Capítulo 1
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8 de dezembro, 1948
tocou a campainha da mansão com seus dedos envoltos por uma luva preta. Em sua outra mão jazia sua piteira, com o cigarro queimando na ponta. Já era possível ouvir a música e pessoas conversando através da porta, apesar de não fazer nem 1 hora que a festa havia iniciado. Aquilo a fez revirar os olhos azuis teatralmente e tragar a fumaça avidamente, logo jogando o resto do fumo no chão. Não entendia porque ainda ia para aquelas festas fúteis. Não tardou a ser recebida pelo mordomo de nariz empinado e roupas engomadas.
- Boa noite, senhorita Angelle. O senhor Bianchi estava a seu aguardo. - O empregado falou seu sobrenome com o sotaque italiano puxado enquanto dava espaço para a mulher entrar. deixou sua piteira agora vazia e sua bolsa de couro de crocodilo Hérmes em cima do aparador. O mordomo prontamente se pôs a ajudá-la com o pesado casaco de pele de chinchilas.
- Boa noite, Michael. Claro que estava. Onde posso encontrá-lo? - A morena perguntou enquanto tirava as luvas e entregava ao mordomo.
- Está na biblioteca, com os sócios. Caso queira, posso...
- Não há necessidade, Michael. - falou baixo e rouco. Ela se enxergou no grande espelho do hall de entrada e ajeitou seu vestido Dior preto rodado no corpo. Cabelos castanhos impecáveis no penteado. Lábios preenchidos pelo batom vermelho. Orelhas e mãos enfeitadas por joias caríssimas. Pronta. - Eu sei o caminho.
A senhorita seguiu até o lugar, sorrindo para alguns desconhecidos e conhecidos que a cumprimentavam. Ela balançava a cabeça levemente ao som da música que tocava no vinil. No caminho, um garçom passou com taças decoradas com um palito de azeitonas e cheias de Martini. A morena não resistiu e pegou um dos copos, bebericando logo em seguida o conteúdo transparente.
Ao chegar no seu destino final, bateu duas vezes na porta aberta, chamando atenção do homem gorducho que contava uma história animadamente, com sua voz rouca e palavras arrastadas pela embriaguez. Os homens em sua volta riam alto e causavam estardalhaço, também já alterados pela bebida.
- Senhorita Angelle! Estava a sua espera, querida. - Magno falou alto, assustando os sócios ao redor. Não assustou , contudo. Ela já estava acostumada com o comportamento expansivo do milionário. O senhor Bianchi abanou a mão, a chamando. - Venha! Irei pedir para alguém chamar Susana para você.
- Michael me contou que o senhor me esperava. - se aproximou lentamente, seduzindo os gordos e ricos homens. Claro, ricos eram a justificativa da persistência de suas idas às festas. Nenhum a interessava, mas ela gostava de tentá-los com sua elegância e confiança. - E não se preocupe, senhor Bianchi. Eu mesma a procuro quando acabarmos.
Angelle deveria se afastar de Susana. Não poderia criar laços na Itália. Em nenhum lugar, na verdade. Todavia, gostava de Susana. A filha do milionário era divertida e descontraída. Levava leveza aonde quer que fosse. Ao chegar próximo o suficiente de Magno, a morena entregou-lhe a mão, que foi molhada com o beijo desengonçado que ele deu. resistiu à careta de nojo, limitando-se a um sorriso amarelo.
- Parece-me que não envelheceu um dia sequer. - Aquela frase fez a curvatura nos lábios da senhorita se desmanchar. Ela congelou no lugar, com o coração batendo na boca e o sangue borbulhando no ouvido. Só voltou a respirar quando ouviu a continuação: - Você deve passar todas as dicas para Lucia. Minha esposa está cheia de rugas. Lembra-me até o seu gato Sphynx.
Aquela piada arrancou dos homens altas risadas, enquanto de arrancou um revirar de olhos, que bebeu o conteúdo de sua taça tentando esconder sua repulsa.
- Ora, senhor Schumacher! Venha! - O milionário gritou para alguém que aparecerá na porta. A morena não pôde ver a pessoa, já que estava de costas. Magno cochichou para ela: - Quero que o conheça. Um ótimo partido.
Novamente, revirou os olhos novamente com o comentário. Magno Bianchi constantemente tentava a empurrar para candidatos a serem seu esposo. Era considerado um absurdo ter 25 anos e não ser casada naquela época. Ainda mais sendo rica e conhecida como ela era.
- Senhorita Angelle, este é Schumacher. O conheci recentemente durante uma corrida de cavalos. - O milionário a apresentou ao homem enquanto dava tapinhas em suas costas.
era alto e elegante. Seus olhos eram de um verde desconhecido pela morena. Os cabelos castanhos estavam perfeitamente arrumados e seu traje cuidadosamente engomado. sorriu e estendeu a mão. Não se casaria com ele, mas poderia se divertir durante a noite. O moreno retribuiu o sorriso e depositou um beijo casto na mão dela.
- Oh! Olhe o senhor Di Santis. Devo me retirar, crianças. - Magno sorriu para ambos e se retirou.
- Posso saber seu primeiro nome? - Schumacher perguntou para a mulher.
- . - Ela olhou para baixo e começou a brincar com as azeitonas de seu copo.
- Não está acompanhada, senhorita? - O moreno questionou, também brincando o gelo do seu copo de uísque. se limitou a negar com a cabeça. Já começava a não gostar do caminho daquela conversa. - Uma mademoiselle desacompanhada em uma festa noturna. Deselegante de sua parte, não acha?
- Acredito que se quero ir à festa, eu posso, independente de quem está ao meu lado. Ou a falta desse alguém. - Angelle tentou bebericar a bebida com raiva, mas o conteúdo havia se esgotado. A expressão da morena tornou-se furiosa ao ver um ladino e petulante sorriso percorrer os lábios do homem.
- Gostaria de te oferecer outra bebida. - disse, apontando para a grande porta dupla e escura da enorme biblioteca.
- Já eu gostaria que o senhor permanecesse distante de mim. - empinou o nariz e seguiu até a varanda do ambiente, colocando um cigarro em sua piteira e olhando ao redor atrás de algum homem que pudesse o acender.
- Fogo? - E lá estava ele novamente, tirando o juízo da mente de com seu sorriso presunçoso. Contudo, a morena gostaria de tragar a fumaça quente para se aquecer, então assentiu silenciosamente e de mal grado, vendo-o riscar um fósforo e acender o fumo de ambos. - Ficara calada?
- Pedi distância e você não me concedeu. Então não te honrarei com minhas palavras. - Angelle falou ríspida antes de tragar avidamente a nicotina.
Ela mantinha seus olhos baixos, focados no jardim escuro e bem cuidado dos Bianchi, que fazia jus ao nome de Florença, terra dos sonhos. Entretanto, pelo canto do olho pode ver Schumacher acenar para um garçom, que entregou para ambos as bebidas de suas preferências.
- Costuma ser rude assim com todos os homens que acaba de conhecer? - ele questionou assim que o empregado seguiu seu caminho. não desviou seus olhos do jardim, mas quase conseguia sentir a arrogância estampada no rosto do moreno.
- Não com os que pretendo levar à cama. - Angelle se arriscou com aquele comentário.
Era audacioso falar algo daquele tipo nessa época. Poderia facilmente ser tachada de prostituta e cair para o esquecimento e vergonha. Felizmente, ela ouviu o alto som da risada do homem ao lado e, não resistindo, também riu.
- Gosto da sua audácia, mademoiselle. - substituiu a língua italiana ao qual falavam anteriormente pela materna da morena, o francês.
- Um alemão que fala francês? - perguntou usando a mesma língua do homem, que sorriu e assentiu. - Surpreendente, devo dizer.
- Vejo que já estou conseguindo lhe arrancar sorrisos e elogios. - Schumacher bebericou antes de continuar, com mesma petulância de antes: - Será que estou conseguindo quebrar sua faceta de mulher má?
- Essa realização o senhor não conseguirá atingir tão cedo, querido. - Angelle falou em alemão antes de sair em direção ao interior da casa onde a festa acontecia.
Naquela noite se divertiu horrores com Susana. A loira ficara triste com a notícia que sua amiga iria voltar para a França e tirou aquele momento como uma festa de despedida. Dançaram, beberam e conversaram muito, aproveitando cada segundo intensamente. Já estava tarde quando os convidados começaram a ir embora.
- Venha me visitar, tudo bem? - Susana pediu a amiga, que assentiu triste. Não mandaria nem cartas, quanto menos faria visitas. Não poderia, afinal.
Angelle vestiu seu casaco grosso e suas luvas, acenando mais uma vez ao passar pela porta. Assim que se voltou para frente, esbarrou-se com :
- Mademoiselle! Encontramo-nos novamente.
- Uma infelicidade, concordo. - A morena disse e revirou os olhos teatralmente.
- Deixe-me levá-la para casa. Está tarde, frio e eu tenho um carro. - O homem ofereceu, colocando levemente a mão nas costas de Angelle para guiá-la até o veículo.
- Não, obrigada. Posso ir andando. Tenho duas pernas para isso. - Ela apontou para suas duas pernas nuas. Estava com frio, de fato. Todavia, não entraria em um automóvel com aquele homem.
- Uma mademoiselle não deveria andar sozinha na rua a essa hora. - Schumacher insistiu em francês. Se ele estava ficando impaciente, estava mais ainda.
- Eu não sou uma qualquer. - Ela disse em alemão, logo seguindo até os grandes portões da propriedade.
8 de dezembro, 1948
tocou a campainha da mansão com seus dedos envoltos por uma luva preta. Em sua outra mão jazia sua piteira, com o cigarro queimando na ponta. Já era possível ouvir a música e pessoas conversando através da porta, apesar de não fazer nem 1 hora que a festa havia iniciado. Aquilo a fez revirar os olhos azuis teatralmente e tragar a fumaça avidamente, logo jogando o resto do fumo no chão. Não entendia porque ainda ia para aquelas festas fúteis. Não tardou a ser recebida pelo mordomo de nariz empinado e roupas engomadas.
- Boa noite, senhorita Angelle. O senhor Bianchi estava a seu aguardo. - O empregado falou seu sobrenome com o sotaque italiano puxado enquanto dava espaço para a mulher entrar. deixou sua piteira agora vazia e sua bolsa de couro de crocodilo Hérmes em cima do aparador. O mordomo prontamente se pôs a ajudá-la com o pesado casaco de pele de chinchilas.
- Boa noite, Michael. Claro que estava. Onde posso encontrá-lo? - A morena perguntou enquanto tirava as luvas e entregava ao mordomo.
- Está na biblioteca, com os sócios. Caso queira, posso...
- Não há necessidade, Michael. - falou baixo e rouco. Ela se enxergou no grande espelho do hall de entrada e ajeitou seu vestido Dior preto rodado no corpo. Cabelos castanhos impecáveis no penteado. Lábios preenchidos pelo batom vermelho. Orelhas e mãos enfeitadas por joias caríssimas. Pronta. - Eu sei o caminho.
A senhorita seguiu até o lugar, sorrindo para alguns desconhecidos e conhecidos que a cumprimentavam. Ela balançava a cabeça levemente ao som da música que tocava no vinil. No caminho, um garçom passou com taças decoradas com um palito de azeitonas e cheias de Martini. A morena não resistiu e pegou um dos copos, bebericando logo em seguida o conteúdo transparente.
Ao chegar no seu destino final, bateu duas vezes na porta aberta, chamando atenção do homem gorducho que contava uma história animadamente, com sua voz rouca e palavras arrastadas pela embriaguez. Os homens em sua volta riam alto e causavam estardalhaço, também já alterados pela bebida.
- Senhorita Angelle! Estava a sua espera, querida. - Magno falou alto, assustando os sócios ao redor. Não assustou , contudo. Ela já estava acostumada com o comportamento expansivo do milionário. O senhor Bianchi abanou a mão, a chamando. - Venha! Irei pedir para alguém chamar Susana para você.
- Michael me contou que o senhor me esperava. - se aproximou lentamente, seduzindo os gordos e ricos homens. Claro, ricos eram a justificativa da persistência de suas idas às festas. Nenhum a interessava, mas ela gostava de tentá-los com sua elegância e confiança. - E não se preocupe, senhor Bianchi. Eu mesma a procuro quando acabarmos.
Angelle deveria se afastar de Susana. Não poderia criar laços na Itália. Em nenhum lugar, na verdade. Todavia, gostava de Susana. A filha do milionário era divertida e descontraída. Levava leveza aonde quer que fosse. Ao chegar próximo o suficiente de Magno, a morena entregou-lhe a mão, que foi molhada com o beijo desengonçado que ele deu. resistiu à careta de nojo, limitando-se a um sorriso amarelo.
- Parece-me que não envelheceu um dia sequer. - Aquela frase fez a curvatura nos lábios da senhorita se desmanchar. Ela congelou no lugar, com o coração batendo na boca e o sangue borbulhando no ouvido. Só voltou a respirar quando ouviu a continuação: - Você deve passar todas as dicas para Lucia. Minha esposa está cheia de rugas. Lembra-me até o seu gato Sphynx.
Aquela piada arrancou dos homens altas risadas, enquanto de arrancou um revirar de olhos, que bebeu o conteúdo de sua taça tentando esconder sua repulsa.
- Ora, senhor Schumacher! Venha! - O milionário gritou para alguém que aparecerá na porta. A morena não pôde ver a pessoa, já que estava de costas. Magno cochichou para ela: - Quero que o conheça. Um ótimo partido.
Novamente, revirou os olhos novamente com o comentário. Magno Bianchi constantemente tentava a empurrar para candidatos a serem seu esposo. Era considerado um absurdo ter 25 anos e não ser casada naquela época. Ainda mais sendo rica e conhecida como ela era.
- Senhorita Angelle, este é Schumacher. O conheci recentemente durante uma corrida de cavalos. - O milionário a apresentou ao homem enquanto dava tapinhas em suas costas.
era alto e elegante. Seus olhos eram de um verde desconhecido pela morena. Os cabelos castanhos estavam perfeitamente arrumados e seu traje cuidadosamente engomado. sorriu e estendeu a mão. Não se casaria com ele, mas poderia se divertir durante a noite. O moreno retribuiu o sorriso e depositou um beijo casto na mão dela.
- Oh! Olhe o senhor Di Santis. Devo me retirar, crianças. - Magno sorriu para ambos e se retirou.
- Posso saber seu primeiro nome? - Schumacher perguntou para a mulher.
- . - Ela olhou para baixo e começou a brincar com as azeitonas de seu copo.
- Não está acompanhada, senhorita? - O moreno questionou, também brincando o gelo do seu copo de uísque. se limitou a negar com a cabeça. Já começava a não gostar do caminho daquela conversa. - Uma mademoiselle desacompanhada em uma festa noturna. Deselegante de sua parte, não acha?
- Acredito que se quero ir à festa, eu posso, independente de quem está ao meu lado. Ou a falta desse alguém. - Angelle tentou bebericar a bebida com raiva, mas o conteúdo havia se esgotado. A expressão da morena tornou-se furiosa ao ver um ladino e petulante sorriso percorrer os lábios do homem.
- Gostaria de te oferecer outra bebida. - disse, apontando para a grande porta dupla e escura da enorme biblioteca.
- Já eu gostaria que o senhor permanecesse distante de mim. - empinou o nariz e seguiu até a varanda do ambiente, colocando um cigarro em sua piteira e olhando ao redor atrás de algum homem que pudesse o acender.
