Enviada em: 17/03/2021

Capítulo Único


Mais um dia cheio de reuniões. Estava exausta e precisava descansar. Olhei pela janela e vi que já estava escurecendo cedo, como de costume aqui na Finlândia. O som da batida na porta ecoou, porém não havia mais nada agendado. Fui em direção a porta para abri-la.

- Astrid, o que você está fazendo aqui a essa hora? - perguntei, surpresa, ao ver a minha melhor amiga do outro lado da porta.
- , tem uma festa mais tarde, vim aqui te arrastar pra lá. Ainda dá tempo, não seja mal-humorada. Vaaaaamos!! - dizia ela, rapidamente.
- Que festa? Estou muito cansada, preciso ir pra casa. - falei, indo pegar o casaco atrás da cadeira, a bolsa e as chaves de cima da mesa.
- Ahh sério?! Você não tem mais tempo pra mim. Nem mensagem manda mais. Vai ser divertido, se não gostar não precisa ficar até o final. - falou, tentando me convencer.
- Você não respondeu a minha pergunta. De quem é a festa? - insisti.
- Do Herman, mas pensei que se falasse, você não iria. Sei que no passado vocês tiveram uma história, mas vocês eram crianças. Não deixa de se divertir por isso. - e agora ela tocou num assunto que não suporto falar.
- Não me importo com ele. Já passou, o que sentia não era forte o suficiente para me magoar com a traição. - expliquei.
- Eu sei, mas parece que de alguma maneira isso te priva de conhecer outras pessoas. De ter uma vida, sabe. - ela falou, parece que escolhendo as palavras.
- Olha Astrid, não estou afim de falar disso. Gosto da vida que tenho e não penso em mudar nada. - falei, na tentativa de cortar o assunto.
- Só queria te ver mais presente e sorrindo. Sinto falta disso. - disse, cabisbaixa.
- Tudo bem, tudo bem. Vou com você hoje, mas é hoje. Não insiste, porque não vou ficar frequentando festas toda vez que você falar. - espero que ela tenha entendido, porque sei que quando teima com alguma coisa é difícil tirar da cabeça dela.
- Está bem, prometo! - falou, juntando as mãos na minha frente como forma de reforçar o que estava dizendo, me fazendo rir.
- Vou pra casa, tomar um banho então. - e ela disse que me acompanharia até minha casa, para ter certeza que realmente eu iria na tal festa.

Fomos para minha casa, ela com o carro dela e eu com o meu. Cheguei e fui direto para o banho, enquanto ela esperava na sala. Estava tão cansada, porém não podia tomar um banho demorado, pois era capaz de Astrid invadir o banheiro. Vesti um macacão branco Armani e resolvi pegar um casaco de lã, também branco, caso sentisse frio. Nos pés, coloquei um scarpin vermelho da Gucci. Deixei os cabelos presos e fiz uma maquiagem sem nada complexo, apenas uma máscara de cílios, batom vermelho e um iluminador.

- Você está maravilhosa! - disse Astrid, quando saí do quarto.
- Já que é pra usar algo mais sofisticado, então vamos fazer isso direito. - falei rindo. - A propósito você também está maravilhosa. - ela estava com os cabelos presos também, usando um vestido capa da Chanel, uma meia calça para o frio e uma bota preta de cano curto. - Eu vou com meu carro, assim vou ter a certeza de que vou voltar na hora que quiser. - expliquei e ela concordou, dizendo que também planejava não voltar tarde e que iria de carona comigo.

Demoramos um pouco para chegar no lugar da festa, que era na casa dos pais do Herman fora da cidade. Lembro de ter ido lá uma vez para acampar nas férias da escola. Logo depois descobri que isso foi o Herman pedindo desculpas por ter me traído. Não tenho raiva dele, pelo fato de que somos muito diferentes e a relação não daria certo de qualquer forma.

- Você está bem? Veio calada o tempo todo. - perguntou Astrid.
- Estou bem, só estou pensativa. - respondi.
- , pode até mentir pra você mesma, mas você realmente gostava do Herman, senão isso não teria te afetado tanto. Eu não imaginava que depois de tanto tempo você se sentiria assim. Sinto muito ter insistido pra vir, pensei que te faria bem. - ela disse, parecendo estar arrependida de ter me forçado estar ali.

...


Quando chegamos, Astrid desceu do carro e seguiu na minha frente, em direção a casa. Por sorte não tinha nevado tanto, pois as pessoas estavam a maioria do lado de fora. Astrid cumprimentava algumas delas, enquanto eu ficava encolhida atrás dela, até Herman aparecer na porta e falar com ela.

- Astrid, você veio! Sinta-se à vontade! Se achar frio, pode se acomodar perto da lareira é mais confortável. - sugeriu.
- Herman! Que gentil! Obrigada! - agradeceu, Astrid.
- Senhorita Andersen, quanto tempo... - dizia Herman, estendendo a mão em minha direção.
- Pois é. Sr. Verstergaard. - respondi, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
- Sinta-se à vontade. - falou gentilmente e eu assenti, seguindo com Astrid até uma mesa com sofás ao lado esquerdo, próximos a lareira.

