Última atualização: 20/02/2018

Capítulo Único

Oh, maybe I came on too strong
Maybe I waited too long
Maybe I played my cards wrong
Oh, just a little bit wrong
Baby I apologize for it



era tudo o que qualquer mulher iria querer: empresário, boa família, educado, cavalheiro e boa pinta. Claro que ela não iria recusar. Era o que eu conseguia ouvir meu irmão dizendo a todo instante desde que decidi abandonar a premiação e correr atrás dela. O que ela poderia querer comigo? Com esse histórico de relacionamentos que deram errado, as nossas chances eram pequenas, mas isso tinha que dar certo. Demorei tempo demais e talvez já tivesse perdido tudo, mas eu não poderia abrir mão dela sem ao menos tentar.

FLASHBACK
Seria muito clichê se apaixonar pela melhor amiga? Acho que sim. Mas nós estávamos em uma relação estável, não estávamos? Não era necessário rotular tudo isso. Eu sabia que ela estava vindo como um furacão para minha casa nesse momento, o que me deixava nervoso e eu não conseguia mesmo entender o porquê.
“Sophie Turner é vista saindo do estúdio de
Malditos paparazzi, maldito Twitter, maldito tudo o que me fez não conseguir explicar nada para depois que saí da gravação. Depois que me contou sobre o que tinha rolado no happy hour deles, dirigi tão rapidamente, com raiva e um sentimento que eu sabia o que era, mas não tinha assumido até agora. Tudo saindo dos eixos. Respirei fundo e acenei para o porteiro, que deu um sorriso e abriu o portão da garagem.
Ouvi a campainha, e era agora ou nunca! Eu estava com medo dela? Ou medo de perdê-la? Não sabia responder.
– Oi, ! – abracei-a e ela permaneceu imóvel. – Ué, o que foi?
Ela ignorou minha pergunta e entrou. Respirei fundo antes de fechar a porta e me virar para a mulher parada de braços cruzados no meio da minha sala.
– Sophie no seu estúdio. Depois de, sei lá, quase três anos, ela decide aparecer e você nem sequer pensou em me falar? Tive mesmo que descobrir pelas notícias? – sorriu, forçada.
Parecia se controlar, e eu não entendia muito bem toda essa raiva dela.
– Primeiramente, você agora fica assistindo a notícias de famosos? Você abomina isso. – torci o lábio, e eu havia tentado virar o jogo da maneira mais infantil possível.
– Isso não importa. – respondeu friamente.
– Ela também não. – rebati, referindo-me à Sophie.
Ela nem deveria ser pauta da nossa conversa.
– Ela quem? Sabe, , você realmente acha que vai me ganhar sendo um cavalheiro como você sempre é, mas, dessa vez, não. – falou firmemente; eu ri. – Não vejo graça alguma. – cruzou os braços e me olhou.
– Sophie me disse algo parecido. – coloquei a mão atrás da cabeça e continuei sorrindo.
Eu não entendia onde queria chegar.
– Então agora você quer me comparar? Acha que eu vou falar "o que ela tem que eu não tenho?", mas eu não vou! As escolhas são suas. – Eu continuava rindo, enquanto ela falava. – Você é retardado?
– Eu não estou rindo de você, ! Eu estou rindo das coisas que você está dizendo, porque você já deveria saber as respostas. – disse e tentei abraçá-la.
– Sai de perto de mim, ! Você se encontra com a sua ex e depois vem dar dessas? Eu já disse que nas suas eu não caio mais! Aliás, esquece-me! E, se me ver de novo, finge que eu não existo. – disse tudo tão rapidamente que mal percebi, fiquei piscando algumas vezes, tentando entender.
! Calma! Não foi um encontro! Ela apareceu lá, e, caso você queira saber, ela me bateu. – tentei me defender, usei a única arma que tinha.
Tive uma discussão hoje à tarde com Sophie e agora estava tendo outra com a por conta da primeira briga. Hoje não era meu dia.
– E é exatamente o que você precisa. Apanhar! Eu só não te bato agora porque, pelo visto, já fizeram isso por mim. – quando começou a andar para sair do apartamento, segurei-a pelo braço. – Solte-me, garoto!
– Eu não vou soltar, você falou tudo o que queria dizer, agora é minha vez. – disse, sério.
Ela queria me dizer tudo e sair como a certa da situação?
deu um soco no meu braço, aposto que não tão forte quanto ela gostaria.
– Eu já apanhei hoje, mais uma não fará diferença. – a voz já estava mais grave, nem havia notado que meu corpo estava quente.
Olhou para mim e estava frustrada, soltei seu braço e ela sentou-se no sofá.
, quero que você entenda que ela apareceu lá. Eu estava nos ensaios. Eu estava em um compromisso sério, não vadiando. Você sabe que é verdade, porque te contou. Você sabe o que ouviu. Ela apareceu e queria voltar, ela estava zangada e eu a despistei. Não sei por que você está brava. – eu ainda estava sério, porém minha voz tentava passar calma, o que só piorou as coisas.
