Down The Aisle

Finalizada em: 07/08/2018

Capítulo Único


“Querida Meredith,

Eu tenho muita estima por você. Você é uma mulher forte, inteligente, linda. Sua família me acolheu de forma maravilhosa, seu irmão, mesmo que ciumento, é como um irmão para mim. Tivemos muitos momentos de prazer e eu me sinto imensamente honrado por ter tido a sua companhia. Apesar de tudo, a nossa amizade é ótima, mas é apenas isso. Amizade. Eu me sinto completamente baixo por ter que lhe formular isso no dia que devia ser o dia mais feliz de nossas vidas, mas, apesar de tudo, eu sei que estou fazendo a nós mesmos um enorme favor. Eu te adoro, Mer. Amor, bem, amor é um sentimento exclusivo, que não controlamos ou direcionamos. Amor não é uma escolha, é uma estranha compulsão.
Se eu pudesse direcionar, raciocinar ou ao menos obrigar, as coisas seriam diferentes. Mas não são.
Eu espero que um dia você possa me perdoar.

.”


4 anos antes do casamento...

— Vira! Vira! Vira!
A garota pegou os três copinhos de vodka e os virou, espremendo o limão com os dentes, e a plateia ao seu redor gritou em aprovação. estava fazendo 21 anos, e que melhor jeito de começar essa idade do que enfiada em um tubinho preto, na companhia dos melhores amigos do mundo (e de um barman bastante charmoso), fazendo alguns vários shots de tequila e vodka? Kelsey, sua melhor amiga do colégio, estava já nas alturas. Ela estava se esfregando em um escocês que tinha aparecido no bar, mas não se lembraria. E Will... bem, Will estava sóbrio o suficiente para gravar o vexame da amiga aniversariante e a confraternização da loira nos stories do Instagram.
desceu da bancada do barman e balançou a cabeça. Ok, ainda estava sóbria. Ela tirou e colocou os belos sapatos de salto agulha no banco, e esticou seus pés agora doloridos. Por que raios ela tinha os escolhido?!
levantou a cabeça e foi nesse momento que o viu.
já a tinha visto. Estavam fazendo um happy hour na empresa de advocacia que ele tinha acabado de ser contratado como estagiário, e seria no mínimo deselegante recusar um convite tão apelativo para beber. O bar em que eles estavam já era conhecido pelo rapaz, e naquela noite era palco de diversas festas, lotando o local.
Já era a 3ª rodada que seu chefe mandava trazer, e ele estava levemente alegre, mas não o suficiente para deixar de estar sóbrio. Ele tinha acabado de matar a sua cerveja quando ouviu:
— Vira! Vira! Vira!
Os gritos vinham do outro lado do bar. Naquele meio de gritos e loucura, havia uma garota que chamou sua atenção. Ela estava com um vestido justo e aparentemente estava um pouco bêbada, mas, diferente da amiga loira, ela não parecia ter perdido a consciência. A garota desceu da bancada e tirou os saltos. Então, como se por destino, ela levantou o olhar bem na direção em que ele a encarava. Seus olhares se cruzaram por um momento e a garota pareceu sem jeito, desviando o olhar. Ele riu e balançou a cabeça. Quando levantou o olhar novamente, a garota agora o olhava de outra maneira. Quase como se o desafiasse. levantou uma sobrancelha. Saiu da sua mesa e, sem cortar o contato visual, foi até o lugar onde a “garota misteriosa” se encontrava.


