirar esse de mim, ouviu bem, sardenta?
- Tanto faz. - deu de ombros, agora seu garoto e ela iriam de casal e não importava-lhe se Malik decidisse ir de Homem de Ferro ou Lula Molusco. Podia soar egoísta mas a sua felicidade podia ficar acima de todos os outros de vez em quando.
- Shazam é uma boa ideia, Zaza. - congratulou o primo e foi pega no flagra por Liam, que a encarou com um sorriso besta de quem sabia que ela não tinha a menor ideia de quem era Shazam.
levantou para espreguiçar-se e o movimento gostoso acabou gerando um bocejo longo e profundo, Louis, e Harry flagraram o ato e acabaram bocejando também como se não tivessem domínio sobre o próprio corpo.
- Você já pensou em quem vai escolher, ? - princesinha Styles apoiou o queixo sobre as mãos e sorriu carinhosa para , sempre preocupada em fazê-la falar, mas nenhum pouco observadora para perceber que a amiga estava sempre satisfeita em apenas observar e reter informação.
- Hmm, eu não decidi ainda. - Hilton inclinou a cabeça, reflexiva.
- Ah, qual é , é só um herói, não pode ser tão difícil assim! - Tomlinson cantarolou todo brincalhão.
Zayn começou a tossir, engasgado com uma risada que sufocou. Decisões não eram simples para e Tommo estava muito era louco se pensava que a menina ia simplesmente lhes entregar uma resposta assim, do nada.
Uma vez os dois entraram em um Starbucks e para evitar atrasos, escolhera previamente o seu pedido, e muito orgulhosamente o apresentou ao funcionário. Para a infelicidade do universo, aquele café em especial estava em falta e Hilton quase colapsou quando foi informada, por fim ele pegou um café preto e a menina decidiu por um brownie.
- É que são tantos heróis! Tem a Zatanna, Vixen, a Caçadora…
- Não precisa listar, . É só escolher. - aconselhou impaciente. Precisava desesperadamente de um cigarro, e também bater um papo com Greg e descobrir quem era seu par.
- Se você continuar listando nós não sairemos daqui hoje, é muita gente. - Niall fez uma válida consideração.
- Vai de Arqueiro Verde, . Vai ser diferente de tudo. - sugeriu bondosa, ao ver que a ideia atraiu a atenção da amiga, teve uma ideia maravilhosa: - Eu posso ser a sua Canário Negro, nós vamos ser um casal!
- Ótima ideia!
- Por que nós não pensamos nisso?
- Tudo bem, nós podemos ir assim então. - concordou. Isso sim era um resultado satisfatório, conseguiu não só uma fantasia muito legal, bem como ainda teria seu par das histórias em quadrinhos!
- Você já viu a roupa da Canário Negro, ? - Meester arqueou a sobrancelha e sorriu. Estava bem claro que aquela criatura não fazia ideia no que estava se metendo, aquela roupa era impossível de se usar durante uma noite inteira, a coitada da Canário devia terminar uma noite de lutas com as virilhas suadas e assadas.
Tommo colocou a mão sobre a perna de e disse para ela que não ia se importar nenhum pouco se decidisse presenteá-lo usando uma fantasia safada de heroína, só para ele é claro.
riu debochada mas depois ficou quieta, decidindo sozinha se seria de fato divertido surpreender Louis em uma roupinha de heroína safadinha.
- Eu sei que é um body com meia, mas posso usar uma calça preta como parte debaixo - remediou o problema. Liam se sentiu tentado a dizer para ela não fazer esse desfavor para a humanidade mas ficou com medo de atiçar os ânimos de Harry e apenas deu um beijo na bochecha dela.
Mas não adiantou de nada, porque Harry, que estava de costas para o grupo, ouvindo a conversa de e Niall com um colega dos rapazes, já voltou-se para e disse:
- Você não vai alterar a fantasia não, querida.
- Claro que eu vou, aquilo é muito pelado. - a menina retrucou rindo da expressão ofendida de Harry, inclinando seu tronco comprido para a frente, parecendo intimidador quando era só um filhote bobo e feliz.
- E desde quando você se incomoda em usar pouca roupa, Orteguinha? - Styles piscou safado.
Zayn, que estava entre o cacheado e o casal, inclinava-se cada vez mais para trás, tentando usar o celular sem que a grande cara feliz de Harry atrapalhasse sua visão. Ele estava se mordendo de vontade de entrar no perfil de e ver tudo o que ela já havia postado, mas não podia ser tão evidente assim em seu desejo.
Por isso pediu baixinho o celular de , e a prima entregou sem questionar, já que estava ocupada discutindo com Harry.
- Desde que é muito desconfortável. - ela movimentava a cabeça muito mimada enquanto falava.
- Liam, olha que mentirosa essa garota! - Harry apelou para Payne, esperando o que era o que ninguém sabia.
- Você não vale nada, Styles. - Liam revirou os olhos e encerrou a discussão da dupla agora que Harry estava concentrado em servir-se de mais champanhe e gelo, inconsciente de sua irmã aproximando a própria taça como quem nada queria.
Ortega respirou fundo e sorriu contente, viu que Zayn estava mexendo em seu instagram mas não se deu ao trabalho de ver o que exatamente ele fazia, queria falar com Liam.
- Oi. - o cumprimentou baixinho, tocando o maxilar de Liam para focar sua atenção nela.
- Se divertindo? - ele sorriu e esperou que soltasse seu rosto, o que não aconteceu, ela apenas afrouxou o aperto da mão mas a deixou ali.
- Muito, mas nós ainda devemos dançar.
- Devemos.
- E tirar algumas fotos em uma das cabines. - continuou sua lista de exigências, abraçando-o de maneira que pudesse apoiar o queixo sobre o ombro dele. - A me disse que eles já tiraram várias, só nós ficamos de fora.
- Eu tenho certeza absoluta que o Zayn não tirou fotos com todo mundo. Nem a . - Liam a afastou do abraço para vê-la. Ao redor dos dois, uma onda de protestos se ergueu por causa da demonstração pública de afeto, apenas os defendeu bravamente, dizendo que amor foi feito para ser expresso mesmo.
- Mas nós não consideramos eles, dois doidos. - a caçulinha sustentou seu argumento sem medo de ser ouvida pelos “dois doidos” que estavam sentados ao seu lado.
- Falando em loucura, que história é essa que você não vai comigo na festa a fantasia?
- Porque você é o Batman. - Ortega disse como se explicasse tudo.
- Exatamente, eu pensei que você seria o meu par. - ele explicou o motivo de sua indignação. Estava esperando que a caçula fosse de Mulher Gato, mas jamais passou pela cabeça dela ficar uma noite inteira presa em uma fantasia de couro quente como o inferno.
- O Batman não tem par, Liam. - riu alto, - E a culpa é sua de ter escolhido um herói solitário que não gosta de ninguém. Mas, você vai ficar bem, não se preocupe, babe.
- Ai, chega disso. Nós estamos decididos então? - Westwick falou alto, chamando a atenção do casal que conversavam de maneira que o restante do grupo ficava isolado, era óbvio que eles não faziam isso de propósito, mas não deixava de ser um saco.
Na verdade, só ela mesmo estava desocupada,
- Falta eu! - batucava os dedos no ritmo da batida de Maroon 5, perguntando-se porque não estavam na pista aproveitando os melhores momentos. - Não acredito que vocês esqueceram de mim.
- Foi a sua melhor amiguinha, . - Styles apontou com desdém para , correndo o risco de ganhar um olho roxo, mas sempre valia a pena!
Mas era alguém que perdoava fácil, por isso sorriu para a ruiva e tudo ficou bem:
- Tudo bem, eu pensei muito bem e decidi que vou de Supergirl. - contou em seguida.
- Você vai ficar linda, fofa. - Louis jogou um beijo estalado para .
- Boa, . Nós podemos começar a procurar
- Ah não! - Harry levantou de sua cadeira, determinado a parar aquela loucura.
O que o incomodava não era nem o fato de sua irmã andando por aí naquela roupinha ridícula, e sim o fardo de tê-la na sua cola a noite toda, perseguindo-o como a pirralha irritante que era.
- Nós vamos ser primos, Hazza! - levantou também e o abraçou, tentando passar-lhe um pouco de otimismo.
- De jeito nenhum. Eu quero ser o Superman sem prima. - Styles empurrou-a com as duas mãos na cabeça dela, fazendo força. Mas quanto mais ele se esforçava, mais apertado o abraço se tornava.
- Para de ser idiota, Harry. - Niall reclamou com o cunhado e fez questão de assegurar à namorada de que tudo ficaria bem: - Você vai ficar perfeita de Supergirl, .
O elogio funcionou porque desgrudou de Harry e aceitou a mão do irlandês, permanecendo em pé ao seu lado enquanto era abraçada ao redor dos quadris.
- E você vai de quem, babe? - ela perguntou, bagunçando o cabelo dele.
- Flash.
- Meu deus, eu esqueci do Flash! - Zayn finalmente devolveu o celular de após satisfazer sua necessidade de saber da vida de , e já adorou o assunto discutido. O Flash era muito legal!
- Eu percebi. - Niall deu um meio sorriso.
O que quer Malik estivesse fazendo, ocupava sua atenção com eficiência. Ele esteve profundamente absorto no celular e todo mundo notou. ficou com ciúmes.
- Flash e Supergirl vão ter um affair! - gritou e abriu os braços, impulsionando o casal a trocar um beijo apaixonadíssimo que foi ovacionado com os gritos e gargalhadas do pessoal.
- Eu sempre achei que eles combinavam. - decretou bem humorada.
- Por que eu não ouço vozes dizendo que ela é boa demais pro Barry? - Louis debochou, mencionando o tópico anterior, quando as meninas basicamente colocaram a raça masculina mais baixa que os sapos na cadeia de importância do universo.
- Porque o Barry é um fofo perfeito, você não fala mal dele na minha frente. - a morena parou de sorrir e o ameaçou.
- Hipócrita. - Zayn resmungou alto o suficiente para Liam e Harry, que estavam ao seu lado, escutarem.
- O quê?
- Nada.
- Vamos dar uma volta, Liam e ? - pediu, esperando o momento de ser mimada e elogiada apropriadamente, além do mais tinha muita fofoca para fazer aos dois e uma passada fugaz pelas máquinas de fotos para que pudessem registrar a noite sem a presença de Malik e Styles, por exemplo.
O jovem casal levantou prontamente, Liam porque queria fazer sua revisão sobre o filme e porque era ótimo poder dar uma volta pelo lugar com duas pessoas que amava.
É claro que o convite seletivo de chamou a atenção do grupo, e só não causou tanto alarde porque a metade deles não se importava o suficiente para fazer uma reclamação.
- Ela deixa bem claro que não convidou todo mundo. - , que não era todo mundo, reclamou encarando Meester nos olhos, mas a morena sequer abriu a boca para dar uma mentira rota.
- Até daqui a pouco, gente! - deu um adeus envergonhado e saiu atrás de Liam e .
- Ela nem disse quando vai ser a festa… - observou depois de um momento, rindo da própria falta de atenção.
Era bobagem assumir que passou a última meia hora observando Zayn com toda a sutileza que conseguiu? Se sim, ela era a maior das bobas daquele país. Mas o garoto estava lindo e ela não se negaria a tão pequeno luxo.
- Eu preciso fumar. Quer ir comigo, honey? Zayn? - Tommo levantou ansioso, batendo as mãos nos bolsos a procura da carteira e do isqueiro.
Daqui a pouco os anjos que foram comprar comida voltavam e ele queria fumar pelo menos uns dois cigarros antes de ter a alegria de se empanturrar com batata frita.
fez que não com a cabeça, mas ficou de pé também e começou a tocar nas garrafas suadas sobre a mesa, procurando uma gelada o bastante para seu gosto já que achava uma porqueira colocar gelo no champanhe.
Zayn no entanto, achou a ideia adorável e não precisou checar para ter a certeza de que estava tudo com ele.
- Aham. Eu trouxe um baseado também, mas está no meu carro. - disse com alegria.
- Vamos no estacionamento então. Quando a comida chegar, me manda uma mensagem, por favor. - Louis pediu e os dois rapidamente foram engolidos pela multidão que transitava a todo vapor.
Sobraram então , , , Harry e Niall.
A música que tocava era uma balada romântica, ou seja, não atendia aos requisitos de batida louca que eles precisavam para ir pular na pista, já haviam estado lá fora, nos jardins, e cansaram, e a comida estava a caminho então não havia muito o que fazer.
Pela primeira vez na noite eles olharam para , esperando que ela sacasse um livro mágico de ideias de atividades divertidas e solucionasse o problema do ócio. É claro que eles poderia ir conversar com outros colegas, mas para que socializar não é mesmo?
- Nós podemos tirar mais fotos até tocar uma música legal, e também podemos fazer vídeo chamada com os seus primos, Niall! - ela sugeriu.
- É verdade! Eles vão participar das fotos com a gente! - Horan pegou o telefone e se empenhou em fazer contato com a família para integrá-los ao momento.
Harry e não pularam de alegria mas também não fizeram birra. Era a última noite do ano letivo, estavam afetados pela emotividade do momento, e no fundo queriam aproveitar cada segundo ali com os amigos.
- Primeiro eu vou ao banheiro, mas nos encontramos nas cabines em seguida, pode ser? - avisou, recolhendo sua bolsa sobre a mesa e teve a surpresa de descobrir que estava aberta. Quem mexeu nela? Pensou.
- Quer que eu vá com você? - Westwick se ofereceu para a surpresa das nações.
Desde quando ela era solícita e atenciosa? Harry pensou e atribuiu a evolução da garota ao convívio com Louis, mas era ainda menos certo porque Tomlinson era só uma criança pentelha e bem egoísta também.
- Não precisa. - sorriu agradecida.
- Tudo bem, mas não demora ou nós vamos atrás de você.
Hilton foi abrindo caminho pelos adolescentes com a graça de uma rainha elegante, que é o que ela era.
O quarteto teve que pegar uma fila média e todos se concentraram em seus celulares, vasculhando o instagram e o snapchat para descobrir o que de bom acontecia aos arredores enquanto eles mesmos aproveitavam a festa como crianças crescidinhas e bem comportadas.
- O Louis disse que pediu pra comprarem comida, mas cadê esse povo? - Styles reclamou ansioso, quando a comida chegasse eles se reuniriam para comer, todo mundo.
- Eu não sei, mas estou com fome. - Niall coçou a bochecha e tirou os olhos da tela para dar uma olhada panorâmica dentro do salão.
- Eu também. Se eles demorarem demais, nós saímos pra comer, antes que eu comece a comer vocês. - bufou irritada. Abominava esperar e tinham quatro tagarelas achando que a máquina era particular porque já estavam ali há um bom tempo, e embora as filas das outras máquinas estivessem maiores, fluíam com maior rapidez.
- Ah não, não come a gente, vai fazer uma sujeira no piso… - pediu sonolenta, abraçada em Niall, tomada pelo tipo de cansaço que sempre bate no meio da festa, antes das coisas esquentarem de vez ou perderem o controle total.
- Quem é aquele gatinho indo até a ? - franziu o cenho, intrigada.
Seu choque atraiu a atenção dos outros três e então eles começaram a olhar fixamente para o ponto azul claro que estava há alguns passos de Hilton. E foi a princesinha Styles, na ponta de seus pés, quem desvendou a charada.
- Acho que é o Jason. Será que ele vai chamá-la para dançar? - declarou e então ficou empolgada, voltando-se para os rapazes e .
Styles e Niall se olharam desesperados, o coitado do irlandês nem percebeu que apoiava o peso de seu corpo em , sentindo-se subitamente fraco. Aquele era o fim de sua vida, tinha certeza.
- Deus queira que não. - a voz de Horan soou fraca.
- Para de ser ruim com o cara, baby. - deu um tapa em sua barriga, encarando a dupla conversando e fazendo desde já planos para um futuro casamento porque ela era assim, obcecada com romances e tramas.
- Eu devia impedi-los. - Harry pigarreou nervoso.
- Tarde demais, eles já estão conversando. - declarou com prazer, ali estava um casal inesperado porém bonito. Ela apoiava aquele rolê, e Zayn nem precisava ficar sabendo.
E era de fato tarde demais.
- Hilton! - a voz grave do jogador ecoou sobre a música, impedindo de continuar a caminhada rumo ao banheiro feminino já que estava curiosa para ver quem a chamava.
Não fazia mas nem questão de tentar fingir que desejava mais que tudo que Malik a procurasse. Tudo bem que havia se recusado a falar com ele semana passada mas desde então acendeu-se uma centelha de esperança em seu coração e tinha medo de que até o final da noite ela mesma estaria indo atrás do rapaz.
Mas era só Jason Benett, o competente capitão do time de futebol. Ignorou o golpe de decepção que a atingiu e sorriu:
- Oi, Jason! Você está bonitão. - o avaliou, aprovando desde o traje azul claro, aos sapatos de couro marrom e o relógio que obviamente havia sido feito para combinar um com o outro.
- Você também não está nada mal, Hilton. - ele sorriu de lado, oferecendo a mão esquerda para convidá-la a uma dança: - eu realmente espero ter a honra de dançar com a garota mais linda da Eton…
- Essa seria a . - Hilton o corrigiu com bom humor.
Jason foi pego de surpresa com a brutal honestidade de sua companhia, ficou sem palavras para sequer negar a afirmação mas entrou na brincadeira, aproximando-se mais um passo enquanto tentava mais uma vez:
- A mais gentil então?
- Ninguém consegue ser mais gentil que a . - ela disse, honesta, aceitou o convite e ambos caminharam alguns passos até que estivessem na pista, lá entregou a mão direita sobre a esquerda de Jason e apoiou a esquerda sobre o braço dele.
- Talvez a mais alta, pelo menos? - Jason começou a guiá-los no ritmo da música, divertindo-se com a avaliação franca que Hilton tinha de si, era óbvio que ninguém precisava de mais que alguns minutos para entender o que aquela garota tinha para conquistar a atenção de Malik, ela era incrível!
- Hmmm, eu não sei. Talvez algumas das meninas do basquete sejam bem mais altas que eu.- Hilton argumentou, pensando consigo se ser alta sequer era um elogio de verdade.
- Hilton, você não está facilitando minha situação. - o rapaz gargalhou, encantado.
- Não acredito que você já esgotou seu repertório de adjetivos, Jason. - balançou a cabeça, fingindo desapontamento.
A conversa fluía com naturalidade e leveza, tal como os movimentos da dança, como se estivessem passeando pelo salão mais pelo prazer da conversa do que pela música em si. Para o completo desespero de Harry e Niall, que oravam a todos os deuses para Zayn não entrar ali enquanto estivesse presa nos braços do próprio diabo.
A menina não fazia ideia do alvoroço que causava pelo simples ato de deixar Benett tocá-la, e por isso continuava sendo agradável com o rapaz enquanto sua mente ainda absorvia a beleza idílica de Malik, que literalmente roubou seu ar quando o viu momentos antes.
- Você acha mesmo que eu vou desistir fácil assim? Eu vou usar todos os adjetivos existentes no vocabulário inglês até você aceitar um deles. - o rapaz prometeu solenemente, girando uma vez antes de puxá-la novamente contra si.
- Tudo bem. - ela respondeu entusiasmada, disposta a ir até o limite do conhecimento linguístico de Jason, em nome da diversão, é claro. Ou até a música acabar, pelo menos.
- Vamos lá, você é a garota mais divertida da Eton? - Jason sugeriu um terceiro adjetivo, sem muito interesse em acertar, porque enquanto errasse, teriam assunto e motivo para continuar conversando, então não, acertar não era uma de suas prioridades no momento.
Estava ciente dos olhares sobre si, uma lástima que o par de olhos que mais ansiava encontrar não estava no salão, mas conhecendo seus colegas de time o quanto ele conhecia, sabia que a essa altura alguém já estava atrás de Malik para fazê-lo assistir ao célebre momento. É claro que o aprazimento do pequeno momento dos dois era razão o bastante para Benett estar fazendo aquilo, mas isso era algo que ninguém precisava saber.
- Não! Definitivamente. A é muito divertida quando quer. - intercedeu em favor da amiga de modo parco.
Não fazia sentido explicar pro mundo o quanto a morena poderia ser engraçada quando não estava encarando as pessoas como se fossem escórias da humanidade e julgando-as silenciosamente.
era um conceito complicado mas sim, divertida.
- A Meester? - Jason ficou assombrado por alguns segundos, retornando ao usual bom humor: - Bom, pelo menos já sabemos que você não é a mais sensata. A Meester podia ser a mais filha da puta dessa escola.
- Ela só é assim com as pessoas que não gosta… - continuou com a sua defesa de merda, desviando de um casal desengonçado que passou por eles.
- Então ela odeia todo mundo.
- Basicamente. - ela riu. Quando giraram mais uma vez, viu Niall, Harry e na beira da pista, acenando para ela. parecia feliz, os meninos nem tanto. - Os meus amigos estão ali e eu imagino que estão me esperando.
A notícia o encheu de satisfação, causando a interrupção instantânea da dança, permitindo que seus olhos escrutinadores observassem Horan e Styles, terrificados e incomodados, como deveriam estar.
- Vamos lá, eu preciso tentar minhas chances de uma dança com a garota mais bonita da Eton. - provocou, permitindo que tomasse a frente e os guiasse até o trio.
- A ? Você só precisa pedir, ela se jogaria de um penhasco se prometessem que vai ser divertido.
- Eu não sei se isso é bom ou ruim… - Benett pensou alto. Apressou o passo até que estivesse lado a lado com e confidenciou em tom de quem confidenciava um segredo de Estado - E só pra você saber, ninguém é mais interessante do que você, Hilton.
- Oh.
- O que vocês estavam fazendo? - Niall perguntou, transtornado, tocando o braço de para checar se não faltava nenhum pedaço dela.
- Dançando. - ela disse simplesmente, indo parar ao lado de Harry em um piscar de olhos, o cacheado sorriu cerrado para ela e enlaçou seus braços como se ela fosse fugir a qualquer momento.
- Nós tivemos um ótimo momento, rapazes. - Benett garantiu aos meninos com um sorrisinho cínico, virou-se então para : - e eu contei para a Hilton que minha noite não estará completa enquanto eu não dançar com a garota mais bonita da Eton, você.
- Jason! - arregalou os olhos, deliciada com o convite feito com um elogio escandaloso. - É claro que…
- É claro que não! - Niall intrometeu-se, atraindo as atenções. Encarou Harry, desesperado por ajuda, mas nada recebeu, as meninas ainda o encaravam curiosas e Benett estava de braços cruzados esperando para ver como ele sairia dessa saia justa: - Eu não posso, em sã consciência, deixar ninguém mais dançar com você, babe, não quando eu quero dançar todas as músicas dessa noite com você!
- Uau! - Styles estava de queixo caído com a criatividade de Horan, e parecia igualmente surpresa.
- Muito bem, eu não quero ser o vilão que vai se interpor em tamanho amor. Vou procurar algo para beber. - Benett falou teatralmente, - Até mais tarde, garotos.
Princesinha Styles manteve seus olhos verdes fixos no capitão do time de futebol conforme ele se afastava, cumprimentando e sorrindo para alguns colegas. Sabia que Jason não era o mais ingênuo dos rapazes da Eton, mas também não entendia tanta relutância por parte de seus amigos a respeito do garoto que não era tão ruim assim.
- Ele tem seu charme. - concluiu por fim, falando alto o suficiente para a amiga a ouvir e concordar com um aceno de cabeça, mantendo um sorriso manso nos lábios.
- Pelo amor de deus, … - o irlandês rolava os olhos e a loirinha fez uma caretinha porque nunca tivera a intenção de ser ouvida pelo namorado.
- É verdade. - apressou-se em defender sua opinião - Já desisti de entender o motivo de tanto ódio, mas o Jason é um cara legal.
- Eu preciso considerar muito uma pessoa para odiá-la. - seu irmão respondeu, encarando a própria rosa branca na lapela de seu blazer a fim de ver se a flor resistia a horas de festa. - O Bennet nem ao menos vale o esforço. - suspirou fingindo tédio.
A verdade era que Harry odiava o jogador de futebol desde que ele havia “o forçado” a terminar seu relacionamento com . Odiava ser manipulado, ainda mais por um ninguém como Jason. Só de fitar o menino de braços cruzados sustentando um falso sorriso simpático, Styles tinha vontade de morrer por ter que lidar com um ser tão dissimulado com aquele.
desistiu de discutir e deu de ombros, aproximando-se de Horan pegando em sua mão: - Babe, apesar de querer dançar todas as músicas da noite comigo pode me dividir um pouquinho com a ?
- Talvez só um pouquinho. - meneou a cabeça, procurando Westwick pelo salão e recebeu um beijo nos lábios.
- Ela deve estar lá fora fumando, é só isso que ela faz… - falou para si, no entanto alto o suficiente para todos os amigos a ouvirem. E saiu a procura da melhor amiga.
- E então, caros colegas, o que iremos fazer? - o Styles remanescente questionou já querendo propor a cabine de fotos. Seria divertido.
- Você eu não sei, mas eu e a vamos dançar. - Niall se apressou a estender o braço a loira a fim de que ela o envolvesse com sua mão.
- Vamos? - apesar de já se posicionar ao lado do amigo, Hilton indagou o fitando surpresa.
- Sim. Tchau Harry.
- Obrigada por me colocar nos seus planos, seu bosta. - resmungou, ouvindo a risada escandalosa de Horan, enquanto tentava encontrar alguma coisa para fazer agora que estava sozinho.
Mirando Niall e ocupando a pista de dança pode ver que não muito distante dali Liam dançava com uma menina, uma menina morena que não era a mesma menina morena com quem havia chego ao baile. Mas ela era linda. Deus, como ela estava linda naquela noite. era inigualável com seus cabelos negros e olhos azuis reluzentes.
Quando Harry pensava em algo romântico, por alguma razão seus pensamentos eram direcionados à lua e apesar de saber que o brilho do luar era proveniente do sol e de sua grandiosidade, o rapaz poderia comparar os olhos de com a beleza da lua e a magnificência do sol. Naquela noite em que ela estava envolta em vermelho era como se uma única rosa crescesse no solo infértil da lua.
Se não tivesse sido facilmente influenciado por promessas sem fundamento e ameaças vazias, poderia repartir a noite ao lado dela, mas arrependimentos não valem de nada, precisava corrigir erros e pensaria naquilo mais tarde pois enquanto pensava no que dizer para se redimir pode ver uma outra garota morena adentrando o salão e havia sido com ela que Payne chegara ao baile mais cedo, portanto encaminhou-se ao seu encontro com um sorriso travesso nos lábios e a cabeça raciocinando mil piadas inapropriadas.

Seria tolo dizer que seu vestido verde destacava seus olhos, afinal a peça de roupa brilhante e estonteante seria apenas tecido se não adornasse o corpo de Styles. Um inocente poderia tentar encontrar um elogio para definir , mas além de palavras não serem o suficiente, a garota não poderia ser resumida a um mero adjetivo genérico e comum. O termo capaz de expor a beleza da menina ainda não havia sido criado e teria origem apenas quando um poeta a usasse como inspiração.
Caminhava pela extensão do salão carregando um sorriso alegre e até mesmo quem a não a conhecia espelhava seu gesto ao encará-la pois esse era o efeito que a loira tinha sob os outros, ela os despertava uma sensação aconchegante de bem-estar e deleite.