Astrid pegou um drink, enquanto eu preferi esperar. Passou um outro filme na minha cabeça, estar naquele lugar. Herman foi o primeiro amor da minha vida, que ingênua eu era. Mas não posso negar que tenho boas memórias também.

- Acho que ele ficou impressionado ao te ver... está solteiro. - comentou Astrid, sobre Herman.
- Isso não é da minha conta, Astrid! - repreendi.
- Mas se não é Astrid Larsen! - disse Aron Madsen, um dos antigos amores de Astrid, cortando o assunto.
- AAAARON! Nossa, já faz um tempo que não nos vimos. Parece que hoje foi o dia de reunirmos os ex alunos do Colégio Emerald. - Astrid falava, visivelmente empolgada além do necessário e isso me cansa. Me cansa esse tipo de atitude ao ver um homem bonito, sabendo que não terá um que agirá dessa forma idiota ao ver uma mulher.
- Parece que sim, temos aqui a famosa Andersen. - falou Aron, olhando em minha direção.
- Obrigada pelo famosa. - comentei apenas, sem dar espaço para o assunto.
- Minha amiga é a melhor arquiteta! Tenho tanto orgulho dela! - disse, Astrid.
- Sem exageros Astrid, ainda tem um longo caminho a percorrer. - acrescentei.
- Claro, isso vindo da responsável por várias das obras do Governo. - rebateu, fazendo com que eu não falasse nada. – Tem certeza que não quer um drink? Irei buscar mais. - falou ela, balançando a taça vazia.
- Tenho. – falei e ela seguiu em direção ao bar montado do outro lado daquela sala imensa. Logo peguei meu celular deixando claro para Aron que não queria companhia.
- Acho que vou pegar um drink também. – disse ele e eu apenas concordei com a cabeça.

Eu analisava aquelas pessoas ali, bebendo, conversando empolgadas e algumas se agarrando. Comecei a me perguntar qual era o problema comigo, porque eu simplesmente não pertencia àquele lugar. Não consigo ser sociável e talvez se não tivesse construído uma carreira sólida, não teria tantos projetos se dependesse de ser simpática e correr atrás dos clientes. Mexia no celular enquanto esperava Astrid voltar e fui tirada da distração, por alguém sentando ao meu lado no sofá. Quando me virei para ver quem era, vi Noora Verstergaard, prima do Herman.