3 horas para o casamento...

contorcia as mãos nervoso, ainda sentindo o gosto do whiskey. Seu melhor amigo, Simon, que também era seu padrinho, tinha acabado de sair para buscar a namorada, mas não antes de tomar uma última com o futuro noivo. Aquele era o dia. O dia mais feliz da vida dele. Então por que diabos não estava feliz? Ele estava, sim, que besteira! Ele tinha que estar. Ia se casar com uma mulher linda, de boa família e que seus pais gostavam. Todos estavam felizes com essa união. Ou deviam estar...
Como se magicamente, um nome apareceu em sua mente...
.
Não! Aquela não era a hora para pensar em uma garota que não era sua noiva. Mesmo que fosse uma garota linda... Que ele passou os melhores momentos da vida dele. suspirou. Droga.

estava no hotel, que era a uns 5 quarteirões da igreja onde seria a cerimônia. Ela estava sentada na enorme cama do quarto, olhando para as mãos enquanto repassava mentalmente o plano.
Ela entraria, sem ser vista por ninguém, e iria direto para o quarto onde o noivo estaria. Entraria, trancaria a porta e falaria tudo que tinha que falar. Depois, sairia e esperaria fora, na porta dos fundos da capela. Ok, tudo pronto. Agora o discurso:
“Oi, ...”
Cortaria-o caso o tentasse falar.
“Eu não sou do tipo de garota que faz esse tipo de coisa, mas... hoje você vai ter que me ouvir. (Pausa) Eu sei que não tenho o direito de estar aqui hoje, mas eu sei, tanto quanto você e tanto quanto aquela noiva, que isso não é o que ninguém quer. Bem, ela quer... mas você não. Você vai mesmo fazer isso, ? Porque você sabe e eu sei que ela nunca vai am...” não conseguiu terminar. Apagou freneticamente. “ela nunca vai fazê-lo sentir do jeito que eu o faço sentir. Por favor, , não diga sim.”
Tudo bem. Estava bom, dava para o gasto.
Ouviu o toque familiar do seu celular. Kelsey. Suspirou, já suspeitando qual seria a conversa.
— Alô?
Hey, . O que você decidiu?
Rápida como um gatilho.
— Eu vou, Kels. É a minha chance. Falo agora ou calo-me para sempre.
Ah, ... isso não é bom... — ela dizia como uma mãe que repreendia um filho — Bem, o Simon vai chegar pra me buscar daqui a pouco, então...
— Até mais tarde, então.
Eu realmente espero que não. Beijos, meu amor. Pense bem, ok?
— Ok, Kels. Beijos.
desligou e automaticamente se levantou da cama, indo até o banheiro. Olhou-se no espelho. Logo teria que se arrumar, afinal, tinha um casamento para ir em algumas horas.


3 anos antes do casamento...

Era noite de filmes na casa de . A gangue toda costumava se reunir toda sexta na casa de algum deles para fazer alguma coisa. O grupinho usual era , Kelsey e Will, mas, desde um ano atrás, haviam incluído mais dois: , o namorado de , e Simon, o melhor amigo dele. Will e os caras se deram muito bem, o que não era novidade, afinal Will conseguia ser amigo de todo mundo. Já Kells... ela e Simon não se gostavam muito.
— Ah, por que temos que convidar aquele imbecil? — ela perguntou, bufando. e , que estavam embolados juntos no sofá, riram juntos da cena.
— Porque ele é meu melhor amigo? — perguntou, levantando apenas uma sobrancelha.
— Aff... Olha, , você sabe que eu gosto de você, vocês são um casalzão. Mas seu amigo é um importuno no grupo. Sinceramente, eu queria sufocar aquela carinha de...
— Ah, por favor, Kelly! Você me ama! — Simon tinha o dom de chegar nas melhores horas. Kelsey ficou vermelha. e assistiam à cena atentos, rindo baixo. Era uma pena que Will estava viajando, ele teria amado a treta.
— Não. Me chame. De Kelly. Seu retardado mongoloide! Aaargh, eu vou te matar!! — Kelsey pulou para cima de Simon e automaticamente ficou de pé, segurando os ombros da amiga.
— Kels, o filme nem começou ainda! Comportem-se! — apontou para os dois.
Quando o filme começou (Para Roma com Amor, a escolha do grupo, com exceção do Simon que votou em Duro de Matar), Kelsey e Simon sentaram-se em lados opostos da sala, o que não impediu o garoto de ficar fazendo a mais variadas caretas para ela. assistia a cena com um sorriso bobinho. Ela sabia qual era daquela implicância toda. Então ela sentiu uma respiração quente no seu pescoço, e virou-se para encontrar os lábios do namorado nos seus. Depois de partirem o beijo, apontou para a tela, onde dois dos personagens apareciam na Fontana di Trevi.
— Um dia, eu vou te levar lá. Só nós dois. Vai ser a melhor viagem da sua vida. — ela sorriu, sonhando acordada com a viagem.
— Só nós dois? — perguntou, olhando-o nos olhos. abanou a cabeça.
— Só nós dois.
— Então não importa onde você me leve. Desde que fiquemos juntos, tenho certeza que vai ser incrível.
Uniram os lábios mais uma vez, agora sonhando juntos com um futuro.