Foi fácil encontrar , a ruiva conversava com alguns colegas do jornal (ex colegas) e Louis, não muito distante da namorada, encontrava-se imerso em uma brincadeira idiota com Zayn que envolvia ofensas e tapas em locais não apropriados. juntou-se ao grupo preferindo ficar longe dos meninos e sua relação não saudável, cumprimentou a todos e apoiou-se na amiga que baixou os olhos tentando descobrir o motivo pelo qual era usada descaradamente.
Envolveram-se em uma conversa por alguns minutos até Westwick anunciar que precisava de água e as duas saírem em busca dos desejos da mais velha.
- , eu já disse que você está linda? - princesinha Styles indagou de mãos dadas com a outra garota, balançando suas mão de forma extravagante conforme caminhavam.
- Provavelmente. - sorriu agradecida.
- E eu já disse que esse vestido é maravilhoso?
- Isso com certeza - confirmou com um aceno de cabeça - , afinal você me obrigou a vir com ele.
- Eu tenho bom gosto, e, sempre estou certa. - sua voz saiu mais solene que o desejado - Você já deveria saber disso. - disse convencida, parando de caminhar assim que a ruiva estancou onde estava, passando os olhos por todo o ambiente a procura de algum garçom que pudesse lhe trazer um copo com água. - E partindo do ponto que todos perdem o fôlego quando olham para você, podemos concluir que estou certa mais uma vez.
- Está bem, , você venceu. Eu realmente estou maravilhosa. - concordou sem peso na consciência, dando de ombros levemente sentindo-se verdadeiramente como uma princesa de conto de fadas.
- Você viu que a Lexi veio com o Chase? - a mais nova indagou, sendo puxada pela mão em direção a mesa com as bebidas. Arqueando as sobrancelhas, tentando seguir a melhor amiga enquanto mantinha-se na ponta dos pés e tentava cochichar a fofoca em seu ouvido. - Por essa eu não esperava.
- Não. - respondeu sucinta por cima dos ombros - Porque não me importo se ela aparecer vestindo ouro e rubis, dançando de ponta de cabeça enquanto equilibra um leão nos pés.
- Falando em ouro e rubis o vestido dela é maravilhoso! - Styles estava visivelmente decepcionada com o fato de Saint estar tão bonita naquela noite.
- Eu não gostei. - negou com a cabeça, pegando um copo e serviu-se com a jarra de água fresca. - Não vi e não gostei. - revirou os olhos ouvindo a risada da amiga.
- Eu com certeza usaria aquele Dior.
- Pelo amor de deus, ! - aumentou o tom de voz como se tivesse ouvido uma blasfêmia - Isso é como vender a alma! E como você sabe que a Lexi está usando um Dior?
- Eu pesquisei ué! - respondeu como se fosse óbvio, decidindo que também beberia um pouco de água. - E a culpa não é minha que, apesar de a garota ser uma louca obcecada, tem bom gosto! - deu de ombros, virando as costas para a mesa de bebidas a fim de observar todo o salão a procura de novos alvos e tópicos para sua conversa com Westwick - Só estou aqui como apreciadora da obra. - solene, levou o copo aos lábios como se bebesse um drink preparado por Zeus.
- Ainda sim, estamos falando da Saint… - ainda acenava negativamente com a cabeça, indignada.
- Eu não usaria o rosto dela. - fez uma caretinha descontente. - O rosto dela não me agrada direito. - apesar das palavras ácidas, mantinha uma expressão entediada e teve certeza que já havia ensinado tudo o que deveria a sua pupila.
- Além do mais, precisamos estar preparados para qualquer ataque súbito que a louca fizer contra a .
- Ai , a menina veio com o Chase, nem olhou para a cara do Liam desde que eles chegaram e nem ao menos viu a . - enumerou nos dedos os motivos pelos quais aquela noite, com certeza, não daria errado. - Você precisa parar de ser pessimista.
- E você precisa parar de depositar tanta esperança nas pessoas. - colocou seu copo já vazio de volta na mesa e voltou a caminhar com a caçula Styles pelo salão rindo dos comentários que a menina fazia a respeito dos modelitos dos colegas de escola. - Ah, ! - voltou-se repentinamente para a loira que não esperava que ela parasse de caminhar e acabou esbarrando na amiga, fazendo as duas quase se desequilibrarem do salto.
- Sim? - perguntou rindo, sabendo que haviam sido flagradas por alguns adolescentes que a acompanhavam na risada.
- Eu tenho um convite para você. - abriu um sorriso animado, seus olhos negros brilhavam de excitação e sua sardas a davam um ar mais sapeca. - Está na hora de nós oficializarmos esse relacionamento. - brincou, vendo-a rir - É por isso que quero que você conheça minha família.
- Eu conheço a sua família, . - franziu o cenho lembrando-se que ontem mesmo estava na mansão Westwick brincando com Rey e carregando Rosie para todos os lados.
- Não - fechou os olhos, entendo para onde os pensamentos da outra garota foram direcionados - o resto da família.
- Espera aí, deixa eu ver se eu entendi…
- Você vai para a França comigo nessas férias?!
- É claro que sim! - jogou os bracinhos ao redor da cintura da amiga, amassando a bochecha contra o tecido do vestido.
- Eu vou te mostrar a França além de Paris, vamos degustar vinhos, você vai ver como a família da minha mãe é doida e vai ser muito bom! - estava prestes a explodir de ansiedade, sua vontade era terminar o baile, colocar as malas no porta malas e dirigir até o aeroporto. - O Louis vai conosco, nós vamos passear com as gêmeas, tirar muitas fotos, comer tudo o que encontrarmos pela frente…
- Vamos agora, por favor! - confessou o mesmo desejo da mais velha, vendo Tommo aproximando-se.
O moreno as chamou para dançar e ao saber que havia, finalmente, chamado princesinha Styles para a viagem que ela e o namorado haviam programado há meses, o garoto não conseguiu se conter e definitivamente era o pior do três em questão de euforia e ansiedade.

A música que soava por todo o ambiente, sendo ouvida até mesmo do jardim, não era calma. As caixas de som estouravam ao som da melodia e os jovens pulavam ao seu ritmo, precisando gritar para conseguirem se comunicar uns com os outros. No centro da pista de dança Horan segurava uma das mãos de Hilton, mantendo a outra na cintura da loira que era puxada por ele de um lado para outro, fora de ritmo, de forma desengonçada, desequilibrando-se do salto e confiando inteiramente no melhor amigo, crendo que ele não a deixaria cair.
Niall rodopiava de um lado para o outro e apesar de não conseguir ouvir a risada da amiga, devido o alto som da música, admirava seu sorriso imenso e continuava joga-la de um lado pelo outro girando ao redor dela a passos irlandeses atrapalhados só para fazê-la rir ainda mais alto.
O rapaz sentia-se como uma noiva no dia de seu casamento. A noite era sobre ele, a noite era dele! O salão havia sido ornamentado para agradá-lo, a comida estava ótima, a música o fazia querer dançar, a namorada o mimava de todas as formas possíveis, ele sorria, conversava e contava piadas para colegas que durante todos os anos de Eton nem ao menos havia direcionado o olhar, mas naquela noite todos eram velhos amigos.
Arrastava de um lado para o outro do salão. Havia perdido há algum tempo, a loirinha ainda não havia voltado da breve visita que disse que faria a . Apesar de ter dito que gostaria de dançar todas as músicas da festa com a namorada para a garota ficar o mais longe possível de Bennet não acharia ruim de aproveitar toda a noite ao lado do solzinho de sua vida. No entanto, Hilton estava sendo uma companheira de farra a altura e naquele momento arrastava o melhor amigo para a cabine de fotos, o que gerou uma breve discussão pois ambos queriam ficar com a melhor tira de fotos, já que na outra ambos saíram despreparados na maioria dos quadrantes.
- Eu preciso sentar um segundo. - a garota revelou, caminhando a procura de alguma cadeira. - Esses sapatos estão me matando.
- Está bem, mas depois nós vamos voltar a dançar! - ia a frente, sentindo a mão de em seu ombro, guiando-a por entre as meses.
O irlandês parecia uma criança em um dia a Disney e era como se naquele momento seus pais o obrigassem a almoçar mesmo que ele ainda quisesse ir na montanha russa e não adiantava lembrá-lo que ainda teriam horas na casa do Mickey, o garotinho não queria perder um segundo de diversão sequer. Ainda mexia a cabeça no ritmo da música e compreendia que a loira precisava descansar os pés apenas por alguns minutos, entretanto já encarava todos os cantos a procura de mais folia.
O rapaz sentou Hilton em uma cadeira e saiu a procura de alguma coisa para ambos beberem. Não demorou para voltar com dois copos de ponche que um dos garotos da natação fez o favor de colocar um pouco de rum (contrabandeado, porém sempre bem vindo).
- Já descansou? - o loiro indagou sentando-se ao lado da menina que agradeceu o copo que recebia e o encarava divertida ainda com os pés latejando.
- Não. - respondeu fazendo uma careta encarando o copo em sua mão. - O que é isso?!
- Rum. - o irlandês explicou com seus olhinhos travessos brilhando. - Fica mais gostoso assim.
- Isso com certeza, mas ficou muito forte. - apesar de reclamar continuava bebericando seu coquetel.
- Você acha que pode ficar bêbada se tomar mais de um copo?
- Sim. - chacoalhou a cabeça ainda com o copo nos lábios.
Niall então levantou a mão, gritando pelos meninos natação e apenas parou quando Hilton o deteve. Gargalhou espirituoso, voltando-se para ela, podendo constatar assombra e vergonha naqueles olhos castanhos que sempre tentava provocar ao ponto de vê-los rolando. Nunca havia obtido êxito!
- Qual é, ? - fingiu displicência - Qual foi a última vez que você ficou bêbada?
- Não sei. - esforçava-se para recordar, mas em seu arsenal de memórias festivas apenas lembravasse de flashs de casas destruídas, pessoas gritando e muita risada. - Mas não preciso ficar hoje. O Harry definitivamente não está esperando isso.
Há duas semanas o amigo havia a convidado para a formalidade e Hilton ficara realmente honrada ao ouvir suas encantadoras palavras. Styles poderia ter convidado qualquer outra garota da Eton, mas preferiu repartir aquela noite especial com ela, portanto realmente não estava interessada em beber ao ponto de vomitar nos sapatos do menino…
Naquele momento seu cérebro forçou a recordar da última noite de embriaguez. Droga… Será que estava com as bochechas coradas?
- O que torna tudo ainda melhor! - Niall apoiava o copo na coxa, mirando o salão. Ainda bem, daquela forma não veria seu provável rubor. - Além do mais, a gente sabe que você já bebeu tanto que chegou a vomitar nas botas do Zayn. - deu de ombros, bebendo mais um pouco de seu ponche e encarou a amiga a fim de analisar todas as suas reações, aquilo seria hilário. E, de fato, valeu a pena!
- Defina “a gente”. - preferiu focar em um problema de cada vez.
- Bem - analisou a situação, cerrando os olhos - Muita gente… Já que a sabe do que aconteceu… - ouviu o resmungo dela, que cobria o rosto com as mãos e sorriu suportivo tentando comprá-la com o gesto com sempre conseguia.
- Não vou comentar nada a respeito.
- Quando foi? O que você bebeu para vomitar?! Você ficou com vergonha? Ele ficou bravo? - a bombardeou de questionamentos mesmo que havia acabado de ouvi-la declarando que não teceria nenhum comentário sobre o incidente. - O Zayn foi muito sucinto quando disse o que aconteceu. Totalmente sem graça…
A loira ponderou deixar a curiosidade do irlandês o corromper por dentro, fazendo-o morrer, mas acabou reconhecendo o fato de que ele não seria útil morto.
- Na festa do ano, na casa da . Eu estava em um drinking game, não lembro o que estávamos bebendo… Eu não lembrava de ter vomitado nele até o dia seguinte, em Nottingham, quando ele me disse o que aconteceu. E não, o Zayn não ficou bravo comigo, mesmo que aquelas fossem suas botas favoritas. - também se recordava de todas as vezes que o rapaz frisava que ela havia sido a razão da ruína de seu par predileto de botas.
Deus, como sentia falta daquela bobagem. Seu coração ficou pequeno e Hilton passou os olhos pela extensão do recinto a procura de Malik, seus cabelos negros e lábios vermelhos. Onde diabos ele estaria? Se apenas pudesse vê-lo por alguns segundos…
Zayn iria para a faculdade e ela nunca mais o veria, afinal sabia que apenas mantiveram contato pois estudavam na mesma escola e frequentavam o mesmo círculo social, entretanto tudo aquilo mudaria em breve e a menina apenas ouviria as histórias do garoto através de Mon… Com sorte o veria periodicamente nos aniversários do pessoal e nada mais.
Ele a odiava e fez questão de deixar aquilo bem claro no decorrer daquele malditos e traumáticos 4 meses.
- Eu vou sentir falta. - ouviu o sopro de sua voz ecoar pelo salão e ser abafado pelo volume alto da música.
- O quê? - Horan inclinou-se para próximo da melhor amiga a fim de decifrar o que ela havia dito.
- Eu vou sentir a sua falta. - sorriu cerrado, sendo rendida pelo sentimentalismo e apenas conseguiu se conter devido o sorriso lindo e afetuoso que o menino a lançou.
- Eu sei. - deu de ombros convencido - E eu também vou sentir muito, muito, a sua falta!
cogitou abraçá-lo, mas então Pitbull começou a soar pelas caixas de som e Niall deu um grito eufórico assustando-a, o que a fez derrubar um pouco do ponche na barra de seu vestido, com sorte, preto. tinha certeza que aquela música era da década passada, mas medindo o nível de euforia dos adolescentes ninguém se importava, principalmente o rapaz ao seu lado que ficou insano, agora com sua bateria recarregada devido o bom copo de rum e uma conversa promissora onde ele pode envergonhá-la.
- Mas eu não vou sair de Londres. - o loiro, levantou-se da cadeira, tomando a bebida ainda pela metade da mão dela e o colocou em cima da mesa ao lado do seu. - Nós podemos nos ver todos os dias se quisermos. - deu de ombros, soando positivo - Além do mais, você viaja pelo mundo trabalhando e nem isso é o bastante para me afugentar, .
A loira sorriu passando o braço pelo ombro do irlandês. Hilton já era mais alta que o menino, mas aqueles saltos a deixavam ainda mais e ela estava adorando! O guiou de volta a pista de dança e desejou nunca deixar a companhia de seu melhor amigo, desejou que aquela noite não acabasse, que pudesse dançar para sempre ao lado de Niall.
Aquela boa lembrança seria cravada como uma de suas memórias favoritas e poder reparti-la com o irlandês a dava a segurança de que tudo ficaria bem.

O moreno caminhou a curta distância que o separava de seu alvo com um sorriso ardiloso nos lábios. A caçula por sua vez fitava o salão a sua frente, provavelmente a procura de algum dos amigos e quando notou o menino de aproximando retribuiu o sorriso a altura.
- Oi Orteguinha, você vem sempre aqui? - indagou apoiando uma das mãos na parede e a outra na cintura, fazendo uma pose espalhafatosa.
- Oi Hazz. - a garota inclinou a cabeça para o lado a fim de analisar o show que Styles proporcionava.
- Eu adorei o seu look. - declarou brincando com a lapela do blazer de que arqueou as sobrancelhas.
- Eu sei, você fez questão de deixar isso bem claro.
- Sua mãe sabe que você saiu assim de casa? - precisou perguntar, afinal antes de ser uma Ortega, Amina era uma Malik e Harry sabia como os Malik eram rigorosos e definitivamente loucos, convivia com Zayn, sabia como aquela família era louca!
- Ela quem me levou para tirar as medidas. - cruzou os braços petulante.
- Então, a Amina aprova… - mirou a amiga a cabeça aos pés. - isso. - foi a melhor expressão que encontrou para manifestar-se e a mais nova concordou com uma aceno de cabeça - Quem sou para discordar…
- Cadê o resto do pessoal? - olhou para os lados a procura do esquadrão de amigos que na maioria das vezes ficava compactado como se não existissem outras pessoas a festa.
- O Niall e a estão dançando e, não me deixaram ir junto. - reclamou ouvindo a menina falar um “Coitadinho” cheio de piedade e zelo - O Liam e a também estão dançando. E a saiu atrás da .
- Não era para você estar dançando com a ? - aproximou-se ficando nas pontas dos pés para questionar em seu ouvido devido o alto volume da música. Deu de ombros, como se dissesse a coisa mais óbvia e simples do mundo.
- Como? - pigarreou tentando ganhar tempo.
- Ah me desculpa, eu tinha me esquecido de como você quebrou o coração da minha melhor amiga, Hazz. - sorriu cativante, falando alto, para conseguir ser ouvida.
Aquela filha da puta soltara a bomba para depois chamá-lo pelo apelido e o dirigir um sorrisinho fofo?! era uma Malik-Louca, irrevogavelmente. Louca e manipuladora.
- Ahn… - o rapaz tentou buscar alguma declaração. Todavia o que dizer frente uma situação como aquela?
- Eu prometi que não ia mais me meter nos assuntos da . - Ortega selou os lábios vermelhos colocando o dedo indicador sobre eles, como uma promessa silenciosa. - Mas eu preciso te fazer uma pergunta antes de me abster completamente da vida amorosa dela.
- Deus… - Harry elevou os olhos ao teto, sabendo que deveria correr naquele momento.
- Você, um dia, já gostou da ? - indagou encolhendo os ombros, temendo a resposta - O mínimo que fosse… Sei lá! - bateu as mãos nas coxas ansiosa e temerosa.
- É claro que eu… - bufou, cansado de precisar elevar a voz devido o barulho, suas cordas vocais já começavam a se irritar e sua voz ficava mais rouca fazendo-o tossir vez ou outra em busca de alívio para o incômodo.
Portanto, pegou na mão de e a guiou para o jardim, passando pela irmã e Westwick que conversavam com um pessoal que o cacheado achava já ter esbarrado pelo jornal da escola. Pode ver Zayn dando um tapa certeiro em Tommo e juntou as sobrancelhas imaginando a dor do melhor amigo, que se encolhia ainda não satisfeito, partindo para cima de Malik.
Já na área externa, Orteguinha sentou-se em um banco vazio e o mirou espelhando seu gesto, apoiando os braços nos joelhos.
- Eu realmente não quero discutir esse tipo de coisa com você. - encarava os próprios pés impossibilitando-o de flagrá-la rolar os olhos devido tanta enrolação.
- Claro que quer, afinal você me trouxe para cá. - inclinou-se por sobre as pernas tentando fazê-lo encará-la.
Styles sorriu endireitando a postura, relaxou sobre o encosto do assento e inspirou voltando-se para a menina ao seu lado. Sabia que as palavras da morena não carregavam malícia, no entanto, não podia negar a perspicácia que as envolvia e se fossem usadas em um contexto diferente teriam um efeito excelente.
- As coisas com a eram simples - optou por não desviar do assunto e nem evitá-lo ainda mais - e, então tornaram-se complicadas. Foi quando chegou a hora de acabar. Antes que alguém se magoasse.
- Você a magoou, Harry. - mais um vez não o poupou do castigo da verdade. - E não adianta me olhar desse jeito. Sabe que estou falando a verdade. - negou com a cabeça não aceitando aquele olhos verdes clamando por piedade, serem direcionados a ela.
- Nunca foi a minha intenção. - admitiu pesaroso.
- Você ainda não me falou o que sentia por ela. - persistiu no assunto, sabendo que se estivesse em uma conversa com o primo ele já teria se irritado e a deixado falando sozinha.
- É estúpido tentar mensurar um sentimento, .
- Você sentia algo grande o bastante para não querer magoá-la e para se magoar com as atitudes dela?
Riu, deixando o ar escapar por entre seus lábios. Ortega ainda não era uma interrogadora como Styles que o levava a loucura desejando coçar os ouvidos cacos de vidros, entretanto mais alguns anos de convivência q a caçula estaria tão insuportável como sua irmã.
O moreno limitou-se a acenar positivamente, mirando-a a fim de assistir a reação dela, afinal sabia que se fosse sua ouvinte, naquele momento a loira estaria fazendo um escândalo. Contudo era mais calculista.
- Então por quê fez aquilo? - a garota parecia desejar compreender sua intenções e motivações. Não queria julgá-lo, queria inteirar-se de suas aflições. - Por que disse aquelas coisas para a ? Se você se importa tanto como diz, por que não quis mantê-la por perto?!
- Calma mulher! - afobou-se diante de tantos questionamentos e elevou as mãos em rendição. - É complicado. Você não entenderia.
- Sempre a mesma desculpa. - bufou irritada, cruzando os braços e afundou no banco, lembrando-se de quando Zayn usara a mesma desculpa genérica para justificar o fiasco com .
- Não precisa se preocupar. - Harry achou uma graça vê-la frustrada e empurrou-a levemente com o ombro, o que não adiantou para fazê-la sorrir, nem mesmo por educação.
- Eu não quero que você a magoe de novo. - decretou solenemente, encarando-o brava.
- Sim, senhora. - concordou sem pestanejar entendo naquele momento o olhar que Liam já havia tentado o explicar, mas não fazia sentido até aquele segundo. - Mas eu a quero de volta, então provavelmente você ainda vai ouvi-la reclamar muito de mim.
- Por mim tudo bem - estendeu a mão para cumprimentá-lo - , se você fizer as coisas direito dessa vez.
- Você é cruel. - franziu o cenho selando suas mãos.
o puxou para si, beijando a bochecha do amigo e anunciou que voltaria para o interior do salão, enquanto o rapaz permaneceu no banco, sozinho, meditando nas probabilidades de tudo dar errado.
Assim que a morena colocou o pé no salão, Yeah! de Usher começou a tocar, e precisou se controlar para não gritar. Ela e amavam aquela música e Ortega precisava encontrá-la antes da melodia acabar. Portanto saiu apressada por entre as pessoas, esbarrando em alguns e acreditou pisar no pé de Shepley…. Shepley estava no baile? Shepley estava no baile com… Amber?!
ficou tão espantada que apenas conseguiu acenar para o colega, que sorriu entusiasmado para ela, ainda segurando a mão de… Amber. Amber!
A caçula voltou a sua caça por Meester que da última vez que foi informada, a amiga estava na pista com Liam. O maldito do Usher estava quase terminando de cantar e a melodia histórica seria encerrada, quando a morena ouviu alguém gritar por ela. Procurou por entre a multidão podendo ver correndo em sua direção segurando o vestido para não pisar em sua barra, alguns de seus fios negros já se soltavam do rabo de cavalo e o seu batom precisava ser retocado, mas a garota era um estado de euforia tão grande que ficaria linda mesmo que usasse pijama.
- Me concede essa dança? - estendeu a mão para a mais velha que a agarrou desesperada, arrastando a menina para um canto não tão cheio da pista de dança. - Você viu que o Shep veio com a Amber?
- Menina, eu esperei tanto para alguém comentar isso! - cresceu os olhos, quase os fazendo saltarem das órbitas, dançando desengonçada quase derrubando que tentou abraçá-la - Não é possível que só eu achei estranho!
- Eu acabei de ver. Se você viu antes por que não me falou?! - ofendidíssima com a traição que acabara de sofrer, até parou de dançar, mirando a amiga, ultrajada.
- Eu queria que você visse com seus próprios olhos. - gritou em resposta, querendo pular ao som da batida que se encerrava, mas tinha medo de quebrar os saltos. Merda… Deveria ter ido de tênis.
Usher infelizmente terminou de cantar, sendo substituído por Calvin Harris, Clean Bandit, Alesso, Tiesto e afins enquanto as meninas ainda gritavam as letras das músicas, dançavam e se abraçavam, mesmo que toda vez que era abraçada por Ortega, começava reclamar, pois a diferença de altura entre elas se destacava.
Da mesa de bebidas, Liam conversava com Zayn, enquanto assistiam o que parecia ser Meester tentando derrubar , mas tinham fé que haviam se equivocado ao interpretar a brincadeira.
- Como é bom ver nossas garotas juntas. - Malik sorriu erguendo seu copo, fazendo um brinde com o melhor amigo que o encarou desgostoso com o cenho franzido.
- Elas são minhas garotas, Zayn. - Payne esclareceu, rolando os olhos, ainda desacreditado da audácia do filho da puta. - Eu só aceito dividir 15% da com você, porque você é família!
- Caralho, Payne! Quinze por cento?! - voltou-se perplexo para outro rapaz. - Você perdeu o juízo?! Eu conheço a menina desde que ela nasceu. - desistiu do copo e o colocou de volta na mesa.
- Você tinha dois anos, isso nem vale… - deu de ombros, diminuindo o discurso do badboy que sentiu-se insultado.
- Claro que vale! - virou-se pronto para argumentar - Vale mais do que quando ela se cansar de você e mandá-lo embora das nossas vidas.
- Meu deus, eu só estava brincando! - agora era Liam quem se enchia de calúnia - Você não precisa me ameaçar.
- Quinze por cento… - Malik ainda resmungava contrariado, passando as mãos pelo blazer branco a procura da carteira de cigarros.
- Dezoito, então? - o amigo sorriu divertido, abrindo os braços, aproximando-se para provavelmente abraçar o moreno que o fitava impaciente. - Dezoito por cento é muito, Zayn!
- Eu vou fumar.
- Eu vou com você, acho que também quero um cigarro.
- Por que? - nem ao menos lembravasse a última vez que Liam repartira um cigarro com ele.
- Sei lá, fiquei com vontade. - deu de ombros já a caminho do jardim. - Ai nós podemos continuar discutindo quem fica com a guarda da . - colocou as mãos nos bolsos da calça, referindo-se a namorada como um casal em processo de divórcio mencionava os três filhos.
- Eu fico com os fins de semana. - Malik entrou na brincadeira, sorrindo ardiloso.
- Mas agora que vamos para a faculdade, só temos o fim de semana livre.
- Exatamente. - concordou com a cabeça. - Eu faço questão de passar os dois dias com ela só para te fazer infeliz. - gargalhou animado ao ver o garoto bufar.
- Vai se foder.

Encontrar Liam foi difícil graças à parca iluminação lá fora, tudo o que enxergava eram sombras fumantes, exalando e expirando nicotina totalmente desconectados do frenesi dentro do baile, onde a música invadia até mesmo a festa pacata dos professores, que não haviam dado as caras, por sinal.
Desceu os degraus olhando atenta, decidiu dar uma procurada por pelo menos aos arredores, sem se embrenhar lá para dentro, desacompanhada.
Não era possível que Payne desaparecesse por meia hora e ninguém soubesse de seu paradeiro, não dava pra se dançar sem um parceiro ou aproveitar a noite propriamente sem ele ao seu redor, lhe mantendo hidratada. Quanta falta de consideração!
Zayn viu a prima sozinha e perdida e acenou, chamando sua atenção.
- !
- O que você está fazendo aqui sozinha? - Liam a encarava com as sobrancelhas juntas.
Não era possível dizer quem estava mais surpreso, o rapaz que encontrou a namorada andando perigosamente sozinha no meio daqueles animais com suas paixões desinibidas por causa da bebida, ou a menina que flagrou Payne com um cigarro na boca.
se aproximou o suficiente para enxergar melhor. E a beleza do seu homem, com um cigarro preso nos lábios, segurando-os com a mão que usava o relógio, a luz do luar, era um perigo para sua sanidade, porém insuficiente para fazê-la relevar as consequências do ato: o cheiro desagradável que impregnava até na alma e o gosto ruim na hora de beijar.
