Prólogo
“Eu quero compartilhar um segredo com você e apesar de não ser uma coisa sobre a empresa, e sim algo sobre a minha vida pessoal, eu vou me sentir mais segura se você assinar esse documento." disse, com os ares de sempre de executiva toda poderosa. "Os meus advogados deixaram claro que, por ser uma informação à qual você só vai ter acesso graças ao seu trabalho aqui, a gente poderia, sim, executar a cláusula de confidencialidade."
- E-eu nã-não pretendo fa-falar da su-sua vida por aí, se-senhorita . - disse, nervoso, ajeitando os óculos. Ocasiões como aquela eram quando sua gagueira ficava mais evidente.
- Eu acredito em você, . Só que eu preciso me sentir o mais segura possível antes de tratar desta questão com você. – Sorriu. – Tudo bem? Você assina?
- Cla-cla-claro. – Ele passou os olhos pelo contrato, enquanto ela batia com as unhas, longas e pintadas com uma cor escura, na mesa do escritório.
- Ótimo! – Ela pegou o papel, olhando a assinatura dele desenhada no final, junto com a dela, e as do advogado e da secretária, que haviam servido de testemunhas. – Venha comigo, . Eu não quero tratar desse assunto aqui.
Ela caminhou para fora do escritório, entregou o contrato à Lily, dando instruções para que este chegasse o mais rápido possível a Charles, e continuou andando pelos corredores da empresa, seguida por , que não hesitou por um momento em ir aonde quer que ela o levasse. Aquela mulher exercia uma atração irresistível sobre ele, desde o momento em que ele colocara os olhos nela, e todo o mistério em torno daquela reunião que ela havia marcado com um simples empregado como ele, absolutamente de repente, era algo totalmente excitante.
Os dois entraram juntos no elevador, e ela cumprimentou algumas pessoas conhecidas, enquanto apertava o botão que faria com que eles fossem para a garagem subterrânea. Ela andou até um carro negro, ao lado do qual um motorista, ou talvez um segurança, a aguardava, e indicou a que ele deveria entrar, junto com ela, no banco de trás.
O caminho até um prédio luxuoso e altíssimo, em cujo estacionamento eles desembarcaram, foi totalmente silencioso, bem como o novo percurso de elevador até o último andar do edifício. Mais uma vez, cumprimentou pessoas, que julgou serem empregados, sem qualquer preocupação em apresentá-lo a ninguém, e, depois de pedir para não ser incomodada de forma alguma, levou o rapaz para uma sala pouco iluminada no final de um corredor.
- Vamos nos sentar? – Ela perguntou, ocupando um dos lados do sofá e indicando o outro a ele, que se acomodou também. "Bom, ... como você sabe, o que eu vou falar pra você aqui, hoje, é uma coisa que deve ser mantida em sigilo, a ponto de eu ter preferido fazer você assinar um contrato, antes de te dizer qualquer coisa.
- Uhum. – Ele acenou positivamente.
- Você nunca deve ter ouvido falar do clube do BDSM, não é? – Ele balançou a cabeça, confirmando que não. – Eu já imaginava. – Ela sorriu. – Bom, BDSM significa bondage, dominação, sadismo e masoquismo. – Ele engoliu seco e, vendo isso, ela motivou-se ainda mais a continuar. – O clube é formado por pessoas que curtem relações que envolvem isso e... bem, eu tenho feito parte desse clube há algum tempo."
- É... o-ok... – Ele disse, sentindo um calor enorme de repente. Secou as mãos na calça e decidiu olhar para um ponto fixo no chão, ao invés de olhar para ela.
- Olha pra mim, . - Mandou e ele prontamente obedeceu. Parecia mais forte do que ele, fazer o que ela queria. – Muito bem. – Sorriu, triunfante. – Você é mesmo... per-fei-to. – Acrescentou em um tom diferente, sedutor, e mordeu o lábio em seguida.
Ela se levantou e começou a andar pelo cômodo, porque estava difícil ficar perto de sem fazer algo que poderia ser precipitado. Sua intimidade ardia por ele, mas ela sabia que precisava se controlar, se quisesse chegar ao final da conversa, o que era primordial.
- Eu sou dominadora, . Eu tenho necessidade de controle! Nos negócios, na vida, na minha casa... no sexo. – Olhou para ele que tinha os olhos fixos nela agora. Não era que ele tivesse ficado menos tímido ou mais confortável, ele simplesmente continuava cumprindo as ordens dadas, sem sequer entender por que o fazia. – Mas o clube me cansou... os caras submissos do clube me cansaram.
Ela voltou ao sofá, ficando então bem mais perto dele, deixando seus joelhos colados, e segurando firme o queixo do rapaz quando, por um segundo, ele ousou desviar o olhar do dela.
- Por isso, eu queria muito experimentar uma coisa nova, . - respirou fundo e disse algumas palavras que teriam o poder de mudar radicalmente duas histórias. – Eu quero que VOCÊ aceite ser o meu novo submisso.
- E-eu nã-não pretendo fa-falar da su-sua vida por aí, se-senhorita . - disse, nervoso, ajeitando os óculos. Ocasiões como aquela eram quando sua gagueira ficava mais evidente.
- Eu acredito em você, . Só que eu preciso me sentir o mais segura possível antes de tratar desta questão com você. – Sorriu. – Tudo bem? Você assina?
- Cla-cla-claro. – Ele passou os olhos pelo contrato, enquanto ela batia com as unhas, longas e pintadas com uma cor escura, na mesa do escritório.
- Ótimo! – Ela pegou o papel, olhando a assinatura dele desenhada no final, junto com a dela, e as do advogado e da secretária, que haviam servido de testemunhas. – Venha comigo, . Eu não quero tratar desse assunto aqui.
Ela caminhou para fora do escritório, entregou o contrato à Lily, dando instruções para que este chegasse o mais rápido possível a Charles, e continuou andando pelos corredores da empresa, seguida por , que não hesitou por um momento em ir aonde quer que ela o levasse. Aquela mulher exercia uma atração irresistível sobre ele, desde o momento em que ele colocara os olhos nela, e todo o mistério em torno daquela reunião que ela havia marcado com um simples empregado como ele, absolutamente de repente, era algo totalmente excitante.
Os dois entraram juntos no elevador, e ela cumprimentou algumas pessoas conhecidas, enquanto apertava o botão que faria com que eles fossem para a garagem subterrânea. Ela andou até um carro negro, ao lado do qual um motorista, ou talvez um segurança, a aguardava, e indicou a que ele deveria entrar, junto com ela, no banco de trás.
O caminho até um prédio luxuoso e altíssimo, em cujo estacionamento eles desembarcaram, foi totalmente silencioso, bem como o novo percurso de elevador até o último andar do edifício. Mais uma vez, cumprimentou pessoas, que julgou serem empregados, sem qualquer preocupação em apresentá-lo a ninguém, e, depois de pedir para não ser incomodada de forma alguma, levou o rapaz para uma sala pouco iluminada no final de um corredor.
- Vamos nos sentar? – Ela perguntou, ocupando um dos lados do sofá e indicando o outro a ele, que se acomodou também. "Bom, ... como você sabe, o que eu vou falar pra você aqui, hoje, é uma coisa que deve ser mantida em sigilo, a ponto de eu ter preferido fazer você assinar um contrato, antes de te dizer qualquer coisa.
- Uhum. – Ele acenou positivamente.
- Você nunca deve ter ouvido falar do clube do BDSM, não é? – Ele balançou a cabeça, confirmando que não. – Eu já imaginava. – Ela sorriu. – Bom, BDSM significa bondage, dominação, sadismo e masoquismo. – Ele engoliu seco e, vendo isso, ela motivou-se ainda mais a continuar. – O clube é formado por pessoas que curtem relações que envolvem isso e... bem, eu tenho feito parte desse clube há algum tempo."
- É... o-ok... – Ele disse, sentindo um calor enorme de repente. Secou as mãos na calça e decidiu olhar para um ponto fixo no chão, ao invés de olhar para ela.
- Olha pra mim, . - Mandou e ele prontamente obedeceu. Parecia mais forte do que ele, fazer o que ela queria. – Muito bem. – Sorriu, triunfante. – Você é mesmo... per-fei-to. – Acrescentou em um tom diferente, sedutor, e mordeu o lábio em seguida.
Ela se levantou e começou a andar pelo cômodo, porque estava difícil ficar perto de sem fazer algo que poderia ser precipitado. Sua intimidade ardia por ele, mas ela sabia que precisava se controlar, se quisesse chegar ao final da conversa, o que era primordial.
- Eu sou dominadora, . Eu tenho necessidade de controle! Nos negócios, na vida, na minha casa... no sexo. – Olhou para ele que tinha os olhos fixos nela agora. Não era que ele tivesse ficado menos tímido ou mais confortável, ele simplesmente continuava cumprindo as ordens dadas, sem sequer entender por que o fazia. – Mas o clube me cansou... os caras submissos do clube me cansaram.
Ela voltou ao sofá, ficando então bem mais perto dele, deixando seus joelhos colados, e segurando firme o queixo do rapaz quando, por um segundo, ele ousou desviar o olhar do dela.
- Por isso, eu queria muito experimentar uma coisa nova, . - respirou fundo e disse algumas palavras que teriam o poder de mudar radicalmente duas histórias. – Eu quero que VOCÊ aceite ser o meu novo submisso.
Capítulo 1
"Submi-misso?" perguntou, com dificuldade, empurrando os óculos mais para cima do nariz em um gesto nervoso.
"Uhum..." Ela respondeu sedutora, tocando o joelho dele e inclinando levemente a cabeça para o lado. "MEU submisso."
"E... é... co-como isso fu-funciona?"
"Bom, se você aceitar, nós vamos nos sentar e conversar bastante. Vamos estabelecer quais são as regras do jogo... quais são as suas obrigações... e limites." Falou simpática, se afastando um pouco. "Mas, basicamente, você sendo meu submisso, eu mando e você obedece. É simples." Dessa vez, usou um tom de indiferença.
"Mas po-por que eu? Eu não so-sou do tipo av-ventureiro... eu n-não..."
"É justamente por isso, ." Ela riu. "Você é tímido, introspectivo... se esconde atrás desses óculos, dessas roupas fechadas, dessa sua profissão chata pra caramba! Você é solitário, pouco experiente..."
"Como vo-você sabe que e-eu sou solita-tário... e pouco expe-periente?" Ele ficou ainda mais nervoso.
No momento, ele estava muito confuso! Claro que a possibilidade de fazer sexo com aquela mulher linda e provavelmente muito gostosa era algo que o excitava demais, mas ele nunca tinha pensado em se comprometer a obedecer ninguém na vida, e o fato de ela saber tanto sobre ele o estava intimidando bastante também.
"Não foi muito difícil saber coisas sobre a sua vida, . Os seus colegas de trabalho abrem a boca com uma incrível facilidade! E um deles te conhece desde sempre, não é mesmo?" Sorriu e voltou a colocar a mão na perna dele, agora um pouco acima do joelho. "E sendo tão fechadão, tão quieto... quase inocente... você pode ganhar muita coisa com essa experiência, . Se você for meu... se eu puder fazer com você o que eu quiser e você fizer direitinho tudo que eu mandar... eu tenho certeza que você vai conhecer um nível de prazer que, de outro modo, você JAMAIS conheceria."
Ela falava lentamente, encarando-o, enquanto sua mão subia um pouco pela perna dele a cada frase. Ele engoliu seco, baixando os olhos, o que fez com que ela levasse a outra mão até o queixo dele, segurando-o com força. Ela não precisou dizer nada para que ele soubesse que ela o queria olhando em seus olhos e não fitando o chão ou qualquer outro ponto da sala, e, mesmo estando tenso com a situação, incerto sobre como lidar com aquela proposta inesperada e um pouco louca para seus padrões, ele se sentiu compelido a obedecer.
"Além do mais, eu sei muito bem que você tem me comido com os olhos... que você tem pensamentos sobre mim que não são assim TÃO puros." Ela mordeu o lábio. "Você me quer."
"Po-pode ser que eu..." Respirou fundo e falou devagar, tentando não gaguejar tanto. "Pode ser que eu ga-ganhe com isso. Mas e você? Por que vo-você faria isso por mim?"
"Não por você." Ela garantiu. "Por mim, é claro. Porque tudo em você me atrai. A timidez, o jeito todo sério, até essa gagueira nervosa... tudo isso é adorável. Você é adorável! Esse seu sorrisinho torto, as covinhas, o rosto de menino." Ela dizia isso encantada, sorrindo, e ele sorriu também por isso.
Ela fez uma pausa, porque se perdeu por alguns segundos nos olhos dele, teve vontade de beijar seus lábios, de se aconchegar nos braços dele, de sentar em seu colo. Achou aquele tipo de impulso um pouco estranho, inédito mesmo para ela, mas não teve vontade alguma de pensar sobre isso naquele momento. Apenas seguiu em frente com as explicações.
"Veja bem, ... o submisso precisa ser uma pessoa adorável, pacata, porque ele tem que estar disposto a servir... e a posição combina muito bem com essa sua carinha de adolescente, porque um sub tem que querer aprender, ansiar por novas experiências, exatamente como os meninos mais novos. Não é nada fácil achar isso em alguém com uma idade razoável." Ela riu. "E muito menos em alguém tão atraente como você."
"Atra-atraente?" Ele se surpreendeu.
"Sim! Atraente, lindo. Você pelo jeito é inseguro, o que só te torna ainda mais adorável... mas, sim, você é MUITO atraente. Você é alto, tem ombros largos... as suas roupas não deixam ver muito, mas provavelmente é forte. Você tem essas mãos grandes..." Disse, pegando as mãos dele, colocando-as sobre o colo, com as palmas viradas para cima, e passando os dedos nelas, devagar. "Eu gosto de imaginar essas mãos deslizando pelo meu corpo... Tocando-me onde eu quiser, quando eu quiser..." Enquanto falava, deixava as próprias mãos pousarem sobre as dele e jogava a cabeça para trás, fechando os olhos. “COMO eu quiser." Acrescentou, voltando a encará-lo. "E também, elas sendo grandes assim, me fazem imaginar... Você sabe." Ela deu um sorriso safado e ele corou.
"Eu... eu não sei." Ele tentou respirar fundo, mas nada estava surtindo efeito algum em seu nervosismo. "Você é... é... li-linda. É... é claro que eu a-adoraria..."
"Transar comigo."
"Isso." Ele balançou a cabeça, positivamente e se afastou um pouco, se ajeitando no sofá e tentando manter o autocontrole, a racionalidade que era sua característica, ao invés de sucumbir à tentação que era . "Mas eu n-não sei."
"Você não precisa me responder agora, . Você pode pensar."
"Pensar só vai... me deixar mais confuso. Eu não sei como isso fu-funciona... eu não consigo nem co-começar a imaginar que coisas você me mandaria fazer."
"Você tá certo." Ela disse, rindo de si mesma. "É que eu nunca lidei com uma situação assim antes... de desejar um cara comum e querer fazer dele o meu sub. Todos os anteriores já eram sub quando eu os conheci, então bastava fazer a proposta e discutir detalhes. Você não conhece nada disso e é natural que esteja... receoso, vamos dizer assim." Decidida, levantou-se do sofá, ajeitando a saia lápis marfim que usava. "Eu não posso querer de você simplesmente um sim ou um não, e pronto. Eu vou ter que te mostrar como é."
Ela ofereceu a mão a ele, que a olhou, confuso. Com um olhar penetrante e um sorriso provocante, ela foi capaz de fazê-lo entender que queria que ele lhe desse a mão, para irem juntos a algum lugar. Ele segurou a mão dela, pela primeira vez, reparando no contraste de tamanhos, e achando engraçado que uma mulher com uma mãozinha tão pequenininha, que era facilmente envolvida pela dele, pudesse querer subjugá-lo e, com sua simples presença, fosse realmente capaz de fazê-lo.
gostou de sentir a firmeza com que ele segurou sua mão, mas decidiu não pensar sobre a sensação de segurança e conforto que seus dedos entrelaçados lhe trazia, e focar no jogo de sedução em que estava prestes a envolvê-lo. Então, caminhou até uma estante que havia naquela sala sóbria, colocou a pequena mão atrás de uma escultura em porcelana, e apertou um botão que fez a estante caminhar e uma porta aparecer.
Atrás daquela porta, contrastando muito com a discrição das duas salas em que estivera, havia um quarto que se parecia bastante com o de um motel, com uma cama redonda, muitos espelhos e até um poste de pole dance, algo que só tinha visto até então na televisão ou em filmes para adultos. Enquanto ele observava cada detalhe à sua volta e tentava imaginar o que iria acontecer entre os dois ali, ela deixava o ambiente ainda mais sensual ao ligar o som e diminuir as luzes.
"Eu quero que você tire os sapatos e as meias, esse colete horrível e os óculos... e me espere na cama. Eu volto em dois minutos." Ela mandou, sem nem se importar em olhar na direção dele, e sumiu, entrando em outro cômodo qualquer, que existia atrás do pequeno palco onde ficava o poste de dança.
Apesar de preocupado com o fato de que enxergava realmente mal sem os óculos, ele seguiu absolutamente todas as instruções e, pouco depois de ter-se sentado na cama, a viu retornar, ainda vestida em sua roupa de mulher de negócios, mas com os cabelos, que antes estavam presos em um coque bem arrumado, soltos e caindo em ondas sobre seus ombros e costas.
Ela subiu na cama e, mesmo com a saia justa até o joelho, engatinhou sensualmente até ele, ajoelhando entre suas pernas. Alisou os braços dele, desde os ombros até as mãos, empurrando-os para trás, em seguida, e amarrando os pulsos juntos, atrás das costas, com um lenço de seda.
"Eu pe-pensei que..."
"Que eu quisesse suas mãos no meu corpo... e eu quero. Mas não agora." Assegurou. "E ? Eu sei muito bem que você tem força e habilidade suficientes para se soltar... mas, se eu fosse você, não faria isso." Falou, ameaçadora.
"E por que não?" Ele questionou, sem nem mesmo gaguejar, como se, quanto mais ameaçadora ela parecesse, mais ele sentisse um misto de vontade de obedecê-la com desejo e capacidade surpreendentes de desafiá-la.
"Porque se você for obediente, vai ser muito bem recompensado... mas, se for desobediente... será castigado." Disse, como se fosse óbvio.
Em seguida, ela pegou o outro lenço que tinha trazido consigo ao voltar para o quarto e vendou os olhos dele.
Ele ficou um pouco frustrado, pois uma das coisas com que fantasiava desde que conhecera era ver o corpo que ela escondia embaixo das roupas sérias de trabalho. Claro que ela não era como ele, que todo mundo vivia dizendo que se vestia como um avô ou como um fanático religioso, com suas camisas fechadas no punho e no colarinho, coletes de lã, suéteres, calças de linho. As roupas dela eram modernas, elegantes, bem escolhidas. Porém, ainda assim, eram roupas de trabalho, discretas, sóbrias, que não mostravam nada do que ele tinha vontade de ver.
Contudo, havia um lado dele que ansiava por ver como seria essa experiência de não enxergar, de não tocar, de ficar totalmente à mercê de alguém, de ter o seu corpo usado, como um brinquedo, um instrumento de prazer.
"A partir de agora, você fica em silêncio." Ela afirmou. "Eu só quero ouvir a música e a minha própria voz. Lembre-se de que eu vou te castigar sem piedade, se você me desobedecer."
Ele balançou a cabeça para mostrar que tinha entendido perfeitamente bem, e sentiu que ela começava a abrir, com calma, os botões da camisa dele, e então o cinto, o botão da calça e o zíper. Sentiu a calça deslizando por suas pernas e sendo retirada completamente, mas depois, ficou algum tempo sem sentir ou ouvir nada que pudesse indicar o que ela estava fazendo, até ela montar no colo dele, sem dúvida usando, no máximo, sua calcinha.
Ele tinha certeza disso, pois não havia nenhuma saia roçando em suas coxas e, enquanto ela beijava a orelha dele, a mandíbula, o pescoço e os ombros, e enterrava as unhas em seus cabelos, ele pode sentir os mamilos dela roçando algumas vezes por sua pele. Mais um pouco de tempo, e ela estava ainda mais encaixada nele, criando atrito entre seus corpos, respirando ofegante, gemendo baixinho no ouvido dele.
A pele dela era quente e macia, e ele tinha ímpetos de se livrar dos lenços, para tocar cada parte dela, agarrá-la com força contra si, beijá-la até que o ar faltasse, e imprensá-la contra a cama, investindo contra ela com força, até encontrar alívio para sua ereção, já dolorosa a essa altura.
Ao mesmo tempo, havia uma força qualquer que o impedia, que queria deixá-la no comando. Não era medo de um castigo, pois ele não via qualquer castigo ao qual uma mulher do tamanho dela pudesse submeter um cara como ele, se ele não se submetesse espontaneamente, se ele não deixasse. Naquele momento, era como se ele existisse para dar prazer a ela, do jeito que ela quisesse, como se ele tivesse nascido para servi-la, como se a própria condição de dominado fosse uma fonte de prazer maior do que o toque, o cheiro ou o sabor que ele tanto desejava sentir.
estava vivendo uma confusão de sensações, que se tornaram mais confusas e intensas ainda quando espalhou beijos molhados por todo o seu peitoral e abdômen. As mãos dela também iam descendo devagar pelo corpo dele e chegaram primeiro à cueca estilo samba canção, com cujo elástico os pequenos dedos dela começaram a brincar.
"Eu sabia que você tinha bons músculos por baixo dessas suas roupas sem graça." Ela disse, deliciada pela visão do corpo dele, e então tocou seu sexo, ainda coberto pela cueca de algodão. "Você é exatamente TUDO que eu imaginei, ."
Ela tirou a única peça que ainda restava para que ficasse completamente nua e também a cueca dele, deixando-o somente com a camisa, pendurada nos ombros. Porém permaneceu intocada, por enquanto, a camisinha que ela tinha colocado a seu lado sobre a cama, porque a visão do membro ereto dele lhe dera água na boca e ela precisava provar um pouco dele, antes de experimentar a sensação de ter tudo aquilo dentro dela.
"Deus, ." As palavras saíram de sua boca, sem que ele tivesse tido tempo pra pensar, quando ela colocou o pênis dele na boca, surpreendendo-o completamente.
"Shhhh... eu disse silêncio." Ela repreendeu.
Ela provocou-o um pouco mais, mas não era a ideia levá-lo ao orgasmo com sexo oral, e ela podia ver que ele não ia durar muito, então parou. Pensou que talvez fosse interessante deixá-lo assim, completamente na vontade, já que ele não tinha seguido à risca as ordens dadas por ela, então começou a se tocar, e ele, que não tinha como saber o que ela estava fazendo, teve vontade de chamar por ela, mas manteve o controle e esperou.
Observando-o ali na frente dela, tão lindo, tão gostoso, tão pronto, não pode se conter. Por mais que quisesse mostrar a ele uma lição, esta não era a melhor opção no momento, pois significaria torturar também a si mesma, já que tudo de que ela mais precisava era do próprio alívio, e tudo o que ela mais queria era ter esse alívio montada nele, molhá-lo com seu prazer e senti-lo pulsando dentro dela também.
Então, ela colocou a camisinha em e voltou a seu colo, guiando o membro dele para sua entrada e escorregando para cima e para baixo devagar. Foi aumentando o ritmo de subida e descida, ao mesmo tempo em que aumentavam as frequências cardíacas dos dois, em que a respiração ficava mais e mais ofegante, em que os gemidos dela ficavam mais altos e os dele mais difíceis de abafar, em que o quadril dele investia na direção do dela com mais e mais força.
gozou intensamente, jogando o corpo para trás, apoiando as mãos na perna dele, a fim de não relaxar sobre o peito dele, e para que ele pudesse se movimentar um pouco mais e atingir o orgasmo também. Não precisou ficar assim por muito tempo, no entanto, porque a verdade é que ele vinha se segurando havia algum tempo, e explodiu dentro da camisinha, sentindo o corpo tensionar e relaxar de um jeito que ele não se lembrava de ter sentido antes.
A garota saiu de cima dele imediatamente, recuperando o fôlego deitada a seu lado, em silêncio, e ele também não ousou dizer nada, afinal eles estavam jogando pelas regras dela e era possível que elas valessem para o depois, tanto quanto para o durante. Minutos depois, sentiu quando ela puxou o lenço que lhe servia como venda, e abriu os olhos, decepcionando-se ao ver que ela já estava vestida, com as mesmas roupas de antes.
"Você cometeu dois erros, hoje, . Falou, quando eu tinha pedido silêncio... e me chamou de , sem que eu tenha te dado autorização pra isso." Ela disse, puxando-o para cima e desamarrando também o lenço que prendia seus pulsos. "Eu não vou te castigar, dessa vez, porque você é novo nisso... e também porque eu sequer tinha te avisado que você deve se referir a mim sempre como Srta. , mesmo aqui."
"Ok." Foi tudo que ele conseguiu dizer, ainda embriagado por sensações malucas, inexplicáveis, espetaculares!
"Eu vou até o meu quarto, tomar um banho... e depois eu vou a uma reunião fora da empresa. Você pode tomar um banho também, se quiser. Há um banheiro ali e tem toalhas limpas... e tudo de que você vai precisar." Disse, apontando para uma porta na direção oposta da que ela tinha usado quando o deixara sozinho. "Depois é só ir até a sala por onde entramos, e você vai encontrar meu segurança, Brad, esperando por você. Ele vai te levar até a empresa e, caso seja do seu interesse experimentar um pouco mais, hoje à noite, é só dizer a ele a que horas ele deve te buscar lá, pra te trazer pra cá de novo, ok?" Ela enfim olhou para o rapaz e, vendo o sorriso torto que ele lhe deu, não conseguiu se conter e sorriu de volta. "Eu realmente espero que venha, ."
Tendo dito estas últimas palavras, ela foi embora, deixando um confuso sozinho naquele ambiente exalando sexualidade. Ele não sabia ainda muitas coisas sobre o mundo dela e a situação na qual estava se metendo. Não sabia se a obediência e, principalmente, essa coisa de castigo eram algo com que ele poderia lidar a médio e longo prazos.
Porém de uma coisa ele tinha certeza: ele iria voltar naquela noite. Agora que ele tinha tido um pouco de , ele queria muito, muito mais!
"Uhum..." Ela respondeu sedutora, tocando o joelho dele e inclinando levemente a cabeça para o lado. "MEU submisso."
"E... é... co-como isso fu-funciona?"
"Bom, se você aceitar, nós vamos nos sentar e conversar bastante. Vamos estabelecer quais são as regras do jogo... quais são as suas obrigações... e limites." Falou simpática, se afastando um pouco. "Mas, basicamente, você sendo meu submisso, eu mando e você obedece. É simples." Dessa vez, usou um tom de indiferença.
"Mas po-por que eu? Eu não so-sou do tipo av-ventureiro... eu n-não..."
"É justamente por isso, ." Ela riu. "Você é tímido, introspectivo... se esconde atrás desses óculos, dessas roupas fechadas, dessa sua profissão chata pra caramba! Você é solitário, pouco experiente..."
"Como vo-você sabe que e-eu sou solita-tário... e pouco expe-periente?" Ele ficou ainda mais nervoso.
No momento, ele estava muito confuso! Claro que a possibilidade de fazer sexo com aquela mulher linda e provavelmente muito gostosa era algo que o excitava demais, mas ele nunca tinha pensado em se comprometer a obedecer ninguém na vida, e o fato de ela saber tanto sobre ele o estava intimidando bastante também.
"Não foi muito difícil saber coisas sobre a sua vida, . Os seus colegas de trabalho abrem a boca com uma incrível facilidade! E um deles te conhece desde sempre, não é mesmo?" Sorriu e voltou a colocar a mão na perna dele, agora um pouco acima do joelho. "E sendo tão fechadão, tão quieto... quase inocente... você pode ganhar muita coisa com essa experiência, . Se você for meu... se eu puder fazer com você o que eu quiser e você fizer direitinho tudo que eu mandar... eu tenho certeza que você vai conhecer um nível de prazer que, de outro modo, você JAMAIS conheceria."
Ela falava lentamente, encarando-o, enquanto sua mão subia um pouco pela perna dele a cada frase. Ele engoliu seco, baixando os olhos, o que fez com que ela levasse a outra mão até o queixo dele, segurando-o com força. Ela não precisou dizer nada para que ele soubesse que ela o queria olhando em seus olhos e não fitando o chão ou qualquer outro ponto da sala, e, mesmo estando tenso com a situação, incerto sobre como lidar com aquela proposta inesperada e um pouco louca para seus padrões, ele se sentiu compelido a obedecer.
"Além do mais, eu sei muito bem que você tem me comido com os olhos... que você tem pensamentos sobre mim que não são assim TÃO puros." Ela mordeu o lábio. "Você me quer."
"Po-pode ser que eu..." Respirou fundo e falou devagar, tentando não gaguejar tanto. "Pode ser que eu ga-ganhe com isso. Mas e você? Por que vo-você faria isso por mim?"
"Não por você." Ela garantiu. "Por mim, é claro. Porque tudo em você me atrai. A timidez, o jeito todo sério, até essa gagueira nervosa... tudo isso é adorável. Você é adorável! Esse seu sorrisinho torto, as covinhas, o rosto de menino." Ela dizia isso encantada, sorrindo, e ele sorriu também por isso.
Ela fez uma pausa, porque se perdeu por alguns segundos nos olhos dele, teve vontade de beijar seus lábios, de se aconchegar nos braços dele, de sentar em seu colo. Achou aquele tipo de impulso um pouco estranho, inédito mesmo para ela, mas não teve vontade alguma de pensar sobre isso naquele momento. Apenas seguiu em frente com as explicações.
"Veja bem, ... o submisso precisa ser uma pessoa adorável, pacata, porque ele tem que estar disposto a servir... e a posição combina muito bem com essa sua carinha de adolescente, porque um sub tem que querer aprender, ansiar por novas experiências, exatamente como os meninos mais novos. Não é nada fácil achar isso em alguém com uma idade razoável." Ela riu. "E muito menos em alguém tão atraente como você."
"Atra-atraente?" Ele se surpreendeu.
"Sim! Atraente, lindo. Você pelo jeito é inseguro, o que só te torna ainda mais adorável... mas, sim, você é MUITO atraente. Você é alto, tem ombros largos... as suas roupas não deixam ver muito, mas provavelmente é forte. Você tem essas mãos grandes..." Disse, pegando as mãos dele, colocando-as sobre o colo, com as palmas viradas para cima, e passando os dedos nelas, devagar. "Eu gosto de imaginar essas mãos deslizando pelo meu corpo... Tocando-me onde eu quiser, quando eu quiser..." Enquanto falava, deixava as próprias mãos pousarem sobre as dele e jogava a cabeça para trás, fechando os olhos. “COMO eu quiser." Acrescentou, voltando a encará-lo. "E também, elas sendo grandes assim, me fazem imaginar... Você sabe." Ela deu um sorriso safado e ele corou.
"Eu... eu não sei." Ele tentou respirar fundo, mas nada estava surtindo efeito algum em seu nervosismo. "Você é... é... li-linda. É... é claro que eu a-adoraria..."
"Transar comigo."
"Isso." Ele balançou a cabeça, positivamente e se afastou um pouco, se ajeitando no sofá e tentando manter o autocontrole, a racionalidade que era sua característica, ao invés de sucumbir à tentação que era . "Mas eu n-não sei."
"Você não precisa me responder agora, . Você pode pensar."
"Pensar só vai... me deixar mais confuso. Eu não sei como isso fu-funciona... eu não consigo nem co-começar a imaginar que coisas você me mandaria fazer."
"Você tá certo." Ela disse, rindo de si mesma. "É que eu nunca lidei com uma situação assim antes... de desejar um cara comum e querer fazer dele o meu sub. Todos os anteriores já eram sub quando eu os conheci, então bastava fazer a proposta e discutir detalhes. Você não conhece nada disso e é natural que esteja... receoso, vamos dizer assim." Decidida, levantou-se do sofá, ajeitando a saia lápis marfim que usava. "Eu não posso querer de você simplesmente um sim ou um não, e pronto. Eu vou ter que te mostrar como é."
Ela ofereceu a mão a ele, que a olhou, confuso. Com um olhar penetrante e um sorriso provocante, ela foi capaz de fazê-lo entender que queria que ele lhe desse a mão, para irem juntos a algum lugar. Ele segurou a mão dela, pela primeira vez, reparando no contraste de tamanhos, e achando engraçado que uma mulher com uma mãozinha tão pequenininha, que era facilmente envolvida pela dele, pudesse querer subjugá-lo e, com sua simples presença, fosse realmente capaz de fazê-lo.
gostou de sentir a firmeza com que ele segurou sua mão, mas decidiu não pensar sobre a sensação de segurança e conforto que seus dedos entrelaçados lhe trazia, e focar no jogo de sedução em que estava prestes a envolvê-lo. Então, caminhou até uma estante que havia naquela sala sóbria, colocou a pequena mão atrás de uma escultura em porcelana, e apertou um botão que fez a estante caminhar e uma porta aparecer.
Atrás daquela porta, contrastando muito com a discrição das duas salas em que estivera, havia um quarto que se parecia bastante com o de um motel, com uma cama redonda, muitos espelhos e até um poste de pole dance, algo que só tinha visto até então na televisão ou em filmes para adultos. Enquanto ele observava cada detalhe à sua volta e tentava imaginar o que iria acontecer entre os dois ali, ela deixava o ambiente ainda mais sensual ao ligar o som e diminuir as luzes.
"Eu quero que você tire os sapatos e as meias, esse colete horrível e os óculos... e me espere na cama. Eu volto em dois minutos." Ela mandou, sem nem se importar em olhar na direção dele, e sumiu, entrando em outro cômodo qualquer, que existia atrás do pequeno palco onde ficava o poste de dança.
Apesar de preocupado com o fato de que enxergava realmente mal sem os óculos, ele seguiu absolutamente todas as instruções e, pouco depois de ter-se sentado na cama, a viu retornar, ainda vestida em sua roupa de mulher de negócios, mas com os cabelos, que antes estavam presos em um coque bem arrumado, soltos e caindo em ondas sobre seus ombros e costas.
Ela subiu na cama e, mesmo com a saia justa até o joelho, engatinhou sensualmente até ele, ajoelhando entre suas pernas. Alisou os braços dele, desde os ombros até as mãos, empurrando-os para trás, em seguida, e amarrando os pulsos juntos, atrás das costas, com um lenço de seda.
"Eu pe-pensei que..."
"Que eu quisesse suas mãos no meu corpo... e eu quero. Mas não agora." Assegurou. "E ? Eu sei muito bem que você tem força e habilidade suficientes para se soltar... mas, se eu fosse você, não faria isso." Falou, ameaçadora.
"E por que não?" Ele questionou, sem nem mesmo gaguejar, como se, quanto mais ameaçadora ela parecesse, mais ele sentisse um misto de vontade de obedecê-la com desejo e capacidade surpreendentes de desafiá-la.
"Porque se você for obediente, vai ser muito bem recompensado... mas, se for desobediente... será castigado." Disse, como se fosse óbvio.
Em seguida, ela pegou o outro lenço que tinha trazido consigo ao voltar para o quarto e vendou os olhos dele.
Ele ficou um pouco frustrado, pois uma das coisas com que fantasiava desde que conhecera era ver o corpo que ela escondia embaixo das roupas sérias de trabalho. Claro que ela não era como ele, que todo mundo vivia dizendo que se vestia como um avô ou como um fanático religioso, com suas camisas fechadas no punho e no colarinho, coletes de lã, suéteres, calças de linho. As roupas dela eram modernas, elegantes, bem escolhidas. Porém, ainda assim, eram roupas de trabalho, discretas, sóbrias, que não mostravam nada do que ele tinha vontade de ver.
Contudo, havia um lado dele que ansiava por ver como seria essa experiência de não enxergar, de não tocar, de ficar totalmente à mercê de alguém, de ter o seu corpo usado, como um brinquedo, um instrumento de prazer.
"A partir de agora, você fica em silêncio." Ela afirmou. "Eu só quero ouvir a música e a minha própria voz. Lembre-se de que eu vou te castigar sem piedade, se você me desobedecer."
Ele balançou a cabeça para mostrar que tinha entendido perfeitamente bem, e sentiu que ela começava a abrir, com calma, os botões da camisa dele, e então o cinto, o botão da calça e o zíper. Sentiu a calça deslizando por suas pernas e sendo retirada completamente, mas depois, ficou algum tempo sem sentir ou ouvir nada que pudesse indicar o que ela estava fazendo, até ela montar no colo dele, sem dúvida usando, no máximo, sua calcinha.
Ele tinha certeza disso, pois não havia nenhuma saia roçando em suas coxas e, enquanto ela beijava a orelha dele, a mandíbula, o pescoço e os ombros, e enterrava as unhas em seus cabelos, ele pode sentir os mamilos dela roçando algumas vezes por sua pele. Mais um pouco de tempo, e ela estava ainda mais encaixada nele, criando atrito entre seus corpos, respirando ofegante, gemendo baixinho no ouvido dele.
A pele dela era quente e macia, e ele tinha ímpetos de se livrar dos lenços, para tocar cada parte dela, agarrá-la com força contra si, beijá-la até que o ar faltasse, e imprensá-la contra a cama, investindo contra ela com força, até encontrar alívio para sua ereção, já dolorosa a essa altura.
Ao mesmo tempo, havia uma força qualquer que o impedia, que queria deixá-la no comando. Não era medo de um castigo, pois ele não via qualquer castigo ao qual uma mulher do tamanho dela pudesse submeter um cara como ele, se ele não se submetesse espontaneamente, se ele não deixasse. Naquele momento, era como se ele existisse para dar prazer a ela, do jeito que ela quisesse, como se ele tivesse nascido para servi-la, como se a própria condição de dominado fosse uma fonte de prazer maior do que o toque, o cheiro ou o sabor que ele tanto desejava sentir.
estava vivendo uma confusão de sensações, que se tornaram mais confusas e intensas ainda quando espalhou beijos molhados por todo o seu peitoral e abdômen. As mãos dela também iam descendo devagar pelo corpo dele e chegaram primeiro à cueca estilo samba canção, com cujo elástico os pequenos dedos dela começaram a brincar.
"Eu sabia que você tinha bons músculos por baixo dessas suas roupas sem graça." Ela disse, deliciada pela visão do corpo dele, e então tocou seu sexo, ainda coberto pela cueca de algodão. "Você é exatamente TUDO que eu imaginei, ."
Ela tirou a única peça que ainda restava para que ficasse completamente nua e também a cueca dele, deixando-o somente com a camisa, pendurada nos ombros. Porém permaneceu intocada, por enquanto, a camisinha que ela tinha colocado a seu lado sobre a cama, porque a visão do membro ereto dele lhe dera água na boca e ela precisava provar um pouco dele, antes de experimentar a sensação de ter tudo aquilo dentro dela.
"Deus, ." As palavras saíram de sua boca, sem que ele tivesse tido tempo pra pensar, quando ela colocou o pênis dele na boca, surpreendendo-o completamente.
"Shhhh... eu disse silêncio." Ela repreendeu.
Ela provocou-o um pouco mais, mas não era a ideia levá-lo ao orgasmo com sexo oral, e ela podia ver que ele não ia durar muito, então parou. Pensou que talvez fosse interessante deixá-lo assim, completamente na vontade, já que ele não tinha seguido à risca as ordens dadas por ela, então começou a se tocar, e ele, que não tinha como saber o que ela estava fazendo, teve vontade de chamar por ela, mas manteve o controle e esperou.
Observando-o ali na frente dela, tão lindo, tão gostoso, tão pronto, não pode se conter. Por mais que quisesse mostrar a ele uma lição, esta não era a melhor opção no momento, pois significaria torturar também a si mesma, já que tudo de que ela mais precisava era do próprio alívio, e tudo o que ela mais queria era ter esse alívio montada nele, molhá-lo com seu prazer e senti-lo pulsando dentro dela também.
Então, ela colocou a camisinha em e voltou a seu colo, guiando o membro dele para sua entrada e escorregando para cima e para baixo devagar. Foi aumentando o ritmo de subida e descida, ao mesmo tempo em que aumentavam as frequências cardíacas dos dois, em que a respiração ficava mais e mais ofegante, em que os gemidos dela ficavam mais altos e os dele mais difíceis de abafar, em que o quadril dele investia na direção do dela com mais e mais força.
gozou intensamente, jogando o corpo para trás, apoiando as mãos na perna dele, a fim de não relaxar sobre o peito dele, e para que ele pudesse se movimentar um pouco mais e atingir o orgasmo também. Não precisou ficar assim por muito tempo, no entanto, porque a verdade é que ele vinha se segurando havia algum tempo, e explodiu dentro da camisinha, sentindo o corpo tensionar e relaxar de um jeito que ele não se lembrava de ter sentido antes.
A garota saiu de cima dele imediatamente, recuperando o fôlego deitada a seu lado, em silêncio, e ele também não ousou dizer nada, afinal eles estavam jogando pelas regras dela e era possível que elas valessem para o depois, tanto quanto para o durante. Minutos depois, sentiu quando ela puxou o lenço que lhe servia como venda, e abriu os olhos, decepcionando-se ao ver que ela já estava vestida, com as mesmas roupas de antes.
"Você cometeu dois erros, hoje, . Falou, quando eu tinha pedido silêncio... e me chamou de , sem que eu tenha te dado autorização pra isso." Ela disse, puxando-o para cima e desamarrando também o lenço que prendia seus pulsos. "Eu não vou te castigar, dessa vez, porque você é novo nisso... e também porque eu sequer tinha te avisado que você deve se referir a mim sempre como Srta. , mesmo aqui."
"Ok." Foi tudo que ele conseguiu dizer, ainda embriagado por sensações malucas, inexplicáveis, espetaculares!
"Eu vou até o meu quarto, tomar um banho... e depois eu vou a uma reunião fora da empresa. Você pode tomar um banho também, se quiser. Há um banheiro ali e tem toalhas limpas... e tudo de que você vai precisar." Disse, apontando para uma porta na direção oposta da que ela tinha usado quando o deixara sozinho. "Depois é só ir até a sala por onde entramos, e você vai encontrar meu segurança, Brad, esperando por você. Ele vai te levar até a empresa e, caso seja do seu interesse experimentar um pouco mais, hoje à noite, é só dizer a ele a que horas ele deve te buscar lá, pra te trazer pra cá de novo, ok?" Ela enfim olhou para o rapaz e, vendo o sorriso torto que ele lhe deu, não conseguiu se conter e sorriu de volta. "Eu realmente espero que venha, ."
Tendo dito estas últimas palavras, ela foi embora, deixando um confuso sozinho naquele ambiente exalando sexualidade. Ele não sabia ainda muitas coisas sobre o mundo dela e a situação na qual estava se metendo. Não sabia se a obediência e, principalmente, essa coisa de castigo eram algo com que ele poderia lidar a médio e longo prazos.
Porém de uma coisa ele tinha certeza: ele iria voltar naquela noite. Agora que ele tinha tido um pouco de , ele queria muito, muito mais!
Capítulo 2
"Desculpe, senhor." Pediu Brad Gilmore, logo depois de desligar o celular. "Eu não deveria atender, enquanto estou dirigindo, mas era minha ex-mulher e, quando ela me liga, eu sempre fico preocupado, pensando que pode ter acontecido alguma coisa com as crianças."
"Não me ch-chama de senhor, não, Brad. Você deve ser po-pouca coisa mais novo que eu." Respondeu , do banco de trás do carro.
"É uma questão de respeito, senhor."
"Mas você não trabalha pra mim, então não ve-vejo razão."
"Bom... Pensando assim. Tudo bem... ." Brad sorriu, simpático.
"Melhor a-assim." retribuiu o sorriso. "Então... crianças?"
"Sim, sim... Meus filhos." A empolgação do rapaz aumentou consideravelmente. "Jake e Grace... Eu queria Neytiri, mas perdi essa briga." Ele riu e, olhando no espelho retrovisor, percebeu a expressão confusa de seu interlocutor. "Avatar?"
"Huuum? O filme?"
"Isso! Meu filme favorito de todos os tempos! Neytiri é o nome da garota Na'vi que salva o Jake... O carinha que tá usando o avatar." Viu que balançou a cabeça, acompanhando o raciocínio. "Mas, enfim... Minha ex não aceitou mesmo." Deu de ombros.
"Você casou e f-foi pai cedo!"
"Nós tivemos o Jake quando ainda estávamos na escola. A gente brigava muito, quase terminou porque ela queria dá-lo pra adoção. Mas depois a gente se entendeu, casou, quando ele tinha três anos, e, pouco mais de um ano depois, veio a Grace. A gente queria um segundo filho, achava que ia ficar junto pra sempre, mas quando a gente começou tudo de novo... fraldas, mamadeiras, choro no meio da noite, as brigas começaram."
"Eu nem posso imaginar." Lamentou .
"Agora ela só grita comigo, como você deve ter reparado. Nada do que eu faço tá certo ou é suficiente! Eu hoje me entendo melhor com o novo marido dela do que com ela, acredita? Eu deixo até ele mandar em mim." Riu. "Ele é meu chefe." Acrescentou, vendo que tinha deixado o outro rapaz confuso mais uma vez, e ficou aliviado por não se tratar de nenhuma perversão entre o segurança de e o homem que vivia com sua ex.
Logo depois da breve conversa entre os dois rapazes, o motorista estacionou o carro na garagem subterrânea do prédio de luxo em que estivera com naquela mesma tarde, e a calma que estava conseguindo manter até então, se distraindo com a briga de Brad com a ex-mulher e depois com as explicações do jovem, se foi instantaneamente. Ele sentiu o suor frio em suas mãos e as esfregou na calça repetidamente, respirando fundo para tentar controlar o ritmo dos batimentos de seu coração, mas a ansiedade para ver a Srta. e, principalmente, para saber que tipo de jogo ela faria com ele dessa vez o faziam tremer por dentro.
Brad e entraram no elevador e foram em silêncio até o andar do apartamento de , onde foram recebidos por uma jovem loira, que informou ao Sr. que a Srta. o estava aguardando na mesma sala em que haviam conversado naquela tarde. Após ter confirmado as direções que o levariam a , ele se despediu dos dois jovens loiros e seguiu pelo corredor, respirando bem fundo e ajeitando a postura antes de finalmente adentrar o cômodo, que dessa vez estava bem iluminado.
Por mais que soubesse desde aquela tarde que a Srta. Toda-Poderosa-Presidente tinha uma vida secreta, que envolvia a prática de jogos sexuais, ele não havia se preparado o suficiente para a imagem que viu naquele momento. Aquela seria descrita por muitos homens como uma espécie de deusa contemporânea, e talvez se parecesse com uma prostituta de luxo, mas não tinha tanta certeza, pois nunca estivera realmente com uma. Para ele, no entanto, a metáfora perfeita era a de uma criatura selvagem, de uma felina no cio, usando suas melhores armas para atrair o parceiro, marcando território.
A que ele via, deitada em uma poltrona, com as pernas para o alto e cruzadas, balançando sem parar uma delas, e chamando a atenção para o sapato de salto indecentemente alto que estava calçando, e para as pernas incrivelmente longas para alguém do seu tamanho, era a em seu habitat natural, a fêmea, a caçadora, enquanto a CEO da empresa, por mais que estivesse também no comando, de certa forma era um animal em cativeiro, preso a convenções sociais, enjaulado naquele mundo ainda tão machista, que ela teve que criar personagens para usar em diferentes situações.
"Boa noite, ." Ela disse, depois de perceber que ele estava ali há algum tempo e não tomava a atitude de dizer nada, e, com isso, interrompeu as avaliações dele, pelo menos por hora.
"O-oi." Ele disse, tenso.
"Serve um uísque pra você." Ela mandou.
"Eu não tenho o ha-hábito de beber, Srta. ."
"É só uma bebida, . Não vai te matar e eu quero companhia." Disse, sempre observando seu próprio copo e mexendo no gelo dentro dele, sem olhar na direção de .
Ele colocou muito gelo e apenas uma dose mínima da bebida no copo e ocupou uma poltrona perto da dela, tomando alguns goles em silêncio. Não sabia o que dizer e nem queria olhar fixamente, descaradamente, mas seus olhos procuravam por ela, insistentemente, impulsivamente, e, quanto mais ele a observava, mais se sentia atraído por ela e mais se surpreendia com o seu poder de mudança, e de ficar sempre tão linda, em qualquer um dos papéis.
Não era qualquer mulher que poderia ir das roupas de corte elegante e em tons pastéis que usava no escritório, ao vestido muito justo, muito curto, muito decotado e muito, muito vermelho que quase não a cobria agora, em um único dia. Não era qualquer mulher que ficaria fantástica com os cabelos presos em um coque discreto ou com cachos caindo por sobre seus ombros quase nus. E certamente, só , entre todas as mulheres que ele conhecia, tinha despertado o seu desejo quando quase tudo estava escondido, e conseguia deixá-lo ainda mais interessado, ainda mais desesperado e cheio de pensamentos primitivos, animalescos, a medida que ia se mostrando.
terminou o drinque e caminhou até o bar, deixando o copo no balcão, mas tirou dele uma pedra de gelo e começou a puxar, enquanto seguia na direção de , com os olhos grudados nele, claramente provocando-o. Sem saber de onde tirava coragem para isso, encarou-a, deixou o próprio copo em uma mesa de canto e ficou de pé, quando ela estava a apenas alguns centímetros de distância.
"Você tá..." Ele engoliu seco.
"Gostosa?" Ela questionou. "Fala, . Eu quero ouvir você dizer que estou gostosa."
"Muito." Disse, em um suspiro só. "M-muito gostosa." Ele se aproximou mais e ousou colocar as mãos na cintura dela, que delicadamente o afastou.
"Pena que eu não posso dizer o mesmo de você com essas roupas." Fez uma careta. "Elas escondem muito! Maaaaas... A gente vai mudar isso, já já." Disse, pegando a mão dele e puxando-o na direção do quarto que eles tinham usado no meio da tarde, depois de torná-lo visível.
Dentro do quarto, ela tirou o colete dele, depois abriu os botões da camisa, e deixou que ele a retirasse, mas não tocou nele nenhuma vez e nem deixou que ele a tocasse. Os dois se olhavam intensamente e podiam ver o desejo crescente se manifestando no outro, nas pupilas dilatadas, na respiração ofegante, nos pelos arrepiados. A tensão sexual era enorme, mesmo o contato sendo nenhum, o que para ambos era uma novidade assustadora e, ao mesmo tempo, absurdamente atraente.
"Agora, sim... muito gostoso!" Ela disse, se afastando. "Você pode relaxar enquanto eu coloco uma música. Pode tirar os sapatos, se achar que vai ficar mais a vontade, mas pra mim tanto faz. E pode sentar no sofá ou deitar na cama... tanto faz também. Onde você achar que fica melhor pra me ver..." Se virou e procurou pelo olhar dele. "DANÇAR pra você."
"Ok." Ele engoliu seco, se livrando rápido de sapatos e meias. Escolheu a cama, pois achou que se sentiria melhor nela.
"Dessa vez, eu vou deixar você olhar, é claro." Ela disse, se aproximando do poste de pole dance. "E não vou amarrar suas mãos, por enquanto, mas posso fazer isso, se você não se controlar, ok?"
"Co-como assim?"
"Você não pode usar as suas mãos, . Você vai SÓ me olhar... Sem me tocar e sem SE tocar, ok?" Ele balançou a cabeça positivamente, apesar de já estar achando aquela tarefa extremamente difícil.
Ela sorriu e começou a se movimentar em volta do poste, despretensiosamente no início, até porque o ritmo da música era lento. Mesmo assim, já era uma visão deliciosa aquele corpo perfeito embrulhado em cor de laço de fita no Natal, esperando para ser desfeito. Os movimentos começaram a ficar mais ágeis, com jogadas de cabelo, agachamentos com as costas coladas ao poste, pernas se abrindo e fazendo o vestido subir ainda mais, pernas e braços escalando o poste, o corpo rodando em volta dele, com leveza. fechava os olhos e se deixava levar pela música, alisava o mastro, alisava as próprias pernas, os quadris, o colo, ia roçando o corpo no poste, rebolava, passando as mãos pelos cabelos.
Se não houvesse uma regra e não quisesse muito agradar a dominadora mulher a sua frente, ele certamente já estaria com a mão dentro das calças, dando um jeito na já plena ereção de seu membro. Se ele não estivesse curioso para saber até onde iam os jogos de sedução de ou não se importasse que ela ficasse irritada e talvez não quisesse vê-lo de novo, ele já teria ido até ela e trazido a garota para a cama, para fazer sexo com ela novamente, e dessa vez do jeito dele.
podia ser tímido e não ter muitas experiências, principalmente com jogos, sobre o que, aliás, estava realmente disposto a aprender, mas era homem e já tinha tido namorada. Não era nenhum virgem que não soubesse tocar e dar prazer a uma mulher! Dentro dele, também havia uma fera que a vida tinha se encarregado de reprimir e aquela poderia ser uma oportunidade para lidar com ela, tirá-la de sua caverna, mesmo que ele ainda não soubesse exatamente como.
Na medida em que a música ficava mais agitada, o mesmo acontecia com , que voltara a abrir os olhos e observava se movimentar nervosamente na cama, mexer nos cabelos, ajeitar os óculos, ocupar as mãos para não fazer o que ela havia proibido que ele fizesse. Encarou o rapaz e agachou, devagar, abrindo as pernas e mostrando a calcinha de renda, tão vermelha quanto o vestido e os sapatos de salto.
Foi subindo o corpo, encostado ao poste metálico, ao mesmo tempo em que deslizada as mãos pelas coxas, do joelho até a barra do vestido, empurrando o mesmo ainda mais pra cima. Rodou em volta da barra de novo e desceu agora de frente para ela, esfregando o corpo no metal frio muito lentamente, deixando que ele pressionasse a sua intimidade, e gemendo alto, sem tirar os olhos de .
Com a mesma sensualidade, olhar provocante e jeito dominador, caminhou até uma cômoda que ficava em frente a cama e subiu nela, sentando-se de pernas cruzadas e apoiando as mãos um pouco atrás do corpo. Sorriu orgulhosa para , que não conseguiu retribuir o sorriso, mas apenas soltou um suspiro, secando o suor da testa e passando as mãos pela calça.
"Você me quer, ?" Perguntou, manhosa.
"Você..." Secou a garganta, porque a palavra quase não saiu. "Você não te-tem idéia!"
"O que você quer fazer comigo, hum?"
"Tudo!" Respondeu, sem titubear, sincero.
"Tudo?" Deu uma risadinha. "Ambicioso você! Eu gosto disso. Mas não, ! Não tudo... não hoje. Você tem que escolher uma coisa, uma só coisa pra fazer comigo. O que vai ser?"
"Hum... Te tocar?" Perguntou, confuso.
"Bom, você pode me tocar, é claro. Se for essa a sua escolha. Mas, como você é novo nisso, me deixa te explicar direitinho, gostoso." Ele assentiu, atento. "Vai ser uma coisa só e eu não vou fazer absolutamente nada, só você vai. Se você me tocar, e me der prazer assim, pra mim, tá perfeito, mas eu não vou te tocar, e você não vai poder se tocar enquanto eu estiver aqui e... Bom, imagino que isso possa ser um pouco frustrante pra você, por isso talvez seja bom você aproveitar pra escolher outra coisa, já que, dessa vez, eu to te dando escolha e não vai ser sempre assim."
"Então, se eu q-quero transar com você, eu tenho que escolher transar e..."
" E vir até aqui, de uma vez, e colocar essa coisa grande e gostosa com força dentro de mim, e me fazer gritar seu nome, ." Ela descruzou as pernas e as abriu um pouco. "Você não quer que eu grite o seu nome, hum?" Questionou, mordendo os lábios.
Ele levantou rápido como um foguete, abrindo o cinto e a calça com destreza, e caminhando até ela, ao mesmo tempo, enquanto ela abria a primeira gaveta da cômoda, pegava uma camisinha e tirava a calcinha, abrindo mais um pouco as pernas, para que ele ficasse entre elas. Com surpreendente atitude, ele tomou o preservativo da mão dela, e o esticou por meu membro, que não tinha se desanimado nem mesmo com a pausa inesperada para explicações feita no meio da brincadeira dos dois. Puxando o quadril dela com uma das mãos, ele usou a outra para levar o pênis à entrada dela, deslizando para dentro da garota com facilidade, sentindo que a excitação dela também era intensa.
Os dois movimentaram os quadris com força e rapidez, e ele teve que unir todas as forças que sequer sabia ter, para conseguir não segurar os seios dela em suas mãos, não avançar a boca na direção de seus lábios, não falar o nome dela, que era proibido mesmo nesses momentos aparentemente tão íntimos. Ela mesma também teve que se segurar, muito mais do que em qualquer momento de sua vida de que pudesse se lembrar, para não pedir o toque dele, os beijos, e outras coisas que estavam fora do combinado, apesar de continuar achando o jogo todo muito excitante, e de ter tido rapidamente a certeza de que ele também o estava aproveitando, já que não demorou nem um pouco para ele gozar, logo depois que ela gritou o nome dele, como prometido.
Depois que os dois recuperaram o fôlego e ele saiu de dentro dela, ela vestiu a calcinha e desceu da cômoda, dando-lhe um sorriso malicioso, que foi correspondido por outro repleto de satisfação, enquanto ele ajeitava a própria roupa.
"Você pode dormir aqui, se quiser. Eu sei que você mora longe, e pode ser que você prefira relaxar, de uma vez. O quarto de hóspedes está preparado pra você e a Cora tem ordens para te servir um jantar, ou um lanche... O que você preferir." Ele olhava para ela, apenas pensando em como ela podia ser tão impessoal de uma hora para outra, apesar de simpática e educada. Afinal, eles tinham acabado de transar! "E amanhã, o Brad pode te levar até a sua casa, pra você trocar de roupa, de manhã. Ou, se você não quiser ficar, ele também pode te levar agora, não tem problema." Sorriu e ele apenas balançou a cabeça, porque ainda não sabia se queria ficar ou ir. Tudo era tão louco! "Amanhã eu te vejo aqui na mesma hora?" Ela questionou, mordendo o lábio, esperançosa de que ele dissesse sim, mas tentando não demonstrar muita ansiedade.
"Claro. Ama-manhã, na mesma hora." Ele respondeu. E foi o suficiente para que ela sumisse, deixando-o sozinho com seus inúmeros pensamentos, das mais variadas tonalidades.
"Não me ch-chama de senhor, não, Brad. Você deve ser po-pouca coisa mais novo que eu." Respondeu , do banco de trás do carro.
"É uma questão de respeito, senhor."
"Mas você não trabalha pra mim, então não ve-vejo razão."
"Bom... Pensando assim. Tudo bem... ." Brad sorriu, simpático.
"Melhor a-assim." retribuiu o sorriso. "Então... crianças?"
"Sim, sim... Meus filhos." A empolgação do rapaz aumentou consideravelmente. "Jake e Grace... Eu queria Neytiri, mas perdi essa briga." Ele riu e, olhando no espelho retrovisor, percebeu a expressão confusa de seu interlocutor. "Avatar?"
"Huuum? O filme?"
"Isso! Meu filme favorito de todos os tempos! Neytiri é o nome da garota Na'vi que salva o Jake... O carinha que tá usando o avatar." Viu que balançou a cabeça, acompanhando o raciocínio. "Mas, enfim... Minha ex não aceitou mesmo." Deu de ombros.
"Você casou e f-foi pai cedo!"
"Nós tivemos o Jake quando ainda estávamos na escola. A gente brigava muito, quase terminou porque ela queria dá-lo pra adoção. Mas depois a gente se entendeu, casou, quando ele tinha três anos, e, pouco mais de um ano depois, veio a Grace. A gente queria um segundo filho, achava que ia ficar junto pra sempre, mas quando a gente começou tudo de novo... fraldas, mamadeiras, choro no meio da noite, as brigas começaram."
"Eu nem posso imaginar." Lamentou .
"Agora ela só grita comigo, como você deve ter reparado. Nada do que eu faço tá certo ou é suficiente! Eu hoje me entendo melhor com o novo marido dela do que com ela, acredita? Eu deixo até ele mandar em mim." Riu. "Ele é meu chefe." Acrescentou, vendo que tinha deixado o outro rapaz confuso mais uma vez, e ficou aliviado por não se tratar de nenhuma perversão entre o segurança de e o homem que vivia com sua ex.
Logo depois da breve conversa entre os dois rapazes, o motorista estacionou o carro na garagem subterrânea do prédio de luxo em que estivera com naquela mesma tarde, e a calma que estava conseguindo manter até então, se distraindo com a briga de Brad com a ex-mulher e depois com as explicações do jovem, se foi instantaneamente. Ele sentiu o suor frio em suas mãos e as esfregou na calça repetidamente, respirando fundo para tentar controlar o ritmo dos batimentos de seu coração, mas a ansiedade para ver a Srta. e, principalmente, para saber que tipo de jogo ela faria com ele dessa vez o faziam tremer por dentro.
Brad e entraram no elevador e foram em silêncio até o andar do apartamento de , onde foram recebidos por uma jovem loira, que informou ao Sr. que a Srta. o estava aguardando na mesma sala em que haviam conversado naquela tarde. Após ter confirmado as direções que o levariam a , ele se despediu dos dois jovens loiros e seguiu pelo corredor, respirando bem fundo e ajeitando a postura antes de finalmente adentrar o cômodo, que dessa vez estava bem iluminado.
Por mais que soubesse desde aquela tarde que a Srta. Toda-Poderosa-Presidente tinha uma vida secreta, que envolvia a prática de jogos sexuais, ele não havia se preparado o suficiente para a imagem que viu naquele momento. Aquela seria descrita por muitos homens como uma espécie de deusa contemporânea, e talvez se parecesse com uma prostituta de luxo, mas não tinha tanta certeza, pois nunca estivera realmente com uma. Para ele, no entanto, a metáfora perfeita era a de uma criatura selvagem, de uma felina no cio, usando suas melhores armas para atrair o parceiro, marcando território.
A que ele via, deitada em uma poltrona, com as pernas para o alto e cruzadas, balançando sem parar uma delas, e chamando a atenção para o sapato de salto indecentemente alto que estava calçando, e para as pernas incrivelmente longas para alguém do seu tamanho, era a em seu habitat natural, a fêmea, a caçadora, enquanto a CEO da empresa, por mais que estivesse também no comando, de certa forma era um animal em cativeiro, preso a convenções sociais, enjaulado naquele mundo ainda tão machista, que ela teve que criar personagens para usar em diferentes situações.
"Boa noite, ." Ela disse, depois de perceber que ele estava ali há algum tempo e não tomava a atitude de dizer nada, e, com isso, interrompeu as avaliações dele, pelo menos por hora.
"O-oi." Ele disse, tenso.
"Serve um uísque pra você." Ela mandou.
"Eu não tenho o ha-hábito de beber, Srta. ."
"É só uma bebida, . Não vai te matar e eu quero companhia." Disse, sempre observando seu próprio copo e mexendo no gelo dentro dele, sem olhar na direção de .
Ele colocou muito gelo e apenas uma dose mínima da bebida no copo e ocupou uma poltrona perto da dela, tomando alguns goles em silêncio. Não sabia o que dizer e nem queria olhar fixamente, descaradamente, mas seus olhos procuravam por ela, insistentemente, impulsivamente, e, quanto mais ele a observava, mais se sentia atraído por ela e mais se surpreendia com o seu poder de mudança, e de ficar sempre tão linda, em qualquer um dos papéis.
Não era qualquer mulher que poderia ir das roupas de corte elegante e em tons pastéis que usava no escritório, ao vestido muito justo, muito curto, muito decotado e muito, muito vermelho que quase não a cobria agora, em um único dia. Não era qualquer mulher que ficaria fantástica com os cabelos presos em um coque discreto ou com cachos caindo por sobre seus ombros quase nus. E certamente, só , entre todas as mulheres que ele conhecia, tinha despertado o seu desejo quando quase tudo estava escondido, e conseguia deixá-lo ainda mais interessado, ainda mais desesperado e cheio de pensamentos primitivos, animalescos, a medida que ia se mostrando.
terminou o drinque e caminhou até o bar, deixando o copo no balcão, mas tirou dele uma pedra de gelo e começou a puxar, enquanto seguia na direção de , com os olhos grudados nele, claramente provocando-o. Sem saber de onde tirava coragem para isso, encarou-a, deixou o próprio copo em uma mesa de canto e ficou de pé, quando ela estava a apenas alguns centímetros de distância.
"Você tá..." Ele engoliu seco.
"Gostosa?" Ela questionou. "Fala, . Eu quero ouvir você dizer que estou gostosa."
"Muito." Disse, em um suspiro só. "M-muito gostosa." Ele se aproximou mais e ousou colocar as mãos na cintura dela, que delicadamente o afastou.
"Pena que eu não posso dizer o mesmo de você com essas roupas." Fez uma careta. "Elas escondem muito! Maaaaas... A gente vai mudar isso, já já." Disse, pegando a mão dele e puxando-o na direção do quarto que eles tinham usado no meio da tarde, depois de torná-lo visível.
Dentro do quarto, ela tirou o colete dele, depois abriu os botões da camisa, e deixou que ele a retirasse, mas não tocou nele nenhuma vez e nem deixou que ele a tocasse. Os dois se olhavam intensamente e podiam ver o desejo crescente se manifestando no outro, nas pupilas dilatadas, na respiração ofegante, nos pelos arrepiados. A tensão sexual era enorme, mesmo o contato sendo nenhum, o que para ambos era uma novidade assustadora e, ao mesmo tempo, absurdamente atraente.
"Agora, sim... muito gostoso!" Ela disse, se afastando. "Você pode relaxar enquanto eu coloco uma música. Pode tirar os sapatos, se achar que vai ficar mais a vontade, mas pra mim tanto faz. E pode sentar no sofá ou deitar na cama... tanto faz também. Onde você achar que fica melhor pra me ver..." Se virou e procurou pelo olhar dele. "DANÇAR pra você."
"Ok." Ele engoliu seco, se livrando rápido de sapatos e meias. Escolheu a cama, pois achou que se sentiria melhor nela.
"Dessa vez, eu vou deixar você olhar, é claro." Ela disse, se aproximando do poste de pole dance. "E não vou amarrar suas mãos, por enquanto, mas posso fazer isso, se você não se controlar, ok?"
"Co-como assim?"
"Você não pode usar as suas mãos, . Você vai SÓ me olhar... Sem me tocar e sem SE tocar, ok?" Ele balançou a cabeça positivamente, apesar de já estar achando aquela tarefa extremamente difícil.
Ela sorriu e começou a se movimentar em volta do poste, despretensiosamente no início, até porque o ritmo da música era lento. Mesmo assim, já era uma visão deliciosa aquele corpo perfeito embrulhado em cor de laço de fita no Natal, esperando para ser desfeito. Os movimentos começaram a ficar mais ágeis, com jogadas de cabelo, agachamentos com as costas coladas ao poste, pernas se abrindo e fazendo o vestido subir ainda mais, pernas e braços escalando o poste, o corpo rodando em volta dele, com leveza. fechava os olhos e se deixava levar pela música, alisava o mastro, alisava as próprias pernas, os quadris, o colo, ia roçando o corpo no poste, rebolava, passando as mãos pelos cabelos.
Se não houvesse uma regra e não quisesse muito agradar a dominadora mulher a sua frente, ele certamente já estaria com a mão dentro das calças, dando um jeito na já plena ereção de seu membro. Se ele não estivesse curioso para saber até onde iam os jogos de sedução de ou não se importasse que ela ficasse irritada e talvez não quisesse vê-lo de novo, ele já teria ido até ela e trazido a garota para a cama, para fazer sexo com ela novamente, e dessa vez do jeito dele.
podia ser tímido e não ter muitas experiências, principalmente com jogos, sobre o que, aliás, estava realmente disposto a aprender, mas era homem e já tinha tido namorada. Não era nenhum virgem que não soubesse tocar e dar prazer a uma mulher! Dentro dele, também havia uma fera que a vida tinha se encarregado de reprimir e aquela poderia ser uma oportunidade para lidar com ela, tirá-la de sua caverna, mesmo que ele ainda não soubesse exatamente como.
Na medida em que a música ficava mais agitada, o mesmo acontecia com , que voltara a abrir os olhos e observava se movimentar nervosamente na cama, mexer nos cabelos, ajeitar os óculos, ocupar as mãos para não fazer o que ela havia proibido que ele fizesse. Encarou o rapaz e agachou, devagar, abrindo as pernas e mostrando a calcinha de renda, tão vermelha quanto o vestido e os sapatos de salto.
Foi subindo o corpo, encostado ao poste metálico, ao mesmo tempo em que deslizada as mãos pelas coxas, do joelho até a barra do vestido, empurrando o mesmo ainda mais pra cima. Rodou em volta da barra de novo e desceu agora de frente para ela, esfregando o corpo no metal frio muito lentamente, deixando que ele pressionasse a sua intimidade, e gemendo alto, sem tirar os olhos de .
Com a mesma sensualidade, olhar provocante e jeito dominador, caminhou até uma cômoda que ficava em frente a cama e subiu nela, sentando-se de pernas cruzadas e apoiando as mãos um pouco atrás do corpo. Sorriu orgulhosa para , que não conseguiu retribuir o sorriso, mas apenas soltou um suspiro, secando o suor da testa e passando as mãos pela calça.
"Você me quer, ?" Perguntou, manhosa.
"Você..." Secou a garganta, porque a palavra quase não saiu. "Você não te-tem idéia!"
"O que você quer fazer comigo, hum?"
"Tudo!" Respondeu, sem titubear, sincero.
"Tudo?" Deu uma risadinha. "Ambicioso você! Eu gosto disso. Mas não, ! Não tudo... não hoje. Você tem que escolher uma coisa, uma só coisa pra fazer comigo. O que vai ser?"
"Hum... Te tocar?" Perguntou, confuso.
"Bom, você pode me tocar, é claro. Se for essa a sua escolha. Mas, como você é novo nisso, me deixa te explicar direitinho, gostoso." Ele assentiu, atento. "Vai ser uma coisa só e eu não vou fazer absolutamente nada, só você vai. Se você me tocar, e me der prazer assim, pra mim, tá perfeito, mas eu não vou te tocar, e você não vai poder se tocar enquanto eu estiver aqui e... Bom, imagino que isso possa ser um pouco frustrante pra você, por isso talvez seja bom você aproveitar pra escolher outra coisa, já que, dessa vez, eu to te dando escolha e não vai ser sempre assim."
"Então, se eu q-quero transar com você, eu tenho que escolher transar e..."
" E vir até aqui, de uma vez, e colocar essa coisa grande e gostosa com força dentro de mim, e me fazer gritar seu nome, ." Ela descruzou as pernas e as abriu um pouco. "Você não quer que eu grite o seu nome, hum?" Questionou, mordendo os lábios.
Ele levantou rápido como um foguete, abrindo o cinto e a calça com destreza, e caminhando até ela, ao mesmo tempo, enquanto ela abria a primeira gaveta da cômoda, pegava uma camisinha e tirava a calcinha, abrindo mais um pouco as pernas, para que ele ficasse entre elas. Com surpreendente atitude, ele tomou o preservativo da mão dela, e o esticou por meu membro, que não tinha se desanimado nem mesmo com a pausa inesperada para explicações feita no meio da brincadeira dos dois. Puxando o quadril dela com uma das mãos, ele usou a outra para levar o pênis à entrada dela, deslizando para dentro da garota com facilidade, sentindo que a excitação dela também era intensa.
Os dois movimentaram os quadris com força e rapidez, e ele teve que unir todas as forças que sequer sabia ter, para conseguir não segurar os seios dela em suas mãos, não avançar a boca na direção de seus lábios, não falar o nome dela, que era proibido mesmo nesses momentos aparentemente tão íntimos. Ela mesma também teve que se segurar, muito mais do que em qualquer momento de sua vida de que pudesse se lembrar, para não pedir o toque dele, os beijos, e outras coisas que estavam fora do combinado, apesar de continuar achando o jogo todo muito excitante, e de ter tido rapidamente a certeza de que ele também o estava aproveitando, já que não demorou nem um pouco para ele gozar, logo depois que ela gritou o nome dele, como prometido.
Depois que os dois recuperaram o fôlego e ele saiu de dentro dela, ela vestiu a calcinha e desceu da cômoda, dando-lhe um sorriso malicioso, que foi correspondido por outro repleto de satisfação, enquanto ele ajeitava a própria roupa.
"Você pode dormir aqui, se quiser. Eu sei que você mora longe, e pode ser que você prefira relaxar, de uma vez. O quarto de hóspedes está preparado pra você e a Cora tem ordens para te servir um jantar, ou um lanche... O que você preferir." Ele olhava para ela, apenas pensando em como ela podia ser tão impessoal de uma hora para outra, apesar de simpática e educada. Afinal, eles tinham acabado de transar! "E amanhã, o Brad pode te levar até a sua casa, pra você trocar de roupa, de manhã. Ou, se você não quiser ficar, ele também pode te levar agora, não tem problema." Sorriu e ele apenas balançou a cabeça, porque ainda não sabia se queria ficar ou ir. Tudo era tão louco! "Amanhã eu te vejo aqui na mesma hora?" Ela questionou, mordendo o lábio, esperançosa de que ele dissesse sim, mas tentando não demonstrar muita ansiedade.
"Claro. Ama-manhã, na mesma hora." Ele respondeu. E foi o suficiente para que ela sumisse, deixando-o sozinho com seus inúmeros pensamentos, das mais variadas tonalidades.
Capítulo 3
tirou os óculos, colocou-os sobre a mesa, coçou os olhos algumas vezes, e se espreguiçou, enquanto bocejava, mais uma vez. Além de ter tido que se levantar bem cedo, para ir da casa de até a sua, e trocar de roupa, antes de seguir para o escritório, não era propriamente correto dizer que ele tinha dormido pouco. Na verdade, ele tinha somente tirado alguns cochilos, ao longo da noite, durante os quais sonhara com , roupas vermelhas, lenços de seda, olhares intensos, gemidos e corpos queimando de prazer.
Estava cansado, sonolento, mas, acima de tudo, sua dificuldade em organizar e preencher as planilhas abertas em seu computador se devia ao fato de estar extremamente confuso. Ao conhecer, duas semanas antes, a CEO da empresa para a qual tinha começado a trabalhar havia pouco menos de um mês, jamais teria imaginado que ela fosse uma mulher com uma vida sexual diferente, secreta. Ela tinha parecido muito séria, compenetrada, e ele teria apostado que ela seria do tipo conservador, em suas relações.
Menos ainda poderia ter imaginado que seria convidado a participar do instigante, apesar de um pouco ameaçador, jogo sensual que ela promovia. Ela tinha atraído a atenção dele, despertado o seu desejo, de forma totalmente imediata, mas parecia uma fantasia, um sonho impossível para um simples chefe de contabilidade se aproximar, a não ser por necessidades profissionais, da maior acionista e principal gestora da empresa.
Principalmente, quando este cara era o típico contador, com óculos de nerd, roupa de nerd, amigos nerds, que lidava mais com números do que com gente e, por muitos anos, considerara sinônimo de diversão jogar xadrez com o avô, gamão com a avó e RPG com os colegas de faculdade.
O fato é que, para sua sorte, esse tipo (esquisito, na concepção de muitos) parecia se enquadrar perfeitamente no modelo de homem submisso. E, sendo uma dominadora, ela acabara atraída por ele, e ele se vira envolvido em uma aventura que jamais poderia ter concebido, com a mulher com quem ele já tinha imaginado, muitas vezes, cometer todo tipo de pecado.
agora não conseguia decidir o que era mais atraente: a própria ou a ideia de um sexo cheio de novidades e surpresas. Suspirou, recolocando os óculos e olhando para a tela do computador, decidindo trabalhar ou as atividades se acumulariam. O trabalho não era pouco e sua saída na tarde anterior, com , já tinha atrasado alguns lançamentos.
Um telefonema inesperado, no entanto, acabou interrompendo suas obrigações, novamente, e, mesmo sabendo que depois teria que correr atrás do prejuízo, ele saiu de sua sala, largando tudo, sem pestanejar. Nunca havia imaginado que alguém poderia se sentir tão tenso e tão empolgado ao mesmo tempo, até aquele momento.
Em seu grande escritório, batia com as unhas no tampo da mesa, observando nas próprias mãos a única coisa com uma cor um pouco mais forte, em todo o seu visual de executiva séria. Respirava fundo, tentando controlar a impaciência do seu corpo, que reagia de forma impressionante à iminente chegada de .
Ela tinha marcado com ele mais tarde, na casa dela, mas não parara de pensar nele um só momento, desde que o deixara sozinho no quarto secreto, na noite anterior, o que estava tornando bastante difícil realizar os trabalhos do dia. Por isso, decidira tirar proveito do fato de que ele trabalhava em sua empresa e antecipar o reencontro. Pedira a Lily que o chamasse para ir à sua sala, como se precisasse realizar uma consulta contábil urgente.
"Bo-bom dia, se-nhorita ." falou, entrando na sala, nervoso, e vendo a mulher sentada em sua cadeira, atrás da grande mesa de madeira escura. O vermelho da noite anterior tinha dado lugar a tons pastéis novamente, mas ela estava tão sexy quanto sempre, mesmo sem intenção ou qualquer esforço.
"Bom dia, ." Sorriu, quase de maneira tímida. "Tranca a porta, por favor."
Ele fez o que ela pediu, engolindo seco, ainda mais nervoso. Secou as mãos na calça, ajeitou os óculos, e andou até perto da mesa dela, olhando para o chão.
"Olha pra mim, ." Sorriu de novo, agora mais confiante, como se o nervosismo dele reavivasse a porção mais poderosa dela. "Você tá diferente." Observou, vendo que ele não usava um de seus característicos coletes de lã, mas apenas camisa branca e calça cinza sociais.
"Isso é ru-ruim?" Ele questionou. Na hora de se vestir, havia se lembrado de que ela lhe dissera que ele não ficava gostoso com o colete, por isso não tinha colocado um. Queria que ela o achasse gostoso, afinal de contas! Porém, agora estava inseguro sobre sua escolha, uma vez que o colete era um dos elementos que faziam dele o cara tímido, deslocado e desajeitado que ela tinha julgado perfeito para ser seu submisso.
"Eu ainda não tenho certeza sobre isso." Ela respondeu, sincera. Ele estava, sem sombra de dúvidas, mais bonito e ainda mais atraente, mas, por outro lado, se parecia um pouco menos com alguém que ela poderia manter sob seu controle. "Vem até aqui." Pediu, deixando para avaliar isso depois. Precisava dele e ele estava ali, parecendo pronto a fazer o que ela mandasse naquele momento.
Ela girou a enorme e confortável cadeira reclinável em que estava sentada, ficando de lado para a mesa, enquanto ele rodeava a mesma e parava em frente a ela. Os dois se olharam em silêncio por segundos, que, de tão estranhos para ambos, pareceram minutos intermináveis, até ela tomar a iniciativa de falar, como era esperado que fizesse. Ela era, afinal, a chefe dele na empresa, e a dominadora na relação que eles vinham experimentando.
"Eu te chamei aqui porque eu to tendo um dia bem difícil... e preciso urgentemente relaxar. E enquanto tem gente que relaxa fazendo exercícios na academia... ou recebendo uma massagem de um profissional... eu só relaxo realmente quando eu gozo. Quando eu tenho um orgasmo bem intenso, daqueles que a gente até pode conseguir sozinha, mas que merece ser compartilhado com alguém, sabe?" Sorriu, maliciosa. "O que você me diz, ? Você acha que pode me ajudar a... relaxar?" Terminou traçando uma linha, com as unhas, entre dois dos botões da camisa dele.
"Claro, Ra-... Se-senhorita ." Se corrigiu a tempo.
"Ótimo!" Ela afirmou, puxando-o para baixo, pela camisa, até ele ficar agachado na sua frente.
Mantendo o olhar firme no dele, abriu um pouco as pernas, ao mesmo tempo em que subia devagar a saia, revelando não usar nada por baixo dela, e relaxava, quase se deitando em sua cadeira. Ele respirou fundo e lambeu os lábios instintivamente, ao ver a intimidade dela exposta. Então voltou a olhar para o rosto dela, com semblante questionador, desejando saber quais eram seus planos, que tipo de brincadeira ele deveria ou poderia fazer.
"Eu quero que você sinta o meu gosto, ... que você prove a minha excitação, o meu prazer... que você me consuma, me saboreie... se delicie." O tom dela era sedutor e pausado, cheio de desejo e expectativa.
Quando ela terminou de falar, ele já havia se ajoelhado ainda mais perto dela, e tinha as mãos firmes em suas coxas, separando suas pernas e mergulhando no espaço entre elas. Avançou para ela como um miserável, um faminto, que recebe não um prato de comida qualquer, mas uma refeição preparada para o monarca, com os temperos mais raros e preciosos do reino.
"Isso, ." Ela o encorajou, ao sentir a língua dele percorrer toda a sua fenda. "Era assim mesmo que eu tava imaginando." Ofegou. "Exatamente assim!" Assegurou e gemeu.
Ele fez exatamente o que ela mandou. Lambeu, sugou, saciou a vontade de senti-la, se derramando e pulsando em sua boca, enquanto ficava cada vez mais molhada, por uma mistura da saliva quente dele com sua própria excitação, crescente e enlouquecedora, até ter o seu desejo satisfeito, e seu corpo tremer inteiro, sem controle.
"Uau." Foi o primeiro som que ela conseguiu emitir, ainda de olhos fechados, jogada na cadeira, com ele sentado sobre as próprias pernas à sua frente. "Quem diria que você seria tão bom nisso!" Completou, abrindo os olhos, devagar.
"Eu não s-sou nenhum idi-idiota, ." Ele disse, se levantando. O tom ofendido da voz dele era tal que ela nem percebeu que tinha sido chamada pelo primeiro nome.
"Me desculpe, . Eu não queria te ofender." Pediu, sincera. "Eu não te acho nenhum idiota... pelo contrário. Eu só achei que talvez, por você ter tido uma namorada só, eu fosse precisar dar umas dicas... ensinar algumas coisas. Mas você não precisa melhorar em nada! Ou você praticou bastante com essa sua namoradinha ou tem um dom natural... e eu apostaria nessa segunda hipótese, com toda certeza." Sorriu, maliciosa, enquanto ajeitava a saia e ficava reta na cadeira.
"Sei lá." Ele disse, passando a mão no cabelo e dando um risinho, que era um misto de tímido com vaidoso.
"É uma pena, mas eu tenho trabalho a fazer agora... e tenho certeza que você também, não é?" Comentou, simpática, colocando os olhos, então, na visível ereção dele. "Mas nossos planos pra mais tarde estão de pé." Lembrou, passando a mão pelo volume sob a calça.
"Ok. Até-té mais tarde." Ele disse, seguindo para a porta, com pressa de chegar ao banheiro e poder aliviar a pressão, agora que sabia que diversão para ele, com ela, somente haveria à noite. Ainda faltavam muitas horas!
", eu já ia me esquecendo." Ele se virou para ela. "Eu tive que dar folga pro Brad. Você vai ter que ir lá pra casa comigo. Eu vou sair às sete, ok? Do mesmo lugar onde você tinha combinado com ele."
"Ok."
precisou resolver o próprio "problema" no banheiro, ou não conseguiria trabalhar. E pelo resto do dia ele teve vontade de fazer isso outras vezes, pois seu cérebro teimava em conjecturar e ele fazendo sexo em inúmeras posições, tocando um ao outro em todos os lugares, explorando não só o quarto secreto como outros lugares da casa dela e do escritório. Ele só se controlou porque queria guardar o tesão para quando estivesse realmente com ela, e não sozinho com as perversões que ela provocava na mente antes quase comportada dele.
Fora isso, uma outra coisa o estava impedindo de se concentrar no trabalho. Ele estava irritado com Samuel, e precisava achar um modo de tirar satisfações com ele, sem ser indiscreto sobre . O que tinha dado na cabeça de seu melhor amigo, de alguém que era quase seu irmão, para falar de seu passado a estranhos, mencionando detalhes como o fato de ele ter tido apenas uma namorada em toda a sua vida? Estava quase arrependido de ter trazido o jovem irlandês para ser seu assistente na Red Rave Jewelry Ltda.
não estava vivendo uma situação tão diferente. Embora ela fizesse aquele jogo com em que ela mandava, ele obedecia, e o prazer era todo dela, isso era só uma encenação. Mesmo os dominadores gostam de dar prazer a seus dominados e, desde que ele saíra da sala, tudo em que ela conseguia pensar era em sentir o gosto dele de novo e, dessa vez, ir até o fim, para que ele explodisse em sua boca e ela pudesse provar não só da sua excitação, mas também do seu gozo.
Ambos contaram as horas e minutos para as sete e, quando chegou o horário marcado, se apresentaram no local combinado, na garagem do edifício da empresa, pontualmente. Ela apresentou a ele Dean Harvey, o chefe da segurança, que seria o responsável por levá-los até o prédio dela naquela noite, e os dois ocuparam o confortável banco de trás de um carro de luxo negro.
"Dean, você teve notícias do Jake?" Ela perguntou, quando ele já tinha dado a partida e saía do estacionamento.
"Ele tá bem. O Brad tá lá com ele e me disse que a febre baixou, e que até à escola ele tava querendo ir." Riu o rapaz, que usava a cabeça raspada e tinha mais cara de segurança que Brad, na opinião de .
"A Lily tava muito preocupada. Mas, ao mesmo tempo, não quis ir pra casa... eu não entendi." Comentou a garota.
"Ela queria o Brad cuidando do filho... disse que ele nunca faz isso. Eu sei que ele faz, mas achei melhor nem discutir." ouvia a conversa, juntando as informações, e concluindo que o novo marido da ex-mulher de Brad era Dean, e que a tal ex era a secretária de , Lily.
"Bom, o importante é que o Jake esteja bem." Falou , séria. "Me avisa pelo interfone quando chegarmos, ok?" Acrescentou, apertando um botão, sem esperar resposta, e fazendo com que uma divisória subisse entre a parte da frente e a de trás do carro, e elas ficassem sem qualquer comunicação.
Os vidros do carro eram todos escuros e, agora afastados do motorista por outro vidro fumê, e estavam isolados do mundo.
"Essa parte do carro tem isolamento acústico também." Informou a executiva. "Não foi colocado por causa dos meus fetiches, e sim por questões de segurança... de sigilo de informações da empresa. Mas... por que não tirar proveito, não é?" Olhou para , sugestivamente, e arranhou um pouco uma das coxas dele com as unhas.
Ele fez menção de abraçar e beijar , mas ela se afastou e fez sinal negativo com a cabeça, então ele recuou.
"Sabe, ? Você tem sido perfeito. Mesmo nunca tendo sido um sub, você tem feito tudo direitinho... tudo do jeitinho que eu gosto." Disse, abrindo o cinto dele. "Você merece ser recompensado, não acha?" Ele apenas mordeu o lábio e a observou abrir o botão de sua calça. "Só relaxa, . É a minha vez de saborear o seu prazer... e eu quero ele todinho pra mim."
Ele levantou o quadril, para que ela pudesse baixar a calça dele, junto com a cueca boxer, e se recostou no banco do carro, apenas sentindo balançar o seu mundo, mais uma vez.
Era definitivamente uma ótima maneira de começar a noite, e ele esperava que viesse muito mais pela frente. Ele estava oficialmente dominado por um vício chamado .
Estava cansado, sonolento, mas, acima de tudo, sua dificuldade em organizar e preencher as planilhas abertas em seu computador se devia ao fato de estar extremamente confuso. Ao conhecer, duas semanas antes, a CEO da empresa para a qual tinha começado a trabalhar havia pouco menos de um mês, jamais teria imaginado que ela fosse uma mulher com uma vida sexual diferente, secreta. Ela tinha parecido muito séria, compenetrada, e ele teria apostado que ela seria do tipo conservador, em suas relações.
Menos ainda poderia ter imaginado que seria convidado a participar do instigante, apesar de um pouco ameaçador, jogo sensual que ela promovia. Ela tinha atraído a atenção dele, despertado o seu desejo, de forma totalmente imediata, mas parecia uma fantasia, um sonho impossível para um simples chefe de contabilidade se aproximar, a não ser por necessidades profissionais, da maior acionista e principal gestora da empresa.
Principalmente, quando este cara era o típico contador, com óculos de nerd, roupa de nerd, amigos nerds, que lidava mais com números do que com gente e, por muitos anos, considerara sinônimo de diversão jogar xadrez com o avô, gamão com a avó e RPG com os colegas de faculdade.
O fato é que, para sua sorte, esse tipo (esquisito, na concepção de muitos) parecia se enquadrar perfeitamente no modelo de homem submisso. E, sendo uma dominadora, ela acabara atraída por ele, e ele se vira envolvido em uma aventura que jamais poderia ter concebido, com a mulher com quem ele já tinha imaginado, muitas vezes, cometer todo tipo de pecado.
agora não conseguia decidir o que era mais atraente: a própria ou a ideia de um sexo cheio de novidades e surpresas. Suspirou, recolocando os óculos e olhando para a tela do computador, decidindo trabalhar ou as atividades se acumulariam. O trabalho não era pouco e sua saída na tarde anterior, com , já tinha atrasado alguns lançamentos.
Um telefonema inesperado, no entanto, acabou interrompendo suas obrigações, novamente, e, mesmo sabendo que depois teria que correr atrás do prejuízo, ele saiu de sua sala, largando tudo, sem pestanejar. Nunca havia imaginado que alguém poderia se sentir tão tenso e tão empolgado ao mesmo tempo, até aquele momento.
Em seu grande escritório, batia com as unhas no tampo da mesa, observando nas próprias mãos a única coisa com uma cor um pouco mais forte, em todo o seu visual de executiva séria. Respirava fundo, tentando controlar a impaciência do seu corpo, que reagia de forma impressionante à iminente chegada de .
Ela tinha marcado com ele mais tarde, na casa dela, mas não parara de pensar nele um só momento, desde que o deixara sozinho no quarto secreto, na noite anterior, o que estava tornando bastante difícil realizar os trabalhos do dia. Por isso, decidira tirar proveito do fato de que ele trabalhava em sua empresa e antecipar o reencontro. Pedira a Lily que o chamasse para ir à sua sala, como se precisasse realizar uma consulta contábil urgente.
"Bo-bom dia, se-nhorita ." falou, entrando na sala, nervoso, e vendo a mulher sentada em sua cadeira, atrás da grande mesa de madeira escura. O vermelho da noite anterior tinha dado lugar a tons pastéis novamente, mas ela estava tão sexy quanto sempre, mesmo sem intenção ou qualquer esforço.
"Bom dia, ." Sorriu, quase de maneira tímida. "Tranca a porta, por favor."
Ele fez o que ela pediu, engolindo seco, ainda mais nervoso. Secou as mãos na calça, ajeitou os óculos, e andou até perto da mesa dela, olhando para o chão.
"Olha pra mim, ." Sorriu de novo, agora mais confiante, como se o nervosismo dele reavivasse a porção mais poderosa dela. "Você tá diferente." Observou, vendo que ele não usava um de seus característicos coletes de lã, mas apenas camisa branca e calça cinza sociais.
"Isso é ru-ruim?" Ele questionou. Na hora de se vestir, havia se lembrado de que ela lhe dissera que ele não ficava gostoso com o colete, por isso não tinha colocado um. Queria que ela o achasse gostoso, afinal de contas! Porém, agora estava inseguro sobre sua escolha, uma vez que o colete era um dos elementos que faziam dele o cara tímido, deslocado e desajeitado que ela tinha julgado perfeito para ser seu submisso.
"Eu ainda não tenho certeza sobre isso." Ela respondeu, sincera. Ele estava, sem sombra de dúvidas, mais bonito e ainda mais atraente, mas, por outro lado, se parecia um pouco menos com alguém que ela poderia manter sob seu controle. "Vem até aqui." Pediu, deixando para avaliar isso depois. Precisava dele e ele estava ali, parecendo pronto a fazer o que ela mandasse naquele momento.
Ela girou a enorme e confortável cadeira reclinável em que estava sentada, ficando de lado para a mesa, enquanto ele rodeava a mesma e parava em frente a ela. Os dois se olharam em silêncio por segundos, que, de tão estranhos para ambos, pareceram minutos intermináveis, até ela tomar a iniciativa de falar, como era esperado que fizesse. Ela era, afinal, a chefe dele na empresa, e a dominadora na relação que eles vinham experimentando.
"Eu te chamei aqui porque eu to tendo um dia bem difícil... e preciso urgentemente relaxar. E enquanto tem gente que relaxa fazendo exercícios na academia... ou recebendo uma massagem de um profissional... eu só relaxo realmente quando eu gozo. Quando eu tenho um orgasmo bem intenso, daqueles que a gente até pode conseguir sozinha, mas que merece ser compartilhado com alguém, sabe?" Sorriu, maliciosa. "O que você me diz, ? Você acha que pode me ajudar a... relaxar?" Terminou traçando uma linha, com as unhas, entre dois dos botões da camisa dele.
"Claro, Ra-... Se-senhorita ." Se corrigiu a tempo.
"Ótimo!" Ela afirmou, puxando-o para baixo, pela camisa, até ele ficar agachado na sua frente.
Mantendo o olhar firme no dele, abriu um pouco as pernas, ao mesmo tempo em que subia devagar a saia, revelando não usar nada por baixo dela, e relaxava, quase se deitando em sua cadeira. Ele respirou fundo e lambeu os lábios instintivamente, ao ver a intimidade dela exposta. Então voltou a olhar para o rosto dela, com semblante questionador, desejando saber quais eram seus planos, que tipo de brincadeira ele deveria ou poderia fazer.
"Eu quero que você sinta o meu gosto, ... que você prove a minha excitação, o meu prazer... que você me consuma, me saboreie... se delicie." O tom dela era sedutor e pausado, cheio de desejo e expectativa.
Quando ela terminou de falar, ele já havia se ajoelhado ainda mais perto dela, e tinha as mãos firmes em suas coxas, separando suas pernas e mergulhando no espaço entre elas. Avançou para ela como um miserável, um faminto, que recebe não um prato de comida qualquer, mas uma refeição preparada para o monarca, com os temperos mais raros e preciosos do reino.
"Isso, ." Ela o encorajou, ao sentir a língua dele percorrer toda a sua fenda. "Era assim mesmo que eu tava imaginando." Ofegou. "Exatamente assim!" Assegurou e gemeu.
Ele fez exatamente o que ela mandou. Lambeu, sugou, saciou a vontade de senti-la, se derramando e pulsando em sua boca, enquanto ficava cada vez mais molhada, por uma mistura da saliva quente dele com sua própria excitação, crescente e enlouquecedora, até ter o seu desejo satisfeito, e seu corpo tremer inteiro, sem controle.
"Uau." Foi o primeiro som que ela conseguiu emitir, ainda de olhos fechados, jogada na cadeira, com ele sentado sobre as próprias pernas à sua frente. "Quem diria que você seria tão bom nisso!" Completou, abrindo os olhos, devagar.
"Eu não s-sou nenhum idi-idiota, ." Ele disse, se levantando. O tom ofendido da voz dele era tal que ela nem percebeu que tinha sido chamada pelo primeiro nome.
"Me desculpe, . Eu não queria te ofender." Pediu, sincera. "Eu não te acho nenhum idiota... pelo contrário. Eu só achei que talvez, por você ter tido uma namorada só, eu fosse precisar dar umas dicas... ensinar algumas coisas. Mas você não precisa melhorar em nada! Ou você praticou bastante com essa sua namoradinha ou tem um dom natural... e eu apostaria nessa segunda hipótese, com toda certeza." Sorriu, maliciosa, enquanto ajeitava a saia e ficava reta na cadeira.
"Sei lá." Ele disse, passando a mão no cabelo e dando um risinho, que era um misto de tímido com vaidoso.
"É uma pena, mas eu tenho trabalho a fazer agora... e tenho certeza que você também, não é?" Comentou, simpática, colocando os olhos, então, na visível ereção dele. "Mas nossos planos pra mais tarde estão de pé." Lembrou, passando a mão pelo volume sob a calça.
"Ok. Até-té mais tarde." Ele disse, seguindo para a porta, com pressa de chegar ao banheiro e poder aliviar a pressão, agora que sabia que diversão para ele, com ela, somente haveria à noite. Ainda faltavam muitas horas!
", eu já ia me esquecendo." Ele se virou para ela. "Eu tive que dar folga pro Brad. Você vai ter que ir lá pra casa comigo. Eu vou sair às sete, ok? Do mesmo lugar onde você tinha combinado com ele."
"Ok."
precisou resolver o próprio "problema" no banheiro, ou não conseguiria trabalhar. E pelo resto do dia ele teve vontade de fazer isso outras vezes, pois seu cérebro teimava em conjecturar e ele fazendo sexo em inúmeras posições, tocando um ao outro em todos os lugares, explorando não só o quarto secreto como outros lugares da casa dela e do escritório. Ele só se controlou porque queria guardar o tesão para quando estivesse realmente com ela, e não sozinho com as perversões que ela provocava na mente antes quase comportada dele.
Fora isso, uma outra coisa o estava impedindo de se concentrar no trabalho. Ele estava irritado com Samuel, e precisava achar um modo de tirar satisfações com ele, sem ser indiscreto sobre . O que tinha dado na cabeça de seu melhor amigo, de alguém que era quase seu irmão, para falar de seu passado a estranhos, mencionando detalhes como o fato de ele ter tido apenas uma namorada em toda a sua vida? Estava quase arrependido de ter trazido o jovem irlandês para ser seu assistente na Red Rave Jewelry Ltda.
não estava vivendo uma situação tão diferente. Embora ela fizesse aquele jogo com em que ela mandava, ele obedecia, e o prazer era todo dela, isso era só uma encenação. Mesmo os dominadores gostam de dar prazer a seus dominados e, desde que ele saíra da sala, tudo em que ela conseguia pensar era em sentir o gosto dele de novo e, dessa vez, ir até o fim, para que ele explodisse em sua boca e ela pudesse provar não só da sua excitação, mas também do seu gozo.
Ambos contaram as horas e minutos para as sete e, quando chegou o horário marcado, se apresentaram no local combinado, na garagem do edifício da empresa, pontualmente. Ela apresentou a ele Dean Harvey, o chefe da segurança, que seria o responsável por levá-los até o prédio dela naquela noite, e os dois ocuparam o confortável banco de trás de um carro de luxo negro.
"Dean, você teve notícias do Jake?" Ela perguntou, quando ele já tinha dado a partida e saía do estacionamento.
"Ele tá bem. O Brad tá lá com ele e me disse que a febre baixou, e que até à escola ele tava querendo ir." Riu o rapaz, que usava a cabeça raspada e tinha mais cara de segurança que Brad, na opinião de .
"A Lily tava muito preocupada. Mas, ao mesmo tempo, não quis ir pra casa... eu não entendi." Comentou a garota.
"Ela queria o Brad cuidando do filho... disse que ele nunca faz isso. Eu sei que ele faz, mas achei melhor nem discutir." ouvia a conversa, juntando as informações, e concluindo que o novo marido da ex-mulher de Brad era Dean, e que a tal ex era a secretária de , Lily.
"Bom, o importante é que o Jake esteja bem." Falou , séria. "Me avisa pelo interfone quando chegarmos, ok?" Acrescentou, apertando um botão, sem esperar resposta, e fazendo com que uma divisória subisse entre a parte da frente e a de trás do carro, e elas ficassem sem qualquer comunicação.
Os vidros do carro eram todos escuros e, agora afastados do motorista por outro vidro fumê, e estavam isolados do mundo.
"Essa parte do carro tem isolamento acústico também." Informou a executiva. "Não foi colocado por causa dos meus fetiches, e sim por questões de segurança... de sigilo de informações da empresa. Mas... por que não tirar proveito, não é?" Olhou para , sugestivamente, e arranhou um pouco uma das coxas dele com as unhas.
Ele fez menção de abraçar e beijar , mas ela se afastou e fez sinal negativo com a cabeça, então ele recuou.
"Sabe, ? Você tem sido perfeito. Mesmo nunca tendo sido um sub, você tem feito tudo direitinho... tudo do jeitinho que eu gosto." Disse, abrindo o cinto dele. "Você merece ser recompensado, não acha?" Ele apenas mordeu o lábio e a observou abrir o botão de sua calça. "Só relaxa, . É a minha vez de saborear o seu prazer... e eu quero ele todinho pra mim."
Ele levantou o quadril, para que ela pudesse baixar a calça dele, junto com a cueca boxer, e se recostou no banco do carro, apenas sentindo balançar o seu mundo, mais uma vez.
Era definitivamente uma ótima maneira de começar a noite, e ele esperava que viesse muito mais pela frente. Ele estava oficialmente dominado por um vício chamado .
Capítulo 4
entrou na grande e modernamente mobiliada e equipada cozinha do apartamento de , pegando o maior copo que encontrou em uma prateleira e o enchendo com água e algumas pedras de gelo. Vinha tentando dormir havia mais de uma hora e meia, mas um calor que vinha mais de dentro dele do que do ambiente não estava deixando o seu corpo relaxar completamente. Na verdade, pensando bem, a culpa era mais de sua cabeça que não conseguia se desligar da mulher que, naquele momento, ele imaginava estar dormindo como um anjo em um luxuoso quarto daquele mesmo imóvel.
Depois de consumir metade da água em seu copo com um só gole, andou até a sala principal da casa e caminhou por ela, prestando, pela primeira vez, maior atenção aos detalhes da decoração. Os móveis eram modernos e claros e alguns focos de luz, que ficavam acesos mesmo durante a noite, tinham sido estrategicamente posicionados para dar destaque a objetos de arte, como quadros, esculturas e a alguns porta-retratos que mostravam e pessoas que ele, obviamente, não conhecia.
Entre as imagens espalhadas pelo local, as que mais chamaram a atenção de estavam todas juntas em uma prateleira e mostravam se aventurando em esportes radicais. Em uma, ela e uma amiga sorriam para o fotógrafo, penduradas em suas cordas de escalada, frente a uma parede rochosa. Em outra, a mulher e mais duas pessoas faziam sinais indicando que tudo estava "ok", em pleno céu, durante um salto de paraquedas. Na terceira, via-se uma bela cachoeira ao fundo e se jogando, de braços abertos, da plataforma do bungee jumping. Havia ainda outros flagras, como o dela aprendendo os movimentos que deveria executar em cima de uma prancha de surf, aquele em que carregava o seu equipamento de snowboarding e o que a mostrava com tudo pronto para um voo de asa-delta.
ficou encantado com as fotos que mostravam mais um dado da personalidade aventureira e corajosa de . Ela e ele eram realmente opostos e isso explicava muito bem como tinham acabado onde estavam: em lados opostos de um tipo de relação que não tem como ser vivida por iguais.
tinha experimentado um nível altíssimo de adrenalina nas atividades de que as fotos eram registro e, provavelmente, aquelas não tinham sido as únicas oportunidades em que ela havia flertado com o perigo. Ele sempre tinha sido o menininho da vovó e a velha senhora provavelmente teria tido um infarto fulminante se o rapaz sequer tivesse mencionado participar de coisas como alpinismo, mergulho em alto mar, sky diving ou rafting. Sua maior aventura ao ar livre na vida tinha sido acampar com alguns colegas de faculdade em uma praia isolada.
tinha feito parte de um clube de sexo. Vinha dominando homens havia algum tempo. Sabia jogar, seduzir, enfeitiçar. Tinha um quarto só para fazer sexo com os seus submissos, com acessórios, trilha sonora especial, roupas sensuais para usar nas ocasiões próprias, com o jeito de falar e o olhar certos, mas também tinha o seu escritório austero, as roupas sóbrias, o olhar e a voz corretas, para combinar com a máscara que usava em sua vida pública. Ele era e tinha sido sempre o mesmo por fora. Tinha reprimido qualquer atitude que pudesse ser considerada imoral, mal-educada ou ousada. A sua maior aventura na vida, ele estava tendo agora, nos últimos dias, e se via querendo mergulhar cada vez mais fundo nela e trazer um diferente à superfície, enfim.
Sorriu e tomou o último gole de sua água, decidindo voltar à cozinha para encher novamente o copo, pois o calor voltara com tudo quando pensou no dia maravilhosamente inusitado que havia tido. Primeiro, tinha demandado sexo oral em pleno escritório da rede de joias em que ele trabalhava e na qual ela era CEO. Depois, tinha o feito gozar com força, em sua boca, e sugado cada gota que ele derramara em pleno banco de trás do carro, no trajeto entre a empresa e o edifício em que ela morava.
É claro que ele sabia que, se a mulher havia o levado até ali, a brincadeira não tinha terminado. Porém, mesmo assim, ficou surpreso quando, logo depois de passar alguns poucos minutos no escritório de casa, enquanto o homem ficara na cozinha com Cora para que fizesse um lanche leve, ela engoliu rapidamente um suco e mandou que a seguisse, indo direto para o quarto secreto. De modo algum, esperava o que veio depois!
", diga-me uma coisa", ela disse em tom autoritário. "Que parte você não entendeu sobre se comportar bem para não precisar ser castigado?"
"Eu... Eu e-entendi, senhorita ."
"Hum... Entendeu?", perguntou debochada. "Eu elogiei tanto você, . Recompensei-o lhe dando um momento para curtir... Para SÓ curtir... E você me retribui sendo desobediente?"
"Eu... Não...", tentou responder, mas estava confuso.
"Você não se lembra mesmo de ter feito nada errado, não é?", ela o viu confirmar com um aceno de cabeça. "Eu acredito em você, ... Mas, mesmo assim, vou ter que castigá-lo. É uma pena, meu gostoso... Porém, são as regras", falou irônica.
"O que você vai fa-fazer comigo?", questionou, sentindo a respiração começar a ficar ofegante, o coração acelerado. Não se tratava, no entanto, de medo e, sim, de uma ansiedade enorme para saber o que viria. Ela o levou pela mão até o poste onde tinha dançado para ele, na noite anterior, e o encostou a esse, ao mesmo tempo em que voltava a falar.
"Você não se lembra, mas falou o meu primeiro nome algumas vezes, enquanto eu o chupava", a mulher esclareceu qual tinha sido o desvio às regras, ignorando a pergunta sobre o teor do castigo. "Não só isso, como também me chamou de babe... E eu não sei de onde você tirou a ideia ridícula de que poderia falar assim comigo", continuou arrogante. "Sei que foi gostoso, bebê", continuou, enfatizando a última palavra, a fim de mostrar que ela, sim, poderia lhe dar um apelido carinhoso, se quisesse. "Mas, mesmo assim, você tem que saber se controlar... Eu não posso sempre perdoar os seus deslizes", terminou em um tom forçadamente carinhoso, parecido com o de uma professora de criança.
