Enviada em: 14/03/2021

Capítulo Único

A corrida do amor


Sexta-feira, dia de treino livre e eu precisava conseguir uma boa posição no grid para me classificar no Q10. Tudo estava indo bem, volta a volta eu subia um pouco no ranking, mas, você deve estar se perguntando quem sou eu. Meu nome é , sou piloto de Fórmula 1 da Alpha Tauri. Os treinos livres foram bons, a pista estava boa, o clima estava favorável, e o carro não deu problema, apesar de estar puxando um pouco nas curvas, aliás eu precisava avisar para a equipe técnica e para os pilotos de teste.
A corrida seria no circuito Gilles Villeneuve no Canadá. Fui bem no treino livre e, sábado seria os treinos classificatórios, já nos boxes depois de quase tudo terminado, encontrei com o Gasly, ele é meu melhor amigo e companheiro de equipe. Somos amigos sim, mas, nas pistas a rivalidade sempre fala mais alto.

- Hey Pierre, belo treino, huh?
- Sim , você também mandou muito bem, mas te achei preso nas curvas, algum problema no carro?
- Ainda não sei, mas senti puxar um pouco nas curvas, vou falar com os mecânicos para darem uma olhada.
- Sim, faz isso, mano, a corrida vai ser difícil e eu não vou te dar mole. - Pierre me provocou e nós começamos a nos agarrar de brincadeira. Nos despedimos e cada um foi para o seu canto, eu estava ficando na minha casa aqui no Canadá e o resto das equipes estavam em um hotel, pago pela equipe.

Logo mais teria uma festa dada pelas equipes em um bar de Montreal e lógico eu estava me preparando para ir, e de preferência ficar com várias mulheres na noite. Peguei meu carro e fui rumo ao tal bar, Dot Lounge era o nome do lugar, cheguei, entreguei as chaves da minha Mercedes ao manobrista e estava entrando, quando um certo carro me chamou a atenção.
Uma Ferrari Enzo vermelha, edição de colecionador e, só existiam cinquenta dessas no mundo. Cinquenta fukings carros e eu só conhecia uma pessoa que poderia estar nessa festa que tinha poder e dinheiro suficiente para ter aquele carro e ela era dona de pelo menos quatro, um era dela, outro do irmão, um do filho e outro do pai. Ok, não eram todos dela, mas só a família dela possuía quatro das Ferrari mais raras do mundo, enfim, isso é só um detalhe que me fez pensar, voltar no tempo pelo menos uns dez anos.

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Ano de 2011

- Nossa que lugar lindo! Meu Deus, bem aos pés da Torre Eiffel!
- Sim meu bem, tudo pra te deixar feliz, afinal é seu aniversário e é dia dos namorados, então nada mais justo do que fazer o momento ser inesquecível pra você e especial pra mim. Porque te ver feliz me faz feliz , e tudo que é importante pra você é importante pra mim também.
- Ah, , deixa disso, assim você vai me fazer chorar.
- Não baby, o que eu menos quero é te fazer chorar hoje, a não ser de alegria. E eu tenho outra surpresa depois da gente jantar, vamos lá no alto, bem no topo da torre.
- Ai minha nossa! Jura? Eu não acredito, ver toda Paris do topo da Torre Eiffel, que sonho!
- , eu quero poder realizar todos os seus sonhos minha menina.
- , não fala assim. Você sabe que meu pai é contra nosso namoro se não a gente nem precisava namorar escondido como estamos fazendo a meses.
- Ah, nem me lembra disso , até por que eu ainda não sei o motivo do seu pai ter proibido de a gente namorar, até um tempo atrás ele gostava de mim.
- É, eu sei e também não entendia até uns dias atrás, escutei meu pai conversando com meu irmão. Eles falavam dessa coisa de você estar treinando para ser piloto, meu pai não quer a filha dele envolvida nesse meio da fórmula 1. Disse que eu devia era estudar pra poder cuidar das empresas da família. Nesse ponto ele até está certo, vou sim estudar e vou sim me formar. Vou ser uma famosa engenheira mecânica que todo e qualquer cara vai ter que respeitar e vou ser dona do meu próprio negócio sem precisar depender do meu pai ou do dinheiro dele.
- Calma , eu sei que estamos nós dois irritados com a situação, mas vamos dar um jeito.
- Não sei não . Meu pai quando cisma com alguma coisa ou alguém não sossega até conseguir o que quer, e se eu conheço bem meu pai ele vai fazer de tudo pra separar a gente.
- Pelo amor de Deus não fala isso que eu entro em desespero, vamos aproveitar o tempo que temos juntos, quero me lembrar de cada pequena coisa.

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Naquela noite levei até em casa e, parei um momento na porta da casa dela, estávamos nos despedindo com um beijo quando a luz da varanda da casa se acende e o pai dela sai na porta:

- Boa noite senhor . Posso saber o que faz na porta da minha casa e com a minha filha a essa hora?
- Boa noite, senhor Fred, apenas vim trazer a em casa já que eu a levei para comemorar o aniversário dela.
- Ao menos teve a decência de falar a verdade, mas eu me lembro bem que proibi vocês dois de se verem e de namorar.
- Sim eu sei de tudo isso e eu gostaria que o senhor me falasse o porquê de eu não poder namorar a .
- Ora é simples rapazinho, é por que eu não quero a minha menina namorando um moleque de dezesseis anos que acha que um dia vai ser piloto, que futuro você acha que poder ter ou dar pra minha filha, garoto?
- Eu vou batalhar muito e vou poder dar tudo o que a quiser.
- Sei..., mas mesmo assim não quero minha filha com você, tenho outros planos para ela e ter você como namorico só vai atrapalhar o futuro dela. Agora pode ir se despedindo por que vocês não vão se ver tão cedo.
- Como assim, pai? O que você quer dizer com isso?
- Olha como fala comigo! E entra agora; amanhã bem cedo você está indo para o colégio interno da Universidade de Toronto.
- Como é? Não pai, não faz isso comigo por favor!
- Senhor Fred, se é por minha causa por favor, não mande a embora; eu prometo me afastar, deixá-la em paz. Dou a minha palavra, mas, também faço uma promessa: um dia eu vou ser um piloto famoso e vou entrar na sua casa de cabeça erguida e levar a sua menina para morar comigo como minha namorada, esposa, seja lá como o senhor quiser chamar, mas eu prometo isso hoje diante do senhor e da , que um dia nós ainda vamos ficar juntos e o senhor ainda vai me pedir desculpas por ter me falado todas essas coisas.
- Tá bom garoto vai sonhando, agora tratem logo de se despedirem e vá embora , se não eu vou ligar para a polícia e denunciar invasão de propriedade.
- Ah ! Eu sabia que meu pai iria fazer algo, mas, não imaginei nada tão sério e por tanto tempo. Não quero ir, quero ficar com você!
- Calma , tudo o que eu falei era sério, eu vou batalhar, treinar como um louco e um dia venho te buscar. Você vai esperar por mim?
- Sim, eu espero.

