Prólogo
Dizem que quando nascemos, estamos destinadas e atadas às nossas almas gêmeas por um fio vermelho - em algumas lendas por um fio prateado. Não importa a cor ou o local que una uma pessoa a outra, o ponto comum é que o fio é inquebrável e a menos que encontremos nossas almas gêmeas seremos infelizes no amor.
— Você realmente acredita nisso? — A jovem garota indagou o seu amigo, que lia as ilustrações de um velho livro.
— Eu não sei dizer, mas a ideia de estar ligados a alguém que não conhecemos não é assustadora? — O garoto questionou a amiga, seus olhos exibindo parte do que pensava.
— Não é porque não conhecemos que será um estranho para sempre. — A garota voltou seus olhos para as ilustrações coloridas. — Almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem...
— Mas não a permanecerem juntas. — O garoto completou.
Quando ambos terminaram a leitura, fecharam o livro sem realmente dar muito crédito ao conteúdo. As risadas de mais crianças puderam ser ouvidas ao longe, enquanto os dois amigos seguiam correndo um atrás do outro em uma brincadeira, sem perceber o estranho fio vermelho que os unia em um laço inquebrável; o qual eles futuramente viriam a descobrir.
— Você realmente acredita nisso? — A jovem garota indagou o seu amigo, que lia as ilustrações de um velho livro.
— Eu não sei dizer, mas a ideia de estar ligados a alguém que não conhecemos não é assustadora? — O garoto questionou a amiga, seus olhos exibindo parte do que pensava.
— Não é porque não conhecemos que será um estranho para sempre. — A garota voltou seus olhos para as ilustrações coloridas. — Almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem...
— Mas não a permanecerem juntas. — O garoto completou.
Quando ambos terminaram a leitura, fecharam o livro sem realmente dar muito crédito ao conteúdo. As risadas de mais crianças puderam ser ouvidas ao longe, enquanto os dois amigos seguiam correndo um atrás do outro em uma brincadeira, sem perceber o estranho fio vermelho que os unia em um laço inquebrável; o qual eles futuramente viriam a descobrir.
Capítulo 1
Meus olhos vagueavam pelos nostálgicos brinquedos do playground do jardim de infância. Passei por velhos esconderijos em que Daichi e eu brincávamos quando crianças; memórias de anos dourados comparados à minha atual situação. A infância ao menos fora mágica o suficiente para iluminar meu futuro tenebroso. Espantei os pensamentos sombrios enquanto seguia em direção ao Colégio Karasuno. A região de Miyagi não havia mudado muito desde que me mudara para Osaka, em cada parte daquele lugar eu conseguia enxergar meu eu criança brincando e levando Daichi para todos os lados; isso até me mudar para Osaka, logo após completar 8 anos. Deixei os pensamentos de lado enquanto seguia pela instituição, não era hora e nem lugar para ficar lembrando do passado.
Um sorriso tímido permanecia em meus lábios enquanto conversava com meus novos colegas de turma. Havia feito um acordo com meu pai: finalizaria meus estudos em Miyagi e então partiria para o exterior para estudar e herdar a empresa; como filha única sobrava para mim a responsabilidade assumir as expectativas de meu pai e concretizá-las. Enquanto permanecesse em Miyagi, ficaria na casa em que havia crescido, e o lugar não havia mudado muito desde que havia ido para Osaka.
Procurei não criar muitos laços, apenas tornaria difícil minha própria vida ao procurar amigos. Contendo-me e deixando meus colegas de classe, segui para a área externa procurando não somente ter um tempo apenas para mim mesma, mas também observar os alunos daquele lugar. Ao me aproximar da quadra de esportes, ouvi uma discussão. Contenho uma risada ao ver duas figuras distintas em altura brigando, porém o riso logo esmoreceu ao ver uma certa pessoa. Ele não estava em foco e mal poderia ser notado, porém eu o reconheceria em qualquer lugar. Tomei um tempo, ignorando a discussão que se sucedeu entre os dois garotos; meus batimentos estavam acelerados apenas com a ideia de reencontrar meu amigo de infância.