1 hora até o casamento...

já tinha tomado banho e se maquiado. Ela tinha cacheado o cabelo para parecer mais como uma convidada. Essa era a parte fácil, ficar bonita era sempre divertido. Ela havia pedido emprestado um vestido para uma amiga que trabalhava em uma grande loja de vestidos. O vestido em si era lindo: era sem alças e as mangas que iam até a metade do braço começavam abaixo do ombro, decoradas de flores vermelhas em alto-relevo. A saia ia até acima dos joelhos, bem rodada e esvoaçante. Ela colocou sapatos boneca de verniz que combinavam perfeitamente com o vestido. Estava pronta.

— Vamos lá, cara. Vamos lá, não é tão difícil assim. Não vai ser tanto esforço casar com ela. Ela é linda, leg... linda. Ela é linda.
andava de um lado para o outro na pequena sala. Não era isso que ele queria. Quer dizer, era sim! Tinha que ser! Argh, cruel indecisão! Essa era a última coisa que devia se pensar no dia do seu casamento. Nesse dia, que deveria amanhecer mais azul, o sol deveria brilhar mais forte e os passarinhos deveriam cantar mais alto. Mas lá estava , se perguntando se devia fazer realmente isso... assassinar a sua felicidade de modo que assim fará outros felizes. O casamento definitivamente não era assim. Foi com isso na cabeça que pegou uma folha de sulfite da escrivaninha da pequena sala (deve ser para isso que a deixam lá, afinal) e abriu o seu coração em uma carta para a futura noiva:

“Querida Meredith,

Eu tenho muita estima por você. Você é uma mulher forte, inteligente, linda. Sua família me acolheu de forma maravilhosa, seu irmão, mesmo que ciumento, é como um irmão para mim. Tivemos muitos momentos de prazer e eu me sinto imensamente honrado por ter tido a sua companhia. Apesar de tudo, a nossa amizade é ótima, mas é apenas isso. Amizade. Eu me sinto completamente baixo por ter que lhe formular isso no dia que devia ser o dia mais feliz de nossas vidas, mas, apesar de tudo, eu sei que estou fazendo a nós mesmos um enorme favor. Eu te adoro, Mer. Amor, bem, amor é um sentimento exclusivo, que não controlamos ou direcionamos. Amor não é uma escolha, é uma estranha compulsão.
Se eu pudesse direcionar, raciocinar ou ao menos obrigar, as coisas seriam diferentes. Mas não são.
Eu espero que um dia você possa me perdoar.

.”


Ao terminar de escrever a carta, a leu. Não, não podia fazer isso.
Dobrou-a e a guardou na gaveta da escrivaninha. A jogaria fora depois da cerimônia.


2 anos antes do casamento...