e eu nos separamos aquela noite, dez anos atrás, no aniversário dela e dia dos namorados, depois desse dia eu nunca mais dei tanto valor ao Dia dos Namorados, mas nunca esqueci do aniversário da . 14 de fevereiro era um dia pra mim, que me fazia pensar e lutar cada vez mais a cada treino. Mesmo que depois de alguns anos a tenha me mandado uma carta, dizendo que tinha conhecido alguém, que estava em um relacionamento e que estava grávida. Depois disso perdemos contato; mais por parte dela do que minha. Eu sempre fui apaixonado por ela e ainda tinha esperanças de um dia reencontra-la para que pudéssemos conversar.
Fui tirado da minha nuvem de lembranças sendo chamado pelos jornalistas que aguardavam uma declaração minha. Eu não pensava na havia muito tempo, eu ficava com várias mulheres, mas nenhuma tinha sequer tocado meu coração, era apenas sexo, uma ou duas noites, algum evento social e só.

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Entrei no bar, estavam todos lá, já bebendo e dançando; realmente era o bar mais badalado de Montréal, o Dot Lounge, muito bem recomendado e bem popular entre todos os públicos. Não demorou muito e eu já avistei o pessoal. A galera toda olhou quando cheguei, eu estava até que vestido bem casualmente, camisa preta enrolada até o cotovelo, jeans azul e sapato preto, o pessoal da equipe, Kimi, Giovinazzi, Mick, George, Charles, Max, Lando, Daniel, Esteban, Alonso, meu amigo Pierre, todos comemoraram quando cheguei.

- Até que enfim chegou , achei que nem vinha mais. - Brincou Leclerc.
- Que nada só estava esperando o momento certo para fazer minha entrada triunfal. - Zoei
- Larga de ser convencido . Rebateu Ricciardo. Apenas ri e, peguei uma cerveja no bar.
Estávamos todos conversando descontraídos quando lembrei do tal carro de mais cedo.
- Hey pessoal, vocês viram a Ferrari Enzo lá fora?
- Oi? Uma Ferrari Enzo? Tem certeza, cara? - Ocon quis saber.
- Sim gente, é sério. - Afirmei, eu não estava maluco e, nem bêbado. Ainda. - É uma Ferrari Enzo vermelha, edição de colecionador e, só existem cinquenta dessas no mundo. Cinquenta fukcings carros e eu só conheço uma pessoa que poderia ter um carro desses, mas, é impossível...
- Ih, lá vem o com suas paranóias e devaneios da namorada da adolescência que ele nunca mais viu, mas que jamais esqueceu. - Pierre provocou.

De todos ali, o Pierre era o único que sabia da minha história com a , ele entendia meus sentimentos e me respeitava. Ter o respeito do Gasly era muito importante pra mim, ele era meu melhor amigo, quase como um irmão.
Pierre e eu nos conhecemos logo que eu comecei na escola de kart, ficamos amigos logo, mas também competíamos duro, tudo que um conseguia o outro queria fazer melhor, o Pierre era meu amigo há muitos anos, mesmo antes de a gente trabalhar na mesma scuderia. Começamos a andar de Kart juntos, e passamos todas as etapas de preparação para pilotos titulares juntos. Com isso nos tornamos inseparáveis, o Gasly não saia mais de casa e meus pais ganharam mais um filho, nós dividíamos tudo, comida, bebida, conversas, conselhos, vitórias, derrotas e claro,mulheres.
Sempre que eu ficava com alguma garota, o Gasly dava um jeito de ficar depois quando eu dispensava a pobre mulher. E, do mesmo jeito eu fazia se o Gasly pegava alguma garota eu ficava com a mesma em seguida, igual fizemos em uma festa do Bernie Ecclestone, uma festa poderosa com gente na casa dos milhares, eu arrumei uma garota, e o Gasly resolveu ficar com a mesma garota, sabendo que eu estava com ela. Resultado não deu certo e nós dois levamos uma bela bofetada da garota ofendida. Mas que foi hilário, isso foi. Desde então essa história virou nossa piada pessoal, o Gasly, amava me encher o saco e quase sempre ficar com as mesmas garotas que eu, mas, depois da festa do Bernie concordamos em um ficar com a garota do outro apenas depois que os relacionamentos acabassem. Nós sempre disputávamos por mulheres, ou ele ficava primeiro ou eu, mas de algum jeito um sempre ficava com a garota do outro.

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O bar era bem legal, música boa e bebida de qualidade, todos já estavam com alguma garota, eu já tinha beijado no mínimo umas três garotas diferentes, mas nem me interessei em saber nome ou querer continuar, eu estava sentado no bar e de repente chega o Max.

- Hey termina de contar, quem você conhece que tem grana suficiente para ter uma Ferrari Enzo? - Sorri sem graça e respondi.
- Uma não, quatro. - Sorri largo dessa vez e Max engasgou com a bebida que tinha acabado de colocar na boca.
- Como é? Quatro Ferraris Enzo? Tem certeza disso, cara? A Enzo está avaliada em U$ 3,5 milhões de dólares cada e você conhece alguém que tem quatro? Impossível! - Max desacreditou.
- Bom não são as quatro exatamente dela, mas estão na família.
- Hum, dela, hã? Então tem mulher na parada?
- Sim e, não. Foi há muitos anos e nós nunca mais nos vimos, mas voltando ao carro, ela é dona de uma, outra do irmão, uma do filho e a outra do pai, ok, como eu disse Max, os carros não são todos dela, mas só a família dela possui quatro das Ferrari mais raras do mundo, enfim, é isso. - Quis encerrar o assunto, mas, o chato do Verstappen que já estava com umas cervejas a mais no sangue quis me provocar.
- E, qual é o nome dela hein? Quem é essa mulher tão poderosa?
- Vai se ferrar, Max, e vai caçar alguém pra beijar, alguma coitada que aguente seu hálito de cerveja e sei lá mais o que.

Max gargalhou, e saiu meio tropeçando em direção a uma mesa cheia de mulheres. A noite estava boa, todo mundo estava ali naquele bar, se divertindo, mas eu não conseguia relaxar, me desligar, curtir, ou olhar para as mais de dez garotas que tentaram chegar em mim. Pensar na , falar nela, me reabriu velhas feridas e me reacenderam velhas lembranças, que eu lutava quase que diariamente para sufocar.
Bebi o resto da minha primeira cerveja, agora quente e resolvi ir para a pista de dança, tentar dançar um pouco, eu era uma negação dançando eu só conseguia me mexer sem passar vergonha com a , ela tomava toda a atenção para ela e, ninguém olhava para o jeito que eu estava dançando. Droga olha ai, eu pensando na outra vez...
Eu estava quase no meio da pista de dança ao som de uma música eletrônica qualquer quando esbarro em alguém.