- Liam? Você está fumando? - ela questionou com curiosidade. Afinal de contas não tinha ciência desse hábito dele.
- Ahn… - Payne pigarreou, constrangido.
- Desde quando você fuma?
- Desde sempre! - Malik mentiu com muito gosto, grato aos deuses pela oportunidade de poder estragar o relacionamento do melhor amigo.
Sim, Liam fumava. De tempos em tempos (lê-se meses) era tomado por um desejo irreprimível de tragar um cigarro, e normalmente recorria a Malik já que não compensava gastar dinheiro com uma carteira de cigarros nova e um isqueiro por causa de apenas um cigarro.
E não é que ele mentiu para sobre isso, é só que nunca apareceu um momento oportuno e coincidentemente nunca sentira essa vontade louca quando a caçula estava por perto.
- Eu vim procurar você porque vai começar uma sessão de músicas lentas agora, e eu quero dançar com você. - Ortega abanou a mão no ar, desinteressada em saber das razões de Liam e muito menos animada para ouvir discursos chatos sobre cigarros. Se tivessem que falar sobre algo interessante, que ao menos fosse sobre seu cabelo maravilhoso ou sua pele sensacional!
- E o que eu faço com isso? - Liam segurou o cigarro entre os dedos como se estivesse pegando em praga.
- Agora termina, ué. - respondeu o óbvio, ansiosa para que pudessem ir dançar e nem fez questão de esconder isso, batendo os dedinhos nervosos em sincronizada ritmia, sorrindo impaciente.
- Vem, eu vou dançar com você até ele terminar. - Zayn tragou uma última vez e jogou a bituca no chão, pisando em cima dela e pigarreando em seguida.
- Você vai? - Ortega piscou, surpreendida.
Zayn estava chamando-a para dançar?
Esse era o fim do mundo como ela conhecia!
- Vem logo - o moreno revirou os olhos, aceitando que apoiasse o braço no seu para evitar que a criança fosse raptada por um idiota louco que usa o álcool pra justificar a torpeza de conduta.
Na pista, eles dividiram espaço central com outros colegas, dentre eles Greg e sua nova namorada, o surpreendente Shepley e a ainda mais surpreendente Amber que abraçava o menino com confortável intimidade, Harry dançava com a pequena e os dois pareciam estar tendo um ótimo momento, Tommo e eram os que estavam mais próximos a dupla de primos e quando os viram se aproximar começaram a gracejar com , dançando mais rápido do que a melodia pedia apenas pelo prazer de provocar o caos.
Malik ignorou terminamente a dupla e tomou uma das mãos da prima, guiando-a no movimento da música antiga que provavelmente seus pais teriam dançado nos próprios bailes de formatura.
Ele pensou em falar como sentiria falta da rotina diária com a menina, até abriu a boca para falar, mas voltou atrás e se calou.
O bom é que o silêncio dele não intimidava , e por isso ela foi muito generosa em tecer um comentário sobre a opção de vestuário do menino Malik:
- Zaza, você está tão lindo hoje que eu tenho certeza que ganharia um prêmio caso o comitê tivesse se dado ao trabalho de pensar em uma mini premiação. - ela disse, atestando um fato, com muito orgulho de compartilharem a mesma genética abençoada.
- Você acha? - o rapaz deu um meio sorriso convencido.
- Claro! O prêmio de cara mais bonito da Eton nesse. - a caçula concordou como se fosse óbvio.
Ficou claro também como ela excluiu Payne da competição, ciente de como ele ganharia de lavada sobre todo e qualquer rapaz, com aquela roupa toda preta, feita sob medida para aquele corpo perfeito. Deus sabe como ela estava caidinha pelo próprio namorado desde que ele apareceu na sua porta parecendo o próprio 007.
Fazia sentido que ele estar vestido naquelas peças a fazia querer tirar cada uma delas?
- Hmm, eu gosto disso. - esse era o mais próximo que Zayn conseguia dizer de um “obrigado”. - E quem seria a garota mais bonita?
- Eu não sei, você pensou em quem?
- Na .
A resposta fez rir desacreditada. Pelo amor de deus, a amiga estava usando um vestido que usaria pra ir comprar pão no meio da semana!
- Meu deus, eu tenho a sensação de que essa seria a sua resposta mesmo que ela estivesse de calça jeans… - ela balançou a cabeça. Havia uma ironia no fato de que Zayn respeitasse tanto a única pessoa que estava alheia aos encantos da formosura dele.
Pessoa inclusive que agora ria alto o suficiente para que os primos girassem em dois turnos para que os dois pudessem ver o que se passava do lado de lá da pista. Mas tudo o que o rapaz viu foi Harry revirando os olhos, irritado por alguns segundos, e quando foi a vez de dar uma olhada, ele já sorria resoluto.
- Se ela tivesse sem nada, eu gostaria ainda mais. - o rapaz arreganhou um sorriso idiota, sabendo a reação que causaria.
- Zayn Jawaad! - o estapeou forte no ombro, distraída brevemente com a entrada de Liam no salão, o rapaz piscou para ela e foi ao encontro de Niall, e .
A ruiva estava apenas usando o próprio telefone, mas e Horan estavam abraçados de lado e dançavam com os ombros, descansando os pés para a próxima música.
- Eu estou brincando, ! Jesus…- Malik estranhou ao flagrar o melhor amigo piscando para si. Doido…
- Eu te perdoo se você responder a sério a minha pergunta. - Ortega o provocou.
Zayn sabia o que a prima queria ouvir como resposta, e enquanto se decidia se optaria pela honestidade ou não, girou-a com uma mão. Os olhos amendoados fixaram-se em , longe deles, seu coração bateu mais rápido e ele desviou o olhar.
- A .
- Sério? - arregalou os olhos. Definitivamente não esperava que ele fosse levar seu questionamento a sério, na verdade nem sabia que ele ouvira seu questionamento já que estava tão concentrado dançando bem, para o completo deleite dela.
- Sim. - Malik confirmou simplesmente, encarando a prima profundamente nos olhos, desafiando-a criar coragem para fazer mais perguntas.
E aparentemente funcionou porque a menina apenas deu de ombros e sorriu inocente.
- Tudo bem.
A música chegou ao fim e enquanto algumas duplas saiam da pista para se refrescar e dar lugar a novos casais, mas os dois permaneceram e os embalos de Ed Sheeran deixaram Malik mais confortável com a música que finalmente conhecia.
Se ele não estava errado, a prima o obrigara a ver o clipe quando foi lançado. Era um rolê de família, muitos vídeos de uma criança ruiva que virou um adolescente de cabeça vermelha e depois um adulto muito rico. Ao final do vídeo, Ortega estava chorando e ele foi embora sem saber o que dizer.
Falando em passado recente, ele lembrou que tinha algo muito idiota para perguntar. Mais uma vez abriu os lábios e quase mudou de ideia, mas viu e seus olhos expressivos deixaram bem claro que se ele não compartilhasse o pensamento, ela iria persegui-lo até a morte.
- , você e o Liam pararam com aquela palhaçada de ler aquele livro, não é? - ele remeteu ao maior motivo de chacota do grupo: a leitura regular que Liam e faziam de Cinquenta Tons de Cinza, castigo porque a caçula perdeu uma aposta sobre e Louis.
- A palhaçada é do seu amigo, que fica me perseguindo como um maníaco só pra me torturar. - ela respondeu constrangida, imediatamente arrependida de ter incentivado a horrível e embaraçosa questão.
O bom é que sua vida havia ficado mais fácil depois que ela aprendeu que podia colocar sempre a culpa em Liam.
- Aquilo é uma merda.
- Você leu? - arqueou as sobrancelhas, claro sinal de indiscreta curiosidade.
- Eu vi um pedaço, na internet. Só pra você saber, se algum dia um homem se comportar daquele jeito com você, não é normal. - Zayn desconversou.
Atrás deles, Louis havia trocado por , e Liam tomou lugar na pista com a melhor amiga, Malik os conhecia o suficiente para saber que a morena estava dizendo coisas horríveis sobre os colegas e Payne concordando como o filho da puta que era.
- Graças a deus! Porque até então eu tinha uma outra palavra pra esse tipo de coisa: assédio. - estava genuinamente aliviada.
- Boa garota. - ele concordou tão aliviado quanto.
Como a música estava acabando, tomou a liberdade de abraçar o primo para não acabar irritando-o com todo o sentimentalismo que a invadia. Mas era tão bom poder compartilhar uma noite especial com todos aqueles a quem amava!
Teria ficado feliz em saber que Zayn pensava o mesmo, como era abençoado em ter pessoas em sua vida que o queria por perto apesar de ser um lixo de ser humano na maior parte do tempo. não mentiu quando disse que ele estava estragando a própria vida para fazer o Sr. Malik infeliz e isso foi duro de ouvir, contudo o confortou saber que ainda sim não estava sozinho.
era uma garotinha de dezesseis anos muito sábia e tinha Liam, Liam era o melhor amigo que poderia ter, nunca o pressionava ou punha expectativas nele, quando falhava, e com frequência o fazia, Payne optava por ficar em um silêncio camarada ou era franco em compartilhar seus pensamentos, mas nunca esteve indisponível quando Zayn precisou dele, fosse para jogar videogame ou compartilhar a casa quando o moreno queria fugir da sombra do próprio pai ou só para entrarem em pubs com carteira falsas correndo o risco da humilhação pública a qualquer instante.
- Então, sobre a … - soltou-se do abraço e falou como que não queria nada.
- . - Zayn a alertou, incentivando-a a parar naquele instante.
- Oi. - ela sorriu solícita, adotando a política universal das pessoas espertas: fazer-se desentendida.
- Para. - Malik sorriu, desmascarando o joguinho dela. Seria ótimo se a música fosse um pouquinho mais dançante, ele desejou que tivessem mais espaço e fosse possível escapar da tortura que aquele tipo de conversa sempre era.
- Mas você gosta dela! - acusou-o, revoltada com a apatia do primo.
- E daí?
- E daí que… Você não negou! - deixou o queixo cair, tonta com a informação, a simples sinceridade de Zayn era perturbadora. Os dois procuraram por , , feliz pela amiga, e Zayn porque precisava vê-la mais um pouco e se afogar em seus olhos. - Você não vai dizer nada?
Ele fez que não com a cabeça.
- Tudo bem, eu irei. Você passa a metade do seu tempo olhando pra ela, e o que quer tenha dado errado entre vocês, se ainda há um sentimento, esse é o momento de deixar essas intrigas para trás com o ensino médio e tentar ser feliz.
- Eu sou feliz. - Zayn mentiu.
- A te faz feliz. - o corrigiu, atrevida.
- Eu já falei que não é tão simples, . - ele suspirou. Havia cansaço em sua voz, mas também impaciência. Estava ficando sufocante ali dentro. - Eu não posso mesmo fumar aqui? Que desgraça...
- É simples sim, Zayn. Vai falar com ela, seja honesto sobre como você se sente. - Ortega sorriu suave, incentivando-o a perseguir seus sonhos, principalmente quando eles estavam há apenas alguns metros de distância. - E não, nada de fumar aqui dentro. - adquiriu o tom de proibição de uma mãe, substituindo o sorriso amigável por um olhar de “Não ouse”.
Era simples, não? Falaria com , confessaria seu arrependimento, contaria seus segredos, deixaria que os bons tempos fluíssem entre eles. Iria cair em queda livre e pagar ver onde aterrissariam.
- Está bem, eu vou falar com ela então. - decidiu.
- Isso! Vai ser maravilhoso, você não vai se arrepender!
- Mas é pra eu ir agora?
- Claro que não, termina de dançar comigo, bobo. - riu, embora devesse sentir-se ofendida pela simples ideia de ser abandonada no meio de uma pista de dança.
Infelizmente a música não durou muito mais, e enquanto os últimos acordes ainda eram tocados, Liam nem ao menos esperou que saíssem da pista, foi até eles e substituiu a gentil companhia de Malik pela sua própria.
não pareceu reclamar da intromissão, já que enroscou os braços ao redor do pescoço de Payne, aninhando-se em seus braços e os dois literalmente se desconectaram de tudo o mais, ligados em uma sincronia própria.
Zayn ficou parado no meio da pista, pensando no que faria em seguida. Niall e Tommo estavam levando suas garotas para a pista, Harry desapareceu, o que resultava em e dividindo a mesa, a morena falava e Malik reafirmou a máxima de que aquela demônia estava com a boca aberta, provavelmente estava sendo má com alguém, e o sorrisinho de sua apenas confirmava a teoria.
Adoraria que o inútil do Styles aparecesse para tirar aquele dragão de seu caminho, mas não ia contar com isso para conversar com . Enfrentaria o próprio diabo se ele ousasse interferir em seus planos.
viu quando ele se aproximou e a voz de se tornou distante, enquanto todos os seus sentidos aguçaram, focados em Malik. Era dolorosamente saudoso estar perto dele, em uma noite tão especial, quando foi acometida pela repentina ciência da profundidade de seus sentimentos pelo moreno. Achara que o superou mas foi terrivelmente enganada por suas próprias emoções.
- . - disse o nome da menina e apreciou o prazer de fazer aquilo sem sentir a boca amarga e o coração pronto para ir para o lixo.
- Zayn. - ela o cumprimentou, ansiosa e os dois sorriram nervosos.
Foi um daqueles pequenos momentos onde há uma estranha declamação de nomes já que ninguém tem nada a dizer. E se viu tentada a participar da brincadeira, mas era óbvio como estava sobrando naquele cenário onde o casal de ex amantes só tinham olhos um para o outro.
- Dança comigo? - Malik pediu humildemente, colocando nas duas palavrinhas toda a força da necessidade que seu ser tinha dela.
não respondeu, mas a prontidão com que se colocou de pé e o carinho com que envolveu a mão dele com a sua própria, fizeram com que as letras se tornassem dispensáveis e as primeiras notas harmoniosas e melódicas de Your Song, o hino de Elton John, embalou todos os corações apaixonados naquela linda noite.
Não foram para o meio da pista, compartilharam um espaço discreto e mais retirado do aglomerado, não distante o suficiente para literalmente os oito amigos soubessem exatamente onde estavam, mas o bastante para que desconsiderassem todo o resto e imergissem em seu próprio mundinho.
- Você está lindo essa noite. - Hilton declarou, apesar de saber que àquela altura da noite ela não era a primeira a dizer aquilo. Mas era o mínimo que poderia dizer depois de afogar-se com a visão dele naquele terno branco sob medida, sem gravata ou qualquer outro acessório que não fosse sua natural beleza. Apostou na simplicidade por não gostar de trajes sociais, mas era de longe o rapaz mais bonito ali.
O elogio arrancou uma risada espontânea de Malik, e ele a fitou enquanto pensava se deveria dizer que ficara sem fôlego ao vê-la pela primeira vez na noite, mas conhecia bem o suficiente para entender que ela tinha ciência da própria perfeição.
Ali, naquele instante, era como se ela nunca tivesse deixado o calor de seus braços.
- E você cortou o rosto fazendo a barba. - ela sorriu, tocando com cuidado o ferimento junto ao maxilar.
- Um homem não pode ser perfeito, . Ia ser difícil para a concorrência. - Zayn retrucou totalmente absorto na pequena carícia.
Sua mãe insistiu para que usasse um band-aid mas começou a coçar e assim que se despediram, arrancou aquela desgraça.
- Você precisaria de um corte bem mais profundo pra tornar justa a concorrência. - foi franca sem ser bajuladora.
- Eu sei, mas é importante fingir modéstia, destrói a concorrência.
Hilton arqueou perfeitamente as sobrancelhas, sorrindo cética diante tamanho convencimento, parecia até que estava falando com Styles enquanto ele se gabava das um milhão de conquistas que julgava ter.
- Sangrou muito. - ele contou, envergonhado.
o abraçou, descansando a bochecha contra a dele e fechando os olhos, a expressão serena era a perfeita externação de como sua alma estava em paz. E essa era toda a questão sobre Zayn, ele a fazia sentir-se viva, aberta a todas as pequenas coisas da vida, passava-lhe a convicta segurança de era capaz de realizar grandes feitos, e ainda sim, emitia a tranquilidade aconchegante de quem era o seu lar.
A música acabou e a banda avisou que atenderia a pedidos e tocariam apenas mais uma música lenta antes que voltassem a programação normal, a ideia foi aplaudida por todos que tinham um par para compartilhar mais uma dança, e os que desejavam voltar a festejar não esconderam seu desapontamento.
Entretanto, para e Zayn poderia estar tocando a mais louca das batidas eletrônicas que eles nem teriam notado.
- , - Zayn murmurou o nome da menina, distanciando seus corpos o bastante para que pudesse enxergar o rosto dela. - Me desculpa. - suplicou.
- Tudo bem. - o desculpou sem nem perguntar o motivo do pedido, porque quer fosse pela passada errada na dança ou o fato de que ele quebrou seu coração cada dia durante os últimos quatro meses, ela o perdoaria sem nem hesitar.
- Eu…- soltou o ar pesadamente - Eu sinto a sua falta, . O tempo todo.
- Zayn… - Hilton engoliu em seco. Não porque a saudade não fosse recíproca, mas pela força da admissão que só lhe aumentava a certeza de que tomara uma decisão estúpida em terminar o relacionamento, incrementando o sentimento de culpa que a assolava desde então.
- Quando você me deixou eu senti dor física, nem sabia que isso era possível. E então eu só queria que você se sentisse mal como eu me sentia, eu fui um idiota, você não merecia ser tratada assim porque eu fracassei. - ele admitiu, mirando-a cheio de ansiedade.
E quis tirar o peso daquele sofrimento de seus ombros, cuidar dele e prometer que jamais passariam por tal suplício novamente.
- Você não fracassou, Zayn. As coisas não deram certo, mas eu não sinto que fracassamos. Eu dei o meu melhor e acho que você também, era pra ser tudo muito simples. A gente que complicou.
- Eu sei que não tenho o direito de pedir para você mais uma chance, mas você já sabe que eu sou um filho da puta egoísta. Você é boa demais, . E me faz querer ser melhor pra ser digno de você. Eu… - ele hesitou, buscando as palavras certas. Então foi acometido pela mais assombrosa descoberta, a razão porque não importa o que fizesse, não conseguia tirar de seus pensamentos ou evitar o acelerar do coração quando a via. - Meu deus. - piscou, aturdido. - Eu te amo, .
- Não, você não me ama, Zayn. - sorriu triste. Como uma mãe compreensiva que sorri pra uma criança dramática que fala que nunca vai aprender a andar de bicicleta sem rodinhas após a primeira queda. Ansiava mais que tudo que aquelas palavras fossem verdade, mas não era ingênua de acreditar que eram fruto de algo além da força do momento.
- Eu te amo sim. - Malik reafirmou, sério. Se ela ao menos pudesse ver a verdade em seus olhos…
- Nós só estamos comovidos porque hoje é uma grande despedida e as pessoas se sentem mais comovidas em despedidas.
- Isso não é comoção, . - ele tirou a mão dela que estava sobre seu ombro e levou até seu coração. Batia acelerado, e aquela percepção tão crua da vida que emanava de seu peito a fez estremecer por completo. - Isso é o seu efeito sobre mim, toda vez que você está perto de mim.
- Meu deus, Zayn. - usava toda a sua concentração para respirar com calma, oxigenando o cérebro para pensar no que deveria dizer, quais palavras usar quando estava tão maravilhada e atônita com o que se passava ali. - Eu preciso de um momento, preciso pensar.
A falta de resolução não surpreendeu o moreno, no entanto, estava desesperado por uma resposta, um basta ao estado de vulnerabilidade em que se encontrava. Entregara seu coração à e mesmo sabendo que era justa o bastante para não brincar com ele, desejava tê-la novamente.
- É claro que você precisa de um tempo. - Zayn sorriu, não seria se ela conseguisse tomar uma decisão de primeira. - Mas antes eu quero te abraçar por mais um minuto.
o abraçou de volta, apertando-o com toda a saudade que sentia. O cheiro dele ainda era familiar e o calor de seu corpo era mais aquecido do que o fogo de uma fogueira.
- Você não pode esperar que eu te dê uma resposta agora. Aqui não é o momento certo pra decidir isso - explicou. - Mas se você não tiver planos, nós podemos ir embora juntos para conversamos melhor. - propôs e assistiu com prazer a surpresa dar as caras no rosto lindo dele.
- Meu único plano para hoje era ir pra casa chorar porque você dançou com o Benett, mas eu acho que posso cancelar isso por você. - Malik trouxe à tona o momento e apreensão e estranheza que nem vira mas podia sentir calafrios só de se dar conta da audácia daquele idiota. Benett merecia uma surra só por ter tocado em .
- Ah, essa implicância de vocês, garotos, é muito boba. - Hilton menosprezou o problema.
Até onde conhecia, o capitão do time era inteligente, dono de um humor tímido e pensativo. Um verdadeiro herói misterioso de romances históricos.
- O Benett é um lixo.
- Ele é só um adolescente, como todos vocês.
- Exatamente, um perigo.
- Eu não vou nem me esforçar para entender o ponto de vista de vocês. - suspirou. A música havia acabado e a pista voltava a se movimentar mais frenética. - Vou atrás do Niall. - avisou, afastando-se de Zayn e depositando um beijo em sua bochecha. - Até mais tarde, Zayn.
- Vou contar os segundos, loira. - ele falou baixinho, vendo sua garota se afastar e com a terrível sensação de que não deveria deixá-la ir.
Mas sabia que era besteira tentar adiar o inevitável e apenas esperou que o destino tivesse piedade de sua alma pecadora e que a ausência de todos os amigos da pista de dança e do salão não significasse a exposição da aposta e o fim de sua curta felicidade.

A melodia lenta sustentava a aura romântica, a voz do vocalista da banda assemelhava-se a de um anjo e o ar parecia denso devido os suspiros apaixonados. Gradativamente os casais tomaram a pista de dança, movendo-se lentamente, fascinados e sorridentes. A morena podia jurar que conseguiria extrair o elixir do amor do olhar de cada um ali e nem mesmo a flecha mais poderosa do cupido tinha a mesma influência que um daqueles sorrisos. Sentia até vontade de fazer parte daquele grupo.
Sentada sozinha em uma mesa próxima a pista de dança, sorria timidamente por conseguir ver os melhores amigos abraçados movendo-se ao ritmo imposto pelos músicos. Liam mantinha uma mão na cintura de Orteguinha e a outra acariciava o pescoço da menina que vez ou outra se encolhia devido as cócegas, enquanto falava qualquer coisa que sua cabecinha curiosa e criativa conseguia inventar. Meester podia jurar que o rapaz não dava ouvidos a namorada, pois a mirava deslumbrado, perdido em seus olhos verdes e se conseguia notar aquela devoção estando a metros de distância, perguntava-se se não havia a percebido, a ignorava ou apenas havia se acostumado.
De onde estava podia ver rindo de uma careta que Niall fazia e julgava que apesar de o loiro falar algo sério, a mais nova apenas não conseguia conter uma risada melódica e acolhedora. mantinha os olhos fechados e a cabeça apoiado no ombro de Louis, enquanto ele a dizia algo em seu ouvido, talvez fazia um dueto com o vocalista e cantava para a namorada a letra da música.
O sorriso de Meester aumentou. Que brega. Envergonhava-se por desejar estar na posição de Westwick, com algum príncipe encantado soprando palavras bobas e românticas em seu ouvido, fazendo-a sentir amada e mimada.
Conseguia ver que até mesmo Malik havia conseguido compartilhar o momento com alguém, não uma qualquer, mas sim a dona de seus suspiros, sonhos, pensamentos e alegria. não desviava os olhos apaixonados do moreno e ele também não ousava perder a paisagem mais bonita que existe no mundo natural, os traços de Hilton com toda sua elegância, franqueza e imponência.
Suspirou, deixando o ar escapar por entre seus lábios pintados de vermelho. Sabia que todos os solteiros haviam fugido para o jardim no momento que o dedilhar do piano iniciou, mas simplesmente não conseguiu segui-los, talvez quisesse se torturar, talvez esperasse que seu conto fadas finalmente começasse, talvez só gostava de ver Payne e Ortega juntos, talvez estivesse com frio e preferia ficar protegida no interior do prédio, ou talvez tudo fosse pretexto para lembrar-se do que não possuía.
Convencia-se que havia seguido em frente, mas havia uma grande diferença entre seguir em frente e superar e, Meester definitivamente não havia superado tudo o que Styles a proporcionara e repentinamente a privara. Todo aquele romance claramente não fazia bem para seu coração partido, mas a dor precisava ser sentida, já havia tentado a ignorar por muito tempo.
- Quer dançar?
SIM
Conhecia aquela voz, afinal a ouvia todas as noites em seus sonhos. Todo seu corpo arrepiou-se imaginando que o rapaz sabia exatamente o que passava por sua cabeça e por esta razão estava ali, queria que o conto de fadas dela finalmente tomasse vida. Temia virar-se e encontrá-lo, não sabia o que dizer ou como reagir, não sabia se queria que seus olhos fossem apossados por aquela imagem jovial, meiga e amável, naquele momento vulnerável.
- Não. - respondeu ainda sem fitá-lo, entretanto ele colocou-se a sua frente, obrigando-a a encará-lo.
- Vamos lá, é só uma dança. - sorriu afável e os olhinhos dele tomaram um formato único. era apaixonada pelo brilho que os olhos verdes de Harry tomavam quando ele sorria, o formato que incorporavam era singular e era tolo atentar-se a isso, mas ela ainda sim adorava.
Styles arqueou as sobrancelhas e lhe estendeu a mão, esperando-a entrelaçar os dedos nos dele.
- Não. - repetiu tentando desviar a atenção e voltar a assistir o casal de melhores amigos.
- Dança comigo, meu bem. - pediu manso. Mesmo depois de duas rejeições mantinha o tom cordial e atencioso, seu sorriso terno nem ao menos vacilara e sua mão continuava estendida a ela, só precisava esticar seus dedos alguns centímetros e então tocaria a pele a qual esquecera a textura.
A garota limitou-se a mirá-lo desinteressada e voltar a atenção para a pista de dança.
Harry recolheu a mão deixando os ombros caírem devido a frustração e varreu o ambiente com os olhos, constatando que ninguém os notava, todos concentravam-se em sua própria bolha de romance ou em sua bolha de evitar o romance. Coçou a nuca tentando descobrir o próximo passo e no ímpeto abaixou-se a fim de ficar na altura dos olhos azuis da menina que o fitou surpresa e irritada pela insistência, caso ele continuasse com aquilo ela cederia…
- Por favor...
- Harry, chega! - cresceu os olhos enraivecida por ter sido contrariada.
- Você nunca vai me perdoar? - indagou ignorando o protesto dela - Nós podemos seguir em frente, não adianta ficar sofrendo em cima disso.
- E esse discurso ridículo quer dizer o que? - cruzou os braços, agradecendo a luz escassa pois provavelmente suas bochechas estavam coradas e era possível que em breve alguns dos adolescentes notassem a cena.
- Que eu quero você de volta. - respondeu sucinto, surpreendendo-a por sua franqueza - Estamos só nos impedindo de sermos felizes.