Reunindo toda a coragem que possuía, segui em direção às portas da quadra, sendo interceptada pela mesma pessoa que havia repreendido os garotos que permaneciam discutindo. O olhar surpreso que tomou as írises daquele garoto causou-me confusão, eu não me recordava dele, porém de algum modo eu poderia afirmar que ele me conhecia.
— Sawamura Daichi está por aqui? — Indaguei após perceber o silêncio que havia se prolongado de forma constrangedora.
— Hey, Suga-san, o que está acontecendo? — Uma garota de aparência cativante se aproximou.
— Não se preocupe, Kyoko, chame o Daichi por favor. — O garoto abriu um sorriso envergonhado, embora me parecesse meio artificial, e se explicou fechando a porta atrás de si.
— Nós nos conhecemos? — Lhe indaguei após ele me guiar para não muito distante dali.
— Eu deveria imaginar que você não me reconheceria, -san. — O garoto riu sinceramente enquanto apoiava suas costas contra a parede. — Em seu campo de visão existia apenas o Daichi.
— Suga, a Kyoko falou que você estava me chamando. — A voz grave e firme de Daichi soou as minhas costas, ele parecia não ter notado minha presença ainda.
— Você não imagina quem está de volta depois de tanto tempo. — O garoto a minha frente riu, atraindo a atenção de Daichi para mim. — -san, não se lembra de mim!
Ao ouvir meu nome ser dito pelo garoto, o clima leve pareceu ficar mais sério. Me virei de modo que eu pudesse ver a figura de um Daichi crescido. Eu só não imaginava ser completamente sugada por seu olhar; aqueles olhos eram tudo o que eu conseguia enxergar, parecia-me que nada além de nós dois existia.
— Daichi. — O nome dele escapou pelos meus lábios num breve sussurro enquanto eu, de modo inconsciente, estendia minha mão na direção dele.
— . — Ele me respondeu segurando minha mão com delicadeza.
— Vejo que vocês têm muito o que conversar. — O garoto de antes interrompeu o transe em que me encontrava ao se pronunciar.
— Tudo bem, me desculpe, eu realmente não me lembro de você. — Comentei de modo envergonhado, soltando discretamente a mão de Daichi, sentindo as emoções desconhecidas me abandonarem.
— Sugawara Koushi. — O garoto exibiu tranquilidade enquanto se afastava sem se incomodar.
— Eu realmente me esqueci dele. — Comentei contendo o impulso de segurar a mão de Daichi novamente.
— Não se preocupe, Suga não é alguém que se chateia facilmente. — Daichi abriu um sorriso tranquilizador.
— Eu senti a sua falta. — Comentei sem quaisquer receios.
— Você não foi a única. — Ele riu um pouco envergonhado enquanto desviava o olhar. — Eu sinto muito pelo o que houve com sua mãe.
— Já faz alguns anos que isso não me incomoda mais, não se preocupe. — O tom despreocupado era marcante em minha fala. — Temos uma lista enorme que precisamos atualizar diante todos esses anos que perdemos o contato.
— Não houve grande mudanças em Miyagi, . — Daichi comentou em um tom leve, lembrando seu eu do passado.
— Mudanças ocorrem em todo o lugar, o tempo todo. — O lembrei, sentindo-me enfim em casa.
Um sorriso tímido permanecia em meus lábios enquanto conversava com meus novos colegas de turma. Havia feito um acordo com meu pai: finalizaria meus estudos em Miyagi e então partiria para o exterior para estudar e herdar a empresa; como filha única sobrava para mim a responsabilidade assumir as expectativas de meu pai e concretizá-las. Enquanto permanecesse em Miyagi, ficaria na casa em que havia crescido, e o lugar não havia mudado muito desde que havia ido para Osaka.
Procurei não criar muitos laços, apenas tornaria difícil minha própria vida ao procurar amigos. Contendo-me e deixando meus colegas de classe, segui para a área externa procurando não somente ter um tempo apenas para mim mesma, mas também observar os alunos daquele lugar. Ao me aproximar da quadra de esportes, ouvi uma discussão. Contenho uma risada ao ver duas figuras distintas em altura brigando, porém o riso logo esmoreceu ao ver uma certa pessoa. Ele não estava em foco e mal poderia ser notado, porém eu o reconheceria em qualquer lugar. Tomei um tempo, ignorando a discussão que se sucedeu entre os dois garotos; meus batimentos estavam acelerados apenas com a ideia de reencontrar meu amigo de infância.
