Eu poderia te contar aqui que a minha vida é maravilhosa e é por isso que estou com um diário rosa choque nas minhas mãos. Mas essa não é a minha realidade no momento.
Neste exato momento, estou fugindo das minhas responsabilidades, escrevendo sobre eu mesma no diário da minha irmã caçula.
Antes dessa bagunça toda começar, queria avisar que eu era uma boa garota, só não sabia disso.

Nunca me dei bem com meus país, apesar de nunca demonstrar isso. Eu tinha medo deles, no início. Eu não entendia que a única pessoa que poderia fazer mal a mim era eu mesma.
Nesse momento, eu ouvia as vozes deles gritando, mas não estava pregando atenção o suficiente para saber o que eles estavam discutindo. Talvez como a filha deles era uma fracassada.
Se você está pensando que eu sou uma daquelas meninas que se cortam e choram a noite toda, você está erradíssima. Eu sinto um orgulho quando me lembro que não preciso me cortar para ficar bem.
Cansada de toda a gritaria, pego meu copo de refrigerante e vou subindo as escadas, reparando que eles nem se deram o trabalho de perceber que eu tinha saído da mesa de jantar.
Quando chego ao meu quarto, lembro que minha irmã caçula deveria estar dormindo e poderia ser acordada pelos gritos. Vou até o quarto dela e fecho a porta com cuidado. Eu não queria ter que responder ela sobre a briga de nossos pais, tinha certeza que ela perguntaria alguma coisa. Minha irmã era como eu, curiosa.
Vou me despindo, consciente que minha janela estava aberta e que o meu vizinho, Billy, poderia estar me olhando. Não me importaria se ele batesse na porta aqui de casa, dizendo ao meu pai que o trabalho foi bem feito.
Quero dizer, eu sei que sou bonita, ninguém precisa me contar.
Tomei um banho relaxante e fui para a cama, em seguida.
Peguei no sono rapidamente.
----
No meio da madrugada, acordei sentindo meu celular vibrando embaixo de mim.
Quando consegui achá-lo, vi que era uma amiga que me ligava. Pandora.
Atendi imediatamente, ela não era de me ligar essa hora da noite.
- Lola, você precisa vir me pegar. - Ela não estava com a voz grogue, como se estivesse bêbada, então estranhei.
- O que aconteceu? - Perguntei verificando as horas no relógio na mesa de cabeceira.
- Matt foi embora.
Matt era seu namorado, seu primeiro amor.
- Aonde você está?
- Em algum parque.
- O que você está fazendo num parque? - Já estava me levantando, botando uma roupa normal.
- Só venha aqui, por favor.
Botei uma calça jeans e peguei a primeira blusa que vi.
Peguei meu maço de cigarro, botando no bolso de trás. A janela do meu quarto não era muito alta e ainda tinha uma árvore muito perto dela, então sempre que saia no meio da noite, pulava da janela até a árvore e ia descendo, com cuidado, para não fazer barulho.
Depois de ter conseguido descer, pegou um cigarro no bolso de trás e o acendi com o isqueiro que sempre carregava.
Pronta para procurar por Pandora em todos os parques mais perto de sua casa.

Nota da autora: (08/2015) Sem nota.