Visando sua auto preservação, manteve a calma e os lábios selados. Gostaria de afirmar que não sabia o que sentiu ao ouvir a declaração sincera de Harry, não se incomodaria de mentir, no entanto se precisasse revelar a verdade admitiria que desejava açoitar um tapa naquele rosto lindo para depois beijá-lo e ameaçá-lo de morte ao mesmo tempo que jurava que nunca mais iria a lugar algum, permaneceria para sempre nos braços dele.
- Te falta modéstia se acha que a minha felicidade está em você. - respondeu por fim, achando a seleção de palavras despretensiosas porém efetivas.
Styles passou uma das mãos pelo cabelo. Deus, como aquela garota era rancorosa e teimosa!
- Eu estou aqui, . Você só precisa dizer uma palavra e… - não queria afirmar que tudo ficaria bem, afinal estaria mentindo, a noite poderia ir para os ares a qualquer momento dependendo do andamento do projeto dos meninos do time de futebol.
- Eu tenho duas palavras para você: vai embora. - frisou, afastando sua cadeira dele, vendo-o levantar-se zangado e retirar-se do salão consternado devido tanta aversão por parte dela.

Após a maravilhosa Your Song, nossos casais protagonistas saíram da pista, revigorados e bem humorados. Alguns ficaram tão bem humorados que decidiram ir pra casa terminar a comemoração de uma forma mais carnal e íntima, o que foi o caso de e Louis, que saíram às pressas até o estacionamento para irem para a casa do rapaz tomar uns vinhos roubados do pai e experimentar a teoria de Louis de que estaria ainda mais linda sem aquele vestido.
Sabendo que iria demorar encontrar os outros para dar tchau, a única pessoa que os viu se preparando para partir foi , e na animação de acompanhá-los até o estacionamento encontrou Liam numa rodinha com e outros colegas e pediu licença para requerer a companhia máscula e protetora do amigo para não voltar sozinha. E Liam, num ímpeto de generosidade, aceitou ir junto.
- Vocês acham que eles vão voltar? - princesinha Styles perguntou com expectativa, olhando primeiro para o casal e então para Payne, na espera de uma resposta satisfatória.
Já era quase quatro horas da manhã mas o estacionamento ainda estava lotado, indicando que todos estavam claramente se divertindo muito, haviam poucas pessoas ali, outro indicativo importante de que a festa estava boa o suficiente para manter os adolescentes lá dentro.
- Olha, eu não dançaria com um ex daquele jeito se não planejasse terminar a noite na cama dele. - disse com um sorriso malicioso.
Ela dançou juntinho assim com Louis e olha só no que deu, eles estavam indo para casa transar!
- Quem é o doente que se livra de você e aceita voltar? - Liam perguntou bem humorado, pra começar, quem além de Louis, que era sabido ter batido a cabeça repetidas vezes no jardim de infância e comer muitos giz de cera, tinha a coragem de se aproximar daquela doida?
- Porra, Payno! Se você quiser bater nesse animal, sinta-se a vontade, honey. - Tomlinson deu um soco no braço de Liam (nenhum dos dois percebeu como a ponta do cigarro queimou o tecido do terno dele), o que agradou e a fez sorrir convencida e xingar o rapaz de otário.
- Vamos voltar a falar de e o Zayn, por favor? - pediu impaciente.
Acabava de lhe ocorrer que era uma péssima ideia deixar Liam e juntos em um grupo tão pequeno, mas sua prioridade no momento era trocar informações, verídicas ou não, e nada se interporia em seu caminho.
- Claro, princesinha. A uma altura dessas do campeonato eles já devem ter se pegado e só nós não sabemos. - Louis atendeu ao pedido da loirinha e fofocou, mas a ideia de que estava perdendo um grande momento da história da Eton deixou-a desesperada.
- Olha o que você fez, Louis… - meneou a cabeça ao ver o estado de animação desesperador da melhor amiga. - Olha lá nosso bebê!
Apontou para a BMW 328, modelo reformado de 1937 e tão lindo que a fazia querer chorar a cada vez que tinha a oportunidade dada por deus para apreciar aquela obra de arte em movimento.
- Ótimo. Vamos embora, . - Payne relaxou os passos e consequentemente teve que ir parando também, graças ao braço preso com o do amigo.
- Mas nós não vamos esperar eles saírem? - ela perguntou chorosa.
Mas nem Louis ou lutaram pela mesma causa, felizmente concentrados em entrar no carro e trocar os cigarros no fim por novos. Tommo era quem dirigiria no caminho de volta e assim que tomou lugar ao seu lado, estendeu o braço sobre o banco dela, permitindo que a menina descansasse no ombro dele assim que se livrasse da luta que era tirar os sapatos.
- Não. - Liam negou o simples pedido. Ele próprio lidava com uma pequena manipuladora todos os dias então esses pequenos charmes e manhas perderam o efeito devastador de culpa que seguia caso não fizesse o que elas queriam.
- Você é um monstro. - a princesinha o acusou mas teve que correr um pouquinho para alcançá-lo. Logo esqueceu-se de sua missão primordial: acompanhar Lou e e nem ao menos se despediu do casal, procurando mil e uma razões para reclamar com Liam.
- E ainda sim você não desiste de encher meu saco. - ele constatou.
Apesar de encher o saco de , desacelerou os passos ao vê-la quase correndo para manter o nível dele. Era inesperado que Payne, em toda a sua impaciência com os humanos, tivesse tanto tato para lidar com a princesinha, fosse o fato de que ela o lembrava ou só porque era de fato engraçada, a questão é que tinha uma paciência colossal para as ideias sem noção dela.
E que estava tão acostumada a ser mimada, nunca notou.
- O que eu posso dizer? Sou generosa. - ela pendurou-se no braço de Liam, provocando-o. - Então, eu preciso conversar sério com você.
Payne a encarou, esperando que desenvolvesse. Mas só quando desviaram de um grupinho indo ao estacionamento, começou a conversa no mínimo estranha:
- Você gosta de mim?
Ele continuou fitando-a sem nada dizer, mas pensava acelerado “Que tipo de pergunta é essa?”, tinha medo que a próxima coisa que se seguisse seria um pedido bizarro para matar alguém ou coisa do tipo, e pelo tom amigável podia suspeitar que o pobre Horan não fazia ideia dos planos dela.
- Se o Niall um dia me traísse, você falaria pra mim? - perguntou brincalhona, chutando uma pedrinha cinza que apareceu em seu caminho.
- Que tipo de pergunta é essa? - ele não se aguentou e questionou agoniado. Aquele era o tipo de pergunta que fazia o colarinho de sua camisa social preta apertar em volta do pescoço, sufocando-o.
O estranhamento de Liam à pergunta provocou uma gargalhada em , mal podia esperar para contar para toda essa conversa!
- Uma pergunta hipotética, é claro. - assegurou com firmeza.
- Por que eu me envolveria no relacionamento de vocês? - Liam cagou para a falsa segurança da menina. Se aquilo era uma armadilha, ela precisaria se esforçar mais para capturá-lo.
- Porque é isso que amigos fazem!
- Nem você deve ter uma resposta pra esse tipo de pergunta, .
- Claro que eu tenho. Olha só, se eu descobrisse que a está te traindo…
- O que ela não vai fazer. - Liam emendou imediatamente.
Eles passavam por colegas e os cumprimentava com alegria, nem parecia estar falando de tramas e traições, o que levava o rapaz a concluir que ela era doida em pedra e ao questionamento de se Niall sabia no que diabos estava envolvido.
Nessas horas ficava claro como entendia a mente da pirralha e porque elas eram amigas. , mesmo sendo um solzinho na vida das pessoas, podia facilmente se tornar uma mini psicopata e violenta.
- Certo, o que ela não vai fazer porque te ama. Mas digamos que ela faça…
- Ela não vai fazer. - ele repetiu o mantra.
- Calma, Li. Deixa eu falar. - a menina Styles o interrompeu impaciente mas sorriu em seguida: - Obrigada. Então, se eu descobrisse que ela está te traindo, não ia te falar nada, caso a situação se invertesse, eu primeiro iria procurar provas de que você está de fato traindo e então iria te destruir e só depois contaria tudo pra , pra ela não sofrer muito.
- Porra, você já deve saber que eu não te contaria então sobre o Niall. - Payne riu, tentando a chamá-la de audaciosa do caralho. Ah, mas ouviria essa história inteira! Iria ter o prazer de contar a conversa com ricos detalhes e já podia ouvir o riso melódico de Ortega.
- Liam, nós somos amigos! Como você pode fazer isso comigo? - colocou a mão sobre o peito.
- Como você pode fazer isso comigo? - o moreno a empurrou para longe de si, mas foi só retrair o braço que ela voltou para o seu lado, cheia de ideias.
- É que a é uma pessoa boa, eu acho que ela jamais vai te trair.
- E ainda sim, se ela o fizesse, você não me contaria. - ele pontuou.
- Não, eu ia tentar entender os motivos dela. - disse com simplicidade, como se as coisas fossem preto no branco, percebeu então que estavam no jardim, se aproximando da escada de acesso ao salão.
- Eu concordo, . - Payne riu condescendente. Mas sua felicidade foi morrendo aos poucos ao ver parar de caminhar. - Vamos entrar?
- Ahn, - a menina suspirou bem fundo, sem pressa, olhando ao redor do jardim a procura do que fazer: - que tal se nós procurarmos o Ni primeiro aqui fora? Só dar uma olhada, aí entramos.
Liam sacou o celular do bolso, olhou a hora, checou para ver se tinha alguma mensagem de e avaliou que um passeio ao ar livre realmente caía bem, só então deu sua resposta:
- Tudo bem. E por que você chama ele de Ni? É tão estranho.
- Porque eu não posso me referir a ele para sempre como Niall James Horan, é formal demais pra uma pessoa que é tão íntima de mim. - princesinha Styles explicou.
Era verdade que adorava o nome do namorado, quando começaram a ficar ela decidiu que era importante se empenhar em agradá-lo e demorou semanas para aprender a pronúncia perfeita, à maneira irlandesa, e as memórias do processo de aprendizagem eram deleitosas. Cada vez que acertava, ganhava um beijo.
- Você sabe o nome do meio dele? - Liam pareceu genuinamente surpreso.
Foi chocante saber que sabia o seu! Lembrava perfeitamente como foi surpreendido pela voz suave da caçula repreendendo-o por algum mal comportamento. A surpresa foi o suficiente para derreter seu coração e aniquilar a discussão.
- É claro, você não sabe o da ? - arqueou as sobrancelhas.
Os dois estavam tão entretidos conversando que não demoraram a chegar na parte mais escura do jardim, consequentemente menos povoada. Se caminhassem mais um pouco, logo estariam na fonte artificial construída nos limites do espaço.
- Sei…
- Mentiroso! Diz pra mim então. - o desafiou, batendo em seu braço.
- Não.
- Você não sabe. - ela determinou vitoriosa.
- Eu sei sim, só não lembro agora. Você fala tanto que eu fico confuso, parece uma metralhadora de palavras. - Liam resmungava, igual a um velho impaciente. Mas já havia se adiantado, os olhos verdes arregalados e o rostinho maquiado encostado contra a sebe viva, ela se esforçava para ver quem estava do outro lado.
É óbvio que era um grupo escondido sob a luz do luar, e as risadas masculinas apenas confirmavam sua certeza de que era um grupo de garotos tramando alguma estupidez, e devia ser a última pessoa no universo a saber das maquinações alheias.
- Ei, o que você está fazendo? - ele se aproximou com a intenção de puxar a amiga de volta a busca por Niall, mas ela nem ao menos olhou-o.
- Shhhhh, eu acho que encontrei o Niall, vem aqui! - cochichou, puxando Liam, duas vezes o seu tamanho, como se ele fosse uma criança sem vontade própria.
De fato o sotaque irlandês forte foi ouvido e Liam ficou com medo de que a menina acabasse ouvindo algo que não queria. Primeiro falaram sobre traição e agora estavam ouvindo a conversa dele escondido.
Que negócios Horan teria com qualquer grupo que não fossem seus amigos?
- Eu não acredito que nós estamos bisbilhotando o Niall, , pelo amor de deus! - Payne tentou colocar um pouco de juízo na cabeça dela, mas também se aproximou da cerca viva, cerrando os olhos para ver quem diabos estava ali com Niall.
Pelo vulto do terno azul claro e a voz calma julgou ser Bennet um dos participantes da conversa, o outro par de vozes alterados poderiam muito bem ser Chase e mais alguém do time de futebol.
Eles estavam ameaçando Niall? Liam franziu o cenho, as sobrancelhas quase tocando-se, tamanha era a concentração dele.
- Liam, quieto. Eles falaram alguma coisa da , eu juro que ouvi. - princesinha Styles calou seus pensamentos. Ela ouvia uma porção de palavras desconexas e até o momento não formavam uma linha de raciocínio, se ao menos pudessem se aproximar um pouquinho mais...
- Da ? - Payne já ia dizer que não ia ficar ouvindo fofocas sobre Westwick, mas então alguém citou , pelo sobrenome, e o tom de conspiração da conversa o intrigou: - Mas que porra?
- Eles estão falando da e da !
- Eu estou ouvindo, cala a boca.
Quando os dois se calaram, a conversa começou a fazer sentido e quanto mais conexa se tornava, mais confusa a dupla ficava. Foi então que ouviram em termos claros do que tratava tudo aquilo:
- Eu só não entendo porque adiar a resolução de um negócio tão simples. - Bennet suspirou entediado.
- Porque eles são covardes! Nós vamos resolver isso agora mesmo. - uma voz desconhecida falou inflamada. Se e Liam pudessem ver o que acontecia do outro lado, presenciariam o capitão do time incentivando o esquentadinho a permanecer calado.
- E então, Horan, o que nós vamos fazer? - Jason retomou o tópico em questão. estava quase indo até eles para perguntar o que diabos iriam fazer, será que não dava para ser mais claro e objetivo?
- Eu já falei cara, essa aposta não é minha. Eu só acho que nós deveríamos deixar isso quieto porque todo mundo sabe que o Zayn e a Meester transaram, o Tommo e a Westwick nem se fala então… - Niall respondeu muito nervoso.
- Desde quando a e a são Westwick e Meester pro Niall? - perguntou confusa.
- Essa é a sua maior dúvida, ? - Liam a encarou mortalmente.
Exceto se ele estivesse muito, mas muito louco nas drogas, seus amigos haviam feito uma coisa horrível, e por mais que quisesse acreditar na inocência deles a conversa no campo de futebol, há mais de um ano atrás, latejou em sua cabeça.
Eles prosseguiram com a aposta, e o pior, e foram as vítimas. Sua cabeça doía tamanha a consternação de que aquele grande pesadelo era real e que aparentemente os outros três sabiam e mentiram por tanto tempo para ele.
Foi como se em um clique tudo fizesse sentido, as conversas baixas, mudanças bruscas de assunto, cochichos com os rapazes do time de futebol, o comportamento repentinamente arisco em relação à Jason Bennet, tudo se encaixava no monte de merda em que estavam afundados.
- Shhhhhh. - princesinha Styles não tinha a metade das informações que Liam tinha, mas contava com sua sagacidade feminina e foi o suficiente para que ela concluissem que e foram apostas por Louis e Zayn e o objeto em comércio era o sexo. Tal constatação a fazia respirar pela boca, soltando o ar longamente para oxigenar o cérebro.
- Se todo mundo já sabe, o que é uma mera formalização para concluirmos o negócio? Afinal de contas todo mundo concordou em trazer provas quando decidimos apostar.
- Eles apostaram o quê? - perguntou. Torcia para que Liam lhe desse uma resposta diferente da conclusão que alcançara, mas as feições duras do rapaz indicavam que ele pensava a mesma coisa.
E Liam nunca ficara tão puto em toda a sua vida, nem mesmo quando Malik o socou de graça, sua paciência não se abalou. No entanto, naquele momento, tudo o que sabia sobre amizade e caráter estava se esvaindo de suas mãos tal qual a areia levada pelo vento.
- Mas o que diabos eles devem trazer como prova de que transaram com alguém? Uma foto? Um vídeo? Nem eu sei o que vocês querem!
- Rapazes, por favor, a parte mais difícil era conseguir convencer as duas loucas a…
- Bennet pigarreou e deu uma risadinha: - se divertirem com os dois, e isso eles já alcançaram, agora nós só precisamos da prova, e eu não entendo a dificuldade em um comando tão simples! Seus amigos são estúpidos, por um acaso?
Liam, desconhecendo a si mesmo, decidiu abandonar aquela maldita cerca viva antes que a levasse ao chão, e ao invés de tomar o caminho de volta ao salão e conversar com racionalidade com Malik e Louis, deu a volta até que pudesse ver a cara daqueles bastardos covardes.
- Liam! - se desesperou para segui-lo até onde os rapazes estavam.
A chegada repentina surpreendeu ao quinteto, composto por Niall Horan, um covarde mor, Jason Bennet, aquele sádico manipulador filho da puta e outros três rapazes do time de futebol a quem Liam não se deu ao trabalho de olhar nos olhos.
Horan estava tão pálido que parecia estar morto há três dias, o capitão do time piscava incessantemente, assemelhando-se ao comando travado de um computador, e os três garotos sem nome pareciam estátuas de enfeite do jardim, já que nem ao menos pareciam respirar.
- Vocês apostaram a e a Westwick? - Liam perguntou com toda a tranquilidade que conseguiu, e falhou por completo já que seus olhos estavam perigosos e sua voz serena evidenciava sua calma estudada e mentirosa, causando calafrios reais em Niall.
Aquele cara parecia fisicamente com o velho Liam, mas nada em seu comportamento era reconhecível, seu olhos não expressavam divertimento e sim permaneciam austeros, seus lábios não curvavam-se em um sorriso simpático pois permaneciam retraídos exalando toda a cólera que o garoto tentava conter, suas sobrancelhas curvadas formavam rugas em sua testa e sua face não parecia mais a de um adolescente de 18 anos. Aquele era um desastre de proporções catastróficas, de fato.
- Payne, que surpresa! - Jason sorriu, retomando o controle sobre si mesmo.
A aparição de Liam era um contratempo inesperado, mas ele era um campeão da readaptação e não demorou mais do que alguns segundos para chegar a uma conclusão de que mesmo nesse momento ele poderia tirar vantagem da revelação do segredo.
- Liam, o que você…
- Cala a boca, Niall. - avisou com o dedo em riste - Pelo amor de deus, cala a boca, porque eu estou muito perto de arrancar todos os dentes dessa sua boca mentirosa. - Payne ameaçou sem nem olhar para o amigo, fitava Bennet a todo o momento, irado. - Eu fiz uma pergunta pra você, Bennet.
- Ah sim, - o jogador sorriu simpático - Você perguntou sobre uma aposta, certo? Bem, eu não sei se devo falar algo, afinal de contas, seus melhores amigos têm o direito de te contar tudo. Mas, como estamos só nós aqui, eu vou fazer a gentileza de atualizá-lo.
Enquanto ele se preparava para contar a historinha, Niall deus dois passos em direção a , tentando se aproximar, tentando explicar sua situação, tentando tirar a decepção de seus olhos, no entanto a menina se afastou dele bruscamente e o parou com um levantar de mãos. O desgosto da loirinha era tanto, que não conseguia ao menos encará-lo e o irlandês sentia que se ela negasse seu toque mais um vez, vomitaria de desespero.
- Muito bem, vamos lá. Há muito tempo atrás…
- Se você continuar com essa enrolação eu vou sair daqui e ir atrás do Gelner, e só saio da presença dele quando garantir que você vai perder cada aceitação que já recebeu das universidades desse país. - Liam ameaçou com impaciência, e deus sabia como ele estava falando sério, iria destruir as chances daquele filho da puta ser bem sucedido na vida.
Existiam limites até mesmo para Bennet e ele reconheceu pela primeira vez que havia sim um risco a seu futuro por causa da maldita aposta, só que já havia ido longe demais para recuar, e agradeceu aos deuses porque Payne demorou tanto a saber, ele foi o único dos quatro imbecis que pensou em usar seu status de bolsista para pará-lo. Um golpe sujo, mas que teria parado-o sem hesitar.
Infelizmente era tarde demais para arrependimentos, e ele levaria aquela aposta até o fim, custe o que custar.
- De uma forma muito resumida, o Malik e o Tomlinson apostaram que conseguiriam até a noite do baile transar com a Meester e a Westwick, na verdade eles não tinham nenhuma preferência quanto as garotas, mas o Styles teve essa excelente ideia de escolher as duas garotas mais insuportáveis da nossa turma. Uma ideia brilhante a dele, eu devo reconhecer.
- Ai meu deus. - falou sozinha, o chão sob seus pés se abriu, terrivelmente assolada com a descoberta do nível de envolvimento do seu irmão em tamanha crueldade.
- Bom saber disso. - Payne acenou com a cabeça, - Pelo menos eu sei com quem vou acertar as contas.
Ele estava prestes a se retirar, permitindo que passasse em sua frente, quando o capitão segurou com firmeza do braço dele, impedindo-o de se mover.
- Você não vai fazer nada, Payne. - ele alertou em voz baixa e um sorriso educado.
Liam olhou para a mão do rapaz em seu braço e o fitou com desdém:
- E quem exatamente vai me impedir?
- Se você insistir em sair daqui para interferir na minha aposta, eu vou ter que te dar uma surra e te trancar no porta malas do meu carro, e eu realmente não quero fazer isso porque é uma noite de festa e tudo o mais… - Jason avisou. Os dois jogadores que o acompanhavam arregalaram os olhos, apavorados diante a ideia de fazer alguém de refém, aquilo não era bom…
Liam tentou soltar-se mas Bennet apenas aumentou o aperto, proibindo-o de se afastar. E isso foi um erro, porque o garoto já estava acumulando a raiva de uma traição coletiva de seus amigos, o ultraje de saber que sua melhor amiga estava sendo tão terrivelmente humilhada e a enxurrada de hipocrisia com que lidou no último ano, a última coisa com que poderia lidar era a audácia de uma ameaça descabida e a ilusão daquele jogador de merda de que ele se submeteria aos seus caprichos.
Em uma fração de segundos, a mão livre de Payne fechou em punho e voou em direção ao rosto de Jason com total força, o jogador colocou a mão sobre o rosto para proteger-se e gritou de dor ao sentir os dedos virando de uma forma que não deveria flexionar, o alto estalido de ossos quebrando, e lá se foram dois dedos de sua mão direita. O próximo soco veio em uma rápida sequência, atingindo o maxilar dele com tanta precisão que os dentes chocaram-se e ele ficou atordoado.
E isso foi tudo o que Liam pode fazer, porque logo se viu com os dois braços presos e quanto mais tentava soltar-se, mais imobilizado ficava. Os garotos de Jason provaram eficientes em socorrer seu capitão, aguardando que ele voltasse a si para decidir o que fariam com Payne.
- Niall, faz alguma coisa! - implorou angustiada.
- Eu não posso fazer nada, vou apanhar também! - Horan se escusou, tão desesperado quanto a própria namorada em pânico.
Mas enquanto ele se acovardou mais uma vez, saiu em busca do primeiro grupo com homens que pudessem ajudá-la. Corria pela grama, tropeçando por causa do salto que hora afundava na terra, hora resvalava em pedrinhas, pouco ligando para a probabilidade de cair, ou os olhares cruéis de estudantes que não faziam ideia da briga lá atrás.
- , o que você está fazendo? - Niall tentou segurá-la, notando que só então sua constante presença foi observada.
- Procurando ajuda, Niall! Me solta! - a menina gritou, soltando-se do toque dele ao ver um trio, meninos da natação, ali. Eles estavam em menor número mas a vantagem física era o suficiente para impedir que espancassem Liam e o trancassem em um porta malas.
A mera explicação de que havia uma briga tomando espaço por ali, sendo uma ameaça para o fim da festa, colocou os rapazes para correr até onde os sons de luta os guiaram. Alguns curiosos ouviram o que se passava e foram junto, e mais alunos percebendo a agitação também seguiram o cortejo.
Quando chegaram, Liam já estava com um olho negro, o lábio inchado e tinha cortes pelo rosto, estava mantido segurado de joelhos no chão enquanto Bennet o acertava com a mão boa e o chutava sem clemência.
- Ei, ei! Solta ele! - um dos rapazes gritou, puxando Jason facilmente pelo ombro e com mais um pouco de esforço, mantendo-o afastado de Liam. - Vocês querem acabar com a festa, porra?
Os outros dois meninos da equipe de natação se encarregaram de ajudar Liam a levantar e cuidar para que os dois jogadores não intentassem perseverar a violência, o maior deles empurrou a dupla pelo peito, derrubando um dos meninos no chão.
Assim que se viu livre, Liam avançou em cima de Bennet e segurou a mão com os dedos quebrados, fechando sua própria sobre a do rapaz, esmagando-a e fazendo Jason gritar, sendo calado no instante seguinte por mais socos que hora acertavam seu rosto bastante ensanguentado e de vez em quando acertavam o ombro do estudante que segurava Jason.
- Se você não parar com isso eu vou ter que te segurar também, cara. - o garoto que seguravam Jason avisou. Talvez estivesse sendo paciente com Liam porque ficou com pena dele quando o encontrou rendido no chão.
- Eu não sei o que aconteceu e não me importo, ou vocês vão pra casa, ou vão se limpar e se comportar como gente decente, porque se a festa acabar por culpa de vocês, vocês quatro vão apanhar até se arrepender da hora em que começaram essa briga idiota. - outro rapaz avisou, tomando o cuidado de não se sujar com o sangue que lavava a cara de Payne e Bennet.
- Eu estou saindo daqui. - Liam avisou, sentia o terno negro molhado de sangue as feridas em seu rosto latejavam, tudo o que pensava em fazer agora era encontrar os quatro garotos a quem chamou de amigos durante a última década. - E se você tentar me parar, Bennet, eu vou te matar.

Depois que percebeu que Liam ficaria bem, focou sua frágil atenção em encontrar Harry. Precisava vê-lo, entender o que estava acontecendo, descobrir o que diabos impulsionou o irmão a destruir a vida de sua melhor amiga e de .
- , me espera! - Niall gritava, correndo atrás dela desesperado.
Ela parou sua corrida do nada, fazendo com que ele trombasse contra suas costas:
- Niall eu não quero falar com você! - o empurrou pelo ombro, certa de que se falasse firme o rapaz a deixaria em paz para seguirem seus caminhos.
Mal perceberam eles que haviam transeuntes ouvindo atentamente a discussão pública dos dois. Outros alunos interessados com o pequeno entretenimento gratuito promovido pela princesinha Styles e Horan, ansiosos para que os ânimos esquentassem.
- Como assim você não quer falar comigo? Deixa eu te explicar tudo, , por favor! - Horan ficou ofendido. Além de ter sido dispensado bruscamente, a namorada o deixou falando sozinho porque correu para alcançar a pequena escada que a colocaria dentro do salão do baile.
- Eu não quero conversar com você, não quero te ver. Só preciso achar meu irmão e entender o que ele fez. Você, apesar de ter sido um canalha mentiroso e covarde, é a menor das minhas preocupações agora. - gritou e entrou no lugar.
- Eu vou te perseguir até você aceitar falar comigo. - ele a ameaçou.
- Em outra ocasião eu acharia a sua persistência romântica, mas eu não posso lidar com você agora, Niall. Eu estou brava com você, muito, mas só consigo pensar na . Você tem noção de como ela vai ficar destruída?