Ela, então, caminhou até a cômoda, pegou duas algemas e voltou até ele, mostrando-as. Abriu a primeira e empurrou os braços dele para trás, prendendo um ao outro de modo que o homem ficasse preso ao poste. Depois, abriu a segunda, lentamente, olhando nos olhos dele com um sorrisinho safado nos lábios, e, em seguida, atou os tornozelos dele ao poste para que os movimentos de perna também ficassem limitados. Ele não entendeu a necessidade das duas algemas de início, mas depois perceberia que, sem uma delas, poderia ter mesmo frustrado, pelo menos um pouco, os planos dela.
colocou a música “Straight To Number One” do Touch & Go para tocar, pois era uma das mais sensuais que havia em sua coleção, apesar de não pretender levar a sério a letra da canção. Ela voltou até bem perto de e, sem pressa, soltou os cabelos. Sacudiu a cabeça para alvoroçá-los e começou a abrir os botões da blusa, livrando-se dela e revelando um sutiã branco de renda que deixava à mostra parte considerável de seus pequenos seios.
Logo, repetiu os movimentos com os botões da blusa dele, deixando sua camisa perdurada nos cotovelos e tocando o muito de pele que ficou exposto. Suas mãos inteiras deslizaram pelos braços dele, pelo peitoral, pelo abdômen, enquanto a boca e o nariz percorriam maxilar, pescoço, ombros, que ela só conseguia alcançar porque ele se inclinava um pouco, não se negando ao seu papel de submisso e mais do que desejoso das carícias dela.
Pouco depois, a mulher se afastou e virou as costas para ele, abrindo o zíper da saia e a deixando deslizar pelas pernas. O rapaz soltou um suspiro de decepção ao ver que, ao longo do dia, ela tinha vestido a calcinha sem a qual havia o esperado em seu escritório mais cedo. No entanto, a peça era bem pequena e mostrava bastante do bumbum dela, que era uma visão da qual o homem não seria capaz de se cansar jamais. Mexeu instintivamente as mãos, com vontade de tocá-la, e a algema fez um pouco de barulho, então ela se virou para ele com um sorriso provocante e vencedor em seus lábios.
"Você quer me tocar, ? Quer deslizar as mãos por todo o meu corpo... Sentir a minha pele quente e macia?", perguntou retoricamente, passando as mãos pelo próprio corpo, enquanto ele não tirava os olhos dela. "Você quer beijar o meu colo... Lamber os meus mamilos... Me... Chupar?", continuou, tocando cada lugar que mencionava e gemendo exageradamente ao envolver a própria intimidade com as mãos. "Eu sei que você quer... Mas não pode, BEBÊ! Não agora."
Ela continuou na frente dele, bem perto, dançando sensualmente, agarrando os próprios cabelos, mordendo o lábio inferior de olhos fechados, abraçando o próprio corpo, mexendo nas laterais da calcinha, tateando a barriga lisinha, espalmando os seios e mordendo um dos dedos. Todos os seus movimentos eram lentos, sensuais, um pouco elaborados, mas também resultantes do próprio desejo que estava sentindo, vendo aquele homem lindo totalmente entregue a ela, totalmente pronto para o que quisesse fazer com ele.
No momento, ainda era tempo, no entanto, de torturá-lo, porque era assim que funcionava aquele tipo de relação. Havia várias formas de castigo e a que ela estava usando, naquela hora, era a da excitação e frustração. Então abriu os olhos, encarou os dele e foi se aproximando ainda mais, encostando seu corpo ao dele. Esfregou os seios nele, sentindo os mamilos endurecerem. Depois se virou e esfregou o bumbum na ereção dele, rebolando ao ritmo lento da música que se repetia. Sentir o corpo dele e o quão duro ele estava fazia com que a intimidade dela latejasse, o que representava uma tortura também para ela, mas o jogo tem suas regras e a mulher as cumpriria até o fim.
"Você não pode me tocar, . Você não se controlou... Não seguiu as minhas regras. E são regras tão simples, gostoso! Você poderia estar agora mesmo dentro de mim, se tivesse se controlado só um pouquinho", encostou de novo a parte da frente do corpo ao dele e, dessa vez, levantou uma das pernas, encontrando um ângulo, e roçou com intensidade suas intimidades. "E eu queria, ... Queria muito você dentro de mim agora, bebê", afirmou não só por provocação, mas porque era verdade.
Ela se afastou e ele engoliu em seco, ofegou. Aquilo era mesmo um castigo, porque estava muito duro e o seu membro, apertado dentro das calças, não somente precisava do alívio de sair delas, como necessitava de alguma ação para explodir e baixar toda aquela pressão, para que o sangue voltasse a circular normalmente no corpo. Até porque podia jurar que não havia quase nenhum passando por seu cérebro naquele momento, tal era sua falta de capacidade para raciocinar. Ao mesmo tempo, tudo era loucamente excitante e ele teria chamado o nome dela do mesmo jeito, se soubesse que essa seria a sua reação.
Então, para coroar a tortura, se deitou na cama e, olhando fixamente para ele, começou a se masturbar, passando um dedo no clitóris, por sobre a lingerie. Fez isso o observando por quase todo o tempo, até o prazer ficar intenso demais e ela fechar os olhos, tocando-se um pouco mais e emitindo gemidos altos ao gozar. não poderia saber, mas ela havia pensado nele todo o tempo, no corpo dele colado no seu, nas maravilhas que a língua dele tinha feito com ela horas antes.
O rapaz pensou que a mulher o soltaria naquele momento e que eles transariam como no dia anterior, em que ele tinha ficado observando um bom tempo sem poder nem se tocar, mas depois ela tinha o deixado escolher fazer pelo menos uma coisa com ela. No entanto, se levantou da cama e começou a vestir as suas roupas, sem nada dizer ou fazer, como se o rapaz nem mesmo estivesse ali.
"Se-senhorita ? Eu... Hum... Você n-não vai me soltar?", perguntou receoso.
"Daqui a pouco. Quando você e seu amiguinho tiverem se acalmado", ela disse, apontando para a ereção evidente dele. Foi quando ele soube que a tortura era ficar excitado ao máximo e não poder realmente fazer absolutamente nada a respeito, nem com ela, nem sem, e ter que simplesmente esperar a vontade passar. "Você está com sede... Fome?"
"Não."
"Tudo bem, então. Eu volto logo... BEBÊ", sorriu maliciosa.
Ele ficou sozinho por mais ou menos quinze minutos que pareceram uma eternidade. Teve que pensar na contabilidade da empresa, na visita que estava devendo à avó, no carro que estava querendo comprar, em qualquer coisa que pudesse tirar a imagem de dando prazer a si mesma de sua mente para que o seu membro saísse do estado de excitação.
, por sua vez, tomou um banho, perfumou-se e voltou ao quarto secreto, pronta para dar continuidade aos seus planos que, é claro, não incluíam apenas dar um castigo ao seu submisso, mas também se servir dele da melhor forma possível. Ela jamais ficaria satisfeita com masturbação apenas quando poderia fazer sexo com aquele homem grande, delicioso e lindo.
"Cheguei, gostoso", a moça disse, aproximando-se dele. Usava uma camisola branca de cetim que, apesar de não ser transparente, emoldurava o seu corpo de forma que ele podia ver que a garota não usava nada por baixo dela. "Eu espero que você tenha aprendido a lição, bebê. Não quero castigá-lo de novo", disse, não sendo sincera porque as sessões de tortura tinham um gostinho especial na relação com um sub. Porém, a forma carinhosa de falar era verdadeira e o apelido não tinha saído como forma de ironia, o que surpreendeu a ela mesma.
Tirou primeiro a algema que prendia os pés dele e depois a das mãos, pegando-o de surpresa ao acariciar e beijar os seus pulsos. Ele não esperava esse tipo de carinho, assim como não estava esperando que ela, depois de soltá-lo, guiasse as suas mãos até o corpo dela, colocando-as em sua cintura primeiro, então as deslizando até o seu quadril e depois para trás, para o bumbum.
"Toque-me, . Agora que você já teve o seu castigo, é hora de nós dois nos divertirmos juntos, finalmente", virou as costas para ele, mas sem tirar as mãos das dele e as dele de sua camisola. Apenas deslizou ambas para a frente, para o seu abdômen. "Nós dois queremos isso, ... As suas mãos grandes no meu corpo", ofegou quando levou uma delas a um de seus seios e a outra até uma das coxas. "O seu toque... Eu... ansiava por ele."
Ela, então, deixou as mãos dele livres, levantando as suas e as colocando na nuca de , enquanto encostava o seu corpo ainda mais ao dele. Ele brincou com os mamilos dela, usando um dos polegares. A outra mão se ocupou de levantar a camisola e segurar a intimidade dela, formando uma espécie de concha a sua volta, enquanto o dedo médio fazia pressão no clitóris, suficiente apenas para provocar a mulher em seus braços. O nariz dele roçava atrás da orelha dela, os lábios passeavam pelo pescoço e os dentes mordiscavam o lóbulo de um jeito talvez carinhoso demais, mas que surpreendentemente a excitava.
Então, ela o puxou até a cama e se ajoelhou nela, sem se desgrudar dele ou mudar de posição. Ele entendeu bem o recado silencioso e subiu na cama junto com a mulher, que jogou o corpo para a frente, ficando de quatro. O rapaz levantou a camisola dela, deixando toda a parte de baixo do seu corpo exposta e se masturbou um pouco, ao mesmo tempo em que voltava a tocá-la, preparando os dois para a penetração.
"Onde t-tem camisinha?", ele perguntou, meio frustrado por ter se lembrado disso quando já estava preparado para invadi-la finalmente.
"Embaixo do travesseiro", ela respondeu, rindo com o jeito orgulhoso de quem sempre pensa em tudo.
O homem sorriu, achando que nela o jeito presunçoso caía como uma luva e ficava até um tanto adorável. Então pegou a camisinha e não perdeu mais tempo, preenchendo-a devagar, com suavidade.
"Mais forte, ", ela disse impaciente e ele continuou enfiando lentamente, mas com força, até que a mulher ficasse impaciente de novo e suplicasse."Mais rápido, bebê. Mais rápido!"
Ele obedeceu e encontrou um ritmo perfeito para os dois. Além disso, mudou o ângulo, encostando-se mais ao corpo dela, enquanto enfiava uma das mãos dentro da camisola e passava o bico rígido de um dos seios dela entre o indicador e o polegar. Friccionou também, com muita desenvoltura, o seu ponto feminino mais sensível usando a outra mão, e não falhou em perceber as reações que provocava nela, o quanto ela estava perto.
"Goze para mim, vai... Gostosa!", pediu, sentindo-se no domínio da situação por um momento. "Goze para mim, senhorita ", enfatizou o pronome e o sobrenome, querendo mostrar que ele faria o que ela quisesse, que a chamaria como quisesse, se pudesse ter isso dela, se eles pudessem ter prazer juntos.
Os dois tinham gozado intensamente, mas logo tinha ido para o próprio quarto e , para o de hóspedes, onde não tinha conseguido dormir, o que o levara a passear pela cozinha e pela sala da cobertura de luxo. Estava acostumado com uma dinâmica muito diferente depois do sexo e se sentia sozinho e confuso, apesar de muito envolvido e ansioso por mais.
, por sua vez, não estava acostumada com companhia depois do sexo. Sempre achara que preferia dormir sozinha. No entanto, sua cama parecia vazia demais naquela noite e, por isso, ela não tinha encontrado posição para dormir e ficara ansiosa.
Resolveu simplesmente ir até a cozinha e comer uma fruta. E foi assim que se encontrou, pela primeira vez, com sem qualquer planejamento, ficando frente a frente com ele, enfim, sem que estivesse plenamente no controle da situação.
Depois de consumir metade da água em seu copo com um só gole, andou até a sala principal da casa e caminhou por ela, prestando, pela primeira vez, maior atenção aos detalhes da decoração. Os móveis eram modernos e claros e alguns focos de luz, que ficavam acesos mesmo durante a noite, tinham sido estrategicamente posicionados para dar destaque a objetos de arte, como quadros, esculturas e a alguns porta-retratos que mostravam e pessoas que ele, obviamente, não conhecia.
Entre as imagens espalhadas pelo local, as que mais chamaram a atenção de estavam todas juntas em uma prateleira e mostravam se aventurando em esportes radicais. Em uma, ela e uma amiga sorriam para o fotógrafo, penduradas em suas cordas de escalada, frente a uma parede rochosa. Em outra, a mulher e mais duas pessoas faziam sinais indicando que tudo estava "ok", em pleno céu, durante um salto de paraquedas. Na terceira, via-se uma bela cachoeira ao fundo e se jogando, de braços abertos, da plataforma do bungee jumping. Havia ainda outros flagras, como o dela aprendendo os movimentos que deveria executar em cima de uma prancha de surf, aquele em que carregava o seu equipamento de snowboarding e o que a mostrava com tudo pronto para um voo de asa-delta.
ficou encantado com as fotos que mostravam mais um dado da personalidade aventureira e corajosa de . Ela e ele eram realmente opostos e isso explicava muito bem como tinham acabado onde estavam: em lados opostos de um tipo de relação que não tem como ser vivida por iguais.
tinha experimentado um nível altíssimo de adrenalina nas atividades de que as fotos eram registro e, provavelmente, aquelas não tinham sido as únicas oportunidades em que ela havia flertado com o perigo. Ele sempre tinha sido o menininho da vovó e a velha senhora provavelmente teria tido um infarto fulminante se o rapaz sequer tivesse mencionado participar de coisas como alpinismo, mergulho em alto mar, sky diving ou rafting. Sua maior aventura ao ar livre na vida tinha sido acampar com alguns colegas de faculdade em uma praia isolada.
tinha feito parte de um clube de sexo. Vinha dominando homens havia algum tempo. Sabia jogar, seduzir, enfeitiçar. Tinha um quarto só para fazer sexo com os seus submissos, com acessórios, trilha sonora especial, roupas sensuais para usar nas ocasiões próprias, com o jeito de falar e o olhar certos, mas também tinha o seu escritório austero, as roupas sóbrias, o olhar e a voz corretas, para combinar com a máscara que usava em sua vida pública. Ele era e tinha sido sempre o mesmo por fora. Tinha reprimido qualquer atitude que pudesse ser considerada imoral, mal-educada ou ousada. A sua maior aventura na vida, ele estava tendo agora, nos últimos dias, e se via querendo mergulhar cada vez mais fundo nela e trazer um diferente à superfície, enfim.
Sorriu e tomou o último gole de sua água, decidindo voltar à cozinha para encher novamente o copo, pois o calor voltara com tudo quando pensou no dia maravilhosamente inusitado que havia tido. Primeiro, tinha demandado sexo oral em pleno escritório da rede de joias em que ele trabalhava e na qual ela era CEO. Depois, tinha o feito gozar com força, em sua boca, e sugado cada gota que ele derramara em pleno banco de trás do carro, no trajeto entre a empresa e o edifício em que ela morava.
É claro que ele sabia que, se a mulher havia o levado até ali, a brincadeira não tinha terminado. Porém, mesmo assim, ficou surpreso quando, logo depois de passar alguns poucos minutos no escritório de casa, enquanto o homem ficara na cozinha com Cora para que fizesse um lanche leve, ela engoliu rapidamente um suco e mandou que a seguisse, indo direto para o quarto secreto. De modo algum, esperava o que veio depois!
", diga-me uma coisa", ela disse em tom autoritário. "Que parte você não entendeu sobre se comportar bem para não precisar ser castigado?"
"Eu... Eu e-entendi, senhorita ."
"Hum... Entendeu?", perguntou debochada. "Eu elogiei tanto você, . Recompensei-o lhe dando um momento para curtir... Para SÓ curtir... E você me retribui sendo desobediente?"
"Eu... Não...", tentou responder, mas estava confuso.
"Você não se lembra mesmo de ter feito nada errado, não é?", ela o viu confirmar com um aceno de cabeça. "Eu acredito em você, ... Mas, mesmo assim, vou ter que castigá-lo. É uma pena, meu gostoso... Porém, são as regras", falou irônica.
"O que você vai fa-fazer comigo?", questionou, sentindo a respiração começar a ficar ofegante, o coração acelerado. Não se tratava, no entanto, de medo e, sim, de uma ansiedade enorme para saber o que viria. Ela o levou pela mão até o poste onde tinha dançado para ele, na noite anterior, e o encostou a esse, ao mesmo tempo em que voltava a falar.
"Você não se lembra, mas falou o meu primeiro nome algumas vezes, enquanto eu o chupava", a mulher esclareceu qual tinha sido o desvio às regras, ignorando a pergunta sobre o teor do castigo. "Não só isso, como também me chamou de babe... E eu não sei de onde você tirou a ideia ridícula de que poderia falar assim comigo", continuou arrogante. "Sei que foi gostoso, bebê", continuou, enfatizando a última palavra, a fim de mostrar que ela, sim, poderia lhe dar um apelido carinhoso, se quisesse. "Mas, mesmo assim, você tem que saber se controlar... Eu não posso sempre perdoar os seus deslizes", terminou em um tom forçadamente carinhoso, parecido com o de uma professora de criança.
Ela, então, caminhou até a cômoda, pegou duas algemas e voltou até ele, mostrando-as. Abriu a primeira e empurrou os braços dele para trás, prendendo um ao outro de modo que o homem ficasse preso ao poste. Depois, abriu a segunda, lentamente, olhando nos olhos dele com um sorrisinho safado nos lábios, e, em seguida, atou os tornozelos dele ao poste para que os movimentos de perna também ficassem limitados. Ele não entendeu a necessidade das duas algemas de início, mas depois perceberia que, sem uma delas, poderia ter mesmo frustrado, pelo menos um pouco, os planos dela.
colocou a música “Straight To Number One” do Touch & Go para tocar, pois era uma das mais sensuais que havia em sua coleção, apesar de não pretender levar a sério a letra da canção. Ela voltou até bem perto de e, sem pressa, soltou os cabelos. Sacudiu a cabeça para alvoroçá-los e começou a abrir os botões da blusa, livrando-se dela e revelando um sutiã branco de renda que deixava à mostra parte considerável de seus pequenos seios.
Logo, repetiu os movimentos com os botões da blusa dele, deixando sua camisa perdurada nos cotovelos e tocando o muito de pele que ficou exposto. Suas mãos inteiras deslizaram pelos braços dele, pelo peitoral, pelo abdômen, enquanto a boca e o nariz percorriam maxilar, pescoço, ombros, que ela só conseguia alcançar porque ele se inclinava um pouco, não se negando ao seu papel de submisso e mais do que desejoso das carícias dela.
Pouco depois, a mulher se afastou e virou as costas para ele, abrindo o zíper da saia e a deixando deslizar pelas pernas. O rapaz soltou um suspiro de decepção ao ver que, ao longo do dia, ela tinha vestido a calcinha sem a qual havia o esperado em seu escritório mais cedo. No entanto, a peça era bem pequena e mostrava bastante do bumbum dela, que era uma visão da qual o homem não seria capaz de se cansar jamais. Mexeu instintivamente as mãos, com vontade de tocá-la, e a algema fez um pouco de barulho, então ela se virou para ele com um sorriso provocante e vencedor em seus lábios.
"Você quer me tocar, ? Quer deslizar as mãos por todo o meu corpo... Sentir a minha pele quente e macia?", perguntou retoricamente, passando as mãos pelo próprio corpo, enquanto ele não tirava os olhos dela. "Você quer beijar o meu colo... Lamber os meus mamilos... Me... Chupar?", continuou, tocando cada lugar que mencionava e gemendo exageradamente ao envolver a própria intimidade com as mãos. "Eu sei que você quer... Mas não pode, BEBÊ! Não agora."
Ela continuou na frente dele, bem perto, dançando sensualmente, agarrando os próprios cabelos, mordendo o lábio inferior de olhos fechados, abraçando o próprio corpo, mexendo nas laterais da calcinha, tateando a barriga lisinha, espalmando os seios e mordendo um dos dedos. Todos os seus movimentos eram lentos, sensuais, um pouco elaborados, mas também resultantes do próprio desejo que estava sentindo, vendo aquele homem lindo totalmente entregue a ela, totalmente pronto para o que quisesse fazer com ele.
No momento, ainda era tempo, no entanto, de torturá-lo, porque era assim que funcionava aquele tipo de relação. Havia várias formas de castigo e a que ela estava usando, naquela hora, era a da excitação e frustração. Então abriu os olhos, encarou os dele e foi se aproximando ainda mais, encostando seu corpo ao dele. Esfregou os seios nele, sentindo os mamilos endurecerem. Depois se virou e esfregou o bumbum na ereção dele, rebolando ao ritmo lento da música que se repetia. Sentir o corpo dele e o quão duro ele estava fazia com que a intimidade dela latejasse, o que representava uma tortura também para ela, mas o jogo tem suas regras e a mulher as cumpriria até o fim.
"Você não pode me tocar, . Você não se controlou... Não seguiu as minhas regras. E são regras tão simples, gostoso! Você poderia estar agora mesmo dentro de mim, se tivesse se controlado só um pouquinho", encostou de novo a parte da frente do corpo ao dele e, dessa vez, levantou uma das pernas, encontrando um ângulo, e roçou com intensidade suas intimidades. "E eu queria, ... Queria muito você dentro de mim agora, bebê", afirmou não só por provocação, mas porque era verdade.
Ela se afastou e ele engoliu em seco, ofegou. Aquilo era mesmo um castigo, porque estava muito duro e o seu membro, apertado dentro das calças, não somente precisava do alívio de sair delas, como necessitava de alguma ação para explodir e baixar toda aquela pressão, para que o sangue voltasse a circular normalmente no corpo. Até porque podia jurar que não havia quase nenhum passando por seu cérebro naquele momento, tal era sua falta de capacidade para raciocinar. Ao mesmo tempo, tudo era loucamente excitante e ele teria chamado o nome dela do mesmo jeito, se soubesse que essa seria a sua reação.
Então, para coroar a tortura, se deitou na cama e, olhando fixamente para ele, começou a se masturbar, passando um dedo no clitóris, por sobre a lingerie. Fez isso o observando por quase todo o tempo, até o prazer ficar intenso demais e ela fechar os olhos, tocando-se um pouco mais e emitindo gemidos altos ao gozar. não poderia saber, mas ela havia pensado nele todo o tempo, no corpo dele colado no seu, nas maravilhas que a língua dele tinha feito com ela horas antes.
O rapaz pensou que a mulher o soltaria naquele momento e que eles transariam como no dia anterior, em que ele tinha ficado observando um bom tempo sem poder nem se tocar, mas depois ela tinha o deixado escolher fazer pelo menos uma coisa com ela. No entanto, se levantou da cama e começou a vestir as suas roupas, sem nada dizer ou fazer, como se o rapaz nem mesmo estivesse ali.
"Se-senhorita ? Eu... Hum... Você n-não vai me soltar?", perguntou receoso.
"Daqui a pouco. Quando você e seu amiguinho tiverem se acalmado", ela disse, apontando para a ereção evidente dele. Foi quando ele soube que a tortura era ficar excitado ao máximo e não poder realmente fazer absolutamente nada a respeito, nem com ela, nem sem, e ter que simplesmente esperar a vontade passar. "Você está com sede... Fome?"
"Não."
"Tudo bem, então. Eu volto logo... BEBÊ", sorriu maliciosa.
Ele ficou sozinho por mais ou menos quinze minutos que pareceram uma eternidade. Teve que pensar na contabilidade da empresa, na visita que estava devendo à avó, no carro que estava querendo comprar, em qualquer coisa que pudesse tirar a imagem de dando prazer a si mesma de sua mente para que o seu membro saísse do estado de excitação.
, por sua vez, tomou um banho, perfumou-se e voltou ao quarto secreto, pronta para dar continuidade aos seus planos que, é claro, não incluíam apenas dar um castigo ao seu submisso, mas também se servir dele da melhor forma possível. Ela jamais ficaria satisfeita com masturbação apenas quando poderia fazer sexo com aquele homem grande, delicioso e lindo.
"Cheguei, gostoso", a moça disse, aproximando-se dele. Usava uma camisola branca de cetim que, apesar de não ser transparente, emoldurava o seu corpo de forma que ele podia ver que a garota não usava nada por baixo dela. "Eu espero que você tenha aprendido a lição, bebê. Não quero castigá-lo de novo", disse, não sendo sincera porque as sessões de tortura tinham um gostinho especial na relação com um sub. Porém, a forma carinhosa de falar era verdadeira e o apelido não tinha saído como forma de ironia, o que surpreendeu a ela mesma.
Tirou primeiro a algema que prendia os pés dele e depois a das mãos, pegando-o de surpresa ao acariciar e beijar os seus pulsos. Ele não esperava esse tipo de carinho, assim como não estava esperando que ela, depois de soltá-lo, guiasse as suas mãos até o corpo dela, colocando-as em sua cintura primeiro, então as deslizando até o seu quadril e depois para trás, para o bumbum.
"Toque-me, . Agora que você já teve o seu castigo, é hora de nós dois nos divertirmos juntos, finalmente", virou as costas para ele, mas sem tirar as mãos das dele e as dele de sua camisola. Apenas deslizou ambas para a frente, para o seu abdômen. "Nós dois queremos isso, ... As suas mãos grandes no meu corpo", ofegou quando levou uma delas a um de seus seios e a outra até uma das coxas. "O seu toque... Eu... ansiava por ele."
Ela, então, deixou as mãos dele livres, levantando as suas e as colocando na nuca de , enquanto encostava o seu corpo ainda mais ao dele. Ele brincou com os mamilos dela, usando um dos polegares. A outra mão se ocupou de levantar a camisola e segurar a intimidade dela, formando uma espécie de concha a sua volta, enquanto o dedo médio fazia pressão no clitóris, suficiente apenas para provocar a mulher em seus braços. O nariz dele roçava atrás da orelha dela, os lábios passeavam pelo pescoço e os dentes mordiscavam o lóbulo de um jeito talvez carinhoso demais, mas que surpreendentemente a excitava.
Então, ela o puxou até a cama e se ajoelhou nela, sem se desgrudar dele ou mudar de posição. Ele entendeu bem o recado silencioso e subiu na cama junto com a mulher, que jogou o corpo para a frente, ficando de quatro. O rapaz levantou a camisola dela, deixando toda a parte de baixo do seu corpo exposta e se masturbou um pouco, ao mesmo tempo em que voltava a tocá-la, preparando os dois para a penetração.
"Onde t-tem camisinha?", ele perguntou, meio frustrado por ter se lembrado disso quando já estava preparado para invadi-la finalmente.
"Embaixo do travesseiro", ela respondeu, rindo com o jeito orgulhoso de quem sempre pensa em tudo.
O homem sorriu, achando que nela o jeito presunçoso caía como uma luva e ficava até um tanto adorável. Então pegou a camisinha e não perdeu mais tempo, preenchendo-a devagar, com suavidade.
"Mais forte, ", ela disse impaciente e ele continuou enfiando lentamente, mas com força, até que a mulher ficasse impaciente de novo e suplicasse."Mais rápido, bebê. Mais rápido!"
Ele obedeceu e encontrou um ritmo perfeito para os dois. Além disso, mudou o ângulo, encostando-se mais ao corpo dela, enquanto enfiava uma das mãos dentro da camisola e passava o bico rígido de um dos seios dela entre o indicador e o polegar. Friccionou também, com muita desenvoltura, o seu ponto feminino mais sensível usando a outra mão, e não falhou em perceber as reações que provocava nela, o quanto ela estava perto.
"Goze para mim, vai... Gostosa!", pediu, sentindo-se no domínio da situação por um momento. "Goze para mim, senhorita ", enfatizou o pronome e o sobrenome, querendo mostrar que ele faria o que ela quisesse, que a chamaria como quisesse, se pudesse ter isso dela, se eles pudessem ter prazer juntos.
Os dois tinham gozado intensamente, mas logo tinha ido para o próprio quarto e , para o de hóspedes, onde não tinha conseguido dormir, o que o levara a passear pela cozinha e pela sala da cobertura de luxo. Estava acostumado com uma dinâmica muito diferente depois do sexo e se sentia sozinho e confuso, apesar de muito envolvido e ansioso por mais.
, por sua vez, não estava acostumada com companhia depois do sexo. Sempre achara que preferia dormir sozinha. No entanto, sua cama parecia vazia demais naquela noite e, por isso, ela não tinha encontrado posição para dormir e ficara ansiosa.
Resolveu simplesmente ir até a cozinha e comer uma fruta. E foi assim que se encontrou, pela primeira vez, com sem qualquer planejamento, ficando frente a frente com ele, enfim, sem que estivesse plenamente no controle da situação.
Capítulo 5
estava enchendo seu copo novamente com água e gelo, quando entrou na cozinha de seu apartamento. Pega de surpresa pela presença dele no cômodo, sua primeira reação foi pensar em aproveitar que ele estava de costas para a porta e voltar ao seu quarto imediatamente, sem fazer o que tinha ido fazer ali, a fim de evitar uma interação não planejada entre os dois. No entanto, não foi possível agir a tempo, pois ele, percebendo algum movimento atrás de si, virou-se, flagrando-a de pé e próxima à entrada.
"Oi", ele disse, abrindo um sorriso enorme, espontâneo.
"Oi, ", ela respondeu séria, tentando se mostrar inabalável, mas sentindo o corpo tremer todo por dentro. O rapaz usava somente a calça social com a qual tinha ido trabalhar naquele dia, sem sapatos ou camisa, e, por mais que ela já o tivesse visto com ainda menos do que isso, o corpo dele atraía os seus olhos como um relógio usado em sessões de hipnose e a visão daqueles músculos desenhados a deixava desconcertada.
A verdade é que ELE a deixava desconcertada como nenhum outro homem jamais deixara, descontrolada como ela jamais poderia admitir a alguém. Desde o dia que tinham sido apresentados na empresa, a mulher não conseguira tirá-lo de sua cabeça um só instante, pensando nele não como chefe de contabilidade do grupo, mas como um homem por quem queria ser tocada, arrebatada, intimamente explorada.
Era verdade que ele tinha o perfil de um submisso, como ela havia afirmado ao homem, com os óculos de grau, as roupas sérias, a timidez e a gagueira nervosa. Porém, não era verdade que ela tinha enjoado dos submissos que o clube oferecia. Ela estava muito contente com o último candidato que havia se apresentado e os dois ainda não tinham esgotado todos os jogos possíveis, não tinham explorado grande parte do que havia para explorar. Teriam se divertido muito juntos, se ela não estivesse atraída, pela primeira vez, por alguém de fora do círculo e de um jeito tão poderoso que não conseguiu negar, e acabou concebendo o único plano que ela via como um jeito possível de se relacionar com ele.
"Eu... Est-tava com sede... Muito calor", o rapaz falou, em parte se explicando por perceber que ela não esperava encontrá-lo em sua cozinha, mas também em parte puxando assunto e tentando quebrar o clima tenso. "Eu espe-pero que não se importe", disse, fazendo um gesto em direção ao copo em sua mão.
"É claro que não, . Por favor! Você não é um prisioneiro no meu quarto de hóspedes que não pode vir à cozinha buscar um copo d'água", falou ainda séria, mas arrancou uma risadinha tímida dele e acabou não conseguindo evitar a aparição de um pequeno sorriso no próprio rosto. "Você pode ficar à vontade... Eu vou só pegar algumas frutas."
"Você está com fome? Eu p-poderia preparar alguma coisa... Sou um ó-ótimo cozinheiro. E... Eu esto-tou aqui para s-servi-la, não é?", ele tentou brincar com a situação, porém falhou em esconder o nervosismo ao empurrar os óculos para cima com o indicador.
"Você não está aqui para me servir dessa maneira, . Um submisso não é um empregado", respondeu, mexendo na geladeira. "Para isso, eu tenho um ótimo chef de cozinha."
"Mas... Eu... Eu teria muito p-prazer em fazer alguma coisa. Faço uma ótima panqueca de creme com frutas vermelhas", assegurou, vendo que ela tinha tirado da geladeira uma travessa com morangos, amoras, framboesas e mirtilos.
"Está tudo bem, . É sério! Não precisa. É tarde e só umas frutas já está muito bom."
"Ok, então...". Ele encolheu os ombros. "Mas... Será que você se importaria se eu fizesse para mim? Também estou com bastante fome... Eu só não estava querendo mexer em nada e tal...", pediu sem jeito.
"Tudo bem". Os modos todos tímidos dele quebraram a guarda da garota e ela riu. "Tudo bem... Pode mexer em tudo e procurar as coisas de que precisar. E não precisa arrumar nada depois, não... A equipe da Cora cuida disso", afirmou, confiando no trabalho impecável de sua fiel governanta.
encheu um pequeno pote com algumas frutas e se sentou de frente para o balcão da cozinha, tentando dizer a si mesma que não havia problema algum em passar um tempo junto de seu submisso sem estar em uma situação sexual e muito bem planejada, que só estava permanecendo ali por não ter o hábito de comer em seu quarto. No fundo, no entanto, sabia que uma parte de si queria prolongar o tempo passado na presença dele, mesmo tendo a certeza de que esse tipo de convívio podia deixá-la vulnerável, que ela estava brincando com fogo.
Ouviu-o tagarelar sem parar. Primeiro nervosamente e depois simplesmente porque era a atitude natural a se tomar, quando não se está sozinho, mas a outra pessoa não fala mais do que alguns monossílabos. Ele descreveu a receita que prepararia, enquanto começava a separar os ingredientes e os artefatos que iria utilizar, e depois começou a falar de outras e de como tinha aprendido tudo com a sua avó, com quem aprendeu também a usar o preparo de pratos como uma espécie de terapia em momentos difíceis, apesar de, na verdade, a experimentação culinária ter virado um hobby para ele, que ocupava grande parte de seu tempo fora do trabalho, e não só os ruins.
"Ela sempre gostou de e-ensinar para mim e para o Samuel. Dizia que era para a gente sa-saber se virar, mas, na verdade, não era só-só isso. Se fosse só para se virar, a ge-gente teria aprendido co-coisas simples só... E ela ensinou todo tipo de comida... Doces, tu-tudo para a gente", ele disse a uma surpreendentemente atenta, enquanto começava a colocar parte da massa na frigideira para fazer a primeira panqueca. "Era ma-mais para passar um tempo com os netos. Eu sempre fui o ma-mais interessado de nós dois... O Samuel n-nem gostava muito, mas hoje em dia ela só pa-passa uma receita nova quando estamos nós dois lá na casa dela. Acho que é um je-jeito de me fazer arrastá-lo comigo", ele riu.
"Você e o Samuel são muito próximos?", ela se pegou perguntando, sem pensar antes, e se arrependeu logo em seguida. O que ela estava fazendo? Ele era o submisso dela, e não alguém com quem estava começando uma relação! A intimidade deles tinha que ser física e somente física. Ela não precisava, e nem podia, saber mais do que as informações que já tinha conseguido arrancar do primo dele. Isso poderia fazer com que ela se apegasse, o que, por sua vez, poderia deixá-la fora do controle.
"Muito. Nós somos primos, mas f-fomos criados como ir-irmãos. Nós dois perdemos nossos pais muito cedo... Ele v-veio da Irlanda sozinho para ficar com a no-nossa vó, quando perdeu os dele... Eu meio que me acostumei a cu-cuidar dele, sabe?", ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, enquanto o rapaz recheava duas panquecas. Tinha decidido fazer apenas duas e guardar o restante da massa. Afinal, iria comer sozinho.
Os dois ficaram em silêncio, enquanto ele terminava o trabalho. Ela comeu as últimas frutas de sua vasilha, depois de ter enrolado bastante, saboreando tudo bem mais devagar do que seria comum. Estranhamente, não era um silêncio desconfortável e nenhum dos dois estava se sentindo estranho ou incomodado por ser observado pelo outro, enquanto um se dedicava a comer e o outro a terminar de preparar o seu lanche. Eles até arriscavam trocar um ou outro sorriso de vez em quando, estabelecendo uma comunicação silenciosa e totalmente nova.
"Você t-tem certeza de que não quer?", ele provocou com um sorrisinho de lado, colocando um pedaço da panqueca, que parecia deliciosa, na boca. "Hum...", murmurou ao engolir e pegou mais um pedaço com o garfo, oferecendo a ela com um olhar questionador.
"Está bom... Está bom”, ela se rendeu, rindo. "Mas só um pedaço, porque já me enchi de morangos!", afirmou, abrindo a boca e aceitando ser alimentada por ele.
A panqueca estava maravilhosa e ela fechou os olhos, apreciando o sabor, deixando-se levar pelo prazer proporcionado ao seu paladar. No entanto, foi invadida pela realidade da situação que estava deixando acontecer ali, quando abriu os olhos novamente e viu o cozinheiro da preciosidade, seminu e lindo como um deus grego, olhando para ela de um jeito que não era como o de nenhum de seus submissos. Havia desejo no olhar dele, porém também afeto, e o coração dela disparou de um jeito gostoso, mas tão gostoso, que dava até medo!
"Eu... Vou indo, . Estou com sono. Já comi bem e tenho um dia cheio amanhã", ela declarou, levantando-se pronta para fugir. "Pode ficar à vontade... Comer com calma e... Boa noite. Você tinha razão sobre as panquecas... São muito boas!”, acrescentou em um discurso nervoso, apressado, que não passou despercebido por ele.
"...Senhorita , es-espere", ele pediu, quando ela já estava quase saindo, e a mulher se virou na direção dele.
"Algum problema, ?", perguntou, tentando se mostrar senhora da situação, mas ofegante.
"Não", ele respondeu e respirou fundo, aproximando-se dela com apenas dois ou três passos. "Eu... É... S-só queria lh-lhe dizer que você está li-linda assim", falou, observando a roupa de dormir que ela usava e seu rosto completamente limpo.
Ela tinha trocado a sensual camisola branca que usara mais cedo por outra de malha, com estampa delicada de flores em azul e rosa. Tomara um banho para se livrar da maquiagem e do cheiro de em seu corpo. Não porque o cheiro do suor dele a incomodasse ou lhe causasse qualquer repulsa, mas porque, ao contrário, a fazia querer estar perto dele, ter mais dele e cada vez mais. Mudara a camisola não somente porque ela exalava , como também porque não se tratava de uma camisola para dormir, e sim de uma roupa de sedução. Para dormir, preferia o conforto do algodão, a simplicidade quase infantil das estampas coloridas.
percebeu a beleza daquela "nova" assim que a viu. Ela não era nem a mulher adequada às convenções que ele conhecera em seu local de trabalho, escondida atrás de tonalidades sem vida, nem a predadora selvagem que o atacara em um quarto preparado para o abate, armada de roupas, maquiagem e atitude exageradas. Ela era só uma garota de corpo lindo, rosto exótico, olhos penetrantes e movimentos sensuais, que adquiria uma aura atraente de mistério por mudar tanto toda hora e parecer de repente tão frágil aos olhos dele, tão tensa sem as suas máscaras.
"Você está linda!", repetiu sem hesitar nem mesmo gaguejar, sentindo-se de repente forte e calmo diante da aparente fraqueza e do nervosismo dela. Deslizou uma das mãos pelo pescoço dela, enquanto falava, perto do ouvido da garota.
"Pare com isso, ", ela pediu sem jeito.
"Eu não consigo", disse, aproximando-se ainda mais e arrastando a ponta do nariz atrás da orelha dela, enquanto deslizava a mão pelo ombro. "Não consigo tirar as minhas m-mãos de você", ofegou.
"Não... Eu... Estou falando de você dizendo que estou linda". Fechou os olhos, entregando-se ao toque dele e passando os dedos por suas costas fortes devagar. "Eu não estou acostumada que me digam isso... Ainda mais quando estou assim..."
"Natural? Mais vo-você mesma?", ele não esperou que ela respondesse, levantando o queixo dela com a mão desocupada e a encarando-a. "LINDA! Linda demais."
se inclinou na direção dela, aproximando suas bocas, mas foi mais rápida que ele. Colocou as mãos com delicadeza em seus lábios e balançou a cabeça negativamente. Não poder beijar a mulher com quem ele cada dia estava mais envolvido, a garota por quem temia estar se apaixonando, frustrou o rapaz, mas ele decidiu deixar esse sentimento de lado e investir naquilo que podia. Ela não havia protestado em relação aos toques dele ou à proximidade dos dois, então o rapaz continuou cobrindo o corpo dela com suas grandes mãos.
Ele segurou os cabelos dela, inclinando seu pescoço e o explorando com lábios e língua ágeis, habilidosos, deliciosos. Apertou o corpo contra o dela, que retribuía gemendo baixo e enterrando as unhas na pele dele. Como a diferença de altura dificultava o contato, ele a pegou no colo e a sentou sobre uma mesa que havia no canto da cozinha, ficando entre suas pernas e continuando o assalto ao pescoço e ao colo dela, enquanto pressionava a ereção em sua intimidade. Segurou seus seios, apertando-os levemente e depois brincando com os mamilos, fazendo-os rijos.
"", ela chamou com dificuldade. ", a gente não pode... A gente não tem..."
"Proteção, eu sei. Mas s-só quero tocar", respondeu, empurrando-a para que se deitasse na mesa.
Ele deslizou as mãos pelas coxas dela em direção à barra da camisola e passou por ela, alcançando a pequena calcinha que cobria a parte à qual ele mais queria chegar. Ela era de algodão e cor de rosa, combinando com todo o visual fresco e natural de naquele momento, o que o fez sorrir. Ele gostava muito da garota dominadora que ela se tornava no quarto secreto, mas gostava ainda mais de pensar que, naquele momento, ele estava completando seu conhecimento de todas as mulheres que a moça podia ser em uma só. Isso era fascinante!
Então ele foi puxando a calcinha dela, devagar, até retirá-la e descartá-la sobre a mesa. Voltou as mãos ao lugar que ela antes cobria e tocou como se fosse um instrumento que estava aprendendo a tocar e melhorando a cada dia. Introduziu dois dedos nela, pressionou seu clitóris com o polegar, alternou ritmos de acordo com a resposta dada pelos quadris dela e a viu ir ficando mais e mais entregue, mais e mais ofegante, mais e mais pulsante sob o seu hábil manejo.
"Goze para mim, senhorita . Ver e sentir você gozando é como um vício. Não existe nada ma-mais gostoso de que eu possa me lembrar", suplicou e foi atendido, sentindo o interior dela apertar seus dedos e vendo o corpo dela tremer, os músculos contraírem e relaxarem, o peito inflar diversas vezes, a boca emitir sons incompreensíveis.
Foi a primeira vez que ele conseguiu fazê-la desmontar apenas com as mãos e ele ansiara por aquela sensação, que agora o fazia orgulhoso, envaidecido. Lambeu os dedos e ficou apenas observando, enquanto ela se recuperava. Sabendo que não adiantaria querer ter nenhum tipo de momento de troca de carinho pós-orgasmo com ela, adotou o tom indiferente dela e foi comer suas panquecas, ignorando a própria excitação da qual cuidaria sozinho em seu quarto. Era preciso saber jogar o jogo dela, se quisesse avançar mais tarde.
"Isso foi surpreendente”, ela disse, levantando-se e vestindo a calcinha. "E eu normalmente não gosto de surpresas, mas devo admitir que essa foi boa... E me ajudou a relaxar antes de dormir". Os dois trocaram sorrisos safados, enquanto ele continuava devorando o doce e ela se ajeitava. "Boa noite, ", completou, andando para a porta, e, sem que um estivesse vendo o outro, cada um soltou um suspiro. Aquele momento tinha sido delicioso, porém também escondia frustrações de ambos os lados!
Antes de sair da cozinha, no entanto, ela se lembrou de que ele ainda não havia respondido sobre sua proposta e de que eles não tinham feito nenhum tipo de plano. Precisava da resposta dele, precisava estabelecer os parâmetros do relacionamento e recobrar o controle da situação. E se deu conta, de repente, de que os próximos dias pareciam perfeitos para isso.
"?", ela disse, tirando-o do transe em que ele estava mergulhado desde que conhecera a dona daquele lugar. "Eu vou viajar nos próximos dias a trabalho, mas volto no sábado. Tenho planos para o nosso final de semana. Espero encontrá-lo aqui quando chegar", ela fez uma pausa, mas ele nada respondeu, então a mulher entendeu que o rapaz viria. "É só combinar com Brad", acrescentou a informação nada nova.
E, no momento seguinte, já não estava ali...
"Oi", ele disse, abrindo um sorriso enorme, espontâneo.
"Oi, ", ela respondeu séria, tentando se mostrar inabalável, mas sentindo o corpo tremer todo por dentro. O rapaz usava somente a calça social com a qual tinha ido trabalhar naquele dia, sem sapatos ou camisa, e, por mais que ela já o tivesse visto com ainda menos do que isso, o corpo dele atraía os seus olhos como um relógio usado em sessões de hipnose e a visão daqueles músculos desenhados a deixava desconcertada.
A verdade é que ELE a deixava desconcertada como nenhum outro homem jamais deixara, descontrolada como ela jamais poderia admitir a alguém. Desde o dia que tinham sido apresentados na empresa, a mulher não conseguira tirá-lo de sua cabeça um só instante, pensando nele não como chefe de contabilidade do grupo, mas como um homem por quem queria ser tocada, arrebatada, intimamente explorada.
Era verdade que ele tinha o perfil de um submisso, como ela havia afirmado ao homem, com os óculos de grau, as roupas sérias, a timidez e a gagueira nervosa. Porém, não era verdade que ela tinha enjoado dos submissos que o clube oferecia. Ela estava muito contente com o último candidato que havia se apresentado e os dois ainda não tinham esgotado todos os jogos possíveis, não tinham explorado grande parte do que havia para explorar. Teriam se divertido muito juntos, se ela não estivesse atraída, pela primeira vez, por alguém de fora do círculo e de um jeito tão poderoso que não conseguiu negar, e acabou concebendo o único plano que ela via como um jeito possível de se relacionar com ele.
"Eu... Est-tava com sede... Muito calor", o rapaz falou, em parte se explicando por perceber que ela não esperava encontrá-lo em sua cozinha, mas também em parte puxando assunto e tentando quebrar o clima tenso. "Eu espe-pero que não se importe", disse, fazendo um gesto em direção ao copo em sua mão.
"É claro que não, . Por favor! Você não é um prisioneiro no meu quarto de hóspedes que não pode vir à cozinha buscar um copo d'água", falou ainda séria, mas arrancou uma risadinha tímida dele e acabou não conseguindo evitar a aparição de um pequeno sorriso no próprio rosto. "Você pode ficar à vontade... Eu vou só pegar algumas frutas."
"Você está com fome? Eu p-poderia preparar alguma coisa... Sou um ó-ótimo cozinheiro. E... Eu esto-tou aqui para s-servi-la, não é?", ele tentou brincar com a situação, porém falhou em esconder o nervosismo ao empurrar os óculos para cima com o indicador.
"Você não está aqui para me servir dessa maneira, . Um submisso não é um empregado", respondeu, mexendo na geladeira. "Para isso, eu tenho um ótimo chef de cozinha."
"Mas... Eu... Eu teria muito p-prazer em fazer alguma coisa. Faço uma ótima panqueca de creme com frutas vermelhas", assegurou, vendo que ela tinha tirado da geladeira uma travessa com morangos, amoras, framboesas e mirtilos.
"Está tudo bem, . É sério! Não precisa. É tarde e só umas frutas já está muito bom."
"Ok, então...". Ele encolheu os ombros. "Mas... Será que você se importaria se eu fizesse para mim? Também estou com bastante fome... Eu só não estava querendo mexer em nada e tal...", pediu sem jeito.
"Tudo bem". Os modos todos tímidos dele quebraram a guarda da garota e ela riu. "Tudo bem... Pode mexer em tudo e procurar as coisas de que precisar. E não precisa arrumar nada depois, não... A equipe da Cora cuida disso", afirmou, confiando no trabalho impecável de sua fiel governanta.
encheu um pequeno pote com algumas frutas e se sentou de frente para o balcão da cozinha, tentando dizer a si mesma que não havia problema algum em passar um tempo junto de seu submisso sem estar em uma situação sexual e muito bem planejada, que só estava permanecendo ali por não ter o hábito de comer em seu quarto. No fundo, no entanto, sabia que uma parte de si queria prolongar o tempo passado na presença dele, mesmo tendo a certeza de que esse tipo de convívio podia deixá-la vulnerável, que ela estava brincando com fogo.
Ouviu-o tagarelar sem parar. Primeiro nervosamente e depois simplesmente porque era a atitude natural a se tomar, quando não se está sozinho, mas a outra pessoa não fala mais do que alguns monossílabos. Ele descreveu a receita que prepararia, enquanto começava a separar os ingredientes e os artefatos que iria utilizar, e depois começou a falar de outras e de como tinha aprendido tudo com a sua avó, com quem aprendeu também a usar o preparo de pratos como uma espécie de terapia em momentos difíceis, apesar de, na verdade, a experimentação culinária ter virado um hobby para ele, que ocupava grande parte de seu tempo fora do trabalho, e não só os ruins.
"Ela sempre gostou de e-ensinar para mim e para o Samuel. Dizia que era para a gente sa-saber se virar, mas, na verdade, não era só-só isso. Se fosse só para se virar, a ge-gente teria aprendido co-coisas simples só... E ela ensinou todo tipo de comida... Doces, tu-tudo para a gente", ele disse a uma surpreendentemente atenta, enquanto começava a colocar parte da massa na frigideira para fazer a primeira panqueca. "Era ma-mais para passar um tempo com os netos. Eu sempre fui o ma-mais interessado de nós dois... O Samuel n-nem gostava muito, mas hoje em dia ela só pa-passa uma receita nova quando estamos nós dois lá na casa dela. Acho que é um je-jeito de me fazer arrastá-lo comigo", ele riu.
"Você e o Samuel são muito próximos?", ela se pegou perguntando, sem pensar antes, e se arrependeu logo em seguida. O que ela estava fazendo? Ele era o submisso dela, e não alguém com quem estava começando uma relação! A intimidade deles tinha que ser física e somente física. Ela não precisava, e nem podia, saber mais do que as informações que já tinha conseguido arrancar do primo dele. Isso poderia fazer com que ela se apegasse, o que, por sua vez, poderia deixá-la fora do controle.
"Muito. Nós somos primos, mas f-fomos criados como ir-irmãos. Nós dois perdemos nossos pais muito cedo... Ele v-veio da Irlanda sozinho para ficar com a no-nossa vó, quando perdeu os dele... Eu meio que me acostumei a cu-cuidar dele, sabe?", ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, enquanto o rapaz recheava duas panquecas. Tinha decidido fazer apenas duas e guardar o restante da massa. Afinal, iria comer sozinho.
Os dois ficaram em silêncio, enquanto ele terminava o trabalho. Ela comeu as últimas frutas de sua vasilha, depois de ter enrolado bastante, saboreando tudo bem mais devagar do que seria comum. Estranhamente, não era um silêncio desconfortável e nenhum dos dois estava se sentindo estranho ou incomodado por ser observado pelo outro, enquanto um se dedicava a comer e o outro a terminar de preparar o seu lanche. Eles até arriscavam trocar um ou outro sorriso de vez em quando, estabelecendo uma comunicação silenciosa e totalmente nova.
"Você t-tem certeza de que não quer?", ele provocou com um sorrisinho de lado, colocando um pedaço da panqueca, que parecia deliciosa, na boca. "Hum...", murmurou ao engolir e pegou mais um pedaço com o garfo, oferecendo a ela com um olhar questionador.
"Está bom... Está bom”, ela se rendeu, rindo. "Mas só um pedaço, porque já me enchi de morangos!", afirmou, abrindo a boca e aceitando ser alimentada por ele.
A panqueca estava maravilhosa e ela fechou os olhos, apreciando o sabor, deixando-se levar pelo prazer proporcionado ao seu paladar. No entanto, foi invadida pela realidade da situação que estava deixando acontecer ali, quando abriu os olhos novamente e viu o cozinheiro da preciosidade, seminu e lindo como um deus grego, olhando para ela de um jeito que não era como o de nenhum de seus submissos. Havia desejo no olhar dele, porém também afeto, e o coração dela disparou de um jeito gostoso, mas tão gostoso, que dava até medo!
"Eu... Vou indo, . Estou com sono. Já comi bem e tenho um dia cheio amanhã", ela declarou, levantando-se pronta para fugir. "Pode ficar à vontade... Comer com calma e... Boa noite. Você tinha razão sobre as panquecas... São muito boas!”, acrescentou em um discurso nervoso, apressado, que não passou despercebido por ele.
"...Senhorita , es-espere", ele pediu, quando ela já estava quase saindo, e a mulher se virou na direção dele.
"Algum problema, ?", perguntou, tentando se mostrar senhora da situação, mas ofegante.
"Não", ele respondeu e respirou fundo, aproximando-se dela com apenas dois ou três passos. "Eu... É... S-só queria lh-lhe dizer que você está li-linda assim", falou, observando a roupa de dormir que ela usava e seu rosto completamente limpo.
Ela tinha trocado a sensual camisola branca que usara mais cedo por outra de malha, com estampa delicada de flores em azul e rosa. Tomara um banho para se livrar da maquiagem e do cheiro de em seu corpo. Não porque o cheiro do suor dele a incomodasse ou lhe causasse qualquer repulsa, mas porque, ao contrário, a fazia querer estar perto dele, ter mais dele e cada vez mais. Mudara a camisola não somente porque ela exalava , como também porque não se tratava de uma camisola para dormir, e sim de uma roupa de sedução. Para dormir, preferia o conforto do algodão, a simplicidade quase infantil das estampas coloridas.
percebeu a beleza daquela "nova" assim que a viu. Ela não era nem a mulher adequada às convenções que ele conhecera em seu local de trabalho, escondida atrás de tonalidades sem vida, nem a predadora selvagem que o atacara em um quarto preparado para o abate, armada de roupas, maquiagem e atitude exageradas. Ela era só uma garota de corpo lindo, rosto exótico, olhos penetrantes e movimentos sensuais, que adquiria uma aura atraente de mistério por mudar tanto toda hora e parecer de repente tão frágil aos olhos dele, tão tensa sem as suas máscaras.
"Você está linda!", repetiu sem hesitar nem mesmo gaguejar, sentindo-se de repente forte e calmo diante da aparente fraqueza e do nervosismo dela. Deslizou uma das mãos pelo pescoço dela, enquanto falava, perto do ouvido da garota.
"Pare com isso, ", ela pediu sem jeito.
"Eu não consigo", disse, aproximando-se ainda mais e arrastando a ponta do nariz atrás da orelha dela, enquanto deslizava a mão pelo ombro. "Não consigo tirar as minhas m-mãos de você", ofegou.
"Não... Eu... Estou falando de você dizendo que estou linda". Fechou os olhos, entregando-se ao toque dele e passando os dedos por suas costas fortes devagar. "Eu não estou acostumada que me digam isso... Ainda mais quando estou assim..."
"Natural? Mais vo-você mesma?", ele não esperou que ela respondesse, levantando o queixo dela com a mão desocupada e a encarando-a. "LINDA! Linda demais."
se inclinou na direção dela, aproximando suas bocas, mas foi mais rápida que ele. Colocou as mãos com delicadeza em seus lábios e balançou a cabeça negativamente. Não poder beijar a mulher com quem ele cada dia estava mais envolvido, a garota por quem temia estar se apaixonando, frustrou o rapaz, mas ele decidiu deixar esse sentimento de lado e investir naquilo que podia. Ela não havia protestado em relação aos toques dele ou à proximidade dos dois, então o rapaz continuou cobrindo o corpo dela com suas grandes mãos.
Ele segurou os cabelos dela, inclinando seu pescoço e o explorando com lábios e língua ágeis, habilidosos, deliciosos. Apertou o corpo contra o dela, que retribuía gemendo baixo e enterrando as unhas na pele dele. Como a diferença de altura dificultava o contato, ele a pegou no colo e a sentou sobre uma mesa que havia no canto da cozinha, ficando entre suas pernas e continuando o assalto ao pescoço e ao colo dela, enquanto pressionava a ereção em sua intimidade. Segurou seus seios, apertando-os levemente e depois brincando com os mamilos, fazendo-os rijos.
"", ela chamou com dificuldade. ", a gente não pode... A gente não tem..."
"Proteção, eu sei. Mas s-só quero tocar", respondeu, empurrando-a para que se deitasse na mesa.
Ele deslizou as mãos pelas coxas dela em direção à barra da camisola e passou por ela, alcançando a pequena calcinha que cobria a parte à qual ele mais queria chegar. Ela era de algodão e cor de rosa, combinando com todo o visual fresco e natural de naquele momento, o que o fez sorrir. Ele gostava muito da garota dominadora que ela se tornava no quarto secreto, mas gostava ainda mais de pensar que, naquele momento, ele estava completando seu conhecimento de todas as mulheres que a moça podia ser em uma só. Isso era fascinante!
Então ele foi puxando a calcinha dela, devagar, até retirá-la e descartá-la sobre a mesa. Voltou as mãos ao lugar que ela antes cobria e tocou como se fosse um instrumento que estava aprendendo a tocar e melhorando a cada dia. Introduziu dois dedos nela, pressionou seu clitóris com o polegar, alternou ritmos de acordo com a resposta dada pelos quadris dela e a viu ir ficando mais e mais entregue, mais e mais ofegante, mais e mais pulsante sob o seu hábil manejo.
"Goze para mim, senhorita . Ver e sentir você gozando é como um vício. Não existe nada ma-mais gostoso de que eu possa me lembrar", suplicou e foi atendido, sentindo o interior dela apertar seus dedos e vendo o corpo dela tremer, os músculos contraírem e relaxarem, o peito inflar diversas vezes, a boca emitir sons incompreensíveis.
Foi a primeira vez que ele conseguiu fazê-la desmontar apenas com as mãos e ele ansiara por aquela sensação, que agora o fazia orgulhoso, envaidecido. Lambeu os dedos e ficou apenas observando, enquanto ela se recuperava. Sabendo que não adiantaria querer ter nenhum tipo de momento de troca de carinho pós-orgasmo com ela, adotou o tom indiferente dela e foi comer suas panquecas, ignorando a própria excitação da qual cuidaria sozinho em seu quarto. Era preciso saber jogar o jogo dela, se quisesse avançar mais tarde.
"Isso foi surpreendente”, ela disse, levantando-se e vestindo a calcinha. "E eu normalmente não gosto de surpresas, mas devo admitir que essa foi boa... E me ajudou a relaxar antes de dormir". Os dois trocaram sorrisos safados, enquanto ele continuava devorando o doce e ela se ajeitava. "Boa noite, ", completou, andando para a porta, e, sem que um estivesse vendo o outro, cada um soltou um suspiro. Aquele momento tinha sido delicioso, porém também escondia frustrações de ambos os lados!
Antes de sair da cozinha, no entanto, ela se lembrou de que ele ainda não havia respondido sobre sua proposta e de que eles não tinham feito nenhum tipo de plano. Precisava da resposta dele, precisava estabelecer os parâmetros do relacionamento e recobrar o controle da situação. E se deu conta, de repente, de que os próximos dias pareciam perfeitos para isso.
"?", ela disse, tirando-o do transe em que ele estava mergulhado desde que conhecera a dona daquele lugar. "Eu vou viajar nos próximos dias a trabalho, mas volto no sábado. Tenho planos para o nosso final de semana. Espero encontrá-lo aqui quando chegar", ela fez uma pausa, mas ele nada respondeu, então a mulher entendeu que o rapaz viria. "É só combinar com Brad", acrescentou a informação nada nova.
E, no momento seguinte, já não estava ali...
Capítulo 6
Finalmente era sábado de manhã e estava voltando para casa de sua viagem de trabalho. Os últimos dias tinham sido bastante tensos, em razão de uma transação milionária que estava sendo negociada pela joalheria com uma grande mineradora, e ela não via a hora de tomar um bom banho, dormir um pouco e depois aproveitar o final de semana se divertindo com no quarto secreto.
O rapaz tinha sido praticamente o seu único pensamento não relacionado aos negócios nos últimos dias, o que era uma novidade. Ela havia sentido falta dele, como não era comum sentir de nenhum submisso, o que a incomodava um pouco. No entanto, não via mais escapatória daquela situação na qual tinha se envolvido antes mesmo de convidá-lo a ser seu sub, uma vez que, desde que o conhecera, não se sentira mais estimulada sexualmente por ninguém e, por outro lado, bastava ter um pouco de tempo para si mesma que sua cabeça já formava as imagens mais indecentes dos dois juntos. E o seu corpo reagia, queimando de vontade.
Conforme seu carro ia se aproximando do edifício onde morava, se dava conta de que ter passado alguns dias afastada de teve um efeito duplo. Se, por um lado, foi impossível não perceber o quanto estava ficando dependente dele, por outro ela teve condições de planejar como seriam os próximos passos, quais seriam as atividades em que eles se envolveriam no final de semana.
Ter um esquema traçado a colocaria de volta no controle e ela tinha certeza de que, estando nele, não correria riscos. Estava certa de que só tinha sentido coisas diferentes em seu último encontro com ele porque havia sido inesperado, sob circunstâncias às quais não estava acostumada. Ela não sabia lidar com o fator surpresa e era por isso que tinha submissos. Se conseguisse fazer com que ele concordasse em ser seu brinquedinho novo, tudo entraria nos eixos e seria como sempre havia sido: muitas sensações, mas nenhum sentimento.
Estava totalmente confiante em relação a isso, quando entrou no apartamento, mas um pouco dessa confiança toda se quebrou logo que ela viu o objeto da sua cobiça sentado em um banco, de frente ao balcão da cozinha, conversando com Cora e Brad. Não esperava encontrá-lo usando calças jeans de corte e lavagem modernos, camisa polo azul marinho com listras brancas e, muito menos, sem seus óculos de grau.
"Bom dia", ela cumprimentou os três sem muito entusiasmo e eles responderam, um pouco mais simpáticos. ficou a encarando com um sorrisinho no rosto que, mesmo discreto, a deixava um pouco desconfortável. "Eu fico feliz que tenha vindo, ", continuou séria, disfarçando muito bem.
"Você pode me ajudar com uma caixa que está um pouco no alto, Brad?", a governanta chamou o segurança e motorista de , percebendo que a chefe de ambos provavelmente queria ficar a sós com seu novo "amigo". Era assim que os empregados dela se referiam aos submissos.
"Claro", foi a resposta imediata de Brad, que seguiu a colega de trabalho até a despensa.
"Você está diferente. Cadê seus óculos?", perguntou pouco depois, acabando com um desconfortável momento de silêncio.
"Eu estou de lente. Você não gosta?", esclareceu apreensivo, mas não tanto quanto ele próprio pensava que deveria estar.
Parte dele receava que ela não gostasse da perda da imagem frágil que os óculos lhe davam e acabasse prematuramente com o que estavam começando. Outra, no entanto, estava a provocando e querendo acabar com aquela delimitação tão clara de papéis entre eles, ainda que aos poucos. Também havia provavelmente outra que estava a desafiando para que, mesmo mantendo ele a posição de sub e ela, a de dominadora, o jogo ficasse mais divertido, a mulher precisasse ser mais severa com ele e até mesmo castigá-lo.
"Eu ainda não sei se gosto. Talvez, para alguns jogos nossos, as lentes sejam mais práticas que os óculos, mas acho que prefiro que os use na maior parte do tempo, quando estiver comigo."
"Eu posso f-fazer isso, se você fizer questão. Mas... Você sabe que os óculos não vão me de-deixar mais nem menos submisso a você, né?", ele falou, aproximando-se e colocando as mãos na cintura dela.
"Eu vou pensar a respeito e o mantenho informado", assegurou em um tom que deveria ser reservado para negociações, combinando bem com o traje de executiva que ela ainda vestia. "Agora eu vou tomar um banho e descansar um pouco... E depois eu mando chamá-lo."
"Eu poderia tomar banho com você", sugeriu, sussurrando no ouvido dela, enquanto aproximava seus corpos ainda mais.
"Banho comigo?", ela riu. "Só se fosse para esfregar minhas costas", debochou.
"Eu topo", ele respondeu firme, sem hesitar, pegando-a de surpresa.
"Sério?", a mulher olhou nos olhos dele. "Sua vontade de me ver nua é assim tão grande?", provocou.
"Não sei se você percebeu, mas, apesar de a gente já ter tra-transado várias vezes, eu nunca a vi completamente nua", observou, deslizando as mãos pela lateral do corpo dela coberto pela seda da camisa e pelo linho da saia.
"E não seria um desperdício que a primeira vez fosse em um simples banho?", ele balançou a cabeça em sinal negativo. "Você entende que, quando eu falo em esfregar as minhas costas, estou falando sério. Não é, ? Que você só vai poder me olhar e usar uma esponja na parte que eu não alcanço do meu corpo, mas... Não vai poder me tocar e vai ser eu mesma quem vai ensaboar e enxaguar tudo". não tinha planejado aquilo, mas até que pensando bem não era má ideia fazê-lo. Esse tipo de jogo de manter o submisso apenas olhando e desejando, e tendo as suas expectativas frustradas, era um dos que ela mais gostava de jogar.
"Vamos?", ele nem se deu ao trabalho de responder, segurando a mão dela, que o guiou até o banheiro do quarto secreto. Jamais levara um submisso ao seu quarto e aquela não seria a primeira vez.
Chegando ao banheiro, ela tirou os sapatos e pediu que ele tirasse os dele. Como o rapaz não iria tomar banho nem fazer nada com ela, além de ensaboar suas costas, a mulher informou que ele deveria ficar vestido. Esperou ter a atenção dele para começar a tirar sua própria roupa devagar, encarando-o. Abriu um a um os botões da camisa de seda branca, revelando um sutiã de lycra e renda igualmente branco, que cobria bem seus pequenos seios, e uma pequena parte de sua barriga lisinha. Desceu, pacientemente, o fecho éclair lateral da saia alta de linho em um tom de azul acinzentado, deixando o tecido deslizar por suas pernas, e deu um passo para trás, aproximando-se mais do box.
Colocou uma das mãos para trás, abrindo o fecho do sutiã, ao mesmo tempo em que usava o outro braço para manter a peça no lugar, e só a descartou quando já estava de costas para e de frente para o chuveiro. Então tirou a calcinha que fazia conjunto com o sutiã e também a largou no chão, entrando no box finalmente, ao mesmo tempo em que olhava por sobre um dos ombros e perguntava ao atônito rapaz se ele iria ficar parado ou pretendia ajudá-la com seu banho.
A garota realmente tomou banho, com direito a diferentes sabonetes para as diferentes regiões do corpo, além de duas aplicações de shampoo e condicionador nos cabelos, mas também fez daqueles minutos uma super exibição de seu corpo para um absolutamente encantado, que a observou do seu canto, longe da água, e participou, cobrindo de espuma as costas dela com uma esponja quando lhe foi solicitado.
Nem ele entendia como conseguia desejar tanto uma mulher como desejava e, ao mesmo tempo, ser capaz de resistir aos impulsos e de ignorar o membro duro e latejante, apertado dentro da calça, a vontade de tomar o controle e fazê-la sua só para entrar no jogo dela, só para garantir que a mulher estaria satisfeita com ele e ainda lhe daria a oportunidade de transar com ela outras vezes.
Os dois saíram do chuveiro e se secou e se envolveu em uma toalha, enquanto , que teve apenas os pés para secar, continuava observando seus movimentos. Ela o olhou, dando um sorriso malicioso, e pegou um hidratante, pronta a continuar a tortura. Colocou um dos pés sobre um banquinho, derramou pequena quantidade do creme em uma das mãos, e começou a distribuí-lo pela panturrilha em um movimento ascendente, sem tirar os olhos de que a devorava com os dele.
"Você não quer que eu faça isso para você?", ousou perguntar. "Eu acho que po-poderia ser bem mais prazeroso."
"Você quer muito me tocar, não é?", questionou, sabendo que não só a resposta era positiva, como ela também queria o mesmo. Não tinha planejado ficar com ele antes de dormir, mas a verdade é que seria bem relaxante e até poderia ajudá-la a se desligar de vez das questões da empresa e pegar no sono com facilidade.
"Muito!", ele engoliu seco, aproximando-se e pegando a embalagem do creme. "Mas também quero servi-la... Ser seu escravo, senhorita ."
"Venha comigo... E traga a loção", ela chamou com um semblante enigmático e saiu do banheiro, indo para o quarto secreto. "Tire a camisa", mandou, enquanto mexia na cômoda em que ficavam as algemas, camisinhas e, provavelmente, outros apetrechos que ele ainda não conhecia. O rapaz fez o que ela mandou e então a mulher voltou com algo nas mãos. "Eu adoro a ideia de ter você como meu escravo", afirmou, fazendo sinal para que ele chegasse mais perto, e então colocou no pescoço dele uma espécie de corda fechada com um cadeado.
"Uma coleira?", o rapaz perguntou desconfortável, mexendo no acessório.
"Não... Apesar de eu ter algumas e querer muito encomendar uma personalizada para você", revelou. "Isso não é uma coleira. É como um grilhão, mas não de aço... Algo mais moderno e menos pesado. Machuca?", preocupou-se com a expressão dele.
"Não. É um pouco... Hu-humilhante."
"Bebê", falou com doçura, passando a mão pelo peito forte dele. "Um pouco de humilhação faz parte da submissão. Foi você mesmo quem acabou de falar em ser meu escravo, hum?", olhou-o com olhar sedutor, hipnotizante. "Agora, que tal você passar o hidratante em mim como um bom servo?"
Os dois foram para a cama, onde ele tinha deixado o hidratante, e ela se deitou, colocando os pés no colo dele, que começou a passar o creme, fazendo uma gostosa massagem e subindo pela panturrilha até as coxas. Ele abriu a toalha em que ela estava enrolada, expondo seu corpo, e traçou uma linha com o hidratante em seu abdômen, espalhando a substância em seguida com dedos habilidosos. Hidratou também os seios, deixando os polegares passarem pelos mamilos dela como acidentalmente, tão de leve que ela quase protestou por mais.
Os braços também foram cobertos por uma fina camada de creme e ele a fez se virar para dar o mesmo tratamento a toda a parte de trás do corpo dela. E, no final, deteve-se especialmente nas costas, fazendo uma massagem quase profissional na região e retirando toda e qualquer tensão que ainda pudesse residir ali.
"Onde aprendeu isso, senhor ? Você é cheio de surpresas. Não é mesmo?", disse um pouco aborrecida. Era difícil demais manter o controle com um homem como ele, o que ela nunca poderia ter imaginado.
"Eu aprendi a fazer automassagem e fazer nos outros não é muito diferente. Era ne-necessário durante as competições", afirmou. "Eu fiz parte da equipe de natação da faculdade", acrescentou, acreditando que ela deveria estar querendo saber de que competições estava falando.
"Eu não disse que é cheio de surpresas?!", falou, ao mesmo tempo em que pensava que a natação explicava, afinal, os ombros largos, os músculos torneados, o fôlego, a forma física perfeita dele. "Você ainda nada?", perguntou no automático, querendo se estapear com força por querer sempre saber mais do que era necessário e seguro sobre o homem que deveria ser só mais um submisso seu.
"Uhum", ele respondeu, ainda dando atenção aos nós nos ombros dela. "Eu adoro nadar... Vou pelo menos três dias por semana ao clube."
O silêncio se instalou entre eles e começou a ser quebrado apenas por gemidos de satisfação dados por , à medida que ia tocando o corpo dela com menos técnica e mais malícia. Então o rapaz foi se deitando sobre ela e beijando seu pescoço e costas, até a mulher se virar para ele, finalmente, querendo um pouco mais de ação. Os dedos dele nos mamilos dela agora não eram mais sutis e sua boca provavelmente estava deixando marcas em seu ombro. Depois, caminhando pelo pescoço e maxilar com os lábios e a língua, ele quase a pegou distraída e beijou seus lábios, mas ela conseguiu colocar uma das mãos entre seus rostos a tempo.
Se tinha uma coisa que tinha aprendido logo que se tornara dominadora, era que doms e subs não podem trocar carinhos afetuosos como beijos na boca. Esse fora um conselho que ela recebera não de uma, mas de praticamente todas as dominadoras mais experientes com quem tinha conversado ao se juntar ao clube. Se beijos eram perigosos com subs já acostumados aos jogos e era uma armadilha na qual ela, no fundo, sabia estar caindo, mesmo sem os beijos, juntar as duas coisas era matar a dominadora e, consequentemente, acabar com a sensação de equilíbrio que ela, com muita dificuldade, tinha conseguido estabelecer em sua vida.
Os dois continuaram se explorando fisicamente, até que ela mandou que ele tirasse a calça jeans e buscasse um preservativo na cômoda. E os dois fizeram sexo pela primeira vez naquele sábado.
Foi só a primeira de várias! Depois de dormir um pouco em seu próprio quarto, pediu que Cora mandasse se encontrar com ela no quarto secreto novamente e os dois exploraram algemas, lenços de seda, vendas, sabores, sons. Fizeram isso até estarem exaustos de novo e a senhorita informar que precisava dormir.
"Por que a gente não dorme aqui?", perguntou inocente.
"Aqui?", ela riu. ", isso aqui não é um quarto para dormir, bebê. Isso é um lugar feito para o sexo."
"E se a gente dormisse no qua-quarto de hóspedes, então? Eu poderia acordá-la de manhã...”, falou no ouvido dela, esfregando o nariz em seus cabelos, e ela teve que respirar fundo para interrompê-lo e acabar com seus devaneios quase pueris. Dormir com um sub era talvez algo ainda pior do que beijá-lo.
", a gente não vai dormir juntos", assegurou séria. "Nós não somos namorados. Estamos experimentando uma relação de dominação e submissão, em que não existe esse tipo de coisa."
"Então eu nunca vou poder beijá-la? Eu nunca vo-vou poder dormir com você?"
"Não, . Não vai", enquanto se levantava, ela o observou jogar a cabeça para trás, afundando-a no travesseiro. "É desse jeito que a gente vai se relacionar, bebê... Ou de nenhum. Foi por isso que eu quis que viesse... Para experimentar mais e poder me responder sem nenhuma dúvida. É melhor que você vá para o seu quarto e descanse, porque amanhã teremos mais um dia cheio e... Eu também gostaria de ter uma resposta sua", ele balançou a cabeça, concordando. "Boa noite, ", disse, saindo.
"Boa noite, senhorita ", falou mais para si mesmo, enfatizando o nome e irritado.
Atirada uma medalha, sempre pode ser mostrado o seu reverso e este era, sem dúvida, depois de toda a satisfação que ele tinha sentido naquele dia, a frustração enorme que estava sentindo agora.
O rapaz tinha sido praticamente o seu único pensamento não relacionado aos negócios nos últimos dias, o que era uma novidade. Ela havia sentido falta dele, como não era comum sentir de nenhum submisso, o que a incomodava um pouco. No entanto, não via mais escapatória daquela situação na qual tinha se envolvido antes mesmo de convidá-lo a ser seu sub, uma vez que, desde que o conhecera, não se sentira mais estimulada sexualmente por ninguém e, por outro lado, bastava ter um pouco de tempo para si mesma que sua cabeça já formava as imagens mais indecentes dos dois juntos. E o seu corpo reagia, queimando de vontade.
Conforme seu carro ia se aproximando do edifício onde morava, se dava conta de que ter passado alguns dias afastada de teve um efeito duplo. Se, por um lado, foi impossível não perceber o quanto estava ficando dependente dele, por outro ela teve condições de planejar como seriam os próximos passos, quais seriam as atividades em que eles se envolveriam no final de semana.
Ter um esquema traçado a colocaria de volta no controle e ela tinha certeza de que, estando nele, não correria riscos. Estava certa de que só tinha sentido coisas diferentes em seu último encontro com ele porque havia sido inesperado, sob circunstâncias às quais não estava acostumada. Ela não sabia lidar com o fator surpresa e era por isso que tinha submissos. Se conseguisse fazer com que ele concordasse em ser seu brinquedinho novo, tudo entraria nos eixos e seria como sempre havia sido: muitas sensações, mas nenhum sentimento.
Estava totalmente confiante em relação a isso, quando entrou no apartamento, mas um pouco dessa confiança toda se quebrou logo que ela viu o objeto da sua cobiça sentado em um banco, de frente ao balcão da cozinha, conversando com Cora e Brad. Não esperava encontrá-lo usando calças jeans de corte e lavagem modernos, camisa polo azul marinho com listras brancas e, muito menos, sem seus óculos de grau.
"Bom dia", ela cumprimentou os três sem muito entusiasmo e eles responderam, um pouco mais simpáticos. ficou a encarando com um sorrisinho no rosto que, mesmo discreto, a deixava um pouco desconfortável. "Eu fico feliz que tenha vindo, ", continuou séria, disfarçando muito bem.
"Você pode me ajudar com uma caixa que está um pouco no alto, Brad?", a governanta chamou o segurança e motorista de , percebendo que a chefe de ambos provavelmente queria ficar a sós com seu novo "amigo". Era assim que os empregados dela se referiam aos submissos.
"Claro", foi a resposta imediata de Brad, que seguiu a colega de trabalho até a despensa.
"Você está diferente. Cadê seus óculos?", perguntou pouco depois, acabando com um desconfortável momento de silêncio.
"Eu estou de lente. Você não gosta?", esclareceu apreensivo, mas não tanto quanto ele próprio pensava que deveria estar.
Parte dele receava que ela não gostasse da perda da imagem frágil que os óculos lhe davam e acabasse prematuramente com o que estavam começando. Outra, no entanto, estava a provocando e querendo acabar com aquela delimitação tão clara de papéis entre eles, ainda que aos poucos. Também havia provavelmente outra que estava a desafiando para que, mesmo mantendo ele a posição de sub e ela, a de dominadora, o jogo ficasse mais divertido, a mulher precisasse ser mais severa com ele e até mesmo castigá-lo.
"Eu ainda não sei se gosto. Talvez, para alguns jogos nossos, as lentes sejam mais práticas que os óculos, mas acho que prefiro que os use na maior parte do tempo, quando estiver comigo."
"Eu posso f-fazer isso, se você fizer questão. Mas... Você sabe que os óculos não vão me de-deixar mais nem menos submisso a você, né?", ele falou, aproximando-se e colocando as mãos na cintura dela.
"Eu vou pensar a respeito e o mantenho informado", assegurou em um tom que deveria ser reservado para negociações, combinando bem com o traje de executiva que ela ainda vestia. "Agora eu vou tomar um banho e descansar um pouco... E depois eu mando chamá-lo."
"Eu poderia tomar banho com você", sugeriu, sussurrando no ouvido dela, enquanto aproximava seus corpos ainda mais.
"Banho comigo?", ela riu. "Só se fosse para esfregar minhas costas", debochou.
"Eu topo", ele respondeu firme, sem hesitar, pegando-a de surpresa.
"Sério?", a mulher olhou nos olhos dele. "Sua vontade de me ver nua é assim tão grande?", provocou.
"Não sei se você percebeu, mas, apesar de a gente já ter tra-transado várias vezes, eu nunca a vi completamente nua", observou, deslizando as mãos pela lateral do corpo dela coberto pela seda da camisa e pelo linho da saia.
"E não seria um desperdício que a primeira vez fosse em um simples banho?", ele balançou a cabeça em sinal negativo. "Você entende que, quando eu falo em esfregar as minhas costas, estou falando sério. Não é, ? Que você só vai poder me olhar e usar uma esponja na parte que eu não alcanço do meu corpo, mas... Não vai poder me tocar e vai ser eu mesma quem vai ensaboar e enxaguar tudo". não tinha planejado aquilo, mas até que pensando bem não era má ideia fazê-lo. Esse tipo de jogo de manter o submisso apenas olhando e desejando, e tendo as suas expectativas frustradas, era um dos que ela mais gostava de jogar.
"Vamos?", ele nem se deu ao trabalho de responder, segurando a mão dela, que o guiou até o banheiro do quarto secreto. Jamais levara um submisso ao seu quarto e aquela não seria a primeira vez.
Chegando ao banheiro, ela tirou os sapatos e pediu que ele tirasse os dele. Como o rapaz não iria tomar banho nem fazer nada com ela, além de ensaboar suas costas, a mulher informou que ele deveria ficar vestido. Esperou ter a atenção dele para começar a tirar sua própria roupa devagar, encarando-o. Abriu um a um os botões da camisa de seda branca, revelando um sutiã de lycra e renda igualmente branco, que cobria bem seus pequenos seios, e uma pequena parte de sua barriga lisinha. Desceu, pacientemente, o fecho éclair lateral da saia alta de linho em um tom de azul acinzentado, deixando o tecido deslizar por suas pernas, e deu um passo para trás, aproximando-se mais do box.
Colocou uma das mãos para trás, abrindo o fecho do sutiã, ao mesmo tempo em que usava o outro braço para manter a peça no lugar, e só a descartou quando já estava de costas para e de frente para o chuveiro. Então tirou a calcinha que fazia conjunto com o sutiã e também a largou no chão, entrando no box finalmente, ao mesmo tempo em que olhava por sobre um dos ombros e perguntava ao atônito rapaz se ele iria ficar parado ou pretendia ajudá-la com seu banho.
A garota realmente tomou banho, com direito a diferentes sabonetes para as diferentes regiões do corpo, além de duas aplicações de shampoo e condicionador nos cabelos, mas também fez daqueles minutos uma super exibição de seu corpo para um absolutamente encantado, que a observou do seu canto, longe da água, e participou, cobrindo de espuma as costas dela com uma esponja quando lhe foi solicitado.
Nem ele entendia como conseguia desejar tanto uma mulher como desejava e, ao mesmo tempo, ser capaz de resistir aos impulsos e de ignorar o membro duro e latejante, apertado dentro da calça, a vontade de tomar o controle e fazê-la sua só para entrar no jogo dela, só para garantir que a mulher estaria satisfeita com ele e ainda lhe daria a oportunidade de transar com ela outras vezes.
Os dois saíram do chuveiro e se secou e se envolveu em uma toalha, enquanto , que teve apenas os pés para secar, continuava observando seus movimentos. Ela o olhou, dando um sorriso malicioso, e pegou um hidratante, pronta a continuar a tortura. Colocou um dos pés sobre um banquinho, derramou pequena quantidade do creme em uma das mãos, e começou a distribuí-lo pela panturrilha em um movimento ascendente, sem tirar os olhos de que a devorava com os dele.
"Você não quer que eu faça isso para você?", ousou perguntar. "Eu acho que po-poderia ser bem mais prazeroso."
"Você quer muito me tocar, não é?", questionou, sabendo que não só a resposta era positiva, como ela também queria o mesmo. Não tinha planejado ficar com ele antes de dormir, mas a verdade é que seria bem relaxante e até poderia ajudá-la a se desligar de vez das questões da empresa e pegar no sono com facilidade.
"Muito!", ele engoliu seco, aproximando-se e pegando a embalagem do creme. "Mas também quero servi-la... Ser seu escravo, senhorita ."
"Venha comigo... E traga a loção", ela chamou com um semblante enigmático e saiu do banheiro, indo para o quarto secreto. "Tire a camisa", mandou, enquanto mexia na cômoda em que ficavam as algemas, camisinhas e, provavelmente, outros apetrechos que ele ainda não conhecia. O rapaz fez o que ela mandou e então a mulher voltou com algo nas mãos. "Eu adoro a ideia de ter você como meu escravo", afirmou, fazendo sinal para que ele chegasse mais perto, e então colocou no pescoço dele uma espécie de corda fechada com um cadeado.
"Uma coleira?", o rapaz perguntou desconfortável, mexendo no acessório.
"Não... Apesar de eu ter algumas e querer muito encomendar uma personalizada para você", revelou. "Isso não é uma coleira. É como um grilhão, mas não de aço... Algo mais moderno e menos pesado. Machuca?", preocupou-se com a expressão dele.
"Não. É um pouco... Hu-humilhante."
"Bebê", falou com doçura, passando a mão pelo peito forte dele. "Um pouco de humilhação faz parte da submissão. Foi você mesmo quem acabou de falar em ser meu escravo, hum?", olhou-o com olhar sedutor, hipnotizante. "Agora, que tal você passar o hidratante em mim como um bom servo?"
Os dois foram para a cama, onde ele tinha deixado o hidratante, e ela se deitou, colocando os pés no colo dele, que começou a passar o creme, fazendo uma gostosa massagem e subindo pela panturrilha até as coxas. Ele abriu a toalha em que ela estava enrolada, expondo seu corpo, e traçou uma linha com o hidratante em seu abdômen, espalhando a substância em seguida com dedos habilidosos. Hidratou também os seios, deixando os polegares passarem pelos mamilos dela como acidentalmente, tão de leve que ela quase protestou por mais.
Os braços também foram cobertos por uma fina camada de creme e ele a fez se virar para dar o mesmo tratamento a toda a parte de trás do corpo dela. E, no final, deteve-se especialmente nas costas, fazendo uma massagem quase profissional na região e retirando toda e qualquer tensão que ainda pudesse residir ali.
"Onde aprendeu isso, senhor ? Você é cheio de surpresas. Não é mesmo?", disse um pouco aborrecida. Era difícil demais manter o controle com um homem como ele, o que ela nunca poderia ter imaginado.
"Eu aprendi a fazer automassagem e fazer nos outros não é muito diferente. Era ne-necessário durante as competições", afirmou. "Eu fiz parte da equipe de natação da faculdade", acrescentou, acreditando que ela deveria estar querendo saber de que competições estava falando.
"Eu não disse que é cheio de surpresas?!", falou, ao mesmo tempo em que pensava que a natação explicava, afinal, os ombros largos, os músculos torneados, o fôlego, a forma física perfeita dele. "Você ainda nada?", perguntou no automático, querendo se estapear com força por querer sempre saber mais do que era necessário e seguro sobre o homem que deveria ser só mais um submisso seu.
"Uhum", ele respondeu, ainda dando atenção aos nós nos ombros dela. "Eu adoro nadar... Vou pelo menos três dias por semana ao clube."
O silêncio se instalou entre eles e começou a ser quebrado apenas por gemidos de satisfação dados por , à medida que ia tocando o corpo dela com menos técnica e mais malícia. Então o rapaz foi se deitando sobre ela e beijando seu pescoço e costas, até a mulher se virar para ele, finalmente, querendo um pouco mais de ação. Os dedos dele nos mamilos dela agora não eram mais sutis e sua boca provavelmente estava deixando marcas em seu ombro. Depois, caminhando pelo pescoço e maxilar com os lábios e a língua, ele quase a pegou distraída e beijou seus lábios, mas ela conseguiu colocar uma das mãos entre seus rostos a tempo.
Se tinha uma coisa que tinha aprendido logo que se tornara dominadora, era que doms e subs não podem trocar carinhos afetuosos como beijos na boca. Esse fora um conselho que ela recebera não de uma, mas de praticamente todas as dominadoras mais experientes com quem tinha conversado ao se juntar ao clube. Se beijos eram perigosos com subs já acostumados aos jogos e era uma armadilha na qual ela, no fundo, sabia estar caindo, mesmo sem os beijos, juntar as duas coisas era matar a dominadora e, consequentemente, acabar com a sensação de equilíbrio que ela, com muita dificuldade, tinha conseguido estabelecer em sua vida.
Os dois continuaram se explorando fisicamente, até que ela mandou que ele tirasse a calça jeans e buscasse um preservativo na cômoda. E os dois fizeram sexo pela primeira vez naquele sábado.
Foi só a primeira de várias! Depois de dormir um pouco em seu próprio quarto, pediu que Cora mandasse se encontrar com ela no quarto secreto novamente e os dois exploraram algemas, lenços de seda, vendas, sabores, sons. Fizeram isso até estarem exaustos de novo e a senhorita informar que precisava dormir.
"Por que a gente não dorme aqui?", perguntou inocente.
"Aqui?", ela riu. ", isso aqui não é um quarto para dormir, bebê. Isso é um lugar feito para o sexo."
"E se a gente dormisse no qua-quarto de hóspedes, então? Eu poderia acordá-la de manhã...”, falou no ouvido dela, esfregando o nariz em seus cabelos, e ela teve que respirar fundo para interrompê-lo e acabar com seus devaneios quase pueris. Dormir com um sub era talvez algo ainda pior do que beijá-lo.
", a gente não vai dormir juntos", assegurou séria. "Nós não somos namorados. Estamos experimentando uma relação de dominação e submissão, em que não existe esse tipo de coisa."
"Então eu nunca vou poder beijá-la? Eu nunca vo-vou poder dormir com você?"
"Não, . Não vai", enquanto se levantava, ela o observou jogar a cabeça para trás, afundando-a no travesseiro. "É desse jeito que a gente vai se relacionar, bebê... Ou de nenhum. Foi por isso que eu quis que viesse... Para experimentar mais e poder me responder sem nenhuma dúvida. É melhor que você vá para o seu quarto e descanse, porque amanhã teremos mais um dia cheio e... Eu também gostaria de ter uma resposta sua", ele balançou a cabeça, concordando. "Boa noite, ", disse, saindo.
"Boa noite, senhorita ", falou mais para si mesmo, enfatizando o nome e irritado.
Atirada uma medalha, sempre pode ser mostrado o seu reverso e este era, sem dúvida, depois de toda a satisfação que ele tinha sentido naquele dia, a frustração enorme que estava sentindo agora.
Capítulo 7
não estava mentindo quando avisou que o domingo dela e de seria muito movimentado. Talvez estivesse querendo aproveitar ao máximo cada segundo com ele, temendo que sua resposta à proposta dela fosse negativa e eles não ficassem intimamente juntos nunca mais, mas isso não era propriamente uma atitude consciente da parte dela. Até porque não era totalmente fora dos padrões da garota passar grande parte do final de semana no quarto secreto com seu submisso, quando tinha a oportunidade de fazê-lo.
aprendeu durante aquele dia, por meio de palavras e jogos, que a relação de submissão versus dominação pode envolver, obviamente, o sadomasoquismo, a prática de um infligir e de o outro sentir satisfação com a dor, mas que não se restringe a ele e pode nem mesmo tê-lo como base, como seu alicerce. O importante na relação entre um submisso e seu dominador é que o primeiro esteja disposto, e satisfeito, a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para dar prazer, em suas muitas formas, ao segundo, experimentando com ele um mundo repleto de sensações.
criou situações em que os cinco sentidos dos dois foram aguçados. Usou os contrastes entre o quente e o frio na pele, inclusive na região íntima, fazendo sexo oral em depois de aplicar um spray de menta na boca e ensinando o rapaz a tomar goles de chá, enquanto devolvia o agrado a ela, para literalmente aquecer as coisas. Explorou sabores exóticos, substituindo o almoço por uma refeição que incluía frutas, mel, frios e queijos fortemente temperados, chocolates e licores, fazendo ainda com que degustasse boa parte das coisas com os olhos vendados e sendo sexualmente estimulado por ela, para que depois retribuísse o favor.
não gostava de assistir a filmes pornográficos, mas exibiu, em uma grande tela do quarto secreto, uma apresentação com fotos e cenas de filmes capazes de despertar a libido bem mais do que eles. Velas com cheiros muito marcantes e óleos aromáticos também fizeram parte das brincadeiras e a audição não só foi estimulada por uma trilha sonora sensual, muito bem escolhida, como também por gemidos, gritos e pelas ordens indecentes e elogios provocantes que repetia no ouvido de constantemente.
Foi exatamente em um desses momentos, em que estavam deitados na cama, ambos virados de lado, e ele a penetrava por trás, tocando seu clitóris, enquanto ela demandava que o rapaz "metesse mais forte e mais fundo", que as coisas fugiram um pouco do controle. Completamente absorto pelo prazer que sentia ao envolver em seus braços, estar dentro dela, tocá-la, ouvi-la o chamando de bebê com uma voz suplicante e perceber cada reação que provocava no corpo dela, acabou sussurrando seu primeiro nome duas vezes.
É claro que não demorou a perceber o que tinha feito e que sabia muito bem que tinha quebrado a mesma regra pela segunda vez. No entanto, em vez de ignorar e torcer para que ela também o fizesse, decidiu repetir a conduta algumas vezes e ainda forçou os limites, usando o "apelido" carinhoso com que ela o tratava e o pronome possessivo de primeira pessoa em algumas frases. Como ele tinha desobedecido apenas uma vez antes disso, e só conhecera um tipo de castigo que provavelmente era dos mais leves, encontrara no deslize uma boa oportunidade para tentar fazê-la castigá-lo de novo e de forma mais rigorosa.
sabia que precisaria dar uma resposta a naquele mesmo dia e a verdade é que ele ainda não sabia o que dizer. Talvez se tivesse mais alguma amostra verdadeiramente significativa daquilo que o estaria esperando, caso aceitasse ser realmente um submisso, isso pudesse ajudar na decisão.
"O que você estava pensando para me desafiar assim, ?", ela perguntou irritada. Os dois tinham terminado de transar e passado alguns minutos lado a lado na cama, recuperando-se, quase em total silêncio, não fosse pela música que tocava constantemente.
"Eu sei que a ideia de tu-tudo isso é agradá-la e que, normalmente, devo fazer isso obedecendo", afirmou. "Mas, se eu nunca desafi-fiá-la, você nunca vai me castigar e eu acho que você também gosta disso... Ou não?"
"Ok, ”, ela disse, pegando suas roupas e começando a colocá-las. "Se é assim, você está entrando no jogo... E eu fico feliz por isso". Havia pensado que ele tinha falado as palavras por envolvimento nas sensações, que tinha dito tudo com significado. Apesar de ter se declarado feliz, ela não conseguiu decidir se a explicação dada pelo rapaz era mesmo um alívio ou se era uma decepção.
"E não va-vai me castigar?”, perguntou confuso por vê-la se vestindo.
"Mais tarde. Agora, eu preciso de um pouco de descanso. E você também, porque isso vai ser bem intenso", afirmou e ele gostou do que ouviu, mas conseguiu manter um semblante neutro. Pelo menos até o momento em que a viu de novo.
No começo da noite, Cora foi até o quarto de hóspedes e o informou de que a chefe estava aguardando por ele no quarto secreto mais uma vez. Logo que chegou ao local, deu de cara com ela vestida em uma roupa que poderia ser descrita como típica do sadomasoquismo. Um corselet e uma saia minúscula em látex acompanhavam um par de botas do mesmo material, que iam até o meio da coxa da menina e ostentavam provavelmente o salto mais alto que ele já tinha visto na vida. A figura extremamente sexy se completava com o batom vermelho e os cabelos soltos e molhados e havia, em suas mãos, um chicote e duas pulseiras em couro unidas por uma corrente.
"Tire a roupa, ", ordenou seca. "Tire tudo e depois venha até aqui". Ele fez o que ela mandou e, ao chegar perto dela, percebeu que já estava ficando excitado. "Coloque as mãos para cima, perto do gancho”. O rapaz, novamente, obedeceu em silêncio e ela prendeu suas mãos ao gancho que pendia do teto e ficava baixo o suficiente para que a moça pudesse alcançar, mas alto o suficiente para que as mãos do homem não ficassem na frente do corpo. "Quero que me diga quantas vezes falou meu nome. Você sabe, não sabe?", questionou, batendo o chicote de leve na própria palma repetidas vezes, enquanto olhava bem para ele.
"Sim", ele disse, já um pouco ofegante de ansiedade. "Eu disse seis vezes."
"E o que mais fez de errado, bebê?"
"Eu disse ‘minha ’... E ‘me-meu bebê’."
"Sabe quantas vezes?"
"Acho que... ‘Minha’ uma vez e ‘meu bebê’ talvez... Duas?"
"Quase isso, ", suspirou. "Na verdade, pelos meus cálculos, foram dez infrações ao todo... O que significa..."
"Que eu vou levar dez chico-cotadas?", interrompeu afoito.
"Isso mesmo, bebê", sorriu como se fosse uma professora, orgulhosa de um aluno que respondeu corretamente uma questão. "E, mesmo que esteja parecendo gostar muito da ideia, nós precisamos de uma palavra de alerta que você possa usar, se quiser que eu pare."
"Eu... Posso pedir que pare?", espantou-se.
"Claro, . É claro que pode. Você tem os seus limites e tem direito a eles. A ideia é que o submisso faça tudo porque ele QUER agradar o seu senhor e... No caso de um castigo, que ele o receba porque concorda que errou e que merece ser castigado."
"E por que uma palavra de alerta?"
"Porque é comum que alguém grite 'pare', 'não', 'por favor', 'chega', mas ainda não esteja realmente no limite... Ainda consiga e queira continuar. A palavra é para ser usada só se você tiver certeza de que não quer mesmo que eu bata mais... E, nesse caso, eu assumo com você o compromisso de parar na mesma hora. Tudo bem para você?", perguntou. Afinal, ele ainda não era seu submisso oficialmente, então ela tinha que se certificar.
"Tudo bem", assegurou. "Pode ser... Sino?"
"Pode. Pode ser ‘sino’... É uma boa palavra. A gente pode começar?", ele assentiu e ela se afastou, indo colocar música e baixar a luz.
“Justify My Love”, da Madonna, começou a tocar e, não muito tempo depois, sentiu o primeiro golpe em suas costas, causando um ardor e a contração de todos os seus músculos, mas também aumentando a sua ansiedade até que, segundos depois, viesse o próximo, fazendo queimar a pele um pouco à esquerda do primeiro.
Antes de um terceiro golpe, desferido no traseiro do rapaz, os dedos delicados dela tocaram, com suavidade, o lugar que o chicote tinha acabado de marcar. E, depois do quarto estalar do objeto contra o corpo dele, os lábios dela acariciaram, sutilmente, os pontos nos quais o couro havia batido.
O quinto e o sexto golpes nas pernas, um logo em seguida ao outro, fizeram o rapaz gritar para que ela parasse, sem que quisesse realmente isso, exatamente como a mulher tinha previsto. O corpo dele reagia de uma forma completamente insana, pois havia, sim, as sensações esperadas de dor, ardência e incômodo, mas a excitação era maior e seu membro já estava completamente ereto, quando surgiu à sua frente, golpeando o peitoral.
"Olhe só para você", ela disse, passando a língua por entre os lábios. "Ainda mais perfeito para um sub do que eu imaginava!". Bateu pela oitava vez, atingindo a barriga com exatidão. "A dor o excita, ", sussurrou no ouvido dele, ofegante de antecipação. "Tanto quanto me excita subjugá-lo... Maltratá-lo". Chicoteou um de seus braços, fazendo com que ele gritasse de novo. "Só falta um... E então eu vou cuidar de você", afirmou, mergulhando nos olhos dilatados dele os seus.
Fez o intervalo mais longo de todos entre o penúltimo e o último ataque, mexendo com as expectativas dele e o provocando ao esfregar a própria intimidade com o chicote, antes de, finalmente, terminar de bater. Jogou para o lado o objeto, ansiosa por soltá-lo, enquanto ele, também louco para que chegasse a melhor parte de toda aquela aventura, pegou-a no colo logo que teve as mãos livres. Levou-a em direção à cama, empurrando do começo das coxas em direção à cintura o pequeno pedaço de látex que tinha a pretensão de ser uma peça de roupa.
Ela não estava usando calcinha e, felizmente, os dois tinham deixado várias camisinhas embaixo dos travesseiros mais cedo. Talvez não tivesse dado tempo sequer de pensar nelas, se não estivessem tão à mão! Estavam absolutamente prontos para fazer sexo quando ele a deitou no colchão macio e se colocou sobre ela, então foi gasto somente o tempo suficiente para cobrir o membro dele com o preservativo e, em um piscar de olhos, o rapaz já estava dentro dela, investindo com força, rápido e sem nenhum carinho.
Como a transa foi muito rápida e, apesar de terem feito sexo outras várias vezes no começo do dia, tinham descansado durante boa parte da tarde, conseguiu forças para começar tudo de novo. Beijou o corpo todo de e, se mostrando um bom aprendiz, usou pedras de gelo que estavam no frigobar para intensificar as sensações, somente se rendendo à excitação e invadindo a intimidade dela quando a garota já estava implorando.
Os dois tiraram proveito do fato de que tinham gozado havia pouco tempo e prolongaram a transa, experimentando posições diferentes e usando as mãos e a língua para fazer provocações mútuas durante todo o tempo.
No entanto, nem só de prazer seria feito aquele final de semana e estava ciente disso. cobraria uma resposta e a hora da cobrança chegou, logo depois de um delicioso jantar apreciado em quase total silêncio. Como a dominadora que era, a garota fez questão de voltar a tratar do assunto como se fosse um negócio e levou o rapaz para o escritório de casa para conversarem a sós.
"Então, ... Vamos discutir os detalhes da nossa relação?”, perguntou confiante.
"Detalhes? Mas eu nem... A-aceitei ainda", riu.
"Bebê... Por que você não aceitaria?", foi a vez dela de rir. "Pelo que eu pude ver, você se divertiu bastante! Até o castigo físico o deixou excitado... E, se você não fosse um submisso... Se... Isso não fizesse parte da sua natureza... Você até poderia não usar a palavra de alerta, para não parecer um fraco na minha frente, mas não teria uma ereção."
"Eu gostei de... Tudo que a gente fez no quarto", concordou. "Mas o problema é o resto. É não poder beijar você, nem cha-chamá-la pelo seu nome... Não poder abraçá-la, depois do sexo, nem conversar sobre nada pessoal..."
"Eu entendo, , mas, infelizmente, tem que ser assim ou... A gente se despede por aqui e você volta a ser só meu funcionário na empresa. Pode ficar tranquilo, porque eu não vou ficar com raiva e... Mandar você embora nem nada do gênero". Ela se manteve controlada, mesmo que por dentro estivesse apavorada. Não passara pela cabeça dela, depois de ele ter lidado tão bem com a dor, que o rapaz pudesse dizer "não" à sua proposta por outras razões. Era difícil, para , entender que ele pudesse não querer exatamente os termos da relação que a faziam se sentir segura. Afetividade, para ela, era sinônimo de vulnerabilidade.
"Eu tenho mesmo que responder hoje, não é?"
"Eu gostaria que sim, . Seria bom para que a gente pudesse falar de detalhes". Era verdade, porém, por outro lado, por que fazer isso, se significava arriscar que ele nunca mais fosse dela? "Mas veja bem, ... Mesmo que você aceite, sempre vai poder desistir... A qualquer momento. Não se trata de um contrato formal, que eu possa obrigá-lo a cumprir", riu. "Como eu disse, só quero uma resposta para falar de detalhes com você... Só isso."
"Bom...", ele coçou a nuca nervosamente. "Se é assim, tu-tudo bem. Eu aceito". Sorriu, timidamente, e ela sorriu de volta satisfeita. "Que tipo de detalhe você quer acertar?"
"Bom, em primeiro lugar, eu queria que você viesse morar aqui. Pode modificar a decoração... Fazer o que quiser com o quarto de hóspedes, mas quero muito você aqui, para que eu possa estar com você na hora que eu quiser."
"Não sei, -... Senhorita . O que eu vou dizer para o Samuel... Para a minha avó?"
"Que ofereceram um apartamento de graça para você mais perto do trabalho e que teve que aceitar para não fazer desfeita... E porque terá muitas horas extras nos próximos meses", disse sedutora. "Outra coisa importante é que você cuide bem da saúde. Tem que se alimentar bem, dormir bem, exercitar-se... Afinal, nós vamos ter muitos finais de semana... E até dias de semana cansativos como esse... Como hoje."
"Ok... Sem problemas."
"Agora, eu preciso saber quais são os seus termos. Alguma coisa que você não queira fazer de jeito nenhum... Algo de que precise?"
"Eu... Preciso... Sentir-me à vontade aqui. Gosto de cozinhar, por exemplo, e... Não me si-sinto à vontade sendo servido o tempo todo."
"Tudo bem... Eu vou avisar a Cora."
"Não gostaria de ter que a-andar com o Brad o tempo todo também."
"Sem problemas! Mas posso, pelo menos, deixar um carro à sua disposição?"
"Eu mesmo vou comprar um. Tem tempo que estou planejando isso", informou. "Quanto ao que eu não que-quero fazer, eu... Não acho que me sentiria bem com nada sujo nem... Coisas cortantes ou... Fogo."
"Eu também não gosto de nada disso”, asseverou.
Os dois conversaram mais um pouco, falando dos limites e sobre a mudança dele, com a qual Dean e Brad ajudariam durante a semana. Nada muito relevante foi acrescentado sobre a relação em si e, para insatisfação de , o tom da conversa continuou formal e negocial demais para o gosto dele, mas ele não pôde reclamar.
Pelo menos até segunda ordem, estava disposto a tentar se adaptar ao estilo de vida dela, se era esse o único jeito de estar por perto.
Não estava preparado para “partir para o tudo ou nada” ainda, apesar de saber muito intimamente que, um dia, teria que fazer essa difícil escolha.
aprendeu durante aquele dia, por meio de palavras e jogos, que a relação de submissão versus dominação pode envolver, obviamente, o sadomasoquismo, a prática de um infligir e de o outro sentir satisfação com a dor, mas que não se restringe a ele e pode nem mesmo tê-lo como base, como seu alicerce. O importante na relação entre um submisso e seu dominador é que o primeiro esteja disposto, e satisfeito, a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para dar prazer, em suas muitas formas, ao segundo, experimentando com ele um mundo repleto de sensações.
criou situações em que os cinco sentidos dos dois foram aguçados. Usou os contrastes entre o quente e o frio na pele, inclusive na região íntima, fazendo sexo oral em depois de aplicar um spray de menta na boca e ensinando o rapaz a tomar goles de chá, enquanto devolvia o agrado a ela, para literalmente aquecer as coisas. Explorou sabores exóticos, substituindo o almoço por uma refeição que incluía frutas, mel, frios e queijos fortemente temperados, chocolates e licores, fazendo ainda com que degustasse boa parte das coisas com os olhos vendados e sendo sexualmente estimulado por ela, para que depois retribuísse o favor.
não gostava de assistir a filmes pornográficos, mas exibiu, em uma grande tela do quarto secreto, uma apresentação com fotos e cenas de filmes capazes de despertar a libido bem mais do que eles. Velas com cheiros muito marcantes e óleos aromáticos também fizeram parte das brincadeiras e a audição não só foi estimulada por uma trilha sonora sensual, muito bem escolhida, como também por gemidos, gritos e pelas ordens indecentes e elogios provocantes que repetia no ouvido de constantemente.
Foi exatamente em um desses momentos, em que estavam deitados na cama, ambos virados de lado, e ele a penetrava por trás, tocando seu clitóris, enquanto ela demandava que o rapaz "metesse mais forte e mais fundo", que as coisas fugiram um pouco do controle. Completamente absorto pelo prazer que sentia ao envolver em seus braços, estar dentro dela, tocá-la, ouvi-la o chamando de bebê com uma voz suplicante e perceber cada reação que provocava no corpo dela, acabou sussurrando seu primeiro nome duas vezes.
É claro que não demorou a perceber o que tinha feito e que sabia muito bem que tinha quebrado a mesma regra pela segunda vez. No entanto, em vez de ignorar e torcer para que ela também o fizesse, decidiu repetir a conduta algumas vezes e ainda forçou os limites, usando o "apelido" carinhoso com que ela o tratava e o pronome possessivo de primeira pessoa em algumas frases. Como ele tinha desobedecido apenas uma vez antes disso, e só conhecera um tipo de castigo que provavelmente era dos mais leves, encontrara no deslize uma boa oportunidade para tentar fazê-la castigá-lo de novo e de forma mais rigorosa.
sabia que precisaria dar uma resposta a naquele mesmo dia e a verdade é que ele ainda não sabia o que dizer. Talvez se tivesse mais alguma amostra verdadeiramente significativa daquilo que o estaria esperando, caso aceitasse ser realmente um submisso, isso pudesse ajudar na decisão.