– E não avisar nada disso, tudo bem, certo? Que lindo! Porque, se fosse eu, você certamente estaria putíssimo comigo. – franziu o cenho e revirou os olhos
– Ok, você vê por esse lado, e eu até concordo. Mas eu estava ensaiando, foi um incidente desagradável, e, se a sua preocupação é se essa "visita" dela mexeu comigo, a resposta é não. – encarei-a, fixando meu olhar no dela.
– Já acabou? Já posso ir embora? – virou o rosto.
– Na verdade, não. Eu estou achando ótimo que você esteja com ciúmes. – eu disse e ela me olhou novamente.
– Ciúmes?! Isso não é ciúmes, ... É só que eu achei que você fosse mais decente. – praticamente cuspiu tais palavras em mim
… – respirei fundo, não iria explodir, mas ela conseguia me tirar do sério
– Você acha que eu me sinto como? O Jen teve a visita do Shawn, a do , e eu não recebi nem uma mensagem. Você não disse se estava cansado, ansioso, o que aconteceu, sabe? Senti-me apenas um passa-tempo. – ela despejou mais uma vez, e eu definitivamente não tinha muito o que falar.
– Mas, , hoje foi desgastante. Eu pensei até em mandar mensagem, mas imaginei que você estivesse com seus amigos, não quis atrapalhar. Eu já estava deitado, inclusive. Levantei para abrir a porta e era você. – olhava-a nos olhos e ela tentava desviar para não perder o foco.
– Ah, que legal, depois de um dia desgastante, a idiota aparece aqui para fazer você feliz! Você com certeza deve ter pensado isso. Olha, , para mim já deu. Achei que você fosse um homem de palavra. – ela estava tentando me fazer ficar pior do que já estava, tentando soar o mais arrogante possível.
– Mas eu nunca fui injusto com você! Respeitei todas as suas vontades. Respeitei e respeito! Você está com ciúmes, aliás, bem anormal. Você bebeu muito hoje? – tentei colocar a mão em seu ombro.
Ela estava em um happy hour com os amigos, poderia ter passado um pouco da conta.
– Não importa se eu bebi ou não! Importa-me suas mentiras! – pela primeira vez, alterou o tom de voz.
Olhava-me e eu podia ver o quanto estava com raiva.
! Eu não menti! – fechei os olhos ao dizer, ela conseguia me tirar dos eixos.
– É sempre assim com suas namoradas? – sarcasmo, ela estava realmente usando sarcasmo comigo nesse momento.
– Você não é minha namorada. – disse, calmo, e abri os olhos em seguida, fitando-a.
Assim que respondi, notei que ela travou por alguns segundos, piscou algumas vezes e parecia processar as informações.
– Isso mesmo, . Eu não sou sua namorada! Eu não sou nada mais para você! Esqueça-me a partir de hoje, a partir de agora, a partir deste minuto. – arrumou as coisas jogadas no sofá, levantou-se e andou o mais rápido possível em direção à porta. Segurei-a mais uma vez no dia.
– Chega, ! E quer saber? Eu vou te esquecer mesmo! Eu vou esquecer nosso passado, eu vou esquecer este minuto, eu vou esquecer hoje! Eu vou fazer exatamente o que você quer que eu faça! – disse num tom de voz nervoso, mas, ao mesmo tempo, convicto e calmo com o que estava dizendo.
– Você nunca prestou, ! Eu sabia que você era problema desde em que você chegou naquele bar! Eu só me envergonho de ter deixado me envolver desse jeito. – ela disse, enquanto limpava uma lágrima e segurava a raiva e a tristeza.
Eu sorri. Sabia que isso a deixaria confusa e talvez mais brava do que já estava.
De repente, puxei-a para a perto. Olhou-me fixamente, expressando a raiva. Comecei a falar, calmo, sem pressa, analisando as reações dela.
– Eu vou esquecer tudo. Eu vou esquecer o seu passado e o meu. Eu vou esquecer os últimos minutos, mas esquecerei o dia de hoje completamente, se você não aceitar ser minha namorada.
– Você é bizarro! Você é repug... O QUÊ?! – ela tentou se soltar de mim e parou quando entendeu o que eu havia dito.
– Exatamente o que você ouviu. Vamos mudar de capítulo, porque nosso livro já está muito grande. Que tal começarmos outro? A partir daqui. Onde o passado está no passado, e na nossa frente apenas o presente e o futuro incerto. Você não é minha namorada, mas eu gostaria muito que fosse. Mas, se mesmo assim você quiser que eu não saiba quem você é, eu, como sempre, te respeitarei. – puxei-a para mais perto, coloquei meu braço esquerdo em volta de sua cintura e, com o direito, peguei em uma das mãos dela. Pude senti-la estremecer.
– Eu tenho a noite inteira para sua resposta. – cheguei perto de seu rosto e sorri, dando um longo beijo em sua testa.