- ! Você está tão... diferente. - comentou.
- Digo o mesmo, você também envelheceu. Com Licença Noora, vou procurar a Astrid. - ela parecia não esperar o meu comentário, mas não me via na obrigação de ser simpática com quem sempre foi fingida comigo. Ela sabia de tudo o que o Herman havia aprontado e se fingia de minha amiga. Vesti meu casaco e saí daquele lugar, em direção ao lado de fora da casa. Diferente de quando chegamos, não havia muitas pessoas ali, talvez porque a temperatura estava caindo. Isso significava paz por alguns minutos. Voltei minha atenção para a vista dali, do lago congelado com a neve sobre as árvores atrás. Àquela névoa sobre a paisagem era muito linda.
- Você devia experimentar vinho pra passar o frio. - disse alguém se posicionando do meu lado, ao me ver encolhida à beira da grade de madeira da varanda.
- Talvez eu precise de uma bebida mesmo. - falei comigo mesma. Virei para encará-lo e o que vi foi um homem de cabelo claro, olhos azuis e estatura mediana. Aparentemente devia ter uns 5 anos a mais do que eu. Vestia um tricô branco e as mangas estavam dobradas, deixando uma tatuagem no pulso esquerdo à mostra. A mão direita segurava uma taça de vinho e a julgar pela temperatura que estava, não parecia estar com frio sem um casaco. Seu rosto estava avermelhado, parecendo que aquela não era a primeira taça que tomava.
- Espera aqui. - falou e fiquei sem entender. Não parecia ser uma pessoa de muitas palavras, pois não se deu ao trabalho de me explicar. Continuei lá, até que ele voltasse. - Pronto. - ele disse, ao voltar. Ele havia ido buscar bebida, só que não foi uma taça, ele trouxe a garrafa toda. - Aqui, pega essa. - disse ele, estendendo o braço e me alcançando uma taça com vinho.
- Não posso beber muito. Vou voltar dirigindo. - falei e ele riu.
- Por que veio, então? Se não é pra se divertir. - questionou.
- Vim pressionada por uma amiga. Não me dou bem com as pessoas aqui. Ela ainda sumiu. - expliquei.
- Por isso eu bebo. Nada melhor. - falou simplesmente. Ele tinha um jeito peculiar de falar com poucas palavras. Não era cansativo. Seguiu para os degraus da entrada e se sentou lá. - Senta aqui. Ou prefere ficar em pé a noite toda? - segui até onde ele estava e sentei ao lado. Ficamos ali, por alguns minutos sem falar absolutamente nada. Tomei três taças de vinho e ele acabou com o restante. Até que começou a tocar “What a Shame” e aquela música resumia tudo.
- What shame, baby what a shame... - eu cantava, sem perceber a presença dele ali. Até ele rir.
- Isso é específico pra alguém? - falou, com um sorriso no canto da boca.
- Pra todos os idiotas por aí. - não consegui não rir da feição pensativa dele, tentando entender o que eu havia falado.
- Espero não ser um. - comentou com a voz baixa, me fazendo rir novamente.
- Depende, o que você faz da vida? - perguntei, pensando que ele seria um desocupado com muita grana e que só liga pra beber e sair com alguém, às vezes, sem compromisso.
- Sou piloto. - disse apenas e eu não evitei em rir alto, pois ele não parecia nada com um piloto. Parecia alguém que vai herdar a marca de bebidas da família e dedica mais tempo degustando do que aprendendo sobre os negócios. - É verdade. - disse tentando me convencer.
- Tá bom, você corre onde? - perguntei.
- Na Formula 1. - ele disse, mas como não sei nada sobre isso, não quis me manifestar. - E você, a julgar pelos carros, acho que o seu deve ser aquele Mustang vermelho ali. – falou, analisando o carro vermelho, nada discreto estacionado próximo de onde estávamos, ao lado direito dele.
- Por que você diz isso? – perguntei.
- Parece ter gosto refinado e não gostar muito de companhia, então não tem marido ou filhos pra carregar. Carro pra gente independente. - concluiu.
- Não sei o que você quer dizer com independência, ou se isso foi toda uma crítica. Mas eu gosto da minha vida assim. - respondi.
- Não foi uma crítica. Achei interessante. - corrigiu. - E você, faz o que? - perguntou, olhando a paisagem em frente, ainda sem virar na minha direção.
- Sou arquiteta. - respondi. - Mas não trabalho com projeto residencial, não tenho paciência. - completei.
- Por que? - perguntou.
- Não tenho paciência pra ficar atendendo pedidos absurdos e sem sentido. Expliquei.
- Por exemplo? - seguiu perguntando.
- Teve um cliente que queria um bar no banheiro. Outra queria uma mesa de café da manhã pra ter a presença do marido enquanto toma banho. - falei, revirando os olhos e ele riu. Continuei analisando aquela paisagem e apesar da situação, foi a parte boa do meu “dia”. Esse ar gélido e essa luz sobre o lago de alguma forma me traziam uma paz.
- Os drinks estão horríveis. Ainda bem que tem vinho. Vou buscar mais. – ele disse.
- Não acha que já bebeu um pouco demais? – falei, preocupada.
- Não, relaxa. Eu sei o que tô fazendo, não vim dirigindo. – explicou, levantando e indo em direção ao interior da casa, buscar mais da bebida.
- Me ajuda? – perguntou ele, com outra garrafa de vinho nas mãos.
- Como vou pra casa depois? – perguntei.
- Deixa o carro aí e chama um táxi. – explicou facilmente, estendendo a mão para que desse a taça para ele encher.

Depois de mais algumas taças de vinho, engatamos uma conversa sobre os meus ex clientes e seus pedidos malucos no projeto.