"O que você estava pensando para me desafiar assim, ?", ela perguntou irritada. Os dois tinham terminado de transar e passado alguns minutos lado a lado na cama, recuperando-se, quase em total silêncio, não fosse pela música que tocava constantemente.
"Eu sei que a ideia de tu-tudo isso é agradá-la e que, normalmente, devo fazer isso obedecendo", afirmou. "Mas, se eu nunca desafi-fiá-la, você nunca vai me castigar e eu acho que você também gosta disso... Ou não?"
"Ok, ”, ela disse, pegando suas roupas e começando a colocá-las. "Se é assim, você está entrando no jogo... E eu fico feliz por isso". Havia pensado que ele tinha falado as palavras por envolvimento nas sensações, que tinha dito tudo com significado. Apesar de ter se declarado feliz, ela não conseguiu decidir se a explicação dada pelo rapaz era mesmo um alívio ou se era uma decepção.
"E não va-vai me castigar?”, perguntou confuso por vê-la se vestindo.
"Mais tarde. Agora, eu preciso de um pouco de descanso. E você também, porque isso vai ser bem intenso", afirmou e ele gostou do que ouviu, mas conseguiu manter um semblante neutro. Pelo menos até o momento em que a viu de novo.
No começo da noite, Cora foi até o quarto de hóspedes e o informou de que a chefe estava aguardando por ele no quarto secreto mais uma vez. Logo que chegou ao local, deu de cara com ela vestida em uma roupa que poderia ser descrita como típica do sadomasoquismo. Um corselet e uma saia minúscula em látex acompanhavam um par de botas do mesmo material, que iam até o meio da coxa da menina e ostentavam provavelmente o salto mais alto que ele já tinha visto na vida. A figura extremamente sexy se completava com o batom vermelho e os cabelos soltos e molhados e havia, em suas mãos, um chicote e duas pulseiras em couro unidas por uma corrente.
"Tire a roupa, ", ordenou seca. "Tire tudo e depois venha até aqui". Ele fez o que ela mandou e, ao chegar perto dela, percebeu que já estava ficando excitado. "Coloque as mãos para cima, perto do gancho”. O rapaz, novamente, obedeceu em silêncio e ela prendeu suas mãos ao gancho que pendia do teto e ficava baixo o suficiente para que a moça pudesse alcançar, mas alto o suficiente para que as mãos do homem não ficassem na frente do corpo. "Quero que me diga quantas vezes falou meu nome. Você sabe, não sabe?", questionou, batendo o chicote de leve na própria palma repetidas vezes, enquanto olhava bem para ele.
"Sim", ele disse, já um pouco ofegante de ansiedade. "Eu disse seis vezes."
"E o que mais fez de errado, bebê?"
"Eu disse ‘minha ’... E ‘me-meu bebê’."
"Sabe quantas vezes?"
"Acho que... ‘Minha’ uma vez e ‘meu bebê’ talvez... Duas?"
"Quase isso, ", suspirou. "Na verdade, pelos meus cálculos, foram dez infrações ao todo... O que significa..."
"Que eu vou levar dez chico-cotadas?", interrompeu afoito.
"Isso mesmo, bebê", sorriu como se fosse uma professora, orgulhosa de um aluno que respondeu corretamente uma questão. "E, mesmo que esteja parecendo gostar muito da ideia, nós precisamos de uma palavra de alerta que você possa usar, se quiser que eu pare."
"Eu... Posso pedir que pare?", espantou-se.
"Claro, . É claro que pode. Você tem os seus limites e tem direito a eles. A ideia é que o submisso faça tudo porque ele QUER agradar o seu senhor e... No caso de um castigo, que ele o receba porque concorda que errou e que merece ser castigado."
"E por que uma palavra de alerta?"
"Porque é comum que alguém grite 'pare', 'não', 'por favor', 'chega', mas ainda não esteja realmente no limite... Ainda consiga e queira continuar. A palavra é para ser usada só se você tiver certeza de que não quer mesmo que eu bata mais... E, nesse caso, eu assumo com você o compromisso de parar na mesma hora. Tudo bem para você?", perguntou. Afinal, ele ainda não era seu submisso oficialmente, então ela tinha que se certificar.
"Tudo bem", assegurou. "Pode ser... Sino?"
"Pode. Pode ser ‘sino’... É uma boa palavra. A gente pode começar?", ele assentiu e ela se afastou, indo colocar música e baixar a luz.
“Justify My Love”, da Madonna, começou a tocar e, não muito tempo depois, sentiu o primeiro golpe em suas costas, causando um ardor e a contração de todos os seus músculos, mas também aumentando a sua ansiedade até que, segundos depois, viesse o próximo, fazendo queimar a pele um pouco à esquerda do primeiro.
Antes de um terceiro golpe, desferido no traseiro do rapaz, os dedos delicados dela tocaram, com suavidade, o lugar que o chicote tinha acabado de marcar. E, depois do quarto estalar do objeto contra o corpo dele, os lábios dela acariciaram, sutilmente, os pontos nos quais o couro havia batido.
O quinto e o sexto golpes nas pernas, um logo em seguida ao outro, fizeram o rapaz gritar para que ela parasse, sem que quisesse realmente isso, exatamente como a mulher tinha previsto. O corpo dele reagia de uma forma completamente insana, pois havia, sim, as sensações esperadas de dor, ardência e incômodo, mas a excitação era maior e seu membro já estava completamente ereto, quando surgiu à sua frente, golpeando o peitoral.
"Olhe só para você", ela disse, passando a língua por entre os lábios. "Ainda mais perfeito para um sub do que eu imaginava!". Bateu pela oitava vez, atingindo a barriga com exatidão. "A dor o excita, ", sussurrou no ouvido dele, ofegante de antecipação. "Tanto quanto me excita subjugá-lo... Maltratá-lo". Chicoteou um de seus braços, fazendo com que ele gritasse de novo. "Só falta um... E então eu vou cuidar de você", afirmou, mergulhando nos olhos dilatados dele os seus.
Fez o intervalo mais longo de todos entre o penúltimo e o último ataque, mexendo com as expectativas dele e o provocando ao esfregar a própria intimidade com o chicote, antes de, finalmente, terminar de bater. Jogou para o lado o objeto, ansiosa por soltá-lo, enquanto ele, também louco para que chegasse a melhor parte de toda aquela aventura, pegou-a no colo logo que teve as mãos livres. Levou-a em direção à cama, empurrando do começo das coxas em direção à cintura o pequeno pedaço de látex que tinha a pretensão de ser uma peça de roupa.
Ela não estava usando calcinha e, felizmente, os dois tinham deixado várias camisinhas embaixo dos travesseiros mais cedo. Talvez não tivesse dado tempo sequer de pensar nelas, se não estivessem tão à mão! Estavam absolutamente prontos para fazer sexo quando ele a deitou no colchão macio e se colocou sobre ela, então foi gasto somente o tempo suficiente para cobrir o membro dele com o preservativo e, em um piscar de olhos, o rapaz já estava dentro dela, investindo com força, rápido e sem nenhum carinho.
Como a transa foi muito rápida e, apesar de terem feito sexo outras várias vezes no começo do dia, tinham descansado durante boa parte da tarde, conseguiu forças para começar tudo de novo. Beijou o corpo todo de e, se mostrando um bom aprendiz, usou pedras de gelo que estavam no frigobar para intensificar as sensações, somente se rendendo à excitação e invadindo a intimidade dela quando a garota já estava implorando.
Os dois tiraram proveito do fato de que tinham gozado havia pouco tempo e prolongaram a transa, experimentando posições diferentes e usando as mãos e a língua para fazer provocações mútuas durante todo o tempo.
No entanto, nem só de prazer seria feito aquele final de semana e estava ciente disso. cobraria uma resposta e a hora da cobrança chegou, logo depois de um delicioso jantar apreciado em quase total silêncio. Como a dominadora que era, a garota fez questão de voltar a tratar do assunto como se fosse um negócio e levou o rapaz para o escritório de casa para conversarem a sós.
"Então, ... Vamos discutir os detalhes da nossa relação?”, perguntou confiante.
"Detalhes? Mas eu nem... A-aceitei ainda", riu.
"Bebê... Por que você não aceitaria?", foi a vez dela de rir. "Pelo que eu pude ver, você se divertiu bastante! Até o castigo físico o deixou excitado... E, se você não fosse um submisso... Se... Isso não fizesse parte da sua natureza... Você até poderia não usar a palavra de alerta, para não parecer um fraco na minha frente, mas não teria uma ereção."
"Eu gostei de... Tudo que a gente fez no quarto", concordou. "Mas o problema é o resto. É não poder beijar você, nem cha-chamá-la pelo seu nome... Não poder abraçá-la, depois do sexo, nem conversar sobre nada pessoal..."
"Eu entendo, , mas, infelizmente, tem que ser assim ou... A gente se despede por aqui e você volta a ser só meu funcionário na empresa. Pode ficar tranquilo, porque eu não vou ficar com raiva e... Mandar você embora nem nada do gênero". Ela se manteve controlada, mesmo que por dentro estivesse apavorada. Não passara pela cabeça dela, depois de ele ter lidado tão bem com a dor, que o rapaz pudesse dizer "não" à sua proposta por outras razões. Era difícil, para , entender que ele pudesse não querer exatamente os termos da relação que a faziam se sentir segura. Afetividade, para ela, era sinônimo de vulnerabilidade.
"Eu tenho mesmo que responder hoje, não é?"
"Eu gostaria que sim, . Seria bom para que a gente pudesse falar de detalhes". Era verdade, porém, por outro lado, por que fazer isso, se significava arriscar que ele nunca mais fosse dela? "Mas veja bem, ... Mesmo que você aceite, sempre vai poder desistir... A qualquer momento. Não se trata de um contrato formal, que eu possa obrigá-lo a cumprir", riu. "Como eu disse, só quero uma resposta para falar de detalhes com você... Só isso."
"Bom...", ele coçou a nuca nervosamente. "Se é assim, tu-tudo bem. Eu aceito". Sorriu, timidamente, e ela sorriu de volta satisfeita. "Que tipo de detalhe você quer acertar?"
"Bom, em primeiro lugar, eu queria que você viesse morar aqui. Pode modificar a decoração... Fazer o que quiser com o quarto de hóspedes, mas quero muito você aqui, para que eu possa estar com você na hora que eu quiser."
"Não sei, -... Senhorita . O que eu vou dizer para o Samuel... Para a minha avó?"
"Que ofereceram um apartamento de graça para você mais perto do trabalho e que teve que aceitar para não fazer desfeita... E porque terá muitas horas extras nos próximos meses", disse sedutora. "Outra coisa importante é que você cuide bem da saúde. Tem que se alimentar bem, dormir bem, exercitar-se... Afinal, nós vamos ter muitos finais de semana... E até dias de semana cansativos como esse... Como hoje."
"Ok... Sem problemas."
"Agora, eu preciso saber quais são os seus termos. Alguma coisa que você não queira fazer de jeito nenhum... Algo de que precise?"
"Eu... Preciso... Sentir-me à vontade aqui. Gosto de cozinhar, por exemplo, e... Não me si-sinto à vontade sendo servido o tempo todo."
"Tudo bem... Eu vou avisar a Cora."
"Não gostaria de ter que a-andar com o Brad o tempo todo também."
"Sem problemas! Mas posso, pelo menos, deixar um carro à sua disposição?"
"Eu mesmo vou comprar um. Tem tempo que estou planejando isso", informou. "Quanto ao que eu não que-quero fazer, eu... Não acho que me sentiria bem com nada sujo nem... Coisas cortantes ou... Fogo."
"Eu também não gosto de nada disso”, asseverou.
Os dois conversaram mais um pouco, falando dos limites e sobre a mudança dele, com a qual Dean e Brad ajudariam durante a semana. Nada muito relevante foi acrescentado sobre a relação em si e, para insatisfação de , o tom da conversa continuou formal e negocial demais para o gosto dele, mas ele não pôde reclamar.
Pelo menos até segunda ordem, estava disposto a tentar se adaptar ao estilo de vida dela, se era esse o único jeito de estar por perto.
Não estava preparado para “partir para o tudo ou nada” ainda, apesar de saber muito intimamente que, um dia, teria que fazer essa difícil escolha.
Capítulo 8
"Mandou me chamar?" perguntou, um pouco irritado, entrando no escritório do apartamento que dividia com havia alguns meses. Não tivera tempo nem de tirar as roupas de trabalho, pois, logo ao chegar da rua, fora informado por Cora de que a Srta. queria vê-lo.
"Sim, bebê." Ela respondeu, levantando-se da cadeira que ocupava para gerir alguns negócios sem sair de casa, e caminhando na direção dele. Também vestia ainda seu traje de executiva, que consistia em um terninho bege muito semelhante a vários outros que ela usava na empresa. "É que as minhas encomendas chegaram e eu to louca para experimentar algumas." Informou, dando um sorriso assanhado.
"Ok." Respondeu, ainda não muito animado.
"Eu vou tomar um banho... comer uma coisa bem leve. Acho que você deve querer fazer o mesmo, certo?" Ele apenas balançou a cabeça afirmativamente, enquanto ela brincava com um dos botões da camisa dele. "Daqui a duas horas?"
"Está ó-ótimo." Respirou fundo, tentando esconder a frustração. Já deveria estar acostumado, mas, mesmo depois de tanto tempo, ainda ficava incomodado com a frieza com que lidava com as coisas. Enquanto ele queria erguê-la do chão, se livrar das roupas dela e fazê-la sua, ali mesmo naquele cômodo austero, ela marcava hora para fazer sexo com ele, no lugar preestabelecido de sempre que era o quarto secreto.
"Você vai encontrar uma coisa pra vestir... eu vou deixar na cama. E eu vou estar no camarim, aguardando o seu sinal." Ela combinou, já se afastando dele e seguindo em direção à porta. "Eu mal posso esperar." Concluiu, dando um sorriso sincero, cheio de expectativas que lembravam as de uma criança quando está prestes a brincar pela primeira vez com um presente que ganhou recentemente.
sorriu também, quase esquecendo completamente que estivera aborrecido até aquele momento. Um simples sorriso dela e a ansiedade que ela demonstrava para explorar novas coisas com ele faziam com que ele se derretesse completamente. Saber que, em algumas horas, estaria com ela, sentindo seu cheiro, sua pele, suas vibrações, e ouvindo seus sussurros e gemidos, suas ordens e o nome dele pronunciado como se fosse uma palavra especial, fazia com que ele momentaneamente se esquecesse de todas as coisas que o incomodavam naquela equação.
Andou até seu quarto, tomou banho, vestiu algo confortável que não ficaria em seu corpo por muito tempo, e foi até a cozinha comer algumas frutas. Depois, apenas aguardou e, na hora marcada, encaminhou-se para o quarto secreto, onde já era possível sentir o perfume da pequena mulher que estava se preparando em um pequeno cômodo anexo, que agora ele sabia ser uma espécie de camarim. Como combinado, encontrou sobre a cama o item que deveria vestir e riu.
Não seria a primeira vez em que ele vestiria uma boxer com estampa de tigre e, se na primeira vez ele tinha se sentido constrangido e ridículo, com o tempo ele havia se acostumado tanto à peça de roupa quanto à encenação que vinha junto com ela, e não achava nada mais ridículo ou risível. O tipo de brincadeira que esperava por ele, quando ela o fazia vestir algo assim, era, na realidade, um jogo do qual ele gostava imensamente.
Além disso, ele agradeceu mentalmente, rindo ainda mais, o fato de apenas querer que ele usasse uma cueca de algodão com estampa de bicho, e não fantasias de pelúcia como as que ela mesma já tinha usado, mais de uma vez. Talvez isso, sim, pudesse ser uma das pouquíssimas coisas que ele ainda fosse achar ridículas, àquela altura, quando o assunto girasse em torno de aventuras vividas por um casal, entre quatro paredes.
Tirando sua calça de moletom e sua camiseta de malha, e colocando a cueca que o transformaria no personagem da vez, observou o quarto, no qual algumas mudanças haviam sido feitas para a acomodação dos dois objetos maiores encomendados pela dona da casa. Considerando o mais exótico deles, não era nenhuma surpresa que ele fosse bancar o tigre, e nem houve sobressalto algum quando ele ligou a música, que era o sinal utilizado para indicar que estava pronto, e ela apareceu vestida no melhor estilo domadora.
Ela tinha outras roupas naquele estilo, mas estava usando uma que viera com as aquisições do dia. Uma espécie de vestido vermelho, formado por um corselet de cetim tomara que caia e uma saia mínima de tule, desenhava suas curvas e deixava as coxas à mostra, enquanto a parte de baixo da perna era coberta quase completamente por uma bota altíssima em couro negro, toda amarrada na frente. Uma pequena cartola e luvas pretas completavam o visual, e nas mãos ela trazia um chicote longo que era o único item que já conhecia.
"NÃO!" Ela gritou, ao mesmo tempo em que batia com o chicote no chão, em frente a ele, quando o viu fazer menção de se aproximar. "Quietinho, tigrão." Continuou, sedutora. "Eu só vou me aproximar de você quando achar que está beeeeem mansinho. Enquanto isso..." Bateu de novo o couro contra o piso. "Jaula!" Falou, indicando o tal objeto que fazia parte da nova decoração.
entrou no espaço de pouco mais de um metro de diâmetro envolto por grades negras, e segurou em duas delas, colocando parte de seu rosto entre outras duas, perto de onde estava, como se fosse um animal enjaulado tentando contato com o mundo exterior, tentando se aproximar de sua domadora. Ela começou a rodear a jaula, acariciando o chicote, e ele foi acompanhando os movimentos dela, até que avançou por entre as grades, tocando seu braço e tentando puxá-la, e ela desferiu um golpe contra as colunas finas de metal, provocando um forte ruído. Esse mesmo jogo se repetiu algumas vezes, pois deveria parecer que estava sendo amansado aos poucos e ele sabia disso.
"Bom menino." Ela falou, divertida, quando ele, finalmente, se afastou após uma das chicotadas, indo para o outro lado da jaula, como se estivesse intimidado. "Sabe que eu não terei pena de você, se não for bonzinho." Disse, voltando a caminhar rente às grades. "Eu vou me aproximar... e te tocar. E você vai deixar. Porque você não é um felino selvagem... você é MEU!"
Ela se aproximou e ele se manteve quieto, estático, deixando que ela o tocasse através da jaula. Ela largou o chicote e deslizou suas mãos enluvadas pelos ombros, pelo peitoral e pelo abdômen dele, devagar e provocativamente. Então parou em frente a ele e, encarando seus olhos de âmbar, colocou um dedo na boca e começou a puxar uma das luvas, tirando-a em um ritmo torturante para quem espera o momento da verdadeira ação. Fez o mesmo com a outra e, sem tirar os olhos dos dele, voltou para bem perto e acariciou tudo de novo.
"Huuuuum... bebê! Tão gostoso e mansinho quanto um gatinho. MEU gatinho!" Falou, fechando os olhos e se deliciando com os músculos sendo desenhados por suas mãos. "Eu quero muito entrar aí... e te fazer mais e mais carinho." Continuou dizendo, com a voz melosa. "Mas eu preciso confiar e saber que você vai fazer tudo o que eu mandar, então... vem cá... chega mais perto. Faz carinho na sua dona." Pediu, fazendo sinal com o indicador, com a voz embargando de antecipação.
Ele se aproximou bastante da grade e ela colou o corpo na jaula, então ele começou a tocá-la, lentamente. Primeiro tateou, como se estivesse hesitante, o rosto, o pescoço e o colo, e em seguida os braços, até chegar às mãos. Então puxou um dos braços para dentro e passou os lábios por ele, até chegar aos dedos, que lambeu e sugou, não como um animalzinho doméstico, mas como o submisso cheio de desejo por sua dominadora que ele era.
Por fim, arrastou suas largas mãos da parte de trás dos joelhos dela até a saia, e desceu pela parte da frente da coxa, até as botas. Então subiu de novo, dessa vez indo pela parte interna da coxa até chegar à virilha, fazendo com que ela tivesse que segurar bem firme nas grades, para conseguir não esboçar reação. Depois segurou-a pela nuca, com uma das mãos, virando levemente seu rosto, para lamber-lhe o pescoço e morder-lhe a orelha, enquanto a outra mão ousava adentrar a saia, segurando com firmeza o traseiro.
"Tudo que você mandar... e como você ma-mandar." Assegurou, ofegante, ao pé do ouvido dela, apertando-a contra o objeto que os separava.
"Eu vou entrar." Informou, se desvencilhando dele e pegando o chicote. "Qualquer movimento e eu não vou hesitar em me defender... e te castigar." Abriu a jaula e deu o primeiro passo, fazendo sinal para que ele não se aproximasse. "Calminho. Sou eu quem vai se aproximar... bem quietinho." Mandou, e então colocou o chicote no chão e repetiu os movimentos de passar as mãos pelo corpo dele, agora sem nada os mantendo separados. Ele agarrou-se na grade, para não ceder à tentação de tocá-la também, enquanto ela não ordenasse.
"Oh, Deus! Huuuum... meu Deus, Ra-" Ele quase perdeu o controle ao sentir a pequena mão da Srta. segurar com firmeza seu membro por cima da cueca de felino, mas engoliu seco a tempo.
"Você gosta do meu toque, não é, ? Você é meu... e faz o que eu quero! Eu adoro saber disso porque eu sei que você não vai me machucar... que você não vai querer ser o mais forte... mesmo quando me mostrar a porção selvagem que você tem aí dentro." Respirou fundo e se afastou dele, grudando as costas à grade em frente a ele, com os braços abertos, segurando em duas delas. "Tem uma porção selvagem aí dentro de você, não tem, bebê?" Ele assentiu, silenciosamente, enquanto molhava os próprios lábios com a língua, se preparando para o que estava por vir, e ela, em um gesto simbólico, pegou o açoite e jogou-o para fora da jaula, sorrindo maliciosamente.
Ele se aproximou, rapidamente, levantando o corpo dela contra a grade. Roçando suas intimidades e atacando o pescoço dela com a boca, desamarrou a fita que apertava o corselet, afrouxando-o e descendo-o um pouco, para tocar, lamber e sugar seus mamilos, fazendo com que ela gemesse cada vez mais e forçasse mais seu sexo contra o dele. Ele colocou a mão entre os dois, tocando-a, e descobriu que ela estava ainda mais preparada do que ele poderia ter imaginado para a brincadeira do animal meio domado e meio feroz, e usava uma calcinha comestível que deveria ser arrancada com os dentes.
Após colocá-la no chão, agachou-se na frente da garota, colocando um dos pés dela sobre uma de suas coxas, e sentindo o salto machucar um pouco sua pele, o que não era, no entanto, uma sensação nova. Levantou o pequeno babado de filó e comeu o acessório de gelatina de morango, que era o seu sabor favorito, experimentando, em seguida, outro de seus sabores prediletos, até fazer gozar em sua boca, lhe dando ainda mais daquele gosto delicioso.
Não deu tempo algum para que ela se recuperasse e a segurou de novo contra as barras da jaula, penetrando-a com intensidade e rapidez, sem nem mesmo tirar totalmente a peça de roupa que o cobria. Sequer conseguiu esperar por ela, como gostava de fazer, e teve um forte orgasmo, que fez suas pernas bambearem. Somente segurando-o como se dependesse do corpo dele colado ao dela para manter o próprio equilíbrio, e gemendo o nome dele, como se fosse uma súplica e um mantra ao mesmo tempo, fez com que ele continuasse e a levasse à loucura de novo.
Os dois deslizaram para o chão da jaula, exaustos, mas, logo que se percebeu forte o suficiente para tanto, ele levantou-se e pegou-a no colo, a fim de levá-la para a cama. Por mais que ela sempre quisesse manter as coisas entre eles distantes, era nessas horas de fraqueza e pouca consciência que ela se deixava levar pelo momento, pelas sensações e emoções mais verdadeiras dentro dela, então ela enlaçou o pescoço dele com seus braços e deitou a cabeça em seu ombro, aspirando seu cheiro gostoso, de perfume caro misturado com suor. Sabendo que o momento não duraria muito, ele deitou com ela nos braços, exatamente nessa posição que ela mesma tinha escolhido.
"?" Ela perguntou, se afastando dele, justamente como ele previra, logo que se sentiu fisicamente inteira de novo, recobrando junto a consciência. "Onde você tava hoje à tarde? Eu pedi à Lily que mandasse te chamar na sua sala e ninguém lá sabia de você."
"Isso não é verdade." Ele respondeu, irritado não só com a afirmação como também com a mudança de tom na voz dela. Ele estava vivendo com havia meses como submisso, porque não tinha propriamente escolha se queria estar com ela de algum modo. No entanto, a situação estava ficando cada vez mais insuportável. "Todos que trabalham co-comigo sabiam muito bem que eu tinha fonoaudióloga... e você também, aliás. Você t-tem a minha agenda completa, Srta. ."
"Fono... eu esqueci." Falou baixinho, tentando, mas não conseguindo, esconder o quanto aquilo a chateava.
A menção à consulta com a profissional sempre mudava o humor da morena completamente, pois o tratamento fazia parte de um conjunto de mudanças que tinha adotado e que vinham afastando o rapaz de tudo que ele era quando ela o conheceu. O perfil de perfeito submisso estava se tornando algo do passado, uma vez que ele não usava mais as roupinhas de "vovozinho", optava pelos óculos raramente, e não era mais tão tímido ou gago, graças às sessões de fono e a idas semanais a um terapeuta. até pensara em tentar fazê-lo desistir, mas não o fizera, pois percebia que as modificações eram importantes para ele e temia perdê-lo, ao pressioná-lo, tanto quanto temia ficar sem ele em razão da transformação.
"Aonde você vai?" Ele perguntou, surpreso, vendo-a levantar-se da cama, segurando o corselete semi-desamarrado junto ao corpo.
"Eu vou tirar essa roupa e... vou tomar um banho e dormir. Eu trabalhei demais hoje... e to cansada." Respondeu, tentando ser indiferente, como sempre. "Você tá liberado por hoje." Completou, entrando no camarim.
A noite, que tinha sido deliciosa até aquele momento, mudou totalmente para os dois, que estavam devastados por razões muito parecidas, mesmo sem saber. Estavam irremediavelmente apaixonados e, por isso, sentiam uma imensa necessidade um do outro. A diferença era que não admitia os próprios sentimentos, nem para si mesma, e preferia fingir que o queria só como seu submisso, o que fazia com que a metamorfose por que estava passando a atingisse demais. Enquanto sabia que a amava e não a queria só como dominadora, ainda que aceitasse a condição para não ficar longe de uma vez por todas.
Depois do banho, ambos tiveram a mesma ideia de caminhar pelo amplo apartamento e, ao entrar na sala principal, viu contemplando a vista, próxima à enorme porta de vidro que dava para a parte externa do imóvel. Então aproximou-se, ficando atrás de , que sentiu a presença dele e respirou fundo, em uma exaustão que não era fruto de trabalho, mas da enorme confusão que estava o seu pensamento.
"Quer alguma coisa, ?" Perguntou, seca.
"Eu não gosto quando você fica chateada comigo, do nada... qua-quando você decide sair do quarto, de repente, como você fez hoje." Respondeu, calmo e doce. "Vamos conversar!"
"Eu não to chateada com você... eu tava e eu to cansada apenas." Asseverou, mentindo. "E a gente não tem nada pra conversar. Não é assim que as coisas funcionam entre a gente." Concluiu, sem sequer se importar em continuar de costas para ele.
"Você tá, sim, chateada, que eu sei." Replicou, chegando bem perto. "Mas, se não quer conversar, vamos resolver do jeito que funciona pra gente, hum?" Afastou os cabelos dela do pescoço, passando o nariz por ele. "Vamos pra cama..." Envolveu a cintura dela com uma das mãos, alisando-a, enquanto beijava atrás de sua orelha. "Ou melhor, vamos estrear aquela cadeira muito louca que você comprou." Sugeriu, se referindo a uma dessas cadeiras que alguns motéis colocam nos quartos, que tinha sido a segunda das aquisições de grande porte da menina.
"Hoje, não." Ela disse, mas não foi nada convincente. Não conseguia sê-lo quando tinha uma das mãos dele em seu seio e a outra entre suas coxas, levantando a camisola.
Pode apenas encostar-se nele, sentindo o toque que nublava o mundo a seus olhos, e foi assim que aconteceu algo que mudaria tudo.
virou para si, em um movimento rápido, e a viu completamente entregue, de olhos fechados, recebendo seu carinho. Então, sem pensar em nada e surpreendendo até a si mesmo, ele colou seus lábios nos da mulher que jurava não estar interessada em receber os beijos dele.
quebrou uma das regras mais importantes do arranjo que havia entre eles! E, sabendo disso, ele viveu os segundos que pareceram os mais longos de toda a sua vida, enquanto esperava por alguma reação, que ele não tinha a menor ideia de qual seria.
"Sim, bebê." Ela respondeu, levantando-se da cadeira que ocupava para gerir alguns negócios sem sair de casa, e caminhando na direção dele. Também vestia ainda seu traje de executiva, que consistia em um terninho bege muito semelhante a vários outros que ela usava na empresa. "É que as minhas encomendas chegaram e eu to louca para experimentar algumas." Informou, dando um sorriso assanhado.
"Ok." Respondeu, ainda não muito animado.
"Eu vou tomar um banho... comer uma coisa bem leve. Acho que você deve querer fazer o mesmo, certo?" Ele apenas balançou a cabeça afirmativamente, enquanto ela brincava com um dos botões da camisa dele. "Daqui a duas horas?"
"Está ó-ótimo." Respirou fundo, tentando esconder a frustração. Já deveria estar acostumado, mas, mesmo depois de tanto tempo, ainda ficava incomodado com a frieza com que lidava com as coisas. Enquanto ele queria erguê-la do chão, se livrar das roupas dela e fazê-la sua, ali mesmo naquele cômodo austero, ela marcava hora para fazer sexo com ele, no lugar preestabelecido de sempre que era o quarto secreto.
"Você vai encontrar uma coisa pra vestir... eu vou deixar na cama. E eu vou estar no camarim, aguardando o seu sinal." Ela combinou, já se afastando dele e seguindo em direção à porta. "Eu mal posso esperar." Concluiu, dando um sorriso sincero, cheio de expectativas que lembravam as de uma criança quando está prestes a brincar pela primeira vez com um presente que ganhou recentemente.
sorriu também, quase esquecendo completamente que estivera aborrecido até aquele momento. Um simples sorriso dela e a ansiedade que ela demonstrava para explorar novas coisas com ele faziam com que ele se derretesse completamente. Saber que, em algumas horas, estaria com ela, sentindo seu cheiro, sua pele, suas vibrações, e ouvindo seus sussurros e gemidos, suas ordens e o nome dele pronunciado como se fosse uma palavra especial, fazia com que ele momentaneamente se esquecesse de todas as coisas que o incomodavam naquela equação.
Andou até seu quarto, tomou banho, vestiu algo confortável que não ficaria em seu corpo por muito tempo, e foi até a cozinha comer algumas frutas. Depois, apenas aguardou e, na hora marcada, encaminhou-se para o quarto secreto, onde já era possível sentir o perfume da pequena mulher que estava se preparando em um pequeno cômodo anexo, que agora ele sabia ser uma espécie de camarim. Como combinado, encontrou sobre a cama o item que deveria vestir e riu.
Não seria a primeira vez em que ele vestiria uma boxer com estampa de tigre e, se na primeira vez ele tinha se sentido constrangido e ridículo, com o tempo ele havia se acostumado tanto à peça de roupa quanto à encenação que vinha junto com ela, e não achava nada mais ridículo ou risível. O tipo de brincadeira que esperava por ele, quando ela o fazia vestir algo assim, era, na realidade, um jogo do qual ele gostava imensamente.
Além disso, ele agradeceu mentalmente, rindo ainda mais, o fato de apenas querer que ele usasse uma cueca de algodão com estampa de bicho, e não fantasias de pelúcia como as que ela mesma já tinha usado, mais de uma vez. Talvez isso, sim, pudesse ser uma das pouquíssimas coisas que ele ainda fosse achar ridículas, àquela altura, quando o assunto girasse em torno de aventuras vividas por um casal, entre quatro paredes.
Tirando sua calça de moletom e sua camiseta de malha, e colocando a cueca que o transformaria no personagem da vez, observou o quarto, no qual algumas mudanças haviam sido feitas para a acomodação dos dois objetos maiores encomendados pela dona da casa. Considerando o mais exótico deles, não era nenhuma surpresa que ele fosse bancar o tigre, e nem houve sobressalto algum quando ele ligou a música, que era o sinal utilizado para indicar que estava pronto, e ela apareceu vestida no melhor estilo domadora.
Ela tinha outras roupas naquele estilo, mas estava usando uma que viera com as aquisições do dia. Uma espécie de vestido vermelho, formado por um corselet de cetim tomara que caia e uma saia mínima de tule, desenhava suas curvas e deixava as coxas à mostra, enquanto a parte de baixo da perna era coberta quase completamente por uma bota altíssima em couro negro, toda amarrada na frente. Uma pequena cartola e luvas pretas completavam o visual, e nas mãos ela trazia um chicote longo que era o único item que já conhecia.
"NÃO!" Ela gritou, ao mesmo tempo em que batia com o chicote no chão, em frente a ele, quando o viu fazer menção de se aproximar. "Quietinho, tigrão." Continuou, sedutora. "Eu só vou me aproximar de você quando achar que está beeeeem mansinho. Enquanto isso..." Bateu de novo o couro contra o piso. "Jaula!" Falou, indicando o tal objeto que fazia parte da nova decoração.
entrou no espaço de pouco mais de um metro de diâmetro envolto por grades negras, e segurou em duas delas, colocando parte de seu rosto entre outras duas, perto de onde estava, como se fosse um animal enjaulado tentando contato com o mundo exterior, tentando se aproximar de sua domadora. Ela começou a rodear a jaula, acariciando o chicote, e ele foi acompanhando os movimentos dela, até que avançou por entre as grades, tocando seu braço e tentando puxá-la, e ela desferiu um golpe contra as colunas finas de metal, provocando um forte ruído. Esse mesmo jogo se repetiu algumas vezes, pois deveria parecer que estava sendo amansado aos poucos e ele sabia disso.
"Bom menino." Ela falou, divertida, quando ele, finalmente, se afastou após uma das chicotadas, indo para o outro lado da jaula, como se estivesse intimidado. "Sabe que eu não terei pena de você, se não for bonzinho." Disse, voltando a caminhar rente às grades. "Eu vou me aproximar... e te tocar. E você vai deixar. Porque você não é um felino selvagem... você é MEU!"
Ela se aproximou e ele se manteve quieto, estático, deixando que ela o tocasse através da jaula. Ela largou o chicote e deslizou suas mãos enluvadas pelos ombros, pelo peitoral e pelo abdômen dele, devagar e provocativamente. Então parou em frente a ele e, encarando seus olhos de âmbar, colocou um dedo na boca e começou a puxar uma das luvas, tirando-a em um ritmo torturante para quem espera o momento da verdadeira ação. Fez o mesmo com a outra e, sem tirar os olhos dos dele, voltou para bem perto e acariciou tudo de novo.
"Huuuuum... bebê! Tão gostoso e mansinho quanto um gatinho. MEU gatinho!" Falou, fechando os olhos e se deliciando com os músculos sendo desenhados por suas mãos. "Eu quero muito entrar aí... e te fazer mais e mais carinho." Continuou dizendo, com a voz melosa. "Mas eu preciso confiar e saber que você vai fazer tudo o que eu mandar, então... vem cá... chega mais perto. Faz carinho na sua dona." Pediu, fazendo sinal com o indicador, com a voz embargando de antecipação.
Ele se aproximou bastante da grade e ela colou o corpo na jaula, então ele começou a tocá-la, lentamente. Primeiro tateou, como se estivesse hesitante, o rosto, o pescoço e o colo, e em seguida os braços, até chegar às mãos. Então puxou um dos braços para dentro e passou os lábios por ele, até chegar aos dedos, que lambeu e sugou, não como um animalzinho doméstico, mas como o submisso cheio de desejo por sua dominadora que ele era.
Por fim, arrastou suas largas mãos da parte de trás dos joelhos dela até a saia, e desceu pela parte da frente da coxa, até as botas. Então subiu de novo, dessa vez indo pela parte interna da coxa até chegar à virilha, fazendo com que ela tivesse que segurar bem firme nas grades, para conseguir não esboçar reação. Depois segurou-a pela nuca, com uma das mãos, virando levemente seu rosto, para lamber-lhe o pescoço e morder-lhe a orelha, enquanto a outra mão ousava adentrar a saia, segurando com firmeza o traseiro.
"Tudo que você mandar... e como você ma-mandar." Assegurou, ofegante, ao pé do ouvido dela, apertando-a contra o objeto que os separava.
"Eu vou entrar." Informou, se desvencilhando dele e pegando o chicote. "Qualquer movimento e eu não vou hesitar em me defender... e te castigar." Abriu a jaula e deu o primeiro passo, fazendo sinal para que ele não se aproximasse. "Calminho. Sou eu quem vai se aproximar... bem quietinho." Mandou, e então colocou o chicote no chão e repetiu os movimentos de passar as mãos pelo corpo dele, agora sem nada os mantendo separados. Ele agarrou-se na grade, para não ceder à tentação de tocá-la também, enquanto ela não ordenasse.
"Oh, Deus! Huuuum... meu Deus, Ra-" Ele quase perdeu o controle ao sentir a pequena mão da Srta. segurar com firmeza seu membro por cima da cueca de felino, mas engoliu seco a tempo.
"Você gosta do meu toque, não é, ? Você é meu... e faz o que eu quero! Eu adoro saber disso porque eu sei que você não vai me machucar... que você não vai querer ser o mais forte... mesmo quando me mostrar a porção selvagem que você tem aí dentro." Respirou fundo e se afastou dele, grudando as costas à grade em frente a ele, com os braços abertos, segurando em duas delas. "Tem uma porção selvagem aí dentro de você, não tem, bebê?" Ele assentiu, silenciosamente, enquanto molhava os próprios lábios com a língua, se preparando para o que estava por vir, e ela, em um gesto simbólico, pegou o açoite e jogou-o para fora da jaula, sorrindo maliciosamente.
Ele se aproximou, rapidamente, levantando o corpo dela contra a grade. Roçando suas intimidades e atacando o pescoço dela com a boca, desamarrou a fita que apertava o corselet, afrouxando-o e descendo-o um pouco, para tocar, lamber e sugar seus mamilos, fazendo com que ela gemesse cada vez mais e forçasse mais seu sexo contra o dele. Ele colocou a mão entre os dois, tocando-a, e descobriu que ela estava ainda mais preparada do que ele poderia ter imaginado para a brincadeira do animal meio domado e meio feroz, e usava uma calcinha comestível que deveria ser arrancada com os dentes.
Após colocá-la no chão, agachou-se na frente da garota, colocando um dos pés dela sobre uma de suas coxas, e sentindo o salto machucar um pouco sua pele, o que não era, no entanto, uma sensação nova. Levantou o pequeno babado de filó e comeu o acessório de gelatina de morango, que era o seu sabor favorito, experimentando, em seguida, outro de seus sabores prediletos, até fazer gozar em sua boca, lhe dando ainda mais daquele gosto delicioso.
Não deu tempo algum para que ela se recuperasse e a segurou de novo contra as barras da jaula, penetrando-a com intensidade e rapidez, sem nem mesmo tirar totalmente a peça de roupa que o cobria. Sequer conseguiu esperar por ela, como gostava de fazer, e teve um forte orgasmo, que fez suas pernas bambearem. Somente segurando-o como se dependesse do corpo dele colado ao dela para manter o próprio equilíbrio, e gemendo o nome dele, como se fosse uma súplica e um mantra ao mesmo tempo, fez com que ele continuasse e a levasse à loucura de novo.
Os dois deslizaram para o chão da jaula, exaustos, mas, logo que se percebeu forte o suficiente para tanto, ele levantou-se e pegou-a no colo, a fim de levá-la para a cama. Por mais que ela sempre quisesse manter as coisas entre eles distantes, era nessas horas de fraqueza e pouca consciência que ela se deixava levar pelo momento, pelas sensações e emoções mais verdadeiras dentro dela, então ela enlaçou o pescoço dele com seus braços e deitou a cabeça em seu ombro, aspirando seu cheiro gostoso, de perfume caro misturado com suor. Sabendo que o momento não duraria muito, ele deitou com ela nos braços, exatamente nessa posição que ela mesma tinha escolhido.
"?" Ela perguntou, se afastando dele, justamente como ele previra, logo que se sentiu fisicamente inteira de novo, recobrando junto a consciência. "Onde você tava hoje à tarde? Eu pedi à Lily que mandasse te chamar na sua sala e ninguém lá sabia de você."
"Isso não é verdade." Ele respondeu, irritado não só com a afirmação como também com a mudança de tom na voz dela. Ele estava vivendo com havia meses como submisso, porque não tinha propriamente escolha se queria estar com ela de algum modo. No entanto, a situação estava ficando cada vez mais insuportável. "Todos que trabalham co-comigo sabiam muito bem que eu tinha fonoaudióloga... e você também, aliás. Você t-tem a minha agenda completa, Srta. ."
"Fono... eu esqueci." Falou baixinho, tentando, mas não conseguindo, esconder o quanto aquilo a chateava.
A menção à consulta com a profissional sempre mudava o humor da morena completamente, pois o tratamento fazia parte de um conjunto de mudanças que tinha adotado e que vinham afastando o rapaz de tudo que ele era quando ela o conheceu. O perfil de perfeito submisso estava se tornando algo do passado, uma vez que ele não usava mais as roupinhas de "vovozinho", optava pelos óculos raramente, e não era mais tão tímido ou gago, graças às sessões de fono e a idas semanais a um terapeuta. até pensara em tentar fazê-lo desistir, mas não o fizera, pois percebia que as modificações eram importantes para ele e temia perdê-lo, ao pressioná-lo, tanto quanto temia ficar sem ele em razão da transformação.
"Aonde você vai?" Ele perguntou, surpreso, vendo-a levantar-se da cama, segurando o corselete semi-desamarrado junto ao corpo.
"Eu vou tirar essa roupa e... vou tomar um banho e dormir. Eu trabalhei demais hoje... e to cansada." Respondeu, tentando ser indiferente, como sempre. "Você tá liberado por hoje." Completou, entrando no camarim.
A noite, que tinha sido deliciosa até aquele momento, mudou totalmente para os dois, que estavam devastados por razões muito parecidas, mesmo sem saber. Estavam irremediavelmente apaixonados e, por isso, sentiam uma imensa necessidade um do outro. A diferença era que não admitia os próprios sentimentos, nem para si mesma, e preferia fingir que o queria só como seu submisso, o que fazia com que a metamorfose por que estava passando a atingisse demais. Enquanto sabia que a amava e não a queria só como dominadora, ainda que aceitasse a condição para não ficar longe de uma vez por todas.
Depois do banho, ambos tiveram a mesma ideia de caminhar pelo amplo apartamento e, ao entrar na sala principal, viu contemplando a vista, próxima à enorme porta de vidro que dava para a parte externa do imóvel. Então aproximou-se, ficando atrás de , que sentiu a presença dele e respirou fundo, em uma exaustão que não era fruto de trabalho, mas da enorme confusão que estava o seu pensamento.
"Quer alguma coisa, ?" Perguntou, seca.
"Eu não gosto quando você fica chateada comigo, do nada... qua-quando você decide sair do quarto, de repente, como você fez hoje." Respondeu, calmo e doce. "Vamos conversar!"
"Eu não to chateada com você... eu tava e eu to cansada apenas." Asseverou, mentindo. "E a gente não tem nada pra conversar. Não é assim que as coisas funcionam entre a gente." Concluiu, sem sequer se importar em continuar de costas para ele.
"Você tá, sim, chateada, que eu sei." Replicou, chegando bem perto. "Mas, se não quer conversar, vamos resolver do jeito que funciona pra gente, hum?" Afastou os cabelos dela do pescoço, passando o nariz por ele. "Vamos pra cama..." Envolveu a cintura dela com uma das mãos, alisando-a, enquanto beijava atrás de sua orelha. "Ou melhor, vamos estrear aquela cadeira muito louca que você comprou." Sugeriu, se referindo a uma dessas cadeiras que alguns motéis colocam nos quartos, que tinha sido a segunda das aquisições de grande porte da menina.
"Hoje, não." Ela disse, mas não foi nada convincente. Não conseguia sê-lo quando tinha uma das mãos dele em seu seio e a outra entre suas coxas, levantando a camisola.
Pode apenas encostar-se nele, sentindo o toque que nublava o mundo a seus olhos, e foi assim que aconteceu algo que mudaria tudo.
virou para si, em um movimento rápido, e a viu completamente entregue, de olhos fechados, recebendo seu carinho. Então, sem pensar em nada e surpreendendo até a si mesmo, ele colou seus lábios nos da mulher que jurava não estar interessada em receber os beijos dele.
quebrou uma das regras mais importantes do arranjo que havia entre eles! E, sabendo disso, ele viveu os segundos que pareceram os mais longos de toda a sua vida, enquanto esperava por alguma reação, que ele não tinha a menor ideia de qual seria.
Capítulo 9
Segundos depois de sentir os lábios quentes e macios de tocarem os seus, o afastou, delicadamente, e ficou olhando para ele, com os olhos arregalados e a respiração ofegante. A surpresa com a atitude inesperada dele a deixou muda, paralisada e boquiaberta, e as reações que ela provocou, como as pernas trêmulas, o coração acelerado, as mãos frias, e o corpo todo clamando por mais, a deixavam assustada e em pânico. Era por isso que deviam ser evitados gestos de carinho e intimidade, como beijar na boca e pegar no sono na mesma cama. Eles podiam enfraquecer o dominador, fazê-lo esquecer de sua posição e perder o controle.
"?" chamou a garota, tirando-a da espécie de transe em que ficara.
"O que?" Ela tentou parecer indiferente ao que tinha acontecido.
"Fa-fala alguma coisa... FAZ alguma coisa! Grita comigo, me xinga, me dá um tapa na cara, qualquer coisa... mas tem alguma reação, pelo amor de Deus!" Pediu, nervoso e irritado com tanta frieza.
"É claro que eu vou fazer." Respondeu, séria. "Você pode ter certeza que vai receber um bom castigo por isso, ! Você sabe muito bem que quebrou uma das regras mais importantes pra mim e... eu não posso simplesmente te castigar como eu castigo quando você fala meu nome ou chega atrasado aos nossos encontros. Até porque já ficou claro que você faz muitas vezes de propósito, porque gosta daquele tipo de castigo, e eu tenho que te desencorajar totalmente em relação..."
"Não, você não vai." Ele a interrompeu, decidido.
"O que?" Ela perguntou, confusa.
"Me castigar. Você não vai." Esclareceu. "Eu a-agora sei muito bem que, pra o dominador castigar o submisso, ele tem que aceitar o castigo... tem que concordar que merece ser castigado. E, honestamente, , eu não concordo! Eu não acho que tenha sido errado te beijar, quando era uma das coisas que eu mais queria, desde que eu conheci você."
"Mas é uma das minhas regras!" Foi a vez dela de interromper o raciocínio dele, exaltada.
"Eu sei." Ele disse, suspirando, cansado. "E é por isso também que você não vai me castigar... porque eu não tenho mais regra nenhuma a cumprir. Eu não sou mais seu submisso." Informou.
"Como assim, ?" Questionou, rindo nervosamente. "Você não pode..."
"É claro que eu posso! Você mesma disse! Você me disse que eu poderia desistir, a qualquer momento, e é isso que eu to fazendo: desistindo."
"... bebê, por favor." Pediu, passando a mão no braço dele, que se esquivou, evitando o olhar dela. "Olha pra mim, ." Ele acabou por fazê-lo, por puro hábito de obedecer. "Tá tudo bem se você não quer o castigo dessa vez. A gente esquece isso! Você tem razão: se você não aceita o castigo, ele não faz parte do jogo."
"Não se trata só desse castigo, . São... muitas coisas. Eu não quero mais ser seu submisso. Na verdade, eu nunca quis." Declarou, abandonando de vez a formalidade de chamá-la pelo sobrenome.
"Mas você aceitou!" Praticamente gritou.
"Eu aceitei. É claro que eu aceitei. Você não me deu muita escolha! Era isso ou nada... e eu queria você. Se era o único jeito de ficar com você, eu precisava fazer isso e ver o que ia acontecer... e talvez..."
"Você tem planejado isso, não é? Deixar de ser meu sub? Foi por isso que você mudou... que você largou os óculos, as roupas antiquadas... foi fazer fono pra deixar de ser gago, terapia pra acabar com a timidez."
"Eu mudei, em primeiro lugar, porque você me fez mudar, mesmo não percebendo e muito menos querendo isso. Foi você quem me deu a autoestima, a autoconfiança que me faltava. Foi você quem me fez entrar em contato com um lado meu que eu não conhecia e a terapia só complementou isso." Ele assegurou. "E as mudanças externas... tirar os óculos, usar umas roupas mais legais, um corte de cabelo mais condizente com a minha idade, fazer questão de tratar a gagueira: isso tudo foi consequência de ter muda-"
"Isso não é verdade. Você tava pensando em tudo." Acusou.
"Eu não vou e nem ia negar... eu também queria mostrar pra você!" Concordou. "Eu tinha a esperança ridícula de que, sem as características que você mesma listou, você deixasse de me ver como submisso e... me visse como um homem."
"Eu te vejo como um homem..."
"Um homem?" Ele riu, sarcástico.
"Eu não entendo, ." Ela afirmou, sincera. "Por mais que eu visse as suas mudanças, eu... Eu não tinha medo que você me deixasse, porque você parecia gostar... e gostar muito!"
"Eu gosto do que a gente faz no quarto secreto ou no seu escritório, quando você não aguenta esperar e me chama no meio da tarde. Eu gosto do sexo, das fantasias, dos jogos... de nós dois indo até os nossos limites, aguçando os sentidos um do outro, provocando e..." Ele respirou profundamente. "...eu go-gosto porque é com você. Você! E eu sempre quis você, de uma maneira..." Passou as mãos pelo rosto, respirando fundo de novo. "Mas eu não gosto de ser como uma marionete!"
"Você sabia que iria ser assim, ! O que você queria de mim?" Disse, sentindo uma impotência muito grande, por perceber que ele estava falando sério sobre deixar de ser seu sub.
"Eu já disse. Eu sabia, mas eu tinha esperanças de que, aos poucos, convivendo comigo, vendo as minhas mudanças, você me visse de um outro jeito... você sentisse alguma coisa por mim. Eu queria ter um relacionamento com você, de verdade: te chamar pelo seu nome, te beijar, te abraçar, te fazer carinho. Eu queria fazer amor com você, de vez em quando, e não só sexo... e não só dentro do quarto secreto, mas em qualquer lugar onde a gente tivesse vontade. Queria dormir na mesma cama que você, depois de ficar com você deitada no meu peito, enquanto a gente conversasse sobre como tinha sido o nosso dia."
"... eu não po-" Ela tentou falar, mas ele não queria ouvir.
"Mas eu já vi que eu me iludi e que isso não vai acontecer. Você não ter reagido ao meu beijo nem com... sei lá, alguma raiva que fosse, mostrou que você continua no controle, como sempre, então... Só me resta ir embora."
"E pra onde você vai?" Perguntou, demonstrando preocupação genuína.
"Pro meu apartamento."
"Você não entregou o apartamento?"
"O apartamento não era alugado... ele é meu. É o mesmo apartamento em que eu morava com meus pais, e você saberia disso, se não se recusasse a ouvir qualquer coisa sobre a minha vida." Respondeu, sendo mais ríspido do que pretendia, mas não se arrependeu, afinal ele não estava falando nada que não fosse a verdade nua e crua.
"Eu queria muito que você ficasse, . Eu go-gosto muito de v-... de ter você aqui." Ela não conseguiu dizer que gostava dele, era uma coisa realmente difícil para ela. "Eu tenho razões... motivos pra não querer me envolver com ninguém, pra não abrir mão do controle e... Não é pessoal! Você precisa saber disso... entender."
"Eu acredito em você, ." Assegurou, dando um sorriso que não se refletia no semblante. "Eu entendo que é um estilo de vida em que você se apoia... e que gostar de alguém não faz parte dele e pode até atrapalhar. Só que não é o meu estilo, entende? Eu quero alguém que eu possa amar e que possa me amar. Eu era seu... eu SOU seu... e talvez nem seja tão fácil assim eu deixar de ser, aqui dentro." Falou, colocando a mão sobre o peito esquerdo. "Mas, se você nunca vai poder ser minha também, eu preciso me afastar de uma vez, porque só fazer sexo com você é muito pouco pra mim."
Ela não sabia o que dizer, então ficou em silêncio, enquanto ele foi até o quarto que tinha sido seu nos últimos meses, para pegar alguns itens pessoais indispensáveis, como a carteira e as chaves do apartamento. Quando ele voltou, a encontrou sentada no sofá, abraçada às próprias pernas, e sentiu que ela estava verdadeiramente chateada, apesar de não entender por que, uma vez que ela não estava fazendo nada de concreto para fazê-lo mudar de ideia, quando tinha todas as condições para tanto. Ficou tentado a abraçá-la e consolá-la, mas logo se lembrou de que a pessoa apaixonada e não correspondida da história era ele, então ele era quem precisava de carinho e colo, e não ela.
"Eu vou pedir ajuda ao Dean e ao Brad, durante a semana, pra gente deixar o quarto de hóspedes como ele era... e você poder receber seu próximo submisso." Cuspiu a segunda parte, sentindo a garganta arder. O estômago ficava embrulhado quando ele pensava nas implicações do que estava fazendo, em outro homem a observando rebolar em volta do poste de pole dance e vestir as fantasias que ele adorava, nas mãos do outro no corpo dela, na língua da morena passando gelo no abdômen de alguém que não fosse ele.
Ela agradeceu aos céus por estar em um ambiente pouco iluminado, porque sentiu lágrimas nos olhos, e chorar na frente dele era algo impensável. Acenou com a cabeça, concordando com o que ele dissera, mas, na verdade, não se imaginava trazendo um novo submisso ao apartamento tão cedo. Não achava que conseguiria transar com outro cara na jaula onde prendera, horas antes, a sua fera, que parecia então quase totalmente domada, e na qual se juntara a ela, para ser devorada do melhor jeito possível. Não pensava em estrear a cadeira que tinha acabado de adquirir com outro que não fosse o seu bebê de quase dois metros de gostosura.
Assim que ele fechou a porta, ela começou a chorar descontroladamente, como não fazia, e prometera nunca mais fazer, havia anos. Desde a morte da mãe, ela não sentia uma dor e um vazio tão grandes quanto estava sentindo naquele momento, e não conseguiu parar as lágrimas e os soluços nem com o copo de água com açúcar que pegou na cozinha, nem com o programa de TV que tentou ver para se distrair, nem com o colo e o chá de camomila oferecidos por Cora, meia hora depois.
Cora era uma boa pessoa e trabalhava com ela havia alguns anos, mas não era uma amiga a quem ela pudesse contar o que estava acontecendo de fato. Ela sabia, por óbvio, que havia mantido um relacionamento com nos últimos meses, e sabia que eles dormiam em quartos separados e transavam em um quarto bem diferente dos convencionais, com aparatos e fantasias, mas não conhecia os detalhes, as regras que impunha aos rapazes que iam viver com ela. Para todos os efeitos, eles eram pessoas com quem tinha algo como uma amizade colorida.
tentou ligar para as duas melhores amigas, que, além disso, também faziam parte do clube, mas não conseguiu falar com nenhuma delas, que provavelmente estavam se divertindo, como ela mesma estaria agora, se não tivesse saído do quarto irritada, e acabado provocando uma reação em . Então decidiu ir dormir, mas já sentia uma saudade muito grande do homem que tinha acabado de deixar sua casa e sua vida, e só conseguiu adormecer quando optou por se envolver nos lençóis que ainda estavam impregnados pelo cheiro dele, bem forte.
Ainda era bem cedo para seus padrões, quando acordou, pela primeira vez na vida e, por isso mesmo, bastante confusa, na cama redonda do quarto secreto. Verificando que havia bastante tempo ainda, antes da hora de sair de casa para ir para a empresa, preparou um banho de banheira e ficou imersa nele, tentando relaxar. No entanto, este era um objetivo impossível porque seu pensamento estava repleto de e da constatação de que, por causa dela, de seus medos, inseguranças e necessidades, das limitações que ela impunha para tentar controlar a própria vida, ela o havia perdido.
Seguiu, então, com a rotina da manhã, vestindo um terno feminino preto, sobre uma camisa branca, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo, e passando maquiagem suficiente apenas para disfarçar as olheiras e o inchaço provocado pelo choro. Não estava sentindo qualquer vontade de ficar bonita naquela manhã, um pouco porque não havia ninguém por quem ela desejasse ser notada, um pouco por estar querendo, talvez pela primeira vez, parecer tão terrível quanto estava por dentro, por saber que merecia estar assim e querer se punir de alguma forma, como se já não fosse punição suficiente a própria perda.
A última coisa que fez, antes de finalmente entrar no carro com Dean e ir para a Red Rave, foi tomar café da manhã, ingerindo junto algumas vitaminas que costumava tomar, assim como a pílula anticoncepcional da qual tinha começado a fazer uso poucos meses antes, depois de ela e terem feito os exames correspondentes ao pré-nupcial, para que eles pudessem ficar mais livres, não tendo que se preocupar com preservativos. Provavelmente nem iria mais precisar dos pequenos comprimidos, mas preferiu não pensar sobre isso e apenas engoliu um deles, se despedindo de imediato de Cora, antes que, permanecendo mais tempo no apartamento, começasse a chorar de novo.
No entanto, seu dia não ficou nem um pouco mais fácil quando ela chegou ao escritório. Entre as muitas reuniões para as quais ir, os inúmeros telefonemas para atender, as várias mensagens para responder e as incontáveis ordens para dar a seus subordinados, uma preocupação ganhou destaque, quando um dos diretores chegou à sua sala, informando-lhe de que o departamento de recursos humanos havia recebido uma certa de demissão do chefe da contabilidade.
"O rapaz está aqui há pouco tempo, mas ele é excelente funcionário! Veio com várias recomendações e tem feito um trabalho notável. O RH foi instruído pra sempre informar a mim ou à Dafne quando houver pedido de demissão de qualquer pessoa com cargo de chefia, justamente porque a gente tenta negociar, mas eu estive com ele e ele está irredutível, apesar de não apresentar uma razão específica pra estar nos deixando."
"O que ele disse?" Ela perguntou, fingindo curiosidade, pois conhecia muito bem os motivos dele e, ao mesmo tempo, sabia que ele não falaria a verdade a ninguém.
"Disse que são motivos pessoais apenas e... , não me leve a mal, mas a Dafne me disse que alguns funcionários comentam que ele e você são próximos... que ele vem muito à sua sala. Mas, se vocês são amigos, seria mais um motivo para ele ficar..."
"Nós somos próximos." Ela achou melhor não negar, pois levantaria mais suspeitas do que dizer que eles tinham se tornado amigos. "E ele está mesmo com problemas pessoais, mas eu tinha esperanças de que ele não saísse da empresa por causa deles e... ainda tenho. Você pode pedir que tragam a carta pra mim?"
"É claro!" O diretor disse, já se levantando. "Nos vemos mais tarde, na reunião com a Marion e o Gerard."
não parou de pensar em uma maneira de convencer a ficar pelo menos na empresa, durante todo o dia, e de ler e reler a carta dele, apesar de esta não dizer realmente nada interessante, uma vez que ela chegou à sua sala. Porém, arranjando um tempo no meio da tarde e conseguindo falar, finalmente, com as melhores amigas, marcou um encontro com elas à noite no clube e decidiu só conversar com no dia seguinte.
Somente Kitty e Harmony seriam capazes de entender o que ela estava passando e, compreendendo, talvez elas pudessem jogar uma luz não muito longe dentro do túnel.
"?" chamou a garota, tirando-a da espécie de transe em que ficara.
"O que?" Ela tentou parecer indiferente ao que tinha acontecido.
"Fa-fala alguma coisa... FAZ alguma coisa! Grita comigo, me xinga, me dá um tapa na cara, qualquer coisa... mas tem alguma reação, pelo amor de Deus!" Pediu, nervoso e irritado com tanta frieza.
"É claro que eu vou fazer." Respondeu, séria. "Você pode ter certeza que vai receber um bom castigo por isso, ! Você sabe muito bem que quebrou uma das regras mais importantes pra mim e... eu não posso simplesmente te castigar como eu castigo quando você fala meu nome ou chega atrasado aos nossos encontros. Até porque já ficou claro que você faz muitas vezes de propósito, porque gosta daquele tipo de castigo, e eu tenho que te desencorajar totalmente em relação..."
"Não, você não vai." Ele a interrompeu, decidido.
"O que?" Ela perguntou, confusa.
"Me castigar. Você não vai." Esclareceu. "Eu a-agora sei muito bem que, pra o dominador castigar o submisso, ele tem que aceitar o castigo... tem que concordar que merece ser castigado. E, honestamente, , eu não concordo! Eu não acho que tenha sido errado te beijar, quando era uma das coisas que eu mais queria, desde que eu conheci você."
"Mas é uma das minhas regras!" Foi a vez dela de interromper o raciocínio dele, exaltada.
"Eu sei." Ele disse, suspirando, cansado. "E é por isso também que você não vai me castigar... porque eu não tenho mais regra nenhuma a cumprir. Eu não sou mais seu submisso." Informou.
"Como assim, ?" Questionou, rindo nervosamente. "Você não pode..."
"É claro que eu posso! Você mesma disse! Você me disse que eu poderia desistir, a qualquer momento, e é isso que eu to fazendo: desistindo."
"... bebê, por favor." Pediu, passando a mão no braço dele, que se esquivou, evitando o olhar dela. "Olha pra mim, ." Ele acabou por fazê-lo, por puro hábito de obedecer. "Tá tudo bem se você não quer o castigo dessa vez. A gente esquece isso! Você tem razão: se você não aceita o castigo, ele não faz parte do jogo."
"Não se trata só desse castigo, . São... muitas coisas. Eu não quero mais ser seu submisso. Na verdade, eu nunca quis." Declarou, abandonando de vez a formalidade de chamá-la pelo sobrenome.
"Mas você aceitou!" Praticamente gritou.
"Eu aceitei. É claro que eu aceitei. Você não me deu muita escolha! Era isso ou nada... e eu queria você. Se era o único jeito de ficar com você, eu precisava fazer isso e ver o que ia acontecer... e talvez..."
"Você tem planejado isso, não é? Deixar de ser meu sub? Foi por isso que você mudou... que você largou os óculos, as roupas antiquadas... foi fazer fono pra deixar de ser gago, terapia pra acabar com a timidez."
"Eu mudei, em primeiro lugar, porque você me fez mudar, mesmo não percebendo e muito menos querendo isso. Foi você quem me deu a autoestima, a autoconfiança que me faltava. Foi você quem me fez entrar em contato com um lado meu que eu não conhecia e a terapia só complementou isso." Ele assegurou. "E as mudanças externas... tirar os óculos, usar umas roupas mais legais, um corte de cabelo mais condizente com a minha idade, fazer questão de tratar a gagueira: isso tudo foi consequência de ter muda-"
"Isso não é verdade. Você tava pensando em tudo." Acusou.
"Eu não vou e nem ia negar... eu também queria mostrar pra você!" Concordou. "Eu tinha a esperança ridícula de que, sem as características que você mesma listou, você deixasse de me ver como submisso e... me visse como um homem."
"Eu te vejo como um homem..."
"Um homem?" Ele riu, sarcástico.
"Eu não entendo, ." Ela afirmou, sincera. "Por mais que eu visse as suas mudanças, eu... Eu não tinha medo que você me deixasse, porque você parecia gostar... e gostar muito!"
"Eu gosto do que a gente faz no quarto secreto ou no seu escritório, quando você não aguenta esperar e me chama no meio da tarde. Eu gosto do sexo, das fantasias, dos jogos... de nós dois indo até os nossos limites, aguçando os sentidos um do outro, provocando e..." Ele respirou profundamente. "...eu go-gosto porque é com você. Você! E eu sempre quis você, de uma maneira..." Passou as mãos pelo rosto, respirando fundo de novo. "Mas eu não gosto de ser como uma marionete!"
"Você sabia que iria ser assim, ! O que você queria de mim?" Disse, sentindo uma impotência muito grande, por perceber que ele estava falando sério sobre deixar de ser seu sub.
"Eu já disse. Eu sabia, mas eu tinha esperanças de que, aos poucos, convivendo comigo, vendo as minhas mudanças, você me visse de um outro jeito... você sentisse alguma coisa por mim. Eu queria ter um relacionamento com você, de verdade: te chamar pelo seu nome, te beijar, te abraçar, te fazer carinho. Eu queria fazer amor com você, de vez em quando, e não só sexo... e não só dentro do quarto secreto, mas em qualquer lugar onde a gente tivesse vontade. Queria dormir na mesma cama que você, depois de ficar com você deitada no meu peito, enquanto a gente conversasse sobre como tinha sido o nosso dia."
"... eu não po-" Ela tentou falar, mas ele não queria ouvir.
"Mas eu já vi que eu me iludi e que isso não vai acontecer. Você não ter reagido ao meu beijo nem com... sei lá, alguma raiva que fosse, mostrou que você continua no controle, como sempre, então... Só me resta ir embora."
"E pra onde você vai?" Perguntou, demonstrando preocupação genuína.
"Pro meu apartamento."
"Você não entregou o apartamento?"
"O apartamento não era alugado... ele é meu. É o mesmo apartamento em que eu morava com meus pais, e você saberia disso, se não se recusasse a ouvir qualquer coisa sobre a minha vida." Respondeu, sendo mais ríspido do que pretendia, mas não se arrependeu, afinal ele não estava falando nada que não fosse a verdade nua e crua.
"Eu queria muito que você ficasse, . Eu go-gosto muito de v-... de ter você aqui." Ela não conseguiu dizer que gostava dele, era uma coisa realmente difícil para ela. "Eu tenho razões... motivos pra não querer me envolver com ninguém, pra não abrir mão do controle e... Não é pessoal! Você precisa saber disso... entender."
"Eu acredito em você, ." Assegurou, dando um sorriso que não se refletia no semblante. "Eu entendo que é um estilo de vida em que você se apoia... e que gostar de alguém não faz parte dele e pode até atrapalhar. Só que não é o meu estilo, entende? Eu quero alguém que eu possa amar e que possa me amar. Eu era seu... eu SOU seu... e talvez nem seja tão fácil assim eu deixar de ser, aqui dentro." Falou, colocando a mão sobre o peito esquerdo. "Mas, se você nunca vai poder ser minha também, eu preciso me afastar de uma vez, porque só fazer sexo com você é muito pouco pra mim."
Ela não sabia o que dizer, então ficou em silêncio, enquanto ele foi até o quarto que tinha sido seu nos últimos meses, para pegar alguns itens pessoais indispensáveis, como a carteira e as chaves do apartamento. Quando ele voltou, a encontrou sentada no sofá, abraçada às próprias pernas, e sentiu que ela estava verdadeiramente chateada, apesar de não entender por que, uma vez que ela não estava fazendo nada de concreto para fazê-lo mudar de ideia, quando tinha todas as condições para tanto. Ficou tentado a abraçá-la e consolá-la, mas logo se lembrou de que a pessoa apaixonada e não correspondida da história era ele, então ele era quem precisava de carinho e colo, e não ela.
"Eu vou pedir ajuda ao Dean e ao Brad, durante a semana, pra gente deixar o quarto de hóspedes como ele era... e você poder receber seu próximo submisso." Cuspiu a segunda parte, sentindo a garganta arder. O estômago ficava embrulhado quando ele pensava nas implicações do que estava fazendo, em outro homem a observando rebolar em volta do poste de pole dance e vestir as fantasias que ele adorava, nas mãos do outro no corpo dela, na língua da morena passando gelo no abdômen de alguém que não fosse ele.
Ela agradeceu aos céus por estar em um ambiente pouco iluminado, porque sentiu lágrimas nos olhos, e chorar na frente dele era algo impensável. Acenou com a cabeça, concordando com o que ele dissera, mas, na verdade, não se imaginava trazendo um novo submisso ao apartamento tão cedo. Não achava que conseguiria transar com outro cara na jaula onde prendera, horas antes, a sua fera, que parecia então quase totalmente domada, e na qual se juntara a ela, para ser devorada do melhor jeito possível. Não pensava em estrear a cadeira que tinha acabado de adquirir com outro que não fosse o seu bebê de quase dois metros de gostosura.
Assim que ele fechou a porta, ela começou a chorar descontroladamente, como não fazia, e prometera nunca mais fazer, havia anos. Desde a morte da mãe, ela não sentia uma dor e um vazio tão grandes quanto estava sentindo naquele momento, e não conseguiu parar as lágrimas e os soluços nem com o copo de água com açúcar que pegou na cozinha, nem com o programa de TV que tentou ver para se distrair, nem com o colo e o chá de camomila oferecidos por Cora, meia hora depois.
Cora era uma boa pessoa e trabalhava com ela havia alguns anos, mas não era uma amiga a quem ela pudesse contar o que estava acontecendo de fato. Ela sabia, por óbvio, que havia mantido um relacionamento com nos últimos meses, e sabia que eles dormiam em quartos separados e transavam em um quarto bem diferente dos convencionais, com aparatos e fantasias, mas não conhecia os detalhes, as regras que impunha aos rapazes que iam viver com ela. Para todos os efeitos, eles eram pessoas com quem tinha algo como uma amizade colorida.
tentou ligar para as duas melhores amigas, que, além disso, também faziam parte do clube, mas não conseguiu falar com nenhuma delas, que provavelmente estavam se divertindo, como ela mesma estaria agora, se não tivesse saído do quarto irritada, e acabado provocando uma reação em . Então decidiu ir dormir, mas já sentia uma saudade muito grande do homem que tinha acabado de deixar sua casa e sua vida, e só conseguiu adormecer quando optou por se envolver nos lençóis que ainda estavam impregnados pelo cheiro dele, bem forte.
Ainda era bem cedo para seus padrões, quando acordou, pela primeira vez na vida e, por isso mesmo, bastante confusa, na cama redonda do quarto secreto. Verificando que havia bastante tempo ainda, antes da hora de sair de casa para ir para a empresa, preparou um banho de banheira e ficou imersa nele, tentando relaxar. No entanto, este era um objetivo impossível porque seu pensamento estava repleto de e da constatação de que, por causa dela, de seus medos, inseguranças e necessidades, das limitações que ela impunha para tentar controlar a própria vida, ela o havia perdido.
Seguiu, então, com a rotina da manhã, vestindo um terno feminino preto, sobre uma camisa branca, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo, e passando maquiagem suficiente apenas para disfarçar as olheiras e o inchaço provocado pelo choro. Não estava sentindo qualquer vontade de ficar bonita naquela manhã, um pouco porque não havia ninguém por quem ela desejasse ser notada, um pouco por estar querendo, talvez pela primeira vez, parecer tão terrível quanto estava por dentro, por saber que merecia estar assim e querer se punir de alguma forma, como se já não fosse punição suficiente a própria perda.
A última coisa que fez, antes de finalmente entrar no carro com Dean e ir para a Red Rave, foi tomar café da manhã, ingerindo junto algumas vitaminas que costumava tomar, assim como a pílula anticoncepcional da qual tinha começado a fazer uso poucos meses antes, depois de ela e terem feito os exames correspondentes ao pré-nupcial, para que eles pudessem ficar mais livres, não tendo que se preocupar com preservativos. Provavelmente nem iria mais precisar dos pequenos comprimidos, mas preferiu não pensar sobre isso e apenas engoliu um deles, se despedindo de imediato de Cora, antes que, permanecendo mais tempo no apartamento, começasse a chorar de novo.
No entanto, seu dia não ficou nem um pouco mais fácil quando ela chegou ao escritório. Entre as muitas reuniões para as quais ir, os inúmeros telefonemas para atender, as várias mensagens para responder e as incontáveis ordens para dar a seus subordinados, uma preocupação ganhou destaque, quando um dos diretores chegou à sua sala, informando-lhe de que o departamento de recursos humanos havia recebido uma certa de demissão do chefe da contabilidade.
"O rapaz está aqui há pouco tempo, mas ele é excelente funcionário! Veio com várias recomendações e tem feito um trabalho notável. O RH foi instruído pra sempre informar a mim ou à Dafne quando houver pedido de demissão de qualquer pessoa com cargo de chefia, justamente porque a gente tenta negociar, mas eu estive com ele e ele está irredutível, apesar de não apresentar uma razão específica pra estar nos deixando."
"O que ele disse?" Ela perguntou, fingindo curiosidade, pois conhecia muito bem os motivos dele e, ao mesmo tempo, sabia que ele não falaria a verdade a ninguém.
"Disse que são motivos pessoais apenas e... , não me leve a mal, mas a Dafne me disse que alguns funcionários comentam que ele e você são próximos... que ele vem muito à sua sala. Mas, se vocês são amigos, seria mais um motivo para ele ficar..."
"Nós somos próximos." Ela achou melhor não negar, pois levantaria mais suspeitas do que dizer que eles tinham se tornado amigos. "E ele está mesmo com problemas pessoais, mas eu tinha esperanças de que ele não saísse da empresa por causa deles e... ainda tenho. Você pode pedir que tragam a carta pra mim?"
"É claro!" O diretor disse, já se levantando. "Nos vemos mais tarde, na reunião com a Marion e o Gerard."
não parou de pensar em uma maneira de convencer a ficar pelo menos na empresa, durante todo o dia, e de ler e reler a carta dele, apesar de esta não dizer realmente nada interessante, uma vez que ela chegou à sua sala. Porém, arranjando um tempo no meio da tarde e conseguindo falar, finalmente, com as melhores amigas, marcou um encontro com elas à noite no clube e decidiu só conversar com no dia seguinte.
Somente Kitty e Harmony seriam capazes de entender o que ela estava passando e, compreendendo, talvez elas pudessem jogar uma luz não muito longe dentro do túnel.
Capítulo 10
estacionou o Maybach Landaulet novíssimo e branquíssimo, que tinha feito questão de dirigir, em sua vaga privativa no estacionamento da mansão na qual funcionava o clube BDSM, entre o Karmanguia vermelho de colecionador de Harmony e o Range Rover preto de Kitty. Saltou do carro e, apesar de tudo, conseguiu sorrir, observando o quanto os modelos dos automóveis refletiam bem as personalidades que suas melhores amigas e ela assumiam ao visitar aquele lugar.
A mansão era enorme e gritava luxo, tanto quando vista pelo lado de fora quanto em cada um de seus cômodos abertos aos sócios. No andar mais alto, havia quartos com tratamento acústico onde podia ser praticada a dominação sexual, mas dentro do imóvel existiam também bares, restaurante, salas privativas para conversar em grupo, salas de jogos, saunas e piscinas aquecidas, como em um clube de luxo comum. Era, enfim, um espaço de interação, para que pessoas que tinham algo peculiar em comum pudessem se conhecer ou, simplesmente, falar sobre as suas inusitadas preferências, o que normalmente só podiam fazer umas com as outras.
A Srta. caminhou até uma das salas privativas, que já tinha sido reservada, mais cedo, para que ela pudesse conversar com Kitty e Harmony, uma vez que este era o objetivo de sua visita, e não conhecer alguém ou participar de qualquer jogo erótico. Ela precisava de Kitty, que era dominadora como ela, e também tinha ingressado naquele mundo por causa de traumas do passado, para entender o que estava acontecendo com seus sentimentos, e de Harmony, que era submissa no sexo, para tentar compreender o que deveria estar sentindo.
É claro que qualquer mulher na situação dela recorreria a amigas ao passar por um impasse em seu relacionamento, mas, no caso dela, era fundamental que suas melhores amigas fizessem parte do clube, porque o relacionamento conturbado não era do tipo convencional e ela imaginava que os conselhos convencionais não se aplicariam. Nunca fora tão grata por ter conhecido as duas logo em sua primeira visita ao clube, quando levada por um rapaz com quem tinha iniciado um relacionamento e que, diferentemente de todos os outros, que apenas se afastavam, ao perceber que ela só sentia prazer quando ficava no controle, decidira apresentar-lhe o lugar certo, onde encontraria as pessoas certas.
Ao chegar à iluminada sala, decorada com sofás e poltronas de camurça marfim e mesas de mogno bem escuro com tampos em mármore rosado, encontrou Kitty, com seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto, os olhos destacados por uma maquiagem escura e os lábios propositalmente pálidos, o corpo desenhado por um macacão de couro todo justo com estampa de cobra, e um scarpin preto bastante alto nos pés. Cumprimentou a garota com um abraço e se dirigiu a Harmony, que contrastava com a amiga em tudo, a começar pelos cabelos muito escuros, que estavam soltos e arrumados em ondas, passando pela maquiagem, cujo destaque maior era do batom vermelho, e terminando na roupa, que completava o visual no estilo pin-up: um tomara que caia branco com bolinhas pretas de saia godê, com um cinto amarelo de verniz marcando a cintura, e um par de peep toes com as três cores nos pés.
Se Kitty e tinham convivido desde muito cedo com a tirania masculina e, por essa razão, tinham acabado se encontrando ao assumir posições de dominadoras em suas relações, Harmony, por sua vez, buscara se colocar na posição de submissa e acessar o seu lado mais feminino possível por meio do clube, porque assumira muito jovem uma posição que lhe exigia uma postura um tanto masculina, ao entrar para o exército dos Estados Unidos da América. Quando não estava vestida com uniformes escuros ou camuflados, e dirigindo jipes, fazia questão de se embonecar ao máximo e dirigia até o clube em seu carrinho vermelho de estofado em couro branco, para tomar drinques doces, coloridos e enfeitados e ter certeza de que ainda era uma dama.
"Então, qual era a emergência?" Foi a própria Harmony quem perguntou, após os cumprimentos.
"Parece ser sério!" Kitty disse, sem disfarçar que estava olhando a amiga de cima a baixo e estranhando seu pouco preparo para visitar o clube.
normalmente usaria vestidos sensuais e sofisticados, com grandes decotes e fendas, ou transparências que sugeriam mais do que mostravam. Se fosse o caso de ter um encontro privado com um sub, traria as fantasias em uma bolsa, mantendo o ar requintado nos ambientes públicos do local. Naquela noite, no entanto, estava usando uma calça jeans escura justa no corpo, com uma camiseta preta de seda e ankle boots. Ainda estava mais sexy, linda e elegante do que a maior parte das mulheres que Kitty conhecia, mas estava casual, como se elas estivessem em um bar convencional ou em alguma das muitas viagens que tinham feito, para praticar esportes radicais ao redor do mundo.
"É sério." Suspirou, se jogando em uma poltrona. "É bem sério!"
"Fala! Você tá me deixando preocupada." Pediu Harm e Kitty concordou, balançando a cabeça.
"Meu sub me deixou e isso me abalou... e isso nunca tinha acontecido antes."
"Como assim abalou?" Foi a vez de Kitty questionar.
"Abalou... de verdade. Mexeu comigo!" As amigas continuavam com um semblante questionador. "Eu... sinto falta dele." Respirou pesadamente. "Eu até chorei." Acrescentou, realmente baixo, enterrando o rosto entre as mãos.
"O que?" Ouviu uma delas perguntar, não por espanto, mas por não ter mesmo escutado.
"EU CHOREI, DROGA!" Gritou. "Eu simplesmente comecei a chorar, que nem uma louca, descontrolada, quando ele foi embora." As duas amigas se entreolharam, enquanto mantinha os olhos grudados no chão acarpetado.
"Você tá apaixonada." Harmony disse, com cuidado.
"O QUE?" gritou de novo. "Não, eu não posso!" Sacudiu a cabeça, negando, nervosamente. "Eu não posso. Eu NÃO posso!" Continuou a negar e se levantou, caminhando de um lado para o outro. "Eu fiz tudo certo! Eu não deixei ele me beijar... eu... não deixei ele me chamar pelo meu nome... eu não dormi com ele... eu não sei quase nada sobre ele." Então, ela parou e olhou para Kitty. "Eu fiz tudo que a gente aprendeu aqui... eu juro!"
", você não precisa jurar nada pra gente... eu acredito que você tenha seguido as regras." A loira assegurou. "E, mesmo que não tivesse seguido, você não tem esse tipo de obrigação e eu jamais te criticaria!"
"Mas eu segui!"
"Eu sei, amiga." A outra levantou-se e a pegou pelas mãos, levando-a até a poltrona, para que pudesse sentar-se novamente. "Eu acredito em você, porque sei o quanto era importante pra você se manter no controle." Continuou. "Só que todas essas regrinhas... de não beijar, evitar carinhos, conversas e tudo mais... são pra tentar manter o submisso e o dominador cada um na sua posição, TENTAR evitar um envolvimento, porque os sentimentos podem fazer com que os papéis deixem de ser assim tão bem determinados."
"E eu segui todas elas, justamente porque eu preciso que os nossos papéis estejam muito bem determinados." Reforçou, aflita.
"Sim, mas você não me ouviu? Eu falei TENTAR!" Afirmou e a olhou, confusa. ", nós somos seres humanos! Mesmo que você siga um monte de regras e tente se proteger, você sempre pode gostar de alguém... se apaixonar por alguém."
"Isso não podia ter acontecido." Disse, não negando mais. Sentiu um nó na garganta e as lágrimas querendo cair de seus olhos.
"Por que ele foi embora, ?" Harmony perguntou, se aproximando e segurando as mãos dela, com carinho. "Você disse pra ele que estava gostando dele..."
"Não!" Interrompeu, antes que a outra pudesse sequer concluir. "Não, muito pelo contrário. Ele me beijou e..."
Então contou todos os detalhes sobre , sobre como tinha convidado um rapaz que nunca tinha sido submisso para sê-lo, sobre quanto ele tinha mudado ao longo do tempo, sobre tudo que ele havia falado antes de deixar sua casa, sobre o pedido de demissão dele e, enfim, sobre como estava se sentindo mal por não tê-lo mais como submisso, depois de passar os melhores meses de toda a sua vida, sem ter se dado conta.
"Eu não sei o que fazer sem ele." Afirmou, enfim. "Mas também não sei lidar com gostar de alguém! Eu nunca quis isso pra minha vida... isso me apavora!"
", o não é o seu padrasto... e, por tudo que você contou sobre ele, ele não é nem um pouco do tipo do seu padrasto." Harmony comentou.
"Desculpe, Harm, eu sei que você quer ajudar, mas... pra você é diferente! Você foi criada por pais amorosos, que são casados até hoje... sua mãe e seu pai sempre cuidaram de tudo juntos... os dois trabalhando fora, os dois presentes na vida dos filhos. Seu pai apoiou sua ida pro exército... ele é quase um feminista." Riu, mas logo em seguida retomou o tom sério. "Você é tão bem resolvida com isso que você vem pra cá pra brincar de ser objeto sexual."
Harmony não ficou chateada com e até entendeu. Realmente, para ela, era mais uma questão de ter um lugar para ser feminina, de ter homens que a vissem como mulher, e não como uma superior cujas ordens obedeciam ou como uma subordinada a quem dar ordens, de poder ficar bonita, usar maquiagem, roupas alegres. Os jogos sexuais eram muito legais, mas apenas isso, pois não representavam nenhum refúgio. Ela era realmente bem resolvida, tanto que, ao contrário das amigas, que sempre foram somente dominadoras, ela já tinha brincado nas duas posições, entre quatro paredes. Talvez estivesse mesmo subestimando o problema de , então preferiu apenas segurar ainda mais forte e fazer carinho nas costas das mãos dela.
"Pois eu concordo com a Harm." Foi a vez de Kitty falar. "O não é nenhum daqueles machistas idiotas e perigosos que passaram pelas nossas vidas. Se você se apaixonou por ele, e ele também tá apaixonado por você, talvez tenha chegado a hora de você deixar de se esconder aqui, ."
"E fazer o que? Ter uma relação com ele? Namorar?" Questionou, como se estivesse falando de algo extremamente absurdo.
"E por que não, amiga? Talvez a vida esteja te apresentando uma chance única."
"Você tá me dizendo isso porque não é com você." Indignou-se.
"Não." Contrariou, séria. "Na verdade, eu to te dizendo isso porque eu QUERIA que fosse comigo." Ela encarou os olhos arregalados da morena. "Eu não quero mais essa vida, . Eu gosto dos brinquedos sexuais e acho que eu sempre vou gostar de me vestir assim, de vez em quando." Riu. "Mas não quero mais uma relação onde eu mando em alguém... aliás, tem tempo que eu não quero."
"Como?"
"Eu me apaixonei por um sub também, mas eu não tive a mesma sorte que você e... ele não se apaixonou por mim." Deu de ombros."Foi aí que eu vi que, enquanto eu investir nesse tipo de relação, eu vou estar investindo em não me envolver e... eu quero amar, ter uma família um dia."
"Em tese em concordo, mas... eu tenho MEDO! Os homens me dão medo." Respirou com dificuldade.
", eu também tive medo durante muito tempo! Eu entendo você. Mas a terapia e o convívio com amigos me mostraram que nem todo homem é que nem o Bob." Disse, se referindo ao irmão de uma colega de escola que havia abusado dela sexualmente, quando estava entrando na adolescência.
"Você tem uma escolha a fazer, amiga." Harmony ousou voltar a participar da conversa. "Você é a única que pode decidir entre enfrentar o medo e... perder o e continuar vivendo uma vida superficial."
"É... porque tá claro que ele quer você." Kitty concordou. "Mas ele quer você inteira... e não só uma pequena parte."
O que as amigas disseram fez ficar pensativa pelo resto da noite, enquanto elas tomavam alguns drinques e falavam de outros assuntos, como a recente promoção de Harmony a coronel e o exame que Kitty tinha feito em um leão, na semana anterior, o que só fez pensar ainda mais em e na jaula nova, que eles tinham planejado usar juntos muitas vezes e agora parecia condenada a ficar obsoleta.
Eram mais ou menos onze e meia quando elas saíram do clube e não passava de meia noite e dez quando chegou a um edifício baixo e antigo, localizado em um dos poucos bairros totalmente residenciais da Filadélfia. Era bem diferente do arranha-céu onde morava, localizado mais perto da Market Street, onde ficavam os escritórios da empresa. Lembrava a ela o lugar onde tinha crescido, mas especialmente chamava atenção por ter o mesmo charme despretensioso da pessoa que ela tinha ido ver ali.
Não fora tão difícil conseguir o endereço, a não ser que consideremos difícil acordar o rapaz que trabalha há algum tempo como motorista e segurança da pessoa, e fazê-lo ir até o carro, estacionado vários andares abaixo, para procurar um registro no GPS. Fora mais fácil ainda chegar até lá, tendo um automóvel como o dela, também com sistema de posicionamento global disponível. Complicada, provavelmente, iria ser a conversa que ela teria com o morador do apartamento 202.
demorou para atender o interfone porque achou até que estava delirando ou que alguém tinha tocado por engano. Diante da insistência, no entanto, caminhou até o aparelho, esfregando os olhos e bocejando. Tinha acabado de pegar no sono e já estava xingando pelo menos as três próximas gerações de quem quer que estivesse ligando para seu apartamento, porque tinha sido uma tarefa muito difícil adormecer e, depois que ele falasse, previa que horas de insônia pensando em viriam, mais uma vez, como na noite anterior.
O rapaz, a princípio, duvidou dos próprios ouvidos quando a pessoa que tocara se identificou, dizendo ser , mas apertou o botão que abria o portão do edifício, porque a voz era, sem dúvida, dela, e ele, então, passou de confuso e sonolento a preocupado. Por que ela teria ido até aquele ponto da cidade, ainda mais àquela hora da noite, para falar com ele? O que poderia ser tão urgente?
", o que houve? O que você tá fazendo aqui?" Perguntou, sem hesitar, quando ela finalmente apareceu em frente à sua porta já aberta.
"Será que eu posso entrar?" Pediu, muito mais humildemente do que de costume.
"É... claro! Me desculpa." Chegou para o lado e apontou com um dos braços para dentro.
"O que é isso aqui, ?" Questionou, retoricamente, mostrando-lhe a carta de demissão que ele enviara ao RH, depois que ele fechou a porta e se virou em sua direção. "Por que isso? Você não precisa..."
"É claro que eu preciso!" Ele foi rápido em afirmar. "Você nunca vai entender que eu preciso ficar longe de você?" Enervou-se.
"Eu não aceito isso, !" Retorquiu, séria. "Eu NÃO aceito seu pedido de demissão."
"Não aceita?" Riu, irônico. "Você sabia que pedido é só uma maneira de dizer, né? Que essa carta é um aviso e... eu tenho todo o direito de não trabalhar pra alguém com quem eu não quero trabalhar, certo?"
"Errado!" Teimou. "Completamente errado! Você é um ótimo funcionário e vai continuar trabalhando na minha empresa." Desafiou, se aproximando perigosamente dele, que não estava entendendo nada! Será que ela estava achando que poderia seduzi-lo e fazer com que ele continuasse sendo seu funcionário na empresa e também seu sub? Se era disso que se tratava a ida dela à casa dele, ela estava enganada e perdendo tempo! Ele havia demorado a tomar uma decisão, mas, agora que o tinha feito, não voltaria atrás.
"Eu já disse, ." Sequer percebeu o apelido escapar, ao sentir as mãos dela repousarem com leveza em seu peito e os olhos dela encararem os seus, com um brilho diferente daquele cheio de malícia que ela costumava lhe lançar. "Eu já expliquei que preciso ficar longe de você."
"Isso é outra coisa que eu..." Respirou fundo e se encheu de uma coragem que não sabia ter. "Eu não consigo aceitar, ." Declarou, ficando nas pontas dos pés o mais alto que pode, e puxando o pescoço dele, para colar seus lábios mais uma vez.
Dessa vez, os dois viveram juntos os segundos mais longos de suas vidas. Ele, porque não sabia exatamente o que aquela iniciativa de significava, e ela, por não ter a menor ideia de que tipo de reação poderia esperar dele, depois de tudo.
A mansão era enorme e gritava luxo, tanto quando vista pelo lado de fora quanto em cada um de seus cômodos abertos aos sócios. No andar mais alto, havia quartos com tratamento acústico onde podia ser praticada a dominação sexual, mas dentro do imóvel existiam também bares, restaurante, salas privativas para conversar em grupo, salas de jogos, saunas e piscinas aquecidas, como em um clube de luxo comum. Era, enfim, um espaço de interação, para que pessoas que tinham algo peculiar em comum pudessem se conhecer ou, simplesmente, falar sobre as suas inusitadas preferências, o que normalmente só podiam fazer umas com as outras.
A Srta. caminhou até uma das salas privativas, que já tinha sido reservada, mais cedo, para que ela pudesse conversar com Kitty e Harmony, uma vez que este era o objetivo de sua visita, e não conhecer alguém ou participar de qualquer jogo erótico. Ela precisava de Kitty, que era dominadora como ela, e também tinha ingressado naquele mundo por causa de traumas do passado, para entender o que estava acontecendo com seus sentimentos, e de Harmony, que era submissa no sexo, para tentar compreender o que deveria estar sentindo.
É claro que qualquer mulher na situação dela recorreria a amigas ao passar por um impasse em seu relacionamento, mas, no caso dela, era fundamental que suas melhores amigas fizessem parte do clube, porque o relacionamento conturbado não era do tipo convencional e ela imaginava que os conselhos convencionais não se aplicariam. Nunca fora tão grata por ter conhecido as duas logo em sua primeira visita ao clube, quando levada por um rapaz com quem tinha iniciado um relacionamento e que, diferentemente de todos os outros, que apenas se afastavam, ao perceber que ela só sentia prazer quando ficava no controle, decidira apresentar-lhe o lugar certo, onde encontraria as pessoas certas.
Ao chegar à iluminada sala, decorada com sofás e poltronas de camurça marfim e mesas de mogno bem escuro com tampos em mármore rosado, encontrou Kitty, com seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto, os olhos destacados por uma maquiagem escura e os lábios propositalmente pálidos, o corpo desenhado por um macacão de couro todo justo com estampa de cobra, e um scarpin preto bastante alto nos pés. Cumprimentou a garota com um abraço e se dirigiu a Harmony, que contrastava com a amiga em tudo, a começar pelos cabelos muito escuros, que estavam soltos e arrumados em ondas, passando pela maquiagem, cujo destaque maior era do batom vermelho, e terminando na roupa, que completava o visual no estilo pin-up: um tomara que caia branco com bolinhas pretas de saia godê, com um cinto amarelo de verniz marcando a cintura, e um par de peep toes com as três cores nos pés.
Se Kitty e tinham convivido desde muito cedo com a tirania masculina e, por essa razão, tinham acabado se encontrando ao assumir posições de dominadoras em suas relações, Harmony, por sua vez, buscara se colocar na posição de submissa e acessar o seu lado mais feminino possível por meio do clube, porque assumira muito jovem uma posição que lhe exigia uma postura um tanto masculina, ao entrar para o exército dos Estados Unidos da América. Quando não estava vestida com uniformes escuros ou camuflados, e dirigindo jipes, fazia questão de se embonecar ao máximo e dirigia até o clube em seu carrinho vermelho de estofado em couro branco, para tomar drinques doces, coloridos e enfeitados e ter certeza de que ainda era uma dama.
"Então, qual era a emergência?" Foi a própria Harmony quem perguntou, após os cumprimentos.
"Parece ser sério!" Kitty disse, sem disfarçar que estava olhando a amiga de cima a baixo e estranhando seu pouco preparo para visitar o clube.
normalmente usaria vestidos sensuais e sofisticados, com grandes decotes e fendas, ou transparências que sugeriam mais do que mostravam. Se fosse o caso de ter um encontro privado com um sub, traria as fantasias em uma bolsa, mantendo o ar requintado nos ambientes públicos do local. Naquela noite, no entanto, estava usando uma calça jeans escura justa no corpo, com uma camiseta preta de seda e ankle boots. Ainda estava mais sexy, linda e elegante do que a maior parte das mulheres que Kitty conhecia, mas estava casual, como se elas estivessem em um bar convencional ou em alguma das muitas viagens que tinham feito, para praticar esportes radicais ao redor do mundo.
"É sério." Suspirou, se jogando em uma poltrona. "É bem sério!"
"Fala! Você tá me deixando preocupada." Pediu Harm e Kitty concordou, balançando a cabeça.
"Meu sub me deixou e isso me abalou... e isso nunca tinha acontecido antes."
"Como assim abalou?" Foi a vez de Kitty questionar.
"Abalou... de verdade. Mexeu comigo!" As amigas continuavam com um semblante questionador. "Eu... sinto falta dele." Respirou pesadamente. "Eu até chorei." Acrescentou, realmente baixo, enterrando o rosto entre as mãos.
"O que?" Ouviu uma delas perguntar, não por espanto, mas por não ter mesmo escutado.
"EU CHOREI, DROGA!" Gritou. "Eu simplesmente comecei a chorar, que nem uma louca, descontrolada, quando ele foi embora." As duas amigas se entreolharam, enquanto mantinha os olhos grudados no chão acarpetado.
"Você tá apaixonada." Harmony disse, com cuidado.
"O QUE?" gritou de novo. "Não, eu não posso!" Sacudiu a cabeça, negando, nervosamente. "Eu não posso. Eu NÃO posso!" Continuou a negar e se levantou, caminhando de um lado para o outro. "Eu fiz tudo certo! Eu não deixei ele me beijar... eu... não deixei ele me chamar pelo meu nome... eu não dormi com ele... eu não sei quase nada sobre ele." Então, ela parou e olhou para Kitty. "Eu fiz tudo que a gente aprendeu aqui... eu juro!"
", você não precisa jurar nada pra gente... eu acredito que você tenha seguido as regras." A loira assegurou. "E, mesmo que não tivesse seguido, você não tem esse tipo de obrigação e eu jamais te criticaria!"
"Mas eu segui!"
"Eu sei, amiga." A outra levantou-se e a pegou pelas mãos, levando-a até a poltrona, para que pudesse sentar-se novamente. "Eu acredito em você, porque sei o quanto era importante pra você se manter no controle." Continuou. "Só que todas essas regrinhas... de não beijar, evitar carinhos, conversas e tudo mais... são pra tentar manter o submisso e o dominador cada um na sua posição, TENTAR evitar um envolvimento, porque os sentimentos podem fazer com que os papéis deixem de ser assim tão bem determinados."
"E eu segui todas elas, justamente porque eu preciso que os nossos papéis estejam muito bem determinados." Reforçou, aflita.
"Sim, mas você não me ouviu? Eu falei TENTAR!" Afirmou e a olhou, confusa. ", nós somos seres humanos! Mesmo que você siga um monte de regras e tente se proteger, você sempre pode gostar de alguém... se apaixonar por alguém."
"Isso não podia ter acontecido." Disse, não negando mais. Sentiu um nó na garganta e as lágrimas querendo cair de seus olhos.
"Por que ele foi embora, ?" Harmony perguntou, se aproximando e segurando as mãos dela, com carinho. "Você disse pra ele que estava gostando dele..."
"Não!" Interrompeu, antes que a outra pudesse sequer concluir. "Não, muito pelo contrário. Ele me beijou e..."
Então contou todos os detalhes sobre , sobre como tinha convidado um rapaz que nunca tinha sido submisso para sê-lo, sobre quanto ele tinha mudado ao longo do tempo, sobre tudo que ele havia falado antes de deixar sua casa, sobre o pedido de demissão dele e, enfim, sobre como estava se sentindo mal por não tê-lo mais como submisso, depois de passar os melhores meses de toda a sua vida, sem ter se dado conta.
"Eu não sei o que fazer sem ele." Afirmou, enfim. "Mas também não sei lidar com gostar de alguém! Eu nunca quis isso pra minha vida... isso me apavora!"
", o não é o seu padrasto... e, por tudo que você contou sobre ele, ele não é nem um pouco do tipo do seu padrasto." Harmony comentou.
"Desculpe, Harm, eu sei que você quer ajudar, mas... pra você é diferente! Você foi criada por pais amorosos, que são casados até hoje... sua mãe e seu pai sempre cuidaram de tudo juntos... os dois trabalhando fora, os dois presentes na vida dos filhos. Seu pai apoiou sua ida pro exército... ele é quase um feminista." Riu, mas logo em seguida retomou o tom sério. "Você é tão bem resolvida com isso que você vem pra cá pra brincar de ser objeto sexual."
Harmony não ficou chateada com e até entendeu. Realmente, para ela, era mais uma questão de ter um lugar para ser feminina, de ter homens que a vissem como mulher, e não como uma superior cujas ordens obedeciam ou como uma subordinada a quem dar ordens, de poder ficar bonita, usar maquiagem, roupas alegres. Os jogos sexuais eram muito legais, mas apenas isso, pois não representavam nenhum refúgio. Ela era realmente bem resolvida, tanto que, ao contrário das amigas, que sempre foram somente dominadoras, ela já tinha brincado nas duas posições, entre quatro paredes. Talvez estivesse mesmo subestimando o problema de , então preferiu apenas segurar ainda mais forte e fazer carinho nas costas das mãos dela.
"Pois eu concordo com a Harm." Foi a vez de Kitty falar. "O não é nenhum daqueles machistas idiotas e perigosos que passaram pelas nossas vidas. Se você se apaixonou por ele, e ele também tá apaixonado por você, talvez tenha chegado a hora de você deixar de se esconder aqui, ."
"E fazer o que? Ter uma relação com ele? Namorar?" Questionou, como se estivesse falando de algo extremamente absurdo.
"E por que não, amiga? Talvez a vida esteja te apresentando uma chance única."
"Você tá me dizendo isso porque não é com você." Indignou-se.
"Não." Contrariou, séria. "Na verdade, eu to te dizendo isso porque eu QUERIA que fosse comigo." Ela encarou os olhos arregalados da morena. "Eu não quero mais essa vida, . Eu gosto dos brinquedos sexuais e acho que eu sempre vou gostar de me vestir assim, de vez em quando." Riu. "Mas não quero mais uma relação onde eu mando em alguém... aliás, tem tempo que eu não quero."
"Como?"
"Eu me apaixonei por um sub também, mas eu não tive a mesma sorte que você e... ele não se apaixonou por mim." Deu de ombros."Foi aí que eu vi que, enquanto eu investir nesse tipo de relação, eu vou estar investindo em não me envolver e... eu quero amar, ter uma família um dia."
"Em tese em concordo, mas... eu tenho MEDO! Os homens me dão medo." Respirou com dificuldade.
", eu também tive medo durante muito tempo! Eu entendo você. Mas a terapia e o convívio com amigos me mostraram que nem todo homem é que nem o Bob." Disse, se referindo ao irmão de uma colega de escola que havia abusado dela sexualmente, quando estava entrando na adolescência.
"Você tem uma escolha a fazer, amiga." Harmony ousou voltar a participar da conversa. "Você é a única que pode decidir entre enfrentar o medo e... perder o e continuar vivendo uma vida superficial."
"É... porque tá claro que ele quer você." Kitty concordou. "Mas ele quer você inteira... e não só uma pequena parte."
O que as amigas disseram fez ficar pensativa pelo resto da noite, enquanto elas tomavam alguns drinques e falavam de outros assuntos, como a recente promoção de Harmony a coronel e o exame que Kitty tinha feito em um leão, na semana anterior, o que só fez pensar ainda mais em e na jaula nova, que eles tinham planejado usar juntos muitas vezes e agora parecia condenada a ficar obsoleta.
Eram mais ou menos onze e meia quando elas saíram do clube e não passava de meia noite e dez quando chegou a um edifício baixo e antigo, localizado em um dos poucos bairros totalmente residenciais da Filadélfia. Era bem diferente do arranha-céu onde morava, localizado mais perto da Market Street, onde ficavam os escritórios da empresa. Lembrava a ela o lugar onde tinha crescido, mas especialmente chamava atenção por ter o mesmo charme despretensioso da pessoa que ela tinha ido ver ali.
Não fora tão difícil conseguir o endereço, a não ser que consideremos difícil acordar o rapaz que trabalha há algum tempo como motorista e segurança da pessoa, e fazê-lo ir até o carro, estacionado vários andares abaixo, para procurar um registro no GPS. Fora mais fácil ainda chegar até lá, tendo um automóvel como o dela, também com sistema de posicionamento global disponível. Complicada, provavelmente, iria ser a conversa que ela teria com o morador do apartamento 202.
demorou para atender o interfone porque achou até que estava delirando ou que alguém tinha tocado por engano. Diante da insistência, no entanto, caminhou até o aparelho, esfregando os olhos e bocejando. Tinha acabado de pegar no sono e já estava xingando pelo menos as três próximas gerações de quem quer que estivesse ligando para seu apartamento, porque tinha sido uma tarefa muito difícil adormecer e, depois que ele falasse, previa que horas de insônia pensando em viriam, mais uma vez, como na noite anterior.
O rapaz, a princípio, duvidou dos próprios ouvidos quando a pessoa que tocara se identificou, dizendo ser , mas apertou o botão que abria o portão do edifício, porque a voz era, sem dúvida, dela, e ele, então, passou de confuso e sonolento a preocupado. Por que ela teria ido até aquele ponto da cidade, ainda mais àquela hora da noite, para falar com ele? O que poderia ser tão urgente?
", o que houve? O que você tá fazendo aqui?" Perguntou, sem hesitar, quando ela finalmente apareceu em frente à sua porta já aberta.
"Será que eu posso entrar?" Pediu, muito mais humildemente do que de costume.
"É... claro! Me desculpa." Chegou para o lado e apontou com um dos braços para dentro.
"O que é isso aqui, ?" Questionou, retoricamente, mostrando-lhe a carta de demissão que ele enviara ao RH, depois que ele fechou a porta e se virou em sua direção. "Por que isso? Você não precisa..."
"É claro que eu preciso!" Ele foi rápido em afirmar. "Você nunca vai entender que eu preciso ficar longe de você?" Enervou-se.
"Eu não aceito isso, !" Retorquiu, séria. "Eu NÃO aceito seu pedido de demissão."
"Não aceita?" Riu, irônico. "Você sabia que pedido é só uma maneira de dizer, né? Que essa carta é um aviso e... eu tenho todo o direito de não trabalhar pra alguém com quem eu não quero trabalhar, certo?"
"Errado!" Teimou. "Completamente errado! Você é um ótimo funcionário e vai continuar trabalhando na minha empresa." Desafiou, se aproximando perigosamente dele, que não estava entendendo nada! Será que ela estava achando que poderia seduzi-lo e fazer com que ele continuasse sendo seu funcionário na empresa e também seu sub? Se era disso que se tratava a ida dela à casa dele, ela estava enganada e perdendo tempo! Ele havia demorado a tomar uma decisão, mas, agora que o tinha feito, não voltaria atrás.
"Eu já disse, ." Sequer percebeu o apelido escapar, ao sentir as mãos dela repousarem com leveza em seu peito e os olhos dela encararem os seus, com um brilho diferente daquele cheio de malícia que ela costumava lhe lançar. "Eu já expliquei que preciso ficar longe de você."
"Isso é outra coisa que eu..." Respirou fundo e se encheu de uma coragem que não sabia ter. "Eu não consigo aceitar, ." Declarou, ficando nas pontas dos pés o mais alto que pode, e puxando o pescoço dele, para colar seus lábios mais uma vez.
Dessa vez, os dois viveram juntos os segundos mais longos de suas vidas. Ele, porque não sabia exatamente o que aquela iniciativa de significava, e ela, por não ter a menor ideia de que tipo de reação poderia esperar dele, depois de tudo.
Capítulo 11
Tudo o que queria era colocar seus braços em volta de , colar seu corpo no dela, e transformar aquele singelo toque de lábios em um beijo de verdade, de tirar o fôlego. Apesar de ter saído da casa dela havia pouco tempo, sentira falta de seu sorriso, de seu olhar, de sua voz, de seu cheiro, da maciez da sua pele, do gosto da sua intimidade, do calor e conforto do seu interior, e queria poder ter um pouco de tudo isso outra vez. Sentira falta até mesmo daqueles lábios molhados, que tinham estado juntos dos seus por tão pouco tempo, e daria praticamente tudo para conhecer melhor aquela boca, que prometia tanta doçura.
No entanto, estava confuso demais para fazer isso. Afinal, não tinha ideia do que significavam as palavras dela e sua atitude de beijá-lo de repente, quando fora justamente por repelir um beijo dele que ela o levara a tomar uma decisão e sair de sua casa. Havia questões que eram mais importantes para ele, agora, do que todas as coisas em de que sentia saudades. A sua dignidade, o seu brio, a sua liberdade de ação, os seus sentimentos não correspondidos estavam em primeiro lugar, e ele não iria cair no jogo dela e retomar o papel de submisso, se era isso o que ela estava pretendendo conseguir.