Achei que ela iria demorar a reagir, mas em poucos segundos, senti um soco no peito.
– Eu te odeio, – disse, enquanto olhava para o local onde tinha socado.
– Isso é um sim? – perguntei e pude vê-la sorrir fraco, talvez estivesse querendo manter um suspense ou sei lá.
Olhou-me mais uma vez e não disse nada. Era como se ela fosse um ímã e eu o metal. Senti sua mão envolver meu pescoço e me puxar para um beijo. Um beijo que eu necessitava.
Eu não conseguia parar de me apaixonar por ela.
END FLASHBACK


I could fall or I could fly
Here in your aeroplane
And I could live, I could die
Hanging on the words you say
And I've been known to give my all
And jumping in harder than
Ten thousand rocks on the lake
So don't call me baby
Unless you mean it
Don't tell me you need me
If you don't believe it
So let me know the truth
Before I dive right into you



Tudo deu certo demais, foram longos meses amando-nos e, a cada dia, eu tinha mais certeza que eu queria me casar e viver tudo o que viesse ao lado dela.
Mas daí chegou a turnê.
Nem sempre ela podia estar comigo, era dedicada demais em suas coisas, e jamais abriria mão para ficar na cola de namorado. Chegamos a ficar dois meses sem nos ver. Eu acabava tentando me distrair em algumas festas e bebendo tudo o que podia com meus amigos, eu estava em tour e não poderia ficar dentro do quarto apenas esperando uma ligação de Skype, não é? Ela também era bem grandinha e sabia que, quando desse, nós iríamos nos ver.
E assim meu pensamento foi ficando cada vez mais escroto. Talvez fossem os caras falando que eu era jovem demais para me amarrar ou fossem as meninas que me rodeavam e me mostravam que o mundo era muito além daquilo que eu achava.
Os telefonemas para ela começaram a diminuir, ela começou a me ligar com mais frequência, e isso não quer dizer que eu atendia todas as vezes. Os diálogos, que antes duravam horas, hoje me faziam desligar com menos de 20 minutos.
Eu não queria mais.
Deveria ter ido atrás dela quando esse pensamento me rodeou, e tudo seria diferente, mas não! Decidi parar de ligar, de atender, decidi ser monossilábico, e ela com certeza não estava entendendo nada. Tentou segurar o máximo que pôde, argumentou que tudo aquilo era estresse da turnê, e quando realmente não deu mais, ela desistiu.
Talvez, se não tivesse desistido de nós, continuaríamos a ser a melhor dupla possível, mas como amigos. Não fazia sentido um relacionamento em que apenas um lado estava doando-se, e ela sentiu muito antes de finalizar o e-mail e dizer que preferia dizer tudo olhando em meus olhos, mas ela não iria até o Canadá apenas para me dizer o que eu queria ouvir.
Ela sabia que eu já havia deixado o “nós” de lado e não era do tipo de pessoa que se importava com a forma de terminar um relacionamento.
Deixei o fim partir dela e acredito que fora para não sentir culpa, quando na verdade eu não senti nada. Já esperava aquela reação, ou arquitetei tudo até chegar naquele ponto? Não importava agora.