- Não foi fácil no início da carreira, mas queria me auto afirmar, não suportaria a ideia de depender dos meus pais, depois de formada. Minha família tem uma opinião distorcida e não queria parecer frágil. Desculpa o desabafo, deve ser o álcool me fazendo falar isso. – conclui.
- Não tem problema. Você não parece uma pessoa frágil. Ninguém tem que seguir a vida como manda o protocolo. – disse ele.
- Olha isso... – falei olhando atrás dele, um casal se agarrando. – É ridículo. As pessoas vem pra festa por causa disso. Não tem mais amizades verdadeiras, aquela troca de conversas que te faz rir. É muita falsidade num lugar só. E as pessoas fazem acreditar que somos nós o problema, que não nos divertimos porque não fazemos o mesmo. – desabafei.
- Eu só parei de ouvir as pessoas. Isso te enlouquece. Só tem que fazer o que te deixa feliz e pronto. O que me deixa feliz é boa bebida. – disse ele, entendo o copo novamente.
- Percebi. O que você faz além de correr? Digo, nas horas de lazer. – perguntei.
- Correr é lazer e trabalho. – respondeu ele.
- Não é possível. Você não tem algum talento? Cozinhar, cantar... Já tentou pintar? Eu preciso de um pintor pra uma obra. – falei rindo alto, devia ser o efeito do álcool se manifestando.
- Sei fazer drinks. – disse ele. – Depois dos drinks posso cantar, dançar, pintar, qualquer coisa. – gargalhamos alto do que ele havia acabado de dizer.
- E você? Qual o talento além da arquitetura? – perguntou.
- Isso soou estranho. – comentei, rindo novamente.
- Sua interpretação é bem criativa. – comentou.
- Aí, um talento. Eu gosto de tênis, esqui e patinação. Não quer dizer que sou boa, mas eu gosto. – eu disse, lembrando que já tinha um tempo que não praticava atividade física.
- Gosto de esqui. – falou, parecendo refletir, porém, me adiantei.
- Podemos marcar de esquiar, mas se você concordar em patinar também. – sugeri.
- Tenho cara de quem sabe patinar? – perguntou, arqueando as sobrancelhas e cruzando os braços.
- Por isso mesmo, quero rir. – ri maldosamente no final.
- Não seja má. Eu não te aprontei nada ainda. - disse ele, entrando na brincadeira.
- Vamos ver se merece um voto de confiança. - disse, piscando pra ele, que arqueou a sobrancelha. Segui em direção à neve, peguei um pouco em minha mão, fazendo uma bola e quando virei de frente, atirei na direção dele.
- Hey! Você não sabe quem está desafiando. - falou.
- Levanta daí e me ajuda. - falei, pretendendo construir um boneco de neve.
- Sério isso? Você vai fazer um boneco de neve? - perguntou, resmungando, porém vindo em minha direção ajudar. Passamos alguns minutos rindo enquanto construímos o boneco. Ele usou as rolhas das garrafas de vinho e fez os olhos do boneco, enquanto eu peguei um pedaço de madeira e desenhei a boca com um cigarro. - Tá sem nariz. Assim, parece uma arte moderna. – dizia ele, parecendo entender de arte.
- Parece mesmo. – parei na frente do boneco analisando. – Acho que preciso encontrar a minha amiga, já tá tarde e preciso trabalhar amanhã. – comentei.
- Foi divertido. – disse ele, rindo baixo.
- Foi mesmo, até uma próxima. – falei me afastando e fazendo sinal de continência.
- Hey! – gritou, fazendo eu me virar para ouvi-lo. – Qual é o seu nome? – perguntou.
- Na próxima eu te conto. – falei rindo, de um jeito bobo, devido ao álcool, enquanto ele fazia uma cara de decepcionado.


• Kimi's POV on

Quem era aquela mulher que surgiu do nada e nem o nome eu sei? Fiquei ali alguns minutos, analisando aquele boneco de neve e sorrindo feito um idiota, até ser tirado dos meus pensamentos por meus amigos.

- O que você tá fazendo aí? Tá fazendo bonecos de neve agora, iceman? – perguntou Aleph, ironicamente.
- Sou bom nisso, não sou? – falei, novamente encarando aquele boneco.
- Tá horrível! Por que você fez isso? – perguntou Adam, irmão dele.
- Não foi eu, foi uma mulher, uma deusa, man. – respondi, abraçando os dois, um de cada lado.
- Uma mulher? Só podia ser... Quem é ela? – perguntou Aleph.
- Não sei, ela não disse. – respondi, desanimado.
- Cara, vamos embora, isso é o efeito do álcool. Ele já está enxergando mulher que nem existe. – comentou, Adam.
- To falando a verdade. Vocês tinham que ver ela. Na verdade precisam me ajudar a encontrá-la de novo. – eu disse, enquanto eles me puxavam em direção ao carro.
- Amanhã, agora a gente tem que ir embora. – disse Adam, me colocando no carro e eu só lembro de acordar no outro dia na minha cama quentinha e por incrível que pareça, ainda era cedo da manhã. Procurei pelos meus amigos e não encontrei nenhum, deviam ter ido pra casa ontem a noite. Antes do banho e de arrumar meu café, liguei para Adam, para ver se ele poderia me ajudar a descobrir quem era aquela mulher da festa.
- Adam! Me ajuda! Preciso descobrir sobre aquela mulher. – disse, assim que percebi que ele tinha atendido a ligação.
- Sério isso? Você viu a hora? Volta a dormir, depois você pensa na mulher fantasma. – dizia ele, com a voz arrastada.
- É sério, não é mulher fantasma. Me ajuda a descobrir quem é. Eu lembro que ela falou que é arquiteta, trabalha com obras do governo. – expliquei.
- Isso não ajuda, nunca fiz uma obra, não sei quem é. – disse ele. - Volta a dormir, por favor! - desligou na minha cara, assim que terminou de falar. Resolvi ligar para o Aleph, que era um pouco mais compreensivo.
- Aleph! Tá acordado? - perguntei.
- Agora to né?! O que você quer? - questionou indignado.
- Me ajuda a descobrir quem é a mulher que eu vi na festa ontem, por favor. - respondi.
- Se você que viu ela, não sabe nem o nome, como espera que eu saiba? - resmungou.
- Você podia perguntar pro teu amigo que deu a festa. Ele deve saber. Pergunta sobre uma arquiteta, alta, de cabelos castanhos e olhos verdes. - eu disse.
- Tão bêbado você não estava. – disse irônico. - Vou ver o que consigo fazer. Posso voltar a dormir agora? – depois que ele desligou, só me restava voltar ao trabalho, ainda tinham duas corridas pro final da temporada e eu precisava viajar. Quem sabe, quando eu voltar tenha alguma resposta.