Reunindo toda a coragem que possuía, segui em direção às portas da quadra, sendo interceptada pela mesma pessoa que havia repreendido os garotos que permaneciam discutindo. O olhar surpreso que tomou as írises daquele garoto causou-me confusão, eu não me recordava dele, porém de algum modo eu poderia afirmar que ele me conhecia.
— Sawamura Daichi está por aqui? — Indaguei após perceber o silêncio que havia se prolongado de forma constrangedora.
— Hey, Suga-san, o que está acontecendo? — Uma garota de aparência cativante se aproximou.
— Não se preocupe, Kyoko, chame o Daichi por favor. — O garoto abriu um sorriso envergonhado, embora me parecesse meio artificial, e se explicou fechando a porta atrás de si.
— Nós nos conhecemos? — Lhe indaguei após ele me guiar para não muito distante dali.
— Eu deveria imaginar que você não me reconheceria, -san. — O garoto riu sinceramente enquanto apoiava suas costas contra a parede. — Em seu campo de visão existia apenas o Daichi.
— Suga, a Kyoko falou que você estava me chamando. — A voz grave e firme de Daichi soou as minhas costas, ele parecia não ter notado minha presença ainda.
— Você não imagina quem está de volta depois de tanto tempo. — O garoto a minha frente riu, atraindo a atenção de Daichi para mim. — -san, não se lembra de mim!
Ao ouvir meu nome ser dito pelo garoto, o clima leve pareceu ficar mais sério. Me virei de modo que eu pudesse ver a figura de um Daichi crescido. Eu só não imaginava ser completamente sugada por seu olhar; aqueles olhos eram tudo o que eu conseguia enxergar, parecia-me que nada além de nós dois existia.
— Daichi. — O nome dele escapou pelos meus lábios num breve sussurro enquanto eu, de modo inconsciente, estendia minha mão na direção dele.
— . — Ele me respondeu segurando minha mão com delicadeza.
— Vejo que vocês têm muito o que conversar. — O garoto de antes interrompeu o transe em que me encontrava ao se pronunciar.
— Tudo bem, me desculpe, eu realmente não me lembro de você. — Comentei de modo envergonhado, soltando discretamente a mão de Daichi, sentindo as emoções desconhecidas me abandonarem.
— Sugawara Koushi. — O garoto exibiu tranquilidade enquanto se afastava sem se incomodar.
— Eu realmente me esqueci dele. — Comentei contendo o impulso de segurar a mão de Daichi novamente.
— Não se preocupe, Suga não é alguém que se chateia facilmente. — Daichi abriu um sorriso tranquilizador.
— Eu senti a sua falta. — Comentei sem quaisquer receios.
— Você não foi a única. — Ele riu um pouco envergonhado enquanto desviava o olhar. — Eu sinto muito pelo o que houve com sua mãe.
— Já faz alguns anos que isso não me incomoda mais, não se preocupe. — O tom despreocupado era marcante em minha fala. — Temos uma lista enorme que precisamos atualizar diante todos esses anos que perdemos o contato.
— Não houve grande mudanças em Miyagi, . — Daichi comentou em um tom leve, lembrando seu eu do passado.
— Mudanças ocorrem em todo o lugar, o tempo todo. — O lembrei, sentindo-me enfim em casa.
Capítulo 2
Naquele mesmo dia acabei na casa do meu melhor amigo de infância, tive uma tarde agitada pelos garotos com os quais havia estudado antes da mudança para Osaka... fora um dia repleto de nostalgia e lembranças embaraçosas. À noite, Daichi me levou para casa enquanto passávamos por pontos que costumávamos brincar quando mais novos. Eu não me sentia deslocada e de fato era como se não houvesse nos separado.