You're a mystery
I have travelled the world
There's no other girl like you
No one, what's your history?
Do you have a tendency to lead some people on?
'Cause I heard you do, mm


FLASHBACK

Depois do fim da turnê, fiquei algum tempo sem vê-la, e ainda não havia respondido o e-mail dela, mas as coisas saíram bem no final quando fomos à um jantar na casa da e acabamos trocando algumas palavras.
Ela estava diferente ou estava portando-se diferente na minha frente, mas quando a vi, senti o coração na garganta. O sentimento era esse? Arrependimento? Talvez. Mas não era nada que eu não pudesse superar. Não conseguia tirar os olhos dela, que sorriu abertamente e me deu um longo abraço quando se aproximou, estávamos falando de superação? Alguém já havia dado andamento no processo.
Entre uma taça e outra, já éramos íntimos novamente e estávamos rindo de alguma história bizarra que aconteceu durante a tour.
Enquanto não toquei no assunto “nós”, tudo estava bem. Passamos a nos encontrar em vários eventos e voltamos a nos aproximar, mas éramos bons amigos novamente, e eu acreditava que aquilo estava bem para mim, mesmo tentando chamar atenção dela a cada novo encontro.
– Acho que preciso te falar sobre isso. – ela suspirou alto, enquanto mexia nervosa na pequena bolsa que levava consigo.
– Sobre o quê? – peguei minha cerveja que estava no braço do sofá e a olhei.
– Aquilo que aconteceu há alguns meses – ela fez uma pausa e mordeu o lábio inferior. Deu sinal para que eu me levantasse. – Vamos dar uma volta.
Dei de ombros e me levantei. Quando menos percebi, estávamos no parque próximo à residência onde a festa acontecia. Eu já havia perdido a conta de quantas cervejas havia bebido, mas não era nada que afetasse meu estado psicológico, ainda.
estava nervosa, não parava de morder o lábio e mexer as mãos, ora estava no cabelo, ora estava nos braços.
, há alguns meses a gente terminou, certo? – ela disse um tanto baixo, mas estávamos próximos e eu conseguia entender perfeitamente.
, sobre o e-mail, eu realmente não estava bem. – passei a mão pela nuca, tentando continuar. – Eu não sei dizer o que deu em mim, foi tudo errado.
– Não quero me aprofundar nisso, estamos bem, não estamos? Pior seria se a nossa amizade também tivesse se acabado. Eu te tratei bem desde a primeira vez que te vi justamente para deixar claro que eu havia perdido o namorado, mas você ainda é meu melhor amigo. – disse de uma vez e aquilo me machucou de uma forma que eu realmente não conseguiria explicar.
– Aonde você quer chegar? – dei um longo gole na cerveja e deixei de olhar nos olhos da mulher ao meu lado, voltei a caminhar lentamente e pude notar que ela me acompanhou.
– Você é a melhor pessoa que eu conheço nesse mundo, , sabe de mim coisas que eu jamais ousaria contar a alguém, e infelizmente nosso relacionamento não deu certo. – suspirou e tive a impressão de ouvi-la murmurar algo, mas não tive paciência para traduzir.
– Eu poderia pedir desculpas e te mostrar que estou disposto a consertar tudo o que foi feito, mas você não parece disposta a isso. – torci o lábio e sentia uma dor estranha no peito, não saberia dizer se era apenas um pressentimento ou um início de infarto, mas estava tudo bem.
– Não diga nada disso, por favor, ou você vai acabar com tudo o que eu planejei para dizer. – engoliu seco, fechou os olhos e pareceu contar até dez.
– Ok, estou realmente ficando preocupado. – tentei debochar, mas no fundo eu estava louco para saber o que ela queria me falar.
, eu conheci um cara. – ela foi direta, sua voz era suave, mas aquela frase estava ecoando na minha mente.
FIM DO FLASHBACK