- Eu…
- Agora não é o momento certo pro seu teatro, Niall. Isso não é sobre você. - disse uma última vez e passou a procurar Harry.
Sabia que por causa do fluxo de pessoas, a pista lotada e a infinitude de rapazes vestidos em ternos pretos com camisas brancas, seria muito difícil encontrar o irmão. Ainda estava apreensiva com medo de encontrar as meninas antes de Harry, não tinha cabeça para contar ou enfrentar , e até mesmo , que obviamente estava de volta com Zayn, e contar para que Liam tomou uma surra lá fora também não soava animador.
Talvez Harry explicasse tudo, tirasse a história a limpo e logo ficaria acertado que aquele inferno não passou de um crasso engano!
Entretanto todos os seus planos não se concretizariam se não o encontrasse e as perspectivas eram desanimadoras contando a sua baixa estatura que a impedia de ter uma visão decente do local.
Ainda pensava e matutava quando Niall, que desapareceu temporariamente, voltou até ela muito resoluto:
- Seu irmão está na nossa mesa, mas você não acha melhor…
Ela já tinha deixado-o mais uma vez. Sabia que Horan a incentivaria a acalmar-se primeiro e ele provavelmente tinha razão porque estava a um triz de começar a chorar copiosamente, mas Harry estava logo ali, e tudo estava prestes a ser esclarecido. Não, ela não iria esperar.
- Harry, o Liam acabou de tomar uma surra do Jason lá fora porque eles estão dizendo que existe uma aposta sobre a e a , e que você está envolvido. - princesinha Styles despejou as informações em um só fôlego.
Styles estava confortável em uma cadeira, o braço direito apoiado sobre a mesa enquanto apreciava as danças doidas e exóticas dos colegas que cambaleavam pela pista.
Viu a irmã chegando até ele muito transtornada, mas imaginou que tudo não passava de uma briga com Horan, que vinha logo atrás, nitidamente fora de si. Esperava uma dramática narrativa dos fatos e decidiu que seria legal e mandaria os dois para a puta que pariu quando terminassem de ocupar seu precioso tempo.
Só que quando a princesinha falou, seu corpo inteiro reagiu, e ele teve a certeza de que se estivesse em pé, teria caído, de tão impactado que ficou por causa da notícia.
- O quê? Cadê o Liam?
- Harry me diz que é tudo mentira do Jason, por favor, fala que você não está envolvido nisso. - ela pediu, juntando as mãos frente ao corpo, em pânico.
- , cadê o Liam? - Styles levantou em um rompante e quase derrubou a cadeira e segurou a irmã pelos ombros, fazendo-a olhá-lo no olhos. Niall se aproximou dos dois, ofegante e desolado, Harry então soltou e dirigiu-se a ele: - Niall, o que diabos está acontecendo?
- Ele sabe de tudo, Harry. O Liam, ele… Meu deus, ele sabe de tudo. - Niall contou desolado.
Harry olhava por cima das cabeças da multidão procurando por Liam, precisava encontrá-lo e implorar para que deixasse de fora daquela grande merda.
Se ele ao menos conseguisse evitar a humilhação dela, poderia lidar com a raiva de Payne e a estupidez do idiota que deixou a notícia vazar. Mas com ali, ele não sabia o que fazer.
- Harry? - tocou o braço do irmão, cansada e triste.
- Agora não, . - o garoto pediu e saiu atropelando a multidão atrás de Payne, que ia em direção aos banheiros.
A menina cruzou os braços e fitou Niall, encarando-o com a clara acusação de quem esperava uma explicação sobre tudo aquilo, no entanto não conseguia decidir se era melhor se manter na ignorância ou sofrer com a verdade.
Uma coisa ficou certa, ela decidiu que Horan era o maior mentiroso da terra e foi assaltada pela triste constatação de que algo ali se quebrou para sempre.

- Pelo amor de deus, . - saia da cabine fotográfica, rindo.
Ela, Hilton e Ortega saiam de uma sessão de fotos e a loirinha mostrava as sequências de foto que já havia tirado com diferenciados grupos, como; uma e , outra apenas com Niall, se gabava de ter conseguido colocar os irmãos Styles dentro do cubículo para posarem ao seu lado e finalmente, mas não menos importante, Tommo, , Horan e .
- Você está viciada, garota. - a morena informou a modelo, parando ao lado de para analisar as imagens em suas mãos.
- Ficaram bonitas. - a caçula sorriu colocando o papel ao lado de seu rosto.
- Eu estou com sede. - reclamou, varrendo o ambiente com seus olhos castanhos que procuravam por algo para beber. Afinal aquela hora da madrugada não tinha certeza se havia sobrado algo.
- Vem, vamos procurar alguma coisa para você. - Meester lhe estendeu a mão, puxando a barra do vestido com a outra.
As meninas já saíram, conversando e esquivando-se dos colegas de escola a fim de não esbarrar em ninguém, enquanto ficou para trás guardando as fotos no bolso interno de seu blazer.
- Obrigada por esperarem. - gritou para as duas que provavelmente não a ouviram devido a música alta e também porque já estavam bastante afastadas.
Analisou a distância que a separava das amigas e bufou fazendo um biquinho. Não iria correr para alcançá-las, portanto decidiu terminar de se arrumar para depois encontrá-las. Arrumou o blazer e o coque baixo que já começava a lhe dar trabalho pois já resistia há horas de festa e começava a soltar alguns fios.
- , cadê o seu primo? - ouviu a voz de Liam atrás de si e voltou para ele sorridente.
- Oi, babe! O Lou e a já foram embora mesmo? - questionou, tentando mirar os olhos do namorado que desviava o rosto do seu, encarando todo o salão a procura de Malik. - Onde você estava, Liam? - fez mais uma pergunta, franzindo o cenho ao notar a desordem que era a roupa do rapaz, sua gravata estava frouxa ao redor do pescoço, seu blazer estava aberto, os primeiros botões da camisa haviam se soltado e ela não mais permanecia dentro da calça. - Você está todo bagunçado. - concluiu aproximando-se para ordenar as peças. No entanto, ao tocar a gola da camisa preta do menino, sentiu-a úmida.
- , cadê o Zayn? - Payne indagou mais uma vez contendo a voz, segurando-a pelos pulsos para afastá-la dele. Já estava impaciente, seu rosto inteiro latejava, sua barriga doía devido aos chutes que recebera, o que dificultava manter-se ereto, os nós de seus dedos estavam abertos e sangravam por causa dos socos que acertara em Bennet. Sua roupa desgrenhada era o menor de seus problemas.
- Você está machucado? - fez mais uma pergunta, sem notar que apenas questionamentos eram levantados naquele diálogo desconexo.
A luz precária do recinto não a permitia elucidar o que se passava na face de Liam e o rapaz, para dificultar, não a encarava e não ficava parado no lugar. Ortega segurou-o pelo queixo fazendo-o fitá-la, finalmente.
- , cadê o seu primo?! - não queria aumentar a voz com a garota que não tinha nada a ver com o desastre que acontecera, mas ela não facilitava seu trabalho.
- Eu não sei. - disse, cerrando os olhos tentando esclarecer se o menino estava com os lábios inchados e o rosto cortado ou se era fruto de sua imaginação. - No banheiro, acho. Mas, o que...
Liam nem ao menos permaneceu para ouvir o restante do que a caçula tinha para lhe contar, saiu em disparada pela extensão do salão, chamando atenção daqueles que já sabiam o que havia acontecido, como também os que não tinham noção da desgraça que se passava mas assustavam-se ao ver o estado de Payne.
Ortega que fazia parte do grupo que não tinha noção da desgraça que se passava, foi uma das que encarou o moreno tempestivo afastando-se, marchando para fora do ambiente. Procurou pelas amigas e encontrou e ao lado da mesa de bebidas conversando, ambas segurando uma taça de champagne e afastado dali Harry levantava-se da cadeira quase derrubando-a para trás, saindo correndo esbarrando em todos que se punham em seu caminho, cambaleando e quase caindo, desesperado seguindo Liam para fora do salão. pode ver que e Niall discutiam e a loira tentava sair em busca do irmão, enquanto o namorado se esforçava para impedi-la
A morena avançou os passos até o casal, correndo na medida do possível sobre os saltos, que apesar de confortáveis não foram feitos para disputar uma maratona. Ao finalmente conseguir chegar a eles, esbarrou em princesinha Styles, por não conseguir frear antes.
- Gente, o que está acontecendo? - indagou constatando os olhos pesarosos de e a aflição que corrompia o rosto de Horan. - Por que o Liam parece irritado e está caçando o Zayn?
- Merda… - o irlandês deu dois passos para trás, passando as mãos pelos cabelos. E aquela reação apenas serviu para deixar ainda mais alarmada.
- Por que o Harry saiu correndo? - a mais nova continuou seu interrogatório, voltando-se inteiramente para já que o menino ao lado delas parecia mais concentrado em tentar se acordar de um terrível pesadelo. - Por que vocês estavam discutindo?
- , uma coisa horrível aconteceu.

A cada passo que dava, Liam inspirava e expirava cuidadosamente. Aplicando seu tempo sozinho para recordar-se de todos os exercícios respiratórios que aprendera durante os treinos de boxes.
Ainda não havia se olhado no espelho desde a surra que levara, mas sabia que seu estado era horrível, pois chamava atenção por onde passava e até havia notado algo de errado mesmo com a luz precária do salão de baile. Deveria sentir muita dor, entretanto tudo não passava de desconforto, sabia que a maldita adrenalina não o permitia sentir os efeitos colaterais de tantos chutes e socos, como também tinha em mente que após tudo acabasse provavelmente gemeria de dor por dias.
Suas mãos tremiam e seus joelhos fraquejavam de tanto ódio que inflamava suas veias. Flashs de Bennet socando seu rosto e dando uma joelhada em sua boca não o deixavam em paz, lembrava-se de ser jogado no chão pelos outros jogadores, recordava-se dos olhos assustados de , da expressão aflita de Niall e da pena na voz dos garotos que apareceram para ajudá-lo.
Pensava em um milhão de maneiras de abordar Zayn, fechava e abria os punhos, esforçando-se a lembrar de que o filho da puta ainda era seu melhor amigo e primo de . O maldito destino havia prego uma peça ao fazê-lo precisar da aceitação da família da namorada, portanto não podia matar o desgraçado responsável pelo seu atual estado.
Ao aproximar-se do banheiro viu que dois meninos deixavam o cômodo, fechando a porta atrás de si, achava que já havia ajudado um deles durante uma monitoria de física, mas não tinha tempo para aquilo.
Com toda a calma e educação que Karen passou anos lhe ensinando, adentrou o ambiente e encontrou Malik junto a pia, lavando as mãos. Analisou se o recinto estava vazio e constatou que nenhuma outra pessoa encontrava-se nas cabines, deixando Zayn e ele a sós, portanto virou-se de costas para trancar a porta e ouviu o amigo chamá-lo pelo nome.
- Liam! - o rapaz cumprimentou alegre. - O que acha de irmos embora? Vamos para a casa de alguém beber alguma coisa. - disse pegando duas toalhas de papel para secar as mãos. - Talvez podemos ir para o Harry...
Payne afastou-se da porta, caminhando a passos lentos até o outro menino que ainda não tinha ideia da enrascada que se encontrava.
- O que acha? - jogou os papéis no lixo e voltou-se para Payne. - Meu deus, quem fez isso com você? - arregalou os olhos atônito, correndo até o amigo, não sabendo se podia tocá-lo, mas encarando bem o massacre pelo qual Liam havia sido submetido e curioso para saber o caminhão responsável por aquilo. - O que aconteceu? - indagou, boquiaberto. Por que diabos ele não falava nada? Por que ele não reagia? Estaria assustado?... - A já viu isso? Ela sabe o que aconteceu? - fez mais uma pergunta, prestes a chacoalhar o rapaz pelos ombros, incentivando-o a falar alguma coisa.
Liam tinha o olhar perdido e mesmo que o mantivesse sobre o amigo, parecia não conseguir enxergá-lo. Apenas quando o ouviu chamá-lo pelo nome e o mirou, de fato, todo o processo de auto controle e filtragem de raiva se esvaiu instantaneamente e o moreno acertou um soco no nariz do garoto que explodiu em sangue, chegando a respingar no espelho e jorrar por seu blazer e camisa branca, sujando até o chão.
Gostaria de pensar que foi um ato impensado, mas estaria mentindo. Havia meditado naquele gesto, havia desejado aquele soco durante todo o caminho do salão até o banheiro e ao pôr seus olhos sobre Zayn apenas percebeu que o “amigo”, quem havia mentido para ele durante um ano e meio, quem havia traído sua confiança e sujeitado sua melhor amiga a humilhação, estava a seu alcance, estava a sua frente, próximo o bastante para ser ferido como havia ferido a todos que cruzaram seu caminho naquele período.
Malik, que definitivamente não esperava aquela atitude, apenas conseguia sentir uma dor excruciante tomar todo o rosto e fechar seus olhos em busca de alívio. O impacto foi o suficiente para derrubá-lo ao chão e sua cabeça ainda girava, sua visão permanecia turva e acreditava ter perdido a sensibilidade de seu tato, pois não sentia nem ao menos as peças de roupa que vestia, apenas a dor que crescia e evidenciava-se a cada segundo.
Ao longe ouviu um estrondo seguido de um baque e ao abrir os olhos concluiu que era Liam ainda não satisfeito socando uma das portas de uma cabine que se chocou contra a parede de mármore.
- O que você está fazendo? - Zayn questionou com a mão sobre a face, escondendo o machucado, elevando o rosto a fim de tentar estancar o sangue que não diminuía o fluxo e dificultava sua fala.
- Cala a boca! - Payne ainda mantinha a voz baixa, mas o outro menino sabia que ele a controlava o máximo que conseguia - Você mentiu para mim, você mentiu para todos nós! - perambulava de um lado para o outro com as mãos na cabeça, nem ao menos sabendo o que falava pois não ouvia a própria voz - Você é um egoísta que só pensa em si e não se importa com ninguém!
E ao ouvir o que Payne falava, Malik entendeu o motivo do soco e seu coração acelerou, aumentando o fluxo sanguíneo por suas veias, fazendo com que ainda mais sangue escorresse por seu ferimento. Estava apavorado! não poderia saber daquilo, nunca iria perdoá-lo e logo agora que ele estava tão perto de consegui-la de volta, logo naquela noite que a vida parecia voltar a sorrir para ele tudo desmoronou diante de seus olhos.
Com o cérebro latejando, forçando-o a pensar na próxima atitude, Zayn apoiou uma das mãos no chão para conseguir equilíbrio a fim de ficar de pé.
- Eu não falei para você levantar. - Liam declarou, empurrando-o de volta a posição em que estava, forçando-o a sentar-se, humilhado, no chão. - Como você teve a audácia de me bater quando descobriu que eu estava com a depois dessa palhaçada que você criou?!
- Isso é diferente.
- Eu mandei você calar a boca! - gritou preste a pular no pescoço do moreno e descarregar toda a raiva que o consumia por dentro. - Mas você tem razão, é diferente. É uma idiotice, uma estupidez tão grande que só você mesmo tem a capacidade de arquitetar tudo isso.
- Não jogue a culpa toda em mim, Liam. - claramente ignorando os avisos e os punhos cerrados do amigo, Malik gritou de volta, sentindo o nariz doer ainda mais devido o esforço. - Você sabe que eu não estou sozinho nessa.
- Com eles eu me entendo depois. - disse parando em frente a Zayn, que apenas continuava o mirando pois precisava manter a cabeça elevada a fim de tentar estancar o sangue. - Porque agora eu estou me esforçando para tentar entender o seu lado e não jogar a sua cabeça contra essa merda de parede. Por que a ? Por que envolver a nisso?! Você não é amigo da ?! Como permitiu que algo assim acontecesse com ela.
- As coisas eram diferentes antes. - evidenciou o único argumento que possuía, pois de fato também não compreendia como conseguiram se afundar em tanta merda.
- Não importa se…
A maçaneta da porta foi forçada diversas vezes, a fim de abri-la e só então Malik notou que estava trancado com um Payne colérico.
- Liam, abre a porta! - a voz rouca de Harry soou alta e desesperada do outro lado, seguido de socos na madeira espessa. - Zayn, abre!
- Harry, vai embora. - Payne avisou, aproximando-se da porta a fim de não exaltar a voz e chamar atenção para o escarcéu que ocorria ali dentro. O que não precisava no momento era um platéia ou professores irados.
- Abre a porta, Liam. - Styles pediu mais uma vez, batendo contra a madeira - Eu vou chamar a segurança! Eu vou chamar o gerente do hotel!
- Vai embora, Harry. - foi Malik quem pediu, já de pé, em frente ao espelho, constatando o óbvio: seu traje branco estava todo manchado de vermelho e seu perfume amadeirado havia sido substituído pelo odor forte do ferro.
O primogênito Styles se calou, todavia, Payne conseguia ouvir burburinhos provenientes do outro lado e colou a orelha na superfície da porta, acreditando ser de fato a segurança e bufou irritado querendo poder atingir o nariz de Harry dessa vez.
- Liam? - uma voz suave e vacilante foi ouvida - Zayn? Deixa a gente entrar, por favor. - duas batidinhas suaves foram dadas na porta que anteriormente era espancada por Styles - Vocês estão me assustando!
- Vai embora, . - o primo da caçula pediu, encaminhando-se até Liam com os olhos quase saltando das órbitas - Está tudo bem. - mentiu fazendo o amigo arquear as sobrancelhas - Depois a gente explica o que aconteceu.
- Ah não, ela vai entrar! - o rapaz declarou, levando a mão até o trinco.
- Liam, não! Por favor, não! - o moreno atormentado pediu ao garoto. Sua prima não podia vê-lo daquele jeito, não podia saber o que aconteceu, não podia encará-lo com os olhos cheios de decepção.
O garoto não deu ouvidos a Malik que afastou-se bruscamente, sufocando a vontade de arremessar a lata de lixo em Payne, que puxou Ortega para o interior do banheiro, fechando a porta antes que Harry também conseguisse entrar.
- O que está acontecendo? - a morena questionou com o cenho franzido, massageando o braço que foi puxado sem delicadeza por Liam. Viu o primo de costas para si e então voltou-se para o namorado, finalmente podendo mirá-lo sob a luz que não mais escondia seus machucados, cortes e hematomas. Seus olhos verdes arregalaram-se e sua mão instantaneamente foi levada diante dos lábios. - Quem fez isso com você? - perguntou encaminhando-se até o rapaz que desviava o rosto envergonhado e devastado por conseguir ver o quão assustada Ortega estava e que o argumento utilizado por ela para adentrar o recinto não havia sido um jogo de manipulação, mas sim a verdade.
- Uns garotos do time de futebol. - respondeu, desviando do toque dela. Afinal se as pontinhas do dedos de encostassem em seus machucados ele lembraria da existência de cada um deles e ficaria puto novamente.
- Por quê?
Liam virou os olhos para Malik, que ainda permanecia de costas para o casal e, esperou que o responsável por toda aquela merda se pronunciasse.
Zayn respirou fundo, colocou as mãos nos bolsos e tentou se preparar para o que estava por vir, sabendo que nunca estaria pronto para os olhares de acusação que receberia, como também, que aquela era apenas a ponta do iceberg. Voltou-se para a prima que pela segunda vez em poucos minutos cresceu os olhos, chocada.
- Eles bateram em você também?! - indagou horrorizada ao ver que o blazer branco do mais velho agora era vermelho.
- Não. - negou com a cabeça - O Liam bateu em mim. - encarou acusador o melhor amigo que soltou uma risadinha ironicamente já imaginado que o filho da puta tentava jogar a garota contra ele.
- Por quê?
- Conta para ela, Zayn. - Payne mandou, cruzando os braços. - Conta o que você fez. - exigia. Afinal se o babaca era homem o suficiente para se envolver com aquele tipo de merda deveria ser homem o suficiente para arcar com as consequências.
- Você não tem o direito. - o outro menino falou pausadamente com o maxilar trincado.
que assistia a discussão em pé, entre os garotos, foi empurrado para o lado, por um Liam raivoso que avançava em direção a Malik, que dessa vez estava preparado para o possível embate. Ortega, por sua vez, não abriu a boca e não tentou se opor ao que acontecia, afinal ambos os rapazes podiam não ser tão mais altos que ela, mas com certeza tinham o dobro de sua força e a garota não achava atrativa a ideia de levar um soco por engano.
- Conta o que você fez. - o namorado da menina, ordenou, face a face com Zayn que tremia de raiva. - Agora.
- Eu fiz uma aposta com os meninos do futebol. - o moreno declarou ainda mantendo os olhos sobre Liam.
Orteguinha, cruzou os braços, bufando alto, se perguntando se também tinha o direito de sair distribuindo uns socos por aí. Afinal só um homem tinha a capacidade de brigar com outro devido uma aposta estúpida. A vontade da morena era bater no primo e depois no namorado que foi idiota ao ponto de se envolver com as babaquices de Zayn.
- Zayn, não me faz perder a paciência. - Payne pediu sereno, mantendo a voz baixa. - Conta para ela.
- Há um ano e meio - o moreno tomou a palavra, mirando a caçula por breves segundos, percebendo a curiosidade que a incentivava a dar a passos contidos em sua direção. - eu apostei que transaria com uma garota até a noite do baile. - voltou os olhos a Liam, pois era mais fácil fitá-lo a se deparar com a frustração que tomaria o rosto da garota.
fechou os olhos, desapontada com a imaturidade do primo. Sabia que aquele tipo de coisa suja, desnecessária e machista, infelizmente, acontecia o tempo todo, entretanto não apreciava a ideia de uma pessoa por quem tinha tanto apreço estar envolvida.
Os meninos continuaram se encarando e Ortega concluiu que a merda ainda não havia acabado e conseguiria ficar ainda pior. Portanto, apoiou as costas na parede de mármore apenas aguardando o restante daquele desastre.
- Eu - Malik falou, fazendo-a elevar os olhos até ele. - Eu apostei a .
Ambos foram direcionados a menina que, definitivamente, não teve a reação esperada, chegando até mesmo a decepcionar Liam, que esperava uma gritaria, acusações e ofensas. A morena não conseguia fitar Zayn, não queria fitá-lo! Permaneceu apoiada contra a parede fria, com os olhos perdidos e fixos no chão, tentando captar cada palavra e seu significado, tentando decifrar cada motivação e estupidez que os levaram até aquele momento, tentando descobrir o que deveria fazer a seguir.
pegou o celular no bolso interno do blazer e iniciou sua caminhada até a porta, sem forças para mirar o primo. Estava tão envergonhada e enojada, esforçando-se para descobrir como contaria aquilo para a melhor amiga que provavelmente ainda se divertia no salão de baile.
- - Zayn a chamou, dando dois passos em sua direção, porém desistiu sabendo que se fosse o alvo dos olhos da menina naquele momento, algo se quebraria entre os dois e nunca mais seria consertado. - , me desculpa.
- Onde você vai? - Liam questionou, apoiado contra a pia, com as mãos no bolso assistindo a namorada destrancar a porta.
- Ligar para o Alfred vir buscar a . - respondeu sem voltar-se para os dois, deixando o recinto e esbarrando em Harry que havia permanecido atento lá fora e corria para dentro do cômodo.
O cacheado parou na porta, alerta a todos os detalhes daquela cena. Os pingos de sangue no espelho, algumas manchas de sangue no chão e julgando pelo estado de Malik, já conseguia imaginar de quem pertencia. Os ombros caídos de Zayn, seu nariz desconfigurado, sua pele e roupa manchadas de vermelho, seus olhos perdidos tentando absorver tudo o que estava por vir. E Liam que o encarava severo e irritado, visivelmente esgotado tanto fisicamente quanto emocionalmente.
- Parabéns, Harry. - Payne declarou chamando atenção de ambos. - Você conseguiu fazer uma merda bem grande.
- Liam, calma. - o primogênito Styles pediu, calculando as probabilidades de o rapaz voar até ele com o punho fechado atingindo seu olho. - Nós tentamos, mas não conseguimos sair dessa bagunça.
- Cala a boca. - pediu, negando com a cabeça. - Você mentiu para mim! - suspirou magoado, não conseguindo aceitar a traição de um ano meio. - Você já parou para pensar se fosse no lugar da ou da ? - apesar de encarar significativamente o amigo a sua frente, já havia desistido de tentar colocar um pouco de juízo na cabeça daqueles imbecis. - E falando na eu tenho que perguntar, por quê você ficou com ela? Para aumentar os lances da aposta? Para provocar, esse babaca? - apontou para Zayn, que apenas ouvia a discussão aliviado pela enxurrada moral de Liam, finalmente não ser destinada a ele. - Por que você estava entediado?
- Eu realmente gosto da . - deu um passo a frente e Malik arqueou as sobrancelhas achando uma estupidez a atitude de Styles que aparentemente não tinha apreço pela vida.
- É, da para ver. - Payne concordou sarcástico. - Por esta razão você apostou com o Zayn para ver quem conseguia transar com ela primeiro.
- Não, não foi isso o que aconteceu. - afobado com os acontecimentos, esforçava-se para colocar os pensamentos em ordem e conseguir expressar-se da maneira mais apropriada. - Eu sei que nós erramos, mas você precisa entender que não queríamos magoar as meninas.
- Ah, não?! - Liam colocou a mão sobre o peito, debochado, fingindo-se mal por acusar os amigos - Nossa me desculpa por achar todo esse tempo que vocês eram apenas idiotas, egoísta e manipuladores que acharam que podiam fazer das nossas vidas um jogo de xadrez!
- Não dá para conversar se você continuar sendo cínico!
Ao ouvir Styles, o badboy arqueou as sobrancelhas. Sempre considerara Harry um hipócrita e odiava como o garoto conseguia virar a mesa, mesmo quando culpado, fazendo um inocente parecer o grande pecador da trama suja que na verdade sempre pertenceu ao cacheado. Quando Zayn era o alvo dos jogos de Styles sua vontade era de pular no pescoço do rapaz, contudo precisava admitir que aquela era uma artimanha admirável, pois ao ouvir a fala do garoto a sua frente, Payne franziu o cenho e deixou os ombros caírem.
- Você não tem o direito de fazer um escândalo porque assim só vai chamar atenção para a e a e isso vai humilhá-las! - Harry prosseguiu, sustentando uma pose sábia.
- Você ainda tem a audácia de fingir que é santo?! - Liam caminhava pisando duro aproximando-se de Styles, que por sua vez deu dois passos para trás e Malik teve certeza que a vez do amigo apanhar havia chego. - Foi você quem as humilhou Harry! A culpa é sua, não minha e você não tem o direito de tentar jogar esse fardo nas minhas costas! Foi você quem deu os nomes, foi você quem escolheu as duas garotas com quem praticamente cresceu junto.
- Eu já que disse que sei que errei, mas você sair batendo em quem encontra pela frente, estragando a noite de todo mundo não te torna um salvador!
Payne fechou o punho direito pronto para quebrar mais um nariz e quem sabe deixar um olho roxo na cara arrogante de Harry que se achava uma entidade celestial superior aos meros mortais.
- Liam! - a voz de o parou e o moreno olhou por cima do ombro de Styles, encontrando a menina parada na porta. - Chega.