Kimi’s POV off

Acordei com uma dor de cabeça terrível, obviamente não conseguiria trabalhar de manhã. Que inferno!! Vou ter que ajustar toda a minha agenda por causa de ontem.

- Finalmente acordou! – dizia Astrid, entrando no quarto com uma caneca de café. – Toma isso, vai te ajudar. – disse estendendo a caneca na minha direção.
- Isso tudo é culpa sua. – reclamei, porém pegando a caneca e tomando um pouco do café, extremamente amargo. – Você não sabe fazer um café de fundamento até hoje. – comentei.
- Ao contrário, você só sabe fazer café. – retrucou, me fazendo revirar os olhos. – Vai me explicar o que houve ontem? Você apareceu bêbada, só ria e não falava nada. – comentou, sentando na cama.
- Eu não lembro muito bem. Lembro de um boneco de neve e um homem que não sei quem é, mas disse que era piloto. – expliquei, tentando lembrar do que havia acontecido.
- Você bebeu demais, isso é óbvio. Mas você parecia bem feliz. Tem certeza que não lembra quem era esse homem? Era bonito? – perguntava afobada.
- Não sei o nome dele. Não lembro direito, mas ele era engraçado, apesar de não falar muito. Construímos um boneco de neve... – falava aos poucos, assim que ia lembrando do que tinha acontecido.
- Ora ora, que fofo. Não esperaria isso vindo de você. – ela disse ironizando.
- Idiota. – resmunguei.
- Do que mais você lembra? Vai tentar descobrir quem é ele? – perguntou, empolgada.
- Tomamos muito vinho porque ele disse que os drinks eram horríveis. Ele é piloto de Fórmula 1 e eu não sei se isso é brincadeira dele ou não. E não vou tentar descobrir quem ele é. Eu já tenho muito trabalho pra fazer. – respondi.
- Você não precisa, deixa que eu pergunto se alguém sabe sobre ele... – sugeriu.
- Não, Astrid. Eu não tô afim de me envolver com ninguém. – e apesar dela ter concordado, eu sei que não vai adiantar eu dizer pra ela não se intrometer.

Depois de tomar um banho, resolvi trabalhar direto de casa, enquanto Astrid fazia o almoço para nós. Já que tinha remarcado todas as duas consultas terapêuticas para o outro dia, assim que decidiu ir nessa festa.

- Sabe, você é a única pessoa que não consigo entender. Eu sei que você diz que está contente com a sua vida, mas você vai parar aqui? Digo, você não tem planos para o futuro, algo que queira conquistar? – perguntou ela, enquanto almoçamos. Foi aí que me dei por conta de que não, eu não pensava sobre o futuro, mas não queria deixar transparecer isso, ou parecer insegura.
- Não, eu já tô conquistando dinheiro e na hora que sentir vontade de comparar alguma coisa, de viajar, de conhecer algo diferente, terei como conseguir isso, por hora, estou bem. – respondi, firmemente, porém, por dentro o sentimento era outro.
- Não é sobre isso, dentro de você, com os seus sentimentos. Você se sente completa? – essa pergunta foi como um tapa na cara, pois eu não tinha a resposta, mas não parecia estar tudo bem.
- Ainda não parei pra pensar nisso. – disse, simplesmente. Mas aquilo despertou uma certa curiosidade em me descobrir.