I could fall or I could fly
Here in your aeroplane
And I could live, I could die
Hanging on the words you say
And I've been known to give my all
And lie awake, every day
Don't know how much I can take
So don't call me baby
Unless you mean it
Don't tell me you need me
If you don't believe it
So let me know the truth
Before I dive right into you



era o nome dele. Empresário, boa família, estupidamente educado e estava completamente apaixonado pela . Minha . Lembro-me de ter ficado em modo automático durante nosso passeio, mas desejei coisas boas e senti vontade de vomitar. Eu havia deixado aquilo acontecer, eu errei em deixá-la de lado por qualquer coisa. Ela estava comigo em todos os momentos e eu deixei de estar com ela, mas eu pensava que conseguiria reconquistá-la, tinha bastante tempo para isso, não tinha?
Comecei a levá-la para sair quando o tal não estava presente, ele viajava algumas vezes na semana por conta de sua empresa. Nossas conversas estavam cada vez melhores, era como se nunca tivéssemos tido algo que afundou como o Titanic. Eu estava tendo um progresso, sabia que iria demorar um pouco, mas o tempo perdido seria recuperado e os erros seriam só mais uma lembrança ruim.
Eu só não contava que eu estava vendo apenas a ponta do iceberg.

FLASHBACK
, eu vou me casar! – ela disse, com os olhos brilhando, e eu simplesmente travei.
– Casar? – sentia a garganta seca, fiquei olhando-a sorrir e parecia eufórica.
– Sim! Não é demais? – ela se ajeitou no sofá, ficando de frente para mim. – Eu sei que estamos juntos há alguns meses, mas o abriu uma filial em Dubai e precisa estar presente no início. Chamou-me para ir com ele, e eu não imaginei que seria como a esposa dele. – ela esticou a mão direita em minha direção, ainda sorrindo. – Olha esse anel!
Aquilo devia ser o diamante mais horrível que já vi na minha vida, ou eu só estava com raiva mesmo e não conseguia ver nada bonito naquele anel de noivado que com certeza vale quase ou exatamente meio milhão de dólares. Esse cara era um idiota!
, eu... – balancei a cabeça algumas vezes, tentando colocar as ideias em ordem. – Faz só um mês que tomamos café juntos, e ele não parecia ser o cara que iria te pedir em casamento.
– Eu sei! – ela continuava sorrindo à toa. – Aliás, você sabe o quanto ele gostou de você e ficou falando sobre isso uma tarde toda. Mas enfim, a gente saiu para jantar ontem e, quando dei por mim, ele estava ajoelhado na minha frente, com esse anel brilhando para o mundo inteiro ver!
– Que filho da mãe! – grunhi alto demais. – Ele ajoelhou!
– Nem parece que eu encontrei um príncipe encantado, né? – ela bateu palmas. PALMAS!
, eu acho que é cedo demais, desculpe-me. – eu estava com a mente em preto, tudo escuro, não sabia mais o que pensar ou falar.
, você acha que não pensei nisso? – ela arqueou a sobrancelha. – Mas o me tira de órbita, sabe? Como se tudo o que eu faço hoje tivesse mais sentido.
– Não, eu não sei, e eu sinto muito em dizer, mas não apoio essa sua decisão. – levantei-me, bufando, e comecei a andar de um lado para o outro.