Conforme os dias se passaram, minha ideia de não me juntar a qualquer clube escapara entre meus dedos após notar a paixão por vôlei que meu amigo possuía. Pouco a pouco, íamos nos atualizando, não havia qualquer pressa enquanto cada vez mais me via reinserida em sua vida.
Sua paixão por vôlei e o time que comandava eram pontos que eu estava descobrindo sobre ele. Toda manhã despertava com um sorriso tranquilo em minha face com a certeza de que o viria e todas as noites dormia tranquilamente por ter retornado ao meu lar. Haviam inúmeros motivos para abandonar Miyagi, mas não era o fato de minha mãe estar enterrada aqui que me deixaria triste; havia crescido e tido os melhores anos da minha vida ali sem saber a condição frágil da minha mãe, eu era apenas uma criança deixada de fora da dura realidade de se enfrentar um câncer terminal sem qualquer chance de cura. Guardava com carinho as doces memórias de minha infância. Após a morte de minha mãe, meu pai me levara para Osaka e parecia apenas uma casaca oca; ele não expressava sentimentos, não expressava mais nada além de uma face rígida e fria, lançando um futuro completamente planejado para mim.
Naquela tarde, me encontrava na casa de Daichi novamente, havia me perdido em meus pensamentos outra vez enquanto folheava um livro qualquer. O futuro não era algo brilhante, então eu aproveitava o presente o máximo que podia.
— Eu me lembro desse livro, você costumava folheá-lo quando estava entediada. — Daichi adentrou seu quarto segurando uma bandeja com frutas.
Sua voz me despertou do fluxo de pensamentos, as linhas que surgiam no canto de seus olhos eram algo que considerava adorável nele.
— Eu costumava zombar dessa lenda. — Comentei deixando de lado o livro. — Você ainda acredita nessa história de estar ligado por um fio do destino a alguém? — O indaguei de forma provocadora, procurando deixá-lo envergonhado como de costume.
— Eu não posso dizer que não, mas também não acredito completamente, afinal estar ligado a alguém seria divertido, porém causa certo temor por não saber a quem poderia estar atado. — Daichi me respondeu tranquilamente, seus olhos castanhos eram suaves e acolhedores.
— Permanece um romântico como sempre. — Uma risada escapou de meus lábios enquanto levava uma das frutas servidas aos meus lábios.
— que permanece sem conhecer o significado de possuir um coração. — Ele rebateu com ironia, embora exibisse um leve arquear em seus lábios que demonstrava que suas palavras não haviam passado de uma brincadeira.
— Isso não é verdade. Como poderia uma dama como eu não possuir tal coisa? — Apoiei uma das minhas mãos sobre meu peito, em uma pose dramática.
— Cite ao menos um amor que teve durante seus anos por aqui, senhorita . — Daichi colocou o livro em seu devido lugar, me provocando com um ar de triunfo.
— Você não deveria estar tão certo sobre o que pensa meu caro. — Acabei soltando uma risada diante do olhar de confusão que tomou os olhos de Daichi. Me levantei calmamente parando a frente dele.
— Você não expressava esse tipo de pensamento quando mais nova. — Daichi se afastou, sentando-se em sua cama.
— Eu somente era a melhor em esconder meus sentimentos. — Dei de ombros fingindo não notar o que ele havia feito.
— Exatamente, você não deveria guardar segredos de seu melhor amigo. — Daichi riu entrando na vibe da zombaria.
— Eu não expressava porquê você era muito importante, afinal você fora meu primeiro amor. — O respondi tranquilamente provando mais das frutas.
Qual fosse a próxima sentença que Daichi pronunciaria, ficou pressa em sua boca assim como a fruta que ele ingeria. Entre alguns tapas e uns goles de água, Daichi procurou mudar de assunto, evitando o tema que o deixara desconfortável.
Conforme os dias se passaram, minha ideia de não me juntar a qualquer clube escapara entre meus dedos após notar a paixão por vôlei que meu amigo possuía. Pouco a pouco, íamos nos atualizando, não havia qualquer pressa enquanto cada vez mais me via reinserida em sua vida.