- Desculpa eu não te vi... - Comecei a dizer e, quando olhei em quem eu tinha esbarrado quase perdi a voz. Uma morena de cabelos cacheados, pretos, na altura dos ombros, olhos verdes e um sorriso de parar todo um paddock. - Hum, hã. - Gaguejei - Desculpa mesmo eu não te vi. - tentei recuperar a voz e a educação.
- Calma ai, eu sei que você não me viu e como me veria com essas luzes piscando e a pista mais no escuro que no claro? Relaxa, não foi nada.
- Sou um distraído mesmo. - Tentei me justificar para aquela garota linda que tanto me lembrava a . Respirei fundo, droga a de novo na minha cabeça.
- Tudo bem? - A linda garota quis saber.
- Sim, está. - Menti - Apenas não estou tendo um bom dia, ou noite, sei lá.
- Ah, nada disso, ninguém vem ao Dot Lounge para não se divertir! Isso eu não admito! - A linda mulher que eu nem sabia o nome falou séria. - Venha comigo, vamos até o bar, vou te pedir uma bebida por conta da casa.
- Não precisa mesmo, e era eu quem deveria te oferecer uma bebida pela minha falta de jeito. - Rebati já sem graça.
- Então fazemos assim, eu te pago a primeira e você a próxima que tal?

Definitivamente eu estava em um mal dia, quando que eu, iria perder a mão de chamar uma garota para uma bebida? Sorri de mim mesmo e concordei.

- Ok vamos, afinal, que mal há nisso?
- Nenhum. - A garota misteriosa concordou.

Andamos do meio da pista de dança de volta ao bar e dessa vez sentamos em uma mesa de canto meio escondida de olhares alheios. Ela chamou o garçom.

- Por favor uma bebida para nós, pra mim uma piña colada e para o cavalheiro...
- Uma cerveja. - Completei depressa, estava impressionado com tanta atitude daquela garota linda.
- Claro senhorita...
- E por favor, verifique as outras mesas, os pilotos estão ficando sem bebida e sem serem servidos adequadamente. - Ela interrompeu a fala do garçom dando uma ordem direta. Mas afinal quem era aquela garota com quem eu tive a sorte de esbarrar?
- Sem querer ser indelicado, mas, você é a gerente aqui? A Hostess? Ela me encarou e abriu um lindo sorriso na minha direção que fez meu coração errar um batimento. Parecia tanto o sorriso dela...
- Muito observador senhor , sou a dona, o Dot Lounge é meu.
- Você sabe quem eu sou? Perguntei feito um idiota.
- Há! Claro que eu sei, foi meu pessoal que entrou em contato com a FIA, que entrou em contato com as equipes para que vocês fizessem uma comemoração aqui no bar. Então claro que eu sei quem você é, assim como cada piloto que está aqui.
- Wow, você deve gostar muito de fórmula 1 ou ser muito influente no meio do esporte para conseguir algo assim. - Soltei sem filtrar meus pensamentos. - Olha desculpa, mas é que pra mim é impossível alguém conseguir algo assim. - Tentei me redimir de meu comentário infeliz.
- Digamos que eu tive a ajuda de uma pessoa que precisa se redimir, então por isso eu consegui reunir todas as equipes de F1 aqui esta noite.
- Quanto mistério, e você é fã de F1?
- Tá de brincadeira? Eu amo as corridas e espero a temporada inteira até o GP vir aqui para o Canadá já que, infelizmente eu não posso viajar para as outras corridas, por motivos pessoais e de trabalho.
- Ah, com certeza seu namorado não te deixaria viajar assim do nada. - Soltei de novo sem pensar. - Me desculpa eu não quis ser indelicado. - Ela sorriu do meu mal estar.
- Em primeiro lugar, eu não tenho namorado. Ainda. Segundo, se eu tivesse alguém eu não iria sequer permitir que a pessoa mandasse em mim dessa maneira, sou dona de mim, maior de idade e dona do meu próprio dinheiro, tenho uma vida antes de tudo e a pessoa que estiver comigo vai ser meu companheiro, não meu dono. Logo não tem que deixar ou não deixar, sou livre para fazer o que eu quiser estando em um relacionamento ou não. - Ela explodiu e eu fiquei assustado, esse jeito de falar era tão parecido com o da . - Agora sou eu quem peço desculpas , é que todo cara que eu converso e falo que amo a Fórmula 1, acha que eu deveria ficar em casa e que eu não posso ir para as corridas, ou conhecer o paddock, ou dar uma volta no circuito só por que eu sou mulher! Cacete! Por que a mulher é tão crucificada assim?
- Calma ... olha eu te entendo perfeitamente e eu sei que o preconceito existe até mesmo dentro das scuderias, nossa equipe mesmo tem uma piloto de teste mulher e o que aquela garota escuta de merda não é brincadeira, mas aos poucos isso tá sendo derrubado, e pessoas como você que amam o esporte são muito importantes para dar voz a outras garotas que também curtem e que se sentem envergonhadas ou com medo de ir assistir a uma corrida por ser algo dito pela sociedade que é para homens.
- Isso! Eu penso exatamente assim! Onde tá escrito que F1 é só pra homens?
- Em lugar nenhum e é isso que me irrita, saber que as pessoas se privam de fazer algo que gostam por medo do que os outros vão pensar.
- Sim, , e que bom que eu encontrei alguém que me entende.
- Eu sou piloto e o que eu quero é que as pessoas apreciem o esporte que eu amo. Sabe, ouvir você falando assim, com tanta paixão da Fórmula 1, me fez lembrar uma pessoa, que me foi muito importante e que amava as corridas assim como você...
- Foi importante? Não é mais?
- Sim, ainda é, mas a gente não se vê a muitos anos e se eu a encontrasse na minha frente hoje acho que nem a reconheceria mais.
- Hum... é uma garota então? O que rolou? Desculpa, agora eu que estou sendo indelicada e invasiva, se não quiser falar tudo bem. - Ela logo se desculpou.
- Não tudo bem, eu não falo dela há anos, e o único que sabe de história toda é o Gasly mas, vamos lá vou tentar resumir... Nós namoramos na escola, o pai dela não gostava da ideia de eu ser piloto, me humilhou, mandou ela para um colégio interno, nós mantivemos contato por alguns meses, até que ela me escreveu falando que tinha arrumado outra pessoa, e que iria ser mãe. Achei melhor deixar que ela seguisse a vida sem mim, mesmo que eu ainda a amasse, perdi qualquer contato com ela ou a família. Mas uma promessa eu me fiz, um dia ainda vou reencontra-la e o pai dela que um dia me humilhou vai ter que no mínimo me pedir desculpas.
- Nossa que coisa... mas, será que ela não se arrependeu?
- Não sei, se fosse assim por que ela não me procurou?
- Ah, talvez por vergonha de ter se envolvido com outra pessoa, até por que se vocês eram assim tão novos, as vezes ela nem pensou para se envolver com outro cara enquanto estava presa na escola.
- Olha... eu não tinha pensado por esse lado, sabe que você pode ter razão.
- Exatamente, e você disse que ela agora é mãe, pode ser que ela pense que você não aceitaria o filho dela, caso ela tente te procurar.
- Jamais! Mesmo que o filho dela não seja meu, como eu gostaria, eu vou cuidar, criar e amar aquela criança como se fosse meu sangue só pelo fato de ser filho dela! - Confessei desesperado.
- Você realmente ainda ama muito essa garota, não é?
- Sim, pra que mentir. Eu a amo, nenhuma outra garota tocou meu coração como ela, e eu posso esperar para sempre até o dia de eu poder falar com ela de novo, eu preciso dizer que eu a amo. Ah me desculpa de novo, eu me empolguei e acabei desabafando com você, é que você até me lembra um pouco ela. Ah estou maluco sério, desculpa. - Eu estava fora de mim, falar da me deixava completamente perdido. Ela me sorriu, os olhos brilhando. Seriam lágrimas? Não viaja !
- Relaxa ! Vem vamos dançar! Ela me puxou de novo para a pista de dança que agora tocava algo mais leve.
- Hey, calma! - Falei meio tonto aquela garota estava me deixando sem rumo - Eu nem sei o seu nome. - Falei em tom de pergunta, ela me sorriu e disse:
- Isso importa mesmo? Talvez até o fim da noite eu te diga, mas, por enquanto, vamos curtir, por que eu não aceito que ninguém saia do meu bar sem se divertir ao menos um pouco.