– Veja, , eu fico triste por isso, mas não estou aqui pedindo sua permissão para me casar. – ouvi a voz firme e parei de andar por um momento, virando-me para ela. – Não queria ter que dizer assim, mas sua reação é desnecessária.
– Sou seu amigo e não posso dizer o que eu penso? – arqueei a sobrancelha. – Ou você só consegue me ver como seu ex-namorado?
– Você é o melhor amigo do mundo, mas eu não vou mudar as decisões da minha vida só porque não tenho seu apoio. – levantou-se, continuou sustentando meu olhar no dela.
– Eu não quis dizer isso. – suspirei alto. – Você mal conhece esse cara, e se não der certo?
– Não tem por que não dar certo. – ela revirou os olhos. – Mas, se não der, eu fiz o que quis fazer!
– Você o ama? – cruzei os braços e pude bela titubear um pouco.
– Não me casaria com um cara que eu não gosto, desnecessária essa pergunta. – revirou os olhos mais uma vez e caminhou até a cozinha.
– A pergunta foi se você o ama, ! Gostar, qualquer um pode gostar. – rapidamente já estava no mesmo cômodo que ela, pronto para jogar tudo no ventilador.
– Tanto faz, , eu o amo sim e vou me casar com ele daqui três meses. – começou a mexer nos copos sobre a pia, um tanto nervosa.
– TRÊS MESES? – explodi, como assim eles já haviam até marcado uma data?
– É o tempo que temos para ir para Dubai. Ainda estamos vendo isso, mas acredito que vai dar certo. – deu de ombros e caminhou até a geladeira, ela estava evitando me olhar.
, eu... – engasguei.
Queria falar o que sentia, o quanto estava arrependido e tentando recuperá-la de qualquer forma, mas agora ela iria se casar, e eu havia perdido tudo.
– Você o quê? – virou-se para mim e seus olhos brilhavam de um jeito estranho agora. – O que mais você vai inventar agora? Por que você não quer que eu me case?
Fiquei parado, olhando-a. Tudo estava dormente, meu corpo não respondia aos meus comandos, e eu só sentia meu coração quebrando-se, enquanto olhava para a mulher que eu amava.
– Diga-me, ! – vi uma lágrima rolar pelo seu rosto. – Qual motivo?
FIM DO FLASHBACK


I could fall or I could fly
Here in your aeroplane
And I could live, I could die
Hanging on the words you say
And I've been known to give my all
Sitting back, looking at
Every mess that I made



Naquele dia eu só me lembro de ter pegado minhas coisas e sair do apartamento dela às pressas, decidido a esquecê-la e nunca mais pensar em qualquer coisa que a envolvesse. Ela seria uma mulher casada em pouco tempo, e eu não iria fingir que aquilo não estava machucando-me.
Quase um mês depois, ela me mandou um e-mail com o convite oficial. O casamento seria no mês seguinte. Apaguei logo depois de passar os olhos rapidamente e me espantei quando ela enviou outro e-mail, dizendo que nada seria igual se eu não estivesse presente. Ela só podia estar de brincadeira comigo.
Era dia de VMA, dia do casamento dela, e nada começou bem. Primeiro chegou a namorada do , uma das amigas dela, e disse que eu deveria procurá-la, que desde a nossa discussão ela não andava bem e que as coisas iam além do que eu poderia imaginar. As informações foram ignoradas até me encurralar e me mostrar o que deveria ser feito.