"O que isso quer dizer, ?" Perguntou, após afastá-la com delicadeza. "O que você quer dizer com não conseguir aceitar? E o que você pretende, me beijando assim?"
"Quer dizer que eu não vim até aqui só pra dizer que você precisa continuar trabalhando na minha empresa. Quer dizer que, na verdade, eu vim aqui muito mais pra te dizer que eu preciso de você na minha vida, !" Aproximou-se, tocando os braços dele, mas ele se esquivou novamente. "Eu não preciso do quarto de hóspedes vago, de um novo submisso... eu preciso de você!"
", eu te disse! Eu deixei muito claro que eu não vou voltar." Suspirou, passando a mão nervosamente pela nuca. "Eu continuo querendo você, como eu nunca quis ninguém antes, mas eu..."
"Me quer inteira, eu sei!" Interrompeu. "Você me quer inteira e não só uma parte de mim." Ela finalmente conseguiu acariciar os braços dele, sem que ele saísse do lugar. "Eu te beijei, não beijei? Eu to aqui, te pedindo... quase te implorando! Eu to absolutamente apavorada, porque tudo que sempre me protegeu de sofrer na vida foi controlar as coisas e as pessoas, mas, mesmo assim, eu to disposta a tentar ter uma relação diferente com você."
"Uma relação diferente?" Questionou, ainda desconfiado, sem olhar nos olhos dela, porque aqueles olhos tinham poder demais sobre ele, o que ela percebeu.
"Olha pra mim, ." Pediu, e ele, então, arriscou. "Eu sei que você não voltaria como meu sub. Eu vim até aqui, sabendo disso. Dessa vez, é você quem tá dando as cartas. Foi você quem deixou claro que é do seu jeito ou de nenhum." Respirou fundo. "Se eu não aceitar ter um relacionamento de verdade com você, eu não vou ter você de nenhum modo, não é?"
jamais tinha visto ou pensado em ver daquele jeito! A respiração dela estava pesada, a voz fraca, as mãos suadas e frias, o olhar triste. Ela estava realmente vulnerável, parecia até um pouco perdida. Quis abraçá-la, protegê-la, mas ainda precisava confirmar se o que estava entendendo correspondia de fato à proposta que ela tinha para os dois.
"Tem que ser assim, . Ser um submisso é muito pouco pra mim. É muito pouco, considerando o que eu sinto." Ele pegou as mãos dela, que ainda seguravam seus braços e entrelaçou seus dedos, ao mesmo tempo em que olhava mais diretamente nos olhos dela. "Eu preciso de mais do que sexo e um quarto pra mim na sua casa. Eu não me importo de ser seu e de fazer grande parte das suas vontades, entre quatro paredes, contanto que eu também possa te considerar minha, e possa ser espontâneo com você."
"Eu to aqui, não é?" Afirmou, acariciando as costas das mãos dele com os polegares. "Mesmo com medo de toda essa coisa desconhecida de relacionamento, eu to aqui, te dizendo que eu to disposta a tentar, não to?" Sorriu, timidamente.
"Isso quer dizer que, se eu voltar, a gente vai poder conversar e se conhecer melhor? Quer dizer que eu vou poder te chamar pelo nome e ter a sua companhia fora do quarto secreto?" Foi perguntando, hesitante, enquanto ela assentia positivamente, e o sorriso tímido dela ia dando lugar a um mais largo. "Quer dizer que eu vou poder te fazer carinho e... beijar você?" Terminou o interrogatório e seu rosto também se iluminou com um sorriso lindo, quando ela balançou afirmativamente a cabeça, mais uma vez, soltando uma risadinha gostosa.
"Você pode me beijar, bebê. Vai poder me beijar, sempre que você quiser." Afirmou, sentindo o coração disparar dentro do peito, quando ele largou suas mãos, para segurar com as dele o seu rosto.
"Isso é tudo que eu mais quero, minha linda." Afirmou, já com o rosto bem próximo ao dela e a respiração ofegante, em razão da emoção que tomava conta dele e se traduzia em reações corporais. Então grudou seus lábios nos dela e deu início a um delicioso beijo, cuja intensidade denotava o quanto ele tinha sido desejado, mas composto de movimentos lentos, e não apressados, apesar de toda a espera.
Talvez justamente em razão de tanta espera, era um beijo do qual eles queriam tirar o máximo proveito, que eles queriam fazer durar o maior tempo possível e também gravar na memória para sempre. Somente depois que já tinham se separado para respirar, e iniciado um segundo, um terceiro, um quarto beijo, os lábios e a língua começaram a agir com mais urgência, e as mãos dele, que ainda seguravam o rosto dela com delicadeza, bem como as dela, que se agarravam à camiseta dele, como se ela quisesse evitar que ele fugisse, resolveram se movimentar.
Ela se pendurou no pescoço dele, e ele envolveu a cintura dela com os dois braços, aumentando o contato entre seus corpos. Depois, querendo mais, ainda sem desgrudar suas bocas a empurrou em direção a uma parede onde a encostou, apertando o corpo contra o dela. Parou, então, de beijar sua boca para atacar seu pescoço, os ombros, o colo, o pescoço de novo, o queixo, e outra vez a boca, na qual já se considerava viciado. Ela gemia e chamava o nome dele, nunca antes tão gostosamente pronunciado, fosse por ela mesma ou por qualquer outra pessoa. Apertava os ombros dele e esfregava uma das pernas dele com uma das suas, maldizendo mentalmente a calça jeans que estava usando.
Ele foi novamente deixando o beijo lento, até parar e, ofegante, acariciar os cabelos dela, colocando uma mecha teimosa atrás da orelha, enquanto seus lábios se desenhavam em um sorriso torto, que era uma de suas marcas registradas e que fazia covinhas lindas aparecerem em seu rosto. Sem pensar, ela o puxou para baixo e beijou o lugar onde os "buraquinhos" ficavam nas bochechas dele, repetidas vezes, fazendo com que ele desse uma gargalhada gostosa, enquanto a pegava no colo, como se fosse uma noiva, e caminhava para o quarto com ela em seus braços.
Parando próximo à cama, ele a colocou no chão e os dois voltaram a se beijar com calma. puxou a camiseta de seda que usava para cima e ela levantou os braços, para que ele se livrasse da peça, enquanto encarava seus seios com tanta admiração no olhar, que seria possível a um desavisado jurar que ele nunca os tinha visto antes. Durante mais um beijo, ele apertou a bunda da morena e, incomodado com o grosso jeans que a cobria, agachou na frente dela, para descartar também a calça.
Enquanto ele abria o zíper e os dois puxavam, juntos, a peça de roupa para baixo, ela descia dos saltos e chutava os sapatos para trás. Enquanto ele se deliciava, passando os lábios e o nariz pelas coxas da garota, ela fazia com a blusa dele o mesmo que ele tinha feito à dela, deixando-o apenas com a samba canção de seda azul, que estranhamente combinava com o único item ainda cobrindo alguma coisa em seu próprio corpo.
Ele se ergueu de onde estava, deslizando as duas mãos pelo corpo dela, das pernas passando pelo quadril e pelo abdômen, e chegando aos seios. Tocou os dois pequenos montes com leveza, enquanto beijava o espaço entre eles, e ela fazia carinho em seus cabelos e suspirava, de olhos fechados. Depois beijou os dois, experimentou o sabor com seus lábios e com sua língua, sugou e mordiscou, provocando arrepios em todo o corpo dela.
Finalmente, ele a guiou até a cama, e ela se ajeitou, espalhando os cabelos por todo o travesseiro, enquanto ele se ajoelhava ao lado dela e tirava, devagar, sua calcinha de renda, dando beijos quase sutis demais em toda a sua perna até chegar aos pés. Depois vieram beijos bem menos discretos dos pés até a virilha, que fizeram com que sentisse o latejar entre suas pernas, já presente havia algum tempo, aumentar drasticamente.
"Por favor, bebê." Ela implorou, quase chorosa, quando percebeu a língua dele deixando a lateral de sua intimidade e os lábios encostando em seu abdômen, próximo ao umbigo.
"Por favor o que?" Perguntou, afastando os lábios da pele dela apenas o suficiente para fazê-lo, e voltando a beijar seu ventre.
"Me toca... me chupa, qualquer coisa." Respondeu, ofegante.
"Não." Falou, sério, levantando a cabeça e encarando-a, com um sorriso malicioso nos lábios. "Eu vou te tocar quando eu quiser. Vou te lamber e te chupar, quando eu quiser." Deslizou o nariz pela barriga dela, se embriagando em seu perfume e mergulhou a língua em seu umbigo, recebendo um gemido alto em resposta. "Você é minha." Acrescentou, satisfeito, escorregando o corpo, para ficar por cima dela, e puxando seu lábio inferior com os dele.
Apoiando-se em um dos cotovelos, colocou uma das mãos entre seus corpos, finalmente tocando o sexo dela, que dobrou uma das pernas, para lhe dar maior acesso. Deslizou, com facilidade, dois dedos por entre os grandes lábios e, então, para dentro dela, enquanto o polegar desenhava círculos sobre o clitóris.
"Ah, Deus, ! Ah, bebeeee!"
"Que delícia, !" Falou, encarando o rosto dela, que era a tradução perfeita do prazer. Não sabia se o que lhe dava mais tesão era a voz dela, quase cantando seu "apelido", a língua dela, umedecendo os próprios lábios, as unhas dela cravadas em suas costas ou a molhada e quente excitação da garota em volta de seus dedos. "Minha , tão pronta pra mim! Tão minha!"
"Sua." Ela assentiu, enquanto movia os quadris, aumentando a fricção com os dedos dele. "Sua, ! Sua." Repetiu, enlouquecendo-o de vez.
Então, ele escorregou os dedos para fora dela e tirou a cueca, rapidamente. Deitou-se sobre ela e, encarando o rosto exoticamente lindo que ele tanto amava, penetrou-a devagar e fundo, repetidas vezes. Não demorou muito para que encontrassem um ritmo e uma posição perfeitas, e o prazer foi crescendo, e crescendo, até explodir e deixá-los como dois bobos, sorrindo lado a lado, na cama, enquanto esperavam os corações desacelerarem e os pulmões se recuperarem de seus esforços.
"Linda!" Ele foi o primeiro a se virar na direção dela e se apoiar em um dos cotovelos, fazendo carinho em seu rosto. "Minha linda. Minha . Meu bebê." Falou, dando um beijo no pescoço dela a cada pausa.
"Isso é estranho." Riu. "Mas, estranhamente, não é ruim." Declarou, mais séria.
"Não é ruim?" Reclamou, fazendo careta.
"É bom, . É gostoso te ouvir falar assim, na verdade. Eu só tenho que me acostumar com tudo que isso significa." Explicou, ficando também sobre um dos braços.
"Isso significa, senhorita..." Fingiu solenidade, enquanto enrolava um pedaço de cabelo dela nos dedos. "...que eu vou te fazer muito feliz, e cuidar de você. Eu cuido muito bem do que é meu, sabia?" Brincou.
"Você é demais, sabia?" Perguntou e o empurrou para o próprio travesseiro, dando início a uma nova bateria de beijos na boca, que em seguida desceram para o pescoço, peitoral, abdômen, quadril e coxas.
, no entanto, estava menos controlada do que , e não conseguiu provocá-lo por muito tempo. Logo colocou a boca exatamente onde ele a queria, roçando primeiro a ponta de seu membro com os lábios, depois passando a língua por toda a sua extensão, até finalmente sugá-lo, enquanto ele agarrava os seus cabelos e investia contra ela, até gozar emitindo um som gutural.
Ele retribuiu o maravilhoso sexo oral, meia hora mais tarde, na cozinha, depois que ela, vestida apenas com a camiseta dele, escolheu sentar-se no balcão ao invés de usar um dos bancos como ele, para comer sorvete de morango com calda de chocolate. Era claro que, com ela balançando as pernas longas e bronzeadas bem na frente dele, o sorvete e a calda iriam acabar parando no corpo dela, e servindo de pretexto para que a brincadeira começasse.
Depois de voltar para o quarto, conforme prometera, passaram um tempo conversando. Ele contou praticamente tudo sobre a vida dele, e ela todas as coisas que estava preparada para contar. Havia alguns aspectos delicados de sua vida que quase ninguém conhecia e que ela nem tinha certeza se realmente precisaria conhecer um dia. Não se sentia culpada por omitir algumas coisas, enquanto ele parecia tão aberto, porque eram coisas que, se ela pudesse, apagaria até da própria memória.
Transaram mais uma vez, após um tempo, e estavam novamente conversando, abraçados e trocando carinhos, quando a pegou de surpresa, após um beijo mais longo.
"Eu sou louco por você, sabia?" Disse, sorridente, e ela espelhou seu riso. "Eu te amo, ." Declarou, sem medo.
"Ama?" Ela se mexeu, desconfortável, na cama, e seu sorriso desapareceu, imediatamente.
"O que foi, meu amor?" Perguntou, sentando-se, como ela tinha feito. "O que acon-?"
"Você disse que me ama, ." Interrompeu, nervosa.
"Porque eu amo, . É verdade. Eu te amo." Assegurou.
"Mas..." Respirou fundo, tentando não entrar em pânico. "Não diz mais isso, bebê... por favor."
"E por que não?"
"Porque eu não sei se sou capaz de te amar de volta. Eu não sei se sou capaz de amar, ."
"Ei." Ele segurou o rosto dela entre as mãos e a fez encará-lo, rindo. "Você vem até aqui, me pede pra ficar com você... me deixa te chamar pelo seu nome, dizer que você é minha, fazer amor com você, na minha cama, e honestamente acha que não me ama?" Questionou, franzindo a testa, e ela o olhou, confusa. "Você não precisa dizer de volta... ainda. Mas eu sei que me ama e é isso que importa." Sorriu torto, largando seu rosto.
"Quem é esse cara confiante pra caramba que tá aqui na minha frente e o que ele fez com o meu ?" Ela perguntou, relaxando, e ele gargalhou.
"Foi você quem acabou fazendo esse meu lado aparecer, meu amor." Declarou, deitando abraçado a ela de novo. "Eu também não fazia ideia de que eu podia ser assim." Comentou, honesto.
ficou pensando em silêncio na ironia que era ele ter se tornado seguro e ela ter se transformado em uma mocinha frágil na presença dele. E, ao pensar melhor, percebeu ainda que a ironia ia muito além!
Afinal, as coisas tinham mudado de uma maneira totalmente descontrolada e, ainda assim, ela nunca estivera tão feliz em toda a sua vida!
No entanto, estava confuso demais para fazer isso. Afinal, não tinha ideia do que significavam as palavras dela e sua atitude de beijá-lo de repente, quando fora justamente por repelir um beijo dele que ela o levara a tomar uma decisão e sair de sua casa. Havia questões que eram mais importantes para ele, agora, do que todas as coisas em de que sentia saudades. A sua dignidade, o seu brio, a sua liberdade de ação, os seus sentimentos não correspondidos estavam em primeiro lugar, e ele não iria cair no jogo dela e retomar o papel de submisso, se era isso o que ela estava pretendendo conseguir.
"O que isso quer dizer, ?" Perguntou, após afastá-la com delicadeza. "O que você quer dizer com não conseguir aceitar? E o que você pretende, me beijando assim?"
"Quer dizer que eu não vim até aqui só pra dizer que você precisa continuar trabalhando na minha empresa. Quer dizer que, na verdade, eu vim aqui muito mais pra te dizer que eu preciso de você na minha vida, !" Aproximou-se, tocando os braços dele, mas ele se esquivou novamente. "Eu não preciso do quarto de hóspedes vago, de um novo submisso... eu preciso de você!"
", eu te disse! Eu deixei muito claro que eu não vou voltar." Suspirou, passando a mão nervosamente pela nuca. "Eu continuo querendo você, como eu nunca quis ninguém antes, mas eu..."
"Me quer inteira, eu sei!" Interrompeu. "Você me quer inteira e não só uma parte de mim." Ela finalmente conseguiu acariciar os braços dele, sem que ele saísse do lugar. "Eu te beijei, não beijei? Eu to aqui, te pedindo... quase te implorando! Eu to absolutamente apavorada, porque tudo que sempre me protegeu de sofrer na vida foi controlar as coisas e as pessoas, mas, mesmo assim, eu to disposta a tentar ter uma relação diferente com você."
"Uma relação diferente?" Questionou, ainda desconfiado, sem olhar nos olhos dela, porque aqueles olhos tinham poder demais sobre ele, o que ela percebeu.
"Olha pra mim, ." Pediu, e ele, então, arriscou. "Eu sei que você não voltaria como meu sub. Eu vim até aqui, sabendo disso. Dessa vez, é você quem tá dando as cartas. Foi você quem deixou claro que é do seu jeito ou de nenhum." Respirou fundo. "Se eu não aceitar ter um relacionamento de verdade com você, eu não vou ter você de nenhum modo, não é?"
jamais tinha visto ou pensado em ver daquele jeito! A respiração dela estava pesada, a voz fraca, as mãos suadas e frias, o olhar triste. Ela estava realmente vulnerável, parecia até um pouco perdida. Quis abraçá-la, protegê-la, mas ainda precisava confirmar se o que estava entendendo correspondia de fato à proposta que ela tinha para os dois.
"Tem que ser assim, . Ser um submisso é muito pouco pra mim. É muito pouco, considerando o que eu sinto." Ele pegou as mãos dela, que ainda seguravam seus braços e entrelaçou seus dedos, ao mesmo tempo em que olhava mais diretamente nos olhos dela. "Eu preciso de mais do que sexo e um quarto pra mim na sua casa. Eu não me importo de ser seu e de fazer grande parte das suas vontades, entre quatro paredes, contanto que eu também possa te considerar minha, e possa ser espontâneo com você."
"Eu to aqui, não é?" Afirmou, acariciando as costas das mãos dele com os polegares. "Mesmo com medo de toda essa coisa desconhecida de relacionamento, eu to aqui, te dizendo que eu to disposta a tentar, não to?" Sorriu, timidamente.
"Isso quer dizer que, se eu voltar, a gente vai poder conversar e se conhecer melhor? Quer dizer que eu vou poder te chamar pelo nome e ter a sua companhia fora do quarto secreto?" Foi perguntando, hesitante, enquanto ela assentia positivamente, e o sorriso tímido dela ia dando lugar a um mais largo. "Quer dizer que eu vou poder te fazer carinho e... beijar você?" Terminou o interrogatório e seu rosto também se iluminou com um sorriso lindo, quando ela balançou afirmativamente a cabeça, mais uma vez, soltando uma risadinha gostosa.
"Você pode me beijar, bebê. Vai poder me beijar, sempre que você quiser." Afirmou, sentindo o coração disparar dentro do peito, quando ele largou suas mãos, para segurar com as dele o seu rosto.
"Isso é tudo que eu mais quero, minha linda." Afirmou, já com o rosto bem próximo ao dela e a respiração ofegante, em razão da emoção que tomava conta dele e se traduzia em reações corporais. Então grudou seus lábios nos dela e deu início a um delicioso beijo, cuja intensidade denotava o quanto ele tinha sido desejado, mas composto de movimentos lentos, e não apressados, apesar de toda a espera.
Talvez justamente em razão de tanta espera, era um beijo do qual eles queriam tirar o máximo proveito, que eles queriam fazer durar o maior tempo possível e também gravar na memória para sempre. Somente depois que já tinham se separado para respirar, e iniciado um segundo, um terceiro, um quarto beijo, os lábios e a língua começaram a agir com mais urgência, e as mãos dele, que ainda seguravam o rosto dela com delicadeza, bem como as dela, que se agarravam à camiseta dele, como se ela quisesse evitar que ele fugisse, resolveram se movimentar.
Ela se pendurou no pescoço dele, e ele envolveu a cintura dela com os dois braços, aumentando o contato entre seus corpos. Depois, querendo mais, ainda sem desgrudar suas bocas a empurrou em direção a uma parede onde a encostou, apertando o corpo contra o dela. Parou, então, de beijar sua boca para atacar seu pescoço, os ombros, o colo, o pescoço de novo, o queixo, e outra vez a boca, na qual já se considerava viciado. Ela gemia e chamava o nome dele, nunca antes tão gostosamente pronunciado, fosse por ela mesma ou por qualquer outra pessoa. Apertava os ombros dele e esfregava uma das pernas dele com uma das suas, maldizendo mentalmente a calça jeans que estava usando.
Ele foi novamente deixando o beijo lento, até parar e, ofegante, acariciar os cabelos dela, colocando uma mecha teimosa atrás da orelha, enquanto seus lábios se desenhavam em um sorriso torto, que era uma de suas marcas registradas e que fazia covinhas lindas aparecerem em seu rosto. Sem pensar, ela o puxou para baixo e beijou o lugar onde os "buraquinhos" ficavam nas bochechas dele, repetidas vezes, fazendo com que ele desse uma gargalhada gostosa, enquanto a pegava no colo, como se fosse uma noiva, e caminhava para o quarto com ela em seus braços.
Parando próximo à cama, ele a colocou no chão e os dois voltaram a se beijar com calma. puxou a camiseta de seda que usava para cima e ela levantou os braços, para que ele se livrasse da peça, enquanto encarava seus seios com tanta admiração no olhar, que seria possível a um desavisado jurar que ele nunca os tinha visto antes. Durante mais um beijo, ele apertou a bunda da morena e, incomodado com o grosso jeans que a cobria, agachou na frente dela, para descartar também a calça.
Enquanto ele abria o zíper e os dois puxavam, juntos, a peça de roupa para baixo, ela descia dos saltos e chutava os sapatos para trás. Enquanto ele se deliciava, passando os lábios e o nariz pelas coxas da garota, ela fazia com a blusa dele o mesmo que ele tinha feito à dela, deixando-o apenas com a samba canção de seda azul, que estranhamente combinava com o único item ainda cobrindo alguma coisa em seu próprio corpo.
Ele se ergueu de onde estava, deslizando as duas mãos pelo corpo dela, das pernas passando pelo quadril e pelo abdômen, e chegando aos seios. Tocou os dois pequenos montes com leveza, enquanto beijava o espaço entre eles, e ela fazia carinho em seus cabelos e suspirava, de olhos fechados. Depois beijou os dois, experimentou o sabor com seus lábios e com sua língua, sugou e mordiscou, provocando arrepios em todo o corpo dela.
Finalmente, ele a guiou até a cama, e ela se ajeitou, espalhando os cabelos por todo o travesseiro, enquanto ele se ajoelhava ao lado dela e tirava, devagar, sua calcinha de renda, dando beijos quase sutis demais em toda a sua perna até chegar aos pés. Depois vieram beijos bem menos discretos dos pés até a virilha, que fizeram com que sentisse o latejar entre suas pernas, já presente havia algum tempo, aumentar drasticamente.
"Por favor, bebê." Ela implorou, quase chorosa, quando percebeu a língua dele deixando a lateral de sua intimidade e os lábios encostando em seu abdômen, próximo ao umbigo.
"Por favor o que?" Perguntou, afastando os lábios da pele dela apenas o suficiente para fazê-lo, e voltando a beijar seu ventre.
"Me toca... me chupa, qualquer coisa." Respondeu, ofegante.
"Não." Falou, sério, levantando a cabeça e encarando-a, com um sorriso malicioso nos lábios. "Eu vou te tocar quando eu quiser. Vou te lamber e te chupar, quando eu quiser." Deslizou o nariz pela barriga dela, se embriagando em seu perfume e mergulhou a língua em seu umbigo, recebendo um gemido alto em resposta. "Você é minha." Acrescentou, satisfeito, escorregando o corpo, para ficar por cima dela, e puxando seu lábio inferior com os dele.
Apoiando-se em um dos cotovelos, colocou uma das mãos entre seus corpos, finalmente tocando o sexo dela, que dobrou uma das pernas, para lhe dar maior acesso. Deslizou, com facilidade, dois dedos por entre os grandes lábios e, então, para dentro dela, enquanto o polegar desenhava círculos sobre o clitóris.
"Ah, Deus, ! Ah, bebeeee!"
"Que delícia, !" Falou, encarando o rosto dela, que era a tradução perfeita do prazer. Não sabia se o que lhe dava mais tesão era a voz dela, quase cantando seu "apelido", a língua dela, umedecendo os próprios lábios, as unhas dela cravadas em suas costas ou a molhada e quente excitação da garota em volta de seus dedos. "Minha , tão pronta pra mim! Tão minha!"
"Sua." Ela assentiu, enquanto movia os quadris, aumentando a fricção com os dedos dele. "Sua, ! Sua." Repetiu, enlouquecendo-o de vez.
Então, ele escorregou os dedos para fora dela e tirou a cueca, rapidamente. Deitou-se sobre ela e, encarando o rosto exoticamente lindo que ele tanto amava, penetrou-a devagar e fundo, repetidas vezes. Não demorou muito para que encontrassem um ritmo e uma posição perfeitas, e o prazer foi crescendo, e crescendo, até explodir e deixá-los como dois bobos, sorrindo lado a lado, na cama, enquanto esperavam os corações desacelerarem e os pulmões se recuperarem de seus esforços.
"Linda!" Ele foi o primeiro a se virar na direção dela e se apoiar em um dos cotovelos, fazendo carinho em seu rosto. "Minha linda. Minha . Meu bebê." Falou, dando um beijo no pescoço dela a cada pausa.
"Isso é estranho." Riu. "Mas, estranhamente, não é ruim." Declarou, mais séria.
"Não é ruim?" Reclamou, fazendo careta.
"É bom, . É gostoso te ouvir falar assim, na verdade. Eu só tenho que me acostumar com tudo que isso significa." Explicou, ficando também sobre um dos braços.
"Isso significa, senhorita..." Fingiu solenidade, enquanto enrolava um pedaço de cabelo dela nos dedos. "...que eu vou te fazer muito feliz, e cuidar de você. Eu cuido muito bem do que é meu, sabia?" Brincou.
"Você é demais, sabia?" Perguntou e o empurrou para o próprio travesseiro, dando início a uma nova bateria de beijos na boca, que em seguida desceram para o pescoço, peitoral, abdômen, quadril e coxas.
, no entanto, estava menos controlada do que , e não conseguiu provocá-lo por muito tempo. Logo colocou a boca exatamente onde ele a queria, roçando primeiro a ponta de seu membro com os lábios, depois passando a língua por toda a sua extensão, até finalmente sugá-lo, enquanto ele agarrava os seus cabelos e investia contra ela, até gozar emitindo um som gutural.
Ele retribuiu o maravilhoso sexo oral, meia hora mais tarde, na cozinha, depois que ela, vestida apenas com a camiseta dele, escolheu sentar-se no balcão ao invés de usar um dos bancos como ele, para comer sorvete de morango com calda de chocolate. Era claro que, com ela balançando as pernas longas e bronzeadas bem na frente dele, o sorvete e a calda iriam acabar parando no corpo dela, e servindo de pretexto para que a brincadeira começasse.
Depois de voltar para o quarto, conforme prometera, passaram um tempo conversando. Ele contou praticamente tudo sobre a vida dele, e ela todas as coisas que estava preparada para contar. Havia alguns aspectos delicados de sua vida que quase ninguém conhecia e que ela nem tinha certeza se realmente precisaria conhecer um dia. Não se sentia culpada por omitir algumas coisas, enquanto ele parecia tão aberto, porque eram coisas que, se ela pudesse, apagaria até da própria memória.
Transaram mais uma vez, após um tempo, e estavam novamente conversando, abraçados e trocando carinhos, quando a pegou de surpresa, após um beijo mais longo.
"Eu sou louco por você, sabia?" Disse, sorridente, e ela espelhou seu riso. "Eu te amo, ." Declarou, sem medo.
"Ama?" Ela se mexeu, desconfortável, na cama, e seu sorriso desapareceu, imediatamente.
"O que foi, meu amor?" Perguntou, sentando-se, como ela tinha feito. "O que acon-?"
"Você disse que me ama, ." Interrompeu, nervosa.
"Porque eu amo, . É verdade. Eu te amo." Assegurou.
"Mas..." Respirou fundo, tentando não entrar em pânico. "Não diz mais isso, bebê... por favor."
"E por que não?"
"Porque eu não sei se sou capaz de te amar de volta. Eu não sei se sou capaz de amar, ."
"Ei." Ele segurou o rosto dela entre as mãos e a fez encará-lo, rindo. "Você vem até aqui, me pede pra ficar com você... me deixa te chamar pelo seu nome, dizer que você é minha, fazer amor com você, na minha cama, e honestamente acha que não me ama?" Questionou, franzindo a testa, e ela o olhou, confusa. "Você não precisa dizer de volta... ainda. Mas eu sei que me ama e é isso que importa." Sorriu torto, largando seu rosto.
"Quem é esse cara confiante pra caramba que tá aqui na minha frente e o que ele fez com o meu ?" Ela perguntou, relaxando, e ele gargalhou.
"Foi você quem acabou fazendo esse meu lado aparecer, meu amor." Declarou, deitando abraçado a ela de novo. "Eu também não fazia ideia de que eu podia ser assim." Comentou, honesto.
ficou pensando em silêncio na ironia que era ele ter se tornado seguro e ela ter se transformado em uma mocinha frágil na presença dele. E, ao pensar melhor, percebeu ainda que a ironia ia muito além!
Afinal, as coisas tinham mudado de uma maneira totalmente descontrolada e, ainda assim, ela nunca estivera tão feliz em toda a sua vida!
Capítulo 12
se espreguiçou e abriu os olhos devagar, se ajustando à claridade do dia, como sempre fazia. Virou-se, então, na cama, esperando encontrar a mulher com quem tinha passado a melhor noite de sua vida, mas ficou confuso e alarmado ao ver que não estava deitada a seu lado e nem se encontrava no banheiro, uma vez que a porta deste estava aberta e não havia qualquer barulho que indicasse uma movimentação.
Felizmente, ao olhar melhor à sua volta, constatou que as roupas dela ainda estavam em seu quarto, penduradas sobre o encosto de uma cadeira, e sentiu um enorme alívio. Levantou-se da cama, pegando uma boxer preta no armário e vestindo-a, e caminhou até a sala, onde finalmente acharia a garota.
Ela estava deitada no sofá e sentou-se, sorrindo, ao vê-lo se aproximar. Usava a camiseta dele e tinha a parte de baixo do corpo coberta por uma manta fina que ele deixava na sala para os momentos em que ele mesmo se encolhia no sofá para assistir a um filme, jogo ou programa na TV. Se não tivesse feito um calor atípico durante aquela madrugada, certamente teria congelado com tão ínfimo recurso para se proteger do frio.
"Bom dia." Ele cumprimentou, sentando-se ao lado dela e depositando um beijo rápido em seus lábios.
"Bom dia." Ela respondeu, sorridente, e repetiu o gesto.
"Você caiu da cama?" Brincou.
"Eu não consegui dormir com você. Fiquei tensa, rolando na cama." Explicou, um tanto sem jeito. "Eu acho que ainda não estou preparada pra essa parte. Eu... nunca dormi com ninguém, nem mesmo antes de me tornar uma dominadora." Ele franziu a testa, surpreso. "É sério. Eu nunca tive um relacionamento de verdade com alguém. Eu só transava e depois voltava pra minha casa."
"Entendi." Disse, um pouco desanimado.
"Eu prometo voltar a tentar, ." Assegurou, passando a mão pelo peitoral dele. "Me deixa só ir me acostumando aos poucos com todas as mudanças, tá?" Pediu, fragilizada.
"Tudo bem." Ele sorriu. Afinal, por que se deixar abater pelo que não podia ter ainda, quando tinha conseguido tanto nas últimas horas? "Mas você não dormiu nada, então?" Questionou.
"Cochilei um pouco aqui." Deu de ombros.
"Bom, mas agora a cama tá vazia, e você pode ir pra lá e ficar mais confortável. Eu vou resolver umas coisas e não vou dormir mais." Observou.
"É tentador, mas eu não posso ir dormir agora, de jeito nenhum." Lamentou. "Eu tenho reunião às dez e não dá pra adiar."
"Sério?" Fez uma careta lastimosa e suspirou. "O pior é que eu nem tenho nada aí, pra fazer café pra gente. Eu ia sair pra comprar, mas eu vou te atrasar, se fizer isso."
"Que isso! A gente toma café lá em casa, bebê." Riu, mas ficou séria quando o viu passar as mãos pelo rosto, de um jeito nervoso. "O que foi?"
"É que eu acho que, mesmo eu não tendo mais motivos pra ficar longe de você, eu ainda devo manter meu pedido de demissão, ."
"E por que você faria isso?" Perguntou, chocada.
"Porque nós vamos ter uma relação diferente, agora, e uma das coisas que eu não quero da nossa relação antiga é me esconder." Declarou. "E, quando as pessoas souberem da gente, vai ser uma falação danada."
"Você liga se disserem que você tá lá por minha causa ou algo assim?"
"Não por mim. Eu sei que não entrei e nem to lá por isso, então não por mim. Só que vão falar de você também e eu não quero criar problemas pra você."
" , eu sei que eu tenho toda uma imagem pela qual zelar, e que eu a criei escondendo coisas sobre mim. Mas era mais porque as coisas que eu escondia eram muito não convencionais. Um namoro, na verdade, é o oposto disso e talvez passem até a gostar mais de mim... a me achar mais humana." Riu. "Uma crítica pelo fato de você trabalhar na empresa, sinceramente, não é algo que me preocupe... eu juro."
"Tem certeza? Porque eu não teria problemas em conseguir uma colocação muito boa em outras empresas. Outro dia mesmo..."
"Por favor, ." Fez carinho no rosto dele, olhando diretamente em seus olhos. "Nós vamos nos vestir agora, passar lá em casa pra comer e trocar de roupa, e vamos trabalhar... e eu mesma vou explicar pro pessoal do RH que você queria sair porque estamos... namorando." Disse a última palavra hesitante.
"Tudo bem, mas se ficar desconfortável pra você..."
" !" Repreendeu, levantando-se, colocando a manta em cima do sofá, indo na direção do quarto, e sendo logo seguida por ele. "Eu vou ligar pra Cora, pra ela deixar tudo preparado. Você quer o que no café da manhã?"
"Ah, eu nem sei. Waffles, panquecas, croissant... qualquer coisa que o Kevin faz fica uma delícia mesmo!" Afirmou, se referindo ao jovem chef de cozinha que coordenava os trabalhos no refeitório da empresa e ia, algumas vezes, durante a semana, à casa de , para preparar pessoalmente as refeições da garota. No começo, se referia a ele como Sr. Hummel, mas depois os dois tinham começado a se encontrar com frequência, e o rapaz pedira para ser chamado por seu primeiro nome.
O casal apenas se vestiu e em poucos minutos estava do lado de fora do prédio. Ela, é claro, usava as roupas da noite anterior, e ele optou por uma calça jeans, uma camiseta preta e um all star, deixando para tomar banho e adotar o visual formal de trabalho apenas depois do café da manhã, uma vez que também tinha roupas de todos os tipos na casa de .
"Que carro é esse?" Ele perguntou, vendo a morena se dirigir ao Maybach Landaulet branco, estacionado próximo ao edifício.
"É o meu carro particular. Os outros dois são da empresa." Explicou. "Quer dirigir?" Balançou as chaves na frente dele, sorridente.
"Não, não." Respondeu, sério, respirando fundo. "Eu não consigo, ainda, com alguém no carro... ainda mais você." Deu, então, a volta, entrando pelo lado do carona.
"Eu pensei que tava tudo bem agora." Ela comentou, já sentada no banco do motorista.
"Eu to dirigindo, o que já é um progresso pra mim... mas eu sinto medo ainda, e esse medo vira pânico quando eu penso que alguém, além de mim, pode se machucar ou acontecer coisa pior, de novo. Ainda mais alguém que eu ame, porque foram pessoas que eu amava que me deixaram... ou se machucaram." Terminou com a voz mais baixa.
ficara anos da vida dele, quando criança, sem sequer querer entrar em um carro. Fizera os avós utilizarem metrô, trem e ônibus, e dar muitas caminhadas para todos os lugares. Com o tempo, os adultos conseguiram convencê-lo a tentar, ele conseguiu e, aos poucos, foi relaxando, mas pensava que jamais dirigiria. Nos tempos da faculdade, acabara aprendendo com amigos e tirara a habilitação, mas sempre arrumava desculpas para não guiar, e só recentemente tinha comprado um carro, cansado de usar transporte público todos os dias.
Ele tinha contado a , na noite anterior, quando tiveram a sua primeira conversa realmente íntima, que seus pais tinham morrido, quando ele tinha sete anos, em um acidente de carro, do qual ele saiu apenas com arranhões e seu melhor amigo e vizinho, Artie Abrams, com uma lesão na coluna que o condenou a usar permanentemente uma cadeira de rodas. Como se perder os pais já não tivesse sido doloroso o suficiente, ele ainda vira o amigo destruído física e emocionalmente, e depois fora afastado dele, cujos pais se voltaram contra toda a família , chegando ao ponto de ajuizar uma ação, pedindo uma grande soma em dinheiro de indenização.
Afortunadamente, ficou provado que o pai de não teve qualquer responsabilidade em relação à colisão, e foi tão vítima quanto o filho dos vizinhos e sua própria esposa. O motorista do outro veículo envolvido estava em velocidade muito acima do permitido e fez uma ultrapassagem proibida. Os Abrams nada receberam dos , mas também não permitiram que os meninos fossem amigos novamente, o que ainda deixava chateado e, percebendo isso, deu um rápido beijo nele, ligando o carro e mudando de assunto.
Conversaram, animadamente, até chegar ao apartamento dela, onde Cora os esperava com o café já servido na sala de jantar. Havia tantas opções que parecia um café de hotel, e comeu com o grande apetite de sempre, afirmando que não poderia permitir o desperdício de comida com tantos passando fome no mundo. não comeu tanto quanto ele, obviamente, mas surpreendeu, trocando as habituais frutas, cereais e iogurte por waffles com requeijão e panquecas recheadas com brie e damasco.
Partiram para quartos separados, em seguida, a fim de tomar seus banhos e se preparar para o dia de trabalho, e , apesar de não poder se dizer surpreso, não gostou de ver aparecer com um terninho feminino cinza claro, acompanhado de uma blusa em um rosa que, de tal pálido, parecia branco mal lavado. Estava linda e sensual, como sempre, mas sua personalidade se apagava com uma roupa como aquela, deixando à vista apenas uma burocrata. No mesmo lugar onde era a principal responsável pela fabricação das joias mais brilhantes, ela perdia a luz própria, mas ele decidiu que ainda não era a hora certa para lhe dizer isso.
"Eu acho melhor você ligar pro Sam e combinar com ele, pra ele te levar lá pra casa, mais tarde." Ela comentou, quando os dois estavam quase chegando ao edifício comercial, levados por Harvey. "O Dean deve me levar no meio da tarde, porque eu vou sair logo que der. To exausta."
"Talvez seja melhor eu não ir pra lá hoje e você descansar."
"Como assim não ir pra lá?" Ela se surpreendeu. Eles não estavam bem agora?
"Eu queria falar com você sobre isso, ." Disse, sério. "Se eu e você não vamos dormir juntos, eu não vejo sentido em morar na sua casa."
"Mas eu pensei que você tivesse entendido, . É difícil pra mim! Você viu!" Falou, nervosa. "Ainda mais todas as noites. Seria como um casamento e eu não to preparada pra isso."
"Eu entendi e não vou te pressionar." Segurou as mãos dela nas suas, fazendo carinho. "Eu vou esperar o tempo que for necessário. Eu só não acho que eu deva morar com você, se não temos uma relação como a de marido e mulher, e eu tenho meu próprio apartamento. Isso fazia sentido quando você me dava ordens e queria que eu estivesse à disposição."
"Tudo bem." Ela respondeu, mas a decepção transparecia em sua voz. "Mas como vai ser, então?"
"Como é com todo mundo que namora. A gente vai passar o final de semana juntos, sair... curtir as coisas juntos, curtir um ao outro." Sorriu. "Também podemos nos ver durante a semana, jantar juntos. Eu só não vou morar no seu quarto de hóspedes."
"Era o SEU quarto."
"É a SUA casa."
"Ok." Suspirou, vencida. "Eu não te vejo mais hoje, né?" Perguntou, por fim, já abrindo a porta do carro, pois tinham chegado á empresa.
"Hoje, não, mas a boa notícia é que amanhã é sexta-feira, e eu sou todinho seu, durante o fim de semana inteiro." Respondeu, já fora do carro, com a voz sedutora, deslizando as mãos pela cintura dela e beijando-a, em seguida. Nenhum dos dois se importou com o fato de que estavam no estacionamento da rede de joalherias que ela comandava.
Algumas mensagens foram trocadas por eles, ao longo do dia, e um telefonema de quase meia hora encerrou as noites de ambos. Era tudo muito novo para , e uma espécie de redescoberta para , visto que ele também só tinha namorado uma vez na vida. Para ele, no entanto, era mais fácil, porque ele sabia que bastava ser espontâneo e estava acostumado a isso, enquanto ela estava, ao contrário, habituada a ter sempre tudo programado nos mínimos detalhes.
Fora um alento o fato de saber pelo menos que eles estariam juntos na noite seguinte. No entanto, não quis combinar nada e simplesmente chegou, no começo da noite, estacionando seu próprio carro em frente ao prédio, com sacolas nas mãos, que ela descobriu estarem cheias de DVDs e comida chinesa em caixinhas, que eles devoraram sentados no chão da sala de TV, já vendo a introdução do primeiro episódio de The Big Bang Theory.
era fã da série e nunca havia assistido, então ele chegara à casa dela disposto a corrigir aquilo que ele chamava de um "grande erro", apesar de, para tanto, ter tido que prometer assistir The Vampire Diaries em troca. Soube que valeria a pena fazer o sacrifício assim que a primeira gargalhada dela, dentre muitas que vieram depois, encheu de vida a sala bem equipada, e ela quase rolou, de tanto rir, pelo tapete macio onde estavam deitados, apoiados em almofadas roubadas do sofá.
Naquela sexta-feira, descobriu o quanto o universo nerd podia ser retratado de um jeito engraçado e, se eles não chegaram a assistir a todos os episódios que levara consigo, não foi por ela ter reclamado ou pedido para fazerem outra coisa. Na verdade, eles viram bem mais do que ele achava que ela iria aceitar ver, em uma única noite, e só deixaram o programa de lado porque os carinhos entre eles foram ficando cada vez mais quentes, e eles acabaram fazendo sexo, ali mesmo, no chão.
Já era tarde quando se despediu, depois de se deliciar com uma fatia generosa da torta de chocolate com laranja de Hummel, e atacar na cozinha, transando com ela sentada sobre uma das bancadas. Prometeu voltar no dia seguinte, para almoçarem juntos, e até deixou os DVDs, para continuarem a maratona de loucuras de Penny, Sheldon, Leonard, Howard e Raj.
tinha tido uma noite tão gostosa e as promessas de faziam com que sentisse tanta segurança, que ela nem tentou protestar por ele não passar a noite no apartamento onde antes morava. Também não tentou fazer outros planos para o dia, e aceitou, de bom grado, deixar que o namorado e a vida a surpreendessem.
Por que não, se até agora todas as surpresas tinham sido tão boas? Se até o sexo sem qualquer fetiche, sem fantasias, sem música sex e luz baixa, e com muito carinho, beijos na boca e sussurros que incluíam seu primeiro nome, estava sendo tão gostoso quanto aquele que faziam antes?
Talvez namorar, no final das contas não fosse ruim. Talvez perder o controle e deixar a vida apontar novas direções não fosse tão perigoso.
Talvez pudesse, enfim, voltar a pensar em uma coisa que ela ignorava havia muito tempo e que chamamos de futuro.
Felizmente, ao olhar melhor à sua volta, constatou que as roupas dela ainda estavam em seu quarto, penduradas sobre o encosto de uma cadeira, e sentiu um enorme alívio. Levantou-se da cama, pegando uma boxer preta no armário e vestindo-a, e caminhou até a sala, onde finalmente acharia a garota.
Ela estava deitada no sofá e sentou-se, sorrindo, ao vê-lo se aproximar. Usava a camiseta dele e tinha a parte de baixo do corpo coberta por uma manta fina que ele deixava na sala para os momentos em que ele mesmo se encolhia no sofá para assistir a um filme, jogo ou programa na TV. Se não tivesse feito um calor atípico durante aquela madrugada, certamente teria congelado com tão ínfimo recurso para se proteger do frio.
"Bom dia." Ele cumprimentou, sentando-se ao lado dela e depositando um beijo rápido em seus lábios.
"Bom dia." Ela respondeu, sorridente, e repetiu o gesto.
"Você caiu da cama?" Brincou.
"Eu não consegui dormir com você. Fiquei tensa, rolando na cama." Explicou, um tanto sem jeito. "Eu acho que ainda não estou preparada pra essa parte. Eu... nunca dormi com ninguém, nem mesmo antes de me tornar uma dominadora." Ele franziu a testa, surpreso. "É sério. Eu nunca tive um relacionamento de verdade com alguém. Eu só transava e depois voltava pra minha casa."
"Entendi." Disse, um pouco desanimado.
"Eu prometo voltar a tentar, ." Assegurou, passando a mão pelo peitoral dele. "Me deixa só ir me acostumando aos poucos com todas as mudanças, tá?" Pediu, fragilizada.
"Tudo bem." Ele sorriu. Afinal, por que se deixar abater pelo que não podia ter ainda, quando tinha conseguido tanto nas últimas horas? "Mas você não dormiu nada, então?" Questionou.
"Cochilei um pouco aqui." Deu de ombros.
"Bom, mas agora a cama tá vazia, e você pode ir pra lá e ficar mais confortável. Eu vou resolver umas coisas e não vou dormir mais." Observou.
"É tentador, mas eu não posso ir dormir agora, de jeito nenhum." Lamentou. "Eu tenho reunião às dez e não dá pra adiar."
"Sério?" Fez uma careta lastimosa e suspirou. "O pior é que eu nem tenho nada aí, pra fazer café pra gente. Eu ia sair pra comprar, mas eu vou te atrasar, se fizer isso."
"Que isso! A gente toma café lá em casa, bebê." Riu, mas ficou séria quando o viu passar as mãos pelo rosto, de um jeito nervoso. "O que foi?"
"É que eu acho que, mesmo eu não tendo mais motivos pra ficar longe de você, eu ainda devo manter meu pedido de demissão, ."
"E por que você faria isso?" Perguntou, chocada.
"Porque nós vamos ter uma relação diferente, agora, e uma das coisas que eu não quero da nossa relação antiga é me esconder." Declarou. "E, quando as pessoas souberem da gente, vai ser uma falação danada."
"Você liga se disserem que você tá lá por minha causa ou algo assim?"
"Não por mim. Eu sei que não entrei e nem to lá por isso, então não por mim. Só que vão falar de você também e eu não quero criar problemas pra você."
" , eu sei que eu tenho toda uma imagem pela qual zelar, e que eu a criei escondendo coisas sobre mim. Mas era mais porque as coisas que eu escondia eram muito não convencionais. Um namoro, na verdade, é o oposto disso e talvez passem até a gostar mais de mim... a me achar mais humana." Riu. "Uma crítica pelo fato de você trabalhar na empresa, sinceramente, não é algo que me preocupe... eu juro."
"Tem certeza? Porque eu não teria problemas em conseguir uma colocação muito boa em outras empresas. Outro dia mesmo..."
"Por favor, ." Fez carinho no rosto dele, olhando diretamente em seus olhos. "Nós vamos nos vestir agora, passar lá em casa pra comer e trocar de roupa, e vamos trabalhar... e eu mesma vou explicar pro pessoal do RH que você queria sair porque estamos... namorando." Disse a última palavra hesitante.
"Tudo bem, mas se ficar desconfortável pra você..."
" !" Repreendeu, levantando-se, colocando a manta em cima do sofá, indo na direção do quarto, e sendo logo seguida por ele. "Eu vou ligar pra Cora, pra ela deixar tudo preparado. Você quer o que no café da manhã?"
"Ah, eu nem sei. Waffles, panquecas, croissant... qualquer coisa que o Kevin faz fica uma delícia mesmo!" Afirmou, se referindo ao jovem chef de cozinha que coordenava os trabalhos no refeitório da empresa e ia, algumas vezes, durante a semana, à casa de , para preparar pessoalmente as refeições da garota. No começo, se referia a ele como Sr. Hummel, mas depois os dois tinham começado a se encontrar com frequência, e o rapaz pedira para ser chamado por seu primeiro nome.
O casal apenas se vestiu e em poucos minutos estava do lado de fora do prédio. Ela, é claro, usava as roupas da noite anterior, e ele optou por uma calça jeans, uma camiseta preta e um all star, deixando para tomar banho e adotar o visual formal de trabalho apenas depois do café da manhã, uma vez que também tinha roupas de todos os tipos na casa de .
"Que carro é esse?" Ele perguntou, vendo a morena se dirigir ao Maybach Landaulet branco, estacionado próximo ao edifício.
"É o meu carro particular. Os outros dois são da empresa." Explicou. "Quer dirigir?" Balançou as chaves na frente dele, sorridente.
"Não, não." Respondeu, sério, respirando fundo. "Eu não consigo, ainda, com alguém no carro... ainda mais você." Deu, então, a volta, entrando pelo lado do carona.
"Eu pensei que tava tudo bem agora." Ela comentou, já sentada no banco do motorista.
"Eu to dirigindo, o que já é um progresso pra mim... mas eu sinto medo ainda, e esse medo vira pânico quando eu penso que alguém, além de mim, pode se machucar ou acontecer coisa pior, de novo. Ainda mais alguém que eu ame, porque foram pessoas que eu amava que me deixaram... ou se machucaram." Terminou com a voz mais baixa.
ficara anos da vida dele, quando criança, sem sequer querer entrar em um carro. Fizera os avós utilizarem metrô, trem e ônibus, e dar muitas caminhadas para todos os lugares. Com o tempo, os adultos conseguiram convencê-lo a tentar, ele conseguiu e, aos poucos, foi relaxando, mas pensava que jamais dirigiria. Nos tempos da faculdade, acabara aprendendo com amigos e tirara a habilitação, mas sempre arrumava desculpas para não guiar, e só recentemente tinha comprado um carro, cansado de usar transporte público todos os dias.
Ele tinha contado a , na noite anterior, quando tiveram a sua primeira conversa realmente íntima, que seus pais tinham morrido, quando ele tinha sete anos, em um acidente de carro, do qual ele saiu apenas com arranhões e seu melhor amigo e vizinho, Artie Abrams, com uma lesão na coluna que o condenou a usar permanentemente uma cadeira de rodas. Como se perder os pais já não tivesse sido doloroso o suficiente, ele ainda vira o amigo destruído física e emocionalmente, e depois fora afastado dele, cujos pais se voltaram contra toda a família , chegando ao ponto de ajuizar uma ação, pedindo uma grande soma em dinheiro de indenização.
Afortunadamente, ficou provado que o pai de não teve qualquer responsabilidade em relação à colisão, e foi tão vítima quanto o filho dos vizinhos e sua própria esposa. O motorista do outro veículo envolvido estava em velocidade muito acima do permitido e fez uma ultrapassagem proibida. Os Abrams nada receberam dos , mas também não permitiram que os meninos fossem amigos novamente, o que ainda deixava chateado e, percebendo isso, deu um rápido beijo nele, ligando o carro e mudando de assunto.
Conversaram, animadamente, até chegar ao apartamento dela, onde Cora os esperava com o café já servido na sala de jantar. Havia tantas opções que parecia um café de hotel, e comeu com o grande apetite de sempre, afirmando que não poderia permitir o desperdício de comida com tantos passando fome no mundo. não comeu tanto quanto ele, obviamente, mas surpreendeu, trocando as habituais frutas, cereais e iogurte por waffles com requeijão e panquecas recheadas com brie e damasco.
Partiram para quartos separados, em seguida, a fim de tomar seus banhos e se preparar para o dia de trabalho, e , apesar de não poder se dizer surpreso, não gostou de ver aparecer com um terninho feminino cinza claro, acompanhado de uma blusa em um rosa que, de tal pálido, parecia branco mal lavado. Estava linda e sensual, como sempre, mas sua personalidade se apagava com uma roupa como aquela, deixando à vista apenas uma burocrata. No mesmo lugar onde era a principal responsável pela fabricação das joias mais brilhantes, ela perdia a luz própria, mas ele decidiu que ainda não era a hora certa para lhe dizer isso.
"Eu acho melhor você ligar pro Sam e combinar com ele, pra ele te levar lá pra casa, mais tarde." Ela comentou, quando os dois estavam quase chegando ao edifício comercial, levados por Harvey. "O Dean deve me levar no meio da tarde, porque eu vou sair logo que der. To exausta."
"Talvez seja melhor eu não ir pra lá hoje e você descansar."
"Como assim não ir pra lá?" Ela se surpreendeu. Eles não estavam bem agora?
"Eu queria falar com você sobre isso, ." Disse, sério. "Se eu e você não vamos dormir juntos, eu não vejo sentido em morar na sua casa."
"Mas eu pensei que você tivesse entendido, . É difícil pra mim! Você viu!" Falou, nervosa. "Ainda mais todas as noites. Seria como um casamento e eu não to preparada pra isso."
"Eu entendi e não vou te pressionar." Segurou as mãos dela nas suas, fazendo carinho. "Eu vou esperar o tempo que for necessário. Eu só não acho que eu deva morar com você, se não temos uma relação como a de marido e mulher, e eu tenho meu próprio apartamento. Isso fazia sentido quando você me dava ordens e queria que eu estivesse à disposição."
"Tudo bem." Ela respondeu, mas a decepção transparecia em sua voz. "Mas como vai ser, então?"
"Como é com todo mundo que namora. A gente vai passar o final de semana juntos, sair... curtir as coisas juntos, curtir um ao outro." Sorriu. "Também podemos nos ver durante a semana, jantar juntos. Eu só não vou morar no seu quarto de hóspedes."
"Era o SEU quarto."
"É a SUA casa."
"Ok." Suspirou, vencida. "Eu não te vejo mais hoje, né?" Perguntou, por fim, já abrindo a porta do carro, pois tinham chegado á empresa.
"Hoje, não, mas a boa notícia é que amanhã é sexta-feira, e eu sou todinho seu, durante o fim de semana inteiro." Respondeu, já fora do carro, com a voz sedutora, deslizando as mãos pela cintura dela e beijando-a, em seguida. Nenhum dos dois se importou com o fato de que estavam no estacionamento da rede de joalherias que ela comandava.
Algumas mensagens foram trocadas por eles, ao longo do dia, e um telefonema de quase meia hora encerrou as noites de ambos. Era tudo muito novo para , e uma espécie de redescoberta para , visto que ele também só tinha namorado uma vez na vida. Para ele, no entanto, era mais fácil, porque ele sabia que bastava ser espontâneo e estava acostumado a isso, enquanto ela estava, ao contrário, habituada a ter sempre tudo programado nos mínimos detalhes.
Fora um alento o fato de saber pelo menos que eles estariam juntos na noite seguinte. No entanto, não quis combinar nada e simplesmente chegou, no começo da noite, estacionando seu próprio carro em frente ao prédio, com sacolas nas mãos, que ela descobriu estarem cheias de DVDs e comida chinesa em caixinhas, que eles devoraram sentados no chão da sala de TV, já vendo a introdução do primeiro episódio de The Big Bang Theory.
era fã da série e nunca havia assistido, então ele chegara à casa dela disposto a corrigir aquilo que ele chamava de um "grande erro", apesar de, para tanto, ter tido que prometer assistir The Vampire Diaries em troca. Soube que valeria a pena fazer o sacrifício assim que a primeira gargalhada dela, dentre muitas que vieram depois, encheu de vida a sala bem equipada, e ela quase rolou, de tanto rir, pelo tapete macio onde estavam deitados, apoiados em almofadas roubadas do sofá.
Naquela sexta-feira, descobriu o quanto o universo nerd podia ser retratado de um jeito engraçado e, se eles não chegaram a assistir a todos os episódios que levara consigo, não foi por ela ter reclamado ou pedido para fazerem outra coisa. Na verdade, eles viram bem mais do que ele achava que ela iria aceitar ver, em uma única noite, e só deixaram o programa de lado porque os carinhos entre eles foram ficando cada vez mais quentes, e eles acabaram fazendo sexo, ali mesmo, no chão.
Já era tarde quando se despediu, depois de se deliciar com uma fatia generosa da torta de chocolate com laranja de Hummel, e atacar na cozinha, transando com ela sentada sobre uma das bancadas. Prometeu voltar no dia seguinte, para almoçarem juntos, e até deixou os DVDs, para continuarem a maratona de loucuras de Penny, Sheldon, Leonard, Howard e Raj.
tinha tido uma noite tão gostosa e as promessas de faziam com que sentisse tanta segurança, que ela nem tentou protestar por ele não passar a noite no apartamento onde antes morava. Também não tentou fazer outros planos para o dia, e aceitou, de bom grado, deixar que o namorado e a vida a surpreendessem.
Por que não, se até agora todas as surpresas tinham sido tão boas? Se até o sexo sem qualquer fetiche, sem fantasias, sem música sex e luz baixa, e com muito carinho, beijos na boca e sussurros que incluíam seu primeiro nome, estava sendo tão gostoso quanto aquele que faziam antes?
Talvez namorar, no final das contas não fosse ruim. Talvez perder o controle e deixar a vida apontar novas direções não fosse tão perigoso.
Talvez pudesse, enfim, voltar a pensar em uma coisa que ela ignorava havia muito tempo e que chamamos de futuro.
Capítulo 13
"Então foi por isso que você nunca me deixou ir te visitar no tal apartamento novo!" Concluiu Samuel, ficando no lugar certo para atirar o primeiro dardo em direção ao alvo, enquanto aguardava com seus dardos na mão e dando um gole em sua garrafa de cerveja. "Só marcava comigo aqui no pub ou na casa da vó, e era porque tava morando com a presidente da empresa!" Observou, depois de ter jogado e recolhido seus três dardos, quando era quem tomava a posição de arremesso.
"Isso mesmo, cara. Eu tava morando com ela. Me desculpa por não te contar, mas era complicado." sentou-se à mesa, ao lado do primo, depois de ter feito os pontos necessários para encerrar a partida, liberando a pista para outros jogadores.
"E agora vocês não tão morando mais juntos, é isso?" Perguntou, a fim de ver se tinha entendido corretamente. "Continuam juntos, mas não moram mais juntos."
"É, eu voltei pro meu apartamento." Confirmou. "A gente tava junto, mas ela não queria assumir, não queria que ninguém soubesse e, por isso, eu acabei terminando tudo. Então ela mudou de ideia, e se mostrou disposta a assumir, mas aí eu achei melhor começar tudo diferente dessa vez... começar como todo namoro normal, com cada um na sua casa."
"Só se fala nisso lá na empresa." Samuel comentou, espetando uma batata frita e colocando-a na boca. "Segunda-feira viram vocês chegando juntos e a notícia se espalhou rapidinho! Você podia pelo menos ter me contado, pra eu não ficar com cara de idiota, como eu fiquei, né?"
"Foi mal, cara. Foi mesmo! Mas é que segunda eu tive aquelas reuniões fora, e ontem... bom, você já tava sabendo a parte que eu poderia te contar lá." Deu de ombros.
Os dois rapazes tinham ido ao pub que costumavam frequentar às quartas-feiras, e que tinham, inclusive, continuado frequentando, mesmo enquanto ele morava com , a não ser quando ela exigia a presença dele em uma quarta à noite e ele, então, dava uma desculpa qualquer ao primo. aproveitara para contar quase toda a verdade ao irlandês, omitindo apenas que a relação no começo era puramente sexual e envolvia dominação.
Queria ter conversado com ele antes das fofocas, mas acabara se distraindo durante o seu primeiro final de semana como namorado de . No sábado, depois de terem almoçado juntos, como ele prometera, os dois voltaram a assistir The Big Bang Theory e começaram uma maratona de The Vampire Diaries, que durou até a noite. Cora serviu o jantar para eles do lado de fora, à beira da piscina, para que aproveitassem o clima agradável daquela noite, e eles ficaram deitados nas espreguiçadeiras, namorando, até ficarem com sono e ele decidir ir embora. No domingo, eles tomaram sol boa parte do dia, e, durante a outra parte, fizeram amor no antigo quarto de , onde ele acabou pegando no sono, o que fez com que eles fossem juntos trabalhar na segunda-feira, dando início aos comentários dos funcionários da joalheria.
"Tudo bem. Eu não vou ficar chateado com você por tão pouco." Samuel sorriu. "Mas me conta mais! Como é que isso começou? É namoro sério mesmo?"
"Por mim é sério." Falou, com ar sonhador que não conseguia evitar ao pensar em . "Eu gosto de verdade dela." Bebeu um gole de cerveja, pensando em como responder à outra pergunta. "Começou meio estranho, né? Escondido e tal. Mas agora vai ser diferente... vai ser tudo certo. Eu quero até ter um primeiro encontro oficial com ela, que a gente ainda não teve. Eu só não sei o que fazer ainda. Alguma sugestão?" Riu.
"Você podia viajar com ela pra uma praia... ou montanha. O que ela prefere?"
"Acho que montanha, mas não sei, não. Queria um encontro mesmo e não uma viagem. Pelo menos por enquanto." É claro que ele adoraria viajar com ela, mas somente quando pudessem dormir juntos. Porém essa parte da história Samuel não precisava saber.
"Tem um restaurante cubano muito bom em Market Street e tem o The Plough and the Stars..."
fingiu estar prestando atenção nas dicas do melhor amigo, afinal ele estava sendo muito legal em tentar ajudar, mas a verdade é que não sabia sequer por que tinha perguntado. Samuel não era do tipo romântico e só frequentava lugares abarrotados de gente, com música altíssima e nos quais a bebida era a principal atração. Não o criticava, afinal ele era solteiro e jovem, e devia mesmo aproveitar a vida. Porém essa nunca tinha sido a sua ideia de diversão e, por mais que ele tivesse mudado e até estivesse disposto a, eventualmente, experimentar, não o faria logo em seu primeiro encontro oficial com a mulher que amava.
No final da noite, ele já tinha uma noção de onde levar a morena e fez as reservas necessárias, logo no dia seguinte. Foi difícil falar com ela na quinta sem deixar escapar nada sobre o encontro, e na sexta, quando ele chegou à casa dela, teria facilmente estragado a surpresa e contado tudo, se não tivesse sido, ele mesmo, recebido de uma forma que não esperava.
tinha saído mais cedo do trabalho, naquela tarde, decidida a fazer algo diferente para . Escolhera um jantar romântico, mesmo isso parecendo clichê, afinal para ela tudo era novidade e, para ele, também não era, certamente, ocorrência comum. Fora ao supermercado com Cora, que a ajudara a comprar os ingredientes para o prato que resolvera fazer, e colocara, ela própria, a mão na massa, literalmente.
No entanto, as coisas não tinham ocorrido exatamente como ela imaginara. Fazer um nhoque de batatas parecia algo tão simples na receita, mas quando ela resolvera provar um pedaço, tinha acabado cuspindo tudo na lixeira, pois a textura estava absolutamente horrível. Pensara em cozinhar, então, um espaguete ou penne, mesmo que não tivesse sido esta a ideia original, para aproveitar ao menos o molho, mas, após experimentar o dito cujo, jogou a colher de pau com força dentro da pia, frustrada porque tinha ficado salgado demais.
Decidiu, então, caprichar na decoração e em sua própria aparência, para não dar a noite como perdida. Colocou velas brancas em candelabros de cristal, dispostos no centro da mesa coberta com uma toalha de veludo azul marinho, e posicionou os pratos, talheres e guardanapos em seus devidos lugares. Tomou um bom banho e pôs um vestido sensual, mas nada vulgar, completando o visual com uma maquiagem leve.
"Você gostou, né?" Ela perguntou a ele, quando terminaram de comer, horas depois. Ele tinha comido dois pratos bem servidos de nhoque ao molho funghi, afinal. Tinha elogiado tudo, principalmente a aparência dela, mas comer tudo e repetir era elogio ainda maior. Pena que não era à sua comida!
"Eu amei! Tava delicioso."
"?" Ela chamou a atenção dele, que passava o guardanapo nos lábios.
"Hum?"
"Eu menti pra você. Não fui eu que fiz." Confessou, sem jeito. "Eu até tentei, mas nada deu certo! Aí, eu acabei ligando pra um restaurante." Completou, frustrada.
"Eu imaginei, ." Ele riu baixinho do jeito dela. "Quase ninguém acerta de primeira esse molho... e nem a textura do nhoque. E você não tá acostumada a cozinhar."
"É." Ela concordou, ainda torcendo o nariz. "Mas você cozinha tão bem e eu queria tanto ter feito isso pra você. É a primeira vez que eu tento fazer alguma coisa pra alguém e... será que eu só sei fazer as coisas pra mim?"
", você fez uma coisa pra mim! Olha tudo isso! Não importa se a comida veio de um restaurante, se o mais importante você fez, que foi lembrar qual é meu prato favorito, mesmo eu tendo te falado uma única vez."
"Eu fiz a sobremesa também. Eu acho que ela tá boa." Riu.
"O que é?" Ele perguntou, como uma criança animada.
"Petit gâteau com sorvete de menta."
"Huuuuum..." Praticamente gemeu, passando a língua pelos lábios.
"Se não tivéssemos acabado de comer, eu não deixaria você lamber seus lábios assim, impunemente." Assegurou, sedutora, levantando-se para buscar a sobremesa. Só deixaria a cargo dos empregados arrumar a mesa no final da refeição, porque queria privacidade naquele momento.
No final das contas, não se mostrou tão desajeitada na cozinha assim, pois tinha feito um petit gâteau perfeito, e esta não é uma sobremesa assim tão fácil de fazer. A calda também era caseira e ficara no ponto certo, e o sorvete de menta de uma marca líder de mercado apenas complementava aquele manjar dos deuses. A "cereja sobre o sunday" foi o licor de amarula que eles tomaram na sala principal do apartamento, onde ficaram ouvindo música e conversando, e fizeram amor no final da noite.
"Eu adorei nosso jantar." Ele afirmou, quando estavam deitados no sofá, ainda nus, com o corpo dela praticamente todo sobre o dele, graças ao pouco espaço que tinham ali. Não era uma posição desconfortável, contudo, e sim gostosa. E ele fazia carinho nas costas dela, enquanto ela retribuía arranhando de leve o braço dele.
"Eu também amei."
"Mas eu quero levar você pra sair. A gente já ficou tempo demais dentro de casa!" Reclamou, mas em tom brincalhão. "Eu tenho planos pra amanhã à noite. Venho te encontrar às nove."
"Aonde a gente vai?" Ela perguntou, curiosa.
"Vou fazer surpresa, que nem você fez comigo hoje. E não adianta insistir." Ele apertou a ponta do nariz dela, em um carinho diferente que estava se tornando um hábito.
"Mas eu preciso saber o que vestir." Ela fez bico.
"Boa tentativa, mas eu não preciso te dizer. Basta você saber que eu vou de terno, sem gravata." Ela sorriu e deu um beijo nele, transmitindo toda a ansiedade pelo que a noite seguinte lhes reservava.
E pode-se dizer que o programa correspondeu totalmente às expectativas! Antes mesmo de chegar ao restaurante, ele abriu uma garrafa de champagne no carro, dirigido por Brad, propondo um brinde à nova relação dos dois, e eles trocaram carinhos e beijos. Ela estava radiante, mesmo tendo que retocar o batom e limpar os lábios dele com um lenço, antes de saírem do veículo, quando chegaram ao lugar escolhido por ele. Ficou ainda mais maravilhada ao ver como o local era lindo e chique.
Qualquer pessoa diria que tudo ali combinava perfeitamente com o seu status de presidente de um grande grupo de joalherias, mas isso foi justamente a única coisa que, quando ela constatou, a deixou um pouco preocupada. Principalmente porque ela podia ser milionária, mas não era o luxo a coisa que mais lhe importava na vida. Na verdade, nunca fora, por mais estranho que isso possa parecer!
", esse lugar é... UAU!" Falou, soltando o ar, como se estivesse sem fôlego, quando eles já estavam sentados à mesa e ele tinha pedido um vinho. "E não quero que me entenda mal porque eu estou amando tudo, mas... você não precisava fazer tudo isso." Disse, séria. "Eu posso ter muito dinheiro e coisas caras, mas não ligo pra elas mais do que eu ligo pra sua companhia. Eu ficaria feliz com você em qualquer lugar... a gente podia ter ido a um restaurante mais simples."
"A gente vai comer em restaurantes mais simples também, mas é nosso primeiro encontro." Afirmou, sorridente. "Eu queria um lugar romântico, especial."
"Mas..." Ela ainda estava preocupada, mas tinha medo de verbalizar e acabar fazendo uma desfeita a ele.
"Mas é muito caro para um contador?" Questionou, mas parecia estar se divertindo com a hesitação dela e não aborrecido.
"Eu não quis te ofender." Ela colocou a mão sobre a dele e olhou diretamente para seus olhos. "Eu só me preocupo. Não é justo que você gaste tanto comigo em uma noite."
"Não vai me fazer falta, . Se fosse fazer, não estaríamos aqui. Eu não gastaria com um jantar, se fosse deixar de ter grana pra alguma coisa importante." Assegurou. "Eu não ganho realmente bem na empresa pra estar em um lugar desse, apesar de vocês pagarem um salário acima do mercado. Só que eu tenho outras fontes de renda que me permitem isso, felizmente. Eu não sou milionário como você, mas meu pai era um investidor e me deixou muita coisa. Eu nem precisaria trabalhar pra você... bastaria eu administrar bem tudo o que ele deixou, mas eu gosto de ter uma ocupação e sou um apaixonado por números, mesmo sabendo que isso parece estranho." Riu.
"Você é fascinante, . O estranho pode ser fascinante." Declarou, admirando o homem à sua frente, erguendo sua taça de vinho e fazendo o segundo brinde da noite.
Naquele sábado, eles transaram na sala principal, na de TV, e na cozinha, e depois viram o sol nascer sentados na beira da piscina, com parte das pernas mergulhada na água, antes de voltar para seu próprio apartamento. No domingo, foi ela quem sugeriu que saíssem de casa e fossem ver um filme no cinema, para depois fazer um lanche em um café perto dele.
No final de semana seguinte, eles visitaram um ringue de patinação, por sugestão dele, e foram a um lugar chamado Helium Comedy Club ver apresentação de comediantes no estilo stand up, por sugestão dela, que já tinha percebido o quanto ele adorava comédias e ria fácil com elas. Não dava nem para acreditar que, um dia, ela tinha pensado que ele era um rapaz excessivamente sério. As aparências realmente podem nos enganar e devemos ter cuidado com elas!
Eles iniciaram uma rotina normal de casal e logo veio o final de semana em que comemoraram um mês de namoro oficial. preparou uma nova surpresa para a garota e a levou ao Sugarhouse Casino, onde tiveram uma noite divertida, bebendo drinques coloridos e arriscando a sorte nos dados, na roleta, no Blackjack, no Poker e no Caça-níqueis, entre outros jogos. Como é comum acontecer, a sorte esteve ao lado deles, no início, mas os abandonou por completo a uma certa altura da madrugada, quando então a morena, que já estava um pouco afetada pelo álcool e muito pela adrenalina, deu uma sugestão irrecusável.
"To mais a fim de jogar Strip Poker lá em casa do que jogar isso, bebê!"
"Só se aquele que não ficar pelado primeiro puder escolher em que lugares da casa a gente vai transar depois." Propôs ao pé do ouvido dela, com a voz gostosamente rouca e ela concordou.
Tiveram que se valer de todo um autocontrole que nem achavam mais que tinham, para não arrancar as roupas um do outro, quando chegaram em casa, antes mesmo de o jogo começar. Pegaram as cartas e jogaram a primeira rodada, em que um Full House ganhou de um Flush e ficou sem os sapatos. Na segunda, foi quem perdeu os dele e na sequência também se foram suas meias. Na quarta rodada, um Flush ganhou de um Three of a Kind e tirou o vestido, fazendo se animar e beber metade de sua cerveja de uma vez.
Com mais duas rodadas, ele estava sem paletó nem camisa, mas depois ganhou duas vezes seguidas e perdeu as meias sete oitavos e o sutiã, que tirou devagar, fazendo mesmo um striptease. Ela ainda teve tempo de ganhar uma dele e mandar que ele tirasse a calça, mas perdeu as calcinhas quando mostrou que tinha só um Straight, contra o Four of a Kind dele. A última peça também foi tirada com calma, enquanto os dois se encaravam, e jogada na direção dele, que a pegou no ar, sorrindo bobamente.
"Você sabe o que isso significa, senhorita?" Ele perguntou, já agarrando-a pela cintura e colando o corpo no dela. Seus rostos estavam próximos e um sentia a respiração quente do outro.
"Que você escolhe onde me comer!" Respondeu, cravando as unhas nas costas dele.
"Eu quero no seu quarto." Ousou declarar, pegando-a no colo, apesar de estar esperando que ela protestasse.
Porém, o protesto não veio e sim um sorriso terno, em meio à tensão sexual. estava tentando de verdade se entregar, por isso era chegada a hora de conhecer um pouco mais da intimidade dela.
"Isso mesmo, cara. Eu tava morando com ela. Me desculpa por não te contar, mas era complicado." sentou-se à mesa, ao lado do primo, depois de ter feito os pontos necessários para encerrar a partida, liberando a pista para outros jogadores.
"E agora vocês não tão morando mais juntos, é isso?" Perguntou, a fim de ver se tinha entendido corretamente. "Continuam juntos, mas não moram mais juntos."
"É, eu voltei pro meu apartamento." Confirmou. "A gente tava junto, mas ela não queria assumir, não queria que ninguém soubesse e, por isso, eu acabei terminando tudo. Então ela mudou de ideia, e se mostrou disposta a assumir, mas aí eu achei melhor começar tudo diferente dessa vez... começar como todo namoro normal, com cada um na sua casa."
"Só se fala nisso lá na empresa." Samuel comentou, espetando uma batata frita e colocando-a na boca. "Segunda-feira viram vocês chegando juntos e a notícia se espalhou rapidinho! Você podia pelo menos ter me contado, pra eu não ficar com cara de idiota, como eu fiquei, né?"
"Foi mal, cara. Foi mesmo! Mas é que segunda eu tive aquelas reuniões fora, e ontem... bom, você já tava sabendo a parte que eu poderia te contar lá." Deu de ombros.
Os dois rapazes tinham ido ao pub que costumavam frequentar às quartas-feiras, e que tinham, inclusive, continuado frequentando, mesmo enquanto ele morava com , a não ser quando ela exigia a presença dele em uma quarta à noite e ele, então, dava uma desculpa qualquer ao primo. aproveitara para contar quase toda a verdade ao irlandês, omitindo apenas que a relação no começo era puramente sexual e envolvia dominação.
Queria ter conversado com ele antes das fofocas, mas acabara se distraindo durante o seu primeiro final de semana como namorado de . No sábado, depois de terem almoçado juntos, como ele prometera, os dois voltaram a assistir The Big Bang Theory e começaram uma maratona de The Vampire Diaries, que durou até a noite. Cora serviu o jantar para eles do lado de fora, à beira da piscina, para que aproveitassem o clima agradável daquela noite, e eles ficaram deitados nas espreguiçadeiras, namorando, até ficarem com sono e ele decidir ir embora. No domingo, eles tomaram sol boa parte do dia, e, durante a outra parte, fizeram amor no antigo quarto de , onde ele acabou pegando no sono, o que fez com que eles fossem juntos trabalhar na segunda-feira, dando início aos comentários dos funcionários da joalheria.
"Tudo bem. Eu não vou ficar chateado com você por tão pouco." Samuel sorriu. "Mas me conta mais! Como é que isso começou? É namoro sério mesmo?"
"Por mim é sério." Falou, com ar sonhador que não conseguia evitar ao pensar em . "Eu gosto de verdade dela." Bebeu um gole de cerveja, pensando em como responder à outra pergunta. "Começou meio estranho, né? Escondido e tal. Mas agora vai ser diferente... vai ser tudo certo. Eu quero até ter um primeiro encontro oficial com ela, que a gente ainda não teve. Eu só não sei o que fazer ainda. Alguma sugestão?" Riu.
"Você podia viajar com ela pra uma praia... ou montanha. O que ela prefere?"
"Acho que montanha, mas não sei, não. Queria um encontro mesmo e não uma viagem. Pelo menos por enquanto." É claro que ele adoraria viajar com ela, mas somente quando pudessem dormir juntos. Porém essa parte da história Samuel não precisava saber.
"Tem um restaurante cubano muito bom em Market Street e tem o The Plough and the Stars..."
fingiu estar prestando atenção nas dicas do melhor amigo, afinal ele estava sendo muito legal em tentar ajudar, mas a verdade é que não sabia sequer por que tinha perguntado. Samuel não era do tipo romântico e só frequentava lugares abarrotados de gente, com música altíssima e nos quais a bebida era a principal atração. Não o criticava, afinal ele era solteiro e jovem, e devia mesmo aproveitar a vida. Porém essa nunca tinha sido a sua ideia de diversão e, por mais que ele tivesse mudado e até estivesse disposto a, eventualmente, experimentar, não o faria logo em seu primeiro encontro oficial com a mulher que amava.
No final da noite, ele já tinha uma noção de onde levar a morena e fez as reservas necessárias, logo no dia seguinte. Foi difícil falar com ela na quinta sem deixar escapar nada sobre o encontro, e na sexta, quando ele chegou à casa dela, teria facilmente estragado a surpresa e contado tudo, se não tivesse sido, ele mesmo, recebido de uma forma que não esperava.
tinha saído mais cedo do trabalho, naquela tarde, decidida a fazer algo diferente para . Escolhera um jantar romântico, mesmo isso parecendo clichê, afinal para ela tudo era novidade e, para ele, também não era, certamente, ocorrência comum. Fora ao supermercado com Cora, que a ajudara a comprar os ingredientes para o prato que resolvera fazer, e colocara, ela própria, a mão na massa, literalmente.
No entanto, as coisas não tinham ocorrido exatamente como ela imaginara. Fazer um nhoque de batatas parecia algo tão simples na receita, mas quando ela resolvera provar um pedaço, tinha acabado cuspindo tudo na lixeira, pois a textura estava absolutamente horrível. Pensara em cozinhar, então, um espaguete ou penne, mesmo que não tivesse sido esta a ideia original, para aproveitar ao menos o molho, mas, após experimentar o dito cujo, jogou a colher de pau com força dentro da pia, frustrada porque tinha ficado salgado demais.
Decidiu, então, caprichar na decoração e em sua própria aparência, para não dar a noite como perdida. Colocou velas brancas em candelabros de cristal, dispostos no centro da mesa coberta com uma toalha de veludo azul marinho, e posicionou os pratos, talheres e guardanapos em seus devidos lugares. Tomou um bom banho e pôs um vestido sensual, mas nada vulgar, completando o visual com uma maquiagem leve.
"Você gostou, né?" Ela perguntou a ele, quando terminaram de comer, horas depois. Ele tinha comido dois pratos bem servidos de nhoque ao molho funghi, afinal. Tinha elogiado tudo, principalmente a aparência dela, mas comer tudo e repetir era elogio ainda maior. Pena que não era à sua comida!
"Eu amei! Tava delicioso."
"?" Ela chamou a atenção dele, que passava o guardanapo nos lábios.
"Hum?"
"Eu menti pra você. Não fui eu que fiz." Confessou, sem jeito. "Eu até tentei, mas nada deu certo! Aí, eu acabei ligando pra um restaurante." Completou, frustrada.
"Eu imaginei, ." Ele riu baixinho do jeito dela. "Quase ninguém acerta de primeira esse molho... e nem a textura do nhoque. E você não tá acostumada a cozinhar."
"É." Ela concordou, ainda torcendo o nariz. "Mas você cozinha tão bem e eu queria tanto ter feito isso pra você. É a primeira vez que eu tento fazer alguma coisa pra alguém e... será que eu só sei fazer as coisas pra mim?"
", você fez uma coisa pra mim! Olha tudo isso! Não importa se a comida veio de um restaurante, se o mais importante você fez, que foi lembrar qual é meu prato favorito, mesmo eu tendo te falado uma única vez."
"Eu fiz a sobremesa também. Eu acho que ela tá boa." Riu.
"O que é?" Ele perguntou, como uma criança animada.
"Petit gâteau com sorvete de menta."
"Huuuuum..." Praticamente gemeu, passando a língua pelos lábios.
"Se não tivéssemos acabado de comer, eu não deixaria você lamber seus lábios assim, impunemente." Assegurou, sedutora, levantando-se para buscar a sobremesa. Só deixaria a cargo dos empregados arrumar a mesa no final da refeição, porque queria privacidade naquele momento.
No final das contas, não se mostrou tão desajeitada na cozinha assim, pois tinha feito um petit gâteau perfeito, e esta não é uma sobremesa assim tão fácil de fazer. A calda também era caseira e ficara no ponto certo, e o sorvete de menta de uma marca líder de mercado apenas complementava aquele manjar dos deuses. A "cereja sobre o sunday" foi o licor de amarula que eles tomaram na sala principal do apartamento, onde ficaram ouvindo música e conversando, e fizeram amor no final da noite.
"Eu adorei nosso jantar." Ele afirmou, quando estavam deitados no sofá, ainda nus, com o corpo dela praticamente todo sobre o dele, graças ao pouco espaço que tinham ali. Não era uma posição desconfortável, contudo, e sim gostosa. E ele fazia carinho nas costas dela, enquanto ela retribuía arranhando de leve o braço dele.
"Eu também amei."
"Mas eu quero levar você pra sair. A gente já ficou tempo demais dentro de casa!" Reclamou, mas em tom brincalhão. "Eu tenho planos pra amanhã à noite. Venho te encontrar às nove."
"Aonde a gente vai?" Ela perguntou, curiosa.
"Vou fazer surpresa, que nem você fez comigo hoje. E não adianta insistir." Ele apertou a ponta do nariz dela, em um carinho diferente que estava se tornando um hábito.
"Mas eu preciso saber o que vestir." Ela fez bico.
"Boa tentativa, mas eu não preciso te dizer. Basta você saber que eu vou de terno, sem gravata." Ela sorriu e deu um beijo nele, transmitindo toda a ansiedade pelo que a noite seguinte lhes reservava.
E pode-se dizer que o programa correspondeu totalmente às expectativas! Antes mesmo de chegar ao restaurante, ele abriu uma garrafa de champagne no carro, dirigido por Brad, propondo um brinde à nova relação dos dois, e eles trocaram carinhos e beijos. Ela estava radiante, mesmo tendo que retocar o batom e limpar os lábios dele com um lenço, antes de saírem do veículo, quando chegaram ao lugar escolhido por ele. Ficou ainda mais maravilhada ao ver como o local era lindo e chique.
Qualquer pessoa diria que tudo ali combinava perfeitamente com o seu status de presidente de um grande grupo de joalherias, mas isso foi justamente a única coisa que, quando ela constatou, a deixou um pouco preocupada. Principalmente porque ela podia ser milionária, mas não era o luxo a coisa que mais lhe importava na vida. Na verdade, nunca fora, por mais estranho que isso possa parecer!
", esse lugar é... UAU!" Falou, soltando o ar, como se estivesse sem fôlego, quando eles já estavam sentados à mesa e ele tinha pedido um vinho. "E não quero que me entenda mal porque eu estou amando tudo, mas... você não precisava fazer tudo isso." Disse, séria. "Eu posso ter muito dinheiro e coisas caras, mas não ligo pra elas mais do que eu ligo pra sua companhia. Eu ficaria feliz com você em qualquer lugar... a gente podia ter ido a um restaurante mais simples."
"A gente vai comer em restaurantes mais simples também, mas é nosso primeiro encontro." Afirmou, sorridente. "Eu queria um lugar romântico, especial."
"Mas..." Ela ainda estava preocupada, mas tinha medo de verbalizar e acabar fazendo uma desfeita a ele.
"Mas é muito caro para um contador?" Questionou, mas parecia estar se divertindo com a hesitação dela e não aborrecido.
"Eu não quis te ofender." Ela colocou a mão sobre a dele e olhou diretamente para seus olhos. "Eu só me preocupo. Não é justo que você gaste tanto comigo em uma noite."
"Não vai me fazer falta, . Se fosse fazer, não estaríamos aqui. Eu não gastaria com um jantar, se fosse deixar de ter grana pra alguma coisa importante." Assegurou. "Eu não ganho realmente bem na empresa pra estar em um lugar desse, apesar de vocês pagarem um salário acima do mercado. Só que eu tenho outras fontes de renda que me permitem isso, felizmente. Eu não sou milionário como você, mas meu pai era um investidor e me deixou muita coisa. Eu nem precisaria trabalhar pra você... bastaria eu administrar bem tudo o que ele deixou, mas eu gosto de ter uma ocupação e sou um apaixonado por números, mesmo sabendo que isso parece estranho." Riu.
"Você é fascinante, . O estranho pode ser fascinante." Declarou, admirando o homem à sua frente, erguendo sua taça de vinho e fazendo o segundo brinde da noite.
Naquele sábado, eles transaram na sala principal, na de TV, e na cozinha, e depois viram o sol nascer sentados na beira da piscina, com parte das pernas mergulhada na água, antes de voltar para seu próprio apartamento. No domingo, foi ela quem sugeriu que saíssem de casa e fossem ver um filme no cinema, para depois fazer um lanche em um café perto dele.
No final de semana seguinte, eles visitaram um ringue de patinação, por sugestão dele, e foram a um lugar chamado Helium Comedy Club ver apresentação de comediantes no estilo stand up, por sugestão dela, que já tinha percebido o quanto ele adorava comédias e ria fácil com elas. Não dava nem para acreditar que, um dia, ela tinha pensado que ele era um rapaz excessivamente sério. As aparências realmente podem nos enganar e devemos ter cuidado com elas!
Eles iniciaram uma rotina normal de casal e logo veio o final de semana em que comemoraram um mês de namoro oficial. preparou uma nova surpresa para a garota e a levou ao Sugarhouse Casino, onde tiveram uma noite divertida, bebendo drinques coloridos e arriscando a sorte nos dados, na roleta, no Blackjack, no Poker e no Caça-níqueis, entre outros jogos. Como é comum acontecer, a sorte esteve ao lado deles, no início, mas os abandonou por completo a uma certa altura da madrugada, quando então a morena, que já estava um pouco afetada pelo álcool e muito pela adrenalina, deu uma sugestão irrecusável.
"To mais a fim de jogar Strip Poker lá em casa do que jogar isso, bebê!"
"Só se aquele que não ficar pelado primeiro puder escolher em que lugares da casa a gente vai transar depois." Propôs ao pé do ouvido dela, com a voz gostosamente rouca e ela concordou.
Tiveram que se valer de todo um autocontrole que nem achavam mais que tinham, para não arrancar as roupas um do outro, quando chegaram em casa, antes mesmo de o jogo começar. Pegaram as cartas e jogaram a primeira rodada, em que um Full House ganhou de um Flush e ficou sem os sapatos. Na segunda, foi quem perdeu os dele e na sequência também se foram suas meias. Na quarta rodada, um Flush ganhou de um Three of a Kind e tirou o vestido, fazendo se animar e beber metade de sua cerveja de uma vez.
Com mais duas rodadas, ele estava sem paletó nem camisa, mas depois ganhou duas vezes seguidas e perdeu as meias sete oitavos e o sutiã, que tirou devagar, fazendo mesmo um striptease. Ela ainda teve tempo de ganhar uma dele e mandar que ele tirasse a calça, mas perdeu as calcinhas quando mostrou que tinha só um Straight, contra o Four of a Kind dele. A última peça também foi tirada com calma, enquanto os dois se encaravam, e jogada na direção dele, que a pegou no ar, sorrindo bobamente.
"Você sabe o que isso significa, senhorita?" Ele perguntou, já agarrando-a pela cintura e colando o corpo no dela. Seus rostos estavam próximos e um sentia a respiração quente do outro.
"Que você escolhe onde me comer!" Respondeu, cravando as unhas nas costas dele.
"Eu quero no seu quarto." Ousou declarar, pegando-a no colo, apesar de estar esperando que ela protestasse.
Porém, o protesto não veio e sim um sorriso terno, em meio à tensão sexual. estava tentando de verdade se entregar, por isso era chegada a hora de conhecer um pouco mais da intimidade dela.
Capítulo 14
colocou na cama, grato por haver um abajur acesso no quarto, facilitando a vida de alguém que não sabia onde ficavam as coisas no cômodo. Arrancou rapidamente a cueca boxer e também se deitou, beijando-a e apertando um de seus seios, enquanto ela arranhava suas costas. Parou de beijá-la só para encarar os seus olhos cheios de fogo, enquanto fazia seu mamilo endurecer sob seu toque. Ela gemia, ofegava e esfregava o sexo na perna dele, apertando os olhos e cravando ainda mais as unhas nele.
"Olha pra mim, bebê." Ele pediu. "Fica olhando pra mim... nos meus olhos! Gostosa!" Disse, agarrando o seio dela de novo e roçando o biquinho na palma da mão, antes de deslizá-la pelo abdômen da morena até a sua intimidade, tocando-a sem deixar de encará-la. "Eu adoro provocar você, sabia? Sentir você, assim, na minha mão." Afirmou, ciente do duplo sentido de suas palavras, depois de um tempo. "Mas não agora, porque agora eu não to nem um pouco a fim de esperar pra ter você."
Ele segurou atrás de um dos joelhos dela e puxou a perna, fazendo com que esta se dobrasse, e se posicionou, penetrando-a. Movimentando-se lentamente, fez o mesmo com a outra perna, deixando-a ainda mais aberta para ele e indo, assim, ainda mais fundo. Ela agarrava os lençóis com força e levantava o quadril na direção dele, no mesmo ritmo em que ele se mexia. Então ele colocou as pernas dela em volta de seu quadril e foi se levantando, até sentar sobre os calcanhares, ao mesmo tempo em que puxava o corpo dela, para que ficasse sentada em seu colo, na posição de lótus.
Ele segurou o quadril dela, para fazer com que acompanhasse a velocidade do dele, e ela segurou em seus braços fortes, para manter-se equilibrada. Os movimentos foram ficando mais fortes e rápidos, aos poucos, e eles deixaram de se encarar para unir seus corpos completamente e chegar juntos ao orgasmo, tão colados quanto possível. Jogaram-se na cama, exaustos, e ficaram se recuperando em um silêncio extremamente confortável.
Foi nesse momento que parou realmente para observar à sua volta e conhecer o quarto tão cuidadosamente preservado de "intrusos" por . O ambiente era diferente tanto do imponente escritório em que ela trabalhava na firma quanto dos demais cômodos do apartamento, decorados com móveis elegantes e modernos, obras de arte caras e fotografias de com amigos, praticando esportes radicais pelo mundo. O mobiliário ali tinha uma leveza, dada pela brancura e pelas formas arredondadas dos móveis, uma delicadeza e feminilidade, concedidas pelo dossel sobre a cama e pelo espelho oval da penteadeira antiga reformada. O ar romântico era completado pela roupa de cama floral e pelos vários objetos em diferentes tons de rosa, como um abajur, algumas caixinhas e uma pequena escultura de bailarina.
"Então aqui é a fortaleza da princesa?" Ele perguntou brincalhão, se virando na cama para encará-la.
"É." Ela riu, ficando de frente para ele também. "Além de mim, só a Cora e a Rosalyn vem aqui, pra arrumar e limpar. E, além delas, apenas a Kitty já entrou aqui, e, mesmo assim, só porque uma vez eu tive uma intoxicação alimentar e ela fez questão de ficar aqui, cuidando de mim, como se eu fosse um dos bichinhos dela." Brincou, se referindo à profissão da amiga, que era veterinária.
"Uma tigresa." Falou, malicioso, lembrando uma das fantasias de pelúcia que ela já tinha usado para ele, o que era engraçado considerando que a especialidade de Kitty era realmente tratar de felinos.
"Nem mesmo a Harmony conhece o meu quarto." Falou, sabendo que àquela altura, já tinha ouvido falar o suficiente das melhores amigas dela para reconhecê-las pelos nomes, e até visto algumas fotografias das duas. Algumas eram as mesmas que mostravam fazendo escalada, paraquedismo, mergulho, e em outras aventuras. "Eu sempre vi esse lugar como uma parte da minha intimidade, sabe?" Continuou, sincera.
"Eu entendo." Assegurou. "E isso me deixa ainda mais feliz de estar aqui com você. Mostra que você quer que eu te conheça de verdade... que eu participe da sua vida de verdade."
"Eu quero." Confirmou, beijando-o. "Inclusive, eu tenho uma convite pra te fazer."
"Um convite?" Perguntou, curioso.
"É. A Kitty me ligou hoje. Ela e a Harm tão com saudades de mim e querem me ver e... não só isso, como elas também querem te conhecer." Disse, e ele percebeu o quanto ela estava nervosa. "Então, se... você também quiser conhecer as duas, elas vão estar amanhã num restaurante aí que ela disse ser muito legal e tal. Mas só se você quiser, ok? Não tem problema se você..."
"Ei!" Ele a interrompeu, se aproximando e fazendo com que o encarasse. "É claro que eu quero conhecer as suas amigas! Eu sou seu namorado, ." Observou. "Inclusive, eu também quero que você conheça melhor o meu primo... que vocês se encontrem fora da empresa. Talvez seja uma boa oportunidade pra chamá-lo, se você não se importar."
"Não. Claro que não." Sorriu.
"Eu tava só esperando você tomar uma iniciativa nesse sentido, meu amor. Eu não queria te pressionar, já que a gente combinou que ia fazer tudo o que é novo pra você com calma."
"Obrigada, ." Disse, segurando a mão dele. "Eu quero que isso dê certo e, aos poucos, eu to me acostumando com tudo." Afirmou e ele assentiu. "Então, já que esse final de semana você tá conhecendo tantas coisas, que tal conhecer a maior banheira da casa, hum?" Perguntou, de um jeito sugestivo, e em tempo recorde estava no colo dele às gargalhadas, entrando no banheiro.
A banheira era mesmo grande e eles passaram um bom tempo fazendo brincadeiras de adulto dentro dela, além de terem conversado bastante e trocado muitos carinhos. Quando saíram e se enrolou em uma toalha, observando vestir um roupão rosa pink, já era bem tarde e os dois bocejavam. Ela vestiu uma calcinha e uma camisola limpas, retiradas de uma grande cômoda, e ele colocou de volta a cueca que tinha jogado no chão do quarto e disse que iria à sala de jogos, onde tinha ficado o resto das roupas de ambos.
"Eu acho que a essa hora não corro risco de encontrar os empregados, corro?" Questionou, secando o cabelo.
"Não. Mesmo que a Cora esteja acordada, ela só viria pra essa parte do apartamento se a gente chamasse."
"Okay." Ele entrou no banheiro rapidamente, voltando sem a toalha. "É melhor você ir comigo, pra pegar suas roupas também, assim eu já me visto lá e vou indo."
"." Ela disse, tocando o braço dele. "Eu queria poder dizer pra você ficar e dormir comi-" Foi interrompida pelos dedos dele sendo levemente repousados sobre seus lábios.
"Se eu achasse que você não tá tentando, , eu ficaria aborrecido, sim. Mas eu sei que você tá fazendo o que pode e que, aos poucos, nós estamos nos tornando cada vez mais próximos." Ele segurou seu rosto e beijou sua boca. "Passos de bebê." Lembrou, antes de dar a mão a ela e irem até o cômodo onde tinham ficado suas coisas.
Na noite seguinte, o casal encontrou Kitty, Harmony e Samuel no restaurante de culinária mediterrânea Opa, que se transformava em uma das melhores boates de Midtown Village à noite, com DJs, coquetéis originais e um relaxante jardim de inverno. Enquanto comiam, as amigas de iam se enturmando com e o primo do rapaz conhecia um lado novo e inesperado da superior de todos os seus superiores. Depois, quando a pista foi aberta, as meninas foram dançar, deixando os garotos com suas cervejas, e foi o momento das observações acontecerem, dos dois lados.
"Nossa! Ela é muito diferente do que eu pensava! Sorridente, simpática! Ou será que é só porque eu sou seu primo e ela quer agradar?" Samuel indagou a .
"! Ele é maravilhoso!" Kitty elogiou o namorado para a amiga, enquanto isso. "Além de lindo, ele é um amor, inteligente, bem humorado. E ele adora você! Dá pra ver nos olhos dele."
"Eu gosto de pensar que ela quer, sim, me agradar." respondeu ao primo, enquanto observava Kitty dizer algo no ouvido dela e ela abrir um sorriso lindo. "Mas ela É simpática e alegre, quando ela deixa aquela pose de durona que adota na empresa. Na verdade, a tem muitos lados... ela pode ser bem surpreendente!"
"Eu tenho muito que agradecer a você! A vocês duas, aliás." Disse , puxando Harmony para mais perto, pois tinham que estar próximas para ouvir umas as outras, graças à música alta. "Obrigada, Harmy. Obrigada às duas! Se não fosse pelos conselhos de vocês, eu nunca saberia como eu tava deixando de ser feliz por causa dos meus medos." As meninas fizeram gestos que deixavam claro que ela não precisava agradecer, e abraçaram a amiga, voltando a dançar em seguida.
"Você já conhecia essas amigas dela?" Samuel perguntou. "A Harmony é uma delícia!" Declarou, estudando a garota de cima a baixo. "Ela tem namorado?"
"Cara, eu conheci as duas hoje, mas, pelo que eu sei, namorado ela não tem, não. Só que toma cuidado, cara! Ela é armada e perigosa." Riu.
"Ah, fala sério!" Duvidou.
"Eu to falando! Ela é oficial do exército." Falou, quase fazendo o amigo engasgar com sua bebida.
A noite seguiu ora com as garotas dançando na pista e os meninos observando de uma mesa, ora com o grupo todo em outra mesa, no jardim, onde havia menos barulho e eles podiam conversar animadamente, ora com todos na pista de dança, o que aconteceu mais depois que os dois rapazes já tinham bebido o suficiente para serem convencidos.
Ou talvez, na verdade, não tenha sido tão difícil assim convencer , porque quanto mais dançava mais ele queria sentir o corpo dela contra o seu e, na pista lotada, seria mais fácil agarrá-la sem chamar a atenção de ninguém. Do mesmo modo, provavelmente não foi a bebida quem animou Samuel, e sim o fato de Kitty ter arrumado uma companhia masculina no meio da noite, o que fazia com que ele e Harmony estivessem sobrando juntos.
Ao chegarem ao apartamento de , tanto ela quanto já estavam enlouquecidos de vontade de transar e o mais longe que conseguiram ir foi até o sofá. Sem perder tempo com preliminares, coisa que, na realidade, já tinham feito no carro a caminho, ele a colocou ajoelhada com a parte da frente do tronco apoiada no encosto do móvel, e penetrou-a por trás, mexendo rápido e com força, enquanto massageava um dos seios e o clitóris dela.
Chegaram rápido ao ápice, e ele sentou-se no sofá, puxando a morena para o colo e fazendo carinhos em suas costas, enquanto esperavam o ritmo cardíaco diminuir e a respiração normalizar. Conversaram um pouco sobre a noite, sobre quanto ele tinha se dado bem com as amigas dela, especialmente Kitty, e quanto o primo dele tinha tentado se dar bem com Harmony, em vão. Riram das tentativas do rapaz de dançar mais perto da garota e de conversar somente com ela, e de como ele tinha acabado indo embora frustrado, enquanto Kitty, por sua vez, fora embora com um velho conhecido que reencontrara no local.
"Foi muito divertido! Valeu super a pena! E eu agora sinto ainda mais que a gente tem uma relação de verdade." disse, acariciando o rosto dela.
"Eu também adorei! Minhas amigas amaram você e eu nunca pensei que me divertiria tanto com seu primo." Riu. "Só não sei se é uma boa ideia chamarmos os três, numa próxima vez. Acho que a Harm não achou ele tão divertido assim e que ele, por sua vez, acabou ficando com vergonha."
"É." Riu também. "Talvez seja melhor eu pensar em algum outro amigo pra levar comigo, porque eu também não vou sair sozinho com três mulheres, né?" Ela assentiu e ele olhou as horas no relógio de pulso, vendo que era tarde para um domingo, mas, mesmo assim decidindo tentar algo em que ele já estava pensando havia algum tempo. "Sabe o que pode tornar essa noite ainda melhor?"
"A gente ir lá pro quarto e começar tudo de novo?" Ela arriscou, mordendo o lábio.
"Na verdade, envolve fazer tudo de novo, mas não no seu quarto... apesar de eu ter adorado ir pra lá ontem."
"Aqui mesmo, então?" Ele balançou a cabeça negativamente. "Na cozinha?" Ela tentou adivinhar, mais uma vez.
"No quarto secreto." Ele finalmente acabou com o mistério, dizendo o último lugar da casa que ela achou que ele escolheria.
"Mas eu pensei que..."
"Eu não quisesse mais ir pra lá?" Ela confirmou. "Não, meu amor. Como eu te falei, eu nunca me incomodei com o que a gente fazia entre quatro paredes. O que me incomodava era não termos uma relação. Era eu não poder te amar, te dar carinho. Eu gostava das brincadeiras, da tensão. Eu sinto falta e sei que você também sente. Não sente?" Perguntou, olhando nos olhos dela.
"Sinto." Ela disse, ficando ofegante de expectativa.
"Você teria escolhido ir pra lá ontem, se tivesse me vencido?"
"Não... porque eu achava MESMO que você não queria mais. Passou tanto tempo."
"Eu não disse nada antes porque achei que no começo era melhor radicalizar, pra você sair do papel de dominadora." Brincou, apertando a ponta do nariz dela. "Agora, eu acho que você consegue assumir esse papel e depois deixar o personagem lá dentro, quando a gente trancar a porta de novo. Quer tentar?" Ela sorriu amplamente e isso era resposta mais do que suficiente, então os dois vestiram as roupas de baixo e seguiram para o quarto especial.
Ela perguntou se ele queria só usar o cômodo para transar ou se eles poderiam fazer alguma brincadeira, e ele respondeu que, ali dentro, poderia ser tudo quase como antes, e ela deveria fazer o que estivesse com vontade, pois ele certamente curtiria. Então ela mandou que ele colocasse música, dando o número correspondente à playlist que ela queria ouvir, e diminuísse a iluminação do local, e foi até o camarim. Voltou, ainda de calcinha e sutiã, e lhe entregou uma calça listrada em preto e branco, mandando que ele esperasse dentro da jaula.
Pela fantasia, talvez fosse melhor chamar o objeto de cela, dessa vez, pois não foi difícil prever qual seria o jogo. Logo a policial chegava perto das grades, fazendo barulho ao esfregar um porrete nelas, e fazendo o prisioneiro se fingir de assustado, e pedir clemência, dizendo-se inocente de quaisquer que fossem as acusações contra ele. Fazendo a linha durona, ela dizia que ele iria pagar caro por seus crimes, enquanto andava em volta da cela, para que ele a admirasse, e começava a se mover ao som de I just don't know what to do with myself.
Ela usou o poste de pole dance, que não ficava longe da cela, para se exibir, fingiu calor para abrir alguns botões da blusa, revelando um pouco do sutiã, deixou cair o cassetete e se curvou para pegá-lo, fazendo a saia subir e parte do bumbum aparecer. Depois de provocar bastante, chegou perto do detento e perguntou o que ele seria capaz de fazer para não ir para a cadeira elétrica, e ele disse que faria o que ela quisesse. Então, ela abriu a cela, algemando um de seus punhos e levando-o até a cadeira de motel que tinha adquirido pouco antes do desentendimento dos dois, prendendo no objeto a outra parte da algema.
Com ele preso à cadeira, ela sentou no colo dele, primeiro de costas, depois de frente, o tempo todo usando o uniforme de policial, e dizendo que se ele tivesse sempre bom comportamento jamais seria executado, mas que ele também não deveria ter esperanças de se tornar um homem livre, porque era dela agora. Ele curtiu a fantasia, chamando-a de oficial e só fazendo aquilo que ela mandava, somente saindo do personagem quando os dois já estavam quase gozando e, então, ele gemeu o nome dela e os dois se entregaram a um beijo cheio de desejo e paixão.
No final de semana seguinte, eles voltaram a sair com amigos e transar no quarto dela. Porém também passaram horas no quarto secreto praticando submissão e dominação. Ficaram tão exaustos no domingo que decidiu dormir no quarto de hóspedes ao invés de ir para seu apartamento, e, no dia seguinte, eles tomaram café e foram trabalhar juntos. Não combinaram de se ver novamente naquele dia, mas ele a surpreendeu, no final da tarde, levando-lhe um presente que tinha comprado na hora do almoço.
"É linda, bebê." Ela disse, esticando à sua frente a blusa rosa choque de seda, mas ele percebeu que ela não tinha realmente gostado.
"Mas?"
"Como assim 'mas', ?"
"Eu sei que alguma coisa te incomodou."
"É que o modelo dela é um pouco formal pra sair à noite, mas eu tenho certeza que vou encontrar a ocasião perfeita." Sorriu, se aproximando e beijando os lábios dele. "Obrigada."
"Você sabe que essa blusa é pra trabalho, ! Não é pra nenhuma ocasião." Frisou a última palavra, segurando as mãos dela nas suas. "Você é uma mulher de muitas cores, meu amor... de muitos tons! Você é aquela gata no cio que me deixa todo arranhado e acabado de tanto sexo, no quarto secreto." Afirmou, lembrando uma das fantasias que ela usara recentemente. "Mas você também é uma garota doce e, no fundo, sonhadora, que tem um quarto branco e cor de rosa, e gosta de comédias românticas. Você é a chefe durona de todos aqui, que cobra seriedade e resultados, mas também é a menina que ri a toa com as amigas e cuida delas quando elas ficam mal." Referiu-se ao porre tomado por Kitty na última saída deles, que fez as duas passarem boa parte da noite no banheiro. "Você mostrou tudo isso pra mim e isso só me fez te amar mais. Você não devia se esconder nessas roupas sem graça, aqui no trabalho."
"Eu não sei, bebê. Eu tenho medo de perder a autoridade, de..."
"Por usar cores?" Duvidou. "Isso não vai acontecer. Confia em mim!" Pediu. "Usa a blusa e faz um teste. Eu só to te pedindo um teste, ok?"
"Ok." Ela disse, ainda receosa em relação a usar uma cor tão viva para ir à empresa.
Obviamente, ela não poderia fazer a desfeita de não usar um presente de . Contudo agora ela tinha a missão de encontrar um dia de trabalho no qual ele pudesse vê-la com a blusa sem que, contudo, esta fizesse qualquer estrago em sua imagem de CEO.
"Olha pra mim, bebê." Ele pediu. "Fica olhando pra mim... nos meus olhos! Gostosa!" Disse, agarrando o seio dela de novo e roçando o biquinho na palma da mão, antes de deslizá-la pelo abdômen da morena até a sua intimidade, tocando-a sem deixar de encará-la. "Eu adoro provocar você, sabia? Sentir você, assim, na minha mão." Afirmou, ciente do duplo sentido de suas palavras, depois de um tempo. "Mas não agora, porque agora eu não to nem um pouco a fim de esperar pra ter você."