Payne bufou afastando-se de seu alvo e tentou passar as mãos no rosto, no entanto ao tocar a bochecha esquerda fez uma careta de dor já que toda a sua face estava machucada. Zayn que o observava espelhou a expressão angustiada do amigo, entretanto ao mover os músculos rosto seu ferimento latejou, fazendo-o fechar os olhos e cessar a respiração a fim de a dor parar.
- O Alfred já está a caminho. - Ortega informou - Mas eu não sei se… Eu não sei o que fazer.
- Você não tem que se preocupar com isso, . - seu primo lhe disse, entretanto a garota não o mirou, permaneceu olhando para frente, sem desviar. O garoto mantinha os lábios entreabertos forçado o ar a ser passado por sua boca em rumo aos pulmões pois ele acreditava que morreria de utilizasse o nariz
- Primeiro a vai para casa e depois nós pensamos nisso. - Liam estabeleceu colocando as mãos no bolso e sentindo os nós dos dedos arderem devido o contato com o tecido.
- - Harry a chamou, fazendo-a voltar os olhos para ele - , eu sei que…
- Não, você não sabe. - a garota o interrompeu sem disposição para mais desculpas sem nexo. Não queria admitir que havia impedido o namorado de bater em Styles pois ela queria ter aquele prazer. - Mas agora eu sei porque é complicado. - seus olhos magoados, ofendidos e recriminadores encararam o rapaz sem tentar não machucá-lo.
Era pequeno o número de pessoas que transitavam próximas ao banheiro masculino e nenhuma delas percebia a estranha movimentação no cômodo que comportavam dois rapazes muito machucados, uma menina e outro garoto desesperado. Portanto não foi difícil para o grupo distinguir a voz de que aparentemente conversava com alguém e avançava rapidamente ao seu destino.
Os olhos verdes de Harry quase saltaram das órbitas ao ouvir a risada de Meester que era acompanhada pelo som dos saltos da menina que se chocavam contra o mármore a medida que sua voz ficava ainda mais audível. Zayn soltou todo o ar pela boca, esvaziando sua caixa torácica esperando que seu último fôlego de vida se esvaísse e assim ele não precisasse ter que lidar com esse problema. Liam manteve seu olhar austero, sentindo o coração diminuir sua movimentação e a impressão que tinha era que o órgão não mais trabalhava, afinal não aguentaria ver a melhor amiga ser surpreendida com a devastadora verdade. virou o rosto conseguindo ver por cima do ombro e a encaminhando-se até ela e saiu em disparada para impedi-las.
- , o Liam está bem? - Hilton nem ao menos esperou a caçula terminar sua curta corrida.
E ao ouvir a voz da loira Malik foi atingido pela aflição de ser visto naquele estado, de ser descoberto e a modelo mensurar seus pecados concluindo que estes se sobressaem a possibilidade de um final feliz para seu romance traumático como uma das obras de Shakespeare.
- Nós vimos o Bennet muito machucado e descobrimos que foi o Liam quem bateu nele! - tentava conter o sorriso pois estava preocupada com o estado do melhor amigo, porém o fato de o garoto ter dado uma surra em Jason a fazia querer rir.
- Quem falou isso? - Ortega franziu o cenho tentando prendê-las aquele diálogo por mais tempo.
- Todo mundo, ! - a morena mais velha rolou os olhos - Como ele está? - indagou esticando a cabeça para tentar observar o interior do banheiro sobre o ombro da caçula que se colocava a frente dela.
- Eu não sei. - respondeu sincera percebendo que diante de tantas revelações não teve tempo de atentar-se ao bem estar do namorado que levando em conta tantos corte, hematomas e grunhidos baixinhos de dor, que apesar de baixos a menina ainda sim os ouvia, não parecia estar nada bem.
- Você ainda não o viu? - questionou.
- Vi, mas… - tentou uma desculpa, mas não queria ter as informações sórdidas passadas por um pombo correio, por esta razão, tratou de direcionar seus pés ao cômodo onde Payne se encontrava. - , espera. - Ortega a segurou pela mão, fazendo-a virar-se para si. - Eu acho melhor você não entrar lá agora.
- O Liam está tão mal assim?
- Não é isso. - franziu o cenho sentindo-se sufoca devido os olhares curiosos de Hilton e Meester sobre si. - É que tem um motivo pelo qual o Liam e o Bennet brigaram.
- Claro que tem, . - a mais velha bateu as mãos nas coxas, entediando-se com tanta enrolação. - As pessoas não costumam sair por aí socando umas às outras. - falou com um sorrisinho no canto dos lábios. - Pelo menos não as inteligentes.
- O Zayn fez uma aposta com os meninos do futebol e o Liam descobriu. - Ortega não queria ser a pessoa a trazer aquela informação a tona. Estava tão envergonhada pelo primo e não conseguia encontrar as palavras para expressar os pecados do rapaz enquanto os olhos azuis de e os castanhos de esforçavam-se para ler cada uma de suas reações.
- O que ele apostou? - Meester indagou, juntando as sobrancelhas imaginando que se Liam acabou envolvido a burrada de Malik era colossal.
- Você.
ouviu aquela voz. A garota conhecia aquela voz muito bem, afinal ela a amava. Reconheceria aquele timbre grave mesmo que estivesse mesclado a outros mil. Aquela voz já havia sido o motivo de seus suspiros, aquela voz já havia a chamado de meu bem, todavia, de um dia para o outro aquela mesma voz a disse; Eu sei que nós vamos chegar a lugar nenhum.
A morena girou sobre os calcanhares para mergulhar Harry no interior de seus olhos azuis perplexos, que clamavam por piedade, que gritavam para serem socorridos da areia movediça que a engolia lentamente.
- Foi há muito tempo. - o rapaz tentou explicar. Deu um passo frente e pegou a mão da morena na sua, tentando fazê-la encará-la pois a menina mirava a melhor amiga que não tinha coragem de fitá-la de volta.
, que permaneceu em pé atrás de , tinha certeza que aquela era uma brincadeira de mal gosto, que os garotos haviam passado do limite do humor e que Zayn nunca faria algo assim. Há dez minutos ele havia dito que a amava, não era possível que o garoto não passava de uma alma doentia, egoísta e falsa ao ponto de armar um teatro para manipular todos ao seu redor. Nada daquilo fazia sentido e seus pensamentos tentavam encontrar a lógica de toda aquela armação esforçando-se a aceitar que havia sido manipulada e era apenas a peça de um jogo com intenções maiores que a sua felicidade.
Meester tirou sua mão da de Harry, passando-a incessantemente no tecido vermelho do vestido, como se precisasse limpar-se e arrancar de si cada fragmento de Styles. Surpreendeu-se ao conseguir caminhar até a porta do banheiro e ao fazê-lo pode mirar Liam, encarando-a pesarosamente. Meu deus, ele estava destruído! Sabia que Zayn estava no recinto, pode vê-lo por sua visão periférica, mas não se importava o suficiente com o filho da puta que havia a usado, no momento não queria esclarecer aquela história só queria desaparecer… E para isso saiu correndo tentando encontrar a porta principal do hotel, esbarrou em um homem que demonstrou sua irritação repreendendo-a pela falta de decoro e ao que tentava afastar-se do mais velho que lhe dirigia palavras ásperas, sem querer, derrubou um vaso de flores que servia de ornamentação do ambiente refinado e residia sobre uma elegante pequena mesa de mogno.
Sem tempo para atentar-se aos fatos e ao desfalque que havia causado aos enfeites do hotel, voltou a correr até a porta, freando os saltos ao chegar a fachada do prédio e receber a brisa fria da madrugada que a envolvia e deveria causar-lhe frio, no entanto a adrenalina pulsava em cada célula de seu corpo fazendo-a apenas não conseguir respirar.
- Eu já liguei para o Alfred. - aparecia logo atrás, correndo a passos curtos para não cair de cima dos saltos.
- O que aconteceu? - , ofegante, tentava não ser vista pelos poucos colegas de escola, que transitavam tomando o rumo de suas casas!
Depois que Harry pôs um ponto final em tudo o que havia entre eles, a menina deixou-se afundar-se lentamente, deixou-se levar e ser envolvida em qualquer situação que diminuísse sua dor. A consequência de seus atos geraram discussões, inimizades e corações partido, além rebaixamento diante dos adolescentes da Eton que rolavam os olhos perante de suas ações. Apesar de se arrepender do que havia feito não queria lembrá-lo, entretanto agora que sabia que havia sido usada só conseguia ter certeza que era estúpida, insignificante e desamparada.
- Eu sinto muito, .
- Quem sabia disso? - não se contentou com a resposta esquivada de Ortega.
- Eu não sei.
- Quem o desafiou a… - encarando o chão sob seus pés, indagou - você sabe.
- Eu não sei. Descobri isso há pouco tempo, sou a pior pessoa para te passar informações a respeito. - tocou seu braço, fazendo um carinho no local e a mais velha apoiou a cabeça no ombro da melhor amiga que a abraçou como pode.
Julgava-se tão inteligente e perspicaz e havia sido manipulada direitinho, por meses!
Foi possível ouvir o nome gritado de ser ecoado por todo o saguão do hotel, chamando a atenção dos funcionários que já estavam aborrecidos com o vaso quebrado. Meester, como sempre, reconheceu aquela voz, que sempre quando se elevava assemelhava-se a um rugido, soltou-se rapidamente de Ortega, emocionalmente esgotada para enfrentar Styles.
Só conseguia ter os fatos ruins que o garoto a trouxe, só conseguia sentir sua impiedade. O que ele teria para lhe falar naquela ocasião? Tirar proveito do fato de que ela havia sido uma peça fundamental e havia jogado o jogo da forma correta rendendo-lhes divertimento e dinheiro?
- Agora não, Harry! - de costas, pode ouvir dizer ao rapaz e considerou que ele a acatou pois não foi incomodada.
- Eu preciso falar com você. - o moreno se dirigiu a mais velha, sem dar um passo, obedecendo em partes o que a caçula havia o pedido. - Eu tenho respostas.
O que Styles não sabia era que aquelas foram as exatas palavras de Zayn para incentivar Meester a abraçar a cilada que ele colocava a sua frente. Contudo, a menina lembrava de cada nuance daquela ligação e, por cima do ombro voltou o rosto para Harry que parecia disposto a elucidar todas suas angústias, mas há muito tempo ele não era mais o príncipe de seu conto de fadas, havia escolhido ser apenas um coadjuvante.
- Por favor. - ele pediu dando um passo a frente e Ortega efetivamente agarrou seu braço a fim de impedi-lo de alcançar a outra garota.
Alfred já estacionava a Mercedes e abria a porta do motorista, dirigindo-se ao ao banco de trás para recepcionar no interior do veículo que decidida não se deixar levar pela segunda vez por promessas sem fundamento e o carro partiu.
- Eu precisava falar com ela, . - por mais que o tom de voz do menino carregasse tristeza e pesar, a mais nova não queria acreditar em seu sofrimento. Não era justo apiedar-se dele quando sua melhor amiga corria atordoada pelo campo de batalha que se formava em seu coração.
- Deixa ela em paz, Harry. - negava com a cabeça, assistindo o automóvel distanciando. Conseguindo acalmar-se um pouco porque Meester se encaminhava para a segurança de seu lar.
- Não é tão simples quanto parece.
- Eu não disse que era simples! - juntou as sobrancelhas, ofendida - Eu não acho simples.
- Fui eu quem dei os nomes. - admitiu com os braços pesados ao lado do corpo e um incômodo constante aumentado - Eu que falei para o Zayn transar com a e o Louis com a .
- O Lou está envolvido nisso? - voltou-se para o garoto que não a encarava. - Meu deus, o que vocês fizeram? - passou as mãos pelos cabelos gelados devido o frio da noite.
- Eu não posso deixar a ouvir a verdade de outra pessoas. Ela precisa saber que a culpa é minha, mas que eu nunca quis magoá-la, que estou arrependido. - segurou-a pelos braços, desejando que a morena acredita-se no que dizia, afinal se depositasse sua fé nele, faria o mesmo com a melhor amiga - Ela precisa ouvir de mim, porque se ouvir de outra pessoa talvez nunca me perdoe.
- Você não merece o perdão dela.

Enquanto tudo desmoronava lá fora, Zayn e Liam permaneceram dentro do banheiro. O moreno resmungava alto, propenso a chorar de dor mas as lágrimas não saiam de jeito nenhum, Payne o encarava fixamente, tomando respirações profundas para retomar o controle de si.
- Você tem que acreditar em mim, cara. Nós não sabíamos mais como retomar o controle das coisas. O Bennet ameaçou contar pras meninas…
- A está ali fora sabendo dessa palhaçada, Zayn. Não me parece que essa tenha sido uma jogada muito esperta, não é mesmo?
- Não aconteceu nada entre a e eu, eu juro pela vida da minha mãe. - Malik prometeu, como se aquilo melhorasse a situação. - e o Tommo, o Tommo se apaixonou pela , você sabe disso.
- Eu não sei mais de nada. - Liam falou para si. Tirou o olhar do chão sujo e disse para o melhor amigo: - Sabe qual a única maneira de eu deixar isso tudo passar e seguir em frente? Se você disser pra mim que não se aproximou da com interesse em concluir essa aposta.
- Não aconteceu nada entre nós, pergunte a ela. - Zayn repetiu o mantra cuidadosamente escolhido.
Mas a resposta não agradou a Liam que aumentou o tom de voz e se aproximou do outro, repetindo as palavras pausadamente:
- Eu estou perguntando a você, inferno! Você decidiu do nada ir atrás da , foi porque você decidiu de uma hora para outra que a adorava ou porque queria fodê-la por dinheiro? Me responde!
- Você sabe a resposta. - o moreno disse baixinho, sem coragem de olhar Liam nos olhos.
A honestidade de Zayn, aquela altura do campeonato, pareceu acalmar os ânimos agitados de Payne, ele recuou alguns passos e meditou por alguns instantes, pensando no que fazer. Todavia a imagem de Meester apareceu na porta e a serenidade que Liam havia conseguido construir lentamente, desmoronou-se.
Ela não parecia brava ou irritada, muito menos colérica ou austera. A menina estava pasma, tão chocada que não conseguia expressar reação, mas o melhor amigo tinha a capacidade de ler seus olhos e filtrar a devastação que seu interior sofria. Tentou dizer que sentia muito ou que tudo ficaria bem, mas não queria mentir, não merecia mais uma mentira! E então ela saiu correndo e Payne pode ver que Harry tentou segui-la, mas foi impedido por , que logo corria atrás da mais velha.
- Eu vou atrás do Tomlinson, a precisa saber. - decidiu.
Zayn lembrou de Louis e , esquecidos no meio daquele furacão de emoções, totalmente alheios ao inferno que baixara naquele baile e agora se dirigia a eles, inevitavelmente.
- Agora? Eles já foram embora. - ele tentou atrasar o amigo, impedindo-o de ir destruir a vida de Tommo e da ruivinha também. Sem nem notar que o próprio Louis fizera aquilo ao selar o pacto há um ano e meio atrás.
- Sorte a nossa que eu sei onde aquele filho da puta mora. - Liam murmurou e arregaçou a porta do banheiro, encaminhando-se ao salão e misturando-se com os adolescentes.
- Liam, volta aqui! - Zayn gritou frustrado - Volta aqui, porra! - deixou o banheiro desesperado, virando a cabeça de um lado para o outro tentando encontrar uma rota que o levasse mais antes do amigo ao estacionamento do salão.
No entanto, ele a viu. estava perfeita, seu vestido preto destacava-se em contraste com seus cabelos loiros, presos em um coque bem feito. O rosto dela era perfeito e seus lábios pintados de vermelho o convidavam para descansar e se recompor ali. Apesar de Malik nunca querer parar de mirá-la, nunca se cansar de cada nuance de Hilton e cada um de seus detalhes e defeitos, naquele momento desejou nunca tê-la conhecido. Por que a aversão que a garota lhe dirigiu sem pronunciar uma palavra sequer apenas ao fitá-lo com aqueles lindos olhos castanhos que carregavam toda a tempestade de uma alma perturbada, o fez sentir-se ainda pior.
- ! , nós precisamos conversar, eu posso te explicar tudo, só… Eu…
A loira virou-se de costas e tentou voltar ao salão. Já havia o plano toda listado em sua mente, precisava da bolsa, do celular, depois ligaria para o motorista de seus pais e então iria para casa e aquele pesadelo acabaria. Seria simples.
Mas Zayn não tinha conhecimento do plano da modelo, portanto a impediu de caminhar, colocando-se a sua frente.
- Só me escuta. - pediu afobado. - Eu posso explicar.
- Eu não quero ouvir o que você tem a dizer. - tentava esquivar-se dele que não tinha a disposição de deixá-la passar.
- , por favor. - sua expressão caiu, esgotada e angustiada. - Você precisa acreditar em mim, eu te amo. - levantou as mãos ao rosto de Hilton, contudo parou o movimento ao notar que provavelmente a sujaria de sangue.
- Eu acredito em você. - disse calmamente, fazendo-o sorrir e aliviar-se.
Tudo ficaria bem. Ele acreditava nisso e o seu interior gritava a frase, sentindo seus músculos finalmente relaxarem.
- Mas seu amor não serve para nada, Zayn. Eu tenho nojo de você.
Diante da revelação o rapaz nem ao menos conseguiu a impediu de seguir seu caminho ao baile que ainda acontecia. Fechou os olhos tentando entender o que estava acontecendo, tentando reagir. Não merecia misericórdia, mas precisava, porque não conseguiria enfrentar aquilo sozinho.
Contudo lembrou-se de Liam e correu como pode para alcança-lo, derrubou quem opôs resistência e gritou com os curiosos que tentaram pará-lo para ver seu rosto lavado em carmim, sempre guiado pela cabeça de Payne que se distanciava com eficiência. Lá fora, no topo da escadaria do jardim, viu que Liam começou a correr em direção ao estacionamento na mesma velocidade que Jason e mais seis garotos o viram e decidiram acertar as contas.
Zayn nunca correu tanto em sua vida, pulando os degraus de dois em dois a tempo de alcançar o jogador e puxá-lo bruscamente pela manga do terno. Por causa da velocidade de ambos, chocaram-se e caíram no chão, causando uma bagunça de corpos lutando e gritando de dor, cada qual com seus ossos quebrados e motivações próprias.
Não demorou para que Bennet estivesse por cima, segurando o badboy com a única mão boa:
- O que você pensa que está fazendo, Malik?
- Impedindo você de ir atrás do Liam. - Zayn ofegou, respirando rápido e sentindo coração batendo acelerado. Bennet não parecia muito melhor do que ele mesmo. - Você tinha uma função, porra! Só precisava manter essa desgraça em segredo! Mas nem isso conseguiu.
- Você está agindo com muita arrogância pra quem tem tanto sangue na roupa. - Jason apontou para a roupa que um dia fora branca. - O que diabos fizeram com você?
- Me solta, Bennet.
- Ou o quê?
- Ou eu vou te mandar pra puta que pariu, seu filho da puta!
Zayn mal terminou de falar e usou os braços para proteger o rosto dos socos precisos de Bennet, não houve maior mal porque o idiota contava apenas com a força de uma mão, e apesar de perceber que poderia facilmente derrubá-lo, sabia que haviam outros seis esperando para lhe destruir assim que Jason terminasse, portanto considerou mais sábio aguentar as dores de um só inimigo do que seis de uma vez.
Infelizmente para ele, não doía menos. E ele começou a pensar que ficaria ali para apanhar até morrer quando o corpo do capitão foi suspenso de cima do seu e o pequeno cerco que o prendia se dissolveu.
- Você está vivo, cara? - Niall sentou no chão ao seu lado, ajudando-o a sentar também.
- Eu não sei. Cadê o Bennet? - Zayn olhou ao redor, ofegante e completamente deseperado, com medo de que a qualquer momento aquele louco violento partiria para cima dele novamente e dessa vez não teria ninguém para o salvar.
- Os caras da natação levaram eles daqui, acho que vão ser expulsos da festa. - Niall explicou vagamente.
A verdade é que estava se aproximando dos banheiros após expulsá-lo da mesa, e viu que Liam saiu correndo e depois o próprio Malik, preferiu seguir a melhor amiga ao vê-la se dirigindo até o local onde havia sido expulso minutos antes apenas para ser expulso novamente. E ao ouvir um burburinho de uma nova briga saiu correndo para onde os amigos haviam se encaminhado anteriormente.
- Hm. - o moreno acenou perdido.
- O osso do seu nariz está torto, eu acho que você precisa ir ao hospital. - o irlandês apontou para a deformidade na cara do amigo, era notável a falta de dignidade dele após a onda de azar que o levou até ali, sentado no gramado, todo sujo, observado por curiosos que nem ao menos disfarçavam quando se aproximavam para tirar fotos de seu estado lamentável.
- Deve ser por isso que dói tanto. - Malik tocou a ponte do nariz e confirmou que a dor ainda estava lá.
- Deve ser. - Niall concordou tristemente, limpando o traseiro para tirar a grama e estendendo a mão: - Vem, vamos levantar. Eu vou levar você lá.

Ao sentar no banco de couro vermelho da mercedes, Liam percebeu que suas mãos tremiam, e ao tentar puxar uma lufada de ar puro para retomar o fôlego mas sentiu uma dor aguda na barriga, os ferimentos em seu rosto pulsavam e só ao olhar no espelho retrovisor percebeu que seu olho (direito ou esquerdo) estava fechado.
Ao perceber que não ia melhorar, tentou ligar o carro mas ainda falhou duas vezes até acertar o ritmo. E para completar o circuito de má sorte que o perseguia naquela noite, parece que toda a Eton resolveu ir embora de uma vez, tudo bem que eram só mais cinco carros na frente do seu, mas numa noite como aquela, parecia uma eternidade.
Iria até a casa de Louis mas não sabia ainda o que fazer, não tinha certeza se ainda haviam forças para dar uma surra naquele mentiroso de merda, talvez a própria fizesse o trabalho sujo por ele. Só tinha certeza de que Tomlinson não escaparia do desastre que causou.
Quando finalmente pôs o carro na rua, pensou que agora iria mesmo mas não foi, estava na frente do hotel conversando/ discutindo com Styles, a cena o intrigou e Liam percebeu que esquecera completamente da namorada.
- O que você está fazendo aqui fora? Eu pensei que você ia com a . - acostou o carro onde a dupla estava, tomando o cuidado de não olhar para Harry, caso o fizesse lembraria da feição destruída de e aí ele desceria do veículo e bateria no amigo até ele ter a mesma feição destruída.
encerrou a conversa com Harry e enquanto o cacheado sumia de suas vistas, caminhou até o namorado, fitando-o com misericórdia mas também surpresa em vê-lo ali com o carro e sem ela.
- Aonde você vai? - perguntou sem poder evitar passar a mão no rosto dele com suavidade, mas não o bastante para evitar que Payne falhasse a respiração por causa da dor, ainda sim ele deixou que continuasse porque parecia que ela é quem se sentiria melhor se pudesse fazer algo.
Um Bentley lotado passou ao lado deles, os colegas gritaram e acenaram frenéticos enquanto se afastavam numa velocidade perigosa. Liam esperou que eles passassem e acenou de volta para o pessoal mas seu sorriso foi tão débil que logo se apagou e ela voltou a encarar o namorado cheia de preocupação.
- Louis.
- Eu vou junto. - decidiu, dando a volta no carro para entrar e irem lidar com as consequências e a má sorte de ter que levar a má notícia à . Não gostaria de estar lá quando ela soubesse, ia quebrar seu coração. Mas também não tinha para onde ir.
Se voltasse para dentro, ia desabar e chorar na frente de todo mundo. A situação fugia do controle, escapava de suas mãos e a sensação de impotência a aterrorizava, todas as pessoas que sempre tomou por inabaláveis e experts em tomar o controle da situação, estavam caindo aos pedaços, vulneráveis e perdidas, vítimas de um jogo estúpido e sujo.
- Não vai não. - Liam se adiantou para segurar a porta do carona e mantê-la fechada, evitando assim que a menina entrasse no carro.
- Vou sim. - Ortega insistiu, mantendo a vantagem de ter aberto a porta primeiro. Sentou no banco e ficou olhando para a frente, esperando que ele ligasse o maldito carro e dirigisse.
- , não. - ele repetiu em um suspiro dolorido.
- Você quem me trouxe até aqui, como eu vou pra casa? Ou você estava planejando ir lá no Louis, bater nele até a morte e depois voltar pra me buscar? - ela olhou para o rosto detonado de Liam e cruzou os braços, nem haviam chances de ficar brava quando ele estava tão machucado.
Liam a encarou sério porém desconcertado porque foi um lixo de namorado e esqueceu da garota completamente. Embora não fosse sua culpa que esteve estritamente focado em não se consumir de raiva dos amigos.
- Eu não pensei…
- Isso mesmo, você não pensou. - a menina segurou sua mão, tirando forças para ser espirituosa apesar dos pesares da noite. - Nós vamos lá, babe. Eu vou com você na casa do Lou e depois nós vamos ao hospital.
- Hospital? Você está machucada? - Payne a olhou de cima a baixo, preocupado que no meio daquela confusão algum filho da puta tivesse acertado a menina também.
- Hospital pra você, Liam. Eu vi o jeito que está andando, curvado como a vovó Malik. - ela brincou, embora houvesse no ar a certeza de que o pobre Payno precisava mesmo de cuidados médicos.
O rapaz sorriu como pode, agarrando-se àquela pontinha de alegria que restara na noite, porque se não o fizesse, poderia colapsar. Por isso entrou na onda e replicou:
- Se eu estou de alguma maneira parecido com a vovó Malik nós vamos mesmo ao hospital.
- Engraçadinho.
Dirigiram em silêncio por todo o percurso, queria falar, tinha um milhão de perguntas e um longo desabafo a fazer, mas Liam não quis conversar, não tinha as respostas que gostaria e dialogar apenas traria à tona mágoas e dissabores que poderiam ser evitados no momento. A noite estava linda e o céu era um espetáculo, o clima estava gostoso e o trânsito fluía, era uma lástima que estivessem tão infelizes que não puderam aproveitar o singelo momento.
Na rua da casinha de Tommo, a apreensão tornou a assombrar o caminho quieto que o veículo seguia. , preocupada com o retorno da postura tensa de Payne, decidiu que precisavam conversar para pelo menos descobrir qual o plano de ação do outro.
- O que você vai fazer, Liam? - perguntou com reservas.
- Eu não sei. - o rapaz respondeu honestamente. Não haviam planos concretos para situações tão peculiares, afinal de contas não era todos os dias que seus amigos decidiam unir-se em um plano estúpido de fazer sexo com garotas por dinheiro.
- Você precisa saber o que vai dizer quando chegar lá! - insistiu porque não precisavam de mais violência, já havia sofrimento demais para contabilizar naquela noite, a cota de corações quebrados devia ser o suficiente para lidarem com.
- Eu não sei, ! Mas a precisa saber. Nós não podemos ir pra casa, dormir e fingir que a menina vai acabar sabendo eventualmente.
- Você vai bater no Louis?
- Eu não sei. - Liam repetiu a resposta porque não sabia de fato o que iria fazer com Louis, só queria entender porque fizeram aquilo. Chegaram na residência Tomlinson e Liam deu a volta no chafariz desligado, estacionando em frente a porta de entrada.- Vamos? - desceu do carro.
- Eu acho que vou te esperar aqui mesmo. - inclinou o rosto e bocejou.