HORAS ANTES...
– VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUE? VÁ LÁ E DIGA QUE A AMO? OLHA O CARA QUE ELA VAI CASAR! – esbravejei, jogando o copo de whisky no chão.
é um cara de negócios, boa pinta, família tradicional, inglês, bem-sucedido. – torceu o lábio e se limitou a rir. – , ela ama você!
– Quem te garante isso? – sorri de canto. – Eu estava lá todo o tempo que esse babaca do não estava, eu estava presente, fazendo-a rir, passando noites com ela só para vê-la feliz por não estar sozinha, e adivinha? ELA QUERIA O MATTHEW!
– Cara, as coisas nem sempre são como parecem, eu posso dizer isso. Olha o que houve comigo e com a . – se encostou na parede e cruzou os braços. – Eu demorei para dizer que a amava, quando ela voltou, trouxe a bomba com ela.
– É diferente, . – passei a mão pela nuca. – Você e tiveram um filho, e tem todo aquele lance que você não se declarou na hora certa...
, pelo amor de Deus, quem é você para dizer que não me declarei na hora certa? Por Deus! – levantou aos mãos para cima, indignado. – Você namorou a , teve todas as chances do mundo e jogou ela fora pela euforia de uma tour!
– TANTO FAZ! – bufei, buscando a garrafa de whisky novamente. – Ela deve estar agora toda linda, mais do que já é, preparando-se para subir ao altar.
– Você pode impedir. – ele disse calmo.
Franzi o cenho e tentei rir, mas ele parecia certo no que estava dizendo.
– Claro! Ela vai correr para meus braços. – dei de ombros e enchi mais um copo, bebendo tudo de uma vez.
– SANTO DEUS! VOCÊ NÃO LEU O CONVITE? – esbravejou e aquilo vez meu coração travar, o que eu havia perdido?
– Passei os olhos, o que iria me interessar? – virei-me para meu irmão e ele estava com o celular em mãos, buscando alguma coisa.
– Bem que ela disse que você não iria enxergar. – ele riu e balançou a cabeça, andou até mim e me entregou o celular.
O convite estava aberto, e ouvi dizer alguma coisa sobre enviar uma cópia. Meu irmão deu um zoom no convite e, em letras praticamente minúsculas, estava escrito o que me fez sair correndo e ir atrás da mulher da minha vida.
“Você é a única pessoa capaz de me fazer não pisar naquela igreja. Às oito.”