Ele segurou atrás de um dos joelhos dela e puxou a perna, fazendo com que esta se dobrasse, e se posicionou, penetrando-a. Movimentando-se lentamente, fez o mesmo com a outra perna, deixando-a ainda mais aberta para ele e indo, assim, ainda mais fundo. Ela agarrava os lençóis com força e levantava o quadril na direção dele, no mesmo ritmo em que ele se mexia. Então ele colocou as pernas dela em volta de seu quadril e foi se levantando, até sentar sobre os calcanhares, ao mesmo tempo em que puxava o corpo dela, para que ficasse sentada em seu colo, na posição de lótus.
Ele segurou o quadril dela, para fazer com que acompanhasse a velocidade do dele, e ela segurou em seus braços fortes, para manter-se equilibrada. Os movimentos foram ficando mais fortes e rápidos, aos poucos, e eles deixaram de se encarar para unir seus corpos completamente e chegar juntos ao orgasmo, tão colados quanto possível. Jogaram-se na cama, exaustos, e ficaram se recuperando em um silêncio extremamente confortável.
Foi nesse momento que parou realmente para observar à sua volta e conhecer o quarto tão cuidadosamente preservado de "intrusos" por . O ambiente era diferente tanto do imponente escritório em que ela trabalhava na firma quanto dos demais cômodos do apartamento, decorados com móveis elegantes e modernos, obras de arte caras e fotografias de com amigos, praticando esportes radicais pelo mundo. O mobiliário ali tinha uma leveza, dada pela brancura e pelas formas arredondadas dos móveis, uma delicadeza e feminilidade, concedidas pelo dossel sobre a cama e pelo espelho oval da penteadeira antiga reformada. O ar romântico era completado pela roupa de cama floral e pelos vários objetos em diferentes tons de rosa, como um abajur, algumas caixinhas e uma pequena escultura de bailarina.
"Então aqui é a fortaleza da princesa?" Ele perguntou brincalhão, se virando na cama para encará-la.
"É." Ela riu, ficando de frente para ele também. "Além de mim, só a Cora e a Rosalyn vem aqui, pra arrumar e limpar. E, além delas, apenas a Kitty já entrou aqui, e, mesmo assim, só porque uma vez eu tive uma intoxicação alimentar e ela fez questão de ficar aqui, cuidando de mim, como se eu fosse um dos bichinhos dela." Brincou, se referindo à profissão da amiga, que era veterinária.
"Uma tigresa." Falou, malicioso, lembrando uma das fantasias de pelúcia que ela já tinha usado para ele, o que era engraçado considerando que a especialidade de Kitty era realmente tratar de felinos.
"Nem mesmo a Harmony conhece o meu quarto." Falou, sabendo que àquela altura, já tinha ouvido falar o suficiente das melhores amigas dela para reconhecê-las pelos nomes, e até visto algumas fotografias das duas. Algumas eram as mesmas que mostravam fazendo escalada, paraquedismo, mergulho, e em outras aventuras. "Eu sempre vi esse lugar como uma parte da minha intimidade, sabe?" Continuou, sincera.
"Eu entendo." Assegurou. "E isso me deixa ainda mais feliz de estar aqui com você. Mostra que você quer que eu te conheça de verdade... que eu participe da sua vida de verdade."
"Eu quero." Confirmou, beijando-o. "Inclusive, eu tenho uma convite pra te fazer."
"Um convite?" Perguntou, curioso.
"É. A Kitty me ligou hoje. Ela e a Harm tão com saudades de mim e querem me ver e... não só isso, como elas também querem te conhecer." Disse, e ele percebeu o quanto ela estava nervosa. "Então, se... você também quiser conhecer as duas, elas vão estar amanhã num restaurante aí que ela disse ser muito legal e tal. Mas só se você quiser, ok? Não tem problema se você..."
"Ei!" Ele a interrompeu, se aproximando e fazendo com que o encarasse. "É claro que eu quero conhecer as suas amigas! Eu sou seu namorado, ." Observou. "Inclusive, eu também quero que você conheça melhor o meu primo... que vocês se encontrem fora da empresa. Talvez seja uma boa oportunidade pra chamá-lo, se você não se importar."
"Não. Claro que não." Sorriu.
"Eu tava só esperando você tomar uma iniciativa nesse sentido, meu amor. Eu não queria te pressionar, já que a gente combinou que ia fazer tudo o que é novo pra você com calma."
"Obrigada, ." Disse, segurando a mão dele. "Eu quero que isso dê certo e, aos poucos, eu to me acostumando com tudo." Afirmou e ele assentiu. "Então, já que esse final de semana você tá conhecendo tantas coisas, que tal conhecer a maior banheira da casa, hum?" Perguntou, de um jeito sugestivo, e em tempo recorde estava no colo dele às gargalhadas, entrando no banheiro.
A banheira era mesmo grande e eles passaram um bom tempo fazendo brincadeiras de adulto dentro dela, além de terem conversado bastante e trocado muitos carinhos. Quando saíram e se enrolou em uma toalha, observando vestir um roupão rosa pink, já era bem tarde e os dois bocejavam. Ela vestiu uma calcinha e uma camisola limpas, retiradas de uma grande cômoda, e ele colocou de volta a cueca que tinha jogado no chão do quarto e disse que iria à sala de jogos, onde tinha ficado o resto das roupas de ambos.
"Eu acho que a essa hora não corro risco de encontrar os empregados, corro?" Questionou, secando o cabelo.
"Não. Mesmo que a Cora esteja acordada, ela só viria pra essa parte do apartamento se a gente chamasse."
"Okay." Ele entrou no banheiro rapidamente, voltando sem a toalha. "É melhor você ir comigo, pra pegar suas roupas também, assim eu já me visto lá e vou indo."
"." Ela disse, tocando o braço dele. "Eu queria poder dizer pra você ficar e dormir comi-" Foi interrompida pelos dedos dele sendo levemente repousados sobre seus lábios.
"Se eu achasse que você não tá tentando, , eu ficaria aborrecido, sim. Mas eu sei que você tá fazendo o que pode e que, aos poucos, nós estamos nos tornando cada vez mais próximos." Ele segurou seu rosto e beijou sua boca. "Passos de bebê." Lembrou, antes de dar a mão a ela e irem até o cômodo onde tinham ficado suas coisas.
Na noite seguinte, o casal encontrou Kitty, Harmony e Samuel no restaurante de culinária mediterrânea Opa, que se transformava em uma das melhores boates de Midtown Village à noite, com DJs, coquetéis originais e um relaxante jardim de inverno. Enquanto comiam, as amigas de iam se enturmando com e o primo do rapaz conhecia um lado novo e inesperado da superior de todos os seus superiores. Depois, quando a pista foi aberta, as meninas foram dançar, deixando os garotos com suas cervejas, e foi o momento das observações acontecerem, dos dois lados.
"Nossa! Ela é muito diferente do que eu pensava! Sorridente, simpática! Ou será que é só porque eu sou seu primo e ela quer agradar?" Samuel indagou a .
"! Ele é maravilhoso!" Kitty elogiou o namorado para a amiga, enquanto isso. "Além de lindo, ele é um amor, inteligente, bem humorado. E ele adora você! Dá pra ver nos olhos dele."
"Eu gosto de pensar que ela quer, sim, me agradar." respondeu ao primo, enquanto observava Kitty dizer algo no ouvido dela e ela abrir um sorriso lindo. "Mas ela É simpática e alegre, quando ela deixa aquela pose de durona que adota na empresa. Na verdade, a tem muitos lados... ela pode ser bem surpreendente!"
"Eu tenho muito que agradecer a você! A vocês duas, aliás." Disse , puxando Harmony para mais perto, pois tinham que estar próximas para ouvir umas as outras, graças à música alta. "Obrigada, Harmy. Obrigada às duas! Se não fosse pelos conselhos de vocês, eu nunca saberia como eu tava deixando de ser feliz por causa dos meus medos." As meninas fizeram gestos que deixavam claro que ela não precisava agradecer, e abraçaram a amiga, voltando a dançar em seguida.
"Você já conhecia essas amigas dela?" Samuel perguntou. "A Harmony é uma delícia!" Declarou, estudando a garota de cima a baixo. "Ela tem namorado?"
"Cara, eu conheci as duas hoje, mas, pelo que eu sei, namorado ela não tem, não. Só que toma cuidado, cara! Ela é armada e perigosa." Riu.
"Ah, fala sério!" Duvidou.
"Eu to falando! Ela é oficial do exército." Falou, quase fazendo o amigo engasgar com sua bebida.
A noite seguiu ora com as garotas dançando na pista e os meninos observando de uma mesa, ora com o grupo todo em outra mesa, no jardim, onde havia menos barulho e eles podiam conversar animadamente, ora com todos na pista de dança, o que aconteceu mais depois que os dois rapazes já tinham bebido o suficiente para serem convencidos.
Ou talvez, na verdade, não tenha sido tão difícil assim convencer , porque quanto mais dançava mais ele queria sentir o corpo dela contra o seu e, na pista lotada, seria mais fácil agarrá-la sem chamar a atenção de ninguém. Do mesmo modo, provavelmente não foi a bebida quem animou Samuel, e sim o fato de Kitty ter arrumado uma companhia masculina no meio da noite, o que fazia com que ele e Harmony estivessem sobrando juntos.
Ao chegarem ao apartamento de , tanto ela quanto já estavam enlouquecidos de vontade de transar e o mais longe que conseguiram ir foi até o sofá. Sem perder tempo com preliminares, coisa que, na realidade, já tinham feito no carro a caminho, ele a colocou ajoelhada com a parte da frente do tronco apoiada no encosto do móvel, e penetrou-a por trás, mexendo rápido e com força, enquanto massageava um dos seios e o clitóris dela.
Chegaram rápido ao ápice, e ele sentou-se no sofá, puxando a morena para o colo e fazendo carinhos em suas costas, enquanto esperavam o ritmo cardíaco diminuir e a respiração normalizar. Conversaram um pouco sobre a noite, sobre quanto ele tinha se dado bem com as amigas dela, especialmente Kitty, e quanto o primo dele tinha tentado se dar bem com Harmony, em vão. Riram das tentativas do rapaz de dançar mais perto da garota e de conversar somente com ela, e de como ele tinha acabado indo embora frustrado, enquanto Kitty, por sua vez, fora embora com um velho conhecido que reencontrara no local.
"Foi muito divertido! Valeu super a pena! E eu agora sinto ainda mais que a gente tem uma relação de verdade." disse, acariciando o rosto dela.
"Eu também adorei! Minhas amigas amaram você e eu nunca pensei que me divertiria tanto com seu primo." Riu. "Só não sei se é uma boa ideia chamarmos os três, numa próxima vez. Acho que a Harm não achou ele tão divertido assim e que ele, por sua vez, acabou ficando com vergonha."
"É." Riu também. "Talvez seja melhor eu pensar em algum outro amigo pra levar comigo, porque eu também não vou sair sozinho com três mulheres, né?" Ela assentiu e ele olhou as horas no relógio de pulso, vendo que era tarde para um domingo, mas, mesmo assim decidindo tentar algo em que ele já estava pensando havia algum tempo. "Sabe o que pode tornar essa noite ainda melhor?"
"A gente ir lá pro quarto e começar tudo de novo?" Ela arriscou, mordendo o lábio.
"Na verdade, envolve fazer tudo de novo, mas não no seu quarto... apesar de eu ter adorado ir pra lá ontem."
"Aqui mesmo, então?" Ele balançou a cabeça negativamente. "Na cozinha?" Ela tentou adivinhar, mais uma vez.
"No quarto secreto." Ele finalmente acabou com o mistério, dizendo o último lugar da casa que ela achou que ele escolheria.
"Mas eu pensei que..."
"Eu não quisesse mais ir pra lá?" Ela confirmou. "Não, meu amor. Como eu te falei, eu nunca me incomodei com o que a gente fazia entre quatro paredes. O que me incomodava era não termos uma relação. Era eu não poder te amar, te dar carinho. Eu gostava das brincadeiras, da tensão. Eu sinto falta e sei que você também sente. Não sente?" Perguntou, olhando nos olhos dela.
"Sinto." Ela disse, ficando ofegante de expectativa.
"Você teria escolhido ir pra lá ontem, se tivesse me vencido?"
"Não... porque eu achava MESMO que você não queria mais. Passou tanto tempo."
"Eu não disse nada antes porque achei que no começo era melhor radicalizar, pra você sair do papel de dominadora." Brincou, apertando a ponta do nariz dela. "Agora, eu acho que você consegue assumir esse papel e depois deixar o personagem lá dentro, quando a gente trancar a porta de novo. Quer tentar?" Ela sorriu amplamente e isso era resposta mais do que suficiente, então os dois vestiram as roupas de baixo e seguiram para o quarto especial.
Ela perguntou se ele queria só usar o cômodo para transar ou se eles poderiam fazer alguma brincadeira, e ele respondeu que, ali dentro, poderia ser tudo quase como antes, e ela deveria fazer o que estivesse com vontade, pois ele certamente curtiria. Então ela mandou que ele colocasse música, dando o número correspondente à playlist que ela queria ouvir, e diminuísse a iluminação do local, e foi até o camarim. Voltou, ainda de calcinha e sutiã, e lhe entregou uma calça listrada em preto e branco, mandando que ele esperasse dentro da jaula.
Pela fantasia, talvez fosse melhor chamar o objeto de cela, dessa vez, pois não foi difícil prever qual seria o jogo. Logo a policial chegava perto das grades, fazendo barulho ao esfregar um porrete nelas, e fazendo o prisioneiro se fingir de assustado, e pedir clemência, dizendo-se inocente de quaisquer que fossem as acusações contra ele. Fazendo a linha durona, ela dizia que ele iria pagar caro por seus crimes, enquanto andava em volta da cela, para que ele a admirasse, e começava a se mover ao som de I just don't know what to do with myself.
Ela usou o poste de pole dance, que não ficava longe da cela, para se exibir, fingiu calor para abrir alguns botões da blusa, revelando um pouco do sutiã, deixou cair o cassetete e se curvou para pegá-lo, fazendo a saia subir e parte do bumbum aparecer. Depois de provocar bastante, chegou perto do detento e perguntou o que ele seria capaz de fazer para não ir para a cadeira elétrica, e ele disse que faria o que ela quisesse. Então, ela abriu a cela, algemando um de seus punhos e levando-o até a cadeira de motel que tinha adquirido pouco antes do desentendimento dos dois, prendendo no objeto a outra parte da algema.
Com ele preso à cadeira, ela sentou no colo dele, primeiro de costas, depois de frente, o tempo todo usando o uniforme de policial, e dizendo que se ele tivesse sempre bom comportamento jamais seria executado, mas que ele também não deveria ter esperanças de se tornar um homem livre, porque era dela agora. Ele curtiu a fantasia, chamando-a de oficial e só fazendo aquilo que ela mandava, somente saindo do personagem quando os dois já estavam quase gozando e, então, ele gemeu o nome dela e os dois se entregaram a um beijo cheio de desejo e paixão.
No final de semana seguinte, eles voltaram a sair com amigos e transar no quarto dela. Porém também passaram horas no quarto secreto praticando submissão e dominação. Ficaram tão exaustos no domingo que decidiu dormir no quarto de hóspedes ao invés de ir para seu apartamento, e, no dia seguinte, eles tomaram café e foram trabalhar juntos. Não combinaram de se ver novamente naquele dia, mas ele a surpreendeu, no final da tarde, levando-lhe um presente que tinha comprado na hora do almoço.
"É linda, bebê." Ela disse, esticando à sua frente a blusa rosa choque de seda, mas ele percebeu que ela não tinha realmente gostado.
"Mas?"
"Como assim 'mas', ?"
"Eu sei que alguma coisa te incomodou."
"É que o modelo dela é um pouco formal pra sair à noite, mas eu tenho certeza que vou encontrar a ocasião perfeita." Sorriu, se aproximando e beijando os lábios dele. "Obrigada."
"Você sabe que essa blusa é pra trabalho, ! Não é pra nenhuma ocasião." Frisou a última palavra, segurando as mãos dela nas suas. "Você é uma mulher de muitas cores, meu amor... de muitos tons! Você é aquela gata no cio que me deixa todo arranhado e acabado de tanto sexo, no quarto secreto." Afirmou, lembrando uma das fantasias que ela usara recentemente. "Mas você também é uma garota doce e, no fundo, sonhadora, que tem um quarto branco e cor de rosa, e gosta de comédias românticas. Você é a chefe durona de todos aqui, que cobra seriedade e resultados, mas também é a menina que ri a toa com as amigas e cuida delas quando elas ficam mal." Referiu-se ao porre tomado por Kitty na última saída deles, que fez as duas passarem boa parte da noite no banheiro. "Você mostrou tudo isso pra mim e isso só me fez te amar mais. Você não devia se esconder nessas roupas sem graça, aqui no trabalho."
"Eu não sei, bebê. Eu tenho medo de perder a autoridade, de..."
"Por usar cores?" Duvidou. "Isso não vai acontecer. Confia em mim!" Pediu. "Usa a blusa e faz um teste. Eu só to te pedindo um teste, ok?"
"Ok." Ela disse, ainda receosa em relação a usar uma cor tão viva para ir à empresa.
Obviamente, ela não poderia fazer a desfeita de não usar um presente de . Contudo agora ela tinha a missão de encontrar um dia de trabalho no qual ele pudesse vê-la com a blusa sem que, contudo, esta fizesse qualquer estrago em sua imagem de CEO.
Capítulo 15
Surpreendentemente, as palavras de se mostraram corretas e percebeu, enfim, que poderia mostrar todas as suas cores e tons sem perder a autoridade.
Depois de quase uma semana enrolando, ela aproveitou a sexta-feira, que era um dia em que as pessoas iam mais casuais para a empresa e ela não costumava receber ninguém importante, para vestir a camisa que lhe dera, apenas para que ele visse que ela tinha feito uma experiência. No entanto, acabara tendo que participar de uma reunião importantíssima com acionistas da empresa e outras duas com distribuidores, e amaldiçoou mentalmente sua vontade de agradar , enquanto se dirigia à primeira delas vestindo rosa choque e cinza.
Na primeira reunião, percebeu alguns olhares de surpresa ao apertar as mãos de seus companheiros de conselho diretor, mas tentou agir normalmente e tudo correu incrivelmente bem. Ela foi ouvida com todo o respeito de sempre e todas as suas opiniões foram consideradas nas decisões tomadas, naquela manhã. Ela ficou admirada porque sempre tinha considerado que a sobriedade no vestir era uma necessidade dentro de um ambiente majoritariamente masculino, como ainda era o da direção da empresa, e se espantou mais ainda com as palavras proferidas pelo vice-presidente e por um de seus maiores acionistas, quando conversavam antes do início da segunda reunião.
"Você está muito bem, . Muito bonita, se não for abuso da minha parte elogiar." Disse o primeiro, sem qualquer malícia felizmente, porque seria estranho se houvesse alguma, uma vez que ele devia ter idade para ser avô dela.
"Eu concordo plenamente e, se me permite dizer, você nunca esteve tão adequada para representar a Red Rave Jewelry frente a nossos parceiros." Observou o segundo.
"É isso mesmo!" Voltou a se manifestar o outro. "Você sempre foi belíssima e elegante, mas está com um brilho maior agora. Um brilho condizente com nossos metais e pedras preciosos."
"Espero que não estejam sendo apenas gentis, pois vou ter isso em mente agora, quando me arrumar para reuniões importantes." Brincou, mas, no fundo, sentiu-se aliviada e até animada pelas palavras dos companheiros de conselho deliberativo.
Na reunião seguinte, como na primeira, o rosa choque não pareceu assustar e nem chamou mais atenção do que as observações que a Srta. fez durante as negociações, e ela saiu convencida de que não precisaria mais trabalhar com roupas que eram quase um uniforme. Entrou em seu escritório, sentou-se, e girou a cadeira a fim de contemplar a vista, com um sorriso no rosto. Mal poderia esperar para ver o semblante de , não naquela tarde, quando a visse com a blusa comprada por ele, mas na semana seguinte, quando percebesse que ela tinha mudado o visual de trabalho completamente, que era o que ela tinha acabado de decidir fazer.
Ele comentou que estava feliz por vê-la usando a camisa, quando os dois se encontraram no final do dia, para irem juntos a um happy hour com as amigas dela e dois colegas de faculdade dele. No entanto, ela apenas sorriu e não comentou nada sobre as reações positivas das pessoas e sua consequente decisão. Aproveitou um momento no qual ele não estava perto para combinar uma ida ao shopping, no dia seguinte, com Harmony e Kitty, e disse a ele apenas que elas iriam almoçar juntas e fazer um programa de meninas.
"Eu acho que é a primeira vez que fazemos compras juntas." Harmony comentou, enquanto as três andavam pelo primeiro corredor do King Of Prussia Mall, por volta das onze horas de sábado.
"Há muito tempo eu não entro num shopping! A Sugar, secretária da Mercedes Jones, sabia bem o tipo de roupa de que eu precisava pro trabalho, e do que eu gostava pra usar lá no clube ou nas nossas saídas. Então, ela fazia uma seleção inicial e, depois, eu passava no estúdio, uma vez por mês, vestia tudo e, se caísse bem, só tinha o trabalho de assinar o cheque." Explicou , se referindo à estilista que desenhara seus vestidos, para as poucas festas a que ela comparecera nos últimos anos, e cuja equipe acabara funcionando como uma espécie de personal shopper.
"Perdeu toda a diversão!" Kitty assegurou, sorridente, parando para observar uma primeira vitrine.
"É que eu nunca considerei ir às compras divertido. Eu tive uma experiência péssima quando era adolescente! As vendedoras não foram legais comigo. Aliás, não acho que elas sejam nada amigáveis com as pessoas." aproveitou que elas tinham parado para guardar os óculos escuros, que havia empurrado para o alto da cabeça, em um estojo.
"Você tem razão. Elas não são amigáveis com pessoas. São amigáveis com cartões de crédito e isso você tem! Mais de um e com limites astronômicos, que eu sei." Riu Kitty. "Concordo que isso é nojento, mas se o que queremos é comprar, vamos apenas garantir que elas se esforcem muito para conseguir as gordas comissões que vão ganhar."
"Eu gostei dessa blusa azul. Vamos entrar!" Harm decidiu, empurrando em direção à porta de vidro aberta.
"Olha esse vestido! É a minha cara." Disse a única loira, tirando um cabide de uma das araras.
"Combina mesmo com você." sorriu, ainda apenas observando as amigas mexerem em tudo.
"Olá! Eu sou Sebastian Smythe, o gerente. Posso ajudar com algo?" Um rapaz bonito e elegante se apresentou.
"É claro!" Kitty respondeu, fazendo questão de parecer um pouco arrogante. "Como gerente, eu tenho certeza que você vai colaborar muito, providenciando para que tenhamos mais gente nos ajudando, além da mocinha magricela que está colada em nós desde que entramos, já que pretendemos gastar uma quantia obscena de dinheiro aqui."
"Precisamos apenas de uma quantidade profana de bajulação!" Interferiu Harmony, também adotando um tom esnobe.
"Oh! É... é claro." Gaguejou o gerente. "Estão na loja certa, senhoritas." Afirmou, saindo para falar, reservadamente, com a vendedora que já tinha cumprimentado as garotas, que fez uma careta ao ouvir o que ele tinha a dizer, provavelmente nada feliz com o fato de que teria que dividir a comissão com algumas colegas de trabalho.
"Vocês são loucas!" cochichou com as amigas e as três riram.
"Será que eu posso começar oferecendo a vocês um pouco de Veuve Clicquot?" A vendedora pálida e magra de cabelos vermelhos falou, esforçada, enquanto Sebastian instruía outras garotas.
"Qual é mesmo seu nome?" Questionou Harmony.
"Mary Kelly." Repetiu a informação já oferecida quando as clientes entraram na loja, conforme instruções.
"Muito bem, Mary, querida. Estou vendo que você está dando o seu melhor!" A amiga de sorriu amarelo. "Mas não nos ofereça Veuve Clicquot se só pudermos consumir um pouco." Criticou.
"Ah, mas é claro." Disse Mary, sem jeito, saindo. "Eu vou providenciar para que não falte champagne."
"Meu nome é Ann e estou à disposição de vocês. O que gostariam de ver primeiro?" Perguntou outra vendedora.
"O meu é Dora e acho que já tenho em mente um modelo perfeito para cada uma de vocês. Trago num instante!" Afirmou uma terceira, nitidamente disputando espaço com Ann.
, Harmony e Kitty foram servidas da bebida espumante considerada símbolo líquido de glamour, sentaram-se em poltronas confortáveis no meio da loja e foram vendo um desfile de peças passar em frente a seus olhos, em cabides, pelas mãos de Dora, Ann, Mary Kelly e até do gerente, que viu nas três mulheres vestidas com roupas e acessórios de grife, a oportunidade de bater a meta do mês antecipadamente.
"Este aqui é Oscar de La Renta." Ann mostrou um vestido curto azul claro.
"Separa pra mim." Kitty fez um sinal e a vendedora juntou o vestido a algumas outras peças, que já estavam separadas para a loira experimentar, em um provador.
"Essa calça é Narciso Rodriguez."
"Vou experimentar." Avisou .
"Pensei que queria coisas mais coloridas, amiga." Harmony comentou, uma vez que a calça era azul marinho.
"Mas a roupa não pode ser inteirinha berrante, mesmo nessa minha nova fase." A amiga respondeu, rindo.
"Chanel!" Dora balançou, orgulhosa, uma saia godê.
"É a cara da Harm!" Kitty sentenciou e a amiga apenas concordou com um meneio de cabeça, fazendo com que a vendedora a colocasse na cabine reservada para a garota, ainda mais exultante.
"Tenho certeza que este Dolce cairá como uma luva em você!" Sebastian disse, mostrando um vestido a .
"Estou querendo roupas pra trabalhar, na verdade." esclareceu.
"Ela vai vestir!" Afirmou, categórica, Kitty, e a amiga a olhou, franzindo a testa. "Você tá namorando, tá saindo mais. Precisa de roupas pra isso também e este vestido é bem feminino... com uma cor alegre, leve. Tem tudo a ver com a nova ."
"Tudo bem, Sebastian." Autorizou e o vestido foi para junto das coisas de que ela tinha gostado.
Alguns minutos e taças de champagne depois, elas estavam trocando de roupa, se admirando nos muitos espelhos da boutique, fazendo uma espécie de desfile privado, e ajudando umas às outras a escolher quais seriam as melhores aquisições. Depois de pagar, repetiram a maratona em mais duas lojas de roupa e uma de sapato, e tinham tantas sacolas para carregar no final que tiveram que chamar Dean Harvey, para que ele levasse as compras para o carro, antes de almoçar e continuar caminhando pelos corredores de vitrines.
"Obviamente, essa não nos interessa!" Disse Harmony, rindo, ao passar pela Tiffany, provavelmente a maior concorrente da Red Rave.
"Mas, em compensação, aquela ali nos interessa e muito." Kitty apontou a Victoria's Secret. "Agora que o não é mais sub da , ele deve apreciar uma lingerie mais convencional."
"A gente voltou a usar fantasias e acessórios, ok? E as coisas tão melhores do que nunca!" Informou, parando para obter a atenção das demais, com um sorriso safado no rosto.
"Tenho certeza que ele adora as calcinhas comestíveis e também as de fio dental, ... mas concordo com a Kitty que ele deve gostar de uma coisa mais normalzinha, de vez em quando. Quando ele te deu uma blusa rosa e te falou tudo aquilo que você contou mais cedo, ele demonstrou que gosta de ver todas as suas personalidades se manifestando."
"Falando assim, parece que eu tenho múltiplas personalidades." disse, um pouco incomodada, voltando a caminhar na direção da loja de roupa íntima.
"De certa forma, você tem mesmo... ou tinha. A gente conhece bem quem você é, e agora ele também tá conhecendo, mas você tinha separado apenas algumas características suas pra usar na hora de trabalhar, como se você fosse só aquilo... e o mesmo na hora do sexo."
"Tá sendo bom relaxar um pouco, eu reconheço. Apesar de ainda ter um pouco de medo." Suspirou. "Eu gostei desse conjunto." Mudou de assunto, finalmente cara a vidro com a vitrine da mundialmente famosa loja. "É convencional o suficiente pra vocês?" Debochou e as amigas a arrastaram para dentro do local, onde permaneceram por quase uma hora.
Todas compraram vários conjuntos de calcinha e sutiã de diversas cores e tipos, além de camisolas, baby dolls, loções para o corpo, hidratantes e nécessaires. Entregaram as sacolas a Dean, que agora ficava dentro do shopping, acompanhando-as à distância, e seguiram para a Abercrombie, onde comprou uma camisa polo e um casaco de moletom para , e para outras lojas, onde adquiriram acessórios, como bolsas, cintos, luvas, meias, chapéus, lenços e echarpes.
Kitty se apaixonou especialmente por uma echarpe plissada verde escura, que estava no manequim de uma loja. Afirmando ter certeza de que o pedaço comprido de tecido, ao ser enrolado em volta de seu pescoço, faria seus olhos parecerem maiores e seu corte de cabelo parecer mais chique, jurou que precisava efetuar a compra, apesar de ter comentado, menos de cinco minutos antes, que não levaria mais nada.
"Eu posso usá-la com tudo! É um investimento." Comentou, já no caixa, esperando uma outra cliente pagar.
"Usar com tudo? Ela é verde!" duvidou, mas a amiga deu de ombros.
"Vou levar isso." Entregou à moça que operava o caixa a peça delicada.
"São cento e vinte dólares. Como quer pagar?"
"Aqui estão cinquenta em dinheiro. Pode botar trinta nesse cartão?" Deu a ela o Visa, primeiro. "E vinte nesse." Apresentou o Mastercard. "E mais vinte nesse." Tentou usar o American Express, mas o mesmo foi recusado.
"Deve ser porque o crédito está comprometido com parcelas da passagem aérea. Toma!" salvou a pele da amiga lhe dando os vinte reais, e ainda tentando minimizar a vergonha que ela estava sentindo na frente da funcionária da loja. Contudo, quando fora do estabelecimento, ela questionou o comportamento da loira, que possuía bons limites nos cartões, mas não tinha qualquer crédito no momento, nem dinheiro no bolso.
"Isso acontece porque o meu pai cismou que eu tenho que viver com meu salário ridículo de veterinária e cortou a mesada enorme que ele mesmo me acostumou a receber a vida inteira." A garota tentou explicar.
"É mentira! Ela não usa metade do que compra, ! Eu fui à casa dela pra pegar um vestido emprestado, porque surgiu uma festa formal de última hora e eu não tive tempo de comprar nada... nem podia ir vestida como uma pin up... e tinha várias sacolas cheias de roupa com etiqueta ainda, espalhadas pela sala!" Interviu Harmony.
"É como se as manequins me chamassem... apontassem as coisas pra mim e implorassem pra eu comprar! Eu não consigo me controlar!"
"Eu não posso quebrar os seus cartões de crédito, amiga, mas eu acho que a gente deveria combinar alguma estratégia!" sugeriu.
"É! Com certeza! E eu já sei qual. Você vai ter que nos mostrar tudo que comprar e explicar por que comprou." Harm determinou.
"E a gente vai passar na sua casa uma vez por mês, e o que não tiver sido usado a gente vai doar!"
"Obrigada, gente. Eu juro que vou tentar só comprar o que realmente precisar. Me desculpem pela vergonha." Tapou o rosto e sentiu os braços das amigas em volta de si, em um abraço triplo.
chegou exausta em casa, e cheia de sacolas de roupas, que ela pediu a Cora para passar e colocar no closet. Guardou ela mesma os acessórios e descansou até anoitecer, quando, então, colocou um dos vestidos novos que já estava adequado para uso, uma sandália nova e um conjunto de brincos e cordão da última coleção de sua própria joalheria, e foi com Brad buscar , para irem ao teatro e depois jantar em um restaurante japonês bastante tradicional.
Se aquele dia tinha começado bem diferente, a maior parte da noite, ao contrário, seguiu o curso natural dos últimos tempos, com o casal conversando muito e rindo junto, na rua, e depois fazendo amor, mais de uma vez, no apartamento dela.
Para , teria sido um sábado completamente comum, se a noite dos dois não tivesse terminado de forma ainda mais inusitada do que o início do dia da garota, com ela relaxando totalmente e dormindo na sala de TV... nos braços do namorado!
Depois de quase uma semana enrolando, ela aproveitou a sexta-feira, que era um dia em que as pessoas iam mais casuais para a empresa e ela não costumava receber ninguém importante, para vestir a camisa que lhe dera, apenas para que ele visse que ela tinha feito uma experiência. No entanto, acabara tendo que participar de uma reunião importantíssima com acionistas da empresa e outras duas com distribuidores, e amaldiçoou mentalmente sua vontade de agradar , enquanto se dirigia à primeira delas vestindo rosa choque e cinza.
Na primeira reunião, percebeu alguns olhares de surpresa ao apertar as mãos de seus companheiros de conselho diretor, mas tentou agir normalmente e tudo correu incrivelmente bem. Ela foi ouvida com todo o respeito de sempre e todas as suas opiniões foram consideradas nas decisões tomadas, naquela manhã. Ela ficou admirada porque sempre tinha considerado que a sobriedade no vestir era uma necessidade dentro de um ambiente majoritariamente masculino, como ainda era o da direção da empresa, e se espantou mais ainda com as palavras proferidas pelo vice-presidente e por um de seus maiores acionistas, quando conversavam antes do início da segunda reunião.
"Você está muito bem, . Muito bonita, se não for abuso da minha parte elogiar." Disse o primeiro, sem qualquer malícia felizmente, porque seria estranho se houvesse alguma, uma vez que ele devia ter idade para ser avô dela.
"Eu concordo plenamente e, se me permite dizer, você nunca esteve tão adequada para representar a Red Rave Jewelry frente a nossos parceiros." Observou o segundo.
"É isso mesmo!" Voltou a se manifestar o outro. "Você sempre foi belíssima e elegante, mas está com um brilho maior agora. Um brilho condizente com nossos metais e pedras preciosos."
"Espero que não estejam sendo apenas gentis, pois vou ter isso em mente agora, quando me arrumar para reuniões importantes." Brincou, mas, no fundo, sentiu-se aliviada e até animada pelas palavras dos companheiros de conselho deliberativo.
Na reunião seguinte, como na primeira, o rosa choque não pareceu assustar e nem chamou mais atenção do que as observações que a Srta. fez durante as negociações, e ela saiu convencida de que não precisaria mais trabalhar com roupas que eram quase um uniforme. Entrou em seu escritório, sentou-se, e girou a cadeira a fim de contemplar a vista, com um sorriso no rosto. Mal poderia esperar para ver o semblante de , não naquela tarde, quando a visse com a blusa comprada por ele, mas na semana seguinte, quando percebesse que ela tinha mudado o visual de trabalho completamente, que era o que ela tinha acabado de decidir fazer.
Ele comentou que estava feliz por vê-la usando a camisa, quando os dois se encontraram no final do dia, para irem juntos a um happy hour com as amigas dela e dois colegas de faculdade dele. No entanto, ela apenas sorriu e não comentou nada sobre as reações positivas das pessoas e sua consequente decisão. Aproveitou um momento no qual ele não estava perto para combinar uma ida ao shopping, no dia seguinte, com Harmony e Kitty, e disse a ele apenas que elas iriam almoçar juntas e fazer um programa de meninas.
"Eu acho que é a primeira vez que fazemos compras juntas." Harmony comentou, enquanto as três andavam pelo primeiro corredor do King Of Prussia Mall, por volta das onze horas de sábado.
"Há muito tempo eu não entro num shopping! A Sugar, secretária da Mercedes Jones, sabia bem o tipo de roupa de que eu precisava pro trabalho, e do que eu gostava pra usar lá no clube ou nas nossas saídas. Então, ela fazia uma seleção inicial e, depois, eu passava no estúdio, uma vez por mês, vestia tudo e, se caísse bem, só tinha o trabalho de assinar o cheque." Explicou , se referindo à estilista que desenhara seus vestidos, para as poucas festas a que ela comparecera nos últimos anos, e cuja equipe acabara funcionando como uma espécie de personal shopper.
"Perdeu toda a diversão!" Kitty assegurou, sorridente, parando para observar uma primeira vitrine.
"É que eu nunca considerei ir às compras divertido. Eu tive uma experiência péssima quando era adolescente! As vendedoras não foram legais comigo. Aliás, não acho que elas sejam nada amigáveis com as pessoas." aproveitou que elas tinham parado para guardar os óculos escuros, que havia empurrado para o alto da cabeça, em um estojo.
"Você tem razão. Elas não são amigáveis com pessoas. São amigáveis com cartões de crédito e isso você tem! Mais de um e com limites astronômicos, que eu sei." Riu Kitty. "Concordo que isso é nojento, mas se o que queremos é comprar, vamos apenas garantir que elas se esforcem muito para conseguir as gordas comissões que vão ganhar."
"Eu gostei dessa blusa azul. Vamos entrar!" Harm decidiu, empurrando em direção à porta de vidro aberta.
"Olha esse vestido! É a minha cara." Disse a única loira, tirando um cabide de uma das araras.
"Combina mesmo com você." sorriu, ainda apenas observando as amigas mexerem em tudo.
"Olá! Eu sou Sebastian Smythe, o gerente. Posso ajudar com algo?" Um rapaz bonito e elegante se apresentou.
"É claro!" Kitty respondeu, fazendo questão de parecer um pouco arrogante. "Como gerente, eu tenho certeza que você vai colaborar muito, providenciando para que tenhamos mais gente nos ajudando, além da mocinha magricela que está colada em nós desde que entramos, já que pretendemos gastar uma quantia obscena de dinheiro aqui."
"Precisamos apenas de uma quantidade profana de bajulação!" Interferiu Harmony, também adotando um tom esnobe.
"Oh! É... é claro." Gaguejou o gerente. "Estão na loja certa, senhoritas." Afirmou, saindo para falar, reservadamente, com a vendedora que já tinha cumprimentado as garotas, que fez uma careta ao ouvir o que ele tinha a dizer, provavelmente nada feliz com o fato de que teria que dividir a comissão com algumas colegas de trabalho.
"Vocês são loucas!" cochichou com as amigas e as três riram.
"Será que eu posso começar oferecendo a vocês um pouco de Veuve Clicquot?" A vendedora pálida e magra de cabelos vermelhos falou, esforçada, enquanto Sebastian instruía outras garotas.
"Qual é mesmo seu nome?" Questionou Harmony.
"Mary Kelly." Repetiu a informação já oferecida quando as clientes entraram na loja, conforme instruções.
"Muito bem, Mary, querida. Estou vendo que você está dando o seu melhor!" A amiga de sorriu amarelo. "Mas não nos ofereça Veuve Clicquot se só pudermos consumir um pouco." Criticou.
"Ah, mas é claro." Disse Mary, sem jeito, saindo. "Eu vou providenciar para que não falte champagne."
"Meu nome é Ann e estou à disposição de vocês. O que gostariam de ver primeiro?" Perguntou outra vendedora.
"O meu é Dora e acho que já tenho em mente um modelo perfeito para cada uma de vocês. Trago num instante!" Afirmou uma terceira, nitidamente disputando espaço com Ann.
, Harmony e Kitty foram servidas da bebida espumante considerada símbolo líquido de glamour, sentaram-se em poltronas confortáveis no meio da loja e foram vendo um desfile de peças passar em frente a seus olhos, em cabides, pelas mãos de Dora, Ann, Mary Kelly e até do gerente, que viu nas três mulheres vestidas com roupas e acessórios de grife, a oportunidade de bater a meta do mês antecipadamente.
"Este aqui é Oscar de La Renta." Ann mostrou um vestido curto azul claro.
"Separa pra mim." Kitty fez um sinal e a vendedora juntou o vestido a algumas outras peças, que já estavam separadas para a loira experimentar, em um provador.
"Essa calça é Narciso Rodriguez."
"Vou experimentar." Avisou .
"Pensei que queria coisas mais coloridas, amiga." Harmony comentou, uma vez que a calça era azul marinho.
"Mas a roupa não pode ser inteirinha berrante, mesmo nessa minha nova fase." A amiga respondeu, rindo.
"Chanel!" Dora balançou, orgulhosa, uma saia godê.
"É a cara da Harm!" Kitty sentenciou e a amiga apenas concordou com um meneio de cabeça, fazendo com que a vendedora a colocasse na cabine reservada para a garota, ainda mais exultante.
"Tenho certeza que este Dolce cairá como uma luva em você!" Sebastian disse, mostrando um vestido a .
"Estou querendo roupas pra trabalhar, na verdade." esclareceu.
"Ela vai vestir!" Afirmou, categórica, Kitty, e a amiga a olhou, franzindo a testa. "Você tá namorando, tá saindo mais. Precisa de roupas pra isso também e este vestido é bem feminino... com uma cor alegre, leve. Tem tudo a ver com a nova ."
"Tudo bem, Sebastian." Autorizou e o vestido foi para junto das coisas de que ela tinha gostado.
Alguns minutos e taças de champagne depois, elas estavam trocando de roupa, se admirando nos muitos espelhos da boutique, fazendo uma espécie de desfile privado, e ajudando umas às outras a escolher quais seriam as melhores aquisições. Depois de pagar, repetiram a maratona em mais duas lojas de roupa e uma de sapato, e tinham tantas sacolas para carregar no final que tiveram que chamar Dean Harvey, para que ele levasse as compras para o carro, antes de almoçar e continuar caminhando pelos corredores de vitrines.
"Obviamente, essa não nos interessa!" Disse Harmony, rindo, ao passar pela Tiffany, provavelmente a maior concorrente da Red Rave.
"Mas, em compensação, aquela ali nos interessa e muito." Kitty apontou a Victoria's Secret. "Agora que o não é mais sub da , ele deve apreciar uma lingerie mais convencional."
"A gente voltou a usar fantasias e acessórios, ok? E as coisas tão melhores do que nunca!" Informou, parando para obter a atenção das demais, com um sorriso safado no rosto.
"Tenho certeza que ele adora as calcinhas comestíveis e também as de fio dental, ... mas concordo com a Kitty que ele deve gostar de uma coisa mais normalzinha, de vez em quando. Quando ele te deu uma blusa rosa e te falou tudo aquilo que você contou mais cedo, ele demonstrou que gosta de ver todas as suas personalidades se manifestando."
"Falando assim, parece que eu tenho múltiplas personalidades." disse, um pouco incomodada, voltando a caminhar na direção da loja de roupa íntima.
"De certa forma, você tem mesmo... ou tinha. A gente conhece bem quem você é, e agora ele também tá conhecendo, mas você tinha separado apenas algumas características suas pra usar na hora de trabalhar, como se você fosse só aquilo... e o mesmo na hora do sexo."
"Tá sendo bom relaxar um pouco, eu reconheço. Apesar de ainda ter um pouco de medo." Suspirou. "Eu gostei desse conjunto." Mudou de assunto, finalmente cara a vidro com a vitrine da mundialmente famosa loja. "É convencional o suficiente pra vocês?" Debochou e as amigas a arrastaram para dentro do local, onde permaneceram por quase uma hora.
Todas compraram vários conjuntos de calcinha e sutiã de diversas cores e tipos, além de camisolas, baby dolls, loções para o corpo, hidratantes e nécessaires. Entregaram as sacolas a Dean, que agora ficava dentro do shopping, acompanhando-as à distância, e seguiram para a Abercrombie, onde comprou uma camisa polo e um casaco de moletom para , e para outras lojas, onde adquiriram acessórios, como bolsas, cintos, luvas, meias, chapéus, lenços e echarpes.
Kitty se apaixonou especialmente por uma echarpe plissada verde escura, que estava no manequim de uma loja. Afirmando ter certeza de que o pedaço comprido de tecido, ao ser enrolado em volta de seu pescoço, faria seus olhos parecerem maiores e seu corte de cabelo parecer mais chique, jurou que precisava efetuar a compra, apesar de ter comentado, menos de cinco minutos antes, que não levaria mais nada.
"Eu posso usá-la com tudo! É um investimento." Comentou, já no caixa, esperando uma outra cliente pagar.
"Usar com tudo? Ela é verde!" duvidou, mas a amiga deu de ombros.
"Vou levar isso." Entregou à moça que operava o caixa a peça delicada.
"São cento e vinte dólares. Como quer pagar?"
"Aqui estão cinquenta em dinheiro. Pode botar trinta nesse cartão?" Deu a ela o Visa, primeiro. "E vinte nesse." Apresentou o Mastercard. "E mais vinte nesse." Tentou usar o American Express, mas o mesmo foi recusado.
"Deve ser porque o crédito está comprometido com parcelas da passagem aérea. Toma!" salvou a pele da amiga lhe dando os vinte reais, e ainda tentando minimizar a vergonha que ela estava sentindo na frente da funcionária da loja. Contudo, quando fora do estabelecimento, ela questionou o comportamento da loira, que possuía bons limites nos cartões, mas não tinha qualquer crédito no momento, nem dinheiro no bolso.
"Isso acontece porque o meu pai cismou que eu tenho que viver com meu salário ridículo de veterinária e cortou a mesada enorme que ele mesmo me acostumou a receber a vida inteira." A garota tentou explicar.
"É mentira! Ela não usa metade do que compra, ! Eu fui à casa dela pra pegar um vestido emprestado, porque surgiu uma festa formal de última hora e eu não tive tempo de comprar nada... nem podia ir vestida como uma pin up... e tinha várias sacolas cheias de roupa com etiqueta ainda, espalhadas pela sala!" Interviu Harmony.
"É como se as manequins me chamassem... apontassem as coisas pra mim e implorassem pra eu comprar! Eu não consigo me controlar!"
"Eu não posso quebrar os seus cartões de crédito, amiga, mas eu acho que a gente deveria combinar alguma estratégia!" sugeriu.
"É! Com certeza! E eu já sei qual. Você vai ter que nos mostrar tudo que comprar e explicar por que comprou." Harm determinou.
"E a gente vai passar na sua casa uma vez por mês, e o que não tiver sido usado a gente vai doar!"
"Obrigada, gente. Eu juro que vou tentar só comprar o que realmente precisar. Me desculpem pela vergonha." Tapou o rosto e sentiu os braços das amigas em volta de si, em um abraço triplo.
chegou exausta em casa, e cheia de sacolas de roupas, que ela pediu a Cora para passar e colocar no closet. Guardou ela mesma os acessórios e descansou até anoitecer, quando, então, colocou um dos vestidos novos que já estava adequado para uso, uma sandália nova e um conjunto de brincos e cordão da última coleção de sua própria joalheria, e foi com Brad buscar , para irem ao teatro e depois jantar em um restaurante japonês bastante tradicional.
Se aquele dia tinha começado bem diferente, a maior parte da noite, ao contrário, seguiu o curso natural dos últimos tempos, com o casal conversando muito e rindo junto, na rua, e depois fazendo amor, mais de uma vez, no apartamento dela.
Para , teria sido um sábado completamente comum, se a noite dos dois não tivesse terminado de forma ainda mais inusitada do que o início do dia da garota, com ela relaxando totalmente e dormindo na sala de TV... nos braços do namorado!
Capítulo 16
foi acordado quando um vento frio tocou, de repente, a parte do seu corpo que não estava coberta pelas duas mantas grossas que ele mesmo tinha tirado dos sofás da sala de TV e usado para cobrir seu corpo e o de , depois que ela pegou no sono, em pleno tapete. Pensou em simplesmente puxar a coberta e dormir de novo, mas, mesmo fechados, seus olhos perceberam a claridade que denunciava que já era dia, então ele resolveu abri-los e procurar saber quão avançado o domingo já se encontrava.
Seu relógio marcava quinze para as onze, por isso não era propriamente uma surpresa que já não estivesse ao lado dele. No entanto, ele não pode deixar de se indagar se ela tinha dormido ali ou fugido para o quarto, assustada, ao perceber que tinha adormecido junto do namorado. Não achava seguro assumir, ainda, que ela estava preparada para dormir com ele, apenas por causa de uma noite em que ela pegara no sono em sua companhia.
Logo ele entendeu a razão para sua pele ter sido assaltada por uma brisa fria em pleno apartamento, quando viu a morena do lado de fora, encostada no parapeito. Teve quase certeza de que ela dormira na sala com ele, não só por vê-la ali, como também porque ela não vestia uma de suas camisolas, e sim a camisa social que ele usara na noite anterior. No entanto, ao se levantar e ir ao encontro dela, abraçando-a por trás e beijando seu pescoço, decidiu não indagar e deixar as coisas continuarem acontecendo naturalmente, no tempo dela.
"Bom dia, meu amor." Ele cumprimentou, passando o nariz atrás da orelha dela e as mãos por seu abdômen.
"Bom dia, bebê." Ela retribuiu, colocando os braços junto ao dele, deixando o enlace em volta dela ainda mais forte, os corpos ainda mais próximos.
"Acordou há muito tempo?"
"Não. Eu acabei de levantar." Mentiu, parcialmente, afinal tinha mesmo decidido se levantar há pouco tempo, mas só depois de ter passado mais ou menos meia hora observando o rapaz dormir. "Tá com fome?" Questionou, virando-se sem sair dos braços dele e agarrando-se à cintura dele também.
"Eu to com fome, mas não vou poder exagerar, porque se eu chego na minha avó sem fome nenhuma, já viu, né?" Riu.
"Ai, nem diz uma coisa dessas! Imagina? Criar problemas pra você logo com a sua avó!" Observou, temerosa. "Vamos ver uma coisa leve, pra você só enganar o estômago." Riu, dando a mão a ele, que abriu a porta de vidro, para entrarem na sala.
"Você não ficou mesmo chateada por eu passar o domingo todo lá, não, né?" Perguntou, já entrando na sala de jantar, onde estava servida boa parte do café, depois de terem passado pela sala de TV e se vestido adequadamente.
"Não." Assegurou, sorrindo. "Cora?" Chamou, sentando-se, enquanto ele fazia o mesmo.
"Bom dia!" A garota saudou, aparecendo no local.
"Bom dia." O casal respondeu.
"Traz as coisas de geladeira pra gente?" Pediu , e a loira apenas assentiu, se retirando. "Se você ainda fosse meu sub, com certeza eu estaria uma fera." Retomou a conversa com ele, de onde ela tinha parado. "Mas você tá me ensinando muitas coisas, . E uma delas é que, mesmo querendo, eu não posso ter você o tempo todo."
"Você me quer o tempo todo?" Perguntou, com um riso sapeca nos lábios, mas não foi prontamente respondido, porque a governanta e uma empregada entraram, servindo suco, frios, queijo e leite.
"Você sabe que sim." Afirmou, suspirando, quando ficaram de novo a sós. "E você sabe também que te querer tanto assim me dá medo, mas que eu to lutando pra aceitar isso, assim como estou lutando pra aceitar que eu não sou sua dona."
"Você me tem, . Você me tem, só que de uma outra maneira. Na verdade, eu diria que você tem o melhor de mim, agora." Sorriu ternamente.
"Quais são mesmo os planos pra esse domingo em família?" Ela quis saber, animada.
"Almoço com meus avós e o Samuel, e depois assistir ao jogo do Eagles."
"Eu assistia aos jogos do Jets com meu pai." Pensou alto.
"Os Jets são de Nova York." Comentou, surpreso.
"Meu pai torcia pra eles." Respondeu, secamente. "Seu avô e seu primo gostam muito de futebol? São muito fãs dos Eagles?"
"Todos nós!" Confirmou, abrindo um sorriso quase infantil e não dando importância à resposta sucinta da morena. "Eu comprei uma camisa do Michael Vick pra mim, semana passada. Dei uma do Nick Foles de presente pro Samuel, mas pro meu avô nem adianta comprar, porque ele tem uma camisa antiga do Steve Van Buren que ele não troca por nenhuma outra."
"Qualquer dia, podemos ir a um jogo. A não ser que você veja todos com eles." Sugeriu, timidamente.
"Não. Eu não vejo todos com eles e adoraria ver você em um jogo de futebol." Falou, demonstrando curiosidade. "Meu Deus! Eu disse que ia comer pouco! Por que esse croissant é tão bom, hein?" Os dois riram e continuaram fazendo a refeição em clima de descontração.
levou à porta, quando ele estava pronto para ir embora, e passou o resto de seu dia descansando, lendo e vendo filmes. Ter tanto tempo sozinha fez com que ela tivesse a oportunidade de avaliar todas as mudanças que estavam acontecendo com ela e, por mais que ainda houvesse segredos e medos, ela estava feliz em estar dando uma oportunidade a seus sentimentos e a todas as coisas que estavam vindo com eles, como a decisão de se mostrar com menos máscaras para o mundo.
Na segunda-feira, ela teve gosto em entrar no closet e escolher uma combinação de roupas e acessórios bonita, de fazer a maquiagem, leve, mas caprichada, de escovar os cabelos e completar o visual com joias que ela mesma tinha desenhado e a empresa confeccionado. Optou por uma saia lápis de cintura alta de cor caramelo, com uma blusa de alcinhas com estampa de cobra e blazer preto, sapatos da cor da saia e uma bolsa Prada combinando com o casaco, e brincos e colar em ouro e ônix.
Para sua surpresa, mesmo sem ter visto naquele dia, e sabendo que não o veria novamente na terça-feira, porque ele precisara ser mandado para reuniões fora da empresa, ela não perdeu, nem um pouco, a vontade de usar as coisas novas. No dia seguinte, ela escolheu um terninho preto e branco, que combinou com uma camiseta de seda amarelo ovo, que provavelmente destacava o belo tom da sua pele melhor do que a maior parte das cores.
voltou às dependências da empresa a tempo de presenciar o look azul turquesa com branco da quarta-feira, a combinação de cinza claro com lilás da quinta e o vestido verde esmeralda da sexta, que ganhou a companhia de uma sandália dourada, no final do dia, quando eles foram jantar com um casal de amigos dele. Ryder era primo da ex-namorada de e a noiva dele, Marley, era a melhor amiga da garota, por isso ele estava um pouco apreensivo em relação àquele encontro, mas, mesmo assim, não tinha como não estar animado de ver , finalmente, mostrando toda a sua personalidade, sem escolher este ou aquele ambiente para fazê-lo.
"Você tem falado com a Penny?" Marley perguntou a , fingindo inocência. A verdade é que, se não gostasse tanto de Ryder, ele nunca seria amigo da garota, porque, desde que namorava a amiga dela, ele tinha percebido que somente sua carinha era angelical.
"Não, Marley. Eu não falo com ela há muito tempo, na verdade."
"Então você não sabe que ela vai casar, né?"
"Não, eu não sabia." Confirmou, incomodado.
"O Dean propôs há uns três meses, e eles marcaram pra maio. Eu to ajudando em tudo."
"A empresa onde você trabalha tá contratando, cara? Eu to precisando arrumar alguma parada pra sair de onde eu to, porque o meu chefe simplesmente nem sabe o que é bom humor." Ryder falou, de repente, tentando salvar o amigo dos rumos daquela conversa.
"O que você faz?" perguntou, simpática.
"Eu sou advogado. Tem jurídico lá, , ou eles terceirizam?"
"Terceirizam uma parte, mas tem jurídico, sim." respondeu, sem jeito. O amigo tentou ajudá-lo, mas, sem ter noção alguma, também o estava constrangendo, afinal a dona da empresa estava ali. No entanto, ele sabia que não ligaria, pois o garoto não tinha como saber, a não ser que ele tivesse supervalorizado o fato de namorar a chefe mor, e apresentado a ficha dela antes do encontro.
"Com que firma eles trabalham? A Penny é advogada da Miller e Becket Associados..."
"Wheeler e Rendell. Trabalhamos com Wheeler e Rendell." respondeu rápido, começando a ficar realmente incomodada com as menções da tal Penny por Marley. tinha avisado que o casal era próximo de sua ex, mas ela não esperava uma pessoa tão indiscreta!
"Você também trabalha lá?" Ryder fez a pergunta inocente e coçou a nuca, enquanto pensava em qual seria a maneira menos esnobe de respondê-la. Pelo rapaz, que estava sendo muito simpático, mas não pela namorada dele, com quem ela teria sido arrogante e sarcástica, com prazer.
"Trabalho, sim. Na verdade, eu comando a empresa."
"Comanda?" Ryder levantou as sobrancelhas, confuso.
"Ela é a Presidente, cara. Eu devia ter te falado." esclareceu e Marley quase morreu, engasgada com o refrigerante que estava tomando.
"Uau!" O rapaz exclamou, espontâneo, e o casal riu, deixando-o mais a vontade.
"Você pode mandar um currículo pro , pra ele encaminhar ao jurídico. Eu não sei se temos alguma vaga em aberto, mas, se eles acharem que você tem qualificação, podem te chamar, logo que houver."
"Ah! Claro. Claro... obrigado."
"Por nada. Mas agora me fala desse seu chefe mal humorado. Eu adoro saber o que falam dos chefes, pra imaginar o que falam de mim." Brincou.
O clima ficou descontraído e Marley pareceu sossegar. Ao menos ficou calada por boa parte do jantar, abrindo a boca só para comer e responder perguntas feitas pelo namorado. Contudo, quando os três pensavam que a noite ia ter saldo positivo, tendo sido o nome de Penny mencionado pela última vez durante a conversa sobre escritórios de advogados na Filadélfia, a garota resolveu voltar com seu veneno disfarçado, sugerindo que eles complementassem o programa a quatro, indo dançar um pouco, em uma casa noturna.
"Eu acho melhor não. É melhor combinarmos um outro dia." Ryder interviu, sem jeito.
"Por que não? Eu adoraria! Vamos, ?" embarcou na ideia.
"Pode ser." Ele respondeu, mas ficou olhando para o amigo, sabendo que alguma coisa não estava certa.
"Eu não sei se é uma boa ideia." Repetiu o outro rapaz.
"É por que a Penny vai estar lá, amor?" Marley voltou a se fazer de boba. "Não tem nada a ver, se for por isso! Ela tá noiva e o tá namorando. Eles são pessoas civilizadas que podem se encontrar numa boa. Não é, ?"
"É... é... é claro." Ele gaguejou, como há muito tempo não fazia, e isso incomodou , que não gostou de vê-lo preocupado em encontrar a ex.
"Nós vamos, sim." Ela respondeu pelos dois. "Eu vou só retocar minha maquiagem." Afirmou, saindo para ir ao banheiro do restaurante.
No outro local, foi apresentada a Penny, que tinha o mesmo semblante inocente da amiga, mas, ao contrário dela, parecia realmente ser uma boa pessoa. A garota abraçou , como se abraça um velho conhecido que não se vê há tempos, mas logo apresentou o noivo e não falou nada irônico ou provocador para o ex ou para a nova namorada dele, a quem também foi apresentada e cumprimentou com simpatia. , no entanto, continuou estranho pelo resto da noite, e acabou ficando enciumada, acreditando que a jovem de cabelos avermelhados ainda o afetava, de algum modo.
"O que você tem, meu amor? Você veio calada o caminho todo." Ele tentara conversar com ela no carro, durante todo o trajeto para casa, mas ela respondera com o mínimo de palavras, então, assim que entraram no apartamento, ele decidiu indagar diretamente.
"O que eu tenho?" Ela inquiriu, em um tom de voz acima do normal. "Sou eu que te pergunto o que VOCÊ tem, ! Ficou todo nervosinho, quando soube que ia encontrar a... Penny." Falou o nome com desprezo. "Até gaguejou! Depois continuou todo tenso... todo estranho."
"Era por isso." Ele disse de forma quase inaudível.
"O que?"
"Era por isso!" Ratificou, apontando para ela mesma. "Eu fiquei tenso por isso, . Por não saber como você, que nunca teve um relacionamento... que tá acostumada a ter propriedades, em vez de namorados, ia reagir, me vendo perto de alguém que teve um relacionamento comigo. Que foi, aliás, a única... que teve isso comigo."
"Eu detestei. Eu achei a garota simpática, e ela mal chegou perto de você, mas, mesmo assim, quando eu pensava que ela já te beijou... que ela já te tocou, eu queria arrancar aqueles cabelos dela!"
"Você ficou com ciúmes." Sorriu, convencido, se aproximando dela.
"Você é meu, bebê! Eu não suporto a ideia de ninguém fazendo com vocês as coisas que eu faço. Eu sufoco só de pensar em você fazendo com outra mulher o que você faz comigo." Falou, ofegante, tocando o peitoral dele.
"Ninguém faz isso comigo, ." Ele afirmou, pegando uma das mãos dela e colocando sobre seu pênis, completamente duro dentro da calça social. Era muito excitante vê-la com ciúmes daquele jeito. Aquele era um tipo de possessividade muito bem vindo!
Ela olhou bem dentro dos olhos dele e, em um único movimento, arrancou a camisa dele, fazendo os botões saltarem para todos os lados. Ele se livrou da peça de roupa e a agarrou, pegando-a no colo, enquanto iniciavam um beijo intenso, rápido, indelicado. Sentou-se no sofá, com ela sobre as pernas, e tirou seu vestido, com pressa, enquanto ela abria o botão e o zíper da calça dele, que se levantou o suficiente apenas para abaixar a calça junto com a cueca, e sentou-se de novo, puxando-a para si e afastando a calcinha dela para o lado, para penetrá-la, sem mais demora.
"Diz, bebê. Diz que você é meu. Diz que essa boca é só minha." Pediu, puxando o lábio inferior dele com os dentes, em seguida. "Diz que esse cheiro... de homem, que me tira do sério, só eu posso sentir. Diz!" Implorou, passando o nariz pelo pescoço dele, enquanto rebolava devagar em seu colo.
"... meu amor." Falou, se controlando para não aumentar o ritmo de uma vez, deixando que ela ficasse um pouco no comando como tanto gostava. Aproveitou para tirar o sutiã que ainda cobria seus seios. "Essa boca... só quer a sua." Assegurou, colocando dois dedos sobre os lábios dela, que os chupou, devagarzinho, como se saboreando. "Só quer o seu gosto." Acrescentou, movendo-se para lamber e chupar um dos mamilos dela, suavemente, o que a fez rebolar com um pouco mais de agressividade. "O meu corpo só quer o seu, meu amor. Ele é todo seu." Falou, voltando a encará-la e, então, finalmente, segurou o quadril dela, fazendo com que ela se movesse com velocidade, enquanto também subia e descia o dele. "Você me enlouquece, . Você me enlouquece, meu amor."
"Você é meu? Todo meu?" Perguntou, de novo, enquanto o ritmo ia ficando alucinante.
"Só seu. Só seu... todo seu." Afirmou, mais uma vez, explodindo sem controle dentro dela, que ao senti-lo pulsar, atingiu também o orgasmo.
"Isso foi intenso, hum?" Ela considerou, depois de um tempo com a testa encostada no ombro dele, se recuperando.
"Acho que eu vou te deixar com ciúmes mais vezes." Brincou, levando um tapa em um dos braços. "Falando sério, agora, amor." Disse, quando ela saiu de seu colo e ocupou o lugar a seu lado no sofá, vestindo a blusa meio destruída dele. "Foi bom a gente encontrar a Penny, a Marley ficar te provocando, e tudo mais, porque a sua reação foi a reação normal de uma namorada."
"Não é isso que eu sou, afinal?" Sorriu, zombeteira.
"É." Sorriu também, fazendo carinho no rosto dela e sentindo uma felicidade muito grande porque as coisas estavam realmente dando certo entre eles. "E, mais importante do que isso, ... você tá sendo você mesma! Você tá se permitindo. Eu to tão orgulhoso de ter ajudado você a relaxar, a ficar menos preocupada com os outros, exatamente como você já tinha feito comigo!"
Ela se aninhou no peito dele e os dois ficaram ali por um tempo, em silêncio, trocando carinhos sutis. Não era preciso dizer mais nada, naquele momento, aparentemente. Todavia, em se tratando de sua relação com , ainda seria surpreendido muitas vezes mais do que poderia imaginar, e não foi diferente durante aquela madrugada.
"?" Ela se moveu, saindo dos braços dele e buscando seu olhar. "Fica aqui, hoje." Pediu e ele a olhou com o cenho franzido. "Não no quarto de hóspedes, mas comigo... na minha cama. Fica?"
"Você tem certeza?" Ela balançou a cabeça em sinal positivo.
"Foi tão bom dormir e acordar com você do meu lado, semana passada! Eu me senti tão em paz... tão segura!"
"Você não disse nada, então eu pensei..."
"Que eu tinha dormido por acaso, mas ainda não tava preparada, né?" Sorriu, largamente, e foi a vez dele de assentir. "Eu realmente dormi sem planejar, mas isso me fez sentir pronta pra tentar." Afirmou, levantando-se e oferecendo a mão para ele.
Ele segurou a mão dela e os dois foram para o quarto, nunca tendo tido tanto prazer na vida em apenas tirar suas roupas e dormir. Era mais uma barreira transposta e, com isso, havia agora muito poucas outras a derrubar.
Seu relógio marcava quinze para as onze, por isso não era propriamente uma surpresa que já não estivesse ao lado dele. No entanto, ele não pode deixar de se indagar se ela tinha dormido ali ou fugido para o quarto, assustada, ao perceber que tinha adormecido junto do namorado. Não achava seguro assumir, ainda, que ela estava preparada para dormir com ele, apenas por causa de uma noite em que ela pegara no sono em sua companhia.
Logo ele entendeu a razão para sua pele ter sido assaltada por uma brisa fria em pleno apartamento, quando viu a morena do lado de fora, encostada no parapeito. Teve quase certeza de que ela dormira na sala com ele, não só por vê-la ali, como também porque ela não vestia uma de suas camisolas, e sim a camisa social que ele usara na noite anterior. No entanto, ao se levantar e ir ao encontro dela, abraçando-a por trás e beijando seu pescoço, decidiu não indagar e deixar as coisas continuarem acontecendo naturalmente, no tempo dela.
"Bom dia, meu amor." Ele cumprimentou, passando o nariz atrás da orelha dela e as mãos por seu abdômen.
"Bom dia, bebê." Ela retribuiu, colocando os braços junto ao dele, deixando o enlace em volta dela ainda mais forte, os corpos ainda mais próximos.
"Acordou há muito tempo?"
"Não. Eu acabei de levantar." Mentiu, parcialmente, afinal tinha mesmo decidido se levantar há pouco tempo, mas só depois de ter passado mais ou menos meia hora observando o rapaz dormir. "Tá com fome?" Questionou, virando-se sem sair dos braços dele e agarrando-se à cintura dele também.
"Eu to com fome, mas não vou poder exagerar, porque se eu chego na minha avó sem fome nenhuma, já viu, né?" Riu.
"Ai, nem diz uma coisa dessas! Imagina? Criar problemas pra você logo com a sua avó!" Observou, temerosa. "Vamos ver uma coisa leve, pra você só enganar o estômago." Riu, dando a mão a ele, que abriu a porta de vidro, para entrarem na sala.
"Você não ficou mesmo chateada por eu passar o domingo todo lá, não, né?" Perguntou, já entrando na sala de jantar, onde estava servida boa parte do café, depois de terem passado pela sala de TV e se vestido adequadamente.
"Não." Assegurou, sorrindo. "Cora?" Chamou, sentando-se, enquanto ele fazia o mesmo.
"Bom dia!" A garota saudou, aparecendo no local.
"Bom dia." O casal respondeu.
"Traz as coisas de geladeira pra gente?" Pediu , e a loira apenas assentiu, se retirando. "Se você ainda fosse meu sub, com certeza eu estaria uma fera." Retomou a conversa com ele, de onde ela tinha parado. "Mas você tá me ensinando muitas coisas, . E uma delas é que, mesmo querendo, eu não posso ter você o tempo todo."
"Você me quer o tempo todo?" Perguntou, com um riso sapeca nos lábios, mas não foi prontamente respondido, porque a governanta e uma empregada entraram, servindo suco, frios, queijo e leite.
"Você sabe que sim." Afirmou, suspirando, quando ficaram de novo a sós. "E você sabe também que te querer tanto assim me dá medo, mas que eu to lutando pra aceitar isso, assim como estou lutando pra aceitar que eu não sou sua dona."
"Você me tem, . Você me tem, só que de uma outra maneira. Na verdade, eu diria que você tem o melhor de mim, agora." Sorriu ternamente.
"Quais são mesmo os planos pra esse domingo em família?" Ela quis saber, animada.
"Almoço com meus avós e o Samuel, e depois assistir ao jogo do Eagles."
"Eu assistia aos jogos do Jets com meu pai." Pensou alto.
"Os Jets são de Nova York." Comentou, surpreso.
"Meu pai torcia pra eles." Respondeu, secamente. "Seu avô e seu primo gostam muito de futebol? São muito fãs dos Eagles?"
"Todos nós!" Confirmou, abrindo um sorriso quase infantil e não dando importância à resposta sucinta da morena. "Eu comprei uma camisa do Michael Vick pra mim, semana passada. Dei uma do Nick Foles de presente pro Samuel, mas pro meu avô nem adianta comprar, porque ele tem uma camisa antiga do Steve Van Buren que ele não troca por nenhuma outra."
"Qualquer dia, podemos ir a um jogo. A não ser que você veja todos com eles." Sugeriu, timidamente.
"Não. Eu não vejo todos com eles e adoraria ver você em um jogo de futebol." Falou, demonstrando curiosidade. "Meu Deus! Eu disse que ia comer pouco! Por que esse croissant é tão bom, hein?" Os dois riram e continuaram fazendo a refeição em clima de descontração.
levou à porta, quando ele estava pronto para ir embora, e passou o resto de seu dia descansando, lendo e vendo filmes. Ter tanto tempo sozinha fez com que ela tivesse a oportunidade de avaliar todas as mudanças que estavam acontecendo com ela e, por mais que ainda houvesse segredos e medos, ela estava feliz em estar dando uma oportunidade a seus sentimentos e a todas as coisas que estavam vindo com eles, como a decisão de se mostrar com menos máscaras para o mundo.
Na segunda-feira, ela teve gosto em entrar no closet e escolher uma combinação de roupas e acessórios bonita, de fazer a maquiagem, leve, mas caprichada, de escovar os cabelos e completar o visual com joias que ela mesma tinha desenhado e a empresa confeccionado. Optou por uma saia lápis de cintura alta de cor caramelo, com uma blusa de alcinhas com estampa de cobra e blazer preto, sapatos da cor da saia e uma bolsa Prada combinando com o casaco, e brincos e colar em ouro e ônix.
Para sua surpresa, mesmo sem ter visto naquele dia, e sabendo que não o veria novamente na terça-feira, porque ele precisara ser mandado para reuniões fora da empresa, ela não perdeu, nem um pouco, a vontade de usar as coisas novas. No dia seguinte, ela escolheu um terninho preto e branco, que combinou com uma camiseta de seda amarelo ovo, que provavelmente destacava o belo tom da sua pele melhor do que a maior parte das cores.
voltou às dependências da empresa a tempo de presenciar o look azul turquesa com branco da quarta-feira, a combinação de cinza claro com lilás da quinta e o vestido verde esmeralda da sexta, que ganhou a companhia de uma sandália dourada, no final do dia, quando eles foram jantar com um casal de amigos dele. Ryder era primo da ex-namorada de e a noiva dele, Marley, era a melhor amiga da garota, por isso ele estava um pouco apreensivo em relação àquele encontro, mas, mesmo assim, não tinha como não estar animado de ver , finalmente, mostrando toda a sua personalidade, sem escolher este ou aquele ambiente para fazê-lo.
"Você tem falado com a Penny?" Marley perguntou a , fingindo inocência. A verdade é que, se não gostasse tanto de Ryder, ele nunca seria amigo da garota, porque, desde que namorava a amiga dela, ele tinha percebido que somente sua carinha era angelical.
"Não, Marley. Eu não falo com ela há muito tempo, na verdade."
"Então você não sabe que ela vai casar, né?"
"Não, eu não sabia." Confirmou, incomodado.
"O Dean propôs há uns três meses, e eles marcaram pra maio. Eu to ajudando em tudo."
"A empresa onde você trabalha tá contratando, cara? Eu to precisando arrumar alguma parada pra sair de onde eu to, porque o meu chefe simplesmente nem sabe o que é bom humor." Ryder falou, de repente, tentando salvar o amigo dos rumos daquela conversa.
"O que você faz?" perguntou, simpática.
"Eu sou advogado. Tem jurídico lá, , ou eles terceirizam?"
"Terceirizam uma parte, mas tem jurídico, sim." respondeu, sem jeito. O amigo tentou ajudá-lo, mas, sem ter noção alguma, também o estava constrangendo, afinal a dona da empresa estava ali. No entanto, ele sabia que não ligaria, pois o garoto não tinha como saber, a não ser que ele tivesse supervalorizado o fato de namorar a chefe mor, e apresentado a ficha dela antes do encontro.
"Com que firma eles trabalham? A Penny é advogada da Miller e Becket Associados..."
"Wheeler e Rendell. Trabalhamos com Wheeler e Rendell." respondeu rápido, começando a ficar realmente incomodada com as menções da tal Penny por Marley. tinha avisado que o casal era próximo de sua ex, mas ela não esperava uma pessoa tão indiscreta!
"Você também trabalha lá?" Ryder fez a pergunta inocente e coçou a nuca, enquanto pensava em qual seria a maneira menos esnobe de respondê-la. Pelo rapaz, que estava sendo muito simpático, mas não pela namorada dele, com quem ela teria sido arrogante e sarcástica, com prazer.
"Trabalho, sim. Na verdade, eu comando a empresa."
"Comanda?" Ryder levantou as sobrancelhas, confuso.
"Ela é a Presidente, cara. Eu devia ter te falado." esclareceu e Marley quase morreu, engasgada com o refrigerante que estava tomando.
"Uau!" O rapaz exclamou, espontâneo, e o casal riu, deixando-o mais a vontade.
"Você pode mandar um currículo pro , pra ele encaminhar ao jurídico. Eu não sei se temos alguma vaga em aberto, mas, se eles acharem que você tem qualificação, podem te chamar, logo que houver."
"Ah! Claro. Claro... obrigado."
"Por nada. Mas agora me fala desse seu chefe mal humorado. Eu adoro saber o que falam dos chefes, pra imaginar o que falam de mim." Brincou.
O clima ficou descontraído e Marley pareceu sossegar. Ao menos ficou calada por boa parte do jantar, abrindo a boca só para comer e responder perguntas feitas pelo namorado. Contudo, quando os três pensavam que a noite ia ter saldo positivo, tendo sido o nome de Penny mencionado pela última vez durante a conversa sobre escritórios de advogados na Filadélfia, a garota resolveu voltar com seu veneno disfarçado, sugerindo que eles complementassem o programa a quatro, indo dançar um pouco, em uma casa noturna.
"Eu acho melhor não. É melhor combinarmos um outro dia." Ryder interviu, sem jeito.
"Por que não? Eu adoraria! Vamos, ?" embarcou na ideia.
"Pode ser." Ele respondeu, mas ficou olhando para o amigo, sabendo que alguma coisa não estava certa.
"Eu não sei se é uma boa ideia." Repetiu o outro rapaz.
"É por que a Penny vai estar lá, amor?" Marley voltou a se fazer de boba. "Não tem nada a ver, se for por isso! Ela tá noiva e o tá namorando. Eles são pessoas civilizadas que podem se encontrar numa boa. Não é, ?"
"É... é... é claro." Ele gaguejou, como há muito tempo não fazia, e isso incomodou , que não gostou de vê-lo preocupado em encontrar a ex.
"Nós vamos, sim." Ela respondeu pelos dois. "Eu vou só retocar minha maquiagem." Afirmou, saindo para ir ao banheiro do restaurante.
No outro local, foi apresentada a Penny, que tinha o mesmo semblante inocente da amiga, mas, ao contrário dela, parecia realmente ser uma boa pessoa. A garota abraçou , como se abraça um velho conhecido que não se vê há tempos, mas logo apresentou o noivo e não falou nada irônico ou provocador para o ex ou para a nova namorada dele, a quem também foi apresentada e cumprimentou com simpatia. , no entanto, continuou estranho pelo resto da noite, e acabou ficando enciumada, acreditando que a jovem de cabelos avermelhados ainda o afetava, de algum modo.
"O que você tem, meu amor? Você veio calada o caminho todo." Ele tentara conversar com ela no carro, durante todo o trajeto para casa, mas ela respondera com o mínimo de palavras, então, assim que entraram no apartamento, ele decidiu indagar diretamente.
"O que eu tenho?" Ela inquiriu, em um tom de voz acima do normal. "Sou eu que te pergunto o que VOCÊ tem, ! Ficou todo nervosinho, quando soube que ia encontrar a... Penny." Falou o nome com desprezo. "Até gaguejou! Depois continuou todo tenso... todo estranho."
"Era por isso." Ele disse de forma quase inaudível.
"O que?"
"Era por isso!" Ratificou, apontando para ela mesma. "Eu fiquei tenso por isso, . Por não saber como você, que nunca teve um relacionamento... que tá acostumada a ter propriedades, em vez de namorados, ia reagir, me vendo perto de alguém que teve um relacionamento comigo. Que foi, aliás, a única... que teve isso comigo."
"Eu detestei. Eu achei a garota simpática, e ela mal chegou perto de você, mas, mesmo assim, quando eu pensava que ela já te beijou... que ela já te tocou, eu queria arrancar aqueles cabelos dela!"
"Você ficou com ciúmes." Sorriu, convencido, se aproximando dela.
"Você é meu, bebê! Eu não suporto a ideia de ninguém fazendo com vocês as coisas que eu faço. Eu sufoco só de pensar em você fazendo com outra mulher o que você faz comigo." Falou, ofegante, tocando o peitoral dele.
"Ninguém faz isso comigo, ." Ele afirmou, pegando uma das mãos dela e colocando sobre seu pênis, completamente duro dentro da calça social. Era muito excitante vê-la com ciúmes daquele jeito. Aquele era um tipo de possessividade muito bem vindo!
Ela olhou bem dentro dos olhos dele e, em um único movimento, arrancou a camisa dele, fazendo os botões saltarem para todos os lados. Ele se livrou da peça de roupa e a agarrou, pegando-a no colo, enquanto iniciavam um beijo intenso, rápido, indelicado. Sentou-se no sofá, com ela sobre as pernas, e tirou seu vestido, com pressa, enquanto ela abria o botão e o zíper da calça dele, que se levantou o suficiente apenas para abaixar a calça junto com a cueca, e sentou-se de novo, puxando-a para si e afastando a calcinha dela para o lado, para penetrá-la, sem mais demora.
"Diz, bebê. Diz que você é meu. Diz que essa boca é só minha." Pediu, puxando o lábio inferior dele com os dentes, em seguida. "Diz que esse cheiro... de homem, que me tira do sério, só eu posso sentir. Diz!" Implorou, passando o nariz pelo pescoço dele, enquanto rebolava devagar em seu colo.
"... meu amor." Falou, se controlando para não aumentar o ritmo de uma vez, deixando que ela ficasse um pouco no comando como tanto gostava. Aproveitou para tirar o sutiã que ainda cobria seus seios. "Essa boca... só quer a sua." Assegurou, colocando dois dedos sobre os lábios dela, que os chupou, devagarzinho, como se saboreando. "Só quer o seu gosto." Acrescentou, movendo-se para lamber e chupar um dos mamilos dela, suavemente, o que a fez rebolar com um pouco mais de agressividade. "O meu corpo só quer o seu, meu amor. Ele é todo seu." Falou, voltando a encará-la e, então, finalmente, segurou o quadril dela, fazendo com que ela se movesse com velocidade, enquanto também subia e descia o dele. "Você me enlouquece, . Você me enlouquece, meu amor."
"Você é meu? Todo meu?" Perguntou, de novo, enquanto o ritmo ia ficando alucinante.
"Só seu. Só seu... todo seu." Afirmou, mais uma vez, explodindo sem controle dentro dela, que ao senti-lo pulsar, atingiu também o orgasmo.
"Isso foi intenso, hum?" Ela considerou, depois de um tempo com a testa encostada no ombro dele, se recuperando.
"Acho que eu vou te deixar com ciúmes mais vezes." Brincou, levando um tapa em um dos braços. "Falando sério, agora, amor." Disse, quando ela saiu de seu colo e ocupou o lugar a seu lado no sofá, vestindo a blusa meio destruída dele. "Foi bom a gente encontrar a Penny, a Marley ficar te provocando, e tudo mais, porque a sua reação foi a reação normal de uma namorada."
"Não é isso que eu sou, afinal?" Sorriu, zombeteira.
"É." Sorriu também, fazendo carinho no rosto dela e sentindo uma felicidade muito grande porque as coisas estavam realmente dando certo entre eles. "E, mais importante do que isso, ... você tá sendo você mesma! Você tá se permitindo. Eu to tão orgulhoso de ter ajudado você a relaxar, a ficar menos preocupada com os outros, exatamente como você já tinha feito comigo!"
Ela se aninhou no peito dele e os dois ficaram ali por um tempo, em silêncio, trocando carinhos sutis. Não era preciso dizer mais nada, naquele momento, aparentemente. Todavia, em se tratando de sua relação com , ainda seria surpreendido muitas vezes mais do que poderia imaginar, e não foi diferente durante aquela madrugada.
"?" Ela se moveu, saindo dos braços dele e buscando seu olhar. "Fica aqui, hoje." Pediu e ele a olhou com o cenho franzido. "Não no quarto de hóspedes, mas comigo... na minha cama. Fica?"
"Você tem certeza?" Ela balançou a cabeça em sinal positivo.
"Foi tão bom dormir e acordar com você do meu lado, semana passada! Eu me senti tão em paz... tão segura!"
"Você não disse nada, então eu pensei..."
"Que eu tinha dormido por acaso, mas ainda não tava preparada, né?" Sorriu, largamente, e foi a vez dele de assentir. "Eu realmente dormi sem planejar, mas isso me fez sentir pronta pra tentar." Afirmou, levantando-se e oferecendo a mão para ele.
Ele segurou a mão dela e os dois foram para o quarto, nunca tendo tido tanto prazer na vida em apenas tirar suas roupas e dormir. Era mais uma barreira transposta e, com isso, havia agora muito poucas outras a derrubar.
Capítulo 17
"Bom dia." desejou, baixinho, depois de abrir os olhos e ver deitado a seu lado, a observá-la.
"Bom dia, bebê." Ele respondeu, acariciando sua face suavemente com os nós dos dedos e sorrindo. "Eu já te disse o quanto eu gosto das manhãs em que eu posso acordar e ter o seu rosto como a primeira imagem do meu dia?"
"Gosta, é?" Ela também sorriu e se aproximou mais dele, colocando uma das pernas entre as suas e roubando-lhe dois beijos breves. "Gosta ainda mais disso do que das nossas noites quentes no quarto secreto?" Questionou, colocando as mãos dentro da camiseta dele e alisando seu abdomen.
"Não dá pra escolher! A coisa de que eu mais gosto é de poder ter tudo isso em uma só garota. Na minha garota!" Foi a vez dele de tocar os lábios dela com os seus rapidamente, enquanto acariciava seu bumbum por sob a camisola de malha com estampa de borboletas que dava a ela um ar romântico e jovial, sem deixar de ter um quê de sensualidade. "Até porque você mesma demonstrou que essas coisas não tem mais limites tão bem demarcados, ao chegar daquele jeito aqui ontem." Riu e ela não pode deixar de fazer o mesmo, sabendo que ele tinha razão.
Nos últimos finais de semana, dormira com na cama dela e os dois tinham-se sentido bastante confortáveis na companhia um do outro, tanto ao adormecer quando ao despertar. As demais atividades haviam seguido seu curso normal, com muitas saídas a dois ou com amigos nas noites de sexta-feira e sábado, e domingos normalmente desfrutados dentro do quarto secreto, que continuava ganhando aparatos e mantinha certo grau de importância na relação dos dois.
Contudo, como afirmara, o que tinha peso não era o lugar e sim as brincadeiras, que esquentavam o namoro dos dois, agora que eram utilizadas na medida certa. O cômodo era só o lugar onde as fantasias estavam mais acessíveis, mas uma fronteira tinha sido ultrapassada quando a morena usara espartilho com cinta-liga e meias sete oitavos vermelhos embaixo da roupa, revelando o conjunto a ele ao chegarem ao quarto dela, depois de um jantar romântico.
Um muro ainda mais alto igualmente caíra, na noite anterior, quando ela decidira fazer-lhe uma surpresa, depois de saber que ele não iria ao pub com o primo, como era costume às quartas, e fora dormir na casa dele. Não fosse suficiente sair do seu próprio território e aceitar permanecer no dele, ela chegara usando um sobretudo preto com botas de vinil em rosa bebê, que o fizeram franzir a testa, confuso, para que ela então se livrasse do casaco e revelasse um vestido curto e decotado, na mesma cor e no mesmo material.
"Aquela roupa era bem legal, aliás. Tinha todo aquele lance do látex, grudado no seu corpo, da bota super alta, aquela coisa escancaradamente sexy das suas fantasias, mas, por outro lado, tinha uma coisa... doce na cor. Você parecia uma boneca... uma Barbie baixinha talvez." Arriscou.
"Barbie, ?" Riu. "A Barbie é loura platinada!"
"Não, senhora. Só se era quando você brincava de boneca! Tem Barbie loura, morena, negra."
"E você agora entende tudo de boneca?" Ela debochou.
"Eu tenho alguns amigos que tem filhas pequenas, ok?" Explicou e ela suspirou pesadamente, fingindo estar contrariada.
"Eu compro uma roupa toda sexy, pensando que vou agradar, e ainda tenho que ouvir isso!"
"Ei! A Barbie é a maior gata! Você tava deliciosa!" Afirmou, enfatizando a última palavra e abraçando a namorada, que se rendeu ao carinho. "Você não viu como me deixou?" Perguntou, referindo-se ao fato de ter ficado excitado super rápido e transado com ela sem sequer despi-la. Lembrando a cena, começou a ficar tentado a repetir a dose e beijou o pescoço dela, enquanto espalmava sua barriga lisinha.
"Você podia voltar a morar comigo, agora que não iria ficar no quarto de hóspedes, hum?" Convidou, fazendo com que ele deixasse seu pescoço para encará-la.
"Não sei, bebê. Talvez seja cedo." Respondeu, sério. "Você tá falando isso porque tá pensando nessa parte de nós dois podendo transar toda hora, trocando carinhos antes de dormir e de manhã cedo... só que, se eu me mudasse, agora pra dormir no seu quarto, seria como se a gente tivesse casado e eu não sei se você tá mesmo pronta pra isso. A gente nem conhece as famílias um do outro, amor." Ponderou.
"É verdade. Talvez seja melhor esperar." Desanimou, mas teve que concordar. A ideia de um casamento ainda era assustadora demais para ela, que também tinha dúvidas sobre ser justo viver com alguém a quem não tinha certeza se queria contar detalhes sobre seu passado.
"Que tal se a gente viajasse?" Ele questionou, animado. "A gente podia pegar a estrada, numa sexta-feira à noite, ir pra um hotel nas montanhas ou na praia, e voltar na segunda pela manhã."
"Eu tenho uma ideia melhor!" Informou. "Eu tenho uma casa perto de Edinboro, junto de um lago. É um lugar lindo e super tranquilo. Eu posso avisar ao caseiro que estamos indo, pra ele abastecer a geladeira e a despensa, e nós podemos ir no helicóptero da empresa amanhã de manhã e voltar segunda."
"Eu não quero faltar ao trabalho, só porque sou seu namorado, ." Disse, desconfortável. "A gente pode ir sexta à noite."
"Eu não gosto de voar de helicóptero à noite, bebê. E não vai matar se você tirar folga um dia, pelo amor de Deus! Você também tem que se soltar mais, ser menos certinho, viu? Foi você mesmo quem disse que seus relatórios estão adiantados." Lembrou.
Naquele dia, trabalhou para manter suas tarefas adiantadas e, no dia seguinte, por volta das nove, o casal foi levado pelo piloto do helicóptero da companhia até um local próximo à casa de no campo, onde o caseiro os encontrou, entregando a ela um CRV prateado. O lugar era lindo, a temperatura estava amena e o imóvel que ela possuía não era uma mansão luxuosa, como ele imaginara, mas algo como um chalé grande, simples e confortável. A viagem prometia ser maravilhosa, a julgar pela atmosfera, mas pouco antes da hora do almoço algo bem desagradável aconteceu.
"Você quer fazer steak ou frango frito?" Ela perguntou, observando as opções dentro da geladeira.
"Tem batata, bacon e cheddar, pra eu fazer acompanhamento pro steak?" Questionou ele de volta, sentado em um dos bancos próximos à bancada que ficava no centro da cozinha.
"Tem, sim. E tem molho barbecue. Vai ficar... , eu não to me senti-" Falou com a voz fraca, não concluindo a frase e caindo na frente da geladeira, já fechada.
deu um salto do banco e agachou ao lado dela, vendo seus olhos fechados, seus lábios arroxeados, seu corpo estendido no chão, sem reação ao toque dele. O coração do jovem parecia estar na garganta, lutando para sair pela boca, de tão forte que batia. Ele não conseguia raciocinar direito, vendo a mulher com quem queria construir um futuro daquele jeito. É claro que podia não ser nada demais, mas o pavor só permitia que ele vislumbrasse o pior, ainda mais com o histórico de perdas que ele tinha na vida.
"? ?" Ele chamou, desesperado, mas ela não acordava por nada nesse mundo. Então, em um gesto instintivo, ele a pegou no colo e a carregou até a parte externa da casa, onde tinham deixado o carro, colocando-a no banco de trás.
Como estavam sozinhos, não teve a quem perguntar para onde deveria levá-la e, além de ter que dirigir rezando para que os dois chegassem até um hospital em segurança, teve que parar algumas vezes, depois de seguir as placas até a cidade, para perguntar onde encontraria um pronto socorro. Foram minutos intermináveis de medo para , até que se movimentasse na parte traseira do carro, perguntando o que tinha acontecido e para onde eles estavam indo, sem contudo se levantar.
"Fica calma. A gente já tá chegando ao hospital... eu acho."
"Eu to bem, . Só me sinto um pouco fraca. Talvez nem seja caso de ir pro hospital."
"É o médico quem vai julgar se você está bem, meu amor. Você desmaiou!"
Ela não discutiu com ele, sem forças até para isso, se formos bem realistas. Na porta da clínica, foi logo colocada em uma maca e levada para algum lugar em que ele não podia vê-la, enquanto a ele foi solicitado o preenchimento de uma ficha. Ele não tinha todas as informações necessárias sobre ela, mas forneceu as que tinha e prometeu que ela daria as demais, ao se recuperar, o que não demorou a acontecer. Não foi mais do que uma hora depois que ela foi liberada, após tomar soro na veia, sendo orientada a repousar por algumas horas e se alimentar bem.
"Eu nem percebi que tinha ficado tantas horas sem me alimentar. Só me dei conta quando o Dr. Doug me perguntou." Comentou, referindo-se ao fato de não ter comido nada desde o almoço do dia anterior, ansiosa e envolvida com os preparativos para sua primeira viagem com . "Não foi a toa que eu vi tudo embaçado de repente."
"Você me assustou muito, caindo daquele jeito no meio da cozinha, de uma hora pra outra." Afirmou, abrindo a porta do carro para ela, e depois dando a volta e ocupando o banco do motorista.
"Você dirigiu... e vai me levar de volta, hum?" Falou algo que era óbvio, mas que, ao mesmo tempo, não podia ser deixado de lado. Mesmo depois de estar namorando a garota há um bom tempo, o rapaz continuara não dirigindo com ela no carro, até aquele momento.
"Eu nunca dirigi com você no carro justamente por ter medo de causar algum mal a você, . Hoje eu tive que dirigir pra tentar garantir que NÃO acontecesse nada com você. E agora você também não tá cem por cento pra dirigir."
"Eu te assustei mesmo, não foi?" Indagou, sentindo-se culpada por sua displicência.
"..." Disse, ajeitando-se no banco para olhá-la melhor e tomar as mãos dela nas suas. ", eu te AMO! Fiquei eu pânico, ao ver você desacordada e não saber o que estava acontecendo! Eu teria dirigido um ônibus... um caminhão, se fosse a única maneira de não perder você." Assegurou.
"Eu tenho muita sorte de ter você, bebê." Ela disse, com um sorriso comovido em seu rosto, e acariciando o dele com as pontas dos dedos. "Não só por ter cuidado de mim hoje, mas por tudo. Obrigada." Completou, segurando o rosto dele entre as mãos e beijando-o apaixonadamente.
Naquele dia, por mais que tenha falado, um milhão de vezes, que já estava bem e que queria curtir a viagem, fez com que ela repousasse e cozinhou comidas leves para ela. Tudo o que fizeram foi ver televisão juntos até tarde e se amar, antes de dormir, contrariando os desejos da morena de levar o namorado para passear pela pequena cidade, conhecida por abrigar uma universidade, e visitar um dos poucos bares locais, onde havia dardos, bilhar e show de música country.
No sábado, então, ela quis recuperar o tempo perdido, saindo pouco depois do nascer do sol. Após tomar um banho demorado e acordar , com algum esforço, tomou um café da manhã reforçado, para não correr o risco de passar mal novamente. Vestiu all star, calça jeans e camiseta branca, e pegou um casaco de couro preto, orientando o namorado para que vestisse algo parecido e também levasse um casaco, apesar de ter sido questionada por ele, visto que não estava frio.
"Você vai entender já, já, o porquê do casaco." Ela afirmou, abrindo uma porta na área de serviço e entrando na garagem interna da casa, seguida por ele. "Me ajuda?" Pediu, indicando uma lona pesada que cobria um objeto e ela queria retirar.
"Uau!" Ele ficou realmente surpreso ao ver que o que estava escondido ali era uma Harley-Davidson maravilhosa.
"Quer pilotar?" Ela brincou, recebendo uma gargalhada gostosa em resposta. "Toma." Entregou a ele um dos dois capacetes que estavam pendurados na moto e colocou o outro, subindo no veículo, seguida por ele, que se encaixou atrás dela. "Você gosta de velocidade, né, bebê?" Provocou.
"Vai com calma, . Você já me assustou o bastante ontem." Pediu e foi a vez dela de rir. Porém, no fundo, ela o levou a sério e manteve uma velocidade segura, enquanto seguiam pela Rota 6, conhecida como uma das estradas mais pitorescas dos Estados Unidos.
estava buscando uma das partes da estrada onde houvesse um mirante, para que pudessem parar e admirar a linda vista. , por sua vez, parecia bem distraído com o corpo dela colado no seu, e nem se deu conta do perigo que estava criando ao deslizar as mãos para dentro da camiseta dela, tocando seus seios. A ousadia repentina a fez escolher uma parte mais larga do acostamento e parar de uma vez, desistindo do mirante.
"Você pirou, ?" Aumentou o tom de voz, batendo no braço dele algumas vezes, depois de saírem da moto e tirarem os capacetes. "Eu podia ter perdido o controle e a gente podia ter se acidentado. Nem parece o mesmo cara que tem medo de dirigir comigo no carro!"
"Eu não achei que seria perigoso te provocar." Deu de ombros. "Não você, que tá acostumada com situações radicais, adrenalina. Não achei que pudesse perder o controle e muito menos que fosse ficar com medo disso, depois dos riscos muito maiores que você já correu."
"Antes, eu não tinha razão pra viver, bebê. Talvez eu não tivesse medo, não porque sou corajosa, mas porque não ligava pra o que pudesse acontecer comigo. Agora, é diferente! Eu me sinto viva de verdade e QUERO viver!"
"E o que mudou?" Perguntou, segurando-a pela cintura, mesmo que já soubesse do que ela estava falando.
"Você sabe o que mudou." Riu, acanhada como não costumava ficar.
"Talvez eu queira ouvir de você, ." Afirmou, sério.
"Eu tenho você, agora, bebê... o nosso amor."
"Amor?" Ele pediu a confirmação, dando seu sorriso de lado que fazia o coração dela se aquecer ainda mais.
"Amor, sim. Eu te amo, ." Confessou, olhando nos olhos dele, mas logo se soltou de suas mãos, abrindo os braços e repetindo a declaração a plenos pulmões. Não tinha planejado dizer as três palavrinhas, mas, agora que elas tinham saído de seus lábios, pareciam tão certas, que seu desejo era repetí-las sem parar e que elas pudessem ecoar de forma infinita. "EU TE AMO! EU TE AMO! EU TE AMOOOO!" Virou-se, então, de novo para ele e colocou os braços em volta de seu pescoço. "Eu te amo muito, mas agora me beija, por favor, antes que eu caia na real e me envergonhe da cena que eu fiz aqui." Riu, assim como ele, que, por fim, fez o que ela lhe pedira.
já sabia há algum tempo que amava , mas até o dia anterior não tinha certeza se deveria. Ganhara coragem para admitir seus sentimentos, ao encarar como uma grande prova de amor que ele tivesse dado o maior passo na superação de seu trauma, ao vê-la precisando de sua ajuda.
Talvez a barreira mais difícil de todas estivesse ultrapassada e, uma vez assumido o amor, fosse só questão de tempo para que aceitasse formar uma família com , como ele desejava.
Era assim, pelo menos, que o jovem contador-chefe da Filadélfia gostava de pensar.
"Bom dia, bebê." Ele respondeu, acariciando sua face suavemente com os nós dos dedos e sorrindo. "Eu já te disse o quanto eu gosto das manhãs em que eu posso acordar e ter o seu rosto como a primeira imagem do meu dia?"
"Gosta, é?" Ela também sorriu e se aproximou mais dele, colocando uma das pernas entre as suas e roubando-lhe dois beijos breves. "Gosta ainda mais disso do que das nossas noites quentes no quarto secreto?" Questionou, colocando as mãos dentro da camiseta dele e alisando seu abdomen.
"Não dá pra escolher! A coisa de que eu mais gosto é de poder ter tudo isso em uma só garota. Na minha garota!" Foi a vez dele de tocar os lábios dela com os seus rapidamente, enquanto acariciava seu bumbum por sob a camisola de malha com estampa de borboletas que dava a ela um ar romântico e jovial, sem deixar de ter um quê de sensualidade. "Até porque você mesma demonstrou que essas coisas não tem mais limites tão bem demarcados, ao chegar daquele jeito aqui ontem." Riu e ela não pode deixar de fazer o mesmo, sabendo que ele tinha razão.
Nos últimos finais de semana, dormira com na cama dela e os dois tinham-se sentido bastante confortáveis na companhia um do outro, tanto ao adormecer quando ao despertar. As demais atividades haviam seguido seu curso normal, com muitas saídas a dois ou com amigos nas noites de sexta-feira e sábado, e domingos normalmente desfrutados dentro do quarto secreto, que continuava ganhando aparatos e mantinha certo grau de importância na relação dos dois.
Contudo, como afirmara, o que tinha peso não era o lugar e sim as brincadeiras, que esquentavam o namoro dos dois, agora que eram utilizadas na medida certa. O cômodo era só o lugar onde as fantasias estavam mais acessíveis, mas uma fronteira tinha sido ultrapassada quando a morena usara espartilho com cinta-liga e meias sete oitavos vermelhos embaixo da roupa, revelando o conjunto a ele ao chegarem ao quarto dela, depois de um jantar romântico.
Um muro ainda mais alto igualmente caíra, na noite anterior, quando ela decidira fazer-lhe uma surpresa, depois de saber que ele não iria ao pub com o primo, como era costume às quartas, e fora dormir na casa dele. Não fosse suficiente sair do seu próprio território e aceitar permanecer no dele, ela chegara usando um sobretudo preto com botas de vinil em rosa bebê, que o fizeram franzir a testa, confuso, para que ela então se livrasse do casaco e revelasse um vestido curto e decotado, na mesma cor e no mesmo material.
"Aquela roupa era bem legal, aliás. Tinha todo aquele lance do látex, grudado no seu corpo, da bota super alta, aquela coisa escancaradamente sexy das suas fantasias, mas, por outro lado, tinha uma coisa... doce na cor. Você parecia uma boneca... uma Barbie baixinha talvez." Arriscou.
"Barbie, ?" Riu. "A Barbie é loura platinada!"
"Não, senhora. Só se era quando você brincava de boneca! Tem Barbie loura, morena, negra."
"E você agora entende tudo de boneca?" Ela debochou.
"Eu tenho alguns amigos que tem filhas pequenas, ok?" Explicou e ela suspirou pesadamente, fingindo estar contrariada.
"Eu compro uma roupa toda sexy, pensando que vou agradar, e ainda tenho que ouvir isso!"
"Ei! A Barbie é a maior gata! Você tava deliciosa!" Afirmou, enfatizando a última palavra e abraçando a namorada, que se rendeu ao carinho. "Você não viu como me deixou?" Perguntou, referindo-se ao fato de ter ficado excitado super rápido e transado com ela sem sequer despi-la. Lembrando a cena, começou a ficar tentado a repetir a dose e beijou o pescoço dela, enquanto espalmava sua barriga lisinha.
"Você podia voltar a morar comigo, agora que não iria ficar no quarto de hóspedes, hum?" Convidou, fazendo com que ele deixasse seu pescoço para encará-la.
"Não sei, bebê. Talvez seja cedo." Respondeu, sério. "Você tá falando isso porque tá pensando nessa parte de nós dois podendo transar toda hora, trocando carinhos antes de dormir e de manhã cedo... só que, se eu me mudasse, agora pra dormir no seu quarto, seria como se a gente tivesse casado e eu não sei se você tá mesmo pronta pra isso. A gente nem conhece as famílias um do outro, amor." Ponderou.
"É verdade. Talvez seja melhor esperar." Desanimou, mas teve que concordar. A ideia de um casamento ainda era assustadora demais para ela, que também tinha dúvidas sobre ser justo viver com alguém a quem não tinha certeza se queria contar detalhes sobre seu passado.
"Que tal se a gente viajasse?" Ele questionou, animado. "A gente podia pegar a estrada, numa sexta-feira à noite, ir pra um hotel nas montanhas ou na praia, e voltar na segunda pela manhã."
"Eu tenho uma ideia melhor!" Informou. "Eu tenho uma casa perto de Edinboro, junto de um lago. É um lugar lindo e super tranquilo. Eu posso avisar ao caseiro que estamos indo, pra ele abastecer a geladeira e a despensa, e nós podemos ir no helicóptero da empresa amanhã de manhã e voltar segunda."
"Eu não quero faltar ao trabalho, só porque sou seu namorado, ." Disse, desconfortável. "A gente pode ir sexta à noite."
"Eu não gosto de voar de helicóptero à noite, bebê. E não vai matar se você tirar folga um dia, pelo amor de Deus! Você também tem que se soltar mais, ser menos certinho, viu? Foi você mesmo quem disse que seus relatórios estão adiantados." Lembrou.
Naquele dia, trabalhou para manter suas tarefas adiantadas e, no dia seguinte, por volta das nove, o casal foi levado pelo piloto do helicóptero da companhia até um local próximo à casa de no campo, onde o caseiro os encontrou, entregando a ela um CRV prateado. O lugar era lindo, a temperatura estava amena e o imóvel que ela possuía não era uma mansão luxuosa, como ele imaginara, mas algo como um chalé grande, simples e confortável. A viagem prometia ser maravilhosa, a julgar pela atmosfera, mas pouco antes da hora do almoço algo bem desagradável aconteceu.
"Você quer fazer steak ou frango frito?" Ela perguntou, observando as opções dentro da geladeira.
"Tem batata, bacon e cheddar, pra eu fazer acompanhamento pro steak?" Questionou ele de volta, sentado em um dos bancos próximos à bancada que ficava no centro da cozinha.
"Tem, sim. E tem molho barbecue. Vai ficar... , eu não to me senti-" Falou com a voz fraca, não concluindo a frase e caindo na frente da geladeira, já fechada.
deu um salto do banco e agachou ao lado dela, vendo seus olhos fechados, seus lábios arroxeados, seu corpo estendido no chão, sem reação ao toque dele. O coração do jovem parecia estar na garganta, lutando para sair pela boca, de tão forte que batia. Ele não conseguia raciocinar direito, vendo a mulher com quem queria construir um futuro daquele jeito. É claro que podia não ser nada demais, mas o pavor só permitia que ele vislumbrasse o pior, ainda mais com o histórico de perdas que ele tinha na vida.
"? ?" Ele chamou, desesperado, mas ela não acordava por nada nesse mundo. Então, em um gesto instintivo, ele a pegou no colo e a carregou até a parte externa da casa, onde tinham deixado o carro, colocando-a no banco de trás.
Como estavam sozinhos, não teve a quem perguntar para onde deveria levá-la e, além de ter que dirigir rezando para que os dois chegassem até um hospital em segurança, teve que parar algumas vezes, depois de seguir as placas até a cidade, para perguntar onde encontraria um pronto socorro. Foram minutos intermináveis de medo para , até que se movimentasse na parte traseira do carro, perguntando o que tinha acontecido e para onde eles estavam indo, sem contudo se levantar.
"Fica calma. A gente já tá chegando ao hospital... eu acho."
"Eu to bem, . Só me sinto um pouco fraca. Talvez nem seja caso de ir pro hospital."
"É o médico quem vai julgar se você está bem, meu amor. Você desmaiou!"
Ela não discutiu com ele, sem forças até para isso, se formos bem realistas. Na porta da clínica, foi logo colocada em uma maca e levada para algum lugar em que ele não podia vê-la, enquanto a ele foi solicitado o preenchimento de uma ficha. Ele não tinha todas as informações necessárias sobre ela, mas forneceu as que tinha e prometeu que ela daria as demais, ao se recuperar, o que não demorou a acontecer. Não foi mais do que uma hora depois que ela foi liberada, após tomar soro na veia, sendo orientada a repousar por algumas horas e se alimentar bem.
"Eu nem percebi que tinha ficado tantas horas sem me alimentar. Só me dei conta quando o Dr. Doug me perguntou." Comentou, referindo-se ao fato de não ter comido nada desde o almoço do dia anterior, ansiosa e envolvida com os preparativos para sua primeira viagem com . "Não foi a toa que eu vi tudo embaçado de repente."
"Você me assustou muito, caindo daquele jeito no meio da cozinha, de uma hora pra outra." Afirmou, abrindo a porta do carro para ela, e depois dando a volta e ocupando o banco do motorista.
"Você dirigiu... e vai me levar de volta, hum?" Falou algo que era óbvio, mas que, ao mesmo tempo, não podia ser deixado de lado. Mesmo depois de estar namorando a garota há um bom tempo, o rapaz continuara não dirigindo com ela no carro, até aquele momento.
"Eu nunca dirigi com você no carro justamente por ter medo de causar algum mal a você, . Hoje eu tive que dirigir pra tentar garantir que NÃO acontecesse nada com você. E agora você também não tá cem por cento pra dirigir."
"Eu te assustei mesmo, não foi?" Indagou, sentindo-se culpada por sua displicência.