- Fogo? - E lá estava ele novamente, tirando o juízo da mente de com seu sorriso presunçoso. Contudo, a morena gostaria de tragar a fumaça quente para se aquecer, então assentiu silenciosamente e de mal grado, vendo-o riscar um fósforo e acender o fumo de ambos. - Ficara calada?
- Pedi distância e você não me concedeu. Então não te honrarei com minhas palavras. - Angelle falou ríspida antes de tragar avidamente a nicotina.
Ela mantinha seus olhos baixos, focados no jardim escuro e bem cuidado dos Bianchi, que fazia jus ao nome de Florença, terra dos sonhos. Entretanto, pelo canto do olho pode ver Schumacher acenar para um garçom, que entregou para ambos as bebidas de suas preferências.
- Costuma ser rude assim com todos os homens que acaba de conhecer? - ele questionou assim que o empregado seguiu seu caminho. não desviou seus olhos do jardim, mas quase conseguia sentir a arrogância estampada no rosto do moreno.
- Não com os que pretendo levar à cama. - Angelle se arriscou com aquele comentário.
Era audacioso falar algo daquele tipo nessa época. Poderia facilmente ser tachada de prostituta e cair para o esquecimento e vergonha. Felizmente, ela ouviu o alto som da risada do homem ao lado e, não resistindo, também riu.
- Gosto da sua audácia, mademoiselle. - substituiu a língua italiana ao qual falavam anteriormente pela materna da morena, o francês.
- Um alemão que fala francês? - perguntou usando a mesma língua do homem, que sorriu e assentiu. - Surpreendente, devo dizer.
- Vejo que já estou conseguindo lhe arrancar sorrisos e elogios. - Schumacher bebericou antes de continuar, com mesma petulância de antes: - Será que estou conseguindo quebrar sua faceta de mulher má?
- Essa realização o senhor não conseguirá atingir tão cedo, querido. - Angelle falou em alemão antes de sair em direção ao interior da casa onde a festa acontecia.
Naquela noite se divertiu horrores com Susana. A loira ficara triste com a notícia que sua amiga iria voltar para a França e tirou aquele momento como uma festa de despedida. Dançaram, beberam e conversaram muito, aproveitando cada segundo intensamente. Já estava tarde quando os convidados começaram a ir embora.
- Venha me visitar, tudo bem? - Susana pediu a amiga, que assentiu triste. Não mandaria nem cartas, quanto menos faria visitas. Não poderia, afinal.
Angelle vestiu seu casaco grosso e suas luvas, acenando mais uma vez ao passar pela porta. Assim que se voltou para frente, esbarrou-se com :
- Mademoiselle! Encontramo-nos novamente.
- Uma infelicidade, concordo. - A morena disse e revirou os olhos teatralmente.
- Deixe-me levá-la para casa. Está tarde, frio e eu tenho um carro. - O homem ofereceu, colocando levemente a mão nas costas de Angelle para guiá-la até o veículo.
- Não, obrigada. Posso ir andando. Tenho duas pernas para isso. - Ela apontou para suas duas pernas nuas. Estava com frio, de fato. Todavia, não entraria em um automóvel com aquele homem.
- Uma mademoiselle não deveria andar sozinha na rua a essa hora. - Schumacher insistiu em francês. Se ele estava ficando impaciente, estava mais ainda.
- Eu não sou uma qualquer. - Ela disse em alemão, logo seguindo até os grandes portões da propriedade.
Capítulo 2
12 de outubro, 1958
lia um livro e bebericava um delicioso café ao som de uma música parisiense e de carros passando na movimentada rua. A vista decorada pela Torre Eiffel e pintada pelos tons vermelhos e laranjas do pôr do sol. Folhas vermelhas e amarelas caíam no asfalto, sendo levantadas ao ar novamente quando os automóveis passavam em alta velocidade. Sentia-se bem. Não feliz, mas bem. Havia anos que não se sentia feliz. Angelle levantou os olhos do livro para enxergar o parque na frente. O casal brincava com o pequeno filho. Pareciam felizes. Ele parecia feliz.
- A senhorita deveria parar de encará-los ou chamará atenção. - Um homem parou em pé ao seu lado, chamando a atenção da morena.
- Schumacher? - O corpo de congelou. Ao cruzar os olhos com o dele, sentiu sua visão escurecer. Ele estava igual, sem nem uma nova ruga. Trajava uma blusa social amarela, com um colete de moletom cobrindo a gravata vermelha. - O-o que...
- Você não envelheceu nada... - ele comentou assim que viu o rosto da mulher, com uma expressão de surpresa. - Posso me sentar?
Angelle seguiu o dedo do moreno até a cadeira ao qual ele apontava. Assentiu silenciosamente e o observou sentar, sem conseguir emitir uma palavra. Ambos se encararam por longos segundos, talvez minutos, até Schumacher romper o silêncio, repetindo:
- Não envelheceu um ano sequer, senhorita.
- Muito menos o senhor. - se remexeu desconfortável na cadeira, brincando com seu colar de pérolas. - Como?
- Tenho a marca. Também a tem? - questionou, chamando um garçom em seguida. Assim que o atendente se aproximou, pediu um expresso.
- Sim. - confirmou e novamente virou o rosto na direção do parque, a fim de mostrar o pequeno x cursivo perto da sua orelha, marcado como brasa na pele pálida. Ao mudar a direção dos olhos, pode ver novamente o casal com a criança.
- Os conhece? - O moreno seguiu o olhar da mulher até o casal.
- Sim. Quer dizer, não. Digo, mais ou menos. - respondeu rápido, embolando as palavras. A morena franziu o cenho e fechou o livro ainda aberto na sua mão com raiva. - Não te interessa.
- Achei que finalmente tivesse superado sua faceta rude. - tinha o seu famoso sorriso petulante no rosto, que foi substituído por um gentil direcionado a garçonete. A empregada sorriu tímida e encantada com o moreno, quase derramando o café sobre Angelle, que bufou alto. - Cuidado, querida. Não vamos irritar a senhorita. Ela é bem nervosinha quando quer.
Schumacher sussurrou a última frase para a atendente, que riu baixo e corou antes de sair com pressa.
- Seria tão mais fácil se fosses como a garçonete. - comentou, fingindo-se de pensativo e levando um chute de Angelle por baixo da mesa.
- Eu vou embora. - A mulher agregou suas coisas e deixou uma nota de 10 euros na mesa de ferro. Levantou-se rapidamente e encarou furiosamente o irritante moreno. - Obrigada por estragar a minha tarde.
seguiu pela grande avenida à passos largos e duros, com seu rosto sendo assolado pelo vento gélido de outono e colocando seu casaco azul, que combinava com seu vestido Chanel.
- Senhorita, espere! - gritou numa tentativa falha de fazê-la parar. Ele largou o café intocado e uma nota de 5 euros sobre a superfície de metal antes de correr na direção da mulher. Assim que conseguiu alcançá-la, puxou seu braço e falou: - Não acabamos nossa conversa.
- Sim, acabamos. Não acredito que passarei a eternidade andando no mesmo solo que você. - gritou num sussurro, passando fortemente a mão pela testa.
- Bom, você leu a carta. Só há uma forma de nos livrarmos da eternidade. - cruzou os braços e sorriu malicioso.
- Argh! Não acredito que ainda ousa falar tais asneiras para mim. Sou uma dama, exijo respeito! - Angelle voltou a andar velozmente. Quando achou que estava a uma segura distância, ouviu um grito vindo do moreno:
- O que aconteceu com “não sou rude com homens que levo à cama”?
A morena parou estupefata no meio da calçada. Voltou seu corpo na direção do homem. Seguiu a passos largos até ele e, ao chegar no seu destino final, estapeou-o múltiplas vezes.
- Está louco? Quer estragar minha reputação em toda Paris? - não parava de levar sua mão ao braço musculoso de , que ria alto. - Pare de rir!
- Eu gosto de vê-la brava. A senhorita fica ainda mais bela. - Ele segurou os braços revoltados que teimavam a manchar sua pele de vermelho, fazendo-a finalmente parar e corar levemente. - Olhe só! A senhorita cora, então.
- Pare! Pare de tentar flertar comigo, de tentar me envergonhar e de me seguir! - Angelle enumerou e logo voltou a percorrer a avenida, dando as costas para o costumeiro sorriso petulante de Schumacher.
- Vejo-a na próxima década, senhorita! - O moreno gritou, recebendo como resposta um grunhido irritado.
lia um livro e bebericava um delicioso café ao som de uma música parisiense e de carros passando na movimentada rua. A vista decorada pela Torre Eiffel e pintada pelos tons vermelhos e laranjas do pôr do sol. Folhas vermelhas e amarelas caíam no asfalto, sendo levantadas ao ar novamente quando os automóveis passavam em alta velocidade. Sentia-se bem. Não feliz, mas bem. Havia anos que não se sentia feliz. Angelle levantou os olhos do livro para enxergar o parque na frente. O casal brincava com o pequeno filho. Pareciam felizes. Ele parecia feliz.
- A senhorita deveria parar de encará-los ou chamará atenção. - Um homem parou em pé ao seu lado, chamando a atenção da morena.
- Schumacher? - O corpo de congelou. Ao cruzar os olhos com o dele, sentiu sua visão escurecer. Ele estava igual, sem nem uma nova ruga. Trajava uma blusa social amarela, com um colete de moletom cobrindo a gravata vermelha. - O-o que...
- Você não envelheceu nada... - ele comentou assim que viu o rosto da mulher, com uma expressão de surpresa. - Posso me sentar?
Angelle seguiu o dedo do moreno até a cadeira ao qual ele apontava. Assentiu silenciosamente e o observou sentar, sem conseguir emitir uma palavra. Ambos se encararam por longos segundos, talvez minutos, até Schumacher romper o silêncio, repetindo:
- Não envelheceu um ano sequer, senhorita.
- Muito menos o senhor. - se remexeu desconfortável na cadeira, brincando com seu colar de pérolas. - Como?
- Tenho a marca. Também a tem? - questionou, chamando um garçom em seguida. Assim que o atendente se aproximou, pediu um expresso.
- Sim. - confirmou e novamente virou o rosto na direção do parque, a fim de mostrar o pequeno x cursivo perto da sua orelha, marcado como brasa na pele pálida. Ao mudar a direção dos olhos, pode ver novamente o casal com a criança.
- Os conhece? - O moreno seguiu o olhar da mulher até o casal.
- Sim. Quer dizer, não. Digo, mais ou menos. - respondeu rápido, embolando as palavras. A morena franziu o cenho e fechou o livro ainda aberto na sua mão com raiva. - Não te interessa.
- Achei que finalmente tivesse superado sua faceta rude. - tinha o seu famoso sorriso petulante no rosto, que foi substituído por um gentil direcionado a garçonete. A empregada sorriu tímida e encantada com o moreno, quase derramando o café sobre Angelle, que bufou alto. - Cuidado, querida. Não vamos irritar a senhorita. Ela é bem nervosinha quando quer.
Schumacher sussurrou a última frase para a atendente, que riu baixo e corou antes de sair com pressa.
- Seria tão mais fácil se fosses como a garçonete. - comentou, fingindo-se de pensativo e levando um chute de Angelle por baixo da mesa.
- Eu vou embora. - A mulher agregou suas coisas e deixou uma nota de 10 euros na mesa de ferro. Levantou-se rapidamente e encarou furiosamente o irritante moreno. - Obrigada por estragar a minha tarde.
seguiu pela grande avenida à passos largos e duros, com seu rosto sendo assolado pelo vento gélido de outono e colocando seu casaco azul, que combinava com seu vestido Chanel.
- Senhorita, espere! - gritou numa tentativa falha de fazê-la parar. Ele largou o café intocado e uma nota de 5 euros sobre a superfície de metal antes de correr na direção da mulher. Assim que conseguiu alcançá-la, puxou seu braço e falou: - Não acabamos nossa conversa.
- Sim, acabamos. Não acredito que passarei a eternidade andando no mesmo solo que você. - gritou num sussurro, passando fortemente a mão pela testa.
- Bom, você leu a carta. Só há uma forma de nos livrarmos da eternidade. - cruzou os braços e sorriu malicioso.
- Argh! Não acredito que ainda ousa falar tais asneiras para mim. Sou uma dama, exijo respeito! - Angelle voltou a andar velozmente. Quando achou que estava a uma segura distância, ouviu um grito vindo do moreno:
- O que aconteceu com “não sou rude com homens que levo à cama”?
A morena parou estupefata no meio da calçada. Voltou seu corpo na direção do homem. Seguiu a passos largos até ele e, ao chegar no seu destino final, estapeou-o múltiplas vezes.
- Está louco? Quer estragar minha reputação em toda Paris? - não parava de levar sua mão ao braço musculoso de , que ria alto. - Pare de rir!
- Eu gosto de vê-la brava. A senhorita fica ainda mais bela. - Ele segurou os braços revoltados que teimavam a manchar sua pele de vermelho, fazendo-a finalmente parar e corar levemente. - Olhe só! A senhorita cora, então.
- Pare! Pare de tentar flertar comigo, de tentar me envergonhar e de me seguir! - Angelle enumerou e logo voltou a percorrer a avenida, dando as costas para o costumeiro sorriso petulante de Schumacher.
- Vejo-a na próxima década, senhorita! - O moreno gritou, recebendo como resposta um grunhido irritado.
Capítulo 3
3 de maio, 1968
contemplava a linda vista que a Tower Brigde a proporcionava. Gostava da Inglaterra, apesar de ser francesa. A brisa fresca da primavera era reconfortante e o rio Tâmisa abaixo criava uma bela sinfonia com seu borbulhar.
Esperava o sinal de uma das mulheres para iniciar o protesto. Estavam no início do movimento feminista e ainda haviam poucas adeptas. Todavia, Angelle ansiava pelo futuro. Aqueles eram momentos aos quais ela agradecia a imortalidade. Sentia-se parte da evolução, e caso não fosse imortal, teria perdido esse incrível acontecimento.
- Por que não me surpreendo ao vê-la aqui? - Uma voz conhecida sussurrou no ouvido da morena, fazendo-a pular de susto e logo revirar os olhos. - Feminista, huh? Combina com a senhorita.
- Eu pedi para não me seguir, mas ainda assim aqui estamos, uma década depois. - virou seu corpo e encarou os verdes esmeraldas que tanto a causavam irritação. - Não cansa de me perseguir? Eternidade é muito tempo, sabia?
- Sei sim, eu a vivencio em primeira mão desde 1846. - Schumacher cruzou os braços e riu antes de continuar. - E como me cansaria de perseguir algo tão belo? Dizem que temos que caçar nossos sonhos até a morte e você é o meu, querida.
- De fato, um sonho. Não passa disso e nunca se tornará realidade. - A morena disse fria e contraditoriamente suas bochechas tomaram um tom avermelhado.
- Oh, não fale assim! - colocou a mão no peito dramaticamente e fingiu mágoa, enquanto a outra palma puxou a da mulher. - Não sei o que me dói mais, a sua falta de interesse em mim ou o rosado de sua bochecha se esvaindo.
- Pare de me cortejar! - pediu, removendo sua mão do aperto e empurrando levemente o ombro do homem. Novamente, seu corpo reagiu contraditório e o rubor voltou a sua face, assim como um pequeno sorriso, que foi mordido para não ser exposto. - O que está fazendo aqui, afinal?
- Minha namorada é feminista. Vim apoiar a causa junto a ela. - Schumacher deu de ombros e olhou para o horizonte vasto com os antebraços apoiados na borda da ponte.