- Sério? - Payne pareceu genuinamente surpreso. Encheu-se de carinho ao ver a menina bocejar mas não encontrou forças para sorrir, não haviam motivos para tal.
- Sim, eu estou cansada. - ela assegurou - Faz o que você tem que fazer e volta logo.
Liam foi atendido por um funcionário da casa que não disfarçou a surpresa da visita tardia, inesperada e um tanto inapropriada. Perguntou se o Sr. Payne desejava um atendimento primário de primeiros socorros mas Liam lhe garantiu que iria para o hospital assim que tivesse a oportunidade de passar um recado para Louis. O homem o avisou de que o garoto Tomlinson estava com a namorada na cozinha e foi dispensado.
A medida em que se aproximava da cozinha, ouvia os sons de conversa que vinham de lá, identificou a voz de Westwick e a gargalhada escandalosa de Louis. Aquela seria uma tarefa particularmente difícil, pensou e adentrou o cômodo.
- O que você está fazendo aqui, Payne? O que aconteceu com a sua cara? Está todo mundo bem? - foi a primeira a notar a presença caótica e sangrenta do rapaz e colocou a taça sobre o balcão, enojada com o cheiro forte de sangue que invadiu seu olfato sensível.
Louis soube naquele momento sobre o que aquela visita se tratava.
Ele iria perder , sua , e não estava pronto para isso. A pior parte é que sabia que não seria perdoado, não havia como receber a remissão de tamanho pecado quando ela soubesse o que ele fez, e a perspectiva de magoá-la o fazia sentir um bolo formando na garganta.
- Liam, por favor, aqui não. - Tomlinson deu a volta do outro lado do balcão, ia em direção ao amigo mas mudou de ideia com medo de apanhar e parou no meio do caminho, entre e Payne. - vamos lá fora conversar sozinhos, por favor cara.
franziu o cenho, não fazia ideia do que Louis sabia mas estava evidente que existia algo nas entrelinhas e seu amorzinho estava apavorado.
- Eu quero saber o que aconteceu, honey! - ela o repreendeu para que Tommo parasse de expulsar o amigo dele do cômodo. Liam estava machucado? Que pena. Mas se tinha informações a compartilhar, que era o que parecia, iria sentar e contar tudinho.
A história de como Liam Payne acabava todo estourado e ensanguentado devia ser excelente!
- Liam, por favor, vamos lá fora, eu te imploro. Não faz isso, não agora. - Louis juntou as mãos, suplicando por tudo o que era sagrado que Liam não arruinasse sua vida. Seu coração batia tão forte que doía, não tinha coragem de olhar para porque se o fizesse, iria desmoronar.
- Do que vocês estão falando? - a menina insistiu, apelando até mesmo para Payne, ansiosa para ouvir o que aquele merdinha tinha a dizer.
- Liam? - Tommo se aproximou do amigo e esperou que ele prometesse que iriam primeiro conversar sozinhos.
Louis nem ao menos piscou, cravava o olhar atormentado em Liam, respirando ofegante e tocando o rosto nervosamente, suas mãos tremiam e o azul de seus olhos estavam mais límpidos por causa das lágrimas que ameaçavam verter a qualquer instante.
Mas Liam estava irado, foi enganado por mais de um ano inteiro, os rapazes brincaram com as meninas como se fossem fantoches de um jogo doentio e cruel. Poderia ter pena de Louis e poupá-lo temporariamente daquela situação inconveniente, mas então o olhar opaco e destruído de vinha em sua mente e ele sabia que não poderia ser injusto com , por mais que a odiasse, ela tinha o direito de saber.
- De todos os mentirosos com quem eu lidei hoje, você é o pior deles, Tomlinson. Porque eu realmente acreditei que você gostava dela. - Payne caminhou alguns passos até que estivesse perto o bastante para cutucar o peito de Louis com seu dedo indicador.
- Do que vocês estão falando, droga? - levantou irritada e se aproximou dos dois garotos.
A tensão era palpável e a seriedade no ar deixavam-na retesada.
- Liam, você vai acabar com a minha vida - Louis falou baixinho, incapaz de conter as lágrimas que rolavam por seu rosto. Tinha ciência da presença de logo ali ao seu lado, irradiando o calor vibrante que sua presença carregava.
Se ao menos pudesse abraçá-la e proibir que qualquer pessoa se pusesse entre os dois, o faria sem hesitar. Mas o único dilema que se interpunha entre eles era sua própria estupidez e não havia como fugir da infortuna fatalidade.
- Eu não, você fez isso quando aceitou brincar com o coração dos outros. Quem machucou vocês, cara?
- Tomlinson, do que diabos vocês estão falando? - Westwick tocou Louis no ombro, forçando a olhá-la nos olhos. A existência de lágrimas no rosto do namorado a alarmou de imediato.
- , honey, eu te amo, você sabe disso, certo? - Tommo segurou a mão dela, descansando suas preocupações por alguns segundos, repousando sua alma sob a vigia dos olhar seguro de .
Ela quis sorrir, tentou, mas tudo o que saiu foi um arreganhar de lábios forçado, seu sexto sentido a alertava com força total. Algo estava errado, muito errado.
- Eu sei, mas fala logo o que está acontecendo.
- É, fala pra ela, Louis. - Liam cruzou os braços e gemeu quando a mão acidentalmente tocou onde havia sido socado repetidas vezes, sabia que a região estava colorida em tons de roxo e vermelho e podia contar com a pele verde pelos próximos dias.
- Eu não posso…
- Você já é um mentiroso sem caráter, não seja covarde também Tomlinson.
- Dá pra parar de falar assim com ele, Payne? Que inferno! - ergueu a voz para Liam, apertando a mão de Tommo para passar-lhe segurança. - Louis, o que você fez, honey?
- Não, eu não vou falar. - Louis balançou a cabeça e fechou os olhos, mais lágrimas vertiam de seus olhos.
- Eu acabei de quebrar o nariz do Zayn porque ele mentiu pra mim, Louis. Não me testa porque eu vou te arrebentar se precisar, mas você vai falar pra ela o que fez, e vai dizer agora. - Liam alertou, agitando-se com a delonga do outro.
- Você quebrou o nariz do Zayn? - Tomlinson arregalou os olhos.
- Louis, fala. - o surpreendeu ao ignorar as frescas informações sobre o nariz de Malik. Seu olhar já não transmitia a mesma segurança e o aperto de sua mão afrouxou, ela estava com medo do que viria a seguir.
- , teve essa aposta… - ele começou a falar, procurava os melhores termos para explicar o que fizera, mas tudo soava tão cruel... - Os meninos do time de futebol duvidaram que… que eu conseguiria… porra, Liam…
- Que você conseguiria o que, Louis? - piscava incessantemente, engolindo em seco. O que quer Lou tivesse feito soava ruim, mas eles poderiam consertar, ela só precisava saber, necessitava tirar de seu peito o peso do temor de que seu calvário pessoal estava prestes a se repetir.
Ele não precisava ser perfeito, tudo o que tinha que fazer era amá-la. Se tivesse matado alguém, poderiam consertar tudo, ela pensaria em algo. Só rezava com todo o fervor de seu coração para que não fosse sobre ela, mais uma vez, a quinta vez. Porém não havia como ignorar seu subconsciente gritando, alertando-a de que algo não ia bem.
- Não me faz dizer isso, por favor. - Louis olhou para Liam que agora era apenas telespectador naquele show de horror. Mas Payne estava ocupado demais decidindo se valia a pena usar o restante da sua força para ir embora dali ou ficava e tirava a verdade dos lábios do amigo nem que precisasse usar a força bruta.
- Louis, fala porra! O que você tinha que fazer? - Westwick o chacoalhou pelos ombros energicamente. - Nós podemos dar um jeito, não podemos?
- Eles duvidaram que eu conseguiria transar com você antes da nossa formatura. - ele olhou para o chão quando precisou falar a verdade.
Os piores temores de se concretizaram, o amor de sua vida nada mais era que fruto de uma aposta, ela fora vendida e a dor de saber que Louis, quem jurava amá-la, teve a capacidade de usá-la como se fosse um maldito objeto. A força daquelas palavras era tão devastadoras que nem ao menos soavam reais. Não era capaz de sentir a algia daquele sofrimento porque nem ao menos parecia verdadeiro.
- , fala alguma coisa. - a voz de Louis a trouxe de volta aquela realidade de merda.
Só então notou que suas mãos ainda estava sobre os ombros do rapaz, afastou-as como se Louis queimasse. E a brutalidade do gesto o arrasou.
- É verdade isso? Você se aproximou de mim por causa de uma aposta? - ela perguntou sombriamente calma.
O distanciamento entre os dois era tanto que ambos não mais se reconheciam, Louis olhava e olhava dentro dos olhos negros de , que outrora foram as janelas de sua alma, sempre lotados de emoções caóticas, mas agora eram apenas negros, nada mais, nada menos. Foi quando percebeu que estava perdendo-a completamente.
- Sim, mas só no início. Você precisa entender, mesmo antes do Caribe eu já …
- Parabéns pela sua conquista, Tomlinson. Você realmente merece o que diabos tenha apostado, foi uma vitória justa. - o interrompeu, caminhando até o balcão para pegar sua bolsa e os sapatos jogados no chão ao lado do banco onde esteve sentada.
- Não fala assim. Eu te amo, ! - ele foi atrás dela, tentado a forçá-la a ficar ali até que se entendessem, nem que isso durasse a eternidade.
- Você não precisava ter feito tanto esforço por causa de uma aposta, mas eu reconheço a sua persistência. Você é o melhor jogador que eu já conheci. - tentou calçar os malditos saltos mas simplesmente não conseguia trancar o fecho. Desistiu e os agarrou junto ao peito, sem coragem de encarar Tomlinson, sua voz tremia e ela sabia que ia chorar.
- Não vai embora, por favor, . Deixa eu me explicar, foi só uma brincadeira idiota, eu te amo como nunca amei ninguém. Não vai embora… - Tomlinson rogou, caminhando no encalço dela, que agora se dirigia à porta da cozinha, onde Liam ainda os observava quietamente.
Foi quando ela parou de repente e virou-se para Louis, olhando-o de cima a baixo, uma vez mais, admirando com pesar as feições do garoto que amou.
- Sabe, Louis, de todas as traições que eu já sofri, essa é a pior. Porque você é o único que eu amei.
- Não, não, não. Não vai, por favor. Não vai embora, .
- Liam, me leva pra casa, por favor. - pediu ao rapaz que concordou e indicou que o aguardasse no carro lá fora. foi sem olhar para trás, e eles ouviram quando em determinada parte do trajeto ela começou a correr.
Payne firmou o olhar em Louis, procurando palavras para expressar um pouco de sua frustração, raiva, mágoa e uma gama de outros sentimentos amalgamados em um mix de desgosto.
- Cara… - Louis o olhou desolado, havia parado de chorar há alguns minutos mas novamente era incomodado com as persistentes lágrimas.
- Eu avisei vocês, não avisei? - Payne o interrompeu. - Porra, eu falei pra vocês que não era uma boa ideia, eu falei pra vocês não brincarem com o Bennet, vocês não podem nem dizer que não sabiam no que estavam se metendo, Tomlinson!
- O que eu vou fazer sem ela, Liam? - Tommo soluçou desesperado, não conseguia nem sentir vergonha pela repreensão de Liam, tudo o que pensava e sentia voltava para uma única constante: .
- Vocês se uniram pra mentir pra mim porque sabiam que eu ia dar um fim nessa palhaçada. Por que continuaram nessa desgraça? Você tem noção de como a está? Eu pensei que vocês eram amigos!
- Eu preciso falar com a , ela tem que me ouvir, eu vou…
- Você vai ficar bem aqui até nós sairmos, ela não quer falar com você e tem o direito de não o fazer. - Liam colocou a mão no peito dele, impedindo-o de ir atrás da menina. - Você é um covarde, Louis.
No caminho de volta ao carro, Liam tentou tirar o blazer que fedia a sangue e suor mas para isso ele teria que contar com o bom funcionamento e flexão de sua musculatura, o que não se dava naquela noite já que seus músculos estavam tesos e machucados, teve que se contentar com o seu próprio cheiro ruim e ir atrás das meninas.
já estava no banco de trás do carro, abraçando o próprio tronco para proteger os braços nus do frio. Era aproximadamente cinco da manhã e a primeira iluminação do dia raiava, logo mais o sol daria as caras e um novo dia surgiria com os mesmos problemas. estava quietinha no banco do carona e o encarou aflita esperando que tivesse uma solução para o que dizer para .
Mas Liam apenas dirigiu, quieto. E quando o som do choro copioso de cortou o vento gélido, ninguém teve coragem de olhar para trás para testemunhar a dolorosa cena, ainda sim chorou um pouquinho também, triste pela amiga bem como pela desgraça que atingiu o grupo.
Não demoraram para chegar a mansão Westwick e apesar de a ruiva querer agradecer pela bondosa carona estava tão atordoada com o episódio anterior que apenas saiu do veículo, abraçando os sapatos contra o peito e levantou a barra do vestido para subir as escadas correndo, sem olhar para trás, sem proferir uma palavra sequer sem conseguir ver o ambiente a sua frente já que as lágrimas que transbordavam seus olhos borravam sua visão.
Orteguinha sabia que a amiga precisava de alguém naquele momento e ficou mais tranquila quando lhe enviou uma mensagem informando que ela e estavam na casa da ruiva. Após o breve encontro com Zayn, Hilton conseguiu chegar até seu celular e informou a caçula Styles que estava indo embora, Niall tentou conversar, tentou oferecer-se para levá-las, mas tudo o que fez foi recusar sem conseguir sustentar um sorriso educado, por menor que fosse. Já , se recusava a ser tocada, encarada ou ter seu nome proferido por ele e quase agradeceu à Hilton de joelhos quando a garota apareceu com a benção de tirá-la daquele caos.
Liam queria apenas que a noite acabasse, todavia ainda havia algo que precisava fazer antes de se despir da roupa pesada devido o sangue e suor, tomar um banho para se livrar de toda aquela sujeira e poder deitar-se com dificuldade em sua cama macia. Portanto dirigiu até a casa Meester, precisava saber como estava e precisava saber rápido para acabar com aquilo o quanto antes, o que o levou a furar algumas preferências e acelerar em sinais amarelos. que não estava acostumada com aquele comportamento proveniente do namorado (apesar de aceitar quando o primo dirigia daquela forma. O que era sempre) apenas apertava o couro do assento onde estava a cada vez que achava que morreria.
No entanto, o que o casal não sabia era que um visitante deixava a mansão Meester enquanto eles se dirigiam até lá.
Harry estacionou no portão de ferro, minutos após o Rolls-Royce com Alfred e passar por ele, abaixou o vidro dando seu melhor sorriso para que o funcionário permitisse sua entrada sem se comunicar com a casa principal que com certeza o impediria. O homem conhecia Styles e não ficou surpreso ao vê-lo ali apenas abaixou os olhos e dirigiu a mão ao botão que abriria o portão, o que fez o rapaz pensar que ele iria pegar o telefone para anunciar sua entrada e o garoto se apressou em mentir, explicando falsamente que apenas queria entregar o celular que a senhorita Meester havia esquecido com ele, acenando no ar o próprio aparelho, afinal duvidava que o funcionário saberia distingui-los. E foi assim que Styles conseguiu entrar e nem ao menos desligou o carro por completo ao abrir a porta e pular para fora correndo para a parte anterior da casa, a fim de entrar pela porta da cozinha.
Passou pelo gramado, tropeçou na escadaria que levava ao deck e abriu a porta com todo o cuidado que um menino estabanado, de 19 anos e um metro e oitenta e cinco, possui, o que não é muito e ocasionou um estrondo ao ser fechada. Congelado e com os olhos fechados, esperava que o barulho se dissipasse pela grande casa e não chegasse ao andar superior e apenas quando teve certeza que não havia acordado ninguém, seguiu seu caminho na ponta dos pés pelo hall, chegando a cozinha acendeu a lanterna do celular para não acabar derrubando uma faca ou algum utensílio que pudesse causar sua morte e desistindo do cuidado que faria com que sua invasão não fosse descoberta, caminhou a passos largos pelo comprido corredor, finalmente chegando às escadas, que subiu com atenção para não fazer ainda mais barulho. Já no segundo andar, nem ao menos notou que o ar não saia de seus pulmões enquanto se dirigia até a porta do quarto de .
Conhecia o caminho, já havia o percorrido centenas de vezes. Havia decorado qual era a porta do quarto da morena e ao levantar o punho para chocá-lo vezes repetidas contra madeira, esperou com o coração acelerado. Conseguia sentir cada vez que sua silhueta cardíaca chocava-se contra sua caixa torácica e afrouxou a gravata ao redor do pescoço, engolindo em seco.
Dentro do cômodo, bufou imaginando que fosse Diane querendo saber como a noite havia se seguido, incapaz de esperar até a o desjejum para ouvir uma mentira sobre como tudo se seguiu maravilhosamente bem. A menina ainda tentava tirar o vestido vermelho pois a merda do zíper invisível havia enroscado no tecido e ela quase quebrou aquela desgraça forçando-o para baixo, ao finalmente conseguir baixá-lo por completo conseguiu ouvir o som de algo se rasgando e cansada demais para lidar com aquilo apenas jogou o vestido em uma poltrona de seu closet. Pegou uma camiseta e um short que não completavam-se em um conjunto de pijama e sabia que a mãe implicaria com aquilo já que sempre queria que sua filha dormisse combinando.
Tirando os grampos do cabelo, caminhou a passos duros até a porta e ao abri-la arregalou os olhos constatando quem estava ali. Harry tomou fôlego para falar e até levantou o dedo indicador a fim de tomar tempo para pensar no que dizer, entretanto já fechava a porta com força o que o impeliu a colocar o pé na frente impedindo-a de fazê-lo e para defender-se (como também para machucar aquele imbecil), a garota abriu ainda mais a porta fechando-a com mais força e Styles que adentrava o recinto fechou os olhos e quase vomitou quando a maçaneta bateu em seu estômago. Meester refez a manobra mais duas vezes, até Harry conseguir entrar por completo em seu quarto.
- Eu só quero conversar. - o rapaz já disse na defensiva, massageando o abdômen machucado, fazendo uma careta pela dor.
- Eu vou chamar a segurança!
- Não mereço ser ouvido depois de você ter me machucado?
- Não. - respondeu decidida procurando por seu celular por todo o quarto. O único problema era que ela nunca se lembrava onde tinha deixado aquela porcaria, portanto após cansar cruzou os braços, mantendo uma distância segura de Harry que esperava que ela se aquietasse.
- Terminou? - indagou, suspirando alto e tudo o que recebeu em resposta foi um dar de ombros irritado. - Você precisa saber de algumas… condições da aposta…
- Você saiu mais cedo do baile, invadiu minha casa e forçou a entrada no meu quarto, mesmo quando eu deixei claro que não queria conversar, só para me humilhar? - cerrou os olhos, apontando para si, tentando compreender a lógica da obsessão de Styles com o assunto que deveria ser escondido embaixo de uma grande rocha.
- Não! - apressou em explicar-se, gesticulando abertamente com as mãos - Existem algumas coisas que você precisa saber e eu quero que saiba por mim.
manteve seu olhar cauteloso sobre o garoto, meticulosamente estudando cada uma de suas reações e a cada vez que ele tomava ar para falar e parecia engasgar, sufocando, até fazia parecer que ele era consumido gradativamente pelo nervosismo. E se Meester fosse inocente o suficiente, até diria que aquele momento parecia importante para o menino.
- Há um ano e meio a aposta foi feita. - Styles finalmente iniciou sua fala e a morena não conseguiu evitar crescer os olhos. - Nós estávamos conversando com os garotos do time futebol… falando bobagens. Eu nem me lembro sobre o que conversavamos. Provavelmente sobre garotas… p-porque o Zayn e o Louis foram desafiados. - abaixou o rosto devido a vergonha. - Você sabe… - incentivou o cérebro de a recordar de seus últimos momentos no hotel onde o baile ocorria. - E eu achava importante que você ouvisse isso de mim, porque - colocou a mão sobre o peito, caminhando na direção da menina que franziu o cenho. - porque foi eu quem deu os nomes.
- Por que você queria que eu ouvisse isso de você? - foi a única indagação que conseguiu levantar.
Meester mantinha a calma e a postura inalterada. Seus braços cruzados a frente do corpo, visando a autoproteção, os olhos calmos, os lábios suaves e suas linhas de expressão não se contorciam em horror. Harry não esperava aquela reação, mas podia lidar com ela melhor que se extravasasse seus sentimentos sobre ele.
- Porque eu estava cansado de mentiras. - deixou os braços caírem ao lado do corpo, sentindo um peso constante em sua nuca o que causava uma sensação de cansaço exorbitante - Eu estou farto desse jogo. Só quero que tudo acabe e agora que você sabe a verdade tudo vai se resolver. - deu mais um passo a frente. Sua vontade era de no mínimo tomar as mãos da garota nas suas, mas não se sentia no direito de tocá-la e recuou dois passos para trás - Nós podemos superar isso.
- Nós? - arqueou as sobrancelhas, sorrindo sarcástica.
A vontade de era gritar, se descabelar, arremessar pelos ares tudo o que encontrasse pela frente, chorar até seus soluços descontrolados irromperem o caos formado, engasgar-se com seu desespero para então machucar e ferir o maldito responsável por tudo aquilo. Não sabia como conseguia manter a expressão entediada.
- Por favor, me perdoa. - cobriu o rosto com as mãos, concluindo que equivocou-se a respeito da reação de Meester. Preferia que a garota demonstrasse algum sentimento, por menor que fosse, podia até ser raiva.
- Se há um ano você desafiou o Malik a transar comigo, por que depois disso você foi atrás de mim?
esperou sua resposta, mirando-o ansiosa para saber a verdade. Encheu-se de esperança de que a revelação traria a tona uma paixão escondida de Styles.
Desde o momento no qual a aposta foi revelada, a menina não conseguia mais entender o que foi tudo aquilo. Sua ignorância não se referia apenas àquela noite, mas tudo pelo que havia passado. Sim, Harry havia terminado com ela e levado parte de seu coração consigo e apesar de Meester ter certeza que o sentimento que carregava por Styles nunca fora recíproco, as vezes quando deitava em sua cama, na calada da noite, gostava de imaginar que em certo ponto ele ao menos gostou dela, por menor que fosse.
Entretanto o rapaz não tinha uma resposta para tal indagação e a dor que percorreu pelo mar azul dos olhos da garota, o qual se quebrava em ondas de agonia, foi maior do que Harry poderia suportar e o moreno virou-se de costas, sendo acovardado pelo sofrimento que tentava esconder.
- Por que você me deixou? - a primeira lágrima escorreu pela face da menina, que sabia que aquela não seria a única. E o rapaz fechou os olhos com força ao ouvir a voz embargada que ela sustentava - Por que você não me falou isso antes?!
- Porque ia te magoar! - respondeu rapidamente, voltando-se para ela e arrependendo-se instantaneamente. Afinal era o responsável por aquelas lágrimas, cada uma delas. Era o responsável pela aflição que a consumia. Era o culpado por todos os fantasmas que a assombravam.
- Afinal, claramente, eu não estou magoada agora. - concordou com a cabeça, vendo-o caminhar até ela a fim de secar seu rosto molhado, no entanto Meester recuava a medida que o menino se aproximava. - O que você ganhou com isso, Harry? - meneava a cabeça, sentindo alguns fios negros fixando-se em sua face úmida pelas lágrimas que não cessavam - Por que você fez eu me apaixonar por você para depois me abandonar e me vender para o seu amigo? - um soluço alto irrompeu de sua garganta e a garota cobriu os lábios com a mão trêmula, projetando-se para frente, abraçando o próprio corpo.
- Eu fui ameaçado para terminar com você! - colocou as mãos nos ombros de , tentando fazê-la fitá-lo, levantou o queixo da morena, secando-o desesperadamente - Eu não queria ter feito aquilo, eu não queria te machucar. - passou os dedos pelos longos cabelos dela, que o empurrou para longe, batendo em seu peito com todo o resquício de força que seu ser oco e vazio ainda possuía - Me perdoa. Por favor, me perdoa! - mais uma vez tentou aproximar-se, no entanto apressou-se em chocar seu punho fechado contra o tórax do garoto que não tentava se defender pois sabia que merecia mais que aquela dor física.
- Vai embora. - falava entre dentes a cada soco que deferia nele - Você me vendeu! Você vendeu a minha alma! Você não merece o meu perdão, você não merece nada vindo de mim! - sua vontade era gritar, mas além do choro cortar sua voz a cada palavra, não queria causar uma cena de proporções ainda maiores e acabar acordando os pais. Afinal não conseguiria lidar com Diane, a mulher a faria sentir-se como uma garotinha assustada e apesar de parecer impossível, o choro de ficaria ainda mais desesperado!
- Não fala isso, por favor. - segurou os pulsos da menina sem dificuldade alguma de contê-la mesmo que ela lutasse para se libertar.
- Me solta.
- Você tem que acreditar que eu não queria terminar o nosso relacionamento. - falava com dificuldade a medida que Meester se debatia para que ele a soltasse.
- Me solta!
- Eu passei pelo inferno e a única coisa que eu precisava era você do meu lado. - finalmente a libertou de si, vendo-a afastar-se abruptamente.
- Mas infelizmente eu estava ocupada com o Malik, porque você me vendeu!
- Você não foi a única que se apaixonou. - optou ignorar a fala sem misericórdia da garota - Eu também me apaixonei por você. Não no começo, não na primeira vez que eu te vi, não no primeiro beijo ou na primeira transa, mas eu me apaixonei por você, um pouco a cada dia. E eu sei que é difícil acreditar, mas eu vou provar. - proferiu decidido e cada célula do corpo de Meester respondeu aquela declaração, sua pele arrepiou-se, seu estômago deu uma cambalhota, suas lágrimas aumentaram e seus lábios ficaram trêmulos.
- Vai embora. - pediu exausta. - Por favor.
E Harry partiu.
Portanto quando o casal de melhores amigos chegou, ainda se desmanchava em lágrimas, encolhida em uma poltrona, com o rosto escondido entre os joelhos porque seu sentimento por Harry era recíproco, mas havia descoberto aquilo tarde demais.
Ele não havia se apaixonado instantaneamente, ele a observou, admirou cada um de seus detalhes e se permitiu apaixonar por suas qualidades e defeitos, do seu sorriso divertido a seu rolar de olhos emburrado, do seu humor festivo a seu temperamento ruim e entediado, de sua gargalhada a suas reclamações. Mas aquilo não parecia valer a pena naquele momento.
Liam e abriram a porta de seu quarto sem nem ao menos bater antes, encontrando apenas o fantasma da garota que um dia esteve ali. Meester levantou-se, correndo na direção do melhor amigo, que abriu os braços para recepcioná-la. O impacto do corpo da morena se chocando com o do garoto e o abraço forte que o envolveu foi o suficiente para fazer Payne soltar um urro abafado de dor.
- Desculpa. - pediu, afrouxando os braços ao redor do rapaz que acariciava seus cabelos.
- Não se preocupa. - Liam assegurou - Você está bem? - questionou tentando mira-la, mas a medida que colocava os olhos em seu rosto encharcado a garota o virava para o outro lado.
- Não. - disse afastando-se do menino ao sentir o forte odor de sangue. - O Harry esteve aqui e me contou tudo sobre essa maldita aposta.