"..." Disse, ajeitando-se no banco para olhá-la melhor e tomar as mãos dela nas suas. ", eu te AMO! Fiquei eu pânico, ao ver você desacordada e não saber o que estava acontecendo! Eu teria dirigido um ônibus... um caminhão, se fosse a única maneira de não perder você." Assegurou.
"Eu tenho muita sorte de ter você, bebê." Ela disse, com um sorriso comovido em seu rosto, e acariciando o dele com as pontas dos dedos. "Não só por ter cuidado de mim hoje, mas por tudo. Obrigada." Completou, segurando o rosto dele entre as mãos e beijando-o apaixonadamente.
Naquele dia, por mais que tenha falado, um milhão de vezes, que já estava bem e que queria curtir a viagem, fez com que ela repousasse e cozinhou comidas leves para ela. Tudo o que fizeram foi ver televisão juntos até tarde e se amar, antes de dormir, contrariando os desejos da morena de levar o namorado para passear pela pequena cidade, conhecida por abrigar uma universidade, e visitar um dos poucos bares locais, onde havia dardos, bilhar e show de música country.
No sábado, então, ela quis recuperar o tempo perdido, saindo pouco depois do nascer do sol. Após tomar um banho demorado e acordar , com algum esforço, tomou um café da manhã reforçado, para não correr o risco de passar mal novamente. Vestiu all star, calça jeans e camiseta branca, e pegou um casaco de couro preto, orientando o namorado para que vestisse algo parecido e também levasse um casaco, apesar de ter sido questionada por ele, visto que não estava frio.
"Você vai entender já, já, o porquê do casaco." Ela afirmou, abrindo uma porta na área de serviço e entrando na garagem interna da casa, seguida por ele. "Me ajuda?" Pediu, indicando uma lona pesada que cobria um objeto e ela queria retirar.
"Uau!" Ele ficou realmente surpreso ao ver que o que estava escondido ali era uma Harley-Davidson maravilhosa.
"Quer pilotar?" Ela brincou, recebendo uma gargalhada gostosa em resposta. "Toma." Entregou a ele um dos dois capacetes que estavam pendurados na moto e colocou o outro, subindo no veículo, seguida por ele, que se encaixou atrás dela. "Você gosta de velocidade, né, bebê?" Provocou.
"Vai com calma, . Você já me assustou o bastante ontem." Pediu e foi a vez dela de rir. Porém, no fundo, ela o levou a sério e manteve uma velocidade segura, enquanto seguiam pela Rota 6, conhecida como uma das estradas mais pitorescas dos Estados Unidos.
estava buscando uma das partes da estrada onde houvesse um mirante, para que pudessem parar e admirar a linda vista. , por sua vez, parecia bem distraído com o corpo dela colado no seu, e nem se deu conta do perigo que estava criando ao deslizar as mãos para dentro da camiseta dela, tocando seus seios. A ousadia repentina a fez escolher uma parte mais larga do acostamento e parar de uma vez, desistindo do mirante.
"Você pirou, ?" Aumentou o tom de voz, batendo no braço dele algumas vezes, depois de saírem da moto e tirarem os capacetes. "Eu podia ter perdido o controle e a gente podia ter se acidentado. Nem parece o mesmo cara que tem medo de dirigir comigo no carro!"
"Eu não achei que seria perigoso te provocar." Deu de ombros. "Não você, que tá acostumada com situações radicais, adrenalina. Não achei que pudesse perder o controle e muito menos que fosse ficar com medo disso, depois dos riscos muito maiores que você já correu."
"Antes, eu não tinha razão pra viver, bebê. Talvez eu não tivesse medo, não porque sou corajosa, mas porque não ligava pra o que pudesse acontecer comigo. Agora, é diferente! Eu me sinto viva de verdade e QUERO viver!"
"E o que mudou?" Perguntou, segurando-a pela cintura, mesmo que já soubesse do que ela estava falando.
"Você sabe o que mudou." Riu, acanhada como não costumava ficar.
"Talvez eu queira ouvir de você, ." Afirmou, sério.
"Eu tenho você, agora, bebê... o nosso amor."
"Amor?" Ele pediu a confirmação, dando seu sorriso de lado que fazia o coração dela se aquecer ainda mais.
"Amor, sim. Eu te amo, ." Confessou, olhando nos olhos dele, mas logo se soltou de suas mãos, abrindo os braços e repetindo a declaração a plenos pulmões. Não tinha planejado dizer as três palavrinhas, mas, agora que elas tinham saído de seus lábios, pareciam tão certas, que seu desejo era repetí-las sem parar e que elas pudessem ecoar de forma infinita. "EU TE AMO! EU TE AMO! EU TE AMOOOO!" Virou-se, então, de novo para ele e colocou os braços em volta de seu pescoço. "Eu te amo muito, mas agora me beija, por favor, antes que eu caia na real e me envergonhe da cena que eu fiz aqui." Riu, assim como ele, que, por fim, fez o que ela lhe pedira.
já sabia há algum tempo que amava , mas até o dia anterior não tinha certeza se deveria. Ganhara coragem para admitir seus sentimentos, ao encarar como uma grande prova de amor que ele tivesse dado o maior passo na superação de seu trauma, ao vê-la precisando de sua ajuda.
Talvez a barreira mais difícil de todas estivesse ultrapassada e, uma vez assumido o amor, fosse só questão de tempo para que aceitasse formar uma família com , como ele desejava.
Era assim, pelo menos, que o jovem contador-chefe da Filadélfia gostava de pensar.
Capítulo 18
", eu não te chamei aqui hoje só pra gente beber e se divertir, e sim porque a gente precisa fazer uma intervenção urgente na Kitty." Harmony informou, logo que o garçom do bar colocou os drinques das três garotas sobre a mesa.
"Eu já te dei todos os meus cartões de crédito e até os talões de cheque!" A loira reclamou, dando um bom gole em seu Dry Martini.
"Mas nós não vamos poder deixar você sem cartões ou cheques a vida toda! Você tem que retomar o controle da situação." Observou a amiga, preocupada.
"Eu concordo com a Harm, Kitty. Se você continua comprando compulsivamente, sempre que pode, tem que achar um jeito..."
"...de mudar isso. Eu sei! Depois que eu entreguei tudo, eu tive uma sessão de terapia e falei sobre isso. A minha analista já identificou a origem do problema." A menina interrompeu , com o ar cansado de quem já falou sobre o mesmo assunto repetidas vezes.
"Até eu identifiquei a origem do problema, amiga. O seu pai te cobriu de presentes... te deu tudo que o dinheiro podia comprar, pra tentar fazer você se sentir melhor, depois de tudo que você passou, e isso fez você se acostumar a tentar preencher a sua vida com coisas." Harmony diagnosticou, como se fosse uma especialista, e acertou.
"E isso piorou quando eu resolvi não ser mais dominadora. Ela me explicou que escolher um monte de coisas e torná-las minhas, mesmo que eu não use quase nada depois, também faz com que eu me sinta poderosa." Completou a grande gastadora.
"Será que não é melhor você voltar pro clube, então?" Arriscou , sem entender muito dessas coisas de traumas e suas consequências. Não sabia lidar nem com os dela própria e tinha dificuldade de se submeter a tratamentos, vendo sua vida, dores e medos darem origem a teorias que considerava mirabolantes.
"O que a sua terapeuta disse sobre isso?" Harm questionou.
"Que não. Eu não devo voltar." Suspirou. "Eu consegui passar a ter uma vida sexual normal, sem a necessidade de maltratar ninguém pra gozar, e ela acha que eu não devo fazer um retrocesso nisso. E eu concordo com ela que eu tenho que acabar com a compulsão por compras, sem voltar pro sadomasoquismo, porque eu quero um namorado agora! Eu quero me apaixonar, me casar um dia, ter uma família. Eu já disse isso pra vocês."
"Você tem razão." sorriu de forma cúmplice. "O que a gente pode fazer pra ajudar, então?"
"Por enquanto, vocês podem ficar com os cartões e os cheques. Ela me pediu pra ir algumas vezes ao shopping sem ter como comprar."
"Será que isso vai dar certo?" Duvidou Harmony.
"Eu acho que eu não vou chegar ao ponto de roubar nem nada, mas só indo pra saber, né?" Fez graça do próprio problema. "E eu não vim aqui só pra levar sermão, por mais bem intencionadas que sejam as minhas amigas. Eu quero saber do seu final de semana, mocinha." Cutucou , na altura da costela, fazendo cócegas. Ela tinha prometido falar da viagem que fizera com , quando as três se encontrassem durante a semana seguinte.
"Eu me declarei pra ele." Sorriu, timidamente. Quando o assunto era dominação, ela podia ser atrevida, mas, quando se tratava de sentimentos verdadeiros, ficava estranhamente encabulada, como se fosse uma menina ingênua.
"Como assim, menina? Conta isso direito!" Kitty riu, percebendo o jeito diferente dela.
"Ele me fez sentir segurança em relação aos sentimentos dele, e eu achei que ele merecia ouvir, finalmente, um 'eu te amo' também." Deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
"Mas e a viagem? Como foi?" Harm quis saber.
"Foi maravilhosa! Melhor do que eu poderia imaginar." Afirmou, contando detalhes, primeiramente, sobre o momento mais desagradável do final de semana, quando passara mal, e a contrapartida deste, que foi ter sido socorrida por um atencioso e preocupado . Em seguida, falou sobre os cuidados que ele teve com ela, depois da volta do hospital e, finalmente, sobre os momentos que sucederam o passeio de moto em que ela declarou seu amor.
Depois de mostrar um pouco mais da cidade ao namorado, passando, inclusive, pela universidade em que estudara, e que fora, portanto, a razão para ela ter comprado uma casa no local, voltara ao imóvel. a levara até o quarto no colo, colocando-a na cama e fazendo amor com ela, sem pressa. Nunca tinha sido tão suave e calma uma transa entre os dois como a daquela tarde, que marcou o fim das resistências de em se entregar de alma e coração a ele. O corpo apenas acompanhara o ritmo e a intensidade ditadas por estes, que estavam, mais do que tudo, encontrando uma paz que sequer sabiam almejar.
Haviam adormecido um nos braços do outro e ela despertara com o cheiro de comida caseira invadindo suas narinas, e fazendo com que perguntasse a si mesma se poderia ter encontrado homem mais perfeito. À meia luz, proporcionada por apenas um abajur aceso no quarto, pode vê-lo chegar, carregando uma bandeja com os pratos dos dois e duas taças de vinho, que eles saborearam sem que ela precisasse sair de baixo dos lençóis.
Mesmo com preguiça, tinham decidido, mais ou menos uma hora depois, sair um pouco da casa e beber algo em um bar, onde também jogaram sinuca, com um casal simpático com quem fizeram amizade rapidamente. Não havia uma pista de dança no lugar, mas os mais românticos se moviam lentamente, juntos, ao som de canções escolhidas em uma Juke Box antiga, mas em pleno funcionamento, e não sossegou até convencer a selecionar uma para os dois.
It's amazing how you can speak right to my heart
Without saying a word, you can light up the dark
Try as I may I can never explain
What I hear when you don't say a thing
The smile on your face lets me know that you need me
There's a truth in your eyes saying you'll never leave me
The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall
You say it best when you say nothing at all
(É incrível como você consegue falar direto com o meu coração
Sem dizer uma palavra, você pode iluminar a escuridão
Posso tentar quantas vezes quiser, mas não consigo explicar
O que eu ouço quando você não diz nada
O sorriso em seu rosto permite-me saber que você precisa de mim
Tem uma verdade em seus olhos dizendo que nunca me deixará
O toque de sua mão diz que você vai me pegar sempre que eu cair
Você diz o melhor quando você diz nada)
Eles dançaram, escutando a bela voz de Ronan Keating pronunciar cada palavra daquela letra linda, que acompanhava uma gostosa melodia, e, felizmente, só foram tirados de seu universo particular quando When you say nothing at all já chegava ao seu final. Ambos ouviram o nome de ser chamado e olharam na direção da voz, vendo um rapaz loiro, alto e forte sorrir, simpático.
"Billy Morgan?" cumprimentara, animada, saindo dos braços de , que não gostou nem um pouco da atitude.
" !" O rapaz a abraçara, rapidamente.
"Você ficou morando aqui mesmo?"
"Fiquei, sim. Eu gerencio o maior mercado da cidade. Se precisar de alguma coisa, é só nos chamar." Brincara.
"É bom te ver, Billy." Ela falara, com sinceridade, mas sem prolongar a conversa, voltando para o abraço de e começando a dançar a próxima música, que alguém já tinha colocado para tocar. O outro rapaz tinha ido, então, em direção ao bar e pedido uma bebida.
Totalmente alheia ao semblante sério de , pedira mais duas cervejas ao garçom e colocara uma moeda na máquina, programando All of Me para ser a próxima canção. Ele ficara um pouco tenso e distante, de início, e ela, assim, percebera a mudança de atitude, começando a ficar preocupada. No entanto, ele logo a surpreendera, ao segurá-la com mais força pela cintura, apertando o corpo dela contra o seu, ao mesmo tempo em que beijava seu pescoço.
'Cause all of me
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I'll give my all to you
You're my end and my beginning
Even when I lose I'm winning
'Cause I give you all of me
And you give me all of you
(Porque tudo de mim
Ama tudo em você
Ama suas curvas e todos os seus limites
Todas as suas perfeitas imperfeições
Dê tudo de você para mim
Eu te darei meu tudo
Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando
Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você)
havia cantado um trecho da música no ouvido de , ao mesmo tempo em que uma de suas mãos adentrava a blusa dela, alisando suas costas. Segurara firme em sua nuca e buscara seus lábios, beijando-a sem cerimônia alguma. Com dois passos largos, estava se encostando à lateral da Juke Box, ainda abraçado a ela e com a língua a explorar toda a sua boca. A dança fora esquecida e os dois entraram em um mundo só deles de novo, mas um bem menos romântico e mais sensual.
"O que foi isso, bebê?" Ela perguntara, ao pararem para respirar.
"Eu só amo você, ."
"Você nunca me agarrou tanto assim em público, hum? Fala, amor!"
"Okay. Talvez eu quisesse que vissem que você é minha."
"Vissem?"
"Quem é aquele cara? Billy?" Tinha falado, enfim, depois de hesitar um pouco. "Um ex-namorado?"
"Você sabe que eu nunca tive na-"
"Um ex-submisso?"
"!" Não tinha conseguido não rir do jeito dele. "Ele foi meu colega de faculdade. Só isso! Nós nunca tivemos nada e eu não o vejo há anos." Na época em que vivera naquela cidade, tinha saído, sim, com alguns caras. Fora naquele lugar que ela perdera a virgindade, depois de muita pressão de amigas, que não entendiam porque ela não queria fazer sexo, por não conhecerem sua história. Jamais havia, porém, sequer cogitado ter algo com Billy, visto que preferia os mais fracos.
"Ele não para de olhar pra você!" Dissera, abraçando-a ainda mais. "E eu não gosto disso."
"É muito irônico que você sinta ciúmes, justo no dia em que eu disse que te amo, . Eu te amo muito e pouco me importa quem está me olhando, mas, se você quer que vejam o quanto eu te amo..." Ela o havia puxado pela gola da camisa, juntando suas bocas outra vez, em um beijo urgente.
Não tinham demorado no bar, depois disso, pois o que queriam realmente fazer um com o outro demandava privacidade, e eles a teriam em casa, no sofá da sala, na cadeira da varanda, na cama macia de casal. O ciumento se mostrou tão intenso quanto a possessiva, pedindo, todo o tempo, que ela dissesse que o amava e que eram só dele seus beijos, seus toques, seu corpo e seu prazer.
Para contar tais coisas às amigas, não era nada tímida, e as duas jovens estavam suspirando de vontade de ter um namorado como , quando o mesmo chegou, acompanhado do primo e de um amigo deste, interrompendo a conversa. Era sexta-feira, o casal tinha combinado de se encontrar no bar, quando ele fosse liberado de uma reunião, e eles acabaram decidindo que já era hora de parar de evitar encontros entre Harmony e Samuel.
"A nossa avó quer te conhecer, ." O garoto irlandês falou, sem introduções, pouco depois de ter ocupado uma cadeira em frente à dela.
"Samuel!" repreendeu, mas ele deu de ombros. "Eu ia falar com você com calma, mais tarde." Dirigiu-se à namorada, enquanto o primo se ocupava em mostrar uma menina ao amigo.
"O que ela disse?" Perguntou, curiosa.
"Ela disse exatamente isso: que quer te conhecer. Mas tudo bem, se você não estiver confortável com isso, . Eu não vou ficar chateado, e posso arrumar uma boa desculpa."
"Eu gostaria de conhecer os , . A não ser que você ache cedo." Ponderou.
"Não." Sorriu. "Por mim, nós já teríamos ido até lá... você sabe. Posso marcar um almoço, no domingo, então?" Ela assentiu e ele beijou seus lábios delicadamente, mostrando que estava grato pela disponibilidade dela em conhecer sua família.
ficou nervosa o resto da noite, sem saber que tipo de roupa vestir e o que levar para os avós de , e preocupada com o tipo de conversa que os parentes de um rapaz poderiam ter com uma nova namorada. Soube disfarçar muito bem, mas o encontro não saiu de sua cabeça um só momento, a não ser quando chegaram ao apartamento dela e fizeram sexo sobre a bancada da cozinha.
deixou que comesse algumas uvas, mas logo começou a abrir os botões do vestido chemise que ela usava e atacou seu colo com os lábios. Segurou um dos seios, ainda cobertos, e apertou o traseiro durinho com a outra mão, enquanto sua língua molhava um pouco a renda do sutiã. Encostou, no abdômen dela, seu membro já ereto, fazendo a garota estremecer e largar o cacho da fruta de vez. Então, livrou-se do vestido e sentou a morena na bancada, arrancando a própria blusa, antes de trocar um beijo lascivo com ela, que começou a abrir seu cinto. Terminou o serviço, vendo-se livre da calça, e tirou os sapatos, usando apenas os próprios pés, enquanto beijava os dela, já descalços.
Ela mesma tirou o sutiã e levantou o quadril, para que ele puxasse sua calcinha. Já a cueca dele desceu apenas até o joelho, graças à pressa com que ela o puxou para perto, pedindo para tê-lo dentro de si, de uma vez. E, como acontecia normalmente na primeira vez em que transavam durante um certo dia, o ponto alto do prazer não tardou a chegar para nenhum dos dois. A diferença foi que, naquela noite, as preocupações na cabeça de não permitiram que ela aproveitasse direito uma segunda.
"Eu to mesmo bem, ?" Questionou, tensa, observando-se no espelho, quando enfim chegou o domingo. Era a quarta vez que ela repetia a pergunta, e ele revirou os olhos. Já eram quinze para o meio dia e, se não saíssem logo, chegariam atrasados.
"Você tá linda, bebê!"
"Eu não quero saber se eu to linda. Quero saber se estou adequada pra conhecer os seus avós!"
"Você tá elegante, discreta. Você tá perfeita, ! Vamos, por favor!"
"E o vinho? Seu avô gosta mesmo de vinho tinto?" Ele assentiu, rindo. "E as flores? Eu gosto muito de lírios, mas talvez tivesse sido melhor se..."
"..." Ele segurou as mãos dela, que o encarou, respirando fundo.
"Desculpa. Eu to surtando, né?" Foi a vez dela de rir. "Eu só... nunca passei por isso e não quero te decepcionar."
"E você não vai." Ele assegurou, soltando uma das mãos dela e pegando a garrafa de vinho, que o avô dele garantiu ser perfeito como acompanhamento da carne preparada pela esposa, e abriu naquele mesmo começo de tarde, enquanto a senhora distinta colocava as flores em um vaso de cristal, elogiando-as e comentando que, na China, sonhar com lírios significa previsão de casamento próximo.
Casamento, aliás, que seria umas das palavras-chave para que aquele almoço, mais tarde, não pudesse ser considerado verdadeiramente perfeito!
O problema não foi estar com os avós de , que eram pessoas simpáticas, amáveis, educadas e cultas, com quem foi fácil conversar por quase toda a tarde. Além disso, eles a deixaram muito à vontade, não parecendo se importar, nem um pouco, com o fato de ser dona da empresa em que o neto deles trabalhava. Então, a jovem não sentiu o tempo passar e, quando agradeceu pelo almoço e prometeu visitá-los outras vezes, o prazer em sua voz não foi fingido.
A questão foi que, como qualquer família, eles desejavam ver se casar e ter filhos e, ao encontrar com a pessoa com quem ele estava mantendo um relacionamento sério, naturalmente deixaram essa vontade transparecer. Enquanto , por sua vez, tendo vivido nas condições em que vivera nos últimos anos, jamais pensara em formar uma família e, naquele momento, ela ainda não tinha como afirmar se isso seria possível.
A garota tinha absoluta certeza de seu amor por . O que ela não sabia era se o amor realmente é capaz de solucionar tudo, ou se, na realidade, ele pode acabar trazendo ainda maiores problemas.
"Eu já te dei todos os meus cartões de crédito e até os talões de cheque!" A loira reclamou, dando um bom gole em seu Dry Martini.
"Mas nós não vamos poder deixar você sem cartões ou cheques a vida toda! Você tem que retomar o controle da situação." Observou a amiga, preocupada.
"Eu concordo com a Harm, Kitty. Se você continua comprando compulsivamente, sempre que pode, tem que achar um jeito..."
"...de mudar isso. Eu sei! Depois que eu entreguei tudo, eu tive uma sessão de terapia e falei sobre isso. A minha analista já identificou a origem do problema." A menina interrompeu , com o ar cansado de quem já falou sobre o mesmo assunto repetidas vezes.
"Até eu identifiquei a origem do problema, amiga. O seu pai te cobriu de presentes... te deu tudo que o dinheiro podia comprar, pra tentar fazer você se sentir melhor, depois de tudo que você passou, e isso fez você se acostumar a tentar preencher a sua vida com coisas." Harmony diagnosticou, como se fosse uma especialista, e acertou.
"E isso piorou quando eu resolvi não ser mais dominadora. Ela me explicou que escolher um monte de coisas e torná-las minhas, mesmo que eu não use quase nada depois, também faz com que eu me sinta poderosa." Completou a grande gastadora.
"Será que não é melhor você voltar pro clube, então?" Arriscou , sem entender muito dessas coisas de traumas e suas consequências. Não sabia lidar nem com os dela própria e tinha dificuldade de se submeter a tratamentos, vendo sua vida, dores e medos darem origem a teorias que considerava mirabolantes.
"O que a sua terapeuta disse sobre isso?" Harm questionou.
"Que não. Eu não devo voltar." Suspirou. "Eu consegui passar a ter uma vida sexual normal, sem a necessidade de maltratar ninguém pra gozar, e ela acha que eu não devo fazer um retrocesso nisso. E eu concordo com ela que eu tenho que acabar com a compulsão por compras, sem voltar pro sadomasoquismo, porque eu quero um namorado agora! Eu quero me apaixonar, me casar um dia, ter uma família. Eu já disse isso pra vocês."
"Você tem razão." sorriu de forma cúmplice. "O que a gente pode fazer pra ajudar, então?"
"Por enquanto, vocês podem ficar com os cartões e os cheques. Ela me pediu pra ir algumas vezes ao shopping sem ter como comprar."
"Será que isso vai dar certo?" Duvidou Harmony.
"Eu acho que eu não vou chegar ao ponto de roubar nem nada, mas só indo pra saber, né?" Fez graça do próprio problema. "E eu não vim aqui só pra levar sermão, por mais bem intencionadas que sejam as minhas amigas. Eu quero saber do seu final de semana, mocinha." Cutucou , na altura da costela, fazendo cócegas. Ela tinha prometido falar da viagem que fizera com , quando as três se encontrassem durante a semana seguinte.
"Eu me declarei pra ele." Sorriu, timidamente. Quando o assunto era dominação, ela podia ser atrevida, mas, quando se tratava de sentimentos verdadeiros, ficava estranhamente encabulada, como se fosse uma menina ingênua.
"Como assim, menina? Conta isso direito!" Kitty riu, percebendo o jeito diferente dela.
"Ele me fez sentir segurança em relação aos sentimentos dele, e eu achei que ele merecia ouvir, finalmente, um 'eu te amo' também." Deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
"Mas e a viagem? Como foi?" Harm quis saber.
"Foi maravilhosa! Melhor do que eu poderia imaginar." Afirmou, contando detalhes, primeiramente, sobre o momento mais desagradável do final de semana, quando passara mal, e a contrapartida deste, que foi ter sido socorrida por um atencioso e preocupado . Em seguida, falou sobre os cuidados que ele teve com ela, depois da volta do hospital e, finalmente, sobre os momentos que sucederam o passeio de moto em que ela declarou seu amor.
Depois de mostrar um pouco mais da cidade ao namorado, passando, inclusive, pela universidade em que estudara, e que fora, portanto, a razão para ela ter comprado uma casa no local, voltara ao imóvel. a levara até o quarto no colo, colocando-a na cama e fazendo amor com ela, sem pressa. Nunca tinha sido tão suave e calma uma transa entre os dois como a daquela tarde, que marcou o fim das resistências de em se entregar de alma e coração a ele. O corpo apenas acompanhara o ritmo e a intensidade ditadas por estes, que estavam, mais do que tudo, encontrando uma paz que sequer sabiam almejar.
Haviam adormecido um nos braços do outro e ela despertara com o cheiro de comida caseira invadindo suas narinas, e fazendo com que perguntasse a si mesma se poderia ter encontrado homem mais perfeito. À meia luz, proporcionada por apenas um abajur aceso no quarto, pode vê-lo chegar, carregando uma bandeja com os pratos dos dois e duas taças de vinho, que eles saborearam sem que ela precisasse sair de baixo dos lençóis.
Mesmo com preguiça, tinham decidido, mais ou menos uma hora depois, sair um pouco da casa e beber algo em um bar, onde também jogaram sinuca, com um casal simpático com quem fizeram amizade rapidamente. Não havia uma pista de dança no lugar, mas os mais românticos se moviam lentamente, juntos, ao som de canções escolhidas em uma Juke Box antiga, mas em pleno funcionamento, e não sossegou até convencer a selecionar uma para os dois.
It's amazing how you can speak right to my heart
Without saying a word, you can light up the dark
Try as I may I can never explain
What I hear when you don't say a thing
The smile on your face lets me know that you need me
There's a truth in your eyes saying you'll never leave me
The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall
You say it best when you say nothing at all
(É incrível como você consegue falar direto com o meu coração
Sem dizer uma palavra, você pode iluminar a escuridão
Posso tentar quantas vezes quiser, mas não consigo explicar
O que eu ouço quando você não diz nada
O sorriso em seu rosto permite-me saber que você precisa de mim
Tem uma verdade em seus olhos dizendo que nunca me deixará
O toque de sua mão diz que você vai me pegar sempre que eu cair
Você diz o melhor quando você diz nada)
Eles dançaram, escutando a bela voz de Ronan Keating pronunciar cada palavra daquela letra linda, que acompanhava uma gostosa melodia, e, felizmente, só foram tirados de seu universo particular quando When you say nothing at all já chegava ao seu final. Ambos ouviram o nome de ser chamado e olharam na direção da voz, vendo um rapaz loiro, alto e forte sorrir, simpático.
"Billy Morgan?" cumprimentara, animada, saindo dos braços de , que não gostou nem um pouco da atitude.
" !" O rapaz a abraçara, rapidamente.
"Você ficou morando aqui mesmo?"
"Fiquei, sim. Eu gerencio o maior mercado da cidade. Se precisar de alguma coisa, é só nos chamar." Brincara.
"É bom te ver, Billy." Ela falara, com sinceridade, mas sem prolongar a conversa, voltando para o abraço de e começando a dançar a próxima música, que alguém já tinha colocado para tocar. O outro rapaz tinha ido, então, em direção ao bar e pedido uma bebida.
Totalmente alheia ao semblante sério de , pedira mais duas cervejas ao garçom e colocara uma moeda na máquina, programando All of Me para ser a próxima canção. Ele ficara um pouco tenso e distante, de início, e ela, assim, percebera a mudança de atitude, começando a ficar preocupada. No entanto, ele logo a surpreendera, ao segurá-la com mais força pela cintura, apertando o corpo dela contra o seu, ao mesmo tempo em que beijava seu pescoço.
'Cause all of me
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I'll give my all to you
You're my end and my beginning
Even when I lose I'm winning
'Cause I give you all of me
And you give me all of you
(Porque tudo de mim
Ama tudo em você
Ama suas curvas e todos os seus limites
Todas as suas perfeitas imperfeições
Dê tudo de você para mim
Eu te darei meu tudo
Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando
Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você)
havia cantado um trecho da música no ouvido de , ao mesmo tempo em que uma de suas mãos adentrava a blusa dela, alisando suas costas. Segurara firme em sua nuca e buscara seus lábios, beijando-a sem cerimônia alguma. Com dois passos largos, estava se encostando à lateral da Juke Box, ainda abraçado a ela e com a língua a explorar toda a sua boca. A dança fora esquecida e os dois entraram em um mundo só deles de novo, mas um bem menos romântico e mais sensual.
"O que foi isso, bebê?" Ela perguntara, ao pararem para respirar.
"Eu só amo você, ."
"Você nunca me agarrou tanto assim em público, hum? Fala, amor!"
"Okay. Talvez eu quisesse que vissem que você é minha."
"Vissem?"
"Quem é aquele cara? Billy?" Tinha falado, enfim, depois de hesitar um pouco. "Um ex-namorado?"
"Você sabe que eu nunca tive na-"
"Um ex-submisso?"
"!" Não tinha conseguido não rir do jeito dele. "Ele foi meu colega de faculdade. Só isso! Nós nunca tivemos nada e eu não o vejo há anos." Na época em que vivera naquela cidade, tinha saído, sim, com alguns caras. Fora naquele lugar que ela perdera a virgindade, depois de muita pressão de amigas, que não entendiam porque ela não queria fazer sexo, por não conhecerem sua história. Jamais havia, porém, sequer cogitado ter algo com Billy, visto que preferia os mais fracos.
"Ele não para de olhar pra você!" Dissera, abraçando-a ainda mais. "E eu não gosto disso."
"É muito irônico que você sinta ciúmes, justo no dia em que eu disse que te amo, . Eu te amo muito e pouco me importa quem está me olhando, mas, se você quer que vejam o quanto eu te amo..." Ela o havia puxado pela gola da camisa, juntando suas bocas outra vez, em um beijo urgente.
Não tinham demorado no bar, depois disso, pois o que queriam realmente fazer um com o outro demandava privacidade, e eles a teriam em casa, no sofá da sala, na cadeira da varanda, na cama macia de casal. O ciumento se mostrou tão intenso quanto a possessiva, pedindo, todo o tempo, que ela dissesse que o amava e que eram só dele seus beijos, seus toques, seu corpo e seu prazer.
Para contar tais coisas às amigas, não era nada tímida, e as duas jovens estavam suspirando de vontade de ter um namorado como , quando o mesmo chegou, acompanhado do primo e de um amigo deste, interrompendo a conversa. Era sexta-feira, o casal tinha combinado de se encontrar no bar, quando ele fosse liberado de uma reunião, e eles acabaram decidindo que já era hora de parar de evitar encontros entre Harmony e Samuel.
"A nossa avó quer te conhecer, ." O garoto irlandês falou, sem introduções, pouco depois de ter ocupado uma cadeira em frente à dela.
"Samuel!" repreendeu, mas ele deu de ombros. "Eu ia falar com você com calma, mais tarde." Dirigiu-se à namorada, enquanto o primo se ocupava em mostrar uma menina ao amigo.
"O que ela disse?" Perguntou, curiosa.
"Ela disse exatamente isso: que quer te conhecer. Mas tudo bem, se você não estiver confortável com isso, . Eu não vou ficar chateado, e posso arrumar uma boa desculpa."
"Eu gostaria de conhecer os , . A não ser que você ache cedo." Ponderou.
"Não." Sorriu. "Por mim, nós já teríamos ido até lá... você sabe. Posso marcar um almoço, no domingo, então?" Ela assentiu e ele beijou seus lábios delicadamente, mostrando que estava grato pela disponibilidade dela em conhecer sua família.
ficou nervosa o resto da noite, sem saber que tipo de roupa vestir e o que levar para os avós de , e preocupada com o tipo de conversa que os parentes de um rapaz poderiam ter com uma nova namorada. Soube disfarçar muito bem, mas o encontro não saiu de sua cabeça um só momento, a não ser quando chegaram ao apartamento dela e fizeram sexo sobre a bancada da cozinha.
deixou que comesse algumas uvas, mas logo começou a abrir os botões do vestido chemise que ela usava e atacou seu colo com os lábios. Segurou um dos seios, ainda cobertos, e apertou o traseiro durinho com a outra mão, enquanto sua língua molhava um pouco a renda do sutiã. Encostou, no abdômen dela, seu membro já ereto, fazendo a garota estremecer e largar o cacho da fruta de vez. Então, livrou-se do vestido e sentou a morena na bancada, arrancando a própria blusa, antes de trocar um beijo lascivo com ela, que começou a abrir seu cinto. Terminou o serviço, vendo-se livre da calça, e tirou os sapatos, usando apenas os próprios pés, enquanto beijava os dela, já descalços.
Ela mesma tirou o sutiã e levantou o quadril, para que ele puxasse sua calcinha. Já a cueca dele desceu apenas até o joelho, graças à pressa com que ela o puxou para perto, pedindo para tê-lo dentro de si, de uma vez. E, como acontecia normalmente na primeira vez em que transavam durante um certo dia, o ponto alto do prazer não tardou a chegar para nenhum dos dois. A diferença foi que, naquela noite, as preocupações na cabeça de não permitiram que ela aproveitasse direito uma segunda.
"Eu to mesmo bem, ?" Questionou, tensa, observando-se no espelho, quando enfim chegou o domingo. Era a quarta vez que ela repetia a pergunta, e ele revirou os olhos. Já eram quinze para o meio dia e, se não saíssem logo, chegariam atrasados.
"Você tá linda, bebê!"
"Eu não quero saber se eu to linda. Quero saber se estou adequada pra conhecer os seus avós!"
"Você tá elegante, discreta. Você tá perfeita, ! Vamos, por favor!"
"E o vinho? Seu avô gosta mesmo de vinho tinto?" Ele assentiu, rindo. "E as flores? Eu gosto muito de lírios, mas talvez tivesse sido melhor se..."
"..." Ele segurou as mãos dela, que o encarou, respirando fundo.
"Desculpa. Eu to surtando, né?" Foi a vez dela de rir. "Eu só... nunca passei por isso e não quero te decepcionar."
"E você não vai." Ele assegurou, soltando uma das mãos dela e pegando a garrafa de vinho, que o avô dele garantiu ser perfeito como acompanhamento da carne preparada pela esposa, e abriu naquele mesmo começo de tarde, enquanto a senhora distinta colocava as flores em um vaso de cristal, elogiando-as e comentando que, na China, sonhar com lírios significa previsão de casamento próximo.
Casamento, aliás, que seria umas das palavras-chave para que aquele almoço, mais tarde, não pudesse ser considerado verdadeiramente perfeito!
O problema não foi estar com os avós de , que eram pessoas simpáticas, amáveis, educadas e cultas, com quem foi fácil conversar por quase toda a tarde. Além disso, eles a deixaram muito à vontade, não parecendo se importar, nem um pouco, com o fato de ser dona da empresa em que o neto deles trabalhava. Então, a jovem não sentiu o tempo passar e, quando agradeceu pelo almoço e prometeu visitá-los outras vezes, o prazer em sua voz não foi fingido.
A questão foi que, como qualquer família, eles desejavam ver se casar e ter filhos e, ao encontrar com a pessoa com quem ele estava mantendo um relacionamento sério, naturalmente deixaram essa vontade transparecer. Enquanto , por sua vez, tendo vivido nas condições em que vivera nos últimos anos, jamais pensara em formar uma família e, naquele momento, ela ainda não tinha como afirmar se isso seria possível.
A garota tinha absoluta certeza de seu amor por . O que ela não sabia era se o amor realmente é capaz de solucionar tudo, ou se, na realidade, ele pode acabar trazendo ainda maiores problemas.
Capítulo 19
Depois de passar mais de uma semana inteira nervosa, por causa dos questionamentos que a visita à casa dos avós de tinham levantado e, consequentemente, bastante distante dele, percebera a besteira que estava fazendo e decidira recompensá-lo. Ele tinha percebido que ela estava diferente e perguntado várias vezes se alguma coisa a estava incomodando, mas ela desconversara, e, mesmo agora, não planejava dizer a verdade. Estava determinada a usar outras estratégias para fazer com que as coisas voltassem ao normal.
Em primeiro lugar, ela precisava esquentar o sexo que ela mesma tinha deixado morno, durante aqueles dias, e, para isso, todo um cenário foi escolhido. tinha ido ao clube, nadar, depois do expediente de segunda-feira, mas prometera ir dormir na casa dela, que desmarcou a aula que teria com sua personal trainer, a fim de se dedicar completamente aos detalhes. Com tudo preparado, a última coisa a fazer tinha sido tomar um bom banho, vestir a fantasia da noite e esperar.
Não aguardou muito, no entanto, pois o namorado chegou dez minutos depois que ela ligou a música e espalhou fumaça de gelo seco pelo quarto secreto. Ele não encontrou nenhum bilhete com instruções, nem qualquer fantasia, então chamou pelo nome dela, que se aproximou, no meio de toda aquela fumaça, vestida com uma saia de apenas um palmo de malha vermelha, um top na mesma cor e tecido, onde se lia PFD (sigla para Philadelphia Fire Department, o Corpo de Bombeiros da Filadélfia), uma botinha de cano curto preta e um capacete.
"É aqui que tá pegando fogo?" Perguntou, maliciosa, alisando o peito dele por sobre a blusa com uma das mãos, enquanto a outra segurava um extintor de incêndio de acrílico, igualzinho aos verdadeiros.
"Eu to sempre pegando fogo, se você vier apagar... gostosa!" Ele disse, a olhando de cima a baixo e alisando a cintura dela, que não conteve o riso.
"Vamos sair dessa fumaça... vem!" Chamou, puxando o rapaz pela mão. "Eu preciso molhar você, pra nós passarmos pelo fogo." Afirmou, entrando com ele no banheiro e encharcando toda a roupa dele com o chuveirinho, como se realmente estivesse em um resgate.
"!" Ele protestou, se arrepiando sob a ducha de água fria.
"Entra no personagem, amor!" Ela pediu fazendo bico. "Você vai gostar." Prometeu e ele relaxou, se deixando levar e apenas tirando, com os próprios pés, os sapatênis que usava. "Vem! Você já tá molhado o suficiente. Acho que é seguro. Coloca isso no rosto, pra não inalar a fumaça." Instruiu, dando a ele um lenço, que ele colocou no nariz, sentindo um cheiro gostoso, sem saber que ela tinha borrifado ali um pouco do mesmo perfume com feromônio que estava usando, para que ele começasse a ser estimulado pelo olfato e não só pelo visual dela.
Não havia mais quase nenhuma fumaça no quarto e , então, pode ver a imitação de extintor no chão, ao lado da cama, bem como camisinhas com sabor e outros apetrechos conhecidos dispostos sobre esta. Havia vendas, lenços, vibradores, bolinhas vibratórias, potinhos com gel de massagem comestível que eles já tinham usado, muitas vezes, antes. Aquela visão aumentou a enorme excitação que ele já estava sentindo, depois de um final de semana que tinha sido, muito provavelmente, o mais frio, em termos de vida sexual, por que ele tinha passado, desde que começara a se relacionar com .
"Parece que meus colegas já apagaram o fogo e você não vai precisar sair do apartamento." Ela falou, brincando de ser uma profissional da corporação. "Eu posso te ajudar a tirar essa roupa molhada?" Indagou, fingindo inocência.
"É claro." Disse, engolindo seco, enquanto ela tirava sua camiseta, aproveitando que ela grudara no corpo dele para passar a mão lentamente por todo o abdômen e peitoral.
"Me desculpe por isso, senhor. Eu estou em treinamento ainda e fui afoita ao molhá-lo todo, assim." Falou, melosa, enquanto abria o botão e o zíper da bermuda dele, que caiu pesada no chão em seguida. "Até sua cueca ficou ensopada!" Riu, passando a língua entre os lábios. "Devo tirá-la também?"
"E por que não?" Fingiu autorizar e ela se livrou daquela última peça.
"Seu corpo tá quente e eu gosto de quente! Eu sou uma bombeira afinal, não é?" Sorriu, provocante. "Mas... não é seguro ficar quente assim! Eu vou ter que tentar usar os meus conhecimentos para apagar o seu fogo." Pegando o extintor, ela indicou a cama com a cabeça, para que ele se deitasse.
"Eu disse isso desde o início." observou e ganhou um olhar matador de , que ainda tinha um lado controlador, afinal. Se ela tinha planejado de um jeito, gostava que as coisas corressem como tinha arquitetado.
"Primeiro, nós vamos tentar o extintor, que é o instrumento mais usado para apagar incêndios." Ela ajoelhou na cama, se aproximando dele, com o objeto na mão, e apontou o bico da mangueira para a parte de baixo da barriga dele, apertando o gatilho e espalhando chantilly gelado pela região. "Agora, a gente tira tudinho, pra ver se a temperatura baixou." Avisou, lambendo tudo logo depois.
"Eu acho que isso tá aumentando ainda mais a minha temperatura, Srta. Bombeira." Falou, sentindo uma vontade louca de acabar com a brincadeira de uma vez.
"Vamos fazer só mais uma tentativazinha?" Pediu, usando o brinquedinho de novo e colocando o creme no membro dele, para lambê-lo com vontade, várias vezes. "Cada vez mais quente, hein, bebê? E como eu adoro brincar com seu fogo!" Falou, e ficou masturbando o namorado, enquanto o encarava, segurando com os dentes seu próprio lábio inferior.
"Se a ideia é me fazer explodir como um vulcão, eu acho que você tá quase lá, bombeirinha gostosa! Só um pouco mais rápido... só um pouco." Implorou, quase delirante.
Então, ela aumentou o ritmo dos movimentos, aceitando a ajuda da mão dele sobre a sua para chegar à velocidade perfeita. Ficaram tocando, juntos, o pênis dele, até o momento em que o ápice se aproximou e ele deixou que ela continuasse sozinha, derramando o prazer em seus dedos, que ela não hesitou em lamber, um a um, até acabar com tudo.
"Eu acho que você tá na profissão, errada, mocinha." Afirmou, quando recuperou o fôlego, sentando-se na cama e dando um selinho nela. "Você tá mais pra colocar fogo do que pra apagar. Eu ainda to quente!"
"Acho que eu sou uma aprendiz rebelde, então. E, sendo assim, por que não aumentar ainda mais a temperatura, hum?" Sugeriu, sapeca, aproximando o rosto do dele, que a agarrou pela nunca, beijando sua boca com volúpia, enquanto jogava longe o capacete dela.
"Adoro essas brincadeiras que você inventa, mas chega de fantasia por hoje. Quero você nua nessa cama, coberta com esse chantilly." Comunicou, tirando a blusa dela e a empurrando para a cama.
Ele se livrou também das botas, da saia mínima e da calcinha de renda, na qual pode sentir uma já conhecida umidade. Teve um pouco mais de dificuldade do que ela para usar a imitação de extintor, mas eventualmente conseguiu espalhar creme pelas coxas e barriga dela, lambendo com calma. Em seguida, foi a vez dos seios ficarem lambuzados de doce e saliva, intumescendo ao contato dos lábios e língua de , que a saboreavam com vontade, fazendo gemidos altos escaparem de sua garganta.
Antes de besuntar o último lugar que ele queria provar com a cobertura apreciada tanto em sorvetes quanto em cafés, mas que ele preferia acompanhando , fez uma pausa breve, que ele sabia que triplicaria a antecipação sentida pela morena. Só depois disso, já mais familiarizado com o funcionamento do objeto de acrílico, afastou um pouco as pernas dela, uma da outra, colocando uma montanha de cobertura sobre sua intimidade, e tirando proveito dela, afinal.
Depois de fazer gozar, a continuou estimulando, enquanto fazia o mesmo com o próprio sexo, para ficar bem duro de novo. Deitou-se por cima dela, na posição mais simples possível, penetrando sua intimidade, e foi mexendo os quadris cada vez mais rápido e forte, até sentir as contrações vaginais, outra vez, o tremor nos músculos dela, o descontrole que veio depois. Pressionou ainda mais o corpo contra o dela, atingindo o orgasmo também, e se jogou para o lado, satisfeito por ora.
Glory Box estava tocando quando ela começou a provocá-lo de novo e, depois de mais dois rounds, com posições mais ousadas sendo experimentadas e alguns itens que estavam sob a cama, usados, lamentou ter ido nadar antes, porque ainda tinha vontade de sobra, mas já não lhe sobrava energia suficiente. A única atitude que ainda conseguiu tomar foi a de vestir um roupão e pegar sua amada no colo, levando-a para a outra suíte.
A segunda coisa que tinha decidido fazer, para recompensar pelo seu comportamento, era se esforçar, de verdade, para o relacionamento deles dar certo, inclusive tentando se acostumar com a ideia de se casar e formar uma família com ele. Sabia que, para isso, precisaria contar ao namorado o que acontecera com ela, quando era mais jovem, e isso já não parecia ser um problema tão grande, mas, para ter certeza, decidiu que ele deveria conhecer os .
Julgava que ninguém poderia dizer, melhor do que eles, se ela deveria ou não confiar em e, caso positivo, que eles também seriam as melhores pessoas para ajudarem-na em relação a quando e como fazê-lo. Além disso, depois de ter conhecido a família dele, sabia que ele ansiava também conhecer as pessoas mais importantes da vida dela, e que era uma pretensão totalmente justa.
"Eu tava pensando, . Que tal se, no próximo final de semana, nós fôssemos visitar os meus tios? Minha tia Abby não cozinha tão bem quanto a sua avó, mas foi com ela que eu aprendi a sempre ter um bom profissional na minha cozinha." Perguntou, rindo, deitada ao lado dele já na cama de seu próprio quarto. já sabia que os pais de eram falecidos, como os seus, e, em várias conversas, ela tinha mencionado que sua família era formada apenas por um tio e a mulher dele.
"É claro, . Se você achar que tá hora de eu conhecer os dois. Eu vou adorar." Respondeu, sincero.
"Posso marcar, então?" Confirmou, animada.
"Pode, amor. Claro que pode!" Roubou um beijo dela, sentindo o sono tomar conta do seu corpo, e, como ela também estava cansada, os dois não demoraram a adormecer.
Durante a semana, e Abby se falaram várias vezes, combinando os detalhes do jantar em que os receberiam . Hiram e a esposa adoravam a garota, tinham ficado muito felizes ao saber que ela estava namorando, e, ainda mais, ao ver que a relação era séria a ponto de ela querer apresentar o felizardo a eles. Em razão disso, a Sra. queria que tudo fosse perfeito e não mediu esforços, caprichando na decoração da mesa de jantar, na arrumação da casa e na escolha do menu.
Se já não tinha saído de casa nervoso, como acontecera com no dia da visita aos , nem tivera problemas para escolher o uísque vinte anos que levou para Hiram e a orquídea que escolheu para Abby, durante o jantar ele ficou ainda mais relaxado, quase como se estivesse entre velhos amigos. Para tentar deixar o garoto completamente à vontade, depois de ver tudo o que a esposa tinha preparado, o Sr. apostara na informalidade de uma camisa polo com calça jeans e oferecera cerveja ao convidado, ao invés de um destilado.
"Eu só sei que no domingo eu vou estar lá, apoiando meu time. Se quiser se juntar a mim e aos melhores do Tribunal, sinta-se à vontade." Hiram, que era juiz de direito, se referia aos colegas que, como ele, torciam para o Flyers. Tinha ficado decepcionado por não conhecer muito de hockey, sendo mais ligado em futebol e um louco apaixonado pelos Eagles, mas, pelo menos, como o rapaz não tinha preferência por nenhum time daquele esporte, podia convidá-lo para o jogo, vesti-lo com uma camisa em preto, branco e laranja, e até tentar transformá-lo em mais um torcedor.
"Se eu fosse você, não deixaria escapar esse convite, . Eles ficam em um camarote enorme, cheio de mordomias." comentou, enquanto bebericava um pouco de vinho.
"Mas tudo tem um preço!" Informou Abby. "Você vai ter que usar uma camisa do time, aprender os gritos de guerra e jamais... e quando eu digo jamais, é em hipótese alguma mesmo... elogiar o outro time ou criticar o Flyers." Implicou.
"São mais de vinte anos de casamento, rapaz. Você sabe o que isso significa, não é?" olhou para Hiram, esperando que ele dissesse que a esposa estava exagerando, mas o homem levou a mão dela aos lábios, tocando sua pele com eles, delicadamente, e sorriu. "Ela me conhece melhor que ninguém." Completou, como se contasse um segredo, e todos riram.
"O também adora Dickens, tio." A menina observou, sabendo que, se nos esportes cada um tinha sua preferência, na literatura tinham uma grande paixão em comum.
"Não é possível!" O homem mais velho duvidou. "Jovens se interessam pela velha e boa literatura, ainda?"
"Meu avô tem uma grande biblioteca em casa e, felizmente, ele fez eu e meu primo lermos várias obras clássicas, e eu acabei gostando muito de algumas. Eu já li Grandes Esperanças mais de uma vez... e também Oliver Twist. Eu não gostei tanto assim de Casa Sombria, pra não dizer que adoro tudo que eu li dele, mas, em compensação, provavelmente Loja de Antiguidades é o livro que eu li mais vezes, na vida."
"Já leu Um conto de duas cidades?" Hiram questionou, empolgado, e foi a última coisa que escutou da conversa dos dois, antes de ser chamada por Abby para uma conversa apenas entre mulheres, na varanda.
O jantar foi servido, mais ou menos quarenta minutos depois, mas nenhum dos presentes parecia querer deixar a conversa de lado, enquanto se alimentava. Hiram estava contando ao mais novo amigo coisas sobre seu trabalho, sendo interrompido, algumas vezes, por Abby, que era advogada e tinha suas próprias observações a fazer sobre as virtudes e os vícios do Tribunal. Os mais jovens, que pouco sabiam sobre Direito, escutavam interessados, até que foi a vez deles de falar um pouco sobre sua rotina.
"Não há muito o que falar sobre contabilidade, não é? São só números!" deu de ombros. "Mas, como chefe do setor e namorado da CEO, eu também acabo tendo algumas histórias boas pra contar. Outro dia mesmo, um dos rapazes veio me pedir aumento e eu fiquei uns quinze minutos tentando explicar a ele que só quem pode dar aumento é o pessoal dos recursos humanos... que eu não tenho ingerência. Ele ficou nervoso, passava a mão pelos cabelos e pelo rosto sem parar, e, quando não tinha mais o que dizer, é claro que ele apelou pra o argumento de que, se eu realmente quisesse, faria minha namorada dar a ele o salário que ele merece." Contou, finalmente colocando algo na boca.
"E eu que sou bajulada o tempo todo e às vezes da maneira mais escancarada do mundo?" perguntou, virando-se para olhar o namorado, que estava sentado a seu lado, e percebendo o semblante alterado dele. "Tá tudo bem, ?" Indagou preocupada, mas ele fez sinal positivo.
"Pelo menos você não tá numa posição em que ficam tentando te comprar. Pode acreditar que é ainda mais difícil ter jogo de cintura com esse tipo de gente, do que com os 'puxa-saco', minha querida." Hiram afirmou, convicto.
"Tia! A semana todinha, nós nos falamos várias vezes e, então, você muda o cardápio, sem falar comigo?" A garota, que, ao ser interrompida, finalmente provara um bolinho que servia de acompanhamento para a carne, reclamou, de repente.
"O que houve? Alguma coisa de que você não goste?" Perguntou a outra, sobressaltada, mas sem perder a elegância.
"Não é a toa que o tava fazendo careta! Ele detesta espinafre!"
"!" Ele repreendeu. "Tudo bem. Os bolinhos estão bons." Tentou contornar a situação, se dirigindo a Abby. Por mais que estivesse à vontade com os , ele nunca reclamaria de algo que lhe fora servido ou faria desfeita, deixando comida no prato. Não queria que tivesse falado nada, deixando a tia visivelmente constrangida.
"Você não precisa comer, meu filho." Hiram assegurou. "Aliás, é até bom, porque assim eu também posso deixar no prato esse cogumelo horrível!" Disse, fazendo uma careta, e percebeu um sorriso discreto no canto da boca de , quando todos voltaram a comer e esqueceram o assunto.
Ela sabia que, se tinha uma coisa da qual Hiram gostava naquele prato, definitivamente era do shitake e que, portanto, ele queria realmente fazer com que sentisse que podia agir com liberdade, pois estava entre amigos. O silêncio de Abby, por sua vez, considerando que ela conhecia bem as preferências do marido, demonstrou que a mulher desejava o mesmo.
ainda teria que descobrir em que momento e de que modo contar a sobre seu passado, mas, com a aprovação dos , ela agora tinha certeza de que realmente queria fazê-lo, para que, juntos, eles pudessem ter um futuro.
Em primeiro lugar, ela precisava esquentar o sexo que ela mesma tinha deixado morno, durante aqueles dias, e, para isso, todo um cenário foi escolhido. tinha ido ao clube, nadar, depois do expediente de segunda-feira, mas prometera ir dormir na casa dela, que desmarcou a aula que teria com sua personal trainer, a fim de se dedicar completamente aos detalhes. Com tudo preparado, a última coisa a fazer tinha sido tomar um bom banho, vestir a fantasia da noite e esperar.
Não aguardou muito, no entanto, pois o namorado chegou dez minutos depois que ela ligou a música e espalhou fumaça de gelo seco pelo quarto secreto. Ele não encontrou nenhum bilhete com instruções, nem qualquer fantasia, então chamou pelo nome dela, que se aproximou, no meio de toda aquela fumaça, vestida com uma saia de apenas um palmo de malha vermelha, um top na mesma cor e tecido, onde se lia PFD (sigla para Philadelphia Fire Department, o Corpo de Bombeiros da Filadélfia), uma botinha de cano curto preta e um capacete.
"É aqui que tá pegando fogo?" Perguntou, maliciosa, alisando o peito dele por sobre a blusa com uma das mãos, enquanto a outra segurava um extintor de incêndio de acrílico, igualzinho aos verdadeiros.
"Eu to sempre pegando fogo, se você vier apagar... gostosa!" Ele disse, a olhando de cima a baixo e alisando a cintura dela, que não conteve o riso.
"Vamos sair dessa fumaça... vem!" Chamou, puxando o rapaz pela mão. "Eu preciso molhar você, pra nós passarmos pelo fogo." Afirmou, entrando com ele no banheiro e encharcando toda a roupa dele com o chuveirinho, como se realmente estivesse em um resgate.
"!" Ele protestou, se arrepiando sob a ducha de água fria.
"Entra no personagem, amor!" Ela pediu fazendo bico. "Você vai gostar." Prometeu e ele relaxou, se deixando levar e apenas tirando, com os próprios pés, os sapatênis que usava. "Vem! Você já tá molhado o suficiente. Acho que é seguro. Coloca isso no rosto, pra não inalar a fumaça." Instruiu, dando a ele um lenço, que ele colocou no nariz, sentindo um cheiro gostoso, sem saber que ela tinha borrifado ali um pouco do mesmo perfume com feromônio que estava usando, para que ele começasse a ser estimulado pelo olfato e não só pelo visual dela.
Não havia mais quase nenhuma fumaça no quarto e , então, pode ver a imitação de extintor no chão, ao lado da cama, bem como camisinhas com sabor e outros apetrechos conhecidos dispostos sobre esta. Havia vendas, lenços, vibradores, bolinhas vibratórias, potinhos com gel de massagem comestível que eles já tinham usado, muitas vezes, antes. Aquela visão aumentou a enorme excitação que ele já estava sentindo, depois de um final de semana que tinha sido, muito provavelmente, o mais frio, em termos de vida sexual, por que ele tinha passado, desde que começara a se relacionar com .
"Parece que meus colegas já apagaram o fogo e você não vai precisar sair do apartamento." Ela falou, brincando de ser uma profissional da corporação. "Eu posso te ajudar a tirar essa roupa molhada?" Indagou, fingindo inocência.
"É claro." Disse, engolindo seco, enquanto ela tirava sua camiseta, aproveitando que ela grudara no corpo dele para passar a mão lentamente por todo o abdômen e peitoral.
"Me desculpe por isso, senhor. Eu estou em treinamento ainda e fui afoita ao molhá-lo todo, assim." Falou, melosa, enquanto abria o botão e o zíper da bermuda dele, que caiu pesada no chão em seguida. "Até sua cueca ficou ensopada!" Riu, passando a língua entre os lábios. "Devo tirá-la também?"
"E por que não?" Fingiu autorizar e ela se livrou daquela última peça.
"Seu corpo tá quente e eu gosto de quente! Eu sou uma bombeira afinal, não é?" Sorriu, provocante. "Mas... não é seguro ficar quente assim! Eu vou ter que tentar usar os meus conhecimentos para apagar o seu fogo." Pegando o extintor, ela indicou a cama com a cabeça, para que ele se deitasse.
"Eu disse isso desde o início." observou e ganhou um olhar matador de , que ainda tinha um lado controlador, afinal. Se ela tinha planejado de um jeito, gostava que as coisas corressem como tinha arquitetado.
"Primeiro, nós vamos tentar o extintor, que é o instrumento mais usado para apagar incêndios." Ela ajoelhou na cama, se aproximando dele, com o objeto na mão, e apontou o bico da mangueira para a parte de baixo da barriga dele, apertando o gatilho e espalhando chantilly gelado pela região. "Agora, a gente tira tudinho, pra ver se a temperatura baixou." Avisou, lambendo tudo logo depois.
"Eu acho que isso tá aumentando ainda mais a minha temperatura, Srta. Bombeira." Falou, sentindo uma vontade louca de acabar com a brincadeira de uma vez.
"Vamos fazer só mais uma tentativazinha?" Pediu, usando o brinquedinho de novo e colocando o creme no membro dele, para lambê-lo com vontade, várias vezes. "Cada vez mais quente, hein, bebê? E como eu adoro brincar com seu fogo!" Falou, e ficou masturbando o namorado, enquanto o encarava, segurando com os dentes seu próprio lábio inferior.
"Se a ideia é me fazer explodir como um vulcão, eu acho que você tá quase lá, bombeirinha gostosa! Só um pouco mais rápido... só um pouco." Implorou, quase delirante.
Então, ela aumentou o ritmo dos movimentos, aceitando a ajuda da mão dele sobre a sua para chegar à velocidade perfeita. Ficaram tocando, juntos, o pênis dele, até o momento em que o ápice se aproximou e ele deixou que ela continuasse sozinha, derramando o prazer em seus dedos, que ela não hesitou em lamber, um a um, até acabar com tudo.
"Eu acho que você tá na profissão, errada, mocinha." Afirmou, quando recuperou o fôlego, sentando-se na cama e dando um selinho nela. "Você tá mais pra colocar fogo do que pra apagar. Eu ainda to quente!"
"Acho que eu sou uma aprendiz rebelde, então. E, sendo assim, por que não aumentar ainda mais a temperatura, hum?" Sugeriu, sapeca, aproximando o rosto do dele, que a agarrou pela nunca, beijando sua boca com volúpia, enquanto jogava longe o capacete dela.
"Adoro essas brincadeiras que você inventa, mas chega de fantasia por hoje. Quero você nua nessa cama, coberta com esse chantilly." Comunicou, tirando a blusa dela e a empurrando para a cama.
Ele se livrou também das botas, da saia mínima e da calcinha de renda, na qual pode sentir uma já conhecida umidade. Teve um pouco mais de dificuldade do que ela para usar a imitação de extintor, mas eventualmente conseguiu espalhar creme pelas coxas e barriga dela, lambendo com calma. Em seguida, foi a vez dos seios ficarem lambuzados de doce e saliva, intumescendo ao contato dos lábios e língua de , que a saboreavam com vontade, fazendo gemidos altos escaparem de sua garganta.
Antes de besuntar o último lugar que ele queria provar com a cobertura apreciada tanto em sorvetes quanto em cafés, mas que ele preferia acompanhando , fez uma pausa breve, que ele sabia que triplicaria a antecipação sentida pela morena. Só depois disso, já mais familiarizado com o funcionamento do objeto de acrílico, afastou um pouco as pernas dela, uma da outra, colocando uma montanha de cobertura sobre sua intimidade, e tirando proveito dela, afinal.
Depois de fazer gozar, a continuou estimulando, enquanto fazia o mesmo com o próprio sexo, para ficar bem duro de novo. Deitou-se por cima dela, na posição mais simples possível, penetrando sua intimidade, e foi mexendo os quadris cada vez mais rápido e forte, até sentir as contrações vaginais, outra vez, o tremor nos músculos dela, o descontrole que veio depois. Pressionou ainda mais o corpo contra o dela, atingindo o orgasmo também, e se jogou para o lado, satisfeito por ora.
Glory Box estava tocando quando ela começou a provocá-lo de novo e, depois de mais dois rounds, com posições mais ousadas sendo experimentadas e alguns itens que estavam sob a cama, usados, lamentou ter ido nadar antes, porque ainda tinha vontade de sobra, mas já não lhe sobrava energia suficiente. A única atitude que ainda conseguiu tomar foi a de vestir um roupão e pegar sua amada no colo, levando-a para a outra suíte.
A segunda coisa que tinha decidido fazer, para recompensar pelo seu comportamento, era se esforçar, de verdade, para o relacionamento deles dar certo, inclusive tentando se acostumar com a ideia de se casar e formar uma família com ele. Sabia que, para isso, precisaria contar ao namorado o que acontecera com ela, quando era mais jovem, e isso já não parecia ser um problema tão grande, mas, para ter certeza, decidiu que ele deveria conhecer os .
Julgava que ninguém poderia dizer, melhor do que eles, se ela deveria ou não confiar em e, caso positivo, que eles também seriam as melhores pessoas para ajudarem-na em relação a quando e como fazê-lo. Além disso, depois de ter conhecido a família dele, sabia que ele ansiava também conhecer as pessoas mais importantes da vida dela, e que era uma pretensão totalmente justa.
"Eu tava pensando, . Que tal se, no próximo final de semana, nós fôssemos visitar os meus tios? Minha tia Abby não cozinha tão bem quanto a sua avó, mas foi com ela que eu aprendi a sempre ter um bom profissional na minha cozinha." Perguntou, rindo, deitada ao lado dele já na cama de seu próprio quarto. já sabia que os pais de eram falecidos, como os seus, e, em várias conversas, ela tinha mencionado que sua família era formada apenas por um tio e a mulher dele.
"É claro, . Se você achar que tá hora de eu conhecer os dois. Eu vou adorar." Respondeu, sincero.
"Posso marcar, então?" Confirmou, animada.
"Pode, amor. Claro que pode!" Roubou um beijo dela, sentindo o sono tomar conta do seu corpo, e, como ela também estava cansada, os dois não demoraram a adormecer.
Durante a semana, e Abby se falaram várias vezes, combinando os detalhes do jantar em que os receberiam . Hiram e a esposa adoravam a garota, tinham ficado muito felizes ao saber que ela estava namorando, e, ainda mais, ao ver que a relação era séria a ponto de ela querer apresentar o felizardo a eles. Em razão disso, a Sra. queria que tudo fosse perfeito e não mediu esforços, caprichando na decoração da mesa de jantar, na arrumação da casa e na escolha do menu.
Se já não tinha saído de casa nervoso, como acontecera com no dia da visita aos , nem tivera problemas para escolher o uísque vinte anos que levou para Hiram e a orquídea que escolheu para Abby, durante o jantar ele ficou ainda mais relaxado, quase como se estivesse entre velhos amigos. Para tentar deixar o garoto completamente à vontade, depois de ver tudo o que a esposa tinha preparado, o Sr. apostara na informalidade de uma camisa polo com calça jeans e oferecera cerveja ao convidado, ao invés de um destilado.
"Eu só sei que no domingo eu vou estar lá, apoiando meu time. Se quiser se juntar a mim e aos melhores do Tribunal, sinta-se à vontade." Hiram, que era juiz de direito, se referia aos colegas que, como ele, torciam para o Flyers. Tinha ficado decepcionado por não conhecer muito de hockey, sendo mais ligado em futebol e um louco apaixonado pelos Eagles, mas, pelo menos, como o rapaz não tinha preferência por nenhum time daquele esporte, podia convidá-lo para o jogo, vesti-lo com uma camisa em preto, branco e laranja, e até tentar transformá-lo em mais um torcedor.
"Se eu fosse você, não deixaria escapar esse convite, . Eles ficam em um camarote enorme, cheio de mordomias." comentou, enquanto bebericava um pouco de vinho.
"Mas tudo tem um preço!" Informou Abby. "Você vai ter que usar uma camisa do time, aprender os gritos de guerra e jamais... e quando eu digo jamais, é em hipótese alguma mesmo... elogiar o outro time ou criticar o Flyers." Implicou.
"São mais de vinte anos de casamento, rapaz. Você sabe o que isso significa, não é?" olhou para Hiram, esperando que ele dissesse que a esposa estava exagerando, mas o homem levou a mão dela aos lábios, tocando sua pele com eles, delicadamente, e sorriu. "Ela me conhece melhor que ninguém." Completou, como se contasse um segredo, e todos riram.
"O também adora Dickens, tio." A menina observou, sabendo que, se nos esportes cada um tinha sua preferência, na literatura tinham uma grande paixão em comum.
"Não é possível!" O homem mais velho duvidou. "Jovens se interessam pela velha e boa literatura, ainda?"
"Meu avô tem uma grande biblioteca em casa e, felizmente, ele fez eu e meu primo lermos várias obras clássicas, e eu acabei gostando muito de algumas. Eu já li Grandes Esperanças mais de uma vez... e também Oliver Twist. Eu não gostei tanto assim de Casa Sombria, pra não dizer que adoro tudo que eu li dele, mas, em compensação, provavelmente Loja de Antiguidades é o livro que eu li mais vezes, na vida."
"Já leu Um conto de duas cidades?" Hiram questionou, empolgado, e foi a última coisa que escutou da conversa dos dois, antes de ser chamada por Abby para uma conversa apenas entre mulheres, na varanda.
O jantar foi servido, mais ou menos quarenta minutos depois, mas nenhum dos presentes parecia querer deixar a conversa de lado, enquanto se alimentava. Hiram estava contando ao mais novo amigo coisas sobre seu trabalho, sendo interrompido, algumas vezes, por Abby, que era advogada e tinha suas próprias observações a fazer sobre as virtudes e os vícios do Tribunal. Os mais jovens, que pouco sabiam sobre Direito, escutavam interessados, até que foi a vez deles de falar um pouco sobre sua rotina.
"Não há muito o que falar sobre contabilidade, não é? São só números!" deu de ombros. "Mas, como chefe do setor e namorado da CEO, eu também acabo tendo algumas histórias boas pra contar. Outro dia mesmo, um dos rapazes veio me pedir aumento e eu fiquei uns quinze minutos tentando explicar a ele que só quem pode dar aumento é o pessoal dos recursos humanos... que eu não tenho ingerência. Ele ficou nervoso, passava a mão pelos cabelos e pelo rosto sem parar, e, quando não tinha mais o que dizer, é claro que ele apelou pra o argumento de que, se eu realmente quisesse, faria minha namorada dar a ele o salário que ele merece." Contou, finalmente colocando algo na boca.
"E eu que sou bajulada o tempo todo e às vezes da maneira mais escancarada do mundo?" perguntou, virando-se para olhar o namorado, que estava sentado a seu lado, e percebendo o semblante alterado dele. "Tá tudo bem, ?" Indagou preocupada, mas ele fez sinal positivo.
"Pelo menos você não tá numa posição em que ficam tentando te comprar. Pode acreditar que é ainda mais difícil ter jogo de cintura com esse tipo de gente, do que com os 'puxa-saco', minha querida." Hiram afirmou, convicto.
"Tia! A semana todinha, nós nos falamos várias vezes e, então, você muda o cardápio, sem falar comigo?" A garota, que, ao ser interrompida, finalmente provara um bolinho que servia de acompanhamento para a carne, reclamou, de repente.
"O que houve? Alguma coisa de que você não goste?" Perguntou a outra, sobressaltada, mas sem perder a elegância.
"Não é a toa que o tava fazendo careta! Ele detesta espinafre!"
"!" Ele repreendeu. "Tudo bem. Os bolinhos estão bons." Tentou contornar a situação, se dirigindo a Abby. Por mais que estivesse à vontade com os , ele nunca reclamaria de algo que lhe fora servido ou faria desfeita, deixando comida no prato. Não queria que tivesse falado nada, deixando a tia visivelmente constrangida.
"Você não precisa comer, meu filho." Hiram assegurou. "Aliás, é até bom, porque assim eu também posso deixar no prato esse cogumelo horrível!" Disse, fazendo uma careta, e percebeu um sorriso discreto no canto da boca de , quando todos voltaram a comer e esqueceram o assunto.
Ela sabia que, se tinha uma coisa da qual Hiram gostava naquele prato, definitivamente era do shitake e que, portanto, ele queria realmente fazer com que sentisse que podia agir com liberdade, pois estava entre amigos. O silêncio de Abby, por sua vez, considerando que ela conhecia bem as preferências do marido, demonstrou que a mulher desejava o mesmo.
ainda teria que descobrir em que momento e de que modo contar a sobre seu passado, mas, com a aprovação dos , ela agora tinha certeza de que realmente queria fazê-lo, para que, juntos, eles pudessem ter um futuro.
Capítulo 20
Logo na segunda feira de manhã, Lily adentrou o escritório de com uma agenda na mão para consultar a chefe sobre como proceder em relação a alguns assuntos importantes. Falaram de visitas de fornecedores e compradores, de entrevistas que a CEO precisava fazer para aumentar a equipe de designers, uma vez que a produção aumentara no último ano e ela estava envolvida demais com a parte administrativa e criando muito pouco, e também de reuniões de rotina com os acionistas.
"Você tem alguns convites. Quer vê-los?" A loira perguntou, apenas porque era parte de suas atribuições, mas imaginando que seria, como sempre, orientada a responder a todos com agradecimentos e desculpas pela impossibilidade de comparecer.
"Quais são os eventos, dessa vez?" A pergunta em si já foi uma grande surpresa, apesar de não ter mostrado interesse suficiente para tirar os olhos da tela do computador.
"Tem um casamento, um batizado, um aniversário e dois bailes de gala beneficentes. Um deles é daquela instituição pra pessoas com necessidades especiais, pra qual você doa todo ano. O outro é de um hospital." Informou, conferindo a lista.
"Faz uma doação pro do hospital e manda aquela mensagem de sempre." Disse, olhando, enfim, para a outra jovem. "Quando é o daquela instituição?"
"No final da próxima semana." Respondeu, consultando as muitas anotações para não errar. "Já faz bastante tempo que você não vai a nenhum evento!" Ousou observar, diante do comportamento diferente da morena.
"Não dá pra ir a esses casamentos e batizados de gente que só me convida por educação, né? E esses bailes tem glamour, mas normalmente são um tédio." Observou. Não teria sequer pensado em ir, um tempo antes, porém, agora que poderia ter a companhia de , talvez não fosse má ideia. Teria ao menos um bom pretexto para vê-lo em um belo smoking e desfilar linda em um vestido novo.
"Como você é uma das maiores doadoras, você recebeu vários convites. Talvez, se levar alguns amigos, possa ficar divertido." Sugeriu.
"Você gostaria de ir a um baile desses, não é, Lily?"
"Não! Eu não quis insinuar..."
"Tá tudo bem! Você trabalha comigo há bastante tempo e eu sei que você e o Dean não tem muita oportunidade para sair e ir a lugares legais."
"Eu nem teria um vestido." Retrucou, sem jeito.
"Isso não é problema. Eu tenho muitos! E você tem seios maiores, mas eu tenho certeza que Mercedes daria um jeito nisso, facilmente. Você teria com quem deixar as crianças?"
"Eu poderia pedir à minha mãe." Respondeu, tentando conter a animação que, no fundo, estava sentindo.
"Então, tá decidido. Dois dos convites são pra você e pro Dean. Eu vou falar com a Mercedes sobre as roupas de vocês." Sorriu e a garota retribuiu.
"Obrigada."
"Não precisa agradecer, Lily. Eu nem sei como não pensei em te mandar no meu lugar antes." Riu.
"Então... você não vai?" Indagou, desanimando um pouco. "Eu devo mandar uma mensagem pra eles também?"
"Por enquanto, não. Eu te falo mais tarde." Avisou, pensativa."Quantos convites eu recebi?"
"Dez."
"Ótimo." Sorriu, achando que com nove pessoas conhecidas uma festa chata poderia mesmo adquirir potencial. Voltou, então, a mexer no computador, e a funcionária deixou o cômodo, aonde, mais ou menos quinze minutos depois, chegava o namorado.
"O que era tão urgente? Trabalho?" perguntou, fechando a porta atrás de si. Tinha recebido praticamente uma intimação por sms, para comparecer à sala dela.
"Assuntos pessoais, senhor contador." Ela disse, brincalhona, levantando-se e abraçando o rapaz pela cintura. "Eu tenho um convite pra te fazer."
"Eu aceito." Assegurou, acariciando o rosto dela e roubando um rápido beijo.
"Você nem sabe pro que é!" Riu.
"Aonde eu não iria com você, ?" Foi a vez dela de colar os lábios nos dele, impossibilitada de resistir a tanta perfeição!
"Ótimo, então. Temos que ir ao ateliê da Mercedes, pra que ela providencie seu smoking. Eu vou falar com ela e te aviso quando. E o baile é no final da semana que vem e seu primo Samuel também pode ir, se quiser. Eu tenho dez convites..." Continuou falando, e ele não prestou muita atenção à lista de pessoas que ela disse que ia convidar, muito mais interessado em observar o entusiasmo dela.
Os próximos dias foram agitados, com várias visitas de ao ateliê de Mercedes, pois ela acabou acompanhando tanto as amigas Kitty e Harmony, quanto Lily e Cora, a quem também resolveu presentear com um convite, e, ainda, e Samuel, que contaram com a stylist para comprar seus trajes de gala. Somente Dean e Brad foram sozinhos experimentar as roupas, cujo aluguel foi custeado pela generosa chefe.
não tinha amigos que já não tivessem sido convidados para o baile e eram os seguranças, a secretária e a governanta as pessoas que faziam parte de sua vida há mais tempo. Por mais que pudesse parecer estranho, uma vez que ela era uma jovem milionária, não teria nenhum problema em conviver um pouco mais com eles, fora do horário de trabalho. Não poderia ter, quando ela mesma já tinha passado por privações talvez maiores que as deles durante parte de sua vida.
Chegado o grande dia, os nove se dividiram em dois carros e foram para o evento, e ficou grato por não ter alugado uma limousine. Já estava se sentindo o suficiente como um nerd que vai com a garota popular para o baile de formatura, porque, mesmo que já não fosse mais tão tímido e inseguro quanto antes, via nela sempre aquela mulher que conseguia ser imponente e marcante, e chamar a atenção de todos a sua volta, mesmo não tendo sequer um metro e setenta de altura.
Além disso, imaginava que esse tipo de evento devia ficar cheio de fotógrafos e jornalistas na entrada, e já estava se vendo em situação parecida com a do personagem do Hugh Grant em Um lugar chamado Notting Hill, saindo do carro todo sem jeito, sem saber o que fazer, com a garota deslumbrante a quem se dirigiriam os holofotes a seu lado, achando graça da situação. Por isso, quando segurou a mão de , sentada a seu lado, a sua estava suada e fria.
Foi um pouco constrangedor explicar a ela o motivo de seu nervosismo, mas ela o surpreendeu ao não rir, como ele imaginara que faria. Na verdade, assegurou a ele que também não gostava dos flashes sobre si e das perguntas clichê que os enviados das revistas e jornais faziam, e que, por isso, eles entrariam, como ela já tinha feito outras vezes, por uma porta que era disponibilizada aos mais discretos, na lateral do hotel onde seria a noite de gala.
Assim o fizeram, adentrando o salão nobre e ocupando uma grande mesa, reservada pelos organizadores especialmente para a Srta. . A partir daquele momento, poderia ter sido um baile como qualquer outro, com música boa tocando, pessoas dançando, comendo e bebendo muito e observando umas às outras com olhar predominantemente crítico, e mulheres tecendo, com as amigas, comentários sobre as duvidosas escolhas de moda das demais ou olhando as bem vestidas com inveja típica.
Dessa vez, no entanto, tinha com quem comentar, o que tornava tudo muito mais divertido. Também tinha com quem dançar, apesar de não tê-lo feito logo, ao som de clássicos como Let's do it, Night and Day e I've got you under my skin, porque era preciso ter alguma técnica, para se juntar aos casais que estavam na pista no momento em que elas tocaram sem passar vergonha. Pouco mais tarde, quando uma banda substituiu a orquestra, apresentando sucessos mais recentes, como You've got a way e Wonderful tonight, , finalmente, a tirou para dançar e eles não saíram mais da pista.
Pararam somente quando a música foi brevemente interrompida para que fosse feito um leilão de antiguidades, obras de artes, joias e objetos que antes pertenciam a artistas famosos, todos fruto da doação de parte dos convidados. E foi nesse momento que teve a maior das surpresas, que faria valer a pena ter ido àquela festa, mesmo que ela estivesse sendo chata, o que nem era o caso.
"?" Um rapaz em uma cadeira de rodas se aproximou dele, sorridente.
"Artie?" Ele levantou da própria cadeira, em um impulso, fazendo o outro rapaz gargalhar.
"Eu, cara!" hesitou em abraçar o velho amigo, graças a tudo o que tinha acontecido no passado deles, mas o sorriso no rosto de Abrams o encorajou.
"Como é que você tá? Que bom te ver, cara!"
"Também é muito bom te ver." Falou, sincero. "E eu to bem! Eu agora sou um dos coordenadores dessa instituição. E você? O que anda fazendo?"
"Trabalhando com contabilidade. Nada demais." Riu. "Deixa eu te apresentar a , minha namorada." Disse, mostrando a garota, que estava sentada perto da cadeira dele, e os dois se cumprimentaram, enquanto ocupava seu lugar novamente.
Os três começaram uma longa conversa, que não acabou nem com o fim do leilão e o retorno da banda ao palco. Somente um bom tempo depois, eles foram interrompidos por Kitty, que se jogou em um assento próximo, queixando-se de monotonia. Para Lily, Cora, Brad e Dean, tudo era novidade, então era natural que eles estivessem se divertindo, mas a veterinária já tinha ido a algumas festas daquele tipo com os pais e não se encantava mais com o luxo e a fartura, então, depois que Harmony aceitou o convite de Samuel para dançar e ela se tornou a única do grupo sem um par, a festa praticamente acabou para ela.
"Eu deveria ficar ofendido, porque sou um dos organizadores da festa. Artie Abrams." Observou, oferecendo a mão à loira, mas não se restringindo a um aperto de mão para cumprimentá-la e levando a dela aos lábios.
"Kitty Wilde." Sorriu de volta, admirada com o gesto galanteador dele.
"MAS eu concordo que isso aqui é uma coisa meio terceira idade." Piscou, fazendo a garota corar, o que não passou despercebido por . "E eu sei de uma festa que vai rolar depois daqui, na cobertura de uma ricaça... e dizem que as festas dela são tudo menos entediantes. Se vocês quiserem ir, eu posso colocar todos vocês pra dentro."
e se entreolharam, enquanto Kitty dizia que era óbvio que eles iriam. Sorriram um para o outro, cúmplices, decidindo que não iam estragar os planos dos outros. Além do mais, eles mesmos não achariam nada mal prolongar a noite, junto com os amigos, em uma festa de reputação elevada. Chamaram os demais, que também concordaram e, não muito tempo depois, seguiram para a tal cobertura, que mais parecia uma casa noturna lotada de gente vestida em traje a rigor.
As únicas semelhanças entre aquela festa com a outra, de onde tinham saído, eram as roupas dos convidados e a bebida espumante gelada. Não havia banda, e sim DJ, as músicas eram dançantes e bastante atuais, e não lentas e clássicas, e o comportamento dos convidados não era formal, mas descontraído. Estava escuro o suficiente para que os casais trocassem beijos e carícias, encostados nas paredes e até no meio da pista de dança, roçando seus corpos ao ritmo de canções como Burn, e deixando queimar, como dizia a cantora.
"Eu acho que bebi demais." declarou ao namorado, às gargalhadas, já no meio da madrugada, mas sem que a festa tivesse esvaziado nem um pouco.
"Eu também acho que exagerei hoje." Ele se juntou a ela no riso, alisando sua cintura e beijando seu pescoço em seguida.
"Eu preciso de ar, bebê." Ela declarou, fazendo bico. "Vamos tomar um ar!" Pegou a mão dele e saiu andando por entre as pessoas.
"Mas onde, amor?" Questionou, ao pé do ouvido dela, que não respondeu, porque ele não a escutaria com o som naquele volume.
Os dois chegaram a uma escada, que ficava do outro lado da sala imensa, depois de terem passado por Lily e Dean, que estavam trocando beijos apaixonados, Brad e Cora, que estavam tomando shots de tequila, e Kitty, que estava sentada no colo de Artie, rindo da dança que ele fazia com a parte de cima do corpo. ficou na dúvida se o casal que estava virando quase uma pessoa só em um canto era formado ou não por Harm e Samuel, mas deixou para descobrir isso depois e puxou escada acima.
"Pronto! Ar puro... ou o mais próximo que podemos chegar disso na Filadélfia." Ela brincou, ao adentrar o terraço.
"Como você sabia disso aqui?" Falou um pouco arrastado, com um sorrisinho safado surgindo em seu rosto.
"Eu vi alguém falar sobre ter vindo de helicóptero." Disse, apontando para o veículo, e mal acabou a frase, antes de sentir os lábios e a língua do namorado nos seus, e as mãos dele na sua cintura, puxando-a para si.
Não houve conversa entre eles. olhou em volta e escolheu uma pilastra que não pudesse ser vista logo que uma pessoa saísse das escadas, levando a namorada até lá, erguendo o corpo dela e ficando entre suas pernas. Todos os movimentos foram muito rápidos, desde os beijos na boca, no pescoço, no colo e nos seios, que ele tirou de dentro do vestido, até a renda da calcinha dela sendo rasgada, e o cinto e a calça dele abertos.
Cada um deles tocou o outro, enquanto se beijavam mais um pouco, de uma maneira apressada e até um pouco atrapalhada, mas logo ele já estava dentro dela e era a vez de seus quadris se mexerem com velocidade. tirava praticamente todo o seu membro de dentro de e investia contra ela de novo, batendo seu corpo no dela, que gemia alto. Ela apertava as costas dele e as pernas em volta dele, rebolando tanto quanto podia naquela posição um tanto quanto ingrata.
De repente, eles ouviram vozes vindas de perto, ali mesmo do terraço, e tiveram que diminuir o ritmo e controlar os gemidos, mas não pararam de transar. fez movimentos rápidos, mas de menor extensão, mantendo o corpo perto do dela e deixando o atrito em seu clitóris enlouquecê-la, o que, misturando-se à adrenalina de estarem em risco de ser flagrados, fez com que logo gozassem. O sexo foi rápido mas muito intenso e uma ótima maneira de acabar aquela noite diferente.
Depois daquele baile, vieram vários outros, tão bons quanto, e acabou esquecendo que não fora apenas a possibilidade de entediar-se o que a mantivera longe dos grandes eventos.
A jovem estava tão mais relaxada e feliz do que em qualquer outro momento de sua vida, que acabou deixando de lado alguns cuidados com sua própria segurança, sem se dar conta disso.
"Você tem alguns convites. Quer vê-los?" A loira perguntou, apenas porque era parte de suas atribuições, mas imaginando que seria, como sempre, orientada a responder a todos com agradecimentos e desculpas pela impossibilidade de comparecer.
"Quais são os eventos, dessa vez?" A pergunta em si já foi uma grande surpresa, apesar de não ter mostrado interesse suficiente para tirar os olhos da tela do computador.
"Tem um casamento, um batizado, um aniversário e dois bailes de gala beneficentes. Um deles é daquela instituição pra pessoas com necessidades especiais, pra qual você doa todo ano. O outro é de um hospital." Informou, conferindo a lista.
"Faz uma doação pro do hospital e manda aquela mensagem de sempre." Disse, olhando, enfim, para a outra jovem. "Quando é o daquela instituição?"
"No final da próxima semana." Respondeu, consultando as muitas anotações para não errar. "Já faz bastante tempo que você não vai a nenhum evento!" Ousou observar, diante do comportamento diferente da morena.
"Não dá pra ir a esses casamentos e batizados de gente que só me convida por educação, né? E esses bailes tem glamour, mas normalmente são um tédio." Observou. Não teria sequer pensado em ir, um tempo antes, porém, agora que poderia ter a companhia de , talvez não fosse má ideia. Teria ao menos um bom pretexto para vê-lo em um belo smoking e desfilar linda em um vestido novo.
"Como você é uma das maiores doadoras, você recebeu vários convites. Talvez, se levar alguns amigos, possa ficar divertido." Sugeriu.
"Você gostaria de ir a um baile desses, não é, Lily?"
"Não! Eu não quis insinuar..."
"Tá tudo bem! Você trabalha comigo há bastante tempo e eu sei que você e o Dean não tem muita oportunidade para sair e ir a lugares legais."
"Eu nem teria um vestido." Retrucou, sem jeito.
"Isso não é problema. Eu tenho muitos! E você tem seios maiores, mas eu tenho certeza que Mercedes daria um jeito nisso, facilmente. Você teria com quem deixar as crianças?"
"Eu poderia pedir à minha mãe." Respondeu, tentando conter a animação que, no fundo, estava sentindo.
"Então, tá decidido. Dois dos convites são pra você e pro Dean. Eu vou falar com a Mercedes sobre as roupas de vocês." Sorriu e a garota retribuiu.
"Obrigada."
"Não precisa agradecer, Lily. Eu nem sei como não pensei em te mandar no meu lugar antes." Riu.
"Então... você não vai?" Indagou, desanimando um pouco. "Eu devo mandar uma mensagem pra eles também?"
"Por enquanto, não. Eu te falo mais tarde." Avisou, pensativa."Quantos convites eu recebi?"
"Dez."
"Ótimo." Sorriu, achando que com nove pessoas conhecidas uma festa chata poderia mesmo adquirir potencial. Voltou, então, a mexer no computador, e a funcionária deixou o cômodo, aonde, mais ou menos quinze minutos depois, chegava o namorado.
"O que era tão urgente? Trabalho?" perguntou, fechando a porta atrás de si. Tinha recebido praticamente uma intimação por sms, para comparecer à sala dela.
"Assuntos pessoais, senhor contador." Ela disse, brincalhona, levantando-se e abraçando o rapaz pela cintura. "Eu tenho um convite pra te fazer."
"Eu aceito." Assegurou, acariciando o rosto dela e roubando um rápido beijo.
"Você nem sabe pro que é!" Riu.
"Aonde eu não iria com você, ?" Foi a vez dela de colar os lábios nos dele, impossibilitada de resistir a tanta perfeição!
"Ótimo, então. Temos que ir ao ateliê da Mercedes, pra que ela providencie seu smoking. Eu vou falar com ela e te aviso quando. E o baile é no final da semana que vem e seu primo Samuel também pode ir, se quiser. Eu tenho dez convites..." Continuou falando, e ele não prestou muita atenção à lista de pessoas que ela disse que ia convidar, muito mais interessado em observar o entusiasmo dela.
Os próximos dias foram agitados, com várias visitas de ao ateliê de Mercedes, pois ela acabou acompanhando tanto as amigas Kitty e Harmony, quanto Lily e Cora, a quem também resolveu presentear com um convite, e, ainda, e Samuel, que contaram com a stylist para comprar seus trajes de gala. Somente Dean e Brad foram sozinhos experimentar as roupas, cujo aluguel foi custeado pela generosa chefe.
não tinha amigos que já não tivessem sido convidados para o baile e eram os seguranças, a secretária e a governanta as pessoas que faziam parte de sua vida há mais tempo. Por mais que pudesse parecer estranho, uma vez que ela era uma jovem milionária, não teria nenhum problema em conviver um pouco mais com eles, fora do horário de trabalho. Não poderia ter, quando ela mesma já tinha passado por privações talvez maiores que as deles durante parte de sua vida.
Chegado o grande dia, os nove se dividiram em dois carros e foram para o evento, e ficou grato por não ter alugado uma limousine. Já estava se sentindo o suficiente como um nerd que vai com a garota popular para o baile de formatura, porque, mesmo que já não fosse mais tão tímido e inseguro quanto antes, via nela sempre aquela mulher que conseguia ser imponente e marcante, e chamar a atenção de todos a sua volta, mesmo não tendo sequer um metro e setenta de altura.
Além disso, imaginava que esse tipo de evento devia ficar cheio de fotógrafos e jornalistas na entrada, e já estava se vendo em situação parecida com a do personagem do Hugh Grant em Um lugar chamado Notting Hill, saindo do carro todo sem jeito, sem saber o que fazer, com a garota deslumbrante a quem se dirigiriam os holofotes a seu lado, achando graça da situação. Por isso, quando segurou a mão de , sentada a seu lado, a sua estava suada e fria.
Foi um pouco constrangedor explicar a ela o motivo de seu nervosismo, mas ela o surpreendeu ao não rir, como ele imaginara que faria. Na verdade, assegurou a ele que também não gostava dos flashes sobre si e das perguntas clichê que os enviados das revistas e jornais faziam, e que, por isso, eles entrariam, como ela já tinha feito outras vezes, por uma porta que era disponibilizada aos mais discretos, na lateral do hotel onde seria a noite de gala.
Assim o fizeram, adentrando o salão nobre e ocupando uma grande mesa, reservada pelos organizadores especialmente para a Srta. . A partir daquele momento, poderia ter sido um baile como qualquer outro, com música boa tocando, pessoas dançando, comendo e bebendo muito e observando umas às outras com olhar predominantemente crítico, e mulheres tecendo, com as amigas, comentários sobre as duvidosas escolhas de moda das demais ou olhando as bem vestidas com inveja típica.
Dessa vez, no entanto, tinha com quem comentar, o que tornava tudo muito mais divertido. Também tinha com quem dançar, apesar de não tê-lo feito logo, ao som de clássicos como Let's do it, Night and Day e I've got you under my skin, porque era preciso ter alguma técnica, para se juntar aos casais que estavam na pista no momento em que elas tocaram sem passar vergonha. Pouco mais tarde, quando uma banda substituiu a orquestra, apresentando sucessos mais recentes, como You've got a way e Wonderful tonight, , finalmente, a tirou para dançar e eles não saíram mais da pista.
Pararam somente quando a música foi brevemente interrompida para que fosse feito um leilão de antiguidades, obras de artes, joias e objetos que antes pertenciam a artistas famosos, todos fruto da doação de parte dos convidados. E foi nesse momento que teve a maior das surpresas, que faria valer a pena ter ido àquela festa, mesmo que ela estivesse sendo chata, o que nem era o caso.
"?" Um rapaz em uma cadeira de rodas se aproximou dele, sorridente.
"Artie?" Ele levantou da própria cadeira, em um impulso, fazendo o outro rapaz gargalhar.
"Eu, cara!" hesitou em abraçar o velho amigo, graças a tudo o que tinha acontecido no passado deles, mas o sorriso no rosto de Abrams o encorajou.
"Como é que você tá? Que bom te ver, cara!"
"Também é muito bom te ver." Falou, sincero. "E eu to bem! Eu agora sou um dos coordenadores dessa instituição. E você? O que anda fazendo?"
"Trabalhando com contabilidade. Nada demais." Riu. "Deixa eu te apresentar a , minha namorada." Disse, mostrando a garota, que estava sentada perto da cadeira dele, e os dois se cumprimentaram, enquanto ocupava seu lugar novamente.
Os três começaram uma longa conversa, que não acabou nem com o fim do leilão e o retorno da banda ao palco. Somente um bom tempo depois, eles foram interrompidos por Kitty, que se jogou em um assento próximo, queixando-se de monotonia. Para Lily, Cora, Brad e Dean, tudo era novidade, então era natural que eles estivessem se divertindo, mas a veterinária já tinha ido a algumas festas daquele tipo com os pais e não se encantava mais com o luxo e a fartura, então, depois que Harmony aceitou o convite de Samuel para dançar e ela se tornou a única do grupo sem um par, a festa praticamente acabou para ela.
"Eu deveria ficar ofendido, porque sou um dos organizadores da festa. Artie Abrams." Observou, oferecendo a mão à loira, mas não se restringindo a um aperto de mão para cumprimentá-la e levando a dela aos lábios.
"Kitty Wilde." Sorriu de volta, admirada com o gesto galanteador dele.
"MAS eu concordo que isso aqui é uma coisa meio terceira idade." Piscou, fazendo a garota corar, o que não passou despercebido por . "E eu sei de uma festa que vai rolar depois daqui, na cobertura de uma ricaça... e dizem que as festas dela são tudo menos entediantes. Se vocês quiserem ir, eu posso colocar todos vocês pra dentro."
e se entreolharam, enquanto Kitty dizia que era óbvio que eles iriam. Sorriram um para o outro, cúmplices, decidindo que não iam estragar os planos dos outros. Além do mais, eles mesmos não achariam nada mal prolongar a noite, junto com os amigos, em uma festa de reputação elevada. Chamaram os demais, que também concordaram e, não muito tempo depois, seguiram para a tal cobertura, que mais parecia uma casa noturna lotada de gente vestida em traje a rigor.
As únicas semelhanças entre aquela festa com a outra, de onde tinham saído, eram as roupas dos convidados e a bebida espumante gelada. Não havia banda, e sim DJ, as músicas eram dançantes e bastante atuais, e não lentas e clássicas, e o comportamento dos convidados não era formal, mas descontraído. Estava escuro o suficiente para que os casais trocassem beijos e carícias, encostados nas paredes e até no meio da pista de dança, roçando seus corpos ao ritmo de canções como Burn, e deixando queimar, como dizia a cantora.
"Eu acho que bebi demais." declarou ao namorado, às gargalhadas, já no meio da madrugada, mas sem que a festa tivesse esvaziado nem um pouco.
"Eu também acho que exagerei hoje." Ele se juntou a ela no riso, alisando sua cintura e beijando seu pescoço em seguida.
"Eu preciso de ar, bebê." Ela declarou, fazendo bico. "Vamos tomar um ar!" Pegou a mão dele e saiu andando por entre as pessoas.
"Mas onde, amor?" Questionou, ao pé do ouvido dela, que não respondeu, porque ele não a escutaria com o som naquele volume.
Os dois chegaram a uma escada, que ficava do outro lado da sala imensa, depois de terem passado por Lily e Dean, que estavam trocando beijos apaixonados, Brad e Cora, que estavam tomando shots de tequila, e Kitty, que estava sentada no colo de Artie, rindo da dança que ele fazia com a parte de cima do corpo. ficou na dúvida se o casal que estava virando quase uma pessoa só em um canto era formado ou não por Harm e Samuel, mas deixou para descobrir isso depois e puxou escada acima.
"Pronto! Ar puro... ou o mais próximo que podemos chegar disso na Filadélfia." Ela brincou, ao adentrar o terraço.
"Como você sabia disso aqui?" Falou um pouco arrastado, com um sorrisinho safado surgindo em seu rosto.
"Eu vi alguém falar sobre ter vindo de helicóptero." Disse, apontando para o veículo, e mal acabou a frase, antes de sentir os lábios e a língua do namorado nos seus, e as mãos dele na sua cintura, puxando-a para si.
Não houve conversa entre eles. olhou em volta e escolheu uma pilastra que não pudesse ser vista logo que uma pessoa saísse das escadas, levando a namorada até lá, erguendo o corpo dela e ficando entre suas pernas. Todos os movimentos foram muito rápidos, desde os beijos na boca, no pescoço, no colo e nos seios, que ele tirou de dentro do vestido, até a renda da calcinha dela sendo rasgada, e o cinto e a calça dele abertos.
Cada um deles tocou o outro, enquanto se beijavam mais um pouco, de uma maneira apressada e até um pouco atrapalhada, mas logo ele já estava dentro dela e era a vez de seus quadris se mexerem com velocidade. tirava praticamente todo o seu membro de dentro de e investia contra ela de novo, batendo seu corpo no dela, que gemia alto. Ela apertava as costas dele e as pernas em volta dele, rebolando tanto quanto podia naquela posição um tanto quanto ingrata.
De repente, eles ouviram vozes vindas de perto, ali mesmo do terraço, e tiveram que diminuir o ritmo e controlar os gemidos, mas não pararam de transar. fez movimentos rápidos, mas de menor extensão, mantendo o corpo perto do dela e deixando o atrito em seu clitóris enlouquecê-la, o que, misturando-se à adrenalina de estarem em risco de ser flagrados, fez com que logo gozassem. O sexo foi rápido mas muito intenso e uma ótima maneira de acabar aquela noite diferente.
Depois daquele baile, vieram vários outros, tão bons quanto, e acabou esquecendo que não fora apenas a possibilidade de entediar-se o que a mantivera longe dos grandes eventos.
A jovem estava tão mais relaxada e feliz do que em qualquer outro momento de sua vida, que acabou deixando de lado alguns cuidados com sua própria segurança, sem se dar conta disso.
Capítulo 21
Durante os meses seguintes ao baile, e viveram como qualquer casal normal, fazendo planos que já incluíam até mesmo o antes tão temido casamento e bebês. O pedido oficial ainda não tinha acontecido, mas era só uma questão de tempo e de criar o clima certo, e o rapaz já tinha até encomendado o anel de noivado. A paz e a harmonia entre eles só tinha sido perturbada, por um momento, quando tentara ser um pouco mais dominador na cama e ela reagira como uma criança apavorada.
"Não questiona, bebê. Só faz!" Durante uma tarde de domingo que estavam passando no quarto secreto, ele não fizera nada além de falar, em tom fingidamente autoritário, duas ou três frases como esta, que eram normalmente usadas por ela. O efeito, no entanto, fora bombástico!
"Me larga!" Ela gritara, de repente, se desvencilhado dele e correndo para fora dali.
ficara extremamente assustado com a reação dela, e mais ainda quando encontrara o quarto dela trancado e precisara passar minutos batendo na porta, implorando e pedindo desculpas, para conseguir que ela abrisse. A jovem que ele viu, quando finalmente adentrou o cômodo, era uma sombra da mulher poderosa que ele conhecia. Seus olhos estavam vermelhos, o rosto encharcado de lágrimas.
", me perdoa! Eu falei de brincadeira. Eu não queria, de verdade, mandar em você."
"Sou eu quem tem que te pedir desculpas, . Eu sei que você não fez por mal." Ela respondera, encolhida na cama, abraçada a um travesseiro.
"Você quer conversar?" Ele perguntara, sentando-se na cama, mas mantendo alguma distância. "Se você não quiser falar nada agora, eu entendo, mas você me deixou muito preocupado." Comentara e ela o encarara, culpada.
"Tem muitas coisas que eu quero e vou te contar, . As suas palavras e o seu jeito me lembraram algo muito doloroso que aconteceu comigo e..." A garganta dela se fechara e ela não conseguira continuar, começando a chorar muito de novo. "Desculpa... me desculpa." Repetiu aos soluços.
"Shhhhhh... calma. Meu amor, calma." Ele finalmente se aproximara, puxando-a para seu colo. Ela se agarrara a ele com força, chorando ainda por um tempo.
"Obrigada, amor." Secara as lágrimas, ao conseguir se acalmar. "Você me faz tão bem! Eu surtei porque eu..."
", espera." Pedira, segurando as mãos dela e olhando no fundo de seus olhos. "Eu não quero que você me conte nada agora, . Eu quero que você esqueça isso, por ora. O importante agora é que você descanse." Afirmara, beijando a testa dela.
"Você tem certeza?" Indagara, sem jeito. "Você tem o direito de saber, ."
"É claro que eu quero saber, meu amor. Mas eu quero também que você procure ajuda, . Como você mesma disse, você... você surtou! A sua reação foi..." Havia hesitado um pouco em falar. "A sua necessidade de controle sempre me intrigou um pouco, mas, como você acabou cedendo bastante, nos últimos tempos, eu não me preocupei tanto." Tinha dado de ombros. "Só que o seu semblante hoje me mostrou que você tem um... problema. O que quer que tenha acontecido, te deixou com traumas, , e você precisa de ajuda."
"Você não é a primeira pessoa que me aconselha a procurar um profissional, mas eu nunca me senti confortável, nas vezes em que eu tentei. Eu não sei."
"Tenta mais uma vez? Por mim?" Pedira e ela assentira, abraçando-o de novo.
Outro problema era o fato de ter continuar adiando o momento de relatar sua história verdadeira para o namorado. Fora aquela única tarde, estavam sempre tão felizes em encontros com amigos, festas, viagens, em momentos doces ou sensuais a dois, que ela se recusava a estragar tudo trazendo à baila um assunto que me causava tanta dor. Para a própria terapeuta, com que ela realmente começara a se consultar pouco depois do episódio, não tinham conseguido dizer tudo com detalhes ainda, tamanha era a dor que as recordações traziam.
O problema é que, quando não tomamos as rédeas de nosso destino, é a vida quem fica no controle. O passado acabou chegando na forma de um jovem rapaz, que resolveu visitar o escritório de na empresa, exatamente durante uma tarde em que estava buscando a namorada para almoçarem juntos. O casal estava abraçado, conversando, quando Lily entrou na sala, aflita e envergonhada pela interrupção que estava sendo obrigada a fazer.
", me perdoa, mas tem um rapaz lá fora, querendo te ver, e ele só não invadiu sua sala ele mesmo, porque eu me coloquei na frente e prometi te falar que ele tem urgência em conversar com você." Disse sem tomar fôlego.
"É um funcionário nosso?" Ela franziu a testa, surpresa.
"Não. Eu não o conheço. Ele me disse que o nome dele é Darren Krigsman."
"O que?" Questionou com um fio de voz. "O Darren?" sentiu o corpo dela tremer, antes que ela, de repente, se afastasse, e não gostou nada daquilo.
"Eu mando ele entrar?" A secretária quis saber, e ela apenas assentiu, vendo logo depois o garoto aparecer.
"Darren! Ah, Darren!" Exclamou, colocando a mão no peito, emocionada. Seus olhos e o do garoto se encheram de lágrimas, antes de os dois se envolverem em um abraço apertado. "Você tá lindo!" A morena comentou, quando se separaram, secando o rosto dele com os polegares.
"E você está ainda mais maravilhosa do que nas fotos que eu tenho escondidas." Assegurou. "Mas eu to muito preocupado, ! Eu preciso falar com você." Pediu, sério, olhando para , que estava irritadíssimo por estar sendo ignorado.
"Darren, esse é o , meu namorado." Apresentou, e o rapaz sorriu, oferecendo a mão, que não ignorou apenas por educação. ", esse é o Darren e eu preciso conversar com ele. Pra ele ter vindo até aqui, eu tenho certeza que é importante. Eu te explico depois, ok?" Foram as palavras dela, que, junto com um olhar suplicante, significavam uma solicitação para ser deixada sozinha com o garoto que ele não conhecia.
assentiu, mas sem disfarçar no semblante que estava indo embora bastante contrariado. Pediu a Lily que lhe avisasse imediatamente quando ficasse sozinha de novo, e passou os próximos quarenta minutos em seu escritório, andando de um lado para o outro, esfregando o rosto, tentando convencer a si mesmo de que o tal Darren não era um ex submisso de ou até um ex-namorado, que ela escondia. Os dois tinham se olhado com amor! Ou era só o ciúme dele falando?
"Que palhaçada foi essa, hein?" Disse, adentrando a sala dela, sem introduções. "Chega um cara aqui, de quem eu nunca ouvi falar, e você me manda sair pra conversar com ele? Um tal de 'você tá lindo' pra lá, 'você tá maravilhosa' pra cá! Me ignorou completamente! Quem é ele? Você ainda sente alguma coisa por esse cara... não sente?" Ele falava, bem mais alto do que estava acostumado e sem parar.
"? !" Ela tentou duas, três vezes, aumentando também seu tom, tentando capturar a atenção dele, que apenas continuava, fora de si. "FINN!" Gritou, finalmente, fazendo com que ele se calasse. ", o Darren é meu irmão."
"Hã?" Ele arregalou os olhos, não tendo jamais esperado resposta sequer parecida.
"É isso mesmo, amor. Ele é meu irmão." Reafirmou, se aproximando dele. Será que a gente pode sentar e conversar?" Indagou, com ar cansado.
"Não! Você nunca me disse que tinha um irmão. Você mentiu pra mim! Me disse que sua única família eram os seus tios." Irritou-se.
"Eles são a única família da , . Eu não te contei sobre ter um irmão, porque teria que te contar muito mais do que isso e, de início, eu não podia! Aí, depois... simplesmente ficou muito difícil!" Respirou fundo. "O Darren é a única família da Gleizer, . Gleizer é o meu verdadeiro nome, e eu e o meu irmão estamos no programa de proteção a testemunhas."
" Gleizer?" Perguntou e ela assentiu.
"Será que agora você pode sentar e escutar a minha história, por favor?" Suplicou e ele se jogou no sofá, como quem está sofrendo um grande impacto.
ocupou o lugar ao lado dele e começou a dar suas explicações. Darren e ela não se viam havia mais de dez anos e nem sabiam nada um sobre o outro, até a manhã do dia anterior, quando ele abrira uma revista e vira uma foto da irmã. A fotografia trazia uma legenda, dizendo que a bela morena era e a reportagem falava que a Srta. era a presidente da grande rede de joias Red Rave Jewelry Ltda. Como estavam no programa de proteção a testemunhas, aquele tipo de divulgação podia ser perigoso e por isso ele a procurara de imediato.
Então narrou absolutamente toda a sua vida para o namorado. Ela e Darren tinham nascido em Nova York, filhos de um ourives judeu, que mantivera, com seu ofício, toda uma tradição de família, até falecer, com menos de quarenta anos, vítima de um câncer no fígado. Ele deixara a menina com apenas dez anos e o garoto com oito, e a mãe dos dois, que sempre fora dependente dele em todos os sentidos, logo sentira necessidade de colocar um outro homem dentro de casa, para ser o chefe de família.
Frequentador da sinagoga à qual a família ia e também viúvo, Norton Westwing parecera a salvação da Sra. Gleizer, até mostrar sua verdadeira face. Dois meses após o casamento, tornara a esposa e os filhos dela prisioneiros na própria casa e passara a administrar toda a herança que o falecido Gleizer deixara, pela qual a esposa era a responsável legal. Só colocava dentro de casa o mínimo para a subsistência da mulher e dos filhos dela, enquanto gastava bastante com ele e com o próprio filho, Timothy, três anos mais velho que .
Quando os parentes dela começaram a fazer perguntas, a família se mudou para o outro lado do país, e, então, os três foram mantidos em cárcere privado por vários anos. As crianças só estudaram porque a mãe se virava para fazer tudo na casa, e ainda conseguir dar um pouco de educação formal a eles, no período em que o marido e o enteado estavam fora, trabalhando e estudando. Ele a tratava como sua escrava, tanto no que dizia respeito às tarefas próprias do lar, quanto no sentido sexual, e a surrava constantemente, inclusive na frente dos pequenos.