- Namorada? Sabes que é perigoso namorar mortais, certo? - Angelle não sabia o porquê, mas aquela resposta a incomodou profundamente. Ela puxou as mangas do vestido moletom Yves Saint Laurent mais para baixo e ajeitou o colarinho antes de ouvir o que o homem tinha a dizer.
- Mortais? Assim que chama os não-imortais? - O moreno virou levemente o rosto na direção da mulher, definindo ainda mais seu maxilar. Os braços estavam marcados pela jaqueta de couro marrom Dior estilo aviador, o topete arrumado perfeitamente no lugar e a gravata balançando ao vento. Um sorriso gentil desenhava seus lábios, diferente das outras vezes. Ele ria genuinamente. - E é temporária. Gosto de mantê-las por alguns meses e depois terminar.
- Que rude! Elas não são brinquedos para você, senhor Schumacher. - não ficara brava de verdade. Também fazia aquilo com alguns homens. Entretanto, tinha medo de ficar mal vista, então apenas o fazia de tempos em tempos. - E devo admitir antes que esqueça: estou impressionada com seu inglês. Fala sem o mínimo sotaque.
- Gosto da Inglaterra. Venho aqui constantemente. - Novamente Schumacher deu de ombros e voltou sua atenção para a água corrente embaixo deles, sentindo uma aproximação e um leve contato de ombros. - Mas ainda prefiro a França.
- Por quê? - Angelle perguntou enquanto traçava com o dedo um caminho indefinido na palma da própria mão.
- Ótima comida, lindas paisagens, belíssimas garotas... - enumerava com os dedos. Quase foi interrompido pela mulher, mas a impediu quando continuou: - ... e você, claro.
corou violentamente e abaixou o rosto, tentando esconder o sorriso bobo.
- Eu queria...
A morena foi interrompida por um alto som de apito. Era o sinal que esperava. Ela pegou a placa encostada na parede da ponte e correu para o meio da rua, ajudando as poucas mulheres a fazerem um grande círculo na avenida e impedindo o fluxo de carros. Levantou a placa e começou a cantar as palavras do protesto.
Angelle se arrepiava por completo. Era uma cena linda de ver. Algumas mulheres desciam dos carros parados e corriam para o círculo, tentando acompanhar os gritos ritmados. Pôde jurar que algumas lágrimas de liberdade escorreram pelas suas bochechas. Era o início de uma grande revolução e aquilo era lindo de se presenciar. Uma causa justa e pura.
Os olhos de percorriam toda a confusão quando a polícia chegou. Mais rápidos do que o esperado, mas deveriam tentar lutar o máximo possível. Sentiu seu corpo ser empurrado múltiplas vezes e tentou resistir o quanto pôde, até um policial abordá-la agressivamente. O homem alto e gordo apertou seu braço, quase a derrubando no chão e causando a queda de sua placa.
- Solte-me! - Ela puxava seu braço, sem sucesso. - Está me machucando.
- Não ligo se estou te machucando, vagabunda. - O policial cuspiu as palavras, arrastando-a na direção de um carro da frota. - Vamos ver se continua feminista depois de uma noite na cadeia. Ou melhor, várias, já que suponho não ter um pai ou um marido para educá-la.
- Solte-a! - gritou. Tentou correr na direção da mulher, mas foi impedido por outro policial. - !
Ouvi-lo a chamar pelo primeiro nome causou arrepios em sua espinha. Ela tentou sorrir para Schumacher a fim de assegura-lo que tudo ficaria bem. Todavia, seu corpo foi empurrado para dentro do veículo, onde já existiam outras mulheres, logo sendo levada para prisão.
contemplava a linda vista que a Tower Brigde a proporcionava. Gostava da Inglaterra, apesar de ser francesa. A brisa fresca da primavera era reconfortante e o rio Tâmisa abaixo criava uma bela sinfonia com seu borbulhar.
Esperava o sinal de uma das mulheres para iniciar o protesto. Estavam no início do movimento feminista e ainda haviam poucas adeptas. Todavia, Angelle ansiava pelo futuro. Aqueles eram momentos aos quais ela agradecia a imortalidade. Sentia-se parte da evolução, e caso não fosse imortal, teria perdido esse incrível acontecimento.
- Por que não me surpreendo ao vê-la aqui? - Uma voz conhecida sussurrou no ouvido da morena, fazendo-a pular de susto e logo revirar os olhos. - Feminista, huh? Combina com a senhorita.
- Eu pedi para não me seguir, mas ainda assim aqui estamos, uma década depois. - virou seu corpo e encarou os verdes esmeraldas que tanto a causavam irritação. - Não cansa de me perseguir? Eternidade é muito tempo, sabia?
- Sei sim, eu a vivencio em primeira mão desde 1846. - Schumacher cruzou os braços e riu antes de continuar. - E como me cansaria de perseguir algo tão belo? Dizem que temos que caçar nossos sonhos até a morte e você é o meu, querida.
- De fato, um sonho. Não passa disso e nunca se tornará realidade. - A morena disse fria e contraditoriamente suas bochechas tomaram um tom avermelhado.
- Oh, não fale assim! - colocou a mão no peito dramaticamente e fingiu mágoa, enquanto a outra palma puxou a da mulher. - Não sei o que me dói mais, a sua falta de interesse em mim ou o rosado de sua bochecha se esvaindo.
- Pare de me cortejar! - pediu, removendo sua mão do aperto e empurrando levemente o ombro do homem. Novamente, seu corpo reagiu contraditório e o rubor voltou a sua face, assim como um pequeno sorriso, que foi mordido para não ser exposto. - O que está fazendo aqui, afinal?
- Minha namorada é feminista. Vim apoiar a causa junto a ela. - Schumacher deu de ombros e olhou para o horizonte vasto com os antebraços apoiados na borda da ponte.
- Namorada? Sabes que é perigoso namorar mortais, certo? - Angelle não sabia o porquê, mas aquela resposta a incomodou profundamente. Ela puxou as mangas do vestido moletom Yves Saint Laurent mais para baixo e ajeitou o colarinho antes de ouvir o que o homem tinha a dizer.
- Mortais? Assim que chama os não-imortais? - O moreno virou levemente o rosto na direção da mulher, definindo ainda mais seu maxilar. Os braços estavam marcados pela jaqueta de couro marrom Dior estilo aviador, o topete arrumado perfeitamente no lugar e a gravata balançando ao vento. Um sorriso gentil desenhava seus lábios, diferente das outras vezes. Ele ria genuinamente. - E é temporária. Gosto de mantê-las por alguns meses e depois terminar.
- Que rude! Elas não são brinquedos para você, senhor Schumacher. - não ficara brava de verdade. Também fazia aquilo com alguns homens. Entretanto, tinha medo de ficar mal vista, então apenas o fazia de tempos em tempos. - E devo admitir antes que esqueça: estou impressionada com seu inglês. Fala sem o mínimo sotaque.
- Gosto da Inglaterra. Venho aqui constantemente. - Novamente Schumacher deu de ombros e voltou sua atenção para a água corrente embaixo deles, sentindo uma aproximação e um leve contato de ombros. - Mas ainda prefiro a França.
- Por quê? - Angelle perguntou enquanto traçava com o dedo um caminho indefinido na palma da própria mão.
- Ótima comida, lindas paisagens, belíssimas garotas... - enumerava com os dedos. Quase foi interrompido pela mulher, mas a impediu quando continuou: - ... e você, claro.
corou violentamente e abaixou o rosto, tentando esconder o sorriso bobo.
- Eu queria...
A morena foi interrompida por um alto som de apito. Era o sinal que esperava. Ela pegou a placa encostada na parede da ponte e correu para o meio da rua, ajudando as poucas mulheres a fazerem um grande círculo na avenida e impedindo o fluxo de carros. Levantou a placa e começou a cantar as palavras do protesto.
Angelle se arrepiava por completo. Era uma cena linda de ver. Algumas mulheres desciam dos carros parados e corriam para o círculo, tentando acompanhar os gritos ritmados. Pôde jurar que algumas lágrimas de liberdade escorreram pelas suas bochechas. Era o início de uma grande revolução e aquilo era lindo de se presenciar. Uma causa justa e pura.
Os olhos de percorriam toda a confusão quando a polícia chegou. Mais rápidos do que o esperado, mas deveriam tentar lutar o máximo possível. Sentiu seu corpo ser empurrado múltiplas vezes e tentou resistir o quanto pôde, até um policial abordá-la agressivamente. O homem alto e gordo apertou seu braço, quase a derrubando no chão e causando a queda de sua placa.
- Solte-me! - Ela puxava seu braço, sem sucesso. - Está me machucando.
- Não ligo se estou te machucando, vagabunda. - O policial cuspiu as palavras, arrastando-a na direção de um carro da frota. - Vamos ver se continua feminista depois de uma noite na cadeia. Ou melhor, várias, já que suponho não ter um pai ou um marido para educá-la.
- Solte-a! - gritou. Tentou correr na direção da mulher, mas foi impedido por outro policial. - !
Ouvi-lo a chamar pelo primeiro nome causou arrepios em sua espinha. Ela tentou sorrir para Schumacher a fim de assegura-lo que tudo ficaria bem. Todavia, seu corpo foi empurrado para dentro do veículo, onde já existiam outras mulheres, logo sendo levada para prisão.
Capítulo 4
4 de maio, 1968
estava com medo. Assim como o policial havia dito, ela não possuía pai ou marido para tirá-la da cadeia e só um homem poderia assinar seus papéis de liberação. Além disso, passar a noite na cadeia fora assustador. Angelle tentava consolar o máximo de mulheres que conseguia, devastadas com o que acontecera.
Naquele momento, ela era a última na cela. Todas haviam ido embora e só restava ali. O desespero já começava a bater na porta quando um policial a chamou com repulsa:
- Senhorita Angelle, seu responsável chegou.
O modo com que ele falou seu nome não a agradou, mas o que a tirou do sério foi o resto da frase.
- Eu sou minha própria responsável. - A morena levantou o queixo e revirou os olhos.
- Caso queira sair da cela ainda hoje, sugiro que pare com essa baboseira feminista. - O policial disse rude, puxando o braço de para fora da prisão.
Durante o caminho, a mulher se questionava sobre quem fora buscá-la. Contudo, suas dúvidas foram sanadas ao ver aqueles belos olhos verdes.
- Senhor Schumacher! - exclamou, correndo na direção do homem e o puxando para um forte abraço. - Obrigada...
- Não há de quê, senhorita Angelle. - disse ainda no abraço.
- Preciso que assine os papéis da libertação, senhor Schumacher. - O policial falou, forçando o fim do carinho com as palavras.
- Eu não deveria ser quem assina meus próprios papéis? - questionou com os braços cruzados e as mãos tremendo de raiva.
- ... - pediu para que ela parasse silenciosamente, com apenas um olhar. Aquela combinação do olhar com a pronuncia de primeiro nome amoleceu as pernas da morena, que assentiu e se calou. Questionava-se sobre suas reações involuntárias às ações do alemão.
Finalmente, livre. respirou fundo o ar puro do ambiente exterior, tentando se livrar do cheiro repugnante de urina e mofo da cadeia.
- Seu braço... - comentou, pegando-o delicadamente para examinar a marca roxa dos dedos do policial, feitas no dia anterior. Ele levemente passou os dedos por cima, causando um gemido na menor. - Dói?
Angelle assentiu, observando o moreno fazer um carinho quase mínimo sobre o machucado, com medo de fazê-la sentir dor. Schumacher voltou seu olhar para o da mulher e deu um sorriso gentil. Colocou a mão da base de sua coluna e a começou a guia-la pela rua movimentada.
- Vamos. Irei levá-la para almoçar, deve estar morrendo de fome. - Ele enfiou a mão no bolso e retirou um maço de cigarros. - Aceita?
E de fato estava, não a alimentaram na prisão. tentava não parecer desesperada no restaurante francês de luxo que a levara, mas falhava constantemente. Deliciava-se com o pato que pedira, revirando os olhos em prazer a cada mordida. Ficaram em silêncio durante todo o trajeto até o local, assim como durante a refeição. Pelo menos até Schumacher pigarrear e comentar:
- Então... duas vezes nessa década. Deve ser sua década da sorte, senhorita.
- Ah, claro. Como se ver o senhor uma vez a cada 10 anos já não fosse ruim o suficiente, sou presenteada pelos anjos com um segundo encontro. - Angelle respondeu ríspida, revirando os olhos. - Sua namorada não foi presa?
- Consegui tirá-la da rua a tempo. - O moreno respondeu antes de bebericar seu vinho.
- Ela não ficará com ciúmes de nós estarmos almoçando juntos? - insistiu no tópico, dando em seguida sua última garfada.
- Terminei com ela. - Ao ver que a mulher havia acabado de comer, questionou: - Gostaria de uma sobremesa?
- Não. Nenhum restaurante fora da França consegue fazer um clafoutis parecido o suficiente para agradar meu paladar. - A morena disse em um suspiro triste. Sentia falta de casa.
- Sente falta de Paris? - perguntou, como se lesse os pensamentos da francesa.
- Muita. - Ela respondeu com um sorriso triste desenhado nos lábios. - Às vezes... as vezes eu gostaria de não ser eterna e não precisar me mudar a cada 3 anos para um novo país ou cidade.
- A proposta ainda está na mesa. - Schumacher deu de ombros, seu costumeiro sorriso petulante no rosto. Seus lábios curvados não demoraram a voltar para uma linha reta quando ele continuou: - Eu a entendo. Às vezes também gostaria de ficar em um lugar, criar raízes.
- Outras vezes eu penso em tudo que estou vivenciando. Eu nunca veria as revoluções, as guerras, a evolução, entende? - passou a mão no vestido sujo do chão da nojenta cela, tentando o limpar. - Desde 1834 me sinto abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo.
- Sei que sou o único imortal que conhece, mas talvez devesse começar a procurar alguém para ajudá-la com esse fardo, já que não queres o meu corpo. - O alemão colocou a palma no peito, fingindo estar ofendido com aquilo e arrancando uma risada leve da morena. Depois Schumacher levou a mão para a da francesa, que repousava sobre a mesa. - Já vivestes mais de um século, querida.
- Assim como você. - Angelle retrucou. - Por que também não procura alguém?
- Por que já encontrei alguém. - Ele respondeu, observando a mulher romper lentamente o aperto de suas mãos.
- Uma... imortal? - A voz de trepidou quando ela sentenciou aquela pergunta. - Já decidiu quando...
- Não ainda. Estou esperando ela aceitar o meu pedido. - deixou o sorriso arrogante vagarosamente preencher seus lábios. - Ela é uma bela morena francesa. Seus olhos são de um lindo tom azulado, um que nunca presenciei em meus 122 anos e...
- Fico feliz que achou alguém, senhor Schumacher. - interrompeu, fria. Ela colocou o guardanapo de pano sobre a mesa e arrastou a cadeira para se levantar. - Não o privarei mais de seu tempo com ela.
A mulher estava prestes a seguir seu caminho até a porta do restaurante quando foi impedida por , que segurou seu braço delicadamente, ainda sentado:
- A francesa é você, senhorita Angelle.
Os olhos da morena se arregalaram e ela mordeu o lábio inferior. Sentia que estava corrompendo a imagem de Joseph. Corrompendo seu amor pelo francês que amou décadas atrás.
- E-eu... eu devo ir. - A francesa soltou seu braço do aperto antes de correr para fora do restaurante.
- , espere! - o alemão gritou, tentando a acompanhar.