- Eu sabia que deveria ter batido naquele filho da puta também! - Payne resmungou, voltando-se acusadoramente para a namorada, quem havia impedido seu ataque à Styles e naquele momento apenas assistia a cena.
- Agora não, querido. - respondeu carinhosa, dando batidinhas no braço do namorado, que mantinha-se irritado enquanto a mais nova se dirigia até a cama para se sentar.
seguiu a caçula e deitou-se com a cabeça no colo da amiga que fazia redemoinhos com seus longos cabelos negros e Meester se questionava como ainda conseguia chorar, já havia feito isso por tantos minutos que se surpreendia como ainda não havia morrido desidratada ou pela dor que se alastrava pelo seu pequeno ser.
- Você está péssimo, Liam. - falou encarando meticulosamente o melhor amigo destruído parado a sua frente com os braços cruzados.
- Você devia ver o outro cara. - conseguiu filtrar um pouco de humor de seu ser mal-humorado. Todavia a morena não estava disposta a ajudar com a comédia do momento.
- Eu vi e ele estava melhor que você. - lembrava-se de Bennet e apesar de haver muito sangue em seu bonito terno azul pastel não perderia a oportunidade de menosprezar as táticas de ataque e defesa de Payne.
- Obrigado, ! - respondeu sem humor, rolando os olhos ao ver o sorrisinho divertido nos lábios de Ortega que o fitava indulgente. - Eram três contra um e me seguraram no chão enquanto o Bennet me espancava.
fechou os olhos tentando afastar a imagem de Liam rendido a morte e Meester manteve-se inalterada, mirado-o entediada. O melhor amigo precisaria se esforçar mais para impressioná-la.
- Você é a vergonha do Emil. - mencionou o simpático treinador de Paye, quem investia tempo e dedicação no treino do garoto que definitivamente não estava preparado para a vida adulta já que não conseguia lidar com três caras em uma única briga assim como Steeve Seagal e Jean-Claude Van Damme faziam em seus melhores filmes.
- Eu vou me limpar. - Liam suspirou alto, negando com a cabeça e desistindo da discussão. Saiu em direção ao banheiro, curvado e com dificuldade para caminhar, sem notar que as meninas o encaravam se afastar.
- Não suja meu banheiro de sangue. - a anfitriã gritou prestativa, afundando-se cada vez mais no colo de Ortega.
- Tarde demais. - puderam ouvir a resposta do rapaz, já dentro do cômodo, seguido de um resmungo baixo e Meester revirou os olhos, com nojo, imaginando seu banheiro branquinho com manchas que não sairiam do piso!
- Ele está péssimo. - falou para , que a cada vez que cessava as carícias em seus cabelos era incentivada pela mais velha a continuar.
- Eu sei, mas ele não me ouve. - deu de ombros afinal tinha as mãos atadas frente a teimosia do garoto que insistia em afirmar que estava bem, apesar de seus resmunguinhos não cessarem. - Como você está?
- Brava. - afirmou com as sobrancelhas juntas. - Magoada, triste. Puta! Eu realmente acho que posso matar um daqueles imbecis.
- O Liam bateu no Zayn. - Ortega nem ao menos percebeu que havia deixado escapar a informação, distraídas com os fios negros da amiga.
- E eu achei pouco! - declarou emburrada e rancorosa - Você não deveria tê-lo impedido de meter o cacete no Harry também.
- O Zayn com sorte não revidou, mas o Harry estava tão transtornado que provavelmente eles rolariam pelo chão se batendo. - fez uma careta não querendo nem imaginar a cena. Mais uma queixa proveniente do banheiro foi ouvida e ambas as garotas voltaram as cabecinhas para o recinto.
- Vai ajudar aquele menino, eu não aguento mais a voz dele. Estou com dor de cabeça. - pediu irritada, engatinhando pela cama a fim de afundar o rosto no travesseiro, sujando os lençóis brancos com sua maquiagem.
tirou os saltos antes de se encaminhar ao outro cômodo e apoiar-se no batente da porta de braços cruzados assistindo o namorado sujar tudo a sua volta.
- Precisa de ajuda? - questionou recebendo a toalha que um dia foi clara, mas naquele minuto encontrava-se totalmente manchada.
A menina umedeceu o tecido felpudo e ficou na ponta dos pés a fim de alcançar o rosto do rapaz para tentar melhorar sua aparência. Qual não foi sua surpresa ao notar que não havia esperanças para Liam!
- , você está me machucando. - falava se afastando das investidas dela, que mantinha sua mão apoiada na nuca do moreno e a medida que ele se curvava para trás fugindo das mãos obstinadas da caçula, a menina ia junto.
- Não, Liam. Você já está machucado. - declarou distanciando-se dele e apoiou o quadril no mármore da pia, esperando a criança birrenta parar de atrapalhar o trabalho pelo qual se dedicava tanto.
- Deixa que eu faço isso. - o mais velho decidiu esticando a mão para receber a toalha de volta e Ortega apenas suspirou alto entregado-o o pano sujo, assistido-o logo desistir da limpeza a seco e deixar o banheiro ainda um caos.
- Por que vocês estão brigando? - indagou enrolada em seu casulo de cobertores, apenas com parte do rosto aparecendo. - Se vocês brigarem quem vai me dar atenção?
- Não estávamos brigando. - a caçula declarou deitando-se ao lado da amiga.
era uma garota mimada e Liam sabia disso, no entanto, aquela garota mimada dispunha de muita paciência para lidar com o mal humor de Payne que era constante e naquela noite encontrava-se ainda pior, como nunca antes e o rapaz precisava admitir que a morena estava fazendo um trabalho admirável não mandando-o para inferno.
- , me empresta um pijama, eu vou dormir aqui. - avisou já embaixo dos cobertores, bocejando exausta, finalmente permitindo que os olhos cansados se fechassem
- , eu realmente quero ficar sozinha. - informou sabendo que a caçula apenas havia oferecido sua companhia pois acreditava que ela precisava conversar, contudo Meester não queria citar aquele infortúnio nunca mais, fingiria que aquilo nunca havia acontecido, faria o objetivo de sua vida esquecer completamente que um dia, pisou na Terra, um rapaz manipulador e egoísta chamado Harry Styles.
Até mesmo Liam insistiu para a garota aceitar a companhia de Ortega e chegou a oferecer a sua que foi rejeitada com um aviso para o menino passar no hospital antes de dirigir para a casa.
E logo o casal deixava a mansão Meester e qual não foi a surpresa de Payne ao se ver de fato dirigindo sua linda Mercedes ao hospital. Entretanto o motivo que o levava até local o fazia querer acertar em cheio uma árvore e morrer, não conseguia entender como a mente maligna de o convenceu a realizar mais um de seus desejos.
Desde que colocaram os pés na recepção da instituição de saúde, cada funcionário do local parava o rapaz para saber se ele estava perdido e em seguida indicavam a ala emergencial e alguns mais solícitos ainda o ofereceram cadeira de rodas para se locomover com maior conforto.
Ele negou todo o auxílio, é claro, emburrado porque fora forçado a entrar naquele lugar horrível e ainda por cima por causa de Malik, que em sua mais recente opinião, merecia morrer.
- Me explica mais uma vez porque ao invés de estar em casa, limpo e descansando, eu estou nesse hospital de merda, indo checar o estado do lixo do seu primo. - Liam pediu. Mancava pelo corredor branco, o maxilar tenso e a postura quase militar, ereto e severo.
- Porque você me ama e gosta de passar tempo comigo, querido. - pontuou e sorriu cerrado, estava preocupada com Malik e quando mandou mensagem para descobrir de seu paradeiro, soube que estava no hospital, com o nariz quebrado, quebrado por Payne.
Por mais que estivesse brava com ele, não conseguiria dormir em paz sem antes garantir que na medida do possível, o filho da puta ia bem.
Liam discordou veementemente da ideia, como era de se esperar, e passou a metade do trajeto calado e a outra metade, reclamando.
- Eu quero ir pra casa, . - ele resmungou, cansado. Toda vez que passavam por pessoas, elas o encaravam com curiosidade, o que o permitia concluir que a limpeza a seco que tentou fazer não deu certo.
A morena olhava ansiosa para as portas, procurando o ambulatorial não emergencial, uma ala quieta que cheirava forte a álcool. A menina ainda não acreditava que Zayn estava com o nariz quebrado e a ida até ali parecia a extensão de um sonho louco, a expressão mais gentil para se referir às duas últimas horas. Um maldito pesadelo.
- Pode ir, eu peço pro meu pai mandar alguém.
Eles viraram no corredor e viram Horan entrando em uma porta, Zayn tinha que estar ali.
- E aquele papo de “você me trouxe pra essa festa, você tem que me levar pra casa”? - Payne a relembrou do argumento baixo que usou para ir até a casa de Louis com ele.
- Não tem nada ver, naquela hora foi conveniente. - ela abanou a mão levianamente e abrandou o baque da resposta com um sorriso genuíno. As coisas não estavam boas mas pelo menos tinham um ao outro.
- Ahhhh, isso eu percebi, bonequinha. - Liam riu de sua injusta elucidação dos fatos, amava-a tanto que doía e se questionou se um dia a namorada teria ideia do quão disposto estava a fazer qualquer coisa por sua felicidade.
Ao se aproximarem da porta por onde Niall passou, Ortega assegurou que não forçaria o rapaz a muito tempo de espera, e que logo estariam longe de toda aquela loucura: - Eu prometo que nós não vamos ficar muito. Só preciso dar uma olhada nele. - ela prometeu e entrou.
Exceto por Zayn e Niall, a sala de espera estava vazia. O moreno estava sentado em uma cadeira verde água (um tom de verde que só se encontra em hospitais), a cabeça totalmente erguida e encostada contra a parede, Niall andava para lá e pra cá, encarando o próprio celular como se fosse um demônio malvado e xingando baixinho cada vez que ligava para e a ligação era encaminhada para a caixa de mensagens.
- Vai pra casa, . - seu primo pediu quando a viu se aproximando dele.
Estava com vergonha de si, naquele estado deplorável, humilhado e sentindo-se uma merda, parecia que as palavras de lhe causaram mais dor do que a surra que tomou de Bennet em seguida. Esteve tão perto de tê-la novamente e perdeu tudo! Isso o enchia de raiva e quase deixava que esquecesse o intermitente latejo em seu rosto.
- Por que você ainda não foi atendido? - cortou a conversa fiada, parada em pé e braços cruzados, em frente ao rapaz teimoso. A vontade era de dar uns tapas e perguntar o que havia feito com o resto de juízo que tinha, mas estava cansada demais para brigar.
- O Bennet chegou depois de mim e já foi atendido. Ao que parece, meu nariz quebrado é menos importante do que os dedos quebrados, o dente arrancado e o braço fraturado daquele lixo. - o rapaz falou com uma dicção horrorosa, já que sua boca resguardava a função de falar e inspirar e expirar o ar.
- Meu deus, quem fez isso com ele? - Ortega sentiu-se nauseada.
Encarou Liam rapidamente mas não houve alteração em suas feições endurecidas, foi como se acabasse de ouvir a previsão do tempo para amanhã. Afinal de contas ele não poderia se importar menos com a integridade física daquele filho da puta covarde que o surrou enquanto era segurado por outros dois idiotas.
- O psicopata do seu namorado.
- Gente, alguém viu a ? Eu estou ligando há horas pra ela, ela não me atende, não visualiza minhas mensagens! - Niall tirou os olhos cansados do celular e fitou os amigos com esperança de que alguém ali sabia onde sua namorada se metera.
Payne não se aguentou e respondeu:
- Ela obviamente não quer falar com você, idiota.
- Eu só quero saber se ela está bem… - o irlandês engoliu em seco.
- Ela está longe de todos vocês, mentirosos, é claro que ela está bem Niall. Agora cala a boca.
A resposta seca foi o suficiente para tirar Horan do recinto, mas não de impedi-lo de continuar tentando contato com princesinha Styles. Embora fosse muito pior ter ciência de que ela, que era o sol de sua vida, o renegava.
De volta a sala de espera, Liam cansou de lutar contra a vontade de ficar em pé e descansou na cadeira mais distante possível de Zayn. , precisando de tempo para pensar no que fazer, foi sentar ao lado dele e segurou a mão grande sobre a sua, analisando sob a luz clara a gravidade das feridas, os nós de seus dedos estavam sem a pele sensível e as juntas deles, sujas de sangue.
- Você quebrou o meu nariz, Liam. - a voz baixa de Malik ecoou no cômodo.
- Eu sei. - Liam respondeu simples, sem nem olhá-lo.
- Dói para respirar.
- Que bom.
- Quem vai ficar com você aqui? - Orteguinha interrompeu o diálogo selvagem que poderia muito bem preceder uma briga. Mais uma. Se bem, que na atual situação dos garotos, tudo o que teriam era dois moribundos rolando pelo chão, não uma briga própria.
- Acho que o Niall não tem muito o que fazer agora que a não quer falar com ele. - Zayn disse e virou o tronco para procurar a única pessoa que restou para juntá-lo do chão depois do cacete que tomou de Bennet.
Niall não havia feito nada de errado e estava pagando o preço junto com eles, era muito injusto e Malik não conseguia livrar-se do sentimento escondido de culpa que acusava sua consciência. Cada vez que ouviu os áudios desesperados do amigo, implorando para que falasse com ele, sentiu-se um vilão.
- Nós podemos ir embora, ? - Payne pediu impaciente.
olhou demoradamente para o primo, apreensiva por não poder ajudá-lo e chateada demais para ficar com ele, e concordou que era hora de ir para casa.
- Vamos. - levantou e ofertou ajuda para Liam levantar, ajuda muito bem-vinda pelo rapaz. - Se cuida, Zayn.
No corredor, Niall estava sentado no chão e ao que tudo indicava, conseguira finalmente falar com , mas a conversa não parecia correr como esperava já que seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas, ignorante ao casal de amigos que passou por eles.
Estava tudo dando errado, de fato.
O sol já havia tomado parte do céu e as nuvens incorporavam um bonito tom de rosa, o céu azul claro misturava-se com o alaranjado do grande astro e guardava as incertezas de uma nova manhã, a brisa fresca rebatia contra a face de Liam e Orteguinha que dirigiam para a casa da garota na elegante Mercedes conversível que o rapaz havia escolhido com a ajuda do pai e naquele momento, as 6h, enquanto a guiava para a casa da namorada depois de um desfecho traumático da Grande-Noite-Do-Baile, com a face completamente machucada e os músculos tensos, aquele mero detalhe parecia totalmente desnecessário.
tentou conversar, tentou direcionar os pensamentos para uma realidade onde não houvesse tanto ódio e ressentimento, entretanto Payne não demonstrava-se disposto a dialogar.
Ao chegar no portão da mansão Ortega, o rapaz abaixou o rosto, cobrindo-o disfarçadamente com a mão para que o segurança não o visse e uma história equivocada chegasse aos ouvidos de Amina que concluiria que aquele adolescente louco, irresponsável e inconsequente estava levando a sua garotinha para locais perigosos.
Fez a volta no chafariz, estacionando diante a grande porta de mogno e desligou o carro, relaxando a postura no banco do motorista, suspirando alto e voltando o rosto para a mais nova que esperava o que ele iria fazer ou dizer. O moreno colocou a mão na coxa dela, acariciando a pele macia sob seus dedos, sentindo-a completamente fria.
Ele deveria ter se atentado aquele detalhe, certo? Como havia esquecido daquilo? Deveria ter oferecido seu blazer… mas não parecia uma boa ideia já que a peça estava suja de sangue e suor e tinha um forte odor de ferro. Talvez devesse ter optado por um carro esportivo, um teto parecia uma boa ideia naquela ocasião, daquela forma poderia ter ligado o aquecedor.
- Você está com frio. - afirmou sorrindo de lado ao sentir a pele da menina arrepiar-se ao seu toque cálido.
- Um pouco. - concordou, pegando a mão do namorado com as suas e depositou beijinhos por sua extensão esperando passar a mesma sensação de alívio e carinho que sentia quando era criança e sua mãe beijava os seus machucados. - Eu ainda acho que você deveria ter ficado no hospital para ser consultado.
- Eu estou bem. - sorriu forçado, mostrando os dentes enquanto o resto de sua expressão não se suavizou.
- Não sabemos se tem alguma coisa quebrada, trincada ou estourada aqui. - arqueou as sobrancelhas ao cutucar o abdômen do rapaz que contraiu os músculos em surpresa e soltou um grunhido baixo de dor pelo esforço. - Desculpa. - desejou, prendendo a respiração na garganta, triste por tê-lo machucado. - Mas a sua reação só prova que eu estou certa.
- Eu só preciso dormir. - sorriu, agora tranquilo o suficiente para finalmente achar engraçadinha a preocupação de Ortega consigo. - Só preciso dormir um pouco. - reafirmou, aproximando o rosto do dela e fechando os olhos ao sentir a pele da bochecha da menina sob seus lábios, que assim como sua coxa, estava fria.
Queria beijá-la, precisava senti-la, mas a quantidade de socos que recebeu no rosto, literalmente, estourou a mucosa de sua cavidade oral e ainda o fez morder a própria língua algumas vezes, a impressão que tinha era que a boca ainda tinha gosto de sangue, e como se a chacina que havia sofrido não fosse o suficiente, o filho da puta de Jason arrumou tempo para lhe direcionar uma joelhada em cheio na boca, que o fez sentir uma dor absurda nos dentes e acreditar que até mesmo perdera um. Contudo, felizmente, a única coisa que perdera foi sangue… bastante sangue.
Portanto suas carícias não passavam de um tocar de lábios na pele da morena já que a sua mandíbula machucada não o permitia ir além e a namorada tinha medo de tocar seus lábios nos dele e o machucar de novo.
- Boa noite, sweetheart. - depositou um beijo em sua testa (o único local intacto) e abriu a porta da Mercedes, saindo do banco do carona em direção a escadaria que a levaria até o conforto de sua casa.
- Espera. - Liam pediu se apressando para sair do automóvel antes que a menina colocasse o pé no primeiro degrau da escada.
Ela girou sob os calcanhares para vê-lo encaminhando-se a seu encontro e envolvê-la na proteção de seus braços. Pois enquanto tudo se desmoronava a seu redor ainda tinha Liam para lhe estender a mão e apesar de amá-lo e estar feliz por tê-lo ali, não conseguia evitar o sentimento de culpa e injustiça, enquanto as amigas estavam sozinhas, cada uma com sua dor e seus fantasmas.
queria chorar, mas achava indevido, afinal existiam corações mais pesarosos e almas mais perturbadas com as descobertas daquela noite, não queria roubar as lágrimas de outra pessoa, entretanto não conseguia tirar da cabeça a decepção que sofrera com Zayn. Durante sua infância o primo mais velho havia sido um de seus heróis, ele a integrava nas brincadeiras mesmo quando os outros primos, ainda mais velhos, queriam excluí-la devido a grande diferença de idade, ele havia a ensinado a andar de bicicleta sem as rodinhas, ele consertava a cabeça de suas bonecas quando a garotinha “sem querer” as derrubava, ele inflavava suas boias para que ela pudesse nadar sem morrer, ele esteve ao seu lado no seu primeiro dia de aula na Eton e em nenhuma dessas ocasiões a morena acreditou que ele quebraria seu coração.
Na cama de hospital não era apenas o coração de Malik que estava destroçado, seu nariz também se encontrava em cacos e o rapaz até mesmo conseguiu ouvir os enfermeiros falando sobre uma possível cirurgia de reconstrução. Hipótese essa, que graças a deus foi anulada pelo médico, quem apenas receitou antiinflamatório, analgésico e antibiótico, além de pedir que o menino permanece no prédio para uma reposição hidroelétrica, que apesar do termo complicado, não passava de soro diretamente na veia já com analgésico para controle da dor. Zayn ainda segurava uma compressa fria em seu ferimento e mantinha os olhos fechadas enquanto tentava apagar as palavras que havia lhe dito, a forma como havia o encarado. A loira o odiava e ele não podia culpá-la… Esteve tão perto de tê-la novamente, reconquistá-la, poder tocá-la, mas a chance escapou por entre seus dedos.
Na mansão Westwick, Hilton ocupava uma das suítes. Encolhida no meio da cama, seu um metro e setenta e cinco centímetro de altura nunca pareceram tão pouco, pois sentia-se minúscula diante da tempestade que caía em seu interior. Não conseguia parar de pensar que Zayn estava entediado e portanto partiu em busca de diversão para distrair-se, ela não passava de uma da peças de seu jogo, apenas a usou enquanto armava um plano para conseguir conquistar o objetivo maior que representava naquela aposta. se deixou levar pelos encantos de um manipulador egoísta e mesmo que se esforçasse não conseguia tirar os olhos dele da cabeça como também sentia saudade de seus beijos.
O peito da garota subia e descia a medida que respirava, seus olhos negros opacos encaravam o teto de seu quarto, as pontas de seus dedos sentiam a textura do lençol sob o qual estava deitada, seus cabelos vermelhos espalhavam-se pelo travesseiro e mesmo que o ambiente estivesse escuro, conseguia enxergar Louis a sua frente, seus lindos olhos azuis tomados por lágrimas, sua expressão aflita e sua voz afirmando que a amava para depois destruir o relacionamento que juntos construíram com companheirismo e dedicação, todavia não passava de um jogo. suspeitou por muito tempo que amava aquele garoto inconsequente, seu coração acelerava a cada vez que ele a abraçava, sua pele arrepiava quando ele a tocava e mil e uma borboletas alçavam vôo em seu interior quando ele a beijava. Mas apenas naquela noite a menina pode ter certeza que amava Louis com todo seu ser, afinal no momento em que o pecado do moreno foi revelado a ruiva decidiu o perdoar e aquilo deveria ser amor. Conhecer todos os defeitos de uma pessoas e decidir respeitá-los e amá-los.
escondia o rosto entre os joelhos e abraçava-se com força sem conseguir evitar que sua imaginação fértil criasse um milhão de situações onde Niall havia mentido, omitido e a enganado. Apesar de amar a gargalhada do namorado e a vivacidade que o rapaz emanava sua mente só conseguia raciocinar as farsas, só conseguia lembrar-se de histórias mal contadas e tentar ler as entrelinhas de tudo o que Horan já havia lhe dito. Prestes a se arremessar no abismo da loucura, ouviu batidinhas em sua porta que ao ser aberta revelava a melhor amiga aos prantos, que foi recepcionada pelos braços abertos e cúmplices da caçula Styles.
O rapaz tremia da cabeça aos pés. Desde que Liam tirara dele, Louis vagava pela casa inteira a procura de algo para se distrair, seus pensamentos não permitiam que ele se acalmasse, sentar ou deitar não eram opções plausíveis e nem ao menos conseguia manter a chama do isqueiro acessa para inflamar o cigarro e poder ser acalmado pela nicotina. Tommo perdera tudo e sabia que precisava raciocinar um plano para conseguir sua de volta, todavia à medida que hiperventilava e caminhava por toda a mansão esbarrando na mobília, originando estrondos a cada segundo, só era capaz de arrancar os próprios cabelos, amaldiçoando-se por ser estúpido e inconsequente. Apenas quando sua mãe foi despertada de seu sono, devido o barulho que o garoto fazia e o encontrou no andar inferior com expressão chocada e o rosto molhado, Louis se permitiu ser abraçado, sem responder nenhum dos questionamentos de Jay, que o envolveu em seus braços, preocupada e aflita com o estado do filho.
Sentado um uma poltrona branca, na sala do hospital, ao lado da cama de Zayn, Niall não meditava, não refletia e nem ao menos ponderava as milhões de formas que aquela noite poderia ter acabado, não raciocinava que poderia ter buscado ajuda e colocado um fim naquele drama muito antes de seu término catastrófico. Já havia pedido desculpa para e , mas a namorada lhe disse que precisava de espaço e a melhor amiga nem ao menos conseguia encará-lo sem lhe dirigir um olhar amargo. Horan já havia se desesperado, chorado, amaldiçoado o mundo e a própria existência, culpou a todos que encontrou pela frente, até concluir que a culpa era apenas sua. Porém, naquele exato momento, nada daquilo valia a pena, nada fazia sentido, nada importava, o rapaz não sabia o que deveria fazer e muito menos se podia tomar alguma atitude.
Ao deixar a mansão Meester, Harry não dirigiu para casa, perambulou pela capital por horas e até precisou parar em um posto de gasolina para abastecer e voltar a sua rota de fuga. No entanto o que o garoto não percebia, era que o grande fantasma que o perseguia e perturbava seu sono era ele mesmo e é impossível fugir de si.
As lágrimas de já haviam cessado, mesmo que a fala de Styles ainda ecoasse em seu subconsciente, não permitindo que os olhos cansados da menina finalmente se fechassem para um sono tranquilo e sereno. Antes de abandoná-la, mais um vez, o rapaz assegurou que provaria a magnitude de seus sentimentos e a morena não queria admitir, mas saber que Harry ainda não havia desistido dela a dava esperanças. Entretanto, seu orgulho e amor próprio falavam mais alto e a menina estava disposta a enterrar Harry Styles nas profundezas de um abismo profundo e solitário.
Após adentrar a residência, Liam permaneceu imóvel, por alguns segundos, nos pés da escadaria da mansão Ortega. Havia corrido até a namorada porque ele precisava daquele abraço! Durante o fervor da ira e da adrenalina que acompanhou cada revelação, durante os trágicos momentos regados a lágrimas e mágoa, durante o iminente desastre, o garoto não teve tempo de ser abatido pela tristeza, todavia ali ao lado de , pode finalmente perceber a desgraça que assolou o grupo e duvidava se conseguiriam superar aquilo.
As mentiras foram expostas, as amizades colocadas a prova e havia a incerteza se os laços que os uniam seriam fortes o bastante para resistir ao desastre instalado. Poderia este desastre revelar-se belo?



FIM…?



Nota das autoras: TRAZEMOS A BANDEIRA BRANCA DA PAZ PARA TRANQUILIZAR TODOS OS CORAÇÕES ABALADOS E ANUNCIAR QUE APESAR DE DESASTRE IMINENTE ESTAR OFICIALMENTE FINALIZADA NÃO SERÁ DESSA VEZ QUE DIREMOS ADEUS AOS NOSSOS 10 PERSONAGENS, POIS BELO DESASTRE ESTÁ A CAMINHO COM 14 CAPÍTULOS!
Isso mesmo, esses corações quebrados podem ser reparados, porque uma coisa que aprendemos com DI é que todos nós temos defeitos e ainda sim, temos o direito de amar e sermos amados.
Criar uma realidade do zero é uma experiência excitante e assustadora, nunca imaginamos que conseguiríamos alcançar um público tão incrível, que sempre demonstra tanto carinho por esse mundinho nosso, o qual, é uma honra repartir com cada uma de vocês. Já passamos por um hiatus de quase dois anos e não desistimos dessa história, assim como vocês não desistiram de nós. Só podemos agradecer por nos acompanhar a cada capítulo e se permitir envolver com cada risada, lágrima de felicidade, raiva e angústia, suspiros apaixonados, rolar de olhos emburrados, amor, ódio e paixão.
Esperamos cada uma de vocês em Belo Desastre. E podem ter certeza que muitas emoções estão a caminho e a culpa não é nossa, mas sim desses dez desastres que já tomaram espaço nos nossos corações.
Com muito amor, Mon e Jules. XOXO.







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