AGORA...
Desci do carro, praticamente caindo, faltavam dez minutos para ela se casar e, não, eu não tinha nada certo. Aquele trânsito impossibilitou o carro de me levar até a porta da igreja, um enorme clichê, mas eu estava correndo como se estivesse em uma maratona. Era minha mulher casando-se com o cara errado, eu não poderia e não iria deixar isso acontecer.
A igreja chegou em meu ponto de visão, e havia muitas pessoas. Aquele empresário de merda era realmente uma pessoa importante, mas aquela mulher não seria dele, mas não seria mesmo.
Eu estava cheirando a whisky e charuto, vestia terno e gravata; estava pronto para a premiação, e agora parece que estou pronto para destruir esse casamento. Ri sozinho e nem me dei conta quando esbarrei nas várias pessoas a minha frente. Era a hora.
Meu olhar tentava encontrá-la naquele mar de gente. Notei algumas pessoas olhando-me um tanto espantadas, um pouco à frente, em uma roda que aparentemente de familiares. Pude ver rindo ao lado de um senhor de meia idade. Caminhei apressado em sua direção e, ao me aproximar, puxei-a pelo braço. O olhar assustado de não passou despercebido, mas eu só pensava em encontrar .
, o que raios você está fazendo aqui? Ela te convidou? – puxou o braço, um tanto ríspida, e ficou encarando-me.
– Onde ela está? – perguntei, aflito.
Sabia que ela não estava dentro da igreja, pois a maioria dos convidados estavam do lado de fora.
– Por que você quer saber? Não bastou a última discussão? – continuou encarando-me e parecia nervosa.
, não tenho tempo para isso, onde ela está? – passei a mão pela nuca, ainda aflito e olhando para as pessoas.
– Deve estar chegando, mandou-me mensagem faz alguns minutos. – torceu o lábio e suspirou, derrotada. – O que você vai fazer?
– O que eu deveria ter feito antes. – fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente.
...
iria dizer alguma coisa e provavelmente me dar uma lição de moral, mas quando ouvi o carro estacionando, não pensei em mais nada além de correr até ele e abrir a porta.
Pude ouvir burburinhos, mas quando fechei a porta e a vi, eu havia entrado em uma bolha. Só havia eu e aquela mulher maravilhosa naquele momento.
Eu estava um tanto ofegante, encontrei seu olhar, e ela não parecia alarmada. Na verdade, eu poderia dizer que ela transmitia um certo alivio.
– Eu achei que... – ela começou a falar, mas eu não tinha tempo algum para isso.
, deixe-me falar antes que as pessoas comecem a bater no vidro. – engoli seco e ela se calou. – Eu não devia ter-te deixado ir, você era minha, e tudo o que vivemos foi tão intenso que eu nem sei te dizer o que passou na minha cabeça durante aquela tour. Talvez sua ausência tenha me deixado sem sentido. Eu não consegui funcionar direito, e quando você me deixou, eu não senti nada, porque eu não sabia o que estava fazendo, eu só queria estar com você, e acredito que ficar longe me deixou daquele jeito. Quando você me falou do , eu não acreditei que aquilo duraria, nossa amizade estava voltando e com aquilo eu acreditei que nós voltaríamos a ser nós, e, meu Deus, tentei te reconquistar todos os dias depois que te reencontrei, eu só não sabia como fazer as coisas funcionarem. Eu havia errado tanto, e sabia que não seria simples te ter de volta. – passei a mão por seu rosto e podia ver seus olhos mais vivos do que nunca. – Quando você me pediu para te dar um motivo para não se casar com esse engomadinho, eu só queria dizer que você era minha e que era comigo que você deveria ficar, mas aquilo não era certo no momento. Eu havia estragado tudo uma vez e tive medo de estragar de novo. Mas aqui estou eu, arriscando-me mais uma vez, mas sei que agora, mesmo que você negue, você me quer aqui, você sente o mesmo por mim, e eu posso te dar milhões de motivos para não entrar naquela igreja agora, mas o principal deles é que eu te amo, eu preciso de você e não posso perder você de novo.
Quando terminei de falar, parecia que tinha vomitado tudo de uma vez, nada havia saído na ordem correta, mas para quem não tinha um discurso, ganhar aquele sorriso era o bastante para saber que eu estava no caminho certo.
Não pensei muito antes de beijá-la. Ela ficou imóvel por alguns segundos, e logo senti sua mão em minha nuca. Aquilo não se tornou um beijo, já que senti ela desvencilhando-se suavemente. Olhou-me com ternura e respirou fundo antes de dizer:
– Eu estava com medo de que você não viesse.
Naquele momento, meu coração voltou a bater no ritmo certo, como se eu tivesse acumulado todo o sangue na cabeça e agora ele havia descido de uma vez para o resto do corpo. Ela era minha novamente, e dessa vez eu não a deixaria partir.
– Por favor, leve-nos a qualquer lugar bem longe daqui. – eu disse e olhei rapidamente para o motorista, que estava atento no retrovisor.
O veículo começou a andar e voltei a beijá-la. Eu estava tranquilo agora, não queria saber o que os outros lá fora estavam pensando, estava no lugar que deveria estar com a única pessoa que eu queria.
O sentimento era indescritível, as mãos estavam dormentes, enquanto eu sentia meu paletó descer por meus braços. Eu queria sorrir, gritar e queria mostrar para o mundo inteiro que, pelo menos uma vez na vida, eu havia feito o certo, havia me arriscado, e as chances de errar ainda existiam, mas eu não dei a mínima para elas, e agora estava com a mulher da minha vida nos braços. A mulher que eu nunca deveria ter deixado de lado, que agora faria parte de todos os meus dias, sejam fáceis ou difíceis.
Sentia-me no mar, bem no meio dele, com aquelas ondas enormes tentando me jogar para baixo, mas ao olhar para frente, eu conseguia vê-la, deslumbrante, envolvendo-me em seus braços. Aquilo me dava mais coragem de mergulhar de cabeça nisso tudo, nesse mar imenso, mergulhar cada vez mais fundo nesse amor que sentia por ela.


So don't call me baby
Unless you mean it
Don't tell me you need me
If you don't believe it
So let me know the truth
Before I dive right into you
Before I dive right into you
Before I dive right into you


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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