Todavia, Angelle não olhou para trás e correu com os olhos marejados pelas ruas londrinas.
estava com medo. Assim como o policial havia dito, ela não possuía pai ou marido para tirá-la da cadeia e só um homem poderia assinar seus papéis de liberação. Além disso, passar a noite na cadeia fora assustador. Angelle tentava consolar o máximo de mulheres que conseguia, devastadas com o que acontecera.
Naquele momento, ela era a última na cela. Todas haviam ido embora e só restava ali. O desespero já começava a bater na porta quando um policial a chamou com repulsa:
- Senhorita Angelle, seu responsável chegou.
O modo com que ele falou seu nome não a agradou, mas o que a tirou do sério foi o resto da frase.
- Eu sou minha própria responsável. - A morena levantou o queixo e revirou os olhos.
- Caso queira sair da cela ainda hoje, sugiro que pare com essa baboseira feminista. - O policial disse rude, puxando o braço de para fora da prisão.
Durante o caminho, a mulher se questionava sobre quem fora buscá-la. Contudo, suas dúvidas foram sanadas ao ver aqueles belos olhos verdes.
- Senhor Schumacher! - exclamou, correndo na direção do homem e o puxando para um forte abraço. - Obrigada...
- Não há de quê, senhorita Angelle. - disse ainda no abraço.
- Preciso que assine os papéis da libertação, senhor Schumacher. - O policial falou, forçando o fim do carinho com as palavras.
- Eu não deveria ser quem assina meus próprios papéis? - questionou com os braços cruzados e as mãos tremendo de raiva.
- ... - pediu para que ela parasse silenciosamente, com apenas um olhar. Aquela combinação do olhar com a pronuncia de primeiro nome amoleceu as pernas da morena, que assentiu e se calou. Questionava-se sobre suas reações involuntárias às ações do alemão.
Finalmente, livre. respirou fundo o ar puro do ambiente exterior, tentando se livrar do cheiro repugnante de urina e mofo da cadeia.
- Seu braço... - comentou, pegando-o delicadamente para examinar a marca roxa dos dedos do policial, feitas no dia anterior. Ele levemente passou os dedos por cima, causando um gemido na menor. - Dói?
Angelle assentiu, observando o moreno fazer um carinho quase mínimo sobre o machucado, com medo de fazê-la sentir dor. Schumacher voltou seu olhar para o da mulher e deu um sorriso gentil. Colocou a mão da base de sua coluna e a começou a guia-la pela rua movimentada.
- Vamos. Irei levá-la para almoçar, deve estar morrendo de fome. - Ele enfiou a mão no bolso e retirou um maço de cigarros. - Aceita?
E de fato estava, não a alimentaram na prisão. tentava não parecer desesperada no restaurante francês de luxo que a levara, mas falhava constantemente. Deliciava-se com o pato que pedira, revirando os olhos em prazer a cada mordida. Ficaram em silêncio durante todo o trajeto até o local, assim como durante a refeição. Pelo menos até Schumacher pigarrear e comentar:
- Então... duas vezes nessa década. Deve ser sua década da sorte, senhorita.
- Ah, claro. Como se ver o senhor uma vez a cada 10 anos já não fosse ruim o suficiente, sou presenteada pelos anjos com um segundo encontro. - Angelle respondeu ríspida, revirando os olhos. - Sua namorada não foi presa?
- Consegui tirá-la da rua a tempo. - O moreno respondeu antes de bebericar seu vinho.
- Ela não ficará com ciúmes de nós estarmos almoçando juntos? - insistiu no tópico, dando em seguida sua última garfada.
- Terminei com ela. - Ao ver que a mulher havia acabado de comer, questionou: - Gostaria de uma sobremesa?
- Não. Nenhum restaurante fora da França consegue fazer um clafoutis parecido o suficiente para agradar meu paladar. - A morena disse em um suspiro triste. Sentia falta de casa.
- Sente falta de Paris? - perguntou, como se lesse os pensamentos da francesa.
- Muita. - Ela respondeu com um sorriso triste desenhado nos lábios. - Às vezes... as vezes eu gostaria de não ser eterna e não precisar me mudar a cada 3 anos para um novo país ou cidade.
- A proposta ainda está na mesa. - Schumacher deu de ombros, seu costumeiro sorriso petulante no rosto. Seus lábios curvados não demoraram a voltar para uma linha reta quando ele continuou: - Eu a entendo. Às vezes também gostaria de ficar em um lugar, criar raízes.
- Outras vezes eu penso em tudo que estou vivenciando. Eu nunca veria as revoluções, as guerras, a evolução, entende? - passou a mão no vestido sujo do chão da nojenta cela, tentando o limpar. - Desde 1834 me sinto abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo.
- Sei que sou o único imortal que conhece, mas talvez devesse começar a procurar alguém para ajudá-la com esse fardo, já que não queres o meu corpo. - O alemão colocou a palma no peito, fingindo estar ofendido com aquilo e arrancando uma risada leve da morena. Depois Schumacher levou a mão para a da francesa, que repousava sobre a mesa. - Já vivestes mais de um século, querida.
- Assim como você. - Angelle retrucou. - Por que também não procura alguém?
- Por que já encontrei alguém. - Ele respondeu, observando a mulher romper lentamente o aperto de suas mãos.
- Uma... imortal? - A voz de trepidou quando ela sentenciou aquela pergunta. - Já decidiu quando...
- Não ainda. Estou esperando ela aceitar o meu pedido. - deixou o sorriso arrogante vagarosamente preencher seus lábios. - Ela é uma bela morena francesa. Seus olhos são de um lindo tom azulado, um que nunca presenciei em meus 122 anos e...
- Fico feliz que achou alguém, senhor Schumacher. - interrompeu, fria. Ela colocou o guardanapo de pano sobre a mesa e arrastou a cadeira para se levantar. - Não o privarei mais de seu tempo com ela.
A mulher estava prestes a seguir seu caminho até a porta do restaurante quando foi impedida por , que segurou seu braço delicadamente, ainda sentado:
- A francesa é você, senhorita Angelle.
Os olhos da morena se arregalaram e ela mordeu o lábio inferior. Sentia que estava corrompendo a imagem de Joseph. Corrompendo seu amor pelo francês que amou décadas atrás.
- E-eu... eu devo ir. - A francesa soltou seu braço do aperto antes de correr para fora do restaurante.
- , espere! - o alemão gritou, tentando a acompanhar.
Todavia, Angelle não olhou para trás e correu com os olhos marejados pelas ruas londrinas.
Capítulo 5
9 de julho, 1978
Viena. Oh, como a amava. No inverno, seus flocos de neve eram os mais brancos e puros e suas ruas decoradas pelo encanto do Natal. Já no verão, o céu limpo brilhava claro em um dos mais belos tons de azul e seus parques eram preenchidos por todos os pigmentos da paleta de cores, enfeitados pelos mais belos padrões de flores.
Ainda assim, não se sentia feliz. Sentia saudade de Joseph como nunca antes. Conseguia até visualizar o dia em que andaram pelos jardins do parque Volksgarten como um casal apaixonado.
Flashback - 24 de agosto, 1949
O casal andava sorridente pelo belo parque com jardins coloridos com as mãos dadas. estava realizando um sonho. Apaixonada e feliz junto ao seu amado Joseph. Conheceram-se na Itália no ano anterior e desde então não conseguiram ficar separados.
- Mon chéri, sente-se na grama para eu desenha-la. - O loiro pediu, arrastando Angelle para o campo.
- Sujarei meu vestido, Joseph. - A mulher tentou resistir, mas o olhar do francês a fez ceder. - Tudo bem.
se sentou na gramínea úmida pelo orvalho da manhã e sorriu, observando o amado buscar o carvão e o papel na bolsa que cruzava seu peito. Joseph capitou as informações da cena que desenharia e começou a esboçar os traços na folha. Enquanto o loiro a desenhava, Angelle observava os arredores, apreciando a beleza do lugar.
- Mon chéri... - Joseph chamou docemente a amada, que voltou sua atenção para o francês. Ajoelhado. Ele estava ajoelhado e tinha em mãos uma pequena caixa aberta. Com uma aliança. - Case-se comigo, l'amour de ma vie. Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu a amo. O quanto eu a quero pela eternidade.
Foi então que a realidade chocou-se contra . Como um trem em alta velocidade, atropelando-a com força e a reduzindo a pó. Desmembrando-a. Não podia se casar com um mortal. Nunca poderia se casar com o amor de sua vida. Nunca passaria a eternidade ao lado de Joseph. Lágrimas preencheram os olhos de Angelle, escorrendo como as gotas de sangue que jorravam de seu coração partido.
- Joseph, e-eu... eu o amo. - Ela viu o sorriso do amado crescer antes de continuar: - Mas não posso aceitar.
- Como? - O francês franziu as sobrancelhas em confusão e seus lábios perderem a curvatura anterior.
- Não posso me casar. - A morena falou baixo, tentando segurar o soluço.
- Mas eu a amo... - Joseph disse em um sussurro quase surdo enquanto encolhia cada vez mais seus ombros tristes.
- Eu... desculpe-me. - se levantou melindrosamente e correu como se sua vida dependesse disso pela trilha de pedra, apenas ouvindo um último grito do amado:
- Mon chéri!
Flashback off
- Por que chora? - Aquela voz conhecida foi ouvida por , que nem ao menos percebeu quando sentou ao seu lado.
- Por nada. - Ela falou, passando as mãos fortemente pelo rosto para enxugar as lágrimas antes de virar o rosto para o alemão. - Vejo que continua a me perseguir depois de 30 anos, senhor Schumacher.
- Vamos, chame-me de . Estamos em outra década, afinal. - O moreno empurrou o ombro da francesa levemente, tentando animá-la. - E não acredito que esteja chorando por nada.
- Bom, para você não é nada, já que não te interessa. - A mulher retrucou ríspida, cruzando os braços e tornando a observar o lugar onde fora pedida em casamento.
- Sabia que continuaria a mesma depois de três décadas, mademoiselle. - riu do áspero comentário de Angelle. - Já falei que amo ouvi-la falando alemão?
- Argh! - A morena grunhiu enquanto pendia a cabeça para trás. - Quando deixará de flertar comigo?
- Bom, da última vez a senhorita pareceu gostar, já que corou intensamente e fugiu de mim. - Schumacher relembrou do embaraçoso momento com seu usual sorriso arrogante, fazendo a francesa tingir as bochechas com o sangue que pulsava intensamente.
- Eu estava sensível na época. Iludi-me pelas suas bonitas palavras. Palavras essas que não possuem qualquer fundo de verdade ou boa intenção. - levantou do banco, ajeitou sua blusa ombro a ombro preta e ajustou o cinto de sua calça de couro, logo voltando sua atenção para o homem ainda sentado. Parecia o próprio John Travolta, com os braços estendidos no encosto do assento. - Eu lhe asseguro que não acontecerá novamente.
Angelle tentou iniciar sua caminhada, recebendo como resposta apenas um suspiro cansado do alemão.
- Eu encontrei alguém. Outro de nós. - Ao ouvir aquela frase, a francesa parou bruscamente. Ainda de costas, continuou: - Dimitri Orlov. Ele é russo. Acredito que esteja na América agora.
- Por que está me contando isso? - A morena perguntou baixo assim que rodou seu corpo para cruzar o azul triste com o verde magoado.
- Porque sei que não quer mais ser eterna. - O homem falou enquanto colocava as mãos nos bolsos da jaqueta de couro. - Não sei o que aconteceu em seu passado, mas vejo cansaço em seu olhar. E tristeza.
desviou sua atenção para seus pés, brincando com um cascalho do caminho.
- Sabe o que deve fazer agora que não quer mais ser eterna? A carta deixa explícito. - Schumacher continuou, aproximando-se. Ao chegar perto o suficiente, ele levou a mão até uma mexa de cabelo castanho da mulher, colocando-a atrás da orelha e deixando visível sua marca. Ele segurou o pescoço de Angelle e passou o dedão delicadamente pela queimadura em forma de x cursivo. - Não suporto a falta de brilho nos seus olhos. As lágrimas em sua bochecha pálida e não coradas. A ausência de uma curvatura feliz em seus lábios...
levou a mão para o queixo da morena. Segurou com cuidado, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar sua frágil garota. O alemão passou o dedão pelos lábios grossos e rosados dela, depositando um casto beijo enquanto seu dedo permanecia na boca.
- Não se preocupe. Dessa vez eu irei embora.
permaneceu estática e com a pele queimando onde havia tocado, vendo-o se afastar e seguir a trilha de pedras para o fim do jardim. A mesma que traçou anos atrás.
Viena. Oh, como a amava. No inverno, seus flocos de neve eram os mais brancos e puros e suas ruas decoradas pelo encanto do Natal. Já no verão, o céu limpo brilhava claro em um dos mais belos tons de azul e seus parques eram preenchidos por todos os pigmentos da paleta de cores, enfeitados pelos mais belos padrões de flores.
Ainda assim, não se sentia feliz. Sentia saudade de Joseph como nunca antes. Conseguia até visualizar o dia em que andaram pelos jardins do parque Volksgarten como um casal apaixonado.
Flashback - 24 de agosto, 1949
O casal andava sorridente pelo belo parque com jardins coloridos com as mãos dadas. estava realizando um sonho. Apaixonada e feliz junto ao seu amado Joseph. Conheceram-se na Itália no ano anterior e desde então não conseguiram ficar separados.
- Mon chéri, sente-se na grama para eu desenha-la. - O loiro pediu, arrastando Angelle para o campo.
- Sujarei meu vestido, Joseph. - A mulher tentou resistir, mas o olhar do francês a fez ceder. - Tudo bem.
se sentou na gramínea úmida pelo orvalho da manhã e sorriu, observando o amado buscar o carvão e o papel na bolsa que cruzava seu peito. Joseph capitou as informações da cena que desenharia e começou a esboçar os traços na folha. Enquanto o loiro a desenhava, Angelle observava os arredores, apreciando a beleza do lugar.
- Mon chéri... - Joseph chamou docemente a amada, que voltou sua atenção para o francês. Ajoelhado. Ele estava ajoelhado e tinha em mãos uma pequena caixa aberta. Com uma aliança. - Case-se comigo, l'amour de ma vie. Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu a amo. O quanto eu a quero pela eternidade.
Foi então que a realidade chocou-se contra . Como um trem em alta velocidade, atropelando-a com força e a reduzindo a pó. Desmembrando-a. Não podia se casar com um mortal. Nunca poderia se casar com o amor de sua vida. Nunca passaria a eternidade ao lado de Joseph. Lágrimas preencheram os olhos de Angelle, escorrendo como as gotas de sangue que jorravam de seu coração partido.
- Joseph, e-eu... eu o amo. - Ela viu o sorriso do amado crescer antes de continuar: - Mas não posso aceitar.
- Como? - O francês franziu as sobrancelhas em confusão e seus lábios perderem a curvatura anterior.
- Não posso me casar. - A morena falou baixo, tentando segurar o soluço.
- Mas eu a amo... - Joseph disse em um sussurro quase surdo enquanto encolhia cada vez mais seus ombros tristes.
- Eu... desculpe-me. - se levantou melindrosamente e correu como se sua vida dependesse disso pela trilha de pedra, apenas ouvindo um último grito do amado:
- Mon chéri!
Flashback off
- Por que chora? - Aquela voz conhecida foi ouvida por , que nem ao menos percebeu quando sentou ao seu lado.
- Por nada. - Ela falou, passando as mãos fortemente pelo rosto para enxugar as lágrimas antes de virar o rosto para o alemão. - Vejo que continua a me perseguir depois de 30 anos, senhor Schumacher.
- Vamos, chame-me de . Estamos em outra década, afinal. - O moreno empurrou o ombro da francesa levemente, tentando animá-la. - E não acredito que esteja chorando por nada.