O pesadelo só piorara, ao longo dos anos, na medida em que e Darren cresciam. Sua mãe foi ficando doente e Norton não parecia se importar nem um pouco, contanto que o trabalho da casa fosse feito e suas necessidades satisfeitas na cama. Muitas vezes, para que a mãe tivesse um mínimo de descanso, foram as crianças que limparam a casa e fizeram a comida. E foi nesse período que Timothy começou demonstrar intenção de seguir os passos do pai.
Vendo assumir algumas das funções da mãe, o rapaz começou a assediar a menina, quando ela tinha quatorze anos e quase conseguiu tocá-la quando fez quinze. Só não o fez porque Darren defendeu a irmã diversas vezes, tendo levado, em uma delas, uma facada no braço e outra na barriga. O semblante de Timothy, rindo debochadamente, e a voz de Norton, dizendo que era 'bem feito' jamais tinha deixado a cabeça de , assim como as ordens de todo tipo que ele dava à sua mãe.
Não me questione, Esther. Apenas faça!
Eu to mandando, cadela.
Quem manda aqui sou eu.
Se vira, mulher, porque é assim que eu quero.
Fora exatamente no dia em que Darren se feriu que acontecera a tragédia maior de suas vidas, pois, pela primeira vez, a Sra. Gleizer Westwing resolvera reagir. Precisava levar o filho a um hospital e, por isso, tentou sair de casa, sendo impedida na base de socos, tapas e pontapés pelo marido, até que Timothy, mais inexperiente e afoito, pegara uma arma que o pai guardava na cristaleira da sala, e acabara atingindo fatalmente a madrasta.
Fora com essa imagem de homens que crescera e ela prometera a si mesma, com tanta força, que não deixaria ninguém subjugá-la, se conseguisse escapar dali um dia, que a gana de controlar os outros, ela mesma, se tornara parte de seu ser. Mesmo depois de ir morar com os e ver a relação de amor que havia entre Abby e Hiram, ela não mudara sua visão, achando sempre que, entre quatro paredes, ele não era carinhoso como parecia. Depois de tanta violência e maldade gratuitas, não conseguira acreditar no amor, até conhecer e, finalmente, se render.
"Os , então, não são nada seus?" perguntou, depois de uma narrativa sem interrupções, durante a qual , surpreendentemente, conseguira se manter firme, como se contasse uma história que não era a sua. Provavelmente porque, no fundo, estava aliviada em tirar aquilo tudo de dentro dela.
"Não. Eles não são nada meus. Ele virou meu tutor, quando vim pra Filadélfia, enviada pelo programa de proteção a testemunhas." Esclareceu. "Mas eu tinha só quinze anos, então eu me apeguei muito a eles. É como se eles fossem minha família, sim, e foi por isso que eu quis te apresentar a eles."
"Não prenderam os dois até hoje?"
"Quando os vizinhos escutaram o tiro, eles chamaram a polícia, e como o Norton não era burro e sabia que o barulho tinha chamado atenção, eles tentaram fugir. Só que ele não era jovem, então não foi muito longe. Já o safado do Timothy sumiu no mundo! O lance é que antes ele ainda teve tempo de ameaçar a mim e ao Darren, por cartas, gravações na secretária eletrônica... ele queria que a gente desistisse de testemunhar sobre o cárcere privado, as surras, a tentativa de estupro, o homicídio da minha mãe. Então, a gente teve que mudar de identidade e se separar... por todos esses anos! A polícia não sabe se ele tem uma identidade falsa e ainda vive nos Estados Unidos ou se foi embora, de algum modo, então a justiça não acha seguro a gente voltar a ser os Gleizer."
"Alguma coisa da sua história é verdadeira?" suspirou, tenso com tudo aquilo.
"Eu realmente estudei desenho industrial em Edinboro, pra trabalhar com design de joias, porque eu queria usar o dinheiro que o meu pai tinha deixado e que eu recebi, quando fiz dezoito, pra fundar uma empresa que tivesse a ver com a tradição da família. Eu realmente nunca namorei ou amei ninguém. O meu pai realmente morreu de câncer e a minha mãe teve problemas no coração, só que no sentido metafórico, e não no sentido médico, como eu deixei você pensar." Ela pegou as mãos dele, com cuidado. "Eu sinto muito por ter mentido, ! Eu juro! Eu sinto muito mesmo!"
"Eu gostaria de conhecer o seu irmão, . Eu acho que não fui muito simpático com ele." Riu.
"Tá tudo bem entre a gente?" Perguntou, surpresa com a atitude dele.
"Eu não posso te culpar por não ter falado sobre isso antes, . Eu mesmo não deixei você me contar nada, quando vi o quanto seu passado te deixava transtornada. Além disso, a sua vida tá em risco constante e a sua identidade nova é importante pra te proteger. Aliás, depois desse negócio da revista, você não acha melhor ir à polícia?" Indagou.
"Eu tenho um contato e vou falar com ele." Afirmou. "Mas antes, vou ligar pro número que o Darren deixou comigo e marcar um jantar." Completou, levantando-se. Ela estava tão aliviada que o que ela mais queria naquele momento era uma comemoração.
Ninguém ouvira falar de Timothy Westwing em anos, então os cuidados com sua segurança não lhe pareciam tão importantes assim.
"Não questiona, bebê. Só faz!" Durante uma tarde de domingo que estavam passando no quarto secreto, ele não fizera nada além de falar, em tom fingidamente autoritário, duas ou três frases como esta, que eram normalmente usadas por ela. O efeito, no entanto, fora bombástico!
"Me larga!" Ela gritara, de repente, se desvencilhado dele e correndo para fora dali.
ficara extremamente assustado com a reação dela, e mais ainda quando encontrara o quarto dela trancado e precisara passar minutos batendo na porta, implorando e pedindo desculpas, para conseguir que ela abrisse. A jovem que ele viu, quando finalmente adentrou o cômodo, era uma sombra da mulher poderosa que ele conhecia. Seus olhos estavam vermelhos, o rosto encharcado de lágrimas.
", me perdoa! Eu falei de brincadeira. Eu não queria, de verdade, mandar em você."
"Sou eu quem tem que te pedir desculpas, . Eu sei que você não fez por mal." Ela respondera, encolhida na cama, abraçada a um travesseiro.
"Você quer conversar?" Ele perguntara, sentando-se na cama, mas mantendo alguma distância. "Se você não quiser falar nada agora, eu entendo, mas você me deixou muito preocupado." Comentara e ela o encarara, culpada.
"Tem muitas coisas que eu quero e vou te contar, . As suas palavras e o seu jeito me lembraram algo muito doloroso que aconteceu comigo e..." A garganta dela se fechara e ela não conseguira continuar, começando a chorar muito de novo. "Desculpa... me desculpa." Repetiu aos soluços.
"Shhhhhh... calma. Meu amor, calma." Ele finalmente se aproximara, puxando-a para seu colo. Ela se agarrara a ele com força, chorando ainda por um tempo.
"Obrigada, amor." Secara as lágrimas, ao conseguir se acalmar. "Você me faz tão bem! Eu surtei porque eu..."
", espera." Pedira, segurando as mãos dela e olhando no fundo de seus olhos. "Eu não quero que você me conte nada agora, . Eu quero que você esqueça isso, por ora. O importante agora é que você descanse." Afirmara, beijando a testa dela.
"Você tem certeza?" Indagara, sem jeito. "Você tem o direito de saber, ."
"É claro que eu quero saber, meu amor. Mas eu quero também que você procure ajuda, . Como você mesma disse, você... você surtou! A sua reação foi..." Havia hesitado um pouco em falar. "A sua necessidade de controle sempre me intrigou um pouco, mas, como você acabou cedendo bastante, nos últimos tempos, eu não me preocupei tanto." Tinha dado de ombros. "Só que o seu semblante hoje me mostrou que você tem um... problema. O que quer que tenha acontecido, te deixou com traumas, , e você precisa de ajuda."
"Você não é a primeira pessoa que me aconselha a procurar um profissional, mas eu nunca me senti confortável, nas vezes em que eu tentei. Eu não sei."
"Tenta mais uma vez? Por mim?" Pedira e ela assentira, abraçando-o de novo.
Outro problema era o fato de ter continuar adiando o momento de relatar sua história verdadeira para o namorado. Fora aquela única tarde, estavam sempre tão felizes em encontros com amigos, festas, viagens, em momentos doces ou sensuais a dois, que ela se recusava a estragar tudo trazendo à baila um assunto que me causava tanta dor. Para a própria terapeuta, com que ela realmente começara a se consultar pouco depois do episódio, não tinham conseguido dizer tudo com detalhes ainda, tamanha era a dor que as recordações traziam.
O problema é que, quando não tomamos as rédeas de nosso destino, é a vida quem fica no controle. O passado acabou chegando na forma de um jovem rapaz, que resolveu visitar o escritório de na empresa, exatamente durante uma tarde em que estava buscando a namorada para almoçarem juntos. O casal estava abraçado, conversando, quando Lily entrou na sala, aflita e envergonhada pela interrupção que estava sendo obrigada a fazer.
", me perdoa, mas tem um rapaz lá fora, querendo te ver, e ele só não invadiu sua sala ele mesmo, porque eu me coloquei na frente e prometi te falar que ele tem urgência em conversar com você." Disse sem tomar fôlego.
"É um funcionário nosso?" Ela franziu a testa, surpresa.
"Não. Eu não o conheço. Ele me disse que o nome dele é Darren Krigsman."
"O que?" Questionou com um fio de voz. "O Darren?" sentiu o corpo dela tremer, antes que ela, de repente, se afastasse, e não gostou nada daquilo.
"Eu mando ele entrar?" A secretária quis saber, e ela apenas assentiu, vendo logo depois o garoto aparecer.
"Darren! Ah, Darren!" Exclamou, colocando a mão no peito, emocionada. Seus olhos e o do garoto se encheram de lágrimas, antes de os dois se envolverem em um abraço apertado. "Você tá lindo!" A morena comentou, quando se separaram, secando o rosto dele com os polegares.
"E você está ainda mais maravilhosa do que nas fotos que eu tenho escondidas." Assegurou. "Mas eu to muito preocupado, ! Eu preciso falar com você." Pediu, sério, olhando para , que estava irritadíssimo por estar sendo ignorado.
"Darren, esse é o , meu namorado." Apresentou, e o rapaz sorriu, oferecendo a mão, que não ignorou apenas por educação. ", esse é o Darren e eu preciso conversar com ele. Pra ele ter vindo até aqui, eu tenho certeza que é importante. Eu te explico depois, ok?" Foram as palavras dela, que, junto com um olhar suplicante, significavam uma solicitação para ser deixada sozinha com o garoto que ele não conhecia.
assentiu, mas sem disfarçar no semblante que estava indo embora bastante contrariado. Pediu a Lily que lhe avisasse imediatamente quando ficasse sozinha de novo, e passou os próximos quarenta minutos em seu escritório, andando de um lado para o outro, esfregando o rosto, tentando convencer a si mesmo de que o tal Darren não era um ex submisso de ou até um ex-namorado, que ela escondia. Os dois tinham se olhado com amor! Ou era só o ciúme dele falando?
"Que palhaçada foi essa, hein?" Disse, adentrando a sala dela, sem introduções. "Chega um cara aqui, de quem eu nunca ouvi falar, e você me manda sair pra conversar com ele? Um tal de 'você tá lindo' pra lá, 'você tá maravilhosa' pra cá! Me ignorou completamente! Quem é ele? Você ainda sente alguma coisa por esse cara... não sente?" Ele falava, bem mais alto do que estava acostumado e sem parar.
"? !" Ela tentou duas, três vezes, aumentando também seu tom, tentando capturar a atenção dele, que apenas continuava, fora de si. "FINN!" Gritou, finalmente, fazendo com que ele se calasse. ", o Darren é meu irmão."
"Hã?" Ele arregalou os olhos, não tendo jamais esperado resposta sequer parecida.
"É isso mesmo, amor. Ele é meu irmão." Reafirmou, se aproximando dele. Será que a gente pode sentar e conversar?" Indagou, com ar cansado.
"Não! Você nunca me disse que tinha um irmão. Você mentiu pra mim! Me disse que sua única família eram os seus tios." Irritou-se.
"Eles são a única família da , . Eu não te contei sobre ter um irmão, porque teria que te contar muito mais do que isso e, de início, eu não podia! Aí, depois... simplesmente ficou muito difícil!" Respirou fundo. "O Darren é a única família da Gleizer, . Gleizer é o meu verdadeiro nome, e eu e o meu irmão estamos no programa de proteção a testemunhas."
" Gleizer?" Perguntou e ela assentiu.
"Será que agora você pode sentar e escutar a minha história, por favor?" Suplicou e ele se jogou no sofá, como quem está sofrendo um grande impacto.
ocupou o lugar ao lado dele e começou a dar suas explicações. Darren e ela não se viam havia mais de dez anos e nem sabiam nada um sobre o outro, até a manhã do dia anterior, quando ele abrira uma revista e vira uma foto da irmã. A fotografia trazia uma legenda, dizendo que a bela morena era e a reportagem falava que a Srta. era a presidente da grande rede de joias Red Rave Jewelry Ltda. Como estavam no programa de proteção a testemunhas, aquele tipo de divulgação podia ser perigoso e por isso ele a procurara de imediato.
Então narrou absolutamente toda a sua vida para o namorado. Ela e Darren tinham nascido em Nova York, filhos de um ourives judeu, que mantivera, com seu ofício, toda uma tradição de família, até falecer, com menos de quarenta anos, vítima de um câncer no fígado. Ele deixara a menina com apenas dez anos e o garoto com oito, e a mãe dos dois, que sempre fora dependente dele em todos os sentidos, logo sentira necessidade de colocar um outro homem dentro de casa, para ser o chefe de família.
Frequentador da sinagoga à qual a família ia e também viúvo, Norton Westwing parecera a salvação da Sra. Gleizer, até mostrar sua verdadeira face. Dois meses após o casamento, tornara a esposa e os filhos dela prisioneiros na própria casa e passara a administrar toda a herança que o falecido Gleizer deixara, pela qual a esposa era a responsável legal. Só colocava dentro de casa o mínimo para a subsistência da mulher e dos filhos dela, enquanto gastava bastante com ele e com o próprio filho, Timothy, três anos mais velho que .
Quando os parentes dela começaram a fazer perguntas, a família se mudou para o outro lado do país, e, então, os três foram mantidos em cárcere privado por vários anos. As crianças só estudaram porque a mãe se virava para fazer tudo na casa, e ainda conseguir dar um pouco de educação formal a eles, no período em que o marido e o enteado estavam fora, trabalhando e estudando. Ele a tratava como sua escrava, tanto no que dizia respeito às tarefas próprias do lar, quanto no sentido sexual, e a surrava constantemente, inclusive na frente dos pequenos.
O pesadelo só piorara, ao longo dos anos, na medida em que e Darren cresciam. Sua mãe foi ficando doente e Norton não parecia se importar nem um pouco, contanto que o trabalho da casa fosse feito e suas necessidades satisfeitas na cama. Muitas vezes, para que a mãe tivesse um mínimo de descanso, foram as crianças que limparam a casa e fizeram a comida. E foi nesse período que Timothy começou demonstrar intenção de seguir os passos do pai.
Vendo assumir algumas das funções da mãe, o rapaz começou a assediar a menina, quando ela tinha quatorze anos e quase conseguiu tocá-la quando fez quinze. Só não o fez porque Darren defendeu a irmã diversas vezes, tendo levado, em uma delas, uma facada no braço e outra na barriga. O semblante de Timothy, rindo debochadamente, e a voz de Norton, dizendo que era 'bem feito' jamais tinha deixado a cabeça de , assim como as ordens de todo tipo que ele dava à sua mãe.
Não me questione, Esther. Apenas faça!
Eu to mandando, cadela.
Quem manda aqui sou eu.
Se vira, mulher, porque é assim que eu quero.
Fora exatamente no dia em que Darren se feriu que acontecera a tragédia maior de suas vidas, pois, pela primeira vez, a Sra. Gleizer Westwing resolvera reagir. Precisava levar o filho a um hospital e, por isso, tentou sair de casa, sendo impedida na base de socos, tapas e pontapés pelo marido, até que Timothy, mais inexperiente e afoito, pegara uma arma que o pai guardava na cristaleira da sala, e acabara atingindo fatalmente a madrasta.
Fora com essa imagem de homens que crescera e ela prometera a si mesma, com tanta força, que não deixaria ninguém subjugá-la, se conseguisse escapar dali um dia, que a gana de controlar os outros, ela mesma, se tornara parte de seu ser. Mesmo depois de ir morar com os e ver a relação de amor que havia entre Abby e Hiram, ela não mudara sua visão, achando sempre que, entre quatro paredes, ele não era carinhoso como parecia. Depois de tanta violência e maldade gratuitas, não conseguira acreditar no amor, até conhecer e, finalmente, se render.
"Os , então, não são nada seus?" perguntou, depois de uma narrativa sem interrupções, durante a qual , surpreendentemente, conseguira se manter firme, como se contasse uma história que não era a sua. Provavelmente porque, no fundo, estava aliviada em tirar aquilo tudo de dentro dela.
"Não. Eles não são nada meus. Ele virou meu tutor, quando vim pra Filadélfia, enviada pelo programa de proteção a testemunhas." Esclareceu. "Mas eu tinha só quinze anos, então eu me apeguei muito a eles. É como se eles fossem minha família, sim, e foi por isso que eu quis te apresentar a eles."
"Não prenderam os dois até hoje?"
"Quando os vizinhos escutaram o tiro, eles chamaram a polícia, e como o Norton não era burro e sabia que o barulho tinha chamado atenção, eles tentaram fugir. Só que ele não era jovem, então não foi muito longe. Já o safado do Timothy sumiu no mundo! O lance é que antes ele ainda teve tempo de ameaçar a mim e ao Darren, por cartas, gravações na secretária eletrônica... ele queria que a gente desistisse de testemunhar sobre o cárcere privado, as surras, a tentativa de estupro, o homicídio da minha mãe. Então, a gente teve que mudar de identidade e se separar... por todos esses anos! A polícia não sabe se ele tem uma identidade falsa e ainda vive nos Estados Unidos ou se foi embora, de algum modo, então a justiça não acha seguro a gente voltar a ser os Gleizer."
"Alguma coisa da sua história é verdadeira?" suspirou, tenso com tudo aquilo.
"Eu realmente estudei desenho industrial em Edinboro, pra trabalhar com design de joias, porque eu queria usar o dinheiro que o meu pai tinha deixado e que eu recebi, quando fiz dezoito, pra fundar uma empresa que tivesse a ver com a tradição da família. Eu realmente nunca namorei ou amei ninguém. O meu pai realmente morreu de câncer e a minha mãe teve problemas no coração, só que no sentido metafórico, e não no sentido médico, como eu deixei você pensar." Ela pegou as mãos dele, com cuidado. "Eu sinto muito por ter mentido, ! Eu juro! Eu sinto muito mesmo!"
"Eu gostaria de conhecer o seu irmão, . Eu acho que não fui muito simpático com ele." Riu.
"Tá tudo bem entre a gente?" Perguntou, surpresa com a atitude dele.
"Eu não posso te culpar por não ter falado sobre isso antes, . Eu mesmo não deixei você me contar nada, quando vi o quanto seu passado te deixava transtornada. Além disso, a sua vida tá em risco constante e a sua identidade nova é importante pra te proteger. Aliás, depois desse negócio da revista, você não acha melhor ir à polícia?" Indagou.
"Eu tenho um contato e vou falar com ele." Afirmou. "Mas antes, vou ligar pro número que o Darren deixou comigo e marcar um jantar." Completou, levantando-se. Ela estava tão aliviada que o que ela mais queria naquele momento era uma comemoração.
Ninguém ouvira falar de Timothy Westwing em anos, então os cuidados com sua segurança não lhe pareciam tão importantes assim.
Capítulo 22
disse a que iria até o terraço do edifício, a fim de tomar um pouco de ar, enquanto ela falava com o irmão ao telefone. Subiu o mais depressa que pode e quase não conseguiu chegar lá, antes de deixar as lágrimas que estava segurando escorrerem por seu rosto. Passado um primeiro momento de choque e de uma enxurrada de perguntas sendo formuladas por seu cérebro, ele sentira uma dor imensa atingi-lo com toda força, mas cobrara de si mesmo o máximo de equilíbrio, pois, somente se mantendo emocionalmente sóbrio, poderia tentar ajudar a mulher que amava tanto.
Ouvi-la perguntar se tudo estava bem entre eles machucara ainda mais, pois era duro saber que, além de tudo que estava passando, ela ainda sentia medo de perdê-lo, quando, nem por um segundo, correra tal risco. Era verdade que ela tinha escondido algo importante dele, mas também era certo que ele já sabia que acontecera algo grave no passado dela, que ela tentara esclarecer tudo, e que ele mesmo a impedira de fazê-lo.
Obviamente esconder a identidade era uma coisa muito séria, que ele não poderia ter previsto. Então simplesmente dizer que entendia que aquilo fora uma necessidade poderia parecer uma reação estranha, compreensiva demais. Porém ele não tinha tempo a perder com cobranças, quando seu coração e sua mente estavam cheios de preocupação com a segurança e o bem estar dela, cheio de tristeza por ninguém ter conseguido impedir que e sua família fossem tão machucados, e de ódio e asco pelos animais que tinham estragado a infância da garota, arrancando prematuramente seu olhar inocente diante do mundo.
Já estava no alto do edifício havia alguns minutos, tinha respirado fundo, várias vezes, e, finalmente, se acalmado, quando ouviu passos atrás de si e girou na direção de quem se aproximava. ostentava um sorriso tímido e tentava, em vão, manter os cabelos longe do rosto, enquanto o vento desarrumava os longos e brilhantes fios, deixando-a naturalmente sensual, ainda que não tivesse qualquer intenção seduzi-lo naquele momento.
"Acho que eu nunca vim aqui." Ela comentou, quando chegou bem perto dele.
"Eu já tinha vindo uma vez antes, com um colega fumante, que queria companhia." Falou, sorrindo ao vê-la desistir de brigar com o vento e dar um nó no cabelo, o que enfim disciplinou a maior parte dele.
"Falei com Darren e ele ficou de chegar lá em casa umas nove horas. Aproveitei pra falar também com o Kevin e pedir pra ele preparar uma comidinha especial. Ele adorou a ideia de ir lá, cozinhar na hora! Disse que não aguenta mais deixar seus preciosos pratos por aí, pra serem requentados." Riu.
"A comida dele é ótima de qualquer jeito." Disse, acariciando com o polegar as costas das mãos dela, que tinha tomado nas suas enquanto ela falava sem tomar fôlego.
"Eu sei. Eu só liguei pra ele porque queria que ele fizesse um dos pratos favoritos do Darren." Deu de ombros.
"Você tá muito feliz em reencontrar o seu irmão, não é?"
"Muito! Eu to tão feliz que tudo que eu queria era poder compartilhar essa felicidade... chamar todos os nossos amigos para jantarem com a gente, pra conhecerem o Darren." Inspirou fundo e soltou o ar com força, se mostrando desanimada pela primeira vez. "Será que algum dia eu vou poder fazer isso, ?"
"Ninguém, além de mim, sabe?"
"Não. As meninas sabem que eu tinha um padrasto que maltratava minha mãe e sabem o que o filho dele tentou fazer comigo, mas não sabem como minha mãe morreu, nem que o meu nome não é , ou que eu tenho um irmão." Baixou a cabeça, fitando seus pés, que brincavam de cutucar os dele. "Eu confio nelas, mas eu assumi uma nova vida, entende? Assumi inteiramente e tentei deixar tudo o que era da outra vida pra trás. Até o lance sobre o meu padrasto e o Timothy acabou escapando... não foi uma coisa que eu planejei contar."
"Eu entendo e, se um dia elas souberem, eu tenho certeza que elas vão entender." Assegurou, levantando o queixo dela e acariciando seu rosto, o que a fez sorrir. "Você tem alguma reunião... algum compromisso inadiável hoje?"
"Não. Por quê?"
"Não acha melhor ir pra casa?" Questionou, preocupado.
"Não. O Darren só vai chegar às nove." Ela se fingiu de desentendida.
"Ei!" Fez com que ela o encarasse. "Você não precisa agir como se estivesse tudo bem, meu amor."
"Mas tá tudo bem!" Garantiu. "Eu sofri muito, quando era menina, e é claro que eu continuei sofrendo ainda, por um bom tempo. Depois, eu achei que tinha superado, mas, na verdade, eu tava me escondendo, impingindo dor a outras pessoas pra descontar a que eu tinha sentido, achando que me manter sempre no controle era a solução. Deixar você me amar e assumir o meu amor por você foi o que mudou tudo e me fez ser feliz de verdade, pela primeira vez, depois de muitos anos, ! E é um alívio que agora você saiba de tudo, por isso tá, SIM, tudo bem." Sorriu, dando um beijo rápido nos lábios dele.
"Você teve que se lembrar daquelas coisas..."
"Isso sempre vai ser difícil, mas é por isso que eu to fazendo terapia... pra ficar cada vez menos doloroso. Na verdade, quando eu contei pra você, foi como se eu conseguisse dar mais um passo pra longe de tudo... pra deixar tudo no passado, onde tem que ficar. Eu juro, bebê!" Reiterou, vendo o semblante nada confiante dele. "Agora, se você quiser ir pra casa comigo, eu não me oponho." Falou, sugestivamente, e ele concordou, porque não ficou muito convencido do que ela disse e também porque ele próprio não estava em condições de manter uma rotina normal de trabalho.
Passaram boa parte do resto da tarde e o começo da noite no quarto dela, se amando, lentamente. Também conversaram bastante sobre coisas da infância e da adolescência dela, a respeito das quais agora podia falar, sem precisar omitir detalhes que denunciariam a identidade falsa e os problemas enfrentados por ela, Darren e a mãe dos dois. Ele estava ainda mais carinhoso do que era normalmente e mimou a namorada de todos os jeitos que podia, preparando-lhe um banho com sais aromáticos e um lanchinho especial, e não deixando que ela movesse uma palha sequer, durante todo o tempo.
"Eu to me sentindo uma rainha e adoraria isso tudo, se não achasse que você tá agindo assim pra me consolar, sem necessidade." Ela disse, entrando no quarto, após o banho, enquanto secava o cabelo, ainda de roupão. "Eu não sou assim tão fraca, meu amor." Completou, ajoelhando-se na cama perto dele, que a abraçou pela cintura.
", eu..." Ele sentiu um nó na garganta, mas não queria chorar novamente, então se controlou apertando-a ainda mais em seus braços, enquanto passava o nariz pelo pescoço dela, aspirando seu delicioso perfume, e sentia a morena retribuir o abraço e a carícia. "Eu não te acho fraca, ." Afirmou, afastando-se apenas um pouco, para mergulhar na intensidade de seus olhos. "Na verdade, eu não entendo como você consegue ser tão forte."
"Eu preciso ser... sempre precisei! Apesar de achar que ficou bem mais fácil com você do meu lado, já que antes eu parecia forte, mas, se qualquer coisinha mínima saísse do controle, eu simplesmente desmoronava." Deslizou os nós dos dedos pelo rosto dele, delicadamente.
"Eu não sei se sou eu quem te dá força, meu amor. A única coisa que eu sei é que eu não vou sair mais do seu lado." Segurou a mão dela que passeava por seu rosto e beijou seus pequenos dedos. "Eu não posso mudar o que aconteceu, mas eu vou fazer o que estiver ao meu alcance, pra você se sentir amada e segura. E, por isso, eu tomei uma decisão."
"Uma decisão?" Ela se ajeitou, puxando nervosamente o nó do roupão.
"Eu queria fazer tudo do jeito tradicional, e te pedir em casamento, durante um momento especial, pra, então, procurar uma casa nova, da qual nós dois gostássemos, e só ir morar lá depois de uma lua de mel perfeita. Agora, tudo isso parece menos importante, sabe? Eu não quero mais esperar pra ficar o mais perto possível de você... e cuidar de você e te amar! Então..." Fez um pouco de suspense. "...eu vou me mudar pra cá." Sorriu, sabendo que ela gostaria da notícia, e ela não decepcionou na reação positiva, dando gritinhos e pulinhos, como uma adolescente, e cobrindo o rosto dele inteiro com beijinhos estalados, enquanto ele gargalhava.
Mesmo com Darren prestes a chegar, eles comemoraram na cama, do jeito preferido dos dois. Encontraram o rapaz muito à vontade, minutos depois, conversando com o chef de cozinha e a governanta, que acabaram ficando responsáveis por recebê-lo. sentiu-se um pouco envergonhado por ser tão evidente o que ele estava fazendo com a irmã do outro jovem, enquanto este esperava por ela, mas o homem mais novo não pareceu se importar, quando cumprimentou os dois com abraços.
Os três logo foram deixados sozinhos por Kevin e Cora, que tinham muito trabalho a fazer. Sentaram-se na sala de estar e ficaram conversando sobre tudo o que tinha acontecido na vida de um dos irmãos, sem que o outro pudesse acompanhar.
falou sobre a empresa e sobre como ela e tinham se aproximado, sem fazer questão de omitir que fora uma dominadora, por anos. teria ficado absurdamente sem jeito diante das palavras dela, se Darren não tivesse agido com uma naturalidade surpreendente em relação a tudo, inclusive ignorando o modo como tinha sido tratado naquela mesma tarde pelo ciumento cunhado.
"Krigsman" contou sobre sua profissão de arquiteto, sobre o difícil momento em que se revelara homossexual para a família com a qual vivia, e sobre seu atual relacionamento com um colega de trabalho. quis convencer o irmão a visitar a Filadélfia com o namorado, da próxima vez, mas ele disse que sequer sabia se o relacionamento duraria. Não confiava em Richard como confiava em e não sabia se poderia contar a ele que usava um falso sobrenome, e escondia uma irmã mais velha e um passado turbulento.
Foi inevitável que os Westwing virassem assunto, depois disso, pois, ainda que as memórias fossem tristes, eram a única coisa que ligava um ao outro, além do laço de sangue. Já não tinham parentes, amigos ou um lar e, antes que novas memórias boas fossem construídas, aquelas ainda precisariam ser revisitadas e digeridas.
"Aquele porco já foi tarde!" não hesitou em declarar, quando o irmão falou que seu tutor tinha recebido um telefonema, no ano anterior, e sido informado de que Norton adoecera e morrera na cadeia.
"..." O caçula dos Gleizer repreendeu.
"Já sei! Você vai dizer que não devemos querer a morte de ninguém e que, se ele apodrecesse na cadeia, seria o suficiente, porque ele não poderia fazer mal a ninguém de novo." Ela respondeu, um pouco irritada. "Eu não consigo pensar assim! Eu gosto de saber que ele está morto e queria que o mesmo acontecesse ao filho dele... mas que ele sofresse bastante aqui, antes de ir pro inferno!"
"Não deve fazer bem pra você, ficar guardando esse ódio todo." Darren franziu a testa.
"Mas que saco, B! Deixa de ser tão bonzinho, pelo amor de Deus!" Ela adotou um tom mais brincalhão, jogando uma almofada nele, que a jogou de volta, enquanto observava a interação, contente por eles estarem tendo a oportunidade de se reconectar. "Você sempre foi o melhor de nós... o mais sensível." Continuou, mais séria.
"É um jeito bem legal de dizer gay." O rapaz implicou, fazendo com que ela voltasse a atingi-lo com a almofada.
Foi somente depois de comerem, e escolherem a sala de TV para tomar um licor e continuar o bate-papo, que o assunto voltou a ser a infância. Darren aproveitou para tentar averiguar se algumas de suas memórias e sonhos eram mesmo lembranças ou criações de sua mente, uma vez que seu psicanalista havia explicado que, graças ao trauma, muita coisa poderia ter sido apagada do plano consciente e outras informações não tão corretas colocadas em seu lugar.
"Eu não entendo como ninguém percebeu o que estava acontecendo com vocês!" se pronunciou, depois de muito tempo praticamente só observando. "Vocês tinham vizinhos! A me disse que foi um deles quem ouviu o tiro e..."
"Quando nos mudamos de Nova York para São Francisco, o Norton comprou uma casa com porão e nos mantinha lá, durante o dia. À noite, nós íamos para os nossos quartos, mas então as janelas ficavam trancadas." Foi Darren quem começou a explicar.
"Quanto tudo acabou, os vizinhos disseram que achavam que ele era viúvo e vivia apenas com o filho. Os colegas de trabalho, se não me engano, pensavam que ele tinha uma mulher doente, mas disso eu não tenho realmente certeza." complementou. "Os poucos parentes e amigos da nossa mãe acreditaram que ele tinha virado a cabeça dela e conseguido convencê-la a se afastar de todos."
"E, depois, ninguém quis ficar com vocês?" indagou, sentindo um mal estar muito grande ao pensar neles como duas crianças tão desamparadas.
"Um tio nosso até quis, mas a justiça achou que precisávamos sumir... ser apagados do sistema. Com qualquer parente, nós estaríamos muito expostos ao Timothy." A morena explicou.
"Por falar em Timothy, o que você pretende fazer, ?" Darren voltou a expor a preocupação que motivara sua visita.
"Minha secretária ficou o dia todo pesquisando isso pra mim, hoje. Ela me ligou, no final do expediente, e disse que não tem nenhuma foto minha na Internet ou em qualquer outra revista, além da que você viu. Eles só falaram de mim por causa do Valentino lindíssimo que eu usei naquela festa."
"Ainda assim, seria bom tomar cuidado, amor." O namorado ecoou a apreensão demonstrada pelo irmão.
intimamente achava que eles estavam exagerando e que Timothy nunca veria sua foto em uma revista, dentro de uma reportagem sobre moda. No entanto, para tranquilizá-los, prometeu pedir que Dean reforçasse a segurança, contratando mais um ou dois homens.
Em troca fez Darren prometer que não iria embora sem jantar de novo com eles e conhecer o animado grupo de amigos com quem costumavam sair.
Eles passaram o resto da noite se divertindo, ao criar uma história convincente para o visitante, que não poderia ser apresentado como irmão de "" e teria que continuar fingindo ser um autêntico Krigsman, até segunda ordem.
Ouvi-la perguntar se tudo estava bem entre eles machucara ainda mais, pois era duro saber que, além de tudo que estava passando, ela ainda sentia medo de perdê-lo, quando, nem por um segundo, correra tal risco. Era verdade que ela tinha escondido algo importante dele, mas também era certo que ele já sabia que acontecera algo grave no passado dela, que ela tentara esclarecer tudo, e que ele mesmo a impedira de fazê-lo.
Obviamente esconder a identidade era uma coisa muito séria, que ele não poderia ter previsto. Então simplesmente dizer que entendia que aquilo fora uma necessidade poderia parecer uma reação estranha, compreensiva demais. Porém ele não tinha tempo a perder com cobranças, quando seu coração e sua mente estavam cheios de preocupação com a segurança e o bem estar dela, cheio de tristeza por ninguém ter conseguido impedir que e sua família fossem tão machucados, e de ódio e asco pelos animais que tinham estragado a infância da garota, arrancando prematuramente seu olhar inocente diante do mundo.
Já estava no alto do edifício havia alguns minutos, tinha respirado fundo, várias vezes, e, finalmente, se acalmado, quando ouviu passos atrás de si e girou na direção de quem se aproximava. ostentava um sorriso tímido e tentava, em vão, manter os cabelos longe do rosto, enquanto o vento desarrumava os longos e brilhantes fios, deixando-a naturalmente sensual, ainda que não tivesse qualquer intenção seduzi-lo naquele momento.
"Acho que eu nunca vim aqui." Ela comentou, quando chegou bem perto dele.
"Eu já tinha vindo uma vez antes, com um colega fumante, que queria companhia." Falou, sorrindo ao vê-la desistir de brigar com o vento e dar um nó no cabelo, o que enfim disciplinou a maior parte dele.
"Falei com Darren e ele ficou de chegar lá em casa umas nove horas. Aproveitei pra falar também com o Kevin e pedir pra ele preparar uma comidinha especial. Ele adorou a ideia de ir lá, cozinhar na hora! Disse que não aguenta mais deixar seus preciosos pratos por aí, pra serem requentados." Riu.
"A comida dele é ótima de qualquer jeito." Disse, acariciando com o polegar as costas das mãos dela, que tinha tomado nas suas enquanto ela falava sem tomar fôlego.
"Eu sei. Eu só liguei pra ele porque queria que ele fizesse um dos pratos favoritos do Darren." Deu de ombros.
"Você tá muito feliz em reencontrar o seu irmão, não é?"
"Muito! Eu to tão feliz que tudo que eu queria era poder compartilhar essa felicidade... chamar todos os nossos amigos para jantarem com a gente, pra conhecerem o Darren." Inspirou fundo e soltou o ar com força, se mostrando desanimada pela primeira vez. "Será que algum dia eu vou poder fazer isso, ?"
"Ninguém, além de mim, sabe?"
"Não. As meninas sabem que eu tinha um padrasto que maltratava minha mãe e sabem o que o filho dele tentou fazer comigo, mas não sabem como minha mãe morreu, nem que o meu nome não é , ou que eu tenho um irmão." Baixou a cabeça, fitando seus pés, que brincavam de cutucar os dele. "Eu confio nelas, mas eu assumi uma nova vida, entende? Assumi inteiramente e tentei deixar tudo o que era da outra vida pra trás. Até o lance sobre o meu padrasto e o Timothy acabou escapando... não foi uma coisa que eu planejei contar."
"Eu entendo e, se um dia elas souberem, eu tenho certeza que elas vão entender." Assegurou, levantando o queixo dela e acariciando seu rosto, o que a fez sorrir. "Você tem alguma reunião... algum compromisso inadiável hoje?"
"Não. Por quê?"
"Não acha melhor ir pra casa?" Questionou, preocupado.
"Não. O Darren só vai chegar às nove." Ela se fingiu de desentendida.
"Ei!" Fez com que ela o encarasse. "Você não precisa agir como se estivesse tudo bem, meu amor."
"Mas tá tudo bem!" Garantiu. "Eu sofri muito, quando era menina, e é claro que eu continuei sofrendo ainda, por um bom tempo. Depois, eu achei que tinha superado, mas, na verdade, eu tava me escondendo, impingindo dor a outras pessoas pra descontar a que eu tinha sentido, achando que me manter sempre no controle era a solução. Deixar você me amar e assumir o meu amor por você foi o que mudou tudo e me fez ser feliz de verdade, pela primeira vez, depois de muitos anos, ! E é um alívio que agora você saiba de tudo, por isso tá, SIM, tudo bem." Sorriu, dando um beijo rápido nos lábios dele.
"Você teve que se lembrar daquelas coisas..."
"Isso sempre vai ser difícil, mas é por isso que eu to fazendo terapia... pra ficar cada vez menos doloroso. Na verdade, quando eu contei pra você, foi como se eu conseguisse dar mais um passo pra longe de tudo... pra deixar tudo no passado, onde tem que ficar. Eu juro, bebê!" Reiterou, vendo o semblante nada confiante dele. "Agora, se você quiser ir pra casa comigo, eu não me oponho." Falou, sugestivamente, e ele concordou, porque não ficou muito convencido do que ela disse e também porque ele próprio não estava em condições de manter uma rotina normal de trabalho.
Passaram boa parte do resto da tarde e o começo da noite no quarto dela, se amando, lentamente. Também conversaram bastante sobre coisas da infância e da adolescência dela, a respeito das quais agora podia falar, sem precisar omitir detalhes que denunciariam a identidade falsa e os problemas enfrentados por ela, Darren e a mãe dos dois. Ele estava ainda mais carinhoso do que era normalmente e mimou a namorada de todos os jeitos que podia, preparando-lhe um banho com sais aromáticos e um lanchinho especial, e não deixando que ela movesse uma palha sequer, durante todo o tempo.
"Eu to me sentindo uma rainha e adoraria isso tudo, se não achasse que você tá agindo assim pra me consolar, sem necessidade." Ela disse, entrando no quarto, após o banho, enquanto secava o cabelo, ainda de roupão. "Eu não sou assim tão fraca, meu amor." Completou, ajoelhando-se na cama perto dele, que a abraçou pela cintura.
", eu..." Ele sentiu um nó na garganta, mas não queria chorar novamente, então se controlou apertando-a ainda mais em seus braços, enquanto passava o nariz pelo pescoço dela, aspirando seu delicioso perfume, e sentia a morena retribuir o abraço e a carícia. "Eu não te acho fraca, ." Afirmou, afastando-se apenas um pouco, para mergulhar na intensidade de seus olhos. "Na verdade, eu não entendo como você consegue ser tão forte."
"Eu preciso ser... sempre precisei! Apesar de achar que ficou bem mais fácil com você do meu lado, já que antes eu parecia forte, mas, se qualquer coisinha mínima saísse do controle, eu simplesmente desmoronava." Deslizou os nós dos dedos pelo rosto dele, delicadamente.
"Eu não sei se sou eu quem te dá força, meu amor. A única coisa que eu sei é que eu não vou sair mais do seu lado." Segurou a mão dela que passeava por seu rosto e beijou seus pequenos dedos. "Eu não posso mudar o que aconteceu, mas eu vou fazer o que estiver ao meu alcance, pra você se sentir amada e segura. E, por isso, eu tomei uma decisão."
"Uma decisão?" Ela se ajeitou, puxando nervosamente o nó do roupão.
"Eu queria fazer tudo do jeito tradicional, e te pedir em casamento, durante um momento especial, pra, então, procurar uma casa nova, da qual nós dois gostássemos, e só ir morar lá depois de uma lua de mel perfeita. Agora, tudo isso parece menos importante, sabe? Eu não quero mais esperar pra ficar o mais perto possível de você... e cuidar de você e te amar! Então..." Fez um pouco de suspense. "...eu vou me mudar pra cá." Sorriu, sabendo que ela gostaria da notícia, e ela não decepcionou na reação positiva, dando gritinhos e pulinhos, como uma adolescente, e cobrindo o rosto dele inteiro com beijinhos estalados, enquanto ele gargalhava.
Mesmo com Darren prestes a chegar, eles comemoraram na cama, do jeito preferido dos dois. Encontraram o rapaz muito à vontade, minutos depois, conversando com o chef de cozinha e a governanta, que acabaram ficando responsáveis por recebê-lo. sentiu-se um pouco envergonhado por ser tão evidente o que ele estava fazendo com a irmã do outro jovem, enquanto este esperava por ela, mas o homem mais novo não pareceu se importar, quando cumprimentou os dois com abraços.
Os três logo foram deixados sozinhos por Kevin e Cora, que tinham muito trabalho a fazer. Sentaram-se na sala de estar e ficaram conversando sobre tudo o que tinha acontecido na vida de um dos irmãos, sem que o outro pudesse acompanhar.
falou sobre a empresa e sobre como ela e tinham se aproximado, sem fazer questão de omitir que fora uma dominadora, por anos. teria ficado absurdamente sem jeito diante das palavras dela, se Darren não tivesse agido com uma naturalidade surpreendente em relação a tudo, inclusive ignorando o modo como tinha sido tratado naquela mesma tarde pelo ciumento cunhado.
"Krigsman" contou sobre sua profissão de arquiteto, sobre o difícil momento em que se revelara homossexual para a família com a qual vivia, e sobre seu atual relacionamento com um colega de trabalho. quis convencer o irmão a visitar a Filadélfia com o namorado, da próxima vez, mas ele disse que sequer sabia se o relacionamento duraria. Não confiava em Richard como confiava em e não sabia se poderia contar a ele que usava um falso sobrenome, e escondia uma irmã mais velha e um passado turbulento.
Foi inevitável que os Westwing virassem assunto, depois disso, pois, ainda que as memórias fossem tristes, eram a única coisa que ligava um ao outro, além do laço de sangue. Já não tinham parentes, amigos ou um lar e, antes que novas memórias boas fossem construídas, aquelas ainda precisariam ser revisitadas e digeridas.
"Aquele porco já foi tarde!" não hesitou em declarar, quando o irmão falou que seu tutor tinha recebido um telefonema, no ano anterior, e sido informado de que Norton adoecera e morrera na cadeia.
"..." O caçula dos Gleizer repreendeu.
"Já sei! Você vai dizer que não devemos querer a morte de ninguém e que, se ele apodrecesse na cadeia, seria o suficiente, porque ele não poderia fazer mal a ninguém de novo." Ela respondeu, um pouco irritada. "Eu não consigo pensar assim! Eu gosto de saber que ele está morto e queria que o mesmo acontecesse ao filho dele... mas que ele sofresse bastante aqui, antes de ir pro inferno!"
"Não deve fazer bem pra você, ficar guardando esse ódio todo." Darren franziu a testa.
"Mas que saco, B! Deixa de ser tão bonzinho, pelo amor de Deus!" Ela adotou um tom mais brincalhão, jogando uma almofada nele, que a jogou de volta, enquanto observava a interação, contente por eles estarem tendo a oportunidade de se reconectar. "Você sempre foi o melhor de nós... o mais sensível." Continuou, mais séria.
"É um jeito bem legal de dizer gay." O rapaz implicou, fazendo com que ela voltasse a atingi-lo com a almofada.
Foi somente depois de comerem, e escolherem a sala de TV para tomar um licor e continuar o bate-papo, que o assunto voltou a ser a infância. Darren aproveitou para tentar averiguar se algumas de suas memórias e sonhos eram mesmo lembranças ou criações de sua mente, uma vez que seu psicanalista havia explicado que, graças ao trauma, muita coisa poderia ter sido apagada do plano consciente e outras informações não tão corretas colocadas em seu lugar.
"Eu não entendo como ninguém percebeu o que estava acontecendo com vocês!" se pronunciou, depois de muito tempo praticamente só observando. "Vocês tinham vizinhos! A me disse que foi um deles quem ouviu o tiro e..."
"Quando nos mudamos de Nova York para São Francisco, o Norton comprou uma casa com porão e nos mantinha lá, durante o dia. À noite, nós íamos para os nossos quartos, mas então as janelas ficavam trancadas." Foi Darren quem começou a explicar.
"Quanto tudo acabou, os vizinhos disseram que achavam que ele era viúvo e vivia apenas com o filho. Os colegas de trabalho, se não me engano, pensavam que ele tinha uma mulher doente, mas disso eu não tenho realmente certeza." complementou. "Os poucos parentes e amigos da nossa mãe acreditaram que ele tinha virado a cabeça dela e conseguido convencê-la a se afastar de todos."
"E, depois, ninguém quis ficar com vocês?" indagou, sentindo um mal estar muito grande ao pensar neles como duas crianças tão desamparadas.
"Um tio nosso até quis, mas a justiça achou que precisávamos sumir... ser apagados do sistema. Com qualquer parente, nós estaríamos muito expostos ao Timothy." A morena explicou.
"Por falar em Timothy, o que você pretende fazer, ?" Darren voltou a expor a preocupação que motivara sua visita.
"Minha secretária ficou o dia todo pesquisando isso pra mim, hoje. Ela me ligou, no final do expediente, e disse que não tem nenhuma foto minha na Internet ou em qualquer outra revista, além da que você viu. Eles só falaram de mim por causa do Valentino lindíssimo que eu usei naquela festa."
"Ainda assim, seria bom tomar cuidado, amor." O namorado ecoou a apreensão demonstrada pelo irmão.
intimamente achava que eles estavam exagerando e que Timothy nunca veria sua foto em uma revista, dentro de uma reportagem sobre moda. No entanto, para tranquilizá-los, prometeu pedir que Dean reforçasse a segurança, contratando mais um ou dois homens.
Em troca fez Darren prometer que não iria embora sem jantar de novo com eles e conhecer o animado grupo de amigos com quem costumavam sair.
Eles passaram o resto da noite se divertindo, ao criar uma história convincente para o visitante, que não poderia ser apresentado como irmão de "" e teria que continuar fingindo ser um autêntico Krigsman, até segunda ordem.
Capítulo 23
Darren conseguiu dispensa do trabalho até o final da semana, e convenceu o irmão a deixar o hotel e ocupar o quarto de hóspedes do apartamento dela. Durante os próximos dias, ela também tirou folga e passou a maior parte do tempo com ele, e ambos ajudaram e fazer sua mudança, que não era muito grande, pois coisas como móveis, roupas de cama e de banho, e utensílios de cozinha ficariam na casa dele, que seria anunciada para aluguel com mobiliário completo.
decidiu cuidar da questão de sua segurança, contratando o irmão de Dean, Jake Harvey, e um amigo dele, chamado Angelus, para integrarem a equipe, que passou a acompanhá-la para todos os lugares, sempre formando duplas. Preferiu não entrar em contato com ninguém da polícia e não contou aos sobre a visita de Darren, pois Hiram certamente acharia aquela convivência perigosa para ambos, e ela não queria ver as coisas desse modo.
Na última noite do rapaz na cidade, a garota conseguiu fazer o tal jantar, no qual apresentou Darren a Kitty, Harmony, Artie e Samuel, dizendo que ele era um amigo de infância que morava em Washington e estava de passagem pela Filadélfia. O jantar foi animado, apesar de o clima estranho entre Harmony e Samuel não ter passado despercebido no começo da noite. A relação conturbada entre eles, que passavam uma semana se agarrando, como se não houvesse amanhã, para, na seguinte, brigarem sem parar, como se não existisse modo de suportarem a presença um do outro, logo virou motivo de piada.
Artie e Kitty, que estavam namorando praticamente desde o dia em que se conheceram, e, assim como e , saíam sempre com Samuel e Harm, contaram várias histórias hilárias dos dois, arrancando risos de Darren e do chef de cozinha, Kevin, que fora convidado a se juntar aos demais. No começo, eles tentaram protestar, principalmente ao serem intitulados de casal, mas, no final da noite, estavam achando graça de tudo também e dando início precocemente ao que seus amigos chamavam de "semana da trégua".
A felicidade de só não era maior, por ela não poder gritar ao mundo que tinha reencontrado seu irmão, mas ela tinha esperança de que, um dia, isso fosse se tornar possível. Também esperava que eles não fossem ficar tanto tempo sem se encontrar outra vez, e só por isso aguentou vê-lo entrar no setor de embarque do aeroporto na manhã seguinte, rumo à capital do país.
Ao voltar com para o apartamento, naquele dia, ela já tinha planos para os dois, nos quais vinha pensando havia vários dias, e o puxou pela mão, entrando com ele no quarto secreto. Fechou a porta, como sempre, mas parecia um pouco hesitante, ao andar pelo cômodo, e tinha ficado estranhamente calada, de repente.
"Você vai colocar alguma fantasia?" questionou, quebrando o silêncio.
"Não. Eu quero tentar algo diferente hoje." Informou, caminhando até a cômoda, abrindo a primeira gaveta e pegando algo. "Eu... quero que me prenda." Pediu, entregando a ele duas algemas. "Quero que hoje você seja o dominador, ."
"A gente não precisa fazer isso, bebê. Nós estamos namorando há meses, vivemos juntos, agora! Você é minha mulher e é isso que importa pra mim. Eu nunca me incomodei de ser submisso, aqui, entre quatro paredes, e continuo não me incomodando."
"Vai dizer que você não ia gostar de comandar um pouco?" Ela perguntou, desafiadora.
"É claro que, provavelmente, eu ia gostar, mas não é importante pra mim. Eu não quero que você pense que tem que fazer isso, só porque naquele dia eu fui um pouco mais..."
"Eu não acho que tenho que fazer isso..." Ela o interrompeu. "...mas eu quero. Depois daquele dia em que eu surtei, eu preciso ter certeza de que, com você, eu não vou mais sentir medo de nada, agora que eu to fazendo tratamento e que você já sabe de tudo." Respirou fundo. "A única coisa que me falta é eu saber que consigo me entregar completamente, sair totalmente do controle... deixá-lo nas mãos da pessoa em quem eu mais confio, a pessoa com quem eu quero construir uma vida nova." Ofereceu a ele, mais uma vez, as reluzentes algemas, com olhar suplicante, e ele, mesmo um pouco temeroso, pegou os objetos.
"E qual vai ser a sua palavra de segurança, bebê?" Perguntou, acariciando o rosto dela.
"Ouro. A palavra que mais me lembra do meu pai, que era o meu porto seguro. Ouro!" Falou com firmeza.
"Ok." Ele concordou, e então levou até a cama, onde ela se deitou, controlando o nervosismo, que ele também sentia.
Antes de prender os punhos de a uma estrutura de ferro na parede que servia de cabeceira à cama redonda, colocou as algemas sobre esta e despiu a garota, lentamente. Tirou-lhe os sapatos, a calça e a blusa, beijando os lábios dela, entre uma peça e outra, como se estivessem prestes a fazer amor e não o tipo de sexo mais despudorado e bruto que era reservado ao quarto secreto.
"Você tem certeza, ?" Ele indagou novamente, tocando um dos pulsos dela, quando ela já estava só com um pequeno conjunto de calcinha e sutiã brancos.
"Tenho." Ela falou, resoluta, e ele, então, utilizou o objeto, finalmente, e a deixou sem poder usar as próprias mãos. Deslizou para fora da cama, em seguida, e se afastou, deixando a garota confusa. "Aonde você vai, ?"
"Se é pra fazer isso, vamos fazer direito." Sorriu, malicioso.
Ele diminuiu a luz do cômodo, deixando aceso, depois de algumas tentativas falhas, um spot que iluminava o pequeno palco onde ficava o poste de pole dance. Foi até a aparelhagem de som e escolheu uma música que achou que seria perfeita, uma vez que ele não era bom dançarino para escolher nada que exigisse movimentos muito rápidos. Trust Me, de Dee Joy e Yasmine Shah, começou a tocar e ele tomou sua posição sob o holofote, sempre seguido pelo olhar curioso dela.
podia não ser mais introspectivo e tímido, principalmente quando sozinho com , mas ainda era um pouco desajeitado, o que fez com que fosse engraçado vê-lo mexer os quadris ao som da canção e começar a abrir a blusa. Ele mesmo fazia caretas engraçadas, querendo que seu striptease fosse divertido, para acabar com qualquer clima tenso, mas, quando ficou só de cueca boxer, viu desejo nos olhos dela, observando seu corpo, e se deixou levar pela melodia e pela letra sensuais.
podia até ter rido um pouco no começo da "apresentação", mas aquele homem tirando a roupa sempre teria o poder de tirar seu fôlego, de arrepiar os pelos de todo o seu corpo, de aquecer sua pele e criar aquela sensação difícil de descrever entre suas pernas. Sua boca ficou seca e ela passou a língua entre os lábios, enquanto apertava uma coxa contra a outra, deslizando um pé de cada vez pelo colchão, para cima e para baixo. Viu um sorriso satisfeito surgir no rosto dele, e sorriu também, lembrando-se de quantas vezes já tinha feito o mesmo jogo, de se exibir, sem que ele pudesse tocar o corpo dela ou mesmo o dele.
"Você me quer, bebê?" Ele perguntou, indo em direção à cama, mas parando a alguns passos dela. "Tá gostando do que tá vendo?" Provocou e ela deu uma gargalhada sonora, por estar provando do próprio veneno e estar gostando. "Pra não ficar tentada, talvez seja melhor não ver." Disse, mudando seu percurso até a cômoda e pegando um lenço de seda, que brincou de enrolar em volta de uma das mãos, enquanto andava devagar até , encarando-a.
Afastou as pernas de o suficiente para engatinhar entre elas, se aproximando da mulher e inalando o aroma gostoso de seu pescoço, mordiscando a pontinha de sua orelha, esfregando seu rosto no dela devagar. Tinha aprendido a jogar aquele jogo com uma ótima professora e provou isso ao ir deslizando a face, muito lentamente, para, antes de se afastar de vez, aproximar os lábios dos dela o máximo que era possível sem que eles se tocassem.
Riu, satisfeito com o suspiro frustrado dela, e amarrou o lenço de seda em volta de sua cabeça, cobrindo seus olhos. Tirou o sutiã, dedilhando-lhe as costas, os ombros, e as laterais e o vale entre os seios, ignorando propositalmente os mamilos. Livrou-se da calcinha, espalmando as coxas, acompanhando com os polegares o traçado deixado pelo biquíni, em volta da virilha, brincou com os pelinhos claros da barriga, em movimento ascendente, até tocar as auréolas, apenas por mínimos segundos.
Ficou parado um tempo, apenas admirando à sua mercê, como nunca antes, e deixando que ela sentisse como era ficar sem saber o que estava por vir. Então, de repente, segurou o cabelo dela todo com uma das mãos, puxando sua cabeça para trás, e atacou o pescoço, os ombros, o colo, a mandíbula, alternando beijos, lambidas e mordidas. Sua mão livre agarrou um dos seios dela, a palma roçando o biquinho, que se pronunciava cada vez mais, reagindo ao toque.
"Aaaah, ... aaah, bebê." Ela gemeu alto, sem qualquer cerimônia.
"Shhhh... Cala a boca! Não tem nenhum bebê aqui... eu sou seu HOMEM!" Falou com firmeza e sentiu a morena estremecer. "Tá tudo bem, meu amor?" Perguntou, mudando o tom, preocupado, depois de soltar o cabelo dela e tirar rapidamente a venda, para ver a resposta verdadeira em seus olhos.
"Tudo bem." Ela assentiu, sentindo o coração se acalmar ao ver o amor brilhando na íris dele.
"Eu te amo, . Eu nunca... NUNCA vou machucar você."
"Eu sei." Ela sorriu, docemente. "E é por isso que você É o meu homem, . Tá tudo bem e você pode relaxar... de verdade!" Assegurou. "Eu tenho uma palavra de segurança, lembra?" Riu e ele respirou fundo, concordando.
recolocou o pano sobre os olhos de e explorou cada centímetro de sua pele, desde a ponta dos pés até os cabelos, utilizando-se de dedos, palma da mão, lábios, língua e dentes, da ponta do nariz e até do próprio rosto, e variando na intensidade do toque, ora torturantemente terno, ora rude como o de um verdadeiro dominador. Sabia onde ela queria ser tocada, mas, como ela mesma fizera tantas vezes com ele, ignorou seus desejos, não permitindo sequer que ela esfregasse a intimidade nele e mantendo suas pernas afastadas.
Aquele momento não era sobre as vontades de , mas, ao contrário, era sobre ela sentir prazer em se submeter às vontades de outra pessoa, às vontades dele. Por isso, depois de provocá-la ao máximo, deixando-a totalmente enlouquecida de tesão, ele parou o que fazia e tirou sua boxer branca, sentindo alívio, ao liberar o rijo membro da espécie de prisão em que este se encontrava, para masturbá-lo velozmente, grunhindo de satisfação.
Pelos sons que ele emitia, ela sabia o que estava acontecendo, mas ele quis que ela visse e arrancou o lenço de seus olhos, sem parar de dar prazer a si mesmo. Encarou os olhos dela, suas pupilas se dilatando, enquanto ela observava a mão dele segurar firme o pênis ereto e se mover com aquela maestria para a tarefa, que os homens adquirem durante a adolescência. O peito dela arfava, as algemas tilintavam, mostrando a sua impaciência, a língua umedecia os lábios e os dentes os trincavam com força, contendo os gritos que a sua garganta queria deixar escapar.
Ele continuou se tocando, mas moveu-se para ainda mais perto, friccionando a ponta de seu membro na barriga dela e lambendo sua orelha, antes de chamá-la de gostosa, de dizer que o cheiro dela tinha o dom de deixá-lo maluco, e repetir, algumas vezes, que ela era dele, que ele era seu homem, seu dono, o único que podia usá-la daquela maneira. Ficou aliviado e contente, ao perceber que ela não só não estava tensa, como parecia ainda mais excitada a cada palavra que ele proferia.
Com a mão que estava livre, agarrou, de súbito, os cabelos dela, na altura da nuca, avançando em direção a seus lábios, e beijando sua boca com sofreguidão, enquanto gozava, lambuzando seus seios e barriga. Parou o beijo para respirar, mas continuou quase grudado a ela, sentindo o ar quente que saía de suas narinas se misturar, vendo a paixão nos olhos dela, que não deixou que seu corpo se desanimasse, mesmo depois de uma forte onda de prazer.
"Onde estão as chaves das algemas?" Perguntou, baixinho, com medo de quebrar o clima. Deveria ter perguntado antes, mas não estava acostumado com aquela posição que assumira tão de repente.
"Primeira gaveta da cômoda. É uma chave só." Ela sorriu.
Ele a soltou, pouco tempo depois, mas mandou que ela permanecesse quieta e em silêncio, enquanto abocanhava um de seus seios e finalmente lhe dava um pouco de prazer com os dedos, ainda que com todo o cuidado do mundo, para que o deleite não fosse suficiente para ela alcançar o orgasmo. Mesmo quando substituiu os dedos pela boca, ávido por experimentar o gosto dela mais uma vez, não estabeleceu um ritmo contínuo, ainda não sendo o momento certo para satisfazê-la.
Com um tom autoritário que ele mesmo não sabia ser capaz de usar, ordenou que ela também provasse seu sabor. Enquanto ela o fazia, segurou a nuca da namorada com força, movendo-se na direção de sua boca, fechando os olhos e jogando a própria cabeça para trás, extasiado. Foi difícil não gozar de novo e guardar a explosão de prazer para quando estivesse dentro dela, enterrando fundo, olhando em seus olhos, sentindo o corpo dela no dele, o gosto do seu beijo.
Aliás, isso era tudo em que ele conseguia pensar no momento, então ele puxou a cabeça dela para trás, fazendo com que parasse, e a surpreendeu, ao puxá-la para um beijo apaixonado. Por alguns segundos, não foram personagem algum, e ninguém esteve no comando. Havia só um homem e uma mulher que se queriam muito, trocando carícias safadas e se preparando para serem um do outro, até que deitaram-se na cama, com ele por cima, segurando firme os braços dela sobre a cabeça, e, enfim, ele a penetrou, fazendo com que gritasse de prazer.
"Shhhh... quieta, bebê. Bem quietinha e silenciosa." Determinou, com a voz rouca e o hálito quente entrando pelo ouvido dela. "E nada de gozar enquanto eu não disser que você pode."
Depois disso, tudo que se ouviu foram os urros dele e as batidas de seu corpo contra o dela. Ele se divertia vendo controlar o prazer e o volume de seus murmúrios, descontando tudo na firmeza com que se segurava aos ombros dele, deixando pequenas marcas de suas unhas no local. Levou o sexo até onde conseguiu sem que ele mesmo chegasse aonde queria, e, então, disse as palavras que ela jamais tinha ansiado tanto em ouvir.
"Goza, bebê. Goza pra mim. Goza comigo!"
teve certeza, instantes depois, que, ao lado daquele homem, que estava junto dela na cama e segurava uma de suas mãos, nunca mais sentiria medo. Ele era o seu amor, o seu alicerce, a sua paz e o seu júbilo. Ela confiava nele com o corpo, o coração, a alma, e o passado já não tinha mais capacidade de afetar aquela relação tão cheia de verdade.
estava livre da sua própria dominação.
decidiu cuidar da questão de sua segurança, contratando o irmão de Dean, Jake Harvey, e um amigo dele, chamado Angelus, para integrarem a equipe, que passou a acompanhá-la para todos os lugares, sempre formando duplas. Preferiu não entrar em contato com ninguém da polícia e não contou aos sobre a visita de Darren, pois Hiram certamente acharia aquela convivência perigosa para ambos, e ela não queria ver as coisas desse modo.
Na última noite do rapaz na cidade, a garota conseguiu fazer o tal jantar, no qual apresentou Darren a Kitty, Harmony, Artie e Samuel, dizendo que ele era um amigo de infância que morava em Washington e estava de passagem pela Filadélfia. O jantar foi animado, apesar de o clima estranho entre Harmony e Samuel não ter passado despercebido no começo da noite. A relação conturbada entre eles, que passavam uma semana se agarrando, como se não houvesse amanhã, para, na seguinte, brigarem sem parar, como se não existisse modo de suportarem a presença um do outro, logo virou motivo de piada.
Artie e Kitty, que estavam namorando praticamente desde o dia em que se conheceram, e, assim como e , saíam sempre com Samuel e Harm, contaram várias histórias hilárias dos dois, arrancando risos de Darren e do chef de cozinha, Kevin, que fora convidado a se juntar aos demais. No começo, eles tentaram protestar, principalmente ao serem intitulados de casal, mas, no final da noite, estavam achando graça de tudo também e dando início precocemente ao que seus amigos chamavam de "semana da trégua".
A felicidade de só não era maior, por ela não poder gritar ao mundo que tinha reencontrado seu irmão, mas ela tinha esperança de que, um dia, isso fosse se tornar possível. Também esperava que eles não fossem ficar tanto tempo sem se encontrar outra vez, e só por isso aguentou vê-lo entrar no setor de embarque do aeroporto na manhã seguinte, rumo à capital do país.
Ao voltar com para o apartamento, naquele dia, ela já tinha planos para os dois, nos quais vinha pensando havia vários dias, e o puxou pela mão, entrando com ele no quarto secreto. Fechou a porta, como sempre, mas parecia um pouco hesitante, ao andar pelo cômodo, e tinha ficado estranhamente calada, de repente.
"Você vai colocar alguma fantasia?" questionou, quebrando o silêncio.
"Não. Eu quero tentar algo diferente hoje." Informou, caminhando até a cômoda, abrindo a primeira gaveta e pegando algo. "Eu... quero que me prenda." Pediu, entregando a ele duas algemas. "Quero que hoje você seja o dominador, ."
"A gente não precisa fazer isso, bebê. Nós estamos namorando há meses, vivemos juntos, agora! Você é minha mulher e é isso que importa pra mim. Eu nunca me incomodei de ser submisso, aqui, entre quatro paredes, e continuo não me incomodando."
"Vai dizer que você não ia gostar de comandar um pouco?" Ela perguntou, desafiadora.
"É claro que, provavelmente, eu ia gostar, mas não é importante pra mim. Eu não quero que você pense que tem que fazer isso, só porque naquele dia eu fui um pouco mais..."
"Eu não acho que tenho que fazer isso..." Ela o interrompeu. "...mas eu quero. Depois daquele dia em que eu surtei, eu preciso ter certeza de que, com você, eu não vou mais sentir medo de nada, agora que eu to fazendo tratamento e que você já sabe de tudo." Respirou fundo. "A única coisa que me falta é eu saber que consigo me entregar completamente, sair totalmente do controle... deixá-lo nas mãos da pessoa em quem eu mais confio, a pessoa com quem eu quero construir uma vida nova." Ofereceu a ele, mais uma vez, as reluzentes algemas, com olhar suplicante, e ele, mesmo um pouco temeroso, pegou os objetos.
"E qual vai ser a sua palavra de segurança, bebê?" Perguntou, acariciando o rosto dela.
"Ouro. A palavra que mais me lembra do meu pai, que era o meu porto seguro. Ouro!" Falou com firmeza.
"Ok." Ele concordou, e então levou até a cama, onde ela se deitou, controlando o nervosismo, que ele também sentia.
Antes de prender os punhos de a uma estrutura de ferro na parede que servia de cabeceira à cama redonda, colocou as algemas sobre esta e despiu a garota, lentamente. Tirou-lhe os sapatos, a calça e a blusa, beijando os lábios dela, entre uma peça e outra, como se estivessem prestes a fazer amor e não o tipo de sexo mais despudorado e bruto que era reservado ao quarto secreto.
"Você tem certeza, ?" Ele indagou novamente, tocando um dos pulsos dela, quando ela já estava só com um pequeno conjunto de calcinha e sutiã brancos.
"Tenho." Ela falou, resoluta, e ele, então, utilizou o objeto, finalmente, e a deixou sem poder usar as próprias mãos. Deslizou para fora da cama, em seguida, e se afastou, deixando a garota confusa. "Aonde você vai, ?"
"Se é pra fazer isso, vamos fazer direito." Sorriu, malicioso.
Ele diminuiu a luz do cômodo, deixando aceso, depois de algumas tentativas falhas, um spot que iluminava o pequeno palco onde ficava o poste de pole dance. Foi até a aparelhagem de som e escolheu uma música que achou que seria perfeita, uma vez que ele não era bom dançarino para escolher nada que exigisse movimentos muito rápidos. Trust Me, de Dee Joy e Yasmine Shah, começou a tocar e ele tomou sua posição sob o holofote, sempre seguido pelo olhar curioso dela.
podia não ser mais introspectivo e tímido, principalmente quando sozinho com , mas ainda era um pouco desajeitado, o que fez com que fosse engraçado vê-lo mexer os quadris ao som da canção e começar a abrir a blusa. Ele mesmo fazia caretas engraçadas, querendo que seu striptease fosse divertido, para acabar com qualquer clima tenso, mas, quando ficou só de cueca boxer, viu desejo nos olhos dela, observando seu corpo, e se deixou levar pela melodia e pela letra sensuais.
podia até ter rido um pouco no começo da "apresentação", mas aquele homem tirando a roupa sempre teria o poder de tirar seu fôlego, de arrepiar os pelos de todo o seu corpo, de aquecer sua pele e criar aquela sensação difícil de descrever entre suas pernas. Sua boca ficou seca e ela passou a língua entre os lábios, enquanto apertava uma coxa contra a outra, deslizando um pé de cada vez pelo colchão, para cima e para baixo. Viu um sorriso satisfeito surgir no rosto dele, e sorriu também, lembrando-se de quantas vezes já tinha feito o mesmo jogo, de se exibir, sem que ele pudesse tocar o corpo dela ou mesmo o dele.
"Você me quer, bebê?" Ele perguntou, indo em direção à cama, mas parando a alguns passos dela. "Tá gostando do que tá vendo?" Provocou e ela deu uma gargalhada sonora, por estar provando do próprio veneno e estar gostando. "Pra não ficar tentada, talvez seja melhor não ver." Disse, mudando seu percurso até a cômoda e pegando um lenço de seda, que brincou de enrolar em volta de uma das mãos, enquanto andava devagar até , encarando-a.
Afastou as pernas de o suficiente para engatinhar entre elas, se aproximando da mulher e inalando o aroma gostoso de seu pescoço, mordiscando a pontinha de sua orelha, esfregando seu rosto no dela devagar. Tinha aprendido a jogar aquele jogo com uma ótima professora e provou isso ao ir deslizando a face, muito lentamente, para, antes de se afastar de vez, aproximar os lábios dos dela o máximo que era possível sem que eles se tocassem.
Riu, satisfeito com o suspiro frustrado dela, e amarrou o lenço de seda em volta de sua cabeça, cobrindo seus olhos. Tirou o sutiã, dedilhando-lhe as costas, os ombros, e as laterais e o vale entre os seios, ignorando propositalmente os mamilos. Livrou-se da calcinha, espalmando as coxas, acompanhando com os polegares o traçado deixado pelo biquíni, em volta da virilha, brincou com os pelinhos claros da barriga, em movimento ascendente, até tocar as auréolas, apenas por mínimos segundos.
Ficou parado um tempo, apenas admirando à sua mercê, como nunca antes, e deixando que ela sentisse como era ficar sem saber o que estava por vir. Então, de repente, segurou o cabelo dela todo com uma das mãos, puxando sua cabeça para trás, e atacou o pescoço, os ombros, o colo, a mandíbula, alternando beijos, lambidas e mordidas. Sua mão livre agarrou um dos seios dela, a palma roçando o biquinho, que se pronunciava cada vez mais, reagindo ao toque.
"Aaaah, ... aaah, bebê." Ela gemeu alto, sem qualquer cerimônia.
"Shhhh... Cala a boca! Não tem nenhum bebê aqui... eu sou seu HOMEM!" Falou com firmeza e sentiu a morena estremecer. "Tá tudo bem, meu amor?" Perguntou, mudando o tom, preocupado, depois de soltar o cabelo dela e tirar rapidamente a venda, para ver a resposta verdadeira em seus olhos.
"Tudo bem." Ela assentiu, sentindo o coração se acalmar ao ver o amor brilhando na íris dele.
"Eu te amo, . Eu nunca... NUNCA vou machucar você."
"Eu sei." Ela sorriu, docemente. "E é por isso que você É o meu homem, . Tá tudo bem e você pode relaxar... de verdade!" Assegurou. "Eu tenho uma palavra de segurança, lembra?" Riu e ele respirou fundo, concordando.
recolocou o pano sobre os olhos de e explorou cada centímetro de sua pele, desde a ponta dos pés até os cabelos, utilizando-se de dedos, palma da mão, lábios, língua e dentes, da ponta do nariz e até do próprio rosto, e variando na intensidade do toque, ora torturantemente terno, ora rude como o de um verdadeiro dominador. Sabia onde ela queria ser tocada, mas, como ela mesma fizera tantas vezes com ele, ignorou seus desejos, não permitindo sequer que ela esfregasse a intimidade nele e mantendo suas pernas afastadas.
Aquele momento não era sobre as vontades de , mas, ao contrário, era sobre ela sentir prazer em se submeter às vontades de outra pessoa, às vontades dele. Por isso, depois de provocá-la ao máximo, deixando-a totalmente enlouquecida de tesão, ele parou o que fazia e tirou sua boxer branca, sentindo alívio, ao liberar o rijo membro da espécie de prisão em que este se encontrava, para masturbá-lo velozmente, grunhindo de satisfação.
Pelos sons que ele emitia, ela sabia o que estava acontecendo, mas ele quis que ela visse e arrancou o lenço de seus olhos, sem parar de dar prazer a si mesmo. Encarou os olhos dela, suas pupilas se dilatando, enquanto ela observava a mão dele segurar firme o pênis ereto e se mover com aquela maestria para a tarefa, que os homens adquirem durante a adolescência. O peito dela arfava, as algemas tilintavam, mostrando a sua impaciência, a língua umedecia os lábios e os dentes os trincavam com força, contendo os gritos que a sua garganta queria deixar escapar.
Ele continuou se tocando, mas moveu-se para ainda mais perto, friccionando a ponta de seu membro na barriga dela e lambendo sua orelha, antes de chamá-la de gostosa, de dizer que o cheiro dela tinha o dom de deixá-lo maluco, e repetir, algumas vezes, que ela era dele, que ele era seu homem, seu dono, o único que podia usá-la daquela maneira. Ficou aliviado e contente, ao perceber que ela não só não estava tensa, como parecia ainda mais excitada a cada palavra que ele proferia.
Com a mão que estava livre, agarrou, de súbito, os cabelos dela, na altura da nuca, avançando em direção a seus lábios, e beijando sua boca com sofreguidão, enquanto gozava, lambuzando seus seios e barriga. Parou o beijo para respirar, mas continuou quase grudado a ela, sentindo o ar quente que saía de suas narinas se misturar, vendo a paixão nos olhos dela, que não deixou que seu corpo se desanimasse, mesmo depois de uma forte onda de prazer.
"Onde estão as chaves das algemas?" Perguntou, baixinho, com medo de quebrar o clima. Deveria ter perguntado antes, mas não estava acostumado com aquela posição que assumira tão de repente.
"Primeira gaveta da cômoda. É uma chave só." Ela sorriu.
Ele a soltou, pouco tempo depois, mas mandou que ela permanecesse quieta e em silêncio, enquanto abocanhava um de seus seios e finalmente lhe dava um pouco de prazer com os dedos, ainda que com todo o cuidado do mundo, para que o deleite não fosse suficiente para ela alcançar o orgasmo. Mesmo quando substituiu os dedos pela boca, ávido por experimentar o gosto dela mais uma vez, não estabeleceu um ritmo contínuo, ainda não sendo o momento certo para satisfazê-la.
Com um tom autoritário que ele mesmo não sabia ser capaz de usar, ordenou que ela também provasse seu sabor. Enquanto ela o fazia, segurou a nuca da namorada com força, movendo-se na direção de sua boca, fechando os olhos e jogando a própria cabeça para trás, extasiado. Foi difícil não gozar de novo e guardar a explosão de prazer para quando estivesse dentro dela, enterrando fundo, olhando em seus olhos, sentindo o corpo dela no dele, o gosto do seu beijo.
Aliás, isso era tudo em que ele conseguia pensar no momento, então ele puxou a cabeça dela para trás, fazendo com que parasse, e a surpreendeu, ao puxá-la para um beijo apaixonado. Por alguns segundos, não foram personagem algum, e ninguém esteve no comando. Havia só um homem e uma mulher que se queriam muito, trocando carícias safadas e se preparando para serem um do outro, até que deitaram-se na cama, com ele por cima, segurando firme os braços dela sobre a cabeça, e, enfim, ele a penetrou, fazendo com que gritasse de prazer.
"Shhhh... quieta, bebê. Bem quietinha e silenciosa." Determinou, com a voz rouca e o hálito quente entrando pelo ouvido dela. "E nada de gozar enquanto eu não disser que você pode."
Depois disso, tudo que se ouviu foram os urros dele e as batidas de seu corpo contra o dela. Ele se divertia vendo controlar o prazer e o volume de seus murmúrios, descontando tudo na firmeza com que se segurava aos ombros dele, deixando pequenas marcas de suas unhas no local. Levou o sexo até onde conseguiu sem que ele mesmo chegasse aonde queria, e, então, disse as palavras que ela jamais tinha ansiado tanto em ouvir.
"Goza, bebê. Goza pra mim. Goza comigo!"
teve certeza, instantes depois, que, ao lado daquele homem, que estava junto dela na cama e segurava uma de suas mãos, nunca mais sentiria medo. Ele era o seu amor, o seu alicerce, a sua paz e o seu júbilo. Ela confiava nele com o corpo, o coração, a alma, e o passado já não tinha mais capacidade de afetar aquela relação tão cheia de verdade.
estava livre da sua própria dominação.
Capítulo 24
e estavam se divertindo ainda mais no quarto secreto nas últimas três semanas, revezando nos papéis de dominador e submisso. Com ele morando no apartamento dela, não havia dia e hora certos para dividirem experiências quentes, envolvendo lingeries exóticas, vibradores, géis cheios de sabor, cordas coloridas, coleiras e chicotes.
Mesmo assim, naquela sexta-feira, depois de terem decidido ficar em casa vendo o filme Constantine, enquanto uma chuva forte caía do lado de fora, ela não esperava que a noite deles fosse terminar no cômodo mais escondido da casa. Já estava de camisola e deitada preguiçosamente, quando ele a pegou no colo e a levou consigo até lá.
"Pelo jeito, é a sua vez hoje, né?" Ela questionou, quando ele a colocou sobre a cama redonda.
"É, sim. Fica quietinha aí, que eu já volto." Respondeu, se encaminhando para o som.
Colocou uma música dos anos oitenta da qual ambos gostavam muito e que já tinham escutado juntos várias vezes, mas que ela sabia nunca ter colocado no iPod que ficava conectado ao aparelho usado naquela parte da casa. A música não era sensual, para fazer parte do repertório do lugar, e sim romântica, como a maioria das que eles ouviam na sala de estar, quando estavam em clima de namoro.
Ooh... yes... yes (Oh... sim... sim)
Nothing never felt to me (Eu nunca senti algo assim)
Like you do right now (Como sinto com você agora)
Aah... Yes... yes (Ah... sim... sim)
That's the only word (Esta é a única palavra)
I want to hear from your mouth (Que eu quero ouvir da sua boca)
Oh, let's not waste our time (Oh, vamos deixar de perder tempo)
Hiding what we feel inside (Escondendo o que sentimos aqui dentro)
If your tongue is tied, just whisper yes (Se a sua língua estiver presa,apenas sussurre sim)
Darling, yes... darling, yes (Querido, sim... querido, sim)
A voz de Tim Moore enchia o quarto, enquanto andava até uma confusa , que estudava seus movimentos. Os lábios dele acompanhavam as palavras do cantor, sem emitir qualquer som, enquanto ele se ajoelhava na frente dela, segurava seu rosto entre as mãos e acariciava seu lábio inferior com o polegar. Ele roubou alguns selinhos dela, mas foi apenas isso, antes que assumisse uma atitude séria, encarando-a e dando início a um pequeno discurso.
"Eu não preparei nada pra hoje, não vou vestir nenhuma fantasia, e nem vou usar algemas ou amarras, . Eu te trouxe aqui porque foi onde tudo começou, onde você me amarrou tantas vezes, me prendeu, no sentido literal, e também, sem saber, e nem querer, acabou me amarrando num sentido bem mais amplo, sabe? Figurado?" Perguntou, sorridente e ela assentiu, olhando o namorado com curiosidade. "Então, eu acho que é aqui que eu devo te amarrar também... te prender de todas as maneiras. Aqui e agora, se você deixar, eu quero colocar em você a única algema que é realmente relevante pra mim." Respirando fundo, ele tirou do bolso uma caixinha de veludo vermelho que ela conhecia bem, que ela mesma tinha idealizado para carregar e proteger os preciosos anéis e alianças de sua Red Rave. "Eu sei que talvez pareça que não faz diferença, já que eu já estou morando aqui, mas eu já tinha encomendado e, além disso, eu também..."
foi interrompido em seu discurso nervoso, visto que era impossível continuar falando com os lábios de grudados nos seus, a língua da mulher invadindo sua boca com ansiedade, enquanto as mãos dela agarravam sua nuca. Ele fechou uma das mãos em volta da caixa, apertando o objeto, sem saber se, com o beijo, ela queria ganhar tempo e pensar em uma maneira de dizer "não" ao pedido que estava sendo feito, ou se ela estava feliz e ainda mais cheia de paixão por ele, como as carícias sugeriam.
"É claro que eu aceito, meu amor! E faz diferença, sim! Óbvio que o mais importante eu já tenho, que é você aqui, perto de mim, mas é bom confirmar que você me ama tanto, a ponto de querer que eu seja sua mulher de todas as formas, e eu sei que meus pais gostariam que eu me casasse, com todas as formalidades e com um homem como você."
"Como eu?" Levantou as sobrancelhas.
"Gentil, educado, cuidadoso, carinhoso..." Sorriu. "Depois de tudo que eu vivi, nos últimos anos... tudo que eu fui, as minhas escolhas... provavelmente vai ser a primeira coisa que eu vou fazer que vai dar orgulho a eles, se os mortos podem mesmo nos observar de algum lugar." Falou, um pouco triste, mas logo abandonou tal tom. "Coloca em mim!" Entusiasmada, ela ofereceu a mão esquerda a ele, que colocou o anel em seu dedo, tremendo um pouco, o que fez ambos rirem.
"..." Ele suspirou e acariciou a mão dela, admirando a joia que representava o compromisso dos dois. "Seus pais teriam muito orgulho de você, e não porque você vai se casar comigo. Eles teriam orgulho porque você sobreviveu ao inferno! As suas escolhas foram todas pra se proteger e você não fez mal a ninguém, porque todo mundo que você subjugou e maltratou concordou em ter esse tipo de relação com você."
"Era uma vida que nenhum pai ou mãe ia querer pra uma filha." Afirmou a garota, convicta.
"Deixa de ser dura com você, !" Implorou. "Foi o caminho que você encontrou, e tudo isso ficou pra trás na hora que era pra ficar!"
"Quando eu te conheci." Acariciou o rosto dele. "Eu te amo demais, meu noivo lindo!"
"Eu também te amo, ! Te amo muito!" Falou, juntando-se enfim a ela na cama, e demonstrando o que palavras tentavam, mas não conseguiam, dizer.
Nenhum noivado tradicional foi marcado, mas o casal, e seus amigos e parentes, ficaram em clima de comemoração por semanas. Como não seguia a religião judaica havia muitos anos, concordou em se casar na igreja, sabendo que isto faria os muito felizes. A celebração, depois da qual haveria uma recepção, foi marcada para quatro meses depois, e, durante eles, a noiva contou com a ajuda de Harmony e Kitty para cuidar de todos os detalhes. Tudo foi escolhido com o maior cuidado, deste o salão de festas até os brincos de água marinha, que seriam a "coisa azul" do dia.
Os aprovaram a decisão do casal, e Hiram, mesmo não tendo certeza de estar a altura de substituir o pai de , aceitou o convite para acompanhá-la ao altar. Darren, por sua vez, concordou em pegar um avião para a Filadélfia, uma semana antes do dia escolhido para a cerimônia, para participar dos ensaios, uma vez que ele seria um dos padrinhos. E foi assim que o rapaz, que tinha procurado a irmã justamente por se preocupar com a possibilidade de Timothy encontrá-la, acabou levando o inimigo até ela.
Até os dezoito anos, Timothy Westwing tinha sido apenas um filhinho de papai, mimado, cuja única atividade de interesse era gastar dinheiro. Além de não querer nada com os estudos, ele tinha o pai como exemplo e, por isso, achava que tudo aquilo que não podia ser comprado se conquistava na base da força. Vivia se envolvendo em brigas na escola, na qual jamais se formara, e não havia sido a única garota que ele tentara tocar, sem consentimento.
Quando Norton morreu e ele fugiu da polícia, passando a vagar pelas ruas de São Francisco, acabou envolvido com o pior tipo de ser humano possível e, em pouco tempo, tornou-se o verdadeiro bandido que era agora. No começo, realizava furtos e ajudava os traficantes, apenas vigiando entradas e informando sobre a eventual chegada da polícia, mas logo estava pegando em armas e participando de assaltos, e vendendo drogas pessoalmente. Passados alguns anos, era parte importante de uma grande organização criminosa, que atuava em vários estados do país.
Logo que conseguiu os documentos falsos que o apresentavam como Preston White, ele saiu da cidade e as mudanças de endereço se tornaram uma constante em sua vida, e foi enquanto morava em Chicago que a vida dele cruzou de novo com a de Darren. O então estudante de arquitetura estava hospedado em um hotel naquela cidade, a fim de participar de um importante congresso para profissionais da sua área, e passou pelo hall de entrada no exato momento em que o traficante chegava para encontrar um importante cliente.
O seu primeiro impulso foi ir até o outro rapaz e concluir o serviço que tinha começado tempos antes, mas ele agora era mais esperto e sabia que poderia perder muito com uma atitude impensada. Decidiu tentar obter o máximo de informações que pudesse sobre seu antigo desafeto, e, no fim das contas, o sobrenome falso e o endereço de Darren em Washington lhe custaram nada mais que um demorado jantar em um dos restaurantes mais caros e badalados da cidade, seguido de uma noite de sexo selvagem, com uma das recepcionistas do hotel.
Desde então, morava na capital do país, como Darren, e seguia todos os seus passos. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda tinha uma obsessão por tão grande, que era capaz de controlar todo o seu desejo de agredir o irmão dela, apenas na esperança de que, um dia, a encontraria por meio dele. Por anos, sua teimosia não tinha dado nenhum retorno, mas naquele sábado à tarde sua sorte estava para mudar.
"Parceiro, o mané tá pegando um táxi com duas malas." Um dos comparsas que o ajudava a tomar conta de Darren informou, ao telefone.
"É a segunda viagem em seis meses, depois de anos sem viajar! Ele TEM que estar indo visitar a irmã." Falou, sentindo uma excitação tomar conta de si.
"Na boa, cara! Ele pode estar indo a qualquer lugar, fazer qualquer coisa." Comentou o outro, não muito convencido.
"Eu vivo cada dia da minha vida pra encontrar essa putinha, e eu sei que, um dia, isso vai acontecer!" Falou, irritado. "Foi por isso que eu vi a bicha do irmão dela, do nada! É pra isso que eu dou grana pra você e já molhei a mão de meio mundo, caralho! Então não me vem com essa e se vira pra descobrir pra onde ele vai, já que da outra vez o Ned não conseguiu."
"Ok, chefe." Retorquiu debochado, desligando, e seguiu o táxi até o aeroporto, onde, obviamente, não conseguiu que ninguém lhe desse informações sobre o destino do passageiro.
"Pra onde ele foi, Leo?" Timothy atendeu o celular e não se importou em dizer nada, antes de questioná-lo.
"É impossível conseguir arrancar qualquer coisa de alguém aqui e, se eu falar diretamente em dinheiro, vou sair daqui preso, meu chapa. Desiste disso!"
"EU JÁ TE FALEI QUE NÃO VOU DESISTIR, PORRA!" Gritou e Leo bufou, irritado, só continuando na linha porque o trabalho que fazia era bem fácil, considerando quanto o homem do outro lado da linha pagava para que ele o fizesse. "Compra uma PORRA de uma passagem, entra na sala de embarque, e VÊ pra onde vai o voo! Depois você inventa uma desculpa qualquer pra sair... não me interessa qual. E me liga, imediatamente, porque eu vou ter que me virar pra arrumar alguém, no lugar pra onde ele for, que possa ficar no aeroporto e ir atrás dele... ou saber não vai adiantar nada!"
Timothy não esperou resposta de Leo e interrompeu abruptamente a ligação. Esperou durante alguns minutos, já pensando na frustração que seria se Darren fosse para algum lugar onde não houvesse nenhum "braço" da organização de que ele fazia parte. Porém, eram muito poucos estes lugares, e a Filadélfia certamente não era um deles! O chefe local nunca tinha trabalhado com Timothy, mas devia favores ao superior direto dele, e o tempo de viagem de Washington à Pensilvânia foi mais do que suficiente para que o rapaz fosse colocado em contato com alguém que faria o serviço.
"Eu to te mandando várias fotos, pra que você não tenha dúvidas sobre quem é o cara." Avisou ao novo cúmplice, depois de dar as informações sobre o voo, passadas por Leo.
"Eu já recebi algumas e tão bem nítidas. Pode ficar na boa, que eu vou grudar nos calcanhares dele e anotar todos os endereços dos lugares que ele visitar, características de quem ele encontrar... tudo."
A sorte estava a favor de Timothy e todo o esquema em que ele tinha investido, sem retorno, por anos, estava prestes a dar resultado. Dois dias depois do embarque de Darren era o homem conhecido como Preston White quem adentrava, com pesada bagagem, o Aeroporto Internacional Washington Dulles, indo rumo a Filadélfia, sem data certa para voltar.
Mesmo assim, naquela sexta-feira, depois de terem decidido ficar em casa vendo o filme Constantine, enquanto uma chuva forte caía do lado de fora, ela não esperava que a noite deles fosse terminar no cômodo mais escondido da casa. Já estava de camisola e deitada preguiçosamente, quando ele a pegou no colo e a levou consigo até lá.
"Pelo jeito, é a sua vez hoje, né?" Ela questionou, quando ele a colocou sobre a cama redonda.
"É, sim. Fica quietinha aí, que eu já volto." Respondeu, se encaminhando para o som.
Colocou uma música dos anos oitenta da qual ambos gostavam muito e que já tinham escutado juntos várias vezes, mas que ela sabia nunca ter colocado no iPod que ficava conectado ao aparelho usado naquela parte da casa. A música não era sensual, para fazer parte do repertório do lugar, e sim romântica, como a maioria das que eles ouviam na sala de estar, quando estavam em clima de namoro.
Ooh... yes... yes (Oh... sim... sim)
Nothing never felt to me (Eu nunca senti algo assim)
Like you do right now (Como sinto com você agora)
Aah... Yes... yes (Ah... sim... sim)
That's the only word (Esta é a única palavra)
I want to hear from your mouth (Que eu quero ouvir da sua boca)
Oh, let's not waste our time (Oh, vamos deixar de perder tempo)
Hiding what we feel inside (Escondendo o que sentimos aqui dentro)
If your tongue is tied, just whisper yes (Se a sua língua estiver presa,apenas sussurre sim)
Darling, yes... darling, yes (Querido, sim... querido, sim)
A voz de Tim Moore enchia o quarto, enquanto andava até uma confusa , que estudava seus movimentos. Os lábios dele acompanhavam as palavras do cantor, sem emitir qualquer som, enquanto ele se ajoelhava na frente dela, segurava seu rosto entre as mãos e acariciava seu lábio inferior com o polegar. Ele roubou alguns selinhos dela, mas foi apenas isso, antes que assumisse uma atitude séria, encarando-a e dando início a um pequeno discurso.
"Eu não preparei nada pra hoje, não vou vestir nenhuma fantasia, e nem vou usar algemas ou amarras, . Eu te trouxe aqui porque foi onde tudo começou, onde você me amarrou tantas vezes, me prendeu, no sentido literal, e também, sem saber, e nem querer, acabou me amarrando num sentido bem mais amplo, sabe? Figurado?" Perguntou, sorridente e ela assentiu, olhando o namorado com curiosidade. "Então, eu acho que é aqui que eu devo te amarrar também... te prender de todas as maneiras. Aqui e agora, se você deixar, eu quero colocar em você a única algema que é realmente relevante pra mim." Respirando fundo, ele tirou do bolso uma caixinha de veludo vermelho que ela conhecia bem, que ela mesma tinha idealizado para carregar e proteger os preciosos anéis e alianças de sua Red Rave. "Eu sei que talvez pareça que não faz diferença, já que eu já estou morando aqui, mas eu já tinha encomendado e, além disso, eu também..."
foi interrompido em seu discurso nervoso, visto que era impossível continuar falando com os lábios de grudados nos seus, a língua da mulher invadindo sua boca com ansiedade, enquanto as mãos dela agarravam sua nuca. Ele fechou uma das mãos em volta da caixa, apertando o objeto, sem saber se, com o beijo, ela queria ganhar tempo e pensar em uma maneira de dizer "não" ao pedido que estava sendo feito, ou se ela estava feliz e ainda mais cheia de paixão por ele, como as carícias sugeriam.
"É claro que eu aceito, meu amor! E faz diferença, sim! Óbvio que o mais importante eu já tenho, que é você aqui, perto de mim, mas é bom confirmar que você me ama tanto, a ponto de querer que eu seja sua mulher de todas as formas, e eu sei que meus pais gostariam que eu me casasse, com todas as formalidades e com um homem como você."
"Como eu?" Levantou as sobrancelhas.
"Gentil, educado, cuidadoso, carinhoso..." Sorriu. "Depois de tudo que eu vivi, nos últimos anos... tudo que eu fui, as minhas escolhas... provavelmente vai ser a primeira coisa que eu vou fazer que vai dar orgulho a eles, se os mortos podem mesmo nos observar de algum lugar." Falou, um pouco triste, mas logo abandonou tal tom. "Coloca em mim!" Entusiasmada, ela ofereceu a mão esquerda a ele, que colocou o anel em seu dedo, tremendo um pouco, o que fez ambos rirem.
"..." Ele suspirou e acariciou a mão dela, admirando a joia que representava o compromisso dos dois. "Seus pais teriam muito orgulho de você, e não porque você vai se casar comigo. Eles teriam orgulho porque você sobreviveu ao inferno! As suas escolhas foram todas pra se proteger e você não fez mal a ninguém, porque todo mundo que você subjugou e maltratou concordou em ter esse tipo de relação com você."
"Era uma vida que nenhum pai ou mãe ia querer pra uma filha." Afirmou a garota, convicta.
"Deixa de ser dura com você, !" Implorou. "Foi o caminho que você encontrou, e tudo isso ficou pra trás na hora que era pra ficar!"
"Quando eu te conheci." Acariciou o rosto dele. "Eu te amo demais, meu noivo lindo!"
"Eu também te amo, ! Te amo muito!" Falou, juntando-se enfim a ela na cama, e demonstrando o que palavras tentavam, mas não conseguiam, dizer.
Nenhum noivado tradicional foi marcado, mas o casal, e seus amigos e parentes, ficaram em clima de comemoração por semanas. Como não seguia a religião judaica havia muitos anos, concordou em se casar na igreja, sabendo que isto faria os muito felizes. A celebração, depois da qual haveria uma recepção, foi marcada para quatro meses depois, e, durante eles, a noiva contou com a ajuda de Harmony e Kitty para cuidar de todos os detalhes. Tudo foi escolhido com o maior cuidado, deste o salão de festas até os brincos de água marinha, que seriam a "coisa azul" do dia.
Os aprovaram a decisão do casal, e Hiram, mesmo não tendo certeza de estar a altura de substituir o pai de , aceitou o convite para acompanhá-la ao altar. Darren, por sua vez, concordou em pegar um avião para a Filadélfia, uma semana antes do dia escolhido para a cerimônia, para participar dos ensaios, uma vez que ele seria um dos padrinhos. E foi assim que o rapaz, que tinha procurado a irmã justamente por se preocupar com a possibilidade de Timothy encontrá-la, acabou levando o inimigo até ela.
Até os dezoito anos, Timothy Westwing tinha sido apenas um filhinho de papai, mimado, cuja única atividade de interesse era gastar dinheiro. Além de não querer nada com os estudos, ele tinha o pai como exemplo e, por isso, achava que tudo aquilo que não podia ser comprado se conquistava na base da força. Vivia se envolvendo em brigas na escola, na qual jamais se formara, e não havia sido a única garota que ele tentara tocar, sem consentimento.
Quando Norton morreu e ele fugiu da polícia, passando a vagar pelas ruas de São Francisco, acabou envolvido com o pior tipo de ser humano possível e, em pouco tempo, tornou-se o verdadeiro bandido que era agora. No começo, realizava furtos e ajudava os traficantes, apenas vigiando entradas e informando sobre a eventual chegada da polícia, mas logo estava pegando em armas e participando de assaltos, e vendendo drogas pessoalmente. Passados alguns anos, era parte importante de uma grande organização criminosa, que atuava em vários estados do país.
Logo que conseguiu os documentos falsos que o apresentavam como Preston White, ele saiu da cidade e as mudanças de endereço se tornaram uma constante em sua vida, e foi enquanto morava em Chicago que a vida dele cruzou de novo com a de Darren. O então estudante de arquitetura estava hospedado em um hotel naquela cidade, a fim de participar de um importante congresso para profissionais da sua área, e passou pelo hall de entrada no exato momento em que o traficante chegava para encontrar um importante cliente.
O seu primeiro impulso foi ir até o outro rapaz e concluir o serviço que tinha começado tempos antes, mas ele agora era mais esperto e sabia que poderia perder muito com uma atitude impensada. Decidiu tentar obter o máximo de informações que pudesse sobre seu antigo desafeto, e, no fim das contas, o sobrenome falso e o endereço de Darren em Washington lhe custaram nada mais que um demorado jantar em um dos restaurantes mais caros e badalados da cidade, seguido de uma noite de sexo selvagem, com uma das recepcionistas do hotel.
Desde então, morava na capital do país, como Darren, e seguia todos os seus passos. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda tinha uma obsessão por tão grande, que era capaz de controlar todo o seu desejo de agredir o irmão dela, apenas na esperança de que, um dia, a encontraria por meio dele. Por anos, sua teimosia não tinha dado nenhum retorno, mas naquele sábado à tarde sua sorte estava para mudar.
"Parceiro, o mané tá pegando um táxi com duas malas." Um dos comparsas que o ajudava a tomar conta de Darren informou, ao telefone.
"É a segunda viagem em seis meses, depois de anos sem viajar! Ele TEM que estar indo visitar a irmã." Falou, sentindo uma excitação tomar conta de si.
"Na boa, cara! Ele pode estar indo a qualquer lugar, fazer qualquer coisa." Comentou o outro, não muito convencido.
"Eu vivo cada dia da minha vida pra encontrar essa putinha, e eu sei que, um dia, isso vai acontecer!" Falou, irritado. "Foi por isso que eu vi a bicha do irmão dela, do nada! É pra isso que eu dou grana pra você e já molhei a mão de meio mundo, caralho! Então não me vem com essa e se vira pra descobrir pra onde ele vai, já que da outra vez o Ned não conseguiu."
"Ok, chefe." Retorquiu debochado, desligando, e seguiu o táxi até o aeroporto, onde, obviamente, não conseguiu que ninguém lhe desse informações sobre o destino do passageiro.
"Pra onde ele foi, Leo?" Timothy atendeu o celular e não se importou em dizer nada, antes de questioná-lo.
"É impossível conseguir arrancar qualquer coisa de alguém aqui e, se eu falar diretamente em dinheiro, vou sair daqui preso, meu chapa. Desiste disso!"
"EU JÁ TE FALEI QUE NÃO VOU DESISTIR, PORRA!" Gritou e Leo bufou, irritado, só continuando na linha porque o trabalho que fazia era bem fácil, considerando quanto o homem do outro lado da linha pagava para que ele o fizesse. "Compra uma PORRA de uma passagem, entra na sala de embarque, e VÊ pra onde vai o voo! Depois você inventa uma desculpa qualquer pra sair... não me interessa qual. E me liga, imediatamente, porque eu vou ter que me virar pra arrumar alguém, no lugar pra onde ele for, que possa ficar no aeroporto e ir atrás dele... ou saber não vai adiantar nada!"
Timothy não esperou resposta de Leo e interrompeu abruptamente a ligação. Esperou durante alguns minutos, já pensando na frustração que seria se Darren fosse para algum lugar onde não houvesse nenhum "braço" da organização de que ele fazia parte. Porém, eram muito poucos estes lugares, e a Filadélfia certamente não era um deles! O chefe local nunca tinha trabalhado com Timothy, mas devia favores ao superior direto dele, e o tempo de viagem de Washington à Pensilvânia foi mais do que suficiente para que o rapaz fosse colocado em contato com alguém que faria o serviço.
"Eu to te mandando várias fotos, pra que você não tenha dúvidas sobre quem é o cara." Avisou ao novo cúmplice, depois de dar as informações sobre o voo, passadas por Leo.
"Eu já recebi algumas e tão bem nítidas. Pode ficar na boa, que eu vou grudar nos calcanhares dele e anotar todos os endereços dos lugares que ele visitar, características de quem ele encontrar... tudo."
A sorte estava a favor de Timothy e todo o esquema em que ele tinha investido, sem retorno, por anos, estava prestes a dar resultado. Dois dias depois do embarque de Darren era o homem conhecido como Preston White quem adentrava, com pesada bagagem, o Aeroporto Internacional Washington Dulles, indo rumo a Filadélfia, sem data certa para voltar.
Capítulo 25
Timothy já tinha passado quase quarenta e oito horas em frente ao edifício no qual Darren fora visto entrando, mas o rapaz em questão não tinha aparecido nenhuma vez, e muito menos tinha havido qualquer sinal de . No entanto, sua obsessão sem medidas fazia com que ele continuasse pagando uma pequena fortuna a dois membros da organização que atuavam na Filadélfia, para que fizessem vigília constante, junto com ele, somente deixando o carro para comprar lanches ou utilizar o banheiro de um café que ficava a um quarteirão do prédio.
Eram mais ou menos cinco da tarde quando um de seus comparsas viu, finalmente, Darren aparecer na calçada, ocupando imediatamente a traseira de uma BMW preta, com vidros escuros, que não permitiam ver mais ninguém dentro dele. Não teve dúvidas em seguir o automóvel, sentindo o frisson que sempre o invadia quando via renovadas as suas esperanças de que o irmão de poderia levá-lo até ela.
E, dessa vez, ele estava certo! A apenas alguns quarteirões de distância, o veículo negro e brilhante parou em frente a um edifício comercial, que combinava extremamente com ele em termos de sofisticação, e a garota que, apesar de mais velha, Timothy tinha certeza de que reconheceria em qualquer circunstância, surgiu de dentro dele. Westwing observou, como se fosse a melhor das cenas de cinema em câmera lenta, um rapaz vestido com uniforme de motorista sair do carro e abrir a porta do mesmo, para que ela entrasse, depois de agradecer, sorridente.
Mandou que seu comparsa continuasse seguindo o luxuoso carro, enquanto antecipava mentalmente as coisas que faria com , quando finalmente pusesse as mãos nela, o que agora pensava ser apenas questão de tempo. Em sua cabeça doentia, ele imaginava a menina de quinze anos e não a mulher que ela se tornara, mas a idade não seria um empecilho e, para conseguir chegar o mais próximo possível de realizar a fantasia alimentada por tantos anos, ele já tinha planos de livrá-la da maquiagem e das roupas caras, vesti-la com uniforme escolar e obrigá-la a prender os cabelos em duas tranças laterais, como as que ela costumava usar.
Por um momento, perdido em seus devaneios, ele se distraiu e não percebeu que seu companheiro de criminalidade havia se aproximado demais do outro carro. Foi uma aproximação muito rápida, mas suficiente para ser percebida por Dean e Jake Harvey, que tinham experiência suficiente como guarda costas para identificar quando estavam sendo seguidos. A família estava no ramo da segurança havia anos, depois de o pai dos dois ter decidido se afastar da polícia federal, à qual servira por décadas.
Os irmãos trocaram apenas um olhar, tentando não preocupar os demais ocupantes do automóvel, e deram início à tentativa de despistar quem os seguia, mas, infelizmente, estavam lidando com pessoas também experientes. Dean pisou no acelerador, na expectativa de que a velocidade pudesse afastá-los de seus perseguidores, mas eles continuaram no seu encalço. Timothy tinha decidido que não valia a pena tentar ocultar sua presença, se isso pudesse representar o risco de uma fuga bem sucedida. Tinha esperado por aquele momento, por anos, e não sabia se poderia voltar a ser encontrada no lugar onde embarcara no veículo, e muito menos no imóvel onde Darren passara os últimos dias.
Para sorte de Dean, sua chefe estava distraída demais, conversando com o irmão sobre o vestido que estava indo experimentar, e não percebeu que ele mudou o caminho, em mais uma tentativa vã de usar o velocímetro a seu favor. Apenas quando ele foi obrigado a fazer uma curva e os pneus "cantaram", ao mesmo tempo em que o ar se enchia de um cheiro forte de borracha queimada que podia ser sentido mesmo de dentro do carro todo fechado, ela percebeu que havia algo de errado.
"Que isso, Dean? Por que você tá correndo assim? Tá maluco?" Quase gritou, aproximando o rosto do banco dianteiro.
"Srta. , eu sinto muito, mas... nós estamos sendo seguidos, há algum tempo." Foi Jake Harvey quem respondeu.
Automaticamente, e Darren olharam para trás e, apesar de não poderem ser vistos, graças à película escura aplicada em todos os vidros, podiam ver claramente quem os seguia e reconhecer um dos homens. Sentiram ambos um arrepio na espinha, ao ver os olhos predadores de Timothy Westwing, como reação física de um sentimento que apenas a palavra pânico chega minimamente perto de descrever. Darren ficou enjoado e tonto, suava frio e não conseguia dizer uma palavra sequer. começou a chorar e gritar, implorando para que Dean se livrasse daquele monstro, ainda que ele já estivesse fazendo tudo o que estava a seu alcance.
A perseguição continuou por mais alguns minutos e o pavor era crescente. Os bandidos se mostravam dispostos a tudo e já tinham inclusive dado algumas batidas na traseira da BMW, a fim de mexer com o emocional do motorista, na esperança de conseguirem ultrapassá-lo, como já tinham tentado fazer algumas vezes, sem êxito, para enfim fazê-lo parar. Dean tinha a frieza necessária nessas situações e não se deixou abater, dirigindo com concentração total e ganhando tempo, enquanto Jake tentava entrar em contato com a polícia e com Brad e Angelus.
O problema foi que, passado mais algum tempo, ele não teve alternativa, a não ser voltar a entrar em ruas onde o trânsito era mais movimentado e diminuir a velocidade. Foi nesse momento que o parceiro de Timothy conseguiu fechar o carro de , e Dean não teve como dar ré e sair de onde estava, porque havia vários veículos atrás do deles. Em questão de segundos, os três bandidos estavam tentando abrir as portas da BMW e apontando armas de fogo para as janelas escuras.