, cadê você? — Kelsey parecia mais nervosa que o normal.
— Kels, eu estou chegando! Todo mundo está aí? — falou enquanto virava na esquina do bar onde o grupo combinava de se encontrar.
Não...falta você e — Kels fez uma pequena pausa — ainda não chegou com a garota.
Suspirou, lembrando o porquê da reunião.
tinha arrumado uma namorada e queria que os amigos conhecessem a tal.
— Bem, acabei de chegar. Estou entrando.
Ok. — Kels disse, desligando o celular.
estava entrando no bar quando uma garota esbarrou nela, com força o suficiente para fazê-la cair sentada, mas ela apenas deu dois passos para trás.
— Ei, olha por onde anda! — a garota chiou. O cara que estava com ela olhou o que estava acontecendo. Ah, não. pareceu constrangido.
— Amor... — ele falou para a garota enquanto arqueava uma sobrancelha. Era essa baranga a tal Meredith? — Ahn... essa é a minha amiga... .
Meredith quase que imediatamente mudou a expressão. Ela fez uma cara doce e amigável tão falsa que podia jurar que ela tinha colocado uma máscara.
— Ah, você é a ? Mil desculpas, querida! — ela falou, envolvendo a garota em um abraço apertado.
— Ahn... oi. — definitivamente não sabia como lidar com a situação. E, aparentemente, também não sabia.
— Amor... vamos. Eu quero que você conheça os outros.

Depois que sentaram, resolveu examinar Meredith. Ela tinha o cabelo preto comprido até a cintura e olhos castanhos. O rosto era comprido, e, mesmo sem falar com ela, tinha aquele ar de nojentinha. A voz também não ajudava, pelo fato de ser nasalada e aguda. Depois de meia hora na mesma mesa, não aguentava mais ouvir a garota falar sobre a “grande imprensa de seu pai” ou “seu chiquérrimo apartamento de dois andares (que o papai que deu)”.
— Eu vou tomar um ar. Acho que bebi demais.

sentou-se na calçada e apoiou a cabeça entre os joelhos. Pensando em uma desculpa convincente o suficiente para sair daquela situação em poucos minutos. Ela já tinha inventado uma ótima desculpa, que envolveria vômito e muita bebida, quando alguém sentou-se ao seu lado.
— Oi... — olhava fixamente para a rua.
— Oi. — falou, ainda de cabeça baixa. — Moça bonita essa sua.
— É, acho que sim...
olhou para ele.
— Onde você arranjou essa... figura?
— Ela é filha do sócio do meu pai... eles são velhos amigos.
— Entendo.
Um silêncio instaurou-se durante alguns segundos.
— Ela não tem nada a ver com você, . — falou, olhando-o.
— Ah, é? E quem tem, ? Você? — ela sentiu o tom amargo que ele dizia.
...
— Não, quer saber, você não tem o direito de opinar em meus relacionamentos, . Você me deixou. — ele falou, já se levantando.
— Então por que você trouxe ela aqui hoje, ? Achei que você ia apresentar ela para os seus amigos! Não é isso que somos? — ela disse, também já de pé.
— Não sei se esse termo pode ser aplicado a nós, não é? — outra pausa — Eu... vou voltar, eles estão me esperando. — virou-se e entrou, sem esperar uma resposta.
sentou-se de novo na calçada. Talvez ela não fosse precisar de desculpa agora. Sentia-se como se fosse vomitar.


32 minutos para o casamento...

— Oi, querido! — uma mulher rechonchuda de uns 60 e poucos anos entrou na sala. Ela estava usando um belo vestido azul marinho de seda brilhante.
— Oi, mãe. — andou até a senhora e lhe deu um beijo na bochecha.
— Você pediu para me chamarem?
— Pedi. — baixou a cabeça
— Ah, mãe, eu não sei o que estou fazendo...
Sua mãe deu uma típica risada baixa e segurou seu queixo, fazendo-o olhá-la nos olhos.
— Você está se casando, querido. — embora a frase fosse óbvia, sua mãe falava com muita sinceridade para estar brincando.
— Você... você gosta dela, mãe?
A senhora levantou uma sobrancelha.
— Acho que a pergunta é... você gosta?