Sua paixão por vôlei e o time que comandava eram pontos que eu estava descobrindo sobre ele. Toda manhã despertava com um sorriso tranquilo em minha face com a certeza de que o viria e todas as noites dormia tranquilamente por ter retornado ao meu lar. Haviam inúmeros motivos para abandonar Miyagi, mas não era o fato de minha mãe estar enterrada aqui que me deixaria triste; havia crescido e tido os melhores anos da minha vida ali sem saber a condição frágil da minha mãe, eu era apenas uma criança deixada de fora da dura realidade de se enfrentar um câncer terminal sem qualquer chance de cura. Guardava com carinho as doces memórias de minha infância. Após a morte de minha mãe, meu pai me levara para Osaka e parecia apenas uma casaca oca; ele não expressava sentimentos, não expressava mais nada além de uma face rígida e fria, lançando um futuro completamente planejado para mim.
Naquela tarde, me encontrava na casa de Daichi novamente, havia me perdido em meus pensamentos outra vez enquanto folheava um livro qualquer. O futuro não era algo brilhante, então eu aproveitava o presente o máximo que podia.
— Eu me lembro desse livro, você costumava folheá-lo quando estava entediada. — Daichi adentrou seu quarto segurando uma bandeja com frutas.
Sua voz me despertou do fluxo de pensamentos, as linhas que surgiam no canto de seus olhos eram algo que considerava adorável nele.
— Eu costumava zombar dessa lenda. — Comentei deixando de lado o livro. — Você ainda acredita nessa história de estar ligado por um fio do destino a alguém? — O indaguei de forma provocadora, procurando deixá-lo envergonhado como de costume.
— Eu não posso dizer que não, mas também não acredito completamente, afinal estar ligado a alguém seria divertido, porém causa certo temor por não saber a quem poderia estar atado. — Daichi me respondeu tranquilamente, seus olhos castanhos eram suaves e acolhedores.
— Permanece um romântico como sempre. — Uma risada escapou de meus lábios enquanto levava uma das frutas servidas aos meus lábios.
— que permanece sem conhecer o significado de possuir um coração. — Ele rebateu com ironia, embora exibisse um leve arquear em seus lábios que demonstrava que suas palavras não haviam passado de uma brincadeira.
— Isso não é verdade. Como poderia uma dama como eu não possuir tal coisa? — Apoiei uma das minhas mãos sobre meu peito, em uma pose dramática.
— Cite ao menos um amor que teve durante seus anos por aqui, senhorita . — Daichi colocou o livro em seu devido lugar, me provocando com um ar de triunfo.
— Você não deveria estar tão certo sobre o que pensa meu caro. — Acabei soltando uma risada diante do olhar de confusão que tomou os olhos de Daichi. Me levantei calmamente parando a frente dele.
— Você não expressava esse tipo de pensamento quando mais nova. — Daichi se afastou, sentando-se em sua cama.
— Eu somente era a melhor em esconder meus sentimentos. — Dei de ombros fingindo não notar o que ele havia feito.
— Exatamente, você não deveria guardar segredos de seu melhor amigo. — Daichi riu entrando na vibe da zombaria.
— Eu não expressava porquê você era muito importante, afinal você fora meu primeiro amor. — O respondi tranquilamente provando mais das frutas.
Qual fosse a próxima sentença que Daichi pronunciaria, ficou pressa em sua boca assim como a fruta que ele ingeria. Entre alguns tapas e uns goles de água, Daichi procurou mudar de assunto, evitando o tema que o deixara desconfortável.
Capítulo 3
Aquela maldita frase daquele livro martelava em minha cabeça na mesma intensidade que o latejar de uma dor de cabeça começava a dar sinais. A equipe masculina de vôlei do colégio Karasuno estava cada vez mais séria quanto aos objetivos que desejavam alcançar. Antes que sequer notasse os dias passarem, uma visita inesperada da minha figura paterna surgira, e com ele um aviso de rompimento de laços com tudo o que havia naquela cidade. Foram horas exaustivas e noites insones, uma pequena tempestade em época de exames; e como era de se esperar minhas notas não foram das mais exemplares.
— -san.
— Hey, , vamos o hospital.