* Kimi’s POV on

- Hey! – dizia, Sebastian se aproximando.
- Hey! – cumprimentei.
- Como foram os dias de folga em casa? – ele perguntou.
- Bons. – respondi.
- Olha, não temos a clássica resposta “normais”. O que houve de diferente? – seguiu com o interrogatório.
- Teve uma festa... – comecei a contar e fui interrompido por ele.
- Eu perguntei o que houve de diferente. – frisou.
- Você vai me deixar contar ou não? – perguntei e ele fez sinal para que eu prosseguisse. – Tinha uma mulher lá... ela era bonita e inteligente.
- Essa é a sua descrição? – disse ele, rindo. Todo esse tempo e ele ainda implica com o meu jeito de falar.
- Eu não conheço muito dela pra falar mais. Mas gosto do jeito que ela fala. Tá satisfeito? – perguntei.
- Não entendi. Você tá afim dela? Bom, pra estar falando, só pode ser isso. Manda flores, convida pra sair. Aprenda comigo, não é atoa que mantenho uma mulher apaixonada por mim a quase 20 anos. – sugeria ele, enquanto eu não conseguia processar metade das palavras.
- Não me compare com você, um canceriano meloso. E você prestou atenção na parte em que eu disse que não conheço ela direito? Pois, não sei nem o nome dela. – expliquei, enquanto finalmente saíamos do lugar e entravámos na garagem para nos hidratarmos e descansarmos, depois dos testes.
- Não duvido disso vindo de você. Como você não perguntou o nome dela? – questionava ele, incrédulo.
- Eu perguntei, mas ela não quis me dizer. – expliquei, calmamente e Sebastian quase se engasgou com o energético ao ouvir.
- O quê? Você tá achando mesmo que vai conseguir alguma coisa ainda? - perguntou, chocado.
- Não, você entendeu errado. Acho que ela gosta desses joguinhos. Mas o Aleph... Lembra dele? Vai me ajudar a descobrir quem é ela. Eu só sei que é arquiteta e não é muito de conversa, mas tem um humor peculiar que eu gostei. – expliquei, me escorando melhor na bancada de ferramentas da garagem da equipe.
- Boa sorte. Acho que é a primeira vez em séculos que eu te vejo falando nesse assunto. – dizia, ele parecendo refletir, ao meu lado.
- Fizemos um boneco de neve... – parei pra refletir antes de seguir contanto a história para ele.

Ainda teríamos um dia longo pela frente. Mas antes que acabasse, recebi uma mensagem do Aleph dizendo que tinha descoberto quem era a mulher fantasma. Se chamava Andersen e o escritório dela ficava bem no centro da cidade. Herman passou as informações, mas não muita coisa, pois queria saber a todo o custo o motivo das perguntas, fazendo Aleph ser obrigado a falar, porém, depois ele se recusou a dizer o lugar que ela morava.
Ainda tinha a corrida amanhã, depois eu estaria livre para ir atrás dela. Joguei o nome no Google e consegui o segundo endereço que devia ser a casa dela.

...


Após o bom resultado da corrida, Sebastian disse que tinha um presente pra mim. Mas estranhei quando ele se aproximou e me entregou um envelope, quando eu abri achei mais estranho ainda, ser uma carta com corações e perfumada. Ele sabe que o meu negócio não é esse. Porém, depois entendi que era pra eu escrever uma carta e enviar para ela, pelo menos eu teria a chance de pensar nas palavras e falar tudo certinho, convidando ela pra sair. Então assim o fiz, passei o fim daquele dia todo pensando nas palavras e escrevendo, antes que tivesse que ir pro aeroporto.

Kimi’s POV off

Eu estava trabalhando em casa, com toda aquela neve não tinha nenhuma reunião presencial agendada. E não sabia como os dias seguiriam, pois a previsão era de mais neve e ninguém quer sair de casa se tem a oportunidade de escolher. Mas Astrid... Ela não consegue ficar longe das pessoas, e como vem fazendo as consultas dela somente online, decidiu vir pra cá. Confesso que apesar de gostar da presença dela, não consigo pensar direito.
Escutei o barulho da campainha tocando e ela vindo gritando no meu escritório. Era uma carta e flores pra mim.

- !!!! São pra você!!!! Será que é o homem da festa???! Abre logo!!! – dizia ela fervorosamente.
- Astrid!! Calma! Tem certeza que é o meu nome que está escri... – nem terminei a frase, pois quando li, vi que era o meu nome mesmo.

... finalmente descobri o teu nome. Tenho pensado em você desde que nos conhecemos e isso tem me atormentado. Queria poder ver você de novo. Estou voltando para a Finlândia e na quinta-feira vou estar te esperando as 20h no Mosaik se você quiser jantar comigo.”
Kimi Räikkönen

- Como foi que ele descobriu meu endereço? – perguntei pra mim mesma.
- Então é dele? – perguntou Astrid, colocando as mãos no rosto.
- Sim, convivendo pra um jantar na quinta. – expliquei.
- Caramba!! Você vai né??! Como é o nome dele? – perguntou, se aproximando e tentando enxergar o que estava escrito. Então virei a carta pra ela. – Kimi Räikkönen... Espera, ele é piloto mesmo.
- Desde quando você entende de corrida? – perguntei, rindo.
- Você já viu quanto piloto bonito tem lá? – indagou, cruzando os braços.
- Só podia ser você... – falei revirando os olhos e voltando ao trabalho, enquanto ela disse que ia colocar as flores na água.

...


Quando chegou na quinta-feira, Astrid não parava de me ligar. Toda hora insistindo pra eu não esquecer da janta. E quando se aproximou da hora, ela me fez mandar uma foto da minha roupa antes que eu saísse de casa (toda de Channel, por sinal). Era um vestido preto tubinho, com um sobretudo preto e um sapato vinho. Cabelo preso e a cara limpa, não queria parecer me jogando em cima dele porque as coisas não são assim comigo.
Assim que cheguei no restaurante, o recepcionista me avisou que Kimi já estava me esperando e que ia me acompanhar até a mesa. Assim que nos aproximamos ele fez questão de dizer que poderia deixar que ele me ajudava a me acomodar na cadeira. Assim o fez, como um cavalheiro, puxando-a para que eu me sentasse.