- Bom, para você não é nada, já que não te interessa. - A mulher retrucou ríspida, cruzando os braços e tornando a observar o lugar onde fora pedida em casamento.
- Sabia que continuaria a mesma depois de três décadas, mademoiselle. - riu do áspero comentário de Angelle. - Já falei que amo ouvi-la falando alemão?
- Argh! - A morena grunhiu enquanto pendia a cabeça para trás. - Quando deixará de flertar comigo?
- Bom, da última vez a senhorita pareceu gostar, já que corou intensamente e fugiu de mim. - Schumacher relembrou do embaraçoso momento com seu usual sorriso arrogante, fazendo a francesa tingir as bochechas com o sangue que pulsava intensamente.
- Eu estava sensível na época. Iludi-me pelas suas bonitas palavras. Palavras essas que não possuem qualquer fundo de verdade ou boa intenção. - levantou do banco, ajeitou sua blusa ombro a ombro preta e ajustou o cinto de sua calça de couro, logo voltando sua atenção para o homem ainda sentado. Parecia o próprio John Travolta, com os braços estendidos no encosto do assento. - Eu lhe asseguro que não acontecerá novamente.
Angelle tentou iniciar sua caminhada, recebendo como resposta apenas um suspiro cansado do alemão.
- Eu encontrei alguém. Outro de nós. - Ao ouvir aquela frase, a francesa parou bruscamente. Ainda de costas, continuou: - Dimitri Orlov. Ele é russo. Acredito que esteja na América agora.
- Por que está me contando isso? - A morena perguntou baixo assim que rodou seu corpo para cruzar o azul triste com o verde magoado.
- Porque sei que não quer mais ser eterna. - O homem falou enquanto colocava as mãos nos bolsos da jaqueta de couro. - Não sei o que aconteceu em seu passado, mas vejo cansaço em seu olhar. E tristeza.
desviou sua atenção para seus pés, brincando com um cascalho do caminho.
- Sabe o que deve fazer agora que não quer mais ser eterna? A carta deixa explícito. - Schumacher continuou, aproximando-se. Ao chegar perto o suficiente, ele levou a mão até uma mexa de cabelo castanho da mulher, colocando-a atrás da orelha e deixando visível sua marca. Ele segurou o pescoço de Angelle e passou o dedão delicadamente pela queimadura em forma de x cursivo. - Não suporto a falta de brilho nos seus olhos. As lágrimas em sua bochecha pálida e não coradas. A ausência de uma curvatura feliz em seus lábios...
levou a mão para o queixo da morena. Segurou com cuidado, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar sua frágil garota. O alemão passou o dedão pelos lábios grossos e rosados dela, depositando um casto beijo enquanto seu dedo permanecia na boca.
- Não se preocupe. Dessa vez eu irei embora.
permaneceu estática e com a pele queimando onde havia tocado, vendo-o se afastar e seguir a trilha de pedras para o fim do jardim. A mesma que traçou anos atrás.
Capítulo 6
11 de março, 1988
- Vamos, ! Por favor... - Cindy pedia manhosa para Angelle, que bebericava seu Lagoa Azul enquanto observava o cabelo volumoso e ruivo da amiga balançar na presilha rosa choque usada para prendê-los. Aquela era de longe a pior década no quesito moda. - É seu aniversário e você não quer dançar nem uma música? Não é sempre que se faz 25 anos, sabe?
Exceto que fazia sim. Todos os dias 6 do mês de março, durante 129 anos, completou 25. A morena suspirou baixo antes de se levantar e ajeitar sua jaqueta jeans, que cobria sua blusa laranja chamativa. Felizmente, havia convencido Cindy a deixá-la usar uma calça jeans de lavagem clara, e não uma colorida. Ao ver que a amiga cedera, a americana deu diversos pulinhos, arrastando-a para o meio da pista da discoteca, ao som de Girls Just Wanna Have Fun.
Angelle balançava o corpo ao lado da amiga, meio cabisbaixa e pensativa. Não gostava de comemorar o aniversário e não entendia o porquê de ter comentado para Cindy sobre a data. Seus olhos percorriam ao redor quando ela o viu. Continuava parecido com Danny Zuko, com uma jaqueta de couro e calças pretas, preso na década anterior. fumava um cigarro enquanto conversava com uma loira espalhafatosa e rosa.
- Cindy, eu já volto. - A morena falou e seguiu até o tão conhecido homem, ignorando o resmungo da ruiva. Ao chegar perto o suficiente, tossiu, chamando a atenção do casal. Ela encarou a loira chamativa com sua melhor expressão de superioridade e questionou: - Por que está falando com meu namorado?
A mulher arregalou os olhos e pediu uma série de desculpas, aparentemente com medo da francesa e logo saiu correndo.
- Ei, espera... - franziu o cenho como se tentasse lembrar de algo e socou a parede ao qual estava encostado.
- Nem ao menos sabe o nome dela, acertei? - Angelle questionou com um sorriso petulante no rosto.
- Tanto faz. - O alemão resmungou e revirou os olhos, enraivado pela mulher estar certa. - O que faz aqui?
- O mesmo que você. - encostou seu ombro da parede ao lado do homem. - Parece preso no passado.
- Não suporto as roupas dessa década. As calças são muito apertadas. - deu de ombros e ofereceu o cigarro a mulher, que aceitou de bom grado. - Vejo que nossos papéis se inverteram e agora quem persegue é a mademoiselle.
Angelle se remexeu desconfortável ao ouvir aquele pronome, tragando avidamente a fumaça do fumo. Sentia como se aquilo fosse um largo passo para trás na longa caminhada de 40 anos que tiveram juntos. Após minutos calados ouvindo apenas as músicas que tocavam e sentindo os ombros se rasparem devido ao movimento de suas respirações enquanto compartilhavam o cigarro, finalmente rompeu o silêncio:
- Vejo que ainda tem a marca. Então não...
- Não. - o interrompeu, encolhendo os ombros e cruzando os braços para se proteger do frio da boate. - Podemos conversar melhor? Sem o barulho das pessoas e o som da música, digo.
- Olhe, , eu realmente gostaria de espaço. - O alemão coçou a nuca, envergonhado. - Eu...
- Por favor, . - Angelle cortou novamente, descolando-se da parede e pegando a mão do moreno.
O homem respirou fundo e assentiu com um leve movimento da cabeça.
- Encontre-me no The Flake Café, amanhã às 15h. - Schumacher disse antes de soltar sua mão do aperto e seguir para a saída da discoteca.
- Vamos, ! Por favor... - Cindy pedia manhosa para Angelle, que bebericava seu Lagoa Azul enquanto observava o cabelo volumoso e ruivo da amiga balançar na presilha rosa choque usada para prendê-los. Aquela era de longe a pior década no quesito moda. - É seu aniversário e você não quer dançar nem uma música? Não é sempre que se faz 25 anos, sabe?
Exceto que fazia sim. Todos os dias 6 do mês de março, durante 129 anos, completou 25. A morena suspirou baixo antes de se levantar e ajeitar sua jaqueta jeans, que cobria sua blusa laranja chamativa. Felizmente, havia convencido Cindy a deixá-la usar uma calça jeans de lavagem clara, e não uma colorida. Ao ver que a amiga cedera, a americana deu diversos pulinhos, arrastando-a para o meio da pista da discoteca, ao som de Girls Just Wanna Have Fun.
Angelle balançava o corpo ao lado da amiga, meio cabisbaixa e pensativa. Não gostava de comemorar o aniversário e não entendia o porquê de ter comentado para Cindy sobre a data. Seus olhos percorriam ao redor quando ela o viu. Continuava parecido com Danny Zuko, com uma jaqueta de couro e calças pretas, preso na década anterior. fumava um cigarro enquanto conversava com uma loira espalhafatosa e rosa.
- Cindy, eu já volto. - A morena falou e seguiu até o tão conhecido homem, ignorando o resmungo da ruiva. Ao chegar perto o suficiente, tossiu, chamando a atenção do casal. Ela encarou a loira chamativa com sua melhor expressão de superioridade e questionou: - Por que está falando com meu namorado?
A mulher arregalou os olhos e pediu uma série de desculpas, aparentemente com medo da francesa e logo saiu correndo.
- Ei, espera... - franziu o cenho como se tentasse lembrar de algo e socou a parede ao qual estava encostado.
- Nem ao menos sabe o nome dela, acertei? - Angelle questionou com um sorriso petulante no rosto.
- Tanto faz. - O alemão resmungou e revirou os olhos, enraivado pela mulher estar certa. - O que faz aqui?
- O mesmo que você. - encostou seu ombro da parede ao lado do homem. - Parece preso no passado.
- Não suporto as roupas dessa década. As calças são muito apertadas. - deu de ombros e ofereceu o cigarro a mulher, que aceitou de bom grado. - Vejo que nossos papéis se inverteram e agora quem persegue é a mademoiselle.
Angelle se remexeu desconfortável ao ouvir aquele pronome, tragando avidamente a fumaça do fumo. Sentia como se aquilo fosse um largo passo para trás na longa caminhada de 40 anos que tiveram juntos. Após minutos calados ouvindo apenas as músicas que tocavam e sentindo os ombros se rasparem devido ao movimento de suas respirações enquanto compartilhavam o cigarro, finalmente rompeu o silêncio:
- Vejo que ainda tem a marca. Então não...
- Não. - o interrompeu, encolhendo os ombros e cruzando os braços para se proteger do frio da boate. - Podemos conversar melhor? Sem o barulho das pessoas e o som da música, digo.
- Olhe, , eu realmente gostaria de espaço. - O alemão coçou a nuca, envergonhado. - Eu...
- Por favor, . - Angelle cortou novamente, descolando-se da parede e pegando a mão do moreno.
O homem respirou fundo e assentiu com um leve movimento da cabeça.
- Encontre-me no The Flake Café, amanhã às 15h. - Schumacher disse antes de soltar sua mão do aperto e seguir para a saída da discoteca.
Capítulo 7
12 de março, 1988
balançava a perna incessantemente, tremendo em ansiedade. Chegara 20 minutos antes do combinado e já havia bebido 3 xícaras de café. Seus olhos seguiam até a porta toda vez que ouvia o sino tocar, avisando que alguém havia chegado. estava atrasado. Tudo bem, eram apenas 15h05.
- Respira, . Ele virá. - Angelle apoiou os cotovelos na mesa e cobriu o rosto.
- Falam que oxigênio é essencial para sobreviver. - Schumacher comentou risonho. A francesa rapidamente tirou as mãos do rosto, deixando evidente seu sorriso. - Então recomendo que respire.
- Você veio. - Ela passou os dedos pelo cabelo nervosamente.
- Sim, nós marcamos, certo? Não daria um bolo em você. - O famoso sorriso petulante do moreno foi substituído por um gentil. O alemão coçou a nuca antes de continuar: - Você não encontrou Dimitri ou...
- Eu o encontrei. - respondeu rapidamente, sem deixar de sorrir. - Mas não continuamos.
- Por quê? - perguntou com o cenho franzido.
- Ele encontrou outra imortal. Uma americana. Tiveram uma linda filha, Charlotte. - Ela passava os dedos vagarosamente pela borda da xícara quase vazia. - Não ficaram juntos, apesar de tudo.
- Sinto muito. - O moreno se inclinou para frente e descansando os braços na mesa.
- Está tudo bem. - Angelle sorriu fraco. - É por isso que eu gostaria de conversar. Eu gostaria de saber se podemos... tentar.
- Eu não sou substituto, . - Schumacher não olhava para a mulher, apenas encarando as próprias mãos cruzadas sobre a superfície azul. - Sei que nós, imortais, fazemos isso uma vez e seguimos nossas vidas. E por mim tudo bem, eu o faria com qualquer um. Mas não com você. Não com a mulher que eu estou apaixonado. Não quero ser sua segunda opção, e sim sua primeira.
Aquelas palavras atingiram em cheio.
- Apaixonado? - A francesa perguntou baixo, quase num sussurro mudo.
- Não me faça repetir, por favor. - O moreno pediu, encolhendo os ombros e voltando a atenção para a janela, onde a rua movimentada de Hollywood podia ser vista.
- , eu não sabia...
- Como acha que nos encontramos tantas vezes, sempre de 10 em 10 anos? - Schumacher passou as mãos fortemente pelo rosto, soltando um grunhido baixo. - Eu realmente a segui, . Para todos os países que foi. Desde aquela festa dos Bianchi, onde fugiu de mim pela primeira vez.
“Se fechar meus olhos posso vê-la dançando com Susana. Posso sentir seus tapas fracos no meu braço, dados naquela avenida parisiense. Posso ouvir suas palavras cantadas durante o manifesto na Tower Bridge. Posso sentir meu coração doer ao lembrar de como foi horrível vê-la ser arrastada por aquele policial em Londres. E também quando você correu para longe de mim naquele restaurante. Posso ouvi-la chorar no parque em Viena.”
falou tudo em um fôlego só, puxando o ar fortemente para dentro dos pulmões antes de continuar:
- Deus! Eu estou perdidamente apaixonado por você, . E só os anjos sabem o quanto. Mas eu nunca seria seu estepe. Quero você para sempre, não por apenas uma noite.
E a cena da década anterior se repetiu. Schumacher se levantou rapidamente da cadeira e saiu da cafeteria, deixando uma Angelle abalada e confusa para trás.
balançava a perna incessantemente, tremendo em ansiedade. Chegara 20 minutos antes do combinado e já havia bebido 3 xícaras de café. Seus olhos seguiam até a porta toda vez que ouvia o sino tocar, avisando que alguém havia chegado. estava atrasado. Tudo bem, eram apenas 15h05.
- Respira, . Ele virá. - Angelle apoiou os cotovelos na mesa e cobriu o rosto.
- Falam que oxigênio é essencial para sobreviver. - Schumacher comentou risonho. A francesa rapidamente tirou as mãos do rosto, deixando evidente seu sorriso. - Então recomendo que respire.
- Você veio. - Ela passou os dedos pelo cabelo nervosamente.
- Sim, nós marcamos, certo? Não daria um bolo em você. - O famoso sorriso petulante do moreno foi substituído por um gentil. O alemão coçou a nuca antes de continuar: - Você não encontrou Dimitri ou...
- Eu o encontrei. - respondeu rapidamente, sem deixar de sorrir. - Mas não continuamos.
- Por quê? - perguntou com o cenho franzido.
- Ele encontrou outra imortal. Uma americana. Tiveram uma linda filha, Charlotte. - Ela passava os dedos vagarosamente pela borda da xícara quase vazia. - Não ficaram juntos, apesar de tudo.
- Sinto muito. - O moreno se inclinou para frente e descansando os braços na mesa.
- Está tudo bem. - Angelle sorriu fraco. - É por isso que eu gostaria de conversar. Eu gostaria de saber se podemos... tentar.
- Eu não sou substituto, . - Schumacher não olhava para a mulher, apenas encarando as próprias mãos cruzadas sobre a superfície azul. - Sei que nós, imortais, fazemos isso uma vez e seguimos nossas vidas. E por mim tudo bem, eu o faria com qualquer um. Mas não com você. Não com a mulher que eu estou apaixonado. Não quero ser sua segunda opção, e sim sua primeira.
Aquelas palavras atingiram em cheio.
- Apaixonado? - A francesa perguntou baixo, quase num sussurro mudo.
- Não me faça repetir, por favor. - O moreno pediu, encolhendo os ombros e voltando a atenção para a janela, onde a rua movimentada de Hollywood podia ser vista.