— Saiam de cima dela, garotos, deixem ela respirar um pouco.
Ao meu redor haviam vozes abafadas e com a visão enevoada não poderia dizer o que estava acontecendo, porém quando senti algo firme me envolver eu tinha a certeza de quem era aquele que me carregava. Deixei a inconsciência me envolver enquanto o perfume de Daichi fora a última coisa que registrei antes de apagar.
O som de aparelhos hospitalares fora o primeiro som que identifiquei. Meu corpo parecia estar anestesiado. Respirei fundo, abrindo os olhos vagarosamente, a figura taciturna de meu pai fora a primeira imagem que obtive - sua aparência cansada e seu claro desconforto por estar novamente em um hospital. Toquei a mão dele, chamando sua atenção.
— Não foi sua culpa, papai. — Busquei tranquilizá-lo, estar novamente em um hospital certamente lhe trazia memórias desagradáveis.
— Não me assuste assim. — Ele inclinou-se em minha direção, beijando o topo de meus cabelos. Ali eu pude ver que embora ele se mantivesse distante, meu pai apenas não sabia mais como expressar-se.
— Você me prometeu algum tempo, pai, não me roube esse momento quando eu posso tê-lo novamente. — Meus olhos imploravam a ele em busca de compreensão.
— É muito cedo para você saber o que é o amor, . — Pouco a pouco ele retornava à versão indiferente após concluir que eu estava bem.
— Você não entende...— Apertei a mão dele demonstrando minha sinceridade e desespero. — Eu posso ver, pai, eu posso ver claramente o fio vermelho!
— Essa é uma lenda criada como um meio de confortar os amantes desesperados. — Ele se soltou, levantando-se.
— Eu cumprirei minha parte do acordo, cumpra com sua palavra. — Deixei-me ser vencida naquele instante.
Sem dizer uma palavra, meu pai deixou o quarto. Contive o impulso de arrancar os fios em meu braço. Aquele ambiente era sufocante. Uma grande parte da minha infância fora visitando esta instituição; minha amada mãe fazia uso de tratamentos alternativos, para que assim ela pudesse viver seus últimos anos de vida sem sentir muita dor. Eu me lembrava de cada visita, de cada instante passado entre idas e vindas à hospitais. O qual eu estava era um dos que visitara em minha infância. Lancei meu olhar em direção à janela, eu não mentira quando dissera ao meu pai sobre o fio vermelho do destino. Minha mãe fora a única para qual pude expressar meus medos quanto a ele. Gentilmente ela me colocara em seu colo, contando-me que apenas aqueles que encontravam seu par poderiam enxergar o fio.
— Eu queria que estivesse aqui. — Sussurrei fechando os olhos. Se minha mãe ainda estivesse viva, talvez meu pai não houvesse se transformado numa figura indiferente.
— Eu sinto muito por não ter notado. — Como um dia quente de primavera, a voz de Daichi espantou os pensamentos sombrios da minha mente.
Virando minha face em direção a porta do quarto, avistei sua figura ainda vestido com o uniforme do colégio. Em suas mãos estava um pequeno buquê de tulipas, embaixo de seus olhos haviam sombras de noites mal dormidas.
— Eu estou ouvindo muitos pedidos de desculpas de seus lábios, meu caro amigo. — O instiguei num tom provocador, arrancando dele uma risada.
Meus olhos se deleitaram com a cena, era como ter meu próprio sol. A presença de Daichi espantava as sombras de preocupações e medos a respeito do futuro; tendo-o ali eu conseguia apenas pensar no presente, não restava espaço para qualquer outra coisa além de desfrutar de todo o tempo que eu detinha. O fio vermelho brilhante era ainda mais claro, eu o enxergava tão precisamente que o sentia em meu mindinho; era quase como se eu pudesse segurá-lo.
— Eu deveria imaginar que diria algo assim. — Daichi substitui as flores de um vaso ao lado da cama, se sentando na cadeira ao meu lado em seguida. — Os garotos me pediram para te mandar um oi e lhe dizer que esperam que sua recuperação seja rápida. — Ele parecia calmo embora houvesse um brilho de preocupação em suas írises castanhas.