Um corolla cinza estava parado na frente do hotel. Quando desceu as escadas, Will buzinou para que ela entrasse.
— Oi, princesa. Uau, adorei o vestido.
riu, alisando o vestido antes de entrar no carro.
— Obrigada. Hey, o Jared não vai ficar chateado de você ir comigo? — Will riu alto.
— Ai, doçura, ele sabe muito bem pra qual time eu jogo. Além do mais, é para um bem maior, não é? — o amigo piscou.
Ah, era sim.
Aquela era sua última chance. Ela já tinha errado muito antes, mas agora ela não podia se dar ao luxo de errar.
Como a sua presença tinha sido convidada a não comparecer, Will disse que iria com uma companhia. O que seria inacreditável, pelo fato do cara ser completamente gay. Mas ainda bem que Meredith passava tempo demais falando de si mesma para perceber qualquer característica das pessoas ao seu redor. Como seu nome seria barrado, Will fez questão de inventar um novo.
Bibiana Madler.
sentiu a barriga revirar conforme Will arrancava o carro em direção à igreja.


9 meses até o casamento...

olhava fixamente o convite. Ele havia chegado à sua casa por volta de dois meses atrás, e o choque foi tanto que ela teve que afogar as mágoas em bebida, e isso causou uma falta ao trabalho no dia seguinte. Depois disso, pelo menos uma vez por dia, fazia questão de reler o convite, todos os dias por dois meses, como um ritual masoquista.

“A vida nos dá escolhas, e cada uma delas nós queremos fazer do lado um do outro”

— Ridículo. — comentou com o barman, no dia em que o convite chegou, já na sexta bebida — nunca falaria algo assim. Com certeza foi obra da... Mer... Merdinha.

Escrito em enormes letras cursivas caprichadas os nomes:

& Meredith”

“Domingo, dia 09/07
A melhor coisa do mundo é o amor, e iremos celebrar o nosso.
Nós e nossos pais contamos com a sua presença”


Na parte interna esquerda, uma foto em preto e branco onde os “pombinhos” se olhavam apaixonados. estava usando uma camisa e gravata, o cabelo estava bem escovado para trás. Meredith tinha clareado o cabelo, mas a cara de nojenta prevaleceu intacta.

estava completamente perdida em seus pensamentos quando o celular tocou. Estranhou, o número não era reconhecido pelo celular.
— Alô? — ? — na hora que a pessoa pronunciou a primeira sílaba, já sabia de quem se tratava.
— Ahn, oi, Meredith.
Oooi — aquele oi arrastado era exatamente igual ao que lembrava de ter ouvido 2 anos atrás. — Então, querida, você recebeu o nosso convite? imediatamente percebeu o sarcasmo no jeito de chamar. “Ninguém é querida aqui” pensou.
— Ah, sim. Ele é lindo, Meredith. — tentou soar o mais simpática possível — Eu vou tentar tirar uma folga no trabalho para poder ir...
Ah, não! — a vozinha irritante imediatamente a cortou no telefone. — Acho que não vai ser necessário... — ela fez uma pausa — Olhe, querida, ouve um problema na entrega dos convites, e, bem... a sua presença não é necessária.
sentiu o queixo cair. Ela realmente estava dizendo isso?
— Me desculpe, o quê? Você está me desconvidando para o casamento de um dos meus melhores amigos? — estava assumindo um tom alto e agressivo, mas não ligava. Quem aquela cobra achava que era?!
Meredith não só percebeu, como viu a chance de ser duas vezes pior do que a garota.
Melhor amigo ou ex? Todo mundo sabe do relacionamento de vocês: a família, os amigos, até os conhecidos. Eu me recuso a passar pela humilhação de ter a sua presença no nosso casamento — sua voz assumiu um tom ácido — E, sinceramente, querida, ele me escolheu. Você tem que saber e reconhecer quando perde.
E desligou, deixando completamente esbaforida e magoada. Ela sentiu os olhos arderem enquanto rasgava o convite que esteve nas suas mãos durante toda a conversa.