Dançamos várias músicas e a essa altura já estavam todos na pista de dança ao nosso redor, Pierre me olhou de longe e fez sinal de positivo com o dedo, ah mas com essa garota ele não ia ficar, nem fodendo! Voltamos para a mesa de antes. Estávamos exaustos de tanto que dançamos e, por incrível que pareça eu até que dancei bem, ela sabia dançar e levava numa boa, e realmente eu estava me divertindo.
Agora estávamos conversando, sobre assuntos variados dessa vez, nada pesado ou triste.

- Me fala um pouco de você? Como eu vou te chamar já que você não quer me dizer seu nome? - Fiquei confuso. Ela apenas sorriu.
- Pode me chamar de Luna. E, quanto a saber mais sobre mim, não tem muito o que saber, sou dona desse lugar, formada em engenharia mecânica, tenho sociedade com um irmão e é só.
- Você tem um irmão? Fiquei intrigado.
- Sim, eu tenho, mas nós não moramos juntos. Ele tem a vida dele e eu a minha.
- E você namora? Tem alguém? Já teve?
- Quantas perguntas, mas calma uma de cada vez, se não me perco ainda mais agora que já estou com três cervejas no sangue. - Luna sorriu de leve. - Continuando, como já disse antes, eu não namoro, ainda. No momento não tenho ninguém, mas, estou aberta a opções. - Ao dizer isso Luna me olhou nos olhos e eu me perdi na intensidade deles.
- E, por fim eu já tive alguém... a única pessoa que eu já amei de verdade, sabe aquele sentimento que te consome, te domina e mesmo a distância ou o tempo, ou outras pessoas não conseguem apagar? Esse é o meu sentimento por ele. - Luna disparou e eu senti que agora era ela quem estava desabafando comigo.
- Nossa! Isso sim que é declaração! Esse cara realmente foi importante pra você, não é?
- Sim, demais.
- E por que terminou? Fiquei curioso.
- Conflitos familiares.
- Ah! Sei bem como é. - Engraçado como Luna e eu tínhamos coisas em comum.
De repente Luna é chamada por um cara grandão, e vem até mim.
- me desculpa, preciso ir lá fora resolver um problema, parece que um dos caras se meteu em encrenca.
- Sério? Quem? Precisa que eu ajude em algo?
- Ainda não sei quem foi, mas, eu preciso controlar os Paparazzi, não quero minha imagem manchada na imprensa canadense e nem a de vocês. E, obrigada, mas os seguranças dão conta de acertar tudo. Desculpa mesmo, se eu conseguir resolver isso logo eu volto pra gente acabar nossa conversa. - E ao dizer isso já saindo em direção a entrada, Luna me sorri e dá uma piscadinha.
Fiquei ali naquela mesa uns bons cinco minutos me lembrando de como se andava até que chega perto de mim o agora bêbado Leclerc.
- , cara vem aqui... vamos até lá fora, o idiota do Ricciardo se enrolou com uma garota que estava como o namorado e está prestes a tomar umas porradas.
- Oi? Puta merda, Ricciardo, seu tapado!
- Mas eu sou o Charles, não o Ricciardo... - Reclamou Charles falando enrolado por estar totalmente bêbado, deixei ele lá brigando com a cadeira real e com a imaginária e sai disparado rumo a porta.

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Já do lado de fora, Luna tinha razão o lugar parecia um formigueiro de tanto paparazzi. Cheguei no meio de uma quase discussão.

- Ok, meninos chega dessa palhaçada aqui! - Luna falava em tom baixo, mas firme.
- Olha moça eu não tive culpa a garota não me disse que estava acompanhada, e muito menos que tinha namorado. - Ricciardo se explicava e, eu pude ver que ele não estava tão bêbado assim.
O outro cara, o namorado traído avançava em direção a Ricciardo e Luna entrava na frente sendo protegida pelos seguranças do bar.
- Esse babaca ai se meteu com a minha garota e, agora ele vai pagar. - Eu estava quase tomando a frente quando Luna responde.
- Em primeiro lugar a sua garota não se meteria com outro cara se você um marmanjo com essa marra toda desse conta dela em casa, segundo; abaixa a bola por que senão meus rapazes vão fazer você esfriar a cabeça rapidinho, terceiro, meu gerente vai entrar em contato para te devolver todo o seu dinheiro gasto aqui no Dot Lounge esta noite, por que eu não admito que aconteça brigas no meu bar, e muito menos que agridam meus convidados. Agora pode se retirar.

Luna calou o cara que era duas vezes maior do que ela, e com isso até a legião de repórteres se desfez, eu estava tentando chegar até o retardado do Ricciardo e em Luna, mas todo mundo se amontoou em volta dele e eu perdi Luna de vista.