— Então está pegando leve com eles? — O indaguei com naturalidade, buscando espantar aquela preocupação dos olhos dele.
— Ukai sensei poderia dar-lhes algum descanso?! — Ele me respondeu minha sentença com diversão.
— Você não deveria estar se cobrando tanto por algo que estava fora do seu alcance. — Estendi minha mão, pedindo para que ele se aproximasse. — Eu estou bem no momento, apenas deixei que certas preocupações me sobrecarregassem. — Segurei as mãos dele com firmeza enquanto lhe dizia cada palavra olhando em seus olhos.
— Eu sinto como estivesse sendo constantemente levado por você, . — Daichi desviou o olhar com um leve rubor surgindo em sua face.
— Isso é ruim? — O indaguei com um sorriso de provocação em meus lábios.
— O que eu faço com você, ?! — Daichi balançou a cabeça rindo se sentando cuidadosamente o meu lado no colchão.
— Eu partirei para o exterior assim que me formar. — Deixei minha preocupação escapar de meus lábios enquanto deitava minha cabeça em seus ombros.
— Nós mal nos reencontramos e teremos de nos separar novamente. — Daichi expressou surpresa. Um de seus braços envolveu meus ombros enquanto uma de suas mãos se mantinha entrelaçada a minha.
— Eu não tenho escolha, eu consegui voltar por causa do acordo que fiz com meu pai. — Minha voz havia adotado certo conformismo. — Eu queria passar algum tempo com você antes de seguir o caminho que ele escolheu para mim.
— Você sem dúvidas é alguém única, . — Ele virou sua face encontrando o meu olhar. — O que preciso fazer para impedir isso? — Ele me indagou. Seus olhos imploravam por um meio, porém não havia nada que estivesse ao alcance dele.
— Essa é uma das razões de um achá-lo tão adorável! — Pisquei um olho sorrindo como se não odiasse o que me aguardava ao final do ano letivo. — Eu ainda o incomodarei muito até a formatura! Preciso ver a Karasuno vencer o nacional! — Busquei animar o ambiente.
Ao fim, Daichi deixou que eu mudasse de assunto, tornando o clima mais leve e se concentrando em assuntos amenos. Com o fim do horário de visitas, e uma promessa de retornar com o time no dia seguinte, ele deixou o hospital com um semblante mais leve do que aquele com que havia chego.
Não fiquei por muito tempo no hospital. Com as forças renovadas, voltei a frequentar ao colégio Karasuno. Como havia prometido, eu realmente provoquei Daichi e os meninos da equipe de vôlei, era realmente agradável fazer parte do clube. Meu pai me deixara com palavra de retornar no dia da cerimônia de formatura, não me deixando dúvidas quanto ao futuro. Procurando focar-me no presente, eu realmente aproveitei cada mínima oportunidade, minuto, tornando tudo o mais memorável, emocionante, risonho ou meramente único para que aquele ano ficasse gravado para sempre em minhas memórias.
Novamente estava na casa de Daichi, na qual eu passava mais tempo do que em minha própria casa. O quarto de meu melhor amigo encontrava-se como sempre. Em meu colo estava o livro de ilustrações que liamos com frequência quando crianças, e meu indicador deslizava pelas páginas sem muito interesse.
— O que está lhe incomodando? — Daichi me indagou, a toalha em seu pescoço e os cabelos úmidos indicavam que ele havia tomado um banho.
— Lembra-se como eu costumava lhe incomodar o tempo todo sobre o quão ridícula era essa lenda?! — Sinalizei a imagem em evidência de duas mãos distantes ligadas por um fio vermelho.
— Você ainda me incomoda com isso. — Ele riu enquanto concordava.
— Você se lembra do que eu lhe disse sobre ser meu primeiro amor? — Prossegui com o assunto, notando a mudança na postura de Daichi.
— Eu não imaginava que estava falando sério quando me contou. — Daichi procurava não deixar o ambiente desconfortável.
— Eu nunca menti para você, Daichi. — Falei calmamente enquanto deixava o livro de lado, meus olhos não se desviaram dos dele em nenhum momento. — Eu posso ver o fio.
