Fui forçada a ter aula prática.
Era uma quinta-feira a tarde qualquer, eu estava bem plena (mentira) assistindo a uma aula extremamente chata... Ai, espera aí! Nem me apresentei, sou , estudante de medicina, tudo bem? Ok, voltemos. Será que tenho TDAH? Calma, foco. Estava falando o que, mesmo? Ah sim, aula. Estava numa aula entediante não, além, de pediatria. Nada contra crianças, até conheço umas da família, só não são minha praia. Ok, vou parar de divagar.
Estávamos na milésima tabela antropométrica do dia quando o alarme de incêndio tocou e como alunos civilizados que somos, saímos organizadamente.... Está bem, foi um caos. Era de se esperar tranquilidade de alunos de medicina, mas não foi o caso. Gente gritando, correndo, tropeçando no próprio pé. E eu, basicamente, andando e procurando a causa do caos.
Ao atravessar o campus, um garoto caiu, do além!, nos meus pés. Que diabo foi isso? Tentei achar de onde ele brotou e nada, nem árvore tinha perto. Passado o choque momentâneo, gritei pro rapaz levantar, mas, se ele me ouvia, não demonstrava. Chacoalhei, sem resposta. Já não tinha quase ninguém na faculdade, minha vontade era de sair correndo, mas bem, já tinha feito o juramento de Hipócrates, né... Brincadeira, eu quis ajudar de fato, mas sou cagona, queria - também - dar no pé. Tudo bem, era hora de gastar minha ressuscitação cardiopulmonar que eu só sabia na teoria e em bonecos. Foquei o máximo que pude, cantando staying alive na cabeça e ao final do primeiro ciclo, ele abriu os olhos. Verde mar. Por um momento, eu que perdi o ar. Os cabelos escuros, quase pretos, faziam um contraste lindo com os olhos claros. O caos tinha acabado? Não ouvia mais nada.
E aí tudo ficou preto.

Nota da autora: Sem nota.

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