- , eu não sabia...
- Como acha que nos encontramos tantas vezes, sempre de 10 em 10 anos? - Schumacher passou as mãos fortemente pelo rosto, soltando um grunhido baixo. - Eu realmente a segui, . Para todos os países que foi. Desde aquela festa dos Bianchi, onde fugiu de mim pela primeira vez.
“Se fechar meus olhos posso vê-la dançando com Susana. Posso sentir seus tapas fracos no meu braço, dados naquela avenida parisiense. Posso ouvir suas palavras cantadas durante o manifesto na Tower Bridge. Posso sentir meu coração doer ao lembrar de como foi horrível vê-la ser arrastada por aquele policial em Londres. E também quando você correu para longe de mim naquele restaurante. Posso ouvi-la chorar no parque em Viena.”
falou tudo em um fôlego só, puxando o ar fortemente para dentro dos pulmões antes de continuar:
- Deus! Eu estou perdidamente apaixonado por você, . E só os anjos sabem o quanto. Mas eu nunca seria seu estepe. Quero você para sempre, não por apenas uma noite.
E a cena da década anterior se repetiu. Schumacher se levantou rapidamente da cadeira e saiu da cafeteria, deixando uma Angelle abalada e confusa para trás.
Capítulo 8
31 de dezembro, 1999
Rio de Janeiro. A cidade brasileira estava facilmente entre as 3 favoritas de . Apesar de sentir dificuldade em falar o português brasileiro, conseguia se virar com seu sotaque europeu. E de longe, entre as 7 línguas que sabia falar, aquela era a secundária preferida da francesa. A vista de seu quarto no Copacabana Palace era linda. As pessoas se amontoavam na praia, ouvindo música e apreciando a bebida. Brasileiros eram extremamente carismáticos e alegres, tornando a estadia de ainda melhor.
A morena se olhava no espelho, contemplando seu conjunto branco. Felizmente, os anos 80 haviam passado, junto com suas roupas extravagantes e cabelos volumosos. Angelle finalmente podia usar seus cabelos soltos, com seus cachos naturais intactos e longe de escovas atiçadoras.
Como todo fim de década, pegou sua carta antes de ir para a festa. A carta. Costumava a reler antes de seguir para uma nova época. E aquela seria ainda mais importante, o início de um século. A francesa não pode deixar de lembrar de quando pegou a carta velha, escura e amassada. . Ele era a pessoa que não saia da cabeça de Angelle. Ela o procurou em diversos lugares durante aqueles 11 anos. Até encontrou outros imortais dispostos a concluir o processo com a francesa. Todavia, ela recusou. O único com quem ela gostaria de fazer aquilo era Schumacher.
Também estava apaixonada. Era o que tanto queria falar para o alemão. Queria ter corrido atrás dele naquele dia, mas não conseguiu. Desabou em lágrimas assim que o viu passar pela porta da cafeteria há 11 anos. Quando tentou o acompanhar já era tarde. O destino que ele tomara era desconhecido pela mulher. Não sabia se ele havia concluído o processo ou se continuava imortal. Só sabia que sentia saudades do petulante sorriso alemão.
A tradição de se encontrarem de 10 em 10 anos fora rompida. No ano de 1998, chorara como nunca antes. Deveria ser o ano em que se encontrariam novamente. Deveria. Aqueles 365 dias se arrastaram lentamente pelo tempo, arranhando o interior de com a dor. Quase todas as 8760 horas pareciam nubladas em Paris. Entre os 525.600 minutos daquele ano, os ensolarados foram os piores. Foram 31.536.000 de pura e excruciante agonia. Ela mal comia, muito menos saia de casa. Quem a resgatou do fundo do poço fora Júlia, uma outra imortal brasileira que a arrastou para o Brasil.
Angelle respirou fundo e abriu a carta em mãos. A carta que recebera quando completou 18 anos e saiu do orfanato, o papel já amassado e escurecido.
“ Querida Angelle,
Parecerás loucura o que explicarei abaixo, mas peço que acredites nas palavras abaixo escritas por mim, sua mãe.
És uma descendente de anjos, querida. Anjos estes sendo eu e seu pai. Tens a Marca de Adão. De tempos em tempos, seres celestiais se apaixonam e produzem descendentes eternos, frutos do nosso amor.
Viverás anos, décadas ou até mesmo séculos. Envelhecerás normalmente no início e pararas de crescer com 25 anos. Presenciarás guerras e revoluções. As injustiças humanas e as evoluções comportamentais. Adquiras conhecimentos diversos e sábias filosofias. As mais belas paisagens e os mais tristes cenários. Te tornarás uma pessoa melhor, querida.
Entretanto, sofrerás como humana. Terás vícios, dores, traumas, sentimentos angustiantes, amarás. Não poderás criar raízes, permanecer mais de alguns anos em um mesmo lugar para não levantar suspeitas. Não poderás ficar com não-imortais, apenas para satisfações mundanas. E por isso sinto muito, querida filha, pois sei que este é o maior desejo humano, amar e ser amado.
Tens uma solução para esse empecilho, contudo. Quando cansar de ser eterna, podes se libertar desse pesar ao ter um filho com outro imortal. Assim perderão sua Marca de Adão.
Com amor,
Maman et papa”
respirou fundo, guardando a carta em sua mala novamente ao ouvir a porta batendo.
- , está pronta? - Júlia perguntou através da grossa porta de madeira dupla.
- Já estou indo. - Angelle respondeu enquanto checava sua imagem no espelho mais uma vez antes de seguir até a porta.
- Espero que esteja pronta para a sua melhor noite, repleta de lindos brasileiros. - Júlia disse assim que a francesa abriu a porta.
A morena sorriu e assentiu, logo seguindo a amiga até o elevador a fim de descerem para a festa de ano novo.
estava bêbada. Sua visão estava turva, suas pernas não seguiram linhas retas e ela falava em 4 línguas ao mesmo tempo. Contudo, não estava alucinando e muito menos era louca. Aquele era Schumacher no bar da enorme área externa do Copacabana Palace. Vestia uma simples blusa social branca e uma calça jeans escura. Lindo. Um verdadeiro descendente de anjo. Angelle soltou um soluço alto, colocando a mão na boca logo em seguida. A francesa tentou chegar perto de Schumacher, mas a contagem regressiva para a meia noite havia começado.
- 10... - os hóspedes ao redor gritaram, amontoando-se envolta do palco onde uma banda anunciava os segundos.
- 9... - empurrava pessoas e tentava não tirar os olhos do destino final.
- 8... - estava quase lá, só faltavam alguns passos.
- 7...
- ! Eu estava te procurando. - Júlia surgiu na frente da amiga, tapando sua visão.
- 6...
- Júlia, eu estou atrás de uma pessoa. - A francesa tentou olhar por cima do ombro da mulher na sua frente.
- 5...
- Quem? - A brasileira perguntou, finalmente abrindo espaço para a estrangeira.
- 4...
Ele não estava mais lá.
- 3...
- Ninguém, esqueça. - murchou os ombros e abaixou a cabeça. Tentava impedir as lágrimas de caírem.
- 2... 1. Feliz ano novo! - Júlia gritou junto a todos, abraçando forte a amiga.
Rio de Janeiro. A cidade brasileira estava facilmente entre as 3 favoritas de . Apesar de sentir dificuldade em falar o português brasileiro, conseguia se virar com seu sotaque europeu. E de longe, entre as 7 línguas que sabia falar, aquela era a secundária preferida da francesa. A vista de seu quarto no Copacabana Palace era linda. As pessoas se amontoavam na praia, ouvindo música e apreciando a bebida. Brasileiros eram extremamente carismáticos e alegres, tornando a estadia de ainda melhor.
A morena se olhava no espelho, contemplando seu conjunto branco. Felizmente, os anos 80 haviam passado, junto com suas roupas extravagantes e cabelos volumosos. Angelle finalmente podia usar seus cabelos soltos, com seus cachos naturais intactos e longe de escovas atiçadoras.
Como todo fim de década, pegou sua carta antes de ir para a festa. A carta. Costumava a reler antes de seguir para uma nova época. E aquela seria ainda mais importante, o início de um século. A francesa não pode deixar de lembrar de quando pegou a carta velha, escura e amassada. . Ele era a pessoa que não saia da cabeça de Angelle. Ela o procurou em diversos lugares durante aqueles 11 anos. Até encontrou outros imortais dispostos a concluir o processo com a francesa. Todavia, ela recusou. O único com quem ela gostaria de fazer aquilo era Schumacher.
Também estava apaixonada. Era o que tanto queria falar para o alemão. Queria ter corrido atrás dele naquele dia, mas não conseguiu. Desabou em lágrimas assim que o viu passar pela porta da cafeteria há 11 anos. Quando tentou o acompanhar já era tarde. O destino que ele tomara era desconhecido pela mulher. Não sabia se ele havia concluído o processo ou se continuava imortal. Só sabia que sentia saudades do petulante sorriso alemão.
A tradição de se encontrarem de 10 em 10 anos fora rompida. No ano de 1998, chorara como nunca antes. Deveria ser o ano em que se encontrariam novamente. Deveria. Aqueles 365 dias se arrastaram lentamente pelo tempo, arranhando o interior de com a dor. Quase todas as 8760 horas pareciam nubladas em Paris. Entre os 525.600 minutos daquele ano, os ensolarados foram os piores. Foram 31.536.000 de pura e excruciante agonia. Ela mal comia, muito menos saia de casa. Quem a resgatou do fundo do poço fora Júlia, uma outra imortal brasileira que a arrastou para o Brasil.
Angelle respirou fundo e abriu a carta em mãos. A carta que recebera quando completou 18 anos e saiu do orfanato, o papel já amassado e escurecido.
“ Querida Angelle,
Parecerás loucura o que explicarei abaixo, mas peço que acredites nas palavras abaixo escritas por mim, sua mãe.
És uma descendente de anjos, querida. Anjos estes sendo eu e seu pai. Tens a Marca de Adão. De tempos em tempos, seres celestiais se apaixonam e produzem descendentes eternos, frutos do nosso amor.
Viverás anos, décadas ou até mesmo séculos. Envelhecerás normalmente no início e pararas de crescer com 25 anos. Presenciarás guerras e revoluções. As injustiças humanas e as evoluções comportamentais. Adquiras conhecimentos diversos e sábias filosofias. As mais belas paisagens e os mais tristes cenários. Te tornarás uma pessoa melhor, querida.
Entretanto, sofrerás como humana. Terás vícios, dores, traumas, sentimentos angustiantes, amarás. Não poderás criar raízes, permanecer mais de alguns anos em um mesmo lugar para não levantar suspeitas. Não poderás ficar com não-imortais, apenas para satisfações mundanas. E por isso sinto muito, querida filha, pois sei que este é o maior desejo humano, amar e ser amado.
Tens uma solução para esse empecilho, contudo. Quando cansar de ser eterna, podes se libertar desse pesar ao ter um filho com outro imortal. Assim perderão sua Marca de Adão.
Com amor,
Maman et papa”
respirou fundo, guardando a carta em sua mala novamente ao ouvir a porta batendo.
- , está pronta? - Júlia perguntou através da grossa porta de madeira dupla.
- Já estou indo. - Angelle respondeu enquanto checava sua imagem no espelho mais uma vez antes de seguir até a porta.
- Espero que esteja pronta para a sua melhor noite, repleta de lindos brasileiros. - Júlia disse assim que a francesa abriu a porta.
A morena sorriu e assentiu, logo seguindo a amiga até o elevador a fim de descerem para a festa de ano novo.
estava bêbada. Sua visão estava turva, suas pernas não seguiram linhas retas e ela falava em 4 línguas ao mesmo tempo. Contudo, não estava alucinando e muito menos era louca. Aquele era Schumacher no bar da enorme área externa do Copacabana Palace. Vestia uma simples blusa social branca e uma calça jeans escura. Lindo. Um verdadeiro descendente de anjo. Angelle soltou um soluço alto, colocando a mão na boca logo em seguida. A francesa tentou chegar perto de Schumacher, mas a contagem regressiva para a meia noite havia começado.
- 10... - os hóspedes ao redor gritaram, amontoando-se envolta do palco onde uma banda anunciava os segundos.
- 9... - empurrava pessoas e tentava não tirar os olhos do destino final.
- 8... - estava quase lá, só faltavam alguns passos.
- 7...
- ! Eu estava te procurando. - Júlia surgiu na frente da amiga, tapando sua visão.
- 6...
- Júlia, eu estou atrás de uma pessoa. - A francesa tentou olhar por cima do ombro da mulher na sua frente.
- 5...
- Quem? - A brasileira perguntou, finalmente abrindo espaço para a estrangeira.
- 4...
Ele não estava mais lá.
- 3...
- Ninguém, esqueça. - murchou os ombros e abaixou a cabeça. Tentava impedir as lágrimas de caírem.
- 2... 1. Feliz ano novo! - Júlia gritou junto a todos, abraçando forte a amiga.
Capítulo 9
17 de março , 2005
Bêbada. Era como constantemente a morena gostava de ficar. E era como constantemente ficava. Qualquer coisa era motivo para beber 5 shots seguidos de tequila. O dia amanheceu? 5 shots. O dia está ensolarado? Mais 5. Schumacher ainda não foi encontrado? Mais 10.
Naquele dia, sua desculpa era o St. Patrick Day. Nova Iorque se encontrava tingida de verde. Milhares de pessoas assistiam a passeata que ocorria na rua. E outros milhares se encontravam enfurnados em pub’s apertados, bebendo. Esse era o caso de Angelle, que bebia seu quarto copo de chopp, intercalando-os entre os incontáveis shots já tomados.
- Ei! Você não está usando verde, gatinha. - Um homem loiro comentou, colocando a mão em sua cintura e a puxando para perto. - Deve-me um beijo.
- Não é porque não viu o verde que significa que não estou usando, gatinho. - se aproximou e sussurrou no ouvido do loiro. Sua fala já estava embolada e seu sotaque francês puxava. A morena se afastou de novo para abrir seu sobretudo, mostrando a parte de cima do biquíni verde, decorado por trevos de quatro folhas. - Aqui está.
O americano olhou para baixo e apreciou a vista com um sorriso malicioso no rosto.
- Agora me deve um beijo e uma noite na minha cama. - O homem falou, roçando sua cintura na coxa da francesa e a puxando para mais perto.
- Eu adoraria, mon chéri. - depositava beijos molhados no pescoço do homem, que tentava fundir seus corpos ali mesmo com tamanha proximidade que impunha. A mulher mordeu o lóbulo do americano e sussurrou: - Pena que não vou para cama com homens de pau pequeno. Agora vaza.
Angelle se ajeitou sobre o banco alto do bar, fechou o sobretudo e deu longos goles na cerveja. O loiro, impaciente e irritado com a arrogância da francesa, agarrou o braço da morena e a fez derramar a bebida âmbar no balcão.
- Ah, ótimo. Agora você me deve uma nova cerveja, idiota. - revirou os olhos e apontou para a superfície molhada.
- Meu nome é Josh, vadia. Lembre desse nome. Será ele que você gemerá durante a noite toda enquanto eu te fodo. - O americano apertou ainda mais o braço da morena, que resistiu ao gemido de dor. As pessoas ao redor começaram a perceber a briga e os murmúrios começaram a ficar mais baixos, já que os clientes paravam de conversar para ouvir a discussão.
- Primeiro, melhor ir tirando a mão do meu braço. Segundo, duvido que dure 5 minutos, quanto mais a noite toda. - As pessoas ao redor gritaram “uuuhh”, aumentando o sorriso petulante no rosto da francesa. - E terceiro, repito: como me fará gemer com seu pau minúsculo?