- Daniel! - Gritei, e ele olhou em minha direção,
- Fala , cara que medo me deu agora. - Ele me confessou.
- Mas também só você pra se enrolar com garota comprometida. Rebati.
- Porra , a garota lá, toda linda, sorridente me dando mole como é que eu iria saber?
- É, olhando por esse lado. Verdade, não tinha como mesmo.
- Mas e você ? Eu vi você dançando com aquela gatinha que me defendeu. Quem é ela afinal?
- Um mistério Ricciardo, ela não me disse o nome verdadeiro, disse para mim chama-la de Luna, e só me diz meias verdades. Estou intrigado e muito afim de desvendar esse enigma que é a pequena grande Luna. - Confessei e Daniel sorriu.
- Vai fundo cara, mas, vai logo por que amanhã temos o treino e domingo a corrida. Então na Segunda feira já vamos ter que embarcar para o GP da França.
- Eu sei cara, mas não tenho como chegar mais fundo se a garota não me deixar.
- Verdade, boa sorte , você vai precisar.
- Valeu cara.

Passado o estresse da quase briga voltei para dentro do bar, mas o pessoal já estava se organizando para ir embora, olhei em volta nada da Luna, olhei de novo. Nada. Ela tinha sumido do mapa, olhei no relógio quase 3 horas da manhã. Eu estava muito ferrado, o pessoal da equipe iria me matar se eu não desse um bom desempenho amanhã no treino classificatório. Resolvi que era hora de ir, depois do treino de logo mais eu voltaria ao bar e tentaria encontrar a tal garota misteriosa que dizia se chamar Luna.
Peguei minhas chaves com o manobrista, graças a Deus o efeito das cervejas já estava passando e eu poderia dirigir sem causar maiores problemas, mas vamos combinar, eu dirijo carros a 372 Km/h, o que uma Mercedes poderia me causar a 150 km/h? Manobrei o carro para sair da fila que se formava, e já estava dando seta para ir embora quando a uns três carros a minha frente eu a vejo.
Luna entrava em seu carro, a mesma Ferrar Enzo que eu vi quando cheguei. Linda, imponente e poderosa, as duas, Luna e o carro. Assim como eu, ela deu seta e saiu da fila, acelerou forte para mostrar toda a potencia do motor da Ferrari e, pedindo passagem, atraiu vários olhares de todos os meus amigos, homens, que eram apaixonados por carros, acelerei e cheguei mais perto dela na tentativa de chamar para ao menos dar um até logo, mas algo me fez congelar e frear a Mercedes cantando pneu no asfalto.
Da distância em que estavam os carros agora eu conseguia enxergar perfeitamente a placa do carro. E na placa que era personalizada estava escrito: .

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Cheguei no hotel já eram quase 4 da manhã, mas eu não conseguiria dormir, não podia ser... não era possível, aquela garota não podia ser a , a minha . Tomei um banho gelado, e me obriguei a dormir nem que fosse por algumas horas. Eu tinha um trabalho a fazer e era meu dever como piloto honrar o meu trabalho. Mas depois do treino de classificação eu iria até o bar e tentaria falar com ela. Eu precisava saber, ter a certeza ou me desiludir de vez.
Gasly iria ter um ataque quando eu contasse para ele quem eu achava que a tal Luna era na realidade. Se nem eu estava acreditando, imagine o Pierre.
Dormi pouco mais de 3 horas, levantei, engoli um café forte, comi duas torradas e sai em direção ao autódromo, todos já estavam lá também; uns sóbrios, outros de ressaca, alguns ainda bêbados. Tanto que foi preciso jogar o Leclerc debaixo do chuveiro frio para ele curar a ressaca.
Já na preparação para o treino consegui alguns minutos sozinho com o Gasly.

- Hey, Pierre, tem um segundo?
- Claro , fala ai.
- Você não vai acreditar em mim cara, mas, eu acho que a tal da Luna lá do bar de ontem a noite é a
- Como é? Tem certeza ? A ? A sua ? Como assim cara?
- A placa cara!
- Que placa ? Não Estou entendendo nada.
- A Ferrari Enzo, na placa estava escrito .
- Mas isso não quer dizer nada , quantas existem por ai?
- Tem algumas, mas eu só sei de uma pessoa que pode ter uma Ferrari Enzo rara daquelas e essa pessoa é Ferrari, sim a herdeira da scuderia, da marca, do nome, das empresas Ferrari. A própria, neta de Enzo Ferrari, filha de Fred Ferrari. A minha garota, minha menina, minha mulher, tão linda, minha morena, com aqueles cabelos pretos, os olhos verdes que eu tanto amo e aquela simpatia incrível. Só pode ser ela Pierre e eu não estava bêbado ontem e nem estou agora. É ela cara tem que ser! - Eu estava desesperado por acreditar naquilo, mas, eu precisava de foco e Pierre me conhecendo tão bem pareceu ler meus pensamentos.
- calma! Mantém a cabeça no trabalho, se foca em fazer um bom treino e um bom tempo que depois do grid eu volto com você no bar e a gente tenta achar a garota ok?
- Você faria isso?
- Claro, cara! Você é como um irmão pra mim e eu sei como você ama a e, ha quanto tempo você sonha em reencontra-la.
- Pierre, cara, obrigado de verdade, significa muito. Falei com o coração cheio de alegria.
- Ah, outra coisa , eu aposto que consigo me colocar melhor do que você hoje, já que sua cabeça é só a .
- Não viaja Pierre eu venço você até de patinete. - Brincamos e eu me senti mais leve.

Neste momento fomos chamados pelos chefes das equipes para discutir alguns pontos e nossa conversa parou ali.

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Treino classificatório. Sábado, dia frio e nublado, típico do Canadá em época de outono e, as dez da manhã em ponto começaram o treino de classificação, vários repórteres tinham a permissão de ficar no paddock mas pelo rádio ouvi a equipe comentar que tinha uma garota bem linda vendo o treino de lá. Achei que fosse a Kelly, namorada do Gasly, um amor de pessoa e que me ajudava em muitas coisas, inclusive me levava para correr na pista do pai dela, o brasileiro Nelson Piquet, que havia sido um grande piloto na época dele e, era um ídolo no país. Quem podia pagar para ver a corrida do Paddock ou era muito rico ou influente no meio do esporte então quem poderia ser a ter tantos privilégios? Assistir ao treino de dentro do paddock e ver as câmeras exclusivas que era apenas da equipe e da imprensa. Sem contar que nos bastidores todo o pessoal era 98% homens, o que deixava qualquer garota bem desconfortável por ser apenas uma ou duas mulheres do meio de tantos homens.
O treino seguia bem, volta a volta cada posição no grid de largada era disputada. Algumas derrapadas, carros rodando, safety car na pista. Magnussen, Latifi e Perez fora do treino, faltando dez voltas para o treino oficial acabar e cada posição estava ainda mais disputada. Eu saltei da 20 posição para a 11. Faltava pouco para eu ganhar a aposta do babaca do Gasly e se classificar entre os dez do grid. Mas então tudo mudou, Gasly acelerou em uma curva, e ultrapassou Ocon e Stroll. Conseguindo assim a 8 posição no grid de largada. Enquanto eu fiquei apenas na 11 posição. Fora do top dez. Treino finalizado, todos comemorando suas posições, droga eu perdi a aposta para o Pierre agora ele iria me infernizar até o fim da temporada.