8 minutos para o casamento...

estava lá. Ela entrou de braço dado com Will e falou o nome falso. Os acontecimentos que se seguiram foram feitos quase que mecanicamente. Ela viu os amigos, que a acenaram, mas não fizeram cena, pois sabiam o real motivo de ela estar ali. Kelsey, que estava de braço dado com Simon, balançou negativamente a cabeça, mas não fez nada. Então, ela passou pela família de Meredith (todos tinham a mesma cara de merdinha da menina), que usava os mais variados tons pastéis, e pela família de , que a cumprimentou.
— Como você está, querida? — perguntou a sua ex-sogra, sempre muito amável com ela.
— Bem, senhora . E a senhora?

Tudo tinha sido simples até o momento, mas ela estava no corredor de trás da capela decorada –– onde ficavam os noivos para que se preparassem ––, completamente paralisada. O que ela ia falar? Ela já não tinha planejado isso?!
Foi então que ouviu alguém chorando. Seguiu o som, que agora vinha acompanhado de gritos estridentes, e olhou pelo vão de uma porta aberta.
— Qual é o seu problema, Amanda?! — Meredith gritava com uma mocinha com um vestido rosa pastel que parecia ser a dama, que chorava em desespero. — Como você pode fazer isso comigo?! Eu não posso entrar sem buquê, posso? — a mocinha não respondeu — POSSO?! — agora Amanda chacoalhou a cabeça negativamente e voltou a chorar, fazendo a noiva bufar. Meredith estava usando um vestido enorme, que parecia com um glacê. Ela usava um véu que era comprido atrás e cobria seu rosto na frente. silenciosamente saiu de perto da porta. A última coisa que ela precisava era que a adorável noiva soubesse que ela estava naquele lugar.
continuou andando até que viu uma porta com uma plaquinha onde havia um homem palito de terno e corda no pescoço. “Essa piada nunca foi tão real” ela pensou. sentiu as palmas das mãos encherem de água. Era agora.

estava tentando pela décima vez arrumar a gravata borboleta. Ele a tirou pois estava se sentindo sufocado, mas ele tinha que arrumar, e logo. Pensou em chamar a sua mãe, mas a essas horas ela já estaria fazendo sala para os convidados. Ele estava considerando se a gravata ia fazer falta quando ouviu o estrondo da porta sendo aberta. Virou-se assustado, só para se assustar mais ainda com a pessoa que estava parada nela.
?!
A garota parecia tão assustada quanto ele. Ela estava com um vestido que favorecia suas curvas e seus lábios estavam entreabertos. Ele queria muito beija-la.
— Ahn... eu... eu... — tentou gesticular tudo que ela estava planejando: Eu sei que não tenho o direito de estar aqui hoje. — Eu sei que eu sou a última pessoa que você imaginava aqui hoje... — ok, não saiu igual, mas melhor do que gaguejar. Próxima parte... qual era? Ela nunca vai fazê-lo sentir do jeito que eu o faço sentir. — Eu acho que... — “não, não, não, , não era isso!” respirou fundo. Olhou-o nos olhos. Não tinha volta agora.
— Eu ainda te amo, .
O cara parecia à beira de um colapso. não sabia se queria rir da expressão do rapaz ou chorar de ansiedade. Mas ela tinha que continuar.
— Você está casando-se com a garota errada. Não diga sim. Por favor. — ela falou, dando dois passos para frente e pegando as pontas soltas da gravata, mas sem interromper o contato visual com o noivo. Não que ela conseguisse interromper se quisesse. — Por favor...
passou uma das mãos pelo rosto de , que parecia petrificado.
— Eu... eu não posso, ... — balançou a cabeça afirmativamente. Então saiu, fechando a porta.
“Meu Deus” ele pensou, antes de olhar no espelho. Passou a mão no laço da gravata, recém feito, mais confuso do que antes.


0 minutos para o casamento...

Ela ficou para ver o casamento. Atitude masoquista? Talvez. Mas parte dela achava que, ao vê-la lá, ele decidiria que era ela quem ele escolheria.
O casamento começou com alguns minutos de atraso. Começou a tocar uma valsa típica de casamentos, e logo entraram os pais de Meredith, sendo seguidos pelos senhor e senhora . Logo depois, vários casais de padrinhos entraram, e conseguiu reconhecer o casal de amigos, acenando para eles, e por último . olhava fixamente para frente, como um robô. sentiu um aperto ao vê-lo entrar. Ele estava lindo.