Todos ao redor explodiram em risadas. O loiro olhou ao redor, com o rosto adquirindo todas as tonalidades possíveis de vermelho, desde o envergonhado até o com raiva.
- Ah, sua putinha...
- Algum problema aqui? - Aquela voz. Só podia ser uma pessoa.
- ! Quanto tempo! - levantou o braço livre de aperto. Ela se virou para o loiro e pôs a mão ao lado da boca, a escondendo do alemão e fingindo contar um segredo para o americano, mas ficou confusa ao ver que o nativo ainda tinha sua mão envolta do braço dela. - Ei! Por que você ainda não me soltou mesmo?
O americano revirou os olhos e prensou Angelle contra a madeira do balcão, forçando o corpo sobre o dela violentamente e tentando forçar um beijo. Todavia, a francesa não permitiu e virou o rosto a tempo. Suas narinas queimaram com o cheiro forte do homem de álcool e perfume masculino barato. Ela desferiu uma joelhada na genitália do homem, que deu alguns passos para trás e se curvou para frente, logo recebendo um soco no nariz.
- Aí! Merda! - gritou assim que aplicou o golpe. Ela segurou a mão, dobrou os joelhos e curvou o corpo para frente, com dor.
- Você está bem? - foi o único a se pronunciar no pub, onde apenas era ouvido os gemidos do americano no chão e a música agora baixa tocando na caixa de som.
- Uhuuu! Eu soquei uma pessoa! - Angelle gritou em francês e levou ambos os braços ao ar. Ela apontou para o barman e continuou em inglês: - Mike, prepare uma rodada para todos. Por minha conta!
Então todos do bar gritaram e voltaram aos afazeres anteriores, esquecendo da briga de alguns segundos atrás e do loiro no chão, que foi arrastado por dois homens para fora do pub. Schumacher suspirou e deu de costas para a francesa, a fim de seguir até a saída. Foi interrompido, contudo, pela voz suave e irônica de .
- Já vai, senhor Schumacher? - Ela perguntou em alemão e se sentou novamente no banco, observando os dedos machucados mais de perto. - Sabe, eu te vi no Ano Novo no Copacabana Palace. Tentei falar com você, mas não consegui.
- Eu também a vi. - O alemão colocou uma mão no bolso da calça jeans e apoiou o cotovelo no balcão ao lado dela.
- E não foi atrás de mim, estou certa? - Angelle perguntou baixo. Ao ver o moreno assentir e engolir o seco, a francesa esboçou um ladino e triste sorriso nos lábios, levando a eles o pequeno copo de shot que estava na sua frente. Logo ela levantou a mão para Mike num pedido silencioso por outra bebida.
- Não acha que deveria parar de beber? - perguntou, sentando ao lado da mulher.
- Bom, eu passei boa parte desse século bebendo e se eu não o fizer acho que não vou conseguir parar de chorar. - falou com a língua enrolada e deu de ombros, observando uma garrafa ser depositada na sua frente. - Então melhor continuar bebendo.
- Não gosto de te ver assim. - O alemão comentou baixo, tentando retirar a bebida da mão da morena.
- Você não gosta de me ver de qualquer jeito, senhor Schumacher. - Ela segurou a mão do homem e puxou a bebida para si, dando quatro longos goles.
- Vamos, vou te levar para casa. - O moreno tentou pôr a mão na base da coluna da mulher, mas foi impedido pela mesma.
- Por quê? - A francesa subiu no balcão e ficou de pé com a garrafa na mão, logo retirando o sobretudo e expondo seu sutiã verde. - Estamos apenas começando!
Novamente o ambiente foi preenchido pelos gritos dos clientes, mesmo que não tivessem entendido as palavras alemães da mulher. começou a dançar no ritmo de Sk8er Boi.
- , desce daí. - pediu, revirando os olhos.
- He wanted her. - Angelle cantarolou alto, apontando para o alemão e recebendo mais assobios e incentivos do público. - She'd never tell / Secretly she wanted him as well.
- Cara, eu preciso que ela saia. - O barman cutucou o moreno e apontou para a francesa, que continuava a cantar e animar os clientes. - Eu adoro a , mas quando ela passa da conta fica inviável.
- Ela vem muito aqui? - Schumacher perguntou, sem tirar os olhos da cantora, com medo de que ela caísse devido a tontura.
- Sim. Ela começou a vir quase todos os dias depois do aniversário dela, dia 06 de março. Mas ela é nossa cliente fiel a uns 5 meses. - Mike respondeu e uma luz se acendeu na cabeça do alemão. Claro, o dia após o aniversário da morena em 1978 havia sido a última vez que haviam se visto. - Olha, se puder fazer esse grande favor para mim e a tirar do meu balcão, eu não precisarei chamar a polícia.
- Ah sim, claro. Eu vou levá-la para casa. - pegou o sobretudo de em cima da cadeira alta e puxou a mulher para baixo, jogando-a por cima do ombro.
- Ei! - A morena se contorcia e dava socos nas costas do homem, que a levava para a saída, com vaias como a trilha sonora da cena. - Me... solta... idiota.
Já fora do pub, colocou no chão. A francesa continuou desferindo socos contra o braço do homem, mas o frio logo a impediu de continuar. Schumacher envolveu seus ombros com o sobretudo e o fechou.
- Onde você mora? - O moreno perguntou enquanto acabava de fechar os botões do casaco.
- Não te interessa. Você acabou com minha diversão e... - A mulher parou de falar e correu para a lixeira ao lado da porta, vomitando todo o conteúdo do seu estômago. Entre os jatos de suco gástrico, ela completou: - ... me abandou por 17 anos.
O alemão se aproximou e segurou o cabelo de Angelle, que o empurrou enquanto levantava e passava a mão agressivamente pela boca para a limpar.
- Não toca em mim, ! - gritou, chamando atenção de diversas pessoas que passavam na rua. Lágrimas quentes e gordas desciam pelo seu rosto. - Eu te procurei por 17 anos. 17 anos, caralho!
- ...
- Não ouse pronunciar meu nome. - Angelle apontou o dedo em riste para o moreno, já ofegante com a intensidade da discussão que seguiria. Levou as mãos ao rosto, passando-as furiosamente na pele molhada e soltando uma risada irônica. - Você tem noção do que eu passei? Eu o queria mais que tudo, . Eu te amo! E você nem me deu a chance de falar isso.
- Você fez a mesma coisa comigo durante 30 anos, mademoiselle Angelle. - Schumacher cuspiu o pronome e sobrenome da francesa e passou a mão pelos cabelos, puxando os fios em agonia. - Por 30 anos todas as vezes que tentei algo você fugiu.
- Eu era apaixonada por outro. - A morena falou baixo e engoliu o seco antes de continuar: - Um mortal. Eu precisei de tempo para superá-lo, . E quando eu finalmente consegui abrir meu coração e amar novamente, você me magoou. Me quebrou. Me abandonou.
- E-eu – o moreno gaguejou surpreso pela revelação. - Eu não sabia. Sinto...
- É, é. Você sente muito. - revirou os olhos e passou a mão pelos cabelos. - Eu também sinto muito, senhor Schumacher.
Angelle deu as costas para o alemão e seguiu pela avenida decorada. Assim que ela se foi, o local ao qual passou foi preenchido por festejantes.
- Merda, merda, merda! - exclamava a cada esbarrão que recebia enquanto tentava seguir . A calçada estava cheia e ele olhava para todas as direções tentando achar o sobretudo vermelho da francesa. Tudo que via, entretanto, era o tom verde escuro típico da festividade.
Na esquina, o desespero já batia da porta de Schumacher. Até que a achou. Angelle andava lentamente pela rua lateral vazia, com os braços abraçando o corpo trépido enquanto cambaleava embriagada.
- ! - O alemão correu em sua direção. A morena se virou confusa, recebendo o choque do corpo de sendo grudado ao seu em um abraço apertado. - Não vou deixar que fuja de mim novamente, entendeu?
- Mas e você? - Perguntou insegura, afundando seu rosto na curva do pescoço do imortal e aspirando seu cheiro ao qual tanto sentira falta, tentando gravá-lo em sua memória. - Você vai fugir de mim?
- Não. - O maior assegurou, a voz tremendo pela possibilidade de a perder, mas ainda assim sem hesitação. - Nunca mais.
Angelle sorriu e assentiu, molhando o casaco marrom do moreno com lágrimas enquanto retribuía o abraço.
Bêbada. Era como constantemente a morena gostava de ficar. E era como constantemente ficava. Qualquer coisa era motivo para beber 5 shots seguidos de tequila. O dia amanheceu? 5 shots. O dia está ensolarado? Mais 5. Schumacher ainda não foi encontrado? Mais 10.
Naquele dia, sua desculpa era o St. Patrick Day. Nova Iorque se encontrava tingida de verde. Milhares de pessoas assistiam a passeata que ocorria na rua. E outros milhares se encontravam enfurnados em pub’s apertados, bebendo. Esse era o caso de Angelle, que bebia seu quarto copo de chopp, intercalando-os entre os incontáveis shots já tomados.
- Ei! Você não está usando verde, gatinha. - Um homem loiro comentou, colocando a mão em sua cintura e a puxando para perto. - Deve-me um beijo.
- Não é porque não viu o verde que significa que não estou usando, gatinho. - se aproximou e sussurrou no ouvido do loiro. Sua fala já estava embolada e seu sotaque francês puxava. A morena se afastou de novo para abrir seu sobretudo, mostrando a parte de cima do biquíni verde, decorado por trevos de quatro folhas. - Aqui está.
O americano olhou para baixo e apreciou a vista com um sorriso malicioso no rosto.
- Agora me deve um beijo e uma noite na minha cama. - O homem falou, roçando sua cintura na coxa da francesa e a puxando para mais perto.
- Eu adoraria, mon chéri. - depositava beijos molhados no pescoço do homem, que tentava fundir seus corpos ali mesmo com tamanha proximidade que impunha. A mulher mordeu o lóbulo do americano e sussurrou: - Pena que não vou para cama com homens de pau pequeno. Agora vaza.
Angelle se ajeitou sobre o banco alto do bar, fechou o sobretudo e deu longos goles na cerveja. O loiro, impaciente e irritado com a arrogância da francesa, agarrou o braço da morena e a fez derramar a bebida âmbar no balcão.
- Ah, ótimo. Agora você me deve uma nova cerveja, idiota. - revirou os olhos e apontou para a superfície molhada.
- Meu nome é Josh, vadia. Lembre desse nome. Será ele que você gemerá durante a noite toda enquanto eu te fodo. - O americano apertou ainda mais o braço da morena, que resistiu ao gemido de dor. As pessoas ao redor começaram a perceber a briga e os murmúrios começaram a ficar mais baixos, já que os clientes paravam de conversar para ouvir a discussão.
- Primeiro, melhor ir tirando a mão do meu braço. Segundo, duvido que dure 5 minutos, quanto mais a noite toda. - As pessoas ao redor gritaram “uuuhh”, aumentando o sorriso petulante no rosto da francesa. - E terceiro, repito: como me fará gemer com seu pau minúsculo?
Todos ao redor explodiram em risadas. O loiro olhou ao redor, com o rosto adquirindo todas as tonalidades possíveis de vermelho, desde o envergonhado até o com raiva.
- Ah, sua putinha...
- Algum problema aqui? - Aquela voz. Só podia ser uma pessoa.
- ! Quanto tempo! - levantou o braço livre de aperto. Ela se virou para o loiro e pôs a mão ao lado da boca, a escondendo do alemão e fingindo contar um segredo para o americano, mas ficou confusa ao ver que o nativo ainda tinha sua mão envolta do braço dela. - Ei! Por que você ainda não me soltou mesmo?
O americano revirou os olhos e prensou Angelle contra a madeira do balcão, forçando o corpo sobre o dela violentamente e tentando forçar um beijo. Todavia, a francesa não permitiu e virou o rosto a tempo. Suas narinas queimaram com o cheiro forte do homem de álcool e perfume masculino barato. Ela desferiu uma joelhada na genitália do homem, que deu alguns passos para trás e se curvou para frente, logo recebendo um soco no nariz.
- Aí! Merda! - gritou assim que aplicou o golpe. Ela segurou a mão, dobrou os joelhos e curvou o corpo para frente, com dor.
- Você está bem? - foi o único a se pronunciar no pub, onde apenas era ouvido os gemidos do americano no chão e a música agora baixa tocando na caixa de som.
- Uhuuu! Eu soquei uma pessoa! - Angelle gritou em francês e levou ambos os braços ao ar. Ela apontou para o barman e continuou em inglês: - Mike, prepare uma rodada para todos. Por minha conta!
Então todos do bar gritaram e voltaram aos afazeres anteriores, esquecendo da briga de alguns segundos atrás e do loiro no chão, que foi arrastado por dois homens para fora do pub. Schumacher suspirou e deu de costas para a francesa, a fim de seguir até a saída. Foi interrompido, contudo, pela voz suave e irônica de .
- Já vai, senhor Schumacher? - Ela perguntou em alemão e se sentou novamente no banco, observando os dedos machucados mais de perto. - Sabe, eu te vi no Ano Novo no Copacabana Palace. Tentei falar com você, mas não consegui.
- Eu também a vi. - O alemão colocou uma mão no bolso da calça jeans e apoiou o cotovelo no balcão ao lado dela.
- E não foi atrás de mim, estou certa? - Angelle perguntou baixo. Ao ver o moreno assentir e engolir o seco, a francesa esboçou um ladino e triste sorriso nos lábios, levando a eles o pequeno copo de shot que estava na sua frente. Logo ela levantou a mão para Mike num pedido silencioso por outra bebida.
- Não acha que deveria parar de beber? - perguntou, sentando ao lado da mulher.
- Bom, eu passei boa parte desse século bebendo e se eu não o fizer acho que não vou conseguir parar de chorar. - falou com a língua enrolada e deu de ombros, observando uma garrafa ser depositada na sua frente. - Então melhor continuar bebendo.
- Não gosto de te ver assim. - O alemão comentou baixo, tentando retirar a bebida da mão da morena.
- Você não gosta de me ver de qualquer jeito, senhor Schumacher. - Ela segurou a mão do homem e puxou a bebida para si, dando quatro longos goles.
- Vamos, vou te levar para casa. - O moreno tentou pôr a mão na base da coluna da mulher, mas foi impedido pela mesma.
- Por quê? - A francesa subiu no balcão e ficou de pé com a garrafa na mão, logo retirando o sobretudo e expondo seu sutiã verde. - Estamos apenas começando!
Novamente o ambiente foi preenchido pelos gritos dos clientes, mesmo que não tivessem entendido as palavras alemães da mulher. começou a dançar no ritmo de Sk8er Boi.
- , desce daí. - pediu, revirando os olhos.
- He wanted her. - Angelle cantarolou alto, apontando para o alemão e recebendo mais assobios e incentivos do público. - She'd never tell / Secretly she wanted him as well.
- Cara, eu preciso que ela saia. - O barman cutucou o moreno e apontou para a francesa, que continuava a cantar e animar os clientes. - Eu adoro a , mas quando ela passa da conta fica inviável.
- Ela vem muito aqui? - Schumacher perguntou, sem tirar os olhos da cantora, com medo de que ela caísse devido a tontura.
- Sim. Ela começou a vir quase todos os dias depois do aniversário dela, dia 06 de março. Mas ela é nossa cliente fiel a uns 5 meses. - Mike respondeu e uma luz se acendeu na cabeça do alemão. Claro, o dia após o aniversário da morena em 1978 havia sido a última vez que haviam se visto. - Olha, se puder fazer esse grande favor para mim e a tirar do meu balcão, eu não precisarei chamar a polícia.