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Entramos todos no paddock e, a imprensa logo veio pra fazer as perguntas de sempre, dei umas quatro entrevistas para várias emissoras locais, quando acabei, Ed, um dos mecânicos veio até onde eu estava.

- posso falar com você um minuto?
- Claro,Ed, fala. Respondi já curioso.
- Nada demais, é que tinha uma garota aqui vendo o treino, e ela me pediu pra te entregar isso.

Ed me entrega um cordão de credencial de permissão, na credencial estava escrito: - Te vejo em Paris. Meu coração acelerou e eu fiquei branco.

- Está tudo bem, ? Quer que eu chame o médico da equipe?
- Não, Ed, estou bem só preciso de um tempo.
- Certo, fiz mal em te dar isso?
- Não, Ed, fez muito bem, e a garota disse mais alguma coisa? - Eu estava a mil de tão nervoso.
- Ah sim, disse que te veria correr amanhã.

Eu não podia acreditar em meus ouvidos, se fosse ou Luna, ela viria me ver correr! Abri um sorriso sem nem perceber. Ed já estava saindo, já que foi chamado por outro mecânico, mas antes de se afastar completou:

- Hey ?
- Hum. - Respondi olhando para a credencial em minhas mãos.
- A garota é uma gata, uma morena que puta merda, você só arruma garota linda.
- Correndo o risco que eu corro a cada corrida alguma vantagem tinha de haver. - Gargalhei.- Ih, rimou.

Ed saiu apressado e eu sai na direção oposta atrás de Pierre. Não o encontrei, liguei pra ele e nada. Vi que ele ainda estava dando entrevista. Fui parado algumas vezes para fotos e dei alguns autógrafos, sempre sorrindo e gentil, mas a minha cabeça estava longe...dez anos atrás em uma noite em Paris.

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Domingo, dia frio e nublado, dez da manhã. Dava início o GP do Canadá, logo na segunda volta Leclerc pegou a zebra e rodou, mas também dirigir a 372 Km/h de ressaca só podia dar nisso. Tentamos desviar do tapado do Leclerc, mas alguns não conseguiram. Resultado? Um efeito dominó daqueles, Perez, Occon, Giovinazzi todos bateram. Safety car na pista e todos realinhando para a relargada.
Relargada perfeita, Vettel assume a terceira posição logo de cara, Hamilton tira um esticão na pista e assume a pole. Droga esse cara se acha. Stroll estava em segundo. Fui distraído pela equipe falava comigo pelo rádio:

- Força na curva, cola no Vettel.

Ok, vou dar meu melhor, mas eu estou em quinto e o Vettel em segundo. Estava irritado, então apenas respondi.

- Ok.

Volta a volta cada posição era ainda mais disputada. Mais derrapadas, carros rodando, safety car na pista outra vez. Puta merda! Os caras só podiam estar dormindo no cockpit, Magnussen , Latifi e Bottas fora da corrida. Segundo realinhamento e terceira relargada, se desse outro problema o tempo da corrida iria acabar e a classificação geral seria a que estivesse no final do GP. Merda!
E, de novo Hamilton na pole, Latifi em segundo e, Gasly em terceiro. A não! O Pierre não iria ganhar de mim de novo! Já muito irritado por que talvez a ou a Luna estivessem vendo a corrida e com todas as confusões, eu não iria perder, ou se perdesse ao menos em quarto lugar eu chegaria, e ao menos pontuaria na classificação geral. Acelerei, dando tudo de mim e do carro, eu estava em sexto, passei Russel, passei Sainz. Fui para a quarta posição.
Faltando dez voltas para o GP acabar ninguém queria dar passagem, era fechada, toque de roda e nada de eu conseguir passar o Gasly. Ele iria me pagar. Babaca. Mas analisando tudo que aconteceu comigo em menos de 24 horas, ressaca, bar, garota misteriosa, noite sem dormir, a possibilidade de reencontrar a , ou ver a tal Luna me dizendo que só me pregou uma peça. Eu ainda estava bem no grid, saltei da 11 posição para o 4 lugar. Fiquei entre os dez e pontuei. Então pra mim tudo certo. Só faltava eu saber se a Luna era a minha .
Bandeira quadriculada, fim do Grande Prêmio do Canadá, e o pódio foi: Hamilton, Latifi e Gasly. Cheguei em quarto lugar, mas, estava feliz com meu resultado e com a vitória do meu companheiro de equipe e melhor amigo.
Depois da premiação, fotos e banho de Champagne fui para o vestiário, tirar o equipamento de proteção, e no armário onde eu coloquei minhas coisas estava uma outra credencial presa que dizia:Belo tempo, ótima corrida.Droga! Esse jogo já estava me deixando maluco, eu precisava resolver isso e logo!
Com o fim do GP, tivemos que viajar em seguida para Paris, já que o próximo GP seria lá, não encontrei mais com a Luna, como prometeu Pierre foi comigo até o bar, mas o segurança me disse que o bar não funcionava durante o dia e que a dona não atendia ninguém fora do horário de funcionamento do bar. Pedi algum telefone. Mas nada feito. Por fim desisti de insistir e viajei para Paris ainda mais preocupado. Mas, não deixava de pensar no maldito do: Será ela?
A corrida em Paris foi bem mais tranquila, sem bar ou festa na véspera, então todo mundo estava no seu melhor desempenho, Hamilton na pole, Stroll em segundo e Vettel em terceiro. Gasly acabou em sétimo e eu em nono. Mas tudo certo, como tivemos duas corridas quase que em seguida, com apenas cinco dias de intervalo a scuderia decidiu que a gente passaria alguns dias descansando em Paris até partir para o próximo GP da temporada, e eu precisava mesmo esfriar a cabeça. Desta vez nada de bilhetes ou credenciais escritas a mão. Talvez fosse algum dos caras me fazendo de idiota.
O clima em Paris estava frio assim como no Canadá, mas eu não liguei pra nada, peguei meu casaco e sai sem rumo caminhando, enquanto eu andava comecei a pensar em tudo que eu vivi até ali, nas coisas que eu ganhei, em outras que eu perdi. Mas minha maior perda sem dúvidas foi a . Será que ela ainda morava no Canadá, ou em outro lugar?
Eu pensava em tantas coisas, como eu gostaria de poder ver a de novo, o desejo que eu tinha de que o Pai dela, Fred Ferrari me pedisse desculpas. Estava tão perdido nos meus pensamentos que nem percebi a direção que eu estava indo, quando notei onde estava congelei. Eu estava aos pés da torre Eiffel. Era mais ou menos 6 horas da tarde, e ainda estava bem claro, o restaurante onde eu levei a há dez anos não existia mais, tinha dado lugar a uma loja de lembrancinhas. Sentei em um banco e fiquei admirando a paisagem e as luzes da apaixonante Paris que começavam a se acender. De repente percebo uma sombra perto de mim, não me virei para ver quem era. Provavelmente algum turista encantado com a vista assim como eu. Alguns segundos de silêncio e então eu ouço:

- Oi .
Meu coração acelerou e eu achei que meus ouvidos estavam me pregando uma peça. Escuto pela segunda vez.
- Café?
Olhei na direção da voz e, fiquei mudo.
- Qual é , você ama café, está frio e, eu tenho dois cafés aqui bem quentinhos. - Ela brincou.
- Luna?
- Tenta de novo . - Só a me chamava assim... então?
- ?