O carro pertencente à Red Rave era blindado, então os seguranças decidiram permanecer dentro dele e se preparar para sair dali, tão logo fosse possível. A blindagem não era suficiente para acalmar Darren e , que se abraçavam e choravam, apavorados, vivendo a materialização do pesadelo que, um dia, os assombrara. Igualmente não detinha Timothy, que socava a lataria e batia nos vidros com o revólver, depois de dar dois tiros contra o vidro da frente e descobrir a proteção.
Mesmo com seus contratados tentando convencê-lo de que ninguém jamais saltaria do carro, e com os outros carros fugindo da rua e começando a abrir um espaço por onde Dean poderia sair, ele continuava ameaçando e xingando. Sua última medida desesperada para não falhar na tentativa de levar com ele foi atirar nos pneus do automóvel negro, mas logo em seguida ele foi surpreendido pela chegada de outra BMW, de onde dois rapazes começaram a atirar contra ele e os comparsas, atingindo um dos dois no abdômen.
Westwing teria continuado lá, trocando tiros com Brad e Angelus, até acabar com os dois ou até todas as balas de suas três armas acabarem. Estava completamente cego pelo seu desejo insano de se vingar dos Gleizer e de possuir à força, e não se importava, nem um pouco, com ninguém, muito menos com os garotos que o estavam acompanhando! Acabou, entretanto, aceitando a derrota momentaneamente e fugindo dali, após perceber que estava sem cobertura também do outro menino, que não tinha sido baleado, mas que estava socorrendo o amigo, e ouvir o barulho inconfundível da sirene de um carro de polícia, que se tornava cada vez mais próximo.
Brad e Angelus correram até Dean e Jake, que finalmente saíram do carro. Certificaram-se de que e Darren estavam fisicamente bem, ao mesmo tempo em que dois carros de polícia encostavam ao lado deles, e cinco agentes surgiam de dentro deles, pedindo esclarecimentos sobre o que havia acontecido no local. Os primeiros relatos foram feitos pelos seguranças, mas, depois de se acalmar, foi Darren quem informou a um detetive que ele e conheciam um dos homens que os seguiram, e foi a própria irmã, também já mais controlada, quem pediu para ser levada à unidade de trabalho do agente Mike Blankerman.
Mike era um dos agentes integrantes do Programa Federal de Proteção a Testemunhas na Filadélfia, e responsável pelo caso de . Os dois só tinham se visto em duas ocasiões, logo que ela chegara à cidade e fora morar com seu tutor, Hiram , e haviam se falado pelo telefone, também apenas duas vezes, quando ela se mudara para fazer faculdade e quando retornara.
Ela mantinha o programa informado sobre seus endereços e atividades principais, mas não fora necessário qualquer novo contato, porque nada de diferente tinha acontecido em sua vida, durante os últimos anos. Agora, ela e o irmão estavam em perigo e precisavam informar a ele que tinham sido encontrados pela pessoa de quem o programa a escondia. Somente eles saberiam que providências tomar para evitar o pior.
Mike apareceu menos de uma hora depois, na delegacia para onde e Darren foram levados e, na presença apenas de sua parceira Johanna Lopez, iniciou uma longa conversa com os irmãos, durante a qual fez uma série de anotações, e depois da qual os deixou esperando por um tempo, enquanto fazia alguns contatos importantes e tomava decisões cruciais. Parecia até que eles eram os bandidos e não as vítimas, pois foram impedidos de fazer qualquer contato com outras pessoas, mesmo que tivesse feito de tudo para tentar convencer Johanna de que seu noivo precisava saber que ela estava bem.
"Vocês vão ser colocados em um avião do programa, nas próximas duas horas." Falou Mike, voltando à sala em que os deixará com Johanna.
"E pra onde nós vamos?" questionou.
"Pro Texas. Pra uma fazenda no Texas... uma grande fazenda. Vocês tem que ficar o mais escondidos possível, até receberem suas novas identidades." Comentou o agente, como se falasse de uma simples mudança de roupa. Para ele, as trocas de nome e de vida eram mesmo rotina, afinal.
"Eu não acredito que vou passar por tudo isso de novo." Darren falou, passando as mãos pelo rosto, com ar cansado.
"Isso é impossível! Eu vou me casar no sábado!" reagiu de forma mais intensa.
"Isso não vai ser possível, . A situação mudou! Você voltou a correr risco de vida e sua proteção voltou a ser prioridade." Mike informou.
"E o meu noivo? O ... ele não poderia ir com a gente?"
"Não é de praxe... mas eu até poderia tentar incluí-lo no programa. A gente poderia alegar que ele corre risco, mesmo sem saber se o Timothy sabe da existência dele." Afirmou, sério. "O problema é que a decisão tem que ser sua, . Se ele for contatado, ele vai estar automaticamente no programa e não vai poder ficar, porque vai saber demais e passar a representar um risco pra vocês. E, ... você deve pensar bem, antes de decidir! Ele não teria só que sair da Filadélfia, mas também teria que mudar de identidade e não poderia fazer contato algum com qualquer familiar ou amigo. Vocês sabem, melhor que ninguém, como funciona."
O choro de começou silencioso. Enquanto Darren olhava a irmã com piedade, segurando as mãos dela nas suas, e Mike e Johanna trocavam olhares entediados, já não mais tão capazes de se solidarizar, depois de tanto tempo vivendo cenas como aquela, as lágrimas dela escorriam pelo rosto. Quando o irmão resolveu abraça-la, o cômodo se encheu do som de seus soluços e gemidos que expressavam a mais profunda dor. Deixar para trás, ainda que fosse para não impor algo tão drástico a ele, era a coisa mais difícil que ela precisaria fazer.
"Pra que fugir?" Ela perguntou, enfim, olhando nos olhos de Darren, quando conseguiu falar. "Pra que ir embora e sobreviver, se ele é a minha vida? Pra que continuar nessa droga de mundo, se eu vou voltar a ser vazia... oca, como eu era antes?"
"Nunca mais repete isso, ok?" O irmão pediu, nervoso. "Eu preciso de você, . Preciso de você viva, mesmo que longe de mim, de novo! O também ia querer você viva, eu tenho certeza, e..." Fechou os olhos e engoliu seco. "Eu tenho quase certeza de que o Timothy não quer simplesmente matar você, e o meu estômago fica embrulhado quando eu penso nas coisas nojentas que ele poderia fazer, se te pegasse." Completou, não controlando o próprio choro ao expor seus temores mais íntimos.
"Nem nós da polícia, nem os seus guarda costas, poderíamos garantir a sua segurança..." Mike reforçou.
"Além do mais, se você ignorasse a presença desse tal Timothy, ficasse aqui e se casasse, o seu querido noivo, com quem você tá tão preocupada, também correria um risco de vida, que até então nós não temos motivo pra achar que ele corre." Johanna comentou, sem se preocupar em ser agradável.
"Johanna!" O parceiro tentou repreendê-la.
"Eu só to falando a verdade!" Deu de ombros, sentando-se em uma cadeira, pegando o celular, e se distraindo com ele, para não dar mais palpites que não pareciam bem vindos.
"Meu Deus!" ficou ainda mais tensa. "Se eu for embora e o Timothy descobrir sobre o , ele vai estar correndo risco de verdade, Mike!" A garota se levantou e começou a andar de um lado para o outro, repensando, em voz alta, sua decisão. "Talvez ele não goste de mudar de identidade, de ficar sem ver os avós e o primo, de se enfiar em uma fazenda no Texas, mas que escolha eu tenho? Eu não suportaria, se alguma coisa acontecesse com ele, por minha causa. Eu não suportaria!"
", calma. Senta aqui." O policial pediu, colocando uma cadeira em frente à dela e sentando-se também, em uma posição não convencional, com o encosto colado ao peito. "A gente pensou na possibilidade de o Timothy usar o para atrair você, mas também já pensamos em como evitar isso."
"E como seria?"
"Eu soube que, quando tudo aconteceu, há anos atrás, os jornais e a TV fizeram uma grande cobertura do caso, e alguém deixou vazar que vocês estavam no programa de proteção."
"Só não mostraram a cara daquele monstro do Timothy, o que era o mais importante." Darren o interrompeu.
"Eu não sabia disso e é uma boa ideia providenciarmos para que mostrem dessa vez, se der. Mas esse não é o ponto. O lance é que, agora, isso não só não vai acontecer, como nós vamos plantar uma notícia falsa e..." Hesitou um pouco, sabendo que esta era a parte que costumava assustar mais. "E vocês vão ser dados como mortos."
"Mortos?" Os irmãos Gleizer indagaram, juntos.
"Sim, a gente tem adotado essa estratégia." Johanna explicou.
"Nós vamos montar um acidente de carro falso e dizer que vocês saíram aqui, escoltados por dois policiais, e os quatro morreram na hora. Como vamos explodir o carro, os falsos velórios serão feitos com caixões fechados. Somente nós quatro, aqui nessa sala, o casal de fazendeiros que vai receber vocês, e mais duas pessoas, responsáveis pela fraude, vamos saber que vocês não morreram de verdade. O piloto do avião não vai ter qualquer contato com a gente, e eu e Johanna já estamos acostumados a fazer as vezes de comissários de bordo."
"Nem nossos tutores vão saber?" Darren perguntou.
"Nem eles." Confirmou Mike. "E eu sei que é duro saber que parentes e amigos vão sofrer, mas vocês precisam entender que, sendo caçados como vocês foram hoje, pela pessoa que ameaçava vocês no passado, não existe alternativa."
não falou coisa alguma, pois não havia mais nada que ela quisesse ou precisasse saber. Pensou nos , que foram uma verdadeira família para ela, nos últimos anos, em Harmony e Kitty, que eram praticamente suas irmãs, e até em seus empregados, de casa e da empresa, que ela sabia terem um carinho verdadeiro por ela. Porém o que realmente doía, o que era quase insuportável, era pensar em e na dor pela qual ia fazê-lo passar, tirando dele a mulher que amava, na semana em que os dois iriam se casar.
"Eu quero que me prometa que vai contar a verdade pro ." Pediu, depois de solicitar um minuto a sós com o responsável pela sua segurança, quando ele acabou de explicar detalhes burocráticos ao irmão dela.
"Eu não posso fazer isso, . Seria muito arriscado! Ele pode, mesmo sem querer, contar pra alguém..."
"Eu acho que eu tenho direito, pelo menos, a essa decisão! É como se fosse o último pedido de uma pessoa em seu leito de morte, ok? Você precisa me prometer!" Implorou. "Eu confio no com a minha vida, Mike! Eu só estou indo embora pra proteger a dele e porque eu tenho uma esperança, aqui, no fundo do meu peito, de que a gente vá ter uma segunda chance, um dia. Se eu não puder confiar nele, no amor dele... que o Timothy me pegue e me destrua, de uma vez!"
Diante de tais palavras, Mike prometeu que faria o que ela estava pedindo. Explicou, entretanto, que não teria como evitar o sofrimento de , pois só poderia dizer algo depois de algum tempo, quando o plano tivesse sido todo colocado em prática, e ela e Darren estivessem em total segurança, bem longe da Filadélfia.
Ninguém conseguia acalmar e seu choro quase histérico, quando ela deixou o local, disfarçada, dentro de um carro bem escuro. Ela foi soluçando durante todo o caminho da delegacia até o aeroporto, entrou no avião chorando ainda mais, e tendo que ser amparada por Darren, e continuou choramingando, mesmo que de forma mais contida, na primeira metade da viagem, até ser derrubada por um forte ansiolítico. Chorava como se estivesse em um funeral, porque realmente era como se enterrasse alguém.
estava morrendo e quem quer que fosse ocupar o lugar dela, já nasceria sem vida
Eram mais ou menos cinco da tarde quando um de seus comparsas viu, finalmente, Darren aparecer na calçada, ocupando imediatamente a traseira de uma BMW preta, com vidros escuros, que não permitiam ver mais ninguém dentro dele. Não teve dúvidas em seguir o automóvel, sentindo o frisson que sempre o invadia quando via renovadas as suas esperanças de que o irmão de poderia levá-lo até ela.
E, dessa vez, ele estava certo! A apenas alguns quarteirões de distância, o veículo negro e brilhante parou em frente a um edifício comercial, que combinava extremamente com ele em termos de sofisticação, e a garota que, apesar de mais velha, Timothy tinha certeza de que reconheceria em qualquer circunstância, surgiu de dentro dele. Westwing observou, como se fosse a melhor das cenas de cinema em câmera lenta, um rapaz vestido com uniforme de motorista sair do carro e abrir a porta do mesmo, para que ela entrasse, depois de agradecer, sorridente.
Mandou que seu comparsa continuasse seguindo o luxuoso carro, enquanto antecipava mentalmente as coisas que faria com , quando finalmente pusesse as mãos nela, o que agora pensava ser apenas questão de tempo. Em sua cabeça doentia, ele imaginava a menina de quinze anos e não a mulher que ela se tornara, mas a idade não seria um empecilho e, para conseguir chegar o mais próximo possível de realizar a fantasia alimentada por tantos anos, ele já tinha planos de livrá-la da maquiagem e das roupas caras, vesti-la com uniforme escolar e obrigá-la a prender os cabelos em duas tranças laterais, como as que ela costumava usar.
Por um momento, perdido em seus devaneios, ele se distraiu e não percebeu que seu companheiro de criminalidade havia se aproximado demais do outro carro. Foi uma aproximação muito rápida, mas suficiente para ser percebida por Dean e Jake Harvey, que tinham experiência suficiente como guarda costas para identificar quando estavam sendo seguidos. A família estava no ramo da segurança havia anos, depois de o pai dos dois ter decidido se afastar da polícia federal, à qual servira por décadas.
Os irmãos trocaram apenas um olhar, tentando não preocupar os demais ocupantes do automóvel, e deram início à tentativa de despistar quem os seguia, mas, infelizmente, estavam lidando com pessoas também experientes. Dean pisou no acelerador, na expectativa de que a velocidade pudesse afastá-los de seus perseguidores, mas eles continuaram no seu encalço. Timothy tinha decidido que não valia a pena tentar ocultar sua presença, se isso pudesse representar o risco de uma fuga bem sucedida. Tinha esperado por aquele momento, por anos, e não sabia se poderia voltar a ser encontrada no lugar onde embarcara no veículo, e muito menos no imóvel onde Darren passara os últimos dias.
Para sorte de Dean, sua chefe estava distraída demais, conversando com o irmão sobre o vestido que estava indo experimentar, e não percebeu que ele mudou o caminho, em mais uma tentativa vã de usar o velocímetro a seu favor. Apenas quando ele foi obrigado a fazer uma curva e os pneus "cantaram", ao mesmo tempo em que o ar se enchia de um cheiro forte de borracha queimada que podia ser sentido mesmo de dentro do carro todo fechado, ela percebeu que havia algo de errado.
"Que isso, Dean? Por que você tá correndo assim? Tá maluco?" Quase gritou, aproximando o rosto do banco dianteiro.
"Srta. , eu sinto muito, mas... nós estamos sendo seguidos, há algum tempo." Foi Jake Harvey quem respondeu.
Automaticamente, e Darren olharam para trás e, apesar de não poderem ser vistos, graças à película escura aplicada em todos os vidros, podiam ver claramente quem os seguia e reconhecer um dos homens. Sentiram ambos um arrepio na espinha, ao ver os olhos predadores de Timothy Westwing, como reação física de um sentimento que apenas a palavra pânico chega minimamente perto de descrever. Darren ficou enjoado e tonto, suava frio e não conseguia dizer uma palavra sequer. começou a chorar e gritar, implorando para que Dean se livrasse daquele monstro, ainda que ele já estivesse fazendo tudo o que estava a seu alcance.
A perseguição continuou por mais alguns minutos e o pavor era crescente. Os bandidos se mostravam dispostos a tudo e já tinham inclusive dado algumas batidas na traseira da BMW, a fim de mexer com o emocional do motorista, na esperança de conseguirem ultrapassá-lo, como já tinham tentado fazer algumas vezes, sem êxito, para enfim fazê-lo parar. Dean tinha a frieza necessária nessas situações e não se deixou abater, dirigindo com concentração total e ganhando tempo, enquanto Jake tentava entrar em contato com a polícia e com Brad e Angelus.
O problema foi que, passado mais algum tempo, ele não teve alternativa, a não ser voltar a entrar em ruas onde o trânsito era mais movimentado e diminuir a velocidade. Foi nesse momento que o parceiro de Timothy conseguiu fechar o carro de , e Dean não teve como dar ré e sair de onde estava, porque havia vários veículos atrás do deles. Em questão de segundos, os três bandidos estavam tentando abrir as portas da BMW e apontando armas de fogo para as janelas escuras.
O carro pertencente à Red Rave era blindado, então os seguranças decidiram permanecer dentro dele e se preparar para sair dali, tão logo fosse possível. A blindagem não era suficiente para acalmar Darren e , que se abraçavam e choravam, apavorados, vivendo a materialização do pesadelo que, um dia, os assombrara. Igualmente não detinha Timothy, que socava a lataria e batia nos vidros com o revólver, depois de dar dois tiros contra o vidro da frente e descobrir a proteção.
Mesmo com seus contratados tentando convencê-lo de que ninguém jamais saltaria do carro, e com os outros carros fugindo da rua e começando a abrir um espaço por onde Dean poderia sair, ele continuava ameaçando e xingando. Sua última medida desesperada para não falhar na tentativa de levar com ele foi atirar nos pneus do automóvel negro, mas logo em seguida ele foi surpreendido pela chegada de outra BMW, de onde dois rapazes começaram a atirar contra ele e os comparsas, atingindo um dos dois no abdômen.
Westwing teria continuado lá, trocando tiros com Brad e Angelus, até acabar com os dois ou até todas as balas de suas três armas acabarem. Estava completamente cego pelo seu desejo insano de se vingar dos Gleizer e de possuir à força, e não se importava, nem um pouco, com ninguém, muito menos com os garotos que o estavam acompanhando! Acabou, entretanto, aceitando a derrota momentaneamente e fugindo dali, após perceber que estava sem cobertura também do outro menino, que não tinha sido baleado, mas que estava socorrendo o amigo, e ouvir o barulho inconfundível da sirene de um carro de polícia, que se tornava cada vez mais próximo.
Brad e Angelus correram até Dean e Jake, que finalmente saíram do carro. Certificaram-se de que e Darren estavam fisicamente bem, ao mesmo tempo em que dois carros de polícia encostavam ao lado deles, e cinco agentes surgiam de dentro deles, pedindo esclarecimentos sobre o que havia acontecido no local. Os primeiros relatos foram feitos pelos seguranças, mas, depois de se acalmar, foi Darren quem informou a um detetive que ele e conheciam um dos homens que os seguiram, e foi a própria irmã, também já mais controlada, quem pediu para ser levada à unidade de trabalho do agente Mike Blankerman.
Mike era um dos agentes integrantes do Programa Federal de Proteção a Testemunhas na Filadélfia, e responsável pelo caso de . Os dois só tinham se visto em duas ocasiões, logo que ela chegara à cidade e fora morar com seu tutor, Hiram , e haviam se falado pelo telefone, também apenas duas vezes, quando ela se mudara para fazer faculdade e quando retornara.
Ela mantinha o programa informado sobre seus endereços e atividades principais, mas não fora necessário qualquer novo contato, porque nada de diferente tinha acontecido em sua vida, durante os últimos anos. Agora, ela e o irmão estavam em perigo e precisavam informar a ele que tinham sido encontrados pela pessoa de quem o programa a escondia. Somente eles saberiam que providências tomar para evitar o pior.
Mike apareceu menos de uma hora depois, na delegacia para onde e Darren foram levados e, na presença apenas de sua parceira Johanna Lopez, iniciou uma longa conversa com os irmãos, durante a qual fez uma série de anotações, e depois da qual os deixou esperando por um tempo, enquanto fazia alguns contatos importantes e tomava decisões cruciais. Parecia até que eles eram os bandidos e não as vítimas, pois foram impedidos de fazer qualquer contato com outras pessoas, mesmo que tivesse feito de tudo para tentar convencer Johanna de que seu noivo precisava saber que ela estava bem.
"Vocês vão ser colocados em um avião do programa, nas próximas duas horas." Falou Mike, voltando à sala em que os deixará com Johanna.
"E pra onde nós vamos?" questionou.
"Pro Texas. Pra uma fazenda no Texas... uma grande fazenda. Vocês tem que ficar o mais escondidos possível, até receberem suas novas identidades." Comentou o agente, como se falasse de uma simples mudança de roupa. Para ele, as trocas de nome e de vida eram mesmo rotina, afinal.
"Eu não acredito que vou passar por tudo isso de novo." Darren falou, passando as mãos pelo rosto, com ar cansado.
"Isso é impossível! Eu vou me casar no sábado!" reagiu de forma mais intensa.
"Isso não vai ser possível, . A situação mudou! Você voltou a correr risco de vida e sua proteção voltou a ser prioridade." Mike informou.
"E o meu noivo? O ... ele não poderia ir com a gente?"
"Não é de praxe... mas eu até poderia tentar incluí-lo no programa. A gente poderia alegar que ele corre risco, mesmo sem saber se o Timothy sabe da existência dele." Afirmou, sério. "O problema é que a decisão tem que ser sua, . Se ele for contatado, ele vai estar automaticamente no programa e não vai poder ficar, porque vai saber demais e passar a representar um risco pra vocês. E, ... você deve pensar bem, antes de decidir! Ele não teria só que sair da Filadélfia, mas também teria que mudar de identidade e não poderia fazer contato algum com qualquer familiar ou amigo. Vocês sabem, melhor que ninguém, como funciona."
O choro de começou silencioso. Enquanto Darren olhava a irmã com piedade, segurando as mãos dela nas suas, e Mike e Johanna trocavam olhares entediados, já não mais tão capazes de se solidarizar, depois de tanto tempo vivendo cenas como aquela, as lágrimas dela escorriam pelo rosto. Quando o irmão resolveu abraça-la, o cômodo se encheu do som de seus soluços e gemidos que expressavam a mais profunda dor. Deixar para trás, ainda que fosse para não impor algo tão drástico a ele, era a coisa mais difícil que ela precisaria fazer.
"Pra que fugir?" Ela perguntou, enfim, olhando nos olhos de Darren, quando conseguiu falar. "Pra que ir embora e sobreviver, se ele é a minha vida? Pra que continuar nessa droga de mundo, se eu vou voltar a ser vazia... oca, como eu era antes?"
"Nunca mais repete isso, ok?" O irmão pediu, nervoso. "Eu preciso de você, . Preciso de você viva, mesmo que longe de mim, de novo! O também ia querer você viva, eu tenho certeza, e..." Fechou os olhos e engoliu seco. "Eu tenho quase certeza de que o Timothy não quer simplesmente matar você, e o meu estômago fica embrulhado quando eu penso nas coisas nojentas que ele poderia fazer, se te pegasse." Completou, não controlando o próprio choro ao expor seus temores mais íntimos.
"Nem nós da polícia, nem os seus guarda costas, poderíamos garantir a sua segurança..." Mike reforçou.
"Além do mais, se você ignorasse a presença desse tal Timothy, ficasse aqui e se casasse, o seu querido noivo, com quem você tá tão preocupada, também correria um risco de vida, que até então nós não temos motivo pra achar que ele corre." Johanna comentou, sem se preocupar em ser agradável.
"Johanna!" O parceiro tentou repreendê-la.
"Eu só to falando a verdade!" Deu de ombros, sentando-se em uma cadeira, pegando o celular, e se distraindo com ele, para não dar mais palpites que não pareciam bem vindos.
"Meu Deus!" ficou ainda mais tensa. "Se eu for embora e o Timothy descobrir sobre o , ele vai estar correndo risco de verdade, Mike!" A garota se levantou e começou a andar de um lado para o outro, repensando, em voz alta, sua decisão. "Talvez ele não goste de mudar de identidade, de ficar sem ver os avós e o primo, de se enfiar em uma fazenda no Texas, mas que escolha eu tenho? Eu não suportaria, se alguma coisa acontecesse com ele, por minha causa. Eu não suportaria!"
", calma. Senta aqui." O policial pediu, colocando uma cadeira em frente à dela e sentando-se também, em uma posição não convencional, com o encosto colado ao peito. "A gente pensou na possibilidade de o Timothy usar o para atrair você, mas também já pensamos em como evitar isso."
"E como seria?"
"Eu soube que, quando tudo aconteceu, há anos atrás, os jornais e a TV fizeram uma grande cobertura do caso, e alguém deixou vazar que vocês estavam no programa de proteção."
"Só não mostraram a cara daquele monstro do Timothy, o que era o mais importante." Darren o interrompeu.
"Eu não sabia disso e é uma boa ideia providenciarmos para que mostrem dessa vez, se der. Mas esse não é o ponto. O lance é que, agora, isso não só não vai acontecer, como nós vamos plantar uma notícia falsa e..." Hesitou um pouco, sabendo que esta era a parte que costumava assustar mais. "E vocês vão ser dados como mortos."
"Mortos?" Os irmãos Gleizer indagaram, juntos.
"Sim, a gente tem adotado essa estratégia." Johanna explicou.
"Nós vamos montar um acidente de carro falso e dizer que vocês saíram aqui, escoltados por dois policiais, e os quatro morreram na hora. Como vamos explodir o carro, os falsos velórios serão feitos com caixões fechados. Somente nós quatro, aqui nessa sala, o casal de fazendeiros que vai receber vocês, e mais duas pessoas, responsáveis pela fraude, vamos saber que vocês não morreram de verdade. O piloto do avião não vai ter qualquer contato com a gente, e eu e Johanna já estamos acostumados a fazer as vezes de comissários de bordo."
"Nem nossos tutores vão saber?" Darren perguntou.
"Nem eles." Confirmou Mike. "E eu sei que é duro saber que parentes e amigos vão sofrer, mas vocês precisam entender que, sendo caçados como vocês foram hoje, pela pessoa que ameaçava vocês no passado, não existe alternativa."
não falou coisa alguma, pois não havia mais nada que ela quisesse ou precisasse saber. Pensou nos , que foram uma verdadeira família para ela, nos últimos anos, em Harmony e Kitty, que eram praticamente suas irmãs, e até em seus empregados, de casa e da empresa, que ela sabia terem um carinho verdadeiro por ela. Porém o que realmente doía, o que era quase insuportável, era pensar em e na dor pela qual ia fazê-lo passar, tirando dele a mulher que amava, na semana em que os dois iriam se casar.
"Eu quero que me prometa que vai contar a verdade pro ." Pediu, depois de solicitar um minuto a sós com o responsável pela sua segurança, quando ele acabou de explicar detalhes burocráticos ao irmão dela.
"Eu não posso fazer isso, . Seria muito arriscado! Ele pode, mesmo sem querer, contar pra alguém..."
"Eu acho que eu tenho direito, pelo menos, a essa decisão! É como se fosse o último pedido de uma pessoa em seu leito de morte, ok? Você precisa me prometer!" Implorou. "Eu confio no com a minha vida, Mike! Eu só estou indo embora pra proteger a dele e porque eu tenho uma esperança, aqui, no fundo do meu peito, de que a gente vá ter uma segunda chance, um dia. Se eu não puder confiar nele, no amor dele... que o Timothy me pegue e me destrua, de uma vez!"
Diante de tais palavras, Mike prometeu que faria o que ela estava pedindo. Explicou, entretanto, que não teria como evitar o sofrimento de , pois só poderia dizer algo depois de algum tempo, quando o plano tivesse sido todo colocado em prática, e ela e Darren estivessem em total segurança, bem longe da Filadélfia.
Ninguém conseguia acalmar e seu choro quase histérico, quando ela deixou o local, disfarçada, dentro de um carro bem escuro. Ela foi soluçando durante todo o caminho da delegacia até o aeroporto, entrou no avião chorando ainda mais, e tendo que ser amparada por Darren, e continuou choramingando, mesmo que de forma mais contida, na primeira metade da viagem, até ser derrubada por um forte ansiolítico. Chorava como se estivesse em um funeral, porque realmente era como se enterrasse alguém.
estava morrendo e quem quer que fosse ocupar o lugar dela, já nasceria sem vida
Capítulo 26
A Red Rave passou dias em luto pela morte de . Os membros da diretoria e a maior parte dos funcionários ficaram realmente consternados ao saber do que tinha acontecido com a presidente da empresa, pois, mesmo quando ainda não tinha conhecido e era uma pessoa fechada, com uma vida em tons pastel, ela sempre tinha sido admirada por pagar salários acima do mercado e dar condições de trabalho dignas, que nem sempre era possível ter no ramo de indústria e comércio.
Ficaram também surpresos quando jornais, revistas, TV e Internet veicularam notícias sobre o acidente sofrido por ela, junto com a informação de que , na realidade, se chamava Gleizer, e tinha falecido junto com o irmão, depois de os dois terem permanecido sob a guarda do Serviço de Proteção à Testemunha por vários anos. O impacto não foi, no entanto, exclusivo daqueles que tinham uma relação profissional com a garota, tendo sido experimentado até por pessoas mais íntimas, como suas melhores amigas, Harmony e Kitty.
, por sua vez, conhecia a identidade verdadeira de e inclusive já tinha ficado sabendo, por meio de Brad e Dean, que Timothy tinha, de algum modo, encontrado os irmãos Gleizer, e perseguido os dois. Não esperava, porém, que a polícia chegasse ao apartamento em que morava com a noiva, sem ela. Não esperava um casal de detetives com alguns objetos para serem identificados, por mera formalidade, uma vez que, segundo eles, o carro da polícia que transportava os irmãos já tinha sido devidamente reconhecido, bem como pertences dos agentes que os escoltavam.
A dor que ele sentiu naquele momento seria impossível de descrever. Uma sensação de absoluto vazio tomou conta dele, por dias, depois de muitas lágrimas vertidas, e de um adeus incompleto, uma vez que sequer pode ver o rosto dela, por um último momento, graças ao estado em que a polícia disse ter encontrado os corpos. Houve horas em que se negou a acreditar e outras em que sentiu raiva do mundo e pena de si mesmo, mas agora, exatamente um mês depois, pode-se dizer que ele apenas vivia no automático. Talvez só não tivesse tomado uma atitude extrema por causa dos avós, com quem, aliás, tinha voltado a morar.
Ele acordava, comia alguma coisa, sem ao menos se dar ao trabalho de prestar real atenção ao que a Sra. havia preparado, dava um beijo na testa da velha senhora, agradecendo, um aperto no ombro do avô, que normalmente estava à mesa, lendo o jornal, e voltava ao quarto, onde ficava olhando para o teto, em silêncio, ou com o barulho da televisão ao fundo, como quando fora dormir na madrugada anterior. Tomava banho quando um dos dois, ou Samuel, ia até o quarto e insistia muito, e só comia mais alguma coisa, ao longo do dia, nas mesmas circunstâncias. Não fazia a barba, não passava perfume, usava apenas calça de pijama e chinelos, que pareciam arrastá-lo e não o contrário.
Em seu isolamento, tentava pensar nos momentos bons e convencer a si mesmo de que deveria ser grato por ao menos ter experimentado a felicidade ao lado dela, um amor que nem todo mundo tem o privilégio de conhecer nessa vida. No entanto, normalmente falhava miseravelmente e, ou acabava pedindo a Deus que tivesse pena dele, e o levasse também, ou rompia definitivamente com o Sagrado, por causa da ironia e humor negro que Ele tinha demonstrado, ao levar mais uma pessoa que ele amava usando um acidente automobilístico.
Naquele dia especialmente, ele estava questionando a existência do Criador e foi por isso que preferiu não ir à missa celebrada em homenagem a e Darren. Também escolheu ficar em casa para evitar gente, mas tal objetivo não foi alcançado, pois a casa ficou cheia de pessoas que queriam permanecer por mais tempo juntas, ajudando umas às outras a lidar com a saudade e a incredulidade, e que também desejavam vê-lo, e tentar confortá-lo de alguma forma.
“Meu filho, você precisa sair desse quarto! Ver gente.” A avó falou, pela terceira vez, enquanto ele insistia em se manter debaixo das cobertas, como um menino mimado. “São pessoas que te amam, que amavam a . Elas querem te ver, ter certeza de que você tá bem.”
“AMAM, vó! AMAM a ! Não fala dela assim, como se ela fosse algo do passado!” Descobriu-se, finalmente, irritado. “E se tem alguma coisa de que eles vão ter certeza, me vendo, é de que eu NÃO to bem. Eu não to NADA bem! E nem vou ficar, conversando com eles, ouvindo os mesmos conselhos de sempre. A única coisa que me deixaria bem seria se um deles me dissesse que ela tá viva, que ela va-vai voltar.”
“Meu querido, você precisa se conformar.” Disse, com a voz embargada, sentando-se na cama.
“E se ela estivesse viva, vó? E se ela estivesse por aí, escondida, pra se p-proteger daquele monstro?” Questionou, esperançoso. “Ela nem precisava voltar pra mim, vó. Eu só queria saber que ela tá viva.” Afirmou, abraçando a senhora de cabelos grisalhos com força, e chorando junto com ela.
“De novo isso, ?” Samuel, que tinha acabado de entrar no quarto, indagou. Já tinha escutado sobre as desconfianças de , que julgava completamente infundadas.
não retrucou, pois parecia mesmo loucura pensar que a morte de pudesse ser parte de uma armação. Ninguém com quem ele tinha conversado sobre o assunto concordara que aquilo fosse possível, nem mesmo o homem que trabalhava, havia anos, em casos cujas testemunhas precisavam de proteção, e que tinha sido tutor de , quando ela fizera parte do programa. Hiram não lhe dera a mínima esperança, quando ele falara ao juiz sobre suas suspeitas.
Não é que o Sr. , com sua vasta experiência, julgasse impossível que o programa optasse por esconder e espalhar a notícia de sua morte, mas ele jamais poderia concordar e deixar o rapaz se apegar à ideia. Mesmo que a garota que vivera como sua sobrinha por um bom tempo não estivesse realmente morta, isto seria algo do qual eles nunca poderiam ter uma confirmação. Por essa razão, Hiram julgou que precisava ter o falecimento da noiva como certo para, eventualmente, poder seguir em frente.
“Você tem razão. Ninguém vai aparecer de repente e dizer que a tá viva.” respondeu ao primo, lembrando-se da conversa. “E é por isso mesmo que eu não vejo razão pra ver ninguém.” Teimou.
“Mas, vendo razão ou não, você vai, !” Samuel disse, enérgico. “Você vai se levantar daí, vai vestir uma roupa, e vai dar um abraço e conversar com essas pessoas que se preocupam com você e que também sentem falta da , cara! Eu sei que você ia se casar com ela, naquela semana, e que pra você é mais difícil, mas todo mundo que tá ali, naquela sala, ama a e sente saudade dela! E, mesmo assim, eles vieram até aqui, porque querem mostrar que tão do seu lado... querem ajudar você!”
trocou um olhar com a avó, que assentiu, concordando. Saiu da cama, ainda sem vontade de encarar ninguém, mas sabendo que realmente não podia dar as costas às pessoas que tinham ido visitá-lo. Ele as evitara por quase um mês inteiro, depois do funeral e da missa de sétimo dia, mas elas já tinham demonstrado que não estavam dispostas a desistir dele, e insistiriam até que ele falasse com elas, ou pelo menos as escutasse.
Vestiu qualquer coisa, chegando à sala com peças de roupa que nem mesmo combinavam entre si, e os velhos óculos de grau, há tanto tempo aposentados. Sua aparência, a voz muito baixa e as pouquíssimas palavras que trocou com os presentes demonstravam que todo o progresso pessoal que ele tinha feito ao lado de estava em risco. Conseguia não gaguejar, mas não olhava nos olhos das pessoas, a não ser nos de seus familiares, e não se sentiu à vontade nem por um segundo fora do quarto, mesmo sabendo estar entre amigos.
“Quando você vai voltar ao trabalho, ? O Samuel não dá conta, não.” Harmony tentou brincar um pouco.
“Eu não sei.” respondeu, em um fio de voz, que ela só escutou porque estava de frente para ele.
“Trabalhar pode te fazer bem, . Tem me ajudado muito.” Completou a garota, que vinha trabalhando arduamente, e aproveitava para treinar tiros nas horas vagas no quartel, como forma de extravazar a raiva que ela também sentia por ter perdido a amiga subitamente.
“A não ia querer te ver assim, .” Artie assegurou.
“Ela te amava muito. Ela ia querer que você fosse feliz.” Reforçou Kitty.
“Talvez eu arrume um outro emprego.” finalmente comentou. As palavras saindo lentamente, quase como se ele apenas estivesse pensando alto. Não quis pensar sobre ser feliz porque parecia-lhe impossível sem ela, mesmo que ele acreditasse que ela gostaria que ele conseguisse. Teve vontade de mandar que parassem de usar o particípio dos verbos, mas não o fez porque não tinha forças para reclamar de mais nada.
“Ninguém falou pra ele?” Kitty questionou, encarando Samuel, e os olhos de estudaram o semblante do primo, querendo saber a que ela se referia.
“A leitura do testamento, na semana passada?” Samuel falou diretamente com ele, que assentiu, mostrando lembrar-se do evento, ao qual se recusara a comparecer também. “Ela deixou a empresa pra você. A gente só queria te dar mais um tempo, antes de te falar.”
tinha feito mesmo um testamento e, ainda que os bens pertencessem oficialmente a , como a identidade falsa era autorizada judicialmente, o documento valia como se fosse da Srta. Gleizer, que era também a verdadeira proprietária da Red Rave, dos imóveis, e de tudo mais. não ficou animado para cuidar da empresa, mas prometeu a si mesmo voltar na semana seguinte, pois não poderia ignorar um dos últimos desejos da mulher que ele amaria por toda a sua vida.
Bastante longe dali, Darren Gleizer tentava, totalmente em vão, consolar a irmã, que estava passando por um péssimo dia, depois de ter percebido que eles estavam oficialmente mortos havia exatamente um mês. Eles até estavam se adaptando bem ao local e à vida simples, mas mortificava a garota o fato de Mike e Johanna jamais darem qualquer informação sobre as pessoas que tinham ficado para trás. O policial se recusava a dizer-lhe, inclusive, se já tinha contado a verdade a , e ela já não sabia mais se confiava na palavra dele, com relação à promessa de que o faria.
O dia, entretanto, não estava sendo pior do que o sábado em que ela deveria ter-se casado com . Naquele dia, ela tinha se trancado no quarto, sem permitir que o irmão se aproximasse, recusando-se a fazer qualquer refeição, e deixando até a própria higiene de lado. Apenas chorara, agarrada ao travesseiro, repetindo incontáveis vezes o nome dele, como se pudesse atraí-lo para si, acabar com a distância que, para segurança dos dois, provavelmente seria definitiva.
Ficar sem a pessoa que a havia tirado de um certo tipo de torpor, em que ela nem mesmo sabia viver, agora já não doía tanto. Não doía simplesmente porque ela tinha voltado para aquele mesmo estado anterior, em que ela não era ela mesma, mas uma pessoa com outro nome, vivendo em uma casa estranha, em uma cidade estranha, tendo que criar uma personagem para si mesma, tendo que guardar as memórias, sem nelas poder tocar. Estava voltando ao padrão de não confiar em ninguém, de olhar as pessoas com formalidade, e a única coisa que a fazia lembrar que havia sangue em suas veias, que seu coração não era uma pedra fria de rubi, era pensar no luto que estava impingindo ao homem que amava.
Porém, mesmo que ela não tivesse certeza disso, Mike era uma pessoa de palavra e não ficaria de luto para sempre. O policial precisava apenas se certificar de que ela e o irmão estavam em segurança, para então poder procurar o rapaz e revelar um segredo tão importante quanto aquele. Completado um mês de operação, parecia-lhe que havia, enfim, chegado o momento oportuno, e, após falar com o agente que ficara responsável por Darren e na cidade para onde haviam sido enviados e confirmar que eles estavam se adaptando muito bem, ele tomara sua decisão.
Estava apenas terminando tarefas cotidianas, quando Johanna Lopez chegou com uma notícia de última hora que mudaria seus planos.
Ficaram também surpresos quando jornais, revistas, TV e Internet veicularam notícias sobre o acidente sofrido por ela, junto com a informação de que , na realidade, se chamava Gleizer, e tinha falecido junto com o irmão, depois de os dois terem permanecido sob a guarda do Serviço de Proteção à Testemunha por vários anos. O impacto não foi, no entanto, exclusivo daqueles que tinham uma relação profissional com a garota, tendo sido experimentado até por pessoas mais íntimas, como suas melhores amigas, Harmony e Kitty.
, por sua vez, conhecia a identidade verdadeira de e inclusive já tinha ficado sabendo, por meio de Brad e Dean, que Timothy tinha, de algum modo, encontrado os irmãos Gleizer, e perseguido os dois. Não esperava, porém, que a polícia chegasse ao apartamento em que morava com a noiva, sem ela. Não esperava um casal de detetives com alguns objetos para serem identificados, por mera formalidade, uma vez que, segundo eles, o carro da polícia que transportava os irmãos já tinha sido devidamente reconhecido, bem como pertences dos agentes que os escoltavam.
A dor que ele sentiu naquele momento seria impossível de descrever. Uma sensação de absoluto vazio tomou conta dele, por dias, depois de muitas lágrimas vertidas, e de um adeus incompleto, uma vez que sequer pode ver o rosto dela, por um último momento, graças ao estado em que a polícia disse ter encontrado os corpos. Houve horas em que se negou a acreditar e outras em que sentiu raiva do mundo e pena de si mesmo, mas agora, exatamente um mês depois, pode-se dizer que ele apenas vivia no automático. Talvez só não tivesse tomado uma atitude extrema por causa dos avós, com quem, aliás, tinha voltado a morar.
Ele acordava, comia alguma coisa, sem ao menos se dar ao trabalho de prestar real atenção ao que a Sra. havia preparado, dava um beijo na testa da velha senhora, agradecendo, um aperto no ombro do avô, que normalmente estava à mesa, lendo o jornal, e voltava ao quarto, onde ficava olhando para o teto, em silêncio, ou com o barulho da televisão ao fundo, como quando fora dormir na madrugada anterior. Tomava banho quando um dos dois, ou Samuel, ia até o quarto e insistia muito, e só comia mais alguma coisa, ao longo do dia, nas mesmas circunstâncias. Não fazia a barba, não passava perfume, usava apenas calça de pijama e chinelos, que pareciam arrastá-lo e não o contrário.
Em seu isolamento, tentava pensar nos momentos bons e convencer a si mesmo de que deveria ser grato por ao menos ter experimentado a felicidade ao lado dela, um amor que nem todo mundo tem o privilégio de conhecer nessa vida. No entanto, normalmente falhava miseravelmente e, ou acabava pedindo a Deus que tivesse pena dele, e o levasse também, ou rompia definitivamente com o Sagrado, por causa da ironia e humor negro que Ele tinha demonstrado, ao levar mais uma pessoa que ele amava usando um acidente automobilístico.
Naquele dia especialmente, ele estava questionando a existência do Criador e foi por isso que preferiu não ir à missa celebrada em homenagem a e Darren. Também escolheu ficar em casa para evitar gente, mas tal objetivo não foi alcançado, pois a casa ficou cheia de pessoas que queriam permanecer por mais tempo juntas, ajudando umas às outras a lidar com a saudade e a incredulidade, e que também desejavam vê-lo, e tentar confortá-lo de alguma forma.
“Meu filho, você precisa sair desse quarto! Ver gente.” A avó falou, pela terceira vez, enquanto ele insistia em se manter debaixo das cobertas, como um menino mimado. “São pessoas que te amam, que amavam a . Elas querem te ver, ter certeza de que você tá bem.”
“AMAM, vó! AMAM a ! Não fala dela assim, como se ela fosse algo do passado!” Descobriu-se, finalmente, irritado. “E se tem alguma coisa de que eles vão ter certeza, me vendo, é de que eu NÃO to bem. Eu não to NADA bem! E nem vou ficar, conversando com eles, ouvindo os mesmos conselhos de sempre. A única coisa que me deixaria bem seria se um deles me dissesse que ela tá viva, que ela va-vai voltar.”
“Meu querido, você precisa se conformar.” Disse, com a voz embargada, sentando-se na cama.
“E se ela estivesse viva, vó? E se ela estivesse por aí, escondida, pra se p-proteger daquele monstro?” Questionou, esperançoso. “Ela nem precisava voltar pra mim, vó. Eu só queria saber que ela tá viva.” Afirmou, abraçando a senhora de cabelos grisalhos com força, e chorando junto com ela.
“De novo isso, ?” Samuel, que tinha acabado de entrar no quarto, indagou. Já tinha escutado sobre as desconfianças de , que julgava completamente infundadas.
não retrucou, pois parecia mesmo loucura pensar que a morte de pudesse ser parte de uma armação. Ninguém com quem ele tinha conversado sobre o assunto concordara que aquilo fosse possível, nem mesmo o homem que trabalhava, havia anos, em casos cujas testemunhas precisavam de proteção, e que tinha sido tutor de , quando ela fizera parte do programa. Hiram não lhe dera a mínima esperança, quando ele falara ao juiz sobre suas suspeitas.
Não é que o Sr. , com sua vasta experiência, julgasse impossível que o programa optasse por esconder e espalhar a notícia de sua morte, mas ele jamais poderia concordar e deixar o rapaz se apegar à ideia. Mesmo que a garota que vivera como sua sobrinha por um bom tempo não estivesse realmente morta, isto seria algo do qual eles nunca poderiam ter uma confirmação. Por essa razão, Hiram julgou que precisava ter o falecimento da noiva como certo para, eventualmente, poder seguir em frente.
“Você tem razão. Ninguém vai aparecer de repente e dizer que a tá viva.” respondeu ao primo, lembrando-se da conversa. “E é por isso mesmo que eu não vejo razão pra ver ninguém.” Teimou.
“Mas, vendo razão ou não, você vai, !” Samuel disse, enérgico. “Você vai se levantar daí, vai vestir uma roupa, e vai dar um abraço e conversar com essas pessoas que se preocupam com você e que também sentem falta da , cara! Eu sei que você ia se casar com ela, naquela semana, e que pra você é mais difícil, mas todo mundo que tá ali, naquela sala, ama a e sente saudade dela! E, mesmo assim, eles vieram até aqui, porque querem mostrar que tão do seu lado... querem ajudar você!”
trocou um olhar com a avó, que assentiu, concordando. Saiu da cama, ainda sem vontade de encarar ninguém, mas sabendo que realmente não podia dar as costas às pessoas que tinham ido visitá-lo. Ele as evitara por quase um mês inteiro, depois do funeral e da missa de sétimo dia, mas elas já tinham demonstrado que não estavam dispostas a desistir dele, e insistiriam até que ele falasse com elas, ou pelo menos as escutasse.
Vestiu qualquer coisa, chegando à sala com peças de roupa que nem mesmo combinavam entre si, e os velhos óculos de grau, há tanto tempo aposentados. Sua aparência, a voz muito baixa e as pouquíssimas palavras que trocou com os presentes demonstravam que todo o progresso pessoal que ele tinha feito ao lado de estava em risco. Conseguia não gaguejar, mas não olhava nos olhos das pessoas, a não ser nos de seus familiares, e não se sentiu à vontade nem por um segundo fora do quarto, mesmo sabendo estar entre amigos.
“Quando você vai voltar ao trabalho, ? O Samuel não dá conta, não.” Harmony tentou brincar um pouco.
“Eu não sei.” respondeu, em um fio de voz, que ela só escutou porque estava de frente para ele.
“Trabalhar pode te fazer bem, . Tem me ajudado muito.” Completou a garota, que vinha trabalhando arduamente, e aproveitava para treinar tiros nas horas vagas no quartel, como forma de extravazar a raiva que ela também sentia por ter perdido a amiga subitamente.
“A não ia querer te ver assim, .” Artie assegurou.
“Ela te amava muito. Ela ia querer que você fosse feliz.” Reforçou Kitty.
“Talvez eu arrume um outro emprego.” finalmente comentou. As palavras saindo lentamente, quase como se ele apenas estivesse pensando alto. Não quis pensar sobre ser feliz porque parecia-lhe impossível sem ela, mesmo que ele acreditasse que ela gostaria que ele conseguisse. Teve vontade de mandar que parassem de usar o particípio dos verbos, mas não o fez porque não tinha forças para reclamar de mais nada.
“Ninguém falou pra ele?” Kitty questionou, encarando Samuel, e os olhos de estudaram o semblante do primo, querendo saber a que ela se referia.
“A leitura do testamento, na semana passada?” Samuel falou diretamente com ele, que assentiu, mostrando lembrar-se do evento, ao qual se recusara a comparecer também. “Ela deixou a empresa pra você. A gente só queria te dar mais um tempo, antes de te falar.”
tinha feito mesmo um testamento e, ainda que os bens pertencessem oficialmente a , como a identidade falsa era autorizada judicialmente, o documento valia como se fosse da Srta. Gleizer, que era também a verdadeira proprietária da Red Rave, dos imóveis, e de tudo mais. não ficou animado para cuidar da empresa, mas prometeu a si mesmo voltar na semana seguinte, pois não poderia ignorar um dos últimos desejos da mulher que ele amaria por toda a sua vida.
Bastante longe dali, Darren Gleizer tentava, totalmente em vão, consolar a irmã, que estava passando por um péssimo dia, depois de ter percebido que eles estavam oficialmente mortos havia exatamente um mês. Eles até estavam se adaptando bem ao local e à vida simples, mas mortificava a garota o fato de Mike e Johanna jamais darem qualquer informação sobre as pessoas que tinham ficado para trás. O policial se recusava a dizer-lhe, inclusive, se já tinha contado a verdade a , e ela já não sabia mais se confiava na palavra dele, com relação à promessa de que o faria.
O dia, entretanto, não estava sendo pior do que o sábado em que ela deveria ter-se casado com . Naquele dia, ela tinha se trancado no quarto, sem permitir que o irmão se aproximasse, recusando-se a fazer qualquer refeição, e deixando até a própria higiene de lado. Apenas chorara, agarrada ao travesseiro, repetindo incontáveis vezes o nome dele, como se pudesse atraí-lo para si, acabar com a distância que, para segurança dos dois, provavelmente seria definitiva.
Ficar sem a pessoa que a havia tirado de um certo tipo de torpor, em que ela nem mesmo sabia viver, agora já não doía tanto. Não doía simplesmente porque ela tinha voltado para aquele mesmo estado anterior, em que ela não era ela mesma, mas uma pessoa com outro nome, vivendo em uma casa estranha, em uma cidade estranha, tendo que criar uma personagem para si mesma, tendo que guardar as memórias, sem nelas poder tocar. Estava voltando ao padrão de não confiar em ninguém, de olhar as pessoas com formalidade, e a única coisa que a fazia lembrar que havia sangue em suas veias, que seu coração não era uma pedra fria de rubi, era pensar no luto que estava impingindo ao homem que amava.
Porém, mesmo que ela não tivesse certeza disso, Mike era uma pessoa de palavra e não ficaria de luto para sempre. O policial precisava apenas se certificar de que ela e o irmão estavam em segurança, para então poder procurar o rapaz e revelar um segredo tão importante quanto aquele. Completado um mês de operação, parecia-lhe que havia, enfim, chegado o momento oportuno, e, após falar com o agente que ficara responsável por Darren e na cidade para onde haviam sido enviados e confirmar que eles estavam se adaptando muito bem, ele tomara sua decisão.
Estava apenas terminando tarefas cotidianas, quando Johanna Lopez chegou com uma notícia de última hora que mudaria seus planos.
Capítulo 27
Timothy Westwing estava escondido em um hotel, depois de sua perseguição a , quando soube, por um dos mais importantes noticiários de TV dos Estados Unidos, que a garota tinha usado o sobrenome , nos últimos anos, e construído um grande império, antes de morrer, naquela noite, junto com o irmão, que adotara o nome falso de Darren Krigsman, em um gravíssimo acidente de automóvel. Sentiu-se ultrajado por ter sido enganado por tanto tempo e jogou, com raiva, uma garrafa de uísque na direção do móvel onde ficava o aparelho, por ela ter sido mais esperta do que ele e conseguido se manter fora da mídia, mesmo tendo sido uma grande e riquíssima empresária.
A notícia de sua morte era até convincente, porque, segundo relatado, ela estaria indo da delegacia para casa em um carro de polícia, depois de ter prestado queixa contra o mesmo homem de quem o Serviço de Proteção a mantivera resguardada por longo tempo, em razão de uma perseguição ocorrida naquela mesma tarde, em ruas do centro da Filadélfia. As informações batiam, mas, mesmo assim, ele não acreditou completamente na história e, juntando sua necessidade de descobrir mais sobre a vida dela ao fato de que ele provavelmente estava sendo procurado pela polícia novamente, decidiu não deixar de imediato a cidade.
Esteve logo no dia seguinte na porta do prédio da empresa, que agora sabia ser dela, e, disfarçado e fingindo ser um curioso qualquer, conseguiu conversar com algumas pessoas e descobrir que ela estava noiva de um contador chamado , antes do acidente. Não teve, no entanto, tempo para descobrir mais sobre o rapaz a quem odiou instantaneamente, pois começou a ser caçado por gente ainda mais perigosa para ele que a polícia e decidiu colocar, ao menos por alguns dias, sua própria segurança em primeiro lugar.
O fato de ter-se tornado parte importante da organização criminosa que integrava, usando a identidade falsa de Preston White, aparentemente não o isentava de seguir o "Código de Ética" do grupo e, por mais que o coordenador das atividades na Filadélfia devesse grandes favores ao superior dele, a colaboração com Timothy tinha cessado no exato momento em que ele deixara de socorrer um companheiro baleado, por causa de interesses pessoais. Para piorar a situação, ele se recusara a pedir desculpas a quem quer que fosse e, assim, passara a ser, do dia para a noite e sem aviso prévio, não mais um membro da organização, e sim seu inimigo.
Pouco tempo depois, quando o cadáver dele foi encontrado em uma caçamba de lixo, perto do cais do porto, e a polícia chamada, foi fácil perceber que ele não tinha sido somente morto, mas bastante torturado. Os muitos hematomas e cortes, as queimaduras, e a ausência de unhas e dentes, davam uma boa ideia do requinte de crueldade com que fora tratado, ainda que os agentes da Divisão de Homicídios não tivessem como saber que ele passara metade do mês trancado em um galpão com o mesmo rapaz que não se importara em socorrer e mais três traficantes sem nenhuma piedade de gente sem espírito de equipe e com o "rei na barriga".
Fora encontrado pelo grupo quando a obsessão por falara mais alto que a inteligência e o instinto de sobrevivência, e ele resolvera voltar à porta do prédio da Red Rave e tentar descobrir o paradeiro do homem com quem ela, um dia, tinha planejado se casar. Chegara a conseguir, de um funcionário corrupto, um endereço pretensamente usado para envio de correspondências, mas logo fora empurrado para o banco traseiro de um carro, encapuzado, amarrado, e, então, jamais voltara a ver o celular onde armazenara a informação, ou mesmo a luz do sol.
"Será que é ele mesmo?" Mike perguntou a Johanna, depois de receber a informação. Não queria se encher de esperança e depois frustrar-se, como já acontecera em outros casos, em que a morte de um criminoso, do qual eles estavam protegendo alguém, tinha sido alarme falso.
"Segundo me falaram, o rosto dele não tá completamente desfigurado, então deu pra reconhecê-lo nas fotos de arquivo. Parece que ele também tem impressões digitais em alguns dedos, que batem com as do sistema. Mas, de qualquer forma, o pessoal da Homicídios disse que nós podemos ir até lá e ver com nossos próprios olhos, se você quiser." Ela deu de ombros, enquanto o parceiro se levantava rapidamente e vestia um paletó, antes pendurado no encosto da cadeira.
"É claro que eu quero ver com meus próprios olhos, cara! Eu fiquei responsável pela proteção da , aqui na Filadélfia, logo que comecei no Programa, quando eu era praticamente um garoto ainda, e esse babaca tinha destruído a vida de uma menina ainda mais nova do que eu!" Falou, demonstrando emoção como poucas vezes fazia, talvez não só porque ela tinha sido uma das primeiras pessoas por cuja proteção ele se tornara responsável, mas também graças ao estado em que vira o noivo dela ficar, ao receber a falsa notícia de morte, e por ter passado os últimos dias se preparando para contar a verdade a ele, sem que, todavia, pudesse lhe dar qualquer esperança de um futuro reencontro. "Seria o maior prazer comprovar que esse bandido foi varrido da face da Terra, e ela, o irmão e o noivo vão poder viver em paz, finalmente." Concluiu, pensando na doce possibilidade de se livrar da tarefa e de se tornar mensageiro de verdadeiras boas-novas.
"Normalmente, eu te criticaria por levar as coisas pro lado pessoal, parceiro. Mas eu te confesso que, nesse caso, eu também vou sentir prazer, se for o tal do Timothy o cara com moscas na boca, morando num saco preto. Eu nunca vi alguém reagir à morte de uma namorada como o tal do , e nem uma garota jovem e bonita como a , cogitando dispensar o programa e arriscar a própria vida, por causa de um cara!"
"Ficou com inveja, gata?" Ele sorriu debochado, abrindo a porta para a colega de trabalho e amiga.
"Se eu gostasse de caras ou ela de uma garota, quem sabe." Respondeu rindo e saiu, para que fossem, enfim, ao necrotério.
Mike não visitou naquela tarde, como planejara, e deixou o rapaz sofrer por mais um tempo, sem saber que e Darren estavam vivos e bem. Quando voltou a trabalhar e se apresentou oficialmente como novo sócio majoritário da Red Rave, em uma reunião convocada pela secretária Lily, com toda a diretoria presente, ele teve que brigar contra muitas sensações. Cada sala ou corredor do lugar o faziam sentir uma tristeza imensa, uma saudade insana, mas isso não era pior do que temer que suas próprias faculdades mentais estivessem prejudicadas, porque a sensação de que a voltaria a ver, em breve, naquele mesmo lugar, só aumentava dentro dele.
Em seu segundo dia pós-retorno, muitas atividades novas o haviam mantido suficientemente distraído até a hora do almoço, quando voltou de uma reunião e, por um valioso instante, esqueceu-se de que a sala da presidência era dele agora, e acreditou estar ali para encontrar a noiva e ir a um restaurante com ela, como fizeram tantas vezes. Àquele segundo de esquecimento, pelo qual daria qualquer coisa nesse mundo, seguiu-se o de uma dor aguda, como se a volta à realidade depois de um breve desligamento reforçasse a perda, apagando o caminho percorrido em direção à aceitação e à adaptação.
sentou-se, fechou um programa em que estivera trabalhando e observou o rosto sorridente de , na imagem que servia de plano de fundo para o computador que ela costumava usar. Instintivamente, passou os dedos pela tela fria, antes de fechar os olhos, entregando-se a lembranças inúmeras de sua garota. Não percebeu que estava chorando, como só fizera nos primeiros dias posteriores ao acidente dela, até que Lily batesse na porta e pedisse licença para adentrar a sala, com o semblante carregado de piedade que as pessoas ostentam quando veem alguém sofrendo e não sabem bem como agir.
"... é... Sr. ..." Ela ainda estava confusa em relação a como deveria se dirigir a ele, agora que era seu chefe direto. "Tem uma pessoa querendo falar com você... com o senhor." Hesitou.
"Lily, me chama de ... e de você. Por favor!" Rogou. "Quem é que quer falar comigo? Algum diretor?"
"Não. Não é ninguém da empresa. É um detetive. O nome dele é Mike. Mike Blankerman."
"Eu sei quem é. Pode mandar entrar." Disse, secando o rosto com a manga da camisa. Não estranhou a visita, pois sabia que Mike e Johanna estariam envolvidos no "Caso Gleizer" até que Timothy fosse encontrado.
Mesmo que e Darren já não estivessem sob proteção, era trabalho deles acompanhar as buscas ao criminoso, além de assegurar que mais ninguém da família, por exemplo, corresse nenhum risco. Tanto que o agente lhe dera todos os contatos de ambos, para que pudessem ser informados, caso um dos ou pessoa próxima recebesse algum tipo de ameaça ou se sentisse inseguro, por qualquer razão. O lado racional do rapaz assumiu que o policial estava ali para falar de Westwing, ainda que seu coração desejasse e teimasse em imaginar que as notícias podiam ser ainda melhores.
"Detetive." Cumprimentou, apertando a mão de Blankerman, quando ele foi trazido por Lily, que os deixou sozinhos imediatamente, fechando a porta do escritório.
"Olá, Sr. ." O outro respondeu, encaminhando-se em seguida para a cadeira que lhe apontou, enquanto pedia para ser chamado pelo primeiro nome, como fizera com a secretária minutos antes.
"O que aconteceu?" perguntou, ocupando a própria cadeira, ficando de frente para o agente. "Vocês encontraram o safado? Tiveram alguma notícia dele? Foi isso?" Mostrou-se ansioso. Provavelmente a única coisa pela qual ele ainda tinha algum interesse real na vida era a captura do bandido.
"Não foi sobre isso que eu vim falar." Esclareceu o outro, querendo primeiro dar a informação mais importante de todas. "E eu não vou fazer rodeios, . A sua noiva e o irmão dela... eles estão vivos."
"O que?" Indagou, encarando o policial e esperando, por alguns segundos, para que ele pudesse corrigir a informação, ou avisar, se estivesse fazendo uma piada de muito mau gosto. "Mas como isso é possível? Foi... o programa, não foi? Onde ela tá? Eu preciso vê-la!" Cuspiu as palavras, sem tomar fôlego, e se ergueu da cadeira, agitado, depois que Mike apenas assentiu.
"Calma, ." Pediu, colocando a mão no braço dele e dando um leve aperto. "Eu te conto tudo no caminho, se você puder viajar comigo agora, e ir até onde eles estão. Eu só teria que fazer algumas ligações, que eu posso fazer do carro mesmo."
"É claro!" Não hesitou, indo direto para a porta, passando por Lily, a quem apenas deu ordens para desmarcar todos os seus compromissos daquele e do próximo dia, sem nada explicar, e apertando nervosamente o botão do elevador privativo. "A minha , meu Deus! A minha ! Obrigada." Murmurou, fechando os olhos e respirando fundo para tentar fazer os batimentos cardíacos baixarem.
Mike contou absolutamente tudo o que havia acontecido a , desde o momento da entrada dos Gleizer na delegacia, depois de terem conseguido escapar de Timothy, até a descoberta da morte do mesmo, provavelmente eliminado por antigos parceiros de crime, segundo investigações preliminares apontavam. Também explicou que o levaria até a noiva, para que eles pudessem passar algum tempo juntos, antes do retorno oficial dela, que teria que ser acompanhado de muitas explicações à imprensa, uma vez que ninguém pode simplesmente voltar do mundo dos mortos, de uma hora para a outra.
Os dois rapazes se juntaram a Johanna no aeroporto e os três viajaram em um avião da polícia. não conseguiu dormir e provavelmente falou mais em algumas horas do que em um mês inteiro, olhando para seus interlocutores sem constrangimento e com a voz firme e audível, como se a energia vital perdida tivesse voltado ao seu corpo. Também comeu tudo o que lhe foi servido, com um apetite que não conhecia desde a última refeição que fizera acompanhado de . Retomara a vontade de viver e de ter saúde, para poder passar o resto de seus dias ao lado dela e formar, enfim, a família que tinham planejado.
Quando o monomotor usado na segunda parte da viagem deles aterrissou na fazenda onde a garota estava morando, ela desceu devagar os cinco degraus que separavam a varanda do gramado. Ficou encarando a aeronave, até ver sair dela o homem por quem estava aguardando havia dias, depois de saber que não precisaria continuar se fingindo de morta, e de pedir a Johanna que o levasse, junto com ela e Mike, quando fossem buscá-la. Mal conseguia respirar e apenas alguns segundos lhe pareceram um tempo imenso de espera.
No momento em que o viu, ele também se deu conta da presença dela, e ambos começaram a caminhar, um na direção do outro. Deram passos lentos, de início, hesitantes, depois substituídos por passadas mais rápidas, para logo, em inexplicável sintonia, começarem a correr, até se encontrarem mais ou menos no meio do caminho e praticamente jogarem seus corpos um contra o outro, se abraçando com força.
"Meu amor!" Ele falou, se afastando para olhar o rosto dela, acariciando cada pedacinho dele, como para se certificar de que era real. Assim como ele, ela estava bem mais magra, abatida, e com olheiras abaixo dos olhos que a maquiagem não conseguiu disfarçar completamente, mas, mesmo assim, continuava linda, iluminada pelo sol do fim de tarde.
"Me desculpa pelo sofrimento que eu te fiz passar." Ela implorou, molhando os dedos dele com lágrimas.
"Eu te amo, . Eu te amo DEMAIS e, se foi preciso que eu pensasse que tinha perdido você, pra que você ficasse em segurança e eu não te perdesse de verdade, eu passaria por isso mais mil vezes." Assegurou, sério. "Mesmo que não pareça fazer sentido isso." Acrescentou, rindo, e fazendo a garota sorrir pela primeira vez, antes de apertá-lo de novo contra si e de ficar na ponta dos pés, colando os lábios nos dele por repetidas vezes.
"Casal." Johanna interrompeu o momento e os dois se viraram para ver a policial e seu parceiro, que tentavam disfarçar seus sorrisos.
"Eu e Johanna vamos descansar e deixar vocês sozinhos, agora. Mas amanhã de manhã, infelizmente, a gente tem que conversar sobre a volta... sobre alguns detalhes importantes, ok?" Indagou Mike, e e , sem se soltarem um do outro, assentiram.
Os quatro entraram na casa e conversaram um pouco com Darren, que os estivera observando da porta. , porém, não demorou a puxar em direção a um quarto, onde fizeram amor, provando o gosto de viver, de fato, deixando de apenas suportar o peso da existência, como vinham fazendo nos últimos tempos. Acarinharam-se lenta e proveitosamente, beijaram-se com fervor, formaram um só corpo de dois e sentiram o arrebatamento na carne e na alma, fruto não só de desejo, mas também de amor.
Mesmo que tivessem ficado sem se ver por um mês, em circunstâncias absolutamente inusitadas, e existissem muitas coisas para serem ditas, eles escolheram o silêncio, enquanto descansavam e trocavam carinhos. Todos os assuntos podiam ser adiados por mais algumas horas, sem prejuízo algum, e gostava de apenas desfrutar da maciez do cabelo dela em seus dedos, do cheiro de sua pele entrando pelas narinas, do arrepio sutil causado pelos dedos dela desenhando círculos imaginários em seu abdômen.
"?" Chamou a atenção dele, de repente, não querendo deixar de lado uma única pauta.
"Hum?"
"Eu quero me casar o mais rápido possível... assim que a gente voltar, se der." Informou, bastante séria. "A gente não precisa de uma cerimônia grandiosa, nem de uma festa pra um número imenso de convidados, como a que a ia ter."
"Você fala como se ela fosse uma outra pessoa." Riu.
" me protegeu, por um bom tempo, e me deu muitas coisas boas, inclusive você, . Mas o fato é que eu tinha um nome falso, uma história falsa, uma família falsa, e uma personalidade meio indefinida... ou algumas personalidades, bem definidas até demais, pra me sentir mais segura do que o programa de proteção conseguiria me deixar." Afirmou, referindo-se ao tempo em que ia dos tons pastel ao vermelho, mas sem passar pelas outras cores, se colocando dentro de moldes e não sendo, como todas as pessoas, um ser único justamente por seus múltiplos aspectos.
"Já não era mais assim, bebê." Ele assegurou, fazendo carinho no rosto dela.
"Já não era, mas, de qualquer forma, o propósito de acabou. Eu nem posso usar mais esse nome!" Lembrou. "Por outro lado, a Gleizer... ela é uma pessoa marcada, com um carma pesado, cheia de traumas. Eu amo meu pai, mas sei que ele mesmo não ia querer que eu carregasse mais esse nome, que eu pensasse mais nesse passado, quando eu posso ser... ." Sorriu largamente, sendo acompanhada por ele, que também adorava a ideia de dar a ela o seu nome. " vai ser o nome que vai acompanhar, pro resto da vida, uma pessoa totalmente verdadeira e verdadeiramente feliz." Concluiu, deitando-se sobre o peito dele e se deixando envolver por uma sensação de paz.
Uma pessoa nova vinha sendo gestada há algum tempo, mas ela realmente só pode nascer com a morte de Timothy Westwing, e pessoas novas precisam de nomes escolhidos para pertencer somente a elas.
Se tinha alguma certeza naquele seu momento de pleno recomeço, era a de que o sobrenome era uma escolha mais do que perfeita!
A notícia de sua morte era até convincente, porque, segundo relatado, ela estaria indo da delegacia para casa em um carro de polícia, depois de ter prestado queixa contra o mesmo homem de quem o Serviço de Proteção a mantivera resguardada por longo tempo, em razão de uma perseguição ocorrida naquela mesma tarde, em ruas do centro da Filadélfia. As informações batiam, mas, mesmo assim, ele não acreditou completamente na história e, juntando sua necessidade de descobrir mais sobre a vida dela ao fato de que ele provavelmente estava sendo procurado pela polícia novamente, decidiu não deixar de imediato a cidade.
Esteve logo no dia seguinte na porta do prédio da empresa, que agora sabia ser dela, e, disfarçado e fingindo ser um curioso qualquer, conseguiu conversar com algumas pessoas e descobrir que ela estava noiva de um contador chamado , antes do acidente. Não teve, no entanto, tempo para descobrir mais sobre o rapaz a quem odiou instantaneamente, pois começou a ser caçado por gente ainda mais perigosa para ele que a polícia e decidiu colocar, ao menos por alguns dias, sua própria segurança em primeiro lugar.
O fato de ter-se tornado parte importante da organização criminosa que integrava, usando a identidade falsa de Preston White, aparentemente não o isentava de seguir o "Código de Ética" do grupo e, por mais que o coordenador das atividades na Filadélfia devesse grandes favores ao superior dele, a colaboração com Timothy tinha cessado no exato momento em que ele deixara de socorrer um companheiro baleado, por causa de interesses pessoais. Para piorar a situação, ele se recusara a pedir desculpas a quem quer que fosse e, assim, passara a ser, do dia para a noite e sem aviso prévio, não mais um membro da organização, e sim seu inimigo.
Pouco tempo depois, quando o cadáver dele foi encontrado em uma caçamba de lixo, perto do cais do porto, e a polícia chamada, foi fácil perceber que ele não tinha sido somente morto, mas bastante torturado. Os muitos hematomas e cortes, as queimaduras, e a ausência de unhas e dentes, davam uma boa ideia do requinte de crueldade com que fora tratado, ainda que os agentes da Divisão de Homicídios não tivessem como saber que ele passara metade do mês trancado em um galpão com o mesmo rapaz que não se importara em socorrer e mais três traficantes sem nenhuma piedade de gente sem espírito de equipe e com o "rei na barriga".
Fora encontrado pelo grupo quando a obsessão por falara mais alto que a inteligência e o instinto de sobrevivência, e ele resolvera voltar à porta do prédio da Red Rave e tentar descobrir o paradeiro do homem com quem ela, um dia, tinha planejado se casar. Chegara a conseguir, de um funcionário corrupto, um endereço pretensamente usado para envio de correspondências, mas logo fora empurrado para o banco traseiro de um carro, encapuzado, amarrado, e, então, jamais voltara a ver o celular onde armazenara a informação, ou mesmo a luz do sol.
"Será que é ele mesmo?" Mike perguntou a Johanna, depois de receber a informação. Não queria se encher de esperança e depois frustrar-se, como já acontecera em outros casos, em que a morte de um criminoso, do qual eles estavam protegendo alguém, tinha sido alarme falso.
"Segundo me falaram, o rosto dele não tá completamente desfigurado, então deu pra reconhecê-lo nas fotos de arquivo. Parece que ele também tem impressões digitais em alguns dedos, que batem com as do sistema. Mas, de qualquer forma, o pessoal da Homicídios disse que nós podemos ir até lá e ver com nossos próprios olhos, se você quiser." Ela deu de ombros, enquanto o parceiro se levantava rapidamente e vestia um paletó, antes pendurado no encosto da cadeira.
"É claro que eu quero ver com meus próprios olhos, cara! Eu fiquei responsável pela proteção da , aqui na Filadélfia, logo que comecei no Programa, quando eu era praticamente um garoto ainda, e esse babaca tinha destruído a vida de uma menina ainda mais nova do que eu!" Falou, demonstrando emoção como poucas vezes fazia, talvez não só porque ela tinha sido uma das primeiras pessoas por cuja proteção ele se tornara responsável, mas também graças ao estado em que vira o noivo dela ficar, ao receber a falsa notícia de morte, e por ter passado os últimos dias se preparando para contar a verdade a ele, sem que, todavia, pudesse lhe dar qualquer esperança de um futuro reencontro. "Seria o maior prazer comprovar que esse bandido foi varrido da face da Terra, e ela, o irmão e o noivo vão poder viver em paz, finalmente." Concluiu, pensando na doce possibilidade de se livrar da tarefa e de se tornar mensageiro de verdadeiras boas-novas.
"Normalmente, eu te criticaria por levar as coisas pro lado pessoal, parceiro. Mas eu te confesso que, nesse caso, eu também vou sentir prazer, se for o tal do Timothy o cara com moscas na boca, morando num saco preto. Eu nunca vi alguém reagir à morte de uma namorada como o tal do , e nem uma garota jovem e bonita como a , cogitando dispensar o programa e arriscar a própria vida, por causa de um cara!"
"Ficou com inveja, gata?" Ele sorriu debochado, abrindo a porta para a colega de trabalho e amiga.
"Se eu gostasse de caras ou ela de uma garota, quem sabe." Respondeu rindo e saiu, para que fossem, enfim, ao necrotério.
Mike não visitou naquela tarde, como planejara, e deixou o rapaz sofrer por mais um tempo, sem saber que e Darren estavam vivos e bem. Quando voltou a trabalhar e se apresentou oficialmente como novo sócio majoritário da Red Rave, em uma reunião convocada pela secretária Lily, com toda a diretoria presente, ele teve que brigar contra muitas sensações. Cada sala ou corredor do lugar o faziam sentir uma tristeza imensa, uma saudade insana, mas isso não era pior do que temer que suas próprias faculdades mentais estivessem prejudicadas, porque a sensação de que a voltaria a ver, em breve, naquele mesmo lugar, só aumentava dentro dele.
Em seu segundo dia pós-retorno, muitas atividades novas o haviam mantido suficientemente distraído até a hora do almoço, quando voltou de uma reunião e, por um valioso instante, esqueceu-se de que a sala da presidência era dele agora, e acreditou estar ali para encontrar a noiva e ir a um restaurante com ela, como fizeram tantas vezes. Àquele segundo de esquecimento, pelo qual daria qualquer coisa nesse mundo, seguiu-se o de uma dor aguda, como se a volta à realidade depois de um breve desligamento reforçasse a perda, apagando o caminho percorrido em direção à aceitação e à adaptação.
sentou-se, fechou um programa em que estivera trabalhando e observou o rosto sorridente de , na imagem que servia de plano de fundo para o computador que ela costumava usar. Instintivamente, passou os dedos pela tela fria, antes de fechar os olhos, entregando-se a lembranças inúmeras de sua garota. Não percebeu que estava chorando, como só fizera nos primeiros dias posteriores ao acidente dela, até que Lily batesse na porta e pedisse licença para adentrar a sala, com o semblante carregado de piedade que as pessoas ostentam quando veem alguém sofrendo e não sabem bem como agir.
"... é... Sr. ..." Ela ainda estava confusa em relação a como deveria se dirigir a ele, agora que era seu chefe direto. "Tem uma pessoa querendo falar com você... com o senhor." Hesitou.
"Lily, me chama de ... e de você. Por favor!" Rogou. "Quem é que quer falar comigo? Algum diretor?"
"Não. Não é ninguém da empresa. É um detetive. O nome dele é Mike. Mike Blankerman."
"Eu sei quem é. Pode mandar entrar." Disse, secando o rosto com a manga da camisa. Não estranhou a visita, pois sabia que Mike e Johanna estariam envolvidos no "Caso Gleizer" até que Timothy fosse encontrado.
Mesmo que e Darren já não estivessem sob proteção, era trabalho deles acompanhar as buscas ao criminoso, além de assegurar que mais ninguém da família, por exemplo, corresse nenhum risco. Tanto que o agente lhe dera todos os contatos de ambos, para que pudessem ser informados, caso um dos ou pessoa próxima recebesse algum tipo de ameaça ou se sentisse inseguro, por qualquer razão. O lado racional do rapaz assumiu que o policial estava ali para falar de Westwing, ainda que seu coração desejasse e teimasse em imaginar que as notícias podiam ser ainda melhores.
"Detetive." Cumprimentou, apertando a mão de Blankerman, quando ele foi trazido por Lily, que os deixou sozinhos imediatamente, fechando a porta do escritório.
"Olá, Sr. ." O outro respondeu, encaminhando-se em seguida para a cadeira que lhe apontou, enquanto pedia para ser chamado pelo primeiro nome, como fizera com a secretária minutos antes.
"O que aconteceu?" perguntou, ocupando a própria cadeira, ficando de frente para o agente. "Vocês encontraram o safado? Tiveram alguma notícia dele? Foi isso?" Mostrou-se ansioso. Provavelmente a única coisa pela qual ele ainda tinha algum interesse real na vida era a captura do bandido.
"Não foi sobre isso que eu vim falar." Esclareceu o outro, querendo primeiro dar a informação mais importante de todas. "E eu não vou fazer rodeios, . A sua noiva e o irmão dela... eles estão vivos."
"O que?" Indagou, encarando o policial e esperando, por alguns segundos, para que ele pudesse corrigir a informação, ou avisar, se estivesse fazendo uma piada de muito mau gosto. "Mas como isso é possível? Foi... o programa, não foi? Onde ela tá? Eu preciso vê-la!" Cuspiu as palavras, sem tomar fôlego, e se ergueu da cadeira, agitado, depois que Mike apenas assentiu.
"Calma, ." Pediu, colocando a mão no braço dele e dando um leve aperto. "Eu te conto tudo no caminho, se você puder viajar comigo agora, e ir até onde eles estão. Eu só teria que fazer algumas ligações, que eu posso fazer do carro mesmo."
"É claro!" Não hesitou, indo direto para a porta, passando por Lily, a quem apenas deu ordens para desmarcar todos os seus compromissos daquele e do próximo dia, sem nada explicar, e apertando nervosamente o botão do elevador privativo. "A minha , meu Deus! A minha ! Obrigada." Murmurou, fechando os olhos e respirando fundo para tentar fazer os batimentos cardíacos baixarem.
Mike contou absolutamente tudo o que havia acontecido a , desde o momento da entrada dos Gleizer na delegacia, depois de terem conseguido escapar de Timothy, até a descoberta da morte do mesmo, provavelmente eliminado por antigos parceiros de crime, segundo investigações preliminares apontavam. Também explicou que o levaria até a noiva, para que eles pudessem passar algum tempo juntos, antes do retorno oficial dela, que teria que ser acompanhado de muitas explicações à imprensa, uma vez que ninguém pode simplesmente voltar do mundo dos mortos, de uma hora para a outra.
Os dois rapazes se juntaram a Johanna no aeroporto e os três viajaram em um avião da polícia. não conseguiu dormir e provavelmente falou mais em algumas horas do que em um mês inteiro, olhando para seus interlocutores sem constrangimento e com a voz firme e audível, como se a energia vital perdida tivesse voltado ao seu corpo. Também comeu tudo o que lhe foi servido, com um apetite que não conhecia desde a última refeição que fizera acompanhado de . Retomara a vontade de viver e de ter saúde, para poder passar o resto de seus dias ao lado dela e formar, enfim, a família que tinham planejado.
Quando o monomotor usado na segunda parte da viagem deles aterrissou na fazenda onde a garota estava morando, ela desceu devagar os cinco degraus que separavam a varanda do gramado. Ficou encarando a aeronave, até ver sair dela o homem por quem estava aguardando havia dias, depois de saber que não precisaria continuar se fingindo de morta, e de pedir a Johanna que o levasse, junto com ela e Mike, quando fossem buscá-la. Mal conseguia respirar e apenas alguns segundos lhe pareceram um tempo imenso de espera.
No momento em que o viu, ele também se deu conta da presença dela, e ambos começaram a caminhar, um na direção do outro. Deram passos lentos, de início, hesitantes, depois substituídos por passadas mais rápidas, para logo, em inexplicável sintonia, começarem a correr, até se encontrarem mais ou menos no meio do caminho e praticamente jogarem seus corpos um contra o outro, se abraçando com força.
"Meu amor!" Ele falou, se afastando para olhar o rosto dela, acariciando cada pedacinho dele, como para se certificar de que era real. Assim como ele, ela estava bem mais magra, abatida, e com olheiras abaixo dos olhos que a maquiagem não conseguiu disfarçar completamente, mas, mesmo assim, continuava linda, iluminada pelo sol do fim de tarde.
"Me desculpa pelo sofrimento que eu te fiz passar." Ela implorou, molhando os dedos dele com lágrimas.
"Eu te amo, . Eu te amo DEMAIS e, se foi preciso que eu pensasse que tinha perdido você, pra que você ficasse em segurança e eu não te perdesse de verdade, eu passaria por isso mais mil vezes." Assegurou, sério. "Mesmo que não pareça fazer sentido isso." Acrescentou, rindo, e fazendo a garota sorrir pela primeira vez, antes de apertá-lo de novo contra si e de ficar na ponta dos pés, colando os lábios nos dele por repetidas vezes.
"Casal." Johanna interrompeu o momento e os dois se viraram para ver a policial e seu parceiro, que tentavam disfarçar seus sorrisos.
"Eu e Johanna vamos descansar e deixar vocês sozinhos, agora. Mas amanhã de manhã, infelizmente, a gente tem que conversar sobre a volta... sobre alguns detalhes importantes, ok?" Indagou Mike, e e , sem se soltarem um do outro, assentiram.
Os quatro entraram na casa e conversaram um pouco com Darren, que os estivera observando da porta. , porém, não demorou a puxar em direção a um quarto, onde fizeram amor, provando o gosto de viver, de fato, deixando de apenas suportar o peso da existência, como vinham fazendo nos últimos tempos. Acarinharam-se lenta e proveitosamente, beijaram-se com fervor, formaram um só corpo de dois e sentiram o arrebatamento na carne e na alma, fruto não só de desejo, mas também de amor.
Mesmo que tivessem ficado sem se ver por um mês, em circunstâncias absolutamente inusitadas, e existissem muitas coisas para serem ditas, eles escolheram o silêncio, enquanto descansavam e trocavam carinhos. Todos os assuntos podiam ser adiados por mais algumas horas, sem prejuízo algum, e gostava de apenas desfrutar da maciez do cabelo dela em seus dedos, do cheiro de sua pele entrando pelas narinas, do arrepio sutil causado pelos dedos dela desenhando círculos imaginários em seu abdômen.
"?" Chamou a atenção dele, de repente, não querendo deixar de lado uma única pauta.
"Hum?"
"Eu quero me casar o mais rápido possível... assim que a gente voltar, se der." Informou, bastante séria. "A gente não precisa de uma cerimônia grandiosa, nem de uma festa pra um número imenso de convidados, como a que a ia ter."
"Você fala como se ela fosse uma outra pessoa." Riu.
" me protegeu, por um bom tempo, e me deu muitas coisas boas, inclusive você, . Mas o fato é que eu tinha um nome falso, uma história falsa, uma família falsa, e uma personalidade meio indefinida... ou algumas personalidades, bem definidas até demais, pra me sentir mais segura do que o programa de proteção conseguiria me deixar." Afirmou, referindo-se ao tempo em que ia dos tons pastel ao vermelho, mas sem passar pelas outras cores, se colocando dentro de moldes e não sendo, como todas as pessoas, um ser único justamente por seus múltiplos aspectos.
"Já não era mais assim, bebê." Ele assegurou, fazendo carinho no rosto dela.
"Já não era, mas, de qualquer forma, o propósito de acabou. Eu nem posso usar mais esse nome!" Lembrou. "Por outro lado, a Gleizer... ela é uma pessoa marcada, com um carma pesado, cheia de traumas. Eu amo meu pai, mas sei que ele mesmo não ia querer que eu carregasse mais esse nome, que eu pensasse mais nesse passado, quando eu posso ser... ." Sorriu largamente, sendo acompanhada por ele, que também adorava a ideia de dar a ela o seu nome. " vai ser o nome que vai acompanhar, pro resto da vida, uma pessoa totalmente verdadeira e verdadeiramente feliz." Concluiu, deitando-se sobre o peito dele e se deixando envolver por uma sensação de paz.
Uma pessoa nova vinha sendo gestada há algum tempo, mas ela realmente só pode nascer com a morte de Timothy Westwing, e pessoas novas precisam de nomes escolhidos para pertencer somente a elas.
Se tinha alguma certeza naquele seu momento de pleno recomeço, era a de que o sobrenome era uma escolha mais do que perfeita!
Epílogo
sabia que tinha boas amigas e que os a consideravam membro da família, mas, ainda assim, não podia imaginar receber nem uma pequena parte do amor que a esperava quando voltou. O alívio e a alegria transpareciam nos rostos também de pessoas como os avós do noivo, Samuel e Artie, e nos de funcionários como Lily, Cora, Dean, Brad e Kevin, que felizmente tinham permanecido trabalhando para ou para a empresa. A maior parte das pessoas não se contentou em fazer uma visita apenas e, com isso, o apartamento do casal permaneceu, por mais de uma semana, repleto de gente, nas mais diversas horas do dia.
e se casaram logo, exatamente como ela desejava, sem que fosse planejada uma festa suntuosa, que contaria com centenas de convidados sem grande relevância para qualquer um deles. Entretanto as amigas a convenceram a, pelo menos, entrar na igreja ao lado do irmão, usando o vestido que ela tinha escolhido antes, e que Mercedes não tivera coragem de vender para mais ninguém. Sabiam que a benção católica era importante para os e que celebrar, comendo bolo feito pela equipe de Kevin acompanhado de champagne, depois de uma série quase infinita de brindes, era importante para todos que os amavam.
não interferiu nas decisões da garota, pois tudo o que ele queria era estar ao lado dela, com ou sem proclamas, com ou sem um padre os declarando marido e mulher, com ou sem amigos reunidos em torno de mais uma desculpa para exagerar na bebida. Não poderia negar, no entanto, a satisfação que sentiu ao vê-la caminhar pela nave da igreja em direção a ele, com um vestido que acentuava sua beleza e o sorriso radiante que ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para manter no rosto dela, por uma vida inteira e várias outras.
Ele sabia que ela ficava linda usando qualquer cor. Lembrava-se bem que, ao começar a se relacionar com ela, tinha mesmo ficado impressionado por ela ser tão atraente com as roupas de tonalidade discreta quanto era com as cores berrantes que, na época, só usava dentro do quarto secreto. Desde então, ela adotara visuais bem mais coloridos, no dia-a-dia, que a deixavam simplesmente maravilhosa, e ele não poderia ter imaginado que a julgaria ainda mais perfeita, ao vê-la usando apenas branco.
Na verdade, a cor branca, fruto do reflexo de todas as cores, era a metáfora perfeita para o momento em que finalmente sentia ser ela mesma, completa, inteira, em todas as suas nuances. Parecia ter luz própria e jamais teria acreditado, naquele dia de festa, se alguém lhe tivesse dito que ela ainda seria capaz de brilhar mais. Foi pego de surpresa, todavia, quando ela ficou grávida pela primeira vez, tornando-se cada vez mais bonita a seus olhos, na medida em que a barriga crescia e vida se preparava para irromper de dentro dela.
Só sentiu mais amor do que naqueles meses quando enfim observou o rostinho de Kyra e viu olhos iguais aos de convivendo harmonicamente com um nariz como o dele e algumas sardas, um sorriso levemente torto em uma boquinha carnuda e bem rosada, os cabelos bem escuros contrastando com a pele claríssima. Teve um pouco de medo de pegá-la com seus braços longos e mãos grandes, sendo um serzinho tão frágil, mas a risada gostosa da esposa lhe deu toda a coragem de que precisava, e ele soube que seria sempre o guardião da filha e jamais poderia machucá-la.
Também amou instantaneamente Chase, quando ele nasceu, apenas dois anos depois, e sentiu um certo alívio pela chegada de alguém do sexo masculino à família. Imaginou o garoto no futuro, cuidando da irmã e não deixando meninos mal intencionados se aproximarem dela, mas quando contou isso à mãe dele, o lado independente dela não gostou da ideia. Ela queria criar uma Kyra forte, decidida, que saberia fazer suas próprias escolhas e cuidar pessoalmente de seus assuntos e, no fundo, não poderia deixar de concordar, é claro! Não tinha sido por uma mulher poderosa que ele se apaixonara, afinal?
Mesmo que, ao longo de tanto tempo de convivência, tivesse acabado por mostrar suas fragilidades para ele, nunca deixaria de vê-la como alguém decidida e valente. Talvez até a considerasse mais forte atualmente, quando a mulher que um dia ele vira como uma fêmea no cio, cercando o macho e colocando-o à sua mercê, se transformara em uma leoa em volta da cria, cuidando para que nada pudesse atingi-la ou a ela faltar.
Por enquanto, de qualquer forma, tanto Kyra quanto Chase ainda precisariam de muitos cuidados e direção, por alguns anos. Eram crianças de pouco mais de três e um ano cada, cheias de energia e curiosidade, que se manifestaram, naquele sábado, por meio de um travesso Chase, engatinhando pela casa e sumindo de vista enquanto os pais recebiam Darren e o chef Kevin, com quem este acabara se casando, alguns anos antes. Nada poderia ser pior do que a ansiedade e temor gerados pelo sumiço, mesmo vê-lo voltando, depois de desaparecer, com uma pequena argola de borracha rosa choque na mão.
"Ai, meu Deus!" tirou o objeto da mãozinha do filho, completamente sem jeito porque homens adultos como o irmão e o cunhado sabiam muito bem para que servia aquele tipo de argola.
"Onde será que ele pegou isso?" questionou, levantando a sobrancelha, ciente de que os acessórios sexuais que usavam eram guardados no quarto secreto que eles tinham arrumado no apartamento novo, com ainda mais objetos e fantasias do que havia no antigo.
"A Alice tá limpando o quarto e deve ter esquecido a porta aberta, Sr. ." Esclareceu Cora, que ainda coordenava a equipe que cuidava da residência do casal. "Eu vou pedir que ela seja mais cuidadosa. Me desculpe." Pediu e apenas assentiu, tranquilo. Não tinha afinal acontecido nada sério.
"Bom, parece que o rapazinho pode vir a ter uma tendência ao não convencional, hum?" Brincou Kevin.
"Talvez seja genético." Darren completou e todos riram.
"Façam piadinhas mesmo! Vocês ainda não tem filhos, ok?" implicou, entregando o bebê, que pegara no colo, ao tio. "Não esqueçam que ele tem que comer daqui a duas horas... se chorar antes disso, não deve ser fome, mas pode ser a fralda... ou talvez, se não for nada disso, possa ser cólica. O remedinho tá na bolsa." Falou, enquanto entregava a mesma ao concunhado.
"Eles já sabem de tudo isso, ." O marido repreendeu.
"Ela fala isso pra gente desde que a Kyra tinha poucos meses e a gente vinha dar uma de baby sitter." Darren revirou os olhos e se despediu da irmã, com um beijo no rosto, e do cunhado com um abraço.
"A gente podia aproveitar que o Chase tá com os tios e a Kyra tá sendo paparicada pelas tias, pra tirar um tempo só pra gente, do jeitinho que era antes." Sugeriu , quando o casal foi embora, referindo-se também à saída da filha com Harmony e Kitty, que, apesar de ter conseguido ganhar controle em relação à sua compulsão por compras, gostava de acabar com o limite de seu cartão de crédito levando ao shopping a sobrinha postiça.
"Antes? Mas antes quando, exatamente?" Questionou , apesar de bastante desconfiada a respeito de que tipo de tempo sozinho com ela queria ter, depois de terem visto juntos a argola de pênis.
"Antes de você engravidar, quando éramos só nós dois e a gente fazia sexo pela casa toda, sem ter medo de nenhum flagrante. Ou quando a gente ficava o domingo todo no quarto secreto, sem sair correndo de lá, depois de uma transa só, cheios de culpa, achando que uma das crianças podia precisar da gente, de repente." Respondeu, abraçando-a pela cintura. "Eu amo a nossa família, é claro. Adoro ver você cuidando dos nossos filhos, adoro fazer amor com você, bem devagar, com toda a calma do mundo, no nosso quarto, à noite, depois que a gente coloca os dois na cama... ou de manhã, antes de um deles se esgoelar, nos chamando." Riu, fazendo carinho no rosto sorridente dela.
"Mas?" Ela indagou, levantando as sobrancelhas, de forma sugestiva.
"Mas..." Ele agarrou os cabelos dela, puxando para trás, como se fosse prender os fios em um rabo de cavalo e beijou algumas vezes seu pescoço. "Eu sinto falta de você mais selvagem, às vezes. E eu também queria nós dois mais relaxados, deixando alguém cuidar das crianças, de verdade, sem entrarmos em pânico ou ficarmos nos sentindo péssimos pais."
"O que você quer dizer é que não precisamos ser só pais, pra sermos bons pais, não é?" Mostrou concordância.
"E que nós não precisamos deixar de ser o tipo de amantes que nós éramos até pouco tempo atrás também. Nós podemos ter alguns segredos, como a gente sempre teve." Declarou, de novo afastando as madeixas dela para beijar seu pescoço e arrastar o nariz por ele, gostosamente.
"Será que a sua fantasia favorita ainda cabe em mim?" Perguntou, considerando retomar o uso do quarto secreto e das brincadeiras de dominação em grande estilo, vestida de caçadora. Ele seria um animal selvagem, o que demandava apenas uma cueca estampada, mas para que ela ficasse perfeita era preciso superprodução. "Acho que usei pela última vez antes de engravidar do Chase."
"Você tá a mesma coisa, ." Achou graça na preocupação infundada da esposa. "Vai lá se arrumar, que eu vou em dez minutos." Pediu, separando-se dela e indo na direção da cozinha.
Minutos depois, ela estava brincando de caçá-lo, enquanto ele fingia atacá-la como um animal acuado, o que era perfeito para que pudessem se revessar nas posições de dominador e dominado, mesmo que ele a deixasse no controle a maior parte do tempo. Contudo, depois de se despojarem de suas fantasias e fazerem sexo de pé, dentro de uma jaula, usando a grade como apoio, foi ele quem conduziu a fase das experimentações, invocando os sentidos dela, com cheiros, texturas e sabores, provocando a libido da esposa por meio deles.
Vendou os olhos de , oferecendo-lhe patês, cremes, queijos, geleias, licores, e massageou todo o corpo dela com óleo aromático, quente e comestível, que ele mesmo provou, beijando, lambendo, mordendo, sugando, até a última gota se confundir com sua própria saliva. Depois deixou que ela cobrisse seus olhos, o amarrasse à cama, apertasse forte uma coleira em volta do seu pescoço, montada nele, subindo e descendo em seu colo freneticamente, até gozar e liberá-lo de todos os objetos de submissão, deixando que ele mudasse suas posições, ficasse por cima e atingisse o orgasmo encarando suas pupilas dilatadas de desejo.
Os jogos de dominação e submissão, de dor e prazer, dentro do quarto secreto, voltaram a ser uma constante na vida do casal, depois daquele dia. Não porque tivesse necessidade de controle, nos negócios, na casa, na vida ou no sexo, mas porque eles gostavam, porque era realmente muito, muito intenso e prazeroso realizar fantasias e testar limites.
Não porque algum deles precisasse ser alguém que não era, quando fora dali, usando máscaras e disfarces, mas porque, simplesmente, eles ali podiam brincar com algumas das muitas facetas de suas personalidades, que eram íntimas e privadas, que pertenciam apenas aos dois.
Não por medo ou necessidade, mas por escolha. Porque descobriram juntos que, entre quatro paredes, realmente vale tudo.
e se casaram logo, exatamente como ela desejava, sem que fosse planejada uma festa suntuosa, que contaria com centenas de convidados sem grande relevância para qualquer um deles. Entretanto as amigas a convenceram a, pelo menos, entrar na igreja ao lado do irmão, usando o vestido que ela tinha escolhido antes, e que Mercedes não tivera coragem de vender para mais ninguém. Sabiam que a benção católica era importante para os e que celebrar, comendo bolo feito pela equipe de Kevin acompanhado de champagne, depois de uma série quase infinita de brindes, era importante para todos que os amavam.
não interferiu nas decisões da garota, pois tudo o que ele queria era estar ao lado dela, com ou sem proclamas, com ou sem um padre os declarando marido e mulher, com ou sem amigos reunidos em torno de mais uma desculpa para exagerar na bebida. Não poderia negar, no entanto, a satisfação que sentiu ao vê-la caminhar pela nave da igreja em direção a ele, com um vestido que acentuava sua beleza e o sorriso radiante que ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para manter no rosto dela, por uma vida inteira e várias outras.
Ele sabia que ela ficava linda usando qualquer cor. Lembrava-se bem que, ao começar a se relacionar com ela, tinha mesmo ficado impressionado por ela ser tão atraente com as roupas de tonalidade discreta quanto era com as cores berrantes que, na época, só usava dentro do quarto secreto. Desde então, ela adotara visuais bem mais coloridos, no dia-a-dia, que a deixavam simplesmente maravilhosa, e ele não poderia ter imaginado que a julgaria ainda mais perfeita, ao vê-la usando apenas branco.
Na verdade, a cor branca, fruto do reflexo de todas as cores, era a metáfora perfeita para o momento em que finalmente sentia ser ela mesma, completa, inteira, em todas as suas nuances. Parecia ter luz própria e jamais teria acreditado, naquele dia de festa, se alguém lhe tivesse dito que ela ainda seria capaz de brilhar mais. Foi pego de surpresa, todavia, quando ela ficou grávida pela primeira vez, tornando-se cada vez mais bonita a seus olhos, na medida em que a barriga crescia e vida se preparava para irromper de dentro dela.
Só sentiu mais amor do que naqueles meses quando enfim observou o rostinho de Kyra e viu olhos iguais aos de convivendo harmonicamente com um nariz como o dele e algumas sardas, um sorriso levemente torto em uma boquinha carnuda e bem rosada, os cabelos bem escuros contrastando com a pele claríssima. Teve um pouco de medo de pegá-la com seus braços longos e mãos grandes, sendo um serzinho tão frágil, mas a risada gostosa da esposa lhe deu toda a coragem de que precisava, e ele soube que seria sempre o guardião da filha e jamais poderia machucá-la.
Também amou instantaneamente Chase, quando ele nasceu, apenas dois anos depois, e sentiu um certo alívio pela chegada de alguém do sexo masculino à família. Imaginou o garoto no futuro, cuidando da irmã e não deixando meninos mal intencionados se aproximarem dela, mas quando contou isso à mãe dele, o lado independente dela não gostou da ideia. Ela queria criar uma Kyra forte, decidida, que saberia fazer suas próprias escolhas e cuidar pessoalmente de seus assuntos e, no fundo, não poderia deixar de concordar, é claro! Não tinha sido por uma mulher poderosa que ele se apaixonara, afinal?
Mesmo que, ao longo de tanto tempo de convivência, tivesse acabado por mostrar suas fragilidades para ele, nunca deixaria de vê-la como alguém decidida e valente. Talvez até a considerasse mais forte atualmente, quando a mulher que um dia ele vira como uma fêmea no cio, cercando o macho e colocando-o à sua mercê, se transformara em uma leoa em volta da cria, cuidando para que nada pudesse atingi-la ou a ela faltar.
Por enquanto, de qualquer forma, tanto Kyra quanto Chase ainda precisariam de muitos cuidados e direção, por alguns anos. Eram crianças de pouco mais de três e um ano cada, cheias de energia e curiosidade, que se manifestaram, naquele sábado, por meio de um travesso Chase, engatinhando pela casa e sumindo de vista enquanto os pais recebiam Darren e o chef Kevin, com quem este acabara se casando, alguns anos antes. Nada poderia ser pior do que a ansiedade e temor gerados pelo sumiço, mesmo vê-lo voltando, depois de desaparecer, com uma pequena argola de borracha rosa choque na mão.
"Ai, meu Deus!" tirou o objeto da mãozinha do filho, completamente sem jeito porque homens adultos como o irmão e o cunhado sabiam muito bem para que servia aquele tipo de argola.
"Onde será que ele pegou isso?" questionou, levantando a sobrancelha, ciente de que os acessórios sexuais que usavam eram guardados no quarto secreto que eles tinham arrumado no apartamento novo, com ainda mais objetos e fantasias do que havia no antigo.
"A Alice tá limpando o quarto e deve ter esquecido a porta aberta, Sr. ." Esclareceu Cora, que ainda coordenava a equipe que cuidava da residência do casal. "Eu vou pedir que ela seja mais cuidadosa. Me desculpe." Pediu e apenas assentiu, tranquilo. Não tinha afinal acontecido nada sério.
"Bom, parece que o rapazinho pode vir a ter uma tendência ao não convencional, hum?" Brincou Kevin.
"Talvez seja genético." Darren completou e todos riram.
"Façam piadinhas mesmo! Vocês ainda não tem filhos, ok?" implicou, entregando o bebê, que pegara no colo, ao tio. "Não esqueçam que ele tem que comer daqui a duas horas... se chorar antes disso, não deve ser fome, mas pode ser a fralda... ou talvez, se não for nada disso, possa ser cólica. O remedinho tá na bolsa." Falou, enquanto entregava a mesma ao concunhado.
"Eles já sabem de tudo isso, ." O marido repreendeu.
"Ela fala isso pra gente desde que a Kyra tinha poucos meses e a gente vinha dar uma de baby sitter." Darren revirou os olhos e se despediu da irmã, com um beijo no rosto, e do cunhado com um abraço.
"A gente podia aproveitar que o Chase tá com os tios e a Kyra tá sendo paparicada pelas tias, pra tirar um tempo só pra gente, do jeitinho que era antes." Sugeriu , quando o casal foi embora, referindo-se também à saída da filha com Harmony e Kitty, que, apesar de ter conseguido ganhar controle em relação à sua compulsão por compras, gostava de acabar com o limite de seu cartão de crédito levando ao shopping a sobrinha postiça.
"Antes? Mas antes quando, exatamente?" Questionou , apesar de bastante desconfiada a respeito de que tipo de tempo sozinho com ela queria ter, depois de terem visto juntos a argola de pênis.
"Antes de você engravidar, quando éramos só nós dois e a gente fazia sexo pela casa toda, sem ter medo de nenhum flagrante. Ou quando a gente ficava o domingo todo no quarto secreto, sem sair correndo de lá, depois de uma transa só, cheios de culpa, achando que uma das crianças podia precisar da gente, de repente." Respondeu, abraçando-a pela cintura. "Eu amo a nossa família, é claro. Adoro ver você cuidando dos nossos filhos, adoro fazer amor com você, bem devagar, com toda a calma do mundo, no nosso quarto, à noite, depois que a gente coloca os dois na cama... ou de manhã, antes de um deles se esgoelar, nos chamando." Riu, fazendo carinho no rosto sorridente dela.
"Mas?" Ela indagou, levantando as sobrancelhas, de forma sugestiva.
"Mas..." Ele agarrou os cabelos dela, puxando para trás, como se fosse prender os fios em um rabo de cavalo e beijou algumas vezes seu pescoço. "Eu sinto falta de você mais selvagem, às vezes. E eu também queria nós dois mais relaxados, deixando alguém cuidar das crianças, de verdade, sem entrarmos em pânico ou ficarmos nos sentindo péssimos pais."
"O que você quer dizer é que não precisamos ser só pais, pra sermos bons pais, não é?" Mostrou concordância.
"E que nós não precisamos deixar de ser o tipo de amantes que nós éramos até pouco tempo atrás também. Nós podemos ter alguns segredos, como a gente sempre teve." Declarou, de novo afastando as madeixas dela para beijar seu pescoço e arrastar o nariz por ele, gostosamente.
"Será que a sua fantasia favorita ainda cabe em mim?" Perguntou, considerando retomar o uso do quarto secreto e das brincadeiras de dominação em grande estilo, vestida de caçadora. Ele seria um animal selvagem, o que demandava apenas uma cueca estampada, mas para que ela ficasse perfeita era preciso superprodução. "Acho que usei pela última vez antes de engravidar do Chase."
"Você tá a mesma coisa, ." Achou graça na preocupação infundada da esposa. "Vai lá se arrumar, que eu vou em dez minutos." Pediu, separando-se dela e indo na direção da cozinha.
Minutos depois, ela estava brincando de caçá-lo, enquanto ele fingia atacá-la como um animal acuado, o que era perfeito para que pudessem se revessar nas posições de dominador e dominado, mesmo que ele a deixasse no controle a maior parte do tempo. Contudo, depois de se despojarem de suas fantasias e fazerem sexo de pé, dentro de uma jaula, usando a grade como apoio, foi ele quem conduziu a fase das experimentações, invocando os sentidos dela, com cheiros, texturas e sabores, provocando a libido da esposa por meio deles.
Vendou os olhos de , oferecendo-lhe patês, cremes, queijos, geleias, licores, e massageou todo o corpo dela com óleo aromático, quente e comestível, que ele mesmo provou, beijando, lambendo, mordendo, sugando, até a última gota se confundir com sua própria saliva. Depois deixou que ela cobrisse seus olhos, o amarrasse à cama, apertasse forte uma coleira em volta do seu pescoço, montada nele, subindo e descendo em seu colo freneticamente, até gozar e liberá-lo de todos os objetos de submissão, deixando que ele mudasse suas posições, ficasse por cima e atingisse o orgasmo encarando suas pupilas dilatadas de desejo.
Os jogos de dominação e submissão, de dor e prazer, dentro do quarto secreto, voltaram a ser uma constante na vida do casal, depois daquele dia. Não porque tivesse necessidade de controle, nos negócios, na casa, na vida ou no sexo, mas porque eles gostavam, porque era realmente muito, muito intenso e prazeroso realizar fantasias e testar limites.
Não porque algum deles precisasse ser alguém que não era, quando fora dali, usando máscaras e disfarces, mas porque, simplesmente, eles ali podiam brincar com algumas das muitas facetas de suas personalidades, que eram íntimas e privadas, que pertenciam apenas aos dois.
Não por medo ou necessidade, mas por escolha. Porque descobriram juntos que, entre quatro paredes, realmente vale tudo.
FIM
Nota da autora: Pronto! Mais um final de fic postado! Espero que tenham gostado de ler tanto quanto eu gostei de escrever. Me contem, ok? Beijos mil!
Essa fanfic é de total responsabilidade da autora. Eu não a escrevo e não a corrijo, apenas faço o script. Qualquer erro nessa fanfic, somente no e-mail.
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