- Ah sim, claro. Eu vou levá-la para casa. - pegou o sobretudo de em cima da cadeira alta e puxou a mulher para baixo, jogando-a por cima do ombro.
- Ei! - A morena se contorcia e dava socos nas costas do homem, que a levava para a saída, com vaias como a trilha sonora da cena. - Me... solta... idiota.
Já fora do pub, colocou no chão. A francesa continuou desferindo socos contra o braço do homem, mas o frio logo a impediu de continuar. Schumacher envolveu seus ombros com o sobretudo e o fechou.
- Onde você mora? - O moreno perguntou enquanto acabava de fechar os botões do casaco.
- Não te interessa. Você acabou com minha diversão e... - A mulher parou de falar e correu para a lixeira ao lado da porta, vomitando todo o conteúdo do seu estômago. Entre os jatos de suco gástrico, ela completou: - ... me abandou por 17 anos.
O alemão se aproximou e segurou o cabelo de Angelle, que o empurrou enquanto levantava e passava a mão agressivamente pela boca para a limpar.
- Não toca em mim, ! - gritou, chamando atenção de diversas pessoas que passavam na rua. Lágrimas quentes e gordas desciam pelo seu rosto. - Eu te procurei por 17 anos. 17 anos, caralho!
- ...
- Não ouse pronunciar meu nome. - Angelle apontou o dedo em riste para o moreno, já ofegante com a intensidade da discussão que seguiria. Levou as mãos ao rosto, passando-as furiosamente na pele molhada e soltando uma risada irônica. - Você tem noção do que eu passei? Eu o queria mais que tudo, . Eu te amo! E você nem me deu a chance de falar isso.
- Você fez a mesma coisa comigo durante 30 anos, mademoiselle Angelle. - Schumacher cuspiu o pronome e sobrenome da francesa e passou a mão pelos cabelos, puxando os fios em agonia. - Por 30 anos todas as vezes que tentei algo você fugiu.
- Eu era apaixonada por outro. - A morena falou baixo e engoliu o seco antes de continuar: - Um mortal. Eu precisei de tempo para superá-lo, . E quando eu finalmente consegui abrir meu coração e amar novamente, você me magoou. Me quebrou. Me abandonou.
- E-eu – o moreno gaguejou surpreso pela revelação. - Eu não sabia. Sinto...
- É, é. Você sente muito. - revirou os olhos e passou a mão pelos cabelos. - Eu também sinto muito, senhor Schumacher.
Angelle deu as costas para o alemão e seguiu pela avenida decorada. Assim que ela se foi, o local ao qual passou foi preenchido por festejantes.
- Merda, merda, merda! - exclamava a cada esbarrão que recebia enquanto tentava seguir . A calçada estava cheia e ele olhava para todas as direções tentando achar o sobretudo vermelho da francesa. Tudo que via, entretanto, era o tom verde escuro típico da festividade.
Na esquina, o desespero já batia da porta de Schumacher. Até que a achou. Angelle andava lentamente pela rua lateral vazia, com os braços abraçando o corpo trépido enquanto cambaleava embriagada.
- ! - O alemão correu em sua direção. A morena se virou confusa, recebendo o choque do corpo de sendo grudado ao seu em um abraço apertado. - Não vou deixar que fuja de mim novamente, entendeu?
- Mas e você? - Perguntou insegura, afundando seu rosto na curva do pescoço do imortal e aspirando seu cheiro ao qual tanto sentira falta, tentando gravá-lo em sua memória. - Você vai fugir de mim?
- Não. - O maior assegurou, a voz tremendo pela possibilidade de a perder, mas ainda assim sem hesitação. - Nunca mais.
Angelle sorriu e assentiu, molhando o casaco marrom do moreno com lágrimas enquanto retribuía o abraço.
Capítulo 10
22 de fevereiro, 2007
se bronzeava intensamente com o sol de Fernando de Noronha na varanda extensa de seu quarto de luxo, deitada de bruços na espreguiçadeira, mais parecida com uma cama de casal, completamente nua. Na caixa de som, a música Sk8er Boi começou a tocar, fazendo-a rir.
- Essa música ser nossa é culpa sua. - balançou a cabeça negativamente, fingindo-se de triste enquanto entregava um copo de caipirinha a namorada.
- Você que a nomeou nossa música! - Angelle exclamou e levantou o tronco para pegar a bebida brasileira.
- Você que a cantou para mim! - Schumacher retrucou, deitando-se ao lado da mulher e depositando um beijo em sua bochecha. - É nossa música, você querendo ou não.
- Ok, vamos fazer assim. A próxima música que a rádio tocar será a nossa nova música. - A francesa olhou para o namorado enquanto chupava vagarosamente o canudo.
- Está tentando me seduzir para conseguir o que quer? - O moreno cruzou os braços, incrédulo.
- Não sei... está funcionando? - A mulher perguntou, mordendo o lábio inferior.
- Você sabe que está, mademoiselle Angelle. - O alemão pegou a bebida da mão de e colocou na mesa de canto antes de ficar por cima da morena e destruir beijos pelas suas costas nuas. A música Your Body Is A Wonderland começou a soar no rádio, fazendo ambos sorrirem. - É uma ótima música. Posso considerar a proposta. voltou ao seu lugar e virou a namorada, deixando-a deitar a cabeça em seu peito. Passaram horas deitados daquela forma, apenas conversando, trocando carícias delicadas e apaixonadas e apreciando a vista. Assim que o sol começou a se pôr, passou os dedos pelas mexas castanhas de e pediu:
- Case-se comigo. Amanhã, em alguma capela da cidade.
- Não. - A mulher deu de ombros, sem dar muita atenção ao pedido.
- O quê? - Schumacher se levantou bruscamente, forçando a também realizar a ação.
- Não me casarei com você amanhã sem nem ao menos ter um vestido. - A francesa explicou como se fosse óbvio enquanto bebericava a sua bebida que havia acabado de pegar.
- Então... isso é um sim? - hesitou ao perguntar. Ao ver a mulher assentir sorridente, o moreno a puxou para um beijo apaixonado. - Você não facilita em nada, mademoiselle.
- Não entregaria o sim de bandeja, senhor. - Ela falou entre os beijos.
Logo voltaram a posição inicial. fazia desenhos abstratos no peito de com o dedo, enquanto Schumacher brincava com os fios de Angelle.
- Mas tenho uma condição. - A francesa rompeu o silêncio.
- Nada mais justo. - disse com um sorriso calmo. - Qual seria?
- Quero 5 casamentos. E a Júlia será minha madrinha. - A morena levantou o rosto para cruzar o verde e o azul.
- Isso são duas condições. - O alemão retrucou com dois dedos levantados. - E seria injusto caso você tivesse uma madrinha e eu não tivesse padrinho.
- Amor, a culpa não é minha se você é chato e não faz amigos há décadas. - A menor deu um beijo na bochecha do moreno antes de continuar: - Podemos convidar o Mike, que tal?
- Não acho que ele iria para todos os casamentos. Mortais não tem tempo livre como nós. - encolheu os ombros e observou um biquinho se formar nos lábios da noiva.
- Ah! Quase me esqueço da minha terceira condição. - arrastou as palavras enquanto sentava na espreguiçadeira. - Quero um anel.
Schumacher sorriu presunçoso e levantou as sobrancelhas, apontando com o queixo na direção da bebida que jazia na mão da noiva. A morena franziu o cenho e olhou atentamente a bebida, à procura do anel dentro do copo. - Você o pôs aqui?
- Mademoiselle. - O alemão chamou e Angelle desviou o olhar da caipirinha e encontrou com uma caixa preta em mãos, onde um anel de noivado descansava.
levou a mão a boca em choque. Era constantemente pedida em casamento pelo namorado, mas sempre levava na brincadeira. Sempre exigia as mesmas coisas, sempre recebia as mesmas respostas. Quer dizer, daquela vez fora um pouco diferente. Ela negara no início. E ele realmente a pedira em casamento.
- I-isso é de verdade? - Angelle gaguejou e usou a mão livre para apontar para o anel.
- Bem, é um diamante de 2.79 quilates, cor H, clareza VVS2 e lapidação excelente no formato Tiffany preso a um anel de platina. - O alemão pegou o anel da caixa e levou até a mão estendida da mulher, que não tirava os olhos da enorme pedra preciosa. - Foram milhares de dólares muito bem gastos para agradar quem amo.
- Você está realmente me pedindo em casamento? - A francesa permaneceu estática e incrédula.
- Eu estava falando a sério todas as vezes que a pedi. - O moreno falou enquanto colocava a caixinha na mesa ao lado. - Só que dessa vez eu finalmente cumpri com uma de suas exigências.
- Vamos nos casar? - perguntou com os olhos marejados.
- Cinco vezes, como solicitou. - mal teve tempo de rir quando foi atacado pela noiva com beijos.
se bronzeava intensamente com o sol de Fernando de Noronha na varanda extensa de seu quarto de luxo, deitada de bruços na espreguiçadeira, mais parecida com uma cama de casal, completamente nua. Na caixa de som, a música Sk8er Boi começou a tocar, fazendo-a rir.
- Essa música ser nossa é culpa sua. - balançou a cabeça negativamente, fingindo-se de triste enquanto entregava um copo de caipirinha a namorada.
- Você que a nomeou nossa música! - Angelle exclamou e levantou o tronco para pegar a bebida brasileira.
- Você que a cantou para mim! - Schumacher retrucou, deitando-se ao lado da mulher e depositando um beijo em sua bochecha. - É nossa música, você querendo ou não.
- Ok, vamos fazer assim. A próxima música que a rádio tocar será a nossa nova música. - A francesa olhou para o namorado enquanto chupava vagarosamente o canudo.
- Está tentando me seduzir para conseguir o que quer? - O moreno cruzou os braços, incrédulo.
- Não sei... está funcionando? - A mulher perguntou, mordendo o lábio inferior.
- Você sabe que está, mademoiselle Angelle. - O alemão pegou a bebida da mão de e colocou na mesa de canto antes de ficar por cima da morena e destruir beijos pelas suas costas nuas. A música Your Body Is A Wonderland começou a soar no rádio, fazendo ambos sorrirem. - É uma ótima música. Posso considerar a proposta. voltou ao seu lugar e virou a namorada, deixando-a deitar a cabeça em seu peito. Passaram horas deitados daquela forma, apenas conversando, trocando carícias delicadas e apaixonadas e apreciando a vista. Assim que o sol começou a se pôr, passou os dedos pelas mexas castanhas de e pediu:
- Case-se comigo. Amanhã, em alguma capela da cidade.
- Não. - A mulher deu de ombros, sem dar muita atenção ao pedido.
- O quê? - Schumacher se levantou bruscamente, forçando a também realizar a ação.
- Não me casarei com você amanhã sem nem ao menos ter um vestido. - A francesa explicou como se fosse óbvio enquanto bebericava a sua bebida que havia acabado de pegar.
- Então... isso é um sim? - hesitou ao perguntar. Ao ver a mulher assentir sorridente, o moreno a puxou para um beijo apaixonado. - Você não facilita em nada, mademoiselle.
- Não entregaria o sim de bandeja, senhor. - Ela falou entre os beijos.
Logo voltaram a posição inicial. fazia desenhos abstratos no peito de com o dedo, enquanto Schumacher brincava com os fios de Angelle.
- Mas tenho uma condição. - A francesa rompeu o silêncio.
- Nada mais justo. - disse com um sorriso calmo. - Qual seria?
- Quero 5 casamentos. E a Júlia será minha madrinha. - A morena levantou o rosto para cruzar o verde e o azul.
- Isso são duas condições. - O alemão retrucou com dois dedos levantados. - E seria injusto caso você tivesse uma madrinha e eu não tivesse padrinho.
- Amor, a culpa não é minha se você é chato e não faz amigos há décadas. - A menor deu um beijo na bochecha do moreno antes de continuar: - Podemos convidar o Mike, que tal?
- Não acho que ele iria para todos os casamentos. Mortais não tem tempo livre como nós. - encolheu os ombros e observou um biquinho se formar nos lábios da noiva.
- Ah! Quase me esqueço da minha terceira condição. - arrastou as palavras enquanto sentava na espreguiçadeira. - Quero um anel.
Schumacher sorriu presunçoso e levantou as sobrancelhas, apontando com o queixo na direção da bebida que jazia na mão da noiva. A morena franziu o cenho e olhou atentamente a bebida, à procura do anel dentro do copo. - Você o pôs aqui?
- Mademoiselle. - O alemão chamou e Angelle desviou o olhar da caipirinha e encontrou com uma caixa preta em mãos, onde um anel de noivado descansava.
levou a mão a boca em choque. Era constantemente pedida em casamento pelo namorado, mas sempre levava na brincadeira. Sempre exigia as mesmas coisas, sempre recebia as mesmas respostas. Quer dizer, daquela vez fora um pouco diferente. Ela negara no início. E ele realmente a pedira em casamento.
- I-isso é de verdade? - Angelle gaguejou e usou a mão livre para apontar para o anel.
- Bem, é um diamante de 2.79 quilates, cor H, clareza VVS2 e lapidação excelente no formato Tiffany preso a um anel de platina. - O alemão pegou o anel da caixa e levou até a mão estendida da mulher, que não tirava os olhos da enorme pedra preciosa. - Foram milhares de dólares muito bem gastos para agradar quem amo.
- Você está realmente me pedindo em casamento? - A francesa permaneceu estática e incrédula.
- Eu estava falando a sério todas as vezes que a pedi. - O moreno falou enquanto colocava a caixinha na mesa ao lado. - Só que dessa vez eu finalmente cumpri com uma de suas exigências.
- Vamos nos casar? - perguntou com os olhos marejados.
- Cinco vezes, como solicitou. - mal teve tempo de rir quando foi atacado pela noiva com beijos.
Fim.
Nota da autora (09/11/2020): Oi! Então, eu nem sei o que falar aqui, mas sinto que preciso escrever algo para vocês leitores. Essa é minha primeira fic publicada e eu estava incrivelmente insegura antes de a enviar. Dos vários trabalhos que já fiz – concluidos ou não – Des Décennies D'amour sempre foi meu favorito. Hoje vejo que minha escrita atual melhorou muito em comparação a presente nesta fic escrita a meses atrás. Mais requintada e rica em detalhes. Contudo, Des Décennies continua sendo minha favorita pelo simples fato de eu ter sido corajosa o suficiente para a publicar. E isso me deixa muito orgulhosa. Espero que outras escritas minhas – mais densas e vulneraveis – possam ser publicadas em um futuro próximo.
Sei que estou longe de ser ¼ das escritoras ao qual aprecio, mas não me falta dedicação e vontade. Também sei que pedir para comentarem é chato, entretanto peço para o fazerem. Como disse, sou bastante insegura sobre meu trabalho e comentários positivos me incentivam a continuar a escrever – o que é algo que eu realmente amo. Sendo assim, espero que vocês tenham gostado da fanfic e concluo Des Décennies D'amour :)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Sei que estou longe de ser ¼ das escritoras ao qual aprecio, mas não me falta dedicação e vontade. Também sei que pedir para comentarem é chato, entretanto peço para o fazerem. Como disse, sou bastante insegura sobre meu trabalho e comentários positivos me incentivam a continuar a escrever – o que é algo que eu realmente amo. Sendo assim, espero que vocês tenham gostado da fanfic e concluo Des Décennies D'amour :)