Ela sorriu, um sorriso lindo, o sorriso que eu reconheceria até dentro de um tornado. Era ela! A , a minha menina, que agora estava uma tremenda mulher, linda e poderosa.

- Eu não estou entendendo nada, como assim é você, ? Por que não me falou a verdade no Canadá? - Eu estava confuso, feliz, frustrado, meio irritado.
- Lembra da nossa conversa no bar?
- Claro que sim. Pensei por um segundo. - "Talvez ela não te procure por medo ou vergonha ou por achar que você não aceitaria o filho dela".
- Pelo amor de Deus ! Você acha mesmo que eu não falaria com você por causa do seu filho? Ou que eu te rejeitaria?
- Sinceramente? Eu tive medo script>document.write(Daniil)! Não é todo cara que aceita uma mulher com filho, sabia?
- Sou eu ! - Falei alto.
- Durante dez anos o que eu mais desejei foi te ver de novo, eu daria qualquer coisa só pra poder te ver, e você acha que eu iria te rejeitar?
- Você queria me ver? Ela pareceu não acreditar.
- Claro que eu queria te ver, queria poder continuar a nossa vida de onde a gente parou, quero poder ver teu pai e espero que ele me peça desculpas, tudo que eu fiz nesses últimos anos foi trabalhar feito um louco só para ser digno de Ferrari, e para provar para o seu pai que eu sou capaz de te dar o mundo se você quiser...
me encarou, olhou a paisagem, respirou fundo, tomou um gole grande do café, me sorriu e respondeu:
- Eu não quero o mundo, isso eu já tenho, o que eu quero é você .
Meu coração parou e voltou a bater dez vezes mais rápido nem em uma corrida eu senti tanta adrenalina assim.
- Como é? - Precisei perguntar, por que achei que estava sonhando.
- Tudo o que eu quero é poder estar com você , isso se você quiser é claro. - disse meio sem jeito olhando para o horizonte.
É sério isso? A estava dizendo que queria ficar comigo e achava que eu não iria querer?
- Ferrari! Eu largo tudo se for pra ficar com você. - Falei sério.
largou o café e veio para meu lado me dando um abraço.
- Ah eu nem acredito. - Ela falava com lágrimas nos olhos.
- Que ideia é essa de achar que eu não te quero mais?
- Eu pensei que... depois de eu ter terminado tudo com você por uma carta você deveria estar me odiando, e depois tem o Alec...
- Alec? Quem é Alec? - Me perdi. riu.
- Alec, meu filho, quero dizer Alexander Ferrari Frank.
- Ah bom, que susto. Frank?
- O pai. Jason David Frank, mas não vamos falar dele, com o tempo te conto tudo.
- Ok, como você quiser. - Fiz menção de beijar a e ela se afastou.
- O que foi? Você não quer?
- Quero Claro! Mas eu fiz uma promessa, só vou te beijar depois que você for lá na casa do meu pai e ele te pedir desculpas.
- Acho difícil de seu pai fazer isso, arrogante como ele é. - Falei sem pensar, com toda a mágoa de anos. - Desculpa , é seu pai, mas eu ainda escuto as palavras dele na minha cabeça.
- Eu sei , sei que meu pai machucou a nós dois, mas ele está velho agora e ele mudou muito, ter o Alec o fez mudar. Depois que ele te mandou embora la de casa eu me tranquei no quarto, chorei por dias e fiz greve de fome, e no internato não falava com ele, apenas com minha avó, só falei com ele para avisar da gravidez, ele claro queria me obrigar a casar, bati o pé e não aceitei, já era de maior, tinha 18. Entrei em contato com o governo canadense, pedi emancipação e teria sumido no mundo não fosse meu pai me implorar para não afastar o neto dele.
- E o pai da criança?
- Uma boa pessoa, mas tem uma vida complicada, com duas ex e muitos filhos por ai, decidimos que eu criaria o Alec sozinha e ele só daria a pensão, não que o Alec precise, uma criança de cinco anos que já é dona de uma Ferrari Enzo precisa de mais o que?
- De um pai que o ame, dinheiro não compra amor.
- Eu sei disso, meu pai é meio pai dele, meio avô, o Danny é tio e meio pai, amor não falta ao Alexander isso eu garanto.
- Que bom , fico feliz que seu pai tenha mudado tanto assim, mas, como será que ele vai me receber?
- Só indo até lá para saber.
- Vamos fazer assim, eu termino a temporada e volto com você para o Canadá, mas você vai comigo até o fim da temporada que tal?
- Eu topo. me abraçou e de mãos dadas voltamos para o hotel onde eu estava hospedado.

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Desde o nosso encontro em Paris e eu não nos separamos mais, como prometeu ela me acompanhou em todo o resto da temporada, foram 13 corridas e ela estava lá em quase todas, quando ela não podia ir, assistia na tv e me ligava para me parabenizar pelo bom tempo, ou para me consolar se algo desse errado, mas estava em tudo torcendo por mim, algumas eu fui bem em outras eu fui mal, problemas no carro, batidas, motor, mas nada me importava mais por que a estava lá torcendo por mim eu ganhando ou perdendo. Em uma folga que tivemos entre as corridas viajei para o Canadá com a , voltei depois de dez anos que fui expulso até a casa do poderoso Fred Ferrari. Ele me recebeu na sala me mandou entrar e conversamos, me pediu perdão e disse que era um homem arrogante, mas que a doçura do neto o fez mudar, e querer ser uma pessoa melhor, me confessou que acompanha a minha carreira desde que eu comecei na formula 1 e que tem se impressionado com minhas conquistas dos últimos anos, mas, o que me deixou sem palavras foi:

- , eu faço muito gosto que você frequente minha casa e fique com a minha filha se você ainda quiser, mas pelo que posso ver o tempo não foi capaz de fazer vocês dois deixarem de se gostar, eu errei naquela época em afastar vocês, mas, desse erro me veio o Alex, que é meu tesouro, meu neto querido. Só espero que um dia você me perdoe rapaz e, possa gostar um pouco desse velho teimoso. - Fiquei sem fala por uns minutos, respirei estendi a mão direita e disse:
- São águas passadas, acho que já mostrei meu valor, e eu amo sua filha Fred, acho que posso te chamar assim, somos adultos e homens de bem, eu amo sua filha e vou dar o melhor de mim para cuidar dela e do Alec. Falei firme apertando a mão do homem que um dia me rebaixou, mas que hoje me chamava de rapaz, mas que eu via querer dizer algo mais.