Depois que todos entraram, uma marcha diferente começou a tocar. não conseguiu reconhecer, mas não era a marcha nupcial tradicional. Ela sentiu um cutucão na costela.
— Parece uma marcha fúnebre — Will falou, contendo o riso. sorriu
— Uma marcha fúnebre para o finado noivo. — ela falou com um tom mais amargo do que desejava e o amigo segurou seu ombro.
As portas se abriram para a entrada triunfal da noiva.
Entraram duas damas de honra na frente e Meredith seguia logo atrás. Ela andava com a pose de uma miss universo. Ela sorria e segurava um buquê (aparentemente Amanda arrumou outro) de rosas. Quando ela passou pela sua fileira, abaixou a cabeça, para evitar que a reconhecesse. Ela passou direto, com os olhos focados no noivo. Esse, por sua vez, tinha os olhos completamente focados na 5ª fileira, onde uma convidada “indesejada” o olhava de volta. A marcha acabou e virou para a noiva. O padre começou a celebrar a missa.
— Hoje, estamos aqui entre parentes e amigos, para celebrar a união perante Deus entre Landon e Meredith Felicia Mondrian. — o padre fez uma pausa — Minha parte preferida do roteiro — disse em tom de brincadeira — Se alguém tiver algo contra a união entre essas duas pessoas, fale agora ou cale-se para sempre.
Foi nesse momento que levantou. Suas mãos tremiam e a mandíbula estava presa. Ela pegou a todos de surpresa, afinal, ela nem deveria estar lá. Haviam olhares de horror por todo o salão, mas o principal vinha do altar. Meredith parecia que via um fantasma, e parecia que ia desmaiar. Apesar de todos os cochichos e olhares, mantinha o olhar preso ao de . Ela abriu a boca, e soltou o ar, mas nenhum som saiu. Seus olhos começaram a brilhar com as lágrimas conforme ela fechava as mãos em punho. Você tem que saber e reconhecer quando perde. Ela tinha perdido.
saiu do seu lugar e foi até a enorme porta da igreja, abrindo-a.
— Desculpem o inconveniente.

correu para o pequeno parque que ficava bem em frente à igreja. As lágrimas escorriam descontroladamente por seu rosto. Haviam algumas crianças brincando que pararam para ver a moça de vestido bonito e maquiagem borrada correndo. estava prestes a cair de exaustão e tristeza quando ela sentiu duas mãos segurando a sua cintura. Ela se virou e a pessoa não a soltou.
estava a alguns centímetros de distância. Ele não estava mais com o casaco do terno e o cabelo estava bagunçado por causa da corrida. não conseguiu falar nada, completamente surpresa.
— Eu não disse os votos. Eu... — começou a rir — Acho que tanto você quanto eu sabemos que Meredith não é a mulher que eu amo.
Isso respondia todas as perguntas e dúvidas na cabeça de .
Ela o segurou pelo pescoço, e o puxou juntando seus lábios, algo que os dois esperavam por tanto, tanto tempo.
Quando partiram o beijo, encostou as suas testas — Para onde vamos agora? Acho que ficar aqui não é uma boa opção.
A garota franziu a testa.
— Mas... e Meredith?
— Bom, assim que você saiu do meu quarto, eu deixei uma carta que eu escrevi algumas horas atrás na cama. Acho que é auto explicativa.
pareceu ponderar um segundo.
— Tudo bem! Que tal irmos para Roma? — disse radiante.
— Perfeito.
Os dois riram e beijaram-se novamente. a girou no ar durante o beijo, e a garota segurou em seus ombros. Quem os visse podia dizer que eram saídos de alguma letra de música ou filme.

• • •

Fanfic inspirada pela música Speak Now, Taylor Swift.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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