- Eu confesso que fiquei com medo de você não vir. – disse ele, cauteloso.
- Por quê? – perguntei, tomando um gole da minha espumante na sequência.
- Pra ser sincero, você me dá um pouco de insegurança, mas eu gosto dessa sensação. – ele fala algumas coisas difíceis de interpretar as vezes.

Depois disso o assunto mudou de rumo. Falamos sobre como estava indo a nossa rotina nos últimos dias. E fiquei surpresa pela maneira como ele fala seriamente sobre o trabalho. A diferença é que ele não se assusta com as intempéries que acontecem, que pra quem não para pra analisar pensa que é desleixo pela tranquilidade dele ao falar.
Quando experimentei o prato de frutos do mar que ele escolheu, percebi que ele tem um gosto refinado e que gosta de provar coisas diferentes. Acho que passar tempo com a Astrid me fez aprender a analisar as pessoas sem ter que perguntar sobre tudo. E quando o jantar terminou, ele me convidou para caminhar do lado de fora do restaurante, que tinha uma vista e uma iluminação incrível à beira-mar. Eu que sou apaixonada por arquitetura adorei a escolha, apesar de estar frio e não poder aproveitar perto da água.

- Eu te chamei aqui pra conversar, isso você já sabe. Só estava esperando o momento certo. – começou, explicando.
- Sim, tá tudo bem, pode falar. – falei, parando de andar e prestando a atenção nele.
- Eu vou ser bem claro. Sei que não nos conhecemos, mas é sobre isso, eu quero descobrir quem você é. O que eu já vi, já gostei. Olha, não tenho mais idade pra ficar com joguinhos sabe. No ano que vem eu tô parando a minha carreira e quero aproveitar pra construir o que falta, porque com o meu trabalho, tô satisfeito, mas falta algo ainda. Se eu parar pra analisar, quando parar de correr o que sobra pra mim? Minha família tem a vida deles, as suas atividades, meus amigos vão continuar lá trabalhando e os daqui tem a sua família. Não quero viver a minha vida por aí viajando e bebendo sem ter com quem dividir os momentos e as memórias sabe. – ouvindo tudo aquilo, me sentia engasgada pra conseguir falar alguma coisa e meus olhos teimavam em querer deixar as lágrimas saírem, não sabia por quanto tempo iria conseguir aguentar, pois aquela realidade mexia muito comigo. Me obrigou a enxergar muita coisa que eu precisava reavaliar. Depois que ele retomou o fôlego. Voltou a me encarar, respirou fundo e continuou falando. – Eu posso até criar um negócio, ou achar algum passatempo, mas e quando eu ficar velho? O que quero dizer é que penso em construir uma família. Pode parecer muito forte pra falar isso agora, mas não quero te enganar. Olha minha idade, já é pra pensar. Sei que você pode ter outras metas e outro pensamento, mas tô falando pra não esconder as coisas. Isso, prometo que sempre vai ouvir de mim, a verdade. – quando finalmente falhei de impedir que algumas lágrimas caíssem, senti ele segurar a minha mão e com a mão esquerda, levantou meu rosto para que eu pudesse encara-lo. – Você precisa de um tempo pra processar tudo isso? – perguntou, por fim.
- Eu não sei o que falar. Eu gosto como você tá sendo sincero. Mas isso tocou num assunto que eu tinha ignorado e que agora tá me deixando intrigada. Eu nunca parei pra pensar no amanhã, ou, em como espero que seja o amanhã. No quanto a maneira que eu tenho pensado pode afetar o amanhã de uma forma que não é possível voltar atrás. Se eu não mudar nada, serei essa pessoa vazia que você descreveu, tendo tudo, mas não tendo ninguém pra compartilhar. Eu tenho muito pra aprender. Já que estamos abrindo o jogo, não sei se vou saber dividir a vida no início, pensar não só em mim, mas na outra pessoa. Vou começar a pensar nisso a partir de agora, então, quando esquecer de ligar, perguntar se tá tudo bem, de avisar que vou chegar mais tarde, de esquecer do almoço... Essas coisas... Não é de propósito, preciso aprender muita coisa ainda. Sempre fui independente, de ter os meus horários, de não dar satisfação... Isso é muito confuso pra mim. - falei, da maneira mais sincera em anos. Tanto que as palavras eram até confusas, da maneira que eu estava.
- Eu entendo, não precisa se preocupar com isso. Com o tempo vamos nos conhecendo aprendendo. É assim que funciona pra todo mundo. – ele disse, passando o braço direito pela minha cintura e a mão esquerda, tirando os cabelos do meu rosto que teimavan em atrapalhar por causa do vento. – Isso quer dizer que você tá disposta a me dar uma chance? – e depois de tanta conversa, meu cérebro não tinha processado essa parte ainda, que ele estava ali esperando uma resposta minha. A qual eu teria que lutar comigo mesma pra dizer um sim. Pois a insegurança daquele pensamento que carrego durante anos, não vai mudar de uma hora pra outra, eu que vou ter que tomar coragem de ir contra e mudar tudo.
- Sim, significa que estou disposta a enfrentar esse desafio. Mas também preciso de um tempo pra ir me acostumando com a ideia. Então, sem cobranças de ambas as partes. - disse, de maneira divertida. E foi aí que ele me beijou, foi algo novo, desajeitado, mas ele não parecia ser um completo estranho pra mim.
- Vou levar você pra casa e esperar o seu tempo, sei que você precisa pensar. Quando você achar que deve falar comigo de novo, você me liga, eu vou estar te esperando. - disse ele, antes que deixássemos aquele lugar.