Almoçamos na casa do pai de , reencontrei Danny, conheci Alexander, um garotinho lindo como a mãe e tão teimoso quanto ela, mas que conversava muito, ainda mais quando eu disse a palavra carro, eu ganhei um amigão de 5 anos. Passamos um dia agradável e fui embora com o convite de Fred Ferrari para voltar mais vezes.
Depois da conversa com o pai de eu fiquei mais leve, e finalmente ela me beijou, o mesmo beijo que eu me lembrava, e que saudade eu estava dela, do beijo, do cheiro, do corpo, eu precisava daquela garota e logo.
Eu estava muito feliz, finalmente eu sentia que minha vida estava completa, eu tinha uma carreira de sucesso, e agora tinha a mulher que eu amava do meu lado. E, de quebra ainda virei o tio K. Já que o Alec não sabia falar . A temporada terminou com Hamilton sendo o grande campeão. Lógico. Mas eu estava satisfeito, renovei o contrato com a Alpha Tauri por mais uma temporada, fiz bons tempos apesar de problemas no carro, reencontrei a , ganhei o respeito de Fred Ferrari e, ainda ganhei um amigão de cinco anos. Mas faltava alguma coisa...
Passada uma semana depois do fim da temporada, estávamos todos na fazenda do pai da Kelly. Nelson Piquet morava em um lugar mais afastado da cidade e, tinha uma pista de corrida particular. Eu e Pierre conseguimos uma autorização especial da scuderia para podemos usar os carros fora das pistas oficiais. Queria poder correr com a , e eu sabia que ela era louca pra entrar em um carro de F1, falamos aos dirigentes que era por uma causa beneficente para ajudar ao ex piloto Nelson Piquet. E, só o nome Piquet abria portas e fazia regras serem quebradas. Tudo bem que eu e Pierre mentimos quanto a causa, mas, era um bom motivo.
Fechamos a corrida em dez voltas. Kelly se encarregou de contar as voltas, Sr. Nelson Piquet se empolgou em filmar tudo volta a volta estávamos quase sempre grudados, me ultrapassava por uma roda e eu recuperava, levei algumas fechadas, e até uma pressão para os pneus de contensão. Mas nada proibido, faltando duas voltas eu passei a , me recuperei. Última volta. e eu lado a lado na pista, faltando poucos metros quando a asa dianteira do carro de passa meu carro por centímetros! Droga! A me venceu!
mal esperou o carro papar completamente, já saiu da cabine do piloto comemorando:

- Uhu!! Ganhei! Ela estacionou o carro nos pés de Pierre e saiu.
- Ok quero ver a gravação! - Berrei - Não acredito que eu perdi para a ! - Eu iria ser motivo de piada pelo resto da próxima temporada. E, pior com tudo gravado!

E, estava lá por uma asa dianteira Ferrari tinha vencido a nossa corrida clandestina. Droga. Como bom perdedor que eu era me resignei. Já que nossa aposta era simples, um tinha que dar o que o outro quisesse, não importa o que fosse. E eu já sabia que ela queria sair para um lugar especial. O nosso lugar.

- Ok , marque dia e hora. Vou sair com você para o lugar que você quiser, sem questionar ou reclamar.

me sorriu e eu vacilei. Que sorriso lindo! assim todos fomos almoçar. O assunto do fim de semana foi nossa corrida e, como eu tinha ido bem, mesmo perdendo para alguém que nunca tinha estado em um carro oficial de F1 antes. Voltamos para casa e duas semanas depois me ligou para que a gente combinasse de sair. Acertamos tudo, fomos a um restaurante legal e bem tranquilo. Afinal de tudo a ainda era exatamente como eu me lembrava, era uma garota legal, engraçada, muito divertida e que sabia falar de vária coisas, desde novela até sobre culinária. Eu já conhecia bem Ferrari, mas, alguma coisa nela estava diferente; e ainda assim descobri no nosso jantar que nós tínhamos muitas coisas em comum além da paixão por carros, velocidade, correr e fórmula 1. Os últimos meses ao lado de e de Alec me fizeram perceber que o que eu mais queria na vida era estar ao lado da pelo resto da minha vida. Ter minha família com ela. E eu já sabia o que estava faltando. Eu iria pedir a e casamento.

E, ao fim da nossa noite bem divertida eu criei coragem, respirei fundo, segurei as mãos de entre as minhas e falei:

- Ferrari, aqui hoje aos pés da Torre Eiffel, você aceita ser minha para todo o sempre?
Com lágrimas nos olhos, sorrindo e chorando me respondeu:
- eu aceito ser sua para todo o sempre e sempre...
Segurei em meus braços e a girei no ar, feliz como jamais me senti antes, meu coração estava a ponto de explodir de tanta felicidade.
- Então agora posso dizer para todos que estamos o que? Namorando? Noivos?
- Diga a todos que a gente tem um relacionamento e que não importa o nome que a gente dê. Desde que a gente esteja feliz, mas, se pra você é mais conveniente pode dizer que eu sou sua namorada ao menos para as revistas e mídia. Até que a gente comunique as famílias e amigos mais próximos, só então anunciaremos para a imprensa oficialmente o noivado e o casamento.
- Por mim está ótimo, até por que nosso casamento vai ser o acontecimento do ano, imagina só a família Ferrari e juntas? Que potência!
- Verdade, vai ser de assustar a qualquer scuderia.
Eu estava radiante de tão feliz e realizado, finalmente eu teria a pra mim! Feliz como eu estava fiz uma pequena promessa:
- Ok então namorada, e obrigado por aceitar meu pedido, não prometo ser perfeito, mas, prometo lutar para sair vivo de cada corrida só para poder voltar para você.

E, assim em um restaurante em frente torre Eiffel eu, e Ferrari selamos nosso compromisso e demos nosso primeiro beijo, agora como noivos.

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FIM


Nota da autora: Meu Deus! Eu achei que essa fic nunca sairia! Mas que bom que consegui colocar em história minha ideia maluca.
Quero dizer que foi um prazer ser convidada para participar desse projeto lindo que se tornou Drive to Survive. É TÃO BOM VER MENINAS QUE AMAM F1!
Obrigada por lerem a esta história e eu espero de verdade que gostem. Até algum dia.
~~ Bia Ferrari ~~


Essa história faz parte do projeto Drive To Survive, um união entre várias autoras que escrevem sobre Fórmula 1. Clicando aqui, você irá para a página onde todas as histórias estarão hospedadas permanentemente.


Nota da Scripter: Essa fanfic é de total responsabilidade da autora, apenas faço o script. Qualquer erro, somente no e-mail.


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