— , eu sei que esse assunto é uma piada recorrente em seus lábios... — Ele estava no meio de um discurso quando enfim pareceu absorver o que havia lhe confessado. — Você pode vê-lo?! — A incredulidade era evidente em sua voz.
— Eu sei exatamente a quem estou ligada. — Prossegui sem alterar meu tom de voz. — Eu sempre soube, para ser honesta, fazer piada sobre o assunto era minha maneira de lidar com isso. — Abri um sorriso calmo enquanto me levantava, seguindo até ele. — Eu não posso fugir do destino, mas posso ser sincera sobre isso. Eu não tenho dúvidas quanto a escolha do destino, mas eu só desejava que você pudesse vê-lo também. — Deixei um breve beijo numa das bochechas de Daichi, seguindo em direção a porta de seu quarto.
— Isso é surreal. — Ele admitiu segurando meu pulso impedindo minha saída. — Todos esses anos guardando um segredo como esse... , por que não dividiu isso comigo? — Os olhos de Daichi pareciam conter uma dor impronunciável.
— Porque não era o momento. — Levei uma das minhas mãos a face dele, deixando que minha testa encostasse contra o peito dele. — Eu não estou fugindo de você ou do que sinto, mas é como a lenda diz: “Almas gêmeas estão destinadas a se encontrar, não a permanecerem juntas.” . Creio que não preciso explicar isso.
— Eu ainda assim não entendo. — Daichi ergueu minha face, encontrando meus olhos molhados por lágrimas silenciosas. — Por que carregar isso sozinha? Eu estou aqui por você! — Suas palavras emitiam um desespero contido por anos.
— Eu sei... como eu sei! — Minha voz soava sufocada enquanto mais lágrimas eram derramadas de meus olhos. — Você ainda não o enxerga, ainda não está preparado para enfrentar o destino.
— Como pode dizer isso tranquilamente? — Havia uma frustração contida nele que machucava meu tolo coração.
— Porque eu lhe conheço melhor do que ninguém, eu sei exatamente a quem meu coração pertence, mas acima disso eu sei qual é o meu lugar. — Antes que ele pudesse dizer qualquer palavra, o silenciei com um beijo.
Deixei que meus sentimentos e pensamentos que não poderiam ser expressos em palavras, fossem transmitidos no ato. Os braços de Daichi envolveram minha cintura erguendo-me de modo a alcançar sua altura. Seu perfume natural com o odor do shampoo era como uma droga inebriante, sobrecarregando meus sentidos. Eu entendia o que Sugawara havia dito, para mim nunca existira nada além de Sawamura Daichi em meu mundo.
Acompanhei a evolução do time de vôlei masculino da Karasuno, chorei, dei boas gargalhadas, tive momentos inesquecíveis ao lado daqueles garotos e de Kyoko e Yachi, porém fora ao lado de Daichi que obtive os melhores momentos da minha vida, pude experimentar o verdadeiro sentido de amar. Ao lado dele, experimentei as maravilhas de um mundo em que tudo era possível até a despedida...
Com meu coração entregue a ele, deixei para trás o Japão e qualquer laço criado. Uma nova jornada se estendia diante de mim.
Epílogo
Anos haviam se passado desde minha partida de Miyagi. Eu seguira à risca cada escolha determinada pelo meu pai, não procurara por Daichi ou qualquer coisa que ligado a ele -eu ainda podia senti-lo através do fio, o único conforto que eu possuía.
Em uma viagem de negócios, em um aeroporto qualquer, um puxão fora sentido no fio minutos antes que meu corpo encontrasse a superfície de outro corpo num esbarrão. Braços calorosos, um perfume familiar e o sorriso com o brilho de mil sóis...
Em uma viagem de negócios, em um aeroporto qualquer, um puxão fora sentido no fio minutos antes que meu corpo encontrasse a superfície de outro corpo num esbarrão. Braços calorosos, um perfume familiar e o sorriso com o brilho de mil sóis...
FIM?
Nota da autora: Espero que tenham gostado!
XoXo Coldheart.
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
XoXo Coldheart.
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