Obviamente, Astrid ainda iria me ligar naquele dia para saber de tudo. E foi isso que aconteceu, mais de hora ela surtando no outro lado da linha. E disse que iria me ver no outro dia, pra gente conversar melhor.

...


Depois de me dar vários conselhos e de comer um excelente macarrão feito por ela, peguei no sono.

- Mamãe, é lindo o meu carro, não é? Papai disse que sou o melhor! Ganhei de vários meninos nesse dia! - dizia um menino, com rosto angelical e cabelos tão claros que beiravam ao branco, mostrando algumas fotos no celular.
- Já disse que é um Kart, Robin! - dizia, Kimi.
- Papai, um dia eu posso correr igual você? - perguntava Robin, fervorosamente. Seus olhinhos brilhavam na expectativa da resposta.
- Claro, mas tudo no seu tempo. Vai chegar o seu dia de estar lá na TV, correndo. Mas antes você precisa estudar igual o papai fez. - explicou Kimi, pegando o menino no colo. - Mas antes a gente pode voltar a esquiar, estamos de férias, lembra? Precisamos aproveitar isso aqui. - disse Kimi, correndo com Robin para a neve.

Acordei assustada e com lágrimas nos olhos, então associei que elas vinham do sonho. Astrid que estava dormindo do meu lado, também acabou acordando.

- O que houve? Tá tudo bem? - ela perguntou e eu contei sobre o sonho. - Eu acho que isso é um sinal pra você. As vezes o destino nos mostra o caminho certo a seguir, não precisa ter medo. - ela foi falando e eu só conseguia chorar.
- Eu acho que sei o que fazer. - disse pra ela, que me olhou de forma terna, entendendo o que significava.

Depois de acordar, tomar banho e tomar um café, liguei para o Kimi para saber se poderíamos nos ver. E ele prontamente concordou e perguntou se tinha algum lugar que eu gostaria de ir. Eu disse que preferia que ele viesse até minha casa. Quando ouvi o barulho do carro dele estacionando na frente de casa, senti meu estômago dar voltas. Era algo que não sentia em anos.

- Oi. - disse ele me abraçando.
- Oi. - respondi, aproveitando aquele longo momento em que ficamos ali, parece que de alguma forma matando a saudade que eu nem sabia que existia. - Pedi pra você vir aqui porque eu queria dizer que tudo bem, eu aceito todas essas mudanças que virão junto com você, o pacote completo, cachorro, filhos, mudar meus horários, a bagunça, as decisões... a gente dá um jeito de organizar tudo. - falei chorando.
- Você vai ser a mulher mais feliz do mundo! Na verdade, eu queria te contratar pra um projeto. - ele falou e o olhei curiosa. - Nossa futura casa. Você tem todo esse ano pra pensar e desenvolver isso. A gente se muda no ano que vem, se você concordar. - e claro que eu concordei.

Kimi me trata como uma princesa, decidiu cozinhar e organizou toda a bagunça que fez. Acho que esse é o melhor começo pra me adaptar a presença dele. Já gostava desse jeito despreocupado e desajeitado dele.
E ele?
Estava disposto a me dar toda atenção que não tive ainda.


FIM


Nota da autora: Kimi é uma figura e com certeza a melhor companhia de festa que se possa ter. Adorei poder escrever com ele e mostrar que um homem pode sim abrir seus sentimentos, mesmo que não fale muito. Não há porque se sentir fraco e vulnerável em tratar bem uma mulher. Espero que gostem de um clichêzinho de inverno.

Essa história faz parte do projeto Drive To Survive, um união entre várias autoras que escrevem sobre Fórmula 1. Clicando aqui, você irá para a página onde todas as histórias estarão hospedadas permanentemente.


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Essa fanfic é de total responsabilidade da autora, apenas faço o script. Qualquer erro, somente no e-mail.


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